cuadro. Esto permite sugerir que las últimas décadas del siglo XVI y

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RESEÑAS
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cuadro. Esto permite sugerir que las últimas décadas del siglo XVI
las primeras del XVII fueron sin duda decisivas para la emergencia y formación de diversos "temas" guadalupanos, los que
más tarde serían magistralmente orquestados por el bachiller
Sánchez.
E n conclusión, el libro de Stafford Poole, que sólo se propone revisar críticamente las fuentes históricas del símbolo guadalupano, logra ampliamente sus objetivos. A l buscar, como
heredero aplicado del Siglo de las Luces y del siglo X I X científico, los fundamentos históricos convincentes de uno de los mitos
marianos más apasionantes y conmovedores, llega a la conclusión previsible: éstos no existen. Porque la principal fuerza de los
mitos consiste precisamente en no tener orígenes n i raíces claros,
lo que les permite desarrollarse y transformarse de acuerdo con
las necesidades y los deseos de los hombres que los forjan y los
necesitan. Esto no significa obviamente que los mitos estén desvinculados de la historia, sino que, como las artes, toman de ella
los elementos que necesitan para reelaborarlos, volver a estructurarlos y organizarlos según reglas que se nos escapan, en sus
infinitas creaciones y recreaciones. Pero al transformarse, finalmente, en los motores más poderosos de la esperanza, del consuelo y de la acción humana, estas fantasiosas criaturas de la
historia se vuelven historia y la enriquecen.
y
Solange ALBERRO
E l Colegio de México
R i c h a r d BOYER: Lives of the Bigamist. Marriage, Family and
Community in Colonial México. A l b u q u e r q u e : University o f
N e w M é x i c o Press, 1995. I S B N 0-8263-1571-2.
N o es irrelevante que este libro tenga u n título desdoblado en
dos: demasiado modesto y reducido el primero, nos hablaría tan
sólo de las biografías pintorescas de extravagantes aventureros
heterodoxos; tan amplio que casi pretende decirlo todo acerca
de la vida colonial, el segundo anuncia la búsqueda de una interpretación globalizadora. Con reminiscencias barrocas, acordes
con la época de que se trata, podría haberse enunciado: "De cóm o mientras muchos buenos cristianos y otros que aparentaron
serlo, navegaron felizmente por las procelosas aguas del ma-
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t r i m o n i o , u n c o r t o n ú m e r o de desdichados padeció persecuc i ó n p o r causa de sus p r o p i a s d e b i l i d a d e s y de l a m a l i c i a de sus
vecinos".
T a l c o m o l o a n u n c i a , R i c h a r d Boyer se c e n t r a e n las e x p e r i e n cias d e 216 i n d i v i d u o s acusados de b i g a m i a , cuyos e x p e d i e n t e s
( 1 1 8 e n t o t a l , s e g ú n se r e g i s t r a n e n las r e f e r e n c i a s ) se e n c u e n t r a n e n e l r a m o Inquisición d e l A r c h i v o G e n e r a l de l a N a c i ó n
de M é x i c o . Es fácil caer e n l a tentación de a f i r m a r q u e se trata de
personas m a r g i n a l e s , puesto q u e f u e r o n tratadas c o m o d e l i n cuentes; p e r o u n a p e c u l i a r i d a d esencial de su c o m p o r t a m i e n t o ,
c o m p a r t i d a p o r todas ellas, f u e p r e c i s a m e n t e e l esfuerzo q u e r e a l i z a r o n p o r integrarse a l a v i d a o r d e n a d a y respetable q u e l a soc i e d a d a p r o b a b a y l a ley i m p o n í a .
U n a b u e n a p a r t e d e l t e x t o se d e s t i n a a l a descripción de v i c i situdes i n d i v i d u a l e s , de t a l m o d o clasificadas q u e p e r m i t e n rast r e a r e l curso de l a v i d a de los procesados, n o m u y d i f e r e n t e de
l a de m u c h o s de sus c o n t e m p o r á n e o s . L o s rasgos peculiares d e l
g r u p o podrían d e f i n i r i g u a l m e n t e las experiencias vitales de g r a n
p a r t e de l a p o b l a c i ó n : i n f a n c i a p o b r e e n manifestaciones afectivas, escasa o n u l a e s c o l a r i d a d , desarraigo t e m p r a n o d e l seno
f a m i l i a r , m a t r i m o n i o s p r e m a t u r o s c o m o consecuencia de p r e siones sociales y familiares, m o v i l i d a d geográfica y respeto a los
c á n o n e s de c o n d u c t a i m p u e s t o s p o r l a sociedad más q u e a las l e yes c i v i l y eclesiástica.
N o d e j a n de t e n e r interés las circunstancias excepcionales que
e m p u j a r o n a estas personas a t r a n s g r e d i r e l o r d e n y situarse e n
posiciones i r r e g u l a r e s , p e r o r e s u l t a más valioso p a r a e l h i s t o r i a d o r c o n o c e r las r u t i n a s y los p r e j u i c i o s de m i e m b r o s de l a m i s m a
c o l e c t i v i d a d q u e e n situaciones m u y semejantes n u n c a se salieron
d e las n o r m a s establecidas.
N o es a v e n t u r a d a l a afirmación d e l a u t o r de q u e p o r cada b i g a m o q u e era d e n u n c i a d o y p r o c e s a d o , había m u c h o s o t r o s q u e
n o l o e r a n . Los riesgos q u e c o r r i e r o n los h o m b r e s y mujeres casados dos veces, c o n e l f i n de o b t e n e r u n a i m p o s i b l e l e g i t i m i d a d
p a r a sus segundas u n i o n e s , nos d i c e n más d e l a m e n t a l i d a d c o m p a r t i d a , de las presiones sociales y d e l discurso m o r a l q u e de sus
p r o p i a s i n c l i n a c i o n e s y aspiraciones. H a b e r c a p t a d o esta c o m p l e j i d a d y p r e s e n t a r l a e n f o r m a c o n v i n c e n t e es, p r o b a b l e m e n t e ,
e l p r i n c i p a l mérito de esta o b r a .
A u n q u e las p u b l i c a c i o n e s de Solange A l b e r r o y d e l S e m i n a r i o
de H i s t o r i a de las M e n t a l i d a d e s ya nos h a n p r o p o r c i o n a d o a b u n d a n t e i n f o r m a c i ó n acerca d e l f u n c i o n a m i e n t o d e l T r i b u n a l d e l
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Santo O f i c i o , n o sobra la explicación que Boyer incluye en el
p r i m e r capítulo sobre características c o m o l a l e n t i t u d de los p r o c e d i m i e n t o s y las equívocas o a m b i g u a s m o t i v a c i o n e s de las den u n c i a s . T a m b i é n señala, e n apartados sucesivos, la i r r e g u l a r i d a d
e n los c o n t e n i d o s de las i n f o r m a c i o n e s , de carácter autobiográfico p e r o necesariamente tendenciosas, ya q u e m i e n t r a s los i n q u i s i d o r e s t r a t a b a n de e n c o n t r a r t e s t i m o n i o s de m a l i c i a , los
procesados aspiraban a justificarse c o n p r u e b a s de descargo.
U n rasgo c o m ú n e n las biografías d e los b i g a m o s es p o r razones obvias, su m o v i l i d a d . Para q u e p u d i e r a n c o n t r a e r nupcias dos
veces se requería u n c a m b i o de escenario y de a m b i e n t e q u e facilitase s i q u i e r a u n p r e c a r i o a n o n i m a t o . L a r u p t u r a c o n el pasado
e r a más v i o l e n t a e n e l caso d e los españoles q u e viajaban a las
I n d i a s , d e j a n d o atrás — c o n los r e c u e r d o s de su i n f a n c i a — , a m i gos, p a r i e n t e s y, e n ocasiones, esposa. S i n d u d a h u b o quienes
t u v i e r o n éxito e n su i n t e n t o , puesto q u e n o todas las m u j e r e s se
d e c i d í a n , p o r interés o p o r afecto, a i n i c i a r l a difícil indagación
u l t r a m a r i n a e n busca de su m a r i d o . I n c l u s o c u a n d o e l c a m b i o de
r e s i d e n c i a se realizaba d e n t r o d e l m i s m o v i r r e i n a t o , se d e b i l i t a b a n los lazos familiares.
Ya q u e n a d i e p u e d e librarse de su p r o p i a biografía, la distancia geográfica p o d í a n o ser s u f i c i e n t e p a r a establecer u n a n u e v a
v i d a , a u n c u a n d o se p r e t e n d i e s e a d q u i r i r u n a i d e n t i d a d d i f e r e n te, m e d i a n t e e l recurso d e l c a m b i o de n o m b r e . A l g u n o s bigamos
se casaban e n segundas n u p c i a s c o n a l g u i e n de su m i s m o g r u p o
é t n i c o y social; otros incurrían e n e l e r r o r de dedicarse a l a mism a o c u p a c i ó n o profesión de su adolescencia o de su p a d r e ; y
p o c o s e r a n los q u e t o m a b a n o p o r t u n a m e n t e l a p r e c a u c i ó n de
o c u l t a r su l u g a r de o r i g e n . A esto se unía l a c o m p u l s i ó n d e l e x i l i a d o d e h a b l a r de su pasado y l a s o r p r e n d e n t e m e m o r i a de los
i n t e r l o c u t o r e s q u e , a l cabo de varios años, p o d í a n r e p r o d u c i r
u n a vieja conversación.
E l a u t o r d e m u e s t r a c o n suficientes e j e m p l o s q u e l a i n t e r v e n c i ó n de los p a r i e n t e s e n l a e l e c c i ó n d e p a r e j a de los j ó v e n e s era
c o n f r e c u e n c i a la causa d e l p o s t e r i o r c o m p o r t a m i e n t o b i g a m o de
q u i e n e s se habían casado forzados p o r l a o b e d i e n c i a y e l respet o . Padres e h i j o s s u p i e r o n también u t i l i z a r e n su favor los r e c u r sos q u e les b r i n d a b a e l d e r e c h o c a n ó n i c o , p a r a conseguir l a
anulación d e u n m a t r i m o n i o i n d e s e a d o o p a r a d a r c o m o h e c h o
c o n s u m a d o l o q u e n o e r a n más q u e palabras arrebatadas e n u n
m o m e n t o de pasión j u v e n i l . S i n e m b a r g o , n o h u b o m u c h o s casos
e n los q u e los b i g a m o s se j u s t i f i c a s e n a d u c i e n d o l a falta de l i -
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bertad en su primer matrimonio, como tampoco se registraron,
salvo una notable excepción, casos de lealtad a un primitivo y
remoto amor juvenil.
Casi todos los procesados manifestaron u n conocimiento
superficial, o al menos memorizado, de partes básicas de la doctrina cristiana, lo que rara vez significaba comprensión real de los
requisitos para el sacramento del matrimonio. No es extraña tal
ignorancia cuando sólo a partir del Concilio de Trento se había
llegado a unificar el criterio de los teólogos sobre la cuestión.
Durante siglos se discutió si era esencial que se consumara la
unión conyugal para legitimar el vínculo, hasta que se sugirió
que lo único imprescindible era el consentimiento, con pleno
conocimiento y libre voluntad. Y ya que los clérigos insistían en
la necesidad de la misa de velaciones, tampoco sorprende que alguien asegurara no haberse casado efectivamente puesto que
nunca se "veló".
Para entrar de lleno en la vida cotidiana se requiere analizar
los testimonios de los testigos, aquellos "buenos cristianos" de
quienes la Inquisición dependía para conocer los delitos y sostener las denuncias. Richard Boyer retoma en la conclusión las
palabras de Pedro Moya de Contreras, primer inquisidor y arzobispo secular de México, quien al contemplar la concurrencia al
primer auto de fe, expresó su satisfacción por lo que consideraba muestra de apoyo y respeto de la población local. Esa actitud
colaboradora, que sin embargo tenía más de curiosidad morbosa que de preocupación por la ortodoxia, era esencial para el funcionamiento del tribunal. Gracias a ella se realizaron acusaciones
y se registraron testimonios, basados en conceptos comunes de
culpa y pecado.
Ya que no hay duda de que la Iglesia logró transmitir su ideología a todos los grupos de la sociedad novohispana, la pregunta que el autor se plantea desde el principio y que se mantiene
pendiente a lo largo de 300 páginas es ¿hasta qué punto y con
qué distorsiones arraigó efectivamente la moral cristiana en las
conciencias? Parecería que el temor al infierno era u n fuerte
incentivo para cumplir con los preceptos religiosos y que el afán
de ver su propio nombre limpio impulsaba a muchos testigos a
insistir en sus denuncias. Pero también sucedía que unos y otros,
denunciados y denunciantes, podían vivir largamente equivocados en cuanto a la trascendencia de lo que consideraban u n
pecado venial. Si lo más fácil era mantenerse en el amancebamiento, cabe preguntarse por las causas de la peligrosa reinci-
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dencia en el matrimonio. El autor se inclina por la misma explicación que ya se ha propuesto anteriormente: la exigencia social
de respetabilidad y decoro.
Para refutar o avalar esta hipótesis vale la pena detenerse en
el apéndice, que sintetiza datos básicos de los expedientes. Lo
que nos presenta es u n panorama contradictorio en el que cada
grupo étnico manifiesta comportamientos diferentes relacionados con la elección de cónyuge, pero que en ningún caso se ajustan a las rutinas que conocemos como prácticas habituales en los
enlaces. Thomas Calvo, Robert McCaa, Juan Javier Pescador y
Cecilia Rabell nos han mostrado que españoles, indios, mestizos
y miembros de las castas seguían determinadas pautas en sus matrimonios. Lo que se podría resaltar en los expedientes de los
bigamos es la mayoritaria presencia española, con 84 individuos,
que representan 40% del total y quienes se acercan moderadamente a los hábitos endogámicos de su grupo. Frente a 90%
que muestran los registros parroquiales, los bigamos aportan
70% de matrimonios dentro del grupo español, que se amplía a
80% si se incluyen los criollos. Nada similar se aprecia entre
mulatos, mestizos y criollos, que aportan respectivamente 17,15 y
1 1 % , y que no muestran prejuicios a la hora de contraer nupcias.
U n dato que contradice que la gente se casara por el prestigio
social es que en ningún caso el segundo matrimonio de los bigamos representa u n ascenso de grupo étnico: una tercera parte se
mantiene dentro del mismo rango, otro tercio desciende, y el
último permanece desconocido. Se diría que aun antes de caer
en las garras de la justicia, los bigamos ya habían comenzado a
purgar su pecado, tomando una actitud de vergüenza y retraimiento que limitaba sus aspiraciones.
La interesante lectura del libro de Boyer y la sensibilidad de
este autor para captar aspectos cotidianos de la vida colonial, nos
permiten apreciar la importancia de fuentes documentales que
podrían ser propicias a la lectura superficial y a la morbosa descripción de conductas marginales y de crueldades de la justicia
inquisitorial. Efectivamente, como el título anunciaba, el texto es
una valiosa aportación a la historia social del México colonial.
Pilar GONZALBO AIZPURU
El Colegio de México
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