algunas reflexiones sobre la sátira en cervantes

Anuncio
A L G U N A S R E F L E X I O N E S SOBRE
L A SÁTIRA E N C E R V A N T E S
" T h e subject has not yet received the study it deserves". Este juicio
de R i l e y , formulado en 1976, sigue siendo válido hasta l a fecha .
C l a r o está, no es u n tema que p u e d a ser agotado en u n artículo,
ni siquiera, quizás, en u n estudio de dimensiones más amplias.
L a sátira es u n a corriente que fluye difusa en l a mayoría de las
obras de C e r v a n t e s , asomándose en algunas como aspecto d o m i n a n t e , pero n u n c a fácil de separar de otros aspectos afines, como
son l a agudeza apotegmática, el didactismo m o r a l , etc. P o r ello,
me limitaré a e x a m i n a r u n a ambigüedad central en C e r v a n t e s y
a esbozar algunas de sus repercusiones prácticas. S i bien n i aquélla n i éstas h a n pasaso inadvertidas p a r a los críticos, siguen siendo objeto de interpretaciones parciales y desequilibradas.
E l punto de arranque obligatorio es l a afirmación hecha por
C e r v a n t e s en el capítulo cuatro del Viaje del Parnaso:
1
Nunca voló la humilde p l u m a mía
E l estudio más a m p l i o es el de A L B A N F O R C I O N E , Cervantes and the humanist visión, Princeton U n i v e r s i t y Press, Princeton, N J , 1982, p p . 281-296, c u y o a r g u m e n t o se prolonga en Cervantes and the mystery of lawlessness, Princeton
U n i v e r s i t y Press, Princeton, 1984. L a tesis de Forcione, a pesar de su e r u d i ción y frecuente perspicacia, me parece falseada por su empeño en convertir
a Cervantes en u n erasmista tardío, que contempla con profunda desazón l a
c u l t u r a y sociedad en t o r n o suyo. Esta óptica le lleva a exagerar de m o d o exorb i t a n t e l a m o r d a c i d a d y el pesimismo de las dos novelas satíricas que estudia:
E l licenciado Vidriera y E l coloquio de los perros. O t r o s estudios que versan sobre
el t e m a son el artículo de E. C. R I L E Y , mencionado en el texto, " C e r v a n t e s
and the cynics (El licenciado Vidriera and E l coloquio de los perros)", BHS, 53 (1976),
189-199, y , en general, l a m a y o r parte de los libros o artículos que t r a t a n de
estas dos novelas de Cervantes. Para a h o r r a r espacio, r e m i t o a l a bibliografía
de R i l e y y los índices de Forcione.
1
NRFH,
X X X V I I I (1990), núm. 2, 493-511
494
ANTHONY
NRFH,
CLOSE
XXXVIII
p o r l a r e g i ó n satírica, b a j e z a
q u e a i n f a m e s p r e m i o s y desgracias g u í a .
2
D a d o que l a declaración aparece en u n a o b r a satírica, parece
p l a n t e a r u n a p a r a d o j a a b s u r d a . Desde l u e g o , l a d i f i c u l t a d es m u y
fácil de resolver si nos atenemos a l a distinción que hace D o n Q u i j o t e e n t r e l a sátira ilegítima y l a legítima: " R i ñ a vuesa m e r c e d
a su h i j o si h i c i e r e sátiras q u e p e r j u d i q u e n las h o n r a s ajenas [. . . ]
p e r o si h i c i e r e sermones a l m o d o de H o r a c i o , d o n d e r e p r e h e n d a
los v i c i o s en g e n e r a l , c o m o t a n e l e g a n t e m e n t e él lo h i z o , alábel e " . Esto c u a d r a c o n l a l i c e n c i a o t o r g a d a p o r el p e r r o C i p i ó n a
su c o m p a ñ e r o B e r g a n z a p a r a q u e " m u r m u r e s u n poco de l u z , y
n o de sangre: q u i e r o d e c i r q u e señales, y n o hieras n i des m a t e
a n i n g u n o e n cosa señalada; q u e n o es b u e n a l a m u r m u r a c i ó n ,
a u n q u e h a g a reír a m u c h o s , si m a t a a u n o " . Este t i p o de p r e v e n c i ó n es l u g a r c o m ú n ; l o e n c o n t r a m o s e n C a r b a l l o , Cáscales,
E l P i n c i a n o y otros p r e c e p t i s t a s . C a r b a l l o dice: ' S a t y r a se llám a l a c o m p o s t u r a , e n q u e se r e p r e h e n d e o v i t u p e r a algún vicioso
o algún v i c i o . Pero y a esta r e c i b i d a p o r m u r m u r a c i ó n , a p o d o , o
m a t r a c a , y p o r fisgar, p o r l a m a l i c i a de los que e n nuestros t i e m pos u s a n m a l d e l l a s " . T a n t o los escritores cultos ( Q u e v e d o , L o p e , G ó n g o r a ) c o m o los poetas plebeyos d a b a n m o t i v o s sobrados
p a r a esta o b s e r v a c i ó n . C o m o se sabe, l a aversión de C e r v a n t e s
p o r l a sátira d i f a m a t o r i a fue e n p a r t e el envés de su c o n c e p c i ó n
i d e a l i z a d a de l a b u e n a p o e s í a . S i n e m b a r g o , el p r o b l e m a de l a
3
4
5
6
6
C i t o por la edición de F. R O D R Í G U E Z M A R Í N , C. Bermejo, M a d r i d ,
p. 52.
Don Quijote I I , 17, ed. L u i s M u r i l l o , 3 t s . , Castalia, M a d r i d , 1978, t . 2,
p p . 156-157.
C i t o E l coloquio de los perros por la edición de F. Rodríguez Marín en Cervantes: Novelas ejemplares, 2 t s . , Espasa-Calpe, M a d r i d , 1935, t . 2, p. 224. C i t o
E l licenciado Vidriera por l a m i s m a edición.
Véanse L u i s A L O N S O D E C A R B A L L O , Cisne de Apolo (1602), ed. A . Porqueras M a y o , 2 ts., C S I C , M a d r i d , 1958, t . 2, p. 62; F R A N C I S C O D E C Á S C A L E S , Tablas poéticas (1617), ed. Benito Brancaforte, Espasa-Calpe, M a d r i d ,
1975, p p . 180-184; A L O N S O L Ó P E Z P I N C I A N O , Philosophia antigua poética (1596),
ed. A . C a r b a l l o Picazo, 3 t s . , C S I C , M a d r i d , 1953, t . 1, p p . 284-285, t . 2,
pp. 233 ss., 289-290.
Véase R I L E Y , a r t . c i t . p p . 197-198. Entre la tradición de poemas
mitológico-burlescos de que ha brotado el Viaje del Parnaso se encuentran la " S á t i r a apologética en defensa del d i v i n o D u e ñ a s " (1569), del canónigo sevillano
Francisco de Pachecho, y el romance del sevillano J u a n de l a C u e v a , t i t u l a d o
" C ó m o los poetas conquistaron el Parnaso y lo ganaron, y A p o l o y las M u s a s
h u y e r o n d e l " (1588). E l p r i m e r poema fue publicado por F. R O D R Í G U E Z M A 2
1935,
3
4
5
6
NRFH,
XXXVIII
LA SÁTIRA E N CERVANTES
495
l e g i t i m i d a d de l a m a l e d i c e n c i a " a r t í s t i c a " n o fue p l a n t e a d o solam e n t e p o r l a poesía satírica, n i s i q u i e r a p o r l a sátira en c o n j u n t o ;
c o m o l o d e m u e s t r a l a tesis de M o n i q u e J o l y , tiene u n a t r a s c e n d e n c i a c u l t u r a l m u c h o más a m p l i a .
P e r o si b i e n esta solución de l a p a r a d o j a es c o n v i n c e n t e , n o
t o m a e n c u e n t a el t o n o c a t e g ó r i c o , sin m a t i c e s , d e l terceto que
l a e n c i e r r a . P a r a C e r v a n t e s , l a distinción e n t r e sátira legítima e
ilegítima fue más fácil de sostener e n teoría que e n l a p r á c t i c a ;
de ahí sus escrúpulos c o n respecto al género, en los q u e se e n t r e m e z c l a n i n g r e d i e n t e s religiosos, estéticos y político-sociales. D e j o
a p a r t e , p o r evidentes, los escrúpulos legales, que se r e f l e j a n en
l a p e n a de d e s t i e r r o i m p u e s t a a C l o d i o e n Persües; e n el r e t r a t o
de este personaje, y e n su fin e j e m p l a r , se r e s u m e b u e n a p a r t e
de los recelos q u e e x a m i n o a c o n t i n u a c i ó n . C o n s i d e r e m o s p r i m e r o los escrúpulos de t i p o r e l i g i o s o , que t i e n e n su o r i g e n e n el
p r e c e p t o evangélico: " R e p r e h e n d e d a t a l c o n el espíritu de m a n s e d u m b r e , considerándote a t i m i s m o , p o r q u e tú n o seas también
t e n t a d o " (Gálatas, 6, 1). P r e c e p t o m u y p e r t i n e n t e a los españoles
de a q u e l l a é p o c a d e b i d o a su t e n d e n c i a a i d e n t i f i c a r l a sátira c o n
l a m u r m u r a c i ó n o l a áspera reprehensión de vicios y necedades
c o m u n e s . E n las a n t i g u a s ediciones de Q u e v e d o , estas tachas, y
los oficios, estados y t i p o s a q u e c o r r e s p o n d e n , v a n catalogadas
en las apostillas al m a r g e n : t a b e r n e r o s , hipócritas, r i c o s , p o b r e s ,
discretos, necios, negociantes, reyes, eclesiásticos, etc. C o m o en
l a d a n z a de l a m u e r t e m e d i e v a l , los siete vicios capitales desfilan
d e l a n t e d e l satírico, p l a s m a d o s e n defectos estamentales, p a r a r e c i b i r su m e r e c i d a r e p r o b a c i ó n / A s í , pues, su oficio coincide en parte
c o n " e l que t i e n e n o y los p r e d i c a d o r e s " ( C a r v a l l o ) . S i n e m b a r go, c o n s i d e r a d a c o m o u n s e r m ó n , l a sátira tiene m u c h o de insólit o ; poderosos i m p u l s o s i n h e r e n t e s a su esencia l a l l e v a n a s u 7
8
9
1 0
RÍN en RABM,
17 (1907), p p . 1 ss., y 433 ss., y el segundo es citado por el
m i s m o erudito en su edición del Viaje del Parnaso, M a d r i d , 1935, p. l x v i i i . Los
poetas plebeyos ridiculizados en ambos poemas son de la m i s m a estirpe que
los poetastros derrotados en la batalla de los libros del poema cervantino.
M O N I Q U E J O L Y , La bourle et son interpretaron, Atelier N a t i o n a l de R e p r o d u c t i o n des Théses, Université de L i l l e I I I , L i l l e , 1982.
C u a n d o hace decir a T i r s i en el l i b r o cuarto de La Galatea: "Abrásense
las obras de los heroicos poetas, porque con sus sátiras y versos los vicios reprehenden y v i t u p e r a n [. . . ] " parece condenar el género en conjunto sin concesiones a la sátira legítima (eds. R . Schevill y A . Bonilla, 2 ts.., M a d r i d , 1914,
t . 2, p. 65).
Los contextos relevantes se hallan en Persües I , 14 y I I , 2, 5, 7, 8.
Evidentemente, los hombres de aquella época reconocían u n a diferen7
8
9
1 0
496
ANTHONY CLOSE
NRFH,
XXXVIII
blevarse contra el precepto de S a n Pablo, planteando así u n posible dilema de conciencia. P o r supuesto, es u n dilema que preocupa
a unos escritores más que a otros y que no sólo preocupa a escritores cristianos. C e r v a n t e s lo tomó m u y en serio, especialmente
en el último decenio de su existencia, cuando su edad no estaba
y a p a r a burlarse de l a otra v i d a . E n l a aprobación que puso el
licenciado Márquez T o r r e s a l a Segunda parte del Quijote, alaba.
a C e r v a n t e s por haber guardado " c o n tanta c o r d u r a las leyes de
reprehensión c r i s t i a n a " , y en el curso del elogio, se hace eco de
l a admiración que los humanistas sentían por H o r a c i o como poeta satírico que supo corregir vicios con amenidad y t a c t o . P a r a
Márquez T o r r e s , C e r v a n t e s es u n H o r a c i o cristiano. L a comparación implícita es acertada; de los satíricos de l a Antigüedad, fue
H o r a c i o quien sintió más agudamente el susodicho dilema m o r a l ; su célebre u r b a n i d a d es u n medio práctico de resolverlo.
11
E l segundo escrúpulo es de orden estético. P a r a C e r v a n t e s ,
u n tono didáctico m u y acusado — p o r ejemplo, el del Guzmán de
Alfarache— no conviene a u n a obra cómica de estilo llano y tono
festivo, cuyo fin principal es incitar a risa a los lectores (véase el
prólogo a l a P r i m e r a parte del Quijote). S i n embargo, el didactismo es inherente a l a sátira, que linda con el género cómico. ¿Hasta
qué punto, pues, debe admitirse en u n a novela como El coloquio
de los perros, novela que está a caballo entre los dos géneros? Pasemos al tercer escrúpulo, también de carácter estético: l a preocu-
cia de métodos entre los dos géneros, atribuyéndoles fines comunes. C o n respecto a H o r a c i o , Villén de B i e d m a dice lo siguiente: "Sátiras son las que escribió y Sermones los llamó; aunque en rigor no lo sean; porque si el fin de
ambas cosas no es diferente, queriendo hacerse u n m i s m o efecto, el proceder
no es el m i s m o , siendo las reprehensiones de las Sátiras dichas por donaire,
procurando la risa lasciva y el aplauso de los oyentes, y los Sermones para h a cer sus culpas al que las t i e n e " ; cf. Q. Horacio Flacco . . . sus obras con la declaración magistral en lengua castellana por el doctor Villén de Biedma, G r a n a d a , 1599,
p. 170 v ° .
Sin mencionar a H o r a c i o expresamente, el pasaje contiene u n eco evidente de su omne tulit punctum qui miscuit utile dulci y se a n t i c i p a m u y concretamente a los términos en que Cáscales pondera los méritos del poeta latino.
Cf. CÁSCALES, Tablas poéticas, ed. c i t . , p. 180: " E s artificio suyo no ensangrentar l a lanza c o n t r a u n o , sino t r a t a n d o de u n a cosa, picar a éste y al otro de
camino [. . . ] " , y más p o r el estilo. S i , como a f i r m a n algunos, fue el p r o p i o
Cervantes el que redactó la aprobación firmada por Márquez T o r r e s , esto restaría valor al elogio como j u i c i o objetivo para conferirle valor de testimonio
personal. Véase E. L . RIVERS, " O n the prefatory pages o f Don Quixote Part
I I , " MLN, 75 (1960), 214-221.
1 1
NRFH,
XXXVIII
L A SÁTIRA E N CERVANTES
497
p a c i ó n de C e r v a n t e s p o r el t o n o e j e m p l a r de l a l i t e r a t u r a . P o r ser
a r c h i c o n o c i d a , m e a h o r r o e j e m p l o s ; c o m o l u e g o v e r e m o s , sus r e percusiones prácticas son p r o f u n d a s . Y p o r ú l t i m o , los escrúpulos político-sociales. E n el entremés La elección de los alcaldes de Dagamo, u n personaje a m o n e s t a a u n sacristán i r r e v e r e n t e c o n este
precepto, que r e z u m a u n espíritu p r o f u n d a m e n t e antidemocrático:
Deja a los que gobiernan, que ellos saben
lo que han de hacer mejor que no nosotros;
si fueren malos, ruega por su enmienda;
si buenos, porque Dios no nos los q u i t e .
12
L a m i s m a idea se repite en distintas f o r m a s en otros contextos cerv a n t i n o s . P o d e m o s especular sobre los móviles latentes en ella
— ¿ d e f e r e n c i a o r e s i g n a c i ó n ? — pero n o p o d e m o s d u d a r d e l abst e n c i o n i s m o q u e p o n e de m a n i f i e s t o .
P e l o r s o n sostiene l a tesis de q u e l a sátira se fue p o l i t i z a n d o
en las épocas de F e l i p e I I I y I V , tras u n p e r i o d o de apolitización
en el r e i n a d o de F e l i p e I I . E l proceso llegaría a su p u n t o c u l m i n a n t e e n " L a h o r a de t o d o s " ( t e r m i n a d a e n 1636) de Q u e v e d o . L o s tres escritores q u e , según P e l o r s o n , m e j o r r e p r e s e n t a n el
d e s p e r t a r de l a c o n c i e n c i a política a p r i n c i p i o s d e l siglo XVII son
A l e m á n , Cervantes y Suárez de Figueroa. Este j u i c i o corre el riesgo
de d a r u n a i d e a e q u i v o c a d a de l a a c t i t u d de C e r v a n t e s ante cuestiones políticas. C o m o o b s e r v a d o r i n t e l i g e n t e d e l m u n d o social y
político q u e l o r o d e a b a , n o p o d í a m e n o s de t e n e r o p i n i o n e s , i n cluso o p i n i o n e s críticas, sobre lo q u e pasaba e n él. S i n e m b a r g o ,
por p r i n c i p i o , suele negarse a expresar estas ideas a b i e r t a m e n t e ,
excepto c u a n d o el j u i c i o e m i t i d o tiene pocas p o s i b i l i d a d e s de her i r s e n s i b i l i d a d e s , p o r e j e m p l o , p o r c o i n c i d i r c o n u n consenso de
o p i n i ó n n a c i o n a l . A fortiori, a d o p t a l a m i s m a r e t i c e n c i a e n c u a n t o
a l a c o n t r o v e r s i a r e l i g i o s a . E n c a m b i o , se p e r m i t e u n a m a y o r l i b e r t a d al f a l l a r sobre l a c o r r u p c i ó n a d m i n i s t r a t i v a a n i v e l municipal ( e j e m p l o , el a y u n t a m i e n t o de Sevilla) o sobre las a r b i t r a r i e d a des d e l sistema j u d i c i a l ( S e v i l l a , de n u e v o ) .
1 3
E n el t o m o 4 de las Comedias y entremeses, eds. R . Schevill y A . Bonilla,
M a d r i d , 1918, p. 56; la m i s m a idea se expresa en E l laberinto de amor, ed. c i t . ,
t. 2, p. 265, y en E l coloquio de los perros, p. 336.
J E A N - M A R C P E L O R S O N , " L a politisation de la satire sous Philippe I I I
et Philippe I V " , en La contestation de la société dans la littérature espagnole du siecle
d'or: travaux de VUniversité de Toulouse-le-Mirail, Université de Toulouse-le-Mirail,
Toulouse, 1981, p p . 95-107.
1 2
1 3
ANTHONY
498
NRFH,
CLOSE
XXXVIII
V o y a d a r u n e j e m p l o concreto de esta a c t i t u d , e j e m p l o p e r t i n e n t e a l a r g u m e n t o de P e l o r s o n , y a que supone u n a c o m p a r a c i ó n
d i r e c t a e n t r e C e r v a n t e s , A l e m á n y Suárez de F i g u e r o a . T a n t o en
l a p r i m e r a p a r t e (1599) d e l Guzmán de Alfarache ( I , i i , 9) c o m o en
el A l i v i o 5 de E l Pasagero de Suárez de F i g u e r o a ( 1 6 1 7 ) se e n c u e n t r a n pasajes en q u e se l a m e n t a l a decadencia de las a r m a s españolas: d e b i d a , según A l e m á n , a l a gestión i n t e r e s a d a de los p r i vados d e l r e y , y según Suárez de F i g u e r o a , a l a escasa p a r t i c i p a ción de los hidalgos y nobles en las empresas m i l i t a r e s . N i A l e m á n
n i el a t r a b i l i a r i o Suárez de F i g u e r o a se q u e d a n cortos al f o r m u l a r
sus críticas. L a i n v e c t i v a de este último, d i r i g i d a a u n cortesano
i m a g i n a r i o , c o n t i e n e lindezas c o m o las siguientes:
ídolo de criados, de subditos a quienes oprimes, a quien desuellas
¿cuánto más apacible es para t i la suavidad de la holanda que la
aspereza del arnés, la blandura de la cama que la dureza del suelo,
la dulzura de la conserva que el amargor de la achicoria? ¿Tú armado por estío? ¿Tú en campaña por i n v i e r n o ?
14
Pues b i e n , es e v i d e n t e q u e C e r v a n t e s c o m p a r t e las o p i n i o n e s
de a m b o s escritores. H a c e d e c i r al galeote Ginés de P a s a m o n t e :
" A l l í [en las galeras] tendré l u g a r de acabar m i l i b r o , que m e q u e d a n m u c h a s cosas q u e d e c i r , y e n las galeras de España h a y más
sosiego de a q u e l que sería m e n e s t e r " . A l p r i n c i p i o de l a Segund a p a r t e de l a m i s m a n o v e l a , e n m e d i o de u n d i s p a r a t a d o elogio
a los caballeros andantes de antaño, D o n Q u i j o t e desliza el siguiente c o m e n t a r i o :
1 5
Los más de los caballeros que agora se usan, antes les crujen los
damascos, los brocados y otras ricas telas de que se visten, que la
malla con que se arman; ya no hay caballero que duerma en los
campos, sujeto al rigor del cielo, armado de todas armas desde los
piec a la cabeza [. . . ] .
1 6
S a l t a a l a v i s t a l a c o i n c i d e n c i a e n t r e este pasaje y el y a citado de
Suárez de F i g u e r o a . Las mismas insinuaciones se r e p i t e n más tarde
e n l a S e g u n d a p a r t e (capítulo 17), y a p a r e c e n expresadas t a m b i é n p o r u n personaje s e c u n d a r i o de l a c o m e d i a E l gallardo
español . A s í q u e p o d e m o s c o n j e t u r a r q u e p a r a sus a d e n t r o s , o
11
1 4
15
16
17
Edición de F . R O D R Í G U E Z M A R Í N , M a d r i d , 1 9 1 3 , p. 1 8 9 .
Don Quijote, I , 2 1 , ed. c i t . , t . 1 , p. 2 7 2 .
Don Quijote, I I , I , ed. c i t . , t . 2 , p. 4 8 .
Comedias y entremeses, ed. c i t . , t . 1 , p. 6 9 .
NRFH,
XXXVIII
LA SÁTIRA EN CERVANTES
499
en c h a r l a p r i v a d a c o n sus a m i g o s , C e r v a n t e s pensaría o hablaría
de l a m i s m a m a n e r a q u e A l e m á n o Suárez de F i g u e r o a . P e r o al
e s t a m p a r estas o p i n i o n e s en letras de m o l d e , se sirve de i n s i n u a ciones veladas, apartes llenos de intención p a r a los e n t e n d i d o s ,
dichos que n o sabemos si t o m a r en serio o en b r o m a . ¡Cuántas
conjeturas descabelladas h a n p o d i d o fabricarse en t o r n o a l a i d e o logía de C e r v a n t e s p r e c i s a m e n t e d e b i d o a esa t e n d e n c i a suya a
d e j a r e n t r e v e r l o q u e p i e n s a , en vez de d e c l a r a r l o !
D e t o d o lo a n t e r i o r se deduce que el t r a t a m i e n t o de l a sátira
en C e r v a n t e s n o obedece, c o m o m u c h a s veces se h a p r e t e n d i d o ,
a m o t i v o s ideológicos ( d i s i d e n c i a e r a s m i s t a , etcétera), sino a m o t i v o s " d e o f i c i o " . Estos le h a n d a d o u n sesgo d i s t i n t i v o y person a l . Si c o m p a r a m o s E l licenciado Vidriera y E l coloquio de los perros
— e j e m p l o s f u n d a m e n t a l e s de l a sátira c e r v a n t i n a de t e n d e n c i a
s o c i o - m o r a l — c o n las obras satíricas de G ó n g o r a y Q u e v e d o , o b servamos e n seguida q u e f a l t a n e n las dos novelas c e r v a n t i n a s los
temas consagrados (según H o d g a r t ) de l a tradición satírica: l a m u j e r (o l a sexualidad), l a política, l a religión . A h í n o h a l l a m o s n a da p a r e c i d o a los chistes de t o n o s u b i d o de los dos escritores coetáneos sobre v i u d a s verdes, m a r i d o s consentidos, clérigos m u j e riegos y dadivosos, s o d o m i t a s , cortesanas, pedigüeñas, etc., n a d a
p a r e c i d o a l a " o b s e s i ó n e x c r e m i n t i c i a " de Q u e v e d o , que más que
rasgo p e c u l i a r , es reflejo de l a acusada t e n d e n c i a escatológica d e l
h u m o r de l a é p o c a ; n a d a p a r e c i d o a l a r e p u g n a n t e t e n d e n c i a q u e v e d i a n a a r e d u c i r a l a m u j e r a sus funciones biológicas " v e r g o n z o s a s " ; n a d a p a r e c i d o a los desenfadados insultos personales q u e
se e n t r e c r u z a r o n e n t r e los dos poetas e n e m i s t a d o s ; n a d a p a r e c i d o
a l a p e r s o n a l i d a d cínica y p l e b e y a que G ó n g o r a a d o p t a c o m o post u r a satírica en sus Letrillas, cuyos i r r e v e r e n t e s refranes y e s t r i b i llos expresan algo así c o m o l a filosofía de L a z a r i l l o de T o r m e s ,
n a d a p a r e c i d o , finalmente, a l a audaz intromisión de Q u e v e d o
en l a política i n t e r n a c i o n a l y c o n t r o v e r s i a s religiosas de su é p o c a .
P r e c i s a m e n t e p o r su c u a l i d a d s o b r i a y r e c a t a d a , l a sátira c e r v a n 1 8
19
N o sólo teorías descabelladas. A lo mejor J . A . M A R A V A L L , Utopia y contrautopia en el "Quijote',
Pico Sacro, Santiago de Compostela, 1976, tiene su
parte de razón al sostener que el Quijote debe interpretarse como u n ataque
a residuos de pensamiento utópico que persistían en la m e n t a l i d a d política de
la época. Sin embargo, lo esencial para mí es que esta tesis no se funda en
evidencia transparente, sino en la comparación sistemática entre lo que Cervantes deja entrever y lo que otros dicen claramente.
Véase M A T T H E W H O D G A R T , Satire, Weindelfeld & N i c o l s o n , L o n d o n ,
1969, caps. 2 y 3.
1 8
1 9
A N T H O N Y CLOSE
500
NRFH,
XXXVIII
t i n a de t e n d e n c i a s o c i o - m o r a l resulta a m e n u d o m e n o s d i v e r t i d a
que l a de los dos escritores coetáneos. E c h a m o s de m e n o s su chispeante i r r e v e r e n c i a .
Se p e r c i b e n otros vacíos quizás menos evidentes que los m e n cionados. H a b i d a c u e n t a de l a restricción i m p u e s t a p o r el eje n a r r a t i v o de E l coloquio, autobiografía de u n p e r r o basada e n los r e cuerdos q u e g u a r d a de sus sucesivos amos, l a n o v e l a c u b r e u n a
g a m a de oficios r e l a t i v a m e n t e l i m i t a d a : ciertos g r u p o s parásitos
y d e l i n c u e n t e s ; algunos chiflados y obsesivos; a l g u n o s pedantes
y poetastros. L a s críticas más severas se r e s e r v a n p a r a l a p r i m e r a
categoría: j i f e r o s , g i t a n o s , m o r i s c o s , b r u j a s , etc. E l hecho es sign i f i c a t i v o y r e f l e j a u n o de los c r i t e r i o s que g o b i e r n a n l a sátira en
la n o v e l a : el b u e n sentido m o r a l d e l c i u d a d a n o h o n r a d o q u e se
escandaliza ante l a subversión marginal de valores civilizados " e v i d e n t e s " . L a a c t i t u d es algo d i s t i n t a d e l escepticismo r a d i c a l de
Q u e v e d o , f r u t o de u n estoicismo desengañado y p r e j u i c i o s n o b i liarios; desde esta perspectiva, se c o n t e m p l a toda l a v i d a social c o m o
u n a a m a r g a farsa r e g i d a p o r l a codicia y las falsas a p a r i e n c i a s .
Y en c u a n t o a l h o n o r y l a j e r a r q u í a falsificados •—tema obsesivo
e n Q u e v e d o , q u e a b a r c a figuras y tópicos c o m o el caballero c h a n flón, el c o n v e r s o , el d i n e r o que t o d o lo c o r r o m p e — a C e r v a n t e s
sólo le p r e o c u p a u n aspecto r e s t r i n g i d o d e l m i s m o : las p r e t e n s i o nes sociales de cristianos viejos de clase v i l l a n a . L e p r e o c u p a n m u cho más los conflictos v i o l e n t o s q u e r e s u l t a n d e l h o n o r u l t r a j a d o
y el desajuste e n t r e l a o p i n i ó n social y l a v e r d a d e r a v i r t u d .
T o d o ello d e m u e s t r a u n a t e n d e n c i a a l a m o d e r a c i ó n en C e r vantes q u e aleja sus obras satíricas de ese afán, t a n característico
de m u c h o s grandes satíricos, de e x t r e m a r l a indignación y buscar
u n a retórica chocante p a r a comunicársela a l l e c t o r e n estado c a n d e n t e : t o n o c h o c a r r e r o e i n s u l t a n t e , vituperación desenfrenada,
o b s c e n i d a d , d e f o r m a c i ó n grotesca de los t i p o s r i d i c u l i z a d o s , desaforados vuelos de l a fantasía o d e l j u e g o v e r b a l q u e desenmasc a r a n abusos disfrazados p o r las apariencias convencionales.
P a r a i l u s t r a r c o n c r e t a m e n t e c ó m o suele a t e n u a r C e r v a n t e s l a
aspereza satírica v o y a seguir refiriéndome a las dos novelas m e n cionadas, y p o r e n d e , a l a sátira c e r v a n t i n a de t e n d e n c i a sociom o r a l . S i n u n a s salvedades p r e v i a s , m i s conclusiones n o p u e d e n
2 0
D e estos dos problemas, el p r i m e r o apenas si aparece en las dos novelas satíricas, aunque se reitera en el Persiles (p. e j . , el episodio de O r t e l Banedre, I I I , 6-7) y en la segunda parte del Quijote (p. e j . , el episodio de los rebuznadores, cap. 27); el segundo es u n tema importante del Coloquio (véase la conclusión).
2 0
NRFH,
XXXVIII
L A SÁTIRA E N CERVANTES
501
a p l i c a r s e a l a sátira de t e n d e n c i a l i t e r a r i a : p o r e j e m p l o , los p r ó l o gos a l Quijote, los diálogos críticos de l a n o v e l a , el Viaje del Parnaso,
así c o m o varios contextos paródicos o irónicos de constitución p o l é m i c a menos f o r m a l . P o r m o t i v o s p a r t i c u l a r e s , l a P r i m e r a p a r t e
d e l Quijote — e j e m p l o p o r a n t o n o m a s i a de ese t i p o de sátira— ost e n t a u n v i g o r polémico que desentona en cierto m o d o c o n l a m e n c i o n a d a m o d e r a c i ó n h o r a c i a n a ; sospecho q u e los escrúpulos expresados en el Coloquio ( p r o b a b l e m e n t e c o m p u e s t o poco después
de l a publicación de l a P r i m e r a p a r t e ) son f r u t o de e s c a r m i e n t o .
A d e m á s , l a sátira l i t e r a r i a c e r v a n t i n a posee u n a m o d a l i d a d p r o p i a : es salada, alegre, traviesa, chispeante, fantástica. S i n pretender
q u e p e r t e n e z c a n a c o m p a r t i m i e n t o s estancos, m e p r o p o n g o , p o r
de p r o n t o , t r a t a r las dos m o d a l i d a d e s c o m o d i s t i n t a s . A n t e s de
s e g u i r a d e l a n t e , debo a c l a r a r m i c o n c e p c i ó n del g é n e r o , q u e se
basa e n los criterios de l a é p o c a . L o s modelos que lo definían c o n cretamente o eran 'exagemáticos' — e l autor (por ejemplo, H o r a c i o , J u v e n a l ) h a b l a e n p r i m e r a p e r s o n a — o se a p r o x i m a b a n a este p a r a d i g m a — d i á l o g o s i m a g i n a r i o s (de L u c i a n o , E r a s m o , Q u e v e d o ) e n q u e u n personaje perspicaz se encarga de l a c e n s u r a ,
e m p l e a n d o u n a retórica más o m e n o s c o n v e n c i o n a l : ironía socrát i c a , i n v e n c t i v a , etc. P o r l o t a n t o , las a v e n t u r a s de D o n Q u i j o t e ,
q u e p a r a nosotros t i e n e n u n i n d u d a b l e i m p a c t o satírico, quizás
n o l o t u v i e r a n p a r a los coetáneos de C e r v a n t e s , puesto q u e l o g r a n su efecto d e m o l e d o r p o r m e d i o s i n d i r e c t o s más q u e p o r l a
c e n s u r a explícita. A d e m á s , e n a q u e l l a é p o c a se distinguían los o b j e t i v o s de l a sátira de los de l a c o m e d i a : a aquélla le t o c a b a c e n s u r a r c o s t u m b r e s , y a ésta, representarlas b a j o u n aspecto más i n o c u o y risible. C o m o C e r v a n t e s insiste e n el carácter risible d e l Quijote, a l o m e j o r n o disintió del rótulo de " c o m e d i a " que A v e l l a n e d a
le p o n e .
2 1
E l o b j e t o característico de l a sátira s o c i o - m o r a l de C e r v a n t e s
es l a n a t u r a l e z a h u m a n a d e p r a v a d a p o r el pecado, rebelde a l a
c o n v i v e n c i a social, t e r c a m e n t e e n t r o m e t i d a , etc., y su retórica h a b i t u a l l a c o n s t i t u y e n l a d i a t r i b a elegante, el a f o r i s m o c a u s t i c o , l a
r e c o n v e n c i ó n r a z o n a d a . A q u í B e r g a n z a las e m p r e n d e c o n v a r i o s
t i p o s de vagos y m a l e a n t e s :
Que esto del ganar de comer holgando tiene muchos aficionados y
E l prólogo al Quijote en A V E L L A N E D A empieza así: " C o m o casi es com e d i a toda la «Historia de D o n Q u i j o t e de la M a n c h a » . . . " C i t o por l a edición Espasa-Calpe, M a d r i d , 1958.
2 1
502
A N T H O N Y CLOSE
NRFH,
XXXVIII
golosos: p o r esto h a y t a n t o s t i t e r e r o s e n E s p a ñ a ; t a n t o s q u e m u e s t r a n r e t a b l o s ; t a n t o s q u e v e n d e n alfileres y coplas, q u e t o d o su c a u d a l , a u n q u e le v e n d i e s e n t o d o , n o l l e g a a poderse s u s t e n t a r u n d í a ;
y , c o n esto, los u n o s y los o t r o s n o salen de los b o d e g o n e s y t a b e r n a s e n t o d o el a ñ o ; p o r d o m e d o y a e n t e n d e r q u e de o t r a p a r t e q u e
d e l a de sus oficios sale l a c o r r i e n t e de sus b o r r a c h e r a s . T o d a esta
g e n t e es v a g a m u n d a , inútil y s i n p r o v e c h o ; esponjas d e l v i n o y g o r gojos del p a n ( p . 282).
E l estilo c o n t u n d e n t e t r a e a l a m e m o r i a l a reprehensión d i r i g i d a
a D o n Q u i j o t e p o r el c a n ó n i g o de T o l e d o ( I , 4 9 ) , l a t a x o n o m í a
d e s p r e c i a t i v a c o n q u e C e r v a n t e s aplasta al capellán d e l D u q u e
( I I , 3 1 ) , v a r i o s dichos de V i d r i e r a . E l efecto a b r u m a d o r de estos
t a n t o s y los epítetos d e g r a d a n t e s l o g r a n el efecto satírico. A p a r te de esto, tales pasajes t i e n e n m u c h o e n c o m ú n c o n otros e n q u e
se c o n d e n a n vicios generales o i n d i v i d u a l e s en términos más m o d e r a d o s : p o r e j e m p l o , los consejos de P e r i a n d r o al v e n g a t i v o O r tel B a n e d r e (Persiles I I I , 7 ) .
P o r ser n e g a t i v a , l a visión p r o p o r c i o n a d a p o r esta m o d a l i d a d
satírica exige el c o m p l e m e n t o de o t r a visión q u e s u p l a los m a t i c e s
q u e f a l t a n . E l áspero j u i c i o de B e r g a n z a sobre los vagos y m a leantes n o t o m a e n c u e n t a q u e a u n esta escoria h u m a n a p u e d e
t e n e r , e n casos i n d i v i d u a l e s , cualidades q u e l a r e d i m a n , n i q u e
cabe c o n t e m p l a r l a b a j o u n a l u z risueña c o m o c a n t e r a de t o n t e ría, b u r l a s , y chistes. L a j o v i a l y pintoresca personalidad de M a e s e
P e d r o — t i t e r e r o y v a g a m u n d o , l u e g o d i r e c t a m e n t e afectado p o r
l a c o n d e n a c i ó n de B e r g a n z a — es u n e j e m p l o d r a m á t i c o d e l c a m b i o de p e r s p e c t i v a q u e r e s u l t a de l a transición de l a órbita satírica
a l a c ó m i c a . O t r o t a n t o p u e d e decirse de los gitanos y m o r i s c o s ,
s e v e r a m e n t e c o n d e n a d o s e n E l coloquio y r e t r a t a d o s de m o d o m u c h o m á s b e n i g n o e n La gitanilla y l a S e g u n d a p a r t e d e l Quijote. L a
c l a v e p r i n c i p a l de este c a m b i o l a e n c o n t r a m o s e n el carácter de
F r a y A n t o n i o , el gracioso de E l rufián dichoso, fiel c o m p a ñ e r o d e l
h é r o e e n sus mocedades sevillanas y e n su c a r r e r a monástica. E n
l a e c o n o m í a de esta c o m e d i a de santos, este personaje d e s e m p e ñ a
u n a función e j e m p l a r ( e n t r e otras): l a de representar e n f o r m a h u morística el m u n d o p e c a m i n o s o cuyas m a n c h a s aún subsisten e n
el a l m a asceta de F r a y C r u z . P a r a éste, los chistes d e l gracioso,
a l u s i v o s a l b u e n t i e m p o pasado d e l h a m p a s e v i l l a n a , son m o t i v o
de dolorosos r e c u e r d o s y m e r e c e n reprehensión; p a r a otros (el
P r i o r , el i n q u i s i d o r T e l l o , el p r o p i o F r a y A n t o n i o ) , son m a n a n t i a l de h u m o r s i n intención g e n u i n a m e n t e m a l i c i o s a y p o r eso m e É
5
NRFH,
XXXVIII
LA SÁTIRA E N CERVANTES
503
r e c e n u n a acogida más i n d u l g e n t e . E l p u n t o de vista de estos
últimos coincide c o n el del d r a m a t u r g o y el espectador, p a r a q u i e nes el gracioso sirve de p u e n t e e n t r e las sublimes alturas de l a sant i d a d y el m u n d o c o t i d i a n o . A s í , pues, l a c o m e d i a h u m a n i z a los
o b j e t o s de l a reprehensión m o r a l , los c o n v i e r t e e n m a t e r i a de risa
i n o f e n s i v a , y les i n o c u l a su v a c u n a p e c u l i a r : l a tontería a b s u r d a ,
el espíritu l ú d i c o del chiste, p a r a i n o c u l a r n o s a nosotros c o n t r a
su efecto contagioso. Los dos enfoques son diferentes, pero n o c o n tradictorios.
A h o r a b i e n , d e n t r o d e l á m b i t o de l a sátira c e r v a n t i n a , n o sólo
c o e x i s t e n sino q u e se c o n f u n d e n . A l h a b l a r de l a cofradía de M o n i p o d i o , B e r g a n z a dice lo s i g u i e n t e : " Q u e r e r t e y o c o n t a r a h o r a
lo q u e allí se trató, l a cena q u e c e n a r o n , las peleas q u e se c o n t a r o n , los h u r t o s que se r e f i r i e r o n , las d a m a s q u e de su t r a t o se c a l i ficaron y las q u e se r e p r o b a r o n , las alabanzas q u e los unos a los
o t r o s se d i e r o n [. . . ] sería m e t e r m e en u n l a b e r i n t o d o n d e n o m e
fuese posible salir c u a n d o q u i s i e s e " ( p p . 2 7 2 - 2 7 3 ) . A q u í se p o n e
de r e l i e v e l a v i s c ó m i c a q u e a n h e l a recrearse en l a p i n t u r a m o r o sa de los rasgos de u n a f a u n a p i n t o r e s c a . Y e n m u c h a s ocasiones
s u c u m b e a l a tentación. P o r e j e m p l o , e n c i e r t o pasaje de E l licenciado Vidriera, el p r o t a g o n i s t a ofrece u n a b r i l l a n t e c a r i c a t u r a de u n
p o e t a v a n i d o s o ( p p . 4 7 - 4 8 ) . Este personaje — p u r a creación de l a
m u s a satírica— debe ser c o m p a r a d o c o n los dos poetas r e t r a t a d o s
p o r B e r g a n z a ; v e m o s c ó m o u n h a z de m a n i e r i s m o s estereotipados se c o n v i e r t e e n personalidades d i f e r e n c i a d a s , h u m a n a s , i n g e n u a m e n t e d i s p a r a t a d a s —creaciones p r o p i a s de l a m u s a c ó m i c a .
E l p r i m e r o de estos poetas, a pesar de sus r i d i c u l a s manías, desm i e n t e el c i n i s m o d e l refrán " M á s d a el d u r o q u e el d e s n u d o " ,
d e m o s t r a n d o así su parentesco c o n el escudero de L a z a r i l l o ; ante
el i g n o m i n i o s o fracaso de su c o m e d i a , r e a c c i o n a c o n u n a ufanía
d i g n a de D o n Q u i j o t e ( p p . 3 1 9 - 3 2 7 ) . L o s e j e m p l o s d e l p r e d i c a d o r B e r g a n z a casi d e s e n t o n a n c o n l a aspereza d e l sermón.
E l m i s m o efecto s u a v i z a n t e se n o t a e n l a p e r s o n a l i d a d de los
p o r t a v o c e s de C e r v a n t e s . P o r estrafalarios q u e sean en algunos
aspectos de su c o m p o r t a m i e n t o , poseen g r a v e d a d intelectual y m o r a l e n sus " l ú c i d o s i n t e r v a l o s " , y su sabiduría h a sido e n r i q u e c i d a p o r los viajes y los l i b r o s . E l t e m a s i m b ó l i c o de l a v i d a c o m o
p e r e g r i n a c i ó n e d u c a t i v a está implícito e n sus a n d a n z a s . D e este
m o d o , l a sátira c e r v a n t i n a se nos p r e s e n t a c o m o el aspecto crítico
y d e s e n g a ñ a d o de u n a m e d i t a c i ó n g r a v e sobre l a v i d a m o r a l d e l
2 2
2 2
Véase Comedias y entremeses, ed. c i t . , t . 2, p p . 57, 63-65.
A N T H O N Y CLOSE
504
NRFH,
XXXVIII
h o m b r e y u n a sucesión de casos e j e m p l a r e s q u e i l u s t r a n su n a t u r a l e z a . Esta meditación n o sólo consiste e n p e n s a m i e n t o sino t a m b i é n e n e x p e r i e n c i a v i v i d a : así, los valores sustentados p o r los per r o s E l coloquio — h u m i l d a d , c a r i d a d y fe c r i s t i a n a s ; c o n f o r m a r s e
c a d a u n o c o n su estado, e t c . — t o m a n c u e r p o e n l a f o r m a d e l diál o g o y e n los avatares de B e r g a n z a . Y , desde l u e g o , los casos q u e
c o m e n t a n son peripecias de u n a autobiografía novelesca. T o d o
ello hace q u e n u e s t r a atención, e n última i n s t a n c i a , n o se centre
e n el espectáculo de vicios y disparates sociales sino en l a f o r j a
de u n destino i n d i v i d u a l , e n q u e aquéllos r e p e r c u t e n c o m o lecc i ó n p r o v e c h o s a o f e n ó m e n o c o n t e m p l a d o desde f u e r a . E n E l licenciado Vidriera se hace p a t e n t e , e i n c l u s o se p l a s m a e n división
f o r m a l , l a d i v e r g e n c i a entre estas dos perspectivas.
G r a c i a s a este e n f o q u e , el m a l se c o n s i d e r a c o m o u n d i l e m a
e x i s t e n c i a l e n q u e el p r i m e r o e n verse c o m p r o m e t i d o es el m i s m o
p r o t a g o n i s t a de l a fábula. L a d i f e r e n c i a e n t r e esta a c t i t u d " f i l o sófica' ' y u n a a c t i t u d satírica se p o n e de m a n i f i e s t o c o m p a r a n d o
dos pasajes: las m e d i t a c i o n e s casi p r e f r e u d i a n a s de C i p i ó n sobre
l a agresión i n f a n t i l , c o n s i d e r a d a c o m o p r u e b a d e l pecado o r i g i n a l , y las a m a r g a s reflexiones de G u z m á n de A l f a r a c h e c o n las
q u e r e m a t a su ataque a l a obsesión española p o r el h o n o r y las
falsas a p a r i e n c i a s . C i p i ó n d i c e :
Q u e el hacer y decir m a l lo heredamos de nuestros primeros padres
y lo mamamos en la leche. Véese claro en que apenas ha sacado
el niño del brazo de las fajas, cuando levanta la mano con muestras
de querer vengarse de quien, a su parecer, le ofende; y casi la p r i m e r a palabra articulada que habla es llamar puta a su ama o a su
madre (p. 2 4 0 ) .
Y
Guzmán:
T o d o anda revuelto, todo apriesa, todo marañado. N o hallarás h o m bre con hombre; todos vivimos en asechanza los unos de los otros,
como el gato para el ratón o la araña para la culebra, que hallándola descuidada, se deja colgar de u n hilo y, asiéndola de la cerviz,
la aprieta fuertemente, no apartándose della hasta que con su p o n zoña la m a t a .
23
L e í d o s así, ios dos pasajes p a r e c e n afines, p e r o e n r e a l i d a d ,
Guzmán de Alfarache I , i i , 4, ed. S. G i l i G a y a , 5 t s . , Espasa-Calpe, M a d r i d , 1969, t . 2, p. 54.
2 3
NRFH,
XXXVIII
L A SÁTIRA E N CERVANTES
505
s i r v e n de r e m a t e a a r g u m e n t o s d i s t i n t o s . L a orientación d e l seg u n d o es o b j e t i v a , pese a l a p r i m e r a p e r s o n a d e l p l u r a l ; G u z m á n
h a v e n i d o c e n s u r a n d o vicios que él todavía n o c o m p a r t e . E n c a m b i o , C i p i ó n l a m e n t a u n a a g r e s i v i d a d c u y a m u e s t r a i n m e d i a t a es
l a m u r m u r a c i ó n e n q u e él y su c o m p a ñ e r o r e i n c i d e n u n a y o t r a
v e z ; e l censor se acusa a sí m i s m o j u n t o c o n los d e m á s .
Estas r e f l e x i o n e s , e n cierto m o d o el eje d e l d i á l o g o , p r o p o r c i o n a n u n a lección de h u m i l d a d q u e afecta p r o f u n d a m e n t e su est r u c t u r a y sus p r i n c i p i o s dinámicos. Cervantes h a operado u n c a m b i o s o r p r e n d e n t e en el esquema c o n v e n c i o n a l d e l diálogo l u c i a nesco/erasmista, según el cual u n i n t e r l o c u t o r " a c t i v o " — d i s c r e t o ,
p e r s p i c a z , e t c . — se o p o n e a o t r o i n t e r l o c u t o r (o i n t e r l o c u t o r e s )
" p a s i v o " — c u r i o s o p e r o i n e x p e r t o , i n g e n u o , e q u i v o c a d o . N o sólo
h a c o m p l i c a d o el e s q u e m a , c o m b i n á n d o l o c o n el de u n a a u t o b i o grafía picaresca, sino q u e lo h a i n v e r t i d o , c o n f i a n d o a l i n t e r l o c u t o r i m p u l s i v o y l o c u a z ( B e r g a n z a ) el p a p e l " a c t i v o " y a su j u i c i o so c o m p a ñ e r o el papel " p a s i v o " . E l oficio p r i n c i p a l de Cipión c o n siste e n c r i t i c a r y m o d e r a r los excesos d e l r e l a t o de B e r g a n z a ,
m a y o r m e n t e su propensión a m u r m u r a r . Pero esta división de f u n ciones fluctúa; de vez e n c u a n d o , C i p i ó n o l v i d a sus p r o p i o s p r e ceptos y debe escuchar las reconvenciones de su colega. T o d o el
h u m o r y v i t a l i d a d d e l diálogo e m a n a n de los altercados f a m i l i a res e n t r e los dos p e r r o s , q u e nos r e c u e r d a n c o n t i n u a m e n t e los de
D o n Q u i j o t e y S a n c h o : amonestaciones c o n t r a l a p r o l i j i d a d o l a
m u r m u r a c i ó n q u e d e s i n f l a n irónicamente u n a p e r o r a t a apasionad a ; exasperación c ó m i c a de u n o u o t r o i n t e r l o c u t o r c u a n d o el c o m p a ñ e r o r e i n c i d e p o r enésima vez e n l a m i s m a f a l t a . N o se t r a t a
de l a supuesta predilección c e r v a n t i n a p o r diálogos o cuentos
" a b i e r t o s " e n q u e n u n c a se llega a conclusiones d e f i n i t i v a s . Estas n o escasean e n E l coloquio. N o s e n f r e n t a m o s c o n algo d i s t i n t o :
u n hábito de m o d e r a c i ó n i n t e l e c t u a l q u e y a p u e d e observarse en
La Galatea y q u e consiste e n p l a n t e a r u n a r g u m e n t o m o r a l e n f o r m a dialéctica. A u n a posición e x t r e m a d a se le o p o n e u n a réplica
m o d e r a d a (debate sobre el a m o r e n t r e L e n i o y T i r s i ) , o se busca
j u i c i o s a m e n t e el t é r m i n o m e d i o e n t r e posiciones exageradas ( p a p e l característico d e l c u r a Pero Pérez e n el Quijote), o se c o n t r a s t a n dos e x t r e m o s ( D o n Q u i j o t e y S a n c h o ) , c u y o término m e d i o
debe ser b u s c a d o p o r el discreto l e c t o r . E l s i g u i e n t e f r a g m e n t o de
E l coloquio se refiere a l m e r c a d e r sevillano, tercer a m o de Berganza:
Berganza: Ambición es, pero ambición generosa, la de aquel que pretende mejorar su estado sin perjuicio de tercero.
NRFH,
A N T H O N Y CLOSE
506
XXXVIII
Cipión: Pocas o n i n g u n a vez se c u m p l e c o n l a a m b i c i ó n , q u e n o sea
c o n d a ñ o de t e r c e r o .
Berganza: Y a h e m o s d i c h o q u e n o h e m o s de m u r m u r a r .
Cipión: Sí, q u e y o n o m u r m u r o de n a d i e ( p . 2 3 9 ) .
Autojustificación hipócrita que es l u e g o d e s m e n t i d a p o r B e r g a n za. A h o r a b i e n , l a técnica satírica q u e v e d i a n a consiste e n d a r p o r
sentada l a identificación de l a figura d e l m e r c a d e r c o n l a rapiña
y l a a m b i c i ó n hipócritamente d i s f r a z a d a s . E n c a m b i o , e n el
f r a g m e n t o c i t a d o , es p r e c i s a m e n t e esta p r e m i s a l a q u e se p o n e e n
tela de j u i c i o , y a d e m á s , se d u d a de l a b u e n a fe de q u i e n d u d a
sistemáticamente de l a de sus p r ó j i m o s . H e aquí e n m i n i a t u r a el
espíritu de autocrítica de l a n o v e l a y el e q u i l i b r i o r a c i o n a l q u e
supone.
E l coloquio se h a prestado a i n t e r p r e t a c i o n e s m u y d i v e r g e n t e s ,
y e l l o se debe e n p a r t e a q u e C e r v a n t e s h a c o m p l i c a d o p r o f u n d a m e n t e l a r e f e r e n c i a h a b i t u a l de l a sátira de su é p o c a , c o n v i r t i e n d o las especies (hipócrita, r i c o , m é d i c o , etc.) e n géneros y los gén e r o s e n u n i v e r s a l e s . B u e n e j e m p l o de ello nos lo p r o p o r c i o n a el
e p i s o d i o de los pastores-lobos, e n q u e se p o n e a l d e s c u b i e r t o el
c ó m o y p o r q u é de l a transformación. A l h a b l a r d e l m a t a d e r o de
S e v i l l a , B e r g a n z a d i c e : " L o s d u e ñ o s se e n c o m i e n d a n a esta b u e n a gente q u e he d i c h o , n o p a r a q u e n o les h u r t e n ( q u e esto es i m p o s i b l e ) , sino p a r a q u e se m o d e r e n en las tajadas y socaliñas q u e
h a c e n en las reses m u e r t a s " ( p . 217). Insinúa a continuación: N o
h a y n i n g u n o q u e n o t e n g a su ángel de g u a r d a e n l a p l a z a de San
F r a n c i s c o [sede d e l C a b i l d o y de l a A u d i e n c i a ] , g r a n j e a d o c o n l o m o s y lenguas de v a c a ' ' . C i p i ó n p o n e fin a l a i n v e c t i v a casi i n m e d i a t a m e n t e , a m o n e s t a n d o a B e r g a n z a a n o ser p r o l i j o . Pero éste
v u e l v e a l a c a r g a unas páginas después, e n v o l v i e n d o el caso del
m a t a d e r o s e v i l l a n o e n u n a anécdota a p a r e n t e m e n t e d i s t i n t a , per o c a r g a d a de alusiones a l episodio a n t e r i o r . Se t r a t a de l a n a r r a ción de sus esfuerzos frustrados p o r defender u n rebaño de los ataques de u n l o b o m i s t e r i o s o q u e l o v a d e v o r a n d o p o c o a poco. H e
a q u í el desenlace d e l r e l a t o : " P á s m e m e , q u e d é suspenso c u a n d o
v i q u e los pastores e r a n los l o b o s , y q u e d e s p e d a z a b a n el ganado
24
£ í
E l demonio de " E l alguacil a l g u a c i l a d o " dice de los mercaderes:
" M a n j a r es que nos tiene ya empalagados a los diablos y ahitos, y a u n los
v o m i t a m o s . V i e n e n allá a millares, condenándose en castellano y en guarismo
[. . . ] " , etc. L a pirotecnia v i r u l e n t a del pasaje se basa en la atribución a esa
gente de u n a codicia infernal, indigesta para los propios diablos; Quevedo: Los
Sueños, ed. J . Cejador y Frauca, 2 t s . , M a d r i d , 1954, t . 1, p. 77.
2 4
NRFH,
XXXVIII
L A SÁTIRA E N CERVANTES
507
los m i s m o s q u e le habían de g u a r d a r . A l p u n t o hacían saber a
su a m o l a presa d e l l o b o , dábanle el pellejo y p a r t e de l a c a r n e ,
y c o m í a n s e ellos l o más y l o m e j o r " ( p . 232). L a s semejanzas e n tre los dos pasajes son significativas. S i n e m b a r g o , sería m u y e q u i v o c a d o hacer de ellas u n a clave esotérica p a r a descifrar el c u e n t o
de B e r g a n z a , y a q u e es e v i d e n t e m e n t e d e l i b e r a d o el i n t e n t o de
suscitar reflexiones q u e t r a s c i e n d a n abusos p a r t i c u l a r e s y a b a r q u e n l a c o n v i v e n c i a social e n c o n j u n t o : el abuso de l a c o n f i a n z a ,
c e m e n t o de l a sociedad , sin el c u a l ésta n o puede sostenerse. E v i d e n t e m e n t e , t o d o el p o d e r sugerente e i n q u i e t a n t e d e l c u e n t o est r i b a en el hecho de que n o se nos dice, n i nos i m p o r t a saber, quiénes son estos pastores n i q u é g r u p o r e p r e s e n t a n . P a r a c o n v e r t i r
el caso c o n c r e t o e n s í m b o l o u n i v e r s a l C e r v a n t e s h a echado m a n o
de l a tradición esópica, f u e n t e de v a r i o s lances de l a n o v e l a ; a u n q u e el c u e n t o de B e r g a n z a tiene u n aspecto verosímil y n o alegór i c o , está e m p a r e n t a d o c o n a p ó l o g o s t r a d i c i o n a l e s q u e t r a t a n de
l o b o s , p e r r o s , pastores y ovejas, y a p u n t a n a u n a m o r a l e j a p a recida.
E l supuesto p e s i m i s m o de E l licenciado Vidriera, c o m o de E l coloquio, h a sido e x c e s i v a m e n t e exagerado p o r l a crítica c e r v a n t i n a ,
q u e h a p e r c i b i d o el s i m b o l i s m o más siniestro e n l a l o c u r a d e l h é r o e : encarnación d e l pecado f a u s t i a n o , d e l d e s e n g a ñ o c o n t r a r r e f o r m i s t a , o d e l espíritu m a l é v o l o de los cínicos a n t i g u o s . Estas i n t e r p r e t a c i o n e s sombrías obedecen al deseo de e n c o n t r a r u n a r e l a c i ó n (de d e s q u i t e , castigo, etc.) entre los dichos de V i d r i e r a y su
engaste biográfico; r e f l e j a n también u n a valoración anacrónica de
l a m o r d a c i d a d q u e r e v e l a n . L o s dichos se h a l l a n e n c u a d r a d o s p o r
dos pasajes — u n o , el p r e á m b u l o , y o t r o , l a c o n c l u s i ó n — q u e i n sisten en los síntomas e x t r a v a g a n t e s de l a m a n í a melancólica de
V i d r i e r a y l a acercan a l diagnóstico c o r r i e n t e e n los t r a t a d o s m é dicos de l a é p o c a . E s t o i m p l i c a q u e , más q u e c o m o s í m b o l o de
u n a i n t e l i g e n c i a m a l i g n a , el loco V i d r i e r a debe ser c o n s i d e r a d o
u n curioso p r o d i g i o psicológico. C o m o t a l lo consideran cuantos
personajes l o c o n o c e n , i n c l u s o las m u c h e d u m b r e s q u e le s i g u e n
p o r d o q u i e r , tratándole c o m o u n truhán de las calles y s o l i c i t a n d o sus agudezas, a u n a sabiendas del r e s u l t a d o p r o b a b l e . T o d o
ello resta i m p o r t a n c i a a l c o n t e n i d o e i m p a c t o crítico de sus dichos
y r e a l z a l a de su f o r m a .
A s í , l a sección c e n t r a l de l a n o v e l a es u n m u e s t r a r i o de a g u deza con tendencias — s ó l o t e n d e n c i a s — satíricas. A p r i m e r a vista,
parece desplegar u n p a n o r a m a p a r e c i d o a l de los Sueños: l a j u s t i c i a
v e n a l y sus f u n c i o n a r i o s ; los m é d i c o s y sus adláteres; las ' ' f i g u -
508
A N T H O N Y
XXXVIII
NRFH,
CLOSE
r a s " de l a corte (viejos q u e se tiñen l a b a r b a , diestros científicos. . . ) ; los bajos oficios (sastres, pasteleros. . . ) . P e r o si t r a t a m o s de a p u r a r el p a r a l e l o , se nos i m p o n e n las d i f e r e n c i a s . L o q u e
confiere a los Sueños su aspecto de auténtico p a n o r a m a satírico es
el e n c a d e n a m i e n t o de las censuras p a r a l o g r a r u n efecto pictórico, a b r u m a d o r y c o h e r e n t e ; l a coherencia tiene u n a faceta i d e o l ó gica, presentándose los objetos c r i t i c a d o s c o m o m ó n a d a s de u n
cosmos u n i d o p o r u n rasgo c o m ú n : p o r e j e m p l o , l a hipocresía u n i v e r s a l . L o s dichos de V i d r i e r a , casuales e i n c o n e x o s , carecen de
t a l h o m o g e n e i d a d . L a v e r d a d e r a filiación de l a n o v e l a c e r v a n t i n a
debe buscarse e n l a tradición apotegmática, y m u y p a r t i c u l a r m e n te, e n colecciones c o m o las de M e l c h o r de Santa C r u z , T i m o n e d a ,
P i n e d o y R u f o , q u e o s t e n t a n el m i s m o t i p o de agudeza cortesana.
E l carácter específico de esta conexión puede c o m p r o b a r s e m e d i a n t e u n a c o m p a r a c i ó n de los dichos de V i d r i e r a c o n los de R u fo. D e j o a u n l a d o l a cuestión de si C e r v a n t e s leyó o n o Las seiscientas apotegmas p a r a señalar algo que considero m á s i m p o r t a n t e :
l a a m p l i a difusión de este t i p o de c o n c e p t i s m o e n l a c u l t u r a ( n o
sólo escrita) de l a é p o c a . L a s dos colecciones se a s e m e j a n p r i m e r o
e n l a c u a l i d a d improvisada de sus a p o t e g m a s , s i n l a c u a l , dice R u fo, sus dichos son c o m o o r o s i n h e c h u r a p a r a r e a l z a r l o . Se p a r e c e n , m u y e v i d e n t e m e n t e , e n su f o r m a anecdótica y c i r c u n s t a n c i a l . C o n t i e n e n las m i s m a s especies apotegmáticas: chistes, afor i s m o s m o r a l e s , elogios, observaciones " c o s t u m b r i s t a s " . Desde
luego, hay diferencias: la colección cervantina tiene u n a p r o p o r ción más e l e v a d a de censuras de oficios, o chistes q u e las i m p l i c a n ; los dichos de R u f o se r e f i e r e n f r e c u e n t e m e n t e a i n d i v i d u o s
o c i r c u n s t a n c i a s p a r t i c u l a r e s . Pero éstas son d i f e r e n c i a s r e l a t i v a s .
L o esencial es q u e los dos " d e c i d o r e s de r e p e n t e " d e m u e s t r a n el
m i s m o t i p o de m o r d a c i d a d , l a m i s m a p o s t u r a m o r a l i z a n t e , los m i s m o s j u e g o s conceptistas.
2 5
26
H a b i d a c u e n t a de l a r e l a t i v i d a d de t a l j u i c i o , el h u m o r de
l a é p o c a m u e s t r a u n a p r o p e n s i ó n m u y acusada a expresarse e n
chistes " a g r e s i v o s " ( i n j u r i o s o s , obscenos, escatológicos) y e n r e flexiones cáusticas — v á l v u l a de escape p a r a los s e n t i m i e n t o s j e 2 7
Véanse las clasificaciones de la temática quevediana en l a valiosa tesis
de A R E L L A N O A Y U S O , Poesía satírico-burlesca de Quevedo, U n i v e r s i d a d de N a v a r r a , P a m p l o n a , 1984, p p . 48 y 85.
Véase Las seiscientas apotegmas y otras obras en verso, ed. A l b e r t o Blecua,
M a d r i d , 1972, apotegma número 307.
A este respecto, véanse las juiciosas advertencias de M O N I Q U E J O L Y ,
op. cit., p p . 3 ss.
2 5
2 6
2 7
NRFH,
XXXVIII
LA SÁTIRA E N CERVANTES
509
rárquicos, morales y de conveniencia social subyacentes. R u f o p r e senta u n a i m a g e n de sí m i s m o b i e n d e f i n i d a : u n caballero r e c t o ,
afable y u r b a n o , de fe católica sincera, p r i n c i p i o s m o r a l e s serios
y gustos c u l t i v a d o s . Pues b i e n , este h o m b r e r e f i n a d o n o ve i n c o n v e n i e n t e a l g u n o en d i r i g i r chistes mordaces y censuras a p l a s t a n tes a sus p r ó j i m o s , i n c l u s o a gente desconocida que t o p a p o r las
calles, a l u d i e n d o l i b r e m e n t e a sus tachas físicas, i n m o r a l i d a d sex u a l , etc. Esta desenvolutra poco o n a d a difiere del c o m p o r t a m i e n to de V i d r i e r a . P a r a r e c h a z a r el e n v i t e deshonesto de unas r a m e ras R u f o dice: " N o m e q u i e r o i r a l i n f i e r n o en muías de a l q u i l e r " ( p . 179). V i d r i e r a e n j u i c i a u n a s r a m e r a s en estilo p a r e c i d o ,
calificándolas de " b a g a j e s del ejército de Satanás, que estaban aloj a d o s e n el m e s ó n del i n f i e r n o " ( p p . 4 0 - 4 1 ) . L o s chistes y apodos
de V i d r i e r a a propósito de viejos que se tiñen l a b a r b a ( p . 67) p u e den compararse con lo siguiente, dirigido por R u f o a u n a vieja
fea y a r r e b o l a d a (es d e c i r , m u y a f e i t a d a ) : " A r r e b o l e s a l a n o c h e ,
y a l a m a ñ a n a sin s o l " ( p . 3 1 7 ) , o c o n v a r i o s de los apodos e n
l a antología de Santa C r u z : p o r e j e m p l o , " A u n o q u e tenía m u y
p o c o pelo en l a b a r b a , d i j o [ u n c a n ó n i g o de T o l e d o ] que parecía
l u g a r despoblado en t i e m p o de p e s t i l e n c i a " .
Se h a i n t e n t a d o hacer u n a distinción e n t r e los chistes m o r d a ces de V i d r i e r a y los chistes a n o d i n o s , s i n intención m a l i c i o s a .
E n v i s t a de lo a r r i b a c i t a d o , l a distinción m e parece m u y d u d o s a .
L o s equívocos aparentemente mordaces que c o n f u n d e n " v e c i n a s "
y " a l c a h u e t a s ' ' , j u e g a n c o n el d o b l e sentido de " c u e n t o " tratándose de genoveses, o d a n u n m a t i z siniestro a l a terminación " s a n a " e n " c o r t e s a n a " , son l u g a r e s c o m u n e s del h u m o r de l a é p o ca. Puestos e n b o c a de u n gracioso de u n a c o m e d i a de L o p e de
V e g a tendrían u n i m p a c t o crítico r e l a t i v a m e n t e r e d u c i d o . Desde
l u e g o , e n c o n t r a m o s los m i s m o s chistes e n los Sueños, y lo q u e allí
les confiere u n efecto satírico es el c o n t e x t o en que aparecen — " l a
c a d e n a a b r u m a d o r a " - — y su tónica d o m i n a n t e . A s í , l a línea d i v i s o r i a e n t r e el h u m o r de l a é p o c a y l a sátira p r o p i a m e n t e d i c h a
es difícil de fijar c o n e x a c t i t u d . Difícil, p e r o n o i m p o s i b l e . T o d o
es cuestión de c o n t e x t o e intención d o m i n a n t e s .
E x a m i n a d o s a l a l u z de l a definición de l a agudeza que ofrece
G r a c i á n en su Agudeza y arte de ingenio, D i s c u r s o 4, los apotegmas
2 8
29
M E L C H O R DE S A N T A C R U Z , Floresta española, Espasa-Calpe, M a d r i d ,
124.
C f . A R M A N D E. S I N G E R , " C e r v a n t e s ' Licenciado Vidriera: its f o r m and
s u b s t a n c e " , West Virginia University Philological Papers, 1 (1951), 13-31; véase
también el artículo citado de R I L E Y , p. 190.
2 8
p.
2 9
A N T H O N Y CLOSE
510
NRFH,
XXXVIII
de R u f o t r a z a n " l í n e a s de p o n d e r a c i ó n y s u t i l e z a " e n t r e las c o n t i n g e n c i a s casuales de u n a situación p a r a h a l l a r en ellas u n a con e x i ó n insospechada, i n g e n i o s a y causante de a d m i r a c i ó n . Estas
c o r r e s p o n d e n c i a s p u e d e n f u n d a r s e e n analogías, e q u í v o c o s , a r g u m e n t o s sofísticos, r i m a s , asonancias, lugares c o m u n e s , versos
d e l R o m a n c e r o , o en otros recursos. Y a hemos visto algunos e j e m p l o s . E x a m i n e m o s otros e n q u e el propósito m o r d a z o m o r a l i z a n te está m a t i z a d o f u e r t e m e n t e , e i n c l u s o d o m i n a d o , p o r el estético. M u y del gusto de R u f o y V i d i e r a son censuras q u e p o n d e r a n
l o d e s m e s u r a d o de u n v i c i o m e d i a n t e hipérboles o analogías s u t i l m e n t e elaboradas, a r g u m e n t o s paradójicos, o breves p e r i o d o s r e tóricos q u e hacen a l a r d e de i n g e n i o s i d a d m e d i a n t e elegantes s i metrías y antítesis, conceptos encadenados, etc. V i d r i e r a r e p r e h e n d e así a u n m o z o de muías: " L a h o n r a del a m o descubre l a
d e l c r i a d o ; según esto, m i r a a quién sirves, y verás cuan h o n r a d o
eres: mozos sois vosotros de l a más r u i n c a n a l l a q u e sustenta l a
t i e r r a " ( p . 53). E l i n g e n i o s o e q u í v o c o consistente e n e n t e n d e r 'de
m u í a s ' c o m o si d e n o t a r a u n a relación de servicio hace posible l a
inducción sofística, que luego desemboca en d i a t r i b a graciosamente
e x a g e r a d a : " U n a vez [. . . ] c a m i n é e n u n a muía de a l q u i l e r t a l ,
q u e le conté c i e n t o y v e i n t e y u n a tachas, todas capitales y e n e m i gas d e l género h u m a n o " . ¿ C e n s u r a severa o p i r o t e c n i a i n g e n i o sa? C o m o r e m a t e de u n s e r m o n c i l l o sobre los q u e p e r v i e r t e n los
v a l o r e s b a u t i z a n d o v i r t u d e s o v i c i o s c o n n o m b r e s q u e n o les c u a d r a n , R u f o se vale de u n a i n d u c c i ó n semejante p a r a aplastar a
u n h i d a l g o t o n t o q u e m u r m u r a de l a l o c u a c i d a d de su h e r m a n o
d i s c r e t o : " v u e s t r o h e r m a n o h a b l a m u c h o y b i e n , y vos, p o c o y
m a l ; y , siendo así, él sabe callar, y vos sois u n p a l a b r e r o " ( p . 309).
Pasemos a e j e m p l o s de inversión u o p o s i c i ó n paradójica. V i d r i e r a dice a u n o q u e l l e v a sillas de m a n o s : " S a b e cada u n o de vosot r o s más pecados q u e u n confesor; masa es c o n esta d i f e r e n c i a :
q u e el confesor los sabe p a r a t e n e r l o s secretos, y v o s o t r o s , p a r a
p u b l i c a r l o s p o r las t a b e r n a s " ( p p . 5 1 - 5 2 ) . L a c o m p a r a c i ó n sorp r e n d e n t e , i n c l u s o c h o c a n t e , a u m e n t a l a carga de indignación
c u a n d o q u e d a a c l a r a d a l a antítesis r e a l q u e r e c u b r e l a
s e m e j a n z a . E n este caso el i n t e n t o de c e n s u r a r se hace t r a n s 30
U n a comparación análoga está desarrollada en u n soneto satírico de
Q u e vedo: " Y a los picaros saben en Castilla/cuál m u j e r es pesada y cuál l i v i a n a [. . . ] " , en Obras completas, t . 1, Poesía original, ed. J . M . Blecua, Planeta,
Barcelona, 1963, p. 563. Según me dice m i amiga Teresa de Carlos, los taxistas madrileños tienen en la actualidad la m i s m a mala fama que sus precursores de antaño, prueba de que l a l i t e r a t u r a ha bebido de u n m a n a n t i a l real e
3 0
NRFH,
XXXVIII
L A SATIRA E N CERVANTES
511
n a r e n t e . Se e n c u e n t r a n antítesis de t i p o y t o n o análogos en R u f o .
E s t a , p o r e j e m p l o , a propósito de los l a d r o n e s , " q u e p o r ser l a
i n f a m i a y hez de l a t i e r r a , r e n u n c i a n en todos los oficios l a h o n r a
q u e p u d i e r a n t e n e r siendo h o m b r e s de v i d a santa y e j e m p l a r "
( p . 7 0 4 ) . E n c a m b i o , en el d i c h o s i g u i e n t e , el efecto escandaloso
de los contrastes (régimen m o n á s t i c o / r é g i m e n d e l a r r i e r o , etc.)
a p u n t a a u n a indignación más aparente que real; lo que p r i v a aquí
es l a observación c o s t u m b r i s t a y l a busca de simetrías elegantes,
m u y p e r c e p t i b l e e n las asonancias y a l i t e r a c i o n e s . V i d r i e r a falla
sobre los a r r i e r o s : " S o n gente q u e h a hecho d i v o r c i o con las sáb a n a s y se h a casado c o n las e n j a l m a s ; son t a n diligentes y p r e s u rosos, q u e a t r u e c o de n o p e r d e r l a j o r n a d a perderán el a l m a ; su
m ú s i c a es l a d e l m o r t e r o ; su salsa, l a h a m b r e ; sus m a i t i n e s , l e v a n t a r s e a d a r sus piensos; y sus m i s a s , n o oír n i n g u n a " ( p . 5 4 ) .
E n l a colección de R u f o , h a y m u c h o s a p o t e g m a s de aire satírico
e n los que p r i v a de m o d o igual el rebuscamiento conceptista: " T r a tándose de los copetes q u e a l g u n o s d a b a n e n u s a r , d i j o «que e r a n
h i g a s p a r a los que e r a n calvos, y m u y m a l estofo p a r a las celadas,
y a u n c o m e t a que a m e n a z a b a l a f e r o c i d a d de los e s p a ñ o l e s » "
( p . 4 5 4 ) . C o m o el p r o b l e m a q u e m e o c u p a es el de d i s t i n g u i r l a
m o r d a c i d a d i n g e n i o s a de l a sátira v e r d a d e r a , he hecho caso o m i so de aforismos sentenciosos, elogios y retruécanos, que p r e s e n t a n u n aspecto m u y p a r e c i d o e n a m b a s colecciones.
P a r a C i p i ó n es "difícil cosa el n o escribir sátiras". Y p a r a C e r v a n t e s , a l m e n o s en el t e r r e n o m o r a l / s o c i a l , era difícil escribirlas.
P o r ello suele f u n d i r l a sátira c o n géneros o especies l i n d a n t e s :
a p o t e g m a , a p ó l o g o , " c o m e d i a " , fábula a p u l e y a , n o v e l a picaresca. R e s u l t a extraño e m i t i r este j u i c i o sobre u n escritor a q u i e n
l a p o s t e r i d a d h u b o de c a n o n i z a r c o m o u n maestro del género. Pero
quizás n o t a n extraño. F u e s i n d u d a esa p r o p e n s i ó n suya a c o n v e r t i r las especies e n u n i v e r s a l e s , las cabezas de t u r c o en person a l i d a d e s d i f e r e n c i a d a s , l a q u e h i z o posible l a apoteosis.
ANTHONY GLOSE
U n i v e r s i t y of C a m b r i d g e
intrahistórico. A Teresa le debo no sólo esta información sino el haber leído
este artículo y hecho valiosas sugerencias sobre el estilo y contenido del m i s m o .
Descargar