DE LA CORTESÍA Y LA FIN'AMORS A LA ECLOSIÓN DEL LIRISMO ERÓTICO EN EL MEDIEVO OCCITANO RAMÓN GARCÍA PRADAS Universidad de Castilla-La Mancha C o m o d e s o b r a s a b e m o s , es en la r e g i ó n m e r i d i o n a l d e F r a n c i a d o n d e e m p i e z a a d e s a rrollarse u n tipo de p o e s í a lírica d e gran r e l e v a n c i a y p e r f e c c i ó n formal d u r a n t e el siglo X I I . N o s referimos, sin d u d a alguna, a la poesía lírico-cortés q u e v e su luz en la región de Pro v e n z a y se e x t i e n d e r á p i d a m e n t e p o r t o d o el país galo, así c o m o p o r tierras e s p a ñ o l a s y p o r t u g u e s a s . N a c e p r i m e r a m e n t e l a canso c o m o m e j o r e m b l e m a literario del l i r i s m o cortés y d e la estética d e lafin 'amors, r e t r a t a n d o u n tipo d e a m o r q u e r e p r o d u c e las relaciones d e vasallaje tan típicas d e la sociedad feudal y aristocrática del m e d i e v o . S u r g e así u n a m o r inédito h a s t a entonces e n la literatura: Ce n 'estpas l 'amourfatal des anciens, ni l 'amour brutal des héros bretons, ni l 'amour qui sera plus tard l 'élan des poetes italiens du Dolce StilNuovo, ou Vardeur séraphique des mystiques espagnols, ou la passion débordante des romantiquesfrangais'. E n esta n u e v a c o n c e p c i ó n de la casuística a m o r o s a l a m u j e r p a s a r á a o c u p a r el r a n g o privilegiado de soberana, d e ahí que en provenzal pase a recibir el apelativo de domna, mientras que al caballero e n a m o r a d o sólo le quedará la alternativa de ser vasallo d e la dama, en principio altanera y d e s d e ñ o s a . L a m u j e r a d q u i e r e así u n p r o t a g o n i s m o inédito en u n m o m e n t o en q u e la literatura teoriza m e j o r q u e n u n c a sobre u n s e n t i m i e n t o a m o r o s o q u e , en l í n e a d e principio, e x c l u y e el s e x o y el m a t r i m o n i o , en tanto q u e a m b o s h a c e n de la m u j e r u n a figura alcanzable. D e h e c h o , se p o d r í a definir l a v i d a del siglo X I I c o m o " l a e x a l t a c i ó n d e lo f e m e n i n o , d e la mujer, o m e j o r d i c h o , d e la d a m a , q u e p a s a a u n p r i m e r p l a n o , q u e es o b j e t o de múltiples h o m e n a j e s , y d e a t e n c i o n e s - s e n t i m e n t a l e s y l i t e r a r i a s - de e n o r m e r e s o n a n c i a histórica" . 2 M u y a p r i n c i p i o s del siglo X I I n a c e , e n t o n c e s , en F r a n c i a la m a n i f e s t a c i ó n d e u n n u e v o discurso a m o r o s o , la p o e s í a lírica en l e n g u a occitana, c o n s a g r a d a casi e x c l u s i v a m e n t e a la celebración del a m o r profano. Cabría p r e g u n t a r s e p o r q u é la eclosión d e u n lirismo erótico en la r e g i ó n p r o v e n z a l . E x i s t e n varias r a z o n e s p a r a justificar este c a m b i o literario, r a z o n e s que p o d r í a m o s c o n s i d e r a r de í n d o l e social si t e n e m o s e n c u e n t a q u e en el S u r se d e s a r r o l l a 1. Robert Bossuat et alii, Dictionnaire des lettres francaises. Le Moyen Age, París, Le livre de Poche/ La Pochothéque, 1992, p. 220. 2. Carlos García Gual, El redescubrimiento de la sensibilidad en elsigloXII, Madrid, Ediciones Akal, 1997, p. 14. 124 RAMÓN GARCÍA PRADAS un patrón de vida cortesano mucho más rico e interiorista que en el Norte, pueblo más belicoso y menos beneficiado que el Sur de las relaciones comerciales con Oriente. Sin embargo, fue la valorización del papel de la mujer, sin duda alguna, lo que provocó ya no sólo un refinamiento de costumbres sino también una más que evidente revalorización de lo erótico y sentimental hasta el punto de ser cantado en la lírica del Mediodía por un amplio número de trovadores, de origen y estatus social diverso , entre los que podemos encontrar al mismo Guillermo IX, duque de Aquitania y conde de Poitiers, también conocido como Guillermo el Trovador. Bien podríamos decir, entonces, que el amor es un invento del país de Oc: 3 Le mot, et la chose, nous viennent du pays d'oc. Le latín amore(m) donne réguliérement enfrangais «ameur», comme flore(m) «fleur» (en provenqalflour); il est significatif que la oú cette forme a subsiste -dans le seul dialectepicard— ce soit au sens brutal de «rut» or l 'amour, tel que nous l 'avons hérité des troubadours, c 'est, je n 'écrirai pas; c 'était, tout autre chose que la puré sexualité . 4 Es cierto que ya en las primeras manifestaciones épicas francesas encontramos frágiles alusiones a la temática amorosa entre miembros de la nobleza, pero nada tiene que ver con el amor cortés. Se trata de la imagen de un amor que no ofrece complicación u obstáculo alguno, un amor de dominante masculina, según señala H. Marrou , en el que la mujer ama al guerrero hasta el punto de vivir a la sombra del sentimiento del amado, quedando así eclipsada por su gloria y enmudecida por su orgullo hasta el punto de morir sin decir palabra cuando pierde al enamorado. Quizá el caso más emblemático de este amor viril pero tenue ante los enmudecidos y reprimidos deseos femeninos venga representado por la bella Alda en la Chanson de Roland. En efecto, cuando Roland muere, no dirige ni uno solo de sus pensamientos a la doncella que lo aguarda y ama por encima de todo, mientras que ella se niega la vida y la felicidad cuando se entera de que Roland ha muerto. Sin su amado, la mujer no es nadie, la fidelidad sobrepasa las fronteras de la vida y, en cambio, nada sabemos de este sentir femenino. 5 Podríamos pensar con razón que lafin 'amors o amor cortés ayuda a cambiar la insatisfacción de la amada. Bien es cierto que la mujer sufre un proceso de revalorización, tanto más cuanto que es protagonista, junto al poeta enamorado, de la transmutación social del feudalismo vasallático. Ello convierte a la mujer en soberana y al amante-poeta en su vasallo . La mujer sumisa pasa a convertirse en domna inaccesible. El poeta se contenta con contemplarla y admirarla, pero la cortesía impide el placer camal, pues, en tanto que último peldaño del estadio amoroso, supone la decrepitud del amor, su declive y, por ende, su fin. Surge, pues, en la lírica occitana un erotismo de la mirada y la contemplación, un voyerismo individualista por parte del hombre que, tanto idealiza a su amada, que no amante, que hace de su amor un sentimiento estático y narcisista, puesto que la mujer aparece más como medio que como fin, con el objeto de crear un erotismo desbordado y sin límites. El placer de los sentidos se dilata así 6 3. Jean Frappier, "Vues sur les conceptions courtoises dans les littératures d'oc et d'oil au XIF siécle", Cahiers de civilisation médiévale, II, n°2, 1959, pp. 138. 4 . Henri-Irénée Marrou, Les Troubadours, París, Seuil, 1971, p.99. 5. Op. cit., 1971: 138. 6. Se podría precisar a este respecto: "Celui qui s 'éprend de la dame est, un general, un poete, un troubadour, qui s'efforce de mériter Vamour de sa domna en manifestant une soumission totale á ses moindres désirs ou á ses caprices". Anne Berthelot, Le román courtois, París, Nathan, 1998, p. 17. De la cortesía y la fin'amors a la eclosión del lirismo erótico en el medievo occitano 125 para el a m a d o , quien, en u n a actitud e g o í s t a y pueril p a r e c e , p u e s , p r e o c u p a r s e d e su p r o p i o gozo y n o del deleite d e la a m a d a , s e g ú n a p u n t a H . M a r r o u : D 'oú l 'inculpation de narcissisme á laquelle échappe difficilement un tel amour («ils aiment mais ne s'aimentpas»): sans doute l'amant aime d'un amour extatique, il sort de lui-méme á la rencontre, á la révélation de l'aimée, mais c'estpour s'enrichir de cet amour, pour exulter du bonheur de l'aimer: sans doute il célebre sa beauté, sa valeur, sa splendeur, mais tout a la «Joie», á cette jeneusse sans cesse renouvelée qui Vexalte au-dessous de lui-méme, a son bien, a son bonheur, comme on dit, a elle . 1 E n el narcisista i d e a l i s m o cortés s u b y a c e , e n t o n c e s , u n a actitud m a c h i s t a . L a mujer es más un m e d i o q u e u n fin y, p o r ello, se la r e l e g a a u n a actitud d e estatismo, d e c o n t e m p l a c i ó n hierática. P o c o o n a d a s a b e m o s d e sus d e s e o s o apetencias e n la canso o c c i t a n a . D e h e c h o , podríamos señalar al r e s p e c t o q u e la cultura cortés no insiste más en el deseo de la mujer. No logra imaginar cómo cambiarlo. Lo ve simplemente como algo peligroso. Esperan mejores tiempos. Se quedan así durante decenas de años. En la misma situación donde estaban. ¿Qué pensar del deseo de la mujer? No saben contestar . 8 9 La reacción, l ó g i c a m e n t e , n o se h a r á esperar, v i n i e n d o d e la m a n o d e las trobairitz . Su escritura surge, en b u e n a p a r t e , c o m o r e a c c i ó n c o n t r a la h i p ó c r i t a i d e a l i z a c i ó n f e m e n i n a que los t r o v a d o r e s aportan c o n su l i r i s m o e r ó t i c o . L a trobairitz m u e s t r a la i m a g e n d e u n a mujer que n o acepta la a d o r a c i ó n idealizada q u e la e x c l u y e del j u e g o a m o r o s o . E n definitiva, asistimos a u n a velada denuncia p o r parte de la mujer del eros ficticio q u e i m p o n í a \afin 'amors para abogar p o r u n e r o t i s m o m u c h o m á s real al estar b a s a d o en su p r o p i a e x p e r i e n c i a en no pocas o c a s i o n e s : Pour les trobairitz, lafin 'amors n 'est pas unjeu, etle service d 'amour leur apparait comme un beau mensonge, s 'il reste au stade des vaines paroles... Avec elles, on s 'aperqoit que lafemme occitane n 'avaitpas de goütáse laisser adorer comme une idole, et qu 'elle avaitpréféré á cette vénération hypocrite un abandon plus sincere . 10 El erotismo ligado a la lírica cortés occitana se caracteriza, ante todo, p o r u n a esencia que, a priori, p o d r í a m o s clasificar d e p l a t ó n i c a . E l n o t o m a r a la m u j e r c o m o fin sino c o m o m e d i o para llegar a u n estadio d e p e r f e c c i ó n en el q u e el a m o r se c o n v i e r t e en u n v a l o r a b s o l u t o e inagotable, puesto que continuamente se renueva en el deseo del amante ante la n o consecución del gozo carnal, c o n s t i t u y e la estética d e u n e r o t i s m o d e la a b s t r a c c i ó n y d e la i m a g i n a c i ó n que tendrá p o r finalidad p e r f e c c i o n a r el espíritu del a m a n t e . L a d a m a es s i m p l e m e n t e la vía de a c c e s o a este e s t a d i o d e perfección p l a t ó n i c a . Sin e m b a r g o , ella n o p a r t i c i p a en la r e c o m p e n s a del p r o c e s o , tal v e z p o r q u e y a s e a descrita en t é r m i n o s d e p e r f e c c i ó n frente al 7. Op. cit., 1971: 152. 8. José Enrique Doménech, La mujer que mira. Crónicas de la cultura cortés, Barcelona, Sirmio, 1989, pp. 151-152. 9. Nombre que reciben las mujeres que se dedicaron al arte de.escribir poesía trovadoresca. Entre las más célebres destacan la Condesa de Día, Na Castelloza, Marie de Ventadour o Clara d'Anduza. 10. Jean Charles Payen, "Les troubadours", en Pierre Abraham y Robert Desné (eds.), Histoire littéraire de la France. Des origines á 1600, T. I, París, Messidor/ Editions Sociales, 1971, p.173. 126 RAMÓN GARCÍA PRADAS amante, inferior en este aspecto. Sin embargo, cuando el amante ha llegado al estadio de perfección idílica, lejos de concretizar sus deseos, prefiere deleitarse en la esfera de lo abstracto, en la superación de sí mismo. Por ello, el amor cortés no puede ser nunca un deseo puramente sexual, tal y como reflejan las cansos de los trovadores occitanos que poco a poco configuran los entresijos literarios de lafin'amors : Dans le cadre de la fin'amor, le sentiment d'amour n'est pas congu comme une passion fatale (...), ou comme la tendresse quijustifie le mariage, mais comme l'occasiond'un raffinemenl intérieur, d 'un perfectionnement, d'un dépassement de soi sans cesse avivé par le désir de mériter une dame idéalement belle, noble et difficilement accessible. Cette poésie invente le soupirant, mais aussi l 'absolu du sentiment amoureux qui donne un sens á la vie; l 'homme espere devenir plus noble en aimant mieux . n En definitiva, el modelo de amor que nos propone la cortesía se nos muestra como una concepción moderna de tal sentimiento: Le développement des cours ségnoriales s 'accompagne d'un bouleversement des rapports entre homme etfemme: ceux-ci sont désormais marqués du signe de la courtoisie et annoncent une conception moderne de l'amour . u Sin embargo, la carencia de sexualidad en la erótica occitana cortés no se correspondía en absoluto a los deseos del hombre. De hecho, A. Berthelot distingue entre dos tipos de amor: el amorpums, es decir, aquel que no sobrepasa los límites de una esfera estrictamente idealizante y el amor mixtus, aquel que reconoce la devoción a la dama en su dimensión más pura sin abandonar el deseo carnal en su lado más impuro. De ahí que en el erotismo cortés se superpongan diversos estadios en los que la devoción platónica se puede acompañar de ciertos favores sexuales: la mirada, el beso o el asag, prueba en virtud de la cual el amante y la amada comparten lecho sin que la amada lleve prenda alguna. El caballero vive así un erotismo que va in crescendo, pero controlado en todo momento por un rígido canon de reglas que definen lo que es amor cortés frente a lo que no lo es. Prueba de este afán por regir la conducta amorosa será la publicación del Tractatus d'amore de Andrés el Capellán. Esta es, pues, la concepción gradual del erotismo de lafin 'amors. Sin embargo, por oposición surge el término A&fais'amor, empleado ya por el trovador Marcabrú. La teoría amorosa del siglo XII se elabora así de manera antagónica. Frente al erotismo cortés basado en el intelecto, la vista o el oído y concebido como sentimiento espiritualizado distintivo de un determinado grupo social, la aristocracia, capaz de elevar la relación heterosexual hasta convertirla en un código de comportamiento y una forma de entender la vida, la cortesía, surge, como reacción, un amor físico y comunal, donde lo carnal sustituye a lo espiritual, lo concreto a lo abstracto y lo temporalmente indefinido al gozo momentáneo . Elfals 'amor supondrá así la realización más inmediata del deseo frente a su no-realización necesariamente implicada 13 14 11. Gerard Gros y Mane Madelaine Fragonard, Les formes poétiques du Moyen Age á la Renaissance, París, Nathan, 1995, p. 24. 12. Gabriel Bianciotto, "Les trouvéres", en Pierre Abraham y Robert Desné (eds.), Histoire littéraire de la France. Des origines á 1600, TI, París, Messidor/ Editions Sociales, 1971, p. 173. 13. Op. cit, 1998: 18. 14. Felicia de Casas Fernández, "Edad Media: la lírica", en Javier del Prado Biezma (coord..), Historia de la literatura francesa, Madrid, Cátedra, 1994, p. 149. De la cortesía y la fin'amors a la eclosión del lirismo erótico en el medievo occitano 127 por lafin 'amors. Se establece, en este orden de ideas, u n a clara al tiempo q u e compleja postura dialéctica en el lirismo p o é t i c o del m e d i e v o o c c i t a n o . E s t e d o b l e t e n d e n c i a q u e a c o m p a ñ a r á a la concepción amorosa del siglo X I I será centro d e reflexión y a l i m e n t o de creación literaria. De hecho, C. G a r c í a G u a l define el l i r i s m o p u r a m e n t e c o r t é s c o m o platonismo del eros, en parte, y también idealización del lirismo esforzado y difícil. Pero también hay una tendencia a resaltar la fuerza de la pasión sexual, del sexo como algo central en la pasión amorosa, por encima y en contra de las advertencias del cristianismo y la iglesia sobre el pecado . 15 En cualquier caso, h e m o s d e precisar que lafin 'amors n o es, en m o d o alguno, una manifestación platónica del amor, s i m p l e m e n t e p o r q u e r e n u n c i e al p l a c e r s e x u a l en t a n t o q u e acto que pone fin al p o t e n c i a l a m o r o s o . E s p r e c i s o q u e el d e s e o se camufle, p e r o n u n c a q u e desaparezca, pues se perdería la esencia m i s m a de lafin 'amors. D e ahí q u e se permita la expresión de un erotismo g r a d u a l m e n t e c r e c i e n t e a t r a v é s del servicio d e a m o r . E n efecto, era n o r m a l que la domna c o n c e d i e r a al a m a n t e a l g ú n tipo de beneficio ( u n a m i r a d a , u n beso,...) c u a n d o recibía un servicio d e su p a r t e . Sin e m b a r g o , a v e c e s , el beneficio p o d í a ser m a y o r , tal y como lo demuestra la prueba del asag. C o m o se p u e d e constatar, la reproducción d e la relación de feudo-vasallaje entre el h o m b r e y la mujer, la soberana y el vasallo, se convierte en metáfora de todo un e r o t i s m o i m a g i n a r i o , d o n d e la a l u s i ó n es m á s i m p o r t a n t e q u e el h e c h o : Lafin 'amor, en effet, n 'est aucunement platonique. Une sensualité profonde l 'anime etne cesse d' affleurer sous lesformes d 'expression, suscitant dans le discours une ahondante (quoique discréte) imagerie érotique: allusions au corps de lafemme, au charmes de caresses, aux chances qu 'offrent l 'alcóve, le bosquet du jardín, aux jeux que permet, sur une nudité difficile a toujours dérober, l'incessantepromiscuité du cháteau . I6 Por otro l a d o , el lirismo cortés, e s p e c i a l m e n t e el d e la canso, c o n c i b e a la mujer c o m o la promesa del p l a c e r erótico, c o n s t a t á n d o s e e n tal p r o m e s a u n a actitud d e d i s t a n c i a p o r parte de un a m a n t e m a s c u l i n o q u e b u s c a la p e r p e t u i d a d frente al a c t o o el d e s e o frente a la acción. El cuerpo f e m e n i n o se a d m i r a , p e r o n o se p o s e e , se tiene y n o se tiene. P o d r í a m o s p e n s a r q u e la razón de esta tendencia contradictoria q u e s u p o n e lafin 'amors bien p u d o ser la s o b r e v a l o ración de la q u e la mujer fue objeto en esta é p o c a . Sin e m b a r g o , el d e s c o n o c i m i e n t o del cuerpo femenino p o r parte del h o m b r e u n i d o a las creencias folklóricas q u e ligaban el cuerpo de la mujer a la m a g i a y lo s o b r e n a t u r a l son r a z o n e s q u e p e r m i t e n justificar l a p r i m a c í a de la admiración ante el control del c u e r p o f e m e n i n o : Quand elle concerne sa beautéphysique, la surestimation de la dame peut s 'expliquer, en partie, par le caractére quasi-miraculeux que la plupart des primitifs pretent au corps féminin, lequel, comme on sait, produisait encoré suri 'homme, au temps de Guillaume IX, des effets presque magiques . 17 Así, el e r o t i s m o q u e i m p o n e la lírica cortés occitana es u n e r o t i s m o d e la c o n t e m p l a c i ó n y la admiración, p e r o es u n e r o t i s m o e m i n e n t e m e n t e m a s c u l i n o , p u e s es la m u j e r q u i e n h a 15. Op. cit., 1997: 17. 16. Paul Zumthor, Essai de poétique médiévale, París, Seuil, 1972, p. 556. 17. Rene Nelly, Vérotique des troubadours, Toulouse, Édouard Privat, 1963, p. 196. 128 R A M Ó N GARCÍA PRADAS de mostrarse d e s n u d a y el h o m b r e quien disfruta de u n placer voyerista y solitario, pero placer en c u a l q u i e r c a s o c o m o se d e s p r e n d e de las cansos de los t r o v a d o r e s , c a r a c t e r i z a d a s p o r la celebración del deseo frente al placer a diferencia de los géneros no-corteses, c o m o la pasto­ rela, d o n d e , contrariamente, se celebra el placer frente al deseo. D e s e o erótico m á s q u e placer contribuirá a l a c r e a c i ó n de ciertos t e m a s centrales en la lírica c o r t é s o c c i t a n a c o m o fueron la c o n t e m p l a c i ó n d e la d a m a sin p r e n d a a l g u n a o el asag, m o m e n t o s álgidos e n la erótica p r o v e n z a l , p u e s , a m e n u d o , c u l m i n a n el r e c o n o c i m i e n t o del c a b a l l e r o , c o m o si el p a g o al servicio de a m o r h u b i e r a d e c o n c e b i r s e c o m o u n p r o c e s o d e e r o t i z a c i ó n p r o g r e s i v a en el q u e del d e s d é n se p a s a a la m i r a d a o al b e s o h a s t a q u e se p r o d u c e la e c l o s i ó n d e la d e s n u d e z f e m e n i n a p a r a deleite del v a s a l l o , s e g ú n a p u n t a N e l l y : // s 'agit de la contemplation de lafemme nue et de l 'asag (épreuve d 'amour). C 'était la deux cérémonies intimes, impudiques mais continentes, dont le déroulement avait été de bonne heure socialisépar la coutume et stéréotypé. II y avait des cas oü la dame ne se montrait nue que dans l 'asag, etd'autres oú, aprés s 'étre laissée embrasser-nue ou en tenue légére-par son ami (vétu), elle ne jugeait pas bon de le soumettre á V«épreuve» qui eut été pour lui le couronnement de Fin'amors™. E n definitiva, la fin 'amors es u n a f o r m a d e e n t e n d e r el e r o t i s m o artificiosa en e x t r e m o al q u e d a r e n c o r s e t a d a en u n r í g i d o sistema d e r e g l a s y, a su v e z , se trata de u n a c o n c e p c i ó n del a m o r contradictoria, y a q u e el a m o r cortés es p a s i ó n y r a z ó n al m i s m o t i e m p o : Cetteprogression soigneusement codifiée confirme que l 'amour courtois, qui est, dans notre vocabulaire moderne, un amourpassion, qui arrache l 'amant á lui-méme au point de le rendre fou, est en méme temps, et paradoxalement, un amour raisonné, fondé sur un libre choix: l 'ami choisit d 'aimer telle dame parce qu 'elle est la plus belle, la plus vertueuse, et elle le choisit pour son serviteur parmi tous les autres prétendants á ce titre et recompense son prix et sa valeur, parce qu'elle a remarqué en lui les qualités qu'exigent et la courtoisie et la fin'amors . 19 U n a de las constricciones m á s importantes q u e marcan el sistema de reglas al q u e anterior­ m e n t e h e m o s h e c h o alusión es q u e , p a r a amar, es preciso ser n o b l e , de n a c i m i e n t o y corazón. A s í , sólo p o d r á n ser objeto d e a m o r las d a m a s n o b l e s , lo cual h a c e q u e p o d a m o s distinguir entre d o s tipos d e m u j e r e s : las n o b l e s y las q u e n o lo son. E s t a s ú l t i m a s , en tanto q u e n o r e c i b e n la p o s i b i l i d a d d e ser a m a d a s , s u p o n d r á n l ó g i c a m e n t e p a r a el c a b a l l e r o u n a forma d e liberar el e r o t i s m o latente y d e s b o r d a d o , p e r o n u n c a l l e v a d o a t é r m i n o , q u e l a / m 'amors i m p o n e . Ciertos p o e m a s , tales c o m o la pastorela, se cargan así d e u n evidente c l a s i s m o social en p r o d e la n o b l e z a q u e p e r m i t i r á la c a n a l i z a c i ó n d e u n e r o t i s m o carnal n o - c o r t é s : On voit que le genre consiste á s'amuser aux dépens des rustres: les traites courtois sur l 'amour disent d 'ailleursfranchement que lespaysans sont incapábles, par nature, d 'aimer. lis s 'accouplent comme des bétes. Des lors, quand un chevalierforcé une vilaine, il ne commetpas defaute contre la courtoisie. II agit avec les villains selon les lois qui gouvernent leur monde . 20 18. Op. cit, 1963: 196. 19. Michel Zink, "Troubadours et trouvéres", en Daniel Poirion (ed.), Précis de littérature francaise du Moyen Age, París, PUF, 1983, p. 133. 20. Pierre-Yves Badel, Introduction á la vie littéraire du Moyen Age, París, Dunod, 1997, p. 160. De la cortesía y la fin'amors a la eclosión del lirismo erótico en el medievo occitano 129 El erotismo r e t o m a así su l a d o m á s viril y natural, lo cual p o n e e n c o n t r a s t e el e m i n e n t e ascenso social de la mujer en el ámbito occitano con las creencias y c o m p o r t a m i e n t o s m i s ó g i nos a las q u e la E d a d M e d i a n o s tenía a c o s t u m b r a d o s . E n definitiva, tal y c o m o A . B e r t h e l o t señala, se h a c e n e c e s a r i a u n a d o b l e c a t e g o r i z a c i ó n d e la m u j e r p a r a q u e el c a b a l l e r o p u e d a librarse de las constricciones físicas q u e i m p o n e la cortesía, e n t e n d i d a en su a c e p c i ó n senti21 mental más q u e s o c i a l : Cette distinction entre deux catégories defemmes se retrouvera sous une forme romancee dans les récits du type pastourelles, mettant en scéne des chevaliers et des bergéres. Avant qu 'on arrive á un code plus rajfiné, selon lequel toute jeune filie ou toutefemme doit recevoir de tout chevalier aide etprotection, les chevaliers errants ont tendence á se dédommager des épreuves que leur infligent leurs dames implacables en troussant sans le moindre scrupule les pastoures qu 'ils rencontrent sur leur chemin . 22 Lógicamente, la presencia de u n a m o r no-cortés s u p o n d r á u n e v i d e n t e p r o c e s o de p o p u larización del lirismo e r ó t i c o . E n este sentido, el e r o t i s m o d e l o s p o e m a s líricos n o - c o r t e s e s más desmedido y carnal lo encierra, sin l u g a r a d u d a s , la pastorela, y a n o sólo p o r la relación sexual que a m e n u d o c o m p o r t a entre u n c a b a l l e r o y u n a p a s t o r a , s o c i a l m e n t e inferior y, p o r ende, calificada de villana, p o r lo que al caballero se le h a c e i m p o s i b l e plantearse u n a relación amorosa con la j o v e n , pues, s e g ú n los p r e c e p t o s q u e encierra lafin 'amors sólo p u e d e n amarse dos personas q u e sean corteses, es decir, n o b l e s de nacimiento y corazón. I g u a l m e n t e , la imagen física d e la p a s t o r a d e s b o r d a j u v e n t u d y l o z a n í a , i n v i t a n d o a u n d e s e o irrefrenable q u e no puede h a c e r otra c o s a q u e b u s c a r la c o n s e c u c i ó n del p l a c e r p o r parte del h o m b r e . E s t e erotismo físico, en p l e n o esplendor, n o será s i n o la c o n t i n u a c i ó n d e la n a t u r a l e z a p r i m a v e r a l que envuelve al c a b a l l e r o y la pastora, i n v i t á n d o l o s , p u e s , al g o c e del c o n t a c t o físico, al placer exultante y sin mesura, c o m o d e m u e s t r a el h e c h o d e q u e la pastora p u e d a llegar incluso a ser t o m a d a por la fuerza c u a n d o n i e g a sus favores al señor. La pastorela subvierte l a relación d e vasallaje q u e e n p r i n c i p i o a p a r e c í a e n t r e la domna y el enamorado. N u e v a m e n t e , h a c i e n d o p r e v a l e c e r los v a l o r e s patriarcales y h e g e m ó n i c o s que invisten la s o c i e d a d m e d i e v a l francesa, el h o m b r e i n t e n t a s u b y u g a r a l a m u j e r d a n d o rienda suelta a sus d e s e o s eróticos m á s frustrados y m e n o s a b s t r a c t o s , u n o s s u e ñ o s q u e n a d a tienen que ver y a con el e r o t i s m o cortés y q u e , sin e m b a r g o , p a r e c e n ser, en b u e n a m e d i d a , consecuencia de la m e s u r a , mezura en la lírica occitana, a la q u e h a de s o m e t e r s e el caballero. La medida en e x c e s o p r o v o c a la d e s m e d i d a , s u r g i e n d o así n u e v a s f o r m a s literarias q u e permiten canalizar las p u l s i o n e s sexuales m a s c u l i n a s . P a r a ello será n e c e s a r i o q u e la mujer baje de estatus social y sea n u e v a m e n t e inferior al h o m b r e . D e h e c h o , el n o m b r e del tipo d e poema al q u e a h o r a h a c e m o s alusión, la pastorela, se justifica p o r q u e la m u j e r es c o n c r e t a mente una pastora con la q u e el caballero, seductor, y, a veces, violento, intenta gozar a p r o v e chándose d e sus servicios, si b i e n n o s i e m p r e lo c o n s i g u e , tal v e z p o r el m a r c a d o o r i g e n 21. Sobre esta doble concepción de la cortesía A. Berthelot apunta: "D'unepart, sur le plan general, elle correspond a une attitude d'ensemble vis-á-vis de la société, un certain nombre de comportements qui régissent les relations interpersonnelles dans le cadre restreint de l'aristocratie chevaleresque issue de laféodalité, ou des cercles bourgeois qui imitent cette aristocratie. D 'autre parí, a un niveau plus elevé, elle determine le traitement reservé au sentiment amoureuxtelqu'ilestprescritetencadréparunensembledesréglespassablementcontraignantes". Op, cit., 1998:17. 22. Op. cit., 1998: 19. 130 R A M Ó N GARCÍA PRADAS p o p u l a r c o n el q u e la p a s t o r e l a se desarrolló: "On a émis l 'hypothése que cettepoésie serait d 'originepopulaire, puisque le chevalier estparfois berné et ridiculisé et que la vertu de la jeune filie rustique triomphe de la richesse etdu beau discours du seducteuf' . Sin e m b a r g o , h e m o s de r e c o n o c e r q u e el e r o t i s m o d e la p a s t o r e l a suele ir en p r o del c a b a l l e r o , p r e s e n t á n donos así la i m a g e n de u n a mujer c o m p l a c i e n t e , asertiva e i m p ú d i c a algunas veces. L a actitud dual d e la p a s t o r a b i e n p u e d e d e s e n c a d e n a r u n e r o t i s m o o b s c e n o favorable al caballero o, en c o n t r a p o s i c i ó n , u n a actitud de r e c h a z o en l a q u e lo f e m e n i n o n o participa d e lo erótico con objeto de defender la castidad en tanto q u e valor q u e n o h a d e subyugarse a las exigencias p a t r i a r c a l m e n t e h e g e m ó n i c a s . E n este sentido, la i m a g e n de l a p a s t o r a se s u b l i m i z a y nos r e c u e r d a , h a c i e n d o a b s t r a c c i ó n , p o r s u p u e s t o , d e su c o n d i c i ó n social, a la d o m n a y a los p r e c e p t o s d e lafin 'amors. Sin e m b a r g o , en las cortes francesas n o d e b i ó a c e p t a r s e de b u e n g r a d o q u e u n a p a s t o r a osara t o m a r la m i s m a actitud q u e la domna. D e h e c h o , R. B o s s u a t p r e c i s a q u e , c u a n d o este g é n e r o p o p u l a r entra en las cortes del N o r t e y a p o r el siglo XIII, se carga de u n erotismo carnal m u c h o m á s realista q u e el presentado p o r el M e d i o d í a occitano: 23 Dans les «pastourelles» franqaises, formées sur le modele des pastorelas occitanes vers le milieu du XIII" siécle, les bergéres écoutent les sollicitations des poetes et des rois etfinissent par succomber, tandis que dans les pastorelas occitanes, ce sont les bergéres qui bernent leurs flatteurs . 24 E n efecto, las c a n c i o n e s d e los troveros p r o n t o se ufanan en m o s t r a r u n a y otra v e z la i m a g e n de la pastora, doncella d e tierna edad, s u m i d a en u n incipiente ardor sexual, invitando así al señor a q u e t o m e su virginidad. E n definitiva, b i e n p o d e m o s afirmar q u e el latente e r o t i s m o c o n el q u e el g é n e r o n a c í a en la lírica o c c i t a n a r a y a r á en tierras de o'ñ la palabra o b s c e n a y v u l g a r , tal y c o m o se p u e d e v e r de manifiesto en el siguiente e j e m p l o d e entre las múltiples p a s t o r e l a s q u e se escribieron y c a n t a r o n en el N o r t e de F r a n c i a : Je suis sade et brúñete Et jeune pucelete, S'ai color vermeillette, Euz verz, bele bouchete; Si mi point la mamelete Que n 'i puis durer Resons est qu 'entremete Des douz maus d'amer 25 C o n respecto a la pastorela, sólo resta decir q u e la temática del encuentro entre un caballero y u n a pastora será igualmente tratada por la lírica medieval española con las serranillas, breves p o e m a s en f o r m a de r o m a n c e , villancico o c a n c i ó n m e d i e v a l escrito en v e r s o s octosílabos u h e x a s í l a b o s , sobre los q u e D e m e t r i o E s t é b a n e z C a l d e r ó n n o s dice: " E s t e tipo d e p o e m a s , a los q u e se h a e m p a r e n t a d o c o n la p a s t o r e l a p r o v e n z a l y su i m i t a c i ó n g a l l e g o - p o r t u g u e s a , 23. Michel Stanesco, Lire le Moyen Age, París, Dunod, 1998, p. 121. 24. Op. c¡'?.,1964: 1102. 25. Traducido al francés moderno: "Je suis plaisante et brunette, toute jeune filie. J'ai le teint rosé, les yeux claires, une jolie petite bouche. Les seins me piquent sifort quejen'y puis résister! II est juste que je m'occupe des doux mam. de l 'amour". Samuel Rosemberg et alii (eds.), Chansons de trouvéres, París, Le livre de Poche, 1995, p. 146-147. De la cortesía y la fin'amors a la eclosión del lirismo erótico en el medievo occitano 131 tendría su origen en u n a a n t i g u a tradición e s p a ñ o l a d e villancicos y c a n t o s p o p u l a r e s c o n temas de v i a j e s " . 26 Sin e m b a r g o , el l i r i s m o erótico q u e h a b í a surgido en el S u r t o m a r á a u g e en el N o r t e de Francia gracias a la a c t i v i d a d d e los t r o v e r o s . Se d e s a r r o l l a n así a l g u n o s g é n e r o s del S u r como la pastorela y se a c u ñ a n g é n e r o s n u e v o s c o m o la malmaridada o las canciones de mujeres, ya q u e el N o r t e c o n c e d e r á m á s libertad al l i r i s m o f e m e n i n o , m i e n t r a s q u e en el Sur el monopolio de la v o z p o é t i c a lo tenía el h o m b r e . D e s t a c a m o s c o m o excepción las p o c a s trobairitz, q u e , c o m o en las c a n c i o n e s n o - c o r t e s e s p u e s t a s e n b o c a de u n a m u j e r (chansons de toile, típicas de la r e g i ó n de olí), m á s q u e el a m o r n o l o g r a d o , c a n t a n el a m o r p e r d i d o , desapareciendo casi p o r c o m p l e t o las c o n n o t a c i o n e s i d e a l i z a n t e s q u e c a r a c t e r i z a n la p o e s í a masculina de la región occitana y, especialmente, la canso, según afirma A . Casas F e r n á n d e z . En tomo a esta distinción de g é n e r o ligada a la v o z poética q u e p r e s e n t a n las manifestaciones líricas del N o r t e y del Sur d e Francia, n o s d i c e S. R o s e m b e r g : 27 Etalors que ceux-láfont entendre une voix poétique presque exclusivementmasculine, ceux-ci accordent une place considerable á une voixféminine -ou, du moins, qui se veut telle; en effet, les diverses chansons defemme, comprenant, entre autres, la Chanson de toile et la Chanson de malmariée, forment une parí importante du répertoire franqais '. 2% La malmaridada y las canciones de mujer muestran j u s t a m e n t e c ó m o la entidad femenina, lejos de ser u n m e d i o , p u e s en tanto q u e fin es i n a c c e s i b l e , p a s a a r e c l a m a r su d e r e c h o a disfrutar del a m a d o . C o n t r a r i a al s e n t i m i e n t o del joy m a s c u l i n o , q u e alterna la felicidad de la contemplación y el d e s e o creciente del a m o r c o n la frustración y la tristeza en la q u e se sume el a m a n t e c u a n d o l a realización de sus d e s e o s es i m p o s i b l e , d a d a la i n a c c e s i b i l i d a d que caracteriza a la a m a d a , la actitud d e la m u j e r e n la malmaridada o la canción de mujer es la de reivindicar la e l e c c i ó n del a m a d o o t e n e r la p o s i b i l i d a d d e llorarlo e n su ausencia, rompiendo así la i m a g e n del h i e r a t i s m o f e m e n i n o al q u e tan a c o s t u m b r a d o s n o s tenía b u e n a parte del lirismo occitano: 29 Les chants de la maumariée sont permeables á l'influence courtoise: á cote du personnage traditionnel du mari, se dessine l'image de l'ami comme un recourspossible. La chanson de la maumariée participe de la chanson defemme; celle-ci remonte á une ballade archaique dont il reste des échantillons dans lapoésie irlandaise, anglo-saxonne etméme hongroise: l'héro'ine ypleure a lapremiérepersonne son amant ou son époux lointain ou mort . i0 La malmaridada s u p o n e , e n t o n c e s , u n a afirmación del d e r e c h o f e m e n i n o , o t o r g a n d o así a la mujer la posibilidad d e tener v o z en el p l a n o de lo e r ó t i c o , a s p e c t o d e l q u e a m e n u d o adolecía el lirismo cortés m á s refinado y purista, m u y p o s i b l e m e n t e influido p o r las creencias 26. Demetrio Estébanez Calderón, Breve diccionario de términos literarios, Madrid, Alianza Editorial, 2000, p. 473. 27. Op. cit., 1994: 156. 28. Op. cit., 1993: 12-13. 29. El joy podría definirse como un sentimiento complejo y contradictorio: "Ainsi s 'explique le sentimentcomplexe qui estpropre al'amour, mélange de soujfrance etdeplaisir, d'angoisse etd'exaltation. Pour désigner ce sentiment, les troubadours ont un mot, le joi, différentdu motjoie (joya,fém.)". Michel Zink, Littérature francaise du Moyen Age, París, PUF, 2001, T ed., p. 103. 30. Jean Charles Payen, Le Moyen Age, París, Arthaud, 1990, p. 110. 132 R A M Ó N GARCÍA PRADAS m i s ó g i n a s y l o s v a l o r e s patriarcales q u e p r i m a n d u r a n t e el m e d i e v o p e s e al relativo ascenso social q u e la m u j e r c o n o c e en el Sur de F r a n c i a . A d e m á s , d e la m a n o d e esta r e i v i n d i c a c i ó n f e m e n i n a se d e s p r e n d e u n e r o t i s m o m u c h o m á s c a r n a l y realista en el q u e m u j e r y h o m b r e g o z a n de su r e l a c i ó n dejando d e lado cualquier finalidad ascética o platónica del sentimiento a m o r o s o . Sin e m b a r g o , el g o z o es secreto, la u n i ó n se h a c e a e s c o n d i d a s , a p r o v e c h a n d o la complicidad d e la n o c h e y el silencio del vergel. S e instaura así u n erotismo del locus amoenus q u e será explotado hasta la saciedad tanto por la poesía lírica medieval c o m o por las principales n o v e l a s d e c o r t e a m o r o s o escritas en esta é p o c a . T e n i e n d o e n c u e n t a lo a n t e r i o r m e n t e e x p u e s t o , p o d r í a m o s p e n s a r q u e sólo en el N o r t e se v i v e u n e r o t i s m o q u e p r o p i c i a las p u l s i o n e s físicas del h o m b r e y la mujer. Sin e m b a r g o , la lírica o c c i t a n a , p e s e a d a r m a y o r i m p o r t a n c i a al e r o t i s m o d e la c o n t e m p l a c i ó n , t a m b i é n c a n a l i z ó a n i v e l p o p u l a r las m a n i f e s t a c i o n e s físicas del s e n t i m i e n t o a m o r o s o e n t r e h o m b r e y m u j e r a t r a v é s d e las albas, p o e m a s d e corte lírico q u e dejan implícita la relación sexual d e d o s a m a n t e s q u e s i e m p r e se u n e n a p r o v e c h a n d o la c o m p l i c i d a d de la n o c h e . P o c o a p o c o en las albas se irán i n s e r t a n d o e l e m e n t o s corteses c o m o son los o b s t á c u l o s q u e se i n t e r p o n e n a la u n i ó n de los a m a n t e s : el s e c r e t i s m o c o n el q u e h a d e investirse la rela­ c i ó n adúltera p a r a q u e el m a r i d o c e l o s o n o se e n t e r e , la p r e s e n c i a d e lozangiers o espías d e los a m a n t e s q u e p o r e n v i d i a los delatarán o la p r e s e n c i a de c r i a d o s d i s p u e s t o s a a y u d a r a los e n a m o r a d o s a la h o r a d e m a n t e n e r su relación e n secreto. E n las albas, p o r lo tanto, la figura de la a m a d a , lejos de estar ausente, se le p r e s e n t a al a m a d o c o m o u n ser alcanzable, contraria­ m e n t e a lo q u e ocurría en la canso. E l a m o r n o es, entonces, solitario y n o compartido. E l amor q u e se solicita, aun siendo p r o h i b i d o , es, antes b i e n , u n a m o r satisfecho p a r a a m a d a y a m a d o . T a l v e z esta p e c u l i a r i d a d , q u e d e c o n s t r u y e b u e n a parte d e la e s e n c i a d e lafin 'amors, p o d r í a justificarse, tal y c o m o afirma A . C a s a s F e r n á n d e z , si t e n e m o s e n cuenta q u e las albas, para u n cierto sector d e la crítica, p r e s e n t a r í a n u n origen oriental, c o m o lo p r u e b a el h e c h o d e q u e esta forma poética se encuentre presente en todas las literaturas del m u n d o , a u n q u e con m a y o r claridad en l a s d e C h i n a , H u n g r í a o E g i p t o . 31 E n definitiva, cansos, pastorelas, albas o malmaridadas muestran la emanación de un ero­ t i s m o adúltero m á s o m e n o s v e l a d o en el q u e se p r o p u g n a la libre e l e c c i ó n d e l o s a m a n t e s bien en u n a relación de d e s e o frenado p e r o p r o l o n g a d o al m i s m o t i e m p o , bien en u n a relación d e d e s i n h i b i c i ó n i n m e d i a t a . E s t e afán p o r r e c r e a r s e en lo erótico d e b i ó ser l ó g i c o t e n i e n d o e n c u e n t a q u e e n la s o c i e d a d feudo-aristocrática francesa la m a y o r í a d e los m a t r i m o n i o s n o r e s p o n d í a n tanto a la e l e c c i ó n p r o p i a c o m o sí a c u e s t i o n e s d e interés familiar. D e ahí q u e la fin 'amors r e i v i n d i q u e c o m o línea d e p r i n c i p i o e n el s e n t i m i e n t o a m o r o s o la libre elección, s e g ú n afirma J. F r a p p i e r : Cet amour obsédant est réguliérement adultere, en pensée eten imagination, sinon enfait. Toujours la canso du troubadour chante son amour pour unefemme mariée, qui n'est pas la sienne. La fin 'amor ne saurait en effet se concilier avec le mariage (...)Au contraire, la fin 'amor, hors de toute contrainte sociale, prétend á une autonomie morale et une libre élection . 32 3 1 . Op. cit., 1994: 158. 32. Op. cit, 1959: 140. De la cortesía y la fin'amors a la eclosión del lirismo erótico en el medievo occitano 133 En cuanto a la p l u r a l i d a d de g é n e r o s e n c o n t r a d a en el p l a n o d e lo lírico e n el siglo X I I , bien puede ser el p r o d u c t o d e l rico e n t r a m a d o de t e m a s y m o t i v o s c o n el q u e el e r o t i s m o literario se diversificó p r i m e r a m e n t e en las p r o d u c c i o n e s o c c i t a n a s y p o c o d e s p u é s en el resto de Francia: Le théme de la requéte d 'amour nous apparaít á travers les motifs de l 'espoir, de la crainte, du désir, du service, de la priére; le théme de la maumariée, a travers ceux de la haine du mari, de l'absence d'amour ou de l'ami clandestin; le thémeprintanier, á travers ceux, étroitement lies, de la verdure et des chants d'oiseaux . 23 Nos gustaría concluir el p r e s e n t e trabajo d i c i e n d o q u e , m u y p r o b a b l e m e n t e , el lirismo erótico no-cortés, el q u e a n o s o t r o s n o s h a o c u p a d o , se p r e s e n t a c o m o u n a alternativa frente a las exigencias de la cortesía y lafin 'amors. E s p e c i a l m e n t e , s u p o n e u n intento d e resarcirse de un erotismo tirano c o n t r a r i o a las p u l s i o n e s y d e s e o s d e h o m b r e s y m u j e r e s . A s í , en la malmaridada la mujer r e c l a m a su d e r e c h o a l a libre elección, e s c o g i e n d o a u n h o m b r e j o v e n y bello frente al m a r i d o , s i e m p r e a n c i a n o y c e l o s o . El e r o t i s m o se afana, s e g ú n v e m o s , en el cuerpo j o v e n y c o m o si de u n a p r á c t i c a del carpe diem se tratara, i m p o n e el g o z o i n m e d i a t o frente a la contemplación o la libertad frente a l a p r u d e n c i a y l a mesura. Igualmente, el lirismo no-cortés s u p o n e la c a n a l i z a c i ó n perfecta p a r a q u e el c a b a l l e r o d é r i e n d a suelta a sus d e s e o s frente a las constricciones q u e le i m p o n í a la domna cortés. D e h e c h o , M . Z i n k definirá este erotismo no-cortés, de á m b i t o popular en esencia, c o m o u n a relación generalizada contra una moral q u e c o n d e n a la c a r n e y d e la q u e s ó l o c a b e v e n g a r s e m e d i a n t e la indiferencia o la subversión, tal y c o m o a l g u n a s m a n i f e s t a c i o n e s poéticas d e este l i r i s m o tradicional, p o r ejemplo, albas y pastorelas, se h a n u f a n a d o en mostrar. 3 4 e 33. Paul Zumthor, "Recherches sur les topiques dans la poésie lyrique des XIF et XIII siécles", en Cahiers de Civilisation Médiévale, II, n°4, 1959, pp. 409-427. 34. Op. cit, 1983: 154.