Antígeno Carcinoembrionário (CEA)

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Informativo Digital - Nº9 - Setembro/2009
Antígeno Carcinoembrionário (CEA)
Dra. Lilian Mello Soares e Dr. Guilherme Birchal Collares
Assessoria Médica Lab Rede
O Antígeno Carcinoembrionário (CEA) é uma
glicoproteína
expressa
fisiologicamente
na
superfície de células mucosas. Esta proteína foi
assim denominada por ter sido identificada,
inicialmente, apenas em tecido embrionário e em
tecido de câncer de cólon.
Concentrações elevadas de CEA podem ser
encontradas no carcinoma colorretal, gástrico,
pancreático, de mama, pulmão, fígado e outros,
sendo um dos marcadores tumorais mais utilizados
atualmente, principalmente no monitoramento do
carcinoma colorretal, embora também possa ser útil
em outras neoplasias.
O CEA também pode estar elevado em
condições benignas, como cirrose, polipose retal,
doença mamária benigna, úlcera péptica, doença
inflamatória intestinal, pancreatite, obstrução biliar,
enfisema pulmonar e em tabagistas.
Em pacientes com carcinoma colorretal, a
concentração sérica do CEA pode ser afetada por
alguns fatores, como:
Estágio tumoral: a concentração do CEA e a
proporção de pacientes com valores elevados são
maiores em estágios mais avançados.
Grau de diferenciação tumoral: o CEA está mais
elevado nos tumores bem diferenciados.
Função hepática: como o CEA é metabolizado no
fígado, alterações hepáticas podem resultar em níveis
elevados de CEA na circulação.
Localização do tumor: a elevação de CEA é mais
freqüente em pacientes com tumores situados no lado
esquerdo do cólon.
Obstrução Intestinal: pode resultar em aumento do
CEA.
Tabagismo: aumenta a concentração sérica do CEA.
Não é recomendado o uso do CEA para
rastreamento. No carcinoma colorretal, sua
sensibilidade para detecção de lesões precoces é
muito baixa (inferior a 40%), e a especificidade é de
cerca de 85%. Isto, combinado à baixa prevalência
desta malignidade na população geral, resulta em
baixo valor preditivo positivo para o diagnóstico em
pacientes assintomáticos.
Apesar da baixa sensibilidade e especificidade
limitarem o uso do CEA no diagnóstico, casos de
pacientes sintomáticos com concentrações de
CEA muito elevadas (acima de 5 vezes o limite
superior de referência) são fortemente sugestivos
de carcinoma colorretal. Em condições benignas,
raramente a concentração sérica de CEA está
acima de 10 ng/mL.
A dosagem seriada de CEA é recomendada
no seguimento dos pacientes durante o
tratamento do carcinoma colorretal. Níveis em
queda sugerem boa resposta ao tratamento,
enquanto níveis
em ascensão sugerem
progressão da doença. Após a ressecção bemsucedida do carcinoma colorretal, os níveis de
CEA devem retornar ao normal em 4 a 6
semanas. A não-normalização dos níveis em até
6 semanas está freqüentemente associada a
doença recorrente precoce. As dosagens
seriadas de CEA podem detectar recorrência de
carcinoma colorretal com sensibilidade de cerca
de 80% e especificidade de cerca de 70%. A
elevação do CEA ocorre aproximadamente 5
meses antes da recorrência clínica da doença.
Níveis elevados de CEA antes da ressecção
cirúrgica podem sugerir um pior prognóstico.
Uma das maiores utilidades das dosagens
seriadas de CEA é a detecção de metástases
hepáticas após a ressecção curativa do
carcinoma
colorretal.
Nestes
casos,
é
recomendada a dosagem do CEA no pré e pósoperatório da remoção dos implantes, para
verificar a eficácia do procedimento. A detecção
de altas concentrações de CEA após um a três
meses da cirurgia está relacionada a um
prognóstico desfavorável.
É importante ressaltar que a dosagem de
CEA é método-dependente. Por isso, os valores
devem ser acompanhados usando sempre o
mesmo método, e resultados obtidos em um
laboratório não devem ser comparados com os
obtidos em outro, especialmente se os métodos
ou fabricantes dos ensaios forem diferentes.
REFERÊNCIAS
1. Erichsen E.S., Viana L.G., Faria R.M.D., Santos S.M.E. Medicina Laboratorial para o Clínico. Belo Horizonte: Coopmed, 2009. 2. Duffy M.J.
Carcinoembryonic antigen as a marker for colorectal cancer: Is it clinically useful? Clinical Chemistry 2001;47(4):624-630. 3. Burtis C.A., Ashwood
E.R., Bruns D.E. Tietz Textbook of Clinical Chemistry and Molecular Diagnostics. 4.ed. St. Louis: Elsevier Saunders, 2006 4. Mcpherson R.A.
Henry’s Clinical Diagnosis and Management by Laboratory Methods. 21.ed. Elsevier Saunders, 2007.
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