Rafael Arnáiz Baró1

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Rafael Arnáiz Barón
Rafael Arnáiz Barón, conhecido como Irmão Rafael (Província de
Burgos-Espanha 9 de abril de 1911 - Monastério de Santo Isidro
Província de Palência-Espanha 26 de abril de 1938) foi um Monge da
Ordem Trapista-Cisterciense. Mesmo tendo falecido tão jovem, é
considerado um dos grandes místicos do Século XX. Foi canonizado
pelo Papa Bento XVI em 11 de outubro de 2009
A infância e adolescência
Rafael foi o primeiro de quatro filhos nascidos da união de Dom Rafael
Arnáiz, engenheiro e Dnª Mercedes Barón, colunista de jornal. Depois
de Rafael, nasceram Fernando, Leopoldo e Mercedes. Era uma família
rica e profundamente cristã. Aos nove anos (em outubro de 1920)
Rafael ingressa no Colégio Jesuíta de La Merced, em Burgos. Em
dezembro daquele mesmo ano, viria a contrair uma infecção
bacteriana por Escherichia coli, sendo obrigado a interromper os
estudos. Em abril de 1921, sua mãe o levou para Madri, onde ficaram
hospedados na casa de sua avó materna para que se recuperasse da
enfermidade. Ficaram em Madri por um mês, retornando a Burgos.
Novos exames diagnosticaram que Rafael havia contraído Pleurisia. Em
agosto, seu pai o levou a Saragoça para consagrá-lo à Nossa Senhora de
Pilar em agradecimento pela cura de sua enfermidade. Em 1922, Dom
Rafael se transfere com sua família para Oviedo, onde o menino Rafael
continuaria seus estudos no Colégio Jesuíta de Santo Inácio. Aos 15
anos, decide estudar desenho e pintura, sem contudo abandonar seus
estudos no colégio.
O despertar da vocação
Em 1929, conclui seus estudos secundários e em 26 de abril de 1930,
ingressa na Escola Técnica Superior de Arquitetura de Madrid. Passa as
férias de verão na fazenda de seus tios Leopoldo e Maria, Duque e
Duquesa de Maqueda, nas proximidades de Ávila. Ao final das férias,
tendo seu tio observado a espiritualidade de Rafael, o convida a
conhecer o Monastério Trapista de Santo Isidro em Palência. Este
primeiro contato com os monges trapistas teve uma grande influência
no despertar da vocação à vida monástica de Rafael.
A iniciação monástica
Entre 17 e 26 de julho de 1932 realiza os Exercícios Espirituais de
Santo Inácio de Loyola no Monastério de Santo Isidro. Em 17 de
setembro fixa residência em Madri continuando o curso de Arquitetura
até ser convocado para o serviço militar. Já era muito forte o seu desejo
em seguir a vocação religiosa e ao fim do cumprimento do serviço
militar, abandona o curso de Arquitetura, ingressando no Noviciado do
Monastério Trapista de Santo Isidro em 15 de janeiro de 1934,
adotando o nome de Frei Maria Rafael. Permaneceu por quatro meses
em estrita observação de todas as regras impostas pelos monges.
Sentia profunda sintonia com os costumes monásticos do Canto
Gregoriano e da Liturgia das Horas. Neste período escreveu muitas
cartas à sua mãe, que posteriormente as reuniria em um livro após sua
morte. Também escreveu cartas aos seus tios que o iniciaram na vida
monástica e por quem tinha uma profunda amizade.
A enfermidade e últimos anos de vida
Durante esta curta permanência de quatro meses no Monastério, foi
acometido de Diabetes Mellitus o que o obrigou a retornar em 26 de
maio de 1934 à casa de seus pais em Oviedo para se tratar. Entre 1934
e 1935 teve que alternar por diversas vezes sua permanência entre o
Monastério e Oviedo por causa da doença. Em 11 de janeiro de 1936 é
novamente aceito no Monastério, mas na condição de Oblato pois,
devido à sua enfermidade, não lhe é mais permitido aspirar ao
noviciado nem fazer seus votos religiosos.
Em 29 de setembro de 1936 é convocado juntamente com outros
jovens monges para servir nas frentes de combate da Guerra Civil
Espanhola que havia começado em julho de 1936. Em 6 de dezembro
daquele mesmo ano, retorna ao Monastério após ter sido declarado
inapto para o combate. Em 7 de fevereiro de 1937, após ter se
agravado novamente sua condição de saúde, retorna à casa dos pais.
Em 15 de dezembro daquele mesmo ano decide voltar ao Monastério,
renunciando definitivamente à comodidade e aos cuidados de sua casa.
Não mais sairia do Monastério, vindo a falecer aos 26 de abril de 1938.
Depois de solene funeral, seu corpo foi sepultado no cemitério da
comunidade citerciense do Monastério.
Entre 16 de dezembro (dia seguinte ao seu retorno ao Monastério) e
17 de abril (um domingo de Páscoa, nove dias antes de sua morte)
escreveu trinta e três cartas carregadas de profunda espiritualiade, já
sentindo estar se aproximando o dia de sua partida.
"Em nome do Deus Santo, tomo hoje a pena para que as minhas
palavras, que se imprimem sobre a folha branca, sirvam de louvor
perpétuo ao Deus bendito, autor da minha vida, da minha alma, do meu
coração. Gostaria que o universo inteiro, com os planetas, todos os
astros e os inúmeros sistemas estelares, fosse uma imensa extensão,
polida e brilhante, onde eu pudesse escrever o nome de Deus. Gostaria
que a minha voz fosse mais potente que mil trovões, mais forte que o
estrépito do mar, e mais terrível que o bramido dos vulcões, para dizer
apenas: Deus! Gostaria que o meu coração fosse tão grande como o céu,
puro como o dos anjos, simples como o da pomba, para nele pôr Deus!
Mas, dado que toda esta grandeza com que sonhaste não se pode
tornar realidade, contenta-te com pouco e contigo, que não és nada,
Irmão Rafael, porque o nada deve bastar-te [...]"
Milagre reconhecido
No processo de canonização, ante as evidências científicas e teológicas
apresentadas, a Santa Sé confirmou como milagrosa a cura da
madrilense Begoña Alonso León em janeiro de 2001, atribuída ao
então Beato Irmão Rafael.
Tinha ela trinta anos na época e estava no quinto mês de uma
complicada gravidez da menina Laura. Começou a sentir contrações e
fortíssimas dores de cabeça, primeiros sintomas de uma eclampsia. No
dia de Natal de 2000, aos sete meses de gravidez, Begoña foi internada
no Hospital Gregorio Marañón em Madri, devido ao agravamento dos
sintomas. Após uma ecografia, foi imediatamente encaminhada ao
centro cirúrgico para realização da cesariana. Laura nasceu muito
pequena com 1,2 kg e saudável mas segundo os médicos, Begoña não
se salvaria. Foi encaminhada à UTI onde permaneceu por vinte e três
dias. Foi diagnosticada a forma mais grave da Síndrome de HELLP.
Ocorreram paralisações das funções hepáticas, renais, AVC. Porem,
após doze dias na UTI, seu quadro clínico começou a evoluir
inexplicavelmente. Assim descreve Begoña o que ocorreu a seguir:
“ Após vinte e três dias na UTI, os médicos simplesmente não
estavam acreditando na minha evolução. Tudo se havia
normalizado de forma milagrosa, graças às orações de uma
grande amiga, Josefa González Cuevas, que chamo carinhosamente
de Pepita. Durante minha enfermidade, Pepita procurou a então
recem construída igreja dedicada ao Beato Irmão Rafael em
Burgos para pedir sua intercessão pela minha cura. Também
oraram por mim os monges do Monastério de San Isidro, a pedido
de uma religiosa parente de Pepita. Estou convencida de que foi
um milagre, ninguém alem de mim sabe como eu estive e pelo que
passei. Ao agradecer os médicos pelo que tinham feito por mim,
me disseram que não haviam feito nada, que tudo tinha sido feito
por mim mesma.
”
No início de 2009 Begoña escreveu um livro sobre esta sua
experiência, "El Milagro del Hermano Rafael". Esteve presente na
cerimônia de canonização do Beato Irmão Rafael em 11 de outubro de
2009.
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