O Mamáo do Recife

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O Mamáo do Recife
A leitura do artigo do Sr. Garlos A. de Menezes sobre a
papaia da Ilha da Madeira («Brotéria», Fase. II, Sèrie Botànica, Voi. XXIII, pág. 78), sugeriu-me a idea de dar também
aos leitores desta excelente revista urna pequeña noticia da
papaia (ou mamáo, como lhe chamam no Brasil) do Recife.
Em geral, a impressáo de quem pela primeira vez come
papaia, sobretudo se já saboreou os nossos deliciosos melóes
de Portugal, é um tanto desagradável : parece-lbe estar a
mastigar abóbora. Esta, de facto, foi também a minha, quando há anos a comi pela primeira vez na Zambézia Portuguesa.
Contudo esta primeira impressáo, se o fruto é de boa qualidade, vai-se pouco-a-pouco desvanecendo, e acaba-se por tè-la
por urna das frutas mais gostosas. É, além disso, preciosa
pelas suas qualidades alimenticias e grande digestibilidade,
e, por isso mesmo, aconselhada pelos médicos tanto a saos
como a doentes.
Papaia vem de papai, nome por que a couhecia o indígena do Brasil. A árvore chama-se também papaia ou aínda
papaieira. Devido contudo à semelhanca que o seu fruto tem
com urna mama, é conhecido no Brasil pelo nome de mamáo,
tendo a árvore o de mamoeiro.
Há duas especies de mamóes : o miaño, que tem o corpo
alongado, e o comum, cuja forma é mais ou menos arredondada; o caiano subdivide-se aínda em caiano roxo e caiano
amarelo ; aquele é verde, tendo as fólhas pés roxos ; o outro
é amarelo, sendo verdes os pés das fólhas.
O caiano amarelo nao é conhecido aqui no Recife ; e o
roxo só há bem poucos anos comecou a aparecer. Na Baia
está muito espalhado o caiano amarelo, que chega a ter o
comprimento de dois palmos e meio, mas é inferior em sabor
ao caiano roxo.
O mamoeiral do Colegio «Nóbrega», nesta cidade do Recife, é notável pela beleza e sabor de seus frutos, com fama
feita em toda a cidade e seus arrabaldes, e visitado por inú-
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