NOTA F R A Y L U I S D E L E Ó N : «VE CÓMO EL GRAN MAESTRO .. .» E n l a Oda a F r a n c i s c o S a l i n a s l a estrofa q u e p a r a nosotros es a r q u i t e c t ó n i c a m e n t e l a c o l u m n a c e n t r a l está d e seguro i n t e r p o l a d a . L a estrofa a n t e r i o r y las siguientes f o r m a n u n a s e c u e n c i a sintáctica q u e l a e n t r o m e t i d a d e t i e n e : a l oír l a m ú s i c a de S a l i n a s el a l m a de F r a y L u i s se t r a n s p o r t a a l E m p í r e o " y oye allí otro m o d o / de n o perecedera / m ú s i c a q u e es l a fuente y l a p r i m e r a . / / Y c o m o está c o m p u e s t a / de n ú m e r o s c o n cordes, l u e g o e n v í a / consónente respuesta / y e n t r a m b o s a porfía / m e z c l a n u n a dulcísima a r m o n í a . " E n t r e a m b o s se i n t e r p o n e a h o r a : Ve cómo el gran maestro, a aquesta inmensa cítara aplicado, con movimiento diestro produce el son sagrado con que este eterno templo es sustentado. C o m o l a estrofa f a l t a a d e m á s en l a p r i m e r a edición, l a de Q u e v e d o , 1631, y en varios d e los m a n u s c r i t o s conservados, h a y n o pocos q u e l a t i e n e n p o r apócrifa. M u c h a s ediciones m o d e r n a s l a e x c l u y e n ; pero a m i j u i c i o n o sólo p r i v a n así a los lectores de u n a de las m á s espléndidas estrofas de F r a y L u i s , sino q u e destruyen l a r o t u n d a a r q u i t e c t u r a q u e e l p o e t a logró p o r fin d a r a su m á s h e r m o s o p o e m a . L a m a y o r parte d e los especialistas, desde el P . A . M e r i n o , y m o d e r n a m e n t e F . de O n í s , A . F . G . B e l l , A . C o s t e r , A . G u y , K . V o s s l e r , e l P . Félix G a r c í a , etc., l a t i e n e n p o r auténtica, a u n q u e t a r d í a . B i e n es v e r d a d q u e u n o de ellos, e l P . L l o b e r a , l a r e c h a z a p o r q u e , sobre f a l t a r en l a edición de Q u e v e d o y e n m u c h o s m a n u s c r i t o s y r o m p e r el n e x o entre las dos estrofas preexistentes, " l a i m a g e n d e l ' g r a n m a e s t r o a aquesta i n m e n s a cítara a p l i c a d o ' carece del gusto n u n c a d e s m e n t i d o y de l a g r a c i a s i e m p r e á t i c a d e l d i v i n o v a t e . " Y o estimo q u e el P . L l o b e r a incurrió a q u í en u n exceso de crítica. L a c o p i a de q u e dispuso Q u e v e d o e r a u n a de las tantas q u e corrían, m a l a 1 2 De las que están a m i alcance: F R A Y L U I S DE L E Ó N , Poesías originales, ed. de José Rogé rio Sánchez, M a d r i d , 1928; Páginas escogidas, ed. de Luys Santa Marina, Barcelona, 1934; Poesía, ed. J . M . A l d a Tesan, Zaragoza (Editorial E b r o ) , 1945; Poesías, en una colección dirigida por J . Hurtado y A . G . Palencia, M a d r i d , 1926; Poesías, ed. de Rafael Alberti, Buenos Aires, 1943; A B A T E A . L U G Á N , El gran poeta del siglo de oro español, Fray Luis de León, New York, Insi. de las Españas, 1924. Obras poéticas de Fray Luis de León, I, Cuenca, 1932, págs. 73-74. 1 2 NOTA 392 NRFH, I V p o r e j e m p l o en " Q u é descansada v i d a , ' según O N Í S , RFE, I I , 2 1 8 . O n í s p r o b ó en su m a g i s t r a l estudio c ó m o las poesías d e F r a y L u i s , de u n a red a c c i ó n b r e v e o r i g i n a l , le f u e r o n c r e c i e n d o p o r a d i c i o n e s h a s t a l l e g a r a su estado c o m p l e t o ; las m u c h a s auténticas estrofas i n t e r p o l a d a s e n " Q u é d e s c a n s a d a v i d a " j u s t i f i c a n , c o m o p r o c e d i m i e n t o de F r a y L u i s , l a ú n i c a en l a Oda a S a l i n a s . A l l í , entre las estrofas h o y 5^ ( " r o t o casi el n a v i o / a vuestro a l m o reposo / h u y o de aqueste m a r t e m p e s t u o s o " ) y h o y 13 ( " T é n g a n s e su tesoro / los q u e de u n flaco leño se confían. . . " ) h a y u n n e x o r a c i o n a l ( a u n q u e n o sintáctico) c o m o entre las dos estrofas de nuest r a Oda a h o r a separadas p o r l a i n t e r p o l a d a : q u i z á estaban seguidas en u n a r e d a c c i ó n t o d a v í a a n t e r i o r a l texto A d e l m a n u s c r i t o de O n í s . L a i n t e r p o l a c i ó n e n l a Oda a S a l i n a s h a r e l a j a d o l a s e c u e n c i a sintáctica entre las dos estrofas laterales, pero n o de g r a v e d a d , p r e c i s a m e n t e p o r q u e n o h a r e l a j a d o , s i n o r e f o r z a d o , el n e x o r a c i o n a l . Y sobre t o d o en el terreno p o é t i c o l a g a n a n c i a es i n m e n s a , n o p o r l a adición de u n a i m a g e n m á s , sino p o r q u e e l l a d a u n a a r q u i t e c t u r a c u m p l i d a a l p o e m a entero a l d a r f o r m a c u m p l i d a a l s e n t i m i e n t o d e l p o e t a q u e l a a n d a b a b u s c a n d o : l a m ú s i c a ter r e n o - s i d e r a l , c o m o t r a s u n t o y n o s t a l g i a de l a b i e n a v e n t u r a n z a c r i s t i a n a . ¿ L a i m a g e n ' G r a n C i t a r i s t a i m p r o p i a de F r a y L u i s ? E n Morada del Cielo ( " A l m a región l u c i e n t e . . . " ) , e n estrofa de i n d u d a b l e a u t e n t i c i d a d , D i o s , q u e , c o m o b u e n pastor, c o n d u c e su h a t o a dulces pastos: 5 9, 5 Toca el rabel sonoro, y el inmortal dulzor el alma pasa... U n a vez l l e g a d o a l a m ú s i c a s i d e r a l , c o m o a c o r d a d a c o n l a d e S a l i n a s , l a i m a g e n d e l G r a n M a e s t r o e r a n o sólo p r o p i a , sino necesaria t a n t o e n l a a r q u i t e c t u r a d e l p o e m a c o m o en el p e n s a m i e n t o g e n e r a l de F r a y L u i s . P u e s l a n a t u r a l e z a n o e r a p a r a él, c o m o p a r a algunos renacentistas, u n r e i n o a u t ó n o m o , l a Natura vicaria en q u i e n D i o s h a b í a delegado su p o der, s i n o , c o m o p a r a S a n A g u s t í n , o b r a de D i o s m i s m o en c a d a i n s t a n t e : sicut creator, ita moderator. N o está en el p e n s a m i e n t o de F r a y L u i s u n c o n c i e r t o s i d e r a l s i n el G r a n M a e s t r o q u e l o v a y a p r o d u c i e n d o . P a r a él el " c o n c i e r t o u n i v e r s a l , q u e a b a r c a b a el m u n d o m o r a l d e l h o m b r e , c o n sistía en l a ley de c a d a cosa y en q u e c a d a cosa o c u p a r a su l u g a r en e l u n i v e r s o . D i o s m i s m o es q u i e n d a su ley a c a d a cosa, su o r d e n , su c o n cierto, su a r m o n í a , su m ú s i c a ; D i o s q u i e n efectivamente c o m p o n e y t o c a "este c o n c i e r t o u n i v e r s a l . V é a s e c ó m o expresa F r a y L u i s este pensam i e n t o e n p r o s a y en u n l i b r o de exégesis bíblica y c ó m o , c o n ser i d e a d e o r i g e n platónico-pitagórico, el c o n c i e r t o de t o d o el U n i v e r s o es p a r a él espejo de l a v i r t u d c r i s t i a n a y t r a s u n t o de l a esperada b i e n a v e n t u r a n z a ( s u b r a y o las frases m á s c o n v i n c e n t e s ) : " P o r q u e en el ser q u e d i o a las c r i a t u r a s y en la manera como las ordenó y en l a ley q u e les puso, nos enseñó q u e nuestro b i e n y saber v e r d a d e r o consiste en reconocer su ley y c u m p l i r l a . Q u e s i crió a todas las d e m á s cosas c o n o r d e n y si las compuso entre sí con admirable armonía, n o dejó a l h o m b r e sin concierto n i q u i s o q u e viviese sin ley n i q u e hiciese disonancia en su música. Y si a t o d o p a r a su b i e n le es necesario q u e conserve el lugar en que le puso 55 55 Dios y guarde su puesto y responda debidamente a su oficio, y si en sa- NRFH, IV NOTA 393 l i e n d o d e o r d e n perece, n o t i f i c a d o y s a b i d o q u e d a q u e en la guarda de las leyes que le son dadas se contiene la bienaventuranza del hombre; y si e n esta o b s e r v a n c i a está puesto s u b i e n , estará f o r z o s a m e n t e c o l o c a d o su v e r d a d e r o saber e n e l c o n o c i m i e n t o q u e t r a h e a e g e c u c i ó n estas leyes. P u e s entonces, esto es, e n esa m i s m a creación y composición d e las cosas dijo con las obras mismas como con voz poderosa; entonces, c u a n d o d i o peso a l a i r e , y puso a l a g u a e n m e d i d a y d e t e r m i n ó s u r a z ó n y t i e m p o a l a l l u v i a y t r o n i d o . . . pues en este concierto universal, cuando Dios lo compuso, c o m o e n espejo clarísimo demostró a l h o m b r e c o n e l dedo D i o s y le d i j o : ' V e s ' , esto es, ' a q u í p u e d e n b i e n c l a r a m e n t e e n t e n d e r q u e t u b i e n es g u a r d a r m i l e y y t u saber c o n o c e r l a , a q u í c o n o c e r á s q u e tienes ley q u a l los otros, a q u í verás q u e p o r m e d i d o d e l l a , como las demás criaturas, consuenas con todas las partes del mundo, a q u í entenderás q u e s i l a q u e b r a n t a s disuenas dellas y las c o n t r a d i c e s y las conviertes e n t u s e n e m i gos, de a q u í está c l a r a l a causa de t u perdición y s a l u d , pues es necesario c a r e c e r d e l f a v o r de todas quien con todas se desordena, y p e r d e r l a g a n a n c i a q u i e n desata l a c o m p a ñ í a . . . Y c o m o a las d e m á s c r i a t u r a s les i m p r i m í e n s u ser l a l e y q u e s i g u e n , ansí te d i sentido a t i p a r a q u e c o m p r e h e n d a s m i s m a n d a m i e n t o s , y c o m o las d e m á s siguen s u i n t e n t o , ansí tu sentido es p a r a e m p l e a r l o e n m i l e y , y c o m o e n ellas t o d o s u oficio y egercicio es a q u e l s e g u i m i e n t o , ansí e n este e m p l e o consiste t o d o t u saber y t u v i d a ' " (Exposición del Libro de Job, x x v m , 2 8 . E d . M a d r i d , 1 7 7 9 , págs. 3 6 2 - 3 6 3 ) . Y o n o p u e d o v e r j u s t i f i c a d a l a i d e a d e W . J . E N T W I S T L E , MLR, X X I I , 1927, p á g . 5 6 , de q u e l a i m a g e n d e l G r a n M a e s t r o a p l i c a d o a l a i n m e n sa c í t a r a d e los m u n d o s esté s u g e r i d a p o r M a c r o b i o , Commentarium exCicerone in Somnium Scipionis, I I , 111, c u y o pasaje a d u c i d o d i c e : " p u e s a A p o l o l l a m a n t a m b i é n Musageta, c o m o e l c a u d i l l o y p r í n c i p e de todos los d e m á s orbes, según d i c e e l m i s m o C i c e r ó n : Caudillo y príncipe y re- gulador de las demás luminarias, mente y equilibrio del mundo. Q u e las m u s a s s o n e l c a n t o d e l m u n d o t a m b i é n l o saben quienes las l l a m a r o n Camenas, c o m o si dijéramos canenas [ p a l a b r a inexistente] d e canendo ['cantando']."* E s m u y débil y b o r r o s a l a relación d e i m á g e n e s p a r a a t r i b u i r a l a d e C i c e r ó n - M a c r o b i o t a l p a p e l e n l a gestación d e l a d e F r a y L u i s . M u c h o m á s cerca de l a i m a g e n d e l f r a i l e a g u s t i n o , a l a v e z c o m o p e n s a m i e n t o filosófico y poético, está o t r a d e S A N A G U S T Í N , Epístola 138, 3 " N a m et Apollinem ideo Movoayé%y}v vocant, quasi ducem el principen! orbium caeterorum, ut ipse Cicero refert: Dux et princeps et moderator luminum reliquorum, mens mundi et temperado. Musas esse mundi cantum etiam sciunt, qui eas Camenas, quasi canenas a canendo dixeru." Aunque Fray Luis estudiara a Macrobio en 1570, a nuestro juicio tampoco corresponde a la realidad la afirmación de Entwistle, pág. 55, de que el poema entero de Fray Luis se base en la "parafrasea", ni tampoco la otra, pág. 56, de que Macrobio sea la fuente del platonismo de Fray Luis y de su ciencia astronómica. Sin contar con que a un culto del siglo xvi no le era posible leer ni aun siquiera conversar sin recibir ideas, imágenes y resonancias de Platón o de los platónicos, no se puede en esto olvidar a San Agustín. M E N É N D E Z P E L A Y O , Historia de las ideas estéticas, en Obras, ed. N a cional, I I , 75, ya señaló en esta O d a reminiscencias convergentes "no sólo del mismo Platón, en el Fedro y en el Convite, sino de Plotino, del Areopagita, de San Buenaventura y de Boecio en su tratado de música". 3 NRFH, IV NOTA 394 § 5, q u e y o estimo c o m o p r o b a b l e sugestión y c o m o segura justificación de l a de F r a y L u i s . S a n A g u s t í n resuelve las d u d a s de su corresponsal sobre el h e c h o d e q u e siendo antes b u e n a l a L e y A n t i g u a , a h o r a y a sólo l a N u e v a es v á l i d a : D i o s q u e m a r c a su ley a c a d a cosa, m a r c a a c a d a ley su t i e m p o , É l , " i n m u t a b l e tanto creador como regidor de las cosas m u d a bles, h a s t a q u e l a h e r m o s u r a d e l m u n d o t e m p o r a l entero (universi sa£culi), de l a c u a l son partículas las cosas q u e se ajustan a sus tiempos res- pectivos, se desarrolle como un grandioso cántico (carmen) de un inefable músico (modulatoris), de donde pasen a la eterna contemplación las especies q u e , y a e n el t i e m p o de l a fe, veneren a D i o s c o n f o r m e a su ley o p o r t u n a (rite) . Carmen tiene a q u í i n d u d a b l e sentido m u s i c a l , p o e m a c a n t a d o , c o m o l o p r u e b a el modulatoris que l o c o m p l e m e n t a . 4 5 AMADO ALONSO H a r v a r d University. . . ."inmutabilis mutabilium, si cut creator, ita moderator, donec universi saeculi pulchritudo, cuius particulae sunt quae suis quibusque temporibus apta sunt, velut magnum carmen cuiusdam ineffabili* modulatoris excurrat, atque inde transeant in aeternam contemplationem speciei qui Deum rite colunt, edam cum tempus est fidei." L a relación de la discutida estrofa de Fray Luis con la Epistola 138 de S A N A G U S T Í N ya ha sido denunciada por DAVID R U B I O , La Fonte de San Juan de la Cruz, L a Habana, 1946, págs. 29-30, según leo en el recién aparecido libro de D Á MASO A L O N S O , Poesía española. Ensayos de métodos y límites estilísticos, Madrid, 1950, págs. 181-182. Dámaso Alonso subraya la distancia entre la imagen dinámica de San Agustín (la constante variación musical del universo) y la de Fray Luis, "contemplación estática del mundo como un sistema armónico' . También Dámaso Alonso siente que, aunque falta en algunas versiones, esta estrofa nadie la pudo escribir sino Fray Luis. Más adelante, págs. 187-192, trata "sobre la autenticidad de la estrofa 5*", con consideraciones semejantes a las mías, y aún vuelve al tema en un apéndice, págs. 657-660, para citar un pasaje de C U R T I U S , Europäische Literatur und lateinisches Mittelalter, Berna, 1948, pág. 530, que documenta la gran vitalidad del pensamiento agustiniano "el mundo como canción". Aunque es más detenido y sabio el estudio de Dámaso Alonso, todavía creo que mi nota puede añadir algún aspecto complementario, además de su servicio de propagación. C o n esa esperanza no la suprimo. 4 5 5