Otis H . Green S O B R E E L S I G N I F I C A D O D E «CRISI(S)» A N T E S D E «EL C R I T I C Ó N » . U N A N O T A P A R A LA H I S T O R I A D E L CONCEPTISMO Definiciones de lexicógrafos y comentaristas L a palabra crisi(s) no s e encuentra en el Tesoro de CovarruBias (1611). Según el Tesoro lexicográfico 1492-1726 d e d o n Sam u e l Gili G a y a , el primer lexicógrafo q u e dio c u e n t a d e este vocablo fué Francisco Sobrino, quien en su Diccionario nuevo de las lenguas española, francesa y latina (1705) declaró q u e significab a crise de maladie. El C a p i t á n John Stevens extendió algo la definición e n A New Spanish and English Dictionary (1706): the crisis of Distemper, Greek; also Judgment. El Diccionario de Autoridades a c o g e esta palabra, y la define sin ejemplo alguno y sin contribuir n a d a p a r a los fines d e la p r e s e n t e investigación. Don Miguel R o m e ra-Navarro, en s u edición crítica d e El Criticón (tomo I, Philadelphia, 1938, p á g . 103), nos ofrece lo siguiente: «Crisi (xpíoic crítica)» es voz q u e d e s d e a ñ o s a t r á s venía Gracián e m p l e a n d o con preferencia a la m á s corriente critica, e n El Político y el A rte de ingenio, diciendo en el primer tratado, v. gr., q u e será 'crisis d e m u c h o s r e yes, q u e n o panegiris d e vno solo. ' A propósito d e los críticos o p e dantes, h a b í a explicado la voz Liñán y V e r d u g o (1620) e n los siguientes t é r m i n o s : 'Crisis es u n vocablo d e naturaleza griega, d e la facultad d e la arte médica, q u e quiere decir juicio, del v e r b o crino, q u e es juzgar, p o r q u e en los días q u e llaman los m é d i c o s d e juicios, como son e n las e n f e r m e d a d e s a g u d a s el seteno, el o n c e n o o catorceno, con la observancia d e sus cuentos y sucesos, conforme a sus entradas o salidas, h a c e n juicio d e la e n f e r m e d a d ' . ( O p . cit., página 215)». E n su Registro de lexicografía hispánica (Madrid, 1951), s. v. crisi el mismo Romera- Navarro remite a la n o t a q u e se a c a b a d e copiar, y, s. v. crisis, remite a la p á g . 177 d e su Estudio del autógrafo de 'El Héroe' graciano (Madrid, 1946), en d o n d e se refiere otra v e z 99 O. H. GREEN a la misma nota, y a Voces usadas en Chile, d e Aníbal Echeverría, o b r a q u e a nosotros no nos sirve p a r a n a d a . C a r m e n F o n t e c h a n o incluye crisi(s) en su Glosario de voces comentadas en ediciones de textos clásicos (Madrid, 1941). José Sánchez, en un artículo titulado « N o m b r e s q u e r e e m p l a z a n a capítulo en libros antiguos» (Hispanic Review, 1943, X I , p á g . 154), vuelve a reproducir la cita s a c a d a d e L i ñ á n y V e r d u g o , y a ñ a d e : «Es decir, crisis se e m p l e a como sinónim o d e crítica, lo mismo q u e h a c e n algunos contemporáneos (e. g., Alfonso Reyes). Gracián dice Que el fin d e su obra h a sido imitar 'las alegorías d e H o m e r o , las ficciones d e Esopo, lo doctrinal d e Sén e c a . . . , las crisis del B o q u e l i n o ' » . Lo d e Boccalini q u e d a aclarado e n la obra d e Robert H . Williams, Boccalini in Spain. A Study of his Influence on Prose Fiction of the Seventeenth Century (Menasha, Wisconsin, 1946, página 66, nota 102): «Gracián's use of the p e culiar w o r d crisi for chapter divisions in El Criticón is h e r e associated with the avisos or rather j u d g m e n t s of Apollo presented by Boccalini. H e h a d already used t h e s a m e term in referring to t h e Ragguagli in the Agudeza (Discurso XXVIII)». La definición de Gabriel de La Gasca y Espinosa A u n q u e era poco usada, y q u e d a b a sin definir e n ningún diccionario d e los q u e p u d o conocer Baltasar Gracián, la p a l a b r a crisi(s) había sido definida, con gran claridad, en u n libro publicado en Madrid en el a ñ o 1631, seis a ñ o s a n t e s d e la publicación d e El Héroe, o n c e a ñ o s antes d e q u e saliera a luz el Arte de ingenio, diecisiete a ñ o s a n t e s de la aparición d e la Agudeza y veintiuno antes d e q u e se publicara la primera p a r t e d e El Criticón. Este libro lo escribió Gabriel d e la G a s c a y Espinosa, y se titula: Manual de avisos del perfecto cortesano, reducido a un político Secretario de Príncipes, embajadores ú de grandes Ministros. Sería p o c o verosímil q u e el autor d e El Político, d e El Discreto, y del Oráculo Manual y arte de prudencia n o conociera este m a n u a l p a r a c o n t e s a n o s ; pero ni R o m e r a - N a v a r r o ni A d o l p h e Coster p a r e c e n haberlo consultado. La definición q u e d a Gabriel d e la G a s e a indica q u e la palabra crisi(s) tenía, ya antes d e El Criticón, resonancias de intelectualidad, d e «primor del i n t e l e c t o » , q u e debieron llamar vivamente la atención d e Gracián; cuyo intelectualismo q u e d a perfectamente caracterizad o p o r su declaración d e q u e el concepto, tal como él lo concebía, era «juego d e querubines» , es decir, p u r o juego del intelecto, y a q u e 1 1 V é a n s e K. SARMIENTO, «Clasificación de a l g u n o s pasajes capitales p a r a la estética d e B a l t a s a r Gracián, «Bulletin Hispanique, 1935, X X X V I I , p á g . 34, y T. E . M a y , «An I n t e r p r e t a t i o n of G r a c i á n ' s Agudeza y arte de ingenio», Hispanic Review, 100 SOBRE EL SIGNIFICADO DE «CRISI(S)» los querubines, a distinción d e los amorosos serafines, eran inteligencias puras. Conociendo la definición q u e d a Gabriel d e la Gasca, bien p o d e m o s creer q u e Gracián escogió la p a l a b r a crisi p o r q u e con este vocablo podía subrayar y acentuar el carácter intelectualista d e El Criticón. Sea esto lo q u e fuere, es seguro q u e e n e l a ñ o 1613 La G a s c a insistía en q u e la p a l a b r a crisis expresaba cierto primor del entendimiento; quizá por eso mismo escogió Gracián la p a l a b r a primor p a r a señalar las divisiones d e su libro El Héroe. Y h a y q u e tener e n cuenta q u e , según La Gasca, estos términos —crisis y critico— implicaban q u e los m e d i o s d e la expresión literaria q u e d a b a n pulidos primorosamente, con trabajoso cuidado del entendimiento. H e aquí los párrafos pertinentes del Manual de avisos d e La Gasea, q u e s a c o del tercer t o m o del Ensayo de una biblioteca española de libros raros y curiosos d e Gallardo, columnas 35-36. «Es tan primorosa la Lengua Castellana, q u e con razón los prácticos la p o n d e r a n p o r la m á s dificultosa, n o sólo p a r a los extranjeros, p e r o a ú n p a r a los naturales. Y es así q u e m u c h o s q u e presum e n , la h a b l a n con imperfección: y el c o m ú n con m u c h a ignorancia. D e q u e resultan torpezas, riesgos y d a ñ o s gravísimos, procedidos n o d e su aspereza, p u e s tan dulce y elegante es, ni t a m p o c o d e su cortedad, c u a n d o en la fecundidad d e términos y frases ninguna otra la aventaja. Está el yerro a mi ver en la corrupción d e s u s términos, en la i m p r o p i e d a d con q u e usan dellos, y m a l a colocación d e las v o c e s : y n o es m e n o r la impía interpretación d e sus sentidos. Causa q u e m e h a movido... a p o n e r por m á s llano estilo la significación d e algunos d e los t é r m i n o s elegantes, e n q u e consiste el asunto d e s t e Discurso... «El estilo elegante es lo mismo q u e labrado con trabajo. Crítico se deriva d e crisis, q u e es t a n t o c o m o primor del entendimiento, con q u e se discierne lo b u e n o d e lo m a l o : y así, términos cultos y críticos es decir q u e h a n d e ser los términos labrados y pulidos primorosamente con trabajoso cuidado del entendimiento, limados con la prop i e d a d d e su viva significación, suavidad y dulzura d e v o c e s ; b u e n a y justa colocación d e ellas, y d e q u e p r o c e d e la elegancia d e las frases con que en p o c o se dice mucho y bien... ». 1 9 4 8 , X V I , 2 8 3 . S o b r e los q u e r u b i n e s , véase E r n s t CASSIRER y c o l a b o r a d o r e s , The Renaissance Philosophy of Man, Chicago, 1 9 4 8 , p á g . 2 2 7 , y Alonso D E OROZCO, Victoria de la Muerte, M a d r i d , 1 9 2 1 , p á g . 1 1 3 : «Querubín, s e g ú n S a n D i o n i s i o , q u i e r e decir p l e n i t u d d e ciencia». 2 LA GASCA conocía el significado p e y o r a t i v o de crítico (pedante) y p r o t e s t a c o n t r a esa acepción (loc. cit. ) : « L a b á r b a r a i g n o r a n c i a d e l i g n o r a n t e v u l g o , con d e s v a n e c i d a p r e s u n c i ó n , h a i n v e n t a d o u n a diabólica jerigonza, u s a n d o de t é r m i n o s cultos, con tal desconcierto y corruptela, q u e su d i s o n a n c i a n o s ó l o confunde el e n t e n d i m i e n t o d e s u s e n t i d o ; y s u a s p e r e z a enoja y fastidia, y a u n t a l m o d o deh a b l a r p u e d e irritar la m a y o r p a c i e n c i a , t r o c a n d o en h o r r o r o s o a b o r r e c i m i e n t o e l m á s fino a m o r . D e q u e r e s u l t a q u e i r ó n i c a m e n t e l l a m a n a éstos cultos y criticos; como si d i j e r a n ignorantes bárbaros de p r i m e r a clase». 101 O. H. GREEN Conclusión. «Con q u e e n poco se dice m u c h o y bien». H e aquí, en n u e v e palabras, t o d a la doctrina del conceptismo literario del siglo XVII. Primorosamente, con trabajoso cuidado del entendimiento: en estas seis p a l a b r a s se e x p r e s a n los armónicos, los sobretonos concomitantes d e la idea fundamental d e G r a c i á n : intelectualidad, juego de querubines. Lo alegado en el presente artículo deja intacto el significado ordinario d e la p a l a b r a crisis, es decir juicio: El Criticón es u n libro de criticas ; pero sí h a c e constar q u e crisis-critico tenían y a a n t e s d e Gracián u n a significación m á s rica, m á s intelectual, d e lo q u e se podría suponer ateniéndose a la definición tradicional prop o r c i o n a d a por Liñán y V e r d u g o . Si n o m e equivoco, lo q u e a q u í se p r o p o n e al juicio d e los críticos d e hoy ilumina, y no con p o c a luz, lo q u e se proponían Q u e v e d o , Gracián, y los d e m á s c o n c e p tistas del Siglo d e O r o . 3 3 102 V é a s e El Criticón, e d . ROMERA-NAVARRO, I, p á g . 9 7 , n o t a 1 9 .