"CUANDO PASO POR TU PUERTA..." ANÁLISIS COMPARATISTA

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"CUANDO PASO POR T U PUERTA..."
ANÁLISIS C O M P A R A T I S T A D E U N P O E M A D E
M I G U E L HERNÁNDEZ
Para Cristina
E n t r e m a r z o y s e p t i e m b r e d e 1 9 3 9 , M i g u e l H e r n á n d e z a n o t ó , e n la
p e q u e ñ a l i b r e t a q u e l e a c o m p a ñ ó e n a q u e l l o s a m a r g o s días d e c á r c e l , u n c o n j u n t o d e 74 p o e m a s q u e c o m p o n e n e l n ú c l e o p r i n c i p a l
d e l q u e d e s p u é s sería s u Cancionero y romancero de ausencias. U n o d e
sus m á s h e r m o s o s y e m o t i v o s p o e m a s , e l n ú m e r o 41 d e l a s e r i e , n o
v e r í a l a l e t r a i m p r e s a h a s t a 1 9 6 1 ( d i e c i n u e v e a ñ o s d e s p u é s d e la
m u e r t e de su a u t o r ) , s i n título y s i n l a p r i m e r a estrofa, q u e más a d e l a n t e quedaría r e s t a u r a d a e n esta versión más e x t e n s a d e l p o e m a :
C u a n d o paso p o r t u p u e r t a ,
la tarde m e v i e n e a h e r i r
c o n su h e r m o s u r a desierta
q u e n o acaba de m o r i r .
5
T u p u e r t a n o tiene casa
n i calle: tiene u n c a m i n o
p o r d o n d e l a tarde pasa
c o m o u n caudaloso vino.
T u p u e r t a tiene u n a llave
q u e p a r a todos r e c h i n a .
E n l a tarde h e r m o s a y grave
n i u n a sola g o l o n d r i n a .
10
E n t u p u e r t a n o hay v e n t a n a
por d o n d e poderte hablar.
T a r d e , h e r m o s u r a lejana
que n u n c a podré lograr.
15
Hierbas en tu puerta crecen
de ser apenas p i s a d a .
T o d a s las cosas p a d e c e n
ante t u triste m i r a d a .
20
1
OA<5 O Í IX
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NRFH, L
JOSÉ M A N U E L PEDROSA
e n l a tarde a z u l de abierta.
25
Y l a tarde a z u l c o r o n a
tu p u e r t a gris, de vacía.
Y l a n o c h e se a m o n t o n a
sin esperanzas de día .
1
Entre la lectura del manuscrito principal del poema y las de otras
fuentes manuscritas de Hernández pueden apreciarse variantes que
afectan a los versos 8 (cuya alternativa sería "como un agua sin destino"), 18 ("de ser tan poco pisada") y 20 ("sobre la tarde abrasada").
L a laguna más importante, la que figura entre los versos 21 y 23, quedaría "salvada" gracias a los siguientes versos, manuscritos en otros
papeles del autor:
L a p i e l de t u p u e r t a e n c i e r r a
u n lecho que compartir.
L a tarde n o e n c u e n t r a t i e r r a
d o n d e ponerse a morir.
L l e n o d e u n siglo de ocasos
de u n a tarde a z u l de a b i e r t a ,
h u n d o e n t u p u e r t a mis pasos
y n o sales a t u p u e r t a .
2
LA PUERTA Y L A TARDE
Resulta más que obvio que, tras estas estremecidas cuartetas de M i guel Hernández, palpita la angustia de la separación de su esposa y
el dolor de saberla absolutamente sola, indefensa y desatendida, sobre todo en lo emocional y en lo sentimental. E l poeta, en efecto, se
lamenta una y otra vez, más que de las precarias condiciones de vida
en que ha debido quedar sumida su compañera, de la soledad y el
abandono amorosos que deben atenazarla, simbolizados en el vacío
del "lecho que compartir" al que tiene que enfrentarse cada día
mientras su esposo la recuerda impotente desde la prisión:
D e s e c h o l a p r i m e r a e d i c i ó n d e l p o e m a , p u b l i c a d o e n d i c i e m b r e de 1961 e n
ios Papeles de Son Armadans, 6 9 , y s i g o l a versión más c o m p l e t a y crítica p u b l i c a d a e n
1
M I G U E L HERNÁNDEZ, El hombre acecha. Cancionero y romancero de ausencias, eds. L . d e
L u i s y j . U r r u t i a , Cátedra, M a d r i d , 1988, p p . 185-186.
V é a n s e las n o t a s d e l a e d . cit. d e L . d e L u i s y J . U r r u t i a .
2
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L a p i e l de t u p u e r t a e n c i e r r a
u n l e c h o que c o m p a r t i r .
L a tarde n o e n c u e n t r a t i e r r a
d o n d e ponerse a m o r i r .
N o cabe duda de que la palabra puerta, sobre la que se levanta toda la arquitectura simbólica del poema de Miguel Hernández, opera
aquí como una especie de metáfora amorosa, e incluso sexual, que
identificaría a un tiempo las zonas eróticas del propio cuerpo —"la
piel de tu puerta..."— y los impulsos, deseos y frustraciones amorosos
de la mujer separada a la fuerza de su marido. Y que la palabra tarde,
presente también en todas las estrofas del poema (excepto en la
quinta), constituye una compañera simbólica perfecta, con su inevitable carga connotativa relacionada con el ocaso y con la oscuridad,
de la puerta abandonada y cerrada a los luminosos goces del amor.
Resulta impresionante constatar las estrategias verbales y simbólicas —basadas en el uso de la negación omnipresente en el plano
formal y en el del contenido del poema— que utiliza Miguel Hernández para lamentar, a un tiempo, la falta de satisfacción amorosa y de
esperanzadora luz que aqueja a los dos amantes. E n sus escasas y concentradas cuartetas, la puerta de la mujer "no tiene casa", en ella "no
hay ventana", es apenas pisada, la puerta es "gris, de vacía", tiene "un
lecho que compartir", y la mujer nunca sale "a tu puerta"; por su parte, la tarde tiene "una hermosura desierta", "no acaba de morir", no
tiene " n i una sola golondrina", tiene una "hermosura lejana / que
nunca podré lograr", está "sin esperanzas de día", "no encuentra tierra / donde ponerse a morir", y se identifica con "un siglo de ocasos".
L a forzosa insatisfacción de los deseos amorosos y la angustiosa
falta de esperanza, vertidas en la metáfora de la imposibilidad de entrar por la puerta de la mujer para que la tarde se llene de luz, encuentran, en los versos de Miguel Hernández, una formulación de
coherencia formal —por medio de las negaciones léxicas y sintácticas— y de profundidad simbólica —gracias a las metáforas relacionadas con la puerta no transitada y con la tarde moribunda— tan
compactas y emotivas que sería difícil encontrar, en lengua española, poemas capaces de transmitir sentimientos de desolación tan i n tensos y lacerantes como los que comunica éste.
L A PUERTA Y EL SEXO FEMENINO
L a interpretación del poema de Miguel Hernández podrá enriquecerse notablemente si lo ponemos en relación con una vieja y
arraigadísima tradición, casi universal, que equipara la voz y el significado de la puerta con el sexo femenino.
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U n reciente y agudo estudio de Louise O . Vasvari sobre el simbol i s m o s e x u a l f e m e n i n o d e las p u e r t a s n o s e x i m e a h o r a d e a c u m u l a r
demasiados detalles al respecto. Baste d e c i r q u e Vasvari parte de u n
c é l e b r e r o m a n c e castellano d o c u m e n t a d o e n los siglos x v y xvi, e l q u e
comenzaba 'Yo me era m o r a M o r a i m a " o "moraina", para afirmar
q u e l a escena e n q u e l a m o r a abre l a p u e r t a al falso cristiano disfrazad o de m o r o —tradicionalmente interpretada c o m o la descripción de
u n a v i o l a c i ó n — n o es m á s q u e u n a p u r a m e t á f o r a d e u n a r e l a c i ó n
a m o r o s a c o n s e n t i d a e n t r e u n a m u j e r — q u e viste c o n t o d a i n t e n c i ó n
s ó l o u n l i g e r o " a l m e j í n o h a l l a n d o m i b r i a l " — y a b r e s u puerta —sexual— al h o m b r e que la galantea:
3
Yo m'era mora Moraima,
m o r i l l a d ' u n b e l catar;
cristiano v i n o a m i p u e r t a ,
c u i t a d a , p o r m'engañar;
h a b l ó m e e n algaravía
c o m o a q u e l q u e l a b i e n sabe:
—Abrasme las puertas, m o r a ,
si Alá te g u a r d e de m a l .
—¿Cómo t'abriré, m e z q u i n a ,
q u e n o sé quién te serás?
—Yo soy e l m o r o Mazóte,
h e r m a n o de l a t u m a d r e ,
q u e u n cristiano d e j o m u e r t o , tras de m í viene e l alcaide.
Si n o m e abres tú, m i v i d a ,
aquí m e verás matar—.
C u a n d o esto oí, c u i t a d a ,
c o m e n c é m e a levantar;
vistiérame u n almejí
no hallando m i brial;
fuérame p a r a l a p u e r t a
y a b r i l a de p a r e n p a r .
4
V a s v a r i a v a l a l a i n t e r p r e t a c i ó n e r ó t i c a d e este p o e m a , y las c o n n o t a c i o n e s g e n i t a l e s d e l a p a l a b r a puerta, a d u c i e n d o d o c e n a s d e t e x tos d e i n n u m e r a b l e s t r a d i c i o n e s l i t e r a r i a s y folclóricas d e t o d o e l
m u n d o — d e s d e e l Cantar de los cantares b í b l i c o h a s t a h o y — q u e m u e s t r a n los obvios p a r a l e l i s m o s e n t r e esa voz y l a designación eufemística d e l sexo f e m e n i n o .
P a r a n o caer e n reiteraciones superfinas, traeremos a h o r a a colación sólo textos q u e n o f u e r o n c o m e n t a d o s e n el trabajo de Vasva-
r i . P a r t i r e m o s d e l Poema de Gilgamesh, e s c r i t o e n l e n g u a a c a d i a e n l a
B a b i l o n i a de antes de 1500 a . C , y q u e p r e s e n t a el m o m e n t o e n q u e el
h é r o e r e c h a z a así l a s e d u c c i ó n d e l a d i o s a I s h t a r :
— j N o ! ¡ N o te q u i e r o
c o m o esposa!
P o r q u e eres sólo u n h o r n o
q u e se a p a g a c o n e l frío,
una puerta oscilante
que no resiste ni corrientes de aire ni vientos .
5
3
The heterotextual body of the "Mora morilla", Q u e e n M a r y a n d W e s t f i e l d C o l l e g e ,
L o n d o n , 1999.
S i g o l a versión d e l Romancero, e d . P a l o m a Díaz-Mas, Crítica, B a r c e l o n a , 1994,
núm. 83.
4
5
La epopeya de Gilgamesh, el gran hombre que no quería morir, e d . J . Bottéro, trad. P .
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E n e l m e d i e v a l Cantar de Guillermo f r a n c é s , l a e s c e n a d e l r e g r e s o
d e l p r o t a g o n i s t a a su h o g a r t i e n e u n a f u e r t e c o n n o t a c i ó n e r ó t i c a , r e f o r z a d a p o r l a i r ó n i c a a l u s i ó n "al b u l t o d e l a n a r i z " q u e la e s p o s a p r e t e n d e r e c o n o c e r a n t e s d e f r a n q u e a r sus p u e r t a s a l f o r a s t e r o :
E l n o b l e c o n d e l l e g a hasta l a c i u d a d :
—¡Guiburc! ¿Me dejaréis entrar?
—No —dice ella—, p o r l a fe q u e d e b o a D i o s , si no me mostráis el bulto
de la nariz que tenía Guillermo, e l marqués d e l a n a r i z c o r v a , después d e l a
batalla c o n t r a e l rey T e o b a l c l o e l Eslavo. M u c h o s h o m b r e s se p a r e c e n
p o r e l v a l o r y l a n o b l e z a , p e r o yo estoy sola, ningún h o m b r e hay a m i l a d o e x c e p t o e l p o r t e r o q u e aquí veis.
Entonces el conde dice:
—j Jamás escuché palabras tales! Este adversario m e h a h e c h o sufrir
hoy m u c h o .
Desata los lazos d e su y e l m o engastado c o n p i e d r a s preciosas y l o
deja deslizar sobre sus h o m b r o s y t o d a l a cara q u e d a a l d e s c u b i e r t o . L a
d a m a l o m i r a y l o r e c o n o c e p e r f e c t a m e n t e ; l a n z a u n p r o f u n d o suspiro y
c o m i e n z a a l l o r a r d e los ojos:
— A m i g o m í o , h e r m a n o q u e r i d o , a b r i d l e , pues es G u i l l e r m o , m i señ o r legítimo.
L u n e s al anochecer.
A b r e n l a p u e r t a y r e c i b e n a G u i l l e r m o . Hace mucho tiempo que deseaba estar dentro .
6
¿ C ó m o n o a p r e c i a r e n este c u r i o s í s i m o bulto de la nariz d e G u i l l e r m o u n e u f e m i s m o f á l i c o s i m i l a r —hasta e n s u ironía— a l q u e r e s u l t a t a m b i é n r e c o n o c i b l e e n e l pie helado d e l p o e m a l a t i n o m e d i e v a l q u e d e c í a
T a n t o t i e m p o , señora, he merodeado junto a tu puerta,
que mi pie está helado, h e r m o s a señora, p o r t u a m o r ,
atado a l a estaca ?
7
E n e l Cancionero de obras de burlas provocantes a risas d e c o m i e n z o s
del siglo xvi, u n a célebre prostituta era presentada e n los siguientes
términos:
G r a c i a es u n a m u j e r e n a m o r a d a , g r a n l a b r a n d e r a . . . Es m u j e r q u e continuo está en su puerta labrando y p o r m a r a v i l l a passa n i n g u n o q u e ella n o
L ó p e z B a r j a d e Q u i r o g a , A k a l , M a d r i d , 1998, p . 146. S o b r e e l s i m b o l i s m o e r ó t i c o d e
l a v o z horno, p r e s e n t e t a m b i é n e n estos versos, véase m i artículo " E l h e r r e r o , las c a b r i l l a s y e l h o r n o : l é x i c o y s i m b o l i s m o eróticos e n La Lozana Andaluza ( X I V ) y e l
Quijote (II: 4 1 ) " , Criticón, e n p r e n s a .
Cantar de Guillermo, e d . J . R u b i o T o v a r , G r e d o s , M a d r i d , 1 9 9 7 , p p . 153-154.
7p
D R Q N K E , La lírica en la Edad Media, A r i e l , B a r c e l o n a , 1995, p . 1 8 5 .
6
E T E R
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JOSÉ M A N U E L PEDROSA
l o m i r e . . . A g o r a es a m i g a d e u n sastre y t i e n e también a l g u n o s g i r o n e s
eclesiásticos... .
8
E n las siguientes cancioncillas folclóricas se podrá advertir también la amplia variedad de registros con que puede sustanciarse el
paralelismo simbólico entre lapuertay el sexo femenino:
Ábreme la puerta,
la p u e r t a d e l a calle,
q u e esta n o c h e v e n g o
a hablar c o n tu padre .
9
Si t u m a d r e n o q u i e r e
que te visite,
q u e te tape l a p u e r t a
con u n tabique .
10
A b r e l a p u e r t a , María,
q u e te traigo e l a g u i n a l d o :
una m o r c i l l a caliente.
¡Aprieta, q u e salga e l c a l d o !
1 1
A l pasar p o r t u p u e r t a
te v i las bragas,
y como eran encarnadas
se m e espantó e l m a c h o .
1 2
Que el sentido erótico de la voz puerta se ha mantenido vivo hasta hoy lo avalan, finalmente, dos escenas muy reveladoras de una re-
E d s . J . A . B e l l ó n y P . J a u r a l d e P o u , A k a l , M a d r i d , 1974, p . 188. S o b r e e l s e n t i d o
e r ó t i c o y l a r e l a c i ó n c o n l a prostitución d e l a d j e t i v o " l a b r a n d e r a " , véanse M A N U E L DA
COSTA FONTES, " C e l e s t i n a ' s hilado a n d r e l a t e d s y m b o l s " , CeL, 1984, n ú m . 8, 3-13 y " C e l e s t i n a ' s hilado a n d r e l a t e d s y m b o l s : A s u p p l e m e n t " , Cel, 1985, n ú m . 9, 33-38; IAN
MACPHERSON, " C e l e s t i n a l a b r a n d e r a " , RLitMed, 4 ( 1 9 9 2 ) , 177-186; e I. MACPHERSON y
A N G U S MACKAY, " M a n t e n i e n d o l a t e l a : e l e r o t i s m o d e l v o c a b u l a r i o c a b a l l e r e s c o - t e x t i l
8
e n l a é p o c a d e los Reyes Católicos", e n Actas del Primer Congreso Anglo-Hispano, t. 2:
Literatura, eds. A . D e y e r m o n d y R . P e n n y , C a s t a l i a , M a d r i d , 1 9 9 3 , p p . 25-36.
D O M I N G O H E R G U E T A Y MARTÍN, Folklore húrgales, D i p u t a c i ó n P r o v i n c i a l , B u r g o s ,
1934 [ r e i m p . 1 9 8 9 ] , p . 9 3 ; r e p r o d u c i d o e n IGNACIO FERNÁNDEZ DE M A T A , De la vida, del
9
amor y la muerte. Burgos y su provincia en la Encuesta de 190L1902 del Ateneo de Madrid,
Librería B e r c e o , B e r c e o , 1997, p . 7 6 .
1 0
M A N U E L U R B A N O , Sal gorda: cantares picantes del folklore español, H i p e r i ó n , M a -
d r i d , 1999, p . 8 1 .
Ibid.,p.
n
180.
Canción c o m u n i c a d a p o r V i c e n t e Sánchez, n a c i d o e n T o b a r r a (Albacete) e n
1 9 5 5 , y e n t r e v i s t a d o p o r m í e n M a d r i d e l 11 d e m a r z o d e 1992.
1 2
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c í e n t e n o v e l a d e l e s c r i t o r y c i n e a s t a c h i l e n o M i g u e l L i t t i n , El bandido
de los ojos transparentes. L a p r i m e r a es a b i e r t a m e n t e e r ó t i c a :
M e m o n t é e n c i m a de ella, y abriéndole las piernas cerré los ojos y entré
en su casa sin golpear la puerta. E n t r e sueños abrió sus ojos verdes y m e
ofreció su b o c a . . . .
1 3
E l e r o t i s m o de l a s e g u n d a escena resulta m u c h o más v e l a d o ,
a u n q u e sigue siendo i n c o n f u n d i b l e . Presenta al protagonista, el b a n d i d o El Torito c o n v e r t i d o e n a p a c i b l e z a p a t e r o , c e l o s a m e n t e v i g i l a d o
p o r su m u j e r a partir d e l m o m e n t o e n q u e dos j ó v e n e s forasteras, rec i é n l l e g a d a s a l p u e b l o , se d e d i c a n a e x c i t a r l o s i n s t i n t o s l i b i d i n o s o s
a través d e s u p u e r t a :
—Mañana va a c e r r a r l a p u e r t a .
—¿Y c ó m o q u i e r e q u e trabaje sin l u z , señora F e l i c i a n a ?
—Prenda l a lámpara de c a r b u r o —contestó ella, y m e sirvió o t r o mate.
L o de l a lámpara m e r e c o r d ó l a cárcel, p e r o n o dije n a d a , p o r q u e
c o m o l a F e l i c i a n a n a d a sabía de esa parte de m i v i d a , n o era t a m p o c o el
m o m e n t o de h a b l a r de cosas d e l pasado.
—Prende b i e n l a lámpara de c a r b u r o , que d a m u c h a y b u e n a viva
l u z de n o c h e , hasta q u e se vayan d e l p u e b l o esas forasteras, tan i n q u i e tas y fijo ñas. N a d a de m i r a r tanto a l a calle, p o r q u e m e l o o j e a n .
14
"TU PUERTA TIENE U N A LLAVE /
Q U E PARA T O D O S R E C H I N A . . . "
U n a v e z c o n s t a t a d a s l a a m b i v a l e n c i a s i g n i f i c a t i v a d e l a p a l a b r a puerta
y sus p o s i b i l i d a d e s d e c o n n o t a c i ó n e r ó t i c a , r e s u l t a m u c h o m á s i n t e l i g i b l e l a interpretación d e estrofas d e l p o e m a de H e r n á n d e z c o m o l a
que decía
10
T u p u e r t a tiene u n a llave
q u e p a r a todos r e c h i n a .
E n l a tarde h e r m o s a y grave
n i u n a sola g o l o n d r i n a .
L a i m p o s i b i l i d a d de q u e n i n g u n a llave a b r a l a p u e r t a de l a m u j e r
m i e n t r a s e l m a r i d o está e n p r i s i ó n , e x p r e s a d a e n l o s v e r s o s d e s o l a d o s
d e l p o e t a a l i c a n t i n o , nos vuelve a enfrentar a o t r a metáfora erótica
b i e n a t e s t i g u a d a d e s d e t i e m p o s m u y a n t i g u o s : l a d e l a llave, q u e h a
c o n t a d o c o n u n t r a d i c i o n a l sentido fálico m u c h a s veces contrapues-
t o a l f e m e n i n o d e l a puerta.
Seix Barral, Barcelona, 1999, p. 167.
*Ibid.,p. 175.
1 3
l
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U n a vez más, Vasvari ha traído a colación, al respecto, una estrofa lírica latina que forma parte de las conocidas como Canciones de
Cambridge de los siglos xi-xm:
V e n [ i ] , d [ilectissi [me, et a et o, [... ]
g r a t a m m e invisere, et a et [o] et a et o! [...]
I n l a n g u o r e p e r e o , et a et o [... ]
V e n e r e m [ d e s ] i d e r o , [et a et o et a et] o! [...]
Si e u m clave veneris, et a et o, [... ]
[ m o x ] i n t r a r e poteris, et a et o et a et o !
1 5
Es decir:
V e n , m i a m o r . . . visítame; m e c o m p l a c e . . . M e m u e r o p o r la distancia... D e seo h a c e r e l a m o r . . . Si vienes c o n t u llave... podrás entrar rápidamente...
Otra canción inglesa, en este caso la folclórica Strawberry fair, evocada también por Vasvari, decía así:
O h , I have a l o c k that d o t h lack a key,
ritol, ritol, riddletol delido,
I have a l o c k that d o t h lack a key,
T o l de dee,
I have a l o c k , s i r ' , she d i d say,
a n d i f y o u got the key t h e n c o m e this way,
R i t o l , r i t o l , r i d d l e t o l de l i d o .
1 6
Es decir:
O h , yo t e n g o u n c e r r o j o a l q u e le falta l a l l a v e . . . Y o t e n g o u n cerrojo a l
q u e le falta l a l l a v e . . . Y o tengo u n c e r r o j o , señor, d i j o ella, y si usted tien e l a llave, véngase p o r aquí...
Además de las muy sugerentes canciones folclóricas españolas
—que no vamos a reproducir— aducidas por Vasvari, se pueden aducir otras que terminan de demostrar el innegable simbolismo fálico
de la palabra llave en el contexto de los versos de Miguel Hernández:
C o n t i g o n o quieo más l i g a ;
m i p u e r t a n o gasta yabe
de m e d i a n o c h e ^ ' a r r i b a .
1 7
Op. ext., p . 8 0 . M u c h o s más datos s o b r e e l s i m b o l i s m o fálico d e l a llave se
p o d r á n e n c o n t r a r e n las p p . 80-81.
15
ÍQ
Ibid.,p.
80.
FRANCISCO RODRÍGUEZ M A R Í N , Cantos populares españoles, 4 ts., F r a n c i s c o A l v a r e z
y Cía., S e v i l l a , 1882-1883, n ú m . 4 7 9 7 .
1 7
NRFH, L
ANÁLISIS D E U N P O E M A D E M I G U E L H E R N Á N D E Z
211
C o m o m u c h o está l l o v i e n d o
y l a n o c h e está o b s c u r a ,
a tientas te estoy m e t i e n d o
l a llave e n l a c e r r a d u r a .
T i e n e s e l baúl a b i e r t o
y n i D i o s sabe
si te l o habrán a b i e r t o
c o n u n a llave.
S i te l o habrán a b i e r t o ;
y jole l o b u e n o ! ,
l o q u e tiene m i a b u e l a
es pa m i a b u e l o .
1 8
"HIERBAS EN TU PUERTA CRECEN / DE SER APENAS PISADA.
D e n t r o de l a apretadísima constelación simbólica d e l p o e m a a m o roso de M i g u e l Hernández, que hace girar e n torno a la i m a g e n o m n i p r e s e n t e d e la puerta o t r a s m e t á f o r a s s e c u n d a r i a s c o m o l a d e la
llave, p u e d e n a ú n r a s t r e a r s e m á s e l e m e n t o s d e s i m b o l i s m o t a n s u t i l y
p r o f u n d o c o m o r e s p a l d a d o p o r añejas t r a d i c i o n e s .
P o r e j e m p l o , si a t e n d e m o s a l a q u i n t a c u a r t e t a d e l p o e m a , l a q u e
afirma que
Hierbas en tu puerta crecen
de ser apenas p i s a d a .
T o d a s las cosas p a d e c e n
ante t u triste m i r a d a ,
20
q u e , c o n las v a r i a n t e s d e l o s o t r o s m a n u s c r i t o s p o d r í a l e e r s e t a m b i é n
20
Hierbas en tu puerta crecen
de ser t a n p o c o p i s a d a .
T o d a s las cosas p a d e c e n
sobre l a t i e r r a abrasada,
n o n o s será difícil l l e g a r a l a c o n c l u s i ó n d e q u e e s t a m o s a n t e u n a l a mentación, apenas velada, de la forzosa inactividad sexual a que la
reclusión d e l h o m b r e c o n d e n a al m a t r i m o n i o .
L a e x p r e s i ó n pisar t i e n e e f e c t i v a m e n t e , y d e s d e m u y a n t i g u o , u n a
a c e p c i ó n i n d u d a b l e m e n t e erótica, m u y p o s i b l e m e n t e r e l a c i o n a d a
c o n c i e r t o s r i t o s d e g a l a n t e o y d e m a t r i m o n i o q u e se h a l l a n b i e n d o cumentados en la E d a d M e d i a europea:
1 8
M . U R B A N O , op. ciL, p. 2 0 8 .
NRFH, L
JOSÉ M A N U E L PEDROSA
212
L a e n t r e g a de l a n o v i a a l n o v i o i b a s e g u i d a de l a t o m a de posesión p o r
parte de éste, expresada en el gesto de pisarle el pie o e n t r e g a r l e u n zapato o
u n a zapatilla. E l n o m b r e alemán d e l m a r i d o c o n d e s c e n d i e n t e , Pantoffelheld, " h é r o e de l a z a p a t i l l a " , e x p r e s a todavía h o y u n a relación m a t r i m o n i a l i n v e r t i d a . C o n este acto concluían los e s p o n s a l e s .
19
H a s t a h o y h a n l l e g a d o e c o s d e este t i p o d e c r e e n c i a s y d e r i t u a les, c o m o l o s q u e se s i g u e n p r a c t i c a n d o e n e l s a n t u a r i o n a v a r r o d e
San G r e g o r i o Ostiense:
I b a n a S a n G r e g o r i o Ostiense. S i pisas el l a d r i l l o , te casas e n u n año.
F u i m o s u n a p a n d a de nosotras, y fue u n a m a y o r , y se casó. ¡ [Eso suced i ó ] dos v e c e s !
20
E n c u a l q u i e r c a s o , l a a c e p c i ó n e r ó t i c a d e pisar h a q u e d a d o m u y
b i e n d o c u m e n t a d a e n el léxico y en l a literatura española, e m p e z a n d o
p o r u n o d e l o s más c é l e b r e s Milagros de Nuestra Señora d e G o n z a l o d e
B e r c e o , e l q u e , a l r e l a t a r De cómo una abbadesa fueprennada el por su contento fue acusada el después por la Virgen librada, p r e s e n t a b a esta escena:
P e r o l a abbadessa cachó u n a v e g a d a ,
hizo una locura
q u e es m u c h o v e d a d a ;
pisó por su ventura
yervafuert enconada,
q u a n d o b i e n se c a t i d o
fallóse e m b a r g a d a .
2 1
L a d o c u m e n t a c i ó n , a p a r t i r d e l a E d a d M e d i a , d e l v e r b o pisar, y
e s p e c i a l m e n t e d e pisar hierba — r e c u é r d e s e q u e l o s v e r s o s d e M i g u e l
H e r n á n d e z decían " H i e r b a s e n t u p u e r t a c r e c e n / de ser apenas p i s a d a . .."— c o n s e n t i d o e r ó t i c o h a s i d o m u y a b u n d a n t e , y h a d e j a d o u n
rastro m u y a p r e c i a b l e en el c a n c i o n e r o y e n el r o m a n c e r o de todo el
m u n d o hispánico, además de e n l a literatura culta de inspiración pop u l a r . V é a n s e , p o r e j e m p l o , las s i g u i e n t e s c a n c i o n c i l l a s f o l c l ó r i c a s :
2 2
Dámelo, bella mujer,
d á m e l o u n a vez s i q u i e r a ,
te l o dejo de m a n e r a
q u e n o se m a n c h e t u h o n o r .
1 9
PETER BLICKE, "ísn evidente perjuicio del bien común: las b o d a s c a m p e s i n a s e n l a
E d a d M e d i a " , e n La fiesta: una historia cultural desde la Antigüedad hasta nuestros días,
e d . U w e S c h u l t z , t r a d . J o s é L u i s G i l - A r i s t u , A l taya, M a d r i d , 1998, p . 127.
L a i n f o r m a n t e María S o c o r r o V i d á n , n a c i d a e n 1932 e n G a n u z a ( N a v a r r a )
f u e e n t r e v i s t a d a p o r m í e n s u p u e b l o e n agosto d e 1 9 9 5 , e n u n a e n c u e s t a r e a l i z a d a
junto con Alfredo Asiain Ansorena y Mariola Roa.
2 0
G O N Z A L O DE BERCEO, Milagros de Nuestra Señora, e d . M . G e r l i , Cátedra, M a d r i d ,
1992, p . 157, n ú m . X X I , est. 5 0 7 , p . 157.
2 1
V é a n s e n u m e r o s o s e j e m p l o s e n DANIEL D E V O T O , "Pisó y e r b a e n c o n a d a " , Textos
y contextos, G r e d o s , M a d r i d , 1974, p p . 11-46, esp. p p . 31-41.
2 2
NRFH, L
ANÁLISIS D E U N P O E M A D E M I G U E L H E R N Á N D E Z
213
Déjame pisar la flor
q u e e l h o m b r e tanto v e n e r a ,
q u e n o se m a n c h e t u h o n o r ,
déjame pulsiarla flor
q u e e l h o m b r e tanto v e n e r a .
2 3
—¡Ay! Niña, que te lo piso,
niña que te piso el piel
—No quiero que me lo pises,
m i r a que m e v a a d o l e r .
2 4
U n a moza bailando
se l a m i r a b a ,
l a p u n t a d e l zapato
q u e le a p r e t a b a ;
eso sería
que el bailador, bailando
la pisaría .
25
L a niña b o n i t a
n o tiene parné
p o r q u e los s o l d a d o s
le pisan el pie...
26
U n ejemplo muchas veces citado de la perífrasis pisar hierba con
sentido sexual es el del romance de La doncella parida, que, en una
versión del pueblo de Navarrevisca (Avila), decía así:
En el jardín del amor hay una flor encarnada,
la doncella que la pise
ha de ser muy desgraciada;
quiso D i o s , quiso l a V i r g e n ,
d e q u e E u g e n i a l a pisara,
y u n día estando a l a mesa,
su p a d r e l a r e m i r a b a .
—¿Qué m e m i r a usté, m i p a d r e ,
q u é m e m i r a usté a l a cara?
— H i j a , que tú estás e n f e r m a ,
o es q u e estás e n a m o r a d a .
—Padre, yo n o estoy e n f e r m a ,
ni tampoco enamorada,
tengo u n d o l o r d e cabeza
q u e hasta e l a l m a m e traspasa.
Se h a m e t i d o e n su habitación,
d o n d e cosía y b o r d a b a ,
y entre d o l o r y d o l o r ,
y entre puntada y puntada,
M A N U E L J . LORENZO PERERA, El folklore de la Isla de El Hierro, E d i t o r i a l I n t e r i n s u l a r C a n a r i a - E x c m o . C a b i l d o I n s u l a r , E l H i e r r o , 1 9 8 1 , p . 199.
ÁNGELA CAPDEVTELLE, Cancionero de Cáceresy su provincia, D i p u t a c i ó n P r o v i n c i a l ,
C á c e r e s , 1969, p . 4 7 .
JOSÉ M A N U E L FERNÁNDEZ C A N O , Mil cantares populares, D i p u t a c i ó n , C i u d a d R e a l ,
1998, n ú m . 915.
ANTONIO V A L L E J O CISNEROS, Música y tradiciones populares, D i p u t a c i ó n , C i u d a d
R e a l , 1988, p . 104.
2 3
2 4
2 5
2 6
214
NRFH, I
JOSÉ M A N U E L PEDROSA
y a l cabo d e las dos h o r a s ,
u n a clavelina blanca.
—Se l a lleva u s t e d , d o n j u á n ,
envueltecita e n l a capa,
que si m i p a d r e se e n t e r a ,
l a cabeza le cortara.
A l bajar las escaleras,
c o n e l r e s u e l l o d e cara,
[se e n c u e n t r a a]
—¿Qué llevas ahí,
e n v u e l t e c i t a e n l a capa?
—Llevo rosas y j a z m i n e s ,
que las corté de m a ñ a n a .
27
S i l a e x p r e s i ó n pisar la hierba t i e n e , e n t a n t o s t e x t o s , l a c o n n o t a c i ó n d e " t e n e r trato s e x u a l " , e l s e n t i d o d e los versos d e M i g u e l H e r nández
Hierbas e n tu puerta crecen
de ser apenas p i s a d a . . .
n o p u e d e dejar d e revelarse c o m o u n a lamentación, l l e n a d e frustrac i ó n y a m a r g u r a , d e l a f o r z a d a i n a c t i v i d a d s e x u a l a l a q u e se v e i r r e m e d i a b l e m e n t e c o n d e n a d a l a esposa d e l h o m b r e preso.
Otra cancioncilla popular que alude a "la mala hierba [que]h a
c r e c i d o " e n e l h o g a r d e u n a m u j e r s e p a r a d a d e s u e s p o s o r e f u e r z a esta interpretación:
D e s d e q u e te fuiste, P e d r o ,
el h u e r t o n o se h a r e g a d o ,
la mala hierba ha crecido,
el p e r e j i l se h a s e c a d o .
28
P a r a c o m p r e n d e r aún m e j o r e l tejido m e t a f ó r i c o d e los versos d e
M i g u e l Hernández, merece l a p e n a conocer dos seguidillas anónimas d e l siglo xvii q u e v u e l v e n a m o s t r a r l a identificación d e l o femen i n o c o n l a h i e r b a q u e espera l a l l e g a d a d e l varón:
Hortelano del alma,
regá l a güerta,
q u e se m e abraso t o d a
de p u r o seca.
L a i n f o r m a n t e f u e u n a m u j e r d e 7 7 a ñ o s , d e N a v a r r e v i s c a (Ávila), e n t r e v i s t a d a p o r m í e n V i l l a n u e v a d e Ávila e n j u l i o d e 1 9 9 6 .
FERNANDO GOMARÍN GUIRADO, Cancionero secreto de Cantabria, U n i v e r s i d a d d e
C a n t a b r i a , S a n t a n d e r , 1 9 8 9 , n ú m . 1 6 3 . V é a n s e a d e m á s las variantes p u b l i c a d a s e n
FERNÁNDEZ C A N O , Mil cantares populares, n ú m . 7 8 : " D e s d e q u e te fuiste, P e p e , / e l
h u e r t o n o se h a r e g a d o , / l a h i e r b a b u e n a se seca, / y e l p e r e j i l se h a s e c a d o " ; y e n
U R B A N O , op. cit, p . 1 4 2 : " D e s d e q u e te fuiste, P e p e , / e l h u e r t o n o se h a regao, / l a
h i e r b a b u e n a n o c r e c e / y e l p e r e j i l se h a secad\
2 7
2 8
NRJTL I .
ANÁLISIS D E U N P O E M A D E M I G U E L H E R N Á N D E Z
215
Hortelano del alma,
ande la noria,
q u e de seca se m e abre
l a güerta t o d a .
2 9
Para concluir, vamos a conocer otras dos cancioncillas populares
que establecen paralelos entre el acto amoroso y la siembra de una
planta por parte del hombre en la puerta de la mujer. A su luz, el poema de Miguel Hernández termina de revelársenos no sólo como uno
de los más profundos e intensos de toda la poesía amorosa española,
sino también como uno de los que de forma más consciente, elaborada y perfecta han sabido insertarse dentro de una tradición de símbolos y metáforas literarias que muy pocos poetas han podido
manejar con la maestría y la sensibilidad del poeta alicantino:
A t u p u e r t a puse u n p i n o ,
a t u v e n t a n a u n cerezo,
p o r cada g u i n d a u n abrazo,
p o r c a d a abrazo u n b e s o .
30
E n t u p u e r t a sembré u n p i n o
e n t u v e n t a n a u n a flor,
e n t u p e c h o dos claveles
y en tu corazón m i a m o r .
3 1
JOSÉ M A N U E L PEDROSA
U n i v e r s i d a d de Alcalá
K E N N E T H BROWN, " D o s c i e n t a s c u a r e n t a s e g u i d i l l a s a n t i g u a s " , Criticón, 1 9 9 5 ,
n ú m . 6 3 , 7-27, núms. 6 4 - 6 5 .
SIMÓN GUADALAJARA SOLERA, LO pastoril en la cultura extremeña, Institución C u l t u r a l " E l B r ó c e n s e " , Cáceres, 1 9 8 4 , p . 1 6 5 .
2 9
3 0
3 1
ISABEL BARAHONA, " T r a n s c r i p c i ó n d e l t r a b a j o d e c a m p o " , e n Literatura tradicio-
nal sin fronteras: el repertorio multicultural de Montreal, e d . J . M . P e d r o s a , M o n t r e a l ,
1997, p. 2 6 .
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