EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Uma equação diferencial é aquela em que a função incógnita aparece sob a forma da sua derivada. Havendo uma só variável independente as derivadas são ordinárias e a equação é denominada equação diferencial ordinária. EXEMPLOS: dy d2 y dy = x + 5; + 3 + 2 y = 0 ; xy '+y = 3 ; y ' ' '+2( y ' ' ) 2 + y ' = cos x dx dx dx 2 Havendo duas ou mais variáveis independentes as derivadas são parciais e a equação é denominada equação diferencial parcial. ∂z ∂ 2 z ∂ 2 z ∂z + = x2 + y EXEMPLOS: =z+x ; ∂x ∂y ∂x 2 ∂y 2 ORDEM DE UMA EQUAÇÃO DIFERENCIAL: é a ordem da mais alta derivada que nela aparece. GRAU DE UMA EQUAÇÃO DIFERENCIAL: considerando as derivadas como uma polinómio, é o grau da derivada de mais alta ordem que nela aparece. SOLUÇÃO OU INTEGRAL GERAL: é toda a função que verifica, identicamente, a equação diferencial e vem expressa em termos de n constantes arbitrárias. Se a equação é de primeira ordem, aparece uma constante, se é de segunda ordem, duas constantes, etc.. Capítulo 3 1 de 8 Geometricamente, a solução geral ou o integral geral representa uma família de curvas (denominadas curvas integrais). EXEMPLO: a equação diferencial dy = sen x tem como solução geral a seguinte dx família de curvas a que chamamos campo de direcções da equação diferencial: SOLUÇÃO PARTICULAR OU INTEGRAL PARTICULAR: é toda a solução da equação diferencial que se obtém da solução geral, por particularização da(s) constante(s) e, geometricamente, representa uma das curvas da família de curvas integrais, correspondentes à solução ou integral geral. EXEMPLO: no caso anterior para a constante c=2 temos Capítulo 3 2 de 8 Para a particularização das constantes, com vista à obtenção duma solução ou integral particular, podem ser fornecidas condições que podem ser referidas a uma mesmo valor da variável independente, condições iniciais. Resolver ou integrar uma equação diferencial consiste em determinar a solução geral ou integral geral ou sendo dadas condições, determinar a solução ou integral particular que as satisfazem. Forma Geral das Equações Diferenciais e das suas Soluções Gerais Ordem Forma Geral da Equação Diferencial Forma Geral da Solução Geral 1ª f ( x , y, y ' ) = 0 f ( x , y, c) = 0 2ª f ( x, y, y ' , y ' ' ) = 0 f(x,y,c1 ,c2 ) = 0 ... ... f ( x , y, y ' ,..., y n ) = 0 n ... f(x,y,c1,...,cn ) = 0 Inversamente, sendo dada uma família de curvas, é sempre possível determinar a equação diferencial que lhe está associada, isto é, a equação diferencial que admite essa família de curvas como solução geral. Para isso, deverá Ter-se em conta o número de constantes arbitrárias que aparecem na família de curvas, o que nos indicará a ordem da equação diferencial que se pretende obter, procedendo-se do seguinte modo: derivar a função que representa a família de curvas dada, até à ordem que coincida com a ordem da equação diferencial procurada; eliminar as constantes arbitrárias entre a equação da família de curvas dada e as equações obtidas por derivação. Capítulo 3 3 de 8 EXEMPLO: Determinar a equação diferencial associada à família de curvas y 2 = cx + 2 y . A equação procurada é de primeira ordem, derivando em ordem a x, tem-se 2 yy ' = c + 2 y ' c = 2 y ' (y − 1 ) , ou eliminando a constante arbitrária vem y 2 = 2 xy ' (y −1 ) + 2 y . Teorema da existência e unicidade da solução TEOREMA: Se na equação f x, y , y ' , y ' ' ,..., y y , y ' , y ' ' ,..., y n −1 y( n ) = f x , y, y ' , y ' ' ,..., y n − 1 , a função n − 1 e as suas derivadas parciais em ordem a forem funções contínuas num certo domínio ( ) D ⊆ ℜ n + 1 e se a 0 ,a1 , a 2 ,...,a n ∈ D , então existe uma solução única y = ϕ(x) ( ) da equação diferencial que satisfaz as ( ) y a 0 = a1 , ( ) y ' a 0 = a 2 ,..., y (n − 1) a0 = an . Forma Diferencial ou Forma Canónica de uma equação diferencial Uma equação diferencial de primeira ordem, na forma normal, tem a estrutura y ' = f ( x, y ) . Como f ( x , y ) pode sempre ser considerada um quociente da forma f ( x, y ) = M( x , y ) dy M ( x, y ) , a equação diferencial pode também escrever-se = − N( x , y ) dx − N( x, y ) ou seja M ( x, y )dx + N( x, y )dy = 0 Capítulo 3 4 de 8 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE VARIÁVEIS SEPARÁVEIS Se numa equação diferencial da forma M ( x, y )dx + N( x, y )dy = 0 , é possível decompor os coeficientes M ( x , y ) e N ( x, y ) em factores tais que as variáveis x e y aparecem separadas, isto é, M ( x, y ) = a( x ).b( y ) e N ( x, y ) = c( x ).d ( y ) , a equação classifica-se de variáveis separáveis. Resolução de Equações Diferenciais de Variáveis Separáveis Se a equação é de variáveis separáveis então podemos passar da forma canónica M ( x, y )dx + N( x, y )dy = 0 para a forma a( x ).b( y )dx + c( x ).d( y )dy = 0 . Separando as variáveis x e y, de forma a que os coeficientes de dx e dy sejam respectivamente funções de x e de y, resulta uma equação de variáveis separadas. Assim vem: a( x ) d( y ) dx + dy = 0 c( x ) b( y ) Integrando temos: a( x ) d( y ) dx + ∫ c( x ) ∫ b( y ) dy = c A equação obtida é a solução geral de uma equação de variáveis separáveis. Capítulo 3 5 de 8 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS HOMOGÉNEAS DEFINIÇÃO: Uma função diz-se homogénea, de grau n, nas variáveis x e y, se para todo o real λ se tiver f ( λx,λy ) = λn f ( x, y ) . Consideremos uma equação diferencial na forma canónica M ( x, y )dx + N( x, y )dy = 0 e sejam M ( x , y ) e N ( x, y ) funções homogéneas e do mesmo grau, a equação classifica-se de equação homogénea. Resolução de Equações Diferenciais Homogéneas Para resolver uma equação diferencial homogénea fazemos a substituição y=xt. Substituindo a variável y teremos de substituir dy. Como y=xt vem dy=tdx+xdt, diferencial de uma função de duas variáveis. A equação transformada que se obtém da equação homogénea é uma equação de variáveis separáveis. y x No final eliminamos t, fazendo t = . Capítulo 3 6 de 8 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES Uma equação de primeira ordem diz-se linear se é do primeiro grau na função incógnita e na sua primeira derivada, podendo representar-se simbolicamente por y' +P( x ) y = Q( x ) com P(x) e Q(x), funções contínuas. Se Q(x)=0, y' + P( x ) y = 0 diz-se uma equação linear homogénea, que é uma equação de variáveis separáveis. Se Q(x) ≠ 0 , a equação linear é não homogénea, completa ou com segundo membro. Resolução de Equações Diferenciais Lineares Para resolver equações diferenciais lineares utilizamos expressão y = e− ∫ P( x )dx ∫ e ∫ P( x )dx Q( x )dx + c 1 com c1 constante arbitrária. Capítulo 3 7 de 8 EQUAÇÕES DE BERNOUILLI Uma equação de primeira ordem diz-se de Bernouilli se pode ser reduzida à forma canónica y '+ P ( x ) y = Q ( x ) y n com P(x) e Q(x), funções contínuas e n constante. Resolução de Equações de Bernouilli Para resolver uma Equação de Bernouilli primeiro que tudo multiplicamos ambos os membros da equação por y − n e obtemos y − n y '+ P ( x ) y 1 − n = Q ( x ) Seguidamente fazemos a mudança de variável z = y1 − n com z ' = (1− n) y − n y' e obtemos z' + P( x) z = Q( x) ⇒ z '+(1− n) P( x) z = (1− n)Q( x) 1− n que é uma equação diferencial linear de primeira ordem. Integra-se e seguidamente regressa-se à variável y fazendo z = y1 − n Capítulo 3 8 de 8