Edição completa

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Universidade Estadual de Feira de Santana
Revista
Graduando
ENTRE O SER E O SABER
Revista Acadêmica da Graduação em Letras
v. 3 n. 5 julho/dezembro 2012
Graduando
J
Feira de Santana
v. 3
n. 5
p. 1-56
ISSN 2236-3335
jul./dez. 2012
Graduando
ENTRE O SER E O SABER
Revista Acadêmica da Graduação em Letras
v..3
n..5
jul./dez. 2012
Institucional
Reitor
Jos é C a rlos Ba rret o d e Sa ntana
V ic e -R e it o r
G en iva l C o rrêa d e Sou za
P ró -R e ito r de G rad uaçã o
Ru bens Eds on A lv es Pe re ira
P ró -R e ito ra de P esqu isa e Pós -G radua ção
M a rlu c e M a ria A ra ú jo A ss is
P ró -R e ito ra de Ex te nsão
M a ria H e le na d a Ro cha B esnos ik
P ró -R e ito r de A dm in is t raç ão e F ina nças
Ros s in e C e rqu e ira da C ruz
D ire to ra do De pa rtam ent o d e Le t ras e A rt es
M áv is D ill Ka ipp e r
V ic e -D ire to ra do Depa rtam e nto d e L e t ras e A rtes
F láv ia A n ing e r de Ba rro s Ro cha
Coo rd enado ra d o Co leg iado de L et ras e A rt es
V a lé ria M a rta R ib e iro S oa re s
V ic e -C oo rd ena do ra do C o le g iado d e L et ras e A rtes
Ira n ild es A lm e ida d e O liv e ira
UNDEC\CODAE
C h ef e (U NDEC ) : O t to V in íc ius A g ra F ig ue ired o
C oo rd . (C O DA E) : A d rian a Is is C a rne iro T rabu co
D ire tó rio A cad êm ico d e Le t ras e A rt es J osé J e rôn im o d e M o ra is
U E FS/Rev is ta Graduando
A ven ida Tr ansnordest ina , S/ N, Ba irro No vo Hor izonte . Módu lo 2, MT 25b .
C EP 44 036 -9 00 – Fe ira d e Santana – Bah ia – Bras il. Te l.: 316 1 -8 000
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ISSN 2236- 3335
Expediente
C o mis são Ed ito r i a l
Me. A d ev a ldo P ereira A rag ão
Ma . An d réia Ca ricch io Café Ga llo
Me. Antônio Gabriel Evangelista de Souza
D ra . Ca rla Lu z ia Ca rn eiro Bo rg es
D r a . C e li na Má r c ia d e S ou za Abb ad e
D r. Cid Seixas Fraga Filho
D r. Claud io Cled son N ova es
Me . C l ed so n J os é Po n c e Mo r a is
D r. Ed son D ia s Ferreira
Me. Eds on O liv eira da Silva
E sp . E liza b et e Ba s tos d a Silva
D ra . E lv ya Sh irley R ib eiro P ereira
D r. Fran cisco Ferreira d e L ima
D r . Hu mb e rt o L u iz L i ma d e O l i ve i r a
D ra. Jolanta Rekawek
D ra . J os an e Mo reira d e O liv eira
Me. Ju ra ci Dó rea Fa lcão
Me. Nigel Alan Hunter
Ma . N e l mi ra Mo r e i ra d a S i lva
Me. Ma rcelo B rito d a Silv a
D r a . Ma r i a d a Co n c e i ção R e is T e ix e i ra
D r a . N o r ma Lú c ia F e rna nd e s d e A l me id a
D ra . P a lmira V irg in ia B ah ia H ein e A lv a rez
D ra . R ita d e Cáss ia R ib eiro d e Q u eiroz
D ra . Su an i d e A lmeid a V as con celo s
Ma . Va l é r i a Ma r ta R i be i r o So a r es
C o n se lh o Ed ito r i a l
Esp. Daianna Quelle da S. Santos da Silva
Danilo Cerqueira Alme ida
Esp. Josenilce Rodrigues de Oliveira Barreto
Wellington Gomes de Jesus
R ev i são
Me. A d ev a ldo P ereira A rag ão
A line d a Silva Sa nt os
D ay an e Mo r e i ra L e mo s
Ma . Ed na R ib e i r o Ma r qu e s A mo r i m
E sp . É ri ka R a mo s d e L i ma Au r e l ia no
E sp . Ja n Ca rlo s Dias d e San ta na
D r a . Ma r i an a Fa gu nd es d e Ol i v e i ra
Me. Nigel Alan Hunter
Ma . N orma So eli R eis Men ez es
E sp . Sh irley Cris t in a Gu ed es do s Sa nt os
Ma. Silvania Cápua Carvalho
T á r ci a P ri s c i la L i ma Dó r i a
E sp. Valeria Rios O liv eira A lv es
P r o je to Gr á f i co
C ap a
Conselho E ditorial
T h iag o d e Ca rv a lh o Cu nha
E d i to r aç ão
I m ag em d e C ap a
B eatriz L ima d o Ca rmo
D an ilo Cerqu eira A lmeid a
D an iela R o cha d e Fran ça
R ev i s ão F i n a l
D an ilo Cerqu eira A lmeid a
Conselho E ditorial
I mp r e s s ão
W eb D e s i g n
T i r ag em
30 0 ex emp la res
I mp ren sa Un iv ers itá ria — UE FS
©
R ev ist a Gra du and o 201 3 — To dos o s d ireito s res erv ad os
Sumário
ED ITOR IAL
Conse lho Editoria l .................................................................................................. página 7
LINGUÍSTICA
O P ERÍ OD O C OMPOSTO NA GT: ANÁL I SE D E CR ITÉRI OS S INT ÁTIC OS
E SEMÂNT ICOS
Jeovan Farias Fonseca ......................................................................................... página 11
LITERATURA
L A I NFEL IC IDAD FEM EN INA EN B ODAS D E SANGRE , D E F ED ERIC O
G ARCÍA L ORCA
Daniela Rocha de França ..................................................................................... página 29
AS IM AGEN S D O SENTIM ENT O AMOR OSO N AS CANT IGAS D E AMOR
TROVADOR ESCAS E N A M ÚSIC A BR EGA
Jac iene de A ndrade Santos, Tainá Matos Lima A lves ..................................... página 41
N ORMAS PAR A EN VI O D E ART IGOS E R ESENHAS
Conse lho Editoria l ................................................................................................ página 53
J
G
G
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ISSN 2236- 3335
EDITORIAL
G
F i na lment e chega mos à qui nt a edi çã o da nos sa Revista
Graduando ! A ca da edi çã o concl uí da renas ce, em ca da um de
nós , a cha ma da es pera nça , que renov a os nos s os i dea i s ,
nos sos pensa ment os e o nos so s i ncero des ej o de que t udo
cont i nua rá dando mui t o cert o!
A pa l a v ra de ordem nes t a edi çã o é ESPERAN ÇA, a qua l é
defi ni da pel o di ci oná ri o Houa is s ( 200 9 , o n l i ne) como:
‚s ent i ment o de quem v ê como poss í v el a r ea l i za ção da qui l o
que des ej a [ . . . ] ‛. D es sa forma , es pera nçosos é como nos s ent i mos a ca da edi çã o i ni c i a da e f i na l i zada , poi s enqua nt o houv er
es pera nça em nos sos cora ções e, cons equent ement e, em nos s o t raba l ho, es ta rev is t a nã o ‚morrerá ‛.
O s ens o comum pondera que a cor da es pera nça é v erde. Ess e v erde t a l v ez s ej a a quel e es ta mpa do na ba ndei ra na ci ona l bra s i l ei ra , que repres ent a a s noss as v erdes ma t as v i v as , ou o v erde que compõe a l ogoma rca da Graduando , o
qua l rea fi rma a es perança de um curs o ca da v ez ma i s l ei t or,
ma is pensa dor, ma i s es cri t or e ma i s i ncent iv ador do t ra ba l ho
di s cent e dent ro e fora dos ‚muros da UEFS‛.
Ass i m como o conheci mento é o ‚pã o‛ que a l i ment a os
fa mi nt os do ‚s a ber‛, a es pera nça é o ba l uart e da Graduando .
Com el a e por el a é que cont i nua mos ‚ba t endo na mes ma t ecl a ‛ t oda s as edi ções , poi s é preci s o i ns i s t i r, p ers i s t i r e a credi t a r que o noss o curs o ca da v ez ma is l e i a , p ens e e s i nt a a s
neces s i dades de uma educa çã o mel hor.
A es pera nça nos mov e rot i nei rament e na bus ca de a l t erna t iv as que s a nem a s noss as di fi cul da des . D i fi cul da des es t as
nã o a penas a o l ongo ( ou em a l guma s ! ) da s di s ci pl i na s da gra -
G
G
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dua ção, ma s t ambém a quel as exi s t ent es em n os so d i a a di a :
em ca sa , na rua , no ôni bus , no t ra ba l ho et c. A pes a r de t a nt os
obs tá cul os di á ri os , es t amos a qui comemora ndo e chei os de es pera nças em rela çã o a es ta nova edi çã o da Graduando .
Es t e número v em, ma i s uma v ez, rea fi rma r a es perança
dos di s cent es , poi s ‚enquant o houv er s ol ‛ ( Ti t ã s ) es t a remos
a qui i ncent i va ndo a ‚l ei t ura do mundo a nt es mes mo da l ei t ura
da pa l av ra ‛ ( Pa ul o F rei re) . D es sa ma nei ra, a Graduando ra t i fi ca
o s eu compromi ss o di á ri o com a gra dua çã o em L et ra s da
UEFS: fa zer das l et ras o i ns t rument o dos noss os t ra ba l hos .
N es t e exempl a r v ocê encont ra t ra ba l hos na s á rea s de
L i t era tura e L i nguí s t i ca . Acredi t a mos que el es i rã o a uxi l i á - l o na
prá t i ca docent e e enquant o pes qui sa dor, poi s a expos i çã o des t es t ext os , na s v ers ões i mpres sa e di gi t a l , é uma propos ta
pens ada pa ra o públ i co di s cent e da á rea de L et ra s . Es peramos, s i ncera ment e, cont ri bui r, ma i s uma v ez, pa ra a s ua forma çã o a ca dêmi ca e docent e, v i s t o que no ‚mundo do s a ber‛ é
que es t amos , e nes t e é que dev emos , a cada di a , mergul ha r,
compreender, ques t i ona r e pa rt i l ha r.
Cons el ho Edi t ori a l
G
LINGUÍSTICA
ISSN 2236- 3335
O PERÍODO COMPOSTO NA GT: ANÁLISE DE
CRITÉRIOS SINTÁTICOS E SEMÂNTICOS
J e o v an F a r i a s F o n s ec a
L i c e n c i a t u r a e m L e t r a s V e r n ác u l a s
j e o v an . f a r i a s @ h o t m a i l . c o m
P r o f a . M a . E d n a R i b e i r o M a r q u e s A mo r i m ( O r i e n t a d o r a / U E F S )
D ep a r t a m en to d e L e t r a s e A r t e s ( D L A )
e e d m a r q u e s @g m a i l . c o m
Res umo : Es t e t ra ba l ho pret ende demonst ra r que o c ri t éri o s i nt á t i co dev e s er us a do pa ra a ss egura r o ca rá t er d e coerênci a
e de coes ã o de concei t os i mport a nt es ( ora çã o pri nci pa l , d ependent e e i ndependent e) pa ra s e compreender a es t rut ura e
o funci onament o dos perí odos compost os . F oi s el e ci ona do um
ma t eria l , dua s gra má t i cas t ra di ci ona i s e uma des cri t i va , em que
s e v eem a borda gens es t ri t ament e s emâ nt i cas numa e es t ri t ament e s i nt á t i ca s nout ra s des s es concei t os . E como res ul t a do,
foi v i s t o que a a ná l i s e da gra má t i ca t ra dici ona l d e Al mei da
( 1 9 99 ) , que a dot a uma pers pect i v a s emâ nt i ca de des cri çã o des s es concei t os , a expres sã o sentido completo s e fa z pres ent e
e é es s enci a l . Como concl usã o, dev i do à fa l t a de um me ca nis mo a na l í t i co pa ra a a preens ão do s ent i do c ompl et o de uma
ora çã o e, a i nda , dev i do à fa l t a de uma def i ni çã o cl a ra do que
es sa expres sã o pode s i gni fi ca r, l ogi ca ment e, p ode s er v i s t a a
a borda gem s emâ nt i ca do perí odo compos to como i nefi ca z.
Pa l av ras- chav e: GT. Abordagens s emâ nt ica s e s i nt á t i cas .
Perí odo compos t o. Sent i do compl et o.
1 INTRODUÇÃO
A gramá t i ca t ra di ci ona l a pres enta hoj e, qua ndo mel hor r ev i sa da , uma s éri e de probl emas res ul t ant es da fa l t a de coerên-
J
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ci a i nt erna ent re s ua s t eori a s cons t i t ui nt es . A pri mazi a da da
ora à s i nt a xe, ora à s emânt i ca , de forma i rref l et i da , à s v ezes,
prov oca i ncons i s t ência s concei t ua i s que, quando di zem r es pei t o a conce i t os a xi a i s , compromet em t oda a gra má t i ca , uma v ez
que, por s er f orma da por t eori a s , cons t i tui - s e em pr i ncí pi os
ra ci ona is , e, a s s i m, a dqui re o ca rá t er de s i st ema . Como s i s t ema , el a é forma da por concei t os , uni da des que, por neces s i da de de i nt era çã o l ógi ca , dev em s e comuni ca r coerent ement e.
Cont udo, o que s e v ê s ã o i ncoerênci a s . Es te a rt i go, port a nt o,
pret ende encont ra r as fa l ha s nas des cri ções de t i pos de ora ções r el ev ant es pa ra o a t endi mento de perí odo compos t o,
qua ndo des cri t as s ob a s pect o proemi nentement e s emâ nt i co;
i dent i fi ca r a i nt era çã o l ógi ca obs erv a da na s rel a ções dos concei t os qua ndo des cri t os s ob uma a borda gem es t ri t ament e s i nt á t i ca ; e mos t ra r como conv eni ent e a r el a ção d e compl ementa çã o ent re os cri t ér i os s i ntá t i cos e s emâ nt i cos na def i ni çã o de
ora çã o pri nci pa l , dependent e e i ndependent e. Es t e t ra ba l ho s e
j us t i fi ca por s e ent ender que os probl ema s a pr es enta dos na
gra má t i ca t ra di ci ona l , mui t as v ezes , res ul t am d e uma má a borda gem des cri t i va . Por i s s o, pret ende - s e demons t ra r que o cri t éri o s i nt á t i co funci ona como a borda gem descri t i v a propri a ment e neces s á ria pa ra a s s egura r o ca rá t er d e coerênci a e de coes ã o, es s enci a l a um s i s t ema pa ra s ua e fet i v a çã o l ógi ca , de
concei t os i mporta nt es pa ra s e compreender a es t rut ura e o
funci ona ment o dos perí odos compos t os.
2 M ET OD OL O GI A
Es t e t ra ba l ho a pres enta -s e como frut o de um l eva nta ment o bi bl i ográ fi co, qua ndo, cl a rament e, s el eci ona um ma t eri a l ,
dua s gra má t i cas t ra di ci ona i s e uma d es cri t iva , pa ra rev i sã o do
concei t o de perí odo compos t o nel e pres ent e, t endo a bi bl i ogra fi a us a da a qui a borda gens opos ta s , v i s ta s ent re a s gra má t i cas
de Al mei da ( 1 9 99 ) e B echa ra ( 1 9 6 1 ) : um a dot a o pont o de v i s t a
s emâ nt i co e o out ro o s i nt á t i co, res pect i vament e. J á a pes qui -
J
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s a pres ent e é de ca rá t er expl ora t óri o, uma v ez que expl ora ,
s el eci ona e a pres ent a concei t os da GT ( gra má t i ca t ra di ci ona l ) —
ora çã o pri nci pa l , dependent e e i ndependent e — , cont ra s ta ndoos ent re s i e, pa ra fi ns de concl usã o, com o pont o de v i s t a de
Peri ni ( 20 00 ) . Us ou -s e de compa ra ções es t abel e ci das ent re es s es concei t os pa ra confi rma r s e es tã o em rel a ções l ógi ca s , o
que a s s egura o ca rá t er l ógi co que o s i s t ema da gramá t i ca s e
propõe a s er por exi gência ra ci ona l de des cri çã o concei t ua l .
3 O SENTIDO COMPLETO: UMA DEFINIÇÃO SEMÂNTICA
[ ...] é “ ilógico” conceituar com um critério e c lassificar
e a n a l i s a r c o m o u t r o s . É b o m l e mb r a r a q u i q u e ‚ o i l ó g i c o ‛ é o q u e n ão e n t en d em o s , a q u i l o c u j a r e l a ç ã o
c o m o r e s to p a r ec e i m p o s s í v e l . ( H A U Y , 1 9 8 7 , p . 2 2 ) .
N a pres ent e a ná l i s e do perí odo compos t o, v er -s e-á um
probl ema que d i z res pei t o à s emâ nt i ca , ou mel hor, à s ba rrei ra s
que s e nos i mpõem, na medi da em que nos so conheci ment o de
s emâ nt i ca , a t é o pres ent e moment o, nã o nos permi t e res ol v ê l os . T ra ba l hos como o de Ha uy ( 1 9 87 ) e Peri ni ( 1 9 9 9 ) ev i denci am
que o probl ema é a nt i go. O pont o cent ra l da probl emát i ca que
nes t a obra s erá a borda do, o ‚s ent i do compl et o‛, j á há mui t o
nos foi a pres ent ado qua ndo, por exempl o, Ha uy ( 1 9 87 ) , pa rt i ndo
de a ná l i s es de d efi ni ções de ora çã o pres ente em a l gumas gramá t i ca s t ra di ci ona i s , re conhece, depoi s de a l gumas ponderações , hav er um pont o de cont a t o ent re el a s :
[ . . . ] s e n d o a f r a s e o e n u n c i a d o d e s e n t i d o c o mp l e t o , e ,
d e f i n i d a a o r a ç ã o c o mo f r a s e , s e j a c o m e s t r u t u r a s i n tát ica S – P , seja sem ela , quer em torno de um verb o , q u e r d e s t i t u í d a d e v e r b o , c o n c l u i r - s e- á q u e q u a l q u e r q u e s e j a a e s t r u tu r a o r a c i o n a l , d e v er á t e r s e n t i d o co mp l e t o . ( H A U Y , 1 9 8 7 , p . 1 9 , g r i f o n o s so ) .
Afi rma Ha uy ( 1 9 87 , p. 1 9 ) que a s ‚[ . . . ] i nt erpret a ções nã o
s ó a nt a gôni cas , mas t a mbém cont ra di t óri a s do ‘ s ent i do
compl et o’ , t orna m a i nda ma is enga nos as [ . . . ]‛ a s defi ni ções de
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ora çã o. Al ém di s s o, há a l guns es t udi os os da t eori a s i nt á t i ca
que ent endem exi s t i r dependênci a ent re o ‚s ent i do compl et o‛
da s ora ções com a s i t ua çã o ( a mbi ent e fí s i co e s oci a l onde s e
fa l a ) e cont ext o ( ambi ent e l i nguí s t i co onde s e a cha a ora çã o) , e
out ros a fi rma m que nã o. Peri ni ( 1 9 99 ) t a mbém fa l a s obre a i nfl uênc i a da ‚s i t ua çã o‛ pa ra o ent endi ment o do s ent i do de uma
ora çã o, mos t ra ndo, com i s s o, a rel a çã o que p ode ha v er ent re
s emâ nt i ca e pra gmá t i ca , o que mos t ra o ca rá t er compl exo que
pode t er a s emânt i ca . Qua ndo Ha uy ( 1 9 87 ) most ra i s s o, l a nça
l uz s obre a l go que ma i s t a rde Peri ni ( 1 9 99 , p. 4 2 -4 3) t eori za ri a:
‚[ . . . ] a des cri çã o s emânt i ca é i mport ant e e a l t ament e i nt eres s a nt e, mas a pres enta uma s éri e de di fi cul da des , ori unda s em
úl t i ma a ná l i s e da i gnorâ nci a rel a t i va em que nos encont ramos
dos fenômenos s emâ nt i cos em gera l [ . . . ] ‛.
A res pei t o das defi ni ções de ora çã o r el a ci ona da s pel o
pont o de cont a to ‚s ent i do compl et o‛, Ha uy ( 1 9 87 , p. 22) concl ui :
‚[ . . . ] es s a comprov ada di v ers i da de d e ‘ opi ni ões ’ s obre um fa t o
s i nt á t i co cuj a des cri çã o, por cons t i t ui r um concei t o bá s i co em
s i nt a xe, dev eri a s er pa ut ada na obj et i v i da de e cl a reza , de fi ne s e como enga nosa , ta nt o pela forma como pel o cont eúdo [ . . . ] ‛.
4 O PERÍODO COMPOSTO COMO PROBLEMA
Como s i s t ema l ógi co a que a gramá t i ca s e pret ende
cons t i t ui r, s eus concei t os es t ã o, por exi gênci a de t a l condi çã o,
rel a ci ona dos . Qua ndo s e pret ende a na l i sa r um probl ema que a
gra má t i ca t ra di ci ona l a pres ent a , no ca s o, o do perí odo compost o, fa z - s e nec ess á ri a a rev i s ão de out ros concei t os pres ent es
nel a ( a s a ber, os concei t os de f ras e, ora ção e , por cons egui nt e, s uj ei t o e predi ca do) , que t ra va m re l a ção di ret a com o probl ema a borda do. Ass im, embora mui t os concei t os dev am s er
t ra zi dos à l uz pa ra mel hor es cl a reci mento, como, s obret udo, o
de ‚ora çã o‛, es t e, ent re out ros , nã o s erá a qui a borda do por s e
cons t i t ui r um t ópi co compl exo.
Segundo B echa ra ( 1 96 1 , p. 199 ) : ‚Chama -s e perí odo o con-
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Graduando, Feira de Santana, v. 3, n. 5, p. 11-25, jul./dez. 2012
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j unt o ora ci ona l cuj a enunci a çã o t ermi na por s i l ênci o ou pa us a
ma is apreci á v el , i ndi ca da norma lment e na es cri t a por pont o. ‛
Por s ua v ez, Al mei da ( 19 99 , p. 522) di z que ‚[ . . . ] perí odo é uma
ou ma is ora ções que forma m s ent i do compl et o. ‛ N ess e ca s o,
v ê-s e o predomí ni o de a rgument os s emâ nt icos , uma v ez que
s e v a l e do sentido que as ora ções j unt as formam pa ra fi ns de
des cri çã o.
Percebe- s e uma concordânci a ent re a defi ni çã o de B echa ra ( 19 6 1 , p. 19 9 ) , que a fi rma que o perí odo ‚compos t o é
a quel e que encerra ma i s de uma ora çã o‛, com a defi ni çã o pres ent e em Al mei da ( 19 99 ) . Es t e des crev e duas cl as s i fi ca ções de
perí odos compos t os , mos t ra ndo que o que ma rca um perí odo
como compos t o é a pres ença de ma i s de uma ora çã o num perí odo, s obret udo com rel a ção s emâ nt i ca ent re ora ções . A pri mei ra cl as s i fi ca ção di z res pei t o à rel a çã o de ora ções por coordena çã o: Al mei da ( 1 99 9 , p. 34 6 ) di z que o perí odo é ‚[ . . . ] forma do por duas ora ções de s ent i do compl et o, a s qua i s s e chama m
i ndependent es . O perí odo compos to por coordena ção pode
cons t i t ui r -s e de ma i s de duas ora ções i ndependent es . ‛ Acres cent a , a i nda , Almei da ( 1 999 , p. 523) , ‚Ora ção coordena da é a
que v em l i ga da a out ra de i gua l função, ou s ej a , as coordena da s ent re s i podem es ta r quer i ndependent es , quer s ubordi nada s , quer pri nci pa is . ‛ A s egunda cl as s i fi ca ção é a rel a çã o por
s ubordi na çã o: concei t ua Al mei da ( 1 99 9 , p. 347 ) que o ‚[ . . . ] período que s e cons t i tui de uma ora çã o pr i ncipa l e de uma ou
ma is s ubordi nadas [ . . . ] ‛, ha j a v i s ta que a ora çã o s ubordi na da ,
de a cordo com Almei da ( 19 99 , p. 524 ) , ‚[ . . . ] é a que compl et a o
s ent i do de out ra de que depende, cha ma da pri nci pa l , à qua l s e
prende por conj unções s ubordi na t iv as ou pel a s formas nomi na i s do v erbo [ . . . ] ‛.
N a ora çã o Quando a chuva passar, eu voltarei, ent ender
a ora çã o Quando a chuva passar como subordi na da é ent endê
- l a , conforme Al mei da ( 19 99 ) most ra na defi ni çã o de ora çã o s ubordi na da , como dependent e s ema nt i ca ment e da ora çã o eu
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voltei. A ques tã o é: como reconhecer a ora çã o subordi na da
como dependent e s ema nt i cament e da pri nci pa l ?
Reci t a ndo -a s epa ra dament e pa ra ‚s ent i r‛ s e fa l t a a l go?
Is s o pode, em a l guns exempl os, a t é funci ona r, qua ndo s e di z
Qua ndo a chuv a pa s sa r, percebe - s e que fa lt a a l go pa ra compl et á - l a, s ema nt i ca ment e, o s ent i do; a t é mesmo qua ndo ret i ra da
a conj unçã o, A chuv a pa s sa r, a a us ênci a t a nt o da conj unçã o
como da ora çã o pri nci pa l s ã o p ercebi da s. As s im, pode - s e
ent ender ora çã o s ubordi na da como um t i po de ora çã o i s ola da ,
i s t o é, s ua depreens ã o nã o depende da r el a çã o que ma nt ém
no perí odo com out ra ( s ) ; como dependent e mes mo i s ol a da ment e ( s em conj unçã o e s em a ora çã o pri nci pa l ) . Porém, em
out ros exempl os , como Quando eu refiz o projeto, mais erros
apareceram , cons i dera ndo s oment e a ora çã o s ubordi na da
Quando eu refiz o projeto , v ê- s e que el a é dependent e
s ema nt i cament e qua ndo exi ge um compl ement o pa ra i nt ei ra r
s eu s ent i do. Ret i ra ndo a conj unçã o, depa ra - s e com a ora çã o
Eu refiz o projeto , que n ess e ca so pa s sa a pos s ui r s ent i do
compl et o, s endo, port a nt o, a gora , coordena da , e nã o ma is
s ubordi na da .
D ess e modo, ent ende - s e que, na a ná l i s e da t i pol ogi a da s
ora ções , a cl a ss i fi ca çã o s ó é fe i t a com base na rel a çã o ent re
ora ções que compõem o perí odo compos to. As s i m, o ca rá t er
de coordena çã o e o de s ubordi na çã o podem s er ent endi dos
como s endo cl a ss i fi ca t óri os t a nt o de ora çã o c omo de perí odo,
des de que s e j a cons i dera da a rel a çã o ent re a s ora ções , e nã o
i s ol a da ment e. Como cons equência , a a bordagem s emâ nt i ca de
defi ni çã o de concei t os mos t ra -s e def ei t uosa . Is s o s erá a borda do ma i s deta l hadament e a di a nt e.
Perí odo compos t o na da ma i s é do que um conj unt o de
ora ções que ma nt êm r el a ções ent re s i ; es sa s rel a ções , ba s es
pa ra cl a ss i fi ca çã o dos perí odos compos t os , s e dã o em funçã o
dos t i pos de ora çã o env ol v i dos , que s erã o a borda dos no t ópi co s egui nt e. A ques t ã o, a gora , gi ra em t orno d a na t ureza des s a rel a çã o: el a é s i ntá t i ca ou s emâ nt i ca ?
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5 RELAÇÃO DE DEPENDÊNCIA E DE INDEPENDÊNCIA
DAS ORAÇÕES
Pa ra ent ender mel hor o que v em a s er perí odo compos t o,
é neces sá ri o a t er - s e a os concei t os de ora çã o pri nci pa l , i ndependent e e dependent e, os qua i s sã o rel eva nt es pa ra s e ent ender a s rel a ções de s ubordi na çã o e de c oordena çã o das
ora ções que compõem um perí odo. Es s es concei t os s ã o ma rca dament e des cri t os s ob a rgumenta ção s emâ nt i ca em Al mei da
( 1 9 99 ) e s i ntá t i cas em B echa ra ( 19 61 ) .
Segundo Al mei da ( 1 9 99 , p. 522) , ‚Ora çã o i ndependent e é a
que, de s ent i do compl et o, v em a compa nha ndo out ra , que poderá t er t a mbém s ent i do compl et o ou nã o. ‛ D e a cordo com o que
s e compreendeu pá gi nas a t rá s , rei t era ndo o que Al mei da ( 1 9 99 )
di z, dua s ora ções de s ent i do compl et o formam um perí odo
compos t o por coordena çã o; e uma i ndependent e, d e s ent i do
compl et o, ma i s uma de s ent i do i ncompl et o formam um perí odo
compos t o por s ubordi na çã o. N es sa concei t ua çã o de ora çã o
i ndependent e e na defi ni çã o por Al mei da ( 1 9 99 , p. 346 ) d e p erí odo compost o por coordena çã o como ‚[ . . . ] forma do por duas
ora ções de s ent i do compl et o, a s qua i s s e cha ma m i ndependent es ", percebe - s e o us o do t ermo independente como correl a t o
da expres sã o sentido completo . Es sa expres sã o, es t ri t ament e
s emâ nt i ca , pode t ra zer a l guns probl emas , qua ndo nã o expos t o
corret a ment e s eu s i gni fi ca do e nã o expl i ci t ado um meca ni s mo
cl a ro de depreens ã o do s ent i do compl et o ou i ncompl et o da s
ora ções . O que v i ri a a s er sentido completo ? B echa ra ( 1 96 1 , p.
21 6 ) , v a l endo -s e de a rgument os s i nt á t i cos , mel hor de fi ne o raçã o i ndependent e e l a nça , com i s s o, l uz s obre o que s e pode
ent ender por sentido completo : “[ . . . ] ora ção i ndependent e é
a quel a que nã o exerce funçã o s i nt át i ca de out ra a que s e
l i ga ‛, ou a i nda , t a i s ‚[ . . . ] ora ções s e di zem i ndependent es porque uma nã o exerce funçã o s i ntá t i ca de out ra ; a mba s reúnem
em s i t oda s a s funções de que neces s i ta m pa ra s e cons t i t uí rem por s i s ós uni da des do di s curs o. ‛ As s im, uma ora ção
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i ndependent e é a quel a que nã o pos s ui s eus t ermos s i nt á t i cos
s ob a fo rma d e ora çã o, s endo, a s s im, independente de out ra ;
el a por s i s ó pos sui sentido completo qua ndo, s ozi nha , cons t i t ui - s e com t odos os t ermos s i nt á t i cos n eces sá ri os à i nt ei reza
do s ent i do, v ei cul a do a t rav és da es t rut ura que pa s sa a ca rrega r pa ra es t e fi m: cons t i t ui r -s e como s ent i do compl et o; nout ras
pa l av ras , nã o depende de out ra pa ra complet a r s ua es t rut ura
s i nt á t i ca e cons t rui r- s e como unidade do d iscurso [ 1 ] , ent endi da
como di s pos ta como ora çã o, em t ermos es t rut ura i s , s i ntá t i cos ,
e s emânt i cos , l i ga dos à express ã o do p ens ament o ou, ma i s
uma v ez, a o s ent i do compl et o de um enuncia do. As s im, o ent endi ment o i nt ui t i v o de s ent i do compl et o, noçã o s emâ nt i ca , s e
fa z qua ndo, neces s a ria ment e, s e recorre, em pa ra l el o, a um
a s pect o s i nt á t i co da noçã o/forma ção de ora çã o e s eus t ermos. D a í , t a mbém, pos sa -s e ent ender a j us t i fi ca çã o da compl ement a çã o ent re cri t éri os s emâ nt i cos e s i nt á t icos .
D ess a forma , dev i do à i mpreci sã o de s i gni fi ca do da expres sã o sentido completo na defi ni çã o de ora çã o i ndependent e
qua ndo us a da s em a poi o de cr i t éri o s i nt á t i co, e nt ende -s e como
ma is coerent e o us o do cr i t éri o s i nt á t i co pa ra mel hor s e de fi ni r
ora çã o i ndependent e. Pa ra mel hor es cl a recer i s s o, mos t ra ndo
que o a s pect o s emâ nt i co a pres enta do na expres sã o sentido
completo gera probl ema s , re corre - s e, novament e, a B echa ra
( 1 9 6 1 , p. 21 8) : “[ . . . ] s ã o coordena da s as ora ções i ndependent es
que formam uma s equênci a , rel a ci ona da s pel o s ent i do. ‛ Aí , percebe- s e pel a express ã o relacionadas pelo sentido que há uma
rel a çã o de d ependênci a de s ent i do ent re ora ções i ndependent es , coordenadas , des cri t a s s ema nt i cament e c omo ora ções de
s ent i do compl et o, o que é, s ema nt i cament e, um pa ra doxo. N es s e ca s o, a fa l t a d e fi xa çã o dos cont ornos s emâ nt i cos da expres sã o sentido completo di f i cul t a o ent endi ment o de out ros
concei t os qua ndo rel a ci ona dos a expres s ões c orres pondent es ,
i ndi ca ndo, como no exempl o a cima , di s crepânci a s .
Es sa rel a çã o de s ent i do, na forma çã o de perí odo compos t o, t orna- s e cl a ra qua ndo s e ent ende que no perí odo compos t o, t a nt o por coordena ção ( ent re ora ções de mes ma fun-
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çã o: i ndependent es , pri nci pa i s ou dependent es ) como por s ubordi na çã o ( ent re ora ções pri nci pa i s e ora ções dependent es ) ,
exi s t e rel a çã o de dependência de s ent i do. J á s e s a be que a
rel a çã o de dependênci a exi s t e no p erí odo compos t o por s ubordi na çã o, mos t ra do t a nto por A l mei da ( 1 9 99 ) qua nt o por B echa ra
( 1 9 6 1 ) , embora des cri t a s ob pe rs pect iv as di f erent es . Ent ã o, res t a a penas conf i rma r a rel a çã o de dependênci a de s ent i do no
perí odo compos to por coordena çã o pa ra mos t ra r a i mpreci sã o
encerra da na express ão sentido completo ca ra ct eri zadora de
ora çã o i ndependent e, des cri t a s ema nt i cament e por Al mei da
( 1 9 90 ) . N o perí odo coordena do Correu, mas não chegou a tempo, ret i ra do d e B echa ra ( 1 96 1 , p. 21 8) , embora s e ent enda ora ções i ndependent es como port a doras de sentido completo ,
qua ndo r et i ra da a conj unção a dv ers a t iva ‚mas ‛ ( ‚Correu. ‛, ‚N ão
chegou a t empo. ‛) , a s ora ções a gora s e mos t ram s em nenhuma l i ga ção. A re l a ção de s ent i do a dv ers a t iv a d es apa rece. N es s e s ent i do, ent ende - s e que a ora çã o s ó s e cha ma Oração Coordenada Sindética Adversativa por a pres enta r a r el a çã o ent re
dua s ora ções i ndependent es s i nta t i cament e; a pres enta r um conect i v o ( no ca s o, a conj unçã o ‚mas ‛) ; e a pres ent a r como neces s á ria uma re l a ção de d ependênci a de s ent i do que s e des crev e como a dv ers i da de, opos i ção, ent re a s o ra ções env olv i da s na forma çã o des s e perí odo. Ass i m, pa ra a compos i çã o do
s ent i do gl oba l do perí odo, há de s e reconhecer a r el a çã o de
dependênci a ent re a s ora ções env olv i das no p erí odo compost o
por coordena çã o.
Al ém di s s o, pode - s e reconhecer a i mportâ nci a do conect i v o us a do pa ra uni r a s ora ções , na forma ção do sentido completo , p ercebi da numa not a , a s egunda , em A l mei da ( 1 99 9 , p.
529 ) : “[ . . . ] a s ubordi na da a dv erbi a l é a i nda conv ers í v el , à s v ezes , em uma coordena da com a pr i nci pa l : El e chegou qua ndo
eu ent rei = El e chegou e eu ent rei . ‛ Ora , i s s o quer di zer que,
nes s e process o, a ora çã o i ndependent e perdeu s eu ca rá t er e
pa ss ou a poss ui r out ro, o d e dependent e. Is s o mos t ra , ma i s
uma v ez, que a defi ni çã o de ora çã o i ndependent e como uma
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ora çã o de s ent i do compl eto nã o procede: no perí odo s ubordi na do ( El e chegou qua ndo eu ent rei ) , a ret i rada da pa l av ra conect i v a , a conj unçã o, i mpos s i bi l i t a o reconheci ment o da ora çã o
s ubordi na da como dependent e ( na a cepçã o s emâ nt i ca de s ent i do i ncompl et o) , por pa s sa r a corr es ponder à i ndependent e ( de
s ent i do compl et o) do p erí odo coordena do ( Ele chegou e eu ent rei ) . Em out ra s pa l av ras , t a nto a ora çã o s ubordi nada
( dependent e) como a ora ção coordenada ( i ndependent e) pas sa
a s er eu entrei , pa ra doxa l ment e. N o ent a nt o, pode -s e i nda ga r:
s e s ã o ora ções uni da s por di fe rent es conect i v os, nã o s eri a de
es pera r que fos s em cl a s s i fi ca das de forma di fer ent e? N ã o! Al mei da ( 1 9 9 9 ) , a i nda, nes sas not as a pres ent ada s , di z que nã o s e
dev e confundi r ora ção com conj unção, i s t o é, nã o é o t i po de
conj unçã o que defi ni rá o t i po de perí odo, mas s i m, a s ora ções.
D ess e modo, Al mei da ( 1 9 99 ) a fi rma que nã o há confus ã o ent re
ora çã o coordena da expl i ca t iv a e ora çã o subordi na da ca usa l
porque, embora os conect i v os s ej a m i gua i s, a r el a çã o ent re a s
ora ções que compõem ca da perí odo em quest ã o é di ferent e.
Ass i m, na bus ca pe l o ent endi mento da expres sã o sentido
completo , fa z- s e neces sá ri o um meca ni smo de a ná l i s e que s e
most re e fi ci ent e no reconheci ment o do s ent i do compl et o da s
ora ções . Como s e v ê, um perí odo compos t o p or s ubordi na çã o
s e conv ert e em um por coordena ção pel a s i mpl es s ubs t i t ui çã o
de uma conj unçã o, o que ra t i fi ca a i mportâ nci a da conj unçã o e
most ra a i mpreci sã o do concei t o de ora çã o i ndependent e como
ora çã o de s ent i do compl et o. Is s o ev i denci a qu e o ca rá t er de
dependent e ou i ndependent e de uma ora çã o depende da s rel a ções s i nt á t i cas , e nã o de s ent i do, most ra ndo rei t era dament e o
probl ema gera do pel a a bordagem s emâ nt i ca , e nt re a s ora ções
des env ol v i das ( a s que nã o s e encont ra m i nt roduzi das por v erbos nas formas nomi na i s ) com o us o de conect i v os . D ess e
modo, o m ét odo de a ná l i s e i ndiv i dua l ( excet ua ndo t a nt o a conj unçã o como s epa ra ndo a s ora ções ) da s orações pa ra s e v er i fi ca r s e el a s poss uem ou nã o s ent i do complet o nã o s e mos t ra
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coerent e. Port a nto, a des cri çã o sentido completo nã o s e fa z
cl a ra pa ra a t ender a o concei t o de ora çã o independent e.
J á def i ni da a ora çã o i ndependent e, pa rt e -s e p a ra a de fi ni çã o de ora çã o dependent e. Segundo B echa ra ( 1 9 6 1 , p. 21 6 ) ,
‚[ . . . ] ora çã o d ependent e é a quel a que exerce funçã o s i nt á t i ca
de out ra e v a l e por um s ubs ta nt iv o, a dj et iv o ou a dv érbi o. A
dependent e é um t ermo s i nt á t i co que t em a forma de ora çã o. ‛
Port a nto, a noçã o de dependênci a é i nv ers a à de i ndependênci a , obv i ament e.
Sobre es t e a s pect o, v i s t o na noçã o de ora çã o d ependent e como ora çã o que funci ona como t ermo s i nt á t i co de out ra ,
Peri ni ( 20 00 , p. 1 24 ) mel hor o des crev e como s endo uma ‚ [ . . . ]
propri eda de, comum a t odas a s l í nguas , de col oca r es t rut ura s
dent ro de out ra s es t ruturas da mes ma cl a s s e, ‛ cha ma da recurs i v i da de. At rav és des s e concei t o, o d e r ecurs i v i da de, pode s e de fi ni r, s egundo Peri ni ( 2000 , p. 1 24 ) , perí odo compost o por
s ubordi na çã o como ‚[ . . . ] ora çã o compl exa , defi ni da como uma
ora çã o que cont ém dent ro d e s eus l i mi t es pel o menos uma out ra ora çã o. ‛ Peri ni ( 2000 ) ent ende o p erí odo compos t o como
s endo t a mbém uma ora çã o s i mpl esment e: um p erí odo compos t o
é fo rma do por uma ora çã o que, na v erda de, depende s i nt a t i ca ment e t a mbém de s ua dependent e, ora çã o s ob a forma de t ermo, pa ra compor i nt egra lment e s ua es t rutura s i nt át i ca , que
num t odo s e mos t ra como a pena s uma ora ção.
Ass i m, v ê- s e que Pe ri ni ( 200 0 ) us a como conv eni ent e o
cri t ér i o s i nt á t i co pa ra des crev er per í odo compos t o, a dota ndo
uma t ermi nol ogia di v ersa da t ra di ci ona l a qui a borda da . Em s í nt es e, a gra má t i ca des cri t i v a de Peri ni ( 2000 ) s e mos t ra condi zent e com a gramá t i ca de B echa ra ( 1 9 6 1 ) , no que di z res pei t o à
des cri çã o de p erí odo compos t o, qua ndo os doi s gra má t i cos
a dota m o cri t éri o s i nt á t i co, bas ea ndo s uas des cri ções na rel a çã o da s es t rut uras que compõem o p erí odo. N ess e s ent i do,
por s e v er uma re l a ção de concordâ ncia ent re uma gra má t i ca
des cri t i va , que s empre s e propõe a c ri t i ca r a GT, e out ra t ra -
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di ci ona l , uni v oca ment e s e r econhece que, no pont o em que s e
coa duna m, a gramá t i ca t ra di ci ona l de B echa ra ( 1 9 6 1 ) foi e fi ca z,
no ca so em ques t ã o; efi ca z em defi ni r s i nt a t i cament e perí odo
compos t o .
Qua ndo Al mei da ( 1 9 99 , p. 523) a fi rma que ‚ [ . . . ] ora çã o
pri nci pa l é a que t em o s ent i do pri nci pa l no perí odo, e que,
embora nã o dependa de out ra ora çã o, t em s eu s ent i do i nt ei ra do por out ra ou out ra s a el a s ubordi nadas ‛, a pri ma zi a da da à
s emâ nt i ca fi ca pa t ent e nes s e excert o. O que s e obs erva a í é
um confl i t o de noções : s e a ora çã o pri nci pal nã o depende de
out ra , t er s eu s ent i do compl et ado por out ra s nã o s e permi t e
pens a r em dependênci a ? O que s eri a exa t ament e s ent i do i nt ei ra do por out ra ? Ma i s uma v ez, B echa ra ( 1 9 6 1, p. 21 6 ) , do pont o
de v i s t a s i nt á t i co, mel hor defi ne: ‚Cha ma -se ora çã o pri nci pa l
a quel a que pede uma dependent e. ‛ D e a cordo com o s i s t ema
de concei t os de B echa ra ( 1 9 6 1 ) , uma ora çã o dependent e é uma
ora çã o que, es t a ndo em forma de uma funçã o s i nt á t i ca , compl et a a es t rut ura da ora çã o pri nci pa l ; s a t i s fazendo a exi gênci a
de um enunci a do, cu j o s ent i do compl et o quei ra a l ca nça r, por
uma es t rut ura s i nt á t i ca forma da pel a pres ença dos t ermos s i nt á t i cos neces sá ri os pa ra t a l .
6 RESULTADOS
A a ná l is e das duas gramá t i cas t ra di ci ona i s , a de Al mei da
( 1 9 99 ) e a de B echa ra ( 19 6 1 ) , permi t e ent ender que, por um l ado, pel a pers pect i va s emâ nt i ca , a dot a da por Al mei da ( 1 99 9 ) , na
des cri çã o dos concei t os neces sá ri os a o entendi ment o de perí odo compos to ( ora çã o pri nci pa l , dependent e e i ndependent e) , a
expres sã o sentido completo s e fa z pres ente e ess enci a l . Em
funçã o da fa l t a de um meca nis mo a na l í t i co de depreens ã o do
s ent i do compl eto de uma ora çã o e, a t é mesmo, em funçã o da
fa l t a de cl a ra defi ni çã o do que v enha a s i gnifi ca r ess a expres s ã o, l ogi cament e, v ê- s e como i nefi ca z a a borda gem s emâ nt i ca
de perí odo compost o. Por out ro l a do, a pers pect i va s i ntá t i ca
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a dota da por B echa ra ( 19 6 1 ) mos t ra que há rel a çã o de dependênci a s emâ nt i ca ent re a s ora ções que compõem o perí odo
compos t o por coordena çã o e, ta mbém, por s ubordi na çã o: o
que cont ra ri a a defi ni çã o s emâ nt i ca de oraçã o i ndependent e
( de s ent i do compl et o) e pri nci pa l ( de s ent i do pri nci pa l e que
nã o ‚depende‛ de out ras ) . Iss o fa vorece o ent endi mento de
que o cri t éri o defi ni dor de perí odo dev a s er o s i ntá t i co, embora pos sa s e ent ender como oport una a compl ement a çã o ent re
os cri t éri os s emâ nt i cos e s i ntá t i cos . A compa ra çã o ent re as
defi ni ções de perí odo compos to que a qui s e mos t ra ent re Peri ni ( 2000 ) e B echa ra ( 1 96 1 ) dá - s e de forma ha rmôni ca , aquel e
a borda a noçã o de recurs iv i dade, des crev endo - a como propri eda de da l í ngua que permi t e que uma es t rut ura s ej a enca i xa da
dent ro de out ra est rut ura , que é correl at a da defi ni çã o de ora çã o dependent e, uma ora çã o qua ndo s ob a forma de um
t ermo s i ntá t i co s e j unt a a out ra es t rut ura pa ra compor um perí odo. Embora s e pos sa ent ender como conveni ent e uma rel açã o de compl ementa çã o ent re os cri t éri os semâ nt i cos e s i nt át i cos , ent ende - s e obv i ament e que es s es concei t os sã o des cri ções de el ement os rel a ci ona dos e cons t i t ut iv os da es t rut ura
de uma ora ção; porta nto, de fa t os s int á t i cos. Por is s o, há de
s e conv i r que pa ra a des cri çã o des s es concei t os , s oment e a
a rgument a çã o ou cri t éri o s i ntá t i co, coerent ement e, mos t ra s uprema cia . Em s e t ra t ando de perí odo compost o, uma a fi rma çã o
que mel hor exempl i fi ca i ss o é a de B echa ra ( 1 9 6 1 , p. 216 ) : ‚[ . . . ]
qua nt o às s uas rel a ções s i nt á t i ca s dent ro do perí odo compos t o, a s ora ções podem s er i ndependent es e dependent es . ‛ Aí ,
percebe- s e que a s rel a ções s i ntá t i cas es tão em rel ev o por
conv eni ênci a e coerência des cri t iv a .
7 CONCLUSÃO
O ca mpo s emâ nt i co é, s em dúv i da , um t erreno de d i fí ci l
es t udo e a gua rda es t udi osos pers pi ca zes e i ns t rument a l i zados , com forma çã o a propri ada e us o de mét odos de ba s e t e-
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óri ca cons is t ent e. Es pera - s e que, s ob a a cei t a çã o dos que s e
dedi ca m a pes qui sa ci ent í fi ca , cri em v erda dei ra s def i ni ções e
nã o mera ment e ‚opi ni ões ‛ ( decl a ra ções fei t a s por um gra má t i co e nã o por out ro, ca ra ct eri za ndo uma a fi rma çã o pa rt i cul a r)
a cerca dos fa t os s i nt á t i cos , s obretudo. A sa í da do probl ema
a qui a pres ent ado é rea t iv a r o ca rá t er de s i s t ema da gramá t ica , i s t o é, promov er a i nt era çã o l ógi ca ent re s eus concei t os ,
a t rav és de um s i s t ema de concei t ua çã o e fi ci ent e, com v i st as
à ha rmonia do s i s t ema gramat i ca l .
Abs t ra ct : Thi s pa per a i ms t o demons t ra t e t ha t t he s ynt a ct i c
cri t er i on s houl d be us ed t o ens ure t he coherence a nd cohes i on f ea t ure of i mporta nt concept s ( ma i n cl a us e, dependent
a nd i ndependent ) t o comprehend t he s t ruct ure a nd funct i oni ng
of compl ex cl a us es . To a na l yze, i t wa s sel e ct ed a ma t eri a l
compos ed by t wo t ra di t i ona l gra mma rs a nd one d es cri pt iv e
gra mma r. In one, i t wa s found s t ri ct l y s ema nt i c a pproa ches
a nd i n ot hers , s t ri ct l y s ynt a ct i c a pproa ches . As a res ul t , i t
was s een t ha t t he expres s i on complete sense i s es s ent ia l i n
t he t ra di t i ona l gramma r of A l mei da ( 1 9 99 ) , whi ch a dopt s a s ema nt i c pers pect i v e t o des cri be t hi s concept s . As a concl us i on,
owi ng t o a bs ence of a n a na l yt i ca l mechani s m t o a pprehend
t he fu l l s ens e o f a cl a us e a nd for a bs ence o f a cons i s t ent
defi ni t i on of t hi s expres s i on, t he s ema nt i c a pproa ch of t he
compl ex cl a us e was s een a s ineffect i v e.
K eywords: Tra di t i ona l gra mma r. S ema nt i c a nd s ynta ct i c a pproa ches . Compl ex cl a us e. F ul l s ens e.
REFERÊNCIAS
ALMEID A, Na pol eão Mendes de. Gramática metódica da língua
portuguesa . 4 3. ed. Sã o Pa ul o: Sa ra i va , 19 99 .
B ECHARA, Eva ni l do. Moderna gramática portuguesa . Ri o de
J a nei ro: Ci a Edi t ora Na ci ona l , 1 96 1 .
J
Graduando, Feira de Santana, v. 3, n. 5, p. 11-25, jul./dez. 2012
25
HAUY, Ami ni B oa i na in. Da necessidade de uma gramática da
língua portuguesa . 3. ed. Sã o Pa ul o: Át i ca , 1987 .
PERIN I, Má ri o A. Gramática descritiva do português . 4 . ed. Sã o
Pa ul o: Át i ca , 2000 .
_ _ _ __ _ . Para uma nova gramática do português . 9 . ed. Sã o
Pa ul o: Át i ca , 19 99 .
N OTAS
[1]
Ess a expres sã o poss ui t a mbém rel a çã o com a express ã o
s ent i do compl et o e ca rece de es t udo det a lha do pa ra mel hor
es cl a reci ment o da poss i bi l i da de de s ua defi ni çã o.
Env ia do em: 1 1 /09 /20 1 2.
Aprov a do em: 20/07 /20 1 3.
J
Graduando, Feira de Santana, v. 3, n. 5, p. 11-25, jul./dez. 2012
LITERATURA
ISSN 2236- 3335
LA INFELICIDAD FEMENINA EN BODAS DE SANGRE,
DE FEDERICO GARCÍA LORCA
D a n i e l a R o c h a d e F r an ç a
L i c e n c i a t u r a e m L e t r a s c o m E s p an h o l / U E F S
d a n i _ r f 0 1 @h o t m a i l . c o m
Res umen : La t ra gedi a Bodas de Sangre ( 1 9 33?) , de F ederi co
Ga rcí a L orca , s e mues t ra como un t ext o que i ns pi ra refl exi ones
rel ev a nt es s obre l a s oc i eda d es pa ñol a de l os a ños t r ei nt a del
s i gl o pa sa do. Es t e a rt í cul o propone una di s cus i ón s obre l a i nfe l i ci da d femeni na en l a t ra gedia de L orca l l ev ando en cons i dera ci ón el cont ext o s oci a l y l os pa pel es s oci a l es que a dopt a n
l os pers ona j es femeni nos confi gura dos por el es cri t or.
Pa l a bra s- cl av e: Infel i ci da d femeni na . Bodas de Sangre . Tra nsgres i ón.
1 INTRODUCCIÓN
L a Ma dre, l a N ov i a , l a Muj er d e L eona rdo, l a Suegra y l a
Cri a da s on a l gunos de l os pers ona j es femeni nos confi gura dos
por L orca en s u t ra gedia Bodas de Sangre ( 1 9 33) . L a corre l aci ón ent re t oda s el l a s s e funda en l a i nfel i ci da d. Muj eres que
v iv en en un t i empo en que l a s pa redes l es echa n fuego enci ma . Muj eres cuya funci ón es s erv i r, que s on procrea doras y
res ponsa bl es por el honor y l a educa ci ón de l a fa mi l i a . Es en
es t e cont ext o que L orca es cri be Bodas de Sangre , des ta cá ndos e como el a ut or de una t ra gedi a con el ement os cl á s i cos y
t a mbi én como l a v oz que pl a nt ea una denunci a s oci a l .
L a s oci eda d que d i buj a L orca es una s oci eda d pa t ri a rca l
donde l a muj er es t á s ubordi na da a l v a rón en t odos l os á mbi t os
de l a v i da , s ea económi co, s oci a l o l a bora l . Es ta muj er de l os
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a ños t rei nt a no t ení a a ut onomía pers ona l y s u v i da es t a ba rel ega da a l ma t rimoni o, a l a p rocrea ci ón y a l cui da do del hoga r.
Ademá s t ení a una gra n res pons abi l i da d en l a e duca ci ón de l os
hi j os , y s i no s e s a l i era bi en, reca erí a s obre el l a una gra n pres i ón s oci a l por no ha ber cumpl i do s u pa pel s oci a l . Ma ría Eugeni a F erná ndez F ra i l e ( 20 08, p. 1 2) s eña l a , en s u a rt í cul o s obre
l a hi s t ori a de l a s muj eres en Es paña , l o que s ucedí a con el l as
ha s ta el úl t i mo t erci o del s i gl o XX.
L a m u j e r , a d em á s d e s e r e x c l u i d a d e c u a l q u i e r f o r o
p ú b l i c o , a p a r t ad a d e l o s á m b i t o s d e d e c i s i ó n p o l í t i c a ,
de la administración de bienes, de los foros donde s e
c r e a y r e c i b e c u l t u r a , e s t a mb i é n d e sp o s e íd a d e l d e r e c h o a l u s o d e l a r a z ó n , m o t o r d e l a m o d e r n id a d .
C o mo c o n t r a p a r t i d a , s e c o n v i e r te e n e l e j e v e r t e b r a d o r d e n ú c l e o f a m i l i a r , t r a s m i s o r a d e v a l o r e s mo r a l e s ,
a d m in i s t r a d o r a d e l a e c o n o m í a f a m i l i a r , m á x i m o e x p o n en t e e n l a p r o d u c c i ó n d e s e r v i c i o s y e n m e n o r m ed i d a e n l a p r o d u c c i ó n d e b i e n e s , e d u c ad o r a d e l o s
h i j o s , p e r o s i e mp r e b a j o l a t u t e l a d e l e s p o so o d e l
v a r ó n d e l a c a s a a l c u a l d e b e e n t r eg a r s e y a p o y a r .
L a l egi s l a ci ón di s cri mi na t ori a de a quel l a época ha cí a que
l a a ut ori da d del v a rón fues e má s a l l á d e a s unt os económi cos ,
l a muj er deberí a r epert a l o y s omet ers e a l ma ri do. Y a quel l a s
que t ení a n una conduct a t ra ns gres ora es t a ban s uj et a s a s ev era s pena s.
2 LA CARACTERIZACIÓN DEL PAPEL SOCIAL DE LA
MUJER DENTRO DE LA OBRA DE LORCA
L orca confi gura s us pers ona j es de a cuerdo con l os pa pel es s oci a l es y l os nombra de l a mi sma manera . El hecho de
que Lorca no dé una i dent i da d pers ona l a sus pers ona j es s i gni fi ca un efect o muy i nt eres a nt e en l a obra, pues no est amos
ha bl ando de una pers ona en concret o, s i no de grupos de pers onas . N o s e t ra ta pues de una Madre, s i no de l a s ma dres , no
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es l a Nov ia o l a Suegra s i no t odas la s nov i as y l as s uegra s de
l os a ños t rei nt a. ¿Ent onces cómo expl i ca r l a s a ct i t udes de
t ra nsgres i ón por pa rt e de l os pers ona j es como l a N ov ia ?
Ademá s de poner en es cena l os pa pel es s oci a l es , nos
pa rece que L orca t ambi én l ogró poner en escena l os des eos y
ga nas má s repri mi dos de l as que es t a ba n obl i ga da s a as umi r
s u rol femeni no en a quel l a época . Y es t os des eos y ga nas s e
ref l ej a n j us t ament e en l as t ra ns gres i ones . Ha y en el t ras curri r
de l a a cci ón un emba t e ent re es t os des eos y l a conducta
‚di gna ‛, es pera da del papel s oci a l que as ume el pers ona j e.
L a Nov ia es la prota gonis ta de l a his t ori a y s e mues t ra
como una muj er v a l i ent e a l t ra ns gredi r l a conduct a s ocia l y
a s umi r públ i cament e s us ra zones y des eos a pes a r de l a s
a cusa ci ones y sa nci ones que sufre. Vea mos en es t e pri mero
moment o como l a N ov ia as ume s u pa pel soci a l , el de buena
mucha cha que a cepta , obedece y s obre t odo no cues t i ona na da .
M a d r e : A c é r c a t e . ¿ E s t á s c o n t en t a ?
Novia: Sí , señora.
Padre: No debes estar seria . A l f in y a l cabo el la va a
s e r t u m ad r e .
N o v i a : E s t o y c o n t en t a . C u a n d o h e d ad o e l s i e s p o r que quiero darlo.
M a d r e : N a t u r a l m en t e . ( L e co g e l a b a r b i l l a . ) M í r a m e .
P a d r e : S e p a r e c e en t o d o a m i mu j e r .
M a d r e : ¿ S í ? ¡ Q u é h e r mo s o m i r a r ! ¿ T ú s a b e s l o q u e e s
casarse , criatura?
Novia: (Seria) Lo sé.
Madre: Un hombre, unos hijos y una pared de dos
v a r a s d e a n ch o p a r a t o d o l o d e m á s . ( G A R C I A L O R C A ,
2001, p. 1 12).
En es t a es cena , t enemos e l pri mer encuent ro ent re l a
Ma dre y l a N ov i a dónde el l a es cues t i onada s obre s us expect a t i vas en re l a ci ón a l a boda . La N ov i a en est a es cena a pa rece
como una mucha cha bi en educa da, obedi ent e, que ha bl a poco
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y no cues t i ona u opi na , o s ea t enemos un pers ona j e de l a N ov i a que corr es ponde a l perfi l es pera do. Además , en es t a mi s ma es cena, el dra ma t urgo mues t ra una buena pi s t a s obre
cómo era e l ma t rimoni o en a quel l a época . La ma dre ma l i ci os a
pregunt a a l a N ov i a s i el l a rea l ment e s a be l o que es ca sa rs e,
como s i l a N ov i a no s upi era o no es t uv i era prepa ra da . Y a nt es
que obt enga una res pues ta , e l l a mi sma cont es t a como una
muj er experi menta da que ya ha bí a v iv i do esta rea l i dad y di ce :
Madre: Un hombre, unos hijos y una pared de dos
v a r a s d e a n ch o p a r a t o d o l o d e m á s . ( G A R C I A L O R C A ,
2001, p. 1 12).
Su propia res pues ta nos da una mues t ra de cómo v iv í a n
l a s muj eres , conforma das con s u condi ci ón e i nfe l i ces . Si n derecho de opi na r, con s u crea t i v i da d mut i l a da , i nmersa s en un
mol de soci a l que l as s ofoca ba .
En el s i gui ent e fragmento, la Ma dre cumpl i endo s u pa pel
en bus ca r i nforma ci ón s obre l a N ov ia : s u fama , s i es de v erda d una mucha cha honrada y s i merece ser es posa de s u
hi j o.
Madre: ¿Tú conoces a la novia de mi hijo?
V e c i n a : ¡ B u en a mu ch a ch a !
Madre: S í , pero. . .
Vecina: Pero quien la conozca a fondo no hay nadie.
Vive sola con su padre al l í, tan lejos, a diez leguas
d e l a c a s a m á s c e r c a . P e r o e s b u en a . A c o s tu m b r a d a
a l a s o l e d ad . ( G A R C I A L O R C A , 2 0 0 1 , p . 9 8 ) .
Ot ro fra gment o t ambi én que a punta el perfi l des ea do pa ra
l a muj er de a quel l a época y es cua ndo el Pa dre de l a Nov ia
pres ent a l os dot es de su hi j a a s u fut ura s uegra . Vea mos :
Padre: Qué te digo de la mía . Hace las migas a las
t r e s , c u an d o e l l u ce r o . N o h ab l a
n u n c a ; s u av e c o m o l a l a n a , b o r d a t o d a c l a s e d e b o r -
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dados y puede cortar una maroma
con los dientes.
M a d r e : D i o s b en d i g a su c a s a .
Padre: Que D ios la bendiga. (GARCIA LORCA, 2001, p .
111).
Ant e l o expues t o s e puede cons t a ta r que L orca di s eña
en Bodas de sangre la conduct a es perada por l a muj er s egún
l os padrones y precept os de l a época .
3 LA TRANSGRESIÓN EN BODAS DE SANGRE
Ademá s de t ra za r l os perfi l es s oci a l es con los ras gos de
l a s oci eda d de l a época , L orca t ambi én propone una mi ra da
s obre l a t ra ns gres i ón en la obra . Tra ns gredi r puede s er defi ni do como l a v i ol a ci ón de un precept o, una l ey o una norma y
j us t ament e es l o que ha ce l a N ov ia cua ndo huye con L eona rdo. El l a repres ent a l a t ra ns gres i ón del pa pel s oci a l de l a muj er
y ca mi na ha ci a el ext remo de l o que s erí a cons i dera do una
conduct a a decua da . La N ov i a defi ende el ca mi no de l a a ut onomí a, de l a l i bera ci ón de l a cá rcel s ocia l que s upone un ca sa mi ent o s i n amor. Además de a sumi r l o que hi zo y a s umi r l as
cons ecuenci as , el l a dej a cl a ro en s u defensa que l o que hi zo,
no fue un error o un del i t o.
Novia : ¡Porque yo me fui con el otro, me fui ! (Con ang u s t i a ) T ú t a mb i é n t e h u b i e r a s i d o . Y o e r a u n a m u j e r
q u em a d a , l l e n a d e l l a g a s p o r d en t r o y p o r f u e r a , y t u
h i j o e r a u n p o q u i t o d e a g u a d e l a q u e y o e s p er a b a
hijos, tierra , sa lud; pero e l otro era un río oscuro, l len o d e r a m a s , q u e a c e r c a b a a m í e l r u mo r d e s u s j u n cos y su cantar entre dientes. Y yo corría con tu hijo
q u e e r a c o mo u n n i ñ i t o d e a g u a , f r í o , y e l o t r o m e
m a n d ab a c i e n to s d e p á j a r o s q u e m e i mp ed í a n e l a n d a r
y q u e d e j a b an e s c a r ch a s o b r e m i s h e r i d a s d e p o b r e
mu j e r m a r c h i t a , d e m u ch a ch a a c a r i c i a d a p o r e l f u e g o .
Y o n o q u e r í a , ¡ ó y e l o b i e n ! ; y o n o q u er í a , ¡ ó y e l o b i en ! .
Yo no quería. ¡Tu hijo era m i fin y yo no lo he enga-
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ñ a d o , p e r o e l b r a z o d e l o t r o m e a r r a s t r ó c o mo u n
g o lp e d e m a r , c o mo l a c a b e z ad a d e u n m u l o , y m e
h u b i e r a a r r a s t r a d o s i e mp r e , s i e mp r e , s i e mp r e , s i em pre, aunque hubiera sido vieja y todos los hijos de t u
h i j o m e h u b i e s en a g a r r ad o d e l o s c a b e l l o s ! ( G A R C I A
LORCA, 2001, p. 1 62).
L a muj er que es tá confi gurada en el pers ona j e de l a N ov i a , defi ende el derecho de el ecci ón, propone l a v i ol a ci ón de l a
norma , que la l l eva rá a concret i za r sus des eos má s reprimi dos .
L eo n a r d o :
¿ A l a f u e r z a ? ¿ Qu i é n b a jó p r i me r o l a s e s c a l e r a s ?
Novia:
Yo las bajé.
L eo n a r d o :
¿ Qu i é n l e p u so a l c a b a l l o b r i d a s n u ev a s ?
Novia:
Y o m i sm a . V e r d ad .
L eo n a r d o :
¿ Y q u é m a n o s me c a l z a r o n l a s e s p u e l a s ?
Novia:
Est as manos que son tuyas, pero que al verte quisieran
q u e b r a r l a s r a m a s a z u l e s y e l mu r mu l l o d e t u s v en as .
¡Te quiero! ¡Te quiero! ¡Aparta! Que si matarte pudiera ,
te pondría una mortaja con los fi los de v ioletas. ¡Ay,
q u é l a m e n to , q u é f u e g o m e s u b e p o r l a c a b ez a !
( G A R C I A L OR C A , 2 0 0 1 , p . 1 5 0 - 1 5 1 ) .
4 LA INFELICIDAD DE LAS MUJERES EN BODAS DE
SANGRE
En di v ers os fra gment os de l a obra , es pos ibl e v i s ua l i za r
cómo L orca refl ej a el s ent imi ent o de i nfel i ci da d en l os pers ona j es femeni nos . Ca da muj er de l a obra de L orca ema na una
hi s t ori a de i nfel i ci da d e i ns a t is fa cci ón con s u condi ci ón. El
des amor del ma ri do, el des eo de cas a rs e, l a des gra ci a que
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s upone el hecho de es t a r es ta r cas ada con un hombre a
qui én no s e ama y la s ol eda d y el rencor de l a v i uda que ha
perdi do a s u ma ri do, s on a l gunas de es ta s his t ori as .
En el pri mer a ct o de l a obra L orca aporta l a pri mera
mues t ra de l a v i da i nfel i z que l l ev a l a Ma dre por ha ber perdi do
a s u ma ri do y a su hi j o.
M a d r e : C i e n a ñ o s q u e y o v i v i e r a n o h ab l a r í a d e o tr a
c o s a . P r i m e r o , t u p a d r e , q u e m e o l í a a c l a v e l y l o d is fruté tres años escasos . Luego, tu hermano. ¿Y es
j u s t o y p u ed e s e r q u e u n a c o s a p e q u eñ a c o mo u n a
p i s t o l a o u n a n a v a j a p u ed a a c a b a r c o n u n h o mb r e ,
que e s un toro? No cal laría nunca. Pasan los meses y
l a d e s e s p e r ac i ó n me p i c a e n l o s o j o s y h a s t a e n l a s
p u n t a s d e l p e lo .
N o v i o : ( F u e r t e ) ¿ V amo s a a c a b a r ?
M a d r e : N o . N o v a mo s a a c a b a r . ¿ M e p u ed e a l g u ie n
t r a e r a t u p ad r e y a t u h e r m an o ? Y l u eg o , e l p r e s i d i o .
¿ Qu é e s e l p r e s i d i o ? ¡ A l l í c o m en , a l l í f u m an , a l l í t o ca n
l o s i n s t r u m en t o s ! M i s m u er t o s l l e n o s d e h i e r b a , s i n
h a b l a r , h e c h o s p o l v o ; d o s h o mb r e s q u e e r a n d o s g e ranios... Los matadores, en presidio, frescos, v iendo
l o s m o n t e s . . . ( G AR C I A L OR C A , 2 0 0 1 , p . 9 4 - 9 5 ) .
Por ot ro l a do, s e obs erv a que es ta s muj eres no es tá n
s a t is fecha s con s u v i da o con s u condi ci ón. N o obs t ant e, s on
muj eres , en s u mayorí a , conforma das con "s u s i no". Acept an
s u condi ci ón de ma nera pa cí fi ca y nat ura l y ll ega n ha st a a demost ra r el recha zo por a quel l a s que t ra nsgreden o bus ca n
ot ros cami nos . La ma dre de l a N ov ia fue una muj er que, como
di j o uno de l os pers ona j es, no querí a a s u ma ri do, y por es o
no l l ev a ba buena fama s i endo que s u honra fue pues t a en duda .
M a d r e : ¿ Y s u m ad r e?
Vecina: A su madre la conocí . Hermosa. Le relucía l a
c a r a c o mo u n s a n to ; p e r o a m í n o me g u s tó n u n c a .
No quería a su marido.
M a d r e : ( F u e r t e ) P e r o ¡ c u án t a s c o s a s s a b é i s l a s g en tes!
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Vecina: Perdona. No quis iera ofender; pero es verdad.
A h o r a , s i f u e d ec en t e o n o , n a d i e l o d i j o . D e e s t o n o
se ha hablado. E l la era orgullosa.
Madre: ¡Siempre igual! (GARCIA LORCA, 2001, p. 99).
En el primer a ct o a pa rece ta mbi én ot ro persona j e femenino: l a Muj er de L eona rdo. D emuest ra s er una muj er ma l amada
que t eme perder a s u ma ri do pues s i ent e que él no l a qui ere
más . En es t e fragment o, a demás de t ener la ev i dencia de que
l a rel a ci ón ent re a mbos es probl emát i ca , v emos cómo l a Suegra reprocha a s u hi j a por cues t i ona r demas i a do a s u ma ri do,
pues el l a sa be que ésa á no es l a conducta que debe t ener
una esposa .
Mu j e r : ( A L e o n a r d o ) ¿ Q u é t e p a s a ? ¿ Qu é i d e a t e b u l l e
p o r d en t r o d e c a b e z a? N o m e d e j e s a s í , s i n s a b er n a da...
L eo n a r d o : Q u i t a .
Mu j e r : N o . Q u i e r o q u e m e m i r e s y m e l o d ig a s .
L eo n a r d o : D é j a m e . ( S e l e v a n t a . )
Mu j e r : ¿ Ad ó n d e v a s , h i j o ?
L eo n a r d o : ( A g r i o ) ¿ T e p u ed e s c a l l a r ?
S u eg r a : ( E n é r g i c a , a s u h i j a ) ¡ C á l l a t e ! ( S a l e L e o n a r d o )
¡ El n iño! (Entra y vuelve a sa l ir con é l en brazos.) (La
mu j e r h a p e r m a n ec i d o d e p i e , i n m ó v i l ) ( G A R C I A L O R CA, 2001, p. 106).
Y más a del ant e l a Muj er de L eona rdo s e da cuent a de
que no t i ene má s su ma ri do. Que l o perdi ó y que es t o es s u
s i no. Y s eña la ademá s que s u ma dre t uv o el mi smo des t i no.
Mu j e r : Y y o n o s o y mu j e r p a r a i r s i n s u m a r i d o a u n
c a s a m i e n to . ¡ Q u e n o p u ed o m á s !
L eo n a r d o : ¡ N i y o t a mp o co !
Mu j e r : ¿ P o r q u é m e m i r a s a s í ? T i e n e s u n a e s p i n a e n
cada ojo.
L eo n a r d o : ¡ V a mo s !
Mu j e r : N o s é l o q u e p a s a . P e r o p i e n s o y n o q u i e r o
p en s a r . U n a c o s a s é . Y o y a e s t o y d e sp a c h ad a . P e r o
t e n g o u n h i j o . Y o t r o q u e v i e n e . V a m o s a n d an d o . E l
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m i s mo s i n o t u v o m i m a d r e . P e r o d e a q u í n o m e mu e v o . ( G AR C I A L OR C A , 2 0 0 1 , p . 1 2 8 - 12 9 ) .
Más a del a nt e podemos conocer, ent ret ej i da e n l a t ra ma ,
l a hi s t ori a de l a ma dre de l a N ov i a que fue una muj er i nfel i z,
que s e cons umi ó en s u ca s ami ent o. E es t e f ra gment o Lorca
refuerza l a i dea de que ca s a rs e nos es a l go f el i z s i no que es
una des di cha pa ra l as muj eres .
N o v i a : M i m a d r e e r a d e u n s i t i o d o n d e h a b í a m u ch o s
árboles. De tierra r ica.
Criada: ¡Así era el la de alegre!
N o v i a : P e r o s e c o n su m ió a q u í .
Criada: El sino.
N o v i a : C o m o n o s c o n s u m i mo s t o d a s . E c h an f u e g o l a s
p a r ed e s . ¡ A y ! , n o t i r e s d e m a s i a d o . ( G A R C I A L O R C A ,
2001, p. 1 15).
Por ot ro la do, el pers ona j e de l a Cri ada tambi én s e pres ent a como una muj er i nfel i z, por no t ener pers pect i va de ca s a rs e por s er una cri a da . Y es ta defi ende una v i s i ón di st i nt a
del ma t rimoni o, es deci r como s i fuera un pa s o bueno y que
mereci es e l a pena .
C r i a d a : ( P e i n án d o l a ) ¡ D i c h o s a t ú q u e v a s a a b r az a r a
u n h o mb r e , q u e l o v a s a b e s a r , q u e v a s a s e n t i r s u
p e so !
Novia: Cal la.
Criada: Y lo mejor es cuando te despiertes y lo sientas al lado y que él te roza los hombros con su
a l i e n t o , c o mo c o n u n a p l u m i l l a d e r u i s eñ o r .
Novia: (Fuerte.) ¿Te quieres callar?
Criada: ¡Pero, niña! Una boda, ¿qué es? Una boda e s
e s t o y n a d a m á s . ¿ S o n l o s d u l c e s ? ¿ S o n l o s r a mo s d e
f l o r e s? N o . E s u n a c a m a r e l u mb r a n te y u n h o m b r e y
u n a m u j er . ( G A R C I A L OR C A , 2 0 0 1 , p . 1 1 6 ) .
En ot ro fra gment o, la N ov i a demues t ra s u rea l s ent imi ent o
por el N ov i o, pero a ún a s í es tá det ermi na da en s u deci s i ón de
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ca sa rs e con s u nov i o a qui en no qui ere pues as í podrá ev i t a r
ca er en l os bra zos de L eona rdo y defender s u honra . L a N ov i a pues es una muj er i nfel i z porque ama un hombre y v a a
ca sa rs e con ot ro.
N o v i a : U n h o mb r e c o n s u c a b a l l o s a b e mu ch o y p u e d e
mu ch o p a r a p o d e r e s t r u j a r a u n a m u c h ac h a me t i d a e n
u n d e s i e r to . P e r o y o t e n g o o r g u l l o . P o r e s o m e c a s o .
Y me encerraré con mi marido, a quien tengo que
querer por encima de todo.
[ ...]
Novia: Y sé que estoy loca y sé que tengo e l pecho
p o d r i d o d e a g u an t a r , y a q u í e s t o y q u i e t a p o r o í r l o , p o r
v e r l o me n e a r l o s b r az o s . ( G A R C I A L OR C A , 2 0 0 1 , p .
120).
A pes a r de ha ber t ra ns gredi do, s egui do s u s ent imi ent o,
l ucha do pa ra a l ca nza r l a fel i ci da d, la desdi cha pudo má s con la
N ov i a , que no l ogra concret i za r s us des eos que t a nt o ha repri mi do y t ermi na s ol i t a ria , v a cía e i nfel i z por ha ber perdi do a l
hombre que amaba . Va has ta l a ca sa de la Ma dre expl i ca rs e y
pedi r que la cas t i gue, pero en el fi n pi de s ola ment e que l e dej e
l a menta r j unt o la t ragedi a de la muert e de l os dos riv a l es .
N ov i a : D éj ame l l ora r cont i go. ( GARCIA LORCA,
200 1 , p. 1 6 3) .
5 CONCLUSIÓN
L os p ers ona j es femeni nos d e B oda s de Sa ngre t i enen en
común el hecho de es t a r i nfel i ces por s u condi ci ón o por l a s
pérdi da s que ha n s u fri do. L orca en s u pi eza cons t ruye e l pa pel s oci a l de l a muj er s egún l os precept os d e l a época . N o
obs ta nt e, el dra ma t urgo nos s ens i bi l i za a l mi s mo t i empo r esa l t a ndo e l hecho de que es t a s muj eres que vi v í a n enca rcel a das
por l a norma , t a mbi én t uv i era n l a t ent es en s í mi s ma s el s ueño
y s us des eos . Y es o L orca l o demuest ra a t ra v és de l a t ra ns gres i ón. Toda s l a s muj eres , que a pa recen en B oda s de s a ngre,
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s on pres ent a das como v í ct i mas de una mis ma des di cha : s er
muj er en un t i empo donde s u v i da s e res t ri ngí a a procrea r,
cui da r del hoga r y m i ra r una pa red que l e echa fuego. L a i nst i t uci ón d el ma t ri moni o es s ól o un el ement o que cont ri buye a l a
i nfe l i ci da d de l a s muj eres que t i enen que conforma rs e con l a
pérdi da , l a i mpos i bi l i da d de a l za r s us des eos y el s i no de s er
recha za da s.
Res umo : A t ra gédia B oda s de Sa ngue, de F rederi co Ga rcí a L orca , a pres enta -s e como um t ext o i nes got áv el d e ref l exões e a
ri queza des t a obra t ambém es t á des enha da por L orca , na pi nt ura da s oci eda de es pa nhol a de 1 9 30 . Es t e a rt i go propõe uma
di s cuss ã o s obre a i nfe l i ci da de f emi ni na na refer i da obra , l ev ando em cons i dera ção o cont ext o s oci a l e os pa péi s s oci a i s que
ocupam os pers ona gens femi ni nos no t ext o de L orca .
Pa l av ras- chav e: Infel i ci da de femi ni na . B oda s de Sa ngue. Tra ns gres sã o.
REFERENCIAS
F ERN ÁND EZ F RAILE, Ma ría Eugenia . His t ori a de l a s muj eres en
Es pa ña : hi s t oria de una conqui s ta . Aljaba . B uenos Ai res, v ol . 1 2,
p. 1 1 - 20 , s egunda época , 200 8. D is poni bl e en: < ht t p: //
www.s ci el o. org. a r/pdf/a l ja ba/v 12/v 1 2a0 1 . pdf> . Acces o en: 5
a go. 20 13.
L ORCA, F ederi co Gra cí a . Bodas de sangre . [S.l . : s . n. ] , [ 19 33?] .
D i s poni bl e en: < ht tp: //www.v i cent el l op. com/TEXTOS/l orca /
bodas desa ngre. pdf> . Acces o en: 5 a go. 20 1 3.
REKAWEK , Jol a nta . B oda s de sa ngre de F ederi co Ga rcí a L orca
frent e a l a rquet i po de l a muj er es pa ñol a de l a época . Ensaios e
Ciência , Ca mpo Gra nde, v . 1 , p. 1 1 -1 9 , 2004 .
Env ia do em 26 /0 9 /201 2.
Aprov a do em 04 /0 5/20 1 3.
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ISSN 2236- 3335
AS IMAGENS DO SENTIMENTO AMOROSO
NAS CANTIGAS DE AMOR TROVADORESCAS
E NA MÚSICA BREGA
J a c i e n e d e An d r a d e S a n t o s
L i c e n c i a t u r a e m L e t r a s V e r n ác u l a s
a n d r ad e . j a c i e n e@ h o tm a i l . co m
Tainá Matos Lima Alves
Licenciatura em Letras com Língua Espanhola
t a i a l v e s _0 8 @h o tm a i l . c o m
M a r i a d a s G r a ç a s M e i r e l l e s ( O r i e n t a d o r a/ U E F S )
D ep a r t a m en to d e L e t r a s e A r t e s ( D L A )
g a l m e i r e l l e s c @ y ah o o . co m . b r
Res umo : N es t e a rt i go, pret endemos es t abel ecer uma compa ra çã o ent re as cant i gas de amor da época medi ev a l , pert encent es a o gênero l í ri co, e a mús i ca cont emporânea de Pa bl o, cant or ba i a no, cons i dera do brega . Em ambas as obras , percebemos que, a pes a r da di ferença t empora l , el a s s e a proximam por
t ra ços comuns e a pres ent am t ema s recorrent es : o s ofri ment o,
a pa i xã o, a dor de um amor nã o correspondi do, a t ri s t eza, a
s a uda de e o des ej o. Nã o nos i nt eress a, nes te moment o, dis cut i r a v era ci da de ou não de t a i s s ent i mentos , mas s i m, a na l i s a r
a s s emel hanças encont radas nos t ext os s upra ci t a dos que nos
l ev am a cons i dera r a gra nde i nfl uênci a que exerce o es t i l o t rov adores co a i nda nos di as at ua is .
Pa l av ras- chav e: Amor. Trova doris mo. L í ri co. Mús i ca . B rega .
1 INTRODUÇÃO
Em 1 1 89 , a Ca nt i ga da Ri bei ri nha — Cant i ga de Ga rva i a ,
a t ri buí da a Pa i o Soa res de Tav ei rós — , ma rca o i ní ci o do Trov adori smo port uguês ( SARAIVA, 1 99 6 . p. 4 5) . Es s e perí odo l i t erá ri o s e ca ra ct eri za pel a pres ença da s cant i ga s , que const i t u-
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em grande pa rt e da l i t era tura româ ni ca mediev a l . ‚Os ma is ant i gos t extos l i t erá ri os em l í ngua port ugues a s ão compos i ções
em v ers o col i gi das em ca nci onei ros de fi ns do s écul o XIII e do
s écul o XIV que reúnem t ext os desde fi ns do s écul o XII. ‛ ( SARAIVA, 1 99 6. p. 4 5) .
As ca nt i ga s produzi das na época foram compi l a das em
es péci es de a nt ol ogi as que hoj e conhecemos pel o nome de
‚ca nci onei ros ‛. At ua l ment e, conhecem - s e a pena s t rês ca nci onei ros , cronol ogi cament e s ucess i vos : o Ca nci onei ro da Aj uda
( ma i s a nt i go) , o Ca nci onei ro da B i bl i ot eca N aci ona l e por fi m o
Ca nci onei ro da Va t i ca na . Sa ra i va ( 19 96 ) nos expl i ca :
C o n h e cem - s e t r ê s c a n c i o n e i r o s o u c o l e c t ân e a s , a l i á s ,
e s t r e i t a m e n te a p a r en t a d a s e n t r e s i , d e c a n t i g a s d e
a u t o r e s d i v e r so s e m l í n g u a g a l e g a o u p o r tu g u e s a . O
m a i s a n t i g o , o C a n c i o n e i r o d a A j u d a , f o i p r o v a v e l m en t e c o mp i l a d o o u c o p i a d o e m f i n s d o s é c u l o X I I I . O s
outros, o Cancioneiro da B iblioteca Nacional (antigo
C o lo c c i - B r a n c u t t i ) e o C a n c i o n e i r o d a V a t i c a n a ( co m
u m a v a r i a n t e r e c e n te me n te d e s co b e r t a ) , s ã o c ó p i a s ,
real izadas em Itál ia no século XVI, a part ir de uma
c o mp i l a ç ã o q u e d a t a p r o v a v e l m en t e d o s é c u l o XI V .
(SARAIVA, 1996. p. 46).
As cant i gas do Trova doris mo ga l ego - português recebem
es s e nome porque, s endo compos i ções em v ers os , eram
t ra nsmi t i da s ora lment e, ca nta da s a o som de i ns t rument os mus i ca i s . A pa l av ra t rova dor v em do a nt i go v erbo t roba r, que,
por s ua v ez, deri va do prov ença l e s i gni fi ca ‚a cha r, encont ra r‛ ( SAN T’AN NA, 20 12) . O t rova dor era a quel e que
‘ encont rav a’ a s pa lav ras certa s , ri ma ndo para compor a rt is t i ca ment e s ua ca nçã o.
Pa ra efei t o de a ná l i s e, a s cant i gas sã o di v idi da s em gêneros , a s a ber: s a t í ri cas – ca nt i gas de ma l di zer e de es cá rnio
–, e l í ri ca s – cant i gas de a mor e de ami go. As cant i gas s a t í ri ca s repres ent am o gênero da crí t i ca , da zomba ria e da ri di cul a ri za ção de pes s oas hi s t ori cament e context ua l i zadas . Nas
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ca nt i gas de es cá rni o, a crí t i ca é fei t a de forma i ndi ret a ; na s de
ma l di zer, ent reta nt o, a crí t i ca é dura e expl í ci t a .
N o ca mpo da l í ri ca , a s ca nt i gas de ami go era m, em l i nhas
gera i s , rea l i za ções poét i cas de um eu l í ri co femi ni no di ri gi das a
s eu namorado. Já nas ca nt i gas de amor, sobre a s qua is nos
det eremos nes ta aborda gem, o eu l í ri co é mas cul i no e sofre a s
cons equênci as do amor que s ent e por uma mul her a quem s e
a cha s ubmi ss o, cha ma ndo -a de ‚Senhor‛. A mul her, fi gura
a ma da , é i dea l i za da e di s ta nt e. A v oz poét i ca ass ume a pos içã o de fi el va ss a l o, a s erv i ço de sua s enhora , da ma da cort e,
t ra ns formada ent ão em um obj et o de s onho, como a l go i na cess í v el e i nta ngív el . É o amor confi gurado i mpos s ív el .
Tomando por obj et o de a ná l i s e a es t rut ura t emát i ca de
t a i s ca nt i ga s de amor, confront a remos as mani fes t a ções do
l i r i smo t rova dores co com os s ent i mentos amoros os pres ent es
na s l et ra s do cont emporâ neo ca nt or ba ia no Pa bl o, popul a r por
t er di fundi do um dos ma is recent es mov i ment os mus i ca i s do
B ras i l , o Arrocha .
2 PRIMEIROS ARRANJOS
Conhecemos por ‚mús i ca brega ‛ a s ca nções que t ra tam
do t ema amoros o com fort e a pel o s ent imenta l , gera lment e com
l et ra s e a rranj os s impl es . O Arrocha , gênero mus i ca l di fundi do
pel o ca nt or Pa bl o, s egue es sa v ert ent e. Porém, o t ra ta mento
que é da do a o s ent i ment o a moros o não é neces s a ria ment e nov o, j á que s ua ba s e t emá t i ca ta mbém es t ev e pres ent e na l í ri ca
t rova dores ca .
At ua l i za ndo a s ima gens de amor t rova doresca s , a s l et ras
mus i ca i s do cant or Pabl o rev el am s imi l a ri dades de t ra ta mento
t emá t i co com o perí odo medi eva l , a o t empo em que t ra zem nov as concepções de amor, a dequa das ao cont ext o s oci ocul t ura l
da cont empora nei da de. As ca nções de Pabl o t ra tam de um
a mor rea l , pos s ív el , do amor - pa i xã o. Es s e, denomi na do de Eros
pel os gregos ( COMTE- SPON VILL E, 19 9 8) , propõe uma rel a çã o
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de pres ença e fa l t a da a ma da . É o amor que s obrev i v e da fa lt a , que é s empre ca rent e de uma pos s ív el compl et ude. Na s
ca nt i gas de a mor t rova dores cas , podemos obs erva r a pres ença do a mor -a mi go, denomi na do a mor Phi l i a na cul t ura grega
( COMTE -SPON VILL E, 1 99 8) . Um a mor defi ni do pel os gregos como i dea l i za dor.
N es t e t i po de cant i ga , o eu l í ri co a ss ume o pa pel de v ass a l o pera nt e a s ua ama da , t ra ns feri ndo pa ra a rel a çã o amoros a a hi era rquia s ocia l da época . A v oz mas cul i na demons t ra
s eu s ofri ment o di a nt e de um amor impos s ív el por conta da
mul her di s ta nt e, i dea l i za da . Por i s so, em s eu l a mento i ni nt errupt o, el e v ê na mort e a s ol uçã o. Podemos perceber t a l s ent iment o num t recho da ca nt i ga de B erna l de Bonav a l ( 12 - - ) :
A d o n a q u e eu a m ’ e t e n h o p o r S e n h o r
a m o s t r ad e - m i - a , D e u s , s e v o s em p r az e r f o r ,
s e n o n d a d e - m e a mo r t e .
A q u e t en h ’ e u p o r l u m e d e s t e s o l h o s m eu s
e p o r q u e ch o r am s em p r ’ , a mo s t r a d e - m i - a D eu s ,
s e n o n d a d e - m i a mo r t e .
O obj et o do a mor é i ns ubs t i t uív el e const i t ui o úni co mot i v o que prende o a ma nt e à v i da , que ma ntém a l uz em s eus
ol hos . Por i ss o, a i mposs i bi l i da de de t ê - l o pa ra s i cri a um ca nt o
de l a ment a çã o, de s ofri ment o e de s úpl i ca pel a mort e. É i mport a nt e l embra rmos que é j us tament e a i mpos s i bi l i dade de s er
cons uma do que robus t ece e a l i menta o amor, j á que ‚[ . . . ] t udo
que s e opõe a o amor o ga rant e e o consa gra em s eus cora ções . ‛ ( ROUGEMON T, 19 98. p. 35) .
E m g r am c o i t a , s e n h o r ,
Q u e p e i o r q u e mo r t ’ é ,
vivo, per bõa fé,
e p o l o v o s s ’ a mo r
esta coita sofr
’eu
p o r v ó s , s e n h o r , q u e eu
V i p o l o m eu g r a m m a l ,
J
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E me l h o r m i s e r á
d e mo i r e r p o r v ó s j á ;
e , p o i s me D eu s n o m v a l ,
esta coita sofr’eu
p o r v ó s , s e n h o r , q u e eu [ . . . ] . ( D I N I Z , [ 1 3 - - ? ] ) .
O t orment o pel o amor nã o corres pondi do, repres ent a do
no poema a ci ma pel o v ocá bul o ‚coi t a ‛, a pa rece na ma i oria das
ca nt i gas , a ss i m como a rela çã o ent re o a mor e o ma l . Ao expres sa r s eu grande s ent iment o amoros o, o t rova dor demonst ra frequent ement e uma necess i da de de sofrer, j á que a s ua
s enhora l he é i na cess ív el . A mort e é um el ement o bas ta nt e
recorrent e, v is t a como s ol uçã o pa ra um amor que nã o pode
s er concret i za do. Sobre is so, a pont a L a zá ro ( 1 9 96 ) :
É o próprio sujeito que se pensa, a ameaça constante
d a mo r t e e d o a b an d o n o , a p o s s i b i l i d ad e d e r o m p e r ,
p o r u m mo m en t o q u e s e j a , a b a r r e i r a i n v i s í v e l q u e o
s e p a r a d o o u t r o e d a s f o r ç a s e s t r a n h am en t e s i m i l a r e s
q u e p a r e c em a t u a r n a a p a r e n t e d e s o r d em d o u n i v e r so. (LÁZARO, 1996. p . 11 ).
Em s eu l i v ro O amor e o Ocidente , Rougemont ( 1 9 9 8. p.
4 2) defi ne o es pí ri t o e a his t óri a do homem oci dent a l a o ci t ar
Hegel : ‚[ . . . ] D efi ni rei de bom gra do o românt ico oci dent a l como
um homem pa ra quem a dor, es pecia l ment e a dor amorosa , é
um mei o priv i l egi a do de conheci ment o. ‛ E expl i ca : ‚Por que
prefer i mos a na rra t iva de um amor impos s ív el à out ra qua lquer? É que amamos a a rdênci a e a cons ciênci a do que a rde
em nós. L i ga ção profunda do s ofri ment o e do s a ber. Cumpl i ci da de da cons ci ência e da mort e! ‛ ( ROUGEMON T, 19 9 8. p. 4 2) .
Por conta da perpet ua çã o dess e s ent i mento de s a t is façã o pera nt e a dor a morosa , que es t á pres ent e na t ra di ção
oci dent a l , encont ra mos t ra ços de ta i s ima gens amoros as em
ca nções cont emporâ nea s bem recebi das popul a rment e. Es sa s
i ma gens a dqui ri ram nov os t ons e roupa gens, ma s nã o dei xam
de remet er a o s ent i ment o que conduzi a os pri mei ros t rov adores .
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3 O NOVO ARRANJO DA TROVA
El a bora ndo compa ra ções , percebemos que na s cant i gas
de a mor do Trov adori smo, o s ofri ment o amoros o s e dá por
que o eu l í ri co s ent e- s e i nferi or perant e uma mul her i dea l i zada
e di s ta nt e, enquant o que na s ca nções ca ntada s por Pa bl o des t a camos o fa to de que a mul her j á foi ou é a ces s ív el a o homem:
[ . . . ] Q u an d o t e t o co , a r r e p i o
T e v e j o d o r m i n d o , p a r ec e q u e v o u f l u t u a r
Q u a n d o s e u s b r a ço s m e a p e r t a m
S u a v o z m e d e s p e r t a p r a e u t e a m ar [ . . . ] . [ 1 ]
O cená ri o em que s e des envol v e a ca nção l embra um
a mbi ent e de i nt i mi da de ent re os a ma nt es , numa profus ão de
s ensa ções v i s ua i s , a udi t iv as , gus t at i va s , e, em gra nde qua nt ida de, tá t ei s , i ndi cando a i nt ens i da de do env ol v i mento fí s i co que
t i v eram. Porém, ess a est a bi l i da de nã o s e mant ém, j á que o eu
l í r i co s ofre ao perceber que a s ua a ma da es tá muda ndo de
comporta ment o ou a o des cobri r que s e enga nou e que a quel e
a mor i dea l es tá s e fra gment a ndo:
A g e n te j á n ão s a i p e l o s mo t é i s à n o i t e p r a f a z e r
amor,
J á n ão d u r m o ag a r r a d o a o t eu c o r p o , j á n ã o s i n t o te u
calor.
A i n d a t o m o o me s mo v i n h o , s ó q u e ag o r a s o z i n h o
a c o m p an h a d o p e l a d o r .
M e p e r g u n to s e o d e s t i n o f o i j u s t o c o m i g o e p o r q u e
n o s s ep a r o u . . .
F u i c o n d en a d o s em d i r e i t o a d e f e s a s o u r é u , a c o mp a n h ad o p e l a d o r .
P en a m á x i m a f o i d a d a a o m eu c o r aç ã o . M a g o ad o eu
estou... [ 2]
J
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D i ferent ement e da mul her i dea l i za da pel os t rova dores , as
qua i s t i nham os nomes omi t i dos por s erem, gera l ment e, mul heres ca sa da s , confi gura ndo as s im um empeci lho pa ra a rea l i za çã o do a mor, a mul her repres ent ada nas canções de Pa bl o é
l i v re e i ndependent e, ut i l i za ndo sua l i berdade pa ra fa zer o eu
l í r i co s ofrer. Ela é cons i dera da a cul pa da por s eu sofri ment o,
por s er v ol úv el e fri a , como fi ca cl a ro no t recho a s egui r:
Amada minha, você tão fria
E e u t e q u e r en d o
A m a d a m i n h a , e n q u a n to e u b r i g o
V a i m e e sq u e c en d o
Você sai de casa e não vê
Q u e eu e s t o u p ed i n d o a v o cê
P r a m e t i r a r d o d e s er t o [ . . . ] . [ 3 ]
Rougemont , a inda em s eu l iv ro O Amor e o Ocidente
( 1 9 9 8. p. 17 ) , nos fa l a da combi na çã o perfei t a ent re amor e
mort e e o qua nto es sa combi na çã o nos a grada . El e a fi rma que
‚o a mor fel i z nã o t em hi s t ória ‛ e que ‚o amor mort a l é t udo
que há de uni v ersa lment e emot iv o‛. O a ut or comprov a a s ua
t es e ao expl i ci t a r que é a i nda mui t o gra nde o s uces s o do Roma nce nos dia s a tua i s. Em s ua s pa l av ras : ‚[ .. . ] O que o l i ri smo
oci dent a l exa l ta nã o é o prazer dos s ent i dos nem a pa z fecunda do pa r a moroso. É menos o a mor rea l i za do que a paixão de a mor. E pa i xã o s i gni fi ca s ofri ment o. Ei s o fat o funda ment a l . ‛ ( ROUGEMON T, 19 9 8. p. 17 , gri fo do a ut or) . Ess e s ofri ment o fi ca v i s ív el nos s egui nt es t rechos da mús i ca de Pabl o,
qua ndo o eu l í ri co s e dá conta de que s ua a ma da o a ba ndonou:
[ . . . ] V o cê f o i e mb o r a
L ev o u m in h a p az
A t é q u an d o v o cê v a i m e f a z e r so f r e r
V a i m e f a z e r ch o r a r [ . . . ]
[ . . . ] E c h o r a , e c h o r a d e s a u d ad e
D e v o n t a d e eu g r i t o t e p e d in d o p r a f i c a r
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Q u e b o b a g em p en s e u m p o u co
V o c ê s a b e q u e s e f o r me d e i x a l o u co [ . . . ] . . [ 4 ]
À s emel ha nça da l í ri ca t rov a dores ca , o eu l í r i co que s e
expres sa nas mús i cas de Pa bl o s e s ubmet e à dependênci a de
s ua ama da , e confi rma s ua des i l usã o amorosa :
Q u e r o en t e n d er p o r q u e r az ã o t u d o a c a b o u ,
T o d a n o s s a h i s t ó r i a , t r a n s f o r m a d a em d o r
E c o m u m v a z i o a i n s i s t i r d en t r o d e m im
T u d o é t ã o e r r ad o eu s i n t o , n ã o p o s so a c e i t a r o f i m
[ ...]
[ . . . ] S eu s o l h o s e s e u s o r r i s o , e r a m eu p a r a í s o
A l u z d o s o l n o am a n h e ce r
A g o r a a s s i m d i s t a n t e , n ã o s o u m a i s c o mo a n t e s ,
n em t e n h o f o r ç a s p r a v iv e r [ . . . ] . [ 5 ]
A mul her, a gora pos t a s ob nov o foco, pa rti ci pa do di s curs o de forma a t iv a , t em voz, a çã o e v ont a de própri as , nã o
fi ca a penas nos bas t i dores . D e modo s emel ha nt e a o amor t rov adores co, o amor é i dea l i zado, porém a concret i za çã o i mposs í v el j á nã o faz pa rt e tot a lment e da ca nçã o. O amor é s ugeri do
s empre como a l go que cons egui u s e concret i za r, no ent a nto,
nunca é dura douro.
A rel a çã o amoros a s uperfi ci a l provoca des es pero na v oz
mas cul i na . A fa l ta de ga ra nt i as o fa z s e s ent i r ma goado, des preza do, i nferi or e i ncompl et o, a pont o de decl a ra r a imposs i bi l i da de de v i v er, s e nã o for a o l ado da mul her a ma da , confundi ndo-s e ent ão na mes ma v i a que os a nt i gos t rova dores t omara m: a mort e.
4 ÚLTIMAS NOTAS — CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mui t as correl a ções podem s er fei t as ent re as ca nt igas de
a mor do Trova dori smo port uguês e a s músi ca s ca nta da s por
Pa bl o na cont empora nei da de. As repres ent ações amoros as l i ga das ao s ofri mento, à mel a ncol i a , à dor e à mort e s ão t ra ços
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comuns a a mbas . Ess as s emel ha nças decorrem da forma como o oci dent e cri ou e a ba l i zou a i deia de amor, desde noss a
forma çã o greco - la t i na , ent endendo o fenômeno amoroso como
ca rênci a e el egendo a dor de ama r como forma de conhecer a
a mpl i t ude do própri o s ent iment o.
A expres sã o amoros a t rova dores ca s e confi gura como
a ná l is e da exa cerba çã o do própri o s ent iment o e es sa noçã o
encont ra -s e pres ent e na mús i ca do ca nt or ba i a no Pa bl o, repagi na da s egundo as nova s condi ções s oci a is da cont empora nei da de. Ass i m, emba l a do por nov os ri t mos , o s ent iment o da
t rova medi eva l perma nece t endo a l ca nce na cont empora nei dade, a t rav és de i ma gens a morosa s cons ol i dada s em nos so i magi ná ri o.
Res umen : En est e a rt í cul o, pret endemos es ta bl ecer una compa ra ci ón ent re l a s ca nt i ga s de a mor de l a época medi eva l ,
pert eneci ent es a l género l í ri co, y la mús i ca cont emporá nea de
Pa bl o, ca nt a nt e ba hi ano, cons i dera do hort era . En amba s l as
obra s, perci bi mos que, mis mo con l a s di ferenci a s t empora l es ,
el l a s s e a proxima n por ras gos comunes y pres ent a n t ema s
recurrent es : el s ufri mi ent o, l a pas i ón, el dol or de un a mor no
corres pondi do, l a t ris t eza, l a nos ta l gi a y el des eo. N o nos i nt eres a , en es t e moment o, dis cut i r l a v era ci da d o no de es t os
s ent i mi ent os , pero s í , a na l i za r l as s emej a nzas encont radas en
l os t ext os s upra ci ta dos que nos l l eva n a cons i dera r l a gra n
i nfl uenci a que ej erce e l es t i l o t rova dores co a ún en l os dí as
a ct ua l es .
Pa l a bra s cl av e : Amor. Es t i l o Trova dores co. L íri co. Mús i ca . Hort era .
N OT A S
[1]
“ P r a d e sb o t a r a s a u d ad e ” , c o m p o s i ç ã o d e Z ez é D i C a m a r g o e L u c i a n o g r a v ad a p o r P ab l o & G r u p o A r r o ch a .
J
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[2]
“ P en a d e mo r t e ” , P a b l o & G r u p o A r r o ch a .
“ J u r o q u e n ão v o u m a i s c h o r a r ” , c o mp o s i ç ã o d e J o s é Au g u s to g r a v a d a p o r P a b l o & G r u p o A r r o ch a .
[4]
“ T i n h a q u e s e r a g o r a ” , c o mp o s i ç ã o d e T ay r o n e C i g an o g r a v ad a p o r
P a b l o & G r u p o A r r o ch a .
[5]
“ F r i o d a s o l i d ã o ” , c o mp o s i ç ão d e R o u p a N o v a g r a v ad a p o r P a b l o &
G r u p o A r r o ch a .
[3]
REFERÊNCIAS
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COMTE -SPONVILL E, André. Pequeno tratado das grandes
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Env ia do em: 30 /09 /20 1 2.
Aprov a do em: 1 5/0 1/20 1 3.
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ISSN 2236- 3335
NORMAS PARA ENVIO DE ARTIGOS E RESENHAS
Res enhas e a rt i gos el a bora dos por gra dua ndo( a ) ( s ) em L et ra s
da UEFS dev erã o s er encami nha dos a o consel ho edi t ori a l v ia e
- ma i l , ent re XX/X/20 14 e XX/XX/20 14 , pa ra o endereço rev i st a gradua ndo@gma i l . com. Soment e s erã o a ceit os t ra ba l hos na s
á rea s de L i nguí s t i ca , L i t era t ura , Art es e Educa çã o, em forma t o
el et rôni co e i nédi t os , ou s ej a , nã o publ i ca dos no forma t o s ol i ci t a do em qua i s quer out ros peri ódi cos . As l í ngua s nas qua i s el es
poderã o s er es cri t os s erão as referent es a os 4 curs os de
gra dua çã o em L et ras da UEF S ( Português , Ingl ês , F rancês e
Es pa nhol ) .
ORIENTAÇÕES GERAIS
Os t ra ba l hos env i ados à Rev i st a Graduando, di gi t a dos em forma to . doc, dev erão dev em cont er a s egui nt e forma ta çã o:
1 F ont e Times N ew Roman;
2 Tama nho 1 2 ( t í t ul o, s ubt í tul o (s e houv er) , tópi co e corpo do
t ext o) ; Pa la v ras es t ra ngei ras e t í t ul os de obra s dev em s er escri t os em i tá l i co;
3 Es pa çament o ent re l i nha s de 1 , 5; ma rgens es querda e s uperi or de 3 cm, di rei ta e i nferi or de 2 cm;
4 Ci t a ções com a t é 3 l i nhas dev em a pa recer referenci a da s no
corpo do t ext o e cont er as pa s ;
5 Ci t a ções com ma is de 3 l i nhas dev erão s er es cri t as s em a spa s e t er recuo de 4 cm da ma rgem es querda , a l ém de nã o
a pres enta r recuo na ma rgem di rei ta e t er espa çament o s impl es
em rel a çã o a o corpo do t ext o;
5. 1 O t ama nho da font e da ci t a çã o dev e s er menor que o corpo do t ext o ( ta ma nho 1 0 ) e o espa ça mento ent re a s l i nha s dev e s er s i mpl es ;
6 O número de pági nas com anexos nã o dev e pas sa r de 2
( doi s ) .
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ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS
RESENHA CRÍTICA
Serã o a cei t as res enha s crí t i ca s com mí nimo de 4 e no má ximo
7 pá gi nas , i ncl ui ndo referênci a s . A es t rut ura dev e cont er:
1 Tí t ul o e/ou s ubt í t ul o;
2 N ome do(s ) a ut or( es ) e brev e currí cul o;
3 Apres enta ção e ava l i a çã o ini ci a l do obj et o da res enha ;
4 D es cri ção e ava l i a çã o de pa rt es do obj et o da res enha ;
5 Recomenda çã o/cons i dera çã o fi na l s obre o obj et o da res enha ;
6 Referênci a s .
N ome compl et o do a utor na forma di reta , a ntecedi do pel a pa la v ra "Por" e a compa nha do, no pa rá gra fo s egui nt e, de um brev e
currí cul o, s endo: curso, i ns t i t ui çã o e e -ma i l . Os da dos a ut ora i s
s ã o obri ga t óri os pa ra , no má ximo, 1 ( um) aut or. Informa ções
a di ci ona is dev em s er es cri t as em nota de roda pé.
ARTIGO
Serã o a cei t os a rt i gos com mí ni mo de 7 e no máxi mo 10 pá gi na s , i ncl ui ndo referênci a s . A es t rut ura dev e cont er, obri ga t oria ment e:
1 Tí t ul o e/ou s ubt í t ul o;
2 N ome do(s ) a ut or( es ) e brev e currí cul o;
3 Res umo na l í ngua t ext o;
4 Pa l av ras- chav e na l í ngua do t exto;
5 Int roduçã o;
6 Corpo do a rt i go;
7 Concl usã o/ cons i dera ções fi na is ;
8 Res umo em l í ngua es t ra ngei ra ;
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9 Pa lav ras - chav e em l í ngua est ra ngei ra ;
1 0 Referênci a s.
N ome do(s ) a ut or( es ) na forma compl eta , acompanhado( s ) , no
pa rá gra fo s egui nt e, de um brev e currí cul o, s endo: nome da
i ns t i t ui çã o, curs o ( ou depa rtament o, no ca s o do ori ent a dor) e e
- ma i l . Os da dos a ut ora is s ã o obri ga t óri os pa ra , no má ximo, 2
( doi s ) a ut or( es ) , 1 ( um) coa ut or e 1 ( um) ori ent a dor. Informações a di ci ona i s dev em s er es cri t as em not a de roda pé.
Res umo na l í ngua do t ext o dev e a pres ent a r, de forma conci sa ,
os obj et iv os, a met odol ogi a e os res ul ta dos a l ca nça dos , nã o
dev endo ul t ra pas sa r 1 50 pa l av ras nem conter ci t a ções . Al ém
di s s o, dev erá a pres ent a r o res umo pri nci pa l , es cri t o na l í ngua
do a rt i go, e o res umo s ecundá ri o em um i di oma da própri a escol ha ( Port uguês , Es pa nhol , F ra ncês e i ngl ês ) . Em cas o de o
a rt i go s er es cri t o em l í ngua est ra ngei ra , fi ca o a rt i cul i s t a obriga do a es crev er o res umo s ecundá ri o em L íngua Port ugues a .
Pa l av ras- chav e como el ement o obri ga t óri o, fi gura ndo l ogo aba i xo de ca da res umo ( na l í ngua do a rt i go e es t ra ngei ra ) , cuj o
número de pa l av ra s nã o dev e exceder a 5 e nã o s er i nferi or a
3.
ORIENTAÇÕES FINAIS
1 Os pa receri s ta s e rev i sores poderã o fa zer a l t era ções nos
t ra ba l hos , no s ent i do de mel hora r s ua t ext ua li da de, s em a l t eraçã o de s ent i do e aut ori a , a proximando -os da s ca ra ct erí s t i cas
t ext ua i s referent es a uma publ i ca çã o a ca dêmica .
2 É v eta do o env i o de t ra ba l hos cuj os a ut ores e/ou coaut ores
s ej a m membros do cons el ho edi t oria l ( a nt eri orment e denomi nado comis sã o edi t ori a l ) des t e peri ódi co;
3 O env i o do t ra ba lho impl i ca a a cei ta çã o de t oda s as norma s
des cri t as nest e document o e a conces sã o dos di rei t os s obre
o t ext o à Rev is t a Gra dua ndo;
4 Os cas os omi ss os s erão res olv i dos pel o cons el ho edi t oria l .
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