Subido por Igor Silva

Dos crimes contra a administração pública

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Dos crimes contra a administração pública
Funcionário público (Art. 327 do CP): Aquele que exerce cargo, emprego ou função pública,
equiparando-se também a quem exercer cargo, função ou emprego em entidade paraestatal
e quem trabalha para empresa prestadora de serviços contratada ou conveniada para a
execução de atividade típica da Administração Pública.
Aplica-se também aos cargos de Prefeito, Governador e Presidente.
Majorante: Aumenta-se 1 ⁄ 3 da pena quando os autores forem ocupantes de cargos em
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta,
sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
Espécies de crimes funcionais
I.
II.
Funcionais próprios/puros/propriamente ditos: Crimes cometidos apenas por
funcionário público, ao retirar-se essa qualidade, inexiste o crime. Ex: Prevaricação
(Art. 318 do CP).
Funcionais impróprios/impuros ou impropriamente ditos: Retirando-se a qualidade de
funcionário público, a conduta ainda é típica. Ex: Peculato-furto (Art. 312, § 1º do
CP) e o furto (Art. 155 do CP).
Peculato apropriação e desvio (Art. 312, caput): Aproveitar-se o funcionário público de
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em
razão do cargo.
Sujeito ativo: Funcionário público no sentido amplo trazido pelo Art. 327. Aplicável ao
funcionário público aposentado que conservar consigo a posse de bem ilegalmente
apropriado durante o exercício e em razão do cargo antes ocupado.
Aquele que não for funcionário público também poderá responder por Peculato em concurso
de pessoas quando for de seu conhecimento a condição de funcionário público dos demais
agentes, conforme preconiza o Art. 30 do CP.
Também comete peculato o diretor de associação/entidade sindical que dilapidar o
patrimônio destas entidades (Art. 552 da CLT), bem como os funcionários de conselhos de
fiscalização profissional já que exercem função típica do Estado.
Sujeito passivo: O Estado, já que tem seu patrimônio material e moral lesado. O bem
apropriado de propriedade de particular, também permite seu enquadramento como sujeito
passivo.
Conduta: Apropriar-se, apoderar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel que tem
sob sua posse legítima, passando a agir como se dono fosse. Não se aplica a detenção.
Desviar, dar destinação diversa à coisa, em benefício próprio ou de outrem, podendo o
proveito ser material ou moral, auferindo vantagem outra que não necessariamente
econômica.
Voluntariedade: Pune-se a conduta dolosa, expressada pela vontade consciente do agente
em transformar a posse da coisa em domínio.
Consumação: Consuma-se no momento em que o funcionário se apropria do dinheiro, valor
ou bem móvel de que tem posse em razão do cargo, dispondo do objeto material como se
dono fosse, retendo-o, alienando etc..
Tentativa: Possível
Princípio da insignificância (Súmula 599 do STJ): Não se aplica o princípio da insignificância
aos crimes contra a administração pública.
Extinção da punibilidade pela reparação do dano: Não se aplica, mas a reparação deverá
ser levada em conta no quantum da pena.
Peculato furto/impróprio (Art. 312, § 1º): Aplica-se a mesma pena, se o funcionário
público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para
que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe
proporciona a qualidade de funcionário.
Para que seja caracterizado, é necessário que o funcionário valha-se de uma sua condição
de funcionário público e atue com animus furandi.
Consumação: Consuma-se com a efetiva subtração da coisa, dispensando posterior posse
mansa e pacífica do bem (teoria da amotio).
Tentativa: Possível.
Furto de uso: A mera utilização da coisa subtraída e a restituição imediata e integralmente
ao seu dono não caracteriza qualquer ilícito penal (animus rem sibi habendi).
Peculato culposo (Art. 312, § 2º): Se o funcionário concorre culposamente para o crime de
outrem.
Ocorre quando o funcionário, através de negligência, imprudência ou imperícia, infringe o
dever de cuidado objetivo, criando condições favoráveis à prática do peculato doloso, em
qualquer modalidade.
Consumação: Consuma-se quando ocorre a conduta dolosa de terceiro, havendo
necessidade da existência de nexo causal entre os delitos, de maneira que o primeiro tenha
possibilitado a prática do segundo.
Tentativa: Como é conduta culposa é impossível a forma tentada.
Reparação do dano (Art. 312, § 3º): No caso do peculato culposo, a reparação do dano, se
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade, se lhe é posterior, reduz de metade
a pena imposta. A reparação não exclui as sanções de ordem administrativa.
Nos crimes dolosos, por não ser infração contra o patrimônio, mas contra o bom nome da
administração, entende-se que o ressarcimento do dano ou a restituição da coisa, por ato
voluntário do agente, até o recebimento da denúncia, não importa em arrependimento
posterior (Art. 16 do CP), servindo somente como atenuante da pena (Art. 65, III do CP).
Ação penal: Em todas as modalidades de peculato, é pública incondicionada.
Código penal militar: O peculato cometido por militar é previsto no Art. 303 do CPM.
Art. 313 - Peculato mediante erro de outrem: Apropriar-se de dinheiro ou qualquer
utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem.
Bem jurídico tutelado: A moralidade e o patrimônio da Administração pública
Sujeito ativo: Funcionário público lato sensu.
Sujeito passivo: A administração pública e em caso de lesão ao particular, este também.
Conduta: Inverter o agente, no exercício de seu cargo, a posse de valores recebidos por
erro de terceiro. Ao contrário do peculato-apropriação, o bem não está naturalmente na
posse do agente, derivando de erro alheio.
O erro do ofendido deve ser espontâneo, pois, se provocado pelo funcionário, poderá
configurar estelionato (Art. 171).
Voluntariedade: Pune-se a conduta dolosa do funcionário que se apropriar de dinheiro ou
bens móveis que recebeu por erro de outrem, ciente do engano cometido.
Não é necessário a existência do dolo no momento do recebimento da coisa, mas deve
existir no instante em que o funcionário dela se apropria (dolo superveniente).
Consumação: Ocorre quando o agente se apropria da coisa recebida, agindo como se dono
fosse.
Tentativa: Possível
Código penal militar: Aplica-se o disposto nos Arts, 304 do CPM.
Art. 313-A - Inserção de dados falsos em sistema de informações: Inserir ou facilitar, o
funcionário público autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da
Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou
para causar dano.
Bem jurídico tutelado: A administração pública em especial a guarda de dados, que
somente devem ser modificados para o atendimento do interesse público.
Sujeito ativo: Funcionário público autorizado, isto é, aquele que estiver lotado na repartição
encarregada de cuidar dos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração
Pública. Não se aplica a definição ampla do Funcionário Público trazida pelo código.
A inserção de dados falsos praticada pelo funcionário NÃO autorizado não é conduta
atípica, podendo ser enquadrada no crime de Falsidade ideológica (Art. 299 do CP).
Conduta
Inserir: Introduzir, implantar ou facilitar, mediante ação ou omissão, a inserção de dados
falsos.
Alteração ou excluir: Desfiguração dos arquivos, de modo a alterar os registros originais.
Voluntariedade: Dolo, caracterizado pela vontade consciente de praticar as condutas típicas,
aliado ao fim específico de obter vantagem indevida para si ou para outrem, ou para causar
dano. Se a conduta, ainda que típica, não tiver essa finalidade, não está sendo praticado tal
crime.
Não se pune a modalidade culposa.
Consumação: Consuma-se com a prática de qualquer um dos núcleos do tipo,
independente da obtenção da vantagem indevida ou dano causado pelo agente.
Tentativa: Possível
Código eleitoral (Art. 72 da Lei 9.504/97): Se a alteração ocorrer em banco de dados
utilizados pelo serviço eleitoral, aplica-se o disposto no Código Eleitoral.
Art. 313-B - Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações:
Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem
autorização ou solicitação de autoridade competente.
Sujeito ativo: Funcionário público lato sensu e o particular caso saiba da condição de
funcionário público do autor (Art. 30 do CP).
Sujeito passivo: Administração pública
Conduta:
Modificar: Dar nova forma ao sistema informatizado
Alterar: Conturbar a sua forma original.
Ambas ocorrem na programação do sistema.
Voluntariedade: Dolo, inexiste a formação culposa.
Consumação: Ocorre com a modificação ou alteração do sistema ou programa informático.
Tentativa: Possível
Art. 314 - Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento: Extraviar livro
oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo, sonegá-lo ou
inutilizá-lo, total ou parcialmente.
Não se confunde com o crime previsto no Art. 305, aqui o objetivo é frustrar a fé pública, em
proveito próprio ou de outrem, enquanto que no Art. 305 a consumação ocorre pela simples
sonegação, inutilização ou extravio de livro ou documento público, sem a finalidade
específica de tirar proveito ou de beneficiar terceiro.
Bem jurídico tutelado: regular andamento das atividades administrativas.
Sujeito ativo: Funcionário público. Se o sujeito ativo for servidor em exercício junto à
repartição fiscal ou tributária, o extravio de livro oficial, processo fiscal ou qualquer
documento por ele causado configura crime especial, previsto no Art. 3º, I da Lei 8.137/90.
Tratando-se de autos judiciais ou documentos de valor probatório, a inutilização ou
sonegação praticada por advogado ou procurador que os recebeu nesta qualidade
configurará o crime do Art. 356 do CP.
Sujeito passivo: O Estado e o particular proprietário do documento confiado à administração
pública.
Conduta:
Extraviar: Tirar do caminho, fazer desaparecer.
Sonegar: Ocultar, deixar de mencionar nos casos em que a lei exige a descrição ou
menção.
Inutilizar: Tornar inútil, inapto ou imprestável, sendo indiferente se a destruição é total ou
parcial, desde que desapareça parte essencial, comprometendo o todo.
Objeto material: Livro oficial, em uso ou não, ou qualquer documento (público ou particular)
guardado pelo funcionário em razão de sua função, excluindo-se os escritos já sem valor ou
relevância jurídica para a administração.
Consumação: Consuma-se quando há o extravio, sonegação ou inutilização de livro oficial
ou qualquer outro documento.
Nos verbos extraviar e sonegar, trata-se de crime permanente , cuja consumação se
prolonga no tempo.
Tentativa: Possível apenas nas modalidades extravio e inutilização.
Art. 315: Emprego irregular de verbas ou rendas públicas: Dar às verbas ou rendas
públicas aplicação diversa da estabelecida em lei.
Sujeito ativo: Funcionário público stricto sensu, apenas aquele que administra verbas ou
rendas públicas, ou seja, presidente da república, seus ministros, governadores,
secretários, diretores de entidades paraestatais, administradores públicos etc.
Admite-se também a participação de particulares (Art. 30 do CP). Caso o funcionário público
ocupe cargo em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída
pelo poder público, aumenta-se a pena em um terço.
Sujeito passivo: A administração pública.
Conduta: Pune-se o emprego irregular de fundos públicos, contrariando a destinação
prevista em lei. A palavra lei não comporta interpretação extensiva, excluindo-se,
portanto, os decretos e quaisquer atos administrativos.
Voluntariedade: É o dolo, consistente na vontade consciente de desviar fundos públicos da
meta especificada em lei, sendo irrelevante a finalidade da conduta. Não se pune a conduta
na modalidade culposa, e em casos de calamidade pública é justificável o emprego irregular
de verbas para atender prontamente à situação emergente.
Justifica-se também em caso de inexigibilidade de conduta diversa, onde as circunstâncias
justificam o uso irregular das verbas.
Consumação: Consuma-se com a efetiva aplicação irregular das verbas ou rendas em
finalidade diversa da especificada em lei.
Tentativa: Possível, já que a mera destinação, sem posterior aplicação constitui tentativa.
Aprovação da prestação de contas: Pouca importa se os órgãos administrativos
fiscalizadores tenham aprovado as contas apresentadas, à aprovação somente afasta a
irregularidade administrativa verificada na execução do orçamento, restando ainda a
infração penal (RT 575/423).
Princípio da especialidade
I.
Quando cometido por militar: Art. 331 do CPM.
II.
Quando cometido por prefeito ou seu substituto: Art. 1º, III do Decreto-lei
201/67.
Art. 316: Concussão: Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.
Sujeito ativo: Funcionário público lato sensu, incluindo-se também aquele que, apenas
nomeado, embora ainda não esteja no exercício da função, atue criminosamente em razão
dela. O particular também pode concorrer para a prática delituosa se souber da condição de
funcionário público do partícipe (Art. 30 do CP).
Sujeito passivo: A administração pública e em secundário a pessoa constrangida.
Conduta: Exigir por si ou por interposta pessoa, explícita ou implicitamente, vantagem
indevida, abusando da sua autoridade pública como meio de coação. A exigência feita pelo
funcionário público sempre terá algum tipo de constrição, influência intimidativa sobre o
particular ofendido, havendo necessariamente algo de coercitivo. O agente impõe, ordena,
de forma intimidativa ou coativa, a vantagem que almeja e que não faz jus. A solicitação
implica em corrupção passiva (Art. 317 do CP).
O agente deve ter a competência para a prática do ato temido pela vítima, faltando-lhe
poderes para tanto, mesmo que seja funcionário público, configura-se o crime de extorsão.
Vantagem indevida deve ser entendida como qualquer proveito proibido, seja ele
econômico, patrimonial, sentimental, sexual etc.
O médico servidor do SUS que, em prejuízo do paciente, recebe custos adicionais em
exame já homologado pelo órgão pode cometer os seguintes crimes a depender da
situação:
I.
Se exigir: Concussão.
II.
Se solicitar: Corrupção passiva
III.
Se engana: Estelionato
Voluntariedade: Só pode ser praticado com dolo. Inexiste a modalidade culposa.
Consumação: Trata-se de crime formal, consumando-se com a exigência, independente da
obtenção da vantagem exigida.
Excesso de exação: Quando o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou
deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
gravoso, que a lei não autoriza. Aplica-se também ao funcionário quando desvia, em
proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres
públicos.
Sujeito ativo: O funcionário público.
Sujeito passivo: A administração pública e a pessoa lesada.
Conduta: Pune-se o funcionário que se exceder na cobrança de tributo ou contribuição
social, seja porque cobra, demandando imperiosamente o que não é devido, ou, mesmo
que devido, utiliza-se de meio vexatório ou que traz ao contribuinte maiores ônus.
Voluntariedade: Dolo consistente na vontade dirigida à exigência de tributo ou contribuição
social indevida, ou ao emprego de meio gravoso ou vexatório na sua cobrança. A maior
parte da doutrina crê que inexiste punição para a modalidade culposa.
Consumação: Trata-se de crime formal, sendo dispensável o recebimento de qualquer valor.
Tentativa: Cabível apenas na modalidade escrita.
Princípio da especialidade
I.
II.
Fiscal de rendas: Art. 3º, II da Lei 8.137/90.
Se o agente for militar: Art. 305 (concussão), Art. 306 (excesso de exação) e Art. 307
(desvio) todos do Código Penal Militar.
Art. 317 - Corrupção passiva: Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.
Sujeito ativo: Funcionário público lato sensu, ainda que afastado de seu exercício ou que
não tenha assumido seu posto.
Sujeito passivo: A administração pública e o particular que não tenha cometido crime de
corrupção ativa.
Conduta
I.
Solicitar: Pedir explícita ou implicitamente vantagem indevida.
II.
Receber: A referida vantagem.
III.
Aceitar promessa: Anuência para recebimento futuro da vantagem.
Voluntariedade:É o dolo consistente na vontade consciente dirigida a qualquer dos verbos
estampados no tipo. Não se pune a forma culposa.
Consumação: Nas modalidades solicitar e aceitar promessa de vantagem é crime formal,
consumando-se ainda que a gratificação não se concretize. Já a modalidade receber, o
crime é material, exigindo efetivo enriquecimento ilícito do autor.
Tentativa: Admite-se apenas na modalidade solicitar, quando formulada por meio escrito
(carta interceptada e afins).
Crime impossível (Art. 17 do CP): Não há que se falar em corrupção passiva quando a
solicitação feita pelo agente mostra-se impossível de ser atendida pelo particular.
Majorante: Pune-se mais severamente o corrupto que retarda ou deixa de praticar ato de
ofício ou o pratica com infração do dever funcional. O que seria mero exaurimento passou a
ser considerado causa de aumento de pena. Aqui o agente cumpre o prometido, realizando
a pretensão do corruptor.
Se a violação praticada pelo agente público constitui, por si só, um novo crime, haverá
concurso formal ou material (a depender do caso concreto) entre a corrupção passiva e a
infração dela resultante. Nessa hipótese a corrupção deixa de ser qualificada pois do
contrário configura bis in idem.
Forma privilegiada: O agente, sem visar satisfazer interesse próprio, cede a pedido, pressão
ou influência de outrem.
Princípio da especialidade
I.
Se o funcionário for fiscal de rendas: Art. 3º, II da Lei 8.137/90.
II.
Se o agente for testemunha, perito não oficial, tradutor ou intérprete em processo
judicial, policial, administrativo ou em juízo arbitral: Art. 342 do CP.
III.
Solicitar ou aceitar vantagem ou promessa de vantagem para qualquer ato ou
omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou
evento a ela associado: Art. 41-C da Lei 10.671/03.
IV.
Se o agente for militar: Art. 308 do CPM.
Art. 318 - Facilitação de contrabando ou descaminho: Facilitar, com infração de dever
funcional, a prática de contrabando ou descaminho, previsto no Art. 334 e Art. 334-A do CP.
Descaminho: Fraude empregada para iludir, total ou parcialmente, o pagamento de
impostos de importação, exportação ou consumo.
Contrabando: Importação ou exportação de mercadoria cuja entrada ou saída do país é
proibida.
Sujeito ativo: Funcionário público stricto sensu, apenas aquele incumbido de impedir a
prática do contrabando ou descaminho. Caso não tenha essa atribuição, responderá como
partícipe dos crimes de contrabando ou descaminho. A participação de terceiros também é
punida na forma deste artigo, por força do Art. 30 do CP.
Sujeito passivo: O Estado.
Conduta: Facilitar, seja por ação ou omissão, a prática dos crimes de descaminho e
contrabando.
Voluntariedade: É o dolo, ou seja, vontade de facilitar o descaminho ou contrabando,
consciente de estar infringindo o dever funcional. Não há modalidade culposa.
Consumação: Consuma-se com a efetiva facilitação, ciente o agente de estar infringindo o
seu dever funcional, pouco importando se completou ou não o descaminho ou contrabando.
Tentativa: Possível, quando se tratar de facilitação ativa.
Art. 319 - Prevaricação: Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal.
Sujeito ativo: Funcionário público lato sensu, bem como o particular que conhecer a
condição de funcionário público do partícipe.
Sujeito passivo: O ente público atingido pela conduta irregular do funcionário, bem como os
interesses de particulares.
Conduta: O funcionário público deixa de exercer sua função com probidade passando a
norteá-la por seu interesse ou satisfação pessoal, é possível praticá-lo de três formas:
I.
II.
III.
Retardando: É atrasar ou procrastinar ato de ofício.
Deixar de praticar: Omissão.
Praticar de forma ilegal: Prática ato contrária a disposição expressa da lei.
Para que seja tipificado é necessário que as três modalidades sejam praticadas de forma
contrária à prevista em lei.
Havendo discricionariedade na conduta, não há que se falar em crime.
Por fim, caso o funcionário tenha competência para prática do ato, se ausente, não há
violação ao dever funcional.
Voluntariedade: É o dolo, vontade consciente de retardar, omitir ou praticar ilegalmente ato
de ofício, acrescido do intuito de satisfazer interesse ou sentimento pessoal (elemento
subjetivo do tipo), colocando o seu interesse particular acima do interesse público.
O interesse não deve ser de natureza material, já que esse é elemento subjetivo da
Corrupção Passiva. Por fim, a forma culposa não é punível.
Consumação: Consuma-se o crime com o retardamento, omissão ou a prática do ato, sendo
dispensável a satisfação do interesse visado pelo servidor.
Tentativa: Possível apenas nas modalidades comissivas.
Princípio da especialidade:
I.
Se o agente for Presidente da República, Ministro de Estado, Ministro do STF ou
Procurador-Geral da República: Art. 9º da Lei 1.079/50.
II.
Se o agente for prefeito: Art. 1º, V a XXIII do Decreto-lei 201/67 ou Art. 52 da Lei
6.766/79.
III.
Autoridade administrativa que toma conhecimento de sonegação fiscal e não remete
ao MP: Art. 7º da Lei 4.729/65.
IV.
Se o agente for militar: Art. 319 do CPM.
Art. 319-A: Prevaricação imprópria: Deixar o diretor de penitenciária e/ou agente público,
de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar,
que permita a comunicação com outros presos ou com ambiente externo.
Sujeito ativo: Funcionário público com o dever de evitar o acesso do preso aos aparelhos de
comunicação proibidos.
Sujeito passivo: O Estado.
Conduta: Consiste em deixar (omitir, não cumprir) o agente seu dever funcional de vedar
(proibir, impedir) ao preso o acesso (alcance) a aparelho que possibilite a comunicação com
outros presos ou com o ambiente externo.
Voluntariedade: É o dolo, vontade consciente de não vedar, quando obrigado, o acesso do
preso ao aparelho de comunicação. Não se pune a forma culposa.
Consumação: Consuma-se com a omissão do dever, sendo dispensável o efetivo acesso do
aparelho de comunicação.
Tentativa: Já que é crime omissivo puro, a tentativa não é admitida.
Art. 320 - Condescendência criminosa: Deixar o funcionário, por indulgência, de
responsabilizar subordinado que cometeu infração, no exercício do cargo ou, quando lhe
falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.
Sujeito ativo: Funcionário público hierarquicamente superior ao servidor infrator.
Sujeito passivo: A administração pública.
Conduta: Pune-se o fato de tolerar o funcionário público a prática, por parte de seu
subordinado, de infração administrativa ou penal, no exercício do cargo, deixando de
responsabilizá-lo e na falta de competência para tanto, não comunicar à autoridade
competente.
As irregularidades praticadas pelo subordinado fora do cargo e toleradas pelo superior
hierárquico, não configuram crime.
Se o superior se omite por outro sentimento que não a indulgência, tolerância ou
concordância, o crime poderá ser o de prevaricação ou corrupção passiva.
Voluntariedade: É o dolo entendido como a vontade consciente do superior de não
responsabilizar o seu funcionário subordinado ou, lhe faltando atribuição para tanto, não
comunicar o fato à autoridade competente, movido pelo sentimento de indulgência.
Exige-se que o agente tenha conhecimento não apenas da infração ocorrida, mas também
da sua autoria. Não se pune a modalidade culposa.
Tentativa: Crime omissivo próprio, impossível a tentativa.
Princípio da especialidade:
I.
Se o agente for militar: Art. 322 do CPM.
II.
Servidor que deixa de comunicar à autoridade competente qualquer crime de ação
pública fora dos casos do Art. 320 do CP: Art. 66 da Lei de Contravenções.
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