U N I V E R S I D A D E de C O I M B R A FACULDADE de LETRAS Mundividência Cristã no Sermonário de Frei Paio de Coimbra Edição Crítica da “Summa Sermonum de Festiuitatibus” Magistri Fratris Pelagii Parui Ordinis Praedicatorum A. D. 1250 Cod. Alc. 5/CXXX - B. N. de Lisboa BERNARDINO FERNANDO DA COSTA MARQUES Dissertação de Doutoramento em Letras, área de Filosofia, Especialidade de História da Filosofia, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, sob a orientação do Professor Doutor Mário Avelino Santiago de Carvalho e a co-orientação do Professor Doutor José Francisco Preto Meirinhos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto COIMBRA 2010 ‘Respondit Iesus et dixit ei: Si scires donum Dei et quis est qui dicit tibi da mihi bibere tu forsitan petisses ab eo et dedisset tibi aquam vivam’ (Io 4,10) * * * Pai Eterno, ó eterna Beleza, ó eterna Sabedoria. ó louco de Amor, precisas da tua criatura ? Sim, penso, já que ages como se não pudesses viver sem ela, embora sejas a Vida, a fonte de toda a vida, embora sem Ti nada possa viver. Porque é que Tu és tão louco pela tua criatura ? Se ela foge de Ti, porque te exaltas com a sua salvação ? Porque a procuras ? Por mais que ela se afasta, mais te aproximas dela; poderias chegar mais perto que quando vieste à humanidade ? Sta.Catarina de Sena (1347-1380) ii SUMÁRIO I PARTE A MUNDIVIDÊNCIA CRISTà DE FREI PAIO DE COIMBRA - O autor, a obra e o contexto - O conteúdo doutrinal da ‘Summa Sermonum’ - Referências bibliográficas - Quadro analítico II PARTE ESTUDO DO CÓDICE ALCOBACENSE 5/CXXX, DA B. N. DE LISBOA - Os elementos do aparato crítico - Bibliografia das fontes da ‘Summa Sermonum’ - Ilustrações III PARTE EDIÇÃO CRITICA DA ‘ SUMMA SERMONUM DE FESTIUITATIBUS MAGISTRI FRATRIS PELAGII PARUI’ - Tabula Thematum - Sermones - Appendices - Indices iii A Idade Média não é um período de irracionalidade, mas um tempo durante o qual, com dificuldades e hesitações, a razão europeia procurou o seu caminho. A sua racionalidade de origem teológica não poderá ser negada nem esquecida pelos seus descendentes, a não ser por razões de ordem ideológica que ignorem a realidade dos factos. Paul P. Gilbert, Introducción a la Teologia Medieval, p. 47 Ed. Verbo Divino, Estella (Navarra) 1993 iv AGRADECIMENTOS Aos meus orientadores, Doutor Mário Avelino Santiago de Carvalho da Universidade de Coimbra, e Doutor José Francisco Preto Meirinhos da Universidade do Porto, cuja sábia orientação e apoio diligente se tornaram indispensáveis, e que muito me têm honrado com a sua amizade. À Doutora Maria Cândida Monteiro Pacheco, professora jubilada da Universidade do Porto e fundadora do Gabinete de Filosofia Medieval do Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras da mesma Universidade, pela sábia orientação e pela confiança que lhe mereci logo no início desta investigação. Deixo também expresso o meu reconhecimento aos mestres que me prepararam para esta tarefa, especialmente ao saudoso Doutor Francisco da Gama Caeiro, da Universidade de Lisboa; ao Doutor Aires Augusto do Nascimento, do Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa; ao Doutor José Marques, da Universidade do Porto. Ao Doutor José Geraldes Freire, professor jubilado da Universidade de Coimbra, pelas achegas em filologia latina. E também à Doutora Maria Manuel Borges, da Universidade de Coimbra, pelos úteis conselhos, e ao seu marido Doutor Armando Leão Borges, pela ajuda generosa na lingua inglesa e na linguagem informática. Às instituições que amavelmente me facultaram o acesso às fontes, me deram informações e me enviaram documentos: Istituto Storico Domenicano de Roma (Fray Arturo Bernal O.P.), Archivo-Biblioteca de la Catedral de Santiago de Compostela (Don Arturo Iglesias), Convento Dominicano de Cristo-Rei, Porto (Doutor Frei António de Almeida, O.P.), Biblioteca Nacional de Portugal-Reservados (Doutora Isabel Villares Cepeda, que me proporcionou a consulta do Cód. Alc. 5/cxxx), Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, Biblioteca da F.L.U. Coimbra, pelo máximo apoio, Arquivo da Universidade de Coimbra (Doutor Júlio de Sousa Ramos), Biblioteca da F.L.U. do Porto, Gabinete de Filosofia Medieval do Instituto de Filosofia da F.L.U. do Porto, pelo máximo apoio, Universidade Católica Portuguesa : Biblioteca João Paulo II de Lisboa e Biblioteca Paraíso do Porto, Biblioteca do Seminário Maior da Diocese do Porto. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (os jovens bibliotecários: Cristina Mathias e André Luiz Dias; e a Doutora Célia de Azevedo). À minha mulher – Margarida; às minhas filhas – Maria Manuel, Ana Paula e Maria João; aos meus genros – Armando e Paulo; e às minhas pequenas netas – Carolina e Laura, pela muita dedicação e imenso afecto. Que as privações e sacrifícios passados reforcem a nossa união, o amor e a paz da convivência em família, para honra e memória do pregador e mestre dominicano Frei Paio de Coimbra, que a piedade cristã venera, invocado pelo nome de ‘Santo frei Payo’. v In memoriam João Lino da Costa Marques, alferes miliciano, estudante da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, sacrificado na flor da juventude em Noqui, Angola, pelas 12 horas do dia 16 de Maio de 1963. Lino Moreira Marques e Maria Mimosa da Costa Marques, Eles indicaram-me o maravilhoso caminho da Fé Cristã. vi RESUMO Pretendemos neste trabalho fazer a edição (leitura) crítica da «Summa Sermonum» do pregador dominicano Frei Paio de Coimbra. O Sermonário permaneceu oculto até meados do século passado. Hoje está depositado na Biblioteca Nacional de Portugal: ‘Cod. Alc. 5/CXXX’. Teria sido escrito entre 1234 e 1240. Esta obra pode definir-se como um compêndio de ‘materia praedicabilis’ destinado à formação de pregadores do convento dominicano de Coimbra, fundado em 1227. A ‘Summa Sermonum’ ombreia com os ‘Sermones’ de S. António de Lisboa não apenas em tamanho, como também em erudição teológica. Nas duas obras encontramos diferenças indisfarçáveis do estilo dos pregadores e da espiritualidade específica das ordens mendicantes a que pertenciam. Nesta dissertação, fazemos o enquadramento sumário dos temas teológicos, e damos, propositadamente, mais importância aos temas de natureza epistemológica e de racionalidade teológica, a saber: a função racional da fé; a teologia como ciência em sentido aristotélico; a teologia como sabedoria; o principado da ciência teológica; os vestígios de Deus na natureza; a providência divina; a condição feminina; as virtudes do príncipe cristão. Salientamos no Sermonário as duas características que mais enriqueceram a personalidade literária do seu autor: a excelência da sua formação jurídico-eclesiástica e o seu compromisso com o incipiente movimento do aristotelismo da Universidade de Paris. Estas notas são suficientes para considerarmos a ‘Summa Sermonum’ como marco de referência imprescindível para um conhecimento mais iluminado da cultura portuguesa no século XIII. Palavras-chave: Ciência aristotélica. Condição feminina. Mundividência cristã. Ordem dos pregadores. Pregação. Providência divina. Racionalidade teológica. Razão e fé. Teologia: ciência e sabedoria. Vestígios de Deus na Natureza. vii ABSTRACT We pretend with this work to do the critical edition (reading) of the 'Summa Sermonum' of the dominican preacher Friar Paio of Coimbra. The ‘Summa Sermonum’ remained hidden until the middle of last century. Today it is deposited in the National Library of Portugal, 'Cod. Alc. 5/CXXX '. It would have been written between 1234 and 1240. This work can be defined as a compendium of 'materia praedicabilis' destined to the formation of preachers of the dominican convent of Coimbra, founded in 1227. The 'Summa Sermonum' can be comparable with the 'Sermones' of St. Anthony of Lisbon not only in size, but also in theological erudition. In both works we find unmistakable differences of the style of the two preachers and of the specific spirituality of the mendicant orders to which they belonged. In this dissertation, we make the summary framing of the theological themes, and we purposely give more importance to issues of epistemological nature and theological rationality, namely: the rational function of faith, theology as science in the Aristotelian sense; theology as wisdom; the principality of theological science, the traces of God in nature, the divine providence, the womanhood, the virtues of the Christian Prince. We emphasize in the ‘Summa Sermonum’ the two characteristics that most enriched the literary personality of its author: the excellence of his legal-ecclesiastical formation and his commitment to the incipient Aristotelian movement of the University of Paris. These notes are sufficient to consider the 'Summa Sermonum' indispensable as a benchmark for a more enlightened understanding of the Portuguese culture in the thirteenth century. Keywords: Aristotelian Science. Womanhood. Christian worldview. Order of Preachers. Preaching. Divine Providence. Theological rationality. Reason and faith. Theology: science and wisdom. Traces of God in Nature. viii INTRODUÇÃO A presente dissertação tem como finalidade produzir a edição crítica da ‘Summa Sermonum’ de Frei Paio de Coimbra O.P., acompanhada de um estudo sobre a ‘mundividência cristã’ do seu autor, no âmbito da racionalidade teológica, e também ressaltar a sua ligação ao movimento do aristotelismo parisiense, por influência directa da ‘Summa Aurea’ do mestre Guilherme de Auxerre, bem como a importância desta obra sermonária para a cultura portuguesa medieval. Este estudo e leitura crítica da ‘Summa’ vem adicionar-se à dissertação de mestrado em Filosofia Medieval que apresentamos na Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1994, intitulada «Sermonário de Frei Paio de Coimbra: Edição e interpretação da estrutura e formas de pregação», onde se incluía a leitura paleográfica do texto. Durante setecentos anos a única cópia desta obra sermonária permaneceu esquecida nas estantes da Biblioteca do Mosteiro de Alcobaça e da Biblioteca Nacional de Lisboa, onde por feliz acaso, no ano de 1947, o franciscano Frei José Montalverne a encontrou.1 Quase trinta anos depois, o medievalista Mário Martins escreveu o ensaio «O Sermonáro de Frei Paio de Coimbra do Cód. Alc. 5/cxxx da B.N. de Lisboa», obra de referência para o conhecimento do autor e da sua obra, desafiando a curiosidade científica dos medievalistas portugueses.2 Nele afirma a importância cultural da obra e manifesta a necessidade de uma edição crítica da ‘Summa Sermonum’. No entanto previne o estudioso para a complexidade da tarefa e confessa-se indisponível para a realizar: «Nunca pensámos nem pensamos em publicar estas centenas de panegíricos distribuídos ao longo da roda litúrgica do ano. São mais de quatrocentos e exigiriam uma vida de trabalho, com o estabelecimento do texto, a verificação das citas, o estudo da doutrina e das formas, etc.».3 E mais adiante reafirma a urgência da edição: « … muito desejaríamos servir-nos da edição crítica do sermonário de Frei Paio, em preparação no estrangeiro … É mais fácil e mais económico utilizar uma edição crítica do que o próprio manuscrito».4 Alude Mário Martins, com certeza, ao trabalho então encetado pelo medievalista norte-americano J. Gaston Thuthill, o qual realizou a sua investigação em Portugal, tendo mesmo participado no Congresso Histórico de 1 «A Assunção de Nossa Senhora», in Colectânea de Estudos, 3. Braga 1947, pp. 129-133. Ver Adiante pp. xii e lxxi. 2 In Didaskalia III – 1973. 3 Ibidem, p. 339. 4 Ibidem. ix Guimarães e sua Colegiada (1981) e no II Encontro sobre História Dominicana (1982), no Porto. Sabemos que o investigador norte-americano apresentou a dissertação para doutoramento na Universidade de Califórnia em 1982, com um estudo introdutório, e a leitura paleográfica de sessenta sermões por ele seleccionados - (sermons in latin text), e a transcrição do tema dos restantes.5 Quanto a nós, recebemos um forte incentivo, para iniciarmos esta aventura, do saudoso Dr. Francisco da Gama Caeiro, estudioso de S. António e de Frei Paio, e da Drª. Maria Cândida Monteiro Pacheco, que inscreveu esta tarefa no projecto de investigação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.6 Encontrámos as complexidades preconizadas por Mário Martins. Enfrentámos as dificuldades de identificação das fontes, muitas delas ou citadas ‘ad sensum’, ou adaptadas ao contexto, ou oferecidas em ‘florilégios’, por ventura, desaparecidos. Sentimos a falta de bases de dados da grandiosa e complexa literatura medieval que, felizmente, vem sendo atenuada, graças ao excelente trabalho publicado dos filólogos da língua latina medieval, e graças também à informação em rede disponível na WWW. Por isso, achámos conveniente transcrever alguns textos das fontes consultadas nas notas de fundo de página, sublinhando as expressões de referência. Aproveitámos para observar que as notas de fundo de página contêm, num só corpo, as citações das fontes, o aparato crítico e as intervenções que julgavamos necessárias. No estudo que acompanha a edição crítica, propusemo-nos apenas apresentar aqueles temas que considerávamos importantes para o esclarecimento da mundividência cristã do autor no contexto da epistemologia e da racionalidade teológica. Ensaiámos também relacionar a obra de Frei Paio com os ‘Sermones’ de S. António de Lisboa, seu contemporâneo. Por fim, reafirmamos o nosso propósito de oferecer, com sinceridade, a ‘leitura crítica’ de uma obra preciosa e rara da cultura medieval portuguesa, no momento da sua primeva manifestação e prometedora expansão. Pedimos que nos perdoem a ousadia, e desculpem as nossas falhas e limitações. 5 The Sermons of brother Paio: Thirteenth Century Dominican Preacher (Sermons in latin text), University of California, Berkeley, 1982. 6 Gabinete de Filosofia Medieval, Instituto de Filosofia, FLUP: Laboratório de tratamento electrónico de textos filosóficos medievais’. Projecto iniciado em 1998. Disponível na WWW: http://web.letras.up.pt/id/projectos/5%20Filosofia%20Medieval/5_2_4_.htm. x I PARTE A MUNDIVIDÊNCIA CRISTà DE FREI PAIO DE COIMBRA, O.P. xi 1. O AUTOR, A OBRA E O CONTEXTO Em 1947, o franciscano Frei José Montalverne, ao procurar sermões da Assunção da Virgem Maria na secção dos manuscritos alcobacenses da Biblioteca Nacional de Lisboa, encontrou num códice datado do século XIII num lote de quinze «todos diferentes e notáveis pela erudição escriturística e patrística e pelas razões teológicas».7 O autor é o pregador dominicano Frei Paio de Coimbra - ‘frater Pelagius Paruus’, referido pelos biógrafos da Ordem como ‘virtuoso confessor, mestre e prior’ do primeiro convento dominicano de Coimbra.8 A sua obra sermonária tinha permanecido, entretanto, sob o véu do esquecimento até meados do século passado. Quem foi este humilde pregador, que valor teve a sua obra literária e qual o contexto religioso e cultural lhe serviu de suporte? 1.1. Frei Paio de Coimbra Frei Paio de Coimbra ou ‘Frater Pelagius Parvus’9 nasceu em Coimbra, provavelmente entre 1195 e 1200,10 vindo a falecer por volta de 1249.11 Foi sepultado no primitivo convento dominicano desta cidade. Pouco conhecemos da sua vida, mas as informações que os seus biógrafos nos transmitiram dão-nos o perfil de um frade culto, humilde e milagreiro após a sua morte.12 O primeiro cronista da Ordem dos Pregadores, Gerardo de Frachet, que deve ter conhecido Frei Paio quando visitou os conventos da 7 «A Assunção de Nossa Senhora nos mais antigos manuscritos do Mosteiro de Alcobaça», Colectânea de Estudos, pp. 129-133. 8 Cf. Fr. Gerardo de Frachet, O.P., As Vidas dos Irmãos, cap. IX, p. 306, 307. Cf. também Frei Luís de Sousa, História de S. Domingos, 1; pp. 284-293. 9 São-lhe atribuídos também outros nomes: Frater Pelagius Aprilis, Frater Pelagius Hispaniae, Divus Pelagius Conimbricensis, Pelagius Parvus Lusitanus, Santo Payo, Santo frei Payo, São Frei Pelágio, Paio Menor, Paio o Pequeno, e S. Frei Paio. 10 Pensamos serem estas as datas mais apropriadas, atendendo a que, segundo Frei Luís de Sousa, Frei Paio foi o primeiro prior do Convento de Coimbra, fundado em 1227, tendo ingressado na Ordem «entrado já em dias, e conhecido por letras, e virtude» (História de S. Domingos, p. 285). 11 Ver Mário Martins, O Sermonário de Frei Paio de Coimbra, pp. 341-343. 12 Há apenas duas fontes biográficas: 1- A de G. de Frachet que na Vitae Fratrum, recolhe a narrativa da vida de Frei Paio, confessor e pregador, e da sua santa morte no convento de Coimbra, seguida dos milagres, que lhe foi entregue por Frei Gil de Santarém, 2º. provincial da Hispânia. 2- A História de São Domingos de Frei Luís de Sousa que, lamentando a exiguidade da informação, nos transmitiu apenas o que constava em documentos encontrados nos arquivos da Ordem Dominicana. Note-se que em nenhuma destas fontes é referida a sua actividade literária. Jorge Cardoso, autor do Agiológio Lusitano, II, pp. 570-583, recolheu as informações na História de S. Domingos de Frei Luís de Sousa. xii parte ocidental da Hispânia, refere que «depois de este ter trabalhado fielmente durante muito tempo, com fervor e humildade no desempenho do cargo de pregador e de ouvir confissões, por fim, presentes os frades e orando por eles, descansou no Senhor no convento de Coimbra, reino de Portugal».13 Relata em seguida «os prodígios que realizou Frei Pelágio, para honra e glória de Jesus Cristo», em favor daqueles que devotamente acorriam ao seu sepulcro, ou dele tomavam a terra. O prodígio mais emblemático foi o ‘milagre da fundição do sino, que assim é narrado: «… encontrando que por um certo erro do fundidor, faltava muito cobre, levantou-se de orar um frade e tomando terra do sepulcro de Frei Pelágio, lançou-o ao forno e converteu-se imediatamente em cobre…».14 Os próprios infiéis beneficiaram, por seu intermédio, das graças de Deus: «E o que foi mais admirável – diz o cronista -, dois sarracenos de Coimbra que padeciam de violentas febres, tomaram terra da sepultura de Frei Pelágio e, nesse instante, por misericórdia divina, ficaram plenamente curados».15 A eficâcia da sua pregação permanecia, pois, mesmo depois da sua morte. Teria Frei Paio frequentado a escola episcopal de Coimbra ou a do mosteiro de Santa Cruz. Foi recebido na Ordem dos Pregadores, sendo já adulto, por Frei Sueiro Gomes, companheiro de S. Domingos e primeiro provincial da Hispânia. O historiador 13 Fr. Gerardo de Frachet, O.P. – As Vidas dos Irmãos, cap. IX, p. 306, 307: «Os prodígios que realizou Frei Pelágio. Para honra e glória de Jesus Cristo, vamos referir as coisas que os frades de Espanha escreveram acerca de Frei Pelágio, espanhol». 14 Ibidem, p. 307. Eis o mesmo milagre, na versão alargada e pitoresca de Pedro Alvares Nogueira, Livro das Vidas dos Bispos da Sé de Coimbra, pp. 87, 88: «Cap. 12: ‘Em que se contem as vidas de Dom Pedro (D. Pedro Soares, 1192-1283) e Dom Tiburçio (D. Tibúrcio de Palência, 1233-1246)’. (…) Tambem neste tempo falleceo Dona Branca rainha de Castella que jaz sepultada em Santa Cruz deixou duzentos morabitinos de ouro velho e muitas propriedades no Avenal e fundou o mosteiro de de Sam Domingos o Velho logo no princípio de sua religião que deve ser dos mais antigos do reino por nam aver vinte annos que o papa tinha confirmado esta Ordem o qual por causa das enchentes de Mondego se mudou de junto do Arnado donde estava pera a rua de Santa Sofia e os frades levarão tudo pera o mosteiro novo e não deixarão mais que hum sino na torre em lembrança do milagre com que foi feito [f. 64] porque dizem que faltou o metal quando se fundia e que o bem aventurado Sam Payo que entam era frade daquelle mosteiro tomou no escapulario huma pouca de terra e a misturou com o metal que estava deretido com a qual se acabou de aperfeiçoar o sino. E também dizem que abrindo se os alicerces pera se fundar esta torre derão os officiaes em agoa e que o mesmo Sam Paio trouxe um feixe de vides que lancou na agoa sobre ho qual se fundou a torre per seu mandado e sam tantas as maravillas desta torre que as não crera senão quem as esprementar como eu fiz posto que sam muito notórias nesta cidade porque quando se tange aquelle sino que he bem pequeno bolle a torre que he muito alta e mui forte e se abalança de maneira que ningem se pode ter em pee no sobrado della e aos que estão encostados as paredes os faz afastar della mais de hum palmo e enquanto se tange o sino sempre estão abalançando e que mais rigo o tangem tanto mais se move a tore e em baixo ao longo da terra se afastão as paredes tres e quatro dedos de maneira que metem e por antre ellas e a terra muitas telhas e paos e acabando de tanger nam bolle mais consigo. Este sino tirarão os frades depois e o tem muito guardado porque os moços sempre estavão a tanger nelle [f. 64v] e não no levão a torre senão se alguma pesoa curiosa o pede pera ver estas maravilhas». Cf. também a versão recolhida por Frei Luís de Sousa, História de S. Domingos, liv. 3, cap. 3, pp. 287-289. 15 Ibidem, p. 308. xiii dominicano Frei António do Rosário lança a pergunta: - Donde provieram (est)as vocações (adultas)»? E responde com presteza: «O caso de Santo António, cónego regular que se fez mendicante franciscano, não ficaria único. Dos Mosteiros, das Colegiadas e da Cleresia proveio, sem dúvida, o melhor e o mais avultado contingente das primeiras vocações em Portugal, aliás como nas outras partes da Europa».16 «Era Frei Paio, quando veio à religião - diz Frei Luís de Sousa -, entrado já em dias, e conhecido por letras, e virtude. E como tal foi o primeiro Prior do Convento, e ficando em Coimbra morador contínuo».17 Foi este o primitivo Convento Dominicano construído no lugar da Figueira Velha, ao Arnado,18 em 1227, sob o mecenato de duas filhas de D. Sancho I, a princesa D. Teresa, que fora casada com D. Afonso, rei de León, a qual comprou os terrenos necessários, e a princesa D. Branca, que financiou a construção.19 Afirma Frei Luís de Sousa que o ‘Santo frei Payo’ «faleceo, segundo a conta dos mais dos autores, que d’elle escrevem polos annos do Senhor de 1257, pouco mais ou menos».20 Mas logo refere que, numa inscrição tardia da lápide tumular na capela-mor da igreja do Colégio, estava registava a data de 1240: «Primus huius Conventus Prior morum sanctitate ac miraculorum gloria insignis Pelagius hic situs est. Obiit circa annum 1240».21 No entanto, quem mandou gravar tal data foi induzido em erro, pois no registo da abertura do testamento de D. Sancho II, em 1248, consta a presença de Frei Pelágio Abril, nome pelo qual era também conhecido, à data prior do convento da cidade do Porto: «Pelagius Aprilis Portugalensis et frater Fernandus Petri 16 Primórdios dominicanos em Portugal, p. 25. Cf. João da Saxónia, O.P., Opúsculo (Libellus) sobre as origens da O.P., 38 (pág. 27): «Ao aproximar-se a data de os bispos se dirigirem para Roma para celebrarem o Concílio de Latrão, ofereceram-se a frei Domingos dois homens provados e idóneos de Toulouse. Um foi frei Pedro Seila, mais tarde prior de Limoges; o outro foi frei Tomás, homem encantador e eloquente…» 17 História de S. Domingos, liv. 3, cap. 2, p. 285. O cronista dominicano entra em contradição com o que descrevera pouco antes: «… no anno de 1227, havia já Convento formado, com Prior e Supprior. E consta por memorias, que vimos no Cartório, que era Prior n’este anno hum Frei João, …» (liv. 3, cap. 1, p. 283). Cremos que Frei Paio, «conhecido por letras e virtude», teria sido nomeado para primeiro mestre, com a incumbência da formação de pregadores, pelo provincial Frei Soeiro Gomes. Na verdade os primitivos conventos dos Frades Pregadores não eram apenas comunidades de religiosos sob a obediência do Prior, mas também escolas sob a orientação do mestre ou ‘doctor’. 18 Escavações recentes (Fevereiro de 2009), efectuadas na baixa da cidade de Coimbra, levaram à descoberta das ruínas deste convento. Ver adiante, ilustração 11. 19 Cf. a ‘Charta donationis’ publicada por Frei Luís de Sousa em História de S. Domingos, liv. 3, cap. 1, pp. 281-282. 20 História de S. Domingos, liv. 3, cap. 2, p. 285. 21 Ibidem, p. 289-290: «Aqui repousa Paio que foi o primeiro Prior deste Convento, que foi grande em santidade e glorioso pelos milagres. Faleceu por volta do ano de 1240». xiv Compostelanus predicatorum priores».22 O medievalista Mário Martins apresenta argumentos muito convincentes para colocar o falecimento de Frei Paio antes de 1249, recusando-se aceitar «a data de 1257, para a morte do frade pregador».23 Frei Paio de Coimbra foi contemporâneo e, quem sabe, companheiro de S. António de Lisboa na escola do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.24 Esta é a opinião de Mário Martins ao afirmar: «Contudo, não pensemos ter sido Frei Paio um contemporâneo tardio de Santo António. Não. O frade dominicano pregou e confessou durante muito tempo, como vem nas Vitae fratrum. Quer dizer, podia ter mais ou menos a idade de Santo António, pois este ordenou-se sacerdote e entrou para franciscano em 1220, morrendo em 1231. Dez ou onze anos é relativamente pouco, na linha do tempo. Frei Paio, com uma vida apostólica mais extensa, pôde sobreviver-lhe alguns anos mais, sem deixar de ter mais ou menos a mesma idade».25 O mestre dominicano, como prior da comunidade do convento de Coimbra foi ao Capítulo Geral da Ordem dos Pregadores de Bolonha, onde assistiu à exumação do corpo de S. Domingos, no dia 24 de Maio de 1223. Com efeito, no sermão da transladação do corpo do santo fundador, ele diz: «Na verdade, ao abrirem o seu sepulcro, emanou um odor de tão grande suavidade que nunca os meus sentidos haviam experimentado; e eu estava ali presente… ».26 Iludido, naturalmente, pela semelhança da expressão que inicia o relato dos milagres junto do túmulo de S. Tomás Becket, 22 Cf. ANTT, CR, Santa Cruz de Coimbra, DP, maço 18. Doc. 38. «Notum sit omnibus presentis litteras inspectiris quod nos Iulianus permissione diuina episcopo Portugalensis, frater Michael de Tudela domini pape nuncius in partibus Yspanie, frater Petrus de Osca prouincialis, frater Pelagius Aprilis Portugalensis, et frater Fernandus Petri Compostelanus predicatorum priores, et Petrus Gocherii monasterii Ecclesiole prior Portugalensis diocesis, uidimus et inpeximus diligenter testamentum… Domini Sancii Secundi regis Portugalie sine rasura et uicio aliquo ac ipsius sigilli… roboratum, cuius tenor talis est: ‘In nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti, amen. Notum sit omnibus hanc paginem inspecturis quod ego Sancius Secundus … Datum apud Portugalensem ciuitatem mense Marcii, era. M.CC.LXXX.VI». Citado em John Gaston Tuthill, The sermons of brother Paio: Therteenth century dominican preacher. p. 22, nota 37. Gaston Tuthill acha estranho que o documento refira Frei Paio (Pelagius Aprilis) como Prior do convento dominicano do Porto (o.c., p. 14). Na verdade, assim parece. Até porque Frei Luís de Sousa refere: «Era Frei Paio… primeiro Prior do convento … e ficando em Coimbra morador continuo» (História de São Domingos, liv. 3, cap. 2, p. 285). Mas há que ter em conta, em primeiro lugar, a grande mobilidade dos religiosos durante a implantação da Ordem Dominicana no reino de Portugal, a par da competência e experiência do nosso personagem, mas principalmente porque, do ‘frater Pelagius Aprilis Prior Portugalensis Predicatorum’, há notícia de um só: e este é o conhecido Frei Paio de Coimbra. 23 Cf. O Sermonário de Frei Paio de Coimbra do Cód. Alc. 5/cxxx, pp. 343-344. 24 Talvez por isso, no panegírico do Santo Taumaturgo, ele evoque o nome do cónego do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra: ‘Fernando’ natutral de Lisboa - «Incipit sermo primus in festiuitate beati Fernandi, dicti Antonii, natione Ulixbonensis». Summa Sermomum, ff. 91r/v ; pp. 362-364. 25 O Sermonário de Frei Paio de Coimbra …, p. 345. 26 Summa Sermonum, sermo 272, p. 464/5, f. 118r: «Reuera enim in apertione sepulcri eius, tanti odoris suauitas emanauit quantam me nunquam arbitror percepissem nam tunc temporis ipse presens fui Bononie... ». Cf. Ibidem, sermo 271, p. 463, f. 117v: «quantum ego Bononie tunc positus sum expertus». xv arcebispo e mártir:27 «…leprosos, ut nos vidimus, mundando …», Mário Martins considera que o próprio Frei Paio teria visto tais prodígios em Cantuária.28 Esta hipótese apresenta, porém, uma possibilidade muito remota. Na verdade o túmulo do santo arcebispo mártir tornou-se um lugar de peregrinação muito concorrido na Idade Média, e os frades pregadores já teriam fundado conventos em Inglaterra. Porém a expressão ‘ut nos uidimus’ não passa do plural majestático usado pelo autor anónimo da ‘Passio V sancti Thomae Cantuarensis’, «editum a magistro Euvrardo», (PL 190,344D). O biógrafo, sim, terá presenciado os milagres.29 A abundante utilização do ‘Decretum Gratiani’ e das ‘Decretales Gregorii IX’ ou ‘Liber Extra’, a técnica e a extrema fidelidade de citação dos cânones, permitem-nos lançar a hipótese de ter recebido formação jurídica nos Estudos Gerais de Bolonha.30 Frei Paio de Coimbra manifesta uma personalidade extremamente delicada: aconselha os discípulos a serem prudentes no discurso condenatório da luxúria e dos pecados ‘contra natura’;31 e elimina as cenas escabrosas nos exemplos respigados dos florilégios e das fontes hagiográficas.32 Manifesta também um pendor altamente pedagógico pela utilização da terminologia mais adequada e pela clareza do discurso, pela utilização de esquemas e pelo recurso à estrutura da divisão lógica. Manifesta ainda um espírito de modernidade ao subscrever o aristotelismo do mestre parisiense Guilherme de Auxerre, cuja obra, a ‘Summa Aurea’, foi acolhida com entusiasmo nas escolas dominicanas da época.33 A imagem de Frei Paio de Coimbra, tonsurado, de olhar sereno, a mão direita em geito de quem ostenta o bastão, o braço esquerdo sustentando contra o burel o livro da sabedoria, a mão esquerda recolhendo o escapulário dobrado em regaço onde guarda o 27 S. Tomás Becket, arcebispo de Cantuária, (1118-29 de Dezembro de1170). Ex-chanceler de Henrique II rei de Inglaterra. Martirizado por quatro fidalgos, à revelia do Rei. Canonizado pelo papa Alexandre III em 1220, três anos após o seu martírio. Em 1220 as suas relíquias foram transladadas para a Capela da SS. Trindade em Cambridge. Disponível na WWW : < http://pt.wikipedia.org/wiki/thomas_becket>. 28 O Sermonário de Frei Paio de Coimbra…, p. 356. 29 Summa Sermonum, p. 128, f. 30v, nota nº 70. 30 Frei Paio de Coimbra foi contemporâneo do jurista João de Deus. É provável que os dois se tenham encontrado em Bolonha. Na verdade, o mestre João de Deus (n. 1189/1191, em Silves?) cónego de Lisboa, foi aluno do mestre Zoen em Bolonha (1226). Em 1229 já era lente de Direito (civil e canónico) na Faculdade de Direito. Nas suas ‘Distinctiones’ faz referência às ‘Decretales’ recentemente publicadas, 1234 ou princípio de 1235. No ano de 1254 ainda vivia em Bolonha. Em 1260 é arcediago na diocese de Santarém, tendo morrido, segundo o ‘Livro das Calendas’, no dia 15 de Março de 1267. Cf. António Domingos e Sousa Costa, O.F.M., Um mestre português em Bolonha no séc. XIII, João de Deus – Vida e obras, Editorial Franciscana, Braga 1957. 31 Cf. Summa Sermonum, p. 191. 32 Cf. Ibidem¸ pp. 428/9. 33 Cf. Marie-Humbert Vicaire, O.P., Dominique et ses Prêcheurs, pp. 131-132. xvi punhado de terra que irá tranformar-se em bronze, repousando a seus pés o sino do milagre, - foi entronizada sobre a cornija da porta principal do Colégio de S. Tomás, ladeando o Doutor Angélico juntamente com S. Gonçalo de Amarante.34 Mais tarde, a sua efígie foi gravada no frontispício da edição ‘princeps’ da História de S. Domingos (1623) de Frei Luís Cácegas e Frei Luís de Sousa, em parceria com S. Domingos de Gusmão e com os outros santos dominicanos portugueses.35 A sua imagem foi venerada no altar da Capela do Tesoureiro da Igreja de S. Domingos do convento novo da Rua da Sofia, e ainda hoje lhe é prestado culto nalgumas igrejas do Vale do Mondego.36 No ‘Diccionario Bibliographico Portuguez’, Inocêncio Francisco da Silva refere que entre os «retratos de Varões Portugueses insignes em virtudes e dignidades», tais como S. Dâmaso, S. Frutuoso, S. Teotónio e S. António de Lisboa, «gravados a buril ou lithographados», se encontrava também o de ‘Santo frei Payo’. Esta colecção de retratos pertencia ao Rei D. José I, e encontra-se na Biblioteca Pública do Rio de Janeiro.37 Em conclusão, Frei Paio de Coimbra nunca deixou de ser lembrado como mestre e modelo de santidade. A sua obra sermonária, porém, permaneceu durante vários séculos no silêncio dos armários na biblioteca do mosteiro cisterciense de Alcobaça. 34 Ver ‘Ilustrações’, nos. 2, 3 e 4. O formoso ‘Portal’ renascentista foi mandado construir pelo Prior do Colégio de S. Tomás de Coimbra em 1547, Frei Martinho de Ledesma (Lente da cadeira de prima de Teologia da Universidade de Coimbra), na rua da Sofia, onde hoje se encontra o Palácio da Justiça. Do colégio apenas resta, neste lugar, o claustro. O portal foi colocado, cerca de 1912, na fachada Norte do Museu Machado de Castro, no Largo de São Salvador e, recentemente, restaurado. Nos nichos da parte superior do pórtico foram colocadas três imagens de santos dominicanos: ao centro, S. Tomás de Aquino, emoldurado pela legenda M. THOMAS / NON TANTVM IN SVO SECVLO MAGNVS; à direita, S. Gonçalo de Amarante – DIVVS GONSALVS MARATENSIS; à esquerda, Frei Paio de Coimbra – DIVVS PELAGIVS CONIMBRICENSIS. Este portal foi desenhado por Diogo de Castilho e coube a sua execução aos pedreiros Pêro Luís, António Fernades e João Luís. Cf. IPPAR. Disponível na WWW: <http://www,ippar.pt/pls/dippar/pat_pesqq_detalhe?code_pass=70314> 35 Ver adiante, ilustração, 1. 36 Ver adiante, ilustração, 5. Cf. José Geraldes Freire, «Latim Medieval II – S. Frei Paio de Coimbra (2)», Boletim de Estudos Clássicos, Ano XIII, nº. 26, Dezembro, 1996, pp. 65-67. 37 Diccionário Bibliográphico Portuguez, pp. 79-80; 99. Ver adiante, ilustração 12. xvii 1.2. O Sermonário O Códice Alcobacense 5/CXXX da B.N. de Portugal contém a única cópia38 existente da obra de Frei Paio de Coimbra.39 No frontispício pode ler-se: «M. Fr. PELAGII PARVI, Ordinis Praedicatorum, ‘Summa Sermonum de Festivitatibus per anni circulum. Incipiens a Fest. S. Andreae Apostoli, et finiens 5 Sermonibus S. Catherinae V. et M.», per Dominicum Petrum inscriptum. / M. Fr. JOANNIS DE RUPELLA, (ut scriptor credit), ‘Processus seu Ars Theorica practica Conficiendi Sermones’. Scriptum Era M CC LXXX VIII. Anno D. 1250». No cólofon (f. 179v) o copista, Frei Domingos Peres de Lisboa, refere o seu destinatário, D. Pedro Eanes, abade de Tarouca, e escreve a data de composição: 1288. Foi pois elaborado no ‘scriptorium’ do mosteiro de Alcobaça, para o mosteiro cisterciense de Tarouca. Mas nunca saiu de Alcobaça, mostrando mesmo sinais evidentes de ter sido utilizado na escola deste mosteiro.40 No caderno final foi anexada a Ars praedicandi de João de la Rochelle, da Ordem dos Frades Menores, não sabemos a mando de quem, mas certamente por razões pedagógicas. Nos fólios iniciais foi introduzido um Índice Temático, cujas entradas se repetem na margem das páginas indicadas para assim facilitar a procura dos respectivos assuntos. O núcleo fundamental do códice, com numeração romana original, é constituído por 406 unidades de ‘materia praedicabilis’ para elaboração de sermões nas festas dos Santos, da Virgem Maria e de Cristo seguindo a ordem do calendário litúrgico 38 Nas diligências que fizemos para encontrar qualquer referência ao Sermonário no mosteiro de Tarouca, apenas encontramos a informação do Pe. Manuel Gonçalves da Costa, em História do Bispado e Cidade de Lamego, vol. I, «Idade Média: A Mitra e o Município», p. 4/5 : «Os (cartórios) de S. João de Tarouca e Salzedas, levados para Viseu após a supressão das Ordens Religiosas pelo regime liberal, foram também consumidos pelo incêndio do Seminário, em 1841. Os impressos transitaram para a biblioteca do Paço Episcopal». De igual modo não encontramos qualquer referência ao Sermonário de Frei Paio: no Inventário da Livraria do extinto Colégio de S. Tomás de Coimbra, de Manuel Augusto Rodrigues; no Inventário do Cartório do Colégio de S. Tomás de Aquino de Coimbra, de Júlio de Sousa Ramos, e Marcelino R. Pereira; na Bibliotheca Lusitana, de Diogo Barbosa Machado (1752), Coimbra, Atlântida Editora, 1966. 39 Cf. Inventário dos Códices Alcobacenses. Lisboa: BN, 1930-1978, pp. 15-16, 74. Cf. Thomas Kaeppeli, Scriptores Ordinis Praedicatorum Medii Aevi, Vol. III, I-S, Romae: Ad S. Sabinae, 1970. (MOPH I, 295-6), pp. 209-210: «Pelagius Paruus Lusitanus … 3.192. Summa Sermonum de festiuitatibus…». Cf. The Fundo Alcobaça of the Biblioteca Nacional, Collegeville (MN): Hill Monastic Manuscripts Library, 1988-90. Cf. Peter Christian Jacobson, Liste Lateinischer Autoren und Anonymer Werke des 13. Jahrhunderts (ca. 1170-1320): ‘Pelagius Parvus Lusitanus (+ ca. 1240), Summa Sermonum de Festivitatibus’. Erlangen, 2002. Disponível na WWW: <http://www.mgh.de/~Poetae/Autoren.htm> 40 Cf. Agostinho F. Frias et Bernardino F. C. Marques, «Theologia, scientia et ars dans les Sermones de Frater Pelagius Parvus Colimbriensis, O.P.», in Le vocabulaire des écoles des Mendiants au moyen age – Actes du colloque, Porto, 11-12 octobre 1996, p. 18: «L’intention pédagogique de l’auteur se manifeste principalement dans la stucture d’exposition des subjets proposés, qui suit plus ou moins fidèdelement le schèmas établis par les Artes praedicandi contemporainés». Ver também pp. 16-19. xviii dominicano e hispânico, e acrescentando três santos da Península Ibéria: Santa Eulália, Santa Marinha e S. António de Lisboa. A estrutura dos sermões aproxima-se do tipo universitário e do estilo ‘modernus’ da pregação, isto é, segue as normas de composição e a regras de concordância.41 Frei Paio mostra-se inovador ao preferir a concordância hermenêutica por conveniência pedagógica da pregação, à simples concordância literal, mais adequada a um auditório erudito. Sabemos, pelas Constituições de 1220, que S. Domingos queria uma escola de Teologia em cada convento, e nela se formassem pregadores, capazes de mover os fiéis à penitência e de converter os herejes pela palavra e pelo exemplo. O estudo da Teologia devia começar pela leitura das Sagradas Escrituras, principalmente o Evangelho de S. Mateus, as epístolas paulinas e as sete epístolas católicas.42 Recomendava-se a abordagem dialéctica das questões teológicas recolhidas em compêndio na ‘Summa Aurea’ do mestre Guilherme de Auxerre, e o estudo da Teologia Moral pela ‘Summa de vitiis et de virtutibus’ de Guilherme Peyraut ou pela ‘Summa de poenitentia’ de Raimundo de Penhaforte.43 Frei Paio de Coimbra revela não só perfeito domínio da Teologia, mas também uma excelente formação jurídica, como mostra o modo erudito de referenciação do ‘Decretum Gratiani’ e das ‘Decretales Gregorii IX’, publicadas em 1234 pelo seu confrade Frei Raimundo. A pregação dominicana deveria ser, pois, bíblica, positiva e sintética. Os jovens frades dominicanos eram preparados deste modo para anunciar a Palavra de Deus aos fiéis e converter os herejes, evitando a polémica e a discussão estéril.44 41 Cf. Bernardino F. Costa Marques, Sermonário de Frei Paio de Coimbra: Edição e Interpretação da Estrutura e Formas de Pregação, pp. XLIX – LXVI. 42 Cf. Gerado de Frachet, Vitae fratrum, IV, 1. MOPH I, 150. (As vidas dos Irmãos, pp. 142-143). 43 Cf. Marie-Humbert Vicaire, Dominique et ses prêcheurs, pp. 79-85; 131-132. 44 Cf. Jean-Pierre Renard, La formation et la désignation des prédicateurs au début de l’Ordre des Prêcheurs (1215-1237): Thèse présentée a la Faculte de Théologie de l’Université de Fribourg, Suisse, pour obtenir de grade de docteur. 1977. xix 1.3. A ‘Summa Sermonum’ de Frei Paio de Coimbra e os ‘Sermones’ de S. António de Lisboa45 1.3.1. A presença antoniana na ‘Summa Sermonum’ A importância da obra sermonária de Frei Paio de Coimbra e de S. António de Lisboa para a cultura portuguesa medieval foi reconhecida, em primeira mão, por Mário Martins no seu ensaio sobre as ‘Alegorias, Símbolos e Exemplos Morais da Literatura Medieval Portuguesa’, quando, ao pretender ilustrar a transcendência da ‘literatura’ sobre a ‘língua’ na nossa Idade Média, escrevia: «Pomos este facto, por nesta obra também estudarmos a imagética da nossa literatura em latim e castelhano. Os sermões de S. António, por exemplo, e os quatrocentos e tal panegíricos de Frei Paio de Coimbra, O.P., formam dois grandes rios de metáforas, alegorias e exemplos, que deixam a perder de vista os cancioneiros em galaico-português, tão pobres de transposição imagística. A linguagem abstracta fugia das igrejas, para lá reinar Sua Alteza a Imaginação, ao serviço de Deus e dos homens».46 Frei Paio deu voz ao regozijo da Cristandade Lusitana na canonização de S. António de Lisboa, registado por três vezes na ‘Summa Sermonum’.47 1º. No primeiro sermão da festa de S. Miguel Arcanjo, S. António de Lisboa é colocado, segundo a estratificação das ordens angélicas, na sétima fila. É a ‘Ala das 45 Ainda não se fez um estudo comparativo completo dos dois sermonários. Tal não seria viável, como é óbvio, sem o recurso à edição crítica da ‘Summa Sermonum’. Entretanto foram surgindo alguns ensaios comparando os dois autores, segundo perspectivas diversas: De Mário Martins, «A pregação no século XIII: 1- S. António, 2- Frei Paio de Coimbra», in A Bíblia na Literatura Medieval Portuguesa, pp. 18-41; De Francisco da Gama Caeiro, «Ensino e pregação teológica em Portugal na Idade Média, algumas observações», Revista Española de Teologia, 44, 1984, 113-135; Idem, «Os primórdios dos Frades Pregadores em Portugal. Enquadramento histórico-cultural», in Actas do II Encontro sobre história dominicana, vol. III/1, pp. 161, 173, Porto, 1984. De Maria Cândida Pacheco, «Exegese e pregação em S. António de Lisboa e Frei Paio de Coimbra», Actas das II Jornadas Luso-Espanholas de História Medieval, IV, Porto, 1990. Idem, «Exégèse et prédication chez deux auteurs portugais du XIIIe siècle: Saint Antoine et Frère Pelagius», De l’homme au sermon, histoire de la prédication médiévale, U.C. de Louvain, Louvain-la Neuve, 1993, 169-181. Idem, «‘Antonius Lusitanus’: Le radici di una nuova pastorale», in Il Santo. Rivista Francescana de Storia Dottrina Arte, xxxvi., serie ii, gennaio-agosto 1996, fasc. 1-2, pp173-186. 46 Introdução, p. 10. 47 Cf. Bernardino Fernando da Costa Marques, «Presenze Antoniane nella ‘Summa Sermonum’ di fra Paio da Coimbra, O.P.», in Il Santo, XXXVIII (1998), pp.7-29; publicado também in Mediaevalia, Textos e Estudos, 11-12 (1997), pp.183-210. Note-se que para os Cistercienses e para os Dominicanos, S. António foi sempre uma referência: Cf. Legenda «Assidua», cap. 8,1; cap. 27, 8; e Pe. Gamboso, Vita Prima …, p. 419, n. 6. xx Virtudes’,48 constituída por aqueles santos a quem Deus concedeu a graça dos milagres como S. Bento de Núrsia,49 S. Roberto de Molesme,50 S. Bernardo de Claraval,51 S. Domingos de Gusmão,52 S. Francisco de Assis53 e Santo António de Lisboa54 - VIIº, Virtutibus; adaptatur acies illorum quibus Deus concessit gratiam miraculorum ut beato Benedicto, Roberto, Bernardo, beato Dominico, Francisco, Antonio et aliis multis.55 São eles os providenciais agentes do milagre da reforma interna da Igreja, delineada pelo Concílio Lateranense IV (1215), e difundida pela pregação apostólica e pelo exemplo de vida evangélica dos monges e dos frades mendicantes. A reunião dos seis grandes santos fundadores em duas linhas bem definidas de ‘Virtudes’ - Bento, Roberto e Bernardo à cabeça da ala dos monges; e Domingos, Francisco e António à frente da ala dos mendicantes -, configura as duas forças reformadoras, em linha, do exército da Igreja terrestre : castra Dei.56 48 Ver adiante, ‘Teologia Pastoral’. 49 S. Bento de Núrsia (480 - 547). Fundador do mosteiro de Monte Cassino e da Ordem Beneditina. Declarado Padroeiro da Europa pelo Papa Paulo VI em 1964. 50 S. Roberto de Molesme (1028 – 1112). Procurando viver com maior rigor segundo a regra de S. Bento, com 21 companheiros fundou o ‘Mosteiro Novo’ em Citeaux (1098), em latim ‘Cister’, donde o nome de Ordem dos Monges Cistercienses, ou Monges Brancos. 51 S. Bernardo de Claraval (1090 – 1153). Em 115 foi enviado por S. Estêvão Harding, 3º abade do mosteiro de Citeaux (Cister) para fundar um novo mosteiro em Claivaux (‘Vale Claro’) – Claraval, onde impõs uma disciplina muito rigurosa. È duvidoso que tenha vindo a Portugal para a fundação do primeiro mosteiro cisterciense do reino em S. João de Tarouca (1142). 52 S. Domingos de Gusmão (1170 – 1221). Fundador da Ordem dos Pregadores, ou Ordem Dominicana. 53 S. Francisco de Assis (1182 – 1226). Fundador da Ordem dos Frades Menores, ou Ordem Franciscana. 54 S. António de Lisboa (1195 – 1231). Grande pregador e professor de Teologia a convite do fundador Francisco de Assis: «Apraz-me que ensines aos frades a sagrada Teologia». Proclamado Doutor da Igreja - «Doctor Evangelicus» - pelo Papa Pio XII em 1946 que o considerou «in perscrutandis dogmatibus theologus eximius; in asceticis quoque tractandis ac mysticis rebus insignis doctor atque magister» (exímio teólogo e insigne mestre em matérias de ascética e mística). – (Littera Apostolica «Exulta, Lusitania Felix»). 55 Summa Sermonum, sermo 345, Ius in festiuitate sancti Michaelis Archangeli, p. 580, f. 150v. 56 A dupla S. Francisco/S. António, na Ordem dos mendicantes, indicia a tradição do paralelismo com a dupla S. Pedro/S. Paulo transmitida na «Conclusio legendae» do manuscrito da Biblioteca da Faculdade de Teologia Protestante de Paris (f. 130): «Quibus certe aliam non puto religionem melioribus adornatam. Quorum primus beatissimus Christi signifer, singularis et unicus, eiusdem confessor, Franciscus, quemadmodum beatus Petrus apostolus universali ecclesiae, sic tibi iste extitit fundator, conductor et pastor. Alter vero, scilicet beatissimus hic pater Antonius, queadmodum beatus Paulus eidem ecclesiae, sic iste tibi exstitit praedicator, informator et doctor; praeclarissimi et insignes. Hi namque sunt limpidissimi oculi exsistentes in capite sponsae, huius scilicet Religionis Deo dicatae, quia vere illuminati a Deo atque dilecti, aliosque innumeros fere illuminantes eisque multimode obsequentes, verbo, suffragio pariter et exemplo, de manibus inimicorum exuendo, potenter deducunt, feliciter inducunt ad societatem civium supernorum». Giuseppe Abate, O. F. M. Conv., La «Vita Prima» di S. Antonio, in ‘Il Santo’, VIII, 2-3 (1968), p. 226. xxi 2º. O segundo e mais significativo registo, encontra-se no sermão em honra de Santo António de Lisboa - Incipit sermo primus in festiuitate beati Fernandi dicti Antonii natione ulixbonensis.57 Na ‘inscriptio’ do sermão o autor anuncia a festa do novo santo de nome Fernando, também conhecido por (dicti) António de Lisboa. Era o cónego regrante do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra que, desejoso de servir a Deus na pobreza e na humildade, entrou na Ordem dos frades Menores de Francisco de Assis na ermida de Santo Antão dos Olivais. O zelo pela causa de Deus e os ventos da Providência divina impeliram-no para o norte de África à conquista dos infiéis; e depois para o norte de Itália e sul de França a fim de converter os herejes pela pregação e pelo exemplo de vida de pobreza evangélica. O tema laudatório do seu panegírico, aliás idêntico ao do sétimo sermão de S. Domingos de Gusmão,58 transcreve o elogio de Ben Sirá a Moisés59: «Amado por Deus e pelos homens» - Dilectus a Deo et hominibus.60 São duas as virtudes entre si conexas - que duo bene coniunguntur, pelas quais Fernando ou António de Lisboa era amado por Deus: a pureza de coração, e a oração contemplativa frequente – primo per cordia puritatem; secundo per contemplationem addiduitatem. Na verdade, era este o critério que Jesus Cristo enunciara no Sermão da Montanha, próximo de Cafarnaúm: «Felizes os puros de coração porque verão a Deus».61 Não apenas os castos têm um ‘coração puro’, mas também os simples e os sinceros. António, precisamente, por ter o ‘coração puro’ se deleitava, qual abelha 57 Cf. Summa Sermonum, sermo 211, «Incipit sermo primus in festiuitate beati Fernandi dicti Antonii natione ulixbonensis». p. 360, f. 91r. Este sermão foi transcrito na dissertação de doutoramento de John Gaston Thuthill, The Sermons of brother Paio: Thirteenth Century Dominican Preacher (Sermons in latin text), University of California, Berkeley, 1982, pp. 295-297. Francisco da Gama Gaeiro, em Fonti portoghesi della formazione culturale di Sant’Antonio, in «La Fonti e la Teologia dei Sermoni Antoniani», Padova, 1982, pp. 164-167, publicou o sermão e a relação de milagres de S. António, seguidos do fac-simile dos ff. 61, 61v do cod. Alcobacense 5/CXXX. Maria Cândida Monteiro Pacheco, em Exegese e pregação em Santo António de Lisboa e Frei Paio de Coimbra, in «Actas das II Jornadas Luso-Espanholas de História Medieval», vol. IV, Porto, 1990, pp. 1304-1307, estabeleceu uma comparação entre o texto referido por Frei Paio de Coimbra na vida e milagres de S. António e o texto da edição crítica da Legenda «Assidua» realizada por V. Gamboso. Geraldo Coelho Dias, OSB, em A crítica da vida religiosa por Santo António e o elogio do Santo por Fr. Paio de Coimbra, in «Congresso Internacional Pensamento e Testemunho, 8º Centenário do Nascimento de Santo António - Actas», vol. I, Braga, 1996, publica o texto latino, a versão portuguesa do sermão e o elenco dos milagres, pp. 460-465. 58 Summa Sermonum, sermo 269, VIIus in festo beati Dominici, pp. 460,461; f. 117r. 59 «A Moisés, cuja memória é uma bênção» (Sir 45,1). 60 Sir 45,1. 61 Mt 5,8: beati mundo corde, quoniam ipsi Deum uidebunt. xxii laboriosa, na doce contemplação de Deus, ao estudar a Sagrada Escritura na cela que havia construido na copa de uma nogueira.62 Mereceu ainda ser amado pelos homens por duas razões, também entre si enlaçadas: a) Porque praticou as obras de misericórdia em favor do próximo, a saber: ter compaixão dos infelizes – miserorum compassio, corrigir os que erram – errantium correctio, edificar os bons – bonorum edifficatio, consolar os que caem em tentação – temptatorum consolatio, perdoar as injúrias - iniuriam remissio, reconciliar os desavindos – discordantium reconciliatio, orar por todos – oratio. b) E porque juntou a esta exuberância de obras meritórias, a mansidão e a suavidade do seu modo de agir, nas quais reside o ‘condimento’ que dá graça às boas acções - ecce condimentum, quia nec turbat nec turbatur. 3º. No terceiro registo, Frei Paio recolhe da ‘Legenda Assidua’63 o quadro genérico dos milagres – ibi oculi cecorum aperti sunt, ibi aures surdorum patuerunt …, e o relato de três acontecimentos maravilhosos ocorridos junto do túmulo de ‘Il Santo’ – ad archam sancti Antonii.64 Este esquema, muito corrente na hagiografia da Idade Média,65 é decalcado da resposta de Jesus aos discípulos de João Baptista sobre o mistério do Reino de Deus: «Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos vêem e os coxos andam, etc…».66 Nele se pretende glorificar o Santo Taumaturgo e mostrar que, pela pregação evangélica, «a Boa-nova é anunciada aos pobres».67 Os três milagres referem pessoas e lugares susceptíveis de identificação. 62 Cf. Summa Sermonum, sermo 211, p. 360, f. 91r: «Sed beatus Antonius mundum habebat cor, ideo in contemplatione poterit delectari. Vnde cellam in arbore fecit, ut ab omnibus feriatus liberius contemplationi uacaret. Vnde dicitur in uita eius: ‘In hac (nuce) nimirum cella celibem ducens uitam Dei seruus Antonius, quasi apis argumentosa, studiis sacre contemplationis insistebat’. (Anonymus, Beati Antonii Vita Prima seu Legenda «Assidua», cap. 15, 7) ». 63 Anonymus, Beati Antonii Vita Prima seu Legenda «Assidua», cap. 40 (XLVII), 1-5. 64 Summa Sermonum, sermo 212, IIus in festiuitate beati Fernandi, dicti Antonii, natione Ulixbonensis, pp. 361-362, ff. 91r/v. 65 Cf. Summa Sermonum, sermo 83, IXus in festiuitate sancti Thome episcopi et martiris, p. 128, f. 30v. 66 Mt 11,4-6. Por estas palvras Jesus esclarece a dúvida de João Baptista - «És Tu aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?», afirmando que as suas obras inauguram, efectivamente, a Era Messiânica, sob a forma de acções benéficas e da salvação. Nisto consiste o mistério do Reino de Deus pré-anunciado nos oráculos do profeta Isaías (35,5-6; 42,18; 61,1-3). 67 Mt 11,5. xxiii No primeiro conta-se como foi devolvida a vida a uma criança de nome Elvira (ou Eurília) que tinha falecido por afogamento, pelo poder de Deus e pelos méritos do Santo – sancti patris merita.68 No segundo69 narra-se a ressurreição de uma criança que, por descuido de seu pai Domingos, se tinha afogado num lago, perto da cidade de Comacchio70. No terceiro somos colocados perante um facto curioso atribuído ao soldado Aleardino, ou Adelardino, natural de Salvaterra,71 recém-convertido da heresia, o qual para desafiar o poder milagroso de Santo António, lançou ao chão um copo de vidro – cyatho uitreo, que se manteve intacto72.73 Frei Paio recolheu estes milagres de entre os cinquenta e três que foram lidos em público e perante o papa Gregório,74 pelo cardeal Ottaviano Ubaldini na cerimónia da canonização, em Spoleto, no domingo de Pentecostes de 1232. A narração dos milagres e do jogo da aposta, obedeceu ao critério de atrair a benevolente atenção do auditório. Tendo em conta que a festa litúrgica de S. António de Lisboa entrou no Calendário da Ordem provavelmente em 1262,75 pode considerar-se a ‘Summa Sermonum’ de Frei Paio um dos testemunhos escritos mais antigos da rápida divulgação da fama do Santo Taumaturgo que vem enriquecer o tesouro da tradição hagiográfica antoniana. 68 Summa Sermonum, pp. 361-362: «Tandem sollicita mater uotum uouens Domino ac seruo eius beato Antonio, promisit se yconam (Leg. Assidua: yconiam ceream) cum ea ad tumulum ipsius delaturam, si natam sibi uiuam restituere dignaretur; facto autem uoto mox uidentibus cunctis, labia mouet, et immisso ori eius cu<iu>spiam digito aquas haustas emisit, et per sancti patris merita uitali fota calore reuixit». (Legenda Assidua, cap. 40 (XLVII), 1-5). 69 Summa Sermonum, p. 362: «Cumque a domicilio suo paululum recessisset, retro spectans, neminem adesse uidit. At <ille> stupefactus attonitis circumquaque luminibus querens circuiuit, ac tandem submersum in lacu quodam filium repperit. Extractum ergo puerum pater infelix matri tradidit, sed facto confestim uoto beatissimi Antonii meritis uiuum recepit». (Legenda Assidua, cap. 39 (XLVI), 6-8). 70 Comacchio, pequena cidade da província de Emília-Romanha, situada a norte de Ravena. 71 Salvaterra, pequena vila, situada perto de Badia Polesine, na província de Rovigo. 72 Na capela do tesouro da Basílica de Pádua conserva-se ainda este copo intacto. O relicário ostenta a inscrição: ‘HERETICUM LUX FIDEI SIGNO PURGAT DUM JACITUR. / AB ALTO VASIS VITREI FRAGILITAS NON FRANGITUR’, (Juliano de Spira). Cf. Giuseppe Abate, O.F.M. Conv., «La ‘Vita Prima’ di S. Antonio», Il Santo, VIII, 2-3 (1968), p. 197, n. 2. Cf. Gregorius I (Magnus), De vita et miraculis venerabilis Benedicti abbatis, cap. 28. PL 66, 186. 73 Summa Sermonum, p. 362: «Aliis autem affirmantibus uere sanctum Dei esse Antonium, euacuato cyatho uitreo quem tenebat manu, fere in hec uerba prorupit: si syathum hunc illesum seruauerit quem uos sanctum dicitis, uera fore credam que de ipso michi persuadere contenditis; proiectoque de solio ubi prandebant in terram cyatho, dictu mirabile, collisum lapidi uitrum restitit et, uidentibus multis in platea stantibus, inconcussum permansit». (Legenda Assidua, cap. 40 (XLVII), 1-5). 74 Legenda Assidua, cap. 30, 1: «quae coram domno Gregorio papa IX, audiente universo populo, lecta sunt». 75 Cf. Aux origines de la liturgie dominicaine – Le manuscrit Santa Sabina XIV L 1, (dir. Leonard E. Boyle), p. 202. xxiv 1.3.2. O ‘sacer intellectus’ e a hermenêutica antoniana no ‘Prologus’ 76 Como era costume, S. António iniciou o seu sermonário com o ‘prologus’ a fim de apresentar os temas e justificar o seu trabalho. Elaborou-o com intencionalidade pedagógica, segundo o modelo do sermão erudito medieval, isto é, no estilo do sermo modernus que pouco a pouco se sobrepunha à tradicional homilia, sem regras fixas, e em conformidade com a função corrente do mestre universitário: a lectio, a ‘disputatio’ e a praedicatio.77 A estrutura do sermão moderno era assim distribuída: Na primeira parte, a preambular, preparava-se o acesso à dilatatio, o núcleo do sermão, pela proclamação de um texto bíblico extraído da liturgia da palavra que servia de mote e se denominava ‘thema’. Seguia-se a leitura do prothema ou antethema, isto é, de outro texto concordante, ou referente a materia praedicabilis, e indicava-se a divisão temática. Esta primeira fase finalizava com um convite à oração pedindo a Deus a graça do frutífero anúncio da sua Palavra. A segunda parte, materialmente mais extensa e formalmente mais relevável, era a dilatatio, onde se desenvolveria o tema em três momentos: a introdução ao thema; a divisio das partes; a dilatatio, ou seja a explanação da materia praedicabilis. Nesta se evidenciava a estratégia argumentativa do orador sagrado, fundada sempre na Sagrada Escritura e respaldada na autoridade dos Santos Padres, dos Doutores da Igreja, dos autores profanos comummente admitidos – filósofos e moralistas como Platão, Aristóteles, Cicero e Séneca, poetas como Horácio, Virgílio, Ovídio e Públio Siro, e até mesmo o oráculo da Sibila Cumena… A terceira parte era a clausio, ou a conclusão exortativa à conversão e à penitência. Rematava-a uma doxologia, quase sempre trinitária.78 76 Sobre a obra e as questões Antonianas consultar o excelente ensaio (elaborado em 1995) de José Francisco Meirinhos, «S. António de Lisboa, escritor. A tradição dos Sermones: manuscritos, edições e textos espúrios», in Mediaevalia. Textos e Estudos, 11-12, 1997. pp. 139-182. 77 Cf. Petrus Cantor, Verbum abbreviatum, cap. 1, PL 201,25: «In tribus igitur consistit exercitium sacrae Scripturae: circa lectionem, disputatonem et praedicationem. Cuilibet istorum mater oblivionis et noverca memoriae est nimia prolixitas. Lectio autem est quasi fundamentum, et substratorium sequentium; quia per eam caeterae utilitates comparantur. Disputatio quasi paries est in hoc exercitio et aedificio; quia nihil plene intelligitur, fideliterve praedicatur, nisi prius dente disputationis frangatur. Praedicatio vero, cui subserviunt priora, quasi tectum est tegens fideles ab aestu, et a turbine vitiorum. Post lectionem igitur sacrae Scripturae, et dubitabilium, per disputationem, inquisitonem, et non prius, praedicandum est; ut sic cortina cortina trahat, et caetera». 78 Cf. Th.-M. Charland, O.P., Artes Praedicandi – contribution à l’histoire de la réthorique au Moyen Age, ‘Deuxième partie: La théorie et son évolution’, pp. 107-226. xxv Charland observa que tais regras não eram receitas impostas, mas apenas indicadores não susceptíveis de afectarem a originalidade do pregador.79 Podemos acrescentar que esta observação pode aplicar-se a Frei Paio e a Santo António, mesmo nos sermões mais elaborados. Ambos os mestres conheciam as normas das ‘artes praedicandi’ do seu tempo, e utilizaram-nas em conformidade com o seu gosto pessoal e no âmbito da espiritualidade própria da ordem mendicante a que pertenciam. Vejamos, a título de exemplo, o paralelismo do esquema utilizado na elaboração do prólogo do sermonário com a estrutura do sermão erudito medieval fiel às normas das ‘artes praedicandi’. O discurso do ‘prologus’ consta de seis partes que, naturalmente, se enquadram no esquema tripartido do sermão medieval:80 Sermo eruditus I - Exordium II - Dilatatio III - Clausio Sermones dominicales et festivi – Prologus 1. Thema – ‘Aurum’ purissimum dedit David, ut ex ipso fieret similitudo quadrigae cherubim, extendentium alas et velantium arcam foederis Domini. I Par 28,18. 2. Prothema - In terra Evilat nascitur ‘aurum’, et aurum terrae illius optimum est. ... Gn 2,11-12. Pelo termo aurum, se faz a concordância biblica dos dois textos. ‘Aurum’ é a Palavra de Deus. Nasce na fonte do paraíso. É conduzida na quadriga dourada do Antigo e do Novo Testamento. 3. Primeira cláusula: «‘David’ interpretatur misericors, vel manu fortis, aut aspectu desiderabilis, et significat Dei Filium, ‘Iesum Christum’, qui misericors fuit in Incarnatione, manu fortis in Passione, aspectu desiderabilis erit nobis in aeterna beatitudine ... » 4. Segunda cláusula: «Sequitur: Ut ex ipso fieret ‘quadriga’ cherubim, ‘quae interpretatur plenitudo scientiae, et significat Vetus ac Novum Testamentum’, in quo est plenitudo totius scientiae, quae sola scit scire, sola scientes facere ... » 5. Propósitos: «Ad Dei ergo ‘honorem’ et animarum ‘aedificationem’, et tam lectoris quam auditoris ‘consolationem’, ex ipso Sacrae Scripturae intellectu, utriusque Testamenti auctoritatibus, ‘quadrigam’ fabricavimus, ...». Ibidem, p. 225: «Ni au XIIe. siècle, ni au commencement ni au XIIIe., la prédication n’avait eu des règles fixes, de recettes imposées: elle avait été d’abord grave affecté, puis familliaire et vivante, mais elle avait toujour éte originale; et c’est pour cela que, à des degrés divers, elle sait plaire encore». 80 Santo António de Lisboa, Obras Completas, vol. I, pp. 1-7. 79 xxvi 6. Doxologia:81 «Dei ergo ‘Filio’, omnium creaturarum principio, in quo solo istius operis mercedem posuimus et expectamus, sit omnis laus, omnis gloria, omnis honor. Qui est benedictus, gloriosus, beatus Deus per aeterna saecula. Dicat omnis Ecclesia: Amen. Alleluia». Ao analisarmos atentamente o ‘prologus’, recolhemos alguns traços do pensamento antoniano no âmbito da racionalidade teológica. Assim, verificamos que o Santo distingue duas modalidades de conhecimento: o da ciência racional em sentido estrito, e o da ciência sagrada. O entendimento sagrado – sacer intellectus, é a ciência que emana do texto (ex textu) das Sagradas Escrituras.82 É, portanto, a Teologia, como conhecimento constantemente revisitado no texto escrito das páginas divinas, como sabedoria revelada. O entendimento sagrado suplanta o conhecimento de todas as outras ciências, e é garantia aferidora da sabedoria mundana.83 Como dizia Francisco da Gama Caeiro, «aqui está porque Santo António expôs, logo no prólogo dos seus Sermões, que o entendimento da Escritura (sacer intellectus) sobrelevava a toda a ciência e que naquela, constituída pelo Antigo e pelo Novo Testamento, estava toda a ciência, a única que importava saber e fazia sábios – scientes».84 E continua, insinuando a raiz agostiniana85 da tese: «aliás, a doutrina fizera carreira pacífica durante toda a Idade Média e fora acolhida pelos mais altos pensadores».86 Na verdade o ‘sacer intellectus’ é o conceito central do pensamento antoniano, significando o conhecimento mais excelente, isto é, a 81 A pregação é um mandamento deixado por Jesus Cristo aos discípulos para anunciarem a Boa-Nova da salvação a todos os homens: «Disse-lhes: Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda a criatura. Aquele que crer e for baptizado será salvo; o que não crer será condenado» (Mc 16,15-16). A pregação segue as fases do processo da salvação, a saber: a ‘justificação’, a ‘santificação’ e a ‘glorificação’ (pela doxologia). Na doxologia convida-se toda a Igreja a glorificar a Cristo, ‘Dei Filio’. 82 Santo António de Lisboa, Obras Completas, Sermões dominicais e festivos, vol. 1, Prologus, 2, p. 1: «quia ex textu divinae paginae ‘sacer intellectus’ elicitur». 83 Ibidem: «… sicut autem ceteris metallis, sic omni scientiae supereminet sacer intellectus … vetus ac novum testamentum in quo est plenitudo totius scientiae quae sola scit scire, sola scientes facere …». 84 Francisco da Gama Caeiro, Santo António de Lisboa, vol. I, p. 360. 85 Cf. Augustinus Hipponensis, De doctrina christiana, lib. 4, cap. 5, 7 (PL 34,92) «Si hoc ergo illi, qui praecepta eloquentiae tradiderunt, in eisdem libris in quibus id egerunt, veritate instigante coacti sunt confiteri, veram, hoc est supernam quae a Patre luminum descendit sapientiam nescientes, quanto magis nos non aliud sentire debemus, qui huius sapientiae filii et ministri sumus? Sapienter autem dicit homo tanto magis vel minus, quanto in Scripturis sanctis magis minusve profecit, non dico in eis multum legendis memoriaeque mandandis, sed bene intellegendis et diligenter earum sensibus indagandis. Sunt enim qui eas legunt et neglegunt: legunt ut teneant, neglegunt ne intellegant. Quibus longe sine dubio praeferendi sunt qui verba earum minus tenent et cor earum sui cordis oculis vident. Sed utrisque ille melior qui et cum volet eas dicit et sicut oportet intellegit». 86 Francisco da Gama Caeiro, Santo António de Lisboa, vol. I, p. 360. xxvii verdadeira sabedoria. As ciências ou as artes terão que ser legitimadas por «objectivos compatíveis com uma saudável vida cristã», ou seja, pela orientação ou ‘redução das artes à teologia’, como dirá mais tarde o fundador da Escola Franciscana.87 Para S. António, o Antigo Testamento é prefiguração do Novo Testamento. Os factos ocorridos no Antigo Testamento, como escreveu S. Paulo aos cristãos de Corinto, devem entender-se como configurações prévias das realidades futuras da era messiânica: haec omnia in figura contingebant illis.88 Assim, o rei David, «cujo nome significa misericordioso, forte e maravilhoso», é o tipo de Cristo, «que foi misericordioso na Encarnação, forte na Paixão, e maravilhosamente atraente na eterna Bem-aventurança».89 Para o Doutor Evangélico, a ‘quadriga dos querubins de ouro’90 conduz a ciência mais preciosa e excelente – aurum,91 e «significa o Velho e o Novo Testamento, onde reside a plenitude de toda a ciência, só ela dá o saber, ela é a única que faz sábios»,92 ou seja, somente por ela alcançamos o entendimento sagrado – sacer intellectus. «As suas sentenças são como as asas que se estendem, quando se expõem nos três sentidos acima indicados», isto é, o alegórico, o moral e o anagógico, «e assim cobrem a arca da aliança do Senhor».93 A arca significa a alma do fiel baptizado que, pela pregação, recebe protecção e defesa contra o fogo da cobiça – ab ardore mundanae prosperitatis, contra a chuva da concupiscência – a pluvia concupiscentiae carnalis, e contra o raio da tentação diabólica – a fulgure daemoniacae suggestionis.94 No ‘Prologus’, as três modalidades do sentido espiritual da hermenêutica bíblica são intencionalmente isolados do sentido literal. Naturalmente, S. António de Lisboa não menospreza o sentido literal. Relega-o, no entanto, para o campo das ciências mundanas, e utiliza-o como auxiliar do entendimento sagrado que se encontra encoberto 87 Cf. S. Boaventura, Recondução das Ciências à Teologia, tradução e posfácio de Mário Santiago de Carvalho, Porto Editora, 1996. Cf. também S. Bonaventura, De reductione artium ad theologiam, ed. Collegio S. Bonaventura (Quaracchi). Opera Omnia. 1882-1902. (CSL). 88 1 Cor 10,6. 89 S. António de Lisboa, Obras Completas, Sermões dominicais e festivos, vol. 1, Prologus, 3, p. 2: «David interpretatur misericors». 90 I Par 28,18: aurum purissimum dedit ut ex ipso fieret similitudo quadrigae cherubin extendentium alas et velantium arcam foederis Domini. Cf. Ex 25,20. 91 Cf. Beda Venerabilis, De tabernaculo, cap. 6: «Et inaurabis eam auro puríssimo (Ex 25,11). Mensa tabernaculi inauratur, quia et Scriptura sancta sapientiae coelestis sensu clara refulget, et ipsi qui eam condicere prophetae, praeclari vita ac sermone fuerunt». PL 91,408. 92 S. António de Lisboa, Obras Completas, Sermões dominicais e festivos, vol. 1, Prologus, 4, p.3: «et significat Vetus ac Novum Testamentum, in quo est plenitudo totius scientiae, quae sola scit scire, sola scientes facere». 93 Ibidem, p. 4. 94 Cf. Ibidem. xxviii nas ‘paginae sacrae’. Na verdade, S. António valoriza predominantemente as três modalidades do sentido espiritual, pois são as mais adequadas ao fim da pregação e à vivência contemplativa, e porque traduzem com maior propriedade o ritmo espiritual e a transcendência do ‘sacer intellectus’, segundo aquela sentença dos sábios no livro dos Provérbios: «Para que ponhas no Senhor a tua confiança, quero hoje instruir-te. Eis que eu te escrevi em três modalidades os conselhos e as instruções, para te ensinar a verdade das coisas certas».95 Como muito bem dizia Francisco da Gama Caeiro, «na exegese figurada, o Santo sabe que a verdade está oculta, mas pretende desvendá-la por intuição e de um modo eminentemente espiritual, o que em última análise equivale a pôr em acção a sua ‘pobre cienciazinha’ – como ele diz – guiada e inspirada pela sabedoria divina. A exegese literal desdobra racionalmente, até ao limite, as suas virtualidades de expressão e é fundamento e raiz da figurada, como que o suporte material e ponto de partida para os voos antonianos realizados em esfera transcendente, na procura de um ‘mistério’, o mistério de Cristo».96 1.3.3. Uma pregação evangélica e dois estilos Todos os medievalistas portugueses que prestaram atenção à obra sermonária de S. António de Lisboa e de Frei Paio de Coimbra proclamam em uníssono a sua importância como testemunhos do alto nível do ensino nas escolas medievais da nação portuguesa e da marca específica de criatividade literária dos seus autores. No termo da primeira metade do século XX Mário Martins, na sua actividade de pesquisa, encontrou a ‘Summa Sermonum’ «seguindo a ordenação numérica do Inventário dos Códices Alcobacenses».97 Porém, só em 1973 publicou na revista Didaskalia o ensaio «O Sermonário de Frei Paio de Coimbra …», onde analisa o 95 Pr 22,19-21: Ut sit in Domino fiducia tua unde et ostendi eam tibi hodie. Ecce descripsi eam tibi tripliciter, in cogitationibus et scientia, ut ostendere tibi firmitatem et eloquia veritatis... 96 «Hermenêutica e conhecimento em Santo António de Lisboa», in Cultura Portuguesa, I, Lisboa, Agosto-Setembro 1981, p. 14. Cf. Idem, in Santo António de Lisboa, vol. II, p. 316. 97 «O Sermonário de Frei Paio de Coimbra do Cód. Alc. 5/CXXX», in Didaskalia III – 1973, p. 337: «Há trinta anos, pelo menos, quando nos pusemos a estudar, um por um todos os códices alcobacenses da Bibliotea Nacional de Lisboa, respeitantes à Idade Média, seguindo a ordenação numérica do Inventário dos Códices Alcobacenses, logo no nº. 5 vieram ao nosso encontro estes sermões, ou melhor esquemas de sermões, escritos em pergaminho, em letra de transição do séc. XIII, com iniciais a vermelho e azul, filigranadas». Neste mesmo ensaio (pág. 339 e 340), Mário Martins, atribui a Frei José Montalverne, OFM, «a primazia da publicação, entre nós, dalgumas páginas eruditas sobre Frei Paio de Coimbra e os seus sermões da Assunção». («Colectânea de Estudos» 3, Braga 1947, pp. 129-133). xxix conteúdo da obra e dá a conhecer o seu autor. O ensaio impôs-se como marco de referência obrigatório nesta matéria.98 Utilizando o critérico histórico-literário Mário Martins estabeleceu, pela primeira vez, a relação entre os dois pregadores lusitanos: a) Reconheceu a importância da ‘Summa Sermonum’ tanto «para a história da eloquência medieval» portuguesa como para a história da Ordem Dominicana, quando diz, citando Bennett, que «só a partir dos meados do séc. XIII se conservaram sermões escritos dos frades pregadores».99 Reconheceu também a sua grandeza colocando a obra de Frei Paio no mesmo nível de excelência dos sermões antonianos: - «esta obra da nossa Idade Média, só (é) equiparável aos sermões de S. António»;100 «Ora bem, este frade, cuja morte foi ‘surda e sem rumor’, deixou-nos uma colecção de sermões que podemos colocar, sem vergonha, ao lado dos que escreveu S. António de Lisboa, seu contemporâneo».101 b) Afirmou que a ‘Summa Sermonum’ contém o panegírico mais antigo em honra de S. António:102 «Seja como for, pertence a Portugal a glória de ter alguns dos sermões mais antigos em honra de S. António de Lisboa».103 c) Embora seja difícil distinguir, neste período, a eloquência dos frades menores e dos dominicanos,104 reconheceu, no entanto, uma diferença de estilo entre Frei Paio e S. António. No primeiro, diz ele, há «menor predomínio de símbolos da história natural».105 E continuando, diz que «uma análise interna dos sermões, confirma a tese da sua proemiência dominicana e portuguesa. Antes disso da Península Ibérica».106 98 Outro ponto de referência, já mais actualizado, encontramos no excelente ensaio de Maria Cândida Pacheco, professora catedrática da Universidade do Porto, «Fundamentos da praedicatio no Sermonário de Frei Paio de Coimbra», in Pensamiento Medieval Hispano, II, Consejo Superior de Investigationes Cientificas, Madrid, 1998. pp. 1017-1036. 99 Ibidem, p. 347. Obs.: 1ª - Bennett desconhecia a existência do Sermonário de Frei Paio de Coimbra. 2ª - Na dissertação histórica de Letizia Pellegrine, todos os autores e obras apresentadas são posteriores a Frei Paio de Coimbra e à ‘Summa Sermonum’: I manoscriti dei Predicatori – I Dominicani dell’Italia mediana e i codici della loro predicazione (secc. XIII-XIV), Appendice A – ‘Gli autori, le opere’, pp. 271283. 100 Ibidem, p. 340. 101 Ibidem, pp. 344/5. 102 Ibidem, pp. 360-362. 103 Mário Martins, O Sermonário de Frei Paio…, p. 345. 104 Esta opinião é de R. F. Bennett, The early dominicans, Cambridge, 1938, pp. 75-76, citado por Mário Martins, p. 347, nota 15. 105 A tese é mais explícita no ensaio de 1975, Alegorias, Símbolos e Exemplos Morais da Literatura Medieval Portuguesa. 106 Mário Martins, O Sermonário de Frei Paio…, p. 347. xxx d) Definiu o objectivo pedagógico da ‘Summa Sermonum’: «Eram planos de sermões, em latim, como aliás os compêndios escolares e as aulas universitárias daquele tempo. E não passavam de sermões-para-serem-pregados. O orador tinha que desenvolver os pontos em que se articulava cada panegírico, dar-lhes uma nota temperamental própria…».107 Ao terminar o ensaio, Mário Martins prometeu estudar com profundidade outros aspectos da obra sermonária destes pregadores.108 Foi isso que sucedeu no ano de 1975 com o ensaio «Alegorias, Símbolos e Exemplos Morais da Literatura Medieval Portuguesa» e, quatro anos mais tarde, com outro ensaio sobre «A Bíblia na Literatura Medieval Portuguesa».109 Logo na introdução do ensaio «Alegorias, símbolos e exemplos…», ao acentuar que «a linguagem abstracta fugia das igrejas, para lá reinar Sua Alteza a Imaginação ao serviço de Deus e dos homens», Mário Martins elogiava ambos os sermonários porque «formam dois grandes rios de metáforas, alegorias e exemplos, que deixam a perder de vista os cancioneiros em galaico-português, tão pobres de transposição imagística».110 No capítulo IV,111 depois de acentuar que o sermonário antoniano «sujeito a regras didácticas, era mais para uso dos pregadores do que para leitura corrente dos frades e clérigos do século XIII», tratava, ex-professo, da «imagética dos sermões de Santo António»: as parábolas e os símbolos da vida corrente; a vida como viagem; a simbologia do castelo; a simbologia das plantas e dos animais; a alegoria das abelhas; os cavalos do Apocalipse. No capítulo seguinte conduziu à ribalta, iluminado pelo foco da semelhança, o «Frei Paio de Coimbra, O.P. e as suas comparações».112 Ambos utilizaram os quatro processos de exegese bíblica sob influência da autoridade generalizada da Escola de S. Victor de Paris. Por sua vez, Frei Paio de Coimbra teria construido as comparações, quase sempre de inspiração bíblica, tomando como referência as alegorias e a simbologia Mariana; a cidade de Deus e a cidade do Diabo; as alegorias acerca da familia; a metáfora da viagem; a comparação entre as quadrigas de Deus e as quadrigas de Satã; e as exemplificações retiradas do mundo natural das plantas e dos animais. 107 Ibidem, pp. 355/6. 108 Ibidem, p. 361. 109 Ver adiante, ‘Referências Bibliográficas’. 110 Mário Martins, Alegorias, Símbolos e Exemplos …, p. 10. 111 Ibidem, pp. 37-66. 112 Ibidem, pp. 67-99. xxxi Mário Martins resolveu brindar-nos com um excelente estudo sobre a presença da Bíblia nalgumas obras literárias da cultura medieval portuguesa, escusando-se com muita graça, do seu potencial completamento: «Ora, um livrinho de cem páginas, mas com uma envergadura de três séculos, não pode levar tudo, à maneira da Arca de Noé».113 Nem, por isso, pôde escusar-se a incluir na sua ‘arca’ um belo par de sermonários. E assim, no capítulo terceiro dedicado à ‘pregação no século XIII’, esquadrinhava a ‘flexibilidade maravilhosa da Bíblia’ nestes «pregadores de raça», que se serviam dela «cada um à sua maneira»: a de Santo António; e a de Frei Paio de Coimbra.114 Mário Martins assim comparava os dois pregadores mendicantes: «Já se vê, cada qual tinha o seu estilo e até o assunto impunha uma utilização escriturística diferente. Sto. António e Frei Paio de Coimbra, cada um deles pregava a seu modo».115 E podemos acrescentar. Da leitura atenta dos dois sermonários saltam à vista que ambos pregavam movidos pelos ideais evangélicos da espiritualidade franciscana e da espiritualidade dominicana. Maria Cândida Pacheco constatou que «a impregnação bíblica é primordial nos dois autores e é sensível a busca dum sentido prático de edificação. A linha dominante é, em Frei Paio, a da fundamentação; em St. António a da interpelação directa, ainda que por mediação».116 Da ‘fundamentação’, no mestre dominicano, porque ele anseia, pelo entendimento do mistério da fé, construir o esteio seguro da doutrina contra a ‘pravitas heretica’. Da ‘interpelação directa, por mediação’, no pregador franciscano, pois ele apregoa constantemente a conversão da vontade orientada pelos ensinamentos e pelos conselhos do Evangelho. E conclui a medievalista: «vectores diversos que são complementares nos dois autores e que talvez correspondam às inspirações fulcrais das duas Ordens Mendicantes».117 Na verdade os ‘vectores são diversos, mas complementares’: as duas Ordens nasceram para reformar a Igreja e combater a heresia, não pela violência física e pelo autoritarismo da palavra, mas pela pregação sem querelas, e pelo exemplo da vida de pobreza evangélica.118 113 A Bíblia na Literatura Medieval Portuguesa, III – A pregação do século XIII, (pp. 18-19). 1 – S. António de Lisboa, (pp.19-31); 2 – Frei Paio de Coimbra, (pp. 31-41). 114 Ver adiante, ‘Quadro A – Distribuição da frequência…’, pp. lxvii, lxviii. 115 Ibidem, p. 19. 116 Cf. Maria Cândida Monteiro Pacheco, Exegese e pregação em St. António de Lisboa e Frei Paio de Coimbra, p. 7. 117 Ibidem. 118 Cf. Fr. António do Rosário, Primórdios Dominicanos em Portugal, p. 28: ‘S. Domingos e seus Companheiros são constituídos pregadores apostólicos na diocese de Tolosa (1215)’ - «In nomine Domini nostri Ihesu Christi. Notum sit omnibus presentibus et futuris quod nos, F., Dei gratia tolosane sedis xxxii Entre os Frades Pregadores, a primazia era dada ao estudo preparando o anúncio do Evangelho mediante a pregação doutrinal.119 Este é o lema da vida religiosa da Ordem dos Pregadores, que Tomás de Aquino haveria de consagrar na Suma Teológica: «Comunicar aos outros o fruto da própria contemplação» – Contemplata aliis tradere.120 Entre os Frades Menores, era prioritária a vida exemplar na pobreza evangélica, na obediência à hierarquia da Igreja.121 Para o religioso minorita, a pregação moral de exortação à penitência,122 era apenas um complemento do exemplo de vida evangélica. Apelando ao carácter pessoal do estilo de S. António e Frei Paio, Mário Martins colhe deste modo as diferenças: «O dominicano, após o texto bíblico com que abria os seus panegíricos, ia narrando, ponto por ponto, a vida e milagres dos santos. E a Bíblia minister humilis, ad extirpandam hereticam pravitatem et vicia expellenda et fidei regulam edocendam et homines sanis moribus imbuendos, instituimus predicatores in episcopatu nostro fratrem Dominicum et socios eius, qui in paupertate evangelica, pedites religiose proposuerunt incedere et veritatis evangelice verbum predicare…». Cf. Fr. Pedro Ferrando, Legenda de S. Domingos, 13, pp. 14-15. 119 Cf. Fr. António do Rosário, Primórdios Dominicanos em Portugal, p. 28: ‘S. Domingos e seus Companheiros são constituídos pregadores apostólicos na diocese de Tolosa (1215)’ - «In nomine Domini nostri Ihesu Christi. Notum sit omnibus presentibus et futuris quod nos, F., Dei gratia tolosane sedis minister humilis, ad extirpandam hereticam pravitatem et vicia expellenda et fidei regulam edocendam et homines sanis moribus imbuendos, instituimus predicatores in episcopatu nostro fratrem Dominicum et socios eius Cf. Orden de Predicadores, Constitución fundamental: «§ II. - Así pues, la Orden de Predicadores, fundada por Santo Domingo, «fue instituida específicamente desde el principio para la predicación y la salvación de las almas», (Constituciones primitivas, prólogo). Por lo cual, nuestros frailes, de acuerdo con el propósito del fundador, «compórtense en todas partes virtuosa y religiosamente como quienes desean conseguir su propia salvación y la del prójimo; y sigan, como varones evangélicos, las huellas de su Salvador, hablando con Dios o de Dios en su propio interior o al prójimo», (Constituciones primitivas, distinción 2', cap. 31). Disponivel na WWW: <http://test.op.org/es/node/56>. Cf. Jean-Pierre Renard, La formation et la désignation des prédicateurs au début de l’Orde des Prêcheurs (1215-1237)¸ Chap. deuxieme: ‘Prévileges de l’Orde des Prêcheurs en matière de prédication’, pp. 61-73. 120 Summ Theologiae, IIa IIae, q. 188, art.6: «Sicut enim maius est illuminare quam lucere solum, ita maius est contemplata aliis tradere quam solum contemplari». 121 Cf. Regula Bullata, [Caput I]: «In nomine Domini, incipit vita Minorum Fratrum: 1. Regula et Vita Minorum Fratrum haec est, scilicet Domini nostri Jesu Christi sanctum Evangelium observare vivendo in obedientia, sine proprio et in castitate. 2. Frater Franciscus promittit obedientiam et reverentiam domino papae Honorio ac successoribus eius canonice intrantibus et Ecclesiae Romanae. 3. Et alii fratres teneantur fratri Francisco et eius successoribus obedire». ( ... ) [Caput IX] «De praedicatoribus. 1. Fratres non praedicent in episcopatu alicuius episcopi, cum ab eo illis fuerit contradictum. 2. Et nullus fratrum populo penitus audeat praedicare, nisi a ministro generali huius fraternitatis fuerit examinatus et approbatus, et ab eo officium sibi praedicationis concessum. 3. Moneo quoque et exhortor eosdem fratres, ut in praedicatione, quam faciunt, sint examinata et casta eorum eloquia (Cfr. Ps 11,7; 17,31), ad utilitatem et aedificationem populi, 4. annuntiando eis vitia et virtutes, poenam et gloriam cum brevitate sermonis; quia verbum abbreviatum fecit Dominus super terram (cfr. Rom 9,28). Disponível na WWW: <http://www.franciscanos.org/esfa/omfa.html#regb>. 122 Cf. Fr. Leo, Fr. Rufinus, Fr. Angelus, Legenda trium sociorum, cap. X, par. 36, 2: «Consideremus, inquit (Franciscus), fratres carissimi vocationem nostram qua misericorditer vocavit nos Deus, non tantum pro nostra sed pro multorum salute, ut eamus per mundum exhortando omnes plus exemplo quam verbo ad agendam poenitentiam de peccatis suis et habendam memoriam mandatorum Dei». Cf. Thomas de Cellano, Vita Prima, cap. 10, par. 23,1. Cf. também Jean-Pierre Renard, La formation et la désignation des prédicateurs …, ‘d) François d’Assise’, pp. 57-60. xxxiii adaptava-se depois a cada um destes passos hagiográficos. Por seu lado, Sto. António, mais do que Frei Paio, transformou tudo numa pradaria bíblica e moral, com animais e plantas da Sagrada Escritura interpretados simbolicamente, à maneira dos ‘bestiários’ de então».123 E, mais à frente, no segundo parágrafo dedicado ao mestre dominicano, conclui: «No frade pregador, Frei Paio, achamos a mesma simbologia, mas com menor domínio das fontes bíblicas124 e da história natural».125 É inegável o valor destas conclusões, fruto de um trabalho meritório de análise literária sobre os dois sermonários, um dos quais, encarcerado num códice medieval do século XIII, aspirava pela acção libertadora da sua edição crítica. Fica entretanto certificado pela análise textual como se pode mais à frente, que as fontes literárias das autoridades sagradas e profanas eram comuns, e a frequência de utilização é correspondente na intensidade.126 É igualmente incontroverso que as diferenças detectadas provêm do talento de cada autor na aplicação das regras da oratória sagrada, segundo o espírito de missão de cada uma das instituições religiosas em que professaram. Sirva-nos de exemplo o esquema comparativo entre os sermões que cada um deles dedicou ao tema da ‘Anunciação da Virgem Maria’: A – S. António de Lisboa, ‘Sermones Dominicales et Festivi’, III, pp. 151-158:127 ‘In Annuntiatione Sanctae Mariae’. 1. De Gabrielis ad Virginem missione (Lc 1,26-30). 2. De conceptione dominicae annuntiatione (Lc 1,31-33). 3. De Spiritus Sancti superventione (Lc 1,34). 4. Sermo moralis (Lc 1,26-34). 5. Sermo allegoricus (III Reg 19,11-12). 6. Sermo moralis (III Reg 19,11-12); 123 A Bíblia na Literatura Medieval Portuguesa, pp. 19-20. 124 A expressão de Mário Martins «menor domínio das fontes bíblicas» é tributária da névoa de lacunas, siglas e citações sincopadas da S. Escritura no códice portador da «Summa Sermonum». A frequência das citações bíblicas no sermonário de Frei Paio é deveras notável: total de 5.072. Ver adiante os quadros de frequência e a leitura comparada dos mesmos, pág. lxvii a lxx. 125 A Bíblia na Literatura Medieval Portuguesa, p. 31. 126 Ver adiante, ‘Quadro A – Distribuição da frequência dos lugares bíblicos’. 127 Este sermão foi objecto de estudo do Prof. Giovanni Leonardi, «Fedeltà al testo evangélico e alla vita nell’hermeneutica bíblica di S. Antonio», in Atti del Congresso Internazionale di Studio sui ‘Sermones’ di S. Antonio di Padova: 4.2. ‘Sermone festivo sull’Annunziazione della beata Maria’, III, pp. 332-337. xxxiv B – Frei Paio de Coimbra, ‘Summa Sermonum’, pp. 294-311: 1. ‘Incipit sermo primus in festo Dominice Annuntiationis’ (Ps 18,3) – ‘Verbum Dulce’. 2. Sermo II (Is 6,13) - ‘Semen sanctum’. 3. Sermo III (Ps 86,5) - ‘Christus homo et Deus’. 4. Sermo IIII (Ecl 1,7) - ‘Maria dicitur mare’. 5. Sermo V, (Io 16,28) - ‘Filius exiuit a Patre’, ‘Deus quare uenit in mundo’. 6. Sermo VI, (Sir 24,12) - ‘Etas mundi’, - ‘Requieuit Christus in Virgine’. 7. Sermo VII, (III Reg 8,12), - ‘Deus ubi habitat’, ‘Maria dicitur nebula’. 8. Sermo VIII, (Os 2,14) - ‘Solitudo appetenda’. 9. Sermo IX, (Lc 1,31), - ‘Saluat Deus homines’. 10. Sermo X, (Cn 8,1), - ‘Regine quinque’. 11. Sermo XI, (Ps 45,5), - ‘Maria dicitur ciuitas’, ‘Spiritus Sanctus dicitur lumen’, ‘letitia Marie’. É legítimo perguntar igualmente pelos motivos ou pelos objectivos pretendidos. S. António diz claramente no prólogo que, a pedido dos seus confrades, ajuntou os sermões – colligens concordavi128, como Rute, a moabita, recolhia as pobres espigas deixadas para trás nas searas de Booz.129 Antes da doxologia cristológica que finaliza o prólogo, o pregador franciscano propõe aos seus formandos algumas estratégias de motivação dos leitores e dos auditores – ne verbum Domini, in animarum suarum periculum, eis veniret in contemptum et fastidium.130 Os sermões prestavam-se, pois, à leitura piedosa dos religiosos, mas destinavam-se principalmente à formação de pregadores.131 O medievalista Giovanni Leonardi afirmou que os destinatários directos dos ‘Sermones’ eram os alunos da sua escola teológica e os pregadores da Ordem dos Menores, o que comprovou nestes termos: «Come Antonio dice nelo stesso prologo, destinatari diretti sono i frati francescani: sia i predicatori, sia anche gli alumni della scuola teologica e futuri predicatori, perchè allora la teologia, non ancora divenuta una 128 Sermones Dominicales et Festivi, prologus, 5, p. 5: «sed precibus et caritate fratrum, qui me ad hoc complebant, devictus, collingens concordavi». 129 Rut 2,3-7. 130 Ibidem, p. 6: «para que a palavra de Deus, com dano das suas almas, não lhes merecesse desprezo e enfado…». 131 Esta é a opinião generalizada, em consonância com a ‘Legenda Assidua’, diz Henrique Rema, em nota nº 35 do ‘Prologus’ dos Sermones Dominicales, p. 5. xxxv scienza in sensu stretto,132 era insegnata in maniera retórica; cio appare anche da accenni ai predicatori, specie nel prologo dei singoli sermoni, e dal fatto che riprende spesso i costumi degli stessi prelati e chierici. È questo il motivo per cui quello di Antonio appare un discorso dotto, scolastico, scritto, e che spesso racchiude o dà spunti per più prediche al popolo, a seconda delle circonstanze».133 Mário Martins acentua, a seu talante, «que o sermonário de S. António, sujeito a regras didácticas, era mais para uso dos pregadores do que para leitura corrente dos frades e clérigos do século XIII».134 Passemos, entretanto, do exame histórico-literário para o estudo analítico da racionalidade filosófico-teológica. Os ‘Sermones Dominicales et Festivi’, como diz José Meirinhos, «podem, de facto, ser encarados como uma ‘suma moral’, em injunção permanente a uma vida virtuosa com um padrão de conduta orientado para a salvação, mas uma suma estruturada pelo quotidiano litúrgico (que fornece as leituras interpretadas) e não uma suma racionalizada, estruturada por questões, disputas e soluções».135 E prossegue: «Para além disso, os Sermões são sobretudo um exercício prático da arte de pregar, estruturalmente fundado na exegese bíblica e no uso combinatório das leituras dominicais».136 Na verdade o jovem Fernando Martins recebeu a sua formação humanística e teológica no mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Nas escolas dos cónegos regrantes de S. Agostinho pontificava então a teologia espiritual de Hugo de S. Victor,137 cuja doutrina sobre a contemplação se inspirava em S. Agostinho e em Dionísio Aeropagita.138 Segundo Hugo, é pelo amor que nos embrenhamos na ‘contemplatio’. O amor supera tudo aquilo que a ‘cogitatio’, a ‘meditatio’ e a ‘oratio’ possam oferecer à alma. S. António ao comentar a expressão do profeta Isaías (41,13) ‘apprehendens manum 132 Obs.: Este conceito tem-no já Frei Paio de Coimbra, como veremos adiante. Cf. Summa Sermonum, sermo VII in festiuitate sancti Andree apostoli, pp. 17-19. 133 Fedeltà al testo evangelico e alla vita nell’hermeneutica biblica di S. Antonio, p. 322. Cf. também José Francisco Meirinhos, S. António de Lisboa, escritor. A tradição dos ‘Sermones’, p.144. 134 Mário Martins, Alegorias, Símbolos e Exemplos Morais…, p. 37. 135 Santo António de Lisboa, escritor…, p. 145. 136 Ibidem. 137 Obs.: O Catálogo dos Códices da Livraria de Mão do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra na Biblioteca Pública Municipal, (Coordenação de Aires Augusto do Nascimento e José Francisco Meirinhos, Porto, 1997, refere, nas páginas 109-110, o códice, em letra gótica do início do séc. XIII, ‘Santa Cruz 16, Nº geral 40’, a obra de Hugo de S. Victor, «De Sacramentis christianae fidei», que era o compêndio de teologia das escolas monacais e catredalícias. 138 Cf. Battista Mondin, Storia della Teologia, vol. 2, pp. 138ss. xxxvi tuam’,139 descreve este desvelo amoroso de Deus como aquele amor que nos une ‘visceralmente’ a Ele. O amor de Deus é ‘amor materno’: «Sicut pia mater parvuli filii, nutantis ascendere sua manu manum apprehendit, ut post se ascendere possit, sic et Dominus manu pietatis apprehendit manum humilis poenitentis ut ascendere valeat per scalam crucis ad gradum perfectionis».140 É, graças a este amor, que ‘o pobre penitente’ se torna merecedor de contemplar a beleza do rosto de Deus em todo o seu esplendor: «ut aspectu desiderabilem, regem in decore suo, in quem desiderant angeli prospicere, (1Pd 1,12) mereatur cernere».141 A componente especulativa da contemplação é, para Hugo, fundamental. Por ela o homem percorre gradualmente os degraus da reflexão até atingir o cume da perfeição contemplativa. Deste modo, a Filosofia – sapientia inferior - encontra-se subordinada à Teologia – sapientia superior, «a qual tem Cristo como centro. Ele veio reparar a imagem da sabedoria divina, que em nós se encontrava ferida, orientando-a directamente para o nosso destino próprio».142 E, deste modo, filosofia e teologia, conjuntamente, conduzem a alma ao grau superior da contemplação mística, posto que o intellectus fidei não se esgota no conhecimento especulativo dos artigos da fé, mas conduz o homem à vida afectiva da experiência mística. S. António transmitiu às primeiras gerações dos Frades Menores a teologia de cunho monástico, na qual se enraizava a espiritualidade agostiniana dos cónegos regrantes de S. Vítor, que visava o estádio de oração e contemplação. Uma teologia, como ele diz no ‘Prólogo’, portadora do ouro mais precioso, recolhido pelo entendimento sagrado das divinas páginas – aurum optimum, quia ex textu divinae paginae ‘sacer intellectus’ elicitur.143 Uma teologia que é a mais excelente de todas as ciências – quia sicut aurum ceteris metallis, sic omni scientiae supereminet intellectus,144 que dá toda a garantia de inteligibilidade – litteras enim nescit qui sacras non novit,145 e na qual se alcança a plenitude da sabedoria – in quo est plenitudo totius 139 Sermones Dominicales …, prol. p. 3. 140 Ibidem: «Como a mãe piedosa toma na sua mão a mão do filho pequenino que se esforça por subir, a fim de que possa subir atrás dela, assim o Senhor, com a sua mão piedosa, toma a mão do penitente humilde para que possa subir pela escada da cruz ao mais alto grau da perfeição…» 141 Ibidem. «… e se torne merecedor de contemplar na sua glória o Rei desejável de aspecto, no qual os anjos desejam fixar o seu olhar». 142 Battista Mondin, Storia della Teologia, vol. 2, p. 138. 143 Sermones, prologus, p. 1. 144 Ibidem. 145 Ibidem, p. 1. xxxvii scientiae, quae sola scit scire, sola sicentes facere.146 Na verdade a espiritualidade franciscana não somente se alimenta da assimilação com Cristo, como aconteceu ao estigmatizado Seráfico Patriarca – Franciscus, alter Christus; mas também colhe da teologia ágape-cristológica victorina.147 António de Lisboa iniciou o processo de caracterização da espiritualidade franciscana que culminará na melíflua reflexão filosófico-teológica de Boaventura de Bagnoregio:148 a) «A Sagrada Escritura tem o objectivo de nos tornar bons e de nos elevar. Ora bem, tal não se pode conseguir pela pura consideração, mas pela inclinação da vontade. (…) Pois a afectividade é movida mais pelo exemplo do que pelos argumentos…», como nos é mostrado na bem organizada síntese teológica, o ‘Breviloquium’ (5.2).149 b) Deus é o horizonte para onde todo o homem deve inclinar a sua inteligência e ordenar a sua existência ‘in via’, isto é, o seu ‘Itinerarium mentis in Deum’.150 c) «A Sabedoria divina ilumina perfeitamente todos os planos do conhecimento, segundo a modalidade de cada um. A ‘luz superior’ da teologia, a ‘luz interior’ da filosofia, a ‘luz inferior’ do conhecimento sensível, a ‘luz exterior’ do objecto fabricado, todas elas, são reconduzidas, ou reunidas na fonte donde emanam, a luz fontal absoluta que é Deus, o Pai de todas as luzes - ‘De reductione artium ad theologiam’ (cap. 1). 151 Frei Paio de Coimbra foi permeável a outras influências, as do movimento da teologia escolástica que se iniciava no exercício da especulação aristotélica. Na ‘Summa Sermonum’, ele utilizou várias vezes a expressão ‘secundum theologos’ para designar a autoridade teológica de Guilherme de Auxerre, autor da ‘Summa Aurea’ onde, pela primeira vez, é tratada a questão da teologia como ciência no sentido aristotélico, isto é, como ciência demonstrativa que parte de princípios ‘per se’ evidentes.152 A ‘Summa Aurea’ é uma colectânea de ‘questões’ teológicas distribuídas segundo o esquema 146 Ibidem, p. 3. 147 Cf. Battista Mondin, Storia della Teologia, vol., 2 ‘S. Bonaventura e la Scuola Francescana’, p. 282ss. 148 Vide Collegio San Bonaventura (Quarrachi). Opera Omnia. 1882-1902. (10 v.). Vide também Jacqueline Hamesse. Thesaurus Bonaventurianus. Louvain: CETEDOC, 1972-79. (3 v.). [1. Itinerarium Mentis in Deum. - 2. Breviloquium. - 3. Collationes de Septem Donis Spiritus Sancti]. 149 Citado por Paul P. Gilbert, Introdución a la Teologia Medieval, pp. 147-148. 150 Cf. Paul P. Gilbert, Introdución a la Teologia Medieval, p. 148. Ibidem, p. 149. 152 Vide infra: 2.4.2. A função racional da fé e a teologia como ciência. xxxviii programático do compêndio de teologia os ‘Quatuor Libri Sententiarum’ de Pedro Lombardo. Esta suma dourada de teologia, na qual mestre Guilherme associa à argumentação dialéctica anselmiana a demonstração da lógica aristotélica, foi acolhida, sem demora e entusiasticamente, nos Estudos Gerais dominicanos de Paris, Toulouse e Bolonha.153 A escola dominicana do convento de Coimbra também a recebeu graças à autoridade doutrinal do seu primeiro mestre Frei Paio, o Pequeno.154 É, precisamente, o pendor aristotélico intelectualista que caracteriza o estilo e modela a personalidade literária de Frei Paio de Coimbra, diferenciando-o do pregador franciscano S. António de Lisboa. O mestre coimbrão, ao aceitar a autoridade de Guilherme de Auxerre, como veremos adiante, colhe na metafísica do Estagirita as formas mais apropriadas para o entendimento dos mistérios da fé - o ‘intellectus fidei’, e deste modo, cimentar o vigor probatório da doutrinação dos fiéis e do combate apologético contra a ‘heretica prauitas’. Enquadra-se, deste modo, no movimento que transportará a Escolástica ao esplendor máximo, criando as condições para o aparecimento das obras de referência, como a ‘Summa Theologiae’ e a ‘Summa contra Gentiles’ de S. Tomás de Aquino.155 153 Foi Gerardo de Cremona, discípulo de mestre Guilherme, o primeiro mestre dominicano a utilizá-la na Universidade de Paris, e logo a seguir na de Toulouse. Cf. Marie-Humbert Vicaire, OP, Dominique et ses prêcheurs, Cap. 5 – ‘Roland de Crémone ou la position de la théologie a l’Université de Toulouse’, pp. 75-100. 154 Cf. Francisco da Gama Caeiro, «Os primórdios dos Frades Pregadores em Portugal. Enquadramento histórico-cultural», in Actas do II Encontro sobre História Dominicana, Arquivo Histórico Dominicano Português, vol. III, Porto 1984, p. 164: «a obra sermonária do teólogo e pregador dominicano deverá ser integrada nas correntes de ideias teológicas e de exegese, nas filiações doutrinais, nas orientações parenéticas que dimanam do centro universitário parisiense». 155 Cf. ‘Corpus Thomisticum’ – S. Thomae de Aquino, Opera Omnia. Disponível na WWW: http://www.corpusthomisticum.org/iopera/html xxxix 1.4. O CONTEXTO HISTÓRICO: POLÍTICO, RELIGIOSO E CULTURAL 1.4.1. A ‘Época III’ da história da Igreja (1050-1300) - O apogeu da Igreja na segunda metade da Alta Idade Média156 O significado profundo da expressão ‘história da Igreja’ só poderá ser compreendido com base nestes princípios de racionalidade teológica: 1º. Que o pressuposto e fundamento da história da Igreja reside na existência histórica de Cristo, Deus e Homem, e da historicidade da sua Igreja. 2º. Que, desde o princípio, a Igreja recebeu como mandamento a missão de prosseguir a obra redentora do Filho de Deus, feito Homem, através da sua Palavra e do seu ‘sacramento’, penetrando e recuperando o mundo em Cristo e para Cristo. 3º. Que o mistério mais profundo da Igreja reside na identidade com o seu próprio Fundador. É através da Igreja que Cristo está connosco, permanentemente vivo, em todos os tempos e em todos os povos, de forma sempre renovada. É por ela que Jesus Cristo realiza a sua obra na economia da salvação pré-anunciada, que Ele iniciou na sua vida histórica terrena, que culminará na sua vinda futura no tempo escatológico ou da consumação.157 Frei Paio de Coimbra viveu num tempo já próximo do apogeu da Igreja na Idade Média. No período ou fase inicial, decorreu o emprendimento da reforma monástica de Cluny, dentro da própria comunidade cristã, libertando a Igreja da ingerência dos senhores feudais e garantindo-lhe a liberdade espiritual no cumprimento da sua missão religiosa. Ocorreu, logo a seguir, a reforma gregoriana e, cumulativamente, a questão das investiduras. O conceito da Libertas Ecclesiae,158 já levado à prática pela vontade autonómica dos Beneditinos de Cluny ao recusarem a ingerência dos bispos e dos senhores feudais nos seus mosteiros, tornou-se o lema de Gregório VII. O Papa reclamou para a Igreja o exercício dos direitos positivos que lhe pertenciam, contrariando a abusiva ingerência do poder secular nos assuntos eclesiásticos, principalmente a 156 Cf. August Franzen, Breve História da Igreja, Ed. Presença, Lisboa 1996, pp. 192-239. Cf. Joseph Lortz, Historia de la Iglesia, I e II, Ed. Cristiandad, Madrid 2008. Cf. Ludwig Hertling, S.I., Historia de la Iglesia, Ed. Herder, Barcelona 1989. 157 Cf. August Franzen, Breve história da Igreja, pp. 11-18. 158 Cf. Frei Paio de Coimbra, Summa Sermonum¸sermo 87, Vus in festiuitate sancti Siluestri: «… sed imperator christianissimus <Constantinus> effectus leges securitatis huiusnmodi promulgauit…», p. 136, f. 33r. xl investidura laica exercida pelos reis, pelos príncipes e pelos nobres, pela qual concediam bispados e abadias a seu bel-prazer, explorando-os escandalosamente a troco de benefícios financeiros (simonia). Afirma o historiador A. Frauzen que o papa Gregório vII «deduziu (teoricamente) o domínio da Igreja sobre o Estado a partir da superioridade do espiritual sobre o material. No seu famoso Dictatus Papae (1075) fixou em 27 proposições o futuro programa político dos Papas. Baseou a exigência da hegemonia universal dos Papas no testemunho da doação de Constantino, entendido como autêntico».159 Partindo da convicção de que só há um senhor da Cristandade, Cristo, os teólogos e juristas da época gregoriana forjaram a teoria das ‘duas espadas’ a partir da exegese, por acomodação simplista, do texto de S. Lucas, 22,38: Domine, ecce gladii duo hic, e concluíram que as duas espadas, ou poderes de execução da justiça, teriam sido entregues directamente por Ele à sua Igreja. A excomunhão era a espada do poder espiritual que competia à Igreja. A outra espada, a do poder da execução judicial secular, era cedida pelo Papa ao Imperador, para que a empunhasse em nome e para defesa da Igreja. Confrontando-se com estes pressupostos de unilateralidade eclesial, o imperador Frederico I, Barba-Ruiva (1152-1190), procurou recuperar, pela força das armas, a hegemonia do poder imperial. Instalou-se, então, nova luta entre o imperador e o papa Alexandre III (1159-1181), que acarretou graves dissabores à Cristandade e a excomunhão do Imperador. Alguns anos mais tarde, o poderoso papa Inocêncio III alcançava a hegemonia senhorial sobre todos os reinos cristãos da Europa Ocidental160 ao criar um sistema feudal bem organizado. As lutas entre o Imperium e o Sacerdotium continuaram até ao paroxismo da altercação entre o papa Bonifácio VIII (1294-1303), que na Bula Unam Sanctam (1302) declarava a supremacia religiosa e política do papado, e o rei de França Filipe, o Belo (1285-1314), que respondia à excomunhão com o encarceramento do Papa em Agnani (1303). Aniquilava, desta forma, a pretenção de supremacia política do seu rival. Deixou marcas profundas na Comunidade Cristã medieval, este debate dos 159 August Franzen, Breve história da Igreja, p. 201. 160 Em 1054 tinha-se dado o grande cisma da Igreja Oriental, que dividiu os cristãos em duas obediências. Esta ocorrência divisionista lamentável parece ter sido motivada mais por trágicos malentendidos, por erros humanos, do que pela questão teológica do ‘Filioque’. Miguel Cerulário, patriarca de Constantinopla, apenas excomungou os Emissários ocidentais, mas não os Cristãos ocidentais, nem a Santa Sé que, na verdade, se encontrava na situação de ‘sede vacante’ por morte do papa Leão IX, em 19 de Abril de 1054. Entretanto o equívoco permaneceu, a divisão consolidou-se, e o cisma mantem-se até hoje, apesar das várias tentativas de união. (Cf. August Franzen¸Breve História da Igreja, pp. 203-205). xli dois poderes. Por um lado, a Igreja concorreu para o nascimento duma nova consciência de comunidade no ocidente cristão: a Respublica Christiana. Por outro, porém, iniciouse a desacralização do poder temporal, isto é, a ‘secularização’ da política: definia-se cada vez com maior nitidez a linha de separação entre os clérigos e os leigos, entre o sagrado e o profano e, definitivamente, punha-se termo à supremacia universal do poder teocrático do Papado. Nesta conjuntura histórica da hegemonia feudal da Santa Sé, o papa Alexandre III, pela bula Manifestis probatum de 1179, concedia a autonomia e reconhecia a independência da Nação Portuguesa. Mais tarde, em 1245, Inocêncio IV exerceria o poder de suserania sobre Portugal, retirando a administração do reino a D. Sancho II, considerado rex inutilis no concílio de Lion, em Julho desse mesmo ano, face às acusações dos bispos e dos nobres portugueses. Outros factores, para além das motivações sócio-políticas deste período da história europeia, influenciaram mais directamente a ‘alma’ e o ‘animus’ da Comunidade Cristã, provocando o advento dum novo espírito no Ocidente. Muitos homens e mulheres, desejosos da vida de perfeição, renunciavam aos prazeres mundanos e seguiam os conselhos evangélicos de probeza, obediência e castidade nas várias formas do monaquismo e da vida ascética. Os próprios leigos respondiam a um impulso irresistível da prática penitencial nas peregrinações à Terra Santa e aos santuários apostólicos: os túmulos de S. Pedro, em Roma, e de Santiago de Compostela, na Galiza. Propagava-se com grande entusiasmo o movimento das Cruzadas cujo ideal, no início, inteiramente religioso, depressa se deixou envolver pelo ardor bélico dos cavaleiros medievais, cujos desmandos desvirtuaram gravemente os propósitos cristãos. Os aspectos negativos das Cruzadas não podem, contudo, encobrir as mais-valias culturais e económicas para as nações do Ocidente cristão. August Franzen afirma, conclusivamente, que «as Cruzadas reforçaram tremendamente a consciência da comunidade do Ocidente, alargaram os horizontes europeus e fomentaram o desenvolvimento científico, através dos encontros com as culturas bizantina e oriental, mas, sobretudo, com a cultura islâmica. Iniciou-se uma troca intensa de bens civilizacionais e económicos. O esplendor da Filosofia e da Teologia Escolástica jamais teria acontecido sem este encontro com o Oriente».161 161 Breve História da Igreja, p. 217. xlii As Cruzadas proporcionaram também o contacto mais alargado com as raízes do Cristianismo, ‘in loco’, transformando a ‘peregrinatio’, de devoção individualizada em movimento comunitário. A peregrinação, assim facilitada, promoveu a imitação da pobreza de Cristo e dos Apóstolos e a divulgação itinerante da mensagem evangélica. Simultaneamente, o rápido florescimento das cidades medievais produzia uma população economicamente independente e autoconfiante, graças às mais-valias do intercâmbio de culturas e das trocas comerciais. Criaram-se as condições favoráveis do modo de vida abastado dos mosteiros e de muitos bispos (que também eram senhores feudais), principalmente nos países da Europa Central, que fizeram eclodir os movimentos contestatários heréticos e anticlericais, com a sua cadeia de fortes tensões e trágicos confrontos. Nesta sociedade cristã, em que o religioso se entrelaçava com o temporal e o clerical com o político, os ‘hereges’ eram olhados como desestabilizadores da sociedade e revolucionários políticos. Eis a razão porque o tribunal da Santa Inquisição assumia, simultaneamente, a função da reordenação religiosa e social. Também a infidelidade ao ideal evangélico dos eclesiásticos mais devotados aos interesses materiais provocou uma tensão dramática no interior da Igreja e pôs em causa a sua unidade. A prática quotidiana mostrava que a paz jamais poderia ser restabelecida pela autoridade prepotente do magistério, ou pela coação bruta do braço secular. A paz interna da Igreja requeria uma profunda reforma da vida cristã mediante o exemplo da pobreza e da humildade, e da pregação do Evangelho. Providencialmente emergiram as duas grandes Ordens Mendicantes. Por volta de 1206 um jovem burguês da cidade de Assis, Francisco (Govanni di Bernardone), filho do abastado e avarento comerciante Pedro Bernardone, da família dos Moriconi, despertava para o ideal da pobreza evangélica, ao serviço da Igreja. Contam os seus biógrafos que, calcurreando o jovem Francisco as estreitas ruas da cidade de Assis, entrou na pequena igreja de S. Damião que ameaçava ruína, «começou a orar fervorosamente diante da imagem do Crucifixo, o qual bondosamente lhe falou: xliii - Francisco, não vês que a minha casa se destrói? Vai, pois, e restaura-a para mim».162 E o ‘Poverello’ de Assis respondeu ao chamamento, convidando os homens à conversão pelo exemplo da pobreza, da humilda e da alegria. Por esse mesmo tempo, o cónego regrante Domingos de Gusmão, acompanhava D. Diogo, bispo de Osma, em missão diplomática ao serviço do rei de Castela, constatavam a existência de povos ainda não evangelizados nas regiões nórdicas da Europa, e a laceração religiosa provocada pelas heresias na Provença e no norte da Itália. Domingos rodeou-se, então, de irmãos sacerdotes e dedicou-se à conversão dos herejes pela pregação e pelo exemplo da pobreza. Como diz Jordão de Saxónia no ‘Libellum’: «o bispo de Toulouse, Fulco, de feliz memória, que amava ternamente o ‘amado de Deus e dos homens’, Frei Domingos, vendo a graça e a piedade dos seus frades e o fervor da sua pregação, entusiasmado com o aparecimento daquela nova luz, concedeu-lhe, com a aprovação de todo o seu Cabido, o sexto de todos os dízimos da sua diocese, com que poderiam prover-se de livros e de tudo o necessário para o seu sustento»,163 constituindo-os assim pregadores apostólicos da diocese.164 A Igreja podia contar, agora, com dois movimentos reformadores autenticamente evangélicos: a Ordem dos Frades Menores – fratri minores, e a Ordem dos Pregadores – fratri praedicatores. O papa Inocêncio III aprovou o seu modo de vida. O Concílio Lateranense IV (1215)165 mandatou-os pregadores do Evangelho e reformadores da Igreja, pois neles reconhecia as duas linhas de combate - Castra Dei-166 sempre prontas para defender a Igreja e a doutrina cristã. 162 Legenda Trium Sociorum, cap. v, 13.7: «Quam ingressus coepit orare ferventer coram quadam imagine Crucifixi, quae pie ac benigne locuta est ei dicens: “Francisce, nonne vides quod domus mea destruitur? Vade igitur et repara illam mihi” ». 163 Opúsculo sobre as origens da Ordem dos Pregadores, (Libellum), 39, p. 28. 164 «Notum sit omnibus presentibus et futuris quod nos, F(ulcus), Dei gratia tolosane sedis minister humilis, ad extirpandam hereticam pravitatem et vicia expellenda et fidei regulam edocendam et homines sanis moribus imbuendos, instituimus predicatores in episcopatu nostro fratrem Dominicum et sociorum eius, qui in paupertate evangelica, pedites religiose proposuerunt incedere et veritatis evangelice verbum predicare… Datum anno Verbi incarnati M CC XV….. F. tolosano episcopo». Texto in Laurent, Historia diplomatica S.P.N. Dominici, Paris, Vrin 1933. Citado por António do Rosário, Primórdios… p. 28. 165 Durante o IV Concílio de Latrão, inaugurado em 1215, Francisco e Domingos encontraram-se na cidade de Roma e se tornaram amigos e paladinos da mesma missão apostólica. Segundo reza a tradição, Inocêncio III, depois de ter aprovado o modo de vida das duas instituições religiosas, teve o sonho premunitório no qual via os dois santos fundadores sustentando com os ombros a basílica de S. João de Latrão, que ameaçava ruína. 166 Cf. Summa Sermonum, sermo 345, primus in festiuitate sancti Michaelis Archangeli, pp. 580-587, ff. 149v-151v. xliv 1.4.2. Sessenta anos de crise no reino de Portugal (1190-1250)167 A vida de Frei Paio de Coimbra decorreu dentro de um longo período de crise social e política do reino de Portugal que o historiador José Mattoso expressivamente denominou: ‘Sessenta anos de crise: 1190-1250’. Tratava-se da crise duma nação na primeira fase de crescimento, tentando afirmar-se autonomamente em confronto com a autoridade política do território de que se desprendia, e organizar-se politicamente à volta do seu monarca, ao mesmo tempo que alargava a reconquista cristã na direcção Sul do território. O papa Alexandre III, pela Bula ‘Manifestis probatum’ de 23 de Maio de 1179, tinha ratificado a soberania do reino de Portugal por razão das boas lides do rei D. Afonso Henriques em favor da causa cristã: «É sabido que como bom príncipe católico, tendes feito vários serviços à Igreja, destruindo com muita bravura os inimigos dos Cristãos, aumentando a fé católica por muitos trabalhos de guerra. Confirmamos Portugal com inteira honra e dignidade de reino».168 Entretanto, no ano de 1189, seu filho e sucessor D. Sancho I, com a ajuda da armada dos Cruzados fundeada no porto de Lisboa, a caminho da Terra Santa, conquistava Alvor, Silves e Albufeira na costa algarvia, denominando-se desde então ‘Rei de Portugal e dos Algarves’. Porém, logo em 1190 e 1191, os Almóadas, comandados por Almansor, atacavam as posições portuguesas de Torres Vedras, Tomar, Alcácer, Palmela e Almada, deixando novamente as cidades de Lisboa e Santarém ao alcance das investidas dos muçulmanos. Paralelamente, o rei D. Sancho I travava uma luta contínua contra os cristãos do reino de León, para defender e consolidar as fronteiras da região de Trás-os-Montes e da Beira Interior. Durante um período de quase duas décadas (11921210), Portugal seria assolado por períodos calamitosos de fomes e pestes, como consequência do impacto negativo do estado de guerra permanente numa economia exclusivamente agrícola. De qualquer modo, o Rei procurava remediar a má conjuntura, praticando uma política de repovoamento das regiões mais estratégicas e concedendo 167 Cf. José Mattoso, «Sessenta anos de crise (1190-1250» em «O triunfo da Monarquia», História de Portugal, Segundo Volume, pp. 95-133; 134-163. - Bernardo Vasconcelos e Sousa, «A monarquia entre a guerra civil e a consolidação (século XIII)», in História de Portugal, (coordenação de Rui Ramos), (2009), I parte, cap. 2, pp. 49-77. – Hermenegildo Fernandes, D. Sancho II, Tragédia, Circulo de Leitores, (2006). - Alexandre Herculano, História de Portugal, tomo II, Desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III. (Lisboa 1980). – Ruy de Pina, Chronica de D. Sancho II, (1728). 168 Esta Bula é a ‘Magna Carta’ de Portugal como nação livre e independente. Cf. Lisboa, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Casa Forte. Bulas, maço 16, doc. 20. xlv doações e outros benefícios aos colonos francos e flamengos. D. Sancho I tomou medidas em prol da cultura do seu reino. Criou bolsas de estudo para os jovens que estudavam Direito em Bolonha, Medicina em Mompilher e Teologia em Paris. No ano de 1192, o rei doou 400 morabitinos ao mosteiro de S. Cruz de Coimbra para pagamento das despesas dos alunos enviados às escolas de França.169 Nos últimos anos do seu reinado, porém, contendeu com os nobres e com os bispos do Porto e de Coimbra. O confronto com a Igreja culminou com a excomunhão do Rei. Daqui resultou um clima de indefinição entre o poder régio e o poder eclesiástico. Finalmente no ano de 1210, D. Sancho I reconciliava-se com os bispos. No seu testamento, isentava o clero do serviço militar, excepto quando se tratasse de suster as investidas dos mouros, e outorgava garantias beneficiárias às princesas D. Teresa, D. Sancha e D. Mafalda. Em 26 de Março de 1211, morria o rei D. Sancho I, sucedendo-lhe o seu filho D. Afonso II. O novo monarca rodeou-se de legistas, como Julião Pais e Castro Mendes, que iniciaram uma nova política de centralização jurídico-administrativa, inspirada nos cânones do ‘Ius Romanum’. Proclamaram o primado da autoridade judicial do rei em desfavor dos senhores nobres. Defenderam a completa autonomia do poder real, regeitando a subordinação ao poder religioso da Igreja. A nova reforma era posta em prática pela chanchelaria régia, que passava assim, através de ‘inquirições’, a inventariar o cadastro dos bens da coroa, rectificando as usurpações abusivas dos ‘ricos homens’. Para esse efeito, foram emitidas as ‘cartas de confirmação’ que ratificavam todas as doações e benefícios régios anteriormente concedidos, porém sujeitas ao pagamento de impostos, e nomeavam os alcaides dos castelos. Por fim, o Rei mandou publicar a ‘1ª Lei de Desamortização’, que proíbia aos abades dos mosteiros adquirir bens fundiários supérfluos. Estas últimas medidas provocaram uma guerra com Afonso IX de Leão, a quem haviam recorrido as Infantas expoliadas. Por outro lado, e por não ter cumprido a vontade testamentária de D. Sancho, o rei foi excomungado e o país interdito pelos juízes pontifícios. De tudo foi absolvido, posteriormente, pelo Papa.170 Na verdade o papa Honório III, pela Bula 169 Cf. Maria Emília Cordeiro Ferreira, «D. Sancho I», in Dicionário de História de Portugal, (Dir. de Joel Serrão) vol. V, p. 442. 170 Sobre a proibição das controversas leis penais do dominicano Frei Soeiro Gomes ver Alexandre Herculano, História de Portugal, tomo II, p. 309ss., com a ‘Nota final do volume, XIII’, de José Mattoso, pp. 597-601. xlvi ‘Manifestis probatum’ de 1218,171 enviada a D. Afonso II confirmava os privilégios concedidos ao reino de Portugal pelos papas anteriores, e colocava, novamente, o reino sob a protecção da Sé Apostólica. Frei Paio de Coimbra ‘floresceu’ durante o reinado de D. Sancho II, que sucedeu a D. Afonso II, aos 13 anos de idade.172 O jovem rei, só começou a governar efectivamente aos 14 anos, quando atingiu a idade da ‘robora’, ou maior idade.173 «Carregada e melancólica rompia a aurora do reinado de D. Sancho II»,174 não por ser ainda um jovem inexperiente, fragilidade que tinha sido bem acautelada no testamento de seu pai, nem apenas pelo seu carácter de brandura excessiva,175 mas pela ambição e intrigas do ‘partido senhorial’ (que apoiava o jovem rei D. Sancho II), contra o ‘partido monárquico’ dos ricos-homens, que tinham apoiado a política centralizadora do rei D. Afonso II.176 Logo em Junho de 1223, D. Sancho II mostrava o seu brando carácter ordenando as duas concórdias pelas quais a coroa restabelecia os direitos patrimonais de suas tias, as princesas D. Teresa, D. Sancha, D. Mafalda e D. Branca, e do arcebispo de Braga, D. Estêvão Soares da Silva, seu tutor; e mantendo nos seus postos os principais auxiliares da corte de seu pai. Continuou a politica de centralização do poder régio. Mas pioravam, cada vez mais, as relações com os nobres e a hierarquia da Igreja, que se mostravam mais interessados em manter os seus privilégios. O rei D. Sancho iniciou a fase final da reconquista do Alentejo e do Algarve por intermédio dos chefes das Ordens Militares. Os conflitos internos, porém, agravaram-se. Instalou-se a anarquia no seu reino.177 O 171 ‘Manifestis probatum’ de 11 de Janeiro de 1218: ANTT, Bulas, maço 27, nº 3. 172 Cf. José Mattoso, «Idade de Sancho II quando herdou a coroa», in História de Portugal, de Alexandre Herculano, tomo II, ‘Notas de fim de página’, XIV, pp. 601-603. A idade da ‘robora’ era, segundo o Direito Consuetudinário, os 14 anos, por analogia com a idade núbil do varão consagrada no Direito Canónico. Cf. Codex Iuris Canonici (CIC), “Margarita Decretalium”, vol. II, Index (circa finem): «aetas nubilis est quattuordecim in viro, duodecim in muliere». (Decretales Gregorii IX, De desponsatione impuberum. Puberes, 4.2.3). 174 Alexandre Herculano, História de Portugal, tomo II, p. 347. 175 Ruy de Pina, Chronica de D. Sancho ii, p. 2: «… em cujo coraçam nom houve ha verdadeyra fortaleza que pêra Rey era muy necessária, mas hoouve nelle sua pura simpreza, com que dezejou que seus Regnos, e Vassallos fossem regidos por ley de natureza, e por regras, e consellos de booa condiçam, sem outra prema, nem contradiçam de Lex, nem de alguum direyto positivo, y por esto na exequuçao nas cousas da justiça era muyto brando, e has nom provia, nem ponia, com aquele rigor e escarmento, que hás culpas, e crimes de homens requeriam, e por esta sua natural, e fraca incrinaçam…». 176 Cf. José Mattoso, História de Portugal, segundo volume, pp. 119-120. 177 Cf. Ibidem, pp. 127-128: «O quadro é descrito também numa carta do bispo do Porto ao capítulo geral dos Dominicanos realizado em Burgos em 1237, em que ele pedia a fundação de um convento da ordem na sua cidade (o que efectivamente veio a acontecer no ano de 1238): Porque andam levantados infinitos salteadores, que, sem temor de Deus, nem respeito dos homens, fazem dos mosteiros e igrejas dedicados ao culto e ao serviço de um só Deus covas de latrocínios, castelos de soldadesca, estrebarias de suas bestas, casa pública de mulheres infames e 173 xlvii jovem rei era incapaz de apaziguar a sociedade portuguesa. Segundo a opinião do autor anónimo da ‘IV Crónica Breve de Santa Cruz’, o rei «nom fazia justiça nem uma»,178 isto é, ele não era capaz de impor a ordem social e a equidade. No ano de 1245 tudo se precipitou. Em 4 de Fevereiro era tornada pública a ordem papal da separação de D. Sancho II e Dona Mécia Lopes de Aro. No mês seguinte, o rei era admoestado pela Bula Inter alia desiderabilia, na qual se mencionavam as queixas dos bispos e do povo. Em 24 de Julho, terminado já o concílio de Lion, D. Sancho II era considerado rex inutilis. Pela Bula Grandi non immerito, dirigida aos nobres senhores e ao povo, ao clero e às ordens mendicantes, e principalmente às quatro ordens militares, o príncipe D. Afonso, conde de Bolonha, era nomeado curador e defensor do reino de Portugal. Seguiu-se a inevitável guerra civil entre os homens do príncipe D. Afonso e o exército do rei. Inesperadamente, porém, privado da ajuda de Castela, abandonado pela maioria dos fidalgos aliados, humilhado, doente e infeliz, D. Sancho retirava-se para Toledo. Ali viria a falecer,179 pouco tempo depois de ditar o seu testamento, no dia 3 de Janeiro de 1248. Na sua desventura, D. Sancho II obteve o respeito do povo e o preito de lealdade dos cavaleiros de Trancoso;180 do alcaide de Celorico da Beira, D. Fernão Rodrigues Pacheco;181 e do alcaide da cidade de Coimbra, D. Martim de Freitas.182 Teve também a amizade de D. Afonso x, o Sábio, que interveio a seu favor na guerra civil contra o Bolonhês e, em língua galaico-portuguesa, denunciou a traição dos alcaides que, quebraram o juramento de fidelidade, entregaram os castelos do rei: «Nunca asi foi vendido / rei Don Sanch’en Portugal».183 perdidas. E, saquendo os caais e fazendas dos clérigos e lavradores, e até dos frades, matam à espada os mesmos caseiros diante dos altares, ou os queimam com os clérigos. E não bastam, para refrear tamanhas exorbitâncias, nenhunmas diligências de monitórios e excomunhões. Quem poderá ouvir sem muita dor, que chegam a arrebatar as crianças dos peitos das mães, e umas passam de estocadas, outras arrebentam nos penedos, outras afogam nos rios, se os pais, depois de roubados de tudo não acorrem a resgatá-las com alguma coisa de valia, por pouca que seja, ou com lágrimas e rogos?». 178 Citado em Ibidem, p. 130. 179 Ruy de Pina, Chronica de D. Sancho II, cap. XIII, p. 20: «El Rey Dom Sancho depois da segunda vez, que tornou ha Toledo nunca dahi mais se partio onde com sua vida, e costumes passados em grandes virtudes, e com sinaes de boom, e Catholico Cristam acabou sua vida em idade de corenta annos, na era de mil duzentos corente e sete annos, dos quaees Regnou vinte e quatro, asaber vinte e dous em Portugal, e dous estando em Castella, e seu corpo foy sepultado na Capella dos Rex da See de Toledo, que elle mandou fazer aa sua propria custa…» 180 Ibidem, cap. 9, pp.12-14. 181 Ibidem, cap. 10, p. 15. 182 Ibidem, caps. 11 e 12, pp. 16-18. 183 Cantigas de Santa Maria, cantiga 235: ‘Como gradecer bem-feito’. xlviii Frei Paio de Coimbra, assim o julgamos, também lhe prestou a sua homenagem e o reconhecimento da Ordem Dominicana, ao colocar na ‘Summa Sermonum’ um ‘Espelho do Príncipe’, de idade apropriada – etatis conuenientia, ornado das virtudes cristãs que melhor evocam o carácter bondoso e conciliador de El-Rei D. Sancho II.184 Nesta mesma data, sucedeu-lhe seu irmão D. Afonso III, titular legítimo do trono de Portugal, que governou com grande acerto e autoridade. O Bolonhês, completou a reconquista do Algarve e pacificou a sociedade civil, mantendo, no entanto, algumas desavenças com os bispos e a Santa Sé. Organizou a administração pública, transferindo paulatinamente os ‘serviços públicos’ para Lisboa, onde a Corte passou a residir mais demoradamente. Com ele, a monarquia triunfou: tinham sido criadas as condições para o feliz reinado do seu sucessor, o rei D. Dinis. 1.4.3. Nascimento e expansão da Ordem dos Pregadores.185 Conhecendo os efeitos nefastos para a Igreja, provenientes do movimento dos Cátaros no sul da França, Domingos de Gusmão propôs-se convertê-los pela pregação itinerante. Fundou a Ordem dos Pregadores, uma comunidade de sacerdotes, vivendo em rigorosa pobreza, e com uma finalidade bem definida: pregar a doutrina cristã para fortalecer a fé dos fiéis e converter os herejes. Este objectivo exigia uma boa formação teológica. Como narra a ‘Legenda Secunda’, no ano de 1216 depois de obtida a confirmação da sua Ordem pelo papa Honório III, estando S. Domingos a orar na 184 Ver adiante, 2.5.4. ‘As virtudes do príncipe cristão - Regis conuenientia’. 185 Cf. Monumenta Historica S.P.N. Dominici, tomo XVI, de ‘Monumenta Ordinis Fratrum Praedicatorum Historica’ (MOFPH), Institutum Historicum Fratrum Praedicatorum, Romae. Jordão da Saxónia, Libellus de principiis Ordinis Praedicatorum, trad.: Opúsculo sobre as origens da Ordem dos Pregadores, Secretariado Provincial (dos) Dominicanos, Fátima. Lorenzo Galmes & Vito T. Gomez (edit.), Santo Domingo de Guzman, BAC, Madrid, 1987. Frei Luis de Sousa, História de S. Domingos, 2 vols., Lello & Irmão, Ed., Porto, 1977. Fr. António do Rosário, «Primórdios Dominicanos em Portugal. Notas para o estudo da excelsa figura portuguesa de D. Fr. Sueiro Gomes, OP.(1217-1233)», in Bracara Augusta, VoI. XVIII-XIX, n° 41-42 (53-54). Braga 1965. Francisco da Gama Caeiro, «Os primórdios dos Frades Pregadores em Portugal.Enquadramento histórico-cultural», in Actas do II Encontro sobre História Dominicana¸tomo I, vol. II/1, Arquivo Histórico Dominicano Português, Porto 1984, pp. 161-173. M.- Vicaire, Histoire de Saint Dominique, 2 VoI., Cerf, Paris, 1957. W. A. Hinnebusch, O.P., Breve História da Ordem dos Pregadores, Figueirinhas / Secretariado da Família Dominicana, Porto, 1985. Angelus Maria Waltz, Compendium historiae Ordinis Praedicatorum (microform), Romae, Libreriae Herder, 1930. xlix basílica de S. Pedro, «de repente, numa visão, viu dirigirem-se-lhe os gloriosos príncipes dos apóstolos Pedro e Paulo, parecendo-lhe que o primeiro, S. Pedro, lhe entregava um bastão e o outro, S. Paulo lhe entregava um livro, e lhe diziam: Vai, prega (Jo 1,2), pois foste escolhido por Deus para este ministério. E imediatamente, num instante, pareceu-lhe ver os seus filhos espalhados por todo o mundo, indo dois a dois, a pregar aos povos a palavra de Deus».186 Este sonho revela a firme convicção de S. Domingos no seu ideal: a pregação itinerante da Palavra de Deus, em obediência ao mandamento de Cristo. E com urgência se lançou a esta missão, pois logo no dia 15 de Agosto de 1217, reuniu os dezasseis discípulos em Toulouse e, contra a opinião de quasi todos, mesmo de alguns bispos amigos, «lhes disse que a sua decisão era dispersar todos os irmãos por diversas regiões, não querendo que eles continuassem a viver juntos daí para o futuro, pois sabia que as sementes espalhadas é que dão fruto, e amontoadas apodrecem (cf. Jo 12,24) – sciens quod semina dispersa fructificant, congregata putrescunt». 187 E assim enviou sete companheiros para Paris, dando-lhe como prior o único doutor que a Ordem tinha nesse momento, Frei Mateus de França, e mais dois frades que tinham fama de contemplativos: um deles era o seu irmão carnal. «Quatro dos irmãos foram enviados a Espanha: Frei Pedro de Madrid, Frei (Soeiro) Gomes, Frei Miguel de Ucero e Frei Domingos. Estes dois últimos, quando regressaram de Espanha foram enviados pelo mestre Domingos, de Roma para Bolonha e ali ficaram. Em Espanha não tinham conseguido colher fruto como desejavam, enquanto que os outros dois semeavam a Palavra de Deus e colhiam abundantemente…».188 Como diz a ‘Legenda’, um dos quatro pregadores enviados para a Península Hispânica, com a missão de reformar a vida cristã e fortalecer a fé do povo cristão, foi o português Frei Soeiro Gomes (1217-1233),189 primeiro provincial da Espanha desde 1221, ano da morte de S. Domingos, até 1234. No princípio, devido ao seu estilo de vida de pobreza total e pregação itinerante, os frades dominicanos foram recebidos com desconfiança, e mesmo com hostilidade. Em 1218 instalaram-se no ermitério da serra de Montejunto, capela de N. S. das 186 Constantino de Orvieto, Legenda de S. Domingos (secunda), 21, p. 21. 187 Pedro Ferrando, Legenda de S. Domingos (prima), 31, p. 26. 188 Jordão de Saxónia, Opúsculo sobre as origens da Ordem dos Pregadores (Libellum), 49, pp. 30-31. 189 Sobre este primeiro dominicano português ver António do Rosário, «Primórdios Dominicanos em Portugal – Notas para o estudo da excelsa figura portuguesa de D. Fr. Soeiro Gomes, O.P. (1217-1233)», in Bracara Augusta, vol. XVIII-XIX – Nos. 41-42 (53-54), Braga, 1965. l Neves,190 deslocando-se de imediato deste lugar ermo para a cidade de Santarém, onde fundaram um convento. Depressa, porém, ganharam a confiança dos bispos, dos nobres e do povo, aplicando-se à pregação apostólica e às tarefas diplomáticas da pacificação dos bispos, do rei e dos senhores nobres. No véspera da festa de S. João Baptista do ano de 1223, em Montemor-o-Velho, Frei Soeiro Gomes, Prior Fratrum Praedicatorum in Hispânia, tomou parte na concórdia entre D. Sancho II e as tias, nobilíssimas reginas Dominam Theresiam et Dominam Sanciam et Dominam Blancam.191 Os Frades Pregadores rapidamente se espalharam pelo reino de Portugal. Em 1227, D. Pedro, bispo de Coimbra, concedia-lhes a licença de pregar na área da sua jurisdição;192 e as princesas D. Branca e D. Teresa financiavam a construção do convento desta cidade, do qual Frei Paio, o Pequeno, seria o primeiro prior. O terceiro convento foi construído na cidade do Porto no ano de 1238.193 E assim, superando muitas incompreensões e dificuldades, foram construídos mais conventos noutras cidades do reino: em Lisboa (1241); em Elvas (1267), em Guimarães (1270), e em Évora (1286). Frei Soeiro Gomes, com o aval do bispo de Coimbra, interveio directamente na vida pública portuguesa. Na verdade, o bispo D. Pedro também lhe tinha outorgado poderes judiciais: «Et adhuc concedimus et licentiam et potestatem compellendi et corrigendi omnes excessus, quatenus Dei gratia vos omnes per eorum praedicationem melius et facilius ad fidem Catholicam vos valeant perducere».194 E, considerando-se mandatado, Frei Soeiro mandou publicar os célebres ‘decreta laicales’ a fim de reforçar a eficácia da pregação, impelindo todos os que não eram cristãos, isto é, os muçulmanos, os judeus e os herejes, a abraçar a verdadeira fé. O seu excesso de zelo, valeu-lhe a repreensão do rei D. Afonso II numa ordenação expedida em 1219-1220 e dirigida ao «Alcaide de Santarém, Aguasis, e todos os mais homens que nela julgam 190 Ver adiante, ilustração 13. 191 Cf. ‘Forma pacis et compositionis’, in Brandão, Monarchia Lusitana, IV parte, Escrit. XIV, Apêndice. Ver em Frei Luís de Sousa, História de S. Domingos, I, 110-111, onde se transcreve o documento. 192 Provisão do bispo D. Pedro de Coimbra: «… Universitati notificetur quod nos concessimus et concedimus Domno Suerio de Ordine Praedicatorum Priori, et omnibus suis Fratribus licentiam praedicandi per totum Collimbriensem Episcopatum…». Publicada em Frei Luís de Sousa, História da vida de S. Domingos, Liv. I, 17. 193 Em 1248 era prior deste convento o ‘frater Pelagius Aprilis’, isto é, Frei Paio de Coimbra. 194 Ibidem: «E assi lhe damos mais licença, e poder pêra emendarem todas as desordens que acharem, obrigando, e constrangendo as partes: a fim que mediante a graça de Deus, sua pregação vos possão melhor doutrinar, e com mais facilidade instruir nas cousas da fé Catholica». (tradução de Frei Luís de Sousas, História da vida de S. Domingos, I, 77). li minhas causas, e aos Tabeliães e conselho». 195 Nela o rei condenava «aqueles decretos seculares sobre a matéria de penas pecuniárias, e castigos corporais dos delinquentes»196 que o prior dos Dominicanos D. Soeiro Gomes ordenou e publicou. Os argumentos dos legistas que fundamentaram a intenção centralizadora da estruturação régia do Estado, apoiaram-se na mesma fonte que legitimava a autoridade política do monarca e assinalava, em paralelo, a via específicamente distinta da autoridade espiritual eclesiástica. No principal argumento aduzido, o chanceler Julião e os seus jurisconsultos apoiaram-se, subtilmente, nos factos que regeitavam a fonte de legitimidade da autoridade régia, excluindo toda a concorrência e intromissão estranha na esfera do seu poder: «Et ista talia decreta nunquam fuerunt in tempore Comitis Domini Henrici nec in tempore aui mei regis Domni Alfonsi quem papa Alexander IIIo (Bula ‘Manifestis probatum’ de 1179) suo priuilegio confirmauit in regem et terram suam in regnum nec in tempore regis domni Sancii patris mei qui habuit unam protectionem de Clemente papa IIIo (Bula ‘Manifestis probatum’ de 1190), nec etiam in meo tempore que habeo duas protectiones unam ab Innocentio papa IIIo (Bula ‘Manifestis probatum’ de 1212) et aliam de Honório papa IIIo (Bula ‘Manifestis probatum’ de 1218) …».197 A análise deste e dos outros argumentos jurídicos da ordenação afonsina contra Soeiro Gomes, não só permite comprovar a vontade política centralizadora do rei, como também «oferencem interesse para o estudo das esferas de jurisdição civil e eclesiástica, e para a teoria medieval subjacente dos dois gládios, o do poder temporal e o do espiritual»,198 tal como era entendida pelos juristas portugueses da época.199 O segundo provincial da Hispânia foi Frei Gil de Santarém, natural de Vouzela, que governou com muito acerto a Ordem em toda a Península em dois períodos entre os 195 Francisco da Gama Caeiro, «Os primórdios dos Frades Pregadores de Portugal. Enquadramento histórico-cultural», p. 167, nota 8. (Ver texto em: 1. Portugaliae Monumenta Historica, Leges et Consuetudines, ed. A. Herculano. I, Lisboa, 1858. 2. A. Brandão, Monarchia Lusitana, IV parte, Lisboa, 1632, Apêndice-Escritura 11. 3. A. do Rosário, Primórdios…, pp. 236-238). 196 Ibidem. 197 Ibidem: «Maiormente que os tais decretos não andaram nunca em prática em tempo do Conde D. Henrique, nem no tempo de meu avô el-Rei D. Afonso, a quem o Papa Alexandre III por seu privilégio confirmou em Rei, e a sua terra em Reino. Nem em tempo del-Rei D. Sancho meu pai, que teve uma carta de protecção do Papa Clemente III. Nem também em meu tempo tendo duas, uma de Inocêncio III e outra de Honório III». 198 Ibidem. p.167. 199 Frei Paio de Coimbra tocou neste assunto mas, como é óbvio, apenas no plano moral. Dirigindo-se ao príncipe, colocava-o perante o ‘espelho’ das virtudes mais apropriadas à função governativa. Apelava aos fiéis para que «dessem a César o que é de César’ (Mt 22,21), isto é, que prestassem ao príncipe os obséquios: da oração, da obediência, da honra, do respeito e da tributação. (Cf. Summa Sermonum, Sermo 341, ‘primus in festiuitate sancti Mauricii sociorumque eius’, p. 574, ff. 147v-148r). lii anos de 1233 e de 1259.200 Frei Gil era aquele ‘frade espanhol’, referido pelo cronista Gerardo de Frachet nas ‘Vitae Fratrum’, que tinha professado na Ordem depois de ter levado uma vida ‘submergido na moleza’. Apesar de ter muita dificuldade na ‘observância do silêncio’, de tal modo se dominou que «chegou a ser eloquente pregador e útil leitor e laborioso prior provincial em Espanha durante muitos anos».201 A juventude boémia e a conversão milagrosa de Frei Gil ofereceram os materiais para constuir a lenda do ‘pacto de sangue com o demónio’, à semelhança da lenda de Teófilo e de Cipriano de Antioquia, na Antiguidade.202 Os cronistas da Ordem dizem que Frei Gil promoveu a pregação, a missionação dos muçulmanos e fundou vários conventos. Associou-e a Raimundo de Penhaforte para promover o estudo das línguas árabe e hebraica, com a finalidade de preparar pregadores aptos para o atendimento espiritual dos cristãos cativos e para converter os judeus e os mouros na Península Ibérica e no norte de África. Sendo prior Provincial de Espanha, enviou a Frei Humberto, mestre da Ordem, um relatório «sobre os prodígios que realizou Frei Pelágio»203 e uma «relação acerca da ditosa morte de alguns frades» a fim de ser publicado no ‘Vitae Fratrum’.204 Como provincial da Ordem Dominicana interveio, também, na execução da Bula pontifícia ‘Inter alia desiderabilia’ de 1245, que ordenava a deposição do rei D. Sancho II, responsabilizando-o pela anarquia que proliferava no reino, substituindo-o por seu irmão, o infante D. Afonso, conde de Bolonha. Não obstante a vida social e política conturbada do reino de Portugal, instalavase em toda a Hispânia, por iniciativa do prior provincial dominicano, um ambiente cultural muito positivo. Frei Paio de Coimbra desenvolveu a sua acção pedagógia e pastoral, tal como nos é transmitido pelo testemunho dos seus contemporâneos,205 legando-nos, ele próprio, a sua obra sermonária escrita: a ‘Summa Sermonum’. A Ordem dos Pregadores, desde que se implantou em Portugal, empenhou-se fortemente no estudo das ciências sagradas, integrando-se nos movimentos do progresso 200 Bibliografia especializada acerca de São Frei Gil de Santarém, disponível na WWW: http://dominicanos.pmeevolution.com/index.asp?art=6603 - http://www.triplov.com/biblos/Frei_gil.htm 201 As Vidas dos Irmãos, IV parte, cap. 17, n. 1-2. 202 No Romantismo, esta lenda da Antiguidade e da Idade Média, será retomada por Johann Wofgang Goethe, na tragédia Fausto. Ver na Summa Sermonum a referência ao pacto com o demónio e S. Cipriano de Antioquia, pp. 559-560, ff. 143r/v. 203 As Vidas dos Irmãos, V parte, cap. IX, 1, pp. 306-308. 204 Ibidem. cap. III, 5, pp. 261-267. 205 Ibidem. V parte, cap. IX, 1, pp. 306: «… vamos referir as coisas que os frades de Espanha escreveram acerca de Frei Pelágio, espanhol. Depois de este ter trabalhado fielmene durante muito tempo, com fervor e humildade no desempenho do cargo de pregador e de ouvir confissões, por fim, presentes os frades e orando por ele, descansou no Senhor no convento de Coimbra, reino de Portugal». liii científico e da evolução cultural, frequentando e leccionando nos grandes centros universitários europeus.206 Como veremos adiante, Frei Paio de Coimbra, por influência do mestre Guilherme de Auxerre, aderiu ao movimento aristotélico iniciado na Universidade de Paris. Como dizia Frei Raul Rolo, a era dourada, «a época mais brilhante da Ordem Dominicana em Portugal foi, sem dúvida, o século XVI, quer pela expansão material, quer pela extraordinária acção missionária no Oriente e ainda pelo fulgor na virtude e brilho nas letras».207 Em 1517 El-Rei D. Manuel I fundava, em Lisboa, o Colégio de S. Tomás de Aquino o qual, acompanhando a transição dos Estudos Gerais para Coimbra, foi, de facto, o primeiro dos colégios universitários da Lusa Atenas. Por ele passaram os mestres dominicanos que exerceram actividades de responsabilidade na Ordem, na Igreja e no reino de Portugal,208 e ilustraram com o seu saber as cátedras de Teologia da Universidade de Coimbra.209 Aqui se formaram os peritos portugueses ao Concílio de Trento (1545 a 1563) que acompanharam o zeloso e sábio arcebispo de Braga, D. Frei Bartolomeu dos Mártires.210 206 Cf. Raul de Almeida Rolo, Província de Portugal da Ordem de S. Domingos, p. 9: «Oxford… Lovaina… Cambridge… Alcalá… Paris… Toulouse… Valhadolid…». «os mais insignes mestres (Lovaina): Frei António de Sena e Frei Luís de Soto Mayor…». 207 Raul de Almeida Rolo, Província de Portugal da Ordem de S. Domingos, p. 8. 208 Como Fr. Jerónimo de Azambuja, embaixador de D. João III. Cf. Ibidem. 209 Cf. Ibidem, p. 10: «… Cátedra de Prima de Teologia – Fr. Martinho de Ledesma, Fr. André de S. Tomás, Fr. António de S. Domingos, Fr. António da Fonseca, Fr. António da Ressurreição, Fr. Diogo Artur, Fr. Vicente Pereira, Fr. José Ferrer… Na cátedra de Vésperas de Teologia – Fr. Diogo de Morais, Fr. Pedro Mártir, Fr. Valério de Moura e Fr. João Pinheiro que foi Vice-Reitor da Universidade… Na ciência da Sagrada Escritura – Fr. João Pedraça, Fr. João Aranha, Fr. Jorge Pinheiro, e o grande Fr. Luís de Soto Mayor…». 210 Cf. Ibidem. liv 2. TEOLOGIA E ECLESIOLOGIA NA ‘SUMMA SERMONUM’ O Romantismo teve o mérito de considerar a Idade Média, no Ocidente, a época mais importante da formação da civilização europeia, em que o ideal do homem é essencialmente teocêntrico, e fazendo girar toda a vida ao redor do mundo divino e religioso, o qual era aceite como a verdadeira realidade. Deste modo se constitui como categoria tipificadora da Idade Média a ‘mundividência cristã’. Trata-se duma visão da existência humana, cujo desenvolvimento se processa em dois planos: o da vida terrena ou natural, e o da vida da graça ou sobrenatural.211 O segundo modo de vida não elimina nem prejudica o segundo, antes pelo contrário, completa-o e confere-lhe o aperfeiçoamento total: «gratia non tollit naturam, sed perficit».212 O ponto de partida da fé cristã é, com certeza, uma narrativa histórica, mas não se reduz a uma simples efeméride, nem a uma ideologia ou conjunto de ideias estruturantes com propostas existenciais orientadoras. Embora se expresse conceptualmente, o Cristianismo apresenta-se sobretudo como a ‘aliança entre Deus e o homem’, mediada por Jesus Cristo, pela qual o ser humano, ‘criatura’ de Deus, é elevado à condição de ‘familiar’ de Deus. No início da década de sessenta do século passado, o filósofo francês Claude Tresmontant, elaborou uma síntese dos princípios da metafísica cristã, partindo das raízes bíblicas, passando pela doutrina dos Santos Padres, dos Doutores da Igreja e dos Concílios, num discurso dialéctico com o neoplatonismo e com o pensamento cristão até à segunda metade do século treze. Na época do apogeu da Escolástica, Tresmontant propôs-se dialogar com os grandes doutores da Igreja, Alberto, Boaventura e Tomás, os quais, enfrentando a invasão do aristotelismo platonizante, definiram com clareza a metafísica cristã do absoluto, da criação, do homem, da natureza, da razão e do 211 A ‘mundividência cristã’ situa-se num plano diferente e contrastante com o conceito de Weltanschauung, uma das categorias tipificadoras da modernidade, cuja função é assim descrita por W. Dilthey: «o que no enigma da vida se apresenta como algo confuso, com uma complicada rede de problemas, torna-se na Weltansschauung uma conexão consciente e necessária de problemas e soluções». (Gesammelte scrhiften, Leipzig, Berlim, VIII, 84); citado por Joaquim Duarte Cardoso, Mundividência, «Logos – Enciclopédia Luso Brasileira de Filosofia», Lx. 1991, col. 1030). 212 Thomas Aquinatis, Scriptum super Sententiis II d.9 q.1 a. 8 arg. 3. Cf. Jean-Pierre Torrel, «Nature et grâce chez Thomas d’Aquin», in Revue Thomiste, 101 (2001), pp. 167-202. conhecimento.213 O pensador francês pertence ao grupo dos filósofos cristãos contemporâneos que se empenharam no discurso dialogante da fé com a razão, tais como Blondel, Gabriel Marcel, Maritain, Gilson, Edith Stein, Joseph Pieper e Bouillard. Todos eles caminharam pela via do entendimento racional da fé revelada - fides quaerens intellectum, iniciado por Agostinho de Hipona e continuado pelo processo dialéctico anselmiano da ‘sola ratio’. Eles pretendiam, através de um labor apologético, revelar a lógica interna da fé – lógica fidei, e comprovar que a sua estrutura racional não é incompatível com a estrutura lógica própria da racionalidade humana. Claude Tresmontant, ao confirmar a existência de uma metafísica cristã, afirmava, em conformidade, a existência de uma filosofia cristã,214 ou de inspiração cristã, cujo objectivo é projectar clarividência lógica sobre as verdades reveladas na Sagrada Escritura, onde são enunciadas sem intuito organizacional. Na verdade, afirmava Claude Tresmontant, «entre a ordem teológica e a ordem metafísica subjacente, existem relações orgânicas»215.216 É sua convicção que no interior do pensamento cristão tradicional se instalou a exigência de uma actividade autónoma e livre da razão humana, alicerçada na experiência e aberta à Palavra de Deus. Podemos pois dizer, com Claude Tresmontant, que há uma estrutura metafísica217 original imanente à filosofia cristã e à teologia bíblica218, cujas ideias mestras são: 213 Ver as três obras produzidas sucessivamete por C. Tresmontant: La métaphysique du christianisme et la naissence de la philosophie crhétienne (1961); Les idées maîtresses de la métaphysique chrétienne (1962); La métaphysique du christianisme et la crise du XIIIe siècle (1964). 214 Claude Tresmontant defende a justeza da expressão ‘filosofia cristã’ na sua obra La métaphysique du Christianisme…, p. 27, nestes termos: «Certains philosophes se sont élevés contre cette expression de ‘philosophie chrétienne’, parce que la philosophie se définit par la vérité, par la raison qui découvre la vérité. – Oui, mais les philosophes ne sont pás d’accord sur ce qu’est la vérité, ni même sur la méthode de la philosophie, sur le pontde départ, sur la valeur de la raison. En attendant que cet accord soit faite, et qui l’on puísse parler de la philosophie tout court, c’est à dire de la philosophie vraie et unique, nous continuons d’appeler chrétienne la philosophie qui est compatible avec le christianisme et avec se que le christianisme pense être la vérité». Veja-se também o repto de ‘ignorância culpável’ na resposta a E. Bréhier, que nega a existência de filosofia cristã nos cinco primeiros séculos da nossa era, em Le origini della filosofia cristiana, pp. 3535. 215 Claude Tresmontant, La métaphysique du Christianisme et la crise du treizième siècle, Introd., p. 25. 216 Cf. Ibidem, pp. 16-17: «La question a laquelle nous voulons essayer de répondre, est celle de savoir oú nous plaçons, on peut découvrir, ou non, une structure d’ensemble, des lignes de force, une anatomie et une physiologie précise, dans le corps de la pensée chrétienne, du point de vue métaphysique». 217 Cf. Ibidem, p. 24: «Nous appelons métaphysique l’ordre dês questions et des problèmes qui relèvent en droit de l’analyse rationelle, laquelle procede a partir de l’expérience concrète, et indépendamment de toute révélation surnaturelle». 218 Cf. Ibidem, p. 24: «Nous appelons théologie l’ordre de réfléxion qui procède à partir de la Parole de Dieu adressée a l’homme, par l’intermédiaire des prophètes d’Israel, ou directement et sans intermèdiaire en la personne de Jésus de Nazareth». lvi a) O Ser Absoluto é único, ontologicamente suficiente – a se e per se, incriado, sem nascimento nem devir, não gerado e feliz desde toda a eternidade.219 b) O Ser Absoluto, o Deus único, criou o Mundo do nada – ex nihilo sui et subiecti. Isto é, não o criou de uma matéria ou massa pré-existente, nem o extraiu da sua própria substância, seja por emanação, seja por processão. O Ser Absoluto é transcendente. Ele criou o Mundo, livremente, isto é, não o criou por necessidade, mas por amor, agapé. Por isso, a criação é a primeira graça, gratia creatrix (Hugo de S. Vítor).220 c) O homem é, no corpo e na alma, criatura de Deus.221 «O corpo vivo só é tal enquanto animado. Um corpo sem alma não é um corpo, mas um conjunto ordenado de elementos materiais e químicos a que chamamos ‘cadáver’ e que, só provisoriamente mantém, estando ainda vivo, a ‘aparência’ de corpo. A alma é a ‘forma’ do corpo. Ela unifica esta multiplicidade de elementos bio-químicos integrados. Ela constitui o corpo enquanto tal. Ela une-se à matéria para dar forma a um corpo vivo».222 d) O destino sobrenatural do homem. Este é um conceito ‘original’ da antropologia cristã. «Segundo o pensamento cristão, diz Claude Tresmontant, a alma não é da mesma essência da divindade, pois ela é ontologicamente distinta do Ser Absoluto. Criada por Ele,223 não emanada d’Ele; a alma não é, pois, uma parcela da substância divina. Em compensação, a alma é chamada, pela graça, a participar na mesma vida de Deus, consortes naturae divinae.224 Ela é ‘adoptada’, e chamada à divinização. A divinização é, portanto, o termo da criação, a obra da graça, com a qual a liberdade humana tem de cooperar».225 É o chamamento à união real da natureza humana com a natureza divina, mas sem confusão. 219 Cf. Claude Tresmontant, Les idées maîtresses de la métaphysique chrétienne, pp. 25-30. 220 Cf. Ibidem, pp.31-45. 221 Cf. Ibidem, p. 60: «C’est Dieu, l’unique Créateur, qui opere lors de chaque conseption, en usant des causes secondes, à l’interieur même de causes secondes qui sont en l’occurrence les parents». 222 Cf. Ibidem, p. 59. 223 Gn 1,27; 2,7: «et creavit Deus hominem ad imaginem suam (…) et inspiravit in faciem eius spiraculum vitae, et factus est homo in animam viventem». 224 II Pt 1,4. 225 Les idées maîtresses de la métaphysique chrétienne, p. 83. Cf. C. Tresmontant, Le origini della filosofia cristiana¸ pp. 113-115. lvii A mundividência de Frei Paio de Coimbra insere-se neste contexto. A sua visão cristã do mundo assenta no conhecimento iluminado pela fé, das verdades reveladas. Conhecimento que é certificado pela infalibilidade de quem revela, isto é, Deus, Verdade Suprema. Por isso mesmo, a visão cristã do mundo apresenta-se como modelo portador de credibilidade máxima para o entendimento humano, como adiante se verá. 2.1. Os quatro sentidos hermenêuticos da Bíblia na ‘Summa Sermonum’ 226 Frei Paio de Coimbra utilizou, nos sermões mais elaborados, uma estrutura erudita já aberta às regras do ‘methodus novus’ que pouco a pouco se iam impondo, iniciando a peça oratória com um ‘thema’ de inspiração litúrgica, que é um texto extraído de um livro da Bíblia.227 A partir dele, desenvolveu uma exegese ou comentário – dilatatio, aplicando, nos sermões mais elaborados, os quatro sentidos hermenêuticos, a saber: o literal ou histórico, o alegórico, o moral ou tropológico e o anagógico.228 A estudiosa britânica Beryl Smalley (1905-1984) desenvolveu um persistente estudo sobre muitos autores medievais que se tornou clássico na história da exegese bíblica: «The Study of the Bible in the Middle Ages».229 O seu trabalho desenvolveu-se sob o signo da importância primordial por ela atribuida à interpretação literal, e que ela considerava mais significativa do que o ‘filão’ da exegese espiritual-alegórica dos escritores cristãos. Eles cultivaram predominantemente o sentido espiritual acomodatício, tantas vezes ingénuo e arbritário: algumas construções alegóricas haviam 226 Além dos autores abaixo citados, confrontar também: Jean Longère, «La prédication en langue latine», in La Moyen Age et la Bible. Beauchesne, Paris, 1984, pp. 517-535. Cf. também Alessandro Ghisalberti, «L’esegesi della scuola domenicana del secolo xiii», in La Bibbia nel Médio Evo, Edizioni Dehoniane, Bologna 1996: pp. 291-304. 227 Cf. Bernardino F. Costa Marques, Sermonário de Frei Paio de Coimbra: Edição e Interpretação da Estrutura e Formas de Pregação, dissertação de Mestrado em Filosofia, FLUP, 1994. Cf. Th.-M. Charland, OP, Artes praedicandi – contribution a l’histoire de la rhétorique au Moyen Âge, Paris/Ottawa 1936. Cf. Murphy, James. J., Rhetoric in the Middle Ages, A history of rhetorical theory from St. Augustine to the Renaissance, pp. 269-355. Berkeley, Los Angeles, London 1981. Cf. Marianne G, Briscoe, ArtesPraedicandi, in «Typologie des sources du Moyen Âge Occidental», Fasc. 61, pp. 9-76. Dir. L. Genicot, Brepols 1992. 228 Os quatro sentidos hermenêuticos ficaram consagrados no dístico latino, atribuído a Agostinho de Dácia e vulgarizado por Nicolau de Lira: «Littera, gesta docet; quid credas, alegoria; moralis, quid agas; quo tendas, anagogia». Cf. Ioannes Cassianus († 430), Collationum XXIV, Col. 14, cap. 8. Cf. também Rabanus Maurus (780-856), Commentaria in Exodum, lib. 3, c. 11, PL 108, 147D : «Item mensa tabernaculi quatuor habet pedes, quia verba coelestis oraculi, vel historico intellectu, vel allegorico, vel tropologico, id est morali, vel certe anagogico solent accipi». 229 Primeira edição em 1940. Terceira edição reformulada em 1983. Utilizamos a 3ª. edição italiana «Lo studio della Bibbia nel Medioevo», ao cuidado de Gian Luca Potestà, Bologna 2008. lviii mesmo subvertido o rigor da ‘littera’.230 B. Smalley descobriu na Escola de S. Vítor de Paris o movimento pioneiro que acentuava a primazia do sentido literal das Escrituras231 sobre o sentido espiritual-alegórico: «Os Vitorinos, dizia ela nas conclusões, tinham um forte sentido da beleza da natureza, que se exprimia no seu amor imediato pela ‘letra’. A Sagrada Escritura, no seu sentido literal, possuia para eles as duas qualidades sensíveis características de tudo o que é belo (…): a transparência e o toque delicado. (…) É verdade que os mestres parisienses do século XII consideravam o texto bíblico de maneira menos sensitiva e mais prática (…), no entanto, o seu modo de ver as coisas era essencialmente o mesmo dos Vitorinos. Eles procuravam dar aos nomes das coisas contidas na Sagrada Escritura uma função instrutiva. As pessoas, os nomes dos lugares, a flora e a fauna, a paisagem e os acontecimentos narrados na história bíblica interessavam-lhes como argumentos de lições morais. (…) De qualquer modo o moralista devia situar-se sempre no plano da realidade material: as suas lições deviam partir das características das coisas mencionadas na Escritura, e só depois derivar para as outras».232 Esta proeminência do sentido literal-histórico, como ponto de partida, na ‘lectio’, ‘disputatio’ e ‘praedicatio’ da Escritura Sagrada,233 impor-se-ia na comunidade 230 A investigação de B. Smalley representa uma atitude dialéctica perante os quatro volumes da «Exégèse Médievale» de Henri de Lubac, nos quais julga ela que há um certo enfraquecimento do plano interpretativo histórico-literal pela sobrevalorização do sentido espiritual/alegórico. Não por isso H. de Lubac deixa de reconhecer o valor científico e a mais valia interpretativa da medievalista britânica. Gian Luca Potestà, na Introdução ao livro «Lo studio della Bibbia nel Médio Evo», p. 22, aponta para uma divergência de perpspectiva da cultura exegética medieval entre os dois medievalistas: B. Smalley «pretende valorizar os elementos da incipiente modernidade»; H. de Lubac, quer ressaltar «a Idade Média do espírito, do mistério e dos sacramentos, dos símbolos, figuras e diagramas expressivos de uma imaginação simbólica carregada de consciência bíblica e teológica». Está fora de dúvida que B. Smalley, com seus estudos sobre a exegese bíblica medieval, provocou um grande entusiasmo entre os estudiosos contemporâneos da exegese bíblica. Actualmente, Gilbert Dahan, tem fomentado o diálogo entre especialistas cristãos e hebreus sobre os primeiros livros do Antigo Testamento: «Juifs et chrétiens en Occident médiéval. La rencontre autour de la Bible [XIIe-XIVe s.]», in Revue de syntese I (1989), 3-31. A investigação de G. Dahan sobre manuscritos em primeira mão tem enriquecido a compreensão dos textos medievais: L’éxegèse chrétienne de la Bible en Occident médiéval. XIIe-XIVe siècle. Cerf, Paris 1999. 231 Segundo Hugo de São Vitor (De Scripturis, 18. PL 175,25-28), o estudante antes de passar ao estudo do sentido alegórico, devia esclarecer o sentido literal com a ajuda da história e da geografia. O seu discípulo André de São Vítor, menos interessado na especulação teológica do que o seu confrade Ricardo, afirmou explicitamente que o ‘sentido’ literal da Bíblia se encontra na versão judaica – hebraica veritas. (Cf. B. Smalley, Lo studio della Bibbia…, p.254). 232 Lo studio della Bibbia nel Medioevo ..., p. 493. 233 Eram estas as três actividades próprias do mestre de teologia, segundo o texto de Pedro Cantor (11301197), na sua obra Verbum Abbreviatum, cap. 1. PL 205, 25AB: «In tribus igitur consistit exercitium sacrae scripturae: circa lectionem, disputationem et praedicationem. (…) Lectio autem est quasi lix científica parisiense a partir da segunda década do século treze, graças à influência da Escola de São Victor, nos mestres da ‘sacra pagina’234 que tomaram a responsabilidade de continuar esta tradição sob a influência predominante de André de S. Victor: Pedro Comestor, Pedro Chantre e Estêvão Langton.235 A redescoberta dos livros naturais de Aristóteles vem dar o último impulso a este movimento. Muito naturalmente a influência atingiu os professores dos Estudos Gerais da Ordem dos Pregadores de ‘Saint Jacques’ de Paris: Hugo de Saint-Cher, mestre em Paris entre 1230-1250, que escreveu as ‘Postillae in universa Bíblia juxta quadruplicem sensuum, litteralem, allegoricum, moralem, anagogicum’, e Guerrico de Saint-Quentin, que foi também mestre em Paris entre 1233 e 1242.236 Frei Paio de Coimbra escreveu a ‘Summa Sermonum’ entre 1234 e 1240,237 recebendo, com certeza, a influência cultural do seu meio. Há que notar, em primeiro lugar, a importância que ele atribuía ao sentido literal do texto sagrado. A expressão ‘ad litteram’ é repetida no sermonário mais de vinte vezes, dentro e fora da estrutura dos quatro sentidos hermenêuticos. Deve acrescentar-se, todavia, que Frei Paio tinha a convicção de que «na divina pagina, não só o entendimento e as palavras significam coisas, mas as próprias coisas significam outras coisas», 238 e que, portanto, ainda no fundamentum substractorium sequentium. (…) Disputatio quasi paries est in hoc exercitio et aedifficio (…) Praedicatio vero, cui subserviunt priora, quasi tectum est tegens fidelium (...). 234 Sobre a ‘sacra pagina’ como ciência teológica, ou explicação racional dos dados da Revelação, ver Jean Pierre Renard, La formation et la désidnation des prédicateurs au début de l’Ordre dês Prêcheurs (1215-1237), p. 16, e nota 16, p 232. Cf. J. de Ghellinck, «‘Pagina’ et ‘Sacra pagina’, Histoire d’un mot et transformation de l’object primitivement désigné», in Mélanges Auguste Pelzer, Louvain 1947, pp. 23-59. Gilbert Dahan, citando Ghellinck, diz textualmente: «Until the yars 1235-40, the words sacra pagina and theologia were quite equivalent: theology had its roots in the satudy of the Bible, even more, it existed only as biblical exegesis». (‘Genres, Forms and Various Methods in Christian Exegesis of the Middle Ages’, in Hebrew Bible Old Testament. The history of its interpretation, p. 212). 235 Cf. B. Smalley, Lo studio della Bibbia nel Medioevo ..., pp. 293 ss. 236 O mestre dominicano Guerrico de Saint-Quentin e Tomás de Aquino definiram o sentido literal como aquele que é expressamente entendido pelo próprio autor do texto. Cf. Thomas Aquinatis: Summa Theologiae I, 1, 10; Quodlibetales VII, q.6,a14; Commentarium in epistola ad Galatas, IV, lect. 7. 237 As razões da datação da Summa Sermonum entre 1234 e 1240 são: 1ª. os cânones das Decretales Gregorii IX, publicados em 1234, são citados correctamente, várias vezes; 2ª. Frei Paio faz um panegírico em honra do seu compatriota Beati Fernandi dicti Antonii natione Ulixbonensis, juntando um elenco De miraculis factis ad archam sancti Antonii, publicado por ocasião da sua canonização em 1232; 3ª. Frei Paio foi o primeiro prior et doctor do convento de Coimbra, fundado em 1227. As datas referidas indicam, pois, os termos mais razoáveis para apresentar um conjunto organizado de ‘materia praedicabilis’ para formação de pregadores. Tenha-se em conta que no ano de 1250 o Sermonário foi copiado no ‘scriptorium’ cisterciense do mosteiro de Alcobaça, também com finalidade didáctica. 238 Ps-Hugo de S. Victore, Speculum de mysteriis Ecclesiae, c. 8. PL 177, 375C: «In divina pagina non solum intellectus et verba res significant, sed ipsae res alias res significant». Trata-se da significatio vocum e da significatio rerum, com estatuto já bem definido na exegese clássica, e por S. Tomás de lx dizer de Hugo de São Vitor, no estudo da Escritura, o sentido alegórico constituia a secunda eruditio, que vinha logo a seguir à abordagem histórica ou prima erudtio.239 Concebia também a pregação como o mais excelente exercício da Sagrada Escritura exercitium Sacrae Scripturae,240 pois ela é, como todos admitiam na época, o complemento da lectio e da disputatio. É pela predicatio que o Espírito Santo – flumen impetuosus (Ps 45, 5),241 potencia o crescimento da vida cristã, mediante as quatro regras hermenêuticas da Sagrada Escritura: a) a primeira regra é a ‘historia sagrada’, isto é, a narrativa prefigurativa do Antigo Testamento que alimenta a fé cristã - littera; b) a segunda regra é a ‘alegoria’, que transmite o sinal do momento da fé – fides; c) a terceira regra é a ‘tropologia’, ou a moral, que convida todos à vivência na caridade – caritas, mores; d) a quarta regra é a ‘anagogia’, que anticipa nos cristãos, pela virtude da esperança, o gozo da bem-aventurança – superna gaudia.242 Não podemos deixar de notar, em abono da verdade, que a teoria dos sentidos da Escritura, assumida pelos exegetas da época patrística e medieval, mesmo depois de ter sido ultrapassada pela hermenêutica bíblica moderna no plano metodológico, possa ser expoliada da função examinadora do texto bíblico a fim de encontrar a verdade ou o verdadeiro sentido por ele veiculado, de modo a compreender a totalidade do texto bíblico. Ou melhor dizendo, que a teoria dos sentidos da Escritura possa ser expoliada Aquino consagrado definitivamente na Summa Theologiae I, 1,10, para quem os quatro sentidos eram privilégio único da Escritura Sagrada inspirada. 239 De Sacramentis, lib. I, prol. PL 176, 183-184: «Quare lectionem mutaverit. - Cum igitur de prima eruditione sacri eloquii, quae in historia constat lectione, compendiosum volumen prius dictassem, hoc nunca d secundam eruditionem, quae in allegoria est, introducentis praeparavi, etc…» 240 Cf. Petrus Cantor, Verbum Abbreviatum. PL 205, 25AB. 241 Summa Sermonum, sermo [401], VI in festiuitate S. Clementis, p. 676, f. 176v: «Secundo, allegorice; fluminis impetus, etc. Prou XIII, e, [14]: lex sapienti fons uite. Igitur allegorice ciuitas est Ecclesia militans, flumen letifficans habundantia predicationis, qua irrigatur, abluitur, infrigeratur, faciatur, fecundatur, uiuifficatur, et in celum subleuatur». 242 Cf. Guibertus de Novigento (†1124ca), Liber quo ordine fieri debeat. Pl 156, 25D-26A: «Quatuor sunt regulae Scripturarum, quibus quasi quibusdam rotis volvitur omnis sacra pagina: hoc est historia, quae res gestas loquitur; allegoria, in qua ex alia aliud intelligitur; tropologia, id est moralis locutio, in qua de moribus componendis ordinandisque tractatur; anagoge, spiritualis scilicet intellectus, per quem de summis et coelestibus tractaturi ad superiora ducimur. Verbi gratia Hierusalem, secundum historiam, civitas est quaedam; secundum allegoriam, sanctam Ecclesiam significans; secundum tropologiam, id est, motalitatem, anim fidelis cuiuslibet qui ad visionem pacis aeternae anhelat; secundum anagogen, coelestium civium vitam, qui Deum deorum facie revelata in Sion vident, signat. Ex igitur quatuor modis, licel omnis fieri possit, aut certe aut singulis, tamen si quid utilius ad curam interioris hominis pensetur, magis commoda ac intelligibilis in tractando moralis esse videtur». lxi de todos os sentidos referenciados pela ‘letra’, sem que se destrua a relação semântica entre significante e significado. Vejamos, agora, como o mestre dominicano apresentou no Sermonário as quatro regras de hermenêutica bíblica. a) Frei Paio fez a apresentação dos quatro sentidos hermenêuticos na metáfora da ‘quadriga das quatro rodas’243 da Lei de Cristo, conduzida pelos Apóstolos e pelos Evangelistas, os quais comunicavam a doutrina da Boa Nova, testemunhando o que viram e ouviram. Por ela, os cristãos eram confirmados na fé e interpelados à convivência no amor e na esperança até à consumação da vida eterna (pleroma) - Tercia fuit apostolorum et euangelistarum, qui traxerunt quadrigam euangelice legis, que quatuor currit rotis, scilicet, prima doctrina hystorie, secunda allegorie, tercia tropologie, quarta anagoge.244 b) Também as apresentou na alegoria dos ‘quatro rios’ que serpenteiam pelo Paraíso - quasi fons copiosus ebulliens et redundans de medio paradisi, id est, diuini eloquii deriuatur in IIIIor riuulos, e cuja corrente provoca a alegria dos habitantes da cidade de Deus.245 Consideremos, também, como aplicou Frei Paio este método. a) No segundo sermão da festa da Purificação da Virgem Maria,246 os quatro sentidos são aplicados com correcção.247 O tema, extraído do livro do Genesis (46,30): «Agora posso morrer pois vi o teu rosto…»,248 é escolhido propositadamente, pois transfere uma atitude do patriarca Jacob para o venerável Simeão. Esta transferência fundamenta-se na profecia de Isaias, pela voz da mensageira de Sião, no Livro da 243 Cf. Mário Martins, A Bíblia na Literatura Medieval Portuguesa, p. 37: «Embora quadriga signifique um carro puxado por quatro cavalos, a Vulgata emprega o termo para traduzir rekeb, um carro qualquer e não forçosamente de quatro cavalos. O mesmo acontece na Idade Média. (…). Em certa ocasião Frei Paio de Coimbra fala-nos dum carro de duas rodas, sem enumerar os cavalos. As rodas são a Lei Velha e a Lei Nova». 244 Summa Sermonum, sermo 366, Vus in festiuitate sancti Luce Euangeliste, p. 620, f. 161r. 245 Summa Sermonum, sermo 345, Ius in festiuitate sancti Michaelis Archangeli, p. 581, f. 149v. Cf. Mário Martins, A Bíblia na Literatura Medieval Portuguesa, pp. 32-33. 246 Ibidem, sermo 143, pp. 237-239, f. 59r/v. 247 Cf. Mário Martins, A Bíblia na Literatura Medieval Portuguesa, pp. 18-19. 248 Gn 46,30: Iam letus moriar quia uidi faciem tuam … lxii consolação de Israel (40,9) :249 «dize às cidades de Judá: Eis aqui o vosso Deus!» ; e mais adiante (Is 52,10): «todos os confins da terra viram a salvação do nosso Deus».250 Segue-se o piedoso apelo aos ouvintes segundo a regra sermonária do «modus modernus» : «Também nós sejamos dignos de ver o Seu rosto ainda em nossa vida terrena…».251 E, por fim, apresenta a estrutura hermenêutica quadripartida a partir da explanação duma ‘autoridade’ bíblica - Auctoritatem igitur premissam quadrupliciter exponamus, scilicet: hystorice, allegorice, tropologice, anagogice : . «Secundum hystoriam» : as palavras são de Jacob dirigidas a seu filho José com quem, depois de dolorosa ausência, se encontra na terra de Gessen no Egipto.252 . «Secundum allegoriam»: as palavras são atribuídas ao venerável Simeão,253 que à semelhança de Jacob, contemplou, com grande alegria, o rosto do Messias, o libertador esperado e anunciado pelos profetas. . «Secundum tropologiam»: as palavras são colocadas na boca das pessoas santas – perfecti iusti, quando no êxtase da oração, desligados do afecto das coisas mundanas, contemplam o rosto do Filho de Deus. Tal como aconteceu com S. Marçal, um dos setenta e dois discípulos de Cristo, segundo é narrado na sua legenda.254 . «Secundum anagogen»: as palavras são proferidas pelos santos que, na hora da morte, foram agraciados com a visão do rosto de Cristo, penhor da certeza da salvação. Tal aconteceu com Santa Tarsília, tia paterna de S. Gregório Magno, como pode ler-se no IV livro dos Diálogos.255 b) A segunda referência aos quatro sentidos da Escritura Sagrada encontra-se na terceira parte do desenvolvimento temático – dilatatio, do décimo sermão do apóstolo S. Tiago Maior.256 O tema apresentado foi extraído do evangelho de S. Mateus (20, 22): Potestis bibere calicem quem ego bibiturus sum, em concordância com o Salmo 74, 9: Cálix in manu Domini uini meri plenus mixto… Refere-se aqui o ‘cálice da doutrina’ Tertius: calix doctine, que Deus distribui aos homens. Uma taça a transbordar do vinho de mistura elaborado com as ‘castas’ dos quatros sentidos hermenêuticos: bene autem 249 Is 40, 6: dic civitatibus Iuda: ecce Deus vester. 250 Is 52, 10: et videbunt omnes fines terrae salutare Dei nostri. 251 «Vtinam et nos mereamur uidere faciem eius letam ante mortem nostram». 252 Cf. Gn 46, 28-30. 253 Cf. Lc 2, 29-32. 254 Ps-Aurelianus, Vita Sancti Marcialis Lemovicensis Episcopi, AASS. Jun. V, 538-544 . 255 Dialogorum libri IV, lib. 4, cap. 17, lin. 1-8. Schr 265. (PL 77, 348A/B). 256 Summa Sermonum, sermo 256, Xus in festiuitate sancti Iacobi Apostoli, pp. 438-439, f. 111v. lxiii dicitur calix hic mixtus et propter et specialiter propter quatuor: primo, propter sensum hystoricum; secundo, propter allegoricum; tertio, propter tropologicum; quarto, propter anagogicum. Frei Paio não especificou o conteúdo de cada um dos sentidos, deixando esta tarefa para os seus formandos. Porém, não deixou de observar que a taça contém um vinho de mistura de óptima qualidade, proveniente dos armazéns divinos da antiga e da nova Aliança - notandum uero quod duo sunt promptuaria Dei; primum uetus testamentum; secundum nouum testamentum … Os seus livros inspirados enchem com vinho generoso os recipientes dos corajosos copeiros, que são os Apóstolos, os Doutores da Igreja e os Pregadores. c) A terceira utilização dos quatro modos de interpretação tem lugar no primerio sermão da festa de S. Miguel Arcanjo.257 O tema foi escolhido no Livro do Génesis (32, 3): «Este é o exército de Deus» - Castra Dei sunt hec. E apresenta a autoridade da Palavra divina – diuini eloquii, que é a fonte que saía do Éden para regar o jardim quasi fons copiosus ebulliens et redundans de medio paradisi, e aí se dividia em quatro braços, isto é, nos quatro rios dos sentidos hermenêuticos - deriuatur in quatuor riuulos.258 No primeiro sentido, ‘historice’, «castra Dei» significa o exército dos anjos, os mensageiros de Deus, que tinham a missão de proteger Jacob da fúria do seu irmão Isaú, a quem tinha usurpado o direito de primogenitura. Jacob viu os seus protectores no lugar que denominou Maanaim, isto é, viu-os na ‘terra dos dois campos’ de batalha. No segundo sentido, ‘allegorice’, «castra Dei» significa, com todo o vigor da indigitação profética - prophetando quasi digito ostendens, todos os que professam a vida religiosa: todos eles são mensageiros de Deus e a linha de combate do seu exército na terra. No terceiro sentido, ‘tropologice’, «castra Dei» significa todos os cristãos ricos em virtudes e em dons espirituais. Summa Sermonum, sermo 345, Ius in festiuitate sancti Michaelis Arcangel, pp. 581-587, ff. 150v151v. Neste sermão, Frei Paio de Coimbra construiu um belíssimo tratado de angeologia apoiado na autoridade de Orígenes, S. Jerónimo, S. João Damasceno, Pseudo-Dionísio, S. Gregório Magno, a Glossa, S. Bernardo, Pedro Lombardo, Guilherme de Auxerre e Aristóteles (De animalibus). Há, igualmente, uma intenção apologética na defesa da vida religiosa das Ordens monásticas e mendicantes – allegorice ‘castra Dei’ dicuntur conuentus et congregationes fratrum ordinum cisterciensium, predicatorum, minorum, aliorumque religiososrum, empenhadas na renovação da vida evangélica primitica, contra a incompreensão e a perseguição que lhes foi movida, em Portugal e noutros países da Cristandade, pelos prelados, pelo clero secular e pelo povo. 258 Siumma Sermonum, sermo 345, Ius in festiuitate sancti Michaelis Archangeli, p. 581, f. 149v. Cf. Gn 2,10-14. Cf. etiam Innocentius III, papa, Sermones, sermo III in communi de evangelistis, PL 217,605B/C. 257 lxiv No quarto sentido, ‘anagogice’, «castra Dei» significa todos aqueles que pela vida virtuosa mereceram habitar nas moradas do reino dos Céus. d) Por último, Frei Paio usa o método dos quatro sentidos no sexto sermão da festa de S. Clemente, papa.259 O tema é o verso do Cântico de Sião: Fluminis impetus letificat ciuitatem Dei,260 no qual se celebra a presença divina no Templo de Jerusalém e a protecção da Cidade Santa.261 O autor encontrou no texto bíblico uma conotação simbólica com o milagre da fonte narrado na ‘Passio sancti Clementis papae et martyris’.262 . «Primo hystorice». Trata-se da fonte que Deus fez aparecer milagrosamente, por intercessão de S. Clemente, que encheu de alegria os cristãos expulsos da cidade de Roma juntamente com o seu pastor, e pelo qual conquistou para Cristo muitos pagãos. . «Secundo allegorice». A cidade - ciuitas, é a Igreja militante, banhada e fecundada pelas águas abundantes da pregação. . «Tercio tropologice». A cidade - ciuitas, é a alma do fiel - mens fidelis: a cidadela de Cristo. . «Quarto anagogice». A cidade - ciuitas, é a Igreja triunfante ou a Jerusalém Celeste (S. Ambrósio). Frei Paio valorizou o sentido literal/histórico como fundamento do sentido espiritual das três modalidades da exegese, as quais são requeridas pelo pendor pedagógico da pregação. O cuidado fundamentador dos sentidos hermenêuticos é operado pelo recurso à concordância dos lugares da Escritura, pela preocupação do equilíbrio da doutrina, pelo recurso ao autoridade dos Padres e Doutores da Igreja, pela recusa da arbitrariedade e pela correcção lógica da relação entre as modalidades hermenêuticas. Frei Paio tinha consciência que o sentido espiritual/alegórico extraído do Antigo Testamento, transcendia o significado puramente denotativo da metáfora literária.263 Por isso, na exegese do mestre dominicano, como aliás na exegese medieval 259 Summa Sermonum, sermo 401, VIus in festiuitate sancti Clementis, pp. 675-678, ff. 176v-177r. 260 Ps 45, 5. 261 Nesta Cântico celebra-se a retirada de Senaquerib, rei da Assíria, derrotado pelo Ezequias no assédio à capital do reino de Judá, Jerusalém, no ano de 701 antes de Cristo. II Rs 19, 35-37. 262 Summa Sermonum, p. 692: «sub pede agni percutiens, fontem apparuit; quo uiso, dixit astantibus: fluminis impetus, etc.; propter hoc miraculum omnes homines illius prouincie, audita doctrina sancti Clementi, conuersi sunt ad Dominum…». 263 Esta doutrina é repetida à saciedade nos livros neo-testamentários. Por exemplo, no evangelho de S. Mateus 1, 22-23: «Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel (Is 7, 14)»; e na lxv do seu tempo, operava-se uma autêntica subalternização semântica das entidades significantes relativamente às entidades significadas, não em termos de subordinação ou de subversão, mas de rotatividade de sentido, isto é, segundo a natureza significante de cada uma das modalidades exegéticas. Evoquemos, como tópico ilustrativo, a exegese acima referida sobre o Cântico de Sião (Ps 45, 5): Fluminis impetus letificat ciuitatem Dei. Permanece intacto o significado histórico: trata-se de Jerusalém, capital gloriosa do reino de Judá. A Cidade Santa, porém, pré-anuncia profeticamente a Igreja militante, Cidade de Deus, capital do novo Reino instituído pelo Messias na plenitude dos tempos. A Igreja permanecerá até à resolução escatológica universal do Reino de Deus na Jerusalém Celeste, morada de todos os eleitos. Cada alma humana, integrada neste projecto divino, é também uma cidadela na qual Deus habita, e por isso deve agir em conformidade.264 Vem a propósito aplicarmos ao esforço exegético do pregador dominicano as palavras de Gilbert Dahan, no final do seu livro L’exégese chrétienne de la Bible en Occident médiéval: «Pergunto-me em que medida os comentários medievais não seriam, bem mais do que meras explicações de textos, uma meditação prolongada sobre a própria exegese (…) Cada Glosa, mesmo a puramente gramatical (isto é, a glosa interlinear), renova o mistério do redizer uma palavra divina (…). A exegese só pode ser um convite para ir sempre mais além, fazer mais estrada, para que cada geração, cada homem, possa juntar o seu próprio esforço aos esforços dos que o precederam; cada qual encontrará, pois, o maná segundo o seu gosto, na convicção de que ele é inesgotável e sempre delicioso».265 Carta de S. Paulo aos Gálatas 4,4: «Quando, porém chegou a plenitude do tempo (= o tempo messiânico), enviou Deus o seu Filho, nascido de uma mulher…». Convém notar que a profecia, como visão e obra prospectiva, significa sempre um juízo sobre a história e um anúncio para a história e na história: Cf. Giuseppe Cremascoli e Claudio Leonardi, La Bibbia nel Medioevo, Bologna 1996, Premessa - p. 13. 264 Cf. Guibertus de Novigento, Liber quo ordine sermo fieri debeat, PL 156 ,26: «Verbi gratia Hierusalem, secundm historiam, civitas est quaedam; secundum allegoriam, sanctam Ecclesiam sigificans; secundum tropologiam, is est, moralitatem, anima fidelis cuiuslibet quiad visionem pacis aeternae anhelat; secundum anagogen, coelestiujm civium vitam, qui Deum deorum facie revelata in Sion vident, signat. Ex jis igitur quatuor modis, licet omnis fieri possit, aut certe ex singulis, tamen si quid utilius ad curam interioris hominis pensetur, magis commoda ac intelligibilis in tractando moralitas esse videtur». 265 Citado por Rafaelle Savigni (Universitá di Bologna), «Lo studio delle fonti è come la manna inesauribile e sempre gustosa», in L'Osservatore Romano - 20 dicembre 2008). Disponível na WWW: <http://difenderelafede.freeforumzone.leonardo.it/lofi/L-Esegesi-nell-epoca-Medievale/D8153553...> lxvi 2.2. A importância das Sagradas Escrituras: fonte primeira dos sermões de Frei Paio de Coimbra e de S. António de Lisboa A Sagrada Escritura era, sem dúvida, a fonte mais importante de doutrina e o ‘atelier’ onde os teólogos e os pregadores medievais exerciam mais denodada e demoradamente a sua actividade hermenêutica. As duas grandes obras sermonárias de Frei Paio de Coimbra e de S. Atónio de Lisboa, são exemplares perfeitos da máxima importância que eles atribuiam aos livros bíblicos, manancial de doutrina e da Palavra de Deus, como se comprova no quadro A, com a indicação dos livros utilizados e da distribuição da frequência das citações. QUADRO A - DISTRIBUIÇÃO DA FREQUÊNCIA DOS LUGARES BÍBLICOS ‘Summa Sermonum’ de Frei Paio de Coimbra e "Sermones" de S. António de Lisboa ANTIGO TESTAMENTO 1. Pentateuco Total 2. Livros históricos Total 3. Livros sapienciais Total Genesis Êxodo Levítico Números Deuteronómio Josué Juízes Rute 1 Reis 2 Reis 3 Reis 4 Reis 1 Paralipómenos 2 Paralipómenos 1 Esdras 2 Esdras 3 Esdras Tobias Judite Ester 1 Macabeus 2 Macabeus Job Salmos Provérbios Eclesiastes Cântico Sabedoria Eclesiástico Summa Sermonum 123 69 22 24 66 304 19 20 34 34 28 20 4 14 1 33 18 23 13 8 269 188 747 266 49 66 92 359 1767 lxvii Tema 11 4 2 4 4 25 1 1 1 4 1 2 1 1 1 13 16 69 37 4 10 11 41 188 Sermones 323 112 38 34 64 571 15 32 11 81 46 66 37 1 5 1 7 3 33 22 18 21 8 407 341 573 079 051 113 053 163 1373 Tema 5 4 1 10 1 6 2 2 2 1 1 1 3 1 20 3 1 3 1 6 14 4. Livros proféticos Total NOVO TESTAMENTO 1. Livros históricos Total 2. Livros sapienciais Isaías Jeremias Lamentações Baruc Ezequiel Daniel Oseias Joel Amós Abdias Jonas Miqueias Naúm Habacuc Sofonias Ageu Zacarias Malaquias Ev. S. Mateus Ev. S. Marcos Ev. S. Lucas Ev. S. João Actos Apóstolos Ep. Romanos Ep. 1 Coríntios Ep. 2 Coríntios Ep. Gálatas Ep. Efésios Ep. Filipenses Ep. Colossenses Ep. 1 Tessalonic. Ep. 2 Tessalonic. Ep. 1 Timóteo Ep. 2. Timóteo Ep. Tito Ep. Filemon Ep. Hebreus Ep. S. Tiago Ep. 1 S. Pedro Ep. 2 S. Pedro Ep. 1 S. João Ep. 2 S. João Ep. 3 S. João Ep. S. Judas Total Apocalipse 3. Livro profético Total 385 174 31 24 77 26 56 10 9 1 8 15 4 2 3 4 33 11 873 Summa Sermonum 314 48 259 201 112 934 103 154 66 39 46 29 22 9 9 37 19 11 2 68 33 32 13 22 1 1 3 719 96 96 32 9 2 1 2 2 2 1 2 1 3 1 1 2 3 64 Tema 29 3 20 14 11 77 6 3 2 3 2 1 1 2 4 3 3 30 9 9 595 149 54 6 119 51 63 25 25 7 5 19 16 25 3 4 37 9 1203 Sermones 478 75 504 370 105 1532 99 124 65 58 62 54 20 10 2 14 7 5 53 35 56 10 33 2 704 127 127 6 4 1 2 2 1 2 1 1 1 21 Tema 53 12 67 45 06 183 15 12 3 9 15 6 2 1 6 11 8 88 3 3 Fontes: M. Fr. Pelagii Parvi, O.P., Summa Sermonum de Festivitatibus per anni circulum, Lisboa BN, cód. Alc. 5/CXXX. S. Antonii Patavini, O.M., Doctoris Evangelici, Sermones Dominicales et Festivi, vol. I-III, Pádua, 1979. lxviii QUADRO B - SÍNTESE DA DISTRIBUIÇÃO DA FREQUÊNCIA DOS LUGARES BÍBLICOS BIBLIA SAGRADA Antigo Testamento Novo Testamento Géneros Literários Summa Sermonum ‘Thema e ‘pro-thema’ Sermones Tema Pentateuco Livros históricos Livros sapienciais Livros proféticos Total Livros históricos Livros sapienciais Livro profético Total Total Temas Sermões Total 2 Testamentos 304 279 1867 873 3323 934 719 96 1749 5072 25 13 188 64 290 77 30 9 116 406 - 571 407 1373 1203 3564 1532 704 127 2363 5927 10 20 14 21 65 183 88 3 274 339 - A aplicação dos métodos quantitativos na leitura dos quadros A e B permite-nos extrair conclusões úteis, não só sobre a utilização dos livros da Sagrada Escritura, como também sobre as semelhanças e diferenças entre ambos os pregadores. Em primeiro lugar, consideremos o significado do valor total da frequência das citações no Quadro B. A ‘Summa Sermonum’ apresenta 5.072 citações em referência directa e lateral com os 406 temas escolhidos. Os ‘Sermones’ apresentam 5.927 citações em concordância com os 339 temas sermonários. Todavia, tendo em conta a diversidade temática dos sermonários, a diferença quantitativa não é relevável. Na verdade, Frei Paio de Coimbra compôs os sermões para as festas de Jesus Cristo, da Virgem Maria e dos Santos seguindo o calendário litúrgico hispânico. S. António de Lisboa, porém, compôs sermões feriais e ‘de tempore’, seguindo o calendário litúrgico romano, no qual se incluiam as festas de Cristo e da Virgem Maria. De qualquer modo, verifica-se nos dois sermonários uma frequência relevável de citações dos livros da Sagrada Escritura. Isto significa que ambos os pregadores consideravam a Bíblia importantíssima para a pregação e a fonte primeira e principal da Fé. Frei Paio e S. António utilizaram mais o Antigo do que o Novo Testamento, em percentagens muito aproximadas: ‘Summa Sermonum’, A.T. 66%, N.T. 34%. ‘Sermones’, A.T. 60%, N.T. 40%. Os quadros mostram-nos ainda a preocupação pedagógica de ambos os pregadores, pois realizaram trabalho exegético mais intenso sobre os livros sapienciais e os livros históricos do Antigo Testamento, e sobre os livros históricos e sapienciais do lxix Novo Testamento. Note-se que esta inversão de freqência da ordem sequencial dos géneros literários não carece de intencionalidade: ela indica a pretensão de enfatisar os factos que marcam a plenitude dos tempos da história da salvação. Na ‘Summa Sermonum’, a frequência mais elevada das citações recai sobre o evangelho de S. Mateus, o mais doutrinal, seguido dos evangelhos de Lucas, João e Marcos, e indica o cariz dominicano do Sermonário. Na verdade, segundo Gerardo Frachet, S. Domingos aconselhava os seus frades a levar consigo, na pregação, as sete epístolas católicas e o Evangelho de S. Mateus.266 Nos ‘Sermones’, a frequência mais elevada recai sobre o evangelho de S. Lucas, o mais narrativo e, em seguida, sobre os evangelhos de Mateus, João e Marcos. Na verdade, a faceta histórico-narrativa dos evangelhos propiciava à pregação franciscana os exemplos relacionados com a acção redentora de Cristo. Francisco de Assis proclamava-se ‘arauto do grande Rei’,267 e apregoava a vida evangélica pela ‘representação’, como aconteceu no primeiro presépio vivo de Grecchio,268 e pela ‘imitação’, como se verificou na experiência mística da estigmatização do Monte Alverne.269 Acrescentemos, por fim que, para obter a benevolência e prender a atenção dos ouvintes, todos os pregadores na Idade Média utilizavam frequentemente os artifícios oratórios, tais como: os ‘exemplos’ extraídos da história do Povo de Deus e os relatos extraordinários da vida dos Santos, a ‘etimologia’ dos nomes próprios e dos topónimos; os símbolos e as alegorias,270 os ‘símiles’ e as ‘analogias’271. 266 Cf. As Vidas dos Irmãos, IV, cap. 1, p. 131. (Vitae Fratrum, IV, 1. MOPH I, 150). 267 Thomas de Celano, Vita prima, opusculum primum, cap. 7, 16.2: «Praeco sum magni Regis». 268 Ibidem, cap. 30, 84-67. 269 Ibidem, opusculum secundum, cap. 3, 94-96. 270 A linguagem simbólica utilizada profusamente na literatura religiosa medieval era o meio mais adequado para a compreensão da mensagem cristã pelos auditórios do nível cultural popular. Aliás, já tinha sido testado na literatura profana clássica e nos textos do Novo Testamento. A este propósito, é deveras elucidativo o encómio de Mário Martins à estratégia missionária do grande S. Patrício no seu estudo, Alegorias, Símbolos e Exemplos Morais da Literatura Medieval Portiguesa, pp. 14-15: Depois de advertrir que «a alegoria dos escrituristas e pregadores medievais não coincide bem com a ideia que fazemos da alegoria literária», afirma a «eficiência probativa da linguagem imaginosa e a força da sua conexão interna. Com J. Piaget, diz ele, acreditamos que existe ‘une cohérence fonctionelle’ no pensamento simbólico. Uma comparação não é bem uma prova racional. Contudo, põe-nos em estado de consonância afectiva e intelectual com o objecto do conhecimento e esencadeia, às vezes, o processo do conhecimento. Não foi por acaso que o apóstolo da Irlanda perdeu o tempo e o feitio a explicar abstractamente aos pagãos o mistério da Trindade. Desanimado, conta-se que apanhou uma folha de trevo e comparou. Compreenderam eles o mistério? Nem eles, nem ninguém. Foram, porém, levados a pensar que não era absurdo. A folha de trevo, sem ir pelo caminho da razão pura, dava aos irlandeses uma sugestão e um choque psíquico suficiente para eles aceitarem, com simpatia e confiança intelectual, o mistério que S. Patrício no começo pregava em vão». lxx 2.3. O conteúdo doutrinal da ‘Summa Sermonum’ A Summa Sermonum é um compêndio teológico-pastoral que Frei Paio elaborou para formação dos jovens pregadores dominicanos do convento de Coimbra, cuja cópia durante séculos permaneceu esquecida até 1947.272 Do rico espólio de temas, ordenados segundo o círculo do ano litúrgico, apresentamos sinteticamente os que se relacionam mais directamente com a racionalidade teológica. 2.3.1. O objecto da ciência teológica – Os ‘artigos da fé’ Para o mestre Guilherme de Auxerre, autor da ‘Summa Aurea’ e para Frei Paio de Coimbra, que segue a mesma linha epistemológica, a Teologia é uma ciência, porque se fundamenta nos princípios da fé - articula fidei,273 que são evidentes por si mesmos a todo o cristão, pelo dom gratuito da fé - fides formata,274 não carecendo de demonstração: principia per se nota.275 A Teologia tem o primado ou excelência sobre todas as ciências, porque o seu objecto de estudo é o mais excelente de todos: res divinae.276 Por outro lado a fé está para o entendimento, como a pupila está para o órgão visual: quid est fides in intellectu speculativo, nisi pupila in occulo277. 271 Sobre este assunto ver o excelente estudo do Mário Martins, Alegorias, Símbolos e Exemplos Morais da Literatura Medieval Portuguesa, cap. V, pp. 67-99. Cf. Idem, A Bíblia na Literatura Medieval Portuguesa; cap. III: ‘A pregação no século XIII’, pp. 18-19; 31-41. 272 Ver acima, p. xii. Este facto, aliado à ausência de qualquer referência à Summa Sermonum na literatura medieval portuguesa e à perda do escrito original de Frei Paio de Coimbra, retira-nos qualquer possibilidade de averiguar a influência doutrinal que porventura tenha exercido nas escolas eclesiásticas e na ciência teológica portuguesa. No entanto, a cópia do sermonário do ‘scriptorium’ do mosteiro de Alcobaça, encomendada pelo abade do mosteiro de S. João de Tarouca, apenas traduz a vontade de cumprir o desiderato da reforma interna da Igreja e da luta contra a heresia proposto pelo Concílio de Latrão IV e o reconhecimento da competência oratória dos frades mendicantes. No f. 179v do códice, o professor da escola do mosteiro G. L. (Gundissaluus Laurentius?) escreveu, em letra gótica cursiva notarial da segunda metade do século XIII, uma glosa à doxologia ‘Gloria sit fini’, a seguir ao ‘Explicit’ da ‘Summa Sermonum’. Nesta intervenção recolhem-se textos de Platão (Timeu, 23), Aristóteles (Metafísica, Ética a Nicómaco, Física, De animalibus, De coelo et de mundo, De sophisticis elenchis), Pseudo Dionísio (Os nomes divinos, A jerarquia celeste), Boécio (Consolação da Filosofia), Agostinho de Hipona (De Trinitate) e Gregório Magno (Homilia in Ezechielem prophetam), sinal evidente de sua utilização. (Ver Appendix II). 273 Cf. Frei Paio de Coimbra, Summa Sermonum, sermo 7 in festiuitate S. Andree, p. 17. Cf. Guilherme de Auxerre, Summa Aurea, lib. 3, tr. 12, c. 1, p. 199. 274 Cf. Guilherme de Auxerre, Summa Aurea, lib. 3, tr. 12, c. 4, pp. 208/9. 275 Cf. Frei Paio de Coimbra, Summa Sermonum, sermo 7 in festiuitate S. Andree, p. 17. Cf. Guilherme de Auxerre, Summa Aurea, lib. 3, tr. 12, c. 1, p. 199. 276 Cf. Guilerme de Auxerre, Summa Aurea, lib. 1, prol. p. 16. 277 Cf. Frei Paio de Coimbra, Summa Sermonum, sermo 7 in festiuitate S. Andree, pp. 18-19. lxxi A doutrina de Cristo é a autêntica sabedoria, a sapida scientia,278 e confere a graça divina. Esta sabedoria é o luzeiro – lucifer-279 que ilumina o entendimento: lumen intellectus, 280 e também o condimento que faz atrair a vontade: sapor affectus.281 O ‘Symbolum’ contém o ‘depósito da fé’ que todos os cristãos devem professar como um jugo suave – in obsequium fidei.282 2.3.2. Cristologia Jesus Cristo é o Verbo enviado pelo Pai. É o Filho de Deus, oculto, mostrandose visível ao assumir a natureza humana - Filii Dei incarnatio, ibi, ‘misit uerbum suum’ (Ps 106,20), id est, carnem factum uisibilem demonstrauit; hec uidentur philosophi ignorasse.283 Jesus é o Cristo, o Emanuel, o Ungido, o Messias e Salvador prometido, o Anjo do Grande Conselho, o Sol de justiça, e a Luz que ilumina o mundo. Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, manifestou a sua divindade na Epifania, no Baptismo, nas bodas de Cana da Galileia. Jesus nasceu de uma Virgem desposada, assumindo assim a natureza humana e tornando-se nosso irmão - ut unus nostrum sis, tu homo et nos homines quoad naturam.284 Jesus Cristo trouxe a alegria e a paz. Ele foi o enviado do Pai, que veio a este mundo com a missão de salvar os homens. 278 Cf. Ibidem, sermo 206, I in festiuitate S. Iohannis ante portam latinam, p. 358. 279 Cf. Ibidem, sermo 220, VI in festiuitate S. Iohannis Baptiste, p. 374: «lucifer interior, scilicet, fulgor diuine gratie uel glorie mentem illuminantis». 280 Cf. Ibidem, sermo 206, I in festiuitate S. Iohannis ante portam latinam, p. 358. 281 Cf. Ibidem. 282 Cf. Ibidem, sermo 12, II in festiuitate S. Nicholai: «Primum est VIIem sacramentorum et XIIIIcim articulorum. Hec enim curuant colum anime, id est, intellectum, et captiuant ipsum in obsequium fidei». 283 Frei Paio em apoio da conclusão: ‘haec videntur philosophi ignorasse’, transcreve a famosa passagem das «Confissões» de S. Agostinho na versão da Glosa Col 1, 25-27: «Glo : “Augustinus: Misterium, id est, occultum, ‘quia si notum erat in principio erat Verbum, nusquam esset lectum caro factum est, etc. que ad sacramentum incarnationis pertinent. Vnde Mt 11, 25: Abscondisti hec a sapientibus et reuelasti ea paruulis. [Augustinus]: ‘Quosdam enim platonicorum libros ex greca lingua in latinum uersos uidi, et ibi legi non quidem hiis uerbis, sed hoc quidem omnino multis et multiplicibus suaderi rationibus, quod in principio erat Verbum, et Verbum erat apud Deum, sed quod Verbum caro factum est non legi. Indagaui quippe in libris uarie dictum, quod Filius sit in forma Patris, sed quod se exinaniuit non habetur in illis’» 284 Summa Sermonum, sermo 42, I Natalis Domini in die, p. 70. lxxii A Cruz de Cristo transformou o instrumento da ignomínia em estandarte glorioso – thesaurum gaudii et glorie.285 Com os seus quatro braços, a Cruz transforma a amargura da tribulação – in via, em conquista meritória do Paraíso – in patria.286 Jesus Cristo é o ‘Deus escondido’ – uere tu es Deus absconditus,287 recusado pela cegueira dos hereges, dos judeus e dos sarracenos; mas é, realmente, o Deus verdadeiro - non nuncupatiue, non adoptiue, non usurpatiue, sed uere tu es Deus.288 2.3.3. Mariologia A obra sermonária de Frei Paio de Coimbra é testemunha qualificada do apogeu do culto mariano na Idade Média. Frei Paio compôs 45 sermões distribuídos pelas quatro grandes festas em honra da Virgem Maria, Mãe de Deus, que desde então ocuparam lugar de destaque no calendário litúrgico para satisfazer a devoção do povo cristão: . 11 sermões para a festa da Natividade da Virgem Maria (8 de Setembro); . 8 sermões para a festa da Purificação de Maria (2 de Fevereiro - nome popular: festa da ‘Senhora das Candeias’); . 11 sermões para a festa da Anunciação (25 de Março); . 15 sermões para festa da Assunção de Maria (15 de Agosto – nome popular: festa da ‘Senhora da Assunção’).289 Deus operou maravilhas em Maria de Nazaré, virgem e mãe, pura e fecunda. A Virgem Maria imaculada, taça maravilhosa, nuvem e mansão de Deus, foi santificada no ventre de sua mãe - concepta fuit in peccato originali et post in utero sanctificata.290 285 Summa Sermonum, sermo 202, I in festiuitate Inventionis S. Crucis, p. 347. Cf. Gal 6, 14: Michi autem absit gloriari, nisi in cruce Domini nostri Ihesu Christi. 286 Summa Sermonum, sermo 205, IV in festiuitate Inventionis S. Crucis, p. 352. 287 Is 45, 15. 288 Cf. Summa Sermonum, sermão 40, VII vigilia Natalis Domini, p. 65. 289 Ver adiante, ‘Quadro Analítico’. 290 Summa Sermonum, p. 535, f. 136r. Frei Paio, na esteira de S. Bernardo, defende a tese de que a Virgem Maria foi purificada da mácula original no útero de sua mãe, tal como o profeta Jeremias e S. João Baptista. O dogma da Imaculada Conceição só foi proclamado em 8 de Dezembro de 1854, pelo Papa Pio IX, consagrando uma tradição que remonta ao século VI, alimentada pela devoção do povo cristão, e sustentada pelos argumentos dos teólogos Pascásio Radberto (786-860), pioneiro da doutrina mariana da Natividade, Eadmar de Cantuária (1124), o primeiro teólogo da Imaculada Conceição, autor da congruência – potuit, decuit, ergo fecit, e principalmente João Duns Escoto o qual, no ano de 1308, lxxiii Maria é a nova Eva geradora de filhos espirituais. Ela é a ‘Estrela’ - Stella maris,291 que ilumina os pecadores. Ela é ‘Mar’, pois é fonte ou matriz de todas as graças. A grandeza de Maria, Mãe de Deus, requeria o prémio da sua gloriosa assunção ao Céu: queso quid maius hec facere, si potuit uel debuit et non fecit? 292 2.3.4. Teologia moral O suave jugo de Cristo é-nos oferecido: . nos sacramentos e nos artigos da fé - Symbolum, que fortalecem e iluminam a inteligência; . nos dez mandamentos, que disciplinam a vontade; . e na livre opção dos conselhos evangélicos, que garantem a vida de perfeição. A esmola e a hospitalidade contribuem para a purificação da alma e para o merecimento do prémio eterno. O bom cristão empenha-se na correcção fraterna, evita cuidadosamente as insídias da adulação; dá alegremente testemunho da caridade fraterna, e fomenta a paz e a unidade. A virgindade é uma honra e um privilégio. As virgens, porém, cuidem-se do pecado da soberba - Ecce multa sunt uirginum priuilegia ex quibus cauendum est ne superbia oriatur ... 293 defendeu perante os doutores da Universidade de Paris, que Maria foi concebida isenta da mácula do pecado original, recorrendo ao método ‘maximalista’ e reforçando o axioma ou congruência de Eadmar. Em Espanha já existia o culto da Imaculada desde o século VII. Em Portugal a festa é instituída em Coimbra pelo bispo Raimundo Evrard no dia 8 de Dezembro de 1320. Nas cortes de 1646, reunidas em Lisboa, D. João IV proclamou a Virgem Nossa Senhora da Conceição padroeira do Reino de Portugal. Ordenou, tal como já acontecia na Universidade de Salamanca desde 1618, que os estudantes da Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem defender a Imaculada Conceição da Mãe de Deus. O que se fez pela primeira vez a 8 de Agosto de 1646 em juramento solene presidido pelo Geral de Santa Cruz D. Leonardo de Santo Agostinho: «defender, ler, pregar e ensinar publica e particularmente», «atenta a ordem se Sua Magestade» a Imaculada Conceição da Madre de Deus. A não comparência dos professores dominicanos a este juramento fez com que o Rei lhes mandasse retirar a cátedra de Prima na Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra. Cf. Fernando Taveira da Fonseca, «A Imaculada Conceição e a Universidade de Coimbra», in Estudos - 3, revista do CADC, Coimbra 2004, pp. 13-28. 291 Cf. Ibidem, sermo 313, I in festiuitte Natiuitatis beatissime Virginis Marie, p. 529. 292 Note-se a semelhança com o axioma ou congruência ‘potuit, decuit, ergo fecit’ de Eadmer de Cantuária (1124), biógrafo de S. Anselmo, utilizada por Frei Paio para justificar a gloriosa Assunção da Virgem Maria. 293 Cf. Summa Sermonum, sermo 120, VIIus in festo S. Agnetis, p. 197, f. 49r: «Ecce multa sunt uirginum priuilegia ex quibus cauendum est ne superbia oriatur, alioquin priuilegium meretur amitione qui sibi concessa abutitur potestate. Non est enim continentia potestatis hominum, sed Dei priuilegium. Sap 8, 21: lxxiv A ‘boa esposa’ é a mulher corajosa e exemplar, segundo a Sagrada Escritura. Toda a comunidade cristã deve empenhar-se na protecção das viúvas, devido à sua total dependência e grande fragilidade.294 Toda a honra é devidade à paternidade, seja ela natural ou espiritual. O príncipe cristão deve praticar a virtude e evitar a ociosidade, mãe de todos os vícios.295 O bom cristão deve, de bom grado, pagar o ‘tributo a César’, isto é, pagar os dízimos aos governantes, e igualmente contribuir para o culto divino. O cristão deve esforçar-se para vencer as tentações do demónio; deve cuidar-se contra a apostasia e precaver-se contra o discurso sofístico dos herejes. A convivência com as mulheres levianas, ‘saltatrice’, constitui sempre para o homem um perigo de tentação, pois as suas artimanhas conduzem à perdição.296 Os pecados contra a natureza - contra natura, devem ser denunciados na pregação com delicadeza - Pro Deo, curialiter tange hanc materiam...;297 e os pecados contra o Espírito Santo – a presunção, a blasfémia, o orgulho - devem ser combatidos com toda a firmeza. O ímpio encontrará o castigo nas consequências desastrosas do seu próprio pecado; porém os pecadores arrependidos alcançarão sempre o perdão da misericórdia divina. O justo será premiado com a visão de Deus na eterna Bem-aventurança, na medida dos méritos adquiridos. 2.2.5. Teologia ascética e mística O cristão que aspira à perfeição prepara o encontro com Deus pela conversão penitencial, segundo três modalidades – penitentia triplex – que são análogas à conversão das proposições nas inferências imediatas do raciocínio - sicut propositiones in lógica: sciui quoniam aliter non possem esse continens, nisi Deus det. Cesarius (Arelatensis): «melior est humilitas coniugalis, quam superbia uirginalis». 294 Ver adiante, 2.5.3.‘A condição feminina’. 295 Ver adiante, 2.5.4. ‘As virtudes do Príncipe cristão…’. 296 Ver adiante, 2.5.3. ‘A condição feminina’. 297 Cf. Summa Sermonum, sermo 117, IV in festiuitate S. Agnete, p. 191. lxxv . A primeira conversão penitencial – conuertuntur simpliciter, é a dos religiosos que deixam o mundo e entram no claustro consagrando-se a uma vida de pobreza, obediência e castidade. É semelhante à ‘conversão simples’ das proposições cuja ‘quantidade’ do sujeito não varia:298 os que renunciam à vida mundana - ‘mundum relinquentes’, convertem-se em claustrais - ‘claustrum ingredientes’, isto é, de leigos passam a clérigos. . A segunda conversão penitencial – conuertuntur per accidens, é a dos bons cristãos que mesmo arrependendo-se dos seus pecados, permanecem todavia apegados às riquezas temporais. A analogia com a ‘conversão por limitação’, na qual «o predicado da proposição a converter, tomando o lugar de sujeito, se torna particular de universal que era»,299 dá-se porque a conversão penitencial ‘per accidens’ não é plena ou universal, mas limitada ou parcial: ‘qui conuertuntur a peccatis, licet, non a diuiciis’. . A terceira conversão penitencial - per contrapositionem, é a daqueles cristãos que se convertem tão somente porque aceitaram as tribulações e enfermidades como um aviso de Deus para que mudem de vida. Tal como na ‘conversão das proposições por oposição’, a qual «consiste em juntar uma negação ao sujeito e ao predicado de uma proposição afirmativa universal e transpô-las em seguida»300, assim, nesta modalidade de conversão penitencial, Deus interpela fortemente o homem reticente para que mude radicalmente de vida: «que fit per inflictionem tormentorum, quando Deus oponit alicui nolenti conuerti fortem infirmitatem uel tribulationem». Para concluir, o pregador dominicano lamenta que muitos cristãos nem assim escutem o apelo à conversão. A todos estes se dirige o oráculo de Javé, saído da boca do profeta Amós: «Por isso, eu vou tratar-te assim (isto é, pelo castigo), ó Israel».301 É curioso verificar como Frei Paio, neste sermão, utilizou os conceitos e as expressões da lógica aristotélica já conhecidas, obviamente, pelos seus alunos.302 A mensgem parenética exposta no sexto sermão da Conversão de S. Paulo não se destinava, realmente, a um público iletrado.303 A santificação do cristão é operada conjuntamente pela confissão, contrição e satisfação. Isto é, o homem pecador, para ser digno do ‘banquete celeste’, tem que 298 Cf. Louis Liard, Lógica, p. 38-39. 299 Ibidem. 300 Ibidem. 301 Am 4,13. 302 Cf. Anicius Manlius Severinus Boethius, De syllogismo categorico libri duo. Lib. I. PL 64, 785-810; 788A; 785D. 303 Summa Sermonum, sermo 137, VI in festiuitate conuersionis S. Pauli, p. 227. lxxvi reconhecer as suas faltas, arrepender-se sinceramente, e manifestar o propósito firme de emenda com actos penitenciais de reparação. São sete as vias franciscanas da perfeição: . a vida de abstinência, . a paciência robusta, . a obediência pronta, . a constância firmíssima, . a virilidade na luta (contra o demónio), . a alegria espiritual, . e o júbilo angelical. Por elas o cristão diligente alcançará a meta da virtude e da sabedoria.304 O patamar supremo da perfeição alcança-se na união mística com Deus. Nela se realizam os esponsais da alma com Cristo na união amorosa total: pelo amor de amizade – amor amicitiae, e pelo amor de concupiscência – amor concupiscentiae.305 Na união mística, a alma escolhe a melhor parte - pars contemplationis, pars pietatis, pars possessionis spiritualis,306 e experimenta, por anticipação, o deleite espiritual e a alegria da visão de Deus. 2.3.6. Teologia pastoral – a gratia praedicationis A propagação da Santa Cruz, pelo anúncio da palavra - gratia predicationis,307 é a missão principal dos prelados e dos pregadores. Encontrava-se a missão da pregação apostólica em franca decadência, quando Deus inspirou Domingos de Gusmão para restabelecer na Igreja a genuína pregação 304 Cf. Ibidem, sermo 352, II in festiuitate S. Francisci, p.606. 305 Cf. Ibidem, sermo 242, II in festiuitate Inuentionis S. Crucis, pp. 416/7: «Brachia caritatis: … Primus est amor amicicie; est enim ‘amor amicicie’, ‘cum quis diligit multum bonum amicum obtans ei omne bonum etiamsi nullum mihi commodus consequatur’ (…) Secundus est amor concupiscentie. Est autem ‘amor concupiscentie’, ‘cum quis diligit amicum ut sibi utilem’». Cf. Guilherme de Auxerre, Summa Aurea, lib. II, tomus 1, tra. 2, cap. 4, pag. 43: «Dilecto autem voluntaria dividitur in duas, scilicet in concupiscentiam et amicitiam sive benivolentiam. Concupiscentia est dilectio qua diligimus omne illud quo frui appetimus vel quod habere volumus (...) Dilectio que dicitur amicitia est ea qua diligimus omne illud cuius bonum volumus, id est cuius bonum congratulamur». 306 Cf. Summa Sermonum, sermo 287, VIII in festiuitate Assumptionis, p. 490. 307 Cf. Ibidem, sermo 75, I in festiuitate S. Thome episcopi, p. 118. lxxvii apostólica.308 E assim, Domingos instituiu a Ordem dos Pregadores no espírito da primitiva actividade apostólica, e deste modo anunciar o Evangelho com a competência doutrinal aliada à vida exemplar de pobreza, pela pregação itinerante de testemunho.309 É este o carisma do ‘evangelismo’ dominicano da forma de pregação renovada para restabeler a fé e pacificar a comunidade cristã do sul da França - negotium pacis et fidei.310 No primeiro sermão da festa de S. Miguel Arcanjo, Frei Paio diz que os Anjos, emissários de Deus e seu exército ou legião - Castra Dei, são a imagem dos monges Cistercienses, dos frades Pregadores, dos irmãos Menores e de todos os outros religiosos,311 eles também mensageiros da Palavra de Deus na Terra e legião em constante alerta para defender a sua Ordem e a Igreja.312 308 Cf. Ibidem, sermo 4 in festiuitate S. Andree, pp. 13-15: «Ipse reformauit, quando per beatum Dominicum ad pristinum statum reduxit. Iam enim ordo predicatorum degenerauerat a primaue institutionis perfectione. Apostoli enim dispersi per mundum, in singulis ciuitatibus conuersis, episcopos statuebant, et sic processu temporis apropriata sunt loca, ut nulli episcopo liceret falcem in messem mittere alienam. Deinde habundantibus decimis, primiciis, et honoribus, et diuiciis, post tempora martyrum, ceperunt hii qui officium predicationis acceperant, proprium habere, deliciis affluere, honoribus exaltari, diuiciis habundare, et inter hec cepit predicatio sopiri, et hereses pullulare, ita quod cessante diu gladio spiritus quod est Verbum Dei, et dormitante iam gladio materiali non poterant extirpari ut patet in Tholosanis. Vnde placuit miserationi diuine ordinem predicatorum ad statum perfectionis pristine ne tot mala ex deffectu predicationis succrescerent». 309 S. Domingos declarou o objectivo da Ordem dos Pregadores, no Prólogo das Constituições de 1220: «Cum Ordo nostro specialiter ob predicationem et animarum salutem ab initio noscatur institutus fuisse, et studium nostrum ad hoc principaliter, ardenterque, summo opere debeat intendere, ut proximorum animabus possimus utiles esse». (I Const. Prol., éd. Denifle, Alkma I, Berlin 1885, 30) ; citado in MarieHumbert Vicaire OP, Dominique et ses prêcheurs, p. 55, nota 87. Cf. Creytiens, Contitutiones (1948), 29. Cf. Constantino de Orvieto, Legenda de São Domingos, p. 29 : «Por isso o homem de Deus Domingos (…) começou a pensar na fundação de uma Ordem, cuja missão seria a de percorrer o mundo, evangelizando-o pela palavra e pelo exemplo e a de robustecer a fé católica contra as heresias que se multiplicavam». 310 Cf. Marie-Humbert Vicaire, OP, Dominique et ses prêcheurs, «L’affaire de paix et de foi», pp. 3-20; «La prédication nouvelle des Prêcheurs», pp.101-132. 311 É legítimo ver neste sermão a apologia das ordens religiosas, em especial das ordens mendicantes, mandatadas pelo Concílio Lateranense IV (1215), cujo programa contemplava a irradicação das heresias e a reforma da vida cristã no fervor evangélico primitivo, que sofreram a incompreensão de alguns prelados do reino de Portugal. Na verdade, o sermão não contempla os bispos e os párocos – prelati, plebani, mas apenas os religiosos - conuentus et congregationes fratrum … aliorumque religiosorum. Todos os religiosos – et omnium religiosorum, são o exército comandado por Cristo, pelo profeta Elias e pelo patriarca Enoc (Hb 11,5). Porém os irmãos da Ordem dos Pregadores são o exército especial de Cristo – et specialiter Predicatorum. Cf. Humberto Baquero Moreno, «O fornecimento de água ao convento de S. Domingos do Porto nos séculos XIV e XV», in Actas do II Encontro sobre História Dominicana, tomo II, p. 29 : «Os dominicanos eram acusados de falsários e ladrões, chegando a interditar-se, sob pena de excomunhão, as suas relações e contactos com as populações». 312 Summa Sermonum, Sermão 345, I in festiuitate S. Michaelis Arcangeli, p.593: «Secundo, allegorice, castra Dei dicuntur conuentus et congregationes fratrum ordinum Cisterciensium, Predicatorum, Minorum, aliorumque religiosorum, de quolibet Salomon uerum prophetasse… ». lxxviii O universo angélico, segundo a doutrina do Pseudo Dionísio,313 reflecte a imitação da ordem íntima da vida de Deus. Esta ordem realiza-se através do conhecimento de Deus, por uma iluminação por Ele concedida, e pela acção do relacionamento das hierarquias angélicas entre si. Ora a hierarquia dos Anjos está estruturada, segundo Dionísio Aeropagita,314 em nove coros e três tríades. Segundo Frei Paio, nas Ordens religiosas, dá-se uma ordenação hierárquica semelhante315. Assim, no topo da escala sobressai a tríade ‘epifânica’ – epyffania do grupo de anjos que contemplam e glorificam a Deus. Ela é constituída pelo coro dos ‘Serafins’, a que corresponde a plêiade dos ‘contemplativos’, que ardem nas chamas do amor divino e o manifestam aos outros; pelo coro dos ‘Querubins’, a que corresponde o brilhante conjunto dos ‘doutores’, os quais ensinam os mistérios divinos ao povo de Deus; e pelo coro dos ‘Tronos’, ao qual se comparam os ‘confessores’ pois que, em nome de Deus, distribuem o perdão aos penitentes. À segunda tríade da hierarquia, ‘hiperfânica’ – yperffania, pertence o grupo de anjos que têm a missão de governar os diversos mundos. É constituída pelo coro das ‘Dominações’, a que corresponde o grupo dos ‘abades’ e dos ‘priores’, cuja função é levar os religiosos à obediência pelo bom exemplo; pelo coro dos ‘Principados’, a que corresponde o conjunto de todos os ‘sub-priores’ e outros ‘subalternos’, como, por exemplo, os ‘mestres de ofícios’ – cellerarii, os quais ensinam os súbtidos a reverenciar 313 Cf. Ps-Dyonisius, De Caeleste Hierarchia. PG 3, 257ss. 314 Frei Paio de Coimbra refere na Summa Sermonum : « et sunt IX ordines quasi IX ordinate acies in tribus ierarchiis quasi in tribus castris, que secundum Dionisium appellantur…». Porém a sua fonte imediata é Guilherme de Auxerre, Summa Aurea, lib. II, t. 1, tr. 4, c. 1, pp. 85ss. Cf. Ps-Dyonisius, De Caeleste Hierarchia, cap. 9,1. PG 3, 257. 315 Ibidem, pp. 593/4 (f.150v-151r) ‘Angelorum ordines’ : «sicut in castris angelorum IX sunt ordines siue acies, ita in castris supradictorum religiosorum IX sunt fratrum distinctiones illis congrue respondentes: Primo, Seraphim; adaptatur acies contemplatiuorum, qui diuino amore ardent et ceteros ascendunt. Secundo, Cherubim; adaptatur acies doctorum, qui pleni sunt diuina scientia et alios scientiam docent. Tercio, Tronis; adaptatur acies confessorum, de quibus Dominus profert sententias absoluendo reos seu penitentes. Quarto, Dominationibus; adaptatur acies abbatum, priorum, qui exemplo bono docent alios dominari. Vº, Principatibus; adaptatur acies subpriorum et aliorum obedientialium, ut sunt cellerarii et alii qui docent subditos reuereri prelatos. VIº, Potestatibus; adaptatur acies magistrorum nouitiorum, quia eos orationibus consolationibus rationibus contra temptationes demonum protegunt et qualiter ipsis resistant instruunt. VIIº, Virtutibus; adaptatur acies illorum quibus Deus concessit gratiam miraculorum ut beato Benedicto, Roberto, Bernardo, beato Dominico, Francisco, Antonio et aliis multis. VIIIº, Archangelis; adaptatur acies omnium aliorum subditorum et specialiter generalium Predicatorum. IXº, Angelis; adaptatur fratrum uisitatorum; dicuntur etiam congregationes fratrum castra Dei, quia orando, uigilando, studendo, publice predicando, secreto admonendo, localiter discurrendo, pugnant pro patria, id est, Ordine et Ecclesia …». lxxix os seus superiores; as ‘Potestades’, às quais correspondem os ‘mestres de noviços’, que contribuem para a paz do convento, ensinando aos novos a protegerem-se e a resistirem às tentações do demónio pela oração, pelos bons conselhos e por outras razões. A terceira e última tríade da hierarquia angelical, ‘hipofonia’ – ypoffonia, é constituída pelo grupo dos anjos que nos protegem. São o grupo das ‘Virtudes’, a que correspondem todos os santos religiosos a quem Deus concedeu o dom dos milagres, tais como, S. Bento de Núrsia, S. Roberto Belarmino, e S. Bernardo de Claraval, S. Domingos de Gusmão, S. Francisco de Assis, S. António de Lisboa, e muitos outros santos; o grupo dos ‘Arcanjos’, ao qual se comparam todos os detentores da mais alta autoridade como, por exemplo, os Superiores Gerais da Ordem dos Pregadores; e o grupo dos ‘Anjos’, ao qual se podem comparar os ‘Visitadores’, pois eles aconselham os irmãos a observar a Regra e as Constituições. Esta é a quadriga dos ‘novos pregadores’ - novissimorum predicatorum, vestidos de cores diversas e dotados da palavra vigorosa, segundo tinha sido anunciado na oitava visão do profeta Zacarias (6,1): «Levantei novamente os olhos e vi quatro carros que saíam de entre duas montanhas; e as montanhas eram de bronze». Os novos pregadores conduzem o carro da Sagrada Escritura, que sai do Paraíso por entre as duas montanhas sagradas, e vai na direcção dos quatro ventos, rolando harmoniosamente sobre as quatro rodas - quatuor rotis currit (Zac 6,3), da lei natural, da lei mosaica, da lei evangélica e da doutrina dos Padres e Doutores da Igreja, tais como S. Agostinho, S. Jerónimo, S. Gregório e outros.316 Os pregadores e a sua função são temas sempre presentes no Sermonário. Frei Paio, no entanto, assinalou este cuidado nos cinco ‘pro-themas’ intencionalmente colocados nos sermões das festas de S. Pedro e S. Paulo, de S. Domingos, fundador da Ordem dos Pregadores, da Assunção da Virgem Maria, de Todos os Santos, e de S. Miguel Arcanjo.317 316 Summa Sermonum, sermo 366, V in festiuitate S. Luce euangeliste, p. 632: «Quarta est nouissimorum predicatorum, qui traxerunt quadrigam tocius Sacre Scripture, et ideo IIIIor rotis currit; predicatio enim populorum uadit et concordat primo legi nature, IIº mosayce, IIIº euangelice. IIIIº sequentium patrum doctrine ut Augustinus, Ieronimus, Gregorius et huiusmodi. In hac quadriga sunt equi uarii et fortes, Za 6,3; quia predicatores uarietatem preferunt in habitu et fortitudinem in predicationis discursu; de hiis IIIIor quadrigis ait Za 6,1: Vidi, et ecce IIIIor quadrige egredientes de medio duorum montium, id est, de concordantia duorum testamentorum, et montes illi, scilicet, montes erei, quia sicut ait Dominus [Mt 24, 35]: celum et terra transibunt, uerba autem mea non transibunt; os enim durabile est ualde». Cf. Innocentius III, Sermones, sermo III in communi de evangelistis, PL 217, 606D-607A. 317 Na ‘Summa Sermonum’ os quatro ‘pro-thema’ dos Sermões 233 (sermo IX in fest. S. Petri et Pauli), 271 (sermo IX in fest. S. Dominici), 294 (sermo XV in fest. Assumptionis B. V. Mariae), 382 (sermo VIII in fest. Omnium Sanctorum), apresentam tópicos que visam directamente o ‘munus’ da pregação, como lxxx No ‘pro-thema’ inserido no sermão da festa dos Princípes dos Apóstolos, Frei Paio inspira-se no trecho do livro do Génesis (44, 1), onde se narra a despedida de José que manda encher de víveres os alforges dos seus irmãos. Eis o sentido espiritual alegórico deste episódio. O mandato de plenitude - imple, é um apelo do Espírito Santo ao enriquecimento interior do pregador - largitas, pela ciência, pela santidade de vida e pela doutrina. Os alforges – saccos, simbolizam a mente e o coração dos ouvintes. Os víveres - frumento, significam a doutrina especial da palavra, que é a Sagrada Escritura, e que sacia em abundância a fome espiritual da inteligência. Quanto ao modo, a pregação - misterium predicationis - respeitará a capacidade dos ouvintes - quantum capere potest, aplicando a justa medida que tempera todas as virtudes, tal como diz o aforismo: «sicut in omne quod est mensuram ponere prodest, sic sine mensura deperit omne quod est».318 O segundo ‘pro-thema’ apresenta as condições ‘sine qua non’ do discurso do bom pregador, enunciadas por S. Gregório Magno na homilia sobre o profeta Ezequiel: «Pensare debet doctor: 1º. quid loquatur, 2º. cui loquatur, 3º. quando loquatur, 4º. quantum loquatur; si enim unum horum defuerit,319 locutio <apta> non erit».320 No terceiro ‘pro-thema’, o mestre dominicano conduz-nos, ainda pela autoridade de S. Gregório Magno, à interpretação anagógica do versículo do livro de Job 37,11: frumentum desiderat nubes, et nubes spargunt lumen suum. Assim os eleitos congregatio electorum, são os celeiros que guardam no Céu o trigo da Palavra de Deus. Daquela palavra que todos desejaram ardentemente, a qual fermentou em seus corações o ‘vinho’ da caridade e aquietou os desejos mundanos. Eles foram atingidos pelos raios de luz da santa pregação - sancte predicationis lumen, propagada através do exemplo, da acção e da palavra dos pregadores. A necessidade da pregação é ilustrada pela belíssima metáfora recolhida no comentário do papa S. Gregório Magno ao livro de Job 12,15: «Se Deus retiver as águas da chuva, tudo na terra secará». As ‘águas pluviais’, que fecundam a terra, são a ciência da pregação - scientia predicationis. Os corações humanos, são como as plantas da terra. Eles não podem verdejar na esperança eterna, se não forem irrigadas pela ciência era costume nos sermonários medievais. O ‘pro-thema’ do sermão 345 (sermo I in fest. S. Michaelis Arcangeli), que trata da presença de Deus no mundo, no homem, nos anjos e em Cristo, é uma excepção que vem reforçar a doutrina do tema «Castra Dei sunt» (Gn 32,2), dedicado a todos os que professavam a vida religiosa. 318 Cf. Aristoteles, Metaphisica, X, 12. (Bekker 1053ª). 319 Fr. Paio (ou, talvez, o copista) omite a 5ª condição, sobre a qualidade do discurso - qualiter loquatur. 320 Homiliae in Hiezechielem prophetam, lib. 1, hom. 11, lin. 223. CCSL 142. (PL 76, 910D). lxxxi dos pregadores, pois tal como a terra que não é regada, assim os corações dos homens, que não escutam a pregação da palavra de Deus, perdem a humidade e não frutificam».321 O pregador, na sua actividade, deve assumir a atitude corajosa e exigente dos profetas. Frei Paio de Coimbra mostrou possuir todo o vigor do espírito profético quando no Sermonário: . Instiga os príncipes a praticar a justiça e regeitar a iniquidade;322 . Denuncia os prelados turpiter uiuentes323 e negligentes. Estes clérigos eram homines pestilentes324 e não mereciam aceder à contemplação beatífica de Deus.325 . Verbera quem utilizava o discurso sofísta e fraudulento. Tais como: o demónio - diabolus sophisticus, que tentou e enganou os nossos progenitores no jardim do Éden; os herejes, os falsos amigos e os adivinhos – mathematici, que cogitavam o mal e nos escondiam a verdade.326 . Combate as superstições e as predições dos astrólogos – mathematici;327 . Alerta para o erro das heresias - heretica prauitas,328 nomeadamente para a doutrina dos epicuristas329 e dos priscilianos, que negavam a divina providência;330 e a dos maniqueus, dos pagãos e dos judeus, que negavam a unidade da natureza divina e humana na pessoa de Jesus Cristo.331 321 Summa Sermonum, p. 654, f. 167v: «Nam sicut terra sine aqua, ita corda humana sine uerbi Dei predicatione arescunt et fructificare non possunt». 322 Ver adiante, pp. cxxv-cxxix, ‘As virtudes do Príncipe cristão’, presumivelmente dedicadas ao jovem rei D. Sancho II. Cf. Summa Sermonum, sermo 233, I in festiuitate Ss. Ioannis et Pauli, pp. 378-382, no qual condena a crueldade do Imperador Juliano, Apóstata. 323 Summa Sermonum, sermo 372, III in festiuitate Ss. Simonis et Iude, p. 628. 324 Homines pestilentes, são aqueles homens que, como a peste, corrompem os outros. Ver Summa Sermonum, sermo 372, III in festiuitate Ss. Simonis et Iude: «Notandum igitur quod illi homines dicuntur pestilentes, qui alios corrumpunt, tales sunt: Primo, heretici et maxime heresiarche qui cathedram corrumpentis doctrine tenent. (…) Secundo, sortilegi ¶ augures ¶ malefici, (...) hii uerberandi sunt et turpiter eiciendi. Tercio, appostate. (...) Quarto, incorrigibiles. (…) Vº, seditiones mouentes. (:..) VIº, prelati turpiter uiuentes; de hiis dicitur hic: homines pestilentes dissipant ciuitatem. (…) ». 325 Ibidem, sermo 198, VI in festiuitate SS. Philipi et Iacobi: «durus est hic sermo, felix qui non est prelatus! », p. 341. 326 Cf. Ibidem, sermo 112, VI in festiuitate S. Sebastiani, p. 182. 327 Cf. Ibidem, sermones 101 et 102, VII et VIII in festo Epiphanie, pp. 158-163. 328 A heresia é uma das quatro ‘fossas da amargura’ – fouea multiplex: ydolatria, prauitas heretica, luxuria, gehenna, em que caem os infelizes, «qui per uerborum dulcedinem ducunt infelices in fouee amaritudinem»: Summa Sermonum¸ sermo 126, V in festiuitate beatissimi Vincentii, p. 211. 329 Cf. Ibidem, sermo 396, I in festiuitate S. Clementis, p. 669: «In auctoritate autem predicta notantur tria: Primo, error epicurorum eliditur, ibi, dominatur excelsus in regno hominum; Epicurus autem dicit non esse diuinam prouidentiam circa res humanas». 330 Cf. Ibidem, sermo 101, VII in festiuitate Epiphanie, p. 163. 331 Cf. Ibidem, sermo 173, III in festiuitate Annuntiationis, p. 296: «Mirabiliter autem in hiis uerbis confundit Spiritus Sanctus cecitatem miserabilem iudeorum et paganorum et manicheorum, qui nasciturum non credunt de femina hominem uerissimum et Deum Altissimum.». lxxxii 2.3.7. Eclesiologia e comunidade cristã A fundação da Igreja é formalizada após a confissão messiânica do apóstolo Pedro em Cesareia de Filipe.332 Historicamente, a Igreja desenvolveu-se, diz Frei Paio, no decorrer de dois estádios: 1º. O estádio do encobrimento, clandestinidade e perseguição – derelicta et odio habita (Is 60,15), desde a criação de Adão, ou se se quiser, desde a vinda de Cristo, até ao pontificado de S. Silvestre (314-335) – primus status quem habuit (Ecclesia) ab Adam uel ab aduentu Christi, usque ad beatum Siluestrum.333 2º. O estádio da alegria, triunfo e segurança – ponam te in superbia seculorum,334 iniciado durante o pontificado de S. Sivestre – secundus status quem habuit a tempore beati Siluestri,335 graças às leges securitatis,336 promulgadas pelo Imperador Constantino, o Grande.337 Para o pregador dominicano a ordem do mundo é garantida por cinco espécies de governantes – quinque rectoribus: 1º. Deus, governador de todas as criaturas; 2º. O demónio e os seus anjos, governadores das trevas e dos pecadores; 3º. O papa, o bispo, o pároco, o abade e as outras autoridades eclesiásticas, que governam a Igreja; 4º. O imperador, o rei e o príncipe, que governam a sociedade civil – reipublice ciuitatis, e o chefe de família – paterfamilias, que governa a própria família; 332 Mt 16, 16-19: Respondens Simon Petrus dixit: Tu es Christus Filius Dei vivi. Respondens autem Iesus dixit ei: Beatus es Simon Bar Iona quia caro et sanguis non revelavit tibi, sed Pater meus qui in caelis est, et ego dico tibi quia tu es Petrus et super hanc petram aedifficabo ecclesiam meam, et portae inferi non praevalebunt adversus eam. 333 Summa Sermonum, sermo 87, IV in festiuitate S. Siluestri, p. 137. 334 Ibidem. 335 Ibidem. 336 Ibidem: «pauci enim transibant ad ritum sancte Ecclesie, uel quia nolebant, uel quia timebant; sed imperator christianissimus effectus, leges securitatis huiusmodi promulgauit: ‘Prima die baptismatis sui hanc legem dedit: Christum Deum esse uerum qui eum a lepre periculo liberasset et hunc debere libere coli ab omni orbe romano’…» 337 Cf. August Franzen, Breve historia da Igreja, p. 71: «A partir de 312, (o imperador Constantino) passou a reclamar-se pessoalmente pelo Cristianismo, apoiando-se de todas as formas, embora deixasse incólumes o culto do Estado e os restantes cultos pagãos. Foi assim que no ano 313, elaborou com Licínio o programa de tolerância de Milão, enviando-o sob a forma de um rescrito (e não de édito!) aos governadores das províncias orientais. Através destas disposições, no império era reconhecido ao Cristianismo a mesma legitimidade de que gozavam as restantes religiões». lxxxiii 5º. O próprio Espírito Santo, que governa o corpo e a alma ou a mente do cristão. Mas, infelizmente, são poucos os que se subordinam a esta autoridade – sed heu pauci sunt qui se haberint in potestate.338 Para o governo ordenado da Igreja, Jesus Cristo dotou-a de quatro cátedras, ou poderes – potestas a Deo comissa est: 1º. O poder episcopal ou sacerdotal; 2º. O poder régio; 3º. O poder de magistério; 4º. O poder judicial. Por vontade divina, há, portanto na Comunidade cristã quatro poderes: potestas episcopalis seu sacerdotalis, potestas regalis, potestas magistralis, potestas iudicialis. Porém, nem todos os poderes são iguais, pois o primeiro poder, isto é, a cátedra sacerdotal, sobrepõe-se aos outros poderes, que lhe são subalternos - Prime cathedre debent cetere obedire.339 À semelhança da sociedade civil feudal, o povo de Deus era distribuído por três estratos ou ordens de pessoas – tres ordines hominum in quibus totam ecclesaim consistit, segundo as funções desempenhadas na sociedade eclesial: a ordem dos prelados, a quem competia a função de ‘semear’ no campo, isto é, neste mundo, a palavra de Deus - campo; a ordem dos continentes, isto é, dos religiosos, que se dedicavam à vida contemplativa na quietude claustral - lecto; e a ordem dos leigos, que movimentavam a mó das tarefas laborais para a subsistência - mola.340 Os deveres cívicos dos cristãos são regulamentados pelo princípio evangélico: Reddite quae sunt Caesaris Caesari et quae sunt Dei Deo (Mt 22,21). O assunto foi tratado no primeiro sermão da festa de S. Maurício e seus soldados da «legião tebana». A exemplo destes destes militares – sub armis custodes, os cristãos prestarão ao Rei: o obséquio da piedade – orationem, (I Tm 2,1-2; Bar 1,11-12); 338 Cf. Summa Sermonum, sermo 330, I in festiuitate S. Cornelii, pp. 567-569. 339 Summa Sermonum, sermo 156, IV in festiuitate cathedre S. Petri, p. 261. Cf. Ioannes Saresberiensis, Policratici sive De nugis curialium et vestigiis philosophorum libri VIII, (1156-59), lib. 4, cap. 3: «Quod princeps minister est sacerdotum et minor eis…» PL 199,516-518. 340 Summa Sermonum, sermo 387, IV in festiuitate S. Martini, pp. 667-668. Cf. Georges Duby, «Poder privado, poder público», in História da Vida Privada, II – Da Europa Feudal ao Renascimento, p. 39: «Os cristãos da era feudal, pelo menos aqueles cujas atitudes conhecemos, prostam-se perante o poder divino nas poses rituais de quem faz dádiva de si: tal como os cavaleiros que se confiam ao senhor do castelo, eles ajoelham-se, mãos postas, esperando a recompensa, esperando ser sustentados paternalmente no outro mundo, aspirando a introduzir-se no privado de Deus, na sua família, mas no grau adequado à «ordem» de que fazem parte, isto é, no fundo de uma hierarquia de submissão. Procuram tomar lugar num desses espaços privados subalternos que se encaixam uns nos outros no interior do privado divino». lxxxiv a vassalagem – subjectionem, (Rm 13,1; I Pt 2,13-14); o reconhecimento - honorem, (Rm 13,1; I Pt 2,13-14); a manifestação do respeito – timorem, (Rm 13,4); e o dever da tributação - tributum, (Rm 13,6).341 2.3.8. Direito canónico Os cânones do direito eclesial são abordados por Frei Paio de Coimbra com a perícia e o rigor de um especialista. Os textos extraídos do Decretum Gratiani, da Glosa (jurídica) e das Decretales Gregorii IX ou Liber Extra referem as normas da profissão da fé,342 do cumprimento das promessas e dos votos,343 da privação do sacramento da Eucaristia,344 das penas dos caluniadores,345 da retribuição e da justiça,346 da rejeição da apostasia,347 da presunção de inocência,348 do dever de hospitalidade,349 do pecado original, da Circumcisão e do Baptismo,350 da superstição,351 da água regenerativa do Baptismo,352 da fidelidade ao testemunho,353 do pecado contra a natureza,354 do Baptismo de fogo e de sangue,355 do benefício da sepultura eclesiástica e dos sufrágios,356 das várias espécies de purgação, purificação e expiação,357 do Purgatório,358 da eleição dos prelados,359 da condenação dos sortílegos,360 da etimologia 341 Cf. Summa Sermonum, sermo 341, I in festiuitate S. Mauritii et sociorum, p. 585-586. 342 Cf. Ibidem, sermo 1, I in festiuitate S. Andree, p. 9. 343 Cf. Ibidem, sermo 18, VIII in festiuitate S. Nicholai, pp. 33-34. 344 Cf. Ibidem, sermo 34, I in Vigilia Natalalis Domini, pp. 56-57. 345 Cf. Ibidem, sermo 55, IV in festiuitate S. Steohani, pp. 90-91. 346 Cf. Ibidem, sermo 56, V in eodem, p. 93. 347 Cf. Ibidem, sermo 65, VII in fstiuitate S. Iohannis euangeliste, pp. 106-107. 348 Cf. Ibidem, sermo 68, II in festiuitate Sanctorum Innocentum, p. 111. 349 Cf. Ibidem, sermo 85, II in festiuitate S. Siluestri, pp.134-135. 350 Cf. Ibidem, sermo 90, II In festo Circumcisionis, p. 142 Cf. Ibidem, sermo 91, III in eodem festo, pp. 145, 146. 351 Cf. Ibidem, sermo 101, VII i festiuitate Epiphanie, p. 163. 352 Cf. Ibidem, sermo 105, XI in eodem festo, p. 169. 353 Cf. Ibidem, sermo 113, VII in festiuitate S. Sebastiani, p. 184. 354 Cf. Ibidem, sermo 117, IV in festiuitate S. Agnes, p. 191. 355 Cf. Ibidem, sermo 119, VI in eodem festo, pp. 194-195. 356 Cf. Ibidem, sermo 130, IX in festiuitate beatissimi Vincentii, pp. 217-218. 357 Cf. Ibidem, sermo 146, V in festiuitate Purificationis, pp. 241-244; Cf. Ibidem, sermo 148, VII in eodem festo, pp. 246-247. 358 Cf. Ibidem, sermo 150, I in festiuitate S. Agate, p. 251. 359 Cf. Ibidem, sermo 154, II in cathedre S. Petri, pp. 257-259; Cf. Ibidem, sermo 156, IV in eodem festo, p. 262; Cf. Ibidem, sermo 210, IV in festiuitate S. Barnabe, p. 359. 360 Cf. Ibidem, sermo 160, IV in festiuitate S. Mathie, pp.267-271. lxxxv de ‘monachus’,361 das ladainhas no dia das Rogações,362 dos príncipes dos apóstolos Pedro e Paulo,363 da fidelidade ao juramento,364 da irradicação da heresia,365 da pregação correctiva ‘ex amore’,366 dos conselhos aos prelados,367 da Igreja como único meio de salvação,368 das espécies de esmola,369 do valor sufragante da esmola,370 do Papa e do processo de canonização dos santos,371 da usura,372 do Baptismo ‘in forma Ecclesiae’,373 da negligência dos prelados,374 de S. Clemente, sucessor de S. Pedro,375 da obediência a Deus e aos homens.376 Frei Paio compara a Igreja à ‘Arca da Aliança’ e à ‘Arca de Noé’, posto que é dentro dela que se cumpre o pacto entre Deus e o seu povo. E, por isso, apenas na Igreja os homens serão salvos - quia extra ipsam nullus saluatur, sicut nec extra archam Noe. Só ela transporta os homens para a terra dos viventes - quia per ipsos archa, id est, Ecclesia, in terram promissionis, immo in terram uiuentium, deportatur…377 2.3.9. Antropologia teológica O conceito de homem (homo) desenvolveu-se, na antropologia cristã, a partir da reflexão teológica sobre o mistério da Encarnação do Verbo de Deus: Et Verbum caro factum est, et habitavit in nobis (Io 1,14), com a terminologia e os conteúdos semânticos da cultura helénica. O tema do terceiro sermão da festa da Anunciação é expresso pelo Salmo 86,5: Homo natus est in ea… refere, literalmente a cidade de Sião, mãe do povo escolhido por Deus – que fuit ex útero. Frei Paio de Coimbra fez a transferência para o sentido 361 Cf. Ibidem, sermo 167, I in festiuitate S. Benedicti, p. 287. 362 Cf. Ibidem, sermo 192, in die rogationum, p. 329. 363 Cf. Ibidem, sermo 225, I in festiuitate Ss. Petri et Pauli, pp. 387-388. 364 Cf. Ibidem, sermo 249, III in festiuitate S. Iacobi, p. 432. 365 Cf. Ibidem, sermo 255, IX in eodem festo, p. 442; Cf. Ibidem, sermo 267, V in festiuitate S. Dominici, p. 465. 366 Cf. Ibidem, sermo 319, V in festiuitate decolationis S. Iohannis Babtiste, p. 532. 367 Cf. Ibidem, sermo 330, in festiuitate S. Cornelii, p. 568. 368 Cf. Ibidem, sermo 369, IX in festiuitate S. Luce, p. 637. 369 Cf. Ibidem, sermo 382, VIII in festiuitate Omnium Sanctorum, p. 657. 370 Cf. Ibidem, sermo 383, I in festiuitate Fidelium Defunctorum, pp. 663-664. 371 Cf. Ibidem, sermo 386, III in festiuitate S. Martini, pp. 669-670. 372 Cf. Ibidem, sermo 388, V in eodem festo, pp. 671-673. 373 Cf. Ibidem, sermo 392, II in festiuitate S. Cecilie, p. 678. 374 Cf. Ibidem, sermo 394, IV in eodem festo, pp. 680-681. 375 Cf. Ibidem, sermo 396, I in festiuitate S. Clementis, p. 684. 376 Cf. Ibidem, sermo 398, III in eodem festo, p.687. 377 Cf. Ibidem, sermo 369, VIII in festiuitate S. Luce, pp. 637-638. lxxxvi espiritual por acomodação, considerando que o rei David, por inspiração divina, profetizava a Encarnação do Verbo de Deus – Melius hoc intelligitur de natiuitate Christi, que fuit in Virginis utero.378 No ventre da Virgem Maria, o Filho de Deus, assumiu a natureza humana – Christum uerum Deum et hominem credimus. Contra a lamentável cegueira – cecitatem miserabilem - dos judeus, dos pagãos e dos maniqueus, que não reconheciam Cristo como verdadeiro Homem e Deus Altíssimo, Frei Paio propõs três argumentos hominem autem probamus Christum per uaria argumenta: a) No primeiro argumento, prova a assumpção autêntica da natureza humana pelo Verbo Divino - Per nature humane ueram susceptionem, com as seguintes razões: Primeira, pela narrativa genealógica do evangelista S. Mateus (1, 1-16): «Cristo pertencia à estirpe de David e de Abraão… nascido de Maria…» - Liber generationis Ihesu Christi filii Dauid filii Abraham… Iacob autem genuit Ioseph uirum Marie de qua natus est Ihesus qui uocatur Christus . Segunda, pela autoridade apostólica de S. Paulo: «Ele de facto, não veio em auxílio dos anjos, mas veio em auxílio da descendência de Abraão» - Nusquam angelos aprehendit, sed semen Abrae. (Heb 2,16). Terceira, pela autoridade dos Doutores da Igreja. Santo Agostinho, no livro ‘De fide catholica’,379 diz que o Verbo de Deus tomou ‘a substância temporal da carne’ Deus Verbum non accepit personam hominis sed naturam, et in eternam personam diuinitatis accepit temporalem substanciam carnis. Diz também S. Bernardo, no ‘De consideratione’, que depois da morte de Cristo na Cruz, a alma e o corpo permaneceu no Verbo - eque unus Christus unaque persona, Verbum anima et caro etiam mortuo homine perdurauit.380 b) No segundo argumento, prova a humanidade de Cristo, aplicando a Cristo a definição essencial de ‘homem’ – Per hominis diffinitionem, dado que Jesus viveu, Summa Sermonum, sermo 173, IIIus in festiuitate Anuntiationis Dominice, pp. 297-299, ff. 74r-v: «Homo natus est in ea et ipse fundauit eam Altissimus. Ps LXXXVI, f, [5]. Melius hoc intelligitur de natiuitate Christi, que fuit in Virginis utero, quam de illa que fuit ex utero, quia dicit: homo natus est in ea. Mirabiliter autem in hiis uerbis confundit Spiritus Sanctus cecitatem miserabilem iudeorum et paganorum et manicheorum, qui nasciturum non credunt de femina hominem uerissimum et Deum Altissimum. Nos igitur cum propheta, immo cum Spiritu Sancto, Christum uerum Deum et hominem credimus; hominem autem probamus Christum per uaria argumenta: …». 379 Aliás, Fulgentius Ruspensis, De fide ad Petrum seu regula fidei, cap. 60, lin. 1133. CCSL 91A. (PL 40, 772). 380 De consideratione libri V, lib. 5, par. 20, vol. 3, pag. 483, lin. 26. (PL 182, 800C). 378 lxxxvii padeceu e morreu, realmente, como qualquer ser humano - Christus non solum fuit animal rationale, sed etiam passibile et mortale. Definir algo é indicar, de entre as propriedades dessa entidade, as que são suficientes para dizer que tal coisa é e que se distingue do que ela não é. E Aristóteles, no livro dos Tópicos, diz que «a definição é uma frase ou proposição que significa a essência de uma coisa».381 Ora, sendo a definição real explicativa e essencial aquela que expressa os elementos internos e constitutivos de um objecto. Na expressão ‘Animal rationale’ são expressos os elementos essenciais – ‘género próximo’ e ‘diferença específica’ - que delimitam e determinam a espécie humana; a qual foi assumida por Jesus Cristo na sua existência terrena sofredora e dramática – sed etiam passibile et mortale. Comprova-se o argumento com os episódios da vida, o sofrimento e a morte de Cristo narrados nos Evangelhos ; e com o argumento da autoridade de S. Agostinho: Et ne contempnas et ipsum Christum qui propter te in carne natus.382 c) No terceiro argumento, Frei Paio aplica a Jesus Cristo a definição descritiva de ‘homem’ – Per hominis discriptionem, já utilizada por Aristóteles no livro dos Tópicos ao exemplificar a propriedade essencial predicável - proprium per se et semper : « WR]ZRQKPHURQMXVHL», - seguindo a tradução de Boécio, ‘homo est animal mansuetum natura’,383 isto é, «o homem é, por natureza, um animal (manso) civilizado».384 A definição descritiva é a modalidade da definição real explicativa que «nos permite reconhecer o objecto através da indicação das suas características extrínsecas que, no conjunto, lhe são exclusivas».385 Por serem extrínsecas, embora próprias e permanentes, elas não se confundem com os elementos ‘essenciais’, que são intrínsecos e constitutivos. 381 Boethius translator Aristotelis, Topica, li. 1, cap. 5, pag. 9, lin. 7 (Bekker 101b): «Est autem terminus quidem oratio quid est esse significans». 382 De disciplina christiana, cap. 14, lin. 382-383. CCSL 46. (PL 40, 678). 383 Boethius translator Aristotelis, Topica, lib. 5, cap. 1, pag. 86, lin. 5 (Bekker: 128b): «Assignatur autem proprium aut per se et semper aut ad aliud et quandoque, ut per se quidem hominis animal mansuetum natura, ad aliud autem ut animae ad corpus, quoniam hoc quidem imperativum illud autem ministrativum est, semper autem ut dei animal immortale; quandoque autem ut alicuius hominis ambulare in theatro». Cf. Manlius Anicius Severinus Boethius, Interpretatio topicorum Aristotelis, lib. 5, cap. 1. PL 64, 953C. 384 Aristóteles, Tópicos, livro V, 1. Disponível na WWW: http://broguidodavid.wordpress.com/category/aristoteles/. 385 Cf. José Saraiva, Filosofia, Lógica formal, p. 26. lxxxviii Na verdade, o Filósofo, no livro V dos Tópicos sobre os lugares (IJȠʌȠȚ) relativos ao predicável, subdivide a ‘propriedade’ (proprium) em: . propriedade essencial – per se, e permanente – et semper ; . e propriedade relativa – ad aliud, e temporária – quandoque.386 Ora, na definição descritiva de homem como ‘animal (manso) civilizado’ – animal mansuetum natura, o atributo ‘mansuetum’ designa uma propriedade directamente relacionada com a essência do ser humano - natura. O homem é ‘animal (manso) civilizado’ porque é ‘animal racional’. A propriedade ‘(manso) civilizado’ indica, portanto, uma exteriorização da racionalidade do homem. Na verdade, diz Aristóteles, em plena concordância com a teoria platónica, que «a alma é feita para comandar o corpo» - … ad aliud autem ut animae ad corpus, quoniam hoc quidem imperativum illud autem ministrativum est… ;387 e, mais adiante, ao esclarecer a função da propriedade relativa no interior dum mesmo sujeito, ele acrescenta: «a faculdade racional da alma deve comandar a faculdade concupiscível e a faculdade irascível da mesma» - … Saepius autem et in pluribus, velut rationabilis proprium ad concupiscibile et irascibile quod hoc quidem imperat, illa autem ministrant…388 Por isso, esta propriedade pertence-lhe ‘per se et semper’, isto é, ‘(manso) civilizado’ é um predicado essencial e permanente do ‘ser humano, animado, mortal e capaz de conhecimento’. Por esta propriedade – proprium, pois, o homem afirma-se como ‘esta’ espécie, ‘distinta’ de todas as outras espécies animais.389 Frei Paio completou a autoridade aristotélica com a razão teológica expressa nos livros sapienciais da Escritura, que distingue o homem dos animais selvagens, como, por exemplo, do leão cruel e irascível.390 O homem é o único ser vivo dotado naturalmente desta faculdade, desta força (de mão) que molda os seus comportamentos 386 Boethius translator Aristotelis, Topica, lib. 5, cap. 1, pag. 86, lin. 5 (Bekker: 128b). 387 Ibidem. 388 Ibidem, lib. 5, cap. 1, pag. 87, lin. 19 (Bekker: 129a). 389 Ibidem, lib. 5, cap. 1, pag. 87, lin. 5 (Bekker: 128b): «Est autem per se quidem proprium quod ad omnia assignatur et ab omni separat, quemadmodum hominis animal mortale disciplinae susceptibile». 390 Summa Sermonum, sermo 13, IIIus in festiuitate sancti Nicholai, p. 28, f. 6r: «Homo, id est, mansuetus. Philosophus: «homo est animal mansuetum natura», non leo, id est, iracundus et crudelis. Ecl 4,35: Noli esse quasi leo in domu tua, evertens domesticos tuos, et opprimens subiectos tibi. Ps 89,10: Superuenit mansuetudo et corripiemur». Cf. Guilherme de Auxerre, Summa Aurea, lib. II, tract. 12, c. 8 (De ira), q. 1, pp. 441-442: «Item Dionysius (De div. Nomin., c.4, n. 25 – PG 3,728: PL 122, 1143b) dicit quod in cane laudabilis, utpote sue nature conveniens, quia est custoditivum, in homine vituperabilis, ut pote sue nature dissonum. Est enim homo natura anima mansuetum». lxxxix (hábitos) – mansuetum, ad manum uenire suetum:391 de humildade, de mansidão, de liberalidade, e até da fortaleza que transmite aos santos, como ao apóstolo S. Bartolomeu, a coragem de suportar o martírio.392 O destino sobrenatural do homem está claramente contextualizado no fim do comentário ao protema do primeiro sermão da festa de S. Miguel Arcanjo. Ao esclerecer a omnipresença divina, Frei Paio apresentou, ao nível da racionalidade teológica, o chamamento do homem à vida da graça, a modalidade mais excelente da existência: quintus modus obtimus essendi, scilicet, per gratiam. No contexto geral da criação, ao homem tinha sido agraciado com o estatuto elevado de criatura racional – per naturam. Porém, na economia da salvação, o homem foi também constituído no estatuto superior de filho adoptivo de Deus - per gratiam.393 Se perseverar na fidelidade a esta gratia adoptionis, o homem torna-se justo e merecedor deste estatuto elevadíssimo de conviva da morada de Deus - per gloriam.394 391 Sextus Pompeius Festus (sec. II), De uerborum significatu, liber XII: «Mansuetum, ad manum uenire suetum. Alii aiunt mansuetum dictum neque ex misericórdia moestum, neque ex credulitate saeuum, sed modestia temperatum». (Manso, habituado, doce, tratável: isto é, acostumado a vir à mão. A palavra mansuetum não se aplica nem àquele que se comove pela misericórdia, nem àquele que se deixa abater pela crueldade, mas ao homem temperado pela modéstia). Disponível na WWW: <http://remacle.org/bloodwolf/erudits/Festus/m.htm>. Cf. A. Ernout et A. Meillet, Dictionnaire Étimologique de la Langue Latine – Histoire des mots. «Mansuetum», e «Manus» enquanto sinónimo de ‘uis-uires». p. 386. 392 Cf. Summa Sermonum, sermo 296, II in festiuitate sancti Bartholomei, p. 512, f. 128v: «Item secundum Philosophum ‘homo est animal mansuetum natura’; et quis beato Bartholomeo mansuetior?» 393 Summa Sermonum, p. 580: «Gregorius … tamen familiari modo dicitur <in>esse per gratiam…». 394 Cf. Summa Sermonum, sermo 345, I in festiuitate sancti Michaelis Arcangeli, p. 581, f. 149v, [Prothema]: «…est etiam: Vus modus obtimus essendi, scilicet, per gratiam. Sir 24,7: ego in altissimis habitaui, id est, beatis angelis et hominibus qui sunt : primo, alti per naturam ; IIº, altiores per gratiam ; IIIº, altissimi per gloriam». xc 2.4. Epistemologia e racionalidade teológica 2.4.1. Da ‘sacra pagina’ à ‘doctrina theologiae’ No século XII processou-se a transição da teologia monástica, da exegese e do comentário à sacra pagina, para a teologia pré-escolástica, que pouco a pouco assumui o estatuto de conhecimento autónomo, sistemático e racionalizado.395 Anselmo de Aosta, grande talento sistematizador, formulou pela primeira vez no Monologion (1076) uma verdadeira metodologia teológica. Por isso todos o reconhecem como o mais notável anticipador dos grandes sistemas escolásticos.396 Na senda de Agostinho de Hipona, Anselmo situava entre fé e visão beatífica - inter fidem et speciem – a apreensão de Deus apenas pela razão – sola ratione, considerando ser este o modo mais adequado de procurar a sua inteligibilidade - fides quaerens intellectum. Tratavase, como ele afirma no proémio do Proslogion, de procurar um exemplo de meditação sobre a razão da fé - exemplum meditandi de ratione fidei. Anselmo propunha, assim, a meditação sobre a essência divina, na força constrangedora das razões na inquirição da Verdade. Deste modo, qualquer capacidade humana, mesmo precária, poderia alcançála servindo-se tão somente da razão. Pedro Abelardo, o primeiro a chamar ‘theologia’ à sacra doctrina ou sacra eruditio, aplicou-lhe, com extrema subtileza, os instrumentos da dialéctica. Na verdade, segundo a mundividência cristã, tudo o que se referisse ao ‘theos’, isto é, às verdades reveladas da tradição - ex auditu, só poderá compreender-se mediante o logos. Alano de Lille, o ‘Doctor Universalis’, sistematizava a ciência teológica nas 125 regras fundamentais do conhecimento da Teologia – ‘Theologicae Regulae’, e apresentava os postulados e definições que lhe garantiriam a melhor articulação e o máximo rigor – ‘De Arte Catholicae Fidei’. Contribuiram ambos, decididamente, para acelerar a construção da ciência teológica, cujo estatuto epistemológico seria delineado 395 Cf. M. D. Chenu, La théologie comme science au XIII siècle. Paris, 1957. Jaroslav Pelikan, Croissance de la Théologie Médiévale, 600-1300, PUF, Paris 1994. Battista Mondin, Storia della teologia, vol. 2, «La costruzione della scienza teológica e della sua epistemologia», pp. 243-282. Studio Domenicano, Bologna 1999. José Maria Rovira Belloso, Introductión a la teologia¸: «cap. II. Teologia y teologias», pp. 47-78. BAC, Madrid, 2000. 396 Cf. Maria Leonor L. O. Xavier, «O argumento anselmiano entre continuadores e críticos», in A Questão de Deus na História da Filosofia, vol. I, p. 269. xci definitivamente pouco mais tarde, no século XIII, com o reaparecimento da Lógica Nova, da Física, da Metafísica e da Ética de Aristóteles. Os mestres da faculdade de Teologia de Paris entusiasmaram-se com a descoberta do modelo aristotélico de ciência e aplicaram-no ao entendimento da fé intellectus fidei, cujos conteúdos nocionais e metodológicos lhes proporcionavam um estudo analítico mais clarificador. A teologia desprendia-se, finalmente, do exclusivo e repetitivo exercício exegético-narrativo e do comentário linear do texto escriturístico. Uma nova disciplina nascia com carácter racional, especulativo e argumentativo. A sacra pagina transformava-se em sacra doctrina. Foi Guilherme de Auxerre, professor na Universidade de Paris e procurador do Papa Gregório IX para a Bula de 3 de Abril de 1231, documento fundamental da reorganização do ‘Studium’ parisiense, quem lançou o movimento aristotélico na faculdade de Teologia. Mestre Guilherme já se entusiasmara pelo método dialéctico de Anselmo de Aosta, que aplicou de maneira personalizada na ‘Summa Aurea’.397 Guilherme de Auxerre pertenceu à geração dos teólogos que primeiro se serviram das obras filosóficas de Aristóteles, recentemente recuparadas. «Partindo da filosofia de Aristóteles, os mestres parisienses desenvolveram um novo transmissor para expressar o sentido da conexão interna de toda a temática teológica: ou seja, uma suma compreensiva, uma suma teológica».398 A sua obra principal, a ‘Summa Aurea’, também denominada ‘Summa in IV Sententiarum’, foi escrita no ambiente das querelas provocadas pela proibição de ensinar (lectio) pelas obras do Estagirita no período de 1210 a 1228. A ‘Summa Aurea’ «é considerada por alguns o protótipo da suma clássica do século XIII, em que cada elemento da revelação cristã é sistematicamente tratado de acordo com os princípios do conhecimento humano. Assim ele concebeu a teologia, do ponto de vista da história, em desenvolvimento, assumindo as formas e os processos da ciência aristotélica».399 Guilherme de Auxerre, partindo do conceito aristotélico de ciência, afirmou que a teologia, por comparação com as outras ciências e artes, tinha também a faculdade de organizar-se num sistema autónomo e coerente radicado em 397 Cf. Bernardino Fernando da Costa Marques, «A presença anselmiana na Summa Aurea de Guilherme de Auxerre», in Philosophica, Anselmo sola ratione 900 anos depois, nº. 34, Novembro de 2009, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, pp. 261-276. 398 M. Michèle Mulchahey, «William of Auxerre (d.1231), Biographical Dictionary of Christian Theologians, p. 533-534. 399 Ibidem. xcii princípios indemonstráveis, per se, que são os artigos da fé – principia theologiae sunt articuli fidei.400 Guilherme, porém, não assimilou apenas as modalidades formais da ciência do ‘organon’, mas foi mais longe, ensaiando o apoio da razão teológica nos conceitos fundamentais da metafísica aristotélica.401 Como atrás se referiu, Frei Paio de Coimbra teria composto entre 1234 e 1240 uma ‘Summa Sermonum’ destinada à formação de pregadores da escola conventual de Coimbra. A ligação de Frei Paio ao mestre parisiense verificar-se no seu Sermonário tanto nas citações ‘ad litteram’ como em referências ‘ad sensum’. Efectivamente, sempre que utiliza a expressão ‘secundum theologos’, é para referir a autoridade teológica do mestre Guilherme de Auxerre.402 Não parece estranha esta predilecção. Na verdade, a ‘Summa Aurea’ tinha sido recomendada aos estudantes de Teologia nas escolas e nos Estudos Gerais da Ordem Dominicana, seja pelo estilo dialéctico do questionamento, seja porque apresentava um vasto conjunto de questões teológicas, ordenadas em conformidade com a estrutura dos quatro livros das ‘Sentenças’ de Pedro Lombardo.403 400 Cf. M-D. Chenu, O.P., La théologie comme science…: « … un autre thème, mis en circulation par Guillaume d’Auxerre, et déjà acuilli dans les écoles: l’analogie à établir entre les articles de foi et les principes premiers de la science. De fait, dans cette comparaison, appuyée a la théorie aristotélicienne de la science, nous allons découvrir l’une des plus fécondes inspirations qui donnèrent alors ses consistence épistemologique à la science théologique», p. 58. Cf. também M. Michèle Mulchahey, «William of Auxerre (d.1231), Biographical Dictionary of Christian Theologians, p. 534: «William of Auxerre is important for raising the question whether theology is, in fact, a science in the Aristotelian sense of the term – that is, a discipline that proceeds to its conclusions by means of a priori deduction from first principles. William argues that, for the believer, the truths of faith are like the per se nota (the self-evidente first principles) of ther sciences because faith affords sure, evident knowledge. Both the structure and the premises of the Summa aurea therefore mark a significant moment in medieval theology». 401 Guilherme de Auxerre utiliza a distinção aristotélica entre ‘potência activa’ e ‘potência passiva’ para justificar os milagres: «Non solum potest Deus omnia ea que sunt secundum cursum nature, sed ea que sunt supra naturam, ut cecos illuminare, mortuos suscitare et de costa Ade mulierem facere et consimilia ( … ) <Solutio> 1. Ad hoc dicendum quod duplex est potentia, scilicet, materialis et passibilis, formalis sive activa….» (Summa Aurea, I, tr. 11, c. 1, p. 203). (Cf. Aristóteles, Metafísica ' 12, 1019ª 15 sq.). 402 Quando Frei Paio, na Summa Sermonum, evoca a autoridade dos teólogos (theologi), está a referir-se ao mestre Guilherme de Auxerre. Assim, na pág. 17: «Dicunt tamen theologi…» - ao tratar da cognitio naturalis versus credere (Summa Aurea, lib. III, tr. 12, c. 4, p. 209); na pág. 18 : «Nam secundum theologos…» ao tratar da iusticia et species eius fides, spes et caritas (Summa Aurea, lib. III, tr. 11, <De Virtutibus>, c. 2, p. 176); na pág. 53 : «secundum theologos exaudiri», ao tratar das circunstantiae de necessitate orationis (Summa Aurea, lib. III, tr. 27, c. 3, q. 1, p. 517); na pág. 78: «Theologi solent de hoc…» ao tratar a questão ‘Quare potius fuit Filius incarnatus quam Pater vel Spiritus Sanctus’ (Summa Aurea, lib. III, tr. 1, c. 1, p. 11 ; na pág. 472: «Notandum autem quod secundum theologos mors corporalis est porta». 403 Cf. M.- D. Chenu, O.P., La Théologie comme science au XIIIe siècle, Bibliothèque Philosophique Le Vrin, Paris, 1969, p. 60: «Elle avait cependent eu, chez ses disciples immédiats, une première diffusion, tant chez les Prêcheurs que chez les Mineurs, qui, les uns et les autres, nouveaux pionniers de l’essor théologique, lisaint assidûment l’oeuvre de Guillaume». Cf. Marie-Humbert Vicaire, O.P., Dominique et ses Prêcheurs, Ed. Du Cerf, Paris 1979, pp. 131/2: «Or cette théologie se développe aux Jacobins de Toulouse, dès l’arrivée de Roland de Crémone, selon la tradition parisienne. C’est la tradition des xciii 2.4.2. A função racional da fé e a teologia como ciência Na ‘Summa Aurea’ este assunto é tratado dispersivamente. O autor começa pela questão da fé como argumento. Mais adiante, nas questões sobre as virtudes teologais, ao introduzir a definição de fé - ‘argumentum non apparentium’, mestre Guilherme desenvolveu o conceito de Teologia ‘ut ars vel scientia’. E mais à frente, ao considerar a diferença intellectus/sapientia, analisou o critério de evidência dos artigos da fé – fides enim innititur prime veritati super omnia et propter se.404 Frei Paio de Coimbra, por seu lado, tratou estas questões conjuntamente, com coerência, reforçando os argumentos com excertos do mestre Guilherme de Auxerre, e das autoridades bíblicas, patrísticas e profanas. Mostrou assim, o teólogo dominicano, notável talento síncrono, erudição e originalidade. O tratamento das questões ‘razão e fé’, e ‘teologia como ciência’ foi abordado no sétimo sermão da festa S. André, apóstolo.405 Nos versículos 7 e 9 do livro de Isaías, segundo a versão dos LXX, o profeta lança a seguinte admoestação: «Se não acreditardes, não compreendereis» - Si non credideritis, non intelligetis, que constitui o tema do sermão. S. Jerónimo adverte que o sentido do pregão de Isaias é este: «senão acreditardes na revelação divina acerca das coisas futuras, não as podereis compreender».406 Frei Paio coloca imediatamente a admoestação do profeta na boca do apóstolo S. André que avisa Egeas, procônsul romano: «Se não acreditares, jamais poderás alcançar plenamente a verdade que procuras – Si non credideris, nunquam penitus tu ad indaginem huius ueritatis attinges»; 407 e rejubila com a coincidência da mensagem: «como é bela a consonância da tuba da pregação profética com a da pregação apostólica! – quam pulcre tuba prophetica et apostolica consonant».408 sommistes, don’t la Summa Aurea de Guillaume d’Auxerre si goutée des Prêcheurs fournit le modèle à l’époque». 404 Guillelmus Altissiodorensis, Summa Aurea, lib. I, prol. pp. 15-16; lib. III, tr. 12, c. 1, Solutio p. 199; tr. 34, c. 1, Solutio p. 650. 405 Summa Sermonum, p. 16, f. 3r. 406 Hieronymus Stridonensis, Commentaria in Isaiam, lib.3, cap. (s.s.), par.37, lin.84-88: «Unde subjungitur: Si non credideritis non permanebitis, ut Symachus transtulit, id est, et vos non permanebitis in regno vestro, sed in captivitatem ducemini, sustinentes eorum poenas, quorum imitati estis infidelitatem. Vel iuxta LXX, non intelligetis. Et est sensus: quia quae Dominus dicit futura, non creditis, intelligentia non habebitis». CCSL 73. 407 Diaconi ecclesiarum Achaiae, Epistilae, cit. em Summa Sermonum, p. 17. 408 Summa Sermonum, pp. 16/7. xciv No desenvolvimento do tema coloca-se de imediato a questão teológica (dicunt tamen theologi) sobre a relação entre fé e conhecimento racional. «Dizem, porém os teólogos, que há coisas em que não se pode crer sem que antes se compreendam,409 as quais é preciso, antes que tudo, apreender pelo conhecimento natural; como por exemplo o enunciado ‘unum esse principium’, o qual primeiramente se compreende, e somente depois é acreditado; outras há, na verdade, que é preciso crer antes de compreender ou entender, como os artigos (da fé), os quais não podem ser compreendidos pela razão natural, como por exemplo, que ‘o Filho de Deus é Homem’ (isto é, encarnou), e outros mais».410 A questão enunciada por Frei Paio de Coimbra é extraída da Summa Aurea, na solutio contra a falácia de ambiguidade por equívoco, na qual se afirma que Santo Agostinho utilizou a forma verbal ‘intelligantur’ com sentido idêntico a ‘sciantur’ e, por isso, deve afirmar-se que o conhecido – ‘scitum’, é o mesmo que o acreditado – ‘creditum’. Seguem-se as quatro razões para provar que os artigos da fé, ou princípios da ciência teológica – talia principia, gozam da mesma evidência dos primeiros princípos das ciências. Eles são os pressupostos indiscutíveis da verdade das premissas e encaminham o entendimento para conclusões certas – Non enim oportet talia perscrutari sed supponi.411 - A primeira razão: «Para que o rigor ou a necessidade (do processo demonstrativo) das ciências e das artes, não seja anulado». Vt artium uel scientiarum necessitas non cassetur412. É imperioso que todas as artes ou disciplinas (ciências) se fundamentem em princípios evidentes por si mesmos – principia per se nota, isto é, não sejam coagidas pelo ónus da prova. O próprio Frei Paio toma a iniciativa de recolher o texto de 409 Cf. Augustinus Hipponensis, Enarrationes in Psalmos, Ps 118, sermo 18,3. 410 Summa Sermonum, p. 17, f. 3r : «Dicunt tamen theologi quod ‘quedam sunt que non possunt credi nisi prius intelligantur’ (Cf. Augustinus Hipponensis, Enarrationes in Psalmos, sermo 18, n. 3, CCSL 40), que oportet prius cognosci naturali cognitione <quam credi>, ut ‘unum esse principium’, prius intelligatur [Summa Aurea est intelligibile] quam credatur; quedam uero sunt que oportet prius credi quam cognosci uel intelligi, ut articuli [ad. fidei], ad quos non potest attingere ratio naturalis, ut est ‘Filium Dei esse hominem’ et huiusmodi». (In Guillelmus Altissiodorensis, Summa Aurea, lib. 3, t. 1, trac. 12, c. 4, p. 209). 411 Summa Sermonum, p. 17. 412 Ibidem. xcv Aristóteles – unde Philosophus,413 que, a propósito do raciocínio demonstrativo, diz nos ‘Tópicos’: «são verdadeiras e primeiras aquelas coisas nas quais acreditamos em virtude de nenhuma outra coisa que não sejam elas próprias; pois no que toca aos primeiros princípios da ciência é descabido buscar mais além o porquê e as razões dos mesmos; cada um dos primeiros princípios deve impor a convicção da sua verdade em si mesmo e por si mesmo».414 Voltemos novamente à ‘Summa Sermonum’415 onde Frei Paio afirma, citando longamente a ‘Summa Aurea’ do mestre Guilerme,416 que a Teologia é ciência e arte, porque é dotada de princípios evidentes por si mesmos – principia per se nota, scilicet, articula fidei. Porém, a ciência teológica apoia-se em princípios evidentes apenas para os fiéis – qui tamen solis fidelibus sunt principia.417 Partindo da analogia estrutural ou assimilação entre os princípos do conhecimento sobrenatural e os primeiros princípios das ciências, diz que os artigos da fé são evidentes por si mesmos, sem necessidade de prova extrínseca, pois no conhecimento da fé o entendimento é iluminado por uma luz divina – per modum gratie, pela qual Deus o faz chegar paulatinamente até ao estado de perfeitção – usque ad perfectum;418 e à semelhança dos primeiros princípios das ciências cuja evidência é garantida pela iluminação da luz da razão natural – per modum nature. Na verdade, acrescenta Frei Paio, segundo diz o livro dos Provérbios 4, 18: «O caminho dos justos é iluminado desde a aurora, e a claridade vai crescendo até ao dia pleno», isto é, até ao conhecimento de clara evidência. 413 Ibidem, p. 17 : «Sunt autem vera et prima quae non per alia, sed per se ipsa fidem habent. Non enim oportet in disciplinaribus principiis inquirere propter quod, sed secundum unumquodque principiorum ipsam per se esse fidem». Cf. Aristoteles Latinus (Boethius translator Aristotelis), Topica, lib. 1, cap. 1. Bekker 100a). 414 Aristóteles, Tópicos, livro V, 1. Disponível na WWW: http://broguidodavid.wordpress.com/category/aristoteles/. 415 Summa Sermonum, pp. 17/8: «Si igitur in theologia non essent principia, non esset ars uel scientia. Habet ergo principia [ad per se nota], scilicet articulos [ad. fidei] qui tamen solis fidelibus sunt principia, quibus sunt [principia] per se nota, nulla extra probatione indigentia [Summa aurea «non extrinsecus aliqua probatione indigentia»] sicut enim hoc principium ‘omne totum maius sua parte’ (Aristoteles, I Posteriorum, c. 3, n. 4), habet aliquam illuminationem per modum nature illuminantis intellectum. Ita hoc principium ‘Deus est remunerator omnium bonorum’, et alii articuli [ad. fidei] habent in se illuminationem per modum gratie, quia Deus illuminat intellectum», (in G. Altissiodorensis, Summa Aurea, lib. 3, tr. 12, c. 1, 199), paulatim usque ad perfectum. Vnde Prou IIII, d, [18]: Iustorum semita, etc. [quasi lux splendens procedit, et crescit usque] usque ad perfectam diem, id est, claram cognitionem». 416 Guillelmus Altissiodorensis, Summa Aurea, lib. 3, tr. 12, c. 1, 199. 417 II Phil 3,2 : non enim omnium est fides. 418 Cf. Guillelmus Altissiodorensis, Summa Aurea, lib. 3, tr. 12, c.1, Sol. 1, pp. 198/9: «ita per fidem magis et magis illuminantem intellectum venitur paulatim in perfectam notiticiam eternorum bonorum non apparentium». xcvi A ciência teológica seria, assim, de iure, privilégio exclusivo dos crentes. Na verdade, apenas eles recebem a iluminação per modum gratiae (…) qui tamen solum fidelibus sunt principia…419 Guilherme de Auxerre, por outro lado, define a fé como virtude - fides est habitus credendi formatus, parecendo-lhe ser esta a definição mais adequada – quae proprie est virtus,420 e a mais condizente com a modalidade de conhecimento acidental de Deus – cognitio Dei accidentalis; posto que só por ela a alma recebe a iluminação da fé – fides gratuita ou fides formata’. Somente por ela, o entendimento do fiel – único detentor da fides gratuita -, poderá, pois, compreender plenamente a Verdade Primeira em si mesma e sobre todas as coisas – per se et super omnia. O próprio Frei Paio, ao comentar o livro de Ben Sirá (6, 23): sapientiae doctrinae secundum nomen est eius, et non multis est manifesta¸ afirmava que os artigos da fé que permaneceram ocultos, foram revelados por Jesus Cristo, a Sabedoria de Deus, que é lumen intellectus e sapor affectus, e que nem todos conhecem claramente os artigos da fé – non omnibus patent.421 Parece, pois, que os dois mestres excluiam da especulação teológica qualquer outra modalidade da cognitio Dei accidentalis.422 E assim sendo, poderia dar-se a possibilidade de se resvalar para o subjectivismo teológico: o conhecimento dos artigos da fé seria acessível apenas a uma classe privilegiada de sujeitos. Tal possibilidade viria a suscitar a objecção mais relevante sobre a validade objectiva e científica da teologia. S. Tomás considerou relevante esta questão e, por isso, a inscreveu na Summa Theologiae como aporia prioritária. Eis a objecção - «O problema: Será a ‘sacra doctrina’423 uma ciência? Na verdade, toda a ciência procede a partir de princípios 419 Cf. Summa Aurea e Summa Sermonum, acima, nota 404. 420 Cf. Ibidem, lib. 3, tr. 12, c. 1. p. 197. 421 Cf. Summa Sermonum, sermo 206, I in festiuitate ante portam Latinam, p. 353 (ff. 89r/v): «… uel de occultis, scilicet, articulis fidei, qui non omnibus patent ( … ) hec autem sapientia [sc., Christus] non solum lumen intellectus sed et saporem affectus tribuit se habenti». 422 Cf. Guillelmus Altissiodorensis, Summa Aurea, lib. 3, tr. 12, c. 4, p. 208/9. 423 Mais adiante S. Tomás, S.T. I q. 1 a. 7 sc., admite chamar ´theologia’ à ´sacra doctrina’, por razão do objecto desta ciência: «…illud est subiectum scientiae, de quo est sermo in scientia. Sed in hac scientia fit sermo de Deo: dicitur enim theologia, quasi sermo de Deo…». Cf. Jean Pierre Torrell, «Le savoir théologique chez saint Thoma». Revue Thomiste, 96 (1996) 355-396; que discute a diferença em S. Tomás entre ‘sacra doctrina’ e ‘theologia’. Cf. também Adriano Oliva, Les débuts de l´enseignement de Thomas d’Aquin et sa conception de la Sacra Doctrina: Édition du prologue de son commentaire des Sentences de Pierre Lombard. Biblioteque Thomiste, Paris: Vrin, 2006. Segundo M. D. Chenu, La théologie comme science au XIIIe siècle (Paris 1957), p. 79, o conceito de ‘sacra doctrina’ é muito indeterminado. Cf. também Alberto Escallada Tijero, O.P., «Introducción a la cuestión 1: ‘Teologia: el vocabulo’», in Suma de Teologia, tomo I, p.75, BAC, Madrid 2001, acerca da indeterminação e equivocidade do conceito de ‘sacra doctrina’. xcvii evidentes por si mesmos. Porém, a ‘sacra doctrina’ procede a partir dos artigos da fé, que não são evidentes por si mesmos, «pois nem todos têm fé» - non omnium est fides, como diz a segunda epístola aos Tessalonicenses (3,2). Portanto a ‘sacra doctrina’ não é ciência»424. O Doutor Angélico procurou resolver a questão, dizendo que a evidência dos princípios teológicos enquanto tal, nada tem a ver com o sujeito cognoscente. Pois, objectivamente, a validade dos princípios da ciência teológica depende dos princípios evidentes per se de uma ciência superior. É a teoria da subordinação da ciência teológica à ciência de Deus e dos santos.425 «Portanto, diz Tomás de Aquino, devemos responder à primeira objecção mostrando que os princípios de qualquer ciência, ou são evidentes por si mesmos, ou se reduzem ao conhecimento duma ciência superior».426 «A ‘sacra doctrina’ é ciência, pois procede de princípios evidentes, à luz de uma ciência superior, (…) princípios que foram revelados por Deus».427 - A segunda razão: «Para que o entendimento humano se submeta à justiça divina». Vt intellectus humanus diuine iusticie subiugetur. 428 Mais uma vez Frei Paio procura a autoridade científica do autor da «Summa Aurea» - Nam secundum theologos. Para Guilherme de Auxerre, a fé tem uma conotação de noese, pois ilumina o conhecimento; e, paralelamente, uma conotação de praxis, enquanto virtude teologal: «Dizemos que, na verdade, a fé existe no entendimento especulativo; porém ela não é pura especulação, nem tem como finalidade apenas a verdade, mas também o bem. A fé consiste portanto na especulação da Verdade Primeira e na avaliação do Bem (Supremo), porque quando o entendimento pela fé especula a Verdade Primeira, avalia-A como deleite supremo e bem supremo 424 Thomas Aquinatis, Summa Theologiae, I, 1 q. 2, 1 : «quaestio: ‘Utrum sacra doctrina sit scientia’: Omnis enim scientia procedit ex principiis per se notis. Sed sacra doctrina procedit ex articulis fidei, qui non sunt per se noti, cum non ab omnibus concedantur: non omnium est fides, ut dicitur II Thess. 3,2. Non igitur sacra doctrina est scientia». 425 Cf. Ibidem, I q.1 a.2 : «Respondeo dicendo sacram doctrinam esse scientiam (…) Quaedam enim sunt, quae procedunt ex principiis notis lumine superioris scientiae (…) Et hoc modo sacra doctrina est scientia : quia procedit ex principiis notis lumine superioris scientiae, quae scilicet est scientia Dei et beatorum. Unde sicut musica credit principia tradita sibi ab arithmetico, ita doctrina sacra credit principia revelata sibi a Deo». 426 Ibidem, I, q.1 a.2 : «Ad primum ergo dicendum quod principia cuiuslibet scientiae vel sunt nota per se, vel reducuntur ad notitiam superioris scientiae». 427 Ver acima nota nº. 414/5. 428 Summa Sermonum, p. 18, f. 3v. xcviii para si; e por isso, para ela se dirige, e nela se deleita e repousa».429 E mais adiante, ao comparar a fé com os demais conhecimentos, acrescenta o mestre parisino: «Nas outras ciências apenas existe especulação pura. No conhecimento pela fé, no entanto, a própria especulação é virtude, porque move para o bem - per modum aestimationis, e move para o Bem Eterno…».430 A fé, porém, como virtude teológica, não está subordinada a um género próximo - genus proximum, o qual, no dizer de Aristóteles, é um «hábito da vontade correspondente à média dum conjunto de pessoas» - habitus voluntatis in medietate existens, quoad nos.431 Na verdade a fé pertence a um género transcendente - genus transcendens, pois, segundo S. Agostinho, ela é aquela «boa qualidade do espírito, pela qual vivemos rectamente e evitamos o mal. É por ela que Deus opera em nós, sem nós» - Virtus est bona qualitas mentis qua recte vivitur, qua nemo male utitur, quam Deus in nobis sine nobis operatur.432 Podemos concluir dizendo que os dois níveis de racionalidade apontam para a existência de dois géneros de virtudes, diversas mas não incompatíveis: as politicae virtutes e as theologicae virtutes. As primeiras referem a especulação filosófica, formam-se por repetição sucessiva e permanente do agir humano – generantur ex frequenti bene agere;433 as segundas indicam a racionalidade teológica, e provêm da acção divina, exclusivamente – a solo Deo sunt.434 É neste contexto que Frei Paio de Coimbra considera a fé e as outras virtudes teologais como espécies do género ‘justiça’, da qual recebem a força (vis) ordenadora e referencial – ius suum cuique tribuere. «Na verdade, segundo os teólogos, por vezes a justiça é tomada como virtude mais geral,435 de modo que são suas espécies a fé, a 429 Summa Aurea, lib. 3, tr. 12, c. 2, p. 200: «Dicimus quod re vera fides est in speculativo intellectu; non tamen pure consistit in speculatione, nec suis finis tantum est veritas, immo etiam bonum. Consistit enim in speculatione prime veritatis est in estimatione boni, quia dum intellectus per fidem speculatur primam veritatem, estimat eam sibi summe delectabile<m> et sibi summum bonum ; et ideo movetur in illam, ut in ea delectetur et quiescat». 430 Ibidem, p. 201 : «Et ideo in aliis scientiis debet esse pura speculatio ; sed in hac scientia ipsa speculatio virtus est, quoniam per modum estimationis movet ad bonum …». 431 Cf. Summa Aurea, lib. 3, tr. 11, c.1, p. 174. (Cf. Aristoteles, Ethica Nichomachea, II, 6 (Bekker: 1106b,36 – 1107a, 1). 432 Cf. Summa Aurea, lib. 3, tr. 11, c.1, p. 171. (Cf. Petrus Lombardus, II Sententiarum, d.27, c.1 : « … quam Deus solus in homine operatur».). 433 Cf. Aristoteles, Ethica Nichomachea, II, 1 (Bekker: 1103a): «Ea autem (sc. virtus) que consuetudinalis, ex assuetudine fit. ( … ) Ex quo et manifestum, quoniam nulla consuetudinalium virtutum natura in nobis fit. Nichil enim eorum que natura sunt, assuescitur». Cf. também Summa Aurea, lib. 3, tr. 11, c. 1, p. 172. 434 Cf. Summa Aurea, lib. 3, tr. 11, c. 1, p. 172. 435 Cf. Summa Aurea, lib. 3, tr. 11, c. 3: «Iustitia vero non est in aliqua vi determinate, sed circuit omnes vires, et ideo significatur per Eufratem, de quo non determinatur in Genesi per quas terras transeat, quoniam iustitia circuit omnes vires anime». Cf. também Iosephus Albertatius, Epitome adagiorum ex xcix esperança e a caridade; e por isso a justiça divina, reportando a Deus o que Lhe é devido, submete a Deus a força concupiscível, pela caridade; a força irascível, pela esperança; e a força racional ou do entendimento, pela fé».436 E, cingindo-se apenas à fé, Frei Paio seguindo ‘ad litteram’ o mestre Guilherme, prossegue: «o entendimento humano, submetido à ordem da justiça divina, porque é iluminado pela fé, crê mais na Verdade Primeira do que em si mesmo – quam sibi, ou do que na demonstração silogística».437 Pela expressão acrescentada ao texto ‘quam sibi’, Frei Paio pretende dizer que a Fé é um conhecimento superior à Opinião – supra opinionem, à Ciência – supra scientiam, e à própria Lógica – supra etiam sillogismo demonstrativo. Na verdade, como diz Guilherme de Auxerre, a fé gratuita posiciona-se num lugar intermédio entre a opinião e a ciência manifesta – sciencia manifesta, pela qual veremos a Deus directamente – facie ad faciem.438 Ora, como acima referimos, a fé contém tanto o conhecimento especulativo da Verdade Primeira – speculatio, como a apreciação deleitável do Bem Supremo – aestimatio. E assim sendo, podemos proclamar com S. Paulo (II Cor 10, 5): «Tornamos cativo todo o nosso pensamento para obedecer a Cristo – in obsequium Christi, isto é, à fé de Cristo». Por ela, a alma torna-se forte – anima virili, capaz de ultrapassar os revezes do mundo sensível, a debilidade das razões humanas», e de orientar a vontade na direcção do Bem Supremo.439 - A terceira razão: «Para que o próprio acreditar não seja destituído de mérito». Vt ipsum credere meritorium reputetur.440 graecis latinisque scriptoribus, 671: «Aristoteles: Iustitia virtutes continet omnes». Roma: Apud Ioannem Osmarinum, 1574. 436 Summa Sermonum, p. 18, f. 3v: «Nam secundum theologos, quandoque large sumitur iusticia ut, sicut species eius, fides, spes, caritas, quia per caritatem reddit uis concupiscibilis Deo quod debet, et irascibilis per spem, et rationalis siue intellectus per fidem». Cf. Summa Aurea, lib. III, tr. 11. c. 2, p. 176. 437 Ibidem: «quia intellectus per fidem illuminatus magis credit prime ueritati quam sibi et quam sillogismo demonstratiuo». (Cf. Summa Aurea, lib. III, tr. 12, c. 2, p. 201). 438 Cf. Guillelmus Altissiodorensis, Summa Aurea, lib. 3, tr. 12, c. 2, p. 201: «Cum ergo dicitur: ‘fides est media inter opinionem et scientiam’, intelligitur de opinione fidei informis et de scientia manifesta qua videbimus Deum in futuro facie ad faciem». 439 Cf. Ioannes Chrisostomus, In Epistolam II ad Corinthios, hom. 21. PG 61, 544. 440 Summa Sermonum, p. 18 (f. 3v): «Vt ipsum credere meritorium reputetur. Gregorius: «Fides non habet meritum cui humana ratio prebet experimentum» (XL homiliae in euangelia libri duo, lib. 2, hom. 26, c. 1. PL 76, 1197C); ideo enim modica bona nostra apud Dominum magni meriti reputantur, quia magis sibi quam nostris sensibus uel intellectibus assentimus. Vnde si queratur, quare ita credis? Vnica est ratio: quia ita docet prima et summa ueritas. «Fides enim argumentum est non conclusio, probans non probatum, sicut dicit apostolus, He XI, a, [1]: Fides est sperandarum substantia rerum, argumentum non apparentium». (Rectius Glossa Lombardi, in Hb 11,1 –PL 192, 488C). Quemlibet fidelis habeat plura media ad probandum aliquem articulum, non tamen principaliter innititur illis, sed tantum prime ueritati, c Na verdade, segundo S. Gregório Magno, quando a razão humana alcança a certeza através da experiência, não há lugar para a fé. – Fides non habet meritum cui humana ratio prebet experimentum.441 Mas Frei Paio justifica que a fé não perde o seu mérito. São estas as razões: . Primeira: porque na fé é sempre muito maior o assentimento do nosso intelecto à Palavra de Deus do que aos objectos do conhecimento sensível ou do conhecimento intelectual – quia magis sibi quam nostris sensibus uel intellectibus assentimus.442 . Segunda: porque o modesto contributo da razão humana – modica bona nostra, não retira à fé o seu mérito, antes contribui para o seu aumento e confirmação.443 Em seguida Frei Paio passa a justificar a excelência do conhecimento pela fé, de maneira categórica: «A única razão é esta: porque assim o ensina a Verdade Primeira e Suprema» - Unica est ratio: quia ita docet prima et summa veritas. A credibilidade da fé não depende directamente dos dados revelados, mas apoia-se simplesmente na autoridade de Quem os revelou – quia ita docet, ou seja, na própria Verdade Primeira e Suprema – prima et suprema Veritas.444 Consequentemente, como diz Pedro Lombardo na Glosa: - a fé não é conclusão, mas princípio e argumento.445 Podemos, por conseguinte, considerar a fé na sua dupla faceta: 1ª. Na perspectiva da ‘fé-argumento’, segundo a definição de S. Paulo (He 11, 1), que se tornou clássica: «A fé é o sustentáculo (a garantia) das coisas que se esperam e o argumento das realidades que não se vêem – Fides est sperandarum substantia rerum, argumentum non apparentium.446 2ª. Na perspectiva da ‘fé-confiança’, que a expressão extremamente feliz do mestre Guilherme de Auxerre, esclarece : «ter fé é confiar na Verdade Primeira, por si ut legitur de Samaritanis, Io IIII, c, [23-24]: Sed uenit hora, et nunc est quando veri adoratores adorabunt Patrem in spiritu et veritate. Nam et Pater tales quaerit qui adorent eum. Spiritus est Deus, et eos, qui adorant eum, in spiritu et veritate oportet adorare. (Cf. Guillelmus Altissiodorensis, Summa aurea, lib. 1, Prol., p. 16 ; Cf. etiam, lib. 3, trac. 12, c. 4, pp. 207/8)». 441 Gregorius Magnus, XL homiliarum in euangelia libri duo, lib. 2, hom. 26, cap 1. PL 76, 1197C. 442 Summa Sermonum, p. 18, (f. 3v). 443 Cf. Summa Aurea, lib. 1, prol. p. 16. 444 Cf. Summa Sermonum¸ p. 245. (f. 61v) : «A Spiritus Sancti reuelatione ( … ), qui nec fallit, nec fallitur quia scit et docet omnem ueritatem». 445 Glossa Lombardi, in Heb. 11,1. (PL 192, 488C): «Fides enim argumentum est non conclusio, probans non probatum, sicut dicit apostolus, He XI, a, [1]: Fides est sperandarum substantia rerum, argumentum non apparentium». Citado na Summa Sermonum, p. 18. 446 Cf. Summa Aurea, lib. 3, tr. 12, c. 1: <Quid sit fides sive de deffinitione fidei>, pp. 197-198. ci mesma e sobre todas as coisas» - fides est acquiescere prime veritati super omnia propter se.447 Concluiu Frei Paio o terceiro argumento ou razão do valor noético dos artigos da fé, deste modo : Mesmo que o fiel possa, por ventura, produzir prova sobre qualquer artigo (da fé) utilizando com abundância meios diferentes (sc. humanae rationes) – quemlibet fidelis habeat plura media ad probandum aliquem articulum, jamais conseguirá encontrar neles o meio de prova principal (absoluto), mas tão somente o encontrará na Verdade Primeira – non tamen principaliter innititur illis, sed tantum Prime Veritati.448 E, para que melhor compreendamos, Frei Paio reproduziu as palavras de Jesus aos Samaritanos junto ao poço de Jacob em Siquem (Jo 4,23): «Mas vem a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade» - in spiritu et veritate. Chegou uma nova hora, a hora do nascimento para o conhecimento radicado na fé da nova revelação de Deus em Jesus Cristo – in Veritate. Chegou a hora da transformação do saber em sabedoria, num sabedoria que nos faz saborear e amar a Verdade Primeira – in Spiritu.449 Em suma, a fé completa e transcende a razão sem a contradizer formalmente. - A quarta razão: «Para que se respeite a relação de proporcionalidade entre as realidades corporais e as realidades celestes». – Vt sicut inter corporalia, sic inter spiritualia proportio conseruetur.450 447 Summa Aurea, lib. 1, prol. p. 15. 448 Frei Paio dá a entender que segue a doutrina do mestre Guilherme de Auxerre acerca da possibilidade de integração do scitum no creditum, isto é, das outras modalidades da cognitio Dei accidentalis no conhecimento mais excelente da modalidade fides gratuita. (Summa Aurea, lib. 3, c. 4). 449 Obs.: Frei Paio, aborda a autoridade do mestre da Summa Aurea e, com muita subtileza, pretende apenas evidenciar que a fé proporciona ao fiel um conhecimento das realidades celestes, fundamentado exclusivamente na Verdade Primeira. Guilherme de Auxerre, no episódio do encontro de Jesus com a Samaritana, mostra mais bem a diferença entre a verdadeira fé (quod significatur per Samaritanos … qui videntes Ihesum per veram fidem …) e as razões humanas (dicunt Samaritanae, id est, rationi humanae: Iam non propter te credimus…). Cf. Summa Aurea, lib. 1, prol. p. 16. 450 Summa Sermonum, sermo 7 in festiuitate S. Andree, pp. 18-19 (f. 3v): «Vt sicut inter corporalia, sic inter spiritualia proportio conseruetur. Sicut enim occulus corporis non potest uidere corporalia sine beneficio pupile, ita occulus anime intellectus non potest perfecte uidere omnia spiritualia nisi beneficio fidei. Augustinus: «Fides est illuminatio mentis, quia [qua] illuminatur mens a prima et uera luce ad uidendum bona spiritualia». (Erui potest ex Epistula 120, nn. 14-18 (PL 33, 454 s.; CSEL 34-2, 716-720). Quid est fides in intellectu speculatiuo nisi pupila in occulo? Ideo impossibile est ut philosophi, heretici, iudei, pagani non errent, quia pupilla fidei carent, uel corruptum [supple intellectum] habent. Augustinus: «Si cum [Sicut] solem non uidet occulus, nisi in lumine solis, sic uerum ac diuinum lumen non poterit intelligi, nisi in ipsius lumine. Domine, inquid Ps 35, 10, in lumine tuo uidebimus lumen». (Alcherus Claraevalensis (PS-Augustinus), De Spiritu et anima, cap. 12. PL 40, 788. cii O quarto argumento fundamenta-se no princípo de proporcionalidade. O mestre dominicano coloca em evidência a força probatória das semelhanças na analogia entre o órgão visual no conhecimento sensível, e a iluminação da fé, no conhecimento noético. Esta metáfora tem valor mais retórico e ilustrativo do que lógico e especulativo. Porém, como qualquer símile, é expressiva e clarificadora. «Assim como, diz Frei Paio, sem a ajuda da pupila, o olho do corpo não pode ver as coisas corporais, do mesmo modo, sem a ajuda da fé, o olho da alma, isto é, o entendimento, não pode ver perfeitamente todas as coisas espirituais; porque, como afirma S. Agostinho, a fé é o luzeiro – lucifer, que ilumina a mente… ».451 A fé é, por analogia, a ‘pupila’ do entendimento especulativo, aquela ‘abertura’ do intelecto humano por onde passam os raios luminosos do mistério de Deus - Quid est fides in intellectu speculativo nisi pupila in oculo?452 O argumento é diáfano: «assim como só vemos a luz do sol na luz que ele nos dá, diz o Pseudo-Agostinho, assim vemos a Luz divina na sua luz»,453 isto é, na luz do dom gratuito da fé. Donde se conclui que todo o intelecto fechado à luz da fé - lumen diuinum, ou deficientemente aberto, jamais alcançará a verdade e/ou perder-se-á na escuridão do erro – impossibile est ut (…) non errent.454 Neste estado de carência se encontravam os filósofos, que apenas contavam com a luz da razão natural;455 os herejes, que corromperam a luz da fé e aplicaram indevidamente as razões das coisas naturais às realidades divinas;456 os judeus, que se obstinaram na sua cegueira;457 os muçulmanos, que seguiram os erros de Maomé,458 os pagãos, que viveram na escuridão da ignorância.459 Na verdade, lê-se algures no Sermonário, «é pela fé iluminante que nos 451 Ver acima, nota nº. 445. 452 Ibidem. 453 Ibidem. 454 Ibidem. 455 Sem a luz da fé os filósofos não tiveram acesso ao conhecimento dos artigos da fé revelados, como, por exemplo, o mistério da Encarnação. Cf. Summa Sermonum, sermo VI Natalis Domini, p. 78 : «Filii Dei incarnatio, ibi, misit uerbum suum, id est, carnem factum uisibilem demonstrauit; haec uidentur philosophi ignorasse’». 456 Cf. Summa Aurea, lib. 1, prol. p. 18: «Ideo enim decepti fuerunt heretici, quia rationes proprias rerum naturalium volebant applicare rebus divinis, quasi volentes adequare naturam suo Creatori». 457 Cf. Summa Sermonum, sermo 153, I in cathedra S. Petri, p. 255 :«…in Christo (…), diuinitatem gloriosam; hoc non uident ceci iudei, quia usque in hodiernum diem, cum legitur Moyses et prophete, uelamen est positum super corda eorum». 458 Cf. Ibidem, sermo 3, III in festiuitate sancti Andree, p. 12: «Quidam inuocant ipsum ore tantum, ut sarraceni pessimi blasfamantes, qui admiscent laudes pessimi Mafumethi». 459 Cf. Ibidem, sermo 173, III in festo Domince Annuntiationis, p. 296: «Mirabiliter autem in hiis uerbis confundit Spiritus Sanctus cecitatem miserabilem iudeorum et paganorum et manicheorum, qui nasciturum non credunt de femina hominem uerissimum et Deum Altissimum». ciii libertamos da ignorância e do erro, os quais obscurecem o entendimento em nossa alma».460 Para evitar a escuridão da ignorância e a cegueira da má-fé, todos são convidados a se abrirem à luz inefável da fé. E assim como o olho só pode contemplar o sol na luz solar – nisi in lumine solis, do mesmo modo a verdadeira e divina Luz só pode ser recebida em sua própria luz – nisi in ipsius lumine,461 que é a luz da fé que ilumina a mente. «Nela vemos a Deus e as coisas divinas».462 Na verdade, já o rei David salmodiava (Ps 35, 10) : In lumine tuo, videbimus lumen.463 Pois é na luz da ‘face de Deus’, ao contemplar a sua bondade, que a alma humana encontra a luz da verdadeira felicidade. 2.4.3. Frei Paio de Coimbra e os ‘philosophi’ Em todo o Sermonário podemos encontrar muitas referências aos filósofos e ao discurso filosófico. Frei Paio de Coimbra, pregador e mestre, manifestou grande apreço pela autoridade de Aristóteles, o ‘Philosophus’, criticou a soberba dos sábios, reconheceu e louvou os bons filósofos, partilhando a opinião de S. Agostinho que neles via os intelectuais mais predispostos para receber o lumen diuinum da fé pois, sendo por definição os ‘amantes da sabedoria’, melhor atingiriam as realidades de Deus, que é a ‘Sabedoria’. A admoestação do profeta Isaias: Si non credideritis non intelligetis464 é remetida por Frei Paio àqueles filósofos que fecharam a alma à divina luz da fé e, como diz S. Jerónimo, «porque não acreditaram no que diz o Senhor acerca da vida futura, jamais compreenderão estas verdades».465 São eles: 460 Ibidem, semo 142, I in Purificatione beate Marie, p. 237: «Tercio, quibus auxiliis expurgantur, quia per multa auxilia, scilicet: (…) Per fidei infusionem. Act 15, 9: fide purifficans corda eorum. Nam per fidem illuminantem abicimus ignorantiam et errorem intellectum anime obfuscantem». 461 O autor do texto é Alcherus Claraevalensis (Ps-Augustinus), De Spiritu et anima, cap. 12. PL 40, 788. 462 Cf. Summa Aurea, lib. 1, prol., p. 16: «quoniam fides mentis illuminatio ad Deum videndum et res divinas». 463 Citado na Summa Sermonum, p. 19. 464 Is 7,9, secundum LXX. 465 S. Jerónimo, Commentaria in Isaiam, lib 3, cap (s.s.), par. 37, lin 84-88: «Et est sensus: quia quae Dominus dicit futura, non creditis, intelligentia non habebitis». civ a) os filósofos soberbos, como os escribas, fariseus e imperadores romanos;466 e como S. Agostinho antes da conversão,467 e Balaão, que conhecendo o Senhor agiu contra a Sua vontade.468 b) os que, por carência da luz da fé, ignoraram o mistério oculto da Encarnação.469 Frei Paio exaltou, de igual modo: a) a superioridade do discurso profético e evangélico sobre o discurso filosófico : «firmior enim est sermo propheticus uel euangelicus quam philosophicus; hunc producit Deus in tempore suo … ».470 b) a excelência da sabedoria dos Apóstolos Pedro e Paulo, descobridores dos tesouros da Palavra de Deus escondidos aos sábios e aos filósofos: «a thesauris, scilicet, sapientibus et philosophis, quos inter gentes absconditos inuenerunt…».471 Não obstante, os filósofos possuem mentes priveligiadas para a compreensão dos mistérios divinos: a) porque sendo, por definição, atraídos pela sabedoria, que é Deus, então o verdadeiro filósofo é aquele que ama a Deus, como diz S. Agostinho (De ciuitate Dei, 8, 1): «si sapientia Deus est (…) uerus quoque philosophus est amator Dei».472 b) porque até os filósofos pagãos podem conhecer a Deus uno e trino, e os atributos divinos, pelas manifestações da Natureza.473 466 Cf. Summa Sermonum, sermo VI in festiuitate S. Andree, p. 16. 467 Cf. Ibidem, sermo 12, II in festiuitate S. Nicholai, p. 25: «Primum [Christi iugum] est VIIem sacramentorum et XIIIIcim articulorum. Hec enim curuant colum anime, id est, intellectum, et captiuant ipsum in obsequium fidei, sicut dicitur IIª Cor 10, 5: In captiuitatem redigentes omnem intellectum in obsequium Christi. Sir 33, 27: Iugum et lorum curuant collum durum, id est, intellectum superbum philosophorum, ut Augustini, qui nolebat credere ut intelligeret». 468 Cf. Ibidem, sermo 26, III in festiuitate S. Lucie, p. 44: «et philosophi quilibet Deum cognouissent non tamen eum glorificauerunt, nec ei seruierunt, quia hominum magis quam Dei gloriam dilexerun». 469 Cf. Ibidem, sermo 47, VI Natalis Domini, p. 78: «Filii Dei incarnatio, ibi, misit uerbum suum, id est, carnem factum uisibilem demonstrauit; haec uidentur philosophi ignorasse». 470 Cf. Ibidem, sermo 220, VI in festiuitate S. Iohannis Baptiste, p. 374. 471 Cf. Ibidem, sermo 226, II in festiuitate Ss. Petri at Pauli, p. 387. 472 Cf. Ibidem, sermo 135, IV in conversione S. Pauli, p. 225. 473 Cf. Ibidem, sermo 402, I in festiuitate S. Katherine, pp. 679, 680; «Intellige tu, christiane, ad minus sicut philosophi infideles: primo, per unitatem mundi, unitatem Dei (…), secundo, per magnitudienm, Patris potenciam (…), tercio, per pulchritudinem, Filii sapientiam (…), quarto, per gubernationem uel ordinis conseruationem, Spiritus Sancti beniuolentiam (…), quinto, per creaturarum perpetuitatem, Criatoris eternitatem (…), sexto, per creaturarum compositionem, Criatoris simplicitatem (…), septimo, per creaturarem mutabilitatem, Creatoris immutabilitatem (…), octauo, per creaturarum utilitatem uel delectationem, Creatoris bonitatem (… )». cv c) porque todos os filósofos que glorificaram a Deus, receberam o prémio da Vida Eterna, como, S. Dionísio Aeropagita,474 S. Clemente de Alexandria,475 S. Agostinho de Hipona,476 e os sete sábios convertidos por Santa Catarina, que mereceram a palma do martírio.477 2.4.4. Primazia ou principado da teologia - A teologia como sabedoria Na ‘Summa Sermonum’, o termo ‘theologia’ tem diversas conotações: a) Significa, em primeiro lugar, a ciência ou arte teológica enquanto disciplina organizadora de conhecimentos a partir de princípios primeiros e per se evidentes, os artigos da fé – articula fidei, como vimos acima. – «Si igitur in theologia non essent principia, non esset ars uel scientia…».478 b) Significa, também, a Sagrada Escritura e a própria doutrina nela contida. «Bene hec competit beato Ieronimo, qui peritus fuit a sancto Gregorio Nazianzeno theologiam discendo. (…) Ieronimus apud Gregorium Nazianzenum ita proficere studuit ut sanctarum Scripturarum studiis erudiretur».479 c) Significa, ainda, a sabedoria, ou seja, um saber saboroso e prudencial. «Sapientia, id est, sapida scientia, dicitur doctrina Christi, id est, ‘theologia’ quam beatus Lucas, primo, corde inuestigauit; secundo, opere impleuit; tertio, predicauit; quarto manu scripsit».480 d) Significa, também, a mesma sabedoria enquanto familiaridade amorosa e mística com Deus. - «…beatus Dominicus dilectus a Deo et hominibus dicitur, certe quia illa habuit que Deo et hominibus dilectum faciunt (…) Primo, theologie exercitatio. 474 Cf. Ibidem, sermo 357, I in festiuitate S. Dionisii, p. 609. Cf. etiam sermo 226, II in festiuitate Ss. Petri et Pauli, p. 387 475 Cf. Ibidem, sermo 226, II in festiuitate Ss. Petri et Pauli, p. 387. 476 Cf. Ibidem, sermones 303, I-IV, in festo S. Augustini, pp. 510-516. 477 Cf. Ibidem, sermo 403, II in festiuitate S. Katherine, pp. 680/1. 478 Summa Sermonum, p. 17 (f. 3r): «Se, com efeito, a teologia não tivesse princípios, não seria arte ou ciência…». (In Guillelmus Altissiodorensis, Summa Aurea, Lib. 3, tr. 12, c. 1, p. 199). 479 Ibidem, p. 599, (f. 154v): «Bem se aplica a S. Jerónimo (o tema deste sermão), o qual se tornou perito (nas Sagradas Escrituras) por ter recebido lições de teologia de S. Gregório Nazianzeno». (…) «As lições proveitosas que Jerónimo recebeu de Gregório Nazianzeno instruíram-no para os estudos da Sagrada Escritura». (Gennadius Massiliensis, Vita I S. Hieronymi. PL 22, 178). 480 Ibidem, p. 617, f. 159v: «A sabedoria, isto é, o saber saboroso, diz-se da doutrina de Cristo, isto é da teologia que S. Lucas, amorosamente investigou, plenamente praticou, pregou e registou por escrito». cvi Sa 7, 28: Neminem diligit Deus, nisi eum qui cum sapientia, id est, sapida scientia inhabitat».481 Os dois significados anteriores são os primeiros degraus da ciência teológica como sabedoria, que o mestre dominicano identifica com o próprio Cristo – que sit hec sapientia ? Est autem hec sapientia Christus.482 Segundo Frei Paio, a ciência teológica é sabedoria, pois nos proporciona o conhecimento saboroso das coisas divinas, exercita-nos no amor de Deus, e faculta-nos o entendimento dos seus mistérios – sapientia de occultis. No primeiro sermão da festa de São João ‘ante Portam Latinam’ a Sabedoria é identificada com Cristo, que liberta a humanidade das tribulações. O tema pertence ao livro da Sabedoria de Salomão 10,9: «Mas a sabedoria livrou das provações os seus fiéis» - Sapientia hos qui observant a doloribus liberavit. Pergunta : que sit hec sapientia ? E responde : Est autem hec sapientia Christus. Frei Paio apoia-se na autoridade de S. Paulo e dos livros sapienciais do Antigo Testamento. Na primeira epístola aos Coríntios (1,23/4), diz o Apostolo : «pregamos a Cristo, que é a virtude e a sabedoria de Deus – Nos autem predicamus Christum Dei virtutem e Dei sapientiam : Cristo é, portanto, a Sabedoria de Deus. O rei-profeta David louva a Deus que criou todas as coisas com sabedoria – omnia in sapientia fecisti (Ps 103,24). O sábio Salomão sentencia : «Só é amado por Deus, quem habita com a Sabedoria» – Neminem diligit Deus, nisi eum qui cum sapientia inhabitat (Sap 7,28). O 481 Ibidem, p. 469 (f. 117r): «Pode dizer-se que S. Domingos foi amado por Deus e pelos homens certamente porque possuía todas aquelas coisas que o faziam amado: tal como a prática da teologia. Diz o livro da Sabedoria (7,28): ‘Deus só ama quem habita com a sabedoria’, isto é, com a ciência saborosa ou prudência». 482 Summa Sermonum, sermo 206, p. 352, ff. 89r/v: Incipit sermo I in festiuitate sancti Iohannis ante Portam Latinam - Sapientia hos qui obseruant a doloribus liberauit. Sap 10, 9. Nota tria: Primo, que sit hec sapientia, ibi, sapientia; est autem hec sapientia Christus, Iª Cor 1,23-24: Nos autem predicamus Christum Dei uirtutem et Dei sapientiam. Ps 103, 24: omnia in sapientia fecisti. Sap 7, 28: Neminem diligit Deus, nisi eum qui cum sapientia inhabitat. Iob 28, 18: Trahitur autem hec sapientia de occultis, id est, de sinu Patris: Primo, desideriis sanctorum, quasi quibusdam funibus. Secundo, orationibus. Sap 9, 4: da michi, Domine, sedium tuarum assistricem; et infra: Mitte illam de celis sanctis tuis, et a sede magnitudinis tuae, ut mecum sit et mecum laboret, ut sciam quid acceptum sit apud te, uel de occultis, scilicet, articulis fidei, que non omnibus patent, uel de occultis prophetarum uerbis, uel de occultis meditationibus contemplationis, uel de occultis operibus pietatis, que ad inanem gloriam non panduntur. Prv 8, 12: ego sapientia habito in consilio et eruditis intersum cogitationibus; hec autem sapientia non solum lumen intellectus sed et saporem affectus tribuit se habenti. Ecl 6,23: sapientie doctrine, id est, doctrinalis sapientia, secundum nomen est eius, id est, talis est qualis significatur pro nomen eius, id est, sapida scientia, que dicitur a sapore et a scientia, et non multis est manifesta,quibus autem cognita est, permanet usque ad conspectum Dei. ( … ) cvii paciente Job expressa a sua confiança : «A Sabedoria extrai preciosas pérolas das escuras profundezas» - Trahitur autem hec Sapientia de occultis. O Filho de Deus fezse ‘carne’ para revelar-nos os mistérios escondidos no coração do Pai - de sinu Patris. A Sabedoria estava como que ligada por filamentos (quibusdam funibus) às aspirações dos Patriarcas, que a reclamavam em suas preces : «Dá-me, Senhor, a Sabedoria, contigo entronizada» (Sab 9,4). «Manda-a do teu trono de glória, para me ensinar o que Te agrada» (Sab 9,10). E Frei Paio acrescenta: «as coisas que estão ocultas, ou seja, os artigos da fé que nem todos conhecem, as coisas ocultas nas palavras dos profetas, as coisas ocultas nas meditações da comtemplação e nas obras piedosas, as quais não são reveladas para a vanglória».483 Por fim, a Sabedoria de Deus dá-se a conhecer no livro dos Provérbios (8, 12) : «Eu, a Sabedoria, moro com a sagacidade e possuo o conhecimento da reflexão». E o mestre pregador esclarece: «na verdade, a Sabedoria distribui a quem nela habita a luz da inteligência – lumen intellectus, e o sabor do afecto – sapor affectus. O seu nome, segundo o Ben Sirá (6,23), significa ‘a sabedoria da doutrina’ – sapientia autem doctrinae nomen est eius, E prosegue: esta sabedoria é ciência com sabor, ou sapida scientia, quem dicitur a sapore et scientia. Continua o Ben Sirá (6,23): «Há muitos que não a ignoram; mas quem a conhecer, permanece sábio atè à visão de Deus». A teologia é, pois, ciência e sabedoria e, porque o seu objecto de estudo é tudo o que diz respeito à divina Sabedoria, ela é também a ciência mais excelente e «tem a primazia entre todas as outras ciências».484 Seguidamente Frei Paio apresenta as razões do amor à Sabedoria de Deus pela boca de S. Agostinho: porque «sem Deus, nenhuma natureza subsiste, nenhuma doutrina instrui, nenhuma acção é útil»; porque Deus é «o nosso princípio, a nossa luz, o nosso bem»; e porque Deus é «o princípio da natureza, a verdade da doutrina, a felicidade da vida».485 483 Ver o texto em latim, na nota anterior. 484 Ibidem, p. 224 (f. 56v): «Beatus enim Paulus fuit uas electe scientie, id est, theologie que inter omnes scientias obtinet principatum». 485 Ibidem, p. 225 (f. 57r). (in De civitate Dei, lib. 8, cap.1; cap. 4, cap. 10, cap. 9. PL 41, 224/25 ; 229 ; 234 ; 233). cviii 2.5. Outros temas de racionalidade teológica Na Summa Sermonum encontram-se ainda outros temas sobre os quais o mestre dominicano exerceu a sua actividade especulativa no contexto da racionalidade teológica. São questões que, aliás, chamaram a atenção dos teólogos e dos filósofos cristãos da época, tais como: o conhecimento racional da unidade e trindade de Deus e dos atributos divinos; a Providência divina; a condição feminina; as virtudes do príncipe cristão. 2.5.1. Os vestígios de Deus uno e trino na Natureza criada Lendo os livros sapienciais do Antigo Testamento e, particularmente, a epístola de S. Paulo aos Romanos (1,20), onde se diz: «Com efeito, o que é invisível em Deus – o seu eterno poder e divindade – tornou-se visível e inteligível, desde a criação do mundo nas suas obras»,486 os pensadores cristãos medievais aceitaram a possibilidade de reconhecer no mundo criado, por revelação natural, os vestígios do Deus Uno e Trino, e dos seus atributos. Colocou-se, sobretudo a partir de Santo Agostinho, a objecção do ‘tertio signo’.487 Admitia-se que os filósofos gentios teriam encontrado no mundo criado apenas os vestígios de Deus Pai e do seu Filho, o Verbo; não, porém, os do Espírito Santo.488 Frei Paio de Coimbra afirmou na Summa Sermonum que até os filósofos destituídos do dom da fé – philosophi infideles, observando a Natureza, podem ver 486 Inivisibilia enim prius a creatura mundi per ea quae facta sunt intellecta conspiciuntur sempiterna quoque eius virtus et divinitas... 487 Cf. Guillelmus Altissiodorensis, Summa Aurea, lib. 3, tr. 12, c. 8, q. 1, 1, p. 233: «Quoniam dicit Augustinus (Quest. In Hept., II, q. 25) quod ‘magi Pharaonis defecerunt in tertio signo. Converterunt enim aquam in sanguinem et fecerunt ranas, sed non potuerunt facere cyniphes’. Et dicit Augustinus quod per hoc significatur quod philosophi de duabus personis, scilicet, Patre et Filio, cognitionem habuerunt; sed de tertia, scilicet Spiritu Sancto, cognitionem habere non potuerunt». 488 Cf. Augustinus Hipponensis, Questionum in Heptateucum; II, q. 25: «Commendatur enim fortasse Trinitas, et quod verum est, summi philosophi gentium, quantum in eorum litteris indagatur, sine Spiritu Sancto philosophati sunt, quamvis de Patre et Filio non tacuerint, quod etiam Didymus in libro suo meminit, quem scripsit de Spiritu Sancto». (PL 34,604; CSEL 28,105; CCL 33,80). Cf. Petrus Lombardus, Sententiarum libri quatuor, I, d. 3: ‘Incipit ostendere quomodo per creaturam portuerit cognoscere Creatorem’ ... ». Ideoque Apostolus dixit (Rm 1,20): Qua Deus revelavit illis, scilicet, dum fecit opera, in quibus artificis aliquatenus relucet indicium»; Ibidem, I, d. 3, 6: ‘Quomodo in creaturis apparet vestigium Trinitatis...’. (PL 192,529; 530-531). Cf. etiam Guillelmus Altissiodorensis, Summa Aurea, lib. 3, tr. 12, c. 8, q. 1: <De cognitione philosophorum et hereticorum>. «De primo dicit Apostolus quod philosophi cognoverunt Deum, sed non sicut Deum [id est, sicut Deum unum et personalem] glorificaverunt. Queritur ergo utrum philosophi cognoverunt três personas et aliquam illarum, Videtur quod sic»; pp. 233ss. cix refectidos os vestígios da unidade e trindade de Deus, e os atributos divinos: a eternidade, a simplicidade, a imutabilidade e a bondade. No que concerne à questão sobre a ‘ausência do conhecimento do Espírito Santo através da natureza criada’, o mestre dominicano que, presumivelmente, conhecia tal aporia pela Summa Aurea, apresentou uma solução subtil: substituiu o termo ‘bonitas’ - que remete para os atributos de Deus -, pelo termo ‘benivolentia’. Com efeito tornar-se-ia embaraçoso admitir que nos apercebemos dos vestígios da Bondade de Deus na Natureza, dado que a bondade é do foro da vida íntima da Trindade, significando a expressão da relação amorosa do Pai e do Filho, cujo conhecimento apenas se pode alcançar pela iluminação da fé, isto é, por revelação gratuita. É possível, porém, à razão humana apreender uma ordem de governo e conservação no mundo, fruto de um bem-querer de Alguém (benivolentia), que é reflexo da relação amorosa do Pai – o ‘Senhor’, e do Filho – a ‘Sabedoria’, dos quais procede o Espírito Santo – o ‘Amor’.489 489 Summa Sermonum, sermo 402, pp. 679ss., ff. 177r/v: «Incipit sermo primus in festiuitate beate Katherine uirginis et martiris - A magnitudine speciei et creature cognoscibiliter poterit horum creator uideri. Sap 13,5. ( … ) Intellige tu christiane ad minus sicut philosophi infideles: Primo, per unitatem mundi unitatem Dei, id est, unam essentiam. Augustinus: «Vnum Deum communis natura testatur, quia unus est mundus, qui unum Deum <fides> significat». (Ambrosius Mediolanensis, De fide libri v, lib. 1, cap. 4. CSEL 78. Cf. Auctor incertus (Aug. Hipp.?), Sermones suppositii de Sanctis, sermo 219. PL 39, 2151). Secundo, per magnitudinem Patris potenciam. Vnde igitur dicitur: a magnitudine, etc.; Ambrosius, lib. Iº Sent.: «Accedat quecumque uis creatura et faciat tale celum», id est, tam magnum, «et (ad.) talem terram; et dicam quia Deus est; sed quia nulla creatura talia facere ualet constat supra omnem creaturam esse illum qui ea fecit, ac per hoc illum esse Deum humana mens cognoscere potuit». (P. Lombardus, Sententiarum ..., lib. I, dist. 3, 2. PL 192, 529). Tercio, per pulcritudinem Filii sapientiam. Ambrosius, in libro Iº Exameron: «hic mundus diuine maiestatis insigne est, ut per ipsum Dei sapientia manifestetur, quem uidens propheta et ad inuisibilia su<b>tiliter occulos attollens, ait Ps 103 24: quam magnificata sunt opera tua Domine, omnia in sapientia fecisti». (Exaemeron, PL 14, 130-131). Idem in libro II Exameron: «Inuisibilis maiestas Dei, per eam que uidetur agnoscitur», quia sicut ait Ps 18, 2: celi ennarrant gloriam Dei, et opera manuum eius annuntiat firmamentum; hoc est, mundi opus cum uidetur suum laudat auctorem. Quarto, per gubernationem uel ordinis conseruationem Spiritus Sancti beniuolentiam, satis per hoc quod creaturas suas cum tanta reuerentia conseruat pariter et gubernat. Ro 11, 36: quoniam ex ipso et per ipsum et in ipso sunt omnia, ipsi honor et gloria in Spiritu Sancto, qui sola dilectione conseruat omnia. Item super illud Sir 43, 1: altitudinis firmamentum pulcritudo eius, dicitur sic per altitudinem et pulcritudinem celi uidetur quodammodo gloria in potencia , sapientia, beniuolentia. Vº, per creaturarum perpetuitatem Creatoris eternitatem. Hoc dicit Glosa super illud Ro 1, 20: Inuisibilia enim ipsius a creatura mundi per ea que facta sunt intelliguntur sempiterna quoque eius virtus et divinitas ut sint inexcusabiles. (Glo. ord. Rm 1, 20). VIº, per creaturarum compositionem Creatoris simplicitatem; omne namque compositum debet simplici suum esse. VIIº, per creaturarum mutabilitatem Creatoris immutabilitatem; oportet enim quod primum mouens sit immotum, Boecius: «stabilisque manens dat cuncta moueri» (Philosophiae consolatio, lib. 3, carmen 9, versus 1). Ia I, [17]: Apud quem non est transmutatio. VIIIº, per creaturarum utilitatem uel delectationem Creatoris bonitatem. Vnde quidam: «In creaturarum nimia utilitate creatoris infinitam bonitatem attendere debuissent». Augustinus: «summe bone, pulcritudo pulcrorum omnium». (Confessionum libri tredecim, lib. 3, cap. 6. PL 32, 687), «tu amor meus, in quem deficio ut fortis sim». (Ibidem. PL 32, 687)». cx O ponto de partida de Frei Paio não é a doutrina de S. Paulo, mas a Sabedoria de Salomão (13,5): «Pois na beleza e na grandeza das criaturas se contempla, por analogia, o seu Criador» - A magnitudine speciei et creature cognoscibiliter poterit horum Creator uideri. Daqui o apelo dirigido aos seus ouvintes para que abram os olhos da inteligência e, tal como os filósofos pagãos - ad minus sicut Philosophi infideles -, vejam Deus na sua obra.490 Observem e entendam: a) «Pela unidade do mundo, a unidade de Deus, isto é, uma só essência divina» – per unitatem mundi, unitatem Dei. Assim o proclanava S. Ambrósio:491 «A unidade do mundo significa a fé num só Deus». b) «Pela grandeza do mundo, o poder do Pai» – per magnitudinem <mundi>, Patris potentiam. Santo Ambrósio já tinha lançado o desafio: «Avance qualquer potência criada e faça um céu (tão grande) como este e uma terra como esta. Só Deus tem o poder de os criar. A inteligência humana tem contudo a faculdade de O conhecer».492 c) «Pela beleza do mundo, a sabedoria do Filho» – per pulcritudinem <mundi>, Filii sapientiam. S. Ambrósio, no livro do Exameron, explica: «assim como a perfeição duma obra testemunha a sabedoria do artista, do mesmo modo este mundo tem a marca da magnificência da divina majestade do seu artista e manifesta a sabedoria de Deus».493 Por isso, conclui Frei Paio, «quando contemplamos o mundo, louvamos o seu autor» – mundi opus cum uidetur suum laudat auctorem.494 d) «Pelo governo e conservação da ordem do mundo, a benevolência do Espírito Santo» - per gubernationem uel ordinem Spiritus Sancti beniuolentiam.495 As criaturas são conservadas e governadas com toda a solicitude - reverentia, «porque é d’Ele, por Ele e para Ele que tudo existe» - ex ipso et per ipsum et in ipso sunt omnia. (Rm 11,36). 490 Trata-se, no âmbito da teoria da cognitio Dei accidentalis de Guilherme de Auxerre, do primeiro grau deste conhecimento, obtido pela luz da razão natural, que é comum a todos os homens. Cf. Summa Aurea, lib. III, tr. 12, c. 4, pp. 208/9. 491 Ambrosius Mediolanensis, De fide libri v, lib. 1, c. 4. CSEL 78. Frei Paio atribui este texto a S. Agostinho. Ver acima nota 484. 492 In Petrus Lombardus, Sententiarum libri quatuor, lib. I, dist. 3, 2. PL 192, 529 493 Cf. Exaemeron, dies 1, cap. 5, par. 17, pag. 14, lin. 17 s. CSEL 32.1 (PL 14, 130-131). Ibidem, cap. 4, par. 15. CSEL 32.1 (PL 14, 152). 494 Summa Sermonum, p. 679. 495 Ibidem. cxi Em suma, a «grandeza e o esplendor do Firmamento» (Sir 43,1) reflectem a magnificência do poder, da sabedoria e da benevolência de Deus Uno e Trino - dicitur sic per altitudinem et pulcritudinem celi uidetur quodammodo gloria in potencia, sapientia, beniuolentia.496 e) «Pela duração das criaturas, a eternidade do Criador» - per creaturarum perpetuitatem Creatoris eternitatem. Comprova-o a Glosa,497 aqui atribuída ‘ad sensum’ a Haimon Halberstatense:498 «Foi dado a entender a todos os homens que os seres criados do céu e da terra e todas as outras criaturas de imensa grandeza e que duram para sempre, são obra do seu Criador, incomparável, imenso e eterno». No comentário à epístola de S. Paulo aos Romanos (1, 20), o bispo de Halberstadt refere directamente os filósofos: «et per ea quae facta sunt visibilia, dedit philosophis multa cognoscere de divinitate sua».499 f) «Pela composição das criaturas, a simplicidade do Criador». - per creaturarum compositionem, simplicitatem Creatoris. O fundamento deste desvelamento é remetido para o princípio lógico-metafísico: ‘todo o ser composto deve a sua existência a um ser simples’- omne namque compositum debet simplici suum esse.500 Ou seja: os seres contingentes reclamam a existência dum Ser Absoluto. Frei Paio utiliza o argumento de Guilherme de Auxerre para provar a simplicidade omnimoda de Deus, mas partindo do princípio ontológico aplicável aos seres contingentes: que eles não subsistem por si mesmos - per se. De facto, o mestre parisiense serve-se, na premissa maior, de idêntico princípio, embora em termos diferentes dos utilizados na ‘Summa Aurea’, onde ele diz: «id quod per se est et nulli debet suum esse».501 Guilherme de Auxerre completa a 496 Summa Sermonum, p. 679. 497 Obs.: Frei Paio apenas remete para a Glosa ordinária Rm 1,20. Os textos de Haimon de Halberstadt foram por nós recolhidos na Summa Sermonum, p. 680, nota 10. Cf. nota seguinte, 498. 498 Glosa Ordinaria, Rm 1,20. « (Haimo). Intellecta ipsa invisibilia prefacta, quia per celum et terram et alias criaturas quas immensas et perpetuas esse intellexerunt, ipsum conditorem incomparabilem immensum eternum mente conspexerunt». 499 Cf. Haymo Halberstatensis, In Divi Pauli Epistolas Expositio, In Epistolam ad Romanos, cap. I (20), PL 117, 374 : «Virtus Dei est quae cuncta creata gubernat : divinitas vero, quae universa replet : ideoque Deus omnipotens per naturalem ingenium, et per ea quae facta sunt visibilia, dedit philosophis multa cognoscere de divinitate sua, ut illi adorantes idola, creaturarum videlicet pro Creatore, inexcusabiles sint, et non possint dicere quia Deum ignoraverint. Virtus enim Dei quae sempiterna est, et divinitas quae nihilominus aeterna est, ex conjecturis creaturae ostenditur». 500 Cf. Anicius Manlius Severinus Boethius, Commentarium in librum Peri-hermeneias, lib. I, 1,5: «Omne quod compositum est eorum suscipit naturam ex quibus totum compositi ipsius corpus efficitur». 501 Ver nota seguinte, nº. 502. cxii prova com o argumento dialéctico de grandeza de Anselmo de Aosta - maius est quam quod non est per se et alicui debet suum esse, sed Deus maximum est, ergo…».502 g) «Pela mutabilidade das criaturas, a imutabilidade do Criador». - per mutabilitatem creaturarum Creatoris immutabilitatem. É necessário que o Primeiro Movente não seja movido, pois, como diz Boécio na linha do pensamento de Aristóteles,503 Deus «permanece imóvel e a tudo dá o movimento» - stabilisque manens dat cuncta moueri.504 E Frei Paio reforça o argumento com a autoridade do Apóstolo S. Tiago (1,17): em Deus «não há mudança nem sombra de variação». h) «Pela utilidade e pelo encanto das criaturas, a bondade do Criador» - per creaturarum utilitate uel delectationem, Creatoris bonitatem. Pois, como alguém disse quidam: «Todos devem reconhecer a infinita bondade do Criador, no imenso proveito que as coisas criadas nos dão».505 E conclui com as expressões arrebatadas do jovem convertido Agostinho de Tagaste: «Sois vós o meu amor, diante de quem desfaleço, para me tornar mais forte». «Ó Pai de extrema bondade. Ó beleza das belezas!»506 2.5.2. A Providência divina A questão relativa à Providência divina - ʌUóQRLD, procurava responder aos problemas acerca do sentido do curso irresistível do universo, da vida pessoal do homem e da sua história.507 A concepção cristã da Providência vem dar resposta à atitude desesperada e terrífica dos povos da Antiguidade, para quem o universo teria emergido do enigmático Caos deixando o homem à mercê do destino caprichoso e 502 Cf. Guillelmus Altissiodorensis, Summa Aurea, lib. 1, tr. 2, p. 24: «‘Quod Deus est omnibus modus simplex’: Viso qualiter possit probari rationibus Deum esse, ostendamus similiter rationibus unum solum Deum esse. (…) 2. Item, id quod per se est et nulli debet suum esse, maius est quam quod non est per se et aliqui debet suum esse ; sed Deus maximum est; ergo est per se et nulli debet suum esse ; ergo nulli compositioni vel parti; ergo nullo modo compositus est». (Cf. Anselmus Cantuariensis, Proslogion, c. 3 ; PL 158, 228). 503 Physica, VIII, 44: Methaphisica, XII, 43. 504 Philosophiae consolatio, lib. 3, carmen 9, versus 1: «O qui perpetua mundum ratione gubernas, / terrarum caeli que sator, qui tempus ab aeuo / ire iubes stabilis que manens das cuncta moueri, / quem non externae pepulerunt fingere causae / materiae fluitantis opus uerum insita summi / forma boni liuore carens, tu cuncta superno / ducis ab exemplo, pulchrum pulcherrimus ipse / mundum mente gerens simili que in imagine formans / perfectas que iubens perfectum absoluere partes». CCSL 94. (PL 63, 758A). 505 Summa Sermonum, p. 680. Frei Paio apresenta uma autoridade não identificada, possivelmente recolhida num ‘Florilégio’. 506 Augustinus Hipponensis, Confessionum libri tredecim, lib. 3, cap.6. 507 Cf. a síntese de Manuel da Costa Freitas, «Providência», in Logos – Enciclopédia Luso.Brasileira de Cultura, vol. 4. Cf. também o sentido de ‘Providência’, em Paul Tillich, Teologia Sistemática, II, pp. 223227. cxiii fatídico. Veio, outrossim, clarificar as teorias clássicas que explicam o emergir do Universo duma planificação finalística da ‘Ideia de Bem’ (Platão – Timeu, 30 b, c e ss.) ou do ‘Acto Puro’ (Aristóteles – Methaphysica, XII, 7), e corrigir a concepção panteísta estóica e neoplatónica que atribuiam a organização do ‘Cosmos’ a uma força (inteligência) imanente do Universo. Para o Cristianismo, na verdade, a organização do Universo tem a sua génese na própria pessoa de Deus, que o transcende e que, com infinita omnipotência, sabedoria e bondade, criou e sustenta todas as criaturas tanto no ser como no agir. A providência é assim integrada na noção mais ampla da acção criadora de Deus, de modo que todos os seres se encaminham para o seu acabamento ou perfeição e, apesar dos limites inerentes à sua ‘condição finita’, alcancem efectivamente o fim para que foram criadas. Segundo a perspectiva cristã de Paul Tillich, a «Providência é uma actividade permanente de Deus. Ele não é simples espectador, pois dirige sempre tudo para a plenitude. Contudo, a actividade directora de Deus ‘cria’ sempre, através da liberdade do homem e da espontaneidade e da totalidade estrutural de todas as criaturas. A providência actua mediante os elementos polares do ser. Actua mediante as condições da existência individual, social e universal; mediante a finitude, o não-ser e a ansiedade; mediante a interdependência de todos os seres finitos; mediante a resistência destes contra a sua actividade divina, e mesmo tendo em conta as consequências destrutivas desta resistência. Todas as condições existenciais estão incluídas na criatividade directora de Deus. Elas não são aumentadas nem diminuídas pelo seu poder. Nem tão pouco são eliminadas. Providência não é interferência, mas criação. Ela lança mão de todos os factores, tanto provenientes da liberdade como os que advêm por acaso, de modo que todas as coisas sejam dirigidas criativamente para a plenitude».508 Tillich abre um horizonte mais alargado ao conceito de Providência divina, que poderíamos talvez traduzir nesta expressão: Providência é a ‘divina condição’ permanente, do devir do Universo, da vida dos Homens e da progessão da História. Se abrirmos a ‘Summa Sermonum’, encontraremos o tema da Providência evocado por três vezes: 508 Teologia Sistemática, II, p. 224. Obs.: algumas expressões do texto sofreram adaptação. cxiv a) A primeira vez, no sermão 402, o primeiro da festa de S. Catarina de Alexandria, no qual Frei Paio pretendia monstrar que a observação da acção solícita da Providência sobre todos os seres criados, espelha o amor e a benevolência do Espírito Santo, a terceira Pessoa da Santíssima Trindade – per gubernationem vel ordinem Sipiritus Sancti beniuolentiam.509 b) A segunda vez, no sermão 396, o primeiro da festa de S. Clemente,510 cujo tema é introduzido pelo texto do profeta Daniel (4,14) que diz: «Decreto dos Vigilantes. Que saiba todo o ser vivo: O Altíssimo é quem domina sobre o reino dos homens; Ele o concede a quem Lhe apraz e a ele pode elevar o mais humilde dos mortais». O pregador dominicano enalteceu a humildade de S. Clemente porque ele renunciou à sucessão apostólica de S. Pedro em favor de Lino e de Cleto. S. Clemente foi posteriormente elevado à dignidade pontifícia por desígnio da vontade de Deus, que «pode exaltar o mais humilde dos mortais» - dominatur Excelsus in regno hominum (Dn 4,14). Por isso erram todos aqueles que, como o filósofo grego Epicuro, negavam a Providência divina sobre as coisas humanas. Frei Paio remete para o quarto sermão da festa de S. Miguel Arcanjo, onde poderão encontrar-se outros argumentos abonatórios – contra hos notaui supra in sermone de angelis.511 Antes, porém, apresentou os argumentos a fortiori extraídos do Novo Testamento, onde se diz que: . Deus apascenta os corvos (Lc 12,24) e veste os lírios do campo (Lc 12,27). . Deus fornece o alimento aos jumentos e às crias dos corvos que piam (Sl 146,9). . Deus «faz descer a chuva tanto sobre os santos como sobre os pecadores». (Mt 5,45). E assim por diante… 509 Summa Sermonum, sermo 402, primus in festiuitate beate Katherine, p. 679. 510 Summa Sermonum, sermo 396, p. 669, 670 : Incipit sermo primus in festiuitate sancti Clementis - Dominatur excelsus in regno hominum, et cuicumque voluerit dabit illud, et humillimum hominem constituet super eum. Dn 4,14. (…) In auctoritate autem predicta notantur tria: Primo, error epicurorum eliditur, ibi, dominatur excelsus in regno hominum; Epicurus autem dicit non esse diuinam prouidentiam circa res humanas; contra hos notaui supra in sermone de angelis: Ecce ego mitto angelum meum (Mal 3,1); preterea uidet [Lc 12,27]: uestit lilia, [Lc 12,24] pascit coruos. Ps 146,9: qui dat iumentis escam ipsorum et pullis coruorum inuocantibus eum. Dicit Mt 5,45: pluit super iustos et iniustos, et cetera talia. (…) 511 Ver a nota seguinte, nº. 512. cxv c) A terceira vez, que é o ponto central da referência, no quarto sermão da festa de S. Miguel Arcanjo.512 O tema evoca a solicitude especialíssima de Deus para com Israel, seu Povo, libertando-o do cativeiro do Egipto: «Eis que te envio um Anjo diante de ti, para que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que tenho preparado para ti. Respeita a sua presença e observa a sua voz, e não lhe sejas rebelde».513 O Anjo protector, que o texto apresenta como uma entidade distinta de Javé, significa a acção providencial do próprio Deus. Esta é, sem dúvida, a interpretação de Frei Paio. Diz ele: «Note-se que se trata da divina Providência onde está escrito: ecce ego mittam angelum. Com efeito, é aquela Providência divina que a todos rege».514 Imediatamente Frei Paio apresenta as autoridades do Antigo Testamento. Merece especial atenção o dito de Job (5,6): «Nada acontece na terra sem a sua causa» nichil in terra sine causa fit. E assim sendo, conclui o pregador, erram gravemente os que dizem que tudo acontece por acaso, ou que está sujeito ao destino. Por fim, ele procura resolver a questão mais problemática: Deus é providente mesmo quando castiga os homens? Frei Paio socorre-se de S. João Damasceno, citado Summa Sermonum, sermo 348, pp. 590/1: [Sancti Michaelis Arcangeli sermo] IIIIus- Ecce ego mittam angelum meum, qui praecedat te, et custodiat in via, et introducat ad locum quem paravi. Observa eum et audi vocem eius, nec contemnendum putes. Ex 23,20-21. Tria notantur in hac auctoritate diuina: Primo, diuina prouidentia, ibi, ecce ego mittam angelum; diuina siquidem prouidentia omnes creature reguntur. Nam sicut ait Iob 5,6: nichil in terra sine causa fit; qui uero dicunt omnia casu uel fato accidere grauiter errant et grauiter punientur. Ecl 5,5: Neque dicas coram angelo, qui astat cuique et omnia nuntiat Deo uel apud Deum; non est prouidentia, id est, non cogites uel dicas omnia casu agi et nichil per prouidentiam Dei, ne forte iratus Deus super sermone tuo dissipet cuncta opera manuum tuarum, etiam bona; dicit Glo: «hoc tamen peccatis excecantibus multi errant». Ez 9,9: Iniquitas domus Israel et Iuda magna est nimis valde, et repleta est terra sanguinibus, et civitas repleta aversione. Dixerunt enim: Dereliquit Dominus terram, et Dominus non uidet. Iob 22,13: quid enim nouit Deus. Ps 9,34; 10,13: propter quid irritauit impius Deum. Dixit enim in corde suo: non requiret. Ps 93,3: Vsquequo peccatores Domine usquequo peccatores gloriabunt, et infra [93,7-9]: et dixerunt: non uidebit Dominus, nec intelleget Deus Iacob. Intellegite, qui insipientes estis in populo, et stulti aliquando sapite. Qui plantavit aurem non audiet, aut qui finxit oculum non considerat. Ps 9,32: dixit enim in corde suo: Oblitus est Deus. Avertit faciem suam, ne videat in finem. [Iohannes Damascenus]: «prouidentia est uoluntas Dei propter quam omnia que sunt conuenientem ducatum suscipiunt». (De fide orthodoxa, II, c. 29. PG 94,963); est autem duplex, prima, secundum acceptationem, IIª, secundum concessionem (I. Damascenus, l.c. PG 94,966). Cf. G. Altissiodorensis, Summa Aurea, lib. I, tract. 10, p. 198.); de hac prouidentia ait Glosa super illud Ps 30,24: diligite Dominum omnes sancti eius quoniam: veritates requirit Dominus, et retribuit abundanter facientibus superbiam: «In presenti aliquibus aliquando retribuit Dominus ut superbos humiliet; quod ideo fit, quia si nulli hoc faceret, non uideretur uigilare diuina prudentia; si omnibus hoc faceret non seruaretur diuina paciencia. Vbi ergo paciens et iustus apareat aliquibus et non omnibus hic retribuit». (…). (Glo. ord. Ps 30, 24. Cf. P. Lombardus, Commentaria in Psalmos. PL 191, 314D). 513 Ex 2,20/1. 514 Ver acima, nota 510. 512 cxvi na Summa Aurea: «Queritur utrum sit bona vel mala divina providentia».515 Responde o doutor da Igreja, dizendo que «a providência é a vontade de Deus pela qual todas as coisas existentes recebem a condução conveniente». Diz ainda que devemos considerar duas modalidades de providência: a) a providência ‘secundum acceptationem’, pela qual o homem recebe a graça, a glória e todos os bens dispensados por Deus, sem qualquer possibilidade de recusa; b) e a providência ‘secundum concessionem’, que é a vontade de Deus aplicada ao homem em virtude do seu próprio comportamento – ex nostra causa. É assim, por exemplo, que Deus castiga o pecado do homem. Conclui Frei Paio com a Glosa ao Salmo 30,24, convidando todos a amar a Deus – diligite Dominum omnes sancti…, porque Ele é providente, mas também justo e paciente. 2.4.3. A condição feminina A concepção cristã da condição feminina fundamenta-se na revelação divina expressa nas Sagradas Escrituras. Logo no início do livro do Génesis se proclama que «Deus criou o ser humano à Sua imagem, criou-o à imagem de Deus: Ele os criou homem e mulher».516 Criou-os iguais em dignidade, pois ambos reflectem a sabedoria e a bondade do Criador.517 O ‘Catecismo da Igreja Católica’ esclarece o sentido da mensagem bíblica da criação do primeiro par humano, com estas palavras: «o homem e a mulher são feitos ‘um para o outro’. Não é que Deus os tenha feito ‘a meias’ e ‘incompletos’; criou-os para uma comunhão de pessoas, em que cada um pode ser ajuda para o outro, uma vez que são, ao mesmo tempo, iguais enquanto pessoas («osso dos meus ossos» - diz Adão, isto é, da mesma natureza que a minha) e complementares enquanto masculino e feminino».518 Criados para, unidos conjugalmente e formando ‘uma só carne’, propagarem a espécie humana, e exercerem com responsabilidade o domínio sobre os outros seres vivos.519 515 Guillelmus Altissiodorensis, Summa Aurea, lib. 1, tr. 10, pp. 198-199. 516 Gn 1,27: et creavit Deus hominem ad imaginem suam, ad imaginem Dei creavit illum, masculum et feminam crevit eos. 517 Cf. Catecismo da Igreja Católica, 369. 518 Catecismo da Igreja Católica, 372. 519 Cf. Gn 1,25; 28. cxvii Já Paulo de Tarso, procurando reformular a velha Aliança, tinha anunciado a regra de ouro da harmonia convivencial do par humano: a lei do amor conjugal. «E vós maridos - diz ele à primeira comunidade cristã de Éfeso -, amai as vossas mulheres como Cristo amou a sua Igreja e se entregou por ela».520 Nesta comunidade do par sexuado homem-mulher, numa relação carnal, se instituiu a primeira forma da comunhão entre pessoas. Na verdade, «o carnal (…) é mais que o biológico. É o lugar da nossa afectividade primordial, a fusão entre o ontológico e o relacional».521 A perspectiva cristã fundamenta a condição feminina em dois princípios antropológicos: 1º. A mulher, enquanto pessoa, deve tender para a perfeição moral. 2º. As mulheres e os homens constituem a comunidade humana e têm conjuntamente a responsabilidade de promover o desenvolvimento civilizacional em todas as suas modalidades. No decurso da história a relação homem/mulher nem sempre foi positiva, degradando-se mesmo em prejuízo da parte mais frágil. Apontam-se vários factores responsáveis pela instalação deste desiquilíbrio durante a Idade Média, tais como: a degradação moral dos costumes; a afirmação da vontade masculina de domínio; a exclusão da mulher do poder parental e do poder social, sob o pretexto de incapacidade e de incompetência; a influência da autoridade intelectual de Aristóteles que tinha definido a mulher como ‘mas occasionatus’522, um «macho em potência, cujo devir foi contrariado; um ser falhado, incompleto, mutilado»;523 a mentalidade pessimista dos eclesiásticos permeáveis às máximas dos livros sapienciais do Antigo Testamento, tais como: «foi pela mulher que começou o pecado, e é por causa dela que todos morremos»,524 «e descobri que a mulher é mais amarga que a morte, pois ela é uma armadilha, o seu coração é uma rede e os seus braços são cadeias»; 525 os alertas de alguns Padres da Igreja sobre a fuga à convivência com as mulheres, que são instrumentos do demónio pois que, com doces palavras, encaminham os homens para o lodaçal da luxúria; e, finalmente, aos conhecimentos nebulosos e contraditórios da 520 Eph 5,25: viri diligite uxores sicut et Christus dilexit ecclesiam et se ipsum tradidit pro ea. 521 Xavier Lacroix, A confusão dos géneros, p. 43. 522 De generatione animalium., l. 2, c. 3. (Bekker 737a27). 523 Claude Thomasset, «Da natureza feminina», in História das Mulheres no Ocidente, Vol. 2: A Idade Média, p. 82. 524 Sir 25,33: a muliere initium factum est peccati et per illam omnes morimur. Cf. I Tim 2,14. 525 Ecl 7,27: et inveni amariorem morte mulierem, quae laqueus venatorum est et sagena cor eius vincula sunt manus illius. Cf. Prv 22,14. cxviii ciência médica antiga e medieval acerca do funcionamento do aparelho genital feminino, considerado instrumento propagador da lepra e de outras doenças perigosas.526 Também o entendimento inadequado das cartas de S. Pedro e S. Paulo sobre o papel da mulher no lar e na ‘ecclesia’ contribuiu para fazer opinião e espalhar rumores acerca da mulher como um ser inseguro e subordinado ao homem, seu protector. Na verdade S. Paulo escreveu: «As mulheres estejam sujeitas em tudo aos seus maridos»;527 e também: «durante a instrução, a mulher guarde silêncio, com toda a submissão».528 Por outro lado S. Pedro exortava: «da mesma maneira (isto, é, como os servos aos seus senhores), vós, mulheres sujeitai-vos aos vossos maridos».529 Convenhamos que estes conselhos dos Apóstolos jamais poderiam derivar de intencionalidade descriminatória. Se assim fosse, estariam em contradição com o princípio cristão da igualdade da pessoa humana, proclamado por eles próprios: «Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem ou mulher, porque todos sois um só em Cristo Jesus».530 As exortações acima referidas traduziam apenas regras particulares de comportamento doméstico e social, em uso na época, visando a prática da convivência conjugal harmoniosa e comunitária, ‘no Senhor’ – in Domino, 531 isto é, segundo a vida cristã. S. Tomás de Aquino fez deste assunto uma questão escolástica, que resolveu da maneira mais consentânea com o seu tempo. Dizemos ‘da maneira mais consentânea’ posto que na Idade Média, como diz o historiador Dominique Barthélemy, «a sociedade conjugal quer-se ao mesmo tempo igualitária e hierárquica. Exactamente como a relação feudo-vassálica, com a qual tem em comum o uso de palavras como meu senhor e ao mesmo tempo ma par, isto é, meu igual».532 O Doutor Angélico,533 respondeu à questão introduzindo uma elegante distinção. Trata-se, diz ele, não de uma sujeição ou dependência servil para utilidade do homem, mas de uma sujeição económica ou civil orientada ao bem comum. E ajunta uma razão 526 Cf. Danielle Jacquart et Claude Thomassset, Sexualidad y saber médico en la Edad Média, especilamente os capítulos 3º, 4º, e 5º. Cf. Claude Thomasset, «Da natureza feminina». In História das Mulheres – A Idade Média, pp. 62-97. 527 Eph 5,24: sed ut ecclesia subiecta est Christo ita et mulieres viris suis in omnibus. 528 I Tm 2,11: mulier in silentio discat cum omni submissione. 529 I Pt 3,1: similiter mulieres subditae suis viris… 530 Gl 3,28. 531 Cf. Cl 3,18-19: Mulieres, subditae estote viris, sicut oportet, in Domino. Viri, diligite uxores vestras, et nolite amari esse ad illas. 532 Cf. Georges Duby (direcção de), História da Vida Privada, Vol. 2. «Parentesco», p. 149. 533 Summa Theologiae, I, q. 92, a. 1, Ad secundum. cxix de conveniência, aliás considerada ancrónica pela antropologia cultural contemporânea: «porque a natureza dotou o homem de maior capacidade de discernimento»,534 ou seja, para este tipo de funções é mais conveniente que lidere a racionalidade masculina. Já Bernardo de Claraval,535 um dos autores predilectos do mestre dominicano,536 nos sermões do Cântico dos Cânticos e nas homilias marianas, tinha lançado, segundo afirma com muito acerto Mário Santiago de Carvalho, «um motivo, um programa para o seu século XII: (pois) para o reequilíbrio da humanidade, para a reposição da sua inocência qual a de uma ‘intersubjectividade autêntica’, requer-se o contributo da mulher. Evidentemente, de uma mulher renovada, isto é, disponível para o acolhimento do espírito (a nova Eva) e, por isso, capaz de dar à natureza humana aquele horizonte de ternura que é a generosidade sem fronteiras e sem acepções».537 Este é o campo conceptual no qual Frei Paio de Coimbra expressou retoricamente as suas convicções sobre a condição feminina. Na sua obra ele sustentou, inequivocamente, uma concepção realista da mulher: regeitou a ligeireza das generalizações e a acrimónia das conclusões pessimistas, e preferiu acentuar a existência de dois tipos de mulher: a ‘mulher leviana e insensata’ - mulier mala -, modelo a repudiar; e a ‘mulher sábia e prudente’, modelo a imitar. Assim, na exegese do texto de Ben Sira: «Não te ocupes com a bailarina, para que não sejas seduzido por suas artimanhas»,538 tema do segundo sermão da festa do martírio de S. João Baptista,539 Frei Paio traça o perfil da mulher leviana. Ela atrai os homens para a morte eterna540 com a volúpia das danças sensuais e da promiscuidade,541 da familiaridade excessiva e das cantigas obscenas. Estas mulheres acendem o fogo libidinoso que ‘derrete’ os homens duros como Sansão, destrói os homens justos como David, e enlouquece os homens sábios como Salomão.542 Por isso, ao homem tentado 534 Ibidem: «quia naturaliter in homine magis abundat discretio rationis». 535 Cf. Jean Leclercq, La femme et les femmes dans l’oeuvre de Saint Bernard. Editions Téqui, Paris 1982. Esta obra apresenta um S. Bernardo ternamente humano, completamente liberto dos preconceitos do seu tempo, vendo principalmente a mulher como criatura feita à imagem de Deus. 536 Na ‘Summa Sermonum’ a sua autoridade é evocada cerca de 90 vezes. 537 «Ontologia da condição feminina em Bernardo de Claraval», in Revista Filosófica de Coimbra, nº. 24 (2003), p. 326. Disponível na WWW, http://uc.pt/fluc/dfci/publicacoes/ontologia_da_condicao_feminina. 538 Sir 9,4: Cum saltatrice (Vulg. = psaltrice) ne adsiduus sis, nec audias illam, ne forte pereas in efficacia illius. 539 Summa Sermonum, sermo 308, pp. 485-486, f. 132r. Cf. Mt 14, 3-12. 540 Gregorius I (Magnus), Moralia in Job, lib. 21. PL 76,193B. 541 Frei Paio evoca a frase de S. João Crisóstomo que deu origem ao ditado: ‘Ubi saltatio ibi diabolus’ «Onde estiver a dança, aí estará o demónio». 542 Cf. Hieronymus Stridonensis, Epistolae, ep. 22. PL 22,401. cxx por mulher leviana, só lhe resta seguir o conselho de S. Hilário: «contra estas mulheres não adianta lutar, mas apenas fugir».543 Na ‘Summam Sermonum’ Frei Paio de Coimbra mostra, também, exemplares da ‘mulher sábia e prudente’. Vejamos: \ a) O modelo da ‘pecadora arrependida’, na figura de Maria Madalena, que viveu sob três estados: 1º. o de culpa, na vida de pecado; 2º. o de graça, no arrependimento e na emenda; 3º. e o de glória, no gozo da bem-aventurança eterna.544 b) O modelo da ‘esposa virtuosa’, na figura de Santa Cecília: . A boa esposa, acompanha o marido, acumula bens e conserva o património (Sir 36,26-27). A mulher insensata, porém, é esbanjadora, leviana, ébria e tagarela (Prv 3,1) . A mulher virtuosa ajuda o marido com bons conselhos. Assim foi Abigail para com seu esposo David (I Reg 25,1-45). Tal não foi, porém, Herodíades que pediu a cabeça de João Baptista (Mt 14,8); nem foi Eva que levou a Adão a desobedecer a Deus (Gn 3,6). . A mulher prudente procura desviar o marido das sendas perigosas. Assim procedeu Michol, que salvou David da cilada de Saúl (I Reg 19,11-121). Dalila, pelo contrário, entregou Sansão nas mãos dos filisteus (Idc 16,4-21). . A boa esposa sustenta e, dedicadamente trata o marido na enfermidade. Assim procedeu Ana na doença de Tobias (Tb 2,19). A mulher má, porém, qual feiticeira fatal, agrava as feridas do marido com ervas venenosas e poções mortíferas. . A esposa virtuosa reza pela conversão do marido. Foi pela oração que S. Cecília obteve a conversão de Valeriano.545 Foram as mulheres levianas, porém, que arrastaram o rei Salomão para a ruína (Eccli 36,27). c) Os modelos das virgens e mártires, como Eulália,546 Luzia,547 Ágata,548 Marinha,549 Margarida550 e Catarina,551 heróicas donzelas que selaram com seu sangue o testemunho da fé e foram sacrificadas como hóstias vivas e imaculadas. 543 Summa Sermonum, p. 519, f. 132r: «Hilarius: ‘Contra omne uicium poteris o homo expectare conflictum uictoriorque existere, contra solam mulierem pugnare non expedit, sed fugere’». Não encontrei em Hilário de Poitiers esta referência do Sermonário. Cf. Caesarius Arelatensis, Epistolae. «Audi Apostolum dicentem: Fugite fornicationem (I Cor 7,15). Contra reliqua vitia oportet nos omni virtute resistere, contra libidinem vero non expedit te pugnare, sed fugere». PL 67, 1131B 544 Cf. Summa Sermonum, sermones 238-246, pp. 364-376. 545 Cf. Ibidem, sermones 391-395, pp. 661-668, ff. 172r-174r. 546 Cf. Ibidem, sermones 19-23, pp. 35-39, ff. 7v-9r. 547 Cf. Ibidem, sermones 24-29, pp. 40-48, ff. 9r-11v. 548 Cf. Ibidem, sermones 150-152, pp. 250-254, ff. 62v-64r. 549 Cf. Ibidem, sermones 234-235, pp. 402-404, ff. 101v-102v. 550 Cf. Ibidem, sermones 236-237, pp. 405-408, ff. 102v-103v. cxxi A virgindade transforma uma alma em habitação predilecta de Deus, e transporta a alma à visão beatífica de Deus: «só os puros de coração verão a Deus».552 A castidade virginal, porém, não coabita com a presunção e o orgulho, porque, como diz Cesário de Arlés,553 reafirmando o seu mestre S. Agostinho554: «melior est humilitas conjugalis quam superbia virginalis» - é melhor a humildade dos casados, do que a soberba das virgens.555 d) O modelo perfeitíssimo da mulher cristã, na figura da Virgem Maria, Mãe de Deus. A Virgem Maria é o modelo acabado, resplandecente como a estrela da tarde – Stella Maris, colocada por Deus no firmamento para guiar os homens neste mar encapelado da vida. O modelo mariano é apresentado por Frei Paio nos sermões das quatro festividades da Natividade,556 da Anunciação,557 da Purificação558 e da Assunção.559 São quatro conjuntos de peças oratórias elaboradas com elevada devoção e competência técnica. Pode afirmar-se que constituem, no seu todo, um belo tratado de teologia cristológico-mariana. Consideremos apenas o primeiro sermão da festividade da Anunciação560 que apresenta Maria em oposição a Eva. Eva recebe a graça da criação e transmite-nos a mortífera herança do pecado. Maria recebe a graça da anunciação salvífica do Verbo de Deus, feito carne, e torna-se medianeira de todas as graças. Maria, a doce virgem - «virgo dulcis», é maravilhosamente clara, fúlgida e luminosa, como o anjo. Eva, pelo contrário, é obscura, tenebrosa e hórrida, como o demónio. Estes são os tipos da feminilidade do Sermonário. Pode concluir-se pois que, para Frei Paio, a mulher não é virtuosa ou estulta por determinação da sua natureza, mas pelas atitudes e acções livremente assumidas. 551 Cf. Ibidem, sermones 402-406, pp. 679-686, ff. 177r-179v. 552 Mt 5,8: Beati mundo corde, quoniam ipsi Deum videbunt. ‘Puros de coração’ - mundo corde -, pode significar, em sentido amplo: os sinceros, os simples. Frei Paio, porém, toma aqui a expressão no sentido mais estrito, que refere directamente os que praticam a virtude da castidade como perfeição moral. 553 Cf. Sermones Caesarii uel ex aliis fontibus hausti. Sermo 37, cap. 1. CCSL 103. 554 Cf. Aduersus Iouinianum, lib. 1, par. 3. PL 23, 213C-214A. 555 Cf. Summa Sermonum, sermo 120, p. 197, f. 49r. 556 Cf. Ibidem, sermones 313-323, pp. 529-544. 557 Cf. Ibidem, sermones 171-181, pp. 294-311. 558 Cf. Ibidem, sermones 142-149, pp. 237-249. 559 Cf. Ibidem, sermones 280-294, pp. 477-500. 560 Cf. Ibidem, sermones 171, p. 295. cxxii O estado da questão da ‘condição feminina’ no mundo de hoje continua problemático, mas esperançoso: os preconceitos vão-se esfumando, e nasce uma nova mentalidade positiva, mesmo no interior da racionalidade teológica. Na homilia da festa da Imaculada Conceição em 8 de Dezembro de 1975, o bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes lamentava a incapacidade dos que, ainda hoje, não conseguem «compreender uma verdadeira história cultural em construção», nestes termos: «Ouvimos por vezes lamentar ou reprovar certas expressões referentes à condição da mulher que se encontram no Evangelho, em S. Paulo e nos Padres da Igreja. E nem sequer se lembram os que assim falam que essas expressões correspondem a um determinado estádio civilizacional e se devem ver à luz da própria história evolutiva da condição feminina. Ah, como é difícil admitir que a história é verdadeiramente história, história que acontece e se faz, não apenas história que se conta».561 No tempo presente têm surgido fortes possibilidades de afirmação da mulher. Criaram-se movimentos sociais para promover «a força das mulheres solidárias entre si», e emergiu uma esclarecida racionalidade teológica no feminino que fundamenta, com mérito notável, a dignidade da mulher como pessoa e como ‘ser completo’, nos princípios da metafísica cristã, recusando as falsas razões que têm alimentado, na cultura ocidental estereótipos deterministas obsoletos. Na perspectiva sócio-cultural de Maria de Lourdes Pintasilgo, «o Cristianismo é indispensável a este projecto, simultaneamente, como um horizonte último e um possível imediato. Porque é uma escatologia e uma conversão. E ainda porque é uma comunhão e uma alteridade». (…) «E a dialéctica da comunhão e de alteridade não tem superação senão no Espírito de Deus – Espírito que autonomiza sem dividir, que reúne sem massificar, que confere a cada um carismas próprios mas, ao mesmo tempo, ‘opera tudo em todos’562».563 A teóloga Teresa Toldy, em diálogo com os documentos oficiais da Igreja Católica e do Conselho Ecuménico das Igrejas, apresenta o seu trabalho hermenêutico acerca dos mesmos, procurando estabelecer os fundamentos duma razão teológica que valorize igualmente a experiência das mulheres na tradição da teologia cristã. «A linguagem analógica acerca de Deus», não deve ficar refém dum figurino 561 «A condição feminina», em Síntese (49), Revista de actualidades eclesiais, p. 54. 562 I Cor 12,6. 563 Maria de Lourdes Pintasilgo, «A força das mulheres solidárias entre si», in Síntese, (50), Revista de actividades eclesiais, p.7, 8, 10. cxxiii exclusivamente masculino nem ‘numa afirmação unilateral de imagens femininas acerca de Deus’. Estaríamos deste modo perante projecções humanas no discurso teológico altamente criticáveis, longe daquilo que ‘constitui o proprium duma teologia’. O aperfeiçoamento do discurso teológico, diz ela, «consistiria na procura de uma linguagem acerca de Deus, que ‘deixe Deus ser Deus’ e os seres humanos serem humanos. Se um discurso androcêntrico apaga a imagem e a semelhança das mulheres com o Criador, um discurso que ‘teologiza’ o feminino, projectando-o unilateralmente em Deus, constitui um novo obstáculo a uma linguagem que procure fazer justiça, tanto a todos os seres humanos, como a um Deus que está para além de tudo aquilo que possamos dizer, ou pensar».564 Tal aperfeiçoamento será alcançado apenas no reconhecimento efectivo da alteridade da mulher em sua dignidade de imago Dei, isto é, como ser humano criado directamente por Deus; e de imago Christi, ou seja, como um chamamento específico na reconstrução dum mundo novo, para ‘os homens de boa vontade’. Os intelectuais da Idade Média cristã, a partir da experiência vivida e iluminada pelo discurso das Escrituras, conseguiram encontrar a raiz ontológica da condição feminina indelevelmente mergulhada no carácter geral de contingência do ser humano, criado para a unidade e para a multiplicidade. Tal como bem concluiu Mário Santiago de Carvalho: «Posta assim a questão da condição feminina no centro da história e do tempo concretos (o tempo e o espaço teológicos que o pecado determina são o tempo e o espaço da indeterminação e contingência), vislumbra-se o seu horizonte teológico preciso: o de uma única humanidade onde ressoa a desafiadora vibração do Uno e do Múltiplo (as condições dos géneros que não coincidem com a configuração anatómicosexual e apontam numa única direcção ou destino transcendental) como motivos indissolúveis de contemplação da verdade, de aplicação da justiça e de vivência amorosa, quer dizer, plural, polifónica e aberta».565 2.5.4. As virtudes do Príncipe cristão – ‘Regi conuenientia’ Muito cedo os Dominicanos se preocuparam com o comportamento daqueles que, por vontade divina, governavam o povo cristão. Eles deviam ser exemplo das 564 Deus e a Palavra de Deus na teologia feminista, p. 433. 565 Ibidem. p. 328. cxxiv virtudes cristãs, promover o bem-estar do povo, resguardá-lo da perturbação herética, e defendê-lo das investidas dos infiéis. Na verdade, a Ordem dos Pregadores nasceu «por disposição da Providência divina» precisamente por ocasião de uma tarefa diplomática. D. Afonso, rei de Castela, encomendara ao bispo de Osma os contactos preambulares do enlace matrimonial do príncipe herdeiro com uma nobre donzela do reino da Dinamarca. D. Diogo e o seu acompanhante, Domingos de Gusmão, ao passarem pela cidade de Toulouse, verificaram que «os habitantes daquela região estavam, havia bastante tempo, corrompidos pela infecção da herética maldade».566 Mas, para além das missões diplomáticas, os primitivos dominicanos cultivaram também a literatura do género ‘espelho de príncipes’, com regras bem definidas reguladoras da actividade do rei, e das suas relações familiares e políticas, fundadas na Ética, no Direito e na Sagrada Escritura. Tornou-se famoso o pequeno tratado «De eruditione principum» de Frei Guilherme Peraldo,567 que teve grande acolhimento nas escolas dominicanas e, talvez por isso, o libelo tenha sido atribuído por engano a S. Tomás de Aquino. O interesse pela educação dos príncipes, preparando-os para governar o povo segundo a justiça, está patente no sermão em honra de S. João e S. Paulo, nobres romanos, martirizados sendo imperador Juliano, o Apóstata, no ano de 362.568 O tema escolhido condiz com o ambiente social e político do reino de Portugal. Acumulavam-se as queixas de bispos e nobres contra a política centralizadora do estado de D. Afonso II, cujos funcionários aplicavam as suas ordens com prepotência, injustiça e violência.569 Ora, o livro dos Provérbios (29,4) sentencia que «o rei faz prosperar o país pela justiça, mas aquele que é ávido de impostos arruína-o». E daqui pode deduzir-se dois 566 Cf. Frei Pedro Ferrando, O.P., Legenda de São Domingos, p. 13. 567 Cf. Guillelmus Peraldus, O.P. (floruit ante 1250), De eruditione principum. Prooemium: « … Opus vero istud decrevi in septem libros distinguere, ut ea quae in ipso continentur et facilius inveniantur, et melius in memoria teneantur. In primo libro agitur in communi de quibusdam, quae ad principes pertinent: in secundo ostenditur quomodo ad Deum et Ecclesiam ejus habere se debeant: in tertio, quomodo ad seipsos: in quarto, quomodo ad eos qui sunt circa ipsos: in quinto, quomodo ad eos qui sunt ex ipsis, scilicet ad filios: in sexto, quomodo ad populum sibi subditum: in septimo, quomodo ad eos qui sunt contra ipsos, scilicet ad hostes. Primus liber continet octo partes: in prima agitur de potestate terrena: in secunda, de sapientia habenti potestatem necessaria: in tertia, de bonitate, sine qua potestas et sapientia sunt nociva: in quarta, de nobilitate vera, quae principem multum decet: in quinta, de humilitate principum: in sexta, de veritate quam debent diligere: in septima, de eorum clementia: in octava, de pietate». Disponível na WWW, <http://www.corpus thomisticum.org/wre1.html>. 568 Summa Sermonum¸ sermo 223, pp. 378-382, ff. 95v-96r: «Incipit sermo I in festiuitate Iohannis et Pauli. Rex iustus erigit terram: uir auarus destruet eam. Prv 29,4». 569 Cf. José Mattoso, História de Portugal, vol. II, ‘Dois séculos de vicissitudes políticas’, p. 108 ss. cxxv tipos de governantes: a do príncipe justo e a do príncipe ímpio. No contexto histórico referido neste sermão, as individualidades típicas são os dois imperadores romanos: o piedosíssimo Constantino (+ 326), e o apóstata Juliano (+363) - Expressissime noster Spiritus Sanctus in hiis de Constantino et piissimo rege et de Iuliano apostata pessimo et auarissimo prophetasse.570 O imperador Constantino é o modelo perfeito do príncipe cristão. Sob o seu governo, «alegrava-se o povo» (Prv 29,2). O imperador Juliano, pelo contrário, é o governante ímpio, expoliador e tirano - Nam facultates ac patrimonia uiolenter auferens christianis.571 Porém, «os justos verão a sua ruína» (Prv 29,16). Frei Paio apresenta, em seguida, o elenco das virtudes necessárias para que o príncipe governe o seu povo com justiça e não o conduza à ruína - Vt igitur rex quilibet terram suam non destruat sed exaltet, indiget istis boni.572 Eis o ‘espelho’ das virtudes que ornamentam o bom príncipe – rex iustus: 1ª. O rei deve ter idade conveniente para governar - etatis congruentia. Na verdade, diz o Eclesiastes: «desgraçada a terra que é gorvernada por uma criança».573 Pois, naturalmente, ela é inexperiente, imprudente e presa fácil dos ministros e dos funcionários sem escrúpulos. Esta primeira cláusula não é referida no tratado ‘De eruditione principum’ de Guilherme Peraldo. A preocupação pela maioridade do príncipe herdeiro indicia a propensão legalista do autor do sermonário. No período da formação da nação portuguesa, entre 1140 e 1248, predominava o direito consuetudinário e foraleiro.574 No Habitualmente recorria-se também ao Código Visigótico que a regulamentava as relações jurídicas nos reinos cristãos da Península Ibérica, na fase da Reconquista.575 Por outro lado, estava já estabelecido o costume que conferia força de lei à manifestação da vontade régia testamentária. Era deveras muito importante o valor jurídico concedido às últimas vontades do monarca. Neles se regulamentava a sucessão da coroa na modalidade do ius haereditarius, fundado no critério da primogenitura, costume já 570 Summa Sermonum, p. 379, f. 95v. 571 Ibidem. 572 Ibidem. 573 Ecl 10,16. 574 Cf. Marcello Caetano, História do Direito Português, pp. 30-31. Cf. Guilherme Braga da Cruz, História do Direito Português, pp. 367-377. 575 Cf. Ibidem, p. 240: «Nos documentos portugueses do século XII, como nos respeitantes ao nosso território da época anterior, são frequentes as citações do Código (Visigótico), denominado lex gothorum, lex gothica, liber judicum, liber judicialis». (…) «Na corte (portuguesa) era mais conhecido e observado. D. Afonso II parece invocar a sua autoridade para decidir a proibição das leis do prior dos dominicanos Soeiro Gomes, ao afirmar que elas sunt contra illum librum, legum qui dicit… per quem librum et per quale fórum debent iudicari filii-de-algo portug. (P.M.H. Leges, pág. 180)». cxxvi firmemente estabelecido no reino das Astúrias-Leão, a partir do século XII. A investidura na função régia, essa era reconhecida por aclamação dos nobres, dos clérigos e do povo: reminiscência do protocolo iniciado no reino astúrio-leonês, na época visigótica.576 Por outro lado, é verosímil admitir que Frei Paio teria em mente a situação real do príncipe D. Sancho que, sendo ainda adolescente, herdara o trono do reino por vontade testamentária de seu pai. Na verdade, D. Afonso II faleceu no ano de 1223, tendo seu filho primogénito treze anos de idade.577 D. Sancho começou a govenar alguns meses depois, ao atingir a idade da róbora, isto é, ao prefazer quatorze anos de idade. Existem outros motivos que, julgamos, legitimam esta hipótese: são as qualidades morais do rei, muito apreciadas pelo povo que o apelidou de ‘Capelo’ e ‘Piedoso’. Provavelmente, o elenco das virtudes próprias do príncipe cristão, tal como foi registado neste sermão, terá sido fruto da simpatia e do reconhecimento do pregador dominicano para com o jovem monarca, magnânimo e piedoso. Efectivamente, D. Sanho II, por sugestão do arcebispo de Braga, D. Estêvão Soares da Silva, havia já devolvido aos bispos e às princesas D. Teresa e D. Sancha todos os bens que seu pai anexara à coroa. Mais, o próprio rei beneficiou a princesa D. Branca por ela ter sido contemplada no testamento apenas com 40.000 maravedis e 200 marcos de prata, ‘dados em vida e por ser ainda criança’.578 Ora, convém não esquecer que na ‘charta donationis’ das princesas D. Teresa e D. Branca, é declarado o financiamento para a compra dos terrenos e para a construção do convento dominicano de Coimbra (1227), do qual Frei Paio foi prior e ‘doctor’.579 Por outro lado, não foi por acaso que o «frater Pelagius Aprilis Portugalensis» foi convidado como testemunha da abertura do segundo testamento de D. Sancho II, redigido em Toledo a 3 de Janeiro de 1248, como sendo 576 Cf. Ibidem, p. 212. 577 Aos dezasseis anos, segundo Ruy de Pina (1440-1522) na Chronica de D. Sancho II, cap. 1, pag. 1. Aos vinte anos, segundo Frei António Brandão, Monarchia Lusitana, (1632), parte IV, liv. 14, cap. 1: «Tinha já de idade ao menos vinte annos». 578 Cf. António Brandão, Monarchia Lusitana, parte IV, liv. 14, caps. 2 e 3. Cf. Ângelo Ribeiro, História de Portugal (Barcelos), vol. II, p. 169. 579 Frei Luís de Sousa, História de São Domingos, p. 281: «In nomine Patris, et Filij, et Spiritus Santi. Amen. Ego Regina Domna Tarasia, filia Regis Sancij Primi Portugallia, facio notum omnibus praesentem paginam inspecturis, quod cum soror mea Regina Domna Blanca vellet facere Monasterium Fratrum Praedicatorum apud Collimbriam… Facta charta donationis et confirmationis mense Februarij sub Aera M CC LXXX regnante in Portugallia Sancio Secundo». cxxvii ‘pessoa idónea entre as que serviam de fiança ou garantia - securitates et fidelitates - do seu cumprimento’, como consta no respectivo registo.580 Logo a seguir à cláusula etária, Frei Paio continuou a delinear o ‘espelho’ das virtudes do príncipe cristão, salvaguardando a correspondente fundamentação no código do Deuteronómico,581 nos livros sapienciais do Antigo Testamento,582 no livro dos Reis,583 no livro de Ester,584 e nos profetas Oseias585 e Daniel.586 Eis o quadro das virtudes, na sequência da primeira cláusula. O Príncipe deve: 2ª. Proceder com sabedoria - sapientia. Seguindo o exemplo de Salomão, o príncipe deve amar a sabedoria, condição do governo duradouro e do bem-estar do seu povo. 3ª. Julgar com justiça e equidade - iusticia. O príncipe será justo e equitativo nos julgamentos, porque a justiça é o esteio do seu trono. 4ª. Amar a verdade – ueritate. O príncipe julgará os desprotegidos com verdade, para firmar o seu trono para sempre. 5ª. Escolher boas companhias – bona societate. O príncipe rodear-se-à de conselheiros e domésticos honestos, evitando a maledicência e as mentiras das más companhias. Assim aconteceu com Aman, mordomo do rei Assuero. 6ª. Mostrar sempre boa disposição e alegria – hilaritate. O semblante alegre do príncipe é sempre promissor de vida. E a sua clemência é como a chuva que fecunda a natureza; porém a sua ira é aterradora, como o rugido do leão. 7ª. Proceder com liberalidade – largitate. O princípe liberal e magnânimo concederá aos seus súbditos benesses e dias festivos. 8ª. Conversar frequentemente com Deus na oração – orationis assiduitate. A oração piedosa e assídua torna o coração do príncipe semelhante às águas do rio que Deus encaminha pelo leito da sua excelsa vontade. 9ª. Viver com sobriedade – sobrietate. O príncipe sóbrio e moderado governará segundo a justiça e não atraiçoará a causa dos pobres e dos infelizes. 580 Cf. ANTT, CR, Santa Cruz de Coimbra, DP, maço 18. Doc. 38. 581 Dt 17,18-20. 582 Ecl 10,1; 10,11-12. Sb 6, 2-12; 6,10; 7,5. Pr 16,12; 16,15; 19,12; 20,8; 20,26; 21,1; 29,14; 31,4; Sir 32,1. 583 II Re 11,1-7. III Re 11,1-9. 584 Est 16,1-7; 2,18. 585 Os 7,3. 586 Dn 4,26-31. cxxviii 10ª. Ocupar o tempo em actividades honestas e úteis – exercitatione utile. O príncipe dedicado ao cuidado dos súbditos, estará sempre ocupado e evitará a ociosidade. Ele não cairá no fosso da luxúria, como David; nem se deixará apanhar nas armadilhas das rameiras, como aconteceu ao rei Salomão. 11ª. Reconhecer com humildade a sua condição humana – humilitate. O príncipe humilde saberá avaliar a si próprio com franqueza.587 E, por conseguinte, o soberano terá sempre presente: . Que todo o poder é efémero - potentatus breuitas. Na verdade, a autoridade do príncipe não durará para sempre. Tal como a doença prolongada zomba do médico, convidando a morte, assim o poder do soberano clama pelo seu termo. O rei, que hoje está vivo, amanhã morrerá. . Que todos nascem iguais - communis natiuitas. O começo e o fim da vida é idêntico em todos os homens. E, realmente, jamais houve rei algum que tivesse nascido de maneira diferente. . Que a soberba é severamente castigada - ultionis superbie seueritas. Eis como Deus humilhou o rei de Babilónia, segundo o oráculo do profeta Daniel:588 «Falava ainda, quando uma voz veio do céu: ‘É-te anunciado, ó rei Nabucodonosor, que o reino te vai ser retirado. Vão expulsar-te do meio dos homens para te levarem a viver entre os animais do campo; comerás erva como os bois. Sete tempos passarão sobre ti, até que reconheças que o Altíssimo domina sobre a realeza dos homens e que a dá a quem bem lhe apraz». Frei Paio de Coimbra concluiu esta ‘cartilha de virtudes’ exortando todos os potentados - hiis omnibus adoptari potest hoc quod dicitur Sapientia: «Audite ergo reges et intelligite…»589 - a governar com sabedoria e a ter consciência de que prestarão contas de como aplicaram a justiça ao Senhor Justiceiro: «porque do Senhor recebestes o poder, e a soberania vem do Altíssimo. Ele julgará as vossas obras e examinará os vossos pensamentos».590 587 Cf. S. Tomás de Aquino, Summa Theologiae, II, II, 161,6; 162,3 ad 2: «humilitas attendit ad regulam rationis rectae secundum quam aliquis veram aestimationem de se habet». 588 Dn 5,28-29. 589 Sab 6,2-12. 590 Sab 6,3. cxxix 2.6. Conclusões Ao fechar a secção ‘Teologia e eclesiologia na Summa Sermonum’, julgamos conveniente apreciar a personalidade literária de Frei Paio de Coimbra, nas suas dependências doutrinais e na sua originalidade. É legítimo afirmar que o autor do Sermonário deu prioridade à prespectiva da racionalidade teológica, graças à presença maciça da Bíblia, dos Padres, dos escritores e teólogos da Igreja Mas também procurou assiduamente o auxílio da racionalidade filosófica. Utilizou os instrumentos da diléctica escolástica, tais como a ‘divisio’, as categorias lógico-metafísicas, etc. Integrou-se no aristotelismo incipiente do mestre parisiense Guilherme de Auxerre. Recorreu com frequência à autoridade dos filósofos, e dos poetas, como Aristóteles (Philosophus), e Séneca (Philosophus); Virgílio, Horácio e Pérsio. Vejamos as características do seu pensamento: a) A mundividência de Frei Paio de Coimbra alicerça-se nos princípios metafísicos da filosofia cristã e da teologia bíblica, a saber: 1º. que existe um Ser Absoluto, a se e per se; 2º. que existe um só Deus, Criador do Universo; 3º. que o homem (corpo e alma) foi criado por Deus; 4º. que o homem é chamado a participar na mesma vida de Deus – consortes naturae divinae,591 «per naturam, per gratiam, per gloriam».592 b) O termo ‘theologia’ assume em Frei Paio de Coimbra vários significados: 1º. A ciência ou arte, cujos princípios são os artigos da fé; 2º. o estudo da S. Escritura; 3º. a doutrina de Cristo, ou sabedoria – sapida scientia; 4º. a vivência do amor de Deus. c) Frei Paio utiliza as quatro regras hermenêuticas da Bíblia, valorizando o sentido literal/histórico como a pedra de toque e fundamento do sentido espiritual das três modalidades exegéticas, que ele utiliza como exigência natural da pregação da Palavra de Deus, evitando as acomodações grosseiras e arbitrárias. d) A frequência total das citações bíblicas utilizadas na ‘Summa Sermonum’ em geral, e as do Evangelho de S. Mateus e dos livros Sapienciais, em particular, indicam a importância que o autor atribuia à autoridade doutrinal da Sagrada Escritura, e o seu compromisso com a espiritualidade própria da Ordem dos Pregadores, respectivamente. e) A Teologia é uma ciência no sentido aristotélico do termo, pois tal como as outras ciências parte de princípios evidentes por si mesmos. Os 591 II Pt 1,4. 592 Cf. Summa Sermonum, p. 581. cxxx princípios da ciência teológica são os ‘artigos da fé’, per se evidentes, e provêm de Deus, a Verdade Absoluta. A Teologia é a mais excelente das ciências - inter omnes scientias obtinet principatum. A Teologia é sabedoria, pois nos oferece o conhecimento saboroso das coisas divinas. f) A fé é uma virtude específica do género da virtude ‘justiça’, e dela recebe a força (vis) ordenadora e referencial. A credibilidade da fé provém da Verdade Primeira e Suprema – Prima et suprema Veritas. O valor noético da fé provém da confiança na Verdade Primeira per se et super omnia. Pela fé iluminante o homem desfaz-se da ignorância e do erro, que provocam a escuridão na alma. Aos filósofos falta-lhes o lumen divinum da fé. Eles, porém, possuem a melhor predisposição natural para a fé, pois procuram a sabedoria, e Deus é a Sabedoria. g) O conhecimento de Deus uno e trino, e dos seus atributos, pode ser obtido mediante a Natureza criada, a qual manifesta o seu Criador.593 Por todas estas razões, deve considerar-se a ‘Summa Sermonum’, um compêndio escolar, elaborado para formar pregadores. 593 Outras conclusões estritamente teológicas: . A Encarnação do Filho de Deus só pode ser conhecida por revelação divina – haec videntur philosophi ignorasse. . Cristo assumiu a natureza humana real – per nature humane ueram susceptionem, ou seja, é ‘animal rationalis’ e, portanto ‘passibilis et mortalis’, ‘mansuetum natura’ . . A grandeza da Virgem Maria foi manifestada na sua gloriosa assunção – queso quid maius haec facere, si potuit uel debuit et non fecit? . O Symbolum (Credo) é o suave jugo de Cristo que ilumina e fortalece o entendimento. . O grau supremo da perfeição alcança-se na união mística com Deus, numa união de amor completo: pelo amor de amizade, e pelo amor de concupiscência. . A pregação da Santa Cruz – gratia praedicationis, constitui a missão principal dos prelados e dos pregadores. . Jesus Cristo concedeu à sua Igreja 4 cátedras: o poder sacerdotal ou episcopal, o poder régio, o poder de magistério e o poder judicial. Ao primeiro poder devem submeter-se todos os demais. . Deus é providente, mas também paciente e justo. . Na condição feminina, distinguem-se 2 tipos: o da mulier mala, e o da mulier diligens. . No Sermonário há um guia de virtudes, recalcado na Bíblia, para orientação do Píncipe cristão: idade conveniente, sabedoria, justiça e equidade, verdade, boas companhias, alegria, liberalidadeoração, sobriedade, humildade. cxxxi 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 3.1. Sobre Frei Paio de Coimbra e S. António de Lisboa PELAGIUS PARVUS, M. Fr., O.P. - Summa Sermonum, Biblioteca Naconal de Lisboa, Cód. 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Martineau. ‘Glosa sobre a Ysagoge de Porfírio’. Cfr. infra, Ibidem. cxlii d) Estudos sobre a Summa Aurea STRAKE – Die Scholastiche Methode in der ‘Summa Aurea’ des W. von Auxerre, 1917. GILLMANN, F. – Zur Sakramentenlehre des W. Von Auxerre, zugleich ein Beitrag zur Sakramentenlhere der Frühscholastik, 1918. OTTAVIANO, Carmelo – Guglielmo D’Auxerre (+1231), La Vita, Le Opere, Il Pensiero, Biblioteca de Filosofia e Scienze, nº. 12, «L’Universale» Tipografia Poliglotta, Roma 1929. LACKAS – Die Ethik des W. von Auxerre, Beiträge zu ihrer Würdigung, 1939 (tese). RIBAILLIER, Jean - La Summa de officiis ecclesiasticis, in «Magistri Guillelmi Altissiodorensis, ‘Summa Aurea’», Introduction Générale, (Spicilegium Bonaventurianum XX), Paris-Roma 1987; pp. 6-15, com 19 manuscritos desta obra. MARTINEAU, R.M. - La 'Summa de officiis ecclesiasticis' de Guillaume d'Auxerre, «Études d'histoire littéraire et doctrinale du XIIIe siècle», 2ème série, 2 (1932): 25-58. 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No cabeçalho das colunas da tabela, indicam-se: 1. as secções ou conjuntos de ‘materia praedicabilis’ referentes a cada festa; 2. a denominação das festas litúrgicas; 3. o número de ordem da série das peças sermonárias de 1 a 406; ao lado, o número de ordem dado no códice aos sermões de cada secção (em numeração romana); 3. os temas e protemas de cada unidade parenética; 4. os ´themata’ tal como são enunciados nas entradas da ‘Tabula Thematum’ e na margem de goteira dos fólios; 5. a(s) modalidade(s) específica(s) do sermão no âmbito da ciência teológica. Secção Festa Litúrgica Nº. 1ª S. ANDRÉ, APÓSTOLO 1-I Tema ‘Themata’ Tipo A fé como adesão e proclamação (Rm 10,10) Credere firmiter Doutrinal 2 - II O mandato (privilegium) da pregação (Rm 10, 15) . tipos de pregadores: apostólicos…mercenários… - hereges (abhorrendi vel aliter occidendi) Predicatorum genera Doutrinal 3 - III Invocação do Nome de Deus (a Oração) (Rm 10, 13) . Quomodo (Corde, ore, opere)…- Quando… Ad quid Inuocacio Dei Doutrinal 4 - IIII A vocação apostólica e a Ordem dos Pregadores (Mt 18,22) . Reforma Dominicana da pregação apostólica … - Cristo: Inchoator,… - Reformator (per beatum Dominicum ad pristinum statum reduxit) … . Paralelismo: Ordem dos Pregadores - Ordem dos Apóstolos Ordo Predicatorum seu Apostolorum Doutrinal 5-V A vocação de André e Pedro (Mt 4,20) . Alegorias da Rede Retis genus multiplex Moral Panegírico Alegórico 6 – VI A dignidade apostólica (Ps 44,17) . André e os outros apóstolos, ‘geração dos filhos espirituais’ de Cristo. Panegírico 7 - VII 8 - VIII 2ª S. NICOLAU Fé e razão (Is 7, 9 S/LXXª) . Prioridade da fé (prius credi quam cognosci) . Os artigos da fé, principia per se nota, da ciência teológica . A fé, ilumina a razão: Quid est fides in intellectu speculativo nisi pupila in occulo? Os benefícios das tribulações (Pv 17,17) Fidei modus Doutrinal Panegírico Angustia bona Panegírico Moral 9 - IX Os bons e os maus amigos (Sir 25, 12) Amicus multiplex Moral Panegírico 10 - X Dupla ressurreição (Io 5, 25) . Da alma (conversão), no presente . Do corpo, no futuro Ressurrectio Doutrinal Moral 11 - I Valor da esmola (Mt 6,3-4) . pure propter Deum facta Elemosina ualet ad multa Moral Panegírico 12 - II O jugo de Cristo (Lam 3, 27) . Os 7 sacramentos e os 14 artigos da fé (obligat ad credendum) . Os 10 mandamentos (obligat ad operandum) . Os conselhos evangélicos (obligat ad perfectionem conservandam) Iugum triplex Doutrinal Moral Panegírico Bonum est portare iugum 13 - III A eleição canónica do prelado (Nm 27,16-17) . As qualidades do prelado: a quo…- qualis… - ad quid… Prelati qualitas Eligendus qualis Panegírico Direito Canónico 14 - IIII Eficácia da oração (Iac 5,16) . no céu sideral… - no céu aéreo… - na terra … no purgatório… - no inferno (Teófilo e Basílio)… - na guerra Oratio Doutrinal Panegírico 15 - V Alegoria da oliveira (Ps 51,10) . S. Nicolau e o justo - as propriedades da oliveira Oliua Panegírico Alegórico 16 - VI Honrar os pais (Sir 3,6) . naturais e espirituais Parentes honorare propter multa Panegírico Moral 17 - VII O aniquilamento do demónio e a glorificação dos servidores de Deus (Ps 14,4) cxlviii Moral Panegírico 18 - VIII O cumprimento das promessas (Prv 20,25) Votum seruandum . Decretum Gratiani. 3ª SANTA EULÁLIA 19 - I O martírio, cálice de salvação (Ps 115,12) 20 - II O diabo e o mal: .as mansões do diabo (Iob 3,8) 4ª SANTA LUZIA Moral Panegírico Direito Canónico Panegírico Maledictio diaboli Dormitorium malum Moral Panegírico Alegórico 21 - III O triunfo e a alegria das virgens (Ps 44, 15-16) 22 - IIII A comunhão dos santos (Ps 141,8) Sancti nos expectant Doutrinal Panegírico 23 - V A alegoria das pombas (Ct 2,13-14): Columbe proprietas Panegírico Alegórico 24 - I Confiança em Deus / virtudes teologais (Ps 124,12) . Três raízes ou virtudes teologais: Fé recta (c/ hereges) - Esperança firme (c/ desesperados) - Caridade perfeita (c/ invejosos) Confidunt male multi Fides recta Doutrinal Panegírico Alegórico 25 - II A alma, morada de Deus - a santidade (Eph 2,22) . per quid…- ad quid… Habitaculum Dei Doutrinal Panegírico Alegorico 26 - III O reino do Céu é como um bom campo (Prv 31,16) Ager bonus Doutrinal Panegírico Alegórico 27 - IIII Conselho: .praticar o bem nesta vida (Sir 14,17) Operari bonum debemus Panegírico Moral 28 - V O tesouro dos bons e o tesouro dos maus. (Mt 6,20) . O tesouro da graça (in presenti) e da glória (in futuro) Thesaurizant mali et boni Moral Panegírico Alegórico 29 - VI Conselho: . guardar diligentemente o coração, para evitar o mal (Prv 4,23): Cor seruandum est Moral Panegírico cxlix Panegírico 5ª 6ª- S. TOMÉ, APÓSTOLO VIGÍLIA DE NATAL 30 - I A benção de Deus (Prv 10,22) . da mão direita… . da mão esquerda Benedictio dextere et sinistre Doutrinal Panegírico 31 - II Os artigos da fé, fundamento do ‘edifício’ (I Cor 3,10-11) . da Fé, com paredes de ouro… - da palavra divina (divinum eloquium), com paredes de prata… - das obras (de misericórdia), com paredes de pedras preciosas Aurum Argentum Doutrinal Panegírico Alegórico 32 - III A oração de petição (Io 16,23) . condições necessárias da oração Petere debemus Doutrinal Panegírico 33 - IIII A idolatria (Ps 96,7) 34 - I A dieta divina; O divino Cordeiro (caro factus) (Nm 11,18) . ‘quae sint carnes’ … - ‘Qua utilitate sumuntur’… - ‘Qui sunt’… - ‘Quomodo’… 35 - II A Virgem desposada (Mt 1,18) . Sentido literal: Cristo nasceu de virgem desposada e não de virgem solteira . Sentido moral: tal como Maria, a alma deve - alimentar - guardar; evitando abortar… - amar Jesus. Doutrinal Panegírico Carnes comedere Doutrinal Alegórico Doutrinal Alegórico Mulieres abhortant 36 - III A santificação - As maravilhas de Deus (Ios 3,5) . operadores e espécies da santificação… . maravilhas de Deus em Cristo e em Maria Sanctificatio multiplex Pertinentia ad Deum Doutrinal Alegórico 37 - IIII Cristo, sol de justiça (Mal 4,2) . Orietur sol iustitie… . uobis timentibus nomen meum... 3. et sanitas in pennis eius: os seus raios (penas) operam a salvação Sol Doutrinal Alegórico 38 - V O Messias salvador (Is 35,4-6) 39 - VI A preparação do encontro com Deus (Am 4,1213) cl Timor Dei Genera pennarum Doutrinal Preparacio in ocursum Dei Doutrinal 7ª NATAL 40 - VII O Deus escondido (Is 45,15) 41 - VIII Anúncio da vinda do Messias - O Reino de Deus (Is 51, 5) 42 - I O Nome do Senhor (Is 52,6) . Os judeus blasfemos . Adonay (Sanctum Domino consagrado ao Senhor) Tetagramaton (Ioth – principium, Beth – uita, Vau – passio, He – iste) Ex. 28,36 . Ihesus (Salvator) . Emmanuel (Nobiscum Deus) Nomen Dei blasphematur Doutrinal 43 - II O triplo nascimento de Cristo (Mi 5,2) 1º. do Pai (egressus eius ab initio...) 2º. no coração (Qui sit dominator) 3º. da mãe (ex te mihi egrediatur) Natiuitas Christi triplex Misse tres Natalis Doutrinal 44 - III Deus fez-se homem (Io 1,14) Verbum Dei caro factum Doutrinal 45 - IIII Luz que ilumina o mundo (Ps 111,4) Lux mundi data Doutrinal Alegórico 46 - V Alegria e Paz – Os atributos da divindade (Lc 2,14) Propria Dei Doutrinal 47 - VI O verbo de Deus, enviado do Pai (Ps 106,20) . Hec videntur philosophi ignorasse . Razões teológicas : Quare Pater Filium suum misit? Theologi solent de hoc multas rationes, sc., ut… Filium misit Pater Doutrinal 48 - VII A procura de Deus (Os 10,12) . Cristo, Messias procurado . Quem é digno desta procura. Dominus est querendus Docet nos Dominus Doutrinal 49 - VIII O Salvador esperado (Is 25,9) 50 - IX A dádiva de Deus (Is 9,6) . Cristo diz-se criança . Cristo foi-nos dado (datus est nobis) . Cristo é o Conselheiro cli Quos saluat Deus Doutrinal Doutrinal Doutrinal Paruulus Pro quibus datus est Deus Doutrinal 8ª 9ª EUCARISTIA 51 - I A Eucaristia (Prv 23,1-2 s / LXX) . A mesa do rico senhor S. ESTÊVÃO 52 - I A abertura do Céu (Act 7, 56) . Para: baptizados – mártires – pregadores virtuosos Celi apertio Doutrinal Panegírico 53 - II A doçura das bençãos de Deus (Ps 20,4) . Manifesta-se na sua dulcíssima paixão - na pregação melíflua - na oração perfeita - na dulcíssima visão de Cristo Dulcedo multiplex Doutrinal Panegírico 54 - III A coroa da vitória (II Tim 2,5) Coronat Deus Doutrinal Panegírico 55 - IIII O perdão das injúrias (Lv 19,18) Iniuria toleranda Moral Panegírico 56 - V A retribuição (Ps 105, 12-13) . Os seis géneros da retribuição . As seis diferenças das retribuições (Dec. Grat.) Tributacio multiplex Panegírico Direito Canónico 57 - VI Maldade e cegueira dos Judeus (Mi 4,11-13) 58 - VII Santidade de Estêvão (Act 6,8): Gratie plenitudo Panegírico 59 - I O divino banquete (Is 25,6) Conuiuium bonum Qui comedunt cum Deo Moral Panegírico Alegórico 60 - II A recompensa do justo e o castiga do ímpio (Prv 21, 18) Moral Panegírico 61 - III Santidade de S. João Evangelista (Iob 5,26): Panegírico 62 - IIII As portas da Igreja (Na 2,6) . portae (da Igreja militante), as S. Escrituras . portae (da Igreja triunfante), as virtudes . O edifício da santa Igreja tem 3 portas: Oriental, a Fé, - Norte, a Esperança, - Sul, a Caridade (Greg.) PROTOMÁRTIR 10ª S. JOÃO EVANGELISTA clii Doutrinal Alegórico Panegírico Porte diuerse Doutrinal Panegírico Alegórico 11ª 12ª SANTOS INOCENTES S. TOMÁS BISPO E MÁRTIR 63 - V A imunidade ao mal (Mc 16,18) Venenum non nocere et quare Doutrinal Panegírico Alegoria 64 - VI A correcção fraterna e a adulação (Ecles 7,6) Adulatio quid facit Moral Panegírico 65 - VII A apostasia (Lc 9,62) Apostasia fugienda Moral Panegírico 66 - VIII O convite à conversão (Apc 2,5): 67 - I Os meninos de Deus (Is 8,18) 68 - II Intenção e acção perversas de Herodes contra os Santos Inocentes (Ps 93,21) Moral Panegírico 69 - III Crueldade versus ternura; O sangue inocente (Ier 51, 34) Moral Panegírico 70 - IIII O julgamento de Herodes (Ier 2,34) 71 - V A inocência e a equidade; Acção protectora de Deus (Ps 36,37) 72 - VI Evitar os pecados e vícios de Herodes (Ps 36,8) 73 - VII A união com Deus (Ps 23,21) 74 - VIII As crianças e o Reino dos Céus (Mt 19,14) 75 - I As virtudes do prelado (Iob 3, 19-22) 76 - II O jugo do Senhor (Mt 12,29) cliii Moral Panegírico Pueri Dei Panegírico Moral Innocentia retinenda Doutrinal Moral Deo adherere Doutrinal Moral Panegírico Prelati gratia Moral Panegírico Iugum Domini Doutrinal Panegírico Alegórico 13ª S. SILVESTRE PAPA 77 - III As obras dos justos e dos perversos (Prv 11,27) 78 - IIII A rejeição dos parentes carnais (Dt 33,9) 79 - V Moral Panegírico Consanguineos non cognoscere Moral Panegírico A praga das rãs (Ex 8,6) Rana Moral Panegírico Alegórico 80 - VI O legado de Cristo (Ps 20,13) Reliquie Doutrinal Panegírico Alegórico 81 - VII O prelado, cidade fortificada (Ier 1,18-19) Prelati gratia Doutrinal Panegírico Alegórico 82 - VIII As virtudes do prelado (Apc 2,19) 83 - IX Deus ama os justos (Prv 15,9) Diligit Deus quos Moral Panegírico 84 - I A libertação da angústia (Prv 9,8) Angustia Moral Panegírico 85 - II O mandamento da hospitalidade (Hbr 13,2) Hospitalitas Moral Panegírico 86 - III A vitória sobre o demónio (Sap 16,9-10) Diabolus draco dicitur Moral Panegírico Alegórico 87 - IIII Os dois estados (status) da Igreja (Is 60,15-16): I - ab Adam uel ab aduentu Christi usque ad beatum Siluestrum (314 – 335) II - tempore beati Siluestri . As oito leges securitatis de Constantino ... Doutrinal Panegírico 88 - V Deus protege aquele que defende a sua causa (Ps 73,22) Moral Panegírico cliv Moral Panegírico 14ª 15ª CIRCUNCISÃO DO SENHOR EPIFANIA 89 - I Circuncisão e Baptismo (Ps 7,7-8) . Razões da instituição da circuncisão . Substituída pelo banho baptismal 90 - II A circuncisão de Cristo (Lc 2,21): . Razões: sex de causis… . 6ª razão: demonstrar a sua caridade pela efusão do seu sangue 91 - III Abolição do preceito da circuncisão (Ier 9,25-26) 92 - IIII A instituição da circuncisão (Gn 17,11-12) . Ubi, quare, quando… Circumcisio quare fiat Doutrinal 93 - V A circuncisão do coração (Dt 30,6) Circumcisio quadruplex Doutrinal 94 - VI O nome de Jesus (Lc 2,21): . proclamação honorífica e solene do nome de Jesus . imposto por Deus, predito pelos profetas, intimado pelo anjo, invocado pelos homens Nomen Domini impositum a quibus Doutrinal 95 - I O exemplo dos Magos (Ps 71,10) . O significado dos nomes e das oferendas Magorum nomina Doutrinal Alegórico 96 - II A presença especial (mística) de Deus (Mt 2,2) Deus ubi est? Doutrinal Moral 97 - III A iluminação dos Gentios e a cegueira dos Judeus (Mt 2,2) Doutrinal 98 - IIII Cristo, Anjo do Grande Conselho (Apc 16,12) . mistice . a 6ª Idade do Mundo Doutrinal 99 - V Os céus e a nova estrela proclama a glória de Deus (Ps 18,2) Doutrinal 100 - VI Refutação dos astrólogos (mathematici) (Mt 2,10) . Contra as consequências da sua doutrina, argumentos demonstrativos ex inconvenientia et impossibilia Doutrinal clv Doutrinal Circumcisio Christi Sanguinem fudit Deus Doutrinal Doutrinal 16ª S. SEBASTIÃO 101 - VII Refutação dos astrólogos (continuação) (Mt 2,9) . Contra a predição do futuro, argumentos ex absurdo 102 -VIII A excelência de Deus (Ps 99,2-3): . nulla scientia naturalis ingenii potest Deum attingere… . Si intelligere non possumus opus eius multo fortius eius esse . querere (Deum) … supra scientiam, id est, in caritate… ut ostendatur scientia multo repreensoria, quia inflat… Cherubim sedet Deus Doutrinal 103 - IX Procurar Cristo por outro caminho – aliam viam (Mt 2,12) . evitar a via mala(o mau caminho do pecado. Via mala multiplex Moral 104 - X A estrela, a graça e a fé (Mt 2,9) Stelle natura Doutrinal Alegórico 105 - XI As manifestações da divindade de Cristo (Lc 3,21-22) . Epifania . Baptismo . Teofania (bodas de Canã) Babtismus Christi Doutrinal 106 – XII O exemplo dos Magos (Mt 2,11): Magorum commendatio Panegírico Moral 107 - I As tentações do demónio (Iob 16,13-14) . A defesa contra os detractores – o escudo protector da verdade: o testemunho superior de Deus, o interior da consciência e o exterior da opinião dos bons. Sagitte multiplices Moral Alegórico 108 - II Os prémios do pregador (Prv 11,25) Predicatio acquirit Doutrinal 109 - III Os maus progenitores (Mi 7,6): Inimici hominis Moral 110 – IIII A imagem do Inferno e do Paraíso (Sir 39,30) . Os tormentos: calor intolerável, frio extraordinário, vermes imortais, cheiro horrível, trevas palpáveis, açoites, carrancas, promiscuidade com criminosos, prisão a correntes . A bem-aventurança indescritível In inferno sunt ista Doutrinal clvi Doutrinal 17ª SANTA INÊS 111 - V Um só pecado grave danifica toda a alma (Ecles 9,18) 112 - VI In uno peccat Moral A falsa sabedoria (Sir 37,23-24) . Qui sophistice loquitur: o demónio, o herege, o amigo falso, o sofista fraudulento, o astrólogo (mathematicus) Diabolus sofisticus Doutrinal 113 - VII A testemunha verdadeira e o arteiro (Prv 14,25): Testis fidelis Moral 114 - I O justo gloria-se em Cristo – o pecador vangloriase (2 Cor 10,17) Gloriari debemus in Christo; Gloria peccatorum Moral Panegírico 115 - II As núpcias de Deus e da alma (Apc 19,7-8) 116 - III A maturidade (senectus) do justo e do ímpio (Sp 4,8-9) Senectus mala et bona Moral Panegírico 117 – IIII A missão dos Anjos; Os pecados ‘contra natura’ (Tb 6,16-17) . Advertência: pro deo, curialiter tange hanc materiam, quia magis pertinet ad confessionem quam ad predicationem, et etiam ibi prius audi quam exprimas. Angeli ministri Moral Panegírico 118 - V A separação pelo fogo (Ps 28,7) Ignis multiplex Doutrinal Panegírico Alegórico 119 - VI O Baptismo de água, de sangue e de fogo (Lc 12,50) Babtismus multiplex Doutrinal Panegírico 120 – VII Os privilégios das virgens (Apc 14,4) . Advertências: ‘.. cavendum est ne superbia oriatur. Non est enim continentia potestatis hominum, sed Dei previlegium? (Frei Paio). ‘Melius est humilitas coniugalis, quam superbia virginalis’. (Cesarius) Priuilegia uirginum Moral Panegírico clvii Panegírico Alegórico 18ª S. VICENTE 121-VIII O valor das tribulações, das tentações e das enfermidades (Io 11,4) Tribulacio bona Moral Panegírico 122 - I A vitória sobre os inimigos da alma (Apc 2,17): Pugna contra diabolum Moral Panegírico 123 - II O estudo da sabedoria (Prv 27,11) . quare studendum est in Dei sapientia . quando studendum Studium bonum Doutrinal Panegírico 124 - III A união com Cristo na paixão e na glória (I Pt 4,13) Doutrinal Panegírico 125 - IIII A fortaleza nas perseguições (Phi 1,28) Moral Panegírico 126 - V As amadilhas do inimigo (Sir 12,15): . a idolatria, . a perversidade herética, . a luxúria, . o inferno. Fouea multiplex Moral Panegírico Alegórico 127 - VI O sacrifício e o sal (Lv 2,13) Sacrificii genus Doutrina Panegírico l 128 - VII O sofrimento e a alegria do justo e do pecador (Sir 1,29) Iustus sustinet Iocunditas Peccator multiplex Moral Panegírico Gladius multiplex Moral Panegírico Alegórico 129 VIII O gládio da morte do pecador e a paz do justo (Jer 33,4-5) . morte do pecador: gládio da consciência, da malícia, do demónio, do juízo de Cristo . paz do justo: interior – da consciência; exterior – exclusão da tristeza pela perda de amigos; inferior – exclusão da tristeza pela perda de bens materiais; superior – fruição da paz celestial. clviii Pax multiplex 19ª 20ª CONVERSÃO DE S. PAULO PURIFICAÇÃO DE MARIA 130 - IX A privação da sepultura (Sir 7,37) . Decretum Gratiani 131 - X A recompensa do justo (Sir 48,13-14) 132 - I Convite à penitência (Sir 17, 21-22) Offendicula uitanda Moral Panegírico 133 - II A missão de S. Paulo (Abd 1) Legatus multiplex Panegírico 134 - III A vocação de S. Paulo (Gal 1,15-17) 135 - IIII S. Paulo, vaso de eleição (Act 9,15) … fuit uas: electe cientie, id est, theologie que inter omnes scientias obtinet principatum Vas electionis Panegírico 136 - V S. Paulo, perseguidor: o agravo, o castigo e a penitência (Ier 31,18-19) Castigatio Domini Panegírico 137 - VI A conversão pela penitência (Sir 5,8) . Três espécies de conversão (sicut in logica): simpliciter, per accidens, per contrapositionem Penitentia triplex Moral Panegírico 138 - VII A legitimidade do juramento (Ez 33,11) . Inocentio III, «Regesta», Professio Fidei Durando de Osca et sociis eius Waldensibus praescripta. Iuracio sine peccato Moral Direito Canónico Dextere mutacio Panegírico Mortuo gratia negatur Panegírico Direito Canónico Moral Panegírico Panegírico 139 VIII A transformaqção de S. Paulo (Ps 86,11) 140 - IX Luz dos Gentios (Is 49,6) . Os restos fétidos do demónio (fetidos feces) – os que rejeitaram a Palavra Feces multiplices Panegírico Alegórico 141 - X Vencer o desespero (Prv 24,10) Desperare non debemus Moral Panegírico 142 - I A purificação (Ml 3,3) Filii Dauid Purgacio multiplex Moral clix 21ª 22º SANTA ÁGUEDA CÁTEDRA DE S. PEDRO 143 - II A alegria da visão de Deus (Gn 46,30) . Os 4 sentidos: secundum hystoriam, secundum allegoriam, secundum tropologiam, secundum anagogen. 144 - III A promessa da consolação (Is 66,13-14) 145 - IIII A expectação do Senhor (Is 8,17) 146 - V A purgação (Lc 2,22) . Espécies: vulgar, canónica, natural, penitencial, legal . Decretum Gratiani; Liber Extra 147 - VI 148 - VII Doutrinal Diuina consolatio Doutrinal Doutrinal Purgacio multiplex Moral Direito Canónico A excelência de Simeão (Lc 2,25-26) Symeonis commendacio Panegírico Maria e a observância da Lei (Ecl 7,33) Legis obervatio Panegírico Remedium anime quadruplex Panegírico Alegórico 149 VIII Excelência de Ana (Prv 10,28) . Cristo, remédio da alma 150 - I Do fogo consolador ao fogo devorador (Iob 23,10) . De consolação – Espírito Santo; . da provação – as tribulações; . de purificação - Purgatório; . de destruição – culpa e Inferno . Decretum Gratiani Ignis multiplex Panegírico Alegórico Direito Canónico 151 - II Os fundamentos da santidade (Mt 7,24; Lc 6,48) Anima confirmatur Moral Panegírico 152 - III A honra de sofrer pelo Nome de Cristo (Act 5,41) Acquirimus honorem Doutrinal Panegírico 153 - I Confissão de Pedro e fundação da Igreja (Mt 16,17) Bona consequimur Columbe proprietas Doutrinal Panegírico Alegórico 154 - II Eleição do prelado (Ps 106,32) . Requisitos, constituição, deveres dos fiéis. clx Moral Direito Canónico 23º 24ª S. MATIAS APÓSTOLO S. GREGÓRIO 155 - III Os conhecimentos úteis para a salvação (Mt 16,18) Utilia ad salutem Doutrinal Panegírico 156 - IV A cátedra de Pedro (Iob 29,7) . Poderes (cathedrae) da Igreja: episcopal ou sacerdotal; régia; magisterial; judicial. . Decretum Gratiani cathedra Doutrinal Alegórica Direito Canónico 157 - I Vida breve, vida longa (Ps 108,8) Dies decurtantur Dies protelantur Moral Panegírico 158 - II A felicidade (Ps 54,5): . temporal, falsa et deceptoria; . espiritual, as 8 bem-aventuranças; . eterna, os 7 dons, nos quais se reúnem todos os bens. - Definição: Beatitudo est status perfectus ex congregatione omnium bonorum (Boécio) Beatitudo triplex Moral Panegírico 159 - III O modo da eleição na Igreja (Act 1,24-25) Electionis modus Doutrinal 160 - IV Legitimidade das ‘sortes’ (sorteios) (Act 1,26) . Penas eclesiásticas e civis contra os sortilégios . Decretum Gratiani, Liber Extra Sortes male Direito Canónico 161 - V O pecado de Judas (Prv 13,22) Iude peccatum Moral Panegírico 162 - I O estado de perfeição evangélica (Mt 19,21) . Potest predicari de hac materia religiosis qui debent esse perfecti . A perfeição absolutíssima, non in via sed in pátria Perfectionis status Perfectio quadruplex Moral Panegírico 163 - II Os doze frutos da pregação (Ps 44,3) Predicatoris fructus Moral Panegírico 164 - III O prelado pregador e os amigos do diabo (Prv 21,12) . Domus impii seu diaboli; domus Christi Predicator prelatus Amici diaboli Moral Panegírico Alegórico 165 - IV Os frutos da vigília honesta (Sir 31,1) Vigília honesta Moral Panegírico clxi 25ª 26ª S. BENTO ABADE ANUNCIAÇÃO DE MARIA 166 - V Os frutos da esmola (Sir 3,33-34) . De hac matéria invenies in festo sancti Nicholay Helemosina Moral Panegírico 167 - I O desejo da solidão (Ps 54,7-9) . Marca cisterciense: beatissimi patris nostri Benedicti… . Decretum Gratiani – monachus de monos, achos, tristis… Solitudinis desiderium Moral Panegírico 168 - II As investidas do demónio (Ps 33,19) Diabolus aduersatur Panegírico 169 - III Missão e poderes apostólicos de S. Bento (Mt 10,7-8) Oratio Panegírico 170 - IV A má e a boa utilização dos dons de Deus (Ps 131,15) Malorum proprietas Bonorum proprietas Moral Panegírico 171 - I A anunciação do Verbo de Deus, doce e suave (Ps 18,3) . Dies, o anjo e Maria . Nox, o demónio e Eva . melius est pia ignorantia quam presumpta scientia (S. Agostinho) Verbum dulce Doutrinal Alegórico 172 - II A concepção pura de Cristo na Virgem Mãe (Is 6,13) Semen sanctum Doutrinal 173 - III Cristo, Deus e Homem verdadeiro (Ps 86,5) . Argumentos contra Judeus, Pagãos e Maniqueus . Aristoteles: Homo est animal mansuetum natura Chrisus homo et Deus Doutrinal 174 - IV A grandeza de Maria (Sir 1,7) . O mar, matriz de todas as águas Maria dicitur maré Doutrinal Alegórico 175 - V Cristo, o enviado do Pai (Io 16,28) . quomodo Filius a Patre exiuit . quomodo in mundum uenit . ad quid uenit Filius exiuit a Patre Deus quare uenit in mundum Doutrinal 176 - VI Maria, tabernáculo de Cristo (Sir 24,12) . Etas mundi – na 6ª idade, ano de 5.199 . Etas Virginis – 12 anos (Hist. Scholastica) . Tempus anni – VIII Kal. Iannuarias (Liv. III De Trinitate) Etas mundi Requieuit christus in uirgine Doutrinal Alegórico clxii 27ª 28ª 29ª S. AMBRÓSIO S. JORGE S. MARCOS EVANGELISTA 177 – VII As mansões divinas (III Rg 8,12) . Luz inacessível – eternidade – anjos – homens santos – hóstia consagrada – Virgem Imaculada (nuvem) 178 VIII Deus ubi habitat Maria dicitur nébula Doutrinal Alegórico Deus fala na solidão (Os 2,14) Solitudo apetenda Doutrinal 179 - IX Jesus, o Salvador (Lc 1,31) Saluat Deus homines Doutrinal 180 - X Cristo verdadeiro homem e nosso irmão, nascido da nobilissim Virgem Maria, rainha de todos os homens (Cn 8,1) Regine Ve. Doutrinal 181 - XI Maria é a cidade de Deus, (Ps 45,5) . e o Espírito Santo é rio que a enche de alegria Maria dicitur ciuitas Spiritus sancti dicitur flumen Latitia marie Doutrinal Alegórico 182 - I Os favores de Deus, quem os recebe (Prv 13,35) Acceptus est homo deo Moral Panegírico 183 - II A solicitude dos prelados (Rm 12,8) Solicitus prelatus Moral 184 - III As coisas nocivas ao homem (I Pt 3,13) Ista nocent homini Moral 185 - IV Conselho úteis de S. Ambrósio (Tob 4,19) Consilia utilia Moral 186 - I As criaturas de Deus, (Sp 16, 24) . os pecadores . e os justos 187 - II O amor e o temor de Deus (Ps 144, 19) Signa diuini amoris Et diuini timoris Moral Panegírico 188 - I O leão fortíssimo, dominador das bestas Prv 30,30) . Bestas – diabo, tiranos e herejes, libido Diabolus dicitur bestia Moral Panegírico Alegórico clxiii Doutrina Panegírico l 30ª ROGAÇÕES 189 - II A face maravilhosa de Cristo e a Sua doce voz (Cn 2,14): . Os santos desejam contemplar a face de Cristo . e ouvir a Sua voz Faciem Christi desiderant uidere sancti Vox Christi desiderabilis Doutrinal Panegírico 190 - III A morte do pecador (Iob 36, 14-15) . Tempestade das tentações interiores: libido, ira, inveja, vícios Tempestas multiplex Moral Panegírico Alegórico 191 - IV A Igreja, trono de Deus (Apc 4,6-7) . Cadeira, a Igreja . 4 animais, 4 Evangelistas Sedes dei ecclesia Doutrinal Alegórico 192 - I Ladaínhas maior e menor (Ecli 4,4) . São Mamerto e S. Gregório Letania duplex Audiendus est pauper Elemosina Doutrinal . A esmola 31ª S. FILIPE E 193 - I Martírio de S. Tiago (Menor), Apóstolo Panegírico 194 - II Martírio de S. Filipe, Apóstolo Panegírico 195 - III A beleza (santidade e virtude) dos Apóstolos (Lam 4,7) Nazarei Apostolorum pulcritudo Panegírico 196 - IV Preparar um cenáculo para a visita do Senhor (Io 14,9) . O conhecimento de Cristo, error ex simplicitate, error ex superbia Parare debemus Ve Doutrinal Panegírico 197 - V As mansões no Céu e no Inferno (Io 14,2) Domus dei mansiones Doutrinal Alegórico 198 - VI A visão de Deus (Io 14,9) Qui deum non uidebunt Qui deum uidebunt Doutrinal 199 – VII A confiança do justo (Sp 5,1) . Ulpianus, Digesta: iustitia est constans et perpetua uoluntas ius suum cuique tribuens. Constantia Moral Panegírico 200 VIII O poder da Fé (Io 14,12) Credere in deum Doutrinal S. TIAGO MENOR clxiv 32ª 33ª 34ª 35ª 36ª INVENÇÃO DA SANTA CRUZ S. JOÃO JUNTO À PORTA LATINA (AD PORTAM LATINAM) S. BARNABÉ APÓSTOLO S. FERNANDO OU ANTÓNIO DE LISBOA S. GERVÁSIO E S. PROTÁSIO 201 - IX Os sinais da divindade de Cristo (Io 14,9) . aliam collationem faciamus… ver S/196 . Consubstancialidade do Filho e do Pai Signa cognitionis dei Doutrinal 202 - I A Cruz, lenho de justiça (Sp 14,4) . o louvor da Cruz Lignum iustitie Doutrinal 203 - II A doçura da Cruz (Ex 15,25) Amaritudo tribulationis Doutrinal 204 - III As três cruzes do Calvário (Gn 2,9) Crux triplex Doutrinal 205 - IV Os quatro braços da Cruz (III Reg 17,12) Brachia crucis IIIIor Moral 206 - I A sabedoria (Sp 10,9) . sapida scientia . A sabedoria é Cristo: hec autem sapientia non solum lumen intellectus, sed et soporem effectus tribuit se habentem . livra das penas deste mundo, da morte, do Purgatório e do Inferno Dolor multiplex Doutrinal Panegírico 207 - II O elogio de S. João Evangelista (Apc 11,9) Iohannes et interpretatio eius Panegírico 208 - I Em louvor do apóstolo S. Barnabé (Act 4,36-37) Ioseph Panegírico 209 - II Santidade e excelência do Apóstolo S. Barnabé (Act 11,22-24) 210 - III Requesitos necessários para a eleição dos pregadores e dos prelados (Act 13,3) Electi necessaria Doutrinal 211 - I O Santo do coração puro (Eccl 45,1) Cordis puritas Panegírico 212 - II Milagres de Santo António (ad archam) 213 – I A doutrina de Cristo confere a graça (Prv 13,15) clxv Panegírico Panegírico Doctrina christi quid facit Panegírico Doutrinal 37ª S. JOÃO BAPTISTA 214 - II A caridade fraterna (Ps 132,1) . a unidade e a paz 215 - I Fratres qui sint dicunt pacem seruantes Moral Panegírico Glorificação de S. João Baptista (Sir 44,25) . … quia etiam sarraceni celebrant festum eius… Benedictio iohannis babtiste Panegírico 216 - II Os previlégios do predestinado João Baptista (Ier 1,5) Benefitia Iohanis babtiste Panegírico 217 - III S. João, estrela da manhã (Iob 38,32) . …sicut lucifer auroram precedit… Lúcifer Panegírico Alegórico 218 - IV As luzes que iluminam o caminho da verdade (Ps 131,17) . … interioris rationis… gratie diuine mentem iluminantis… Lucerna Doutrinal Panegírico Alegórico 219 - V A Palavra de Deus, como uma espada (Is 49,2) . Utiliter autem methonomia ponendo… Sermo dei gladius dicitur Doutrinal Panegírico Alegórico 220 - VI As quatro luminárias (Iob 38,32) . lucifer interior- fulgor diuine gratie uel glorie mentem iluminantis . …exterior – ordinis predicatorum aduentum c Christi ueri solis prenuncians… . …angelicus – diabolus maior… . …propheticus – Iohannes… Lúcifer Doutrinal Panegírico Alegórico 221 - VII O testemunho de S. João Baptista (Io 1,7) Testimonium Panegírico 222 -VIII S. João Baptista, profeta e precursor (Lc 1,76) Propheta Doutrinal Panegírico clxvi 38ª 39ª S. JOÃO E S. PAULO S. PEDRO E S. PAULO 223 - I O ‘espelho do príncipe’ cristão (Prv 29,4) – (provavelmente dedicado a D. Sancho II) . Dotes e virtudes – Regi convenientia: - idade apropriada: etatis congruentia, - sabedoria: sapientia, - justiça: iustitia, - verdade: ueritas, - honesta convivência: bona societas, - alegria: hilaritas, - liberalidade: largitas, - oração frequente: orationis assiduitas, - sobriedade: sobrietas, - actividades úteis: exercitatione utili, - humildade: humilitas. Regi conuenientia Moral Panegírico 224 - II Exortações de Cristo (Lc 12,4-5) . ao seu amor, ao temor de Deus, a enfrentar as perseguições Christus hortatur nos ad tria Moral Panegírico 225 - I Pedro e Paulo, tubas argênteas de Cristo (Num 10,12) . Decretum Gratiani (Ambrosius) Tuba Doutrinal Panegírico Alegórico Direito Canónico 226 - II A missão de S. Pedro e S. Paulo (Dt 33,18-19) . Zabulon e Isacar, figuras de Pedro e Paulo . Vº, a thesauris, scilicet, sapientibus et philosophis, quos inter generes absconditos inuenerunt, ibi, ‘et thesauros absconditos arenarum’. Conuerterunt enim philosophos predestinatos qui in tenebris gentium latitabant, sicut dionisium, clementem… Petrus et Paulus Doutrinal Panegírico 227 - III Saúl e Jónatas, príncipes da Sinagoga; Pedro e Paulo, príncipes da Igreja (2 Reg 1,23) Saul et ionathas Panegírico 228 -IV Os apóstolos, príncipes dos povos (Ps 46,10) . Glossário: Cephas hebreum; Petrus grecum; Agnoscens latinum; Rabi grece; Magister latine Príncipes Doutrinal Panegírico 229- V A exemplar amizade de S. Pedro e S. Paulo (Prv 18,19) Petrus et Paulus commendantur a multis Panegírico 230 - VI Deus honrou os seus Apóstolos (Ps 138,17) . sapientia, sapida scientia honorauit deus apostolis in multis Doutrinal Panegírico clxvii 231 - VII 40ª 41ª 42ª SANTA MARINA SANTA MARINHA SANTA MARIA MADALENA Cinco tipos de filhos de Deus (Zac 4,14) . Nota: inuenies de hoc tegmate in festo Symonis et Iude Genera filiorum quinque Doutrinal Panegírico 232 VIII Guardar o depósito da Fé (2 Tim 1,12) . os seis obstáculos Depositum perditur sex de causis Doutrinal Panegírico 233 - IX (Prothema) A pregação: o pregador, os ouvintes, a doutrina (Gn 44,1) - Obediência e boas obras (Iudas 5,18) . A obediência perfeita, os dez mandamentos e os conselhos evangélicos Zabulon Observatio decem preceptorum Doutrinal Pastoral Moral Panegírico 234 - I Os quatro nomes do diabo (Ps 90,13) . aspis – basiliscus – leo - draco Aspis dicitur diaboli Doutrinal Panegírico Alegórico 235 - II A verdadeira e a vã glória (Gal 6,14) . Quere de hac matéria in festo sancte Agnetis Gloria iustorum presens Moral Panegírico 236 - I Os negociantes de Deus, do diabo e do mundo (Mt 13,45-46) . os pregadores – os herejes – os comerciantes avarentos Negotiatores Margarita Doutrinal Panegírico 237 - II A oração (Ps 101,18) . porque devemos orar orare debemus Doutrinal Panegírico 238 - I O caminho do pecado e da penitência (Prv 31,27) . Mª Madalena: status malitie, status penitentie . a imitação da vida dos santos 239 - II O exemplo de Maria Madalena (Is 21,4) . status multiplicis iniquitatis – status multe et mutue caritatis – status laudabilis imitabilis et mirabilis exemplaritatis Tres status Moral Panegírico 240 - III Os que se sentam a mesa de Deus (Can 1,11) . activi – contemplativi – perfecti . dei patri sinus Acubitus Dei Doutrinal Panegírico Alegórico 241 - IV O grande amor de Madalena (Lc 7,47) . por Jesus retribuído dilexit multum Panegírico clxviii Moral Panegírico Alegórico 242 - V 43ª S. TIAGO APÓSTOLO Os três graus do amor a Deus (Prv 8,17) . primo, qui non deum sed bona eius bona temporalia . secundi, qui deum e bona eternalia diligunt . terci sunt qui deum solum diligunt, . Os braços da caridade: amor amicitie… amor concupiscentie três gradus diligentium Doutrinal Panegírico Alegórico Brachia caritatis 243 - VI Escolher a boa, a melhor, e a óptima parte (Lc 10,42) . rejeitar a parte má Bona pars mala (pars) Doutrinal Panegírico 244 - VII Madalena, mulher forte (Prv 31,10) fortis in bono Panegírico 245 VIII Madalena, modelo perfeito de conversão (Lc 7,36) Confessio facti non uerbi Dolor de peccatis Moral Panegírico 246 - IX Madalena, mulher digna de louvor (Prv 31,30) . Tres status Marie Magdalene…: culpe, gratie uel penitentie, glorie Laus mala et bona Panegírico 247 - I Em louvor de São Tiago (Is 24,16) . Gloria: frequens fama cum laúde… iustus Panegírico 248 - II O justo castigo dos caluniadores e fraudulentos (Ester 7,10) fraus Moral Panegírico 249 - III Da confiança e da infidelidade (Sir 29,19) . para com o próximo . Decretum Gratiani, Liber Extra fides est seruanda Moral Panegírico Direito Canónico 250 - IV O castigo do avarento (Sir 14,4) 251 - V Guardar-se do mau conselheiro (Sir 37,9) . Liber Extra . como salvar a própria alma Consiliarius malus Anima seruatur Moral Panegírico Direito Canónico 252 - VI Os bons e os maus auxílios (Iob 5,1) Conversio bona et mala Doutrinal Panegírico 253 - VII A oração de petição (Ia 4,3) . condições petitio bona Doutrinal Panegírico clxix Moral Panegírico 44ª S. PEDRO NA PRISÃO (AD VINCULA) 254 -VIII As tribulações (Ps 49,15) . benefícios 255 - IX São Tiago, patrono da Hispânia (Gn 28,13-14) . O lux et decus hyspanie… . Decretum Gratiani (S. Jerónimo) . Conquista de Coimbra aos Mouros por Fernando I, rei de León e Castela, em 1064 256 - X O cálice das tribulações, medicina da alma (Mt 20,22) . sensum hystoricum, allegoricum, tropologicum, anagogicum… calix multiplex Doutrinal Panegírico Alegórico 257 - XI A consumação de todas as virtudes (Sap 4,13) . da malícia e da justiça . Consumatio est omnium uirtutum perfectio (Glosa, Aug.) Consumatio Doutrinal Panegírico 258 - XII Eleição e ministério de S. Tiago (Ps 134,4; Io 1,1) . os fins da eleição na Igreja: ad ministrandum, ad seruandum, ad militandum electionis modus iacobi ministratio Doutrinal Panegírico 259 XIII Transladação do corpo de São Tiago (Sap 10,18) . a mudança nos maus e nos bons . os discípulos de São Tiago: Torquatus, Secundus, Endaletius, Tissepheros, Eufrasius, Cecilius, Ysicius, Athanasius, Theodorus. transferuntur mali tribus modis Doutrinal Panegírico 260 - I Quebrar as correntes do pecado (Ps 115,16-17) . o sacrifício de louvor – cinco modos Dirupuntur uincula Sacrificium triplex (quintuplex) Doutrinal Panegírico Alegórico 261 - II S. Pedro é libertado do cárcere e das cadeias para o Reino (Ecl 4,124) . Regnum sacre scripture dispensandum uel predicandum – Regnum ecclesia militantis regendum – Regnum ecclesie triumphantis aperiendum et possidendum Regnum triplex Doutrinal Panegírico Alegórico 262 - III A libertação dos pecadores (Act 12,11) liberatio pecccatorum Doutrinal Panegírico Alegórico clxx tribulatio bona Doutrinal Panegírico Panegírico Direito Canónico 45ª 46ª S. DOMINGOS S. LOURENÇO 263 - I S. Domingos, estrela, lua e sol (Sir 50,6-7) . stella matutina . luna plena . sol refulgens Stella, Luna, Sol Panegírico, Alegórico 264 - II As virtudes de S. Domingos (Prv 21,28) . …quibus armis habuit uictoriam Victoria multiplex Moral Panegírico Alegórico 265 - III O prémio e os méritos de S. Domingos (Sir 31,89) Panegírico 266 - IV S. Domingos, doutor e instituidor dum berço de doutores (Joel 2,23) . …docuit fidei ueritatem … docuit morum siue iustitie honestatem Doutrinal Panegírico 267 - V A missão de S. Domingos (Sir 49,3-4) Panegírico 268 - VI S. Domingos, guarda e porteiro do palácio do Senhor (Prv 27.18) . custos… ianitor… Panegírico 269 - VII S. Domingos, amado por Deus e pelos homens (Sir 45,1-2) Dilectus Deo Panegírico 270 VIII Os caminhos do Reino de Deus (Sp 10,10): . uiam fidei ueracis – inocentie babtismalis – maxime pietatis – integre uirginitatis – excellentissime caritatis Via bona multiplex Doutrinal Panegírico 271 - IX (Prothema) O Ofício da pregação. Is 50,4. (Greg. Magnus) . S. Domingos, Lingua erudita – como o Servo de Javé (Is 50,4); Verbo ardente – como o profeta Elias (Sir 48,1) 272 - X O odor da santidade de Domingos (Gn 27,27) . ‘presens fui in bononie’ … Odor bonus Panegírico 273 - I As provas de fogo (Ps 16,3) . das honrarias, contra iniquitas superbie . das riquezas, contra iniquitas auaricie . das chamas, contra iniquitas impacientie Ignis triplex Doutrinal Panegírico Alegórico 274 - II O corpo, hóstia viva (Rm 12,1) Hostia multiplex Doutrinal Panegírico clxxi Doutrinal Pastoral Panegírico 275 - III A confissão, como declaração e reconhecimento (Mt 10,32) . bonorum hominum . malorum hominum . utrorumque Confessio triplex Doutrinal Panegírico 276 - IV Deus honra os seus servidores (Io 12,26) Honor iusti Doutrinal Panegírico 277 - V As quatro portas da morte (Ps 117,19) . secundum theologos mors corporalis est porta: paradisi – inferni – purgatorii - limbi Porta bona et porta mala Doutrinal Panegírico Alegórico 278 - VI Cristo, semente de trigo e de mostarda (Io 12,2425) Granum frumenti Doutrinal Alegórico 47ª S. HIPÓLITO 279 - I O sofrimento e a glória dos mártires (Hbr 11,35) 48ª ASSUNÇÃO DA VIRGEM MARIA 280 - I A grandeza de Maria (Lc 1,48-49) . queso, quid maius hoc facere, si potuit uel debuit et non fecit Marie commendatio Doutrinal 281 - II Glorificação de Maria (Ps 72,24) Gloria Marie uirginis Doutrinal 282 - III A gloriosa assunção de Maria (Cn 8,5) . Maria, do deserto (terra), é elevada ao Céu ‘cum corpore glorioso’ 283 - IV Maria, vaso precioso (Cn 2,4) . Receberá o vinho da Virgem Maria, quem tiver o vaso do coração: uacuum a tumore superbie – purum a fetibus luxurie – rectum – pulcrum – sanum 284 - V Maria, arca da salvação (Gn 8,4) 285 - VI Maria, terra abençoada (Ps 84, 2) . Moraliter autem triplex est terra: Sterilis, sc.conscientia ociosorum fructus faciens amaros et non nutribiles, sc.conuersatio murmurantium, fructos suaues faciens, sc.conuersatio in caritate et ylaritate operantium clxxii Doutrinal Panegírico Doutrinal uas bonum Doutinal Alegórico Doutrinal Alegórico Terra triplex Doutrinal Alegórico 286 - VII Maria, fonte, poço e cisterna (Cn 4,15) . fons actiuorum . puteus septem donorum spiritus . cisterna peccatorum Fons puteus Doutrinal Alegórico 287 VIII A melhor parte (Lc 10,42) . pars contemplationis . pars possessionis spiritualis Doutrinal 288 - IX Os três marcos na vida da Virgem Maria (Cn 3,6) . natiuitatis… de mirabils eius munditia in natiuitate . conuersatione… de eius laudabilis fama in conuersatione . assumptione… de eius inefabili gloria in assumptione Doutrinal 289 - X Maria, raínha dos pecadores (III Rg 10,1-2) . A rainha de Sabá, figura de Maria . Tria genera peccantium: - per consensum,(o apaixonado que se vende ao diabo) - per actum,( a abadessa caluniada) - per consuetudinem, (Teófilo) Genus peccantium Doutrinal 290 - XI Maria, habitação do Filho de Deus (Is 60,7) . superior … anima (Virginis) . inferior… caro uirginis Domus dei Maria Doutrinal Alegórico 291 - XII Os dons da Virgem Maria (Cn 2,10-11): Dona Marie Doutrinal 292 XIII Cristo, o desejado do coração de Maria (Ps 20,3) Desiderium bonum deus Doutrinal 293 XIV Deus, nosso encantamento e de Maria (Is 58,14) . Deus deleita-nos: in creaturarum consideratione – in preceptorum conseruatione – in consiliorum impletione –in benefficiorum cogitatione – in sanctorum eius contemplatrione – in sua dilectione – in uirtutum suarum infusione – in eukaristie sumptione – in sua diuinitatis fruitione Delectatio dei multiplex Doutrinal 294 - XV (Prothema) O desejo da palavra de Deus - ‘Sancte predicationis lumen’ – (Iob 37,11) Maria, mulher graciosa, e mar de profundíssima humildade (Prv 11,16) Mulier tribus modis Maria dicitur mare Doutrinal Alegórico Pastoral clxxiii 49ª 50ª S. BARTOLOMEU S. AGOSTINHO 295 - I S. Bartolomeu, grande trombeta da Boa Nova (Is 27,13) Doutrinal Panegírico Alegórico 296 - II S. Bartolomeu, homem manso (Iob 2,4): . Aristóteles (Boécio): Homo – animal rationale ... animal mansuetum natura ... Panegírico 297 - III S. Bartolomeu, apóstolo do Oriente e do Ocidente (Mt 8,11) Batolomeu (filho de Tolomai = filius suspendentis aquas): da conversão / da pregação / do dom das lágrimas / das tribulações Aqua multiplex Panegírico, Alegórico 298 - IV S. Bartolomeu e os santos são ovelhas de Deus (Ps 43,22) Ouis proprietas Panegírico Alegórico 299 - V As manifestações da solicitude de Deus (Ps 54,23) Sollicitudo multiplex Doutrinal Panegírico 300 - VI Não se alegrar com a desgraça alheia (Bar 4,31) . si igitur de malo inimici gaudendum non est, quanto magis de molestia uiri sancti. Gaudere de tribulatione alterius non debemus Moral Panegírico 301 - VII Não aceitar dádivas (Is 33,15) . Notandum igitur quod munera sunt omnibus modis respuenda maxime pro spiritualibus uel iusticia facienda Munera respuenda Doutrinal Panegírico 302 VIII Os mensageiros do mal cairão em desgraça (Prv 13,17) Nuntius malus Moral Panegírico 303 - I Os caminhos do bem (Ier 6,16) . inocência (Abel) . obediência (Abraão) . paciência (Job) . penitência (Manassés) . fidelidade (José) . mansidão (Moisés) . humildade (David) . misericórdia ou piedade (Tobias) - omnes isie uias asperas tenuerunt; et tu fac similiter. Via bona Moral Panegírico 304 - II A aproximação de Deus (Ps 33,6) . per fidem deuotionem . per frequentem bonam operationem . per directam intentionem Accedimus ad Dominum Doutrinal Panegírico clxxiv (SANTA MÓNICA) 305 - III 306 - IV 51ª 52ª DEGOLAÇÃO DE S. JOÃO BAPTISTA NATIVIDADE DA VIRGEM MARIA Deus consola o coração das viúvas (Iob 29,13): Viduarum consolatio Santo Agostinho Doutor Magnífico (Dt 33,16) . compara-se a José: - pela grandeza da graça recebida - pela subtileza intelectual - pelas obras virtuosas 307 - I A beleza da mulher pérfida (Sir 9,11) 308 - II Doutrinal Panegírico Doutrinal Panegírico Species mulieris mala Moral O perigo da convivência com mulher leviana (Sir 9,4) Mulier mala Moral 309 - III S. João, o justo, floresce como a palmeira (Ps 91,13) Palme natura Doutrinal Panegírico Alegórico 310 - IV A correcção do homem (Am 5,10) .quinque sunt qui corripiunt uel arguunt: conscientia ex timore – malitia ex rubore – pena ex dolore – deus ex furore – predicator ex amore Corripitur homo Moral Panegírico 311 - V O martírio de S. João Baptista (Mc 6,27) 312 - VI O cárcere do corpo, deambulatório do homem interior (Mc 6,27): . São pele do diabo: os simoníacos, os luxuriosos, os pecadores inveterados. Pellis diaboli Moral Panegírico Alegórico 313 - I Maria estrela do mar (Nm 24,17) Maria stella Doutrinal Alegórico 314 - II Maria vaso argenteo puríssimo, (Prv 25,4) . quare beata uirgo ante sanctifficationem argento rubiginoso fuerit comparata; ratio huiusmodi est, quia in peccato originali fuit concepta sicut ceteri sancti, quia excepta persona unica ihesu xpi. qui solus excipitur ab illa regula generali. Rubigo dicitur peccatum Vas bonum Doutrinal Alegórico 315 - III Maria, fonte da alegria e rio de graças (Gn 2,610) . fontis quatuor capita: festum natiuitatis – annuntiationis - purifficationis – assumptionis Fons Doutrrinal Alegórico clxxv Panegírico 53ª EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ 316 - IV Maria, porta da casa do Senhor (4 Rg 15,35) . a saber, do Paraíso e da Igreja 317 - V Maria corredentora com Cristo (Gn 2,18) . Secundum allegoriam autem uerba sunt eiusdem trinitatis de beata uirgine facienda in adiutorium secundo ade, id est, xpo., ad procreandos filios spirituales, illos, scilicet, qui saluantur. (tertio: in sancta natiuitate, quia beata virgo concepta fuit in peccato originali, et post in utero sanctifficata, sed Christus sine peccato conceptus est) 318 - VI Maria, casa de Deus (Prv 9,1) . das sete colunas – as 3 virtudes teologais e as 4 cardinais 319 - VII Maria dicitur porta Doutrinal Alegórico Doutrinal Domus dei Maria est Doutrinal Alegórico Louvor da Virgem Maria (Est 8,16-17) Comendatio Marie multiplex Doutrinal 320 VIII Maria, ramo do tronco de Jessé (Is 11,1-3) . propriedades do ramo ou vara Maria dicitur uirga Doutrinal Alegórico 321 - IX Maria, ramo do tronco de Jessé (Is 11,1-3) . utilidade da vara ou ramo 322 - X Maria, ramo do tronco de Jessé (Is 11,1-3) . qualidade e utilidade dos frutos do ramo . Cristo, flor (do ramo Maria) Christus Flos dicitur Doutrinal Alegórico 323 - XI Maria, janela da Arca (da Igreja) (Gn 6,16) Archa ecclesia Doutrinal Alegórico 324 - I A Cruz gloriosa (Gal 6,14) . Relato histórico de Heraclio que conquista a Cruz a Cosroas Gloria crucis Doutrinal 325 - II A perfeita imitação de Cristo crucificado (Lc 9,23) . Continuação do relato histórico do imperador Heraclio 326 - III A exaltação do lenho da santa Cruz (Ez 27,24) Lignum crucis Doutrinal 327 - IV A glorificação da Cruz (Is 11, 12) . a quatuor plagis terre Gloria crucis Doutrinal clxxvi Doutrinal Alegórico Doutrinal 328 - V Cristo, Justo promotor da justiça (Ps 74,11) . Os braços da Cruz são como chifres... . amor concupiscentie… . amor amicitie… Dominus dicitur iustus Brachia crucis cornua Doutrinal Alegórico 329 - VI Os deveres dos prelados e dos pregadores (Is 72,10) Precepta prelati Moral 54ª S. CORNÉLIO 330 - I Os governantes (Sir 32,1) - de todas as criaturas, Deus; - das trevas e dos pecadores, o diabo e seus anjos; - da Igreja, Papa, bispos, párocos, abades, e semelhantes; - da sociedade civil e da família, Imperador, rei, príncipes, chefes de família; - do corpo e da alma ou da consciência, o Espírito Santo Rectores diuersi Doutrinal Panegírico 55ª S. CIPRIANO 331 - I Os pecados contra o Espírito Santo (Rm 5,20) . desespero - presunção (pecado de Origenes) inveja da graça divina (pecado dos Judeus) impugnação da verdade conhecida (hereges) - impenitência final Species peccati Ve. Moral Panegírico 332 - II Os benefícios das tribulações (Act 14,21) Tribulationis uirtus Moral Panegírico 333 - I Necessidade e finalidade da vinda de Cristo (Is 41,27) Aduentus Xi. Utilis Doutrinal Panegírico 334 - II O valor da oração (Mt 5,44-45) . quando… pro quibus… quare… oratio Doutrinal Panegírico 335 - III A recompensa dos pecadores (arrependidos) (Is 45,14) Merces peccatoris Moral Panegírico 336 - IV Os esponsais da alma e da Igreja com Cristo (2 cor 11,2) Nuptie anime et Xpi. Doutrinal Panegírico Alegórico 337 - V O castigo dos conselheiros ímpios (Sir 27,30) Consilium impiorum Moral Panegírico 338 - VI A vocação de Mateus (Mt 9,9; Lc 5,28) Christi proprietas Doutrinal Panegírico 56ª S. MATEUS (SANTA EFIGÉNIA) clxxvii 57ª S. MAURÍCIO E 339 - VII Cristo, médico (da alma) (Mt 9,12) Christus est medicus Doutrinal, Alegórico 340 VIII A benignidade divina (Jer 3,19) . somos filhos adoptivos de Deus Benignitas dei Doutrinal 341 – I O que deve dar ou atribuir ao Príncipe (Mt 22,21): - interceder a Deus por ele, oratio; - obediência, subiectio; - honrá-lo, honor; - respeitá-lo, timor; - pagar os impostos, tributum. O que se deve dar ou atribuir a Deus (Mt 22,21): - os seres que vivem na terra, terra cum suis; - os seres que vivem no céu, celum cum suis; - os seres que vivem debaixo do céu, aer cum suis; - os seres que vivem nas águas, aqua cum suis; - a saúde corporal e espiritual, salus corporalis et spiritualis; - o corpo e a alma, corpus et anima; - o dia e a noite, dies et nox. Regis propria Doutrinal Panegírico COMPANHEIROS 58ª 59ª S. COSME E S. DAMIÃO S. MIGUEL ARCANJO 342 - II As armadilhas da perdição (Sir 27,32) 343 - I Christi propria Laqueus multiplex Moral Panegírico Alegórico O abandono de Deus leva à condenação eterna (Is 65,11-12) Culpa multiplex Moral Panegírico 344 - II O castigo dos iníquos (Sap 2,21-22) Mala iniquorum Moral Panegírico 345 - I (Prothema) A presença de Deus (Mt 18,20). ‘Deus ubique est, et hoc quasi tripliciter’: - per essentiam - per presentiam - per potentiam. - Quartus modus, melior...: per gratiam. - Quintus modus, obtimus : per gloriam. - Sextus modus peroptimus : per unionem; est in solo Christo. A hierarquia Celeste - Castra Dei (Gn 32,2) . os 4 sentidos hermenêuticos (quatuor riuulos); sensus hystoricus, allegoricus, tropologicus seu moralis, anagogicus… Angeli castra dicentur Doutrinal Alegórico 346 - II Os ministérios dos Anjos (Heb 1,14) Angeli ministri Doutrinal 347 - III As missões do Anjos (Ps 103,4) Angeli mittunt propter multa Doutrinal clxxviii Angelorum ordines Armatura iustorum 60ª 61ª 62ª S. JERÓNIMO S. FRANCISCO DE ASSIS S. DIONÍSIO 348 - IV Os anjos, emissários da providência divina (Ex 23,20-21) 349 - V Os tronos de Deus (Dn 7,9) . da suma sabedoria – da graça – da misericórdia – da justiça – da glória Tronus Dei multiplex Doutrinal 350 - VI Como devemos orar (psallere) (Ps 137,1) Psallere debemos Doutrinal 351- I Os efeitos da inveja (Sap 2,24-25) Inuidia quid facit Moral Panegírico 352 - II A nossa condição de servos de Deus (Lc 12,47) Seruium proprietas Doutrinal Panegírico 353 - III As qualidades do homem honesto e (maxime) do prelado (Sir 37,22) Viri proprietas Suauitas multiplex Moral Panegírico 354 - IV A maledicência (lingua prauorum) (Ia 3,7-8) . ad litteram) – moraliter… . lingua prauorum precellit: bestiis ferocitate… uolucribus leuitate… serpentibus uirulentia… 355 - I S. Francisco, estrela brilhante, lua e sol que iluminam a Igreja (Sir 50,6-7) Stella Luna Sol Radius solis Panegírico 356 - II As sete vias franciscanas (Prv 4,11-12) - vida de abstinência - forte paciência - pronta obediência - constância firmíssima - virilidade na luta (contra o demónio) - alegria espiritual - júbilo angelical Semita multiplex Moral Panegírico Alegórico 357 - I A excelência do Nome de Jesus (Mal 1, 10-11) Nomen ihesus Doutrinal Panegírico clxxix Doutrinal Moral Panegírico Alegórico 63ª S. LUCAS EVANGELISTA 358 - II Preparação para a batalha contra (Iob 39,25) - as tentações futuras - as heresias - as gentes pagãs - a cupidez das riquezas - as perseguições do Anti-Cristo - as perseguições à Igreja. 359 - III Bellum multiplex Moral Panegírico Alegórico As feras glorificam a Deus (Is 43,20) . As feras, moraliter, são: - as meretrizes e os proxenetas - os detractores os raptores - os gulosos - os herejes . Os pecadores manifestam a glória de Deus ao converter-se. Bestia nultiplex Moral Panegírico Alegórico 360 - IV O pão de Deus (Sir 15,3) . panis nature – panis gratie – panis doctrine – panis eukaristie – panis operationis bone – panis glorie Panis multiplex Doutrinal Panegírico Alegórico 361 - V O forno e a chama das provações (Sir 27,6) 362 - I A honra devida aos médicos da alma (Sir 38,1) . Que são: Cristo, S. Lucas, o pregador Christus medicus Doutrinal Panegírico 363 - II A disciplina como educação, erudição e virtude (Sir 38,3) . eis partus enim uel disciplina dicitur: quelibet tribulatio … -quarumcumque rerum scientia uel eruditio…(Aug.) - ordinata morum correctio…(Ciprianus)… . Sapientia, id est, ‘sapida scientia’, dicitur doctrina xpi., id est, ‘theologia’ quam beatus Lucas, primo, corde inuestigauit, IIº, opere impleuit,IIIº, predicauit, IIIIº, manu scripsit… Disciplina Panegírico 364 - III S. Lucas, manso como um bezerro (Is 11,6) Vituli proprietas Panegírico Alegórico 365 - IV Ciência e santidade de S. Lucas (Col 4,14) Salutacio Panegírico clxxx Moral Panegírico Alegórico 64ª S. SIMÃO E S. JUDAS 366 - V As quatro quadrigas e os quatro cavalos de Cristo (Cn 6,11) - dos Patriarcas… (lei natural) - dos Profetas… (lei mosaica) - os Apóstolos e Evangelistas… qui traxerunt quadrigam euangelice legis, que quatuor currit rotis, sc. prima doctrina yistorie, IIª allegorie, IIIª tropologie, IIIIª anagoge. - os Novos Pregadores (novissimorum)… (mensageiros de toda a S.Escritura e dos Padres da Igreja) Quadriga Doutrinal Alegórico 367 - VI As três quadrigas e os quatro cavalos de Faraó, ou do demónio (Hab 3,8) - da malícia... - da luxúria... - da avareza... Quadriga Doutrinal Alegórico 368 - VII A missão dos evangelistas (Ps 17,15) . Misit sagittas suas Doutrinal Alegórico 369 VIII A arca da aliança, figura a Igreja (Ex 37, 1,3-5) . quod extra catholicam ecclesiam nullus saluatur (Dec. Grat.) . Vnde aqua diluuii archam quidem ad sublimiora sustulit, omnis autem quos extra inuenit extinxit (Gregorius I, Moralia) Archa ecclesia Doutrinal Alegórico 370 - I Ascendência dos apóstolos Simão e Judas (1 Mc 5,17) . Versus: Tres Ioachim, Cleophe, Salome, parit Anna Marias… Tres uiri anne Panegírico 371 - II Os pregadores e os seus detractores (Iob 12,4-5) 372 - III Os homens maléficos (Prv 29,8) - os herejes e heresiarcas - os sortílegos, augures e malfeitores - os apóstatas - os pecadores incorrigíveis - os revolucionários (moventes seditionem) - os prelados desonestos clxxxi Moral Panegírico Homines pestilentes Moral Panegírico 65ª TODOS OS SANTOS 373 - IV O incantador, a serpente e o médico (Sir 12,13) . quis sit incantator; quia prelatus, doctor, predicator, qui dum male uiuit uel male credit, etiamsi quandoque bona doceat, morsum demonum non euadit… . quare diabolus dicatur serpens… . quis sit medicus, quia Christus… incantator Moral Panegírico Alegórico 374 - V Os ungidos pelo óleo esplendoroso (Za 4,14) . Christus filius uirginis splendentis… Filii olei Virgo comparatur soli Doutrinal Alegórico 375 - I A Igreja triunfante (Ps 83,5) 376 - II Bem-aventurados os pobres (Mt 5,3) . a pobreza interior e a pobreza exterior... Pauperes beati multipliciter Moral 377 - III Bem-aventurados os mansos (Mt 5,4) . Terra interior (livre arbitrio), exterior (a carne do próprio corpo), inferior (prelazias e governos do mundo), superior (região celeste) Mites beati Terra quadruplex Moral 378 - IV O amor divino (Ps 30,24) Diligendus Deus Doutrinal 379 - V O temor de Deus (Ps 33,10) . Espécies: mundanus, humanus, naturalis, servilis, inicialis, filialis. . pobreza: temporalis habundantir, spiritualis fortitudinis et gratie, eternalis glorie dei Timor dei multiplex Doutrinal 380 - VI A glória dos Santos (Ps 149,9) 381 - VII O canto de louvor Deus (Ps 148,14) . e o canto dos pecadores… 382 – VIII (Prothema) A necessidade da pregação : ‘Nam sicut terra sine aqua, ita corda humanorum sine uerbi Dei predicatione arescunt et frutificare non possunt’ (Iob 12,15) - Os santos, varões gloriosos (Sir 44,1) . quare dicuntur gloriosi, quia propter octo glorias… clxxxii Doutrinal Inopia triplex Gloria multiplex Doutrinal hymnus Doutrinal Viri gloriosi Gloria multiplex Doutrinal Pastoral 66ª FIÉIS DEFUNTOS 383 - I Sufragar as almas do Purgatório (II Mc 12,46) . ita hodie suffragia pro omnibus qui sunt in pena purgatoria, quia sic instituit sancta mater ecclesia; debemus autem afflictis in purgatorio subuenire 67ª S. MARTINHO 384 – I S. Martinho, confiante e seguro como o leão (Prv 28,1) . elemosina opus iusticie… . Avicena … egritudo leonina… 385 - II S. Martinho, militar, monge e bispo (Ps 1,1) 386 - III 68ª SANTA CECÍLIA Doutrinal Direito Canónico Leonis natura Moral Panegírico Alegórico Moral Panegírico Processo de canonização (Io 4,22) Requesitos: - uite honesta (Dec. Gratiani) - miraculorum claritas - testium ueritas (Liber Extra) - Pape auctoritas (Liber Extra) Panegírico Direito Canónico 387 - IV As três ordens eclesiais (Mt 24,40): - os clérigos - prelati… in agro … isti debent solicite in agrum parrochiarum exire - os religiosos - continentes … In lecto sunt religiosi, qui uacant quieti contemplationis - os leigos – coniugati …in mola … qui rotantur in circuitu negotorum temporalium totas die… Tres ordines hominum Doutrinal Panegírico Alegórico 388 - V O lucro e a usura (Prv 19,17) - bona usura uel fenus: corporalis helemosina, dimissionis iniuria, predicationis sancte (pecunia spiritualis – ad lucrum animae)… - mala usura uel fenus: praue intentionis (Dec. Grat., Liber Extra), pactionis, usurationis… Usura triplex bona et mala Panegírico Doutrinal Direito Canónico 389 - VI A extensão da misericórdia divina (Ps 102,8) Misericordia quadruplex Doutrinal Panegírico 390 - VII S. Martinho vence o demónio na hora da sua morte (Ps 108,28) 391 – I A pureza de coração (Ps 118,80) Cor inmaculatum Panegírico 392 - II A unicidade de Deus ((Eph 4,5-6) . Heresias: - Maniqueus; - Rebatizantes e rebatizadores...; - Arianos. Hereticorum errores Doutrinal Panegírico clxxxiii Panegírico 69ª S. CLEMENTE (SANTA TEODORA) 70ª SANTA CATARINA 393 - III Santa Cecília, semelhante à abelha (Sir 11,3) Apis natura Panegírico Alegórico 394 - IV A vida é breve e as honrarias efémeras (Sir 10,11) Honor non est appetendus Moral Panegírico Direito Canónico 395 - V Os dotes da boa esposa (1 Cor, 713-14) Uxoris bone bona Moral Panegírico 396 - I A humildade de S. Clemente e a providência divina (Dan 4,14) . Epicurus autem dicit ne esse diuinam prouidentiam circa res humanas Doutrinal Panegírico Direiro Canónico 397 - II O serviço dos outros (1 Cor 10,32-33) Moral Panegírico 398 - III A esposa obediente e piedosa (1 Pt 3,1-2) . quod uiri difficilius quam femine et femine frequentius conuertantur… Obedientie uiri et femine Moral Panegírico Direito Canónico 399 - IV Os testemunhos a favor dos bons (Io 5,36) . Notandum quod boni multiplex testimonium pro se habent: - Dei superius… - conscientie interius… - operum exterius… - bonorum hominum in hoc mundo… - sanctorum in iuditio… Testimonium bonorum Moral Panegírico 400 - V Os nomes de Deus (Is 43, 15-16; 18-19) Nomina Dei propria Doutrinal Panegírico 401 - VI A cidade e o rio caudaloso, são a Igreja e a pregação (Ps 45,5) . Hec auctoritas quatuor modis exponitur: hystorice, allegorice, tropologice, anagogice. Fluminis impetus Doutrinal Panegírico Alegórico 402 - I Conhecer a Deus pelas criaturas (Sap 13,5) . Intellige tu christiane, ad minus sicut philosophi infideles: - per unitatem mundi unitatem dei… - per magnitudinem patris potenciam… - per pulcritudinem filii sapientiam… - per gubernationem uel ordinis conseruationem spiritus sancti beniuolentiam… clxxxiv Doutrinal Panegírico 403 - II A verdadeira sabedoria, prudência e conselho (Prv 21,30) 404 - III A providência divina (3 Rg 17,6) . o corvo, aliment Elias, . a pomba, alimenta Catarina. 405 - IV As causas intrínsecas da glória dos santos (Ps 44,14) Gloria multiplex Doutrinal Panegírico 406 - V O prazer espiritual do amor a Cristo (Ps 44,9-10) Delectatio spiritualis Doutrinal Panegírico clxxxv Sapientia Doutrinal Panegírico Doutrinal Panegírico II PARTE ESTUDO DO COD. ALC. 5/CXXX, B. N. DE LISBOA A. D. 1250 1. Descrição do Cód. Alc. 5/CXXX da Biblioteca Nacional de Lisboa 1 O Códice número 5 da Biblioteca do Mosteiro de Alcobaça (nº. CXXX da Biblioteca Nacional de Lisboa) contém a única cópia conhecida da ‘Summa Sermonum de festiuitatibus per anni circulum’, , atribuído a Frei Paio de Coimbra, da Ordem dos Pregadores, com um índice analítico (tabula thematum), e uma ‘ars praedicandi’, também cópia do ‘Processus seu ars theorica practica conficiendi sermones’, de Frei João de la Rochelle, da Ordem dos Frades Menores, com alguns sermões deste autor. No frontispício (f. 1r*) está escrito o número de catálogo da Livraria Alcobacense – ‘353’. O corpo da página, em letra italiana bastarda do século XVI, a dois tamanhos, exibe, numa inscrição descritiva de cabeçalho, o conteúdo do códice: M. Fr. Pelagii Parui, Ordinis Praedicatorum Summa Sermonum de Festivitatibus per anni circulum Incipiens a Festivitate S. Andreae Apostoli et finiens 5 Sermonibus S. Catherinae V. et M. Per Fr. Dominicum Petrum ulixbonensis inscriptam M. Fr. Joannis de Rupella (ut scriptor credit) Processus, seu Ars Theorica practica Conficiendi Sermones scriptum Era MCC LXXX VIII / anno D. 1250. O fundo deste fólio, iluminado com um florão, ostenta o sêlo da biblioteca do mosteiro - ‘Alcobaça Livraria’. O códice contém catorze cadernos. O primeiro é um bínio. Seguem-se doze cadernos, dos quais onze são octónios (do 1º. ao 11º.), seguidos de um sénio (o 1 Em 1980 foi elaborada a microfilmagem do códice pela St. John’s Abby and University, Collegeville, Minnesota, USA – Hill Monastic Library – Portugal, Biblioteca Nacional de Lisboa, Nº. 5. clxxxvii caderno 12º.) e, termina como começou, num bínio. Os cadernos estão dobrados em 196 fólios numerados.2 O texto foi escrito na frente e verso de folhas em pergaminho virgem (demivélin), com a dimensão de 200 x 145 mm, e ocupa todo o plano da página, excepto na ‘Tabula Thematum’ (ff. 6. r* - 7. v*), cujas entradas foram escritas em três colunas. A letra é de estilo carolino, de transição para o gótico. A escrita é homogénea, bem definida e modelada. A tinta utilizada é de cor castanha escura. As iniciais filigranadas, em volutas alternadamente encarnadas e verdes, estendem-se pelas margens do fólio. Intervieram no códice duas mãos. O copista Domigos Pires de Lisboa, monge do mosteiro de Alcobaça, escreveu o texto integral das duas peças. Um outro amanuenese anónimo escreveu, em letra do mesmo estilo, as siglas das citações bíblicas, os nomes dos Padres e escritores eclesiásticos, as anotações marginais e as entradas do índice analítico. De quando em vez aparecem lacunas nos lugares destinados às siglas das citações. Alguns fólios ostentam borrões de manchas de água que dificultam a leitura. Contudo, o texto mostra-se acessível à leitura directa no próprio códice.3 As páginas não ostentam as marcas de regramento, mas o picotado é bem visível na margem de goteira. Cada página contém 36 linhas escritas a toda a largura. Apenas o décimo caderno apresenta o reclame. A assinatura é legível em todos os cadernos, excepto no décimo segundo. Na encadernação do códice foi utilizado cartão grosso, e as capas foram cobertas com pele tanada de cor castanha-clara. O dorso foi reforçado, posteriormente, com uma tira de papel de cor castanha. As capas acusam o desgaste duma serventia intensiva do códice. A encadernação não é primitiva pois, na época, cobriam-se os códices com capas de madeira forradas a pele tanada. A encadernação de cobertura a cartão só foi introduzida a partir do século XVI. Os dois planos medem 208 x 153mm e suportam, no seu interior, as folhas em papel da guarda e da contra-guarda. O último caderno, suporte dos sermões de Santa Catarina e da obra de João de la Rochelle, encontra-se solto, abrindo uma 2 Note-se que há numeração sobreposta repetida nos f. CLVI – 163A, e f. CLVII – 163B, pelo que a numeração ordenada dos fólios termina no f. 195. 3 O microfilme, porém, apresenta dificuldades graves de leitura nalguns fólios devido aos borrões de água. Remetem obrigatoriamente para a leitura directa do códice. clxxxviii brecha por onde se podem observar as quatro nervuras que, atravessando o dorso, se vão prender na pasta ou plano interno da capa posterior. A lombada, em cartão castanho, une os dois planos e ostenta ainda vestígios das tranchefilas da cabeceira superior e da inferior. Uma etiqueta, na lombada, indica a proveniência deste livro manuscrito: «Cod. Alcob. N. 5». O amanuense numerou com caracteres romanos apenas os fólios do Sermonário. No entanto, mão recente numerou todos os fólios do códice, desde a página 1 à página 195, com algarismos. É legível a numeração romana original dos fólios, mas em assimetria com a numeração árabe. Para evitar repetições e equívocos, e salvaguardar a numeração primitiva, utilizamos o seguinte critério: a) numerámos as páginas iniciais desde o frontispício até ao primeiro sermão do Sermonário acrescentando-lhes um asterísco ( * ) : [ f. 1r* - f. 7v* ]; b) numerámos as páginas que contêm os sermões respeitando a ordem da numeração romana original, mas utilizando a numeração árabe sem asterisco : [ f. 1r - f. 179v ]. c) numerámos as páginas da ‘Ars conficiendi sermones’ de Frei João de la Rochelle, em conformidade com a numeração, posteriormente introduzida, a partir do [ f. 186r ], até ao [ f. 195v ]. O copista transcreveu o texto da ‘Summa Sermonum’ desde o ‘fólio 1r’ ao ‘fólio 179v’, com numeração romana no cima da página. Logo a seguir, no ‘fólio 180r’, o mesmo amanuense iniciou a transcrição do ‘Processus conficiendi sermones’. Ambas as unidades são peças integrais perfeitamente identificáveis: um sermonário e o seu índice analítico; e uma ‘ars praedicandi’ com alguns sermões, para exemplificação. No momento da encadernação foram introduzidas no códice as quatro guardas anteriores em papel, numeradas de 1 a 3. A primeira foi colada na parte interior da capa. No verso da folha número 3, em letra cursiva moderna, um bibliotecário (?) anónimo escreveu a informação: «No fim da Obra de Pelagio se cuida que fora escripta por Fr. Domingos Pires de Lisboa, monge de Alcobaça e a rogo ou instância de D. Pedro João Abbade de S. João de Tarouca no mês de Outubro – era de mil duzentos e outenta e outo». Também na parte final do códice foram colocadas as três guardas posteriores em papel. A última folha está colada na contracapa. clxxxix O primeiro caderno, de pergaminho quase transparente, apresenta as seguintes características autonómicas: a) O fólio 4r* encontra-se vazio; b) O fólio 4v* foi utilizado para ensaio de escrita - comprobationes pennae. Contém várias inscrições, como estas que transcrevemos: «Illa reuiuiscunt qui mortificata fuere Viuere non possunt que nunquam uiua fuere». ( ... ... ... ) «Virgo Ihoannes auis, uitulus Marcus, Luchas leo, Est homo Matheus; quatuor ista Deus Est homo decendens, uitulus moriens, leo surgens Est auis ascendens, hic ubique manens».4 c) O fólio 5r* exibe o ‘Sermo Natiuitatis Domini’: Puer natus est nobis et filius datus est nobis. Ys IX [b, 6],5 de autor desconhecido. d) O fólio 5v* recolhe, num espaço livre da página, a continuação do sermão anterior, e as entradas do índice analítico desde ‘Columbe proprietas’ até ‘Consanguíneos non cognoscere’ e) Os fólios 6r/v* e 7r/v* contêm o índice analítico, com as entradas ordenadas na página a três colunas. Tudo parece indicar que o índice analítico - ‘Tabula thematum’, e a ‘Summa Sermonum’ sejam de uma só mão. Porém, o ‘Sermo Natiuitatis Domini’ deve considerar-se espúrio e tardio, pelas seguintes razões: - a escrita é irregular e de estilo gótico do século XV; - o texto introduzido no fólio 5v* contorna o fragmento das entradas da ‘Tabula thematum’, o que pressupõe ter sido escrito no fólio dum caderno utilizado pelo copista na primeira redacção; 4 Cf. Petrus Cantor, Distinctiones seu Summa quae dicitur Abel, Manuscripts de la Bibliotéque de Clermont-Ferrand, ms 50, (ancienne 47), Finit, fol. 163. Disponível na WWW, <http://www.calames.abes.fr/publ/#details.id=20010121> 5 Cf. Appendix II. cxc - o estilo e a estrutura da peça são estranhos ao autor do Sermonário. O cunho gráfico do terceiro caderno é idêntico ao dos sermões da segunda unidade, apesar de carecer da paginação original dos fólios. Isto poderá significar que foi anexado ao códice posteriormente. O carácter unitário do códice deduz-se com clareza do ductus da escrita que indica, nas peças principais, a intervenção de uma só mão. Há, de facto, identidade gráfica na ‘Summa Sermonum’, na ‘Ars Concionandi’ e nas rubricas. Estas foram executadas, como de costume, na fase conclusiva, como pode verificar-se nos fólios 1, 159 e 160, cuja grafia pertence a um só rubricador. A unidade do códice manifesta-se, finamente, também na empaginação executada com evidente uniformidade. As letrinas iniciais de cada sermão, decoradas com ramificações filigranadas, obedecem à sobriedade estética do estilo cisterciense, e certificam da mesma sorte a unidade do códice, Mas o que torna mais claro o seu carácter unitário organizacional, são os traços e chavetas da estrutura dos esquemas. A articulação formal é conseguida pela inscrição de manchetes ou cotas laterais que, transportadas para o campo introdutório do primeiro caderno, dão origem a um todo organizado e sintéctico: o índice analítico ou ‘Tabula Thematum’. Estamos pois na presença de um autor escolástico que preza o sentido didáctico da provisão dos elementos, que ordena os conhecimentos pelo recurso à divisão conceptual, e que visa favorecer o desenvolvimento mnemónico pelo recurso a módulos estruturados. No cólofon da ‘Summa Sermonum’ (f. 179v), o autor termina a tarefa – explicit, e regista os dados fundamentais para a identificação do manuscrito: - O códice transcreve mais de quatro centenas de sermões organizados em Summa - Explicit summa. - O seu autor é frei Paio de Coimbra, da Ordem dos Pregadores - composita a fratre Pelagio Paruo Ordinis Praedicatorum. cxci - O mandante e destinatário da transcrição é o abade do mosteiro S. João de Tarouca D. Pedro João, da Ordem de Cister - ad preces Domni Petri Iohannis abbatis Sancti Iohannis a Tharauca. - O trabalho de transcrição foi realizado pelo copista do ‘scriptorium’ do mosteiro de Alcobaça, Domingos Pires de Lisboa, monge deste mosteiro - per manus Dominici Petri Vlixbonensis, Alcobacie monachi. - É registada com precisão a data de conclusão dos trabalhos: mês de Outubro de 1288, que corresponde ao Ano do Senhor de 1250 - Mense octobri, Era M CC LXXX VIII. - O amanuenese acabou a tarefa com a bela doxologia de reconhecimento e louvor a Deus, que lhe permitiu levar a bom termo tão árduo empreendimento Gloria sit fini qui tempus et omnia finit… 2. Apresentação do conteúdo O Códice Alcobacense 5/CXXX reúne num só volume dois livros específicos da oratória sagrada: - a ‘Summa Sermonum’ de Frei Paio de Coimbra, da Ordem dos Pregadores, que contém 406 sermões; - e o ‘Processus conficiendi sermones’ de Frei João de la Rochelle,6 mestre franciscano da Universidade de Paris, que contém normas para elaborar sermões. Primitivamente, o Sermonário apenas era conhecido pela denominação que lhe é dada no cólofon7: ‘summa’, pois compendiava um conjunto organizado de ‘materia 6 João de la Rochelle (Ioannes a Rupella), (1200c-1245c), filósofo e teólogo franciscano, foi discipulo de Alexandre de Hales, também fransciscano, a quem sucedeu na cátedra da Universidade de Paris como ‘magister regens’ (1238). Foi o primeiro franciscano a receber o grau de bacharel na Universidade de Paris. Entre outras obras escreveu a «Summa de anima» e o «Tractatus de anima et virtutibus». 7 Summa Sermonum, p. 686. f. 179v: «Explicit summa». cxcii praedicabilis’. Muito tempo depois, a obra passaria a chamar-se ‘Summa Sermonum de Festiuitatibus per anni circulum’, como se lê no frontispício. Terminado o trabalho de transcrição, o copista acrescentou a ‘Tabula Thematum’ com as entradas temáticas e as referências das páginas, no espaço disponível dos fólios do caderno inicial. O Sermonário de Frei Paio não tem prólogo onde, conforme o costume da época, o autor modestamente justificava os seus propósitos, pedia a benevolência do leitor e invocava a protecção divina.8 O corpo principal da ‘Summa Sermonum’ é composto por quatro centos e seis sermões, reunidos em setenta secções.9 Alguns sermões são muito elaborados, talvez porque a importância da festividade ou do tema, assim o requeria. Outros, porém, reduzem-se a uma exegese curta e directa do trecho bíblico, ou à recolha de exemplos a vida e dos milagres dos santos. De qualquer modo, é ponto assente que o autor apenas pretendia oferecer ‘materia praedicabilis’ num sermonário-compêndio destinado à formação de pregadores. Os sermões dedicados a Jesus Cristo são especificamente doutrinais, e foram escritos para celebrar as festividades do Natal - 9 sermões, mais 8 sermões da Vigília de Natal; da Circuncisão - 6 sermões ; da Epifania - 12 sermões ; da Invenção e da Exaltação da Santa Cruz – 10 sermões. A quantidade dos sermões cristológicos testemunha o alto significado que a vivência cristã medieval atribuía ao mistério da Encarnação do Verbo de Deus; à condição humana de Cristo, subordinado voluntariamente à Lei; ao chamamento de todos os povos à salvação pelo mistério da morte de Jesus na Cruz, elevada a estandarte glorioso do seu Povo. Os sermões dedicados à Virgem Maria celebram as quatro grandes festevidades da devoção do povo crisrão: a Purificação - 8 sermões; a Anunciação - 11 sermões; a Assunção - 15 sermões; e a Natividade - 11 sermões. Os sermões marianos, também 8 Cf. por exemplo, S. Antonii Patavini, O. Min., Sermones Dominicales et Festivi. Prologus, pp. 3-4: «… Ad Dei ergo honorem et animarum aedificationem, et tam lectoris quam auditoris consolationem ( … ) Quae ad invicem, prout divina gratia dispensavit et ‘pauperculae scientiolae tenuis vena respondit’ (P. Lombardus, Libri IV Sententiarum, Prologus, 1) ‘post tergum metentium cum Ruth Moabitide,in agro Booz remanentes spicas’ (Rt 2,3,7), cum timore et pudore, quia tanto et importabili oneri insufficiens… ( … ). Dei ergo Filio, omnium creaturarum principio, in quo solo istius operis mercedem posuimus et expectamus, sit omnis laus…». 9 Ver acima, ‘4. Quadro Analítico’. cxciii pelo seu número e profundidade doutrinal, demonstram a plena consolidação do culto mariano na primeira metade do século XIII.10 Na festa da Senhora das Candeias, no dia 2 do mês de Fevereiro, celebra-se a humilde sujeição de Maria à lei mosaica da purificação, à qual não estava obrigada. É também a festa da apresentação de Cristo, a Luz que a Virgem Maria ofereceu ao mundo no Templo de Jerusalém – lumen ad revelationem gentium (Lc 2,32) e a alegria dos justos que esperavam a vinda do Messias – expectatio iustorum laetitia (Pr 10,28). No dia 25 de Março, celebra-se o anúncio angélico da Incarnação do Filho de Deus – Exivi a Patre et veni in mundum (Io 16,28), que construiu na Virgem Maria a sua morada – qui creavit me requievit in tabernaculo meo.11 (Sir 24,12). No dia 15 de Agosto, celebra-se a glorificação da Mãe de Deus – mulier gratiosa inveniet gloriam (Pr 11,16). E «porque ela O recebeu no seu corpo e na sua alma, do mesmo modo Ele a deve receber. Está, portanto no Céu em corpo e alma», como diz Frei Paio.12 No dia 8 de Setembro celebra-se o nascimento de Maria, vergôntea da raiz de Jessé, da qual sairia a flor, Jesus Cristo – Egredietur uirga de radice Iesse, et flos de radice eius ascendet (Is 11,1). Os sermões festivos em honra dos Santos preenchem dois terços do sermonário.13 O Sermonário começa precisamente com os sermões dedicados S. André, apóstolo, cuja festa se celebra no dia 30 de Novembro, e termina com o panegírico de Santa Catarina, virgem e mártir, cuja festa se celebra no dia 25 de Novembro.14 10 «Huius autem fontis quatuor sunt quatuor festa ipsius Virginis capitalia siue principalia, scilicet: Primum, festum natiuitatis, quod hodie per totum mundum a fidelibus celebratur; Secundum, annuntiationis, Tertium, purifficationis; Quartum, assumptionis; quibus irrigat universam terram, id est, sanctam ecclesiam». Summa Sermonum, p. 532, (f. 135r). 11 Os 11 sermões da Natividade, certamente, formavam um conjunto autónomo como o final sugere: «Explicit de Annuntiatione beate Marie». (f.78v). 12 « quia ipsa suscepit eum in corpore et anima, ergo ipse similiter debuit eam suscipere: est ergo in celo in corpore et anima ». Summa Sermonum, Sermo 294 (XVus). (f. 127v). 13 Há no sermonário 45 sermões cristológicos e 45 sermões marianos, num total de 90 sermões: aproximadamente um terço dos 406 sermões. 14 Segundo Tiago de Varazze, o ano litúrgico estava dividido em quatro partes que tinham como objectivo celebrar os mistérios da fé cristã, chamando o povo de Deus à vida de santidade, mediante a conversão e a penitência, seguindo a doutrina de Cristo, implorando a protecção da Virgem Maria Stella Maris, e imitando as virtudes dos santos e dos mártires: «Vniversum tempus presentis uite in quatuor distinguitur, scilicet in tempus deuiationis, renouationis siue reuocationis, reconciliationis et peregrinationis». Legenda Aurea, Prologus, p. 3. cxciv No conjunto dos dez sermões em honra de S. André, Frei Paio aborda o tema central da missão da Ordem dos Pregadores, o que os permite considerá-lo como alternativa à introdução, ausente no proémio do Sermonário. O primeiro sermão aborda o tema da finalidade principal da pregação: proclamar a fé e promover a conversão. O quarto sermão estabelece um paralelismo de excelênca entre a ‘ordem dos pregadores’ que é a dos Apóstolos, fundada por Cristo, e a nova ‘Ordem dos Pregadores’, que é a dos frades mendicantes, fundada por Domingos de Gusmão, com a finalidade de restabelecer, na Igreja, a primitiva pregação evangélica.15 O plano descritivo do Códice Alcobacense, que apresentamos a seguir, juntamente com os ‘incipit’ do ‘Processus Conficiendi Sermones’ de Frei João de la Rochelle, mostram a importância das duas obras em conjunto, e os objectivos pedagógicos do organizador que as juntou. 3. Lista ordenada dos ‘incipit’ do Códice A – Magister Fr. Pelagii Parui, O. P.: «Summa Sermonum de Festiuitatibus per anni circulum ». a) Tabula thematum 00. f. 6. v.* - f. 7. v*. Angustia Bona IIIIº … - … Zabulon Cº b) Incipia sermonum 01. f. 1r - Sermo primus in festiuitate sancti ANDREE apostoli - Corde creditur ad iusticiam, ore autem confessio fit ad salutem. Rm 10,10. - Quatuor distinguit apostolus patentissime in hiis uerbis… - Io 12,46: Ego lux ueni in hunc mundum, ut omnis qui credit in me in tenebris non maneat. 02. ff. 1r-1v - Item de eodem sermo secundus - Quomodo predicabunt nisi mittantur? Rm 10,15. - Presumptuosam socordiam hereticorum increpat apostolus … Versus: «Si prauum loqueris, heresim crimenque faceris. Contaminandus eris, nam lex iubet ut lapidaris». 03. ff. 1v-2r - Item eiusdem sermo tercius - Omnis quicumque inuocauerit nomen Domini saluus erit. Rm 10,13. - Hec epistola decenter in festo beati andree apostoli memoratur… - Vnde hic dicitur: Omnis quicumque, etc., ut supra. 04. ff. 2r-2v - Item eiusdem sermo quartus - Ambulans ihesus, etc. usque secuti sunt eum. Mt 4,18-22. - Quinque colligimus ex hiis uerbis, scilicet, quando, et ubi, et ex quibus, et a quo, et qualiter ordo predicatorum fuerit inchoatus… - «… quia unitatem fraterne dilectionis probauit, sine qua nullus in ordine predicatorum admittitur». (Glosa) 15 «Ipse reformauit quando per beatum Dominicum ad pristinum statum reduxit. Iam enim ordo predicatorum degenerauerat a prima institutionis perfectione». Sermo 4 (IIIIus), (f. 2r ). cxcv 05. ff. 2v-3r - Item eiusdem sermo quintus - Illi continuo relictis retibus secuti sunt eum. Mt 4,20. - Tria notantur in hiis uerbis circa beatum andrea<m> et petrum … - (Abac 1, 15) … in sagena sua et congregauit in rete suum, intentione gule. 06. f. 3r - sermo sextus - Pro patribus tuis nati sunt tibi filii, constituens eos principes super omnem terram. Ps 44,17. - Hec prophetia in uocatione sancti andree et sociorum eius fuit uerissime adimpleta… - et sedere fecit mites pro eis: hii sunt andreas et socii eius. 07. ff. 3r-3v - Item eiusdem sermo septimus - Si non credideritis non intelligetis. Ysa 7,9, sec. LXX. - Satis clare patet quod unum doctorem habuerunt ysaias et andreas… Augustinus: «… sic uerum ac diuinum lumen non poterit intelligi, nisi in ipsius lumine. Domine, inquid Ps 35,10, in lumine tuo uidebimus lumen». 08. ff. 3v-4r - Item eiusdem sermo octauus - Frater in angustiis comprobatur. Prov 17,17. - Videamus quam uerax frater apostolorum beatus andreas sit in angustiis comprobatus… - Eccl 12, 8: Non agnoscetur in bonis amicus et non abscondetur in malis inimicus. 09. ff. 4r-4v - Item eiusdem sermo nonus - Beatus uir qui inuenit amicum uerum. Eccl 25,12. - Talis fuit nicholaus inueteratus in multitudine peccatorum… - Iere 4,30: Contempserunt te amatores tui, etc. 10. f. 4v - Item eiusdem sermo decimus - Venit hora quando mortui, etc., usque uiuent. Io 5,25. - Istius resurrectionis que ad uocem xpi. in fine mundi futura est generalis… (Apc 20,11-13) … et mors et infernus dederunt mortuos, id est, animas. 11. ff. 4v-5r - Incipit de sancto NICHOLAO sermo primus - Te faciente helemosynam nesciat sinistra, etc. Mt 6,3-4. - Hoc dominicum preceptum beatus nicholaus non segniter adimpleuit… - scilicet, tantum non ob mundi fiat gloriam. 12. ff. 5r-5v - sermo secundus - Bonum uiro cum portauerit iugum ab adolescentia sua. Tren 3,27. - Melius est cum portauerit a puericia… - Item <Prov> 13,31: Qui calumpniatur egeno (egentem), etc. usque pauperis, sicut fecit beatus nicholaus. 13. ff. 5v-6r - Item eiusdem sermo tercius - Prouideat dominus deus, etc. usque absque pastore. Num 27,16-17. - Pulcre tradidit hic spiritus sanctus formam que debet seruari in electionibus prelatorum… - Et de numero talium fuit beatus nicholaus. 14. ff. 6r-6v - Item eiusdem sermo quartus - Multum ualet deprecatio iusti assidua. Ia 5,16. - Pulcre uerificauit xps. hanc auctoritatem ad deprecationem iusti pontificis nicholay… - In preliis. Exo 17,11: Cum leuaret manus moyses uincebat, etc. 15. f. 6v - sermo quintus - Ego autem sicut oliua fructifera in domo dei. Ps 51,10. Quis hoc ueracius potuit dicere inter omnes christifideles quam uir misericordissimus Nicholaus… - Iud 9,8-9: Ierunt ligna ut ungerent, etc. usque promouear? 16. ff. 6v-7r - Item eiusdem sermo sextus - Qui honorat patrem suum iocundabitur in filiis. Eccl 3,6. - Hoc probatum fuit in getro et eufasiria uxore sua… - Vnde in predicta auctoritate: qui honorat patrem, etc. 17. ff. 7r-7v - Item eiusdem sermo septimus - Ad nichilum deductus est in conspectu, etc. usque glorificat. Ps 14,4. - Glosa uidetur propheta preuidisse diaboli confusionem… - Prou 4,8: Glorifficaberis ab ea cum fueris amplexatus. Per eos miracula operando. 18. f. 7v - Item eiusdem sermo octauus - Ruina est homini deuorare sanctos, et post uota tractare. Prou 20,25. - Hoc est peccatum quod est causa ruendi in infernum… - Votum concessum retractando, ut quando uir retractat uotum uxoris, quando prius deliberare concesserat. Dec. Grat. 33,5,11, «manifestum est». 19. ff. 7v-8r - Incipit de sancta EOLALIA sermo primus - Quid retribuam domino pro omnibus que retribuit michi? calicem salutaris accipiam… Ps 115,12. - Bene competit hoc beate eolalie quam calpurnianus missus a maximiano sic alloquitur: O imfantula… diuini auxilii inuocatio, ibi, nomen domini inuocabo. cxcvi 20. f. 8r - sermo secundus - Maledicant ei, etc. usque leuiatan. Iob 3,8. - Hoc uerbum spiritus sancti beata Eolalia uiriliter adimpleuit... - A martiribus, per tormentorum eius despectionem, sicut suscitatus est a beata eolalia. 21. ff. 8r-8v - sermo tercius - Adducentur regi uirgines, etc. usque in templum regis. Ps 44,15-16. - Hec dei uerba beata eolalia corde tenuit… - (Ys 55,12)… Montes et colles cantabunt coram uobis laudes, id est, angeli et archangeli. 22. f. 8v - Item eiusdem sermo quartus - Me expectant iusti donec retribuas michi. Ps 141,8. - Bene potuit beata Eolalia dicere uerba ista… - Glosa: «ut in communi gaudio omnium maius fieret gaudium singulorum». 23. ff. 8v-9r - sermo quintus - Veni columba mea in foraminibus petre et in cauerna macerie. Can 2,13-14. - Cui uerius quam beate eolalie competunt ista uerba… - opera sua collocauit et merita et per consequens corpus et animam. 24. ff. 9r-10r - Incipit sermo primus in festiuitate sancte LUCIE - Qui confidunt in domino sicut, etc. usque ierusalem. Ps 124,1-2. - Bene hoc conuenit beate lucie uirgini… sicca est in inuidis. Iob 18,16: deorsum radices eius siccentur, sursum autem ateratur fructus eius. 25. f. 10r - Item eiusdem sermo secundus - Coedificamini in habitaculo dei in spiritu sancto. Eph 2,22. - Hoc uerbum dei per apostolum loquentis beata lucia non segniter adimpleuit… - Prou 3,33: habitacula iustorum benedicentur. 26. ff. 10r-10v - sermo tercius - Considerauit agrum, et emit illum. [Prou 31,16]. Veraciter fuit in beata lucia uirgine adimpleta hec auctoritas… - Mt 13,44: Simile est regnum celorum thesauro, etc. usque agrum illum. 27. ff. 10v-11r - Item eiusdem sermo quartus - Ante obitum tuum, etc. usque cibum. Eccli 14,17. - Hoc consilium sanum et discretum, utile et honestum dedit Lucia uirgo sapiens… - quia forte ibis ad infernum, nisi bone operare conuertant. Eccles 9,10: quodcumque potest manus, etc. usque properas. 28. f. 11r - sermo quintus - Thesaurizate uobis thesaurum in celis. Mt 6,20. - Ita consulit nobis xps. uerus dominus et fidelis amicus… - De secundo, Eccli 15,6: Iocunditatem et exultationem, etc. 29. ff. 11r-11v - Item eiusdem sermo sextus - Omni custodia serua cor tuum, quia ex ipso uita procedit. Prou 4, 23. - Cor diligenter custodiendum est… - Prou 16,24: Dulcedo anime sanitas ossium. 30. f. 11v - Incipit sermo primus in festiuitate sancti THOME apostoli - Benedictio domini diuites facit, nec saciabitur (Vulg. sociabitur) eis afflictio. Prou 10,22. - Plane uersificata fuit hec auctoritas in sponsum et sponsa… - Mal 2,2: Maledicam benedictionibus uestris. 31. ff. 11v-12v - sermo secundus - Secundum gratiam dei que data est michi, etc. usque xps. ihesus. Iª Cor 3,10-11. - Bene hoc conuenit beato Thome apostolo qui dicitur didimus… - quia finis legis xps. et lex et prophete usque ad iohanem. 32. f. 12v - Item eiusdem sermo tercius - Amen, amen dico uobis, si quid pecieritis patrem dabit uobis. Io 16,23. - Hec xpi. promissio pulcre fuit in beato Thome apostolo adimpleta… - et ideo non est mirum si non accipit quod petit. 33. ff. 12v-13r - Item eiusdem sermo quartus - Confundantur omnes qui adorant sculptilia et qui gloriantur in simulacris suis. Ps 96,7. - Bene hanc prophetiam per orationes beati Thome dominus adimpleuit… - Ys 42,17: Confundantur confusione qui confidunt in sculptili. 34. ff. 13r-13v - Incipit sermo primus in VIGILIA NATALIS DOMINI Sanctifficamini, cras comedetis carnes. Num 11,18. - In hiis uerbis allegorice intellectis deus creator noster… - IIª Cor 7,1: has igitur habentes promissiones, carissimi, etc. usque in timore dei. cxcvii 35. ff. 13v-14r - sermo secundus - Cum esset desponsata mater, etc. usque de spiritu sancto. Mt 1,18. - Queritur hic iuxta litteram, quare filius dei plus nasci uoluit de uirgine desponsata… - ut per eam ualeamus hereditatem patris sui, id est, xpi. possidere, amen. 36. ff. 14r-14v - Item eiusdem sermo tercius - Sanctifficamini, cras enim facit dominus inter uos mirabilia. Ios 3,5. - Secundum allegoriam duo in hiis specialiter requiruntur… - Hec perpendat qui dicebat Ps 97,1 (iuxta hebreos): cantate domino canticum nouum, quia mirabilia fecit. 37. ff. 14v-15r - sermo quartus - Orietur uobis timentibus nomen meum sol iustitie et sanitas in pennis (Vulg. pinnis) eius. Mal 4,2. - tria facit deus pater expressissime in his uerbis… - Per istas duas pennas uel alas operatus est xps. salutem in medio terre. 38. f. 15r - sermo quintus - Pusillamines confortamini, etc. usque lingua mutorum. Ys 35,4-6. - Quatuor facit spiritus sanctus in hiis uerbis… - per ea que ysaia prophetante messiam facturum audistis et me modo facere uidistis, cognoscite quia ego sum. 39. f. 15v - Item eiusdem sermo sextus - Preparare in occursum dei tui, etc. usque ad finem capituli. Am 4,12-13. - Sex consideranda nobis spiritus sanctus determinat in hiis uerbis… - dignitatem, ibi, exercituum nomen eius. IIº Esr 9,6 : Tu enim domine solus. 40. ff. 15v-16r - Item eiusdem sermo septimus - Vere tu es deus absconditus, deus israel saluator. Ys 45,15. - Videtur per hec uerba ysaie in speculum eternitatis attente recipere… - Iob 36,16: saluabit te de ore angusto latissime et non habente fundamentum subter se. 41. f. 16r - [sermo octauus] - Prope est iustus meus, etc. usque sustinebunt. Ys 51,5. - Tria facit deus pater aptissime in hiis uerbis… - non dubium quod bonitatem ipsorum, id est, spiritum sanctum non postponunt. 42. ff. 16r-17r - Sermo primus in DIE NATALIS DOMINI - Propter hoc sciet populus, etc. usque adsum. Ys 52, 6. - Verba sunt filii dei diem natiuitatis sue de uirgine gratie predicentis… - quod nobis concedat ipse filius dei et uirginis gloriose, qui pro nobis mortuus est et uiuit in secula seculorum. 43. ff. 17r-17v - Item eiusdem sermo secundus - Tu beethleem effrata, etc. usque a diebus eternitatis. Mich 5,2. - Sancti patres ueteris testamenti illuminati gratia spiritus sancti prophetauerunt de redemptore mundi… - Gal 4,4-5: Vbi uenit plenitudo temporis, etc. usque reciperemus. 44. ff. 17v-18r - Item eiusdem sermo tercius - Verbum caro factum est et habitauit in nobis. Io 1,14 - Circa hec sacrosancta beati iohannis uerba Ve utilia requiramus… - Sibilla: «e celo rex adueniet per secla futurus, scilicet, in carne presens ut iudicet orbem». 45. ff. 18r-18v - Item eiusdem sermo quartus - Exortum est in tenebris lumen rectis, misericors et miserator et iustus. Ps 111,4. - Quatuor describuntur a spiritu sancto ualde nobis utilia in hiis uerbis… - Lu 6,38: Mensuram bonam et confertam, dabunt in sinum uestrum. 46. f. 18v - sermo quintus - Gloria in altissimis deo et in terra pax hominibus bone uoluntatis. Luc 2,14 - Hoc canticum cantauerunt hodie exercitus angelorum congaudentes… Ro 12,2: Refformamini in nouitate sensus uestri, etc. usque perfecta. 47. ff. 18v-19r - sermo sextus - Misit uerbum suum et sanauit eos et eripuit eos de interitionibus eorum. Ps 106,20. - Tria notantur hic suauiter ruminanda… - Osee 7,1: Cum sanare uellem, etc. 48. ff. 19r-19v - sermo septimus - Tempus requirendi dominum, suple, tunc erit, cum uenerit qui docet nos iusticiam. Osee 10,12. - Circa hec dulcia sancti spiritus uerba quatuor utilia requiramus… - Ps 118,66: bonitatem et disciplinam et scientiam doce me. 49. f. 19v - sermo octauus - Ecce deus noster iste, expectabimus, etc. usque in salutari eius. Ys 25,9. - Docet nos spiritus sanctus Ve considerare dignissima in hiis uerbis… Aba 3,18: ego autem in domino, etc. usque ihesu meo. 50. ff. 19v-20r - Item eiusdem sermo nonus - Paruulus natus est nobis, etc. usque princeps pacis. Ys 9,6. - Christus nouiter natus dicitur puer… - pater futuri seculi, in resurrectione et ascensione. cxcviii 51. ff. 20r-20v - Incipit sermo in quolibet TEMPORE COMMUNICANDI - Ad mensam diuitis sedis, etc. usque preparare. Prou 23, 1-2 [iuxta LXX]. - Hec auctoritas colligitur ex diuersis translationibus, in qua tria queruntur… - « … Aue premium mee remunerationis». 52. ff. 20v-21r - In festiuitate sancti STEPHANI sermo primus - Ecce uideo celos, etc. usque uirtutis dei. Ac 7,56. - O felices occuli beati stephani qui digni sunt uisione huiusmodi recreari… - Io 1,51: Videbitis celum apertum, ad uos recipiendum, et angelos dei ascendentes et descendentes, ad uos portandum. 53. f. 21r - sermo secundus - Domine, preuenisti eum in benedictionibus dulcedinis. Ps 20,4. - Antequam dominus daret beato Stephano benedictionem… - Prou 31, 18: Gustauit, et uidit quod bona negotiatio eius, scilicet, ipse deus. Ps 33,8: dulcis et rectus dominus. 54. ff. 21r-21v - Item eiusdem sermo tercius - Qui certat in agone non coronatur nisi qui legitime certauerit. IIª Thi 2,5. - Beatus Stephanus legitime certauit, quia de certamine habuit uictoriam… - Apo 3,11: Tene quod habes, etc. usque tuam, sicut fecit beatus Stephanus. 55. ff. 21v-22r - quartus - Nec memor eris iniurie ciuium tuorum. Leu 19,18. - Non prohibetur hic memoria simplicis recordationis… - ut antiochus, II Mac 9,4-29: Elatus ira, arbitrabatur se, etc. usque ad finem capituli; sed pessime obiit. 56. f. 22r - Item eiusdem sermo quintus - Quid retribuam domino, etc. usque inuocabo. Ps 115,12-13. - De hoc habes in festo sancte eulalie sed aliter procedetur hic… «… iustum pro iniusto, quod est bonum pro malo, quod etiam deus iudex facit» (Dec. Grat., 23,3,1). 57. f. 22r - Item eiusdem sermo sextus - Congregate sunt super te gentes multe, etc. usque filia syon. Mich 4,11-13. - Septem describuntur a spiritu sancto patentissime in hiis uerbis… - Mal 4,2-3: egrediemini et salietis, etc. usque dominus <exercituum>. 58. f. 22v - sermo septimus - Stephanus plenus gratia et fortitudine, etc. usque in populo. Ac 6,8. - A tribus commendatur beatus Stephanus in hiis uerbis… - Ad predestinandeos conuertendum; de hiis fuit paulus apostolus. 59. f. 22v - Incipit sermo primus in festiuitate beati IOHANNIS EUANGELISTE Faciet dominus exercituum, etc. usque defecate. Ys 25,6. - Loquitur hic propheta de conuiuio celestis glorie… - Hester 1,3: Rex assuerus IIIº anno imperii sui, id est, in anno glorie, est enim annus nature, gratie, et glorie, fecit grande conuiuium. 60. ff. 22v-23r - sermo secundus - Pro iusto datur impius, et pro recto iniquus. Prou 21,18. - Bene hanc auctoritatem in Iohanne iusto et domiciano impio dominus adimpleuit… Ys liii, e, [9]: dabit impios, etc. [pro sepultura, et divitem pro morte] usque sua. 61. ff. 23r-23v - sermo tercius - Ingredieris in abundantia sepulcrum, etc. usque suo. Iob 5,26. - Bene hoc competit beato Iohanni euangeliste, quia non prius defunctus… - In hoc igitur patet subtilitas diuine sapientie in Iohanne qua etiam ceteris contemplatiuis perfertur. 62. ff. 23v-24r - sermo quartus - Porte fluuiorum aperte sunt, et templum ad solum dirutum. Naum 2,6. - Satis pulcre adimpleuit ihesus xps., filius dei, prophetiam istam… - hiis tribus portis ad interius atrium, id est, ad eterna gaudia peruenitur. 63. ff. 24r-24v - Item eiusdem sermo quintus - Si mortiferum quid biberint non eos nocebit. Mc 16,18. - Hoc quod xps. discipulis suis communiter promisit uerissimum esse in beato Iohanne… - quod et factum est sicut in ipsa historia continetur. 64. f. 24v - Item eiusdem sermo sextus - Melius est a sapiente corripi, quam stultorum adulatione decipi. Eccli [Eccles] 7,6. - Pulcre fuit hec auctoritas in beati Iohannis opere adimpleta… - Prou 16,19: Vir iniquus lactat amicum suum, et ducit per uiam non bonam. 65. ff. 24v-25r - Item eiusdem sermo septimus - Nemo mittens manum, etc. usque regno dei. Lu 9,62. - Huius rei in uita beati Iohannis euidens traditur argumentumm… - Vnde dicitur hic: Nemo mittens manum, etc. 66. ff. 25r-25v - sermo octauus - Memento unde excideris, et prima opera fac. Apc 2,5. - Hoc salubre xpi. consilium dedit beatus Iohannes discipulis suis errantibus atico et eugenio… - Can 5,5: Manus mee distillauerunt mirram purissimam, et digiti, etc. cxcix 67. ff. 25v-26r - Incipit sermo primus in festiuitate SANCTORUM INNOCENTUM Ecce ego et pueri mei, etc. usque in <portentum> israel. Ys 8,18. - Verba sunt xpi. loquentis de se et de innocentibus… - ideo dicitur Eph 4,14: Non simus paruuli. 68. ff. 26r- 26v - sermo secundus - Captabunt in animam iusti et sanguinem innocentem condemnabunt. Ps 93,21. - Quatuor distinguit propheta patentissime in hiis uerbis… - Dan 13,53: Innocentem et iustum non interficies. 69. f. 26v - Item eiusdem sermo tercius - Absorbuit me quasi draco, repleuit uentrem suum teneritudine mea. Iere 51,34. - In hiis uerbis uidetur xps. puer conqueri de herode… - sibi enim reputat factum quod pueris intulerunt. Mt 25,40: uni ex his fratribus meis, etc. 70. ff. 26v-27r - sermo quartus - In alis tuis inuentus est sanguis animarum pauperum et innocentum. Iere 2,34. - In hac auctoritate notantur tria, que patent facile intuenti… - qua dicitur Prou 23,10: … et agrum pupilorum non introeas: propinquus enim <illorum> est, xps. fortis, etc. usque illorum. 71. f. 27r - sermo quintus - Custodi innocentiam, etc. usque paciffico. Ps 36,37. Quinque facit dominus hiis uerbis; hortatur enim… - Reliquie «sunt bona que post hanc uitam relinquuntur bonis, id est, eterna uel memoria bona post obitum» (Aug. ). 72. ff. 27r-27v - sermo sextus - Desine ab ira, etc. usque maligneris. Ps 36,8. - Hiis uerbis uidetur dauid propheta alloqui herodem… - Eodem, (Ps 36,22): maledicentes autem ei disperibunt. 73. f. 27v - sermo septimus - Innocentes et recti adheserunt michi. Ps 23,21. - Circa hec tria utilia uideamus:Primo, qui sint innocentes… - Deu 4,3-4: occuli uestri uiderunt omnia, etc. usque in presentem diem. 74. ff. 27v-28r - sermo octauus - Sinite paruulos et nolite, etc. usque celorum. Mt 19,14. - Quatuor notantur in hiis uerbis: Primo, xpi. Benignitas… - Ys 54,17;55,1: hec est hereditas seruorum domini; et iusticia <eorum> apud <me>, dicit dominus. Omnes sitientes, etc. usque lac. 75. f. 28r - Incipit sermo primus in festiuitate sancti THOME episcopi et martiris Nunquid prebebit equo fortitudinem, etc. usque gladio. Iob 39,19-22. - Origenes dicit super illud Exodi 15,1: equum et ascensorem proiecit in mare, «quia mali homines…» - Zac 10,3: … et posuit eos quasi equum glorie sue in bello, contra mundum, carnem et diabolum. 76. ff. 28r-28v - sermo secundus - Tollite iugum meum, etc. usque corde. Mt 11,29. Hoc domini preceptum beatus thomas non segniter adimpleuit… - Prou 24,4: In doctrina replebuntur cellaria, etc. usque pulcherrima. 77. ff. 28v-29r - sermo tercius - Bene surgit diluculo, etc. usque ab eis. Prou 11,27. Prima pars huius auctoritatis egregie conuenit huic martiri glorioso… - Ys 10,1-2: Ve qui condunt leges iniquas, etc. 78. ff. 29r-29v - sermo quartus - Qui dixit patri suo et matri, etc. usque custodierunt. Deu 33,9. - Videtur hic moyses de isto pastore preciosissimo prophetasse… - I Reg 6,10-12: Tollentes duas uaccas que lactabant, etc. usque sinistram. 79. f. 29v - sermo quintus - Extendit manum aaron super aquas egipti, etc. usque terram. Exo 8,6. - Huic simile uidetur dominus per hunc martirem operatus… - De hiis dicitur, Mr 16,17: In nomine meo demonia eicient. 80. ff. 29v-30r - sermo sextus - In reliquis tuis preparabis uultum eorum. Ps 20,13. Videtur hic psalmus de beato Thoma martire prophetasse… - Ys 64,4: Occulus non uidit deus absque te, que preparasti expectantibus te. 81. f. 30r - sermo septimus - Ego dedi te hodie in ciuitatem munitam, etc. usque dicit dominus. Ier 1,18-19. - Hoc non incongrue uidetur ad istum beatum thomam martirem pertinere… - Ier 20,11: dominus mecum est quasi, etc. usque uehementer. 82. ff. 30r-30v - octauus - Noui opera tua et fidem, etc. usque prioribus. Apc 2,19. Pulcre auctoritas hec uidetur in isto sancto thoma martire adimpleta… - Iob 42,12: dominus benedixit nouissimis iob magis quam principio eius. cc 83. ff. 30v-31r - Item eiusdem sermo nonus - Qui sequitur iusticiam diligitur a domino. Prou 15,9. - Cui unquam melius hoc uerbum uidetur quam isti Thome martiri conuenire… - qui sequitur iusticiam diligitur a domino, cuius dilectionem dominus signis et argumentis multiplicibus demonstrauit. 84. f. 31r - Incipit sermo primus in festiuitate sancti SILUESTRI - Iustus de angustia liberatus est, tradetur impius pro eo. Prou 11,8. - Bene huius auctoritatis probata est in beato siluestro iusto et tarquinio impio… - Ps 9,10: adiutor in oportunitatibus, in tribulatione. 85. ff. 31r-31v - secundus - Hospitalitatem nolite obliuisci, etc. usque receptis. He 13,2. - Duo facit apostolus in hiis uerbis… - Sap 19,12-14: Iuste paciebantur secundum suas nequitias, etc. usque accipiebant. 86. ff. 31v-32v - sermo tercius - Illos locustarum muscarum occiderunt morsus. Filios tuos nec draconum uenenatorum uicerunt dentes. Sap 16,9-10. - Quod hic ad laudem dei dicitur de hebreis respectu egiptiorum… - Apc 20,1-3: Vidi angelum, id est xpm., descendentem de celo, etc. usque in abissum, id est, in cor ypocritarum. 87. ff. 32v-33r - sermo quartus - Pro eo quod fuisti derelicta, etc. usque lactaberis. Ys 50,15-16. - Duplex status sancte ecclesie notatur in hiis uerbis… - Et sic impleta est prophetia hec: pro eo quod fuisti derelicta, et hodio habita, ponam te, etc. 88. ff. 33r-33v - sermo quintus - Exurge deus, iudica causam tuam. Ps 73,22. - Hanc breuem orationem fecit beatus Siluester disputaturus cum XII sapientibus iudeorum… Ysidorus: «Beniuolentia IIIIor modis captatur: a suipsius persona, ab aduersarii persona, a reipsa, ab audientibus». 89. ff. 33v-34r - Incipit sermo primus in festiuitate CIRCUMCISIONIS DOMINICE Exurge domine deus meus, in precepto, etc. usque circumdabit te. Ps 7,7-8. - Propheta in hiis uerbis uidetur rogare creatorem, ut preceptum circumcisionis in seipso compleat… - ideo ait apostolus, Gal 5,2: Ecce ego paulus dico uobis, etc. usque nichil proderit. 90. ff. 34r-34v - Item eiusdem sermo secundus - Postquam confirmati sunt dies VIII, etc. usque conciperetur. Luc 2,21. - Cum christus totus sanctus, totus purus, totus immaculatus fuerit conceptus… - «… ille sanguis qui fusus est in remissionem peccatorum, potum aqua lauacrum prestat» (Glosa). 91. ff. 34v-35r - tercius - Ecce dies ueniunt, dicit dominus, et uisitabo, etc. usque ad finem capituli. Iere 9,25-26. - Satis expressit dominus in hiis uerbis futurum esse tempus quo carnalis circumcisio fieri non deberet… - et occidet cetum qui est in mari, id est, antichristum circumcisum cum membris suis circumcisis et ceteris pessimis. 92. ff. 35r-35v - quartus - Circumcidetis carnem preputii uestri, etc. usque circumcidetur. Ge 17,11-12. - Circa circumcisionem carnalem que sicut predictum est iam non est aliquatenus facienda… - «Post deum ueritas colenda, que sola homines proximos facit» (Martinus Brac.). 93. ff. 35v-36r - quintus - Circumcidet dominus cor tuum et cor, etc. usque possis uiuere. Deu 30,6. - In hac auctoritate tria breuiter requiramus… - «nichil peius inter maledicta que iudeis merito superbie accederunt, quam uidere uitam suam, id est filium dei pendentem et non credere ei» (Glosa). 94. ff. 36r-36v - sermo sextus - Vocatum est nomen eius ihesus, etc. usque conciperetur. Lu 2,21. - Circa hoc nomen ihesus quod die octo puer uocaretur… - «quod nomen non solum antequam concipiamur in utero ecclesie per fidem, sed etiam ante tempora secularia a deo nobis uocatum est» (Glosa). 95. ff. 36v-37r - Incipit sermo primus in festo EPIPHANIE - Reges tarsis et insule, etc. usque adducent. Ps 71,10. - Quod narrat beatus Matheus 2,1-2: cum ergo natus esset, etc., factum in euangelio hodierno… - Mirram bone operationis. Can 4,13-14: emissiones, etc. usque fons <h>ortorum. cci 96. f. 37r - sermo secundus - Vbi est qui natus est rex iudeorum? Mt 2,2. - Huic questioni responde ueraciter et secure… - Isidorus: «Continentia hominem deo proximum facit. Vbi ista manserint ibi et deus manet». 97. ff. 37r-37v - tercius - Vidimus stellam eius in oriente et uenimus adorare eum. Mt 2,2. - Quinque possumus considerare ut dicitur in hiis uerbis… - Hec ueritas est ipse filius dei, cum patre et spiritu sancto procul dubio adorandus. 98. ff. 37v-38r. - sermo quartus - Sextus angelus effudit, etc. usque ab ortu solis. Apc 16,12. - Non est dubium quod xps. angelus magni consilii tribus regibus istis cum suis societatibus ad se adorandum uenientibus… - He 10,20: Iniciauit nobis uiam nouam, et uiuentem per uelamen, id est per carnem suam, in qua diuinitas uelabatur. 99. ff. 38r-38v - Item unde supra sermo quintus - Celi enarrant gloriam dei. Ps 18,2. - Bene hoc festo conuenit hodierno quando stellam nouam celi mittentes… - «quia nimirum iudaicus populus prophetie spiritu plenus et cecus eum de quo multa in futurum predixit in presenti positum non agnouit» (Gregorius). 100. ff. 38v-39r - sextus - Videntes autem stellam, gauisi sunt gaudio magno ualde. Mt 2,10. - Ex hoc loco sumunt occasionem damnationis mathematici constellationibus seruientes… - «Ridiculum est credere, quia, si possent, sibi pocius prouiderent» (Ambrosius). 101. ff. 39r-40r - sermo septimus - Et ecce stella quam uiderant in oriente, etc. usque puer. Mt 2,9. - Hic satis patet quod stella hoc non fatum puero posuit… - Ys 47,12-14: sta cum incantatoribus tuis, etc. <usque> de manu flamme, quantomagis non liberabunt animam tuam? 102. ff. 40r-40v - Item eiusdem sermo octauus - Qui sedes super cherubim, aparere, etc. usque manasse. Ps 79,2-3. - Rogat propheta dei filium in hiis uerbis, ut qui in diuinitate sua, nobis occultus… - Ps 44,11: obliuiscere populum tuum, et domum patris tui. 103. f. 40v - sermo nonus - Per aliam uiam reuersi in regionem suam. Mt 2,12. Quidam de hiis qui querunt xpm., id est, de christianis, quandoque declinant ad herodem, id est, diabolum… - Gregorius: «Qui bonis delectis di<s>cessimus, malis amaricati redeamus». 104. ff. 40v-41r - sermo nonus - Stella antecedebat eos, etc. usque puer. Mt 2,9. Hec stella secundum sanctos gratiam figurauit… - Ys 66,2: Ad quem autem respiciam, etc. usque meos; alia littera: Super quem requiescet spiritus meus nisi super humilem et quietum et trementem sermones meos. 105. ff. 41r-41v - sermo decimus primus - Ihesu baptizato et orante, etc. usque in ipsum. Lu 3,21-22. - Tribus miraculis hanc suam terciam sollemnitatem dominus honorauit. Act 8,36-38: dum irent per uiam, uenerunt ad quamdam aquam, etc. usque baptizauit eum. 106. f. 41v - sermo decimus secundus - Apertis thesauris suis, obtulerunt ei munera. Mt 2,11. - Commendantur isti reges multiplicer in hiis uerbis… - Iº Reg 10,27: filii uero belial dixerunt: num saluare, etc. usque munera. 107. ff. 41v-42v - Incipit sermo primus in festiuitate sancti SEBASTIANI - Posuit me sibi quasi signum, etc. Iob 16,13-14. - Bene hoc competit beato Sebastiano, qui iussu diocleciani… - Eccli 28, 23: beatus qui tectus est a lingua nequam, duplici scuto predicto. 108. ff. 42v-43r - Item eiusdem sermo secundus - Anima que benedicit impinguabitur; et qui inebriat ipse quoque inebriabitur. Prou XI, f, [25]. - Talis fuit beatus Sebastianus qui, dum marcellianum… - «fructus enim magistri est obedientia discipuli, cuius bona conuersatio coronam dat magistro iudice xpo.» (Ambrosius). 109. ff. 43r-43v - Item eiusdem sermo tercius - Inimici hominis domestici eius. Mich 7,6. - Veritas huius auctoritatis in amicis marcelliani et Marci martirum satis extitit aprobata… - Glo: «qui male filium nutrit, uel exemplo perdit, reus erit perditionis». 110. ff. 43v-44r - sermo quartus - Bonis bona creata, etc. usque et mala; que sint ista bona et mala? Eccli 39, 38. - Pulcre et spatiose prosequitur beatus Sebastianus… Augustinus: «si queris quid ibi sit, ubi tanta aut talis beatitudo persistit, aliter dici non potest, nisi quicquid boni est, ibi est, et quicquid mali est, nunquam ibi est». 111. ff. 44r-44v - sermo quintus - Qui in uno peccauerit multa bona perdet. Eccles 9, 18. - Veritas huius auctoritatis in cromatio urbis rome prefecto fuit apertissime probata… - Iº Reg 2,25: si peccauerit uir in uirum, placari, etc. usque quis orabit pro eo? ccii 112. ff. 44v-45r - sermo sextus - Qui sophistice loquitur, etc. usque defraudatus est. Eccli 37,23-24. - Tales sunt mathematici qui uerbis aparentibus palliant falsitatem… - Vnde fatuus non habet sapientiam dei. Eccli 21,17: cor fatui quasi uas confractum, etc. usque non tenebit. 113. ff. 45r-45v - sermo septimus - Liberat animas testis fidelis et profert mendacia uersipellis. Prou 14,25. - Pulcre uidetur hoc beato Sebastiano martiri conuenire… - IIª Cor 11,14: Ipse enim sathanas transfigurat se in angelum lucis. 114. ff. 45v-46r - Incipit sermo primus in festo sancte AGNETIS - Qui gloriatur, in domino glorietur. IIª Cor 10,17. - Hoc salutiferum uerbum beata uirgo agnes elegantissime conseruauit… - In ornatu uestimentorum. Eccli 11,4: In uestitu ne glorieris unquam. 115. ff. 46r-46v - sermo secundus - Gaudeamus corde interius, et exultemus opere exterius; Apc 19,7-8, et demus gloriam ei, id est, xpo., ore opere; quia nuptie agni uenerunt, et merito quia uxor eius, scilicet, beata Agnes preparauit se, fide, spe, et dilectione, et martirii letissima passione; et datum est illi a sponso suo agno, id est, xpo., ut cooperiat se, etiam corporaliter, bissino splendenti <et> candido. - Bene hoc thema conuenit beate Agnete… - Iª Ti 1,17: Regi autem seculorum immortali, etc. usque amen. 116. ff. 46v-47r - sermo tercius - Cani sunt sensus hominis et etas senectutis uita immaculata. Sap 4,8-9. - Cui unquam melius quam beate Agnete conuenit istud thema… - Ge 48,9, dixit iacob filio suo ioseph: Adhuc (lege Adduc) ad me eos, scilicet filios tuos, et benedicam illis. 117. ff. 47r-47v - sermo quartus - Angelus raphael dixit ei, scilicet, tobie, Tob 6,1617: Audi me, etc. usque habet potestatem super eos demonium. - De numero istorum uidetur fuisse filius prefecti qui beatam Agnem fatuissime diligebat… - Augustinus: «Nemo potest a diabolo decipi, nisi qui ei prebere maluerit sue uoluntatis assensum». 118. ff. 47v-48r - sermo quintus - Vox domini intercidentis flammam ignis. Ps 28,7. Pulcre uidetur hoc completum in beate Agnete martiris passione… - Iudas 22-23: … Aliis autem qui adhuc sunt in uia miseremini, predicando et instruendo. 119. ff. 48r- 48v - sermo sextus - Babtismo habeo babtizari et quomodo coarctor usque dum perficiatur. Luc 12,50. - Hic loquitur xps. de babtismo sanguinis quo beata emerentiana collactanea beate Agne fuit a domino baptizata… - ubi articulus necessitatis non cum tempus (lege, contemptus) religionis sacramentum babtismi excludit». 120. ff. 48v-49r - sermo septimus - Hii secuntur agnum quocumque ierit. Apc 14,4. Pulcre in beata Agnete auctoritatis huius ueritas declaratur… - «Tano sibi caueat ne superbia decipiatur, quanto santius aliquid profitetur» (Aug.). 121. ff. 49r-49v - sermo octauus - Infirmitas hec non est ad mortem, etc. usque per eam. Io 11,4. - Licet dominus de infirmitate lazari hic loquatur… - quam in inferno sequatur. Vnde dicitur Ier 17,18: duplici contritione contere eos, domine. 122. ff. 49v-51r - Incipit sermo primus in festiuitate beatissimi VINCENCII martyris - Vincenti dabo manna absconditum. Apc 2,17. - Hec uerba licet de quolibet sancto generaliter dicta sint… - usque mors secunda, a qua nos liberet xps. precibus sancti uincentii amen. 123. ff. 51r-51v - sermo secundus - Stude sapientie, fili, etc. [Prou 27, 11]. - Hoc consilium spiritus sancti beatus uincentius non segniter adimpleuit… - Origenes: «per helemosinam et orationem scientia diuina in nobis perficitur». 124. ff. 51v-52r - sermo tercius - Comunicantes christi passionibus, etc. usque exultantes. Iª Pe 4,13. - Pulcre beatus uincentius hoc uerbum beati apostoli adimpleuit… Item (Ys) 51,10: Gaudens gaudebo in domino, etc. usque in deo meo. 125. ff. 52r-52v - Item eiusdem sermo quartus - In nullo terreamini ab aduersariis, etc. usque salutis. Phi 1,28. - Dum persecutores martires persecuntur, perditionem sibi cumulant non solum in futuro… - Iere 30,7: tempus tribulationis est Iacob, et ex ipso saluabitur. 126. ff. 52v-53r - sermo quintus - In labiis suis, etc. usque in foueam. Eccli 12,15. Iste uero fuisse dacianus per quem beatum Vincentium diabolo subuertere blande et callide cciii conabatur… - «ad luctum perpetuum non trahuntur, quia amarus est electis et suauis reprobis» (Gregorius). 127. ff. 53r-53v - sermo sextus - Quicquid obtuleris sacrificii, sale condies. Leu 2,13. - Hoc dulcissimum spiritus sancti uerbum implebat nesciens crudelissimus dacianus qui corpus beati Vincentii in sacrifficium… - Ieronimus: «sal correctionis amor proximi contemperet et dilectionem sal misericordie condiat». 128. ff. 53v-54r - sermo septimus - Vsque ad tempus sustinebit patiens, et postea redditio iocunditatis. Eccli 1,29. - Hec suauis, iocunda et amplectenda promissio deo… - In afflictione bonorum. Apc 11,10: Inhabitantes terram gaudebunt super illos, et iocundabuntur. 129. ff. 54r-54v - sermo octauus - Non morieris in gladio, sed in pace morieris. Iere 34,4-5. - Autoritas hec melius et laudabilius ac dultius fuit in beato Vincentio quam in sedechia rege miserabili adimpleta… - (Ps) 147,12-14: lauda ierusalem dominum, etc. usque pacem. 130. ff. 54v-55r - sermo nonus - Mortuo non prohibeas gratiam. Eccli 7,37. - Hoc mandatum spiritus sancti contempsit expressissime dacianus… - uideant si sint digni exaudiri et, si sciunt se esse in peccato mortali, uideant qualiter reddunt. (Dec. Grat.) 131. ff. 55r-55v - sermo decimus - In diebus suis non pertimuit, etc. usque corpus eius. Eccli 48,13-14. - Hec que de helya uel potius de heliseo dicta sunt… - Os XII, g, [13]: … et in propheta seruatus est, ne propter supplicia deficiat tyrannorum. 132. ff. 55v-56r - Incipit sermo primus in CONUERSIONE SANCTI PAULI Conuertere ad dominum et relinque, etc. usque offendicula. Eccli 17, 21-22. - Ad quatuor inuitat nos spiritus sanctus in hiis uerbis... - Libidinis. Eze 11,21: quorum cor, etc. usque ponam. 133. ff. 56r - Item eiusdem sermo secundus - Auditum audiuimus a domino et legatum ad gentes misit. Abd 1. - Iste legatus fuit beatus paulus, qui per hanc prophetiam fuit de gentibus promissus… - sicut matheus publicanus et ceteri similes, de quibus Ps 57,32: Venient legati ex egipto, etc. 134. ff. 56r-56v - sermo tercius - Cum autem placuit ei, etc. usque in arabiam. Gal 1,15-17. - In hiis uerbis septem circa beatum paulum apostolum describuntur… - ubi nullus adhuc apostolorum predicauerat. Ro 15,20: predicaui euangelium, non, etc. usque hedifficarem. 135. ff. 56v-57r - sermo quartus - Vas electionis iste est michi. Act 9,15. - Beatus enim paulus fuit uas… - Augustinus: «humilitas custodit in omni tribulatione, ut illi non crepent in fornace, qui non habent uentum superbie». 136. f. 57r - sermo quintus - Castigasti me domine, et eruditus sum, etc. usque adolescentie mee. Iere 31,18-19. - Pulcre perstrinxit in hiis uerbis prophetia beati pauli… - Iª Cor 4,11-13: usque in horam et esurimus et sitimus, etc. usque adhuc. 137. ff. 57r-57v - sermo sextus - Ne tardes conuerti ad dominum. Eccli 5,8. - Nota quod sicut propositiones in logica ita homines… - de quorum numero non fuit beatus paulus qui ait, Gal 1,15-18: cum autem placuit ei, etc. usque diebus quindecim. 138. ff. 57v-58r - sermo septimus - Viuo ego dicit dominus, nolo mortem impii, sed ut reuertatur, etc. usque uiuat. Eze 33,11. - In hiis uerbis quatuor notantur… - «et eripere fugientem, ut uideri possit relictis omnibus aliis ei soli operam dare» (Bernardus). 139. f. 58r - sermo octauus - Hec mutatio dextere excelsi. Ps 76,11. - Bene hec prophetia completa fuit in conuersione beati pauli… - membrum diaboli, in membrum christi. 140. ff. 58r-58v - sermo nonus - Parum est ut sis michi seruus, etc. usque ad extremum terre. Ys 49,6. - Hec prophetia fuit de beato paulo, sicut ipse dicit iudeis… - quia gentes que fere uniuersaliter illuminate sunt, gratanter uerbum fidei receperunt. Ys 9,2: populus qui ambulabat in tenebris, etc. usque orta est eis. 141. ff. 58v-59r - sermo decimus - Si desperaueris lapsus in die angustie minuetur fortitudo tua. Prou 24,10. - Hic tria utilia requiramus… - Et rursum [Eze 33,11]: Nolo mortem peccatoris et impii, dicit dominus». cciv 142. f. 59r - Incipit sermo primus in PURIFICATIONE BEATE MARIE - Purgabit filios leui. Mal 3,3. - Hic tria breuiter requiramus… - «si igitur ad hunc finem omnes humane actionis motus numerosque refferamus, sine dubitatione mundabimur» (Aug.). 143. ff. 59r-59v - sermo secundus - Iam letus moriar quia uidi faciem tuam. Ge 46,30. - Obtime potuit dicere symeon hodie uerba ista uisa facie ihesu dulcissimi pueri… «tanta subito fraglancia miri odoris respersa est ut ipsa suauitas cunctis ostenderet, illic auctorem suauitatis aduenisse» (Gregorius). 144. ff. 59v-60r - sermo tercius - Ego consolabor uos et in ierusalem consolabimini, etc. usque germinabunt. Ys 66,13-14. - Hanc promissionem consolatoriam et similes potuit symeon multociens perlegisse… - quasi herba hyeme mortua uere rediuiua. 145. ff. 60r-60v - quartus - Expectabo dominum qui abscondit faciem suam a domo iacob et prestolabor eum. Ys 8,17. - Quatuor describit spiritus sanctus in hiis uerbis… - Ys 8,13-15: … ipse pauor uester, etc. usque Et offendet ex <eis> plurimi, quasi ceci in lapidem, et cadent et cinterentur et irritientur et capientur. 146. ff. 60v-61r - sermo quintus - Postquam impleti sunt dies purgationis marie secundum legem moysi. Lu 2,22. - Quia festum hodiernum purifficatio dicitur… - Ad hanc non tenebatur beata uirgo, nec hodie tenentur cetere mulieres sicut patet inferius in illa collatione: honora deum, etc. 147. ff. 61r-61v - sextus - Ecce homo erat in ierusalem, cui nomen symeon, etc. usque xpm. domini. Lu 2,25-26. - ¶ A multis ¶ et magnis ¶ et ymitandis commendatur iste pontifex in hiis uerbis… - omnium istorum admiratio, ibi, Ecce; cetera uero omnia ut supra. 148. ff. 61v-62r - sermo septimus - Honora deum ex tota anima tua et honora sacerdotes et propurga te cum brachiis. Eccli 7,33. - Hec tria mandata hodie impleuit domina nostra que honorauit deum… - Vt dei sacerdotes honoraret, ut hic dicitur: honora sacerdotes, etc. 149. ff. 62r-62v - sermo octauus - Expectatio iustorum leticia. Prou 10,28. - Tria queruntur hic, scilicet, qui sunt isti iusti… - Letemur igitur omnes hodie: ¶ Virgines cum beata Maria ¶ coniugate cum helisabeth ¶ uidue cum anna ¶ senes cum symeone ¶ pueri cum puero bethleemitano ihesu qui leticiam cunctis attulit. 150. ff. 62v-63v - Incipit sermo primus in festiuitate sancte AGATHE - Probauit me quasi aurum quod per ignem transit. Iob 23,10. - Bene potest hoc dicere beata agatha quam dominus igne multiplicis tribulationis probari permisit… - Mt 25,41: Ite maledicti in ignem eternum, etc. 151. f. 63v - sermo secundus - Omnis qui audit uerba mea hec et facit, etc. usque fundata erat enim supra petram. Mt 7,24-25. In Luc 6,48, additur: fodit in altum et posuit fundamenta supra petram. - Talis fuit beata Agatha, que sarculo diuini timoris… - Eccli 51,25: colluctata est anima mea cum illa, scilicet, sapientia, et in faciendo eam confirmatus sum, et hoc est quod dupliciter dicitur in principio: omnis qui audit uerba mea hec et facit ea. 152. ff. 63v-64r - sermo tercius - Ibant gaudentes a conspectu, etc. usque pati. Act 5,41. - De numero istorum meruit esse beata Agatha que cum post longam cum quintiano disputationem… - hec enim merces ipse deus est, quia dicit, Ge 15,1: ego protector tuus sum et merces tua magna nimis. 153. ff. 64r-64v - Incipit sermo primus in CATHEDRA SANCTI PETRI - Beatus es symon bariona, etc. usque in celis. Mt 16,17. - Interrogauerat dominus discipulos de opinionibus hominum… - Vt quodcumque in terra ligaret uel solueret ipse in celis ratum haberet, ibi, quodcumque ligaueris super terram erit ligatum et in celis, et quodcumque solueris super terram, etc. 154. ff. 64v-65r - sermo secundus - Exaltent eum in ecclesia plebis et in cathedra seniorum laudent eum. Ps 106,32. - Hic notantur tria: ¶ primo, que debent in prelato requiri… - [Eccli 29]: Sapiens in populo hereditabitur honorem, etc. usque in eternum. 155. ff. 65r-65v - sermo tercius - Ego dico, quia tu es petrus. Mt 16,18. - Magnam ueritatem dixit ueritas in hiis… - IIª Pe 1,12-14: Incipiam uos semper commonere de hiis, etc. certus quod uelox, etc. usque significauit michi. ccv 156. ff. 65v-66r - sermo quartus - In platea parabatur cathedram michi. Iob 29,7. In hodierno die sicut dicitur hyems elabitur… - ex hac cathedra nostre ecclesie, id est, catholice, prolatam institutionem cognoscimus, congaudemus, redimus et confitemur» (Aug.). 157. ff. 66r-66v - Incipit sermo primus in festiuitate sancti MATHIE apostoli Fiant dies eius pauci et episcopatum eius accipiat alter. Ps 108,8. - Satis expresse fuit hic prophetata iude proditoris depositio… - id est, boni prelati, longior erit. Talis fuit beatus mathias. 158. f. 66v - sermo secundus - Beatus quem elegisti, etc. usque tuis. Ps 64,5. - Tres gradus promotionis beati mathie describuntur expressissime in hiis uerbis… - Ad hanc nos beatitudinem eius meritis et precibus pertingamus, amen. 159. ff. 66v-67r - sermo tercius - Orantes dixerunt: tu domine, qui nosti, etc. usque in locum suum. Act 1, 24-25. - Ex hiis uerbis quibus apostoli in electione usi fuerunt… - sic in peccatoribus diuersa peccati materia, plus minusue succenditur». 160. ff. 67r-68r - sermo quartus - Dederunt sortes eis et annumeratus est cum undecim apostolis. Act 1,26. - Licet prelati et rectores eligendi sint non sorte sed arte… - Le XX, b, [6]: anima que declinauerit ad magos, etc. usque de medio populo sui, id est, de collegio sanctorum. 161. ff. 68r-68v - sermo quintus - Custoditur iusto substancia peccatoris. Prou 13,22. - Iustus iste fuit beatus Mathias… - «siue in sequenti qui duo pro uno reputantur, non error sed ecclesie consuetudo teneatur». 162. ff. 68v-69r - Incipit sermo primus in festiuitate beati GREGORII - Si uis perfectus esse, uade, etc. Mt 19,21. - Hoc perfectum consilium beatus Gregorius iocundius accepit… - Ibi enim non solum adulti, sed etiam infantes babtizati et sic defuncti perfecte laudabunt; - [Admonitio] potest predicari de hac materia religiosis qui debent esse perfecti. 163. ff. 69r-69v - sermo secundus - Diffusa est gratia, etc. usque in eternum. Ps 44,3. - Bene hoc competit beato Gregorio per cuius labia deus multam gratiam emanauit… Prou 11,26: qui abscondit frumenta maledicetur in populis. Mt 25,26: serue male et piger. 164. ff. 69v-70r - sermo tercius - Excogitat iustus de domo impii, etc. usque a malo. Prou 21,12. - Pulcre ueritatem huius sententie siue auctoritatis dominus per seruum suum Gregorium iustum adimpleuit… - nec subsistet miraculum spei, in quo ualeant pedem ponere. 165. ff. 70r-70v - sermo quartus - Vigilia honestatis tabefaciet carnes. Eccli 31,1. Veritas huius auctoritatis plane fuit in beato Gregorio comprobata… - Sa 14,23-31: Insanie plenas uigilias, etc. usque in finem capituli. 166. ff. 70v-71r - sermo quintus - Ignem ardentem extinguit aqua et helemosina, etc. usque firmamentum. Eccli 3,33-34. - Ea que hic dicuntur paruerunt in beato Gregorio satis plane… - Augustinus: «discite christiani sine discretione exhibere hospitaltatem ne forte cui domum clauseris, uel cui humanitatem negaueris ipse sit deus». 167. ff. 71r-71v - Incipit sermo primus in festiuitate sancti BENEDICTI abbatis Quis dabit michi pennas sicut columbe, etc. usque tempestate. Ps 54,7-9. - Videtur hic prophetia in persona beatissimi patris nostri Benedicti… - «Vnde dicitur monachus ‘unus tristis’. Sedeat igitur tristis et officio suo uaccet» (Dec. Grat.). 168. ff. 71v-72v - sermo secundus - Non supergaudeant michi qui aduersantur michi inique. Ps 34,19. - Hanc petitionem dominus beato Benedicto non distulit adimplere… «quem cum uir foras inuenisset pro cecitate cordis sui, uirga percussit et sic eum sanauit». (Gregorius) 169. ff. 72v-73r - sermo tercius - Euntes, predicate, etc. usque gratis date. Mt 10,78. - Ista sex que dominus concessit apostolis Benedicto suo seruulo non subtraxit… - Vtinam uelimus eum in hoc ultimo imitari ut indigentibus compaciamur et eis liberaliter spe tantum futuri premii succurramus. ccvi 170. f. 73r - sermo quartus - Pauperes eius saturabo panibus. Ps 131,15. - Hoc quod deus per dauid promisit seruo suo Benedicto liberaliter adimpleuit… - tunc implebitur hoc: pauperes eius saturabo panibus. 171. ff. 73r-73v - Incipit sermo primus in festo DOMINICE ANNUNTIATIONIS - Dies diei eructat uerbum et nox nocti indicat scientiam. Ps 18,3. - Quatuor personas et duo negotia describit spiritus sanctus… - bene dicit presumpta, quasi ante tempus sumpta, non adeo expectata, sed consilio diaboli anticipata. 172. ff. 73v-74r - sermo secundus - Semen sanctum erit id quod steterit in ea. Ys or 6,13. - Prophetauit spiritus sanctus circa incarnationem IIII ualde amabilia in hiis uerbis… Item Ys 45,2: portas ereas conteram et uectes ferreos confringam. 173. ff. 74r-74v - tercius - Homo natus est in ea et ipse fundauit eam altissimus. Ps 86,5. - Melius hoc intelligitur de natiuitate christi, que fuit in uirginis utero… - Ps 45,5: sanctifficauit tabernaculum suum altissimus. - [Admonitio] : quere in collatione epiphanie que incipit: Apparuit benignitas, etc. 174. ff. 74v-75r - sermo quartus - Omnia flumina intrant in mare, et mare non redundat. Eccles 1,7. - Tria possumus in hac auctoritate uelut in lucidissimo speculo contemplari… - quia spiritum qui eam repleuit finaliter offendit quem praue uiuendo impugnare prauis operibus non desistunt. 175. ff. 75r-75v - sermo quintus - Exiui a patre et ueni in mundum. Io 16,28. - Hic tria breuiter requiramus que sunt utilia et necessaria ad sciendum… - «‘homo christus Ihesus’ demonstratus est antiquis sanctis, ut ipsi ita per fidem future passionis eius, sicut nos per fidem preterite, salui fierent». (Aug.). 176. ff. 75v-76r - sermo sextus - Qui creauit me requieuit in tabernaculo meo. Eccli 24,12. - Verba sunt beate uirginis creatoris sui presentiam cognoscentis… - Bernardus: «si pro obedientie floribus aculeis atque urticis inobedientie tuum lectulum aspersisti, non dormitabit uel quiescet tunc sponsus in lecto isto». 177. ff. 76r-76v - septimus - Dominus dixit quod habitaret in nebula. IIIº Reg 8,12. Que est hec nubes uel nebula, nisi clara et fulgida uirgo Maria?... - Vnde uersus: «Terra lucens tenuis, rorans infridat obumbrat, fecundat, mediat, sine uentis exit ab undis». 178. ff. 76v-77r - sermo octauus - Adducam eam in solitudinem et loquar ad cor eius. Os 2,14. - Hanc dulcem, iocundam et optimam promissionem quam deus, olim per oseam prophetam beate uirgini fecit… - «secede ab amicis et intimis, et ab illo qui tibi ministrat». (Bernardus) 179. f. 77r - sermo nonus - Ecce concipies in utero, etc. usque ihesum. Lu 1,31. Verba sunt gabrielis ad uirginem… - populum finaliter perseuerantium. Mt 10,22: qui perseuerauerit usque in finem, saluus erit. 180. ff. 77r-77v - sermo decimus - Quis michi det te fratrem, etc. usque despiciat. Can 8,1. - Verba sunt sponse, id est, ecclesie in ueteri testamento existentis… - ‘Et iam me nemo despiciat’ a deo dilectam, honoratam, bona dote dotatam, angelis equatam. 181. ff. 77v-78v - sermo decimus primus - Fluminis impetus letificat ciuitatem dei. Ps 45,5. - Hec prophetia hodie in beata uirgine fuit completa… - de hiis quatuor letifficationibus: prima fuit magna, IIª, maior, IIIª, maxima, IIIIª, permaxima. - Explicit de annuntiatione beate Marie. 182. f. 78v - Incipit sermo primus in festiuitate sancti AMBROSII - Acceptus est regi minister intelligens. Prou 14,35. - Hoc bene competit beato ambrosio qui uere intelligens fuit… - Vnde bene de eo dicitur: Acceptus, etc. 183. ff. 78v-79r - secundus - Qui preest in sollicitudine. Ro 12,8. - Postquam beatus Ambrosius constitutus fuit prelatus et archiepiscopus mediolanensis… - circa suipsius libertatem. Prou 6,1-5 : fili mi, si spoponderis pro amico tuo, etc. usque aucupis. ccvii 184. ff. 79r-79v - tercius - Quis est qui uobis noceat, si boni emulatores fueritis? Iª Pe 3,13. Si fuerimus boni emulatores, id est, xpi. amatores et elatores… - «sed postea quam immolabilis mansit excussa in ignem uipera, plus apud intuentes uenerationis inuenit». (Ambrosius) 185. ff. 79v-80r - sermo quartus - Consilium a sapiente semper require. Tob 4,19. Sapiens reuera est beatus Ambrosius diuina sapientia et humana… - «de diuina miseratione tunc sperandum amplius sit, cum presidia humana defecerint». (Ambrosius) 186. ff. 80r-80v - In die sancti GEORGII [sermo primus] - Creatura tua tibi factori deseruiens, etc. usque confidunt. Sap 16,24. - Verifficata fuit hec auctoritas in beato Georgio… - Ps 21,27: edent pauperes et saturabuntur; et laudabunt dominum qui requirunt eum. 187. ff. 80v-81r - secundus - Voluntatem timentium se faciet, etc. usque eos. Ps 144,19. - Quia beatus Georgius filialiter deum timuit… - in hora mortis benedictio. Eccli 1,13: timenti dominum bene erit in extremis et in die defunctionis sue benedicetur. 188. ff. 81r-81v - Incipit sermo primus in festiuitate sancti MARCI euangeliste Leo fortissimus bestiarum ad nullius pauebit occursum. Prou 30,30. - Prophetia est de beato Marcho euangelista… - «Mane autem facto perrexit ad eternam pacem nullius pauens occursum». 189. ff. 81v-82r - sermo secundus - Ostende michi faciem tuam, etc. usque decora. Can 2,14. - Bene potuit hoc dicere beatus Marcus euangelista christo quando, pridie passionis sue… - sed malis erit amara. Soph 1,15-18: Dies ire dies illa, etc. usque in finem capituli. 190. ff. 82r-82v - sermo tercius - Morietur in tempestate anima eorum, etc. usque de angustia sua. Iob 36,14-15. - Satis competit hoc carnifficibus beati marci, qui cum traheretur per funem ad ipsis… - Eodem, 68,16: non me demergat tempestas aque, etc. usque os suum; amen. 191. f. 82v - quartus - Vidi in medio sedis et in circuitu sedis, quatuor animalia, etc. usque aquile uolanti. Apc 4,6-7. - Circa hec quatuor requiramus: Primo, quid sedis nomine designetur… - «… et in circuitu, id est, in conspectu omnium (lege: hominum) sunt irreprehensibiles» (Glosa). 192. ff. 82v-83r - Incipit sermo in diebus ROGATIONUM - Rogationem contribulati ne abicias et ne auertas faciem tuam ab egeno. Eccli 4,4. - Quia dies hodierna letania dicitur, id est, rogatio… - Eccli 29,12: propter mandatum assume pauperem. 193. ff. 83r-84r - Incipit sermo primus in festiuitate sanctorum apostolorum PHILIPPI ET IACOBI - Incipit passio sancti Iacobi apostoli cuius <festum> Kalendas Maii celebratur: Tempore illo «suscepit ecclesiam ierosolimorum frater domini iacobus…» - In quo loco colitur ex eo passio eius usque in hodiernum diem, ipso prestante qui uiuit…». 194. ff. 84r-84v - Item incipit uita sancti PHILIPI apostoli. Sermo primus [lege, secundus] - «Philippus apostolus domini nostri ihesu xpi., post ascensionem domini saluatoris, per annos viginti instanter predicauit gentibus… - «… et in unum spiritum sanctum paraclitum, illuminatorem animarum nostrarum et nunc et semper per infinita secula seculorum amen» (Ps-Abdias). 195. ff. 84v-85r - Item eorumdem sermo tercius - Candidiores nazarei eius, etc. usque pulcriores. Tren 4,7. - Bene congruit materia hec sanctis apostolis generaliter et philippo et Iacobo specialiter… - saphirus enim celestem habet colorem. 196. ff. 85r-85v - sermo quartus - Tanto tempore uobiscum sum et non cognouistis me. Io 14,9. - Hic conqueritur xps. de quibusdam discipulis adhuc rudibus… - IIIº Reg 19,1112: Non in spiritu grandi dominus, etc. usque ibi (Vulg. igne) dominus. 197. ff. 85v-86r - sermo quintus - In domo patris mei mansiones, etc. usque uobis loccum. Io 14,2. - Augustinus: «quomodo uadit et parat loccum, si iam mansiones multe ccviii sunt?» - «… sic cum ignis ille equaliter ardeat non equaliter cruciat, non equaliter sencietur» (Aug.). - [Admonitio] Idem dicit Gregorius in liuro IIIIº dialogi. 198. f. 86r - sermo sextus - Philippe, qui uidit me, uidit et patrem. Io 14,9. - Hoc exponitur Ve modis: Primo, qui uidit me per ueram fidem, uidit et patrem… - deum ueraciter diligentes. Io 14,21: qui diligit me, diligetur, etc. usque meipsum. 199. ff. 86r-86v - Item sermo septimus eorumdem - Stabunt iusti in magna constantia, etc. usque illorum. Sap 5,1. - Bene conuenit hec epistola omnibus apostolis… - In die, scilicet, iudicii, qua ego facio, dicit dominus exercituum, quia hoc bene possum facere. 200. ff. 86v-87r - Item eorumdem sermo octauus - Qui credit in me etc. usque horum faciet. Io 14,12. - Non tantum ex se, sed ex me… - «…tantum est, ut nos armis semper simus parati». (Origenes) 201. f. 87r - Item eorumdem sermo nonus - Tanto tempore, etc. usque et patrem. Io 14,9. - Adhuc de hiis uerbis dominicis collationem alliam faciamus. In hiis ergo dominicis uerbis… - «nequis dicat: de ipse pater sit filius si enim ipse esset pater, nequaquam dixisset: qui me uidet illum uidet». (Chrisostomus) 202. ff. 87r-87v - Incipit sermo primus in festiuitate INUENTIONIS SANCTE CRUCIS - Benedictum lignum per quod fit iusticia. Sap 14,7. - Triplicem iusticiam per lignum crucis factam… - Gal 6,14: Michi autem absit gloriari, nisi in cruce domini nostri ihesu xpi. 203. ff. 87v88v - sermo secundus - Clamauit moyses ad dominum qui ostendit ei lignum, etc. usque uerse sunt. Exo 15,25. - Sicut ad preces moysi deus dignatus est lignum dulcoratiuum aquarum materialium demonstrare… - Eccli 38,5: Nonne a ligno indulcata est aqua amara? 204. ff. 88v-89r - tercius - Produxitque dominus deus de humo, etc. usque mali. Ge 2,9. - Satis expresse uidetur hic fuisse prefigurata et prophetata sollemnitas hodierna… «Inparibus meritis pendent tria corpora crucis: Dimas et Gestas, medio diuina maiestas. Alta petit Dimas, descendit ad infima Gestas», uel aliter: «Infelix infima Gestas». 205. f. 89r - sermo quartus - En colligo duo ligna, IIIº Reg 17,12. - dicat anima uidua, id est, a xpo. separata per mortale peccatum… - «aut certe pro peccatis in inferni tartara precipitatur». (Aug. ) 206. ff. 89r-89v - Incipit sermo primus in festiuitate SANCTI IOHANNIS ANTE PORTAM LATINAM - Sapientia hos qui obseruant a doloribus liberauit. Sap 10,9. - Nota tria: Primo, que sit hec sapientia... - «facta oratione, apositus est ad patres suos, tam extraneus a dolore mortis, quam a corruptione carnis inuenitur alienus». (Hieronimus) 207. ff. 89v-90r - sermo secundus - Ego Iohannes, frater uester, etc. usque testimonium Ihesu. Apc 1,9. - Sciendum est quod nero interfecit petrum et paulum… - hoc enim xps. preceperat, Actus 1,8: Eritis michi testes, etc. 208. f. 90r - Incipit sermo primus sancti BARNABE apostoli - Ioseph, qui cognominatus est barnabas, etc. usque pedes apostolorum. Ac 4,36-37. - Multiplex laus beati barnabe apostoli describitur in hiis uerbis… - Glosa: «destruendum probat quod tangere deuitat et docet calcandum esse aurum, quod subdit gressibus apostolorum». 209. ff. 90r-90v - sermo secundus - Miserunt apostoli, scilicet, barnabam usque antiochiam, etc. usque in domino. - Quante sanctitatis et excellentie fuerit beatus barnabas apostolus ostenditur in hiis uerbis… - Ac 11,25-26: profectus est autem <barnabas> tharsum, etc. usque christiani. 210. ff. 90v-91r - tercius - Segregate michi barnabam et paulum in opus ad quod assumpsi eos. Ac 13,3. - Hic notantur Ve necessaria circa promotionem predicatorum uel prelatorum… - Maledicti autem symoniaci et intrusi. 211. f. 91r - Incipit sermo primus in festiuitate beati Fernandi dicti ANTONII NATIONE ULIXBONENSIS - Dilectus a deo et hominibus. Eccli 45,1. - Primo, per cordis puritatem… - et anime sue suauis erit: ecce condimentum, quia nec turbat nec turbatur. ccix 212. ff. 91r-91v - secundus - «De miraculis factis ad archam sancti Antonii… - «… deuotus suscepit et fideliter xpo. adherens miracula eius instantissime predicauit». (Leg. Assidua). 213. ff. 91v-92r - Incipit sermo primus in die sanctorum GERUASII ET PROTHASII - Doctrina bona dabit gratiam, in itinere contemptorum uorago. Prou 13,15. - Duo declarat salomon in hiis uerbis… - gratiam, scilicet, spem salutis certam. Prou XXIIII, b, [13-14]: Comede, fili mi, mel, etc. usque peribit. 214. ff. 92r-92v - Item eorundem sermo secundus - Ecce quam bonum et quam iocundum habitare fratres in unum. Ps 132,1. - Optime conuenit hoc beatis martiribus Geruasio et Prothasio… - unde sequitur in premissa auctoritate in fine psalmi (132,3): quoniam illic mandauit dominus benedictionem et uitam usque in seculum. 215. ff. 92v-93v - Incipit sermo primus in festiuitate beati IOHANNIS BABTISTE Benedictionem omnium gentium dedit illi dominus, id est, Iohanni babtiste, et testamentum suum confirmauit super caput. Eccli 44,25. - Bene dicitur de beato Iohanne quod benedictio omnium gentium data sit ei… - Eze 9,9-10: iniquitas domus israel et iuda magna, etc. usque non parcet occulus. 216. ff. 93v-94r - sermo secundus - Priusquam te formarem in utero, etc. usque dedi. Iere 1,5. - Hiis uerbis nominat deus tria obtima beneficia que contulit beato Iohanne babtiste… - «stans in medio carceris uoce magna dixit: deus meus, tibi commendo spiritum meum». 217. f. 94r - sermo tercius - Numquid producis luciferum in tempore suo, quasi dicat, non sed ego faciam. Iob 38,32. - Iohannes dicitur lucifer: Primo, quia sicut lucifer auroram precedit… - et tamen apostoli, qui maiores eo non fuerunt, dicuntur lux. Mt 5,14: Vos estis lux mundi. 218. ff. 94r-94v - sermo quartus - Paraui lucernam christo meo. Ps 131,17. - Verba sunt dei patris loquentis de christo filio suo et de Iohanne… - lumine ueritatis inflamando. Io 5,35 : Ille erat lucerna ardens et lucens. 219. f. 94v - sermo quintus - Posuit os meum quasi gladium acutum. Ys 49,2. - In hiis uerbis beatus Iohannes ascribit sue predicationis efficatiam creatori… - qui est fortissimus philisteus. Iº Reg 17,50-51: Cumque galdium non haberet, etc. usque caput eius. 220. ff. 94v-95r - sextus - Numquid producis luciferum in tempore suo, etc. usque facis? Iob 38,32. - Quatuor luciferi nobis in sacro eloquio declarantur… - sicut enim lucifer solem, sic Iohannes precessit christum. Lu 1,76: Tu puer propheta altissimi uocaberis, etc. usque eius. 221. ff. 95r-95v - septimus - Hic uenit in testimonium ut testimonium perhiberet de lumine. Io 1,7. - Ad quid fuit premissus Iohannes babtista ostendit euangelista breuiter in hiis uerbis… - Io 1,26: ego babtizo in aqua, quasi dicat, non in spiritu sicut christus babtizabat, enim tantum assuefactionis non remissionis. 222. f. 95v - sermo octauus - Tu puer propheta altissimi uocaberis, etc. usque eius. Lu 1,76. - Hic duo breuiter requiramus: Primo, quid beatus Iohannes prophetauit… - salutaris scientie. Lu 1,76-77: preibit enim ante faciem domini parare uias eius, ad dandam sicentiam salutis plebi eius. 223. ff. 95v-96r - Incipit sermo primus in festiuitate IOHANNIS ET PAULI - Rex iustus erigit terram: uir auarus destruet eam. Prou 29,4. - Expressissime noster spiritus sanctus in hiis de Constantino et piissimo rege et de Iuliano apostata pessimo et auarissimo prophetasse… - hiis omnibus adoptari potest hoc quod dicitur Sa 6,2-12: Audite ergo reges et intelligite, etc. usque habebitis disciplinam. 224. ff. 96r-96v - sermo secundus - Dico autem uobis amicis meis: etc. usque in gehennam. Lu 12,4-5. - Bene seruauerunt hoc mandatum christi isti duo fideles eius amici, scilicet, Iohannis et pauli… - Sa 5,17: ideo regnum accipiam decoris, etc. usque domini. Bene dicit de manu, quia incontinenti paratum habet dare. ccx 225. ff. 96v-97v - Incipit sermo primus in festiuitate apostolorum PETRI ET PAULI - Fac tibi duas tubas argenteas, etc. usque castra. Num 10,2. - Verba sunt patris loquentis ad filium qui bene per moysem intelligitur triplici ratione… - «ut ubi principes gentilium uel gentium habitabant, illic, ecclesiarum principes morerentur». (Dec. Grat.) 226. ff. 97v-98r - Item eorumdem sermo secundus - Letare zabulon in exitu tuo et ysacar, etc. usque arenarum. Deu 33,18-19. - Beatus petrus et paulus a multis comendantur figuraliter in hiis uerbis… - Eccli 51,30: dedit michi dominus linguam mercedem meam, id est, causam mercedis mee; et in ipsa laudabo eum. 227. ff. 98r-98v - Item eorumdem sermo tercius - Saul et ionathas amabiles et decori, etc. usque fortiores. II Reg 1,23. - Per istos duos principes sinagoge pulcre petrus et paulus fuerunt ecclesie principes prefigurati… - quos tamen ipsi per fidem et pacientiam deuicerunt, He 11,33, sancti per fidem uicerunt regna. 228. ff. 98v-99r - Item eorumdem sermo quartus - Principes populorum congregati cum deo abraham. Ps 46,10. - Dominus ihesus xps. deus, non solum abrahe sed et ysaac et iacob uno… - Mt 23,37-39: ierusalem, ierusalem, que occidis prophetas, etc. usque in finem capituli. - [Glossarium] ¶ cephas hebreum ¶ petrus grecum ¶ agnocens latinum ¶ rabi grece ¶ magister latine. 229. f. 99r - quintus - Frater qui adiuuatur a frate quasi ciuitas firma. Prou 18,19. Hii sunt petrus et paulus… - Col 2,20-23 : si mortui estis cum xpo., etc. usque in finem capituli. 230. ff. 99r-99v - sermo sextus - Nimis honorificati sunt amici tui deus. Ps 138,17. Hii sunt apostoli specialiter… - Mt 19,28: Amen dico uobis, quod uos qui ‘reliquistis, etc. usque tribus israel. 231. ff. 99v-100r - Item eorumdem sermo septimus - Isti sunt duo filii olei, etc. usque terre. Za 4,14. - Verba hec dixit angelus zacharie in quibus uidetur quasi digito demonstrare… - quia ergo tales per enigmatam non uident obscurum, sed per splendorem fulgidum; bene dicitur: Isti, etc. - [Admonitio] ¶ Inuenies de hoc tegmate in festo symonis et iude. 232. f. 100r - sermo octauus - Scio cui credidi et certus, etc. usque diem. II Ti 1,12. Quando apostolus reliquerat gentem suam, consanguineos, amicos et possessiones pro ihesu… - Tu igitur si sic commiseris depositum tuum secure potes dicere: scio cui credidi, etc. 233. ff. 100r-101v - sermo nonus - Zabulon et nephthali, etc. usque morome. Iud 5,18. - Zabulon, etc.; legitur in libro Iud IIIIº et Vº per totum… - roma enim ‘sublimis’ interpretatur, et significat sanctam ecclesiam extra quam nullus potest perfecte obedire in religione. - [Prothema] ff. 110r. - Ge 44,1: Imple saccos eorum frumento, quantum capere possunt. - In hac IIª auctoritate notantur quatuor… - Vnde versus: «Sicut in omne quod est mensuram ponere prodet, sic sine mensura deperit omne quod est». 234. ff. 101v-102r - Incipit sermo primus in festo sancte MARINE - Super aspidem et basiliscum, etc. usque et drachonem. Ps 90,13. - Hec promissio diuina optime completa est in beata Marina… - quia deuorat per uoracitatem. Iª Pe 5,8: sobrii estote et uigilate, etc. usque deuoret. 235. ff. 102r-102v - sermo secundus - Michi autem absit gloriari, nisi in cruce domini nostri ihesu christi. Gal 6,14. - Pulcre conuenit beate Marine uirgini uerba ista… - In possessionibus irriguis, Jer 49,4 : quid gloriaris in uallibus, etc. usque delicata. 236. f. 102v - Incipit sermo primus in festo sancte MARGARITE - Simile est regnum celorum homini negotiatori, etc. usque emit eam. Mt 13,45-46. - Bene competit hoc tegma beate margarite uirgini… - pro hac igitur margarita dedit christus omnia sua, sicut dicit Iere 12,7: Reliqui domum meam, dimisi hereditatem, etc. usque eius. 237. ff. 102v-103v - sermo secundus - Respexit in orationem humilium et non spreuit precem eorum. Ps 101,18. - Hec que dicit propheta satis aperte deus confirmauit in passione ccxi beate margarite… - Augustinus: «Nec satiabitur illis diebus mirabiliter considerare altitudinem diuini consilii super salutem humani generis». 238. f. 103v - Incipit sermo primus in festo sancte MARIE MAGDALENE Considerauit semitas domus sue et panem ociosa non comedet. Prou 31,27. - Duo status Marie magdalene notantur hic… - de qua Gregorius: «Considerauit namque quid fecit et noluit moderari quid faceret». 239. ff. 103v-104r - sermo secundus - Babilon, dilecta mea, posita est michi in miraculum. Ys 21,4. - Tres status istius magdalene indicat nobis spiritus sanctus… - Vnde uersus: «Vile Marie forum uas septem demoniorum. Plorans in modice, fit apostola de meretrice». 240. f. 104r - sermo tercius - Dum esset rex in accubitu suo, nardus mea dedit odorem suum. Can 1,11. - Hec uerba sponse obtime conueniunt magdalene… - (Lu) 22,2930: ego dispono uobis sicut disposuit, etc. usque mensam meam. 241. ff. 104r-104v - sermo quartus - Remittuntur ei peccata multa, quoniam dilexit multum. Lu 7,47. - Primo, quoad habitum, quia magnam habuit caritatem… - eternali coronatione. Lu 10,42: Maria obtimam partem elegit, que non auferetur ab ea. 242. ff. 104v-105v - sermo quintus - Ego diligentes me diligo et, qui mane uigilant ad me, inuenient me. Prou 8,17. - Hoc dicit christus de amicis suis inter quos beata Maria magdalena magnum obtinet locum honoris… - Maria igitur magdalena utroque istorum brachiorum amplexata est christum. 243. f. 105v - sextus - Maria optimam partem elegit. Lu 10,42. - Nota quia bona est: Prima pars, de peccatis conteri et humiliari… - Ys 17,14: hec est pars eorum qui uastauerunt nos et sors diripientium nos. 244. ff. 105v-106r - sermo septimus - Mulierem fortem quis inueniet? Prou 31,10. Hec uerba bene conueniunt beate Marie magdalene… - «Considerauit namque quid fecit et noluit moderari quod faceret». (Gregorius) 245. f. 106r - octauus - Rogauit autem illum quidam phariseum ut manducaret cum illo. Luc 7,36. - Hec mulier in multis comendabilis est… - Ambrosius: «Conuertit ad uirtutum meritum numerum criminum ut totum seruiret deo in penitentia quicquid ex se deum offenderat in culpa». 246. ff. 106r-106v - sermo nonus - Fallax gratia et uana est pulcritudo: mulier timens dominum ipsa laudabitur. Prou 31,30. - Hic notantur tres status Marie magdalene… - «agnus dei qui tollis peccata mundi: dona nobis pacem», ad statum glorie exaltando. 247. ff. 106v-107r - Incipit sermo primus in festiuitate sancti IACOBI apostoli Affinibus (lege, a finibus) terre laudes audiuimus, gloriam iusti. Ysa 24,16. - Bene competit beato iacobo istud thema qui est in terre finibus collocatus… - ratione ipsius apostoli apud deum intercessionum. 248. ff. 107r-107v - sermo secundus - Suspensus est haman in patibulo quod parauerat mardocheo; et regis ira quieuit. Hes 7,10. - Quia hec hystoria ualde hedifficatoria est… - Vnde colligitur quod propter impuritatem malefactorum pestilencie inducuntur et propter executionem iusticie remouentur. 249. ff. 107v-108r - sermo tercius -Vir bonus fidem facit proximo suo et qui perdiderit confusionem derelinquet sibi. Eccli 29,19. - Duo notantur expressissime in hiis uerbis… - (Prou) 20,6: Multi homines uocantur misericordes; uirum autem fidelem quis inueniet? 250. f. 108v - sermo quartus - Qui aceruat ex animo suo, etc. usque luxuriabitur. Eccli 14,4. - Quam uera sit hec spiritus sancti sententia ostenditur in miraculis beati Iacobi exigente iusticia… - Eccle 2,18: rursus detestatus sum, etc. usque laborare sub sole. 251. ff. 108v-109r - sermo quintus - A malo consiliario serua animam tuam. Eccli 37,9. - Beatus esset qui hoc sancti spiritus consilium obseruaret… - per timorem dei et misericordie et expectatione. Eccli 34,19: ecce occuli domini super timentes eum. ccxii 252. ff. 109r-109v - sermo sextus - Ad aliquem sanctorum conuertere. Iob 5,1. Huius salubris consilii debemus in nostris periculis recordari… - ut Iudei. Tren 4,17: defecerunt occuli nostri, etc. usque non poterat. 253. ff. 109v-110r - septimus - Petitis et non accipitis, eo quod male petatis. Ia 4,3. Veritas auctoritatis huius pulcre in miraculis beati Iacobi declaratur… - gemebant et flebant concupiscentia, cucumerum, alliorum, peponum atque porrorum. Num 11,1-5: Interea ortum est murmur, etc. usque allia. 254. ff. 110r-110v - sermo octauus - Inuoca me in die tribulationis et eruam te et honorificabis me. Ps 49,15. - Hoc quod deus dicit de se… - Glosa, Ambrosius: «quia diuino exemplo monet nos deus pati, unde salus eterna erit uobis». 255. ff. 110v-111r - sermo nonus - Terram, in qua dormis, tibi dabo, etc. usque meridiem. Ge 28,13-14. - Secundum historiam uidit Iacob scalam in somnis… - Tob 13,1415: Nationes ex longinquo ad te uenient et munera, etc. usque et nomen magnum. 256. ff. 111r-112r - sermo decimus - Potestis bibere calicem quem ego bibiturus sum? Mt 20,22. - Hec uerba dicit christus beato Iacobo et Iohanni consobrinis suis… - de isto igitur calice intelligitur cum dicit: potestis bibere, etc. 257. f. 112r - sermo decimus primus - Consumatus in breui, expleuit tempora multa. Sa 4,13. - Bene competit hoc beato Iacobo… - He 11,39-40: hii omnes testimonio fidei probati, etc. usque consumarentur. 258. ff. 112r-112v - [sermo decimus secundus] - Iacob elegit sibi dominus, id est, iacobum, et israel, iohannem fratrem eius, Ps 134,4, qui alcius quam ceteri euangeliste uidit uerbum dei, Io 1,1: In principio erat uerbum et uerbum erat apud deum, in possessionem sibi non quia ipse eis, sed ipsi eo possidere indigebant. - In Iacob intelligitur Iacobus propter nominis interpretationem… - IIIº, contra esau gule. 259. ff. 112v-113r - decimus tercius - Transtulit illos per mare rubrum et transuexit per aquam nimiam. Sa 10,18. - Hec hystoria de moyse et iudeis pulcra figura fuit future translationis beati Iacobi… - similiter beatus Iacobus in celestem paradisum, utinam et uos cum eo. 260. ff. 113r-113v - Incipit sermo primus in CATHENA UEL UINCULIS SANCTI PETRI - Dirupisti uincula mea: etc. usque inuocabo. Ps 115,16-17. - «Iste uersus tante uirtutis a quibusdam creditur ut peccata homini dimittantur… - laudis sponse. Ps 49,23: sacrificum laudis honorificat me, etc. usque dei. 261. f. 113v - sermo secundus - Quod de carcere cathenisque, etc. usque consumatur, suple, accidere potest. Eccle 4,14. - Pulcre predixit spiritus sanctus in hiis uerbis: Primo, beati petri incarcerati… - de hac triplici inopia ait Ps 33,10: timete dominum, omnes sancti eius, quoniam non est, etc. 262. ff. 113v-114r - sermo tercius - Nunc scio uere, etc. usque iudeorum. Ac 12,11. Secundum hystoriam uerba sunt beati petri educti ab angelo de carcere… - Vnde hic dicitur: Nunc scio, etc. 263. ff. 114r-115r - Incipit sermo primus in festo sancti DOMINICI PREDICATORUM - Quasi stella matutina, etc. usque templo dei. Eccli l,6-7. - Spiritus sanctus tribus rebus comparat beatum Dominicum in hiis uerbis… - quasi tot clarissimos radios per orbem longe lateque transmisit. 264. ff. 115r-115v - sermo secundus - Vir obediens loquetur uictoriam. Prou 21,28. Cum deus dixerit in die iudicii unicuique nostrum… - Eccli 20,13: sapiens in uerbis amabile seipsum facit. 265. f. 115v - sermo tercius - Beatus uir qui inuentus est sine macula, etc. usque in uita sua. Eccli 31,8-9. - Septem in hiis uerbis ad laudem beati dominici pertinentia describuntur… - Eccli 11,30: ante mortem ne laudes hominem quemquam. 266. ff. 115v-116r - sermo quartus - Filii syon exultate, etc. usque doctorem <iustum>. Ioel 2,23. - Notandum quod quandocumque congregamur ad sancti alicuius solemnia celebranda propter ihesum… - Eze 33,30-33: fili<i> hominis, filii populi tui, etc. usque ad finem capituli. ccxiii 267. f. 116r - quintus - Ipse est directus diuinitus, etc. usque pietatem. Eccli 49,3-4. A quinque commendatur beatus dominicus in hiis uerbis… - Vnde bene competit sibi illa oratio Iudit 9,18-19: …ut domus tua, id est, sancta ecclesia, in tua sanctifficatione permaneat, et omnes gentes agnoscant quia tu es deus, et non est alius, ut dicunt heretici, preter te. 268. ff. 116r-117r - sermo sextus - Qui custos est domini sui glorificabitur. Prou 27,18. - Hic est beatus dominicus, qui dicitur dominicus, id est, a domino… - Vnde in uita eius: «Inerat ei mira et pene incredibilis», etc. (Jordanus de Sax.). 269. f. 117r - sermo septimus - Dilectus a deo et hominibus, etc. usque sanctorum. Eccli 45,1-2. - Hic tria breuiter requiramus: Primo, quare beatus dominicus dilectus… - hanc non solum habuit beatus dominicus, sed et iustis et peccatoribus ut respirarent predicauit. 270. ff. 117r-117v - sermo octauus - Iustum deduxit dominus per uias rectas, Sa 10,10, id est, beatum dominicum, et ostendit illi regnum dei, id est, celum empirium… Videamus igitur per quas uias bonas duxit christus beatum dominicum… - quorum unum ab hereticis seductus, alter uero a sarracenis captus erat. 271. ff. 117v-118r - sermo nonus - Surrexit helyas propheta, quasi ignis, etc. usque ardebat. Eccli 48,1. - Hec uerba dicit spiritus sanctus in laude helye prophete… - hec enim sunt de officio predicationis uel prophetie. Iere 1,10: ecce constitui te hodie, etc. usque et plantes. - [Prothema] ff. 117v. - Dominus dedit michi linguam eruditam, etc. usque uerbo. Ys 50,4. - Gregorius: «pensare enim debet doctor… - si enim unum horum defuerit, locutio <apta> non erit». 272. ff. 118r-118v - Item in TRANSLATIONE eiusdem. Sermo decimus - Ecce odor, etc. usque dominus. Ge 27,27. - Verba hec que de patriarcha iacob iuxta litteram dicta sunt… - Audi: «in ciuitate domini clare sonant iugiter organa sanctorum, ibi, cinamomi et balsami odor suavissimus corpora sanctorum, ibi angeli et archangeli…». (Ant. ). 273. ff. 118v-119r - Incipit sermo primus in festiuitate sancti LAURENCII - Igne me examinasti et non est inuenta in me iniquitas. Ps 16,3. - Ille magister ordinis immo ordinum celi qui ait, Io 13,13: Vos uocatis me magister et domine… - Eze 22,18: fili hominis, uersa est michi domus israel in scoriam, etc. usque facti sunt. 274. f. 119r - sermo secundus - Obsecro uos per misericordiam, etc. usque obsequium uestrum. Ro 12,1. - Bene acquieuit huic consilio sanctus laurencius… - «nequid parum, nequid nimis», secundum philosophum, quia omne quod est nimium uertitur in uicium. 275. ff. 119r-119v - tercius - Omnis qui confitebitur me coram hominibus, etc. usque in celis est. Mt 10,32. - Verba christi sunt exhortantis nos ad martirium pro suo nomine… Phi 2,10-11: In nomine ihesu omne genu, etc. usque dei patris. 276. f. 119v - quartus - Si quis michi ministraverit, honorificabit eum pater meus qui est in celis. Io 12,26. - Beatus laurentius tanquam idoneus minister quatuor bona christo liberaliter ministrauit… - Ps 71,14: ex usuris et iniquitate, etc. usque illo. 277. ff. 119v-120r - sermo quintus - Aperite michi portas iusticie et ingressus in eas, confitebor domino. Ps 117,19. - Hec uerba potuerunt esse beati laurencii loquentis ad angelos… - quia aliquam delectationem habebunt ex eo quod sunt et nullam penam sensus habebunt. 278. ff. 120r - sextus - Nisi granum frumenti cadens, etc. usque manet. Io 12,24-25. Assimilat se christus: Primo, grano frumenti… - sed quandoque uentus urens excutit et siccat et consumit eas, id est, uentus luxurie, qui multas spicas consumit. 279. ff. 120r-120v - Incipit sermo primus in festo sancti YPOLITI - Alii autem distenti non suscipientes redemptionem ut meliorem inuenirent ressurrectionem. He 11,35. Inter multa et uaria genera tormentorum beatorum martirum… - dominus det nobis in utroque extendi ut ualeamus utroque perfectissime repleri, amen. 280. ff. 120v-121v - Incipit sermo primus in festiuitate ASSUMPTIONIS BEATISSIME UIRGINIS MARIE - Beatam me dicent omnes generationes, quia fecit michi ccxiv magna qui potens est. Lu 1,48-49. - Verba sunt uirginis gloriose… - In tali statu est beatissima mater christi. 281. ff. 121v-122r - sermo secundus - Tenuisti manum dexteram meam et in uoluntate tua deduxisti me et cum gloria suscepisti me. Ps 72,24. - Verba sunt beate uirginis multa sibi collata dei beneficia numerantis... - de qua gloriatur dicens, Lu i, d, [48]: quia respexit humilitatem, etc. ». 282. ff. 122r-122v - sermo tercius - Que est ista que ascendit de deserto, deliciis afluens, innixa super dilectum suum? Can 8,5. - Vox angelorum potest esse admirancium beate uirginis ascenssum… - [Io ] 16,22: Iterum autem uidebo uos, etc. usque nemo tollet a uobis. 283. ff. 122v-123r - quartus - Introduxit me in cellam uinariam. Can 2,4. - Quando christus cum matre et discipulis suis fuit in nuptiis… - Io 13,2-3: Vado parare uobis locum, etc. usque et uos sitis. 284. ff. 123r-123v - sermo quintus - Mense septimo requieuit archa super montes armenie. Ge 8,4. - Hec est beata uirgo de qua dicitur: «beata mater munere…» … - in quolibet folio scriptum erat: «Aue Maria, gratia plena, dominus tecum, benedicta tu in mulieribus et benedictus fructus uentris tui». 285. ff. 123v-124r - sermo sextus - Benedixisti domine terram tuam. Ps 84,2. - Terra dicitur beata uirgo que hodie benedictione celestem fuit a domino consecuta… - in ascensione celi hodie dicente filio, Mt 25,34: Veni, benedicta patris mei percipere regnum quod tibi paratum est ab origine mundi. 286. ff. 124r-124v - septimus - Fons <h>ortorum puteus aquarum, etc. usque de libano. Can 4,15. - Tribus comparatur beata uirgo… - et hoc impetu, quia se fideliter inuocantes, non patitur diutius clamitare. 287. f. 124v - octauus - Maria obtimam partem elegit. Lu 10,42. - Valde bene conuenit hoc exemplum beate uirgini… - Item Eccli 24,11: In omnibus requiem quesiui et in hereditate domini morabor. 288. ff. 124v-125r - sermo nonus - Que est ista que ascendit per desertum. Can 3,6. Ter positus huius ammirationis questio in canticis de beata uirgine… - affluens sibi angelis, hominibus iustis et peccatoribus. 289. f. 125r - Item eiusdem sermo decimus - Regina saba ingressa, etc. usque multis. III Reg 10,1-2. - Tria describuntur circa beatam uirginem in hiis uerbis: Primo, assumptio eius… - et cum multis diuiciis uirtutum et bonorum operum, sed multo plura dedit ei rex quam ipsa attulerat. 290. ff. 125r-125v - decimus primus - Domum maiestatis mee glorifficabo. Ys 60,7. Hoc promisit filius dei beate uirgini matri sue… - Ag 2,10: Magna erit gloria, etc. usque dicit dominus. 291. f. 125v - sermo decimus secundus - Surge propera amica mea, columba, etc. usque recessit. Can 2,10-11. - Sanctorum sentenciis concordando uerba hec sic sine preiuditio exponamus… - et Apc 7,17: Absterget deus omnem lacrymam ab occulis eorum, scilicet, sanctorum. (Apc ) 21,4 : Absterget, etc. usque abierunt. 292. ff. 125v-126r - decimus tercius - Desiderium cordis eius tribuisti ei. Ps 20,3. Videtur propheta hic gratias agere deo de beneficiis que hodie contulit dominus matri sue… Vtinam et nos eum cum ipsa desideremus et cum ipsa et ab ipsa ipsum recipere ualeamus, amen. 293. ff. 126r-126v - decimus quartus - Delectaberis super domino; et sustollam, etc. usque patris tui. Ys 58,14. - Tria maxima beneficia promisit deus matri sue in hiis uerbis… (Ps) 103,34: Iocundum sit ei eloquium meum; ego uero delectabor in domino. 294. ff. 126v-127v - decimus quintus - Mulier gratiosa inueniet gloriam. Prou 11,16. Hec quatuor uerba precipue conueniunt beate Virgini… - Inuenit igitur gloriam non solum in anima, sed etiam in corpore et anima, quod uere credo, uere confiteor. - [Prothema] ff. 126v. - Iob 37,11: frumentum desiderat nubes et nubes spargunt lumen suum. - In hac IIª auctoritate tria notantur: Primo, Congregatio electorum… - «Nubes lumen spargere est predicatores sanctos exempla uite et agendo et loquendo dilatare». (Gregorius) 295. ff. 127v - Incipit sermo primus in festiuitate sancti BARTHOLOMEI apostoli - In die illa clangetur in tuba magna, etc. usque in ierusalem. Ys 27,13. - Bene fuit hec prophetata ccxv predictio beati bartholomei, cuius predicationis uox uehemens tuba erat… - Ys 2,2: erit in nouissimis diebus, etc. usque omnes gentes. 296. ff. 128r-128v - sermo secundus - Pellem pro pelle et cuncta que habet homo dabit pro anima sua. Iob 2,4. - Bene competunt uerba hec beato Bartholomeo… - Item secundum philosophum ‘homo est animal mansuetum, etc.’; et quis beato Bartholomeo mansuetior? 297. ff. 128v-129r - sermo tercius - Multi uenient ab oriente, etc. usque celorum. Mt 8,11. - Hos populos beatus Bartholomeus ad regni celesti delicias uocauit… - Exo 9,23-24: pluit dominus grandinem super terram egipti. Et grando et ignis mixta pariter ferebantur. 298. f. 129r - quartus - Propter te mortifficamur tota die; extimati (sic) sumus sicut oues occisionis. Ps 43,22. - De numero istorum fuit beatus Bartholomeus… - ratione utilitatis, quicquid enim inuentum est totum ualde utile est. 299. f. 129r - sermo quintus - Iacta cogitationem tuam in dominum, etc. usque iusto. Ps 54,23. - Huic consilio sancti spiritus beatus Bartholomeus facile acquieuit… - Ys 57,13: qui autem fiduciam habet ei, hereditabit terram, et possidebit montem sanctum meum. 300. ff. 129r-129v - sermo sextus - Nocentes peribunt qui te uexauerunt; etc. usque punientur. Bar 4,31. - Hec diuina promissio satis uerifficata fuit in eos qui beatum Bartholomeum uexauerunt… - si igitur de malo inimici gaudendum non est, quanto magis de molestia uiri sancti. 301. f. 129v - sermo septimus - Beatus qui excutit manus suas ab omni munere. Ys 33,15. - ‘Beatus’ non est de textu, sed sancti (patres) apponunt quia subintelligitur… - ut uitam eternam accipiamus. Prou 15,27: Conturbar domum suam, etc. usque uiuet. 302. ff. 129v-130r - sermo octauus - Nuncius impii cadet in malum. Prou 13,17. - Isti nuncii sunt minores demones quos Luciffer impius mittit ad homines subuertendos… - ubi hermogenes misit demones contra beatum iacobum, qui ignibus sunt exusti. 303. f. 130r - Incipit sermo primus in festo sancti AUGUSTINI - State super uias uestras et uidete, etc. usque animabus uestris. Iere 6,16. - Hoc consilium spiritus sancti bene accepit beatus Augustinus… - omnes isti uias asperas tenuerunt; et tu fac similiter. 304. ff. 130r-130v - secundus - Accedite ad dominum, etc. usque confundentur. Ps 33,6. - Ita fecit beatus Augustinus, qui longe inuenit se a deo in regionem dissimilitudinis… - de penitentibus uero Ys 54,4-5: Noli timere, quia non confunderis, etc. usque qui fecit te. 305. f. 130v - tercius - Benedictio perituri super me ueniebat et cor uidue consolatus sum. Iob 29,13. - Hec sancta uidua fuit mater Augustini… - in celo recipiendo. Ps 145,9: pupillum et uiduam suscipiet, id est, sursum accipiet. - [Admonitio] si quis autem uult scire qualiter Augustinus pro liberatione sua domino benedixerit, in libro Confessionum eius poterit inuenire. 306. ff. 130v-131r - quartus - Benedictio illius qui apparuit in rubo, id est, uirginis utero, ueniat super caput ioseph. Deu 33,16. - Per ioseph bene intelligitur beatus Augustinus… quod pro nobis concedat qui pro nobis mortuus est et uiuit in secula seculorum. Amen. 307. ff. 131v-132r - Incipit sermo primus in festiuitate DECOLLATIONIS SANCTI IOHANNIS BABTISTE - Speciem mulieris aliene, etc. usque exardescit. Eccli 9,11. - De numero istorum fuit herodes pessimus… - et finees perfodit uirum et mulierem et occidit. Num 25,6-8: ecce unus de filiis israel, etc. usque genitalibus. 308. f. 132r - sermo secundus - Cum saltatrice ne assiduus sis, etc. usque illius. Eccli 9,4. - Hoc consilium Herodes accipere noluit et ideo periit in efficacia saltatricis… - Gregorius: « … in finis sui dampnationem sensuri sunt, quia mortem male uiuentes amauerunt». 309. ff. 132r-133r - sermo tercius - Iustus ut palma florebit sicut cedrus libani multiplicabitur. Ps 91,13. - Iustus erat Iohannes iuxta diffinitionem salomonis… - propter umbram refrigidantem, consolationem afflictis temptationum ardoribus succurrentem. 310. ff. 133r - sermo quartus - Hodio (sic) habuerunt in porta corripientem et loquentem perfecte abhominati sunt. Am 5,10. - Quatuor notantur in hac auctoritate… Bernardus: «… que nimia (lege, ruina) peccati, cordis sanitas est Dei uia ad animam». 311. ff. 133r-133v - sermo quintus - Misso herodes spiculatore, precepit aferri caput eius, scilicet, iohannis, in disco. Mr 6,27. - Credendum est, ut dicunt sancti, quod de morte ccxvi iohannis… - « …quem post beata ceta inter alpes tulit, et dicitur esse in ecclesia mancitana». (Hist. Scholastica). 312. ff. 133v-134r - sermo sextus - Misso spiculatore, etc. usque in disco. Mr 6,27. Iohannes in carcere est penitens in claustro uel in penitentia… - Ab hac frequenter diripitur uel euitur. Iob 40,25: concident eum amici; diuident istum negotiatores. 313. ff. 134r-135r - Incipit sermo primus in festo NATIUITATIS BEATISSIME VIRGINIS MARIE - Orietur stella ex iacob. Num 24,17. - Hic spiritus sanctus beate Marie natiuitatem apertissime prophetauit… - Eccli 43,26 : qui nauigant mare narrent pericula eius, qui enim ibi submerguntur, iam non possunt narrare. 314. ff. 135r-135v - sermo secundus - Aufer rubiginem de argento et egredietur uas purissimum. Prou 25,4. - Potuerunt hec esse uerba dei patris ad spiritum sanctum loquentis ut sanctifficaret beatam uirginem… - purissimum. Vnde hic dicitur: Aufer rubiginem de argento, etc. 315. f. 135v - sermo tercius - Fons ascendebat e terra irrigans uniuersam superficiem terre; et infra: fluuius egrediebatur, etc. usque quatuor capita. Ge 2,6,10. - Aperte fuit hic prophetata natiuitas beate uirginis… - plurimi dicuntur fontes propter plures modos letifficandi. 316. ff. 135v-136r - quartus - Ioatham edifficauit portam domus domini sublimissimam. IIII Reg 15,35. - Tunc Ioatham edifficauit portam in domo domini sublimissimam, quando christus nasci fecit in ecclesia mariam… - Hec est enim thesauraria, hec est et helemosinaria summi regis, a qua nullus unquam uacua manu dicessit. 317. ff. 136r-136v - sermo quintus - Non est bonum esse hominem solum; faciamus ei adiutorium similem sibi. Ge 2,18. - Secundum hystoriam uerba sunt Trinitatis loquentis de Eua… - Hec est enim ¶ thesauraria ¶ hec est et helemosinaria summi regis, a qua nullus unquam uacua manu dicessit. 318. ff. 136v-137r - sextus - Sapientia edifficauit sibi domum excidit columnas septem. Prou 9,1. - Pulcre fuit hic beate uirginis factio seu natiuitas prophetata… - sunt septem dona spiritus sancti, de quibus Ys 11,1-3: egredietur uirga de radice, etc. usque timoris domini. 319. ff. 137r-137v - septimus - Iudeis autem noua lux oriri uisa, etc. usque pronuncias. Hes 8,16-17. - In hiis uerbis paucis septem circa beatam uirginem describuntur… - Vnde dixit dauid [Ps] 117,24: hec dies, id est, extra psaltemus, hoc est tripudiare, et letemur in ea. 320. f. 137v - sermo octauus - Egredietur uirga de radice iesse, etc. usque timoris domini. Ys 11,1-3. - Hoc prophetatum fuit de natiuitate beate uirginis… - sumitate deflexa per ueram humilitatem. 321. ff. 137v-138r - sermo nonus - Egredietur uirga, etc. ut supra. - In precedenti collatione dictum est de uirge proprietatibus… - He 11,21: Adorauit fastigium uirge eius. 322. f. 138r - Sermo decimus - Egredietur uirga, etc. ut supra. - In hac tercia collatione de qualitate et utilitate fructuum uideamus… - ita ut dicant, Ps 30,20: quam magna multitudo dulcedinis tue domine, quam abscondisti timentibus te. 323. ff. 138r-138v - sermo decimus primus - Fenestram in archa facies et in cubito consummabis summitatem eius. Ge 6,16. - Fenestra in archa facta est beata uirgo in ecclesia nata… - sed ego ponam multas cloacas per quas descendat multitudo lasciuientium in infernum. 324. ff. 138v-139v - Incipit sermo primus in festo EXALTATIONIS SANCTE CRUCIS Michi autem absit gloriari nisi in cruce domini nostri ihesu xpi. Gal 6,14. - Hec uerba beati apostoli obtime conueniunt eruelio fidelissimo imperatori… - de hac Ys 22,22: dabo clauem domus dauid super umerum eius. 325. ff. 139v-140v - secundus - Si quis uult post me, etc. [venire, abneget semetipsum et tollat crucem suam quotidie et] usque sequatur me. Lu 9,23. - Verba sunt dulcissimi nostri Saluatoris… - Crisostomus: « … et quam uerecundum est christi professoribus non eandem ostendere uirtutem». 326. ff. 140v-141r - sermo tercius - Ego dominus exaltaui lignum humile. Eze 17,24. Exaltationem ligni sancte crucis multum expresse predixit… - nunc heraclius imperator fidelissimus iam exaltat et deus in manibus angelicis sursum monstrat sicut in ipsa hystoria pulcre patet. ccxvii 327. f. 141r - quartus - Leuabit dominus signum in nationes, etc. usque plagis terre. Ys 11,12. - Quatuor notantur in hac auctoritate: Primo, crucis christi exaltatio… - scilicet: ab oriente, occidente, meridie et stentrione; hec enim quatuor crucis brachia presignabant. 328. ff. 141r-141v - sermo quintus - Exaltabuntur cornua iusti. Ps 74,11. - Satis expresse fuit hic prophetata exaltatio crucis christi… - hoc est quod dicit apostolus Col 2,14: delens quod aduersus non, etc. usque illud cruci. 329. f. 141v - sermo sextus - Transite, transite, etc. usque signum, Ys 62,10, ad populos. - Precipit dominus quinque prelatis et predicatoribus in hiis uerbis… - Et ideo Ps 106,4: errauerunt in inaquoso, etc.usque non inuenerunt. 330. ff. 141v-142v - Incipit sermo beati CORNELII in eadem festiuitate - Rectorem te posuerunt, etc. usque ex ipsis. Eccli 32,1. - Hoc uerbum spiritus sancti bene compleuit beatus cornelius, qui licet papa et rector… - Seneca: «Innumerabiles sunt qui populos qui urbes habuerunt, paucissimi qui se in potestate». 331. ff. 142v-143v - Incipit sermo primus beati CIPRIANI in eadem die - Vbi habundauit delictum superhabundauit et gratiam. Ro 5,20. - Hoc uerbum sancti apostoli bene claruit in cipriano primo mago diaboli et post martirem christi... - Augustinus: « … reus est irremissibili peccato in spiritum sanctum in quo christus peccata dimittit». 332. ff. 143v-144r - sermo secundus - Per multas tribulationes oportet nos introire in regnum dei. Actus 14,21. - Hiis uerbis confundit beatus ciprianus cutelimum comitem tortorem suum… - Iere 30,7: tempus tribulationis iacob et ex ipso saluabitur. 333. ff. 144r-144v - Incipit sermo primus in festo beati MATHEI apostoli - Primus ad syon dicet: etc. usque dabo. Ys 41,27. - Quatuor notantur in hac auctoritate: Primum, creatoris aduentum… - Ys 33,22: dominus enim iudex noster, dominus legifer noster, dominus rex noster: hic trinitas inuenitur. 334. ff. 144v-145r - secundus - Orate pro persequentibus, etc. usque in celis est. Mt 5,44-45. - Hanc auctoritatem beatus Matheus a christo didicit et scripsit… - magna nostra <hereditas>. Ro 8,17: quod si filii et heredes, etc. usque christi. 335. ff. 145r-145v - sermo tercius - Negotiatio ethiopie et sabaim, etc. usque absque te deus. Ys 45,14. - Hoc quod deus pater christo filio suo promisit… - «fides enim catholica hec est: ut unum deum in trinitate, etc. usque separantes» (Symbolum ‘Quicumque’). 336. ff. 145v-146r - sermo quartus - Emulor uos dei emulatione, etc. usque christo. IIª Cor 11,2. - Bene potest beatus Matheus apostolus hec dicere de ephigenia, filia regis, uirgine consecrata… - hii sunt heretici, Gal 4,17: emulantur uos non bene; sed excludere uos uolunt, ut illos emulemini. 337. ff. 146r-146v - sermo quintus - Facienti nequissimum consilium, etc. usque illi. Eccli 27,30. - Bene fuit hec auctoritas in rege hyrtaci crudeli et libidinoso uerissime comprobata… - Eccle 9,12: sicut pisces capiuntur hamo, etc. usque superueniret. 338. ff. 146v-147r - sextus - Cum pertransisset ihesus uidit hominem, etc. usque sequere me. Mt 9,9. - In hac auctoritate notantur quinque circa personam uocantis… - facile occupationes euadis, si occupationum precia contempseris. 339. f. 147r - sermo septimus - Non est opus ualentibus medico sed male habentibus. Mt 9,12. - Peccator est infirmus; Medicus uero christus… - Augustinus: « … omnia deprauata corrigentem, omnia perdita restaurantem, omnia necessaria conseruantem». 340. ff. 147r-147v - sermo octauus - Patrem uocabis me et post me ingredi non cessabis. Iere 3,19. - Hac auctoritate satis patet quod cotidie non cessant sancti in celestem ingredi paradisum… - statim post purgationem ascendunt in celestem paradisum. 341. ff. 147v-148r - Incipit sermo primus in festiuitate sancti MAURICII sociorumque eius - Reddite que sunt cesaris cesari et que sunt dei deo. Mt 22,21. - Hoc dominicum uerbum eleganter impleuit legio thebeorum… - hec omnia debemus deo reddere, id est, atribuere, non diabolo sicut heretici faciunt. ccxviii 342. ff. 148r-148v - sermo secundus - Laqueo peribunt, etc. usque moriantur. Eccli 27,32. - Culpa et pena maximiani cesaris satis describitur in hiis uerbis… - Ys 24,17: formido, et fouea, et laqueus, etc. usque terre. 343. ff. 148v-149r - Incipit sermo primus in festiuitate sanctorum COSME ET DAMIANI - Vos qui dereliquistis dominum, etc. usque in gladio. Ys 65,11-12. - Ydolatras que colebant Fortunam arguit Dominus in hiis uerbis… - Ys 27,1: In die illa uisitabit dominus, etc. usque in mari est. 344. ff. 149r-149v - sermo secundus - Excecauit illos malitia eorum, etc. usque animarum sanctarum. Sap 2,21-22. - Bene competit istud thema presidi lisie infelicissimo… Sap 5,4-6: Nos insensati, uitam illorum estimabamus insaniam, etc. usque illorum est. 345. ff. 149v-151v - Incipit sermo primus in festiuitate sancti MICHAELIS archangeli - Castra dei sunt hec. Ge 32,2. - Hodie festum est angelorum et etiam fratrum cistercientium, predicatorum et minorum… - «…quoniam non comprehendimus nisi paruam scientiam substantiarum celestium propter magnitudinem nobilitatis». (Aristoteles). - [Prothema] f. 149v. - Mt 18,20: Vbi duo uel tres congregati, etc. usque eorum. - Sicut sancti patres nobis tradent, scilicet: prophete et apostoli et alii sancti, deus ubique est… - ad ipsius laudem et nostri ordinis conseruationem, et sue ecclesie edifficationem. 346. ff. 151v-152r - sermo secundus - Nonne omnes sunt administratorii spiritus? He 1,14. - Queritur in quibus angeli ministrent nobis… - legitur namque quod angelus dixit Iohanni, Apc 17,7: ego dicam tibi sacramentum mulieris et bestie que portat eam. 347. f. 152r - sermo tercius - Facis angelos tuos spiritus et ministros tuos ignem urentem. Ps 103,4. - ‘Ignis urens’ dicitur seraphim... - «Non dedignabuntur esse socii nostri qui iam facti sunt ministri nostri» (Bernardus). 348. ff. 152r-152v - quartus - Ecce ego mittam angelum meum, etc. usque putes. Exo 23,20-21. - Tria notantur in hac auctoritate diuina: Primo, diuina prouidentia… - Glo: «Angelum in custodia missum, quem sepe malefaciendo offenderunt». 349. f. 152v - sermo quintus - Tronus eius, id est dei, flamme ignis. Dan 7,9. - Flamma ignis dicuntur celestes spiritus… - « … et pro dignitate presumant, sed cherubin et seraphin, sed ipsi deo inherendo» (Bernardus). 350. ff. 152v-153r - sermo sextus - In conspectu angelorum psallam tibi. Ps 137,1. Bene concordat apostolus cum propheta… - «… state cum reuerentia et disciplina, et gloriamini quia angeli uestri cotidie uident faciem patris». - [Admonitio] Totum hoc est beatissimi Bernardi. 351. ff. 153r-153v - Incipit sermo primus in festo beati IERONIMI - Inuidia diaboli, etc. usque ex parte illius. Sa 2,24-25. - De numero istorum uidentur fuisse monachi et clerici… Augustinus: «per inuidiam crucifixus est christus. Ideo qui inuidet facto suo christum crucifigit». 352. ff. 153v-154v - sermo secundus - Ille seruus qui cognouit uoluntatem, etc. usque uapulabit multis. Lu 12,47. - Talis uerum olim fuisse beatus Ieronimus… - Sa 6,7: exiguo enim conceditur misericordia, etc. usque pacientur. 353. ff. 154v155r - sermo tercius - Vir peritus, etc. usque suavis est. Eccli 37,22. Bene hoc competit beato Ieronimo, qui peritus fuit a Gregorio naz<i>anzeno… - per mendacium adulationis acquisitus quasi sine labore cum tamen deus dixerit Ge 3,19: In sudore uultus tui uesceris pane tuo. 354. ff. 155r-156r - sermo quartus - Omnis natura bestiarum, etc. usque domare potest. Ia 3,7-8. - Bene patet hoc in beato Ieronimo, cuius sanctitas leonem domuit… - potest conuerti quam lingua a magistro refrenari». 355. ff. 156r-157r - Incipit sermo primus in festo beati FRANCISCI - Quasi stella matutina in medio nebule et quasi luna plena in diebus suis lucet et quasi sol refulgens, Ecclus 50,6-7, sic ille, scilicet, franciscus, effulsit in templo dei. - Potest dici hec prophetia de beato francisco… - «… Talia enim decet audire filium petri de benetone». (Thomas de Celano). ccxix 356. ff. 157r-157v - sermo secundus - Viam sapientie, etc. usque offendiculum. Prou 4,11-12. - Sanctam uiam qua itur ad christum dei uirtutem… - «… propterea ubique scriptum quid inueniebat reuerentissime colligebat et honesto loco ponebat ne nomen dei ibi esset» (Thomas de Celano). 357. ff. 157v-158r - Incipit sermo primus in festiuitate Sancti DIONISII - Non est michi uoluntas in uobis, id est, iudeis, etc. usque dominus exercituum. Mal 1,10-11. - Nomen christi quod infelicissimi iudei blasfemauerunt… - ceci illuminantur; hoc patet in exemplo conuersionis beati dionisii. 358. f. 158r - sermo secundus - Procul odoratur bellum, etc. usque exercitus. Iob 39,25. - Hec auctoritas pulcre uersifficata (lege, verificata) est in beato dionisio… - hoc odoratus fuit beatus dionisius et ceteri martires de quo He 11,33-34 : sumpsi uicerunt regna, etc. usque exterorum. 359. ff. 158r-158v - tercius - Glorificabit me bestia agri. Ys 43,20. - Pulcre fuit hec prophetia in beato dionisio adimpleta… - Os 2,18: percutiam eis fedus in die illa cum bestia agri. Ioel 1,20: bestie agri quasi area, etc. usque ad te. 360. f. 158v - sermo quartus - Cibauit illum panem uite et intellectus. Eccli 15,3. Quam plane christus hoc in beato dionisio compleuit… - Os 2,9: Conuertar et sumam, etc. usque lib<e>rabo. 361. ff. 158v-159r - sermo quintus - Vasa figuli probat, etc. usque tribulationis. Eccli 27,6. - Videamus quam probatus, depuratus, declaratus beatus dionisius exiit de fornace… Eccli 43,3: fornacem custodiens in operibus ardoris. 362. ff. 159r-159v - Incipit sermo primus in festiuitate sancti LUCE euangeliste Honora medicum propter necessitatem etenim illum creauit altissimus. [Eccli 38,1]. - Triplex est medicus honorandus… - [Phil 2,29]: huiusmodi honore habetote. 363. f. 159v - Item eiusdem sermo secundus - Disciplina medici exaltabit caput eius. [Eccli 38,3]. - Medicus hic fuit beatus lucas de quo Col 4,14: salutat uos lucas medicus karissimus… - Ieronimus ait: «… septuaginta quatuor annorum obiit in bithinia plenus spiritu sancto». 364. ff. 159v160r - sermo tercius - Vitulus et leo et ouis simul morabuntur. Ys 11,6. Hec prophetia impleta uidetur in beato luca, paulo et petro… - Glosa: lucas qui ait 1,5: fuit sacerdos quidam, etc.». 365. ff. 160r-160v - sermo quartus - Salutat uos lucas medicus karissimus. Col 4,14. Verba sunt apostoli; sunt autem quinque uerba in hac auctoritate in quorum quolibet beati luce euangeliste scientia multipliciter comendatur… - Vnde dicitur euangelistis communiter: labia eorum salutarem disseminauerunt scientiam. (Prov 15,7). 366. ff. 160v-161r - quintus - Anima mea turbauit me propter quadrigas aminabad. Can 6,11. - Vox est sinagoge quoad electos uel ecclesie… - Ps 142,10: spiritus tuus bonus deducet me in terra recta. 367. ff. 161r-161v - sextus - Quis ascende super equos tuos et quadrige tue saluatio? Aba 3,8. - In precedenti collatione dictum est de christi equis et quadrigis… - dispersionem. Ys 43,17: qui eduxit quadrigam et equum, etc. usque extincti sunt. 368. f. 161v - septimus - Misit sagittas suas, etc. usque conturbavit eos. Ps 17,15. Quatuor notantur in hac auctoritate: Primo, euangelistarum missio… - (Ps ) 63,9-10: … et timuit omnis homo, quoniam annunciauerunt opera dei euangeliste predicatores, et facta eius intellexerunt populi audientes. 369. ff. 161v-162r - octauus - Fecit beseleel archam de lignis sethim; conflans iiiior anulos aureos, Exo 37,1;3-5, per quatuor angulos eius. Vectes fecit de lignis sethim, quos uestiuit auro, et misit in anulos ad portandum archam. - ‘Archa’ est ecclesia… - in terram promissionis, immo in terram uiuentium, deportatur sicut in auctoritate proposita continetur. 370. ff. 162r-162v - Incipit sermo primus in festo apostolorum SYMONIS ET IUDE Dixit iudas symoni fratri suo: etc. usque galadithin. Iº Ma 5,17. - Per istos duos fratres filios ccxx mathathye figurati sunt illi duo apostoli symon et iudas… - quia iudei frequenter transeunt de prouincia in prouintiam et heretici de secta in sectam. 371. ff. 162v-163r - Item eorumdem sermo secundus - Derridetur iusti simplicitas, lampas, etc. usque statutum. [Iob 12, 4-5]. - Iusti simplices, id est, ‘sine plica’ duplicitatis et superfluitatis erant symon et iudas… - «… sed hec despectio et hoc irrisio in ipsos retorquebitur cum et habundantia eorum transierit in egestatem et superbia in confusionem». (Augustinus) 372. ff. 163r-163v - tercius - Homines pestilentes dissipant etc. usque furorem. Prou 29,8. - Isti pestilentes fuerunt duo magi zaroen et arphaxat… - Iere 51,1: cor suum leuauerunt contra me, quasi uentum pestilentem. 373. f. 163v - sermo quartus - Quis medebitur incantatori a serpente percusso. Eccli 12,13. - «Cum supradicti magi aduocatos sibi insultantes irati…» (Ps-Abdias)… - quis sit medicus, quia xps. ad quem solum medela talium noscitur peruenire. 374. ff. 163v-164r - sermo quintus - Isti sunt duo filii olei splendoris, etc. usque uniuerse terre. Za 4,14. - tria queruntur hic: Primo, quare christus signifficatus sit nomine olei… - hoc nobis commodum, cum apostolis filiis suis, concedat ipse, amen. 375. ff. 164v-165v - Incipit sermo primus in festiuitate OMNIUM SANCTORUM Beati qui habitant in domo, etc. usque laudabunt te. Ps 83,5. - Hodie celebrat ecclesia militans festum tocius ecclesie triumphantis… - «… et qui eis tribuisti celestis palmam triumphi, nobis ueniam non degenes peccati, amen» (R/.). 376. f. 165v - secundus - Beati pauperes spiritu quoniam ipsorum est regnum celorum. Mt 5,3. - Igitur possunt dare illud, uel uendere, eme itaque ab eis… - quidam spiritu et non rebus, ut abraam; quidam rebus et non spiritu, ut pauper superbus. 377. ff. 165v-166r - sermo tercius - Beati mites, quoniam ipsi possidebunt terram. Mt 5,4. - Circa hanc secundam beatitudinem tria sunt principaliter inquirenda: Primo, qui sint mites… - Propter hoc, ut dicitur Prou 16,19: melius est humiliari cum mitibus, quam diuidere spolia cum superbis. 378. ff. 166r-166v - Item eorumdem sermo quartus - Diligite dominum omnes sancti, etc. usque superbiam. Ps 30,24. - Duo facit propheta in hac auctoritate: Primo, agratulando inuitat omnes sanctos ad diuinam dilectionem… - et destruit ueritatem, prima, hereticorum prauitas, IIª, ypocritarum falsitas, IIIª, iudicum cupiditas, IIIIª, erubescentium fatuitas. 379. f. 166v - sermo quintus - Timete dominum omnes sancti eius, quoniam non est inopia timentibus eum. Ps 33,10. - Hic duo facit propheta: Primo, ad timendum deum omnes sanctos inuitat… - Eccli 20,23: est qui uetatur inopia peccare. 380. ff. 166v-167r - sermo sextus - Gloria hec est omnibus sanctis eius. Ps 149,9. Multiplicem sanctorum gloriam distinguamus… - unde hodie de ipsis dicitur Mt V, a, [4]: beati mites, quoniam ipsi possidebunt terram. - [Admontio] Notandum etiam quod omnes iste glorie communes sunt omnibus sanctis, excepta tercia de iudicii potestate que conuenit solis perfectis. 381. f. 167r - Item eorumdem sermo septimus - Hymnus omnibus sanctis, etc. usque sibi. Ps 148,14. - Quatuor queruntur circa hec: Primo, quid sit hymnus… - pene eterne. Ys 10,30-31 : hymni uoce tua filia gallim, etc. usque medemenia. 382. ff. 167r-168r - sermo octauus – Laudemus uiros gloriosos. Eccli 44,1. Iob 12,15: si continuerit aquas omnia siccabuntur. – circa hanc auctoritatem Ve breuiter requiramus... - «… ideoque precamur ut memores nostri intercedere dignemini pro nobis ad dominum deum nostrum». (R/.) - [Prothema] ff. 167r - Iob XII, a, [15]: si continuerit aquas omnia siccabuntur. - In hac IIª auctoritate duo notantur: Primo, sancte predicationis subtractio… - ita corda humana sine uerbi Dei predicatione arescunt et fructificare non possunt. 383. ff. 168r-169r - Incipit sermo primus die OMNIUM FIDELIUM DEFUNCTORUM Sancta et salubris, etc. usque soluantur. IIº Ma 12,46. - Sicut heri celebrauimus sollemnia omnium qui sunt in celesti curia, ita hodie suffragia … - siue sint in patria, siue in uia, «aut carorum elemosinis, aut ieiuniis cognatorum». (Dec. Grat.) ccxxi 384. ff. 169r-170r - Incipit sermo primus in festiuitate sancti MARTINI episcopi Iustus quasi leo confidens absque terrore erit. Prou 28,1. - Tria queruntur hic: Primo, quare beatus Martinus iustus dicitur… - Eccli 34,16-17: qui timet, etc. usque spiritus eius. 385. f. 170r - sermo secundus - Beatus uir qui non, etc. usque non sedit. Ps 1,1. Triplex status beati Martini exprimitur in hiis uerbis… - de hoc corde maris ait Ps 45,4: transferentur montes, id est, superbi, in cor maris, id est, inferni. 386. ff. 170r-170v - sermo tercius - Vos adoratis quod nescitis, nos adoramus quod scimus. Io 4,22. - Bene potuit beatus Martinus hoc dicere illis qui tempore suo latronem pro martire adorabant… - «… Nam que per somnia et per inanes quasi reuelationes quorumlibet hominum ubique construuntur altaria, omnimodo reprobentur». (Liber Extra) 387. ff. 170v-171r - sermo quartus - Duo erunt in agro, etc. usque unus relinquetur. Mt 24,40. - Hec auctoritas xpi. in presentibus beati martini satis claruit uera esse… - «… non dabit inobedienti copiam sui tantus obedientie amator, ut mori quam obedire maluerit». (Bernardus) 388. ff. 171r-171v - sermo quintus - Feneratur domino qui miseretur pauperis. Prou 19,17. - Veritas huius auctoritatis luce clarius in martini clamide media data pauperi comprobatur… - «Aliquando ipso genere facti, ut exercentes improbum fenus, et exigentes usuras usurarum». (Dec. Grat.) 389. ff 171v-172r - sextus - Miseratur et misericors dominus, longaminis et multum misericors. Ps 102,8. - Bene concordat beatus Martinus prophetie multitudinem diuine misericordie comendanti… - Hec quatuor misericordie species notantur per ordinem in auctoritate proposita in prima, ibi, miseratur, IIª, ibi, misericors dominus, IIIª, ibi, longanimis, IIIIª, ibi, et multum misericors. 390. f. 172r - sermo septimus - Maledicent illi et tu benedices etc. usque letabitur. Ps 108,28. - Huius auctoritatis ueritas aperte in beati martini obitu declaratur… - Ps 108,31: qui astitit a dextris pauperis ut salvam faceret a persequentibus animam meam. 391. ff. 172r-172v - Incipit sermo primus in festiuitate sancte CECILIE - Fiat cor meum immaculatum in iustificationibus tuis, ut non confundar. Ps 118,80. - Huic orationi prophete uidetur beata cecilia perfectionis aliquid addidisse… - ut in gloria collocetur. Eph 1,34: benedictus deus, etc. usque in caritate. 392. ff. 172v-173r - sermo secundus - Vnus dominus, una fides, etc. usque in omnibus nobis. Eph 4,5-6. - Isto fidei oraculo uerissimo fuit ualerianus sponsus cecilie conuersus ad deum… - Augustinus: « … et aurum, thus, et mirram ad christi cunabula detulerunt». 393. ff. 173r-173v - tercius - Breuis in uolatilibus apis, etc. usque fructus illius. Eccli 11,3. - Bene hoc conuenit beate cecilie… - «Rex fit in examinem que plus ualet et calet omnis». 394. f. 173v - sermo quartus - Omnis potentatus uita breuis. Eccli 10,11. - Huic sententie spiritus sancti pulcre uidetur beata Cecilia concordare… - Vnde quidam: «Vita salus requies, possessio doxa uoluptas. Robur, honos, species curtantur et alta potestatas». 395. ff. 173v-174r - quintus - Si qua mulier habet uirum infidelem, etc. usque per uirum fidelem. Iª Cor 7,13-14. - Satis bene hec auctoritas apostoli uerissifficata (sic) est in beata cecilia… - e contra fecerunt mulieres male salomoni. Eccli 19,2-3: Vinum et mulieres, etc. usque erit nequam. 396. ff. 174r-174v - Incipit sermo primus in festiuitate sancti CLEMENTIS Dominatur excelsus in regno, etc. usque constituet super eum. Dan 4,14. - Licet hoc de christo intelligatur, qui perfecte sumum gradum humilitatis tenuit… - Talis fuit beatus clemens, qui papatui cessit minoribus, scilicet, lino et cleto obediuit. 397. ff. 174v-175r - secundus - Sine offensione estote iudeis etc. usque ut salui fiant. Iª Cor 10,32-33. - Hec sancta uestigia apostoli, beatus clemens uidetur egregie tenuisse… - Ro 11,13: uobis enim dico gentibus, etc. usque aliquos ex illis. 398. ff. 175r-175v - sermo tercius - Mulieres subdite sint suis uiris, etc. usque conuersationem uestram. Iª Pe 3,1-2. - Hoc consilium beati petri accepit theodora… Gregorius: «ad amorem dei et proximi plerumque corda audientium plus exempla quam uerba excitant». ccxxii 399. f. 175v - quartus - Opera que ego facio testimonium perhibent de me. Io 5,36. Bene potuit hoc uerbo christi uti beatus clemens membrum et uicarius eius… - sanctorum in iuditio. IIª Tes 1,10: quia creditum est testimonium nostrum super uos in die illo. 400. ff. 175v-176r - sermo quintus - Ego dominus sanctus uester, etc. usque semitam. Ys 43,15-16; et infra [43,18-19]: Ne memineritis, etc. usque cognoscetis ea. - Patet in fidelibus ex hac auctoritate quod idem fuerit deus moysi et beati Clementi… - [Lu 9,62]: Nemo mittens manum ad aratrum et respiciens retro aptus est regno dei. 401. ff. 176r-177r - sermo sextus - Fluminis impetus letificat ciuitatem dei. Ps 45,5. Hec auctoritas quatuor modis exponitur: Primo, hystorice… - «Vnum est ergo flumen, sed multi spiritualium donorum meatus». (Ambrosius) 402. 177r-177v - Incipit sermo primus in festiuitate beate KATHERINE uirginis et martiris - A magnitudine speciei et creature etc. usque uideri. Sa 13,5. - Per hoc quod hic dicitur uoluit beata caterine inducere maxentium imperatorem ad noticiam creatoris… Augustinus: «summe bone, pulcritudo pulcrorum omnium», «tu amor meus, in quem deficio ut fortis sim». 403. ff. 177v-178r - sermo secundus - Non est sapientia, non est etc. usque contra dominum. Prou 21,30. - «Cum maxentius imperator non posset catherine sapientie respondere… - hec est sapientia, sicut ait Ia 3,15 : terrena animalis diabolica. 404. f. 178r - sermo tercius - Corui deferebunt panem et carnes helye, scilicet, mane; similiter panem et carnes uesperi. III Reg 17,6. - Qui helyam per coruum ipse pauit catherinam per columbam… - «… nichil esse sine deo quod magis ex arte dericiat animum quam feminea blandimenta». (Augustinus). 405. ff. 178r-179r - sermo quartus - Omnis gloria eius filie regis ab intus. Ps 44,14. Hoc bene competit beate catherine que ad litteram fuit filia Costis regis… - Gregorius: «Mali ad bonos ut confundantur in iuditio ueniunt, uidentes gloriam quam perdiderunt». 406. ff. 179r-179v - sermo quintus - Delectauerunt te, o christe, omnes filie regum in honore tuo. Ps 44,9-10. - De multis filiabus regum ad litteram potest hoc intelligi… - Quam expresse autem beata Catherina ostenderit christum delectabilem et honorabilem in hiis sevem, in ipsius hystoria satis patet. c) Colophon - f. 179v - Explicit summa composita a fratre Pelagio paruo ordinis predicatorum et scripta ad preces domni Petri iohannis Abbatis sancti Iohannis de tharauca, per manus Dominici petri Vlixponensis Alcobacie monachi. Mense octobre era Mª CCª LXXXª VIIIª. d) Doxologia - f. 179v - Himnus : Gloria sit fini … - sine fine manenti. e) Glosa - ff. 179v - Sicut dicit Plato in Timeo de Deo loquens … - sine doctore nec electus sine electione uel prouisione superiori. B - Magistri Fratris Joannis de Rupella, O. F. M. : Processus seu Ars Theorica practica Conficiendi Sermones.609 a) Ars conficiendi sermones - ff. 186r-192v - ‘Incipit processus magistri Iohannis de rupella ut credo fratris ordinis minorum’. - Cum plures sint modi negotiandi circa themata ut melius pareat… - ut simus pleni sapientia intelligentia doctrina, ut sic mereamur vocari a domino. Amen. - Explicit processus. 609 Transcrição integral do texto em Agostinho Figueiredo Frias, De signis pulsandis: Leitura Hermenêutica de Santo António de Lisboa e Frei Paio de Coimbra, dissertação de mestrado, pp. CIVCXXVII. ccxxiii b) Sermones 01. f. 191v - [Sermo…] - Genimina uiperarum quis ostendit uobis…[Lc 3,7]. - Fugere cum Iacob diuicias… - beatitudo. Sap [10,10] : Iustum deduxit… 02. f. 192r - [Sermo…] - Can [6,9] : que est ista que ascendit quasi aurora… - Ego mater continentium, magistra contemplantium… - unde dicitur de ipsa in Can [3,6]: que est ista que ascendit per desertum. 03. f. 192r - [Sermo…] - Tobias [4,20]: Omni tempore benedic deum… benedicitur deus gratias ei pro beneficiis referendo… - ut precepta eius sciat predicare. 04. f. 192r-192v - [Sermo…] - [Eph 4,1]: Obsecro ergo vos ut digne ambuletis… Obsecro in tribulationibus non deficere… - periculosum propter multitudinem insidiarum. 05. f. 192v - Incipit sermo primus in festiuitate sancti IOHANNIS BABTISTE. Desertum penitentie ubi iohannes locusta pascitur... - Ys [49,2]: posuit os meum quasi gladium acutum… - contra malitiosos. Ps 26 [5]: In die malorum protexit me… 06. f. 192v-193r - Item eiusdem sermo IIus. - Ys [41,19]: Dabo in solitudinem cedrum, etc. Solitudo uterus helisabeth. … - turbis que ueniebant ad eos. 07. f. 193r - Incipit sermo in festiuitate apostolorum PETRI ET PAULI. - Num X,a [2]: Fac tibi duas tubas, etc. - Tubas albas per mundiciam … - ad sollemnitatem. Num X, b [10]: Si bene habebitis epulum et dies festos, etc. usque domini dei uestri. 08. f. 193r - Sermo in festiuitate sancte MARIE MAGDALENE. - [Rm 5,20]: Vbi habundauit iniquitas superhabundauit et gratia. - Iniquitas cordis, delectio ilícita. - Eze [1,2728]: Vidi quasi speciem ignis splendentis, etc. usque archus. 09. ff. 193r-193v - Incipit sermo in CATHEDRA SANCTI PETRI. - Ps CXV, [16-17]: Dirupisti, etc. usque laudis. - Duo in hiis uerbis congrue notari possunt… - Sap III, b [6]: tanquam aurum, etc. usque respectus illorum. 10. f. 193v-194r - Incipit sermo de EDIFICATIONE. - [Eph 6,11]: Induite uos armaturam dei ut possitis stare… - In hac auctoritate tria dicuntur… - prima claritas, IIª subtilitas, IIIª agilitas, IIIIª impassibilitas. 11. ff. 194r-194v - Incipit sermo in NATIUITATE BEATE MARIE. - Leu XXVI, b [11]: Ponam tabernaculum meum in medio uestri…- Istud promisit dominus … - concedat dominus per merita gloriose qui uiuit, etc. 12. f. 194v - Sermo in festo APPARITIONIS DOMINI. - Mt II, b [10]: Videntes stellam gauisi sunt gáudio magno ualde. – Nota quod in ortu Christi tria signa apparuerunt … - fac mihi in ablatiuis absolutis qui nullius regiminis ligamine constringuntur. 13. f. 194v-195v - Sermo de EDIFFICATIONE. - Eph VI, c [11]: Induite uos armaturam, etc.usque diaboli. - Induite In hac auctoritate tria dicuntur… - anima iusti habitaculum est sapientie. - [Prothema] f. 194v - Ps XXXII, b [6]: Verbo domini celi firmati sunt. - In uerbis secunde auctoritatis considerandum est quoniam aliquando secullaribus… - secreta reuelans pertinet ad angelos quibus datum est secreta domini reuelare. - Explicit. 14. f. 195v - [Sermo …] - Clama ne cesses. Ysa LVIII, a [1]. - Circa hanc auctoritatem sciendum quod quatuor sunt propter que debemus clamare … - Eccli. XXIIII, d [31]: Qui elucidant me uitam eternam habebunt. ccxxiv 4. Critérios de fixação textual Após a leitura atenta desta extensa colecção de sermões ficamos com uma ideia muito positiva do copista. Na verdade, trata-se de um monge amanuense perfeccionista, que utiliza com grande competência a técnica caligráfica do seu tempo e do seu ‘scriptorium’. Salta à vista que ele realizou o trabalho com grande devoção e extremo cuidado. São poucas as gralhas e as incorrecções gramaticais. Ambas devem atribuir-se à natural saturação e a falhas de audição provenientes do ditado do relator. Na literatura medieval manuscrita a pontuação tinha uma função diferente da actual, e as palavras nem sempre eram escritas de maneira homogénia. Assim podemos encontrar, com bastante frequência, a mesma palavra escrita com forma diferente, como, por exemplo: elemosina, helemosina, helemosyna. Procurámos reproduzir escrupulosamente as formas ortográficas do copista, tal e qual. Respeitámos as flutuações ortográficas. Corrigimos somente os lapsos e as incorrecções que possam ser interpretadas como erro material. As nossas intervenções são indicadas sempre em aparato crítico no fundo da página. Colmatámos, na medida do possível, as lacunas do texto. Preenchemos as lacunas, executamos a leitura das citações bíblicas sincopadas e completámos as citações, seguindo o convite do autor nas expressões – ‘etc., usque...’, e ‘usque ad finem capituli’, mantendo no texto as expressões do autor, tal como foram copiadas. Conservámos a variedade de siglas enunciadoras dos livros da Sagrada Escritura610 com as divisões em capítulos, inovação de carácter prático da autoria de Estêvão Langdon, arcebispo de Cantuária (1155 – 1228),611 e em versículos de ‘a’ a ‘g’, em uso na época. Respeitámos certas variantes, quando o significado não esteja em causa, como por exemplo: ‘Deus’ em vez de ‘Dominus’, e ‘illum’ em substituição de ‘eum. Procurámos também identificar e corrigir o texto das fontes utilizadas. Achámos conveniente transcrever nas notas de fim de página o contexto de algumas citações e suas variantes para que se possa verificar a discrepância entre a fonte e a originalidade do autor ao procurar sintetizá-las e/ou adaptá-las ao seu contexto. 610 Ver adiante 1.4 ‘Compendia librorum S. Sacrae’. 611 Frei Paio utilizou o texto da Bíblia Parisiense (1226), que contém o texto da Vulgata segundo a recensão de Alcuíno, com a divisão da Sagrada Escritura dividida em capítulos, da autoria de Estêvão Langdon. Igualmente verificamos que frei Paio respeita o texto da versão ‘vetus latina’ tal como é citada pelos Santos Padres e os Doutores da Igreja. Referiu também, algumas vezes, a versão grega dos Setenta secundum LXX, a versão hebraica – iuxta hebreos. Cf. A. Robert y A. Tricot, Iniciacion bíblica, p. 393. ccxxv Introduzimos em nota outros elementos considerados úteis para acentuar as divergências e as acomodações do autor em relação às fontes utilizadas, e ainda para esclarecer os assuntos tratados, como, por exemplo, o sublinhado das palavras e das expressões e o estilo itálico da grafia. Na margem das páginas da edição crítica do Sermonário transcrevemos as expressões tal e qual aparecem na margem direita dos fólios e que correspondem às ‘entradas’ da ‘Tabula Thematum’. Transcrevemos igualmente os números dos fólios e outras indicações anotadas na margem de goteira. Introduzimos no texto os sinais de pontuação e os parágrafos que julgámos necessários para a sua compreensão. No aparato crítico, de fim de página, fizemos as correcções e apresentámos as divergências da seguinte forma: Exemplo de correcção de palavras - ‘aborrendi : abhorrendi’; Exemplo de divergência de palavras - ‘Collectanea uicissem’. 5. Declaratio signorum ac notarum AASS ALD ANTT CCMM CCSL CLCLT CSEL DENZ Extra Glo.interl. Glo. ord. Grat. MGH MOFPH PL PG SChr Vulg WWW modus. italicus «» [] ( ... ) ... ... a. ad. ad. marg. ad. sup. lin. cap. Acta Sanctorum Aristoteles Latinus Database Arquivo Nacional da Torre do Tombo Corpus Christianorum Continuatio Mediaevalis Corpus Christianorum, Series Latina Centre Traditio Litterarum Occidentalium – Brepols Publishers Corpus Scriptorum Ecclesiasticorum Latinorum Henrici Denzinger Enchiridion Symbolorum Liber Extra seu Decretales Gregorii papae IX Glossa interlinearis Glossa ordinaria Decretum Gratiani Monumenta Germaniae Historica Monumenta Ordinis Fratrum Praedicatorum Histórica Migne - Patrologia Latina Migne - Patrologia Graeca Sources Chrétiennes Biblia Vulgata Word Wide Web auctoritates Scripturae Sacrae auctoritates aliae editoris introductio lacuna litterae erasae vel quae legi nequeunt articulum addidit additamentum in margine additamentum in superiore línea caput ccxxvi cf. cod. col. ed. ep. f. fr. Glo. interl. Glo. ord. hom. ileg. lib. lin. M. m. OFM OP p./ pag. par. q. r. reimp. repet. S. t. trac. v. vol. 6. conferre codex columna editio episcopus / epistula folium frater Glosa interlinearis Glosa ordinaria homilia ilegibilis liber linea Magister manuscriptum Ordinis Fratrum Minorum Ordinis Praedicatorum pagina pars quaestio recto reimpressio repetitio Sanctus thomus tractatus versus volumen Siglae librorum Sacrae Scripturae Biblia Sacra Vulgata* Gn Ex Lv Nm Dt Ios Idc Rt I Sm II Sm III Rg IV Rg I Par II Par I Esr II Esr Tb Idt Est Summa Sermonum Ge, Gen Exo Lev Num, Numeri Deu Ios, Iosue Iud, Iudices Iº Re, Iº Reg, I Reg IIº Re, IIº Reg IIIº Re, IIIº Reg IIIIº Reg, IIII Reg Iº Paral, I Paral IIº Paral, II Paral, II Para IIº Esr Tob Iudt Hes, Hest’ ccxxvii Libri et Epistulae Genesis Exodi Levitici Numerorum Deuteronomii Iosue Iudicum Ruth Samuelis seu I Regum Samuelis seu II Regum Malachim seu III Regum Malachim seu IV Regum Paralipomenon Ius Paralipomenon IIus Ezrae Ius Ezrae IIus Tobiae Iudith Hester Ps / Ps (G) / Ps (H) Ps / Ps (iuxta LXX) / Ps (iuxta hebr.) Prv Ecl Ct Sap Sir Is Ier Lam Bar Ez Dn Os Ioel Am Abd Ion Mi Na Hab So Agg Za Mal I Mcc II Mcc Mat Mc Lc Io Act Rm I Cor II Cor Gal Eph Phil Col I Th II Th I Tim II Tim Tit Phlm Hbr Iac I Pt II Pt I Io II Io III Io Iud Apc Prou / Prou (iuxta LXX) Eccles, Ecte Can Sa, Sap Eccl, Eccle, Eccli, Ecclus Ys, Ysa Ier, Iere Thren, Tre, Tren Ba, Bar, Baruc Eze, Ieze Dan Os, Ose Ioel Am, Amos Abd Ioh, Ion, Ionam, Ione Mich Nau, Naum Ab, Aba, Abac, Abba Soph Ag Za, Zac Mal Iº Mac, Iº Mach II Ma, II Mac, IIº Mach Mt, Matheus Mc, Mr Lu, Luc, Lucas Io, Iohannes Ac, Act, Actus, Actus Apostolorum Ro, Rom Iª Cor IIª Cor Gal Eph, Ephe Ph, Phi Col Iª Te. Iª Tes IIª Tes Iª Thi, Iª Ti, I Tim IIª Thi, IIª Ti, II Ti, IIª Tim Thi, Ti, Tim Philem He, Heb Ia, Iac Iª Pe IIª Pe, Petrus Iª Iª Io IIª Io IIIª Io Iudas, Iude Apo Psalmi / Psalmi iuxta Septuaginta / Psalmi iuxta Hebraeos Proverbiorum Ecclesiastes Canticum Canticorum Sapientiae Salomonis Iesu Filii Sirach, seu Ecclesiasticus Isaiae Prophetae Hieremiae Prophetae Threni, idest, Lamentationes Baruch Prophetae Hiezechielis Prophetae Danihelis Prophetae Osee Prophetae Iohelis Prophetae Amos Prophetae Abdias Prophetae Ionae Prophetae Micha Prophetae Naum Prophetae Abacuc Prophetae Sofoniae Prophetae Aggei Prophetae Zacchariae Prophetae Malachiae Prophetae Macchabeorum Ius Macchabeorum IIus Evangelii secundum Mattheum Evangelii secundum Marcum Evangelii secundum Lucam Evangelii secundum Iohannem Actuum Apostolorum Epistula ad Romanos Epistula ad Corinthios Iª Epistula ad Corinthios IIª Epistula ad Galatas Epistula ad Ephesios Epistula ad Philippenses Epistula ad Colossenses Epistula ad Thessalonicenses Iª Epistula ad Thessalonicenses IIª Epistula ad Timotheum Iª Epistula ad Timotheum IIª Epistula ad Titum Epistula ad Philemonem Epistula ad Hebraeos Epistula Iacobi Epistula Petri Iª Epistula Petri IIª Epistula Iohannis Iª Epistula Iohannis IIª Epistula Iohannis IIIª Epistula Iudae Apocalypsis Iohannis Apostoli * Ex Biblia Sacra, iuxta Vulgatam Versionem, ed. R. Weber, OSB, B. Fischer, OSB, ed. 3ª., Stuttgart, 1983; pag. xxxi. ccxxviii 7. BIBLIOGRAPHIA FONTIUM ‘Summae Sermonum’ PELAGIUS PARVUS, M. Fr., O.P. - Summa Sermonum, Bib. Nac. Lisboa, Cód. Alc. 5/CXXX. Acta Sanctorum, Bruxelles, Anvers: Socii Bollandiani, 1643-1940 (Réimpression Turnhout: Brepols, 1966-1971), 68 vls. ANÓNIMO – Bestiário latino. Versio Bls a cura di Emílio PICCOLO, Dedalus srl Napoli, 2000. ANSELMO, António – Os Códices Alcobacenses da Biblioteca Nacional, Códices Portugueses, Lisboa, 1926. ARISTOTELES Latinus Database, (ALD), Ed. 1, moderantibus Jozef Brams et Paul Tombeur. Union Académique Internationale, Bruxelles, 2003. ARISTOTLE – De Animalibus, Michael Scot’s Arabic-Latin Ttanslation: Part Two. Books XI-XIV: Parts of Animals. Edited by Aafke M.I. van Oppenraaij. A critical edition, Leiden 1998. Disponível na WWW, <http://books.google.pt/books?hl=ptPT&q=de+animalibus+michael+scot’s> AUCTOR INCERTUS, Miracula Beate Marie Virginis. (ex ms. 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ILUSTRAÇÕES 1 - Santo frey Paio. Frontispício da Primeira Parte da ‘História de S. Domingos’, de Frei Luís de Sousa - 1623 2 - Porta principal do Colégio de S. Tomás de Aquino na Rua da Sofia, Coimbra 3 - Pormenor da porta principal do Colégio de S. Tomás em Coimbra 4 – ‘Diuus Pelagius Conimbricensis’. Porta principal do Colégio de S. Tomás 5 - São Frei Paio. Capela do Espírito Santo, Carapinheira, Montemor-o-Novo 6 - Frontispício do Sermonário 7 - ‘Summa Sermonum’. Incipit, f. 1 (Iº) 8 - ‘Summa Sermonum’. Explicit, f. 179v (Iº LXXº IXº) 9 - ‘Summa Sermonum’. Sermo Ius in fest. b. Fernandi dicti Antonii natione ulixbonensis, f. 61 (LXIº) 10 - ‘Codex Calixtinus’: Incipit passio sancti Iacobi, f. 48v 11 - Descoberta de estruturas do antigo convento de S. Domingos do século XIII (1227), em Coimbra 12 - Retrato de ‘Santo frei Payo’. Colecção de Retratos de Varões Portugueses, de Diogo Barbosa Machado. Obras raras – Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro 13 - Ruínas do Convento Dominicano de N. S. das Neves, Serra de Montejunto 14 - ‘Ciuitas Colimbriae, ad flumen Illundam’ (1598) 1 - Santo frei Payo. Frontispício da Primeira Parte da História de S. Domingos, de Frei Luís Cácegas e Frei Luís de Sousa – 1623 Museu de Aveiro, inv. nº 9/L. In Frei António José de Almeida, O.P., Disponível na WWW, <portugaldominicano.blogspot.com/> 2 - Porta principal do Colégio de S. Tomás de Aquino na Rua da Sofia, Coimbra «Fundado em 1539 perto do rio, teve de se transferir para o actual local dado o assoreamento do rio e suas inundações. As actuais instalações são do tempo do Dr. Fr. Martinho de Ledesma, ao tempo lente de Escritura na Faculdade de Teologia. O Portal do colégio encontra-se hoje no Museu Machado de Castro aplicado na fachada que dá para o largo de S. Salvador. Foi comprado pelo Conde do Ameal no séc. XIX, que o adaptou a residência- projecto do arq.º Silva Pinto. Já neste século foi adaptado a Palácio da Justiça pelo arq.º Manuel de Abreu Castelo Branco. Conserva o claustro original que é atribuído a Diogo de Castilho. O frontão actual foi desenhado pelo escultor Henrique Moreira e executado pelo escultor João Machado Júnior. Os Portões de ferro forjado, lustres e lanternas interiores são de Daniel Rodrigues, Albertino Marques e Manuel de Abreu Castelo Branco. Os painéis de azulejos que forram os claustros são de Jorge Colaço. Ordem- S. Domingos. Data - 1546/1830. Arquitecto - (?) Patrocinador -(?). Área- Teologia e Filosofia». <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=503390> 3 - Pormenor da porta principal do Colégio de S. Tomás, Coimbra. Estilo renascentista, 1545. Museu Machado de Castro, Largo de S. Salvador, Coimbra Foto: Bernardino F. C. Marques 4 - Divus Pelagius Conimbricensis. Porta principal do Colégio de S. Tomás. Coimbra Foto: Bernardino F. C. Marques. 5 - São Frei Paio. Capela do Espírito Santo, Carapinheira, Montemor-o-Novo. Testemunho do culto popular Foto: Bernardino F. C. Marques 6 - Frontispício do Sermonário. Cod. Alc. 5/cxxx Fotocópia de microfilme: Hill Monastic Manuscript Library, 1980 7 – ‘Summa Sermonum’. Incipit, f. 1. (Iº) Fotocópia de microfilme: Hill Monastic Manuscript Library, 1980 8 – EXPLICIT summa composita a frate Pelagio paruo, f. 179v. || M. Fr. Ioannis de Rupella, Processus f. 180r (=186r) Sinais de uso e manchas de água Foto do microfilme: Hill Monastic Manuscript Library, 1980 9 – Sermo I in festuitate beati Fernandi dicti Antonii natione ulixbonensis, ‘Summa Sermonum’ f. 61. Fotocópia gentilmente cedida pelo Prof. Dr. Francisco da Gama Caeiro (1990) 10. ‘Codex Calixtinus’, lib. I , cap. IV, f. 48v: Passio Sancti Iacobi. Fonte utilizada por Frei Paio nos sermões em honra de São Tiago, patrono da Hispânia Fotografia digital, Archivo de la Catedral de Santiago de Compostela 11– Descoberta das estruturas do Convento medieval (primitivo) de São Domingos (1227) no Centro Histórico de Coimbra LUSA - Agência de Notícias de Portugal, 23 de Fevereiro de 2009 12– Retrato de ‘Santo frei Payo’. Colecção de Retratos de Varões Portugueses, vol III, fl. 8, nº 15º Fotografia digitalizada, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, TC 18 [1] «Para encontrar a fotografia singela de Frei Payo … percorri o seguinte caminho: … 2- Assim, descobri quem fez a doação para D. José I: Diogo Barbosa Machado, um bibliotecário que criou várias coleções de retratos recortando os mesmos as obras originais; 3- O retrato de Frei Payo foi recortado da obra de Frei Luís de Souza, intitulada História de S. Domingos, vol. I a III, impressa no Convento de S. Domingos de Benfica, por Giraldo de Vinha em 1623. … 4- Como referi anteriormente a imagem de Frei Payo será digitalizada da Coleção de Retratos de Varões Portugueses, de Diogo Barbosa, fl. 8, n. 15, vol. III, localização TC – 18 (1). Para acançar este objectivo contei com o apoio de dois jovens bibliotecários do acervo de Obras Raras da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro: Cristina Mathias e André Luiz Silva. Dr. Fernando, esta foi uma experiência instigante, desafiadora e deliciosa. A Biblioteca do Rio de Janeiro é uma velha conhecida minha, mas percorrer o setor de obras raras e a iconografia foi uma situação nova e admirável. …». (Do ‘e-mail’ -14 de Março de 2010 - da Dra. Célia Azevedo, socióloga brasileira, descendente de família flaviense, a quem agradeço reconhecidamente). 13 Ruínas do Convento Dominicano de N. S. das Neves, Serra de Montejunto. Neste lugar residiram os companheiros de S. Domingos enviados para a Hispânia ocidental em Agosto de 1217 Fotografia de Dias dos Reis. Disponível na WWW, http://www.pbase.com/image/94806622 14 ‘Ciuitas Colimbriae, ad flumen Illundam’. Georg Braun e Franciscus Hogenberg, Civitates Orbis Terrarum, Amesterdão, 1572-1618, vol. V, f. 4 (1598) III PARTE EDICÃO CRÍTICA DA ‘SUMMA SERMONUM’ MAGISTRI FRATRIS PELAGII PARUUI, O.P. A.D. 1250 M. Fr. Pelagii Parvi Ordinis Praedicatorum SUMMA SERMONUM DE FESTIVITATIBUS PER ANNI CIRCULUM Incipiens a Festivitate Sancti Andreae Apostoli, et finiens quinque Sermonibus Sanctae Catherinae Virginis et Martyris per Dominicum Petrum scripta1 ( ... ) 2 Scriptum Era3 M. CC. LXXX VIII / anno Domini 1250 4 1 Interl. 2 sequitur in codicis folio «Magistri Fratris Ioannis de Rupella / (ut scriptor credit) / Processus seu Ars / Theorica practica / Conficiendi Sermones ». 3 Era de César que é 38 anos mais antiga do que a de Cristo. D. João I, pela lei de 22 de Agosto de 1422, determinou que a contagem dos anos se fizesse pela Era de Cristo ou ‗anno Domini‘ (a.D.). 4 No f. 3v* alguém escreveu a seguinte nota: « No fim da Obra de Pelagio se acha que fora escripta por Fr. Domingos Pedro Lisbonense, monge de Alcobaça, e a rogo ou instancia de D. Pedro João, Abade de S. João de Tarouca no mes de Outubro – Era de mil duzentos e outenta e outo». 1 f. 1r* [ TABULA THEMATUM ] [col.1] Angustia bona Amicus multiplex Ager bonus Aurum Argentum Adulatio Apostasia fugienda Angustia Anima confirmatur Acquirimus honorem Amici diaboli Acceptus est homo deo Audiendus est pauper Apostolorum pulcritudo Amaritudo tribulacionis Apis dicitur diabolus Acubitus dei Anima seruatur Aqua multiplex Accedimus ad deum Archa ecclesia Aduentus xpi. utilis Angeli castra Angelorum ordines Armatura iustorum Angeli ministri Angeli mituntur Apis natura IIII IIII X XII XII XXIIII XXIIII1 XXXI LXIII LXIIII LXX LXXVIII LXXXIII LXXXV LXXXVIII CI CIIII CIX CXXVIII CXXX CLXII CXLIIII CL CL CLI CLI CLII CLXXIII Babtismus xpi. Bona consequimur Beatitudo triplex Brachia crucis IIIIor Benedictio Iohannis babtiste Beneficia Iohannis babtiste Brachia caritatis XlI LXIIII LXVI LXXXIX LXLIII LXLIII CV Benedictio dextere et sinistre Benignitas dei XI CXLVII [col 2] Bona et mala pars Brachia crucis cornua Bellum multiplex Bestia multiplex CV CXLI CLVIII CLVIII Credere firmiter quid faciet Carnes comedere Celi apertio Correctio bona Confessio facti Consiliarius malus Conuersio mala et bona Calix multiplex Confirmatio I XIII XX XXIIII CVI CIX CIX CXI CXII 1 XXIIII : XXV 2 f. 6r* CXXXVIII XVII VIII CXIX Custodit dominus Consilium impiorum Cor immaculatum Crux triplex Cordis puritas Corripitur homo Custodia uel carcer Culpa multiplex CXVI CXLVI CLXXII LXXXVIII LXLI CXXXIII CXXXIIII CXLVIII Columbe proprietas Confidunt male multi Cor seruandum est Coronat deus Conuiuium bonum Circumcisio xpi. quare Cherubim Castigacio domini Cathedra Co<n>silia utilia Constantia Credere in deum Consanguineos non cognoscere IX IX XI XXI XXII XXXIIII XL LVII LXV LXXIX LXXXV LXXXVI XXIX2 Dormitorium malum Deus est querendus Dulcedo multiplex Deo adherere Diligit dominus quos Diabolus draco Deus ubi est Diabolus sophisticus Dextere mutacio Desperare non debemus Diuina consolacio Dies decurtantur Diabolus aduersatur Docet nos dominus VIII XIX XXI XXVII XXX XXXII XXXVII XLIV LVIII LVIII LIX LXVI LXXI XIX [col. 3] Deus ubi habitat Deus quare uenit in mundum Deo debemus parare Ve Diabolus dicitur bestia Dolor multiplex Depositum preditur VI de causis Domus dei Doctrina xpi. quid facit Dilexit multum Dolor de peccatis Dilectus deo Domus dei Maria Dona Marie Desiderium bonum deus Delectacio dei multiplex Deus dicitur iustus Disciplina Diligendus est deus Delectacio spiritualis LXXVI LXXV LXXXV LXXXI LXXXIX C LXXXV LXLII CIIII CVI CXVII CXXV CXXV CXXV CXXVI CXLI CLIX CLXVI CLXXIX LXIIII XXV f. 6r* CIIII CXXXVI 2 Columbe ... non cognoscere XXIX: omissum folio adiecto scriptum reperitur. 3 f. 5v* Elemosina ualet ad multa Eligendus qualis Electionis modus Etas mundi Electi maria V VI LXVI LXXV LXL Fidei modus Fides recta III IX Fortis CV Filium misit pater Fouea multiplex Feces multiplices Filii leui Filius exiuit a patre Faciem xpi. uidere desiderant sancti Fraus XIX LII LVIII LIX LXXV LXXXI CVII [col. 1] Fratres qui sint dicunt Fides seruanda Fons Filii olei Fluminis impetus LXLII CVIII CXXIIII CLXIII CLXXVI Genera pennarum Grate plenitudo Gloriari debemus in xpo. Gladius multiplex Genera filiorum Ve Gloria iustorum presens Granum frumenti Gloria Marie uirginis Genus peccantium Gaudere in tribulacione alterius non debemus Gloria crucis Gloria multiplex XV XXII XLVI LIIII LXLIX CII CXX CXXII CXXV CXXIX CXXXIX CLXVI Habitaculum dei Hostie forma Hospitalitas Honorauit deus apostolos Hostia multiplex Honor iusti Homines pestilentos Hymnus Hereticorum errores Honor non est appetendus X XX XXXI LXLIX CXIX CXIX CLXIII CLXVII CLXXIII CLXXIII a Inuocacio dei Innocentia retinenda Inimici hominis In inferno sunt ista In uno peccant Iacobi ministracio I XXVII XLIII XLIII XLIIII CXII LXX LXXIII CXII f. 6v* 3 ad. marg. CLXXVIII 4 CXXVII CXLI CLXVII CLXXVIII3 Ignis triplex Incantator CXVIII CLXIII b Iugum triplex Iniuria toleranda Ignis multiplex Iustus sustinet Iuracio sine peccato Ignis multiplex Iude peccatum V XX XLVIII LIIII LVII LXIII LXVIII [col 2] Ista nocent homini Iohannes et interpretacio Ioseph Inuidia quid facit Inopia triplex Iocunditas LXXIX LXL LXL CLIII CLXVI LIIII Lux mundi Legis obseruacio Leticia Marie Letania duplex Lignum iusticie Laus bona et mala Lucifer. Lucerna Liberacio peccatorum Luna Lignum crucis Laqueus multiplex Leonis natura XVIII LXII LXXVII LXXXII LXXXVII CVI LXLIIII CXIIII CXIIII CXL CXLVIII CXLIX Legatus multiplex LVI Maledicio diaboli Magorum nomina Magorum commendacio Mortuo gratia negatur Malorum et bonorum proprietas Maria dicitur mare Maria dicitur nebula Maria ciuitas Margarita Marie commendacio Maria dicitur terra Mulier tribus modis Munera respuenda Mulier mala Maria stella Maria porta Maria uirga Mulieres conceptum abhortant propter tria VIII XXXVI XLI LIIII LXXIII LXXV LXXVI LXXVII CII CXXI CXXIII CXXVII CXXIX CXXXII CXXXIIII CXXXV CXXXVII XIIII [col 3] Misse tres natalis domini Mala nequorum Merces peccatoris Merita quadruplex Mites beati XVI CXLIX CXLV CLXXI CLXV 5 XXVIII CVI CLVI CXXVII CXXVIII CXXII Nuptie anime et xpi. Nomen dei blasphematur Natiuitas xpi. triplex Nomine dei impositum a quibus Nazarei Negotiatores Nuntius malus Nomen ihesus Nomina dei CXLVI XVI XVII XXXVI LXXXIIII CII CXXX CLVII CLXXVI Oliua Ordo predicatorum Operari bonum debemus Offendicula uitanda Oratio Obseruacio X preceptorum Orare debemus Odor bonus Ouis proprietas Obedientia VI II X LVI CXLV CI CIII CXVIII CXX CLXXV Prelati gratia Predicatorum genera Prelati qualitas Parentes honorare Petere debemus Pertinentia ad deum Preparatio in ocursum dei Propria dei Paruulus Pro qualibus datus est deus Porte diuerse Pueri dei Penitentia triplex [col 1] Predicator acquirit Priuilegia uirginum Pugna contra diabolum Peccator multiplex Purgacio multiplex Perfeccionis status Perfeccio quadruplex Predicatoris fructus Propheta Petrus et paulus Principes qui sint Peticio bona et mala Porta bona et mala Puteus Palme natura Pellis diaboli Precepta prelati Psallere debemus Panis multiplex Pauperes beati Pax multiplex LXXII VI XXX I VI VII XII XIIII XV XVIII XIX XX XXIII XXV LVII XXVIII LXX XLII XLVIII L4 LIIII LIX LXVIII LXIX LXIX LXLV LXLVII LXLVIII CXIX CXIX CXXVIII CXXXII CXXXIIII CXLI CLIII CLVIII CLXV LIIII LXX 4 LI : L 6 LX LXLIX f. 7r* Quos saluat deus Qui comedunt cum deo Qui deum uidebunt et non Quadriga XVI XXII LXXXVI CLXI Rana Reliquie Remedium anime Regine Ve Regi conuenientia Rumpuntur uincula Regnum triplex Rubigo peccatum Rectores diuersi Regis propria XXIX XXX LXII LXXVII LXLVI CXIII CXIII CXXXV CXLII CXLVII [col 2] Radius solis CLVI Sancti nos expectant Sanctificacio multiplex Sol Sanginem fudit deus Stelle Sagitte multiplices Senectus mala et bona Studium bonum Sacrificii genus Symeonis comendacio Sortes male Solitudinis desiderium Semen sanctum Solitudo apetenda Saluat deus quos Spiritus sanctus dicitur flumen Sollicitus prelatus Signa diuini amoris Signa cognitionis dei Sedes dei ecclesia Sermo dei gladius Saul et ionatas Sex debemus considerare Sacrificium triplex Stella Sol Sollicitudo multiplex Species mulieris Species peccati Seruui5 proprietas Suauitas multiplex Semita multiplex Salutacio Sapientia VIII XIIII XIIII XXXIIII XL XLI XLVII LI LIII LXI LXVII LXXI LXXIII LXXVII LXXVII LXXVIII LXX IX LXXX LXXXVII LXXXII LXLIIII LXLVIII CIII CXIII CXIIII CXV CXXIX CXXXII CXLIII CLIIII CLIIII CLVII CLX CLXXVIII [col 3] Thesaurizant boni et mali Tribulacio6 multiplex XI XXII 5 Seruui : Serui 7 CXIIII CLVI CLVI Testis fidelis Tempestas multiplex Testimonium Tuba Tres status Tres gradus diligentium Tribulacio bona Transferuntur mali Terra triplex et quadruplex Tribulacionis iustus Tronus dei multiplex Tres uiri anne Timor dei multiplex Tres ordines hominum Testimonium bonorum XLV LXXXII LXLV LXLVI CIII CV CX CXIII CXXIIII CXLIIII CLII CLXII CLXVI CLXXI CLXXV Votum seruandum VII Verbum dei factum caro Venenum non nocet Via mala et bona7 multiplex Vas eleccionis Vtilia consequimur Vigilia honesta Verbum dulce Vox xpi. desiderabilis Victoria multiplex Vituli proprietas Vxoris bone bona Vsura Vas bonum Via bona Viduarum consolacio Viri proprietas Virgo comparatur soli Viri gloriosi XVII XXIIII XL LVI LXV LXX LXXIII LXXXII CXV CLX CLXXIIII CLXXI CXXIII CXXX CXXX CLIIII CLXIIII CLXVII Xps. flos dicitur Xps. homo et deus Xps. hortatur nos Xpi. proprietas Xps. est medicus Xpi. propria CXXXVIII LXXIIII LXLV CXLVI CXLVII CXLVIII Zabulon C8 CLXXIX CXLVI XV CXVII CXXXV f. 7v* CLIX IX 6 Tribulacio : Tributacio 7 ad. sup. lin. 8 adnotatur sup. lin.: «O lacrima humilis, tua est potentia, tuum regnum, tribunal iudicis non uereris, acusatoribus tuis silencium imponis, sententiam iudicis ab ore rapis, etsi sola emitteris nunquam uacua sola redibis. Quid igitur? uincis incricibilem, ligas filium omnipotentem». (Hieronymus, Epistulae ). 8 [01] Sermo primus in festiuitate sancti Andree apostoli1 5 10 15 20 25 Corde creditur ad iusticiam, ore autem confessio fit ad salutem. Ro X, [10]. Quatuor distinguit apostolus patentissime in hiis uerbis, scilicet, duo merita bona et duo premia obtima: Primum meritum est credere quicquid est credendum. Huius premium est iustificari. De hiis dicit: Corde creditur ad iusticiam, etc. Secundum meritum est ore libere quod credit confiteri. Huius premium est eternaliter saluari. De hiis subdit: ore autem confessio fit ad salutem. Duo hec, scilicet cordis credulitas firma et oris confessio libera, necessaria sunt ad salutem quando a persecutoribus discutimur quid credamus. Augustinus: «pene omnes qui Christum coram persecutoribus negauerunt, et quod de illo credebant corde tenuerunt, et tamen ore2 non confitendo perierunt, nisi illi qui penitentia reuixerunt, ut Petrus, qui in illa negatione intus ueritatem tenebat et foris mendatium proferebat. Cur enim lacrimis diluit quod ore negauerat,3 si saluti faciebat quod ore tenebat4»? 5 Idem: «querens a Deo pacem, non aliud habeat in professione oris, aliud in archano cordis, nichil enim prodest hoc esse cordibus quod uerum est, et hoc dicere uoce quod falsum est, quia ueritas et credenda est et loquenda»6. «Item super id, Mt X, e, [28]: Nolite timere eos qui occidunt corpus, etc. Crisostomus: Non solum ille proditor est ueritatis qui transgrediens ueritatem, palam pro ueritate mendacium loquitur, sed et ille qui non libere pronuntiat ueritatem quam libere pronuntiare oportet, aut non libere ueritatem defendit quam libere deffendere conuenit, proditor est ueritatis. Nam sicut sacerdos debitor est ut ueritatem quam audiuit a Deo libere predicet, sic laicus debitor est a sacerdotibus probatam quidem ueritatem in scripturis deffendat fiducialiter, quod si non fecerit, prodit ueritatem. Corde enim creditur, etc., ad iusticiam, ore autem confessio fit ad usque: salutem»7. Quere de hiis, XIª, questione IIIª: ‘Nolite timere’8. Io XII, f, [4243]: Ex principibus multi crediderunt in eum, etc. [sed propter Pharisaeos non confitebantur, ut de synagoga eicerentur. Dilexerunt enim gloriam hominum magis quam] usque gloriam Dei. Crisostomus: «Principes isti non erant principes, sed serui 1 Cf. Iohannes Beleth, Summa de ecclesiasticis officiis, cap. 164, lin. 2: «De festo Andree et Thome apostolorum. A) De festo sancti Andree sciendum est quod ipse fuit niger colore, barba prolixa, statura mediocris. Hec ideo dicimus ut sciatur qualis in ecclesia debet depingi quod et de unoquoque apostolorum et multorum aliorum sanctorum est sciendum similiter. Aliter enim mentiremur nos in littera laicorum, scilicet, in picturis». CCCM, 41A. 2 om. ad salutem 3 Cf. Mt 26, 69-75. 4 Collectanea corde tenebatur 5 Petrus Lombardus, Collectanea in epistolas Pauli, PL 191, 1476A/B. Cf. Augustinus Hipponensis, Contra mendacium, cap. 6, par. 13, p. 485. CCSL 41. 6 Prosper Aquitanus, Liber Sententiarum, cap. 186, lin. 1s.: «Quaerens a Deo pacem, sit sibi ipse pacatus, non aliud habeat in professione oris, aliud sit in archano cordis nichil enim prodest hoc esse in corde quod uerum est, si hoc dicere uoce quod falsum est, quia ueritas et credenda est et loquenda». CCSL 68 A. (PL 45, 1874; 51, 453); Cf. Augustinus Hipponensis, Enarrationes in Psalmos, Ps. 39. PL 36, 444. 7 Grat. 11, 3, 86: «‗Veritatem prodit, non solum qui pro veritate non mendacium loquitur, sed etiam qui veritatem non libere praedicat’. Item Ioannes Chrysostomus, (id est auctor operis imperfecti, in Matth. hom. 25, forte circa annum 400). Nolite timere eos, qui occidunt corpus: ne forte propter timorem mortis non libere dicatis, quod auditis, nec fiducialiter praedicetis omnibus, quod non solum ille proditor est veritatis, qui transgrediens veritatem, palam pro veritate mendacium loquitur: sed etiam ille, qui non libere veritatem pronuntiat, quam libere pronuntiare oportet, aut non libere veritatem defendit, quam libere defendere convenit, proditor est veritatis. Nam, sicut sacerdos debitor est, ut veritatem, quam audivit quidem a sacerdotibus, probatam in scripturis, defendat fiducialiter. Quod si non fecerit, proditor est veritatis. Corde enim creditur ad iustitiam, ore autem confessio ad salutem». PL 187, 870A/B. 8 Cf. supra 9 f. 1r 30 35 40 45 50 pessime seruitutis»9, serui inanis glorie, que est crudelissima bestia. Non fuit de numero istorum beatus Andreas, qui fidem in corde firmissime tenuit, et propter Egeam se crucifigentem, confiteri eam libere non expauit. Nam dixit: «Ego si crucis supplicium uel patibulum10 expauescerem crucis gloriam non predicarem»11. Eo uero tempore quo non seuit persecutio propter fidem, nec discutimur quid credamus, sufficit credere dummodo sit caritate Dei et proximi informatum et bonis operibus animatum. Ipsum enim credere confert hec: Peccatorum remissionem. Ambrosius: «Credere dat remissionem omnium peccatorum»12. Ac XIII, g, [38]: per hunc, id est, Christum, uobis peccatorum remissio nuntiatur, id est, per istius fidem. Iusticie et ceterorum uirtutum infusionem. Ac XIII, g, [39]: In hoc omnis qui credit iustificatur. Eterne confusionis euasionem. Rom X, [b, 11]: Omnis qui credit in illum non confundetur. Eterne uite possessionem. Io III, g, [36]: qui credit in Filium habet uitam eternam, etc. [qui autem incredulus est Filio, non videbit vitam, sed ira Dei manet] usque super eum. Efficacem operationem. Io XIIII, b, [12]: qui credit in me opera que ego facio, et ipse faciet. Viuificam predicationem. Io VII, f, [38]: qui credit in me, sicut dicit scriptura, flumina de uentre eius fluent aque uiue. Vitare tenebrarum offenssionem. Io XII, f, [46]: Ego lux ueni in hunc mundum, ut omnis qui credit in me in tenebris non maneat. credere firmiter [02] Item de eodem sermo IIus 55 60 65 70 Quomodo predicabunt nisi mittantur? Ro X, [c, 15]. Presumptuosam socordiam hereticorum increpat apostolus in hiis uerbis, qui nec a romano papa, nec a uicario eius missi, predicationis officium usurpare minime confunduntur, de quibus Deus conqueritur per prophetam Ier XXIII, e, [21]: Non mittebam prophetas, et ipsi currebant; non loquebar ad eos // et ipsi prophetabant. Qui f. 1v enim mittitur a papa debet ostendere priuilegium. Qui autem a Deo, miraculum, ut Moyses; uel de scripturis testimonium speciale, ut Iohannes babtista qui ait, Io I, c, [23]: Ego uox clamantis, etc. [in deserto:Dirigite viam Domini, sicut dixit Isaias] usque prophetam13. Dicit ergo: Quomodo predicabunt nisi mittantur? Responde: nullo modo, aut certe malo modo, quia eorum predicatio corrumpet potius quam sanabit. Ps XIII, c, [3-4]: Sepulchrum patens est guttur, etc. [eorum; linguis suis dolose agebant; venenum aspidum sub labiis eorum. Quorum os maledictione et amaritudine plenum est; veloces pedes eorum ad effundendum sanguinem. Contritio et infelicitas in viis eorum, et viam pacis non cognoverunt; non est timor Dei ante oculus eorum.] usque Nonne cognoscent. Nota tamen tria predicatorum genera reperiri quorum: predicatorum Primi bene uiuunt et bene docent, ut ueri apostoli et eorum sequaces. Ro X, e, genera [15]: Quam speciosi pedes, ecce uita, euangelizantium pacem, euangelizantium bona, 9 In Johannem, homilia 69: «Non ergo principes erant, sed servi, extrema servitute». PG 59, 377. 10 ad. uel patibulum 11 Diaconi ecclesiarum Achaiae, Epistula, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum Passio Beati Andreae Apostoli», I, 105. Cf. Gregorius I (Magnus), Liber responsalis, Antiphonae in matutinis Laudibus, In Evangelio. PL 78, 818D. 12 Petrus Lombardus, Collectanea in epistolas Pauli. PL 191, 1477A. 13 Vulg. propheta 10 75 80 85 90 95 100 105 110 ecce doctrina. Secundi male uiuunt et bene docent, ut mercennarii. Phi I, [c, 15]: Quidam propter inuidiam et contentionem, ecce mala uita, quidam uero pro bona uoluntate Christum predicant14. Tercii male uiuunt et male docent, ut heretici. De primo, Ro XVI, e, [18]: huiusmodi Christi Domino non seruiunt, sed suo uentri. De secundo, Iª Ti IIII, a, [1]: Spiritus autem manifeste dicit, etc. [quia in novissimis temporibus discedent quidam a fide, adtendentes spiritibus erroris et doctrinis daemoniorum, in hypocrisi loquentium mendacium et cauteriatam habentium suam conscientiam, prohibentium nubere, abstinere a cibis, quos Deus creavit ad percipiendum cum gratiarum actione fidelibus, et his qui cognoverunt veritatem; quia omnis creatura Dei bona, et nihil reiciendum quod cum gratiarum actione percipitur: sanctificatur enim per verbum Dei et orationem]. Primi sunt missi a Deo ut sibi et aliis prosint. Ier XVI, [e, 16]: Ecce ego mittam piscatores multos, dicit Dominus, et piscabuntur eos, etc. [et post haec mittam eis multos venatores, et venabuntur eos de omni monte, et de omni colle, et de cavernis petrarum]. Secundi sunt missi a Deo ut sibi et aliis nec sibi prosint. Ambrosius: «Etiam pseudo bene nuntiantes misit Deus qui in bono malis nouit uti»15. Tercii permissi a Deo sunt, ut sibi et aliis obsint. Ambrosius: «Aliquando etiam malos malis mittit in iram, id est, predicare permittit malos malis ad eorumdem penam ut uicium16 per se pereant sicut iustum est meritis eorum exhigentibus»17. Apo XXII, d, [11]: Iustum est ut qui in sordibus est, sordescat adhuc18. IIª Thess II, e, [10-11]: eo quod caritatem19 non receperunt, etc. [ut salvi fierent. Ideo mittit illis Deus operationem erroris, ut credant mendacio, ut iudicentur omnes qui non crediderunt veritati, sed consenserunt] usque iniquitati. Item horum primi sunt audiendi et imitandi. Ier III, d, [15]: Dabo uobis pastores iuxta, etc. [cor meum, et pascent vos scientia et] usque doctrina. Iª Cor XI, a, [1]: Inmitatores mei estote, sicut et ego Christi. Secundi sunt audiendi non imitandi. Mt XXIII, a, [2-3]: super chatedram Moysi, etc. [sederunt scribae et Pharisaei. Omnia ergo quaecumque dixerint vobis, servate et facite; secundum opera vero eorum nolite] usque facere. Tercii nec audiendi nec imitandi. Ier XXIII, a, [16]: Nolite audire uerba prophetarum, etc. [qui prophetant vobis, et decipiunt] usque uos. Item horum primi sunt diligendi et reuerendi. He XIII, e, [17]: Obedite prepositis uestris, et subiacete eis. Secundi tolerandi. Luc IX, [f, 49-50]: preceptor uidimus quemdam in nomine tuo eicientem demonia, etc. [et prohibuimus eum, quia non sequitur nobiscum. Et ait ad illum Iesus: Nolite prohibere, qui enim non est aduersum vos,] usque pro uobis est. Tercii secundum leges aborrendi20 uel aliter occidendi, sicut fecit Saul, Iº Reg XXVIII, c, [9]: Ecce tu nosti, etc.[quanta fecerit Saul, et quomodo eraserit magos et ariolos] usque de terra. Ibi enim dicitur quod saul errasit magos et ariolos de terra; et Iheu, IIII Reg X, d, [18-28]: Congregauit ergo Iheu, etc. [omnem populum et dixit ad 14 Vulg. «Quidam quidem et propter inuidiam... quidam autem propter bonam» 15 Petrus Lombardus, Collectanea in epistolas Pauli. PL 191, 1477 C. 16 Collectanea uicissem 17 Ibidem. 18 Vulg. «Qui nocet, noceat adhuc, et qui in sordibus est, sordescat adhuc, et qui iustus est, iustificetur adhuc». 19 om. veritatis 20 aborrendi : abhorrendi 11 115 120 125 130 135 eos: Ahab coluit Baal parum, ego autem colam eum amplius. Nunc igitur omnes prophetas Baal, et universos servos eius et cunctos sacerdotes ipsius, vocate ad me; nullus sit qui non veniat, sacrificium enim grande est mihi Baal; quicumque defuerit non vivet. Porro Hieu faciebat hoc insidiose, ut disperderet cultores Baal. Et dixit: Sanctificate diem sollemnem Baal. Vocavitque, et misit in universos terminos Israhel, et venerunt cuncti servi Baal; non fuit residuus ne unus quidem qui non veniret. Et ingressi sunt templum Baal; et repleta est domus Baal a summo usque ad summum. Dixitque hiis qui erant super vestes: Proferte vestimenta universis servis Baal. Et protulerunt eis vestes. Ingressusque Hieu et Ionadab, filius Rechab, templum Baal, ait cultoribus Baal: Perquirite et videte, ne quis forte vobiscum sit de servis Domini, sed ut sint servi Baal soli. Ingressi sunt igitur ut facerent victimas et holocausta. Hieu autem preparaverat sibi foris octoginta viros, et dixerat eis: Quicumque fugerit de hominibus his quos ego adduxero in manus vestras, anima eius erit pro anima illius. Factum est ergo cum conpletum esset holocaustum, praecepit Hieu militibus et ducibus suis: Ingredimini, et percutite eos, nullus evadat. Percusseruntque eos in ore gladii, et proiecerunt milites et duces. Et ierunt in civitatem templi Baal. Et protulerunt statuam in fano Baal, et conbusserunt, et comminuerunt eam. Destruxerunt quoque aedem Baal, et fecerunt pro ea latrinas usque in diem hanc.] usque Deleuit itaque Ieu21 Baal. III Reg XVIII, g, [40-41]: Dixitque ad eos helyas, etc. [Adprehendite prophetas Baal, et ne unus quidem effugiat ex eis. Quos cum apprehendissent, duxit eos Helias ad torrentem Cison, et interfecit eos ibi.] usque Et ait Helyas ad Hason22. Deu XIII per totum satis agitur de hac materia. Versus: «Si prauum loqueris, heresim crimenque fateris. Contaminandus eris, nam lex iubet ut lapidaris»23. [03] Item eiusdem Sermo IIIus 140 145 150 155 160 Omnis quicumque inuocauerit nomen Domini saluus erit. Ro X, [c, 13]. Hec epistola decenter in festo beati Andree apostoli memoratur, qui hodie salutem eternam meruit a Domino obtinere eo quod unum, id est, Filium eius, studuit fideliter inuocare; sed circa hec tria breuiter uideamus: Primo: quomodo est inuocandus. ¶ Corde, scilicet, credendo. ¶ Ore, laudando. ¶ inuocacio Opere, concordando. Alioquin ait ipse Mt VII, e, [21]: Non omnis qui dicit michi, etc. Dei [Domine, Domine, intrabit in regno caelorum; sed qui facit voluntatem Patris mei qui in caelis est, ipse] usque intrabit in regnum celorum. Nota igitur quod: Quidam inuocant ipsum ore tantum, ut Sarraceni pessimi blasfamantes, qui admiscent laudes pessimi Mafumethi. Quidam quasi ore et opere, non tantum corde, ut heretici callide seducentes. Quidam ore et corde, non opere, ut milites multa mala facientes. Thi I, g, [16]: f. 2r Confitentur se nosse Deum, etc. [factis autem negant, cum sint abominati, et incredibiles, et ad omne opus bonum reprobi]. Quidam corde, ore et opere, ut christiani, fidem et caritatem per opera sollicite demonstrantes. De talibus dicitur hic: Omnis quicumque inuocauerit, etc. Secundo, quando inuocandus; quia in tempore: ¶ Sanitatis. Eccli XIII, e, [18]: Omni uita tua dilige Deum, et inuoca eum in salute tua. ¶ Hostilitatis. Eccli XLVI, b, [6]: Inuocabit altissimum, etc. [potentem, et oppugnando inimicos undique; et audivit illum magnus et sanctus] usque Deus. ¶ Siccitatis spiritualis uel corporalis. Sap XI, a, [4]: Sicierunt et inuocauerunt, etc. [te, et data est illis aqua de petra altissima et requies 21 Ieu : Iheu 22 Vulg. Ahab 23 Versus - non inveni. 12 165 170 175 180 sitis de lapide] usque duro. ¶ Persecutionis. Eccli LIº, c, [14]: Inuocaui Dominum, etc. [patrem Domini mei, ut non derelinquet me in die tribulationis meae, et in tempore superborum, sine] usque adiutorio. ¶ Cuiuscumque tribulationis. Eccli II, d, [11-14]: Respicite, filii, nationes, etc. [hominum, et scitote quia nullus speraverit in Domino et confusus est. Quis enim permansit in mandatis eius, et derelictus est? aut quis invocavit eum, et despexit illum?Quoniam pius et misericors est Deus, et remittet in die tribulationis peccata, et protector est omnibus exquirentibus se in veritate.] usque Ve duplici corde. Tercio, ad quid est inuocandus: ¶ Vt patres uenerabiles immitemur. Ge XII, d, [7-8]: Habraam edificauit altare domino, etc. [qui apparuerat ei. Et inde transgrediens ad montem, qui erat contra orientem Bethel, tetendit ibi tabernaculum suum, ab occidente habens Bethel, et ab oriente Ai, aedificavit quoque ibi altare Domino, et invocavit nomen] usque eius. ¶ Vt in tribulationibus dilatemur. Ps IIII, d, [2]: Cum inuocarem exaudiuit, etc. [me Deus iustitiae meae, in tribulatione dilatasti] usque michi. ¶ Vt a tribulationibus liberemur. Ps XLIX, [c, 15]: Inuoca me in die tribulationis, etc. [eruam te, et honorificabis] usque me. ¶ Vt donis spiritualibus ditemur. Ro X, d, [12]: Idem Dominus omnium diues, etc. [in omnibus qui invocant] usque illum. ¶ Vt officium ad quod creati sumus fideliter exequamur. Ysa XLIII, b, [7]: Omnem qui inuocant nomen, etc. [meum, in gloriam meam creavi eum, formavi eum, et] usque feci eum. ¶ Vt salutem perpetuam consequamur. Vnde hic dicitur: Omnis quicumque, etc. ut supra. [04] Item eiusdem sermo IIIIus 185 190 195 200 205 Ambulans Ihesus, etc. [iuxta mare Galilaeae, vidit duos fratres, Simonem, qui vocatur Petrus, et Andream fratrem eius, mittentes rete in mare, erant enim piscatores. Et ait illis: Venite post me, et faciam vos fieri piscatores hominum. At illi continuo, relictis retibus,] usque secuti sunt eum. Mt IIII, e, [18-22]. Quinque colligimus ex hiis uerbis, scilicet, quando et ubi et ex quibus et a quo et qualiter ordo predicatorum fuerit inchoatus: ¶ Quando: quia illo die quo facta sunt que leguntur in euangelio hodierno. ¶ Vbi: iuxta mare Galilee. ¶ Ex quibus: ex piscatoribus rudibus, pauperibus, uilibus, humilibus, debilibus, Symone, scilicet, Andrea, Iacobo et Iohane, et ceteris VIIIo, qui illa die uocati creduntur, licet in euangelio non legatur. Nam ut ait apostolus, Iª Cor I, g, [26-28]: Non multi sapientes secundum carnem, etc. [non multi potentes, non multi nobiles. Sed quae stulta sunt mundi elegit Deus, ut confundat sapientes, et infirma mundi elegit Deus, ut confundat fortia. Et ignobilia mundi, et contemptibilia elegit Deus, et ea que non sunt, ut ea quae sunt] usque destrueret. ¶ A quo: ab ipso Dei Filio Domino Ihesu Christo, ipse enim fuit huius ordinis incohator. ¶ Qualiter fallime24 probari potest, quia solo uerbo statim enim, ut ait beatus Gregorius, secuti sunt eum nullo uiso miraculo25. Aliqui tamen autumant quod beatus Dominicus primus predicatorum ordinem inchoauit, qui nimirum falluntur, quia rem superficialiter intuentur. Ipse enim Dei Filius in propria persona fuit huius ordinis ¶ Inchoator, ¶ Institutor, ¶ Ordinator, ¶ Promulgator, ¶ Confirmator, ¶ Reformator: ¶ Ipse inchoauit, quando tali die discipulos colligere cepit, ut dicitur hic. ¶ Ipse instituit, quando XII ex eis elegit et prelatos fecit, quos et apostolos nominauit. Luc VI, b, [13-16]: Et cum dies factus esset, etc. [vocabit discipulos suos, et 24 falime : facilime 25 Cf. Homilia in evangelio: «Nulla vero facere adhuc miracula viderant, nihil ab eo de premio eternae retributionis audierant et tamen ad unum Domini preceptum hoc quod possidere videbantur obliti sunt». PL 76, 1093. 13 210 215 220 225 230 235 240 245 elegit duodecim ex ipsis, quos et apostolos nominavit: Simonem, quem cognominavit Petrum et Andream, fratrem eius, Iacobum et Iohannem, Philipum et Bartholomeum, Matheum et Thomam, Iacobum Alphei et Simonem, qui vocatur Zelotes, et Iudam Iacobi, et Iudam Iscariotem, qui fuit] usque predicator26. Ipse ordinauit, quando eis constitutiones imposuit precipiens illis, ut ait Mr VI, a, [8-9]: Ne quid tollerent in uia, etc. [nisi virga tantum; non peram, non panem, neque in zona es; sed calceatos sandaliis, et ne induerentur duabus] usque tunicis. Beda: «Tanta predicatori debet esse fiducia in Deo, ut presentis uite sumptus non ferat27»28. Ipse promulgauit, quando, ut ait Luc X, a, [1]: misit illos binos, etc. [ante faciem suam, in omnem civitatem et locum quo erat ipse] usque uenturus. Ipse confirmauit quando in die pentecoste Spiritum Sanctum in eos ad eorum robur misit. Act II, a, [1-4]: Cum complerentur, etc. [dies pentecostes, erant omnes pariter in eodem loco, et factus est repente de caelo sonus, tamquam adveniens spiritus vehementis, et replevit totam domum ubi erant sedentes. Et apparuerunt illis dispertitae linguae tamquam ignis, seditque supra singulos eorum, et repleti sunt omnes Spiritu Sancto, et ceperunt loqui variis linguis, prout Spiritus Sanctus dabat eloqui illis]. Ipse reformauit29, quando per beatum Dominicum ad pristinum statum reduxit. Iam enim ordo predicatorum degenerauerat a primaue30 institutionis perfectione. Apostoli enim dispersi per mundum, in singulis ciuitatibus conuersis, episcopos statuebant, et sic processu temporis apropriata sunt loca, ut nulli episcopo liceret falcem in messem mittere alienam. Deinde habundantibus decimis, primiciis, et honoribus, et diuiciis, post tempora martyrum, ceperunt hii qui officium predicationis acceperant, proprium habere, deliciis affluere, honoribus exaltari, diuiciis habundare, et inter hec cepit predicatio sopiri, et hereses pullulare, ita quod cessante diu gladio spiritus quod est Verbum Dei, et dormitante iam gla- // dio materiali non poterant extirpari ut patet in tholosanis. Vnde placuit miserationi diuine ordinem predicatorum ad statum perfectionis pristine ne tot mala ex deffectu predicationis succrescerent. Quod autem idem sit ordo predicatorum et apostolorum patet multipliciter: Primo, quia sicut erat tunc unus magister Christus, Io XIII, [b, 13]: Vos uocatis me, etc. [Magister, et Domine; et bene dicitis, sum etenim], et XIIcim principales apostoli, et multi alii inferiores; ita hodie est, quia unus magister, et XIIcim priores prouinciales, et multi alii fratres inferiores. Si tamen aliquas prouincias paganorum Christus dignatus fuerit ad cultum fidei reuocare, plures priores prouinciales poterunt superaddi, exemplo Christi, qui Paulum et Barnabam prioribus apostolis addidit qui et apostoli nuncupantur. Act XIII, a, [2]: Segregate michi barnabam et saulum, etc. [in opus ad quod adsumpsi eos. Tunc ieiunantes, et orantes, inponentesque eis manus, dimiserunt illos]. Secundo, quia eadem regula. Vnde dicitur predicatoribus: «hec igitur sunt, que ut obseruetis precipimus in monasterio constituti. Primum, propter quod in unum estis congregati, ut sit uobis cor unum in Deo, ut non dicatis aliquid proprium, sed sint uobis omnia communia. Sic enim legitis in Actibus Apostolorum IIII, g, [33]: Erant illis omnia communia»,31 quasi dicat, sicut illi et ipsi quia eiusdem ordinis sunt. 26 predicator : proditor 27 ad. non ferat 28 In Marci evangelium expositio. PL 92, 186. 29 erasus reformauit 30 erasus primaue 31 Augustinus Hipponensis, Regula ad servos Dei: «Haec igitur sunt quae ut obseruetis praecipimus in monasterio constituti: Primum, propter quod in unum estis congregati, ut unanimes habitetis in domo et sit uobis anima una et cor unum in Deo. Et non dicatis aliquid proprium, sed sint uobis omnia communia: et distribuatur unicuique uestrum a praeposito uestro uictus et tegumentum, non aequaliter omnibus, quia non aequaliter ualetis omnes, sed potius unicuique sicut cuique opus fuerit. Sic enim legitis in Actibus 14 f. 2v ordo predicatorum seu apostolorum 250 255 260 Tercio, quia eedem sunt constitutiones ut prediximus que notantur Mr VI, a, [89]: precepit eis ne quid tollerent, etc. [in via, nisi virga tantum; non peram, non panem, neque in zona es; sed calceatos sandaliis, et ne induerentur duabus tunicis]. Quarto, quia idem officium, scilicet, fideles hedifficare et hereticos extirpare. Hiis breuiter prelibatis uideamus quare sapientia diuina ordinem predicatorum ab hiis IIIIor fratribus inchoauit. Certe ut ostenderet, quales predicatores debent esse, scilicet: humiliter obedientes, ¶ Viriliter operantes, ¶ Vicia in se et in aliis sollicite supplantantes, et hoc triplex bonum, non suis uiribus sed Dei gratie ascribentes. ¶ Nam Symon, ‗obediens‘,32 ¶ Andreas, ‗uirilis‘,33 ¶ Iacobus, ‗supplantans‘34, ¶ Iohannes ‗in quo est gratia‘ interpretatur35. ¶ Symon, et Andreas fratres sunt, similiter Iacobus et Iohannes, ut notetur, quod inter fratres predicatores semper debet gemina caritas reperiri. Vnde Glo : «et uidit duos fratres, quia unitatem fraterne dilectionis probauit, sine qua nullus in ordine predicatorum admittitur»36. [05] Item eiusdem Sermo Vus 265 270 275 Illi continuo relictis retibus secuti sunt eum. Mt IIII, f, [20]. Tria notantur in hiis uerbis circa beatum Andrea37 et Petrum nobis necessaria et sedulo imitanda: Primo, obediencie acceleratio, ibi, continuo. Vnde beatus Bernardus: «Verus obediens mandatum non procrastinat, parat aures auditui, manus operi, pedes itineri, totum se intra se colligit, ut imperantis impleat uoluntatem»38. Secundo, temporalium despectio ibi, relictis retibus. Ieronimus: «Facile contempnit omnia, qui semper se cogitat39 moriturum»40. Idem: «Cura superflua est»,41 in hiis rebus cor apponere, qui cum anxietate ad effectum prodeunt. Adepte, paruo tempore subsistunt, subsistentes sollicitudinem ingerunt, in quibus sita est corruptio. Falsa delectatio, uera deceptio, «amate inquinant, possesse onerant, amisse cruciant»42. «O curas hominum, o quantum est in rebus inane»43. Apostolorum: quia erant illis omnia communia et distribuebatur unicuique sicut cuique opus erat». PL 32, 1377-1379. Cf. Epistulae, ep. 211, PL 33, 960. 32 Cf. Glo. interl. Mt 4, 18: «Symon. Qui interpretatur obediens qui uocatus est quando andreas duxit eum ad Ihesum». Cf. Rabanus Maurus, Commentarium in Matthaeum. PL 107, 789. 33 Cf. Glo. interl. Mt 4, 18: «et Andream, uirilem». Cf. etiam Rabanus Maurus, Commentarium in Matthaeum. PL 107, 790. 34 Cf. Glo. ord. Mt 4, 21: «Iacobus supplantator qui adiuuatur a iohanne, id est, a gratia dei». 35 Paschasius Radbertus, Expositio in Matthaeo, lib. 3, lin. 1165: «Symon quippe oboediens interpretatur, Andreas uero forte uel uirilis dicitur»; Ibidem, lin. 1353: «Iacobus iure supplantator interpretatur»; Idem, lib. 6, lin. 499: «Iohannes uero gratia Dei uel in quo est gratia». CCCM, 56. Cf. Isidorus Hispalensis, Etymologiae. PL 82, 281; 287/8;5. 36 Cf. Glo. interl. Mt 4, 18. Cf. etiam Rabanus Maurus, Commentarium in Mattheum. PL 107, 789. 37 Andrea : Andream 38 Sermones de Diversis, sermo 41, par. 7, vol. 6,1, pag. 249, lin. 7: «Fidelis oboediens nescit moras, fugit crastinum, ignorat tarditatem, praecipit praecipientem, parat oculos visui, aures auditui, linguam voci, manus operi, itineri pedes, totam se colligit ut imperantis colligat voluntatem». (J. Leclercq). (PL 183, 657 B). 39 om. esse 40 Epistolae, ep. 53 ad Paulinum. PL 22, 549. Synopsis Bibliothecae divinae. PL 28, 145. PL 28, 145. 41 Cf. Epistolae, ep. 43 ad Marcellam. PL 22, 479. 42 Cf. Bernardus Claraevallensis, Epistulae, ep. 103, par. 2, pag. 260, lin. 10. (J. Leclercq) . 43 Aulus Persius Flaccus, Saturae, sat. I, v.1. Available at the WWW in <http://patriot.net/~lillard/cp/pers.html>. 15 280 285 290 Tercio, perfectionis cumulatio, ibi, secuti sunt eum. Mt XIX, [c, 21]: Si uis perfectus esse, etc. [vade, vende quod habes et da pauperibus, et habetis thesaurum in caelo, et veni,] usque sequere me. Si tam facile dimisit beatus Andreas, quorum usu auctuque uiuebat propter Christum, relinque tu retia que sunt in interitum ipso uisu. Hec sunt multa, scilicet: Retis Rete prauitatis heretice. Ps CXL, g, [10]: Cadent in ratia44, etc. [eius peccatores]. genus Rete prelationis inhoneste amministrate. Os V, a, [1]: Laqueus facti estis, etc. multiplex [speculationi, et rete expansum super] usque Tabor. Rete auaricie. Iob XVIII, d, [8]: Inmisit in rete pedes suos. Rete luxurie. Prou VII, f, [21]: Irretiuit eum multis sermonibus. Eccles VII, f, [27]: f. 3r Inueni amariorem morte, etc. [mulierem quae laqueus venatorum est, et sagena cor eius, vincula sunt manus illius. Qui placet Deo effugiet illam, qui autem peccator est] usque capietur ab illa. Rete gule. Abac I, g, [15]: Totum in hamo subtraxit45 illud, id est, humanum genus de paradiso, in sagena sua et congregauit in rete suum, intentione gule. [06] Sermo VIus 295 300 305 310 Pro patribus tuis nati sunt tibi filii, constituens eos principes super omnem terram. Ps XLIIII, f, [17]. Hec prophetia in uocatione sancti Andree et sociorum eius fuit uerissime adimpleta. Alloquitur igitur propheta Dauid, Messiam, id est, Christum, uidens per Spiritum Sanctum, generationem spiritualium filiorum, id est, uocationem apostolorum qua uocati sunt a Christo, sicut legitur in euangelio hodierno. 46 Notantur uero in hac auctoritate IIIIor: Primo, Christi humanitas, ibi, pro patribus tuis, patriarchis, scilicet, et prophetis. Mt I, a [1]: Liber generationis Ihesu Christi, etc. [filii David, filii Abraham]. Secundo, spiritualium filiorum natiuitas, ibi, Nati sunt tibi filii. Ia I, e, [18]: Genuit nos uerbo ueritatis, etc. [ut simus initium aliquod creaturae eius]. Tercio, Christi diuinitas, ibi, Constitues eos principes. Nullus enim illos sic exaltare potuit, nisi Deus. Iob V, [b, 11]: Qui ponit humiles in sublime. Quarto, apostolorum generalis dignitas, ibi, super omnem terram. Ecclus X, d, [17]: Sedes ducum superborum, id est, scribarum et phariseorum et philosophorum, et tyranorum ut Neronis, Herodis, Egee, destruxit dominus, et sedere fecit mites pro eis: hii sunt Andreas et socii eius. [07] Item eiusdem Sermo VIIus 315 Si non credideritis non intelligetis. Ysa VII, d, [9], secundum LXX.47 Satis clare patet quod unum doctorem habuerunt Ysaias et Andreas. Vna est enim sententia utriusque nec mirum. Nam licet diuersus fuerit exterior promulgator, unus et idem tamen erat utriusque interior inspirator. Vnde quam pulcre tuba prophetica 44 ratia : retia / Vulg. retiaculo 45 Vulg. sublevavit et traxit 46 Mt 4, 19: «et ait illis: Venite post me, et faciam vos fieri piscatores hominum». Cf. Hieronymus Stridonensis, Commentaria in Isaiam, lib.3, cap. (s.s.), par.37, lin.84-88: «Unde subjungitur: Si non credideritis non permanebitis, ut Symachus transtulit, id est, et vos non permanebitis in regno vestro, sed in captivitatem ducemini, sustinentes eorum poenas, quorum imitati estis infidelitatem. Vel iuxta LXX, non intelligetis. Et est sensus: quia quae Dominus dicit futura, non creditis, intelligentia non habebitis». CCSL 73. 47 16 320 325 330 335 340 345 et apostolica consonent, queso hylariter attendamus: Cum enim Egeas proconsul beatum Andream ad ydolorum sacrificia inuitaret, «Andreas respondit: Omnipotenti Deo qui uiuus et uerus est, ego cotidie48 sacrifico, non thuris fumum, nec taurorum49 carnes, nec hyrcorum sanguinem, sed immaculatum agnum cotidie in altaris cruce50 sacriffico, cuius carnes posteaquam omnis populus credentium manducauerit, et eius sanguinem biderit51; Agnus qui sacrificatus est integer perseuerat et uiuus, et cum sacrifficatus sit, et uere carnes eius manducate sint a populo, et uere sanguis eius sit bibitus, tamen ut dixi integer permanet et immaculatus et uiuus. Egeas dixit: quomodo potest hoc fieri? Andreas respondit: Si uis scire quomodo potest fieri, assume formam discipuli, ut possis doceri quod queris. Egeas dixit: Ego a te tormentis exigam52 huius rei noticiam. Andreas respondit: Miror te uirum prudentem53 ad tantam stulticiam deuolutum, ut putes tormentis me tibi diuina pandere sacrifficia54. Si credideris Christum Filium Dei, qui crucifixus est a Iudeis, uerum Dominum esse, pandam tibi.55 Si non credideris nunquam penitus tu ad ymaginem56 huius ueritatis attinges»57. Ecce patet quod una et uera sit sententia apostoli et prophete qui ait: Si non credideris, etc. Dicunt tamen theologi «quod ‗quedam sunt que non possunt credi nisi prius intelligantur‘58 que oportet prius cognosci naturali cognitione59, ut ‗unum esse principium‘, prius intelligatur60 quam credatur; quedam uero sunt que oportet prius credi quam cognosci uel intelligi, ut articuli fidei61, ad quos non potest attingere ratio naturalis, ut est ‗Filium Dei esse hominem‘ et huiusmodi»62. Non enim oportet talia Fidei modus perscrutari sed supponi propter IIIIor rationes, scilicet: Vt artium uel scientiarum necessitas non cassetur. Omnis enim ars uel disciplina oportet quod habeat ‗principia per se nota‘, quorum cogens probatio nullatenus requiratur. Vnde Phisius63: «Non oportet in disciplinalibus principiis inquirere propter quid, sed unumquodque principiorum ipsum esse fidem. Sunt enim prima et uera que non per alia, sed per ipsa64 habent fidem»65. «Si igitur in theologia non essent principia, non esset ars uel scientia. Habet // ergo principia per se nota66, scilicet articulos fidei67, f. 3v qui tamen solis fidelibus sunt principia, quibus sunt per se nota68, nulla extra probatione 48 Epistula omni die 49 Epistula taurorum mugientium 50 Epistula in altari crucis 51 biderit : biberit 52 Epistula exigo 53 Epistula prudentem hominem 54 Epistula sacramenta 55 om. quo ordine … discere poteris - (lin. 52-56) 56 Epistula ad indaginem 57 Diaconi ecclesiarum Achaiae, Epistula, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum, ‗Passio beati Andreae Apostoli‘», I, 105. 58 Cf. Augustinus Hipponensis, Enarrationes in Psalmos, Ps. 118, sermo 18, n. 3, CCSL 40, 1725. (PL 37, 1552). 59 om. quam credi 60 Summa Aurea prius est intelligibile 61 ad. fidei 62 Guillelmus Altissiodorensis, Summa aurea, lib. 3, tr. 12, c. 4, p. 209. 63 Phisius : Philosophus 64 per ipsa : per se ipsa 65 Aristoteles Latinus (Boethius translator Aristotelis), Topica, lib 1, cap.1, pag.5, lin.14 (Bekker 100a). (PL 64, 910 C). 66 ad. per se nota 67 ad. fidei 68 Summa Aurea principia per se nota 17 350 355 360 365 370 375 indigentia69 sicut enim hoc principium ‗omne totum maius sua parte‘70, habet aliquam illuminationem per modum nature illuminantis intellectum. Ita hoc principium ‗Deus est remunerator omnium bonorum‘, et alii articuli fidei71 habent in se illuminationem per modum gratie, quia Deus illuminat intellectum», paulatim usque ad perfectum. Vnde «Prou IIII, d, [18]: Iustorum semita, etc. [quasi lux splendens procedit, et crescit usque] usque ad perfectam diem», id est, claram cognitionem.72 Vt intellectus humanus diuine iusticie subiugetur. Nam secundum theologos, quandoque large sumitur iusticia ut sicut species eius fides, spes, caritas, quia per caritatem reddit uis concupiscibilis Deo quod debet, et irascibilis per spem, et rationalis siue intellectus per fidem,73 «quia intellectus per fidem illuminatus magis credit prime ueritati quam sibi74 et quam sillogismo demonstratiuo»75. IIa Cor X, c. [5]: In captiuitatem redigentes omnem intellectum in obsequium Christi, id est, fidei Christi. Crisostomus: «Fides formari anima uirili opus habet, omnia supergradiente76 sensibilia, et infirmitatem rationum hominum transeunte, ut enim potest aliter quisquam fideli fieri, nisi seipsum a consuetudine communi abducat»77. Vt ipsum credere meritorium reputetur. Gregorius: «Fides non habet meritum cui humana ratio prebet experimentum»78; ideo enim modica bona nostra apud Dominum magni meriti reputantur, quia magis sibi quam nostris sensibus uel intellectibus assentimus. Vnde si queratur, quare ita credis? Vnica est ratio: quia ita docet prima et summa ueritas. «Fides enim argumentum est non conclusio, probans non probatum, sicut dicit apostolus, He XI, a, [1]: Fides est sperandarum substantia rerum, argumentum non apparentium».79 Quemlibet fidelis habeat plura media ad probandum aliquem articulum, non tamen principaliter innititur illis, sed tantum prime ueritati, ut legitur de Samaritanis, Io IIII, c, [23-24]: Sed uenit hora, etc. [et nunc est quando veri adoratores adorabunt Patrem in spiritu et veritate. Nam et Pater tales quaerit qui adorent eum. Spiritus est Deus, et eos, qui adorant eum, in spiritu et veritate oportet] usque adorare80. Vt sicut inter corporalia, sic inter spiritualia proportio conseruetur. Sicut enim occulus corporis non potest uidere corporalia sine beneficio pupile, ita occulus anime intellectus non potest perfecte uidere omnia spiritualia nisi beneficio fidei. Augustinus: «Fides est illuminatio mentis, quia81 illuminatur mens a prima et uera luce ad uidendum 69 Summa aurea «non extrinsecus aliqua probatione indigentia» 70 Aristoteles, I Posteriorum, c. 3, n. 4. (Bekker 72b18). 71 ad. fidei 72 Guillelmus Altissiodorensis, Summa aurea, lib. 3, tr. 12, c. 1, p. 199. Cf. Thomas Aquinatis, Summa theologiae, I, q. 1, a. 2: «Respondeo dicendum sacram doctrinam esse scientiam. Sed sciendum est quod duplex est scientiarum genus. Quaedam enim sunt, quae procedunt ex principiis notis lumine naturali intellectus, sicut arithmetica, geometria, et huiusmodi. Quaedam vero sunt, quae procedunt ex principiis notis lumine superioris scientiae: sicut perspectiva procedit ex principiis notificatis per geometriam, et musica ex principiis per arithmeticam notis. Et hoc modo sacra doctrina est scientia: quia procedit ex principiis notis lumine superioris scientiae, quae scilicet est scientia Dei et beatorum. Unde sicut musica credit principia tradita sibi ab arithmetico, ita doctrina sacra credit principia revelata sibi a Deo». 73 Cf. Ibidem, lib. 3, tr. 11, <De Virtutibus>, c. 2, p. 176 74 ad quam sibi 75 Cf. Ibidem, lib. III, tr. 12, c. 2, p. 201. 76 supergradiente : supergrediente 77 Cf. In Epistolam II ad Corinthios, hom. 21. PG 61, 544. 78 XL homiliarum in euangelia libri duo, lib. 2, hom. 26, cap. 1. PL 76, 1197 C. 79 Rectius Glossa Lombardi, in Heb. 11,1. (PL 192, 488C). 80 Cf. Guillelmus Altissiodorensis, Summa aurea, lib. I, Prol., p. 16 ; Cf. etiam, lib. III, tr. 12, c. 4, pp. 207/8. 81 quia : qua 18 380 bona spiritualia».82 Quid est fides in intellectu speculatiuo nisi pupila in occulo? Ideo impossibile est ut philosophi, heretici, iudei, pagani non errent, quia pupilla fidei carent, uel corruptum83 habent. Augustinus: «Si cum84 solem non uidet occulus, nisi in lumine solis, sic uerum ac diuinum lumen non poterit intelligi 85, nisi in ipsius lumine. Domine, inquid Ps86 XXXV, f, [10], in lumine tuo uidebimus lumen»87. [08] Item eiusdem Sermo VIIIus 385 390 395 400 405 410 Frater in angustiis comprobatur. Prou XVII, e, [17]. Videamus quam uerax frater apostolorum beatus Andreas sit in angustiis comprobatus. Sicut legitur inter miracula eius: «Matheus apostolus et euangelista in medio urbi uerbum salutis annuntiauit, sed indigne ferentes incole, Mathei occulos eruerunt, et uinctum cathenis in crucem detraxerunt infra paucos dies interficeretur. Venit autem angelus Dei ad Andream dicens: Surge et uade, erue fratrem tuum Matheum de suilore88 carceris quo tenetur; fecit Andreas iuxta uerbum Dei. Videns autem Matheum amarissime fleuit et facta oratione simul, ait Andreas: Domine Ihesu Christe, quem fideliter predicamus et ob cuius nomen tanta ferimus, qui cecis uisum, surdis auditum, paraliticis gressum, leprosis munditiam, mortuis uitam, immensa clementia largiri dignatus es, aperi queso occulos serui tui, ut eat ad anuntiandum uerbum tuum. Et statim locus contremuit et lux magna reffulsit in carcere et occuli beati apostoli restaurati sunt, et cunctorum cathene confracte, abieruntque in pace; sed beatus Andreas ibi predicauit et post multa tormenta per orationes suas populos illos Domino acquisiuit»89. Dicit ergo: frater in angustiis comprobatur. Nunc uideamus // nos aliquam de bonis que solent ex angustia peruenire: Peccata recolere. Ge XLII, d, [21]: merito hec patimur, etc. [quia peccauimus in fratrem nostrum, videntes angustiam animae illius, dum deprecaretur nos, et] usque non audiuimus. Sap V, a, [1-3]: Tunc stabunt iusti, etc. [in magna constantia adversus eos qui se angustiaverunt, et qui abstulerunt labores eorum. Videntes turbantur timore horribili, et mirabuntur in subitatione insperatae salutis, dicentes intra se, paenitentiam agentes, et pre angustia spiritus gementes. Hi sunt quos habuimus aliquando in derisum, et] usque iusti autem, in90 improperii. Mundum fugere. Ys XXX, b, [6]: In terra tribulationis et angustie leena et leo, etc. [ex eis, vipera, et regulus volans, portantes super umeros iumentorum divitias suas, et super gibbum camelorum thesauros suos, ad populum qui eis prodesse non poterit]. Hec conpulit Iudeos exire de terra deliciosa. Mortem obtare. II Reg I, c, [9]: sta super me, etc. [et interfice me, quoniam tenent me] usque angustie; sed tu obta bene quod Saul male. ¶ Ipsa enim facit: 82 Erui potest ex Epistula 120, nn. 14-18 (PL 33, 454 s.; CSEL 34-2, 716-720); Cf. Thomas Aquinatis, Quaestiones disputatae de veritate, q. 14, a. 4s, c. 3: «Praeterea, Augustinus dicit, in Epist. Ad Consentium, quod fides est illuminatio mentis ad primam veritatem. Sed illuminari ad cognitivam pertinet. Ergo fides est in parte cognitiva». 83 supple intellectum 84 De Spiritu Sicut 85 De Spiritu intelligentia videre 86 De Spiritu propheta 87 Alcherus Claraevalensis (PS-Augustinus), De Spiritu et anima, cap. 12. PL 40, 788. Cf. Isaac de Stella, Sermones, sermo 26, par. 6, lin. 43. SChr 207. 88 suilore : suile (=latebrae vermium) 89 Cf. Iacopo da Varazze, Legenda aurea, II De Sancto Andrea Apostolo, pp. 25-26. 90 om. similitudinem 19 f. 4r Angustia bona 415 420 Celorum gaudium appetere. Gregorius: pauper «assiduis hic tribulationibus», scilicet angustie, «premitur, ut ad adquirendum91 uere consolationis gaudium prouocetur»92. Secreta diuina cognoscere. Iob XXXVI, d, [15]: eripiet93 pauperem, etc. [et revelabit in tribulatione eius] usque aurem. Dominum ad misericordiam inclinari. IIIIo Reg XIII, a, [4]: Vidit Deus Israel angustiam, etc. [Israhel, qua adtriverat eos rex] usque Syrie. Amicos probari. Vnde dicitur hic: frater in angustiis comprobatur. Seneca: «Hoc bonum habet aduersitas quod amicos probat»94. Ecclus XII, b, [8]: Non agnoscetur in bonis amicus et non95 abscondetur in malis inimicus. 425 [09] Item eiusdem Sermo IXus 430 435 440 445 450 Beatus uir qui inuenit amicum uerum. Ecclus XXV, e, [12]. Talis fuit Nicholaus inueteratus in multitudine peccatorum, qui inuenit beatum Andream uerum amicum cuius orationibus non solum a peccatorum nexibus solutus, sed etiam beatus effectus est, cuius talis est hystoria: «Ille Nicholaus secularis uestibus uenit ad apostolum dicens: famule Dei, ecce LXXa anni sunt uite mee, in quibus non discessi ab immundiciis et scorto ac fornicatione, plerumque preceps ductus ad lupanar, et nunc tercia dies est in quo audiui miracula que agis et predicationes tuas que plene sunt uerbis uitalibus, et cogitabam mecum ut relicto hoc opere uenirem ad te, sed ueniebat mihi alius sensus ut hoc relinquerem, et non facerem bonum quod cogitabam; luctante igitur conscientia accepi euangelium et oraui Dominum, ut hoc faceret me obliuisci; post dies uero paucos oblitus euangelii quod super me erat, abii ad lupanar et meretrix uidens me ait: Egredere senex egredere, angelus enim Dei es tu. Tunc ego recolui quod euangelium mecum habebam et, conuersus, ueni ad te famule Dei, ut miserearis erroribus meis. Tunc apostolus flexis genibus orabat, emittens gemitus cum lacrimis ab hora VIª usque ad IXam, et abluta facie nichil uoluit accipere, dicens: Non gustabo donec cognoscam si miserebatur Deus huic homini. Et sic permansit usque ad Vam diem, quo delapsa est uox de celo dicens: Obtinuisti, Andrea, pro sene. Sed sicut tu ieiunio fatigatus es ita ipse studeat ieiunio ut saluetur. Vocauitque apostolus senes, et rogauit ut orarent uniuersi pro eo. Nicholaus uero omnia que habebat distribuit indigentibus et se excutiabit ita ut per VIex menses nichil aliud quam panem aridum et aquam sumeret et, acta digna penitentia, mortuus est. Beatus autem apostolus non erat presens, sed in loco ubi erat uox ad eum facta est dicens: Andrea meus effectus est Nicholaus pro quo deprecatus es. At ille gratias agens Deo narrauit fratribus»96. Dicit ergo: Beatus, etc. Notandum hic quod est amicus bonus, melior, optimus; ¶ Malus, peior, pessimus: 91 Moralia requirendum 92 Moralia in Iob, lib. 26, par. 35, lin. 18. CCSL 143 B. (PL 76, 387B). 93 om. de angustia sua 94 Cf. Epistulae ad Lucilium, 6,3: «Multos tibi dabo, qui non amico, sed amicitia caruerint: hoc non potest accidere, cum animos in societatem honesta cupiendi per voluntas trahit. Quidni non possit? Sciunt enim ipsos omnia habere communia, et quidem magis adversa». Cf. Thomas de Hibernia, Manipulus Florum, Amicia CK: «amicum prosperitas invenit, sed adversitas probat» (Seneca in extrema parte epistularum). Available at the WWW in http://www.wlu.ca/~wwwhist/faculty/cnigghman/index.html. 95 is. : non 96 Gregorius Turonensis, Liber de miraculis beati Andreae apostoli, in «Miraculorum libri VIII». PL 71,705. Cf. Iacopus da Varazze, Legenda aurea, II De Sancto Andrea Apostolo, pp. 26-27. 20 455 460 465 470 475 480 485 490 Bonus, quilibet sanctus tibi amicitia ligatus, qualis fuit beatus Andreas Nicholao, Amicus et qualis fuit beatus Basilius puero qui amore puelle Christum negauerat, et diabolo multiplex cartam uassallagii fecerat; quere in gestis sancti Basilii97. Melior, angelus ad tui custodiam delegatus, quia semper de te est sollicitus. Can VIII, g, [13]: Amici ascultant98. Glo: «Angeli quos adiutores tibi dedi»99. Beatus Bernardus: «Si se boni spiritus a nobis elongauerint, impetus malignorum quis poterit sustinere100?» 101 Obtimus, Christus. Bernardus: «amicus dulcis, consiliarius prudens, adiutor 102 fortis» . Eccli VI, d, [15]: Amico fideli nulla est comparatio, etc. [et non est digna ponderatio auri et argenti contra bonitatem fidei illius]. XXII, f, [26-27]: Ad amicum etsi produxeris gladium, etc. [non desperes, est enim regressus. Ad amicum si aparueris os triste, non timeas; est enim concordatio excepto convitio, et inproperio, et superbia, et misterii revelatione, et plaga dolosa, in his omnibus effugiet amicus]. Io XV, [b, 14]: Vos amici mei estis si feceritis, etc. [quae ego praecipio vobis]. Malus, mundus. Ia IIII, a, [4]: Adulteri nescitis, etc. [quia amicitia huius mundi f. 4v inimica est Dei? quicumque ergo voluerit amicus esse saeculi huius, inimicus Dei] usque constituetur103. II Reg XIII, a, [3-14]: erat autem Amon amicus Ionadab, etc., fere usque ad finem capituli, [filius Semmaa fratris David, vir prudens valde. Qui dixit ad eum: Quare sic adtenuaris macie fili regis, per singulos dies? cur non indicas mihi? Dixitque ei Amnon: Thamar, sororis fratris mei Absalom, amo. Cui respondit Ionadab: Cuba super lectum tuum; et languorem simula; cumque venerit pater tuus ut visitet te, dic ei: Veniet, oro, Thamar, soror mea. Accubuit ita Amnon, et quasi aegrotare coepit; cumque venisset rex ad visitandum eum, ait Amnon ad regem: Veniat, obsecro, Thamar, soror mea ut faciat in occulis meis duas sorbitiunculas, et cibum capiam de manu eius. Misit ergo David ad Thamar in domum, dicens: Veni in domum Amnon fratris tui, et fac ei pulmentum. Venitque Thamar in domum Amnon fratris sui; ille autem iacebat. Quae tollens farinam commiscuit; et liquefaciens, in oculis eius coxit sorbitiunculas. Tollensque quod coxerat, effudit et posuit coram eo; et noluit comedere, dixitque Amnon: Eicite uniuersos a me. Cumque eiecitent omnes, dixit Amnon ad Thamar: Infer cibum in conclave, ut vescar de manu tua. Tulit ergo Thamar sorbitiunculas quas fecerat, et intulit ad Amnon, fratrem suum in conclave. Cumque obtulisset ei cibum, adprehendit eam, et ait: Veni, cuba mecum, soror mea. Quae respondit ei: Noli, frater mi, noli opprimere me, neque enim hoc fas est in Israhel; noli facere stultitiam hanc; et ego enim ferre non potero obprobrium meum, et tu eris quasi unus de insipientibus in Israhel; quin potius loquere ad regem, et non negabit me tibi. Noluit autem acquiescere precibus eius, sed prevalens viribus oppressit eam, et cubavit cum illa]. Iª Io II, [c, 15]: Nolite diligere mundum, etc. [neque ea quae in mundo sunt. Si quis diligit mundum, non est caritas Patris in eo, quoniam omne quae est in mundo, concupiscentia carnis est, et concupiscentia oculorum, et superbiae vitae; quae non est ex Patre, sed ex mundo est]. IIª Thi IIII, d, [10]: Demas me dereliquit diligens hoc seculum. 97 Vide Auctor incertus, Vita Apocrypha (Excerpta ex Actis S. Basilii Bollandianis): «Chirographum magicum doemoni extortum». PG 29, 307-308. Cf. Ps-Amphilochius Yconiensis, Vita Sancti Basilii, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum, De Sancto Basilio», I, 136-137. 98 ascultant : auscultant 99 Glo. ord. Ct 8, 13. PL 113, 1166 D. 100 Sermones quis sustinebit 101 Sermones super Cantica Canticorum, sermo 7, par. 4, vol. 1, pag. 33, lin. 19. (J. Leclercq). (PL 183, 808 C). 102 Ibidem, sermo 20, par. 3, vol. 1, pag. 115, lin. 27. (J. Leclercq). (PL 183, 868 B). 103 Vulg. constituitur 21 495 500 Peior, hereticus. Iere IX, b, [4]: Amicus fraudulenter incedet, etc. [Et vir fratrem suum deridebit, et veritatem non loquentur; docuerunt enim linguam suam loqui mendacium, ut inique agerent laborauerunt]. Eodem b, [8]: In ore suo pacem cum amico, etc. [suo loquitur, et oculte ponit ei insidias]. Aba II, [c, 15]: Ve qui potum dat amico [suo mittens fel suum, et inebrians ut aspiciat nuditatem eius]. Eccli VI, c, [13]: Ab amicis tuis attende, id est, caue. Pessimus, diabolus. Thren I, a, [2]: Omnis amici eius spreuerunt illam, et facti sunt ei inimici. Glo: «demones pessimi persuasores qui nunc decipiendo blandiuntur»104. Eccli VI, c, [9]: Est amicus qui conuertitur ad inimicitiam, etc. [et est amicus qui odium et rixam et convitia denudabit]. Iere IIII, g, [30]: Contempserunt te amatores tui, etc. [animam tuam querent]. [10] Item eiusdem sermo Xus 505 510 515 520 525 530 Venit hora105 quando mortui, etc. [audent vocem Filii Dei, et qui audierint], usque uiuent. Io V, d, [25]. Istius resurrectionis que ad uocem Christi in fine mundi futura est generalis, satis pulchra figura claruit in beati Andree miraculis spiritualis. «Dum enim post multos labores et miracula beatus Andreas uerbum Dei in maris littore populis predicaret, ecce cadauer hominis proiecit mare ad pedes eius. Tunc ait apostolus: Oportet et hunc resuscitari, ut cognoscamus que in eo est aduersarius operatus. Et facta oratione leuauit eum et loquebatur; cui apostolus: Expone nobis per ordinem que tibi acciderunt. Et ille: cum auditis miraculis properare uidere cum aliis XXXª IX, subito orta tempestas submersit omnes. Tunc apostolus, expansis manibus ait: Ostende queso Domine et aliorum cadauera, ut et ipsi cognoscant te solum uerum Deum; hoc dicto, statim aparuerunt XXXª IX cadauera de mari. Tunc flente iuuene, omnes flere ceperunt, et pedibus eius prouoluti, rogabant ut istos etiam suscitaret. Apostolus autem orationem fundens, iussit fratribus ut unusquisque tenens manum mortui diceret: Suscitet te Ihesus Filius Dei uiui; quo facto, suscitati sunt XXXª IX, et populus ait: Non est similis tui Domine; hinc dicitur in quodam hymno: Quaterdenos iuuenes maris submersos fluctibus uite reddidit usibus»106. Venit hora, etc. Hic tria breuiter requiramus: ¶ Primo, quot modis resurrectio dicitur. ¶ IIº, que quibus conuenit uel aptetur. ¶ IIIº, quomodo per uocem Filii Dei efficitur. Notandum circa hec quod resurrectio duplex est. Vnde super illum uersum Ps I, f, [5]: Non resurgant107 impii in iudicio, dicit Glo : «Due sunt resurrectiones: una anime in presenti, qua resurgit108 a peccatis. Vnde apostolus, Ephe V, [c, 14]: Exurge109 qui dormis, etc. [et exurge a mortuis, et inluminabit te Christus]; Ressurrectio altera corporis in futuro»110. Harum: Prima est tantum bonorum. Apo XX, d, [6]: beatus et sanctus, etc. [qui habet partem in resurrectione] usque prima. Ps XL, d, [9]: Numquid qui dormit non adiiciet ut 104 Glo. ord. Lam 1, 2. Cf. Paschasius Radbertus, In Lamentationes Jeremiae. PL 120, 1068 D. 105 om. et nunc est 106 Cf. Iacopus da Varazze, Legenda aurea, II De Sancto Andrea Apostolo, p. 28. Cf. etiam Iohannes Beleth, Summa de ecclesiasticis officiis, cap. 164, lin. 17. 107 Vulg. resurgent 108 om. homo 109 Vulg. Surge 110 Petrus Lombardus, Commentaria in Psalmos. PL 191, 64C. Cf. Augustinus Hipponensis, De ciuitate Dei, lib. 20, cap. 6, lin. 73: «ita sunt et resurrectiones duae, una prima, quae et nunc est, et animarum est, quae venire non permittit in mortem secundam; alia secunda, quae nunc non est, sed in saeculi fine futura est, nec animarum, sed corporum est, quae per ultimum judicium alios mittet in secundam mortem, alios in eam vitam, quae non habet mortem». CCSL 48. (PL 41, 666). 22 535 540 545 550 resurgat, quasi dicat, numquid peccator non resurget si uoluerit? resurget utique si uoluerit, sed non resurget si noluerit. Vnde Ysa XXIIII, g, [20]: Grabauit eam iniquitas, etc. [sua, et corruet, et non adiciet ut] usque resurgat. Iere VIII, b, [4-6]: Numquid qui cadit, etc. [non resurget? et qui aversus est non revertetur? Quare ergo aversus est populus iste in Hierusalem aversione contentiosa? Adprehenderunt mendacium, et noluerunt reverti. Adtendi, et auscultavi: nemo quod bonum est loquitur] usque nuluus111. Secunda est non solum bonorum sed etiam et malorum. Iª Cor XV, [g, 51]: Omnes quidem resurgemus. Glo: «Omnes tam boni quam mali»112 resurgent. Gregorius: «Resurgent113 etiam omnes infideles non ad iudicium sed ad tormentum»114. Vtraque istarum fiet per uocem Filii Dei, nunc loquentis et clamantis per predicatorem suum, scilicet, Ysaiam LX, a, [1]: Surge illuminare, etc. [Hierusalem, quia venit lumen tuum, et gloria Domini super te orta est], et in futuro, per seipsum intonantis, Io V, [e, 28-29]: omnes qui in monumentis sunt, audient, etc. [vocem Filii Dei, et procedent qui bona fecerunt, in resurrectionem vitae, qui vero male egerunt, in resurrectionem] usque iudicii. Apo XX, e, [11-13]: Vidi tronum magnum candidum, etc. [et sedentem super eum, a cuius conspectus fugit terra et caelum, et locus non est inventus eis. Et vidi mortuos, magnos et pusillos stantes in conspectu throni, et libri aperti sunt, et alius liber apertus est qui est vitae, et iudicati sunt mortui ex hiis quae scripta erant in libris; secundum opera ipsorum], et dedit mare mortuos, scilicet, qui in eo erant, id est, corpora, et mors et infernus dederunt mortuos, id est, animas. 111 Vulg. nullus 112 Glo. interl. I Cor 15, 51. Petrus Lombardus, Collectanea in epistolas Pauli. PL 191, 1690 A. Cf. Ambrosius Mediolanensis, De lapsu uirginis consecratae. PL 16, 376 B. 113 Moralia resurgunt 114 Moralia in Iob, lib. 26, par. 27, lin. 31. CCSL 143B. (PL 76, 379 A). 23 [11] Incipit de sancto Nicholao, sermo primus 5 10 15 20 25 30 35 40 Te faciente helemosynam nesciat sinistra, etc. [tua quid faciat dextera tua, ut sit elemosyna tua in abscondito; et Pater tuus, qui videt in abscondito, reddet tibi]. Mt VI, a, [3-4]. Hoc dominicum preceptum beatus Nicholaus non segniter adimpleuit. «Defunctis namque parentibus eius, et multis opibus derelictis, Nicholaus sepius illud euangelicum ante sue mentis occulos reducebat, [Lc 13, 33]: Nisi quis renuntiat1 omnibus que possidet, non potest meus esse discipulus. Et cum hoc anclaret perficere, cepit timere ne fauorabilis percelleret aura, quicquid pro Chisto facere disponebat, deprecabatur igitur Dominum ut dignaretur sibi inspirare quatinus de tantis operibus // sic ordinaret ut amota laude humana conspectui placeret diuino; hoc illo cogitante, f. 5r accidit ut quidam uicinus eius nimium locuplex, ad tantam inopiam deueniret, ut filias tres nobiles fornicari constitueret; huic beatus Nicholaus tria pondera auri proiecit noctu, cauens ne etiam accipienti elemosynam panderetur, sed cum tercium metallum proiecit, insecutus homo aprehendit Nicholaum, sed Nicholaus breuiter allocutus, exegit ab eo, ut in uita sua nulli homini panderetur»2. Sicque adimpleuit quod dicitur: Te autem faciente helemosynam, etc. Notandum est hic, quod helemosyna pure propter Deum facta, ualet: elemosina Ad peccata redimenda. Dan IIII, d, [24]: peccata tua helemosynis redime. ualet ad multa Ad temptationibus resistendum. Eccli IIII [III], g, [33]: Ignem ardentem, etc. [extinguit aquam, et elemosynis resistit peccatis]. Item XXIX, b, [18]: super scutum potentis, etc. [et super lanceam adversus inimicum] usque tuum pugnauit3. Ad dampnationem euadendam. Tob IIII, c, [11]: helemosyna ab omni peccato, etc. [et a morte liberat, et non patietur animam ire] usque in tenebras. Ad gratiam acquirendam. Act X, e, [31-33]: Corneli exaudita est oratio et elemosyne tue commemorate sunt in conspectu Dei. Mitte ergo in Ioppen, etc. [et accersi Simonem, qui cognominatur Petrus; hic hospitatur in domo Simonis, coriarii, iuxta mare. Confestim ergo misit ad te, et tu benefecisti veniendo; nunc ergo omnes nos in conspectu tuo adsumus, audire omnia quaecumque tibi praecepta sunt a Domino]. Ad gratiam conseruandam. Ecclus XVII, d, [18]: helemosyna uiri quasi signacculum, etc. [cum ipso, et gratiam hominis quasi pupillam conservabit. Et postea resurget, et retribuet illis retributionem, unicuique in caput ipsorum, et convertet in interiores partes terrae]. Ad Saluatoris fidutiam nutriendam. Tob IIII, d, [12]: fiducia magna erat, etc. [coram summo Deo elemosyna omnibus facientibus] usque eam. Ad eternam gloriam obtinendam. Tob XII, d, [9]: helemosyna a morte liberat, etc. [et ipsa est quae purgat peccata, et facit invenire misericordiam et vitam] usque eternam. Credite paruitati mee, quia ex quo homo in mundi huius uoraginem propter delicta sua deiectus est, nullum bonum eius sic Deus aprobare legitur sicut elemosynam, scilicet, tantum non ob mundi fiat gloriam. [12] Sermo IIus 45 Bonum uiro cum portauerit iugum ab adolescentia sua. Tren III, [d, 27]. Melius est cum portauerit a puericia. Optimum cum portauerit ab infantia, 1 Vulg. Sic ergo omnis ex vobis qui non renuntiat 2 Cf. Iacobus de Voragine, Legenda aurea, III De Sancto Nicholao, p. 39. 3 te. : pugnavit 24 50 55 60 65 70 75 80 85 90 quod fecit beatus Nicholaus, qui in cunis adhuc iacens seruabat ieiunia, quia IIIIª et VIª feria semel tantum in die suggebat ubera4. Prou XX, c, [11]: Ex studiis suis intelligitur puer, etc. [si munda et recta sint opera] usque eius. Est autem triplex Christi iugum, Iugum triplex utile ualde portantibus, quia ab immundicia retrahit et ad recta dirigit: em cim Primum est VII sacramentorum et XIIII articulorum. Hec enim curuant colum anime, id est, intellectum, et captiuant ipsum in obsequium fidei, sicut dicitur IIª Cor X, b, [5]: In captiuitatem redigentes, etc. [omnem intellectum in obsequium Christi]. Eccli XXXIII, [d, 27]: Iugum et lorum curuant collum durum, id est, intellectum superbum philosophorum, ut Augustini, qui nolebat credere ut intelligeret. He XI, a, [6]: Credere enim oportet accedentem, id est, accedere nolentem ad Deum, quia est, et inquirentibus se remunerator sit. Ipse enim ut ait apostolus, Iª Thi VI, g, [16]: lucem habitat inaccessibilem simpliciter quoad fideles. Ys VI [VII], [d, 9], secundum LXXª: nisi credideritis non intelligetis. Ideo igitur decepti fuerunt Iudei, quia noluerunt flectere collum, id est, humiliare intellectum, ut crederent Christum Filium Dei, quod tantum antiqui Patres eis consuluerant. Eccli LI, f, [33-34]: Comparate uobis sine argento, in predicatione Christi et apostolorum qui gratis predicabant; Mt X, [a, 8]: Gratis accepistis, gratis date; et collum uestrum subiicite eius, id est Christi, et suscipiat anima uestra disciplinam. In proximo est enim inuenire eam, quasi dicat: Tunc poteritis intelligere in proximo inuenire eam; quasi dicat, ut cito ueniet Christus. Sed ipsi noluerunt hoc consilium, quia quasi animalia fortia proiecerunt iugum. Vnde admirans querit Ps II, a, [1-3]: Quare fremuerunt gentes, etc. [et populi meditati sunt inania? Adstiterunt reges] usque terre. Herodes et Pilatus, et principes scribarum et phariseorum, conuenerunt in unum, aduersus Dominum, et aduersus Christum eius, dicentes: Dirumpamus uincula eorum, id est, consilia Christi et apostolorum, et proiciamus a nobis iugum ipsorum. Iere V, a, [5]: Confregerunt iugum, ruperunt uincula. Iere V, c, [12]: Negauerunt Dominum et dixerunt, etc. [Non est ipse, neque veniet super nos malum. Gladium et famem] usque non uidebimus. Sed quid inde? Sequitur Ps II, c, [4]: Qui habitat in celis irridebit eos, etc. [et Dominus subsannauit eos]. Esd [Ose ] IX, g, [17]: Abiciet eos Deus quia non audierunt eum, et erunt uagi in nationibus, sub iugo generalis et perpetue seruitutis. Ose XI, [b, 7]: Iugum imponetur eis simul quod non auferetur. De iugo fidei contra malos etiam christianos dicit Gregorius: «Iam iugo fidei colla gentium // subdidit, iam f. 5v mundi gloriam strauit, iam ruinis eius crebrescentibus districti sui iudicii diem propinquantem denuntiat; et tamen superba mens nostra non uult hoc sponte deserere quod cotidie perdit inuita»5. Secundum est X preceptorum. Hec enim suauiter curuant affectum sub honere6 diuine legis. Mt XI, [d, 28-30]: Venite ad me omnes qui laboratis, etc., usque ad finem capituli [et onorati estis, et ego reficiam vos. Tollite iugum meum super vos, et discite a me, quia mitis sum et humilis corde, et invenietis requiem animabus vestris. Iugum enim meum suave est, et onus meum leve]. Quid enim graue mentis nostre ceruicibus imponit, qui uitari omne desiderium quod perturbat precipit? Quid graue subiectis iubet, qui declinare laboriosa huius mundi itinera admonetur? Non fuit tale iugum cerimonialium. Act XV, c, [10]: Quid temptatis Deum, imponere iugum, etc. [super 4 Cf. Iohannes diaconus Napolitanus, Vita Beati Nicolai Episcopi, Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 297: «Enim uero cum matris adhuc lacte aleretur: coepit bino in hebdomode die quarta scilicet et sexta feria semel bibere mammas: et hac uice contentus tota die sic permanebat». Cf. Iacobo da Varazze, Legenda aurea, III De Sancto Nicholao, p. 38: «insuper quarta et sexta feria tantum semel ubera sugebat». 5 XL homiliarum in euangelia libri duo, lib. 1, hom. 5, cap. 1, lin. 10. (PL 76, 1093). 6 honere : onere 25 95 100 105 110 115 120 125 130 cervices discipulorum, quod neque patres nostri neque nos portare] usque potuimus? Et reuera duro iugo indigebat dura ceruix iudeorum. Ysa XLVIII, a, [4]: Sciui enim quia durus, etc. [es tu, et nerveus ferreus cervix tua, et frons tua] usque erea. Nunc autem adueniente Christo cerimonialia uelut putrida inluerunt. Ys X, [g, 27]: Auferetur onus eius de humero tuo, etc. [et iugum eius de collo tuo, et conputrescet iugum a facie] usque olei, id est, Christi, qui sicut ait Ps XLIIII, c, [8]: oleo leticie unctus est pro consortibus suis7, et de quo in Can I, [a, 2]: oleum effusum nomen tuum. Tercium est diuersorum consiliorum. Hec curuant exteriorem sensum sub perfectione sancte conuersationis. Ose VII, g, [16]: Reuersi sunt ut essent absque iugo. Loquitur de apostatis qui iugum perfectionis abiecerunt. Iere II, e, [20]: A seculo, id est, ad similitudinem secularium qui discurrunt per turpitudines, confregisti, id est, ex toto fregisti, ut nullum honestatis obserues, iugum meum, id est, regulam dictatam per spiritum meum, rupisti uincula mea, id est, constitutiones sanctorum Patrum per me institutas; dixisti, ore, corde, opere, non seruiam; talibus comminatur Dominus, Deu XXVIII, e, [47]: eo quod non seruieris Domino Deo tuo, etc. [in gaudio, cordisque laetitia, propter rerum omnium abundantiam, seruies inimico tuo, quem inmitet tibi Dominus in fame, et siti, et nuditate, et omni penuria; et ponet] usque iugum ferreum dampnationis eterne, super ceruicem tuam, donec te conterat. Igitur bonum est portare iugum sicut fecit beatus Nicholaus. ¶ Obligat ¶ primum, ad credendum; ¶ IIum, ad operandum; ¶ tercium, ad perfectionem conuersandam. ¶ Item primum et secundum sunt neccessitatis; ¶ tercium est uoluntatis. Preterea bonum est portare tria iuga ab adolescentia propter multa, scilicet, quia talis adolescens: Tempus non perdit, sicut enim, ut ait [Lc 21, 18]: capillus de capite uestro non iugum peribit, ita nec momentum de tempore. Multum thesaurum reponit, qui enim citius incipit plura bona colligit. Eccles XI, d, [6]: Mane semina semen tuum, etc. [et vespere ne cesset manus tua: quia nescias quis magis oriatur, hoc aut illud, et si utrumque simul] usque melius erit. Eccli XXII, a, [1-2]: In lapide luteo, etc. [lapidatus est piger; et omnes loquentur super aspernationem illius. De stercore boum lapidatus est piger; et omnis qui tetigerit eum excutit] usque manus suas. Penam quam meretur euadit, quia non tamen punientur homines propter commissionem mali, sed etiam propter omissionem boni. Mt XXV, f, [42-46]: Esuriui, etc. usque ad finem capituli, [enim, et non dedisti mihi manducare; sitivi, et non dedisti mihi potum; hospes eram, et non collegistis me; nudus, et non cooperuistis me; infirmus et in carcere, et non visitastis me. Tunc respondebunt ei et ipsi, dicentes: Domine, quando te vidimus esurientem, aut sitientem, aut hospitem, aut nudum, aut infirmum, aut in carcere, et non ministravimus tibi? Tunc respondebit illis, dicens: Amen dico vobis, quando non fecistis uni de minoribus hiis, nec mihi fecistis]. Bonum exemplum tribuit, quod Deus multum requiret. Mt V, b, [16]: sic luceat lux uestra, etc. [coram hominibus, ut videant opera vestra bona, et glorificent Patrem vestrum] usque qui in celis est. Gratiam sibi quasi naturalem facit, quia ‗consuetudo est altera natura‘8, et ‗quod cesta9 noua capit inueterata sapit‘10. Prou XXII, b, [6]: Adolescens iuxtus11 uiam, etc. [suam, etiam cum senuerit, non recedat] usque ab ea. 7 Vulg. tuis 8 Aristoteles Latinus, De memoria et reminiscentia, 14, 1-2. Cf. Johannes de Fonte, Auctoritates Aristotelis, Senecae, Boethii, Platonis, Apulei Africani, Prophyrii et Gilberti Porretani, opus 7, sententia 64 (Ed. Jac. Hamesse, 1974). Cf. Auctor incertus (Beda?), Sententiae philosophicae collectae ex Aristotele atque Cicerone. PL 90, 986 A. 9 cesta : testa 26 135 140 Parentes bonos letifficat. Prou X, e, [1]: filius sapiens, etc. [laetificat patrem, filius vero stultus maestitia est] usque matris sue. Dominum honorat. Prou VII a, [III, b, 9]: Honora Dominum, etc. [de tua substantia, et de primitiis omnium frugum] usque alienum12. Item XIIII, g, [31]: Qui calumpniatur egeno13, etc. [exprobat factori eius, honorat autem eum qui miseretur] usque pauperis, sicut fecit beatus Nicholaus. [13] Item eiusdem Sermo IIIus 145 150 155 160 165 170 Prouideat Dominus, Deus etc. [spirituum omnis carnis, hominem, qui sit super multitudinem hanc, et possit exire et intrare ante eos, et educere eos vel introducere, ne sit populus Domini sicut oves] usque absque pastore. Num XXVII, f, [16-17]. Pulcre tradidit hic Spiritus Sanctus formam que debet seruari in electionibus prelatorum: debet enim precedere et tunc sequi canonica electio; hoc etiam Christus docuit, Luc VI, c, [12-13]: factum est in illis diebus exiit Ihesus, etc. [in monte orare, et erat pernoctans in oratione Dei. Et cum dies factus esset, vocabit discipulos suos, et elegit duodecim ex ipsis, quos et apostolos] usque nominauit; hoc etiam docuerunt apostoli, qui, Act I, g, [24-25]: orantes dixerunt: Tu Domine, etc. [qui corda nosti omnium, ostende quem elegeris ex hiis duobus unum, accipere locum ministerii huius et apostolatus, de quo prevaricatus est Iudas, et abiret in locum suum]; hoc etiam Patres sancti temporibus beati Nicholai seruauerunt. Nam cum super hoc ieiuniis et precibus instituissent, Dominus reuelauit eis dignum episcopatu fore Nicholaum, sicut pulcre in eius actibus continetur: «Quilibet primo renitens obstiterit, plurimis repugnauerit intronizatus est, sed eamdem morum grauitatem quam prius, exterius, eamdemque humilitatem gestabat in corde, uigiliis et ieiuniis magnus, mulierum consortia licet // exorauerit, tamen ex hoc quasi quemdam pestem fugiebat. In f. 6r suscipiendis omnibus humilis, in loquendo efficax, alacer in exortando, in corrigendo seuerus. Viduarum, orphanorum, opressorum negocia procurabat. Raptores execrabatur, uiolentos arguebat, affectos reficiebat. Crescebat cotidie fama honestatis eius»14. Patet igitur quod Deus prouidit populo suo talem prouidendo prelatum, orationibus inclinatus. Dicit ergo Moyses: Prouideat Dominus, etc. In hac auctoritate notantur tria: prelati Primo, a quo prelatus prouidendus est et eligendus, ibi prouideat Dominus, etc. qualitas Iº Reg XVI, a, [1]: Imple cornu tuum oleo, etc. [et veni, ut mittam te ad Isai Betheemitem, providi enim in filiis eius mihi] usque regem. Origenes: «Orat Moyses Deum ut prouideat populo ducem. Erant filii Gerson et Eleazar. Erant et filii fratris 10 In Guillelmus Altissiodorensis, Summa Aurea, lib. II, t. 2, tract. 14, c. 1, solutio 3, (p. 511) Cf. Quintus Horatius Flaccus Venusinus, Epistulae, I, 2, vv. 67-70: « … Nunc adhibe puro / pectore uerba puero; nunc te melioribus offer; / quo semel est imbuta recens, seruabit odorem / testa diu. … ». 11 Vulg. iuxta 12 Vulg. tuarum 13 Vulg. egentem 14 Cf. Iohannes diaconus Napolitanus, Vita Beati Nicolai Episcopi, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 300: «Pontificali igitur cathedra sublimatus eandem morum gravitatem, quam prius eandemque sectabatur humilitatem creber in oratione peruigilabat corpos ieiuniis macerabat. Mulierum consortia licet ab ipso putitiae suae tempore exhorruuerit, tamen quandam ex hoc quasi pestem fugiebat. In suscepiendis hominibus humilem, in loquendo efficacem se praebebat. Alacer erat in exhortando, seuerus in corripiendo. Viduarum et orphanorum atque oppressorum sic negotia curabat ac si propria essent. Rapinam execrabatur potentiuam, arguebat uiolentos et si quem forte quolibet casu afflictum cernebat, mirabiliter reficiebat, mirabiliusque consolabatur. Crescebat quottidie fama bonitatis eius…». Cf. Iacopo da Varazze, Legenda aurea, III De Sancto Nicholao: p. 40. 27 175 180 185 190 195 200 magni et egregii uiri. Non orat Deum pro ipsis ut constituantur duces, ut discant ecclesiarum principes sucessores sibi. Non propinquitate carnis testamento signifficare nec principatum ecclesie hereditarie tradere»15. Propinquis agrorum et prediorum hereditas relinquatur, gubernatio uero populi illi tradatur quem Deus elegit, id est, quem ydoneitas data a Deo eligibilem redit. Secundo, qualis est eligendus, ibi, hominem. Et statim ait Dominus, [Num XXVII, f, 18]: Tolle Iosue. Sit igitur qui eligendus est homo et Iosue, qui interpretatur ‗salus‘, uel ‗saluatio‘, siue ‗saluator‘16: ¶ Homo, id est, mansuetus. Philosophus: «homo est animal mansuetum natura»17, non leo, id est, iracundus et crudelis. Eccli IIII, g, [35]: Noli esse quasi18 leo, etc. [in domu tua, evertens domesticos tuos, et opprimens] usque subiectos tibi. Ps LXXXIX, d, [10]: Superuenit mansuetudo, etc. [et corripiemur]. Homo, id est, maturus et perfecte etatis, non puer. Eccles X, [c, 16]: Ve tibi, terra, cuius rex puer, etc. [est, et cuius principes mane comedunt], uel nouicius, Iª Ti III, [b, 6]: Non neophitum. Homo, id est, uir, non femina uel effeminatus, quod esset signum ire Dei. Ysa III, [a, 4]: dabo pueros principes eorum et effeminati dominabuntur eis. Iº Reg XVII, [b, 8]: Eligite ex uobis uirum. Homo, id est, discretus, rationabilis et litteratus. Ti I, [9]: ut potens sit exhortari in doctrina sana. Homo, id est, mortalis, qui fragilitatem suam cognoscat. ¶ Sit etiam Iosue ut saluet se et populum sibi commissum. ‗Se‘, duobus modis: . Primo, ipsam dignitatem non affectando. Bernardus: «Non dominari affectes hominum homo ut non dominetur tui omnis iniusticia»19. . Secundo, si se ydoneum credit, ex quo sibi imponitur humiliter suscipiendo et irreprehensibiliter conuersando. Gregorius: «Scire etenim prelati debent quod20 si peruersa umquam perpretant, tot mortibus digni sunt quot ad posteros mortis21 exempla transmittunt»22. ¶ Sit etiam salus populi sibi commissi duobus modis: . Primo, pro ipsis orando et uigilando. Tren II, f, [19]: Consurge, etc. [laude in nocte in principio vigiliarum]. Etiam si imitantur Iº Reg XII, [d, 23]: Absit autem a me hoc inimicum23, etc. [ut cessem orare pro vobis, et docebo vos viam veram et rectam]. 15 Origenes (secundum translationem quam fecit Rufinus), In Numeros homiliae, hom. 22, par. 4, pag. 208, lin. 51s. (Corpus Berilonense, vol. 30): «Recessurus de saeculo orat Deum ‗ut provideat ducem‘ populo. Quid agis, o Moyses? Numquid filii tibi non sunt Gersom et Eleazer? Aut si aliquid de ipsis dubitas, non sunt filii fratris magni et egregii viri? Quomodo non oras Deum pro ipsis, ut eos constituat populo duces? Sed discant ecclesiarum principes sucessores sibi non eos, qui consanguinitate generis iuncti sunt, nec qui carnis propinquitate sociantur, testamento signare neque hereditarium tradere ecclesiae principatum, sed referre ad iudicium Dei et non eligere illum, quem humanus commendat affectus, sed Dei iudicio totum de sucessoris electione permittere». 16 Cf. Hieronymus Stridonensis, Liber interpretatonis hebraicorum nominum, pag. 35, lin. 29: «Iosue salvator». CCSL 72. (PL 23, 814) Cf. Isidorus Hispalensis, Etymologiarum siue Originum libri XX, lib. 7, cap. 6, par. 51: «Iosue interpretatur saluator. Ille enim in figura Christi populum a deserto saluauit et in terram repromissionis induxit». (PL 82, 278 B). 17 Aristoteles Latinus, V Topicorum, c. 1, p. 86, lin. 5. Cf. Anicius Manlius Severinus Boethius, In Topicorum Aristotelis libri octo. PL 64, 953 C, 955, 968. Cf. Guillelmus Altissiodorensis, Summa Aurea, Lib. II, tract. 12, c. 8 (De ira), q. 1, (p. 442). 18 Vulg. sicut 19 De consideratione libri V, lib. 3, par. 2, vol. 3, pag. 432, lin. 11. 20 Regula quia 21 Regula subditos suos perditionis 22 Regula Pastoralis, pars 3, cap. 4, lin. 12. CCSL 141. (PL 77, 54 B). 23 Vulg. peccatum 28 205 210 215 . Secundo, se pro eis periculis exponendo, ut gallina pro pullis. Ex XXXII, [g, 31-32]: Aut dimitte eis hanc, etc. [noxam, et si non facis, dele me de libro tuo quem scripsisti]. Tercio, ad quid eligendus, ibi, possit exire, etc.; ubi IIIIor notantur: eligendus Primo, repulsio luporum, id est, demonum, hereticorum et tirannorum, qualis sit ibi, exire possunt contra tales. Secundo, correctio subditorum, ibi, et intrare, scilicet, parrochiam, per correctionem; uel exire, id est, superius rapi, per contemplationem; et intrare, id est, descendere ad communem statum per conuenientem predicationem. Tercio, contemptus mundanorum, ibi, educere, id est, extra mundi amorem ducere, ut predicet eis illud, Iª Thi VI, [b, 7]: Nichil intulimus in hunc mundum, etc. [haud dubium, quod nec auferre quid possumus]. Quarto, desiderium supernorum, ibi, inducere24, id est, in celum ducere subditos, sicut Moyses, bonus pastor qui, ut dicitur Exo III, a, [1]: Minasset oues25 ad interiora deserti. Cum Deus talem prouiderit, iam non erit populus Dei sicut oues absque pastore. Et de numero talium fuit beatus Nicholaus. [14] Item eiusdem Sermo IIIIus 220 225 230 235 240 Multum ualet deprecatio iusti assidua. Ia IIII [V], f, [16]. Pulcre uerificauit Christus hanc auctoritatem ad deprecationem iusti pontificis Nicholay. Vnde dicitur in uita eius: «quod tres scolares euntes ad scolas a quodam carnifice ciuitatis episcopi Nicholai hospicium quesierunt, quos cum recepisset f. 6v carnifex, de nocte propter pecuniam interfecit, et posuit eos in quadam maxima cupa lignea sub diuersis generibus carnium quod totum ea noste fuit beato Nicholao per Spiritum Sanctum reuelatum. Qui mane ueniens ad domum carnificis ac si emere uellet carnes, multa fecit sibi frustra carnium demonstrari et se peruenit ad scolares qui poniti fuerunt in profundo. Ac illos, facta oratione, a mortuis suscitauit faciensque Oratio eis reddi sua; carnificem de facto fortiter increpauit»26. ¶ Item «cum quidam mercator ad sanctum Nicholaum pergeret post mortem eius interfectus est ab hospite in uia, propter pecuniam quam ferebat, ac frustatim diuisus, cum aliis carnibus, fuit mixtus et salsatus. Sed sanctus Nicholaus ueniens in similitudinem militis, eum a mortuis sucitauit, putantem quod a sompno surgeret. Cum autem summo mane se ab hospite expediret mirabatur hospes, et ab eo indulgentiam postulat refferens quid fecisset, et ita uenerunt ambo ad monasterium sancti Nicholai ubi interfector ueniam et mercator gratiam impetrauit»27; sicque patet quod dicitur: Multum ualet deprecatio iusti assidua. Huius enim oratio uel deprecatio habet efficaciam in celo empireo; unde angelum traxit oratio, Dan IX, f, [20]: Cumque adhuc loquerer, etc. [et orarem, et confiterer peccata mea, et peccata populi mei Israhel, et prosternerem preces meas in conspectu Dei mei, pro monte sancto Dei mei]. Et Zacharie, Luc I, a, [8-13]: factum est autem, etc. [cum sacerdotio fungeretur in ordine vicis suae ante Deum, secundum consuetudinem sacerdotii, sorte exiit ut incensum poneret, ingressus in templum 24 Vulg. introducere 25 Vulg. gregem 26 Cf. Nicolaus Groß, De Sancto Nicholao deque viro natalicio, p. 8: «Fabula scolarium est fabula omnium ad cultum Sancti Nicolai spectantium praestantissima. Quae duodecimo demum saeculo in Europa occidentali extra est». – Nota 13: «Textus vetustissimus invenitur in Londiniensi Museo Britannico: ‗Liber Sancti Godehardi‘, 12.sc., additional manuscript 22414». Avaiable at the WWW in. < http://www.leolatinus.com/Teextprobeen/TextprobeNicolao.pdf >. 27 Vita Beati Nicolai Episcopi - non inveni. 29 245 250 255 260 Domini, et omnis multitudo populi erat orans foris hora incensi. Apparuit autem illi angelus Domini, stans a dextris altare incensi. Et Zaccharias turbatus est uidens, et timor inruit super eum. Ait autem ad illum angelus: Ne timeas, Zaccharia, quoniam exaudita est deprecatio tua, et uxor tua Elisabeth pariet tibi filium, et vocabis nomen eius Iohannem]. ¶ In celo sydereo. Ios X, e, [12-13]: sol contra Gabaon, etc. [ne movearis, et luna contra vallem Ahialon. Steteruntque sol et luna, donec ulcisceretur se gens de inimicis suis]. ¶ In celo aerio. Ia IIII [V], g, [17]: Helias homo erat, etc. [similis nobis passibilis, et oratione oravit ut non plueret super terram, et non pluit annos tres et menses sex]. ¶ In terra. Actus IIII, g, [31]: Cum orassent motus est locus, etc. [in quo erant congregati, et repletes sunt omnes Spiritu Sancto, et loquebantur verbum Dei cum fiducia]. ¶ In mari, quod oratione Moysi diuisum fuit. Ex XIIII, e, [21]: Cumque extendisset Moyses manum super mare, etc. [abtulit illud Dominus flante vento vehementi et urente tota nocte, et vertit in siccum, divisaque est aqua]. ¶ In purgatorio, de quo anime fidelium per orationes ecclesie cotidie liberantur. ¶ In inferno, unde traxit cartam oratio Theophili et Basilii28. ¶ In preliis. Exo XVII, [c, 11]: Cum leuaret manus Moyses uincebat, etc. [Israhel; sin autem paululum remisisset superabat Amalech]. [15] Sermo Vus 265 270 275 Ego autem sicut oliua fructifera in domo Dei. Ps LI, e, [10]. Quis hoc ueracius potuit dicere inter omnes christifideles quam uir Oliua misericordissimus Nicholaus, ex cuius meritis in uita et in morte misericordie oleum copiosissime emanauit; hinc dicitur in uita eius: «Beatus Nicholaus infirmatus est; tunc uenit ad eum quedam lunatica, que confestim per eum obtinuit sanitatem; fecit autem ipse orationem ad Dominum ut mitteret ei angelum qui reciperet eius spiritum. Cum autem oraret prostratus in terra, uidit angelos ad se descendentes, quibus uisis incepit hunc psalmum: In te Domine speraui, etc.29 Et cum peruenisset ad locum: In manus tuas commendo spiritum meum, dato osculo duobus presbiteris qui aderant, emisit spiritum; quo ualde honorifice tumulato, ex parte capitis fons olei emanauit, ex parte uero pedum fons aque. Cuius unctione et austu30 ab omni clade usque in hodiernum diem homines liberantur»31. Bene igitur dicitur: Ego autem sicut oliua, etc. Merito autem beatus Nicholaus et quilibet iustus oliue proprietatibus comparantur: ¶ Quia cani sunt per discretionem. Sap IIII, c, [8]: Cani sunt sensus hominis, etc. [et aetas senectutis vita inmaculata]. ¶ Qui32 semper uirent33 per fidem uiuificationem. Aba II, b, [4]: Iustus in fide sua uiuunt. ¶ Quia folia, id est, uerba 28 Cirillus Alexandrinus, Expositio in Ioannis Evangelium, lib. 2, cap. 4; PG 73, 302. Cf. Honorius Augustodunensis, Speculum ecclesiae: «Cum his laudem prosequamur poenitentes, eorum exempla sequi studentes, qui peccata sua elemosinis redemerunt, ac sequentibus bonis transacta mala operuerunt. Ex quibus ille quem species monialis decepit, kartam diabolo traditam per Basilium recepit, Theophilus, ob ambitionem apostata factus, manuscriptum per Dei genitricem poenitens a diabolo rehabuit». PL 172, 1018B Cf. etiam Iacobo de Varazze, Legenda Aurea, De Sancto Basilio, cap. 26, 14-136. 29 Ps 30, 2-6: «In te Domine speraui, non confundar in aeternum; in iustitia tua libera me. Inclina ad me aurem tuam, adcelera ut eruas me. Esto mihi in Deum protectorem, et in domum refugii, ut salvum me facias: quoniam fortitudo mea et refugium meum est tu; et propter nomen tuum deduces me et enutries me. Educes me de laqueo hoc quem absconderunt mihi, quoniam tu es protector meus. In manus tuas commendo spiritum meum, redemisti me, Domine, Deus veritatis». 30 austu : haustu 31 Cf. Iacopo de Varazze, Legenda Aurea, III De Sancto Nicholao, p. 44. 32 Qui : Quia 33 uirent : uirident 30 280 285 sanatiua cancri, id est heresis, habent per sanam predicationem. ¶ Quia comam seruant in hyeme, id est, non dimittunt uerba predicationis propter persecutionem. ¶ Quia oleo misericordie habundant per multiplicem bonam operationem. Eccles IX, d, [8]: Omni tempore sint uestimenta, etc. [tua candida, et oleum de capite tuo] usque non deficiat. ¶ Quia in radice amari per sui macerationem, et in fructu dulces per aliorum consolationem. Iud IX, b, [8-9]: Ierunt ligna ut ungerent, etc. [super se regem, dixeruntque olivae: Impera nobis. Quae respondit: Numquid possum deserere pinguedinem meam, qua et dii utuntur et homines, et venire ut inter ligna] usque promouear? [16] Item eiusdem Sermo VIus 290 295 300 305 310 315 320 Qui honorat patrem suum iocundabitur in filiis. Ecclus III, b, [6]. Hoc probatum fuit in Getro et Eufasiria uxore sua qui patrem suum, id est, sanctum Nicholaum, honorauerunt, propter quod letari in filio meruerunt. Vnde sic legitur in uita eius: «Tunc temporis Getro et Eufasiria34 uxor sua, filium uel filiam habere non poterant. // Qui audientes miracula sancti Nicholai, ut eis daret semen die et nocte precibus exorabant. Dixitque Getro uxori sue quod uolebat ire ad sanctum Nicholaum, quod illa non prohibuit. Cum igitur uenisset ad monasterium audiuit beatum Nicholaum obisse, qui dolens et flens exposuit canonicis causam itineris sui; sed cum nullum consilium darent sibi, quesiuit ab illis aliquantulum de uestibus sancti Nicholai, ut in terram suam reliquias deportaret; quibus datis, oratione ad sepulchrum sancti Nicholai facta, repatriauit, et ad consilium uxoris sue, ecclesiam beato Nicholao edificauit; postquam habuit filium de uxore, quem cum iam esset adolescens, furati sunt quidam et ultra mare portantes, imperatori cuidam uendiderunt. Quadam uero die, tenens ciphum35 aureum coram eo, memor solemnitatis sancti Nicholai que ea die fieri consueuerat, cepit flere singultusque emittere, quem imperator percussit dicens: quod de cetero non faceret, quid coram eo? Tunc apparens sanctus Nicholaus puero tullit ipsum ad suum monasterium, ubi erat orans pater suus, quem pater uidens osculatus est. Et reddens gratias beato Nicholao, cum magno gaudio rediit domum. Tunc mater osculans filium quasi mortua pre gaudio facta fuit, et fecerunt magnam sollemnitatem clericis congregatis»36. Sicque patet quod dicitur: Qui honorat patrem, etc. Sunt autem multe cause propter quas debemus parentes carnales et spirituales sollicite honorare, scilicet: Vt benefficiis uicissitudinem rependamus. Eccli VII, f, [29-30]: Honora patrem tuum, etc. [et gemitus matris tuae non obliviscaris. Memento quoniam nisi per illos natus non fuisses; et retribue illis, quomodo et illi tibi]. Vt preceptum Dei compleamus. Exo XX, [c, 12]: Honora patrem tuum, etc. [et matrem tuam, ut sis longevus super terram, quam Dominus Deus tuus dabit te]. Vt signum diuini timoris ostendamus. Eccli III, [b, 8]: Qui timet Dominum honorat parentes. Vt maledictionem quam incurrit Caym, Ge IIII, c, [11-12]: Nunc igitur maledictus eris, etc. [super terram, quae aperuit os suum, et suscepit sanguinem fratris tui de manu tua. Cum operatus fueris eam, non dabit tibi fructus suos, vagus et profugus eris super terram], et Ruben, Ge XLIX, a, [3-4]: Ruben primogenitus meus, 34 Vita Chedron et Euphrosyna 35 ciphum : scyphum 36 Cf. Iohannes diaconus Napolitanus, Vita Beati Nicolai Episcopi, Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 307-309. Cf. etiam Stephanus de Borbone, Tractatus de diversis materiis predicabilibus, II, 7. Cf. Iacopo da Varazze, Legenda Aurea, III De Sancto Nicholao, pp. 46-47. 31 f. 7r parentes honorare propter multa 325 330 335 etc. [tu fortitudo mea et principium doloris mei, prior in donis, maior in imperio; Effusus es sicut aqua. Non crescas, quia ascendisti cubile patris tui, et maculasti] usque stratum eius, fugiamus. Vt benedictionem a Domino acquiramus. Eccli III, g, [9-10]: Honora patrem tuum, ut superueniat tibi benedictio a deo. Vt in bono statu firmitatis habeamus. Eccli III, c, [11]: Benedictio patris firmat domos. Vt in eternum uiuamus. Eph V [VI], a, [2-3]: Honora patrem tuum, etc. [et matrem tuam, quod est mandatum primum in promissione; ut bene sit tibi et sis longevus super terram]. Vt in filiis gaudeamus. Vnde in predicta auctoritate: qui honorat patrem, etc. [17] Item eiusdem sermo VIIus 340 345 350 355 360 365 Ad nichilum deductus est in conspectu, etc. [eius malignus; timentes autem Dominum] usque glorificat. Ps XIV, e, [4]. Glosa37 uidetur propheta preuidisse diaboli confusionem et seruorum Dei tristicie in gaudium conuersionem, quam Dominus per beatum Nicholaum pontificem adimpleuit. Dicitur enim in uita eius «quod quidam lonbardus diues et uxor sua Deum colentes super omnia et omnes sanctos uenerantes, sed maxime sanctum Nicholaum; unicum habebant filium quem in die sancti Nicholai, domi relinquentes, cum seruis et ancillis ad matutinos iuuerunt. Narrauit autem tunc uxor tale somnium uiro suo, scilicet, quod uidebatur ei, quod quidam sibi pupillam auffereret, sanguinemque eius biberet. Mane autem facto, cum serui et ancille prandium clericis prepararent, et puer solus remansisset domi, uenit diabolus querens helemosinam in specie peregrini; cui cum puer porrigeret, strangulatus est ab eo; parentes autem eius, facto magno planctu, puerum in thalamum portauerunt, et pro anima eius maximum conuiuium indigentibus contulerunt. Tunc ueniens sanctus Nicholaus in specie peregrini, receptus est a parentibus eius, et dixit se inter tantam multitudinem non posse comedere. Et intromissus est in thalamum ubi puer iacebat et, facta oratione, suscitauit puerum et dispersit. Et, gaudentibus cunctis, puer quod factum fuerat enarrauit»38. Dicitur igitur: Ad nichilum deductus, etc. Nota quod diabolus et membra eius, id est, peccatores, multis modis ad nichilum deducuntur, scilicet: A uero esse Dei recedendo. Augustinus: «Certe sciat malignus nullus esse, f. 7v nisi quod a Creatore ad creaturam conuertitur»39. Ps LXXII, f, [22-23]: Ad nichilum redactus sum, etc. [et nescivi, ut iumentum factus sum apud te, et ego semper tecum]. A geenna consumptionem paciendo. Iob XVI, b, [8]: In nichilum redati sunt omnes artus mei. Seruis Dei nichil nocendo. Ps LXXXVIII, c, [23]: Nichil proficiet inimicus, etc. [in eo, et filius iniquitatis non apponet nocere ei]. Iª Io II, e, [13]: Scribo uobis, adolescentes, quoniam uicistis malignum. Et hic dicitur: Ad nichilum deductus est in 37 Cf. Glo. inter. Ps 14, 4. Cf. Petrus Lombardus, Commentaria in Psalmos. PL 191, 169 B : «Ad nihilum deductus est. Ecce fortitudo. Quasi dicat: Non accepit opprobrium; sed malignus, id est, diabolus, vel homo male suggerens, et deductus est ad nihilim, id est non potuit cogi nocere alicui. Et hoc est in conspectu ejus, scilicet quare sit malignus». ) 38 Cf. Iacopo de Varazze, Legenda Aurea, III De Sancto Nicholao, p. 46. 39 Cf. Petrus Lombardus, Commentaria in Psalmos, Ps 14, 5 : (Aug.) «Heac est magna perfectio, ut nihil in homo valeat malignus, et ut hoc sit in conspectu eius, id est certe sciat malignum non esse , [Gl. Int.] nisi qui a Creatore ad creaturam convertitur». PL 191, 169B. 32 370 conspectu eius malignus. ¶ Item Deus glorificat timentes se in presenti, etiam multis modis, scilicet: A tribulationibus liberando, sicut parentes istius pueri. Ps XC, g, [15]: cum ipse sum in tribulatione. Conscientiam dulcem dando. Prou IIII, c, [8]: Glorifficaberis ab ea cum40 fueris amplexatus. Per eos miracula operando. [18] Item eiusdem sermo VIIIus 375 380 385 390 395 400 Ruina est homini deuorare sanctos, et post uota tractare. Prou XX, g, [25]. Hoc est peccatum quod est causa ruendi in infernum: Est homini uouere sanctis et illud non reddere. Hoc satis patet in vita sancti Nicholai, ubi sic legitur: «quod quidam diues unicum habens filium quem beatus Nicholaus ab infirmitate sanauerat, facit fieri ciphum41 argenteum, mirabiliter scultum, ueniens se laturum illum cum filio suo ad sanctum Nicholaum. Sed cum uidisset ciphum41 adeo pulcrum fecit fieri alium qui non fuit adeo pulcrum, quem cum ferret ad sanctum Nicholaum, ducens secum filium; filius, cum esset in naui uolens haurire aqua cum cipho42, cecidit in mare; pater uero multum dolens et flens, iuit ad ecclesiam sancti Nicholai, ubi cum orasset diu lacrimis, aperuit ei filius suus meliore cipho42 quem reliquerat domi, quem osculans et grates refferens beato Nicholao, gaudens cum filio rediit domum»43. Notandum autem quod homines peccant multipliciter circa uotum, scilicet: Votum Votum penitus irritando, cum omnino negligit soluere quod promisit. Ps LXX, seruandum g, [12-13]: Vouete et reddite, etc. [Domino Deo vestro, omnes qui in circuitu eius adfertis munera terribili, et ei qui aufert spiritum principum, terribili apud reges terrae]. Augustinus: «Vouere enim uoluntati consulitur, sed post uoti promissionem, necessario44 exigitur»45. XXVI [XXVII] dis. : «si uir uotum, scilicet, simplex uirginitatis habens adiungitur uxori, postea non dimittat uxorem, sed tribus annis peniteat»46. Ieronimus: «Vouentibus uirginitatem, non solum nubere, sed etiam uelle dampnabile est»47. Votum diminuendo, quando soluit uilius quam promisit; talis fuerat iste, Mal I, g, [14]: Maledictus dolosus, etc. [qui habet in grege suo masculum, et votum faciens, immolat debile] usque, Domino. Votum differendo, quando soluit tardius quam promisit. Deut XXIII, g, [21]: cum uoueris, etc. [Domino Deo tuo, non tardabis reddere, quia requiret illud Dominus Deus tuus]. Eccles V, a, [3]: Si quid uouisti Deo, ne moreris reddere. Votum illicitum promittendo. Actus XXII, b, [14]: deuotione deuouimus, etc. [nos nihil gustaturos, donec occidamus] usque paulum. XXIII [XXII], Q. IIIIª: «In 40 om. eam 41 ciphum : scyphum 42 cipho : scypho 43 Cf. Iacopo de Varazze, Legenda Aurea, III De Sancto Nicholao,pp. 46-47. 44 om. redditio 45 In Petrus Lombardus, Commentaria in Psalmos, Ps 75, 11, [Gl. int. Aug.]. PL 191, 709 A. Cf. Augustinus Hipponensis, Enarrationes in Psalmos, Ps 75, par. 16, lin. 29: «Quisquis quod uouere uoluerit uoueat: illud adtendat, ut quod uouerit reddat». CCSL 39. (PL 36, 967). 46 Grat. 27, 3: «De eodem [scilicet: ‗Nubentes post votum non sunt ad invicem separandi‘]. Item Theodorus in Poenitentiali: Si vir simplex...». PL 187, 154 A. 47 Grat. 27, 4: «Hieronymus vero e contra scribit; c. IV: ‗Damnabile est voventibus virginitatem, velle nubere‘: Voventibus...». PL 187, 154 B. Etiam in PL 187, 1058 C. 33 405 410 415 420 425 430 malis promissis rescinde fidem. In turpi uoto muta decretum: quod incaute uouisti ne facias. Impia est enim promissio que scelere adimpletur»48. Votum fraudulentum emittendo, sicut iudei malignissimi faciebant, ut parentibus indigentibus nullatenus subuenirent. Mt XV, b, [5]: Munus quodcumque est ex me tibi proderit. Glo : «proderit? quasi dicat, non immo sacrilegus esses, si acciperes quod Deo uoui»49. Votum stultum faciendo, ut Iepte50 Iud XI, f, [29-40]: factus est ergo super 51 Iepte spiritus Domini, etc., fere usque ad finem capituli, [et circumiens Galaad, et Manasse quoque Galaad, et inde transiens ad filios Ammon, votum vovit Domino, dicens: Si tradideris filios Ammon in manus meas, quicumque primus fuerit egressus de floribus domus meae, mihique occurrerit revertenti cum pace a filiis Ammon, eam holocaustum offeram Domino. Transivitque Iephtae ad filios Ammon, ut pugnaret contra eos, quod tradidit Dominus in manus eius, percussitque ab Aroer usque dum venies in Mennith, viginti civitates, et usque ad Abel, quae est vineis consita, plaga magna nimis; humiliatique sunt filii Ammon a filiis Israhel. Revertente autem Iephtae in Maspha domum suam, occurrit ei unigenita filia sua cum tympanis et choris; non enim habebat alios liberos. Qua visa scidit vestimenta sua, et ait: Heu me, filia mea, decepisti me, et ipsa decepta es: aperui enim os meum ad Dominum, et aliud facere non potero. Cui illa respondit: Pater mi, si aperuisti os tuum ad Dominum, fac mihi quodcumque pollicitus es, concessa tibi ultione atque victoria de hostibus tuis. Dixitque ad patrem: Hoc solum mihi praesta quod deprecor: dimitte me ut duobus mensibus circumeam montes, et plangam virginitatem meam cum sodalibus meis. Cui ille respondit: Vade. Et dimisit eam duobus mensibus. Cumque abisset cum sociis ac sodalibus suis, flebat virginitatem suam in montibus. Expletisque duobus mensibus, reversa est ad patrem suum, et fecit ei sicut voverat, quae ignorabat virum. Exinde mos increbuit in Israhel, et consuetudo servata est, ut post anni circulum conveniant in unum filiae Israhel, et plangant filiam Iephtae Galaaditae diebus quattuor]; de quo dicitur quod uouendo fuit stultus et soluendo impius. Votum concessum retractando, ut quando uir retractat uotum uxoris, quando prius deliberare concesserat. XXXIII, Q. V, «manifestum est»52. Grat. 12, 4, 5: «‗Turpia vota servanda non sunt‘. Item Isidorus... in Synonymis, libro secundo: In malis...». PL 187, 1141 B. 49 Glo. ord. Mt 15, 5. PL 114, 138 A. 50 Iepte : Iephte 51 Iepte : Iephte 52 Grat. 33, 5, 11: «‗Vota abstinentiae quae mulier permittente viro promiserit; illo prohibente servare non cogitur‘, Item Augustinus in Quaestionibus Numerorum, qu. LIX, IV Pars. Manifestum est, ita voluisse legem feminam esse sub viro, ut nulla vota ejus, quae abstinentiae causa voverit, reddantur ab ea, nisi auctor vir fuerit permittendo. Nam quum ad peccatum ejusdem viri pertinere voluerit, si prius permiserit, et postea prohibuerit, etiam hic tamen non dixit, ut faciat mulier quod voverat, quia permissa jam prius a viro fuerat. Viri dixit esse peccatum, quia abnuit quod prius concesserat; non tamen mulieri vel ex hoc permissum dedit, ut prius vir ei concesserat, postea si prohibuerit, contemnatur». PL 187, 1653 A/B. «Gratian. Ex praemissis auctoritatibus apparet, quod continentiae vota nec mulier sine consensu viri, nec vir sine consensu mulieris Deo reddere potest. Si autem consensu alterius eorum ab altero promissa fuerit, et si postmodum in irritum deducere voluerit qui permisit, non tamen valet, quia in debito conjugii aeque mulier habet potestatem viri, sicut et vir mulieris; atque ideo, si quilibet eorum alterum a suo jure absolverit, ad praeteritam servitutem ipsum revocare non poterit. Quia vero in ceteris vir est caput mulieris, et mulier corpus viri, ita vota abstinentiae viro permittente mulier potest promittere, ut tamen eodem prohibente repromissa non valeat adimplere, et hoc, ut diximus, propter conditionem servitutis, qua viro in omnibus debet subesse». PL 187, 1653 B/C. 48 34 [19] Incipit de sancta Eolalia sermo primus 5 10 15 20 Quid retribuam Domino pro omnibus que retribuit michi? Calicem salutaris accipiam, [et nomen Domini invocabo]. Ps CXXV [CXV], b, [12-13]. Bene competit hoc beate Eolalie quam Calpurnianus missus a Maximiano sic alloquitur: «O imfantula, antequam crescas florem etatis tue perdere queris? Et illa: ego annorum sum circiter XIII; putas infantiam meam tuo posse terrore turbari? quia terrene vite blandimentis non delector; alteram expecto futuram uitam beatam. At ille: sacrifica diis, ut possis tormenta euadere et honorari, et sponsum diuitem promereri. Et illa: habeo sponsum diuitem immortalem Christum, qui te tuosque perdat et patrem tuum Sathanam1. Ego autem sacrificabo Christo me hostiam uiuam2, sicut et ille pro me oblatus est, ut nos // de potestate tenebrarum et imperio3 diaboli liberaret»4. f. 8r Dicitur ergo: Quid retribuam, etc. Notantur hic tria: Primo, multitudinis diuinorum beneficiorum contemplatio, ibi, Quid retribuam, etc., [Domino pro omnibus quae retribuit mihi] usque michi. Tob XII, a, [2]: Quam mercedem dabimus, etc. [ei? aut quid dignum poterit esse beneficiis] usque eius. Iob IX, a, [3]: Non poterit homo respondere ei unum pro mille. Bernardus: «Si me quod sum, quod uiuo, quod possum totum debeo pro mea creatione, quod faciam pro mea recreatione»5. Secundo, spontanea martyrii susceptio, ibi, Calicem salutaris accipiam. Bernardus: «quid retribuam Domino pro omnibus que retribuit michi? Obtulit pro me hostiam, qua maior esse non potuit, et quid offeram? Habeo duo minuta corpus et animam, hoc offeram»6. Tercio, diuini auxilii inuocatio, ibi, nomen Domini inuocabo. 25 [20] Sermo IIus 30 35 Maledicant ei, etc. [qui maledicunt diei, qui parati sunt suscitare] usque Leuiatan. Iob III, b, [8]. Hoc uerbum Spiritus Sancti beata Eolalia uiriliter adimpleuit, cum enim uerberibus laceraretur, constantissime permanebat. Cui Calpurnianus: «que est ista, rogo, constantia, quam quibusdam cognosceris adepta fuisse prestigiis? Cui illa: Quod uis et quod dicis omnino non facio, quia christiana sum, et ut omnia scias reges uestros cum diis suis et maledixi et maledico, Calpurniane, da sententiam regibus tuis et diis eorum ea7 que sepius dixi repeto: et maledixi et maledico. Hiis auditis, Calpurnianus exacerbatus est uehementer et, accensus furore, iussit eam uiuam 1 Passio diabolum 2 Passio sacrificabo Deo meo hostiam vivam me offerens illi 3 Passio de imperio 4 Autor incertus, Passio Sanctae ac Beatissimae Eulaliae Virginis et Martyris Christi, in Enrique Florez, «España Sagrada», vol. 13, trat. XLI, ap. III, p. 400, 3-4; 403, 6. 5 Cf. Liber de diligendo Deo, par. 15, vol. 3, pag. 132, lin. 4: «Quod si totum me debeo pro me facto, quid addam iam et pro refecto, et refecto hoc modo?» (PL 182, 983 C). 6 Sermones in purificatione beatae Mariae Virginis, sermo 3, par. 3, vol. 4, pag. 343, lin. 10-14 : «Sed quid nos, fratres, offerimus, aut quid retribuimus ili pro omnibus quae retribuit nobis? Ille pro nobis obtulit hostiam pretiosiorem quam habuit, nimirum qua pretiosior esse non potuit; et nos ergo faciamus quo possumus, optimum quod habemus offerentes illi, quod sumus utique nosmetipsi. Ille seipsum obtulit; tu quis es qui te oferre cuncteris? Quis mihi tribuat, ut oblationem meam dignetur maiestas tanta suscipere? Duo minuta habeo, Domine, corpus et animam dico; utinam haec tibi perfecte possim in sacrificium laudis oferre!» (PL 183, 371A) 7 Passio eadem 35 40 45 50 55 60 65 flammis cremari. Cui illa: Non timeo minas tuas, potest enim Deus meus etiam ab igne liberare8. Et ille: Multum me commoues. Dixitque militibus: Date fastes9 de arboribus madefactos cum stipitibus suis et nudam cedite10; cui illa: nichil me noces. Et ille: Afferte oleum et succendite et candente11 eius mamillas perfundite. Cui illa: Amplificauit me frigidus ignis tuus et oleum candens non calefecit me, sed calefecit me caritas Christi quem quero uidere. Et ille: Afferte calcem uiuam et illuc eam mergite, et aquam superfundite. Et illa: Auxiliabitur michi Dominus. Et ille: plumbo ollam implete et super lectum ferreum nudam extendite12, et perfundite. Et illa: Deus uerax, ueni et libera ancillam tuam13. Continuo stupuit plumbum et manus tenentium ustulabat, et ad eam frigidum ueniebat. Et ille: uirgas eam cedite et fracmentis testule eius fricate14. Et illa; miserere Domine Ihesu ancille tue»15. Dicitur igitur: Malidicant, etc. Circa hec breuiter tria uideamus: Primo, quomodo diabolus cum membris suis licite uel illicite maledicitur? ¶ Maledicitur, dicitur tribus modis: maledictio Primo, suum malum ei atribuere, sicut fecit Eua; hoc non licet. Eccli diaboli XXI, g, [30]: Cum16 maledicit impius diabolum, maledicit animam suam. Secundo, malum est obtare; hoc non licet. Vnde in epistola Iude [b, 9]: Cum Michael archangelus cum diabolo, etc. [disputans altercaretur de Mosi corpore, non est ausus iudicium inferre blasphemiae, sed dixit:] usque imperet tibi Dominus. Tercio, malum uicium eius non naturam dicere et abhorrere, hoc licet. Iud V, [c, 23]: Maledicite terre Meroth dixit autem17Domini; et hic: maledicant ei, etc. Secundo, quomodo diei maledictio imprecatur; hoc fit quando perfectus quisque temporalia prospera detestatur. Iere XX, f, [14]: Maledicta dies in qua, etc. [sum! dies in qua peperit me mater mea, non sit benedicta]. Item XVII, d, [16]: diem hominis non desiderabi. Tercio, quomodo et unde et a quo Leuiatan, id est, diabolus suscitetur. Suscitatur diabolus cum eius dominium a penitentibus deseritur uel ab inocentibus despicitur. Ieronimus: «Diabolus contemptus surgit in scandala»18. IIª Ti III, f, [12]: Omnes qui uolunt pie, etc. [volunt vivere in Christo Iesu, persecutionem] usque paciuntur19. De tribus uero dormitoriis suscitatur diabolus in quibus suauiter dormit, scilicet: Ociosis, uel ypocritis20. 8 Passio «potens est enim Dominus meus qui mihi in primis verberibus tius tolerantiam tribuit, et ab igne quem nunc praeparas illaesum conservare». 9 fastes : fustes 10 Passio cum stirpibus suis et expoliantes eam praecinctam caedite 11 Passio et oleo candente 12 Passio ostendite 13 Passio veni ad liberandum ancillam tuam 14 Passio «Virgas afferte, et caedentes eam fragmentum textulae exhibete, et ejus plagas fricate». 15 Autor incertus, Passio Sanctae ac Beatissimae Eulaliae Virginis et Martyris Christi, in Enrique Florez, «España Sagrada», vol. 13, trat. XLI, ap. III, p. 401, 5; 402, 5, 65; 403, 6. 16 Vulg. Dum 17 Vulg. angelus 18 Cf. Tractatus LIX in psalmos, Ps 140, lin. 178: «Ipsi ergo serpentes ponunt nobis scandala, hoc est, daemones, in ipsis uestigiis nostris ubi gradimur: in uirtutibus, in elemosina, ut coram hominibus faciamus propter uanam gloriam …». CCSL 78. 19 Vulg. pacientur 20 ypocritis : hypocritis 36 70 Vanegloriosis, et luxuriosis. Iob XL, b, [16]: sub umbra dormit, in secreto dormitorium calami in locis humentibus. Suscitatur autem a predicatoribus, scilicet: malum Per clamosam predicationem. Ys LVIII, a, [1]: clama ne cesses. A martiribus, per tormentorum eius despectionem, sicut suscitatus est a beata Eolalia. [21] Sermo IIIus 75 80 85 90 95 100 Adducentur regi uirgines, etc. [post eam, proximae ejus adferentur tibi. Adferentur in laetitia et exultatione; adducentur] usque in templum regis. Ps XLIIII, e, [15-16]. Hec Dei uerba beata Eolalia corde tenuit, // ore cantauit, opere adimpleuit, que f. 8v Calpurniano aceriora21 tormenta comminanti ait: «Tu mea adiuuas uota, cum michi ampliora infers tormenta; fac quod cogitas ut me in omnibus Christo facias esse uictricem. Et ille: Candelas incendite et ad genua eius ponite; cui illa: postulatum est22 corpus meum et fortis inuenta sum; sal iube mitti, ut plenius in Christo possit esse conditum. Et ille, diabolico attemptatus23 furore, dixit: Carnifices caminum succendite et illic eam mittite donec deficiat. Succenditur ergo caminus puella deducitur et intus proicitur; que in fornace cepit psalere24 et dicere: Adducentur regi uirgines, etc. Calpurnianus autem iuxta fornacem ardentem deambulabat; qui cum eam audisset psallentem ait suis: Heu, puto uicti sumus. Hec uirgo perdurat in malis»25. Dicitur ergo: Adducentur regi, etc. Hec Ve breuiter requiramus: Primo, de quo rege hic loquitur, quia de Christo. Ps LXXI, a, [1]: Deus iudicium tuum, etc. [regi da, et justitiam tuam filio regis; judicare populum in justitia, et pauperes tuos in judicio]. Secundo, que per hoc quod dicit eam intelligitur, quia prima Virgo uirginum, Mater regis de qua premiserat psalmus XLIIII, d, [10]: Astitit regina, etc. [a dextris tuis in vestitu deaurato, circumdata varietate]; post hanc et per hanc et ad hanc cetere uirgines adducuntur. Tercio, que uirginum nomine designentur, que beata Eolalia et sibi similes. Quarto, que proxime appelentur, quia omnes homines qui et que licet non seruauerint uirginitatem, tenuerint tantum finaliter caritatem. Quinto, a quibus in exultatione et leticia deportentur, quia per predicatores ducuntur ad ecclesiam militantem et per angelos ad ecclesiam triunphantem. Ys V [LV], g, [12]: In leticia egrediemini, et in pace deducemini ad celum. Montes et colles cantabunt coram uobis laudes, id est, angeli et archangeli. 105 [22] Item eiusdem Sermo IIIIus 110 Me expectant iusti donec retribuas michi. Ps CXLI, g, [8]. Bene potuit beata Eolalia dicere uerba ista. Nam in eius uita sic dicitur: «Calpurnianus crudelissime excitatus ait: In eculeo suspendatur26 et flammis ex 21 aceriora : acriora 22 Passio Ustulatum est 23 Passio arreptus 24 psalere : psallere 25 Autor incertus, Passio Sanctae ac Beatissimae Eulaliae Virginis et Martyris Christi, in Enrique Florez, «España Sagrada», vol. 13, trat. XLI, ap. III, p. 403, 7; 404, 7. 26 Passio imponantur 37 115 120 125 130 135 utraque parte ponitis comburetur27; quo audito, illa psallens dicebat cum psalmo XVI, b, [3]: probasti me28 Deus, igne me examinasti, et non est inuenta in me iniquitas. Et exultabat in Domino; angelos quidem iam uidebat sibi assistentes, sed passionis eius perfectionem sperabant. Et cum in eculeo poneretur, torquetur, flagellatur et distentis membris crescebat corpus ad penam; sed quia Christum in uictoria fatebatur, nulla potuit29 tormenta sentire»30. Dicit ergo: Me expectant iusti, etc. Notandum quod sancti Sancti nos tripliciter nos expectant: Primo, pugnam nostram cum tiranno diabolo, mundo et carne gratantissime expectant intuendo. Iª Cor IIII, d, [9]: Expectaculum facti sumus, etc. [mundo, et angelis,] usque et hominibus. Augustinus: «Boni homines et boni angeli laudant, mali irrident»31 certamen nostrum. Secundo, animam nostram in morte carnis presentialiter ut suscipiant accendendo: sic expectabant angeli beatam Eolaliam. Et de hac dicitur hic: Me expectant iusti, etc. Prou X, g, [28]: Expectatio iustorum letitia. Tercio, resurrectionem nostram generalem cum multo desiderio prestolando. Apo VI, d, [9-11]: Et cum aperuisset sigilum Vum, etc. [vidi subdtus altare animas interfectorum propter verbum Dei, et propter testimonium quo habebant; et clamabant voce magna, dicentes: Usquequo, Domine, sanctus et verus, non iudicas et non vindicas sanguinem de iis qui habitant in terra? Et date sunt illis singule stolle albe; et dictum est illis ut requiescerent adhuc tempus modicum, donec compleantur conservi eorum et fratres eorum, qui interficiendi sunt] usque sicut et illi. Heb. XI, g, [39-40]: Et hii omnes, etc. [testimonio fidei probati, nunc non acceperunt repromissionem; Deo pro nobis melius aliquid providente, ut non sine nobis consummarentur], usque ad finem capituli. Glo : «ut in communi gaudio omnium maius fieret gaudium singulorum»32. [23] Sermo Vus Veni columba mea in foraminibus petre et in cauerna macerie. Can II, f, [13- 140 14]. 145 Cui uerius quam beate Eolalie competunt ista uerba, cum enim in eculeo posita flammis subpositis ureretur ait: «quid tibi prodest, Calpurniane, suplicia tua non pertimesco; nota tibi sit facies mea ut dum ante tribunal Domini nostri Ihesu Christi tempore iudicii sui uenerimus, recognoscas faciem meam et debitam consequeris33 meritis ultionem. Multi hiis uerbis territi et compuncti ab ydolis recesserunt et in 27 Passio appositis comburatur 28 Vulg. probasti cor meum et visitasti me... 29 Passio nulla poterat 30 Autor incertus, Passio Sanctae ac Beatissimae Eulaliae Virginis et Martyris Christi, in Enrique Florez, «España Sagrada», vol. 13, trat. XLI, ap. III, p. 404, 7. 31 In Glo. ord. I Cor. 4, 9. (PL 114, 526 B). Etiam in Petrus Lombardus, Collectanea in Epistolas Pauli. PL 191, 1567. Cf. Augustinus Hipponensis, Enarrationes in Psalmos, Ps 38: «Inter eos me vivere voluisti, inter eos praedicare veritatem, qui amant vanitatem; et non possum nisi irrideri ab eis: quia spectaculum facti sumus huic mundo, et Angelis, et hominibus (I Cor 4, 9); Angelis laudantibus, hominibus opprobrantibus: imo et Angelis laudantibus et vituperantibus, et hominibus laudantibus et vituperantibus. A dextris et a sinistris habemus arma, in quibus militamus, per gloriam et ignobilitatem, per infamiam et bonam famam, ut seductores et veraces (II Cor 6, 7-8). Haec apud Angelos, haec apud homines: quia et apud Angelos sunt sancti Angeli, quibus bene vivendo placeamus; et sunt praevaricatores angeli, quibus bene vivendo displiceamus: et inter homines sunt sancti viri, quibus placeat vita nostra; sunt nequissimi homines, qui irrideant bonam vitam nostram». PL 36, 426. 32 Glo. interl. Heb 11, 40. Cf. Petrus Lombardus, Collectanea in Epistolas Pauli. PL 192, 499. 33 Passio consequaris 38 150 155 160 165 170 175 180 Domino crediderunt. Et beata Eolalia pendens in cruce super hiis omnibus gloriabatur. Omnibus etiam se audientibus dicebat: credere oportet34 unum Deum Patrem celestem et uerum Ihesum Christum Filium eius Omnipotentem cum Spiritu Sancto adorandum confirmabat, qui est benedictus in secula. Quo facto, // ex ore eius in specie columbe f. 9r in conspectu omnium sancte martyris spiritus migrauit ad celum. Cuius beatum corpus integrum et illesum, per triduum iussu presidis pependit in ligno. Tandem acceptum cum omni reuerentia sepelitur. Ad cuius sepulcrum ueniunt et curantur 35»36. Dicit igitur: Veni columba, etc.; circa hanc auctoritatem, tria breuiter requiramus: Primo, quare beata Eolalia et ceteri sancti columbe assimilentur, quia propter IIIIor: columbe Intentionis simplicitatem. Mt X, [c, 16]: Estote prudentes, etc. [sicut serpentes, proprietas et simplices sicut columbe]. Lesionis innocuitatem, quia non lacerant rostro uel unguibus. Congregationis caritatem; gregatim enim incedit. Bonorum operum fecunditatem, quia multos filios facit. Osculi pacis porrectionem, quod etiam per ramum oliue quod portauit in ore significauit. Ge VIII, d, [11]: At illa uenit, etc. [ad eum ad vesperam, portans ramum olive virentibus foliis in ore suo. Intellexit ergo Noe quod cessassent aque super terram]. Pullorum extraneorum educationem. Gal VI, [c, 10]: operemur bonum ad omnes. Luc VI, d, [30]: Omni petenti te tribue. Spiritus Sancti representationem. Luc III, [e, 22]: descendit Spiritus Sanctus, etc. [corporali specie sicut columba in ipsum]. Vmbre diaboli in scripturis contemplationem. Can V, f, [12]: occuli eius sicut columbe. Potiorum bonorum electionem. Phi I, b, [10]: Vt probetis potiora, etc. [ut sitis sinceri, et sine offensa in diem Christi]. Fellis, id est, amaritudinis priuationem. Eph IV, g, [31]: omnis amaritudo, etc. [et ira, et indignatio, et clamor, et blasphemia tollatur a vobis, cum omni malitia]. Secundo, quid per petre foramina figuretur, quia Christi uulnera per quorum fidem et sanguinem a diabolo rapaci accipitur, liberamur. Iª Cor X, [a, 4]: petra autem erat Christus. Iere XLVIII, d, [28]: Estote quasi columba nidificans in summo ore foraminis, id est, in uulnere Christi lateris. Tercio, quid per cauernam macerie designetur, quia locus ruine angelice, ad quam beata Eolalia cum sanctis euolauit. Ys XI, c, [8]: In cauerna reguli, id est, in ruina angeli, qui ablactatus fuerit, id est, a lacte praue dilectionis remotus, manum suam mittet, id est, opera sua collocauit et merita, et per consequens corpus et animam. 34 Passio Credi opportet 35 Passio Ad cuius sepulturam vexati veniunt et curantur 36 Autor incertus, Passio Sanctae ac Beatissimae Eulaliae Virginis et Martyris Christi, in Enrique Florez, «España Sagrada», vol. 13, trac. XLI, ap. III, p. 405, 7, 8. 39 [24] Incipit sermo primus in festiuitate sancte Lucie 5 10 15 20 25 30 35 40 Qui confidunt in Domino sicut, etc. [mons Sion: non commovebitur in aeternum, qui habitat in] usque Ierusalem. Ps CXXIIII, a, [1-2]. Bene hoc conuenit beate Lucie uirgini. Vnde in uita eius dicit quod Pascasius consularis «cepit eam ad sacrificia demonum1 inuitare. Cui beata Lucia dixit: Sacrificium uerum et immaculatum apud Deum et Patrem hoc est: uisitare uiduas et orphanos in tribulatione eorum. Ego per istos tres annos nichil aliud egi nisi sacrificare Deo uiuo2. Iamque nichil superest3 quod sacrificem, meipsam offero in sacrificium deo hostiam uiuam4. Tunc consularis iussit uenire lenones et tradidit eam illis dicens: Inuitate ad castitatem eius populos et facite eam tamdiu illudi quandiu mortua nuncietur. Et ubi eam ceperunt uelle trahere ad lupanar, tanto pondere eam fixit Spiritus Sanctus ut penitus eam mouere non possent. Accedentes simul multi ex officio impudenter trahentes deficiebant sudore. Virgo autem Domini immobilis persistebat. Tunc miserunt funes in manus eius et pedes5 et ceperunt omnes pariter trahere, et illa quasi mons immobilis permanebat. Tunc angustiari cepit Pascasius et deficere. Et uocauit magos et aruspices et templorum omnium sacerdotes, quique omnes agebant superstitiones suas contra eam ut moueretur. Item adducta sunt multa paria boum ut ab ipsis traheretur, et omnino moueri non potuit. Tunc dixit ei Pascasius: Que sunt ista maleficia tua? Lucia dixit: Ista mea maleficia non sunt, sed sunt beneficia Dei; Pascasius dixit: Que ratio ista est quod puella fragilis a mille tracta hominibus non mouearis? Lucia dixit: Si alia decem milia adduxeris, audient michi Spiritum Sanctum dicentem cum Ps XC, c, [7]: cadent a latere tuo mille, etc. [et decem millia a dextris tuis]. Tunc ignem circa eam copiosum accendi iussit, ita ut picem et resinam et feruens oleum super eam iactarent. Et illa in nomine Ihesu Christi stetit immobilis dicens ei: Ego rogaui Dominum meum, id est Chrtistum, ut ignis iste non dominetur in me6, quatinus tibi insultent fidentes in Christo. Et ideo petiui inducias martyrii mei // ut credentibus timorem tollerem passionis et non credentibus f. 9v uocem exultationis aufferem. Tunc angustiante eo, non ferentes amici eius iniuriam, gladium in eius uisceribus mergi fecerunt. Et iam percussa quamdiu uoluit orauit, quamdiu uoluit allocuta est turbam circumstantem, dicens: Annuntio uobis pacem Ecclesie Dei datam; Dioclecianum de regno suo deiectum et Maximianum hodie mortuum. Et sicut habet Cathenensium ciuitas interuenientem pro se sororem meam Agathem, ita me sciatis isti ciuitati datam a Domino, si uoluntatem Domini facientes, susceperitis fidem. Hec loquente famula Dei Lucia ut diximus gladio uisceribus patefactis, ante occulos eius ferro uinctus Pascasius ducebatur. Cucurrerunt enim relationes seculorum quod fuisset depredatus prouinciam. Qui perductus ad urbem Romam, ab omni Senatu romano auditus accepit sententiam capitalem. Dei autem martyr Lucia, uirgo sacratissima, de loco in quo percussa est penitus non est mota, neque exiit spiritus eius nisi uenientibus sacerdotibus et misteria7 ei dantibus. Atque omnibus dicentibus Amen, illa emisit spiritum. In eodem loco fabricata est ecclesia nomini eius sancto in qua orationes eius florent nunc et semper et in secula 1 Passio demoniorum 2 Passio nisi sacrificaui deo uiuo 3 Passio Iamque quia nihil est 4 Passio hostiam uiuentem 5 Passio in manibus pedibusque eius 6 Passio mei 7 Passio sacramentourm mysteria 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 seculorum, Amen»8. Patet igitur quam eleganter uersificatum sit in hac sancta illud: qui confidunt in Domino, etc.; quia enim cor eius fundatum, solidatum, radicatum etiam supra Christum firmam petram, ideo et corpus immobile permanebat. Vnde Ps I, f, [4]: Non sic impii, non sic; sed tamquam puluis, leuis, mobilis; quem proicit uentus, super uaneglorie, gule, luxurie; a facie terre, id est, sancte ecclesie. De qua Eccles I, a, [4]: Generatio preterit, etc. [et generatio advenit; terra autem in aeternum] usque Confidunt mala stat. Ipsi enim confidunt: In temporalia habundantia. Prou XI, g, [28]: Qui confident in diuiciis corruet, multi etc. [iusti autem quasi virens folium germinabunt]. Eccles V, [c, 9]: qui amat diuicias fructum non capiet ex eis. Iere XLVIII, a, [7]: pro eo enim quod habuisti fiduciam, etc. [in munitionibus tuis et in thesauris tuis, tu quoque] usque capieris. Iere XLIX, b, [4]: defluxit uallis tua, etc. [filia delicata, quae confidebas in thesauris tuis, et dicebas: Quis veniet] usque ad me? Nobili et magna prosapia. Iere XVII, d, [5-6]: Maledictus homo qui confidit in homine et ponit carnem brachium suum, id est, carnales consanguineos, et a Domino recedit, etc. [cor eius. Erit enim quasi myrice in deserto, et non videbit cum venerit bonum: sed habitavit in siccitate in deserto, in terra salsuginis et] usque inhabitabili. Seculari potentia. Ys XXXVI, b, [6]: Ecce confidis super baculum, etc. [harundineum confractum istum, super Aegyptum; cui si innisus fuerit homo, intrabit in manum eius, et perforabit eam: sic Pharao, rex Egypti, omnibus] usque qui confidunt in eo. Ps CXVI [CXVII], b, [8-9]: Bonum est confidere, etc. [in Domino, quam confidere in homine. Bonum est sperare in Domino, quam sperare] usque in principibus. Vana scientia. Prou III, a, [5]: Habe fiduciam in Domino, etc. [ex toto corde tuo, et ne innitaris] usque prudentie tue. Igitur nichil de hiis IIIIor ponas in corde tuo, sed pone ibi Dominum et non commoueberis. Ps XLV, b, [6]: Deus in medio eius non commouebitur: Deus, scilicet, Pater; ideo non commoueberis ad peccandum per impotentiam. Deus, scilicet, Filius; ideo non commoueberis ad peccandum per ignorantiam. Deus, scilicet, Spiritus Sanctus; ideo non commoueberis ad peccandum per maliciam. Qui confidunt in Domino, etc. [sicut mons Sion], non commouebitur, etc. [in aeternum qui habitat in Ierusalem]. Quicumque uult nullis temptationum flatibus commoueri, de hiis tribus radicibus debet solidari: Fide recta. Col II, c, [6-7]: sicut accepistis Christum Ihesum, etc. [Dominum, Fides in ipsum ambulate; radicati et superaedificati in ipso, et confirmati fide, sicut et recta didicistis, abundantes] usque in gratiarum actione. Spe firma. Iere XVII, b, [7-8]: Benedictus uir qui confidit in domino, etc. [et erit Dominus fiducia eius]. Et erit quasi lignum quod transplantatur super aquas uite eterne; de quibus Ys XII, b, [3]: haurietis aquas in gaudio de fontibus saluatoris. Apo VII, g, [16-17]: Non esurient neque sitient, etc. [amplius, nec cadet auper illos sol, neque ullus aestus; quoniam agnus qui in medio throni est reget illos, et deducet eos] usque ad9 fontes aquarum; sequitur [Iere XVII, b, 8]: quod ad humorem misericordie Christi Mittit radices suas, scilicet, spei, et non uidebit10 cum uenerit estus, febrium mortalium, uel ignis eterni. Caritate perfecta. Eph III, f, [14-17]: Huius rei gratia flecto genua mea, etc. [ad Patrem Domini nostri Iesu Christi, ex quo omnis paternitas in caelis et in terra 8 Auctor incertus, Passio Sanctae Luciae Virginis et Martyris, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 108-109. 9 om. uite 10 Vulg. timebit 41 90 95 100 105 110 115 120 nominatur; ut det vobis secundum divitias gloriae suae virtute corroborari per Spiritum eius in interiorem hominem; Christum habitare per fidem in cordibus vestris, in caritate radicati] usque et fundati. Prima radix est corrupta in hereticis. IIª [Tim], IIII [III] c, [6-8]: Ex hiis enim sunt qui penetrant domos, et captiuas ducuntç, etc. [mulierculas oneratas peccatis, quae ducuntur variis desideriis, semper discentes, et nunquam ad scientiam veritatis pervenientes. Quemadmodum autem Iannes et Iambres restiterunt Mosi, ita et hi resistunt veritati]. Homines corrupti mente, reprobi circa fidem; ideo non stant solidi, sed circumferuntur omni uento doctrine quasi erudientes. Ps LXVII, f, [31]: Increpa feras harundinis, id est, heresiarcas, latentes inter suos credentes, instabiles et leues et uarios; ideo sequitur: Congregatio taurorum in uaccis populorum, ut excludant eos qui probati sunt argento diuini eloquii; sicut Titus cui dicitur, I, f, [13]: Increpa illos dure, ut sani sint in fide. Ps XIII, a, [1]: Corrupti sunt et abominabiles, etc. [facti sunt in studiis suis; non est qui faciat bonum, non est usque] usque ad unum; quia uero ait apostolus, He XI, a, [6]: sine fide impossibile est placere Deo; ipsi autem herent radici heretice prauitatis, de qua Heb XII, [d, 15]: Contemplantes11 ne qua radix, etc. [amaritudinis sursum germinans impediat, et per illam inquinentur] usque multi. Deu // XXIX, e, [18]: Ne forte sit inter uos uir aut mulier, etc. [familia aut tribus, cuius cor f. 10r aversum est hodie a Domino Deo vestro ut vadiat et serviat diis illarum gentium, et sit inter vos radix germinans fel et] usque amaritudinem. Eccli XL, d, [15]: Nepotes impiorum, etc. [non multiplicabunt ramos; et radices inmundae super cacumen petrae] usque sonant. Sap IIII, a, [3-5]: Multigena impiorum multitudo non erit utilis, et adulterine plantationes, et spuria uitulamina non dabat radices altas, etc. [et spuria vitulamina non dabunt radices altas, nec stabile firmamentum collocabunt. Et si in ramis in tempore germinaverint, infirmiter posita, a vento conmovebuntur, et a nimietate ventorum eradicabuntur. Confringentur rami inconsummati; et fructus illorum inutilis et acerbi ad manducandum, et ad nihilum apti]. Secunda radix auulsa est in desperatis in quorum pericula ait Iob XIX, c, [10]: destruxit me non permissiue, et pereo et quasi euulse arboris, etc. [abstulit spem] usque meam. Iob XV, [d, 29]: Non ditabitur nec perseuerabit substantia eius, nec mittet in terram radicem suam. Tercia <radix> sicca est in inuidis. Iob XVIII, e, [16]: deorsum radices eius siccentur, sursum autem ateratur fructus12 eius. [25] Item eiusdem Sermo IIus 125 130 Coedificamini in habitaculo Dei in Spiritu Sancto. Eph III [II], g, [22]. Hoc uerbum Dei per apostolum loquentis beata Lucia non segniter adimpleuit. Vnde dicitur in uita eius, quod beata Lucia cum matre sua «prostrauerunt se ante sepulcrum beate uirginis Agathe13 et ceperunt lacrimis flagitare suffragia. Interea dum orationis prolixitas tenderetur somno uirgo Lucia arripitur. Et uidit in somnio beatam Agathen in medio angelorum gemmis ornatam, stantem et dicentem: Soror mea Lucia, uirgo Deo deuota, quid a me petis quod tu poteris prestare continuo? Nam et matri tue fides tua subuenit, et ecce saluata est;14 quia iocundum Deo in tua uirginitate 11 om. ne quis desit gratiae Dei 12 Vulg. atteratur messis 13 Passio prostrauerunt se ante sepulchrum uirginis mater et filia 14 om. Et sicut per ciuitas catinensium sublimatur a Cristo ita per te Siracusana ciuitas decorabitur 42 135 140 145 150 155 160 habitaculum preparasti»15. Dicit ergo: Cohedifficamini, etc. Circa hanc auctoritatem duo breuiter uideamus: Primo, per quid possimus esse habitaculum Dei et sanctitatis. Secundo, ad quid debemus hoc uelle esse. Igitur possumus esse habitaculum sanctitatis: habitaculum Per predicatorum missionem et peccatorum remissionem. II Paral XXXVI, d, Dei [15]: Mittebat autem Dominus, Deus patrum suorum, ad illos per manum nuntiorum suorum, de nocte consurgens, etc. [et quotidie commonens, eo quod parceret populo et habitaculo suo]. Per mundam et rectam et iustam orationem. Iob VIII, b, [5-6]: Si diluculo consurrexeris ad Dominum, etc. [et Omnipotentem fueris deprecatus, si mundus et rectus incesseris, statim evigilabit ad te, et pacatum reddet habitaculum] usque iusticie tue. Per Christi et matris eius perseuerantem dilectionem. Aba III, d, [11]: Sol, id est, Christus, et luna, id est, beata Virgo, steterunt perseueranter in habitaculo suo, id est, in corde per dilectionem. Per celestium contemplationem. Deu XXXIII, g, [27]: habitaculum eius sursum, quia talium conuersatio in celis est. Per uirginitatis conuersationem uel conseruationem. Vnde hic dicitur: «quia iocundum Deo in tua uirginitate habitaculum preparasti»16. Augustinus: «Nemo uult corrumpi habitaculum suum: non ergo debet corrumpere habitaculum Dei, scilicet, seipsum»17. Per Sancti Spiritus operationem. Cohedificamini in habitaculo Dei in spiritu sancto, id est, per Spiritum Sanctum qui est auctor omnium predictorum. ¶ Debemus esse habitaculum sanctitatis: Vt lumine gratie illustremur. Act XII, b, [7]: lumen refulsit in habitaculo caritatis. Vt untione18 Sancti Spiritus infundamur. Prou XXI, e, [20]: thesaurus desiderabilis, etc. [et oleum in habitaculo] usque iusti. Vt eternam benedictionem a Domino consequamur. Prou III, g, [33]: habitacula iustorum benedicentur. [26] Sermo IIIus 165 Considerauit agrum, et emit illum. [Prou XXXI, b, 16]. 170 Veraciter fuit in beata Lucia uirgine adimpleta hec auctoritas. Vnde sic dicitur in uita eius: «fiebat rerum distractio et cotidie in necessitatibus pauperum impendebantur19. Interea dum distrahuntur predia et gemme uenduntur20 ad sponsi sancte Lucie notitiam peruenitur; qui21 sollicitus cepit inquirere a nutrice sancte Lucie quid hoc esset quod distractionem repentinam prediorum et gemmarum audisset22. 15 Auctor incertus, Passio Sanctae Luciae Virginis et Martyris, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 107. 16 Vide supra. 17 De doctrina christiana, lib. 3, cap. 14, lin. 17. CCSL 32. (PL 34, 74). 18 uncione : unctione 19 Passio impendebant 20 ad uenduntur 21 Passio quare 22 Passio quod distractione repentina possessiones praediorum et gemmarum uendisset 43 175 180 185 190 195 200 205 Cui hec nutrix cauta confinxit: Sponsa tua inuenit possessionem in uenalibus, que mille amplius solidos prestat. Hanc in tuo nomine cupiens comparare uidetur aliquanta distrahere. Credidit stultus carnale mercimonium et animum ab indagatione23 reuocans, etiam ipse cepit esse auctor uendentium. At ubi uniuersa pene24 distracta didicit pauperibus, uiduis, orphanis, peregrinantibus et Deo seruientibus erogata;25 proponit litem coram Pascasio consulari dicens sponsam suam christianissimam contra leges uiuere26 augustorum»27. Dicit ergo: Considerauit agrum, etc. Ager appelatur hic regnum celi, qui in sepulturam peregrinorum, id est, christianorum in hoc // mundo peregrinantium Christi sanguine fuit emptus. ¶ Circa f. 10v hanc auctoritatem IIIIor genera hominum distinguamus: Primi, nec agrum illum considerant, nec emunt. Isti sunt fideles lumen fidei Ager non habentes de celestibus nullatenus cogitantes et ex toto temporalibus uoluptatibus bonus se tradentes. Eph IIII, d, [17-19]: hoc igitur dico, etc. [et testificor in Domino, ut iam non ambuletis sicut et gentes ambulant in vanitate sensus sui: tenebris obscuratum habentes intellectum; alienati a vita Dei, per ignorantiam quae est in illis, propter caecitatem cordis ipsorum; qui desperantes, semetipsos tradiderunt inpudicitiae, in operationem inmunditiae omnis] usque in auaricia28. Secundi considerant, sed non emunt; talis fuit Balaam, Numeri XXIII et XXIIII, per totum; et philosophi quilibet Deum cognouissent non tamen eum glorificauerunt, nec ei seruierunt, quia hominum magis quam Dei gloriam dilexerunt. Talis est superbus qui illum agrum considerando suspirat, sed pro illo non curat aliquid sustinere; de tali, Gregorius: «Cum magna esse premia humilitatis considerat, superbus quisque se29 aduersum30 se erigit, et quasi tumorem turgidi fastus deponit, exhibere se cuiuslibet31 contumeliis humilem promittit, sed cum repente hunc unius iniuria uerbi pulsauerit, ad consuetam protinus elationem redit, sicque ad tumorem32 ut nequaquam quod33 humilitatis bonum concupierat recordetur»34. Tercii, licet non clare considerant, tantum emunt. Isti sunt boni fideles, et tantum simplices, qui licet de celestibus nesciant disputare, et subtilia terminare, student magis illum agrum acquirere orando et laborando, quam ostentatiue et sophistice disputando. Bernardus: «Orando quam disputando dignius requiritur35 Deus36 et facilius inuenitur»37. «Inueniet pius pulsator, quod non posset temerarius perscrutator38»39. 23 Passio ab indignatione 24 Passio pene omnia 25 om his uisis sponsus 26 Passio christianissmam esse et secundum leges non uiuere augustorum 27 Auctor incertus, Passio Sanctae Luciae Virginis et Martyris, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 107-108. 28 Vulg. in avaritiam 29 ad. superbus quisque se 30 om. semetipsum 31 Moralia quibuslibet 32 om. ducitur 33 Moralia quia 34 Moralia in Iob, lib. 7, par. 28, lin. 5s. CCSL 143. (PL 75, 784 B). 35 De Consideratione quaeritur 36 ad. Deus 37 De Consideratione libri V, lib. 5, par. 32, vol. 3, pag. 493, lin. 23. (J. Leclercq). (PL 182, 808 A). 38 Sermones scrutator 39 Idem, Sermones super Cantica Canticorum, sermo 26, par. 2, v. 1, p. 170, lin. 29. (J. Leclercq). (PL 183, 904). 44 Quarti considerant atque emunt; talis fuit beata Lucia et sibi similes, qui sciunt contemplari et operari. Mt XIIII [XIII], f, [44]: Simile est regnum celorum thesauro, etc. [abscondito in agro; quem qui invenit homo, abscondit, et prae gaudio illius vadit, et vendit universa quae habet, et emit] usque agrum illum. 210 [27] Item eiusdem Sermo IIIIus 215 220 225 230 235 Ante obitum tuum, etc. [operare iustitiam, quoniam non est apud inferos invenire] usque cibum. Eccli XIIII, d, [17]. Hoc consilium sanum et discretum, utile et honestum dedit Lucia uirgo sapiens una de numero prudentum, matri sue; «cui hec dixit: deprecor mater per eam que te sanauit40, id est, uirginem Agatham, ne tu michi aliquando sponsum nomines;41 sed omnia que michi eunti ad corruptionis mee auctorem hominem moriturum eras datura42, da michi eunti ad integritatis mee auctorem43 Dominum Ihesum Christum; cui mater:44 Tege occulos meos et quecumque tibi placuerint45 de ipsis facultatibus facito. Lucia dixit: Audi consilium meum. Non satis Deo carus est, qui illi hoc dat quod secum ferre non potest46. Sed si tibi uis esse gratum Deum, hoc illi da quo poteras tu uti47. Moriens enim nichil potes uti48, et quod das ideo das, quia tecum ferre non potes49. Viuens50 ergo et salutem tui corporis habens da Christo quod51 possides»52, quod et factum est. Dicit igitur: Ante obitum, etc. Accipe et tu hoc operari consilium: bonum Propter operandi impossibilitatem. Io IX, a, [4]: Me oportet operari, etc. debemus [opera eius qui misit me, donec dies est; venit nox quando nemo potest] usque operari. Gal VI, [c, 10]: dum tempus habemus, etc. [operemur bonum ad omnes, maxime autem ad domesticos fidei]. Propter amicorum remanentium infidelitatem, quod enim dimisisti in manu eorum pro anima tua tarde uel nunquam dabunt. Prou XXV, e, [19]: dens putridus, etc. [et pes lassus, qui sperat super infideli in die] usque angustie. Propter obitus dubietatem. Nescis enim utrum morte subitanea morietis et de bonis tuis non poteris ordinare. Bernardus: «Nichil certius morte, nichil incertius hora mortis»53. Propter emuli uel emule prauitatem. Ecclus XIIII, a, [4]: qui aceruat ex, etc. [animo suo iniuste, aliis congregat, et in bonis illius alius] usque luxuriabitur; eodem, 40 Passio qui te saluabit suis orationibus 41 om ne tu uelis de corporis mei posteritate fructum mortalitatis inquirere de quibus mihi criminantur aduersarii 42 Passio Sed omnia quae mihi datura es eunti ad correptionis meae mortalem hominem 43 Passio factorem 44 om Omnia quae sunt patris tui defuncti ante nouem annos incontaminanter custodiens ampliaui potius quam minui patrimonium tuum. Mea uero omnia quae sunt uel esse possunt ipsa melius nosti. Tege prius culos meos, 45 Passio Tege prius oculuos meos, et quodcumque tibi placuerit 46 Passio quo ipse perfrui non potest 47 Passio quo poteris uti 48 Passio nihil potes tecum deferre 49 Passio non praeuales 50 Passio Veniens 51 Passio quae 52 Auctor incertus, Passio Sanctae Luciae Virginis et Martyris, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 107. 53 Epistulae, ep. 412, par. 1, v. 8, p. 394, lin. 16. (PL 182, 621 A). 45 240 245 250 c, [13]: Ante mortem benefac, etc. [amico tuo, et secundum vires tuas exporrigens de] usque pauperi. Propter successoris stultam conuersationem. Eccles II, e, [18-19]: detestatus sum omnem industriam meam, etc. [qua sub sole studiosissime laboravi, habiturus haeredem post me, quem ignoro utrum sapiens an stultus futurus sit, et dominabitur in laboribus meis, quibus desudavi et] usque sollicitus fui. Propter uie celi dilationem. Prou XVIII, d, [16]: donum hominis, etc. [dilatat f. 11r viam eius; et ante principes] usque spatium facit. Propter loci glorie preparationem. Ys LVIII, d. [8]: Anteibit faciem tuam, etc. [iustitia tua, et gloria Domini] usque colliget te. Propter peccatorum redemptionem, quia forte ibis ad infernum, nisi bone operare conuertant. Eccles IX, [c,10]: quodcumque potest manus, etc. [tua instanter operare, quia nec opus, nec ratio, nec sapientia, nec scientia erunt apud inferos quo tu] usque properas. [28] Sermo Vus 255 260 265 270 275 280 Thesaurizate uobis thesaurum in celis. Mt VII [VI], a, [20]. Ita consulit nobis Christus uerus Dominus et fidelis amicus, qui non uult quod perdamus bona nostra, sed in loco tutissimo reponamus; hoc consilium gratanter accepit beata Lucia, uirgo Deo deuota, qua cum Pascasius consularis ad sacrificia demonum inuitaret // dixit: «Sacrificium uerum et immaculatum apud Deum et Patrem hoc est: uisitare uiduas et orphanos in tribulatione eorum. Ego per istos tres annos nichil aliud egi nisi sacrificare Deo54. Iamque nichil superest quod sacrificem, meipsam offero Deo in sacrificium hostiam uiuam55. Pascasius dixit: patrimonium tuum cum tuis corruptoriis extirpasti56 et ideo quasi meretrix loqueris. Lucia dixit: patrimonium meum tuto loco constitui»57. Notanda est igitur hic diuersitas Thesaurizant thesaurizantium. Nam thesaurizant: Quidam in humo, id est, in terra ad litteram; hii sunt auari. Bar III, d, [16-19]: mali et boni Vbi sunt principes gentium, etc. [et qui dominantur super bestias quae sunt super terram? qui in avibus caeli inludunt, qui argentum thesaurizant, et aurum, in quo confidunt homines, et non est finis adquisitionis eorum; qui argentum fabricant, et solliciti sunt, nec est inventio operum illorum? Exterminati sunt, et ad inferos descenderunt, et alii loco eorum] usque surrexerunt. Ps XXXVIII, d, [7]: Thesaurizat, et ignorat cui congregauit ea. Eccli XXIX, c, [13]: perde pecuniam propter fratrem et amicum, id est, da pauperibus propter Christum, et non abscondas <illam> sub lapide in perditionem anime et corporis et ipsarum diuiciarum. Eccles V, e, [12-13]: Diuicie conseruate in malum domini sui. Pereunt enim in afflictione pessima. Quidam in biuio; hii sunt ypocrite58 et uane gloriosi, qui sua omnia faciunt ut uiderantur ab hominibus, de quibus Gregorius: «Depredari desiderat, qui thesaurum in uia publice portat»59. Thesaurum suum «a malignis spiritibus custodire non sufficit, qui hoc ab humanis laudibus non abscondit»60. 54 Passio nisi sacrificaui deo uiuo 55 Passio hostiam uiuentem 56 Passio expendisti 57 Auctor incertus, Passio Sanctae Luciae Virginis et Martyris, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 108.. 58 ypocrite : hypocrite 59 XL homiliarum libri duo, lib. 1, hom. 11, cap. 1, lin. 11. (PL 76, 1115 A/B). 60 Ibidem, lin. 10. (PL 1115 A). 46 285 290 295 300 305 Quidam in sterquilinio; hii sunt gulosi quorum deus uenter est, in quo reponunt quicquid habere possunt. Quidam in inferno; hii sunt indurati et desperati et impenitentes. Ro II, b, [56]: Tu autem secundum duritiam tuam et impenitens cor, thesaurizas tibi iram, etc. [in die ire, et revelationis iusti in iuditii Dei, qui reddet unicuique secundum opera eius...] Ia V, a, [1-3]: Agite nunc diuites, etc. [plorate ululantes in miseriis vestris, quae advenient vobis. Divitiae vestrae putrefactae sunt, et vestimenta vestra a tineis comesta sunt. Aurum et argentum vestrum eruginavit, et erugo eorum in testimonium vobis erit, et manducabit carnes vestras sicut ignis], <usque>: Thesaurizastis uobis iram in nouissimis diebus. Quidam in celo; hii sunt helemosinarii qui omnia sua bona per manus pauperum cotidie portant in celum. Eccli XXIX, [b, 14-15]: pone thesaurum tuum in preceptis Altissimi, et proderit tibi magis quam aurum, etc. [conclude elemosynam in corde pauperis, et haec pro te exorabit ab omni malo]. Iª Ti III [VI], [d, 17-19]: diuitibus huius seculi precipe, etc. [non sublime sapere, neque sperare in incerto divitiarum, sed in Deo vivo, qui praestat nobis omnia abunde ad fruendum; bene agere, divites fieri in bonis operibus; facile tribuere, communicare; thesaurizare sibi fundamentum bonum in futurum, ut adprehendant veram vitam]. Tob IIII, c, [10-11]: premium enim bonum tibi thesaurizas, etc. [in die necessitatis; quoniam elemosyna ab omni peccato et a morte liberat, et non patietur animam ire in tenebras]. Super tales thesaurizabit Deus gratiam in presenti et gloriam in futuro: De primo, Eccli IIII, e, [21]: thesaurizabit super eum scientiam et intellectum iustitie. De secundo, Eccli XV, b, [6]: Iocunditatem et exultationem, etc. [thesaurizabit super illum, et nomine aeterno hereditabit illum]. [29] Item eiusdem sermo VIus 310 315 Omni custodia serua cor tuum, quia ex ipso uita procedit. Prou IIII, f, [23]. Cor diligenter custodiendum est, quia per hoc totum malum euitatur. Nam sine consensu eius non potest corpus peccati maculis inquinari. Vnde, cum Pascasius diceret beate Lucie: «Ego faciam te ad lupanar duci, ut cum fueris sic atracta61 fugiat a te Spiritus Sanctus. Respondit ipsa: Nunquam inquinabitur62 corpus, nisi de consensu mentis. Nam et si in manu mea thura ponas63 et per eam iacias sacrificia64, Deus hoc attendit et irridet. De sensibus65 enim et uoluntatibus iudicat. Nam sic patitur uiolatorem castitas66 sicut serpentem, sicut latronem, sicut barbarum. Nam si me inuitam feceris uiolari, castitas michi duplicabitur ad coronam»67. Augustinus: «De pudicitia quis dubitat68, quin sit in animo constituta quandoquidem uirtus est unde a uiolento stupatore eripi non potest»69. Notantur autem tria, in auctoritate premissa: 61 Passio dum fueris scortata 62 Passio inquinatur 63 Passio ponantur 64 Passio faciam sacrificium 65 Passio Nam sic de sensibus 66 castitas : castitatis 67 Auctor incertus, Passio Sanctae Luciae Virginis et Martyris, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 108. 68 De libero dubitauerit 69 De libero arbitrio, lib. 1, cap. 5, lin. 49. CCSL 29. (PL 32, 1228). 47 320 325 330 335 340 345 350 Primo, quod cor sit seruandum seu custodiendum, ibi, serua cor tuum a multis, cor seruandum scilicet: A crapule grauatione. Luc XXI, g, [34]: Attendite, ne grauentur, etc. [corda est vestra in crapula, et ebrietate, et curis huius vitae, et superveniet in vos repentina dies illa]. A diuisione. Os X, a, [2]: diuisum est cor eorum, nunc interibunt. A deceptione. Iob XXXI, b, [9-10]: si deceptum est cor meum super muliere, etc. [et si ad ostium amici mei insidiatus sum, scortum alterius sit uxor mea, et super illa incurventur] usque alii. Ab induratione. Eccli III, f, [27]: Cor durum male habebit in nouissimo. Ab ablatione. Ose IIII, d, [11]: fornicatio et uinum et ebrietas auferunt cor. Secundo, quomodo sit custodiendum, ibi, omni custodia triplici, scilicet: ¶ Forti, sollicita, districta. ¶ De prima, Aba II, a, [1]: super custodiam, etc. [meam stabo, et figam gradum super munitionem, et contemplabor ut videam quid dicatur mihi, et quid respondeam ad arguentem me]. ¶ De IIª, Deu IIII, b, [9]: custodi temetipsum, et animam tuam sollicite, etc. [ne obliviscaris verborum quae viderunt oculi tui, et ne excedant de corde tuo cunctis diebus vitae tuae]. ¶ De IIIª, Ba III, f, [34]: stelle dederunt lumen in custodiis suis, etc. [et laetatae sunt]; uel aliter triplici custodia: humana et angelica et diuina; quarum: ¶ prima bona, ¶ IIª, melior. ¶ IIIª, // optima. ¶ f. 11v De prima, Iere XVII, f, [21-22]: Custodite animas uestras, etc. [et nolite portare pondera in die sabbati, nec inferatis per portas Hierusalem, et nolite eicere onera de domibus vestris, in die sabbati; et omne opus non facietis: sanctificate diem sabbati, sicut praecepi patribus vestris]. ¶ De IIª, Ps XC, e, [11]: Angelis suis, etc. [mandauit de te, ut custodiant te in omnibus viis tuis]. ¶ De IIIª, Ps CXXI [CXXI], f, [7]: Dominus custodit te ab omni malo. Tercio, quare sit custodiendum, ibi, quia ex ipso uita procedit, mala et bona, et carnalis et spiritualis: ¶ De prima, Mt XV, c, [19]: De corde exeunt cogitationes male, etc. [homicidia, adulteria, fornicationes, furta, falsa testimonia,] usque blasphemie. ¶ De IIª, Prou XIIII, f, [30]: Vita carnium, in presenti et in futuro, sanitas cordis, id est, puritas consciencie uel intentionis. Eccli XXX, g, [23]: Iocunditas cordis hec est uita hominis, etc. [et thesaurus sine defectione sanctitatis, et exultatio viri est longevitas]. Prou XV [XVI], f, [24]: Dulcedo anime sanitas ossium. 48 [30] Incipit sermo primus in festiuitate sancti Thome apostoli 5 10 15 20 25 30 35 Benedictio Domini diuites facit, nec saciabitur1 eis afflictio. Prou X, e, [22]. Plane uersificata fuit hec auctoritas in sponsum et sponsa pro quibus beatus2 Deum ut eos benediceret exorauit. Apostolus enim, rogatus a rege, ut dicitur in passione eius, «thalamum cum ipso intrauit positaque manu super capud sponsi et sponse3, dixit: Deus Abraam, Ysaac et Iacob, benedic adolescentes istos, et semina semen uite eterne in mentibus eorum, ut quicquid de utilitate4 didicerint, hoc facere cupiant per Christum Dominum recuperatorem hominum5, qui tecum et cum Spiritu Sancto uiuit et regnat, in secula seculorum.6 Post hoc cum ‗puer deduceret apostolum, palme ramus dactilis plenus in manu ipsius pueri apparuit et gaudens cucurrit 7 ad sponsam suam‘. Cumque gustassent ambo de fructu illo, subito soporati somnium uiderunt huiusmodi, quasi rex potens gemmatus in medio eorum stans amplecteretur utrosque dicens: Apostolus benedixit uos ut uite eterna participes efficiamini. Euigilantes autem cum sibi hoc narrassent apparuit eis apostolus dicens: Rex meus modo uobis in uisione locutus est, et me clausis ianuis introduxit, ut benedictio mea super uos fructificet. Habetis enim integritatem, que est regina omnium uirtutum et fructus salutis perpetue. Virginitas soror est angelorum et omnium bonorum possessio. Virginitas uictori de inimicis et uite eterne saturitas8. Nam nascitur de corruptione pollutio, de pollutione reatus, de reatu confusio. Cumque huiusmodi ab apostolo gratanter audirent, aparuerunt ibi duo angeli dicentes: Nos sumus angeli qui dati sumus a Deo ut ostendamus nos uobis propter benedictionem apostoli eius, ut dum custodieritis monita eius, omnes petitiones uestras Domino offeramus. Tunc sponsus cum sponsa miserunt se ad pedes eius dicentes: Confirma nos in omni ueritate, ut nichil nobis de scientia Dei9 desit. Apostolus autem diligenter instruxit et babtizauit eos et ita ciuitas illa fuit Domino acquisita. Nam sponsus, Dionisius nomine, episcopus ordinatus, sponsam suam Pelagiam nomine consecrauit, que duplex martyrium sustinuit, unum quia uirum accipere contempsit, alium quia ydolis sacrificare noluit»10. Dicit ergo: Benedictio Domini, etc. Notandum quod Deus quosdam benedixit dextra, quosdam sinistra, quod pulcre figurauit Iacob quando filios Ioseph benedixit. Benedictio igitur dextere facit diuitem tribus: Benedictio In uirtutibus. Ps LXXXIII, c, [8]: Benedictionem dabit legislator, id est, dextere et Christus, ibunt de uirtute in uirtutem. Eccli XLIIII, a, [6]: homines diuites in uirtute, sinistre etc. [pulchritudinis studium habentes, pacificantes in domibus suis]. In bonis operibus. Iob I, d, [10]: Operibus manuum eius benedixisti. Deu II, b, [7]: Dominus deus tuus, etc. [benedixit tibi in omni opere manuum tuarum]. XIIII, g, [29]: Vt benedicat tibi Dominus Deus, etc. [tuus in cunctis operibus manuum tuarum que feceris]. Ps V, g, [12-13]: Et gloriabuntur in te omnes, etc. [qui diligunt nomen tuum, quoniam tu benedices iusto]. 1 Vulg. sociabitur 2 Scilicet Thomas 3 Passio super capita amborum 4 Passio pro utilitate sua 5 Passio omnium filium tuum unigenitum 6 om Amen 7 Acta cucurrit intro 8 Passio securitas 9 Passio sapientia Dei 10 Auctor incertus, Passio Sancti Thomae Apostoli. In Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 607-608. 49 40 45 50 55 In celestibus dotibus. Mt XV [XXV], g, [34]: Venite, benedicti etc. [Patris mei, possidete paratum uobis regnum a constitutione mundi]. Iº Paral [XVII, d, 27]: cepisti benedicere domui, etc., usque in fine capituli, [servi tui, ut sit semper coram te, te enim, Domine, benedicente, benedicta erit in perpetuum]. Eph I, a, [3]: Benedixit nos in omni benedictione, etc. [spirituali in caelestibus in Christo]. Benedictio sinistra dat diuicias: Multitudinis filiorum et amicorum. Ge IX, a, [1]: Benedixit Dominus Noe et filiis eius, et dixit ad eos: Crescite, etc. [et multiplicamini, et replete terram]. Iº Paral XXVI, a, [1-5]: Diuisiones iumentorum11, etc. [De Coritis: Mesellemia, filius Core, de filiis Asaph. Filii Mesellemiae: Zaccharias, primogenitus; Iadihel, secundus; Zabadias, tertius; Iathanahel, quartus; Ahilam, quintus; Iohanan, sextus; Helioenai, septimus. Filii autem Obededom: Semeias, primogenitus; Iozabad, secundus; Iohaa, tertius; Sachar, quartus; Nathanhel, quintus; Ammihel, sextus; Isachar, septimus; Phollathi, octavus,] usque quia benedixit illi Dominus, et fere per totum capitulum. Multitudinis diuiciarum et possessionum. Ps CVI, g, [38]: Benedixit eis et multiplicati sunt nimis. Multitudinis dierum et ciuitatum. Ecclus XXIIII [XXXIIII], e, [20]: Dans sanitatem et uitam et benedictionem. Quidam abutuntur hac triplici benedictione sinistre et immo conuertitur eis in maledictionem. Mal II, a, [2]: Maledicam benedictionibus uestris. 60 [31] Sermo IIus 65 70 75 80 Secundum gratiam Dei que data est michi, etc. [ut sapiens architectus fundamentum posui; alius autem supaeredificat. Unusquisque autem videat quomodo supaeredificet. Fundamentum enim aliud nemo potest ponere, praeter id quod positum est, quod est] usque Christus Ihesus. Iª Cor III, [b, 10-11]. Bene hoc conuenit beato Thome apostolo qui dicitur Didimus, quia optimum f. 12r palacium regi Gundoforo fundauit et consumauit sicut in eius hystoria que multum hedifficatoria est satis patet12. Sed secundum quod ad nos pertinet uideamus. Fundamentum igitur hoc est: Vera et firma et solida fides Trinitatis, et incarnationis Filii Dei, natiuitatis, passionis, resurrectionis etc., super quod apostoli et prophete fundati fuerunt et ceteros fundauerunt predicando, miracula faciendo et tandem martyrium, de quo dicitur nobis Eph II, g, [19-20]: Iam non estis hospites, etc. [et advene; sed estis cives sanctorum et domestici Dei: supaeredificati super fundamentum apostolorum et prophetarum, ipso summo angulari lapide,] usque Christo Ihesu. Non ergo queramus aliud fundamentum, quia fundamentum aliud nemo potest ponere preter id quod positum est, sed de edificio uideamus. Dicit autem apostolus, Eph II, [I Cor III, 11, 1213], quod super hoc fundamentum, alius hedifficat hedifficium aureum, alius argenteum, alius preciosorum lapidum, alius uero ligneum, alius ferreum, alius stipuleum. Ediffica igitur tu aurum: Aurum 11 Vulg. ianitorum 12 Cf. Auctor incertus, Passio Sancti Thomae Apostoli, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 606. 13 1 Cor 3, 11-12: «Fundamentum enim aliud nemo potest ponere praeter id quod positum est qui est Christus Iesus, si quis autem superaedificat supra fundamentum hoc aurum, argentum, lapides pretiosos, ligna, faenum, stipulam». 50 85 90 95 100 105 110 115 Diuine dilectionis. Augustinus: «quantum ego debeo diligere saluatorem meum, qui quando peto, prestolatur me; quando cado, erigit me; quando sto, sustinet me; quando erro, reducit me; quando lugeo, consolatur me»14. Fruitionis. Ieronimus: «Incipe esse quod futurus15 es»16, id est, fruitor diuinam dulcedinem pregustando; talis erat psalmista qui ait, XXXV [XXX], g, [20]: quam magna multitudo dulcedinis, etc. [tuae, Domine, quam abscondisti timentibus] usque te. Contemplationis. Ro I, [c, 20]: Inuisibilia ipsius, a creatura, etc. [mundi, per ea que facta sunt, intellecta, conspiciuntur]. Bernardus: «Dilecta non erat contenta illa manifestatione sponsi, que fit a creatura mundi, aut per somnia et uisa, nisi illum illapsum suscipiat»17. Admirationis. Hes XV, g, [16-18]: Dicit anima rata: Vidi te Domine, etc. [quasi angelum Dei, et conturbatum est cor meum pre timore gloriae tuae. Valde enim mirabilis es, domine, et facies tua plena est gratiarum. Cumque loqueretur, rursus corruit, et] usque pene examinata est. Isti sunt IIIIor parietes aurea uel domus auree, qui eriguntur assidue super fundamentum uere fidei in mente firma, cuiuslibet uiri, perfecta et curis et uanitatibus et negociis mundi penitus alieni, ut sunt heremite et monachi, sed non omnes. ¶ Ediffica argentum, id est, sanctum eloquium: Argentum Veracis predicationis. Iere XXXIII [XXIII], e, [28-29]: quid paleis ad triticum, etc. [dicit Dominus. Numquid non verba mea sunt quasi ignis, dicit Dominus, et quasi malleus conterens] usque petram. Modeste increpationis. Io XVIII, e, [23]: si male locutus sum, etc. [testimonium perhibe de malo; si autem bene, quid me cedis?] Discrete consiliationis. Iª Cor VII, e, [25]: de uirginibus autem preceptum, etc. [Domini non habeo; consilium autem do, tamquam misericordiam consecutus a] usque Domino. Suauis consolationis. Ys XL, a, [1-2]: Consolamini, consolamini, popule, etc. [meus, dicit Deus vester. Loquimini ad cor Hierusalem, et advocate eam, quoniam completa est malitia eius, dimissa est iniquitas] usque illius. Isti sunt IIIIor parietes domus argentee, quos assidue edifficant predicatores et alii uiri spirituales in cordibus proximorum quibus Dominus scientiam et gratiam et usum lingue contulit erudite. Ys L, c, [4]: dedit michi Dominus linguam eruditam, etc. [ut sciam sustentare eum qui lassus est verbo]. ¶ Lapides preciosi sunt opera: Reffectionis. Ys XXVIII, c, [12]: Refficite lassum et hoc est meum refrigerium. Calefactionis. Iob XXXI, e, [20]: de uelleribus ouium mearum calefactus est. Ia II, e, [15-16]: si autem frater, etc. [et soror nudi sint, et indigeant victu quotidiano, dicat autem aliquis ex vobis illis: Ite in pace, calefacimini et saturamini; non dederitis autem eis que necessaria sunt corpori, quid proderit?] 14 Cf. De oribus ecclesiae catholicae et de moribus Manichaeorum, lib.1: «audiuimus quid diligere, et quantum diligere debeamus: eo est omnino tendendum, ad id omnia consilia nostra referenda» PL 32,1316. 15 Epistulae futura 16 Epistulae, ep. 22, (ad Eustochium, Paulae filiam), vol. 54, par. 41, pag. 210, lin. 16. CSEL 54. (PL 22, 425). 17 Sermones super Cantica Canticorum, sermo 31, par. 6, vol. 1, pag. 223, lin. 3: «Non ergo sic affecta, et sic dilecta, contenta erit omnino vel illa, quae multis per ea quae facta sunt, vel illa, quae paucis per visa et somnia facta est manifestatio sponsi, nisi speciali praerogativa intimis illum affectibus atque ipsis medullis cordis caelitus illapsum suscipiat». (PL 183, 943 B/C). 51 120 125 130 135 140 Redemptionis, ut fecit Paulinus,18 et uoluit facere beatus Dominicus.19 Ambo enim isti pro redemptione proximi se uendere uoluerunt. Visitationis, sicut beata Virgo uisitauit Helisabeth. Luc I, d, [39]: Exurgens autem Maria, etc. [in diebus illis, abiit in montana cum festinatione, in ciuitatem Iuda; et intrauit in domum Zacharie, et salutauit Helisabeth]. Isti sunt IIIIor parietes preciose domus lapidee, quos assidue boni seculares edifficant, dum sollicite student operibus pietatis; bene autem argentum prefertur lapidibus preciosis, quia uerbum melius quam datum. Omnes etiam isti licet diuersos habeant parietes, tamen omnes idem habent fundamentum et tectum, scilicet, fidem explicitam uel implicitam omnium articulorum et sacramentorum, et caritatem Dei et proximi, que operit multitudinem peccatorum. Item licet in die iudicii tota uiolorum ciuitas inflammetur, et non sit in eternum qui guttam aque inferat uel extinguat, tamen illi qui in hac domo triplici commorantur securissimi permanebant: hii sunt Noe, Daniel et Iob, uel Effraim, Beniamim et Manasse; hee sunt IIIIor ciuitates refugii ultra Iordanem et tres citra, de quibus, Deu IIII, f, [41-43]: Conseparauit Moyses, etc. [tres civitates trans Iordanem ad orientalem plagam, ut confugiat ad eos qui occiderit nolens proximum suum, nec sibi fuerit inimicus ante unum et alterum diem, et ad harum aliquam urbium possit evadere: Bosor in solitudine, quae sita est in terra campestri de tribu Ruben; et Ramoth in Galaad, quae est in tribu Gad; et Golan in Basan, quae est in tribu] usque, Manasse, et Iosue XX [1-9] per totum,20 in quibus saluantur omnes qui Babtismum secuntur, uel etiam precesserunt, si tamen super fundamentum // uere f. 12v fidei fundauerunt; hee sunt etiam tria tabernacula in monte celi, Christi, Moysi, et 18 Cf. Gregorius I (Magnus), Dialogorum libri IV, lib. 3, cap. 1, lin. 1ss.: «Dum saeuientium wandalorum tempore fuisset italia in campaniae partibus depopulata, multique essent de hac terra in africana regione transducti, uir domini paulinus cuncta, quae ad episcopi usum habere potuit, captiuis indigentibusque largitus est. Cumque iam nihil omnimodo superesset, quod petentibus dare potuisset, quodam die quaedam uidua aduenit, quae a regis wandalorum genero suum filium in captiuitate ductum fuisse perhibuit, atque a uiro dei eius pretium postulauit, si forte illius dominus hoc dignaretur accipere et hunc concederet ad propria remeare. Sed uir dei, magnopere petenti feminae quid dare potuisset inquirens nihil apud se aliud nisi se inuenit, petentique feminae respondit, dicens: ‗mulier, quid possim dare non habeo, sed memetipsum tolle, me seruum iuris tui esse propfitere, atque ut filium tuum recipias, me uice illius in seruitium trade‘. SChr 260. (PL 77, 216 D, 217 A). 19 Cf. Jordanus de Saxonia, Libellus de origine Ordinis Praedicatorum, cap. 2, 27: «Nec certe deerat ei caritas, qua majorem nemo habet, ut animam suam ponat quis pro amicis suis: siquidem dum piis exhortationibus quemdam infidelem ad fidele matris Ecclesiae gremium invitaret, et ille respondens, necessitudinem temporalium provocativam esse societatis infidelium, pro eo quod eidem ab haereticis necessariae ministrabantur impensae, quas aliunde habere non poterat, ex intimo mox ei compassus affectu, seipsum venumdare decrevit, et pretio sui redimere animae periclitantis inopiam: quo et fecisset, nisi Dominus, qui dives est in omnibus, aliunde providisset, quo illius hominis resarciretur egestas». AASS. Aug. I, Dies 4, 549C/D. 20 Ios 20, 1-9: 5. Ios 20, 1-9: «Et locutus est Dominus ad Iosue, dicens: Loquere filiis Israhel, et dic eis: Separate urbes fugitivorum, de quibus locutus sum ad vos per manum Mosi, ut confugiat ad eas quicumque animam percusserit nescius, et possit evadere iram proximi, qui ultor est sanguinis; cum ad unam harum confugerit ciuitatum, stabitque ante portam civitatis, et loquetur senioribus urbis illius ea quae se conprobent innocentem, sicque suscipient eum, et dabunt ei locum ad habitandum. Cumque ultor sanguinis eum fuerit persecutus, non tradent in manus eius, quia ignorans percussit proximum eius, nec ante biduum, triduumve, eius probatur inimicus. Et habitavit in civitate illa, donec stet ante iudicium causam reddens facti sui, et moriatur sacerdos magnus, qui fuerit in illo tempore. Tunc reuertetur homicida, et ingredietur civitatem et domum suam de qua fugerat. Decreueruntque Cedes in Galilea montis Nephtali, et Sychem in monte Ephraim, et Cariatharbe, ipsa est Hebron, in monte Iuda. Et trans Iordanem contra orientalem plagam Hiericho, statuerunt Bosor, quae sita est in campestri solitudine de tribu Ruben et Ramoth in Galaad de tribu Gad et Gaulon in Basan de tribu Manasse. Hae civitates constitutae sunt cunctis filiis Israhel, et advenis qui habitabant inter eos, ut fugeret ab eas qui animam nescius percussisset, et non moreretur in manu proximi, effusum sanguinem vindicare cupientes, donec staret ante populum expositurus causam suam». 52 Helye, id est, sanctorum qui precesserunt legem ut Moyses, uel fuerunt sub lege ut Helyas, uel post legem ut Christus, quia finis legis Christus et lex et prophete usque ad Iohanem. [32] Item eiusdem Sermo IIIus 145 150 155 160 165 170 175 180 Amen, amen dico uobis, si quid pecieritis Patrem dabit uobis. Io XVI, f, [23]. Hec Christi promissio pulcre fuit in beato Thome apostolo adimpleta. Cum enim fama de apostolo per Indiam percurrisset, quod manu posita ab omnibus languoribus liberaret, et de fratre regis Gundoffori suscitato, et palatio in celestibus fabricato, ceperunt populi currere cum multis diuiciis, coronis, sacrificiis, ut adorarent apostolum quasi deum. «Tunc apostolus peciit regem ut populi per mensem se inuicem expectarent et simul congregati facerent quod docerent. Duxit autem multitudo infirmos uariis languoribus laborantes. Cum igitur nullum edifficium possit capere uniuersos, precepit Thomas in campo omnes populos congregari et infirmos a ceteris separari qui, stans in medio eorum, leuatis in celum manibus orauit sic: Agye, inuisibilis et incomprehensibilis et immutabilis, perseuerans, qui misisti nobis omnipotentem21 Ihesum Christum Filium tuum, qui dedit nobis potestatem discipulis curare omnes languores et dixit nobis: quecumque pecieritis a Patre pretabit uobis,22 in ipsius nomine deprecamur ut febribus, frigoribus, langoribus, medela tua maiestatis succedat; reddatur cecis uisus, surdis auditus, claudis gressus et omnis eorum infirmitas effugetur, ut cognoscant omnes hii populi, quia tu es solus Deus unus cum Domino nostro Ihesu Christo qui Te et cum Spiritu Sancto uiuit et regnat in secula seculorum. Cumque iam docti respondissent Amen; uenit coruschus23 super eos, ut24 omnes se putassent ictu fulguris interisse. Iacuerunt autem prostrati cum apostolo per mediam25 fere horam. Erigens autem se apostolus clamauit omnibus dicens: Surgite quia Dominus meus sicut fulgur uenit et ipse saluauit nos26. At illi omnes exurgentes sani glorificabant Deum et Thomam apostolum eius; quibus ille: Hec omnia que michi attulistis, uestes regias, aurum et argentum, pauperibus erogate, et Babtismum suscipite. Tunc babtizati sunt XIIIIcim milia uirorum27, exceptis paruulis et mulieribus»28. Dicit ergo: Amen amen, dico uobis, etc. In hac auctoritate ponentur IIIIor circunstancie que de necessitate faciunt orationem secundum theologos29 exaudiri. Hee autem sunt, ut petat quilibet: petere ‗Pie‘, ibi, Patrem; qui enim Patrem petit, Filium credit et utriusque amorem debemus Spiritum Sanctum esse non ambigit. Io XV, b, [7]: si manseritis in me, per fidem, et uerba mea in uobis manserint, per dilectionem operantem, quodcumque uolueritis petetis et fiet uobis. Ia I, [b, 6]: postulet autem in fide nichil hesitans. ‗Perseueranter‘, ibi, pecieritis, quod est preteriti temporis duratione et futuri signifficatione, et per extrema intellegitur medium, et ita complectitur omne tempore. Act I, d, [14]: erant perseuerantes in oratione. 21 Passio illuminatorem 22 Jo 15, 16. 23 coruschus : coruscus 24 Passio at 25 Passio dimidiam 26 Passio ipse saluabit uos 27 Passio nouem millia uirorum 28 Cf. Auctor incertus, Passio Sancti Thomae Apostoli, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 609-610. 29 Cf. Guillelmus Altissiodorensis, Summa Aurea, lib. III, tract. 27, cap. 3, q. 1, pp. 517-520. 53 185 ‗Pro se‘, ibi, uobis. Augustinus: «quicquid pecieritis uobis dabit, pro alio enim non auditur homo semper, quia ille per malam uitam impedit orationis efficatiam»30. ‗Ad salutem‘, ibi, nomine meo, quod est Ihesus, id est, Saluator. Qui ergo aliud non pertinens ad salutem petit, non petit in nomine suo, et ideo non est mirum si non accipit quod petit. [33] Item eiusdem Sermo IIIIus 190 195 200 205 210 215 220 Confundantur omnes qui adorant sculptilia et qui gloriantur in simulacris suis. Ps XCVI, d, [7]. Bene hanc prophetiam per orationes beati Thome Dominus adimpleuit. Cum enim rex Migdeus nomine ydolum solis cogeret apostolum adorare, dixit beatus Thomas: «Adoro Deum meum prius, et si non euerterit deum tuum, sacrificabo ei. Respondit rex cum suis: Ita fiat. Et introduxerunt eum in templum ducentes choros ritu solito. Ei autem uirgines cum liris cantantes et alie cum tibiis, alie cum timpanis, alie cum cimbalis, alie sacrifficantes cum thuribulis. Tunc ait apostolus: tibi loquor demon qui in isto simulacro habitas et das responsa stultis et deceptis hominibus, qui simulacrum uident, et te non // uident; adiuro te in nomine Domini nostri Ihesu f. 13r Christi, quem iudei crucifixerunt, ut exeas et stes coram me et quod tibi imperauero facias; statimque aparuit ei, apostolus ait: Impero tibi in nomine Christi, ut simulacrum dissoluas et nullum hominem ledas. Statimque quasi cera iuxta ignem posita liquefactum est ydolum. Tunc omnes sacerdotes confusi mugitum dederunt, pontifex autem eleuans gladium transuerberauit apostolum dicens: Ego uindicabo iniurias dei nostri. Rex autem fugit cum suis; populus autem uolens incendere pontifficem, apostolum cum honore apostolico et hymnis et laudibus, in ecclesiam transtulerunt aromatibus condientes, fiebant quoque signa et prodigia, ubi positum est corpus apostoli»31. Dicit ergo: Confundantur omnes, etc. Consideremus breuiter in hiis uerbis tria: Primo, stultam et danosam glorificationem, ibi, gloriantur in simulacris suis. Ose IIII, c, [7]: Gloriam eorum in ignominiam commutabo. Glo : «ydolum in quo gloriabuntur»32. Iere II, c, [11]: populus meus mutauit gloriam suam in ydolum. Secundo, inutilem adorationem, ibi, adorant sculptilia. Sap XIII, g, [16-19]: Imago enim est, et opus est illi, etc. [adiutorio. Et de substantia sua, et de filiis suis, et de nuptiis votum faciens inquirit. Non erubescit loqui cum illo qui sine anima est. Et pro sanitate quidem infirmum deprecatur, et pro vita rogat mortuum, et in adiutorium inutilem invocat. Et pro itinere petit ab eo qui ambulare non potest; et de adquirendo, et de operando, et de omnium rerum eventu, petit ab eo qui in omnibus est inutilis], usque ad finem capituli. Ys XLIIII, c, [9]: plaste ydoli nichil sunt, etc. [et amantissima eorum non proderunt eis]. Tercio, eternam confusionem, ibi, confundantur. Ys XLIIII, c, [9]: Ipsi sunt testes eorum, quia non uident, neque intelligunt, ut confundantur. Iere X, d, [11]: dii qui celos et terram non fecerunt, etc [pereant de terra et de his que sub caelo], usque sunt; eodem, e, [14]: Confusus est omnis artifex in sculptili, etc. [quoniam falsum est 30 Cf. In Joannis euangelium tractatus CXXIV, tract. 102 : «Ita sane intelligendum est quod ait, dabit vobis, ut ea beneficia significata sciantur his verbis, quae ad eos qui petunt proprie pertinent. Exaudiuntur quippe omnes sancti pro seipsis, non autem pro omnibus exaudiuntur vel amicis vel inimicis suis, vel quibuslibet aliis: quia non utcumque dictum est, dabit; sed dabit vobis». PL 35, 1896. 31 Cf. Auctor incertus, Passio Sancti Thomae Apostoli, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 613-614. 32 Glo. interl. Os 4, 7. 54 225 quod conflavit et non est spiritus in eis]. XX, f, [11]: Confundantur uehementer, quia non intellexerunt opprobrium sempiternum quod nunquam33 delebitur. Ys XLII, f, [17]: Confundantur confusione qui confidunt in sculptili. 33 ad. ob. 55 [34] Incipit sermo primus in Vigilia Natalis Domini 5 10 15 20 25 30 35 40 Sanctifficamini, cras comedetis carnes. Num XI, [d,18]. In hiis uerbis allegorice intellectis Deus creator noster qui, sicut ait Ps CII, f, [14]: nouit1 figmentum nostrum, et infirmitatem multiplem2, more pii medici, alloquitur genus humanum, filios Ade longa egritudine fatigatos et ab aliis medicis desperatos. Et dicit: Sanctifficamini, etc., quasi dicat, multi medici circa nostras infirmitates laborauerunt diuersis remediis medicando, sed nec morbum peccati expellere, nec salutem inducere potuerunt; ego uero qui uestras infirmitates plene scio et curare ualeo et uolo, dico uobis bona noua: cras comedetis carnes, quod est iudicium sanitatis. Venerat enim Abraam quasi cirurgicus cum circumcisionis cauterio. Venit Moyses quasi praticus cum dieta ciborum et laboris exercitio. Venit Iohannes Babtista cum babtismi balneo, quibus sanare non ualentibus; uenit magister eorum Deus, qui perfectus perfecte nouerat phisicam et infirmitatis causam et curationis uiam et ait: Sanctifficamini, etc., quasi dicat: alii non potuerunt uos sanare dietam imponendo et carnes prohibendo, ego uolo uos sanare carnes dando: cras comedetis carnes. Circa auctoritatem istam IIIIor requiramus: carnes Primo, que sint carnes iste que tam sollemniter a Domino promittuntur. Iste comedere sunt carnes Agni diuini, quia Deus caro factus est nobis. Io I, e, [14]: Verbum caro factum est. Hiis non uenter sed anima impingetur. Iere XXXI, c, [14]: Inebriabo animam sacerdotum pinguedine. Ipsi enim frequentibus uescuntur carnibus uituli saginati. Luc XV, f, [23-24]: Adducite uitulum saginatum, etc. [et occidite; et maducemus, et epulemur: quia hic filius meus mortuus erat, et revixit; perierat, et inventus est. Et ceperunt epulari]; eodem, f, [27]: frater tuus uenit, <etc.> [et occidit pater tuus vitulum saginatum quia salvum illum recepit]. Et cum Ps LXII, c, [6]: sicut adipe et pinguedine, etc. [repleatur anima mea, et labiis exultationis laudabit os] usque meum. Secundo, qua utilitate sumuntur. Hec est multiplex: Vt in Christo maneamus. Io VI, [f, 57]: qui manducat carnem meam, etc. [et bibit meum sanguinem, in me manet, et ego] usque in eo. Vt mortem eternam euadamus. Io VI, [f, 54]: Amen amen dico uobis: nisi manducaueritis, etc. [carnem Filii hominis, et biberitis eius sanguinem, non habebitis] usque uitam in uobis. Vt eternaliter uiuamus. Io VI, [f, 55]: qui manducat carnem meam, etc. [et bibit meum sanguinem, habet vitam] usque eternam. Vt contra uenialia medicinam accipiamus. De cons., di. IIª, papa3 Hylarius: «Si non sunt tanta peccata» mortalia scilicet, «ut excomunicetur quis», id est, dignus sit excomunicari, «non se debet a medicina corporis4 Domini separare»5. Item // eadem f. 13v distinctio, Ambrosius: «Si quotiescumque effunditur sanguis Christi, in remissionem peccatorum effunditur, debeo ergo semper accipere, qui semper pecco, debeo semper habere medicinam»6. Iere XI, f, [15]: Numquid carnes sancte auferent a te malitias tuas, in quibus gloriata es? 1 Vulg. cognovit 2 multiplem : multiplicem 3 Grat. episcopus 4 om. et sanguinis Grat. De cons. 2, 15 : ‗Non abstineat a corpore Domini, nisi qui excommunicari meretur‘. Item Hilarius Episcopus: «Si non sunt tanta peccata, ut excommunicetur quis, non se debet a medicina corporis et sanguinis Domini separare». PL 187, 1738A/B. 5 56 45 50 55 60 65 70 75 Tercio, qui sunt qui ab hiis carnibus repelluntur; hii sunt qui carnibus hominum saturantur, scilicet: Rabidi detractores. Prou XII, b, [6]: Verba impiorum insidiantur sanguini; eodem, c, [13]: propter peccata labiorum ruina proximat malo. Dan VII, b, [5]: ecce bestia alia similis urso, etc. [in parte stetit; et tres ordines erant in ore eius, et in dentibus eius, et sic dicebant ei: Surge, comede] usque carnes plurimas; eodem, b, [7]: dentes ferreos habebat, etc. [magnos, comedens atque comminuens, et reliqua pedibus suis] usque conculcans. Pauperum opressores. Prou XII, b, [7]: diues pauperibus imperat; eodem, d, [16]: Qui calumpniatur pauperum, etc. [augeat divitias suas, dabit ipse ditiori et] usque egebit. Hominum necatores. Prou XXX, b, [14]: Generatio que pro dentibus gladios, etc. [habet, et commandit moralibus suis, ut comedat inopes de terra, et pauperes] usque ex hominibus. Ocii sectatores. Eccles IIII, b, [5-6]: stultus complicat manus suas, etc. [habet, et commandit moralibus suis, ut comedat inopes de terra, et pauperes ex] usque animi. Quarto, quomodo homines ad has carnes summendas sanctificantur: Principaliter per diuinam operationem. Iª Tes V, g, [23]: Ipse Deus pacis sanctificet uos per omnia, etc. [ut integer spiritus vester, et omnia, et corpus sine querella in adventu Domini nostri Iesu Christi servetur]. He II, e, [11]: qui sanctificat et qui sanctificantur, ex uno omnes. Sacramentaliter per Baptismi ablutionem. Eph V, [f, 25, 26]: tradidit seipsum pro ea ut illam sanctifficaret. Integraliter per inquinamenti uitationem. Iª Thes IIII, b, [3]: hec est uoluntas dei sanctificatio uestra, ut obtineatis uos a fornicatione, etc. [ut sciat unusquisque vestrum] usque uas suum possidere in sanctificatione et honore. Firmiter per uigilie Christi recordationem. Iª Pe III, e, [15]: Dominum Christum sanctificate in cordibus uestris. Glo : «ut nec a memoria, nec ab amore recedat»7. Perseueranter per bone uite continuationem. Iudit IX, g, [7]: domus tua in tua sanctificatione permaneat. Perficienter per Dei timorem. IIª Cor VII, a, [1]: has igitur habentes promissiones, carissimi, etc. [mundemus nos ab omni inquinamento carnis et spiritus, perficientes sanctificationem] usque in timore Dei. [35] Sermo IIus 80 Cum esset desponsata mater, etc. [eius Maria Ioseph, antequam convenirent, inventa est in utero habens] usque de Spiritu Sancto. Mt I, f, [18]. Queritur hic iuxta litteram, quare Filius Dei plus nasci uoluit de uirgine desponsata, quam de uirgine absoluta. Huius rei sancti8 plures ostendunt causas, scilicet: Grat. 2, 14: ‗Qui semper peccat coelestis sacramenti medicinam semper accipiat‘. Item Ambrosius lib. IV, de sacramentis, c. ult.: «Si quotiescunque effunditur sanguis Christi, in remissionem peccatorum effunditur, debeo illum semper accipere, ut semper mihi peccata dimittantur. Qui semper pecco, semper debeo habere accidere medicinam.. (PL 187, 1738A). Cf. Ambrosius Mediolanensis (dubium), De Sacramentis, lib. 4, cap. 6, par. 28, pag. 58, lin. 15-17. CSEL 73. (PL 16, 446A). 7 Glo. ord. I Pt 3, 15. (PL 114, 685C). 8 scilicet: sancti Patres 6 57 85 90 95 100 105 110 Vt Ecclesia sponsa uirgo significaretur, de qua IIª Cor X [XI], [18]: despondi uos uni, etc. [viro virginem castam exhibere] usque Christo. Augustinus: «uirginitas carnis, corpus incorruptum9; uirginitas anime10, fides incorrupta»11. Igitur Ecclesia, quia fidem incorruptam habet, uirginitatem habet, et tamen filios generare non cessat sponsa suo Christo. Per Ioseph origo Marie et Christi per consequens demonstretur. Num XXXVI, d, [7-9]: omnes uiri ducent uxores de tribu, etc. [et cognatione sua et cunctae feminae de eadem tribu maritos accipient, ut hereditas permaneat in familiis, nec sibi misceantur tribus, sed ita maneant ut a Domino] usque separate sunt. Lex ista tantum de primogenitis, id est, succedentibus prioribus in hereditate intellegitur. Vnde patet quod beata Virgo, cum esset primogenita et heres paterne hereditatis, erat de tribu Iuda, quia Ioseph uir eius erat de tribu Iuda. Aliis uero mulieribus que locum primogeniti non tenebant, id est, patri in hereditate non succedebant, licitum erat contrahere cum uiris alterius tribus. Ipsa uero pariens a suspitionis infamia liberaretur. Ambrosius: «Cur antequam desponsaretur impleta est; fortasse ne diceretur quod conceperat ex adulterio. Desponsata est12 ne temerate uirginitati adureretur infamia, cui grauis aluus corruptele uideretur insigne preferre. Maluit autem Dominus aliquos de suo ortu quam de matris pudore dubitare, nec putauit fidem sui ortus, matris iniuriis construendam13»14. Maluit ipse dici filius fabri, quam matrem suam infamari. Ioseph testis castitatis adhiberetur. Ambrosius: «Quin etiam locuplecior testis pudoris maritus adhiberetur15, qui posset dolere iniuriam, et uindicare obprobrium, nisi cognosceret16 sacramentum»17. Virgo tenera solatio uiri sustentaretur. Origenes: «Ideo fuit18 desponsata Ioseph, ut nato infanti uel ipsi Marie curam uideretur gerere Ioseph, siue in Egiptum iens, siue inde denuo rediens19»20. Non ueluti adultera condempnaretur; puelle enim de tribu sacerdotali si ante f. 14r desponsationem corrupte deprehenderentur quasi adultere lapidarentur. Leu XXI, c, [9]: sacerdotis filia, etc. [si deprehensa fuerit in stupro, et violaverit nomen patris sui, 9 Enarrationes intactum 10 Enarrationes cordis 11 Enarrationes in Psalmos, Ps 147, par. 10, lin. 7. CCSL 40. (PL 37, 1920). 12 ad. est 13 Expositio adstruendam 14 Expositio euangelii secundum Lucam, lib. 2, lin. 9ss.: «Latent quidem divina mysteria, nec facile juxta Propheticum dictum quisquam hominum potest scire consilium Dei, sed tamen ex caeteris factis atque praeceptis domini Salutaris possumus intelligere et hoc perpensioris fuisse consilii, quod ea potissimum electa est ut Dominum pareret, quae erat desponsata viro. Cur autem non antequam desponsaretur, impleta est? Fortasse ne diceretur quod conceperat ex adulterio. Et bene utrumque posuit Scriptura, ut et desponsata esset, et virgo: virgo, ut expers virilis consortii videretur: desponsata, ne temeratae virginitatis adureretur infamia, cui gravis alvus corruptelae videretur insigne praeferre. Maluit autem Dominus aliquos de suo ortu quam de matris pudore dubitare; sciebat enim teneram esse Virginis verecundiam, et lubricam famam pudoris: nec putavit ortus sui fidem matris injuriis adstruendam. Servatur itaque sanctae Mariae sicut pudore integra, ita inviolabilis opinione virginitas; oportet enim sanctos et ab his testimonium habere qui foris sunt: nec decuit sinistra virginibus opinione viventibus velamen excusationis relinqui, quod infamata mater quoque Domini videretur». CCSL 14. (PL 15, 1552D/1553A). 15 Expositio adhibetur 16 Expositio si non agnosceret 17 Ibidem, lib. 2, lin. 28. (PL 15, 1553B). 18 Homilia fuerat 19 Homilia veniens 20 In Vigilia Nativitatis Domini, Homilia 17, PL 95, 1163A. 58 115 120 125 130 135 140 flammis] usque exuretur; beata uero Virgo Maria dicitur cognata Helisabeth, que erat de filiabus Aaron. Vnde beata Virgo uidetur fuisse de sacerdotali tribu. Virginibus impudicis excusatio infamie tolleretur. Ambrosius: «Nec decuit sinistra uirginibus opinione uiuentibus uelamen excusationis relinqui, quod infamata mater quoque Dei uideretur»21. Dicerent enim uirgines fatue si arguerentur in turpitudine deprehense, non est mirum si nos contumeliis et infamationibus laboramus cum ipsamet Mater Dei fuerit infamata. Partus Saluatoris diabolo celeretur. Origenes: «Que fuit22 necessitas ut desponsata esset Maria Ioseph, nisi propterea quatinus hoc sacramentum diabolo celaretur et ille malignus fraudis fermenta23 aduersus desposatam uirginem, nullam24 penitus inuenisset»25. Ambrosius: «Fallendi autem principis mundi fuisse consilium, ipsius Domini uerba declarantur26, cum apostoli iubentur tacere de Christo,27 cum sanati prohibentur gloriari de remedio,28 cum demones precipiuntur silere de Dei Filio29»30. Herodi et iudeis persequendi occasio non daretur. Ambrosius: «Quid autem iudeis quid Herodi posset ascribi, si natum ex adulterio persequi31 uiderentur».32 A legis iniuria non incipere uideretur. Ambrosius: «Quemadmodum ipse diceret, [Mt V, b, 17]: Non ueni legem soluere, sed adimplere33. Si uideretur incipere34 a legis iniuria cum partus innupte lege damnetur35?»36 hiis patet quam mirabiliter Filius Dei uoluit de uirgine desponsata nasci pocius quam de soluta; beata igitur Virgo desponsata fuit Ioseph sponso suo et permansit uirgo et tantum concepit Ihesum de Spiritu Sancto. Sic etiam moraliter est: Nam anima si fuerit Maria desponsata Ioseph sponso, permanebit uirgo et tamen concipiet Ihesum de Spiritu Sancto. Debet igitur anima filium istum sicut beata Virgo suum diligentissime: Nutrire, sed quibus cibis? Bernardus: «amorem Dei in homine ex gratia genitum, collactat37, meditatio pascit, oratio confortat et illuminat»38. Custodire, ne ab hostibus cecidatur. Sunt autem tria que faciunt mulieres conceptum filium aboriri sic et animam Mulieres abhortant amorem Dei, scilicet alicuius rei. Vehemens appetitus. Hoc est propria uoluntas, ideo odit eam Deus. Bernardus: «Quid enim odit Deus aut punit nisi39 propriam uoluntatem. Tolle propriam 21 Expositio euangelii secundum Lucam, lib. 2, lin. 18. CCSL 14. (PL 15, 1553A). 22 Homilia fuerit 23 Homilia commenta 24 Homilia nulla 25 Homilia 17, in Vigilia Nativitatis Domini, PL 95, 1162D. 26 Expositio declarant 27 Cf. Mt 16, 20. 28 Cf. Mt 8, 4. 29 Cf. Lc 4, 35. 30 Expositio euangelii secundum Lucam, lib. 2, lin. 38. CCSL 14. (PL 15, 1553C). 31 Expositio persecuti 32 Ibidem, lib. 2, lin. 23. CCSL 14. (PL 15, 1553A/B). 33 Expositio inplere 34 Expositio cepisse 35 Cf. Dt 13, 17. 36 Ibidem, lib. 2, lin. 25. CCSL 14. (PL 15, 1553B). 37 Epistola (PL) lactat lectio 38 Guillelmus de Sancto Theodorico, Epistula ad fratres de Monte Dei, par. 171, lin. 1. SChr 233. (PL 184, 335C). 59 145 150 155 160 uoluntatem40, et infernus non erit. In quid41 enim ignis ille deseuiret42, nisi in propriam uoluntatem?»43 Nimium pondus; hoc est uigilarum, disciplinarum, abstinentiarum et laborum impossibilitas, quam quidam sibi imponunt, conantes precipere, uidere angelos in celesti curia, qui cicius uident capones in infirmitorio coctos et assos, uel certe a contrario pondus nimium est, ciborum, potationum, pigritiarum immensitas. Luc XXI, g, [34]: Attendite uobis ne forte grauentur corda uestra, etc. [in crapula, et ebrietate, et curis huius vitae, et superveniat in vos repentina dies illa]. Si uterus fuerit percussus, id est, conscientia scandalo alterius. Iª Cor VIII, [d, 12-13]: Sic autem peccantes in fratres, etc. [et percutientes conscientiam eorum infirmam, in Christum peccatis]. Quapropter si esca, etc. [scandalizat fratrem meum, non manducabo carnem aeternum, ne fratrem meum scandalizem]. Diligere; si enim fere uel aues se morti exponunt pro filiis suis liberandis a quibus nullam utilitatem solent consequi, quanto magis pro hoc filio siue quo salutem consequi non ualebit christianus; debemus igitur nobis istum Filium sic concipere, parere, nutrire, custodire, amare, ut per eam ualeamus hereditatem Patris sui, id est, Christi possidere, Amen. [36] Item eiusdem Sermo IIIus 165 170 175 180 185 Sanctifficamini, cras enim facit Dominus inter uos mirabilia. Ios III, c, [5]. Secundum allegoriam duo in hiis specialiter requiruntur: Primo, que sunt illa que operantur in nobis sanctifficationem. He sunt: ¶ Contrictio, ¶ Confessio, ¶ satisfacio44. Eccli // II, g, [20]: qui timent Dominum f. 14v preparabunt corda sua, in conspectu illius sanctificabunt animas suas. Zac VII, b, [3]: Numquid flendum michi est in mense quinto, id est, in deffectu Ve sensuum, uel sanctifficare me debeo. Glo : «fletus et ieiunium sanctifficatio dicitur, quia per abstinentiam curati sanctifficamur».45 Sanctificatio In utero purificatio. Iere I, c, [5]: Antequam exires de uulua sanctificaui te. multiplex Eccli XXXIII, c, [12]: Ex ipsis, scilicet hominibus, sanctifficauit. Diuine gratie infusio. Soph I, c, [7]: sanctifficabit46 uocatos suos, quos enim uocat predestinatio, sanctifficauit gratiam infundendo. Martirii pro Christo perpessio. Iere XII, b, [3]: Congrega eos quasi gregem ad uictimam et sanctiffica eos, o Christe, in die occisionis, quia statim sunt sancti cum angelis in celo. Hereticorum debellatio. Iere XXII, b, [7]: Sanctifficabo super te interficientem uirum, id est, predicatorem, et arma eius, id est, auctores et rationes quibus eos debellant. Sarracenorum uastatio. Iere LI, c, [27]: leuate signum in terra, etc. [clangite bucina in gentibus, sanctificate super eam gentes, adnuntiate contra illam regibus Ararat, Menni, et Aschenez; numerate contra eam Taphsar, adducite equum quasi bruchum aculeatum]. 39 Sermones praeter 40 Sermones cesset uoluntas propria 41 Sermones quem 42 Sermones desaeviet 43 Sermones In die paschae, sermo 3, par. 3, vol. 5, pag. 105, lin. 15. (PL 183, 289D-290A). 44 satisfacio : satisfactio 45 Glo. interl. Za 7, 3. 46 Vulg. sanctificavit 60 190 195 200 205 210 215 220 Prelatorum oratio. Iob I, b, [5]: Mittebat Iob et sanctifficabat illos. Ioel II, a, [17]: Inter uestibulum et altare, etc. [plorabunt sacerdotes, ministri Domini, et dicent]: Parce Domine, etc. [parce populo tuo; et ne des hereditatem tuam in obprobrium, ut dominentur eis nationes. Quare dicunt in populis: Vbi est Deus eorum?] Secundo, que sunt illa mirabilia quorum facit Dominus hic mentionem; certe hec sunt multo maiora quam illa Iordanis deificatio, populi transitio, lapidum Iude sumptio. Hec sunt: Virgo et Mater. Vnde: «regem regum, intacte profudit chorus47, res miranda»48. Fecunda et munda. Ps CXV [CXVII, c, 23]: a Domino factum est istud, etc. [et est mirabile in oculis] usque nostris. Exo III, a, [3]: Moyses49: et uidebam uisionem hanc magnam. pertinentia Antiquissimus. Dan VII, [c, 9]: Antiquus dierum, etc. [sedit. Vestimentum eius ad Deum candidum quasi nix, et capilli capitis eius quasi lana munda; thronus eius flammae ignis, rotae eius ignis accensus]; et nouissimus. Ys IIII [LIII], [a, 3]: Nouissimum uirorum, etc. [virum dolorum, et scientem infirmitatem; et quasi absconditus vultus eius et despectus, unde nec reputavimus eius]. Maximus et paruulus. Hes VII [XVI], f, [16]: Maximi semperque uiuentis Dei. Ys IX, b, [6]: paruulus natus, etc. [est nobis, et filius datus est nobis; et factus est principatus super humerum eius; et vocabitur nomen eius, Admirabilis, Consiliarius, Deus, Fortis, Pater futuri saeculi, Princeps pacis]. Altissimus et humillimus. Eccli I, b, [8]: Vnus est Altissimus. Dan IIII, c, [14]: et humillimum hominem constituet super eum. Diues et pauper. Ps XLVIII, a, [2-3]: Audite hec omnes gentes, auribus percipite omnes qui habitatis orbem; quid tu miraris? simul in unum diues et pauper. Tonans in celo, uagiens in presepio. Vnde et atque in presepio et in nubibus tonat. Regens sidera, suggens ubera. Augustinus: «homo factus est 50 hominis factor, ut sugeret ubera regens sidera»51. Vita mortalis. Infernus et mors lugens spoliatur. Eternitas temporalis, temporalitas eternalis. Augustinus: «Ipse qui apud patrem precedit cunctam sapientiam52 seculorum, ipse de matre in hac die cursibus se ingessit annorum»53. Angelos pascens, cibo indigens. Augustinus: Angelos pascens, paruulus esuriens, «ut esuriret panis, sitiret fons, dormiret lux, ab itinere uia fatigaretur, falsis testibus ueritas acusaretur, iudex uiuorum et mortuorum a54 mortali iudicaretur,55 flagellis disciplina cederetur, spinis botrus coronaretur. In ligno fundamentum 47 Prosa thorus 48 Missale Ordinis Praedicatorum, Missa Nativitatis Domini (in die), Sequentia: ‗Laetabundus exultet fidelis chorus‘ v. 2. Vide Auctor Incertus. Oratio devota - Prosa de Nativitate Domini, 904: «Laetabundus / Exsultet fidelis chorus, / Alleluia. / Regem regum / Intactae profudit thorus; / Res miranda». PL 184, 1327. 49 No. : Moyses 50 ad. est 51 Sermones de tempore, In Natali Domini, VIII, sermo 191. PL 38, 1010. 52 Sermones cuncta spatia 53 Ibidem, col. 1009/10. 54 om. iudice 55 om. ab iniustis iustitia damnaretur 61 225 suspenderetur, uirtus infirmaretur, salus uulneraretur, uita moreretur»56. Hec perpendat qui dicebat Ps XCVII, a, [1]: cantate Domino canticum nouum, quia mirabilia fecit.57 [37] Sermo IIIIus 230 235 240 245 250 255 260 Orietur uobis timentibus nomen meum Sol Iustitie et sanitas in pennis58 eius. Mal III [IIII], f, [2]. ¶ Tria facit Deus Pater expressissime in his uerbis: Primo, Filium suum oriturum solem iusticie pollicetur, ibi, orietur Solem Iusticie; sed quare soli Christus uerus Deus comparatur? propter proprietates quas beatus Ambrosius in IIIIº Exameron59 determinat pulcherrime congruentes. Est, inquit, sol: «Occulus mundi», et Chistus est occulus microcosmi. Za IX, a, [1]: Domini est occulus hominis. «Iocunditas diei», et Christus uiri contemplatiui. Bar V [IIII], a, [14]: Circunspice, Ierusalem, id est, uir contemplatiue, ad orientem Christum et uide iocunditatem, etc. [a Deo tibi venientem]. «Celi», id est, sancte Ecclesie «pulcritudo». Eccli XLIII, a, [1]: Altitudinis firmamentum pulcritudo est, species celi in uisione glorie. // Nam pulcritudinem sol et luna imitantur. «Nature gratia»; Christus enim facit naturam nostram gratiosam eam sibi uniendo. Eph I, b, [6]: Gratifficauit nos60 in dilecto Filio suo. «Prestantia creature»; per ipsius enim unionem creatura humana prestat, id est, ceteris creaturis, et nobilitata est sicut rustica nupta filio regis. Secundo dixit quorum utilitatibus ipse Sol Iusticie orietur, ibi, uobis timentibus nomen meum. Talibus, id est, Deum timentibus oritur Christus. Infinite sunt utilitates quas timor Dei operatur. Nam dat: Sapientie inchoationem. Ps CX, g, [10]: Inicium sapientie timor Domini. ¶ Modeste consumationem. Hereditatis acquisitionem. Ps LX, [b, 6]: dedisti hereditatem timentibus nomen tuum, Domine. Multa de utilitatibus timoris inuenies in scripturis. Quere aliqua in festo sancti Marci.61 Tercio, quid ipse oriens operetur, ibi, et sanitas in pennis62 eius. Habet Christus IIIIor genera pennarum in quibus sanitas inuenitur: Prime sunt predicatores. Ps LXVI [LXVII], c, [14]: penne columbe deargentate, id est, ‗diuinis eloquiis erudite‘63. Augustinus: ‗penne columbe’. «Columbe sunt 56 Ibidem, col. 1010: «ut esuriret panis, ut sitiret fons, dormiret lux, ab itinere via fatigaretur, falsis testibus veritas accusaretur, judex vivorum et mortuorum a judice mortali judicaretur, ab injustis justitia damnaretur, flagellis disciplina caederetur, spinis botrus coronaretur, in ligno fundamentum suspenderetur, virtus infirmaretur, salus vulneraretur, vita moreretur». 57 Ps 97 iuxta Hebreos. 58 Vulg. pinnis 59 Cf. Exameron, Dies 4, cap. 1, par. 2, pag. 111, lin. 20: «Oculus est enim mundi, jucunditas diei, coeli pulchritudo, naturae gratia, praestantia creaturae; sed quando hunc uides, auctorem eius considera, quando hunc miraris, lauda ipsius creatorem». CSEL 32,1. (PL 13, 188B/C). 60 iter. nos 61 Cf. infra Sermo III [190] ‗Tempestas multiplex‘. 62 Vulg. pinnis 63 In Glo. interl. Ps 67, 14. Cf. Augustinus Hipponensis, Enarrationes in Psalmos. Ps 67. PL 36, 823. 62 Sol f. 15r timor Dei Genera pennarum 265 270 275 doctores Ecclesie», que est corpus Christi, «per quas exaltatur64 et semper uolat ad alta, quorum predicatione in celum fertur»65. Sap VI, g, [26]: Multitudo sapientium sanitas est orbis terrarum. Secunde sunt uirtutes. Iob XXXIX, c, [13]: penna struthionis, id est, Antichristi, similis est herodii, id est, Christi, qui est dux sanctorum. Ps CIII, d, [17]: Herodii domus dux est eorum. Ps LIIII, a, [7]: quis dabit michi pennas, id est, uirtutes, sicut columbe, id est, Christi, et uolabo, post ipsum in celum, et requiescam. De istis dicitur hic: sanitas in pennis suis. Tercie sunt duo caritatis precepta. Ps CXXXIX [CXXXVIII], d, [13]: si sumpsero pennas meas, etc. [diluculo, et habitavero in extremis] usque maris. Augustinus: «si sumpsero duas alas caritatis quas perdideram»66. Idem: «Penne67 sunt duo precepta caritatis, in quibus tota lex pendet et prophete68»69. In hiis sanitas inuenitur, quia caritas quasi triaca expellit uenena omnium uitiorum. Quarte sunt duo crucis brachia. Deu XXXII, b, [11]: Sicut aquila prouocans ad uolandum, etc. [pullos suos, et super eos volitans, expandit alas suas, et assumpsit eum, atque portavit in] usque humeris suis. Ps XVI, d, [8-9]: sub umbra alarum tuarum, etc. [protege me, a facie impiorum qui me] usque afflixerunt. Per istas duas pennas uel alas operatus est Christus salutem in medio terre. 280 [38] Sermo Vus 285 290 295 300 Pusillamines70 confortamini, etc. [et nolite timere; ecce Deus vester ultionem adducet retributionis; Deus ipse veniet, et salvabit vos. Tunc aperientur oculi caecorum, et aures surdorum patebunt. Tunc saliet sicut cervus claudus, et aperta erit] usque lingua mutorum. Ys XXXV, c, [4-6]. IIIIor facit Spiritus Sanctus in hiis uerbis: Primo, temptatos et tribulatos nos, uel sanctos Patres dilatione incarnationis Filii Dei fatigatos, confortat, ibi, pusillamines, confortamini et nolite timere. Ps LXXVI, b, [8-9]: Numquid in eternum proiciet deus, etc. [aut non apponet ut complacitior sit adhuc? Aut in finem misericordiam suam abscindet, a generatione] usque in generationem. Respondet Christus [Luc], XII, d, [32]: Nolite <timere> pusillus grex, etc. [quia complacuit Patri vestro dare vobis] usque regnum. Ps LIIII, c, [9]: expectabant eum qui saluum, etc. [me fecit a pusillaminitate spiritus, et] usque tempestate. Secundo, de persecutoribus demoniis uel hominibus ultionem futuram prophetat, ibi, Ecce Deus uester ultionem aducet. Ys XXXIIII, c, [8]: dies ulcionis Domini, annus retributionum iudicii Syon. [Ys] LXIII, b, [4]: dies ulcionis in corde meo. Iob XXIIII, d, [12]: de ciuitatibus fecerunt uiros gemere, etc. [et anima vulneratorum clamavit; et Deus inu ltum abire] usque non patitur. Tercio, bonos et pacientes saluandos per Dei incarnationem ostendit, ibi, Deus ipse ueniet et saluabit uos, quasi dicat, non ueniet iam per alios prophetas sicut olim, 64 Glo. per quos exaltatur ecclesia 65 In Glo. ord. Ps 67, 14. Cf. Petrus Lombardus, Commentaria in Psalmos, PL 191, 608B. Cf. etiam Augustinus Hipponensis, Enarrationes in Psalmos, Ps. 67, par. 17, lin. 52, CCSL 39. (PL 36, 822/23). 66 In Glo. ord. Ps. 138, 13. Cf. Petrus Lombardus, Commentaria in Psalmos, PL 191, 1214B. 67 Glo. alae 68 Mt 22, 40. 69 In Glo. interl. Ps 67, 14. Cf. Augustinus Hipponensis, Enarrationes in psalmos, Ps 67, par. 12, lin. 10, CCSL 39. 70 Vulg. Dicite pusillaminis 63 305 310 315 320 non per enigmata et uisionem, sed per seipsum, per suam incarnationem et uisibilem conuersationem. Za VIII, g, [20-23]: dicit Dominus exercituum: Vsquequo, etc. [veniant populi, et habitent in civitatibus multis; et vadant habitatores, unus ad alterum, dicentes: Eamus, et deprecemur faciem Domini, et quaeramus Dominum exercituum; vadam etiam ego. Et venient populi multi, et gentes robuste ad quaerendum Dominum exercituum in Hierusalem, et deprecandam faciem Domini. Haec dicit Dominus exercituum: In diebus illis, in quibus adprehendent decem homines ex omnibus linguis gentium, et adprehendent fimbriam viri Iudaei, dicentes: Ibimus vobiscum, audivimus enim quoniam Deus vobiscum est.] usque ad finem capituli. Bar III, g, [36-38]: hic est Deus noster, etc. [et non aestimabitur alius adversus eum. Hic adinvenit omnem viam disciplinae, et tradidit illam Iacob, puero suo, et Israhel, dilecto suo. Post haec in terris visus est, et cum hominibus conversatus est.] usque ad finem capituli. Hic digito monstratur. Quarto, mira71 que facturus erat Messias et per quem cognoscendus erat, describit, ibi, Tunc aperientur, etc. [oculi caecorum, et aures surdorum patebunt. Tunc saliet sicut cervus claudus, et aperta erit lingua] usque mutorum; hec miracula ad litteram facturus erat Messias. Vnde per hec certifficauit Christus discipulos Iohannis se esse Messiam quem Iudei expectabant. Mt XI, b, [4-5]: Euntes renuntiate Iohanni, etc. [que audistis et vidistis. Caeci vident, claudi ambulant, leprosi mundantur, surdi audiunt, mortui resurgunt, pauperes] usque euangelizantur; quasi dicat, per ea que Ysaia prophetante Messiam facturum audistis et me modo facere uidistis, cognoscite quia ‗Ego sum‘. 325 [39] Item eiusdem sermo VIus 330 335 340 345 Preparare in occursum Dei tui, etc. [Israhel. Quia ecce formans montes, et creans ventum, et adnuntians homini eloquium suum, faciens matutinam nebulam, et gradiens super excelsa terrae: Dominus Deus exercituum nomen eius] usque ad finem capituli. Am IIII, g, [12-13]. Sex consideranda nobis Spiritus Sanctus determinat in hiis uerbis: Primo, ortatur ut digne recipiamus Christum Dominum uenientem, ibi, preparare in occursum Dei tui. Glo : «ut uenientem ad te, per misterium incarnationis, auide suscipias liberationem»72. Vnde: «ecce uenit Rex, occurramus obuiam Saluatori nostro»73. Qualiter quisque debeat preparari, patet uirgines sapientes. Mt XXV, a, [413]: prudentes uirgines, etc. [acceperunt oleum in vasis suis cum lampadibus. Moram autem faciente sponso, dormitaverunt omnes et dormierunt. Media autem nocte clamor factus est: Ecce sponsus venit, exite obuiam ei. Tunc surrexerunt omnes virgines ille, et ornaverunt lampades suas. Fatue autem sapientibus dixerunt: Date nobis de oleo vestro, quia lampades nostrae extinguuntur. Responderunt prudentes, dicentes: Ne forte non sufficiat nobis et vobis, ite potius ad vendentes et emite vobis. Dum autem irent emere, venit sponsus; et quae paratae erant intraverunt cum eo ad nuptias, et clausa est ianua. Novissime vero veniunt et reliquae virgines, dicentes: Domine, Domine, aperi nobis. At ille respondens, ait: Amen dico vobis, nescio vos. Vigilate itaque, quia nescitis diem] usque neque horam. 71 mira : miracula 72 Glo. ord. Am 4, 12. Cf. Hieronymus Stridonensis, Commentaria in Amos. PL 25, 1034D. (CCSL 76). 73 Gregorius I, Liber responsalis. In Vigilia Dominicae primae de Adventu Domini. Ad Vesperas. Ad Invitatorium. Antiphona. PL 78, 726. 64 f. 15v preparacio in ocursum Dei 350 355 360 365 Secundo, venientis ostendit eternitatem, ibi, Ecce, quasi ad occulum uisibilem demonstrat; formans montes, ad litteram angelos; et creans uentum, id est, animas. Iob XXVIII, [d, 25]: qui dat74 uentis pondus, uel formans montes et uentum, quia facit in bono stabiles et ad melius mobiles. Tercio, uenientis determinat benignitatem, ibi, annuntians homini eloquium suum. Glo : «per seipsum annuntiat»75. Magni namque principes dedignantur uilibus per se loqui, at Christus benignus non dedignatur peccatoribus per se loqui. Quarto, uenientis demonstrat liberalitatem, ibi, faciens matutinam nebulam, id est, conferet pinguem et habundantem gratiam. Glo : «Nebula pinguedo aeris est, et signat pinguedinem fidei, que in mane, id est, in tempore Baptismi concipitur»76. Igitur uirtutum diuicias Christus donat, quas nullus mortalium dare potest. Vº, uenientis predicat equitatem, ibi, gradiens super excelsa terre, ibi,77 reprimit et deprimit superbos qui se humilibus et pauperibus supponunt, pedes enim sunt apostoli uiles et despicabiles quibus subiecit regias maiestates. Eccli XXIIII, [a, 11]: superborum et sublimium, etc. [et omnium excellentium et humilium corda virtute] usque calcauit78. Ios X, d, [24]: Ite et ponite pedes uestros super colla regum istorum. VIº, uenientis laudat potestatem, ibi, Dominus; ¶ diuinitatem, ibi, Deus; ¶ humanitatem, ibi, ‗tuus‘79; ¶ dignitatem, ibi, exercituum nomen eius. IIº Hes [Esr ] IX, b, [6]: Tu enim Domine solus. [40] Item eiusdem Sermo VIIus 370 375 380 385 Vere tu es Deus absconditus, Deus Israel saluator. Ys XLV, d, [15]. Videtur per hec uerba Ysaie in speculum eternitatis attente recipere et contemplari Christum in stabulo sic nascentem, in duro presepio decubantem, per frigorem uagientem, lactis poculo indigentem, pannis inuolutum fascia constrictum, animalibus associatum, ab angelo pastoribus intimatum, ab angelorum exercitibus collaudatum, a nouo sidere declaratum, a regibus sollemniter adoratum, et prorupit dicens: Vere tu es Deus absconditus, quasi dicat per hec signa et argumenta que te infidelibus occultarunt, et per hec alia que te fidelibus manifestant, patet quod tu es Deus, sed occultus. Deu XXXII, [c, 20]: abscondam faciem meam, etc. [ab eis, et considerabo novissima] usque eorum. Ys LIII, [a, 3]: quasi absconditus uultus eius, unde uero80 reputauimus eum. Ita facit ipse etiam sanctis suis in hoc mundo. Ps XXX, f, [21]: Abscondes eos in absito faciei tue, a conturbatione hominum. Dicit igitur: Vere tu es Deus absconditus, etc. Notanda hic IIIIor: Primo, hereticorum et iudeorum et sarracenorum confutationem, ibi, Vere tu es Deus, non nuncupatiue, non adoptiue, non usurpatiue, sed uere tu es Deus. Ro IX, [a, 5]: quorum patres, etc. [et ex quibus est Christus secundum carnem, qui est super omnia Deus benedictus] usque in secula. Numquid uenter est deus talis, scilicet, super 74 Vulg. fecit 75 Glo. interl. Am 4, 13: «opus quod ipse facturus est, vel seipsum adnuntiat electis». Cf. Hieronymus Stridonensis, Commentaria in Amos: «Qui autem annuntiat cogitationes hominis, et eloquium ejus, sive suum, ipse est qui facit auroram et diluculum, et complet nubibus omnia, et graditur super excelsa terrarum; cujus nomen est Dominus Deus omnipotens». PL 25, 1035B. 76 Glo. ord. Am 4, 13. 77 ibi : id est 78 Vulg. calcavi 79 ad. tuus 80 Vulg. nec 65 390 395 400 405 410 omnia? Non, sed super gulosos tantum. Phi II, [a, 6]: Non rapinam arbritatus est esse se equalem Deo. Secundo, diaboli deceptionem, ibi, absconditus. Glo : «in carne»81, sicut hamus ferreus in esca. Iob XL, e, [19]: In occulis eius quasi hamo capiet eum, et in sudibus perforabit nares eius. Tercio, sanctorum sanctifficationem, ibi, Deus Israel. Nam sanctorum est ipse Deus specialiter. Ro I, [a, 8]: gratias ago Deo meo. Origenes: «Non est hoc occiose82 accipiendum quod ait, Deo meo. Non enim uox ista esse potest, non sanctorum, quorum Deus dicitur, sicut Abraam, Ysaac, et Iacob. Immo cum omnium unus sit Deus per naturam, eo quod sit creator omnium, illis tamen proprie per gratiam dicitur esse Deus, qui merito fidei et iusticie, eius cultores esse probantur»83. Dionisius: «dux Quos saluat Deus sermonis sit Christus, si michi quidem fas est84 dicere, meus»85. Quarto, peccatorum consolationem, ibi, saluator; saluat enim ipse: f. 16r Peccatores penitentes. Iª Thi [I, c, 15]: Christus Ihesus uenit in hunc, etc. [mundum peccatores saluos facere]. Iob XIII, b, [15-16]: Vias meas in conspectu eius arguam et ipse erit saluator meus. Paupertatem amplectentes. Ps LXXI, a, [4]: saluos faciet filios pauperum, id est, imitatores. Mundiciam affectantes. Ge XL [XLI], [f, 45]: Vocauit eum saluatorem mundi, id est, mundorum. Persecutionem sine culpa sustinentes. II Reg XXII, a, [1-2]: locutus est Dauid Domino uerba carminis huius, etc. [in die qua liberavit eum Dominus de manu omnium inimicorum suorum et de manu Saul; et ait:] Dominus petra mea et robur, etc. [meum, et salvator meus]. Resurrectionis carnis illius et nostre credentes. Iob XIX, g, [26]: In carne mea uidebo Deum saluatorem meum. Saluabit desperantes, resperantes. Iob XXVI [XXXVI], [b, 16]: saluabit te de ore angusto latissime et non habente fundamentum subter se. 415 [41] [Sermo VIIIus] 420 425 Prope est iustus meus, etc. [egressus est salvator meus et brachia mea populus iudicabunt; me insulae expectabunt, et brachium meum] usque sustinebunt. Ys LI, b, [5]. Tria facit Deus Pater aptissime in hiis uerbis. Ostendit namque: Primo, natiuitatis Filii sui de Virgine proximitatem, ibi, prope est iustus meus. Glo : «Scito nasceretur Filius de Virgine ut impleantur que promitto»86. Eze XII, g, [24]: Non erit amplius87 omnis uisio cassa, etc. [neque divinatio ambigua in medio filiorum Israhel]. Dicitur autem Christus Iustus, antonomasice, substantialiter et efficienter. 81 Glo. interl. Is 45, 15. 82 occiose : ociose 83 In Glo. ord. Rm 1, 8: «Non ociose. Non enim vox ista esse potest nisi sanctorum quorum deus dicitur sicut deus abraam ysaac et iacob. Cum enim omnium vnus sit deus per naturam eorum tamen proprie per gratiam esse dicitur qui merito fidei et iusticiae eius cultores esse probantur». 84 ad. est 85 Dionysius Aeropagita (sec. Johanem Scotum Eriugenam), De Caelesti Hierarchia, cap. 2, p. 782, col. 3. (PG 3,163A). 86 Glo. ord. Is 51,5. 87 Vulg. ultra 66 430 435 440 Secundo, natiuitatis eiusdem Filii de se Patre eternitatem, ibi, egressus est saluator meus. Glo : «Genitus a Patre sine patre88, qui saluum faciet populum suum a peccatis» eorum89. Mich V, a, [2]: Egressus est90 ab initio, a diebus eternitatis. Glo: «Ex te o Bethleem91 egredietur dominator Israel, qui etsi secundum carnem de Dauid est de me tamen natus est ante secula, et temporum conditor tempore non tenetur, sed egressus est92 ab initio a diebus eternitatis, quia in principio erat Verbum apud Deum»93. Tercio, apostolorum iudiciariam potestatem, ibi, brachia mea populos iudicabunt. Glo : «apostoli iudicantes tribus Israel94 in nouissimo die»95. Eze XXX, g. [25]: Confortabo brachia regis Babilonis, id est, Christi, qui reuera regnat non solum in Babilone, sed ubique, et brachia regis Pharaonis concident. Quarto, fidei gentium integritatem, ibi, me insule, etc., id est, in me Patrem et Filium credent, et sperabunt, et confident. Qui autem in Patrem et Filium credunt et confidunt, non dubium quod bonitatem ipsorum, id est, Spiritum Sanctum non postponunt. 88 Glo sine tempore 89 Glo. interl. Is 51,5. 90 Vulg eius 91 ad o bethleem 92 Vulg eius / Glo est eius 93 Glo. ord. Mi 5, 2. 94 Glo duodecim tribus Israel 95 Glo. ord. Is 51, 5. 67 [42] Sermo Ius in die Natalis Domini 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Propter hoc sciet populus, etc. [meus nomen meum in die illa; quia ego ipse qui loquebar, ecce] usque adsum. Ys LII, [b, 6]. Verba sunt Filii Dei diem natiuitatis sue de Virgine gratie predicentis et noticiam gloriosi sui nominis christiano populo promittentis et presentiam suam in carne solatiosam, iocundam, delectabilem et desiderabilem, fidelibus populis pollicentis. Vnde dicit Glosa hic: ego qui loquor «olim per prophetas», ecce adsum «per meipsum presens in carne»1; dicit ergo: propter hoc, scilicet, quia iugiter tota die nomen meum blasphematur2 a populo, scilicet, iudeorum ut ibi premittitur; ideo non ipse, sed populus meus gentilium conuersorum sciet nomen meum Deo gratias; non enim caro et sanguis sed Pater tuus Domine Ihesu Christe nobis hoc reuelauit per Spiritum suum et tu pariter cum ipsis. Io I, b, [18]: Unigenitus Filius qui est in sinu Patris ipse narrauit. Reuera autem multipliciter blasfemauerunt nomen Dei iudei: Primo, contra ipsum in deserto murmurando et etiam multa alia scelera nomen Dei blasphematur perpetando. Secundo, in terra promissionis ydola colendo, templum profanando et innocentem sanguinem effundendo. Tercio, in Caldea impotentiam Deo ostendendo. Eze XXVI [XXXVI], e, [20]: polluerunt nomen sanctum meum, etc. [cum diceret de eis: Populus Domini iste est, et de terra eius] usque egressi sunt, quasi dicant, Caldei, non potuit Deus uester eruere uos de manibus nostris. Quarto, ipsum Deum personaliter persequendo et dicendo: demonium habes. Propter hoc ipsis obsecatis, sciet populus meus, christianorum, nomen meum, quia sicut ait Ps XVII, [d, 45]: populus quem non cognoui, legem dando, prophetis instruendo uel de ipso nascendo uel ei personaliter predicando, seruiuit michi; quomodo? in me ueraciter credendo, in me firmiter sperando, me fortiter diligendo, pro me uiriliter operando, ‗in auditu auris‘, id est, facile obediuit, et mortem sustinendo, michi dicenti Lu XII, a, [4]: dico autem uobis amicis meis: ne terreamini ab, etc. [his qui occidunt corpus, et post haec non habent amplius quid faciant]; propter hoc talis populus sciet nomen meum; ideo dicit iudeis, Mal I, e, [10]: Non enim3 uoluntas in uobis, etc. [dicit f. 16v Dominus] usque exercituum. Iere XLIIII, f, [26]: Ecce ego iuraui in nomine, etc. [meo magno, ait Dominus, quia nequaquam ultra vocabitur nomen meum ex ore omnis viri iudei, dicentis: Vivit Dominus Deus, in omni terra] usque egipti. Vnde Salomon insultat iudeis de ignorantia nominis Patris et Filii. Prou XXX, a, [4]: quis ascendit in celum, etc. [atque descendit? uis continuit spiritum in manibus suis? Quis colligavit aquas quasi in vestimento? Quis suscitavit omnes] usque terminos terre, quasi dicat, quis fecit hec IIIIor nisi Deus, et statim subdit: quod nomen eius, et nomen Filii eius, si nosti, quasi dicat, tu iudei, ecce non nosti nomen Patris et Filii, sed populus christianorum sciet nomen non solum Patris sed et Filii; quod est ergo illud nomen? potest dici quod sit Adonay uel Emmanuel uel Ihesus de quolibet enim istorum potest intelligi quod dicitur: sciet populus meus nomen meum; Adonay est illud nomen sanctissimum, mirabilissimum, reuerentissimum, quod karissimis uiris ipsis Patriachis ignotum fuit, sed hodie per gratiam Christi Ihesu, etiam popularibus notum est. De primo, Exo VI, a, [2-3]: ego Dominus qui aparui4, etc. [Abraham, Isaac et Iacob, in Deo omnipotente; et nomen meum Adonai] usque non indicaui eis. 1 Glo. interl. Is 52, 6. 2 Is 52, 5. 3 om. est mihi 4 aparui : apparui 68 50 55 60 65 70 75 De IIº, Gen XXXII, g, [29], Iud XIII, f, [18]: cur queris nomen meum quod est mirabile? De IIIº, Exo XXVIII, f, [36]: facies et lamminam de auro, etc. [purissimo, in qua sculpes opere celatoris:] usque sanctum Domino, id est, hoc nomen Adonay, quod est Sanctum Domino, tetragramaton, id est, IIIIor litterarum, que sunt: ¶ Ioth, ¶ Beth, ¶ Vau, ¶ He5. ¶ Ioth, principium. Beth, uita. Vau, passio. He, iste.6 Et sonant ‗principium uite passionis iste‘. Hoc est iste, id est Christus, cuius tipum gerit iste sacerdos legalis erat principium uite spiritualis per passionem suam.7 Ideo hoc nomen semper dignum fuit magna reuerentia. Vnde cum Alexander Magnus subiungando Asyam uenisset Iherosolimam et occurreret ei ex precepto dei Iadon pontifex «pontificalibus indutus et reliqui sacerdotes cum eo stolis superinduti», et cum eo populi multitudo, «Alexander intuens antistitem, pontificali stola insignem, et super cidarim laminam auream, in qua scriptum erat hoc uenerabile Christi nomen, descendit de equo, et abiit ad eum solus et nomen Dei tetragramaton adorauit»8; quid autem mirum si honorabile est hoc Christi nomen coram hominibus, cum sit tamen honorabile apud Deum Patrem. Ps LXXI, d, [14]: ex usuris, etc. [et iniquitate redimet animas] usque eorum, id est, christianorum coram illo, quia uenerabilis Filius eius, factus est eis principium uite per passionem. Ihesus, id est, ‗saluator‘9. Mt I, f, [20-21]: Aparuit angelus Domini in somnis 10 Ioseph , dicens: Ioseph, etc. [fili, David, noli timere accipere Mariam coniugem tuam; quod enim in ea natum est, de Spiritu Sancto est. Pariet autem filium, et vocabis nomen eius Iesum; ipse enim salvum faciet populum suum] usque a peccatis eorum. Luc II, d, [21]: postquam consumati sunt dies, etc. [octo ut circuncideretur puer, vocatum est nomen eius] usque Ihesus; hoc nomen bene scit hodie populus christianus, quia in Veteri Testamento pauci sciuerunt. Aba II, g, [18]: ego autem in domino gaudebo et exultabo in deo Ihesu meo. Eccli XLIII, e, [25]: In sermone eius siluit uentus, etc. [et cogitatione sua placavit abyssum: et plantavit in illa] usque Dominus Ihesus. Emmanuel, id est, ‗nobiscum Deus‘.11 Ys VII, d, [14]: ecce uirgo concipiet, etc. [et pariet filium, et vocabitur nomen eius] usque Emmanuel. Baruc III, g, [34-38]: Stelle autem, etc. [dederunt lumen in custodiis suis, et laetatae sunt; vocatae sunt et dixerunt: 5 Cf. Hieronymus Stridonensis, Epistulae, ep. 25, vol. 54, pag. 219, lin. 9 CSEL 88. Cf. Cassiodorus, Expositio Psalmorum, psalmus 104, lin. 21, CCSL 98; Cf. etiam Isidorus Hispalensis, Etymologiarum seu Originum, libri XX, lib. 7, cap. 1, par. 16. OCT-Lindsay. (PL lin. 972,73). 6 Cf. Hieronymus Stridonensis, Epistulae, ep. 30, vol. 54, par. 5, pag. 246, lin. 4: «Aleph interpretatur ‗doctrina‘, (…) beth ‗domus‘, (…) he ‗ista‘, uau ‗et‘, (…) heth ‗uita‘, (…) iod ‗principium‘». CSEL 88. (PL 22, 443). Cf. Liber interpretationis hebraicorum nominum, pag. 48-49. CCSL 72. (PL 23, 827). 7 Cf. Petrus Comestor, Historia scholastica. PL 198, 1186B/C. Cf. Innocentius III, Sermones de sanctis, PL 217, 519C/D. 8 Cf. Petrus Comestor, Historia scholastica - Liber Esther, cap. 4: «Alexander autem, capta Gaza, in Jerosolymam festinabat. Et timentes Judaei, clamaverunr ad Dominum, et immolabant hostias, et Jaddus orabat pro gente. Qui cum post sacrificium obdormisset, praecepit ei Deus, ut confideret, sericisque, id est cortinis, civitatem ornaret, et ipse pontificalibus indutus, et reliqui sacerdotes cum eo lagitimis stolis induti, obviam exirent Alexandro. Et surgens a sopore, oraculum omnibus indicavit. Audiensque non longe esse a civitate Alexandrum, processit cum sacerdotibus, et civium multitudine sacra, ad locum, qui Saphim appellatur, quod Latine translatum scopulum sonat, unde Ierosolyma et templum Domini uideri ppotuissent. Et factum est contra spem omnij qui sequebantur regem. Nam Alexander intuens antistitem, pontificali stola insignem, et super cidarim laminam auream, in qua scriptum erat nomen Dei, descendit de equo, et adiit eum solus, et nomen Dei adoravit, et pontificem veneratus est». PL 198, 1496-1497. 9 Cf. Hieronymus Stridonensis, Liber interpretationis hebraicorum nominum, pag. 13, lin. 18. CCSL 72. Isidorus Hispalensis, Etymologiarum siue Originum libri XX, liber 7, cap. 2, par. 4, 8. OCT-Lindsay. 10 Vulg. ei 11 Cf. Hieronymus Stridonensis, Liber interpretationis hebraicorum nominum, pag. 49, lin. 30. CCSL 72. (PL 23, 829). Cf. Isidorus Hispalensis, Etymologiarum siue Originum libri XX, lib. 7, cap. 2, par. 10. OCT-Lindsay. (PL 82, 265A). 69 80 85 90 95 100 Adsumus; et luxerunt ei cum iucunditate, qui fecit illas. Hic est Deus noster, et non aestimabitur alius adversus eum. Hic adinvenit omnem viam disciplinae, et tradidit illam Iacob, puero suo, et Israhel, dilecto suo. Post haec in terris visus est, et cum hominibus conversatus est] usque ad finem capituli. Iere XIIII, b, [8]: Saluator noster12 in tempore tribulationis, quare quasi colonus futurus est in terra? Respondet Paulus, [Tit III, b, 5]: Non ex operibus iusticie que fecimus, etc. [nos, sed secundum suam misericordiam salvos nos] usque fecit. [Iere XIIII, b, 9]: Et quasi uiator? Respondet Petrus, act X, [f, 38]: Pertransiit benefaciendo et sanando omnes opressos a diabolo. [Iere XIIII, b, 9]: Quare futurus es uelut uir uagus? Respondet Iohannes I, [b, 11]: In propria uenit, et sui eum non receperunt. [Iere XIIII, b, 9]: Vt fortis qui non potest saluare? suple seipsum a morte? Respondet Ysaias LIII, [c, 7]: oblatus est quia ipse uoluit, etc. [et non aperuit os suum, sicut ovis ad occisionem ducetur, et quasi agnus coram tendente se obmutescet, et non aperiet os suum]. [Iere XIIII, b, 9]: Tu autem in nobis es, etc. [Domine, et nomen tuum invocatum est super nos] usque ne derelinquas nos, quasi dicat, ex quo nomen tuum inuocatum est super nos? ut unus nostrum sis, tu homo, et nos homines quoad naturam, ne derelinquas nos, quoad gratiam; dicit ergo: propter hoc sciet populus meus nomen meum in die illa, scilicet, natiuitatis mee. Die inquam: ¶ laudabili, ¶ amabili, ¶ desiderabili ¶ et admirabili, ¶ grata, ¶ iocunda, ¶ suaui, ¶ plena, ¶ melliflua; die inquam: A Deo eternaliter predestinata, ¶ preelecta, ¶ preordinata. Mich V, a, [2]: tu Bethleem, etc. [Ephrata, parvulus est in milibus Iuda, ex te mihi egreditur qui sit dominator in Israhel, et egressus eius ab initio, a diebus] usque eternitatis. A patriarchis preuisa et predesiderata. Io VIII, [g, 56]: Abraam pater uester, etc. [exultavit ut videret diem meum, vidit, et gavisus est]. Tob XIII, g, 20]: beatus ero, etc. [si fuerint reliquiae seminis mei ad videndam claritatem] usque Iherusalem. A prophetis predicta et expectata. Ys XIX, f, [19-21]: In die illa erit, etc. [altare Domini in medio terrae Aegypti; et titulus Domini iuxta termimum eius et erit in signum et in testimonium Domino exercituum in terra Aegypti; clamabunt enim ad Dominum a facie tribulantis, et mittet eis salvatorem et propugnatorem qui liberet eos]. 105 Ius (quaternus) 110 115 120 Ab angelis ostensa et decantata. Lu II, b, [9-14]: Ecce angelus Domini stetit, etc. f. 17r [iuxta illos, et claritas Dei circumfulsit illos, et timuerunt timore magno. Et dixit illis angelus: Nolite timere; ecce enim evangelizo vobis gaudium magnum, quod erit omni populo: quia natus est vobis hodie saluator, qui est Christus Dominus, in civitate David. Et hoc vobis signum: invenietis infantem pannis involutum, et positum in praesepio. Et subito facta est cum angelo multitudo militiae caelestis, laudantium Deum, et dicentium: Gloria in altissimis Deo, et in terra pax hominibus] usque bone uoluntatis. A pastoribus glorificata et laudata. Lu II, c, [20]: Reuersi sunt pastores glorificantes, etc. [et laudantes Deum, in omnibus quae audierant et viderant, sicut dictum est ad illos]. Ab apostolis et sanctis patribus predicata. He I, a, [1-2]: Multipharie multisque modis, etc. [olim Deus loquens patribus in prophetis, novissime diebus istis locutus est nobis in Filio]. Ab uniuerso populo christiano sollemniter celebrata. Vnde, «dies sanctificatus illuxit nobis: uenite, gentes et adorate Dominum, quia hodie descendit lux magna super 12 Vulg. eius 70 125 130 terram»13. Ecce igitur in hac die scimus nos omnes iam non tam sanctum et terribilem, quam sanctum et ammirabile nomen eius, hoc autem per ueram fidem et scientiam scripturarum. Ipse etiam pro bonitate sua addat nobis ut adhuc sciamus per uisionem claram et dulcem experientiam quod est, si perseuerauerimus fideliter in pugna. Apo II, e, [17]: Vincenti dabo manna14 absconditum, et dabo illi calculum candidum, id est, uitam eternam, solidam et pulcram; in calculo nouum scriptum, quod nemo scit, nisi qui accipit, quod nobis concedat ipse Filius Dei et Virginis gloriose, qui pro nobis mortuus est et uiuit in secula seculorum. [43] Item eiusdem Sermo IIus 135 140 145 150 155 160 Tu Beethleem Effrata, etc. [parvulus es in milibus Iuda; ex te mihi egredietur qui sit dominator in Israhel, et egressus eius ab initio] usque a diebus eternitatis. Mich V, [a, 2]. Sancti Patres veteris testamenti illuminati gratia Spiritus Sancti prophetauerunt de Redemptore mundi. Alii de eius deitate, alii de humanitate, alii de incarnatione, alii de natiuitate, alii de tempore, alii de loco natiuitatis. Vnde hic: Tu Bethleem, etc. Hec autoritas scripta est in veteri testamento et nouo, ut quasi anchora infallibilis, iacta tamen in retro, firmam teneat nauem cordis, in portu fidei saluatoris, inter fluctus temptationis huius seculi magni maris. Dicit ergo: Tu Beethleem, etc. Tangit autem hic IIIIor, scilicet, triplicem natiuitatem Christi et locum natiuitatis. Est igitur triplex Christi natiuitas. ¶ Prima natiuitas, ¶ De patre, ibi, egressus eius ab initio a diebus eternitatis. ¶ IIª, In corde, ibi, qui sit dominator, in corde regenerando. Natiuitas ¶ IIIª, De matre, ibi, ex te michi egredietur. Christi Prima, de Patre eternalis, ineffabilis, et inexcogitabilis. Ps CIX, c, [3]: tecum triplex principium in die, etc. [virtutis tuae, in splendorum sanctorum; ex utero ante] usque luciferum genui te. Commendat Deus Pater Filium suum hic a Ve, scilicet: A uera deitate, ibi, principium. A sui equalitate, ibi, tecum. Non dico tibi principium ne inferior iudiceris. Ab omnimoda potestate, ibi, in die uirtutis tue. A diuina nascibilitate, ibi, ex utero genui te. Ab infinita eternitate, ibi, ante luciferum, id est, ante omnem creatura a parte totum. Item, «credo in unum Deum, etc. [Patrem omnipotentem, factorem coeli et terre, uisibilium omnium et inuisibilium. Et in unum Dominum Ihesum Christum, Filium Dei unigenitum. Et ex Patre] natum ante omnia secula»15. Item Ambrosius: Si «queris a me», inquit Ambrosius, «quomodo si Filius sit, non priorem habeat Patrem,16 quero idem abs te, quando uel quomodo Filium putes esse generatum; Michi enim impossibile est generationis eius scire secretum. Mens deficit, uox silet, non mea tantum, sed et angelorum. Supra Potestates et supra Angelos, et supra Cherubin, et supra Seraphin, et supra omnem sensum est, quia scriptum est: Et pax Christi supra omnem sensum est17. 13 Missale Dominicanum seu Ordinis Praedicatorum, Missa Nativitatis Domini (in die), Resp. V. ‗Alleluia‘. Vide Gregorius I (Magnus), Antiphonarius, In die Natalis Domini, PL 78, 646C. Cf. Missale Romanum, Ad tertiam missam in die Nativitatis Domini, Graduale. 14 mag. : magna 15 DENZ 86, Symbolum Niceno-Constantinopolitanum (versio Dionysii Exigui). 16 De fide quomodo Filius sit, si non priorem habeat Patrem? 17 Phil 4, 7. 71 165 170 175 180 185 190 195 Et si pax Christi supra omnem sensum est, quomodo18 non est supra omnem sensum tanta generatio?»19 Secunda, in corde, specialis, salutaris et generalis. Ys XXVI, [c, 17-18]: A facie tua Domine concepimus, proponendo, et quasi parturiuimus, deliberando, et peperimus, opere consummando spiritum salutis. Mt XII, g, [50]: quicumque fecerit uoluntatem, etc. [Patris mei qui in caelis est, ipse meus frater, et soror, et] usque mater est. Tercia, de matre et temporalis, carnalis et mirabilis. Bernardus: «tria opera, tres mixturas fecit omnipotens illa maiestas in assumptione nostre carnis, ita mirabiliter singularia et singulariter mirabilia, ut talia nec sint facta, nec facienda amplius super terram. Coniuncta sunt enim ad inuicem Deus et homo, mater et uirgo, fides et cor humanum. Admirabiles iste mixture et omni miraculo mirabiliores20, quomodo tam diuersa ad inuicem, inuicem coniungi potuere»21. Quere plus de hac materia si uolueris in tercio sermone beati Bernardi de uigilia Natalis Domini.22 // Item quere Iª collatione, f. 17v etc.23: «Dicimus quod omni thologie24», etc. Ps XCVII, a, [1]: Cantate Domino canticum nouum, quia mirabilia fecit. Has tres natiuitates representant tres misse in die Natalis Misse Domini celebrate: tres Prima, que in profunda et alta obscuritate noctis celebratur, representat primam natalis natiuitatem de Patre que obscurissima et ineffabilis comprobatur. Ys LIII, [c, 8]: Generationem eius quis enarrabit. Ideo de generatione patris incipitur cum dicitur: Dominus dixit ad me: Filius meus es tu, ego hodie, id est, eternaliter, genui te.25 Secunda, que inter lucem et tenebras celebratur, representat IIam natiuitatem in corde, quia multociens homo quibusdam experimentis et dulcedinibus perpendit Christum nasci in corde suo per gratiam, et tamen non potest plane cognoscere, utrum amore uel odio dignus sit; ideo de generatione siue natiuitate inchoatur cum dicitur: «lux fulgebit, etc. [hodie super nos, quia natus est nobis Dominus: et vocabitur Admirabilis, Deus, Princeps pacis, Pater futuri saeculi, cuius regni non erit finis26]»27. Tercia, in hora diei clara representat natiuitatem de matre que ubique clarissime et generalissime diuulgata est: Per prophetiam antiquis patribus. Ys IX, b, [6]: puer28 natus est nobis, etc. [et filius datus est nobis; et factus est principatus super humerum eius, Admirabilis, Consiliarius, Deus, Fortis, Pater futuri saeculi, Princeps pacis]. Per angelos pastoribus. Lu II, b, [11]: Natus est uobis hodie, etc. [Salvator, qui est Christus Dominus, in civitate Dauid]. Per stellam regibus. Mt II, b, [2]: Vbi est qui natus est, etc. [rex iudeorum? vidimus enim stellam eius in Oriente, et venimus adorare eum]. Per seipsum animalibus. Aba III, a, [2], secundum LXXª: In medio duorum animalium cognosceris.29 18 De fide quemadmodum 19 De fide libri V, lib. 1, cap. 10, lin. 22. CSEL 78. (PL 16, 543B). 20 Sermones mirabilius 21 Sermones in uigilia natiuitatis Domini, sermo 3, par. 7, vol. 4, pag. 216, lin. 25; pag. 217, lin. 1. PL 183, 98A/B. 22 Ibidem, pag. 197-244. PL 183, 94C-100B. 23 Scilicet, In Vigilia Nativitatis Domini. PL 183, 87A-90B. 24 thologie : theologie 25 Ps 2, 7. 26 Is 9, 6. 27 Missale Dominicanum seu Ordinis Praedicatorum, Missa in Nativitate Domini (dum diescit), Officium. In Gregorius I (Magnus), Liber Antiphonarius – Missa in primo mane Nativitatis Domini, Antiphona. PL 78, 646B. Cf. Missale Romanum, Ad secundam missam Nativitatis Domini, Introitus. 28 Vulg. Paruulus 72 200 205 210 215 220 Per Spiritum Sanctum sacerdotibus. Vt Symeoni, Lu II, b, [6]: Responsum acceperat Symeon, etc. [a Spiritu Sancto, non visurum se mortem, nisi prius videret Christum Domini]. Per subuersionem templi et fontem olei et superliminarii domus milicie fractionem Romanis potentibus. Dicitur enim in Hystoriis quod in nocte qua Christus natus fuit Rome Templum Pacis ruit, fons olei erupit et usque in Tiberim defluxit30. Prophetauerat enim Sibilla quod ante erumperet fons olei, quam nasceretur Saluator, superliminaria etiam domus milicie subtiliter fracta fuerunt. Dicitur enim quod eadem nocte Sibilla Christum infantem in gremio matris, scilicet, beate Virginis in aere uidit, et cum imperatori Augusto, et quibusdam aliis cum eo ostendit. Item dicitur quod tempore Augusti XIIcim annis continue fuit pax, et ideo romani construxerunt Templum Pacis per pulcrum ac mirabile uisu. Consulentes autem Appollinem quantum duraret acceperunt responsum: ‗Quousque uirgo pareret‘. Hoc audientes dixerunt: ‗Ergo in eternum durabit‘. Impossibile enim credebatur quod uirgo pareret, et tamen dixerat Ys VII, d, [14]: Ecce uirgo concipiet, etc. [et pariet filium, et vocabitur nomen eius Emmanuel]. Vnde romani in foribus templi scripserunt titulum hunc: ‗Templum Pacis eternum‘. Sed in ipsa nocte qua beata Virgo peperit Templum Pacis destructum est.31 Per apostolos uniuersis mundi partibus. Quia sicut ait Ps XV [XVIII, a, 5]: In omnem terram exiuit, etc. [sonus eorum, et in fines orbis terrae] usque uerba eorum, dicentium, Gal IIII, a, [4-5]: Vbi uenit plenitudo temporis, etc. [misit Deus Filium suum, factum ex muliere, factum sub lege, ut eos qui sub lege erant redimeret, ut adoptionem filiorum] usque reciperemus. [44] Item eiusdem Sermo IIIus 225 230 Verbum caro factum est et habitauit in nobis. Io I, b, [14]. Verbum Circa hec sacrosancta beati Iohannis uerba Ve utilia requiramus: Primo, quid hic Verbum Dei dicitur. Verbum Dei dicitur hic Filius Dei cuius Dei caro proprium nomen est Verbum. Apo XIX, g, [13]: Vocabatur nomen eius Verbum Dei. Et factum in primo Sententiarum dicitur: «Sicut solus Filius Verbum dicitur uel ymago, etiam solus32 dicitur sapientia nata uel genita»33. Augustinus: «Nullum maius donum prestare posset Deus hominibus, quam ut Verbum suum per quod condidit omnia, faceret illis caput, et illos ei tanquam membra coaptaret, ut esset Filius Dei et Filius Hominis, unus Deus cum Patre, unus homo cum hominibus»34. 29 Vulg. In medio annorum notum facies Cf. Petrus Comestor, Historia Scholastica – in Evangelia, cap. 5 (additio): «Rome templum pacis corruit, fons olei erupit, Cesar preceperat ne quis eum diuum uocaret». PL 198, 1540. Cf. Paulus Orosius, Historiarum aduersus paganos libri VII, vo. 2, lib. 6, cap. 20, par. 7.(Arnaud) (PL 31, 1053C-1054B). 31 Cf. Petrus Comestor, Sermones – Sermo primus in Adventu Domini: «Occidentalibus etiam Romae signum dedit, non solum, quod fons olei erupit et fluxit usque in Tiberim; sed etiam in hoc, quod in eadem nocte, qua virgo peperit, templum Pacis penitus corruit. Romani enim, in monarchia orbis florentes, templum Pacis aedificaverunt multo labore, grandibus expensis et ambitione multa, quod erat admirabile in oculis intuentium. Consulentes autem Apollinem de ejus diuturnitate, responsum est eis, ipsum permansurum donec virgo pareret. Super hoc gavisi, titulum prae foribus inscripserunt: ‗Templum Pacis Aeternum‘. Eadem itaque nocte, qua virgo peperit, mirabiliter corruit, et miserabiliter, ac si aperte diceretur eis: Natus est Salvator, Deus vivus et verus, ante cujus faciem corruent idola surda et muta: Ipse enim salvum faciet populum suum a peccatis eorum (Matth. I)». PL 198, 1723A/B. Cf. Petrus Damianus, Sermones, PL 144, 848D. Cf. Innocentius III, Sermo II in nativitate Domini, PL 217, 457. 32 Sententiarum ita etiam ipse solus 33 Petrus Lombardus, Sententiarum libri quatuor, lib. 1, dist. 28, 6. PL 192, 899. 34 Enarrationes in Psalmos, Ps 85, par. 1. CCSL 39. (PL 37, 1081). 30 73 235 240 245 250 255 Secundo, quare dicitur Verbum, scilicet, quia per ipsum proferens, id est, Pater generans et uoluntas eius, id est, Spiritus Sanctus manifestatus est. Io I, b, [18]: Dominum nemo uidit, etc. [unquam; unigenitus Filius, qui est in sinu Patris, ipse] usque narrauit. [Io ] XVIII [XVII], b, [6]: Manifestaui nomem tuum; ratio enim uerbi est secreta mentis exterius manifestare. Item per ipsum mundus creatus est. Io I, a, [3]: omnia per ipsum facta sunt. Augustinus: «Pater35 per ipsum in quantum Verbum eius est, etiam que futura sunt fecit»36. Ps XXXII, b, [6]: Verbo Domini celo firmati sunt. Tercio, quomodo factum sit caro; factus est autem Filius Dei caro, non naturam diuinam in carneam conuertendo et // confundendo sicut parum aque in multum uinum f. 18r conuertitur uel etiam e contrario, sed eam sibi in unitate persone uniendo. Est enim ‗unus non confusione substancie, sed unitate persone‘37. Crisostomus: «Nullum inconueniens suspiceris ab hac distinctione factum est. Non enim uersionem dicit illius inuertibilis uere, sed habitationem quod autem habitat non utique idem est cum habitaculo, sed aliud. Aliud enim in alio habitat, aliud autem dixi, scilicet, substantiam. Vnione enim et copulatione unum est Deus Verbum et caro, non confusione facta»38. Iohannes Damascenus: «Inconuerse enim et immutabiliter unite ad inuicem uere neque distante a propria simplicitate, neque humana conuersa in deitatis naturam, neque ex duabus una facta est composita natura»39. Augustinus in libro De docmatibus ecclesiasticis: «Deus hominem assumpsit, homo in Deo transit40, non nature uersibilitate sicut Tertulliani et Appollinariste dicunt, sed Dei dignatione, ut nec Deus mutaretur in humanam substantiam assumpto homine41, nec homo in diuinam glorificatus in Deum»42. Philosophus in VIº Topicorum: «Impossibile est incorporeum corpori permisceri»43. Per carnem uero intelligitur corpus et anima a parte totum. Augustinus: 35 In Iohannis sed ille qui per ipsum… 36 In Iohannis euangelium tractatus, tract. 105, par. 7, lin. 14. CCSL 36. (PL 35, 1907). 37 DENZ 39, Symbolum ‘Quicunque’. 38 Homiliae in Ioannem, hom. 12, 2. PG 59, 80 : «Subdit enim, Et habitavit in nobis, ac si diceret : Nihil absurdum suspiceris ex hoc dicto, Factum est. Non enim immutabilis naturae mutationem, sed habitationem dixi. Habitatio autem non idipsum est quod habitaculum, sed aliud. Aliud enim in alio habitat ; alias enim non esset habitatio : nihil enim in seipso habitat. Aliud vero dixi secundum substantiam. Nam unitate et conjunctione Deus Verbum et caro unum sunt : sine ulla confusione, vel substantiarum ablutione, sed per unionem ineffabilem inexplicabilemque». 39 In Petrus Lombardus, Sententiarum libri IV, lib. 3, dist. 7,6: «Ut enim ait Joan. Damasc., lib. de orthodoxa Fide 3, in initio capitis: Inconverse et inalterabiliter unitae sunt ad invicem naturae: neque divina distante a propria simplicitate, neque humana aut conversa in deitatis naturam, aut in non existentiam divisa, neque ex duabus una facta composita natura». PL 192, 773. Cf. Ioannes Damascenus, De ortodoxa fide, 3. 40 De ecclesiasticis transivit 41 De ecclesiasticis assumendo hominem 42 Genadius Massiliensis, De ecclesiasticis dogmatibus: 6. Genadius Massiliensis, De ecclesiasticis dogmatibus: «Non pater carnem assumpsit, neque Spiritus sanctus, sed Filius tantum: ut qui erat in divinitate Dei Patris Filius, ipse fieret in homine hominis matris filius; ne filii nomen ad alterum transiret, qui non esset aeterna nativitate filius. Dei ergo Filius factus est hominis filius, natus secundum veritatem naturae ex Deo Dei Filius, et secundum veritatem naturae ex homine hominis Filius: ut veritas geniti non adoptione, non appellatione, sed in utraque nativitate filii nomen nascendo haberet, et esset verus Deus et verus homo unus filius. Non ergo duos Christos, neque duos filios fatemur, sed Deum et hominem unum filium. Quem propterea et unigenitum dicimus, manentem in duabus substantiis, sicut ei naturae veritas contulit, 3 non confusis naturis, neque immixtis, sicut Timothiani volunt, sed societate unitis. Deus ergo hominem assumpsit, homo in Deum transivit, non naturae versibilitate, sicut, [Ms. cod. Florent., Tertullianus et Apollinaristae dicunt.] Apollinaristae dicunt, sed Dei dignatione: ut nec Deus mutaretur in humanam substantiam, assumendo hominem, nec homo in divinam glorificatus in Deum: quia mutatio vel versibilitas naturae et diminutionem et abolitionem substantiae facit». PL 58, 981A-D. 43 Boethius, translator Aristotelis, Topica, lib. 6, cap. 12, pag. 139, lin. 10 (Bekker: 149a): «Rursum si cuius quidem rationem assignavit eorum quae sunt est, quod autem sub ratione non eorum quae sunt, ut si 74 260 265 270 275 «Dei ergo Filius ut carnis44 hominis animam mundaret, susceptione45 carnis animeque rationabilis46 incarnatus est»47. Quarto, ad quid factum sit caro. Augustinus in libro De anima: «propterea Deus homo factus est ut totus homo in se beatifficaretur48, ut tota conuersatio49 hominis esset ad ipsum, et tota50 esset in illo51, cum assensu52 carnis uideretur per carnem, et assensu53 mentis per diuinitatis contemplationem. Hoc erat totum bonum hominis, ut siue ingrederetur siue egrederetur,54 pascua foris in carne saluatoris, et pascua intus in diuinitate creatoris inueniret»55. Quinto, quomodo habitabit in nobis; quia non solum exemplariter, sed etiam uisibiliter. Ys XXX, e, [20]: Erunt occuli tui uidentes preceptorum tuum, scilicet, qui dedit in Syna precepta per Moysem: Palpabiliter. Iª Io I, a, [1-3]: Quod fuit ab initio, etc. [quod audivimus, quod vidimus oculis nostris, quod perspeximus, et manus nostrae contrectaverunt de verbo vitae; et vita manifestata est, et vidimus, et testamur, et adnuntiamus vobis vitam aeternam quae erat apud Patrem et apparuit nobis; quod vidimus et audivimus] usque ut et uos56. Delectabiliter. Prou VIII, g, [31]: delicie mee esse cum filiis hominum. Inseperabiliter. Crisostomus: «Considera mecum honorabilitatem et ineffabilitatem misterii, semper enim Filius Dei licet habitat tabernaculo, carnem enim nostram circumduit, non ut rursus eam relicturus, sed ut semper eam habiturus»57. Item Sibilla: «e celo rex adueniet per secla futurus, scilicet, in carne presens ut iudicet orbem»58. album deffinivit colorem igni permixtum, impossibile enim incorporeum corpori permisceri; quare non erit color igni permixtus, album vero est» (ALD). (PL 64, 984C). Cf. Iohannes de Fonte, Auctoritates Aristotelis, opus 36, sententia 107. 44 De fide carnem 45 scriba corrigit susceptionem 46 De fide rationalis 47 Fulgentius Ruspensis, (Ps-Augustinus, PL 40, 758) De fide ad Petrum seu de regula fidei, cap. 17, lin. 318: «Dei ergo filius unigenitus qui est in sinu patris, ut carnem hominis animamque mundaret, susceptione carnis atque animae rationalis incarnatus est; et qui est Deus verus, homo verus factus est; non ut alter Deus esset, alter homo, sed idem Deus, idem homo». (PL 65, 679D). Cf. Petrus Lombardus, Collectanea in epistolas Pauli: «Dei ergo Filius, ut carnem hominis animamque mundaret, susceptione carnis et animae rationalis animatus est, vel incarnatus». 48 De spiritu ut totum hominem in se beatificaret 49 De spiritu conuersio 50 om. dilectio hominis 51 De spiritu in ipso 52 De spiritu a sensu 53 De spiritu a sensu 54 om. pascua in factore suo inveniret 55 Alcherus Claraeualensis, (Ps-Augustinus), De spiritu et anima, cap. 9, col. 785, lin. 9-14 : «Propterea enim Deus homo factus est, ut totum hominem in se beatificaret, et tota conversio hominis esset ad ipsum, et tota dilectio hominis esset in ipso, cum a sensu carnis videretur per carnem, et a sensu mentis videretur per divinitatis contemplationem. Hoc autem erat totum bonum hominis, ut sive ingrederetur sive egrederetur, pascua in factore suo inveniret; pascua foris in carne Salvatoris, et pascua intus in divinitate Creatoris». (PL 40, 785). 56 Vulg. vobis 57 Homiliae in Ioannem, hom. 12, 2. PG 59, 80 : «Et vide mihi horrendum et arcanum mysterium. Semper habitat in hoc tabernaculo : carnem quippe nostram induit, non ut postea relinqueret, sed illam semper secum habiturus». 58 Sybilla Erythraea, in Augustinus Hipponensis, De ciuitate Dei, lib. 18, cap. 23. lin. 18. CCSL 48. (PL 41, 579). 75 [45] Item eiusdem Sermo IIIIus 280 Exortum est in tenebris lumen rectis, misericors et miserator et iustus. Ps CXI, c, [4]. 285 290 295 300 305 310 IIIIor describuntur a Spiritu Sancto ualde nobis utilia in hiis uerbis: Primo, beneficii diuini comitas, ibi, exortum est lumen, id est, extra ortum quasi omnibus expositum. Vnde noluit Dominus nasci in loco clauso, sed in campo, Can II, a, [1]: ego flos campi, non orti59, quasi omnibus expositus, ¶ ad delectabiliter uidendum, ¶ ad de facili accedendum, ¶ ad in contradictionem capiendum, ¶ ad molliter pertractandum, ¶ ad suauiter adorandum, ¶ ad dulciter degustandum. Ideo etiam noluit in ciuitate crucifigi, sed extra portam passus est. He XIII, d, [12]: extra portam, etc. [passus est]. Ti II, d, [11]: apparuit gratia; Glo : «omnibus natus est Christus, nullum exclusit»60. Secundo, beneficii neccessitas, ibi, in tenebris. Glo : «lux illa gratior est que in tenebris oritur»61. Erant enim homines in tenebris ignorancie, malicie et pene. Iob III, g, [23]: circumdedit eum deus tenebris. Ys IX, [a, 2]: populus qui62, etc. [ambulabat in tenebris, vidit lucem] usque magnam. Tercio, beneficii specialitas, ibi, rectis; licet enim Christus omnibus fere natus, tamen specialiter prodest rectis. Cassiodorus: «Non aliis lux illa orta est, nisi rectis corde»63. Ps XCVI, g, [11]: Lux orta est iusto, et rectis corde letitia. ‗Rectis‘ ille dicitur, cuius uoluntas uoluntati diuine regule in omnibus conformatur. Quarto, beneficii multimoda utilitas. Confert enim: Primo, contra temptationes demonum protegendo, ibi, Dominus. Ps LXIII, a, [3]: protexisti me, etc. [a conventu malignantium, a multitudine operantium] usque iniqui // tatem. Item XVI, d, [8-9]: Sub umbra alarum, etc. [tuarum protege me, a facie impiorum qui me] usque afflixerunt. Secundo, peccata mortalia penitentibus delendo, ibi, misericors. Ys XL [XLIII], g, [25]: ego sum, ego sum ipse, etc. [qui deleo iniquitates tuas propter me, et peccatorum tuorum non] usque recordabor. Ps L, c, [11]: omnes iniquitates meas dele. Tercio, pro uenialibus ultra debitum puniendo, ibi, miserator et misericors. Ose64 [XI, 8-9]: pariter conturbata est penitudo mea, non faciam furorem ire mee. Glo : «non percutio ut dispergam65 in perpetuum, sed ut emundem66; crudelitas mea penitentie et pietatis occasio est»67. 59 orti : horti 60 Glo. ord. Tit. 2, 11. (PL 114, 640C). Cf. Petrus Lombardus, Collectanea in epistolas Pauli. PL 192, 391C. 61 Glo. ord. Ps 111, 4. Cf. Petrus Lombardus, Commentaria in Psalmos: [Cassiodorus] «quia exortum est in tenebris. Lux illa gratior est, quae in tenebris oritur, sed non aliis orta est lux, nisi rectis corde». PL 191, 1013A/B. 62 gen. : qui 63 In Petrus Lombardus, Commentaria in Psalmos, PL 191, 1013B (vide supra). Cf. Cassiodorus Vivariensis, Expositio psalmorum, Ps 111, lin. 81: «Sed cum rectis corde dicitur peruersis ab isto lumine separantur». (PL 70, 805D). 64 Dous. : Osee 65 Glo perdam 66 Glo emendem 67 Glo. interl. Os 11, 8-9. Cf. Hieronymus Stridonensis, Commentarium in prophetas minores, In Osee, lib. 3, cap. 11, lin. 270-271. CCSL 76. (PL 25, 920A). 76 lux mundi data f. 18v Quarto, pro bonis ultra debitum remunerando, ibi, iustus, quasi dicat, non negauit meritum qui soluit ultra debitum. Lu VI, f, [38]: Mensuram bonam et confertam,68 dabunt in sinum uestrum. 315 [46] Sermo Vus Gloria in altissimis Deo et in terra pax hominibus bone uoluntatis. Luc II, b, [14]. 320 325 330 335 340 345 350 355 Hoc canticum cantauerunt hodie exercitus angelorum congaudentes et exultantes de incarnatione et natiuitate imperatoris sui et nostri Domini saluatoris; quare gaudebant? quia uidebunt clare quod per istum puerum natum: Diabolus uinceretur. Apo V, b, [5]: Vicit leo, etc. [de tribu Iuda, radix] usque Dauid. Et dominium aufferetur. Ys XXXII, b, [5]: Non uocabitur ultra his, etc. [qui insipiens est, princeps, neque fraudulentus appellabitur maior]. Ruina angelorum repararetur. Ps CIX, g, [6]: Indicabit in nationibus, implebit ruinas. Pax inter Deum et hominem refformaretur. Eph II, e, [14]: Ipse est pax nostra. Mich V, e, [5]: erit iste pax. Deus in eternum laudaretur. Ps LXXXIII, e, [5]: beati qui habitant in, etc. [domo tua, Domine; in saecula saeculorum laudabunt] usque te. Si igitur angeli quorum naturam non suscepit Christus ita gauisi sunt de eius incarnatione et natiuitate, quantum debemus nos gaudere, quibus super effectus est et pro quibus in predictis beneficiis laborauit. Ergo gaudeamus et exultemus simul cum eis dicentes: Gloria in altissimis, etc. Sensus horum uerborum est: per istum puerum qui natus est hodie, homines redimuntur, qui in celo semper Deum glorifficabunt et per istum similiter homines qui modo sunt inimici Dei reconciliabuntur, ita ut inter Deum et ipsos pax perpetua refformetur; ¶ tria notantur in auctoritate predicta: propria Primo, quid Dei proprium, ibi, gloria in altissimis Deo. Sunt autem IIIIor propria Dei Dei: Cogitatio futurorum. Ac I, [a, 7]: Non est uestrum nosse, etc. [tempora vel momenta quae Pater posuit in sua] usque potestate. Ys XLI, f, [23]: Annuntiate que uentura sunt in futurum et sciemus quia dii estis uos, quia ex impossilibi quilibet. Iudicium occultorum. Ro XIIII, [a, 4]: tu quis es qui iudicas, etc. [alienum servum? Domino suo stat aut] usque cadit. Vindicta malorum. Ro XII, [d, 19]: Michi uindictam, etc. [ego retribuam, dicit Dominus]. Eccle XII, [b, 7]: Altissimus odio, etc. [habet peccatores, et impii reddet] usque uindictam. Deu XXXII, [e, 35]: Mea est ultio. Eccli XXVII [XXVIII], a, [1]: qui uindicari, etc. [vult, a Domino inveniet vindictam, et peccata illius servans servavit]. Gloria bonorum. Ys XLII, b, [8]: Ego Dominus hoc est, etc. [nomen meum; gloriam meam alteri] usque non dabo. IIª [Iª] Ti I, g, [17]: Regi autem seculorum, etc. [immortali, invisibili, soli Deo, honor et] usque gloria. Secundo, quid sit homini neccessarium, ibi, pax. He XII, d, [14]: pacem sequimini, etc. [cum omnibus, et sanctimoniam, sine qua nemo videbit] usque Deum. Ro XII, [d, 18]: cum omnibus hominibus pacem habentes. Tercio, quibus conceditur hoc beneficium, ibi, ominibus69 bone uoluntatis, que triplex est: 68 om. et cogitatam et supereffluentem 69 omnibus : hominibus 77 360 365 Bona, VII peccata detestando, scilicet: ¶ superbiam ¶ inuidiam ¶ iram ¶ tristiciam ¶ auariciam ¶ gulam ¶ luxuriam. Melior, VII uirtutes apetendo, scilicet: fidem, spem, caritatem, prudentiam, iusticiam, fortitudinem, temperantiam. Obtima, VII dotes desiderando, scilicet: cognitionem, dilectionem, fruitionem, claritatem, agilitatem, subtilitatem, impassibilitatem. Ro XII, e, [2]: Refformamini in nouitate sensus uestri, etc. [ut probetis quae sit voluntas Dei bona, et beneplacens, et] usque perfecta. [47] Sermo VIus Misit uerbum suum et sanauit eos et eripuit eos de interitionibus eorum. Ps CVI, 370 c, [20]. 375 380 385 Tria notantur hic suauiter ruminanda: Primo, Filii Dei incarnatio, ibi, misit uerbum suum, id est, carnem factum uisibilem demonstrauit; hoc uidentur philosophi ignorasse. Col I, g, [25-27]: Vt impleam uerbum Dei, misterium, etc. [quod absconditum fuit a saeculis et generationibus, nunc autem manifestatum est sanctis eius, quibus voluit Deus notas facere divitias gloriae] usque sacramentum70 huius. Glo : «Augustinus: Misterium, id est, occultum, ‗quia si notum erat in principio erat Verbum, nusquam esset lectum caro factum est, etc. que ad sacra- // mentum incarnationis pertinent. Vnde Mt XI, f, [25]: Abscondisti hec a sapientibus et reuelasti ea paruulis. [Augustinus]: ‗Quosdam enim platonicorum libros ex greca lingua in latinum uersos uidi, et ibi legi non quidem hiis uerbis, sed hoc quidem omnino multis71 et multiplicibus suaderi rationibus, quod in principio erat Verbum, et Verbum erat apud Deum, sed quod Verbum caro factum est non legi. Indagaui quippe in libris uarie dictum72, quod Filius sit in forma Patris, sed quod se exinaniuit non habetur in illis‘»73. Dicit ergo: Misit Verbum suum. Sed queritur quare 70 Vulg sacramenti 71 Glo et multis 72 Glo dictum esse 73 Glo. ord. Col 1, 25-27. (In Petrus Lombardus, Colectanea in epistolas Pauli: «Et impletum ostendam, verbum, id est dispositionem vel ordinationem Dei, id est quod Deus praeordinavit de vobis gentibus, vos scilicet per Christi incarnationem salvari. Hoc dicit, ne videatur salus non esse promissa gentibus. Quod verbum est mysterium, id est occultum. [August., in lib. Confess.] Quia si erat notum: In principio erat Verbum (Joan. I), nusquam erat lectum: Verbum caro factum est, etc. (Ibid.). Quae ad sacramentum incarnationis pertinent. Unde: Abscondisti haec a sapientibus, et revelasti ea parvulis (Matth. XI). Quosdam enim Platonicorum libros ex Graeca lingua in Latinam versos vidi, et ibi legi, non quidem his verbis, sed haec quidem omnino multis et multiplicibus suaderi rationibus, quod in principio erat Verbum, et Verbum erat apud Deum; sed quod Verbum caro factum est, non legi. Indagavi quippe in libris varie dictum, quod Filius sit in forma Patris; sed quod exinanivit se, non habetur in illis. Recte ergo illud verbum dicitur mysterium, id est occultum. Quod absconditum fuit a saeculis, id est a principio saeculorum: et absconditum fuit generationibus omnibus, non cuidam parti tantum, nisi cui per Spiritum sanctum revelavit. Nunc autem, id est in tempore gratiae, manifestatum est, non omnibus, sed sanctis ejus, humilitate parvulis. Nec his omnibus plene innotuit, sed his tantum, quibus voluit Deus, ex sola gratia notas facere divitias gloriae sacramenti hujus, id est copiosam gloriam tam digni sacramenti, in quo sunt multa, scilicet fides, remissio, justitia, dona Spiritus sancti, futura beatitudo. Et ideo dicit divitias, sacramenti dico, existentis; in gentibus: quod, sacramentum est Christus in vobis, gentibus, id est illud sacramentum est Christi incarnatio per quam salvantur gentes. Ita est in vobis, ut sit spes gloriae, id est ut per eum speretis gloriam sine lege». PL 192, 267B-C. Cf. Confessionum libri tredecim, lib. 7, cap. 9, lin. 1, CCSL 27. (PL 32, 740/1). 78 f. 19r 390 395 400 405 410 415 420 425 Pater Filium suum misit, et ipse Pater et Spiritus Sanctus incarnatus non fuerit. Theologi solent de hoc multas reddere rationes,74 scilicet: Filium Vt creatura per sapientiam, id est, Filium, creata per sapientiam75 recrearetur. Ps misit Pater CIII, d, [24]: omnia in Sapientia fecisti. Vt qui erat Dei Filius hominis filius diceretur. Nam si Pater carnem sumpsisset, esset nepos parentum Virginis, et Filius Dei nepos ipsius Virginis cum tamen nichil haberet de Virgine. Vt occasio periculi, salutis occasio redderetur. Nam Lucifer uidens Dei Filium Patri per omnia simillimum inuidit et uoluit fieri similis Altissimo; hoc idem ad suggestionem diaboli, uoluit primus homo. Ion I, f, [12]: Tollite me et mittite in mare, id est, in Mariam, scio ego enim quod76 propter me tempestas hec. Ys XLVI, f, [4]: ego feci et ego feram. Vt similitudinem Dei quam homo perdiderat per unionem Filii simillimi sortiretur. Vt ymago quam deformauerat per peccatum, per impressionem ymaginis refformaretur. Vt promissio Patris de hereditate antiquis patribus facta, per stipulationem Filii confirmaretur, ut per duas res quibus impossibile est Deum mentiri, fortissimum solatium habeamus. Vt per Dei Filium hominem factum, homo filius Dei efficeretur. Gal III [IIII], a, [4-5]: Misit filium suum, etc. [factum ex muliere, factum sub lege, ut eos qui sub lege erant redimeret] usque ut adoptionem filiorum reciperemus. Vt Patris dilectio circa hominem demonstraretur. Ro V, [a, 8-9]: commendat Deus caritatem suam in nobis, quoniam, etc. [cum adhuc peccatores essemus, secundum tempus Christus pro nobis mortuus est]. Ro VIII, [f, 32]: qui proprio Filio suo non pepercit, sed, etc. [pro omnibus tradidit illum, quomodo non etiam cum illo omnia nobis donavit?]. Iª Io VI [Io III, b, 16]: sic Deus, dilexit mundum ut Filium suum, etc. [unigenitum daret; ut omnis qui credit in eum non pereat, sed habeat vitam aeternam]. Vt Pater et Patris uoluntas, id est, Spiritus Sanctus per Filium manifestaretur. Io XVII, b, [6]: Pater, manifestaui nomen tuum, etc. [hominibus, quos dedisti mihi de mundo]. Secundo, infirmorum in corpore et anima sanatio, ibi, sanauit eos. Ps XLVI [CXLVI], [a, 3]: qui sanat contritos corde et alligat contritiones eorum. Augustinus: «Eos qui offerunt Deo sacrificium spiritus contribulati; hos sanat quia humiles, superbos uero elidit. Sed in futuro perfecta erit sanitas, ubi corruptibile hoc», ut ait Iohanes77 [I Cor XV, 53], «induet incorruptionem; modo uero ut medicus alligat fracturas»78. Tercio, ab eternis interitibus liberatio, ibi, eripuit eos de interitionibus eorum, corporis et anime; ab hoc non liberat iniustos induratos. Ps CXXXIX, g, [12]: Virum iniustum mala capient in interitu. Osee VII, [a, 1]: Cum sanare uellem, etc. [Israhel, revelata est iniquitas Ephraim, et malitia Samariae, quia operati sunt mendacium; et fur ingressus est spolians, latrunculus foris]. 74 Cf. Guillelmus Altissiodorensis, Summa Aurea, lib. III, tr. 1, cap. 1, pp. 11-13 : ‗Quare potius fuit Filius incarnatus quam Pater vel Spiritus Sanctus‘. 75 Iterat per sapientiam 76 Vulg. quoniam 77 Ioannes : Paulus 78 In Petrus Lombardus, Commentaria in Psalmos, Ps. 146, 3. PL 191, 1274C. Cf. Enarrationes in Psalmos, Ps. 146, par. 5, lin. 10; par. 7, lin. 1, CCSL 40. (PL 37, 1901/2). 79 [48] Sermo VIIus 430 435 440 445 450 455 460 465 Tempus requirendi Dominum, suple tunc erit, cum uenerit qui docet nos iusticiam. Osee X, f, [12]. Circa hec dulcia Sancti Spiritus uerba IIIIor utilia requiramus: Deus est Primo, de quo tempore hic loquitur, ibi, tempus requirendi Dominum cum requirendus uenerit. Glo : «Per incarnationem, finis enim legis Christus.79»80. Augustinus: «Ante longa series preconum premittenda erat. Non enim aliquis paruus uenturus erat, diu fuerat predicendus, semper tenendus; quanto maior iudex ueniebat, tanto preconum series longior precedere debebat»81. Secundo, quare tempus incarnationis magis ydoneum ad querendum Dominum reputetur; huius multe sunt rationes, hoc enim est: Propter ipsum Dominum propinquiorem. Ys LV, b, [6]: querite Dominum dum inueniri potest, etc. [invocate eum dum propre] usque est. Glo : «Secundum humanitatem, fide, opere, simplicitate»82. Sap I, a, [1]: In simplicitate cordis querite illum. Propter gratiam pleniorem. Gal IIII, a, [4-5]: Vbi uenit plenitudo temporis, etc. [misit Deus Filium suum, factum ex muliere, factum sub lege, ut eos qui sub lege erant redimeret, ut adoptionem filiorum reciperemus]. Plenitudo temporis dicitur tempus gratie, quia in eo plene dantur dona Spiritus Sancti. Propter modum querendi digniorem. Osee V, c, [6]: In gregibus suis et in armentis, etc. [suis vadent ad quaerendum Dominum, et non invenient; ablatus est] usque ab eis. Glo interli.: «Numquid manducabo carnes taurorum, etc. [aut sanguinem hircorum] usque potabo83 ».84 Item: «Non accipiam de domo tua uitulos etc. [neque de gregibus tuis hircos85]».86 Querebatur olim hostiis, nunc autem queritur in simplicitate cordis, ut dictum est, Sap I, a, [1]: in simplicitate, etc. [cordis querite illum]. Tercio, quare potius iusticiam docturus quam uirtutem aliam predicatur? potest dici: quia iusticia uirtus est generalis, quia sub se multas uirtutum species comprehendit, f. 19v uel quia in sermone ad discipulos in monte habito, iusticiam inter VIIIo beatitudines collocauit. Mt V, a, [2-3; 6]: Aperiens os suum, etc. [docebat eos, dicens:] Beati pauperes spiritu, etc. [quoniam ipsorum est regnum caelorum]. Beati qui esuriunt et sitiunt, etc. [quoniam ipse saturabuntur]. Quarto, quis dignus eius magisterium indicatur? docet nos Mites. Ps XXIIII, f, [9]: docebit mites uias suas. ¶ Se requirentes. Ys II, a, [3]: Dominus Venite ascendamus ad, etc. [montem Domini, et ad domum Dei Iacob; et docebit nos] usque uias suas. Mundi uerba deserentes. Ys XXVIII, b, [9]: quem docebit scientiam, etc. [et quem intelligere faciet auditum? ablatos a lacte, avulsos ab] usque uberibus. Deum deuote orantes. Ps [CXLII,c, 10]: doce me facere uoluntatem. 79 Rm 10, 4. 80 Glo. interl. Os 10, 12: «Per incarnationem quando omnia manifestabuntur que in lege sperabantur, finis enim legis Christus». Cf. Hieronymus Stridonensis, Commentaria in Osee, PL 25, 911A. 81 In Petrus Lombardus, Collectanea in epistolas Pauli. PL 142, 135C/D. Cf. Augustinus Hipponensis, In Joannem evangelium tractatus CXXIV. PL 35, 1638. 82 Glo. interl. Is 55, 6. 83 Ps 49, 13, iuxta LXX. 84 Glo. ord. Os 5,6. Cf. Hieronymus Stridonensis, Commentaria in Osee. PL 25, 859A. 85 Ps 49, 9, iuxta LXX. 86 Glo. ord. Os 5,6. 80 470 475 480 485 490 495 500 505 Virtutum copiam affectantes. Ps CXVIII, [g, 66]: bonitatem et disciplinam et scientiam doce me. [49] Sermo VIIIus Ecce Deus noster iste, expectabimus, etc. [eum et salvabit nos; iste Dominus, sustinuimus eum: exultabimus, et laetabimur] usque in salutari eius. Ys XXV, f, [9]. Docet nos Spiritus Sanctus Ve considerare dignissima in hiis uerbis: Primo, incarnati Dei ad occulum demonstrationem, ibi, ecce Deus noster iste expectabimus. Nonne tibi uidetur Deum uisibilem factum quasi digitum demonstrare? Ys XL, b, [9]: Super montem excelsum ascende, tu qui euangelizas Sion, id est, qui tam bona nuncias Sinagoge et Ecclesie, exalta in fortitudine uocem, etc. [tuam, qui evangelizas Hierusalem; exalta, noli] usque timere, phariseos contradicentes et carnifices persequentes. Dic ciuitatibus Iuda, de cuius tribu dignatus est, uel dignatur nasci: Ecce Deus uester. Glo : «Vobis promissus, o iudei, et gentes suscipient87 illum»88. Secundo, Patrum ueteri testamenti desideriosam expectationem, ibi, expectabimus eum. Glo : «uerbis eius credidimus»89. Aba II, a, [3]: aparebit in finem, etc. [et non mentietur: si moram fecerit, expecta illum, quia veniens veniet, et] usque non tardabit. Tercio, iustorum antiquorum et modernorum futuram saluationem, ibi, saluabit nos. Glo : «Promissa complendo»90. Vnde: «saluabo te et liberabo te noli timere»91. Ys XIX, [d, 20]: Clamabunt enim ad Dominum a facie, etc. [tribulantis, et mittet eis salvatorem et propugnatorem qui] usque liberet eis. Quarto, Christi in iuditio aparitionem, ibi, iste Dominus, quasi dicat, seruus uisus fuit male in primo aduentu, sed reuera Dominus erat sicut patet [Ps] IX, d, [17]: Cognoscetur Dominus iudicia faciens. Bernardus: «Qui non est agnitus iniurias paciens»92. Quinto, tribulatorum pro Christo duplicem remunerationem, ibi, sustinuimus eum. Pro ipso temptationes et tribulationes multiplices sustinendo. Ps XXVI, g, [14]: expecta Dominum, uiriliter, etc. [age, et confortetur cor tuum, et] usque sustine Dominum; post talem sustinentiam dat Dominus duplicem stolam,93 unde sequitur: exultabimus in stola corporis, et letabimur in stola anime, in salutari tuo94, id est, Ihesu. Aba III, g, [18]: ego autem in Domino, etc. [gaudebo; et exultabo in Deo] usque Ihesu meo. [50] Item eiusdem Sermo IXus Paruulus natus est nobis, etc. [et filius datus est nobis; et factus est principatus super humerum eius; et vocabitur nomen eius, admirabilis consiliarius, deus fortis, pater futuri saeculi] usque princeps pacis. Ys IX, [b, 6]. 87 Glo suscipiet 88 Glo. interl. Is 40, 9. 89 Glo. ord. Is 25, 9. Cf. Hieronymus Stridonensis, Commentarii in Isaiam, lib. 8, cap. 25, par 9, lin. 11. CCSL 73. (PL 24, 291D). 90 Ibidem. 91 Breviarium iuxta ritum Ordinis Praedicatorum, Dominica II in Adventu Domini, Ad Matutinum, R/. I. Cf. Gregorius I (Magnus), Liber responsalis, Dominica secunda de Adventu Domini, Responsoria. PL 78, 727C. Cf. Is 35, 3-4; So 3, 16-17. 92 Sermones in uigilia natiuitatis Domini, sermo 3, par. 9, vol. 4, pag. 218, lin. 6: «qui omnium infantilium necessitatum iniurias patitur». (PL 183, 99B). 93 Cf. Guillelmus Altissiodorensis, Summa Aurea, lib. III, tract. 12, c. 1, pp. 197/8. 94 Vulg eius 81 510 515 520 525 530 535 540 Christus nouiter natus dicitur puer et bene: Propter etatis nouitatem, licet enim puer iste in quantum Deus creauit stellas, paruulus cepit tantum nouus esse homo ex matre, ut dicit Augustinus95. Vnde Eph IIII, f, [24]: Induite nouum hominem, etc. [qui secundum Deum creatus est in iustitia, et sanctitate] usque ueritatis. Ier XXXI, d, [22]: Creauit Dominus nouum, etc. [super terram: Femina circumdavit] usque uirum. Gregorius: «Christus96 nouus homo uenit in mundum, noua precepta dedit mundo»97. Corporis paruitatem. Natus est paruulus ex utero Virginis et paruus adoratus est a Magis; licet quidem falsiloqui dicunt quod primus Magus inuenit eum puerum, alius iuuenem, alius senem. Nocumenti immunitatem. Iª Pe II, [d, 22]: peccatum non fecit, etc. [nec inventus est dolus in ore eius]. Ys LIII, d, [7]: sicut ouis, etc. [ad occisionem ducetur, et quasi agnus coram tondente se obmutescet, et non aperiet os] usque os suum. Eodem, d, [7]: eo quod iniquitatem non fecerit, etc. [neque dolus fuerit in ore eius]. Ier XI, f, [19]: ego quasi agnus mansuetus, etc. [qui portatur ad victimam; et non cognovi quia cogitaverunt super me consilia, dicentes: Mittamus lignum in panem eius, et eradamus eum de terra viventium, et nomen eius non memoretur amplius]. Indulgendi facilitatem; hoc patet in latrone qui sibi multas iniurias fecerat, et tamen ad modicam orationem indulxit ei.98 Tribuendi liberalitatem. «Non enim arripit mortalia, qui regna dat celestia».99 es Eccl IIII, [c, 13]: Melior est puer pauper et sapiens, id est, Christus, rege sene et stulto, id est, Herode, qui nescit prouidere in posterum. Ipse enim tribuit nobis uerba sua in documentum, opera in exemplum, carnem in cibum, sanguinem in potum, animam in precium, celum in palacium, diuinitatem in premium. Obediendi promittitudinem100. Phi II, [a, 8]: factus est obediens usque ad mortem. Luc II, g, [51]: erat subditus illis. Bernardus: «quis quibus? // [Deus hominibus: f. 20r Deus, inquam, cui Angeli subditi sunt, cui Principatus et Potestates oboediunt, subditus erat Mariae; nec tantum Mariae, sed etiam Ioseph propter Mariam]»101. Io [V, 30ss.] usque in finem non cessat nos docere patribus obedire et uoluntatem eorum uoluntati nostre preponere. Ministrandi seruitutem. Mt XX, f, [28]: Non ueni102 ministrari sed ministrare. Natus de Virgine est nobis acquisitiue. Et Filius datus est nobis, non dicit ‗redditus‘, pro quibus quia sola gratia datus est nobis: datus est In magistrum eruditionis. Io XIII, [b, 13]: Vos uocatis me magister et domine, etc. Deus [et bene dicitis, sum etenim]. Ose VII, g, [15]: ego erudiui, etc. [eos, et confortaui brachia eorum, et in me cogitaverunt] usque maliciam. Exemplum conuersationis. Io XIII, [b, 15]: exemplum enim dedi uobis, <etc.> [ut quaemadmodum ego feci vobis, ita et vos] usque faciatis. 95 In Iohannis euangelium tractatus, tract. 30, par. 7, lin. 19 : «nouus homo facti sumus, quia et ille nouus homo uenit. Quid tam nouum quam nasci de uirgine?» CCSL 36. (PL 35, 1636). 96 XL Homiliarum Dominus ac redemptor noster 97 XL Homiliarum in euangelia libri duo, lib. 2, hom. 32, cap. 1, lin. 1, PL 76, 1232C. 98 Cf. Lc 23, 42: «Et dicebat ad Iesum: Domine memento mei cum ueneris in regnum tuum. E dixit illi Iesus: Amen dico tibi, hodie mecum eris in paradiso». 99 Breviarium iuxta ritum Ordinis Praedicatorum, In Epiphania Domini, Ad I Vesperas, Hymnus: ‗Hostis Herodes impie‘, vv. 3-4. Coelius Sedulius, Hymnus, ‘A solis ortus cardine’, vv. 31-32: 17. PL 19, 765A. Cf. Manuel A. Marcos Casquero y Jose Oroz Reta, Lírica Latina Medieval II, p. 196. 100 promittitudinem : promptitudinem 101 Homiliae super ‘Missus est’, hom. 1, par. 7, vol. 4, pag. 19, lin. 11. (De laudibus Virginis Matris, PL 183, 60A). 102 Vulg uenit 82 545 550 555 560 565 570 575 Precium redemptionis. Iª Cor VI, g, [20]: empti enim estis, etc. [pretio magno. Glorificate et portate Deum in corpore] usque uestro. Socium peregrinationis. Bernardus: «fidelis socius est Deus nec deserit sperantes in se, nisi ipse prior deseratur»103. Mt XXVIII, g, [20]: ecce ego, etc. [sum omnibus diebus usque ad consummationem saeculi], usque ad finem capituli. Viaticum reffectionis. Io VI, e, [48]: Ego sum panis uite. Mt XI, g, [28]: Venite ad me omnes qui laboratis, etc. [et onorati estis, et ego reficiam] usque uos. Brauium remunerationis. Et factus est principatus, id est, Crux in qua ineruit principatum. Phi II, c, [8-9]: factus obediens usque ad mortem, etc. [mortem autem crucis. Propter quod et Deus] usque exaltauit104, id est, super humerum eius. Ys XXIIº [d, 22]: dabo clauem105 Dauid, id est, Crucem per quam aperitur Paradisus. Io XIX, [c, 17]: baiulans sibi crucem. Et uocabitur nomen eius, Admirabilis, in natiuitate, in inncarnatione, quia Deus et homo, paruus et immensus, mortalis et immortalis, continens et contentus, mater uirgo et fecunda. Gen XXXII, [g, 29]: cur queris nomen meum? Quod est nomen? Ps VIII, a, [2]: Domine, Dominus noster, etc. [quam admirabile est nomen tuum in universa terra, quoniam elevata est magnificentia tua super caelos]. Bernardus: «tres mixturas fecit omnipotens Deus, ita mirabiliter singularia et singulariter mirabilia, ut talia nec facta sint, nec futura106 sint amplius super terram. Coniuncta quidem sunt Deus et homo, fides et ratio, uirginitas et fecunditas»107. Consiliarius in predicatione dedit enim consilium mansuetudinis, Mt V, [f, 39]: si quis te percusserit, etc. [in dexteram maxillam tuam, prebi illi et] usque alteram; Dilectionis, Mt V, [g, 44]: diligite inimicos uestros, etc. [benefacite hiis qui oderant vos, et orate pro persequentibus et calumniantibus vos]; ¶ Castitatis, Mt XIX, c, [12]: sunt eunuchi qui seipsos, etc. [castraverunt propter regnum caelorum. Quis potest capere] usque capiat; Paupertatis, Mt XIX, d, [21]: si uis perfectus, etc. [esse, vade, vende quae habes et da pauperibus, et habebis thezaurum in caelo; et veni] usque sequere me. Mich IIII, e, [9]: Nunc quare memore108, etc. [contraheris? Numquid rex non est tibi aut consiliarius tuus periit, quia comprehendit te dolor sicut parturientem?] Prou VIII, e, [12]: ego sapientia, habito in consilio, etc. [et eruditis intersum] usque cogitationibus; ¶ Deus, in miraculorum operatione. ¶ fortis, in passione. ¶ pater futuri seculi, in resurrectione et ascensione. 103 Ps-Bernardus, Meditationes de humana conditione. PL 184, 498A. 104 om illum 105 om domus 106 Sermones facienda 107 Sermones in uigilia natiuitatis Domini, sermo 3, par. 7, vol. 4, pag. 216, lin. 25, 26 : «Tria opera, tres mixturas fecit omnipotens illa maiestas in assumptione nostrae carnis, ita mirabiliter singularia et singulariter mirabilia, ut talia nec facta sint, nec facienda sint amplius super terram. Coniuncta quippe sunt ad inuivem Deus et homo, Mater et uirgo, fides et cor humanum». (PL 183, 98B). 108 Vulg merore 83 [51] Incipit sermo in quolibet tempore communicandi 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Ad mensam diuitis sedis, etc., [diligenter attende quae apponuntur tibi; et immite manum tuam, sciens quoniam talia te oportet] usque preparare. Prou [XXIII, a, 1-2, iuxta LXX]. Hec auctoritas colligitur ex diuersis translationibus,1 in qua tria queruntur, scilicet, quis sit iste diues et que mensa eius et que in ea ponuntur? Diues hic Christus est. Prou VIII, [d, 18]: mecum sunt diuitie, etc. [et gloria, opes superbiae et iustitiae]. Ps CXI, [a, 3]: Gloria et diuitiae in domo eius; ipsum enim ut ait apostolus: Constituit prior uniuersorum heredem, per quem fecit et secula;2 omnia enim ut ait Ps VIII, e, [8], subiecisti sub pedibus eius, etc. [oves et boves universas insuper et pecora] usque campi. Eph III, [b, 8-12]: Michi omnium sanctorum minimo, etc. [data est gratia haec, in gentibus evangelizare investigabiles divitias Christi, et illuminare omnes, quae sit dispensatio sacramenti abscondit a saeculis in Deo, qui omnia creavit, ut innotescat principatibus et potestatibus in caelestibus per ecclesiam multiformis sapientia Dei; secundum praefinitionem saeculorum, quam fecit in Christo Iesu Domino nostro, in quo habemus fiduciam, et accessum in confidentia per fidem] usque eius. Diues est Christus non solum sibi, sed omnibus suis. Ro X, [c, 12]: Nam idem Dominus omnium, etc. [dives in omnes qui invocant] usque illum. Prou VIII, d, [20-21]: in uiis iusticie, etc. [ambulo, ut ditem diligentes me, et thezauros eorum] usque repleam3. Mensa huius diuitis est altare eucharistie. Iª Cor X, [e, 21]: Non potestis mense, etc. [Domini participes esse, et mense] usque demoniorum. Mensa demoniorum est ubi ponuntur cibi de furto, uel fraude, uel rapina, uel usura; ¶ uel mensa demoniorum est mensa luxuriosorum et uetularum, id est, alcouuetarum, que sunt mediatrices. Mensa demonum est doctrina hereticorum, ideo ponitur in abscondito qui dicunt, Prou IX, g, [17]: Aque furtiue dulciores sunt, et panis absconditus suauior. Quid apponit tibi mensa Christi attende diligenter, quia VII notantur diligenter in hostia que consecratur et transfiguratur in corpus Christi uerum de Virgine sumptum; que sunt illa? hostie Claritas, hostia enim candida est intus et extra, sic et Christus qui latus in ea. forma Can I, g, [15]: pulcher es dilecte mi, et decorus. Igitur quia talia oportet te preparare, sis et tu mundus intus et extra et tunc Ihesus libenter intrabit et habitabit in te. II Cor VII, [a, 1]: has igitur habentes promissiones, etc. [carissimi, mundemus nos ab omni inquinamento carnis et spiritus, perficientes sanctificationem in timore] usque Domini. Ia I, [d, 21]: abicientes omnem immunditiam, etc. [et abundantiam malitiae, in mansuetudine suscipite] usque insitum uerbum, id est, corpus Christi, quod potest saluare animas uestras. Iere IIII, c, [14]: laua a malitia, etc. [cor tuum, Hierusalem, ut salva] usque fias. Ys I, d, [16]: lauamini mundi estote, etc. [auferte malum cogitationum vestrorum ab oculis] usque meis. ¶ Macula mentis: ¶ superbia, ¶ inuidia, ¶ tristicia, ¶ auaricia. f. 20v ¶ Macula corporis: ¶ Gula, ¶ Luxuria. Anime autem ab hiis lote dicit Christus, Can IIII, c, [7]: tota pulchra,etc. [es, amica mea, et macula non est] usque in te. Contra maculosos sibi presumunt4 accipere corpus Christi, dicitur Heb X, e, [28-29]: Irritam quis faciens legem Moysi, etc. [sine ulla miseratione duobus vel tribus testibus moritur: 1 Cf. Balduinus de Forda (Cantuariensis), Tractatus de sacramento altaris, pars 2, cap. 2, pag. 226, lin. 33. SChr 93. 2 Heb 1, 2. 3 iterat Prou VII, ego in uiis iusticie ambulo 4 sibi presumunt : qui sibi presumunt 84 50 55 60 65 70 75 80 quanto magis putatis deteriora mereri supplicia, qui Filium Dei conculcaverit, et sanguinem testamenti pollutum duxerit, in quo sanctificatus est, et spiritui gratiae] usque contumeliam fecerit. Leu VIII [VII], c, [20]: Anima polluta qui5 ederit, etc. [de carnibus hostiae pacificorum, que oblata est Domino, peribit de populis] usque suis. Ideo consulit apostolus, Iª Cor XI, g, [28]: probet autem seipsum homo, etc. [et sic de pane illo edat, et de calice] usque bibat. Vnitas; hostia enim ex multis granis una efficitur, et tu talia prepara, ut cum christianis omnibus habeas unitatem fidei et caritatis contra hereses et schismata. Ac IIII, g, [32]: multitudinis credentium, etc. [erat cor unum et anima] usque una. Terat te molendinum timoris, miceat aqua lacrimarum uel pietatis, de quo querit ignis diuini amoris, et sic eris cum ceteris unus panis. Iª Cor X, d, [17]: Vnus panis, et unum corpus multi sumus, id est, esse debemus, omnes qui, etc. [de uno pane] usque participamur. Tenuitas; nam tenuis est, et tu per abstinentiam talis sis, maxime hodie quando corpus Christi sumis, ne forte grauatus crapula et ebrietate euomas. He XIII, c, [10]: habemus altare, etc. [de quo edere non habent potestatem qui tabernaculo] usque deseruiunt. Paruitas; hostia enim parua est, et tu per humilitatem. Bernardus: «quid magis indignum, quid magis detestandum, quam ut uidens deum celi paruum factum, ultra se apponat homo magnificare super terram? Intolerabilis impudentia6 est ut ubi se exinaniuit Deus maiestatis, uilis uermiculus infletur et intumescat»7. Mt XI, [d, 29]: discite a me quia, etc. [quia mitis sum et humilis corde; et invenietis requiem in animabus vestris]. Rotunditas, hostia enim rotunda est. In rotunda autem forma non est finis,8 et tu in bonum non habeas finem, sed perseuera usque in finem. Mt X, [c, 22]: qui perseuerauerit usque in finem, etc. [hic salvus erit]. Requiritur enim a te propositum non peccandi de cetero. Signum crucis est in hostia, et tu habeas crucem in corde, id est, memoriam passionis Christi; Iª Cor XI, f, [25]: hoc facite quociescumque sumetis9, in meam commemorationem; Et dolorem de peccatis: hee sunt due lactuce agrestes, quibus comedendus est agnus.10 Nomen Saluatoris est in hostia, et tu habeas hoc nomen in corde, ut credas firmiter quod te saluabit, si digne sumpseris et in hoc perseueraueris. Apo II, [e, 17]: Vincenti dabo manna absconditum, etc. [et dabo illi calculum candidum, et in calculo nomen novum scriptum, quod nemo scit, nisi] usque qui accipit. Illi qui in hiis uirtutibus iam creuerunt secure accedant, quia inuitantur a Domino qui ait: [Qui manducat meam carnem et bibit meum sanginem, in me manet et ego in illo11]12. Augustinus: «Crede13 et manducabis me, nec tu me mutabis in te sicut cibum carnis tue, sed tu mutaberis in 5 qui : quae 6 Sermones Intolerabilis impudentiae 7 Sermones in natiuitate Domini, sermo 1, par. 1, vol. 4, pag. 245, lin. 8-9: «Quid enim magis indignum, quid detestandum amplius, quid gravius puniendum, quam ut videns Deum caeli parvulum factum, ultra apponat magnificare se homo super terram? Intolerabilis impudentiae est, ut ubi sese exinanivit maiestas, vermiculus impletur et intumescat». (PL 183, 115C). 8 Cf. Auicena Latinus, Liber de philosophia prima siue scientia diuina, tract. 6, cap. 5, pag. 348, lin. 9: «Artifex animae mouet materiam ad hoc ut sit rotunda non tamen est finis ipsa rotunditas sed aliquid aliud de proprietatibus eius». (S. van Riet). 9 Vulg bibetis 10 Cf. Ex 12, 8. 11 Io 6, 57. 12 lacuna 13 Confessionum Cresce 85 85 me»14. ¶ Oratio in eleuatione corporis Christi: ¶ «Aue principium mee15 creationis. ¶ Aue premium mee15 redemptionis. ¶ Aue uiaticum mee15 peregrinationis. ¶ Aue premium mee15 remunerationis»16. 14 Confessionum libri tredecim, lib. 7, cap. 10, lin. 15s.: «Cibus sum grandium; cresce, et manducabis me...». (PL 32, 742). 15 Oratio nostrae 16 Innocentius III, Oratio in Elevatione: ‘Ave, Christe, immolate in crucis ara’; vv. 15-19; in A. Wilmart, Auteurs spirituels et textes dévots du moyen age latin, p. 23ss. (Paris, 1932; repr. 1971). 86 [52] In festiuitate sancti Stephani sermo primus 5 10 15 20 25 30 35 Ecce uideo celos, etc. [apertos, et Filium hominis stantem a dextris] usque uirtutis1 Dei.2 Ac VII, g, [56]. O felices occuli beati Stephani qui digni sunt uisione huiusmodi recreari, sed et beati illi qui in hora mortis sue digni erunt tali recreari uisione. ¶ Ecce, inquit, uideo celos, etc., quasi paratum ad: Se inter hostium cuneos adiuuandum, fidelis enim Dominus est Christus qui nunquam suis in tribulatione deest. Ps IX, b, [10]: factus est Dominus refugium pauperi, etc. [adiutor in opportunitatibus, in] usque tribulatione. Iere XX, f, [11]: Dominus mecum est tanquam3 bellator fortis. Ps CXVII, a, [6]: Dominus michi adiutor, non timebo, etc. [quid faciat mihi] usque homo. Se de medio nationis praue et peruerse rapiendum. Sap IIII, [b, 11]: Raptus est, etc. [ne malitia mutaret intellectum eius, aut ne fictio deciperet animam illius]. Ps XC, [e, 15]: cum ipso sum in tribulatione, etc. [eripiam eum, et] usque glorificabo eum. Generatio praua et exasperans erant iudei. Ps LXXVII, a, [8]: generatio que non direxit, etc. [cor suum, et non est creditus cum Deo spiritus eius]. Deu XXXII, [a, 5-6]: Generatio praua atque peruersa, etc. [Haecine reddis Domino, popule stulte et insipiens? Numquid non ipse est pater tuus, Qui possedit te, et fecit et creavit te?]. Se in celum suscipiendum, ideo uidit celos apertos, quasi paratos ad se recipiendum. Ys XLII, a, [1]: Ecce seruus meus suscipiam, id est, sursum accipiam, etc. [eum; electus meus, complacuit sibi in illo] usque anima mea. Vnde ait Ac VIII, [VII], g, [58]: Domine Ihesu, accipe4 spiritum meum. Se in Paradiso parata aureola martyrii coronandum iuxta illud: «Amauit eum f. 21r Dominus et ornauit eum, stolam glorie induit eum, et ad portas paradisi coronauit eum»5. Ps XX, b, [4]: posuisti in capite eius coronam, etc. [de lapide] usque precioso, quod bene ei competit quia Stephanus ‗corona‘ interpretatur.6 Se uictorem secum in solio eterne glorie collocandum. Apo III, g, [21]: Qui uicerit faciam eum7, etc. [sedere mecum in throno meo; sicut et ego uici, et sedi cum Patre meo] usque in trono eius.8 ¶ tribus generibus hominum aperitur celum statim in morte: ¶ baptizatis ilico decedentibus si tamen fuerint sine fictione, que duplex est: Prima, cum non creditur Baptismus habere uirtutem ut purifficet a peccatis, Secunda, cum licet hec credat, non tamen penitet se pecasse. In signum huius dicitur Mt III, g, [16]: baptizatus autem Ihesus confestim ascendit, etc. [de aqua. Et ecce aperti sunt ei caeli; et uidi Spiritum Dei descendentem sicut columbam, et uenientem super se. Et ecce vox de caelis, dicens: Hic est Filius meus dilectus, in quo mihi complacui], usque ad finem capituli. Luc III, [21]: Ihesu baptizato et orante, apertum est celum. 1 ad. uirtutis 2 Cf. Gregorius I (Magnus), Liber responsalis, In vigilia sancti Stephani, In tertio nocturno, Resp. PL 78, 737D. 3 Vulg. quasi 4 Vulg. suscipe 5 Gregorius I (Magnus), Liber responsalis, In vigilia unius confessoris. Ad Vesp. Ant. PL 78, 826A. Cf. Breviarium iuxta ritum Ordinis Praedicatorum (Breviarium Romanum), Commune unius Confessoris, ad I Vesperas, V/ et Resp. 6 Cf. Isidorus Hispalensis, Etymologiarum siue Originum libri XX, lib. 7, cap. 11, par. 3: «Stephanus autem corona dicitur, humiliter lapidatus, sublimiter coronatus». PL 82, 290B. 7 Vulg. dabo ei 8 Cf. Apc 3, 12: «Qui vicerit faciam illum columnam in templo Dei mei» 87 40 45 50 Martyribus. In signum huius dicitur hic: ecce uideo celos apertos, si tantum ille sit in caritate. Iª Cor XIII, a, [1]: si linguis hominum loquar, etc. [et angelorum, caritatem autem non habeam, factus sum velut es sonans, aut cymbalum tinniens]. Augustinus: «sine caritate quidem martyrium potest esse, sed non prodesse, quia non iactanter fit quandoque»9. Perfectis predicatoribus. In signum huius dicitur Eze I, a, [1]: cum essem in medio captiuorum, etc. [iuxta fluvium Chobar aperti sunt caeli, et vidi] usque uisiones dei. Iob XXXIX, f, [30]: Vbicumque cadauer fuerit, statim adest ibi aquila. Gregorius: «cadauer quippe a ‗casu‘ dicitur,10 et non immerito corpus domini propter casum mortis cadauer uocatur»11; quod autem hic de aquila dicitur: Vbicumque fuerit, etc.; hec de egredientibus animabus ueritas spondet dicens: Vbicumque fuerit corpus illic congregabuntur et aquile.12 Quia uero uniuscuiusque predicatoris sancti anima corruptione carnis exuta, ad eum mox ducitur, qui pro nobis sponte in morte cecidit et de morte surrexit; apte de hac aquila dicitur: ubicumque fuerit cadauer, etc. Io I, g, [51]: Videbitis celum apertum, ad uos recipiendum, et angelos dei ascendentes et descendentes, ad uos portandum. 55 [53] Sermo IIus 60 65 70 75 Domine, preuenisti eum in benedictionibus dulcedinis. Ps XX, a, [4]. Antequam Dominus daret beato Stephano benedictionem illius dulcedinis Dulcedo eterne, Ps XXX, f, [20]: quam magna multitudo dulcedinis, etc. [Domine, quam multiplex abscondisti timentibus] usque te, preuenit eum in benedictionibus alterius multiplicis dulcedinis ualde bone, scilicet: Dulcissime passionis. Vnde torrentis illi dulces fuerunt. Ideo ait quidam: «Nomine passa dei redolet tribulatio, pascit. Passio delectat lesio, pena sapit»13. Deu XXXIII, [c, 19]: Inundacionem maris quasi lac sugent. Prou XXVII, [a, 7]: Anima esuriens etiam amarum, etc. [pro dulcis sumet]. Mellice predicationis. Ioel III, g, [18]: In illa die, stillabunt montes, id est, predicatores, quorum unus fuit beatus Stephanus, dulcedinem. Can IIII, f, [11]: fauus distillans labia tua, sponsa; labia sponse, id est, Ecclesie sunt predicatores stillantes uerba mellica. Ps CXVIII, [g, 103]: quam dulcia faucibus meis eloquia tua, super mel ori meo. Prou XVI, d, [21]: qui dulcis est eloquio maiora percipiet. Can IIII, b, [3]: sicut uitta coccinea, etc. [labia tua, et eloquium tuum] usque dulce. Perfectione orationis, quia per persecutoribus orauit. Talis autem oratio ualde dulciter sonat in auribus christi. Can II, [d, 14]: sonet uox tua in auribus, etc. [meis; vox enim tua] usque dulcis. Eccli VI, b, [5]: Verbum dulce multiplicat amicos et mitigat inimicos. Dulcissime Christi uisionis. Bernardus: «quam dulce est uidere hominem hominis conditorem»14. Eccte XI, d, [7]: dulce lumen, id est, Christus qui est lumen de 9 In Petrus Lombardus, Collectanea in epistolas Pauli. PL 191, 1660A: «Quod et jactanter fit aliquando. Charitatem autem non habuero, nihil mihi prodest. Sine charitate quippe hoc potest esse, sed non prodesse». Cf. Augustinus Hipponensis, De Trinitate. PL 42, 1083. 10 Cf. Origenes, Homilia XLI. PL 95, 1182A : «Cadaver quippe a casu nomen accepit». 11 Moralia in Iob, lib. 31, par. 53, lin. 2. CCSL 143B. (PL 76, 631A). 12 Lc 17, 37. 13 Matthaeus Vindocinensis, Paraphrasis metrica in librum Tobiae, cap. 1. PL 205, 935A. Cf. Auctor anonymus, Polythecon, lib. 4, versus 429. CCCM 93. 14 Sermones super Cantica Canticorum, sermo 20, par. 3, vol. 1, pag. 115, lin. 25: «Plenum prorsus omni suavitatis dulcedine, videre hominem hominis Conditorem». (PL 183, 868A) . 88 80 lumine, et delectabile occulis anime et corporis, uidere solem iusticie. Item beatus Bernardus: «si ita dulcissimum est flere pro te, quam dulcissimum est gaudere tecum Christo»,15 dicebat. Prou XXXI, [b, 18]: Gustauit, et uidit quod16 bona negotiatio eius, scilicet, ipse Deus. Ps XXIIII, [b, 8]: dulcis et rectus dominus. [54] Item eiusdem Sermo IIIus 85 90 95 100 105 110 115 120 Qui certat in agone non coronatur nisi qui legitime certauerit. IIª Thi II, b, [5]. Beatus Stephanus legitime certauit, quia de certamine habuit uictoriam et de uictoria coronam. Vnde Ysidorus: «Martyrum primus in Nouo Testamento Stephanus fuit qui hebreo sermone interpretatur ‗norma‘, quod prior fuerit in martirio ad imitationem fidelium. Ideo17 autem ex greco ser//-mone in latinum uertitur coronatus, f. 21v et hoc prophetice, ut quod sequeritur iure quodam uaticinio futuri, prius in uocabulo resonaret, passus est enim, et quod uocabatur accepit. Stephanus, autem coronatus18 dicitur humiliter lapidatus, sed sublimiter coronatus»19. Nota igitur quod Christus rex regum et Dominus dominantium coronat milites suos faciens eos reges. Luc XXII, d, [29-30]: Ecce ego dispono, etc. [vobis, sicut disposuit mihi Pater meus, regnum, ut edatis et bibatis super mensam meam in regno meo, et sedeatis super thronos iudicantes duodecim tribus Israhel]. Sed quos coronat? hos: coronat Humiliter penitentes. Ys LX [LXI], a, [3]: Vt darem eis coronam pro cinere. Deus Bar IIII [V], f, [1-2]: exue te Iherusalem stola luctus et, etc. [vexationis tuae; et indue te decore, et honore eius, quae a Deo tibi est, sempiternae gloriae. Circumdabit te Deus diploide iustitiae, et inponet mitram capiti] usque honoris eterni. Despectui se habentes. Eccli X [XI], a, [5]: Multi tiranni sederunt20 in, etc. [throno; et insuspicabilis portavit] usque diadema. Innocenter continentes. Can IIII, e, [8]: Veni de Libano, etc. [sponsa mea, veni de Libano, veni] usque coronaberis. Sap IIII, a, [1-2]: casta generatio, etc. [cum claritate, immortalis est enim memoria illius, quoniam et apud Deum nota est, et apud homines. Cum praesens est imitantur illam, et desiderant eam cum se eduxerit]; et infra: in perpetuum coronata triumphat. Viriliter sustinentes. Ia I, b, [12]: beatus uir qui suffert, etc. [tentationem, quoniam cum probatus fuerit, accipiet coronam vitae, quam repromisit Deus] usque diligentibus se. Simpliciter ambulantes. Iº Mac X, b, [15-20]: et audiuit Alexander, etc. [rex promissa quae promisit Demetrius Ionathae; et narraverunt ei proelia, et virtutes quas ipse fecit et fratres eius, et labores quos laboraverunt. Et ait: Numquid inveniemus aliquem virum talem? et nunc faciemus eum amicum et socium nostrum. Et scripsit epistulam, et misit ei secundum haec verba, dicens: Rex Alexander, fratri Ionathae, salutem. Audivimus de te quod vir potens sis viribus, et aptus es ut sis amicus noster; et nunc constituimus te hodie summum sacerdotem gentis tuae, et ut amicus voceris regis] et infra: et misit <ei> purpuram et coronam, etc. [auream, et quae nostra sunt sentias nobiscum, et conserves amicitias ad nos]. Alexander qui 15 Auctor incertus (Bernardus Claraevallensis? Guido V, prior Carthusiae?), Scala paradisi, cap. 6: «Si adeo dulce est flere pro te, quam dulce erit gaudere de te!» PL 40, 1001. Cf. Guigo de Castro (?), Scala claustralium, PL, 184, 479D. 16 Vulg quia 17 Etimologiarum idem 18 Etimologiarum corona 19 Etimologiarum siue Originum libri XX, 1ib. 7, cap. 11, par. 3. (PL 82, 290B). 20 et : sederunt 89 125 interpretatur ‗alleuians tenebras‘21, hic est Christus qui sicut ait [Iª Pet II, 9]: de tenebris uos uocauit22 in ammirabile lumen suum. Iste mittit Ionathe qui interpretatur ‗donum columbe‘23; unde [Mt X, 16]: Estote prudentes, etc. [sicut serpentes, et simplices sicut columbae], purpuram et coronam auream. Fideliter perseuerantes. Apo II, b, [10]: esto fidelis, etc. [usque ad mortem, et dabo tibi coronam] usque uite. IIª Thi IIII, [b, 7]: bonum certamen, etc. [certavi, cursum consummavi, fidem servavi]; de cetero24 reposita est michi corona iustitie. Apo II [III, c, 11]: Tene quod habes, etc. [ut nemo accipiat coronam] usque tuam, sicut fecit beatus Stephanus. 130 [55] <Sermo> IIIIus 135 140 145 150 155 Nec memor eris iniurie ciuium tuorum. Le XIX, [d, 18]. Non prohibetur hic memoria simplicis recordationis, sed memoria rancoris uel proprie ultionis; bene autem hoc preceptum beatus Stephanus adimpleuit quia non quesiuit iniuriancium ciuium ultionem, immo pro iniuriantibus exorauit. Vt autem sciamus quando sit iniuriadi simulanda, quando etiam uindicanda distinctionem huius iniuria supponamus, aut infertur iniuria nobis, uel socio, uel subiecto: toleranda Subiecto nostro cuius prelati sumus, non est iniuria dissimulanda. Quare? Vt preceptum Dei faciamus. Eccli IIII, b, [9]: libera eum qui iniuriam patitur, etc. [de manu superbi, et non acide feras in] usque anima tua. Vt malam opinionem non incurramus. Eccli IX, e, [17]: Non placeat tibi iniuria iniustorum. Non enim caret scrupulo societatis occulte, qui manifesto facinori definit obuiare. Vt Deum iustum iudicem imitemur. Ps CXLV, e, [7]: qui custodit ueritatem in seculum, etc. [facit iuditium iniuriam] usque pacientibus. Si socio nostro infertur iniuria non est dissimulanda. Quare? Vt sanctos Patres imitemur, scilicet Abraam qui Loth socium suum liberauit, et Moysem qui egiptium percussit iniuriam facientem. Exo I [II], e, [11-12]: In diebus illis postquam creuerat, etc. [Moyses, egressus est ad fratres suos, viditque adflictionem eorum, et virum aegyptium percutientem quendam de Hebraeis fratribus suis. Cumque circumspexisset huc atque illuc, et nullum adesse vidisset, percussum Aegyptium abscondit] usque sabulo. Act VII, c, [24]: cum uidisset quemdam iniuriam pacientem25, etc. [vindicabit illum, et fecit ultionem ei qui iniuriam sustinebat, percusso] usque egiptio. Vt non iniuriantium uicio innodemur. XXIII, Questione III, Ambrosius: «Non in inferenda sed pellenda iniuria lex uirtutis est, qui enim non repellit a socio iniuriam si potest, tam est in uicio quam ille qui facit. Vnde sanctus Moyses hinc primo orsus est temptamenta imbecille26 fortitudinis. Nam cum uidisset hebreum ab egiptio 21 Cf. Hieronymus Stridonensis, Liber interpretationis hebraicorum nominum, pag. 78, lin. 17 : «Alexander leuans angustiam tenebrarum». CCSL 72. (PL 23, 855) 22 uos : vocavit 23 Cf. Ibidem, pag. 33, lin. 1: «Ionathan, columbae donum, vel columbae dedit, aut Domini donum». (PL 23, 810);. 24 Vulg In reliquo 25 sus. : pacientiam 26 Grat. (alia versio) bellicae 90 160 165 170 175 180 185 190 195 200 iniuriam accipientem, deffendit ita ut egiptium prosteneret atque in arena absconderet»27. Si nobis ipsis tunc iniuriis omnibus dissimulanda est: Vt sanctorum patrum uestigia teneamus. Ge L, d, [15-22]: quo mortuo, scilicet Iacob, timentes fratres, etc. [et mutuo colloquentes: Ne forte memor sit iniuriae quam passus est, et reddat nobis omne malum quod fecimus, mandaverunt ei dicentes: Pater tuus praecepit nobis antequam moreretur, ut haec tibi verbis illius diceremus: Obsecro ut obliviscaris sceleris fratrum tuorum, et peccati atque malitiae quam exercuerunt in te. Nos quoque oramus ut servis Dei patris tui dimittas iniquitatem hanc. Quibus auditis flevit Ioseph. Veneruntque ad eum fratres sui; et proni adorantes in terram dixerunt: Servi tui sumus. Quibus respondit: Nolite timere, num Dei possumus resistere voluntati? Vos cogitastis de me malum; sed Deus vertit illud in bonum, ut exaltaret me, sicut in presentiarum cernitis, et salvos faceret multos populos. Nolite timere; ego pascam vos et parvulos vestros. Consulatusque est eos, et blande ac leniter est locutus. Et habitavit in Aegypto cum omni domo patris sui] usque uixitque <centum decem annis>. Vt tempus ad penitentiam datum in litigiis non expendamus. Iª Cor VI, d, [78]: quare magis non iniuriam accipitis, etc. [quare non magis fraude patimini? Sed vos iniuriam facitis, et fraudatis, et hoc] usque fratribus. Vt contra preceptum Dei non faciamus. Eccli X, a, [6]: omnis iniurie proximi ne memineris, etc. [et nihil agas in operibus] usque iniurie. Vt temporalia et spiritualia non amittamus. Eccli [XXI], a, [5]: obiurgatio iniurie adnulabunt substantiam. Vt mortem temporalem et perpetuam non incurramus, ut Antiochus, II Mac IX, a, [4-29]: Elatus ira,28 arbitrabatur // se, etc. [iniuriam illorum qui se fugaverunt, f. 22r posse in Iudaeos retorquere; ideoque iussit agitari currum suum, sine intermissione agens iter, caelesti eum iuditio perurgente, eo quod ita superbe locutus est: Se venturum Hierosolymam, et congeriem sepulchri Iudaeorum eam facturum. Sed qui universa conspicit Dominus Deus Israhel, percussit eum insanabili et invisibili plaga. Vt enim finivit hunc ipsum sermonem, adprehendit eum dolor dirus viscerum, et amara internorum tormenta; et quidem satis iuste, quippe qui multis et novis cruciatibus aliorum torserat viscera, licet ille nullo modo a sua malitia cessaret. Super hoc autem superbia repletus, ignem spirans animo in Iudaeos, et praecipiens adcelerari negotium, contigit illum impetu euntem de curru cadere, et gravi corporis conlisione membra uexari. Isque qui sibi videbatur etiam fluctibus maris imperare, supra humanum modum superbia repletus, et montium altitudines in statera adpendere, nunc humiliatus ad terram in gestatorio portabatur, manifestam Dei virtutem in semetipro contestans; ita ut de corpore impii vermes scaturrirent, ac viventis in doloribus carnes eius affluerent, odore etiam illius et fetore exercitus gravaretur. Et qui paulo ante sidera caeli contingere se arbitrabatur, eum nemo poterat, propter intolerantiam fetoris, portare. Hinc igitur coepit, ex gravi superbia deductus, ad agnitionem sui venire, divina admonitus plaga, per momenta singula doloribus suis augmenta capientibus. Et cum nec ipse iam fetorem suum ferre posset, ita ait: Iustum et subditum esse Deo, et mortalem non paria Deo sentire. Orabat autem hic scelestus Dominum, a quo non esset misericordiam consecuturus; et 27 Grat. 23, 3, 7 : «‗Qui socii non repellit iniuriam, similis est ei, qui facit‘. Item Ambrosius, libro I, de officiis, c. 36. Non in inferenda, sed in depellenda injuria lex virtutis est...». PL 187, 1171A). Cf. Ambrosius Mediolanensis, De officiis ministrorum, vol. 1, lib. 1, cap. 36, par. 179, pag. 182, lin. 13-14. (PL 16, 75C/D). 28 Vulg. Elatus autem in ira 91 205 210 215 220 225 230 civitatem ad quam festinans veniebat ut eam ad solum deduceret, ac sepulchrum congestorum faceret, nunc optat liberam reddere; et Iudaeos, quos nec sepultura quidem se dignos habiturum, sed avibus ac feris diripiendos traditurum, et cum parvulis exterminaturum dixerat, aequales nunc Atheniensibus facturum pollicetur. Templum etiam sanctum, quod prius expoliaverat, optimis donis ornaturum, et sancta vasa multiplicaturum, et pertinentes ad sacrificia sumptus de reditibus suis praestaturum; super haec, et Iudaeum se futurum, et omnem locum terrae perambulaturum, et praedicaturum Dei potestatem. Sed non cessantibus doloribus, supervenerat enim in eum iustum Dei iudicium, desperans, scripsit ad Iudaeos, in modum deprecationis, epistolam haec continentem: Optimis civibus Iudaeis plurimam salutem, et bene valere, et esse felices, rex et princeps Antiochus. Si bene valetis, et filii vestri, et ex sententia vobis cuncta sunt, maximas agimus gratias. Et ego in infirmitate constitutus, vestri autem memor benigne, reversus de Persidis locis, et infirmitate gravi adprehensus, necessarium duxi pro communi utilitate curam habere; non desperans memetipsum, sed spem multam habens effugiendi infirmitatem. Respiciens autem quod et pater meus, quibus temporibus in locis superioribus ducebat exercitum, ostendit qui post se susciperet principatum; ut si quid contrarium accideret, aut difficile nuntiaretur, scientes hii qui in regionibus erant, cui esset rerum summa derelicta, non turbarentur; ad haec considerans de proximo potentes quosque et vicinos temporibus insidiantes, et eventum expectantes, designavi filium meum Antiochum regem, quem saepe recurrens in superiora regna multis vestrum commendabam; et scripsi ad eum quae subiecta sunt. Oro itaque vos et peto, memores beneficiorum publice et privatim, ut unusquisque conservet fidem ad me et ad filium meum. Confido enim eum modeste et humane acturum, et sequentem propositum meum, et communem vobis fore. Igitur homicida et blasphemus, pessime percussus, et ut ipse alios tractaverat, peregre in montibus miserabili obitu vita functus est. Transferebat autem corpus Philippus, collactaneus eius, qui metuens filium Antiochi, ad Ptolemeum Filometorem in Aegytum abiit.] usque ad finem capituli; sed pessime obiit. [56] Item eiusdem Sermo Vus 235 240 245 Quid retribuam Domino, etc. [pro omnibus quae retribuit mihi? Calicem salutaris accipiam, et nomen Domini] usque inuocabo. Ps CXV, b, [12-13]. De hoc habes in festo sancte Eulalie29 sed aliter procedetur hic; bene autem conuenit hoc beato Stephano, qui calicem passionis suscipiens, inuocabat Dominum dicens, Ac VIII [VII, 59-60]: Domine Ihesu accipe spiritum, etc. [meum. Positis autem genibus, clamavit voce magna dicens: Domine ne statuas illis hoc peccatum] usque ‗<quia nesciunt quid> faciunt‘.30 Item de eo dicitur: «Mortem enim quam Saluator dignatus est pro omnibus pati, hanc ille primus reddidit Saluatori»31. Nos uero de VIex retributionem generibus uideamus, quas in sacro eloquio reperimus. Reditur igitur: 29 Cf. Sermo [19]: Incipit de Sancta Eolalia Sermo primus; pag. 35. 30 Cf. Petrus Comestor, Historia Scholastica, In Actus Apostolorum, cap. 38: «Lapidaverunt ergo Stephanum levitam, invocantem, et dicentem: Domine Jesu, accipe spiritum meum, sicut et Christus ad Patrem ait: ‗In manus tuas commendo spiritum meum’ (Luc 24, 46). Positis autem genibus, clamavit voce magna, dicens: Domine, ne statuas illis hoc peccatum, quia ‗nesciunt, quid faciunt’ (Luc 23, 34)». PL 198, 1668. 31 Caesarius Arelatensis, Sermones Caesarii uel ex aliis fontibus hausti, sermo 219, cap. 1, lin. 30. CCSL 104. Cf. Auctor incertus (Augustinus Hipponensis?), In natali sancti Stephani, sermo 210, PL 39, 2138. Cf. etiam Maurus Taurinensis, Homiliae, PL 57, 381A. 92 250 255 260 265 270 275 Primo, bonum pro malo, sicut beatus Stephanus orationem pro persecutione, sicut iudex iustitiam pro maleficio, quod et Deus facit. Deu XXXII, [4]: Reddam ultionem hostibus, etc. [meis, et his qui oderant me] usque retribuam. Secundo, non pro malo malum, sicut Dauid, Iº Re XXIIII per totum, qui uoluit reddere malum pro malo Sauli in spelunca. Tercio, non bonum pro bono, sicut Hamam. Hes VII [XVI, 4]: nec contenti sunt gratias non agere beneficiis. Quarto, malum pro bono, sicut iudeis Christo. Ps XXXIIII, c, [12]: retribuebant michi mala pro bonis. Augustinus, in persona Christi: «cum ego attulissem32 fecunditatem, ipsi retribuebant sterilitatem; ego uitam, ipsi mortem; ego honores33, ipsi contumelias; ego medicinam, ipsi uulnera»34. Prou XVII, d, [13]: qui redit mala pro bonis, etc. [non recedet malum de domo] usque eius. IIª Thi III, a [2]: Ingrati. Glo35. Vº, bonum pro bono, sicut ethnici faciunt. Mt V, g, [47]: si salutaueritis, etc. [fratres vestros tantum, quid amplius facitis? Nonne et ethnici hoc] usque faciunt? Ps XLVIII, d, [19]: Confitebitur tibi, etc. [cum benefeceris] usque ei. VIº, malum pro malo, sicut Absalom qui occidit Amom36 pro stupro et incestu sororis. IIº Re XIII, f, [29]: federunt37 pueri Absalom, etc. [adversum Amnom] usque Absalom. Prou XX, f, [22]: Ne dicas reddam malum pro malo, etc. [expecta Dominum, et liberavit] usque te. De hiis VIex ita scripsit Augustinus super psalmum CVIII, [4]: pro eo ut me diligerent, etc. [detrahebant mihi; ego autem] usque orabam: «Sex differentie retributionum sunt. De VIex: Prima, reddere pro malis bona. ¶ IIª, non reddere mala pro malis; hec bonorum sunt et prius melius differentiis. IIIª, reddere bona pro bonis; et IIIIª, pro malis mala; hec duo mediocrum sunt: prius propinquum bonis quos Christus non arguit, sed opere38 plus dicit39, quia ethnici hoc faciunt; posterius propinquum malis, tamen conuenit et bonis. Vnde lex modum ultionis statuit dicens, [Deu XIX, 21]: occulum pro occulo, etc. [dentem pro dente, manum pro manu, pedum pro pede exiges]; quod si dici potest iustorum iusticia est non quia iniqua est ultio, quam lex statuit, sed quia vitiosa libido ulciscendi. Magis autem ad iudicem hoc pertinet, sed inter homines discernere quam bonum hominem sibi expetere; hic enim malum pro malo redderet iudex uero non, sed de lectione40 iusticie, iustum pro iniusto, quod est bonum pro malo, quod etiam Deus iudex facit»41. 32 Enarrationes Ego actuli 33 Enarrationes honorem 34 Enarrationes in Psalmos, Ps 34, sermo 2, par. 2, lin. 33, CCSL 38. (PL 36, 334). 35 Glo. ord. II Tim. 3, 2: «Ingrati. Illi sunt ingrati qui corrigentibus mala pro bonis reddunt». (PL 114, 636B/C). 36 Amon : Amnon 37 Vulg. fecerunt 38 Grat. oportere 39 om. pro malis 40 Grat. dilectione 41 In Grat. 23, 3, 1: «Unde Augustinus in expositione Psalmi CVIII ait: C. I. ‗Quae sint differentiae retributionum‘. «Sex differentiae sunt: reddere bona pro malis, non reddere mala pro malis; haec duo bonorum sunt, et prius melius. Non reddere bona pro bonis, reddere mala pro bonis; haec duo malorum sunt, et posterius deterius. Reddere bona pro bonis, mala quod Christus non arguit, sed plus oportere dicit pro malis; haec duo mediocrium sunt: prius propinquum bonis, convenit etiam malis, quia et ethnici hoc faciunt; posterius propinquum malis, convenit tamen etiam bonis. Unde et lex modum ultionis statuit: Oculum pro oculo. Quae, si dici potest, injustorum justitia est, non quia iniqua est ultio quam lex statuit, sed quia vitiosa est libido ulciscendi, magisque ad judicem pertinet hoc inter homines 93 Tribulacio [lege retributio] multiplex 280 285 290 295 300 305 [57] Item eiusdem Sermo VIus Congregate sunt super te gentes multe, etc. [quae dicunt: Lapidetur et aspiciat in Sion oculus noster. Ipsi autem non cognoverunt cogitationes Domini; et non intellexerunt consilium eius, quia congregavit eos quasi faenum areae. Surge et tritura] usque filia Syon. Mich IIII, g, [11-13]. Septem describuntur a Spiritu Sancto patentissime in hiis uerbis: Primo, malorum, scilicet, iudeorum congregatio, ibi, Congregate sunt gentes. Ps LXVII, g, [31]: Congregatio taurorum in uaccis populorum. Iere XXVI, d, [15]: Congregatus est omnis populus aduersus Ieremiam, etc. [in domo Domini]. Secundo, bonorum opressio, ibi, super te, optime Stephane. Ps XXXIIII, d, [15]: Congregata sunt super me flagella, et ignoraui. Item LXI, b, [4]: quosque irruitis in hominem? interficitis uniuersi uos. Tercio, crudelis diffinitio, ibi, qui42 dicunt: Lapidetur. Mt XXIII, g, [37]: Ierusalem, Ierusalem que occidis, etc. [prophetas et lapidas eos que ad te] usque missi sunt. Quarto, celestis contemplatio, ibi, et aspiciat in Syon occulus noster, sicut fecit beatus Stephanus. Vnde Ac VIII [VII], [g, 55]: Vidit43 Ihesum stantem a dextris Dei. Ps CXXII, a, [1]: Ad te leuaui occulos meos, qui habitas in celis. Item XXIIII, [c, 15]: occuli mei semper ad Dominum. Vº, iudeorum execatio44, ibi, Ipsi autem non cognouerunt, etc. Ys VI, e, [d, 10]: Exceca cor populi huius. VIº, eorumdem dampnatio, ibi, quia congregauit eos quasi fenum aree. Ps CXXVIII, d, [6]: fiant sicut fenum tectorum, quod priusquam, etc. [evellatur exaruit]. VIIº, sanctorum uindicatio, ibi, Surge, tritura, etc. [filia] usque Syon. Mal IIII, d, [2-3]: egrediemini et salietis, etc. [sicut vituli de armento. Et calcabitis impios, cum fuerint cinis sub planta pedum vestrorum, in die qua ego facio, dicit] usque Dominus <exercituum>. [58] Sermo VIIus f. 22v 310 315 Stephanus plenus gratia et fortitudine, etc. [faciebat prodigia et signa magna] usque in populo. Ac VI, g, [8]. A tribus commendatur beatus Stephanus in hiis uerbis. Habuit igitur gratie plenitudinem: Gratie Ad peccatorum remissionem. Vnde supra dicitur: plenus spiritu45, scilicet, qui plenitudo consumit rubiginem peccatorum. He XIII [XII], [g, 29]: Deus noster, scilicet, Spiritus Sanctus, ignis consumens est. Ad uirtutum infusionem. Vnde supra dicitur: plenus fide46, ergo et ceteris uirtutibus, quia qui habet unam habet omnes: sunt enim connexe. decernere, quam bonum hominem sibi expetere. Hic enim redderet malum pro malo, judex vero [ Judex vero: in glossa ordinaria et plerisque Gratiani manuscriptis legitur: judex vero non, sed dilectione justitiae, quod est bonum pro malo, quod et Deus judex facit] punit, non delectatione alienae miseriae, quod est malum pro malo, sed dilectione justitiae, justum pro injusto, quod est bonum pro malo, quod etiam Deus judex facit». PL 187, 1168B-1169A. Cf. Augustinus Hipponensis, Enarrationes in Psalmos, Ps. 108, par. 4, lin. 2-3; 41-42. (PL 36, 1432/33). 42 Vulg. quae 43 om. Gloriam Dei et 44 execatio : excaecatio 45 Act 6, 5: «et elegerunt Stephanum, uirum plenum fide et Spiritu sancto...». 94 320 325 Ad bonorum operum executionem, hoc patet quia maiordomus factus est; habuit etiam fortitudinis plenitudinem, quia habuit eam. Ad dificilia agrediendum. Nam omnia reliquit propter Deum. ¶ Ad uiriliter predicandum. Ac VIII [VII], [f, 51]: dura ceruice, etc. [et incircumcisis cordibus et auribus, vos semper spiritu sancto resistitis; sicut patres vestri, ita et vos]. Ad aspera sustinendum. Nam lapidatus est propter Christum; habuit etiam copiam prodigiorum et signorum. Ad ueritatem sue fidei ostendendum. Ad perfidos aduersarios confutandum, quia non poterant resistere. ¶ Ad predestinandeos conuertendum; de hiis fuit Paulus apostolus. 46 Cf. supra Act 6, 5. 95 [59] Incipit sermo Ius in festiuitate beati Iohannis euangeliste 5 10 15 20 25 30 35 40 Faciet Dominus exercituum, etc. [omnibus populis in monte hoc convivium pinguium, convivium vindemiae, pinguium medullatorum, vindemiae] usque defecate. Ys XXV, [b, 6]. Loquitur hic propheta de conuiuio celestis glorie. Ad hoc conuiuium deifficum, mirifficum, splendidissimum, copiosissimum, sapidissimum, iocundissimum, permanentissimum, fuit Vº die, quando diem transitus sui beatus Iohannes hylariter uocatus, honorifice inuitatus et tandem gloriosissime susceptus. Vnde in uita eius dicitur: «Cum esset XCIX annorum, aparuit1 caro suo Iohanni2 Dominus Ihesus Christus cum discipulis suis, et ait illi: Veni dilecte meus3 ad me, quia tempus est ut epuleris in conuiuio meo cum fratribus tuis». Et beatus Iohannes «expandens manus suas ad Dominum dixit: Inuitatus ad conuiuium tuum uenio gratias agens quia me dignatus es, Domine Ihesu Christe, ad tuas epulas inuitare sciens quod ex toto corde4 desiderabam te»5. Non ait ‗tuum conuiuium‘, sancti enim ipsum sciunt; hoc conuiuium laudat propheta: Conuiuium A facientis dignitate, ibi, faciet dominus exercituum, bonus totus rex angelorum. bonum A multitudine conuiuantium et nobilitate, ibi, omnibus populis, suple, suis. A loci pulcritudine et securitate, ibi, in monte hoc, id est, in celo empireo. A cibariorum et potuum multa suauitate, ibi, conuiuium pinguium, etc. Sunt autem isti populi eius quibus illud nobilissimum conuiuium preparatur, scilicet, populus: qui In tribulationibus hylariter perseuerantes. Lu XXII, c, [28-30]: Vos estis qui comedunt permansistis mecum in temptationibus meis, et ego dispono, etc. [vobis, sicut disposuit cum Deo mihi Pater meus, regnum, ut edatis et bibatis super mensam in regno meo, et sedeatis super thronos, iudicantes duodecim tribus Israhel]. Paupertatem amplectentium. Ps LXVII, c, [11]: parasti in dulcedine tua pauperi, Deus. Item XXI, [d, 27]: edent pauperes, etc. [et saturabuntur; et laudabunt Dominum qui requirunt eum; vivunt corda eorum in saeculum saeculi]. Item CXXXI, f, [15]: pauperes eius saturabo panis. Iustitiam amantium et desiderantium. Mt V, a, [6]: beati qui esuriunt et sitiunt iusticiam. Caritatem ueram seruantium. Can V, [a, 1]: comedite, amici, et bibite, et inebriamini. Amicos autem faciunt caritas. Augustinus: «id quod parat6 diligentibus se, etc. [fide non comprehenditur, spe non attingitur, charitate non capitur, desideria et vota transgreditur: acquiri potest, aestimari non potest. Habebit de perceptione fructum, non habebit de satietate fastidium»].7 Viriliter laborantium. Mt XI, [d, 28]: Venite ad me omnes qui laboratis, etc. [et onerati estis, et ego reficiam vos]. Ys LXV, c, [13]: Ecce serui mei comedent, etc. [et vos esurietis; ecce servi mei bibent, et vos sitietis]. Pauperes refficientium. Mt XXV, g, [35-36]: esuriui et dedisti michi manducare, etc. [sitivi et dedisti mihi bibere; hospes eram, et collegistis me; nudus, et cooperuistis 1 aparuit : apparuit ei 2 ad. caro suo Iohanni 3 ad dilecte meus 4 Vita ex toto corde meo 5 Ps-Mellitus, Vita S. Iohannis, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 60. (PG 5, 1249-1250). 6 om. Deus 7 Auctor incertus (Augustinus Hipponensis?), Sermones de sanctis, sermo 231, 4. PL 39, 2172. 96 45 me; infirmus, et visitastis me; in carcere eram, et venistis ad me]. Venite ergo benedicti patris mei ad conuiuium uobis paratum ab origine mundi.8 Fideliter predicantium. Prou XI, f, [25]: Anima que benedicit impinguabitur, etc. [et qui inebriat ipse quoque] usque inebriabitur. Talis fuit beatus Iohannes qui ad hoc conuiuium peruenit. Copiositas et nobilitas et eternitas huius conuiuii mirabiliter describitur Hester I, [a, 3]: Rex Assuerus IIIº anno imperii sui, id est, in anno glorie, est enim annus nature, gratie, et glorie, fecit grande conuiuium. 50 [60] Sermo IIus 55 60 65 70 75 Pro iusto datur impius, et pro recto9 iniquus. Prou XXI, f, [18]. Bene hanc auctoritatem in Iohanne iusto et Domiciano impio Dominus adimpleuit, quorum hystoria talis est: «secundam post Neronem persecutionem christianorum Domicianus exercuit. Vnde factum est ut sanctus Iohannes tolleretur 10 de Epheso et in Pathmos insula in exilio11 mitteretur ubi Apocalipsim scripsit12 quam ei Dominus reuelauit. // Domicianus autem eodem anno quo iussit exiliari13 a senatu f. 23r Romano interfectus est. Et quoniam14 Deo cura fuit de apostolo suo, ex totius senatusconsultu diffinitum est15, ut quicquid Domicianus fieri uoluit cassaretur. Vnde factum est ut beatus Iohannes qui uoluntate Domiciani in exilium fuerat deportatus, cum honore ad Ephesum remearet». «Cum autem ingrederetur ciuitatem, Drusiana que semper fuerat eum secuta et aduentus eius desiderio fatigata mortua portabatur16», quam beatus Iohannes motus fletibus hominum facillime suscitauit. Vnde «factus est clamor populi per tres horas dicentis: Vnus Deus quem predicat Iohannes, unus et uerus Dominus Ihesus Christus»17. Dicit ergo: pro iusto datur impius, etc.; hic notantur tria: Primum, beati Iohannis recta iusticia de quo legitur hodie,18 Eccli XV, a, [1]: qui timet Deum faciet bona, et qui continens est, etc. [iustitiae adprehendet illam, et obviabit illi quasi mater honorificata]. Ps XCI, f, [13]: Iustus ut palma, etc. [florebit; sicut cedrus, quae in Libani est19 , multiplicabitur]. Secundum, Domiciani impia et iniqua seuicia, sicut patet in hac auctoritate et in ipsa historia. Tercium, Dei iusta sentencia, ibi, dabitur20 impius, scilicet, Domicianus a Deo iusto iudice incrudelem mortem et dampnationem, sicut datus est Caym pro Abel. Ge IIII, c, [8-17]: Consurrexit Caym aduersus21 Abel, etc. [et interfecit eum. Et ait Dominus ad Cain: Vbi est Abel frater tuus? Qui respondit: Nescio. Num custos fratris mei sum ego? Dixitque ad eum: Quid fecisti? vox sanguinis fratris tui clamat ad me de terra. 8 Cf. Mt 25, 34. 9 Vulg. rectis 10 Vita asportaretur 11 Vita in exilium 12 Vita manu scripsit 13 Vita iussit santum Iohannem exilari 14 Vita Et cum 15 Vita hoc definitum est 16 Vita efferebatur 17 Ps-Mellitus, Vita S. Iohannis, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 55-56. (PG 5, 1241-1242). 18 Cf. Missale Dominicanum (=Missale Romanum), Die 27 Decembris, S. Ioannis Ap. et Ev., Lectio libri Sapientiae et Ant. Ad Offertorium. 19 Vulg. sicut cedrus Libani 20 Vulg. datur 21 om. fratrem suum 97 80 85 90 95 100 105 110 115 120 125 Nunc igitur maledictus eris super terram, quae aperuit os suum, et suscepit sanguinis fratris tui de manu tua. Cum operatus fueris eam, non dabit tibi fructus suos; vagus et profugus eris super terram. Dixitique Cain ad Dominum: Maior est iniquitas mea, quam ut veniam merear. Ecce eicis me hodie a facie terrae, et a facie tua abscondar, et ero vagus et profugus in terra; omnis igitur qui invenerit me, occidet me. Dixitque ei Dominus: Nequaquam ita fiet; sed omnis qui occiderit Cain, septuplum punietur. Posuitque Dominus Cain signum, ut non interficeret eum omnis qui invenisset eum. Egressusque Cain a facie Domini, habitavit profugus in terra ad orientalem plagam Eden.] usque Cognouit autem Caym. Eodem Ge [IIII, 23, 24]: dixitque Lamech, etc. [uxoribus suis Adae et Sellae: Audite vocem meam, uxores Lamech, auscultate sermonem meum: quoniam occidi virum in vulnus meum, et adolescentulum in livorem meum. Septuplum ultio dabitur de Cain; de Lamech vero septuagies] usque sepcies; Pharao pro Israel, Exous VII, VIII, IX, X, XI, XII per totum in quibus fit mentio de X plagis quibus Pharao propter Israel flagelatus fuit. Item XIIII, f, [23-31]: Persequentes Egiptii ingressi, etc. [sunt post eos, et omnis equitatus Pharaonis, currus eius et equites, per medium maris. Iamque advenerat vigilia matutina, et ecce respiciens Dominus super castra Aegyptiorum per columnam ignis et nubis, interfecit exercitum eorum; et subvertit rotas curruum, ferebanturque in profundum. Dixerunt ergo Aegyptii: Fugiamus Israhelem; Dominus enim pugnat pro eis contra nos. Et ait Dominus ad Moysen: Extende manum tuam super mare, ut revertantur aquae ad Aegyptios, super currus et equites eorum. Cumque extendisset Moyses manum contra mare, reverso est primo diluculo ad priorem locum; fugientibusque Aegyptiis occurrerunt aquae, et involuit eos Dominus in mediis fluctibus. Reversaeque sunt aquae, et operuerunt currus et equites cuncti exercitus Pharaonis, qui sequentes ingressi fuerunt mare; nec unus quidem superfuit ex eis. Filii autem Israhel perrexerunt per medium sicci maris, et aquae eis erant quasi pro muro a dextris et a sinistris. Liberavitque Dominus in die illa Israhel de manu Aegyptiorum. Et viderunt Aegyptios mortuos super littus maris, et manum magnam quam exercuerat Dominus contra eos; timuitque populus Dominum, et crediderunt Domino, et Moysi servo eius], usque ad finem capituli; Saul et Achitofel et Absalom pro Dauid: De primo, Iº Re XXXII [XXXI], a, [1-11]: Philisthiim autem pugnabant, etc. [adversum Israhel, et fugerunt filii Israhel ante faciem Philisthiim, et ceciderunt interfecti in monte Gelboe. Irrueruntque Philisthiim in Saul et in filios eius, et percusserunt Ionathan, et Abinadab, et Melchisue, filios Saul. Totumque pondus prelii versum est in Saul; et consecuti sunt eum viri sagittarii, et vulneratus est vehementer a sagittariis. Dixitque Saul ad armigerum suum: Evagina gladium tuum, et percute me, ne forte veniant incircumcisi isti, et interficiant me illudentes mihi. Et noluit armiger eius; fuerat enim nimio terrore perterritus. Arripuit itaque Saul gladium, et irruit super eum. Quod cum vidisset armiger eius, videlicet quod mortuus esset Saul, irruit etiam ipse super gladium suum, et mortuus est cum eo. Mortuus est ergo Saul, et tres filii eius, et armiger illius, et universi viri eius in die illa pariter. Videntes autem viri Israhel qui erant trans vallem et trans Iordanem, quod fugissent viri israhelitae, et quod mortuus esset Saul et filii eius, reliquerunt civitates suas, et fugerunt; veneruntque Philisthiim, et habitaverunt ibi. Facta autem die altera, venerunt Philisthiim ut spoliarent interfectos, et invenerunt Saul et tres filios iacentes in monte Gelboe. Et preciderunt caput Saul et spoliaverunt eum armis; et miserunt in terram Philisthinorum per circuitum, ut annuntiaretur in templo idolorum et in populis. Et posuerunt arma eius in templo Astharoth; corpus vero eius suspenderunt in muro Bethsan. Quod cum audissent] usque habitatores Iabes. 98 130 135 140 145 150 155 160 165 170 De IIº, IIº Re XVII, f, [23]: porro Achitofel uidens, etc. [quod non fuisset factum consilium suum, stravit asinum suum, surrexitque et abiit in domum suam et in civitatem suam; et disposita domo sua, suspendio interiit; et sepultus est in sepulchro] usque patris sui. De IIIº, IIº Re XVIII, b, [9-15]: Accedit autem, etc. [ut occurreret Absalom servis David, sedens mulo; cumque ingressus fuisset mulus subter condensam quercum et magnam, adhesit caput eius quercui, et illo suspenso inter caelum et terram, mulus cui insederet pertransivit. Vidit autem hoc quispiam, et nuntiavit Ioab, dicens: Vidi Absalom pendere de quercu. Et ait Ioab viro qui nuntiaverat ei: Si vidisti, quare non confodisti eum cum terra? et ego dedissem tibi decem argenti siclos et unum balteum. Qui dixit ad Ioab: Si adpenderes manibus meis mile argenteos, nequaquam mitterem manum meam in filium regis; audientibus enim nobis praecepit rex tibi, et Abisai, et Ethai, dicens: Custodite mihi puerum Absalom. Sed et si fecissem contra animam meam audacter, nequaquam hoc regem latere potuisset, et tu stares ex adverso. Et ait Ioab: Non sicut tu vis, sed aggrediar eum coram te. Tulit ergo tres lanceas in manu sua, et infixit eas in corde Absalom; cumque adhuc palpitaret herens in quercu, cucurrerunt decem iuvenes armigeri Ioab, et percutientes] usque interfecerunt eum. Acab et Iezabel pro Naboth. IIIº Re XXI, per totum [1-29]. Item XXII, d, [34-38]: Vnus22 autem quidam tetendit arcum, etc. [in incertum sagittam dirigens, et casu percutiens regem Israhel inter pulmonem et stomachum. At ille dixit aurige suo: Verte manum tuam, et eice me de exercitu, quia graviter vulneratus sum. Commissum est ergo proelium in die illa; et rex Israhel stabat in curru suo contra Syros, et mortuus est vespere. Fluebat autem sanguis plagae in sinum currus. Et preco insonuit in universo exercitu antequam sol occumberet, dicens: Vnusquisque revertatur in civitatem et in terram suam. Mortuus est autem rex, et perlatus est in Samariam; sepelieruntque regem in Samaria, et laverunt currum in piscina Samariae, et linxerunt canes sanguinem eius, et habenas laverunt, iuxta verbum Domini] usque quod locutus fuerat. Consiliarii inuidi pro Daniele. Dan VI per totum [1-28]. Item XIII [XIIII], c, [27-39]: quod cum abissent23 Babilonii, etc. [indignati sunt vehementer; et congregati adversum gerem, dixerunt: Iudaeus factus est rex; Bel destruxit, draconem interfecit, et sacerdotes occidit. Et dixerunt cum venissent ad regem: Trade nobis Danielem, alioquim interficiemus te et domum tuam. Vidit ergo rex quod irruerent in eum vehementer, et necessitate compulsus, tradidit eis Danielem. Qui miserunt eum in lacum leonum; et erat ibi diebus sex. Porro in lacu erant leones septem, et dabantur eis duo corpora quotidie, et duae oues; et tunc non data sunt eis, ut devorarent Danielem. Erat autem Habacuc propheta in Iudaea; et ipse coxerat pulmentum, at intriverat panes in alveolo, et ibat in campum ut ferret messoribus. Dixit angelus Domini ad Abacuc: Fer prandiu quod habes in Babylonem Danieli, qui est in lacu leonum. Et dixit Abacuc: Domine, Babylonem non vidi, et lacum nescio. Et adprehendit eum angelus Domini in vertice eius, et portavit eum capili capitis sui, posuitque eum in Babylone, supra lacum, in impetu spiritus sui. Et clamabat Abacuc, dicens: Daniel, serve Dei, tolle prandium quod misit tibi Deus. Et ait Daniel: Recordatus es mei, Deus, et non dereliquisti diligentes te. Surgensque Daniel comedit. Porro angelus Domini restituit Abacuc confestim in loco suo. Venit ergo rex die septimo ut ligeret Danielem; et venit ad lacum, et inrospexit, et ecce Daniel sedens in medio leonum. Et exclamabit voce magna rex, dicens: Magnus es, Domine Deus Danielis. Et extraxit eum de lacu leonum. Porro illis qui perditionis eius causa fuerunt, intromisit in lacum; et devorati sunt in momento coram eo. Tunc rex ait: Paveant omnes 22 Vulg. Vir 23 Vulg. audissent 99 175 habitantes in universa terra Deum Danielis, quia ipse est saluator, faciens signa et mirabilia in terra, qui liberavit Danielem de lacu leonum], usque ad finem capituli. Inpudi24 senes pro Susanna. Dan per totum capitulum [XIII, 1-64]. ¶ tres Herodes: ¶ primus pro pueris ¶ IIus pro Iohanne Babtista ¶ IIIus, pro Iacobo. ¶ Symon magus et Nero, pro Petro et Paulo. ¶ Iudaicus populus pro Christo. Ys LIII, e, [9]: dabit impios, etc. [pro sepultura, et divitem pro morte] usque sua. 180 [61] Sermo IIIus 185 190 195 200 205 210 Ingredieris in abundantia sepulcrum, etc. [sicut infertur acervus tritici in tempore] usque suo. Iob V, d, [26]. Bene hoc competit beato Iohanni euangeliste, quia non prius defunctus et post ab aliis in sepulcrum depositus fuit sicut alii sancti, sed teste Ieronimo ipsemet uiuus sepulcrum quod sibi parari fecerat est ingressus;25 uidelicet sepulcrum dicitur celum empireum; hoc enim est Acheldemac, id est, ‗ager sanguinis‘26 Christi, suple, pretio emptus in sepulturam peregrinorum,27 id est, sanctorum. Vtrumque ingressus est beatus Iohannes in abundantia: Doctrine spiritualis scripture; scripsit enim tres Epistulas canonicas et Apocalypsim et Euangelium. Non autem habuit hoc ab homine, sed ipse hausit a fonte uite immediate. Nam supra pectus Deo recumbens euangelii flucta de ipso sacro dominici pectoris fonte potauit et ideo, quasi unus de IIIIor paradisi fluminibus, euangelista Iohannes uerbi Dei gratiam in toto terrarum orbe diffudit28. Predicationis sancte, quia propter insuperabilem euangelizandi constanciam, a Domiciano fuit exilio relegatus, ubi diuine uisionis et allocutionis meruit crebra consolatione releuari, et etiam ipsa die transitus sui a primo galli cantu usque ad terciam conuocatum populum confortauit et instruxit. Castitatis eximie, id est, uirginalis, quia uirgo est electus a Domino et uirgo in euum permansit. Caritatis multe; hoc patet in uerbis eius que specialiter inter omnia sacra eloquia redolent caritatem, et constat quod sicut dicitur [Mt XII, 34]: ex habundantia cordis os loquitur. Tribulationis passe, hoc patet, Apo I, c, [9]: Ego Iohannes, frater uester et f. 23v particeps, etc. [in tribulatione, et regno, et patientia in Christo Iesu, fui in insula, quae appellatur Patmos, propter verbum Dei et] usque testimonium Ihesu. Sospitatis uere. Videtur enim dicere Ieronimus quod sine dolore abiit. Ait enim: «hic est Iohannes, qui sciens uenisse diem recessus sui, conuocatis discipulis suis in Epheso per multa signorum experimenta promens Christum, descendens in defossum sepulture sue locum, facta oratione, positus est ad patres suos, tam a dolore mortis factus extraneus, quam a corruptione carnis inuenitur alienus»29. 24 impudi : impudici 25 Cf. Ps-Isidorus, De ortu et obitu Patrum, cap. 72: «Anno sexagesimo post passionem domini sub troiano principe longeuae uetustatis senio fessus cum diem transmigrationis suae imminere sibi sentiret sepulchrum effodit fecit et, facta oratione, ualedicens uiuens tumulum intrauit, in quo tanquam in lectulo requieuit. Vnde quidam asserunt illum uiuere nec in sepulchro mortuum sed dormentem contendunt». (PL 83, 152); Cf. Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 61. (PG 5, 1249-1250). 26 Cf. Hieronymus Stridonensis, De nominibus hebraicis, PL 23, 839. 27 Cf. Mt 27, 7-8. 28 diffudit : difundit 29 Walafridus Strabo, Prologus Hieronymi in Apocalypsis B. Joannis. PL 114, 709D. 100 215 220 Subtilitatis diuine sapientie; ideo ait de eo Augustinus: «Merito Iohannes in figura IIIIor animalium aquile uolanti comparatur, que uolat altius ceteis auibus, et solis radios irreuerberatis aspicit luminibus»30, sic Ihoannes subtilius uidit archana Dei. Philosophus tamen dicit quod hoc non est uerum, nisi de uno genere aquile quod ipse uocat herodium31; unde etiam narrat in libro De animalibus, quod pullos probat cum adhuc parui sunt trahens eos contra rotam solis, et si alicuius eorum occuli lacrimantur, statim proicit illum extra nidum.32 In hoc igitur patet subtilitas diuine sapientie in Iohanne qua etiam ceteris contemplatiuis perfertur. [62] Sermo IIIIus 225 230 235 240 Porte fluuiorum aperte sunt, et templum ad solum dirutum. Naum II, d, [6]. Satis pulcre adimpleuit Ihesus Christus, Filius Dei, prophetiam istam per beatum Iohannem, dilectum suum: ¶ Ad suam glorificationem. ¶ Ad fidelium confirmationem. ¶ Ad gentilium conuersionem. ¶ Ad incredulorum confusionem. Vnde dicitur in legenda eius: «Cum autem omnis ciuitas Ephesiorum et omnis prouincia Asie Iohannem excoleret et predicaret, accidit ut cultores ydolorum excitarent seditionem. Vnde factum est ut Iohannem traherent ad templum Diane et urgerent eum ut ei feditatem sacrificiorum offerret. Tunc beatus Iohannes ait: eamus omnes ad ecclesiam Domini nostri33 Ihesu Christi, et inuocantes uos nomen Diane uestre facite cadere ecclesiam, et ita uobis consentiam; si autem hoc facere non potueritis, ego inuocabo nomen Domini mei Ihesu Christi et faciet cadere templum hoc, et comminui ydolum eius; quod cum factum fuerit, iustum uobis uideri debet ut relicta superstitione dei huius34, que a Deo meo uicta est et comminuta, ad ipsum conuertamini; ad hanc uocem conticuit populus, et licet essent pauci qui contradicerent huic diffinitioni35, pars maxima36 consensum atribuit. Tunc beatus Iohannes blandis alloquiis exhortabatur37 populum, ut a templo longe se facerent. Cumque uniuersi ex interiori parte foras exissent, uoce clara coram omnibus dixit: Vt sciat hec omnis turba quia ydolum hoc Diane demonium est, et non deus38, corruat cum omnibus manufactis ydolis que coluntur in eo, ita ut nullam in hominibus lesionem faciat. Continuo autem ad hanc uocem39 apostoli omnia simul cum templo suo ydola ita corruerunt, ut, sicut ait Ps I, g, [4]40: efficerentur sicut puluis quem proicit uentus a facie terre. Conuersi sunt autem eadem die XIIcim milia gentium 30 Auctor incertus, Prefatio (in Joannis evangelium). PL 35, 1377. Cf. Beda (Venerabilis), In Evangelium S. Joannis. PL 92, 638B. 31 scilicet aquila aurea 32 Plinius Maior (Gaius Plinius Caecilius Secundus), Historia Naturalis, lib. 10, 3,10: «haliaëtus tantum inplumes etiamnum pullos suos percutiens subiende cogit adversos intueri solis rádios et, si coniventem umecttantemque animadvertit, praecipitat e nido velut adulterinum atque degenerem». Avaiable at the WWW in <http://www.uchicago.edu/Thayer/L/Roman/Texts/Pliny_the_Elder/10*.html>. Cf. Franciscus Valesius, De iis, quae scripta sunt Physice in libris sacris, sive de sacra Philosophia, cap 55 (Aquilarum genera): «Haec eadem Aquila, implumes etiamnum (ut testatur Plinius) pullos suos percutiens, (…) nido eiicit tanquam adulterium, et degenerem». (Lugduni. 1592). Avaiable at the WWW in <http://www.filosofia.org/da/per/1587vall.htm>. 33 Vita Domini mei 34 dei huius : dee huius 35 diffinitioni : definitioni 36 Vita pars tamen maxima 37 Vita exorabat 38 ad et non deus 39 Vita ad vocem 40 ad. sicut ait Ps 1, 4 101 245 250 255 260 265 270 275 exceptis paruulis et mulieribus, et baptismatis sunt consecrati uirtute»41. Et sic completa fuit hec prophetia: Porte fluuiorum, etc.; fluuii dicuntur gentium populi, porte Ecclesie dicuntur Scripture Sacre quas beatus Iohannes aperiebat dum eas populis predicabat. Hee porte ideo fluuiis, id est, gentium populis aperte ad plenum fuerunt, quia templum ydolorum suorum per beatum Iohannem usque solum dirutum uiderunt; ideo ueram predicationem eius multo facilius crediderunt; dico quod: Fluuii sunt gentium populi. Apo XVII, g, [15]: aquas quas uidisti ubi meretrix, id est, infidelitas uel iniquitas quiescit, populi sunt, <et> gentes. Ps XCII, d, [3]: eleuauerunt flumina uocem suam: ¶ Ad peccata ploranda. ¶ Ad eadem confitenda. ¶ Ad ydola detestanda. ¶ Ad Christum laudandum. ¶ Ad eius apostolum uenerandum. Porte militantis Ecclesie per quas intrant fluuii, id est, populi, sunt Sacre porte Scripture. Vnde dicit Dominus predicatoribus, Ys XXVI, a, [2-3]: aperite portas, id est, diuerse exponite Scripturas, et ingrediatur gens iusta, custodiens ueritatem. Vetus error, id est, cultus ydolorum uel ignorantia fornicationis quod sit mortale peccatum abiit. Porte triumphantis ecclesie sunt uirtutes. Ps CXVII, e [19]: Aperite portas iusticie f. 24r et ingressus in eas, confitebor Domino. Gregorius super Eze XL: «cum sint IIIIor mundi plage42, tres tantum porte, quarum: Prima est orientalis. Ez. XL, b,[6]: Et uenit ad portam que respiciebat uiam orientalem. Secunda aquilonis. Eodem, c, [20]: Portam quoque que respiciebat uiam aquilonis, etc. [atrii exterioris, mensus est tam in longitudine quam in latitudine]. Tercia australis. Eodem, c, [24]: Et eduxit me ad uiam australem, etc. [et ecce porta quae respiciebat] usque ad austrum. Hee inquam ponuntur in exteriori edificio quod spiritualiter est sancta, scilicet, Ecclesia; quibus peruenitur ad gaudia eterna, scilicet, fides, spes, caritas: In oriente est fides, per quam lucerna nascitur in mente. Ad aquilonem, spes, quia peccator si de Dei desperat misericordia omnino perit. Vnde neccesse est ut qui per suam iniquitatem extinctus est per spem misericordie reuiuiscat. Ad meridiem est caritas, quia igne amoris ardet»;43 hiis tribus portis ad interius atrium, id est, ad eterna gaudia peruenitur. [63] Item eiusdem Sermo Vus 280 Si mortiferum quid biberint non eos nocebit. Mc XVI, g, [18]. Hoc quod Christus discipulis suis communiter promisit uerissimum esse in beato Iohanne dilecto suo specialiter demonstrauit. Vnde cum «Aristodimus, qui erat pontifex 41 Ps-Mellitus, Vita S. Iohannis, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 58-59. (PG 5, 1247. 42 Homiliae partes 43 Homiliae in Hiezechielem prophetam, lib. 2, hom. 7, lin. 411ss. : «Inter haec autem quaeri potest, cum quatuor huius mundi partes sint, cur in hoc aedifitio hae exteriores non quatuor, sed tres portae esse memorantur? Quod recte querendum fuerat, si propheta non spiritale, sed corporale aedifitium uidisset. Sancta enim ecclesia, id est spiritale aedifitium, ut ad secreta gaudia pertingat, tres solummodo portas habet, uidelicet fidem, spem, atque caritatem: unam ad orientem, aliam ad aquilonem, tertiam ad meridiem. Porta quippe ad orientem est fides, quia per ipsam lux uera nascitur in mente. Porta ad aquilonem spes, quia unusquisque in peccatis positus, si de uenia desperauerit, misericordiam funditus perit. Vnde necesse est, ut, qui per suam iniquitatem exstinctus est, per spem misericordiae reuiuiscat. Porta ad meridiem caritas, quia in igne amoris ardet. In meridiana etenim parte sol in altum ducitur, quia per caritatem lumen fidei in dei et proximi dilectione subleuatur. Tribus igitur portis ad interius atrium tenditur, quia per fidem, spem atque caritatem ad gaudia secreta perueniunt». CCSL 142. (PL 76, 1021C/D). 102 285 290 295 300 305 310 315 omnium ydolorum», uideret templum dirutum, «repletus spiritu nequissimo excitauit seditionem in populo, ita ut populus contra populum pararetur ad bellum; sed beatus Iohannes ait: Dic michi, Aristodime, quid faciam ut tollam indignationem de animo tuo? Aristodimus ait: Si uis ut credam Domino Deo tuo, dabo tibi uenenum bibere; quod cum biberis, si non fueris mortuus, aparebit44 uerum esse Deum tuum. Cui apostolus ait: Venenum si dederis michi bibere, inuocato nomine Domini nostri45 Ihesu Christi, non poterit nocere michi. Cui Aristodimus: prius necesse est46 ut uideas bibentes et statim morientes ut uel sic possit cor tuum hoc poculum formidare. Cui apostolus: Iam dixi tibi, tu tantum paratus esto credere in Dominum nostrum Ihesum Christum, cum uideris me post ueneni poculum sanum. Adduxit igitur Aristodimus duos uiros47, qui pro suis sceleribus decollandi erant, et statuens eos48 coram omni populo in conspectu apostoli fecit eos uenenum bibere; qui mox ut biberunt spiritum exalauerunt». Tunc beatus apostolus signauit signo crucis calicem, et se totum, et facta oratione totum bibit, et illesus permansit; «et postquam bibit dixit: peto ut hii propter quos bibi, credant in te Domine». «Accedentes49 autem populi Iohannem per III horas uultum habere hylarem, nulla50 signa palloris aut trepidationis habentem, clamare ceperunt: Vnus et uerus Deus51, quem colit Iohannes. Aristodimus autem non sic credebat, sed populus obiurgabat eum. Ille autem conuersus ad Iohannem dixit: Inest michi adhuc dubietas, sed si istos qui hoc ueneno mortui sunt, in nomine Dei tui excitaueris, emundabitur cor meum ab omni dubietate; populi autem insurgebant in Aristodimum dicentes: Incendemus te et domum tuam, si ausus fueris ultra apostolum Dei in tuo sermone facere laborare». Tunc apostolus dans ei tunicam suam ait: «Mitte eam super corpora defunctorum et dic52: Apostolus Domini nostri Ihesu Christi misit me ut in eius nomine exurgatis, ut cognoscant omnes, quia uita et mors famulantur Domino meo Ihesu Christo. Quod cum fecisset Aristodimus et uidisset eos exurgere, adorans apostolum perrexit festinus ad proconsulem»53, et ambo baptizati sunt a beato Iohanne cum uniuersa parentela et affinitate sua et famulis suis. Dicit ergo: Si mortiferum quid, etc. Venenum Qualiter autem noluit Christus ut ei noceret? non nocet Vt ipsius Christi promissio uerissima probaretur, qui hoc promiserat. Ro III, a et quare [4]: est enim Deus uerax. Ps CXLIIII, e, [13]: fidelis Dominus in omnibus uerbis suis. Vt discipuli eius sanctitas monstraretur, sicut legitur de beato Paulo, Ac XXVIII, a, [3-6]: cum congregasset autem Paulus sarmentorum, etc. [aliquantam multitudinem, et inposuisset super ignem, vipera a calore cum processisset, invasit manum eius. Vt vero viderunt Barbari pendentem bestiam de manu eius, ad invicem dicebant: Vtique homicida est homo hic, qui cum evaserit de mari, ultio non sinit eum vivere. Et ille quidem excutiens bestiam in ignem, nihil mali passus est. At illi existimabant eum in tumorem convertendum, et subito casurum, et mori; diu autem illis expectantibus, et videntibus nihil mali in eo fieri, convertentes se, dicebant eum] usque esse Deum. 44 aparebit : apparebit 45 Vita Domini mei 46 Vita Prius est 47 Vita Porrexit itaque Aristodemus ad proconsulem, et petiit ab eo duos uiros 48 om in medio foro 49 Vita Attendentes 50 Vita nulla penitus 51 Vita Deus est 52 Vita et dices ita 53 Ps-Mellitus, Vita S. Iohannis, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 58-60. (PG 5, 1247-1249). 103 320 325 Vt fides et doctrina euangelica obtima et firma heberetur 54. Mc XVI, g, [20]: Illi autem profecti, etc. [praedicaverunt ubique, Domino cooperante et sermonem confirmante, sequentibus signis]. Vt omnis creatura creatori obediens, obediens crederetur. Mt VIII, e, [27]: qualis f. 24v est hic, quia uenti et mare obediunt ei. Vt signum crucis et uite quo uas mortis insignauerat, ab omnibus amaretur. Vnde dicitur beatus Andreas: «o bona Crux diu desiderata, amator tuus semper fui et desideraui te amplecti»55. Vt populus uidens tantum miraculum ad fidem de facili conuerteretur, quod et factum est sicut in ipsa historia continetur. 330 [64] Item eiusdem Sermo VIus 335 340 345 350 355 Melius est a sapiente corripi, quam stultorum adulatione decipi. Eccli [Eccles] VII, b, [6]. Pulcre fuit hec auctoritas in beati Iohannis opere adimpleta, ut enim dicitur in uita eius quod «Craton philosophus in foro proposuerat de contemptu mundi huiusmodi spectaculum, ut duos fratres ditissimos produceret, quos fece56 distracto patrimonio gemmas emere singulas, quas in conspectu omnium populorum fregerunt pueri; quod cum facerent contingit transire57 beatum Iohannem. Et conuocatus58 ad se Cratonem philosophum ait: Stultus est iste mundi contemptus, qui hominum ore laudatur. Sed diuino iuditio condempnatur. Sicut enim uana medicina est, ex qua non absciditur morbus, ita uana doctrina est ex qua non curantur uicia animarum et morum. Magister enim meus iuuenem cupientem ad uitam eternam attingere, hiis uerbis instruxit ut diceret quatinus si uellet perfectus esse, uenderet omnia sua et daret pauperibus; quo facto, thesaurum in celo acquireret, et uitam que finem non habet acquireret 59. Cui Craton dixit: Humane cupiditatis fructus in medio hominum positus confractus est; sed si uere Deus est magister tuus et uult hoc fieri ut pauperibus precium 60 erogetur, fac reintegrari gemmas, ut quod ego feci ad fammam hominum, tu facias ad gloriam eius fieri, quem tuum magistrum esse commemoras». Facta igitur oratione a sancto Iohanne «ita consolidata sunt61 fragmenta gemmarum, ut nec signum alicuius fracture in eis remaneret. Tunc philosophus Craton simul cum hiis iuuenibus et cum uniuersis discipulis suis pedibus eius aduolutus credidit, et baptizatus est cum omnibus, et cepit fidem Domini nostri Ihesu Christi publice predicare»62. Et hoc est quod dicitur: Melius est a sapiente, etc. Videamus ergo que bona correctio, et que mala adulatio facere consueuit. Acceptanda et amplectenda est siquidem sapientis correctio: correctio Vt repentinum interitum deuitemus. Prou XXIX, a, [1]: Viro qui corripientem, bona etc. [dura cervice contemnit, repentinus ei superveniet] usque interitus. Sap XII, g, 26: 54 heberetur : haberetur 55 Diaconi ecclesiarum Achaiae, Epistula, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», I, 106. 56 fece : fecerat 57 Vita transitum habere 58 Vita et convocans 59 Vita inveniret 60 Vita sensus pretii harum duarum gemmarum 61 Vita solidata sunt 62 Ps-Mellitus, Vita S. Iohannis, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 56. (PG, 5, 1247-1248) 104 360 365 370 375 380 qui autem ludibriis et increpationibus non sunt correcti, etc. [dignum Dei iuditium] usque experti sunt. Vt iuste que meruimus doleremus. Ose X, e, [10]: Iuxta desiderium meum corripiam, etc. [eos; congregabuntur super eos populi, cum corripientur propter duas iniquitates] usque suas. Vt sanctis et sapientibus concordemus. Ps CXL, d, [5]: corripiet me iustus in misericordia, et increpabit <me>. Vt de stulticia non notemur. Eccli X, f, [28]: Vir sapiens63 et disciplinatus, etc. [non murmurabit] usque correptus. Vt incorrigibiles nullatenus imitemur. Am V, d, [10]: Odio habuerunt corripientem in porta cordis, etc. [et loquentem perfecte abominati sunt]; peccatum in quo peccator stat porta mortis est. Eccli XX, a [4]: Quam bonum <est> correptum manifestare, etc. [penitentiam! sic enim effugies voluntarium] usque peccatum. E contra, adulatio: Adulatio Bona spiritualia consumit. Gregorius: «quod non deicit aduersitas frangens, quid facit depascit adulatio demulcens»64. Deceptionem inducit. Ys III, d, [12]: popule meus qui <te> beatum, etc. [dicunt ipsi te] usque decipiunt. Laqueis inuectit. Augustinus: «adulantium lingue alligant animas in peccatis»65. Iracundiam Dei adducit. Ps IX, d, [24]: laudatur peccator in desideriis. Glo : «hec est magna ira Dei: ut desit correctio et adsit adulatio»66. Pessimo lacte nutrit. Prou I, [a, 10]: si te lactauerint peccatores, etc. [ne acquiescas eis]. Tren IIII, b, [3]: sed et lamine67 nudauerunt mammam, lactauerunt catulos suos. Per uiam perditionis trahit. Prou XVI, f, [19]: Vir iniquus lactat amicum suum, et ducit per uiam non bonam. [65] Item eiusdem Sermo VIIus 385 390 395 Nemo mittens manum, etc. [suam de aratrum, et respiciens retro, aptus est] usque regno Dei. Lu IX, g, [62]. Huius rei in uita beati Iohannis euidens traditur argumentumm ubi sic legitur: «Duo honorati uiri ciuitatis Ephesiorum uendentes omnia sua et dantes egenis68 sequebantur apostolum». «Contingit autem ut intrantes ur//-bem Pergamum uiderent seruos suos sericis indutos uestibus procedentes et in gloria seculari fulgentes. Vnde factum est ut sagitta diaboli percussi tristes efficerentur, quod se in uno pallio uiderent egentes suos uero seruos potentissimos atque fulgentes; sed hos dolos diaboli intelligens apostolus ait: Video uos tristes69 quia doctrinam Domini nostri Ihesu Christi. secuti fuistis et omnia pauperibus contulistis; sed si uultis omnia recuperare», «afferte michi duos fasces uirgarum70; quod cum factum fuisset71, inuocato nomine Christi, conuerse 63 Vulg. prudens 64 Expositio in psalmos poenitentiales: «Adversitas me deprimit, successus extollit, convicia commovent, adulationes demulcent». PL 79, 574B. 65 Enarrationes in Psalmos, psal. 9, par. 21, lin. 4. CCSL 38. (PL 36, 126). 66 Glo. ord. Ps 9, 24. In Petrus Lombardus, Commentaria in Psalmos, (Cassiodorus. Alcuinus). PL 191, 139A. Cf. Bruno Herbipolensis, Expositio Psalmorum, PL 142, 73A. 67 lamine : lamie 68 Vita dantes universa egentibus 69 Vita Video vos et ânimos mutasse et vultus propter hoc quod 70 Vita deferte mihi virgas rectas in singulis fascibus 105 f. 25r 400 405 410 415 420 425 430 435 sunt in aurum» obtimum et lapides quos obtulerunt de littore in lapides preciosos; et de mandato apostoli discurrentes per officinas aurifficum et gemmariorum, repererunt quod purius aurum et tam preciosos lapides nunquam uiderant. Tunc ait apostolus: «Ite et redimite uobis terras quas uendistis, quia eterna premia perdidistis. Emite sericas uestes, ut per tempus fulgeatis sicut rosa», «que repente marcescit». «Estote diuites temporaliter ut in eternum mendicetis. Numquid impotens est Christus facere seruos suos diuiciis affluentes72, et incomparabiliter splendentes? Sed certamen statuit animorum, ut qui pro eius nomine temporalia deferent, eterna bona expectent73».74 Hec dicente apostolo, ecce defunctus efferebatur filius uidue, qui XXX dies habebat ex quo uxorem acceperat, quem beatus Iohannes ad preces et lacrimas populi inuocato nomine Christi suscitauit, ut illis duobus discipulis Attico et Eugenio intimaret quanta bona perdidissent, et quanta mala incurrissent. Tunc resuscitatus iuuenis dixit illis: ‗O miseri que uos amencia sua sit a sancto proposito declinare? «Vidi angelos uestros flentes et sathane angelos in uestra deiectione gaudentes75. Iam uobis regnum paratum erat et coruscantibus gemis zetas instructas plenas gaudiis et deliciis, et lumine eterno amisistis, et acquisistis loca tenebrosa plena draconibus, et stridentibus flammis, cruciatibus, doloribus, pauoribus, angustiis, timore et tremore horrífico». «Nichil aliud iam uobis superest, nisi ut rogetis apostolum ut uos resuscitet sicut me et nomina uestra scribantur in libro uite, que modo deleta sunt. Tunc ipse resuscitatus prosternens se ad pedes apostoli cum omni populo et cum Atico et Eugenio auxilium postulabant, ut apud Christum indulgentiam obtinerent», quod et factum est post penitentiam satis duram»76. Dicit ergo: Nemo mitens, etc. Aratrum dicitur hic officium sequendi apostolos qui dicuntur ‗boues‘. Iª Cor IX, [b, 9]: Non alligabis os boui trituranti. Hos sequitur quis tripliciter: ¶ uel fidem suscipiendo Christi; ¶ uel religionem ingrediendo; ¶ uel clerici officium assumendo. ¶ Respicit autem retro apostatando; igitur circa vicium apostasie, duo breuiter uideamus: Primo, que sunt illa per que incurritur. Hec sunt: ¶ Gula et luxuria. Eccli XIX, a [2]: Vinum et mulieres apostatare faciunt sapientes. ¶ Superbia. Eccli X, e, [14]: Inicium superbie hominis apostatare a Deo. ¶ Stulticia. Io VI, g, [67]: Multi discipulorum eius abierunt retro; quia stulti non intellexerunt uerba Christi. ¶ Idolatria. Eze II, b, [3]: fili hominis, mitto ego te ad filios Israel, etc. [ad gentes apostatrices, quae recesserunt] Apostasia usque a me. fugienda Secundo, quare fugienda modis omnibus indicatur; quia propter multa: Ne Deo displiceamus. IIª Thi II, b, [4]: Nemo militans Deo, etc. [implicat se negotiis secularibus, ut ei placet cui se] usque probauit, id est, deuouit. Ne infamiam incurramus. III, Questione IIII: «beatus predecessor, etc., omnis enim apostata reffutandus est ante reuersionem suam, nec in actus actionem recte agentium77, aut testimonium78 suscipiendus est»79. 71 Vita Quod cum fecissent 72 Vita Numquid nam impotens est manus Domini ut non faciat servos suos divitiis affluentes 73 Vita ut qui pro eis nomine temporales habere opes noluerint credant se aeternas habituros 74 Ps-Mellitus, Vita S. Iohannis, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 56-58. (PG 5, 1243-1244). 75 Vita gratulantes 76 Ibidem. (PG 5, 1245-1246). 77 Grat. non in accusatione recte agentium 78 Grat. testimonio 79 Grat. 3, 4, 2: «‗Qui legem suam sponte transgreditur, ante suam reuersionem recte agentes accusare non potest‘. Item Anacletus Papa in prima decretali: Beatus praedecessor noster Clemens, vir apostolicus et spiritu Dei plenus, una cum reliquis sanctis collegis suis statuit dicens: Accusandi vel testificandi licentia denegetur his qui Christianae religionis et nominis dignitatem, et suae legis vel sui propositi 106 Ne mali exemplum fiamus. Lu XVII, g, [32]: Memores estote uxoris Lot. Ne malorum exemplis adhereamus, ut Iuliani, Nicholay, Symonis magi. Ne regnum glorie amittamus. Vnde dicitur hic: Nemo mittens manum, etc. [suam de aratrum, et respiciens retro, aptus est regno Dei]. 440 [66] Sermo VIIIus 445 450 455 460 465 470 Memento unde excideris et prima opera fac. Apo II, b, [5].80 Hoc salubre Christi consilium dedit beatus Iohannes discipulis suis errantibus Atico et Eugenio, sicut in ipsius hystoria continetur, quibus dixit «ut per XXX dies Deo penitentiam offerent, in quibus maxime precarentur, ut uirge auree et lapides ad suam naturam redirent»; «factum est autem ut XXXa dierum elapso spacio in naturam pristinam nullatenus uerterentur. Tunc Aticus et Eugenius uenientes ad apostolum dixerunt: Semper misericordiam docuisti et indulgentiam predicasti, et precepisti ut homo homini indulgeret, et si homo homini indulget quanto magis Deus?» «In peccatum nostrum hec commisimus, sed quod occulis concupiscentibus delinquimus, occulis flentibus reparemus. Oramus te Domine, oramus apostole, ut indulgentiam quam semper docuisti uerbis, factis ostendas. Tunc beatus Iohannes, flentibus omnibus et pro hiis deprecantibus, dixit: Dominus Deus noster, hiis sermonibus usus est dum de peccatoribus ageret; [Eze XXXIII, 11]: Nolo mortem peccatoris, sed ut conuertatur et uiuat81. Item [Lu XV, 7]: gaudium est82 in celo super uno peccatore penitentiam agente, etc. [quasi super nonaginta novem iustis, qui non indigent paenitentia]. Vnde uolo uos scire quod Deus accepit penitentiam illorum. Tunc conuersus ad Aticum et Eugenium dixit: Reportate uirgas et lapides ad loca sua, quoniam ad suam materiam sunt reuerse, quod cum factum fuisset, recupareuerunt83 gratiam quam amiserant, ita ut fugarent demonia sicut prius, et infirmos curarent, et cecos illuminarent, et uirtutes multas per eos Dominus faceret»84. Dicit ergo: Memor esto, etc. In hiis uerbis inuitat Dominus peccatorem ad tria, qui ab alto gradu cecidit sanctitatis: Primo, ad gratiam et gloriam perditam recolendam, ibi, memor esto unde excideris. Ys LXIIII, [b, 6]: cecidimus quasi folium uniuersi, etc. [et iniquitates nostrae quasi ventus abstulerunt me]. Tren IIII [V], g, [16]: decidit85 corona, etc. [nostri, versus est in luctum chorus noster. Cecidit corona capitis nostri; ve nobis, quia] usque peccauimus. Secundo, ad penitentiam agendam, ibi, age penitentiam. Mt IIII, f, [17]: penitentiam agite, etc. [adpropinquavit enim regnum] usque celorum. Lu XIII, b, [3]: nisi penitentiam habueritis, peribitis. Tercio, ad operationem pristinam exequendam, ibi, prima opera fac. Hec sunt opera purissima, et discretissima. Can V, c, [5]: Manus mee distillauerunt mirram purissimam, et digiti, etc. [mei pleni mirra probatissima]. 475 normam aut regulariter prohibita neglexerint. Transgressores enim sponte legis suae, ejusque violatores, et recedentes, apostatae nominantur. Omnis enim apostata refutandus est ante reversionem suam, non in accusatione recte agentium aut testimonio suscipiendus est».. (PL 187, 674B/C). 80 Vulg. «Memento esto itaque unde excideris, et age paenitentiam et prima opera fac». 81 Vulg. «Nolo mortem impii, sed ut conuertatur impius a uia sua et uiuat». 82 Vulg. erit 83 Vita receperunt 84 Cf. Ps-Mellitus, Vita S. Iohannis, in Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 58. (PG, 5, 1246-1247). 85 Vulg. Cecidit 107 f. 25v [67] Incipit sermo primus in festiuitate Sanctorum Innocentum 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Ecce ego et pueri mei, etc. [quos dedit mihi Dominus in signum et] usque in <portentum>Israel. Ys VIII, [d, 18]. Verba sunt Christi loquentis de se et de innocentibus, quia et ipse puer similis illis, Ys IX, [b, 6]: Paruulus enim natus est nobis, et filius datus est nobis. Christus ergo modo requiescens in cubili uite eterne, cum istis pueris et filiolis suis, quasi ostendens se et illos nobis ad imitationem et glorie participationem, ait: Ecce ego et pueri mei quos dedit nobis. Videte me et pueros meos occulis fidei et contemplationis, ut nos alliciat quies nostre glorificationis et non impediat asperitas penitentie uel martirizationis. Dicit autem istos suos multiplici ratione, quia ipsos possidet: pueri Eterna predestinatione. Vnde isti bene possunt dicere infra, Eph I, [a, 3-5]: Dei Benedictus Deus, etc. [et Pater Domini nostri Iesu Christi, qui benedixit nos] usque in omni, id est, perfecta benedictione spirituali, que melior est temporali, in celestibus, ubi plus ualet palmus hereditatis, quem in terrestibus decem milia; sicut elegit nos, etc. [in ipso ante mundi constitutionem, ut] usque essemus sancti, id est, sine terrenorum cupiditate, non enim uenerunt ad talem etatem; et immaculati, id est, sine macula libidinis, quia cum mulieribus non sunt coinquinati1; in conspectu eius in caritate; qui predestinauit nos in adoptionem filiorum, id est, in filios adoptiuos; per Ihesum Christum. Ro VIII, e, [29]: Nam quos presciuit, et predestinauit, etc. [conformes fieri imagines Filii sui, ut sit ipse primogenitus in multis] usque fratribus. Apo VII, b, [4]: Audiui numerum signatorum, id est, paruulorum predestinatorum, uel signatorum distintorum a grege reproborum iudeorum; centum XLIIII milia signati, etc. [ex omni tribu filiorum Israhel]. Temporali formatione. Ys XLIIII [XLIII], f, [21]: populum istum formaui michi, id est, ad honorem meum; laudem meam narrabit, ut dicat illud Eph II, c, [10]: Ipsius enim sumus factura, creati, quasi de nichilo aliquid facti, id est, de peccatoribus et filiis ire, filii gratie et glorie; in Ihesu Christo, id est, per Ihesum Christum, cuius ratione occisi sumus et salui; unde subdit: in operibus bonis, id est, in circumcisione prius iustificante, et post in martirio beatificante. Culpe expertione, quia sicut Christus omni peccato caruit, ita isti, quoad actuale. f. 26r Apo XIIII, b, [4-5]: Hii sunt qui cum mulieribus, etc. [non sunt coinquinati, virgines enim sunt. Hii sequuntur agnum quocumque ierit. Hii empti sunt ex hominibus primitiae Deo et agno; et in ore eorum non est inventum mendacium, sine macula enim sunt] usque ante tronum Dei. Dixit Christus, Ps XXV, g, [11]: Ego autem in innocentia mea ingressus sum; et quid accidit, Ps XXIIII, g, [21]: Innocentes et recti adheserunt michi. Ideo dicitur Christus ‗agnus‘, et de istis potest dici: «Isti sunt agni nouelli qui annuntiauerunt, alleluia»2. Belli inchoatione; Christus enim ueniebat ad debellandos demones et malos homines, cuius modus preliandi et uincendi erat nouus, quia non percutiendo, sed paciendo. Ideo isti quasi exercitus nouus cum rege nouo Christo, primos ictus et primam aciem sunt adepti. Apo XIX, c, [11, 12-14]: Vidi celum apertum, id est, Ecclesiam militantem ut intret per fidem quicumque uoluerit, et ecce equus albus, id est, corpus Christus uirgineus et omnino innocens; et qui sedebat super illum, scilicet, Filius Dei; uocabatur fidelis, in promissis; et uerax, in dictis; et in iusticia iudicat et pugnat. [oculi autem eius sicut flamma ignis, et] in capite eius diademata multa, etc. [habens nomen 1 Apc 14, 4 2 Gregorius I (Magnus), Liber responsalis, Feria Quarta, Resp. 1: «Isti sunt agni novelli qui annuntiaverunt, alleluia, modo venerunt ad fontes, repleti sunt claritate, alleluia, alleluia». PL 78, 773A. 108 50 55 60 65 70 scriptum quod nemo novit nisi ipse]. Et exercitus qui sunt in celum3, id est, acies innocentum; sequebantur eum in equis albis, id est, in corporibus immaculatis; uestiti bissino albo et mundo, quia lauerunt stolas suas in sanguine agni4. Martirii similitudine, sicut enim Christus grauiter martirizatus fuit, et fuit omni merito, ita isti. Tale autem martirium est ualde laudabile. Iª Pe II, f, [19-20]: Hec est enim gratia, si propter, etc. [Dei conscientiam sustinet quis tristitias, patiens iniuste. Quae enim est gloria, si peccantes et colaphizati] usque suffertis. Item IIII, g, [15-16]: Nemo uestrum paciatur, etc. [ut homicida, aut fur, aut maledicus, aut alienorum appetitor. Si autem ut Christianus] usque non erubescat. Perfecta laudatione: Bona est laus cordis. Vnde: Vos autem in cordibus uestris, benedicite Dominum. Hoc sumptum est de epistola5. Item Bar V [VI], a, [5]: dicite in cordibus uestris: te oportet adorari domine. Melior est laus oris, suple, addita. Ps XXXIII, a, [2]: benedicam Dominum in omni, etc. [tempore; semper laus eius in ore] usque meo. Obtima, uidelicet perfecta laus operis. Talis fuit laus istorum. Ps VIII, b, [3]: Ex ore infancium, etc. [et lactentium perfecisti] usque laudem. Videtur oppositio in adicto: si enim infantes, id est, ‗non fantes‘6, quomodo ex ore eorum perfecta est laus? Sed ipsi omnibus membris laudauerunt, quia in omnibus passi sunt iuxta illud, Ps XXXIIII, c, [10]: Omnia ossa mea, etc. [dicent: Domine, quis similis] usque tui. Vnde sanctus Iohannes [Chrysostomus] ait: «Infancia que per etatem loqui non poterat, gloriam Dei cum gaudio resonabat. Nouerunt7 laudare Christum qui loqui non nouerant, ostendunt laudibus Dominum, suffragiis predicant Christum. Fiunt interea pueri sine magistro diserti, docti sine doctore, periti sine eruditione; agnoscunt Christum, predicant Christum, non quem persuasio humana docuerat, sed quem diuinitas innocentibus inspirabat. Dicunt igitur domino laudes trucidati ab Herode lactentes; locuntur sanguine, quod lingua non possunt; passione canunt, qui sermone non norunt; occisi predicant, quod uiui non poterant»8. 3 Apc in caelo 4 Apc 7, 14. 5 Eph 5, 19: «Cantantes et psallentes in cordibus vestris Domino». 6 Cf. Adamus Perseniae, Epistolae, epist. 29, ‗De silentio‘: «Infantes ergo hujusmodi non fantes, id est silentes sunt, qui videlicet salutare Dei cum silentio praestolantur. Bonum est, ait propheta, praestolari salutare Dei cum silentio (Thren 3, 26)». PL 211, 689C. 7 Homiliae Norunt 8 In Paulus Winfridus Diaconus, «Homiliarius», Homiliae 39 (ex beato Chrysostomo), In Natali Innocentium : «Infantia enim, quae per aetatem loqui non poterat, glorias Dei cum gaudio resonabat. Norunt laudare Christum, qui loqui non norant. Fiunt periti laude, qui fuerant imperiti sermone. Ostendunt laudibus Christum, suffragiis praedicant Christum. Fiunt interea pueri sine magistro diserti, docti sine doctore, periti sine eruditore. Agnoscunt Christum, praedicant Dominum, non quem persuasio humana docuerat, sed quem Divinitas innocentibus inspirabat. Cessant enim humana cum divina tractantur, quia humana ipsa prodesse non poterunt, nisi divinorum solatio sublevetur. Necesse est enim terrena succumbere, cum coelestia praedicantur; naturalia silere, cum virtutes loquuntur. Erigitur itaque infantium aetas in laudem, quae delictorum non noverat crimen. Dignus a dignis laudatur, et innocens innocentium testimonio praedicatur. Accipiunt enim a Christo et reddunt: consequuntur et referunt. Uno enim tempore et qui dederat recipit, et qui acceperat reddit; uno inquam tempore sua Christo redduntur, dum ejus laudes illi ab infantibus referuntur. Diximus de laude infantium, quod de lactentium laudibus, proferemus? quorum laudem invenire non possumus, nisi eos ipsos qui laudaverint noverimus. Qui sint, ubi sint, quam laudem intulerint, quaero, qui loqui non norant. Neque enim aetas illa poterat posse quod natura non dederat, aut celebrari a talibus poterat, quod institutio denegabat. Dicunt namque Domino laudes trucidati ab Herode lactentes, loquuntur sanguine quod lingua non possunt. Passione canunt quod sermone non norunt, occisi praedicant quod vivi non poterant». PL 95, 1176A-1176C. 109 75 80 85 Hereditatis Christi participatione. Nu XIII [XIIII], [31]: Paruulos uestros, etc. [de quibus dixistis quod praedae hostibus] usque forent. Ait enim Cayfas, [Io XI, 48]: Venient romani, et tollent nostrum locum et gentem; ‘introducam, ut uideant terram uiuentium que uobis displicuit’.9 Mt XIX, [b, 14]: sinite paruulos, etc. [et nolite eos prohibere ad me venire; talium est enim regnum] usque celorum. Ideo dicebat Mt XVIII, a, [3]: Amen dico uobis, nisi conuersi, etc. [fueritis et afficiamini sicut parvuli, non intrabitis in regnum] usque celorum. Habet etiam diabolus pueros suos, scilicet, senes stultos. Ys LXV, f, [20]: puer centum annorum morietur, quia sicut ait Iob v, a, [2]: paruulum occidit inuidia, et peccator C annorum maledictus erit. Ys XL, g, [30]: deficient pueri et laborabunt in inferno. IIIIº Reg II, g, [24]: Egressi duo ursi de saltu, lacerauerunt XLII pueros10, illudens Helyseo, id est, Christo; ideo dicitur Eph IIII, c, [14]: Non simus paruuli. [68] Sermo IIus Captabunt in animam iusti et sanguinem innocentem condemnabunt. Ps XCIII, 90 [d, 21]. 95 100 105 110 IIIIor distinguit propheta patentissime in hiis uerbis: Primo, Herodis et complicum eius inuidiam callidam et sollicitam eius machinationem, ibi, captabunt; quesiuit enim Herodes natiuitatis Christi: Locum. Mt II, a, [4]: sciscitabatur a scribis11 ubi Christus nasceretur. Tempus, quia sicut ait Mt II, b, [7]: diligenter didicit a magis12 tempus stelle. f. 26v Personam, quia dixit, eodem, b, [8]: Interrogate diligenter, etc. [de puero; et cum inveneritis, renuntiate mihi, ut et ego veniens] usque adorem eum. Glo : «Herode uero coriem13 promittit, sed gladium a cure14: maliciam cordis depingens colore humilitatis»15. Rabanus: «finxit se uultu et uerbis adorare eum quem inuida mente cogitabat occidere»16. Iob XXXVI, c, [13]: Simulatores et callidi prouocant usque17 Dei. Herodes enim tenebatur Christum defendere, etiam si alii uellent occidere. XXIII, Questione V: «Non est innocentie, parcendo sinere, ut in malum grauius incidatur, pertinet ergo ad innocentis officium non solum nemini malum inferre, uerum etiam cohibere a peccato»18. Secundo, capitalem et impiam persecutionem, ibi, in animam. Non enim sciebat Christi capam uidelicet domum aut uineam, sed animam. Mt II, [d, 20]: Defuncti sunt enim qui querebant animam pueri. Tercio, Christi temporaneam perfectionem, ibi, Iusti. Iusticia in duobus consistit que Christus in puericia plene habuit, scilicet, in reprobatione mali et electione boni. Ys VII, [c, 15]: butirum et mel comedet, ita tamen ut tunc sorbilibus quasi puer utens, sciat perfecte reprobare malum et eligere bonum. Ps CXLIIII, f, [17]: iustus Dominus in omnis 9 Nm 14, 31. 10 Vulg. Egressi sunt duo ursi de saltu, et leceraverunt ex eis XLII pueros. 11 Vulg. ab eis 12 Vulg. ab eis 13 Glo. deuotionem 14 Glo. acuit 15 Glo. ord. Mt 2, 8. (PL 114, 74D). 16 Commentarium in Matthaeum, PL 107, 758C. Cf. etiam Glo. ord., Mt 2, 8. (PL 114, 74D). 17 usque : iram Grat. 23, 5, 37: ‗Innocentis officium est, nulli nocere, et peccantem punire‘. Cf. Augustinus Hipponnesis, De Ciuitate Dei, lib. 19, cap. 16, lin 19, CCSL 48. (PL 41, 644). 18 110 115 uiis suis; de hoc proprie dicitur Prou XII, f, [21]: Non contristabit iustum quicquid ei, etc. [acciderit, impii autem replebuntur malum]. Quarto, innocentum crudelem dampnationem, ibi, et sanguinem innocentem condemnabunt. Ps LXXVIII, a, [3]: effuderunt sanguinem eorum tanquam aquam in circuitu ierusalem, etc. [et non erat qui sepeliret]. Dan XII [XIII, f, 53]: Innocentem et iustum non interficies. [69] Item eiusdem sermo IIIus 120 Absorbuit me quasi draco, repleuit uentrem suum teneritudine mea. Iere LI, [d, 34]. 125 130 135 140 145 150 155 160 In hiis uerbis uidetur Christus puer conqueri de Herode, licet de Nabuchodonosor qui Dei populum captiuauit dictum ad litteram uideatur. Notantur uero in auctoritate premissa Ve: Primo, rabida Herodis uoracitas, ibi, absorbuit. Iob XL, e, [18]: Absorbebit, Herodes membrum Beemoth, fluuium, id est, peccatorum multitudinem trucidando, et non mentura19 pro nichilo tantam nequitiam reputando, et habet fiduciam, impossibile presumendo, quod Iordanis humilis descensus, id est, Christus puerulus influat in os eius, cum ceteris moriendo; sed hec, sicut ait Iob XXIIII, d, [12]: Deus inultum abire non patitur. Iob VII, f, [18]: Si absorbuerit Deus eum, id est, Herodem, de loco suo, crudeli morte occidendo et inferni faucibus iaciendo, negabit eum in iuditio contempnando, et dicet: non noui te, cum ceteris aprobando. Ys XLII, d, [13-15]: Dominus sicut fortis, etc. [egredietur, sicut vir proeliator suscitabit zelum; vocifarabitur, et clamabit; super inimicos suos confortabitur. Tacui semper, silui, patiens fui; sicut parturiens loquar; dissipabo, et absorbebo simul. Desertos faciam montes, et colles, et omne gramen eorum exsiccabo; et ponam flumina in insulas, et stagna] usque arefaciam. Item XLIX [LIX], f, [17-21]: Indutus iusticia ut lorica, etc. [et galea salutis in capite eius; indutus est vestimentis ultionis, et opertus est quasi pallio zeli. Sicut ad vindictam quasi ad retributionem indignationibus hostibus suis, et vicissitudinem inimicis suis; insulis vicem reddet. Et timebunt qui ab occidente nomen Domini; et qui ab ortu solis gloriam eius, cum venerit quasi fluvius violentus quem spiritus Domini cogit; et venerit Sion redemptor, et eis qui redeunt ab iniquitate in Iacob, dicit Dominus.] usque hoc fedus. Secundo, eiusdem mira crudelitas, ibi, quasi draco. Apo XII, g, [17]: iratus est draco, id est, Herodes, in mulierem, id est, contra beatam Virginem in Egiptum fugientem, et abiit Herodes facere prelium cum reliquis de semine eius, id est, cum pueris de genere eius. Tercio, eiusdem insaciabilis auiditas, ibi, repleuit uentrem suum. Iob XX, e, [2229]: Cum saciatus fuerit, arctabitur, etc. [aestuabit, et omnis dolor irruet super eum. Utinam impleatur venter eius, et emittat in eum iram furoris sui, et pluat super illum bellum suum! Fugiet arma ferrea, et inruat in arcum aereum. Eductus, et egrediens de vagina sua, et fulgurans in amaritudine sua; vadent et venient super eum horribiles. Omnes tenebrae absconditae sunt in occultis eius; devorabit eum ignis qui non succenditur; adfligetur relictus in tabernaculo suo. Revelabunt caeli iniquitatem eius, et terra consurgens adversus eum. Apertum erit germen domus illius; detrahetur in die furoris Dei. Haec est pars hominis impii a Deo, et hereditas verborum eius a Domino.] usque ad finem capituli. Quarto, tenera innocentum etas, ibi, teneritudine, id est, teneris pueris. Ps XVI, g, [14]: saturati sunt filiis, id est, complices et consiliarii Herodis. Non sic fecit imperator 19 non mentura : non mirabitur 111 165 Constantinus qui consultum fuerat occidere pueros in sanguine calido balneari pro lepra euadenda, et ideo Dominus ei Baptismi lauacrum corporis, scilicet et mentis, demonstrauit, per quem fuit a beato Siluestro plenissime renouatus.20 Vº, dulcissima Christi pietas, ibi, mea; sibi enim reputat factum quod pueris intulerunt. Mt XXV, g, [40]: uni ex his fratribus meis etc. [minimis mihi fecistis]. [70] Sermo IIIIus In alis tuis inuentus est sanguis animarum pauperum et innocentum. Iere II, g, 170 175 180 185 190 195 [34]. In hac auctoritate notantur tria, que patent facile intuenti: Primo, Herodis ¶ abominanda ¶ et manifesta ¶ et superbia inquinatio, ibi, In alis tuis sanguis animarum. Osee IIII, g, [19]: ligauit <eum>, id est, Herodem, spiritus malignus, scilicet, in alis suis, glutino sanguis innocentis; due ale Herodis fuerunt: f. 27r ¶ prima, potentia, ¶ IIª, malicia; uel ¶ prima, superbia, ¶ IIª, inanis gloria: hiis expedire uolebat ad effudendum sanguinem innocentum et ad infernum possidendum. Za V, f, [911]: Vidi, et ecce due mulieres: Prima mulier, Herodis uanitas. Secunda, uolumptas; egredientes de malo ad peius; et habebant alas quasi alas milui qui timet ancipitrem sed rapit pullos; talis erat Herodes murinico leone, formica ad romanos, leo ad pueros; Et leuauerunt amphoram, id est, Herodem, fragilem, uacuum; strictum in principio et in fine per paupertatem et uilitatem; latum in medio per dignitatem et copiositatem; inter celum et terram, qui est locus demonum, quorum ipse erat socius et detulerunt eam in terra sennaar, que interpretatur ‗fetor et excussio dentium‘21: iste est infernus ubi, sicut dicitur [Mt VIII, 12], erit fletus et stridor dentium. Vt edificetur ei domus et stabiliatur immobiliter super basim suam22, ut ibi uiuat cum diabolo, quamdiu paruuli cum Christo. Secundo, districta Dei iusti iudicis acusatio, ibi, inuentus est a me, dicit Dominus. Iere XXIX, f, [23]: ego sum iudex et testis, dicit Dominus. Tercio, pauperum et innocentum iusta uindicatio, ibi, pauperum et innocentum, quasi dicat, quia tales trucidasti merito punieris, cuius rabia tanta fuit, quia nec etas retardauit, nec paupertas inclinauit, nec innocentia refrenauit, nec diuina comminatio temperauit; qua dicitur Prou XXIII, b, [10]: Ne attingas <paruulorum> terminos, et multo magis corpora paruulorum; et agrum pupilorum non introeas: propinquus enim <illorum> est,Christus, fortis, etc. [et ipse iudicabit contra te causam] usque illorum. [71] Sermo Vus 200 Custodi innocentiam, etc. [et vide aequitatem, quoniam sunt reliquiae homini] usque paciffico. Ps XXXVI, g, [37]. Ve facit Dominus hiis uerbis; hortatur enim: innocentia Primo, ad innocentiam retinendam, ibi, custodi innocentiam: hoc non fecit retinenda Herodes, nec hodie non faciunt similes illi qui dum aliis nocent prius et maxime sibi 20 Cf. Auctor incertus, Prologus in Vitam Sancti Sylvestri Papae et Confessoris, Boninus Mombritius, «Sanctuarium seu Vitae Sanctorum», II, 510-511. 21 Cf. Hieronymus Stridonensis, De nominibus hebraicis. PL 23, 784. 22 Vulg. ‘Ut edificatur ei domus in terra Sennaar, et stabiliatur, et ponatur ibi super basem suam‘. 112 205 210 215 220 225 230 235 nocent. Augustinus: «Nemo non prius in se quam in alterum peccat»23. Esset tamen innocentia retinenda et diligentissime amplectenda: Vt Christo assimilemur. He VII, [26]: talis decebat ut esset nobis pontifex, sanctus, innocens, etc. [impollutus, segregatus a peccatoribus, et excelsior caelis factus]. Io I, [29]: Ecce agnus Dei. Beda: «ecce innocens et ab omni peccato immunis»24. Vt in conscientia delectemur. Ps C, b, [2]: perambulabam in innocentia, etc. [impollutus, segregatus a peccatoribus, et excelsior caelis factus] usque mee. Vt dampnationem caueamus. Iere XLVI, g, [28]: Te uero non consumam, etc. [sed castigabo te in iudicio, nec quasi innocenti parcam tibi], usque in finem capituli. Vt preceptum Dei impleamus, quod precipit hic: custodi innocentiam. Vt ad celi culmina ascendamus. Ps XXIII, b, [3-4]: quis ascendet in monte domini, etc. [aut quis stabit in loco sancto eius? Innocens manibus et mundo] usque corde. Secundo, ad Christum puerum conseruandum, ibi, custodi ueritatem, secundum aliam litteram. Io XIIII, [a, 6]: Ego sum uia, per exemplum; ueritas, per documentum; uita, per premium. IIº Reg XVIII, b, [5]: precepit rex ioab et abisai, etc. [et Ethai, dicens: Servate mihi puerum] usque Absalom, ‗pax patris‘25 Christus est. Tercio, ad iusticiam discernendam, ibi, uide equitatem; hoc non fecit Herodes, nec sibi similes faciunt. Ys LIX, e, [14]: Conuersum est retrorsum, etc. [iudicium, et iustitia longe stetit, quia corruit in platea teritas, et aequitas non potuit] usque ingredi. Quarto, ad Christum agnoscendum, ibi, uide discretionem, secundum aliam litteram, quasi dicat Deus Herodi: uide discretionem inter Christum et alios homines, per multa signa: per Magos de longe uenientes, et signum nouum sequentes; per scribas de Scriptura testimonium profferentes; per angelos cantantes; per pastores laudantes; per Simonem et Annam profetantes. Et uide quia Christus non est persequendus sed adorandus. Vº, dicit quare hec omnia sit agendum, ibi, quoniam sunt reliquie, etc.; pro hiis bonis si solum habetis gratiam in presenti, sed relinquitur tibi gloria qua iocunderis in futuro. Glo: «post hanc uitam remanet ei bonum, non periit omnino sed uiuit»26. Reliquie «sunt bona que post hanc uitam relinquuntur bonis, id est eterna, uel memoria bona post obitum»27. [72] Sermo VIus 240 Desine ab ira, etc. [et derelinque furorem; noli aemulari ut] usque maligneris. Ps XXXVI, b, [8]. Hiis uerbis uidetur Dauid propheta alloqui Herodem: ¶ iracundum, ¶ furibundum, ¶ inuidum ¶ et ma//-lignum; et consulere ut ab isto quaternario nephario f. 27v refrigescat; Herodes autem habuit uehementem: 23 Prosper Aquitanus, Liber Sententiarum, cap. 1, lin. 2. CCSL 68A. (PL 45, 1859). Cf. Augustinus Hipponensis, Enarrationes in Psalmos, Ps 100, 2, Sermo ad plebem, 4: «Sed quis est innocens? Qui cum alii non nocet, nec sibi nocet. Qui enim et sibi nocet, non est innocens». PL 37, 1286. 24 Homiliarum euangelii libri II, lib. 1, hom. 15, lin. 5. CCSL 122. (PL 92, 648B et 94, 74D). 25 Cf. Hieronymus Stridonensis, De nominibus Hebraicis: «Abessalom, pater pacis». PL 23, 815. 26 Glo. ord. Ps 36, 37. Cf. Petrus Lombardus, Commentaria in Psalmos : Petrus Lombardus, Commentaria in Psalmos, «[Aug.] Et ne putes quod finitus sit homo, attende novissima, et videbis quoniam sunt reliquiae homini pacifico; post hanc vitam remanet ei bonum; non periit omnino, sed vivit. [Aug.] Reliquiae sunt bona quae post hanc vitam relinquuntur bonis, id est aeterna, vel memoria bona post obitum». PL 191, 377B. 27 Ibidem. 113 245 250 255 260 Iram audito recessu Magorum. Mt II, [c, 16]: Herodes uidens quod28 illusus esset a magis, iratus est ualde. Furorem insaniam necis puerorum. Mt II, [c, 16]: mittens occidit omnes, etc. [pueros qui erant in Bethleem, et in omnibus finibus eius, a bimatu et infra, secundum tempus quod exquisierat] usque a magis. Emulationem ne regnum perderet. Vnde: «Hostis Herodes impie, Christum, etc. [venire quid times? Non eripit mortalia. Qui regna dat coelestia]».29 Malignationem ut Christum occideret. Mt II, f, [13]: futurum est ut Herodes querat puerum ad perdendum eum; subiungit propheta autem tres causas quare hoc consulit, scilicet: Prima, est ne ipse exterminetur eterna hereditate. Vnde subdit: quoniam qui malignantur exterminabuntur, etc. [sustinentes autem Dominum, ipsi hereditabunt] usque terram.30 Secunda, ne benedictione priuetur. Eodem, d, [22]: quia benedicentes ei hereditabunt terram. Tercia, ne eterna maledictione multetur. Eodem, d, [22]: maledicentes autem ei disperibunt. [73] Sermo VIIus 265 270 Innocentes et recti adheserunt michi. Ps XXIIII, g, [21]. Circa hec tria utilia uideamus: Primo, qui sint innocentes et recti dicendi. Augustinus: Innocens est «qui nec miserum facit nec miserum relinquit»31. Bernardus: Innocentes non sunt «qui sanitati32 corpori, puritatem cordi, pacem fratri, imitationem sanctis, compassionem mortuis, auxilium angelo, pietatem Deo non exhibent»33. Augustinus: «eam innocentiam Deus aprobat, qua homo non metu pene fit innocens, sed amore iusticie; nam qui amore 34 non peccat, quamuis non noceat alii35, sibi tamen plurimum nocet; simulata innocentia non est innocentia, simulata equitas non est equitas; sed duplicatum peccatum in quo est 28 Vulg. quoniam 29 Breviarium iuxta ritum Ordinis Praedicatorum, In Epiphania Domini, Ad I Vesperas, Hymnus: ‗Hostis Herodes impie‘, vv. 1-4. Etiam in Coelius Sedulius, Hymnus, ‘A solis ortus cardine’, vv. 29-32. PL 19, 765A. Cf. Manuel A. Marcos Casquero y Jose Oroz Reta, Lírica Latina Medieval II, p. 196.. 30 Ps 36, 9. 31 Cf. Walafridus Strabo, Liber Psalmorum (Glo. ord. Ps 100, 2) : «(Aug.) Perambulabam. Quae est via immaculata? Ea ab innocentia incipit, et in illa consummatur; et non est opus multis verbis: Innocens esto, et perfecisti justitiam. Sed duobus modis nocet homo, videlicet si facit miserum, et si deserit miserum. Innocens est qui nec sibi nec alii nocet». PL 113, 1010C. Cf. Petrus Lombardus, Commentaria in Psalmos. PL 191, 902A. Cf. Augustinus Hipponensis, Sermones, sermo 278, lin. 10 : «ille enim innocens est, qui nulli nocet: quia dilectionis proximi regula ab ipso est». PL 38, 1272. 32 Sermones sanitatem 33 Sermones de diuersis, sermo 16, par. 4, vol. 6,1, pag. 146, lin. 26 : «Ita ergo et sanitatem corpori, puritatem cordi, pacem fratri, imitationem sanctis, compassionem mortuis debemus; auxilium ab angelo, pietatem a Deo ex arca naturalium bonorum habere debemus et quaerere, ut sciamus quia, cum haec quae mandata sunt et data naturae fecerimus, serui inutiles sumus: quae debuimus facere, fecimus. Aut vix enim, aut nunquam invenitur aliquod praeceptum datum hominibus, quod transeat terminos possibilitatemque naturae. In his autem bonis, sicut praediximus, reparamur, et quasi quodam modo restituimur in antiquum, dum ad ingenitam naturae suavitatem revertimur, dum etiam nobis, et his qui circa nos sunt, et eis qui supra nos sunt, debitum rerum ordinem exhibemus. Et haec quidem pro bonis naturalibus». (PL 183, 581A-C). 34 Collectanea timore 35 Collectanea alliis 114 275 280 285 290 295 300 305 iniquitas et simulatio»36. Gregorius: «Rectus est ¶ qui aduersis non frangitur, ¶ qui ad temporalia non inclinatur, ¶ qui ad superna totus erigitur, ¶ qui diuine uoluntati humilis sumitur, non superbus aduersatur»37. Item Ysidorus in IIº libro Ethimologiarum: ¶ «ex innocentia, nascitur dignitas, ¶ ex dignitate, honor, ¶ ex honore, imperium, ¶ ex imperio, libertas»38. Secundo, quomodo sit ei adherendum: ¶ quia glutino caritatis. Ps CXVIII, b, [25]: adhesit pauimento anima mea. Glo Augustinus: «adhesit caritate anima mea, id est, adhesit tibi caritate, ut te pose39 diligeret»40. Quia unione uoluntatis. Iª Cor VI, g, [17]: qui adheret Domino, unus spiritus est. Augustinus: «adheret Domino semper Dei faciens uoluntatem»41. Quia ligamine perseuerancie. IIº Reg XX, a, [2]: Vidi42 Iuda adheserunt, etc. [regi suo a Iordane] <usque> usque in Ierusalem, ide est, ab altero usque in celestem pacificam uisionem. Quia immediate uisionis spem43. Ps LXXII, [d, 28]: Michi autem adherere Deo bonum est. Augustinus: «bonum est adhere44 Deo in futuro, quia nichil melius quam uidere Deum facie ad faciem»45. Tercio, quare sit ei taliter adherendum; hoc iam patet ex parte, sed tamen adhuc: Deo Vt preceptum Domini compleamus. Deu X, g, [20-22]: Dominum Deum tuum adherere timebis, [et ei soli servies; ipsi adherebis, iurabisque in nomine illius. Ipse est laus tua, et Deus tuus, qui fecit tibi haec magnalia et terribilia, quae viderunt oculi tui. In septuaginta animabus descenderunt patres tui in Aegiptum; et ecce nunc multiplicavit te Dominus Deus tuus sicut astra caeli], etc., usque ad finem capituli. [Deu ] XXX, g, [1920]: elige ergo uitam, etc. [ut et tu vivas, et semen tuum; et diligas Dominum Deum tuum, atque oboedias voci eius, et illi adhereas, ipse est enim vita tua, et longitudo dierum tuorum, ut habites in terra, pro qua iuravit Dominus patribus tuis, Abraham, Isaac, et Iacob, ut daret eam illis]. Vt diabolum contempnamus. Lu XVI, d, [13]: Vni adherebit, id est, Domino, et alterum contemnet. Vt hostes infideles licet potentissimos deuincamus. Ios XXIII, e, [8-9]: Adhereatis Domino Deo uestro, etc. [quod fecistis usque in diem hanc. Et tunc auferet Dominus Deus in conspectu vestro gentes magnas et robustissimas, et nullus vobis resistere] usque poterit. Vt adherentes nobis ad Deum ducamus. Ys XIIII, a, [1]: Adducetur46 aduena ad eos, et adherebit domui Iacob, id est, Ecclesie Christi. 36 In Petrus Lombardus, Collectanea in epistolas Pauli, PL 192, 285C/D. Cf. Augustinus Hipponensis, Enarrationes in Psalmos, Ps. 93, 1 : «Docet ergo Deus innocentiam, ut quisque innocens sit non timore poenae, sed amore justitiae. Tunc enim liber est innocens et verus est innocens. Qui autem timore innocens, fit, non est innocens, quamvis non noceat cui vult nocere. Non enim nocet alteri per factum malum, sed sibi plurimum per cupiditatem malam». PL 37, 1190. Cf. Ibidem, Ps. 73, 11 (v. 7), Sermo ad plebem : «Simulata innocentia non est innocentia: simulata aequitas non est aequitas, sed duplex iniquitas; quia et iniquitas est, et simulatio». PL 36, 765. 37 Cf. Moralia in Iob, lib. 31, par. 28, lin. 2 : «Exultat audacter, quia sic aduersis non frangitur, sicut nec prosperis eleuatur». CCSL 143B. (PL 76, 604C). 38 cap. 21, 4. PL 82, 135B. 39 pose : pre se 40 Glo. ord. Ps 118, 25. In Petrus Lombardus, Commentaria in Psalmos. PL 191, 574B/C. 41 In Petrus Lombardus, Collectanea in epistolas Pauli. PL 191, 1582D. 42 Vide : Viri 43 spem : spe 44 adhere : adherere 45 Ibidem. PL 191, 678C. 115 310 Vt eternaliter uiuamus. Deu IIII, a, [3-4]: occuli uestri uiderunt omnia, etc. [quae fecit Dominus contra Beelphegor, quomodo contriverit omnes cultores eius de medio vestri; vos autem qui adheretis Domino Deo vestro, vivitis universo usque] usque in presentem diem. [74] Sermo VIIIus 315 320 325 330 335 Sinite paruulos et nolite, etc. [prohibere ad me venire; talium est enim regnum] usque celorum. Mt XIX, d, [14]. IIIIor notantur in hiis uerbis: Primo, Christi benignitas, ibi, sinite. Ysidorus: «Benignus est uir ad benefaciendum paratus, et dulci47 alloquio», «benignus sua cunctos nouit inuitare dulcedine»48. Secundo, paruulorum inspirata caritas, ibi, uenire ad me. Iohannes [Chrysostomus]: «agnoscunt Christum, predicant Christum, non quem persuasio humana docuerat, sed quem diuinitas innocentibus inspirabat. etc. [Dicunt namque Domino laudes trucidati ab Herode lactentes, loquuntur sanguine quod lingua non possunt. Passione canunt quod sermone non norunt, occisi praedicant quod vivi non poterant]»49. Quere supra in prima collatione.50 Tercio, impedimentorum multiplicitas, ibi, nolite prohibere; hec sunt: ¶ mala f. 28r uerba, ¶ male cogitationes, ¶ male operationes. Iob XV, b, [11-14]: Numquid grande est ut consoletur te Deus? Sed uerba tua <praua> hoc prohibent, etc.: [Quid te elevat cor tuum, et quasi magna cogitans adtonitos habes oculos? Quid tumet contra Deum spiritus tuus, ut proferas de ore huiuscemodi sermones? Quid est homo, ut inmaculatus sit, et ut iustus appareat, natus de muliere?] Quarto, innocentium et iustorum hereditas, ibi, talium est enim regnum celorum. Ps XXXVI, d, [18]: Nouit Dominus dies, id est, opera clara et delectabilia, et exemplaria immaculatorum: talis fuerunt illi, quia sine macula sunt ante tronum Dei, et hereditas eorum, scilicet, ipse Deus. Ps XV, [a, 5]: Dominus pars hereditatis mee, suple in eternum erit. Ys LIIII, g, [17], et LV, a, [1]: hec est hereditas seruorum Domini; et iusticia <eorum> apud <me>, dicit Dominus. Omnes sitientes, etc. [venite ad aquas; et qui non habetis argentum, properate, emite, et comedite; venite emite absque argento et absque ulla commutatione vinum et] usque lac. 46 Vulg. Adiungetur 47 Etymologiarum dulcis 48 Etymologiarum libri XX, lib. 10, 24: «Benignus est vir sponte ad benefaciendum paratus, et dulcis alloquio; non autem multum distat benignus a bono, quia, et ipse ad benefaciendum videtur expositus. Sed in eo differt, quia potest bonus esse, et tristior, et bene quidem facere, et praestare quod poscitur, non tamen suavis esse novit consortio. Benignus autem sua cunctos novit invitare dulcedine». PL 82, 370B/C. 49 In Paulus Winfridus Diaconus, «Homiliarius», Homilia 39, in natali Innocentium (ex beato Chrysostomo). PL 95, 1176C. 50 Vide supra nota 8. 116 [75] Incipit sermo primus in festiuitate sancti Thome episcopi et martiris 5 10 15 20 25 30 35 40 Nunquid prebebit1 equo fortitudinem, etc. [aut circumdabis collo eius hinnitum? Numquid suscitabis eum quasi locustas? Gloria narium eius terror. Terram ungula fodit, exultat audacter; in occursum pergit armatis. Contemnit pavorem, nec cedit] usque gladio. Iob XXXIX, e, [19-22]. Origenes dicit super illud Exodi XV, a, [1]: equum et ascensorem proiecit in mare, «quia mali homines equi sunt diaboli; boni uero, equi sunt Dei»2. Bene igitur de beato Thoma martire dicitur quasi de equo Dei: Nunquid prebebis, etc. In hac auctoritate notantur IX gratie quas arbitror beatum Thomam perfecte habuisse, et cuilibet prelato omnimodis expedite, que sunt: prelati Audacia cordis, ibi, Nunquid prebebis equo fortitudinem; hoc contra gratie pusillaminitatem. Io X, [b, 12]: Mercenarius autem, etc. [et qui non est pastor, cuius non sunt oves proprie, videt lupum venientem, et dimittit oves, et] usque fugit. Deu XXVIII per totum.3 Leu XXVI, b, [14-41]: Quod si non audieritis, etc. [me, nec feceritis omnia mandata mea; si spreveritis leges meas, et iudicia mea contempseritis, ut non faciatis ea quae a me constituta sunt, et ad irritum perducatis pactum meum, ego quoque haec faciam vobis: visitabo vos velociter in egestate, et ardore, qui conficiat oculos vestros, et consumat animas vestras. Frustra seretis sementem, quae ab hostibus devorabitur. Ponam faciem meam contra vos, et corruetis coram hostibus vestris, et subiiciemini hiis qui oderunt vos; fugietis, nemine persequente. Sin autem nec sic oboedieritis mihi, addam correptiones vestras setuplum propter peccata vestra, et conteram superbiam duritiae vestrae. Daboque vobis caelum desuper sicut ferrum, et terram aeneam. Consumetur incassum labor vester; non proferet terra germen, nec arbores poma praebebunt. Si ambulaveritis ex adverso mihi, nec volueritis audire me, addam plagas vestras in setuplum, propter peccata vestra; inmittamque in vos bestias agri, quae consumant vos, et pecora vestra, et ad paucitatem cuncta redigant, desertaeque fiant viae vestrae. Quod si nec sic volueritis recipere disciplinam, sed ambulaveritis ex adverso mihi, ego quoque contra vos adversus incedam, et percutiam vos setpties propter peccata vestra; inducamque super vos gladium ultorem foederis mei; cumque confugeritis in urbes, mittam pestilentiam in medio vestri, et trademini in manibus hostium, postquam confregero baculum panis vestri, ita ut decem mulieres in uno clibano coquant panes, et reddant eos ad pondus; et comedetis et non saturabimini. Sin autem nec per haec audieritis me, sed ambulaveritis contra me, et ego incedam adversus uos in furore contrario, et corripiam vos septem plagis propter peccata vestra, ita ut comedatis carnes filiorum vestrorum et filiarum vestrarum. Destruam excelsa vestra, et simulacra confrigam. Cadetis inter ruinas idolorum vestrorum, et abominabitur vos anima mea, in tantum ut urbes vestras redigam in solitudinem, et deserta faciam sanctuaria vestra, nec recipiam ultra odorem suavissimum. Disperdamque terram vestram, et stupebunt super ea inimici vestri, cum habitatores illius fuerint. Vos autem dirpergam in gentes, et evaginabo post vos gladium, eritque terra vestra deserta, et civitas vestrae dirutae. Tunc placebunt terrae sabatta sua cunctis diebus solitudinis suae; quando fueritis in terra hostili, sabbatizabit, et 1 Vulg. prebebis 2 Cf. Glo. ord. Ex 15, 1: «Equum et ascenso, etc. Origenes: Homines qui nos insequuntur equi sunt, et omnes qui in carne nati sunt figuraliter equi sunt et habent ascensores suos. Sunt quos dominus ascendit et circumeunt omnem terram, de quibus dicitur: Equitatus tuus salus. Alios ascendit dyabolus et angeli eius». 3 Dt 28, 1-68: «Sin autem audieris vocem Domini Dei tui ut facias atque custodias omnia mandata eius quae ego praecipio tibi hodie, etc.». 117 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 requiescet in sabbatis solitudinis suae, eo quod non requieverit in sabbatis vestris, quando habitabatis in ea. Et qui de vobis remanserit, dabo pavorem in cordibus eorum in regionibus hostium; terrebit eos sonitus folii volantis, et ita fugient quasi gladium; cadent, nullo persequente, et corruent singuli super fratres suos quasi bella fugientes; nemo vestrum inimicis audebit resistere. Peribitis inter gentes, et hostilis vos terra consumet. Quod si et de hiis aliqui remanserint, tabescent in iniquitatibus suis, in terra inimicorum suorum et propter peccata patrum suorum et sua adfligentur, donec confiteantur iniquitates suas, et maiorum suorum, quibus prevaricati sunt in me, et ambulaverunt ex adverso mihi. Ambulabo igitur et ego contra eos, et inducam illos in terram hostilem, donec erubescat incircumcisa mens eorum] usque tunc orabunt. Gratia predicationis, ibi, circumdabis collo eius hinnitum contra taciturnitatem. Ys LVI, f, [9-12]: omnes bestie agri, uenite, etc. [ad devorandum, universae bestiae saltus. Speculatores eius caeci omnes, nescierunt universi: canes muti non valentes latrare, videntes vana, dormientes, et amantes somnia. Et canes impudentissimi, nescierunt saturitatem; ipsi pastores ignoraverunt intelligentiam; omnes in viam suam declinaverunt; unusquisque ad avaritiam suam, a summo usque ad novissimum. Venite, sumamus vinum, et impleamur ebrietate; et erit sicut hodie, sic et cras, et multo amplius], usque ad finem capituli. Agilitas actionis et contemplationis, ibi, Nunquid suscitabis eum, quasi leo contra pigricie tarditatem, locusta enim facile in altum se rapit et facile super crura se recipit. Gloriatio propinque occisionis, ibi, gloriam narium eius, propter premii celeritatem. Mors enim que peccatoribus est terror, iustis est gloriatio. Ps CXXVI, f, [23]: cum dederit dilectis suis somnum, ecce hereditas Domini. Expulsio terrene cupiditatis, ibi, terram ungula fodit, propter spiritualis gaudii capacitatem. Vngula enim, id est, forti cogitatione, terrenam cupiditatem de corde suo euacuat, ut spirituali gaudio locum faciat. IIII Reg IIII, b, [3-6]: Vasa uacua replet oleum. Dicitur enim ibi: Vade, pete mutuo, etc. [ab omnibus vicinis tuis vasa vacua non pauca; et ingredere, et claude ostium tuum, cum intrinsecus fueris tu, et filii tui; et mitte inde in omnia vasa haec; et cum plena fuerint, tolles. Ivit itaque mulier, et clausit ostium super se, et super filios suos; illi offerebant vasa, et illa infundebat. Cumque plena fuissent vasa, dixit ad filium suum: Adfer mihi adhuc vas. Et ille respondit: Non habeo] usque stetitque oleum. Confidentia bone consciencie, ibi, exultat audacter propter ipsius securitatem. Prou XV, c, [15]: secura mens quasi iuge conuiuium. Sap XVII, d, [10]: cum sit enim timida nequitia, etc. [dat testimonium condemnationis; semper enim presumit saeva, perturbata] usque consciencia. Iob XV, e, [21]: sonitus terroris, etc. [semper in auribus illius; et cum pax sit, ille semper insidias] usque suspicatur. Desiderium aureole, ibi, in occursum pergit armatis, propter ipsius nobilitatem. Prou IIII, e, [9]: dabit capiti tuo augmenta gratiarum, et corona inclita proteget te. IIª Thi II, b, [5]: non coronabitur4 nisi qui legitime certauerit. Iª Cor IX, g, [25]: Et illi quidem ut corruptibilem coronam, nos autem incorruptam. Contemptus comminationis, ibi, contemnit pauorem, qui est de futuris malis propter Christum acerbiora comminantem. Mt X, e, [28]: Nolite timere eos qui occidunt, etc. [corpus, animam autem non occidere; sed potius timete eum qui potest et animam et corpus perdere] usque in gehennam. Constanciam contra ictum presentis iugulationis, ibi, nec cedit gladio, propter gaudium iudicis insanabiliter ferientem. Ys XXVII, a, [1]: In die illa uisitauit Dominus in 4 Vulg. coronatur 118 95 100 gladio suo duro, ut omnes comminuat; et grandi, ut omnes capiat; et forti, ut nullus resistat; super Leuiatan, etc. [serpentem vectem, et super Leviathan, serpentem turtuosam, et occideret cetum qui] usque in mari <est>. Si quis autem talis equus est sic gloriosus, et omnibus uel aliquibus pollens ex hiis uirtutibus, uel inde sibi uel alicui homini arroget, quia sicut dicitur Ia I, d, [17]: omne datum obtimum, etc. [et omne donum perfectum desursum] usque est. Vnde hic dicitur: Nunquid prebebis equo fortitudinem, etc. VIIIo suple sicut prebeo, quasi dicat, nullus homo potest nisi ego. Zac X, c, [3]: Visitavit Dominus exercituum gregem suum, domum Iuda, id est, Ecclesiam; et posuit eos quasi equum glorie sue in bello, contra mundum, carnem et diabolum. [76] Sermo IIus 105 110 115 120 125 Tollite iugum meum, etc. [super vos, et discite a me, quia mitis sum et humilis] usque corde. Mt XI, g, [29]. Hoc Domini preceptum beatus Thomas non segniter adimpleuit. Vnde dicitur in uita eius: «Statim postquam consecratus est, ne ex honore superbiret, onore5 et iugo Dei carnem suam refrenare elegit, ordinem enim et // habitum canonici regularis suscepit, et f. 28v susceptum ita mirifice cum archiepiscopi officio conseruauit, ut quamuis quilibet de se presumens, in alterutro semper deficiat, ipse tamen uestris, et quedam etiam hiis defficiliora consumauit; raptus itaque ad contemplationem, uigiliis, ieiuniis et orationibus, lectionibusque assiduis, ita corpus eneruauit, ut licet etate iuuenis, uita tamen et ordine, a se cancellario nimis alteratus uidetur; et cum totum diem sanctitati impendisset, ad ultimum quod uix sine merore dicimus, reuersato cilicio quo induebatur, <ut> Christi paruulus, dorsum alicui sancto familiari flagellandum exhibebat»6. Dicit ergo: Tollite, etc. Hic notantur Ve: iugum Primo, diuini obsequi libertas, ibi, Tollite. Lu IX, d. [23]: si quis uult post me Domini uenire, etc. [abneget semetipsum, et tollat crucem suam quotidie, et sequatur me], quasi dicat, si quis aurum daret aut thesaurum proponeret, non uocaret cum uiolentia, sed currerent homines, multomagis ad ea que sunt in celis currendum est; si enim nec rerum persuadet tibi currere, nec dignus es accipere; ideo non cogo, sed si quis uult uenire hunc uoco. Augustinus: «Meliores iudicauit Deus seruos suos si ei liberaliter deseruirent»7. Secundo, obsequii facilitas, ibi, iugum meum, id est, euangelium duos populos iungens, scilicet, iudaicum et gentilem; hoc iugum utique non est graue, unde subdit: Iugum meum, etc. [suave est, et onus meum leve] usque bene.8 Tercio, eiusdem utilitas, ibi, super uos; ne cum Belial qui est absque iugo eleuemini in superbiam, et precipitemini cum eodem in inferni foueam. Iob XLI [XL], a, 5 onore : honore 6 Auctor incertus, Passio II Sancti Thomae Cantuariensis: «Statim enim postquam initiatus est, ne ex honore superbiret, onere et jugo Dei carnem suam refrenare delegit, ordinem enim et habitum canonici regularis suscepit, et susceptum ita mirifice pariter cum archiepiscopi officio conservavit, ut quamvis quilibet de se praesumens in alterutro saepe deficiat, ipse tamen utrumque nec non et quaedam his difficiliora consummaret (4.) Raptus itaque ad contemplationem, vigiliis, jejuniis, orationibus, lectionibus assiduis, ita corpus enervavit, ut ipse licet aetate juvenis, vita tamen et ordine presbyter a se cancellario nimis alteratus videretur, et cum totum diem sanctitati impendisset, ut dignior corona quam verbere merito censeretur, ad ultimum, quod vix sine moerore dicimus, reverso cilicio quo induebatur, ut Christi parvulus, dorsum alicui sancto familiari flagellandum exhibebat». PL 190, 335C-336B. 7 De uera religione, cap. 14, lin. 16 : «Talis enim seuos suos meliores esse deus iudicauit, si ei seruirent liberaliter, quod nullo modo fieri posset si non uoluntate, sed necessitate seruirent». CCSL 32. (PL 34, 134). 8 Mt 11, 30. 119 130 135 [28]: Cunctis uidentibus precipitabitur. Augustinus: «huic iugo qui subicitur9 cetera subiecta habet; non ergo laborabit, non enim resistit quod subiectum est»10. Quarto, magisterii dignitas, ibi, discite a me doceo angelos. O quanta dignitas discipulorum Christi habere Dei sapientiam, Dei Filium in magistrum. Eccli LI, d, [3334]: Comparate uobis sine argento, etc. [et colum vestrum subicite iugo; et suscipiat anima vestra disciplinam; in proximo est enim] usque inuenire eam. Vº, doctrine copiositas, ibi, quia mitis sum et humilis corde, quasi dicat, exemplo doceo sufficienter ea que ad corpus pertinent et ad cor; ad corpus mititatem, ad cor humilitatem. Prou XXIIII, a, [4]: In doctrina replebuntur cellaria, etc. [universa substantia pretiosa et] usque pulcherrima. [77] Sermo IIIus 140 145 150 155 160 Bene surgit11 diluculo, etc. [qui quaerit bona; qui autem investigator malorum est opprimetur] usque ab eis. Prou XI, f, [27]. Prima pars huius auctoritatis egregie conuenit huic martiri glorioso. Vnde sicut habetur in uita eius: «uere in hoc pastore lux orta est nobis, qui assidue ante lucis ortum ab oratione surgens, linteo se precinxit <et> peluim cum aqua sacratis gerens manibus, XIIIcim pauperibus in secretiori loco congregatis flexis genibus pedes deosculans lauit et detersit, unicuique IIIIor erogans argenteos ut sic primitias operis diuini Deo quem expressius imitabatur sanctifficaret. Cotidie etiam tot pauperibus necessaria in cibis et uestibus ministrabat, et ministrando predicabat, ut licet infinita multitudo ad eum conflueret mendicantium, potius tamen ex paucitate eorundem quam ex uoluntate cohibendi manum largiri cessabat; reminiscens illius prophetici [Ps] CXI, f, [9]: Dispersit dedit pauperibus, etc. [Iustitia eius manet in saeculum saeculi. Cornu eius exaltabitur in gloria]. Quanto res mobiles dispergendas pauperibus considerabat, tanto attentius immobilia ex quibus hee percipiuntur retinere et dispersa reuocare satagebat»12. Dicit igitur: Bene surgit, etc. Hic notantur VIex, tria pertinentia ad electos et tria pertinentia ad peruersos; ad electos pertinet: Bona intentio, ibi, Bene. Augustinus in libro de anima: «Intentio tua operi tuo nomen imponit»13. Ieronimus: «Non uirtus, sed causa uirtutis apud Deum mercedem habet»14. 9 De uera subiectum est 10 Ibidem, cap. 35, lin. 15s. (PL 34, 151). 11 Vulg. consurgit 12 Auctor incertus, Passio II Sancti Thomae Cantuariensis: «Et vere in hoc pastore lux orta est nobis, qui assidue ante lucis ortum ab oratione surgens, linteo se praecinxit, et pelvim cum aqua sacratis gerens manibus, tredecim pauperibus in secretiori loco congregatis flexis genibus pedes deosculans lavit et detersit, unicuique erogans quatuor argenteos, ut sic primitias operis diurni Deo, quem expressius imitabatur, sanctificaret, quotidie etiam tot pauperibus vitae necessaria tum in cibis tum in vestimentis ministrabat, et in ministrando praedicabat, ut licet multitudo infinita medicantium ad eum conflueret, potius tamen ex paucitate eorumdem, quam ex voluntate cohibendi manum largiri cessaret. Reminiscens illius prophetici: ‗Dispersit, dedit pauperibus‘, non uni totum, sed partes multis, ut in exsultatione meteret quod hic seminaret, erogavit. Quanto res mobiles dispergendas et dandas pauperibus considerabat, tanto attentius immobilia, ex quibus haec percipiuntur, retinere, et dispersa revocare satagebat: unde praedia ecclesiae suae a praedecessoribus suis minus juste donata his qui nimia potestate praediti vel affinitate ipsis conjuncti erant, auferre nititur, et pristinum jus ecclesiae reformare, quoniam oeconomo ecclesiae ecclesiastica praedia colere et augere, non negligere nec minuere licet». PL 190, 336C-337A. 13 Alexander III, Epistola et privilegia, PL 200, 290B. Cf. Autor incertus, Norma vivendi: «27. Major autem sit benevolentia quam quod datur. Major sit gratia quam quod impenditur; tale enim erit opus tuum qualis fuerit intentio tua». PL 83, 1252A. 14 Commentarium in euangelium Matthaei, lib. 1, lin. 721, CCSL 77. (PL 26, 41D-42A). 120 165 170 175 180 Bona operatio, ibi, querit bona. Amos V, d, [14-15]: querite bonum et non malum, etc. [ut vivatis; et erit Dominus Deus exercituum vobiscum, sicut dixistis. Odite malum et diligite bonum, et constituite in porte iudicium; si forte misereatur Dominus Deus exercituum reliquiis] usque Ioseph. Laudabilis manifestatio, ibi, surgit diluculo. Ps V, a [5]: Mane astabo tibi, etc. [et videbo quoniam non deus volens iniquitatem] usque tu es. Est tamen uituperabilis manifitio15. Iob XXIIII, d, [14]: Mane primo cum surgit16 homicida, etc. [interficit egenum et pauperem; per noctem vero erit] usque quasi fur. Mich II, a, [1]: Ve qui // cogitatis inicale17, et operamini, etc. [malum in cubiculis vestris! In luce matutina f. 29r faciunt] usque illud. Ad peruersos pertinet: Nouorum malorum inuentio, ibi, inuestigator malorum, id est, inuentor. Ro I, g, [30]: inuentores malorum. Ys III, c, [8]: lingue eorum et adinuentiones eorum contra Dominum, ut prouocarent, etc. [oculos maiestatis eius]. Ps CV, [c, 29]: irritauerunt eum in adinuentionibus, etc. [suis, et multiplicata est in eis] usque ruina. Peccatorum proximi scrutacio, ibi, inuestigator malorum, id est, explorator. Bernardus: «Noli esse aliene conuersationis curiosius18 explorator aut temerarius iudex; excusa intentionem si opus non potes: puta egrotantiam19, puta imperitionem, puta casum, aut quod uehemens fuit temptatio si aliter non potes».20 Iuste damnationis oppressio, ibi, opprimatur ab eis. Iob XXVII, g, [20]: Aprehendet eam21 quasi aque inopie, et nocte, id est, in tenebris infernalibus, opprimet eum tempestas, et tunc poterunt dicere illud Iob XVI, d, [8]: Nunc autem Omnipotens22 <oppressit> me dolor meus, id est, quam ego merui; quomodo? pauperes oprimendo. Ys X, a, [1-2]: Ve qui condunt leges iniquas, etc. [et scribentes iniustitiam scripserunt, ut opprimerent in iuditio pauperes, et vim facerent causae humilium populi mei]. 185 [78] Sermo IIIIus 190 195 Qui dixit patri suo et matri, etc. [suae: Nescio vos; et fratribus suis: Ignoro vos; et nescierunt filios suos. Hii] usque custodierunt [eloquium tuum et pactum tuum servaverunt]. Deu XXXIII, c, [9]. Videtur hic Moyses de isto pastore preciosissimo prophetasse, de quo sic legitur: «Quod cum proscriptione sui et suorum clericorum, sanctus sacerdos in aliquo non flecteretur, iussi sunt tam maiores quam paruuli utriusque sexus de congregatione sua, necnon et quidam familiares eius, ut magis ex hiis contristaretur exulare. Sanctus uero 15 manifitio : manifestatio 16 Vulg. consurgit 17 inicale : inutile 18 Sermones curiosus 19 Sermones ignorantiam 20 Sermones super Cantica Canticorum, sermo 40, par. 5, vol. 1, pag. 27, lin. 20-22: «Solus es in quantacunque hominum verseris frequentia: tantum cave alienae conversationis esse aut curiosus explorator, aut temerarius judex. Etiamsi perperam actum quid deprehendas, nec sic judices proximum, magis autem excusa. Excusa intentionem, si opus non potes; puta ignorantiam, puta subreptionem, puta casum. Quod si omnem omnino dissimulationem rei certitudo recusat, suade nihilominus ipse tibi, et dicito apud temetipsum: Vehemens fuit nimis tentatio, quid de me illa fecisset, si accepisset in me similiter potestatem? Et memento, me modo alloqui sponsam, et non amicum sponsi instruere, cui alia ratio est diligentius observandi ne quis peccet, et explorandi an peccet, et emendandi si peccatum fuerit». (PL 183, 984B). 21 Vulg. eum 22 ad. omnipotens 121 200 205 210 215 220 225 230 martir Dei cum paruulorum deportatione cognosceret, qui adhuc in maternis pendebat uberibus, ita contristatus est ac si ipsius animam gladius pertransiret, sed reminiscens quoniam Abrahe dictum est, Ge. XI [XII], a, [1]: egredere de terra et de cognatione tua, sicuti et terram ita et cognationem tuam postponendam honori Ecclesie protinus destinauit»23. Dicit ergo: Qui dixit patri, etc.; hic duo breuiter uideamus: Primo, in quibus casibus non debemus consanguineos cognoscere; consanguineos . Vnus est, si ydolatre uel heretici fiant. Tunc enim non cognoscendi sed non puniendi a Domino iudicantur. Exo XXXII, f, [27]: ponat uir gladium super femur, etc. cognoscere [suum. Ite, et redit de porta usque ad portam per medium castrorum, et occidat unusquisque fratrem et amicum, et] usque proximum suum. Deu XIII, c, [6-18]: si tibi uoluerit persuadere, etc. [frater tuus filius matris tuae, aut filius tuus vel filia, sive uxor quae est in sinu tuo, aut amicus, quem diligis ut animam tuam, clam dicens: Eamus, et serviamus diis alienis, quos ignoras tu, et patres tui, cunctarum in circuitu gentium, quae iuxta vel procul sunt, ab initio usque ad finem terrae; non adquiescas ei, nec audias, neque parcat ei oculus tuus ut miserearis et occultes eum, sed statim, interficies. Sit primum manus tuam super eum, et postea omnis populus mittat manum. Lapidibus obrutus necabitur, quia voluit te abstrahere a Domino Deo tuo, qui eduxit te de terra Aegypti, de domo servitutis; ut omnis Israhel audiens timeat, et nequaquam ultra faciat quippiam huius rei simile. Si audieris in una urbium tuarum, quas Dominus Deus tuus dabit tibi ad habitandum, dicentes aliquos: Egressi sunt filii Belial de medio tui, et averterunt habitatores urbis suae, atque dixerunt: Eamus et servamus diis alienis quos ignoratis; quaere sollicite et diligenter, rei veritate perspecta, si inveneris certum esse quod dicitur, et abominationem hanc opere perpetratam, statim percuties habitatores urbis illius in ore gladii, et delebis eam, ac omnia quae in illa sunt, usque ad pecora. Quicquid etiam supellectilis fuerit, congregabis in medio platearum eius, et cum ipsa civitate succendes, ita ut universa consumas Domino Deo tuo, et sit tumulus sempiternus. Non aedificabitur amplius, et non adherebit de illo anathemate quicquam in manu tua, ut avertatur Dominus ab ira furoris sui, et misereatur tui, multiplicetque te sicut iuravit patribus tuis, quando audieris vocem Domini Dei tui, custodiens omnia praecepta eius, quae ego praecipio tibi hodie, ut facias quod placitum est in conspectu Domini Dei tui] usque ad finem capituli. . Alius, si Deo preferri desiderant. Mt X, g, [37]: qui amat patrem et matrem, etc. [plus quam me, non est me] usque dignus. Tercius, si statum perfectionis uel religionis impediant. Mt VIII, f, [21]: Domine, permitte me primum, etc. [ire, et sepelire patrem meum. Iesus autem ait illi: Sequere me, et dimitte mortuos sepelire] usque mortuuos suos. Ieronimus: «Per calcato24 perge quere [patrem, siccis oculis ad uexillum crucis evola! Solum pietatis genus est in hac re esse crudelem]»25. Secundo, quare debeamus hoc facere? Hoc faciendum est: 23 Auctor incertus, Passio V Sancti Thomae Cantuariensis: «Sed cum nec propter proscriptionem sui vel clericorum suorum sanctus sacerdos in aliquo flecteretur, jussi sunt tam majores quam parvuli de cognatione sua utriusque sexus, nec non et quidam familiares ejus, ut magis ex iis contristaretur, exsulare. Sanctus vero martyr Dei cum parvulorum deportationem cognosceret, quorum adhuc alimenta in maternis pendebant uberibus, ita contristatus est, tanquam si ipsius animam pertransiret gladius; sed reminiscens quoniam Abrahae dictum est: «Egredere de terra et de cognatione tua,» sicuti et terram ita et cognationem postponendam Ecclesiae honori penitus proposuit». PL 190, 339A/B. 24 Epistulae per calcatum 25 Epistulae, ep. 14 (ad Heliodorum Monachum), vol. 54, par. 2, pag. 46, lin. 17: «Licet parvulus ex collo pendeat nepos, licet sparso crine et scissis vestibus, ubera quibus te nutrierat, mater ostendat, licet in limine pater jaceat, per calcatum perge patrem, siccis oculis ad vexillum crucis evola». CSEL 88. (PL 22, 348). 122 235 240 245 250 255 260 265 Primo, ne ordinem iusticie preuertamus: magis enim obligati sumus patri spirituali quam carnali. He XII, c, [9]: patres quidem carnis nostre habuimus, etc. [eruditores et reverbamur eos; non multo magis obtemperabimus Patri spirituum] usque et uiuemus? Crisostomus: «solus Deus animarum pater est, carnalibus patribus prebe carnale obsequium, spirituali uero patri anime sanctitatem»26. Secundo, ut Deo uicissitudinem impendamus, qui Filium suum dilectissimum unigenitum pro nobis dereliquid, id est, tribulationibus exposuit. Ps XXI, a, [2]: Deus, Deus meus, etc. [respice in me, quare me dereliquisti?]. Mr XV, f, [34]: Deus meus, ut quid dereliquisti me, et ipse Christus dimisit Matrem pro te ad pedem crucis; ergo tu fac similiter. Tercio, ut inimicos pessimos fugiamus. Mt X, g, [36]: Inimici hominis, domestici eius. Vnde, «nulla pestis efficacior ad nocendum, quam familiaris inimicus»27. Item nulla peior pestis, quam familiaris hostis. Quarto, ut sanctorum patrum uestigia teneamus et benedictionem a Domino acquiramus. Ge XXII, f, [16-18]: per memetipsum iuraui, etc. [dicit Dominus: quia fecisti hanc rem, et non pepercisti filio tuo unigenito propter me, benedicam tibi, et multiplicabo semen tuum sicut stellas caeli, et velut arena quae est in littore maris; possedit semen tuum portas inimicorum suorum, et benedicentur in semine tuo omnes gentes terrae, quia obedisti] usque uoci mee. Vº, ut preceptum compleamus. Vnde hic dicitur: qui dixit patri, etc. Glo: «debemus temporaliter hiis cum quibus uicinius coniungimur plus prodesse; debemus copulam terrene cognationis agnoscere, sed si cursum mentis prepedit, ignorare, ut affectus mentis uiscera repleat, sed a spirituali proposito non auertat»28; hoc bene uacce f. 29v innuunt que sub archa Domini ad montana tendentes, affectu et rigido sensu gradiuntur pro uitulis, pergentes mugiebant, sed accepto itinere gressus non flectebant. I Reg VII [VI], c, [10-12]: Tollentes duas uaccas que lactabant, etc. [vitulos, iunxerunt ad plaustrum, vitulosque earum concluserunt domi, et posuerunt arcam Dei super plaustrum, et capsellam, quae habebat mures aureos et similitudines anorum. Ibant autem in directum vaccae per viam quae ducit Bethsames, et itinere uno gradiebantur pergentes et mugientes, et non declinabant neque ad dexteram neque ad] usque sinistram. [79] Sermo Vus 270 275 Extendit manum Aaron super aquas Egipti, etc. [et ascenderunt ranae, operueruntque] usque terram. Exo VIII, [a, 6]. Huic simile uidetur Dominus per hunc martirem operatus, de quo sic legitur: «Cum apud cenobium, quod in regione francorum nominatur Pontiniacum, diuinarum scripturarum meditioni, se martyr sanctus mancipasset attentius, ecce quidam ex fratribus qui iam per tres annos lectum tenuerat, nescio qua labe adeo inflatus, ut cutis extensa exangue et macilentum uix ad sanctum Dei intromissus est. Igitur ad pedes eius prostratus ait: Domine, per uisionem reuelatum29 est michi quod debeam uobis confiteri, ut homine interiore mandato a peccatis, cum tactu sacrate manus uestre exterior ab hoc 26 Cf. Homiliae in epistola ad Hebreos, hom. 9, cap. 12, PG 63, 421-422: «Quod autem dixit, Patri spirituum, aut chrismatum dicit, aut orationum, aut incorporearum virtutum. Si enim sic moriemur, tunc vivemus». 27 Boethius, De Consolatione Philosophiae, Prosa V: «Quae vero pestis efficacior ad nocendum, quam familiaris inimicus?». PL 63, 743A. 28 Glo. ord. Deut 33, 9. (PL 113, 496B). Cf. Gregorius I (Magnus) Moralia in Job, PL 75, 791A/B. 29 Passio relatum 123 280 285 290 295 300 305 turgiditatis dolore curetur. Sanctus autem sacerdos prime petitioni libens paruit, a secunda se excusans, tandem uictus lacrimoso petentis gemitu, utrique satisfecit; nec mora impleto quod rogauerat, eger ad pedes sancti uolutabatur spumans epileptico morbo in terram allisus. Deinde in modum rectore serpenti30 se reflectens, cum immensa sanie31 XI ranas paruulas euomuit, et sic fuit sospitati integerrime restitutus32»33. Dicit igitur: Extendit Aaron, etc.; circa hanc auctoritatem duo mistice uideamus: Primo, quid per ranas intellegitur; ¶ IIº, qualiter expelluntur. Rane dicuntur: Carmina poetarum; Origine: «inani et inflata modulatione uelut ranarum sonis et Rane cantibus mundo deceptionis fabulas intulerunt. Ad nullum34 enim animal illud utile est, nisi quod sonum uocis improbis et importunis clamoribus reddit».35 Strepitus cogitationum lutulentarum. Sap XIX, [b, 10]: pro natione animalium, id est, bonorum motuum, produxit terra, id est, conscientia, muscas, cogitationes elatas, et pro piscibus, id est, bonis operibus; eructauit fluuius, id est, animus. Ranas cogitationes et operationes luxuriosa sunt. Locacitas ioculatorum. Ps CIIII, [c, 30]: dedit terra eorum ranas in penetrabilibus regum ipsorum. Augustinus: «socii ranarum fiunt principes, qui sub aquis, postea locandi erant»36. In domibus enim prelatorum consueuerant huiusmodi ioculatores, adulatores, detractores ebullire. Inmundicia hereticorum. Apo XVI, [c, 13-14]: Vidi de ore draconis, id est, Luciferi, et de ore bestie, id est, Antichristi, et de ore pseudoprophete, id est, apostolorum Antichristi exisse spiritus tres in mundum in modum ranarum, etc. [Sunt enim spiritus daemoniorum facientes signa, et procedunt ad reges totius terrae congregare illos in proelium ad diem magnum Dei] usque Omnipotens. Glo : «Spiritus, id est, omnis37 impios qui pro nimia malicia dicendi sunt spiritus inmundi»38. «Rane in limo39 morantur et garrule sunt, et aliis quietem auferunt sic et isti»40. ¶ Hec omnia tunc egrediuntur, et recedunt ab hominibus quando manus Aaron extenditur, id est, prelatus sanctus uel predicator per quem Aaron, id est, Christus, operatus in bonis operibus et predicationibus exercentur. De hiis dicitur, Mr XVI, [17]: In nomine meo demonia eicient. 30 Passio rectorte vel serpentis 31 Passio insanie 32 Passio et evestigio suspitati integerrimae restitutus est 33 Auctor incertus, Passio V Sancti Thomae Cantuariensis: «Cum apud coenobium quod in regione Francorum nominatur Pontiniacum, divinarum Scripturarum meditationi martyr sanctus se mancipasset attentius, assidente illo quem hujus relationis auctorem laudavimus, ecce quidam ex fratribus, qui jam per tres annos lectum tenuerat, nescio qua labe adeo inflatus, ut cutis extensa exsangue corpus et macilentum vix complecti posset, annulum ostii excutiens, ad sanctum Domini intromissus est. Infirmus igitur confestim ad pedes domini prostratus, ait. «Domine, per visionem relatum est mihi, quod debeam vobis confiteri, ut mundato homine interiore a peccatis, contactu sacratae manus vestrae exterior ab hoc turgiditatis dolore sanetur et curetur.» Sanctus autem sacerdos primae petitioni libens paruit, a secunda se excusans, tandem victus lacrymoso petentis gemitu, utrique satisfecit: nec mora, impleto quod rogaverat, aeger ad pedes sancti volutabatur, spumans tanquam epileptico morbo, subito in terram allisus, deinde in modum retortae vel serpentis se reflectens, cum immensa insanie undecim ranas parvulas evomuit, et evestigio sospitati integerrimae restitutus est». PL 190, 339B/D. 34 Glo nihil 35 In Glo. ord. Ex 8, 6. (PL 113, 205D). 36 In Petrus Lombardus, Commentaria in Psalmos, Ps 104, 29/30. PL 191, 954A. 37 omnis : omnes 38 Glo. ord. Apc 16, 13. (PL 114, 738C). 39 Glo in luto 40 Ibidem. 124 [80] Sermo VIus 310 315 320 325 330 335 340 345 In reliquis tuis preparabis uultum eorum. Ps XX, g, [13]. Videtur hic psalmus de beato Thoma martire prophetasse, de quo sic legitur: «confluebant ad eum cum pauperibus egrotantes, ut ex fragmentis panis et leguminis41, quibus42 sanctus uescebatur a fame et infirmitate liberarentur. Inter alios adest miles quidam defferens filiam suam quam iam languor per annum et dimidium extenuauerat; que quam cito reliquias fragmentorum que de manu archipresulis ceciderant gustasset, Deo et exuli sancto gratias agens, sospes cum patre ad propria remeauit»43. Dicit igitur: In reliquis tuis, etc. Nunc de Christo exponamus qui IIIIor genera reliquiarum nobis prouidit, ad uultus nostros beatissime reparandum. Sunt igitur reliquie: Reliquie Prime, ciborum. Lu XXIIII, f, 43]: cum manducasset coram eis, sumens f. 30r reliquias, dedit eis. Secunde, apostolorum et predicatorum. Ys I, b, [9]: Nisi Dominus exercituum reliquisset, etc. [nobis semen, quasi Sodoma fuissemus, et quasi Gomorra similes] usque essemus. Ro IX, [f, 27]: reliquie salue fient. Glo: «per semen accipiuntur44 reliquie saluande, id est, apostoli et alii boni, quia nisi per illos predicatum esset uerbum dei»45. Tercie, uirtutum. Ps XXXVI, g, [37]: Custodi innocentiam et uide equitatem, etc. [quoniam sunt reliquiae homini] usque pacifico, id est, Christus. Alie sunt reliquie peccatorum. Ps XXXVI, g, [38]: simul reliquie impiorum interibunt. Quarte, bonorum celestium. Augustinus: «Reliquie sunt bona, que post hanc uitam relinquuntur bonis, id est eterna, uel memoria bona post obitum»46; preparat autem Christus uultum suum in hiis reliquiis uarie, quia: In primis preparat ad resurrectionem suam credendam et nostram sperandam. Ier XV, d, [11]: si non reliquie tue in bonum, scilicet, duplex predictum. In secundis, ad ueritatem Scripture sciendum et hereticis resistendum. Ps XVI, g, [14]: saturati sunt, id est, intelligentiam Scripturarum repleti; filiis, ad utilitatem filiorum; et dimiserunt reliquias suas, id est, Scripturas paruulis suis; o quales reliquias apostoli Pauli, id est, epistolas, et aliorum apostolorum et aliorum sanctorum. In terciis, ad pacem in presenti habendam. Io XIIII, g, [27]: pacem relinquo uobis; ecce reliquie hominis pacifici. In quartis, ad festum eternitatis agendum. Ps LXXV, g, [11]: Reliquie cogitationis diem festum agent tibi; que sunt iste reliquie? ea que superi sunt contemplanti ad que non potest attingere in presenti; hec sunt que, sicut dicitur IIª Cor XI [Iª Cor II], [c, 9], occulus non uidit et auris non47 audiuit, etc. [nec in cor hominis ascendit, quae praeparavit Deus hiis qui diligunt illum]. Ys LXIIII, b, [4]: Occulus non uidit Deus absque te, que preparasti expectantibus te. 41 Passio leguminum 42 om. vir 43 Auctor incertus, Passio V Sancti Thomae Cantuariensis. PL 190, 339D, 340A. 44 Glo intelliguntur 45 Glo. ord. Rm 9, 29/30. (PL 114, 503A). Cf. Petrus Lombardus, Collectanea in epistolas Pauli: 11. Petrus Lombardus, Collectanea in epistolas Pauli, PL 191, 1470B.«[Ambr.] Vel per semen accipiuntur reliquiae salvandae, de quibus supra egit, id est apostoli et alii boni, quasi reliquiae salvae fient, quia nisi per illas praedicatum esset verbum Dei, gentes perissent». PL 191, 1470B. 46 In Petrus Lombardus, Commentaria in Psalmos. PL 191, 377B. Cf. PL 113, 898A. 47 Vulg. nec auris 125 [81] Sermo VIIus 350 355 360 365 370 375 Ego dedi te hodie in ciuitatem munitam, etc. [et in columnam ferream, et in murum aereum, super omnem terram, regibus Iuda, principibus eius, et sacerdotibus, et populo terrae. Et bellabunt adversum te, et non praevalebunt, quia ego tecum sum,] usque dicit Dominus. Ier I, g, [18-19]. Hoc non incongrue uidetur ad istum beatum Thomam martirem pertinere. Vnde sic legitur: «Nunquam uoluit aduersariorum uoluntatem etiam per arbritos consentire, ut salua Ecclesie dignitate».48 Vnde nonnulli dicebant: «nunc patet49 superbia et proteruia, nunc emergit proditio quam in subuersione Domini sui et regni eius iste archiepiscopus diutius mollitus est. O quantus dolor, quam miseranda suspiria athletam Domini cruciabant; o quam ex intimo procedebant lacrime; cum conspiceret quod undique de necessariis sibi fierent inimicis, sed retinens illud propheticum Ps CXVII, [a, 6]: Dominus michi adiutor est; non timebo; quid faciat michi homo; solum50 se opposuit contra omnes pro domo Domini»51. Dicit igitur: Ego dedi te, etc. Vbi notantur IIIIor: Primo, diuine clemencie magnitudo, ibi, ego dedi te hodie. Magnum namque signum est diuine clemencie, quando dignatur Ecclesie sue de pastoribus ydoneis prouidere. Ier III, d, [15]: dabo uobis pastores, etc. [iuxta cor meum, et pascent vos scientia et] usque doctrina; que contra Ys III, b, [4]: dabo pueros principes, etc. [eorum, et effeminati dominabuntur] usque eis. prelati Secundo, boni prelati multiplex fortitudo, ibi, in ciuitatem munitam; debet gratia prelatus esse ciuitas, id est, ciuium unitas, concordiam inter subditos faciendo; munita, pacienter iniurias sustinendo; columna, infirmos et debiles sustentando; murus, se aduersariis exponendo uel opponendo. Tercio, aduersariorum uaria multitudo, ibi, regibus Iuda principibus eius, et sacerdotibus, et omni populo terre, et bellabunt aduersum te. Ps LV, [a, 3]: Conculcauerunt me inimici, etc. [mei tota die; quoniam multi bellantes adversum] usque me. Quarto, diuini auxilii presentissima promittitudo52, ibi, non preualebunt, etc. usque ad finem capituli. Ier XX, e, [11]: Dominus mecum est quasi, etc. [bellator fortis; idcirco qui persequuntur me cadent, et infirmi erunt: confundentur] usque uehementer. 380 48 Cf. Auctor incertus, Passio V Sancti Thomae Cantuariensis: «Sed vir sanctus metuens ne causa Dei in promptum incideret periculum, (considerabat enim, quod utriusque regni consuetudines, tum ex contumacia, tum ex ignorantia juris saepe decretis obloquerentur) adjecit quod se censurae praedictorum subjiceret, salva tamen dignitate Ecclesiae et ordinis sui, et cum hoc verbum sanctitatis nec per reges, nec per episcopos, nec per suos familiares, ab ejus ore avelli posset, Francigenae et sui familiares erga eum vehementius consternati sunt». PL 190, 340A/B. . 49 Passio apparet 50 Passio solus 51 Auctor incertus, Passio V Sancti Thomae Cantuariensis: «Nunc apparet superbia et protervitas, nunc emergit proditio in lucem, quam in subversionem domini sui et regni ejus archiepiscopus diutius molitus est. O quantus dolor! O quam miseranda suspiria athletam Domini cruciabant! O quam ex intimo procedebant lacrymae, cum conspiceret quod undecunque de necessariis fierent sibi inimici! Sed retinens illud propheticum: «Dominus mihi adjutor, non timebo quid faciat mihi homo,» solus se opposuit contra omnes murum pro domo Domini constantius asserens quod nec mors, nec vita separaret eum ab hoc verbo, quin salva scilicet dignitate Ecclesiae et ordinis sui pax, si futura esset, firmaretur». PL 190, 340B/C. 52 promittitudo : promissio 126 [82] <Sermo> VIIIus 385 390 395 400 405 410 Noui opera tua et fidem, etc. [et caritatem tuam, et misterium, et pacientiam tuam, et opera tua novissima plura] usque prioribus. Apo II, e [19]. Pulcre auctoritas hec uidetur in isto sancto Thoma martire adimpleta de quo sic legitur: «Refformata tandem ut credebatur53, pace per dominum Papam et francorum54 regem et archiepiscopos, ad ecclesiam suam55 volente Deo repedauit, et ita orationibus, predicationi, uigiliis, ieiuniis, helemosinis, ceterisque bonis operibus intentus extitit, ut hii etiam quibus ante cisma56 religio eius nota fuerat mirarentur, sed nondum per mensem in ecclesia resederat, et ecce IIIIor satellites57 adsunt, qui eius martirium compleuerunt»58. Bene ergo dicitur: Noui opera tua, etc. Hic notantur Ve satis utilia ad sciendum: Primo, bonorum operum aprobatio, ibi, Noui opera tua. Glo : «noui, id est, 59 recepi» , dicit Deus, qui acceptat bona // operum per ipsum facta. Iª Ti II, [1-3]: f. 30v Obsecro igitur primum omnium fieri obsecrationes, etc. [orationes, postulationes, gratiarum actiones, pro omnibus hominibus; pro regibus, et omnibus qui in sublimitate sunt, ut quietam et tranquillam vitam agamus, in omni pietate et castitate. Hoc enim bonum est, et acceptum coram] usque Saluatore nostro60. Secundo, uirtutum ordinatio, ibi, et fidem et caritatem. Glo : «prius fides, ex fide enim caritas ex caritate bona opera»;61 quia ut legitur Mt I, a, [2]: Abraam genuit Ysaac, Ysaac62 Iacob, id est, fides spem, spes caritatem. Tercio, officii executio, ibi, ministerium. IIª Ti IIII, b, [5]: Tu uero uigila, etc. [in omnibus labora, opus fac evangelistae, ministerium tuum imple. Sobrius] usque esto; pulcre fecit hec omnia beatus Thomas. Quarto, aduersariorum paciens toleratio, ibi, et pacientiam. Luc XXI, [d, 19]: In pacientia uestra possidebitis animas uestras. IIª Ti II, g, [24-25]: Seruum autem Domini non oportet litigare, etc. [sed mansuetum esse ad omnes, docibilem, pacientem, cum modestia corripientem eos qui resistunt] usque ueritati. Multa enim comoda secuntur ex tolerantia peruersorum. Vnde dicitur in Hes IIII, [a, 2]: Non enim <erat> licitum indutum sacco aulam regis intrare. Glo : «Dei63 iusto iuditio agitur ut fideles in manus64 persecutorum tradantur uel ad purgationem uel ad correctionem uel ad meritorum augmentationem»65. ¶ sic Iob Sathane traditur. Iob I, d, [12]: dicit Dominus ad Sathan: 53 Passio ut credebat 54 Passio Franciae 55 om. venerabilis pontifex 56 Passio sanctissima 57 Scilicet: Richardus Brito, Hugo de Moravilla, Reginaldus Ursus, Willelmus de Traci. (PL 190, 340D). 58 Auctor incertus, Passio V Sancti Thomae Cantuariensis: «Reformata tandem, ut credebat, pace per dominum papam et Franciae regem, et archiepiscopos, volente Deo, ad ecclesiam suam venerabilis pontifex repedavit: et ita orationibus, praedicationi, eleemosynis, vigiliis, jejuniis, caeterisque bonis operibus intentus exstitit, ut ii etiam quibus ante sanctissima religio ejus nota fuerat mirarentur, sed necdum in ecclesia sua per mensem resedit, et ecce quatuor satellites diaboli ex transmarinis partibus propere venientes, quorum nomina ad signum miserabilis militiae referenda credidimus». PL 190, 340C/D. 59 Glo. interl. Apc 2, 19. 60 om. Deo 61 Glo. ord. Apc 2, 19. (PL 114, 715C). 62 om. autem genuit 63 Glo cujus 64 Glo in manu 65 Glo. ord. Est 4, 2. (PL 113, 744B). 127 415 420 425 ecce, etc. [universa quae habet in manu tua sunt; tantum in eum ne extendas] usque manum tuam. [Iob] II, [6]: ecce in manu tua est, etc. [veruntamen animam illius] usque serua. ¶ Paulus ab angelo sathane colafizatus. IIª Cor XII, c, [7]: Ne magnitudo reuelationum, etc. [extollet me, datus est mihi stimulus carnis meae, angelus Satanae, qui me] usque colafizet; adde tu Thomas ab impiis truncatur. Vº, bonorum operum circa finem multiplicatio, ibi, et opera <tua> nouissima plura prioribus. He X, d, [24-25]: Consideremus inuicem in prouocationis caritatis, etc. [et bonorum operum; non deserentes collectionem nostram, sicut consuetudinis est quibusdam, sed consolantes, et tanto magis quanto videritis adpropinquantem] usque diem, scilicet, mortis uel iuditii. Iob III, f, [21-22]: quasi effodientes thesaurum, etc [gaudentque vehementer cum invenirent] usque sepulcrum. Gregorius: «qui fodientes thesaurum querunt, cum fodere altius ceperint, ad laborem inardescunt, quia quo se thesauro abscondito iam iamque apropinquare estimant, eo in fodiendo enixius laborant. Sic iusti quanto fiunt uicinores ad finem, tanto se exhibent ardentiores in opere»66. Iob XLII, e, [12]: Dominus benedixit nouissimis Iob magis quam principio eius. 430 [83] Item eiusdem Sermo IXus 435 440 Qui sequitur iusticiam diligitur a Domino67. Prou XV, e, [9]. Cui unquam melius hoc uerbum uidetur quam isti Thome martiri conuenire, de quo sic legitur: «Videns gladiatores accedere et dicere: Vbi est ille proditor regis et regni? ubi est archiepiscopus? ait: Ecce ego presto sum in nomine eius pati qui nos sanguine suo redemit, absit enim ut propter gladios uestros fugiam et a iusticia recedam»68. Martirio autem completo, «multa operatus est Dominus ad indicium dilectionis beati martiris: corpora mortuorum Ve resuscitando, leprosos, ut nos uidimus, mundando, demonia fugando, ydropicos, paraliticos, surdos, mutos, claudos, necnon et aliis diuersis languoribus laborantes69»70. Dicit igitur: Qui sequitur iusticiam, etc. Videamus hic de generibus hominum qui a Domino diliguntur; hii sunt: 66 Moralia in Iob, lib. 5, par. 5, lin. 1-4: «Omnes namque qui fodiendo thesaurum quaerunt, cum fodere altius coeperint, ad laborem instantius inardescunt. Quia quo se thesauro abscondito iam iam que appropinquare aestimant, eo in effossione enixius laborant. Qui igitur plene mortificationem suam appetunt quasi effodientes thesaurum quaerunt; quia quanto fiunt uicinores ad finem, tanto se exhibent ardentiores in opere». CCSL 143. (PL 75, 683B). 67 Vulg. ab eo 68 Auctor incertus, Passio V Sancti Thomae Cantuariensis: «Intrantibus ergo carnificibus et vociferantibus: «Ubi est ille regis et regni proditor et falsus praesul?» Is vero, qui se eos non timere praedixerat, revertitur, dicens: «Ecce adsum, non regis proditor, sed sacerdos. Quid me quaeritis? ecce praesto sum nomine ejus pati, qui nos sanguine suo redemit. Absit ut propter gladios vestros fugiam, aut a justitia recedam!» Accelerans igitur quidam prae caeteris plenus scelere, bisacutam sacrato pectori imposuit, proh dolor! comminans quod sanctissimum cor illius extraheret; sed temperans ab ictu, una cum caeteris manum violentam injecit, trahens eum, ut extra Ecclesiam coeptum sacrilegium et inexpiabile nefas possent adimplere. Sed cum inde facile amoveri non posset, quidam ex praefatis filius Leviathan, elevato gladio quem tenebat, agnum Deo immolandum in capite percussit, praeciso vero eodem ictu haec referentis brachio, patrem proprium in matris utero perimens, diem circa undecimam horam diei exstinguens». PL 190, 342A/B. 69 om. curando 70 Ibidem: «Multa etiam alia operatus est Dominus ad indicium dilectionis beati martyris nostri, leprosos, ut nos vidimus, mundando, daemonia fugando, hydropicos, paralyticos, surdos, mutos, caecos et claudos, necnon et aliis languoribus laborantes curando, in quibus fidele Cantuariensis Ecclesiae testimonium, sub cujus aspectu et notitia haec aucta esse noscuntur praestolamur. Explicit Martyrium beati Thomae Cantuariensis archiepiscopi editum a magistro Euvrardo». PL 190, 344D. 128 445 450 455 460 465 470 475 Primo, de peccatis dolentes. Ose XI [XIIII], [a, 5]: sanabo contritiones eorum, Diligit etc. [diligam eos spontanee, quia aversus est furor meus] usque ab eis. Io XI, a, [5]: Deus quos diligebat autem Ihesus, etc. [Martham, et sororem eius Mariam, et] usque Lazarum. Secundo, pulcritudinem anime habentes. Dan X, b, [5-6]: Ecce uir unus uestibus lineis, etc. [et renes eius accincti auro obrizo; et corpus eius quasi chrysolitus, et facies eius velut species fulguris et oculi eius ut lampas ardens; et brachia eius, et quae deorsum sunt usque ad pedes, quasi species eris candentis; et vox sermonum eius ut vox] usque multitudinis. Glo : «omnis sanctus habens in se anime pulcritudinem amatur a Domino»71. Ps LXXXIII, a, [2]: quam dilecta tabernacula tua Domine uirtutum, id est, anime pulcre in quibus habitas. Tercio, bonos patres imitantes. Os III, [a, 1]: diligit Dominus filios Israel. Ps CVII, b, [6-7]: exaltare super celos, Deus, etc. [et super omnem terram gloria tua; ut liberentur] usque dilecti tui, qui te et alio patres non neglexerunt sollicite imitari. Quarto, se Deum ueraciter diligentes. Prou VIII, d, [17]: ego diligentes me diligo. Eodem, e, [21]: Vt ditem diligentes me, etc. [et thesauros eorum repleam]. Deu VII, c, [9]: scies quia Dominus Deus tuus, etc. [ipse est Deus fortis et fidelis, custodiens pactum et misericordiam] usque diligentibus te. Vº, cum sapientia gradientes. Sap VII, g, [28]: Neminem diligit Deus, nisi qui cum sapientia inhabitat. Eccli III, a, [1-2]: filii sapientia ecclesia, etc. [iustorum, et natio illorum oboedientia et dilectio. Iuditium patris audite, filii; et sic facite ut] usque salui sitis. VIº, contemplationi uacantes et eamdem predicantes. Ps LXXXVI, b, [2]: diligit Dominus portas, etc. [Sion super omnia tabernacula] usque Iacob. Sap IIII, d, [10]: placens Deo factus dilectus, etc. [et vivens inter peccatores] usque translatus est, multociens contemplatione et tandem carnis solutione. VIIº, precepta eius seruantes. Deu VII, d, [12]: si postquam audieris hec iudicia, custodieris, etc. [ea et feceris, custodiet et Dominus Deus tuus pactum tibi, et misericordiam quam iuravit patribus tuis. Et diliget te ac] usque multiplicabit. VIIIº, pacem facientes. II Reg XII, f, [24-25]: genuit filium et uocabit nomen f. 31r eius Salomon, etc. [Et Dominus dilexit eum; misitque in manu Nathan prophetae, et vocavit nomen eius: Amabillis Domino, eo quod] usque diligeret eum Dominus. Nono, bene presidentes. Iud V, b, [9]: Cor meum diligit principes, etc. [Israhel. Qui propria voluntate obtulistis vos] usque discrimini, sicut fecit beatus Thomas, benedicite Domino. Xº, Iusticiam sequentes; talis etiam fuit beatus Thomas de quo premissum est: qui sequitur iusticiam diligitur a Domino, cuius dilectionem Dominus signis et argumentis multiplicibus demonstrauit. 71 Glo. ord. Dn 10, 5-6. Hieronymus Stridonensis, Commentarii in Danielem, liber 3, cap. 10, lin. 691. CCSL 75A. (PL 25, 555B). 129 [84] Incipit sermo Ius in festiuitate sancti Siluestri 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Iustus de angustia liberatus est, tradetur impius pro eo. Prou XI, b, [8]. Bene huius auctoritatis probata est in beato Siluestro iusto et Tarquinio impio: «Cum enim Tarquinius sanctum Timotheum decollasset, beatus Siluester qui eum uiuum hospitio suscipiebat, decollatum honorifice sepeliuit, ideoque Tarquinius incarcerari fecit beatum Siluestrum promittens quod in proximo1 faceret ipsum tormentis grauissimis expirare: cui beatus Siluester dixit: euangelica sententia te alloquor: stulte, hac nocte repetent animam tuam a te,2 quod et factum est. Nam pridiem quam beatus Siluester producendus erat, os piscis intrauit guttur predicti Tarquinii, et afflictus, et fatigatus usque ad noctis medium expirauit, et sic accidit ut cum in sequenti die ipse duceretur ad tumulum, et inferni carcerem cum luctu et tristicia. Tunc beatus Sil