LOS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DE L A POESÍA MÍSTICA (SAN J U A N D E L A CRUZ) N o obstante que J e a n B a r u z i , fray Crisógono de Jesús Sacramentado, E . A l l i s o n Peers, Dámaso A l o n s o y E m i l i o Orozco han dado a conocer las fuentes y bellezas de l a poesía de San J u a n de l a C r u z , si se nos preguntara en qué consiste exactamente esta poesía - c o n s i d e r a d a como l a máxima expresión de la poesía mística, la poesía mística p a r e x c e l l e n c e - nos resultaría embarazoso precisarlo. A m i parecer, sus elementos constitutivos no se pueden evaluar n i por medio de l a fórmula restrictiva "desde esta ladera" de Dámaso A l o n s o - y a que l a poesía de San J u a n es el instrumento u t i l i z a d o para expresar adecuadamente l a experiencia mística de l a cual es i n s e p a r a b l e - n i en términos de l a crítica filosófico-psicológica de esa experiencia llevada a cabo por B a r u z i . Según ha observado recientemente J o a c h i m Seyppel, el estudioso debe aceptar como auténtico el mensaje contenido en tal poesía, dentro de su u n i d a d de contenido y forma. Seyppel recalca que el crítico l i t e r a r i o tiene o que descartar tales textos como n o valederos para él, o conceder que, en el caso del misticismo, el investigador y el objeto de l a investigación se encuentran necesariamente en u n n i v e l existencial i n e l u c t a b l e . Y o mismo aludí a este singular p r o b l e m a a l comparar l a poesía de San J u a n de l a C r u z con l a de P a u l Valéry, demostrando que es precisamente en la dimensión espiritual donde radica l a diferencia entre estos dos tipos de "poesía p u r a " . H o y me parece perfectamente claro que los teóricos de l a literatura, a l analizar l a poesía de San J u a n como literatura, los psicólogos de l a religión al examinar lo q u e de d i v i n o hay en ella, y los investigadores de símbolos en su búsqueda de arquetipos recónditos en su lenguaje místico, ofrecen, cada cual en su esfera correspondiente, exactamente los mismos criterios: ambivalencia, vibración unísona de pensamiento y sentimiento, intuición revestida de plasticidad, paradoja lógica que trasciende la verdad abstracta por medio de l a comprensión no-conceptual de 1 2 1 J O A C H I M S E Y P P E L , " M y s t i k ais G r e n z p h a n o m e n " , D V L G , 35 (1961), 153¬ 183; e n especial, p . 178. 2 l HELMUT HATZFELD, 9 5 5 > P P - 3 7"3958 Estudios literarios sobre mística española, Madrid, N R F H , X V I I LOS ELEMENTOS DE L A POESÍA MISTICA 41 una realidad absolutamente inaccesible o, mejor dicho, que se resiste incólume a toda crítica r a c i o n a l . Es decir, que hay que buscar la expresión misma de l o inefable e n los elementos constitutivos de l a poesía mística, o sea en los motivos, los grandes símbolos, l a paradoja y los elementos estilísticos evocadores, tales como l a metáfora, l a selección de vocablos, el r i t m o poético, l a musicalidad y la sintaxis. 3 I. E l m o t i v o E l m o t i v o de toda poesía mística es el amor abrasador d e l alma por Dios. Este amor, sin embargo, n o se expresa abstractamente, s i n o en l a perspectiva o en retrospección de u n contacto experimental c o n el d i v i n o A m a d o ; p o r consiguiente se presenta, no de manera estática, sino dinámica. Además, en u n contexto místico, e l alma no es meramente l a personalidad h u m a n a o cristiana, y el cónyuge d i v i n o no es sencillamente D i o s o Jesucristo. E n términos teológicos, es más b i e n l a sustancia del a l m a y l a D i v i n i d a d del V e r b o . P o r esta razón, atendiendo sólo a l contexto, el famoso S o n e t o a C r i s t o c r u c i f i c a d o ( " N o me mueve, m i Dios, para quererte / el cielo que m e tienes prometido") es u n poema de p u r o amor más que de unión mística. E l p u r o amor desinteresado contrastado con el amor venal es l a c i m a hacia l a cual asciende el creyente merced a u n perfecto acto de contrición. P o r esto m i s m o el S o n e t o no es u n poema místico, a n o ser que se le q u i e r a interpretar externamente, según hizo Leo Spitzer, para q u i e n el S o n e t o es u n a meditación hecha ante u n crucifijo, durante l a cual el devoto se enajena hasta caer en éxtasis amoroso . Pero lo que nos interesa es u n amor místico revelado c o m o tal por los textos mismos. C o m o l a unión mística es u n a compenetración amorosa de esencias espirituales, es decir, l a del alma y l a de Dios, el poema que representa esta clase de amor como amistad n o hace entera justicia a l a situación espiritual y, p o r lo general, n o pasa de algunos aforismos estáticos, como en el caso de las maravillosas fórmulas poéticas de l a prosa rítmica de R a i m u n d o L u l i o : presentando a l a l m a como e l a m i g o y a Dios como e l A m a d o . Sin embargo, L u l i o descubre u n elemento entretejido e inseparable de esta amistad d i v i n a que tanta i m p o r t a n c i a adquirió en l a más auténtica poesía mística de San J u a n : el sufrimiento ascético como p r e n d a de esta amistad. A l g u n o s ejemplos: 4 Lloraba el amigo y decía: ¿Cuándo llegará el tiempo en que cesarán en el mundo las tinieblas?... ¡Ah, cuándo se gloriará s J G L A N D E J A C O B I , " A r c h é t y p e et s y m b o l e chez J u n g " , Polarité d u s y m b o l e , P a r i s , 1960, p p . 167-206; e n e s p e c i a l 185-193. * L E O S P I T Z E R , " N O m e m u e v e , m i D i o s . . . " , N R F H , 7 (1953), 608-617. HELMUT 42 HATZFELD N R F H , X V I I el amigo de morir por su amado! Y ¡cuándo verá el Amado a su amigo enfermar por amor! Dime, amigo —preguntó el A m a d o — ¿tendrás paciencia, si te doblo tus dolencias? Sí —respondió el amigo— con tal que dobles mis amores. T u v o sueño el amigo, quien había trabajado mucho en buscar a su Amado y temió que no se le olvidase su Amado; lloró para no dormirse, y para que no se le olvidase su Amado . 5 Falta, sin embargo, en las formulaciones aforísticas lidiarías de la amistad d i v i n a , l a característica fundamental de l a relación entre el alma y Dios. Esta característica es n u p c i a l en l a poesía de San J u a n , no sólo porque el misticismo cristiano, a l menos a p a r t i r de San Bernardo, toma como modelo el C a n t a r d e l o s c a n t a r e s , símbolo tradicional de l a relación n u p c i a l entre Dios y el p u e b l o judío, que pasó a ser más tarde l a relación entre Dios y l a Iglesia; no sólo porque San J u a n se atreve a expresar que experimentó en efecto lo que se dice de l a Esposa en el C a n t a r ; no sólo porque D i o s , como creador, es el elemento masculino y el alma, como l a c r i a t u r a receptora, el femenino; no sólo porque así el alma adquiere parentesco lógico con María (prototipo místico); sino fundamentalmente porque, según l a teología de San J u a n de la C r u z , esta relación n u p c i a l entre Dios y el a l m a es prototipo y n o analogía d e l a m o r conyugal h u m a n o : es e l " a r q u e t i p o d e l m a t r i m o n i o " . 9 7 Para aclarar aún más l a estructura del m o t i v o en l a poesía de San J u a n de l a C r u z , es menester añadir que este A m o r D i v i n o tiene también implicaciones intelectuales. E n las propias palabras del santo, es u n a ciencia "toda ciencia trascendiendo". Es l a c e r t i t u d o o m n i c e r t i t u d i n e c e r t i o r tomista, u n e r o s intelectual, que antecede el enamorarse d e l a l m a porque, sin él, el objeto del amor n o podría reconocerse. Es u n a mezcla de amor y fe. L a fe revela a l A m a d o y eleva el amor progresivamente, de acuerdo con el grado en que l a fe oscura se transforma en fe i l u m i n a d a o visión. Q u e tal es también la intención poética de San J u a n se sigue de su p r o p i a afirmación: "Sobre este d i b u j o de fe hay otro d i b u j o de amor en el alma del amante" (Cántico e s p i r i t u a l , Canción 12, 7 ) . E n el realismo espiritual de San J u a n , se funden ciencia mística y amor y proporcionan los medios para que el alma alcance al A m a d o directamente, es decir, sin i n t e r m e d i a r i o , de m o d o que, gracias a l a caridad divina', sea c o n d u c i d a a l a V i d a y a l M i s t e r i o T r i n i t a r i o ; o sea, a ser C i t a s t o m a d a s de l a t r a d u c c i ó n e s p a ñ o l a q u e aparece e n A R T U R O S E R R A N O P L A J A , Antología d e l o s místicos españoles, B u e n o s A i r e s , 1946, p p . 32-35. 6 6 JEAN VILNET, B i b l e e t m y s t i q u e chez Saint J e a n d e l a C r o i x , P a r i s , 1949, P P - 17-39¬ 7 M I C H A E L M A S Ó N , " T h e G o d o f w r a t h a n d the m y s t e r i u m t r e m e n d u m " , h e m e a n d v i o l e n c e , L o n d o n , 1954, p . 238. NRFH, XVII LOS E L E M E N T O S DE L A POESÍA MÍSTICA 43 divinizada por medio de l a participación otorgada. Esta pauta informe se torna palpable, se visualiza y se expresa adecuadamente en la poesía por m e d i o de imágenes. N i n g u n a de las imágenes poéticas proviene de visiones corpóreas o figuradas. E l m o t i v o d e l amor místico en San J u a n de l a C r u z excluye el concepto opuesto, aprendido de los árabes, de u n alma masculina que ama a u n a Sabiduría D i v i na femenina, cosa que en el caso del místico M i r Dâmâd del siglo x v i i , por ejemplo, conduce precisamente a lo que San J u a n evita a toda costa: l a identificación de imágenes poéticas con supuestas visiones interpretadas en términos de u n a iconografía m e n t a l correspondiente a las epifanías, como lo h a expuesto tan b i e n el arabista H e n r i C o r b i n . S i n embargo, para esas mudables epifanías, los sufíes ofrecen u n a explicación en que ha hecho especial hincapié I b n Arabí de M u r c i a (1165-1249), q u i e n , según Asín Palacios, fue u n precursor de San J u a n de l a C r u z . Esta explicación p o r u n a parte contrasta fundamentalmente con el r e p u d i o de toda clase de visiones que caracteriza a San J u a n , y por otra encaja m u y b i e n con su idea de u n misticismo dinámico, según el c u a l a todos los hombres se les confiere l a m i s m a capacidad de alcanzar u n a unión amorosa con Dios, aunque l a clase y el grado de l a manifestación y l a respuesta d i v i n a dependan en cada caso d e l estado espiritual del amante . 8 9 Y a que nuestro interés se centra en el carácter poético d e l motivo del a m o r místico, habrá que subrayar u n a vez más que, desde el p u n t o de vista estético, el alma de este v a r o n i l y ascético poeta, San J u a n de l a C r u z , es femenina; circunstancia que poéticamente está en armonía con el gusto occidental, donde tantas Beatrices literarias h a n desdeñado el amor m u n d a n o en favor del amor divino. E l monje del siglo x x del S t u d e n b u c h de R a i n e r M a r i a R i l k e - ú n i c a obra comparable, en m i opinión, con l a de San J u a n de la C r u z en cuanto a alcance y m o t i v o - ora con sensibilidad femenina en términos que, traducidos al español, parecen u n eco de San J u a n : U n d meine Seele ist ein Weib vor d i r [...] und kommt zu dir, wenn alles um dich ruht [...] U n d meine Seele schläft dann, bis es tagt, bei deinen Füssen, warm von deinem Blut. U n d ist ein W e i b vor dir. U n d ist wie R u t h . 1 0 H E N R I C O R B I N , " M i r D â m â d et l ' é c o l e t h é o l o g i q u e siècle", Polarité d u s y m b o l e , p p . 53-71; e n especial p . 62. 8 d'Ispahan au xvn« H E N R I C O R B I N , L ' i m a g i n a t i o n créatrice dans l e soufisme d'Ibn Arabi, P a r i s , 1958, p p . 95-111. 10 R A I N E R M A R I A R I L K E , D a s S t u n d e n b u c h , e n e l t. 4 d e sus Sämtliche Werk e , s. a., t. 4. ["Y m i a l m a es u n a m u j e r a n t e t i . . . / y v i e n e a t i c u a n d o t o d o en t o r n o a t i descansa. . . / Y m i a l m a d u e r m e entonces h a s t a q u e es d e día, / a tus pies, c a l e n t a d a p o r t u sangre. / Y es u n a m u j e r a n t e t i . Y es c o m o R u t " ] . 9 HELMUT 44 HATZFELD NRFH, XVII II. L o s símbolos i . S i seguimos ateniéndonos exclusivamente a l texto de los poemas, especialmente a l Cántico e s p i r i t u a l y a la N o c h e e s c u r a , y nos desentendemos de las interpretaciones de los comentarios, el m o t i v o del amor d i v i n o sólo puede valerse de l a noche oscura y de l a unión m a t r i m o n i a l . L a noche oscura simboliza el anhelado pero no realizado amor, llamado por eso, a veces, d e s p o s o r i o , pero que San J u a n subraya exclusivamente bajo el aspecto d e l sufrimiento que acompaña al anhelo. E l m a t r i m o n i o significa amor logrado. L a vía que conduce del u n o a l otro l a evocan con serena retrospección las liras de E n u n a n o c h e o s c u r a ; l a progresiva dramatización y acción de las canciones d e l Cántico e s p i r i t u a l ; la resignación a l estado del amor insatisfecho de los tranquilos versos de Y b i e n sé y o l a f o n t e ; l a queja contra el insoportable anhelo de l a glosa d e l estribillo V i v o s i n v i v i r e n m i ; y por fin, el t r i u n f o del a m o r logrado de la L l a m a d e a m o r v i v a . L a N o c h e , tan intensamente descrita bajo sus más terribles aspectos en l a prosa de l a S u b i d a y de las dos N o c h e s , parece impoetizable en su forma ascética directa. P e r o en el fondo de los poemas se siente todavía v i b r a r l a reminiscencia de l a noche oscura como una fusión cósmico-espiritual de l a angustia en u n o de los símbolos más destacados de l a historia literaria: el a l m a aún vacilante bajo el impacto de u n a prueba tan terrible y atormentadora, porque l a amante L u z D i v i n a (no reconocida), a l querer i l u m i n a r su oscuridad, la había cegado, lastimado y h e r i d o , suprimiéndole las ilusiones terrenales y conduciéndola a l a r e a l i d a d d i v i n a . P e r o el alma-esposa había identificado erróneamente esta N o c h e con su exclusión de la cámara n u p c i a l . A través de los grandes poemas, el alma-esposa goza del d i v i n o esplendor de su belleza o r i g i n a l , que equivale a l a admisión a la cámara n u p c i a l , donde todas las máscaras y disfraces se e s f u m a n . 11 E l símbolo de l a noche oscura, siempre con el significado de la aparente ausencia o l a n o sentida presencia del A m a d o , esa amenazante, informe, espectral, misteriosa, paralizadora, solitaria noche de los primeros tratados en prosa, aparece en el último poema, L l a m a d e a m o r v i v a , como u n a noche consoladora, apacible, tranq u i l a , prometedora y dulcísima. Y también en el poema Y b i e n sé y o l a f o n t e , la noche ofrece consuelo. P o r lo visto, el poeta tiene aquí en cuenta a l creyente que n u n c a experimentó l a presencia d i v i n a m o r e m y s t i c o y que, por l o tanto, está l i b r e del insoportable anhelo, y es todavía capaz de entonar el pre-esponsalicio C a n t a r d e l a l m a q u e se h u e l g a d e c o n o c e r a D i o s p o r f e "aunque es de noche", " G . M O R E L , " L a s t r u c t u r e d u s y m b o l e chez St. J e a n de l a C r o i x " , L e s y m b o l e ( R e c h e r c h e s e t Débats d u C e n t r e C a t h o l i q u e d e s I n t e l l e c t u e l s Français), P a r i s , 1959, p p . 67-82. NRFH, XVII LOS ELEMENTOS DE L A POESIA MISTICA 45 " a u n q u e a oscuras porque es de noche", evocando l a v i v a fe en l a L u z D i v i n a que fluye al alma en las aguas de la gracia, salidas de la Santísima T r i n i d a d y de l a Eucaristía. S i n embargo, para l a mística alma-esposa que temporalmente ha gustado d e l contacto con el A m a d o , este consuelo " a u n q u e es de noche" no existe. Porque a ella no le satisfacen los "mensajeros" indirectos (Cánt., estrofa 6) y, a l a inversa, suspira: " C u a n d o me pienso aliviar / de verte en el Sacramento, / háceme más sentimiento / el n o te poder gozar; / todo es para más penar / p o r no verte como quiero, / y m u e r o p o r q u e no m u e r o " ( V i v o s i n v i v i r ) . D e m o d o que el alma amante se encuentra "en u n a noche oscura / con ansias en amores inflamada". Esta n o c h e o s c u r a concuerda con el pasaje del C a n t a r mencionado en el comentario en prosa: " E n m i lecho de noche busqué al que ama m i a l m a " (Cánt., 3, 2), pero de nuevo esta forma n o es poetizable para el Santo. Y , por consiguiente, n o es, según E d i t h Stein, más que el fondo d e l comienzo del Cántico e s p i r i t u a l , en el momento en que l a esposa, en su búsqueda desesperada del A m a d o , grita en l a noche: "¿Adonde te escondiste?", " A y , ¿quién podrá sanarme?", "¿Por qué, pues has llagado / aqueste corazón, no lo sanaste?" 12 L a envoltura simbólica de l a noche es algo fundamental en l a poesía de San J u a n , como l o es en todo simbolismo genuino que trate de mostrar el paso de u n m o d o imperfecto a u n m o d o perfecto de v i v i r , abarcando a l a vez las modalidades d e l espíritu y de la v i d a q u e conducen del caos al cosmos, si hemos de creer a M i r c e a E l i a d e . Sorprendentemente, el poeta m i s m o equipara l a noche con la angustia ( a n s i a s ) , tal como lo hacen los antropólogos psicólogos. E l poeta sabe que el símbolo sólo lo es verdaderamente si se toma en su totalidad. L o que i n d i c a que n o hay n o c h e s e r e n a sin u n a previa noche que da pena *. E l símbolo de l a noche en l a poesía de San J u a n es u n sendero que conduce a u n a meta, tanto más claramente perceptible cuanto más resplandeciente es l a noche. Resplandece ésta más cuando el alma, al escapar en l a noche sin l u z alguna, descubre en su interior otra luz, " l a que en el corazón ardía", o sea l a L u z D i v i n a , que modifica así su p r o p i a apariencia como oscuridad de l a N o c h e y, no obstante, perdura a la vez como l a inescrutable noche d i v i n a . R a i n e r M a r i a R i l k e se sirve d e l m i s m o lenguaje simbólico al decir en su Stundenbuch: 13 1 « EDITH STEIN, K r e u z e s w i s s e n s c h a f t : S t u d i e über J o a n n e s a C r u c e , Louvain, '954> P ' " M I R C E A E L I A D E , " L e s y m b o l i s m e des t é n è b r e s d a n s les r e l i g i o n s archaïq u e s " , Polarité d u s y m b o l e , p p . 15-28. « L U C I E N - M A R I E D E S T . J O S E P H , " E x p é r i e n c e m y s t i q u e et e x p r e s s i o n symb o l i q u e chez St. J e a n de l a C r o i x " , Polarité d u s y m b o l e , p . 32. HELMUT 46 N R F H , HATZFELD X V I I D u Dunkelheit, aus der ich stamme, ich liebe dich mehr als die Flamme welche die Welt begrenzt . 15 E n este sentido - l a N o c h e Oscura convertida en l a luz más b r i l l a n t e - el Santo habla de n o c h e d i c h o s a y, según subraya B a r u z i , identifica el fin de l a larga noche con Dios, de manera que l a n o v i a puede invocarle: ¡Oh noche, que guiaste, oh noche amable más que el alborada: oh noche, que juntaste Amado con amada... (En u n a n o c h e , estr. 5). o identificarlo a Él con " l a noche sosegada / en par de los levantes de l a a u r o r a " (Cánt., estr. 1 5 ) . 16 P o r lo tanto, e l grado de las místicas epifanías de D i o s origina, según la capacidad de cada alma, una serena noche pre-esponsalicia de fe, una esponsalicia noche oscurísima de anhelo, u n a estrellada noche m a t r i m o n i a l de consuelo seguida de u n amanecer dichoso de amor perdurable. Este acontecimiento simboliza l a misteriosa reciprocidad existente entre l a condición psicológica y el hecho metafísico de la O s c u r i d a d que se torna L u z . Esta r e l a t i v i d a d expresada por el Santo es d e l todo moderna, pues Dámaso A l o n s o dice como poeta: " N o , Dios mío, T ú , todo: l a ola y l a r i b e r a " ( H o m b r e y D i o s , 1955, p. 35). Es curioso cómo R i l k e desarrolla esta relatividad independientemente en su asombroso poema, si l o interpretamos a l a luz de San J u a n de l a C r u z y a pesar de cierto desvío del simbolismo de la noche: D u bist der Dinge tiefer Inbegriff, der seines Wesens letztes W o r t verschweigt und sich den andern immer anders zeigt: dem Schiff als Küste u n d dem L a n d als Schiff [...] Bei T a g bist du das Hörensagen, das flüsternd u m die Vielen fliesst [...] Je mehr der T a g mit immer schwächern Gebärden sich nach Abend neigt, je mehr bist d u mein Gott. Es steigt dein R e i c h wie Rauch aus allen Dächern [...] R I L K E , o p . c i t . , p . 258. [ " O h o s c u r i d a d d e l a q u e yo h e s a l i d o , / te a m o más q u e a l a l l a m a / q u e l i m i t a a l m u n d o " ] . " C i t o los p o e m a s d e S a n J u a n d e l a C r u z s e g ú n e l t e x t o d e V i d a y o b r a s d e S a n J u a n d e l a C r u z , B A C , Madrid, o , p p . 1328-1354. 1 5 1 9 5 NRFH, XVII LOS ELEMENTOS DE L A POESÍA MISTICA 47 Du bist die Zukunit, grosses Morgenrot, über den Ebenen der Ewigkeit. D u bist der Hahnschrei nach der Nacht der Zeit, der T a u , die Morgenmette, [ ] und der Tod". N o olvidemos que en l a relación de l a noche con l a l l a m a como símbolos unidos, hay también u n a alusión a símbolos semejantes de la tradición mística literaria. P o r consiguiente, l a correlación simbólica de l a L l a m a con l a N o c h e parece n o ser tan sencilla como pretende E d i t h Stein, para q u i e n l a N o c h e , como A m o r D i v i n o , es u n fuego devorador que por fin sale de l a noche como l l a m a . O c u r r e u n a superposición con otro simbolismo, conocido de todos los místicos y expuesto en l a prosa de San J u a n : el a l m a es p r i m e r o leño verde y luego madero seco quemado por u n a hiriente llama, y todo él acabará por convertirse en llama. E n esta llama, el fuego del leño y el fuego del aire que precisamente encendió el fuego del leño, se vuelven u n o solo. U n a muerte dichosa - " ¡ R o m p e l a tela deste dulce e n c u e n t r o ! " es para San J u a n el verdadero fin de l a noche, l a plena luz d e l mediodía de l a l l a m a d e a m o r v i v a , de las lámparas d e f u e g o , que con sus r e s p l a n d o r e s h a n e l i m i n a d o toda oscuridad en las p r o f u n d a s c a v e r n a s d e l s e n t i d o ( L l a m a , estr. 3). Hasta aquí, en efecto, N o c h e y L l a m a se han f u n d i d o : " e n l a noche serena / con l l a m a que c o n s u m e y n o da p e n a " (Cántico, 39). T a l es el empleo del símbolo N o c h e en l a poesía de San J u a n . 18 2. E l segundo símbolo es el m a t r i m o n i o bíblico d e l C a n t a r . C o m o meta deseada y lograda, representa para el a l m a n u p c i a l lo que e l desenvolvimiento de l a N o c h e como L u z D i v i n a para su fe ardiente. Este símbolo, dentro de l a poesía - a diferencia de l a prosa-, n o admite subdivisiones tales como d e s p o s o r i o , m a t r i m o n i o , unión v e r d a d e r a , unión h a b i t u a l o e l más allá, a que i n v i t a el comentario. D e n t r o de l a poesía, p o r consiguiente, no i m p o r t a si el Cántico e s p i r i t u a l se analiza en el texto de Sanlúcar de Barrameda o e n el de Jaén. N o c h e y Cántico c o i n c i d e n en e l s i m b o l i s m o : u n a « R I L K E , o p . c i t . , p p . 336, 332-333. [ " T ú eres l a esencia p r o f u n d a d e las cosas, / q u e c a l l a l a ú l t i m a p a l a b r a d e su ser' / y a los demás se m u e s t r a s i e m p r e d i s t i n t a : / a l b a r c o c o m o p l a y a y a l a t i e r r a c o m o b a r c o . . . / D e d í a eres tú l a h a b l i l l a / q u e c o r r e , m u r m u r a n t e , e n t o r n o a l a m u l t i t u d . . . / C u a n t o m á s se i n c l i n a e l día, c o n sus gestos / c a d a vez m á s débiles, h a c i a l a n o c h e , / m á s eres t ú m i D i o s . Se l e v a n t a / t u r e i n o c o m o h u m o de todos los t e c h o s . . . / T ú eres e l f u t u r o , g r a n a u r o r a , / sobre las l l a n u r a s d e l a e t e r n i d a d . / T ú eres e l c a n t o d e l g a l l o tras l a n o c h e d e l t i e m p o , / e l r o c í o , los m a i t i n e s . . . / . . .y l a m u e r t e " ] . 1 8 EDITH STEIN, op. cit., pp. 165, 170. 48 HELMUT HATZFELD NRFH, XVII n o v i a va en busca del novio, que - s o b r e todo en el Cántico- l a ha abandonado en u n caprichoso juego de amor crucial, para poner a prueba su fidelidad. Y , en efecto, ella lo encuentra, ya sea siguiendo su p r o p i a luz interior como guía, ya p i d i e n d o orientación a las criaturas que, necesariamente, lo han visto al r e c i b i r de Él su existencia y su belleza. E l i n c o n f u n d i b l e simbolismo místico de l a fuga n o c t u r n a desde la casa ya sosegada, procede de ciertas formulaciones estilísticas: E n una noche oscura... salí sin ser notada, estando ya m i casa sosegada. A oscuras, y segura por la secreta escala disfrazada... ( N o c h e , estr. 1-2). E n p r i m e r lugar, l a n o v i a relata su más íntima experiencia en p r i m e r a persona, es decir, medita. E n segundo lugar, n o dice que todo esté quieto en su casa, sino que su casa se ha sosegado; no dice de dónde ha h u i d o , y recalca el hecho de no ser observada, lo que hace creer que hav adversarios misteriosos indeterminados; hace resaltar su seguro caminar a través de l a oscuridad y menciona u n a fantástica escala secreta y u n disfraz. T o d o esto excluye l a realidad de la v i d a tal como se da en el caso n a t u r a l de u n a joven que se escapa para estar con su amante; por ejemplo, l a que describe A r i o s t o en tercera persona, y que los "pesquisidores de fuentes" podrían considerar como modelo de San J u a n : Ormai che 'n casa era ogni cosa cheta, Della camera sua sola uscì fuori E tacita n'andò per via secreta... ( O r l a n d o F u r i o s o , V I I , 26). C o m o no todos los místicos son poetas, u n i m i t a d o r de San J u a n de la C r u z , el monje t r i n i t a r i o fray M i g u e l de los Santos ^1625), pensando n o en poesía, sino en metafóricas paradojas místicas que él interpreta racionalmente, parafrasea - y d e s t r u y e - l a pauta de San J u a n a l hablar así de l a novia, en tercera persona: Sin luz con claridad en noche oscura, sin ojos, y con vista no mirando, sin sosiego en quietud andar p r o c u r a . . . Quedáronse dormidos los porteros, y" desnuda salióse de su casa . 19 l f l mística Citado por e n España, JOSÉ MARÍA DE LA CRUZ B u r g o s , 1961, p . 28a. MOLINER, Historia de la literatura N R F H , X V I I LOS E L E M E N T O S DE L A POESÍA MISTICA 49 Pero el t r i u n f o simbólico de este m a t r i m o n i o estriba en el hecho de que el lugar del encuentro final para el gran abrazo conyugal n o se puede determinar geográficamente. Parece lejano, desde luego, al fin del vagar ascético, e inaccesible a otros, de manera que l a novia puede decir misteriosamente: " A d o n d e me esperaba / q u i e n yo b i e n me sabía" ( N o c h e , 4). Esto es, además, abrumadoramente simbólico, y nada tiene que ver con l a alegoría. O t r a ojeada a R i l k e nos proporciona el verso esclarecedor: Aber der Weg zu dir ist furchtbar weit und, weil i h n lange keiner ging, verweht . 20 T a m b i é n R a i m u n d o L u l i o dice: " A v i a l ' a m i c a anar longues carreres e dures e aspres" ( " A m i c e amat", O b r a s , I I , p. 3 8 0 ) , "carreres perilloses, poblades de consideracions, de suspirs e de plors e i l u m i nades d'amors" ( i b i d . , p. 426). E n efecto, la n o v i a asciende por u n a vía i n v i s i b l e a u n lugar muy alto, " t a n alto, tan a l t o " que, como u n halcón, " d i o a l a caza alcance"; u n lugar remoto, secreto, "en parte donde nadie parecía" ( N o c h e , estr. 4); tan alto, por cierto, que u n a brisa pentecostal que abanica y a l i v i a el ardor de los novios sopla desde los altos cedros ( N o c h e , estr. 6), y a través de las almenas de u n a torre ( N o c h e , estr. 7) , situada tan alto, cerca de "las majadas d e l otero" (Cántico, estr. 2), que los que aparecen como pastores más b i e n semejan ángeles (Cántico, estr. 2), y adonde l a novia, efectivamente, llega en u n vuelo extático (Cántico, estr. 13). Este supremo esfuerzo amoroso rinde a l N o v i o , igualmente herido, que adolece de a m o r y que sólo la había sometido a prueba a fin de aceptarla c o m o su igual para siempre. Se encuentran extáticamente no en el "más allá", sino en esta vida. Su abrazo, que trasciende todo abrazo h u m a n o en su efecto de transformación y divinización —"amada en el A m a d o transformada" ( N o c h e , estr. 5 ) - , se desenvuelve en u n a pureza comparable a l a de las azucenas, de modo que l a n o v i a m e n c i o n a su "cuidado / entre las azucenas o l v i d a d o " ( N o c h e , estr. 8) y su dichoso abandono a l n o v i o : " e l rostro recliné sobre el A m a d o " ( N o c h e , estr. 8) , " e l cuello reclinado / sobre los dulces brazos d e l A m a d o " (Cánt i c o , estr. 28). E l lecho n u p c i a l forma parte necesariamente del simbolismo; pero es u n lecho dentro de lo infinito, y de u n a paz tal, que u n lecho terreno n u n c a podría proporcionarla: " N u e s t r o lecho florido, / . . .de paz edificado" (Cántico, estr. 1 6 ) . E l símbolo m a t r i m o n i a l íntegro, aquí, a diferencia d e l C a n t a r d e l o s c a n t a r e s , no conduce fácilmente a u n a interpretación profana del amor m a t r i m o n i a l , ya que en este más impreciso fondo de u n • " R I L K E , o p . c i t . , p . 339. [ " P e r o e l c a m i n o h a c i a t i es t e r r i b l e m e n t e l a r g o / y, c o m o hace m u c h o q u e n a d i e l o r e c o r r e , está b o r r a d o " ] . 2 50 HELMUT HATZFELD N R F H , X V I I paisaje aéreo, pastoril, todo l o directamente sensual y asible se h a e l i m i n a d o s i n disminución d e l símbolo, sino más b i e n realzando el significado total d e l mismo. N o hay, como en el C a n t a r , u n a amada que le abra l a puerta a su q u e r i d o (V, 6) después de haberse desnudado y lavado los pies (V, 3); n o hay detalles de cosas y costumbres urbanas. " N o a p a r e c e n . . . n i las calles, plazas, torres y aposentos, n i las vigas, artesonados, ventanas y celosías, n i las literas, columnas y basas, n i las túnicas, mantos, collares, ajorcas y zarcillos, n i siquiera l a plata, jacintos, perlas y zafiros" . Pero sí está presente el más fuerte simbolismo m a t r i m o n i a l fresco y j u v e n i l , en exuberante y dichosa floración dentro de u n ambiente de prados, bosques, fuentes, pájaros, leones, ciervos, palomas, ríos, montañas, valles, azucenas y rosas, perfumando el aire que se r e s p i r a . E n tal transfiguración de l a naturaleza, otorgada a l a n o v i a como regalo n u p c i a l a l fin de sus fatigas, cada u n o de sus elementos refleja a l D i v i n o A m a d o y se l o revela a ella en su p l e n i t u d . L a n o v i a , en este ambiente transfigurado de gracia, entona su b i e n conocido epitalamio, en u n dichoso balbuceo sin ningún vínculo lógico de ecuación: 21 22 M i Amado, las montañas, los valles solitarios nemorosos, las ínsulas extrañas, los ríos sonorosos, el silbo de los aires amorosos... la música callada, la soledad s o n o r a . . . Montañas, bosques, tierras extrañas, el soplar d e l viento, música, soledad, todos tienen l a significación de u n a tremenda y extraña cualidad, como l o subrayan los epítetos. A l a vez presentan u n a distancia inasequible y u n a fascinación atrayente; en resumen, expresan lo que los psicólogos de l a religión, como R u d o l f O t t o , l l a m a n el n u m i n o s u m t r e m e n d u m e t f a s c i n a n s , "das Ganz-Andere". Poéticamente, San J u a n aprehendió l o n u m i n o s u m tres siglos antes que R i l k e . N o obstante, R i l k e , s i n conocer l a poesía de San J u a n (quien, en efecto, n o era b i e n conocido antes de l a tercera década de este siglo), identifica a la D i v i n i d a d p o r m e d i o de las mismas anonadantes bellezas naturales, excusándose, no obstante, p o r el hecho de fragmentar así l a u n i d a d i n d i v i s i b l e de D i o s : Dort hätte ich gewagt, dich zu vergeuden, du grenzenlose Gegenwart [...] E M U - I O O R O Z C O , Poesía y mística, M a d r i d , 1959, p . a i a . M I C H E L F L O R I S S O O N E , Esthétique e t m y s t i q u e d'après S t e . Thérèse e t S t . J e a n d e l a C r o i x , P a r i s , 1956, p p . 22-23. 31 23 d'Avila N R F H , XVII LOS ELEMENTOS DE L A POESÍA MÍSTICA 51 und hätt dich gebildet, wie ein Gigant dich bilden würde: als Berg, als Brand, als Samum, wachsend aus Wüstensand ». 2 D u W a l d , aus dem wir nie hinausgegangen, du L i e d , das wir mit jedem Schweigen sangen *. 2 Du aber sprichst m i r von so fernen Ländern . 25 E l simbolismo m a t r i m o n i a l de San J u a n de l a C r u z contiene incluso elementos de que carece el C a n t a r , sobre todo con respecto a los enemigos de l a novia, a las pasiones de ésta, lo que no es alegoría, sino l a realidad más cabal. L o s enemigos que se oponen a ese m a t r i m o n i o espiritual viven en l a casa m i s m a de l a novia; son enemigos a quienes hay que engañar mientras d u e r m e n ( e s t a n d o y a m i casa s o s e g a d a ) por m e d i o de l a fuga clandestina (salí s i n s e r n o t a d a ) . O, en caso de que vuelvan a aparecer, como las atrevidas y bellas jóvenes de l a tradicionalmente carnal J u d e a (Cántico, 32), hay que procurarles alojamiento en los arrabales. Símbolo y realidad coinciden aquí en l a latente precondición ascética para la unión mística, que n u n c a se h a de rebajar, ya que el m a t r i m o n i o se ha de consumar en el más p u r o y desinteresado amor, en u n ambiente con pureza de azucena, como lo ha subrayado, n o u n crítico l i t e r a r i o en este caso, sino u n teólogo: el padre L o u i s de la T r i n i t é . Este ambiente de azucena, en lo que concierne a l a naturaleza exterior, permite que l a novia, que a l p r i n c i p i o había tenido que esquivar incluso las bellas flores (Cántico, Canción 3) para n o perder a su único A m a d o , goce ahora de l a naturaleza toda por Él transfigurada para su deleite. P o r l o tanto, todo aspecto de l a naturaleza rechazado inicialmente se le restituye ahora como dote. L a n o v i a h a llegado a l n i v e l en que San Francisco de Asís escribió su C a n t i c u m c r e a t u r a r u m . T a l es l a diferencia entre el fin y el p r i n c i pio d e l c a m i n o ascético-místico de amor, e l c a m i n o r e a l que conduce al m a t r i m o n i o espiritual. R i l k e , el poeta moderno, circunscribe acertadamente el camino místico que experimentó l a n o v i a en el poema de San J u a n de l a C r u z y, en consecuencia, comprueba l a validez general de este simbolismo de l a presencia de D i o s como clave de la transfiguración de l a naturaleza: 28 ™ R I L K E , o p . c i t , p . 265. [ " A l l í m e h u b i e r a a t r e v i d o a d i l a p i d a r t e , / o h p r e s e n c i a s i n límites. . . / y te h u b i e r a c o n f i g u r a d o c o m o u n g i g a n t e / te c o n f i g u r a ría: c o m o montaña, como i n c e n d i o , / c o m o simún b r o t a n d o de l a a r e n a d e l desierto"]. en st I b i d . , p . 268. [ " O h b o s q u e d e l q u e n u n c a h e m o s s a l i d o , / o h c a n c i ó n q u e cada silencio hemos cantado"]. 25 I b i d . , p . 278. [ " P e r o tú m e h a b l a b a s d e t i e r r a s t a n l e j a n a s " ] . 2 6 (m7)> Cf. Louis D E L A TRINITÉ, a°9- "Nuit d e l a f o i " , Études Carmélitaines, 22 HELMUT 58 HATZFELD N'RFH, XVII Wer dich zum ersten M a l gewahrt den stört der Nachbar und die U h r , der geht, gebeugt zu deiner Spur, und wie beladen u n d bejahrt. Erst später naht er der Natur und fühlt die W i n d e und die Fernen, hört dich, geflüstert von der Flur, sieht dich, gesungen von den Sternen, und kann dich nirgends mehr verlernen, und alles ist dein Mantel n u r . 27 III. L a p a r a d o j a Para evitar eme este excelso simbolismo descienda al n i v e l del amor mundano, se le envuelve en u n a red de obstáculos paradójicos. Gracias a esto, l o concreto n o se puede mover libremente, sino sólo escapar hacia lo espiritual, y lo espiritual hacia lo concreto. Así la novia abandona su casa p o r u n a escalera secreta, por l a cual se asciende a l a perfección y se desciende, a l a vez, a la h u m i l d a d ; sale disfrazada, ya que l a embellecedora —es decir, santificadora— m i r a d a del Esposo (Cántico, estr. 24) ha trocado su imperfecto c o l o r m o r e n o en h e r m o s u r a (Cántico, estr. 2 5 ) . E l soplo de aire con manos que acarician a la n o v i a hasta el éxtasis, no puede ser sino D i o s ( N o c h e , estr. 7 ) , a q u i e n ella se abraza a l m i s m o tiempo. L a m i s m a situación paradójica envuelve al esposo que, como madre, da su pecho a l a novia (Cántico, estr. 19), y que como ciervo herido hiere a su vez a la esposa cazadora (Cántico, estr. 1), y cura su p r o p i a herida de amor en el aire m o v i d o p o r el alto vuelo de su amada paloma (Cántico, estr. 13). Y en cuanto a su p a l o m a , el c i e r v o v u l n e r a d o declara que abandonará su soledad (Cántico, estr. 35), que se convertirá en el cónyuge, en el socio de su t o r t o l i c a o b l a n c a p a l o m i c a (Cántico, estr. 34), que l a llamará u n a vez más a u n a soledad profunda, aterradora y pavorosa - a u n q u e a t r a c t i v a - , donde se le ha preparado u n n i d o en el soto todavía más solitario de l a más alta espiritualidad (Cántico, estr. 36), adecuado para u n a bienaventurada muerte de amor. G o m o jardinero, el D i v i n o A m a n t e ha plantado bosques, cosa que no hace ningún otro jardinero; los grandes bosques donde se encuentran precisamente esos sotos (Cántico, estr. 4), embellecidos espir itual mente por el simple hecho de haber pasado < R I L K E , o p . c i t . , p . 3 2 2 . [ " A q u i e n p o r vez p r i m e r a te d e s c u b r e , / e l v e c i n o y e í reloj l o p e r t u r b a n ; / a v a n z a , i n c l i n a d o sobre t u h u e l l a / y c o m o a g o b i a d o , c o m o c a r g a d o de años. / Sólo m á s tarde se acerca a l a n a t u r a l e z a / y siente los v i e n t o s y las lejanías; / te oye, m u r m u r a d o p o r los campos, / te ve, c a n t a d o pollas estrellas, / y n o p u e d e o l v i d a r t e y a e n p a r t e a l g u n a , / y t o d o n o es más q u e tu manto"]. 2 NRFH, XVII LOS ELEMENTOS DE L A POESÍA MÍSTICA 53 Él a través de ellos (Cántico, estr. 5 ) . Así es que la n o v i a sabe b i e n q u e n o ha de volver a las manadas y pastores de l a c o m u n i d a d m u n dana, puesto que su A m a d o tiene otros prados que ofrecerle, prados que Él mismo frecuenta ("y pacerá el A m a d o entre las flores", Cánt i c o , estr. 27), prados que, vistos por los transfigurados ojos de l a esposa, son, en efecto, e l paraíso, o sea " e l ameno huerto deseado" (Cántico, estr. 28). Hay otro núcleo de paradojas que se ocultan tras ciertas alusiones q u e revelan u n a fe encendida, lo cual las excluye de l a esfera meramente alegórica y las retiene dentro de u n a realidad totalmente espiritual. E l A m a d o le recuerda a l a dichosa novia, en su nuevo paraíso de amor, entre azucenas, que su desposorio tuvo lugar bajo un árbol, donde Satanás había violado a l a madre de l a raza humana, a l a madre de la n o v i a m i s m a (Cántico, estr. 29); pero ésta queda r e d i m i d a al abrazar valerosamente el nuevo árbol de la cruz, desde donde el buen pastorcico le ofrece su exigente amor ("sobre un árbol do abrió sus brazos b e l l o s . . . / el pecho del amor m u y lastimado"). Esta paradójica alusión del simbolismo cristiano redentor a l C a n t a r d e l o s c a n t a r e s , V I I I , 5 , bajo el exclusivo aspecto de amor, desposorio y m a t r i m o n i o místicos, parafrasea de manera original el texto litúrgico d e l prefacio de l a Santa C r u z ("ut. . . q u i i n l i g n o vincebat, i n ligno quoque vinceretur") y representa u n bello recamado del velo paradójico que cubre los símbolos principales. A q u í hay que hacer otra aclaración. E n t r e las latentes alusiones litúrgicas de l a poesía mística de San J u a n , este motivo de l a " f e l i x c u l p a " está íntimamente ligado con l a embellecedora " n o x " del P r a e c o n i u m p a s c h a l e que, como sucede en l a poesía de San J u a n de l a C r u z , alaba la unión de la h u m a n i d a d con Jesucristo después de las noches oscuras que siguieron a la caída del h o m b r e : O cene necessarium Adae peccatum quod Christi morte deletum est! O felix culpa. . . O veré beata n o x . . . Haec nox est, de qua scriptum est: Et nox sicut dies illuminabitur, et nox illuminatio mea i n deliciis meis.. . Nox, i n qua terrenis caelestia, humanis divina junguntur. L a palabra-paradoja de San J u a n produce a m e n u d o u n a fuerte sorpresa, pero, al ser analizada, se convierte en m a n a n t i a l de extraña belleza poética. D e n t r o del fondo bíblico de veladas mujeres orientales, es natural que n o haya lugar para las ninfas de recamadas zapatillas propias de l a mitología griega. Pero, de manera extraña, surge en el texto u n a invocación a las n i n f a s d e J u d e a (Cántico, estr. 32), cosa sorprendente y paradójica, además, porque n o se las invoca como madrinas de l a n o v i a , sino que se las interpela como sus enemigas. P o r e l contrario, en otro texto se alude a l a embriagadora canción de las sirenas, acompañada por l a dulce música de 54 HELMUT HATZFELD NRFH, XVII las liras (Cántico, estr. 31), que envuelve a l extático a m o r d i v i n o con el fin de hechizar y d e b i l i t a r a los enemigos de l a n o v i a . O t r a canción semejante es " e l canto de la dulce F i l o m e n a " (Cántico, estr. 39), l a cual, n o obstante su n o m b r e mitológico, canta durante u n a noche de éxtasis espiritual en el bosque apacible de u n m u n d o transfigurado. O t r a paradoja mencionada con frecuencia, pero sólo en u n contexto histórico, consiste en l l a m a r C a r i l l o - e s t o es, " q u e r i d o " - a l D i v i n o Esposo (Cántico, estr. 33). Las fuentes de inspiración pop u l a r n o nos ofrecen m u c h a información: " M u é r o m e de amores; C a r i l l o , ¿qué haré? / Q u e te mueras, alahé". P e r o sabemos por otros místicos - c o m o l a venerable u r s u l i n a francesa M a r i e de l'Incar¬ n a t i o n - que, u n a vez elevada d e l o s c u l u m peáis y m a n u s a l o s c u l u m o r i s , l a igualdad otorgada postula atrevidas expresiones íntimas por parte de l a n o v i a . Santa Teresa también exclama: " ¡ O h amor! que en muchas partes quería decir esta palabra porque se puede atrever a decir con l a Esposa: Y o amé a m i A m a d o . Él nos da licencia para que pensemos que Él tiene necesidad de nosotros" ( C o n c e p t o s d e l a m o r d e D i o s , I V ) . Así pues, el término c a r i l l o n o resulta paradój i c o en boca de u n a n o v i a que, en su extático comportamiento, se l l a m a a sí m i s m a " l a que va por ínsulas extrañas" (Cántico, estr. 33). Puede advertirse u n a vez más la semejanza con R i l k e : "das H e r z das zu entfernten T a l e n geht" ( L i b r o I) - " e l corazón que marcha hacia valles lejanos". Paradójicamente, también figura el n o m b r e de A m i n a d a b ( C a n t a r d e l o s c a n t a r e s , V I I , 11), cuyo carro de guerra tirado por briosos caballos atraía de tal m o d o a l a Sulamita, que Salomón tuvo que obligarla violentamente a detenerse ( C a n t a r , V I , 12). E n el poema de San J u a n , A m i n a d a b - p o s i b l e m e n t e Satanás m i s m o - con toda su caballería - q u e representa el esplendor m i l i t a r , l a más refinada tentación de l a g l o r i a m u n d a n a basada en l a g u e r r a - r e n u n c i a al asedio de l a n o v i a , y se retira desde el pie m i s m o de su inaccesible fortaleza situada en las alturas. Fortaleza inconquistable porque se levanta sobre las rocas defendidas por D i o s (Cántico, estr. 37) de donde m a n a n (estr. 12 y 40) las purísimas aguas de l a gracia (estr. 63) y en cuyo i n t e r i o r - l a s "cavernas de l a p i e d r a " (estr. 37), la " i n t e r i o r bodega" (estr. 1 8 ) - el Esposo se ofrece a l a n o v i a en forma de "adobado v i n o " (estr. 17) y "mosto de granadas" (estr. 37). L a más l l a m a t i v a paradoja elaborada en e l C a n t a r d e l o s c a n t a r e s es la de l a eucaristía mística. L o sorprendente es que todas estas paradojas, a u n en su casi catacrética presentación, dispuestas c o m o mosaico a l o largo del poema, n o tienen nada que ver e n absoluto con los c o n c e p t o s , pues pierden su calidad óptica como t o p o i bíblicos y litúrgicos. A p a r e c e n como genuinas metonimias líricas que expresan una comprobación experimental de las metáforas bíblicas. NRFH, XVII LOS P e r o aún más gua combinación, como v i n o , tanto y montaña, l l a m a mismo principio, ELEMENTOS DE L A POESÍA MÍSTICA 55 que estas paradojas aisladas, nos interesa su ambimerced a l a cual el Esposo D i v i n o es tanto agua ciervo como paloma, noche a l a vez que luz, mar o c a r i l l o . R i l k e , u n a vez más, n o sólo subraya el sino que incluso lo f o r m u l a : D u bist der W a l d der Widersprüche: ich darf dich wiegen wie ein K i n d , und doch vollziehn sich deine Flüche, die über Völkern furchtbar s i n d . 28 Dámaso A l o n s o , p o r su parte, observa que l a paradoja pertenece a l a esencia del misticismo, donde " m o r i r es v i v i r , l a llama abrasa regaladamente, perderse es ganarse, abatirse es s u b i r a los astros, ignorar, trascender toda c i e n c i a " . T o d a s estas paradojas cristianas pre-poéticas se mantienen apartadas d e l campo de las agudezas adonde insisten en llevarlas los poetas seudo-místicos, como L o p e , Ledesma y P a d i l l a . 29 IV. L a evocación H e m o s visto claramente, a través de los elementos constitutivos de l a poesía mística de San J u a n , cómo el m o t i v o de amor matrim o n i a l se ha desarrollado de u n a manera simbólica desde la N o c h e esponsalicia hasta l a A l b o r a d a m a t r i m o n i a l , y cómo este claro designio se ha perturbado líricamente a propósito p o r u n a r e d de paradojas tendida a l o largo del sendero n u p c i a l . Sólo falta destacar que estas paradojas n o son todas meras metonimias, sino, a m e n u d o , símbolos secundarios ligados a las imágenes que dependen d e l C a n t a r d e l o s c a n t a r e s , aunque símbolos no desarrollados sino sólo evocados. L a eficacia poética de este procedimiento se puede comprobar con algunos ejemplos de expansión por m e d i o de imágenes, comparada con la prosificación i n v o l u n t a r i a del " C a n t a r de Salomón" en los C a n t a r e s d e l r e y Salomón e n v e r s o s líricos p o r fray L u i s d e León™. Sirvan de ejemplos l a h e r i d a de amor, l a tórtola y las flores. " L a h e r i d a de a m o r " - b i e n conocida también por l a plástica transverberación visionaria de Santa T e r e s a - se evoca en la poesía de San J u a n brevemente y de vez en cuando, e n tanto que fray L u i s trata de a m p l i a r l a imagen. R I L K E , o p . til., p . 283. [ " T ú eres e l b o s q u e de las c o n t r a d i c c i o n e s : / m e a t r e v o a mecerte c o m o a u n n i ñ o , / y s i n e m b a r g o se c u m p l e n tus m a l d i c i o n e s , / q u e s o n t e r r i b l e s sobre los p u e b l o s " ] . 29 D Á M A S O A L O N S O , Poesía española. E n s a y o d e métodos y l i m i t e s estilístic o s , M a d r i d , 1950, p . 304. 30 J O S É M U Ñ O Z S E N D I N O , " L o s C a n t a r e s d e l rey S a l o m ó n . V e r s o s líricos p o r F r . L u i s d e L e ó n , M S 52 W a d h a m C o l l e g e " , B R A E , 28 (1948), 4 H - 4 6 1 . 2 8 HELMUT 56 San Juan Fray E l aire de l a a l m e n a . . . e n m i c u e l l o hería ( N o c h e , 7). me herido (Cdnt., de a m o r h e r i d o que en (Cdnt., soledad XVII Luis copiosamente justa rectitud son ilustrados, entre toda l a gente con 1). querido / también Oh Los con C o m o el ciervo huiste, / habiéndoSu NRFH, HATZFELD dardos herbolados O h esposo, de t u a m o r están l l a g a d o s 35). (I. 5)- l l a m a de a m o r v i v a , / q u e tier- n a m e n t e hieres (Llama, 1). E n lo que respecta a los nombres simbólicamente cariñosos aplicados a l a novia, como tórtola y p a l o m a , debemos observar que San J u a n hace funcionales las alusiones bíblicas, mientras que L u i s de L e ó n visualiza las comparaciones y exclamaciones del C a n t a r : Y ya la tortolica Hermosas son por al socio deseado cual en las r i b e r a s verdes h a cierto t ó r t o l a casta tus mexillas (I, hallado (Cántico, e s t r . 3 4 ) . V u é l v e t e , p a l o m a (Cántico, 3). Y tornado en 21). p a l o m a sincera, simple blanca p a l o m i c a a l a r c a c o n e l r a m o se h a 16). s o n tus ojos de p a l o m a h e r m o s a (I, Mi La de paloma pía, c u y o s e n o h i é l n u n c a se c r í a (Cántico, 3 4 ) . (II, 16). Por otro lado, a l referirse a las flores - f l o r e s , a z u c e n a s - San J u a n las simboliza arbitrariamente en significaciones negativas y positivas, a diferencia de lo que sucede en el C a n t a r ele l o s c a n t a r e s ; fray L u i s convierte las sugerencias del C a n t a r en prosaicas paráfrasis alegóricas, con alusión a " U t ños i n septis": (Simbolismo Ni cogeré las n i t e m e r é las negativo) Yo flores, del fieras (Cánt., s o y flor o l o r o s a verde c a m p o sin lesión Cual (Simbolismo De flores. cogida (II, 3). l a casta entre espinas y abrojos positivo) resplandece .. (II, e n las frescas m a ñ a n a s 1). azucena 2). escogidas, h a r e m o s l a s g u i r n a l d a s (Cánt., 22). A y u d a d m e de q u e los grandes flores, fervores del amor que en mí siento Y p a c e r á e l A m a d o e n t r e las flores me tienen desmayada y sin aliento (Cánt., 27). (II, Mi 6);. esposo. . . Dejando m i cuidado e n t r e a z u c e n a s se a p a c i e n t a y c r í a , entre las azucenas mientras que el sol hermoso olvidado ( N o c h e , 8). a l g u n a luz embía (II, 20). N R F H , XVII LOS ELEMENTOS D E L A POESÍA MÍSTICA .57 Se podrían a d u c i r otros ejemplos y mostrar con ellos cómo l a imagen descriptiva " l a dulce esposa / en brazos de su esposo ya reposa" de Cristóbal de C a b r e r a en el C a n c i o n e r o de López de Übeda, se transforma en San J u a n en esfumada evocación-simbólica p o r m e d i o del sugerente adjetivo d u l c e como hipálage: l a esposa descansa "sobre los dulces brazos del A m a d o " (Cántico, estr. 28). L a evocación de este género parece ser el p r i n c i p i o lingüístico y estilístico de l a poesía mística. Q u e d a l i m i t a d a a sustantivos de imágenes concretas y b i e n definidas, a u n q u e ligeramente empañadas: l l a m a , a z u c e n a , c u e v a . Dámaso A l o n s o y E m i l i o O r o z c o h a n aclarado parcialmente esto, aunque c o n explicaciones diferentes. Aun cuando hay m o v i m i e n t o hacia l a meta mística d e l amor, los sustantivos evocadores desempeñan el papel p r i n c i p a l , de modo que de l a forma verbal salí dependen tres estrofas de E n u n a n o c h e o s c u r a . Pero cuando la amada alcanza el placentero reposo, los verbos —antes tan escasos— b r o t a n en tropel: quédeme, olvídeme, r e clinéme, dejéme, cesó t o d o ( N o c h e , estr. 8). E n otros casos, la escasez de verbos parece ser la n o r m a . E l Cántico contiene estrofas evocadoras enteras sin verbo; en l a L l a m a el verbo queda relegado a las clausulas relativas. L o m i s m o se puede decir de l a escasez o ausencia de adjetivos, salvo en el caso de l a naturaleza transfigurada d e l Cántico (estr. 14-16) y d e l d o l o r transfigurado en dicha —que corresp o n d e al cambio místico— de l a L l a m a . Estas cualidades oximoromcas sirven para evocar l o inesperado, l o extraño, l o sobrenatural, basándose en contrastes inexistentes en este m u n d o , como música c a l l a d a , solédad s o n o r a , c a u t e r i o s u a v e , r e g a l a d a l l a g a ; expresiones todas que sugieren u n a r e a l i d a d diferente de l a nuestra, u n C i e l o v 110. IVIuiido nuevos jp3x¿i los ojos, oídos y tcicto ext¿Lticos. Sin. 3.djcti vación alguna se evocan c e d r o s y a l m e n a s , pero no aparecen a l m e n d r o s , n a r a n j o s , h i g u e r a s n i o l i v o s ; no obstante, tras los versos entrevemos, como i n d i c a E m i l i o Orozco, irreales torres de l a ^\lhambra y olorosos cedros perfilándose duramente sobre l a blanc u r a cegadora de Sierra N e v a d a . Esto nos hace recordar l a observación de Flaubert, referente a Cervantes, de que en el Q u i j o t e hace aparecer ante nuestros ojos los n u n c a descritos caminos de la M a n c h a . H a y verbos, según Orozco, que hacen incisivas y penetrantes alusiones a l a altura y a l a majestuosidad. P e r o el poder evocador de estos poemas depende también de las imitaciones rítmicas, musicales y sintácticas d e l sentir. Dámaso A l o n so h a señalado l a aceleración rítmica de los gemidos de l a n o v i a inmediatamente antes de su v u e l o extático, gracias a u n verso - " s i en esos tus sem fe/antes plateados" (Cánt., estr. 1 2 ) - que, acentuado 3 1 32 - ai D . A L O N S O , o p . c i t . , p p . 294-311. ' E . O R O Z C O , o p . c i t . , p p . 47-53, 180-226. : 2 58 HELMUT HATZFELD N R F H , XVII en 6» sílaba, parece "ansioso de llegar a l a c i m a de su r i t m o , y comunica así su velocidad a todo el musical sistema". N o cabe d u d a de que l a n o v i a acaricia en espíritu - s e g ú n sugiere O r o z c o - , mediante l a repetición de sonidos labiales, a l A m a n t e anhelado: ".Buscando mis amores"; y luego, por m e d i o de u n a serie de e r e s y de aliteraciones en /, expresa su esforzado propósito de n o hacer caso de ningún estorbo: N i cogeré las /lores, ni temeré las /ieras y pasaré los /uertes y /romeras (Cántico, estr. 3). E l sonido acariciador de l a m aparece muchas veces en este d i v i n o poema de amor: "Gocémonos, A m a d o , / y vámonos a l monte / do mana el agua p u r a , / entremos más adentro" (Cántico, estr. 36). E l "siseo evocador" de l a s alveolar española refleja, según Dámaso A l o n s o , u n fascinante silencio en el verso "estando ya m i casa sosegada" ( N o c h e , estr. 1-2); y, según Orozco, u n a "música silbante" en el epitalamio, basada en l a s de los plurales: M i Amado, las montañas, los valles solitarios nemorosos, las ínsulas extrañas, los ríos sonorosos, .. . los aires amorosos (Cántico, estr. 14). B i e n conocida es l a expresión evocativa del desesperado azoramiento de l a novia, p r o d u c i d o por los mensajeros que le d a n nuevas indirectas del A m a d o , como " u n n o sé qué q u e q u e d a n b a l b u c i e n d o " (Cántico, estr. 7 ) , reforzado con la adición d e l semánticamente explicativo b a l b u c i r . E l hipérbaton, según Dámaso A l o n s o , sirve para prolongar el m i e d o y l a angustia en los " m i e d o s de las noches v e l a d o r e s " (Cántico, estr. 30). Conclusión Q u i s i e r a recalcar que he tratado de separar tres elementos constitutivos de l a poesía mística de San J u a n : el tema, los símbolos y el estilo paradójico-evocativo. S i n embargo, lo que he entresacado permanece en l a poesía intrínsecamente inseparable. E n el tema cristiano d e l amor d i v i n o , e l concepto esponsalicio es u n arquetipo debido a l a tradición bíblica y eclesiástica y, en consecuencia, tan real como simbólico. E l c a m i n o esponsalicio desde el desposorio hasta el m a t r i m o n i o , p o r tanto, se desenvuelve dentro de u n a exten- N R F H , X V I I LOS E L E M E N T O S DE L A POESIA MISTICA 59 sión simbòlica lògica, que corresponde a l a R e a l i d a d , l a R e a l i d a d Mística. A n a l i z a n d o los anhelos de la desposada que se h a enamorad o de Dios, San J u a n de l a C r u z , con l a ayuda de sus propias experiencias, descubre u n nuevo arquetipo pre-poético: l a N o c h e , que refleja maravillosamente los sufrimientos esponsalicios. E l arquetipo bíblico y el que descubre San J u a n en su d i v i n a poesía amorosa se funden al amanecer, en unión feliz, con los sufrimientos de l a larga noche precedente. Estéticamente, el símbolo de l a N o c h e se convierte en cuña entre el desposorio y el m a t r i m o n i o , de manera que el concepto de "noche m a t r i m o n i a l " jamás se originaría de l a fusión del símbolo metafisico (el desposorio) y el psicológico (la noche). Esta p a r t i c u l a r i d a d de l a estructura de los poemas, clara en todo otro aspecto, p r o p o r c i o n a l a contextura paradójica en que todas las paradojas cristianas aparecen repetidas dentro de u n fondo nuevo, variado, reelaborado, reconstruido, y hecho palpable y auténtico. Se evitan todas las clarificaciones y descripciones exentas de alusión sagrada, ya que destruirían l a delicada materia de que se trata, de m o d o que l a evocación hecha mediante el estilo n o m i n a t i v o , la armonía vocal, l a aliteración o l a hipálage, resultan ser los únicos medios lógicos y copiosamente empleados para complementar el tema y el s i m b o l i s m o fundamentales, alcanzados p o r m e d i o de l a intuición personal. Esta i n t r i n c a d a situación explica en gran parte e l valor de San J u a n como poeta lírico. Falta determinar si l a poesía de San J u a n hubiese sido posible en c u a l q u i e r otro momento. P o r supuesto que no. Así como el espír i t u de su poesía habría sido i n i m a g i n a b l e sin las preocupaciones de la R e f o r m a católica, igualmente imposibles habrían sido l a estructura y el estilo empleados para encauzar su simbolismo, s i n l a predisposición a l Barroco naciente. E n la poesía barroca l a música t r i u n f a sobre el color y l a línea, y el tema mayor, el conjunto lógicamente construido, aparece acompañado p o r u n m o t i v o menor con elementos afectivos libres, que revolotea p o r encima de l a melodía independientemente del r i t m o f u n d a m e n t a l . Así, también, el gusto de l a época ayuda a explicar por qué las imágenes primarias de l a estructura ( n o c h e y m a t r i m o n i o ) , sobre todo en el Cántico e s p i r i t u a l , h a n sido sistemáticamente desequilibradas dentro de su relación lógica ( n o c h e por d e s p o s o r i o ) y rodeadas de u n a serie de imágenes secundarias que, independientes entre sí, d a n n o obstante a los grandes símbolos estructurales su p l e n i t u d y perfección decisivas. 33 HELMUT HATZFELD C a t h o l i c U n i v e r s i t y of A m e r i c a . 33 M A R I O G I O R D A N O , " E l e m e n t o culturale e creatività nell'elaborazione t e c n i c a d e l l i n g u a g g i o p o e t i c o tassesco", F R , 7 ( i 9 6 0 ) , p p . 85-118.