Subido por figodeidanha

exposição solar

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Exposição solar e suas condicionantes
Já não é a primeira vez que me dedico a este tema. Todos os que se dedicam à cultura das
Opuntias sabem o quão essencial é a exposição solar.
Não é desconhecido que é na parte das plantas viradas a sul que mais rapidamente se inicia a
produção de novos brotos (tanto de fruta como de novas 'palmas') pelo que será interessante
procurar maximizar essa particularidade.
Contudo, sem perceber minimamente o movimento aparente do sol, será difícil chegar a
conclusões , pelo que essa tarefa será crucial para perceber qual ou quais as consequências
de determinadas opções, tanto em compassos, como orientação e número de plantas.
Como referi antes a questão mais pertinente, neste âmbito, para as Opuntias será a
maximização de exposição solar, pelo que o foco da atenção deverá ser nos meses do ano
com maior exposição solar. Assim, vou restringir esta abordagem ao momento de máxima
exposição solar, o que corresponde ao Solstício de Verão, em detalhe o dia 21 de Junho.
( imagens retiradas de 'Conceitos Bioclimáticos para Edificios em Portugal')
A partir desse dia, o mais longo do ano – ou com a menor noite do ano, se assim se preferir
– o 'nascimento' do sol ocorre a nordeste, e o ocaso a noroeste (aproximadamente), e vai
'mudando' de posição – o nascimento e o ocaso – até chegarem ao Solstício de Inverno, em
que a orientação é de (aprox.) sudeste e sudoeste, respectivamente.
Nesse sentido convirá perceber qual o trajecto da sombra, ou seja, a projecção que uma
planta terá, exposta ao sol.
Mas antes ainda de chegar a essa percepção, convém também perceber qual ou quais as
'orientações' que não recebem luz solar directa. Como estará fácil de perceber, é a zona entre
Nordeste e Noroeste, passando pelo Norte. Sem margem para qualquer questão, essa zona
não recebe radiação solar directa. Poderá ainda acrescer a essa dificuldade eventuais
ensombramentos que reduzam a exposição solar.
Esta inevitabilidade leva a várias questões, mas a principal neste momento, será a de definir
qual a melhor opção em termos de nº de plantas, por forma a maximizar a exposição solar.
Existem diferentes opções. Tem estado muito em voga, o formato 3 plantas. Também já
soube de quem defenda 4, até nalguns casos se referem a ainda mais plantas juntas. Existe
também a opção de duas plantas – que defendo e pratico – e também a densificação e
formação de sebes, pela proximidade de plantas (0,5, 1, 2 metros entre plantas).
Em seguida apresentam-se algumas imagens com diferentes configurações (2, 3 e sebe)
percebendo o efeito de sombreamento, em 3 momentos do dia 21 de Junho – 09:00, 14:00 e
19:00.
3 plantas
2 plantas
sebe
As conclusões são, para mim evidentes, pois fica claro que existe um maior sombreamento
em duas das possibilidades com relação à de 2 plantas. Essa opção, de 2 plantas, no meu
entendimento optimiza a exposição a Sul reduzindo a sombra provocada por outras plantas
do núcleo ou sebe.
Considerando agora que a zona de maior produção de cada planta corresponde às 'palmas'
exteriores, e que cada planta terá um tamanho de 1,5 m (considerando ser uma semi-esfera
para facilitar o raciocínio), será plausível considerar que apenas um zona de 0.5 m de
espessura em cada planta é produtora de fruto.
Nesse sentido podemos então dimensionar a potencial volumetria de produção de cada
planta, que resultará da aplicação da fórmula:
Volume exterior – Volume interior = Volume potencial/2
Assim o volume exterior corresponderá a 0,883 m3 (4xr3xPi)/3 e o volume interior
corresponderá a 0,261m3, pelo que o Volume potencial (de planta que produz fruto) é de
0,622 m3.
A este volume potencial teremos que retirar a parte que se sobrepõe entre duas plantas, e
também a parte da planta exposta a Norte (entre Noroeste e Nordeste).
Assim, para um conjunto de 3 plantas, será necessário reduzir 2/3 de volume para duas
plantas, e ¼ para uma planta, aplicando a fórmula:
2/3x(2 plantas x V potencial) + ¼ x (1 planta x V Potencial) = Volume útil (3 plantas)
Neste caso resulta que o V útil de um conjunto de 3 plantas será no máximo de 0,983 m3,
resultando na média de 0,327m3 por planta.
Já para a solução de 2 plantas, será necessário aplicar a fórmula:
2/3 (2 plantas x V potencial) = Volume útil (2 plantas)
Resulta assim que que o Volume útil é de 0,828 m3, e que em média cada planta terá um
potencial de 0,414 m3.
Como será necessário dotar todas as plantas dum mesmo volume de nutrientes, água, e
restantes tarefas culturais (podas, mondas, limpeza de adventícias, …) resultará que a opção
3 plantas é mais desfavorável na relação custos-proveitos.
Para a solução sebe, ainda é mais reduzida esta relação, e tendo outras consequências em
termos de operações culturais, deverá ser ponderada a justificação para essa opção.
Março de 2017
António Fonseca
Figo d'Idanha, Sociedade Agricola, Lda
Nota: As fórmulas apresentadas são arbitrárias e definidas por aproximação geométrica.
O objectivo desta publicação é o de procurar justificar teoricamente uma opção em
detrimento de outras, fundamentando-se em dados reais (extraídos de cartas solares e outras
fontes de informação sobre o tema)
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