Subido por Tatiana Belmonte

Mylena Oliveira - O VOCABULÁRIO NO FOCO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA LI IDENTIFICAÇÃO D0S MÉTODOS DE ENSINO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE LETRAS – FLET
CURSO DE LETRAS – LÍNGUA E LITERATURA INGLESA
O VOCABULÁRIO NO FOCO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA LI:
IDENTIFICAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINO
MYLENA DE OLIVEIRA VASCONCELOS
MANAUS – AM
2021
MYLENA DE OLIVEIRA VASCONCELOS
O VOCABULÁRIO NO FOCO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA LI:
IDENTIFICAÇÃO D0S MÉTODOS DE ENSINO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Faculdade de Letras como requisito parcial para a
conclusão do Curso de Licenciatura em Letras –
Língua e Literatura Inglesa da Universidade Federal
do Amazonas, sob a orientação da Profª. Drª
Tatiana Belmonte dos Santos Rodrigues
Orientadora:
TATIANA BELMONTE DOS SANTOS RODRIGUES
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
MANAUS – AM
2021
Aos meus pais, Aluísio e Shirley, que sonharam comigo a realização desta
grande conquista.
AGRADECIMENTOS
Agradeço,
A Deus, pela força e renovação espiritual.
Aos meus pais, Aluísio e Shirley, pelo amor, pela dedicação e incentivo à
educação. À minha tia Sheila, à minha avó Edna, aos meus irmãos Felipe e Matheus,
ao meu primo Nelton e à toda minha família pelo amor e apoio incondicional.
Ao meu irmão Lucas, à minha cunhada Poliana e à minha irmã Sheine, pelo
apoio emocional e por disponibilizarem as ferramentas necessárias para realização
deste trabalho.
Aos meus amigos Keven e Suellen, que também se tornaram minha família,
por permanecerem comigo durante os altos e baixos dessa jornada. Aos meus amigos
Bianca, Marcos, Thalia e Thaline por estarem sempre ao meu lado e por acreditarem
em mim.
Ao Profº Ocine, professor e amigo – desde o 5º ano – que sonhou com a minha
graduação antes de mim, pela amizade e pelo apoio durante todos esses anos. À
minha orientadora Profª. Drª. Tatiana Belmonte, à quem eu admiro e tive a sorte de
ser aluna, pelo incentivo, pela flexibilidade, paciência e compreensão.
Por fim, ao CEL - Centro de Estudos de Línguas da UFAM, pela experiência
profissional que foi um grande aprendizado. E a todos os professores do curso que de
alguma forma contribuíram para meu crescimento pessoal e profissional.
“Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante.”
(Pequeno Príncipe)
RESUMO
Estre trabalho de conclusão de curso tem como objetivo refletir sobre O Vocabulário
No Foco De Ensino-Aprendizagem da LI: Identificação Dos Métodos De Ensino.
Objetiva-se também identificar e descrever os métodos utilizados para o ensino de
vocabulário. No intuito de alcançar os objetivos desta pesquisa, realizamos um recorte
teórico sobre o Contexto Histórico, Definições de Vocabulário, A Instrução de
Vocabulário nos Métodos de Ensino, Ensino Implícito e Explícito de Vocabulário e
Abordagem Explícita Para Alunos Iniciantes. Aplicamos os conceitos de ensino das
Abordagem Implícita e Explícita (SCARAMUCCI, 1995; SÖKMEN, 1997), para
identificar o método de ensino de vocabulário utilizado pelas professoras de língua
inglesa, participantes da pesquisa. Desta forma, este trabalho se caracteriza como
uma pesquisa qualitativa intrerpretativista (MOITA LOPES, 1994), cuja coleta de
dados ocorreu por meio de entrevista virtual com a participação de 6 professoras que
lecionam em cursos de idiomas. Os resultados apontaram que o vocabulário é
considerado importante pelas professoras pois é trabalho com frequência em sala de
aula. Foi constatado também que para a maioria das professoras, ambas as
abordagens são essenciais para alunos iniciantes, pois a abordagem implícita fornece
riqueza de significado por meio de contexto e a abordagem explícita instiga o interesse
dos alunos em aprender vocabulário.
Palavras-chave: vocabulário; ensino-aprendizagem; métodos; abordagem implícita e
explícita; alunos iniciantes.
ABSTRACT
This final paper aims to reflect on vocabulary in light of the English teaching-learning
process through the identification of teaching methods. Aiming to reach this research
objectives, a theoretical framework was built on the Historical Context, Vocabulary
Definitions, Vocabulary Instruction In Teaching Methods, Implicit and Explicit Teaching
Of Vocabulary and Explicit Approach For Beginners. The teaching concepts of the
Implicit and Explicit Approach (SCARAMUCCI, 1995; SÖKMEN, 1997) were applied
in this research to identify the vocabulary teaching methods used by teachers of the
English language participating in this research. Therefore, this work is characterized
as an interpretativist research (Moita Lopes, 1994), which data collection took place
through a virtual interview with 6 teachers who teach English in language courses. The
results showed that vocabulary is considered important by the teachers as it is a
subject frequently addressed in every lesson. The results also revealed that most
teachers believe both approaches to be essential for beginners as the implicit
approach provides wealth of meaning through context and the explicit approach
stimulates students' interest in learning vocabulary.
Key words: vocabulary; teaching-learning; methods; implicit and explicit approaches;
beginners.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 5
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 7
2.1 Contexto Histórico ...................................................................................... 7
2.1.1 Definições De Vocabulário.................................................................... 10
2.2 A Instrução De Vocabulário Nos Métodos De Ensino .............................. 12
2.2.1 Ensino Implícito E Explícito De Vocabulário ......................................... 18
2.2.2 Abordagem Explícita Para Alunos Iniciantes ........................................ 21
3 METODOLOGIA ......................................................................................... 24
3.1 Caracterização Da Pesquisa .................................................................... 25
3.2 Questionário ............................................................................................ 26
4 RESULTADOS ........................................................................................... 26
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 41
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 42
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ................................................................. 45
5
1 INTRODUÇÃO
A falta de conhecimento léxico é um dos principais motivos pelos quais o aluno
não consegue se comunicar de forma satisfatória em uma língua estrangeira, como
afirma Meara (1984). Segundo o autor, a falta de conhecimento léxico é a maior fonte
de dificuldade apontada pelos alunos durante o processo de aquisição de uma língua.
Superando até mesmo as dificuldades gramaticais.
Segundo Nation (2001), aprender vocabulário é fundamental para o
desenvolvimento das quatro habilidades da língua: ouvir, falar, ler e escrever. Para
que uma palavra seja verdadeiramente aprendida, o autor defende que ela precisa
fazer parte do dia a dia do aprendiz, ser reconhecida nas mais variadas situações e
precisa ser produzida também para ser considerada relevante para o aluno (NATION,
1990).
Deste modo, podemos compreender que aprender vocabulário não significa
decorar lista de palavras sem um propósito produtivo. Para Sökmen (1997), o ensinoaprendizagem de vocabulário pode ser bem mais dinâmico e atender as necessidades
do aluno em relação a aquisição e uso significativo de seu conhecimento léxico.
Segundo a autora, o uso variado de técnicas de ensino, quebra a rotina da aula e a
torna mais memorável. Porém, como observa Leffa (2000, p. 20) “o ensino do
vocabulário tem sido de um modo geral estigmatizado, tanto em língua materna como
em língua estrangeira”.
Após o conhecimento léxico ser reconhecido como fundamental para o
desenvolvimento das habilidades linguísticas, pesquisadores redirecionaram seus
interesses para “questões envolvidas no processo de aquisição de vocabulário com
conseqüências diretas para o ensino do mesmo” (ZILLES, 2001, p. 18). Entretanto, o
ensino de vocabulário era alvo de dúvidas constantes sobre sua forma de
apresentação: ora implícito, ora explícito. Abordagens de ensino que eram vistas por
muitos teóricos como: vocabulário contextualizado e descontextualizado (VECHETINI,
2005).
Apesar dos conflitos sobre a forma de apresentação das abordagens de ensino,
autores como Scaramucci (1995), Sökmen (1997) e Schmitt (2000) argumentam que
ambas as formas de ensino são complementares e portanto ambas são importantes.
Além de promover um equilíbrio entre as abordagens, os autores também reconhecem
a importância da abordagem explícita para alunos iniciantes pois além de contribuir
6
para a aquisição de uma base vocabular, pode motivá-los a aprender palavras novas
e portanto ampliar seu conhecimento léxico, facilitando a compreensão de vocabulário
apresentado por meio da abordagem implícita e consequentemente, aprimorando
suas habilidades comunicativas.
O objetivo deste trabalho consiste em identificar e descrever os métodos de
ensino de línguas com foco nas abordagens implícita e explícita para o ensino de
vocabulário, com destaque para a abordagem explícita como ferramenta que pode
favorecer principalmente os alunos com um baixo nível de proficiência em Língua
Inglesa.
O primeiro capítulo consiste no contexto histórico, no qual são apresentadas as
discussões de linguistas teóricos sobre a importância do ensino de vocabulário nas
aulas de língua estrangeira.
O segundo capítulo fornece definições do que significa aprender vocabulário e
os motivos pelo qual é importante para o desenvolvimento das habilidades linguísticas
dos alunos.
O terceiro capítulo consiste na história do vocabulário nos métodos de ensino
de línguas desde os métodos considerados tradicionais até os chamados modernos.
O quarto capítulo apresenta uma discussão sobre as vantagens e
desvantagens das abordagens implícita e explícita para o ensino de vocabulário.
O quinto capítulo discute mais a fundo a importância da abordagem explícita
principalmente para alunos iniciantes, além de apresentar também alternativas de
técnicas de ensino.
A Metodologia consiste na caracterização da pesquisa e a descrição do
questionário aplicado para análise dos dados e das afirmações feitas ao decorrer do
trabalho.
Nos Resultados são apresentados os relatos das professoras participantes do
questionário sobre o ensino e aprendizagem de vocabulário.
Por fim, nas Considerações Finais, são dispostas as conclusões desta
pesquisa, apresentando os pensamentos finais sobre o que foi abordado neste
trabalho.
7
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO
O ensino-aprendizagem de vocabulário nem sempre recebeu devida atenção
como objeto de estudo dentro dos métodos de ensino de aquisição de uma segunda
língua, pois pesquisadores teóricos e, até mesmo, professores acreditavam que a
gramática e a fonologia eram mais importantes para os campos linguísticos e
pedagógicos (ZIMMERMAN, 1997).
No final do século XIX, o Método de Tradução Gramatical, considerado o
primeiro método de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, utilizava listas
bilíngues de vocabulário obsoleto. A aquisição de vocabulário não era vista como
essencial pois presumia-se que os alunos não usariam a língua-alvo para fins
comunicativos (ZIMMERMAN, 1997).
As discussões sobre o papel do conhecimento léxico no processo de aquisição
de uma língua estrangeira surgiram a partir das críticas ao Método de Tradução
Gramatical. Novas teorias apontavam para a importância de se trabalhar outros
aspectos da linguagem. Neste contexto, O Movimento Reformista, estabelecido por
Henry Sweet, priorizava fluência e treinamento fonético. Entretanto, este movimento
não via o ensino-aprendizagem de vocabulário como essencial para fluência, e
argumentava que, de um ponto de vista científico e fonético, palavras não existem
(ZIMMERMAN, 1997).
Para Charles Fries (1945), fundador do Método Áudio-lingual, aprender muito
vocabulário era prejudicial pois, os alunos se prendiam a um único significado da
palavra, simplificando o fato de que as palavras em inglês possuem diversos
significados em contextos diferentes. Fries argumenta que palavras são formas
linguísticas de “símbolos em que todo o conteúdo e limitações de significado derivam
das situações em que são utilizadas” (FRIES, 1945, p. 43). Em 1968, Wilga Rivers
também compartilhava deste ponto de vista. Segundo a autora:
Aprendizado excessivo de vocabulário no início do curso dá aos
estudantes a impressão de que o mais importante sobre
aprender uma língua é acumular novas palavras equivalentes a
conceitos que eles já sabem expressar em sua língua nativa. O
que eles não percebem é que se expressa significado em grupos
8
de palavras e em combinação de segmentos, e que é difícil
determinar o significado de palavras individuais quando estão
separadas do contexto de outras palavras e frases. As listas
tradicionais de vocabulário raramente fornecem contextos desse
tipo. Deste modo os estudantes estão despreparados para usar
em situações autenticas de comunicação as palavras que
aprenderam como unidades isoladas. (RIVERS, 1968/1981, p.
254).
Rivers recomendava o uso de vocabulário conhecido para estudar variações
morfológicas e estruturas sintáticas, deste modo, os estudantes manteriam o foco nas
estruturas sendo analisadas. A autora também recomendava a apresentação de
vocabulário em exercícios orais, e as palavras deveriam ser usadas constantemente
para que houvesse retenção (ZIMMERMAN, 1997).
Em 1983, porém, a autora muda seu ponto de vista, sobre as práticas de
comunicação oral de métodos como o Áudio-lingual (ZIMMERMAN, 1997), ao referirse às práticas como “pseudo-comunicação” (RIVERS, 1983, p. 43). Nesta ocasião,
aprendia-se como obter habilidades comunicativas, mas não havia prática real de
comunicação pois presumia-se que haveria uma “transferência automática para
performance de interação (tanto para recepção quanto para expressão de
mensagens)” (RIVERS, 1983, p 43).
Além disso, sugeriu aos professores de línguas que prestassem mais atenção
às palavras para que os estudantes pudessem aprender a comunicar significado
(ZIMMERMAN, 1997) e não somente “quinze formas diferentes de pedir que a porta
seja aberta” (RIVERS, 1983, p. 120).
Diante do crescente conflito entre as teorias, levantou-se um grande interesse,
sobre a função, vantagens e desvantagens do ensino-aprendizagem de vocabulário
no processo de aquisição de uma língua. Alguns autores também evidenciaram certo
descontentamento com o enfoque dado a gramática.
Segundo Vermeer (1992 apud LAUFER, 1997), o conhecimento léxico faz-se
necessário para entender a si mesmo e ao próximo. O autor também critica o enfoque
dado a gramática:
Conhecer palavras é a chave para entender e ser entendido. A
parte principal no aprendizado de uma nova língua consiste em
aprender novas palavras. O conhecimento gramatical não faz
alguém proficiente em uma língua. (VERMEER, 1992, p. 147).
9
Paribakht e Wesche (1997, p. 175) salientam que a aquisição de vocabulário
finalmente recebeu o reconhecimento da “pesquisa e pedagogia de segunda língua –
refletindo a importância que sempre teve por parte dos aprendizes”.
Pesquisadores como Laufer (1997), Schimitt (2000), e Nation (2001) advogam
que conhecimento léxico é essencial para o uso bem sucedido de uma língua
estrangeira pois sem conhecimento léxico, o aprendiz não poderá expressar seus
pensamentos de forma significativa.
Para Laufer (1997), o vocabulário é importante em todas as etapas que
envolvem a aquisição de uma língua, seja ela nativa ou não. A autora comenta que
após anos sendo negligenciado, o vocabulário passou a ser reconhecido pelos
pesquisadores como fundamental para o aprendizado no ensino de línguas. Laufer
(1997, p. 140) reafirma sua declaração citando McCarthy (1990) que critica o enfoque
dado a gramática e a fonologia. Segundos os autores:
O vocabulário já não é mais uma vítima de discriminação na
pesquisa em aprendizado de segunda língua, ou no ensino de
língua. Após décadas de negligência, o léxico é hoje
reconhecido como central em qualquer processo de aquisição
de linguagem, nativa ou não-nativa. O que muitos professores
de língua talvez intuitivamente já saibam por muito tempo, que
um vocabulário consistente é necessário em todos os estágios
de aquisição de segunda língua, está sendo abertamente dito
por alguns pesquisadores em aquisição de segunda língua. As
seguintes citações ilustram este fato:
Não importa quanto o aluno aprenda a gramática, não importa
quanto os sons da L2 sejam dominados pelo aluno, sem
palavras para expressar uma gama maior de significados, a
comunicação em uma L2 simplesmente não pode acontecer de
uma maneira significativa (McCarthy, 1990, p. viii).
Leffa (2000), também destaca o conhecimento léxico como fundamental para a
aquisição de uma língua. Segundo o autor, “Constata-se com facilidade que na
aprendizagem da língua estrangeira, a aquisição do vocabulário é um dos aspectos
mais importantes do processo” (LEFFA, 2000, p. 20). Por fim, Nation (2001) advoga
que o vocabulário é fundamental para o uso das quatro habilidades: ouvir, falar, ler e
escrever. E argumenta que o conhecimento lexical favorece a prática e o uso da
língua.
10
Após a exposição do recorte histórico sobre os estudos do papel do vocabulário
na aquisição de uma língua estrangeira, ou segunda língua, passamos a seguir para
os recortes teóricos quanto à definição de vocabulário.
2.1.1 DEFINIÇÕES DE VOCABULÁRIO
Para entender o significado de lexis, grego para ‘palavra’, Barcroft, Sunderman,
e Schmitt (2011, p. 571) explicam que ‘palavra’ “refere-se a todas as palavras de uma
língua, a todo o vocabulário de uma língua”. Deste modo, aprender vocabulário inclui
aprender itens lexicais ou lexical chunks, que são frases - como expressões - com
duas ou mais palavras. Considerando que vocabulário é mais do que uma simples
unidade ortográfica, Lewis (1993 apud ZILLES, 2001, p. 19), sugere cinco tipos de
itens lexicais:
1) Palavras: o tipo mais básico de item lexical, a palavra
individual.
2) Polipalavras¹: duas ou três palavras sempre utilizadas juntas
e na mesma
ordem como “unha e carne” e “por outro lado” no Português e
“on the
other hand” , “to and from” e vários phrasal verbs no Inglês.
3) Colocações: grupos de palavras individuais que co-ocorrem
com outras, e
podem e devem ser tratadas como itens lexicais por si só.
Exemplos de
colocações são "do homework" e "have a coffee".
4) Expressões fixas: “Feliz Aniversário”, “Bom dia” e provérbios.
5) Expressões semi-fixas: “Could you pass ..., please?”
Para explicar o que significa conhecer uma palavra, Nation (1990), argumenta
que existe o reconhecimento e o conhecimento produtivo de uma palavra. Reconhecer
uma palavra significa identificá-la a partir de sua escrita e fala, reconhecer sua classe
gramatical, pragmática e semântica, identificar se a palavra é comumente utilizada ou
não, conhecer seu significado, colocações e os diferentes contextos em que se
encaixa. O conhecimento produtivo de uma palavra soma-se às habilidades de
reconhecimento com a adição da habilidade de uso das palavras - na fala ou escrita em um contexto real de comunicação.
11
Em 1997, Nation e Waring fornecem algumas perguntas e respostas sobre o
que o aprendiz da língua inglesa - ou de uma segunda língua - precisa saber sobre
vocabulário. Entretanto, os autores ressaltam que não deve-se presumir que adquirir
vocabulário é o suficiente para adquirir outras habilidades da língua, pois este é
apenas um dos componentes das habilidades linguísticas como ler e falar.
Para responder a pergunta “Quanto vocabulário um aprendiz de segunda língua
precisa conhecer?”, os autores argumentam que outras perguntam precisam ser
feitas: Quantas palavras existem em Inglês? Quantas palavras os falantes nativos
conhecem? Quantas palavras são necessárias para fazer coisas que um usuário da
língua precisa fazer?. Para ajudar na resposta, podemos recorrer a categorização dos
tipos e a quantidade de palavras que aparecem na maioria dos textos, feita por Nation
em 1990. Na ocasião, o autor categorizou as palavras da seguinte forma:
a) Palavras de alta freqüência: cerca de 2.000, ocorrem
freqüentemente em todos os tipos de textos e correspondem a
cerca de 87% das palavras em um texto qualquer.
b) Vocabulário acadêmico: cerca de 800 palavras, ocorrem
freqüentemente na maioria dos textos acadêmicos e
representam 8% das palavras nesses textos.
c) Vocabulário técnico: cerca de 1.000 a 2.000 palavras por área,
representam cerca de 3% das palavras em textos
especializados.
d) Palavras de baixa freqüência: cerca de 123.000, não ocorrem
freqüentemente, cerca de 2% das palavras em um texto
qualquer. (NATION, 1990 apud ZILLES, 2001, p. 21).
Enfim, respondendo às perguntas, Nation e Waring (1997) salientam que, a
língua inglesa tem 54.000 “famílias de palavras”, que são suas derivações ou formas
flexionadas. E um falante nativo de alta instrução domina até 20.000 famílias de
palavras. Por outro lado, a partir do momento em que o aprendiz de língua inglesa
adquire o domínio das palavras de alta frequência, a quantidade de seu conhecimento
léxico dependerá de seus objetivos.
Nation e Newton (1997), defendem o ensino-aprendizagem de vocabulário de
alta frequência por representar a maioria das palavras em qualquer texto. Pois,
segundo os autores
“fica claro que as 2000 palavras de alta frequência em Inglês
devem receber atenção imediata, pois sem elas não é possível
12
utilizar a língua inglesa em nenhuma maneira normal. Essas
palavras merecem um tempo e uma atenção considerável.”
(NATION e NEWTON, 1997, p. 239).
Após entendermos que conhecer vocabulário não significa aprender apenas
uma única palavra, podemos reafirmar a importância do ensino-aprendizagem deste
que, é parte fundamental do processo de desenvolvimento das habilidades linguísticas
dos alunos, e portanto, merece tempo e atenção considerável. Deste modo, a
abordagem explícita que promove maior atenção para os itens lexicais pode favorecer
principalmente alunos em estágios iniciais de aprendizado, tema que será abordado
na seção 2.2.2, e que caracteriza a relevância deste trabalho.
A seguir veremos quais eram os objetivos de alguns dos métodos considerados
pioneiros na história dos métodos de ensino de línguas estrangeiras e o tratamento
dado ao ensino-aprendizagem de vocabulário.
2.2 A INSTRUÇÃO DE VOCABULÁRIO NOS MÉTODOS DE ENSINO
Por muitos anos, teóricos que pesquisavam sobre métodos de aquisição de
linguagem priorizaram a sintaxe e a fonologia como assuntos considerados relevantes
para o ensino-aprendizagem de uma segunda língua (ZIMMERMAN, 1997). Ao fazer
um recorte histórico sobre a instrução de vocabulário, Zimmerman (1997), descreve a
atenção - ou a falta dela - dada ao conhecimento léxico em alguns dos métodos de
ensino que se tornaram referência para o ensino-aprendizagem de línguas. Podemos
perceber que muitos métodos de ensino surgiram a partir da falta de consenso entre
teóricos e teorias.
- Método de Tradução Gramatical
O Método de Tradução Gramatical, ou Método Tradicional, considerado o
primeiro método de aquisição de linguagem, surgiu no final do século XVIII. O objetivo
deste método era - por meio da gramática - preparar os estudantes para a leitura e
escrita de materiais clássicos escritos em Latin e Grego, bem como prepará-los para
exames de extrema importância que exigiam a proficiência dos estudantes nestas
habilidades linguísticas (ZIMMERMAN, 1997).
Segundo Zimmerman (1997), as aulas eram ministradas na língua nativa dos
estudantes e limitavam-se à explicações de regras gramaticais e listas de palavras na
13
língua-alvo com tradução para a língua materna. O aprendizado do aluno era julgado
de acordo com sua habilidade em conjugar verbos e analisar estruturas gramaticais.
As habilidades comunicativas não eram prioridade, pois supunha-se que os alunos
nunca usariam a língua-alvo em situações reais de comunicação.
Ainda segundo o autor, neste método, os alunos eram expostos à literatura e
textos clássicos com estruturas gramaticais antigas e vocabulário que não estava mais
em uso, portanto era obsoleto. A função do vocabulário era apenas ilustrar regras
gramaticais, e a lista bilingue de palavras era mais uma ferramenta usada para
explicações de regras do que para a aquisição de vocabulário com fins produtivos de
comunicação.
Adentrando o século XX, Zimmerman (1997) explica que o Método de Tradução
Gramatical, foi utilizado como o método primordial para o ensino de língua estrangeira.
Porém, passou a receber críticas por usar listas de vocabulário que não
correspondiam a realidade da época e negligenciar o uso oral da língua. Estas críticas
deram início às discussões sobre o papel do vocabulário no processo de instrução de
uma língua.
- Movimento de Reforma
A partir das críticas contra o Método de Tradução Gramatical, outras teorias e
métodos foram surgindo. Na Inglaterra, Henry Sweet foi responsável pelo o que se
estabeleceu como o Movimento Reformista. Diferentemente do movimento anterior,
os reformistas pregavam a importância da língua falada e do treinamento fonético
dando prioridade à pronúncia com ‘precisão’ (ZIMMERMAN, 1997).
Segundo Zimmerman (1997), o Movimento de Reforma foi categorizado por
Sweet em cinco fases: 1) fase mecânica: estudo de fonemas e transcrições. 2) fase
gramatical: estudo da gramática e vocabulário básico. 3) fase idiomática: estudo do
vocabulário de forma mais profunda. 4) fase literária e 5) fase Arcaica onde estudavase à nível universitário, a Filologia.
O autor ainda explica que o movimento evitava o uso de listas de palavras e
frases isoladas. As regras gramaticais e os itens lexicais só eram ensinados de forma
isolada, após o estudo completo dos textos apresentados nas aulas. O vocabulário
era selecionado conforme sua simplicidade e utilidade. E acreditava-se que as
palavras deveriam ser associadas à realidade e não com padrões sintáticos. Nas
palavras de Sweet:
14
Ainda que a linguagem seja feita de palavras, não falamos em
palavras, mas em frases. A partir de um ponto de vista prático e
científico, a frase é a unidade da língua, não a palavra. De um
ponto de vista puramente fonético, as palavras não existem.
(SWEET, 1899/1964, p. 97).
- Método Direto
Beneficiando-se das discussões que surgiram durante o Movimento de
Reforma, o Método Direto - um dos mais famosos entre os métodos que proclamavamse naturais - surgiu no final do século XIX. Desenvolvido nos Estados Unidos por
Sauveur e popularizado por Berlitz, o Método Direto priorizava o uso da língua-alvo
sem a interferência da língua materna (ZIMMERMAN, 1997).
Segundo os dois princípios propostos por Sauveur, o professor deveria fazer
perguntas apenas sobre assuntos que tinha interesse, e as perguntas deveriam
provocar o surgimento de outras para que os alunos aprendessem a partir da
exposição a contextos variados (HOWATT, 1984). A leitura era ensinada e
desenvolvida por meio de práticas em conjunto com o uso da habilidade oral
(LARSEN-FREEMAN, 1986). Segundo o Método Direto, a interação era a chave para
a aquisição natural de uma língua (ZIMMERMAN, 1997).
Neste método, ensinava-se vocabulário simples e frases do dia-a-dia. As
primeiras lições do curso de Berlitz por exemplo, abordavam temas como objetos da
sala de aula, partes do corpo, verbo to be (ser/estar), adjetivos e etc (HOWATT, 1984).
Usava-se imagens e objetos reais para ilustrar e explicar vocabulário concreto, prática
que, segundo Kelly (1969), ficou conhecida como realia ou realiem. Já o vocabulário
abstrato era ensinado por meio de associação de ideias (RIVERS, 1983 e RICHARDS
E RODGERS, 1986).
Além de ser considerado trivial pelos tradicionalistas (HOWATT, 1984), a
simplificação das semelhanças entre a língua materna e a língua-alvo, e a falta de
logística em relação as práticas de ensino do método nas escolas públicas, foram a
base para as críticas contra o Método Direto (RICHARDS E RODGERS, 1986).
Entretanto, este método ganhou espaço nas escolas privadas de idiomas como as
Escolas de Berlitz (HOWATT, 1984).
- Método de Leitura / Ensino de Linguagem Situacional
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Nas décadas de 1920 e 1930, foi desenvolvido nos Estados Unidos o que ficou
conhecido como Método de Leitura e na Grã-Bretanha, Ensino de Linguagem
Situacional. O objetivo principal do Método de Leitura era desenvolver a habilidade de
leitura dos alunos. Na Grã-Bretanha, em defesa do Ensino de Linguagem Situacional,
Michael West salientava que era preciso facilitar habilidades de leitura por meio do
desenvolvimento e aprimoramento do uso de vocabulário. Além disso, West também
criticava métodos chamados diretos que destacavam a importância do speech
(discurso) mas não forneciam guias com o vocabulário que deveria ser estudado
(ZIMMERMAN, 1997).
Segundo West (1930), aprendizes de língua estrangeira não tinham um
conhecimento básico nem mesmo das mil palavras mais frequentes porque: faziam
atividades que não os ajudavam a falar o idioma, aprendiam palavras que não eram
úteis para eles e não estavam realmente aprendendo as palavras ensinadas. Situação
para qual West publicou em 1953, A General Service List of English Words, uma lista
com as palavras mais usadas na língua inglesa.
Segundo Zimmerman (1997), para os linguistas britânicos, H. E. Palmer e A. S.
Hornby, considerados líderes deste movimento, e influentes tanto nos Estados Unidos
quanto na Grã Bretanha, a estrutura básica de uma língua deveria ser ensinada em
situações significativas e argumentavam que, speech era a base e estrutura que fazia
o discurso possível.
Ainda segundo o autor, durante este período, houve uma preocupação em
desenvolver uma base científica e racional para o conteúdo de vocabulário estudado
nas escolas de idiomas. Pela primeira vez, o vocabulário foi considerado um dos
aspectos mais importantes para o ensino de uma segunda língua.
- Método Audio-lingual
Desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial, O Método Audio-lingual - ou
Abordagem Estrutural - foi descrito pelo seu fundador Charles Fries, não como um
método, mas como uma nova abordagem à pedagogia gramatical. Para esta
abordagem, a dificuldade enfrentada pelos aprendizes não-nativos de uma língua
estava relacionada aos conflitos apresentado pelos diferentes sistemas estruturais
envolvendo a língua (ZIMMERMAN, 1997).
Este método destacava a importância da estrutura e/ou gramática, e acreditava
que o processo de aprendizagem de uma língua era resultado da formação de hábitos.
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O Método Audio-lingual também usava a pronúncia e o drilling (repetição oral) como
ferramentas para o ensino-aprendizagem das estruturas básicas da língua e tinha
como principal objetivo a aquisição de padrões estruturais (ZIMMERMAN, 1997).
Segundo Larsen-Freeman (1986), o vocabulário selecionado era simples o suficiente
para que fosse possível a realização de drills (repetição oral).
Charles Fries (1945) criticava a importância dada ao vocabulário pelos
aprendizes, pois acreditava que estes simplificavam o papel do vocabulário e se
apegavam ao significado de palavras isoladas, o que segundo o autor, poderia
prejudicar o reconhecimento destas palavras em diferentes contextos. Fries apontou
três razões para este problema. Presumia-se falsamente que:
1) as palavras tinham equivalentes exatos em diferentes línguas; segundo o
autor, nesta situação, somente palavras técnicas têm o mesmo significado. 2) as
palavras tinham apenas um significado. Fries argumenta que as palavras em inglês
geralmente têm de quinze a vinte significados diferentes. 3) a palavra tem ‘um’
verdadeiro significado e os outros são figurativos ou não são legítimos. Durante este
período, acreditava-se que aprender muito vocabulário dava uma falsa sensação de
segurança aos alunos.
- Ensino de Linguagem Comunicativa
Para o método de Ensino de Linguagem Comunicativa, a partir de um ponto de
vista sociolinguístico, a competência comunicativa estava ligada à competência e
criatividade linguística, contrariando a crença anterior behaviorista que argumentava
que aprender uma língua era resultado da formação de hábitos. Deste modo, o foco
do ensino não era mais a aquisição de estruturas, mas a proficiência comunicativa
(ZIMMERMAN, 1997).
O objetivo deste método era promover a fluência e não a precisão no uso da
língua e “fazer da competência comunicativa o foco do ensino e desenvolver
procedimentos para o ensino das quatro habilidades da língua que reconheçam a
interdependência entre linguagem e comunicação” (RICHARDS E RODGERS, 1990,
p. 66).
Neste período, o vocabulário é apresentado de forma contextualizada, pois a
prioridade é o discurso e não as frases. O Ensino de Linguagem Comunicativa
buscava providenciar oportunidades de desenvolvimento de estratégias para a
17
interpretação e o uso da língua-alvo assim como o fazem os falantes nativos
(LARSEN-FREEMAN, 1986).
- Abordagem Natural
Desenvolvida para “capacitar o aluno iniciante de modo a alcançar níveis
aceitáveis de comunicação oral na sala de aula de línguas” (KRASHEN E TERRELL,
1983, p. 131), a Abordagem Natural é baseada em cinco hipóteses:
1) The Acquisition-Learning Hypothesis: faz distinção entre “aquisição” como a
forma “natural” que se aprende uma língua, como a língua materna por exemplo.
E “aprendizagem”, como o ato “formal” de aprender uma língua, enfatizando as
regras e a correção de erros de forma consciente.
2) The Natural Order Hypothesis: argumenta que a estrutura gramatical é de certa
forma previsível e pode ser aprendida naturalmente sem indução externa.
3) The Monitor Hypothesis: argumenta que a aprendizagem consciente tem a
função de monitorar ou corrigir o uso da língua.
4) The Input Hypothesis: sugere que a aquisição da língua depende do conteúdo,
e da forma como está sendo aprendido. Esta hipótese argumenta que o input
(insumo) deve ser interessante e relevante para o aluno, e deve estar um pouco
acima de seu nível de competência (proficiência).
5) The Affective Filter Hypothesis: argumenta que uma atitude otimista é essencial
para a aquisição de uma língua, pois o aluno estará mais receptivo e motivado a
interagir com confiança.
Segundo Zimmerman (1997, p. 15), “A metodologia da Abordagem Natural
enfatiza o insumo compreensível e significativo ao invés de produção gramaticalmente
correta”. Segundo Krashen e Terrell (1983), o input precisa ser compreensível para
que haja aquisição, e para que haja compreensão é necessário ter certo conhecimento
de vocabulário, “Ou seja, a aquisição não será feita sem a compreensão de
vocabulário” (KRASHEN e TERRELL, 1983, p. 155).
Em conclusão, a falta de consenso entre as teorias sobre métodos de ensino
de uma segunda língua ou língua estrangeira, exerceram influência também sobre as
abordagens de ensino de vocabulário. As discussões teóricas geralmente
ponderavam entre as vantagens e limitações do ensino implícito e explícito. É o que
discutiremos a seguir.
18
2.2.1 ENSINO IMPLÍCITO E EXPLÍCITO DE VOCABULÁRIO
As divergências teóricas sobre os métodos e abordagens de ensino de
vocabulário parecem definir “abordagem implícita” como o ensino de palavras de
forma contextualizada, e “abordagem explícita” como o ensino de palavras de forma
descontextualizada. As divergências mostram-se presentes também nos diferentes
termos usados pelos teóricos que também referiam-se às abordagens explícita e
implícita como: abordagem direta e indireta ou, abordagem intencional e incidental
(VECHETINI, 2005).
A abordagem implícita é apresentada como o ensino de vocabulário somente
por contexto, geralmente proporcionado pela leitura de textos (VECHETINI, 2005).
“Neste tipo de ensino, a atenção do aprendiz é geralmente focalizada no assunto ou
tema do texto, e não no vocabulário” (SCARAMUCCI, 1995, p. 59).
Para Huckin e Coady (1999), o ensino indireto tem algumas vantagens sob o
ensino direto, porém os pesquisadores adicionam algumas ressalvas. Segundo os
autores, o ensino implícito de vocabulário proporciona maior riqueza de sentido das
palavras e é pedagogicamente vantajoso pois permite trabalhar tanto a aquisição de
vocabulário quanto a leitura. Entretanto, os autores defendem a realização de
exercícios de leitura que deem destaque para o vocabulário sendo trabalhado, pois é
necessário que os alunos atentem para as palavras novas para que estas sejam
realmente aprendidas.
Ainda que a favor da abordagem implícita, Krashen e Terrell (1983), a partir da
Hipótese do Insumo, argumentam um posicionamento diferente em relação a atenção
que deve ser dada as palavras. Segundo os autores, a aquisição de vocabulário
acontece quando o foco é o sentido da mensagem, portanto, o contexto por si só, é o
suficiente para que o aprendiz adquira novas palavras, não havendo a necessidade
de um ensino explícito.
Concordo em parte com os autores Krashen e Terrell. Acredito que o sentido
da mensagem seja importante, pois contribui para o aprendizado das palavras em
contexto de uso, porém discordo que o ensino explícito não seja necessário. Ainda
que por meio de inferência lexical, “há uma distinção entre a construção de significado
através de pistas contextuais e o real aprendizado e retenção desses significados”
(SCARAMUCCI, 1995, p. 59). Se não houver atenção para a importância das
palavras, elas não serão aprendidas (HUCKIN e COADY, 1999), portanto não serão
19
usadas pelo aluno em situações comunicativas já que estas exigem conhecimento
léxico.
Kelly (1990 apud VECHETINI, 2005), concorda que o ensino indireto
proporciona via contexto uma fonte abrangente do significado das palavras, mas
acredita que não haverá aquisição de vocabulário se não houver também foco em sua
forma escrita. Portanto, a autora enfatiza que foco e significado devem ser trabalhados
juntos. Para Paribakht e Wesche (1997), a aquisição incidental é lenta e não há
garantia de que as palavras serão aprendidas, por isso, os autores também advogam
a importância do foco no vocabulário e não somente no contexto.
Schmitt (2000 apud VECHETINI, 2005), argumenta que a abordagem indireta
favorece o uso comunicativo da língua por meio da aquisição contextualizada de
vocabulário, entretanto, necessita de muita exposição à forma escrita e oral da língua,
o que faz desta abordagem um processo lento, por isso existe a necessidade
complementar do ensino explícito que aumenta as chances de aquisição de
vocabulário devido a atenção dada as palavras.
Por outro lado, na abordagem explícita de vocabulário, o foco do ensinoaprendizagem é o vocabulário (ZILLES, 2001), que pode ser apresentado de forma
contextualizada - como em um texto - e de forma “isolada”. Esta pesquisa, refere-se
ao vocabulário isolado não de um ponto de vista necessariamente descontextualizado,
mas relacionado diretamente a um assunto ou tema abordado em sala de aula.
Para Scaramucci (1995), o ensino direto não significa ensinar palavras isoladas
ou listas pois o contexto é importante em ambas as abordagens. A autora defende o
ensino implícito - por meio do contexto/leitura - de vocabulário, para alunos de níveis
mais avançados e o ensino explícito para alunos em estágios iniciais pois “tendo
adquirido um vocabulário mais básico, o aluno estaria apto a expandi-lo, incorporando
palavras de baixa freqüência, através de estratégias de inferência e uso de contexto,
ou seja, numa abordagem indireta” (SCARAMUCCI, 1995, p. 60).
Para Sökmen (1997), O ensino explícito de vocabulário pode aumentar o
conhecimento léxico dos alunos uma vez que pode motivá-los a aprender palavras
novas. Atitude que, segundo a autora, explicaria o aprimoramento destes alunos em
compreender textos com ou sem palavras-alvo.
A partir dos princípios de sua Abordagem Lexical que propõem que o aprendiz
deve observar, fazer hipóteses e experimentar com o vocabulário, Lewis (1993)
argumenta um outro ponto de vista sobre o ensino explícito de vocabulário. O autor
20
salienta que o ensino de vocabulário deve ser organizado e deve convidar o aluno a
explorar as palavras. O autor critica o ensino “aleatório” que ocorre quando o professor
tira uma dúvida de um aluno em relação a um significado especifico de uma palavra,
e também critica o ensino de palavras apoiado em tópicos ou áreas específicas.
Concordo com o autor quando argumenta que o aluno deve ser convidado a
explorar vocabulário de maneira organizada. Também concordo que ensino aleatório
de palavras não acrescenta muito ao conhecimento do aluno, portanto seria
importante integrá-las em atividades explícitas durante a aula. Entretanto, acredito que
a atitude do professor em oferecer um dos significados de uma palavra - que esteja
relacionada à lição - seja beneficente, pois pode encorajar uma atuação participativa
do aluno.
Por outro lado, discordo do autor em sua colocação sobre o ensino de palavras
apoiadas em um tema específico. No contexto atual, o ensino de vocabulário
associado a tópicos/temas, pode proporcionar uma boa dinâmica de ensinoaprendizagem nas aulas de língua inglesa. Como advoga Zilles (2001):
É importante salientar que o ensino explícito de vocabulário não
precisa necessariamente ser descontextualizado. Assim como o
ensino indireto é inserido no contexto de leitura ou compreensão
oral, o ensino explícito pode contextualizar-se através de uma
situação, de prática escrita/oral ou de atividades de
personalização. (ZILLES, 2001, p. 42).
As aulas que abordam temas como types of music e hobbies por exemplo,
trabalham de forma explícita vocabulário sobre gêneros musicais e atividades de
lazer, e, como advoga Sökmen (1997), instigam o interesse dos alunos pelas palavras
apresentadas e por palavras novas, neste caso, para expressar suas preferências
pessoais.
Nesta situação, as palavras estão contextualizadas dentro do tema abordado
na lição, e podem ser trabalhadas isoladamente, no sentido de que pode-se aplicar
técnicas de ensino para dar ainda mais atenção à sua forma escrita e oral. Neste
contexto, o aprendizado pode ser produtivo se o vocabulário apresentado continuar a
ser revisado com frequência, como advogam Nation e Newton (1997), além de ser
integrado às atividades que favoreçam as competências comunicativas dos alunos.
Ainda que este tipo de abordagem exija certo tempo das aulas (SÖKMEN,
1997), deve-se considerar os custos e benefícios do esforço e aprendizado dos alunos
21
que podem recompensar o tempo dedicado ao ensino explícito de vocabulário.
(NATION, 1995 apud SCHMITT, 2000 apud VECHETINI, 2005).
Considerando as discussões apresentadas sobre a necessidade de haver uma
atenção especial às palavras para que haja compreensão e retenção das mesmas, a
abordagem explícita de vocabulário pode favorecer principalmente os alunos nos
estágios iniciais com um baixo nível de proficiência na Língua Inglesa. É o que
discutiremos a seguir.
2.2.2 ABORDAGEM EXPLÍCITA PARA ALUNOS INICIANTES
O aluno que está começando a aprender um novo idioma precisa de tempo
para elaborar e compreender o significado das palavras. O constante uso de uma
abordagem incidental pode atrapalhar o desenvolvimento desse processo que é
essencial para a aquisição de significado, “(...) uma vez que, muito provavelmente, as
palavras desconhecidas por ele não serão notadas e, por consequência, não serão
adquiridas” (HASHER e ZACKS, 1979 apud LAWSON e HOGBEN, 1996 apud
VECHETINI, 2005, p. 68).
Scaramucci (1995) aponta a abordagem direta como a responsável pelo
sentimento de frustração que sentem os alunos. Segundo a autora:
A utilização de uma abordagem indireta em estágios iniciais, ou
de um ensino não intervencionista de vocabulário, combinado
com uma situação em que a qualidade e quantidade de insumo
recebido são geralmente bastante limitados, tem sido
responsável por grande parte da frustração e incapacidade dos
alunos, principalmente frente aos textos de leitura.
(SCARAMUCCI, 1995, p 61).
Sökmen (1997) também faz eco a essa declaração. Segundo a autora, uma
abordagem incidental para aquisição de vocabulário frusta principalmente os alunos
de baixa proficiência em uma língua estrangeira. A autora argumenta que adquirir
vocabulário por meio de uma abordagem indireta é um processo lento. Além disso, os
alunos que estudam a língua-alvo em situação de língua estrangeira, não passam
tempo suficiente nas aulas para aprenderem uma grande quantidade de palavras
somente por contexto.
22
Sökmen (1997) ainda salienta que a abordagem implícita tem suas vantagens
principalmente para alunos com nível de proficiência acima do nível iniciante, pois a
abordagem incidental facilita, por meio de um contexto, a aquisição de palavras
consideradas mais difíceis de se entender. Entretanto, a autora ressalta que o ensino
implícito não deve ser o único a ser utilizado no ensino-aprendizagem de vocabulário
e reafirma a influência do ensino explícito sob o conhecimento lexical dos alunos. Por
fim, promove um equilíbrio entre ambas abordagens:
Ninguém está advogando o abandono da inferência contextual
(...). Ela pode ser especialmente útil em aprendizes com um nível
maior de proficiência, em combinação com a instrução explícita
ou no aprendizado de palavras altamente complexas.
Entretanto, um maior número de pesquisas aponta para a
ineficiência de se utilizar apenas a instrução implícita de
vocabulário (...). Na verdade, a instrução explícita de vocabulário
também pode ter um efeito no interesse em geral do aprendiz
por aprender palavras novas, o que, por sua vez, pode explicar
por que os aprendizes recebendo instrução explícita melhoraram
a compreensão não somente dos textos que continham as
palavras-alvo, mas também de textos que não as continham. O
pêndulo foi do ensino direto de vocabulário (método de tradução
gramatical) para o ensino incidental (enfoque comunicativo) e
agora, merecidamente, para o meio: aprendizado implícito e
explícito¹¹. (SÖKMEN, 1997, p. 238-239).
Concordo com a autora em sua colocação sobre a importância de inserir no
ensino-aprendizagem tanto a abordagem implícita quanto a explícita. Relembro que
os benefícios comunicativos em contexto de uso da língua são proporcionados pelo
ensino implícito (SCHMITT, 2000). E Ressalto a importância do ensino explícito
principalmente para alunos à nível básico pois, acredito ser necessário dedicar uma
atenção especial às palavras (HUCKIN e COADY, 1999) tanto em sua forma escrita
quanto oral, para que o aluno preencha a falta de conhecimento léxico que dificulta
suas habilidades comunicativas.
Schmitt (2000 apud VECHETINI, 2005), acredita que a aquisição bem
sucedida de vocabulário é resultado da quantidade de exposição do aprendiz à línguaalvo. Deste modo, estar em um país onde a língua estrangeira é a língua nativa seria
essencial. Entretanto, o autor reconhece que muitas pessoas não tem essa
oportunidade, portanto, Schmitt (1997) argumenta que faz-se necessário o ensino
explícito de vocabulário para que os alunos possam ter conhecimento lexical o
23
suficiente
para
então
compreender
mensagem
e
significado
de
palavras
desconhecidas apresentadas de forma implícita. Segundo o autor:
Ao menos que uma porcentagem alta do vocabulário contido em
uma mensagem seja conhecido, torna-se muito difícil inferir o
significado de qualquer palavra nova. A conclusão é que alguma
forma de instrução explícita seja necessária para alcançar um
limiar de conhecimento lexical que possibilite a aprendizagem
incidental. (SCHMITT, 1997, p. 120).
Concordo com o autor quando reafirma a necessidade de uma instrução
explícita de vocabulário que contribua para a construção de uma base de
conhecimento léxico. Os alunos que tiveram pouco contato com a língua inglesa não
conhecem palavras o suficiente para compreender atividades de interpretação textual
que exigem conhecimento prévio de outras palavras para aprender as novas.
Segundo Laufer (1997, p. 22) “quando um leitor de L2 com um vocabulário insuficiente
está tentando interpretar um texto autêntico, ele normalmente será incapaz de aplicar
estratégias de leitura eficazes usadas em L1". Acredito que o ensino intencional de
vocabulário contribui para um melhor aproveitamento das atividades de inferência
oferecidas pela abordagem incidental. Portanto, o ensino explícito não deve ser
ignorado.
Para a abordagem explícita de vocabulário, Sökmen (1997) oferece algumas
alternativas de ensino:
1- Construa um vocabulário de acesso ou reconhecimento automático:
proporcionar o contato com palavras de alta frequência, cognatos, ou
mesmo algumas palavras consideradas mais difíceis. O objetivo é
desenvolver conscientemente a base de conhecimento léxico do aluno.
2- Integre palavras novas às velhas: é importante promover associações,
conexões, ligações entre as palavras para que haja uma retenção efetiva
de vocabulário.
3- Proporcione vários encontros com a palavra: o aluno precisa encontrar a
palavra por meio de uma variedade de atividades e em diferentes contextos
para que ele tenha um maior entendimento de seu significado e uso. Jogos
como Scrabble, Bingo e Password podem proporcionar esse encontro e
ainda tornar a aula mais divertida e memorável.
24
4- Promova um nível de processamento mais profundo: a repetição de
palavras funciona, porém, a manipulação e a relação de palavras com
outras relacionadas à experiência própria do aluno, pode reforçar uma
retenção significativa das mesmas.
5- Facilitação do imaginário e do concreto: para que haja a retenção de
representações verbais, o vocabulário precisa ser organizado, apresentado
em unidades, em etapas e resumido, pois um material aleatório dificulta a
memorização. Para representações não-verbais, pode-se fazer o uso de
ilustrações, imagens e até diagramas.
6- Use uma variedade de técnicas: tal variedade é agradável pois quebra a
rotina da aula. Algumas sugestões são: trabalho com dicionário, expressões
idiomáticas e produção oral.
Gairns e Redman (1986), sugerem também algumas técnicas consideradas
tradicionais para o ensino-aprendizagem de vocabulário. Alguns exemplos citados
pelos autores são: flashcards, fotos, desenhos no quadro, objetos, mímica e gestos,
sinonímia, definição, contrastes e/ou opostos, tradução, uso do dicionário e
adivinhação. Segundo os autores, as palavras “abordagens e técnicas tradicionais” (p.
73) aparentemente soam ou ganharam um sentido pejorativo, mas não deveriam pois
tais meios de ensino ainda podem beneficiar o ensino-aprendizagem, promovendo
resultados em atividades escolhidas pelo professor para a sala de aula ou pelo aluno
de forma independente.
3 METODOLOGIA
A metodologia aplicada nesta pesquisa caracteriza-se como qualitativa
interpretativista. Segundo Moita Lopes (1994, p. 331), na posição interpretativista “o
acesso ao fato deve ser feito de forma indireta através da interpretação dos vários
significados que o constituem”. Procedimento de pesquisa aplicado para a
interpretação e a análise da importância do ensino-aprendizagem de vocabulário
como objeto de estudo nos métodos de ensino de línguas, e das abordagens implícita
e explícita, com destaque para a última como ferramenta essencial para o
aprimoramento das habilidades linguísticas do aprendiz iniciante da língua inglesa.
25
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Esta pesquisa está situada na Linguística Aplicada, que segundo Moita Lopes
(1996), é uma
área de investigação aplicada, mediadora, interdisciplinar,
centrada na resolução de problemas de uso da linguagem, que
tem um foco na linguagem de natureza processual, que colabora
com o avanço do conhecimento teórico, e que utiliza métodos de
investigação de natureza positivista e interpretativista. (MOITA
LOPES, 1996, p. 19).
Segundo Celani (1992), a Linguística Aplicada,
como um ramo do saber, usa não só informação da sociologia,
psicologia, antropologia e teoria da informação, bem como da
lingüística, a fim de desenvolver seus próprios modelos teóricos
de linguagem e de uso da linguagem, e, depois, usa esta
informação e teoria em áreas práticas, tais como organização de
programas, terapia de fala, planejamento lingüístico, estilística,
etc. (CELANI, 1992, p. 17).
O desenvolvimento deste trabalho consistiu na apresentação dos dados
históricos da instrução de vocabulário nos métodos de ensino de línguas, dos estudos
sobre o que significa conhecer vocabulário, o reconhecimento de sua importância e
as discussões conflitantes entre teorias que foram o gatilho para o surgimento de
novos métodos e abordagens de ensino. Dados que fomentam a relevância desta
pesquisa para analisar a importância das abordagens implícita (ensino indireto) e
explícita (ensino direto), enfatizando o ensino direto para alunos com baixo nível de
proficiência em língua inglesa. Sobre as abordagens de ensino, Scaramucci (1995)
salienta que
as duas abordagens não são excludentes mas se
complementam, uma vez que sua eficiência só pode ser julgada
a partir do propósito que se destina. E, nesse sentido, os
propósitos são diferentes. Nos estágios iniciais de aprendizagem
de uma língua, um foco em técnicas de ensino direto pode ser
eficiente, enquanto nos estágios mais avançados, o ensino
passaria a ser conduzido através da leitura e contexto, ou seja,
através de um ensino indireto. Isso não significa que o ensino
direto seja baseado em palavras isoladas ou listas. A presença
26
do contexto é fundamental nos dois tipos de abordagens.
(SCARAMUCCI, 1995, p. 60).
Por fim, foi elaborado um questionário online com a finalidade de relatar o que
pensam as professoras de cursos de idiomas sobre algumas declarações feitas ao
decorrer do trabalho, como a importância do ensino-aprendizagem de vocabulário e
os tipos de abordagens de ensino que podem proporcionar o melhor desempenho de
alunos iniciantes.
3.2 QUESTIONÁRIO
Para responder ao questionário (ver APENDICE A) foram escolhidas seis
professoras de Língua Inglesa que lecionam em cursos de idiomas. O questionário
realizado consiste de 12 perguntas, das quais 4 são objetivas e 8 de resposta aberta,
para que as professoras pudessem relatar experiências e opiniões pessoais de forma
abrangente.
Com este questionário, foi possível constatar o que pensam as professoras
sobre o ensino-aprendizagem de vocabulário, bem como suas crenças sobre qual
seria a melhor forma de trabalhar vocabulário em sala de aula com alunos iniciantes.
4 RESULTADOS
Abrindo a sessão 1 do questionário - questões de 1 a 6 -, a partir da primeira
pergunta podemos perceber que o vocabulário é uma área linguística que recebe
atenção unânime das professoras e é trabalhada constantemente nas aulas de Língua
Inglesa.
QUESTÃO 1 – Você trabalha vocabulário com frequência em sala de aula?
27
QUESTÃO 2 – Para você, o que significa conhecer vocabulário?
Esta pergunta tem o objetivo de verificar as crenças das professoras sobre
vocabulário, já que tais crenças podem influenciar como o ensino-aprendizagem do
mesmo é trabalhado em sala de aula. É cabível dizer que, para as professoras, o
conhecimento de vocabulário é fundamental para a comunicação do aluno além de
expandir o “conhecimento de mundo” (P2, 2021) proporcionado pelo aprendizado de
uma nova língua:
Significa conhecer a língua e ser capaz de se expressar melhor,
o conhecimento de vocabulário forma um aprendiz que não é
limitado, mas que consegue expressar a sua opinião de acordo
com o que sente pois possui um vocabulário mais abrangente
que não se limita apenas a frases feitas e/ou gramaticalmente
estruturadas. (P1, 2021).
É conhecer o mundo por meio das palavras. É aprender
expressões e termos. (P3, 2021).
Além de conhecer palavras, significa também adentrar um pouco
na cultura do país, do meio/grupo social em que se vive ou
pretende conhecer. (P4, 2021).
Para P5, conhecer vocabulário significa “ter conhecimento amplo da língua”. E
para P6, o vocabulário é “a base do desenvolvimento do processo de aprendizagem
de línguas”.
28
QUESTÃO 3 - Você acredita ser vantajoso dedicar um tempo da aula para o
ensino de vocabulário? Justifique.
Segundo o relato das professoras, foi constatado que dedicar um tempo da aula
para o ensino de vocabulário traz resultados positivos para o desenvolvimento
linguístico dos alunos. Segundo P1, a vantagem de dedicar um tempo ao vocabulário
é o aumento do conhecimento léxico que possibilita a expressão pessoal do aluno:
Com certeza, eu como professora sempre fui muito a favor da
aprendizagem de vocabulário. Considerava até mesmo mais
importante que o próprio ensino da gramática, pois o vocabulário
envolve a conversa real, do dia-dia e não apenas o
conhecimento correto da língua, além de instigar nos alunos a
vontade de se expressar após conhecer palavras que darão
sentido e suporte a seus objetivos de comunicação. (P1, 2021).
Para P4 e P5, dedicar um tempo ao vocabulário é importante para que haja
compreensão total do assunto sendo estudado:
Sim, pois acho importante se aprofundar em determinados
assuntos/temas, quando se quer chegar a um objetivo. (P4,
2021).
Sim, pois o vocabulário (especialmente quando relacionado ao
assunto estudado) nos permite adquirir propriedade para falar
sobre o tema referido com mais clareza. Não existe
comunicação sem vocabulário. (P5, 2021).
Para P2 e P6, tal dedicação ao ensino de vocabulário pode ainda colaborar
para um melhor entendimento da estrutura gramatical da língua:
Sim, pois promove a compreensão da língua de forma geral e
também permite o entendimento da estrutura gramatical da
segunda língua em questão. (P2, 2021).
Sim, principalmente antes da gramática. Dessa forma os alunos
conseguem conectar melhor os sentidos das palavras quando
trabalhadas juntamente com a gramática. (P6, 2021).
QUESTÃO 4 - Acredita que, o conhecimento léxico é essencial para que o
aluno consiga se comunicar satisfatoriamente? Justifique.
29
De forma unânime, as professoras ressaltam a importância do conhecimento
léxico para o desenvolvimento das habilidades comunicativas do aluno. Para P2, P3
e P6, o conhecimento ainda que básico de vocabulário é essencial para que o aluno
possa expressar opiniões e entender o próximo:
Sim, pois é necessário aprender o básico para comunicar-se e
ser entendido. (P2, 2021).
Sim, porque é através desse conhecimento que conseguimos
nos expressar oralmente ou por escrito. (P3, 2021).
Sim, quanto mais palavras o falante souber, melhor sua fluidez
durante a comunicação. (P6, 2021).
Para P1, mesmo o conhecimento básico de vocabulário é essencial pois facilita
a compreensão de um assunto que o aluno desconhece, proporcionando o aumento
da base vocabular do aluno a partir de novas informações. P5 ainda ressalta que nem
mesmo o diálogo básico pode ocorrer sem conhecimento lexical:
Eu acredito que sim, pois o conhecimento léxico possibilita ao
estudante o acesso a várias palavras e informações que ele
ainda não conhece e que podem ajudá-lo a comunicar-se melhor
e até mesmo a compreender assuntos que não lhe são familiar,
daí a importância do conhecimento básico de vocabulário. (P1,
2021).
Sim. Sem conhecimento léxico não é possível haver
comunicação. Mesmo que o aluno não tenha conhecimento
amplo de vocabulários mais "complexos", ele precisa de uma
base vocabular para que qualquer diálogo, mesmo o mais
simples, aconteça. (P5, 2021).
QUESTÃO 5 - Quais áreas linguísticas são mais trabalhadas por você em sala
de aula?
30
Ainda que, como constatado na primeira questão do questionário, as
professoras trabalhem frequentemente com vocabulário em sala de aula, surpreende
que o vocabulário - e não a gramática - seja a área linguística mais trabalhada por
todas as professoras. Por outro lado, não surpreende que listening e speaking estejam
em segundo lugar no ranking pois comunicação e compreensão oral são algumas das
habilidades mais cobiçadas por aprendizes de uma língua estrangeira/segunda língua.
Por fim, também não surpreende que gramática e reading dividam o terceiro lugar já
que estas áreas são, geralmente, trabalhadas em conjunto.
QUESTÃO 6 - Em sua opinião, o ensino de vocabulário é tão importante quanto
ensino de gramática? Por quê?
A fim de verificar se as discordâncias teóricas que influenciaram a história dos
métodos de ensino de línguas permanecem até os dias de hoje, a questão 6 possibilita
analisar o que mudou - ou não - na visão dos professores de línguas sobre a
importância do ensino vocabulário-gramática.
Segundo a maioria das professoras, foi possível constatar que, além de
considerar o ensino de vocabulário tão importante quanto o ensino gramatical, as
professoras ainda promovem um equilíbrio do ensino de ambas as áreas em função
dos benefícios de desenvolvimento das habilidades linguísticas dos alunos.
Para P1, vocabulário e gramática são igualmente importantes, e descreve o
que, em sua opinião, seriam as desvantagens de priorizar apenas o ensino com
enfoque gramatical da língua:
31
Sim, mil vezes sim, porque muitas vezes a gramática te limita a
frases já feitas, opinião já expressas que muitas vezes limita o
estudante, pois ele se torna dependente e receoso, hesitando
em arriscar e tentar novas possibilidades. Além disso, muitas
vezes o aluno não consegue expressar exatamente o que sente
por falta de um vocabulário mais abrangente. (P1, 2021).
Para P2, o conhecimento vocábulo é importante pois é a base que auxilia o
aluno “para quando for preciso expressar-se nos mais diversos assuntos.” (P2, 2021).
Já P3, além de concordar, ainda defende o ensino de vocabulário como atividade
antecedente às atividades de gramatica, pois facilita a compreensão do assunto e
consequentemente
diminui
as
dificuldades
de
compreensão
de
estruturas
gramaticais:
Sim. O uso da gramática é mais complexo e os alunos se
prendem as regras gramaticais, então, acho de suma
importância primariamente o uso dos vocabulários (porque é
algo que os alunos podem pegar com facilidade), e depois podese utilizar a gramática. (P3, 2021).
Para P4, P5 e P6, o equilíbrio entre as áreas linguísticas é a chave para o bom
desenvolvimento do aprendizado dos alunos:
Sim, na minha opinião acho que os dois devem “andar” em
equilíbrio no processo de aprendizado do aluno. Afinal, quase
ninguém fala gramaticalmente ao pé da letra! (P4, 2021).
Sim. Acredito que os dois ensinos se complementam e
dependem um do outro. (P5, 2021).
Sim, na verdade os dois estão conectados, um depende do outro
para o melhor desenvolvimento no aprendizado. (P6, 2021).
A partir da sessão 2 - questão 7 até a 12 - as perguntas são referidas aos
alunos iniciantes, de baixa proficiência em língua inglesa.
QUESTÃO 7 - Acredita ser possível usar somente a língua inglesa nas aulas?
Considera prejudicial a tradução? Justifique.
32
A questão 7 busca entender o posicionamento das professoras à respeito da
tradução - característica considerada tradicional nos métodos de ensino de línguas pois tal opinião pode influenciar suas preferências sobre o ensino implícito - o aluno
aprende pelo contexto - ou explícito, que ressalta a importância de chamar atenção
para a forma escrita/oral e para o significado das palavras. Apesar de algumas
divergências, as professoras, em sua maioria, não declaram ser contra uma
abordagem ou outra e sim, incentivam o conhecimento do professor sobre seus alunos
ao mesmo tempo que incentivam também, o equilíbrio entre as abordagens.
Para P1, o uso da língua inglesa é fundamental para a familiarização do aluno
com o idioma, porém acredita que a tradução pode colaborar com a memorização e
compreensão do conteúdo por meio da associação da língua inglesa com a língua
materna do aluno:
Acredito que seja possível sim usar apenas a língua inglesa, pois
o contato com a língua agiliza o aprendizado do aluno além de
proporcionar a compreensão de pronúncia/sotaques assim
como a compreensão de gramática. Porém, não sou contra a
tradução pois, em muitos casos, a tradução facilita a
memorização de vocabulário. (P1, 2021).
Para P2, a tradução é prejudicial pois incentiva a crença de que as palavras
tem apenas um significado:
Sim, é possível usar somente a língua inglesa. A tradução
estimula o aluno a acreditar que tal vocábulo tem apenas aquele
significado, quando pode ter outros em diversos contextos. (P2,
2021).
Para P4, a tradução não é prejudicial, porém ressalta o papel do professor em
analisar a sua turma para a definição do melhor tipo de abordagem:
Para uma turma básica não acharia prejudicial a tradução. Mas
depende muito da visão (análise) do professor sobre seus
alunos. Se o professor acredita que sua turma está realmente
preparada para uma aula somente de LI, esta provavelmente
será a melhor opção. (P4, 2021).
33
Por outro lado, P5 acredita que o uso constante da língua inglesa pode ser um
fator desmotivador para o aluno iniciante:
Acredito que usar somente a língua inglesa pode desmotivar os
alunos por não compreenderem muito do que está sendo
passado em sala de aula, já que os mesmos não tem
conhecimento suficiente da língua. (P5, 2021).
Já P6 acredita que a tradução pode auxiliar o aprendizado do aluno contanto
que o mesmo não se torne dependente desta ferramenta:
Considerando a turma e seu nível, o uso da língua materna pode
auxiliar os alunos durante o aprendizado, facilitando a
compreensão de palavras que os mesmos não conseguem
entender, assim como a compreensão de perguntas que devem
direcionar ao professor, como por exemplo "What does it mean,
teacher?". É importante que os alunos realmente entendam o
significado das palavras com clareza para usá-las com
naturalidade. Acredito que a tradução é prejudicial se feita a todo
o momento em sala de aula. É essencial que os alunos sejam
independentes de ferramentas como o google tradutor por
exemplo. (P6, 2021).
QUESTÃO 8 - Devido ao pouco tempo do aluno em sala de aula, você acredita
que o ensino-aprendizagem de vocabulário por meio de leitura, seja um processo
lento?
34
Por meio desta pergunta busca-se entender se as professoras acreditam que o
pouco tempo dos alunos em sala de aula é um dos fatores que prejudicam o processo
de ensino de vocabulário por meio da inferência lexical. Dentre as professoras,
somente P3 tem um posicionamento diferente, porém a maioria das professoras
ecoam as palavras de alguns autores como Parakurt e Wesche (1997) e Sökmen
(1997) que acreditam que o ensino-aprendizagem de vocabulário por meio de leitura
seja um processo lento.
QUESTÃO 9 - De acordo com a sua experiência em sala de aula, quais são
as vantagens e desvantagens do ensino de vocabulário por meio de interpretação
textual?
A partir desta questão, pode-se perceber que as professoras reconhecem a
importância do ensino-aprendizagem de vocabulário para a construção de uma base
vocabular que facilite a compreensão textual. E como esperado, pode-se perceber
também a preocupação com a contextualização do vocabulário sendo aprendido. Para
as desvantagens, as professoras destacam os perigos da tradução excessiva e de
uma interpretação textual equivocada sustentada apenas pelo contexto:
Para P3 e P5, a interpretação textual proporciona o contato com palavras novas
de forma contextualizada. As desvantagens entretanto, seriam o uso excessivo da
tradução e o curto tempo de aula para a realização de uma atividade como a
interpretação textual:
Vantagens: Aprender novas palavras, novos vocabulários.
Desvantagens: Traduzir palavra por palavra de forma isolada e
não contextualizar. (P3, 2021).
Essa prática é vantajosa pois além de aprender palavras novas,
os alunos aprenderão as mesmas palavras de forma
contextualizada. A desvantagem é que esse tipo de atividade
requer muito tempo, em comparação ao tempo de aula. (P5,
2021).
Para P1, o ensino-aprendizagem de vocabulário é essencial para reforçar o
assunto sendo estudado, porém a professora ressalta a dificuldade enfrentada pelo
aluno iniciante para compreender o sentido de palavras trabalhadas em texto. P6
35
ainda salienta a importância do papel do professor em guiar os alunos durante este
processo já que podem ser induzidos ao erro ao se depararem com um contexto
aparentemente compreensível:
A vantagem é poder aprender novas palavras que possibilitam
associações ao assunto sendo abordado. A desvantagem é:
para os alunos iniciantes é um pouco mais complicado entender
o sentido e a coerência do texto, pois eles podem até conhecer
as palavras mas podem não compreender corretamente a
mensagem que o texto está transmitindo. (P1, 2021).
Muitas vezes o aluno constrói uma interpretação equivocada por
ser induzido somente pelo contexto. É importante que o
professor possa guiá-lo ao mesmo tempo em que o aluno produz
esses significados sozinho. (P6, 2021).
QUESTÃO 10 - Em sua opinião, trabalhar de forma isolada os itens lexicais
relacionados aos tópicos/temas da aula, proporciona maiores chances de retenção
dos mesmos pelo aluno? Justifique.
Esta questão dividiu opiniões. P1 acredita que não há uma resposta exata para
esta pergunta pois o tipo de ensino dependerá dos resultados alcançados pelo aluno:
Bom, nesse caso eu acredito que depende do aluno. Não tem
como ser exata nessa reposta porque muitos possuem facilidade
para aprender vocabulário sobre determinado assunto ou tema,
associar com a gramática e ainda se expressar
satisfatoriamente. Porém, outros podem ficar confusos com
tanta informação. E como estão aprendendo pela primeira vez,
é difícil o aluno conseguir reter todas as palavras. (P1, 2021).
Entre as professoras que concordam - P2 e P3 - esta é a melhor abordagem
para o ensino-aprendizagem de vocabulário pois o foco dado ao vocabulário agiliza o
aprendizado do aluno.
Sim, esta é a melhor forma para auxiliar o aprendizado do aluno,
por dar mais enfoque ao vocabulário. (P2, 2021).
Sim, pois acredito que esta forma de ensino agiliza o
aprendizado do aluno. (P3, 2021).
36
Entre as professoras que não concordam, este tipo de abordagem pode ser
prejudicial por limitar a abrangência de significados das palavras quando
apresentadas em diferentes contextos:
Não, aprender de forma isolada até ajudaria o aluno a entender
o significado da palavra mas quando aplicada em algum
contexto, o mesmo teria dificuldades. (P4, 2021).
Não. Acredito que a forma mais eficaz de aprender um novo
vocabulário seja por meio de interpretação textual. Vocabulários
apresentados de forma isolada são facilmente esquecíveis. (P5,
2021).
Por fim, P6 ressalta a importância do ensino conjunto de vocabulário e
gramática:
Acredito que não, o melhor seria promover o aprendizado do
vocabulário em conjunto com a gramática, de preferência uma
mais simples. Dessa forma o aprendizado é mais significativo.
(P6, 2021).
QUESTÃO 11 - Acredita que, ensinar vocabulário de forma "isolada", como
referido na pergunta anterior, aumenta o interesse do aluno em aprender palavras
novas?
37
A partir do posicionamento das professoras na pergunta anterior, era esperado
um maior equilibro ou até mesmo que se sobressaísse a quantidade de professoras
que não concordassem com o enunciado da questão. Acredito que apesar das
divergências de opinião entre a professoras, o ponto positivo a ser salientado é que
as mesmas têm priorizado a experiência de aprendizado de seus alunos, observando
e agindo de acordo com o que funciona ou não em sala de aula.
QUESTÃO 12 - Em sua opinião, qual seria a melhor forma de trabalhar o
ensino-aprendizagem de vocabulário com alunos de baixo nível de proficiência em
Língua Inglesa?
Por fim, a questão 12 mostra unanimidade entre a maioria das professoras
principalmente sobre a importância do ensino lúdico tão valorizado nos dias atuais,
além de chamar atenção para o ensino-aprendizagem centralizado no aluno:
Acredito que por meio de recursos que vão aguçar a curiosidade
dos alunos, ou seja, com música, vídeos de filmes de sucesso,
viagens, entrevistas, jogos, ludicidade. Recursos que podem
proporcionar aos alunos uma boa experiência de aprendizado
de vocabulário. (P1, 2021).
Com bastante exposição ao conteúdo, para chamar atenção e
despertar o interesse dos alunos. Essa exposição pode ser feita
com músicas, imagens e filmes. (P2, 2021).
Com ditados, músicas, vídeos e jogos. (P3, 2021).
Por meio da ludicidade (jogos, brincadeiras); da leitura tanto
individual como coletiva. (P4, 2021).
Entre as professoras, P5 ressalta a importância do ensino-aprendizagem
contextualizado:
De forma contextualizada. Nunca de forma isolada e aleatória.
(P5, 2021).
Por fim, além da ludicidade, P6 também destaca a importância de envolver o
aluno por meio de um ambiente confortável:
38
Com ferramentas e dinâmicas com o foco central no aluno, e
principalmente em suas habilidades comunicativas, buscando
ao máximo deixá-los confortáveis para aprender e praticar
vocabulário. (P6, 2021).
Podemos concluir, por meio do relato das professoras a partir da primeira
seção, que o vocabulário vem sendo trabalhado com frequência em sala de aula e
mais do que isso, é considerado importante pelas professoras pois as mesmas
acreditam
que
o
conhecimento
léxico
tem
participação
fundamental
no
desenvolvimento das habilidades linguísticas dos alunos.
As professoras acreditam que dedicar um tempo da aula para o ensinoaprendizagem de vocabulário pode favorecer o desenvolvimento das habilidades
comunicativas dos alunos. Segundo as professoras, o conhecimento léxico é
essencial para que haja comunicação pois além de facilitar a compreensão dos
mesmos sobre gramática e o assunto estudado em sala de aula de forma geral, o
conhecimento básico de vocabulário é necessário também para que o aluno possa
expressar seus pensamentos e compreender o próximo.
Por meio deste questionário, foi possível constatar também que não há uma
divergência significativa de opinião sobre a importância do ensino vocabuláriogramática, pois as professoras acreditam que ambas as habilidades linguísticas
podem favorecer o aprendizado do aluno. Deste modo, não houve favoritismo ou total
rejeição por uma área ou outra pois, segundo as professoras, o ensino de gramática
e vocabulário são complementares e, portanto, devem ser trabalhadas juntas para que
o aluno desenvolva suas habilidades comunicativas da melhor forma possível.
A partir da segunda seção, na qual as perguntas estão relacionadas aos alunos
iniciantes com baixo nível de proficiência em língua inglesa, foi possível reafirmar
algumas declarações feitas ao decorrer deste trabalho sobre as abordagens implícita
e explícita. Por meio dos relatos concedidos, podemos constatar que as professoras,
em sua maioria, não são contra o uso da tradução nas aulas língua inglesa. O
resultado surpreende pois a tradução é, por muitas vezes, considerada prejudicial
para o aluno que está se habituando a um novo idioma.
A tradução, é uma das características da abordagem explícita que salienta a
importância de chamar atenção para a forma e significado das palavras, frases e
expressões. Assim como Fries (1945) e P2 (2021), concordo que o aluno possa ser
levado a acreditar que a palavra tenha apenas um significado ou apegar-se a um
39
significado ou outro, porém acredito ser um processo necessário para a construção
de uma base vocabular. Acredito também que, com o auxílio do professor, o aluno
possa ampliar seu conhecimento léxico por meio desta abordagem que, não trata
necessariamente, o ensino de vocabulário de forma descontextualizada.
Analisando mais a fundo as abordagens implícita e explícita, as divergências
de opiniões relatadas na questão 10 do questionário, já eram esperadas. Para P1
(2021), o professor precisa estar atento ao desempenho do aluno para analisar se os
resultados da abordagem escolhida são positivos. Para P2 e P3 (2021), o ensino
explícito pode agilizar o processo de aprendizagem do aluno. Já para P4, P5 e P6
(2021),
o
ensino
explícito
é
prejudicial
por
considerarem
um
ensino
descontextualizado.
Os relatos revelam que não há uma solução que agrade a todos, mas também
revelam que, atualmente, perdura o pensamento de que trabalhar vocabulário de
forma
explícita
(abordagem
explícita),
significa
ensinar
vocabulário
descontextualizado. Como mencionado anteriormente na seção 2.2.1, a abordagem
intencional pode ser utilizada para trabalhar com ênfase o vocabulário apresentado
em textos ou ligado diretamente a um assunto ou tema abordado em sala de aula. O
ato de “Isolar” vocabulário neste contexto, proporcionaria ao aluno o tempo necessário
para compreender e se familiarizar com o novo vocabulário em questão.
Geralmente, atividades lúdicas possibilitam este ensino “isolado” que chama a
atenção do aprendiz para as palavras. Apesar das divergências de opiniões, as
professoras priorizam o que melhor funciona para seus alunos. Deste modo, foi
constatado que a maioria das professoras acredita que a abordagem explícita
aumenta o interesse dos alunos em aprender palavras novas.
Além da abordagem explícita, foi constatado também que, para as professoras,
a abordagem implícita é vantajosa pois fornece uma quantidade significativa de
informações ao mesmo tempo que apresenta vocabulário de forma contextualizada.
Entretanto, a maioria das professoras também reconhece que a abordagem incidental
é um processo lento que não pode ser melhor aproveitado pelo pouco tempo de aula
e, consequentemente, de pouco contato dos alunos com a língua inglesa.
Além disso, as professoras ressaltam os perigos da tradução excessiva que
pode prejudicar o desempenho do aluno iniciante - com pouco conhecimento léxico que tenta compreender um texto usando somente a língua materna. Por outro lado,
as professoras também reconhecem os perigos advindos de interpretações
40
equivocadas induzidas somente pelo o que apresenta o contexto, que é uma
característica da abordagem implícita.
Por fim, as professoras acreditam que por meio do ensino lúdico, é possível
mesclar métodos, abordagens e técnicas consideradas tradicionais e modernas pois
o equilíbrio pode ser um grande aliado para fornecer um ambiente confortável e
aproximar o aluno da língua inglesa. Deste modo, podemos concluir que as
abordagens implícita e explícita, proporcionam vantagens e desvantagens que são
empregadas de maneira que uma abordagem complemente o que falta em outra, pois
as professoras observam e agem de acordo com as necessidades de seus alunos.
41
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve como objetivo identificar e descrever os métodos de ensino
de vocabulário com foco nas abordagens implícita e explícita destacando a última
principalmente para alunos iniciantes. Ao decorrer deste trabalho, foram apresentadas
teorias que validassem o reconhecimento da importância do ensino-aprendizagem de
vocabulário no processo de aquisição de uma língua, bem como a importância das
abordagens implícita e explícita de ensino, com foco na necessidade de uma
abordagem explícita como ferramenta para o desenvolvimento e aprimoramento das
habilidades linguísticas de alunos nos estágios iniciais de aprendizagem da Língua
Inglesa.
Vimos que aprender vocabulário não significa aprender uma única palavra e
que o vocabulário é tão importante quanto a gramática pois tem papel fundamental no
desenvolvimento das habilidades comunicativas dos alunos. Além disso, vimos
também a importância das abordagens de ensino que podem beneficiar os alunos de
acordo com suas necessidades. Apesar das divergências de opiniões entre teóricos
fundadores de métodos de ensino de línguas, este processo foi importante para o
surgimento de novos questionamentos e para a busca de novas respostas, processo
que hoje beneficia uma nova geração de professores que pode escolher ou mesclar
teorias e abordagens visando o que beneficia também a realidade de seus alunos.
Tal situação foi comprovada a partir das respostas obtidas pelo questionário
online, pois foi possível constatar que, atualmente, o vocabulário - uma vez tão
negligenciado - tem recebido atenção das professoras entrevistadas. Além disso, as
respostas evidenciam que professores, de forma geral, não precisam escolher
somente um método ou uma abordagem, pois podem beneficiar-se de todo o
conhecimento proporcionado por anos de estudo mesclando teorias modernas e
tradicionais, e promovendo o equilíbrio entre ambas, afinal o objetivo é fazer o que é
melhor para o aluno. Portanto, novas pesquisas com diferentes interpretações e
experiências são sempre bem-vindas para seguirmos refletindo e buscando novas
respostas, pois segundo a posição interpretativista “não é possível ignorar a visão dos
participantes do mundo social caso se pretenda investiga-lo, já que é esta que o
determina: o mundo social é tomado como existindo na dependência do homem.”
(MOITA LOPES, 1994, p. 331).
42
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45
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO
➢ QUESTIONÁRIO - Seção 1 de 2
QUESTÃO 1 – Você trabalha vocabulário com frequência em sala de aula?
o Sim
o Não
QUESTÃO 2 – Para você, o que significa conhecer vocabulário?
QUESTÃO 3 - Você acredita ser vantajoso dedicar um tempo da aula para o ensino
de vocabulário? Justifique.
QUESTÃO 4 - Acredita que, o conhecimento léxico é essencial para que o aluno
consiga se comunicar satisfatoriamente? Justifique.
QUESTÃO 5 - Quais áreas linguísticas são mais trabalhadas por você em sala de
aula?
o Fonética
o Gramática
o Vocabulário
o Reading
o Writing
o Listening
o Speaking
QUESTÃO 6 - Em sua opinião, o ensino de vocabulário é tão importante quanto ensino
de gramática? Por que?
➢ Seção 2 de 2 - EM RELAÇÃO AOS ALUNOS INICIANTES:
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QUESTÃO 7 - Acredita ser possível usar somente a língua inglesa nas aulas?
Considera prejudicial a tradução? Justifique.
QUESTÃO 8 - Devido ao pouco tempo do aluno em sala de aula, você acredita que o
ensino-aprendizagem de vocabulário por meio de leitura, seja um processo lento?
o Sim
o Não
QUESTÃO 9 - De acordo com a sua experiência em sala de aula, quais são as
vantagens e desvantagens do ensino de vocabulário por meio de interpretação
textual?
QUESTÃO 10 - Em sua opinião, trabalhar de forma isolada os itens lexicais
relacionados aos tópicos/temas da aula, proporciona maiores chances de retenção
dos mesmos pelo aluno? Justifique.
QUESTÃO 11 - Acredita que, ensinar vocabulário de forma "isolada", como referido
na pergunta anterior, aumenta o interesse do aluno em aprender palavras novas?
QUESTÃO 12 - Em sua opinião, qual seria a melhor forma de trabalhar o ensinoaprendizagem de vocabulário com alunos de baixo nível de proficiência em Língua
Inglesa?
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