Complementos de Recursos Geológicos/ Avaliação Teórica Módulo 1 Distrito Mineiro Dúrico-Beirão Alejandro Ortiz Loaiza Porto, 2020 O distrito mineiro Dúrico-Beirão é localizado no norte de Portugal na área de influência do anticlinal de Valongo. Apesar de que a exploração mineira cessou completamente desde 1970, ainda existe interesse nas mineralizações de ouro e antimónio no distrito mineiro Dúrico-Beirão. Enquadramento Geológico-Estrutural O anticlinal de Valongo é a estrutura geológica mais importante e é associada ela que ocorrem as principais mineralizações. É uma antiforma anticlinal assimétrica, com direção NW-SE, cujo eixo mergulha 5 a 15º para NW, com um plano axial inclinado 60º para NE (Ribeiro et al. 1997). Distribuição das mineralizações da região Dúrico-Beirã Quatro associações paragenéticas Estudo mineralógico e paragenéticos das mineralizações Processos mineralizantes Associação Paragenética Sb Au Evolução paragenética mais completa, com quatro estádios mais um de remobilização 1. Varisco Au As Estádio 1 ferri-arsenifero é dominante, os outros ausentes, a associação W Sn pode ocorrer no primeiro estádio 2. Alpino Associação Pb - Zn ou Pb-Zn-Ag, resultante da sobre-imposição de fluidos mais tardios plumbi-zinciferos, que retomaram as direções filonianas pré-existentes. Estádios 0. Quartzo cinzento brecóide estéril 1. Ferri arsenífero 2. Zincifero 3. Plumbi-antimonífero 4. Antimonífero 5. Remobilização Ferri arsenífero é dominante. Zincífero e plumbi-antimonifero podem aparecer em pequenas proporções Ferri arsenífero Zincífero Plumbi-antimonífero Antimonífero Remobilização Tabela 1. Tabela dos diferentes processos mineralizantes que atuam ni Distrito Dúrico-Beirão. A associação paragenética Sb-Au é a única onde acontecem os 5 estádios. Adaptado de Couto et al. (1990) Controlos das Mineralizações Existem dois processos mineralizantes Varisco e Alpino (Tabela 1). Como se pode ver no mapa as mineralizações de Sb-Au e Sn-W acontecem no flanco ocidental do anticlinal de Valongo em rochas que sofreram metamorfismo de contacto. Controlos Estruturais Há quatro grupos de estruturas mineralizadas segundo a sua tectónica: (E)NE – (W)SW E-W N-S NNW – SSE Controlos litoestratigráficos Os níveis ferríferos são mais desenvolvidos ao longo do flanco normal do Anticlinal de Valongo e na zona periclinal e foram assinalados nas áreas das minas de: Ribeiro da Igreja e Vale do Inferno Moirama, Banjas (sete níveis ferríferos) e Poço Romano Ribeiro da Estivada (seis níveis ferríferos). Etos níveis contém teores anómalos em ouro e foram explorados desde a época romana, aparecem em alternâncias do Floiano com camadas negra e veios de quartzo aurífero (níveis vulcânicos recristalizados durante a circulação de fluidos mineralizantes hidrotermais segundo Couto 1993, Couto et al. 2003, Couto & Borges 2005) e caulinite. Apresentam também oólitos ou pseudo-oólitos como ocorrência da chamosite, mas também se observam oólitos com núcleos de quartzo detrítico e bordo silicioso e Pseudo-oólitos materializados por algas silicificadas ou mineralizadas em apatite. Idade Carbonífero Litologia Brecha de base Níveis sedimentares, com grãos de quartzo arredondados e minerais pesados abundantes Ordovícico Níveis vulcano-sedimentares, com grãos de quartzo angulosos, sericite e clorite Camadas negras mineralizadas em ouro. Anticlinais métricos relacionados com a primeira fase da orogenia Varisca Tabela 2. Litoestratigrafia das mineralizações no distrito Dúrico-Beirã. Distribuição das paragéneses – zonalidade Segundo Couto et al. (2007), a distribuição da zonalidade metalogenética na região Dúrico-Beirã pode estar associada à presença de um corpo granítico não aflorante nessa área, mas que deixou a sua assinatura geoquímica; pode-se observar Sn-W no estádio ferri-arsenífero das mineralizações de Sb-Au/ Au-As; presença de apatite no "stockwork" de Ribeiro da Igreja (Sb-Au) com a mesma assinatura geoquímica da apatite de granitos evoluídos do Porto e Castelo de Paiva e do aplito pegmatito com cassiterite de Lagares (Mn+-Fe); presença de “sill” de rochas ígneas ácidas albitizadas em Ribeiro da Serra (Sb-­‐Au). Conclusões O distrito Dúrico-Beirã ainda continua a ter um importante interesse para a exploração de ouro e antimónio. Apresenta diversas associações paragenéticas resultantes de dois tipos principais de processos mineralizantes associados a história tectónica que deu origem ao anticlinal de Valongo. As principais mineralizações são de idade ordovícica. Bibliografia Couto, H., Roger, G., Borges, F. S. 2007. Late Paleozoic orogenic goldantimony deposits from the Dúrico-Beirã area (North Portugal): relation with hidden granitic apexes. Proceedings of the Eighth Ninth Biennal Meeting of the Society for Geology Applied to Mineral Deposits, Dublin, Ireland, August 2007. DIGGING DEEPER, Colin J. Andrew et al. Eds., 1: 609-612. Couto, H., Roger, G., Moëlo, Y., Brill, H., 1990. Le district à antimoineor Dúrico– Beirão (Portugal) : évolution paragénétique et géochimique ; implications méttalogéniques. Mineralium Deposita, 25(Suppl.) : 569- 581. Couto, H., 1993. As mineralizações de Sb-Au da região Dúrico-Beirã. PhD thesis, University of Porto, 1 e 2: 607.