Plano Presidente Amigo da Criança

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Plano Presidente Amigo da Criança
e do Adolescente - 2004/2007
Relatório Anual de Acompanhamento
(Jan/Dez de 2005)
Presidente da República – Luiz Inácio Lula da Silva
Vice-Presidente da República – José Alencar Gomes da Silva
COMITÊ GESTOR
Secretaria Especial dos Direitos
Humanos
Ministério do Planejamento
Orçamento e Gestão
Paulo Vannuchi
Paulo Bernardo Silva
Titular: Amarildo Baesso
Titular: Fábia Oliveira Martins de Souza
Suplente: Cristina Maria Silva
Albuquerque
Suplente: Andréia Rodrigues dos
Santos
Ministério da Educação
Ministério da Integração Nacional
Fernando Haddad
Pedro Brito do Nascimento
Titular: Stela Maris Lagos Oliveira
Titular: Arthur Dutra de Moraes Horta
Suplente: Ana Paula Dias Medeiros
Leitão
Suplente: Maria da Graça de
Almeida Gomes
Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome
Ministério das Cidades
Patrus Ananias de Sousa
Titular: José Eduardo Andrade
Suplente: Michelli da Costa Martins
Ministério da Saúde
José Agenor Álvares da Silva
Titular: Thereza de Lamare Franco
Netto
Marcio Fortes de Almeida
Titular: Cezar Eduardo Scherer
Suplente: Mozart Morais Filho
Ministério do Esporte
Orlando Silva
Titular: Luciana Homrich de Cecco
Suplente: Eder Leonardo Cavalcante Borborema
Suplente: Ana Cecília Silveira Lins
Sucupira
Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada
Ministério do Trabalho e Emprego
Presidente: José Henrique Broença Soares
Luiz Marinho
Titular: Luseni Aquino
Titular: Joaquim Travassos Leite
Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente
Suplente: Luciano Maduro Alves de
Lima
Ministério da Justiça
Márcio Thomaz Bastos
Titular: Carlos Eugênio Timo Brito
Suplente: Hugo Suarez Sampaio
Presidente: José Fernando da Silva
Titular: Cláudio Augusto Vieira da SIlva
APRESENTAÇÃO
A entrega deste terceiro relatório de gestão do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente,
abrangendo pela segunda vez o período integral de um ano, tem significado muito positivo. Demonstra a consolidação do Plano e consolida um modelo de relacionamento entre Governo e sociedade civil com vistas ao
monitoramento de políticas públicas, que tem como eixos o compromisso republicano e a transparência.
Por um lado, o Governo Federal tem envidado todos os esforços para cumprir os compromissos assumidos, não apenas elaborando e tornando público um Plano que visa à garantia dos direitos da criança e do
adolescente, mas também apresentando relatórios periódicos e detalhados de sua implementação. Por outro, a
sociedade tem demonstrado grande amadurecimento na relação com o governo, cobrando de forma sistemática
e firme, mas sempre procurando estabelecer um diálogo voltado para o aprimoramento das políticas públicas.
Elaborado sob a coordenação de Amarildo Baesso e Carmen de Oliveira, este relatório traz avanços
na forma de apresentação dos resultados obtidos com a implementação das políticas, programas e ações constantes do Plano. Respondendo à justa cobrança feita pelas entidades que integram a Rede de Monitoramento
do Plano, buscou-se mais qualificação nas informações prestadas e uma associação maior com os indicadores
estabelecidos.
Agradecemos o grande esforço de todos os ministérios e órgãos envolvidos nesta tarefa, que incorporou a contribuição de dezenas de técnicos altamente qualificados e longas horas de pesquisa e cotejamento
exaustivo de cifras.
Caminhamos, dessa forma, para um aperfeiçoamento cada vez maior na elaboração e implementação
das políticas públicas voltadas à criança e ao adolescente, e também na avaliação e monitoramento de tais
políticas.
No exato momento em que este relatório é apresentado oficialmente ao Conanda e à Rede de Monitoramento do Plano, já buscaremos avançar no diálogo e definição de ajustes quanto à relatoria correspondente
a 2006, dadas as particularidades legais e as dificuldades políticas que envolvem um ano de eleição presidencial.
Com certeza, a nítida elevação de qualidade do presente relatório, em comparação aos anteriores, não
o resguardará de agudas observações críticas e propostas de reparo, que serão sempre bem-vindas e valerão
como balizamento e guia nas futuras edições.
Brasília, maio de 2006
Paulo Vannuchi
Ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Índice
Compromisso I - Promovendo
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Vidas Saudáveis . ....................................................................................... 05
Desafio 1: Redução da Mortalidade Infantil ......................................................................................... 07
Desafio 2: Redução da Mortalidade Materna e Atenção à Saúde Reprodutiva ..................................... 17
Desafio 3: Segurança Alimentar e Combate à Desnutrição ................................................................... 21
Desafio 4: Atenção à Saúde e ao Desenvolvimento da Criança e do Adolescente ................................ 28
Desafio 5: Ampliação do Acesso ao Saneamento e à Água Potável de Qualidade . .............................. 36
Compromisso II - Provendo Educação de Qualidade ................................................................................ 42
Desafio 1: Expansão e Melhoria da Educação Infantil .......................................................................... 44
Desafio 2: Ampliação da Educação Básica com Qualidade .................................................................. 53
Desafio 3: Promoção da Educação Especial .......................................................................................... 73
Desafio 4: Alfabetização de Jovens e Adultos ....................................................................................... 75
Compromisso III - Proteção contra Abuso, Exploração e Violência .......................................................... 82
Desafio 1: Apoio à Criança e ao Adolescente em Situação de Vulnerabilidade Social ......................... 84
Desafio 2: Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalho do Adolescente ............................... 96
Desafio 3: Combate à Exploração Sexual de Crianças e de Adolescentes ............................................ 109
Desafio 4: Proteção contra a Violação dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes .......................... 117
Compromisso IV - Combatendo HIV / AIDS . ........................................................................................... 126
Desafio 1: Redução da Prevalência do HIV entre Homens e Mulheres Jovens com Idade
entre 15 e 24 Anos ................................................................................................................................. 130
Desafio 2: Redução da Prevalência do HIV entre Bebês e Crianças ..................................................... 132
Desafio 3: Apoio aos Órfãos, às Meninas e aos Meninos Infectados pelo HIV/AIDS . ........................ 135
Anexo . ................................................................................................................................................... 136
Compromisso I
Promovendo Vidas
Saudáveis
Melhorar e ampliar os serviços de
Objetivo: saúde prestados às crianças e aos
adolescentes. �
Compromisso I: Promovendo Vidas Saudáveis.
Objetivo: Melhorar e ampliar os serviços de saúde prestados às crianças e aos adolescentes.
A legislação brasileira, por meio do art. 7º
do Estatuto da Criança e do Adolescente, declarou o
compromisso pela promoção do bem-estar infanto-juvenil.
“A criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, mediante a
efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência”.
E pela prioridade absoluta determinada pela
Constituição Federal de 1988, art.227, o Governo
Brasileiro assumiu o compromisso nacional da construção de um País mais adequado às necessidades e
às possibilidades de suas crianças. Para a viabilização
do compromisso firmado, foi proposta uma estratégia,
que tem a redução da mortalidade infantil como seu
principal objetivo. Assim, foram implementadas políticas públicas visando garantir às crianças e aos adolescentes o acesso a sistemas de saúde igualitários,
eficientes e sustentáveis, e a informações e a serviços
que promovam um estilo de vida saudável.
Este compromisso está dividido em 5 desafios, a saber:
(i)
Redução da Mortalidade Infantil;
(ii) Redução da Mortalidade Materna e Atenção à Saúde Reprodutiva;
(iii) Segurança Alimentar e Combate à Desnutrição;
(iv) Ampliação do Acesso ao Saneamento e à Água Potável de Qualidade; e
(v) Atenção à Saúde e ao Desenvolvimento da Criança e do Adolescente.
Compromisso I
Desafio 1:Redução da Mortalidade Infantil.
Objetivo: Reduzir a taxa de 27 óbitos de crianças menores de um ano para cada grupo de mil crianças nascidas vivas para 24 óbitos por mil nascimentos em 2007.
Quadro 01 • Metas.
Indicadores
● taxa de mortalidade infantil (para cada 1.000 nascidos
vivos)(MS/SVS)1
Situação Inicial
2000
Metas 2007
27,0
24,0
Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente.
Este desafio tem como objetivo reduzir a
taxa de mortalidade infantil - óbitos de crianças menores de um ano para cada grupo de mil crianças nascidas vivas - para 24 óbitos por mil nascimentos até
2007.
Dados de Contexto
A redução da taxa de mortalidade infantil é
um dos desafios que precisa ser superado para promover vidas saudáveis no Brasil. Destaca-se que, entre
2003 e 2004, de acordo com dados do Ministério da
Saúde, essa taxa manteve sua trajetória de declínio,
passando de 23,6‰ para 22,6‰.
Apesar da taxa de mortalidade infantil ter
reduzido cerca de 38% durante a última década, os
índices são ainda elevados. Os indicadores de saúde
demonstram que ainda falta um longo caminho a percorrer para reduzir esse índice, sendo este um importante desafio para o governo, em todas as suas esferas,
para a sociedade civil e para as famílias.
Ao comparar-se a taxa de mortalidade infantil brasileira com a de outros Países, tem-se o Brasil na 99ª posição no ranking dos Países ou áreas com
as mais baixas taxas estimadas pela ONU, atrás de
Cuba, Chile, Porto Rico, Costa Rica, Uruguai, Argentina, Venezuela, México, Panamá, Equador, Colômbia, entre outros.
Tabela 01 • Taxa de Mortalidade Infantil. Brasil, Regiões e Estados, 2002-2004.
Norte
27,0
Nordeste
37,2
Sudeste
15,7
2002
Sul
16,0
Centro-Oeste
19,3
24,3
Norte
26,2
Nordeste
35,4
Sudeste
15,5
2003
Sul
15,8
Centro-Oeste
18,8
23,6
Norte
25,6
Nordeste
33,9
Sudeste
14,9
2004
Sul
15,0
Centro-Oeste
18,8
22,6
Nordeste
-8,7
Variação % / 2002 - 2004
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
-4,9
-6,7
-2,9
-7,1
Norte
-5,3
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde – MS.
1 �������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Os dados da mortalidade infantil referidos neste Relatório têm por fonte o Ministério da Saúde, que utiliza um método de cálculo misto, combinando dados diretos registrados nos sistemas de mortalidade (SIM) e de nascidos vivos (SINASC) com estimativas demográficas do IBGE, conforme a
qualidade da informação disponível em cada Unidade Federada.
Conforme pode ser observado pelos dados
acima, entre os anos de 2002 e 2004, verificou-se
uma queda da taxa de mortalidade infantil em todas
as regiões brasileiras, exceto na Região Centro-Oeste,
que manteve o mesmo índice de 2003. As regiões que
apresentaram maior índice de redução foram a Região
Sul, com 6,7%, e a Nordeste, com 8,7%.
Ao avaliar-se os fatores associados à mortalidade infantil, observa-se que as principais causas
de óbito desse segmento estão relacionadas a fatores
endógenos e exógenos. Os primeiros dizem respeito
à assistência à gravidez e ao parto e às condições da
criança no nascimento. Já os segundos são o produto da atuação de condições ambientais hostis sobre
crianças nascidas em boas condições. Enquanto os
endógenos são de difícil redução, implicando conhecimentos e técnicas mais sofisticadas, os exógenos
são dependentes de melhorias das condições gerais de
vida e das intervenções específicas de caráter médicosanitário.
De acordo com a tabela seguir, dentre as
principais causas da mortalidade entre menores de um
ano, as afecções perinatais apresentavam o percentual
de 55,45% em 2003; em seguida, com 7,58%, vinham
as doenças infecciosas e, com 6,66%, as doenças do
aparelho respiratório. Evidenciando a relação entre os
principais fatores de óbito dessa população e as condições de vida das famílias, bem como o acesso aos
serviços sociais básicos, verifica-se que, na Região
Sudeste, 58,04% dos óbitos de menores de um ano
teve como causa as afecções perinatais (que dependem de fatores endógenos), ao passo que, no Nordeste, este índice foi de 53,15%. De outra parte, 10,5%
dos óbitos registrados no Nordeste decorreram de doenças infecciosas (decorrentes de fatores exógenos),
enquanto no Sudeste este índice foi de 5,25%2.
Tabela 02 • Mortalidade proporcional, entre menores de um ano, segundo principais grupos de causas.
Regiões, Brasil, 1996, 2000 e 2003 (em %).
Região/Grupo de Causas
Doenças infecciosas
Afecções perinatais
Mal definidas
Aparelho respiratório
Região/Grupo de Causas
Doenças infecciosas
Afecções perinatais
Mal definidas
Aparelho respiratório
Região/Grupo de Causas
Doenças infecciosas
Afecções perinatais
Mal definidas
Aparelho respiratório
Norte
12,01
51,69
15,93
7,75
Nordeste
15,12
40,56
25,98
6,80
1996
Sudeste
Sul
9,16
8,44
55,68
48,76
5,26
6,66
9,97
11,12
Norte
8,24
55,74
14,46
7,02
Nordeste
10,08
48,54
21,82
5,88
2000
Sudeste
Sul
5,99
6,24
57,80
53,78
5,73
5,23
7,79
7,50
Centro-Oeste
7,88
55,47
4,11
6,50
Brasil
7,85
53,65
12,30
6,91
Norte
8,59
54,40
12,20
7,66
Nordeste
10,50
53,15
12,76
6,29
2003
Sudeste
Sul
5,25
4,49
58,04
55,20
4,31
5,24
6,91
6,55
Centro-Oeste
5,97
57,61
2,54
5,97
Brasil
7,58
55,45
8,39
6,66
Centro-Oeste
10,37
53,89
6,01
8,04
Brasil
11,22
49,71
12,76
8,83
Fonte:SVS/MS.
2� ����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Há que se ressaltar a necessidade de se melhorar a qualidade da captação das informações do Sistema de informações sobre a mortalidade – SIM, visto
que as causas mal definidas entre menores de um ano, representaram o percentual de 8.39%.
Compromisso I
A partir dos dados da próxima tabela, constata-se que a taxa de mortalidade no grupo neonatal
– bebês de 0 a 27 dias – é quase o dobro daquela registrada entre o grupo pós-neonatal – bebês de 28 dias
a um ano. Dentro do grupo neonatal, o grupo neonatal
precoce – que inclui bebês de 0 a 6 dias de nascimento
– responde por mais de 75% dos óbitos. Observa-se
que, entre 2000 e 2003, o percentual de redução da
mortalidade no grupo neonatal foi de aproximadamente 8,7% e no grupo pós-neonatal de 13,3%.
Tabela 03 • Taxas de Mortalidade, segundo grupos de idade, por 1.000 Nascidos Vivos. Brasil, 2000 a 2003.
2000
Brasil
Neonatal
Neonatal Precoce
Pós-neonatal
Infantil (Total)
Quanto às principais causas de óbito no grupo neonatal, tem-se que as afecções perinatais representam mais de ¾ do total, sendo seguidas, em razão
muito inferior, pelas malformações congênitas. No
Gráfico 1
2001
17,3
13,6
9,8
27,1
2002
17,1
13,4
9,2
26,2
2003
16,4
12,7
8,5
25,1
15,8
12,2
8,5
24,4
grupo neonatal precoce, as afecções perinatais atingiram o percentual de 82,8% em 2003, enquanto as malformações congênitas representaram 13,3% do total.
Distribuição percentual dos óbitos de neonatais precoces segundo causas selecionadas.
Brasil, 1996, 2000 e 2003.
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
-
A f ec ç õ es
P er inat ais
mal def inidas
Do enç as
Inf ec c io sas
A par elho
r espir at ó r io
M al f o r maç õ es
c o ngênit as
1996
86,2
2,3
0,4
0,3
2000
82,5
4,8
0,3
0,4
10,0
11,1
2003
82,8
2,4
0,4
0,4
13,3
Fonte: SVS/MS.
Para o grupo neonatal tardio, afecções perinatais representaram, em 2003, 73,3% do total de óbitos e
as malformações congênitas, 15,8%.
10
Distribuição percentual dos óbitos em crianças no período neonatal tardio segundo causas
selecionadas. Brasil, 1996, 2000 e 2003.
Gráfico 2
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
-
A f ec ç õ es
P er inat ais
Do enç as
Inf ec c io sas
mal def inidas
A par elho
r espir at ó r io
M al f o r maç õ es
c o ngênit as
1996
64,7
10,6
4,3
3,0
13,7
2000
70,4
7,4
2,3
2,1
14,9
2003
73,3
4,0
2,3
2,0
15,8
Fonte: SVS/MS.
A taxa de mortalidade pós-neonatal, ou seja,
a mortalidade entre 28 dias de nascimento a um ano
de idade, experimentou uma redução de 8,4% no Brasil entre 2002 e 2004. Na Região Nordeste a queda foi
de 14,2%, e na Região Sul, de 10,5%. O Estado do
Ceará apresentou a maior redução deste indicador no
período, com 18,9%, e o Piauí apresentou a segunda
maior redução, com 17,9%.
Tabela 04 • Taxa de mortalidade pós-neonatal. Brasil, Regiões e Estados, 2002-2004.
Norte
9,9
Nordeste
13,9
Sudeste
9,4
Nordeste
13,6
Sudeste
9,2
Nordeste
12,0
Sudeste
Norte
-6,7
Nordeste
-14,2
Norte
Norte
4,7
4,9
4,6
2002
Sul
2003
Sul
2004
Sul
5,6
5,6
5,0
Centro-Oeste
Centro-Oeste
Centro-Oeste
Variação % - 2002 - 2004
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
-0,3
-10,5
6,1
5,8
6,2
2,8
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
8,3
8,2
7,6
-8,4
Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde – MS.
As principais causas de óbito do grupo pósneonatal, em 2003, relacionam-se a: doenças infecciosas, com 20,3%; doenças no aparelho respiratório,
com 17,7%; malformação congênita, com 13,6%; e
afecções perinatais, com 8,3%. Cumpre destacar que
aproximadamente 19% das causas da mortalidade do
grupo pós-neonatal não foram definidas.
Compromisso I
Gráfico 3
Distribuição percentual dos óbitos em crianças no período pós-neonatal segundo causas
selecionadas. Brasil, 1996, 2000 e 2003.
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
Afecções Perinatais
mal definidas
Doenças
Infecciosas
Aparelho
respiratório
Mal formações
congênitas
1996
86,2
2,3
0,4
0,3
10,0
2000
82,5
4,8
0,3
0,4
11,1
2003
82,8
2,4
0,4
0,4
13,3
Fonte:SVS/MS.
Ao analisar-se a mortalidade infantil segundo raça ou cor da criança, no período entre 2000
a 2003, observa-se que, tanto entre a população negra3, quanto entre os brancos, as afecções perinatais
constituíram o principal grupo de causa de óbito. No
entanto, a participação deste tipo de causa aumentou
mais entre os negros do que entre os brancos (10,7%
Gráfico 4
e 3,3%, respectivamente). A malformação congênita
ficou em segundo lugar nos dois grupos, apesar da
maior participação deste tipo de causa entre as crianças brancas. Em terceiro lugar aparecem, entre os
brancos, as doenças do aparelho respiratório (7,7%)
e, entre os negros, as doenças infecciosas e parasitárias (10,4%).
Evolução da distribuição percentual dos óbitos da população branca menor de 1 ano por causas
definidas selecionadas. Brasil, 2000-2003.
Brancos
2000
2001
Doenças infecciosas e parasitárias
2002
Respiratório
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2003
Perinatais
Malformação congênita
Outras causas
Fonte:MS/SIM.
3��������������������������
São utilizados os termos ����������
“branco”e �������������������������������������������������������������������������������������������������������������
“negro” para representar os resultados referentes às populações de raça/cor branca e negra (pardos e pretos).
11
12
Gráfico 5
Evolução da distribuição percentual dos óbitos da população negra menor de 1 ano por causas
definidas selecionadas. Brasil, 2000-2003.
Negros
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2000
2001
Doenças infecciosas e parasitárias
2002
Respiratório
Perinatais
2003
Malformação congênita
Outras causas
Fonte: MS/ SIM.
Finalmente, cabe ressaltar a correlação inversamente proporcional entre os anos de estudo das
mães e a taxa de mortalidade infantil. Isso se deve ao
fato de que novos valores são assegurados ao comportamento reprodutivo e ao cuidado dos filhos devido à
ampliação do grau de escolaridade feminino.
Tabela 05 •Taxa de mortalidade infantil, por grupos de anos de estudo das mulheres. Brasil, Grandes Regiões,
1991, 2000 e 2004.
Grandes Regiões
Brasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
Brasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
Brasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
Taxas de mortalidade infantil, por grupos de anos de estudo das mulheres (%)
Total (1)
Até 3 anos
4 a 7 anos
8 anos ou mais
1991
45,1
56,3
33,6
22,2
44,0
49,7
37,9
26,5
71,6
72,5
49,2
29,2
31,8
39,5
27,0
19,3
27,5
36,3
23,5
17,9
32,5
34,8
29,2
19,6
2000
30,1
40,6
26,7
16,9
30,9
37,1
27,9
19,7
45,2
57,3
36,0
23,1
22,2
28,4
22,6
15,5
20,5
27,2
19,0
14,8
23,3
29,9
21,1
16,6
2004
26,6
34,9
24,7
15,1
27,4
32,5
24,3
17,6
39,5
53,5
32,1
21,9
19,5
25,1
21,7
14,4
17,8
24,7
17,9
14,0
20,7
29,4
18,6
16,0
Fontes: IBGE, Censo Demográfico 1991/2000 e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2004.
(1) Inclusive sem declaração.
Observa-se que a taxa de mortalidade infantil diminui à medida que cresce o nível de escolaridade das mães. A taxa de mortalidade infantil entre
crianças cujas mães tinham até 3 anos de estudo, em
1991, era de 56,3%, contra 26,6%, em 2004. Enquan-
to a taxa de mortalidade infantil entre crianças cujas
mães tinham 8 anos ou mais de estudo, em 1991, era
de 22%, contra 15,1%, em 2004. Constata-se também
que, em 2004, nas Regiões Sudeste e Sul, as taxas de
mortalidade infantil das crianças cujas mães tinham 8
Compromisso I
anos ou mais de estudo era da ordem de 14‰, contra
53,5‰ para as crianças nascidas no Nordeste de mães
com até 3 anos de estudo.
Políticas, Programas e Estratégias
A principal iniciativa no que diz respeito à
atenção à infância é a Agenda de Compromissos para
a Saúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil, que reúne um conjunto de medidas articuladas com o objetivo de garantir a organização da
atenção à saúde desse segmento, incluindo a prevenção de agravos, a promoção e a recuperação da saúde
e de redução dos índices de mortalidade infantil no
Brasil.
A Agenda de Compromissos estrutura-se
com base nas seguintes estratégias: (i) a vigilância à
saúde da criança; (ii) a vigilância da mortalidade materna e infantil; (iii) a educação continuada das equipes de atenção básica à criança e (iv) a organização
das linhas de cuidado.
Entende-se como vigilância à saúde da
criança a postura ativa que o serviço de saúde deve
assumir em situações de risco para pessoas com maior
vulnerabilidade, desencadeando medidas específicas
para minimizar os danos com o adequado acompanhamento de saúde, a condução de visitas domiciliares para captação dos usuários e a realização de busca ativa. Devem ser priorizados os seguintes grupos
populacionais: gestantes, puérperas, recém-nascidos,
crianças menores de cinco anos, crianças portadoras
de deficiência e aquelas egressas de internações.
Quanto à vigilância do óbito materno e infantil perinatal, as ações são realizadas pela equipe de
atenção básica com o objetivo de levantar os possíveis
problemas que envolveram a mortalidade materna e
infantil por causa evitável na sua área de responsabilidade - evento sentinela. Isso possibilita a avaliação
das medidas necessárias para a prevenção de óbitos
pelos serviços de saúde e, conseqüentemente, a redução dos índices de mortalidade.
A capacitação das equipes de atenção à
criança envolve a capacitação teórico-prático e a supervisão/educação continuada das equipes de Saúde
da Família e de Atenção Básica e é de fundamental
importância para a plena inserção de todos os profis-
sionais no cuidado com a criança.
Finalmente, a organização da assistência
à saúde em linhas de cuidado coloca-se como uma
medida importante para a superação da desarticulação entre os diversos níveis de atenção e a garantia de
continuidade no cuidado integral. O objetivo é articular todas as ações, desde a promoção até o tratamento
e reabilitação da saúde, e possibilitar um fluxo ágil e
oportuno em cada nível de atenção (primária, secundária e terciária), com referência e contra-referência
responsável, até a recuperação completa do indivíduo.
As principais linhas de cuidado são: (i) a
promoção do nascimento saudável; (ii) a acompanhamento do recém-nascido de risco;(iii) o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento e
imunização; (iv) a promoção do aleitamento materno
e alimentação saudável: atenção aos distúrbios nutricionais e anemias carenciais; e (v) a abordagem das
doenças respiratórias e infecciosas.
Considerando-se as linhas de cuidado que
organizam a assistência à saúde, as principais ações
realizadas em 2005 foram:
A promoção do nascimento saudável
No que tange à promoção do nascimento
saudável, foram efetivadas ações como a expansão
do Programa de Humanização do Parto e Nascimento - PHPN, estimulando a qualificação da atenção à
gestante e ao recém-nascido; a adequação de Hospitais de Pequeno Porte, enfatizando sua capacidade de
intervenção e a qualificação do parto e nascimento; a
atualização do Protocolo Clínico da Sífilis Congênita,
tendo em vista a redução das altas taxas de transmissão vertical de doenças evitáveis; e a elaboração do
Manual de Triagem Gestacional e Neonatal.
Em 2005, verificou-se uma expansão do
PHPN, que promoveu o aumento da cobertura e melhoria da qualidade da atenção ao pré-natal e da assistência ao parto e ao puerpério. Em 2002, haviam
3.983 municípios aderidos ao PHPN. Até março de
2006, o quantitativo de municípios aderidos era de
5.073, dos quais 248 aderidos no ano de 2005.
O PHPN estima a realização de, no mínimo,
13
14
seis consultas e todos os exames laboratoriais recomendados no decorrer do pré-natal. Para garantir que
a gestante saiba em que maternidade vai dar à luz,
o programa institui a vinculação do serviço de saúde
que faz o pré-natal com aquele que atende ao parto e
cria central de vagas.
Houve um aumento progressivo no número
de gestantes cadastradas no PHPN e no número de
gestantes que concluíram todos os procedimentos
preconizados. Em 2002, estavam cadastradas 387.879
gestantes, passando para 698.716 gestantes, em 2005.
Também neste período houve um aumento no número
de gestantes que concluíram todas as ações preconizadas pelo PHPN, de 26.111 gestantes para 117.817
gestantes, em 2005.
Esses resultados contribuem não apenas
para o alcance dos objetivos deste desafio, mas seguramente também para os propósitos dos desafios ligados à redução da mortalidade materna e à promoção
da atenção à saúde reprodutiva.
No processo de promoção do nascimento
saudável, salienta-se o Programa Nacional de DST/
AIDS4. Especialistas da Área Técnica da Saúde da
Criança realizaram a atualização do Protocolo Clínico da Sífilis Congênita, tendo em vista a redução das
altas taxas de transmissão vertical de doenças evitáveis.
Outra ação relacionada à promoção do
nascimento saudável é a triagem neonatal, que tem
a finalidade de aumentar a gama de patologias que
podem ser detectadas por meio de seleção. Tendo
em vista a possibilidade de se usar a metodologia
do “sangue seco” para a realização dos exames, bem
como a necessidade de formular programas e políticas que contemplem o binômio mãe-filho, elaborou-se o Manual de Triagem Gestacional e Neonatal.
O Manual fornece bases técnicas para a detecção e
tratamento precoces de agravos que podem afetar a
saúde da gestante e do recém-nascido e para a organização de forma articulada a rede de serviços que
atendem a estas duas populações.
Há que se destacar, ainda, a adição de ácido
fólico às farinhas, cujo objetivo é prevenir os Defeitos
de Fechamento do Tubo Neural - DFTN, que, apesar
de baixa incidência mundial (1:1000 nascimentos),
tem um impacto importante na mortalidade neonatal
e infantil e na qualidade de vida das crianças sobreviventes.
Acompanhamento do recém-nascido de
risco
Essa linha estratégica de cuidado engloba
ações como a organização de referências para atenção às patologias identificadas no teste do pezinho, a
validação do surfactante nacional produzido pelo Instituto Butantã5, e a implantação da política de atenção
humanizada ao recém-nascido de baixo peso – Método Mãe Canguru.
O Projeto Mãe-Canguru é uma iniciativa
que tem promovido uma mudança no atendimento à
criança, reduzindo o tempo de internação e a incidência de infecções hospitalares. Esse projeto foi implantado em 270 maternidades de alto-risco. Em 2004 e
2005, foi realizada a primeira pesquisa para avaliação
dessa política.
No que se refere à validação do surfactante, verifica-se que a grande limitação ao acesso à terapêutica tem sido, entre os serviços que estão aptos
a utilizá-la, o alto custo do medicamento. Buscando
contribuir para a solução do problema, o Instituto
Butantã desenvolveu um novo método de extração e
purificação do surfactante natural de origem porcina.
Esta iniciativa implica a expansão do acesso ao medicamento, que contribuirá para a redução da mortalidade neonatal em nosso País.
O Instituto Butantan e o Laboratório de
Pesquisa Experimental da Faculdade de Medicina da
USP estruturaram o ensaio clínico para validar o referido medicamento. Tal ensaio é o pré-requisito para
o registro do medicamento na ANVISA e sua comercialização. O Ministério da Saúde propôs a ampliação
do ensaio para conferir maior agilidade e apoiou esta
iniciativa através da compra de 2000 doses de surfactante a serem utilizadas para o estudo e recursos para
o apoio operacional necessário ao desenvolvimento
4���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
O Programa Nacional de DST/AIDS tem como um dos seus objetivos reduzir as altas taxas de transmissão vertical de AIDS e DSTs.
5�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
O uso de surfactantes exógenos é fundamental para o tratamento da síndrome do desconforto respiratório em bebês prematuros. Com o objetivo de
reduzir a alto investimento financeiro para tratamento desta doença, o Instituto Butantã, desenvolveu um surfactante de origem porcina de baixo custo.
Compromisso I
da pesquisa e tratamento dos dados.
Outra ação relacionada ao acompanhamento
do recém-nascido de risco é o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU. Esse serviço inovou
em relação aos anteriores, pois incorporou a atenção
às urgências psiquiátricas, obstétricas e pediátricas, e
não se restringiu ao trauma. No ano de 2004, foram 48
serviços habilitados com incubadoras de transporte,
aumentando a chance de sobrevivência dos recémnascidos transportados.
Por sua vez, no âmbito da assistência hospitalar, foram cadastrados, nesse mesmo ano, 280 novos leitos de UTI neonatal, ampliando o acesso dos
recém-nascidos de risco a este recurso. Com isso, o
Brasil contabilizou em 2005 o total de 5.966 leitos de
UTI neonatal disponibilizados em todo País.
Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento e imunização
Essa linha estratégica de cuidado contemplou, em 2005, as ações de lançamento da Caderneta
de Saúde da Criança e de ampliação da cobertura vacinal.
No que se refere à primeira ação, foram distribuídos 3,5 milhões de exemplares da Caderneta de
Saúde da Criança a todas as crianças nascidas em maternidades públicas e privadas do País.
Em se tratando da ampliação da cobertura
vacinal, registraram-se os seguintes índices médios
em 2005:
i. cobertura de 106,42% contra BCG,
97,68% contra pólio, 91,19% contra hepatite B, e 95,23% para a vacina tetravalente na vacinação de rotina para crianças
menores de 1 ano6;
ii. cobertura de 99,58 % com a vacina tríplice viral para crianças menores de 1 ano.
Promoção do aleitamento materno e a
alimentação saudável: atenção aos distúrbios nutricionais e anemias carenciais
No que tange a linha deste cuidado, o Brasil
tem desenvolvido um importante conjunto de iniciati-
vas para proteção e apoio a essa estratégia. A Constituição Federal garante às puérperas 120 dias de licença maternidade, sem prejuízo do emprego e salário,
bem como o direito à nutriz, quando do retorno ao trabalho, a uma pausa de 1 hora por dia, para amamentar
seu próprio filho até os 6 meses de idade.
Já a Norma Brasileira de Comercialização
de Alimentos para Lactentes e Crianças da Primeira
Infância e a Portaria 2051/MS protegem o aleitamento materno das estratégias de marketing usadas pelas
indústrias que comercializam produtos que interferem
na amamentação.
Outra importante estratégia desenvolvida
para a promoção, a proteção e o apoio ao aleitamento
materno é o Banco de Leite Humano - uma verdadeira
“casa de amamentação”. O seu principal propósito é
apoiar as mulheres que desejam amamentar seus filhos, muitas das quais, além de conseguirem prolongar a amamentação, descobrem ou aprendem a identificar o excesso de leite e se tornam doadoras.
Em 2005, instalaram-se 06 novos Bancos de
Leite Humano. Com isso, a Rede de Bancos de Leite
do País, que havia passado de 154 unidades, em 2002
para 186, em 2004, totalizou, em 2005, 191 unidades.
Também foram credenciados 21 hospitais
da Iniciativa Hospital Amigo da Criança - HAC, elevando o total de hospitais credenciados de 257 HAC,
em 2002, para 329, em 2005.
Em se tratando, ainda, de estratégias sobre a
promoção do aleitamento materno, foram disponibilizados o “Guia Prático para o Preparo de Alimentos
para Crianças até os 12 Meses que Podem ser Amamentadas” e o “Manual Normativo para Profissionais
de Saúde de maternidades-referência para mulheres
HIV positivas e outras que não podem amamentar”.
Abordagem às doenças respiratórias e infecciosas
As doenças respiratórias constituem importante problema de Saúde Pública. São agravos com
prevalência elevada, altas taxas de internações e de
mortalidade. Para redução destas taxas foi elaborada a
6��������������������������������������������������������������������������������������������
Em relação à vacinação contra o sarampo e a poliomielite, a cobertura foi a mesma de 2004.
15
16
Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com
Doenças Respiratórias. A Política consta de protocolos clínicos e contempla discussões sobre o fortalecimento da atenção integral e resolutiva, a garantia da
continuidade do cuidado e a educação permanente dos
profissionais envolvidos. Para os protocolos clínicos
colaboraram representantes da Área Técnica da Saúde
da Criança e do Departamento de Atenção Básica do
Ministério da Saúde e das Sociedades Científicas.
A abordagem às doenças respiratórias foi
baseada nas patologias mais comuns na população
brasileira, tais como Asma/Rinite, Febre Reumática,
Pneumonias. O Ministério da Saúde financiará o elenco de medicações necessárias ao tratamento das doenças respiratórias, fornecerá atualização científica para
os profissionais da Atenção Básica e subsídios para a
organização da rede de atenção.
Compromisso I
17
Desafio 2: Redução da mortalidade materna e atenção à saúde reprodutiva.
Objetivo: Reduzir a mortalidade materna de 74,5 óbitos por 100 mil nascidos vivos nas capitais brasileiras
em 15%, ou seja, para 59,5 óbitos por 100 mil nascimentos em 2007.
Quadro 02 • Metas.
Situação Inicial
2002
74,5
● taxa de mortalidade materna nas capitais (para cada 100.000
(74,5/100.000)
nascidos vivos) (MS/SIM)
Indicadores
Metas 2007
55,9
(55,9/100.000)
Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente.
Dados de contexto
Assim como a redução da taxa da mortalidade infantil, a redução da mortalidade materna também é um dos desafios que precisam ser enfrentados
visando à promoção de um estilo de vida saudável no
País.
No Brasil, dados oficiais apontam que a razão de óbitos maternos era de 74,5 por 100 mil nascidos vivos nas capitais no ano 2002, enquanto em
Gráfico 6
Países desenvolvidos esse número é três vezes menor,
oscilando de 6 a 20 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos7. De acordo com o Ministério da Saúde,
predominam entre as causas de morte materna as obstétricas diretas, ressaltando-se as doenças hipertensivas e as síndromes hemorrágicas, que se mantêm, há
décadas, como as duas principais causas, ora seguidas
pelas infecções puerperais e pelo aborto, ora pelas
doenças do aparelho cardiovascular complicadas pela
gravidez, parto ou puerpério.
Os altos índices de óbitos maternos se configuram como uma violação dos Direitos Humanos de
Proporção de óbitos maternos segundo grupos de causa.
Brasil, 2000-2003.
100
0
0
40
20
0
1
2000
2001
2002
2003
Ideterminado
3,0
3,
3,
2,
3,
Aborto
,
,
,
,0
,
Obst. Indireta
Outras c.obst. Direta
2,
20,1
1,2
23,2
13,3
3,4
,
,
,0
3,
Fonte: Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, edição 2005.
7���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Cumpre destacar que é sabido o elevado grau de subnotificação, distorção e de classificação inadequadas das mortes maternas no Brasil.
18
Mulheres, Adolescentes e Crianças. Portanto, se faz
necessário adotar medidas mais efetivas em relação
às condições dos serviços de atenção à saúde prestados às mulheres no período gravídico-puerperal, tais
como a qualificação do pré-natal e da atenção ao parto,
ao puerpério e ao recém nascido, humanizando estas
ações de saúde, tendo como base as evidências científicas; a garantia de acompanhante no pré-parto, parto
e puerpério; a implementação do alojamento conjunto
nas maternidades públicas e conveniadas; a organiza-
ção da atenção humanizada ao abortamento e da rede
de serviços de atenção às mulheres e adolescentes em
situação de violência e o fortalecimento da vigilância
epidemiológica da morte materna; capacitação contínua de recursos humanos, entre outros, evitaria parte
dos óbitos maternos.
É fato, no entanto, que embora permaneça em patamar elevado, a mortalidade materna vem
diminuindo no País, ainda que lentamente, como se
pode observar pelos dados da tabela a seguir.
Tabela 06 • Razão da mortalidade materna — Brasil e Grandes Regiões, 1999 a 2003 (número de óbitos por
causas maternas, por 100 mil nascidos vivos).
Brasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
1999
57,09
63,11
56,25
54,69
61,87
57,23
2000
51,52
62,26
57,34
46,70
52,99
39,11
2001
50,23
49,77
57,42
43,56
52,17
53,62
2002
53,77
53,12
61,31
45,85
56,63
60,30
2003
51,74
56,85
62,79
41,65
51,32
52,66
Fonte: SIM/Sinasc/SVS/MS.
Durante o pré-natal, a gestante deve realizar
consultas, exames clínicos e laboratoriais objetivando
identificar precocemente riscos gestacionais para que
esses possam ser tratados e acompanhados adequadamente, garantindo maiores chances de sobrevivência
para a mulher e a criança no parto. A proporção de
nascidos vivos de mães sem nenhuma consulta de
pré-natal no Brasil foi de 6,23%, em 1998, passando
para 4,37%, em 2001, e para 3,14%, em 20038.
Políticas, Programas e Estratégias
O Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, firmado entre União, Estados, Municípios e representantes da sociedade civil,
estabeleceu estratégias que visam reduzir em 15% os
atuais índices de mortalidade materna, bem como de
bebês com até 28 dias de vida até 2007.
No ano de 2005 houve uma expansão do
Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna
e Neonatal. Realizaram-se seminários em 24 estados
que debateram a organização dos seus planos de ação.
O Ministério da Saúde garantiu recursos no valor de
R$ 31,17 milhões para intensificação de ações de qualificação da atenção à mulher e ao recém-nascido no
Pacto. Apresentaram-se projetos com intervenções
para redução da mortalidade materna e neonatal por
parte de 71 municípios.
Para acompanhar a iniciativa foi criada
a Comissão Nacional de Monitoramento do Pacto,
composta de representantes da sociedade civil organizada e dos órgãos do governo afetos ao tema. No
ano de 2005 promoveram-se três reuniões desta Comissão. Os diferentes departamentos e coordenações
do Ministério da Saúde, envolvidos com a melhoria
da qualidade da atenção obstétrica e ao planejamento
familiar, alocaram recursos do orçamento do Governo
Federal em apoio à execução de atividades previstas
no Pacto.
Um grande avanço no sentido de concretizar os compromissos assumidos foi a implementação
da ação inédita de lançamento da Política Nacional de
Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos que estabelece ações voltadas ao planejamento familiar para o
período de 2005 a 2007.
Seus eixos principais de ação são: a ampliação da oferta de métodos anticoncepcionais reversíveis (não-cirúrgicos) e a ampliação do acesso à esteri-
8� Optou-se
���������������������������������������
por trabalhar com o indicador “proporção
�����������������������������������������������������������������������������������������������������������
de nascidos vivos de mães com nenhuma consulta de pré-natal”, a partir da idéia de que o número
ideal de consultas no pré-natal pode ser discutível, mas a impossibilidade de qualquer atenção na gravidez é um marcador de uma situação de grande
risco e que, portanto, deve ser monitorado.
Compromisso I
lização cirúrgica voluntária. Dentro dessas diretrizes,
em 2005 foram distribuídos métodos anticoncepcionais reversíveis para atender a necessidade de 5.235
municípios, representando um investimento de 27
milhões de reais9. Ultrapassando a meta estabelecida
na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
Mulher, o Ministério da Saúde credenciou 209 novos
serviços que realizam laqueadura tubária, totalizando
571 em todo o País.
A Política Nacional de Direitos Sexuais e
Direitos Reprodutivos também contempla ações voltadas para a formação e capacitação, tais como o convênio entre o Ministério da Saúde e a Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG - para formação de agentes multiplicadores em
“Gênero, Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos” e
a publicação de materiais educativos. O projeto prevê
a incorporação de metodologias que propiciem transversalizar a abordagem de gênero, direitos sexuais e
reprodutivos, geração, raça e etnia e a perspectiva de
territorialidade nas políticas do Movimento Sindical
de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – MSTTR
- e na Política de Saúde para a População do Campo.
A sua execução, sob a responsabilidade da CONTAG,
teve início em abril de 2005 e sua extensão é por três
anos.
Outra estratégia fundamental para a redução
da mortalidade materna é a humanização do parto e
do puerpério. Em 2005, destaca-se a regulamentação
da lei que garante a presença de acompanhante no
pré-parto, parto e puerpério, o que também contribui
para a qualificação da atenção obstétrica. Essa regulamentação garante o apoio financeiro para a implementação da proposta em todas as maternidades do
País pertencentes ao SUS ou conveniadas.
Outra ação desenvolvida para humanizar a
atenção ao parto e ao nascimento foi a formação de
doulas - mulheres da comunidade que acompanham
parturientes realizando atividades de apoio durante o
trabalho de parto. Em 2005, foram apoiados projetos
para formação de doulas em 9 estados brasileiros.
Para qualificar a atenção ao parto domiciliar,
o Ministério da Saúde apoiou técnica e financeiramente a realização de 7 capacitações de parteiras tradicionais e profissionais de saúde dos Distritos Sanitários
Especiais Indígenas Xavantes nos Estados de Mato
Grosso, Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco,
Pará, Paraíba e Goiás, por meio de convênio com a organização não-governamental Grupo Curumim. Também foi firmado convênio com a Secretaria Estadual
de Saúde do Acre para realização de 2 capacitações
de profissionais de saúde e parteiras tradicionais em
atenção à saúde sexual e reprodutiva de adultos e adolescentes, dos municípios que integram a região do
Alto Juruá. Por fim, foram capacitadas 45 parteiras
quilombolas, na Comunidade Kalunga, em Goiás, que
se somam às 904 treinadas em anos anteriores.
Para enfrentar o problema da subnotificação
dos óbitos maternos, que prejudica o conhecimento da
real dimensão do problema no País, foram criados os
Comitês de Mortalidade Materna. Sua função é estudar os óbitos maternos para definir medidas que qualifiquem a atenção obstétrica e evitem novos casos,
bem como para melhorar o registro das ocorrências.
Em 2005 o Ministério da Saúde realizou 7
convênios com os estados da região Norte para organização da vigilância epidemiológica do óbito materno e revisou o Manual dos Comitês de Morte Materna.
No período de 2002 a 2005 foram criados 31 comitês
regionais, 361 comitês municipais e 56 hospitalares.
De outra parte, houve avanços significativos
no que tange à ampliação do número de leitos de UTI
na rede do SUS. Em 2005 o Ministério da Saúde ampliou em 2.879 os leitos de UTI, ultrapassando a meta
de redução em um terço do déficit que havia nessa
área. Lançaram-se, ainda, 92 serviços de atendimento
móvel de urgência, que estão sendo preparados inclusive para o atendimento da gestante e parturiente.
Outro indicador da atenção à saúde reprodutiva é aquele referente à vacinação de mulheres em
idade fértil (15 a 49 anos) com a vacina dupla contra Difteria e Tétano. Em 2005, a cobertura atingiu o
patamar de 41,57%, contra os 40,2% registrados em
2004.
Cabe mencionar, ainda, as ações implementadas pelo Ministério da Saúde para apoiar a organização da atenção obstétrica e o planejamento familiar
por meio da elaboração de diferentes materiais de
orientação para divulgação. Neste sentido, em 2005,
9����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
A partir de 2005 o MS não trabalha mais com a lógica de kits, portanto a meta foi mudada para quantidade de municípios atendidos.
19
20
foram elaborados: (i) o manual sobre anticoncepção
de emergência; (ii) a cartilha sobre direitos sexuais
e reprodutivos; (iii) o manual técnico sobre Atenção
ao Pré-natal e Puerpério, e (iv) o manual de triagem
obstétrica.
Finalmente, outra área de destaque em 2005
foi a atenção à saúde da mulher negra. Várias atividades foram realizadas neste sentido, desde a publicação de material técnico, passando pela promoção
de eventos para discussão do tema, levantamento de
dados e inclusão do recorte étnico-racial nas ações do
Ministério da Saúde. Os principais resultados alcançados neste campo foram:
• apoio ao projeto de capacitação de parteiras Kalunga, envolvendo a Secretaria Estadual de
Saúde de Goiás e as prefeituras locais, cujas ações serão monitoradas de forma a promover a multiplicação
da experiência para as demais comunidades quilombolas em nível nacional;
• realização da Pesquisa Nacional sobre
Demografia e Saúde da Mulher e da Criança (PNDS),
de levantamento, tabulação e análise dos dados, levando em conta o quesito raça/cor. A PNDS tem como
objetivo coletar informações que permitam elaborar
indicadores demográficos, de saúde e nutrição para
mulheres e crianças menores, visando fornecer subsídios ao Ministério da Saúde para as políticas e estratégias de ação do Governo;
• lançamento do Programa de Anemia Falciforme e distribuição do folder “Perspectiva de Equidade na Atenção às Diferenças no Pacto de Redução
da Mortalidade Materna e Neonatal - Saúde da Mulher
Negra”. Seu objetivo é sensibilizar e orientar gestores
e profissionais de saúde acerca das especificidades na
atenção à saúde da gestante negra; e
• introdução da a questão étnico-racial na
ficha de notificação de casos de violência e no Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento.
Compromisso I
21
Desafio 3 : Segurança Alimentar e Combate à Desnutrição.
Objetivo: Promover o direito humano à alimentação e à nutrição adequadas.
Quadro 03 • Metas.
Situação Inicial
2002
Indicadores
Metas 2007
●taxa de desnutrição entre criança menores de 5 anos
(DATASSUS/MS)
5,7 %
3,7 %
●prevalência de baixo peso ao nascer (DATASSUS/MS)
7,7 %
5,7 %
Fonte: Plano Presidente Amigo da criança e do Adolescente.
Políticas, Programas e Estratégias
O desafio de promover a segurança e combater a desnutrição abrange ações dos Ministérios do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, da Saúde e da Educação.
A segurança alimentar e nutricional é um
dos princípios que norteiam as atividades da Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
(SESAN/MDS) e remete à realização do direito de
todos ao acesso regular e permanente a alimentos de
qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo
por base práticas alimentares promotoras de saúde
que respeitem a diversidade cultural e que sejam econômica, social e ambientalmente sustentáveis.
Fundamentadas no Direito Humano à Alimentação adequada e embasadas pela Estratégia Global para Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde da Organização Mundial de Saúde,
as ações desenvolvidas pela SESAN estão voltadas
para comunicação e mobilização, abordando a valorização de aspectos culturais e regionais da alimentação, além da diminuição do desperdício, em todas as
faixas de renda e grupos sociais. Tais medidas buscam
estabelecer parcerias com outros setores do poder público, sociedade civil e empresas privadas no alcance
dos seus objetivos.
A Educação Alimentar e Nutricional – EAN
- é uma das estratégias para a garantia do direito de
cada cidadão a uma alimentação adequada e saudável, uma vez que a sistematização e difusão dos conhecimentos em alimentação e nutrição facultarão ao
cidadão orientações seguras em prol de uma alimentação regular e adequada, em termos de quantidade e
de qualidade.
Nesse sentido, as ações de EAN configuram-se como um dos objetivos estratégicos da SESAN/MDS, cuja atuação vem se pautando no estímulo à sociedade para adotar hábitos alimentares
saudáveis e combater a fome. Tais objetivos, além de
serem corroborados pelas diretrizes do Guia Alimentar da População Brasileira-2005, contribuem para a
prevenção e combate a vários problemas relacionados
a uma alimentação inadequada, como a desnutrição
e as doenças crônicas não transmissíveis (obesidade,
diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, dentre outras).
O MDS, através da Coordenação Geral de
Educação Alimentar e Nutricional-CGEAN/SESAN
contou, no ano de 2005, com um orçamento de R$ 6
milhões, dos quais cerca de R$ 5,5 milhões foram utilizados para o desenvolvimento de diversos projetos
como o “Cozinha Brasil – Alimentação Inteligente”,
o “Criança Saudável, Educação Dez” (distribuição de
Cartilhas educativas com personagens de Monteiro
Lobato e Caderno do Professor, abordando a temática de alimentação saudável) e o “Educação à Mesa”,
22
com a realização de capacitações e distribuição de
material educativo.
No projeto “Cozinha Brasil – Alimentação
Inteligente” foram investidos cerca de R$ 3,4 milhões
para ampliação e atendimento a todos os estados brasileiros, com uma unidade móvel de capacitação por
estado. O Projeto “Criança Saudável, Educação Dez”
contou com investimento de R$ 1,3 milhões para distribuição de Cartilhas Educativas e Caderno do Professor às escolas públicas de 1ª a 4ª séries de todo o
Brasil. Finalmente, o projeto “Educação à Mesa” distribuiu 6.000 kits educativos (com material de vídeo,
rádio, impresso e outros) e capacitou 80 profissionais,
tendo contado com investimento de R$ 827,6 mil em
2005.
Outra vertente da atuação do MDS na área
de segurança alimentar compete à Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI/MDS), que tem
envidado esforços no sentido de conhecer a situação
nutricional da população brasileira, em especial das
crianças e adolescentes. Neste sentido, realizou-se a
“Chamada Nutricional”, cujos resultados sairão no
primeiro semestre de 2006. Seu objetivo foi avaliar
o perfil nutricional de crianças menores de 5 anos de
idade, residentes no semi-árido brasileiro e nos assentamentos localizados no Nordeste, vacinadas em 20
de agosto de 200510, visando estabelecer/reestruturar
políticas públicas e estratégias focalizadas para essa
população. Uma avaliação dessa natureza permite a
um só tempo atualizar e ampliar o quadro descritivo
sobre a situação nutricional de crianças, grupo reconhecidamente em situação de maior vulnerabilidade
alimentar e nutricional.
Além desta Chamada Nutricional, há duas
outras iniciativas com propósitos semelhantes que se
dedicarão a avaliar a situação nutricional de quilombolas e indígenas. Prevê-se que ambas apresentarão
seus resultados finais em 2007. A “Chamada Nutricional Quilombola: Projeto Zanauandê” tem por objetivos específicos estimar a prevalência da desnutrição
protéico-energética, de sobrepeso e do baixo peso ao
nascer, além de identificar o recebimento de benefícios sociais pelas famílias quilombolas. A pesquisa
visa, ainda, levantar informações sobre condições de
saúde, saneamento e educação nesse grupo populacional. A amostra é de 60 comunidades quilombolas
em 22 estados da federação. Já o Inquérito Nutricio10���������������������������
Dia Nacional de Vacinação.
nal entre os Povos Indígenas avaliará a prevalência
de desnutrição energético calórica e sobrepeso em
aldeias indígenas, além de caracterizar a situação de
segurança alimentar e nutricional nestas aldeias. Será
um estudo descritivo com aplicação de questionário e
avaliação antropométrica em amostra com representatividade nacional.
Em adição a estas iniciativas, o MDS também contratou junto ao IBGE um Suplemento sobre
Insegurança Alimentar na coleta de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)
2004. Isto foi realizado para fazer face à escassez de
informações sobre a situação de segurança alimentar
da população brasileira. O suplemento utilizou como
conceito de insegurança alimentar o acesso limitado a
uma alimentação de qualidade suficiente e quantidade
necessária para o bom desenvolvimento humano por
parte de indivíduos em uma população. Para a realização do Suplemento, analisaram-se diversos métodos
para medição da insegurança alimentar. Este processo
resultou na criação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar - EBIA, que foi utilizada na composição
dos quesitos que integram o suplemento. A análise
dos microdados terá início logo após a disponibilização dos dados pelo IBGE, com previsão de término
para o segundo semestre de 2006.
Dentre as ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde no âmbito da promoção da segurança alimentar e do combate à desnutrição, encontram-se os
Programas Nacionais de Suplementação de Vitamina
A e de Ferro e a Vigilância Alimentar e Nutricional
– SISVAN, todas contempladas no Plano Presidente
Amigo da Criança e do Adolescente.
O Programa Nacional de Suplementação de
Vitamina A destina-se à prevenção e/ou controle dessa deficiência nutricional mediante a suplementação
com megadoses de vitamina A em crianças de seis a
59 meses de idade e puérperas no pós–parto imediato,
pertencentes à Região Nordeste, ao Vale do Jequitinhonha (MG) e três municípios do Vale do Ribeira
(SP) - Nova Odessa, Hortolândia e Sumaré. Em 2005,
também foram incorporados os Distritos Sanitários
Indígenas Xavante – MT e MS.
Para melhorar a cobertura do Programa e a
adesão dos gestores municipais, algumas estratégias
foram desenvolvidas, tais como: (i) a publicação da
Compromisso I
Portaria n.º 729/05, instituindo o Programa Nacional
de Suplementação de Vitamina A; (ii) o envio dos materiais de apoio de sensibilização dos gestores e profissionais de saúde; (iii) o aprimoramento do formato
da cápsula de vitamina A, de forma a facilitar o manuseio no momento da suplementação; e (iv) as capa-
citações em todos os estados partícipes do Programa.
Foi também disponibilizada uma home-page com o
módulo de gerenciamento do Programa, online, para
o gerenciamento das informações em nível local, estadual e federal.
Tabela 07 • Evolução do número de cápsulas de vitamina A administradas entre 2001 a 2005 nos municípios.
2001
2002
2003
2004**
2005*
Crianças de 6 a 11
359.840
575.201
433.127
606.549
570.716
meses
Crianças de 12 a 59
1.782.203
3.004.971
2.955.091
2.497.267
2.735.008
meses
Puérperas
112.851
204.772
237.329
Fonte: www.saude.gov.br/nutricao.
* Ressalta-se que estas informações ainda são parciais, tendo em vista 263 municípios/estados não terem consolidados suas informações.
** Os dados informados de 2004 tiveram um decréscimo, em virtude da não informação do Estado de Rio Grande do Norte e do Instituto Materno
Infantil de Pernambuco – IMIP, por problemas operacionais.
No que tange ao Programa Nacional de Suplementação de Ferro, tem-se como estratégia a suplementação medicamentosa de ferro para todas as
crianças de 6 a 18 meses de idade, gestantes a partir
da 20ª semana e mulheres até o 3º mês pós-parto e
pós-aborto. O Programa foi oficialmente instituído
por meio da Portaria n.º 730, de 05/05/2005, sendo
inicialmente implementado em 9 municípios-piloto,
situados nos seguintes estados: Pará, Ceará, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Objetivando viabilizar a adesão ao Programa pelos gestores municipais, estaduais e profissionais de saúde, algumas estratégias foram desenvolvidas. São elas: (i) distribuição dos materiais de apoio
de sensibilização (manual operacional, carta para os
gestores estaduais e municipais de saúde, cartaz de
divulgação, cartazete com a conduta de intervenção,
lâmina com informações gerais sobre o Programa e
calendário para as famílias); e (ii) capacitações para
regionais de saúde de 18 Estados (AC, AL, AM, AP,
ES, GO, MA, MS, MT, PA, PB, PE, PI, PR, RN, RO,
RS, TO).
No entanto, o Programa Nacional de Suplementação de Ferro enfrentou problemas operacionais
de produção do xarope de sulfato ferroso, com o que
a distribuição dos suplementos somente iniciou-se a
partir de dezembro de 2005, direcionada para a Região Nordeste. Foram distribuídos 330 mil suplementos a crianças de 6 a 18 meses, e 220 mil suplementos
a gestantes.
23
24
BOX 01 • Programa do Leite.
UF
METAS DIÁRIAS
DE AQUISIÇÃO E
DISTRIBUIÇÃO DE LEITE
Vaca
Cabra
Recursos Liberados
pelo MDS3
2005
AL
53.500
0
16.963.874,00
BA
100.000
0
13.100.000,00
52.499
1.790
9.678.331,00
46.000
0
0,00
MG
150.000
1.000
46.730.443,00
PB
110.568
9.600
49.692.400,00
PE
78.500
3.500
16.211.332,00
PI
31.000
0
12.407.733,00
RN
47.190
2.500
16.107.394,00
SE
34.300
0
9.782.393,00
703.557
18.390
190.673.900,00
CE
MA
2
TOTAL
Outra estratégia que corrobora com o combate à desnutrição é o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN, que no ano de 2005 intensificou as ações e linhas de trabalho. Dentre essas
ações destacam-se as capacitações macroregionais, o
lançamento do Boletim SISVAN, a compra de equipamentos antropométricos e a finalização da distribuição das publicações de apoio técnico.
Realizaram-se onze capacitações macroregionais, com abrangência nacional, entre os meses de
maio a agosto de 2005. O objetivo dos eventos foi
capacitar e acompanhar os profissionais de saúde da
atenção básica no desenvolvimento adequado das
ações de vigilância alimentar e nutricional.
O módulo de gestão do SISVAN está instalado em 3.979 municípios e tem como um de seus
propósitos informar os dados de acompanhamento
das condicionalidades da saúde do Programa Bolsa
Família – PBF. Em 2005, 1,9 milhões de famílias beneficiadas do PBF com “perfil saúde - crianças menores de 7 anos e gestantes” foram acompanhadas no
módulo de gestão do SISVAN.
No âmbito do acesso à alimentação, um dos
maiores desafios firmados entre Ministério da Saúde,
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome e FUNASA relaciona-se à redução da desnutrição em populações indígenas. Uma das questões a
serem saneadas refere-se à falta de informações a respeito da situação alimentar e nutricional destes povos,
limitando a tomada de decisões. Nas diversas pesquisas nacionais que subsidiam políticas públicas na área
de alimentação e nutrição, os povos indígenas não
estavam sendo incluídos. Para mudar essa realidade,
a FUNASA priorizou a Implantação da Vigilância
Alimentar e Nutricional no modelo de atenção à saúde indígena. Elaborou-se, então, uma Norma Técnica
Operacional para implantação desta ação e, em 2005,
realizaram-se capacitações para profissionais de 13
Distritos Sanitários Especiais Indígenas - DSEIs, num
total de 146 profissionais de nível superior multiplicadores capacitados.
Nesta primeira fase de implantação da ação,
a média de crianças acompanhadas mensalmente em
2005 foi de 12.403, em 12 DSEIs, cobrindo 44,4% da
população infantil menor de cinco anos destas áreas.
Em parceria com o Ministério da Saúde, o programa
de distribuição de megadoses de vitamina A foi estendido a áreas indígenas com evidência clínica de hipovitaminose. A meta de suplementação era de 9.688
crianças de 6 a 59 meses de idade. No ano de 2005,
cobriu-se 95% da meta com a suplementação de 9.162
crianças nesta faixa etária.
Compromisso I
Outra importante parceria foi firmada com
o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome, na qual a SESAN/MDS fornece cestas de
alimentos para populações indígenas, ficando a cargo
da FUNASA a distribuição e indicação de famílias a
serem atendidas segundo critérios de saúde. Em 2005,
a FUNASA distribuiu 60.075 cestas de alimentos no
período de outubro a dezembro, atendendo a 20.025
famílias indígenas.
No ano de 2005, a execução da Vigilância
e Segurança Alimentar e Nutricional dos povos indígenas alcançou 98,73% do programado em diversas
atividades que visam ao acompanhamento nutricional
de crianças menores de cinco anos em áreas indígenas.
Outra vertente da Política de Segurança
Alimentar e Nutricional está sob a responsabilidade
do Ministério da Educação (MEC) e diz respeito ao
Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE.
Visto que a infância é um período de grande desenvolvimento físico, marcada por gradual crescimento
da altura e do peso da criança - especialmente nos três
primeiros anos de vida e nos anos que antecedem a
adolescência - e também por um intenso processo de
crescimento celular e formação de tecidos, é necessário um fornecimento regular e adequado de nutrientes
para esse processo. Mais do que isso, o processo de
crescimento envolve o desenvolvimento psicológico
da criança, com mudanças no seu comportamento e
na sua personalidade, e o seu bom funcionamento
também requer atenção à garantia do direito humano
à alimentação.
No âmbito da escola, o direito à alimentação é atendido pelo PNAE. O Programa, que teve
início em 1953 com o objetivo de reduzir a fome e
a desnutrição que atingia as crianças brasileiras, gradativamente tornou-se uma política pública. Desde
sua instituição, foi inserido na política educacional
do País e apresentou-se como estratégia política de
socorro à escola: fixou o aluno, melhorando os níveis
de freqüência, aprovação e promoção escolar, bem
como contribuiu para a redução das taxas de fome
e desnutrição. É importante considerar, no entanto,
que o PNAE, por si só, não assegura a melhoria do
processo de ensino/aprendizagem, tendo em conta o
reduzido tempo da jornada escolar, interferências de
outros fatores sociais e econômicos e de patologias
associadas.
Os recursos do programa beneficiavam inicialmente apenas os alunos do Ensino Fundamental,
a quem a Constituição Federal de 1988 garantiu o
direito à alimentação escolar; posteriormente, foram
integrados ao PNAE os alunos da pré-escola e os assistidos por escolas filantrópicas, e a partir de 2003
foi estendido o atendimento a todos os alunos da creche11.
Atualmente, por seu caráter universal, o
programa atinge as diferentes classes sociais, tornando-o necessário e insubstituível, principalmente para
os grupos populacionais inseridos abaixo da linha de
pobreza. Assim, o PNAE vem cumprindo um importante papel no contexto social do País ao garantir os
recursos financeiros para suprir parte das necessidades nutricionais dos alunos durante o período de permanência na escola. Além disso, é reconhecido como
o maior programa de alimentação do mundo, na modalidade – gratuito e universal, pois está presente em
cerca de 200 mil escolas públicas e atende, aproximadamente, a 37 milhões de alunos.
Visando aprimorar continuamente o programa, realizou-se a capacitação de 12 mil conselheiros
de alimentação escolar e de agentes envolvidos no
PNAE, tais como nutricionistas, gestores públicos,
procuradores e promotores de justiça, sociedade civil,
entre outros das Regiões Norte e Nordeste, abordando
temas como execução do programa e controle social.
Nesse sentido, elaborou-se também um manual de
orientações para os conselheiros de alimentação escolar e atores envolvidos no programa.
BOX 02 • Evolução do programa.
Houve um aumento no número de nutricionistas que
atuam no Programa, que passou de 1.040 em 2004 para
2.700 em 2005, ocasionando, assim, um fortalecimento do
direito humano à alimentação dentro das escolas.
11�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Até o presente momento, os alunos do Ensino Médio não são abrangidos pelo repasse da União, não se excluindo a participação dos governos estaduais em assegurar-lhes esse direito.
25
26
Se reduzir a fome e a desnutrição entre as
crianças e adolescentes que freqüentam as escolas públicas brasileiras é o objetivo primordial do PNAE,
de outra parte, a presença de alimentos industrializados, com altos teores de açúcar, sal e gordura na
composição dos cardápios apresenta-se como um grave problema na alimentação da população em idade
escolar.
A alimentação inadequada nos primeiros
anos de vida e durante a fase escolar é responsável
pelo baixo peso, atraso no crescimento e desenvolvimento físico e mental, além de favorecer o desenvolvimento de doenças, tais como infecções, doenças do
coração, obesidade, diabetes, que vão comprometer a
vida adulta.
Os três inquéritos nacionais que trazem informações sobre consumo alimentar e situação nutricional da população brasileira (Endef, 1974-1975;
PNSN, 1989; PNDS, 1996) permitem identificar a
prevalência de obesidade em crianças menores de 5
anos com tendência à manutenção em torno de 4,5%
(as pesquisas indicam 4,6%, 4,6% e 4,3% respectivamente). As mesmas pesquisas revelam que, nesse
intervalo de aproximadamente 20 anos, a prevalência de obesidade triplicou entre as crianças e adolescentes de 6 a 18 anos. Em 1975, era de 4,1% e aumentou para 13,9% em 1997 (TADDEI E TADDEI,
1995). Mais recentemente, comparando-se os dados
do Endef com os dados da Pesquisa sobre Padrões
de Vida (PPV), realizada em 1996/97, somente nas
Regiões Sudeste e Nordeste, verificou-se um aumento
na prevalência de sobrepeso e obesidade de 4,1% para
13,9% em crianças e adolescentes de 6 a 18 anos.
Estudos realizados em escolas de algumas cidades brasileiras mostram que o sobrepeso e
a obesidade já atingem 30% ou mais das crianças e
adolescentes, como em Recife, alcançando 35% dos
escolares avaliados. Trabalho realizado em Salvador
mostrou uma prevalência de 15,8% de obesidade em
387 escolares, sendo que esta foi significativamente
maior nas escolas particulares (30%) em relação às
públicas (8,2%).
Além da alimentação inadequada, as condições ambientais, incluindo as encontradas no meio familiar, são importantes como determinantes da obesi-
dade. Estudos demonstram que fatores de risco para o
aumento de peso estão fortemente ligados à baixa atividade física, o incremento de hábitos que não geram
gasto calórico, como assistir TV, vídeogames, computadores e outros, bem como às características do meio
familiar, determinadas por fatores culturais, sociais e
econômicos. A violência urbana é um agravante, neste
caso, pois, a falta de segurança limita ainda mais o
aproveitamento dos espaços públicos para práticas de
atividade física entre crianças. A existência de espaços públicos adequados às práticas de atividade física
e o incentivo à realização dessas devem ser apoiadas
pelos gestores e governos, na perspectiva de combate
ao sedentarismo.
As cantinas escolares vêm contribuindo de
forma sistemática para a adoção de práticas consideradas não saudáveis. A maioria dos lanches vendidos
e/ou preparados nas cantinas escolares particulares
são de baixo teor de nutrientes e com alto teor de açúcar, gordura e sódio. Estudos realizados em outros
Países mostram que 88,5% dos lanches vendidos nas
escolas são ricos em gordura (>5g) e ricos em açúcares (>20g). Cerca de 40% das bebidas vendidas são
refrigerantes e não há venda de frutas e vegetais.
Entre adolescentes, existem outros fatores
que influenciam na escolha de sua alimentação: falta
de interesse por cuidados com a saúde pessoal; maiores preocupações com escola, família, e amigos do
que com alimentação; falso conceito sobre sabor, aroma e aparência indesejáveis da alimentação saudável;
falta de tempo; maior conveniência e disponibilidade
das alternativas menos saudáveis.
Para lidar com essas questões, o MEC também vem atuando no sentido de promover entre a população escolar brasileira a formação de hábitos alimentares saudáveis de acordo com as recomendações
da OMS, tais como a redução de alimentos de alta
densidade, o aumento de frutas e vegetais, ambientes
domiciliares e escolares que promovam a atividade
física e a alimentação saudável, a redução de bebidas
açucaradas, a restrição de alimentos de alto índice glicêmico e limitar o consumo de sódio.
Compromisso I
BOX 03 • Experiências exitosas.
No ano de 2005, vários projetos foram premiados
por meio do Prêmio Gestor Eficiente na Merenda Escolar
da organização não governamental Ação Fome Zero, os
quais abordaram diversos temas, tais como: educação
nutricional, atendimento integral aos escolares, inserção da
agricultura familiar no PNAE como proposta de segurança
alimentar e hortas escolares.
Os municípios premiados foram: Maracás/BA,
Goiânia/GO, Pedra do Indaiá/MG, Araxá/MG, Lucas do
Rio Verde/MT, Paragominas/PA, Apucarana/PR, Dois
Irmão/RS, Porto Alegre/RS, Concórdia/SC, Florianópolis/
SC e Criciúma/SC.
O Município de Araxá, um dos contemplados,
desenvolveu um projeto, cujo objetivo era de promover a
saúde e a educação alimentar de 8.367 crianças, com o
fornecimento de alimentação saudável, incentivando o
consumo de produtos regionais e o conseqüente incentivo
à produção agrícola local. Para tanto, buscou-se orientar
o processo de aquisição e de armazenamento dos gêneros
alimentícios e a preparação dos alimentos, mediante cursos
de capacitação para merendeiras, com ênfase nos aspectos
nutrição, higiene e alimentação saudável
Outra medida tomada com o propósito de garantir
o sucesso dessa ação, foi a realização de visitas freqüentes
a todas as Unidades pela nutricionista responsável
do projeto. Durante estas visitas eram observadas as
condições de higiene, de armazenamento e de preparo.
Por meio do contato constante entre a nutricionista e as
merendeiras estabeleceu-se uma relação próxima entre elas,
o que permitiu grande integração, troca de experiências e
sugestões. Nessa relação, as merendeiras são estimuladas
a criar novas preparações. São treinadas semestralmente,
abordando temas variados.
Outro fator importante foi a parceria firmada com
a Associação dos Hortigranjeiros de Araxá – Asshorgran.
Esta permite a regularidade da entrega de verduras e
legumes frescos e facilita a introdução de novos alimentos
como acelga, espinafre, chicória etc.
Dentre as principais iniciativas implementadas neste âmbito, citam-se: (i) a inserção do tema
alimentação e nutrição na capacitação e no manual de
orientações dos conselheiros de alimentação escolar;
(ii) a implantação de projetos de hortas escolares, em
escolas de três municípios, envolvendo cerca de 60
escolas e agentes educacionais, agricultores familiares e gestores públicos; e (iii) o desenvolvimento de
projetos conjuntos com o Ministério Público, as Instituições de Ensino Superior e outros ministérios parceiros da estratégia Fome Zero na área de educação
alimentar e nutricional saudável e adequada.
27
28
Desafio 4: Atenção à Saúde e ao Desenvolvimento da Criança e do Adolescente.
Objetivo: Melhorar a situação de saúde e da qualidade de vida desse segmento populacional.
Quadro 04 ● Meta.
Situação
Inicial 2000
Indicadores
Metas 2007
● % de óbitos por doença infecciosas ou parasitárias ou
por infecções respiratórias agudas nos menores de 5 anos
(SIM/2000)(3)
14,8 %
12,3 %
● taxa de mortalidade por causas externas em 2000 para população
de 10 a 19 anos (para cada 100.000 SIM/IBGE)
46,7 %
41,7 %
● % da população atentida por equipes de Saúde da Família (MPO
- PPA 2004-2007)
17,4 %
70,0 %
Fonte: Plano Amigo da Criança e do Adolescente.
O objetivo desse desafio é melhorar a situação de saúde e a qualidade de vida de crianças e de
adolescentes. Visando atingir esse propósito, tem-se
buscado garantir o desenvolvimento saudável desse
segmento populacional por meio de ações de educação e saúde, bem como no que diz respeito à prevenção de doenças e agravos. A Atenção à Saúde e ao
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente tem
como premissas a vigilância das condições de saúde,
crescimento e desenvolvimento e o incremento da
qualidade dos serviços prestados.
Dados de contexto
A redução da taxa de mortalidade na infância -óbitos de crianças menores de cinco anos de ida-
de para cada grupo de mil crianças nascidas vivas – é
uma questão primordial no que diz respeito à promoção da saúde infantil.
De acordo com a tabela a seguir, dentre as
principais causas da mortalidade na infância, as doenças infecciosas e parasitárias apresentavam o percentual de 8,1% em 2004; em seguida, com 7,9% vinham
as doenças do aparelho respiratório e com 5,8% as
infecções respiratórias agudas. Há que se ressaltar,
ainda, o percentual de óbitos desse segmento populacional segundo causas externas que atingiu o patamar
de 4,7%.
Compromisso I
29
Tabela 08 ●
óbito em menores de 5 anos por doenças infecciosas e parasitárias (A00-B99), 2004
nº
%
infecciosas
5157
total
63.651
8,1
100,0
óbito em menores de 5 anos por infecções respiratórias agudas (J00-J22), 2004
nº
%
respiratórias agudas
3667
total
63.651
5,8
100,0
óbito em menores de 5 anos, segundo causas, 2004
Causa (CID10 CAP)
nº
I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias
5157
II. Neoplasias (tumores)
821
III. Doenças sangue órgãos hemat. e transt. imun.
453
IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas
1586
V. Transtornos mentais e comportamentais
5
VI. Doenças do sistema nervoso
1400
VII. Doenças do olho e anexos
2
VIII.Doenças do ouvido e da apófise mastóide
20
IX. Doenças do aparelho circulatório
683
X. Doenças do aparelho respiratório
5027
XI. Doenças do aparelho digestivo
511
XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo
55
XIII.Doenças sistema osteomuscular e tec. conjuntivo
24
XIV. Doenças do aparelho geniturinário
193
XV. Gravidez parto e puerpério
0
XVI. Algumas afecções originadas no período perinatal
30949
XVII.Mal formação cong. de formid. e anomalias cromossômicas
8781
XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat
5009
XIX. Lesões env. e algumas outras conseq. causas externas
0
XX. Causas externas de morbidade e mortalidade
2975
XXI. Contatos com serviços de saúde
0
Total
63651
8,1
1,3
0,7
2,5
0,0
2,2
0,0
0,0
1,1
7,9
0,8
0,1
0,0
0,3
0,0
48,6
13,8
7,9
0,0
4,7
0,0
100,0
%
Fonte: Sistema de Informação de Mortalidade/DATSUS.
Outro indicador, foco de monitoramento da
Atenção à Saúde e ao Desenvolvimento da Criança
e do Adolescente, é a taxa de mortalidade por causas externas para a população de 10 a 19 anos por
mil habitantes. Os adolescentes e os jovens representam, atualmente, 30,3% da população brasileira, isto
é, 52,2 milhões de cidadãos entre os 10 e 24 anos de
idade.
adolescentes e jovens são decorrentes das “causas externas”, também denominadas de “mortes violentas”.
Entre 2000 e 2004, houve um aumento deste índice,
que era de 14,9% da mortalidade total e passou para
15,7%. As taxas são consideravelmente mais altas na
população de adultos jovens, principalmente do sexo
masculino. Tem-se que 84,4% das vítimas são do sexo
masculino e 50% na faixa etária de 20 a 39 anos.
Consideram-se causas externas aquelas associadas a fatores de risco, tais como: os acidentes de
trânsito, os homicídios, os suicídios, entre outras.
As principais causas de mortalidade entre
Outro agravo à saúde que merece ser analisado é o índice de gravidez na adolescência. Verificase que este índice apresentou um aumento de 25%,
entre meninas de 15 a 19 anos, no período de 1991
30
e 2000, segundo pesquisa da Unesco. O número de
adolescentes e jovens brasileiras grávidas é hoje 2%
maior do que na última década; as meninas de 10 a 20
anos respondem por 25% dos partos feitos no País,
segundo levantamento do Ministério da Saúde. Esse
quadro ajuda a engrossar o índice de evasão escolar
no Brasil, principalmente porque não existem programas que visem apoiar jovens grávidas e mães a seguirem nos estudos.
Observa-se, ainda, um panorama preocupante, no que tange a infecção pelo HIV na população
juvenil. Levantamentos recentes permitem constatar
que a idade da infecção pelo HIV está se tornando
cada vez mais precoce, indicando a ocorrência de
relações sexuais desprotegidas entre adolescentes. A
idade média para início das relações sexuais, no Brasil, é de 14,5 anos para os homens e 15,5 anos para as
mulheres.
Cumpre destacar que o investimento na saúde e no bem-estar dessa população impacta o desenvolvimento econômico e social e conseqüentemente
no futuro de uma nação.
Políticas, Programas e Estratégias
No âmbito desse desafio, no que tange à
atenção básica humanizada e resolutiva, destaca-se a
estratégia de Saúde da Família, cujo propósito central
é mostrar que oferecer às famílias serviços de saúde
preventiva e curativa em suas próprias comunidades
resulta em melhorias importantes nas condições de
saúde da população. Essa estratégia visa reorganizar
a Atenção Básica no País de acordo com os preceitos
do Sistema Único de Saúde. A estratégia veio como
resposta às necessidades de uma atenção integral desenvolvida por equipe multiprofissional, ao indivíduo
e à comunidade, com participação da comunidade.
Há que se ressaltar que essas equipes são
formadas por médicos, enfermeiros, auxiliares (ou
técnicos) de enfermagem, agentes comunitários de
saúde, cirurgiões-dentistas, auxiliares de consultório
dental e técnicos em higiene dental. São atribuições
destas equipes: desenvolver ações básicas na lógica
da vigilância à saúde, com ações de promoção e proteção da saúde, a prevenção de agravos e a assistência
e recuperação da saúde dos indivíduos e da coletividade.
Neste contexto, em se tratando da atenção
básica à saúde verifica-se a realização de significativos investimentos para a expansão da Estratégia de
Saúde da Família, que em 2004 contava com 21.232
equipes e cerca de 200 mil Agentes Comunitários
de Saúde. Em 2005 foram implantadas 3.332 novas
equipes de Saúde da Família e 15.369 Novos Agentes
Comunitários de Saúde passaram a atuar, representando, respectivamente, um crescimento de aproximadamente 15% e 7% em relação ao ano anterior.
A expansão citada acima garantiu que em
2005 a Estratégia de Saúde da Família estivesse presente em 89,6% dos municípios brasileiros, propiciando o atendimento de 79 milhões de pessoas (44,4% da
população brasileira) em todos os estados. Já os Agentes Comunitários de Saúde atenderam 94,2% dos municípios, alcançando de 103,5 milhões de pessoas, ou
seja, 55,5% da população brasileira. Isto representa a
maior garantia de oferta de atenção básica da história
da saúde coletiva do Brasil.
BOX 04 • Princípios Fundamentais da Atenção Básica.
I - possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde
de qualidade e resolutivos;
II - efetivar a integralidade em seus vários aspectos: integração
de ações programáticas e demanda espontânea;
III - desenvolver relações de vínculo e responsabilização entre as
equipes e a população adscrita garantindo a continuidade das ações de
saúde e a longitudinalidade do cuidado;
IV - valorizar os profissionais de saúde por meio do estímulo e do
acompanhamento constante de sua formação e capacitação;
V - realizar avaliação e acompanhamento sistemático dos
resultados alcançados, como parte do processo de planejamento e
programação; e
VI - estimular a participação popular e o controle social.
PORTARIA N o 648, DE 28 DE MARÇO DE 2006.
Compromisso I
BOX 05 • Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da
Família - PROESF.
O Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família
- PROESF – componente 1, é uma iniciativa do Ministério da Saúde
apoiada pelo Banco Mundial, voltado para organização e fortalecimento
da Atenção Básica no País. Este componente contempla municípios com
mais de cem mil habitantes e os recursos são destinados para reforma e
aquisição de equipamentos para unidades de saúde.
Tem-se que, em 2005, dentre os principais
avanços alcançados por meio da implantação de equipes do Saúde da Família, encontra- se a ampliação das
equipes de saúde bucal que em 2005 atingiu o quantitativo de 3.652 novas equipes, representando um crescimento de cerca de 29% em relação ao ano de 2004.
Foram atendidas 62 milhões de pessoas pelas equipes
de Saúde Bucal, isto é, 34,9% da população brasileira.
em todos os estados. Cumpre destacar que a ESB está
presente em 3.896 (70%) municípios brasileiros.
Outro fator que corroborou com a ampliação
das ações especializadas de saúde bucal foi a implan-
tação dos Centros de Especialidades Odontológicas
- CEO. No ano de 2005, foram implantados 236, totalizando 336 CEOs, que ofertam tratamento de canal,
atendimento a pacientes especiais, tratamento de doenças da gengiva, cirurgias e diagnóstico bucal com
ênfase na detecção do câncer de boca, além de outros
procedimentos a serem definidos localmente. Neste
mesmo período foram entregues 1.271 equipamentos
odontológicos (consultórios odontológicos), sendo
502 para ESB modalidade II, 746 para os CEO e 23
para os municípios da rede integrada de desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno; 135 conjuntos
de outros equipamentos para os CEO.
BOX 06 • Inventivos financeiros.
Na implantação dos Centros de Especialidades
Odontológicas (CEO) tipo I (3 cadeiras odontológicas) e
CEO tipo II (com no mínimo de 4 cadeiras) esses receberam
R$40.000,00 (para a aquisição de equipamentos e reforma/
ampliação) R$ 50.000,00 e R$ 6.600,00 e R$ 8.800,00 para
custeio mensal , respectivamente.
BOX 07 • Experiências exitosas.
Considerando as iniqüidades do País, em 2005
houve aumento de 13,3% de equipes de Saúde Bucal para
os municípios da Amazônia Legal com porte populacional
menor que 50 mil habitantes e com IDH < 0,7 e para as
demais regiões do País, municípios com porte populacional
menor que 30 mil habitantes e IDH < 0,7.
Por outro lado, cumpre destacar, ainda, a
implantação de 205 novos sistemas de fluoretação da água
de abastecimento público, abrangendo 106 municípios em
6 estados e beneficiando cerca de 2,4 milhões de pessoas.
31
32
Ressalva-se, ainda, que em 2005 todos os
municípios brasileiros receberam recursos do PABFixo. O Piso de Atenção Básica – PAB, é composto
por uma parte Fixa/per capita e outra Variável, relativa a incentivos para o desenvolvimento de ações
estratégicas da Atenção Básica. Esse recurso financeiro é repassado do Fundo Nacional de Saúde para
os Fundos Municipais. Essa é outra medida que visa
melhorar a situação de saúde e da qualidade de vida
da criança e do adolescente.
BOX 08 • Avanço do PAB.
Em 2005, incluíram-se 353.235 pessoas em 990 municípios da
população assentada após o Censo 2000 no cálculo do Piso de Atenção
Básica (PAB fixo) a ser repassado aos municípios brasileiros. Bem como,
aumentou-se o valor mínimo do PAB fixo de R$ 10,00 para R$ 13,00
habitante/ano. Essa medida representou um primeiro importante reajuste
geral no valor do PAB desde a sua criação e beneficiou 4.856 municípios
(87,34%).
Outro ponto importante são os Programas de
Atenção à Saúde de Populações Estratégicas em Situação de Agravos, de Atenção à Saúde da Pessoa com
Deficiência e à Saúde Mental. Na área da saúde mental de crianças e de adolescentes, a principal orientação do Ministério da Saúde foi ampliar a implantação
dos Centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil CAPS e dos serviços de referência para o atendimento
dos transtornos relacionados ao consumo de álcool e
outras drogas – CAPSad, os quais trabalham de forma
integrada com outros setores, tais como: a justiça, a
educação, os direitos humanos e a assistência social;
buscando articular suas ações às diferentes redes existentes nos seus territórios. Em 2005, foram cadastrados junto ao SUS, 56 CAPSi e 102 CAPSad.
Cabe destacar que os outros tipos de Caps,
ou seja, os tipos I, II e III, têm por orientação atender
toda a demanda populacional, incluindo a população
infanto-juvenil, em não existindo serviços específicos para a referida clientela. A rede de serviços tipo
CAPS, de base comunitária chegou à meta dos 700
serviços, em dezembro de 2005.
É importante frizar que as atribuições dos
CAPS ultrapassam o atendimento psicológico e psiquiátrico também prestado nesses serviços. Eles têm
a responsabilidade de articular-se à rede de ações em
saúde e aos projetos sociais existentes no seu território
para potencializar e integrar essas ações, tendo uma
importante função de ordenador a rede de atenção em
saúde mental no seu território. Em síntese, os CAPS
desenvolvem projetos de reabilitação /ressocialização
que visam à inclusão social de crianças e adolescentes
que, por diversas razões, encontram-se em situação
de exclusão.
BOX 09 • Fórum Nacional de Saúde Mental.
Há que se salientar, ainda, o fortalecimento do Fórum Nacional
de Saúde Mental Infanto-Juvenil, importante espaço intersetorial de
discussão, que tem por objetivo estabelecer e divulgar importantes
diretrizes na atenção infanto-juvenil. Além disso, merecem destaque as
iniciativas no campo de estudos e pesquisas, junto às unidades de medida
sócioeducativa e sobre a rede ampliada de atenção em saúde mental
infanto-juvenil, em andamento.
Compromisso I
Dentre a população de adolescentes e jovens
brasileiros, uma das parcelas mais vulneráveis e excluídas é a de adolescentes privados de liberdade. Seu
número gira em torno de doze mil, e eles cumprem
medidas sócio-educativas em 201 unidades localizadas em 96 municípios nos 27 estados brasileiros, em
2004. Via de regra, a realidade da assistência à saúde
desses adolescentes é muito precária e não corresponde aos princípios e diretrizes do SUS. Entretanto,
algumas normativas estão sendo implementadas objetivando mudar esta realidade, como pode ser observado no tópico Políticas, Programas e Estratégias do
Compromisso III, Desafio I, deste relatório.
No que se refere à Saúde do Escolar, o Governo Federal implementou o Programa Nacional de
Saúde do Escolar – PNSE – que visa a atender as necessidades de saúde identificadas na população escolar e está voltado para a orientação de alunos da educação infantil, fundamental e média no que se refere
à prevenção de algumas doenças e outras questões
relacionadas à saúde de crianças e adolescentes.
Segundo dados estatísticos da Organização Mundial de Saúde – OMS, 10% dos alunos da
1ª série do ensino público fundamental, apresentam
deficiências visuais, necessitando de medidas corretivas. Pesquisas e estudos relacionados aos problemas
de saúde demonstram que dificuldades no processo
ensino-aprendizagem, repetência e abandono escolar
de alunos, estão relacionados à questão da saúde, das
condições psicossociais e econômicas em que grande parte dessas crianças vive. Entre os problemas de
saúde mais comuns identificados está a deficiência visual e/ou auditiva. Alunos com deficiência visual, que
apresentaram acuidade visual igual ou inferior a 0,7
(da Escala Optométrica/Tabela de Snellen), em pelo
menos um dos olhos, e deficiência auditiva (surdez
leve, moderada e severa) podem não ter acesso à informação e à educação, caso não sejam devidamente
diagnosticados e protetizados.
Buscando amenizar o problema, o Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE,
por meio do Programa Nacional de Saúde do Escolar
– PNSE, busca promover, em parceria com o Ministério da Saúde, a saúde dos alunos do ensino básico,
por meio do desenvolvimento de ações educativas,
preventivas e curativas, nas áreas de oftalmologia e
otorrinolaringologia.
O PNSE implementou, no exercício de 2005,
a ação de Apoio à Saúde do Escolar, contemplando:
• consulta, aquisição e distribuição de óculos para os alunos triados em 2003;
• consulta, aquisição e distribuição de óculos para alunos com necessidades educacionais especiais;
• consulta médica (Otorrinolaringologia) e
fonoaudiologia (Audiometria) para alunos com necessidades educacionais especiais.
Estas ações tiveram o objetivo de detectar
e solucionar problemas de acuidade visual e auditiva
nos alunos das primeiras séries do ensino fundamental
público (1ª, 2ª e 3ª série), para garantir-lhes o acesso e
a permanência em sala de aula.
Em decorrência do contingenciamento orçamentário em 2004, a meta de atendimento foi refeita para 2005 e passou-se a atender um município por
estado, selecionando-se aquele que apresentou maior
número de alunos triados.
Com o objetivo de ampliar o atendimento para beneficiar um maior número de alunos, bem
como reduzir os índices de evasão escolar e de repetência, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação - FNDE, em 2005, atendeu, também, alunos com deficiência visual e auditiva da educação especial do Programa de Educação Inclusiva: Direito à
Diversidade, da Secretaria de Educação Especial do
MEC. Para atender esta ação, o FNDE disponibilizou,
financeiramente, o montante de R$ 7.88 milhões, dos
quais 99,97% foram executados e atenderam cerca de
112 mil alunos, distribuídos em 197 municípios.
Outra estratégia de impacto para melhorar a
situação de saúde e da qualidade de vida das crianças
e dos adolescentes foi o lançamento, em 2003, pelos
Ministérios da Saúde e da Educação, do projeto Saúde
e Prevenção nas Escolas. Essa é uma estratégia articulada entre os dois ministérios, ampliadas para os
demais níveis da esfera administrativa, levando para o
espaço escolar a discussão sobre educação preventiva
e promoção à saúde. Foram inseridas também nesse
processo a UNESCO e o UNICEF, bem como organizações representativas da sociedade civil, parcerias
que têm garantido o avanço no sentido do desenvolvimento de ações integradas entre educação e saúde.
33
34
O projeto piloto começou em agosto de
2003, em 84 escolas de seis municípios brasileiros.
A ação foi inicialmente voltada para adolescentes e
jovens de escolas públicas, com idade entre 13 e 24
anos. A partir de 2005, a ação foi estendida para estudantes a partir dos 10 anos, com o desenvolvimento
de ações educativas e estratégias específicas e adequadas para a faixa etária.
Outro ponto importante relacionado ao
acompanhamento e avaliação do trabalho neste campo foi o fato de que, pela primeira vez, o Censo Escolar Brasileiro apresenta levantamento de informações
sobre ações de prevenção das DST/Aids, realizadas
em escolas de educação básica (ensino infantil, fundamental e médio). Do total de escolas que responderam
ao ultimo Censo Escolar foi constatado que o tema
"drogas" foi o mais abordado, com 71% de escolas
realizando trabalhos nessa área. Em seguida, os temas
mais abordados foram "DST/Aids" (60,4%), gravidez
na adolescência (52%) e "saúde sexual e reprodutiva"
(45%).
A inserção de questões no Censo Escolar direcionadas para o trabalho, realizado na escola, com
foco nos aspectos relacionados à saúde e prevenção
as DST/Aids torna possível o acompanhamento e a
definição de políticas direcionadas para o aprimoramento da ação docente e para o tratamento do assunto no projeto pedagógico das escolas. Responderam
ao questionário sobre ações de prevenção das DST/
Aids e gravidez não planejada 161.679 escolas (78%
do total das 207.214 escolas cadastradas no Censo).
Dessas, 99% das escolas de ensino médio e 95% das
escolas de ensino fundamental afirmaram trabalhar
algum tema relacionado à promoção da saúde e educação preventiva.
A partir das respostas foi possível conhecer
as ações realizadas nas escolas de ensino fundamental e médio relacionadas as DST/Aids (68,3% delas
fazem atividades nesse campo), saúde sexual e reprodutiva (50,9%), gravidez na adolescência (59,3%),
drogas (80%) e outros temas (63%). Novamente, o
tema drogas foi o mais abordado nas escolas. No ensino médio, 96% realizam atividades relacionadas ao
tema, enquanto no ensino fundamental esse percentual é de 67,8%.
Durante o ano de 2005, a equipe gestora do
programa no nível federal pôde finalizar a definição
do planejamento de trabalho a ser desenvolvido junto
aos estados e municípios. Desta proposição de trabalho, iniciaram-se as reuniões regionais – para formação e planejamento dos grupos gestores estaduais,
começando pela região Nordeste. Das reuniões regionais participam as Secretarias de Educação e de Saúde e, em alguns estados, estão envolvidas também as
Secretarias de Assistência Social. Participam, ainda,
as Universidades, organizações não governamentais
e instituições representativas da sociedade, como é o
caso da Pastoral da Juventude.
Além do planejamento e início dos trabalhos
nos estados, no ano de 2005 concluiu-se o Documento
Referencial do Programa Saúde e Prevenção nas Escolas, já apresentado aos estados e municípios e em
fase de publicação para distribuição junto às Secretarias participantes, escolas e postos de saúde. Também foi elaborado e finalizado o Guia de Formação
dirigido a Professores e Profissionais de Saúde, e o
Caderno para os Jovens, a ser distribuído nas escolas
públicas de ensino fundamental e médio.
Por fim, deve-se registrar a realização do 9 º
EDUCAIDS – Encontro de Educadores para prevenção das DST/AIDS, promovido pela Associação para
Prevenção e Tratamento as DST/Aids - APTA –, com
apoio e participação dos Ministérios da Saúde e da
Educação, do qual participaram cerca de 1.000 professores e agentes de saúde.
Também durante o ano de 2005, foi firmado um acordo entre Brasil e Moçambique visando à
cooperação e o intercâmbio de professores dos dois
Países, no sentido de oferta de curso de extensão, oferecido pela Universidade de Brasília, para professores de ensino fundamental e médio brasileiros e moçambicanos a serem realizados em Moçambique e no
Brasil. O objetivo do curso é a formação de recursos
humanos qualificados para o ensino e intervenção no
campo da promoção da saúde sexual e reprodutiva e
prevenção do HIV/Aids e outras doenças sexualmente
transmissíveis, na perspectiva das políticas sociais integradas para Educação e Saúde. A primeira etapa do
curso ocorreu em Maputo (Moçambique), em fevereiro de 2006, e sua conclusão acontecerá em novembro
deste mesmo ano, em Brasília.
A atuação do Ministério de Educação no
Programa de Saúde e Prevenção nas Escolas assume
particular importância uma vez que o contato direto
Compromisso I
entre a escola e os jovens torna concreta a criação
de uma rede de informações que permite ampliar o
conhecimento e a formação de hábitos e valores relacionados às questões que hoje atingem parte significativa da população jovem brasileira, tais como o
uso indevido de drogas, a gravidez não planejada e a
prevenção às DST/Aids.
Por fim, considerando o elevado índice de
óbitos de adolescentes e jovens por causas externas,
as ações do Programa Atenção à Saúde da População
em Situações de Violências e Outras Causas Externas
são de fundamental importância para o alcance do desafio de prestar atenção à saúde e ao desenvolvimento
da criança e do adolescente. O programa, no âmbito
deste desafio, tem como prioridade a estruturação da
Rede Nacional de Prevenção da Violência em estados
e municípios. Para tanto, no ano de 2005, firmou-se
duas importantes parcerias a saber: com a Secretaria
Especial de Direitos Humanos, na implementação do
Plano de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes – PAIR -, nos municípios de Fortaleza e de
Belo Horizonte e com a Área Técnica da Saúde da
Mulher, na implementação das redes de atenção às
mulheres e adolescentes vítimas de violência em 18
municípios/estados e na realização de 08 seminários
de qualificação dos profissionais que atuam nas principais maternidades do País.
35
36
Desafio 5: Ampliação do acesso ao Saneamento e à Água Potável de Qualidade.
Objetivo: Modificar a realidade do acesso ao saneamento e à água de qualidade.
Quadro 05● Metas.
Situação Inicial
2000
Indicadores
Metas 2007
● % de famílias sem acesso à rede de distribuição de água
(Ministério das Cidades, IBGE, Censo 2000)
19,1 %
15,0 %
● % de famílias sem acesso à fossa séptica (Ministério das
Cidades, IBGE, Censo 2000)
23,3 %
18,0 %
● % de famílias sem acesso a coleta de esgotos (Ministério das
Cidades, IBGE, Censo 2000)
36,0 %
31,0 %
Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente.
Com o objetivo de modificar a realidade
do acesso ao saneamento e à água de qualidade no
País, foi efetivado um conjunto de ações voltadas para
ampliar o alcance e melhorar a qualidade desses serviços. Para corrigir as distorções existentes, contemplaram-se, também, ações de saneamento ambiental
especialmente voltadas para os municípios de menor
porte e para as áreas rurais, assim como para os assentamentos, os quilombos, as reservas extrativistas e
as áreas indígenas. Vale ressaltar, ainda, as estratégias
que visam a garantir o acesso fácil à água pelas populações do semi-árido.
A responsabilidade pela implementação das
ações elencadas no Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente no desafio referente à ampliação
do acesso ao saneamento e à água potável de qualidade é do Ministério das Cidades, do Ministério da Saúde/Funasa e do Ministério da Integração Nacional.
Dados de contexto
A política de saneamento implementada no
final dos anos 60 e início dos anos 70, no Brasil, alcançou êxitos significativos em relação ao aumento
da cobertura dos serviços de água, uma vez que os
índices de atendimento elevaram-se a um patamar de
aproximadamente 90% da população urbana. Este aumento da cobertura ocorreu em um período de acentuada urbanização do País, o que demonstra o resultado
exitoso da política implementada.
Entretanto, os resultados em relação aos
serviços de esgotamento sanitário foram bem distintos. As informações do Censo 2000 demonstram que
os serviços de esgotamento sanitário são fornecidos
para apenas 56% da população urbana. A tabela abaixo demonstra a evolução da cobertura dos serviços de
abastecimento de água e esgotamento sanitário desde
1970.
Compromisso I
37
Tabela 09 ��
●�Evolução da Cobertura dos Serviços de Água e Esgotos no Brasil (percentual de domicílios urbanos ou rurais).
1970
Indicadores
Água
- domicílios urbanos
- rede de distribuição
- domicílios rurais
- rede de distribuição
Esgoto Sanitário
- domicílios urbanos
- domicílios urbanos
- domicílios rurais
- domicílios rurais
-
-
-
-
rede de coleta
fossas sépticas
rede de coleta
fossas sépticas
1980
1990
2000
60,5
2,6
79,2
5,0
86,3
9,3
89,8
18,1
22,2
25,3
37,0
22,9
1,4
7,2
47,9
20,9
3,7
14,4
56,0
16,0
3,3
9,6
Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1970, 1980, 1990 e 2000.
Os aumentos de cobertura na década 19902000 foram nitidamente inferiores àqueles exibidos
nos períodos anteriores. Desta forma, naquela época,
o Brasil possuía 3,8 milhões de domicílios urbanos
que não tinham acesso aos serviços de abastecimen-
to de água por rede e 16,4 milhões que não tinham
acesso aos serviços de coleta de esgotos sanitários por
rede geral ou pluvial. A tabela abaixo mostra o percentual de domicílios que não possuíam acesso aos
serviços por região.
Tabela 10 ●Quadro das Deficiências de Acesso aos Serviços de Água e Esgotos (por Região e Brasil –
2000).
Regiões
Percentual de Domicílios sem Rede
geral de abastecimento de água
urbano
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
Brasil
rural
37.5
14.5
5.4
6.6
17.6
10.2
Percentual de Domicílios sem esgotos
sanitários (rede e fossa)
urbano
90.2
81.3
77.8
81.8
89.3
81.9
rural
53.3
49.0
12.2
27.4
54.1
28.0
93.6
94.6
76.1
77.0
94.0
87.1
Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.
Em anos recentes, o volume de recursos mobilizado para a realização de investimentos no setor
não tem sido suficiente para resolver as deficiências
de cobertura. A tabela abaixo demonstra o volume de
recursos mobilizados pelos prestadores de serviços na
realização de investimentos em água e esgotos, no período 1996-2000. Constata-se que nos anos de 1999 e
2000 os recursos destinados aos investimentos retrocederam, aproximadamente, ao nível dos investimentos mobilizados no ano de 1996.
Tabela 11 ● Evolução dos Investimentos Realizados em Água e Esgotos (pelos Prestadores de Serviços).
Ano
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Investimentos Realizados
em R$ milhões correntes
Água (1)
Esgotos (2)
835,6
1.295,0
1.708,1
907,5
1.003,9
926,0
1.057,3
866,0
1.108,5
Total
(1) + (2)
756,1
1.339,6
1.443,6
805,7
972,6
1.153,1
1.160,7
1.228,4
1.416,6
Fonte: SNIS – Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004.
1.591,7
2.634,6
3.151,7
1.713,2
1.976,5
2.079,1
2.218,0
2094,4
2.525,1
38
Em relação a recursos oriundos das fontes
tradicionais de investimento do setor, tais como o
FGTS e OGU – Orçamento Geral da União, no período de 1995-1998, foram contratados investimentos da
ordem de R$ 5,3 bilhões nos principais programas federais de saneamento básico. Do total do investimento, R$ 2,7 bilhões foram financiados com recursos do
FGTS, R$ 1,2 bilhão pelo OGU (incluindo empréstimos externos) e R$ 1,4 bilhão proveniente de contrapartida. No biênio 1999-2000, não foram firmados
novos contratos de financiamento com entidades públicas com recursos oriundos do FGTS.
Políticas, Programas e Estratégias
O Art. 21 da Carta Magna estabelece que é
competência da União definir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive na área de saneamento
básico, devendo legislar sobre:
• as diretivas, dentro dos quais deverão ser
prestados os serviços, isso é a definição:do que são os
serviços e como, em sua essência, devem ser prestados aos usuários;
• a instituição de uma Política Nacional de
Saneamento Básico, que busca atrair a adesão voluntária dos entes federados, de forma a viabilizar o
planejamento integrado e a busca da melhoria e da
universalização dos serviços.
Cumpre destacar que a União não atua como
poder concedente e/ou operador do serviço de saneamento básico, cabendo aos Estados, Distrito Federal
e Municípios e suas concessionárias, ou permissionárias e/ou às autorizadas a execução das ações.
Com base no que estabelece o texto constitucional, o governo federal elaborou o Projeto de Lei
nº 5.296/05, do Saneamento Básico. O PL 5.296/05
institui as diretrizes para os serviços públicos e a Política Nacional de Saneamento Básico, bem como resgata o pacto federativo e incentiva a cooperação, a solidariedade e a colaboração entre os entes federados.
Além disso, estabelece diretrizes gerais,
aplicáveis a todos os serviços de saneamento básico,
diretrizes específicas sobre cada uma de suas modalidades (abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e de águas pluviais
urbanas), e estabelece critérios sobre planejamento,
regulação e fiscalização, para a complementaridade
de serviços e a delegação de aspectos econômico-financeiros (critérios para a definição de tarifas). Também prevê subsídios cruzados de forma transparente,
ao mesmo tempo em que resgata os direitos dos usuários e dos cidadãos, com destaque para a fiscalização
e permanente informação sobre os serviços.
De outra parte, o governo federal apóia as
ações de saneamento básico através de seus Programas específicos, que constam do Plano Plurianual
e por conseqüência das Leis Orçamentárias Anuais.
Evidentemente, cada Programa possui o seu manual, onde estão definidos o que pode ser apoiado, os
critérios de habilitação, seleção e hierarquização das
propostas e, em alguns casos, são efetuadas Seleções
Públicas, com critérios que visam a atender as parcelas mais desfavorecidas de todas as Unidades Federativas. Estes critérios são, por exemplo, IDH, níveis de
atendimento dos serviços, indicadores como infestação de aedys e malária e o número da população atendida com renda menor que 3 (três) salários mínimos.
O apoio pode ser efetuado com transferências voluntárias (recursos fiscais) da União aos demais entes federados, tendo origem em emendas parlamentares ou na seleção dos diversos projetos com
os recursos orçamentários livres de cada Ministério.
O apoio também pode ocorrer por meio de recursos
onerosos, através dos Fundos Públicos (FGTS e FAT)
ou mesmo por Acordos de Empréstimos Internacionais, tomados pela União e repassados aos demais entes federados a “fundo perdido”.
No exercício de 2003, a Secretaria Nacional
de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades
empenhou-se em promover a coordenação das iniciativas de saneamento no âmbito do Governo Federal,
uma vez que anteriormente essas iniciativas estavam
dispersas em 80 ações, de 24 programas, sob a responsabilidade de oito Ministérios e de duas Instituições Financeiras da União.
Com a constituição de um Grupo Interministerial para discutir as políticas para o setor saneamento, criaram-se as condições para o estabelecimento de um mecanismo de atuação cooperativo entre os
órgãos intervenientes, culminando na execução sob
gestão colegiada e centralizada de cinco Programas
unificados de saneamento ambiental no PPA 20042007, com execução descentralizada. Este Modelo
Compromisso I
de Gestão está sendo consolidado e aprimorado de
forma a qualificar e potencializar, cada vez mais, os
benefícios dos investimentos efetuados com os recursos federais. O Grupo de Trabalho também definiu as
regras de atuação e as incumbências de cada Ministério, tendo como foco três eixos principais, a saber:
(i) Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário;
39
(ii) Resíduos Sólidos; e (iii) Drenagem Urbana Sustentável.
De 2003 a 2005, a União comprometeu e
desembolsou os seguintes valores (recursos onerosos
e orçamentários) com iniciativas de saneamento:
Tabela 12 ● Recursos Federais.
2003
2004
2005
Total
Comprometidos
2.188.677.640,81
3.472.049.587,03
2.048.522.415,25
7.709.249.643,09
Desembolsados
739.002.207,01
941.558.631,53
1.359.727.795,25
3.040.288.633,79
Fonte: Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental/MCIDADES.
Tabela 13 ● Origem dos Recursos Federais (R$).
Comprometidos
Desembolsados
Financiamento
4.039.597.738,95
987.758.762,83
Orçamentário
3.669.651.904,14
2.052.523.858,96
52,40%
32,49%
%
47,60%
67,51%
Fonte: Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental/MCIDADES.
Esses valores envolvem o orçamento de todos os Ministérios que possuem e executam ações de
saneamento ambiental. Eles demonstram que os esforços para retomar as contratações nas ações de sa-
neamento são uma realidade, que refletirá benefícios
diretos para a população. Segue no quadro abaixo a
divisão por Unidade da Federação dos valores disponibilizados pela União no período de 2003 a 2005.
Tabela 14 ● Valores disponibilizados pela União no período de 2003 a 2005 (por unidade da federação).
UF
Acre
Amapá
Amazonas
Pará
Rondônia
Roraima
Tocantins
REGIAO NORTE
Alagoas
Bahia
Ceará
Maranhão
Paraíba
Pernambuco
Piauí
Rio Grande Norte
Sergipe
REGIAO NORDESTE
Espírito Santo
Minas Gerais
Rio de Janeiro
São Paulo
Contratação
50.060.723,11
37.701.976,71
145.769.232,80
240.280.094,28
63.936.882,45
22.672.152,90
56.682.455,01
617.103.517,26
136.251.550,55
395.486.546,43
442.688.104,80
319.502.196,66
432.727.190,64
293.592.558,25
226.521.052,18
279.596.758,93
243.224.593,62
2.769.590.552,06
127.614.517,34
898.229.578,27
274.878.385,83
1.212.097.443,46
%
0,65%
0,49%
1,89%
3,12%
0,83%
0,29%
0,74%
8,00%
1,77%
5,13%
5,74%
4,14%
5,61%
3,81%
2,94%
3,63%
3,15%
35,93%
1,66%
11,65%
3,57%
15,72%
Desembolso
13.767.266,06
9.207.233,79
29.590.526,59
74.350.660,20
35.111.226,19
17.180.705,47
41.224.146,11
220.431.764,41
73.850.160,22
256.234.325,24
248.811.781,24
67.269.377,20
144.101.496,65
190.834.974,34
159.235.882,79
86.087.875,40
135.651.773,23
1.362.077.646,31
26.080.715,99
318.095.398,68
122.240.483,12
263.007.122,26
%
0,45%
0,30%
0,97%
2,45%
1,15%
0,57%
1,36%
7,25%
2,43%
8,43%
8,18%
2,21%
4,74%
6,28%
5,24%
2,83%
4,46%
44,80%
0,86%
10,46%
4,02%
8,65%
40
REGIAO SUDESTE
Paraná
Rio Grande Sul
Santa Catarina
REGIAO SUL
Distrito Federal
Goiás
Mato Grosso
Mato Grosso Sul
REGIAO CENTRO-OESTE
TOTAL GERAL
2.512.819.924,90
565.656.932,27
92.529.117,48
155.339.629,82
813.525.679,57
434.553.308,73
303.753.878,86
142.881.880,25
115.020.901,46
996.209.969,30
7.709.249.643,09
32,59%
7,34%
1,20%
2,01%
10,55%
5,64%
3,94%
1,85%
1,49%
12,92%
100,00%
729.423.720,05
121.751.487,09
26.985.806,97
52.916.115,17
201.653.409,23
289.089.701,26
97.478.648,70
67.986.222,13
72.141.509,70
526.696.081,79
3.040.282.621,79
23,99%
4,00%
0,89%
1,74%
6,63%
9,51%
3,21%
2,24%
2,37%
17,32%
100,00%
Fonte: Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental/MCIDADES.
É importante ressaltar que nesses valores ainda não estão inclusas as operações habilitadas na 1ª Fase
da Seleção Pública do Programa Saneamento Para Todos (FGTS e FAT), concluída em dezembro de 2005 e
que estão em fase de contratação, com o orçamento daquele exercício e cujos empréstimos podem ser assim
resumidos:
Tabela 15 ● Resumo de Empréstimos em Contratação com Recursos do FGTS e FAT – Orçamento 2005.
Mutuários
Mutuários Privados
Públicos
473.007.529,10
0,00
813.218.950,70
259.400.000,00
229.949.026,60
0,00
56.088.422,40
0,00
20.748.739,20
91.885.617,30
1.593.012.668,00
351.285.617,34
Modalidade
Abastecimento de Água
Esgotamento Sanitário
Saneamento Integrado
Desenvolvimento Institucional
Manejo de Resíduos Sólidos
Total
Total
473.007.529,10
1.072.618.950,70
229.949.026,60
56.088.422,40
112.634.356,54
1.944298.285,34
Fonte:Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental/MCIDADES.
O Ministério das Cidades, em 2005, efetuou
contratações para o setor de saneamento com recursos
não onerosos no valor de R$ 792.347.335,68 e com
financiamentos no valor de R$ 33.905.069,75. Esta
última sem contar com os valores citados acima, que
ainda estão em fase de contratação.
Estudo realizado pela Secretaria Nacional
de Saneamento Ambiental indica que, para universalizar-se os serviços de abastecimento de água e esgo-
tamento sanitário nas áreas urbanas e rurais do Brasil,
seria necessário 0,45% do PIB durante 20 anos.
O quadro abaixo demonstra que, apesar da
União estar investindo significativamente mais do que
os dois governos anteriores, este esforço ainda não é
suficiente para atingirmos a universalização no prazo
de 20 anos. Se continuar os mesmos índices de investimentos, este prazo será muito superior.
Tabela 16 ● Investimentos em Saneamento 2003 a 2005.
2.135.804.119
%
do
PIB
0,14
1.976.600.000
4.112.404.119
2003
Valores em R$
Contratação União
Investimento dos
Operadores*
TOTAL
3.783.109.871
%
do
PIB
0,24
0,13
1.846.400.000
0,26
5.629.509.871
2004
Valores em R$
2.033.563.515
%
do
PIB
0,13
0,12
1.846.400.000
0,12
0,36
3.879.963.515
0,25
2005
Valores em R$
Fonte: Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental/MCIDADES.
*Para o ano de 2005 foi repetido o valor de 2004, uma vez que o SNIS 2005 não está disponível.
* Não estão consideradas as operações do Programa Saneamento Para Todos – 2005, cujos valores encontram-se na Tabela 7, e cujos contratos
estão sendo firmados no exercício de 2006.
Compromisso I
É obvio que, este esforço não deve ser efetuado apenas pela União, mas por todos os entes federados e também pelas operadoras dos serviços, sejam
públicas ou privadas, pois afinal esses serviços possuem valor econômico.
41
e 19.425.903 (43,9%) não possuem rede coletora de
esgotos. Observa-se, portanto, que a meta do milênio
em relação ao abastecimento de água urbano é facilmente atingível, não importando se for a meta de 1/3
dos que não possuem, em 2010, ou 50% dos que não
possuem em 2015. O mesmo não ocorre em relação
ao esgotamento sanitário, para o qual são necessários
investimentos maciços.
Outro fator muito importante a ser levado
em conta é a baixa capacidade de endividamento de
grande parte dos operadores dos serviços, o que os
impede de tomar novos empréstimos, situação que
reflete também a baixa eficiência na gestão dos serviços.
Na tabela a seguir está demonstrado que,
mesmo com todos os percalços, os níveis de cobertura de abastecimento de água e esgotamento sanitário
vem aumentando aproximadamente 1% ao ano, desde
1993.
Segundo a PNAD 2004, o número de domicílios urbanos não atendidos com canalização interna e rede geral de água totaliza 2.135.099 (4,9%)
Tabela 17 ● Evolução do Atendimento PNAD 1993 a 2004 - Brasil.
Característica
Ano
1993
Valores
Abastecimento
de Água
Esgotamento
sanitário
Abs
TOTAL DE
DOMICÍLIOS
Rede geral
Outra forma
Rede
coletora
Fossa
séptica
Outro
Não tinha
m/Se m
declaração
Características
Abastecimento de
Água
Ano
Valores
TOTAL DE
DOMICÍLIO
Outra forma
Esgotamento
sanitário
Rede
coletora
Fossa
séptica
Outro
Não tinha
m/Se m
declaração
Abs
2002
Rel
2003
Abs
Rel
Abs
Rel
36.957.963
100,00
42.851.326
100,00
47.558.659
100,00
49.142.171
100,00
27.710.268
9.247.695
74,98
25,02
34.187.175
8.664.151
79,78
20,22
38.979.037
8.574.826
82,00
18,00
40.547.797
8.594.374
82,51
17,49
14.381.852
38,91
18.679.655
43,59
22.086.698
46,40
23.565.769
47,95
7.305.679
17,77
9.015.342
21,04
10.304.084
21,70
10.306.541
20,97
10.501.558
28,41
11.518.462
26,88
11.951.390
25,10
12.343.448
25,12
4.768.874
12,90
3.637.867
8,49
3.211.052
6,80
2.926.413
5,95
2004
Abs
Rede geral
1999
Rel
Rel
Incremento
Abs
Rel
50.956.357
100,00
13.998.394
100,00
42.413.615
83,20
14.703.347
53,06
8.542.742
16,80
-704.953
-7,62
24.849174
48,80
10.467.322
72,78
10.624.333
20,80
3.318.654
45,43
12.741.500
25,00
2.239.942
21,33
2.738.675
5,40
-2.030.199
-42,57
Box 10 • Projeto Água na escola.
O Ministério da Saúde, por meio da FUNASA,
desenvolveu o Projeto “Água na Escola”, que consta
da iniciativa de Saneamento Rural, cujo objetivo é a
implantação de abastecimento de água e instalações
hidrossanitárias em Escolas Públicas Rurais.
Para o exercício de 2005, a meta era atender 360
escolas rurais, com recursos orçamentários na ordem
de R$ 9 milhões (para investimento), sendo que foram
empenhados 99,9%, com previsão para atendimento de 252
escolas, atingindo 70% da meta, beneficiando cerca de 33
mil alunos do ensino fundamental.
42
Provendo Educação de
Qualidade
Objetivo: Garantir o acesso à escola de qualidade.
Compromisso II
Compromisso II: Provendo Educação de Qualidade.
Objetivo: Garantir o acesso à escola de qualidade .
O relatório da 27ª Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas sobre a Criança
afirma que “a educação é um direito humano e um
fator fundamental para reduzir a pobreza e o trabalho
infantil e promover a democracia, a paz, a tolerância
e o desenvolvimento”1. Na mesma perspectiva, o governo federal entende que “o acesso a um ensino de
qualidade é um direito de todo cidadão e a base para
uma sociedade democrática e igualitária”2.
O compromisso II trata deste direito humano que é a educação de qualidade, cobrindo os desafios, a saber:(i) Expansão e melhoria da educação
infantil;(ii) Ampliação da educação básica de qualida-
de; (iii) Alfabetização de jovens e adultos.
O governo federal declarou o ano de 2005
como o Ano da Qualidade da Educação. Estabeleceu
uma agenda de ações para melhorar a qualidade da
educação básica, envolvendo desde a criação de um
Sistema de Formação de Professores até o encaminhamento para votação da proposta do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
de Valorização dos Profissionais da Educação, o Fundeb. A seguir, cada desafio é exposto com a descrição
do que foi feito para se obter avanços nas diferentes
áreas.
1� Um mundo para as Crianças. Relatório da Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas sobre a Infância. 2002 Item 38, p. 38.
2� Educação
��������� ���������������������
Básica. 2005: Ano da �������������������������������������
Qualidade da Educação. MEC, 2005, p. ��
3.
43
44
Desafio 1: Expansão e Melhoria da Educação Infantil.
Quadro 01• Metas.
Indicadores
Situação Inicial 2002 (%)
●taxa de freqüência à escola da população de 0 a 6
anos IBGE/Pnad
Metas 2007 (%)
35,00
65,00
2,59
5,00
●razão entre matrícula pública /privada na educação
infantil (MEC - INEP - Censo Escolar)
Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente.
A educação infantil é um direito de toda
criança de zero a seis anos e uma obrigação do Estado (art. 208, IV da Constituição Federal), além de ser
um direito dos pais trabalhadores a utilização desse
serviço para seus filhos e/ou dependentes. De acordo
com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), lei nº 9.394 de 1996, ela é considerada a
primeira etapa da educação básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis
anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico,
intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Este desafio diz respeito à ampliação da inclusão escolar das crianças de 0 a 6 anos, de forma que
a taxa de freqüência à escola passe dos 35% (IBGE/
PNAD) registrados em 2002 para 65% em 2007, juntamente com a melhoria da qualidade do atendimento
nas instituições de educação infantil (creches e préescolas).
Dados de Contexto
A evolução dos indicadores da educação
infantil que compõem o Plano Presidente Amigo da
Criança e do Adolescente deu-se conforme o quadro
a seguir:
Quadro 02 • Evolução dos Indicadores do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente - Expansão
e Melhoria da Educação Infantil.
Indicadores
Situação Inicial (%) 2002
● taxa de freqüência à escola da população de 0 a 6
anos (IBGE/Pnad)
● razão entre matrícula pública /privada na
educação infantil (MEC - INEP - Censo Escolar )
Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente.
Situação 2004 (%)
40,2
2,59
2,47
Compromisso II
Embora a oferta de vagas na educação infantil venha crescendo no País3, o percentual de
atendimento ainda é extremamente baixo. Segundo
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), de 2004, apenas 40,2% do total de crianças com idade entre 0 a 6 anos de idade4
45
freqüentavam uma instituição de educação infantil ou
de ensino fundamental. Quando considerada a população de 4 a 6 anos, a taxa de freqüência à instituição
aumenta bastante, chegando a 70,5%. Entretanto, ao
considerar apenas a faixa etária de 0 a 3 anos, observa-se que somente 13,4% das crianças nesta faixa freqüentavam creche.
Tabela 01 •Taxa de Atendimento (Freqüência à Escola ou Creche) por Grupos de Idade - 2004.
0 a 6 anos
40,2
0 a 3 anos
13,4
4 a 6 anos
70,5
4 e 5 anos
61,5
6 anos
88,5
Fonte: IBGE/PNAD 2004. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE.
Embora não seja possível fazer a comparação da taxa de atendimento de 2004 com o ano seguinte, considerando que os dados da PNAD/2005 ainda
não estão disponíveis, pode-se observar a ampliação
deste atendimento nas taxas de matrícula coletadas no
Censo Escolar.
Tabela 02 •Educação Infantil - Matrícula por Dependência Administrativa e Razão entre Matrícula Pública/
Privada - Brasil - 2004/2005.
Nível de
Ensino
Ano
Total Geral
Pública
Federal Estadual
Total
Municipal
Privada
Pública/
Privada
Educação
Infantil
2004
2005
6.903.762
7.205.013
4.915.945
5.156.467
2.358
2.561
292.606
266.265
4.620.981
4.887.641
1.987.817
2.048.546
2,5
2,5
Pré-Escola
2004
2005
2004
2005
5.555.525
5.790.670
1.348.237
1.414.343
4.071.879
4.277.350
844.066
879.117
1.637
1.668
721
893
277.613
249.001
14.993
17.264
3.792.629
4.026.681
828.352
860.960
1.483.646
1.513.320
504.171
535.226
2,7
2,8
1,7
1,6
Creche
Fonte: MEC/Inep. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE.
Enquanto em 2004 eram 6,9 milhões de crianças matriculadas em uma instituição de educação infantil, em 2005 este número subiu para 7,2 milhões, o que significa um aumento de 4,4%.
Tabela 03 • Variação % da Matrícula da Educação Infantil por Dependência Administrativa – Brasil
2004/2005.
Nível de Ensino
Variação % 2004/2005
Total Geral
Total
Federal
Estadual
Municipal
Privada
Educação Infantil
4,4
4,9
8,6
-9,0
5,8
3,1
Pré-Escola
4,2
5,0
1,9
-10,3
6,2
2,0
Creche
4,9
4,2
23,9
15,1
3,9
6,2
Fonte: MEC/Inep. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE.
Considerando o crescimento médio observado na taxa de freqüência à escola e creche das
crianças de 0 a 6 anos de idade, no período de 2002
- 2004, que estava em torno de 7%, pode-se concluir
que será difícil alcançar a meta de 65% do Plano até
o ano de 2007. Se considerarmos apenas as crianças
de 4 a 6 anos, é provável que o atendimento para esta
faixa etária alcance aproximadamente 77%. A grande
3�����������
Segundo o Censo
����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Escolar, O número de matrículas em creches aumentou de 1.093.347 em 2001 para 1.348.237 em 2004, e em pré-escolas, de
4.421.332 em 2000 para 5.555.525 em 2004.
4�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Segundo a PNAD, a população de 0 a 3 anos somava cerca de 11,5 milhões de crianças, em 2004, e a população de 4 a 6 anos 10,2 milhões.
46
preocupação está no atendimento à faixa etária de 0 a
3 anos, tendo em vista que, permanecendo a tendência
atual, a freqüência à creche em 2007 ficará em torno
de 20%.
Outra meta do Plano com relação à educação infantil refere-se à razão entre a matrícula na rede
pública e privada. Conforme os dados apresentados
acima, a matrícula na educação infantil é maior na
rede pública de ensino, com destaque para a esfera
municipal. Isto acontece em decorrência da prioridade constitucional de atuação dos municípios, depois
do ensino fundamental, e da pressão da demanda sobre os governos municipais, em função da maior proximidade junto às famílias.
Comparando os dados de 2004 com 2005,
observa-se que o aumento na matrícula foi maior na
rede pública do que na privada, exceto no sistema estadual onde a matrícula diminuiu na pré-escola devido
à municipalização desse atendimento. Mesmo assim,
a razão entre a matrícula pública e privada não se modificou - mantendo-se em 2,5 -, sendo que na creche
é menor do que na pré-escola, o que evidencia que
o atendimento para as crianças menores está menos
concentrado na rede pública. Este fato deve-se à presença significativa das instituições não governamentais, sem fins lucrativos, neste atendimento.
A tabela a seguir, elaborada a partir dos
dados da PNAD, confirma a maior concentração do
atendimento na rede pública e a baixa cobertura às
crianças de 0 a 3 anos. Embora o atendimento em
instituições públicas seja maior do que nas privadas,
representando 57,1% do total, a cobertura alcançava
apenas 7,6% da população de 0 a 3 anos, em 2004.
Esse percentual é significativamente menor do que o
observado na cobertura pela rede de ensino pública
para as crianças de 4 a 6 anos, que abrangia 51,8% do
total de crianças nesta faixa etária, no mesmo ano.
Tabela 04 •Taxa de atendimento escolar da população de 0 a 6 anos, por rede de ensino – 2004.
Pública
Particular
0 a 3 anos
7,6
5,8
4 a 6 anos
51,8
18,7
(57,1%)
(42,9%)
(73,4%)
(26,5%)
Fonte: IBGE/PNAD 2004. Tabela elaborada pelo IPEA/Disoc.
Nota: os percentuais entre parênteses representam a distribuição do atendimento pelas redes pública e privada em relação ao total.
Entretanto, mesmo que a cobertura esteja
mais concentrada na área pública, o percentual de
crianças nesta faixa de idade, que freqüentam um estabelecimento educacional (creche, pré-escola ou ensino fundamental), é bem maior entre as famílias com
renda mais alta. Segundo dados da PNAD (IBGE,
2004), na faixa etária de 0 a 3 anos, apenas 8,5% das
crianças procedentes de famílias que recebem até ½
salário mínimo estavam freqüentando uma creche,
para um percentual de 35,3% das crianças provenientes de famílias com mais de 3 salários mínimos. Na
faixa de 4 a 6 anos, embora a situação seja bem me-
lhor, a diferença das taxas de escolarização entre as
crianças de rendas salariais diferentes continua marcante: até ½ salário mínimo, a taxa de escolarização
é de 63,1% e com mais de 3 salários mínimos, sobe
para 92,2% (ver quadro abaixo). O baixo nível socioeconômico das famílias com crianças de 0 a 6 anos
no País evidencia a necessidade de implementação de
políticas públicas voltadas para a melhoria das condições de vida das crianças desta faixa etária.
Tabela 05 • Taxa de freqüência à escola por faixas de renda domiciliar per capita - 2004.
População de 0 a 3
População de 4 a 6
Até 1 /2sm
8,5
63,1
Fonte: IBGE/PNAD 2004. Tabela Elaborada pelo IPEA/Disoc.
De 1/2 a 2sm
15,5
74,6
De 2 a 3sm
25,7
88,5
A partir de 3sm
35,3
92,2
Total
13,4
70,5
Compromisso II
No que diz respeito à qualidade do atendimento existente, dados dos últimos Censos Escolares
revelam como uma parte expressiva das instituições
não conta com as condições mínimas de funcionamento definidas na legislação. Por outro lado, temse ainda uma quantidade indefinida de instituições
funcionando à margem dos sistemas educacionais,
alheias aos mecanismos de supervisão e sequer identificadas nas estatísticas oficiais.
Um quesito importante na questão da qualidade da educação diz respeito à formação dos pro-
47
fessores. A LDB definiu que, para atuar na Educação
Infantil, os professores deveriam ter nível superior,
mas que, no entanto, a formação mínima poderia ser
a oferecida em nível médio, na modalidade normal.
Apesar disso, até hoje, estas diretrizes não são cumpridas nacionalmente. As informações do Censo Escolar de 2004 mostram não só que o nível de escolaridade e qualificação desses profissionais está abaixo
do patamar exigido na legislação como também que
é diferenciado quando se trata de creches ou de préescolas.
Tabela 06 • Número de docentes sem habilitação para o magistério na Educação Infantil - 2004 (solicito
atenção na formatação dessa tabela, pois ao diminuir o espaço das linhas omitem-se algumas
palavras).
Fundamental
Tipo de
Estabelecimento
(1º Grau)
Incompleto Completo
Nível de Escolaridade dos Docentes
Médio
Superior
(2º Grau)
(3º Grau)
Outra
Completo sem
Magistério
Licenciatura
Formação
Licenciatura
Completo Completa
Creches
%
Pré-escola
%
Total
1.664
2,21
1.551
0,53
3.215
3.799
5,05
5.426
1,85
9.225
44.119
58,61
171.112
58,26
215.231
7.777
10,33
12.684
4,32
20.461
Completa
14.010
18,61
85.775
29,21
99.785
Total
Com
Sem
Magistério Magistério
3.188
4,24
15.046
5,12
18.234
718 75.275
0,95
20%
2.104 293.698
0,72
80%
2.822 368.973
Fonte: MEC/Inep. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE.
Enquanto na pré-escola 2,3% das funções
docentes eram ocupadas por professores que possuíam apenas nível fundamental, 62,6% com nível médio e 35% com nível superior, na creche 7,26% das
funções eram ocupadas por professores que possuíam apenas ensino fundamental, 68,9% nível médio e
23,8% nível superior. Considerando-se que, dentre essas instituições que funcionam à margem dos sistemas
educacionais, há algumas que sequer participam dos
dados estatísticos, não respondendo ao Censo Escolar,
conclui-se que o contingente de funções preenchidas
por pessoal não habilitado é bem maior. Além disso,
há variação significativa nesses percentuais entre as
regiões e as unidades da federação.
Vários fatores contribuem para os baixos
índices de atendimento e de qualidade. Um deles diz
respeito à inclusão recente deste atendimento na educação. Somente a partir da Constituição Federal de
1988, a educação infantil foi considerada dever do
Estado e direito da criança e dos pais para seus filhos
e dependentes. Somente em 1996, deu-se início a sua
regulamentação por meio da LDB. Embora essa Lei
tenha fixado o prazo de três anos, a contar da data
de sua publicação, para que as creches e pré-escolas
existentes ou a serem criadas fossem integradas aos
respectivos sistemas de ensino, isto ainda não aconteceu com todas elas. A integração pressupõe o cumprimento de normas dos sistemas de ensino, os quais
têm o papel não só de elaborá-las, como também de
orientar e supervisionar as instituições para que essas
normas sejam cumpridas. Essas normas dizem respeito tanto à infra-estrutura como aos aspectos pedagógicos e são imprescindíveis para melhorar a qualidade
do atendimento.
Um outro fator diz respeito à não obrigatoriedade desta etapa educacional. A educação infantil
48
não se caracteriza como um direito subjetivo da criança, como é o ensino fundamental. Acionar o poder
público para garantir uma vaga em uma creche ou
pré-escola pública pode ou não resultar em uma decisão judicial positiva. Por outro lado, é uma opção das
famílias colocar ou não uma criança de zero a cinco
anos em uma instituição de educação infantil. Tudo
isto diminui o poder de pressão sobre os dirigentes.
O outro fator refere-se à influência histórica
deste atendimento que assumiu durante muito tempo
um caráter assistencialista, principalmente no que diz
respeito às crianças de 0 a três anos de idade. A criança foi tradicionalmente vista a partir de suas carências
e não a partir de suas possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem. Até pouco tempo atrás, não
era encarada como uma cidadã de direitos, um ser social histórico inserido numa cultura. A inversão nesta
forma de conceber a criança vem acontecendo graças
a estudos realizados pela psicologia, sociologia, antropologia e educação.
Vinculada a este aspecto, existe a concepção de que a educação da criança desta faixa etária é
uma questão menor. Vários estudos, no entanto, têm
mostrado a importância dos primeiros anos de vida
no desenvolvimento humano e os impactos positivos
do acesso a uma instituição educacional de qualidade
nesse período, principalmente para as crianças oriundas de famílias de baixa renda.
A menor qualificação dos professores que
atuam na creche em relação aos que trabalham na
pré-escola é coerente com esse percurso histórico da
educação infantil, já que a creche teve início e expandiu-se na área da assistência social, sem exigência de
um profissional com uma habilitação específica. Por
outro lado, a pré-escola surgiu e desenvolveu-se na
área educacional demandando profissionais habilitados para o exercício do magistério.
Como conseqüência dos fatores acima, a indefinição, em nível nacional, de uma fonte de recursos para a área contribui sobremaneira para os baixos
índices de atendimento e de qualidade.
Todo este quadro evidencia a necessidade de
que sejam implementadas políticas públicas voltadas
para a melhoria das condições de acesso à escola para
as crianças de 0 a 6 anos e da qualidade desse atendi-
mento. De acordo com os dispositivos constitucionais
e com a LDB, cabe aos municípios a responsabilidade
prioritária de oferta de Educação Infantil, mas é necessária uma ação conjunta dos governos, nas instâncias federal, estadual e municipal, e a parceria com a
sociedade para conseguir mudanças efetivas na área.
Políticas, Programas e Estratégias
Política Nacional de Educação Infantil
Em 2005, foi publicado e amplamente divulgado o documento Política Nacional de Educação
Infantil: pelo direito das crianças de zero a seis anos
à Educação. Este documento consolida as sugestões
resultantes dos vários debates ocorridos nas reuniões,
encontros e seminários regionais realizados nos anos
de 2003 e 2004, com secretarias e conselhos de educação e entidades representativas da área.
Desde então, o documento tem sido utilizado como instrumento para discussão e implementação
dessa política. Por outro lado, as diretrizes, objetivos,
metas e estratégias que compõem essa Política estão
em consonância com o Plano Presidente Amigo da
Criança e do Adolescente. Assim, as iniciativas realizadas no ano de 2005 fazem parte do processo de implementação da Política Nacional para a área e visam
atender ao desafio relativo à Expansão e Melhoria da
Educação Infantil. As ações realizadas para essa etapa da Educação Básica envolvem os seguintes Programas do Plano Plurianual relativo ao ano de 2005:
Desenvolvimento da Educação Infantil (1065), Valorização e Formação de Professores e Trabalhadores
da Educação Básica (1072) e Gestão da Política de
Educação (1067). O primeiro programa é uma ampliação do Programa Primeira Infância com o objetivo
de aglutinar as ações específicas da educação infantil
que visam sua expansão e melhoria, sem fragmentálas em creches e pré-escolas.
A ampliação do atendimento às crianças
de zero até seis anos de idade é uma meta do Plano
Nacional de Educação e um dos objetivos da Política para a área. Para que seja atingida, é necessário
o envolvimento de todas as esferas administrativas,
embora seja uma responsabilidade dos municípios.
Para isto, o governo propôs a substituição do Fundo
de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) pelo
Compromisso II
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Diferentemente do primeiro,
que atende somente o ensino fundamental, o Fundeb
inclui a educação infantil e o ensino médio com as
especificidades relativas a jovens e adultos, especial,
indígena, quilombolas, campo. Espera-se que, com
o novo fundo, seja possível melhorar os salários dos
professores, aumentar as vagas e manter as escolas
equipadas de forma a melhorar a qualidade do atendimento oferecido.
Integração das instituições de Educação Infantil ao sistema educacional
Outra diretriz da política afirma que “a educação e o cuidado das crianças são de responsabilidade do setor educacional” e uma das metas estabelecidas é “integrar efetivamente, até o final de 2007,
todas as instituições de Educação Infantil (públicas e
privadas) aos respectivos sistemas de ensino”. Esta
integração implica várias ações que dizem respeito
não só à União, mas também aos governos estaduais
e municipais. No caso da União, a estratégia proposta diz respeito a “contribuir para o fortalecimento da
integração das instituições de Educação Infantil no
sistema educacional, por meio de parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social, campanhas nos
meio de comunicação, publicações e discussões em
seminários”.
Para atender a esta linha da política, foi criado um grupo de trabalho5, formado por integrantes do
Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à
Fome, do Ministério da Educação, e do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão. Este grupo foi
criado com o objetivo de apresentar proposta para a
transferência das ações de apoio financeiro ao atendimento às crianças de 0 a 6 anos em creches e pré-escolas atualmente desenvolvidas com recursos do Fundo Nacional de Assistência Social – FNAS, do âmbito
do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome – MDS para o do Ministério da Educação MEC.
O grupo elaborou uma análise comparativa entre os dados referentes às instituições da Rede
do Programa de Atenção à Criança – Rede PAC - do
MDS, que utiliza recursos do FNAS, com os dados
dos estabelecimentos de educação infantil cadastrados
no Censo Escolar6. Este trabalho possibilitou ampliar
o conhecimento das instituições que eram comuns
aos dois sistemas e tomar medidas para a inclusão no
Censo Escolar de 2006 das instituições que, efetivamente, são de educação infantil e que faziam parte
apenas da rede PAC.
Tendo em vista a possibilidade de que o recurso do Programa de Atenção à Criança fosse transferido para outras ações, causando a descontinuidade
do atendimento às crianças em creches e pré-escolas,
o GT provocou a elaboração, pelo MDS, de portarias
determinando aos governos estaduais e municipais
que a alteração de modalidade só aconteça quando,
e se, o sistema municipal de ensino assumir integralmente o atendimento às crianças da rede de creches e
pré-escolas apoiadas pelo FNAS7.
Com o objetivo de reafirmar o regime de
colaboração entre União, estados e municípios na elaboração e implementação de políticas públicas para as
referidas etapas da educação básica, foram realizados
os Seminários Regionais: Qualidade Social da Educação. Esses eventos, promovidos pelo MEC, aconteceram em 10 regiões do País e, no caso da educação
infantil, a temática desenvolvida foi a integração das
creches e pré-escolas aos sistemas de ensino.
Essa discussão sobre a transição da gestão
das creches e pré-escolas do MDS para o MEC foi
abordada nacionalmente no Seminário Nacional: Política de Educação Infantil, realizado em julho, em
parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Este evento teve como
objetivo apresentar a Política Nacional de Educação
Infantil e debater estratégias para sua operacionalização em âmbito estadual e municipal. Na ocasião, foi
levantada também a importância do cadastramento
das instituições de educação infantil no Censo Escolar, não só para uma maior caracterização da situação
da educação infantil no País, como também para sua
inclusão nas políticas públicas para a área.
Também no âmbito da assistência social foram promovidos vários momentos de discussão sobre
5�������������������������������������������������������������������������
Esse grupo de trabalho foi instituído pela Portaria Interministerial nº ���������������������������������
3.219, de 21 de setembro de 2005.
6��������������������������������������������������������������������������������������������������������
O trabalho de pareamento dos dados foi realizado pela equipe do Ministério do Desenvolvimento Social e ����������������
Combate à Fome.
7�����������
Portarias ��������������������������������������������������������������������
385/MDS, de 26 de julho de 2005, e 442/MDS, de 29 de agosto de 2005.
49
50
a transição das instituições da educação infantil para
a educação. Em abril, foi realizada uma Vídeo-Conferência com a participação de representantes do MEC,
do MDS e dos coordenadores estaduais da assistência social. A temática tem sido enfocada também nas
reuniões do Conselho Nacional de Assistência Social
- CNAS, considerando que esse órgão é o responsável
pelos recursos do FNAS de onde provêm os recursos da Rede. Além disso, fez parte da pauta do Fórum Nacional de Secretários Estaduais de Assistência Social –FONSEAS e do Colegiado Nacional de
Gestores Municipais da Assistência Social, entidades
que compõem a Comissão Intergestores Tripartite da
Assistência Social.
Todo o trabalho realizado pelo GT está documentado por meio de um relatório contendo uma
análise sobre a situação atual da educação infantil no
País, especialmente quanto aos fatores que justificam
a transferência das ações do MDS para o MEC. Tendo
em vista a complexidade da questão, a necessidade de
refinamento nos dados pertinentes e de envolvimento de outros interlocutores relevantes na discussão do
processo de transferência, o GT apresentou uma proposta de continuidade dos trabalhos para 2006.
Valorização e Formação de Professores da
Educação Infantil
Tendo em vista a inserção recente do atendimento à criança de 0 a 6 anos na educação, é preciso
reafirmar constantemente seu caráter educacional e
conseqüentemente o papel socioeducativo das professoras, professores e outros profissionais que atuam
nesta etapa da educação básica. Desta forma, a questão da formação de professores se insere em várias
diretrizes da Política Nacional para a Educação Infantil. Uma delas afirma que esses profissionais devem
ser qualificados especialmente para o desempenho de
suas funções com as crianças desta faixa etária. Essa
diretriz é complementada por outra que afirma que a
formação inicial e continuada é um direito das professoras e dos professores devendo ser assegurado a
todos, pelos sistemas de ensino, com a inclusão nos
planos de cargos e salários do magistério.
Para atender a essa diretriz, definiu-se como
uma das metas a formação, em nível médio, modalidade normal, de todos os professores em exercício na
Educação Infantil que não possuam a formação mínima exigida por lei. Para contribuir para o atingimento
desta meta, foi elaborado o Programa de Formação
Inicial para Professores em Exercício em Educação
Infantil – Proinfantil.8
O Proinfantil é desenvolvido por meio de
uma parceria entre a União, os estados e os municípios interessados. Consiste de um curso de habilitação
para o magistério, com duração de 2 anos, perfazendo
um total de 3.392 horas, distribuídas em quatro módulos semestrais de 848 horas cada um. Direcionase aos professores de educação infantil que estão em
exercício nas creches e pré-escolas das redes públicas
– municipal e estadual – e da rede privada sem fins
lucrativos – comunitárias, filantrópicas ou confessionais – conveniadas ou não.
Sua implementação teve início em 2005,
por meio de um projeto piloto, realizado nos estados
do CE, RO, SE e GO. O quadro abaixo sintetiza os
números do Programa referentes a esse grupo.
Tabela 07 • Proinfantil – Grupo piloto - Nº de municípios e professores.
UF
CE
GO
RO
SE
Total
Municípios
7
53
12
16
88
Professor Cursista
216
691
157
208
1272
Fonte: MEC/SEB/SEED.
8���������������������������������������������������������������������������
Este Programa faz parte do Sistema de Formação de Professores de Educação Básica
�������������������������������������������������
abordado no desafio Ampliação da Educação Básica
�����������
com Quali������
dade, onde também é apresentado o Programa Rede Nacional de Formação Continuada de Professores, direcionado a todos os professores em exercício
na Educação Básica (ver próximo desafio
Compromisso II
Box 01 • PROINFANTIL.
Durante os encontros presenciais com os professores
cursistas foram colhidos depoimentos que evidenciam a importância
que o Programa vem tendo para cada um deles:
“Antes, quando eu andava na rua e encontrava os pais das
crianças e eles me cumprimentavam dizendo: bom dia professora
, boa tarde professora, eu ficava muito envergonhada porque eu
sabia que não era professora. Agora sim, fazendo o PROINFANTIL
eu vou ser uma professora de verdade”.
“Há 17 anos, quando iniciei trabalhando em minha casa
com algumas crianças da zona rural que não tinham conseguido
vaga na rede municipal, eu não imaginava que algum dia seria
reconhecida como professora”.
“Tenho vontade de beijar este livro que ganhei”.
O trabalho desenvolvido, até o momento,
aponta também para a necessidade de se pensar futuramente em uma ação formadora que envolva as coordenadoras de creche, uma vez que essas profissionais
têm um papel extremamente importante na melhoria
do trabalho pedagógico dessas instituições.
Ainda em 2005, foi acordado com as secretarias estaduais do AM, AL, BA e PI, além da ampliação nos Estados do CE e RO, a implementação
do chamado Grupo I do Programa. A previsão é de
atender nessa segunda etapa 2.500 professores.
Também na perspectiva de apoiar a formação de professores de educação infantil o MEC tem
distribuído vários periódicos que visam não só divulgar conhecimentos e experiências na área como
também oferecer suporte teórico à prática pedagógica. Incluem-se aqui, aqueles periódicos de circulação nacional, alguns mais informativos e outros mais
especializados, e a Revista Criança, que é produzida
pela Coordenação Geral de Educação Infantil, do Ministério. Em 2005 foram produzidos e distribuídos
cerca de 600 mil exemplares, abrangendo 3 números
da Revista, para professores, diretores e outros profissionais da área.
Box 02 • Revista da Criança.
Em levantamento realizado visando avaliar a importância
da Revista Criança na formação dos professores e sua contribuição para a prática docente, foram colhidos os seguintes depoimentos:
“Tive acesso a Revista Criança e fiquei muito impressionada com sua linguagem, as matérias, etc”. (professora de Arapiraca – AL)
“Aproveito a oportunidade para parabenizá-los pelo material (da Revista) pois é um ótimo subsídio e contribui para a
reflexão da prática”. (Professora de Peruíbe – SP)
“Sou professora de EI e me apóio nessas revistas como
subsídio para o meu trabalho, pois os assuntos são ótimos e me
fazem pensar e refletir sobre a prática docente, uma vez que nossas
crianças não são iguais e preciso sempre estar em contato com
novos conhecimentos”.
51
52
Parâmetros de Qualidade na Educação Infantil e Parâmetros Básicos de infra-estrutura para as instituições de Educação Infantil
Outra diretriz da Política Nacional de Educação Infantil refere-se à necessidade de estabelecer
parâmetros para assegurar a qualidade do atendimento nas creches e pré-escolas. Para atender a esta
diretriz, foram estabelecidas duas metas. Uma delas
diz respeito à divulgação permanente de parâmetros
de qualidade dos serviços de educação infantil como
referência para a supervisão, o controle e a avaliação e como instrumento para a adoção das medidas
de melhoria da qualidade. Para isto, foi elaborado o
documento Parâmetros Nacionais de Qualidade para
a Educação Infantil (volume I e II), considerando as
legislações vigentes, as teorias e as pesquisas.
A outra meta diz respeito à divulgação permanente de padrões mínimos de infra-estrutura para
o funcionamento adequado das instituições de Educação Infantil públicas e privadas, que, respeitando
as diversidades regionais, assegurem o atendimento
das características das distintas faixas etárias e das necessidades do processo educativo conforme consta no
Plano Nacional de Educação. No intuito de atingir esta
meta, foi elaborado o documento Parâmetros Básicos
de Infra-estrutura para Instituições de Educação Infantil. Esse documento apresenta alguns parâmetros
básicos na perspectiva de subsidiar os sistemas de ensino em adaptações, reformas e construções de espaços para a realização da Educação Infantil, sugerindo
aspectos construtivos e ressaltando a importância da
existência de espaços que privilegiam as crianças de
0 a 6 anos, seu desenvolvimento integral e o processo
de ensino e aprendizagem.
A elaboração dos dois documentos foi precedida de um processo de discussão realizado com
representantes dos sistemas de ensino e de entidades
não governamentais que teve início nos Seminários
Regionais Política de Educação Infantil, em debate
realizados em 2004.
Espera-se que esses dois documentos, juntamente com o documento de Política Nacional de
Educação Infantil, bem como a forma como foram
produzidos, contribuam para um processo democrático de implementação das políticas públicas para as
crianças de 0 até 6 anos de idade, sendo amplamente
divulgados e discutidos, servindo efetivamente como
referência para a organização e o funcionamento dos
sistemas e das unidades de Educação Infantil.
Compromisso II
53
Desafio 2: Ampliação da Educação Básica com qualidade9.
Quadro 03 • Metas.
Situação Inicial 2002
(%)
Indicadores
● taxa de escolarização líquida do ensino fundamental (IBGE/Pnad)
● % de crianças de 4 a 14 anos fora da escola (IBGE/ - Pnad)
Metas 2007 (%)
93,68
100,00
34,6 (4 a 6 anos)
0,00
3,5 (7a 14 anos)
0,00 ● taxa de escolarização líquida do ensino médio por gênero (IBGE/
Pnad)
Total
46,20
Masculino
40,10
69,30
64,16
Feminino
52,50
73,50
Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente.
Ensino Fundamental
O Brasil avançou muito em direção à democratização do acesso e da permanência dos estudantes
no ensino fundamental. O governo, ao reafirmar a urgência da construção de uma escola inclusiva, cidadã,
solidária e de qualidade social para todas as crianças,
adolescentes e jovens brasileiros, assume, cada vez
mais, o compromisso com a implementação de políticas indutoras de transformações significativas na estrutura da escola, na reorganização dos tempos e dos
espaços escolares, nas formas de ensinar, aprender,
avaliar, organizar e desenvolver o currículo, e trabalhar com o conhecimento, respeitando as singularidades do desenvolvimento humano.
Dados de Contexto
Atualmente, estima-se que 97,1% das crianças de 7 a 14 anos de idade estão na escola. No entanto, avalia-se que a crescente universalização do atendimento no ensino fundamental ocorrida nos últimos
anos não provocou melhorias efetivas na qualidade
do ensino. Assim, o grande desafio do MEC no que
concerne a essa etapa da educação básica é a formulação e a implementação de políticas que não apenas
assegurem o ingresso dessas crianças na escola, mas
que possam garantir a sua permanência com êxito,
com aprendizagem, uma vez que só uma educação de
qualidade poderá contribuir para a garantia de justiça
social em nosso País.
No que se refere especificamente aos indicadores de metas do Plano Presidente Amigo da Criança
e do Adolescente, a sua evolução deu-se conforme o
quadro a seguir:
9 Embora
�������������������������������������������������������������
a Educação Infantil também seja uma etapa da Educação ���������������������������������������������������������������������������������
Básica, para efeito do PPACA e deste relatório as ações nesta área constam de um
desafio específico, apresentado anteriormente, qual seja, aquele referente à Expansão e Melhoria da Educação Infantil.
54
Quadro 04 • Evolução dos Indicadores do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente - Ampliação
da Educação Básica de Qualidade.
Situação Inicial 2002
(%)
Indicadores
● taxa de escolarização líquida do ensino fundamental (IBGE Pnad )
● % de crianças de 7 a 14 anos fora da escola (IBGE - Pnad )
É importante considerar, contudo, que a inclusão educacional evidenciada pelos dados citados
anteriormente, ainda indica a existência de cerca de
3% das crianças e adolescentes em idade escolar obri-
Situação 2004
(%)
93,68
93,84
3,5 (7 a 14 anos
2,9
gatória fora da escola, muitas vezes por problemas
como trabalho infantil, o que demanda também políticas que atuem de forma articulada com as da área
educacional (ver tabela a seguir).
Tabela 06 • Freqüência à Escola ou Creche – 2004.
Brasil
7 a 14 anos
Freqüenta
Brasil
Não freqüenta
97,1
2,9
Fonte: IBGE/PNAD 2004; Tabela elaborada por Inep/DTDIE.
Outros problemas observados dizem respeito à persistência de taxas elevadas de reprovação,
evasão e abandono escolar no ensino fundamental, o
que faz com que muitos dos que entram na escola não
consigam concluir esta etapa educacional. Entre os
alunos do ensino fundamental, 12,7% estão repetindo
a mesma série, e 54% concluirão essa etapa da Educação Básica em, aproximadamente, 9,9 anos, conforme
dados explicitados nas tabelas seguintes.
Tabela 07• Ensino Fundamental: Taxas de Reprovação e Abandono– 2004
Brasil, por dependência administrativa.
Dependência
Administrativa
Estadual
Federal
Municipal
Particular
Publico
Total
Taxas de Reprovação no Ensino
Fundamental
Total
ano inicial a 4ª série
12,7
8,4
15
3,4
14,1
13
5ª a 8ª série
10,6
4,7
15,5
2,4
14,2
13,1
13,8
9,8
14
4,7
13,9
13
Taxas de Abandono no Ensino
Fundamental
ano inicial
Total
5ª a 8ª série
a 4ª série
8,5
4,8
10,5
1,1
0,4
1,4
9,6
7,8
13,7
0,7
0,8
0,7
9,1
7
11,8
8,3
6,5
10,6
Fonte: MEC/INEP/DTDIE.
Tabela 08• Ensino Fundamental – Indicadores – 2003.
Brasil
Taxa Média Esperada Tempo Médio Esperado
de Conclusão
para Conclusão
Brasil
Fonte: MEC/INEP/DTDIE.
54,0
9,9
Tempo Médio Esperado
Número Médio
de Permanência no
Esperado de Séries
Sistema
Concluídas
8,1
6,4
Compromisso II
Além disso, dados do Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica - Saeb - de 2003 apontam que, dos alunos da 4ª série do ensino fundamental, 18,7% não desenvolveram habilidades mínimas de
leitura (estando classificados no estágio muito crítico
de desempenho); 36,9% lêem de forma pouco condizente com a série (estágio crítico) e 39,7% inferem informações em textos mais longos (estágio intermediário). Isso significa que c�����������������������������
erca de 60% das crianças que
concluem a 4ª série não são leitores fluentes. E esta é
uma média nacional: retiradas da amostra as capitais
e alguns dos maiores municípios do País, esse indicador atinge níveis ainda mais inquietantes. Quanto
�������
a
aos alunos da 8 série, 4,86% encontram-se no estágio
muito crítico; 20,08% no estágio crítico e 64,76% no
estágio intermediário.
55
Outro aspecto intrinsecamente ligado à qualidade da educação e no qual o MEC vem atuando fortemente diz respeito à formação inicial e continuada
dos professores. Verifica-se ainda a existência de um
contingente elevado de docentes que atuam no ensino
fundamental sem a habilitação mínima para o exercício da função (para os anos iniciais, nível médio na
modalidade Normal – para os anos finais, licenciatura plena). Segundo informações do Censo Escolar de
2004, há, no Brasil, cerca de 342 mil funções docentes
dos anos/séries iniciais do ensino fundamental e 217
mil funções docentes dos anos/ séries finais ocupadas
por profissionais sem a devida formação, conforme
tabela a seguir.
Tabela 09 • Funções docentes (1) nos anos/séries iniciais e finais do ensino fundamental sem a habilitação mínima por dependência administrativa.
Ensino Fundamental - 1ª a 4ª Série - Anos iniciais
Dependência
Administrativa
Fundamental (1º
Grau)
Total
Incompleto
Total
Completo
Ensino Fundamental - 5ª a 8ª Série - Anos finais
Médio (2o
Grau)
Superior (3º Grau)
Fundamental (1o
Grau)
Outra
Formaç.
Completa
Completo
Licencia- sem Licentura Comciatura
pleta
Sem Magistério
Médio (2 Grau)
Superior
Completo sem
Licenciatura
Total
Incompleto
Completo
Magistério
Completo
Outra
Formaç. Com Ma- Sem
Completa gistério Magistério
342.796
2.633
8.841
25.497
301.438
4.387
217054
218
1.372
126.123
38.167
35.817
15.357
433
0
0
2
428
3
79
0
0
1
22
53
3
88.773
579
1.028
4.466
81.988
712
81150
76
448
45.913
16.180
12.153
6.380
Municipal
196.347
1.850
6.799
15.283
170.690
1.725
103146
37
630
72.919
13.853
12.390
3.317
Particular
57243
204
1.014
5.746
48.332
1.947
32679
105
294
7.290
8.112
11.221
5.657
Federal
Estadual
Fonte: MEC/INEP/DTDIE.
Notas: 1) O mesmo docente pode atuar em mais de um nível/modalidade de ensino e em mais de um estabelecimento.
Esses dados corroboram a importância de se
envidar esforços no sentido de promover a melhoria
da qualidade da Educação Básica, em especial do ensino fundamental, como forma de garantir a concretização efetiva do direito de todos à educação mínima
obrigatória no País.
Políticas, Programas e Estratégias
Ampliação do Ensino Fundamental para
nove anos
Dados do Censo Demográfico (IBGE, 2000)
evidenciam que 81,7% das crianças de seis anos estão
na escola, sendo que 38,9% freqüentam a educação
infantil, 13,6% pertencem às classes de alfabetização
e 29,6% estão no ensino fundamental. Esses números reforçam o propósito de incluir a criança dessa
faixa etária no ensino fundamental, democratizando a
educação a um maior número de crianças. Os setores
populares deverão ser os mais beneficiados, uma vez
que as crianças de seis anos das classes média e alta já
se encontram majoritariamente incorporadas ao sistema de ensino – na pré-escola ou na primeira série do
ensino fundamental.
Diante disso, o Ministério da Educação vem
envidando efetivos esforços na ampliação do ensino
fundamental para nove anos de duração, considerando a crescente universalização dessa etapa de ensino
56
e, ainda, a necessidade de o Brasil aumentar o número
de anos do ensino obrigatório. Essa relevância é constatada, também, ao se analisar a legislação educacional brasileira: a Lei no 4.024/1961 estabeleceu quatro anos de escolaridade obrigatória; com o Acordo
de Punta Del Este e Santiago, de 1970, estendeu-se
para seis anos o tempo do ensino obrigatório; a Lei
no 5.692/1971 determinou a extensão da obrigatoriedade para oito anos; já a Lei no 9.394/1996 sinalizou
para um ensino obrigatório de nove anos de duração,
a iniciar-se aos seis anos de idade, o que, por sua
vez, tornou-se meta da educação nacional pela Lei no
10.172/2001, que aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE).
Outro fator importante para a inclusão das
crianças de seis anos de idade no ensino fundamental
é o fato de estudos demonstrarem que as crianças que
ingressam na instituição escolar antes dos sete anos
apresentam, em sua maioria, resultados superiores
àquelas que ingressam somente aos sete anos. Como
exemplo desses estudos, podemos citar o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), o qual
demonstra que crianças com histórico de experiência
na pré-escola obtiveram maiores médias de proficiência em leitura: vinte pontos a mais nos resultados dos
testes de leitura.
Ressalte-se que o ingresso da criança de
seis anos nessa etapa da educação básica não pode
constituir uma medida meramente administrativa. É
necessária - atenção ao processo de desenvolvimento e aprendizagem dessa criança, o que implica conhecimento e respeito às suas características etárias,
sociais, psicológicas e cognitivas. A implantação do
ensino fundamental de nove anos exige, portanto, formação continuada de professores, gestores e demais
profissionais de apoio à docência.
Desse modo, visando subsidiar os sistemas
de ensino na implantação dessa política, em 2005, o
Ministério da Educação deu continuidade à realização
de eventos, que foram iniciados no ano anterior com
a realização de seminários regionais e um seminário
nacional, os quais possibilitaram a discussão e a socialização de experiências sobre essa questão.
Reafirmando o regime de colaboração entre a União, estados e municípios, o MEC realizou,
em parceria com a Undime, dez seminários regionais,
para discutir com secretários estaduais e municipais
de educação as políticas nacionais para a educação
básica. Nesses eventos, cujo tema foi a Qualidade Social da Educação, foram apresentados o histórico, as
bases legais e as orientações pedagógicas relativos à
ampliação do ensino fundamental para nove anos.
Após a realização desses debates, foi elaborado, publicado e distribuído o documento Ensino Fundamental de Nove Anos - Orientações Gerais
– 2004 com o encarte intitulado Ensino Fundamental
de Nove Anos – Relatórios 1 e 2 do Programa -, visando orientar e subsidiar os sistemas de ensino na
implementação dessa política. Ainda no mesmo ano,
foi elaborada uma proposta de formação continuada
em DVD denominada LETRA VIVA, que consiste em
uma série de 10 programas sobre Alfabetização e Letramento.
Também em 2005, o Ministério da Educação, a partir de discussões que vinham ocorrendo,
desde 2003, com as Secretarias de Educação juntamente com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Conselho Nacional
de Secretários de Educação (Consed), encaminhou à
Presidência da República uma proposta de alteração
da LDB com o propósito de ampliar a duração mínima do ensino fundamental de oito para nove anos
com a inserção das crianças de seis anos de idade nessa etapa de ensino. Com a aprovação dessa alteração,
mais crianças serão incluídas no sistema educacional
brasileiro e quanto mais cedo lhes for assegurado o
acesso à escola, maior probabilidade terão de concluir
a escolaridade obrigatória e prosseguir nos estudos.
Ainda em 2005, foi iniciada a elaboração de
um documento denominado Ensino Fundamental de
Nove Anos: orientações para a inclusão da criança
de seis anos de idade cujo objetivo é fortalecer um
processo de debate com professores e gestores sobre
a infância na educação básica. Esse documento será
distribuído aos sistemas de ensino em 2006 e tem
como foco o desenvolvimento e a aprendizagem das
crianças de seis anos de idade ingressantes no ensino fundamental de nove anos, sem perder de vista a
abrangência da infância de seis a dez anos de idade
nessa etapa de ensino.
Por fim, os mecanismos de distribuição de
recursos do FUNDEF foram adaptados, de um lado,
pela fixação de quatro valores mínimos por aluno/
ano, de forma que fossem plenamente observados os
critérios delineados na Lei nº 9.424/96, relacionados
Compromisso II
à distribuição dos recursos do Fundo; de outro, pela
definição de uma subdivisão compatível para o ensino
fundamental, de maneira que fosse possível atender
tanto as situações dos sistemas que ainda não promoveram a ampliação do atendimento para nove anos,
quanto daqueles que já se encontram com essa ampliação implantada.
Importa destacar que o ensino fundamental
de nove anos vem se consolidando progressivamente
na realidade brasileira. Em 1996, a LDB no 9. 394 indicou, em seu Art. 87, § 3o, a possibilidade da ampliação do ensino fundamental ao explicitar que Municí-
57
pios, Estados e Distrito Federal poderiam, facultativamente, matricular as crianças de seis anos de idade
nessa etapa de ensino. Seguindo a mesma tendência já
demonstrada pela LDB, o Plano Nacional de Educação- PNE - Lei no 10.172, de 2001, estabeleceu essa
ampliação como uma de suas metas.
Sendo assim, ao se analisar o cenário da
educação nacional, observa-se que o ensino fundamental de nove anos já constitui uma realidade em
muitos sistemas de ensino, como se observa nos dados a seguir.
Tabela 10 • Matrículas no Ensino Fundamental de 9 Anos, por Dependência Administrativa, segundo a Unidade da Federação –2004.
UF
Norte
RO
AC
AM
RR
PA
AM
TO
Nordeste
MA
PI
CE
RN
PB
PE
AL
SE
BA
Sudeste
MG
ES
RJ
SP
Sul
PR
SC
RS
Centro-Oeste
MS
MT
GO
DF
Fonte: MEC/INEP/DTDIE.
Total
126.083
27.938
2.913
28.963
57.163
9.106
1.363.723
75.771
38.392
658.492
272.935
41.071
148.001
2.920
126.141
5.175.919
3.055.451
4.018
2.078.574
37.876
344.966
130.495
85.777
128.694
387.437
240.741
143.203
3.493
Federal
4.279
4.279
85
85
-
Estadual
5.049
4.433
616
268.042
8.021
51.112
205.911
352
2.646
2.317.011
1.741.584
575.427
6.081
6.081
174.017
153.918
20.099
-
Municipal
120.980
2.913
4.433
24.530
56.493
9.106
1.092.276
75.513
28.279
606.380
67.024
41.071
147.649
274
126.086
2.763.258
1.307.806
3.978
1.415.029
36.445
338.251
130.495
85.524
122.232
206.707
86.823
119.884
-
Privada
54
24.530
54
3.405
258
2.092
1.000
55
91.371
6.061
40
83.839
1.431
634
253
381
6.628
3.135
3.493
58
Currículo: atualização e ampliação
A questão do currículo mínimo é fundamentada por vários instrumentos legais. O Artigo 210 da
Constituição Federal de 1988 determina, como dever
do Estado para com a educação, fixar “conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar a formação básica comum e respeito aos valores
culturais e artísticos, nacionais e regionais”. Por sua
vez, a LDB determina no seu artigo 9º, inciso IV, que
a União deve “estabelecer, em colaboração com os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino
fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar
formação básica comum”. O Conselho Nacional de
Educação elaborou em 1999 as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental.
Considerando que já foram elaborados, em
1995, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o
Ensino Fundamental, instrumento que orienta a questão curricular, o MEC tem-se proposto a estimular
um debate, em âmbito nacional, sobre a concepção
de currículo e seu processo de elaboração. A partir
de 2005, iniciaram-se a discussão e a elaboração de
um documento que subsidie esse debate nas escolas
e nos sistemas de ensino. Esse documento sugere
repensar a concepção de currículo a partir de eixos
organizadores e constituintes do processo educativo,
tais como: Currículo e Desenvolvimento Humano; Os
Educandos Interrogam os Currículos; Identidades e
Trajetórias dos Educadores e Currículo; Currículo,
Conhecimento e Cultura; Currículo e Organização
dos Tempos e Espaços Escolares; Currículo e os Processos de Aprendizagem; Currículo e Avaliação.
O MEC propõe também uma reflexão sobre “o que”, “por que” e “como” ensinar e aprender,
reconhecendo os interesses e as diferenças sociais,
a história cultural e pedagógica pelas quais passam
nossas escolas. O compromisso é com a construção
de um projeto social que não somente ofereça informações, mas que, de fato, construa conhecimentos,
elabore conceitos e possibilite a todos o aprender,
descaracterizando, finalmente, os lugares perpetuados
na educação brasileira de sucessos de uns e fracassos
de muitos.
Sistema de Formação de Professores da
Educação Básica
A formação do professor é um dos fatores
que mais fortemente incide sobre o desempenho dos
alunos. Quando o profissional que está em sala de
aula possui formação superior, a média do desempenho dos estudantes no SAEB é de 172 pontos, caindo
para 157 quando a formação docente é apenas de nível
médio. A diferença na escala de desempenho, nesse
aspecto, explicita a importância da formação docente
no aprendizado de crianças e de jovens.
Com o intuito de impulsionar mudanças efetivas para a melhoria da Educação, o MEC integrou
o Sistema Nacional de Formação de Professores no
Plano Nacional de Qualidade para a Educação Básica.
O sistema em referência compreende o conceito de
desenvolvimento profissional dos professores como
um processo contínuo de formação, no qual a formação inicial e a continuada apresentam-se como etapas complementares. Compõe o Sistema Nacional de
Formação de Professores um conjunto de programas
com ações de curto, médio e longo prazos nas áreas
de formação inicial e de formação continuada, que
guardam independência de execução, mas são complementares. No âmbito da formação de professores
em exercício estão incluídos o ProInfantil, o Proformação e o Pró-Licenciatura, para formação inicial de
profissionais que estão no exercício do magistério e
não têm a diplomação exigida por lei. Em nível de
formação continuada, há a Rede Nacional de Formação Continuada de Professores de Educação Básica e
o Pró-Letramento.
A valorização da escola, do magistério e o
investimento no trabalho docente são fatores fundamentais e urgentes para a reestruturação do sistema
educacional brasileiro. Atualmente, o desafio central
da Educação Básica, depois da quase universalização
do Ensino Fundamental, é investir na qualidade de
forma a garantir que a escola seja um espaço em que,
de fato, se ensine com eficiência e eficácia, onde os
alunos aprendam e construam os conhecimentos e as
habilidades condizentes com sua faixa etária. Buscando fazer frente a esses desafios, as ações aqui propostas têm como alicerces os seguintes eixos:
• a formação consistente e contextualizada
do educador nos conteúdos de sua área de atuação;
Compromisso II
• a formação teórica, sólida e consistente
sobre educação e os princípios políticos e éticos pertinentes à profissão docente;
• a compreensão do educador como sujeito
capaz de propor e efetivar as transformações políticopedagógicas que se impõem à escola;
• a compreensão da escola como espaço social, sensível à história e à cultura locais;
• a ação afirmativa de inclusão digital, viabilizando a apropriação pelos educadores das tecnologias de comunicação e informação e seus códigos;
• o estímulo à construção de redes de educadores para intercâmbio de experiências, comunicação e produção coletiva de conhecimento.
A responsabilidade legal de promover o ensino nos níveis Fundamental e Médio no Brasil cabe
aos governos municipais e estaduais (LDB, arts. 10 e
11). Em 2004, os governos estaduais eram responsáveis por 53,8% das matrículas nos anos/séries finais
do Ensino Fundamental em todo o País, enquanto os
governos municipais eram responsáveis por 35,9%
dessas matrículas (Inep, Censo Escolar 2004). Já à
União cabe “ a coordenação da política nacional de
educação, articulando os diferentes níveis e sistemas
e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais”
(LDB, art. 8o, parágrafo 1o).
Proformação – Formação em Serviço
e certificação em Nível Médio de Professores Leigos
O Proformação é um curso de nível médio
em Magistério, na modalidade de ensino a distância,
cujo objetivo é formar os professores que não possuem habilitação e atuam nas quatro séries iniciais
do ensino fundamental e elevar a qualidade das séries
iniciais da educação fundamental mediante a profissionalização dos educadores.
Em 2005, deu-se a continuidade da 4ª turma de professores iniciada no ano anterior, com 4.509
alunos. Além disso, 2.720 novos alunos dos estados
de AL, BA, MA, MG, PE e SE foram integrados no
Programa. Desta forma, durante o ano de 2005, foram
atendidos 7.229 professores.
Este Programa tornou-se uma referência
nacional e internacional em cursos a distância. Devido a esse fato, vários Países de expressão portuguesa
fizeram demandas no sentido de estabelecerem uma
cooperação técnica com o Brasil, para adequar o programa à sua realidade. Assim, deu-se início a esse
processo com o envio de técnicos brasileiros a São
Tomé e Príncipe, Timor Leste e Guiné Bissau.
Pró-Licenciatura – Programa de Formação Inicial para Professores dos Ensinos
Fundamental e Médio (Fase 2)
Trata-se de um programa de formação inicial voltado para professores que atuam nos sistemas
públicos de ensino, nos anos/séries finais do Ensino
Fundamental, e/ou no Ensino Médio, e não têm habilitação legal para o exercício da função (licenciatura).
Em 2005, foi estabelecida parceria entre a
Secretaria de Educação Básica -SEB e a Secretaria de
Educação a Distância – SEED para operacionalização
do Programa junto a Instituições de Ensino Superior
– IES públicas, Comunitárias ou Confessionais.
Em 2005, o Programa foi apresentado às
IES que manifestaram interesse em participar. Após
a publicação dos critérios de participação, foram analisados e selecionados os projetos inscritos. Escolheram-se (55) projetos de cursos, envolvendo (70) IES.
Em 2006, deverão ser assinados os convênios entre as IES e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação para a implementação do Programa, dando início, assim, aos cursos selecionados. A
estimativa de atendimento é de aproximadamente 60
mil professores.
Rede Nacional de Formação Continuada
de Professores da Educação Básica
Este Programa foi instituído com a finalidade de contribuir para a qualidade do ensino e melhorar
o aprendizado dos estudantes, por meio de um amplo
processo de articulação dos órgãos gestores, dos sistemas de ensino e das instituições de formação, sobretudo, as universidades públicas e comunitárias. A idéia
é integrar a formação continuada à pesquisa e à produção acadêmica desenvolvida pelas Universidades.
A Rede busca apoiar os sistemas de ensino
no que se refere à formação de professores, oferecendo mais uma opção de formação continuada. A meta
59
60
é formar, até julho de 2008, 400 mil professores de
1ª a 4ª série, além de garantir que os diversos centros
de excelência atuem de forma articulada na produção
de cursos e materiais didáticos, na sua implementação e no intercâmbio de conhecimentos pedagógicos
para aprimorar a qualidade do ensino no País. Até o
momento, foram formados, pela Rede, 35 mil profissionais.
Pró-Letramento
O Pró-Letramento - Mobilização pela Qualidade da Educação é um programa de formação continuada para os professores em exercício, nas séries
iniciais do ensino fundamental das escolas públicas.
Funciona na modalidade à distância e, para isso, utiliza material impresso e vídeos, e conta com atividades
presenciais, que são acompanhadas por professores
orientadores, também chamados tutores.
O Programa teve início em setembro de
2005. Nos dois primeiros meses, ocorreram reuniões
de lançamento nos três Estados que foram atendidos
inicialmente pelo Programa: RN, CE e MA. No mês
de dezembro, iniciaram-se os cursos de formação de
tutores, nesses estados, com duração de 40 horas. As
Universidades Federais de Pernambuco, Minas Gerais e Universidade de Brasília realizaram cursos na
área de Alfabetização e Linguagem e as Universidades Federais do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Pará, e
Universidade do Vale dos Rios dos Sinos/RS, na área
de Matemática.
Até o momento, três Estados aderiram ao
Programa, que já conta com a participação de 366
municípios e foram formados 949 professores/tutores. Foram inscritos para participar da formação nesses três estados 47.472 professores da rede pública de
ensino.
Tabela 11 • Participação dos Estados no Pró-Letramento – 2005.
ESTADO
Rio Grande do Norte
Ceará
Maranhão
TOTAIS
TUTORES
256
354
339
949
CURSISTAS (Inscritos)
MUNICÍPIOS
9.880
18.147
19.445
47.472
108
142
116
366
Fonte: MEC/SEB/Copfor.
Avanços no Programa Nacional do Livro
Didático
Em 2004, a Secretaria de Educação Básica
do MEC concluiu que a avaliação e distribuição dos
dicionários distribuídos aos alunos poderiam sofrer
modificações em dois aspectos. O primeiro, relativamente ao número de verbetes: os minidicionários de
3.500 verbetes não eram compatíveis com as necessidades de todos os alunos do Ensino Fundamental, já
que estes se enquadram em diferentes fases de aquisição da escrita. O segundo, diz respeito à necessidade
de orientação aos professores para a utilização eficaz
desse recurso no seu trabalho pedagógico. Visando
atender a essas questões, o MEC modificou os critérios de avaliação e de distribuição dos dicionários
e projetou a elaboração de um material que sirva de
apoio ao docente.
Desta forma, a avaliação realizada no ano
de 2005, pela Universidade Federal de Minas Gerais
- UFMG, no âmbito do PNLD/2006, selecionou edições voltadas para o uso escolar nos anos iniciais e nos
anos finais do Ensino Fundamental. Ao invés de uma
única edição de 3.500 verbetes, foram selecionadas
edições que seguem propostas pedagógicas e lexicográficas específicas, voltadas para o nível do alunado
a que se destinam. Essas edições têm características
próprias, diferindo na quantidade e no tipo de palavras que registram, bem como na forma de explicar
seus sentidos. Além disso, são de fácil manejo pelo
aluno (ou pelo professor, nos casos em que o docente
for um guia às consultas do aluno).
Além disso, os alunos deixaram de receber dicionários para uso individual, passando esses a
fazer parte de acervos na sala de aula, destinados a
Compromisso II
aparelhar a escola e a constituir seu patrimônio cultural, juntamente com os livros didáticos, os livros da
biblioteca ou da sala de leitura, as revistas distribuídas
no âmbito do PNLD, entre outros materiais.
De acordo com os dados do FNDE, o
PNLD/2006 - Dicionários adquiriu 4.672.701 exemplares para atender as salas de aula de 1ª a 4ª séries e
1. 731.058 exemplares de 5ª a 8ª série. E, dessa forma,
dotando 519.189 salas das séries iniciais e 245.865
das séries finais, com os acervos selecionados pelo
Programa.
Formação de leitores
Os dados do INAF e do SAEB mencionados anteriormente evidenciam um grave problema relacionado à qualidade da Educação Básica no País: o
baixo índice e pouca proficiência na leitura dos alunos
das escolas públicas brasileiras. Esses dados contribuíram para a definição de uma Política de Formação de
Leitores, cujo objetivo é justamente reverter aqueles
resultados.
Desde 1997, o Ministério executa o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), cujo objetivo é fornecer às bibliotecas escolares acervos de
obras para leitura, consulta e pesquisa.
O PNBE/2005, beneficiou todas as 136.934
escolas públicas brasileiras que oferecem as séries iniciais do Ensino Fundamental, 1ª a 4ª série ou 1º ao 5º
ano, distribuindo 15 acervos com 20 títulos de acordo
com o número de matrículas de cada escola registradas no censo escolar. Foram distribuídos, assim, um
total de 3.575.160 livros, beneficiando os 16.369.632
alunos das séries iniciais da rede pública de ensino.
Além dos acervos literários, os Programas
de formação de leitores também adquirem periódicos
como Nova Escola, Ciência Hoje das Crianças, Pátio
Pedagógica e Pátio Infantil, voltados para a leitura informativa dos alunos e para subsidiar os professores
em suas práticas pedagógicas. O PNBE distribuiu, em
2005, 4.339.552 exemplares, beneficiando 106.867
escolas da rede pública de ensino.
Para orientar o desenvolvimento das ações
da Política de Formação de Leitores, o MEC, por meio
da Associação Latino-Americana de Pesquisa e Ação
Cultural – ALPAC, está realizando uma pesquisa que
visa à apresentação de um diagnóstico sobre a utilização, pelas escolas, dos acervos já encaminhados pelo
PNBE e, com base nesse diagnóstico, a proposição de
ações que permitam intervenções futuras com vistas
à transformação das práticas de leitura no ambiente
escolar. A pesquisa teve início em 2005 e seus resultados serão apresentados em 2006.
O transporte escolar na área rural
Num País de dimensões continentais como
o Brasil, em que a área rural é muito extensa, o acesso
dos alunos às escolas, muitas vezes, é inviabilizado
pelas grandes distâncias e a falta do transporte. Assim
sendo, uma porcentagem da população em idade escolar fica seriamente prejudicada sem condições de ir
para a escola.
Mesmo diante das características físicas
que o País apresenta, o número de matrículas no Ensino Fundamental já alcançou o índice de 97%, entre crianças de 7 a 14 anos. No entanto, esse índice
ainda não é satisfatório, considerando que ainda há 2
milhões de crianças nessa faixa etária fora da escola,
por razões diversas, como trabalho infantil e falta de
transporte escolar.
Para amenizar este problema, foi instituído,
pela Lei nº 10.880, de 09/06/04, o Programa Nacional
de Apoio ao Transporte Escolar – PNATE, com o objetivo de garantir o acesso e a permanência dos alunos
residentes em área rural, que utilizam transporte escolar, nos estabelecimentos escolares do ensino fundamental público.
O MEC, por meio do FNDE, ampliou em
5,3%, no exercício de 2005, os recursos financeiros
destinados ao transporte escolar, totalizando um valor
de R$ 265 milhões. Esse fato contribuiu para ampliar
e melhorar a qualidade do serviço oferecido aos alunos do ensino fundamental. A meta prevista no Plano
Presidente Amigo da Criança e do Adolescente 20032007, para o exercício de 2005, relativamente ao
Apoio ao Transporte Escolar no Ensino Fundamental,
era de 1.110 entidades. Porém, com a nova sistemática e o aumento do aporte financeiro, houve um significativo avanço no atendimento, proporcionando que,
neste ano, fossem atendidas 5.317 entidades.
61
62
Ensino Médio
Dados de Contexto
O Ensino Médio Brasileiro vem empreendendo nos últimos anos um questionamento sobre o
seu papel, buscando se adaptar à realidade do jovem
e tornar a escola mais relevante dentro da sua formação. A inclusão das crianças no Ensino Fundamental e
a melhoria no fluxo escolar vêm desembocando num
considerável crescimento do Ensino Médio no País,
acelerado pelas demandas no mercado de trabalho
que estimulam não apenas a continuidade dos estudos por parte dos jovens, mas também o retorno dos
adultos à escola. Assim como o Ensino Fundamental
foi amplamente beneficiado pelo FUNDEF, esperase que o FUNDEB, agora incluindo o Ensino Médio
possa também ser significativo no processo de melhoria deste nível de ensino.
Tal como aconteceu no ensino fundamental, a ampliação do atendimento educacional a adolescentes entre 15 e 17 anos – que passou de 66,6%,
em 1995 para 82,2%, em 2004, segundo os dados da
PNAD, um crescimento considerável, da ordem de
23% – fez-se acompanhar da aproximação de alguns
indicadores de freqüência à escola para essa faixa etária. Ainda assim, no entanto, como se pode observar
pela tabela abaixo, certas desigualdades são bastante
significativas, especialmente aquelas relacionadas ao
local de residência em meio urbano ou rural e ao quesito raça/cor desses adolescentes10.
Tabela 12 • Proporção de adolescentes entre 15 e 17 anos que freqüentam a escola, segundo a região, a situação do domicílio, o sexo e a cor/raça. Brasil, 1995, 2001 e 2004. (em %).
Categorias selecionadas
1995
2001
2004
74,4
63,3
70,5
59,7
66,2
80,1
79,3
83,6
78,9
80,2
81,8
78,9
85,4
81,7
79,9
76,7
68,6
48,7
87,1
81,1
71,1
87,7
82,4
72,2
63,8
69,5
82,1
80,1
81,6
82,8
71,0
62,1
66,6
84,1
78,1
81,1
85,4
79,2
82,2
REGIÃO
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO
Urbano metropolitano
Urbano não-metropolitano
Rural
SEXO
Masculino
Feminino
RAÇA/COR
Branca
Negra
BRASIL
Fonte: IBGE/PNAD. Tabela elaborada por IPEA/Disoc.
10 Ressalte-se que, embora a tendência de ampliação da inclusão escolar na faixa etária dos 15 aos 17 anos seja inequívoca até 2003, quando se
atingiu o patamar de 82,4%, em 2004 registrou-se uma pequena redução na proporção de freqüência à escola, com variação negativa de 0,25% em
relação ao ano anterior.
Compromisso II
No que se refere especificamente aos indicadores de metas do Plano Presidente Amigo da criança
63
e do Adolescente, a sua evolução deu-se conforme o
quadro a seguir:
Quadro 05 • Evolução dos Indicadores do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente - Ampliação
da Educação Básica de Qualidade.
Indicadores
Situação Inicial (%)
Meta 2007
(%)
● taxa de escolarização líquida do ensino médio por gênero (Mec
- INEP - Censo Escolar)
Total
46,20
69,30
Masculino
40,10
64,16
Feminino
52,50
73,50
Fonte: Plano Amigo da Criança e do Adolescente.
Diferentemente do que acontece com o grupo etário de 7 a 14 anos, no entanto, os alunos de 15 a
17 enfrentam um grave problema de adequação entre
a idade e o nível de ensino freqüentado. Daqueles que
freqüentavam a escola em 2004, apenas 45,1% estavam matriculados no ensino médio, a etapa adequada.
Embora essa taxa de escolarização líquida seja consideravelmente superior àquela registrada em 2001
(36,9%), revela um problema persistente de atraso
escolar diretamente relacionado aos índices de repetência e evasão registrados no ensino fundamental. É
importante observar que esse atraso na trajetória escolar manifesta-se de forma diferenciada conforme o
perfil dos alunos, sendo ainda mais dramática a situação daqueles jovens de 15 a 17 anos que são do sexo
masculino (40,1%), negros (34,3%), vivem na região
Nordeste (27,9%) ou residem no meio rural (23,3%).
Também a questão da qualidade é um problema grave do ensino médio. Segundo o SAEB de
2003, 42%
����������������������������������������������
dos concluintes – ou seja, meninos e meninas que freqüentaram a escola por, no mínimo, 11 anos
– estavam nos estágios crítico e muito crítico de desenvolvimento de habilidades de leitura, ao passo que
menos de 10% apresentaram desempenho adequado a
este nível de ensino seja na leitura e interpretação de
textos, seja na solução de problemas matemáticos.
Políticas, Programas e Estratégias
Apoio à Melhoria da Qualidade do Ensino Médio Noturno
O Ministério da Educação, por meio do Departamento de Políticas do Ensino Médio, vem acompanhando os sistemas de ensino estaduais com assis-
tência técnica, financeira e pedagógica. As principais
ações realizadas em 2005 foram:
a) orientação de caráter pedagógico aos sistemas de ensino, incluindo a difusão de
projetos curriculares adequados às características e necessidades específicas da
clientela do ensino noturno;
b)apoio financeiro para a melhoria das instalações físicas, como construção e reformas de laboratórios, bibliotecas e outros
ambientes de aprendizagem, compra de
acervo bibliográfico e equipamentos;
c) seleção de 10 projetos, sendo dois por região, com destinação de apoio financeiro
a cada um, no valor de R$ 140.000,00,
para fortalecimento das ações de sustentabilidade e de ampliação da dimensão
de atuação do projeto escolar no turno
noturno;
d)produção de publicação com as experiências de gestão escolar e de organização
didático-pedagógica selecionadas.
Apoio à Educação Para a Ciência no Ensino Médio
A ação se baseia no assessoramento técnico
e financeiro aos sistemas de ensino para adequação
de espaços físicos existentes (escolas, centros formadores e outros) ao funcionamento de oficinas de
ciência, cultura e arte, constituindo ambientes de ensino-aprendizagem e formação de professores em ciências, com especial atenção para a área de Ciências da
Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Principais
ações:
64
• realização do II Prêmio Ciências no Ensino Médio: seleção de 3 projetos no âmbito nacional e de 27 estaduais e do Distrito Federal, com apoio
financeiro às escolas selecionadas, visando qualificálas como Centro de Referência na área de Ciências
da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Para as
escolas premiadas foram destinados R$ 60.000,00 na
categoria nacional e R$ 20.000,00 na categoria estadual, totalizando R$ 720.000,00;
• Elaboração e implementação do Programa
Nacional de Apoio às Feiras de Ciências - Fenaceb:
apoio técnico e financeiro às instituições selecionadas,
visando a implementação de espaços multidisciplinares de incentivo ao ensino das ciências da natureza e
matemática;
•Coleção Explorando o Ensino: produção de material cientifico e pedagógico de apoio ao
professor para o ensino das Ciências da Natureza,
Matemática e de Geografia. A coleção Explorando o
Ensino tem como objetivo apoiar o trabalho científico e pedagógico do professor. As publicações foram
organizadas com o apoio das Sociedades Científicas
das respectivas áreas do conhecimento;
• Programas da TV Escola: apoio aos gestores e professores com elaboração e apresentação de
série de programas televisíveis na área de ciências,
subsidiando as atividades escolares.
Programa Nacional do Livro Didático
para o Ensino Médio/PNLEM
Até 2004, os alunos matriculados no Ensino Médio não eram contemplados com a distribuição
gratuita de livros didáticos para o desenvolvimento
das atividades escolares. Fazia-se mais que necessário e urgente ampliar este tipo de ação para o nível
médio, provendo professores e alunos da rede pública
de livros didáticos avaliados por especialistas escolhidos pelo MEC, segundo critérios que atendessem
as Diretrizes Curriculares Nacionais e os Parâmetros
Curriculares Nacionais, visando o compromisso de
promover educação de qualidade.
Para atender essa demanda, o MEC criou o
Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino
Médio-PNLEM, via Portaria Ministerial nº 2.922, de
17 de outubro de 2003, com o objetivo de oferecer material de apoio ao processo de ensino-aprendizagem
nas escolas públicas de ensino médio. Inicialmente, o
programa atendeu, de forma experimental, 1,3 milhão
de alunos da primeira série do ensino médio de 5.392
escolas das regiões Norte e Nordeste, que receberam
2,7 milhões de livros das disciplinas português e matemática, em 2005.
A execução do PNLEM é muito semelhante
à do PNLD, passando pela inscrição dos livros, por
parte das editoras, avaliação científico-pedagógica
por equipes de especialistas ligadas às Universidades
Públicas, distribuição do catálogo das obras recomendadas para escolha pelo professor e, finalmente, pela
distribuição dos livros nas escolas. O PNLEM é mantido pelo FNDE com recursos financeiros provenientes do Orçamento Geral da União e do Programa de
Melhoria e Expansão do Ensino Médio (PROMED).
A inexistência de financiamento para ações do Ensino
Médio compromete e execução desejável do Programa, tendo ficado aquém do planejado. A aprovação
do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (FUNDEB) poderá sanar essas limitações,
levando à universalização almejada do Programa.
Em 2006, o PNLEM pretende universalizar
a entrega das publicações de Português e Matemática
para todas as escolas públicas de nível médio no País.
Dando continuidade à universalização progressiva do
PNLEM, em 2007, será distribuído o livro de Biologia aos alunos e professores da 1ª série do Ensino
Médio de 6.920 escolas das regiões Norte, Nordeste e
Centro Oeste, totalizando 1.8 milhões de livros didáticos. Ainda em 2007, haverá a reposição de livros de
Português e Matemática, envolvendo uma distribuição de 1 milhão de livros.
Oferta de Idioma Espanhol no Ensino
Médio
Além disso, o MEC está apoiando os estados na implantação da LEI 11.161/05, que determina
o prazo máximo de cinco anos para que a disciplina de
espanhol seja oferecida em todas as escolas de ensino
médio do País. Em função disso, o MEC está investindo na distribuição de um kit contendo um livro para o
professor, uma gramática e dois dicionários: um bilingue (português/espanhol, espanhol/português) e um
monolíngue (espanhol/espanhol).
Compromisso II
Ensino Médio Integrado à Educação
Profissional
Com a promulgação do Decreto-Lei 5.154,
de julho de 2004, os sistemas de ensino passam a dispor de diferentes modalidades de oferta de cursos e
programas de educação profissional, de forma articulada aos níveis da educação nacional, especialmente a
educação profissional técnica de nível médio integrada ao ensino médio. Segundo o decreto, a educação
profissional técnica de nível médio pode ser desenvolvida de forma integrada, articulada, concomitante
ou subseqüente ao ensino médio. Os cursos na forma
integrada terão carga horária de 3,2 mil horas de aula
e devem durar 4 anos. Quando oferecidos em período
integral, o prazo pode ser menor.
Em atendimento à nova legislação, cabe ao
Ministério da Educação apoiar os sistemas estaduais
de ensino no processo de implantação dessa nova modalidade de formação, considerado como um curso
único desde a sua concepção plenamente integrada
até o seu desenvolvimento final, ou seja, todos os seus
componentes devem receber tratamento integrado,
nos termos do projeto político pedagógico das instituições de ensino.
Da parte dos estados, espera-se o comprometimento com: elaboração de um plano de trabalho
para desenvolvimento do projeto; provimento das
condições de infra-estrutura, de recursos humanos e
de logística para a realização das ações previstas no
plano de implantação do referido projeto; disponibilidade de técnicos para compor a equipe técnica interinstitucional do projeto; sistematização das experiências e resultados do projeto como subsídios para a
política estadual e nacional de implantação do Ensino
Médio Integrado à Educação Profissional de Nível
Técnico.
O MEC elaborou, em 2005, um cronograma
de trabalho cujas ações pretendiam culminar com a
implantação do Ensino Médio Integrado na maioria
das unidades da federação a partir de 2006. Dentre
elas previu-se a realização de seminários estaduais
e nacionais sobre Planos de Implantação, consulta
preliminar aos estados sobre a previsão de matrículas no Ensino Médio Integrado em 2006, acordos de
Cooperação Técnica-científica-pedagógica entre as
Secretarias Estaduais de Educação, e/ou Secretarias
Estaduais de Ciência e Tecnologia e o Ministério,
contratação de consultores, assistência técnica às Secretarias Estaduais de Educação para elaboração do
plano de trabalho, organização de proposta curricular,
elaboração de programas de formação inicial e continuada e monitoramento das experiências e resultados
alcançados.
Dentro do cronograma do plano de trabalho
traçado, em 2005, o MEC desenvolveu vinte seminários, por ordem de realização, nos Estados de: Pernambuco, Tocantins, Paraíba, Santa Catarina, Piauí,
Mato Grosso do Sul, Espírito santo, Ceará, Mato
Grosso, Rondônia, Rio Grande do Norte, Maranhão,
Paraná, Bahia, Goiás, Roraima e Amapá. Foram realizados ainda dois Seminários Nacionais sobre Planos
de Implantação, na sede do MEC. Também foi feita
uma consulta preliminar sobre a previsão de matrículas no Ensino Médio Integrado, obtendo resposta de
15 Estados, com um total de aproximadamente 40 mil
matrículas nessa modalidade, em cerca de 300 escolas, para 2006, e o comprometimento de mais cinco
estados com a implantação para 2007. Foram contratados oito consultores, estando previstas mais cinco
contratações, para o acompanhamento técnico-científico-pedagógico aos sistemas de ensino na implantação do Ensino Médio Integrado.
O MEC ainda lançou edital, para o Programa de Incentivo à Formação Continuada de Professores do Ensino Médio, por meio do qual convida as instituições de ensino superior públicas e filantrópicas,
individualmente ou em consórcios, para participarem
de cadastramento para realização de cursos de formação continuada de professores em exercício nas redes
públicas de ensino. O recebimento das propostas, a
análise e divulgação dos resultados estão previstos
para maio de 2006, e os objetivos do cadastramento
são: identificar as instituições de ensino superior que
possam desenvolver cursos de formação continuada
de professores em exercício nas redes estaduais de
ensino médio; apoiar as Secretarias de Educação nas
ações de melhoria da qualidade do ensino, viabilizando cursos de formação continuada para professores.
Também visando ampliar a divulgação do
Ensino Médio Integrado, foram programadas duas séries, de cinco programas cada, dentro da grade da TV
Escola. A primeira foi ao ar de 29 de agosto a 02 de
setembro de 2005, tratando do tema Currículo no En-
65
66
sino Médio: entre o passado e o futuro. Contou com
um programa sobre Formação científica e preparação
profissional, abordando a necessidade de um currículo que articule trabalho, ciência e tecnologia. A segunda série, prevista para 29 de maio a 02 de junho de
2006, colocará em discussão a modalidade de Ensino
Médio Integrado à Educação Profissional e será debatido o currículo próprio, organicamente estruturado
enquanto proposta de totalidade de formação, visando
promover diálogo entre gestores públicos, intelectuais, educadores e estudantes.
Educação Escolar Indígena
A partir do reconhecimento da diversidade
brasileira, o Ministério da Educação vem realizando o trabalho de apoio à Educação Escolar Indígena
através de ações diversas que passam pela formação
de professores, produção de material escolar específico e valorização da cultura indígena. A estratégia de
atuação pública está inserida dentro de um processo
colaborativo, em que as reivindicações de diferentes
comunidades indígenas são contempladas, com vistas
à realização de projetos que possam de fato contribuir
para a promoção da educação intercultural e bilíngüe
ou multilingüe.
Box 03 •�����������������������������������������������������
A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade - SECAD.
Em 2004, o MEC inaugurou, pela primeira vez na história de sua
estrutura administrativa, uma secretaria destinada a lidar com a questão da
inclusão educacional e os elementos da diversidade étnico, racial, cultural
e regional da população brasileira. A Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade - SECAD traduz eixos organizadores de ação.
Educação Continuada expressa a centralidade da agenda para jovens e adultos,
que extravasa os limites da escolarização formal e destaca a de educação
para toda a vida, sobretudo para os milhões de brasileiros que ainda não se
beneficiaram do ingresso e da permanência na escola. Alfabetização expressa
a prioridade política e o foco na cidadania, determinados pelo presidente Lula.
Diversidade, enfim, para explicitar uma concepção forte não só de inclusão
educacional, mas, sobretudo, de respeito, tratamento e valorização dos
múltiplos contornos de nossa diversidade étnico-racial, cultural, de gênero,
social, ambiental e regional.
Dados de Contexto
Os dados do Censo Escolar (MEC/INEP)
apurados em 2005 apontam que a oferta de educação
escolar indígena cresceu cerca de 40% em apenas três
anos. Em 2002, eram 117.171 alunos freqüentando
escolas indígenas em 24 unidades da federação. Hoje
este número chega a 164.018 estudantes em cursos
que vão da educação infantil ao ensino médio.
Muitos fatores explicam esta expansão:
• a taxa de crescimento populacional da
maioria dos povos indígenas no Brasil se aproxima
de 4,0% (ao passo que a atual média nacional é de
1,4%);
• aumentou, nos últimos anos, a demanda
por implantação de educação escolar nas terras indígenas. Entre os setores sociais brasileiros os povos
indígenas se destacam na luta pela escola pública de
qualidade;
• nos últimos dez anos foram formados (ou
ainda estão em formação) em cursos especiais de Ma-
Compromisso II
gistério Indígena cerca de 8.000 professores indígenas em quase todos os estados do Brasil;
• programas especiais como o da Merenda
Escolar, que no caso das escolas indígenas tem um valor per capita superior ao das escolas não-indígenas,
incentivam e favorecem a permanência dos alunos em
suas escolas; e
• a ação contínua da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – SE-
67
CAD/MEC junto às secretarias estaduais de educação
e ao Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de
Educação - CONSED, tem buscado insistentemente a
expansão da oferta de educação escolar nas comunidades indígenas.
Em 2005, os estudantes indígenas estavam
assim distribuídos, nos diversos níveis e modalidades
de ensino:
Tabela 13 • Total de alunos matriculados por nível de ensino.
Nível / Modalidade
Total de alunos
Educação Infantil
Ensino Fundamental - 1º segmento
Ensino Fundamental - 2º segmento
Ensino Médio
Educação de Jovens e Adultos
Total
EPorcentagem sobre o
total
18.583
104.573
24.251
4.749
11.862
164.018
11,3 %
63,8 %
14,9 %
2,9 %
7,2 %
100%
Fonte: MEC/Inep. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE.
De todo modo, é importante ressaltar que a
expansão da oferta do segundo segmento do ensino
fundamental (da 5a. a 8a. série ou do 5º ao 9º ano),
no período de 2003 a 2005, foi mais acentuada que
a oferta do primeiro segmento, o que significa, a médio prazo, a garantia de ensino fundamental completo
nas terras indígenas. A tabela a seguir registra estes
dados:
Tabela 14 • Ensino Fundamental – Taxa de matrícula em terras indígenas – Brasil – 2002 e 2005.
Ensino Fundamental
Nº alunos 2002
Primeiro Segmento (1a. a 4.a)
Primeiro Segmento (5a. a 8.a)
82.918
16.148
99.066
5,13
Total
Relação (1a. a 4.a) / (5a. a 8.a)
Crescimento da
Matrícula
+ 26,1 %
+ 50,2 %
+ 30,0 %
Nº alunos 2005
104.573
24.251
128.824
4,31
Fonte: MEC/Inep. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE.
Os dados do Censo Escolar mostram uma
evolução ainda mais significativa no ensino médio
oferecido nas terras indígenas:
Tabela 15 • Ensino médio - Taxa de atendimento em terras indígenas – Brasil – 2002 e 2005.
Nº escolas indígenas com Ensino Médio
Nº de estudantes indígenas nestas escolas
Fonte: MEC/Inep. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE.
2002
18 escolas
1.187
2005
72 escolas
4.749
Taxa de Expansão
+ 300 %
+ 300 %
68
Com relação ao número de estabelecimentos, temos um aumento significativo na quantidade de
escolas indígenas nos últimos três anos, que passaram de 1.706, em 2002, para 2.324, em 2005. Em três
anos, 618 novas escolas indígenas entraram em funcionamento (ou escolas já existentes passaram a ser
reconhecidas como escolas indígenas), o que significa
uma expansão de 36,2 %. Sabemos que cada escola
indígena abriga em média setenta alunos, quatro pro-
fessores e pelo menos mais um funcionário da comunidade. O crescimento no número de escolas indígenas significa, portanto, cerca de 43.000 novos alunos
indígenas tendo acesso à formação escolar, cerca de
2.400 novos professores e, pelo menos, 3.000 novos
assalariados em terras indígenas.
No que tange à manutenção das atuais 2.324
escolas tem-se:
Tabela 16 • Percentual de Escolas Indígenas por rede de ensino.
Escolas Indígenas
Estaduais
Municipais
Particulares
Total
Nº de escolas
1.083
1.219
22
2.324
%
46,6
52,5
0,9
100
Fonte: MEC/Inep. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE.
É importante observar que, no Censo Escolar de 2004, haviam sido identificadas 1.099 escolas
indígenas estaduais e 1.099 escolas indígenas municipais. Isso significa que, entre 2004 e 2005, houve
uma redução de 1,5% na quantidade de escolas indígenas estaduais e um expressivo aumento, de 10,9%,
no número de escolas indígenas municipais, apontando uma possível tendência de “municipalização” da
rede11.
Os dados do Censo Escolar/INEP demonstram que foram obtidos avanços, nos últimos três
anos, com relação à oferta de Educação Escolar Indígena em nível Básico (modalidade de ensino), mas
muito ainda tem que ser feito com relação às seguintes questões:
• a relação entre o número de alunos indígenas nos dois segmentos do ensino fundamental12 é de
4,31. Se a oferta de ensino fundamental estivesse, de
fato, garantida às comunidades indígenas esta relação
seria próxima a 1,00, pois este índice tem um valor
médio de 1,23 para todo o País13;
• o número de estudantes indígenas em
turmas de ensino médio ainda é muito reduzido. Isto
significa que centenas de jovens indígenas ainda têm
que migrar para as cidades, enfrentando inúmeras si-
tuações de graves riscos sociais, em busca do ensino
médio;
• a maioria das escolas indígenas não conta com estrutura física e equipamentos adequados ao
pleno desenvolvimento de suas atividades;
• não há uma avaliação adequada da qualidade do ensino ministrado nas aldeias; e
• em alguns estados a formação do professor indígena se faz de forma intermitente e com qualidade questionável.
Políticas, Programas e Estratégias
Um dos principais problemas a serem enfrentados para garantir a ampliação da oferta de vagas
na Educação Escolar Indígena Básica diz respeito à
falta de oferta de cursos de licenciatura superior para
a continuidade da formação dos professores indígenas, a fim de que esses profissionais possam trabalhar
nos processos educacionais do 2º segmento do ensino
fundamental e médio indígena. Outra questão referese à necessidade de expansão da rede física (prédios,
salas de aula, bibliotecas e equipamentos) das Escolas
Indígenas.
11 Nos
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anos anteriores, esteve em curso um processo de “estadualização” de escolas indígenas. O Censo
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Escolar deste ano indica uma reversão desta
tendência, provavelmente causada pela ocorrência de eleições municipais em fins de 2004. Devemos verificar com precisão se a “municipalização”
observada aconteceu prioritariamente a partir de demandas indígenas ou se ocorreu influenciada, predominantemente, por fatores relacionados ao jogo
político-partidário não indígena. Outro motivo de crescimento no número de escolas municipais é atuação de novos dirigentes municipais, principalmente no estado do Amazonas, que, acatando reivindicações indígenas, abriram ou reconheceram escolas indígenas.
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Total de alunos em turmas de 1a. a 4a. série dividido por total de alunos em turma de 5a. a 8a. série
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Matrícula total de 1a. a 4a. série em 2005 : 18,5 milhões de alunos. Matrícula total de 5a a 8a. série em 2005: 15,1 milhões de alunos (Censo Escolar
2005 – INEP/MEC).
Compromisso II
Para enfrentar o desafio da ampliação do
número vagas para estudantes indígenas em escolas
indígenas interculturais específicas e de qualidade,
são necessárias várias ações. Primeiramente, é importante garantir a formação, em nível médio (inicial
e continuada), de todos os professores indígenas (Magistério Indígena) que estão nas salas de aula. Estima-se hoje a presença de aproximadamente 8.000
professores indígenas atuando nestas escolas, 88% do
total estimado de professores. Para tanto, o MEC está
oferecendo apoio técnico e financeiro à realização dos
cursos de formação inicial ou continuada para estes
professores. Em 2005, foram apoiados 30 projetos de
Secretarias Estaduais de Educação ou Organizações
da Sociedade Civil para formação de professores indígenas. Este apoio, que envolveu recursos da ordem
de R$ 2.728,014,16, permitiu que 4.398 professores
recebessem cursos de formação inicial ou continuada
e aproximadamente 78 mil crianças e jovens indígenas fossem beneficiados.
De outra parte, também é necessário garantir a formação superior de, pelo menos, 2.000 professores indígenas, em cursos de licenciatura intercultual. O objetivo principal é garantir educação escolar de
qualidade e ampliar a oferta das quatro séries finais
do ensino fundamental e implantar o ensino médio em
terras indígenas. Para atingir essa meta, o Ministério
da Educação instituiu em 2005 o Programa de Apoio
a Cursos de Formação Superior e Licenciatura para
Indígenas/PROLIND, e selecionou 4 Instituições de
Ensino Superior/IES públicas federais e estaduais
para viabilizar a execução e implantação de Cursos de
Licenciatura Intercultural. A meta em 2006 é atender
pelo menos mais 5 IES públicas federais ou estaduais.
O MEC também instituiu, em 2005, a Comissão de Apoio à Produção de Material Didático
Indígena, dirigida à produção, avaliação e distribuição de materiais didáticos específicos para os povos
indígenas, como livros, CD, DVD, programas de rádio e outras formas de midia, elaborados com ênfase
na autoria e protagonismo indígena para uso nas suas
escolas. Neste primeiro ano, foram investidos cerca
de R$ 620,4 mil no financiamento de 18 projetos, o
que beneficiou mais de 36 mil alunos. Em 2006, 26
novos projetos serão financiados, com recursos da ordem de R$ 700 mil, beneficiando aproximadamente
52.000 alunos
Outra ação a destacar é o apoio financeiro
do MEC aos sistemas estaduais e municipais de ensino na construção, reforma e ampliação de escolas,
e na aquisição de equipamentos. Para o desenvolvimento dessas e de outras ações foram garantidos recursos específicos para a Educação Escolar Indígena
no Orçamento do Governo Federal - PPA 2004/2007.
Para 2006, estão assegurados R$2,6 milhões para esta
ação.
Por meio do FNDE, o MEC repassa recursos para as Secretarias Estaduais ou Municipais de
Educação para a compra da alimentação para as escolas indígenas. Em alguns casos, esses recursos são
descentralizados para Unidades Gestoras constituídas por associações que representam a comunidade
escolar indígena, para a compra direta dos produtos
que compõem a cesta de alimentos da merenda. Em
2005, foram descentralizados R$ 11,6 milhões. Em
2006, os investimentos para garantir o fornecimento
de alimentação escolar nas terras indígenas irá superar R$12 milhões de reais.
Além dos recursos específicos, as escolas
indígenas, como todas as escolas públicas, podem
receber os benefícios de muitos outros programas federais como, por exemplo, o Programa Nacional do
Livro Didático - PNLD, que em 2005 distribuiu, para
escolas indígenas, 424.267 exemplares de livros didáticos e dicionários, orçados em R$ 2,1 milhões. Outros programas federais importantes são: Transporte
Escolar e Programa Dinheiro Direto na Escola.
A participação e controle social dos povos
indígenas são fundamentais para o acompanhamento
dos recursos previstos na lei que criou o Fundef, para
a manutenção e desenvolvimento do ensino nas terras
indígenas em cada estado. Neste sentido, o MEC desenvolve, em articulação com a FUNAI, cursos de capacitação para que professores e lideranças indígenas
conheçam seus direitos e exerçam o controle social
sobre os mecanismos de financiamento da educação
pública, bem como sobre a execução das ações e programas em apoio à educação escolar indígena.
69
70
Box 04 • Educação escolar indígena e Educação infantil.
Não existem dúvidas quanto ao direito e necessidade de expansão da oferta
do segundo segmento do ensino fundamental e médio nas comunidades indígenas.
No entanto, quando se discute a educação infantil e povos indígenas, percebe-se
o desconhecimento sobre o que venha a ser a infância indígena. A consideração
aos processos próprios de aprendizagem (artigo 210 da Constituição Federal)
ainda é matéria de poucas pesquisas que aportem subsídios para as práticas
pedagógicas desenvolvidas nas escolas indígenas.
O princípio central na ressignificação da educação escolar e povos
indígenas foi a distinção entre educação indígena e educação escolar,
apresentada nos anos 197014. O reconhecimento de que os povos indígenas
têm seus próprios mecanismos de socialização e transmissão da tradição e dos
conhecimentos balizou as categorias com que se passou a pensar a função e o
sentido da escola nas comunidades indígenas. Propor processos educacionais
escolarizados na faixa de 0 a 6 anos para crianças indígenas põe em cheque
este princípio, tornando imprescindível um diálogo intercultural consistente com
as comunidades sobre a oferta desse nível de ensino e sob quais referenciais.
Um aspecto relevante a analisar é que propostas de educação infantil em
nossa sociedade têm um marco histórico e respondem por certas necessidades
sociais de inserção das mulheres no mercado de trabalho, na realidade urbana.
Esse contexto deixa de ser problematizado, e passa a ser “natural” que todos
os segmentos sociais de uma sociedade plural como a nossa, em qualquer
realidade socioambiental, possam demandar a oferta de educação infantil.
Essa naturalização pode nos levar a crer que existe uma demanda ampla. No
entanto, em muitas realidades trata-se de uma demanda induzida por agentes
públicos, por um lado e, por outro, determinada por realidades de riscos, de
vulnerabilidade social que enfrentam inúmeras comunidades indígenas quanto
à segurança alimentar, degradação ambiental e outras que as fragilizam perante
setores públicos que oferecem o que têm à mão como alternativa de atendimento
dessas realidades.
Educação do Campo
Na evolução do sistema de ensino brasileiro, tem sido determinante o fator da localização da
população no que se refere à oferta de oportunidades de escolarização, podendo ser considerada muito
alta a correlação positiva entre urbanização e oferta
de ensino. Em contrapartida, em que pesem todas as
transformações ocorridas na ampliação das oportunidades de ensino, sobretudo após os novos marcos
legais instituídos pela Constituição e pela LDB, não
houve alteração significativa na histórica defasagem
do atendimento aos povos do campo, em todos os níveis e modalidades, com exceção, em certa medida,
ao primeiro segmento do nível fundamental.
Na causa de tão evidente descompasso en-
contra-se a compreensão de que o meio rural, do princípio da nossa história até a metade do século XX, se
caracterizava pelo latifúndio, pela monocultura e pelo
recurso a técnicas de produção muito rudimentares,
podendo prescindir da educação e mesmo da alfabetização.
A educação só veio a se consolidar como
uma demanda dos segmentos populares com a intensificação do processo de industrialização e a transferência da mão-de-obra dos setores tradicionais para o
moderno, o que ocorre a partir de 1930. Surgem nessa
época os movimentos em defesa da escola pública,
gratuita e laica, com as responsabilidades da escolaridade elementar assumidas pelo Estado. Dada a forma
como se desenvolveu a pequena agricultura no Brasil,
com ausência da provisão de recursos públicos, den-
14 MELIÁ, Bartomeu. Educação Indígena e Alfabetização. São Paulo:Loyola, 1979.
Compromisso II
tre os quais, a escola, a expansão da demanda escolar
só se desenvolveu nas áreas em que mais avançaram
as relações de produção capitalistas.
2.377 escolas, 10.690 professores e 282.747 alunos.
Para a realização desta ação, empenhou-se o valor de
R$ 4,3 milhões.
Finalmente, a partir dos anos 90, os povos
organizados do campo conseguem agendar na esfera
pública a questão da educação do campo como uma
questão de interesse nacional ou, pelo menos, se fazem ouvir como sujeitos de direito. E o Ministério da
Educação abriu-se à construção de uma política nacional de educação do campo, que vem sendo construída
em diálogo com as demais esferas da gestão do Estado e com os movimentos e organizações sociais, por
meio da Coordenação-Geral de Educação do Campo,
da SECAD/MEC.
Educação nas áreas remanescentes de quilombos
No intuito de atender às necessidades específicas da população do campo, o MEC desenvolve
uma ação de apoio em todos os níveis de escolaridade, segundo as Diretrizes Operacionais da Educação
Básica das Escolas do Campo - Resolução CNE/CEB
Nº 1 de 03 de abril de 2002 - com destinação de recursos, apoio técnico e outros subsídios dando especial
atenção às demandas específicas e diferenças entre as
populações campesinas, tais como: ribeirinhos, pescadores, pequenos agricultores familiares, assentados,
caiçaras, extrativistas, dentre outros.
Dessa forma, os recursos orçamentários correspondentes a essa ação destinam-se à capacitação
ou formação continuada de professores e profissionais das escolas do campo, na forma de experiências
inovadoras e aquisição, elaboração, produção, reprodução e distribuição de material didático-pedagógico
específico para essas escolas. Por meio de resoluções
publicadas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, o MEC incentiva a elaboração de material didático-pedagógico e a formação
continuada de educadores/as que reflitam uma nova
concepção de currículo, o que implica pensar a organização da escola, os valores, os conteúdos, suas
intencionalidades e a realidade dos educandos e educadores do campo a partir de suas especificidades e
regionalidades. O caráter de “experiência inovadora”
persegue o objetivo de maximizar os poucos recursos
destinados a esse programa, com vistas a informar os
programas de atendimento geral/universal administrados por outros setores do MEC, como o programa de
formação continuada e o Programa Nacional de Material Didático. No ano de 2005, foram beneficiados
Desde 1988, ano da promulgação da atual
Constituição Nacional, vem se ampliando o reconhecimento de direitos sociais e coletivos, somados às
liberdades individuais. No que tange às áreas onde
vivem populações remanescentes de quilombos, a
Constituição Federal definiu, em seu Art. 68 do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT:
“Aos remanescentes das comunidades dos quilombos
que estejam ocupando suas terras é reconhecida a
propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes
os títulos respectivos”.
No Brasil estão identificadas, hoje, centenas
de áreas remanescentes de quilombos localizadas nas
diferentes regiões brasileiras. Este fato justificou a
criação de um Grupo Interministerial, em 2003, com
a função de discutir e redefinir o artigo 68 do ADCT,
considerando tanto os questionamentos postos, quanto os pensamentos expressos pelas comunidades quilombolas. Como fruto do trabalho desse Grupo Interministerial foi instituído o Decreto nº 4.887, no dia 20
de novembro de 2003, que transfere a competência de
identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação, titulação das áreas remanescentes de quilombos ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, por
meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária – INCRA.
Com intuito de consolidar as diretrizes fundamentais para uma ação efetiva do Estado nas áreas
de remanescentes de quilombos, além de definir os
princípios e as prioridades na execução da política
nacional, articulada com os diversos órgãos do governo, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial - SEPPIR instituiu um Comitê Gestor com o objetivo de trabalhar as questões específicas
das Áreas de Remanescentes de Quilombos, a partir
de três eixos básicos de ação:
• Regularização Fundiária;
• Infra-Estrutura e Serviços; e
• Desenvolvimento Econômico e Social.
71
72
O Ministério da Educação participa de forma efetiva, discutindo ações nas áreas de Infra-Estrutura e Serviços, e de Desenvolvimento Econômico e
Social, por intermédio da SECAD. Como fruto das
discussões, foi elaborado, por 21 Ministérios coordenados pela SEPPIR, o “Programa Brasil Quilombola”, cujo objetivo é implementar diretrizes fundamentais da ação governamental, enquanto política de
Estado, para as áreas remanescentes de quilombos. O
conjunto das ações está previsto nos recursos constantes na lei orçamentária anual do Plano Plurianual
2004-2007, bem como as responsabilidades de cada
órgão e prazos de execução.
O MEC, por meio do Programa Cultura
Afro-Brasileira, também constante do PPA 2004/2007,
apóia técnica e financeiramente as prefeituras que
possuem áreas de remanescentes de quilombos, nas
seguintes ações: a) ampliação e melhoria da rede física escolar; b) formação continuada de professores e c)
aquisição e elaboração de material didático específico
para as comunidades remanescentes de quilombos.
No ano de 2005, quarenta prefeituras tiveram projetos aprovados para o desenvolvimento das
ações. Na ação de formação continuada de professores, foram apoiados 22 municípios, com recursos num
total de R$ 725,7 mil atendendo a 1.172 professores,
beneficiando 23 mil alunos. Quanto à ação de material didático, o valor repassado aos 16 municípios foi
de R$ 441, 3 mil, beneficiando 30 mil alunos. Apoiouse, ainda, a construção de 42 escolas, perfazendo um
total de 64 salas de aula, beneficiando 9 mil alunos em
17 municípios, no valor de R$ 3, 8 milhões.
Compromisso II
Desafio 3: Promoção da Educação Especial.
A legislação vigente no Brasil preceitua a
igualdade de condições de acesso e permanência na
educação e a não discriminação a qualquer título dos
cidadãos brasileiros. No entanto, crianças, jovens
e adultos com necessidades educacionais especiais
ainda enfrentam muitas barreiras à sua plena participação na escola e na sociedade. Há muito por fazer
no sentido de tornar os prédios escolares acessíveis,
garantir apoio nas questões de comunicação e sinalização, assegurar informações e metodologias aos
professores em formação e em serviço, desenvolver e
prover as escolas de materiais didáticos, equipamentos e tecnologias.
Hoje, mais de 90% da matrícula de alunos
com necessidades educacionais especiais concentrase nos níveis mais elementares de ensino, o que indica
que a falta de atendimento educacional especializado
pode criar obstáculos à perspectiva de progresso nos
estudos a que todo aluno tem direito. Além disso, cerca de 70% dos alunos com necessidades educacionais
especiais ainda estudam em escolas especiais ou em
classes especiais. Ou seja, é preciso uma ação decisiva do Governo que impulsione as transformações necessárias para que o sistema educacional brasileiro se
torne inclusivo: aberto a todos, sem discriminar ninguém, e capaz de atender seus alunos com qualidade,
para que estes, independentemente de sua condição
ou deficiência, possam dar curso a suas potencialidades. É preciso eliminar as barreiras hoje existentes no
campo educacional, dando seqüência à eliminação de
barreiras em outras áreas: de integração ao trabalho, à
cultura, ao lazer.
Dessa forma, compreende-se que é pela
educação, que as pessoas com necessidades educacionais especiais, vinculadas a deficiências ou outras
condições específicas, se tornarão cidadãs brasileiras.
É importante ressaltar que os principais instrumentos
do direito internacional de que o Brasil é signatário
enfatizam a necessidade de promover políticas para a
plena integração social das pessoas com deficiência, e
a eliminação de todas as formas de discriminação.
O atendimento educacional especializado ação da educação especial - é o instrumento de políticas públicas capaz de tornar esses compromissos uma
realidade, como meio de se assegurar uma educação
inclusiva de qualidade. Esse desafio não se resolve
com ações pontuais, focalizadas. Deve ser enfrentado
com um amplo e articulado movimento de mudança
para a inclusão educacional e social, que congregue
organizações governamentais de Educação, Saúde,
Trabalho, Assistência Social, organizações da sociedade civil, o Ministério Público, as pessoas com deficiência, os grupos de direitos humanos, as entidades
de trabalhadores e de empresários, e principalmente,
as comunidades escolares de todo o Brasil e de todos
os níveis e etapas da educação: gestores, professores, funcionários, técnicos, alunos e pais, da educação infantil ao ensino superior. O grande vetor desse
movimento é o exercício da função social da escola,
compromisso histórico desta gestão: a universalização do ensino de qualidade como base para a cidadania plena.
Dados de Contexto
Ao analisar-se a matrícula de alunos com
necessidades educacionais especiais na Educação Básica (incluindo o ensino regular e a modalidade educação especial), observa-se uma nítida expansão no
atendimento no País, visto que, em 2005, o total de
matrículas atingiu 640.317de alunos, uma evolução
de 13% em relação a 2004, quando este número foi
de 566.753.
Essa expansão foi acompanhada pelo incremento da participação da rede pública no atendimento a alunos com necessidades educacionais especiais.
Tomando-se os dados de 2005, verifica-se que o índice de matrículas atingiu 38,8%, contra 17% registrados no ano anterior. Também o número de municípios
com registro de matrículas de alunos com necessidades especiais cresceu consideravelmente: eram, em
2003, 71% (3.952) do total de municípios brasileiros,
enquanto em 2005 chegou-se ao patamar de 82,3%
(4.852).
Embora ainda hoje prevaleça o atendimento
desses alunos em escolas ou classes especiais, totalizando 378.074 (59%) das matrículas efetuadas em
2005, é possível perceber que a educação inclusiva
vem ganhando espaço. Em 2003, 28,8% do total de
alunos matriculados estavam em classes comuns do
ensino regular, ao passo que, em 2005, este índice al-
73
74
cançou 41%, indicando um crescimento de aproximadamente 80%.
Outro indicador relevante do processo de inclusão dos estudantes com necessidades educacionais
especiais no ensino regular é a taxa de prevalência da
educação inclusiva nos municípios brasileiros15, que,
em 2003, era de 38,6%, enquanto, em 2005, foi de
50%. Também é possível perceber avanços no que
tange às condições adequadas de acesso à escola para
este segmento da população. A taxa de escolas públicas da educação básica com acessibilidade física
em 2003 era de 4,9%, tendo passado pra 10,5%, em
2005.
Políticas, Programas e Estratégias
As ações da Secretaria de Educação Especial – SEESP/MEC estão voltadas para o acesso à
educação por todas as crianças, a despeito de suas
características, desvantagens ou dificuldades, e tem
como objetivo mobilizar esforços para habilitar todas
as escolas para o atendimento dos alunos na sua comunidade. Trata-se, portanto, de apoiar o desenvolvimento de sistemas educacionais inclusivos, com
escolas capazes de responder à diversidade de forma
efetiva.
A inclusão escolar, enquanto opção política,
testemunha o compromisso do governo brasileiro com
esse segmento populacional que, historicamente, tem
ficado à margem da sociedade. A dignidade da pessoa
humana, o respeito e valorização da diversidade, o direito à igualdade de oportunidades são condições para
o exercício da cidadania.
O desafio de fazer com que essa opção ética se realize na sociedade cabe, em grande medida,
à educação, fator fundamental na construção do desenvolvimento humano. Nesse processo de transformação, a Educação Especial vem desempenhando um
importante papel: desenvolver um conjunto de conhecimentos, recursos humanos, estratégias e materiais
que, postos pedagogicamente a serviço do sistema
educacional – ao longo de todos os níveis e modalidades de ensino – possam responder de forma eficaz às
necessidades educacionais especiais.
O Programa Desenvolvimento da Educação
Especial, do MEC, tem como objetivo assegurar aos
alunos com necessidades educacionais especiais, as
condições de acesso e permanência com qualidade
na educação brasileira, orientando e apoiando os sistemas de ensino para impulsionar a matrícula desses
alunos em classes comuns do ensino regular, e organizar o atendimento educacional especializado.
Para que o sistema educacional brasileiro se
torne inclusivo, deve ser aberto a todos e capaz de
atender aos seus alunos com qualidade, respeitando e
valorizando a diversidade como elemento enriquecedor no processo de ensinar e aprender, proporcionando
as condições necessárias para que os alunos possam
dar curso a suas potencialidades. Dessa forma, esse
Programa se estabelece como uma ação decisiva do
Governo Federal que tem favorecido os sistemas de
ensino na implementação das transformações necessárias para a universalização do ensino de qualidade.
Nesta direção, o Ministério da Educação,
por meio da Secretaria de Educação Especial, vem
contribuindo com ações de sensibilização da sociedade e da comunidade escolar, de disponibilização de
tecnologia educacional que contribua para a prática
pedagógica e de gestão escolar, de aquisição e distribuição de equipamentos e materiais de apoio ao aluno, de produção e disseminação de conhecimento sobre a Educação Inclusiva, bem como de atendimento
educacional complementar ou suplementar, de acordo
com a especificidade das necessidades educacionais
especiais dos alunos.
Box 05 • Programa Desenvolvimento da Educação Especial.
A análise dos indicadores que compõem o Programa Desenvolvimento da Educação Especial possibilita
verificar os seus impactos. Entre 2003 e 2005, houve um aumento de 25% no índice de Acesso à Educação
Básica por parte dos alunos com necessidades educacionais especiais. Ao mesmo tempo, a inclusão destes
mesmos alunos em classes comuns do ensino regular também foi acelerada. Se em 2003, apenas 28,8%
destes alunos estavam em classes comuns, em 2005 estes já eram 41% de toda a população de alunos com
necessidades especiais.
15����������������������������������������������������������������
Essa taxa expressa o total de municípios que registram mais de ���������������������������������������������������������������������������������
50% do total de matrículas de alunos com necessidades educacionais especiais em
classes comuns do ensino regular e o número total de municípios que registram matrículas desses alunos na educação básica.
Compromisso II
75
Desafio 4: Alfabetização de Jovens e Adultos.
Quadro 06 • Metas.
Situação Inicial
2002 (%)
Indicadores
● taxa de alfabetização de adultos de 15 anos ou mais (IBGE/
PNAD)
Total
Masculino
Feminino
Metas 2007 (%)
87,60
87,60
87,70
90,50
89,00
90,10
Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente.
O governo brasileiro reconhece que, embora o País tenha conseguido, nas últimas décadas,
significativos avanços no campo da educação, muito
ainda há por fazer, especialmente no enfrentamento
dos diversos tipos de analfabetismos: da educação, da
cultura, da política e da cidadania.
De 2003 até 2005, as mudanças mais significativas na ação governamental referem-se à adoção
de uma concepção política inovadora sobre o direito
de todos à educação, reconhecendo-o como um direito
humano fundamental que exige, em certos momentos,
um atendimento especial para segmentos da população estruturalmente fragilizados. Como o direito é de
todos, e a concepção ética e histórica que o embasa
entende que assegurar esse direito impõe o reconhecimento da diversidade de realidades e de sujeitos, as
políticas para a área exigem o concurso da sociedade
e do poder público, buscando redizer o sentido de parceria, desgastado ao longo dos anos. Educação tratada
como parte do processo de construção de cidadania
consciente e ativa, respeitando a pluralidade e a especificidade dos sujeitos.
Para a população jovem e adulta que não
teve acesso à escola, não se pretende reservar apenas
uma etapa abreviada de alfabetização. A alfabetização
passa a ser diretamente articulada com o aumento da
escolarização de jovens e adultos.
Dados de Contexto
Quadro 07 • Evolução dos Indicadores do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente - Alfabetização de Jovens e Adultos. Indicadores
Situação 2004
(%)
Situação Inicial (%)
● taxa de alfabetização de adultos de 15 anos ou mais IBGE/PNAD
2002
87,60
88,6
Masculino
87,60
88,4
Feminino
87,70
88,8
Total
76
Os números da exclusão educacional são
contundentes: 65 milhões de jovens e adultos, com
mais de 15 anos de idade, sem o ensino fundamental
completo. econômicas, de desemprego e habitacionais.
Desses, 33 milhões são analfabetos funcionais que sequer completaram a 4ª série, e 14,6 milhões
são analfabetos absolutos (PNAD 2003). Especificamente, entre 15 e 24 anos de idade — uma faixa geracional significativa, jovem, que prenuncia a massa
crítica futura do País — 19 milhões não completaram
o ensino fundamental e quase três milhões são analfabetos absolutos.
Os dados do analfabetismo não são, entretanto, homogêneos. Há diferenças nestas taxas quando se
analisa o recorte geográfico, de gênero e de raça/etnia.
As maiores taxas de analfabetismo encontram-se na
região Nordeste. Na média nacional, o analfabetismo
entre os negros (12,9%) é mais de duas vezes superior
ao verificado entre os brancos (5,7%). O problema se
agrava na região Nordeste, onde se encontra um analfabeto em cada cinco pessoas negras. Com relação ao
gênero, não se verificam grandes discrepâncias: do total de analfabetos, 52% são do sexo feminino.
Esses números ilustram a necessidade de
resgatar a educação como direito de todos, de jovens
e adultos excluídos dos sistemas de ensino. No ensino
fundamental, de cada 100 alunos que o iniciam, apenas 51 concluem a 8ª série. Cerca de 60% das crianças
que concluem a 4ª série não são leitores fluentes. E
esta é uma média nacional: se retirarmos da amostra
as capitais e alguns dos maiores municípios do País,
esse indicador atinge níveis ainda mais inquietantes.
Quando se considera o ensino médio, tem-se 42% dos
jovens concluintes em estágios crítico e muito crítico
de desenvolvimento de habilidades de leitura. Tal realidade está fortemente associada a restrições culturais,
Segundo dados do Indicador Nacional de
Analfabetismo Funcional (INAF) 8% dos brasileiros
entre 15 a 64 anos são considerados analfabetos absolutos; 30% são capazes de localizar informações simples em enunciados com uma só frase (considerados
no nível 1 de letramento); 37% conseguem localizar
uma informação em textos curtos (considerados em
um nível básico de alfabetização -nível 2) e apenas
25% têm domínio pleno das habilidades de leitura
(nível 3), ou seja, são capazes de ler textos mais longos, localizar mais de uma informação, comparar a
informação contida em diferentes textos e estabelecer
relações diversas entre elas.
Tabela 17 •Taxa de Alfabetização de Jovens e Adultos de 15 anos ou mais de idade por Gênero - 2004.
Brasil
Brasil
Taxa de Alfabetização
Total
Feminino
Masculino
88,6
88,8
88,4
Fonte: IBGE/PNAD. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE.
Nesse contexto, a alfabetização constitui-se
em uma prioridade política definida pelo presidente
Lula, desde o início do governo. Alfabetização como
portal de entrada à condição cidadã, que promove o
acesso à educação como um direito de todos, em qualquer momento da vida.
Políticas, Programas e Estratégias
O tratamento de destaque concedido à modalidade de ensino Educação de Jovens e Adultos,
contemplando a alfabetização e todo o processo de
aprendizagem — formal ou informal —, expressa os
contornos de uma agenda orientada pela articulação
entre o aumento da qualidade dos sistemas de ensino
e a construção das bases para a eqüidade e a inclusão
educacional.
Brasil Alfabetizado: inclusão e continuidade
O Ministério da Educação vem investindo
progressivamente em programas, projetos e ações
destinados a conferir a jovens e adultos brasileiros a
oportunidade de ingressar na escola e concluir a educação básica. Ao Ministério, como representante da
União, cabe uma atuação redistributiva16 e articuladora, conforme a LDB.
16��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Entende-se por ação redistributiva da União o suporte financeiro a programas, projetos e ações educacionais, visando minorar as disparidades econômicas, políticas e sociais.
Compromisso II
Nesse sentido, uma das estratégias do MEC
é de apoio e financiamento de ações de alfabetização de jovens e adultos, junto a Secretarias Estaduais
de Educação, Prefeituras Municipais, Organizações
Não-Governamentais e empresas privadas, entre outras, em todas as unidades da federação brasileira, por
meio do Programa Brasil Alfabetizado. Lançado pelo
governo federal em 2003, esse Programa tem como
objetivo prioritário a inclusão educacional, pela efetiva alfabetização de jovens e adultos com 15 anos ou
mais, que não tiveram acesso à leitura e à escrita e às
operações básicas da matemática.
O desafio que se impõe, a partir daí, é articular a alfabetização com as demais etapas da Educação de Jovens e Adultos - EJA, considerando que essa
fase deve ser compreendida como o início de um processo autônomo de aquisição da leitura e da escrita,
na perspectiva de contribuir para avançar no campo
dos direitos à educação, do conhecimento, da cultura,
da memória, da identidade, da formação e do desenvolvimento pleno dos sujeitos jovens e adultos. Partindo, portanto, da compreensão de que os programas
de alfabetização não devem ter um fim em si mesmos, o MEC adotou uma concepção de EJA que tem
como meta a continuidade, com o objetivo de garantir
a crescente ampliação da escolaridade da população
brasileira.
Nesta perspectiva, em articulação com o
Programa Brasil Alfabetizado, o MEC vem desenvolvendo também o Programa de Apoio aos Sistemas
de Ensino para Atendimento à Educação de Jovens
e Adultos - Programa Fazendo Escola, destinado ao
cidadão que não teve a oportunidade de acesso ou
permanência no ensino fundamental na idade escolar
“própria” (dos sete aos 14 anos), tendo como objetivo contribuir para enfrentar a baixa escolaridade
em bolsões de pobreza do País, onde se concentra a
maior parte da população de jovens e adultos que não
completaram o ensino fundamental.
O Programa é oferecido pelo Ministério da
Educação em conjunto com os governos estaduais
e municipais, por meio da transferência, em caráter
suplementar, de recursos referenciados ao número de
alunos matriculados no sistema. O MEC é responsável pela formulação das políticas para a melhoria da
qualidade da educação de jovens e adultos, pelo estímulo e o acompanhamento da implantação da EJA
nos sistemas estaduais e municipais de ensino, e em
subsídio às decisões dos executores quanto à utilização dos recursos.
Por outro lado, o MEC vem adotando enfoques de alfabetização e de EJA mais amplos, intersetoriais, visando incorporá-las ao sistema nacional
de educação. De fato, não se admite mais tratá-las de
forma isolada dos sistemas de ensino (formal, governamental), bem como não se considera razoável excluir as formas de educação não-formais, haja vista
as inúmeras possibilidades e riqueza que apresentam
para esta área da educação.
O MEC vem ainda construindo uma nova
institucionalidade para a EJA baseada num processo
de articulação, consertação, reconhecimento e interlocução com um conjunto de órgãos, entidades e atores
sociais que desempenham diversos papéis nesse campo. No plano governamental, desenvolve ações junto
com os Ministérios do Trabalho e Emprego (MTE),
da Saúde (MS), do Desenvolvimento Social (MDS)
e da Justiça (MJ), bem como as Secretarias de Aqüicultura e Pesca, de Igualdade Racial, de Juventude e
de Direitos Humanos. No âmbito da sociedade civil,
criou, em 2003, a Comissão Nacional de Alfabetização e, posteriormente, ampliou a sua abrangência para
incluir a EJA.
Do ponto de vista da oferta, um elemento
fundante da consolidação da EJA é a necessária orquestração entre a atuação dos governos federal, estaduais e municipais, articulando, entre outros órgãos
representativos, o MEC, o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação (Consed) e a União
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
(Undime) como parceiros na construção da política
pública de EJA.
Esta articulação, contudo, não se restringe
aos entes federativos; pelo contrário, busca aliados
entre todos aqueles que historicamente já atuam em
EJA, tais como representantes de governos, organizações não-governamentais, organismos internacionais,
trabalhadores e patrões, sindicalistas e movimentos
sociais, que de alguma forma estão fazendo a EJA,
na complexa e diversa realidade brasileira. Esses coletivos são representados pelos Fóruns de Educação
de Jovens e Adultos, uma experiência rica que tem
sido vivida nos movimentos internos do Brasil desde
1996.
77
78
No reverso, o MEC busca melhorar as competências profissionais da área: pesquisas, avaliações,
documentações, comunicação, formação, publicações. Ao mesmo tempo, envida esforços para formar
uma nova geração de quadros profissionais em EJA,
em níveis federal, estadual e municipal, concorrendo,
para isso, com linhas de financiamento que possibilitam a autonomia de desenhos para projetos locais,
em atendimento às exigências atuais de formação do
professor.
Em 2005, consolidou-se a orientação política adotada, que privilegiou o financiamento de projetos desenvolvidos por entes públicos. A novidade
foi a garantia de apoio financeiro a todos os estados
e municípios brasileiros baseada no Índice de Fragilidade em Educação de Jovens e Adultos – IFEJA17,
bastando, para isso, que o estado ou o município manifestasse sua adesão ao programa. Como resultado
dessa estratégia, registrou-se um aumento no número
de municípios e estados parceiros em 2005, passando
de 166, em 2004, para um total de 590 (568 prefeituras e 22 secretarias estaduais de educação), que foram
responsáveis pelo atendimento 1,13 milhão de alfabetizandos jovens e adultos. Outros 920.971 foram
atendidos por 54 organizações não-governamentais e
instituições de ensino superior, totalizando 2,05 milhões de alunos participantes do Brasil Alfabetizado,
em 2005. Para o atendimento a estes alfabetizandos,
o programa apoiou a formação de 101.410 alfabetizadores. O Ministério da Educação, por intermédio
do FNDE, repassou às entidades parceiras recursos
para pagamento de bolsas aos alfabetizadores, e para
sua formação inicial e continuada, que, em 2005, somaram R$ 209,7 milhões. Desse total, R$ 119,5 milhões foram investidos nos projetos de alfabetização
de estados e municípios e R$ 90,1 milhões repassados
a organizações não-governamentais e instituições de
ensino superior.
Por conta do programa Fazendo Escola, o
MEC/FNDE repassou a estados e municípios cerca de
R$448 milhões para apoiar formação continuada e valorização de professores da modalidade educação de
jovens e adultos, elaboração e distribuição de material
didático, merenda e material escolar.
Além da ampliação de sua cobertura, outra
novidade em 2005 foi a definição de nova competência para a Equipe Coordenadora do programa nos
estados e municípios, cuja indicação constitui-se em
condição indispensável para a participação. Até 2004,
a Equipe foi responsável pela comunicação direta
entre o Órgão Executor e os demais participantes do
Fazendo Escola e pelo assessoramento ao Órgão Executor na gestão financeira, técnica e operacional do
programa. Em 2005, essa equipe passou a responder
também pela articulação entre as ações de alfabetização do Brasil Alfabetizado e de outros projetos, e o
primeiro segmento do ensino fundamental de jovens
e adultos. Isso se deu por meio da integração dos atores envolvidos – alfabetizadores, professores, alunos
e comunidade escolar – promovendo as condições
necessárias para que todos participassem efetivamente de ações de formação capazes de sensibilizar para
a continuidade de estudos e promover a matrícula, a
permanência e a conclusão desses alunos no ensino
fundamental.
É importante registrar ainda que, historicamente, verifica-se uma escassez de materiais didáticos e de formação de professores específicos para a
EJA, exigindo que o Ministério apóie iniciativas que
venham a responder às demandas e atender as necessidades pedagógicas dos educadores que atuam neste campo. Neste sentido, dois novos materiais para a
educação de jovens e adultos foram desenvolvidos. O
primeiro consiste em um material didático para os 1º
e 2º segmentos do ensino fundamental. A elaboração
desse material, desenvolvido por meio de convênio
entre a Rede Unitrabalho e o MEC/FNDE, concede
especial destaque para o tema trabalho e sua centralidade na vida moderna. O segundo é composto por
cinco cadernos, organizados por temas, destinados
a fornecer subsídios para a formação continuada de
professores de educação de jovens e adultos.
Não há que se falar em formação sem citar
as universidades, já que desempenham um papel fundamental na formação de educadores para os sistemas
de educação e na produção, transmissão e divulgação
de conhecimento por meio da pesquisa, ensino e extensão. Assim, o MEC desenvolve ações que buscam
ampliar o diálogo com essas instituições de forma a
potencializar os resultados dos programas de inclusão
17������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Índice sintético composto da taxa de analfabetismo absoluto, mais a taxa de analfabetismo funcional e a taxa de indivíduos com 25 anos ou mais
que não possuem fundamental completo.
Compromisso II
educacional que estão sob sua responsabilidade.
Uma das ações resultantes desta aproximação é o Portal dos Fóruns de EJA, que é composto
pelas discussões sobre o Observatório de Inclusão Digital desenvolvido em parceria com a Universidade
de Brasília. Com o objetivo de fomentar o acesso a
tecnologias modernas e adequadas para a formação
de professores e de contribuir para a criação de uma
rede de aprendizagem virtual multimídia, o MEC vem
construindo um curso de formação continuada de professores a distância, que trabalha temáticas relacionadas a EJA, educação no campo, educação escolar
indígena, educação das relações étnico-raciais, educação ambiental e educação para os direitos humanos.
Outro projeto que destaca a participação
das universidades na política de educação de jovens e
adultos realizada pelo MEC é a Casa Brasil, proposta
do governo federal cujo objetivo é implantar, junto
às comunidades carentes, um espaço destinado à convergência das ações do governo federal nas áreas de
inclusão digital, social e cultural, geração de trabalho
e renda, ampliação da cidadania, popularização da ciência e da arte. A instalação do Projeto Casa Brasil em
Angicos-RN – cidade que abrigou as primeiras turmas
de alfabetização de jovens e adultos organizadas por
Paulo Freire – envolveu, entre outros parceiros, universidades federais do Nordeste, em especial, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a Universidade Federal da Paraíba e a Universidade Federal de
Pernambuco, que têm buscado, com sua atuação no
ensino, na pesquisa e na extensão, contribuir efetivamente para a expansão da EJA no País.
Uma das diretrizes do Ministério da Educação com relação à política de educação de jovens e
adultos aponta para o reconhecimento da importância
da formação de leitores críticos e criativos. Assim,
tem procurado implementar uma Política de Leitura
apta a oferecer alternativas para estimular práticas de
leitura entre jovens e adultos recém-alfabetizados,
fortalecendo o processo de alfabetização iniciado no
programa Brasil Alfabetizado.
Em 2005, cabe destacar duas ações no âmbito desta Política de Leitura: a primeira é o financiamento da elaboração, publicação e distribuição de um
almanaque, cuja temática central é “A construção da
paz na diversidade”. Essa obra, editada pela organiza-
ção não governamental SAPÉ, vem conjugar-se plenamente aos propósitos do MEC, na medida em que não
só se constitui em material de leitura especificamente
voltado a jovens e adultos, como também apresenta
conteúdo que reconhece e valoriza a diversidade que
compõe o rico tecido social, cultural, étnico-racial, religioso, econômico e territorial brasileiro.
A outra ação de destaque é o lançamento,
em dezembro de 2005, do concurso literário nacional
Literatura para Todos, com o objetivo de selecionar
obras inéditas destinadas ao público jovem e adulto. Nesta iniciativa inédita no País, serão selecionados oito títulos de diferentes gêneros literários, com
tiragens de 400.000 exemplares, para distribuição a
bibliotecas públicas, espaços de leitura e para circulação entre os alunos do Brasil Alfabetizado.
Cabe registrar, ainda, a parceria firmada
com SESI-FIRJAN que, desde 2004, vem construindo uma agenda que permite a jovens e adultos analfabetos participar de um processo que se inicia com
a alfabetização e prossegue nos segmentos do ensino
fundamental.
Há que se ressaltar, também, os diversos
projetos apoiados pelo MEC, em especial, aqueles
que trazem ações desenvolvidas a partir do eixo temático “EJA e o mundo do trabalho” e que levam à formulação de processos de formação integrados entre
alfabetização e/ou elevação de escolaridade – nível
fundamental – e qualificação profissional. Busca-se
a articulação efetiva entre os processos de alfabetização, de continuidade de estudos e de elevação de
escolaridade com atividades de geração de emprego
e renda, voltados para ações de empreendedorismo,
de economia solidária, do mercado de trabalho formal
e ação comunitária. São projetos desenvolvidos por
organizações não-governamentais que recebem recursos do MEC.
Ainda no rol dos projetos apoiados em
2005, está o Saberes da Terra: Programa Nacional de
Educação de Jovens e Adultos para Agricultores/as
Familiares com Qualificação Social e Profissional,
em parceria com o Ministério do Desenvolvimento
Agrário e com o Ministério do Trabalho. Partindo do
princípio de que uma política educacional deve reconhecer as necessidades próprias e a realidade diferenciada do campo, o programa se destina a desenvolver
79
80
uma política que fortaleça e amplie o acesso e a permanência de jovens agricultores familiares no sistema
formal de ensino oferecendo oportunidades de elevação de escolaridade, qualificação social e profissional
e o desenvolvimento da solidariedade e da cidadania.
O Programa, desenvolvido em parceria entre
os entes federados, conta com a participação efetiva
de organizações não-governamentais e movimentos
sociais do campo com experiência na integração em
Educação de Jovens e Adultos e qualificação social e
profissional. Para o primeiro ano, foram repassados
R$ 2 milhões para o atendimento a 5.060 alunos de
12 estados brasileiros, e para 2006 já estão destinados
R$ 8 milhões.
No âmbito das ações articuladas com outras
áreas do governo federal, um item que merece destaque em 2005 são as ações desenvolvidas em conjunto
pelo MEC e o Ministério da Justiça, por intermédio
do Departamento Penitenciário Nacional (MJ/DEPEN), com vistas à elaboração de uma política nacional de educação prisional. As discussões realizadas
entre os dois Órgãos, que resultaram na celebração
de um Protocolo de Intenções, apontaram na direção
do desenvolvimento de metodologias específicas, da
produção de material didático, formação de gestores e
agentes penitenciários como facilitadores do processo
educacional, além de possibilitar que os Estados elaborem um Plano Estadual de Educação para o sistema
prisional.
Na consecução das ações de educação prisional, concorrem recursos oriundos dos orçamentos
dos dois ministérios e, ainda, recursos do Programa
de Doações Assistenciais para Projetos Comunitários
e de Segurança Humana, no âmbito do Acordo de Cooperação Internacional Brasil-Japão. Em 2005, cabe
registrar a realização da Oficina de Educação – As experiências em Educação Prisional, em Brasília, que
marcou, de forma concreta, o início do trabalho de
construção de uma política pública de inclusão educacional destinada à população prisional. Também nesse
ano, foram celebrados convênios com os estados do
Ceará, Goiás, Paraíba, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins, que atenderão 46.795
alunos e apoiarão a formação de 1.052 educadores e
2.450 agentes penitenciários.
Ainda em atendimento ao preceito da SE-
CAD, que reconhece em suas ações as especificidades
e necessidades das diversas populações do território
brasileiro, registra-se o Projeto Pescando Letras, em
parceria com a Secretaria Especial de Aqüicultura e
Pesca, voltado para pescadores profissionais e trabalhadores de aqüiculturas familiares. Dotado de um
projeto pedagógico específico, o projeto traz ações
de alfabetização e elevação de escolaridade integradas aos propósitos de conduta de pesca responsável
e métodos de manejo e gestão que levam em conta a
sustentabilidade e o desenvolvimento social.
Em 2005, além da realização da Oficina de
Educação – As experiências em Comunidades Pesqueiras, com a participação de técnicos dos dois Órgãos federais, de organizações não governamentais e
prefeituras que já desenvolvem ações com pescadores,
registra-se o projeto piloto do Médio São Francisco,
que conta também com o apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional, da Organização dos
Estados Iberoamericanos e a participação da Universidade do Estado da Bahia, por meio de convênio firmado com o MEC, que está atendendo a 2.140 alunos
pescadores de quatro municípios da Bahia.
Vale registrar também que nesse ano, pela
primeira vez, foi entregue o Prêmio Paulo Freire, instituído pelo Decreto nº 4.844, de 08/09/2004, conferido a personalidades e instituições que se destacaram
nos esforços de alfabetização de jovens e adultos.
Ainda no caminho da disseminação de experiências, uma parceria do MEC/SECAD com a
Fundação Abrinq e a Natura Cosméticos colocou
a Educação de Jovens e Adultos como foco do Programa Crer para Ver, desenvolvido pelas duas entidades com o objetivo de contribuir para a melhoria
do sistema público de ensino. O Prêmio Crer para
Ver – Inovando a EJA teve como objetivo valorizar
e reconhecer as iniciativas bem sucedidas. Além do
prêmio, esta parceria trouxe como resultado de uma
campanha de mobilização realizada pelas consultoras
da Natura, 66.660 novos alunos matriculados em classes de EJA e apoiou financeiramente cinco projetos
de formação de professores em 72 municípios de 4
estados brasileiros.
Em 2005, o Programa Brasil Alfabetizado
atendeu 2,2 milhões de jovens e adultos, em mais de
4.000 municípios, investindo R$ 220 milhões, dos
Compromisso II
quais 70% para estados e municípios, e 30% para
ONGs e Instituições de Ensino Superior. Ao mesmo
tempo, o redesenho do Programa Fazendo Escola garantiu o atendimento de todos os 3,34 milhões de alu-
nos matriculados em EJA (conforme Censo Escolar
INEP/2004), em 4.175 municípios com um investimento de R$ 486 milhões.
Box 06 • Monitoramento, Acompanhamento e Avaliação.
A fim de verificar diversas questões, como o impacto da política
pública, perfil dos beneficiários, dentre outras, o MEC optou pela criação
de um plano de avaliação, que permite a visão conjunta das avaliações,
com vantagens na redução dos custos. A avaliação em 2005, utilizou-se dos
seguintes instrumentos:
1) Mapeamento Nacional de Iniciativas de Alfabetização de Jovens e
Adultos
Há indicações de que existem cerca de 120 mil turmas, com dois
milhões de alfabetizandos no País inteiro (já contabilizados, em parte, os
alfabetizandos atendidos pelo Programa Brasil Alfabetizado).
2) Avaliação de gestão
Considerou questões relativas ao desenho dos contratos estabelecidos,
o sistema para informações, monitoramento e auditoria, além de uma análise
sobre os beneficiários efetivamente participantes do programa. A participação
das Unidades da Federação e Municípios aumentou sensivelmente, de 44%
para 64% no período de um ano. Os dados relativos se concentram no Sistema
Brasil Alfabetizado – SBA.
3) Avaliação de demanda
Com o intuito de captar informações de pessoas que não são
participantes do Brasil Alfabetizado, os questionários do MDS procuram
averiguar qual a motivação para o indivíduo se alfabetizar.
4) Avaliação de rendimento dos alfabetizandos
Essa avaliação ocorrerá sempre em dois momentos: quando o
alfabetizando inicia o seu processo de letramento e quando sai o programa
Brasil Alfabetizado.
A avaliação de 2005 trouxe resultados importantes que balizaram
mudanças do programa em 2006.
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Proteção contra Abuso,
Exploração e Violência
Objetivo:
Tornar mais efetiva a proteção dos direitos
das crianças e dos adolescentes.
Compromisso III
Compromisso III: Proteção contra Abuso, Exploração e Violência.
Objetivo: Tornar mais efetiva a proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes.
O compromisso III aborda as situações de
abuso moral, físico e sexual, exploração no trabalho
e violência. Condições essas que afetam a parcela
socialmente mais vulnerável da população infantil,
cujos indivíduos não raras vezes integram famílias
desestruturadas e são expostos à vida na rua, o que
os tornam passíveis de serem cooptados pelo crime.
É esta a população infantil que, sem dúvida, necessita de atenção diferenciada por parte do governo e da
sociedade civil.
Este compromisso está dividido em 4 desafios, a saber:
(i)
Apoio à Criança e ao Adolescente em Situação de Vulnerabilidade Social;
(ii) Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalho do Adolescente;
(iii) Combate à Exploração Sexual; e
(iv) Proteção contra a Violação dos Direitos das Crianças e Adolescentes.
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Desafio 1: Apoio à Criança e ao Adolescente em Situação de Vulnerabilidade Social.
Objetivo: Melhorar as condições de vida das crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social
por meio do desenvolvimento de programas voltados à proteção especial de crianças e de adolescentes e da implementação de ações como a transferência direta de renda às famílias, entre outras
iniciativas.
Quadro 01 • Metas.
Indicadores
Metas 2004- 2007
Situação Inicial
1- Apoio à Criança e ao Adolescente em Situação de Vulnerabilidade Social
• Implementação de ações que visam ao
• Número de
crianças e
adolescentes em
abrigos apoiados
pelo Governo
Federal (MAS 2002)
reordenamento dos abrigos, conforme
disposto no artigo 92 do ECA;
• Incentivo e promoção ao desenvolvimento
de ações que visam garantir o direito à
24.000 crianças em abrigos apoiados
convivência familiar e comunitária a todas
pelo Governo Federal
as crianças e adolescentes abrigados,
tais como: fortalecimento dos vínculos
familiares, implementação de modalidades de
abrigamento não institucionais e incentivos à
adoção legal.
• Incentivo e apoio às medidas socioeducativas
• Número de
adolescentes em
conflito com a lei,
cumprindo medida
de privação de
liberdade (SEDH/
IPEA-2002).
• % de unidades
socioeducativas
com espaço
físico inadequado
à proposta
pedagógica
(SEDH/IPEA,
2002)
• Número de
crianças e
adolescentes
protegidos
•
9.555 jovens privados de liberdade
•
•
71% unidades socioeducativas
inadequadas
•
•
em meio aberto;
Ampliação do esforço para que os casos de
tortura, violência e abuso de autoridade sejam
investigados e punidos;
Promoção de esforços para que o Sistema
Socioeducativo assuma os preceitos do
ECA relativos ao respeito, à liberdade,
ao crescimento e ao desenvolvimento do
adolescente interno.
Desenvolvimento de ações para promoção do
reordenamento das unidades socioeducativos
de acordo com a proposta pedagógica prevista
no ECA;
Municipalização das medidas socioeducativas
em meio aberto nos municípios com mais de
200mil habitantes;
Implantação de plantões interinstitucionais
nos municípios com mais de 200 mil
habitantes.
(indicador sem informação)
Em elaboração e implementação de um
programa específico para atendimento
jurídico e social de crianças e
• Cerca de 6.000 crianças e adolescentes
adolescentes em risco de ser vítima
protegidos;
de homicídio ou ameaçados de morte,
•
Implantação de programas de proteção nas
em virtude de envolvimentos com atos
capitais brasileiras mais violentas.
infracionais, testemunhas, informantes
ou conhecedor de prática delituosa ou
infracional, ou, ainda, por conta de sua
condição pessoal
Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente.
Compromisso III
Este desafio responde à necessidade de atuar sobre a realidade das crianças e adolescentes que
vivem em extrema vulnerabilidade social, seja em decorrência da pobreza ou por estarem em conflito com
a lei, sob ameaça ou risco de morte ou em situação de
abandono.
Nesse sentido, o Desafio contempla ações
voltadas: (i) à melhoria do nível de renda e ao fortalecimento das famílias dessas crianças e adolescentes;
(ii) à promoção do protagonismo adolescente; (iii) à
humanização das medidas socioeducativas; (iv) à proteção das vidas e (v) à garantia do direito de crianças
e de adolescentes à convivência familiar e comunitária.
Políticas, Programas e Estratégias
As principais iniciativas relacionadas a seguir formam um conjunto de ações implementadas
pelo Governo Federal objetivando atender as crianças
e adolescentes em situação de vulnerabilidade social,
bem como garantir a convivência familiar e comunitária. São elas:
Melhoria do nível de renda das famílias
pobres
A pobreza tem efeitos particularmente graves sobre a população infanto-adolescente, pois priva-a de muitos de seus direitos, tais como o acesso
à alimentação adequada, à moradia em condições
dignas, à saúde e educação de qualidade e ao próprio
lazer saudável, comprometendo o seu crescimento e
desenvolvimento. As estratégias de redução da pobreza priorizam, assim, a garantia dos direitos desse segmento populacional, buscando, de um lado, fortalecer
a capacidade das famílias e comunidades de proteger
e cuidar de suas crianças e adolescentes e, de outro,
interromper os chamados ciclos de reprodução da pobreza, que tendem a submeter meninos e meninas pobres a esta situação até mesmo em sua vida adulta.
Embora a pobreza que atinge parcela significativa da população brasileira abaixo dos 18 anos
não possa ser compreendida apenas em termos da insuficiência de renda de suas famílias – envolve ainda
aspectos como a falta de acesso a serviços públicos,
por exemplo – ela reflete, no caso do Brasil, desigualdades socioeconômicas que têm entre as suas principais formas de expressão a desproporção gigantesca
entre a renda apropriada pela população pobre e aquela apoderada pelos ricos.
Neste contexto, é alentador o fato de que a
desigualdade social no País, embora persistente, vem
registrando retração nos últimos anos. A comparação
dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE) indica que, entre 2001 e 2004,
o rendimento per capita médio dos domicílios que
compunham o grupo dos 50% mais pobres cresceu
7,3%, com o que os brasileiros nesta condição passaram a apreender 14,1% da massa total de rendimento
domiciliar, enquanto que em 2001 esse percentual era
de 12,7%. De outra parte, a parcela de renda apropriada pelos ricos diminuiu. Para aqueles que formavam o
grupo dos 10% mais ricos houve uma perda de 7,4%
no período, tendo a sua parcela da renda nacional passado de 47,2%, no primeiro ano, para 45,0%, no segundo; já os que constituíam o grupo do 1% mais rico
tiveram uma perda ainda maior, de 9,8%, passando a
se apropriar, em 2004, de 12,8% do rendimento domiciliar total, contra 13,8% em 2001.
Mais significativa, no entanto, foi a redução
da pobreza e da indigência neste período1. Entre 2001
e 2004, a população submetida à condição de pobreza
passou de 33,3% para 30,1%, enquanto os indigentes
passaram de 14,3% para 11,3%. O número de pobres
caiu de modo substancial nos Estados do Sul e do
Centro-Oeste, ao passo que nos Estados do Nordeste
e do Norte a redução foi relativamente pequena, evidenciando que a pobreza ainda é uma característica
marcante da população dessas regiões. Comparandose a situação dos meios urbano e rural, verifica-se que
a taxa de pobreza diminuiu com intensidade parecida em ambas as áreas, embora permaneça como um
fenômeno duas vezes mais intenso no campo que na
cidade.
Dentre os fenômenos que podem explicar
essa dinâmica da indigência, da pobreza e da desigualdade entre 2001 e 2004 citam-se a melhora das
condições da economia brasileira (especificamente
em 2004, quando o PIB cresceu 4,9% - o maior crescimento registrado desde 1994), o aumento real no
1������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
O conceitos de pobre e indigente empregados aqui correspondem, respectivamente, à população com renda domiciliar per capita inferior a ½ salário
mínimo e à população com renda domiciliar per capita inferior a ¼ de salário mínimo.
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valor do salário mínimo e, em especial, as transferências de renda associadas ao Programa Bolsa Família.
No que diz respeito especificamente à transferência de renda, é importante ressaltar que esta é
uma estratégia que possibilita escolhas mais efetivas
para a superação sustentável da situação de pobreza.
De um modo geral, quanto mais grave a situação de
penúria enfrentada, menores são as possibilidades de
se abrir mão dos meios disponíveis para atender às
carências imediatas, mesmo que estes signifiquem
comprometer decisivamente as alternativas futuras
das crianças e dos adolescentes – como ocorre nas
situações de trabalho infantil. A garantia de acesso a
um nível mínimo de renda liberta as famílias da necessidade imediata de sobrevivência a qualquer custo.
Quando associada a investimentos em capacidades
que lhes trarão melhores oportunidades de inserção
social (tais como educação, assistência social e saúde),
cria alternativas para a interrupção do perverso ciclo
de reprodução da pobreza entre gerações, bem como
para a promoção da emancipação dessas famílias. Assim sendo, a transferência do benefício financeiro às
famílias em situação de pobreza contribui para a melhoria das condições de vida de suas crianças e adolescentes, principalmente de sua situação alimentar e
nutricional, como apontam pesquisas desenvolvidas
pelo MDS.
Neste sentido, o Bolsa Família tem destaque
especial no âmbito do Compromisso III do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. Imple-
mentado pelo Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome e contando com a adesão de 5.559
municípios e do Distrito Federal, o Bolsa-Família é
o maior programa de transferência de renda do País,
tendo atingido, em dezembro de 2005, 8,7 milhões de
famílias em todo o País. Por meio dessa iniciativa,as
famílias em situação de extrema pobreza - famílias
com renda domiciliar per capita mensal inferior a
R$50,00 - podem acumular o benefício básico e o variável, chegando ao máximo de R$ 95,00 mensais (R$
50,00 do benefício básico mais R$ 45,00, no máximo
do benefício variável)2 . Já as famílias em situação de
pobreza – famílias com renda domiciliar per capita
mensal entre R$ 50,00 e R$ 100,00 - podem receber
até R$ 45,00 pelo benefício variável. Ressalta-se que
esta transferência é condicionada à freqüência à escola das crianças e adolescentes até 15 anos de idade,
bem como à participação das famílias nos programas
preventivos de saúde pública.
Em 2005, o Programa Bolsa-Família apresentou significativos avanços do ponto de vista da
ampliação da cobertura, da complementação de seu
arcabouço normativo, do aprimoramento de seus processos de gestão3 e da confiabilidade das informações
cadastrais. No que se refere, especificadamente, ao
volume de recursos gastos e ao número de famílias
beneficiadas por meio dos programas de transferência
de renda do Governo Federal, a tabela a seguir permite acompanhar a sua evolução entre os anos de 2002
e 2005.
Tabela 01 •
Programa/Ação
Transferência de
Renda:
2002
2003
2004
2005
(Metas)
2,3 bi
3,36 bi
5,72 bi
6,54 bi
0,57 bi
3,56 mi famíl.
2,43 bi
11,4 mi famíl.
3,22 bi
6,5 mi famíl.
1,70 bi
8,4 mi famíl.
5,44 bi
8,7 mi famíl.
1,10 bi
3 mi famíl.
- Bolsa-Família
0
Programas
remanescentes
2,3 bi
14,6 mi famíl.
Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
O acompanhamento das condicionalidades
de saúde e educação também merece ser salientado,
tanto pelo aumento percentual de crianças e adoles-
centes efetivamente acompanhados quanto pela possibilidade de sua identificação, desde maio/2005, dos
motivos da freqüência escolar inferior a 85%. Essas
2����������������������������������������������������������������
De R$ 15,00 por criança ou adolescente de até 15 anos de idade.
3�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Em decorrência de uma pactuação com 13 governos estaduais e o Distrito Federal, visando à gestão compartilhada do programa em seus territórios,
quatro desses entes federados co-financiam o benefício, o que significa um valor maior transferido para as famílias. Dez municípios, sendo nove capitais,
também participam do co-financiamento do benefício, por meio da integração de seus programas próprios de transferência de renda ao Bolsa Família.
Compromisso III
informações são fundamentais não só para o Bolsa
Família, mas para todos que atuam na promoção da
qualidade de vida, saúde e educação das crianças e
adolescentes brasileiros, que poderão, a partir do
diagnóstico destes dados, melhor planejar ações específicas.
Atenção integral e fortalecimento das famílias
A nova Política Nacional de Assistência
Social, PNAS/2004, e a Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social, NOBSUAS/20054, definiram como público-alvo da proteção básica: as famílias em situação de vulnerabilidade
social.
Consciente de que é indispensável o comprometimento político para o alcance das metas propostas para esse desafio, o Governo Federal lançou o
Programa de Atenção Integral à Família - PAIF, pilar
da Proteção Social Básica, que visa a contribuir para a
efetivação da Assistência Social como política pública garantidora de direitos de cidadania e promotora de
desenvolvimento social, na perspectiva da prevenção
e superação das desigualdades e da exclusão social,
tendo a família como unidade de atenção.
Seus principais objetivos são: (i) promover
o acompanhamento socioassistencial de famílias em
um determinado território; (ii) potencializar a família como unidade de referência, fortalecendo vínculos
internos e externos de solidariedade; (iii) contribuir
para o processo de autonomia e emancipação social
das famílias; (iv) desenvolver ações que envolvam diversos setores, com o objetivo de romper o ciclo de
reprodução da pobreza entre gerações; e (v) atuar de
forma preventiva, evitando que essas famílias tenham
seus direitos violados e recaiam em situações de risco.
O PAIF é implementado por meio dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS, também conhecidos como “Casas da Família”5, localizados estrategicamente em áreas de pobreza. O CRAS
presta atendimento socioassistencial, buscando articular os serviços disponíveis em cada localidade e potencializando a rede de proteção social básica. Cumpre
salientar que segundo a PNAS e a NOB/SUAS, todos
os municípios habilitados em gestão básica ou plena
do SUAS devem ter, no mínimo, 1 CRAS funcionando e um PAIF implantado, tendo em vista o caráter de
universalidade da Proteção Social Básica.
A referência para o dimensionamento do
público-alvo do PAIF é a renda familiar per capita
inferior a ½ salário mínimo. Entretanto, para o correto dimensionamento do público-alvo seria necessário
que houvesse a definição da taxa de vulnerabilidade
social, considerando-se o conceito de “famílias em
situação de vulnerabilidade social”, presente tanto na
PNAS quanto na NOB-SUAS.
A partir da referência adotada, os serviços
de Atenção Integral à Família tinham previsão inicial
de atender a 158.566 famílias. Observa-se que a partir
do mês de agosto de 2005, no entanto, com a aprovação da NOB-SUAS, houve uma expansão considerável do número de CRAS implantados no País, os
quais passaram a referenciar um maior número de famílias, tendo capacidade de atendimento estimada em
cerca de 20% das famílias referenciadas6. A definição
de uma regra para o financiamento dos serviços – que
passou a se dar por meio de um piso básico fixo, de
R$1,80/mês por família referenciada – e a organização dos serviços por níveis de proteção repercutiram
positivamente na abrangência da ação e, conseqüentemente, em um aumento significativo na meta de
atendimento prevista7. Sendo assim, a expansão das
ações em 2005 possibilitou que o número de unida-
4�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Visando a consolidação da política de assistência social em nível nacional, inúmeras inovações no seu modelo de gestão vêm sendo implementadas
por meio do Sistema Único de Assistência Social – SUAS. Este consiste em um modelo descentralizado que visa a regulação e organização, em todo
o território brasileiro, das ações de assistência social, de acordo com a complexidade dos serviços (proteção social básica e especial de média e de alta
complexidade). O sistema funda-se nos princípios da centralidade da família, da participação social e da transferência automática de recursos (fundo-afundo), respeitando-se as especificidades territoriais.
5�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
São unidades estatais sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Assistência Social ou congênere, localizados estrategicamente em áreas de
pobreza.
6�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Cabe esclarecer que famílias referenciadas são aquelas que podem acessar os serviços ofertados nos CRAS, cuja capacidade média de atendimento
é estimada em até 750 famílias/ano. O número de famílias referenciadas por cada CRAS varia de 1666 a 5000, de acordo com o porte do município e
sua taxa de vulnerabilidade.
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Ressalte-se que a expansão do PAIF foi possibilitada pela aprovação de uma emenda ao Orçamento da União aprovada pela Comissão de Seguridade
Social e Familiar no valor de R$7,9 milhões.
87
88
des de atendimento – CRAS, chegasse ao quantitativo de 1.980 (sendo 38 em comunidades quilombolas
e 176 em comunidades indígenas), referenciando-se
cerca de 7,5 milhões de famílias em 1.355 municípios
brasileiros, com capacidade de atendimento de mais
de 1 milhão de famílias. No total foram empregados
na execução do programa cerca de R$ 101,5 milhões,
o que corresponde a 98,25% do orçamento previsto8.
Cumpre destacar, no entanto, que o atendimento não é
exclusivo para famílias com renda per capita inferior
a ½ salário mínimo, mas é preferencialmente destinado a este público.
No entanto, existem 3.849 municípios habilitados que ainda não contam com co-financiamento
do Governo Federal para implantação da ação Atenção Integral à Família. Desta forma, tem-se um contingente significativo de famílias sem atendimento
nesses municípios. Para alcançar a universalização,
que deve ocorrer até 2015, segundo deliberação da V
Conferência Nacional de Assistência Social, é necessário um aumento de meta física de 450 PAIFS ao ano,
considerando a totalidade dos municípios brasileiros.
Em outras palavras, os dados disponíveis indicam que a cobertura, ainda, está abaixo do esperado.
É necessário, por um lado, apoio dos órgãos de planejamento e pesquisa para a construção de indicadores
mais apropriados aos objetivos do Programa, o que
permitirá uma adequada avaliação quanto à cobertura
do público-alvo. Por outro lado, é necessário aporte
de recursos financeiros para a ampliação da cobertura,
de forma a garantir a universalização pretendida pela
PNAS.
Há que se mencionar que a Secretaria Nacional de Assistência Social e a Secretaria Nacional
de Renda de Cidadania, órgãos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, estão conjuntamente desenvolvendo um projeto de elaboração
de metodologia de trabalho com famílias beneficiárias do Programa Bolsa-Família, que seja adequada
às ações pertinentes aos PAIF. Desta forma, pretendese potencializar a ação das equipes do PAIF, promovendo a inserção dos beneficiários em programas e
ações desenvolvidas no território de abrangência dos
CRAS, e acompanhando parte destas famílias.
Box 01 • PAIF.
A SAGI/SNAS, em 2006, prevê uma pesquisa de avaliação
do PAIF que investigará as percepções das famílias beneficiárias
sobre o programa. Dois estudos serão realizados para efetiva
avaliação do programa, sendo que um deles adotará uma
abordagem quantitativa, ao passo que o segundo será qualitativo.
Os resultados estarão disponíveis ao final de 2006, dado que ambos
ocorrerão simultaneamente e terão prazo de execução de quatro
meses. Os objetivos específicos são: (i) conhecer as experiências de
implantação dos Centros de Referência da Assistência Social e do
PAIF, em âmbito nacional; (ii) confrontar a implantação efetiva dos
serviços com as normativas que regulamentam o PAIF e com o Guia
da Proteção Social Básica de 2005; (iii) analisar os fatores que
podem influenciar a prestação dos serviços; detectar a percepção
dos técnicos e usuários sobre os serviços Por estados; (iv) apresentar
subsídios para a melhoria dos serviços e de suas normativas; (v)
apresentar subsídios para a construção de indicadores para avaliar
a efetividade dos serviços. Esta avaliação combinará métodos
quantitativos e qualitativos com a finalidade de se realizar uma
investigação ampla e, ao mesmo tempo, dotada de poder explicativo
e conhecimento profundo desta política e das atuações dos atores
nela envolvidos.
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A execução financeira do programa ficou prejudicada pela não-liberação dos recursos referentes a dezembro de 2005 (limite financeiro)
Compromisso III
Promoção do protagonismo adolescente
No que tange à promoção do acesso à renda e do estímulo ao protagonismo dos adolescentes, o
Governo Federal implementa o Programa Agente Jovem, que visa enfrentar o problema do risco pessoal
e social de adolescentes entre 15 e 17 anos vivendo
em famílias com renda familiar per capita inferior a
½ salário mínimo. Estes adolescentes não apenas por
questões econômicas, mas também de ordem sóciopsicológica - ao trabalho irregular, ao ócio ou ao envolvimento com o crime, encontram-se em situação
de vulnerabilidade. Por meio desta iniciativa, ofertase capacitação profissional e promove-se a atuação
comunitária e a formação para a cidadania desses adolescentes, além de se realizar uma transferência monetária mensal no valor de R$ 65,00 jovem/mês, que
possibilita sua permanência no sistema de ensino.
Em 2005, a nova Norma Operacional Básica
do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS2005) avançou na definição de responsabilidades dos
três entes federados9, prevendo ainda o Piso Composto, que pressupõe o estudo de custos dos serviços para
uma composição mais adequada do financiamento e
a melhoria da qualidade do atendimento. Por meio
desta medida, houve a possibilidade de expansão dos
serviços de 56.963 para 112.528 jovens atendidos no
Programa Agente Jovem, em 1.711 municípios.
Este patamar de atendimento ainda corresponde a uma parcela bastante pequena dos adolescentes entre 15 e 17 anos em situação de risco pessoal e
social. Dados do IBGE/PNAD indicam que, em 2004,
havia um total de 10,3 milhões de brasileiros nesta
faixa etária, ou seja, 5,9% da população; desses, aproximadamente 3,7 milhões viviam em famílias com
renda familiar per capta inferior a ½ salário mínimo e
constituíam, portanto, o público-alvo do programa.
Entretanto, a partir da NOB/SUAS-2005,
além da renda, o conceito mais amplo de “vulnerabilidade social” passou a definir o escopo de ação do
Agente Jovem. Hoje, no entanto, ainda não se dispõe
de um indicador capaz de quantificar a vulnerabilidade social. De fato, atualmente há uma caracterização
precária da situação das crianças e adolescentes brasileiros, com base em indicadores, e das causas dos
problemas que afetam estes segmentos populacionais.
Considera-se que a definição da taxa de vulnerabilidade social deve levar em conta algumas situações
específicas que atinge os adolescentes, tais como: estar fora da escola; ser egresso de programas sociais
e deles haver se desvinculado por ter ultrapassado a
faixa etária de atendimento; estar sob medida protetiva (Art. 101 do Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA); ser morador de grandes cidades, vivendo em comunidades desassistidas e sem perspectivas
de educação e emprego e/ou sujeito à cooptação pelo
tráfico de drogas ou por ele ameaçados; ser portador
de deficiências; ser vítima de exploração no trabalho;
viver em zona rural e/ou em assentamentos rurais ou
em comunidades indígenas ou quilombolas; ser mãe
precoce; viver em lixões ou como catadores de lixo
etc.
Box 02 •Jornal Mural do Projeto Agente Jovem – “Galera
Antenada”.
Em 2005 foi criado e publicado, trimestralmente, o “Jornal Mural
do Projeto Agente Jovem – Galera Antenada”, um jornal-informativo, com
tiragem de 5 mil cópias, distribuído a todos os núcleos socioeducativos de
Projeto Agente Jovem do País. Após uma avaliação e a constituição de grupos
focais, verificamos que esse mecanismo de informação e comunicação tem
possibilitado a troca de experiências entre os jovens de diferentes regiões
do País, possibilitando que educadores e jovens discutam temas relativos à
comunicação, seja na comunidade, na escola ou nas relações familiares. A
tiragem foi ampliada no final de 2005 para 8 mil cópias, uma vez que houve a
ampliação do projeto (hoje são 4501 núcleos atendendo a 112. 536 jovens.
9 ����������������������������������
O dispositivo previsto no art. 6º da
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Portaria 736/04 estabelece que ������������������������������������������������������������������������������������
“o financiamento do projeto é feito com a participação das três esferas de governo,
em regime de co-financiamento. O Governo Federal investe R$1.000,00 (mil reais), ano por jovem, sendo distribuídos em cada grupo de 25 jovens:
Bolsa Agente Jovem – R$ 65,00 jovem/mês; Ação Socioeducacional (Bolsa do Orientador Social, Capacitação e/ou aquisição de material de consumo)
– 4 (quatro) parcelas consecutivas de R$1.375,00 para o atendimento de até 25 jovens.”
89
90
Box 03 • Exposição no Festival de Arte e Cultura.
“Vestidos de vermelho, adolescentes e crianças sobem
ao palco para representar – por meio da dança – as situações
de violência sexual que sofreram, em uma tentativa de quebrar
o silêncio sobre um problema freqüente, mas ainda tabu, na
sociedade brasileira. Em outra apresentação – a peça de teatro
Casa de Farinha –, meninos e meninas revivem seu passado
como trabalhadores do campo e o contato com a casa-grande da
fazenda. Do sertão da Bahia, surge um menino repentista, a contar
as agruras do nordeste, e de Santa Maria (DF), jovens da periferia
de Brasília cantam rap com conclamações a Deus.
O Festival de Arte e Cultura da Assistência Social, cujos
resultados o MDS divulgou nesta sexta-feira (31), traz um panorama
completo da cultura brasileira na ponta extrema do espectro social
brasileiro: a produção artística de crianças e adolescentes que
participam de programas como o Peti (Programa de Erradicação
do Trabalho Infantil), o Sentinela (Enfrentamento ao Abuso e
Exploração Sexual) e o Agente Jovem . Organizado pelo MDS, o
festival recebeu 284 trabalhos de municípios de todas as regiões
do País, compondo um retrato nítido das diferenças étnicas e de
formação cultural (folclore e tradição), bem como do meio em que
reside (urbano ou rural) a jovem população pobre do Brasil.
Do total de expressões artísticas enviadas ao MDS, 204 são
de teatro, dança ou música e 80 são de artes plásticas e literárias.“
(Portal Intranet -MDS)
Humanização das medidas socioeducativas
A Constituição da República de 1988 assegura aos adolescentes com menos de 18 anos de idade
a inimputabilidade penal, o que, longe de incentivar a
irresponsabilidade social e jurídica, implica na compatibilização entre a necessidade de segurança da população e os imperativos de promoção dos direitos do
adolescente em conflito com a lei. As medidas socioeducativas preconizadas pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente, que regulamenta a Constituição, asseguram sanções efetivas e proporcionais à gravidade do
ato infracional, desde aquelas que são cumpridas em
meio aberto até a privação de liberdade. Proporcionam a experiência do limite e da ressocialização positiva a pessoas cujo exercício da liberdade responsável
encontra-se em processo de amadurecimento.
O Governo Federal implementa o Programa de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente
em Conflito com a Lei, que tem como objetivos: (i)
a coordenação das políticas para o setor, (ii) o fortalecimento do sistema de atendimento socioeducativo,
a partir da ampliação e do aperfeiçoamento dos ser-
viços voltados para o cumprimento de medidas não
privativas de liberdade, e (iii) a humanização do atendimento nas unidades de internação.
A execução das medidas socioeducativas
aplicadas aos adolescentes que cometem atos infracionais está sob a responsabilidade dos estados. Recentemente, no entanto, tem-se buscado a municipalização
das medidas de meio aberto, em especial da liberdade
assistida e da prestação de serviços à comunidade,
uma vez que o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente prevê, em seu artigo 88, a municipalização
como um dos princípios da política de atendimento.
Outros atores fundamentais para a implementação do Programa são as organizações não governamentais, com as quais são firmadas parcerias para
o desenvolvimento de determinadas ações, tais como:
(i) projetos de execução de medidas em meio aberto,
articulados com os governos estaduais e municipais,
(ii) capacitações, e (iii) mobilização e defesa técnica
dos adolescentes que cometeram atos infracionais.
Um fator que impacta fortemente no Programa de Atendimento Socioeducativo ao Adolescen-
Compromisso III
te em Conflito com a Lei é o elevadíssimo número
de sentenças judiciais que decretam a internação dos
adolescentes infratores, o que, além de aparentemente
ir de encontro ao que estabelece a Constituição Federal da República e o Estatuto da Criança e do Adolescente10, acaba por provocar a superlotação das unidades de internação e, por conseqüência, o aumento
da freqüência de rebeliões. Tal situação é agravada
pela carência de unidades devidamente aparelhadas
para o atendimento dos adolescentes e pela ausência
de propostas pedagógicas que se ajustem ao atendimento humanizado do adolescente que cumpre medida socioeducativa. Estima-se em 40 mil o número
de adolescentes cumprindo medidas socioeducativas
no País, sendo cerca de 10 mil em regime fechado,
devido à “cultura de institucionalização” anacrônica
referida acima.
Com vistas a propor uma política nacional
para esta área, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança
- Conanda - promoveram um amplo debate que culminou na constituição do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo - Sinase. Muitos estados e
alguns municípios que participaram mais ativamente
do debate já vêm implementando em suas esferas de
atuação as diretrizes aprovadas pelo Conanda.
Firmaram-se no ano de 2005, na área de
atendimento socioeducativo, 44 convênios, tendo
sido repassado por meio deles o montante de R$ 13,9
milhões. Isso permitiu que a ação abrangesse grande
parte do território nacional e possibilitasse o atendimento aos adolescentes em cumprimento de medidas
socioeducativas em várias unidades federativas.
Os resultados obtidos pelo Programa de
Atendimento Socioeducativo do Adolescente em
Conflito com a Lei no ano de 2005 podem ser sintetizados conforme apresentado a seguir:
Capacitação de Recursos Humanos dos Sistemas de Segurança, Justiça e Atendimento ao Adolescente em Conflito com a Lei:
• Capacitação direta de 2.355 (dois mil, trezentos e cinqüenta e cinco) educadores, técnicos e dirigentes;
• Realização programas de capacitação
nos Estados de Roraima, Espírito Santo, Piauí, Bahia,
Goiás, Pará, Amapá, Paraná, Paraíba, Pernambuco,
Acre, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Maranhão;
• Atualização dos juizes, promotores e defensores sobre a temática de aplicação e execução de
medidas socioeducativas;
• Elaboração dos parâmetros para a formação do pessoal do atendimento socioeducativo.
Construção de Unidades de Atendimento
para Adolescentes em Conflito Com a Lei:
• Foram construídas ou reformadas, com
apoio financeiro do Governo Federal, unidades nos
Estados de do Sul, Ceará, Pará, Acre, Tocantins, Alagoas, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais,
Espírito Santo, Goiás, Distrito Federal, Amazonas,
Amapá, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia,
possibilitando a criação de 380 novas vagas para atendimento dos adolescentes com medida socioeducativa
de internação.
Implantação de Serviços de Atendimento a
Adolescentes com Medidas Socioeducativas Não Privativas de Liberdade:
• Cerca de 5.000 (cinco mil) adolescentes
estão sendo atendidos diretamente em cumprimento
de medidas socioeducativas em meio aberto (liberdade assistida e prestação de serviços à comunidade);
• Capacitação de técnicos para o atendimento e a modernização dos serviços;
• Foram implantados cerca de 78 (setenta
e oito) pólos descentralizados de atendimento socioeducativo em meio aberto, nos Estados do Piauí,
Maranhão, Ceará, Pará, Amazonas, Rio Grande do
Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Goiás, Paraíba (Proafe), Amapá, Acre e no Município de
Santos, em São Paulo, para a execução das medidas
socioeducativas em meio aberto;
• Contratou-se a consultoria do Instituto
Brasileiro de Administração Municipal (IBAM) para
avaliação da gestão municipal das medidas socioeducativas em meio aberto e elaboração uma proposta de
modelo de gestão.
Modernização do sistema de atendimento
socioeducativo:
• Foram firmados convênios com instituições dos governos estaduais e municipais e com organizações não-governamentais para a aquisição de
equipamentos destinados ao atendimento em unida-
10���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Ambos instrumentos legais consagram o direito de todas as crianças e adolescentes brasileiros à convivência familiar e comunitária, o que é totalmente inviabilizado pela institucionalização.
91
92
des de internação ou naquelas instituições que operam
no sistema aberto;
• Modernização das delegacias especializadas de atendimento a crianças e aos adolescentes
vítimas e os núcleos especializados das defensorias
públicas;
• Foram desenvolvidos esforços objetivando (i) a remodelação dos projetos apresentados junto
às instituições proponentes, (ii) à efetivação do reordenamento institucional dos sistemas estaduais de
atendimento ao adolescente em conflito com a lei.
Box 04 • A promoção da saúde dos adolescentes cumprindo medidas
socioeducativas.
Na área de saúde, deu-se o processo de implementação das diretrizes, normas,
critérios e fluxos para adesão e operacionalização do serviço de atenção à saúde de
adolescentes em conflito com a lei em regime de internação e internação provisória.
Isso tem sido feito em parceria da SEDH com o Ministério da Saúde.
O processo de implantação das diretrizes tem se concentrado em duas etapas:
um momento inicial de sensibilização dos gestores quanto à necessidade de adesão às
portarias; e, posteriormente, o acompanhamento do processo de elaboração dos planos operativos estaduais que estavam sendo discutidos pelos entes federados.
Como estratégia de sensibilização dos estados e municípios, foram realizadas 13
(treze) oficinas macroregionais que se iniciaram em agosto de 2004 e foram concluídas
em abril de 2005, com o objetivo de dar esclarecimento e detalhamento das normas,
envolvendo os gestores estaduais e municipais da saúde e do sistema socioeducativo,
bem como os conselhos de Saúde e de Direitos da Criança e do Adolescente, de modo a
estabelecer um entendimento uniforme sobre seu conteúdo e modo de implementação.
Além disso, o Ministério da Saúde realizou um convênio com a Escola de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para a avaliação sistemática deste
processo de implementação. São realizadas reuniões bimensais com a presença dos
pesquisadores, da área técnica da Saúde do Adolescente e do Jovem/MS, da Secretaria
Especial de Direitos Humanos e, em algumas vezes, da Secretaria Especial de Políticas
para as Mulheres.
O objetivo desses encontros consistiu em pactuar uma agenda entre os atores, a
qual define as atividades necessárias para a habilitação do ente, as responsabilidades de
cada um, bem como seu cronograma de implementação. Além do mais, foram enviadas
correspondências aos secretários estaduais e municipais de saúde, às coordenações
estaduais e municipais da Saúde do Adolescente e do Jovem, reafirmando a importância
da adesão às normas e reforçando o compromisso firmado na Comissão Intergestores
Tripartite à época de sua aprovação e publicação. Decorrida essa fase de sensibilização,
iniciou-se, em cada estado, o processo de implementação da agenda pactuada, tendo
como principais tarefas: criação de um Grupo de Trabalho responsável pela condução
e acompanhamento da elaboração do Plano Operativo Estadual (POE);, assinatura
do Termo de Adesão; e a discussão das ações nos Conselhos de Saúde e de Diretos da
Criança e do Adolescente e nas comissões intergestores da saúde.
Com base nas informações mais recentes, todos os estados assinaram o Termo
de Adesão e possuem um grupo de trabalho responsável pela condução do processo de
elaboração do POE, sendo que 16 deles estão em processo de discussão das diretrizes
com os municípios, 2 estão em elaboração dos Planos Operativos e 9 já elaboraram
versões preliminares. Todo este processo tem sido acompanhado sistematicamente
pelos técnicos da área da Saúde do Adolescente e do Jovem/MS e da Secretaria
Especial de Direitos Humanos. Percebe-se, no entanto, que em poucos Estados houve
o envolvimento dos conselhos de Saúde e de Direitos da Criança e do Adolescente no
acompanhamento do processo de elaboração do POE.
Outro resultado importante da iniciativa foi à implantação de um projeto piloto
de saúde mental no estado do Paraná iniciado em novembro de 2005 e com previsão de
término da primeira fase em maio de 2006.
Compromisso III
Proteção à vida e garantia de segurança e
adolescentes ameaçados de morte
crianças e adolescentes procuram sua sobrevivência
nas ruas ou são encaminhados para abrigos.
Tendo em vista o crescimento da violência
envolvendo crianças e adolescentes, evidenciada principalmente pelo aumento da mortalidade por causas
externas neste segmento populacional, torna-se fundamental a implementação de programas específicos
que protejam a vida das pessoas deste segmento de
população.
Conforme o registro de informações dos
conselhos tutelares, por meio do Sistema de Informação para a Infância e a Adolescência (SIPIA), dentre
os direitos das crianças e adolescentes aquele referente à convivência familiar e comunitária é comprovadamente o mais violado, do ponto de vista estatístico,
correspondendo a aproximadamente 50% de todas as
notificações.
O Programa de Proteção de Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte está em funcionamento em quatro unidades da federação (Minas Gerais,
Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo) e em processo de implementação no Estado de Pernambuco.
A priorização desses estados deveu-se principalmente
ao aumento da vitimização de crianças e adolescentes
e ao crescimento do número de mortes desses meninos
e meninas por causas externas em seus territórios. Estudos estão sendo realizados para a inclusão de novas
regiões devido ao envolvimento de adolescentes no
tráfico de drogas e à ação de grupos de extermínio.
No âmbito da Subsecretaria de Promoção
dos Direitos da Criança e do Adolescente, criou-se
a Coordenação Geral do Programa de Proteção objetivando facilitar o processo de gerenciamento das
ações, bem como das articulações necessárias para a
implantação do programa em novos estados. Outra
iniciativa relevante na área foi o encaminhamento ao
Congresso Nacional do Projeto de Lei que institui a
proteção especial e cria o Programa Federal de Proteção11.
No ano de 2005, o Programa protegeu 200
crianças e adolescentes e suas famílias, bem como redirecionou o atendimento de outros 100 que procuraram proteção, mas cujas situações relacionavam-se a
risco social e não de morte.
Promoção da Convivência Familiar e Comunitária
Dentre as principais formas de vulnerabilidade a que estão submetidos as crianças e os adolescentes tem-se o enfraquecimento e a ruptura dos
vínculos familiares e comunitários, caracterizando, na
sua forma mais aguda, o que comumente denominase abandono. Provenientes de famílias sem condições
materiais e/ou afetivas para os criarem, milhares de
Além da precariedade socioeconômica das
famílias, problemas relacionais, como violência doméstica, drogadição dos pais e abuso sexual de crianças e adolescentes, contribuem para o seu afastamento do lar, sem falar nas situações de orfandade, em que
se destaca principalmente o problema dos “órfãos da
AIDS”.
Efetivamente, sabe-se que, em 2003, havia
quase 20 mil crianças e adolescentes vivendo nos
abrigos que recebiam recursos do Governo Federal12.
Considerando que os abrigos que recebem recursos
do Governo federal são a minoria absoluta, pode-se
estimar que mais de 100 mil crianças e adolescentes
vivem hoje em abrigos no Brasil. Alem disso, estimase entre 10 e 15 mil o número de crianças e adolescentes morando nas ruas das grandes cidades brasileiras.
Enquanto medida de proteção, de acordo
com a lei, o “abrigo em entidade” deveria ser provisório e excepcional, o que não se confirma na realidade. Do total de crianças e adolescentes abrigados nas
instituições que recebiam recursos federais em 2003,
52,6% estavam submetidos à medida por mais de 2
anos, o que demonstra a falha do sistema de abrigamento enquanto forma de transição para uma família
substituta.
O enfrentamento do problema do abandono de crianças e adolescentes, para além da necessária política de transferência de renda que vem sendo
implementada pelo Programa Bolsa-Família, passa
também pelo diagnóstico precoce das situações de
vulnerabilidade e pela atenção psicossocial adequada
às famílias vulnerabilizadas, compreendendo, ainda,
processos em curso de reordenamento dos abrigos, de
fomento de alternativas ao acolhimento institucional
e de regulamentação dos procedimentos para a adoção de crianças e adolescentes, bem como mudanças
11�������������������������������������������������������������������������
O PL encontra-se em tramitação naquela Casa sob o número 5.243, de 2005.
12������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Pesquisa encomendada pelo Conanda e pela SEDH ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e publicada em dezembro de 2004 estudou
um universo de 589 abrigos que recebiam recursos da área federal (Rede SAC). A pesquisa constatou a presença de 19.373 crianças e adolescentes
abrigados, 24,1% deles em razão de carência de recursos materiais da família.
93
94
culturais e atitudinais de todos os atores institucionais
envolvidos e da sociedade de forma geral.
A coordenação política da área que busca
promover o direito à convivência familiar e comunitária para crianças e adolescentes é compartilhada entre
o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS) e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH) e envolve uma série de ações afetas a
vários órgãos, nas três esferas de Governo.
Ao longo do ano de 2005 foram desencadeadas medidas que possibilitaram o aprimoramento
das ações nessa área, dentre as quais pode-se destacar: (i) a adoção de nova sistemática de repasse de
recursos do Governo Federal para estados e municípios por meio de pisos de atenção, no âmbito do Sistema Único de Assistência Social, o que possibilita a
destinação adequada de recursos conforme a natureza
e complexidade do serviço; (ii) o início da etapa de
coleta de dados da Pesquisa de Entidades da Assistência Social, pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), que propiciará diagnóstico dos
serviços desenvolvidos e possibilitará o seu reordenamento; e (iii) a extinção da exigência de apresentação da Certidão Negativa de Débito (CND) por parte
dos municípios como requisito para recebimento do
recurso federal, o que propiciou a não interrupção do
atendimento e evitou a queda na qualidade dos serviços prestados.
Houve ainda o desenvolvimento e conclusão dos trabalhos da Comissão Intersetorial para Promoção, Defesa e Garantia do Direito de Crianças e
Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária,
coordenada pelo MDS e SEDH, e que contou com a
participação dos principais órgãos federais afetos à
área, dos órgãos representativos de gestores da Assistência Social nas esferas estadual e municipal, de
conselhos, de entidades da sociedade civil, de representantes do Judiciário e do Legislativo e do Fundo
das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
A Comissão encerrou suas atividades em
abril de 2005, apresentando subsídios ao Conselho
Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
(Conanda) e ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) para a formulação de um Plano Nacional
de Promoção, Defesa e Garantia do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (PNCFC), situando a questão dos abrigos no
contexto maior do direito à convivência familiar e
comunitária.
O PNCFC, em discussão nesses dois conselhos, traz uma mudança de paradigma no atendimento
a crianças e aos adolescentes em situação de abrigamento, ressaltando a centralidade da família em todos
os níveis do atendimento, traduzida em preocupações
quanto: à preservação dos vínculos familiares; à inibição da institucionalização indevida, pelo provimento de apoio sociofamiliar adequado, em consonância
com a PNAS e com o SUAS; à criação de alternativas à institucionalização, como a proposição de uma
política de acolhimento familiar; a excepcionalidade
e provisoriedade da medida de abrigo em entidade;
à agilidade e empenho na adoção de crianças e adolescentes que comprovadamente perderam qualquer
condição de permanência nas famílias naturais, especialmente nas chamadas “adoções difíceis” (de crianças acima de 7 anos, de portadores de deficiência, de
negros, de grupos de irmãos, de portadores de HIV,
entre outros).
Embora sejam identificados avanços substantivos, existem medidas que ainda devem ser implementadas para garantir o aprimoramento dos serviços por estados às crianças e aos adolescentes em
situação de abandono. Cita-se, por exemplo, a necessidade de se regular esses serviços e de incrementar
os recursos destinados à manutenção e ao reordenamento da rede de abrigos, oferecendo condições institucionais e trabalho profissional especializado para
acolher os usuários em padrões de dignidade, até que
seja possível sua reintegração familiar ou colocação
em família substituta. Em outras palavras, o abrigo
deve ser capaz de garantir o atendimento personalizado e em pequenos grupos, o convívio familiar e comunitário e a utilização dos equipamentos e serviços
da comunidade. Outra medida importante diz respeito
à intensificação do investimento em modalidades de
atendimento mais condizentes com a defesa do direito à convivência familiar e comunitária e que prestem atendimento individualizado, tais como Famílias
Acolhedoras13 e Casas-Lares14.
13� Modalidade de atendimento que oferece acolhimento na residência de famílias cadastradas, selecionadas, capacitadas e acompanhadas para receber
crianças e/ou adolescentes em situação de abandono, sem família ou impossibilitadas de conviver com a mesma.
14 Modalidade de atendimento oferece acolhimento em residência para grupos de usuários (crianças e adolescentes, idosos, adultos com deficiência)
com pessoal habilitado para auxiliar nas atividades diárias / cuidadores residentes no local, treinados e supervisionados por equipe técnica capacitada.
Esse tipo de atendimento visa estimular o desenvolvimento de relações mais próximas do ambiente familiar, promover hábitos e atitudes de autonomia e de interação social com as pessoas da comunidade. Com estrutura de uma residência privada, deve receber supervisão técnica e localizar-se em
áreas residenciais da cidade e seguirão o padrão-sócio econômico da comunidade onde estiverem inseridas. Podem estar distribuídas tanto em um
terreno comum, quanto inseridas, separadamente, em bairros residenciais.
Compromisso III
No âmbito da gestão, é necessário estruturar
o Sistema Nacional de Informação da Assistência Social, de modo a possibilitar o diagnóstico, o monitoramento e a avaliação da proteção desenvolvida e de
sua cobertura, bem como da inclusão social promovida. Finalmente, um aspecto essencial a ser observado
refere-se ao incremento da articulação com as demais
políticas sociais no desenvolvimento das ações envolvidas no atendimento a crianças e adolescentes em
situação de abandono, de natureza eminentemente
intersetorial.
Box 05 • Atenção às crianças e aos adolescentes privados dos cuidados parentais.
A preocupação com o enfrentamento do abandono e com a promoção do direito à convivência
familiar e comunitária extrapola as fronteiras do País e é um tema que vem sendo discutido pelo
Comitê dos Direitos da Criança da ONU, com tendência à criação de uma normativa internacional
específica para a atenção às crianças e aos adolescentes privados dos cuidados parentais. Nesse
sentido, a partir de uma articulação com o UNICEF, o Governo brasileiro ofereceu-se, no final do ano
de 2005, para sediar no Brasil, em 2006, uma “reunião de especialistas” convidados pelo Comitê,
que estão elaborando um conjunto de recomendações, dirigidas aos Países membros da ONU, no
sentido da implementação de ações que objetivem minorar o problema.
O Programa Segundo Tempo do Ministério
do Esporte, ainda, que não tenha sido contemplado
dentre as ações de monitoramento do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente, destaca-se
como uma iniciativa que, também, contribui para a
melhoria de vida das crianças e dos adolescentes em
situação de vulnerabilidade social. Visto que o esporte
é uma ferramenta capaz de promover mudanças relacionadas à injustiça, à exclusão e à vulnerabilidade.
O Programa Segundo Tempo atende os
alunos matriculados no ensino público fundamental
e médio, e prioriza aqueles cujas famílias possuem
renda per capita de até ½ salário mínimo. Há que se
ressaltar que, desde 2003, quando da emissão da Por-
taria Conjunta MEC/ME, ampliaram-se as atividades
do Programa, que passaram a incluir o contra-turno
escolar, de caráter extracurricular, para o desenvolvimento de atividades esportivas monitoradas, acompanhadas de reforço alimentar e de atividades de caráter
educativo mais geral, visando a reduzir a exposição
de situações de risco social às crianças e aos adolescentes.
Seu principal objetivo é: “democratizar o
acesso à prática e à cultura do esporte como instrumento educacional, visando ao desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens, como meio
de formação da cidadania e melhoria da qualidade de
vida”.
Box 06 • Experiências exitosas.
A implantação do Programa Segundo Tempo na cidade satélite de Recanto das Emas, em
Brasília, provocou uma pequena revolução na vida de 140 jovens carentes. Dos 72 alunos que
freqüentam as atividades esportivas oferecidas pelo Programa, 83% foram aprovados nos estudos
em 2003. Um total de 60 estudantes foram aprovados com notas satisfatórias, incluindo 18 jovens
reprovados em 2002 e que foram atraídos pelo programa do Ministério do Esporte .
Um exemplo do resultado positivo do Segundo Tempo é o caso do estudante Valdinei Marques,
15 anos, repetente da 3ª série do Ensino Fundamental por três anos consecutivos. Ele tinha dificuldade
de relacionamento com colegas e monitores e as causas de seu baixo rendimento escolar nunca
tinham sido detectadas.
Nas atividades extra-curriculares oferecidas pelo Programa, a coordenadora do Segundo
Tempo, a professora de Educação Física Sofia Borges identificou que o aluno estava na 3ª série mas
não sabia ler. Durante as aulas de canto o adolescente apenas mexia os lábios imitando os colegas,
fingindo estar lendo o texto com as letras de música. Isso permitiu o encaminhamento do aluno para
às aulas de reforço e hoje ele já está alfabetizado e em condições de freqüentar as aulas.
Seu comportamento na comunidade melhorou bastante e o menino, que antes tinha um
comportamento rebelde, hoje é um dos alunos mais assíduos das aulas de futebol Programa, onde
continua recebendo reforço escolar e alimentação.
95
96
Desafio 2: Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalho do Adolescente.
Objetivo: Desenvolver ações que visam a dar continuidade à erradicação das formas ilegais de trabalho infantil.
Quadro 02 • Metas.
Indicadores
Situação Inicial
Metas 2004 - 2007
2- Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalho do Adolescente
• % de crianças
8,52% crianças e adolescentes de 5 a 15 • Combater todas as formas de trabalho
e adolescentes
anos trabalhando em 2001
infantil como definido na convenção nº
na faixa etária
(IBGE/PNAD)
182 da OIT, por meio de implementação
de 5 a 15 anos
de ações de fiscalização para a erradicação
que estavam
do trabalho infantil;
trabalhando em
• Promoção de campanhas de
2001
conscientização e de programas de
transferência direta de renda às famílias
com filhos na faixa etária de 5 a 14 anos
submetidos a trabalhos caracterizados
como “piores formas de trabalho
infantil”, promovendo o retorno dessas
crianças e adolescentes à escola;
Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente.
O trabalho infantil é um tipo de violação de
direitos humanos de crianças e adolescentes que se
constitui em um desafio, tanto para o governo, quanto
para a sociedade. Dentre as principais razões que justificam as ações públicas de erradicação do trabalho
infantil está a constatação de que este pode comprometer a saúde física e repercutir negativamente sobre
o desenvolvimento psicossocial de crianças e adolescentes, na medida em que exige responsabilização e
maturidade precoces. A situação de vulnerabilidade
social na qual se encontram crianças e adolescentes
que têm seus direitos violados pela exploração no
trabalho é, ainda, geradora de situações que podem
contribuir para elevar o índice de morbidade infantil,
principalmente naquelas situações de trabalho insalubre, degradante e perigoso.
No cenário sócio-histórico e cultural em que
se insere a problemática do trabalho infantil, pode-se
enumerar diversos fatores que ensejam a ocorrência
desse fenômeno social, tais como: a baixa renda familiar associada a altos índices de desemprego e os
elementos que permeiam o imaginário popular, envolvendo questões culturais, dentre as quais a da inserção
precoce no trabalho como princípio fundamental para
a formação do indivíduo, observada, sobretudo, quando se trata de crianças e de adolescentes situados nas
camadas de baixa renda.
A despeito da prática social, a Constituição de 1998, após a aprovação da Emenda nº 20, de
15 de dezembro de 1998, determina que é proibido
o trabalho a menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, ressalvando-se a condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Vale destacar
que, neste ponto, a legislação brasileira diferencia-se
da Convenção Internacional nº 138 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), a qual permite o trabalho de jovens a partir dos 15 anos de idade, exceto
para as atividades especificadas na Convenção nº 182,
que trata das chamadas “piores formas do trabalho infantil”, tais como escravidão, prostituição, tráfico de
drogas e outras atividades que prejudiquem a saúde, a
moral ou a segurança das crianças.
Compromisso III
Dados de Contexto
O principal indicador para as ações de combate ao trabalho infantil é o percentual de crianças e
adolescentes na faixa etária de 5 a 15 anos que trabalham. A Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD) apurou que, em 2004, 2 milhões e 565
mil crianças e adolescentes nessa faixa etária estavam
ocupados na semana de referência da pesquisa15. Desse contingente, 227 mil indivíduos pertenciam ao grupo de crianças de 5 a 9 anos de idade (8,9% do total
de ocupados); 1 milhão e 571 mil (61,3%), ao grupo
com idade entre 10 e 14 anos e 766 mil (29,9%) eram
adolescentes de 15 anos.
Os dados da última edição da PNAD revelam que a percentagem de crianças e adolescentes que
trabalhavam decresceu no período de 2001 a 2004.
Em 2001, 8,52% das crianças e adolescentes com idade entre 5 e 15 anos trabalhavam. Essa parcela era de
7,5%, no ano de 2003. Em 2004, o percentual foi de
6,9% desse segmento etário.
Pela ótica da desocupação, a PNAD registrou que um total de 386 mil crianças e adolescentes
com idade entre 5 e 15 anos procuravam trabalho na
semana de referência da pesquisa. Desse conjunto,
176 mil estavam na faixa etária de 10 a 14 anos de
idade e 209 mil tinham 15 anos.
Assim, a população economicamente ativa
(ocupados e desocupados) na faixa etária de 5 a 15
anos atingia 2 milhões e 952 mil crianças e adolescentes em 2004. Nesse mesmo ano, a PNAD apurou
que a PEA total do País (todas as faixas etárias) era de
pouco mais de 91 milhões de pessoas16.
O nível da ocupação (parcela dos ocupados
na população das respectivas faixas etárias selecionadas) foi de 1,5% no grupo etário de 5 a 9 anos e de
10,1% no de 10 a 14 anos e 22,1% para aqueles com
15 anos. Nesses segmentos etários, a atividade agrícola detinha a maioria dos ocupados. Do grupo de 5 a
9 anos, 75% dos ocupados trabalhavam em atividades
agrícolas. Entre os adolescentes de 10 a 14 anos, o
percentual era de 59,1% dos ocupados. A PNAD/2004
observou que o número de crianças e adolescentes
envolvidas em atividades agrícolas decrescia com o
aumento da idade. Outra característica dos ocupados
com idade entre 5 a 14 anos é a predominância do trabalho não remunerado em ajuda a empreendimentos
de familiares; nas faixas etárias seguintes predomina
o assalariamento sem carteira de trabalho assinada.
Tabela 02 •Ocupados, segundo faixa etária, Brasil – 2002 a 2004.
Faixa Etária
Total
2002
Ocupados
2003
2004
Variação
2002-2004
79.241.367
80.374.406
83.044.703
3.803.336
de 5 a 15 anos
3.014.834
2.730.831
2.565.778
-449.056
16 e 17 anos
2.473.761
2.394.624
2.436.166
-37.595
de 18 a 24 anos
14.134.587
14.189.535
14.556.403
421.816
de 25 anos ou mais
59.606.609
61.042.144
63.482.477
3.875.868
Fonte: IBGE/PNAD. Tabela elaborada por CGET/SPPE/DES/TEM.
Nota: Exclusive a população rural da região Norte (RO, AC, AM, RR, PA e AP).
15����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Embora em 2004 a PNAD tenha contemplado informações relativas ao trabalho na área rural das unidades da federação da Região Norte, para fins
de comparação com os resultados de anos anteriores da pesquisa, a população rural da Região (AC, AM, AP, PA, RO e RR) foi desconsiderada neste
documento.
16������������������������������������������������������������������������������������
O número não considera a População Rural da Região Norte (RO, AC, AM, RR, PA e AP).
97
98
Tabela 03 •Desocupados, segundo faixa etária, Brasil - 2002 a 2004.
Faixa Etária
Total
Desocupados
2002
2003
Variação
2004
2002-2004
7.958.482
8.639.964
8.218.253
259.771
de 5 a 15 anos
449.776
393.599
386.524
-63.252
16 e 17 anos
735.383
760.068
778.746
43.363
de 18 a 24 anos
2.887.232
3.123.513
3.006.055
118.823
de 25 anos ou mais
3.886.091
4.361.715
4.046.928
160.837
Fonte: IBGE/PNAD. Tabela elaborada por CGET/SPPE/DES/TEM.
Nota: Exclusive a população rural da região Norte (RO, AC, AM, RR, PA e AP).
Entre os anos de 2002 e 2004 houve significativo decréscimo da participação de crianças e adolescentes na força de trabalho. A PNAD apurou que,
em 2002, 3 milhões e 464 mil crianças e adolescentes
com idade entre 5 a 15 anos integravam a população
economicamente ativa. Dois anos depois, o total para
o mesmo grupo etário era, como já se afirmou anteriormente, de 2 milhões e 952 mil indivíduos , o que
significa diminuição de 512 mil pessoas neste grupo
etário, que deixam de integrar a força de trabalho em
razão, sobretudo, da redução de 449 mil ocupados
entre 2002 e 2004, ainda que tenha havido decrésciGráfico 1
mo também entre os desocupados (da ordem de 63
mil)17.
Ao se desagregar os dados, é possível perceber que, entre 2002 e 2004, ocorreram diminuições
do número de ocupados em todos os grupos etários
analisados. No grupo com idade entre 5 e 9 anos, o
número de ocupados diminuiu em 54.509 crianças; no
de 10 a 14 anos, em 311 mil crianças e adolescentes
e, para os que tinham 15 anos, a redução foi da ordem
de 83.031 adolescentes.
Crianças e Adolescentes Ocupadas, segundo idade
Brasil 2002-2004.
2002
2.000.000
1.800.000
1.600.000
1.400.000
1.200.000
1.000.000
800.000
600.000
400.000
200.000
0
de 5 a 9 anos
de 10 a 14
anos
2003
2004
15 anos
Fonte: IBGE/PNAD. Gráfico elaborado pelo Observatório do Mercado de Trabalho - OMT/MTE.
17�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
No mesmo período, o total de crianças de 5 a 9 anos residentes aumentou em 354 mil pessoas. No grupo etário de 10 a 15 anos, houve decréscimo
no número de residentes, da ordem de pouco mais de 131 mil adolescentes.
Compromisso III
Para compreender melhor o problema do
trabalho infantil, e os desafios que ele apresenta,
é preciso ter em perspectiva que a maior parte das
crianças e adolescentes entre 5 e 15 anos de idade que
trabalhavam em 2004 atuavam em empreendimentos
de seus familiares (classificando-se como trabalhador
remunerado membro da unidade domiciliar; trabalhador na produção para o próprio consumo e trabalhaGráfico 2
dor na construção para o próprio uso). No segmento
de 5 a 9 anos de idade, quase 67% (153 mil crianças)
eram trabalhadores não remunerados, membros de
uma unidade domiciliar que produz para o mercado.
Outros 20% (45 mil) exerciam atividades de produção para o consumo de suas famílias. Observa-se que
nessa faixa etária 93,5% das crianças freqüentavam a
escola.
Crianças de 5 a 9 anos Ocupadas por Posição na Ocupação
Brasil 2002-2004.
2002
2003
2004
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
Trabalhador Trabalhador Conta Própria
Não
na Produção
Remunerado para o Próprio
Membro da
Consumo
Unidade
domicilar
Empregado
Outro
Trabalhador
Não
Remunerado
Trabalhador
Doméstico
Trabalhador
na
Construção
para o Próprio
Uso
Fonte: IBGE/PNAD. Gráfico elaborado pelo Observatório do Mercado de Trabalho - OMT/MTE.
Entre as crianças e os adolescentes com idade entre 10 e 14 anos também predominava o trabalho não remunerado de ajuda nos empreendimentos
familiares e/ou de produção para consumo próprio. A
Gráfico 3
PNAD detectou, no entanto, que 298 mil indivíduos
dessa faixa estavam ocupados na condição de assalariados sem vínculo formal, em empreendimentos
informais de menor porte, em geral.
Posição na Ocupação de Crianças e Adolescentes de 10 a 14 anos
Brasil 2002-2004.
2002
2003
2004
1.200.000
1.000.000
800.000
600.000
400.000
200.000
0
Não
remunerado
Empregado
sem carteira
Trabalhador Conta-própria
na produção
para o próprio
consumo
Trabalhador
Trabalhador
doméstico na construção
sem carteira para o próprio
uso
Fonte: IBGE/PNAD. Gráfico elaborado pelo Observatório do Mercado de Trabalho - OMT/MTE.
Empregado
com carteira
99
100
A elevada percentagem de adolescentes que
não freqüentam a escola deve ser levada em consideração na análise das causas do trabalho infantil. No
País, 8,9% do contingente de crianças e adolescentes
de 5 a 17 anos de idade não estavam freqüentando a
escola em 2004. Enquanto no grupo de 5 a 14 anos
de idade esse percentual era de cerca de 7%, entre os
adolescentes de 15 anos o percentual chega próximo
a 19%.
Gráfico 4
Razões que contribuem para explicar a existência do trabalho infantil (como a insuficiência de
renda) podem ser pertinentes para esclarecer também
o fato de um elevado percentual de adolescentes não
freqüentar a escola. Por sua vez, medidas que favoreçam a permanência de crianças e adolescentes no sistema de ensino, de modo que possam completar pelo
menos 12 anos de escolaridade, poderão contribuir
para diminuir o número de crianças e adolescentes
enredados no trabalho infantil.
Porcentagem de Crianças e Adolescentes Que Não Freqüentavam a Escola por Faixa
Etária. Brasil 2002-2004.
2002
2003
2004
40,0
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 anos
Fonte: IBGE/PNAD. Gráfico elaborado pelo Observatório do Mercado de Trabalho - OMT/MTE.
No que se refere ao trabalho do adolescente, é preciso considerar que nesta categoria estão envolvidos meninos e meninas entre 14 e 17 anos. Os
adolescentes de 14 e 15 anos são alvos não apenas das
ações de fiscalização que visam à erradicação do trabalho infantil (sempre que seu trabalho não for exercido com o status de aprendiz, fica caracterizado uma
situação ilegal de trabalho infantil), mas também das
ações de fiscalização das condições de seu trabalho
enquanto aprendizes. Nesse último caso, a fiscalização
se destina a regularização de sua situação trabalhista e
para a identificação de locais e serviços considerados
perigosos ou insalubres para menores de 18 anos.
Os dados da PNAD indicam que, em 2004,
no grupo etário entre 14 e 15 anos havia total de 1,3
milhões de adolescentes trabalhando18. Já no grupo
entre 16 e 17 anos, que de acordo com a Constituição,
podem trabalhar, a não ser em trabalho noturno, pe-
rigoso ou insalubre, este número era de 2,4 milhões.
Quanto à desocupação, para a primeira faixa etária os
desocupados somavam 309,8 mil adolescentes e para
a seguinte este número era de 778,7 mil. Somados os
dois números, tem-se que a população economicamente ativa na faixa etária de 14 a 17 anos atingia 4,8
milhões de adolescentes em 2004, o que representava
5,3% da PEA total do País (de cerca de 91 milhões de
pessoas).
Esses adolescentes estavam majoritariamente ocupados no setor informal da economia
(69,2%), muitos deles sem receber remuneração pelo
seu trabalho (29,6%) – em grande medida por serem
as suas atividades desenvolvidas no âmbito de pequenos negócios familiares. Cerca de 1,3 milhão desses
adolescentes (34,3% do total) trabalhavam em atividades agrícolas, enquanto 21,5% atuavam no ramo do
comércio e reparação. Os dados indicam ainda que
18���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Para efeito de complementação aos dados apresentados sobre o trabalho infantil, que incluem os anos de 2002 a 2004, foram excluídos da análise do
trabalho do adolescente aqui apresentada (referente apenas ao ano de 2004) os meninos e meninas trabalhadores do Norte rural, que não eram contabilizados nas edições anteriores da PNAD.
Compromisso III
esses adolescentes trabalhadores se distribuíam regionalmente da seguinte forma: 36,5% deles estavam no
Sudeste, 32,7% no Nordeste, 17,2% no Sul, 7,7% no
Centro-Oeste e 5,9% na região Norte.
Seguindo a tendência dos demais grupos
etários abaixo dos 18 anos, os adolescentes entre 14 e
17 anos também viram sua participação no mercado
de trabalho decrescer entre 2002 e 2004, período em
que ocorreram diminuições do número de ocupados
em todos os grupos etários analisados. Especificamente no grupo com idade entre 16 e 17 anos, a redução no número de ocupados foi da ordem de 37,5 mil
adolescentes.
Para o total de 13,8 milhões de adolescentes
brasileiros de 14 a 17 anos identificados pela PNAD
em 2004, 85% freqüentavam a escola; desses uma
parcela significativa (31,2%) estudava e trabalhava
ao mesmo tempo. De outra parte, 1,2 milhão de adolescentes trabalhadores não freqüentavam a escola, o
que correspondia a 23,8% do total. A situação mais
preocupante era a dos cerca de 935 mil adolescentes
brasileiros nesta faixa etária (ou seja, 6,75% do total)
que não estudavam nem trabalhavam, estando mais
expostos ao ócio, à violência e à cooptação pelo crime.
Programas, Políticas e Estratégias
Combate ao trabalho infantil
No âmbito deste desafio, o Governo Federal
tem como um de seus objetivos o desenvolvimento de
ações que visam dar continuidade ao combate ao trabalho infantil. Para alcançar esse objetivo, o Governo
desenvolve o Programa Erradicação do Trabalho Infantil - PETI, intensificando as ações de fiscalização,
de promoção de campanhas de conscientização e de
ampliação do acesso à escola e às atividades socioeducativas e de convivência. Vale ressaltar que as
ações congregadas neste desafio são de caráter intersetorial, sendo sua implementação compartilhada entre o MDS (órgão gestor do PETI), o Ministério do
Trabalho e Emprego – MTE e a Secretaria Especial
de Direitos Humanos.
O PETI destina-se a atender famílias com
filhos menores de 16 anos de idade retirados do trabalho infantil. As duas ações principais do PETI são:
(i) a concessão da Bolsa Criança Cidadã às famílias,
como forma de complementação da renda familiar
para a retirada de crianças e adolescentes do trabalho,
no valor per capita de R$ 40,00 para a área urbana
e de R$ 25,00 para a área rural; e (ii) a inserção e
manutenção das crianças nas ações socioeducativas e
de convivência (jornada ampliada) no horário extraescolar, mediante o repasse às prefeituras do valor per
capita de R$ 10,00 para a área urbana e de R$ 20,00
para a área rural19.
As ações socioeducativas objetivam resgatar a auto-estima e cidadania dos seus beneficiários.
Para tanto, desenvolvem-se com crianças e adolescentes atividades pedagógicas, culturais, lúdicas e
artísticas a partir de uma proposta especificamente
formulada para o programa. Em relação às famílias,
as atividades têm como objetivo trabalhar a inclusão
social, autonomia e emancipação.
É inegável o importante papel que o Programa tem tido no enfrentamento do problema no
País. Em 2004, o PETI atendeu 930.804 mil crianças e adolescentes de 7 a 15 anos de idade, em 2.788
municípios. Em 2005 este número foi ampliado para
1.010.057 crianças e adolescentes, em 3.312 municípios brasileiros20. Em 2006, a partir da integração
com o Programa Bolsa-Família, a previsão é que o
PETI atenda 3.200.000 crianças/adolescentes.
De fato, uma importante iniciativa no sentido de fortalecer o PETI foi a decisão de integrá-lo
ao Programa Bolsa-Família. Os principais objetivos
pretendidos com a medida foram: racionalização e
aprimoramento dos processos de gestão do Bolsa-Família e do PETI; ampliação da cobertura do PETI e,
portanto, do atendimento de crianças e adolescentes
em situação de trabalho infantil; extensão das ações
socioeducativas e de convivência oferecidas no PETI,
com o intuito de atender também crianças e adolescentes do Bolsa-Família em situação de trabalho infantil; e, finalmente, universalização do Bolsa-Família, respeitando os critérios de elegibilidade.
Em 2005, realizou-se encontro nacional dos
coordenadores estaduais do PETI e do Programa Bolsa-Família, o qual contou também com a participação
dos coordenadores do PETI nas capitais, do Ministro
Patrus Ananias e representantes do UNICEF, OIT, Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Traba-
19���������������������������������������������������
Estes valores serão unificados em R$20,00 em 2006.
20����������������������������������������������������������������������������
Para efetivar este atendimento foram aplicados um total de R$532,9 milhões.
101
102
lho Infantil, Fundação Abrinque, ANDI - Agência de
Notícias da Infância - e Ministério Público do Trabalho. Estas entidades, que participaram da criação do
PETI em 1996, têm contribuído com o processo de
aperfeiçoamento do Programa. A proposta de integração PETI/Bolsa-Família foi aceita por tais entidades,
que destacaram a necessidade de aperfeiçoar o acompanhamento e avaliação das ações.
Realizou-se, em 2005, o “Levantamento dos
Usuários do PETI”, cujos objetivos foram estabelecer
um cadastramento e obter um perfil das crianças e adolescentes beneficiárias do programa junto a todas as
prefeituras que o implementam. O Levantamento recebeu e consolidou informações de 2.011 municípios
- o que representava 72% do total de 2.788 municípios
que participavam do programa em 2005 -, coletando
dados referentes a 568.608 crianças, o equivalente a
61% do número total de bolsas disponibilizadas.
A partir da análise das informações coletadas, verifica-se, por exemplo, uma concentração de
beneficiários cursando a 1ª e a 2ª séries do ensino fundamental ao ingressar no PETI (48%). Já para a série
cursada em 2004, os beneficiários se distribuem de
forma mais uniforme, concentrando-se entre a 2ª e a
4ª séries do ensino fundamental (51%). Esses dados
permitem ressaltar a hipótese de que o programa pode
estar causando efeitos positivos no progresso escolar
dos beneficiários.
As informações relativas ao setor de trabalho das crianças antes de ingressar no programa indicam que 44% dos beneficiários são provenientes da
“Agricultura e Serviços relacionados”. Destacam-se
também as atividades relacionadas às categorias de
“Comércio Ambulante (12%)”, “Serviço Doméstico
(7%)” e “Coleta de lixo (6%)”, distribuindo-se o restante por outras variadas atividades de menor incidência.
O Levantamento revelou ainda que apenas
22% das famílias entrevistadas recebiam seus recursos de transferência de renda pela Caixa Econômica
Federal, ao passo que 78% os recebiam via prefeitura.
O problema é que a transferência de recursos entre
os Fundos Nacional e Municipal de Assistência Social tende a ocasionar atrasos nos pagamentos, pouca transparência no processo e estrangulamentos na
eficiência do programa. O Levantamento explicitou,
assim, a premência da inclusão das famílias do PETI
no Cadastro Único dos Programas Sociais, o que
constitui requisito para que a Bolsa Criança Cidadã
possa ser repassada diretamente à família beneficiária, sem a intermediação das prefeituras . Desta forma, a inclusão das famílias beneficiárias do PETI no
Cadastro Único tornou-se uma diretriz prioritária do
programa.
É importante destacar que a Secretaria Nacional de Assistência Social – SNAS/MDS – passou
a desenvolver, desde 2005, iniciativas voltadas ao
aperfeiçoamento das ações socioeducativas, a partir
da compreensão de que as ações para a erradicação do
trabalho infantil, para serem efetivas, não podem se
restringir à transferência de renda. As ações também
devem propiciar às crianças e aos adolescentes a ampliação do universo de informações, o acesso a meios
que propiciem o desenvolvimento de suas potencialidades, o desenvolvimento de habilidades pessoais, de
formas de expressão e ludicidade, a identificação de
situações comuns para a busca de soluções coletivas,
e o exercício da cidadania, de sociabilidades, e o sentimento de pertencimento a um grupo social.
Para a reconstrução da proposta pedagógica que passará a nortear o desenvolvimento das ações
socioeducativas e de convivência, o MDS tem considerado como princípio fundamental o respeito à diversidade e às especificidades das regiões nas quais
são desenvolvidas as ações do PETI, nomeadamente
as diferenças geográficas, ambientais, demográficas,
culturais, históricas e socioeconômicas. Ressalta-se
que o Levantamento dos Usuários do PETI apontou
diferenças significativas das ações efetivadas nas metrópoles e capitais em relação às desenvolvidas no interior do País. Para fazer face a esta heterogeneidade,
o MDS vem realizando encontros nacionais com os
coordenadores estaduais do PETI e do Bolsa-Família para a coleta de subsídios para a reformulação da
proposta pedagógica. Destaca-se, ainda, em relação
às ações socioeducativas, que o MDS, com o apoio
do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID,
está elaborando uma proposta de capacitação à distância de educadores que atuam nas ações socioeducativas e de convivência.
Compromisso III
Box 07 •SAGI/MDS.
A SAGI/MDS prevê a realização de duas avaliações do
PETI. A primeira, de caráter quantitativo e no formato de survey,
consiste numa Pesquisa Domiciliar com Famílias de Crianças
Beneficiárias do PETI, que deverá investigar os seguintes
aspectos: (i) características socioeconômicas das famílias; (ii)
valores, atitudes e comportamentos sobre o Trabalho Infantil;
(iii) percepções sobre o processo de seleção para o Programa e
sobre as ações socioeducativas e de convivência; (iv) percepções
dos efeitos do Programa sobre o desenvolvimento das crianças;
(vi) progressão escolar das crianças; e (vii) acesso a serviços
públicos e a outros programas sociais. O outro elemento deste
componente é a caracterização dos recursos humanos e da infraestrutura do PETI. A segunda avaliação, qualitativa, deverá
contemplar as ações socioeducativas e de convivência por meio de
entrevistas, grupos focais e observação de campo, o que resultará
na proposição de “padrões mínimos de qualidade” referentes à
execução da chamada “Jornada Ampliada”.
Mais uma iniciativa relacionada à avaliação do PETI
consiste no financiamento de um Suplemento da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios 2006 do IBGE sobre trabalho infantil,
freqüência escolar e acesso a programas sociais. Este suplemento
permitirá o conhecimento da situação em que vivem as crianças
e adolescentes submetidas ao trabalho infantil no Brasil e a
obtenção de subsídios técnicos para ajustar o programa à
realidade do problema que pretende enfrentar. O objetivo principal
da inserção deste suplemento consiste na atualização dos dados
coletados no suplemento anterior, realizado em 2001, para fins
de acompanhamento da trajetória do trabalho infantil em âmbito
nacional. Estes dados se referem principalmente às características
de saúde e segurança no trabalho das crianças e adolescentes de
5 a 17 anos. Serão complementados por informações relativas a
educação e acesso à merenda escolar de jovens e crianças. Por
fim, o módulo também conterá quesitos relativos à cobertura dos
programas de transferência de renda do MDS, em especial, o
Bolsa-Família e o PETI. Este suplemento atenderá a demanda do
Governo e da sociedade por saber até que ponto as famílias pobres
com crianças são atendidas por programas de transferência de
renda.
103
104
Box 08 • Interfaces e dificuldades na integração entre o
Bolsa-Família e o PETI.
As representações da sociedade civil e demais entidades têm
demonstrado preocupação em relação à integração dos Programas
PETI e Bolsa-Família, o que, entretanto, tem se buscado superar
por meio da discussão e pactuação conjunta entre o MDS e as
seguintes representações: Fórum Nacional de Erradicação do
Trabalho Infantil, Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho
Infantil/Conaeti, Conselho Nacional da Criança e do Adolescente/
Conanda,Organização Internacional do Trabalho/OIT, Fórum
Nacional dos Gestores Estaduais de Assistência Social/Fonseas e
Colegiado dos Gestores Municipais de Assistência Social.
Por sua vez, as dificuldades operacionais para a integração
têm sido superadas mediante diversas estratégias, tais como
a realização de teleconferências sobre a integração dos dois
programas; os Encontros Nacionais dos Coordenadores Estaduais
do PETI e do Programa Bolsa-Família; a capacitação conjunta
SNAS/SENARC/CAIXA, realizada em nível nacional para estados,
capitais e municípios; e as visitas aos estados e municípios com o
objetivo de orientá-los no processo de integração. Para consolidar
esse processo foram, ainda, publicadas a Portaria Nº 666, de 28 de
Dezembro de 2005 e a Instrução Operacional Conjunta SENARC/
SNAS MDS, nº 1 de 14 de março de 2006.
Box 09 • Festival Nacional de Arte e Cultura da
Assistência Social.
O MDS promoverá o I Festival Nacional de Arte e Cultura
da Assistência Social. Além da premiação, os três trabalhos
indicados por cada Estado participante poderão fazer parte de
material de comunicação institucional a ser desenvolvido pelo
MDS. O processo seletivo contou com a participação dos estados
e dos municípios, que enviaram ao MDS cerca de 320 materiais
- escritos, em DVD’s e fitas de vídeo e VHS – dentre os quais foram
selecionados quatro de expressões musicais e teatrais e quatro de
expressões plásticas. Tal material evidencia, ainda, a diversidade de
atividades desenvolvidas nas ações socioeducativas, apresentando
experiências exitosas nesse sentido.
As ações de fiscalização realizadas pelo
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), desempenham um importante papel no combate ao trabalho
infantil. A fiscalização foi reforçada com a criação dos
Núcleos de Assessoramento a Programas Especiais
(NAPE), instalados nas Delegacias Regionais do Trabalho (DRT) com maior contingente de auditores-fiscais do trabalho e formados por auditores com espe-
cializações diversas, entre elas, o combate ao trabalho
infantil, e dos Núcleos de Apoio e Assessoramento à
Fiscalização (NAAF), instalados em todas as DRTs.
As ações fiscais de combate ao trabalho infantil foram, em 2005, executadas pelas DRTs, em
suas ações fiscais de rotina. Tais ações são desenvolvidas, de acordo com o planejamento operacional das
regionais, que segue diretrizes do órgão central, a Se-
Compromisso III
cretaria de Inspeção do Trabalho (SIT). Entre as diretrizes de observância obrigatória por todas as DRTs
consta a de verificar a existência de trabalho infantil em todas as ações de fiscalização realizadas pela
regional. Os procedimentos que norteiam as ações
fiscais de combate e erradicação do trabalho infantil
estão estabelecidos em instrumentos normativos, com
vistas a assegurar a sua padronização e a supervisão
direta da fiscalização pela SIT.
A definição das metas anuais de fiscalização
considera os resultados históricos da fiscalização, as
demandas apresentadas (denúncias), o Mapa de Indicativos do Trabalho da Criança e do Adolescente
e a Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar
(PNAD).
Em 2005, a Inspeção do Trabalho fiscalizou
um total de 375.097 estabelecimentos, em todo o território nacional, sendo que em 738 destes foi constatada a presença de mão-de-obra infantil. Ressaltase que estes números se referem ao setor formal da
economia, pois os números do setor informal não são
computados no sistema de informação da fiscalização
do trabalho.
Duas outras ações federais se destacam no
âmbito do combate ao trabalho infantil: o apoio à Escola do Futuro Trabalhador e a atualização do Mapa
de Indicativos de Trabalho Infantil. No que diz respeito à primeira delas, em 2005, a Inspeção do Trabalho
obteve a participação de 540 escolas, enquanto a meta
era de 383 escolas. A ação consiste em conscientizar,
a partir de articulação com escolas públicas, crianças
e adolescentes sobre noções básicas de cidadania,
com ênfase nos direitos sociais e trabalhistas, sensibilizando-os sobre os prejuízos do trabalho precoce e
do trabalho em condições de riscos para a saúde e segurança e propiciando conhecimentos básicos e pontuais que possam ser retransmitidos junto à família e
à comunidade com vistas a mudar hábitos e culturas
que fomentam essas práticas.
A inspeção do trabalho tem, assim, contribuído para a redução dos índices de trabalho infantil no
País, em acentuado declínio desde o início dos anos
90. Cabe reiterar que na faixa etária de 5 a 15 anos,
observa-se que o número de crianças no trabalho caiu
de 4,1 milhões em 1992 para 2,5 milhões em 2004, o
que representa uma redução de 12,1% para 6,9% dos
indivíduos nessa faixa etária que trabalhavam.
Quanto ao Mapa de Indicativos de Trabalho
Infantil, esse reúne informações sobre a ocorrência de
trabalho infantil, segundo os municípios de registro e
as atividades econômicas, e apresenta dados estatísticos por corte etário de 5 a 15 anos. A ação constante
do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente, a cargo do Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE), consiste na atualização dos dados presentes
no Mapa, sua sistematização, análise e publicação. A
última edição do Mapa, publicada em 2005, apresenta
dados apurados pela Inspeção do Trabalho em 2003 e
consolidados em 2004.
Proteção do trabalho do adolescente
A principal ação por meio da qual o Governo
Federal executa sua política de proteção do trabalho
de adolescentes é a Fiscalização do Trabalho de Adolescentes, integrante do Programa Nacional de Estímulo ao 1º Primeiro Emprego, sob a coordenação do
Ministério do Trabalho e Emprego. A ação se traduz
na fiscalização do cumprimento da cota de aprendizagem nas empresas (inserção de aprendizes sob ação
fiscal) e na fiscalização da regularidade do contrato de
adolescentes em idade legal para o trabalho (a partir
de 16 anos de idade).
Em 2004, a meta física da ação foi a de alcançar 20 mil adolescentes, tanto promovendo sua inserção no mercado de trabalho na condição de aprendiz, quanto fiscalizando a regularidade do contrato de
trabalho (formalização) de adolescentes com mais de
16 anos (em idade legal para o trabalho). A meta foi
superada, tendo a ação alcançando 30.335 adolescentes.
Em 2005, a meta estipulada se repetiu e também foi superada. Sob a ação fiscal, 29.605 aprendizes
foram contratados e 4.101 trabalhadores adolescentes
tiveram seus contratos de trabalho regularizados, gerando um total de 33.706 adolescentes beneficiados
por esta ação do poder público. O quadro abaixo demonstra a evolução deste indicador desde 2000.
105
106
Tabela 04 • Aprendizes e trabalhadores adolescentes (não aprendizes): 16 a 17 anos completos) registrados
sob ação fiscal, 2000 a 2005, Brasil.
Ano
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Aprendizes inseridos sob ação fiscal
850
1.919
11.111
18.146
25.215
29.605
Nº. de trabalhadores adolescentes registrados
3.958
6.630
6.178
3.932
5.120
4.101
Fonte: MTE.
No dia 1º de dezembro de 2005, o Presidente da República editou o Decreto nº. 5.598, que
regulamenta a contratação de aprendizes. O decreto
se fez oportuno, sobretudo, por conta da promulgação da Lei 11.118/2005, que alterou a Lei 10.097/00
(Lei da Aprendizagem), ampliando a idade máxima
dos aprendizes, de 18 para 24 anos. A Lei 10.097/00
dá nova redação aos artigos da CLT, que tratam da
aprendizagem profissional (arts. 428 e seguintes), objetivando adequá-los às novas necessidades do mercado de trabalho.
De acordo com a Relação Anual de Indicadores Sociais (RAIS), entre 45 mil e 60 jovens (com
idade entre 14 a 17 anos completos21) estavam contratados na condição de aprendizes em 2004, na forma
dos artigos 429 e 430 da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT). A edição do Decreto deverá favorecer o aumento da contratação de novos aprendizes
neste ano e nos próximos.
Iniciativa do Ministério do Trabalho e Emprego na luta contra o trabalho infantil propiciou resultados significativos em 2005. Trata-se da mobili-
zação de combate ao trabalho infantil realizada pela
Inspeção do Trabalho em duas datas simbólicas para o
tema - o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, 12 de junho, e o Dia da Criança, 12 de outubro.
As mobilizações envolveram as delegacias
regionais do trabalho dos 26 estados da federação,
mais o Distrito Federal, e contaram com o engajamento de auditores-fiscais do trabalho. Nas ações, são
priorizadas atividades econômicas com fortes indícios
da prática de trabalho infantil, tanto do setor formal,
quanto do informal.
Com a mobilização realizada no dia 12 de
junho, a Inspeção do Trabalho identificou 1.637 crianças e adolescentes enredadas em prática de trabalho
infantil e as encaminhou à rede de proteção social.
Além das ações fiscais, diversas DRTs realizaram seminários sobre o tema. Na mobilização do dia 12 de
outubro, os auditores-fiscais do trabalho encontraram
3.781 crianças e adolescentes trabalhando, os quais
foram, posteriormente, encaminhadas à rede de proteção social.
21�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Somente a partir de setembro de 2005, com a promulgação da Lei 11.180, a idade máxima de jovens que podem ser contratados como aprendizes
passou a ser de 24 anos.
Compromisso III
Box 10 • Especificidades da fiscalização.
Compete aos auditores-fiscais do trabalho identificar crianças e
adolescentes que exerçam atividades laborais abaixo da idade mínima para
o trabalho (16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14
anos) e encaminhá-las para a rede de proteção social. A Lei 10.593/2002,
regulamentada pelo decreto nº. 4.552/ 2002, ampliou o escopo da Inspeção
do Trabalho, ao estabelecer que os auditores podem intervir nas relações de
trabalho, além das relações de emprego (ou seja, do trabalho subordinado).
A mudança se apresenta especialmente positiva para o combate ao trabalho
infantil, uma vez que grande parcela de crianças e adolescentes que trabalham
abaixo da idade legal exerce atividades em condição diversa a de assalariado.
A normativa que ampliou a abrangência da Inspeção do Trabalho, no
entanto, não dotou a atividade estatal de novos instrumentos jurídicos para
adequá-la à mudança. O principal instrumento de coerção que os AuditoresFiscais do Trabalho contam para o exercício de sua missão é o exercício do
poder de polícia administrativo, compreendendo os autos de infração, embargos
e interdições. Esses instrumentos estão previstos na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), alcançando tão somente as relações de emprego típicas do
regime celetista. A carência de nova regulamentação impede a atuação da
Inspeção do Trabalho em atividades laborais fora desse limite legal.
A ausência de tais instrumentos jurídicos impacta as ações de combate ao
trabalho infantil desenvolvidas pela Inspeção do Trabalho. Como mencionado
acima, a maior parcela de crianças e adolescentes na faixa etária de 5 a 14 anos
de idade estava ocupada em relações de trabalho sem vínculo de emprego. Para
atuar em tais relações faltam à Inspeção instrumentos de coerção (a exemplo
da lavratura de auto de infração), que é elemento intrínseco e imprescindível ao
exercício da atividade de auditoria e fiscalização.
Subsiste ainda outro obstáculo. As relações de trabalho que envolvem
o grupo etário de 5-14 anos se desenvolviam, conforme a aponta a PNAD, em
sua maioria, na própria unidade domiciliar. Devido ao princípio constitucional
da inviolabilidade do domicílio, os auditores-fiscais, assim como as demais
autoridades estatais, não podem adentrar nesses locais sem anuência dos
moradores. A impossibilidade de acesso aos locais de trabalho e a carência
de novos instrumentos jurídicos de coerção constituem obstáculo ao
desenvolvimento das ações da Inspeção do Trabalho no combate ao trabalho
infantil que ocorre dentro dos empreendimentos familiares22. Para esses
casos, as normas de proteção a crianças e adolescentes previstas no Estatuto
da Criança e Adolescente (ECA) dotam os conselhos tutelares, o Ministério
Público e a autoridade judiciária de instrumentos específicos e eficientes para o
cerceamento da violação e a restituição dos direitos violados.
Compete aos auditores-fiscais do trabalho identificar crian
A Inspeção do Trabalho, por sua vez, orienta-se para a fiscalização em
estabelecimentos urbanos e rurais que mantenham crianças e adolescentes
laborando em uma relação de emprego. A atividade fiscal típica (imbuída do
poder de polícia administrativo), assim, se apresenta plenamente eficaz para
combater o trabalho infantil quando esse envolve relações de emprego. Tais
relações, consoante a PNAD, são mais freqüentes nos grupos etários formados
por adolescentes de 14 e 15 anos de idade.
22 Crianças
���������������������������������������������������������������
e adolescentes com as seguintes posições na ocupação: �����������������������������������������������������������
“Trabalhador não remunerado membro da unidade domiciliar”; ����������������
“Trabalhador na
produção para o próprio consumo” e “Trabalhador na Construção para o Próprio Uso”.
107
108
Box 11 • Fortalecimento da Política Nacional de Saúde
para a Erradicação do trabalho Infantil e
Proteção do Trabalhador Adolescente.
Encontra-se em tramitação na Funasa, o processo visando
a assinatura de um protocolo de intenções entre a Funasa e
Organização Internacional do Trabalho/OIT, objetivando a
formação de uma parceria institucional com vistas a contribuir com
as ações do Ministério da Saúde no fortalecimento e aperfeiçoamento
da Política Nacional de Saúde para a Erradicação do trabalho
Infantil e Proteção do Trabalhador Adolescente. Dentre as ações
da Funasa, destaca-se: a ampliação da base de conhecimentos
no contexto da saúde, em especial das comunidades quilombolas,
ribeirinhas, assentadas, indígenas e residentes em reservas
extrativistas;a promoção de estudos para a avaliação do impacto da
exploração da mão-de-obra infanto-juvenil na saúde da criança e
do adolescente nas populações atendidas;orientar as suas unidades
administrativas em como intervir nessas comunidades de forma
adequadas às questões afetas à criança e ao adolescente;dentre
outras.
Compromisso III
Desafio 3: Combate à Exploração Sexual de Crianças e de Adolescentes.
Objetivo: Prestar atendimento psicossocial e jurídico as crianças, aos adolescentes e as famílias vítimas de
exploração sexual.
Quadro 03 • Metas.
Indicadores
Metas 2004 - 2007
Situação Inicial
3 - Combate à Exploração Sexual
• Número de
(Indicadores sem informação)
crianças e
adolescentes
Foi realizado um mapeamento sobre
atendidos
tráfico de crianças, adolescentes e
em centros
mulheres para fins de exploração
especializados
sexual, o qual identificou 242 rotas de
tráfico, sendo 131 internacionais, 77
• Número
interestaduais e 33 intermunicipais.
de agentes
capacitados
• Implementar ações com o objetivo de
combater a exploração sexual: implantação
em rede de centros especializados de
atendimento às crianças, adolescentes
e às famílias em situação de violência
sexual, priorizando a sua instalação nas
regiões identificadas como rotas de tráfico
e fronteiras com outros Países, bem como
em outros pontos de exploração sexual e
comercial de crianças e de adolescentes;
• Realização de campanhas de prevenção ao
abuso e à exploração sexual;
• Manutenção de serviço de recebimento e
encaminhamento de denúncias;
• Capacitação de agentes participantes
do Sistema de Garantia dos Direitos de
Crianças e adolescentes no combate à
exploração sexual infantil.
Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente.
A violência sexual contra crianças e adolescentes, na forma do abuso ou da exploração sexual, é
uma das piores formas de violação dos direitos humanos, ocorrendo indiscriminadamente em todo o País,
sem distinção de classe social.
O abuso sexual é um ato em que o adulto
submete a criança ou o adolescente, com ou sem consentimento, para estimular-se ou satisfazer-se, impondo-se pela força física, pela ameaça ou pela sedução.
Geralmente esse abuso é praticado por pessoas da família ou muito próximas a ela.
Já a exploração sexual está vinculada ao
mercado do sexo e suas diversificações, que incluíram
a criança e o adolescente como um produto especial,
para o qual a demanda é crescente e o preço cada vez
mais valorizado. Esse “mercado” é articulado com
outros negócios, tanto legais (hotéis, agências de turismo, agências de modelo, bares, boates, postos de
gasolina) como ilegais (falsificação de documentos,
tráfico de seres humanos e de drogas)”, que obtêm ganhos financeiros, diretos ou indiretos, com a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes. Esta
prática acontece tanto em cidades grandes como em
longínquos e pequenos municípios, ganhando contornos diversos e contando com a ação organizada de
redes que reduzem meninas e meninos à condição de
mercadoria.
Enfrentar estas questões é um grande desafio, pois a violência sexual constitui um fenômeno
complexo e multideterminado, cuja manifestação está
relacionada a um conjunto significativo de fatores
(econômicos, sociais, psicológicos culturais, étnicoraciais, de gênero, intergeracionais, e outros), com ra-
109
110
ízes profundas na forma de organização da sociedade
contemporânea e nas relações de poder. O enfrentamento do problema deve, portanto, se dar de forma
articulada, com envolvimento crescente das três esferas de governo, da sociedade civil organizada e da população de uma forma geral. Considere-se ainda que,
nos casos de violência sexual, observa-se um “pacto
de silêncio” freqüente envolvendo as crianças e adolescentes vítimas, seus familiares - por vezes coniventes - , os governos e a sociedade em geral.
Portanto, as ações empreendidas para enfrentar a violência sexual, em especial a exploração
sexual comercial de crianças e adolescentes, devem
não apenas ter o empenho de todos os setores da sociedade, mas também a consciência de que o impacto
será a médio e longo prazos.
Programas, Políticas e Estratégias
A sociedade civil organizada e os governos
começaram, no início da década de 1990, a despertar para o enfrentamento dessa grave violação aos direitos de crianças e adolescentes. A promulgação do
Estatuto da Criança e do Adolescente, precedido pela
Constituição Federal de 1988, representou um marco
fundamental com relação ao tema. A partir de então,
esta recorrente violação de direitos ganhou maior
visibilidade social e a violência sexual passou a ser
denunciada com mais freqüência pelo conjunto da sociedade, a ser enfrentada pelos setores organizados da
sociedade civil e foi, finalmente, inserida na agenda
do governo, sobretudo o federal.
Em 2000 foi instituído, em caráter inédito
na história brasileira, o Programa Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, sob a coordenação da então Secretaria de Estado
de Assistência Social do Ministério da Previdência
e Assistência Social (MPAS/SEAS)23. Neste mesmo
ano, foi aprovado o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil, posteriormente
transformado em Resolução do Conselho Nacional
dos Direitos da Criança e do Adolescente – Conanda,
tornando-se uma referência para as ações na área.
Para assegurar ações orgânicas e integradas,
o Plano está estruturado em seis eixos estratégicos
que se articulam. São eles: (i) a análise de situação,
(ii) a mobilização e articulação, (iii) a prevenção, (iv)
o atendimento, (v) a defesa e responsabilização e (vi)
o protagonismo infanto-juvenil.
Visando-se obter uma maior eficiência e eficácia do Plano, estabeleceu-se um conjunto de ações
e metas articuladas para assegurar a proteção integral
à criança e ao adolescente em situação ou risco de
violência sexual.
Uma dessas ações é o Sentinela – conjunto
de estratégias sociais especializadas e multiprofissionais dirigidas ao segmento populacional envolvido
com a violência sexual – cujo principal objetivo é
construir, em processo coletivo, a garantia dos direitos desse segmento. Cumpre destacar que o Sentinela
é um serviço desenvolvido em parceria com os estados e municípios que atendessem aos critérios de
seleção e elegibilidade24.
O Sentinela foi implantado inicialmente em
314 municípios e passou a desenvolver nessas localidades procedimentos técnicos especializados para
atendimento e proteção imediata às crianças e aos
adolescentes abusados ou explorados sexualmente,
proporcionando-lhes condições para o fortalecimento
da sua auto–estima e o reestabelecimento de seu direito à convivência familiar e comunitária.
Em razão do processo de implementação do
SUAS, uma das questões que possibilitou a melhoria
da gestão do serviço foi sua transformação, por meio
do Decreto nº 5.085/04, em ação continuada, podendo
ser implantado tanto como serviço regional quanto no
âmbito do município. Com isso, garante-se regularidade no repasse de recursos - que passou a ser feito
pelo mecanismo de transferência fundo a fundo - e a
não interrupção dos serviços - que passaram a atender
também os familiares das crianças e adolescentes vitimados pela violência sexual.
Na nova dinâmica do SUAS, as ações do
Sentinela são executadas no Centro de Referência Es-
23������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
No PPA 2004/2007, as ações de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes estão reunidas sob o mesmo programa, atualmente
coordenado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos.
24������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Esses critérios são: (i) apresentação de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes registrados pelos Conselhos Tutelares; e (ii) localização em regiões que compreendessem as capitais ou o Distrito Federal, grandes regiões metropolitanas, pólos turísticos, zonas portuárias, granes
entrepostos comerciais, entroncamentos de rodovias, zonas de garimpo e áreas de fronteira.
Compromisso III
pecializado de Assistência Social – CREAS, que deve
se constituir como pólo de referência, coordenador e
articulador da proteção social especial de média complexidade25.
Com o propósito de avaliar a eficácia e a eficiência das ações do serviço, bem como realizar ajustes necessários, o MDS desenvolveu um Projeto de
Pesquisa e Avaliação do Sentinela, composto de dois
componentes complementares. O primeiro, já finalizado, consistiu na construção do Índice de Elegibilidade dos Municípios ao Sentinela (IEMS). O IEMS
foi utilizado para classificar a grande maioria dos
municípios brasileiros, inclusive os que já possuem o
serviço Sentinela, quanto à situação de risco e vulnerabilidade às práticas de abuso e de exploração sexual
de crianças e de adolescentes (ESCCA) e disponibilidade de infra-estrutura adequada para implementação do serviço , com vistas a orientar a alocação dos
recursos do serviço para as populações mais expostas
a tais práticas. Como resultado, obteve-se um instrumento capaz de potencializar a focalização deste serviço, demonstrando quais seriam aqueles municípios
brasileiros mais altamente elegíveis a receberem este
formato de política social, objetivando otimizar recursos e esforços de implementação e gestão. Os resultados finais desta primeira fase permitiram um mapeamento da demanda existente pelo serviço em todo
o País, bem como o conhecimento dos municípios que
deveriam ser priorizados no momento de expansão do
serviço. Portanto, obteve-se assim uma avaliação do
grau de focalização do serviço, cujos resultados nos
informaram que o serviço está, em geral, implementado naqueles municípios com maior elegibilidade a
ele.
Embora o Sentinela esteja bem focalizado, não se dispõe ainda de informação a respeito da
diversidade dos seus arranjos de implementação e
gestão, nem da correlação entre estes arranjos e os
resultados atingidos pelo serviço. O segundo com-
ponente do Projeto de Pesquisa e Avaliação do Sentinela é exatamente o de investigar estes temas, por
meio de estudos qualitativos26. Ao final, espera-se
obter uma avaliação destas duas dimensões do serviço, a saber: implementação e gestão, por um lado,
e efeitos e resultados, por outro, além da proposição
de “Padrões Mínimos de Qualidade”, que consistirão num modelo de referência para os gestores municipais/estaduais do serviço, com orientações sobre
a gestão, à prestação de serviços e outras dimensões
do serviço, o qual deverá subsidiar a elaboração de
um guia dos gestores do Sentinela. Os resultados
finais, permitirão conhecer algumas experiências
exitosas de implementação do Sentinela, estarão
disponíveis no primeiro semestre de 2006.
É importante considerar, ainda, que a partir
de 2003, o enfrentamento da violência sexual contra
crianças e adolescentes passou a ser uma das prioridades na agenda do Estado Brasileiro. Como estratégia
para garantir a articulação governamental e não-governamental, foi criada neste ano a Comissão Intersetorial de Enfrentamento à Violência Sexual contra
Crianças e Adolescentes, que, sob coordenação da
Secretaria Especial dos Direitos Humanos, conta com
a participação de 14 ministérios, do Superior Tribunal
de Justiça, do Congresso Nacional, de organizações
da sociedade civil e de organismos de cooperação internacional (como o Unicef, a OIT e a USAID).
Em fevereiro de 2005, a Comissão Intersetorial lançou a Matriz Intersetorial de Enfrentamento
à Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes27, levantamento que teve como objetivo
subsidiar as políticas públicas para a superação do
problema no País. A Matriz identificou cerca de 932
(novecentos e trinta e dois) municípios e localidades
brasileiras em que ocorrem casos de exploração sexual comercial contra crianças e adolescentes28.
As informações coletadas, pelo estudo, permitiram constatar que esse fenômeno se distribui por
25�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Neste sentido, o Centro deve oferecer orientação e apoio especializados e continuados de assistência social a indivíduos e famílias com seus direitos violados, em situação de risco pessoal e social por ocorrência de negligência, abandono, ameaças, maus tratos, violações físicas e psíquicas,
discriminações sociais e infringência aos direitos humanos. O CREAS deve operar, ainda, a referência e a contra-referência com a rede de serviços
socioassistenciais de proteção básica e especial, com as demais políticas públicas e instituições que compõem o Sistema de Garantia de Direitos e com
os movimentos sociais.
26������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
As diretrizes metodológicas que serão seguidas na condução dos estudos são as seguintes: entrevistas semi-estruturadas com gestores municipais/
estaduais, membros de conselhos tutelares e de conselhos municipais da assistência social/comissões de enfrentamento à violência infanto-juvenil e
membros das famílias atendidas pelo serviço. Os estudos também compreenderão a coleta de informações secundárias junto às instituições envolvidas
no enfrentamento da exploração sexual e comercial de crianças e adolescentes e abuso sexual no âmbito municipal.
27��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
A Matriz, fruto da parceria entre a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), o Unicef e o Grupo de Pesquisa sobre Violência e Exploração
Sexual Comercial de Mulheres, Crianças e Adolescentes (Violes), da Universidade de Brasília.
111
112
todas as regiões do País, sem qualquer distinção entre
cidades de maior ou menor concentração populacional e que se verifica uma crescente interiorização da
exploração sexual no Brasil. Foram pactuados, no âmbito da Comissão Intersetorial, critérios para a priorização de alguns municípios da Matriz Intersetorial,
o que possibilitou a seleção de 97 nos quais as ações
deverão ser intensificadas.
Uma das conseqüências exitosas da utilização da Matriz como instrumento de política pública
foi a decisão, tomada em setembro de 2005 na Comissão Intergestora Tripartite da Assistência Social
(CIT) e aprovada pelo CNAS, de expandir as ações
do Sentinela dos 314 municípios atendidos até então para mais 790, atingindo-se aproximadamente de
1.104 localidades no total. A decisão, que seguiu os
critérios definidos na NOB/SUAS, teve como referência os municípios contidos na Matriz e permitiu uma
ampliação da meta de atendimento do serviço de 30
mil para cerca de 51,4 mil pessoas, entre crianças e
adolescentes e seus familiares. Com isso, foram executados em 2005 R$ 35,6 milhões dos recursos destinados ao Serviço.
Outra ação de grande relevância na área é
o Programa de Ações Integradas e Referenciais de
Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil no
Território Brasileiro (PAIR). O PAIR é coordenado
pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, pelo
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome e pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional – USAID29.
Esse Programa vem sendo desenvolvido
para servir como referência de intervenção em rede
integrada de enfrentamento à violência sexual infanto-juvenil. Sua finalidade é a criação e/ou o fortalecimento das redes locais através de ações integradas,
possibilitando a articulação dos serviços, associada à
participação social. Desde 2003, vêm sendo desenvolvidas atividades de assessoria técnica e capacitação continuada em seis municípios-piloto brasileiros
(Pacaraima – RR; Manaus – AM; Rio Branco – AC;
Feira de Santana – BA; Campina Grande – PB; Co-
rumbá – MS). Essas atividades envolveram cerca de
3.000 profissionais de diversas áreas.
No ano de 2005, foi aprovada pelo Conanda
a disseminação do PAIR para outros municípios nos
estados que já possuem o Programa implantado, além
da inclusão dos Estados do Ceará, de Minas Gerais e
do Maranhão, este último devido ao Acordo de Solução Amistosa com vistas ao encerramento dos Casos
nº 12.426 e nº 12.427 – Meninos Emasculados do Maranhão, em tramitação perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA). No último trimestre
de 2005, realizam-se reuniões de articulações políticas, com Governadores, Secretários Estaduais, Procuradores Gerais de Justiça, Presidentes de Tribunais de
Justiça, Conselhos Estaduais dos Direitos da Criança
e do Adolescente, e Comitês Estaduais de Combate ao
Abuso e a Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes para a disseminação em alguns estados
Em 2005, lançou-se, em parceria com a OIT
e o com o Sindicato Internacional dos Aquaviários,
a SPDCA/SEDH/PR, em Corumbá-MS, a Campanha
Internacional contra a Exploração Sexual na Hidrovia
Paraguai - Paraná, envolvendo cinco Países a saber:
Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina, Bolívia. Foram
desencadeadas ações de implantação do programa
em dois municípios: em Belo Horizonte, foi realizada a articulação política e realizado um seminário do
PAIR para a construção do Plano Operativo, envolvendo 200 (duzentas) pessoas de instituições governamentais e não governamentais; e, em Fortaleza, foi
realizada uma articulação política, envolvendo a rede
de políticas públicas e a sociedade civil do Estado do
Ceará e do Município de Fortaleza
Outra estratégia que merece destaque como
política de enfrentamento à violência sexual contra
crianças e adolescentes é o fortalecimento do tema
do tráfico de seres humanos. Os dados estatísticos a
respeito do fenômeno no País são escassos, mas sabese que estão em operação inúmeras redes e rotas de
tráfico de pessoas que abastecem tanto o mercado
interno quanto o internacional de exploração sexual
28����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
A composição da Matriz resultou do cruzamento dos dados da Pesquisa Nacional sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de
Exploração Sexual Comercial no Brasil (Pestraf), de 20022, e daqueles coletados pela Polícia Rodoviária Federal, pelo Disque Denúncia Nacional e
pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito – CPMI – que entre 2003 e 2004 investigou o envolvimento de políticos e lideranças com a exploração
sexual comercial de crianças e adolescentes.
29��������������������������������������������
O Programa conta, ainda, com a parceria do Partners of the Americas, da OIT, dos Ministérios da Saúde, Trabalho, Educação e Justiça, dos governos
estaduais, dos gestores estaduais e municipais, do Ministério Público, das Defensorias Públicas, das organizações da sociedade civil e dos conselhos de
políticas públicas.
Compromisso III
comercial de mulheres, de crianças e de adolescentes.
Um estudo sobre o tema coordenado pelo Centro de
Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes –Cecria -, revelou que, entre o período de 1996
e 2002, estiveram em operação no País 241 rotas de
tráfico para fins de exploração sexual, sendo 32 intermunicipais, 78 interestaduais e 131 internacionais
(Pestraf 2002).
Em 2005, foi constituído um grupo de trabalho para a formulação de uma Política Nacional
de Combate ao Tráfico de Seres Humanos, que conta
com a participação da SEDH, do Ministério da Justiça, do Ministério das Relações Exteriores e da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres. Paralelamente, um grupo formado pela SEDH, pela Secretaria
Nacional de Segurança Pública (SENASP/MJ), pela
Academia Nacional de Polícia, pela OIT e outros parceiros, realizou oficinas regionais de capacitação para
o enfrentamento ao tráfico de seres humanos para policiais civis, militares e federais de todas as unidades
da federação.
No âmbito dos serviços de atendimento a
vítimas da violência sexual, o Disque Denúncia Nacional contra o Abuso e a Exploração Sexual contra
Crianças e Adolescentes (Discagem Direta Gratuita
de âmbito nacional) acolhe denúncias oriundas das
mais diversas regiões do País, buscando interromper
ou evitar a situação de violência revelada30. Atualmente, o Disque Denúncia Nacional realiza, em média,
1.050 atendimentos por dia. Desses, 49% fornecem
informações sobre telefones dos conselhos tutelares,
atendidas automaticamente pela Unidade de Resposta
Automática. As denúncias recebidas são encaminhadas aos órgãos de defesa e responsabilização, conforme competência e atribuições específicas.
Em 2005, cumprindo sua missão de ser um
canal nacional para recebimento de denúncias, o Disque Denúncia passou a integrar, também, a Rede Nacional de Identificação e Localização de Crianças e
Adolescentes Desaparecidos (Redesap). Como membro da Redesap, o Disque Denúncia recebe informações acerca do paradeiro de crianças e adolescentes
desaparecidos, bem como orienta os usuários em
como proceder para denunciar desaparecimentos. Em
outra parceria com o Programa de Combate ao Tráfico
de Seres Humanos do Ministério da Justiça, o Serviço
recebe denúncias desse tipo de crime, independentemente da idade da vítima. Este tipo de denúncia é
repassado imediatamente à Divisão de Direitos Humanos da Polícia Federal.
O serviço passa a oferecer, em 2006, uma
escuta especializada, direcionada prioritariamente
a crianças e adolescentes que necessitem de algum
tipo de orientação específica sobre suas situações.
Também estará operando, em áreas piloto, o sistema
informatizado de encaminhamento e acompanhamento eletrônico das denúncias, que permitirá o conhecimento, de forma ágil, das providências dadas pelos
órgãos competentes, visando a resolubilidade da situação revelada e o funcionamento exemplar da rede
de operadores de direito e de proteção de crianças e
adolescentes.
Atualmente, o Disque Denúncia Nacional
realiza, em média, 1.050 (mil e cinqüenta) atendimentos por dia. De 15 de maio de 2003 a março de 2006,
o Disque Denúncia recebeu 15.519 denúncias de todo
o País, destas 2.856 (18%) foram de abuso sexual;
1.506 (10%) de exploração sexual; e 11.157 (72%)
de outras formas de violência (negligência, violência
física, violência psicológica, e desaparecimentos).
O Disque Denúncia também foi planejado
para ser fonte de informações para subsidiar políticas
públicas da área de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. O Serviço procede
sistematicamente à análise do banco de dados gerado
pelo Sistema Informatizado de Registro de Denúncias, por meio do qual se obtém os mais diversos perfis. Relatórios específicos do serviço informam que
62% das vítimas são do sexo feminino, com predominância das raças branca e parda. Desse universo,
40% são crianças pequenas, até seis anos de idade.
Expressivamente, 53% dos suspeitos são os próprios
pais das vítimas e o sistema aponta que 40% das denúncias têm como local de ocorrência a própria casa
da vítima, relacionando a moradia à situação de vulnerabilidade e violência a que estão expostas crianças
e adolescentes.
30�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Inicialmente executado pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia), com o apoio do Ministério da
Justiça e da Embratur, em 2003 o Disque Denúncia passou a ser coordenado e executado pela SEDH, em parceria com o Ministério da Saúde, a Petrobrás
e o Cecria. De 15 de maio de 2003 a março de 2006, o Disque Denúncia recebeu 15.519 denúncias de todo o País.
113
114
Box 12 • Parcerias.
Como desdobramento de um Acordo de Cooperação entre
a SEDH e o Ministério das Comunicações, foi realizada, em
parceria com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, uma
ação piloto no Estado de Minas Gerais por meio da qual foram
capacitados multiplicadores para conscientização sobre o tema da
violência sexual contra crianças e adolescentes em 92 municípios
do estado, priorizados na Matriz Intersetorial.
Por meio do Acordo de Cooperação Técnica Motorista
Cidadão em Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes
Brasileiros, firmado entre a SEDH/PR e a Confederação Nacional
dos Transportes (), em maio de 2004 para a sensibilização
trabalhadores dos transportes como agentes de proteção, foram
capacitados, em 2005, 80 mil trabalhadores do setor, através de
oficinas realizadas nas instalações dos SEST/SENAT, bem como
distribuídos 500. mil) cartazes, folderes e adesivos para todos os
postos do SEST/SENAT do País.
No âmbito das ações de enfrentamento à violência sexual
contra crianças e adolescentes, a SEDH também assinou Acordos
de Cooperação Técnica com o Ministério da Saúde, para o
fortalecimento do Serviço Disque Denúncia e com o Ministério do
Esporte, para capacitação dos instrutores do Programa Segundo
Tempo.
Dentro da Estratégia federal de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes, a SEDH atua, ainda, na promoção de campanhas de conscientização e sensibilização, em parceria
com outros ministérios, com o Poder Legislativo, com
o segmento empresarial, com organismos e organizações internacionais e com entidades da sociedade civil.
Neste sentido, e em parceria com o Comitê
Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração
Sexual de Crianças e Adolescentes e com a Frente
Parlamentar pelos Direitos da Criança do Congresso
Nacional, em 2005 a SEDH coordenou as atividades
de mobilização do dia 18 de maio, Dia Nacional de
Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e
Adolescentes. Essas atividades contemplaram desde
a escolha do tema “Direitos Sexuais são Direitos Humanos”, até a elaboração de material para subsidiar
as redes locais em suas atividades. A atividade nacional foi realizada em Fortaleza-CE, por ser esta cidade
uma referência no enfrentamento do turismo sexual
envolvendo crianças e adolescentes. Dentre as atividades, foi inaugurado o Núcleo de Enfrentamento à
Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes do
Governo do Estado, com financiamento da SEDH.
Também em maio de 2005, a Polícia Rodoviária Federal, em parceria com a Confederação
Nacional dos Transportes (CNT), com a Frente Parlamentar em Defesa da Criança e do Adolescente, com
a Petrobrás e a SEDH, lançou a campanha “Proteja
como se fosse sua filha”. Essa campanha foi voltada
à sensibilização dos profissionais do transporte sobre
o crime de exploração sexual de crianças e de adolescentes. O resultado, avaliado pelo aumento do número de denúncias no Disque Nacional, foi significativo.
Esta ação contou com a distribuição de panfletos informativos e cartazes e teve término em dezembro de
2005.
Compromisso III
Importante destacar que todas as campanhas
têm impacto imediato no aumento de ligações para
o Disque Denúncia Nacional e no número de denúncias, fato que reforça a necessidade da realização de
Gráfico 5
campanhas permanentes. O gráfico a seguir demonstra esse impacto, considerando as campanhas de maio
e agosto de 2005.
Evolução das ligações para o Disque Denúncia, Brasil, Jan a Dez/05.
A SEDH também atua nesta área por meio
do apoio a projetos de estados, municípios e organizações não-governamentais. Em 2005, foram financiados 17 projetos prevendo a realização de seminários,
encontros, capacitações e campanhas locais - educativas e informativas - sobre a exploração sexual de
crianças e de adolescentes. Atendeu-se cerca de 500
crianças e adolescentes e seus familiares nos projetos
que ofereceram cursos profissionalizantes, apoio jurídico, acompanhamento psicológico, atividades educativas de artes, cultura, esporte, lazer e de formação
cidadã. Dos cerca de R$2,4 milhões disponibilizados
para a SEDH, nesta área, foram executados 100% dos
recursos efetivamente liberados.
115
116
Box 13 • Combate à Pornografia Infantil na Internet.
Levantamento produzido pela Subsecretaria de Promoção
dos Direitos da criança e do Adolescente (SPDCA/SEDH), durante
projeto coordenado pelo Instituto Interamericano da Criança e
do Adolescente sobre Tráfico de Crianças e Adolescentes para
Fins de Exploração Sexual, Pornografia Infantil na Internet
e Marcos Normativos na Região do Mercosul, Bolívia e Chile,
no ano de 2004, demonstrou que o problema da pornografia
infantil na Internet é crescente no Brasil, acompanhando a
tendência mundial. O País inscreve-se na lógica desse mercado
como um País produtor e fornecedor de material pornográfico,
com quadrilhas nacionais e internacionais atuando em todas as
regiões.
A organização não-governamental italiana Telefono
Arcobaleno, que monitora a distribuição de pornografia infantil
no mundo, chegou a classificar o Brasil em 4º lugar no ranking
dos Países que hospedam pornografia infantil no ano de 2004,
posição que se alterou para 13º lugar em 2005. Esses dados devem
ser vistos com reserva, dada as dificuldades técnicas inerentes a
esse tipo de monitoramento.
Embora não da forma ideal, o combate à pornografia
infantil na Internet avançou no ano de 2005. No mês de setembro
de 2005, lançou-se oficialmente o Hotline/BR, primeiro canal
de denúncias online de pornografia infantil da América Latina.
Essa iniciativa representou um ganho para o Brasil, que passou
a integrar formalmente um esforço mundial de enfrentamento do
problema.
Fruto das articulações realizadas no ano anterior pela
SPDCA, que constituiu um Grupo de Trabalho Intersetorial
para discutir o problema e propor ações de enfrentamento, a
empresa Microsoft do Brasil Ltda, juntamente com a Real Polícia
Montada do Canadá e a Polícia de Toronto, repassaram à Polícia
Federal Brasileira um software recentemente desenvolvido para
rastreamento de pornografia infantil, que vem sendo utilizado
com sucesso naquele País, o Child Exploitation Tracking System
(CETS), que permitirá ao Brasil realizar um trabalho pró-ativo
de rastreamento de grupos criminosos nessa área, elevando
o patamar de resposta do Estado brasileiro. Uma equipe de
técnicos canadenses esteve em Brasília, em outubro de 2005,
para instalação do Sistema no Departamento de Polícia Federal
e capacitação de nossos agentes.
Compromisso III
Desafio 4:Proteção contra a Violação dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes.
Objetivo: Incentivar a implantação de Conselhos de Direitos e Tutelares em todos os municípios Brasileiros
e a criação de órgãos especializados nos direitos da criança e do adolescente em todos os estados
brasileiros.
Quadro 04 • Metas.
Indicadores
Metas 2004 - 2007
Situação Inicial
4 - Proteção contra a violação dos direitos das crianças e adolescentes
• % de entidades
que participam
do Sistema de
Garantia dos
Direitos das
Crianças e dos
Adolescentes
Atualmente registra-se um nº
• Fortalecimento do Sistema de Garantia dos
insuficiente de entidades que participam
Direitos da Criança e do Adolescente nos
desse Sistema: 19 delegacias
estados e municípios por meio do apoio
especializadas; 20 defensorias públicas;
técnico e/ ou financeiro aos órgãos executivos
27 centros de defesa e 3.785 conselhos
estaduais e municipais, com o poder
tutelares.
judiciário estadual e com a sociedade civil.
Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente.
O desafio 4 envolve a estruturação de uma
rede de informação e de ações concretas que visam à
proteção de direitos conforme definidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Reconhecer crianças
e adolescentes como sujeitos de direito é um avanço
importante, pois significa assegurar a cidadania desde
cedo, ensinando à criança que ela pode e deve reclamar quando seus direitos não são atendidos.
Políticas, Programas e Estratégias
Identificação e Localização de Crianças e
de Adolescentes Desaparecidos
Embora não se possuam dados consolidados que traduzam a exata dimensão do fenômeno,
estima-se que aproximadamente 40 mil ocorrências
de desaparecimento de crianças e adolescentes sejam
registradas anualmente nas delegacias de polícia de
todo o País. Ainda que a grande maioria desses casos
seja solucionada rapidamente, existe um percentual
significativo, entre 10 e 15%, em que crianças e adolescentes permanecem desaparecidos por longos períodos de tempo e, às vezes, jamais são reencontrados.
O fenômeno do desaparecimento de crianças e adolescentes reflete em grande medida situações
subjacentes de conflito intrafamiliar, sendo que mais
de 70% das ocorrências dizem respeito a fugas do
lar motivadas por maus-tratos e violência doméstica.
Uma decorrência desse fato é que, além de encontrar
os desaparecidos, é preciso prover suporte psicossocial às suas famílias para superar as dificuldades que
estão na base da ruptura dos vínculos. De outra parte,
um percentual significativo dos casos de desaparecimento caracteriza-se como “subtração de incapaz” ,
que tem como agente um dos genitores, em processos
de separação do casal. Mais uma vez, a atenção à família é essencial para prevenir o fenômeno. Uma série
de outras circunstâncias completa a tipologia dos desaparecimentos, que incluem os seqüestros cometidos
por estranhos - muitas vezes com a intenção de abuso
sexual - a extorsão mediante seqüestro, a subtração de
crianças em maternidades e creches, os homicídios e
o extermínio, dentre outras causas.
No ano de 2005, a implementação da Rede
Nacional de Identificação e Localização de Crianças
e Adolescentes Desaparecidos – Redesap - avançou
consideravelmente, baseada principalmente na parceria SEDH/Conanda/Caixa Econômica Federal, formalizada num Termo de Cooperação Técnica - TCT
- firmado em dezembro de 2004, em que os partícipes conjugam esforços para a promoção do direito
de crianças e adolescentes à convivência familiar e
117
118
comunitária, inicialmente com ações direcionadas ao
enfrentamento do problema das crianças e adolescentes desaparecidos no Brasil.
Concomitantemente, a Caixa Econômica
Federal realizou uma doação financeira, via renúncia
fiscal, ao Fundo Nacional da Criança e do Adolescente - FNCA - no valor de R$ 808,7 mil destinados ao
financiamento de ações pactuadas entre os parceiros e
que constam do referido Termo de Cooperação, gesto
repetido em 2005, desta vez no montante de R$ 580
mil. A partir deste momento, constituíram-se equipes
técnicas voltadas à discussão e operacionalização das
ações, as quais trabalharam de forma bastante integrada durante todo o ano de 2005, compartilhando
informações e decisões, por um lado, e dividindo responsabilidades e tarefas, por outro.
Tomando-se por base as “ações priorizadas”
no Termo de Cooperação, apresentam-se a seguir, de
maneira sucinta, as principais realizações da parceria:
• Apoio à implementação do cadastro nacional para a identificação e localização de crianças e
de adolescentes desaparecidos
Realizaram-se 13 convênios entre a SEDH e
órgãos estaduais que mantêm serviços especializados
de identificação e localização de crianças e adolescentes desaparecidos (AM, ES, GO, MG, MS, PB, PE,
PI, PR, RN, RS, SE e TO), investiu-se-se um total de
R$ 313, mil em equipamentos, tecnologia e capacitação de servidores, visando à atualização sistemática
do Cadastro Nacional.
• Realização do I Encontro da Rede Nacional de Identificação e Localização de Crianças e de
Adolescentes Desaparecidos (Redesap)
Desde o início do processo de implementação da Redesap, pela primeira vez foi possível reunir
presencialmente os titulares e operadores dos serviços
especializados que atuam na atenção ao fenômeno, de
todos os estados brasileiros, para discutirem o tema,
trocarem conhecimentos e experiências e definirem,
conjuntamente, estratégias de intervenção e fortalecimento da área. O evento representou um marco na
constituição de uma Rede efetiva, para além da proposição retórica, a qual potencializa a ação individu-
al dos órgãos na elucidação dos casos de crianças e
adolescentes desaparecidos no Brasil, além de contribuir para o alcance de objetivos comuns a todos,
como a consolidação do Cadastro Nacional de casos,
a adoção de instrumentais e procedimentos padrões,
a incorporação e o acesso a novas tecnologias, dentre
outros. Foram investidos, na realização do I Encontro
da Redesap, um montante de R$ 132 mil.
• Lançamento da campanha “Com a sua
ajuda esta saudade pode ter fim”
Esta iniciativa, trata-se de uma ação de
grande visibilidade, em que foram distribuídos pelo
País, nas agências da CAIXA e na rede lotérica associada, 10 mil cartazes e 1 milhão de folhetos divulgando fotos de crianças e adolescentes desaparecidos
e contatos da rede institucional articulada para a sua
localização, além do site do cadastro nacional (www.
desaparecidos.mj.gov.br) e um número para ligações gratuitas, o 0800 990500, operacionalizado pela
SEDH. O custo de impressão do material da campanha foi de R$ 167 mil.
A segunda etapa da campanha prevê a incorporação da publicação de fotos de crianças e adolescentes desaparecidos e a divulgação do site e do
Disque Denúncia Contra a Exploração Sexual de
Crianças e Adolescentes nos bilhetes da Loteria Federal.
Além dessas, outras ações e iniciativas implementadas em 2005 com recursos orçamentários da
SEDH e de outros órgãos, ou que não exigiram recursos financeiros, contribuíram para a implementação
da Redesap, possibilitando o aumento da eficiência e
eficácia das ações governamentais de enfrentamento
do problema.
A divulgação do primeiro relatório da pesquisa sobre as causas do desaparecimento das crianças e adolescentes, realizada a partir de convênio entre a SEDH e a Fundação Faculdade de Medicina da
USP, e conduzida pela equipe do Projeto Caminho de
Volta, do Centro de Ciências Forenses da Faculdade
de Medicina da USP, é um exemplo. O estudo amplia
o conhecimento sobre o fenômeno do desaparecimento de crianças e adolescentes no Brasil e revela dados
importantes para a elaboração de políticas públicas
voltadas à prevenção.
Compromisso III
No mesmo sentido, pode-se citar a divulgação do relatório parcial de levantamento sobre Delegacias da Criança e do Adolescente, conduzido pela
Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp/
MJ), cujo instrumental de coleta de dados foi elaborado conjuntamente com a SPDCA. O estudo revela
as condições de estruturação e funcionamento dessas
Delegacias, que são a base institucional da Redesap,
e servirá de parâmetro para investimentos do Ministério da Justiça nesta área. A esse respeito cabe acrescentar que o financiamento de novas delegacias de
proteção à criança e ao adolescente e o aparelhamento
das delegacias existentes, que vinha sendo realizado
pela SPDCA, será gradativamente assumido pela SENASP/MJ.
Também na linha de ampliação das informações na área e de melhoria de sua qualidade foi
de fundamental importância a inclusão de campos
relativos ao desaparecimento de crianças e adolescentes no Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança
Pública e Justiça Criminal, o que permitirá, a médio
prazo, o dimensionamento do fenômeno no País e a
construção de séries históricas possibilitando avaliar
o impacto das políticas na área.
Cabe mencionar a aprovação da Lei
11.259/05, sancionada pelo Presidente da República
em 30 de dezembro de 2005, que altera o artigo 208
do Estatuto da Criança e do Adolescente, determinando a obrigatoriedade de registro de ocorrência e
providências imediatas de busca das crianças e adolescentes desaparecidos pelas autoridades policiais. A
nova determinação deverá contribuir para a superação
da cultura policial de esperar 24 ou 48 horas para dar
início às buscas.
Implementação da Rede Brasileira de Informação sobre Infância, Adolescência e
Família (Redinfa)
O Brasil não dispõe até o momento também
de uma base de dados consolidada que reúna a produção teórico-técnica relativa à área da infância e à da
adolescência, ou de um grande cadastro nacional de
órgãos e entidades que compõem a rede de atenção
às crianças e aos adolescentes e dos projetos por eles
desenvolvidos e que possa ser utilizada por pesquisadores, estudiosos, gestores de políticas públicas, profissionais da área e outros atores institucionais. Várias
entidades mantêm acervos temáticos, mais ou menos
divulgados, mas que não respondem completamente à
demanda de informações nessa área.
Como parte de suas atribuições, expressas
no acordo de cooperação firmado com o Instituto Interamericano da Criança e do Adolescente (IIN), organismo especializado da OEA na área da infância e
adolescência, a SEDH realizou, no ano de 2005, a tradução do espanhol para o português do software OPD
(Organizações, Projetos e Documentos), compartilhado por 21 Países do Sistema Interamericano, marcando assim a entrada do Brasil na Rede Interamericana
de Informação sobre Infância, Adolescência e Família. A SPDCA/SEDH passou a figurar como Centro
Focal da rede no Brasil, a partir do qual se constituirá
a Rede Brasileira de Informação sobre Infância, Adolescência e Família (Redinfa).
Perseguindo esse objetivo, a SPDCA constituiu uma equipe para gestão do Centro Focal e iniciou
a alimentação da base de dados OPD, cadastrando organizações, projetos e documentos do âmbito do Governo Federal. A base pré-existente, constituída pelas
informações dos demais Países da Rede, foi instalada
na SPDCA e possui aproximadamente 80 mil referências documentais cadastradas, sendo 9 mil em texto
completo no formato eletrônico, além de 13 organizações e 3 mil projetos da Região das Américas.
Ainda no ano de 2005, a SEDH, através da
sua Gerência de Cooperação com Organismos Internacionais, firmou contrato com o Centro de Capacitação
e Incentivo a Formação (CeCIF) no âmbito de Projeto de Cooperação com o Fundo das Nações Unidas
para Atividades Populacionais (UNFPA), para criação
de um subcentro focal da Redinfa no estado de São
Paulo, que incorporou ao OPD aproximadamente 7
mil referências documentais constantes do acervo do
Centro, além do mapeamento de organizações e projetos voltados à criança e ao adolescente no estado.
Um outro subcentro focal da Rede foi criado
no estado do Ceará, sob responsabilidade da entidade
Instituto da Infância (IFAN), que atua na Região do
Maciço do Baturité e incorporou à base informações
coletadas nesta Região. Contatos institucionais foram
estabelecidos para a criação de outros subcentros nos
Estados do Pará, Espírito Santo, Piauí, Bahia, Rio de
Janeiro e Distrito Federal. A Redinfa integrará e com-
119
120
plementará as informações que vêm sendo produzidas
pelo Sistema de Informação Para a Infância e a Adolescência (SIPIA).
O sucesso da implementação da Redinfa dependerá, em grande medida, além da capacidade da
SPDCA em articular parcerias para a alimentação da
base de dados, da capacidade de difusão das informações coletadas, o que irá requerer o desenvolvimento
tecnológico da plataforma hoje utilizada pelo IIN no
desenvolvimento do OPD, que não possibilita o compartilhamento das informações via Web.
Apoio ao Sistema de Garantia dos Direitos
de Crianças e Adolescentes
Entre 2004 e 2005 houve uma evolução
positiva dos indicadores qualitativos relacionados a
algumas das instituições centrais do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente. A
evolução mais expressiva foi do número de conselhos
tutelares que aumentou 21% segundo tabela SIPIA de
12/2005. Para os demais indicadores não se dispõe de
números atualizados; porém, levantamento realizado
pela SEDH em maio de 2005 já demonstrava evolução em todos eles, especialmente de delegacias especializadas, com aumento de 247%.
Tabela 05 • Número de Unidades do Sistema de Garantia de Direitos, Brasil, 2004 e 2005.
Unidades do SGD
Conselhos Tutelares
Delegacias Especializadas
Defensorias Públicas
Centros de Defesa
Linha de base 2004
3.785
19
20
27
Situação atualizada
4.585*
47**
27**
32**
Evolução
24%
247%
35%
18%
Fonte: SPDCA/SEDH/PR .
Apesar dessa evolução positiva, o Sistema
de Garantia de Direitos ainda têm muitas dificuldades
em proteger crianças e adolescentes , especialmente
devido à insuficiência de órgãos e entidades de defesa
e proteção, tais como conselhos de direitos e tutelares, delegacias especializadas, promotorias, varas da
infância e defensorias públicas. Além disso, outras
causas interferem na baixa efetividade do Sistema,
mesmo onde este está bem estruturado, quais sejam:
pequena capacidade de atendimento; qualificação insuficiente dos operadores; carência de informações;
baixa mobilização e controle social; carência de estrutura e equipamentos, entre outras.
Para a ampliação da rede de órgãos e entidades de proteção dos direitos da criança e do adolescente, foram reelaborados materiais de orientação
para a implementação e funcionamento de conselhos
municipais dos direitos da criança e do adolescente e
de conselhos tutelares para apoio da atuação do Ministério Público em âmbito nacional, bem como foram
efetivados convênios para criação e fortalecimento
dos conselhos. Ainda foram realizadas ações para estruturação e ampliação do atendimento de defensorias
públicas e núcleos de defesa.
Para o fortalecimento da capacidade de
atuação do Sistema, foram realizadas ações de capacitação de conselheiros tutelares e de direitos, de
magistrados, de promotores, de delegados e de defensores públicos. Também tiveram apoio projetos de
sensibilização e qualificação da mídia e atores sociais
para a abordagem adequada das questões relativas à
proteção dos direitos de crianças e adolescentes, bem
como para mobilização e fortalecimento do controle
social. Mais uma campanha nacional para destinação
incentivada de recursos aos fundos para a infância e
a adolescência foi criada e divulgada, assim como foi
preparada uma pesquisa nacional para o levantamento do perfil dos conselhos e conselheiros de direitos
e tutelares. Para tanto foram realizados 15 convênios
com organizações da sociedade civil, governos estaduais e municipais, universidades, defensorias públicas e organismos internacionais, sendo seis de âmbito
nacional e nove que atenderam especificamente aos
Estados de Alagoas, Goiás, Minas Gerais, Para, Piauí,
Rio Grande do Norte e Tocantins.
Estes convênios somam aproximadamente
R$ 3,5 milhões investidos, principalmente, na capacitação de 3.120 atores do sistema de garantia de di-
Compromisso III
reitos; na criação de 100 conselhos de direitos e 100
conselhos tutelares; no fortalecimento da capacidade
de atendimento de defensorias públicas nos Estados
de Minas Gerais, Para, Piauí e Tocantins, possibilitando o atendimento jurídico-social a mais de 12 mil
crianças e adolescentes.
O processo de implementação de ações
nesta área enfrenta um conjunto de dificuldades que
implicam em um alto “custo de transação”, especialmente de tempo e dedicação das equipes. A pluralidade de atores públicos e privados envolvidos diferentes
poderes em distintas esferas de governo, divergências
políticas no interior de conselhos de direitos, conflitos
entre conselhos de direitos e administrações municipais e estaduais, entre outros, impõem um grande
esforço de articulação, negociações, focalização de
objetivos e harmonização de concepções. E, ainda, a
quantidade de temas e problemas abordados, somados à diversidade regional, exige de cada projeto, para
ser eficiente, adaptação a características específicas e,
portanto, que sejam desenvolvidos de forma “artesanal”.
Box 14 • O Pró-Conselho Brasil.
Uma boa experiência a ser destacada é o programa Próconselho Brasil, lançado em 2004, que reúne um conjunto de
ações articuladas e focalizadas para o fortalecimento da base
do sistema de garantia de direitos, em especial os conselhos de
direitos e tutelares. Este programa reúne projetos de criação de
conselhos, de fortalecimento dos fundos dos direitos da criança
e do adolescente, de pesquisas para levantamento do perfil de
conselhos e conselheiros e de capacitação de conselheiros. Em
2005, o programa produziu e divulgou sua segunda campanha
nacional de estímulo à destinação incentivada de recursos aos
fundos para a infância e a adolescência; elaborou e distribuiu
5.mil cartilhas de orientação para as ações dos conselhos de
direitos quanto à participação na elaboração do orçamento
público e à criação e gestão dos fundos para a infância e a
adolescência; preparou dois guias para a criação e funcionamento
de conselhos de direitos e tutelares; apoiou diretamente a criação
de 100 conselhos de direitos e 100 tutelares e a capacitação de
1.170 conselheiros. Nestas ações foram aplicados R$ 900 mil
do FNCA, oriundos de destinação incentivada realizada por
parceiros do programa, que ainda contribuíram integralmente
com a reprodução de 200 mil folders e a criação da campanha
nacional.
Implantação do Sistema de Informações
para a Infância e a Adolescência (Sipia)
O Sistema de Informação para a Infância
e Adolescência (Sipia) busca suprir lacunas de informação e base diagnóstica complementar para conhecimento de violações de direitos cometidas contra
crianças e adolescentes em dimensão nacional. Visa
subsidiar o direcionamento de políticas publicas em
nível municipal, estadual e nacional, de forma a favorecer o fortalecimento do Sistema de Garantia de
Direitos, principalmente a rede de conselhos tutelares, no exercício da defesa e da garantia dos direitos
previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente. O
Sipia está dividido em quatro módulos, a saber:
Módulo I –
monitoramento de violações de
direitos a partir de Conselhos Tutelares;
Módulo II – monitoramento do fluxo de atendimento de adolescentes em conflito com a lei;
Módulo III – monitoramento sobre colocação
familiar e adoções nacionais e
internacionais;
Módulo IV – acompanhamento da implementação da rede de conselhos de
direitos, tutelares e fundos da infância no Brasil.
121
122
Os resultados obtidos em 2005 na implantação de cada um dos módulos do Sistema foram:
Quadro 05 •
Módulo I
Principais resultados obtidos em 2005 na implantação do Sipia
Acréscimo de 665 conselhos tutelares aos 1.400 anteriormente mantidos na rede. São conselhos
tutelares de 23 estados. Os Estados da Região Sul possuem 609 conselhos na rede, seguidos
pelos Estados da Região Nordeste, que possuem 560, dos da Região Sudeste, com 504, dos da
Região Centro Oeste, com 272 e dos da Região Norte, com 120.
Módulo II
Implementação da versão Web do Sistema em seis Estados: Pará, Pernambuco, Paraná, Minas
Gerais, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte. Isso possibilitará o acesso dos potenciais
usuários de qualquer localização no estado por um banco único.Esta ação envolveu capacitação
de técnicos e profissionais de informática das unidades de plantão interinstitucional onde ocorre a
centralização do atendimento inicial de adolescentes que cometem atos inflacionais. Futuramente
haverá geração de informação para o Portal Sipia, Módulo II – sitio sob a identificação www.
mj.gov.br/sipia/ -, o que permitirá acompanhamento nacional dos adolescentes em cumprimento
de medidas socioeducativas a partir de informações estaduais.
Módulo III
Implementação deste módulo em oito Estados: Amazonas, Roraima, Pernambuco, Ceará, Rio
Grande do Norte, Espírito Santo, Pará, Mato Grosso do Sul. A operacionalização é feita pelas
comissões estaduais judiciárias de adoção (Cejas), sediadas junto às corregedorias estaduais
nos tribunais de justiça dos estados. Na fase atual, está em implantação a versão web, ainda sem
geração de informações para o Portal.
Módulo IV
Manutenção da armazenagem de dados cadastrais de conselhos e fundos em banco de dados por
estados e municípios. Estão cadastrados na base de dados do sistema 27 conselhos estaduais de
direitos, 4.900 conselhos municipais de direitos e 4.585 conselhos tutelares.
Apesar dos quatro módulos do SIPIA ainda
não estarem sendo alimentados adequadamente em
todos os estados brasileiros, os indicadores de situação gerados pelo sistema revelam dados importantes
sobre a violação de direitos de crianças e adolescentes
no País e a rede de proteção existente. Fica evidente,
por exemplo, a necessidade de esforços mais concentrados de gestão, nos três níveis de governo (municipal, estadual e federal), no sentido de fortalecer o
Sistema de Garantia de Direitos, a partir de ações arti-
culadas de entidades e atores que o integram.
No que se refere aos indicadores gerados
pelo Módulo IV do sistema, tem-se um porcentual
significativo de implantação de conselhos, com cerca de 88% dos municípios com conselhos de direitos,
82% de municípios com conselhos tutelares e existência de 27 conselhos estaduais de direitos em funcionamento .
Compromisso III
Tabela 06 • Número de Conselhos Cadastrados no Brasil.
UF
Nº DE MUNICÍPIOS
AC
AL
AM
AP
BA
CE
DF
ES
GO
MA
MG
MS
MT
PA
PB
PE
PI
PR
RJ
RN
RO
RR
RS
SC
SE
SP
TO
TOTAL
Percent
22
102
62
16
417
184
1
78
246
217
853
78
141
143
223
184
223
399
93
167
52
15
497
293
75
645
139
5565
100%
CONSELHOS CADASTRADOS
ESTADUAL
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
27
100%
MUNICIPAL
16
91
33
13
253
184
0
78
212
142
769
78
136
135
120
184
175
399
92
144
50
15
449
293
75
645
119
4900
88%
TUTELAR
16
82
30
13
163
174
10
86
217
95
712
77
133
123
100
199
148
410
107
112
48
10
448
278
83
619
92
4585
82%
Fonte: SIPIA, Módulo IV.
No ano de 2005, os destaques regionais foram: na Região Sul, o Paraná, onde houve a adesão de
325 municípios, fruto de ação articulada entre o Conselho Estadual de Direitos, o Instituto de Ação Social
e o Ministério Público; no Centro Oeste, Mato Grosso
do Sul, que tem a cobertura do SIPIA em todos os
municípios; no Nordeste, Ceará, Pernambuco e Sergipe, que cobriram mais de 90% de seus municípios;
na Região Sudeste, Minas Gerais, que, mediante ação
articulada entre a Secretaria de Desenvolvimento Social e Esportes, o Fórum de Apoio aos Municípios e
o Ministério Publico, conseguiu atingir as regiões de
maior exclusão social do estado.
entre os direitos fundamentais, os que se referem ao
direito à convivência familiar e comunitária, à liberdade, ao respeito e à dignidade e à educação, à cultura
e ao esporte são os que ostentam os maiores índices
de violações. Com a inserção de dados acumulados
desde 1999 no Portal Sipia, cerca de 447 mil denúncias de violações estão caracterizadas a partir de um
núcleo conceitual denominado Núcleo Básico Brasil
(NBB)31. O Portal apresenta, por meio de indicativos
estatísticos, a violação cometida, o sujeito violado
(criança e ou adolescente por sexo, faixa etária), os
agentes violadores e o direito violado, sem identificar,
ainda, as medidas de proteção aplicadas.
Quanto à coleta de dados acerca de violações de direitos (Módulo I), o Sipia tem revelado que,
Abaixo, tem-se a evolução histórica dos
principais direitos violados segundo dados do Sipia.
31�������������������������������������������������������������������������������������
O NBB caracteriza e define violações do ponto de vista de cada direito fundamental. É
�� importante
�������������������������������������������������������������
ressaltar, ainda, que a metodologia utilizada no
Módulo I envolve a identificação da violação, dos principais violadores (família, estado, sociedade ou o próprio adolescente), do direito violado e da
aplicação das medidas de proteção.
123
124
Tabela 07 • Número de ocorrências contra os direitos da criança e do adolescente, registrados no SIPIA, Brasil, 2000 a 2005.
Ano
2000
2001
2002
2003
2004
2005
TOTAL
GERAL
Percent.
2593
3037
5032
5304
3416
3850
Liberdade,
respeito e
dignidade
10340
15368
23354
24134
15715
16564
Convivência
familiar e
comunitária
23942
32596
54168
53648
30960
31677
23232
105475
226991
80849
11301
5%
23%
51%
18%
3%
Vida e
saúde
Educação
Profissionalização
cultura e
e proteção ao
esporte
trabalho
8233
888
10643
1494
18041
3489
17814
2966
11883
1271
14235
1193
Total
45996
63138
104084
103866
63245
67519
447848
-
FONTE : Portal SIPIA, Módulo I.
Observa-se que 51% das violações referemse ao direito à convivência familiar e comunitária, com
cometimento de atos atentatórios à vida, à segurança,
à saúde física e mental das crianças e dos adolescentes, tais como violência (física, psicológica, abuso
sexual intrafamiliar), e insuficiência de condições
econômicas para manutenção adequada da família.
Em relação ao direito à liberdade, ao respeito e à dignidade, a incidência é de 23% do total. Ressaltam–se
nesta forma de violação questões ligadas ao exercício
da cidadania, caracterizados por ações ou omissões,
prioritariamente de responsabilidade do Estado ou
da sociedade, que contrariam os direitos garantidos
em lei, como a ausência de registro civil, situações de
desaparecimento de crianças, entre outros. Quanto ao
direito à educação, ao esporte, à cultura e ao lazer, as
violações representam 18% do total.
A próxima tabela mostra a evolução histórica das violações por sujeito violado (criança ou
adolescente).
Tabela 08 • Demonstrativo de Violações por faixa etária, SIPIA, Brasil, 2000 a 2005.
ANO
CRIANÇAS
ADOLESCENTES
TOTAL
2000
25144
20848
45992
2001
32017
31116
63133
2002
53809
50271
104080
2003
55263
48603
103866
2004
34990
28259
63249
2005
36267
31252
67519
237490
210349
447839
53%
47%
TOTAL GERAL
Percentual
-
Fonte: Portal Sipia, Módulo I.
O quadro demonstra que, entre 2000 e 2005,
as crianças, considerando a faixa etária de 0 a 12 anos,
corresponderam a 53% das vítimas de violações. No
contato com os principais usuários, por meio de encontros estaduais e do monitoramento dos convênios,
detecta-se a necessidade de esforços concentrados e
articulados da rede de atendimento em razão de situações-problema - tais como violência sexual, física,
psicológica, trabalho infantil, entre outras - , que, apesar dos esforços governamentais, refletem problemas
sociais como a má distribuição da renda, a exclusão
social e o desemprego.
Compromisso III
Várias parcerias foram importantes para a
implementação e aprimoramento do Sipia durante o
ano de 2005, dentre as quais destacaram-se:
•com o UNICEF, para consultoria técnica
especializada, visando análise crítica do sistema, em
especial o Módulo I, e elaboração de Índice de Violação de Direitos (IDV);
•com Furnas Centrais Elétricas e Banco do
Brasil, para fortalecimento do Sistema de Garantia de
Direitos, em especial a rede de conselhos de direitos
e tutelares no tocante à capacitação e apoio a infraestrutura.
Ressalte-se, ainda, que uma auditoria operacional do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou as principais falhas do Sistema e fez importantes
recomendações para o seu aprimoramento.
125
126
Combatendo HIV/Aids
Objetivo: Reduzir os casos de HIV/Aids no Brasil.
Compromisso IV
Compromisso IV: Combatendo HIV/Aids.
Objetivo: Reduzir os caso de HIV/Aids no Brasil
De acordo com o Ministério da Saúde, a
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - Aids, causada pelo vírus da imuno deficiência humana - HIV,
foi identificada no Brasil, pela primeira vez, em 1980,
e apresentou um crescimento na incidência até 1998.
Desde então, houve uma desaceleração nas
taxas de incidência de Aids no País e uma mudança
no perfil de contágio. Se antes os grupos de risco restringiam-se aos homens que fazem sexo com homens,
às profissionais do sexo e aos usuários de drogas in-
jetáveis, hoje a epidemia caminha no sentido da feminização, “heterossexualização” e pauperização do
paciente, aproximando-o cada vez mais do perfil socioeconômico do brasileiro médio. Nesse sentido, em
um contexto em que o HIV é transmitido em todos os
estratos e grupos sociais, crianças e adolescentes representam um grupo de especial preocupação em função do contágio do HIV na gestação e nascimento do
bebê e também por meio de relações sexuais desprotegidas entre os adolescentes e jovens até 24 anos.
Portanto, o Compromisso IV tem como propósito reduzir os caso de HIV/Aids no País, baseando-se
em 3 desafios. São eles :
(i)
Redução da Prevalência do HIV entre homens e mulheres jovens com idade entre 15 e 24
anos;
(ii) Redução da Prevalência do HIV entre bebês e crianças;
(iii) Apoio aos órfãos e às meninas e aos meninos infectados pelo HIV/Aids.
127
128
Dados de Contexto
Aids
No Brasil, até junho de 2005, foram notificados cerca de 372 mil casos de casos de Aids no País.
As taxas de incidência foram crescentes até metade da
década de 90, com elevada tendência de crescimento,
alcançando, em 1998, 17,5 casos de Aids por 100 mil
habitantes, mantendo-se, desde então, em patamares
elevados, basicamente devido à persistência do crescimento da incidência da doença em mulheres.
Entretanto, entre os homens, observa-se a
redução das taxas nas faixas etárias de 13 a 29 anos
e o crescimento principalmente entre 40 e 59 anos,
corroborando com os resultados das pesquisas comportamentais nas quais observa-se que os mais jovens
estão usando mais e persistentemente o preservativo,
principalmente nas relações sexuais com parceiros
eventuais.
Do total de casos de Aids, mais de 80%
estavam concentrados nas Regiões Sudeste e Sul. O
Sudeste, a Região mais atingida desde o início da
epidemia, apesar da alta taxa de incidência, é a única
região que mostra uma tendência consistente, embora lenta, de declínio desde 1998. Para as demais regiões, tem-se verificado um aumento persistente das
taxas de incidência de casos, principalmente na Região Norte, que, pelos estudos de acesso ao pré-natal
e comportamentais, tem sido considerada de grande
vulnerabilidade.
Mais recentemente, vem-se observando
o aumento proporcional de casos de Aids devido à
transmissão heterossexual, principalmente entre as
mulheres que, diferentemente dos homens, têm apresentado taxas de incidência crescentes. Utilizando-se
a escolaridade como uma variável indicadora da condição socioeconômica do indivíduo, observa-se que a
Aids atingiu, inicialmente, os indivíduos com maior
escolaridade, com posterior crescimento entre aqueles
menos escolarizados. Todavia, isto não ocorre de maneira homogênea, sendo bem mais evidente entre os
casos que tiveram como categoria de exposição o uso
de drogas injetáveis e, mais recentemente, na categoria de transmissão heterossexual.
HIV
Estima-se que cerca de 600 mil pessoas vivam com HIV ou Aids no Brasil. Segundo parâmetros
da Organização Mundial de Saúde - OMS, o Brasil
mantém sua posição entre os Países com epidemia
concentrada (quando o número de casos, novos ou
antigos, em qualquer população de risco é maior que
5%, mas menor que 5% nas populações que não apresentam condutas de risco), com prevalência da infecção pelo HIV de 0,61% entre a população de 15 a 49
anos, sendo 0,42% entre as mulheres e 0,80% entre
os homens.
A taxa de prevalência de HIV foi de 0,088%
entre jovens do sexo masculino de 17 a 21 anos, em
2002, e de 0,28% em mulheres jovens de 15 a 24
anos, em 2004. A estabilização das taxas de prevalência do HIV certamente está associada às mudanças de
comportamento e às práticas e atitudes da população
brasileira frente às questões relacionadas à transmissão do HIV.
Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis
Congênita
Do número total de mais de 372.000 casos
confirmados de Aids no Brasil, 118.520 são mulheres. Anualmente, 3 milhões de mulheres dão à luz no
Brasil. Segundo estudo realizado em 2004, em uma
amostra representativa de parturientes de 15 a 49 anos
de idade, em todas as regiões do País, a taxa de prevalência de mulheres portadoras do HIV no momento do
parto foi de 0,42%, o que corresponde a uma estimativa de cerca de 12.644 mil parturientes infectadas.
Desde 2000, a notificação de casos de gestante HIV positivo e crianças expostas é obrigatória a
médicos e outros profissionais de saúde no exercício
da profissão, bem como aos responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de
saúde, em conformidade com a lei e recomendações
do Ministério da Saúde (Lei 6259 de 30/10/1975 e
Portaria nº 33 de 14 /07/2005 e publicada no D.O.U.
de 15/07/2005).
Embora a sífilis congênita também seja de
notificação compulsória desde 1986, no período de
Compromisso IV
1998 a junho de 2005, apenas 29.396 casos foram notificados, demonstrando, assim, o grande sub-registro
e subnotificação desse agravo. A incidência (surgimento de novos casos) passou de 1,3 casos por mil
nascidos vivos em 2000 para 1,6 casos por mil nascidos vivos em 2004. Entre os casos notificados em
2004, 78,8% das mães realizaram pré-natal. Destas,
57,7% tiveram o diagnóstico de sífilis durante a gravidez e apenas 14,1 % tiveram os seus parceiros tratados
- ainda sem considerar o percentual de informações
ignoradas. No Brasil, entre 1991 a 1999, o coeficiente
de mortalidade por sífilis congênita, em menores de
1 ano, manteve-se estável em cerca de 4 óbitos por
100.000, quando apresentou tendência decrescente,
chegando, em 2004, a 1,7 óbitos por 100.000 nascidos
vivos. Tais informações refletem a baixa qualidade
do pré-natal no País e/ou a pouca importância que os
profissionais de saúde, sejam gestores ou diretamente
envolvidos no atendimento, têm dado ao diagnóstico e
ao tratamento da sífilis, principalmente na gravidez.
Com relação à sífilis congênita, em estudo
realizado em 2004, em uma amostra representativa de
parturientes de 15 a 49 anos de idade, em todas as
regiões do País, observou-se uma taxa de prevalência de 1,6% para sífilis ativa (e de 0,42% para HIV),
com uma estimativa de cerca de 50 mil parturientes
com sífilis ativa e de 12 mil nascidos vivos com sífilis
congênita (considerando-se uma taxa de transmissão
vertical de 25%). Essa prevalência variou de 1,9% na
Região Nordeste a 1,3% na Região Centro-Oeste.
Diante dessa situação epidemiológica e da
existência de esquema profilático altamente eficaz
contra a transmissão materno-infantil do HIV e da Sífilis, torna-se de grande importância o conhecimento,
o mais precocemente possível, do estado sorológico
das gestantes, a fim de iniciar a terapêutica da doença
e/ou profilaxia adequada para a redução da transmissão vertical destes agravos.
O investimento realizado na detecção precoce do vírus nas gestantes e na tentativa de impedir sua
transmissão para as crianças, evitando o surgimento
de futuros casos de Aids infantil, demanda o desencadeamento e o aprimoramento de ações de Vigilância
Epidemiológica da infecção pelo HIV entre as gestantes, qualificando as ações e incorporando as medidas
já reconhecidas como eficazes para a redução da transmissão vertical, tais como a detecção precoce, o uso
de quimio-profilaxia e a disponibilização de fórmula
infantil substitutiva para o aleitamento materno.
129
130
Desafio 1: Redução da Prevalência do HIV entre Homens e Mulheres Jovens com Idade entre 15 e 24
Anos.
Objetivo: Estagnar os indicadores de incidências de Aids entre jovens brasileiros.
Quadro 01• Metas.
Indicador
Taxa de prevalência do HIV entre homens e
mulheres com idade entre 15 e 24 anos
Situação Inicial
Metas 2007
Homens= 83%
Não progressão dos indicadores
Mulheres = 47%
Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente.
Observando-se que a transmissão do HIV
acontece em grande parte via relação sexual, o uso
consistente do preservativo é considerado a ferramenta mais eficiente para impedir a transmissão do HIV
pela via sexual. Nesse sentido, destacam-se as estratégias implementadas pelo Governo Federal para a
ampliação do acesso aos insumos de prevenção, principalmente do preservativo junto à população sexualmente ativa, em especial os jovens.
Estudos realizados entre 1997 e 2002 com
jovens de 17 a 21 anos, conscritos do Exército Brasileiro, mostram que o uso de preservativo, com parceiro eventual, vem aumentando nos últimos anos.
Ressalta-se, também, o aumento observado no uso de
preservativos entre os jovens em sua primeira relação
sexual. O Índice de Comportamento Sexual de Risco
(ICSR) diminuiu no período entre 1999 e 2002. Esta
diminuição é mais expressiva entre homens que fazem sexo com outros homens (HSH) e usuários de
drogas injetáveis (UDI).
A Tabela 01, a seguir, revela o uso do preservativo no Brasil e Regiões.
Tabela 01 • Estimativa de uso do preservativo, Brasil e Grandes Regiões, 2004.
Indicador (%)
Estimativa – 2004
SE
S
CO
N
NE
BR
Uso de preservativo na última relação sexual
Uso de preservativo na última relação sexual com
parceiro eventual
Uso regular de preservativo (qualquer parceria)
38,3
38,3
38,2
39,6
36,8
38,4
71,5
70,7
61,6
74,4
67,5
67,0
Com parceiro fixo
22,5
20,0
27,0
27,7
26,6
24,9
Com parceiro eventual
47,3
53,0
47,7
60,9
54,8
47,3
Fonte: PCAP-BR.
Conforme a Tabela 1, em 2004, estima-se
que 67% da população sexualmente ativa usou preservativo na última relação sexual com parceiro eventual. A Região Sul apresenta o maior percentual, 74,4%,
seguida da Região Norte, com 71,5%.
O uso regular de preservativos com parceiro eventual foi estimado em 47,3%, média Brasil. A
Região com o maior percentual neste indicador é a
Região Sul, com 60,9%, seguida pela Região CentroOeste, com 54,8%
Compromisso IV
Baseando-se nesse contexto diversas estratégias estão sendo implementadas, destacando-se o
Projeto “Saúde e Prevenção nas Escolas1”, voltado à
ampliação das ações de prevenção junto a crianças e
adolescentes da rede escolar, por meio de ações educativas, capacitação de professores, formação de alunos multiplicadores de prevenção e distribuição de
preservativos.
e Prevenção nas Escolas”, uma parceria entre o Ministério da Educação, Ministério da Saúde, UNICEF
e UNESCO, contribuiu de forma significativa, uma
vez que em 2005, por meio de 47 reuniões e oficinas,
possibilitou sensibilizar e estabelecer acordos para
implementação deste Projeto junto aos gestores e gerentes de saúde e educação, dos âmbitos estadual e
municipal.
O compromisso na implementação de ações
voltadas aos adolescentes demonstrou, ao longo dos
últimos anos, sua importância e necessidade. O último Censo Escolar, finalizado em 2005, mostrou que
99% das escolas da rede pública de ensino médio desenvolveram regularmente ações de orientação sexual
(Ministério da Educação, 2005). Este levantamento
também apontou que 60,2% das escolas públicas de
1º e 2º graus desenvolvem ações contínuas de prevenção do HIV/Aids e outras DST (Ministério da Educação, 2005). A implementação do projeto “Saúde
Em relação à disponibilização de preservativos masculinos para adolescentes, à despeito das
dificuldades na aquisição deste insumo em 2005, houve desabastecimento somente em algumas regiões do
País. No total foram distribuídos neste ano mais de
251 milhões de unidades. Este quantitativo torna-se
importante, uma vez que possibilitou um crescimento
ao longo dos últimos anos do seu uso entre os jovens,
no início de sua vida sexual, conforme verificamos no
quadro a seguir:
Tabela 02 • Percentual de jovens que usaram preservativos na 1a relação sexual,por sexo, Brasil, 1998 e
2005.
Faixa etária (em anos)
16 – 19
20 – 24
1998
Homens
Mulheres
2005
45,1
51,0
44,0
30,0
Homens
68,3
57,5
Mulheres
62,5
52,4
Fonte: Pesquisa sobre Comportamento Sexual e Percepções da População Brasileira sobre HIV/Aids 1998 e 2005 – MS – PNDST/Aids.
1�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Este projeto é resultante da parceira entre o Ministério da Educação, Ministério da Saúde, UNICEF e UNESCO, cujo objetivo é o fortalecimento de
ações integradas a fim de reduzir à infecção pelo vírus HIV/AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis entre a população de 10 e 24 anos.
131
132
Desafio 2: Redução da Prevalência do HIV entre bebês e crianças.
Objetivo: Reduzir 45% a taxa de prevalência de HIV em bebês, atingindo o patamar de 2% em 2007.
Quadro 02 • Metas.
Indicador
Taxa de prevalência de HIV em
bebês
Situação Inicial
Metas 2007
3,70 %
2%
Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente.
As principais políticas públicas desenvolvidas no âmbito do Desafio II objetivam reduzir a taxa
de prevalência de HIV em bebês, visando alcançar o
patamar de 2% ao final de 2007. Assim, elaboraramse ações especialmente voltadas para o público de
crianças desassistidas.
natal oferecido pelo Sistema Único de Saúde – SUS.
Apesar disso, além do pré-natal, é necessária ainda
a testagem de HIV e o recebimento do resultado em
tempo hábil para iniciar o tratamento, pois os riscos
de transmissão aumentam tanto no momento do parto
quanto no período de gestação.
Apesar da diminuição da taxa de prevalência entre as mulheres grávidas, a despeito do aumento
do HIV entre as mulheres, o número de órfãos em decorrência de Aids materna aumenta consideravelmente ao longo do tempo. Se em 1990, no Centro-Oeste,
foram registrados apenas 22 órfãos por mortalidade
materna em decorrência do HIV, em 1999, este número já havia subido para 560.
A taxa de cobertura de testagem de HIV em
gestantes no Centro-Oeste – da ordem de 70% – também é relativamente alta se comparada a outras regiões. A única taxa de cobertura maior é a da Região Sul
(72%). No caso do Norte e do Nordeste, essa cobertura não ultrapassa 24% e no Sudeste chega a 69%. Este
indicador é muito favorável, pois mostra que a maior
parte das gestantes tem feito o teste de HIV (Estudo
Sentinela-Parturiente, 2002). Apesar da taxa favorável de cobertura do teste, em decorrência do aumento da epidemia em mulheres, é também crescente o
número de casos de HIV adquirido por transmissão
perinatal2.
Com a feminização da epidemia de HIV,
aumentaram muito os níveis de transmissão materno-infantil da doença, problema este cada vez mais
combatido com o uso da Terapia Anti-Retroviral TAR. A terapia diminui consideravelmente o risco de
transmissão do vírus. O diagnóstico da doença deve
ser feito no início da gravidez, para que a mãe possa começar o tratamento da Terapia Anti-Retroviral.
Esse diagnóstico é normalmente condicionado ao pré-
O gráfico 1 a seguir ilustra que a grande
maioria das crianças de até 13 anos de idade contraiu
o HIV no período perinatal, em todo o Brasil.
2���������������������������������������������������������������������������������������������������������
Período perinatal compreende das 22 semanas completas de gestação (154 dias) ao 7º dia completo de vida.
Compromisso IV
Número de casos notificados de Aids por categoria de exposição em crianças de até 13
anos de idade, Brasil, 1990-2004.
Gráfico 1
.
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
ign/SISCEL
Hom ossexual
Bissexual
Heterossexual
UDI
Hem ofílico
Transfusão
Perinatal
Fonte: SINAN.
Os dados mostram a importância de se diagnosticar o HIV no período inicial da gestação para que
o tratamento anti-retroviral previna a transmissão do
HIV das mulheres gestantes aos seus filhos.
Neste sentido, estão sendo desenvolvidas
políticas públicas que associam a saúde reprodutiva
ao diagnóstico e o tratamento do HIV, pois a prevenção, neste caso, é a melhor maneira de diminuir o número de crianças infectadas por HIV.
BOX 01 • Distribuição de anti-retrovirais.
O combate ao HIV no Brasil teve como marco fundamental a
Lei 9313/96, que tratou da distribuição gratuita e universal dos antiretrovirais, medicamentos para os soropositivos que atuam impedindo
a replicação do HIV nas células e a debilitação do sistema imunológico.
Assim, os anti-retrovirais prolongam a vida dos soropositivos e a
tornam mais saudável, fazendo com que possam continuar a ser
produtivos, economizando muito para o País em termos de internações
e tratamentos médicos.
133
134
Apesar dos dados favoráveis e do grande
avanço que o País representa no universo dos Países
em desenvolvimento, preocupa o fato de que há ainda cobertura desigual da Terapia Anti-Retroviral em
função de renda e do nível educacional. Este fato é
especialmente notável agora em que a epidemia tende
a atingir cada vez as mais camadas menos instruídas e
mais pobres da população.
BOX 02 •Enfrentamento da Epidemia.
Dentre as ações referentes à redução da prevalência do HIV
entre homens e mulheres jovens com idade entre 15 e 24 anos destacamse:
- A Consolidação do Projeto Nascer, que visa à disponibilização
da fórmula Láctea infantil às crianças expostas ao HIV/Aids por meio
da transmissão vertical;
- A Qualificação do pré-natal na rede básica de saúde;
- A Implantação de serviços de referência para as gestantes/
parturientes HIV positivo.
Compromisso IV
Desafio 3: Apoio aos órfãos, às meninas e aos meninos infectados pelo HIV/Aids.
Objetivo: Garantir o suprimento lácteo a 100% do universo de crianças, filhas de mães soropositivas, por um
período de seis meses.
Quadro 03 •� Metas.
Indicador
Situação atual
Metas 2007
% de crianças filhas de mães soropositivas
que recebem fórmula láctea infantil por 6
meses
50%
100%
Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente.
As principais estratégias,inicialmente, tinham como premissas construir uma proposta para
o estabelecimento de apoio psicossocial a crianças e
adolescentes com HIV/DST, por meio de repasse de
recursos às suas famílias (naturais ou substitutas),
garantindo sua manutenção em núcleos familiares.
Devido às dificuldades inerentes a uma proposta in-
tersetorial, não foi possível sua implantação. A fim de
garantir uma resposta em 2005, o Ministério da Saúde, por intermédio do Programa Nacional de DST/
Aids repassou R$ 968.349,01 para o financiamento
de 27 projetos específicos de fortalecimento de Casas de Apoio à Crianças, que beneficiaram cerca de
795 jovens, 45 jovens a mais do que o anteriormente
previsto.
135
136
Anexo
PPACA
Tabela Geral.
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
Nível de
Execução B/A
106,42%
9.317.600,00
9.317.600,00
100%
179.024.600,00
179.024.600,00
100%
A) Redução da Mortalidade Infantil
1
2
3
4
5
Prevenção e controle de
4383 doenças imunopreveníveis/
1186 e Vacinação da Pop. e
6031 Imunobiológicos p/ prevenção
e Controle de Doenças
Prevenção e controle de
4383 doenças imunopreveníveis/
1186 e Vacinação da Pop. e
6031 Imunobiológicos p/ prevenção
e Controle de Doenças
Prevenção e controle de
4383 doenças imunopreveníveis/
1186 e Vacinação da Pop. e
6031 Imunobiológicos p/ prevenção
e Controle de Doenças
Prevenção e controle de
4383 doenças imunopreveníveis/
1186 e Vacinação da Pop. e
6031 Imunobiológicos p/ prevenção
e Controle de Doenças
Prevenção e controle de
4383 doenças imunopreveníveis/
1186 e Vacinação da Pop. e
6031 Imunobiológicos p/ prevenção
e Controle de Doenças
MS
Imunização de crianças menores de 1 ano
– vacinar contra BCG
Crianças
menores de
01 ano (90%
do total)
3.260.019
MS
Imunização de crianças menores de 1 ano
– Vacinar contra pólio, hepatite B e
tetravalente, 3 doses
Crianças
menores de
01 ano (95%
do total)
3.260.019
MS
Imunização de crianças com 1 anovacinar com Tríplice viral
Crianças
menores de
01 ano (95%
do total)
3.238.844
99,58%
154.245.000,00
154.245.000,00
100%
MS
Teto Financeiro de Vigilância em Saúde
(TFVS) - Recursos repassados Fundo a
Fundo/ Realizar campanha nacional
contra poliomielite em duas etapas
Crianças com
05 anos (95%
do total)
MS
Teto Financeiro de Vigilância em Saúde
(TFVS) - Recursos repassados Fundo a
Fundo
95% da pop.
13.703.579
41,57%
4.200.000,00
1.745.940,00
58,43
7.500.000,00
3.628.089,00
Pólio = 97,68%
Hepatite B = 91,19%
Tetravalente =
95,23 %
B) Redução da Mortalidade Materna e Atenção à Saúde Reprodutiva
Prevenção e controle de
4383 doenças imunopreveníveis/
6** 1186 e Vacinação da Pop. e
6031 Imunobiológicos p/ prevenção
e Controle de Doenças
7
7b
Atenção Integral a saúde da
6021 6175 mulher/ Atenção à Saúde da
Mulher
6021 6175
Atenção Integral a saúde da
mulher/ Atenção à Saúde da
Mulher
MS
MS
MS
Imunização de mulheres em idade fértil (15
a 49 anos) - Vacinar contra difteria e
tétano (2 doses)
Apoiar técnica e financeiramente a
elaboração e execução de planos de
ação p/ redução da morte materna em
municípios com pop. superior a 100 mil
habitantes, priorizando-se as Regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Apoiar técnica e financeiramente a
elaboração e execução de planos de
ação p/ redução da morte materna em
Mulheres em
idade fértil
(100% do
total)
Planos de
ação
implantados
Pesquisa/
estudos
publicação
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Órgão resp.
municípios com pop. superior a 100 mil
habitantes, priorizando-se as Regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
8
9
10
11
Atenção Integral a saúde da
6021 6175 mulher/ Atenção à Saúde da
Mulher
Educação Permanente e
Qualificação no Sist. Único de
Saúde/ Formação de
Profissionais técnicos de Saúde
Educação Permanente e
Qualificação no Sist. Único de
1311 6200 Saúde/ Promoção dos
Princípios da Educação
Popular em Saúde
1311 6199
Educação Permanente e
Qualificação no Sist. Único de
Saúde/ Apoio à capac. de
1311 0847
Formuladores de Políticas em
Áreas Técnicas Específicas dos
Estados e Municípios.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Apoio a
projetos de
implantação
de redes de
atenção a
mulher e
adolescente
vítimas de
violência
convênios
Convênios/For
mação de
enfermeiras
obstétricas
Convênio/Ca
pacitação de
parteiras
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
118.000.000,00
104.121.606,00
MS
Reativar a comissão Nacional de
Mortalidade Materna e implantar comitês
de Morte Materna em todos os estados,
em municípios com pop. superior a 50 mil
habitantes.
comitês
implantados
MS
Realizar convênio com instituições de
ensino superior p/ formação de 1000
enfermeiras obstétricas p/ a rede SUS
Enfermeiras
obstétricas
formadas
MS
Apoiar a capac. de parteiras tradicionais
e profissionais de saúde p/ melhoria da
assistência ao parto domiciliar, nas
Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Pessoas
capacitadas
11.153.000
10.000.000
7.242.000,00
6.083.905,00
MS
Apoiar o desenvolvimento de projetos de
capac. p/ sist.s locais de saúde,
priorizando-se os seguintes temas: atenção
clínico-ginecológica, atenção à mulher
vítima de violência doméstica e sexual,
investigação do óbito materno, atenção
humanizada ao parto e nascimento,
assistência pré-natal, assistência em
planejamento familiar, capac. de
lideranças dos movimentos de mulheres e
capac. de doulas comunitárias p/ acomp.
de parturientes em 14 maternidades do
Pessoas
capacitadas
16.500
12.000
9.692.100,00
7.747.704,00
Nível de
Execução B/A
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
MS
Repassar incentivos financeiros p/ os
municípios aderidos ao Programa de
Humanização no Pré-Natal e Nascimento
(PHPN) p/ ampliação e qualificação das
ações de atenção ao pré-natal, ao parto
e ao puerpério, e ampliar a adesão ao
PHPN p/ 100% dos municípios.
Municípios
aderidos
MS
Ampliar a oferta de métodos
anticoncepcionais reversíveis, buscando
atender até dezembro/2007, 60% da
demanda da pop. SUS dependente, em
100% dos municípios que possuam equipes
do PSF ou que estejam aderidos ao PHPN
ou que possuam equipes do PITS.
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
Nível de
Execução B/A
0
0
0
0
Municípios
5.235
***
Ver rodapé
-
-
-
N/T
Pessoas
beneficiadas
7.667.669
52%
6.000.000,00
3.980.349,48
68%
MEC/ FNDE
N/T
Alunos
beneficiados
37.135
57.930
1.264.999.999,00
1.225.694.890,00
MDS/
MESA
Distribuição de Alimentos a Grupos
Populacionais Específicos (Indígenas
quilombolas e acampados).
Famílias
atendidas
(igual a cestas
distribuídas)
398.000
505.575
46.000.000,00
45.853.547,00
5.000.000,00
5.000.000,00
SUS em capitais.
12
Atenção Hospitalar e
Ambulatorial no Sist. Único de
Saúde/ Atenção à Saúde da
0906
Pop. (Municípios Habilitados e
1220 e
Não Habilitados em Gestão
0907
Plena do Sist. e nos Estados
Habilitados e Não-Habilitados
em Gestão Plena/Avançada)
13
Atenção Hospitalar e
Ambulatorial no Sist. Único de
0906
Saúde/ Promoção da oferta e
1220 e
da cobertura dos serviços de
0907
assistência farmacêutica e de
insumos estratégicos
C) Segurança Alimentar e Combate à Desnutrição
Programa alimentação
saudável/ prevenção e
Controle das Carências
Nutricionais por Micronutrientes.
14
1215 4294
15
Transferido p/ o MDS (transferência de renda com condicionalidade)
16
17
18
Brasil Escolarizado/ Apoio à
1061 0513 alimentação escolar na
educação básica.
Acesso à Alimentação/
Distribuição de Alimentos a
1049 2792
Grupos Populacionais
Específicos
Acesso à Alimentação/
1049 4641 Publicidade de Utilidade
Pública
19
20
MS
MDS/
MESA
PUP
Essa ação foi transferida p/ o Desafio: E) Ampliação do Acesso ao Saneamento e à Água Potável de Qualidade
1049 2784 Acesso a Alimentação/
MDS/
Educação à Mesa e Cartilhas com os
Famílias
6.000.000,00
5.481.324,00
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Educação Alimentar,
Nutricional e p/ o Consumo.
Educação p/ Alimentação
21 1048 4641 Saudável/ Publicidade de
Utilidade Pública
Abast. Agroalimentar/
Aquisição de Alimentos
22 0352 2798
Provenientes da Agricultura
Familiar .
Identidade Étnica e Patrimônio
Cultural dos Povos Indígenas/
23
0150 6140 Promoção da segurança
**1
alimentar e nutricional dos
povos indígenas**
Órgão resp.
MESA
personagens do Sitio do Pica-Pau Amarelo
MDS/
MESA
MDS/
MESA
MS/
FUNASA
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
atendidas
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
264.181.713,00
257.657.621,00
Nível de
Execução B/A
PUP
Programa do Leite
litros por dia
Implantação da Vigilância Alimentar e
Nutricional no âmbito dos Distritos
Sanitários Especiais Indígenas, sendo o
Distrito piloto o do Mato Grosso do Sul,
Crianças
menores de
05 anos
12.403
44,4%
1.665.709,66
1.644.464,61
73%
D) Atenção à Saúde e ao Desenvolvimento da Criança e do Adolescente
24
1312 6176
25
1214 0589
**2
26
1303 0818
**3
27
1312 0838
**4
Atenção à Saúde de
Populações Estratégicas e em
Situações Especiais de
Agravos/ Atenção à saúde da
Criança
Atenção Básica em Saúde/
Incentivo Financeiro a
Municípios Habilitados à Parte
Variável do Piso de Atenção
Básica - PAB p/ a Saúde da
Família**
Atenção à Saúde da Pop. em
Situações de Violências e
Outras Causas Externas / Apoio
à Estruturação de Serviços de
Atenção às Urgências e
Emergências por Violências e
Causas Externas**
Atenção à Saúde de
Populações Estratégicas e em
Situações Especiais de
Agravos/ Apoio à implantação
de Unidades de Reabilitação**
MS
Apoio a Estados e Municípios com pop.
acima de 100.000 habitantes
Estados e
municípios
apoiados
5560
5560
8.000.000,00
7.337.197
83,7
MS
N/T
Equipes do
PSF ampliadas
24.001 ESF e
12.603 ESB
24.564 para ESF e
99,5% para ESB
874.432.348,00
34.150.000
851.053.888,40
24.602.254
97,71%
72,4%
MS
N/T
Serviços
estruturados
913
94
80.804.681,84
67.140.277,71
MS
Apoio à implantação de Unidades de
Reabilitação**
S/ Inf.
0
0
0
0
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Atenção à Saúde de
Populações Estratégicas e em
28
1312 6181 Situações Especiais de
**5
Agravos/ Atenção à Saúde da
pessoa com deficiência.
Atenção à Saúde de
Populações Estratégicas e em
29 1312 6181 Situações Especiais de
Agravos/ Atenção à Saúde da
Pessoa com Deficiência.
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
MS
Equipes de reabilitação com base
comunitária**
S/ Inf.
MS
Promover a participação juvenil no
planejamento, implantação e
implementação de políticas públicas de
saúde voltadas ao adolescente e ao
jovem.
Convênios
realizados
Atenção à Saúde de
Populações Estratégicas e em
1312 6177 Situações Especiais de
Agravos/ Atenção à Saúde do
Adolescente e Jovem
MS
Priorizar ações educativas na atenção
básica p/ a prev. de agravos e promoção
da saúde de adolescentes e jovens, com
envolvimento de suas famílias.
% de serviços
que
implantaram
ações
educativas
Atenção à Saúde de
Populações Estratégicas e em
30b 1312 6177 Situações Especiais de
Agravos/ Atenção à Saúde do
Adolescente e Jovem
MS
Ações não previstas no PPA
Estudos e
pesquisas
30
31
Atenção à Saúde de
Populações Estratégicas e em
1312 6177 Situações Especiais de
Agravos/ Atenção à Saúde do
Adolescente e Jovem
MS
32
Atenção à Saúde de
Populações Estratégicas e em
1312 6177 Situações Especiais de
Agravos/ Atenção à Saúde do
Adolescente e Jovem
MS
33
Atenção à Saúde de
Populações Estratégicas e em
1312 6177 Situações Especiais de
Agravos/ Atenção à Saúde do
Adolescente e Jovem
MS
Garantir o acompanhamento semestral do
crescimento e desenvolvimento de
adolescentes de ambos os sexos, na faixa
etária de 10 – 14 anos, p/ prev. e
detecção precoce de agravo à saúde –
capac. de recursos humanos.
Garantir o acompanhamento semestral do
crescimento e desenvolvimento de
adolescentes de ambos os sexos, na faixa
etária de 10 – 14 anos, p/ prev. e
detecção precoce de agravo à saúde assessoramento técnico aos Estados e
municípios p/ elaboração de plano de
ação.
Garantir a implantação/implementação
de serviços de assistência no nível da
média complexidade do SUS a
adolescentes vítimas de violência –
Capac. de Recursos Humanos.
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
241.920,00
03
100%
Profissionais
capacitados
300
200
Unidades
federadas
assessoradas
12
23
Profissionais
capacitados
100
0
ver rodapé
***
5.230.000,00
(ver rodapé
Liquidado (B)
174.484,52
Nível de
Execução B/A
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Órgão resp.
34
Atenção à Saúde de
Populações Estratégicas e em
1312 6177 Situações Especiais de
Agravos/ Atenção à Saúde do
Adolescente e Jovem
MS
35
Atenção à Saúde de
Populações Estratégicas e em
1312 6177 Situações Especiais de
Agravos/ Atenção à Saúde do
Adolescente e Jovem
MS
36
Atenção à Saúde de
Populações Estratégicas e em
1312 6177 Situações Especiais de
Agravos/ Atenção à Saúde do
Adolescente e Jovem
MS
37
Atenção à Saúde de
Populações Estratégicas e em
1312 6177 Situações Especiais de
Agravos/ Atenção à Saúde do
Adolescente e Jovem
MS
38
Atenção à Saúde de
Populações Estratégicas e em
1312 6177 Situações Especiais de
Agravos/ Atenção à Saúde do
Adolescente e Jovem
MS
39
Atenção à Saúde de
Populações Estratégicas e em
Situações Especiais de
Agravos/ Apoio a Serviços
1312 0844
Extra-Hospitalares p/
Transtornos de Saúde Mental e
decorrentes do Uso de Álcool e
outras Drogas. (MS-FUNASA)
MS
FÍSICA
Subação
Garantir a implantação/implementação
de serviços de assistência no nível da
média complexidade do SUS a
adolescentes vítimas de violência Assessoramento técnico na elaboração
de plano de ação.
Garantir a implantação/implementação
de serviços de assistência no nível da
média complexidade do SUS a
adolescentes vítimas de violência - Estudo
e Pesquisas sobre a saúde de grupos
populacionais estratégicos ou em
situação especial de agravos.
Garantir a implantação/implementação
de serviços de assistência no nível da
média complexidade do SUS p/
adolescentes autores de violência –
Capac. de Recursos Humanos.
Garantir a implantação/implementação
de serviços de assistência no nível da
média complexidade do SUS p/
adolescentes autores de violência Assessoramento técnico na elaboração
de plano de ação
Garantir a implantação/implementação
de serviços de assistência no nível da
média complexidade do SUS p/
adolescentes autores de violência - Estudo
e Pesquisas sobre a saúde de grupos
populacionais estratégicos ou em
situação especial de agravos.
Prev., Promoção e Tratamento aos usuários
de substancias psicoativa, e transtornos
mentais através da implantação e
expansão de CAPS/AD e CAPS - I
FINANCEIRA
Descritor da
Meta
Meta Proposta
Meta Realizada
Assessorias
realizadas
18
18
Pesquisas
realizadas
1
1
Profissionais
capacitados
Ver rodapé
Assessorias
realizadas
27
27
Pesquisas
realizadas
0
0%
N. º de
CAPS/AD - e
CAPSI implantados
ou
expandidos
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
Nível de
Execução B/A
0,00
0,0%
Estas ações
foram do
mesmo recurso
de R$
5.230.000,00
0
R$8.807.000,00
N. º de CAPS/AD
- e CAPSi implantar 55 caps
implantados ou
AD e 30 caps
expandidos
43,63%(24)
CAPSad
40% (12)CAPSi
este valor é para
todos os CAPS e
não apenas para
CAPSad eCAPS i
Só de incentivo
foram
repassados
R$1.560.000,00
Custeio
repassado
mensalmente
(MAC)
CapsAD pode
faturar ate
R$31.385,50/
mês
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
40
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
1061 4042
Brasil escolarizado/ Promoção
e Desenvolvimento da Saúde
do Escolar na Educação
Básica.
Identidade Étnica e Patrimônio
Cultural dos Povos Indígenas/
41
0150 3869 Estruturação de Unidades de
*****1
Saúde p/ Atendimento à Pop.
Indígena. (MS-FUNASA)**
Identidade Étnica e Patrimônio
42
Cultural dos Povos Indígenas/
0150 6501
*****2
Atenção à Saúde dos Povos
Indígenas. (MS-FUNASA)**
Órgão resp.
MEC/ FNDE
MS/
FUNASA
MS/
FUNASA
FÍSICA
Subação
N/T
Estruturação de unidades de saúde p/
atendimento à pop. indígena**
Atenção à saúde dos povos indígenas**
Descritor da
Meta
Meta Proposta
Alunos
beneficiados
825
Construção /
Reforma/
Equipamento
Indígenas
atendidos
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
80.799
7.880.000,00
7.877.747,00
Foram
estruturadas 128
unidades,
A meta
compreendendo
pactuada no
02 ampliações,
PPA para 2005 foi 18 reformas e 112
de estruturação construções.
de 162 unidades 45 veículos e 600
de saúde
computadores
foram para
unidades de
saúde
8.606.000,00
houve
anulação de
crédito no valor
de 860.600,00
restando
4.343.816,64
3.450.442,19
79,32%
Aproximadamen
te 445.000
indígenas
atendidos
170.260.007.00
havendo um
crédito
suplementar de
20.000.000,00
totalizando
190.260.000,00
189.126.863,46
99,40%
410.653
Nível de
Execução B/A
Capsi pode
faturar até
R$27.314,00/
mês
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Identidade Étnica e Patrimônio
Cultural dos Povos Indígenas/
43
0150 6144 Capacitação de Profissionais
*****3
p/ Atenção à Saúde da Pop.
Indígena. (MS-FUNASA)**
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
MS/
FUNASA
Capacitação de profissionais p/ a
atenção à saúde da pop. indígena **
Meta Proposta
Profissionais
capacitados
6.695
FINANCEIRA
Lei+Crédito
Meta Realizada
autorizado (A)
Foram
capacitados
2.752
progfissionais,
sendo:
450 profissionais
de nível superior
e 582 Agentes
A meta para 2005
Indígenas de
foi de capacitar
Saúde,
6.695 quantitativo 233 profissionais
hiper
capacitados
dimensionado. O
em
quantitativo
metodologia
correto está
para
representado no
construção do
Plano Operacional Plano Distrital.;
do Desai em 1871 170 profissionais
profissionais
em ações de
imunização, 52
conselheiros
locais
12 profissionais
de saúde em
vig. Alimentar e
nutricional,
dentre outros.
Liquidado (B)
Nível de
Execução B/A
Para 2005 o
crédito autorizado
foi de R$
5.000.000,00,
houve uma
anulação de
recurso de R$
500.000,00,
restando R$
2.527.200,00
R$ 2.198.478,15
E) Ampliação do Acesso ao Saneamento e à Água Potável de Qualidade
44
45
Saneamento Ambiental
Urbano/ Apoio a Projetos de
Ação Social em Saneamento
(PASS)
Saneamento Ambiental
Urbano/ Apoio à Implantação
e Ampliação de Sist.s de Abast.
0122 0636
de Água em Municípios com
Pop. Superior a 15.000
habitantes.
0122 0586
MCIDADES
N/T
Projeto
27.049
0
21.402.785,00
3.582.745,00
MCIDADES
N/T
Famílias
Beneficiadas
9.027
0
26.070.920,00
14.447.315,00
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
47
48
50
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Saneamento Ambiental
Urbano/ Apoio à Implantação
e Ampliação de Sist.s de
0122 0654 Coleta e Tratamento de
Esgotos Sanitários em
Municípios com Pop. Superior a
15.000 habitantes
Saneamento Ambiental
Urbano/ Financiamento para a
implantação e ampliação de
sistemas de Abastecimento de
0122 002L
água não se trata de fgts, mas
sim do programa de
saneamento ambiental em
RM’s críticas
Saneamento Ambiental
Urbano/ Financiamento P/
0122 9563 Implantação e Ampliação de
Sist.s de Coleta e Tratamento
de Esgotos Sanitários (FGTS)
Saneamento Ambiental
Urbano e Rural/51:
Implantação, Ampliação ou
Melhoria de Sistema Público de
Abastecimento de água para
a prevenção e Controle de
Agravos em Municípios de até
51 e
30.000; 52: Apoio á
0122
52
9932 Implantação e ampliação de
Sistemas de Abastecimento de
Água em Municípios com
População Superior a 20.000
habitantes e 57*: Implantação
de Serviços de Abastecimento
de Água (Saúde e
Saneamento no Piauí).*
Saneamento Ambiental
53 e
Urbano/ Apoio ao Controle de
0122 0798
54
Qualidade da Água p/
Consumo Humano
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
Nível de
Execução B/A
MCIDADES
N/T
Famílias
Beneficiadas
11.101
0
75.946.800,00
19.301.580,00
MCIDADES/
FUNASA
N/T
Famílias
Beneficiadas
361.653
37.868
112.523.732,00
96.824.664,00
MCIDADES
N/T
Famílias
Beneficiadas
553.846
0
Ação não
orçamentária
Ação não
orçamentária
MSIFUNASA
N/T
Crianças
atendidas de
0 a 14 anos
172.022
58,68%
194.781.632
164.708.672
84,56%
Crianças
atendidas de
0 a 14 anos
79.892
49,89%
204.285.900,00
193.628.116,00
94,78%
MS/
FUNASA
N/T
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
55
Saneamento Ambiental
Urbano/ Implantação de
0122 7652 Melhorias Sanitárias
Domiciliares p/ prevenção
Controle de Agravos
56
1287 3921
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
Nível de
Execução B/A
MS/
FUNASA
N/T
Crianças
atendidas de
0 a 14 anos
44.691
67,64%
93.851.279,00
74.554.064,00
79,78%
Saneamento Rural/
Implantação de Melhorias
Habitacionais p/ Controle da
Doença de Chagas
MS/
FUNASA
N/T
Famílias
beneficiadas
2.495
51,00
16.220.000,00
16.220,000,00
100,00%
59
Saneamento Rural/
Implantação, Ampliação ou
Melhoria do Serviço de
1287 7656
Saneamento em Localidades
com Pop. Inferior a 2.500
habitantes e Áreas Rurais.
MS/
FUNASA
assentamentos, quilombos, reservas
extrativistas, etc.
Famílias
beneficiadas
5.316
55,71%
24.900.000,00
24.421.701,00
98,07%
60
Saneamento Rural/ Ampliação
1287 7684 de Ações de Saneamento
Básico em Aldeias Indígenas.
MS/
FUNASA
Implantação de Saneamento básico em
áreas indígena
Aldeias
beneficiadas
406
91,60%
29.557.000,00
18.549.000,00
62,80%
61
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Apoio a Projetos de
1047 0582 Saneamento Integrado em
Municípios com Pop. de até 20
mil habitantes na Região do
Semi-Árido.
MCIDADES
N/T
Famílias
Beneficiadas
0
0
8.000.000,00
0
MIN
N/T
Famílias
Beneficiadas
100
0
4.700.000,00
4.700.000,00
MIN
N/T
Obra
executada
40
0
5.411.000,00
5.411.000,00
62
63
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Recuperação do
1047 5824
Sifão de Umburanas no Estado
do Ceará (Proágua SemiÁrido).
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Ampliação do
1047 5676 Abast. de Água do Subsist. da
Adutora do Feijão - 3ª Etapa com 232 km no Estado da
Bahia (Proágua Semi-Árido).
1
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Ampliação do Sist.
Ibiapaba e Implantação da
Adutora Graça-PacujáMucambo. com 192 km no
Estado do Ceará (Proágua
Semi-Árido)
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Ampliação,
Recuperação e Automação
dos Sist.s Integrados de Alto
Sertão e Sertaneja no Estado
de Sergipe (Proágua SemiÁrido)
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Construção da
Barragem Arneiróz II no Estado
do Ceará (Proágua Semi-Árido)
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido CONVIVER/ Dessalinização de
Água - Projeto Água Boa
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Implantação da
Adutora de Lavras da
Mangabeira com 28 km no
Estado do Ceará (Proágua
Semi-Árido)
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
Nível de
Execução B/A
MIN
N/T
Obra
executada
100
0
6.249.000,00
6.249.000,00
1
MIN
N/T
Obra
executada
37
0
18.473.000,00
18.473.000,00
1
MIN
N/T
Construção
de barragem
30
30
5.965.000,00
5.965.000,00
1
MIN
N/T
Poço
dessalinizado
0
0
0
0
0
MIN
N/T
Obra
executada
79
0
4.017.000,00
4.017.000,00
1
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Implantação de
Poços Públicos.
MIN
N/T
Poço
implantado
1.118
0
5.787,200,00
4.993.524,05
1,2
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Implantação do
1047 5782
Sist. de Abast. de Água e
Esgoto em Diamantina no
Estado de MG (Proágua Semi-
MIN
N/T
Obra
executada
77
0
5.757.000,00
5.757.000,00
1
65
1047 5690
66
1047 5896
67
1047 5854
69
1047 1852
70
1047 5804
71
1047 7766
72
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
Nível de
Execução B/A
Árido)
73
74
75
76
78
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Implantação de
1047 5814
Sist. de Abast. de Água em
Araçuaí no Estado de Minas
Gerais (Proágua Semi-Árido)
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido CONVIVER/ Implantação do
1047 5658 Sist. Integrado de Abast. de
Água de Santana com Sist.
Adutor de 145 km no Estado da
Bahia (Proágua Semi-Árido)
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Implantação de
1047 5808 Sist.s de Abast. de Água em
São Francisco e Jequitinhonha
no Estado de Minas Gerais
(Proágua Semi-Árido)
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Implantação de
Sist.s Simplificados de Abast. de
1047 5666
Água de Pequenas
Localidades de acordo com o
Padrão Central no Estado da
Bahia
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Implantação do
1047 5890
Sist. Adutor de Catarina com 20
km no Estado do Ceará
(Proágua Semi-Árido)
MIN
N/T
Obra
executada
52
0
6.840.000,00
6.840.000,00
1
MIN
N/T
Obra
executada
70
0
10.340.000,00
10.340.000,00
1
MIN
N/T
Obra
executada
1
0
200.000,00
40.000,00
5
MIN
N/T
Obra
executada
MIN
N/T
Obra
executada
81
0
3.667.000,00
3.667.000,00
1
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido CONVIVER/ Implant. do Sist.
1047 5828
Adutor de Catunda com 2 km
no Estado do Ceará (Proágua
Semi-Árido)
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Implant. do Sist.
1047 5818
Adutor de Pires Ferreira com 18
km no Estado do Ceará
(Proágua Semi-Árido)
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Implantação do
1047 5812 Sist. Adutor de Serra do FélixBoqueirão do Cesário com 20
km no Estado do Ceará
(Proágua Semi-Árido)
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
Nível de
Execução B/A
MIN
N/T
Obra
executada
100
0
1.298.000,00
1.298.000,00
1
MIN
N/T
Obra
executada
75
0
1.942.000,00
1.942.000,00
1
MIN
N/T
Obra
executada
44
0
2.460.622,00
1.158.622,00
2,1
82
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Implantação do
1047 5830
Sist. Adutor do Garrincho com
184 km no Estado do Piauí
(Proágua Semi-Árido)
MIN
N/T
Obra
executada
100
0
23.947.000,00
23.947.000,00
1
83
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Implantação do
1047 5928
Sist. Adutor Gavião-Pecém
com 55 km no Estado do Ceará
(Proágua Semi-Árido)
MIN
N/T
Obra
executada
34
0
10.880.800,00
10.880.800,00
1
84
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido CONVIVER/ Sist. Adutor do
1047 5816
Congo com 163 km no Estado
da Paraíba (Proágua SemiÁrido)
MIN
N/T
Obra
executada
79
80
81
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Sist. Adutor Luís
Gonzaga c/ 118 km no Estado
de Pernambuco (Proágua
Semi-Árido)
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Sist. Adutor Serra
de Santana - 2ª Etapa – c/ 205
km no Estado do Rio Grande
do Norte (Proágua Semi-Árido)
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Sist. Integ. Adutora
do Agreste no Estado de
Sergipe (Proágua Semi-Árido)
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Sistema Integrado
Adutora do Piauitinga no
Estado de Sergipe (Proágua
Semi-Árido)
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido CONVIVER/ Sist. Integrado. de
Abast. de Água de Planalto e
Barra do Choça c/ Adutora de
21 km no Estado da Bahia
(Proágua Semi-Árido)
Desenvolvimento Integrado e
Sustentável do Semi-Árido –
CONVIVER/ Sist. Integrado de
Saneamento Rural no Estado
do Ceará (Proágua Semi-Árido)
Proágua Infra-Estrutura/
Ampliação do Açude do
Encanto n Rio Grande do Norte
85
1047 5822
86
1047 5878
87
1047 5898
88
1047 5894
89
1047 5892
90
1047 5874
93
0515 3393
94
Proágua Infra-Estrutura/
0515 3631 Construção da Adutora de
Acauã com 55 Km na Paraíba
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
Nível de
Execução B/A
MIN
N/T
Obra
executada
100
0
20.332.000,00
20.332.000,00
1
MIN
N/T
Obra
executada
21
0
4.335.000,00
4.335.000,00
1
MIN
N/T
Obra
executada
15
0
8.548.000,00
0
0
MIN
N/T
Obra
executada
MIN
N/T
Obra
executada
65
0
2.571.000,00
2.571.000,00
1
MIN
N/T
Obra
executada
100
0
850.000,00
714.721,82
1,2
MIN
N/T
Obra
executada
MIN
N/T
Obra
executada
11
0
6.494.001,00
6.454.019,40
1
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
FINANCEIRA
Meta Proposta
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
Nível de
Execução B/A
95
0515 1672
Proágua Infra-Estrutura/
Construção da Adutora de
Santa Cruz com 90 Km no Rio
Grande do Norte
MIN
N/T
Obra
executada
96
0515 5910
Proágua Infra-Estrutura/
Construção da Adutora de
São Francisco com 42,5 Km em
Sergipe
MIN
N/T
Obra
executada
7
0
26.077.521,00
6.800.001,00
3,8
MIN
N/T
Obra
executada
47
0
31.465.601,00
0
0
MIN
N/T
Obra
executada
4
0
6.754.951,00
6.754.951,00
1
MIN
N/T
Obra
executada
4
4
9.777.001,00
8.585.001,00
1,1
MIN
N/T
Obra
executada
0
0
0
0
MIN
N/T
Obra
executada
7
7
4.250.001,00
4.250.001,00
1
MIN
N/T
Obra
executada
1
1
1.443.000,00
1.442.000,00
1
MIN
N/T
Obra
executada
MIN
N/T
Obra
executada
35
0
27.075.000,00
24.575.000,00
1,1
MIN
N/T
Obra
executada
2
0
500.000,00
0
0
MIN
N/T
Obra
executada
25
0
21.358.001,00
21.358.001,00
1
97
98
99
100
101
102
103
Proágua Infra-Estrutura/
0515 5256 Construção da Adutora de
Italuís com 45 Km no Maranhão
Proágua Infra-Estrutura/
Construção da Adutora do
0515 1716
Oeste com 721 Km no
Pernambuco
Proágua Infra-Estrutura/
Construção da Adutora
0515 3647
Jacuzinho com 243 Km no
Pernambuco
Proágua Infra-Estrutura/
Construção da Adutora São
0515 5143
Bento com 13Km em Santa
Catarina
Proágua Infra-Estrutura/
0515 3715 Construção da Barragem
Berizal em Minas Gerais
Proágua Infra-Estrutura/
0515 3735 Construção da Barragem de
Congonhas em Minas Gerais
Proágua Infra-Estrutura/
0515 3521 Construção da Barragem de
São Pedro em Pernambuco
Proágua Infra-Estrutura/
104 0515 3445 Construção da Barragem do
Córrego João Leite em Goiás
Proágua Infra-Estrutura/
105 0515 5924 Construção da Barragem do
Peão em Minas Gerais
Proágua Infra-Estrutura/
106 0515 1604 Construção da Barragem do
Poço Marruá no Piauí
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Proágua Infra-Estrutura/
107 0515 5308 Construção da Barragem
Jequitaí em Minas Gerais
Proágua Infra-Estrutura/
108 0515 1674 Construção da Barragem na
Bacia do Rio Poxim em Sergipe
Proágua Infra-Estrutura/
109 0515 3327 Construção da barragem
Vacaria em Minas Gerais
Proágua Infra-Estrutura/
110 0515 3517 Construção do Açude
Algodão II no Piauí
Proágua Infra-Estrutura/
111 0515 3743 Construção do Açude Estreito
no Piauí
Proágua Infra-Estrutura/
112 0515 3601 Construção do complexo
Castanhão no Ceará
Proágua Infra-Estrutura/
Construção do Sist. Adutor Frei
113 0515 101 K
Damião com 435 Km no
Pernambuco
Proágua Infra-Estrutura/
Construção do Sist. de Abast.
114 0515 5254
de água da Bacia Leiteira com
118 Km em Alagoas
Acesso à Alimentação/ Apoio
191 1049 001X à Melhoria das Condições
Socioeconômicas das Famílias.
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
Liquidado (B)
Nível de
Execução B/A
N/T
Obra
executada
15
12,3
4.224.501,00
3.459.468,00
1,2
MIN
N/T
Obra
executada
100
0
15.859.360,00
0
0
MIN
N/T
Obra
executada
1
0
10.000,00
9.930,00
1
MIN
N/T
Obra
executada
MIN
N/T
Obra
executada
75
0
6.096.601,00
6.096.601,00
1
MIN
N/T
Obra
executada
2
1,9
11.619.501,00
11.085.862,84
1
MIN
N/T
Obra
executada
MIN
N/T
Obra
executada
MDS/MESA
Construção de Cisternas
Cisternas
construídas
198
194
19.535.000,00
16.813.895,00
4.456.898.198,14
II - Promovendo Educação de Qualidade
A) Expansão e Melhoria da Educação Infantil
1 Transferido do desafio C-Segurança Alimentar e Combate à Desnutrição.
Meta Realizada
MIN
Sub-Total - I
Educação na Primeira
Infância/ Apoio a projetos
115 1065 0940 municipais p/ a educação de
crianças de até 3 anos de
idade
FINANCEIRA
Lei+Crédito
autorizado (A)
MEC
N/T
Projeto
apoiado
4.060.878.250,48
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
116 1065 0941
117 1065 0960
118 1061 0964
119 1065 6351
Educação na Primeira
Infância/ Apoio à capac.
profissional nas Instituições de
Educação Infantil p/ crianças
de até 3 anos de idade
Educação na Primeira
Infância/ Apoio à distribuição
de material didático p/ creche
Brasil Escolarizado/ Apoio à
distribuição de material
didático p/ Pré-escola
Desenvolvimento da Educação
Infantil/ Produção e
distribuição de periódicos p/ a
educação infantil
Valorização e Formação de
Professores e Trabalhadores da
120 1072 0973 Educação/ Apoio à capac. de
professores da educação
infantil (crianças de 0-6)
Democratização da Gestão
nos Sist.s de Ensino/ Apoio à
formação de dirigentes e
121 1070 0942
equipes técnicas e de apoio
que atuam na educação
infantil (crianças de 0-6)
Valorização e Formação de
Professores e Trabalhadores da
Educação/ Fomento à
122 1072 6331
Pesquisa e Desenvolvimento da
Educação Infantil (crianças de
0 a 6)
Proteção Social à Infância,
Adolescência e Juventude/
123 0070 2556 Serviços de Proteção
Socioassistencial à Infância e à
Adolescência
B) Ampliação da Educação Básica de Qualidade
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
MEC
N/T
Profissional
capacitado
MEC
N/T
Aluno
beneficiado
MEC
N/T
Material
distribuído
MEC
N/T
MEC
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
17.000
0
2.500.000,00
2.500.000,00
Exemplar
distribuído
450.000
599.993
1.000.000,00
767.991,00
N/T
Professor
beneficiado
17.064
17.126
6.000.000,00
5.998.143,00
MEC
N/T
Profissional
beneficiado
MEC
N/T
Pesquisa
realizada
MDS
Atendimento à crianças de 0 a 6 anos em
unidades de Jornada Integral ou Parcial, e
promoção de ações sócioeducativas de
apoio à famílias na perspectiva de
assegurar o desenvolvimento integral das
crianças em situação de vulnerabilidade
social
Crianças de 0
a 6 anos
1.742.490
1.677.925
268.710.000,00
264.943.488,00
Nível de
Execução B/A
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
FINANCEIRA
Meta Proposta
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
50
2.835
3.499.999,00
2.498.276,42
Liquidado (B)
Brasil Escolarizado/ Promoção
da inclusão e combate à
124 1061 0470 evasão no Ensino Médio por
meio do Programa Poupança
Escola
MEC
N/T
Aluno
beneficiado
Brasil Escolarizado/ Garantia
125 1061 0930 das condições de
aprendizagem
MEC
N/T
Aluno
beneficiado
Brasil Escolarizado/ Apoio a
126 1061 0919 projetos de cursos voltados p/
diversidade social e cultural
MEC
N/T
Projeto
apoiado
Educação para a Diversidade
127 1377 0946 e Cidadani/ Apoio à
Educação do campo
MEC
N/T
Aluno
beneficiado
MEC/ FNDE
N/T
Aluno
beneficiado
MEC/ FNDE
N/T
Órgão/Entida
de Apoiado
3.500.000
0
255.000.000,00
246.931.651,51
MEC
N/T
Família
beneficiada
0
0
0
0
MEC
N/T
Aluno
beneficiado
290.000
6.294
4.000.000,00
3.999.868,78
MEC
N/T
Aluno
beneficiado
26.000
2.034.237
4.000.000,00
3.998.444,08
MEC/ FNDE
N/T
Exemplar
distribuído
77.077
54.987
358.171.825,00
352.796.546,27
MEC
N/T
Escola
beneficiada
0
0
0
0
Brasil Escolarizado/ Distribuição
128 1061 6325 de Uniformes Escolares p/
alunos do Ensino Fundamental
Desenvolvimento do Ensino
Fundamental/ Apoio ao
129 1376 0969
Transporte Escolar no Ensino
Fundamental
130 1061 0925
Brasil Escolarizado/ Apoio ao
desenvolvimento de atividades
educativas complementares
nos municípios
Desenvolvimento do Ensino
131 1376 0971 Fundamental/ Apoio à
Correção do fluxo escolar
Desenvolvimento do Ensino
Fundamental/ Apoio à
132 1376 0954 distribuição de materiais
didáticos e pedagógicos p/ o
ensino fundamental
Desenvolvimento do Ensino
Fundamental / Distribuição de
133 1376 4046
livros didáticos aos alunos do
ensino fundamental
Brasil Escolarizado/
134 1061 3693 Fortalecimento da Escola –
Fundescola II
Nível de
Execução B/A
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Desenvolvimento do Ensino
135 1376 5079 Fundamental / Fortalecimento
da Escola – Fundescola III
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
MEC
N/T
Escola
beneficiada
335
4.152
68.900.000,00
67.581.461,99
MEC
N/T
Aluno
atendido
0
0
2.216.000,00
0
MEC
N/T
Oficina
implantada
1.000.000,00
0
MEC
N/T
Aluno
matriculado
MEC/ FNDE
N/T
Escola
apoiada
MEC
N/T
Escola
beneficiada
MEC
N/T
Brasil Quilombola/ Apoio à
capacitação de professores do
142 1336 0974 ensino fundamental p/
atuação nas comunidades
remanescentes de quilombos
MEC
Democratização da Gestão
nos Sist.s de Ensino/ Apoio à
143 1070 0938 organização dos sist.s estaduais
de avaliação do ensino
fundamental
MEC
136 1378 0921
137 1378 0922
138 1378 0923
139 1066 0937
140 0172 0951
141 1336
09C
G
Desenvolvimento do Ensino
Médio/ Apoio à melhoria da
qualidade do ensino médio
noturno
Desenvolvimento do Ensino
Médio/ Apoio à educação p/
a ciência no Ensino Médio
Desenvolvimento do Ensino
Médio/ Apoio à implantação
do 4º ano vocacional no
ensino médio
Escola Básica Ideal/ Apoio à
reestruturação da rede pública
de ensino p/ a Escola Básica
Ideal
Cultura Afro-Brasileira/ Apoio à
reestruturação de
estabelecimentos públicos de
Educação Fundamental nas
comunidades remanescentes
de quilombos
Brasil Quilombola/ Apoio à
distribuição de material
didático e paradidático para o
ensino fundamental em escolas
situadas nas comunidades
remanescentes de quilombos
0
0
1.933.394,00
1.930.776,00
Material
distribuído
7.000
0
400.000,00
316.406,19
N/T
Professor
capacitado
790
0
632.000,00
608.832,74
N/T
Unidade da
Federação
apoiada
Nível de
Execução B/A
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
Identidade Étnica e Patrimônio
Cultural dos Povos Indígenas/
Apoio ao ensino fundamental
escolar Indígena
MEC
N/T
Aluno
beneficiado
27
0
1.645.810,00
1.232.336,00
Identidade Étnica e Patrimônio
Cultural dos Povos Indígenas/
145 0150 0970 Apoio à distribuição de
material didático p/ a
educação indígena
MEC
N/T
Aluno
beneficiado
13.917
0
668.000,00
620.391,00
27.000
39.974
15.000.000,00
12.494.046,00
6375 – 1.440.000
7744 – 18 projetos
executados
6372 – 41.171
unidades
equipadas
6332 –
7.474.000,00;
6369 –
3.700.000,00;
6372 –
28.650.000,00;
6375 –
4.000.000,00;
6377 –
2.500.000,00
7744 –
5.200.000,00
6332 –
7.282.000,00;
6369 –
2.720.468,00;
6372 –
28.649.998,00;
6375 –
3.033.190,00;
6377 –
2.500.000,00
7744 –
2.788.285,00
144 0150 0948
146
transferido p/ o MDS (transferência de renda com condicionalidade)
Valorização e Formação de
Professores e Trabalhadores da
147 1072 0966 Educação/ Apoio à
capacitação de professores do
ensino fundamental
MEC
N/T
Professor
beneficiado
Valorização e Formação de
Professores e Trabalhadores da
Educação/ Instituição do
148 1072 6330 exame nacional de
certificação de professores da
educação infantil e
fundamental
MEC
N/T
Professor
capacitado
6332,
6369,
6372,
L e
149
6375,
1061
6377
e
7744
150
Escola moderna e Valorização
e Formação de Professores e
Trabalhadores da Educação/
. Ampliação do acesso às
oportunidades de ensino, à
informação, às inovações
tecnológicas promovendo e
ampliando a inclusão digital e
a cobertura educacional
MEC
N/T
Profissional
beneficiado/
Projeto Exec.
%/ Unidade
Equipada
6375 –
1.800.000
7744 – 1
6372 – 500
Transferido para o Compromisso III-Proteção Contra Abuso, Exploração e Violência.do Desafio C combate à Exploração Sexual
151 0150 6366
Identidade Étnica e Patrimônio
Cultural dos Povos Indígenas/
Capacitação de Professores p/
a Educação Fundamental
MEC
N/T
Professor
Capacitado
Nível de
Execução B/A
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
0
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
0
737.803.494,00
737.803.494,00
0959 – 568
escolas
atendidas
6310 – 0
0959 –
2.537.136,00;
6310 – 0.
0959 –
2.425.181,30; 6310
– 0.
Indígena
Valorização e Formação de
Professores e Trabalhadores da
Educação/ complementação
da União ao Fundo de
152 1072 0304
Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização
do Magistério (FUNDEF)
Brasil Escolarizado/ Apoio à
Educação Ambiental nas
153 1061 0947
Escolas Públicas de Educação
Básica
MEC
N/T
Alunos
beneficiados
MEC
N/T
Aluno
beneficiado
MEC
N/T
Aluno
beneficiado
Desenvolvimento da Educação
Especial/ Apoio à Adequação
1075 0959
de Prédios Escolares p/
155
e
E
Educação Especial.
1374 6310
Distribuição de Equipamentos
p/ Educação Especial.
MEC
Adequação de prédios escolares,
aquisição e distribuição de materiais
didáticos e equipamentos p/ a educação
especial. Distribuição de Equipamentos p/
Educação Especial. E Adequação de
prédios escolares, aquisição e distribuição
de materiais didáticos e equipamentos p/
a educação especial. Distribuição de
Equipamentos p/ Educação Especial.
Escola
atendida
0959 – 578
escolas
atendidas
6310 – 0
Desenvolvimento da Educação
Especial/ Capacitação de
Professores e Profissionais p/ a
Educação Especial.
MEC
Capacitação de profissionais dos sist.s de
ensino, p/ atendimento aos alunos com
necessidades educacionais especiais.
Profissional
capacitado
22.000
27.915
5.000.000,00
4.999.705,22
C) Promoção da Educação Especial
Brasil Escolarizado/ Distribuição
154 1061 6113 de material Didático p/ a
Educação Especial
156 1374 0977
D) Alfabetização de Jovens e Adultos
157 1060 0965
Brasil Alfabetizado e Educação
de Jovens e Adultos/ Apoio a
distribuição de material
didático e pedagógico p/ EJA
MEC
N/T
Aluno
beneficiado
85.330
0
4.095.854,00
3.365.392,00
158 1060 0507
Brasil Alfabetizado e Educação
de Jovens e Adultos/ Apoio a
MEC
N/T
Aluno
matriculado
584.119
0
6.213.213,00
4.240.659,00
Nível de
Execução B/A
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
FINANCEIRA
Meta Proposta
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
0
0
0
0
Liquidado (B)
projetos especiais p/ oferta do
ensino fundamental p/ EJA
159 1060 6295
160 1060 0929
161 1060 6299
162 1060 0931
163 1060 7756
164 1060 0934
165 1060 6300
166 1060 0081
167 1060 0972
168 1060 0920
Sub-Total - II
Brasil Alfabetizado/ Distribuição
de obras literárias com
linguagem própria p/ o recémalfabetizado
Brasil Alfabetizado/ Apoio à
Distribuição de Material
Didático p/ Alfabetização.
Material Didático-Pedagógico
p/ Educação de Jovens e
Adultos.
Brasil Alfabetizado/ Capac. de
alfabetizadores de jovens e
adultos
Brasil Alfabetizado/ Apoio à
distribuição de merenda
escolar p/ alfabetizandos
Brasil Alfabetizado/
Fornecimento de Óculos p/
Alunos Portadores de
Deficiência Visual.
Brasil Alfabetizado/ Apoio p/
transporte escolar p/
alfabetizandos jovens e adultos
Brasil Alfabetizado/ Serviço de
Bibliotecas Itinerantes.
Brasil Alfabetizado e Educação
de Jovens e Adultos/ Apoio à
Ampliação da Oferta de
Vagas do Ensino Fundamental
p/ Jovens e Adultos
Brasil Alfabetizado e Educação
de Jovens e Adultos / Apoio à
Capac. de Professores de
Jovens e Adultos
Brasil Alfabetizado/ Concessão
de Bolsa ao Alfabetizador.
MEC
N/T
Livro
distribuído
MEC
Apoio à distribuição de material didático
p/ alfabetizandos.
Material
didático
distribuído
MEC
N/T
Alfabetizador
capacitado
MEC
N/T
Aluno
beneficiado
MEC
Fornecimento de óculos, dentro das
especificações médicas aos alfabetizados
portadores de deficiência visual.
Aluno
beneficiado
MEC
N/T
Aluno
beneficiado
MEC
N/T
Livro ofertado
MEC
N/T
Aluno
matriculado
1.560.852
3.342.531
448.213.000,00
448.213.000,00
MEC
N/T
Professor
capacitado
14.500
0
3.961.710,00
2.684.455,90
MEC SEEA
N/T
Bolsa
concedida
105.000
101.410
197.750.000,00
197.748.906,00
2.452.375.435,00
2.417.673.393,40
Nível de
Execução B/A
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
8.700.000
13.993.178
4.376.119.777,00
4.308.508.006,02
III-Proteção Contra Abuso, Exploração e Violência.
A) Apoio à Criança e ao Adolescente em Situação de Vulnerabilidade Social
!
Transferência de Renda com
17X* 1335 006O Condicionalidades/ Bolsa
Família
MDS
N/T
famílias
atendidas
Atendimento Integral à
Família/ Funcionamento dos
Núcleos de Atendimento
Integral à Família
MDS
Realização de trabalho com as famílias,
por meio do Centro de Referência da
Assistência Social, na perspectiva de sua
promoção/emancipação/ inclusão social.
Famílias
atendidas
MDS/ MAS
N/T
jovens de 15 a
17 anos
176 1093 4915
Proteção Social à Infância,
Adolescência e Juventude/
169 0070 005b Concessão de Bolsa p/ jovens
de 15 a 17 anos, em situação
de vulnerabilidade social.
Proteção Social à Infância,
Adolescência e Juventude/
170 0070 005b Capac. de jovens, de 15 a 17
anos, em Saúde, Cidadania e
Meio Ambiente.
171
transferido p/ o Desafio b desse compromisso (III-Proteção Contra Abuso, Exploração e Violência)
Promoção e Defesa dos
Direitos da Criança e do
Adolescente/ Apoio a Serviços
172 0153 0730
de Atend. Jurídico-Social a
Crianças e Adolesc. Ameaç.
de Morte.
SEDH/ PR
N/T
Crianças e
adolescentes
atendidos
1.500
1.500
2.450.269,00
2.450.268,00
Atendimento Socioeducativo
do Adolescente em Conflito
173 0152 0826 com a Lei/ Apoio a Serviços de
Plantão Interinstitucional ou de
Atendimento Inicial.
SEDH/ PR
N/T
Pessoas
Atendidas
1.000
480
980.357,00
510.000,00
Nível de
Execução B/A
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Atendimento Socioeducativo
do Adolescente em Conflito
com a Lei/ Apoio a Serviços de
atendimento de Adolescentes
0880
em Cumprimento de medidas
174 0152 e
sócioeducativas e Egressos.
0878
Apoio a Construção , reforma e
Ampliação de Unidades de
Internação Restritiva e
Provisória.
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
N/T
Pessoas
Atendidas e
Vagas criadas
MDS
Repasse da Bolsa p/ crianças e
adolescentes atendidos pelo Programa.
Bolsa PETI
MDS/MAS
Promoção de ações sócio-educativas,
complementares à escola, p/ crianças e
adolescentes retirados do trabalho
perigoso, penoso, insalubre ou
degradante, na perspectiva de sua
promoção e melhor desenvolvimento.
SEDH/ PR
E FNCA
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
Nível de
Execução B/A
0878 – 181.128
pessoas
atendidas
0880 – 4.031
vagas criadas
0878 – 173.751
pessoas
atendidas
0880 – 2.995
vagas criadas
0878 –
20.627.101,00;
0880 –
3.840.091,00
0878 –
7.343.256,00
(811.667,50
inscritos em restos
a pagar);
0880 –
3.425.073,00
Crianças e
adolescentes
atendidas
1.000.000
1.000.000
205.853.685
205.078.925
N/T
Crianças e
adolescentes
com situação
regularizada
5.000
Crianças e
adolescentes
com situação
regularizada
7.748
750.000,00
432.458,00
57,66%
N/T
Adolescentes
contratados
como
aprendizes e
adolescentes
com situação
de trabalho
regularizada
(não
aprendizes)
200.000,00
63.783,00
31,89%
B) Combate ao trabalho infantil
17XX 0068 ----
Erradicação do Trabalho
Infantil/ Bolsa PETI
Erradicação do Trabalho
Infantil/ Atendimento à
175 0068 2060
Criança e ao Adolescente em
Jornada Ampliada
Erradicação do Trabalho Infantil/
178 0068 2688 Fiscalização para Erradicação do
Trabalho Infantil
Primeiro Emprego/ Fiscalização
171 1329 4729
do Trabalho do Adolescente2
MTE/SIT
MTE/SIT
2 Os recursos utilizados nesta ação são oriundos da ação Fiscalização das Obrigações trabalhistas e Arrecadação do FGTS vinculada ao Programa “Rede de Proteção ao Trabalho”.
33.706
20.000
29.605 aprendizes
inseridos
E 4.101
adolescentes com
contrato de
trabalho
regularizado
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Erradicação do Trabalho
Infantil/ Realização de
177 0068 4641 campanha Educativa e de
sensibilização p/ a erradicação
do trab. infantil
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
MDS/MAS
Erradicação do Trabalho
179 0068 4731 Infantil/ Atualização do Mapa
de Focos de Trabalho Infantil
MTE/SIT
Erradicação do Trabalho
180 0068 4734 Infantil/ Apoio Técnico à Escola
do Futuro Trabalhador.
MTE/SIT
Erradicação do Trabalho
181 0068 4641 Infantil/ Publicidade de
Utilidade Pública
MTE/SIT
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
PUP
N/T
Publicação
anual do
Mapa d
indicativos do
trabalho
Infantil
1
N/T
Escolas
participantes
383
Escolas
participantes
1
540
PUP
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
720.000,00
720.000,00
100.000,00
0
115.000,00
3.703,00
133.737,00
47.493,10
35.414.390,00
35.257.100,00
209.483,00
9.483
200.000,00
0
C) combate à Exploração Sexual
Combate ao Abuso e à
Exploração Sexual de Crianças
e Adolescentes/Serviços de
184 0073 2383 proteção socioassistencial às
crianças e adolescentes
vítimas de violência, abuso e
exploração oração sexual
185 0073 4641
Combate ao Abuso e à
Exploração Sexual de Crianças
e Adolescentes/ Publicidade
de Utilidade Pública
MDS/MAS
Atendimento psicossocial e jurídico,
multiprofisional de crianças, adolescentes
e famílias vítimas de violência sexual.
Encaminhamento p/ outros serviços de
atendimento nas áreas de saúde,
educação, trabalho, etc.
SEDH/PR
Realização de campanhas de prev. ao
abuso e à exploração oração sexual
crianças e
adolescentes
atendidos
23.865 pessoas
atendidas
PUP
51.460 pessoas
atendidas
Nível de
Execução B/A
3,22%
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
Combate ao Abuso e à
Exploração Sexual de Crianças
09C e Adolescentes/ Rede
186 0073 Q Nacional de Informações p/
2815 prevenção e combate ao
Abuso e à Exploração Sexual
de Crianças e Adolescentes
SEDH/PR
Manutenção do serviço de recebimento e
encaminhamento de denúncias contra o
abuso e a exploração oração sexual de
crianças e adolescentes
Sist. Mantido
1
1
2815 776.978,00
2815 – 582.189,00
Combate ao Abuso e à
Exploração Sexual de Crianças
e Adolescentes/ Apoio à
capac. dos participantes do
187 0073 0744
Sist. de Garantia de Direitos no
combate ao abuso, violência e
exploração oração sexual
infanto-juvenil
SEDH/PR
N/T
Pessoas
capacitadas
76
76
173.640,00
113.285,00
Combate ao Abuso e à
Exploração Sexual de Crianças
e Adolescentes/ Apoio a
188 0073 0742
comitês estaduais de combate
à exploração oração sexual
infanto-juvenil
SEDH/PR
N/T
comitês
apoiados
1
0
22.580,00
0
Combate ao Abuso e à
Exploração Sexual de Crianças
e Adolescentes/ Apoio a
189 0073 0746
projetos de prev. do abuso e
da exploração oração sexual
de crianças e adolescentes
SEDH/PR
N/T
Projetos
apoiados
611
12
1.981.870,00
1.681.870
1.687.770,00
1.387.770
combate ao Abuso e à
Exploração Sexual de Crianças
e Adolescentes/ Apoio
150 0073 001S educacional a crianças e
adolescentes em situação de
discriminação e
vulnerabilidade social.
MEC
N/T
Família
beneficiada
1.000
52.320
2.400.000,00
2.371.433,00
D) Proteção contra a Violação dos Direitos das crianças e Adolescentes
Nível de
Execução B/A
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Gestão da Política na Área da
Justiça/ Diagnóstico sobre o
tráfico de seres humanos no
Brasil
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
MJ/SNJ
N/T
s/inf.
7 diagnósticos
realizados
3 diagnósticos
realizados
34.000,00
27.309,00
Combate à Criminalidade/
Capacitação de Profissionais
191 0662 2328 da Rede de Atenção às
Vítimas de Tráfico de Seres
Humanos
MJ/SNJ
N/T
s/inf.
46 profissionais
capacitados
150 profissionais
capacitados
86.999,00
86.999,00
Promoção e Defesa dos
Direitos da Criança e do
Adolescente/ Apoio a
192 0153 0882
Unidades de Defesa dos
Direitos da Criança e do
Adolescente
SEDH/PR
e FNCA
Apoio a criação e fortalecimento de
Conselhos Municipais dos Direitos da
Criança e do Adolescente, dos Fundos
Municipais dos Direitos das Crianças e dos
Adolescentes e de Conselhos Tutelares
Pessoas
atendidas
13.901
8.296
15.075.486,00
6.507.401,00
(20.000 inscritos
em restos a
pagar)
Promoção e Defesa dos
Direitos da Criança e do
193 0153 0904 Adolescente/ Apoio a Projetos
de prevenção da Violência nas
Escolas
SEDH/PR
e FNCA
Apoio a projetos envolvendo a
comunidade escolar p/ prev. da violência
Escolas/
organizações
apoiadas
16
10
2.703.526,00
1.121.210,00
(249.840 inscritos
em restos a
pagar)
SEDH/PR
e FNCA
Promoção de mobilização nacional em
prol da universalização do registro de
nascimento
PUP
4641 –
148.010,00; 0883
– não consta na
base de dados
4641 – 0; 0883 –
não consta na
base de dados
N/T
Módulos
0732 – 4 módulos
implantados;
implantados
0732 – 13 módulos
redes
1785 – 20 redes
implantados
implantadas; e
implantadas
1785 – 0
Registro
4966 – 1 registro
4966 – 0
mantido.
mantido
0732 –
1.130.107,00
2.130.107; 1785
– 197.016,00; e
4966 – 49.005,00
0732 – 881.080,00
1785 - 0; e 4966 0
190 0698 3930
194 0153
Promoção e Defesa dos
4641
Direitos da Criança e do
e
Adolescente/ Publicidade de
0883
Utilidade Pública
Promoção e Defesa dos
Direitos da Criança e do
Adolescente/ Apoio à
Implantação de Módulos do
Sistema de Informações para a
0732
Infância e a Adolescência
1785;
195 0153
(Sipia); Implantação de rede
e
de identificação e localização
4966
de crianças e adolescentes
desaparecidos; Cadastro
Nacional de Crianças Passíveis
de Adoção e Famílias
Pretendentes
SEDH/PR
e FNCA
Nível de
Execução B/A
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
FINANCEIRA
Descritor da
Meta
Meta Proposta
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
Promoção e Defesa dos
Direitos da Criança e do
Adolescente/ Capacidade de
196 0153 6247
profissionais p/ promoção e
defesa dos direitos das
crianças e adolescentes
SEDH/PR
N/T
Pessoas
capacitadas
9.108
8.616
3.043.729,00
Promoção e Defesa dos
Direitos da Criança e do
4641
Adolescente/ Apoio a serviços
197 0153 e
de atendimento a crianças e
0736
adolescentes sob medidas de
proteção
SEDH/
FNCA
N/T
Crianças/
adolescentes
atendidos
0736 – 30.500
0736 – 9.395
0736 –
13.283.800,00
0736 –
5.227.416,00
SEDH/PR
N/T
Pessoas
capacitadas
756
175
302.696,00
130.332,00
Brasil Escolarizado/ Apoio à
distribuição de material
199 1061 0978 didático p/ promoção de uma
cultura de paz nas escolas de
ensino fundamental
MEC
N/T
Alunos
beneficiados
Valorização e Formação de
Professores e Trabalhadores da
Educação/ Apoio à
200 1072 0976 capacitação de educadores
p/ a promoção de uma cultura
de paz nas escolas de ensino
fundamental
MEC
N/T
Profissionais
capacitados
Proteção da Adoção e
combate ao Seqüestro
Internacional/ Capacitação.
198 8017 6262 de técnicos em processos de
adoção e seqüestro
internacional de crianças e
adolescentes.
Sub-Total - III
IV – Combatendo HIV/AIDS
4.690.605.202,00
2.062.580,00
4.586.226.839,12
Nível de
Execução B/A
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
•
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
A) Prevenção da transmissão das DST/AIDS
Vigilância, prevenção e
Atenção em Hiv/aids e Outras
Doenças Sexualmente
Transmissíveis/Promoção à
Saúde e às Práticas Seguras de
201 1306 2721
prevenção e Proteção dos
Direitos Humanos das Pessoas
Vivendo com HIV-Aids e Outras
Doenças Sexualmente
Transmissíveis
Prevenção da transmissão das DST/AIDS Garantir acesso ao preservativo masculino
a adolescentes de 15 a 19 anos
preservativos
distribuídos
400.000
667.000
61.000.000,00
58.857.601,35
MS
Apoio aos órfãos infectados pelo HIV/AIDS
Pessoa
atendida
235.000
255.000
50.000.000,00
49.964.187,93
MS
Garantir o suprimento da fórmula Láctea
infantil à crianças filhas de mães soro
positivas por 6 meses
Continuação
anterior
Continuação
anterior
Continuação
anterior
Continuação
anterior
MS
B) Apoio a crianças e adolescentes infectados pelo HIV/AIDS
Vigilância, prevenção e
Atenção em Hiv/aids e Outras
Doenças Sexualmente
202 1306 4327 Transmissíveis /Atenção à Saúde
das Pessoas com HIV-Aids e
outras Doenças Sexualmente
Transmissíveis.
C) Atenção aos órfãos e filhos de mães soropositivos
Vigilância, prevenção e
Atenção em Hiv/aids e Outras
Doenças Sexualmente
203 1306 4327 Transmissíveis/ Atenção à Saúde
das Pessoas com HIV-Aids e
outras Doenças Sexualmente
Transmissíveis.
Sub-Total - IV
Total
Fonte: Ministérios setoriais
Elaboração: Ipea/DISOC
(**) dados apropriados
Pessoa
atendida
111.000.000,00
108.821.789,28
11.710.878.835,14
11.173.600.272,28
Nível de
Execução B/A
Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente
Ações e Orçamento
METAS
Nº
Nº
Nº
Programa/ Ação do PPA
Prog Ação
Órgão resp.
FÍSICA
Subação
Descritor da
Meta
Meta Proposta
FINANCEIRA
Meta Realizada
Lei+Crédito
autorizado (A)
Liquidado (B)
Nível de
Execução B/A
(***) Dados estimados a partir dos convênios celebrados
**1 Esta ação teve sua execução financeira apropriada na proporção de 56,16%, correspondente ao percentual de indígenas entre 0 e 18 anos vivendo em aldeias de acordo com informações da FUNAI. A meta física
não foi apropriada.
**2 Esta ação teve sua execução financeira apropriada na proporção de 33%, correspondente à proporção da população de 0 a 18 incompletos na população brasileira, segundo dados do IBGE/PNAD 2004. A meta
física não foi apropriada.
**3 Esta ação teve sua execução financeira apropriada na proporção de 31%, correspondente aos gastos com internações hospitalares realizados no Sistema Único de Saúde - SUS - com a população de 0 a 19 anos,
conforme dados do Ministério da Saúde. A meta física não foi apropriada.
**4 Esta ação teve sua execução financeira apropriada na proporção de 14%, correspondente à participação de crianças e adolescentes com deficiências no total da população portadora de necessidades especiais,
segundo dados do IBGE/Censo 2000. A meta física não foi apropriada
**5 Esta ação teve sua execução financeira apropriada na proporção de 14%, correspondente à participação de crianças e adolescentes com deficiências no total da população portadora de necessidades especiais,
segundo dados do IBGE/Censo 2000. A meta física não foi apropriada.
Os dados físicos e financeiros foram pedidos p/ a data de 10 de julho de 2004, porém algumas informações vieram em data diferente.
*** a partir de 2005 o MS não trabalha mais com a lógica de kits, portanto a meta foi modificada para municípios atendidos
*** As ações de nº 29 a 36 tiveram o valor único de R$ 5. 230.000,00 mil para executar todas as ações . Foram realizados 23 convênios com 12 municípios e 11 estados para a realização destas ações
*** A ação de nº 33 foi realizada em conjunto com a área da saúde da mulher
*** As ações de nº 36 a 38são referentes a implantação da portaria interministerial nº 1426 e portaria SAS nº 340 para a atenção à saúde integral de adolescentes privados de liberdade
*** A ação nº 36 não pode ser realizada pois os estados de PI/SE/DF e AC só concluíram o processo de habilitação nestas portarias no final de 2006.
*****1 Esta ação teve sua execução financeira apropriada na proporção de 56,16%, correspondente ao percentual de indígenas entre 0 e 18 anos vivendo em aldeias de acordo com informações da FUNAI. A meta física
não foi apropriada
*****2 Esta ação teve sua execução financeira apropriada na proporção de 56,16%, correspondente ao percentual de indígenas entre 0 e 18 anos vivendo em aldeias de acordo com informações da FUNAI. A meta física
não foi apropriada
*****3 Esta ação teve sua execução financeira apropriada na proporção de 56,16%, correspondente ao percentual de indígenas entre 0 e 18 anos vivendo em aldeias de acordo com informações da FUNAI. A meta física
não foi apropriada
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