Exccelentíssimo Sr. Enesto Samper Secretário Geral da

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Exccelentíssimo Sr. Enesto Samper
Secretário Geral da UNASUL
Exccelentíssima Sra. María Ángela Holgun
Ministra de Relações Exteriores da Colômbia
Exccelentíssimo Sr. Mauro Vieira
Ministro de Relações Exteriores do Brasil
Exccelentíssimo Sr. Ricardo Patiño
Ministro de Relações Exteriores do Equador
4 de março de 2015
Ref. – Anúncio de nova missão de chanceleres da UNASUL à Venezuela
Excelentíssima Senhora e Excelentíssimos Senhores,
As organizações que assinam esta carta receberam com satisfação o anúncio1 feito pelo
Secretário-Geral da UNASUL – União de Nações Sul-Americanas, Sr. Ernesto Samper, de
que os Chanceleres de Brasil, Colômbia e Equador farão uma nova visita à Venezuela nos
próximos dias.
Muito nos preocupa o acirramento das tensões registrado nos últimos dias após a prisão do
prefeito de Caracas, Sr. Antonio Ledezma, e da morte do estudante Kluivert Ferney Roa
Nuñez de 14 anos por força policial durante a manifestação no dia 24 de fevereiro último.
As organizações signatárias dessa carta lamentam profundamente a morte do estudante e
lançam um apelo para que esse e outros abusos cometidos pelo Estado durante a repressão
a protestos nos últimos meses sejam investigados e os autores, responsabilizados. É
fundamental que não se repita a onda de violência ao redor dos protestos do ano passado,
que resultou em 43 mortos e cerca de 3.300 detidos entre fevereiro e junho de 20142.
Esperamos que a anunciada missão da UNASUL possa contribuir para a volta do
respeito pleno aos direitos humanos e ao restabelecimento do diálogo entre atores
políticos e forças sociais venezuelanos. Diante desse quadro, as organizações que
assinam esta carta respeitosamente solicitam que a anunciada Missão de Chanceleres da
UNASUL que se dirigirá à Venezuela:
1. Faça um chamado público e enfático pelo respeito pleno aos direitos humanos e
restabelecimento do diálogo.
2. Reúna-se com os diferentes atores políticos e forças sociais venezuelanos durante sua
estadia no país.
3. Apresente, após a conclusão da visita, uma lista de recomendações concretas e públicas,
seguidas de um Plano de Trabalho com ações que a UNASUL dará seguimento e que
deverão ser cumpridas até as próximas eleições parlamentares. A publicidade das
recomendações e ações previstas nesse Plano trará tanto legitimidade aos trabalhos da
UNASUL como permitirá que a sociedade civil venezuelana e da região possam acompanhar
objetivamente o trabalho de mediação da entidade e possam colaborar com esforços
empregados.
1
2
http://www.unasursg.org/node/154
http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsID=50186&Cr=protest&Cr1=#.VPCwRnzF8rU
Solicitamos que os pontos a seguir sejam incorporados em um Plano de Trabalho
posterior à visita:

GARANTIA DO DIREITO À MANIFESTAÇÃO, INCLUINDO A PROIBIÇÃO DO USO
ABUSIVO DA FORÇA: a missão de Chanceleres da UNASUL deve solicitar a revisão
da resolução do Ministerio del Poder Popular para la Defensa No. 0086103 de
janeiro de 2015 que autoriza a atuação das Forças Armadas venezuelanas nos
protestos. De acordo com a Red de Apoyo por la Justicia y la Paz4, a resolução “viola
el artículo 329 de la Constitución de la República Bolivariana de Venezuela ya que
otorga el ejercicio de funciones de control de orden público al Ejército, la Aviación y la
Armada”. Crítica similar é feita por outro coletivo de direitos humanos, o Foro por la
vida5, que disse que a medida viola la Constitución nacional en sus artículos 68, 329 y
332 y se aparta del estándar internacional que señala que sólo los cuerpos policiales
deben ser los responsables del control del orden interno; además, se dicta en un
contexto de amplia represión por parte de efectivos de las Fuerzas Armadas en las
manifestaciones públicas recientes”.


FIM DAS DETENÇÕES ARBITRÁRIAS E DO USO ABUSIVO DA PRISÃO
PREVENTIVA6: chamado para que as autoridades abdiquem da prática de detenção
arbitrária e preventiva e libertem as pessoas que estiverem presas
indevidamente. Reiteramos a preocupação expressada pela Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)7 sobre o uso da detenção provisória
contra vozes críticas ao governo. Como afirmou a CIDH em 24 de fevereiro de 2015,
a “detención preventiva debe utilizarse de manera excepcional, y sólo con el objetivo
de proteger los fines del proceso previniendo el riesgo de fuga o de entorpecimiento
de las investigaciones. Al respecto, la Comisión ha subrayado que la presunción de
inocencia puede considerarse violada cuando la persona es detenida preventivamente
bajo acusación penal sin la debida justificación, debido a que esa detención se
transforma en una sanción y no en una medida cautelar, lo que equivale a anticipar
una sentencia. Además, la detención preventiva debe aplicarse de acuerdo con
criterios de necesidad, proporcionalidad y durante un plazo razonable”.
FORTALECIMENTO DA INDEPENDÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO: Segundo
relatório da Comissão Internacional de Juristas8 de maio de 2014, 80% dos juízes na
Venezuela são provisórios9. Países comprometidos com o Estado Democrático de
Direito reconhecem na independência judicial um dos pilares ao respeito dos direitos
humanos. Assim, a missão de chanceleres da UNASUL deve conferir prioridade a essa
questão durante sua visita e incluir ações posteriores nessa frente.
3
Resolução que cria “Normas sobre la actuación de la Fuerza Armada Nacional Bolivariana en funciones de control del orden público, la paz
social y la convivencia ciudadana en reuniones públicas y manifestaciones”, publicada en Gaceta Oficial No. 40.589, con fecha de 27 de
enero de 2015.
4
http://www.derechos.org.ve/2015/01/30/red-de-apoyo-por-la-justicia-y-la-paz-rechaza-la-aprobacion-de-la-resolucion-no-008610-porparte-del-ministerio-del-poder-popular-para-la-defensa/
5
http://www.derechos.org.ve/2015/01/30/foro-por-la-vida-armada-ejercito-y-aviacion-no-pueden-actuar-en-control-del-orden-publico/
6
Reiteramos a preocupação externada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) sobre o uso da prisão preventiva contra
vozes críticas ao governo. Como a CIDH alertou em sua nota pública de 24 de fevereiro de 2015, “detención preventiva debe utilizarse de
manera excepcional, y sólo con el objetivo de proteger los fines del proceso previniendo el riesgo de fuga o de entorpecimiento de las
investigaciones. Al respecto, la Comisión ha subrayado que la presunción de inocencia puede considerarse violada cuando la persona es
detenida preventivamente bajo acusación penal sin la debida justificación, debido a que esa detención se transforma en una sanción y no en
una medida cautelar, lo que equivale a anticipar una sentencia. Además, la detención preventiva debe aplicarse de acuerdo con criterios de
necesidad, proporcionalidad y durante un plazo razonable”.
7
8
http://www.oas.org/es/cidh/prensa/comunicados/2015/015.asp
http://icj.wpengine.netdna-cdn.com/wp-content/uploads/2014/06/VENEZUELA-Informe-A4-elec.pdf
9
A entidade afirma que “la mayoría de los jueces son ´provisionales´ y vulnerables a presiones políticas externas, ya que son de libre
nombramiento y de remoción discrecional por una Comisión Judicial del propio TSJ [Tribunal Supremo de Justicia], la cual, a su vez, tiene una
marcada tendencia partidista. Incluso los propios jueces ´titulares´ están sujetos a ser suspendidos de sus cargos sin que pese contra ellos
acusación ni procedimiento legal alguno”.

PAPEL DA DEFENSORIA DEL PUEBLO: instar a Defensoría del Pueblo para que
desempenhe papel de mediador e garantidor dos direitos humanos sem discriminação
para todas as pessoas, tal como define a Constituição venezuelana.

COOPERAÇÃO COM OS SISTEMAS REGIONAL E INTERNACIONAL DE DIREITOS
HUMANOS: A Missão da UNASUL deveria solicitar ao governo venezuelano que
autorize a entrada de relatores especiais do Conselho de Direitos Humanos das
Nações Unidas que possuem pedidos de visita pendentes ao país. Um outro
compromisso que a UNASUL deveria mediar junto à Venezuela é a sua volta à
Convenção Americana de Direitos Humanos. A Venezuela se retirou do principal
instrumento normativo da região em setembro de 2012, deixando os venezuelanos e
venezuelanas sem acesso à Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Esperamos que os pontos propostos sejam considerados pelos Chanceleres da UNASUL que
comporão a missão à Venezuela e sejam incorporados nas atividades desempenhadas por
eles durante e após sua visita ao país.
As organizações que assinam esta carta estão comprometidas com a proteção e promoção
dos direitos humanos na Venezuela e esperam contar com a atuação da UNASUL no
reestabelecimento do diálogo, a fim de se encontrar uma solução democrática – e nunca às
margens dos parâmetros constitucionais - para o momento pelo qual o país passa.
Respeitosamente,
1. Acción Solidaria en VIH/Sida (Venezuela)
2. Amnistía Internacional (Internacional)
3. Asistencia Legal por los Derechos Humanos A.C. – ASILEGAL (México)
4. Asociación Pro Derechos Humanos – APRODEH (Perú)
5. Asociación Venezolana de Organizaciones de Sociedad Civil – Sinergia
(Venezuela)
6. Centro de Documentación en Derechos Humanos “Segundo Montes Mozo S.J.”
– CSMM (Ecuador)
7. Centro de Estudios de Derecho, Justicia y Sociedad – Dejusticia (Colômbia)
8. Centro de Políticas Públicas y Derechos Humanos – EQUIDAD (Perú)
9. Centro Nicaraguense de Derechos Humanos (Nicaragua)
10. Centro por la Justicia y el Derecho Internacional - CEJIL (Regional)
11. Centro Regional de Derechos Humanos y Justicia de Género - Corporación
Humanas (Chile)
12. CIVILIS Derechos Humanos (Venezuela)
13. Coalición de Organizaciones por los Derechos a la Salud y la Vida - CODEVIDA
(Venezuela)
14. Comisión Ecuménica de Derechos Humanos- CEDHU (Equador)
15. Comité de Am. Lat. y Caribe para la Defensa de los Derechos de las MujeresCLADEM (Regional)
16. Comité de Familiares de las Víctimas - COFAVIC (Venezuela)
17. Conectas Direitos Humanos (Internacional)
18. Coordinadora Nacional de Derechos Humanos (Perú)
19. Defensa de Niñas y Niños Internacional - DNI (Costa Rica)
20. Espacio Publico (Venezuela)
21. Fundación Étnica Integral- FEI (República Dominicana)
22. Fundación para el Debido Proceso - DPLF (Regional)
23. Instituto de Estudios Comparados en Ciencias Penales de Guatemala – ICCPG
(Guatemala)
24. Instituto de Estudios Legales y Sociales – IELSUR (Uruguai)
25. Instituto Internacional de Derecho y Sociedad – IIDS (Perú)
26. Movimiento Autónomo de Mujeres (Nicarágua)
27. Observatorio Venezolano de Prisiones (Venezuela)
28. Oficina Jurídica Para la Mujer de Cochabamba (Bolívia)
29. Paz y Esperanza (Perú)
30. Plataforma Interamericana de Derechos Humanos, Democracia y Desarrollo PIDHDD (Regional)
31. Programa Venezolano de Educación-Acción en Derechos Humanos- PROVEA
(Venezuela)
32. Sisma Mujer (Colômbia)
33. Washington Office on Latin America- WOLA (Regional)
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