FACULDADE ARQUIDIOCESANA DE CURVELO AMARILDO MONTEIRO DINIZ GERALDO MAGELA DA FONSECA GERALDO MOISES BARBOSA COSTA JOSE ROBERTO TORRES CAMPOLINA ENSAIO DE ARTIGO CIENTÍFICO TEMA: TEORIA DA BUROCRACIA – PRINCIPIO DA REGULAMENTAÇÃO/NORMATIZAÇÃO CURVELO – MG 2012 FACULDADE ARQUIDIOCESANA DE CURVELO AMARILDO MONTEIRO DINIZ GERALDO MAGELA DA FONSECA GERALDO MOISES BARBOSA COSTA JOSE ROBERTO TORRES CAMPOLINA ENSAIO DE ARTIGO CIENTÍFICO TEMA: TEORIA DA BUROCRACIA – PRINCIPIO DA REGULAMENTAÇÃO/NORMATIZAÇÃO Trabalho Acadêmico apresentado a disciplina Teoria das organizações, como requisito obrigatório para conclusão da disciplina. Orientadora: Nirlane Barroso CURVELO – MG 2012 0 RESUMO O propósito do presente ensaio foi investigar a importância da Teoria da Burocracia com ênfase no principio da Regulamentação/Normatização e mostrar como que esses princípios são utilizados atualmente dentro das organizações. Visando avaliar os diversos conceitos sobre essa teoria, percebe-se que apesar de ter sido apresentada no início do século XX por Weber, a mesma pode ser utilizada nas empresas de uma forma contextualizada, principalmente em empresas de produção. Para a realização deste ensaio foi feita uma revisão bibliográfica sobre o tema Teoria da Burocracia com ênfase no principio da Regulamentação/Normatização. Através destas informações as pessoas e as organizações que se interessarem em conhecer sobre o tema terão uma base para aprofundar os conhecimentos e futuramente aplicar de maneira correta tais princípios dentro das organizações. Palavras – Chave: Burocratização, Regulamentação, Normatização. 3 1 INTRODUÇÃO O conceito de burocracia é aceito de uma forma injusta perante a sociedade, muitos embaraçam o verdadeiro conceito. Os leigos têm em mente que burocracia são processos lentos, cheios de papelórios, formalismo e exageros dentro de uma organização, atualmente vivemos em um mundo globalizado onde as informações são em tempo real e essa nova era digital contribui muito para a construção injusta do conceito de burocracia, mas na verdade a burocracia vem para agilizar o processo e torná-lo mais eficiente. Segundo Chiavenato (2002, p.6) “A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos.” Já Weber (1987) apud Migott; Grzybovski e Silva (2001) “definiu a burocracia como sendo um sistema de administração que preconiza a hierarquia, a disciplina rigorosa e a veneração à autoridade (“um tipo de dominação legal”)”. A organização burocrática foi durante a Era da Industrialização Clássica, o modelo ideal para as grandes organizações enquanto funcionavam em um ambiente estável e de pouca mudança. As burocracias eram encontradas em organizações industriais, políticas, religiosas, educacionais, militares, etc. O tempo passou e o mundo mudou. Pena que a burocracia não tenha a menor aptidão para flexibilidade e inovação, tão necessárias em um mundo atual caracterizado por intensa mudança e instabilidade. Daí, a forte e generalizada tendência à desburocratizar não é apenas reduzir papelório, mas, sobretudo, reduzir o excesso de burocratização, ou seja, reduzir o grau de intensidade das dimensões burocráticas.(CHIAVENATO, 2004, p. 42) Na verdade o que os leigos chamam de burocratização é, no entanto, definido como disfunção da burocracia que são a ineficiência e a imperfeição na tentativa de adequação dos meios aos objetivos visando garantir a máxima eficiência possível aos objetivos. Ao estudar as conseqüências previstas (ou desejadas) da burocracia que a conduzem à máxima eficiência, Merton notou a presença de conseqüências imprevistas (ou indesejadas) e que a levam a ineficiência e às imperfeições. A essa conseqüências imprevistas, Merton deu o nome de disfunções da burocracia, para designar as anomalias de funcionamento responsáveis pelo sentido pejorativo que o termo burocracia adquiriu junto aos leigos no assunto. (CHIAVENATO, 2002, p.21) 4 A burocracia é baseada em: caráter legal das normas, caráter formal das comunicações, divisão do trabalho, Impessoalidade no relacionamento, hierarquização da autoridade, rotinas e procedimentos, competência técnica e mérito, especialização da Administração, profissionalização e previsibilidade do funcionamento. A burocracia tem defensores e adversários. Perrow mostra-se advogado da burocracia: “Após anos de estudos das organizações complexas, cheguei a duas conclusões que colidem com muita coisa da literatura organizacional”. A primeira é que os erros atribuídos à burocracia não são erros do conceito, mas são consequências do fracasso em burocratizar adequadamente. Eu defendo a burocracia como o princípio dominante de organização nas grandes e complexas organizações. A segunda conclusão é que a preocupação com a reforma, ‘humanização’ e descentralização das burocracias, enquanto salutares, apenas obscurecem a verdadeira natureza da burocracia dos teoristas organizacionais e nos desviam do seu impacto sobre a sociedade. O impacto sobre a sociedade é mais importante do que o impacto sobre os membros de uma organização. (CHIAVENATO, 2002, p.37-38) Este ensaio tem como objetivo mostrar a importância da regulamentação/ normatização através de diferentes autores, criando um sucinto conhecimento teórico e mostrando como que esses princípios são utilizados pelas organizações atualmente. O ensaio será divido em três partes IDC – Introdução, Desenvolvimento e Conclusão e terá como metodologia a pesquisa bibliográfica onde dará inicio a um dialogo entre os autores sobre a importância de se criar normas e regulamentos dentro das organizações. 5 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 Normas e Regulamento As normas e regulamentos são necessários para CONVIVÊNCIA em uma comunidade, marcando referências claras do que se espera de cada um e de todos, para que os objetivos e metas coletivos possam ser compreendidos e alcançados. Chiavenato (1987) afirma que a Burocracia é uma organização vinculada a normas e regulamentos previamente formalizados. Em outras circunstâncias, é uma organização fundamentada em uma espécie de legislação própria (como a Constituição para o Estado, os estatutos para as empresas privadas etc.) que determina previamente como a organização burocrática precisará trabalhar. Essas normas e regulamentos são registrados. Ao mesmo tempo são extenuantes porque busca afetar todas as áreas da organização, presumir todos os fatos possíveis e enquadrá-los dentro de um desenho adequado para ajustar tudo que ocorra dentro da organização. São coerentes porque são coesas com os objetivos apontados. Neste sentido, a burocracia é uma composição igualitária racionalmente formada. São legais porque impõem às pessoas empossadas da autoridade um poder de coação sobre os submissos e também os meios coercitivos capazes de impor a disciplina. As normas e regulamentos são registradas para garantir uma explanação sistemática e unívoca. Deste modo, economizam esforços e possibilitam a uniformização dentro da organização. Bernardes (1993) faz a seguinte ressalva: Os cargos e funções, bem como os relacionamentos e maneira de proceder, seguem as particularizações escritas comumente designadas como estatutos, regimentos, regulamentos, normas de organização e normas de procedimentos. Dessa maneira, cada participante ocupa um cargo (a exemplo de Diretor de Produção, Chefe de Departamento) ou de função (a exemplo de professor, médico, escriturário) delineando aquilo que deve fazer as subordinações e as unidades a quem envia e recebe informações, materiais, dinheiro, etc. 6 No entendimento de Maximiano (2000) a sujeição dos subordinados deve-se à confiança no direito de dar ordens que a figura da autoridade tem. Esse direito é constituído por meio de normas aceitas pelos subordinados e tem limites. A figura da autoridade somente pode atuar dentro dos limites de seu cargo. Todas as organizações formais estam amarradas nessa base de autoridade. As organizações religiosas, organizações políticas de forte programa ideológico, hospitais gerais, universidade e organizações de voluntários, de forma geral, estam amarradas muito mais no comprometimento de seus colaboradores operacionais do que de recompensas. Usar qualquer tipo de força está fora de ponderação, e em muitas delas não há se quer precisão de recompensar os colaboradores que operam espontaneamente, sem esperar outra recompensa que não seja a própria participação ou a contribuição para conseguir a missão. Estas são as organizações em que a capacidade normativa é o principal meio de domínio dos colaboradores operacionais, os quais apresentam alto nível de empenho. Nas organizações normativas, os colaboradores internalizam orientações aceitas como válidas. Liderança, rituais, manipulação de símbolos sócios e de prestígios estão entre as técnicas de domínio mais formidáveis nas organizações normativas. Apesar de ter sido ressaltada no passado, a coerção desempenha papel secundário. Por exemplo, nas escolas, em que, de forma geral a predisposição dos alunos para o aprendizado é a mola propulsora da conduta, a remuneração não tem grande influência. Chiavenato (2002, p.12) afirma que “As normas e regulamentos são legais porque conferem às pessoas investidas da autoridade um poder de coação sobre os subordinados e os meios coercitivos capazes de impor a disciplina.”. Motta e Vasconcelos (2006) relata que as organizações burocráticas normativas são aquelas nas quais o poder normativo é a principal fonte de domínio dos colaboradores dos níveis mais baixos e a orientação com relação à organização é distinguida pelo alto nível de implicação. Nessas organizações, as implicações se baseiam na internalização de diretivas aceitas como autênticas. As organizações religiosas, os hospitais em geral e as universidades são modelo característicos desse tipo de organização. Dando o seu entendimento a respeito do assunto, Caravantes; Panno; Kloeckner (2006) alegam que regras e normas são impostas de maneira a garantir que os 7 objetivos sejam efetivamente atingidos, sendo necessário que tenham certos parâmetros e orientações oficiais a serem adotadas. As diretrizes da burocracia, emanadas por meio das normas e regulamentos para atingir os objetivos da organização, tendem a adquirir um valor positivo, próprio e importante, independentemente daqueles objetivos, passando a substituí-los gradativamente. As normas e os regulamentos passam a se transformar de meios em objetivos. Passam a ser absolutos e prioritários: o funcionário adquire “viseiras” e esquece que a flexibilidade é uma das principais características de qualquer atividade racional. Com isso, o funcionário burocrata torna-se um especialista, não por possuir conhecimento de suas tarefas, mas por conhecer perfeitamente as normas e os regulamentos que dizem respeito ao seu cargo ou função. Os regulamentos, de meios, passam a ser os principais objetivos do burocrata. (CHIAVENATO, 2011, p.252) É importante destacar que o cumprimento de um regulamento é obrigatório e o seu não cumprimento constitui uma ilegalidade sujeita às correspondentes confirmações legais, diferentemente das normas técnicas. 8 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A ênfase dada por inúmeras pessoas de que a burocracia traz lentidão, com conseqüente aumento nos custos e uma serie de valores negativos para uma organização, ao final deste trabalho pode ser melhor interpretado. O paradoxo criado em torno do tema, se não quebrado, pelo menos pode ser corretamente entendido. Organizações como um todo funcionam de forma sistêmica, sendo assim existe uma tendência para o caos ou desorganização, uma das maneiras encontradas na burocracia para que tal situação não ocorra é justamente o que foi proposto como tema deste trabalho, ou seja a Normatização e a Regulamentação. A burocracia que vem do inicio do século XX, com Max Weber e a publicação de uma bibliografia que tratava sobre organizações de sua época, sofreu inúmeras mudanças com o passar dos anos, e ao analisarmos as mesmas nos dias atuais devemos ter uma ótica flexibilizada. Então a burocracia, com esta evolução conseguiu chegar aos tempos atuais com inúmeros princípios que se fazem extremamente úteis para os gestores contemporâneos. Normatizar e Regulamentar organizações e seus processos tem sido cada vez mais comum e necessário quando buscamos, por exemplo, qualidade e outros diferenciais em mercados cada vez mais exigentes e dinâmicos. Atualmente existem empresas privadas e autarquias federais responsáveis por fiscalizar se produtos e processos estão dentro das normas e padrões de qualidade, por exemplo, o INMETRO fiscaliza normas e procedimentos técnicos e administrativos, que geram a melhoria e regulamenta a analise da qualidade dos produtos destinados ao consumidor. Ao mesmo tempo, estuda de forma sistemática as dificuldades e as potencialidades do mercado no que diz respeito às normas e especificações de qualidade, propondo as medidas adequadas para assegurar a defesa dos interesses do consumidor. Outra instituição que é exemplo de normas e regulamentos é a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – é o órgão responsável pela normalização técnica 9 no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. Ela foi criada exatamente para normalizar e padronizar as características dos diversos produtos que existem no mercado. Por exemplo: imagine que uma lâmpada da sua casa queimou. Você vai comprar outra e na hora de instalar a rosca da lâmpada é muito maior que o buraco de enroscar. As normas servem para acabar com esses tipos de conflitos. Logo, a teoria da burocracia não é ultrapassada ao ponto de ser totalmente inutilizada mesmo tendo sida iniciada no século XX, contribui e com certeza contribuirá com o desenvolvimento de praticas modernas de gestão. De acordo com o tema proposto no trabalho, juntamente com os ponto de vista dos autores citados ao longo do ensaio, concluímos que o aprimoramento e a adequação dos conceitos da Teoria da Burocracia ao tempo atual devem ser constantemente buscados. Alem do que uma “quebra” no paradoxo, sobre a burocracia ser sinônimo de morosidade em processos e organizações, deve ser trabalhada e disseminada em organizações como um todo. A aplicabilidade deste trabalho busca o verdadeiro conceito da burocracia, criando oportunidades para que novas analises e estudos venham a somar e contribuir no sentido de que Normas e Regulamentos sejam vistos como elementos benéficos para bom funcionamento da organização. 10 REFERENCIAL BERNARDES, Cyro. TGA – TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO: A análise integrada das organizações. 2 ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1993. CARAVANTES, Geraldo R.; PANNO, Claudia C.; KLOECKNER, Mônica C. Teorias e processo. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. CHIAVENATO, Idalberto - Administração nos novos tempos. 2ªed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 8º Reimpressão. CHIAVENATO, Idalberto – Introdução à Teoria Geral da Administração. 8 ed. Rio de Janeiro:Elsevier, 2011. CHIAVENATO, Idalberto. TGA – Teoria Geral da Administração. 3 ed. São Paulo:McGraw-Hill, 1987. CHIAVENATO, Idalberto.TGA – Teoria Geral da Administração. 6 ed. rev. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2002. 11ª Reimpressão. MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. TGA – Teoria Geral da Administração: da escola científica à competitividade na economia globalizada. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2000. MIGOTT, Ana Maria; GRZYBOVSKI, Denize; Silva, Luiz A.A. A Aplicação Conceitual da Teoria da Burocracia na área da enfermagem: uma análise empírica das instituições hospitalares de Passo fundo (RS). Caderno de pesquisas em Administração. São Paulo, v. 08, nº1, janeiro/março 2001. MOTTA, Fernando Cláudio Prestes; VASCONCELOS, Isabella F. Gouveia de.TGA – Teoria Geral da Administração. 3 ed. Ver. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006.