VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA LITERATURAS HISPÂNICAS I Rio de Janeiro / 2007 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO Todos os direitos reservados à Universidade Castelo Branco - UCB Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer forma ou por quaisquer meios - eletrônico, mecânico, fotocópia ou gravação, sem autorização da Universidade Castelo Branco - UCB. U n3p Universidade Castelo Branco. Literaturas Hispânicas I. – Rio de Janeiro: UCB, 2007. 60 p. ISBN 978-85-86912-60-3 1. Ensino a Distância. I. Título. CDD – 371.39 Universidade Castelo Branco - UCB Avenida Santa Cruz, 1.631 Rio de Janeiro - RJ 21710-250 Tel. (21) 2406-7700 Fax (21) 2401-9696 www.castelobranco.br Responsáveis Pela Produção do Material Instrucional Coordenadora de Educação a Distância Prof.ª Ziléa Baptista Nespoli Coordenador do Curso de Graduação Antonio Carlos Siqueira de Andrade Conteudista Diana Araujo Pereira Supervisor do Centro Editorial – CEDI Joselmo Botelho Apresentação Prezado(a) Aluno(a): É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de nossos cursos de graduação, na certeza de estarmos contribuindo para sua formação acadêmica e, conseqüentemente, propiciando oportunidade para melhoria de seu desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente esperam retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua. Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu conhecimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática pedagógica. Seja bem-vindo(a)! Paulo Alcantara Gomes Reitor Orientações para o Auto-Estudo O presente instrucional está dividido em cinco unidades programáticas, cada uma com objetivos definidos e conteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam atingidos com êxito. Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades complementares. As Unidades 1 e 2 correspondem aos conteúdos que serão avaliados em A1. Na A2 poderão ser objeto de avaliação os conteúdos das cinco unidades. Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todo o conteúdo de todas as Unidades Programáticas. A carga horária do material instrucional para o auto-estudo que você está recebendo agora, juntamente com os horários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 30 horas-aula, que você administrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso. Bons Estudos! Dicas para o Auto-Estudo 1 - Você terá total autonomia para escolher a melhor hora para estudar. Porém, seja disciplinado. Procure reservar sempre os mesmos horários para o estudo. 2 - Organize seu ambiente de estudo. Reserve todo o material necessário. Evite interrupções. 3 - Não deixe para estudar na última hora. 4 - Não acumule dúvidas. Anote-as e entre em contato com seu monitor. 5 - Não pule etapas. 6 - Faça todas as tarefas propostas. 7 - Não falte aos encontros presenciais. Eles são importantes para o melhor aproveitamento da disciplina. 8 - Não relegue a um segundo plano as atividades complementares e a auto-avaliação. 9 - Não hesite em começar de novo. SUMÁRIO Quadro-síntese do conteúdo programático .................................................................................................. 11 Contextualização da disciplina .................................................................................................................... 12 UNIDAD I LAS VANGUARDIAS 1.1 – Las vanguardias europeas (1909-1930) .............................................................................................. 15 1.2 – Las vanguardias hispánicas: principales movimientos y autores ........................................................ 16 UNIDAD II LA GUERRA CIVIL ESPAÑOLA Y SUS REFLEJOS EN LA LITERATURA 2.1 – La gerra civil española ........................................................................................................................ 24 2.2 – La generación del 27: entre el gongorismo y el surrealismo .............................................................. 25 2.3 – La literatura de posguerra en España .................................................................................................. 28 UNIDAD III LA PROSA HISPANOAMERICANA CONTEMPORÁNEA 3.1 – El realismo mágico o real maravilloso................................................................................................ 31 3.2 – La prosa contemporánea en Hispanoamérica ..................................................................................... 44 UNIDAD IV LA PROSA ESPAÑOLA CONTEMPORÁNEA 4.1 – Algunos ejemplos ................................................................................................................................ 50 UNIDAD V POESÍA HISPÁNICA CONTEMPORÁNEA 5.1 – Poesía contemporánea en España ....................................................................................................... 51 5.2 – Poesía contemporánea en Hispanoamérica ......................................................................................... 52 Glosario ........................................................................................................................................................ 56 Claves........................................................................................................................................................... 57 Referências bibliográficas ............................................................................................................................ 60 Quadro-síntese do conteúdo programático UNIDADES DO PROGRAMA I - LAS VANGUARDIAS 1.1 - Las vanguardias europeas (1909-1930) 1.2 - Las vanguardias hispánicas: principales movimientos y autores II - LA GUERRA CIVIL ESPAÑOLA Y SUS REFLEJOS EN LA LITERATURA OBJETIVOS Apresentar o contexto geral das vanguardas européias (principais características) e os seus frutos hispânicos – as vanguardas na Espanha e na América Hispânica. Apresentar a guerra civil española e sua influência na literatura da Espanha. 2.1 - La guerra civil española 2.2 - La generación del 27: entre el gongorismo y el surrealismo 2.3 - La literatura de posguerra en España III - LA PROSA HISPANOAMERICANA CONTEMPORÁNEA Apresentar a nova narrativa hispano-americana: o realismo mágico ou real maravilhoso. 3.1 - El realismo mágico o real maravilloso 3.2 - La prosa contemporánea en Hispanoamérica IV - LA PROSA ESPAÑOLA CONTEMPORÁNEA Apresentar alguns autores e tendências da narrativa espanhola contemporânea. 4.1 - Algunos ejemplos V - POESÍA HISPÁNICA CONTEMPORÁNEA 5.1 - Poesía contemporánea en España 5.2 - Poesía contemporánea en Hispanoamérica Apresentar alguns autores e tendências da poesia contemporânea em língua espanhola – Espanha e América Hispânica. 11 12 Contextualização da Disciplina Querido alumno, A través de este módulo te estamos introduciendo en el amplio y creativo mundo de las literaturas hispánicas. Como verás, empezaremos por las manifestaciones más contemporáneas, para después, en los próximos módulos, ir volviendo a lo más antiguo, hasta llegar a la literatura precolombina en América Latina, y a la medieval en España. Este recorrido hacia atrás, o sea, de lo más contemporáneo a lo medieval intenta establecer entre el estudio literario y su aprendizaje una mayor empatía, es decir, que los alumnos se aproximen a los estudios literarios como a algo que les está muy cerca, a través de lecturas que tengan que ver con su época y sus cuestiones históricas, políticas y sociales. Pero después, en los dos módulos siguientes, vamos a intentar mostrarles las fuentes y bases – las raíces – de esta profunda y rica literatura que se escribe en castellano de uno y otro lado del Atlántico. Por otro lado, el estudio de esta literatura es absolutamente fundamental en tu formación, ya que a través de su lectura y conocimiento, podrás adquirir una mayor comprensión del mundo hispánico al que te dedicas en esta Universidad. La literatura nos muestra, a sus lectores, todo un rico y diferente mundo de símbolos, mitos, realidades políticas, económicas y sociales… o sea, nos informa y nos profundiza en el imaginario que mantiene viva la cultura de los países de habla hispánica. Por ello, en muchos momentos tendremos que ver el contexto histórico en el cual surgen determinados movimientos y autores, ya que toda literatura refleja su contexto, al mismo tiempo que le influencia profundamente. Entre la realidad real y la realidad literaria hay un camino de doble mano, es decir, el mundo y la literatura negocian influencias y dialogan entre sí, y para nosotros es una herramienta maravillosa para entender cómo piensan, cómo viven, qué sueñan, qué desean, contra qué luchan las personas que leen y escriben en castellano. Sin embargo, como tenemos todo un continente hispanoamericano, además de España, para estudiar en tan poco espacio, nos vamos a dedicar a algunos movimientos y autores más conocidos internacionalmente, y cuya producción nos parece más interesante. Por eso, te rogamos que el estudio literario no se agote en las próximas páginas, al contrario, que te sirvan para empezar, para introducirte en el increíble mundo literario y cultural hispánico. Que seas tú el que busques más informaciones y lecturas, para que conozcas mejor la literatura y la lengua hispánicas, y para que crezcas como persona y como profesor de español. En fin, para que seas capaz de llevarles a tus futuros alumnos no sólo la lengua, sino también todo el mundo cultural e imaginario de Latinoamérica y de España. Que este sea un viaje agradable… ¿vamos juntos? Introducción La literatura hispanoamericana surge en América en un claro contexto: el del descubrimiento, conquista y colonización del “Nuevo Mundo”. Son las crónicas historiográficas nuestra partida de nacimiento. De ahí que desde su formación a través de las crónicas (como veremos más detenidamente en el tercer módulo), las letras americanas siempre hayan estado atadas al discurso del poder, tanto por los que necesitaban confirmarlo, como por los que intentaban cuestionarlo. Su historia, a partir de la Conquista, empieza por la palabra, esta partícula mínima de articulación de mundos y de imaginarios. Desde Cristóbal Colón hasta la contemporaneidad, América viene intentando erigirse como signo inteligible, como significado y significante que por fin son capaces de articular y verbalizar el ser americano. De esta forma, la literatura es, desde el comienzo, nuestro primer intento de afirmación política e identitaria, y fruto de este contexto. Contra la concepción utópica creada por la mirada europea, o aún contra el silencio que imponía el olvido, surge una escritura que, siglo tras siglo, ha generado desde las “venas” del continente, una versión más propia de la utopía americana. Dicha literatura forma las bases de nuestro americanismo. Una utopía que se levanta contra otra. Así, gran parte de los escritores latinoamericanos reconoce en la literatura un rol fundamental de dimensiones ontológicas, a la vez que sociales, en la escritura de Latinoamérica. Por lo tanto, la nueva utopía, la que se está gestando entre las páginas del continente, es también literaria. Venció la “hibridación”, y junto a ella la asimilación creativa y antropofágica de todas las experiencias, para en fin dar nacimiento al imaginario más contemporáneo: la “América mestiza”, ya defendida por el escritor cubano José Martí. Mucho ya se discutió sobre el papel del escritor e incluso del mismo arte como vehículos de conocimiento y conciencia político-social. Hay los que lo defienden y hay los que lo rechazan. De cualquier manera, la literatura (o el arte) nunca es inocente. Y siempre ha sido un elemento fundamental en la construcción del imaginario, principalmente en un contexto –el del “Nuevo Mundo”–, en el cual la acción estética y la acción política han caminado lado a lado desde el inicio. Para este módulo nos interesa mayormente el “nuevo mundo” que comienza en las vanguardias, y que se convierte, para el latinoamericano, en un territorio ambiguo y aún más abierto a su interferencia. El hibridismo y el mestizaje se hacen elementos fundamentales para la construcción de la nueva literatura hispanoamericana. Dicha literatura se construye, por lo tanto, en el perenne diálogo entre la conciencia histórica, política y social que nos enmarca. Y las relaciones que fomenta entre tales instancias son siempre insumisiones a las imágenes de progreso y modernidad que nos trajeron los europeos como la única realidad posible. La palabra poética, la ficción literaria, forjada entre la magia y la revolución, nos anticipa la palabra propia y alternativa, la única que, asociándose a los sistemas culturales y sociales, logra enlazar utopía y realidad, pasado y presente, para que, finalmente, se descubra entre nosotros un mundo nuevo. Ya las letras españolas tienen en el siglo XX una clara y fuerte influencia del contexto histórico-social: la guerra civil española, que va de 1936 a 1939, seguida de la dictadura de Franco, quien deja el poder en 1975. La literatura anterior a la guerra, la que se veía influenciada por los movimientos de vanguardia europeos desgraciadamente se deshace bajo la violencia desgarradora de la Dictadura del General Franco. El siglo XX en España tiene un corte abismal en la guerra civil de 1936. Este siglo quedará, pues, dividido en tres segmentos: 1898-1936, 1936-1975, 1975-… Pero, como la literatura – y el arte en general – tienen la buena condición de fortalecerse en los momentos más difíciles, la literatura española de posguerra es bastante rica y la más contemporánea también. Antes de entrar en el tema de las vanguardias españolas tenemos que hablar de un poeta fundamental en el inicio del siglo XX en España, responsable por una lírica que va a dejar profundas huellas en la posterior producción literaria de este país e incluso de Latinoamérica, ya que cuando adviene la guerra civil él y su esposa se exilian en Puerto Rico: se trata de Juan Ramón Jiménez. Hacia 1910 aflora una nueva generación de escritores, entre los cuales se destacan Juan Ramón Jiménez (18811958), José Ortega y Gasset (1883-1955), Eugenio D’Ors (1881-1954) y Ramón Pérez de Ayala (1880-1962). Ellos son menos “nacionales” y más “europeos”, y aportan un nuevo clima acorde con la línea de intentos de recuperación y normalización del país. Juan Ramón Jiménez, además de poeta extraordinario, es un profundo teórico. Sorprenden ya los ensayos juveniles por su madurez y originalidad. Es a través de su obra que la poesía española deja atrás el modernismo de Rubén Darío para descubrir un nuevo camino para la lírica. Primero su poesía tenía un fuerte signo romántico, con el ambiente provinciano de su infancia y adolescencia, evocado luego como símbolo de la primera pureza espiritual. De su consciente refinamiento artístico es ya testimonio su peculiaridad ortográfica en el uso de je y ji en vez de ge y gi. J. R. Jiménez es autor de uno de los libros más famosos de la literatura española, el poema en prosa Platero y yo, de 1914. Sus libros principales son: Sonetos espirituales (1917), Diario de un poeta recién casado (1917), Españoles de tres mundos (1914-1940), Eternidades (1918), Piedra y cielo (1919) y Animal de fondo (1949), que posteriormente será incorporado a Dios deseado y deseante. Su lema “Amor y poesía, cada día”, muestra claramente que su obra se hace un cauce donde se reflejan los hechos espirituales de cada hora, la luz de la mañana, los viajes y las lecturas, el amor. El poeta asume en sí el mundo para absorberse en la contemplación de su esfericidad, igual que un pequeño dios. Y el arte, su poesía, se hace modo de ser, forma de contemplación del universo y de existencia. ¡Cómo lloran las carretas, camino de Pueblo Nuevo! Los bueyes viven soñando, a la luz de los luceros, en el establo caliente que sabe a madre y a heno. Y detrás de las carretas, caminan los carreteros, con la aijada sobre el hombro, y los ojos en el cielo. ¡Cómo lloran las carretas, camino de Pueblo Nuevo! En la paz del campo, van dejando los troncos muertos un olor fresco y honrado 13 14 a corazón descubierto. Y cae el ánjelus desde la torre del pueblo viejo, sobre los campos talados, que huelen a cementerio. ¡Cómo lloran las carretas, camino de Pueblo Nuevo! *** Vino, primero, pura, vestida de inocencia. Y la amé como un niño. Luego se fue vistiendo de no sé qué ropajes. Y la fui odiando, sin saberlo Llegó a ser una reina, fastuosa de tesoros... ¡Qué iracundia de yel y sin sentido! ... Mas se fue desnudando. Y yo le sonreía. Se quedó con la túnica, y apareció desnuda toda... ¡Oh pasión de mi vida, poesía desnuda, mía para siempre! También no podemos dejar de comentar, aunque muy por encima, el pensamiento y la obra del filósofo español Ortega y Gasset. Sus libros principales son: Meditaciones del Quijote (1914), España invertebrada (1921), El tema de nuestro tiempo (1923), La deshumanización del arte (1925), La rebelión de las masas (1930). También es el fundador de la “Revista de Occidente”, que se publica desde 1923 hasta hoy en día, y se hace el vehículo de importación a España de la cultura europea. Su pensamiento es un intento de síntesis entre racionalismo y vitalismo, donde la vida se toma como valor autónomo, supremo, al que se aplican, sin agotarla, los esquemas de orden racional. Tal es la tarea más propiamente humana, aplicar luz y orden, desde una posición superior, elevada a profesión en el intelectual. En El tema de nuestro tiempo podemos leer: Mi vida consiste en haber caído prisionero de un contorno inexorable. Se vive aquí y ahora… Todo lo que hacemos, lo hacemos en vista de las circunstancias. Inclusive cuando nos hacemos la ilusión de que pensamos o queremos algo sub specie aeternitatis, nos la hacemos por necesidad circunstancial. Es más: la idea de eternidad, del ser incondicionado, brota en el hombre porque ha menester de ella como contrapeso salvador a su ineludible circunstancia. Ambos autores, el poeta y el filósofo, son imprescindibles para entender la España cultural e intelectual que se formará durante el siglo XX, entre el pensamiento orteguiano y la “poesía pura” de J. R. Jiménez, y el choque entre las bases dejadas por ellos y la tremenda guerra que asolará el territorio español. UNIDAD I 15 LAS VANGUARDIAS 1.1 – Las Vanguardias Europeas (1909 – 1930) Son muchos los movimientos que al inicio del siglo XX interfieren y cambian la literatura y el arte de Occidente. El primero, el futurismo, creado en Italia por Marinetti, en 1910, empieza un movimiento de ruptura que cambiará para siempre todas las expresiones artísticas a partir de ahí. Este y los demás “ismos” vanguardistas – el cubismo, el dadaísmo, el surrealismo, etc. – atraviesan toda Europa e incluso el océano y llegan a España y a Hispanoamérica. Según Francisco Umbral, escritor español, “dos constantes, pues, caracterizan a la vanguardia artística y literaria del primer cuarto de siglo en Europa: experimentación y alegría. Todas las artes experimentan y todas lo hacen con alegría.” Sin embargo, no nos toca aquí extendernos demasiado o profundizar en el tema. Pero sí aconsejamos a los dedicados alumnos que busquen conocer estos movimientos de la vanguardia europea, sin lo cual les resultará difícil entender todo el proceso de renovación que vamos a vivir en la literatura latinoamericana, bajo cuya influencia nace un movimiento fuerte y propio y una nueva tradición literaria. Les proponemos un brevísimo resumen: Raíces - Ineficacia de los sistemas sociales y filosóficos racionales - Intensificación de las desigualdades - Extremada angustia - Ansiedad por la liberación de las formas estéticas - Falta de valores absolutos - Teorías psicoanalistas / mito / inconsciente (Freud, Jung) - Filosofía de la duración (Bergson) - Teoría de la relatividad (Einstein) Características Generales - Libertad de investigación y creación a través de la utilización de: verso libre en la poesía; ruptura de la secuencia lógica del discurso; incorporación del lenguaje cotidiano y experimentación formal. - Interés por lo común y corriente, por lo “antipoético” - Hermetismo - Concepción dinámica del arte - Realidad estética del subconsciente - Coexistencia de individualización y comprometimiento político - Fragmentación de estilos y tendencias - Irracionalismo - Internacionalismo - Lector como coautor - Simultaneísmo: desaparece la linealidad en la representación de los hechos Principales Tendencias – Futurismo - Surge el primer manifiesto en 1909. - Principales representantes: Marinetti (Italia) y Maiakovski (Rusia) - Propuestas: destrucción integral del pasado; arte hacia el futuro; culto a la agresividad, patriotismo, fábricas y todas las demás expresiones de lo moderno; negación del sentimentalismo y del lirismo amoroso; destrucción de la tradición e incorporación a la literatura de los aspectos del progreso material - Procedimientos formales: verso libre; eliminación de la sintaxis; libertad absoluta de imaginación, empleo de verbos en infinitivo e desaparecimiento de la puntuación. Expresionismo - Surge primeramente en la pintura. En 1917 se escribe el primer manifiesto “Expression” de Kasimir Edzchmid. - Principales representantes (pintura): Kandisnky, Paul Klee, Chagal - Propuestas: énfasis en la figura humana; busca de la idea de forma a través del color descontrolado, violento, salvaje; temas universales (Mundo, Dios, Hombre, Espíritu, Naturaleza); intentan sorprender el alma más profunda del hombre. - Principales características: poesía que sirve a la salvación; énfasis en los verbos; el poema es el caos formal que revela las tensiones del alma; preferencias por himnos, odas, canciones. 16 Dadaísmo Surrealismo - Surge en 1916, en Zurique. - Principales representantes: Tristan Tzara, Marcel Duchamp, André Breton, Hans Arp, Francis Picabia. - Propuestas: destrucción de todos los valores; contra los “ismos”, sistemas, manifiestos; humor; la nada como objetivo máximo. - Técnicas: collages pictóricos y verbales - Surge en 1929, inspirado en Apollinaire. - Principales representantes: André Breton, Louis Aragon, Paul Elouard, Salvador Dalí, Luis Buñuel. - Propuestas: automatismo psíquico; creencia en el inconsciente; valoración del sueño; contra la lógica y la razón; recurrencia a la magia, al ocultismo, a lo maravilloso; objetivo – conocimiento total del hombre. 1.2 – Las Vanguardias Hispánicas: Principales Movimientos y Autores Las Vanguardias en España Curiosamente la eclosión de las vanguardias literarias en Europa coincidió con el periodo más triste que la sociedad europea había conocido en toda su historia: la primera guerra mundial. En España, después de la crisis de 1917, la dictadura del general Primo de Rivera (1923-1930) había suprimido las libertades de que habían gozado los escritores durante el periodo anterior de monarquía parlamentaria. Como fruto de todo este contexto, muchos de los jóvenes que hicieron sus primeras armas literarias a raíz de la terminación de la Guerra Europea se enfrentaron al pasado inmediato con aires no sólo renovadores sino también iconoclastas. Su rebeldía había sido anticipada por Ramón Gómez de la Serna (1888-1963) cuando publicó en su revista Prometeo, en 1910, una “Proclama futurista a los españoles” redactada por Marinetti. Gómez de la Serna, originalísimo prosista dotado de excelentes cualidades poéticas, era un escritor que consideraba a la literatura como un transcendental y arriesgado ejercicio lúdico. Gran conocedor de la literatura francesa contemporánea, fue, en este sentido, comparable a Rafael Cansinos-Assens (1883-1964), notable erudito que llegó a convertirse en mentor de buena parte de la juventud literaria. En diciembre de 1918, Cansinos-Assens concedió una entrevista para El Parlamentario en la que, entre otras cosas, afirmó que “la poesía debe desprenderse en absoluto de la retórica y la oratoria sobre todo”, y defendió lo ultrarromántico, es decir, lo que se encuentra más allá del romanticismo, lo que equivalía a proponer su rápida y definitiva superación. Esta entrevista fue el estímulo inmediato para la iniciación del movimiento Ultra cuyos principales inspiradores fueron el mismo Cansinos-Assens y Gómez de la Serna. El ultraísmo carecía de programa y era en realidad una amalgama de los principales movimientos o tendencias vanguardistas, entre los que se contaban el futurismo, el cubismo y el dadaísmo, así como la poesía visual de los caligramas de Apollinaire. Antídoto contra la pereza mental y la rutina poética, provocó el rechazo de lo que sólo era repetición de formas archiutilizadas, imponiendo una lengua que se mueve “anárquicamente” y abre las puertas a los vocablos exigidos por la era del maquinismo. La lengua se convierte en campo de experimentación, suscitando asociaciones nuevas. Su ruptura con el modernismo se fundó, de una parte, en el rechazo ya mencionado del sentimentalismo, así como en el del exotismo y los halagos musicales del verso, sustituidos por un objetivismo realista; la aceptación del mundo contemporáneo, configurado por la técnica y los cambios sociales, y por una versificación libre y desnuda de los artificios retóricos tradicionales, y, por otra parte, en el cultivo de las imágenes audaces e incluso visionarias, en el irracionalismo de origen dadaísta y futurista y en la concepción del poema como objeto estético autónomo, según querían los teóricos del cubismo y el creacionismo. En este último aspecto del ultraísmo influyeron decisivamente las ideas y la obra del poeta chileno Vicente Huidobro, que llegó a Madrid, procedente de París, en 1918 y expuso allí sus teorías sobre el creacionismo, un ismo de su invención según el cual el poeta ha de “hacer un poema como la naturaleza crea un árbol”, sin partir de un modelo, lo que niega el carácter imitativo del arte. El ultraísmo se abrió de par en par a las corrientes europeas de vanguardia y mantuvo una estrecha relación con muchas de sus principales figuras. La abundancia de imágenes poéticas – hasta el punto de que algunos poemas no son sino una acumulación de ellas – es una de las principales características de la poesía ultraísta y uno de sus más valiosos legados, aunque no el único. La imagen es la principal originalidad, pero también el principal de los riesgos de este movimiento, pues aquélla adquiere a veces una autonomía tal que, si por un lado crea una realidad que es exclusiva del poema, da lugar, por otro, a una serie de correspondencias de carácter ilógico que hace difícil la comprensión del texto, y llegaron a cultivar la que Gerardo Diego (1896-1987) llamó “imagen múltiple”, como ésta de este mismo poeta: “la cometa / que desaté en mi regazo / y ancló desorientada en el pasado”, que puede ser una referencia a su infancia. También fue muy cultivada por los ultraístas la metáfora. En virtud de ella, la yuxtaposición de dos imágenes suprimiendo el nexo lógico o discursivo que las relaciona, obliga o invita al lector a suplirlo y a “completar” el poema. El principal teórico del ultraísmo, y uno de sus más productivos poetas, fue Guillermo de Torre (19001972). Sin embargo, el ultraísmo fue pronto olvidado, incluso por quienes se inspiraron en él, y sólo Gerardo Diego y Juan Larrea (1895-1980) se mantuvieron fieles a este movimiento. Como fruto de todo este contexto vanguardista surge la “generación de 1927”, como quedó conocida, tan rica en poetas (“las vanguardias de los años veinte, en España, fueron más fecundas en la poesía que en la prosa”, según nos dice el escritor Francisco Umbral), y que suele designarse con la fecha del centenario de Góngora (el poeta barroco). Sin embargo, su actividad es algo anterior: el libro Imagen de Gerardo Diego es ya del 22. Este poeta es, pues, el primero en ocupar lugar en el desarrollo histórico de esta promoción poética. Ramón Gómez de la Serna Como de un balcón iluminado, sale un son de violín de aquella estrella. *** El pez más difícil de pescar es el jabón dentro del agua. Juan Las (Rafael Cansinos-Asséns) Verano Ascensor horizontal Un expreso de horas cruza sobre la yerba. Trilladora mecánica cosecha mis poemas maduros, en tanto yo descanso. Verano. Mi cuerpo indolente se mece sobre el trampolín de los días. Y vivo, crupier afortunado de mi hora premiada a un mismo tiempo en las ruletas de todos los horarios. Los vellocinos perdidos refulgen en los cielos. Y las cigarras del verano repiten los cantos de mi invierno. Grecia, 1920. Gerardo Diego Ajedrez Hoy lo he visto claro Todos mis poemas son sólo epitafios Debajo de cada cuartilla siempre hay un poco de mis huesos Y aquí en mi corazón se ha cariado el piano No sé quién habrá sido pero del reloj en vez del péndulo vivo colgaba un ancla anclada *** Sentimos en el pecho la consistencia de la vida, como una burbuja frágil, fragilísima, que puede estallar, y por tan breve soplo como el que deshace las burbujas. Esta es la angustia. *** Un ojo de ave, un ojo de ave, un ojo de ave sobre la ciudad lo desimpresiona todo y muestra la candidez de los ojos del Espíritu Santo, llenos de idéntica teoría a la del ojo de ave. Greguerías, 1911-1919. Y sin embargo todavía del paracaídas llueven los cánticos Alguna vez ha de ser La muerte me jugando y la vida están al ajedrez Limbo, 1922. 17 18 Juan Larrea Nocturnos La noche ha abierto su paraguas Llueve Los pájaros de la lluvia picotean los trigos de los charcos Los árboles duermen sobre una pata Revoloteos, revoloteos Destartala un coche su estrépito infernal de endecasílabo Un hombre cruza como un mal pensamiento Los mosquitos de agua colmenean las luces Incendios de alas Revoloteos Llueve Grecia, 1919. Ejercicios 1. ¿Cuál es el papel de Ramón Gómez de la Serna y Rafael Cansinos-Asséns en las letras españolas? 2. ¿Qué proponía el movimiento Ultraísta en España? 3. Destaca, de los poemas citados anteriormente, una “imagen múltiple”. Las Vanguardias en Hispanoamérica La aparición de las vanguardias de filiación europea pone fin al Modernismo (movimiento que estudiaremos en el próximo módulo de Literaturas Hispánicas). Son años de manifiesto, de numerosas acciones programáticas surgidas de un general sentimiento de ruptura. En 1914 el poeta chileno Vicente Huidobro lanza el manifiesto “Non Serviam” (“No serviré”), en el que, dirigiéndose a la Naturaleza, escribe: “Adiós, viejecita encantadora, adiós madre y madrastra, no te niego ni maldigo por los años de esclavitud a tu servicio.” A partir de aquí pone en marcha la aventura creacionista: la autonomía del poeta frente a todo lo que no sea su actividad creadora, el arte de hacer vivir en el poema un universo poblado de imágenes que ya no se consideran meros retratos o trasposiciones linguísticas de seres y fenómenos de la Naturaleza. Oliverio Girando (1891-1967), el poeta argentino portavoz del grupo MartínFierro, proclamaba diez años más tarde: “Martín Fierro siente la necesidad imprescindible de definirse y de llamar a cuantos sean capaces de percibir que nos hallamos ante una NUEVA sensibilidad y una NUEVA COMPRENSIÓN; que al ponernos de acuerdo con nosotros mismos, nos descubre panoramas insospechados y nuevos medios y formas de expresión”. Vicente Huidobro Como en su momento hicieron los modernistas, Vicente Huidobro (1893-1948) dirigía también su mirada hacia París, capital de las novedades. Hijo de una familia adinerada, su madre celebraba en su mansión frecuentes veladas literarias y artísticas. Las obras iniciales del poeta acusan la influencia modernista que flotaba en el ambiente, pero ya en La gruta del silencio y Las pagodas ocultas, libros ambos de 1913, se perciben algunos ecos de lo que va a ser la fuerza renovadora característica de su obra de plenitud. En 1916, en un viaje a Buenos Aires, el poeta chileno abordó los presupuestos de la nueva estética, cuya primera condición es crear; la segunda, crear; la tercera, crear (posteriormente declarará: “El poeta es un motor de alta frecuencia espiritual, es quien da vida a lo que no la tiene; cada palabra, cada frase adquiere en su garganta una vida propia y nueva, y va a anidarse palpitante de calor en el alma del lector”). Por consiguiente, el poeta se convierte en un dios creador; la poesía proviene del poder divino del poeta. Poco después, en París, entra en contacto con los poetas franceses Pierre Reverdy y Guillaume Apollinaire, participando de forma destacada en sus revistas (Sic y posteriormente Nord-Sud). Horizon carré (1917), libro que Huidobro escribe en francés, propone ya un lema característico no solo del creacionismo sino de otras corrientes de la vanguardia artística del momento, y en especial del cubismo: “Hacer un poema como la Naturaleza hace un árbol”. A diferencia del surrealismo, partidario de la creación pasiva o inconsciente, los creacionistas optan, en palabras de Huidobro, por una poesía que “ha de ser creada por el poeta con toda la fuerza de sus sentidos, más despiertos que nunca”. Pero las inquietudes de Huidobro van más allá de las meras definiciones de escuela. Tras una estancia en España, donde influirá notablemente sobre los jóvenes poetas españoles agrupados en torno al ultraísmo, el poeta regresa a Chile en 1919 e inicia la composición de lo que va a ser su obra máxima, Altazor, publicada en 1931. Entre tanto escribe en francés y viaja con frecuencia por Europa pronunciando conferencias sobre la nueva estética. En 1925 dirige en Chile el periódico Acción, publica teatro, novelas, guiones de cine, y durante la Guerra Civil española colabora con el Frente Popular. También participa en la II Guerra Mundial, resultando herido en la batalla de Berlín. La figura de Huidobro ha sido presentada, en ocasiones, como antagonista de la del también poeta chileno Pablo Neruda. Sin embargo, su obra y su personalidad constituyen una corriente renovadora que ejerció una notable influencia entre los grupos jóvenes. En su extenso poema Adán (1916) defendió el verso libre y retomó el héroe romántico. Pero Altazor ha pasado a ser indiscutiblemente una de las creaciones más originales de la poesía en castellano del siglo. El poeta formula, a través de una auténtica cosmogonía, una revolución en el lenguaje poético. Creará un metalenguaje propio, con sus símbolos referenciales, y establecerá unas peculiares reglas del juego poético, convertido en juego verbal. Partirá del principio de que las lenguas están muertas para el poeta y éste se ve obligado a elaborar su propio código. Los siete cantos de Altazor conforman una estructura que no es ajena a las grandes concepciones románticas. Pero en la poesía de Huidobro predomina, esencialmente, la técnica. Su creación asume las características de un juego fantasmagórico, alucinante, burlón, de absoluta lucidez intelectual en la búsqueda de efectos deslumbrantes, impresionantes por inéditos. Su original sentido del humor abrirá camino a experiencias posteriores, como la “antipoesía” de su compatriota Nicanor Parra. 19 20 Arte Poética Que el verso sea como una llave Que abra mil puertas. Una hoja cae; algo pasa volando; Cuanto miren los ojos creado sea, Y el alma del oyente quede temblando. Inventa mundos nuevos y cuida tu palabra; El adjetivo, cuando no da vida, mata. Estamos en el ciclo de los nervios El músculo cuelga, Como recuerdo, en los museos; Mas no por eso tenemos menos fuerza: El vigor verdadero Reside en la cabeza. Por qué cantáis la rosa, ¡oh Poetas! Hacedla florecer en el poema; Sólo para nosotros Viven todas las cosas bajo el Sol. El poeta es un pequeño dios. El espejo de agua, 1916. Voz oficios, estudió en Trujillo y tuvo como maestro a Ciro Alegría (1909-1967) – escritor peruano comprometido con una literatura de defensa de los oprimidos indígenas de Perú. Hacia 1915 formó parte de un grupo de “bohemios”, entre los que se contaba Víctor Raúl Haya de la Torre, fundador del partido político peruano Alianza Popular Revolucionaria Americana (APRA). Hacia 1918 estaba en Lima, como profesor particular, donde conoció a José María Eguren (uno de los principales poetas modernistas) y a González Prada (importante pensador y ensayista de la realidad peruana). A finales de 1920 fue encarcelado, acusado de participar en unos disturbios callejeros, experiencia que reflejará en su libro Trilce (1922), aunque algunos de los poemas de dicho libro se compusieron ya a partir de 1918. Con anterioridad había dado a la imprenta Los heraldos negros (1918), poemario de estética modernista aunque contiene ya atisbos de su estilo posterior. En 1923 sale del Perú y, a pesar de algunas declaraciones en las que se planteaba el regreso a la patria, permaneció en el exilio hasta su muerte en París. En la capital francesa conectó con la vanguardia literaria y artística y pasó de un cristianismo primitivo (que nunca llegó a abandonar, pese a sus concepciones políticas) a la militancia en el partido comunista. A través del poeta y amigo Juan Larrea, entró pronto en contacto con los poetas españoles, especialmente Gerardo Diego y José Bergamín. César Vallejo Tras la proclamación de la Segunda República española vivió algún tiempo en Madrid, país sobre el que escribió un libro, Rusia en 1931, reflexiones al pie del Kremlin, que alcanzó un cierto éxito de público, y la novela Tungsteno, influida por el realismo socialista. Pero el ambiente le resultaba agobiante, como manifiesta en su correspondencia, y el estallido de la Guerra Civil española le sorprende en París, donde se encontraba desde 1932, tras su matrimonio con Georgette. Representa a Perú en el Congreso Internacional de Escritores Antifascistas, celebrado en Valencia y Madrid en 1937, y participa directamente en la formación de comités y en actividades propagandísticas en apoyo de sus amigos españoles. Poco antes de morir y en poco más de tres meses escribe España, aparta de mí este cáliz, que será, sin duda, el mejor libro poemático sobre la tragedia española. A comienzos de 1932 había iniciado la redacción de su libro Poemas humanos, así como de los Poemas en prosa que algunos críticos sitúan entre 1923 y 1929. La obra renovadora del poeta peruano César Vallejo (1892-1938), nacido en un pueblecito a más de 3.000 m. de altitud, muestra con claridad la diversidad que brota de la vanguardia y va más allá de cuanto sus protagonistas imaginaron. De origen cholo o mestizo, se dice que sus abuelos eran sacerdotes españoles y sus dos abuelas indígenas. Vallejo trabajó en diversos Creador de un lenguaje propio brotado del Modernismo, lírico en sus manifestaciones, simbólico y oscuro, atento a los hallazgos del surrealismo aunque sin participar en el movimiento, el poeta consigue piezas de intenso dramatismo. Parte de una aventura personal en la que se conjugan varias y hasta contradictorias influencias y en la que el poeta atraviesa constantes problemas EL QUE PODRIA CANTAR No tiene garganta Su grito de angustia Ahogado en el bosque de fieltro TRAS SU CABEZA EL BORDE DEL MUNDO Si levantara un pie caería al vacío SIN EMBARGO SUS LAGRIMAS LES SALVARAN. Horizonte Cuadrado, 1917. económicos que le llevan al hambre y a la enfermedad. El profundo compromiso que mantiene con su tiempo le torna lúcido en sus actitudes, pero, salvando el magnífico libro dedicado a la Guerra Civil española, su poesía permanece comprometida con un humanismo atravesado por su sentido de la historia. Por otra parte, ya en Trilce el poeta había integrado imaginación y experiencia en poemas donde se combinaban también diversos motivos sentimentales y eróticos. En el poema “Simbolista” parecía exaltar una escuela en la que no faltaba, entre los franceses, el nombre de Rubén Darío (principal poeta del movimiento modernista hispánico); pero incluso allí Vallejo iba mucho más lejos. Su peculiar utilización de la sintaxis, de la rima y el ritmo, magistralmente diverso, son el resultado de su angustiada búsqueda de la verdad humana, que continuamente se le escapa, dejándole entre las manos ráfagas de instantes, frases en cuyo fondo brilla la ternura y que, pese a su aparente sinsentido, logran remover y expresar una dimensión de la existencia previa a toda denominación coherente. De ahí que Vallejo se torne más y más original a medida que su esfuerzo se concentra en penetrar en los orígenes de la palabra, en la arbitrariedad del lenguaje, que no es sino el espejo de la arbitrariedad humana. No es difícil advertir que Vallejo, incomprendido muchas veces y tachado otras de ininteligible e incongruente, ha pasado a ser una de las voces más peculiares de la modernidad latinoamericana. Hay golpes en la vida, tan fuertes… yo no sé! Golpes como del odio de Dios; como si ante ellos, la resaca de todo lo sufrido se empozara en el alma… Yo no sé! Son pocos; pero son… Abren zanjas oscuras en el rostro más fiero y en el lomo más fuerte, Serán tal vez los potros de bárbaros atilas; o los heraldos negros que nos manda la Muerte. Son las caídas hondas de los Cristos del alma, de alguna fe adorable que el Destino blasfema. Esos golpes sangrientos son las crepitaciones de algún pan que en la puerta del horno se nos quema. Y el hombre… pobre… pobre…! vuelve los ojos, como cuando por sobre el hombro nos llama una palmada; vuelve los ojos locos, todo lo vivido se empoza, como un charco de culpa en la mirada. Hay golpes en la vida, tan fuertes… Yo no sé. Los heraldos negros, 1918. XXXI 21 Esperanza plañe entre algodones. Aristas roncas uniformadas de amenazas tejidas de esporas magníficas con porteros botones innatos. ¿Se luden seis de sol? Natividad. Cállate, miedo. Cristiano espero, espero siempre de hinojos en la piedra circular que está en las cien esquinas de esta suerte tan vaga a donde asomo. Y Dios sobresaltado nos oprime el pulso, grave, mudo, y como padre a su pequeña, apenas, pero apenas, entreabre los sangrientos algodones y entre sus dedos toma a la esperanza. Señor, lo quiero yo… Y basta! Trilce (1922). Jorge Luis Borges La personalidad literaria de Borges (1899-1986) es muy amplia. Aunque la crítica prefiere comentar su obra narrativa, sus cuentos y ensayos, el autor argentino tiene también un papel fundamental en el desarrollo de la vanguardia de su país, a través de una primera fase de su obra donde escribe una original poesía de influencia vanguardista. Nacido en la cosmopolita ciudad de Buenos Aires, su formación intelectual y estética es muy peculiar y abarca un extenso territorio. Dotado de grandes cualidades creativas, de una sólida cultura clásica, conocedor de las literaturas antiguas y modernas, lector también de Dante y de Ariosto, da vida con su poesía al movimiento ultraísta. Entre 1914 y 1918 residió en Suiza y hasta 1921 vivió en España. Escribió por entonces un libro de poemas, Salmos rojos, posteriormente destruido, aunque rescatado más tarde parcialmente. Durante su estancia en España participa asiduamente en la tertulia de Rafael Cansinos-Asséns, quien – según el propio escritor – “gustó sin marearse del mosto nuevo” (refiriendo-se a las vanguardias europeas), y publica en las revistas del ultraísmo español, desarrollado en torno a Cansinos y otros autores. A su regreso a Argentina, en 1921, en colaboración con el también escritor Guillermo 22 de Torre, entre otros, funda la revista Prisma, donde divulga una concepción nueva de la poesía, la que resume de esa manera: “el Ultraísmo tiende a la meta primicial de toda poesía, esto es, a la transmutación de la realidad palpable del mundo en realidad interior y emocional”. En 1922 funda con el escritor Macedonio Fernández la revista Proa, donde ambos dieron su peculiar versión de los presupuestos ultraístas y contribuyeron a difundirlos en el ámbito bonaerense. En el Ultraísmo trató de trascender los aspectos de la realidad, sin rechazar nada del pasado. Ofrecieron inspiración para su poesía casi exclusivamente los datos de la realidad inmediata, la nota sencilla y sugestiva de los suburbios de Buenos Aires, la pampa, las calles de la periferia, las casas, personajes humildes y, más tarde, una especie de mitología familiar y la incesante historia del tiempo y de la muerte. Los principios en que se inspiran los ultraístas fueron resumidos por el poeta argentino en 1921 en Nosotros: “1. Reducción de la lírica a su elemento primordial: la metáfora; 2. Tachadura de las frases medianeras, los nexos y los adjetivos inútiles; 3. Abolición de los trabajos ornamentales, el confesionalismo, la circunstanciación, las prédicas y la nebulosidad rebuscada; 4. Síntesis de dos o más imágenes en una, que ensancha de ese modo su facultad de sugerencia.” Entre 1923 y 1929 Borges publica sus libros poéticos más importantes: Fervor de Buenos Aires (1923), Luna de enfrente (1925) y Cuaderno San Martín (1929). La poesía de Borges invita a la reflexión; se construye sobre cosas mínimas, pero que ejercen una influencia profunda sobre el hombre. Ésta es justamente la esencia de su lírica: la meditación. Después de un largo período dedicado a la narrativa, sea de cuentos, sea de ensayos, Borges retorna, en 1960, a la publicación poética, aunque hay señales inequívocas de que Borges nunca haya dejado de escribir versos. Arrabal A Guillermo de Torre El arrabal es el reflejo de nuestro tedio. Mis pasos claudicaron cuando iban a pisar el horizonte y quedé entre las casas, cuadriculadas en manzanas diferentes e iguales como si fueran todas ellas monótonos recuerdos repetidos de una sola manzana. El pastito precario, desesperadamente esperanzado, salpicaba las piedras de la calle y divisé en la hondura los naipes de colores del poniente y sentí Buenos Aires. Esta ciudad que yo creí mi pasado es mi porvenir, mi presente; los años que he vivido en Europa son ilusorios, yo estaba siempre (y estaré) en Buenos Aires. Fervor de Buenos Aires, 1923. Caminata Olorosa como un mate curado la noche acerca agrestes lejanías y despeja las calles que acompañan mi soledad, hechas de vago miedo y de largas líneas. La brisa trae corazonadas de campo, dulzura de las quintas, memorias de los álamos, que harán temblar bajo rigideces de asfalto la detenida tierra viva que oprime el peso de las casas. En vano la furtiva noche felina inquieta los balcones cerrados que en las tardes mostraron la notoria esperanza de las niñas. También está el silencio en los zaguanes. En la cóncava sombra vierten un tiempo vasto y generoso los relojes de la medianoche magnífica, un tiempo caudaloso donde todo soñar halla cabida, tiempo de anchura de alma, distinto de los avaros términos que miden las tareas del día. Yo soy el único espectador de esta calle; si dejara de verla se moriría. (Advierto un largo paredón erizado de una agresión de aristas y un farol amarillento que aventura su indecisión de luz. También advierto estrellas vacilantes.) Grandiosa y viva como el plumaje oscuro de un Ángel cuyas alas tapan el día, la noche pierde las mediocres calles. Fervor de Buenos Aires, 1923. Ejercicios 1. ¿Qué propone el Creacionismo? 2. Interpreta el poema “Arte poética”, de Vicente Huidobro. 3. ¿Qué relación tiene César Vallejo con el periodo histórico que le toca vivir? 4. Ejemplifica con tres versos la presencia de la ciudad en los poemas de Borges. 23 24 UNIDAD II LA GUERRA CIVIL ESPAÑOLA Y SUS REFLEJOS EN LA LITERATURA 2.1 - La Guerra Civil Española La guerra civil española (1936-1939) fue la última guerra “romántica”, como ha dicho algún crítico. Es, de hecho, la última guerra donde no se luchó por territorio, riquezas o petroleo (como vemos actualmente), sino por los ideales de justicia y libertad. Es, por eso, la última guerra idealista que conocimos, antes de la Segunda Guerra Mundial. De hecho, fue uno de los conflictos bélicos más traumáticos no sólo para el pueblo español, sino también para toda la intelectualidad mundial de la época. Siendo en principio nacional, se transformó en un combate con dimensiones mucho más amplias. Innúmeros voluntarios extranjeros organizados en Brigadas Internacionales intervinieron en los frentes, tanto de un lado como de otro, y junto a los soldados varios intelectuales compusieron las filas, sea en la lucha armada, sea en otras actividades de la guerra, como propaganda, y formación de los combatientes. En ella estuvieron presentes todos los elementos militares e ideológicos que marcaron el siglo XX. De un lado se posicionaron las fuerzas del nacionalismo y del fascismo, aliadas a las clases e instituciones tradicionales de España (parte del Ejército, la Iglesia y el Latifundio) y del otro el Frente Popular formado por el Gobierno Republicano, los sindicatos, los partidos de izquierda y los demócratas. El momento histórico en el que ocurre la Guerra Civil española es de grandes transformaciones políticas y del surgimiento de gobiernos dictatoriales. A partir de 1935, un grupo de intelectuales se levanta contra el movimiento fascista en Europa, realizando un gran congreso en Paris y constituyendo el grupo que se llamaría Alianza de Intelectuales Antifascistas. Este grupo se reunió en un segundo congreso en Madrid, en 1937. Un gran número de intelectuales españoles y extranjeros, presentes en el congreso, asumió la “causa republicana” como suya y pasó a luchar no sólo intelectual sino militarmente en los frentes de combate. Sin embargo, en 1938 las fuerzas nacionalistas “cortan” España en dos partes, separando Cataluña del resto del país. En enero de 1939 las tropas franquistas entran en Barcelona y en 28 de marzo Madrid se rinde a los militares después de haber resistido a innúmeros ataques (aéreos, blindados y de tropas de infanterías), por casi tres años. La superioridad militar del “Generalísimo” Franco, la unidad que consiguió imponer sobre la derecha y la fragmentación de los grupos republicanos fueron factores decisivos para su victoria sobre la República. Sin embargo, los ideales de justicia y de lucha democrática siguieron vivos aún cuando sofocados por el horror fascista. Muchos intelectuales se exiliaron, algunos sólo permitiendo que sus obras volvieran al país después de la muerte de Franco (como lo hizo Picasso con su famoso cuadro Guernica), otros fueron encarcelados y perecieron en la cárcel (como el poeta Miguel Hernández), o asesinados (como el poeta y dramaturgo Federico García Lorca). Los escritores republicanos de ese periodo seguramente compartían la idea de que la palabra poética, en prosa o verso, puede transformar el mundo (o por lo menos contribuir al cambio). El papel de los intelectuales fue una de las más importantes plumas a dibujar la cara republicana en la Guerra Civil. Entre los poetas españoles e hispanoamericanos que se declararon a favor de la causa republicana están Miguel Hernández (español, luchando inclusive como soldado en el Quinto Regimiento), el peruano César Vallejo y el chileno Pablo Neruda. De este fervor combativo y literario surgieron tres libros clave para comprender las letras en este momento: Viento del pueblo, de Miguel Hernández, España, aparte de mí este cáliz, de César Vallejo y España en el corazón (parte de Tercera Residencia), de Pablo Neruda. Además de los intelectuales presentes en tierras españolas, 60.000 voluntarios aproximadamente fueron a España organizados en Brigadas Internacionales. Y más 20.000 extranjeros prestaron servicios a la República en actividades médicas, sanitarias y de otros tipos en la retaguardia. Estos voluntarios fueron cantados por muchos poetas, entre ellos Neruda, Hernández y Vallejo. El alumno interesado en este tema puede ver las películas “Tierra y Libertad” y “La lengua de las mariposas”, que en Brasil se encuentran fácilmente con los nombres de “Terra e Liberdade” e “A língua das mariposas”. 25 Carteles de los grupos antifacistas de la Guerra Civil española. 2.2 - La Generación del 27: entre el gongorismo y el surrealismo Los nuevos rumbos de las vanguardias, el balbuceo de abrirse a Europa para ataviarse con sus vestiduras de modernidad, el acercarse a un olor extraño, desconocido pero bastante bienvenido después de la melancolía y el extremado nacionalismo de la generación del 98. La euforia de aquel momento, conjugada con la tremenda inestabilidad e inquietud políticas, van a crear una generación de poetas que se va a alimentar de todos estos conflictos y los va a reflejar de manera inusitada y confiada en una época que será posteriormente conocida como la “Edad de Plata” de la literatura española. El configurarse como generación para estos poetas no será difícil, pues la amistad y la generosidad estará entre ellos, alimentándoles igualmente de la buena savia de la juventud, de los descubrimientos y de la fraternidad. Miran hacia adelante, pero igualmente miran hacia atrás. Su desafío es ingresar en esta modernidad europea sin asfixiarse con ella, sin dejar a un lado las inmensas conquistas de Antonio Machado, de Unamuno – ambos de la generación de 98, de finales del siglo XIX –, de Juan Ramón Jiménez, y yendo más lejos, de Gustavo Adolfo Bécquer (1830-1870; poeta posromántico), de Luis de Góngora (1561-1627; poeta barroco). La figura de Góngora es realmente fundamental para esta generación, pues en torno a su nombre y a su obra se hará un congreso en Sevilla, en 1927, en conmemoración al tercer centenario de su muerte, en el cual estuvieron presentes los poetas de dicho grupo. En este mismo año son publicados varios títulos que reivindican la presencia del poeta barroco, ahora reincorporada a la modernidad. Son ellos: Temas gongorinos (trabajo crítico de Dámaso Alonso), la reedición de su poemario Soledades y la Antología poética en honor de Góngora, publicada por Gerardo Diego (en la que recogía poemas desde Lope de Vega a Rubén Darío). Se ha tomado a Góngora como emblema del “arte por el arte” y patrono de la “generación del 27”. Como es natural, el grito de rebeldía que supuso su reivindicación, mal considerado hasta entonces en los círculos académicos y universitarios, estimuló a la escritura de una serie de obras poéticas en las que, de manera más o menos directa, se advierte la influencia del poeta barroco. España vive, entonces, en la década de los 20, la profunda crisis de una modernidad que se construye sobre el choque entre el pasado y el futuro. España siente ya la escisión del presente. Antes tan pendiente de la tradición, lo disuelve en este campo de unión y de batalla entre lo viejo y lo nuevo, hasta que pierda, el mismo presente, toda referencialidad. El país está ante lo cerrado y lo abierto, como en una batalla humana y de tiempos. El desgarramiento será la única y posible salida para este impasse. Desgarre histórico, social, 26 político y estético en una España que vive una crisis de todos los géneros. La llegada de la Guerra Civil en el 36 interrumpe este doloroso pero creativo y fructífero proceso de maduración colectiva y, de algún modo, lo aclara: se vuelven a separar la tradición y la vanguardia. Desgraciadamente vence la cara más negativa de la tradición, su versión cerrada, fija, inmóvil. Cesa el diálogo en el que la tradición y las vanguardias podrían haber llegado a generar una suerte de equilibrio en el que ambas aportarían lo mejor de sí mismas. La tradición, su vigor popular, el estremecimiento humano personificado en la figura tan alabada y simbolizada de Góngora. Y las vanguardias, su vigor innovador, su pulsión de creación, de osadía y de apertura. La guerra civil española interrumpe este diálogo y personifica los “ángeles malos” anticipados por Rafael Alberti (me refiero a su libro Sobre los ángeles). Toda España, toda Europa, todo el mundo tendrá que enfrentarse a los ángeles belicosos, malos, feos, mohosos, cenicientos... Pero antes de que se rompiera el tenue hilo que intentaba estrechar las manos de la tradición y las vanguardias, muchos poetas lograron sacarle algo a todo el diálogo que apenas se iniciaba en un ámbito colectivo. En sus obras estas diferencias lograron realizar un formidable encuentro, lo que pudo generar una poética popular, luminosa, irónica, dramática, crítica, comprometida, española y universal. El gongorismo y el surrealismo se unieron en gran parte de esta generación (léase Lorca, Aleixandre o Cernuda) haciéndola, según Rafael Alberti, “hija a un tiempo de Góngora y Apollinaire”, o sea, de la tradición barroca y de las vanguardias. De ambos pudieron sacar el culto y el encanto por la metáfora y las imágenes, por poner un ejemplo. Pero también el ultraísmo le aportará algo que recorrerá sus poéticas, además de la profusión metafórica igualmente alabada por los seguidores de Gerardo Diego: la musicalidad, la poesía hecha ritmo, sonido, música. A esta generación poética pertenecen grandes nombres de la literatura hispánica, como Federico García Lorca, Rafael Alberti, Jorge Guillén, Vicente Aleixandre, Pedro Salinas y Luis Cernuda. Aquí vamos a citar uno de ellos, ya que sería imposible (por las dimensiones de este trabajo), hablar de todos. Federico García Lorca La obra del poeta y dramaturgo Federico García Lorca (1899-1936) es la que más caracteriza el neopopulismo que llevó gran parte de los poetas de su generación a buscar inspiración en la poesía de tradición popular, aunque siempre traspasada por las tendencias más contemporáneas, como el mismo surrealismo, cuyo resultado puede ser muy bien visto en el Primer romancero gitano (1928), donde hay una serie de poemas en los que el paisaje y los personajes – o sus sombras – y la anécdota, a veces simplemente insinuada, hablan de un mundo en el que parecen resumirse los oscuros anhelos de una Andalucía entre verídica y convencional, es cierto, pero de indudable atractivo lírico. En este contexto, el gitano (o la gitana) es uno de los personajes preferidos del poeta, quien afirma que “el gitano es lo más elevado, lo más profundo, más aristocrático de mi país, lo más representativo de su modo y el que guarda el ascua, la sangre y el alfabeto de la verdad andaluza y universal.” (Conferencia-recital del Romancero Gitano). Pero su obra sufre una fuerte evolución hacia el surrealismo, dejando atrás la sugestión folklórica, y entonces se publica Oda a Salvador Dalí pero, principalmente, Poeta en Nueva York (1929-1930). Después, el Llanto por Ignacio Sánchez Mejía (1935) será como una afortunada síntesis de su modo “popular” con el nuevo modo “cosmopolita”, en torno a la figura del torero muerto y que, según Angel Crespo, es uno de los más bellos poemas elegíacos escritos en español. Pero a su obra poética se suma una importante producción teatral. Su vocación dramática va creciendo y consolidándose, hasta que logra obras de impecable belleza: Bodas de sangre (1933), Yerma (1934) y La casa de Bernarda Alba (1935 – de las tres se han hecho películas que se pueden encontrar en Brasil), ésta última considerada como la obra maestra del dramaturgo García Lorca, quien se deja invadir por su vena lírica, y es su condición de poeta la que anima el lenguaje, sobrio y a la vez intenso, cargado de fatalidad, en la pasión concentrada de las mujeres de vida sencilla de los pueblos de España. García Lorca estaba atravesando un periodo de intensa búsqueda y experimentación cuando, tan inesperada y trágicamente, le sorprendió la muerte en manos de los guardias del régimen franquista. La monja gitana Silencio de cal y mirto. Malvas en las hierbas finas. La monja borda alhelíes sobre una tela pajiza. Vuelan, en la araña gris, siete pájaros del prisma. La iglesia gruñe a lo lejos como un oso panza arriba. ella quisiera bordar flores de su fantasía. Cinco toronjas se endulzan en la cercana cocina. Las cinco llagas de Cristo cortadas en Almería. Por los ojos de la monja galopan dos caballistas. Un rumor último y sordo le despega la camisa, y al mirar nubes y montes en las yertas lejanías, se quiebra su corazón de azúcar y yerbaluisa. ¡Oh, qué llanura empinada con veinte soles arriba! ¡Qué ríos puestos de pie vislumbra su fantasía! ella quisiera bordar flores de su fantasía. Pero sigue con sus flores, mientras que de pie, en la brisa, la luz juega el ajedrez alto de la celosía. Romancero gitano, 1928. Romance sonámbulo Verde que te quiero verde. Verde viento. Verdes ramas. El barco sobre la mar y el caballo en la montaña. Con la sombra en la cintura ella sueña en su baranda, verde carne, pelo verde, con ojos de fría plata. Verde que te quiero verde. Bajo la luna gitana, las cosas le están mirando y ella no puede mirarlas. Verde que te quiero verde. Grandes estrellas de escarcha, vienen con el pez de sombra que abre el camino del alba. La higuera frota su viento con la lija de sus ramas, y el monte, gato garduño, eriza sus pitas agrias. ¿Pero quién vendrá? ¿Y por dónde...? Ella sigue en su baranda, verde carne, pelo verde, soñando en la mar amarga. Compadre, quiero cambiar mi caballo por su casa, mi montura por su espejo, mi cuchillo por su manta. Compadre, vengo sangrando, desde los montes de Cabra. Si yo pudiera, mocito, ese trato se cerraba. Pero yo ya no soy yo, ni mi casa es ya mi casa. Compadre, quiero morir decentemente en mi cama. De acero, si puede ser, con las sábanas de holanda. ¿No ves la herida que tengo desde el pecho a la garganta? Trescientas rosas morenas lleva tu pechera blanca. Tu sangre rezuma y huele alrededor de tu faja. Pero yo ya no soy yo, ni mi casa es ya mi casa. Dejadme subir al menos hasta las altas barandas, dejadme subir, dejadme, hasta las verdes barandas. Barandales de la luna por donde retumba el agua. Ya suben los dos compadres hacia las altas barandas. Dejando un rastro de sangre. Dejando un rastro de lágrimas. Temblaban en los tejados farolillos de hojalata. Mil panderos de cristal, herían la madrugada. Verde que te quiero verde, verde viento, verdes ramas. Los dos compadres subieron. El largo viento, dejaba en la boca un raro gusto de hiel, de menta y de albahaca. ¡Compadre! ¿Dónde está, dime? ¿Dónde está mi niña amarga? ¡Cuántas veces te esperó! ¡Cuántas veces te esperara, cara fresca, negro pelo, en esta verde baranda! Sobre el rostro del aljibe se mecía la gitana. Verde carne, pelo verde, con ojos de fría plata. Un carámbano de luna la sostiene sobre el agua. La noche su puso íntima como una pequeña plaza. Guardias civiles borrachos, en la puerta golpeaban. Verde que te quiero verde. Verde viento. Verdes ramas. El barco sobre la mar. Y el caballo en la montaña. 27 28 2.3 - La Literatura de Posguerra en España En la literatura de posguerra en España sobresale la prosa y la poesía social, con algo de denuncia ante la violencia y la miseria que advinieron como consecuencias del aislamiento de España de los demás países de Europa – aislamiento cultural pero sobretodo económico, lo que generó años de hambre y de escasos recursos para la población. Pero, en un contexto de fuerte dictadura militar, cualquier denuncia tenía que venir disfrazada con un ropaje que no delatase al escritor, ya que ellos tuvieron que convivir con la existencia de una censura previa que durante casi cuatro décadas mantuvo un control, a veces férreo a veces ineficaz – de pura ignorancia – sobre la escritura creativa. Ejemplos del trabajo de la censura de la época se pueden ver en el caso del narrador Gonzalo Torrente Ballester, que tuvo que modificar el final de su primera novela, Javier Mariño (1942), para lograr que fuera autorizada su publicación y en el caso de otro excombatiente, Camilo José Cela (posteriormente Premio Nobel de Literatura) que sólo encontraría en provincias un editor decidido a publicarle La familia de Pascual Duarte (1942). La formación y el desarrollo del gusto literario y de las convicciones éticas y estéticas están relacionados en parte con el diálogo que los autores establecen con distintos contextos – histórico, social y literario – en el momento de concebir su obra. Tres grandes acontecimientos históricos han marcado las obras de la época contemporánea: la guerra civil (1936-1939), la larga posguerra de régimen autocrático (1939-1975) y el progresivo establecimiento de la normalidad democrática (a partir de 1976, con la muerte del general Franco). En este contexto sobresalen algunos narradores: Gonzalo Torrente Ballester, Camilo José Cela, Miguel Delibes, Max Aub, Ana María Matute y Carmen Martín Gaite. Max Aub Max Aube Mohrenwitz nació el 2 de junio de 1903. A partir de 1920 sigue los pasos profesionales de su padre, viajando como representante comercial por varios lugares de España. Esos recorridos le favorecen el contacto con el mundo cultural y de vanguardia del momento. Asiste a diversas tertulias en Barcelona. En febrero de 1936, después de un viaje a la Unión Soviética, dirige en Valencia el periódico socialista Verdad en su primera época. Es socio de la Alianza de Escritores Antifascistas para la Defensa de la Cultura. Del 36 al 37 es Agregado Cultural de la Embajada de España en París. Organiza el II Congreso de Intelectuales Antifascistas en Valencia y Madrid. En marzo de 1940, Max, denunciado, va a la cárcel acusado de comunista. Pasa por sucesivos encarcelamientos. Después de un período (1941-1942) detenido en el campo de concentración Djelfa, en Argelia, consigue un permiso para refugiarse en México. Entre 1942 y 1972 Max Aub se exilia en México. Empieza a trabajar en el periodismo, la docencia, la traducción y especialmente en el cine. En 1972 viaja a España. Vuelve a México en julio y allí muere por infarto. Max Aub es un hombre de su tiempo, que experimentó la guerra civil y la Segunda Guerra Mundial, por eso en su percepción artística se interrelacionan la realidad social y la naturaleza. De ese modo, opone a la grandeza estética del sujeto del Modernismo la ausencia de la grandeza existencial de sus personajes y de las acciones cometidas o sufridas por ellos. En este acercamiento a la realidad social de su época, el sujeto es común, mediano. Esta visión del arte atraviesa toda la producción de este autor desde la ensayística hasta la ficcional. La Ingratitud Era ya vieja cuando tuvo una hija. El marido murió a los pocos años y ella fue cuidando de su retoño como a la niña de sus ojos. Era una muchachita desmedrada, de ojos azules, casi grises, mirada perdida, sonrisa indiferente, dócil, de pelo lacio, suave, voz lenta y gravecilla. Gustaba permanecer cerca de su madre, ovillar la lana y ayudarle a coser. Vivían ambas en una casa humilde, a orillas de la carretera, que debió ser, en otro tiempo, de peón caminero. La madre bordaba para poder vivir. Cada quince días pasaba un cosario que le dejaba unas telas y se llevaba otras llenas de bodoquitos y deshilados. El cosario murió a consecuencia de las heridas que, a coces, le propinó un burro, furioso por una picada de tábano, en una venta del camino. Cuando Luisa cumplió diecisiete años, Manuel se la llevó. Como la vieja era tan pobre, no pudieron celebrar la boda; pero dio a su hija cuanto tenía: los cacharros de la cocina, un traje negro y una sortija de latón que su difunto le había regalado cuando fue a la feria de Santiago. Luisa era todo lo que en verdad tenía. Sientiéndose encoger la vio subir a la carreta del cosario y perderse en la lejanía. Cuando doblaron al final de la lenta bajada, ya hacía tiempo que sólo divisaba el polvo que levantaban las patas del mulo y las ruedas de la galera. La vieja se quedó sola; ni un perro tenía, sólo algunos gorriones volaban por los campos; alfalfa a la derecha y trigo ralo a la izquierda de la carretera. Se quedó sola, completamente sola. Bordaba menos porque sus ojos se llenaban de lágrimas recordando a Luisa. Los primeros días, su hija le hizo saber, por Manuel, que era muy feliz y le mandó una cazuela con un dulce que había hecho. A los seis meses el hombre le dijo que pronto esperaba un niño. La vieja lloró durante una semana; luego tomó más trabajo para poder comprar tela y hacer unas camisitas y unos pañales para su nieto. Manuel se los llevó, muy agradecido. La vieja siempre tuvo la seguridad de que sería un nieto, y no se equivocó. Unos meses después de su nacimiento, Manuel le dijo que iba a tomar un arriero para que le ayudara en su negocio, que prosperaba. Dos semanas más tarde, en vez de Manuel vino Luis, un mocetón colorado y tonto que cantaba siempre la misma canción: El bombo dombón. La bomba dombera. ¡Quién fuera lanzón! ¡Quién lanceta fuera! Manuel y su mujer se fueron a vivir más lejos y ni siquiera Luis pudo dar noticias a la vieja. Suponía, sencillamente, que estaban bien. La vieja se reconcomió poco a poco. “Los hijos son así”, se decía para consolarse, pero recordaba cómo se había portado con su madre. Se quedaba horas y horas sentada a la orilla del camino esperando que apareciese alguien que le trajera noticias de su hija y de su nieto, pero no venía nadie y la vieja se iba secando. Nunca tuvo gusto para muchas cosas, pero dejó de hacer lo poco que hacía; sin comer, sin dormir, luchaba contra la palabra ingratitud que le molestaba como una mosca pertinaz; espantábala de un manotazo, pero volvía sin cesar, zumbando. Los hijos son así, se decía, pero ella se acordaba de cómo se había portado con su madre. Seca, sin moverse, se convirtió en árbol; no era un árbol hermoso: la corteza arrugada, pocas hojas y éstas llenas de polvo; parecía una vieja ladeada en el borde del camino. El paisaje era largo y estrecho, las montañas peladas, grises y rojizas a trechos; la carretera bajaba lentamente hacia el valle, sólo verde muy abajo, donde torcía el camino, cerca del riachuelo tachonado de cantos. Era un árbol que no tenía nada de particular, pero era el único que había hasta la hondanada. Todavía está allí. Carmen Martín Gaite Cuando llegas al muro donde acaba el amor, ya no hay escapatoria – dijo mientras lo escalaba trabajosamente, desafiando los cristales rotos incrustados en su cumbre y se dejaba caer al otro lado. Se miró un momento las manos ensangrentadas y luego echó a correr, sin preguntar adónde iba, por la llanura estática, yerma e infinita. Ejercicios 1. ¿Cuál es el papel de los intelectuales en la guerra civil española? 2. ¿Por qué se toma a Góngora, un poeta barroco de los siglos XVI-XVII, para representar a una generación de poetas ligados a las vanguardias? 3. Relaciona los cuentos mencionados arriba con el contexto histórico de la posguerra española. 29 30 UNIDAD III LA PROSA HISPANOAMERICANA CONTEMPORÁNEA La poesía de las primeras décadas del siglo XX era, como hemos visto, una rica, creativa y experimental producción literaria que se propagaba por todo el continente. Pero la prosa que se hacía en Hispanoamérica en las décadas de 40 y 50 era heredera de la tradición realista, o sea, estaba todavía encarcelada a un discurso realista y costumbrista (lo que se verá detenidamente en el próximo semestre), demasiado presa a un monótono folklorismo pintoresco, o echando mano de un simbolismo pobre, estereotipado, sobre la opresión social, de tono panfletario, que ya no generaba ningún impacto. Hasta más o menos la mitad del siglo XX, los escritores intentaron superar las limitaciones del naturalismo, trasladando la temática de la ciudad para el campo, los elementos telúricos, al encuentro de un espacio americano más auténtico. La novela más famosa de esta época es Doña Bárbara (1929), de Rómulo Gallegos. Pero en el plano del discurso, de la escritura, no hubo ningún cambio. Doña Bárbara mantiene el discurso explicativo y moralista que traducía una clara ideología, o sea, preceptos y valores, además de una predicación muy maniquea de la realidad americana, como en Facundo (1895), de Sarmiento. Sin embargo, es aún en estas mismas décadas de 40 y 50 cuando empiezan a surgir algunas narrativas muy diferentes a los esquemas tradicionales. Ellas inauguran una nueva manera de escribir en el continente americano, a través de la ruptura con dicha tradición del discurso realista. Pongamos algunos ejemplos: Yawar Fiesta (1941), de José María Arguedas, Ficciones (1944), de Jorge Luis Borges, El señor Presidente (1946) y Hombres de Maíz (1949), de Miguel Angel Asturias, Al filo del agua (1947), de Agustín Yáñez, El reino de este mundo (1949) y Los pasos perdidos (1953), de Alejo Carpentier, La vida breve (1950), de Juan Carlos Onetti y Pedro Páramo (1955), de Juan Rulfo. Pero el punto de arranque de esta nueva escritura es, sin lugar a dudas, la obra Historia universal de la infamia (1935), de Borges. Por lo tanto, paralelamente a la renovación operada en la poesía que surge del Modernismo y adapta de forma original algunas fórmulas características de la Vanguardia, se desarrolla en la prosa latinoamericana, en torno a los años cuarenta, un proceso de profunda renovación que posee, sobre todo en el género narrativo, especiales connotaciones. De un lado, sus cultivadores viven generalmente en el exilio o conocen muy de cerca los movimientos poéticos europeos. Jorge L. Borges, por ejemplo, participa de lleno y asiste asiduamente a las tertulias de los ultraístas españoles. El guatemalteco Miguel Ángel Asturias cultiva también la poesía, pero su formación en el folklore, aún más estructurada en París, permite establecer un claro paralelo con el cubano Alejo Carpentier, cuyos conocimientos folklóricos-musicales son también de procedencia francesa. Los nuevos narradores, por otra parte, sin abandonar la intención de alcanzar una novela nacional, desbordan el mero nacionalismo. Salvo el caso excepcional de Borges (a pesar de que él llegó a escribir un poemario titulado Salmos rojos, en homenaje a la Rusia comunista, pero luego en seguido lo quemó), sus ideologías políticas se orientan hacia la izquierda e incluso algunos de ellos son militantes de partidos revolucionarios. Los narradores latinoamericanos elevarán la bandera de la imaginación hasta el punto de que, en sus distintas concreciones, será su peculiaridad más importante desde entonces. Sin embargo, hay que apuntar inmediatamente que esto no supone en absoluto un abandono de la realidad ni del realismo. Una parte importante de la crítica ha valorado decisivamente, ante el fenómeno del llamado boom latinoamericano de la novela, la decadencia del género en Europa y en los Estados Unidos. De esta forma, las novelas de García Márquez, de Cortázar o de Vargas Llosa habrían llenado el vacío producido en otras narrativas poseedoras de una mayor tradición, pero que en aquel momento se encontraban más estancadas o incluso frente a callejones sin salida. Estas obras y autores latinoamericanos son el inicio de una gran ruptura con el antiguo realismo pretendido por la prosa, en busca de un nuevo realismo que empezaba a experimentar otras soluciones técnicas, formales, pero también temáticas; en busca de una literatura nueva que propiciase una nueva imagen de lo real, más plurivalente, más abierta y más creativa. En la América Hispánica, la renovación de la producción ficcional viene marcada por la tentativa de resignificar la identidad del continente americano, sea en su aspecto histórico, político, social, religioso o mítico. O sea, la indagación sobre qué es este Nuevo Mundo llamado América Latina (si una copia malhecha de Europa, o una realidad en si misma nueva y rica) ha sido la fuerza propulsora y profundamente vitalista del pensamiento hispanoamericano, tanto en la ensayística como en la prosa o en la poesía. Esta es, de hecho, la base de su desarrollo. EL TRASFONDO HISTÓRICO – AÑOS 60 Se hace necesario un pequeño comentario sobre el contexto histórico-social de la década de los 60 en Latinoamérica, para que se comprenda mejor la escritura que recorre el continente, tan comprometida críticamente con este mismo contexto: El triunfo de la Revolución cubana (1959) abrió numerosas expectativas en diferentes países y estimuló el surgimiento de movimientos populares y de organizaciones guerrilleras. Sin embargo, con Estados Unidos afincado en su papel de “vigilante” de la situación política del continente y dispuesto a aislar el “foco” cubano, la mayoría de los procesos políticos no logran salir del círculo revolución-reacción que se plasma en frecuentes golpes de Estado, cambios de gobierno, sucesión de Juntas militares, etc., todo lo cual configura una situación que a veces llega a ser de verdadero caos, tanto político como económico. El proceso socialista chileno de Salvador Allende, tan dramáticamente cortado por las fuerzas del general Pinochet (1973) y el apoyo de EUA, es significativo al respecto, y otro tanto podría decirse de Argentina, Bolivia, Colombia, Brasil, etc. La política estadounidense en la zona y la dependencia económica del régimen de Fidel Castro respecto a la URSS introdujeron a Latinoamérica en el contexto de la guerra fría entre las dos grandes potencias. Uno de los hechos más destacables de este periodo histórico ha sido el triunfo de la revolución sandinista en Nicaragua (1979), que actuó como catalizador de las demás naciones centroamericanas, dando lugar a una escalada de la reacción popular que, al ser duramente reprimida, ha puesto a algunos de estos países (y singularmente a El Salvador) en estado de permanente guerra civil. 3.1 – El Realismo Mágico o Real Maravilloso En la década de los sesenta la prensa comenzó a hablar de un boom de la novela latinoamericana. Se utilizaban, en una verdadera confusión, nombres diversos, integrantes de promociones y países distintos. La novela latinoamericana tuvo también entonces sus detractores, pero sus voces se han ido debilitando con el paso del tiempo. Hoy no cabe duda de que el movimiento narrativo que comienza mucho antes de la década de los sesenta – se inicia precisamente con las vanguardias – dará origen a un panorama narrativo de una gran originalidad. El chileno José Donoso, quien formó parte del grupo que fue calificado de boom, escribió en 1972 un breve libro titulado Historia personal del “boom” en el que ya indicaba que nadie se ha puesto de acuerdo sobre qué novelistas y qué novelas pertenecen al “boom”. Resulta, en efecto, discutible intentar precisar lo que fue una promoción editorial llevada fundamentalmente desde España. Desde Barcelona, la editorial Seix-Barral, de la mano de Carlos Barral, inicia la divulgación de la nueva novela, con un premio resonante: La ciudad y los perros (1962), de Mario Vargas Llosa. a defender sus peculiares estéticas. Les unían lazos de amistad y una inicial admiración hacia la Revolución cubana. Pero los nombres de los integrantes del llamado boom, salvo pocas excepciones, eran ya conocidos en América, habían publicado con anterioridad a los años sesenta (como hemos visto), y su formación y planteamientos literarios eran muy diversos. Sin embargo, podría hablarse de un grupo de novelistas que, desde el exilio voluntario, en su mayor parte, vinieron Lo que sí vamos a ver en las décadas de 40, 50 y 60 es un vigoroso fenómeno de renovación ficcional, fruto del afán por entender la crisis del realismo; un hallazgo crítico-interpretativo que cubría, de un sólo golpe, la complejidad temática (realista, pero de otro modo) de la nueva novela y la necesidad de explicar el pasaje de la estética realista-naturalista a la visión La nueva novela planteaba, al tiempo, un debate sobre la existencia de una literatura latinoamericana de ambición continental; algunas características de una común estética: barroquismo, criollismo, “realismo mágico”; unos planteamientos técnicos más o menos renovadores; una actitud de compromiso contra las diversas formas de opresión y dictadura. Lo que se entendía por “nueva novela” iba arropado, además, por una fuerte crítica militante. Hoy, sin embargo, podemos negar la existencia de un movimiento literario común. Nunca existió un manifiesto generacional, una propuesta literaria conjunta. No podemos hablar tampoco de generación. Mucho menos merece ser tenida en cuenta aquella “mafia” de la que hablaron sus detractores. Ya no hay boom, sus detractores se han retirado y los narradores de los sesenta y los nuevos, incorporados al arte de contar, constituyen y mantienen la literatura viva. La evolución de la “nueva novela” sigue abierta. 31 32 (“mágica”) de la realidad. Se trataba de un enfrentamiento con el modelo anquilosado del realismo de los años 20 y 30. Otro aspecto fundamental de este nuevo “realismo” literario es el hecho de que incluye el lector en la experiencia creativa; le exige al lector un profundo compromiso con la obra escrita, a la cual le toca recrear a través de su lectura. Es, como llamará Cortázar, el “lector macho”, que participa de la reconstrucción de la narrativa, en oposición al “lector hembra”, que simplemente lee pasivamente la obra. Según el poeta y narrador uruguayo Mario Benedetti, “los ojos abiertos que, tácitamente, el novelista reclama del lector, son en cierto modo los de una vigilia dentro del sueño”, ya que todo ocurre en la dimensión imprevisible de los sueños: levemente distorsionado pero no irreal. El término “realismo mágico” fue creado en 1925 por el historiador de arte Franz Roh, con el fin de analizar la producción pictórica del posexpresionismo alemán. Tanto como se sabe, el primero a incorporar este término a la crítica de la novela hispanoamericana ha sido Arturo Uslar Pietro, en Letras y hombres de Venezuela, en 1948. Un año después, en 1949, en el prólogo de El reino de este mundo, Alejo Carpentier crea otro término muy semejante para conceptuar su escritura: el real maravilloso. Dicho prólogo se vuelve algo como un manifiesto de la nueva orientación ficcional. Según el crítico Emir Rodríguez Monegal, éste sería, de forma más amplia, “el prólogo a la nueva novela latinoamericana”. Lo que hace Carpentier es proponer una teoría y establecer una verdadera profesión de fe para los escritores, llamándoles todos a dedicarse al mundo americano, cuyo potencial de prodigios se sobreponía en mucho a la fantasía e imaginación europeas. Es, de hecho, un manifiesto y una toma de conciencia de la nueva identidad latinoamericana – ahora ya orgullosa de su cara mestiza – y del compromiso del escritor con la realidad histórica y social del continente, además de la defensa de sus mitos como elementos que enriquecen la realidad, haciéndola “mágica”. En dicho prólogo, afirma Carpentier que la magia conseguida con el surrealismo es falsa y forzada, y que la verdadera magia está en el suelo latinoamericano, en la vida normal y corriente de su pueblo, alimentada por mitos y creencias: “[…] por la virginidad del paisaje, por la formación, por ontología, por la presencia fáustica del indio y del negro, por la Revelación que constituyó su reciente descubrimiento, por los fecundos mestizajes que propició, América está muy lejos de haber agotado su caudal de mitologías.” Y el poeta mexicano José Emilio Pacheco complementa: “si el boom no tuviera otras virtudes (en primer término, los libros que produjo) habría que agradecerle el habernos curado para siempre del mito imperial de que todo el nuevo mundo es inferior por naturaleza y por destino”. DIFENCIAS ENTRE LO FANTÁSTICO Y LO REAL MARAVILLOSO La narrativa fantástica, según Todorov, ocurre cuando en el contexto natural se introduce un dato fantástico, lo que va a generar un choque; pero el fenómeno se queda en el límite y no alcanza lo sobrenatural. Es como una nota disonante, que genera excitación en los personajes y en el lector. El final es siempre abierto, y se sugiere lo sobrenatural, que nunca queda claro. La narrativa del real maravilloso o del realismo mágico ocurre cuando lo sobrenatural convive lado a lado con lo natural, sin cualquier tensión o conflicto. Su recurso es el del discurso: es parte del discurso narrativo. Lo que importa no es la oposición real x irreal, sino conocido x desconocido. Es éste quien causa el espanto y la sorpresa. El extrañamiento se da a través de la “naturalización” de lo sobrenatural, o de la “sobrenaturalización” de lo natural (principalmente a través de la hipérbole). Miguel Angel Asturias La obra del guatemalteco Miguel Angel Asturias (1899-1974), quien obtuvo el Premio Nobel de Literatura en 1967, discurre en dos planos complementarios. De un lado, una zona importante de sus mundos narrados responde a inquietudes político-sociales; de otro en estos mismos mundos podemos descubrir la atención del novelista hacia una zona profunda y maravillosa de América: sus mitos. También la formación de Asturias coincide con una investigación folklórica. Se adentra en las culturas indígenas de su país y, bajo la influencia francesa, traduce en 1927 al francés una de las escasas muestras de la sobreviviente literatura precolombina: el Popol-Vuh, máxima creación del pueblo maya. Nunca abandonará el interés por lo maya-quechua. Cuando en 1930 publica Leyendas de Guatemala, una de sus obras de mayor éxito, había ya iniciado la que sería su novela más popular, El señor Presidente, que sólo publicará en 1946. En dicha novela, Asturias construye un testimonio artístico (no sólo documental) de sus experiencias juveniles bajo la dictadura del general Estrada Cabrera, que le obligó a abandonar su patria para residir en París. En 1933 regresó de nuevo a Guatemala; en 1942 fundó la Universidad Popular y ocupó diversos cargos diplomáticos en México, Argentina y El Salvador. Asturias aplicó sus conocimientos sobre los mitos populares en Hombres de Maíz (1949) y en Mulata de Tal (1963). El derrocamiento del régimen democrático, tras la invasión norteamericana del país, le obligó a buscar nuevamente refugio en el exterior, en este caso en Argentina. La novela Weekend en Guatemala (1956) quedaría como testimonio de la invasión yanqui. nos. Cuatro eran los caminos y se marcharon por opuestas direcciones hacia las cuatro extremidades del cielo. La negra extremidad: Noche sortílega. La verde extremidad: Tormenta primaveral. La roja extremidad: Guacamayo o éxtasis de trópico. La blanca extremidad: Promesa de tierras nuevas. Cuatro eran los caminos. En el exílio prosiguió una trilogía iniciada con Viento fuerte (1950) y complementada con El Papa verde (1954) y Los ojos de los enterrados (1960), novelas todas ellas basadas en el análisis de las condiciones de vida de los cultivadores de banano, prácticamente el monocultivo guatemalteco. Publicó también: El Alhajadito (1961), El espejo de Lida Sal (1964), además de teatro y alguna producción poética. – ¡Caminín! ¡Caminito!... – dijo al Camino Blanco una paloma blanca, pero el Caminito Blanco no la oyó. Quería que le diera el alma del Maestro, que cura de sueños. Las palomas y los niños padecen de ese mal. La obra de Asturias constituye un claro ejemplo de utilización de fórmulas vanguardistas aplicadas a la novela. Asturias recurre a múltiples elementos vanguardistas: empleo del lenguaje sin sentido, utilización de mitos y leyendas populares inscritos en la narración, enumeraciones caóticas, elementos religiosos, fórmulas grotescas, humor negro, ironías literarias, sueños, técnicas en las que se utilizan fórmulas peridísticas, informes y relaciones, etc. La originalidad de Asturias reside en una concepción de la novela que escapa al realismo para buscar la intrahistoria personal. Su dominio del lenguaje y de sus recursos creativos le convierten en una pieza clave para mostrar la diferencia entre la novela latinoamericana y la europea en este periodo. Los novelistas han abandonado las restricciones creadoras que pesaban como un lastre en la creación y lo maravilloso constituirá, en adelante, un recurso diferenciador. Novela barroca, compleja y globalizadora, el mundo recreado por Asturias supone una fértil vía abierta para otros muchos novelistas latinoamericanos. Leyenda de Tatuana El maestro Almendro tiene la barba rosada, fue uno de los sacerdotes que los hombres blancos tocaron creyéndoles de oro, tanta riqueza vestían, y sabe el secreto de las plantas que lo curan todo, el vocabulario de la obsidiana – piedra que habla – y leer los jeroglíficos de las constelaciones. Es el árbol que amaneció un día en el bosque donde está plantado, sin que ninguno lo sembrara, come si lo hubieran llevado los fantasmas. El árbol que anda... El árbol que cuenta los años de cuatrocientos días por las lunas que ha visto, que ha visto muchas lunas, como todos los árboles, y que vino ya viejo del Lugar de la Abundancia. Al llenar la luna del Búho-Pescador (nombre de uno de los veinte meses del año de cuatrocientos días), el Maestro Almendro repartió el alma entre los cami- – ¡Caminin! ¡Caminito!... – dijo al Camino Rojo un corazón rojo; pero el Camino Rojo no lo oyó. Quería distraerlo para que olvidara el alma del Maestro. Los corazones, como los ladrones, no devuelven las cosas olvidadas. – ¡Caminin! ¡Caminito!... – dijo al Camino Verde un emparrado verde, pero el Camino Verde no lo oyó. Quería que con el alma del Maestro le desquitase algo de su deuda de hojas y de sombra. ¿Cuántas lunas pasaron andando los caminos? El más veloz, el Camino Negro, el camino al que ninguno habló en el camino, se detuvo en la ciudad, atravesó la plaza y en el barrio de los mercaderes, por un ratito de descanso, dio el alma del Maestro al Mercader de Joyas sin precio. Era la hora de los gatos blancos. Iban de un lado a otro. ¡Admiración de los resales! Las nubes parecían ropas en los tendederos del cielo. Al saber el Maestro lo que el Camino Negro había hecho, tomó naturaleza humana nuevamente, desnudándose de la forma vegetal en un riachuelo que nacía bajo la luna ruboroso come una flor de almendro, y encaminóse a la ciudad. Llegó al valle después de una jornada, en el primer dibujo de la tarde, a la hora en que volvían los rebaños, conversando a los pastores, que contestaban monosilábicamente a sus preguntas, extrañados, come ante una aparición, de su túnica verde y su barba rosada. En la ciudad se dirigió a Poniente. Hombres y mujeres rodeaban las pilas públicas. El agua sonaba a besos al ir llenando los cántaros. Y guiado por las sombras, en el barrio de los mercaderes encontró la parte de su alma vendida por el Camino Negro al Mercader de Joyas sin precio. La guardaba en el fondo de una caía de cristal con cerradores de oro. Sin perder tiempo se acercó al Mercader, que en un rincón fumaba, a ofrecerle por ella cien arrobas de perlas. El Mercader sonrió de la locura del Maestro. ¿Cien arrobas de perlas? ¡No, sus joyas no tenían precio! 33 34 El Maestro aumentó la oferta. Los mercaderes se niegan hasta llenar su tanto. Le daría esmeraldas, grandes come maíces, de cien en cien almudes, hasta formar un lago de esmeraldas. El Mercader sonrió de la locura del Maestro. ¿Un lago de esmeraldas? ¡No, sus joyas no tenían precio! Le daría amuletos, ojos de namik para llamar el agua, plumas contra la tempestad, mariguana para su tabaco... El Mercader se negó. ¡Le daría piedras preciosas para construir, a medio lago de esmeraldas, un palacio de cuento! El Mercader se negó. Sus joyas no tenían precio, y, además ¿a qué seguir hablando? -, ese pedacito de alma lo quería para cambiarlo, en un mercado de esclavas, por la esclava más bella. Y todo fue inútil, inútil que el Maestro ofreciera y dijera, tanto como lo dijo, su deseo de recobrar el alma. Los mercaderes no tienen corazón. Una hebra de humo de tabaco separaba la realidad del sueño, los gatos negros de los gatos blancos y al Mercader del extraño comprador, que al salir sacudió sus sandalias en el quicio de la puerta. El polvo tiene maldición. Después de un año de cuatrocientos días - sigue la leyenda - cruzaba los caminos de la cordillera el Mercader. Volvía de países lejanos, acompañado de la esclava comprada con el alma del Maestro, del pájaro flor, cuyo pico trocaba en jacintos las gotitas de miel, y de un séquito de treinta servidores montados. – ¡No sabes – decía el Mercader a la esclava, arrendando su caballería- cómo vas a vivir en la ciudad! ¡Tu casa será un palacio y a tus órdenes estarán todos mis criados, yo el último, si así lo mandas tú! – Allá – continuaba con la cara a mitad bañada por el sol - todo será tuyo. ¡Eres una joya, y yo soy el Mercader de Joyas sin precio! ¡Vales un pedacito de alma que no cambié por un lago de esmeraldas!... En una hamaca juntos veremos caer el sol y levantarse el día, sin hacer nada, oyendo los cuentos de una vieja mañosa que sabe mi destino. Mi destino, dice, está en los dedos de una mano gigante, y sabré el tuyo, si así lo pides tú. La esclava se volvía al paisaje de colores diluidos en azules que la distancia iba diluyendo a la vez. Los árboles tejían a los lados del camino una caprichosa decoración de guipil. Las aves daban la impresión de velar dormidas, sin alas, en la tranquilidad del cielo, y en el silencio de granito, el jadeo de las bestias, cuesta arriba, cobraba acento humano. Gabriel García Márquez Gabriel García Márquez (1928), Premio Nobel de Literatura en 1983, es la gran figura de la narra- tiva contemporánea, el escritor de mayor resonancia mundial en el ámbito de los narradores de la “nueva novela”. Sus primeras obras (La hojarasca, El coronel no tiene quien le escriba y La mala hora) son intentos de aproximaciones a la que será su gran obra: Cien años de soledad, de 1967. Se dice que todos sus libros anteriores no son sino un borrador, una preparación para esta excepcional novela. En toda su obra el peso de la realidad domina, más allá de la invención y el acierto creativo: el panorama de las discordias de la sociedad americana aparece en toda su dimensión negativa; es una realidad violenta que se impone sobre la fábula y que, a pesar de todo, da su carácter distintivo y más llamativo a la novela. Su realismo mágico es una especie de explosión de lo maravilloso; el lector se siente irresistiblemente implicado en un mundo encantado. Sin embargo, lo mágico sirve para subrayar con mayor dureza, por contraste, el desajuste de la realidad, la violencia que domina la vida cotidiana, el peso de lo real. García Márquez ha comparado su novela con los sueños; al igual que éstos la novela está constituida por fragmentos de realidad que, sin embargo, acaban por dar cuerpo a una realidad nueva y diferente. La invención se ejerce sobre un capital de experiencias y de realidades concretas que el autor transforma. Con la reducción de lo maravilloso a un ámbito normal y cotidiano, se logra un tono convincente, se consigue el efecto de verosimilitud, sacado de su labor periodística (también es un gran cronista) e incorporado a la ficción. Inagotable transformador de realidades, creador de mitos, García Márquez elabora un tiempo de fábula que se obtiene mediante un tiempo del recuerdo. Logra dar a sus personajes dimensiones insospechadas, tanto en lo positivo como en lo negativo. Sus obras principales son: El otoño del patriarca, La increíble y triste historia de la cándida Eréndida y de su abuela desalmada, Doce cuentos peregrinos, Crónica de una muerte anunciada, El amor en los tiempos del cólera, El general en su laberinto. Casi todos los relatos de García Márquez trascurren en Macondo, un pueblo prototípico, y que se integra muy bien en un paisaje verosímil, el de la realidad más honda, casi abismal, de América Latina. El novelista crea elementos de nivelación (el calor, la lluvia) para emparejar o medir seres y cosas. El calor aparece como un caldo de cultivo para la violencia; la lluvia, como un obligado aplazamiento del destino. Pero calor y lluvia sirven para inmovilizar la miseria. (En Cien años de soledad hay, por ejemplo, una lluvia que dura cuatro años, once meses y dos días). Es así que pocos relatos incluyen escenas de violencia desatada. Pero ya sea como cicatriz del pasado o como amenaza del futuro, la violencia está siempre agazapada bajo una paz extraña. En el país de la violencia, los relatos de García Márquez transcurren por lo general en las escasas treguas, aunque este autor no intenta extraer consecuencias históricas, políticas o sociológicas; se limita a mostrar cómo son los colombianos, o los latinoamericanos. las escaleras, y lograron llevarlo hasta el cuarto de servicio. Según el crítico Angel Rama, “a pesar de que estamos ante un determinismo social muy acusado, esta obra convoca la libertad del lector, la hace posible por su participación creadora”. Cien años de soledad es la historia de los Buendía, pero también del Hombre, que lleva no cien sino miles de años de soledad. El legado surrealista vuelve e impregna de gloriosa juventud, de imaginación, de premoniciones, magia y sueño a toda la obra. Las narrativas de García Márquez son una lectura plenamente disfrutable, que cuentan a menudo con un buen grado de aventura. Todo, lo creíble y lo increíble, está nivelado gracias a su condición aventurera. La noche del miércoles, como todos los miércoles, los padres se fueron al cine. Los niños, dueños y señores de la casa, cerraron puertas y ventanas, y rompieron la bombilla encendida de una lámpara de la sala. Un chorro de luz dorada y fresca como el agua empezó a salir de la bombilla rota, y lo dejaron correr hasta que el nivel llego a cuatro palmos. Entonces cortaron la corriente, sacaron el bote, y navegaron a placer por entre las islas de la casa. La Luz es como el Agua En Navidad los niños volvieron a pedir un bote de remos. – De acuerdo -dijo el papá, lo compraremos cuando volvamos a Cartagena. Totó, de nueve años, y Joel, de siete, estaban más decididos de lo que sus padres creían. – No -dijeron a coro –. Nos hace falta ahora y aquí. – Para empezar – dijo la madre –, aquí no hay más aguas navegables que la que sale de la ducha. Tanto ella como el esposo tenían razón. En la casa de Cartagena de Indias había un patio con un muelle sobre la bahía, y un refugio para dos yates grandes. En cambio aquí en Madrid vivían apretados en el piso quinto del número 47 del Paseo de la Castellana. Pero al final ni él ni ella pudieron negarse, porque les habían prometido un bote de remos con su sextante y su brújula si se ganaban el laurel del tercer año de primaria, y se lo habían ganado. Así que el papá compró todo sin decirle nada a su esposa, que era la más reacia a pagar deudas de juego. Era un precioso bote de aluminio con un hilo dorado en la línea de flotación. – El bote está en el garaje – reveló el papá en el almuerzo –. El problema es que no hay cómo subirlo ni por el ascensor ni por la escalera, y en el garaje no hay más espacio disponible. Sin embargo, la tarde del sábado siguiente los niños invitaron a sus condiscípulos para subir el bote por – Felicitaciones – les dijo el papá ¿ahora qué? – Ahora nada – dijeron los niños –. Lo único que queríamos era tener el bote en el cuarto, y ya está. Esta aventura fabulosa fue el resultado de una ligereza mía cuando participaba en un seminario sobre la poesía de los utensilios domésticos. Totó me preguntó cómo era que la luz se encendía con sólo apretar un botón, y yo no tuve el valor de pensarlo dos veces. – La luz es como el agua – le contesté: uno abre el grifo, y sale. De modo que siguieron navegando los miércoles en la noche, aprendiendo el manejo del sextante y la brújula, hasta que los padres regresaban del cine y los encontraban dormidos como ángeles de tierra firme. Meses después, ansiosos de ir más lejos, pidieron un equipo de pesca submarina. Con todo: máscaras, aletas, tanques y escopetas de aire comprimido. – Está mal que tengan en el cuarto de servicio un bote de remos que no les sirve para nada – dijo el padre –. Pero está peor que quieran tener además equipos de buceo. – ¿Y si nos ganamos la gardenia de oro del primer semestre? – dijo Joel. – No – dijo la madre, asustada –. Ya no más. El padre le reprochó su intransigencia. – Es que estos niños no se ganan ni un clavo por cumplir con su deber – dijo ella –, pero por un capricho son capaces de ganarse hasta la silla del maestro. Los padres no dijeron al fin ni que sí ni que no. Pero Totó y Joel, que habían sido los últimos en los dos años anteriores, se ganaron en julio las dos gardenias de oro y el reconocimiento 35 36 público del rector. Esa misma tarde, sin que hubieran vuelto a pedirlos, encontraron en el dormitorio los equipos de buzos en su empaque original. De modo que el miércoles siguiente, mientras los padres veían El último tango en París, llenaron el apartamento hasta la altura de dos brazas, bucearon como tiburones mansos por debajo de los muebles y las camas, y rescataron del fondo de la luz las cosas que durante años se habían perdido en la oscuridad. En la premiación final los hermanos fueron aclamados como ejemplo para la escuela, y les dieron diplomas de excelencia. Esta vez no tuvieron que pedir nada, porque los padres les preguntaron qué querían. Ellos fueron tan razonables, que sólo quisieron una fiesta en casa para agasajar a los compañeros de curso. El papá, a solas con su mujer, estaba radiante. – Es una prueba de madurez – dijo. – Dios te oiga – dijo la madre. El miércoles siguiente, mientras los padres veían La Batalla de Argel , la gente que pasó por la Castellana vio una cascada de luz que caía de un viejo edificio escondido entre los árboles. Salía por los balcones, se derramaba a raudales por la fachada, y se encauzó por la gran avenida en un torrente dorado que iluminó la ciudad hasta el Guadarrama. Llamados de urgencia, los bomberos forzaron la puerta del quinto piso, y encontraron la casa rebosada de luz hasta el techo. El sofá y los sillones forrados en piel de leopardo flotaban en la sala a distintos niveles, entre las botellas del bar y el piano de cola y su mantón de Manila que aleteaba a media agua como una mantarraya de oro. Los utensilios domésticos, en la plenitud de su poesía, volaban con sus propias alas por el cielo de la cocina. Los instrumentos de la banda de guerra, que los niños usaban para bailar, flotaban al garete entre los peces de colores liberados de la pecera de mamá, que eran los únicos que flotaban vivos y felices en la vasta ciénaga iluminada. En el cuarto de baño flotaban los cepillos de dientes de todos, los preservativos de papá, los pomos de cremas y la dentadura de repuesto de mamá, y el televisor de la alcoba principal flotaba de costado, todavía encendido en el último episodio de la película de media noche prohibida para niños. Al final del corredor, flotando entre dos aguas, Totó estaba sentado en la popa del bote, aferrado a los remos y con la máscara puesta, buscando el faro del puerto hasta donde le alcanzó el aire de los tanques, y Joel flotaba en la proa buscando todavía la altura de la estrella polar con el sextante, y flotaban por toda la casa sus treinta y siete compañeros de clase, eternizados en el instante de hacer pipí en la maceta de geranios, de cantar el himno de la escuela con la letra cambiada por versos de burla contra el rector, de beberse a escondidas un vaso de brandy de la botella de papá. Pues habían abierto tantas luces al mismo tiempo que la casa se había rebosado, y todo el cuarto año elemental de la escuela de San Julián el Hospitalario se había ahogado en el piso quinto del número 47 del Paseo de la Castellana. En Madrid de España, una ciudad remota de veranos ardientes y vientos helados, sin mar ni río, y cuyos aborígenes de tierra firme nunca fueron maestros en la ciencia de navegar en la luz. Jorge Luis Borges Hemos vista en el capítulo dedicado a las vanguardias, algo de la personalidad literaria de este escritor argentino. Pero es en el relato donde Borges va a tener más fama – él se inscribe en el interés despertado por este género a partir de los años cuarenta. En el cuento Borges elabora un mundo personal, con imágenes propias, con símbolos que adquieren significaciones diversas en los diferentes contextos en los que su autor los sitúa. Algunos de estos símbolos borgianos, como el espejo, los tigres, el laberinto o las bibliotecas, han sido interpretados dentro de una estructura que resulta, a su vez, simbólica, construida mediante simetrías, correspondencias y equilibrios. Sobre su literatura pesa la influencia de los maestros anglosajones, desde Poe y James a Lovecraft, pero no hay que olvidar otras múltiples influencias y en muchos casos no estrictamente literarias, tal como ocurre con la filosofía de Leibniz o de Spinoza. Se trata, en suma, de un escritor provisto de una extensa cultura y en el que, junto a sus creaciones originales, juega un papel importante la capacidad creativa de sus lecturas, o mejor, esa especial habilidad para entremezclar unas y otras sobre la página, situando así al lector ante un universo sorprendente. Algunas de las estructuras en que Borges suele disponer sus argumentos proceden del pensamiento oriental, como su concepción circular del tiempo. El narrador introduce con frecuencia ciertas dosis de misterio que obligan a adentrarse en la narrativa con un interés que se resuelve tan solo en las últimas líneas, como sucede el cuento “El jardín de los senderos que se bifurcan”. Por otra parte, a Borges se debe una investigación profunda del lenguaje. Como indica en el prólogo de su libro La moneda de hierro, “cada palabra, aunque esté cargada de siglos, inicia una página en blanco y compromete el porvenir”. La sobriedad de su prosa no queda nunca desnaturalizada. Y así, Borges se acerca a una conciencia de lo argentino que enlaza con la universalidad, sin olvidar una concepción del hombre íntimamente vinculada a la historia y, más aún, a sus problemas de identidad más profundos. La obra de Borges constituye una de las aportaciones más importantes y universalmente reconocidas de la literatura en castellano. Sus libros de relatos gozan, desde hace algunas décadas, de un interés general que ha conseguido traspasar ampliamente la frontera de las minorías a que inicialmente parecían destinados. Tlon, Uqbar, Orbis Tertius I Debo a la conjunción de un espejo y de una enciclopedia el descubrimiento de Uqbar. El espejo inquietaba el fondo de un corredor en una quinta de la calle Gaona, en Ramos Mejía; la enciclopedia falazmente se llama The AngloAmerican Cyclopaedía (New York, 1917) y es una reimpresión literal, pero también morosa, de la Encyclopaedia Britannica de 1902. El hecho se produjo hará unos cinco años. Bioy Casares había cenado conmigo esa noche y nos demoró una vasta polémica sobre la ejecución de una novela en primera persona, cuyo narrador omitiera o desfigurara los hechos e incurriera en diversas contradicciones, que permitieran a unos pocos lectores -a muy pocos lectores- la adivinación de una realidad atroz o banal. Desde el fondo remoto del corredor, el espejo nos acechaba. Descubrimos (en la alta noche ese descubrimiento es inevitable) que los espejos tienen algo monstruoso. Entonces Bioy Casares recordó que uno de los heresiarcas de Uqbar había declarado que los espejos y la cópula son abominables, porque multiplican el número de los hombres. Le pregunté el origen de esa memorable sentencia y me contestó que The Anglo-American Cyclopaedia la registraba, en su artículo sobre Uqbar. La quinta (que habíamos alquilado amueblada) poseía un ejemplar de esa obra. En las últimas páginas del volumen XLVI dimos con un artículo sobre Upsala; en las primeras del XLVII, con uno sobre Ural-Altaic Languages, pero ni una palabra sobre Uqbar. Bioy, un poco azorado, interrogó los tomos del índice. Agotó en vano todas las lecciones imaginables: Ukbar, Ucbar, Ookbar, Oukbahr... Antes de irse, me dijo que era una región del Irak o del Asia Menor. Confieso que asentí con alguna incomodidad. Conjeturé que ese país indocumentado y ese heresiarca anónimo eran una ficción improvisada por la modestia de Bioy para justificar una frase. El examen estéril de uno de los atlas de Justus Perthes fortaleció mi duda. Al día siguiente, Bioy me llamó desde Buenos Aires. Me dijo que tenía a la vista el artículo sobre Uqbar, en el volumen XXVI de la Enciclopedia. No constaba el nombre del heresiarca, pero sí la noticia de su doctrina, formulada en palabras casi idénticas a las repetidas por él, aunque -tal vez- literariamente inferiores. Él había recordado: Copulation and mirrors are abominable. El texto de la Enciclopedia decía: Para uno de esos gnósticos, el visible universo era una ilusión o (más precisamente) un sofisma. Los espejos y la paternidad son abominables (mirrors and fatherhood are hateful) porque lo multiplican y lo divulgan. Le dije, sin faltar a la verdad, que me gustaría ver ese artículo. A los pocos días lo trajo. Lo cual me sorprendió, porque los escrupulosos índices cartográficos de la Erdkunde de Ritter ignoraban con plenitud el nombre de Uqbar. El volumen que trajo Bioy era efectivamente el XXVI de la Anglo-American Cyclopaedia. En la falsa carátula y en el lomo, la indicación alfabética (Tor-Ups) era la de nuestro ejemplar, pero en vez de 917 páginas constaba de 921. Esas cuatro páginas adicionales comprendían al artículo sobre Uqbar; no previsto (como habrá advertido el lector) por la indicación alfabética. Comprobamos después que no hay otra diferencia entre los volúmenes. Los dos (según creo haber indicado) son reimpresiones de la décima Encyclopaedia Britannica. Bioy había adquirido su ejemplar en uno de tantos remates. Leímos con algún cuidado el artículo. El pasaje recordado por Bioy era tal vez el único sorprendente. El resto parecía muy verosímil, muy ajustado al tono general de la obra y (como es natural) un poco aburrido. Releyéndolo, descubrimos bajo su rigurosa escritura una fundamental vaguedad. De los catorce nombres que figuraban en la parte geográfica, sólo reconocimos tres – Jorasán, Armenia, Erzerum –, interpolados en el texto de un modo ambiguo. De los nombres históricos, uno solo: el impostor Esmerdis el mago, invocado más bien como una metáfora. La nota parecía precisar las fronteras de Uqbar, pero sus nebulosos puntos de referencias eran ríos y cráteres y cadenas de esa misma región. Leímos, verbigracia, que las tierras bajas de Tsai Jaldún y el delta del Axa definen la frontera del sur y que en las islas de ese delta procrean los caballos salvajes. Eso, al principio de la página 918. En la sección histórica (página 920) supimos que a raíz de las persecuciones religiosas del siglo trece, los ortodoxos buscaron amparo en las islas, donde perduran todavía sus obeliscos y donde no es raro exhumar sus espejos de piedra. La sección idioma y literatura era breve. Un solo rasgo memorable: anotaba que la literatura de Uqbar era de carácter fantástico y que sus epopeyas y sus leyendas no se referían jamás a la realidad, sino a las dos regiones imaginarias de Mlejnas y de Tlön... La bibliografía enumeraba cuatro volúmenes que no hemos encontrado hasta ahora, aunque el tercero -Silas Haslam: History of the Land Called Uqbar, 1874 – figura en los catálogos de librería de Bernard Quaritch.1 El primero, Lesbare und lesenswerthe Bemerkungen über das Land Ukkbar in Klein-Asien, data de 1641 y es obra de Johannes Valentinus Andreä. El hecho es significativo; un par de años después, di con ese nombre en las inesperadas páginas de De Quincey (Writings, decimotercero volumen) y supe que era el de un 37 38 teólogo alemán que a principios del siglo XVII describió la imaginaria comunidad de la RosaCruz -que otros luego fundaron, a imitación de lo prefigurado por él. Esa noche visitamos la Biblioteca Nacional. En vano fatigamos atlas, catálogos, anuarios de sociedades geográficas, memorias de viajeros e historiadores: nadie había estado nunca en Uqbar. El índice general de la enciclopedia de Bioy tampoco registraba ese nombre. Al día siguiente, Carlos Mastronardi (a quien yo había referido el asunto) advirtió en una librería de Corrientes y Talcahuano los negros y dorados lomos de la Anglo-American Cyclopaedía... Entró e interrogó el volumen XXVI. Naturalmente, no dio con el menor indicio de Uqbar. II Algún recuerdo limitado y menguante de Herbert Ashe, ingeniero de los ferrocarriles del Sur, persiste en el hotel de Adrogué, entre las efusivas madreselvas y en el fondo ilusorio de los espejos. En vida padeció de irrealidad, como tantos ingleses; muerto, no es siquiera el fantasma que ya era entonces. Era alto y desganado y su cansada barba rectangular había sido roja. Entiendo que era viudo, sin hijos. Cada tantos años iba a Inglaterra: a visitar (juzgo por unas fotografías que nos mostró) un reloj de sol y unos robles. Mi padre había estrechado con él (el verbo es excesivo) una de esas amistades inglesas que empiezan por excluir la confidencia y que muy pronto omiten el diálogo. Solían ejercer un intercambio de libros y de periódicos; solían batirse al ajedrez, taciturnamente... Lo recuerdo en el corredor del hotel, con un libro de matemáticas en la mano, mirando a veces los colores irrecuperables del cielo. Una tarde, hablamos del sistema duodecimal de numeración (en el que doce se escribe 10). Ashe dijo que precisamente estaba trasladando no sé qué tablas duodecimales a sexagesimales (en las que sesenta se escribe 10). Agregó que ese trabajo le había sido encargado por un noruego: en Rio Grande do Sul. Ocho años que lo conocíamos y no había mencionado nunca su estadía en esa región... Hablamos de vida pastoril, de capangas, de la etimología brasilera de la palabra gaucho (que algunos viejos orientales todavía pronuncian gaúcho) y nada más se dijo -Dios me perdone- de funciones duodecimales. En setiembre de 1937 (no estábamos nosotros en el hotel) Herbert Ashe murió de la rotura de un aneurisma. Días antes, había recibido del Brasil un paquete sellado y certificado. Era un libro en octavo mayor. Ashe lo dejó en el bar, donde -meses después- lo encontré. Me puse a hojearlo y sentí un vértigo asombrado y ligero que no describiré, porque ésta no es la historia de mis emociones sino de Uqbar y Tlön y Orbis Tertius. En una noche del Islam que se llama la Noche de las Noches se abren de par en par las secretas puertas del cielo y es más dulce el agua en los cántaros; si esas puertas se abrieran, no sentiría lo que en esa tarde sentí. El libro estaba redactado en inglés y lo integraban 1001 páginas. En el amarillo lomo de cuero leí estas curiosas palabras que la falsa carátula repetía: A First Encyclopaedia of Tlön. vol. XI. Hlaer to Jangr. No había indicación de fecha ni de lugar. En la primera página y en una hoja de papel de seda que cubría una de las láminas en colores había estampado un óvalo azul con esta inscripción: Orbis Tertius. Hacía dos años que yo había descubierto en un tomo de cierta enciclopedia práctica una somera descripción de un falso país; ahora me deparaba el azar algo más precioso y más arduo. Ahora tenía en las manos un vasto fragmento metódico de la historia total de un planeta desconocido, con sus arquitecturas y sus barajas, con el pavor de sus mitologías y el rumor de sus lenguas, con sus emperadores y sus mares, con sus minerales y sus pájaros y sus peces, con su álgebra y su fuego, con su controversia teológica y metafísica. Todo ello articulado, coherente, sin visible propósito doctrinal o tono paródico. En el “onceno tomo” de que hablo hay alusiones a tomos ulteriores y precedentes. Néstor Ibarra, en un artículo ya clásico de la N. R. F., ha negado que existen esos aláteres; Ezequiel Martínez Estrada y Drieu La Rochelle han refutado, quizá victoriosamente, esa duda. El hecho es que hasta ahora las pesquisas más diligentes han sido estériles. En vano hemos desordenado las bibliotecas de las dos Américas y de Europa. Alfonso Reyes, harto de esas fatigas subalternas de índole policial, propone que entre todos acometamos la obra de reconstruir los muchos y macizos tomos que faltan: ex ungue leonem. Calcula, entre veras y burlas, que una generación de tlönistas puede bastar. Ese arriesgado cómputo nos retrae al problema fundamental: ¿Quiénes inventaron a Tlön? El plural es inevitable, porque la hipótesis de un solo inventor – de un infinito Leibniz obrando en la tiniebla y en la modestia – ha sido descartada unánimemente. Se conjetura que este brave new world es obra de una sociedad secreta de astrónomos, de biólogos, de ingenieros, de metafísicos, de poetas, de químicos, de algebristas, de moralistas, de pintores, de geómetras... dirigidos por un oscuro hombre de genio. Abundan individuos que dominan esas disciplinas diversas, pero no los capaces de invención y menos los capaces de subordinar la invención a un riguroso plan sistemático. Ese plan es tan vasto que la contribución de cada escritor es infinitesimal. Al principio se creyó que Tlön era un mero caos, una irresponsable licencia de la imaginación; ahora se sabe que es un cosmos y las íntimas leyes que lo rigen han sido formuladas, siquiera en modo provisional. Básteme recordar que las contradicciones aparentes del Onceno Tomo son la piedra fundamental de la prueba de que existen los otros: tan lúcido y tan justo es el orden que se ha observado en él. Las revistas populares han divulgado, con perdonable exceso, la zoología y la topografía de Tlön; yo pienso que sus tigres transparentes y sus torres de sangre no merecen, tal vez, la continua atención de todos los hombres. Yo me atrevo a pedir unos minutos para su concepto del universo. Hume notó para siempre que los argumentos de Berkeley no admiten la menor réplica y no causan la menor convicción. Ese dictamen es del todo verídico en su aplicación a la tierra; del todo falso en Tlön. Las naciones de ese planeta son – congénitamente – idea listas. Su lenguaje y las derivaciones de su lenguaje – la religión, las letras, la metafísica – presuponen el idealismo. El mundo para ellos no es un concurso de objetos en el espacio; es una serie heterogénea de actos independientes. Es sucesivo, temporal, no espacial. No hay sustantivos en la conjetural Ursprache de Tlön, de la que proceden los idiomas “actuales” y los dialectos: hay verbos impersonales, calificados por sufijos (o prefijos) monosilábicos de valor adverbial. Por ejemplo: no hay palabra que corresponda a la palabra luna, pero hay un verbo que sería en español lunecer o lunar. Surgió la luna sobre el río se dice hlör u fang axaxaxas mlö o sea en su orden: hacia arriba (upward) detrás duradero-fluir luneció. (Xul Solar traduce con brevedad: upa tras perfluyue lunó. Upward, behind the onstreaming it mooned. Lo anterior se refiere a los idiomas del hemisferio austral. En los del hemisferio boreal (de cuya Ursprache hay muy pocos datos en el Onceno Tomo) la célula primordial no es el verbo, sino el adjetivo monosilábico. El sustantivo se forma por acumulación de adjetivos. No se dice luna: se dice aéreo – claro sobre oscuro – redondo o anaranjado – tenue – de1 cielo o cualquier otra agregación. En el caso elegido la masa de adjetivos corresponde a un objeto real; el hecho es puramente fortuito. En la literatura de este hemisferio (como en el mundo subsistente de Meinong) abundan los objetos ideales, convocados y disueltos en un momento, según las necesidades poéticas. Los determina, a veces, la mera simultaneidad. Hay objetos compuestos de dos términos, uno de carácter visual y otro auditivo: el color del naciente y el remoto grito de un pájaro. Los hay de muchos: el sol y el agua contra el pecho del nadador, el vago rosa trémulo que se ve con los ojos cerrados, la sensación de quien se deja llevar por un río y también por el sueño. Esos objetos de segundo grado pueden combinarse con otros; el proceso, mediante ciertas abreviaturas, es prácticamente infinito. Hay poemas famosos compuestos de una sola enorme palabra. Esta palabra integra un objeto poético creado por el autor. El hecho de que nadie crea en la realidad de los sustantivos hace, paradójicamente, que sea interminable su número. Los idiomas del hemisferio boreal de Tlön poseen todos los nombres de las lenguas indoeuropeas y otros muchos más. No es exagerado afirmar que la cultura clásica de Tlön comprende una sola disciplina: la psicología. Las otras están subordinadas a ella. He dicho que los hombres de ese planeta conciben el universo como una serie de procesos mentales, que no se desenvuelven en el espacio sino de modo sucesivo en el tiempo. Spinoza atribuye a su inagotable divinidad los atributos de la extensión y del pensamiento; nadie comprendería en Tlön la yuxtaposición del primero (que sólo es típico de ciertos estados) y del segundo – que es un sinónimo perfecto del cosmos –. Dicho sea con otras palabras: no conciben que lo espacial perdure en el tiempo. La percepción de una humareda en el horizonte y después del campo incendiado y después del cigarro a medio apagar que produjo la quemazón es considerada un ejemplo de asociación de ideas. Este monismo o idealismo total invalida la ciencia. Explicar (o juzgar) un hecho es unirlo a otro; esa vinculación, en Tlön, es un estado posterior del sujeto, que no puede afectar o iluminar el estado anterior. Todo estado mental es irreductible: el mero hecho de nombrarlo – id est, de clasificarlo – importa un falseo. De ello cabría deducir que no hay ciencias en Tlön – ni siquiera razonamientos. La paradójica verdad es que existen, en casi innumerable número. Con las filosofías acontece lo que acontece con los sustantivos en el hemisferio boreal. El hecho de que toda filosofía sea de antemano un juego dialéctico, una Philosophie des Als Ob, ha contribuido a multiplicarlas. Abundan los sistemas increíbles, pero de arquitectura agradable o de tipo sensacional. Los metafísicos de Tlön no buscan la verdad ni siquiera la verosimilitud: buscan el asombro. Juzgan que la metafísica es una rama de la literatura fantástica. Saben que un sistema no es otra cosa que la subordinación de todos los aspectos del universo a uno cualquiera de ellos. Hasta la frase “todos los aspectos” es rechazable, porque supone la imposible adición del instante presente y de los pretéritos. Tampoco es lícito el plural “los pretéritos”, porque supone otra operación imposible... Una de las escuelas de Tlön llega a negar el tiempo: razona que el presente es indefinido, que el futuro no tiene realidad sino como esperanza presente, que el pasado no tiene realidad sino como recuerdo presente.2 Otra escuela declara que ha transcurrido ya todo el tiempo y que nuestra vida es apenas el recuerdo o reflejo crepuscular, y sin duda falseado y mutilado, de un proceso irrecuperable. Otra, que la historia del universo – y en ellas nuestras vidas y el más tenue detalle de nuestras vidas 39 40 – es la escritura que produce un dios subalterno para entenderse con un demonio. Otra, que el universo es comparable a esas criptografías en las que no valen todos los símbolos y que sólo es verdad lo que sucede cada trescientas noches. Otra, que mientras dormimos aquí, estamos despiertos en otro lado y que así cada hombre es dos hombres. Entre las doctrinas de Tlön, ninguna ha merecido tanto escándalo como el materialismo. Algunos pensadores lo han formulado, con menos claridad que fervor, como quien adelanta una paradoja. Para facilitar el entendimiento de esa tesis inconcebible, un heresiarca del undécimo siglo3 ideó el sofisma de las nueve monedas de cobre, cuyo renombre escandaloso equivale en Tlön al de las aporías eleáticas. De ese “razonamiento especioso” hay muchas versiones, que varían el número de monedas y el número de hallazgos; he aquí la más común: El martes, X atraviesa un camino desierto y pierde nueve monedas de cobre. El jueves, Y encuentra en el camino cuatro monedas, algo herrumbradas por la lluvia del miércoles. El viernes, Z descubre tres monedas en el camino. El viernes de mañana, X encuentra dos monedas en el corredor de su casa. El heresiarca quería deducir de esa historia la realidad – id est la continuidad – de las nueve monedas recuperadas. Es absurdo (afirmaba) imaginar que cuatro de las monedas no han existido entre el martes y el jueves, tres entre e1 martes y la tarde del viernes, dos entre el martes y la madrugada del viernes. Es lógico pensar que han existido – siquiera de algún modo secreto, de comprensión vedada a los hombres – en todos los momentos de esos tres plazos. El lenguaje de Tlön se resistía a formular esa paradoja; los más no la entendieron. Los defensores del sentido común se limitaron, al principio, a negar la veracidad de la anécdota. Repitieron que era una falacia verbal, basada en el empleo temerario de dos voces neológicas, no autorizadas por el uso y ajenas a todo pensamiento severo: los verbos encontrar y perder, que comportan una petición de principio, porque presuponen la identidad de las nueve primeras monedas y de las últimas. Recordaron que todo sustantivo (hombre, moneda, jueves, miércoles, lluvia) sólo tiene un valor metafórico. Denunciaron la pérfida circunstancia algo herrumbradas por la lluvia del miércoles, que presupone lo que se trata de demostrar: la persistencia de las cuatro monedas, entre el jueves y el martes. Explicaron que una cosa es igualdad y otra identidad y formularon una especie de reductio ad absurdum, o sea el caso hipotético de nueve hombres que en nueve sucesivas noches padecen un vivo dolor. ¿No sería ridículo – interrogaron – pretender que ese dolor es el mismo?4 Dijeron que al heresiarca no lo movía sino el blasfematorio propósito de atribuir la divina categoría de ser a unas simples monedas y que a veces negaba la pluralidad y otras no. Argumentaron: si la igualdad comporta la identidad, habría que admitir asimismo que las nueve monedas son una sola. Increíblemente, esas refutaciones no resultaron definitivas. A los cien años de enunciado el problema, un pensador no menos brillante que el heresiarca pero de tradición ortodoxa, formuló una hipótesis muy audaz. Esa conjetura feliz afirma que hay un solo sujeto, que ese sujeto indivisible es cada uno de los seres del universo y que éstos son los órganos y máscaras de la divinidad. X es Y y es Z. Z descubre tres monedas porque recuerda que se le perdieron a X; X encuentra dos en el corredor porque recuerda que han sido recuperadas las otras... El Onceno Tomo deja entender que tres razones capitales determinaron la victoria total de ese panteísmo idealista. La primera, el repudio del solipsismo; la segunda, la posibilidad de conservar la base psicológica de las ciencias; la tercera, la posibilidad de conservar el culto de los dioses. Schopenhauer (el apasionado y lúcido Schopenhauer) formula una doctrina muy parecida en el primer volumen de Parerga und Paralipomena. La geometría de Tlön comprende dos disciplinas algo distintas: la visual y la táctil. La última corresponde a la nuestra y la subordinan a la primera. La base de la geometría visual es la superficie, no el punto. Esta geometría desconoce las paralelas y declara que el hombre que se desplaza modifica las formas que lo circundan. La base de su aritmética es la noción de números indefinidos. Acentúan la importancia de los conceptos de mayor y menor, que nuestros matemáticos simbolizan por > y por <, Afirman que la operación de contar modifica las cantidades y las convierte de indefinidas en definidas. El hecho de que varios individuos que cuentan una misma cantidad logran un resultado igual, es para los psicólogos un ejemplo de asociación de ideas o de buen ejercicio de la memoria. Ya sabemos que en Tlön el sujeto del conocimiento es uno y eterno. En los hábitos literarios también es todopoderosa la idea de un sujeto único. Es raro que los libros estén firmados. No existe el concepto del plagio: se ha establecido que todas las obras son obra de un solo autor, que es intemporal y es anónimo. La crítica suele inventar autores: elige dos obras disímiles – el Tao Te King y las 1001 Noches, digamos –, las atribuye a un mismo escritor y luego determina con probidad la psicología de ese interesante homme de lettres... También son distintos los libros. Los de ficción abarcan un solo argumento, con todas las permutaciones imaginables. Los de naturaleza filosófica invariablemente contienen la tesis y la antítesis, el riguroso pro y el contra de una doctrina. Un libro que no encierra su contralibro es considerado incompleto. Siglos y siglos de idealismo no han dejado de influir en la realidad. No es infrecuente, en las regiones más antiguas de Tlön, la duplicación de objetos perdidos. Dos personas buscan un lápiz; la primera lo encuentra y no dice nada; la segunda encuentra un segundo lápiz no menos real, pero más ajustado a su expectativa. Esos objetos secundarios se llaman hrönir y son, aunque de forma desairada, un poco más largos. Hasta hace poco los hrönir fueron hijos casuales de la distracción y el olvido. Parece mentira que su metódica producción cuente apenas cien años, pero así lo declara el Onceno Tomo. Los primeros intentos fueron estériles. El modus operandí, sin embargo, merece recordación. El director de una de las cárceles del estado comunicó a los presos que en el antiguo lecho de un río había ciertos sepulcros y prometió la libertad a quienes trajeran un hallazgo importante. Durante los meses que precedieron a la excavación les mostraron láminas fotográficas de lo que iban a hallar. Ese primer intento probó que la esperanza y la avidez pueden inhibir; una semana de trabajo con la pala y el pico no logró exhumar otro hrön que una rueda herrumbrada, de fecha posterior al experimento. Éste se mantuvo secreto y se repitió después en cuatro colegios. En tres fue casi total el fracaso; en el cuarto (cuyo director murió casualmente durante las primeras excavaciones) los discípulos exhumaron – o produjeron – una máscara de oro, una espada arcaica, dos o tres ánforas de barro y el verdinoso y mutilado torso de un rey con una inscripción en el pecho que no se ha logrado aún descifrar. Así se descubrió la improcedencia de testigos que conocieran la naturaleza experimental de la busca... Las investigaciones en masa producen objetos contradictorios; ahora se prefiere los trabajos individuales y casi improvisados. La metódica elaboración de hrönir (dice el Onceno Tomo) ha prestado servicios prodigiosos a los arqueólogos. Ha permitido interrogar y hasta modificar el pasado, que ahora no es menos plástico y menos dócil que el porvenir. Hecho curioso: los hrönir de segundo y de tercer grado – los hrönir derivados de otro hrön, los hrönir derivados del hrön de un hrön – exageran las aberraciones del inicial; los de quinto son casi uniformes; los de noveno se confunden con los de segundo; en los de undécimo hay una pureza de líneas que los originales no tienen. El proceso es periódico: el hrön de duodécimo grado ya empieza a decaer. Más extraño y más puro que todo hrön es a veces el ur: la cosa producida por sugestión, el objeto educido por la esperanza. La gran máscara de oro que he mencionado es un ilustre ejemplo. Las cosas se duplican en Tlön; propenden asimismo a borrarse y a perder los detalles cuando los olvida la gente. Es clásico el ejemplo de un umbral que perduró mientras lo visitaba un mendigo y que se perdió de vista a su muerte. A veces unos pájaros, un caballo, han salvado las ruinas de un anfiteatro. Salto Oriental, 1940. Posdata de 1947. Reproduzco el artículo anterior tal como apareció en la Antología de la literatura fantástica, 1940, sin otra escisión que algunas metáforas y que una especie de resumen burlón que ahora resulta frívolo. Han ocurrido tantas cosas desde esa fecha... Me limitaré a recordarlas. En marzo de 1941 se descubrió una carta manuscrita de Gunnar Erfjord en un libro de Hinton que había sido de Herbert Ashe. El sobre tenía el sello postal de Ouro Preto, la carta elucidaba enteramente el misterio de Tlön. Su texto corrobora las hipótesis de Martínez Estrada. A principios del siglo XVII, en una noche de Lucerna o de Londres, empezó la espléndida historia. Una sociedad secreta y benévola (que entre sus afilados tuvo a Dalgarno y después a George Berkeley) surgió para inventar un país. En el vago programa inicial figuraban los “estudios herméticos”, la filantropía y la cábala. De esa primera época data el curioso libro de Andreä. Al cabo de unos años de conciliábulos y de síntesis prematuras comprendieron que una generación no bastaba para articular un país. Resolvieron que cada uno de los maestros que la integraban eligiera un discípulo para la continuación de la obra. Esa disposición hereditaria prevaleció; después de un hiato de dos siglos la perseguida fraternidad resurge en América. Hacia 1824, en Memphis (Tennessee) uno de los afiliados conversa con el ascético millonario Ezra Buckley. Éste lo deja hablar con algún desdén – y se ríe de la modestia del proyecto. Le dice que en América es absurdo inventar un país y le propone la invención de un planeta. A esa gigantesca idea añade otra, hija de su nihilismo:5 la de guardar en el silencio la empresa enorme. Circulaban entonces los veinte tomos de la Encyclopaedia Britannica; Buckley sugiere una enciclopedia metódica del planeta ilusorio. Les dejará sus cordilleras auríferas, sus ríos navegables, sus praderas holladas por el toro y por el bisonte, sus negros, sus prostíbulos y sus dólares, bajo una condición: “La obra no pactará con el impostor Jesucristo.” Buckley descree de Dios, pero quiere demostrar al Dios no existente que los hombres mortales son capaces de concebir un mundo. Buckley es envenenado en Baton Rouge en 1828; en 1914 la sociedad remite a sus colaboradores, que son trescientos, el volumen final de la Primera Enciclopedia 41 42 de Tlön. La edición es secreta: los cuarenta volúmenes que comprende (la obra más vasta que han acometido los hombres) serían la base de otra más minuciosa, redactada no ya en inglés, sino en alguna de las lenguas de Tlön. Esa revisión de un mundo ilusorio se llama provisoriamente Orbis Tertius y uno de sus modestos demiurgos fue Herbert Ashe, no sé si como agente de Gunnar Erfjordocomoafiliado.SurecepcióndeunejemplardelOnceno Tomoparecefavorecerlosegundo.Pero¿ylosotros?Hacia1942 arreciaron los hechos. Recuerdo con singular nitidez uno de los primeros y me parece que algo sentí de su carácter premonitorio. OcurrióenundepartamentodelacalleLaprida,frenteaunclaroy altobalcónquemirabaelocaso.LaprincesadeFaucignyLucinge habíarecibidodePoitierssuvajilladeplata.Delvastofondodeun cajónrubricadodesellosinternacionalesibansaliendofinascosas inmóviles: platería de Utrecht y de París con dura fauna heráldica, un samovar. Entre ellas – con un perceptible y tenue temblor de pájaro dormido – latía misteriosamente una brújula. La princesa nolareconoció.Laagujaazulanhelabaelnortemagnético;lacaja de metal era cóncava; las letras de la esfera correspondían a uno de los alfabetos de Tlön. Tal fue la primera intrusión del mundo fantástico en el mundo real. Un azar que me inquieta hizo que yo tambiénfueratestigodelasegunda.Ocurrióunosmesesdespués, en la pulpería de un brasilero, en la Cuchilla Negra.Amorim y yo regresábamos de Sant’Anna. Una creciente del río Tacuarembó nos obligó a probar (y a sobrellevar) esa rudimentaria hospitalidad. El pulpero nos acomodó unos catres crujientes en una pieza grande, entorpecida de barriles y cueros. Nos acostamos, pero no nos dejó dormir hasta el alba la borrachera de un vecino invisible, que alternaba denuestos inextricables con rachas de milongas -más bien con rachas de una sola milonga. Como es de suponer, atribuimos a la fogosa caña del patrón ese griterío insistente... A la madrugada, el hombre estaba muerto en el corredor. La aspereza de la voz nos había engañado: era un muchacho joven. En el delirio se le habían caído del tirador unas cuantas monedas y un cono de metal reluciente, del diámetro de un dado. En vano un chico trató de recoger ese cono. Un hombre apenas acertó a levantarlo. Yo lo tuve en la palma de la mano algunos minutos: recuerdo que su peso era intolerable y que después de retirado el cono, la opresión perduró. También recuerdo el círculo preciso que me grabó en la carne. Esa evidencia de un objeto muy chico y a la vez pesadísimo dejaba una impresión desagradable de asco y de miedo. Un paisano propuso que lo tiraran al río correntoso. Amorim lo adquirió mediante unos pesos. Nadie sabía nada del muerto, salvo “que venía de la frontera”. Esos conos pequeños y muy pesados (hechos de un metal que no es de este mundo) son imagen de la divinidad, en ciertas religiones de Tlön. de los hrönir) han sido eliminados o atenuados en el ejemplar de Memphis; es razonable imaginar que esas tachaduras obedecen al plan de exhibir un mundo que no sea demasiado incompatible conelmundoreal.LadiseminacióndeobjetosdeTlönendiversos paísescomplementaríaeseplan...6 Elhechoesquelaprensainternacionalvoceóinfinitamenteel“hallazgo”.Manuales,antologías, resúmenes, versiones literales, reimpresiones autorizadas y reimpresionespiráticasdelaObraMayordelosHombresabarrotarony siguenabarrotandolatierra.Casiinmediatamente,larealidadcedió en más de un punto. Lo cierto es que anhelaba ceder. Hace diez años bastaba cualquier simetría con apariencia de orden – el materialismo dialéctico, el antisemitismo, el nazismo – para embelesar a los hombres. ¿Cómo no someterse a Tlön, a la minuciosa y vasta evidencia de un planeta ordenado? Inútil responder que la realidad también está ordenada. Quizá lo esté, pero de acuerdo a leyes divinas – traduzco: a leyes inhumanas – que no acabamos nunca de percibir. Tlön será un laberinto, pero es un laberinto urdido por hombres, un laberinto destinado a que lo descifren los hombres. El contacto y el hábito de Tlön han desintegrado este mundo. Encantada por su rigor, la humanidad olvida y torna a olvidar que es un rigor de ajedrecistas, no de ángeles. Ya ha penetrado en las escuelas el (conjetural), “idioma primitivo” de Tlön; ya la enseñanza de su historia armoniosa (y llena de episodios conmovedores) ha obliterado a la que presidió mi niñez; ya en las memorias un pasado ficticio ocupa el sitio de otro, del que nada sabemos con certidumbre – ni siquiera que es falso. Han sido reformadas la numismática, la farmacología y la arqueología. Entiendo que la biología y las matemáticas aguardan también su avatar... Una dispersa dinastía de solitarios ha cambiado la faz del mundo. Su tarea prosigue. Si nuestras previsiones no erran, de aquí a cien años alguien descubrirá los cien tomos de la Segunda Enciclopedia de Tlön. Entonces desaparecerán del planeta el inglés y el francés y el mero español.ElmundoseráTlön.Yonohagocaso,yosigorevisandoenlos quietosdíasdelhoteldeAdroguéunaindecisatraducciónquevediana (quenopiensodar alaimprenta) del UrnBurial deBrowne. HaslamhapublicadotambiénAGeneralHistoryofLabyrinths. 1 Russell.(TheAnalisisofMind,1921,página159)suponequeelplanetaha sidocreadohacepocosminutos,provistodeunahumanidadque“recuerda” unpasadoilusorio. 2 Siglo,deacuerdoconelsistemaduodecimal,significaunperíododeciento cuarentaycuatroaños. 3 Aquí doy término a la parte personal de mi narración. Lo demás está en la memoria (cuando no en la esperanza o en el temor) de todos mis lectores. Básteme recordar o mencionar los hechos subsiguientes, con una mera brevedad de palabras que el cóncavorecuerdogeneralenriqueceráoampliará.Hacia1944un investigador del diario The American (de Nashville, Tennessee) exhumóenunabibliotecadeMemphisloscuarentavolúmenesde la Primera Enciclopedia de Tlön. Hasta el día de hoy se discute si esedescubrimientofuecasualosiloconsintieronlosdirectoresdel todavíanebulosoOrbísTertius.Esverosímillosegundo.Algunos rasgosincreíblesdelOncenoTomo(verbigracia,lamultiplicación Eneldíadehoy,unadelasiglesiasdeTlónsostieneplatónicamentequetal dolor,quetalmatizverdosodelamarillo,quetaltemperatura,quetalsonido,son la única realidad.Todos los hombres, en el veniginoso instante del coito, son elmismohombre.TodosloshombresquerepitenunalíneadeShakespeare, sonWilliamShakespeare. 4 Buckleyeralibrepensador,fatalistaydefensordelaesclavitud. 5 Queda,naturalmente,elproblemadelamatesiadealgunos objetos. 6 Julio Cortázar El argentino Julio Cortázar (1914-1984) es uno de los más importantes narradores de la prosa contemporánea latinoamericana. Es autor de cuentos, novelas, relatos y poemas. Sobre su labor creativa, Cortázar afirma: “la gran mayoría de mis cuentos fueron escritos – cómo decirlo – al margen de mi voluntad, por encima o por debajo de mi conciencia razonante, como si yo no fuera más que un médium por el cual pasaba y se manifestaba una fuerza ajena. […] Cierta gama de cuentos nace de un estado de trance, anormal para los cánones de la normalidad al uso, y que el autor los escribe mientras está en lo que los franceses llaman un ‘état second’”. También según el mismo Cortázar: “la sospecha de otro orden más secreto y menos comunicable […] han sido algunos de los principios orientadores de mi búsqueda personal de una literatura al margen de todo realismo demasiado ingenuo.” Los personajes cortazarianos tienen la virtud de adaptarse a una insólita realidad, o de adaptarla a ellos. Viven la tensión y la angustia, pero las resuelven en la medida en que todo es incorporado a una relativa normalidad. Cortázar elimina ese hilo tenso que separa ambas realidades, la ficcional y la real, permitiendo un tenue movimiento entre ambas. Para Mario Benedetti, al lector de Cortázar se le golpea con un knock-out. Y lo que es más extraño es que vienen de donde menos se puede esperar – sorpresa, choque y encantamiento ya no nos dejan la realidad como antes: imposible mirar un pullover de la misma manera después de leer “No se culpe a nadie”. Cortázar, para su lector, empieza a ser reconocido en situaciones cortazarianas, que pueden acompañarnos a cualquier parte y en cualquier momento, a partir de una situación inesperada dentro del cotidiano más lineal. Continuidad de los Parques Había empezado a leer la novela unos días antes. La abandonó por negocios urgentes, volvió a abrirla cuando regresaba en tren a la finca; se dejaba interesar lentamente por la trama, por el dibujo de los personajes. Esa tarde, después de escribir una carta a su apoderado y discutir con el mayordomo una cuestión de aparcerías, volvió al libro en la tranquilidad del estudio que miraba hacia el parque de los robles. Arrellanado en su sillón favorito, de espaldas a la puerta que lo hubiera molestado como una irritante posibilidad de intrusiones, dejó que su mano izquierda acariciara una y otra vez el terciopelo verde y se puso a leer los últimos capítulos. Su memoria retenía sin esfuerzo los nombres y las imágenes de los protagonistas; la ilusión novelesca lo ganó casi en seguida. Gozaba del placer casi perverso de irse desgajando línea a línea de lo que lo rodeaba, y sentir a la vez que su cabeza descansaba cómodamente en el terciopelo del alto respaldo, que los cigarrillos seguían al alcance de la mano, que más allá de los ventanales danzaba el aire del atardecer bajo los robles. Palabra a palabra, absorbido por la sórdida disyuntiva de los héroes, dejándose ir hacia las imágenes que se concertaban y adquirían color y movimiento, fue testigo del último encuentro en la cabaña del monte. Primero entraba la mujer, recelosa; ahora llegaba el amante, lastimada la cara por el chicotazo de una rama. Admirablemente restañaba ella la sangre con sus besos, pero él rechazaba las caricias, no había venido para repetir las ceremonias de una pasión secreta, protegida por un mundo de hojas secas y senderos furtivos. El puñal se entibiaba contra su pecho, y debajo latía la libertad agazapada. Un diálogo anhelante corría por las páginas como un arroyo de serpientes, y se sentía que todo estaba decidido desde siempre. Hasta esas caricias que enredaban el cuerpo del amante como queriendo retenerlo y disuadirlo, dibujaban abominablemente la figura de otro cuerpo que era necesario destruir. Nada había sido olvidado: coartadas, azares, posibles errores. A partir de esa hora cada instante tenía su empleo minuciosamente atribuido. El doble repaso despiadado se interrumpía apenas para que una mano acariciara una mejilla. Empezaba a anochecer. Sin mirarse ya, atados rígidamente a la tarea que los esperaba, se separaron en la puerta de la cabaña. Ella debía seguir por la senda que iba al norte. Desde la senda opuesta él se volvió un instante para verla correr con el pelo suelto. Corrió a su vez, parapetándose en los árboles y los setos, hasta distinguir en la bruma malva del crepúsculo la alameda que llevaba a la casa. Los perros no debían ladrar, y no ladraron. El mayordomo no estaría a esa hora, y no estaba. Subió los tres peldaños del porche y entró. Desde la sangre galopando en sus oídos le llegaban las palabras de la mujer: primero una sala azul, después una galería, una escalera alfombrada. En lo alto, dos puertas. Nadie en la primera habitación, nadie en la segunda. La puerta del salón, y entonces el puñal en la mano, la luz de los ventanales, el alto respaldo de un sillón de terciopelo verde, la cabeza del hombre en el sillón leyendo una novela. 43 44 3.2 - La Prosa Contemporánea en Hispanoamérica Hay innumerables nombres importantes y significativos en la narrativa hispanoamericana contemporánea, todos hijos y herederos de los debates éticos y estéticos del siglo XX. Hay que señalar que, además de la novela, el cuento es un género que tiene mucha fuerza en esta producción más contemporánea. Por citar algunos nombres, veamos: Abel Posse, Mempo Giardinelli, Antonio Skármeta, Álvaro Mutis, Manuel Puig, Adolfo Bioy Casares, Mario Benedetti, Guillermo Cabrera Infante, Ernesto Sábato, Ricardo Piglia, Julio Ramón Ribeyro, Eduardo Galeano, etc. Alfredo Bryce Echenique Nace en Lima, en 1939. Algunos títulos importantes de su obra narrativa son: Muerte de Sevilla en Madrid, La felicidad ja ja, Tantas veces Pedro, Un mundo para Julius, La vida exagerada de Martín Romaña, No me esperen en abril, Reo de nocturnidad, La amigdalitis de Tarzán, El huerto de mi amada y Permiso para vivir. Su último premio es de 2002: Premio Planeta, España, por la novela El huerto de mi amada. Bryce Echenique confiesa haber sufrido una gran influencia de Julio Cortázar: “descubrí entonces a un hombre que escribía como le daba la gana”. En una entrevista dijo: “a mí me interesa el paisaje humano” – y ésta es la base sobre la cual construye su narrativa. “Reivindico la ternura, me interesa la posición del otro, soy curioso de las vidas privadas”. Como un rompecabezas, la obra literaria de Echenique se forma por el perfecto encaje de pequeñas piezas retiradas de los rincones de su memoria, de los viajes que hizo por el mundo, de la experiencia cultural plural que ha podido vivir: “mi escritura es un proceso de recaptura mediante la memoria y de reelaboración mediante el oficio”. Admite que su estilo es marcadamente oral, y afirma que el humor es el verdadero protagonista de sus libros: “El humor es un paraguas o un parrarayos vital”. En este sentido, un crítico definió su obra con la siguiente ecuación: amor + humor = Bryce Echenique. En el cuento “Dos Indios”, que ponemos como ejemplo, es su implicación y dedicación a la cultura latinoamericana no solamente literaria sino también sociológica y política, la que estará subrayada. Como su personaje de “Dos Indios” (Manolo), Echenique también dejó el Perú para recorrer otros países y otras realidades. No obstante, diferentemente de Manolo, cuya producción artística no sufre ninguna alteración por la experiencia de vivir en Europa, es en Italia, donde escribe sus primeros cuentos. El cuento “Dos Indios” es una reflexión sobre las bases de la identi- dad latinoamericana, principalmente la peruana – la cuestión de la inserción del indio en la sociedad a lo largo del desarrollo de la historia de América a partir de la colonización. Dos Indios Hacía cuatro años que Manolo había salido de Lima, su ciudad natal. Pasó primero un año en Roma, luego, otro en Madrid, un tercero en París y, finalmente había regresado a Roma. Por qué? Le gustaban esas hermosas artistas en las películas italianas, pero desde que llegó no ha ido al cine. Una tía vino a radicarse hace años, pero nunca la ha visitado y ya perdió la dirección. Le gustaban esas revistas italianas con muchas fotografías en colores; o porque cuando abandonó Roma la primera vez, hacía calor como para quedarse sentado en un Café, y le daba tanta flojera tomar el tren. No sabía explicarlo. No hubiera podido explicarlo, pero en todo caso, no tenía mayor importancia. Cuando salió del Perú, Manolo tenía dieciocho años y sabía tocar un poco la guitarra. Ahora, al cabo de casi cuatro años en Europa, continuaba tocando un poco la guitarra. De vez en cuando escribía unas líneas a casa, pero ninguno de sus amigos había vuelto a saber de él; ni siquiera aquel que cantó y lloró el día de su despedida. El rostro de Manolo era triste y sombrío como un malecón en invierno. Manolo no bailaba en las fiestas: era demasiado alto. No hacía deportes: era demasiado flaco, y sus largas piernas estaban mejor bajo gruesos panatalones de franela. Alguien le dijo que tenía manos de artista, y desde entonces las llevaba ocultas en los bolsillos. Le quedaba mal reírse: la alegre curva que formaban sus labios no encajaba en aquel rostro sombrío. Las mujeres, hasta los veinte años, lo encontraban bastante ridículo; las de más de veinte, decían que eran un hombre interesante. A sus amigos les gustaba palmearle el hombro. Entre el criollismo limeño, hubira pasado por un cojudote. Yo acababa de llegar a Roma cuando lo conocí, y fue por la misma razón por la que todos los peruanos se conocen en el extranjero: porque son peruanos. No recuerdo el nombre de la persona que me lo presentó, pero aún tengo la impresión de que trataba de deshacerse de mí llevándome a aquel Café, llevándome donde Manolo. Un peruano – le dijo. Y agregó – : Los dejo; tengo mucho que hacer. – Desapareció. Manolo permaneció inmóvil, y tuve que inclinarme por encima de la mesa para alcanzar su mano. – Encantado. – Mucho gusto – dijo, sin invitarme a tomar asiento, pero alzó el brazo al mozo, y le pidió otro café. Me senté, y permanecimos en silencio hasta que nos atendieron. – Y el Perú? – preguntó, mientras el mozo dejaba mi taza de café sobre mesa. – Nada – repondí –. Acabo de salir de allá y no sé nada. A ver si ahora que estoy lejos empiezo a enterarme de algo. – Como todo el mundo – dijo Manolo, bostezando. Nos quedamos callados durante una media hora, y bebimos el café cuando ya estaba frío. Extrajo un paquete de cigarrillos de un bolsillo de su saco, colocó uno entre sus labios, e hizo volar otro por encima de la mesa: lo emparé. “Muchas gracias; mi primer cigarrillo italiano”. Cada uno encendió un fósforo, y yo acercaba mi mano hasta su cigarrillo, pero él ya lo estaba encendiendo. No me miró; ni siquiera dijo “gracias”; dio una pitada, se dejó caer sobre el espaldar de la silla, mantuvo el cigarrillo entre los labios, cerró los ojos, y ocultó las manos en los bolsillos de su pantalón. Pero yo quería hablar. – Viene siempre a este Café? – Siempre – respondió, pero ese siempre podía significar todos los días, de vez en cuando, o sabe Dios qué. – Se está bien aquí – me atreví a decir. Manolo abrió los ojos y miró alrededor suyo. – Es un buen Café – dijo – . Buen servicio y buena ubicación. Si te sientas en esta mesa mejor todavía: pasan mujeres muy bonitas por esta calle, y de aquí las ves desde todos los ángulos. – O sea, de frente, de perfil, y de culo – aclaré. Manolo sonrió y eso me dio ánimo para preguntarle – : Y te has enamorado alguna vez? – Tres veces – respondió Manolo, sorprendido –. Las tres en el Perú, aunque la primera no cuenta: tenía diez años y me enamoré de una monja que era mi profesora. – Mucho – respondió – , pero cuando estoy sentado aquí sólo me gusta verlas pasar. – Nada te movería de tu asiento? – En este momento mi guitarra – dijo Manolo, poniéndose de pie y dejando caer dos monedas sobre la mesa. – Deja – exclamé, mientras me paraba e introducía la mano en el bolsillo: buscaba mi dinero. Manolo señaló el precio del café en una lista colgada en la pared, volvió la mirada hacia la mesa, y con dedo larguísimo golpeó una vez cada moneda. Sentí lo ridículo e inútil de mi ademán, una situación muy incómoda, realmente no podía soportar su mirada, y estábamos de pie, frente a frente, y continuaba mirándome cmo si quisiera averiguar qué clase de tipo era yo. – Tocas la guitarra? – escuché mi voz. – Un poco – dijo, como si no quisiera hablar más de eso. Abandonamos el Café, y caminamos unos doscientos metros hasta llegar a una esquina. – Soy un pésimo guía para turistas – dijo –. Si vas por esta calle, me parece que encontrarás algo que vale la pena ver, y creo que hasta un museo. Soy un pésimo guía. – repitió. – Soy un mal turista, Manolo. Además, no me molesta andar medio perdido. – Podemos vernos mañana, en el Café – dijo. – A las cinco de la tarde? – Bien – dijo, estrechándome la mano al despedirse. Iba a decirle “encantado”, pero avanzaba ya en la dirección contraria. Al día siguiente me apresuré en llegar puntual a nuestra cita. Entré al Café minutos antes de las 5 de la tarde, y encontré a Manolo, las manos en los bolsillos, sentado en la misma mesa del día anterior. Tenía una copa de vino delante suyo, y el cenicero lleno de colillas indicaba que hacía bastante rato que había llegado. Me senté. – Qué tal si tomamos vino, en vez de café? – preguntó. Casi me mato por ella. – Se quedó pensativo. – Formidable. – Y te gustan las italianas? – Mozo – llamó –. Mozo, un litro de vino rojo. 45 46 – Sí, señor. – Rojo – repitió con energía – Te gustan las artistas italianas? – Sonreía. – Me encantan. Qué te parece si vamos un día a Cinecittá? – Eso de ir hasta allá – dijo Manolo, y su entusiasmo se vino abajo fuerte y pesadamente como un tablón. – Tienes razón – dije –. Ya pasará alguna por aquí. – Se está bien en este Café – dijo, mirando alrededor suyo –. Tiene que pasar alguna. – Y la guitarra, qué tal? – Como siempre: bien al comienzo, luego me da hambre, y después de la comida me da sueño. Cojo nuevamente la guitarra... La guitarra es mi somnífero. Trajeron el vino, y llené ambas copas, pues Manolo, pensativo, no parecía haber notado la presencia del mozo. “Salud”, dije, y bebí un sorbo mientras él alargaba lentamente el brazo para coger su copa. Era un hermoso día de sol, y ese vino, ahí, sobre la mesa, daba ganas de fumar y de hablar de cosas sin importancia. – No está mal – dijo Manolo. Miraba su copa y la acariaba con los dedos. – Me gusta – afirmé – . Salud! – Salud – dijo; bebió un trago, tac, la copa sobre la mesa, cerró los ojos, y la mano nuevamente al bolsillo. Estuvimos largo rato bebiendo en silencio. Era cierto lo que me había dicho: por esta calle pasaban mujeres muy hermosas, pero él no parecía prestarles mayor atención. Sólo de rato en rato, abría los ojos como si quisiera comprobar que yo seguía ahí: bebía un trago, me miraba, luego a la botella, volvía a mirarme... – Me gusta mucho el vino, Manolo. Terminemos esta botella; la próxima la Invito yo. – Bien – dijo, sonriente, y llenó nuevamente ambas copas. Aún no habíamos terminado la primera botella, pero el mozo pasó a nuestro lado, y aprovechamos la oportunidad para pedir otra. – Y tú, qué tal ayer? – preguntó Manolo. – Nada mal. Caminé durante un par de horas, y sin saberlo llegué a un cine en que daban una película peruana. – Peruana? – exclamó Manolo sorprendido. – Peruana. Para mí también fue una sorpresa. – Y qué tal? De qué trataba? – Llegué muy tarde y estaba cansado – dije, excusándome – . Me gustaría volver... Creo que era la historia de dos indios. – Dos indios! – exclamó Manolo, echando la cabeza hacia atrás – . Eso me ecuerda algo... Pero, a qué demonios? Dos indios – repitió, cerrando los ojos y manteniéndolos así durante algunos minutos. Vaciamos nuestras copas. Habíamos terminado la primera botella, y estábamos bebiendo ya de la segunda. Hacía calor. Yo, al menos, tenía mucha sed. – Tengo que recordar lo de los indios. – Ya vendrá; cuando menos lo pienses. – Nunca puedo acordarme de las cosas! Y cuanbo bebo es todavía peor. Es el trago: me hace perder la memoria, y mañana no recordaré lo que estoy diciendo ahora. Tengo una memoria campeona! Manolo parecía obsesionado con algo, y hacía un gran esfuerzo por recordar. Bebíamos. La segunda botella se terminaría pronto, y la tercera vendría con la puesta del sol y los cigarrillos, con los indios de Manolo, y con mi interés por saber algo más sobre él. – Salud! – No pidas otra – dijo Manolo – . Sale muy caro. Vamos al mostrador; allá los tragos son más baratos. – Nos acercamos al mostrador y pedimos más vino. A mi lado, Manolo permanecía inmóvil y con la mirada fija en el suelo. No lograba verle la cara, pero sabía que continuaba esforzándose por recordar. – Siempre me olvido de las cosas! – sus dientes rechinaron, y sus manos, muy finas, parecían querer hundir el mostrador; tal era la fuerza con que las apoyaba. – Manolo, pero... – Siempre ha sido así; siempre será así, hasta que me quede sin pasado. indiferente, como oculto en su silla, y escondiendo las manos en los bolsillos entre cada trago. Ya no se acordaba de sus manos, una sobre mi hombro con los dedos tan largos cada vez que la miraba de reojo, y la otra, flaca, larga, desnuda sobre el mostrador, los dedos nerviosos, y se comía las uñas. Puse la mano sobre su hombro. – Qué pasó con esa muchacha? Te dejó plantado? – Ya vendrá... – Vendrá? Si sintieras lo que es no poder recordar algo; es mil veces peor que tener una palabra en la punta de la lengua; es como si tuvieras toda una parte de tu vida en la punta de la lengua, o sabe Dios dónde! Salud! Estuvo largo rato sin hablarme. Miré hacia un lado, vi la puerta del baño, y sentí ganas de orinar. “Ya vengo, Manolo”. En el baño no había literatura obscena: olía a pintura fresca, y me consolaba pensando que hubiera sido la misma que en cualquier otro baño del mundo: “los hombres cuando quieren ser groseros son como esos perros que se paran en dos patas; como todos los demás perros.” Pensé nuevamente en Manolo, y salé del baño para volver a su lado. Todas las mesas del Café estaban ocupadas, y me pareció extraño oír hablar en italiano. “Estoy en Roma, me dije. Estoy borracho.” Caminé hasta el mostrador, adoptando un aire tal de dignidad y de sobriedad, que todo el mundo quedó convencido de que era un extranjero borracho. – Aquí me tienes, Manolo. Volteó a mirarme y noté que tenía los ojos llenos de lágrimas. “Le está dando la llorona. Me fregué.” Puso la mano sobre mi hombro. “Toca un poco la guitarra.” Me estaba mirando. – Sólo he amado una vez en mi vida... – Uy! Compadre. A usted sí que el trago le malogra la cabeza. Ayer me contaste que te has enamorado dos veces; dos, si descontamos a la monjita. – No se trata de eso... Esta muchacha no quiso, o no pudo quererme. – Cómo fue lo de la monja? Eso de intentar matarse por una monja debe ser para cagarse de risa. – Eso nos es lo peor – dijo Manolo. Ni siquiera se trata de eso. Lo peor es haber olvidado... No sé cómo empezar... Hubo un día que fue perfecto, comprendes? Un momento. Un instante... No sé cómo explicarte... No me gustan los museos, pero ella llegó a París y yo la llevaba todas las tardes a visitar museos... – Fue en París? – pregunté tratando de apresurar las cosas. – Sí – dijo Manolo –. Fue en París. – Mantenía su mano apoyada en mi hombro -. La guitarra... No es verdad... No la tengo... La... – Vendiste, para seguir invitándola. Salud! – Salud. Era linda. Si la vieras. Tenía un perfil maravilloso. La hubieras visto… Se reía a carcajadas y decía que yo estaba loco. Yo bebía mucho... Era la única manera... Dicen que soy un poco callado, tímido... Se reía a carcajadas y yo le pedí que se casara conmigo. Hubieras visto lo seria que se puso... Se golpeaba la frente con el puño como golpeamos un radio a ver si suena. Ya no nos mirábamos; no volteábamos nunca para no vernos. Todo aquello era muy serio. Sentía el peso de su mano sobre su hombro. Todo aquello tenía algo de ceremonia. – Es como lo de los indios – dijo Manolo -. Jamás podré acordarme. – Acordarte de qué, Manolo? – Los recuerdos se me escapan como un gato que no se deja acariciar. – Poco a poco, Manolo. – No jodas! – Está bien, Manolo. Estaba bromeando, creí que así todo sería mejor. También yo empezaba a entristecer. Sería tal vez que me sentía culpable por haberlo hecho beber tanto, o que lo estaba recordando ayer, hace unas horas, ran – Un día – continuó – , ella me pidió que la llevara a Montmartre; ella misma me pidió que la llevara... Me hubieras visto; ay caray! La hubieras visto... Morena... Sus ojazos negros... Su nombre se me atraca en la garganta; cuando lo pronuncio se me hace un nudo, y todo se detiene en mí. Es muy extraño; es como si todo lo que me rodea se alejara de mí... 47 48 – En Montmartre – dije, como si lo estuviera llamando. – Yo estaba feliz. Nunca me he reído tanto. Ella me decía que parecía un payaso, y yo la hacía reír a carcajadas, y le decía que sí, que era el bufón de la reina, y que ella era una reina. Y ella se paraba así, y se ponía la mano aquí, y se reía a carcajadas. Entramos en un Café. Vino y limonada. Vino para mí. Hablábamos. Ella tenía un novio. Había venido a pasear, pero iba a regresar donde el novio. Cuando hablábamos de amor, hablábamos solamente del mío, de mi amor... Amaba la forma de sus labios dibujada en el borde de su vaso. Empezaba a amar tan sólo aquellas cosas que podían servirme de recuerdo. Ahora que pienso, todo eso era bien triste... La música. Conocíamos todas las canciones, y empezábamos a estar de acuerdo en casi todo lo que decíamos... Estaba contenta. Muy contenta. No quería irse. El perfil. Su perfil. Yo estaba mirando su perfil... Lo recuerdo. Lo veo... De eso me acuerdo. Hasta ahí. Hasta ese instante. Y ella empezó a hablar: “eres un hombre”... Qué más?... Qué más?... – Una botella para ti, y otra para este hombre – dijo Manolo. – Gracias. Abrir las botellas fue toda una odisea. Nuevamente fumábamos, bebíamos, y yo empecé a sentir sueño, pero no quería dormirme. – La historia de la monja, Manolo – dije – . Debe ser muy graciosa. – También un día me costó trabajo acordarme de eso. Es un recuerdo de cuando era chico; tenía diez años y estaba en un colegio de monjas. Había una que me traía loco. Un día me castigó y era para pegarse un tiro. Quise vengarme, y rompí un florero que estaba siempre sobre una mesa, en la clase, pero nunca falta un hijo de puta que viene a decirte que la madre lo guardaba como recuerdo de no qué quién. Me metieron el dedo; me dijeron que la monja había llorado, y me entró tal desesperación, que me trepé al techo del colegio. Te juro que quería arrojarme. –Y? – Comprendo, Manolo. Comprendo. Te gustan tus recuerdos, y por eso te gusta pasar las horas sentado en un Café. Si tu recuerdo está allí, presente, todo va bien. Pero si los recuerdos empiezan a faltar, y si no hay nada más... – Exacto! – exclamó Manolo –. Es el caso de esas palabras. Me he olvidado de esas palabras, y son inolvidables porque creo que me dijo... No, no sé! – Y lo de los indio? Manolo me miró fijamente y sonrió. La ceremonia había terminado, y bajamos nuestros brazos. Aún había vino en las copas, y terminarlo fue cosa de segundos. Podríamos haber estado más borrachos. – Paguemos – dijo Manolo –. En mi casa tengo más vino, y puedes quedarte a dormir, si quieres. – Formidable. Sonreíamos al pagar la cuenta.Sonreíamos también mientras nos tambaleábamos hasta la puerta del Café. Creo que eran las 11 de la noche cuando salimos. Creo que fue una caminata de borrachos. Orinamos una o dos veces en el trayecto, y me parece haber dicho “ningún peruano mea solo”, y que a Manolo le hizo mucha gracia. Después de eso, ya estábamos en su cuarto. No encendimos la luz. Nos dejamos caer, él en una cama, y yo sobre un colchón que había en el suelo. – Nada: era la hora de tomar el ómnibus para regresar a casa, y bajé corriendo para no perderlo. A esa edad lo único que uno sabe es que no se va a morir nunca. – Y que no debe perder el ómnibus – agregué, riéndome. – El ómnibus! – exclamó Manolo – . Espérate... Eso me recuerda... Los indios! Los dos indios. Espérate!... Lentamente... Desde el comienzo. Déjame pensar... Sentía que el sueño me vencía. El sueño y el vino y los cigarrillos. Encendí otro cigarrillo, y empecé a llevar la cuenta de las pitadas para no dormirme. – El ómnibus del colegio me llevaba hasta mi casa – dijo Manolo – . Llegaba siempre a la hora del té... Sí, ya voy recordando... Sí, ahora voy a acordarme de todo... Había una construcción junto a mi casa... Pero, los indios?... No, no eran albañiles... Espérate... No eran albañiles... Recuerdo hasta los nombre de los albañiles... Sí: el Peta; Guardacaballo; Blanquillo, que era hincha de la “U”; el maestro Honores, era buena gente, pero con él no se podía bromear... Los dos indios... No. No trabajaban en la construcción... Ya! Ya me acuerdo! Claro! Eran amigos del guardián, que también era serrano. Sí! Ya me acuerdo! Pasaban el día encerrados, y cuando salían, era para que los albañiles los batieran: “chutos”, “serruchos”, les decían. Pobres indios... Me quemé el dedo con el cigarrillo. Estaba casi dormido. “Basta de fumar”, me dije. Sobre su cama, Manolo continuaba armando su recuerdo como un rompecabezas. – Tomaba el té a la carrera – las palabras de Manolo parecían venir de lejos. – Escondía varios panes con mantequilla en mi bolsillo, y corría donde los indios. Ahora lo sé todo. Recuerdo que los encontraba siempre sentados en el suelo, y con la espalda apoyada en la pared. Era un cuarto oscuro, muy oscuro, y ellos sonreían al verme entrar. Yo les daba panes, y ellos me regalaban cancha. Me gusta la cancha con cebiche. Los indios... Los indios... Hablábamos. Qué diferentes eran a los indios de los libros del colegio; hasta me hicieron desconfiar. Estos no tenían gloria, ni imperio, ni catorce incas. Tenían la ropa vieja y sucia, unas uñas que parecían de cemento, y unas manos que parecían de madera. Tenían, también, aquel cuarto sin luz y a medio construir. Allí podían vivir hasta que estuviera listo para ser habitado. Me tenían a mí: diez años, y los bolsillos llenos de panes con mantequilla. Al principio eran mis héroes; luego, mis amigos, pero con el tiempo, empezaron a parecerme dos niños. Esos indios que podían ser mis padres. Sentados siempre allí, escuchándome. Cualquier cosa que les contara, era una novedad para ellos. Recuerdo que a las siete de la noche, regresaba a mi casa. Nos dábamos la mano. Tenían manos de madera. “Hasta mañana”. Así, durante meses, hasta que los dejé de ver. Yo partí. Mis padres decidieron mudarse de casa. Qué significaría para ellos que yo me fuera? Estoy seguro de que les prometí volver, pero me fui a vivir muy lejos y no los vi más. Mis dos indios... En mi recuerdo se han quedado, allí, sentados en un cuarto oscuro, esperándome... Voy a... Eran las once de la mañana cuando me desperté. Manolo dormía profundamente, y junto a su cama, en el suelo, estaba su botella de vino casi vacía. “Sabe Dios hasta qué hora se habrá quedado con su recuerdo”, pensé. Mi botella, en cambio, estaba prácticamente llena, y había puchos y cenizas dentro y fuera del cenicero. “Me siento demasiado mal, Manolo. Hoy no puedo ocuparme de ti.” Me dolía la cabeza, me ardía la garganta, y sentía la boca áspera y pastosa. Todo era un desastre en aquel pequeño y desordenado cuarto de hotel. “He fumado demasiado. Tengo que dejar de fumar.” Cogí un cigarrillo, lo encendí, qué alivio! El humo, el sabor a tabaco, ese olor: era un poco la noche anterior, el malsano bienestar de la noche anterior, y ya podía pararme. Manolo no me sintió partir. Augusto Monterros La Oveja Negra En un lejano país existió hace muchos años una Oveja negra. Fue fusilada. Un siglo después, el rebaño arrepentido le levantó una estatua ecuestre que quedó muy bien en el parque. Así, en lo sucesivo, cada vez que aparecían ovejas negras era rápidamente pasadas por las armas para que las futuras generaciones de ovejas comunes y corrientes pudieran ejercitarse también en la escultura. El Burro y la Flauta Tirada en el campo estaba desde hacía tiempo una Flauta que ya nadie tocaba, hasta que un día un Burro que paseaba por ahí resopló fuerte sobre ella haciéndola producir el sonido más dulce de su vida, es decir, de la vida del Burro y de la Flauta. Incapaces de comprender lo que había pasado, pues la racionalidad no era su fuerte y ambos creían en la racionalidad, se separaron presurosos, avergonzados de lo mejor que el uno y el otro habían hecho durante su triste existencia. Ejercicios 1. ¿Cuál es el “nuevo realismo” buscado por los narradores hispanoamericanos? 2. ¿Qué fue el llamado “boom” de la novela latinoamericana? 3. ¿Qué propone el “realismo mágico” o “real maravilloso”? 4. Interpreta el cuento “Dos Indios”, de Bryce Echenique, a la luz de las cuestiones comentadas. 49 50 UNIDAD IV LA PROSA ESPAÑOLA CONTEMPORÁNEA 4.1 – Algunos Ejemplos La narrativa contemporánea española cuenta con varios novelistas importantes, además de los que trabajan la narrativa breve, o sea, el cuento. Pongamos algunos ejemplos: Rafael Sánchez Ferlosio, Juan Goytisolo, José Manuel Caballero Bonald (quien también es poeta), Vázquez Montalbán, Francisco Umbral, Félix de Azúa, Javier Marías, Soledad Puértolas, Juan José Millas, Rosa Montero, Manuel Rivas, etc. Antonio Muñoz Molina Despertares Concéntricos Dos o tres sueños le avisaron de todo. Soñaba que ella se había ido y cuando lo despertaba el dolor extendía sus brazos en la oscuridad y la encontraba dormida. Abrazándose a ella como para llevarla consigo a la inconsciencia o para que su cercanía lo salvara de las pesadillas, volvía suavemente a dormirse, pero en los sueños otra vez estaba solo y la perdía. Con el tiempo aprendió a introducir en ellos astucias calculadas contra el infortunio. Aún dormido, pensaba: “Ahora me despertaré y la encontraré a mi lado”, y el solo esfuerzo de su voluntad lo rescataba del sufrimiento que estaba soñando. Volvió a soñar que ella se iba. Como un buceador que asciende para escapar de la asfixia, emergió al previsto despertar en que ella estaba a su lado. Dio la luz. La vio dormida y algo extraña. Tardó un instante en darse cuenta de que había despertado a otro sueño. Como si recorriera habita- ciones comunicadas por espejos ingresó entonces en el verdadero despertar. Descubrió sin sorpresa que esta vez sí estaba solo. Luis Mateo Díez En el Mar El mar estaba quieto en la noche que envolvía la luna con su resplandor helado. Desde cubierta lo veía extenderse como una infinita pradera. Todos habían muerto y a todos los había ido arrojando por la borda, según las instrucciones del capitán. Los que vayáis quedando, había dicho, deshaceros inmediatamente de los cadáveres, hay que procurar evitar el contagio, aunque ya debe ser demasiado tarde. Yo era un grumete en un barco a la deriva. Y en esas noches quietas aprendí a tocar la armónica y me hice un hombre. Pere Calders Balance Justamente cuando estaba a punto de alcanzar el cubo, le falló una pierna y se cayó al pozo. Mientras caía, le pasó aquello tan conocido de contemplar de un vistazo toda su vida. Y la encontró lisa, igual y monótona (dicho sea entre nosotros), de manera que pasó el trago de ahogarse con una ejemplar resignación. Ejercicio ¿Cuál de los tres minicuentos arriba más te ha gustado? Escribe un breve comentario sobre él, siempre intentando descubrir las señales y los símbolos que esconden. Cuidado para no caer en la trampa de la paráfrasis, o sea, de simplemente repetir con tus palabras la historia que ya está contada por el autor. UNIDAD V 51 POESÍA HISPÁNICA CONTEMPORÁNEA 5.1 - Poesía Contemporánea en España La guerra civil afectó de una forma directa a los miembros de la generación de 1916 y de 1927, pues el conflicto les estalló en plena juventud. Las persecuciones políticas, la ausencia de libertades y las penurias de la sociedad de posguerra siguieron afectando la vida de los poetas, y es posible rastrear la penuria social y política y la mortecina vida de la época a través del trasfondo de muchos de sus textos. La “alegría” sólo regresó a la poesía contemporánea de la mano de los poetas nacidos en torno a 1946 y cuya obra presagiaba la normalidad democrática hacia la que el país, indefectiblemente, debía encaminarse. El fruto de ese espíritu social abierto, dinámico y tolerante, que triunfaba en la sociedad española a finales de los años 70, fue percibido por la poesía. Lo que vamos a ver enseguida es, como en los casos anteriores, una pequeña muestra de la rica y creativa producción de la poesía española contemporánea. Jaime Gil de Biedma Volver Mi recuerdo eran imágenes, en el instante, de ti: esa expresión y un matiz de los ojos, algo suave en la inflexión de la voz, y tus bostezos furtivos de lebrel que ha maldormido la noche en mi habitación. Volver, pasados los años, hacia la felicidad -para verse y recordar que yo también he cambiado. José Angel Valente cargarlo a sus espaldas para ascender de nuevo hacia la luz penosamente: puede caminar para siempre, caminar... ¡Tú que puedes, danos nuestra resurrección de cada día! El amor está en lo que tenemos El amor está en lo que tendemos (puentes, palabras ). El amor está en todo lo que izamos (risas, banderas). Y en lo que combatimos (noche, vacío) por verdadero amor. El amor está en cuanto levantamos (torres, promesas). En cuanto recogemos y sembramos (hijos, futuro). Y en las ruinas de lo que abatimos (desposesión, mentira) por verdadero amor. Graal Respiración oscura de la vulva. En su latir latía el pez del légamo y yo latía en ti. Me respiraste en tu vacío lleno y yo latía en ti y en ti latían la vulva, el verbo, el vértigo y el centro. Antonio Gamoneda Amor Cae la noche Cae la noche. El corazón desciende infinitos peldaños, enormes galerías, hasta encontrar la pena. Allí descansa, yace, allí, vencido, yace su propio ser. El hombre puede Mi manera de amarte es sencilla: te aprieto a mí como si hubiera un poco de justicia en mi corazón y yo te la pudiese dar con el cuerpo. Cuando revuelvo tus cabellos algo hermoso se forma entre mis manos. Y casi no sé más. Yo sólo aspiro a estar contigo en paz y a estar en paz con un deber desconocido que a veces pesa también en mi corazón. 52 Nieve Retrocede, combate hacia atrás, corazón mío. Cíñete al amor, queda activo en cuerpos, en materiales amantes. Olvida la nieve, vive con los tuyos, desciende a la ternura. Este es tu país. ¡Oh la sed, oh la sed! ¿Por qué este mismo fuego me empuja hacia la nieve? Subir, subir al agua eterna donde viven la claridad y el frío. Un sueño: Cumbre inmóvil. Nada y luz. Nadie, nadie. Oh Dios, si sólo un pájaro me visitase en esta región de libertad. Atrás, puros espacios, belleza inhabitable. vuelva la sed a su origen en el fuego. Olvido García Valdés Escribir el miedo es escribir... escribir el miedo es escribir despacio, con letra pequeña y líneas separadas, describir lo próximo, los humores, la próxima inocencia de lo vivo, las familiares dependencias carnosas, la piel sonrosada, sanguínea, las venas, venillas, capilares Clara Janés Pido Prisionera de un pánico invencible, y aunque sé de la inutilidad de todo sueño, desde esa cárcel torturante que es la vida, pido la autonomía total del hombre y el derecho a no justificar para nada su existencia. Revuelta con el viento... Revuelta con el viento mi alma has arrastrado hasta la orilla de tu alma. Mas mi cabeza anclada en ese cuerpo se revela contra la distancia y poseída asedia tu aislamiento. Te busca fieramente en tus palabras con los ojos heridos en medio de un incendio. Ejercicio Elige uno de los poemas anteriores y escribe un breve comentario sobre él. ¡Atención! al tratarse de poemas, hay todavía más imágenes y metáforas que en la narrativa. 5.2 - Poesía Contemporánea en Hispanoamérica La lírica contemporánea de la América Hispánica está formada por un mosaico de autores y obras que construyen su poesía en constante diálogo con la conciencia histórica, política y social que nos enmarca. Y las relaciones que fomenta entre tales instancias son siempre insumisiones a las imágenes de progreso y modernidad que nos llegaron como la única realidad posible. Es, también ella, fruto y heredera de todo el debate ético y estético que marcó la vida literaria hispanoamericana desde las vanguardias hasta la nueva narrativa. Pongamos algunos ejemplos de grandes poetas que recorrieron el siglo XX: Pablo Neruda, Octavio Paz, Gabriela Mistral, Nicolás Guillén, José Lezama Lima, Antonio Cisneros, César Moro, Blanca Varela, José Emilio Pacheco, Jaime Sabines, Mario Benedetti, Cristina Peri Rossi, Pablo de Rokha, Raúl Zurita, Gonzalo Rojas, Emilio Adolfo Wesphalen, José Gorostiza, Roberto Fernández Retamar, etc. Ernesto Cardenal En el principio - antes del espacio tiempo era la Palabra. Todo lo que es pues es verdad. Poema. Las cosas existen en forma de palabra. …………………………………………… En el principio era el Canto. Al cosmos él lo creó cantando. Y por eso todas las cosas cantan. No danzan sino por las palabras (por las que fue creado el mundo) …………………………………………… Los muertos: ellos han retornado a la palabra creadora de la que brotaron con la lluvia, los frutos y los cantos. …………………………………………………… No había luz la luz estaba dentro de las tinieblas y sacó la luz de las tinieblas las apartó a las dos y ése fue el Big Bang o la primera Revolución. La Creación es poema. Poema, que es “creación” en griego y así……… ………………………………………………… llama S. Pablo a la Creación de Dios, POIEMA, como un poema de Homero decía el Padre Ángel. Cada cosa es como un “como”. Como un “como” en un poema de Huidobro. Todo el cosmos cópula. Y toda cosa es palabra, palabra de amor. Sólo el amor revela pero vela lo que revela ……………………………………………… El cosmos palabra secreta en la cámara nupcial. Toda cosa que es es verbal. Fragmentos de Canto Cósmico, 1999. Nicanor Parra Tiempos modernos Atravesamos unos tiempos calamitosos imposible hablar sin incurrir en delito de contradicción imposible callar sin hacerse cómplice del Pentágono. Se sabe perfectamente que no hay alternativa posible todos los caminos conducen a Cuba pero el aire está sucio y respirar es un acto fallido. El enemigo dice es el país el que tiene la culpa como si los países fueran hombres. Nubes malditas revolotean en torno a volcanes malditos embarcaciones malditas emprenden expediciones malditas árboles malditos se deshacen en pájaros malditos: todo contaminado de antemano. veo venir otro 11 de septiembre y éste no será un 11 será un 111 Juan Gelman Oración de un desocupado Padre, desde los cielos bájate, he olvidado las oraciones que me enseñó la abuela, pobrecita, ella reposa ahora, no tiene que lavar, limpiar, no tiene que preocuparse andando el día por la ropa, no tiene que velar la noche, pena y pena, rezar, pedirte cosas, rezongarte dulcemente. Desde los cielos bájate, si estás, bájate entonces, que me muero de hambre en esta esquina, que no sé de qué sirve haber nacido, que me miro las manos rechazadas, que no hay trabajo, no hay, bájate un poco, contempla esto que soy, este zapato roto, 0esta angustia, este estómago vacío, esta ciudad sin pan para mis dientes, la fiebre cavándome la carne, este dormir así, bajo la lluvia, castigado por el frío, perseguido te digo que no entiendo, Padre, bájate, tócame el alma, mírame el corazón,! yo no robé, no asesiné, fui niño y en cambio me golpean y golpean, te digo que no entiendo, Padre, bájate, si estás, que busco resignación en mí y no tengo y voy a agarrarme la rabia y a afilarla para pegar y voy a gritar a sangre en cuello Arte poética Canción protesta Entre tantos oficios ejerzo éste que no es mío, como un amo implacable me obliga a trabajar de día, de noche, con dolor, con amor, bajo la lluvia, en la catástrofe, cuando se abren los brazos de la ternura o del, alma, cuando la enfermedad hunde las manos. Los pollitos dicen pío pío pío porque tienen hambre porque tienen frío ... Mano firme Sr. Alcalde A este oficio me obligan los dolores ajenos, las lágrimas, los pañuelos saludadores, las promesas en medio del otoño o del fuego, los besos del encuentro, los besos del adiós, todo me obliga a trabajar con las palabras, con la sangre. 53 54 Nunca fui el dueño de mis cenizas, mis versos, rostros oscuros los escriben como tirar contra la muerte. Alejandra Pizarnik Madrugada Desnudo soñando una noche solar. He yacido días animales. El viento y la lluvia me borraron como a un fuego, como a un poema escrito en un muro. Antonio Cisneros Oración Qué duro es, Padre mío, escribir del lado de los vientos, tan presto como estoy a maldecir y ronco para el canto. Cómo hablar del amor, de las colinas blandas de tu Reino, si habito como un gato en una estaca rodeado por las aguas. Cómo decirle pelo al pelo diente al diente rabo al rabo y no nombrar la rata. De El libro de Dios y de los húngaros, 1978. Ejercicio Elige uno de los poemas arriba y escribe un breve comentario sobre él. 55 Se você: 1) 2) 3) 4) concluiu o estudo deste guia; participou dos encontros; fez contato com seu tutor; realizou as atividades previstas; Então, você está preparado para as avaliações. Parabéns! 56 Glosario Anhelo – um desejo muito intenso. Anquilosado – muito velho. Archiutilizado – muitíssimo utilizado; o prefixo archi significa “muito”. Arrabal – subúrbio. Balbuceo – balbucio. Callejero – refere-se à “calle”, à rua; o que é de rua. Callejón sin salida – rua sem saída, beco sem saída. Chancho – Porco. Cometa – cometa, mas no contexto significa pipa. Cubo - balde. Desarrollo – desenvolvimento. Echar mano – lançar mão. Enmarcar – emoldurar. Etnocéntrico (derivado de etnocentrismo) – Visión del mundo prejuiciosa o racista, que pone a una etnia como el centro del mundo, en este caso, la raza blanca o europea; término equivalente a eurocentrismo (Europa como el centro del mundo). Gitano/a – cigano, a. Hallazgo – achado. Huella – marca, pegada, pista. Maniqueo/a – maniqueísta. Manzana – maçã; quarteirão. Ontología – que é próprio do ser, da sua essência. Quehacer – fazer poético, literário. Ráfaga – rajada. Rol – papel. Savia – seiva. Trago (mal trago) – expressão equivalente ao que diríamos em português “engulir sapo”. Tragar é engolir. Claves Unidad I Las Vanguardias en España 1. Estos son los dos escritores que introducen las vanguardias en España. Hombres de amplia cultura, ambos influyeron la juventud literaria de su país al inicio del siglo XX. 2. La ruptura con la forma poética tradicional a través de la introducción en el poema de todo un vocabulario futurista, o sea, maquinista, y de la experimentación formal. Proponía también el rechazo del sentimentalismo, del exotismo y de la musicalidad del verso, para sustituirlos por una poesía objetiva y más realista, basada en la técnica y los cambios sociales, hecha con versos libres y sin artificios retóricos tradicionales, y echando mano de metáforas e imágenes cada vez más osadas y creativas. 3. Respuestas posibles: “un ojo de ave sobre la ciudad”; “ascensor horizontal/un expreso de horas cruza la yerba”; “los vellocinos perdidos/refulgen en los cielos”; “en mi corazón/se ha cariado el piano”; “todavía del paracaídas/ llueven los cánticos” y “los pájaros de la lluvia/picotean los higos de los charcos.” Jorge Luis Borges 1. El Creacionismo propone que el poeta sea autónomo y creativo, y cree sin imitar a nada y tampoco a la Naturaleza, o sea, sin repetir meramente lo que ya existe. Que invente imágenes y metáforas fuertes y osadas. 2. Éste es un metapoema, o sea, un poema que habla sobre la propia poesía. El “yo” poético, aquí identificado con el mismo Huidobro, habla del quehacer poético, de la labor del poeta con las palabras, con el lenguaje. Pero, fundamentalmente, habla de su necesidad de no imitar a la naturaleza, de ser él mismo el creador supremo de su obra poética. Para Huidobro la poesía tiene que hacer temblar el oyente, o sea, tiene que tocarle el alma o el espíritu por la fuerza inherente a las palabras. La poesía es un lenguaje autónomo que alcanza el alma humana por encima de su racionalidad. Afirma también que “el adjetivo, cuando no da vida, mata”, es decir, el creacionismo pregona una estética de la acción, de creación, por eso enfatiza el uso del sustantivo y de los verbos, rechazando el uso abusivo del adjetivo, cuya función es mucho más ornamental y está ligado a la tradición más antigua de la poesía retórica. La tercera estrofa se refiere al tiempo presente del poema, o sea, a su contexto de inicios del siglo XX, marcado por la ebullición de las vanguardias. El último verso “el poeta es un pequeño dios” es el lema supremo del Creacionismo. 3. Su obra poética se hace a través de una constante lucha con el lenguaje, y refleja la historia de su tiempo como un intenso, profundo y dramático canto humanista. De ese intercambio entre lo privado (el “yo” poético) y lo público (el contexto histórico) nacen los libros España aparta de mi ese cáliz y Poemas humanos, aunque verdaderamente toda la obra de Vallejo se inserta en este mismo contexto humanista. Pero también el poeta se filia al Partido Comunista y apoya la intelectualidad española contra el fascismo del general Franco. 4. Respuestas posibles: Primer poema - “y quedé entre las casas,/cuadriculadas en manzanas”; “el pastito precario/ desesperadamente esperanzado/salpicaba las piedras de la calle”; “y sentí Buenos Aires.”; “Esta ciudad que yo creí mi pasado”; “yo estaba siempre (y estaré) en Buenos Aires.” Segundo poema – “y despeja las calles”; “La brisa trae corazonadas de campo,/dulzura de las quintas, memorias de los álamos,/que harán temblar bajo rigideces de asfalto/la detenida tierra viva/que oprime el peso de las casas.”; “inquieta los balcones cerrados”; “También está el silencio en los zaguanes.”; “Yo soy el único espectador de esta calle;” “(Advierto un largo paredón erizado/de una agresión de aristas/y un farol amarillento que aventura/su indecisión de luz.”; “la noche pierde las mediocres calles.” Unidad II 1. Muchos intelectuales se presentan como voluntarios en las Brigadas Internacionales para ir a luchar en los frentes de guerra. Otros trabajan en actividades de propaganda y formación ideológica de los combatientes, además de escribir libros dedicados a la guerra (como Vallejo, Hernández y Neruda). Pero todos luchan intelectual y/o militarmente en la guerra, participando de sus ideologías y esperanzas. 2. Góngora era un poeta marginal y mal considerado en los círculos académicos y universitarios de la época. Él representa “el arte por el arte” y el vigor popular. Es, también, una parte de pasado necesaria para no perderse en las novedades futuristas y vanguardistas importadas de Europa. La poesía de Góngora es la tradición que asegura, para los jóvenes poetas de la época, el estremecimiento humano y el vigor popular algo olvidados por los tecnicismos vanguardistas. 57 58 3. Ambos cuentos tienen como ambiente el siniestro y agobiante escenario de una sociedad de relaciones injustas y miserables. Sin embargo, ambos protagonistas – la madre del primer cuento y el personaje del segundo – se resisten como pueden, haciéndose árbol o saltando un muro con tantos sacrificios, para después correr hacia no se sabe dónde. Este muro es un fuerte símbolo de los obstáculos, además de una buena metáfora para la conciencia cultural de la España de posguerra. En este contexto, muchos intelectuales permanecieron en España sobrellevando la situación – como un árbol seco pero vivo – o se fueron al extranjero en busca de exilio – como el que salta el muro. Unidad III 1. Un realismo que sea capaz de ampliar la imagen que se tiene de la realidad, tornándola más plurivalente, abierta y creativa, al mismo tiempo que incorpore el debate sobre la identidad del continente, o sea, sobre su profundo mestizaje – un tema tan importante para entendernos y del cual anteriormente sólo se hablaba negativamente. 2. El “boom” fue una promoción de la editorial Seix-Barral, de Barcelona. Su editor, Carlos Barral, inicia la divulgación de la nueva novela a través de la premiación de La ciudad y los perros, de Mario Vargas Llosa. Enseguida publica otras obras y autores, y consigue que todos tengan un enorme éxito editorial en España. Pero, por otro lado, el llamado “boom” también se refiere a un grupo de novelistas que tenían en común una escritura con fuertes rupturas estructurales y la ideología militante revolucionaria, en pro de América Latina. 3. Propone una teoría estética y estructural, y establece una verdadera profesión de fe para los escritores. Requiere la toma de conciencia de la nueva identidad mestiza latinoamericana y del compromiso del escritor con la realidad histórica, política y social del continente, además de la defensa del mundo mítico o mágico que forma parte activa y actuante de nuestra realidad más cotidiana (piénsese en las religiones africanas y en la mitología indígena, por ejemplo). 4. El anti-héroe americano, Manolo, deja su tierra natal, guiado por los sueños de consumo etnocéntricos que ponen a Europa como el centro del mundo. “Dos Indios” es un convite a atravesar el puente del olvido e ingresar en la memoria de nuestros ancestros. La palabra escrita se une a la hablada y ambas se reconcilian, inaugurando la unión de una dicotomía generada por las nuevas directrices en el ámbito de la comunicación, determinadas por el colonizador europeo – la imposición de la escritura. Manolo, símbolo de los pueblos hispanoamericanos, cuyo proceso de transculturación provocó una ruptura en la identidad nacional, al final vuelve, ahora más consciente de que de él depende la revisión y el rescate de los orígenes nacionales. Sus indios, sus indefensos amigos, son como niños en un cuarto oscuro, en un pretérito tiempo histórico de glorias. Unidad IV Propongo una interpretación a modo de ejemplo: El cuento de Pere Calders, “Balance”, se construye con una fuerte dosis de ironía. El “balance” de una vida simple y lineal se da en un evento igualmente cotidiano, pero que tiene un desenlace dramático y fatal: la muerte. Se advierte el tono irónico del narrador a través de algunas expresiones: “le pasó aquello tan conocido de contemplar de un vistazo toda su vida”, “(dicho sea entre nosotros)” y en la referencia al acto de morirse como un simple mal trago. O sea, que la misma resignación con que se vive, también se muere. Y dicha resignación es un sentimiento considerado pobre, ironizado y criticado por el autor. Unidad V 5.1 Propongo una interpretación a modo de ejemplo: En el poema “Cae la noche”, de José Ángel Valente, el cuerpo humano o el alma se transforman en una casa o en un castillo lleno de peldaños y galerías. La imagen del corazón descendiendo por las escaleras del alma es la imagen de la conciencia encontrando su sentido más profundo, la pena, identificada, en el poema, con el propio ser. Ese ser hecho de pena, el hombre, puede cargar su corazón a las espaldas (o sea, como un peso) para subir las mismas escaleras, hasta encontrar el día. Éste es el sacrificio, la única manera de conseguir la resurrección a cada día. O sea, el corazón, la conciencia, el espíritu humano, el universal símbolo del amor, es lo único que puede erguir al hombre del dolor, de la pena (identificada en el poema con la noche, la oscuridad), para hacerle alcanzar la luz. Ésa es la resurrección que tiene que realizar todas las mañanas si quiere conseguir caminar, progresar, vivir. 5.2 Propongo una interpretación a modo de ejemplo: En el poema “Oración”, de Antonio Cisneros, la palabra poética se identifica con la palabra litúrgica, sacerdotal. Pero no es nada fácil cantar las maravillas del mundo (como lo hacía la poesía más antigua o el discurso religioso), y por eso la voz poética se enfrenta al “poder” de la palabra, del lenguaje, para en fin chocarse con las posibilidades que le quedan al tener que enfrentarse a la realidad histórica y social del mundo. El poema demuestra toda la melancolía del poeta-sacerdote al intentar mantenerse fiel a su papel de poeta o sacerdote, pero también a su papel de hombre comprometido con la realidad de su época. 59 60 Referências Bibliográficas BELLINI, Giuseppe. Nueva historia de la literatura hispanoamericana. Madrid: Castalia, 1997. BENEDETTI, Mario. Crítica Cómplice. Madrid: Alianza Editorial, 1988. CARDENAL, Ernesto. Cántico Cósmico. Madrid: Trotta, 1999. CILLERUELO, José Angel (org.). Antología de la poesía contemporánea. Barcelona: Hermes: 2002. CORTÁZAR, Julio. Algunos aspectos del cuento. In: PACHECO, Carlos & BARRERA LINARES, Luis (Comp.). 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