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A... G...D...G...A...U...
As Viagens do Aprendiz-Maçom 1
Irm...Comp... Antônio José Lopes Botelho
I.
Introdução
Os mananciais litúrgicos que constituem as tradições desta Ordem vieram refletindo, através
dos tempos, as genuínas fórmulas testemunhadas por outros iniciados em épocas bastante
remotas, corroborando para que os ideais desta Instituição nunca experimentassem quaisquer
reformas, no que pertine ao ser cerne, à sua mensagem. Portanto, constitui-se em tarefa dos
iniciados absorverem as mensagens oferecidas, objetivando tornarem-se bons maçons.
Assim, o cerimonial receptivo da iniciação maçônica representado pelas “viagens” é um marco
característico dessa liturgia, constituindo prova inabalável da viagem maior que leva os
princípios maçônicos através dos tempos aos que da Instituição passam a fazer parte.
Outrossim, possuem caráter simbólico, cujos significados fazem parte da estrutura de lições e
princípios maçônicos.
A palavra “viagem”, derivada do Latim “viaticum”, na liturgia iniciática significa que os
iniciantes percorrem, simbolicamente volteando o recinto da Loja, do Norte para o Sul e do
Ocidente para o Oriente, ou seja, transitam pelos quatro pontos cardeais da Terra. Estabelecese o paralelo com a evolução e desenvolvimento da existência humana e da vida templária.
Portanto, resta ratificado que tais “viagens” têm caráter simbólico que enriquecem, por
conseguinte, a ritualística maçônica.
Sua finalidade é de oferecer à consideração dos assistentes da reunião de iniciação a
personalidade do recipiendário, procedendo dos planos das trevas e da ignorância em
demanda dos planos da luz e do verdadeiro saber.
II.
A Primeira Viagem
É a purificação pelo AR. Inaugura-se o processo de purificação do iniciando. A Primeira Viagem,
simbolicamente, significa a vida humana na fase consignada à infância. É tomada como
condição de progresso.
Em Maçonaria, o AR é tomado como emblema da existência do homem desde o berço até o
túmulo, ligada às mais variadas mudanças repassadas de embaraços, mas tomadas como
condição de progresso e evolução. Daí porque passou a integrar um dos lances do processo da
iniciação maçônica.
No seu transcurso ouvem-se diversos sons, tais como: ventanias, de trovões e de descargas
elétricas, que traduzem a idéia do desencadeamento de uma tempestade, que simbolicamente
traduz a agitação das paixões, o choque dos interesses opostos, os infortúnios, as angústias e
lances difíceis de toda espécie que se opõe cada passo dos intentos do homem possuído de
boas qualidades morais.
1
Fonte: Livro de Luiz Prado, Galas da Iniciação, Coleção Maçonaria Universal. Editora Mandarino.
O simbolismo dessas adversidades incita à coragem e o destemor com que devem revestir-se
os iniciandos quando decidem insistir na iniciação completa. Por outro lado, serve como
exemplo para as vidas profanas e templária. Ou seja, a descoberta da verdade exige esforços
continuados e leva aos iniciandos a advertência, pois sugere preparação para as eventuais
adversidades que se sobrevenham, lançando a idéia de vigilância como atributo dos seus
pensamentos futuros.
Já a ventania corresponde ao arejamento total e perfeito das idéias aventadas para a senda do
bem e da verdade.
Com estas ferramentas, consubstancia-se a lição maior da Primeira Viagem tanto para os
iniciandos quanto para os iniciados, de que o bom maçom não pode padecer de medo em
nenhuma hora de sua vida templária ou profana. Deverá permanecer intrépido e enérgico
mesmo que constrangido a um esforço que não lhe diga respeito ou envolvido em questões
contrárias à sua vontade. Para tanto, deverá cultivar a serenidade e a calma de espírito que
são armas contra o medo.
Finalizando a lição, o bom maçom não deverá ter com conta apenas o significado imediato das
coisas, mas, e principalmente, a atitude que tomará em relação às mesmas.
III.
A Segunda Viagem
Conforme ficou evidenciado, a viagem inicial é cheia de ardis e pretensos perigos,
correspondendo à prova do AR. Tal etapa, contudo, faz-se necessário para a consecução do
progresso material e espiritual do homem maçom.
O processo de purificação na Segunda Viagem, correspondente à segunda etapa da iniciação
do Aprendiz-Maçom, é exercida pela ÁGUA. Simbolicamente, a juventude da vida humana, a
qual também é tomada como condição de progresso. Após a primeira idade, a infância,
continua a educação que constitui especialmente obra da família. Urge que ao adolescente e
depois ao jovem sejam ministrados ensinamentos capazes de fazê-lo um homem de bem e
cidadão útil.
A purificação pela ÁGUA nada mais é do que uma espécie de “batismo filosófico” do iniciando,
levado a efeito com o intuito de limpar ou libertar o espírito humano de suas arestas e
imperfeições morais, que mais não são que a raiz ou causa interior de todo mal e dificuldades
exteriores. Objetiva também o desvanecimento do espírito quanto às doutrinas errôneas com
que o mundo profano possa havê-lo seduzido até então.
No transcurso da Segunda Viagem, desaparecem os obstáculos e os ruídos violentos da viagem
inicial, que cedem lugar para os tinidos das espadas, com os Irmãos presentes simulam estar
duelando. O simbolismo das espadas indica que todo iniciando ou iniciado deve procurar
acomodar-se aos moldes da força moral necessária à sua implantação no seio da sociedade
civil e maçônica. Pois, somente desta forma é que os homens virtuosos e esclarecidos poderão
combater, com todo denodo, os vícios, vendendo, assim, as disposições contrárias à verdade.
Ao mesmo tempo em que se estabelecem disposições em defesa do triunfo das virtudes.
Sob esse aspecto, o tinir das espadas traduz as lutas que se desenrolam ao derredor do
iniciando durante sua vida profana, assim como a luta individual a ser por ele empreendida
para vencer de vez suas próprias paixões, pensamentos, hábitos e tendências negativas.
Nesse proceder, merecedor de todo louvor, os iniciandos e iniciados vencerão as fraquezas de
espírito e quebrarão os grilhões da ignorância, tão prejudiciais à escola de regeneração e
ilustração adotada pela Maçonaria Universal. Realça também o ensinamento de que na
Maçonaria o emprego de grandes esforços pessoais não pode redimir o homem isoladamente.
Mostra a necessidade do concurso de outros, igualmente interpostos na senda do bem em
união de vontade.
Nesse sentido, a lição maior da Segunda Viagem é a de transmitir aos iniciandos e iniciados a
incumbência de serem exemplos vivos de conduta mora; necessária à evolução da
humanidade. Servindo à sociedade, estarão servindo à causa da Ordem.
IV.
A Terceira Viagem
A derradeira etapa da purificação é feita através do FOGO. Corresponde à fase adulta da vida
humana, à fase da maturidade contínua, onde o homem se aprimora progressivamente para o
progresso tanto material quanto espiritual.
A segunda etapa representou para o iniciando, principalmente, a virtude que purificou o
espírito das suas paixões, erros e defeitos, constituindo-se na necessária preparação para a
Terceira Viagem, que simbolizará já o caminho determinado que suscita a aplicação do espírito
pesquisador em ponderações bem mais experientes e elaboradas.
A Terceira Viagem se desenrola dentro de maiores e mais positivas facilidades do que as duas
etapas precedentes. Desaparecem por completo os obstáculos e ruídos. Só se ouvem os passos
cadenciados do iniciando e do seu guia. Portanto, o silêncio é o seu fator principal,
caracterizando um estado pleno de paz, que objetiva sobrepor-se a todos os desejos e
imaginações errantes que porventura perdurem no pensamento do recipiendário. Denota a
serenidade que o adulto adquire quando ultrapassa as etapas da vida com os ensinamentos
oferecidos. Induz à certeza do homem livre e de bons costumes.
Está, o iniciando, apto para submeter-se à última das purificações simbólicas, familiarizando-se
com o fogo. As chamas do fogo simbolizam o amor pelos semelhantes, que deve arder
perenemente no seu coração, não o deixando olvidar o sublime preceito da moral universal:
“fazei ao próximo o que desejais que se faça convosco”. Essa, portanto é a lição maior!
V.
Uma Pequena Consideração
Fica claro ao ver desse neófito, a profunda ligação que as três viagens da iniciação do
Aprendiz-Maçom estabelecem com a hierarquia da evolução da vida templária, à saber:
aprendiz, companheiro e mestre.
A Primeira Viagem, relativa à infância, caracteriza a escuridão da idade de aprendiz. Nela o
neófito não ouve, não vê e não fala. Apenas lhe é dado as primeiras lições da Ordem. Assim
como a criança recebe a base da educação oferecida pela sua família. Pedra Bruta. Norte. J.
Beleza.
A Segunda Viagem, relativa à juventude, caracteriza a meia-claridade da idade de
companheiro. Continua a educação, tanto familiar quanto maçônica. Começa-se a forjar o bom
homem e o bom maçom, que estará a serviço da sociedade e da Maçonaria. Pedra Polida. Sul.
B. Força.
A Terceira Viagem, relativa à idade adulta, caracteriza a luz, a plenitude maçônica.
Corresponde a adquirir os direitos civis. Esta fase caracteriza-se, fundamentalmente, pelo
aprimoramento constante do ser social e maçônico, quer através da evolução espiritual e
material na vida profana, quer na vida templária através do caminhar nos graus filosóficos.
Pedra de Riscar. Oriente. AJ. Sabedoria.
Num outro enfoque, uma vez purificado pelo FOGO, assim como o fora pelo AR pela ÁGUA,
termina para o iniciando e recipiendário o processo prático da iniciação, lhe advindo, em
seguida, a tomada de juramento solene e depois a proclamação oficial como novo iniciado,
entrando finalmente e definitivamente para o tabernáculo da moderna filosofia no grau de
aprendiz.
Durante seu estágio nesse grau, ouvirá a pregação da lealdade e fidelidade à Pátria; fará coro
na difusão da trilogia imortal: liberdade, igualdade e fraternidade; aprenderá o que possa
elevar, dignificar e conduzir o homem pelo mundo da sabedoria, da virtude, da honra e do
dever.
Desejo que a tríade maior da Maçonaria esteja depositada em seus corações: paz, harmonia e
concórdia. Cândido Ônore...
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