L A EJEMPLARIDAD D E E L AMANTE LIBERAL P a r a m u c h o s lectores, las Novelas ejemplares c e r v a n t i n a s se d i v i d e n en u n g r u p o " r e a l i s t a " , que consiste e n obras c o m o Rinconetey Cortadillo, E l casamiento engañoso y E l coloquio de los perros y u n g r u p o " i d e a l i s t a " , q u e consiste e n obras c o m o La fuerza de la sangre, Las dos doncellas y E l amante liberal. P o d e m o s l l a m a r las obras d e l p r i m e r g r u p o " n o v e l a s " ; p a r a las d e l segundo g r u p o t a l vez c o n v e n g a e m p l e a r l a p a l a b r a inglesa " r o m a n c e s " , según h a sugerid o G o n z a l o S o b e j a n o . E n este ensayo emplearé l a p a l a b r a " r o m a n c e " s i e m p r e e n esta acepción. Según el p u n t o de v i s t a t r a d i c i o n a l , e j e m p l i f i c a d o p o r A m e zúa y M a y o , los " r o m a n c e s " cervantinos son obras juveniles m i e n tras q u e las novelas " r e a l i s t a s " son obras de su m a d u r e z . C e r vantes e m p e z ó su carrera de novelista escribiendo narraciones idealistas y sólo después e m p r e n d i ó l a creación de obras realistas . H a c e a l g u n o s años R u t h E l Saffar h a sostenido l a tesis opuesta: según e l l a , C e r v a n t e s partió de l a narración realista p a r a llegar en su m a d u r e z a l a idealista, o sea q u e partió de l a n o v e l a p a r a l l e g a r al " r o m a n c e " . C o m o h a hecho o b s e r v a r E . C . R i l e y , las dos teorías se a p o y a n en suposiciones q u e n o p u e d e n verificarse sobre el o r d e n e n que se c o m p u s i e r o n las doce novelas; n i u n a n i o t r a r e c o n o c e n que t a n t o l a p r i m e r a o b r a q u e C e r v a n t e s p u b l i c ó — l a n o v e l a p a s t o r i l La Calatea— c o m o l a última — e l " r o m á n 1 2 3 * Agradezco a Y o l a n d a M o l i n a su ayuda en la elaboración del texto en español de este artículo. GONZALO SOBEJANO, " S o b r e tipología y ordenación en las Novelas ejemplares", HR, 46 (1978), esp. p p . 66-68. AGUSTÍN GONZÁLEZ DE AMEZÚA Y M A Y O , Cervantes, creador de la novela corta española, Clásicos Hispánicos, M a d r i d , 1956. R U T H E L SAFFAR, Novel to romance: A study of Cervantes 's Novelas ejemplares", B a l t i m o r e , 1974. 1 2 3 N R F H , X X X V I (1988), núm. 1, 303-318 ( 304 THOMAS R. HART NRFH, XXXVI c e " Los trabajos de Persiles y Sigismonda— son obras " i d e a l i s t a s " . C r e o que R i l e y tiene razón al a f i r m a r que C e r v a n t e s fue " a m a n who read, wrote and understood romance supremely well, w h o used i t , played w i t h i t a n d consciously sought to develop n e w k i n d s o f fiction o u t o f i t , b u t n e v e r rejected or reacted decisively against i t " . T a n t o R i l e y como A m e z ú a y E l Saffar d a n p o r descontado que e n las Novelas ejemplares C e r v a n t e s escribió dos tipos de n o v e l a e n t e r a m e n t e d i s t i n t o s . R i l e y sostiene además que lo h i z o a s a b i e n das y a propósito: C e r v a n t e s " c o u l d n o t have w r i t t e n Don Quixote at a l l w i t h o u t a keen sense o f t h e d i f f e r e n c e , a n d the r e l a t i o n s h i p b e t w e e n w h a t we n o w t h i n k o f as «romance» a n d «novel», a l t h o u g h he d i d n o t k n o w any such t e r m s " . Es m u y posible que R i l e y t e n ga razón. S i n e m b a r g o , cabe p r e g u n t a r si l a d i f e r e n c i a que R i l e y señala entre los dos tipos de n a r r a c i o n e s fue t a n e v i d e n t e p a r a los lectores de l a España de los A u s t r i a s c o m o lo es p a r a nosotros — y c o m o l o era t a l vez p a r a el m i s m o C e r v a n t e s . Q u i z á sea necesario d i s t i n g u i r l a a c t i t u d de C e r v a n t e s de l a de los p r i m e r o s lectores de las Novelas ejemplares. L a "estética de l a r e c e p c i ó n " q u e p r o p u g n a n H a n s R o b e r t Jauss y sus discípulos ejemplares nos h a e n señado que l a recepción de u n a o b r a l i t e r a r i a depende en g r a n p a r t e del h o r i z o n t e de expectativas de sus p r i m e r o s lectores. A veces hace falta que pasen años o a u n siglos antes de que l a o b r a sea p l e n a m e n t e e n t e n d i d a , y a q u e l a o b r a m i s m a tiene que c r e a r u n público capaz de e n t e n d e r l a . Sabemos que el Quijote fue m a l c o m p r e n d i d o p o r los c o n t e m p o r á n e o s de su a u t o r , p r e c i s a m e n t e p o r q u e r o m p i ó d e c i s i v a m e n t e c o n las t r a d i c i o n e s l i t e r a r i a s establecidas. C o m o h a hecho n o t a r A l b a n K . F o r c i o n e , " t h e Quixote is t h e p r e e m i n e n t case o f a l i t e r a r y w o r k t h a t , before i t can becom e f u l l y m e a n i n g f u l , r e q u i r e s a p r o f o u n d a l t e r a t i o n i n its p u b l i c " . C a b e decir l o m i s m o de las Novelas ejemplares, y a q u e , com o dice F o r c i o n e , " d e v i a t i o n s f r o m the n o r m s , values, a n d expectations c o n s t i t u t i n g the c o n t e m p o r a r y h o r i z o n for l i t e r a r y reception 4 5 6 7 8 E. C. RILEY, "Cervantes: A question of g e n r e " , Medieval and Renaissance studies on Spain and Portugal in honour of P. E. Russell, eds. F. W . H o d c r o f t et al, O x f o r d , 1981, p. 70. Ibid., p. 73. E. C. R I L E Y , Don Quixote, L o n d o n , 1986, p. 11. Véase H A N S ROBERT JAUSS, Literaturgeschichte als Provokation, F r a n k f u r t a m M a i n , esp. pp. 192-193. A . FORCIONE, Cervantes and the humanist vision: A study offour ''Exemplary novels'\ Princeton, 1982, p. 16. 4 5 6 7 8 NRFH, XXXVI LA EJEMPLARIDAD DE ÉL AMANTE LIBERAL 305 a n d f r o m t h e w o r k s c r e a t i n g a n d c o n f i r m i n g t h a t h o r i z o n are s t r i k i n g l y a p p a r e n t i n n e a r l y e v e r y one o f t h e m " . I m p o r t a saber, o m e j o r dicho conjeturar, c ó m o los lectores contemporáneos i n t e r p r e t a b a n las novelas c e r v a n t i n a s , p o r q u e es de suponer que, por m u c h o que Cervantes quisiera c o n t r i b u i r a la creación de u n n u e v o t i p o de n o v e l a y de u n n u e v o p ú b l i c o , debía de c o n t a r también c o n las preconcepciones d e l público q u e c o n o c í a . S i n d u d a n o intentó d a r a sus lectores sólo l o q u e ellos b u s c a b a n en las ficciones novelescas q u e leían p e r o debía de i n t e n t a r darles al menos eso. Es posible que d i v i d i r las doce Novelas ejemplares e n dos g r u p o s opuestos sea i n t e r p r e t a r l a s de u n a m a n e r a q u e les habría extrañado a los c o n t e m p o r á n e o s d e l n o v e l i s t a . Acaso c o n v e n g a a c e n t u a r las semejanzas entre las novelas e n vez de las d i f e r e n c i a s . C o m o u n p r i m e r paso en ese sentido q u i e r o e x a m i n a r el uso que hace Cervantes del concepto de admiratio, m u y bien estudiado por E. C. R i l e y . L a s p a l a b r a s " a d m i r a c i ó n " y " a d m i r a r " aparecen repetidas veces en las obras cervantinas. Cervantes le dice al lector a m e n u d o q u e los personajes v e n u o y e n algo q u e les hace sentir a d m i r a c i ó n . L o s personajes p r i n c i p a l e s de varias Novelas ejemplares p a san u n a t e m p o r a d a e n u n a m b i e n t e q u e n o conocen y q u e está al m a r g e n de l a sociedad n o r m a l . Tales sociedades m a r g i n a l e s son el m u n d o del h a m p a sevillana que e x p l o r a n t a n t o R i n c o n e t e y C o r t a d i l l o c o m o B e r g a n z a e n E l coloquio de los perros, el m u n d o de l a s e r v i d u m b r e de u n a f o n d a t o l e d a n a e n q u e v i v e n algunos meses los j ó v e n e s caballeros vallisoletanos J u a n de C a r r i a z o y T o m á s de A v e n d a ñ o e n La ilustre fregona, así c o m o los c a m p a m e n t o s g i t a nos e n los q u e se a d e n t r a d o n J u a n de C á r c a m o b a j o el n o m b r e 9 1 0 1 1 Ibid., p. 18. E. C. R I L E Y , "Aspectos del concepto de admiratio en la teoría literaria del Siglo de O r o " , Studia philologica: homenaje ofrecido a Dámaso Alonso, M a d r i d , 1963, t . 3, p p . 173-183. A l g u n o s ejemplos: La fuerza de la sangre, ''Admirados quedaron de tanta cristiandad los abuelos, pero la madre quedó más admirada" ( t . 2, p. 160), y ' 'Admirada y suspensa estaba doña Estefanía" (t. 2, p. 161). E n La ilustre fregona el huésped le dice al C o r r e g i d o r : " O i r á vuesa merced cosas que, j u n t a m e n te con darle gusto, le admiren" ( t . 3, p. 103); más tarde, " C o n esto que el A s t u r i a n o d i j o se acabó de apoderar la admiración en todos los presentes" ( t . 3, p. 117). E n Rinconete y Cortadillo, los jóvenes protagonistas " s a l t a r o n delante de las muías y se fueron con ellos, dejando al a r r i e r o agraviado y enojado, y a la ventera admirada de la buena crianza de los picaros'' ( t . 1, p. 225). C i t a ré siempre por la edición de J u a n Bautista Avalle-Arce, Castalia, M a d r i d , 1982, 3 ts. E n lo sucesivo se incluirá en el texto el t o m o y la página entre paréntesis. 9 1 0 1 1 NRFH, THOMAS R. HART 306 XXXVI de A n d r é s C a b a l l e r o en La Gitanilla. T o d o s estos personajes son forasteros que hacen u n a v i s i t a más o m e n o s b r e v e a u n m u n d o ajeno y sienten admiración p o r l o que e n c u e n t r a n allí. A l n o t a r la admiración que sienten sus personajes Cervantes sugiere al lector q u e reaccione de l a m i s m a m a n e r a . E n este ensayo m e limitaré a e s t u d i a r el p a p e l de l a admiración en u n a sola n o v e l a , E l amante liberal. C r e o , c o n t o d o , que m u c h o de l o q u e v o y a d e c i r de esta o b r a se a p l i c a i g u a l m e n t e a todas o a algunas de las demás Novelas ejemplares. E l amante liberal se suele c o n s i d e r a r u n a de las menos logradas de las Novelas ejemplares. Francisco R o d r í g u e z M a r í n n o l a incluyó e n t r e las siete novelas que figuran e n l a edición que preparó p a r a Clásicos Castellanos en 1914. U n o s v e i n t e años después, H a i n s w o r t h afirmó que novelas c o m o Rinconete y Cortadillo y E l coloquio de los perros m u e s t r a n " d e s qualités de réalisme et d ' o b s e r v a t i o n q u i s u f f i r a i e n t à les faire v a l o i r " . M u y a l c o n t r a r i o , E l amante liberal pertenece a u n g r u p o de obras que se señalan precisamente p o r " l ' a b s e n c e presque complète, si ce n'est dans certains détails, des qualités d ' o b s e r v a t i o n et de réalisme q u e nous avons relevées dans l ' a u t r e g r o u p e . [ . . . ] C e r v a n t e s fait p r e u v e , dans E l amante liberal, d ' u n e certaine familiarité avec les usages m u s u l m a n s , m a i s l a n o u v e l l e n ' e n est pas m o i n s fausse et i n i m a g i n a b l e p o u r le lect e u r m o d e r n e " . D e l m i s m o m o d o , J e n n i f e r L o w e declara q u e " t h e p l o t is i n v o l v e d b u t w i t h scant i n t r i n s i c interest a n d the v a r i o u s coïncidences o f c a p t u r e , v o y a g e a n d r e u n i o n are r e c o u n t e d w i t h l i t t l e z e s t " . P o r c o n s i g u i e n t e , l a novela " [ f a i l s ] t o m a k e a n y r e a l i m p a c t " . T a l vez fue J o a q u í n C a s a l d u e r o el p r i m e r estudioso m o d e r n o que t o m ó en serio E l amante liberal c o m o o b r a de a r t e . L e h a seguido R u t h E l Saffar e n u n capítulo c o m p r e n s i v o e i n t e l i g e n t e de su l i b r o Novel to romance. D e f i n i r l o q u e u n a o b r a l i t e r a r i a d e t e r m i n a d a representa p a r a los lectores d e l Siglo de O r o n o es cosa fácil, según h a s u b r a y a d o M a x i m e C h e v a l i e r en u n l u m i n o s o e s t u d i o . N a d a nos a u t o r i z a 1 2 1 3 1 4 1 5 16 G . HAINSWORTH, Les "Novelas ejemplares" en France au xvue siècle, Paris, p. 2 7 . Ibid., p p . 1 6 - 1 8 . JENNIFER LOWE, " A note on Cervantes' El amante liberal", RNo, 1 2 ( 1 9 7 0 - 1 9 7 1 ) , p. 4 0 0 . JOAQUÍN CASALDUERO, Sentido y forma de las "Novelas ejemplares", Buenos A i r e s , 1 9 4 3 . M A X I M E CHEVALIER, Lectura y lectores en la España de los siglos xviy xvn, Turner, Madrid, 1976. 1 2 1933, 13 1 4 1 5 1 6 NRFH, XXXVI LA EJEMPLARIDAD DE E L AMANTE LIBERAL 307 a creer que los c o n t e m p o r á n e o s de C e r v a n t e s e n t e n d i e r a n las Novelas ejemplares c o m o nosotros. C u a l q u i e r t e n t a t i v a de e x p l i c a r el a t r a c t i v o que ejercía E l amante liberal sobre ellos t r o p i e z a con u n a seria d i f i c u l t a d : no tenemos i n d i c i o s directos de l a m a n e r a c o m o l a n o v e l a fue i n t e r p r e t a d a p o r los lectores de p r i n c i p i o s del siglo x v n . E n t r e los pocos i n d i c i o s i n d i r e c t o s q u e poseemos t a l vez el más útil sea l a aprobación del f r a i l e t r i n i t a r i o J u a n B a u t i s t a C a p a t a z , que h a servido de p u n t o de p a r t i d a p a r a u n i m p o r t a n t e est u d i o de B r u c e W . W a r d r o p p e r . A l l l a m a r l a atención sobre ' i a v e r d a d e r a e u t r o p e l i a " que desc u b r e e n las Novelas ejemplares, F r a y J u a n B a u t i s t a r e a f i r m a algo d i c h o p o r Jacques A m y o t e n el p r ó l o g o a su traducción francesa de l a Historia aethiopica de H e l i o d o r o . E l p r ó l o g o fue r e i m p r e s o en l a traducción española de l a Historia aethiopica p u b l i c a d a e n A m beres e n 1554. A m y o t sustenta q u e 1 7 nuestra natura no puede sufrir que el entendimiento esté siempre ocupado a leer materias graves y verdaderas, no más que el cuerpo no podría durar sin intermisión al trabajo de muchas obras. Por lo cual, es menester algunas veces, cuando nuestro espíritu está t u r bado de algunos infortunios, o cansado de mucho estudio, usar de algunos pasatiempos para le apartar de tristes pensamientos y i m a ginaciones, o, a lo menos, usar de algún descanso y alivio para le tornar después a poner más alegre y vivo en la consideración y contemplación de las cosas de más i m p o r t a n c i a . 18 L a i m p o r t a n c i a de l a Historia aethiopica p a r a Los trabajos de Persiles y Sigismonda h a sido a m p l i a m e n t e d e m o s t r a d a p o r A l b a n K . F o r c i o n e . C r e o que es i m p o r t a n t e a s i m i s m o p a r a algunas de las Novelas ejemplares, m u y señaladamente E l amante liberal. E n el p r ó l o g o de las Novelas ejemplares C e r v a n t e s p r o m e t e a l l e c t o r que ' ' T r a s ellas [las Novelas], si l a v i d a n o m e deja, te ofrezco los Trabajos de Persiles, l i b r o q u e se atreve a c o m p e t i r c o n H e l i o d o r o " ( t . 1 , p . 6 5 ) . D e h e c h o , algunas de las p r o p i a s Novelas ejemplares se a t r e v e n a c o m p e t i r c o n l a Historia aethiopica, y n i n g u 19 BRUCE W . WARDROPPER, " L a eutrapelia en las Novelas ejemplares de Cerv a n t e s " , CH(7), pp. 153-169. Historia etiópica de los amores de Teágenes y Carie lea, t r a d . Fernando de M e na, ed. Francisco López Estrada, M a d r i d , 1954, p p . l x x v i i - l x x v i i i . Citaré siempre por esta edición. A L B A N K . FORCIONE, Cervantes, Aristotle and the "Persiles", Princeton U n i v e r s i t y Press, Princeton, 1970, esp. cap. 2. 1 7 18 1 9 THOMAS R. HART 308 NRFH, XXXVI n a más a b i e r t a m e n t e q u e E l amante liberal, s e g u r a m e n t e la q u e s i gue más de cerca t a n t o a l a f o r m a c o m o al c o n t e n i d o de l a n o v e l a de a v e n t u r a s q u e los h i s t o r i a d o r e s de l a l i t e r a t u r a española suel e n designar c o n el n o m b r e p o c o exacto de n o v e l a b i z a n t i n a . N o f a l t a n j u i c i o s de lectores de los siglos x v i y x v n sobre l a Historia aethiopica y estos j u i c i o s , así c o m o el p r ó l o g o de A m y o t , nos i l u s t r a n m u c h o acerca de las razones que p o d í a n tener los c o n t e m p o ráneos de C e r v a n t e s p a r a deleitarse c o n E l amante liberal. Según A m y o t , l a Historia aethiopica es u n a o b r a p r o f u n d a m e n te m o r a l . E n l a n o v e l a de H e l i o d o r o , demás de la ingeniosa ficción hay en algunos lugares hermosos discursos sacados de la filosofía natural y moral, muchos dichos notables y palabras sentenciosas, muchas oraciones y pláticas, en los cuales el artificio de elocuencia está m u y bien empleado y en toda ella las pasiones y afecciones humanas, pintadas tan al verdadero y con tan gran honestidad, que no se podrá sacar ocasión de malhacer. Porque de todas aficiones ilícitas y deshonestas, él hace el fin desdichado; y, al contrario, de las buenas y honestas, dichoso (p. Ixxx). T h o m a s U n d e r d o w n e , e n l a n o t a " T o the r e a d e r " q u e puso al p r i n c i p i o de su traducción inglesa de l a Historia aethiopica ( L o n d r e s , 1606), insiste sobre l a e j e m p l a r i d a d del l i b r o e n términos m u y semejantes a los empleados p o r A m y o t : I f I shall compare i t w i t h other of like argument, I thinke none comedí neere i t . [ . . . ] T h i s booke punisheth the faults of evil doers, and rewardeth the well livers. W h a t a king is Hydaspes? W h a t a paíteme of a good prince? [. . . ] W h a t a lewde woman was Arsace? W h a t a patern of evill behavior? 20 M u c h o s lectores españoles d e l siglo x v i c r e y e r o n , así c o m o A m y o t y U n d e r d o w n e , q u e l a Historia aethiopica era u n l i b r o amor a l m e n t e e j e m p l a r . F u e el l i b r o de e n t r e t e n i m i e n t o p r e d i l e c t o de ios erasmistas españoles q u e , según h a n m o s t r a d o M a r c e l B a t a i l l o n y A l b a n F o r c i o n e , t a n t o i n f l u y e r o n en C e r v a n t e s . C o 2 1 2 2 Citado por RICHARD L A N H A M , " T h e Oíd Arcadia", en W A L T E R R . D A V I S and RICHARD A . L A N H A M , Sidney's 'Arcadia", New Haven, 1 9 6 5 , p. 388. Véase ANTONIO VILANOVA, " E l peregrino andante en el Persiies de Cerv a n t e s " , BABL, 2 2 ( 1 9 4 9 ) , esp. p. 1 2 4 . M A R C E L BATAILLON, Erasmoy España: estudios sobre la historia espiritual del siglo xvi, t r a d . A n t o n i o A l a t o r r e , F . C . E . , M é x i c o , 1 9 5 0 , t . 2 , p p . 2 2 2 - 2 2 5 . 2 0 2 1 2 2 NRFH, XXXVI LA EJEMPLARIDAD DE EL AMANTE 309 LIBERAL m o l a M i s s P r i s m de O s c a r W i l d e en The importance of being Earnest, los lectores del siglo x v i c r e y e r o n q u e e n t o d a n o v e l a hecha y derecha " t h e g o o d [ e n d ] h a p p i l y , a n d t h e b a d u n h a p p i l y . T h a t is w h a t F i c t i o n m e a n s " . A f i r m a r q u e l a Historia aethiopica es u n l i b r o m o r a l m e n t e e j e m p l a r se o p o n e a l parecer de S a m u e l Lee W o l f f e n su l i b r o y a clásico The Greek romances in Elizabethan prose fiction , E n su c o n o c i d o estudio de l a Old Arcadia de S i r P h i l i p S i d n e y , R i c h a r d L a n h a m cita el parecer de W o l f f sobre l a a m o r a l i d a d de las novelas de a v e n t u r a s griegas y asevera a continuación q u e 23 The Greek romance was an essentially trivial genre, evoking a shallow emotional response by a combination of melodrama and rhetorical display... I t would be doing Sidney an injustice to fit this noose to the neck of the O l d Arcadia, For, taking over the basic techniques of rhetorical fiction, Sidney iniused them w i t h a strict, pervasive moral consciousness, [. . .] Sidney has moralized H e l i o d o r u s . 24 Es m u y p o c o p r o b a b l e , sin e m b a r g o , q u e S i d n e y c r e y e r a q u e había agregado u n contenido m o r a l a u n a o b r a f u n d a m e n t a l m e n t e a m o r a l . L o s lectores d e l siglo x v i o p i n a b a n q u e l a o b r a de H e l i o d o r o era t o d o m e n o s a m o r a l , c o m o el p r ó l o g o de A m y o t hace patente, P a r a A m y o t l a finalidad de l a l i t e r a t u r a de e n t r e t e n i m i e n t o es p r o d u c i r admiración: " l a ficción, de l a cual el fin es admiración, y l a delectación que procede de las cosas extrañas y llenas de a d m i r a c i ó n " ( p . I x x i x ) . Estas "cosas e x t r a ñ a s " son de índole m u y d i v e r s a . S e g ú n F r a n c i s c o Cáscales, e n sus Tablas poéticas ( 1 6 1 7 ) , la admiración nace de las cosas, de las palabras, de la orden y de la variedad. [. . .] Las palabras serán maravillosas que son escogidas con grande j u i z i o , sentenciosas, graves, de dulce son, con galanas figuras de la elocuencia,.. 25 L a a d m i r a c i ó n p u e d e p r o c e d e r de los m i s m o s i n c i d e n t e s de l a t r a m a , " l a s c o s a s " . L a s a v e n t u r a s q u e l l e n a n las páginas de l a Historia aethiopica, esas " c o i n c i d e n c e s o f c a p t u r e , voyage a n d r e u n i o n " a las q u e se refiere J e n n i f e r L o w e , d e s p i e r t a n el a s o m New Y o r k , 1 9 1 2 . L A N H A M , op. cil, p p . 3 8 5 - 3 8 6 . FRANCISCO CÁSCALES, Tablas poéticas, ed. Benito Brancaforte, Espasa-Calpe, M a d r i d , 1 9 7 5 , p p . 1 7 0 - 1 7 1 , 2 3 2 4 2 5 310 THOMAS R. HART NRFH, XXXVI b r o d e l lector precisamente p o r q u e son excepcionales, no p e r t e necen a la v i d a cotidiana. P e r o a u n q u e los incidentes en sí m i s m o s b a s t a n p a r a p r o v o car l a admiración del l e c t o r , serán m u c h o más eficaces si el escrit o r sabe servirse de ellos, puesto q u e l a admiración nace n o sólo de las a v e n t u r a s de los personajes sino también de l a m a n e r a com o estos sucesos se c u e n t a n , p o r " l a o r d e n " y " l a v a r i e d a d " sab i a m e n t e impuestas p o r el e s c r i t o r , es d e c i r , p o r los recursos técnicos de l a narración. E l p r ó l o g o de A m y o t d e m u e s t r a c l a r a m e n t e que los lectores d e l siglo x v i estaban m u y atentos al uso d i e s t r o de tales recursos n a r r a t i v o s y que los c o n s i d e r a b a n u n a de las fuentes de l a a d m i ración que es el objetivo p r o p i o de l a l i t e r a t u r a de e n t r e t e n i m i e n t o : Y cierto la disposición es singular, porque comienza en la mitad de la Historia, como hacen los poetas heroicos, lo cual causa, de prima facie, una grande admiración a los lectores, y les engendra u n apasionado deseo de oír y entender el comienzo, y todavía les atrae t a m bién con la ingeniosa lección de su cuento, que no entienden lo que han leído en el comienzo del primer l i b r o , hasta que veen el fin del quinto; y cuando allí han llegado, aún les queda mayor deseo de ver el fin, que antes tenían de ver el principio. De suerte que siempre el entendimiento queda suspenso hasta que viene a la conclusión, lo cual deja el lector satisfecho, como lo son aquellos que al fin vienen a gozar de una cosa m u y deseada y de mucho tiempo esperada (pp. l x x x i - l x x x i i ) . E l que A m y o t a c e n t u a r a el p a p e l d e s e m p e ñ a d o p o r los r e c u r sos n a r r a t i v o s en l a admiración n o debe de estar desligado de l a afirmación de K e i t h W h i n n o m , según q u i e n it is difficult to think of any narrative device w i t h which Spanish writers of the late fifteenth and the sixteenth centuries d i d not at some time play: w i t h first and third-person narration, w i t h pseudoautobiography i n which the ' a u t h o r ' is crearly not the author, w i t h tales w i t h i n tales, w i t h flashbacks and temporal displacements (start i n g in medias res or even at the conclusion), w i t h episodic narrative held together only by a character or characters, w i t h letters and diaries, w i t h internal monologue, w i t h stories told solely through dialogue, w i t h Rashomon —style perspectivism (the same events described f r o m the differing viewpoints of different characters), w i t h 'objective' and unselective reporting, and so o n . 2 6 K E I T H W H I N N O M , " T h e Historia de Duobus Amantibus of Aeneas Sylvius NRFH, XXXVI L A E J E M P L A R I D A D D E E L AMANTE LIBERAL 311 C a s i todos los recursos q u e m e n c i o n a W h i n n o m se e n c u e n t r a n en las obras de C e r v a n t e s . B u e n a p a r t e de ellos aparecen en E l amante liberal. Cáscales s u b r a y a q u e l a admiración nace n o sólo de los i n c i dentes de l a t r a m a y su disposición sino también de las palabras m i s m a s . L o s lectores de l a é p o c a s e g u r a m e n t e a p r e c i a b a n l a retór i c a a l a m b i c a d a de los largos p a r l a m e n t o s que t a n t o a b u n d a n en E l amante liberal. N o s servirá de e j e m p l o el discurso en que R i c a r d o le c u e n t a a su a m i g o el renegado M a h a m u t c ó m o los t u r c o s le h i c i e r o n c a u t i v o . Citaré t a n sólo u n a p a r t e . R i c a r d o le dice a M a h a m u t que al enterarse de q u e L e o n i s a y su r i v a l C o r n e l i o se e n c o n t r a b a n rodeados de a m i g o s y p a r i e n t e s en el jardín d e l p a d r e de éste me ocupó el alma una furia, una rabia y u n infierno de celos, con tanta vehemencia y rigor, que me sacó de mis sentidos, como lo verás por lo que luego hice, que fue irme al jardín donde me dijeron que estaban, y hallé a la más de la gente solazándose, y debajo de u n nogal sentados a Cornelio y a Leonisa, aunque desviados u n poco. Cuál ellos quedaron de m i vista, no lo sé; de mí sé decir que quedé tal con la suya, que perdí la de mis ojos, y me quedé como estatua sin voz n i movimiento alguno. Pero no tardó mucho en despertar el enojo a la cólera, y la cólera a la sangre del corazón, y la sangre a la i r a , y la i r a a las manos y a la lengua; puesto que las manos se ataron con el respeto a m i parecer debido al hermoso rostro que tenía delante. Pero la lengua rompió el silencio con estas razones: ' ' C o n t e n t a estarás, ¡oh enemiga mortal de m i descanso!, en tener con tanto sosiego delante de tus ojos la causa que hará que los míos vivan en perpetuo y doloroso llanto. Llégate, llégate, cruel, u n poco más, y enreda t u yedra a ese inútil tronco que te busca; peina o ensortija aquellos cabellos de ese t u nuevo Ganimedes, que tibiamente te solicita. [. . .] ¿Piensas, por ventura, soberbia y m a l considerada doncella, que contigo sola se han de romper y faltar las leyes y fueros que en semejantes casos en el mundo se usan? ¿Piensas, quiero decir, que este mozo, altivo por su riqueza, arrogante por su gallardía, confiado por su linaje, ha de querer, n i poder, n i saber, guardar firmeza en sus amores, n i estimar lo inestimable, n i conocer lo que conocen los maduros y experimentados años? N o lo pienses, si lo piensas, porque no tiene otra cosa buena el m u n d o , sino hacer sus acciones siempre de una misma manera, por que no se engañe nadie sino por su propia ignorancia (t. 1, p p . 161-168). P i c c o l o m i n i " , Essays on narrative fiction in the Iberian Peninsula in honour of Frank Pierce, O x f o r d , 1982, p. 255. T H O M A S R. H A R T 312 NRFH, XXXVI H e m o s de sospechar q u e e n el siglo x v n m u c h o s lectores de E l amante liberal habrían sabido los n o m b r e s de las figuras retóricas q u e m e n c i o n a r e m o s a continuación. M u c h o s más habrían sab i d o que las figuras tenían n o m b r e s , a u n q u e n o h u b i e r a n p o d i d o d a r c o n el n o m b r e exacto de cada u n a de ellas. N o t e m o s p r i m e r o q u e C e r v a n t e s , o R i c a r d o , siente evidente predilección p o r l a s i n o n i m i a , es d e c i r , l a amplificación p o r m e d i o de sinónimos ( u n a furia, u n a rabia, y u n infierno de celos, romper y faltar las leyes y fueros). L e gusta también el e r o t e m a o interrogación, l a p r e g u n t a r e tórica que i m p l i c a u n a respuesta d e t e r m i n a d a . L a c o m b i n a c o n l a anáfora (¿Piensas...? ¿Piensas, q u i e r o d e c i r . . . ? ) y a continuación se sirve de u n a c o m b i n a c i ó n de d e h o r t a t i o , o sea u n consejo a h a cer l o c o n t r a r i o , y p o l i p t o t o n ( N o lo pienses, si lo piensas). L a p o l i p t o t o n y a había a p a r e c i d o en l a frase precedente (estimar lo inestimable, conocer l o que conocen), así c o m o ejemplos de s i n o n i m i a y de isocolon ( a l t i v o p o r su r i q u e z a , a r r o g a n t e p o r su gallardía, c o n fiado p o r su l i n a j e ) . P a r a t e r m i n a r , señalemos el uso que hace R i c a r d o de l a personificación p a r a sugerir q u e sus acciones n o se r e a l i z a r o n sin q u e él se d i e r a c u e n t a de lo q u e hacía, y el uso diest r o q u e hace de l a a n a d i p l o s i s , es d e c i r , el e m p e z a r u n a frase c o n l a m i s m a p a l a b r a c o n q u e t e r m i n a l a a n t e r i o r , p a r a s u g e r i r l a vel o c i d a d c o n q u e sus emociones se c o n v i r t i e r o n e n acciones: " n o tardó m u c h o e n despertar el enojo a l a cólera, y l a cólera a l a sangre d e l c o r a z ó n , y l a sangre a l a ira, y l a ira a las manos y a l a lengua; puesto que las manos se a t a r o n c o n el respeto a m i parecer d e b i d o al h e r m o s o r o s t r o q u e tenía d e l a n t e . Pero l a lengua r o m p i ó el s i l e n c i o [ . . . ] " . L a anadiplosis se e n c u e n t r a también e n l a n a r r a ción d e l c o m b a t e en l a v e n t a e n Don Quijote: Y así como suele decirse: el gato al rato, el rato a la cuerda, l a cuerda al palo, daba el arriero a Sancho, Sancho a la moza, la moza a él, el ventero a la moza, y todos menudeaban con tanta priesa, que no se daban punto de reposo... 27 Desde l u e g o , el t o n o aquí es c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o , n o sólo p o r l a n a t u r a l e z a de los i n c i d e n t e s en sí m i s m o s sino p o r l a a l u sión a u n c u e n t o folklórico i n f a n t i l c o n q u e e m p i e z a l a c i t a . Sobre t o d o , l a frase se d i f e r e n c i a del f r a g m e n t o c i t a d o de E l amante liberal p o r q u e f o r m a p a r t e de l a narración e n vez de a t r i b u i r s e a u n E l ingenioso hidalgo Don Quijote de la Mancha, ed. L . A . M u r i l l o , Castalia, M a d r i d , 1978, t . 1, p. 205. 27 NRFH, XXXVI LA EJEMPLARIDAD DE EL AMANTE LIBERAL 313 p e r s o n a j e . L a a r t i f i c i a l i d a d d e l discurso de R i c a r d o q u e d a s u b r a y a d a p o r q u e u n a p a r t e considerable de d i c h o discurso, la que e m p i e z a c o n las palabras ' ' C o n t e n t a estarás, ¡oh e n e m i g a m o r t a l de m i d e s c a n s o ! " , es u n a c i t a d e n t r o de u n a c i t a , en l a que R i c a r d o p r e t e n d e r e c o r d a r y r e p e t i r las p a l a b r a s exactas que había p r o n u n c i a d o " d e h o y hace u n a ñ o , tres días y cinco h o r a s " ( p . 167). N o sorprende observar que discursos c o m o el que acabamos de a n a l i z a r h a y a n sido censurados p o r su falta de v e r o s i m i l i t u d . F r a n c i s c o A . de I c a z a , p o r e j e m p l o , insiste en que en E l amante liberal " h a y sobra de retórica, y n o de l a b u e n a , apostrofes h i n chados, epítetos altisonantes y figuras retóricas, que [. . . ] p o d e m o s d e c l a r a r rayanas e n l o c ó m i c o y de las que t a l vez se reía él m i s m o " . A v a l l e - A r c e c o m p a r t e el criterio de Icaza al o p i n a r que los discursos de L e o c a d i a en La fuerza de la sangre, m o m e n t o s después de d e s c u b r i r que l a h a v i o l a d o R o d o l f o , son " d e t o d o p u n t o i n v e r o s í m i l e s " ( t . 2, p . 2 7 ) . L o s j u i c i o s de Icaza y de A v a l l e - A r c e e s t r i b a n en p r e c o n c e p ciones creadas p o r l a tradición novelística p o s t e r i o r . P a r t e n d e l supuesto de que el l e n g u a j e e m p l e a d o en u n a n o v e l a d e b i e r a r e f l e j a r , sobre t o d o en el d i á l o g o , l o que l a n W a t t h a l l a m a d o " f o r m a l r e a l i s m " . C o m o observa W a t t , antes de que l a n o v e l a l l e g a r a a ser l a f o r m a d o m i n a n t e de l a narración en prosa, 2 8 the implicit assumption of educated writers and critics was that an author's skill was shown, not i n the closeness w i t h which he made his words correspond to their objects, but i n the literary sensitivity w i t h which his style reflected the linguistic decorum appropriate to its subject . 29 C o n t o d a s e g u r i d a d los lectores españoles de l a é p o c a de C e r vantes d e b i e r o n de c o m p a r t i r este c r i t e r i o . Desde luego, el término ' 'linguistic d e c o r u m ' ' que emplea W a t t n o se refiere a l a m a n e r a c o m o personas de carne y hueso habrían h a b l a d o en c i r c u n s t a n c i a s semejantes sino a l a m a n e r a c o m o los escritores de l a é p o c a solían r e p r e s e n t a r el h a b l a de sus p e r s o n a jes. W i l l i a m N e l s o n h a hecho observar que m u c h o s prólogos y ded i c a t o r i a s de obras n a r r a t i v a s d e l R e n a c i m i e n t o dismiss story itself as merely delightful and direct attention to the substance which justifies i t . T h e discerning reader [. , . ] is given to 2 8 2 9 C i t . por AMEZÚA, t . 2 , p p . 5 9 . The rise of the novel, Berkeley, 1 9 5 7 , p p . 2 8 - 2 9 , NRFH, THOMAS R. HART 314 XXXVI understand that the narrative was designed to provide opportunity for moral and philosophical discourses, model speeches and letters, sententious comment, descriptions, w i t t y repartee, rhetorical displays, information about strange lands and ancient times, and other matter useful or worthy of a d m i r a t i o n . 30 A m y o t elogia l a Historia aethiopica p o r sus hermosos discursos sacados de la filosofía natural y m o r a l , muchos dichos notables y palabras sentenciosas, muchas oraciones y pláticas, en los cuales el artificio de elocuencia está m u y bien empleado. D e l m i s m o m o d o Peter H e y l y n en su Microcosmus b a l a n o v e l a de H e l i o d o r o p o r ser (1620) a l a - A book which beside its excellent language, rare contrivances, and delectable studies, hath i n it all the strains of Poesy, comprehended! the universal art of speaking, and to them that can discerne and w i l l observe, notable rules for demeanour both private and publike . 31 L o s lectores del siglo x v i n o v a c i l a b a n e n r e d u c i r u n t e x t o a u n a serie de f r a g m e n t o s p o r q u e el p r o v e c h o m o r a l q u e b u s c a b a n n o corresponde al goce estético que suelen buscar los lectores m o d e r n o s . L a s ediciones anotadas en las que se leía Orlando furioso en el siglo x v i d e m u e s t r a n que l a finalidad de los c o m e n t a r i s t a s d i s t a b a m u c h o de ser idéntica a l a de los estudiosos m o d e r n o s . L o s c o m e n t a r i s t a s no i n t e n t a n d e s c r i b i r l a respuesta t o t a l de u n l e c t o r i d e a l a u n t e x t o d e t e r m i n a d o . T a m p o c o t r a t a n de d e s c r i b i r la relación e n t r e l a t o t a l i d a d de l a o b r a y cada u n a de sus partes. Se l i m i t a n a señalar los elementos d e l t e x t o q u e p u e d e n e s t i m u l a r al l e c t o r a r e f l e x i o n a r sobre cuestiones m o r a l e s o filosóficas. L a finalidad implícita de sus c o m e n t a r i o s es i n d i c a r el p r o v e c h o m o r a l q u e el l e c t o r p u e d e sacar al r e f l e x i o n a r sobre estos elementos y a p l i c a r el f r u t o de sus reflexiones a las c i r c u n s t a n c i a s de su p r o pia v i d a . 3 2 Fact or fiction: The dilemma of the Renaissance storyteller, C a m b r i d g e , M A , 1973, p. 60. Citado por IAN W A T T , " E l i z a b e t h a n fiction", en The New Pelican Guide to English literature. 2. The age of Shakespeare, ed. Boris F o r d , H a r m o n d s w o r t h , 1982, p. 199. Véase J O H N M . WALLACE, "«Examples are best precepts»: Readers and meanings i n Seventeenth-Century p o e t r y " , Critical Inquiry, 1 (1974), 273-290. 3 0 3 1 3 2 XXXVI NRFH, LA EJEMPLARIDAD DE E L AMANTE LIBERAL 315 Sería i n j u s t o decir que los novelistas d e l R e n a c i m i e n t o , c o m o los metafísicos de T l ó n i m a g i n a d o s p o r J o r g e L u i s Borges, " n o b u s c a n l a v e r d a d n i s i q u i e r a l a v e r o s i m i l i t u d : b u s c a n el asomb r o " . P e r o sí cabe d e c i r q u e l a v e r d a d q u e b u s c a n n o tiene casi n a d a que v e r con l a v e r d a d histórica y sociológica que buscar o n Balzac y G a l d ó s . C o n t o d a p r o b a b i l i d a d , a los p r i m e r o s lectores de las Novelas ejemplares n o les i n t e r e s a b a s o b r e m a n e r a l a e x a c t i t u d de lo que dice Cervantes sobre las costumbres de los t u r cos e n C h i p r e . A l o s u m o habrían c o n c e d i d o q u e las a v e n t u r a s de R i c a r d o y L e o n i s a p u d i e r a n c o r r e s p o n d e r a a v e n t u r a s posibles d e n t r o del m u n d o r e a l , del m i s m o m o d o q u e h o y día m u c h o s lectores de las novelas de I a n F l e m i n g y J o h n L e C a r r é aceptan las a v e n t u r a s de sus espías c o m o posibles, si n o r i g u r o s a m e n t e h i s tóricas. E l p a r a l e l i s m o c o n las novelas de espionaje de F l e m i n g y L e C a r r é viene a c u e n t o también p o r o t r o m o t i v o . Pocos lectores de E l amante liberal podían conocer d i r e c t a m e n t e l a e x p e r i e n c i a de los cautivos cristianos en C h i p r e . T a m p o c o l a conocía Cervantes, a u n q u e p a r a d e s c r i b i r l a p u d o servirse de m e m o r i a s de su c a u t i v e r i o a r g e l i n o . Pero a u n q u e C h i p r e f u e r a t e r r i t o r i o desconocido p a r a la m a y o r í a de los lectores de E l amante liberal y p a r a el m i s m o C e r v a n t e s , l a presencia t u r c a en el M e d i t e r r á n e o les p r e o c u p a b a a t o d o s , c o m o l a g u e r r a fría nos p r e o c u p a h o y e n día. L e asiste t o d a l a razón a A v a l l e - A r c e al sustentar que ' ' C e r v a n t e s en E l amante liberal nos b r i n d a u n a n o v e l i t a b i z a n t i n a a l a a l t u r a de las c i r c u n s tancias de l a España i m p e r i a l de 1 5 7 0 " ( t . 1 , p . 3 0 ) . Este e l e m e n to de r e p o r t a j e , v a l g a l a p a l a b r a , es l o q u e separa de m a n e r a más t a j a n t e l a n o v e l a c e r v a n t i n a de l a n o v e l a de H e l i o d o r o , c o m o l a separa también de las novelas de a v e n t u r a s medievales que son los antepasados de los l i b r o s de caballerías que e n l o q u e c i e r o n a D o n Q u i j o t e . Según h a hecho observar E r i c h A u e r b a c h , los " r o m a n c e s " medievales se basan en " l a i d e a , l a r g o t i e m p o v i g e n t e en E u r o p a , de que lo n o b l e , l o g r a n d e y l o i m p o r t a n t e n a d a t i e nen que ver con la realidad v u l g a r " . E n E l amante liberal C e r v a n t e s n o sólo acentúa l a d o c t r i n a m o r a l implícita en l a Historia aethiopica, o p o r lo m e n o s en las i n t e r pretaciones de ella usuales en el siglo x v i , sino que coloca l a acc i ó n sólidamente d e n t r o del m u n d o r e a l . L o s dos p u n t o s están ín3 3 3 4 JORGE L U I S BORGES, Ficciones, Buenos Aires, 1 9 6 1 , p. 2 3 . E. AUERBACH, Mimesis: la representación de la realidad en la literatura occidental, t r a d . I . V i l l a n u e v a y E. I m a z , F . C . E . , M é x i c o , 1 9 5 0 , p. 1 3 6 . 3 3 3 4 316 T H O M A S R. H A R T NRFH, XXXVI t i m a m e n t e ligados, y a q u e , c o m o observa R i c h a r d L a n h a m c o n respecto a l a Arcadia de S i r P h i l i p S i d n e y , Arcadia is not a fairyland [;] its strongest ties are w i t h the England o f Sidney's day... The O l d Arcadia shows that nobility — r i g h t l y construed— has a great deal to do w i t h everyday reality, that the nobility which neglects the real w o r l d is a radically tarnished o n e . 35 C o n t o d a seguridad esto se aplica i g u a l m e n t e a las Novelas ejemplares y también al Quijote, puesto q u e , c o m o h a observado A . A . P a r k e r , " s u s lecturas le h a n enseñado [a D o n Q u i j o t e ] que el h e r o í s m o es algo e x t r a v a g a n t e y fantástico. H e aquí lo m a l o de los l i b r o s de caballerías: n o d a r t e s t i m o n i o de l a v e r d a d " . E l " r e a l i s m o " de las obras c e r v a n t i n a s , c o m o el " r e a l i s m o " m u c h o m e nos acusado de la Arcadia de S i d n e y , tiene u n a finalidad m o r a l . P a r a estudiosos c o m o A m e z ú a y M a y o , el interés p r i n c i p a l de E l amante liberal estribaba en su posible relación c o n ciertos episodios de l a v i d a de C e r v a n t e s . H o y día, e n c a m b i o , E l amante liberal nos interesa sobre t o d o p o r l a l u z que a r r o j a sobre otras Novelas ejemplares que nos parecen más acertadas, p o r e j e m p l o La Gitanilla, y m u y especialmente sobre el Quijote. Es i n d u d a b l e q u e A m e z ú a se e q u i v o c a al d e c i r q u e E l amante liberal es u n " r e l a t o escuetamente o b j e t i v o , q u e se escribe p a r a p u r a diversión d e l lect o r , s i n que el p e n s a m i e n t o p r o p i o c e r v a n t i n o aparezca en él sino r a r a v e z " . A l c o n t r a r i o , es fácil d e m o s t r a r que algunas de las preocupaciones características de C e r v a n t e s se e n c u e n t r a n en l a novela. I g u a l que Andrés en La Gitanilla, R i c a r d o debe a p r e n d e r a d o m i n a r s e . Sobre t o d o , debe m o s t r a r s e d i g n o de L e o n i s a d o m i n a n d o los celos q u e siente de su r i v a l C o r n e l i o . L o que dice F o r c i o n e sobre el p a p e l del m a t r i m o n i o y de los celos e n La Gitanilla se a p l i ca i g u a l m e n t e a E l amante liberal. Esta n o v e l a también " i s a tale o f c o u r t s h i p a n d r a t i o n a l w e d d e d l o v e , a n d its p l o t depicts the f o r m a t i o n o f a perfect f a m i l y " . E l m o t i v o de l a creación de u n a f a m i l i a e j e m p l a r es aún más e v i d e n t e e n E l amante liberal que en La Gitanilla, y a que aquélla, c o m o La fuerza de la sangre y a d i f e r e n 3 6 3 7 3 8 Op. cit., p p . 386-388. ALEXANDER PARKER, E i concepto de la verdad en el Quijote' ' , 32 (1948), p. 296. AMEZÚA, op. cit., t . 2, p. 5 1 . FORCIONE, op. cit., p. 95. 3 5 3 6 3 7 3 8 £ í 7 7 RFE, NRFH, XXXVI L A E J E M P L A R I D A D D E E L AMANTE LIBERAL 317 cia de La Gitanilla, t e r m i n a a l u d i e n d o a " l o s m u c h o s hijos que [ R i c a r d o ] t u v o en L e o n i s a " ( t . 1 , p . 2 1 6 ) . L o que es más i m p o r t a n t e a ú n , E l amante liberal v u e l v e a t r a t a r u n concepto del a m o r , y sobre t o d o el efecto c o r r o s i v o de los celos, que C e r v a n t e s e x a m i n a también e n otras Novelas ejemplares, señaladamente La Gitanilla y E l celoso extremeño, y desde luego en el Quijote. A R i c a r d o , c o m o a l pseudo-pastor G r i s ó s t o m o del Quijote, " l e f a t i g a b a n [. . . ] los celos i m a g i n a d o s y las sospechas t e m i d a s c o m o si f u e r a n v e r d a d e r a s " (Don Quijote 1, 14; t . 1, p . 184). P e r o R i c a r d o , así c o m o Andrés en La Gitanilla, se c o n v i e r t e a u n c o n c e p t o e n t e r a m e n t e d i s t i n t o d e l a m o r e n el curso de l a n o v e l a . D e s d e el p r i n c i p i o , además, el a m o r egoísta y tiránico de R i c a r d o l l e v a el contrapeso de su v o l u n t a d de sacrificar su l i b e r t a d p a r a o b t e n e r l a de L e o n i s a : " d i j e [a m i m a y o r d o m o ] que en n i n g u n a m a n e r a tratase de m i l i b e r t a d , sino de l a de L e o n i s a , y que diese p o r ella t o d o c u a n t o valía m i h a c i e n d a " ( t . 1, p . 172). A l final de l a n o v e l a R i c a r d o rechaza p o r c o m p l e t o l a idea de que su a m o r le d a el derecho de d a r órdenes a L e o n i s a , m o s t r a n d o así su c o n versión a u n concepto del a m o r d i s t i n t o d e l que tenía al p r i n c i p i o de l a n o v e l a : " N o es posible que n a d i e p u e d a demostrarse l i b e r a l de l o ajeno: ¿ q u é jurisdicción t e n g o y o e n L e o n i s a p a r a d a r l a a o t r o ? O ¿ c ó m o p u e d o ofrecer l o q u e es t a n lejos de ser mío? L e o n i s a es suya, y t a n suya, que a f a l t a r l e sus padres [. . . ] ningún o p ó s i t o t u v i e r a a su v o l u n t a d " ( t . 1 , p . 2 1 4 ) . A los lectores de l a España de los A u s t r i a s seguramente les h a b r á n interesado m u y poco las semejanzas e n t r e E l amante liberal y o t r a s obras c e r v a n t i n a s , así c o m o t a m p o c o les habrán interesad o m u c h o las posibles r e m i n i s c e n c i a s autobiográficas de l a n o v e l i t a . P a r a ellos C e r v a n t e s d i s t a b a m u c h o de ser u n a u t o r clásico. L a recepción entusiasta del Quijote n o s i g n i f i c a b a en absoluto que se t o m a r a en serio c o m o o b r a de a r t e . L a s pocas observaciones de escritores c o n t e m p o r á n e o s , e n t r e ellos L o p e , Q u e v e d o y G ó n g o r a , que h a n llegado hasta nosotros r e v e l a n q u e n o e s t i m a r o n e n m u c h o el Quijote, si b i e n su a c t i t u d debe de explicarse en p a r t e p o r celos p r o v o c a d o s p o r el éxito de l a n o v e l a . I n t e n t a r d e s c u b r i r algunos de los elementos que a d m i r a r o n los lectores del siglo x v n en E l amante liberal puede a y u d a r n o s a c o m p r e n d e r p o r q u é gozaban de obras que h o y nos parecen i n d i g e s tas o faltas de interés. Espero q u e este ensayo nos a y u d e a e n t e n d e r su e n t u s i a s m o n o sólo p o r E l amante liberal sino también p o r algunas de las otras Novelas ejemplares q u e se v i e n e n l l a m a n d o idealistas. A c a s o también u n e x a m e n a t e n t o de l o q u e los c o n t e m p o - THOMAS R. HART 318 NRFH, XXXVI ráneos de C e r v a n t e s p e n s a b a n sobre las finalidades de l a l i t e r a t u r a de e n t r e t e n i m i e n t o nos a y u d e a d e s c u b r i r valores e n las Novelas ejemplares que gozan de más p r e s t i g i o h o y día, c o m o Rinconete y Cortadillo y E l coloquio de los perros. A u n q u e h a y a pasado de m o d a , el r e a l i s m o que e l o g i a b a n e r u d i t o s c o m o H a i n s w o r t h y A m e z ú a está lejos de h a b e r desaparecid o de los estudios c e r v a n t i n o s . J u a n B a u t i s t a A v a l l e - A r c e c o n s i d e r a La fuerza de la sangre " u n f r a c a s o " p o r q u e C e r v a n t e s " d e s a t e n d i ó de triste m a n e r a l a caracterización de sus p e r s o n a j e s " ( t . 2, p . 27), y Dámaso A l o n s o alaba el " r e a l i s m o psicológico" y " r e a l i s m o de cosas" de las novelas c e r v a n t i n a s . T o d a v í a nos f a l t a n m o d o s p l e n a m e n t e satisfactorios de enfocar l a interpretación de los " r o m a n c e s " c e r v a n t i n o s , a u n q u e son m u y sugerentes a l g u nas páginas de N o r t h r o p F r y e . T a m b i é n a b r e n perspectivas m u y interesantes los estudios de R u t h E l Saffar sobre las Novelas ejemplares, así c o m o los q u e A l b a n K . F o r c i o n e h a dedicado t a n t o a algunas de las Novelas ejemplares c o m o al Persiles. Estoy seguro de q u e los " r o m a n c e s " c e r v a n t i n o s aún están lejos de h a b e r n o s c o n f i a d o todos sus secretos. 39 4 0 THOMAS R. HART U n i v e r s i t y of O r e g o n DÁMASO ALONSO, La novela cervantina, Salamanca, 1 9 6 9 . Véanse A natural perspective: The development of Shakesperean comedy and romance, N e w Y o r k , 1 9 6 5 ; esp. cap. 1 , y The secular scripture: A study of the structure of romance, C a m b r i d g e , M A , 1 9 7 6 , esp. cap. 2 . 3 9 4 0