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G o n z a l o Santonja, c o o r d i n a d o r
España Nuevo Milenio
MADRID
200 I
M I T O S
D E
L A
U N I V E R S A L E S
L I T E R A T U R A
Gonzalo Santonja,
E S P A Ñ O L A
Coordinador
D o n Juan,
genio y figura
S O C I E D A D
E S P A Ñ A
E S T A T A L
N U E V O
Madrid
2 0 0 1
M I L E N I O
M I T O S
D E
LA
U N I V E R S A L E S
L I T E R A T U R A
E S P A Ñ O L A
Coordinador
Gonzalo
Consejo
Santonja
asesor
José Miguel Santiago Castelo
Claudio
Guillen
Maya Smerdou Altolaguirre
Alfonso Van H a l e n
Colaboradoras
técnicas
Anunciada Fernández de
Paloma Martín
D I S E Ñ O
DE
Córdova
Llopis
C O L E C C I Ó N :
A M 3
F O T O C O M P O S I C I Ó N :
M e d i a n i l C o m p o s i c i ó n , S. L.
I M P R E S I Ó N :
E l e c e I n d u s t r i a Gráfica
© d e la p r e s e n t e e d i c i ó n :
S O C I E D A D
ESPAÑA
ESTATAL
N U E V O
M I L E N I O ,
S.
A.
Madrid, 2001
D e p ó s i t o Legal: M . 4 1 . 9 0 6 - 2 0 0 1
I S B N :
84-95486-05-9
índice
Prólogo. M i t o y realidad de D o n J u a n
Luis
9
MIGUEL ENCISO R E C I O
Presidente de la Sociedad Estatal España Nuevo
Milenio
I n t r o d u c c i ó n . L a b e r i n t o de e x t r a ñ a m i e n t o s
17
GONZALO SANTONJA
DE
EL
A DON
BURLADOR
JUAN
Las raíces del m i t o : D o n j u á n , de Tirso a Zorrilla
25
IGNACIO A R E L L A N O
Sobredosis de D o n j u á n
47
RAFAEL CONTÉ
Ana O z o r e s descubre el Tenorio
57
ANDRÉS AMORÓS
RETRATO
DE' U N
ENIGMA
El m i t o de D o n J u a n : variantes e invariantes
65
CARLOS G A R C Í A GUAL
Tirso y Zorrilla, encerrados c o n u n m i s m o j u g u e t e
FELIPE B E N Í T E Z R E Y E S
7
79
8
Í N D I C E
D o n J u a n , ¿el fin de u n mito?
89
A N T O N I O PIEDRA
DON
JUAN
EN
EL T E A T R O
D o n J u a n desde la m o d e r n i d a d
ESPAÑOL
ACTUAL
105
R A F A E L DE C Ó Z A R
La sombra del Tenorio
123
J O S É LUIS A L O N S O DE SANTOS
D o n j u á n , u n a vacilación de la naturaleza
JERÓNIMO LÓPEZ M O Z O
129
Las raíces del m i t o :
D o n Juan, de Tirso a Zorrilla
IGNACIO
EL
MITO
Y
ARELLANO
SUS
METAMORFOSIS
U n a de las características de los mitos es su c o n d i c i ó n proteica, capaz de
adquirir en diversas épocas y circunstancias c o n f o r m a c i o n e s concretas distintas, que n o b o r r a n su esencial fijación estructural, de tal m o d o q u e p e r v i v e n
en numerosas variantes adaptadas a su m o m e n t o p r o p i o .
1
En este sentido el m i t o d e D o n J u a n es u n e j e m p l o n o t a b l e de capacidad
generadora de múltiples avatares: cerca de quinientas o b r a s c o n D o n J u a n (o
2
donjuanes) c o m o protagonista(s) han catalogado los estudiosos.
El m i t o de D o n J u a n posee, sin e m b a r g o , dos rasgos m u y peculiares q u e
no c o m p a r t e c o n otros: u n o , su c o n d i c i ó n e m i n e n t e m e n t e literaria, artística ,
3
y otro, su creación b i e n definida en u n a obra concreta, hasta h o y a t r i b u i da, c o n algunas discrepancias, a T i r s o de M o l i n a . E n efecto, si, c o m o apunta
4
1
S o b r e el m i t o d e D o n j u á n señala M Á R Q U E Z V l L L A N U E V A , F , Orígenes y elaboración de «El
burlador de Scpilta», S a l a m a n c a , U n i v e r s i d a d , 1 9 9 6 , p. 1 1 , q u e «del m o d o m á s p a r a d ó j i c o , su n a t u raleza p r o f u n d a consiste en n o p o s e e r otra q u e la q u e el vaivén d e cada é p o c a q u i e r a asignarle».
2
Ver
WE1NSTEIN,
L., The Metamorphoses
of Don Juan,
Stanford, U n i v e r s i t y Press, 1 9 5 9 . La
bibliografía s o b r e el t e m a es i g u a l m e n t e m e t i d a . Basta r e m i t i r a LOSADA G O Y A , J. M . ,
graphy of the Myth
3
Ver
M O L H O ,
Biblio-
of Don Juan in Literary History, L e w i s t o n , E d w i n M e l l e n , 1 9 9 7 .
M . , Mitologías.
Don Juan.
Segismundo,
M a d r i d , Siglo X X I , 1 9 9 3 , p. I X , para
algunas o b s e r v a c i o n e s sobre la d i s t i n c i ó n del m i t o l i t e r a r i o d e D o n J u a n y o t r o s m i t o s q u e a r t i culan c o s m o v i s i o n e s de culturas p r i m i t i v a s , e s t u d i a d o s s o b r e t o d o p o r los a n t r o p ó l o g o s .
4
N o e n t r a r é yo e n estas d i s c u s i o n e s s o b r e la a u t o r í a ; p o r b r e v e d a d m e referiré a El burlador
c o m o obra de Tirso.
25
26
I G N A C I O
A R E L L A N O
M á r q u e z Villanueva , «será siempre a v e n t u r a d o hasta u n p u n t o azaroso saber
a d ó n d e va el inestable y m e t e ó r i c o D o n j u á n [...] el crítico literario p u e d e
en c a m b i o dilucidar de d ó n d e viene». Y D o n J u a n viene exactamente de El
burlador de Sevilla, raíz básica, pieza seminal de la q u e van a nacer todos los
donjuanes posteriores, directa o i n d i r e c t a m e n t e .
E n la creación del protagonista tirsiano confluyen, c o m o veremos enseguida, múltiples e l e m e n t o s , tradicionales, históricos, o posibles precedentes
literarios, p e r o n o son definitivos en la m e d i d a en q u e D o n J u a n Tenorio
n a c e insertado en una estructura mítica, de una vez, sin ensayos previos i d e n 6
tificables, en El burlador.
Esta es, p o r tanto, la obra cuyo e x a m e n resulta obligado si se ha de indagar en la raíz del m i t o donjuanesco, q u e después se ramifica en tan n u m e r o sos ejemplos d e toda latitud y cronología, entre los q u e destacan, en el á m b i to español, el famoso Don Juan Tenorio de Zorrilla y dos piezas q u e p o d e m o s
considerar eslabones e n t r e T i r s o y el r o m á n t i c o , c o m o son La venganza en el
sepulcro, d e A l o n s o de C ó r d o b a y M a l d o n a d o , y No hay deuda que no se pague
y convidado de piedra, de A n t o n i o de Z a m o r a .
M e o c u p a r é en lo q u e sigue de estas obras q u e acabo de citar, i n t e n t a n d o
u n s o m e r o repaso de la e v o l u c i ó n q u e sufre D o n J u a n desde el origen hasta
Zorrilla, cuya versión han c o n s i d e r a d o algunos críticos c o m o el fin del m i t o
donjuanesco propiamente d i c h o .
7
SENTIDO
GENERAL
DEL
MITO
La bibliografía sobre el t e m a de D o n J u a n resulta ya inabarcable. E n los
preliminares de la particular versión del m i t o q u e Jardiel Poncela presenta en
5
M Á R Q U E Z VILLANUEVA,
Ver
M O L H O , M.,
E , Orígenes...,
op. cit., 1 9 9 6 , p. 15.
1 9 9 3 , p. 2: «la c o m e d i a e s p a ñ o l a , en la q u e la e s t r u c t u r a mítica aparece
realizada d e u n a vez, sin p r e c e d e n t e s identificables, ni ensayos p r i m e r i z o s d e n i n g u n a especie,
c o n s t i t u y e u n a célula inicial d e la q u e d e r i v a n , directa o i n d i r e c t a m e n t e , p o r i m i t a c i ó n y / o p o r
r e - c r e a c i ó n t o d o s los d o n J u a n e s d e la literatura».
7
C i t a r é los pasajes d e estas o b r a s p o r las s i g u i e n t e s e d i c i o n e s : la d e T i r s o p o r Arellano, [.,
M a d r i d , Espasa C a l p e , 1 9 8 9 ; las d e C ó r d o b a y M a l d o n a d o , e n
lución dramática,
Zamora,
BAQUERO,
A . , Don Juan y su evo-
M a d r i d , E d i t o r a N a c i o n a l , 1 9 6 6 ; la d e Z a m o r a , e n Comedias
de don Antonio
de
t o m o s e g u n d o , M a d r i d , J o a q u í n S á n c h e z , 1 7 4 4 ; y la d e Z o r r i l l a , en F e r n á n d e z C i m e n -
tes, L., B a r c e l o n a , C r í t i c a , 1 9 9 3 .
LAS
R A Í C E S
D E L
M I T O :
D O N
J U A N ,
D E
T I R S O
A
27
Z O R R I L L A
su novela Pero ¿hubo alguna vez once mil vírgenes?, incluye u n h u m o r í s t i c o «Ensayo n ú m e r o 2 7 . 4 9 3 sobre D o n j u á n » , en referencia a la frondosidad de una
crítica q u e crece hasta e x t r e m o s q u e hacen imposible tenerla m i n u c i o s a m e n te en cuenta.
Estos acercamientos críticos s u p o n e n interpretaciones m u y variadas y a
veces opuestas del m i t o : D o n J u a n ha sido c o n s i d e r a d o u n a r q u e t i p o viril
(Ortega), u n i n m a d u r o de sexualidad p o c o diferenciada ( M a r a ñ ó n ) , u n v e n gador de su complejo de E d i p o y d e su incapacidad para amar, u n rebelde
social y metafísico de d i m e n s i o n e s heroicas o u n s e ñ o r i t o andaluz q u e se a p o ya en la posición familiar para c o m e t e r i m p u n e m e n t e sus abusos.
Estas lecturas y otras m u c h a s c o n sus matices distintos afectan al a r q u e t i po «Don Juan», lo q u e a su vez influye en las interpretaciones q u e se hacen
de las obras concretas, a veces de manera abusiva. Yo m e o c u p a r é aquí sobre
t o d o de El burlador y secuelas citadas, m a n t e n i e n d o sólo c o m o t e l ó n de fondo
algunas de estas interpretaciones generales del m i t o .
FUENTES Y
ANTECEDENTES
Los estudiosos se han esforzado c o n e m p e ñ o d i g n o a veces de m e j o r causa,
en la búsqueda de fuentes o antecedentes, en la vida real y en la literatura, para
el burlador y su convidado de piedra. Tradiciones sobre el c o n v i d a d o de ultrat u m b a se d o c u m e n t a n p o r t o d o el folklore e u r o p e o en los esquemas de doble
invitación , en los q u e u n h o m b r e , c a m i n o de la iglesia, topa c o n u n m u e r t o ,
8
alma en pena, calavera o esqueleto, al q u e insulta o maltrata, h a c i é n d o l e una
invitación burlesca para c o m e r c o n él. El difunto invita l u e g o a su h u é s p e d ,
quien al acudir a la cena macabra recibe u n castigo (la m u e r t e a m e n u d o ) o
se arrepiente y se salva. E n España hay distintas versiones del t e m a en r o m a n ces leoneses y segovianos, q u e ya estudió M e n é n d e z P i d a l , c o m o el siguiente:
9
8
Ver
MACKAY,
D , The Double
Invitation
in the Legend
of Don Juan,
Stanford, U n i v e r s i t y
Press, 1 9 4 3 .
9
Ver
M E N É N D E Z
PIDAL, R.,
«Sobre los o r í g e n e s del c o n v i d a d o d e piedra», e n Estudios
rios, M a d r i d , Espasa C a l p e , 1 9 6 8 , p p . 6 7 - 8 8 ; y
HERMENEGILDO,
narrativa: los r o m a n c e s del c o n v i t e m a c a b r o » , Cuadernos
litera-
A . , «Inversión d r a m á t i c a y f o r m a
de teatro clásico, 2, 1 9 8 8 , p p . 2 5 - 3 5 .
28
I G N A C I O
U n día m u y
A R E L L A N O
señalado
fue u n c a b a l l e r o a la iglesia,
y se v i n o a a r r o d i l l a r
j u n t o a u n difunto de piedra.
T i r á n d o l e d e la b a r b a
estas p a l a b r a s dijera:
«Oh, b u e n viejo venerable,
¡quién a l g ú n día os dijera
q u e c o n estas m i s m a s m a n o s
tentara a tu barba
mengua!
P a r a la n o c h e q u e v i e n e
yo te c o n v i d o a u n a c e n a . . . » .
Las versiones c o n estatua d e piedra, e n vez de calavera o esqueleto, p a r e cen exclusivas d e la tradición ibérica. Sin e m b a r g o , n o p o d e m o s datar con
certeza estos r o m a n c e s , ni p o d e m o s estar seguros de q u e los conociera el
a u t o r de la c o m e d i a , ni se h a n d e s c u b i e r t o variaciones de fondo sevillano que
se p u d i e r a n relacionar c o n El burlador, a u n q u e M e n é n d e z Pidal y Said A r m e s to
piensan q u e d e b i ó d e existir u n a leyenda de a m b i e n t e hispalense parale-
1 0
la a del r o m a n c e r o d e L e ó n y Segovia.
R e s p e c t o al m i s m o personaje de D o n J u a n T e n o r i o se han sugerido n u merosos m o d e l o s h i s t ó r i c o s
11
q u e s u p u e s t a m e n t e inspirarían la figura del b u r -
lador, c o m o d o n M i g u e l de M a n a r a (niño de p o c o s años en las fechas p r o b a bles de redacción de la obra), d o n J u a n Téllez G i r ó n , s e g u n d o d u q u e de
O s u n a e h i p o t é t i c o padre de T i r s o según a r g u m e n t a c i o n e s de Blanca de los
R í o s , definitivamente rechazadas h o y p o r la crítica, d o n Luis C o l ó n , dos o i d o res q u e corrían aventuras sexuales p o r Santo D o m i n g o hacia 1606, o el f a m o so c o n d e de Villamediana, d o n J u a n d e Tassis, etc. N i n g u n o de ellos es p e r t i n e n t e a la creación de D o n J u a n , p o r más q u e e l e m e n t o s de vida disoluta,
1 0
Ver
SAID ARMESTO,V.,
La leyenda de don Juan,
p u n t o d e la l e y e n d a sevillana d e p u e d e c o n s u l t a r
1996,
1 1
pp.
75
M a d r i d , Espasa C a l p e ,
M Á R Q U E Z VILLANUEVA,
1968.
S o b r e este
F., Orígenes...,
op. cit.,
y ss.
Para abreviar mis referencias a h o r r o a q u í las m e n c i o n e s bibliográficas c o n c r e t a s q u e doy
en el p r ó l o g o a m i e d i c i ó n citada, p p .
14-15;
también
cit., 1 9 9 6 , p. 4 1 , bibliografía q u e cita e n n o t a 6 2 .
M Á R Q U E Z VILLANUEVA, E,
Orígenes...,
op.
LAS R A Í C E S
DEL M I T O : D O N J U A N , DE T I R S O A
29
ZORRILLA
burlas eróticas o insolencias varias se p u e d a n rastrear e n estos y e n m u c h o s
otros personajes más o m e n o s coetáneos.
Igualmente abundantes son los m o d e l o s literarios q u e aspiran a p r e c e d e n tes o fuentes de rango diverso. El hispanista A r t u r o Farinelli, a finales del siglo X I X , adujo u n tal L e o n t i o , protagonista de u n a pieza de teatro jesuítico
1 2
representada en Ingolstadt en 1615, y otros h a n señalado al Cariofilo de la
comedia Eufrosina de Jorge Ferreira de Vasconcelos, al L e u c i n o de El infamador
de J u a n de la Cueva, o al L e o n i d o de La fianza satisfecha de L o p e de Vega...,
n i n g u n o de valor notable, en m i o p i n i ó n . Lo q u e sí parece más verosímil es
q u e la elección del n o m b r e de d o n J u a n T e n o r i o
1 3
(no el m o d e l o del p e r s o -
naje) responda a la existencia en la historia sevillana de la i m p o r t a n t e familia
de los Tenorios, u n o de cuyos m i e m b r o s más conspicuos fue el almirante d o n
Alonso Jofre T e n o r i o , p r i v a d o de Alfonso X I .
«EL
BURLADOR
DE
SEVILLA»
Sea c o m o fuere, el D o n J u a n q u e nos interesa nace de la p l u m a de Tirso,
y a partir de ese m o m e n t o t o m a r á m u c h a s formas, para e n c a r n a r m í t i c a m e n te una serie de pulsiones h u m a n a s q u e se h a n i n t e n t a d o describir r e c u r r i e n do a teorías antropológicas y psicoanalíticas, entre ellas el h é r o e cultural del
«burlador », personaje q u e en las tradiciones primitivas i n c o r p o r a la burla de
14
instituciones y represiones. Simbolizaría, desde este p u n t o de vista, la rebelión
del inconsciente contra unas n o r m a s demasiado rígidas, y especialmente c o n tra la ley del p a d r e ; c o n otros matices D o n j u á n se ha visto c o m o p e r s o n a 1 5
1 2
MÁRQUEZ VlLLANUEVA, F , Orígenes...,
op. cit., 1 9 9 6 , p p . 4 2 - 4 5 , n i e g a c o n b u e n a s r a z o n e s
la p e r t i n e n c i a d e este m o d e l o ; c o m e n t a o t r o s posibles p r e c e d e n t e s d r a m á t i c o s e n p p . 4 5 - 5 1 . U n o
de los más interesantes sería El infamador d e J u a n d e la C u e v a , p e r o n o se p u e d e n e s t a b l e c e r r e a l m e n t e p r e c e d e n t e s c o n c r e t o s d e valor d e f i n i t o r i o .
1 3
Ver CORTINES T O R R E S , J., «Hipótesis d e u n a e l e c c i ó n : J u a n T e n o r i o » , Boletín
Academia
1 4
Sevillana
de la Real
de Buenas Letras, 2 4 , 1 9 9 6 , p p . 8 5 - 1 1 1 .
Para el m o d e l o cultural del trickster ver WADE, G., « T h e c h a r a c t e r o f D o n J u a n o f El bur-
lador de Sevilla», en Hispanic
Studies in Honour
of Nicholson
B. Adams,
C h a p e l Hill, University of
N o r t h C a r o l i n a , 1 9 6 6 , p p . 1 6 7 - 1 7 8 , y «Para u n a c o m p r e n s i ó n del t e m a d e d o n j u á n y El burlador», Revista
de Archivos, Bibliotecas y Museos, 7 7 , 1 9 7 4 , p p . 6 6 5 - 7 0 8 .
Ver EVANS, P., « T h e R o o t s o f desire in El burlador de Sevilla», Forumfor
Studies, 22, 1 9 8 6 , p p . 2 3 2 - 2 4 7 .
Modern
Language
30
I G N A C I O
A R E L L A N O
j e e d í p i c o q u e manifiesta su c o m p l e j o e n las burlas q u e u r d e contra las m u j e res y en el h o m i c i d i o q u e c o m e t e en la p e r s o n a del c o m e n d a d o r (figura patern a ) . T a m b i é n , p o r el h e c h o de u n desenlace destructivo, alcanzaría D o n j u á n
1 6
el rango de chivo e x p i a t o r i o cuya violencia antisocial es i n t e r r u m p i d a p o r el
acto de su sacrificio q u e p e r m i t e volver a la restauración del orden.
Para m u c h o s analistas, la capacidad de proyectar en sus aventuras deseos
secretos, impulsos de d o m i n i o y apetencias sexuales (signo a su vez de las ansias
de p o d e r y liberación de los instintos reprimidos) explica parte de la fascinación q u e p r o d u c e en el espectador, partícipe en alguna medida de los deseos
q u e D o n J u a n sí erige en n o r m a de su conducta.
A h o r a b i e n , cada e n c a r n a c i ó n concreta del m i t o realiza su actividad de
m a n e r a diferente y o b e d e c e a p l a n t e a m i e n t o s i g u a l m e n t e diversos.
Es h o r a de enfentarse a los m o d e l o s escogidos para mi c o m e n t a r i o , e m p e zando p o r el b u r l a d o r tirsiano.
La t o m a de c o n t a c t o c o n D o n J u a n se p r o d u c e e n plena peripecia de la
p r i m e r a burla: en el palacio de Ñ a p ó l e s acaba de gozar a la duquesa Isabela,
fingiendo
ser O c t a v i o , galán de la dama, q u e advierte el e n g a ñ o tarde, sin
p o d e r r e c o n o c e r a su b u r l a d o r en la oscuridad. D e l escándalo q u e se p r o d u ce escapa D o n J u a n c o n la ayuda de su tío d o n Pedro, embajador de España.
Sucesivamente lo v e r e m o s engañar a la arisca pescadora Tisbea; luego, en un
i n t e n t o al parecer frustrado, a D o ñ a Ana, p r o m e t i d a del marqués de M o t a ,
a m i g o traicionado de D o n J u a n ; y
finalmente
a la i n g e n u a campesina A m i n -
ta. E n la burla de D o ñ a Ana mata al padre d e la dama, el c o m e n d a d o r Ulloa,
de cuya estatua funeral se burlará en otra ocasión, convidándola a cenar, i n t r o d u c i e n d o el s e g u n d o t e m a de la c o m e d i a , el del convite macabro.
El c o m i e n z o del drama in medias res es significativo del r i t m o acelerado
q u e d o m i n a el c o n j u n t o , subrayado p o r el constante c a m b i o de escenario y la
velocidad de m o v i m i e n t o s de D o n J u a n , personaje q u e carece de toda reflex i ó n , c o n v e r t i d o en agente de pura acción, q u e lo c o n d u c e en u n proceso de
burlas d e gravedad creciente hasta la catástrofe.
El e s q u e m a , rico en simetrías, paralelismos, antítesis y sistemas coherentes
de imaginería simbólica, está c o n s t r u i d o c o n meticulosidad, lejos de la i m p r o -
16 y
e r
p
E
A
L
O E I B E , O , En nombre de don Juan. Estructura de un mito literario, A m s t e r d a m - F i l a -
delfia,]. Benjamins, 1984.
LAS R A Í C E S
DEL M I T O : D O N J U A N , DE T I R S O A
ZORRILLA
3
1
visación y apresuramiento q u e en algún m o m e n t o se le a t r i b u y ó a la c o m e dia. Baste aducir el caso d e la pescadora Tisbea, cuyo m o n ó l o g o lírico, m u c h a s
veces criticado c o m o inverosímil y pesada digresión, establece sin e m b a r g o
el motivo de la desdeñosa q u e se burla c r u e l m e n t e de los p r e t e n d i e n t e s , n e cesario para justificar el castigo de su exceso (sufrir ella m i s m a la burla de
D o n Juan):
Y o s o y la q u e h a c í a s i e m p r e
de los h o m b r e s b u r l a tanta,
q u e s i e m p r e las q u e h a c e n b u r l a
v i e n e n a q u e d a r b u r l a d a s (vv. 1 0 1 3 - 1 0 1 6 ) .
Dada la omnipresencia del t é r m i n o burla y derivados en la c o m e d i a m e
parece evidente el valor p r e m o n i t o r i o de estos versos y del caso de Tisbea,
que avanza lo q u e espera al b u r l a d o r p o r a n t o n o m a s i a , D o n J u a n : t a m b i é n él
acabará b u r l a d o . Lo q u e C o r i d ó n dice a Tisbea («Tal fin la soberbia tiene. /
17
Su locura y confianza / paró en esto», vv. 1039-1041) ha de aplicarse igualm e n t e a D o n J u a n , otro l o c o cuya confianza en el «tan largo m e lo fiáis» le
conducirá a la p e r d i c i ó n .
E x a m i n a d o en esta vía el e n g a ñ o sufrido p o r M o t a es o t r o e j e m p l o más
del burlador b u r l a d o : M o t a habla de los perros m u e r t o s o engaños q u e p r e para a las prostitutas de la calle de la Sierpe, y D o n J u a n le p i d e la capa para
hacer él otra burla. Lo q u e M o t a n o sabe es q u e D o n J u a n se dirige a burlar
a D o ñ a Ana, p r o m e t i d a del marqués.
Todos estos procesos confluyen en la sugerencia del desenlace: el castigo
final del gran b u r l a d o r de t o d o s . D e s d e este p u n t o de vista d e la estructura, y
sin entrar todavía en consideraciones doctrinales, el castigo de D o n J u a n es el
único final c o h e r e n t e c o n este esquema de los burladores burlados. E n t r e otras
cosas, para salvar a D o n J u a n ( c o m o hacen Z a m o r a y Zorrilla) se necesitará
previamente desintegrar la férrea organización c o n la q u e T i r s o dota a su
comedia (es lo q u e hace Z a m o r a ) o plantearla de u n a f o r m a m u y distinta (es
lo que hace Zorrilla).
Ver VlTSE, M . , «Las burlas de d o n J u a n : viejos m i t o s y m i t o n u e v o » , e n El mito en el teatro clásico español, e d i c i ó n d e R u i z R a m ó n , F. y O l i v a , C , M a d r i d , T a u r u s , 1 9 8 8 , p p . 1 8 2 - 1 9 1 .
3
2
I G N A C I O
A R E L L A N O
El aspecto más llamativo de las burlas de D o n J u a n es su actividad e r ó t i ca. Es verdad, c o m o se ha d i c h o a m e n u d o , q u e a D o n J u a n le impulsa la b u r la más q u e el sexo, p e r o m e parece e v i d e n t e q u e el e l e m e n t o erótico le ha
conferido u n a e n o r m e eficacia a la fijación del tipo teatral, y ha sido capaz de
expresar c o n gran profundidad dramática las transgresiones del protagonista.
Tanto en el logro de su placer sexual c o m o en la satisfacción de la burla
manifiesta D o n j u á n una vitalidad, una apetencia de d o m i n i o , que le hace pres1 8
cindir de cualquier n o r m a q u e n o sea su apetito. D o n Juan es el burlador; su placer sexual va a c o m p a ñ a d o de la burla e implica u n aspecto cruel, un malicioso
goce en el engaño, aliado a una obsesiva búsqueda del renombre, de la f a m a .
19
Las burlas n o se ejecutan sólo contra las mujeres: D o n J u a n se burla de
O c t a v i o , de M o t a , de la estatua del c o m e n d a d o r . . . Perjura, roba las yeguas de
Tisbea, m i e n t e , mata, d e s o b e d e c e al rey y a su p a d r e . . . , se burla de las n o r m a s
h u m a n a s y divinas y persigue construirse u n a fama de « H é c t o r sevillano»
(v. 1086) i m p o n i e n d o sus deseos sobre t o d o y todos.
Pero c o n v i e n e n o equivocarse sobre el rango de las transgresiones y del
valor o t e m e r i d a d de este D o n J u a n q u e se acoge a m o d e l o s heroicos c o m o
H é c t o r y q u e ha c o n v e n c i d o de su h e r o í s m o a m u c h o s de sus críticos.
E n t e n d e r bien las dimensiones del valor de D o n Juan es importante para
aceptar o negar la estatura heroica del personaje y la grandeza o pequenez de la
rebelión social y religiosa que a m e n u d o se le atribuye. Aspectos que se relacionan a su vez con la explicación del desenlace y sus posibles vertientes teológicas.
A m é r i c o Castro, p o r ejemplo, ha visto en D o n j u á n u n alma audaz o p u e s ta a t o d o p r i n c i p i o , u n creyente en q u i e n p o r serlo destaca más la rebeldía, y
subraya el aspecto trágico del burlador, verdadero h é r o e de la transgresión
m o r a l . Q u e D o n J u a n peca contra la persona, la sociedad y la ley divina n o
2 0
parece discutible; q u e su transgresión constituya una rebelión teológica y
social consciente, de grandeza trágica, m e parece m u y dudoso. D o n Juan, en
1 8
E n este e l e m e n t o v i o M a e z t u la esencia d e d o n j u á n : ver M A E Z T U , R . , « D o n j u á n o el
p o d e r » , e n Don Quijote, don Juan y la Celestina,
M a d r i d , Espasa C a l p e , 1 9 4 5 .
Así lo ve U n a m u n o e n el p r ó l o g o d e El hermano Juan: «El l e g í t i m o , el g e n u i n o , el castiz o d o n j u á n p a r e c e n o darse a la caza d e h e m b r a s sino para c o n t a r l o y j a c t a r s e d e ello [...] lo
q u e le atosiga es a s o m b r a r , dejar fama y n o m b r e » .
2 0
E n su e d i c i ó n d e la o b r a , M a d r i d , La L e c t u r a , 1 9 1 0 . Ver
J u a n as a Social R e b e l » , Bulletin
of the Comediantes,
R O D R Í G U E Z ,
30, 1978, pp. 4 6 - 5 5 .
A., «Tirso's D o n
LAS R A Í C E S
DEL M I T O : D O N J U A N , DE T I R S O A Z O R R I L L A
33
mi o p i n i ó n , está m u y lejos de ser el h é r o e transgresor q u e ve en él Castro. Su
c o n d i c i ó n de creyente n o destaca audacia alguna, p o r q u e n o es operativa en
el drama ni en la configuración del personaje. D o n j u á n es católico, sin duda,
c o m o protagonista de una c o m e d i a del Siglo de O r o , p e r o su actuación deja
al m a r g e n a Dios y sus leyes en la c o n d u c t a cotidiana. N o se o p o n e a D i o s ; le
es indiferente, aplaza sistemáticamente cualquier t o m a d e postura al respecto.
La supuesta talla diabólica en la q u e tanto insiste algún estudio, c o m o el
de Aurora E g i d o ' , n o se advierte en D o n j u á n : ni se p u e d e c o m p a r a r a L u z 2
bel — m á s allá de expresiones lexicalizadas—, ni p r e t e n d e perfeccionarse en el
mal, c o m o Calígula, ni m a n t i e n e u n desafío de amplia rebelión contra sus
mayores, el rey y el o r d e n divino. El desafío q u e lo enfrenta c o n la Estatua
c o m p o r t a , más q u e valor heroico, ceguera m o r a l e intelectual. C a t a l i n ó n tiene
un m i e d o m u y justificado, q u e D o n J u a n rechaza n e c i a m e n t e , pues el m u e r to n o es u n m u e r t o n o r m a l , sino u n c o n v i d a d o de piedra q u e n o p u e d e asimilarse a u n cadáver sin potencias, y q u e e v i d e n t e m e n t e es u n mensajero de
otro m u n d o , cuya vida sobrenatural n o a d m i t e discusión. Q u e r e r burlar otra
vez al convidado de piedra es una n e c e d a d q u e D o n J u a n pagará cara. El b u r lador rechaza la conversión y su pertinacia le c o n d e n a .
Sin duda hay u n sustrato t e o l ó g i c o en la obra, q u e ha sido relacionado c o n
las famosas controversias de auxiliis sobre la gracia y predestinación, p e r o t a m p o c o habría q u e ver en este desenlace una d o c t r i n a teológica precisa q u e t e r ciara en estas polémicas, sino verdades elementales d e la d o c t r i n a cristiana,
m u y vigentes, claro está, en el m o m e n t o .
2 2
Lo q u e m e interesa, en c a m b i o , p o n e r de relieve es la gran c o h e r e n c i a d r a mática del desenlace, sobre t o d o t e n i e n d o en c u e n t a q u e una d e las c a r a c t e rísticas de versiones posteriores será la de salvar a D o n J u a n . D a d a la e s t r u c tura de la pieza, en la q u e D o n j u á n rechaza siempre las reiteradas advertencias
2 1
Ver sobre t o d o EGIDO, A., «Sobre la d e m o n o l o g í a d e los b u r l a d o r e s ( D e T i r s o a Z o r r i -
lla)», Cuadernos
de teatro clásico, 2, 1 9 8 8 , p p . 3 7 - 5 4 (y c o n igual t í t u l o e n Ibero Romanía,
26, 1 9 8 7 ,
pp. 1 9 - 4 0 ) .
2 2
Ver MÁRQUEZ VlLLANUEVA, E, Orígenes...,
op. cit., 1 9 9 6 , p p . 1 6 8 - 1 7 7 para el c o n t e x t o
d o c t r i n a l en q u e p u e d e situarse este a s p e c t o d e El burlador, y p. 153 para u n j u i c i o s i n t é t i c o s o b r e
D o n j u á n ( « N o hay, p u e s , en la c o m e d i a la m e n o r base t e x t u a l para ver en d o n j u á n u n r e b e l d e
o blasfemo, ni u n P r o m e t e o , ni u n idealista insatisfecho [...] P e r s o n a j e a n t i h e r o i c o » ) , q u e c o i n cide c o n m i propia o p i n i ó n , s e g ú n e x p r e s o e n el p r ó l o g o a m i e d i c i ó n .
34
I G N A C I O
A R E L L A N O
q u e se le dirigen, su trayectoria ilustra u n o de los pecados contra el Espíritu
Santo q u e analiza santo Tomás, la i m p e n i t e n c i a p r o c e d e n t e de presunción.
D o n j u á n es u n c o n d e n a d o p o r demasiado confiado, m e n o s p r e c i a d o r de Dios,
y n o p o r u n a activa rebeldía sino p o r e g o í s m o y ceguera. Tirso de Molina,
desde u n a perspectiva más rigurosa q u e la d e otros ingenios posteriores, c o n d e n a a su b u r l a d o r a u n a suerte merecida.
T é n g a s e en c u e n t a además q u e el castigo q u e p r o v i e n e de Dios c o r r i g e la
culpable benevolencia de la justicia h u m a n a , detalle este q u e revela a su vez
la nula rebeldía social d e D o n J u a n , m i e m b r o d e una clase d o m i n a n t e cuyos
privilegios explota e n su beneficio. D o n J u a n en n i n g ú n m o m e n t o aspira a
destruir u n sistema en el q u e se halla m u y bien instalado, y c u a n d o r o m p e las
reglas lo h a c e apoyado abusivamente e n esos privilegios q u e utiliza sin escrúpulos; c o m o dice él m i s m o a C a t a l i n ó n :
Si es m i p a d r e
el d u e ñ o d e l a j u s t i c i a
y es la p r i v a n z a d e l r e y
¿ q u é t e m e s ? (vv. 1 9 7 8 - 1 9 8 1 ) .
T o d o esto nos i n t r o d u c e e n otro de los grandes temas de la obra: la crítica social y política ejercida sobre los responsables del o r d e n , reyes y validos.
T a n t o el rey de Ñ a p ó l e s c o m o el rey de Castilla son ejemplos de malos
monarcas, q u e n o h a c e n la justicia a q u e están obligados, bien p o r i n c o m p e tencia, b i e n p o r c o r r u p c i ó n de sus funciones. N o hace falta examinar en detalle la trama de la obra para darse cuenta de q u e el rey d o n Alfonso nunca
quiere castigar al hijo d e su valido, sino q u e lo p r o t e g e , lo n o m b r a c o n d e de
Lebrija (lugar c e r c a n o a Sevilla d o n d e lo había desterrado en u n castigo a
todas luces m u y leve) y amenaza a O c t a v i o para p r o t e g e r a D o n j u á n . . .
Los responsables del o r d e n q u e d a n m u y malparados en la c o m e d i a tirsiana. Y n o se trata, c o m o interpreta R u i z P é r e z , de una postura c o n s e r v a d o 2 3
ra q u e deja satisfecho al p ú b l i c o c o n la remisión de la justicia a una instancia
s u p e r i o r q u e p e r m i t e al o r d e n h u m a n o quedarse inalterable. P o r q u e el orden
h u m a n o , e s t r i c t a m e n t e h a b l a n d o , n o es incapaz de castigar a D o n J u a n : es que
2 3
R U I Z PÉREZ, P., «Burla y castigo d e d o n j u á n en A n t o n i o d e Z a m o r a » , Cuadernos
tro clásico, 2 , 1 9 8 8 , p p . 5 5 - 6 3 . E s t i m a c i ó n d e este p u n t o e n T i r s o en p. 6 2 .
de tea-
LAS
R A Í C E S
D E L
M I T O :
D O N
J U A N ,
D E
T I R S O
A
Z O R R I L L A
35
n o ha q u e r i d o castigarlo. La i n h i b i c i ó n del rey es u n a i n h i b i c i ó n culpable q u e
denuncia una pasividad perniciosa. C u a n d o se decide al fin a castigar al m a l vado, la justicia ya ha sido h e c h a .
El final relativo a las bodas q u e cierran la obra q u e d a m i n a d o t a m b i é n p o r
esta consideración de la justicia h u m a n a . Es u n final a m b i g u o q u e n o p u e d e
asimilarse al final feliz t ó p i c o q u e implican h a b i t u a l m e n t e las bodas. El castigo de D o n J u a n ha sido realizado p o r el agente divino, p e r o las p e r t u r b a c i o nes q u e el burlador ha i n t r o d u c i d o en la sociedad n o p u e d e n ser sanadas p o r
el rey i m p o t e n t e , en tanto q u e D o n J u a n n o es sólo causa, sino efecto, de la
c o r r u p c i ó n general. R e c u é r d e s e q u e A m i n t a , d e s h o n r a d a , se casa c o n B a t r i cio, q u e ahora la acepta (cuando a n t e r i o r m e n t e la había r e p u d i a d o p o r meras
sospechas); Tisbea, burlada, se casa c o n Anfriso; y el p o b r e d u q u e O c t a v i o
admite la m a n o de Isabela, a d u c i e n d o r i d i c u l a m e n t e q u e ha q u e d a d o v i u d a
2 4
y que es posible casarse ahora c o n ella. La única q u e parece librarse de esta
deshonra general es D o ñ a Ana.
E n resumidas cuentas, el final p r o b l e m á t i c o deja sin resolver claramente el
orden: la crítica social se proyecta más allá del superficial r e o r d e n a m i e n t o q u e
s u p o n e n las bodas c o m o símbolo de restauración, y El burlador de Sevilla se
erige c o m o una obra compleja llena d e c o h e r e n c i a e n su c o n t e n i d o y desarrollo dramático. E n palabras de M á r q u e z V i l l a n u e v a :
25
Catártica, sensual, n u m i n o s a , sembrada
de comicidad
s e r i a s i m p l i c a c i o n e s t e o l ó g i c a s y p o l í t i c a s , El burlador
a la v e z q u e
de Sevilla
de
p r o y e c t a a su
n i v e l m á s a l t o el m o d o t r a g i c ó m i c o d e las g r a n d e s r e a l i z a c i o n e s d e n u e s t r o
teatro clásico.
LA
VENGANZA
DE A L O N S O
DE
EN
EL
CÓRDOBA
SEPULCRO
Y
MALDONADO
El siguiente eslabón en el m i t o d o n j u a n e s c o es u n a obra m u y inferior, La
venganza en el sepulcro de Alonso de C ó r d o b a y M a l d o n a d o , de finales del si-
2 4
Isabela n u n c a se ha casado c o n D o n J u a n , d e m o d o q u e n o es v i u d a . Es otra d a m a d e s -
h o n r a d a y, s e g ú n el c ó d i g o d e la é p o c a , O c t a v i o q u e d a i n f a m e c a s á n d o s e c o n ella.
2
5
M Á R Q U E Z VILLANUEVA,
E,
Orígenes...,
op. cit., 1 9 9 6 , p. 3 3 .
36
glo
I G N A C I O
XVII,
A R E L L A N O
conservada en u n m a n u s c r i t o de la Biblioteca N a c i o n a l de M a d r i d
y publicada c o n e r r ó n e a a t r i b u c i ó n a T i r s o p o r C o t a r e l o en 1957, y más tarde
p o r B a q u e r o en 1966, ya c o n la a t r i b u c i ó n q u e parece correcta a este C ó r d o ba y M a l d o n a d o , del q u e apenas se sabe q u e fue v e e d o r y c o n t a d o r del rey en
las obras de alcázares reales, casas y bosques y R e a l I n g e n i o de la M o n e d a , en
la ciudad de Segovia en 1662.
E n sus breves palabras de presentación B a q u e r o p o n e de relieve que se trata
de una obra inspirada en El burlador, c o n u n protagonista reducido a u n tipo
de m a t ó n q u e n o conquista a nadie. La c o m e d i a de C ó r d o b a toma los datos
superficiales y parte de la trama de Tirso. C o n s e r v a los n o m b r e s de algunos
personajes ( D o n j u á n , D o ñ a Ana, M o t a . . . ) , a u n q u e en la estructura de sus relaciones opera una simplificación q u e debilita m u c h o la construcción dramática.
E n la p r i m e r a escena D o n j u á n intenta cortejar a D o ñ a Ana, a la q u e e n c u e n t r a e n el c a m p o e n las afueras de Sevilla. Se presenta p o r m e d i o de u n
relato autobiográfico q u e recoge sus hazañas anteriores, desde su salida de la
casa p a t e r n a para ver m u n d o , entre las q u e se halla u n a versión r u d i m e n t a r i a
de lo q u e en T i r s o es la burla de A m i n t a , q u e sin e m b a r g o este D o n J u a n n o
llega a culminar, r e d u c i é n d o s e el episodio n a r r a d o a una pelea con el novio
celoso de la campesina.
Según la hiperbólica relación de D o n J u a n , han m u e r t o a sus manos c e n tenares de víctimas: u n a vez se enfrenta a c i n c u e n t a o p o n e n t e s ; en otra pelea
mata a u n hidalgo y lucha después, victorioso, c o n t o d o el p u e b l o ; refugiado
en la sierra, lleva una vida de b a n d o l e r o e intenta la conquista de una hermosa
serrana, q u e se le escapa para entregarse más tarde a u n príncipe q u e pasa por
allí. Airado y h u m i l l a d o , D o n J u a n mata al príncipe. E n posteriores aventuras
en Flandes dice h a b e r d e t e n i d o en una escaramuza a cuatrocientos enemigos
él s o l o . . .
C o n semejante p r o n t u a r i o D o ñ a A n a q u e d a espantada y nada proclive a
considerar las atenciones amorosas de D o n J u a n , a u n q u e p o r prudencia d i simula y le hace creer q u e p u e d e c o r r e s p o n d e r a la pasión expresada p o r
el feroz caballero, el cual se configura en todas las o p o r t u n i d a d e s —las que
narra y las q u e protagoniza e s c é n i c a m e n t e — c o m o u n seductor c o m p l e t a m e n t e fracasado.
D o ñ a A n a en realidad ama al marqués de la M o t a , con q u i e n tiene c o n c e r t a d o m a t r i m o n i o , p r o p ó s i t o q u e n u n c a abandonará. D o n J u a n , ante el r e -
LAS
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D E L
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D O N
J U A N ,
D E
T I R S O
A
Z O R R I L L A
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chazo de la dama q u e tenía p o r suya, p r e t e n d e forzarla; se dirige a su casa, y
al negarse el viejo D o n G o n z a l o a franquearle la p u e r t a lo mata, h u y e n d o
luego y dejando q u e recaiga la culpa en M o t a . D o ñ a A n a sospecha d e D o n
Juan, y vuelve a engañarlo c o n promesas de amor, hasta q u e se descubre al
verdadero culpable, q u e mientras tanto insulta a la estatua funeral de D o n
Gonzalo, la invita a cenar, etc., c o n el c o n s i g u i e n t e desenlace de castigo en u n
tramo final q u e sigue m u y de cerca el m o d e l o d e El burlador, incluso en el
plano lingüístico, c o n pasajes p r á c t i c a m e n t e repetidos.
Las modificaciones q u e C ó r d o b a i n t r o d u c e parecen bastante aleatorias y
diríase q u e n o ha c o m p r e n d i d o b i e n la c o h e r e n c i a d e su fuente. El padre de
D o n J u a n ha m u e r t o antes del c o m i e n z o de la acción, lo q u e anula en esta
versión el e l e m e n t o de la privanza y despoja al t e m a d e la burla del m a r c o
político y social q u e sustentaba en T i r s o la propia c o r r u p c i ó n del T e n o r i o . Las
hazañas de D o n J u a n se presentan a través de su p r i m e r a relación, es decir, se
ofrecen en forma narrativa y n o dramática (muy diferente del b r u s c o a r r a n que, p u r a m e n t e teatral, de T i r s o en el palacio de Ñ a p ó l e s ) . C o n s i s t e n p r i n c i p a l m e n t e en violencias, q u e n o n e c e s a r i a m e n t e r e s p o n d e n a esquemas d e b u r las, y el e l e m e n t o e r ó t i c o q u e d a c o m p l e t a m e n t e desdibujado. E n realidad D o n
Juan es r e p e t i d a m e n t e b u r l a d o p o r D o ñ a Ana, e incluso asoma u n atisbo de
e n a m o r a m i e n t o en el galán ( a u n q u e luego, de m a n e r a bastante i n c o n g r u e n t e ,
decide violar a D o ñ a Ana):
[...] Y o n o s a b í a
q u é era a m o r ni q u é
hermosura.
Sólo en condición tan dura
predominó
valentía
[...]
y ya, t i r a n o C u p i d o ,
n i es r a y o , f u r i a n i e n o j o ,
sino u n rendido
despojo
a u n á n g e l q u e m e h a v e n c i d o (p. 3 7 9 ) .
El c o m p o n e n t e del convite macabro y castigo en C ó r d o b a se liga de m a n e ra bastante específica a la concreta irreverencia que c o m e t e con la estatua del
comendador, a la que desafía a pelear. La trayectoria de D o n j u á n en esta c o m e dia es ciertamente una trayectoria de violencias, pero acumuladas en una serie
38
I G N A C I O
A R E L L A N O
m u y p o c o integrada, q u e n o es capaz de definir a u n burlador e m p e d e r n i d o
c o m o era el p r i m e r T e n o r i o (ha desaparecido, p o r ejemplo, el t e m a del «tan largo m e lo fiáis»). Las escenas del convite y la c o n d e n a c i ó n parecen s i m p l e m e n te imitar El burlador y n o s u p o n e n , c o m o en la pieza original, u n cierre exigid o p o r la misma arquitectura del drama y la construcción de los personajes.
La versión de C ó r d o b a y M a l d o n a d o s u p o n e esencialmente la desintegración d e El burlador, del q u e se h a n t o m a d o aspectos superficiales, o motivos y
frases, p e r o del q u e n o se ha c o n s e r v a d o la precisa organización dramática en
la q u e radica p r e c i s a m e n t e el p o d e r configurador del m i t o .
NO
Y
HAY
DEUDA
CONVIDADO
QUE
DE
NO
PIEDRA
SE
PAGUE
DE
Z A M O R A
La siguiente recreación es más i m p o r t a n t e , en t a n t o p u e d e considerarse el
eslabón i n t e r m e d i o e n el proceso e v o l u t i v o
26
— q u e he marcado c o m o obje-
to d e mis o b s e r v a c i o n e s — d e T i r s o hasta Zorrilla.
A n t o n i o Z a m o r a escribe, ya en el siglo
XVIII,
una c o m e d i a q u e en su e d i -
ción p r í n c i p e ( M a d r i d , 1744) se titula No hay deuda que no se pague y convidado de piedra, a u n q u e es más c o n o c i d a p o r el título q u e le a t r i b u y ó M e s o n e r o
R o m a n o s de No hay plazo que no se cumpla ni deuda que no se pague y convidado de piedra.
Presenta una serie de modificaciones de la estructura global q u e s u p o n e n
u n n u e v o e s q u e m a — q u e incide en el valor artístico de la pieza en su c o n j u n t o — , y otras modificaciones q u e afectan específicamente al protagonista,
u n avatar del b u r l a d o r distinto del tirsiano, sin duda m e n o s vigoroso c o m o
personaje teatral, p e r o c o n innovaciones q u e el D o n J u a n r o m á n t i c o de Z o rrilla adoptará, desarrollándolas.
R e s p e c t o a la c o m p o s i c i ó n general d e la c o m e d i a , n o es p e r t i n e n t e ahora
u n análisis exhaustivo, p e r o señalaré al m e n o s q u e Z a m o r a , al igual que C ó r d o b a y M a l d o n a d o , vuelve a ignorar la estricta organización de El burlador.
2
6
G A R C Í A
GARROSA,
M . J.,
«NO
hay plazo que no se cumpla ni deuda que no se pague y convi-
dado de piedra: la e v o l u c i ó n d e u n m i t o d e T i r s o a Z o r r i l l a » , Castilla, 9 - 1 0 , 1 9 8 5 , p p . 4 5 - 6 4 , c o n sidera, q u i z á c o n algo d e e x a g e r a c i ó n , q u e «es f u n d a m e n t a l para c o m p r e n d e r la e v o l u c i ó n del
m i t o d o n j u a n e s c o e n la l i t e r a t u r a española» (p. 4 6 ) .
LAS
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D E L
M I T O :
D O N
J U A N ,
D E
T I R S O
A
Z O R R I L L A
39
Valga c o m o síntoma el diseño de la p r i m e r a escena, u n a celebración estudiantil de calidad costumbrista, e n la q u e los e s t u d i a n t e s
tor y cantan jácaras p o r las calles. A u n q u e R u i z P é r e z
2 8
27
vitorean a su r e c -
o p i n e q u e esta a p e r -
tura es muestra de u n a c o h e r e n t e e c o n o m í a dramática q u e deja ya establecido
el carácter del protagonista y el e s q u e m a de la acción, a mi j u i c i o t i e n e p o c o
que ver c o n D o n j u á n m i s m o ; ú n i c a m e n t e sirve para mostrar el carácter p e n denciero del protagonista, q u e enseguida entabla u n a pelea c o n los e s t u d i a n tes, c o n d i c i ó n q u e p o r otro lado quedará enseguida clara c o n otras n u m e r o sas riñas y desafíos, entre ellas la q u e culmina en la m u e r t e del c o m e n d a d o r ,
d o n G o n z a l o de Ulloa.
La burla a Isabela q u e abría la c o m e d i a de T i r s o vuelve a ser escamoteada
(como en la versión de La venganza en el sepulcro) sustituida p o r u n a n a r r a c i ó n
y p o r esta otra escena q u e a b u n d a en u n rasgo característico de la pieza de
Z a m o r a : la afición al c o s t u m b r i s m o , q u e gravitará sobre la trama y los p e r s o najes, supeditando al p i n t o r e s q u i s m o la firmeza estructural y caracterológica.
B u e n ejemplo de t o d o esto es u n o de los personajes nuevos i n t r o d u c i d o s
por Z a m o r a , d o n Luis de Fresneda, q u e unas veces aparece c o m o hidalgo c o n
p r u r i t o de h o n r a y otras c o m o j a q u e q u e se alquila para matar p o r d i n e r o ;
unas veces adopta u n discurso típico de galán y otras e m p l e a t é r m i n o s de g e r m a n í a . . . Pienso, en suma, q u e la afición a este retrato costumbrista de u n j á caro p r o d u c e en el personaje u n a desintegración i n c o h e r e n t e , q u e n o es la
única q u e se advierte en la c o m e d i a .
La h e r m a n a de este d o n Luis, Beatriz, es otro personaje nuevo. D a m a a la
que D o n J u a n dio una palabra de m a t r i m o n i o q u e n o ha c u m p l i d o ni piensa
cumplir, se muestra fiel a su burlador, a diferencia de d o ñ a Ana, la dama ahora
pretendida por D o n Juan, que lo rechaza, ofendida p o r la c o n d u c t a del galán, y
lo persigue después e m p e ñ o s a m e n t e para vengar la m u e r t e del padre asesinado.
En la actitud de D o n J u a n hacia Beatriz, sin e m b a r g o , Z a m o r a ha captado
bien el esencial carácter c o n s e r v a d o r de este burlador, apoyado, c o m o el o r i ginal, en sus privilegios de clase, y ha desarrollado e x p l í c i t a m e n t e ese rasgo, al
2 7
EGlDO, A., 1 9 8 8 , p. 5 1 , p a r e c e p e n s a r q u e D o n J u a n m i s m o es u n e s t u d i a n t e y q u e los v í -
tores de la pandilla se le h a c e n a él: «El e s t u d i a n t e f o l c l ó r i c o es a q u í la e n c a r n a c i ó n d e d o n j u á n » ,
p e r o nada t i e n e n q u e ver. D o n J u a n se c r u z a c o n los e s t u d i a n t e s y acaba p e l e a n d o c o n ellos.
2
8
R U I Z
PÉREZ, P ,
«Burla y castigo...», art. cit., 1 9 8 8 , p. 5 5 .
40
I G N A C I O
A R E L L A N O
aclarar q u e la negativa de D o n J u a n a casarse c o n Beatriz estriba en la diferencia de posición social y e c o n ó m i c a :
[...] n o es m u j e r
q u e m e r e c e estar casada
con todo un D o n Juan Tenorio,
p u e s d e m á s d e la d i s t a n c i a
q u e h a y e n a m b o s , la f o r t u n a
d e s i g u a l ó las b a l a n z a s ( p . 2 6 9 ) .
Z a m o r a quiere presentar u n b u r l a d o r de mujeres inspirado en el m o d e l o :
«sólo piensas / e n engañar a las damas», dice el criado C a m a c h o (p. 268), pero
desaparece el catálogo totalizador de El burlador de Sevilla, r e d u c i d o ahora a las
dos damas citadas.
C o n s e r v a i g u a l m e n t e el m o t i v o de los privilegios q u e le confiere el ser
hijo del p r i v a d o del rey, y t a m b i é n persiste en Z a m o r a el tema de la i n c o m petencia de la justicia h u m a n a , q u e rehusa c u m p l i r c o n su d e b e r p o r n e p o t i s m o . C u a n d o D o n J u a n mata al c o m e n d a d o r , D o ñ a Ana pide al rey justicia
contra el m a t a d o r d e su padre, p e r o n o la consigue. Antes Beatriz ha reclamad o p o r su agravio, ante el desprecio de D o n Juan:
BEATRIZ.
Daré de m i agravio
cuenta
al rey.
D O N JUAN.
C o n D o n Juan Tenorio
n o se e n t i e n d e n las q u e r e l l a s .
BEATRIZ.
A p e l a r é al c i e l o c u y a
justicia a nadie respeta.
D O N JUAN.
Si t a n l a r g o m e l o
fías
y o t e p e r m i t o la e s p e r a ( p . 2 8 2 ) .
El p r o c e s o es bastante paralelo al m o s t r a d o p o r Tirso. D o n J u a n tira de la
barba a la estatua del c o m e n d a d o r , la desafía irreverente, la convida a cenar, se
niega al a r r e p e n t i m i e n t o , acude al s e g u n d o convite macabro (servido p o r
esqueletos, c o n manjares de cenizas y culebras), etc.
Pero en el desenlace se i n t r o d u c e la m a y o r novedad: el c o n v i d a d o de p i e dra explicita su papel d e aviso del cielo, en esta ocasión c o n deseo de salvar a
D o n Juan:
LAS
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D E L
M I T O :
D O N
J U A N ,
D E
T I R S O
A
41
Z O R R I L L A
Bien, Don Juan,
conocerás cuánto debes
a mi amistad, pues por ella
Dios licencia me concede
de venir a visitarte,
sólo a fin de que aconseje
a tu ceguedad que tantos
pasados yerros enmiende.
Breve es la vida del hombre,
cierto su fin y evidente
el juicio divino, pues
¿quién tales culpas comete
sabiendo de fe que hay
cierto fin y vida breve? (p. 301).
D o n J u a n se niega a arrepentirse (con la negativa t e r m i n a el acto s e g u n do), a d u c i e n d o q u e ya es tarde, pero el c o m e n d a d o r insiste en la misericordia
de Dios.
En el desenlace se mostrará efectivamente q u e para e n m i e n d a s n u n c a es
tarde, pues D o n J u a n , agonizante en m a n o s del difunto c o m e n d a d o r , p i d e q u e
su alma se salve, ya q u e pierde la vida en castigo a sus abusos. Las palabras del
c o m e n d a d o r parecen bastante claras y a p u n t a n i n e q u í v o c a m e n t e , a m i j u i c i o ,
a la salvación de D o n J u a n : «Dichoso tú, si aprovechas / la e t e r n i d a d de u n
instante» (p. 321), lo m i s m o q u e la apostilla final de D o n D i e g o , padre del b u r lador: «El consuelo q u e m e q u e d a / es saber q u e e n igual trance / se a r r e pintió de sus culpas» (p. 322). Es cierto — s e g ú n estiman algunos c r í t i c o s —
que n o se asegura explícitamente la salvación de D o n j u á n , p e r o los pasajes
citados carecerían de sentido si n o se destinaran a c o m u n i c a r esta idea al
espectador, q u e es precisamente la q u e p r e d o m i n a .
A r r e p e n t i m i e n t o y salvación sin duda posibles desde el p u n t o de vista d o c trinal, pero m u c h o m e n o s rigurosos y c o h e r e n t e s q u e la c o n d e n a tirsiana. N o
sirve la c o m p a r a c i ó n c o n el E n r i c o de El condenado por desconfiado q u e algunos críticos han p r o p u e s t o para explicar este desenlace de Z a m o r a , pues
2 9
2
9
GARCÍA
GARROSA,
M . J.,
«NO
hay plazo...»,
art. cit., 1 9 8 5 , p. 5 2 : «una s o l u c i ó n [la de
Z a m o r a ] q u e en nada c o n t r a d i c e la d o c t r i n a católica y el p e n s a m i e n t o d e T i r s o , y n o es ni más
ni m e n o s q u e la s o l u c i ó n q u e e n c o n t r a m o s en su Condenado
por
desconfiado».
42
I G N A C I O
A R E L L A N O
E n r i c o es u n personaje m u y diferente, q u e siempre guardaba u n resquicio de
esperanza y caridad simbolizado en su a m o r filial p o r su viejo padre i m p e d i d o A n a r e t o , mientras q u e e n D o n J u a n sólo se p e r c i b e u n b r u s c o a r r e p e n t i m i e n t o de última h o r a q u e le s u p o n e la salvación in extremis, n o ligada al p r o ceso d r a m á t i c o global de la c o m e d i a .
E n Z a m o r a asoma t a m b i é n , t í m i d a m e n t e , el m o t i v o del e n a m o r a m i e n t o
del burlador, q u i e n en cierta ocasión muestra u n confuso s e n t i m i e n t o p o r
D o ñ a A n a («¡Ay, D o ñ a Ana, q u e n o p u e d o / ni olvidarte ni quererte»), sentim i e n t o d e una categoría a la q u e el D o n J u a n de T i r s o era i n m u n e .
Pero habrá q u e esperar a Z o r r i l l a para q u e estos dos e l e m e n t o s , el D o n
J u a n e n a m o r a d o (valga decir, u n D o n J u a n q u e ya n o es el burlador) y la salvación de D o n J u a n , se r e l a c i o n e n de m o d o esencial, en tal forma que la
salvación le venga a D o n j u á n a través p r e c i s a m e n t e del a m o r de una mujer a
la q u e él c o r r e s p o n d e .
D O N JUAN
TENORIO
Y c o n esto llegamos p o r fin al ú l t i m o de los donjuanes q u e examinaré
aquí, el más c o n o c i d o para u n lector o espectador de nuestros días, el Don
Juan Tenorio de Z o r r i l l a (1844).
El p r o p i o Z o r r i l l a relaciona su obra c o n los p r e c e d e n t e s , a u n q u e c o m e t e
errores de a t r i b u c i ó n al pensar q u e No hay deuda que no se pague es de Solís
( A n t o n i o de Solís, se s u p o n e ) . Se h a n a p u n t a d o numerosas f u e n t e s
30
para Don
Juan Tenorio, de las cuales nos interesan en esta c o y u n t u r a sólo los p r e c e d e n tes en la línea d e e v o l u c i ó n del m i t o .
E n relación c o n El burlador, Z o r r i l l a m a n t i e n e a la obra de T i r s o c o m o u n
s u b t e x t o d e referencia g e n e r a l , sin seguirlo tan de cerca c o m o habían h e c h o
3 1
— a u n q u e c o n mala f o r t u n a — C ó r d o b a y M a l d o n a d o o Z a m o r a . Esta última
versión es sin d u d a la más cercana a la r o m á n t i c a , a u n q u e n o habría q u e exagerar la posible influencia. Más b i e n m e interesaría a p u n t a r s i m p l e m e n t e las
30 y
3 1
e r
Ver
F e r n á n d e z C i f u e n t e s , e d i c i ó n citada d e Don Juan,
M A N D R E L L ,
D o u b l i n g » , Hispania,
pp. 7 - 2 3 .
J., «Don Juan Tenorio as R e f u n d i c i ó n : t h e Q u e s t i o n o f R e p e t i t i o n and
70, 1987, pp. 22-30.
LAS
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innovaciones o características q u e definen la creación de Z o r r i l l a frente a su
más i n m e d i a t o p r e d e c e s o r .
32
Los dos aspectos básicos q u e en Z a m o r a habían a s o m a d o l e v e m e n t e y q u e
Zorrilla convierte en p u n t o s esenciales d e su D o n J u a n son el e n a m o r a m i e n to del galán y la salvación final . H a y q u e decir q u e e n a m b o s Z o r r i l l a c o n 33
sigue una justificación estructural m u c h o más c o h e r e n t e q u e Z a m o r a . E n éste
el e n a m o r a m i e n t o sólo apunta de m a n e r a irregular, sin llegar a constituir u n
rasgo relevante del personaje, y el a r r e p e n t i m i e n t o es b r u s c o y sin preparación
alguna en el proceso dramático. E n Z o r r i l l a el a m o r de D o n J u a n es fundamental y la principal razón de su conversión, q u e le p e r m i t i r á salvarse, ayudado p o r la amorosa intercesión de D o ñ a Inés.
Brígida percibe este c a m b i o de D o n j u á n («Os estoy o y e n d o / y m e hacéis
perder el tino: / yo os creía u n libertino / sin alma y sin corazón», vv. 1 3 2 2 1325), q u e él m i s m o confiesa en u n a declaración cuyo c o n t e x t o revela sincera:
N o es, d o ñ a Inés, Satanás
q u i e n p o n e este a m o r e n mí;
es D i o s , q u e q u i e r e p o r ti
g a n a r m e para El quizás.
N o , el a m o r q u e h o y se a t e s o r a
en mi corazón
mortal
n o es u n a m o r
terrenal
c o m o el q u e s e n t í h a s t a a h o r a (vv. 2 2 6 4 - 2 2 7 1 ) .
La escena en la quinta c o n el c o m e n d a d o r Ulloa es clave en este sentido,
al presentar a u n D o n j u á n q u e se humilla y solicita el p e r d ó n , ofreciendo una
e n m i e n d a q u e le haga d i g n o de D o ñ a Ana.
D o n J u a n , gracias al a m o r q u e en él ha d e s p e r t a d o D o ñ a Inés, se esfuerza en d o m i n a r sus impulsos violentos y su orgullo de c o n q u i s t a d o r (que le
A p u n t e s c o m p a r a t i v o s q u e n e c e s i t a r í a n m a y o r e x a m e n se e n c u e n t r a n e n
«Zorrüla's I n d e b t e d n e s s t o Z a m o r a » , The Romanic
RROSA,
3 3
Ver
Review,
BARLOW,
17, 1926, pp. 3 0 3 - 3 1 8 ;
G A R C Í A
J.W.,
G A -
1985.
R I C O ,
F., «La salvación d e d o n j u á n » , e n Breve biblioteca de autores españoles,
na, Seix Barral, 1 9 9 0 , p p . 2 3 9 - 2 6 8 .
Barcelo-
44
I G N A C I O
A R E L L A N O
h e m o s visto e x h i b i r en su e n f r e n t a m i e n t o c o n Mejía); sin e m b a r g o el desprecio del c o m e n d a d o r y de Mejía es demasiado para él y reacciona al fin con la
violencia a c o s t u m b r a d a .
C o n t o d o Z o r r i l l a ha p r e p a r a d o la escena de tal forma q u e D o n J u a n será
incapaz, impulsado p o r sus o p o n e n t e s , de d o m i n a r su reacción, q u e queda j u s tificada p o r la lógica dramática. E n Z a m o r a D o n J u a n mataba al c o m e n d a d o r
en ejercicio de u n a violencia desatada c o n una gratuidad bastante absurda:
Zorrilla elabora u n a extensa escena en la q u e d o n G o n z a l o de Ulloa, cegado
p o r u n a justificada ira contra el secuestrador de su hija, provoca una reacción
en D o n J u a n q u e éste intentaba controlar.
El D o n J u a n q u e q u e d a , después de la m u e r t e del c o m e n d a d o r , es ya u n
D o n j u á n v e n c i d o , exiliado, ausente de su amada (que m u e r e en Sevilla, lejos
de él), u n D o n j u á n q u e regresa con la melancólica esperanza de recuperar lo
q u e sólo p o d r á r e c u p e r a r e n u n m u n d o q u e n o es el t e r r e n o . Sus años de e x i lio n o son u n a r e a n u d a c i ó n de las aventuras del principio, sino una verdadera expiación. El desafío a la estatua del c o m e n d a d o r n o es tan específico c o m o
en las obras anteriores, sino q u e elige su estatua al azar, p o r q u e es la q u e más
cerca tiene e n el c e m e n t e r i o .
Sea c o m o fuere, este desafío sacrilego es su ú l t i m o i n t e n t o de m a n t e n e r la
máscara del a n t i g u o D o n j u á n : delante de los viejos c o m p a ñ e r o s c o m o C e n tellas, de n u e v o apela a su valor t e m e r a r i o , e x h i b i e n d o u n i n c r é d u l o cinismo
q u e sin e m b a r g o ha e m p e z a d o a agrietarse desde m u c h o antes.
El c o n v i d a d o de piedra manifiesta u n a c o n d u c t a igual a la del de Z a m o ra: llega c o m o enviado del cielo para avisar al p e c a d o r y darle o p o r t u n i d a d de
q u e se arrepienta:
Al sacrilego c o n v i t e
q u e m e has h e c h o e n el p a n t e ó n ,
para alumbrar tu razón
D i o s asistir m e
permite.
Y h e m e q u e v e n g o e n su n o m b r e
a e n s e ñ a r t e la v e r d a d ,
y es q u e h a y u n a
eternidad
t r a s d e la v i d a d e l h o m b r e ,
q u e n u m e r a d o s están
los días q u e has d e vivir
LAS
R A Í C E S
D E L
M I T O :
D O N
J U A N ,
y q u e tienes q u e
D E
T I R S O
A
Z O R R I L L A
45
morir
m a ñ a n a m i s m o , D o n j u á n (vv. 3 4 3 2 - 3 4 4 3 ) .
C o n la participación de D o ñ a Inés, D o n j u á n se salva, p e r o a diferencia de
lo q u e sucedía en Z a m o r a , esta conversión se ha ido a n u n c i a n d o a lo largo del
drama, y resulta ser en este caso u n final c o h e r e n t e c o n el p l a n t e a m i e n t o
del héroe de Zorrilla, a quien le p r e o c u p a m u c h o m e n o s el r i g o r d o c t r i n a l
que sustentaba el desenlace tirsiano q u e la exaltación sentimental d e la piedad
y del a m o r divinos.
N ó t e s e t a m b i é n q u e ha desaparecido t o d o e l e m e n t o de crítica social, y la
figura del rey n o d e s e m p e ñ a ahora papel a l g u n o : el drama de Z o r r i l l a se m a n tiene en un plano de relaciones individuales, sin u n a c o n e x i ó n tan estrecha
con el á m b i t o de la c o r r u p c i ó n social y política c o m o el q u e se establecía e n
El burlador, circunstancia q u e facilita a su vez el desenlace e d u l c o r a d o de Don
Juan Tenorio.
O t r o rasgo significativo
34
es la difuminación de lo terrible y diabólico, d o -
m i n a d o p o r la i m a g e n de ese c e m e n t e r i o q u e según expresa la acotación
c o r r e s p o n d i e n t e «no d e b e t e n e r nada de horrible» (p. 179), en el q u e proliferan los «angelitos q u e r o d e a n a D o ñ a Inés y a D o n J u a n , d e r r a m a n d o sobre
ellos flores y perfumes» (p. 224) en la apoteosis hagiográfica, b u e n a muestra
de la misericordia de Dios.
Se trata de u n desenlace para el q u e Zorrilla sí ha buscado una c o h e r e n cia, y q u e en cualquier caso, c o m o recuerda Navas R u i z , r e s p o n d e a una
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postura ideológica «humanitaria y liberal» q u e p r e t e n d e escapar de u n o r d e n
social y religioso excesivamente rígido, d a n d o al i n d i v i d u o , c o n u n a generosa
c o m p r e n s i ó n , la o p o r t u n i d a d de reparar sus debilidades.
FINAL
D e todas estas elaboraciones del m i t o de D o n j u á n q u e h e e x a m i n a d o c o n
la brevedad q u e la ocasión p e r m i t e , las dos de ejecución dramática más p e r -
A., «Sobre la d e m o n o l o g i a . . . » , art. cit., 1 9 8 8 , p. 5 3 .
C o m o señala
EGIDO,
NAVAS
en F e r n á n d e z C i f u e n t e s , e d i c i ó n citada d e Don Juan, p. X X V I I I .
RUIZ,
I G N A C I O
A R E L L A N O
fecta son sin d u d a la p r i m e r a d e El burlador y la última de Don Juan Tenorio.
Las i n t e r m e d i a s d e C ó r d o b a y M a l d o n a d o y de A n t o n i o de Z a m o r a son eslab o n e s q u e a p u n t a n direcciones evolutivas, y sin q u e resulte necesario pensar
en influencias directas y decisivas sobre las posteriores, resultan m u y significativas en el p r o c e s o histórico de las sucesivas manifestaciones españolas de u n
m i t o literario capaz de tantas y tan complejas metamorfosis: ese m i t o de D o n
J u a n q u e ha fascinado a tantos espectadores y lectores desde q u e surgiera, p r o b a b l e m e n t e de la p l u m a de T i r s o de M o l i n a , hacia 1619, en el genial El burlador de Sevilla.
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