5. Judici. La facultad de juzgar democráticamente: reflexiones sobre

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Taula, quaderns de pensament
núm.43,2011
Pág 71-76
5. JUDICI
LA FACULTAD D E J U Z G A R
D E M O C R Á T I C A M E N T E :
R E F L E X I O N E S S O B R E
H A N N A H A R E N D T
L i n d a M . G . Zerilli
University of C h i c a g o
RESUMEN: Ksle articulo versa sobre el problema del juicio, a saber: ¿Cómo atrevernos, desde fuera, a formular
un juicio, máxime cuando consideramos diversos puntos de vista en un medio complejo y multicultural? Como
es sabido. Arendt debía tratar este problema en el tercer volumen de Ixi vida del espíritu, que quedó inconcluso
a causa de su muerte.
Palabras clave: Juicio, Arendt. Teoría política.
AUSTKACT: Ibis paper focuses on the philosophical problem of judgement: how is possible tojudge Irom an
external point of view. all the more so when we live ¡n a complex, multicultural environmenl? Arendt tackled
this tòpic in the third part of her book The Lije of the Mind, but unforlunately passed away before concluding it.
KKV WORDS: Judgement. Arendt. political theory
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H a n n a h A r e n d t no llegó a escribir el tercer v o l u m e n de su libro La vida del espíritu. Su
editora, Mary M c C a r t h y , afirma: « T r a s su m u e r t e , e n c o n t r a m o s en su m á q u i n a de escribir
una hoja de papel: estaba en b l a n c o , a excepción del título. Judging, y dos epígrafes. En
algún m o m e n t o entre el s á b a d o en q u e a c a b ó La voluntad [la s e g u n d a parte del libro] y
el j u e v e s de su m u e r t e d e b i ó de sentarse a e m p e z a r la última parte». A p o y á n d o s e en esta
afirmación, los intérpretes han c o n v e r t i d o en un v e r d a d e r o misterio el v o l u m e n no escrito.
¿ Q u é hubiera escrito A r e n d t , si hubiera vivido lo suficiente para c o n c l u i r las tres partes de
su o b r a ? ¿ C ó m o hubiera encajado el v o l u m e n sobre el j u i c i o en el resto de su p r o d u c c i ó n ?
¿ Q u é p r o b l e m a s hubiera a b o r d a d o y tal vez resuelto?
N a t u r a l m e n t e no p o d e m o s s a b e r q u é h u b i e r a e s c r i t o p e r o t e n e m o s m u c h o s m o t i v o s
para p e n s a r c r í t i c a m e n t e el papel q u e la facultad de j u z g a r d e s e m p e ñ a en su teoría
política y. q u i z á s m á s i m p o r t a n t e , el papel q u e p o d r í a d e s e m p e ñ a r en la actual teoría de
la política d e m o c r á t i c a . A la luz de los r e c i e n t e s a c o n t e c i m i e n t o s p o l í t i c o s y de lo q u e
p e n s a d o r e s a m e r i c a n o s c o m o S a m u e l H u n t i n g t o n l l a m a r o n « c h o q u e de c i v i l i z a c i o n e s » ,
c a d a v e z nos v e m o s m á s o b l i g a d o s a e x p r e s a r n u e s t r o j u i c i o s o b r e p r á c t i c a s y culturas
q u e n o son las n u e s t r a s , lo cual e x i g e entre otras c o s a s la c a p a c i d a d y la d i s p o s i c i ó n
de i m a g i n a r n o s c ó m o se ve el m u n d o a ojos de p e r s o n a s c u y o s p u n t o s de vista no
n e c e s a r i a m e n t e c o m p a r t i m o s . C o m o la o b r a de H u n t i n g t o n p o n e de manifiesto, existe
la t e n t a c i ó n de e l e v a r n u e s t r o s p r o p i o s c o n c e p t o s y r e g l a s a v a r a p a r a m e d i r p r á c t i c a s
y c u l t u r a s a j e n a s . P e r o en tal c a s o se n o s p l a n t e a la p r e g u n t a de si h a b r e m o s j u z g a d o
c r í t i c a m e n t e o m á s bien a p l i c a d o las r e g l a s de « n u e s t r a » c u l t u r a a las p a r t i c u l a r i d a d e s
de la « s u y a » a fin de r e v a l i d a r con m á s énfasis t o d a v í a lo q u e ya s a b e m o s e i n c l u s o
a f i r m a m o s ser. C o n d i c h a p r e g u n t a entra e n j u e g o una s e g u n d a t e n t a c i ó n : si d e s c a r t a m o s
p o r acrítica y e t n o c é n t r i c a esta m a n e r a de j u z g a r c o n f o r m e a reglas, q u i z á s n o nos
q u e d e s i n o la p o s i c i ó n del e s c é p t i c o . P u e s t o q u e p e r s p e c t i v a s r a d i c a l m e n t e d i v e r g e n t e s
s e g ú n el p u n t o de vista o la p e r t e n e n c i a a una d e t e r m i n a d a cultura p u e d e n r e i v i n d i c a r
igual v a l i d e z , dice el e s c é p t i c o , lo m e j o r es a b t e n e r s e de j u z g a r . ¿ C ó m o a t r e v e r n o s ,
d e s d e fuera, a f o r m u l a r un j u i c i o ?
De tales p r e g u n t a s se o c u p ó H a n n a h Arendt en su famoso y d i s c u t i d o informe
sobre el p r o c e s o a E i c h m a n n y en general en su e m p e ñ o por e n c o n t r a r respuesta a las
catástrofes políticas del siglo X X . A su parecer, m u c h a s p e r s o n a s tienden a la c o n v i c c i ó n
de q u e a q u e l l o s q u e no pasaron por el terror nazi n o pueden j u z g a r a a q u e l l o s que sí
lo vivieron (fuera cual fuera su función). E i c h m a n n s i m p l e m e n t e c u m p l í a ó r d e n e s en
u n a s c i r c u n s t a n c i a s en q u e toda d e s o b e d i e n c i a hubiera significado firmar su propia
sentencia de m u e r t e , a r g u m e n t ó la defensa: ¿es que no habría a c t u a d o c u a l q u i e r a de
n o s o t r o s e x a c t a m e n t e igual? H a n n a h A r e n d t es célebre por haber n e g a d o la idea de q u e
E i c h m a n n fuese un m o n s t r u o que no se había s e n t i d o o b l i g a d o por la ley m o r a l . M u c h o
m e n o s c o n o c i d o es el h e c h o de que t a m b i é n n e g ó la idea de q u e fuese una p e r s o n a
corriente c u y a s a c c i o n e s n o p o d e m o s j u z g a r d e s d e fuera. Según su o p i n i ó n , la cuestión
no era si d e b í a m o s j u z g a r a E i c h m a n n y a otros c o m o él, sino c ó m o p o d e m o s llegar a
h a c e r n o s los j u i c i o s pertinentes c u a n d o nuestras reglas para ello se han v e n i d o abajo.
Para A r e n d t , el p a r a d i g m a de a c o n t e c i m i e n t o político que nos reta a un j u i c i o crítico en
el m i s m o m o m e n t o en que h a c e estallar el tradicional m a r c o c o n c e p t u a l de tal j u i c i o es
el totalitarismo ( c a r a c t e r i z a d o por el fracaso de los e s t á n d a r e s m o r a l e s tradicionales y
del s a n o e n t e n d i m i e n t o c o m ú n ) . Las fábricas de la m u e r t e c o n s t r u i d a s en el c o r a z ó n de
Europa, dice A r e n d t , nos enfrentan a un s e n t i m i e n t o de falta de s e n t i d o sin p r e c e d e n t e s .
¿ C ó m o j u z g a r u n o s h e c h o s que hacen patente el naufragio de las categorías con las que
p e n s a m o s y los e s t á n d a r e s con los que j u z g a m o s ?
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A r e n d t se cuestiona nuestra reticencia a a b a n d o n a r las reglas tradicionales a u n q u e n o se
a d e c ú e n ya a la realidad política. Para ella, n o s h e m o s a c o s t u m b r a d o no tanto al c o n t e n i d o
de una regla bajo la que s u b s u m i r los s u c e s o s particulares de la vida política sino al
p u r o h e c h o de tener reglas bajo las q u e s u b s u m i r en general. Por eso n o c o n s i d e r a m o s el
totalitarismo algo r a d i c a l m e n t e n u e v o sino otra versión de una forma política c o n o c i d a (la
tiranía, por e j e m p l o ) . Las reglas son c o m o una m u l e t a espiritual a la que nos a g a r r a m o s
por m i e d o a no p o d e r e n t e n d e r o j u z g a r en a b s o l u t o . Pero, ¿ q u é ocurre si el peligro real
n o es la p é r d i d a de e s t á n d a r e s sino la n e g a t i v a a aceptar esta p é r d i d a ? «La pérdida de
las varas de medir, p u e s , (...) sólo es una catástrofe del m u n d o m o r a l [y político] si se
acepta q u e r e a l m e n t e los seres h u m a n o s no e s t a m o s en situación de j u z g a r las c o s a s por
n o s o t r o s m i s m o s , que n u e s t r o j u i c i o n o basta para j u z g a r o r i g i n a l m e n t e , q u e n o p u e d e
p e d í r s e n o s sino q u e a p l i q u e m o s c o r r e c t a m e n t e reglas c o n o c i d a s » , escribe A r e n d t en
¿Qué es la política? A sus ojos, el d e s m o r o n a m i e n t o de los criterios con que j u z g a r un
a c o n t e c i m i e n t o político c o m o el totalitarismo nos obliga al m o m e n t o a p l a n t e a r n o s de
n u e v o el p r o b l e m a y la posibilidad de juzgar.
Q u i z á s lo m á s sorprendente del intento arendtiano de repensar la facultad del j u i c i o a la
luz del naufragio de los estándares tradicionales es que recurra a la teoría kantiana del j u i c i o
estético en la Crítica del juicio. Este giro, que ha a s o m b r a d o a tantos lectores, es consecuente si t e n e m o s en cuenta que. para Arendt, j u z g a r concierne ante todo a lo particular c o m o tal.
Y lo particular no puede ser j u z g a d o si se lo s u b s u m e bajo una regla que corresponda, por
ejemplo, al silogismo: todos los h u m a n o s son mortales — S ó c r a t e s es un ser h u m a n o — por
lo tanto Sócrates es mortal. Arendt concibe el j u i c i o estético c o m o m o d e l o para el j u i c i o
político. Juzgar críticamente significa para ella j u z g a r reflexionantemente, esto es, sin la
intermediación de un concepto o una regla. C o m o reza el v o l u m e n sobre El juicio,
editado
a partir de su legado: « C u a n d o usted dice: ' q u é rosa tan b o n i t a ' , no llega a tal juicio diciendo
de entrada: 'todas las rosas son bonitas — e s t a flor es una r o s a — luego esta flor es b o n i t a ' » .
Un j u i c i o reflexionante con lo que tiene que ver n o es con la categoría «rosa» sino con esta
rosa en particular. Q u e esta rosa sea bonita no radica en la naturaleza de las rosas ni es por lo
tanto ninguna propiedad del objeto en cuestión sino un valor que el sujeto j u z g a en el objeto
(lo que a su vez significa que otros sujetos podrían j u z g a r l o de manera diferente).
Q u e Arendt tenga tan en cuenta la posible multiplicidad de j u i c i o s sobre un m i s m o
objeto convierte su obra en especialmente valiosa para pensar la praxis del j u i c i o en
sociedades multiétnicas y multiraciales. Tales sociedades no se basan en una única idea
del bien y un único ramillete de c o n v e n c i o n e s sociales o culturales c o m u n m e n t e aceptado.
Más bien se caracterizan por el pluralismo de valores y la concurrencia de m o d o s de
vida distintos, a m e n u d o inconciliables, sobre los que no puede decidirse por remisión a
valores o n o r m a s u m v e r s a l m e n t e c o m p a r t i d o s . Si estamos de a c u e r d o en que el h e c h o del
pluralismo de valores n o e x i m e de la carga de juzgar, ¿ c ó m o p o d e m o s entonces llegar a
hacernos nuestros j u i c i o s ? Aquí resulta m u y plausible la m a n e r a en que Arendt se a p r o x i m a
al factum de la pluralidad, que no entiende de a n t e m a n o c o m o un p r o b l e m a a resolver sino
c o m o un presupuesto fundamental de la política democrática. A su m o d o de ver, los juicios
reflexionantes, críticos, sólo se producen tras incorporar las perspectivas diversas de otras
personas. A diferencia del p e n s a m i e n t o correcto, que únicamente nos exige la concordancia
con nosotros m i s m o s (esto es, pensar lógica y consistentemente), el j u i c i o requiere ponderar
el asunto cuestionado desde el punto de vista de todos y cada u n o . C u a n d o Arendt formuló
su célebre tesis de que E i c h m a n n no era un m o n s t r u o sino un conformista sin la m e n o r
aptitud para pensar, se refería a esta clase de pensar, el pensar político: E i c h m a n n no podía
ponerse en el lugar de otro y ver la situación desde la perspectiva de éste.
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A d i c h o intento de tener en c u e n t a p e r s p e c t i v a s diferentes, A r e n d t lo llamó
« p e n s a m i e n t o r e p r e s e n t a t i v o » , que n o se trata ni de una « e m p a t i a » c o m p l e t a — e l intento
de ser o t r o — ni de « b u s c a r s e una m a y o r í a u otra y a d h e r i r s e a ella». Mientras en estas dos
m a n e r a s de a t e n d e r a p e r s p e c t i v a s diferentes s i m p l e m e n t e s u s t i t u í m o s n u e s t r o s p r o p i o s
prejuicios por los de o t r o s , el p e n s a m i e n t o r e p r e s e n t a t i v o al q u e se refiere A r e n d t es
aquel en el q u e se c o n s i g u e «sin a b a n d o n a r la propia identidad o c u p a r una posición en el
m u n d o que n o es la m í a » («Verdad y política»). Esta m a n e r a de pensar va a c o m p a ñ a d a
de la c a p a c i d a d de emitir j u i c i o s h a c i e n d o entrar en un d i á l o g o crítico los p u n t o s de vista
ajenos con la p e r s p e c t i v a propia. Pero sobre todo, está ligada al c o n v e n c i m i e n t o de q u e
u n o tiene una p e r s p e c t i v a y de q u e , por c o n s i g u i e n t e , hay otras posibilidades de ver el
m i s m o objeto o s u c e s o .
¿ S e a l c a n z a por m e d i o del p e n s a m i e n t o r e p r e s e n t a t i v o la c o i n c i d e n c i a ? N o
n e c e s a r i a m e n t e . Para A r e n d t no era tan i m p o r t a n t e e n c o n t r a r o n o un c o n s e n s o : en p r i m e r
p l a n o está para ella el valor d e m o c r á t i c o de las múltiples m a n e r a s en que p e r s o n a s
d i v e r s a m e n t e situadas p u e d e n ver las c o s a s . Q u e esto se c o n s i d e r e un defecto de
su teoría del j u i c i o político o n o d e p e n d e de lo q u e u n o e s p e r e de la praxis de j u z g a r
d e m o c r á t i c a m e n t e . Para H a n n a h A r e n d t una praxis tal nos abre el m u n d o de m a n e r a s
n u e v a s e i m p r e v i s t a s e i n c r e m e n t a la p r o b a b i l i d a d de q u e , si a l c a n z a m o s la c o i n c i d e n c i a ,
ésta sea e f e c t i v a m e n t e c o m ú n y no por la fuerza. A r e n d t sigue aquí la noción k a n t i a n a
del j u i c i o estético y reivindica q u e en el t e r r e n o de la política no se p u e d e o b l i g a r a
otras p e r s o n a s a asentir a n u e s t r o j u i c i o ( c o m o nos obligan, por e j e m p l o , las reglas de
la m a t e m á t i c a a asentir al e n u n c i a d o de que dos y d o s son cuatro tan pronto las h e m o s
a p r e n d i d o e i n d e p e n d i e n t e m e n t e de nuestro p u n t o de vista). T a m p o c o aquí le p a r e c e a
A r e n d t tan g r a v e que las p e r s o n a s n o c o i n c i d a m o s en un d e t e r m i n a d o j u i c i o a u n q u e m u y
p r o b a b l e m e n t e e n t e n d a m o s y a c e p t e m o s los a r g u m e n t o s a d u c i d o s por los d e m á s . Tal
d i v e r s i d a d de j u i c i o s no es resultado ni de un p e n s a m i e n t o deficiente (o d i r e c t a m e n t e de
la irracionalidad) ni de una incapacidad para la d e d u c c i ó n correcta. M á s bien d o c u m e n t a
q u e son posibles diversas a t r i b u c i o n e s de valor. En el reino de la ciencia p u e d e que
coincidir en cuáles sean los p r o c e d i m i e n t o s correctos lleve a coincidir t a m b i é n en los
r e s u l t a d o s . Pero la política, nos r e c u e r d a A r e n d t , n o es una ciencia. Pensar el j u i c i o
político no es un e m p e ñ o abstracto, teórico, sino que tiene profundas i m p l i c a c i o n e s para
nuestro t i e m p o . C o n el telón de fondo de la tesis a r e n d t i a n a del carácter r a d i c a l m e n t e
n u e v o del totalitarismo y el fracaso de las criterios para j u z g a r l o quisiera sugerir q u e
hoy nos las habernos con e x a c t a m e n t e la m i s m a clase de p r o b l e m a s , con un a g o t a m i e n t o
c o m p a r a b l e de las c a t e g o r í a s políticas a c o s t u m b r a d a s con las que i n t e n t a m o s e x p l i c a r
los a c o n t e c i m i e n t o s políticos recientes. T a m b i é n los que c o n o c e m o s bajo el s i g n o «11
de s e p t i e m b r e » d e s e n c a d e n a n en n o s o t r o s un fuerte s e n t i m i e n t o de falta de s e n t i d o y
una a g u d a n e c e s i d a d de j u i c i o crítico. Ni la d e r e c h a ni la izquierda políticas se han
p l a n t e a d o s e r i a m e n t e esta n e c e s i d a d . La respuesta de los a c t o r e s políticos a m e r i c a n o s
m á s i m p o r t a n t e s ( c o m o el g o b i e r n o B u s h , el Partido D e m ó c r a t a y gran parte de los
m e d i o s de c o m u n i c a c i ó n ) ha insistido en traducir lo d e s c o n o c i d o a c o n o c i d o e q u i p a r a n d o
a los terroristas con «fuerzas del m a l » c o m o los n a c i o n a l s o c i a l i s t a s o los c o m u n i s t a s . U n a
c o m p a r a c i ó n c ó m o d a , que difunde la idea de que los terroristas — c o m o antes los nazis
y c o m u n i s t a s — odian n u e s t r o s valores y por lo tanto nos odian por «ser q u i e n e s s o m o s »
(por e j e m p l o , a m i g o s de la libertad), n o por lo que h a y a m o s h e c h o (por e j e m p l o , a p o y a r
r e g í m e n e s autoritarios en O r i e n t e M e d i o ) . Esta e q u i p a r a c i ó n es t a m b i é n peligrosa p o r q u e
nos hace c i e g o s a nuestra propia historia política y nos d i s p e n s a de la n e c e s i d a d de un
j u i c i o crítico q u e los incluya a t o d o s , estén contra n o s o t r o s , nos a p o y e n , se m u e s t r e n
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indiferentes o a d o p t e n una posición i n t e r m e d i a . Así, t o d o q u e d a en c o n c e p t o s p o l é m i c o s
e i n d i s c r i m i n a d o s c o m o el de « c h o q u e de c i v i l i z a c i o n e s » . Y a u n q u e h a y a actores políticos
alejados del mainstream
que no anulan la historia, m u c h o s de ellos tienden i g u a l m e n t e
a reducir lo d e s c o n o c i d o a c o n o c i d o al e q u i p a r a r por e j e m p l o a los terroristas con los
c o m b a t i e n t e s de p a s a d o s m o v i m i e n t o s de liberación n a c i o n a l . T a m b i é n esta c o m p a r a c i ó n
o s c u r e c e algo q u i z á s r a d i c a l m e n t e n u e v o , a l g o que desafía nuestra facultad de j u z g a r
p o r q u e los c o n c e p t o s t r a d i c i o n a l e s n o alcanzan a explicar nuestras e x p e r i e n c i a s políticas.
N a t u r a l m e n t e la reflexión de H a n n a h A r e n d t sobre el j u i c i o n o nos revela c ó m o t e n e m o s
que j u z g a r los s u c e s o s de n u e s t r o s días y t a m p o c o lo habría p r e t e n d i d o . Pero p u e d e
ilustrarnos sobre c ó m o j u z g a r l o s con una m a y o r sensibilidad a un p l u r a l i s m o de v a l o r e s
q u e es un h e c h o . En la situación política actual, p u e d e que parezca que n o n e c e s i t a m o s
una c o m p r e n s i ó n m á s profunda de las diferentes p e r s p e c t i v a s o m a n e r a s de ver las c o s a s
s i n o un c o n s e n s o m í n i m o sobre valores c o m p a r t i d o s y reglas c l a r a m e n t e definidas para
llegar a a c u e r d o s en c u e s t i o n e s q u e nos c o n c i e r n e n a t o d o s . A r e n d t es c o n s c i e n t e de lo
i m p o r t a n t e q u e es e n c o n t r a r una base c o m ú n pero tiene fundados m o t i v o s para criticar la
idea de que la praxis de j u z g a r c o n f o r m e a reglas p u e d a a y u d a r n o s a ello. C o m o indican
los esfuerzos c a d a v e z m á s caros e infructuosos del g o b i e r n o Bush por h a c e r de Irak
una d e m o c r a c i a , lo m á s p r o b a b l e es q u e dicha praxis p r o v o q u e una situación en la que
a q u e l l o s q u e se creían liberadores b i e n v e n i d o s c o m p r u e b e n e s t u p e f a c t o s q u e se les recibe
c o m o a g r e s o r e s que quieren i m p o n e r sus p r o p i o s v a l o r e s .
( T r a d u c c i ó n de R o s a Sala C a r b ó )
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