O IRÃ É UM POVO DE PAZ Paulo Timm – Organizador INDICE O Irã é um povo de Paz – Paulo Timm – 20 JAN. 2012 Nova dança da moda: Bombardear o Irã - Pepe Escobar Um americano em Teerão , quarenta dias que transformaram Medio Oriente - José Luis Alvez As razões do Irã – Beto Almeida Cientificos Y Pensadores Guerra dos EUA e Israel contra o Irã já começou = r Redação, com agências internacionais - de Teerã, Washington, Londres e Havana O Acordo Brasil – Turquia – Irã – Stephen Kinzer A Guerra Economica dos EUA Contra o Irã – Pepe Escobar Contra o Irã e os Direitos Humanos - Saeed Kamali Dehghan The Iranian Threat – Noam Chomski Guerra contra o Irã poderia acabar com a vida na Terra – Quem bate os tambores de guerra contra o Irã - Terry Jones O Irã é um povo de Paz O filme iraniano 'A Separação', de Asghar Farhadi, ganhou, no domingo , dia 14 de janeiro (2012) o Globo de Ouro de melhor filme de fala não inglesa. O Diretor, muito celebrado nos Estados Unidos, onde se realizou a escolha , cauteloso, em todas as suas entrevistas, tem apenas reiterado : O Irã é um povo de paz. Tem razão Farhadi em insistir neste ponto realçando que o Irã tem um povo e que este povo quer a paz. Seu país tem sido visto no Ocidente apenas como o país dos Ayatolás radicais que impuseram, em 1979, a Lei Islâmica e que, supostamente, agora, estariam tentando construir a bomba atômica. Os Estados Unidos, umbilicalmente aliados de Israel, arqui-inimigo dos muçulmanos, por causa da questão com os palestinos, não aceitam a rebeldia iraniana e ameaçam atacar militarmente o Irã. A situação vem se deteriorando há tempo e já há quem diga que a guerra é inevitável. “A situação no Oriente Médio aproxima-se rapidamente do ponto crítico e o início do conflito já aparece nas cartas. Isso, em resumo, foi o que disse Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança Nacional da Rússia (e ex-diretor do FSB, a organização que sucedeu a KGB) em entrevista à imprensa russa.” (http://blogs.rediff.com/mkbhadrakumar/2012/01/13/russia-sees-middle-east-drifting-to-war/) Para a autoridade russa, é Israel que está empurrando os Estados Unidos para a guerra, embora ressalte que este país não tolera perder o controle sobre o mundo inteiro , destacando as manobras na tentativa de aumentar seu controle na Ásia. O ataque deverá começar pela Síria, através do turcos. Uma das razões, aliás, da ofensiva atual contra o Presidente da Síria é o fato de ele recusar-se a acompanhar o Ocidente contra o Irã. Tal como ocorreu na Líbia, a OTAN será acionada para assegurar uma área de exclusão militar na Síria e daí atingir o Irã. Do ponto de vista militar, o estopim da crise poderia ser a alegada ocupação pelo Irá do estreito de Ormuz, por onde passa grande parte do petróleo destinado ao Ocidente. O Irã poderia, até, pela dificuldade de manobras de grandes porta-aviões americanos na área, principais projeções do poder bélico deste país no planeta, controlar o Estreito por algum tempo, impondo algumas derrotas à marinha americana. A opinião é de Mahdi Darius Nazemroaya, Global Research, no recente artigo “Geopolítica do Estreito de Ormuz :Marinha dos EUA pode ser derrotada pelo Irã no Golfo Persa?” : Não há qualquer dúvida entre os especialistas de que o formidável poder naval dos EUA resulta muito reduzido, pela geografia e pelas capacidades militares nos iranianos, no caso de combate no Golfo Persa e, de fato, em grandes partes também do Golfo de Omã. Longe de águas abertas, como no Oceano Índico ou no Oceano Pacífico, os EUA teriam de combater sob condições extremas, sem a garantia de suficiente tempo de resposta e, mais importante, ficarão impedidos de combater de distância (considerada militarmente) segura. Setores inteiros das defesas navais dos EUA, concebidos para combates navais em águas abertas e grandes distâncias entre os combatentes, são absolutamente imprestáveis, nas condições de combate no Golfo Persa. (http://redecastorphoto.blogspot.com/2012/01/geopolitica-do-estreito-de-ormuz.html[NTs]. ) Alguém já disse que a guerra é como a fama, ou um grande acidente. Nunca vem de uma hora para outra, por uma única causa. No Irã, há tempos as palavras já foram gastas no esforço diplomático e , pelo menos, desde 2002, já desbordaram para as preliminares bélicas. Mas os americanos sabem, desde esta data, quando deflagraram a “Operação Millenium”, que não será fácil dominar o Irã: Depois de terminada a operação Millennium Challenge 2002, a operação foi oficialmente apresentada como simulação de guerra contra o Iraque de Saddam Hussein. De fato, sempre se tratou do Irã. [5] Os EUA já tinham as avaliações necessárias para a invasão do Iraque, por EUA e Grã-Bretanha, que aconteceria pouco depois. E, detalhe importante, o Iraque jamais teve força naval que exigisse empenho total da Marinha dos EUA. “A Operação Millennium Challenge 2002 foi, sim, simulação de guerra contra o Irã (na simulação chamado de “Red” [Vermelho] e apresentado como estado “bandido” [orig. rogue] do Oriente Médio no Golfo Persa). Só o Irã tem todas as características de território e forças militares apresentadas como de “Red” – dos botes-patrulha armados com mísseis até as unidades de motociclistas. Aquela simulação monstro foi feita porque Washington planejava atacar o Irã imediatamente depois de invadir o Iraque em 2003.” (cit.acima) Mas se o discreto apelo à paz de Asghar Farhadi faz sentido, ele deve ser lido também nas entrelinhas. JorgeLuis Borges sempre nos ensinou que as entrelinhas falam mais do que o texto escrito. E Robert Kennedy, em sua notável interpretação do irado telegrama de Kruschev, na Crise dos Mísseis, em 1961, também interpretou nas suas entrelinhas um paradoxal apelo à paz. Disse ele, na Casa Branca, ao lado do irmão Presidente, quase nos últimos minutos da iminente declaração da Guerra Nuclear que poderia nos ter reduzido a pó: “Mas ele não falou em guerra. Este telegrama é para o público interno dele, não para nós...” . Fez-se a paz... O Diretor de “Separação” não fala nas autoridades de seu país. Nem que elas são pacíficas. Fala que o povo iraniano é de paz. Brilhante! Os governos são passageiros, uma nação é eterna. Jamais devemos confundir o Governo com os seus respectivos povos. Os ocidentais confundem muito o Irã com os árabes, em razão da confissão muçulmana na região. Historicamente, porém, os iranianos se constituem como um povo de tradições muito mais profundas na História. Descendem eles dos persas que construíram na Antiguidade um dos impérios mais duradouros na região. Importante lembrar que quando Alexandre, o Grande desatou de só um golpe de espada o famoso Nó Górdio, que miticamente representava uma barreira à ocupação da Pérsia, ele promoveu, por vários meios, inclusive pelo seu casamento com a filha de um chefe tribal, a helenização daquele império. Depois de Alexandre, a Pérsia nunca mais foi a mesma... Em contraposição, séculos mais tarde, os herdeiros dos gregos no Mediterrâneo, os romanos, jamais conseguiram helenizar o povo hebreu, do qual descendem os árabes. A resistência hebréia talvez tenha pesado na própria condenação de Cristo, no ano 33. E, pouco tempo depois, na rebelião dos anos 60, os romanos desataram a mais cruel repressão aos hebreus, chegando a destruir seu famoso templo, cujo única parede ainda está lá de pé, testemunhando o “Choque de Civilizações”daquela época. A Pérsia, o Irã, é outra coisa. Não é o mundo árabe, igualmente respeitável. Aliás, só em 1935 tomou o nome Irã, sendo, até aquela data denominado Pérsia. Um insuspeito jornalista americano, Stephen Kinzer, vem tentando explicar isto há muito tempo em várias reportagens, entrevistas e um livro : “Os Homens do Xá – O Golpe no Irã e as Origens do Terrorismo no Oriente Médio”: “A história iraniana foi sendo construída em torno de um conjunto de características muito próprias, de importância fundamental para assegurar a individualidade do Irão na região em que se insere. A sua evolução tem sido marcada pela tentativa de assimilar o Islão, introduzido no país pelos conquistadores árabes, com a herança e a grandeza da antiga Pérsia, no que Kinzer considera um «esforço continuado e frequentemente frustrante». Fortemente influenciados pela tradição xiita, os iranianos interiorizaram um sentimento de martírio colectivo, acompanhado pela busca de uma liderança justa, factores que desempenharam um papel fundamental na sua evolução, em especial em momentos de crise” O moderno estado do Irã teve suas preliminares no ano de 1905, quando separou a Igreja do Estado e deu os primeiros passos para sua delimitação de fronteiras. As duas Grandes Guerras, retardaram, porém, este processo mergulhando-o em incontáveis desencontros com os ingleses, “protetores”da região e os soviéticos, cobiçosos de abocanhar o norte do país, rico em mineiras. No pós-guerra, com o desabrochar do nacionalismo que levaria aos princípios de auto-determinação dos povos e intangibilidade das fronteiras herdadas do período colonial, ambos sustentados pelas Nações Unidas, o Irã acabou consolidando-se como um Estado secular moderno e rico, e teve no líder Mussadegh, um dos principais expoentes mundiais. Desde 1943, no Acordo de Teerã, o país já havia sido reconhecido como independente e teve suas fronteiras definidas, embora a União Soviética se tenha retirado das mesmas só três anos depois, não sem promessas dos iranianos quanto ao fornecimento de petróleo. Mas, em 1951, começaram as querelas com a Inglaterra em decorrência da nacionalização do petróleo, pelo Primeiro Ministro Mussadegh, que acabou deposto por um golpe arquitetado por britânicos e a CIA americana, que colocou em seu lugar, em 1953, um sucessor da dinastia Pahlevi, o famoso Xá da Pérsia, Rehza Pahlevi. “ Defendendo que «o Irão é a melhor pessoa para governar a sua casa», Mohamed Mossadegh liderou , grande parte desse processo, transformando-se num actor fundamental para a expressão das correntes nacionalistas. Como primeiro-ministro, Mossadegh manteve a inflexibilidade, continuando a enfrentar os interesses da Grã-Bretanha, consumando um choque que conduziu à total paralisação da exportação do petróleo iraniano.” (Kinzer, Stephen, cit) Pahlevi, não obstante à testa de um regime tirano e bárbaro , famoso pela repressão e torturas infligidas aos opositores, prosseguiu os esforços de modernização e desenvolvimento do país, sempre aliado incondicional dos americanos na região e carregando sobre seu Governo a sombra de ter sido imposto por um golpe. Tal incidente, com reflexos no trauma de uma população sucessivamente colonizada durante séculos, primeiro pelos árabes, depois pelos turcos, depois sob “Protetorado” da bandeira inglesa, deixou marcas profundas nos corações iranianos, que jamais perdoariam os Estados Unidos pelo feito contra Mussadegh. É este ambiente que cria as condições para a Revolta dos Ayatolás, em 1979, que não tem, curiosamente, nenhuma relação com o processo de autodeterminação do povo iraniano desde 1909, nem com a secularização e desenvolvimento em curso no país durante três quartas partes do Século XX. Como assinala Kinzer, em seu livro: Na verdade, ao alterar por completo a evolução dos acontecimentos em Teerão, a intervenção de 1953 condicionou o equilíbrio de forças na região e a formação das alianças durante a Guerra Fria. A sua influência na história recente do Irão, quando conjugada com a importância geoestratégica do país, evidencia uma série de ligações entre algumas situações marcantes para a evolução da cena internacional até aos nossos dias. O golpe, pondo fim a uma democracia em construção, possibilitou a instauração de um regime despótico, que só seria derrubado pela força, ajudando a criar condições para o florescimento da Revolução Islâmica. Por estas e outras razões Kinzer e vários outros analistas consideram o Irã um país relativamente ocidentalizado, embora sob um regime arbitrário do Islam, mas com uma cultura, instituições e uma sociedade , desde muito tempo, muito próximas da cultura européia. Para todos estes autores é um erro brutal (outro!) dos Estados Unidos atacar militarmente o Irã, aí envolvendo outro país muçulmano, a Turquia, igualmente secularizado, com riscos de uma revertério interno a favor de radicais religiosos, sepultando de vez com a última alternativa de se construir pontes com o mundo muçulmano. Ressalte-se, ademais, que apesar do caráter ditatorial do regime dos Ayatolás, repudiado hoje por grande parte da população iraniana, especialmente a letrada e ampla classe média daquele país, tal regime não se assemelha em nada com outros regime arbitrários da região, como o Arábia Saudita e do Iemem, aliados dos Estados Unidos. Não se tem notícia de que o regime iraniano seja um regime corrupto e economicamente retrógrado, nem que esteja apenas militarizando o país, como faz a Coréia do Norte, na tentativa de se eternizar pelas armas na região. O país vem se modernizando econômica e socialmente. Uma idéia dos avanços tecnológicos no país pode ser medido pelo fato de que o país se prepara para lançar seu primeiro cosmonauta aos cosmos ainda neste ano (2012) como conseqüência de um vigoroso programa aeroespacial. Ostentando o Irã indicadores de renda e desenvolvimento semelhantes aos do Brasil, mas com alto nível de escolaridade e alfabetização (82%) de seus 70 milhões de habitantes, que têm no farsi a língua materna , dos quais 4/5 persas, dois milhões de refugiados e o restantes de outras nacionalidades e idiomas -azerbaijano de 12 milhões), curdo (5,6 milhões), gilaki e mazandarani (3 milhões cada), luri (2,3 milhões), árabe khuzistani (2,2) turcomeno (2 milhões) e baktiari (1 milhão). “O farsi é um idioma muito conhecido no Afeganistão (86%), no Azerbaijão (20%), no Paquistão (15%), no Iraque (5%) e em outras nações vizinhas, e teve um grande prestígio no passado, quando não havia sequer um único grande poeta, comerciante ou pessoa viajada do Oriente Médio e da Turquia que não sabia se expressar em farsi. Também foi o principal veículo de comunicação entre os povos do Sul da Ásia (Índia, Paquistão e Bangladesh) antes do Império Britânico anexar aquela região. Quase toda pessoa que vive no Irão é bilíngue ou poliglota, desde pequena. Fala-se muito (além do persa, para os que não são persas) o árabe clássico, por ser a língua do Alcorão e a linguagem oficial nos países vizinhos a sul e leste do Irão. Também há quem conheça o turco, comummente ouvido no noroeste. No passado, o russo e o francês tiveram grande penetração na elite urbana, ainda o francês sendo conhecido por intelectuais, e actualmente não é pequeno o número de iranianos que dominam o inglês, língua que desperta enorme interesse nos jovens estudantes e nos homens de negócio. O inglês é o idioma da Internet, da indústria cultural de massa, do turismo, do mundo das finanças, das publicações proibidas e livres de censura que chegam de países do estrangeiro... é natural que seja cada vez mais estudado em escolas e faculdades de todo o globo, e no Irão não é diferente” رانیا یاﺳـــﻼم یﺟﻣﮭور (Jomhuri-ye Eslami-ye Iran) República Islâmica do Irão / Irã Bandeira Brasão de armas Lema: Esteqlāl, āzādī, jomhūrī-ye eslāmī (Persa: "Independência, Liberdade, (a) República Islâmica") Hino nacional: Soroud-e Melli-e Jomhouri-e Eslami-e Iran Gentílico: Iraniano Área - Total - Água (%) População 1 648 195 km² (18.º) 0,7% - Estimativa de 2005 - Densidade 68 467 413 hab. (18.º) 42 hab./km² (158.º) PIB (base PPC) - Total Estimativa de 2009 US$ 830 058 mil milhões (17.º) US$ 11 202 (73.º) - Per capita Indicadores sociais - IDH (2010) - Esper. de vida - Mort. infantil - Alfabetização 0,710 (70.º) – elevado[1] 71,0 anos (109.º) 30,6/mil nasc. (119.º) 82,4% (113.º) A premiação, enfim, de um filme iranaiano pelo Globo de Ouro, apenas demonstra o alto nível cultural de um povo milenar que jamais deveria ter sido molestado, quer pelos britânicos e americanos, em seu processo de auto-determinação política e econômica, quer pelos russos, da antiga URSS, em suas fronteiras. O ataque ao Irã será mais um crime contra a humanidade perpetrado em nome da segurança ocidental cujos resultandos acarretarão, ao final, mais insegurança ao mundo inteiro. Os fatos apontados não implicam de nenhuma forma defesa do regime vigente no Irã. E aqui, a cautela do Diretor do filme premiado não deixa dúvidas, nem exige interpretações. Ele é cauteloso. Porque sabe que o regime de seu país é arbitrário e pode penalizá-lo duramente por qualquer deslize. Uma nota do Governo do Irã já deixou claro que este está insatisfeito com a repercussão do filme no exterior. Considera que o tema do filme é doméstico . Outro Diretor Premiado Jafar Panahi, também premiado, por “Balão Branco”, está condenado a não fazer filme no Irã por 20 anos e Farhadi sabe dos riscos que corre. Não deseja, como sugeriu Jafar recentemente, ao se deixar filmar por um terceiro cineasta, ficar na situação daquelas duas cabeleireiras desocupadas que, sem ter o que fazer, cortam uma o cabelo da outra... Lembremo-nos, pois, das palavras de Farhadi: O POVO IRANIANO É UM POVO DE PAZ. E quando dobrarem os sinos daquela longínqua região do mundo, em pesar pelos mortos pelas bombas ocidentais, não perguntem, como nos falava o grande poeta J. Dohne, citado por Hemingway num romance imortal que lhe tomou o nome, por quem eles dobram, lembre-se: Eles dobrarão pelo pacífico povo iraniano. Nova dança da moda: bombardear o Irã 9/11/2011, Pepe Escobar, Asia Times Online http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/MK11Ak01.html Preparem-se para uma chuva de informes de “inteligência”, no formato de imagens de satélites nas quais todos os modelos de armazém fotografados em território iraniano serão freneticamente descritos como segmentos de linha de montagens de bombas atômicas. (Lembram a famosa “instalação atômica secreta” localizada na Síria, há alguns anos? Era uma fábrica de tecidos.) Preparem-se para uma chuva de diagramas mal desenhados e imagens de objetos de ar sempre muito suspeito, ou dos contêineres onde teriam sido escondidos, todos capazes de atingir a Europa em 45 minutos. Preparem-se para uma chuva de “especialistas” nos canais Fox, CNN e BBC, empenhados em dissecação sem fim de todas aquelas mal traçadas linhas travestidas como se fossem “provas”. Por exemplo, o ex-inspetor de armas da ONU, David Albright, agora empregado do Institute for Science and International Security (ISIS), já conseguiu escapar do mundo das almas mortas e já voltou à telinha, exibindo suas credenciais de “bombardear o Irã”, acrescidas de diagramas e inteligência de satélite. Esqueçam o Iraque. Fora de moda, tãããããão 2003. O novo groove está aí. É guerra contra o Irã já. Virar japonês Para começar, convoquem algum senso comum. Se o Irã estivesse construindo uma bomba atômica, teria de ter desviado urânio para essa finalidade. O relatório divulgado essa semana pela Agência Internacional de Energia Atômica [International Atomic Energy Agency (IAEA)] – por mais politicamente enviesado que seja – nega absolutamente qualquer desvio de urânio. Se o Irã estivesse desenvolvendo uma bomba atômica, os inspetores da ONU a serviço da IAEA teriam sido expulsos do país. OK. Em 2002 o Iraque não tinha programa de armas nucleares. E, mesmo assim, foi chocado e apavorado. O mesmo argumento vale também para o Irã. Teerã deve ter feito, isso sim – se merecem algum crédito as informações de inteligência super enviesadas usadas para o relatório da IAEA – muitos experimentos e simulações em computador. Todo o mundo faz – inclusive países que desistiram da bomba, como o Brasil e a África do Sul. O Corpo dos Guardas Islâmicos Revolucionários [ing. Islamic Revolutionary Guards Corps (IRGC)] – encarregado do programa nuclear civil – quer, sim, com certeza, uma força de contenção. Quer dizer: eles querem poder construir uma bomba nuclear, para o caso de virem a enfrentar ameaça confirmada e inequívoca de mudança de regime induzida, mais provavelmente, por ataque militar ou invasão pelos EUA. Há muitas dúvidas sobre a competência – ou a imparcialidade – do novo presidente da Agência Internacional de Energia Atômica, o submisso Yukya Amano, japonês. A melhor resposta sobre isso está num telegrama Wikivazado, de 2010[1][1]. Quanto à origem de muito do que tem sido apresentado pela IAEA como inteligência “confiável”, até o New York Times já foi obrigado a noticiar que “parte daquelas informações foram enviadas à IAEA por EUA, Israel e Europa”. Gareth Porter já destruiu definitivamente a credibilidade daquele relatório[2][2]. Além do mais, preparem-se para pressão máxima contra a CIA, para que desminta o crucial 2007 National Intelligence Estimate (NIE), que estabeleceu – de forma irrefutável – que Teerã encerrou seu programa nuclear para armas atômicas há muito tempo, em 2003. Tudo isso encaixa-se perfeitamente com os latidos dos cães de guerra, que já começaram a latir. Os fantoches europeus podem ser incompetentes até para vencer uma guerra na Líbia (só conseguiram, depois que o Pentágono assumiu o comando da inteligência via satélites). Podem ser incompetentes até para dar solução ao desastre financeiro da Europa. Mas França, Alemanha e UK já começaram a latir – exigindo sanções mais duras contra o Irã. Nos EUA, Democratas e Republicanos juntos exigem não só sanções; os Republicanos pirados (evidente oxímoro) clamam por nova versão da Operação Choque e Pavor. Nunca é pouco repetir como funcionam as coisas em Washington. O governo de Benjamin Netanyahu em Israel diz ao poderoso AIPAC (American Israel Public Affairs Committee) o que fazer; e o AIPAC transmite as ordens ao Congresso dos EUA. Por isso a Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Deputados dos EUA já está analisando um projeto de lei a ser apresentado pelos dois partidos e que, de fato, é declaração de guerra ao Irã. Nos termos da lei em discussão, nem o presidente Barack Obama, nem a secretária de Estado Hillary Clinton, nem, de fato, nenhum diplomata dos EUA, poderá manter qualquer tipo de contato ou relação diplomática com o Irã – a menos que Obama obtenha, “das comissões apropriadas do Congresso”, uma declaração de que não falar com o Irã implicaria “ameaça extraordinária a interesses vitais da segurança dos EUA.” “Comissões apropriadas do Congresso” é exatamente a Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Deputados dos EUA, que recebe ordens de marcha marcial diretamente de Bibi, em Israel, via o AIPAC, em Washington. Tentem dizer a qualquer daqueles hiper-Israel-acima-de-tudo no Congresso dos EUA quais são as reais consequências imediatas de atacar o Irã: o Irã, em minutos, fechará o Estreito de Hormuz, com o que serão cortados 6 milhões de barris de petróleo, da economia mundial (que já está em recessão no norte industrializado), o que elevará o preço do barril de petróleo para 300, 400 dólares. De nada adiantará: eles não sabem juntar lé com cré. Preparem-se. E nenhum passo fora da agenda Começam a aparecer boatos de que o Corpo dos Guardas Revolucionários Islâmicos (IRGC) teria dito, segundo a agência de notícias Fars, que bastam quatro mísseis iranianos para deter Israel. Esse mísseis talvez sejam – e talvez não sejam – os mísseis nucleares cruzadores soviéticos Kh-55 da Ucrânia e da Bielorrússia, com alcance máximo de 2.500 km, e que o Irã talvez tenha comprado, há anos, no mercado negro. O IRGC, claro, mantém-se em silêncio. O que só faz aumentar o nevoeiro da (pré)guerra –, porque ninguém sabe coisa alguma sobre a qualidade das defesas do Irã. Segredo que todos conhecem em Washington é que a ‘mudança de regime’ no Irã é jogo de guerra que já vem sendo jogado desde, no mínimo, 2004. Ainda se aplica o mapa do caminho favorito dos neoconservadores, de 2002; os alvos são Iraque, Síria, Líbano, Irã, Somália e Sudão – pontos chaves do “arco de instabilidade” inventado pelo Pentágono. Imaginem esses PhDs em matanças e guerras examinando o tabuleiro de xadrez. O Iraque já está devidamente chocado e apavorado (apesar de os EUA estarem sendo chutados de lá). A Síria é jogo duro demais para os incompetentes da OTAN. O Líbano (o Hezbollah) só será derrotado se a Síria cair antes. A Líbia foi vitória (esqueçam que a guerra civil na Líbia que durará muito tempo). A Somália pode ser contida com Uganda e aviões-robôs tripulados à distância, os drones. E o Sudão do Sul já está no saco. O que deixa aberta – para os adeptos linha dura da doutrina da Dominação de Pleno Espectro –, a tentação sedutora de um ataque bem-sucedido contra o Irã, como o ápice de um movimento radical de destruição, que redistribuiria todas as cartas, do Oriente Médio à Ásia Central. O “arco de instabilidade” estaria, afinal, desestabilizado. Como fazer? É simples – do ponto de vista dos dedicados servidores da morte e da guerra. Basta convencer Obama de que, em vez de infernizar-lhe a vida, os conservadores beijarão o chão que ele pisa e o canonizarão como o salvador ressuscitador da economia dos EUA... se Obama concordar com, só, começar mais uma guerra. Alguém aí está interessado em Occupy Irã – literalmente? +++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ ++++ Esta mensagem foi verificada pelo E-mail Protegido Terra. Atualizado em 31/12/1969 [1][1]“New UN chief is 'director general of all states, but in agreement with us” [Novo diretor da IAEA-ONU é ‘diretor geral de todos os estados’, mas em acordo conosco] – 16/10/2009, Telegrama CONFIDENCIAL VIENNA 000478, WikiLeaks, em Guardian, UK, 2/12/2010 (http://www.guardian.co.uk/world/usembassy-cables-documents/230076?CMP=twt_gu) (trechos que o Guardian assinala como “mais importantes”): “O novo diretor geral designado da IAEA, Yukiya Amano, em reunião com o embaixador, agradeceu o apoio dos EUA a sua candidatura e muito enfatizou que apoia todos os objetivos estratégicos dos EUA na condução da Agência. Amano disse ao Embaixador em várias ocasiões que terá de fazer concessões ao G-77 que, acertadamente, exige que aja de modo justo e independente, mas que concorda enfaticamente com os EUA e jogará conosco em todas as decisões estratégicas chaves, desde a indicação do pessoal de alto nível, até o modo como manobrar o chamado programa nuclear do Irã [itálicos no telegrama original]. 3. (SBU) Amano partilhou com o embaixador Davies sua posição pública sobre o papel da Agência Internacional de Energia Atômica e a contribuição a Agência nas questões globais cruciais da proliferação [de armas atômicas], segurança, energia, saúde humana e administração da água. Mais sincero, Amano observou a importância de manter uma certa “ambiguidade construtiva” sobre seus planos, até, pelo menos, que ele assuma o posto que hoje é de ElBaradei, o que acontecerá em dezembro [fim do excerto] [NTs]. [2][2]9/11/2011, Gareth Porter, “IAEA's "Soviet Nuclear Scientist" Never Worked on Weapons” [Os ‘cientistas nucleares soviéticos’ da IAEA jamais trabalharam em programas de armas”], IPS News, em http://ipsnews.net/news.asp?idnews=105776(em inglês). RELAÇÕES INTERNACIONAIS DEZEMBRO : 2007 16 [ pp. 189-192 ] 189 RECENSÃO Um americano em Teerão quarenta dias que transformaram o Médio Oriente José Luís Alves STEPHEN KINZER Os Homens do Xá – O Golpe no Irão e as Origens do Terrorismo no Médio Oriente Lisboa, Tinta-da-China, 2007, 352 páginas O s Homens do Xá, de Stephen Kinzer, revela os pormenores da Operação Ajax, uma das primeiras acções que a Agência Central de Inteligência dos EUA, a CIA, organizou no exterior. O livro, no entanto, não se limita a relatar o golpe que derrubou o Governo liderado por Mohamed Mossadegh, procurando retratar os principais episódios da história iraniana e encontrar ligações entre os acontecimentos de 1953, o aparecimento do terrorismo no Médio Oriente e o seu desenvolvimento até aos nossos dias. A história iraniana foi sendo construída em torno de um conjunto de características muito próprias, de importância fundamental para assegurar a individualidade do Irão na região em que se insere. A sua evolução tem sido marcada pela tentativa de assimilar o Islão, introduzido no país pelos conquistadores árabes, com a herança e a grandeza da antiga Pérsia, no que Kinzer considera um «esforço continuado e frequentemente frustrante». Fortemente influenciados pela tradição xiita, os iranianos interiorizaram um sentimento de martírio colectivo, acompanhado pela busca de uma liderança justa, factores que desempenharam um papel fundamental na sua evolução, em especial em momentos de crise. Devido à sua estratégica localização, controlando rotas comerciais e recursos naturais de considerável importância, o Irão cedo se transformou num alvo apetecível. As sucessivas intervenções de potências externas condicionaram decisivamente o seu relacionamento com o exterior, mas, frequentemente, determinaram também a evolução das relações de poder no seu interior. Para ilustrar estas situações, Kinzer traça uma breve retrospectiva da história iraniana, justificando o crescimento do nacionalismo com as sucessivas agressões externas, mas salientando a total incapacidade do poder instalado em Teerão, com os governantes mais preocupados com a sua realização pessoal do que com a resolução dos problemas colectivos. UM CONFRONTO INEVITÁVEL? O interesse das principais potências ganhou novos contornos com a descoberta de vastos campos petrolíferos, e, durante a primeira metade do século XX, a soberania iraniana foi sendo consideravelmente limitada pela ingerência externa. Controlando os recursos petrolíferos iranianos através da Anglo-Iranian Oil Company, a Grã-Bretanha arrecadava a quase totalidade dos lucros, desenvolvendo um relacionamento tipicamente colonial com o Irão, enquanto proporcionava condições de vida miseráveis à população local, vista apenas como mão-de-obra barata. Stephen Kinzer relata as diversas modalidades que os britânicos utilizaram para manobrar o poder em Teerão de acordo com os seus interesses, concluindo que essa postura, agravada por uma total intransigência negocial, contribuiu decisivamente para desenvolver um consenso nacional em torno da nacionalização da indústria petrolífera. Defendendo que «o Irão é a melhor pessoa para governar a sua casa», Mohamed Mossadegh liderou grande parte desse processo, transformando-se num actor fundamental para a expressão das correntes nacionalistas. Como primeiro-ministro, Mossadegh manteve a inflexibilidade, continuando a enfrentar os interesses da Grã-Bretanha, consumando um choque que conduziu à total paralisação da exportação do petróleo iraniano. Inicialmente, a incapacidade das partes para ultrapassar o impasse preocupava o Governo norte-americano, mas Harry Truman procurou evitar a confrontação directa entre o Irão e o Ocidente, nunca demonstrando grande interesse em corresponder aos apelos britânicos para uma acção mais dura contra Teerão. Segundo Kintzer, a situação alterou-se com a chegada de Dwight Eisenhower à Casa Branca, pois a nova Administração norte-americana, focada na contenção da URSS e temendo a possibilidade de os comunistas tomarem o poder no Irão, demonstrou maior abertura para corresponder aos desejos de Winston Churchill. Com todos os homens que iriam assegurar o poder absoluto ao xá Mohamed Reza nos seus postos, estavam reunidas as condições para provocar uma mudança política em Teerão. Aproveitando a rede de agentes que anteriormente servia os interesses da Grã-Bretanha, a CIA trabalhou activamente para o derrube do Governo, provocando a desestabilização do país e organizando as forças que levariam a cabo o golpe, uma acção que Kinzer descreve com todos os pormenores. Kermit Roosevelt, neto do antigo Presidente dos EUA, preparou e dirigiu as operações no terreno, e, apesar do fracasso inicial, contrariou as ordens para abandonar Teerão e assegurou o afastamento de Mossadegh numa segunda tentativa. Este sucesso transformou o Irão num aliado fulcral para a estratégia norte-americana na região, mas ligou os EUA ao afastamento de um governo popular e à sua substituição por uma ditadura que governaria o país durante um quarto de século. SEMENTES DE VIOLÊNCIA Procurando estabelecer a ligação entre o golpe organizado pela CIA no Irão e o surgimento de um sentimento antiamericano na região, Stephen Kinzer defende que esta acção esteve na origem do desenvolvimento do terrorismo no Médio Oriente, sendo possível traçar «uma linha que vai da Operação Ajax, passa pelo regime RELAÇÕES INTERNACIONAIS DEZEMBRO : 2007 16 190 opressivo do xá e pela Revolução Islâmica e desemboca no fogo que consumiu o World Trade Center em Nova York». Será, por certo, uma linha um pouco ténue, que quase se esbate por completo em certos pontos, mas que não deixa de merecer um olhar atento. Na verdade, ao alterar por completo a evolução dos acontecimentos em Teerão, a intervenção de 1953 condicionou o equilíbrio de forças na região e a formação das alianças durante a Guerra Fria. A sua influência na história recente do Irão, quando conjugada com a importância geoestratégica do país, evidencia uma série de ligações entre algumas situações marcantes para a evolução da cena internacional até aos nossos dias. O golpe, pondo fim a uma democracia em construção, possibilitou a instauração de um regime despótico, que só seria derrubado pela força, ajudando a criar condições para o florescimento da Revolução Islâmica. Esteve presente na ocupação da Embaixada norte-americana em Teerão, inspirada pelos receios de que os EUA, repetindo a manobra de 1953, organizassem um novo regresso do xá, um episódio decisivo para congelar o relacionamento entre os dois países. A mudança de regime em Teerão alterou profundamente o equilíbrio regional, influenciando a invasão do Afeganistão pela URSS e forçando a aproximação entre os EUA e o Iraque, enquanto a ameaça de exportação do modelo de Khomeini, consubstanciada no apoio a alguns dos grupos mais radicais, passou a condicionar os desenvolvimentos em todo o Médio Oriente. Mas, mesmo tendo em conta o terrorismo de Estado organizado a partir de Teerão, com a capacidade para alimentar a escalada da violência que abarca, o elo final, associando a Operação Ajax e o 11 de Setembro, não é muito justificado por Kinzer. Existe, na verdade, uma linha mais directa e evidente, que liga os atentados aos mujahidines afegãos, noutro episódio em que a necessidade de travar a expansão soviética condicionou as opções da política externa norte-americana para a região. O RENDER DA GUARDA Mohamed Mossadegh, que se tinha afirmado como uma voz importante a nível internacional denunciando um sistema colonial em declínio, «esperava vir a saber se os Estados Unidos estavam verdadeiramente do lado dos oprimidos ou eram um mero joguete nas mãos dos vis ingleses », mas o seu afastamento transformou-se num importante marco no processo de substituição da Grã-Bretanha como potência dominante na região. Os desenvolvimentos subsequentes evidenciaram o papel que os EUA pretendiam desempenhar, bem como as modalidades a que estariam dispostos a recorrer para atingir os seus objectivos, e a imagem dos norteamericanos na região foi abalada mesmo antes de ser conhecida a decisiva acção da CIA na organização e preparação do golpe. Para grande parte dos iranianos, o afastamento de Mossadegh despertou um profundo sentimento de desencanto com os governantes norte-americanos, consagrado na fórmula do «Grande Satanás», mas a propagação do antiamericanismo no Médio Oriente não pode ser dissociada do conjunto das políticas dos EUA para a região na segunda metade do século XX. Um americano em Teerão: quarenta dias que transformaram o Médio Oriente José Luís Alves 191 O posicionamento face à questão palestiniana e a aliança com Israel contribuíram decisivamente para desenvolver esse sentimento, em especial nos países árabes, bem como uma postura neocolonialista e o continuado apoio a regimes repressivos. Se os britânicos eram «odiados e objecto de desconfiança quase em toda a parte», a crescente importância dos EUA na definição da política regional só poderia atrair os mesmos sentimentos, em especial se baseada em princípios e acções semelhantes. Stephen Kinzer, no entanto, não se concentra nessa transição ou nas suas consequências, preferindo evidenciar os diferentes rumos que democratas e republicanos imprimiam à política externa norte-americana. Não valoriza o acordo entre os EUA e a Arábia Saudita, repartindo equitativamente os lucros da exploração petrolífera, publicitado no momento em que os britânicos recusavam igual concessão aos iranianos, e os norte-americanos parecem empurrados para uma posição de liderança a que não ambicionavam. No entanto, o modelo da Operação Ajax, utilizando todo o tipo de meios ilícitos para desestabilizar um país e derrubar um governo em funções, seria repetido em diversas partes do globo, em especial na América Latina, e quase sempre justificado com a mesma necessidade de conter a expansão soviética. Essas réplicas, que nem sempre foram bem sucedidas, estão directamente ligadas ao sucesso obtido com o golpe no Irão, pelo que os seus efeitos ultrapassam largamente a região e a época em que ocorreram. RELAÇÕES INTERNACIONAIS DEZEMBRO : 2007 16 192RELAÇÕES INTERNACIONAIS DEZEMBRO : 2007 16 [ pp. 189-192 ] 189 Colunistas| 06/05/2011 | Copyleft Envie para um amigo Versão para Impressão DEBATE ABERTO As razões do Irã Construiu-se uma sofisticada imagem negativa do Irã mundialmente, que serve para justificar todas as sanções aplicadas pela ONU contra o país, sob a manipulação das grandes potências que, com a Revolução Islâmica de 1979, perderam os privilégios que tinham sobre as riquezas energéticas iranianas. Beto Almeida Acabo de chegar do Irã integrando uma delegação de jornalistas e blogueiros. Uma constatação é imediata: construiu-se uma sofisticada e complexa imagem negativa do Irã mundialmente, que serve para justificar todas as sanções aplicadas pela ONU contra o país, sob a evidente manipulação das grandes potências que, com a Revolução Islâmica de 1979, perderam os privilégios que tinham sobre as vastas riquezas energéticas iranianas. Sabemos, o fluxo da informação mundial está sob controle dos conglomerados de mídia dos países imperiais, que atuam sob coordenação de interesses com a indústria bélica e petroleira. A suposta “Guerra contra o Terror” já construiu um orçamento de 1,2 trilhão de dólares nos EUA. Bin Laden cumpriu o seu papel, vivo ou “morto”. É neste mundo que o Irã se encontra. Tem razões para se defender. É o principal alvo dos interesses norte-americanos na região. Sobretudo por seu processo de desenvolvimento independente. A nacionalização do petróleo produziu enormes efeitos a partir do uso de suas receitas para diversificar o processo produtivo. O Irã, que foi obrigado a enfrentar uma guerra que não declarou contra um Iraque apoiado pelos EUA, e que sofreu sanções de cunho econômico da ONU, teve que aprender a caminhar com suas próprias pernas. Hoje possuiu uma indústria de defesa avançada, fabrica seus próprios submarinos. O Brasil, desarmado, os compra lá fora. O Irã possui um moderno programa aeroespacial e prepara-se para lançar seu primeiro cosmonauta ao cosmos em 2012. No Brasil não há previsão para tal, mas há sabotagens dos EUA contra o programa espacial brasileiro. Lá há uma agricultura bastante avançada, apesar do deserto. Ferrovias cortam o país. Realizam avançadas pesquisas em biotecnologia e na área de células troncos. Ou seja, é um país em franco desenvolvimento, que os inimigos querem sabotar e apresentar como um país das trevas. Falamos de direitos humanos também, claro, num largo diálogo com o vice ministro de Relações Exteriores, Behrooz Kamalvandi . “Tanto o Irã como o Brasil precisam se corrigir em matéria de direitos humanos. Mas, quem mais precisa se corrigir são os EUA, os que mais agridem os direitos humanos no mundo”, disse ele, ao mesmo tempo em que ressaltava a importância de países como Brasil e Irã estarem juntos nesta conjuntura mundial sombria. Sim, lá todas as mulheres usam os véus. Mas, não vimos crianças abandonadas nas ruas pedindo esmolas. Jornalista, Membro da Junta Diretiva da Telesur. Científicos y pensadores Algacel 1058-1111 Abu Hamed ibn Mohammad al-Gazzali, es más conocido en Europa con su nombre latinizado, Algacel, y en Irán con el título de Hoyyat ol-Eslam, o su nombre verdadero de Gazzalí. Nació en Tus, cerca de la actual Mashad. De niño estudió en su ciudad natal y de joven se fue a Neyshabur hasta que en el año 1087 marchó a Bagdad permaneciendo allí diez años como director de la escuela Nezamiyeh de aquella ciudad, por orden del mismo ministro selyúcida Nezam al-Molk. Fue en esta escuela donde su fama como sabio creció y se difundió por la región, hasta que, en el año 1091, tuvo una revolución interna y marchó a la Meca de peregrinación dejando a su hermano el puesto de maestro. Después de su peregrinación marchó a Siria donde se enclaustró en una mezquita aljama. Más tarde fue a Jerusalén y de allí a Egipto, desde donde hizo su penúltimo viaje, ya a su tierra natal, Tus, y allí estableció una orden sufí o tariqa donde también se dedicó a la enseñanza, a escribir y a la contemplación. Así permaneció 9 años, siendo también visitado por los eruditos, sabios y ulemas de la época, hasta que en 1105 aceptó ser director y de nuevo profesor de la escuela Nezamiyeh de Neyshabur. Permaneció allí 4 años y finalmente regresó a Tus para el resto de sus días meditando y en contemplación y donde no permitió que se le molestase, rechazando la proposición del sultán selyúcida Sanyar para ser director y maestro en la escuela Nezamiyeh. Allí murió en el 1111. Algacel era musulmán sunní, de la escuela shafeí, tenía tendencias al misticismo ascético en el que dejó una honda impronta que fue luego seguida por sabios del renombre de Sohravardi y Abdul Qader Gilani. La obra de Algacel es muy abundante y ha sido calculada en unas 130, otros calculan 70, prácticamente todas sobre filosofía y religión. Aquí mencionaremos las más destacadas que son: "Ihiya al-Ulum al-Din" que escribió en árabe y luego él mismo resumió y tradujo al persa con el título de"Kimiya-ye-Sa'dat" (La Alquimia de la felicidad); Al-Basit, sobre la doctrina shafeí; "Tahafut al-Falasifa" (Destrucción de los filósofos) en la que ataca encarnizadamente a los filósofos en general y a Avicena en particular, y obra que fue refutada más tarde línea a línea por Averroes en su obra "Tahafut al-Tahafut" (Destrucción de la Destrucción); "Mustazhari" donde Algacel refuta a los esotéricos o batiníes. Aljuarizmi 783-850 Abu Abdullah Mohammad ibn Musa Aljuarizmi, trascrito siempre como Alkhwarizmi, es decir, el joresmio, nació en Joresmia, Asia Central y fue uno de los primeros grandes matemáticos de la temprana época 'abbasí. Muy poca cosa se conoce de su vida. Se sabe que entró al servicio del califa al-Ma'mun, hijo de Harun al-Rashid, allá por el año 820 en la biblioteca califal de Dar al-Hikma (la Casa de la Sabiduría) en Bagdad. El califa le encargo una misión científica en la India, y, a su regreso, allá por el año 830, escribe su famoso tratado de álgebra. Muchas de sus obras han sido traducidas a lenguas europeas y entre éstas cabe destacar "Al-mujtasar fi hisab al-jabr wa-l muqabila". El original árabe se ha perdido pero se conserva su traducción latina. De otros de sus libros sólo se conserva el título. Algunas de sus obras fueron traducidas en Toledo Estatua de Aljuarizmi frente a la Facultad de matemáticas en Teherán. Aljuarizmi es el padre del álgebra y fue el que introdujo el sistema decimal y el cero, expuesto en su obra que fue traducida al latín como "Algoritmi de numero indorum", que puede fácilmente deducirse provenía de las matemáticas indias. También descubrió un método que es hoy en día uno de los más antiguos para solucionar ecuaciones de segundo grado. Asimismo escribió sobre astronomía y geografía. En astronomía su obra más conocida fue sus"Tablas astronómicas" basadas en la astronomía india. Fue el matemático más grande de su tiempo. Nuestras palabras "guarismo" y "algoritmo"derivan de su nombre y la palabra árabe "álgebra" viene de "al-jabr", palabra que puede verse en el título de su libro donde expone estas nuevas matemáticas. Avicena 980-1037 Avicena es el nombre latino del sabio persa Abu Ali Ibn Sina. Nació en Afshaneh, cerca de Bujara, provincia que se encuentra actualmente en Uzbekistán. Fue un niño prodigio y a corta edad recitaba de memoria el Corán y las obras de los clásicos. Supo aprovechar las ventajas que le daba el haber nacido en el seno de una familia acomodada y cercana a la Administración de los Samaníes pues su padre era valí del sultán. Primero estudió filosofía, derecho, matemáticas y en particular, la geometría de Euclides. Antes de los 20 años tenía conocimientos avanzados de medicina, de tal manera que curó al emir samaní Nuh ibn Mansur que ya estaba desahuciado por médicos ancianos de reputada fama, y que lo recompensó poniendo a su disposición la biblioteca de la corte. Una de las imágenes más conocidas de Avicena Avicena supo aprovechar la oportunidad y se empapó allí de todo el saber de la época que tuvo tiempo de estudiar y leer. Mas aquel ambiente propicio samaní estaba destinado a durar poco tiempo. Los turcos gaznavíes no tardaron en llegar con el sultán Mahmud de Ghazni a la cabeza, y, en el año 999, la benefactora y mecenas dinastía samaní es derrocada y suplantada por la gaznaví procedente de Asia Central. Se cuenta que el sultán Mahmud, enterado de la presencia de sabios e ilustres eruditos en la corte samaní, no quiso ser menos y quiso también verse rodeado de los más sabios y doctos de la época. Para ello, mandó llamar a su presencia a Avicena y a su amigo y compañero Abu Reihan Biruní. Éste último accedió y acudió al nuevo sultán, pero Avicena salió huyendo no solo de Bujara sino de Asia Central y encaminó sus pasos hacia la meseta iraní. Aquí llega la parte legendaria de la vida de Avicena ya que poco se sabe de este periplo del que se cuentan muchas historias y leyendas, y la parte de la que tenemos seguridad es cuando nos lo encontramos, primero en la corte de un príncipe buyí de Qazvin, donde no encontró apoyo ninguno, y luego ya como visir de Hamadán bajo el mandato del príncipe buyí Shams al-Dawla. Pero este cargo político le trajo más perjuicios que beneficios y tras la muerte del príncipe y protector tuvo que salir huyendo de los cuantiosos enemigos que se había creado en Hamadán. Avicena acabó bajo la protección del príncipe buyí 'Ala al-Dawla de Isfahán, y bajo su mecenazgo vivió y trabajó los últimos 14 años de su vida. Murió relativamente joven, con 58 años y está enterrado en Hamadán donde podemos visitar su mausoleo. Mausoleo de Avicena en Hamadán. Avicena fue uno de los grandes sabios que ha visto nacer la Humanidad. Nos han llegado de él algo más de cien obras y su saber abarcaba prácticamente todos los campos de las ciencias y letras de aquella época. A continuación haremos un breve esbozo de los tres campos en los que más fama mereció. El Avicena filósofo. El terreno en el que más destacaba, junto al de la medicina, era el de la filosofía. Este sabio persa tuvo el gran mérito de sistematizar la filosofía racionalista aristotélica de tal forma que se pudiese adaptar a la fe musulmana, algo que hizo mezclando dos pensamientos tan dispares como el de Aristóteles y Platón. Su filosofía y su visión del mundo está impregnada, pues, de aristotelismo, neoplatonismo y por supuesto del Islam que él profesaba. No obstante, se muestra más aristotélico que platónico, pero a la vez no sigue ni obedece al estagirita en todo, creando con los elementos platónicos e islámicos una nueva filosofía a la que él denominó hikmat almashriqi (filosofía oriental) a la que el filósofo alude en el prólogo de su "Kitab alShifa." La filosofía aviceniana gira alrededor de varios ejes como son el conocimiento de Dios y de la existencia, la discriminación entre ser y esencia, lo posible y lo obligado, la contingencia del ser, la teoría del conocimiento, la razón, la Resurrección y el Juicio Final. Es obvio que toda esta temática la retomó Avicena de los griegos, pero él le otorgó una dimensión islámica, la incorporó en el pensamiento musulmán. Avicena vivió en un período en que las ideas y la doctrina ismailí estaban en Persia en auge. Se cuenta incluso que su padre y uno de sus hermanos eran ismailíes. Tanto es así que hay similitudes fundamentales entre el pensamiento ismailí y el aviceniano, y, si bien él nunca quiso adherirse a las filas de estos shiíes septimanos, sí parece ser que era shií duodecimano, hecho que podría estar corroborado por la calurosa acogida y mecenazgo de los buyíes shiíes de Persia, como muy acertadamente señala Henry Corbin. Avicena nos cuenta cómo leyó más de 40 veces la "Metafísica" de Aristóteles sin llegar a comprenderla, hasta que le compró a un vendedor ambulante un comentario a la Metafísica escrito por Alfarabi. Fue entonces cuando Avicena vio la luz y pudo comprender la obra del estagirita, que ya tenía memorizada. De todas formas, aunque en un principio se puede decir que la filosofía aviceniana estaba muy marcada por el pensamiento de Alfarabi, pronto lo superó con su obra enciclopédica. El pensamiento peripatético aviceniano pasó a la Edad Media europea a partir del siglo XII cuando se tradujeron parte de sus obras al latín e influyó profundamente en filósofos occidentales como Juan de Escoto y Tomás de Aquino, o lo que es lo mismo, dejó una honda impronta en la escolástica latina. Entre las obras filosóficas de Avicena caben destacar "Kitab al-Insaf" (El libro del juicio imparcial); "Kitab al-Shifa" (El libro de la curación) que fue traducida al latín con el título de "Sufficientia" y es una especie de pequeña enciclopedia científica que no trata sobre medicina, aunque su título lo parezca. Es tan extensa que él mismo la resumió en otro título, "Niyat"(La salvación.); "Daneshname-ye-Alai" (El libro del saber de Alaí), la primera obra filosófica en persa. Además de estos libros tiene multitud de tratados sobre lógica, cosmogonía y metafísica. El Avicena médico. Su rango en la medicina medieval no tiene parangón, es considerado el padre de la medicina europea y su obra no fue superada en Occidente hasta el Renacimiento europeo. Entre sus descubrimientos médicos cabe destacar el carácter contagioso de la tuberculosis y el peligro que supone las aguas estacadas y putrefactas como agentes patológicos. Avicena supuso también acertadamente que había un fuerte vínculo o relación entre muchas enfermedades y la mente, lo que hoy día se expresaría como la influencia del estado de ánimo en las enfermedades. Fue el primer médico en hacer una descripción de la meningitis así como de la estructura del ojo, incluyendo el nervio óptico. Hizo también numerosos descubrimiento en otros campos médicos como el de la ginecología y la anatomía, descubrimientos estos que fueron incluidos en su "Canon de Medicina". Entre sus obras médicas cabe destacar su mencionado "Canon de Medicina" (Qanun fil-Tibb) una obra enciclopédica donde expone todos los conocimientos médicos de su época y más de 700 tratamientos para diferentes enfermedades. El libro fue traducido al latín sólo 100 años después de la muerte del sabio persa por Gerardo de Cremona, y fue libro de texto de medicina en las universidades europeas siendo la gran referencia médica hasta el siglo XVII. El Avicena esotérico. La mayor parte de sus obras esotéricas fueron escritas al final de su vida; Tratado de "Hayy ibn Yaqzan", donde describe un viaje realizado en compañía de un ángel; "Tratado del pájaro", una obra mística que atrajo la atención de un poeta de la talla de 'Attar de Neyshabur; "Salaman y Absal''; La "Casida evidente" que es un tratado sobre el alma. Escribió también varias exégesis coránicas. Biruni 973-1048 Abu Reihan Biruni, también conocido en Occidente como Albiruni, nació en Jiva (Joresmia), ciudad situada hoy en Uzbekistán. Debido a su gran talento, desde joven se incorporó a la corte de los reyes de entonces. Fue durante siete años uno de los sabios de la corte de Ma'mun Jarezmshah, tributario de los Samaníes, donde se ocupaba de la diplomacia. Antes de pasar al servicio de los Gaznavíes, Biruni estuvo en la corte del rey literato Qabus ibn Voshmgir, que reinaba en su pequeño reino de Gorgán, y fue a él a quien le dedicó su obra de "Athar al-Baqiyah" en 999. Entre los años 1009 y 1016 Biruni regresa a Joresmia, fue entonces cuando se incorporó a la corte de Ma'mun Jarezmshah, y, poco después, se produjo una revuelta popular, fue el rey asesinado y el sultán Mahmud conquistó la región con la excusa de quererse vengar del asesinato de aquel monarca. Biruni, fue testigo directo y presencial de aquellos acontecimientos que, junto a la caída de los Samaníes cambiaron el rumbo de la historia de Persia. Los relató con todo lujo de detalles en una obra que tituló "La historia de Joresmia", hoy perdida, pero de la que quedan varios capítulos que son citados textualmente por el historiador persa del siglo XI Beihaqi. Estatua de Biruni en Tashkent, Uzbekistán De cómo Biruni se incorporó a la corte del sultán Mahmud de Ghazni, varias son las historias que se han tejido a su alrededor. Una de ellas cuenta que poco antes de que el sultán Mahmud conquistase Joresmia, enterado de que los reyes persas siempre se hallaban rodeados de los sabios de la época, no quiso ser menos y mandó a llamar a Biruni y a su amigo Avicena a través de una misiva dirigida a Ma'mun Jarezmshah en la que le solicitaba (o sea le exigía) que aquellos sabios se dirigieran a su corte. Ma'mun Jarezmshah avisó a los sabios entre los que se encontraba Biruni, les comunicó el contenido de la misiva y les dijo que aquel que se quisiera escapar que lo hiciera antes de que el mensajero los viese con él para no ser atacado por el sultán Mahmud por desobediencia. Biruni prefirió irse con el sultán Mahmud donde pasó el resto de sus días. Otra versión dice que cuando el sultán Mahmud conquistó la región, Biruni y su maestro fueron detenidos acusados de pertenecer a la secta cármata, su maestro fue muerto, pero cuando se disponían a ejecutar a Biruni alguien le dijo al sultán que aquel hombre era el Imán de su tiempo en astrología y que ningún rey podría poner a otra persona en su lugar, y fue de esta manera cómo se incorporó a la corte gaznavi. Sea de ello como fuere, se sabe que Biruni marchó a Ghazni con el sultán Mahmud allá por el año 1017. Biruni gozó de la estimación tanto del sultán como de su príncipe heredero Mas'ud. Biruni acompañó al sultán a muchas de las expediciones militares que éste hizo a la India. Fue mediante estas expediciones cómo entró el Islam en la India y se difundió allí la lengua y cultura persas. Biruni supo aprovechar la situación que el destino le brindaba y aprendió sánscrito y se empapó del saber indio sin prejuicios religiosos de ninguna clase juntándose con los gurus, sacerdotes y filósofos indios. Hay que tener en cuenta la extremada rareza que supone aprender sánscrito para un musulmán, y más de la Edad Media, de hecho era muy extraño ver a un musulmán árabe que por ejemplo supiera persa. Había persas y turcos que sabían árabe porque era la lengua del Corán y además porque era lingua franca de los musulmanes, pero era extraño encontrar un árabe que supiera persa o turco, por esta regla de tres, podemos deducir que encontrar un musulmán que se pusiese, como lo hizo Biruni, a aprender un idioma lejano que nada tenía que ver con el Islam era algo imposible. Sello conmemorativo del milenario del nacimiento de Biruni. Biruni fue una de las personalidades enciclopédicas de la época, era versado en matemáticas, astronomía-astrología, historia, física, filosofía, y farmacia. Más que original o innovador en sus planteamientos se puede decir que era un minucioso observador que seguía un método muy similar a lo que hoy llamamos el método científico o experimental (observación, medida, comparación). Intentó medir por ejemplo la velocidad de la luz, y, aunque no lo consiguió, sí pudo afirmar que "es inmensa si la comparamos a la del sonido". Escribió más de 100 obras sobre diferente temática, sobre todo científica. El terreno científico en el que más destacó fue el de las matemáticas entre cuyas aportaciones cabe destacar la regla de tres, las ecuaciones algebraicas y los números irracionales, amén de aportaciones en el terreno de la geometría, de la que se valió en gran parte de los conocimientos indios. Adquiría la ingente información no sólo de las obras que leía sino también a través de las conversaciones y debates que mantenía con diferentes personas (sabios, ulemas, maestros...) así, por ejemplo, la información de los calendarios de los sogdianos y de los zoroastrianos fue escuchada por Biruni mayormente por boca de los lugareños y zoroastras. Hay que tener presente que en la época de Biruni había aún muchos templos de fuego zoroastrianos en funcionamiento, sobre todo en los pueblos y aldeas, si bien la mayoría de la población era ya musulmana. Entre sus numerosas obras cabe destacar "El Astrolabio", una de las descripciones más precisas de este instrumento, El "Canon de Mas'ud" (Qanun al-Mas'udi), escrito para el sultán gaznavi Mas'ud, hijo del sultán Mahmud, que trata sobre astronomía en un lenguaje muy sencillo y accesible, donde, curiosamente, Biruni plantea la posibilidad de la rotación terrestre alrededor del sol como explicación plausible del movimiento errante de los planetas; en ella dice que la tierra es redonda; describió la Vía Láctea a la que se refirió con el nombre persa de kahkeshan. El sultán Mas'ud quiso recompensarle por esta obra con un elefante cargado de plata, mas el sabio rehusó diciendo, "esto me impedirá trabajar y bien saben los sabios que la plata se va mientras que la ciencia permanece y jamás cambiaré la sabiduría perenne por la efímera." En humanidades, su obra más conocida es "Tahqiq ma li-l Hind", (Investigación de lo que hay en la India) la primera descripción de este país hecha por un musulmán y redactada de forma muy erudita y sistemática. En ella el autor nos describe las costumbres, las creencias, tradiciones, y supersticiones de los indios valiéndose entre otras cosas, de sus conocimientos de sánscrito. En ella cita Biruni muchas obras concretas en griego y sánscrito por lo que tiene la rigurosidad de un historiador moderno y presta mucha atención al Bhavagad Gita, el célebre capítulo de la epopeya india del Mahabharata. Hay que tener en cuenta que la India era hasta aquel entonces un terreno virgen y desconocido para los musulmanes, por lo que el trabajo de Biruni tenía un doble mérito, dar a conocer la India al mundo islámico y poder meterse de lleno y sin prejuicios en sus ideas y forma de pensar, tan dispar y diferente del Islam. Biruni hizo una investigación rigurosa sobre la India, miraba a los indios como gentes con una cultura y religión diferentes y no como infieles a los que había que convertir o eliminar, en definitiva, era el polo opuesto de Mahmud que sólo pensaba en destruir templos indios y budistas y en declararle la guerra a los indios. Mientras así obraba el sultán, Biruni se hacía amigo de ellos para sacarles información. Biruni decía que todo aquel que quisiera discutir con los indios sobre ciencia, lógica o religión debía primero conocer bien su forma de pensar, sus maneras y su filosofía, y que era por ello que decidió escribir aquella obra. Afirmaba que la había redactado como si fuese un observador imparcial, agregando a la misma todos los matices que fuesen necesarios. Esta obra ha sido y es muy estudiada por los estudiosos occidentales de la India, y aún hoy, cuando ya se han hecho profundas investigaciones, sigue siendo una fuente valiosa de información de la India del año 1000 y una de las fuentes antiguas más dignas de crédito. Biruni nos describe una India brahmánica en pugna continua con los budistas, una India pura poco antes de ser islamizada y de entrar la cultura persa de lleno en ella, y es ésta otra de las razones por las cuales esta obra tiene mucha importancia. Además de este libro también tradujo del sánscrito varias obras de la literatura india. Otra de sus grandes obras fue "Athar al-Baqiya", publicada en 1878 en Londres. En ella habla de las costumbres de los antiguos joresmios y de los persas, del Nowruz o año nuevo persa y de los calendarios. También escribió un pequeño diccionario de joremioárabe dejándonos pues la fuente más importante que hoy en día tenemos para el conocimiento del léxico de esta lengua irania muerta. El profesor Sachau nos dice que de sus escritos se pueden deducir muchas de las ideas y creencias de Biruni, así, por ejemplo, nos dice que era por supuesto musulmán, con tendencias al shiísmo, no era fanático, la verdad tenía para él una posición primordial y la anteponía ante todo, detestaba a los árabes por haber hecho desaparecer la gloria de los Sasánidas y amaba profundamente cualquier cosa o persona que de alguna manera tuviese que ver con lo persa o lo iranio. Biruni ya gozaba de gran fama y reputación durante su vida. Entre sus amigos se contaba nada menos que el gran Avicena, con el que mantenía también debates de gran talla científica. Se dice que Biruni nunca dejaba de estudiar y escribir, y que solamente descansaba en la fiesta de año nuevo (Nowruz) y del equinoccio de otoño (Mehregan). En su haber se cuenta poco más de 100 obras, la mayoría perdidas. Sobre su muerte, hay una historia muy difundida que cuenta que Biruni, en su lecho de muerte, le preguntó a uno de sus amigos presentes sobre un problema matemático del que debatieron hacía tiempo. El amigo le respondió que era un momento muy inoportuno aquel para hacer semejantes cuestiones cuando la vida se estaba acabando, a lo que el sabio persa replicó: "Mejor es morirse sabiendo la solución que morir ignorándola." El amigo accedió a resolver aquella ecuación, tras lo cual murió. Borzuyeh s. VI Borzuyeh fue un médico que vivió en la época sasánida durante el reinado de Josrov Anushiravan, quien reinó entre los años 530 hasta su muerte en 579. De su vida no se sabe mucho y ha sido entretejida con leyendas de todo tipo en la literatura persa de la era islámica. Su padre era militar y su madre pertenecía a una familia sacerdotal, por lo que el niño Borzuyeh pudo tener una educación bastante buena, empezando a estudiar medicina a la edad de 7 años y llegando a ser el mayor médico de Persia en su momento. Borzuyeh además de médico era un sabio típico. Tradujo del sánscrito al pahlavi (persa medio o sasánida) el "Panchatantra", las célebres fábulas del indio Bidpay, junto con otras muchas obras, y trajo a Persia el ajedrez que luego se difundiría por todo el mundo. El "Panchatantra" fue titulado en la traducción como "Calila y Dimna". Ibn Moqaffa', que tradujo la traducción de Borzuyeh al árabe, nos cuenta que Borzuyeh escribió su propia biografía. Una parte de esta biografía fue incluida en el prólogo de la traducción de Ibn Moqaffa, ambas obras se han perdido, tanto la pahlavi como su traducción al árabe, pero se conserva la traducción que se hizo a lenguas romances posteriormente. En el siglo X, Zakaria Razi nos dice que Borzuyeh registró por escrito sus observaciones en una obra que luego fue traducida al árabe. Hallaj 858-922 Huseyn b. Mansur b. Hallaj, nació en Beida, provincia de Fars. Fue uno de los mayores místicos del Islam. Al parecer su padre era escardador de lana y de ahí viene su apellido de "Hallaj". De niño fue a Juzestán con su padre y a la edad de 13 años ya sabía el Corán de memoria. De joven marchó a Basora, luego a Bagdad y a la Meca para cumplir con su deber religioso de la peregrinación. Estuvo luego de ciudad en ciudad hasta que fue apresado por sus ideas religiosas en el año 913, permaneciendo 9 años en prisión. El visir abbasí Hamid b. Abbas lo condenó a recibir mil latigazos. Se cuenta que luego le cortaron las manos y los pies, lo quemaron y luego arrojaron las cenizas al Tigris. También se cuenta que tras su muerte le cortaron la cabeza y la colgaron en uno de los puentes de Bagdad. No obstante, lo más probable fue que fuese crucificado y quemado. No dejó de repetir hasta su muerte el clamor de "ana al-Haqq" que quiere decir "yo soy la Verdad" (o también se puede interpretar como "yo soy Dios"), frase con la que el místico querría referir su unión con Dios, algo totalmente herético para la ortodoxia. Hallaj, fuente de inspiración para la literatura y los iluministas. Fot. de http://www.imagesonline.bl.uk/british library-store A Hallaj se le atribuyen numerosas obras: "Amr al-Sheytan", "Al-Towhid", "Al-Jawhar al-akbar", "Tavasin" publicada en París, etc. Personalidad extraña y polémica, mucho se ha discutido y hablado de este personaje peculiar que ha sido la fuente de inspiración de numerosos poetas, sufíes y místicos a lo largo de mil años. Su muerte es puesta como ejemplo del Martirio por antonomasia y en el sufismo representa el símbolo de la valentía. 'Attar de Neyshabur (siglo XIII) le dedicó un episodio sobrecogedor en su "Tazkarat al-Ulia" (Biografía de los santos). Hay quienes le creen un santo, otros dicen que obraba milagros y otros le creen un mentiroso prestidigitador, un charlatán, o sea, un personaje polémico en toda regla. Algacel justificaba aquellas sus palabras diciendo que eran proferidas impulsadas por la gran intensidad del amor verdadero y su gran éxtasis. Otros, al contrario de Algacel, se basaban en estas mismas palabras de Hallaj para decir de él que era un infiel y que por ello merecía la cárcel en la que estuvo confinado varios años. Mollah Sadra Sadr al-Din Mohammad b. Ibrahim Shirazi, más conocido simplemente como Mollah Sadra, fue uno de los más insignes filósofos del Islam y el mayor teólogo shií del siglo XVII. No se conoce mucho de su vida, que ha sido ensombrecida por su colosal obra. Se sabe que nació en Shiraz aproximadamente en 1574. Su padre era un hombre rico e influyente que se preocupó mucho por darle una buena educación y enseñanza a su hijo. Tras la muerte de su padre, marchó a Isfahán para completar sus conocimientos con Sheij Baha�i. Poco más tarde tuvo como maestro a Mir Damad con quien estudió filosofía y teología. También fue aleccionado en filosofía por Mir Fendereski, pasando pues un tiempo en la ciudad de Qom, donde tuvo que permanecer oculto al parecer por haber sido declarado anatema por algunos ulemas que veían sus opiniones como herejías y demasiado osadas, como por ejemplo la insistencia de Mollah Sadra en la unidad de la existencia (wahdat al-wuŷud) de Ibn Arabi, la aceptación del hecho de amar a la Belleza, su negación de la resurrección corporal, su negación del carácter eterno del infierno, su división del cielo o paraíso en varias partes etc. ideas éstas que no son más que un botón de muestra de las opiniones teosóficas que causaron más de un problema al filósofo de Shiraz. No está muy claro cuántos años permaneció apartado, probablemente se podría hacer una estimación de entre 9 y 11 años, período que supone una importancia vital pues durante el mismo fue cuando sufrió una revolución en su interior y en su pensamiento, se afianzó en él un espíritu místico que tuvo revelaciones, "me fueron desvelados misterios 'decía en su "Asfar arba'e" que no se podían desvelar con argumentos." Tras terminar aquel periodo de reclusión, Shah Abbas II le ordenó regresar a Shiraz donde trabajó como profesor de filosofía en la madrasa de Allah Verdi Jan. Viajó en seis ocasiones a la Meca. Murió en Basora, durante su séptimo viaje de peregrinación en el año 1640. Mollah Sadra escribió más de 40 obras entre las que cabe destacar, "Asfar arba'a" la más conocida de todas y de la que se han hecho múltiples comentarios y exégesis. Según algunos fue escrita en 1616; "Al-mabda wa al-mu'ad" escrita con el mismo estilo que la anterior; "Al-shawahid al-rububiya" que algunos son de la opinión que es su última obra. Mollah Sadra es mayormente conocido en la literatura shií como el desgranador de la filosofía de la luz de Sohravardí, que conocía con profundidad, en detrimento de la filosofía peripatética, a la que atacó con diversos argumentos. Mollah Sadra intentaba hacer cuadrar sus ideas, que en muchas ocasiones rozaba lo que muchos ulemas podrían considerar como herejía, con los hadices del profeta y la sharia o ley islámica, como por ejemplo en su obra "Sharh Usul al-Kafi." La filosofía de Mollah Sadra posee varias dimensiones. Por un lado, sus teorías y aportaciones tienen un matiz sufí e impregnado de la filosofía de la luz de Sohravardí, y, por otro lado, se acerca a la filosofía peripatética. Su filosofía gira alrededor de la unidad de la existencia (wahdat al-wuŷud) y del "movimiento de la esencia". Ello no quiere decir que no haya sido creador de nuevos planteamientos en la filosofía, lo que quiere decir es que estas dos cuestiones juegan un papel primordial en su teoría de la filosofía. Al parecer, Mollah Sadra tomó el planteamiento de la "unidad de la existencia", de la que sufíes y místicos habían hecho su tema principal, de las obras de Ibn Arabi. Ni que decir tiene que el ambiente sociopolítico safaví no era el más adecuado para la difusión o simplemente la exposición de semejantes ideas, que podían causar la ira de los más conservadores y ser declarado apóstata. En su "Asfar arba'a" Mollah Sadra admite la 'unidad de la existencia' y se hace eco a la vez de la "multiplicidad de la existencia" con la perífrasis de "unidad en la multiplicidad y multiplicidad en la unidad" lo que es ilustrado diciendo que si se pone un espejo delante del sol, en una primera mirada veremos muchas luces pero que si miramos con más detenimiento nos percataremos de que la luz es sólo una. El pensamiento de Mollah Sadra, que supone un punto y aparte en la filosofía del Islam shií, tuvo un gran auge tras su muerte creándose lo que se denominó la "Escuela de Isfahán". Nasir al-Din Tusí 1200-1273 Nasir al-Din Ŷa�far b. Hasan Tusí nació en Jahrud (o quizás en Tus, cerca de la actual Mashad), un pueblo cercano a Qom. Estudió con su padre y con su tío materno, de lo cual se desprende que nació en el seno de una familia culta, todo un lujo en aquel tiempo. De joven marchó a Tus y allí completó sus conocimientos con los más afamados sabios de su época, y fue allí donde se hizo célebre, siendo por tanto el motivo que se le conozca por el gentilicio de Tusí. Los ismailíes de Qohestán le atrajeron, y, bajo la protección y mecenazgo del gobernador ismailí Abdul Rahim, Nasir al-Din escribió “Ajlaq-e-Naserí”, una de las obras clásicas de la literatura persa. Más tarde fue a la fortaleza de Alamut donde se puso al servicio de Rokn al-Din Joshshah, el último gobernador ismailí. No obstante, el mecenazgo ismailí no iba a durar mucho pues los mongoles llamaban a las puertas de Persia, y éstos no tardaron en conquistar la fortaleza de Alamut —el cuartel general de los ismailíes— pieza clave para una caída en serie del resto de las fortalezas. Sello conmemorativo de Nasir al-Din Tusi Aquí comienza una nueva etapa en la vida del sabio persa poniéndose al servicio como ministro del conquistador mongol Hulagu bajo cuyos auspicios construyó en 1258 el observatorio de Maraqeh del que hoy no queda más que el recuerdo. En él se elaboraron las célebres "Tablas iljaníes" (Ziŷ-e-iljâni) así denominadas por la dinastía Iljani para la cual servía. Nasir al-Din Tusí escribió numerosas obras de temática diversa; "Tahrir Eqlides" sobre geometría euclidiana; "Tahrir majesti" sobre astronomía ptolemaica; "Sharh-e-esharat-eEbn-e-Sina" sobre filosofía aviceniana; "Asas al-Eqtebas" sobre lógica; "Me'yar alash'ar" sobre métrica; "Zij-e-iljani"; "Usaf al-Ashraf" sobre sufismo; "Ajlaq-e-naseri"; "Tajrid al-kalam ya tajrid al-e'teqad" una apología del shiísmo septimano o ismailí. La contribución a la cultura de la Humanidad de Nasir al-Din Tusí no se circunscribe solamente al hecho de haber redactado una serie de obras de gran valor científico sino también a otro hecho no menos importante como el de salvar una gran cantidad de libros de una quema casi segura. En efecto, en el siglo XIII Persia sufrió las peores devastaciones de su historia a manos de tártaros y mongoles, peores que las que sufriera 15 siglos antes con la conquista de Alejandro Magno. El mismo año que comienza Nasir al-Din a construir su observatorio, cae Bagdad y el califato abbasí, algo que supuso una conmoción en el mundo islámico. La capital abbasí es saqueada y muchos libros destruidos, pero Nasir al-Din salvó muchas obras llevándoselas al observatorio, que enriqueció, y lo mismo hizo con la biblioteca de los ismailíes cuando Alamut cayó en manos de los mongoles. Se calcula que llegó a reunir unos 400.000 libros. Por otra parte, utilizó su gran influencia como ministro para salvar a numerosos sabios que de otra manera hubiesen perecido a hierro de los tártaros. Muhammad ibn Zakaria Razi Mohammad Ibn Zakaria Razi, piedra angular de Avicena y el médico por antonomasia. Su nombre es un gentilicio de la ciudad de Rei (la Rages del libro de Tobías, en el Antiguo Testamento), cuyas ruinas pueden verse hoy al sur de Teherán. Es también conocido en Occidente con el nombre latinizado de Rhazes. Los datos fiables que de su vida tenemos son bastantes escasos. Sabemos que antes de ser médico se dedicó a la alquimia. A este respecto, nos cuenta el polígrafo Abu Reihan Biruni que el joven alquimista se entregó a la alquimia hasta el punto que sus ojos enfermaron y hubo de recurrir a un médico, quien le curó con un tratamiento por el que le cobró la friolera de quinientas monedas del noble metal que Razi tanto buscaba por medios alquímicos. Y dicen que el médico le dijo orgulloso de su ciencia y de los beneficios que le reportaba: "Esto es alquimia y no lo que tú buscas". Según Biruni, este dicho causó una honda impresión a Razi y desde entonces abandonó la búsqueda de la piedra filosofal para dedicarse a la medicina. Se ignora si la historia que nos cuenta Biruni tiene algo de veraz o si no es más que otras de las tantas infundadas que se han tejido alrededor de Razi, que siempre han afectado en mayor o menor medida a los grandes personajes de la historia y que más que aclarar lo que han hecho es enturbiar aún más la biografía de un personaje del que sabemos bien poco. Sea como fuere, lo que sí tenemos claro de su vida es que nació en Rei (al sur de la actual Teherán) allá por el año 865. Vivió hasta su madurez en la misma ciudad y en ella fue donde aprendió filosofía, matemáticas, astronomía, música, y seguramente fue en ese mismo período cuando se interesó por la alquimia. Por último, se dedicó a la medicina a raíz del episodio que nos cuenta Biruni, y sabemos que estudió en Rei y Bagdad. Dicen que el célebre médico Ali ibn Rabbn al-Tabari fue su profesor de medicina, sin embargo, ello no es posible ya que éste fue secretario del secesionista persa Maziar ibn Qaran hasta que le dieron captura y muerte en el año 838. Sabemos que el supuesto maestro de Razi se marchó a Bagdad tras quedarse sin patrón, pero, teniendo en cuenta la diferencia de fechas y añadiéndole a esto el hecho de que tanto Biruni como otros historiadores nos dicen que Razi comenzó en su edad adulta al estudio de la medicina no resulta congruente creer que Ali Rabbn Al-Tabari fuese profesor de Razi a los 90 o 100 años. Sea como fuere, lo cierto es que su fama como médico se difundió siendo él relativamente joven pues el gobernador samani de Rei, Abu Saleh Mansur ibn Ishaq, le nombró director del hospital de la misma ciudad, y poco después, parece ser que en el año 900, se marchó a Bagdad y allí fue durante varios años (no se sabe cuantos exactamente) regente del hospital de la ciudad califal que a él mismo le fue encargada su construcción. Cuentan que para saber cuál era la ubicación ideal en cuanto a higiene hizo colgar unos pedazos de carne en diferentes puntos de Bagdad y construyó el hospital en aquel lugar donde la carne se había podrido menos. Seguramente, al ser el mejor médico de la época, fue muy solicitado en la corte del califa, por gobernadores y pudientes en general, pero se sabe que no estuvo muchos años en Bagdad ya que regresó a su ciudad natal para volver a ejercer como médico el resto de su vida. Debido a la manipulación que había hecho durante su vida de las sustancias químicas, a la vejez se quedó ciego por glaucoma y, poco después, murió, según Biruni, en el año 925, en su ciudad natal. Hasta la aparición de Avicena, Razi es indiscutiblemente el mejor médico que ha visto el mundo islámico, no en vano, se ganó el sobrenombre de Yalinus al-‘arab (el Galeno árabe). Dentro de la medicina, en lo que más destacó fue en sus estudios sobre la viruela y el sarampión. Hizo muchos descubrimientos y observaciones originales en medicina. Por ejemplo, observó que los enfermos que se recuperaban de una enfermedad eran inmunes a la misma un tiempo largo (principio de inmunidad); se interesó más por la prevención que por la curación y afirmaba que una buena higiene y una buena alimentación son las bases de la buena salud, asertos que aunque hoy nos puedan parecer de lo más corrientes no eran tan evidentes en una época en que se desconocían las bacterias. Afirmaba que la atención psíquica del enfermo era primordial, algo que es fundamental en la medicina moderna. Rechazó la idea tan extendida entonces de que se podía diagnosticar una enfermedad tan solo mirando la orina del enfermo. Instruía a sus alumnos en la medicina tanto teórica como práctica, haciendo más hincapié en ésta última y los “licenciaba” después de que aquellos redactaban una tesis sobre un tema concreto y hacían el Juramento de Hipócrates. En lo que se refiere a su forma de pensar, era ante todo un racionalista, incluso en una ciencia como la alquimia que se daba a tantas divagaciones misteriosas y cuyo vocabulario sólo entendían los iniciados. Razi rechazaba de plano las interpretaciones esotéricas que de ella se daba y tenía una clara tendencia a tener una visión racionalista de los fenómenos naturales, y ello se extiende incluso en el plano religioso y filosófico. Razi fue un autor polifacético. Su carrera y pensamiento puede ser inscrito en, por lo menos, dos de los grandes movimientos que prevalecen diacrónicamente o a veces simultáneamente en la medicina islámica. Por un lado, se enmarca como figura tardía en la época de las grandes traducciones. Si bien no es propiamente Razi un traductor, sí comparte un espíritu investigador con los principales traductores del siglo IX, e incluso, su pensamiento participa de la misma aproximación a la filosofía que protagonizan traductores del momento. Por otro lado, Razi es un médico innovador que ejerce su profesión de forma manifiesta y comprometida abriendo así la puerta para que sus discípulos entren correctamente en el ámbito de la aplicación práctica del saber médico. Este compromiso une a Razi con Avicena. Según Biruni el número de sus obras sólo de medicina asciende a 56 entre grandes y pequeñas. La más importante de todas ellas es "Kitab al-Hawi" que fue considerada a partir del siglo X la obra médica más importante del momento. Está dividida en diez libros. El primero es de anatomía; el segundo habla de los humores; el tercero es bastante importante y trata de alimentos y medicamentos; el cuarto y quinto de higiene y cosmética; el sexto del régimen alimenticio durante el viaje; el séptimo de cirugía; el octavo de venenos; el noveno de enfermedades en general y el décimo de fiebres. La obra es definida como un cuerpo de medicina práctica, una condensación de opiniones de todos los médicos anteriores y contemporáneos a Razi. Éste además utiliza su experiencia práctica para comentarlas. Como su redacción es póstuma, su análisis presenta ciertas características. Entre otras, la propia proporción inusitadamente amplia o una línea de exposición un tanto desbaratada que le confieren una identidad un poco paradójica. No fue ésta una obra en la que Razi se sentó a escribir de una manera metódica, sino que fue después de su muerte y por orden del gobernador de Rei, que sus alumnos reunieron los apuntes en los que su maestro había registrado sistemáticamente los cuadros clínicos con los que se había encontrado, con su respectivo tratamiento. Por el volumen de la obra y su índole experimental (en el sentido de recopiladora de experiencias) es donde radica su importancia y también porque en ella se reúnen todas las experiencias personales de Razi con sus pacientes, procedimiento que se da en mucha menor medida en el resto de sus obras. " Kitab al-Hawi" es una obra enciclopédica cuyo manuscrito árabe, que originalmente constaba de treinta tomos, no nos ha llegado íntegro a nuestros días. En árabe se conservan aproximadamente la mitad, aunque, afortunadamente, se conserva la traducción latina de 25 tomos cuyo título, "Liber Continens" (en realidad una buena traducción al latín de su titulo original en árabe, es decir, el Libro que Contiene). Esta traducción data del año 1279 y fue patrocinada por Carlos, rey de Nápoles y Sicilia y fue realizada por un judío llamado Farach Ben Salim, traductor de otras obras médicas. Con este mismo título latino se convirtió pronto en un libro de texto clásico y se reimprimió numerosas veces, sobre todo desde el año 1486 en adelante, hubo incluso una quinta edición en Venecia en el año 1542. Otra de su famosas obras médicas es "Kitab al-Mansuri" o "Tibb al-Mansuri", es un libro que resume brevemente los planteamientos básicos del "Kitab al-Hawi". Fue así titulada porque se la dedicó al gobernador Samaní de Rei, Mansur ibn Ishaq. Si bien es mucho más reducida que al-Hawi, sí fue una obra de considerable valor en su época. "Kitab al-Mansuri" fue redactado en diez partes (yuz') y traducido al latín y publicado en varias ocasiones durante la Edad Media. Esta obra fue traducida al latín bajo el título de "Liber ad Almansorem", que, junto al "Canon" de Avicena fueron puestos como textos en el programa de los universitarios. Además de estas obras de Razi se publicaron varios tratados suyos también en latín, muchos de ellos traducidos por el afamado Gerardo de Cremona, el traductor por antonomasia de las principales obras médicas del momento. La publicación de estas obras fue cuantiosa, sobre todo después de inventarse la imprenta de tipos móviles. Entre ellas citaremos las siguientes: El "Kitab al-Shukuk" (el Libro de las dudas) también hay que clasificarla como una de sus obras importantes. Es una relación de las objeciones que hace Razi a Galeno, y es muy representativa porque en ese tipo de obras se ve cómo no siempre la palabra de los Antiguos eran dogma de fe y que había científicos como Razi que ponían en tela de juicio los veredictos galénicos en cuestiones médicas y denigraba al sacrosanto Aristóteles en cuestiones filosóficas. Otra obra también relevante es "Man la yahzah at-tabib" (Quién no llama al médico), que era más conocida cómo "Tibb al-fuqara" (La Medicina de los pobres) ya que en ella se prescribían tratamientos sencillos que no requerían la asistencia de un médico. "Al-yudari wa-l-hasba"; es una monografía acerca de la viruela y el sarampión. Es una joya de la literatura médica islámica que parece que fue la primera de su género. En ella el autor hace el primer estudio clínico de la viruela distinguiéndola del sarampión. No en vano, fue en estas dos enfermedades donde Razi llegó a tener más autoridad entre los médicos de la Edad Media. Razi propone que la enfermedad surge en los niños porque estos no han evacuado la sangre impura de su madre poco después de nacer, dando así más importancia a cuestiones fisiológicas y alejándose de aspectos relacionados con el contagio y las epidemias. Por otro lado, esta obra fue traducida al latín y se imprimió unas cuarenta veces entre 1498 y 1866, y posteriormente fue traducida a varias lenguas modernas, el inglés entre ellas (1848). Esta obra culminó aún más la fama del autor hasta reconocerse no sólo como uno de los mayores científicos del Islam sino de la Cristiandad. Otras obras médicas de menos relevancia que las arriba citadas fue "Bar' as-Sa'a" donde se prescribían cortos tratamientos; "Al-fajir fi-l-tibb", "Daf' ul-muzar al-aqzia", "AlMadjal al-Sagir", "Al-Fusul fi-l-tibb", también conocida como "Al-murshid". En cuanto a las obras de alquimia que Biruni le atribuye a Razi, citaremos las siguientes: "Al-Madjal at-Ta'limi" "Ilal al-Ma'din"; "Isbat al-Sina'a"; "Kitab al-Hayar"; ":Kitab at-Tadbir"; "Kitab al-Iksir"; "Kitab 'araf al-Sina'a"; "Kitab at-Tartib"; "Kitab alawahid"; "Kitab al-Sirr" y "Kitab Sirr al-Hukama". Como alquimista, cabe destacar su originalidad al decir que no sólo se debería obtener oro de metales innobles como el plomo o el hierro, sino que también, por la misma regla de tres, se debería poder obtener diamantes y rubíes de otros cristales más innobles como el cuarzo. Afirmaba que todas las sustancias eran de origen vegetal animal o mineral. Fue el primero en describir la forma en que se debía elaborar el alcohol y el ácido sulfúrico. A Razi, sabio de espíritu práctico, no le interesaba el aspecto misterioso ni esotérico de la alquimia sino su carácter de ciencia química. Tanto es así que parecía más un químico que un alquimista pues conocía muy bien productos químicos diversos como la glicerina y la sosa, y de las descripciones que nos hace se desprende que poseía un laboratorio muy bien pertrechado. Obviamente, nunca consiguió oro, pero no perdía el tiempo ya que por serendipidad obtenía diversas sustancias químicas de las cuales hacía una minuciosa descripción de sus propiedades, algunas de estas sustancias las utilizó luego en medicina. Razi representa el apogeo de la alquimia islámica. Terminamos con algunas afirmaciones de Razi sobre medicina: 'Quien vive en la vecindad de los mares o lagos de agua corrompida, no se libra de tener delicados los intestinos y la vista. [...] Y que pase por los ojos una varita de oro puro, mojada en agua de rosas mezclada con algo de nardo indio preparado con zumo de agraz, por la mañana y por la noche, después de que el paciente haya bañado sus ojos inclinándose sobre vapor de agua dulce."Si el sabio es capaz de curar sin medicamentos, habrá alcanzado la felicidad." Sohravardí 1155-1191 Shahab al-Din Sohravardí nació en Sohravard, un pueblo cerca de Zanyan. Es llamado también "Sheij al-Ishraq", y "Sheij Maqtul" (sheij asesinado), por haber muerto de esta manera, ejecutado por Saladino. En su juventud estudió con el célebre ulema Fajr al-Din Razí. Luego estudió en Maraqeh, Isfahán y Diyarbakir (actualmente en Turquía) para acabar en Alepo donde fue calurosamente recibido en la corte del príncipe ayubí alMalik al-Zahir, hijo de Saladino. Pero esta cercanía a la corte fue para él fatal. Los alfaquíes y ulemas comenzaron a desacreditarlo y acabaron declarándole infiel y anatema. Fue muerto en 1191, en Alepo, a manos del hijo de Saladino y por orden de éste último. El pensamiento místico de Sohravardi ha dado la vuelta al mundo y se ha expuesto en muchos idiomas Su vida era ascética, se mortificaba y no prestaba atención alguna a los placeres del mundo. A veces vestía harapos, y otras se colocaba una estameña a modo de los sufíes. Iranólogos e islamólogos de la talla de H. Corbin, Ritter y P. Kraus han escrito sobre su vida sin lograr esclarecer los detalles más ambiguos. El sabio persa del siglo XII-XIII Shahrezurí escribió también una biografía, pero sin esclarecer tampoco esos detalles, que deja tras un velo de incertidumbre. Sohravardí realizó una obra monumental en el pensamiento islámico que aún no ha sido suficientemente valorada. Construyó un edificio filosófico que explica en su gran obra "Hikmat al-Ishraq" (La filosofía de las luces) construido sobre los cimientos de las antiguas creencias zoroastrianas de Persia. En efecto, esta es la interpretación que da el sabio francés Henry Corbin quien afirma que Sohravardí era un peripatético que luego se dio cuenta de las pruebas que le presentaba Dios, para edificar su doctrina de la luz en base a las antiguas creencias de su nación. La luz, a la que él llamaba "jorreh" (el khwarnah del Avesta), era la aureola divina que cubría a los reyes sasánidas. A pesar de la herejía que aquellas ideas iluministas podrían suponer para las mentalidades de la época, y que de hecho chocaron a los emires ayubíes, no pretendía Sohravardí crear una doctrina que fuese antiislámica o que violase los preceptos del Islam, lo que con ella quería era encuadrar las antiguas creencias dentro del molde de las enseñanzas musulmanas, hacerlas compatibles, en un intento de sacralizar las antiguas doctrinas de la luz. Afirmaba que Salman al-Farsi (Salman el Persa), el primer persa que se convirtió al Islam, era el vínculo de unión entre el mazdeísmo y el Islam. El Sohravardí peripatético que basa sus argumentos en la lógica y la razón humanas pasa a ser el Sohravardí ishraqí o iluminista que cree que a través de la iluminación, del ishraq, se puede llegar al conocimiento del mundo más que a través de la vía argumental. Mas ello no quiere decir que él rechace la vía argumentativa aristotélica, sino que la integra como una de las etapas que se debe atravesar antes de ser "'iluminado". El mismo Sohravardí nos dice en el prólogo de su "Hikmat al-Ishraq" que su obra no está escrita para aquellos que buscan pruebas argumentales. Se desprende y se distingue así Sohravardí de los filósofos que le precedieron dirigiendo su filosofía hacia unos nuevos derroteros sufíes. Sohravardí afirma que todas las almas, antes de unirse al cuerpo terrenal, moraban en cuerpos angélicos y que, una vez, se unían al cuerpo terrenal, el alma o su núcleo principal se dividía en dos, una mitad se quedaba en el cielo y la otra en el cuerpo, y que era ésa la razón por la cual todas las almas se encuentran tristes y que recuperan la alegría y la felicidad cuando se unen con su mitad celestial. Su angeología, que forma el núcleo de su filosofía, tiene una atracción particular. El conocimiento del Mundo Celestial, las diferentes etapas o grados existentes entre este mundo de sombras y la Luz Sublime son temas tocados en su angeología. Aquí, el ángel es guardián del mundo y también una herramienta y medio de la sapiencia divina a la vez que es algo a lo que el ser humano quiere llegar durante toda su vida terrena. Es curioso cómo ya en esta parte, Sohravardí, además de utilizar terminología coránica para referirse a los ángeles emplea también términos mazdeos del Irán antiguo. Esto no le trajo más que problemas en su vida personal pues como se ha dicho, los ulemas y alfaquíes pensaron que en realidad él era un filósofo o sacerdote zoroastriano o que estaba inclinado hacia el mazdeísmo. Pero bajo el punto de vista de Sohravardí, y esto era algo que dejaba muy en claro, la luz y las tinieblas no son la luz y las tinieblas de los zoroastrianos, "jamás hay que pensar decía que cuando utilizamos los términos luz y tinieblas son los mismos de los infieles magos o los ateos maniqueos." Por otro lado Sohravardí afirma que el número de ángeles supera la cifra que podamos contar; que al principio de la larga cadena de rangos se encuentra los ángeles que están junto a Dios, siendo el superior Bahman o Nur al-A'azam (la Gran Luminaria), usando pues Bahman, uno de los amesha spentas o arcángeles de la angeología zoroastriana. El punto de vista de la filosofía de la luz, en lo que se refiere a la muerte y a la resurrección, es que tras la muerte el alma tendrá una situación directamente relacionada con la santidad y sabiduría que tuvo o practicó en el mundo terrenal. Según Sohravardi, hay tres tipos de almas, siendo la superior la de los sufíes y santos, que una vez separadas del cuerpo llegan tan alto que traspasan la situación en la que se encuentran los ángeles. A pesar de su corta vida, Sohravardí nos ha dejado un legado de 49 obras, mayormente en árabe, aunque también escribía en persa. Aunque no destacó como poeta, escribió también algo en verso, obviamente, sobre temática filosófico-religiosa. Ni que decir tiene que la obra de Sohravardí ha sido bien recibida y aplaudida por los shiíes, especialmente los persas, de quienes tenemos los mejores comentarios y exégesis desde Shahrezurí (siglo XII-XIII) hasta llegar a la cumbre de las exégesis de Sohravardí con Mollah Sadra, Mir Damad y su discípulo Sadr al-Din Shirazí (siglo XVII). Literatos Ali Shariati 1933-1977 Ali Shariati nació en Mazinan, cerca de Sabzevar. Cursó la escuela primaria en la ciudad de Mashad, capital de Jorasán. Su padre, Mohammad Taqi Shariati hombre culto, religioso y exegeta del Corán, le guió y le instruyó en los primeros pasos del estudio del Islam. A los 18 años de edad empezó a compaginar sus actividades estudiantiles con la de profesor esporádico. En 1957 se casó y fruto de su matrimonio son tres hijas y un hijo. Después de graduarse en literatura persa por la universidad de Mashad en 1960, cursó estudios en Francia y se doctoró en sociología por la Universidad de la Sorbona. A su regreso a Irán fue detenido en la frontera acusado de haber participado en actividades subversivas contra la política del gobierno iraní. Liberado en 1965, comenzó sus actividades docentes en la Universidad de Mashad. En calidad de sociólogo del Islam, comenzó a explicar la problemática de las sociedades musulmanas a la luz de los principios del Islam, asuntos éstos que debatía con sus propios estudiantes. No tardó mucho en ganar popularidad entre los estudiantes universitarios y entre las diferentes clases sociales. Es por esta razón que el régimen de los Pahlavi le cesó de sus actividades y le prohibió que continuase dando clases en la universidad. Tras aquello fue a Teherán donde el doctor Shariati continuó su carrera como brillante orador. Sus lecturas y discursos en el Instituto Ershad de Enseñanza Religiosa de Teherán atrajeron a 6000 estudiantes universitarios durante el verano a los que hay que sumar los varios miles de personas que acudían a escuchar, procedentes de diferentes estratos sociales. De la edición de su primera obra se vendieron 60.000 ejemplares, a pesar de la interferencia de las autoridades gubernamentales. Finalmente, la policía irrumpió en el Instituto donde impartía sus clases, arrestó a multitud de alumnos y seguidores y dio fin a sus actividades. Shariati fue recluido en prisión por segunda vez donde permaneció 18 meses, en las peores condiciones penitenciarias. La opinión pública internacional y las protestas de diversos estamentos obligaron a las autoridades del régimen del sha a liberarlo el 20 de marzo de 1975. Aunque liberado, fue sometido a un estrecho cerco de vigilancia por los agentes de Seguridad, que le impedían mantener contacto con sus estudiantes y por supuesto publicar sus obras. Bajo aquellas condiciones, el doctor Shariati decide emigrar de Irán en 1977. Marchó a Gran Bretaña donde murió tres semanas más tarde por causas aún no aclaradas. A pesar de su corta vida la obra del doctor Shariati es ingente. "Autoedificación revolucionaria", "Abuzar", "Peregrinación", "Shiísmo"', "Shiísmo alaví y shiísmo safaví", "Historia de la civilización", "Kavir", "Islamología", "¿Qué se debe hacer?", "La mujer", "Visión del mundo e ideología", "Ali", "Reconocimiento de la identidad persa-islámica", "El método del conocimiento del Islam", "Fátima es Fátima"... Attar 1145-1221 'Attar de Neyshabur, poeta y uno de los grandes místicos que ha visto nacer Persia. Nació en Neyshabur en 1145. Su seudónimo de 'Attar (vendedor de perfumes y farmacopea) le viene porque su padre se dedicaba a ese oficio y el poeta siguió en su juventud los pasos de su padre. Mas a este joven, que estaba destinado para tareas más importantes, le sobrevino una revolución interna y de su pluma comenzó a manar todos sus pensamientos e inquietudes místicas en forma de versos. Sobre cómo decidió entrar en la senda mística, varias son las versiones que se han contado, todas ellas muy probablemente apócrifas. Una de ellas, muy conocida y contada por el poeta Ŷâmí, dice que en cierta ocasión 'Attar estaba afanado en su farmacia atendiendo a sus clientes. Un derviche entró pidiendo limosna insistentemente y él no le dio nada. "Eh señor, ¿cómo morirás? " le preguntó el derviche. "Igual que tú. " respondió 'Attar. "¿Puedes morir igual que yo? "Y, tras decir esto, se recostó en el suelo, puso su cuenco de limosnas bajo la cabeza y expiró musitando el nombre de Dios. 'Attar quedó tan impresionado que lo abandonó todo. 'Attar se puso a viajar para así visitar a los sheij o pir de su época. Viajó desde la Meca hasta Transoxiana, y durante su periplo conoció a numerosos sabios en "erfân" o mística islámica. 'Attar nunca fue panegirista de nadie, al contrario de muchos poetas célebres. A este respecto él mismo decía: Por siempre el saber será lo único loado en mis versos Y en el centro de mi alma lo único importante será esto Murió en 1221, según se cuenta, asesinado por los mongoles. Su mausoleo puede hoy admirarse en la ciudad de Neyshabur, muy cerca de la tumba de Omar Jayyam. Tumba de ‘Attar en Neyshabur. 'Attar escribió numerosas obras entre las que cabe destacar: "Tazkarat al-Ulia" (Biografía de los santos) una obra escrita en una prosa sencilla y muy extensa donde cuenta la vida de muchos santos del Islam; "Manteq al-Teyr" (El lenguaje de los pájaros) una de las obras cumbres de la literatura mística y sufí a nivel mundial, escrita en verso y en donde el autor expone en forma de fábula alegórica los niveles que tiene que atravesar el místico hasta llegar al conocimiento de sí mismo; "Asrar Nameh" (El libro de los secretos); "Mosibat Nameh" (El libro de la calamidad); "Elohi Nameh" (El libro divino)... Casi toda la obra de 'Attar está escrita en verso. El místico de Neyshabur expresa con pasión y ardor los más elevados conceptos místicos, escogiendo para ello palabras y términos sencillos y exentos de todo aparato superfluo ya que para él es más importante el contenido que la forma. Todos los poetas y escritores persas se refieren a Attar como un grande entre los grandes. Moulavi decía los siguiente sobre él y Sanai Gaznavi: 'Attar era espíritu y Sanai sus dos ojos // nosotros vamos a la zaga de Attar y Sanai'. O este otro verso con el que unas cuantas palabras en forma de alegoría nos dice claramente lo que pensaba de 'Attar un gigante como Moulavi: 'Attar deambuló por la siete ciudades del Amor // y nosotros aun estamos en el rincón de un callejón. Ali Akbar Dehjoda El insigne lexicógrafo y escritor Ali Akbar Dehjoda nació en Teherán alrededor del año 1878. Su padre era un terrateniente de Qazvin que se afincó en la capital. Cuando Dehjoda no tenía más que 10 años de edad su padre murió, y su madre y una persona llamada Mirza Yusef Jan se hicieron cargo del niño. Pero dos años después su tutor también muere y los bienes del padre de Dehjoda pasan a ser heredados por los hijos de Mirza Yusef Jan. Entonces, uno de los antiguos amigos de la familia de su padre y reputado sabio de la época, Sheij Gholam Huseyn Borujerdi, se hace cargo de la educación y de la enseñanza de Dehjoda, a quien se le cede una habitáculo para vivir en la madrasa o seminario de Sheij Hadi, en Teherán. Allí aprendió, entre otras disciplinas, la lengua árabe y teología. Dehjoda siempre decía que todo lo que sabía se lo debía a aquel hombre sabio. Cuando se abrió en Teherán la Escuela de Estudios Políticos, Dehjoda pasó a ser uno de sus primeros alumnos y allí se familiarizó además con las nuevas ciencias y con el francés. Siendo todavía alumno, sus conocimientos de literatura persa eran ya tan extensos que el profesor de esta materia le encargaba las clases en su ausencia. Por otro lado, al estar la casa de Dehjoda junto a la del ayatolá Sheij Hadi Najm Abadi, sacaba partido a esta vecindad del que aprendía como si de un mayor se tratase, a pesar de su juventud. Por esta época empezó a aprender francés. Tras terminar de estudiar en aquella academia llegó a ser funcionario del Ministerio de Asuntos Exteriores. En 1902, cuando contaba con 24 años de edad, el recién nombrado embajador de Persia en los Balcanes se llevó consigo a Dehjoda. Allí permaneció dos años y medio, residiendo en Viena, donde perfeccionó su francés y adquirió nuevos conocimientos. Su regreso a Persia coincidió con las primeras insurrecciones que desembocarían poco después en la denominada Revolución Constitucional. Dehjoda no tardó en ver que el nuevo movimiento constitucionalista encajaba con sus ideas progresistas y liberales y veía en él el único camino de progreso para su país. Una vez hubo regresado a Persia, le dieron un empleo como traductor de francés de un ingeniero belga. Los que conocían a Dehjoda no tardaron en percatarse de su talento escribiendo, algo que se evidenciaba en las cartas administrativas que redactaba. En 1907, con la colaboración de otros intelectuales de la época, edita el periódico Sur-e-Esrafil, que llegó a ser una de las publicaciones periódicas más importantes de la época constitucional. Con la incorporación de Dehjoda a esta publicación comenzaba su militancia política. Sur-e-Esrafil era una publicación semanal y empezó a publicarse 9 meses después de proclamarse la Constitución. Sur-e-Esrafil constituía el arma intelectual más afilada que esgrimían los constitucionalistas, con una tirada de 24.000 ejemplares semanales, nada despreciable para la época. La parte más popular de aquella publicación era la sección de humor, Charand-o-Parand, que escribía el mismo Dehjoda con el seudónimo de Dejó, cuyo estilo no tenía precedentes, tanto en el estilo periodístico como literario, y por ello ha pasado a la historia de la literatura persa. Su estilo cómico y desenfadado hizo que fuera el primer periódico iraní de masas pues lo leía todo el que sabía leer. El pueblo, además de pasar un buen rato leyendo en un lenguaje además de cómico accesible, se enteraba de primera mano de la problemática que estaba viviendo su país en aquellos días tan turbulentos. En la sección de Charand-o-Parand, Dehjoda criticaba y censuraba la política más candente caricaturizándola en sus artículos, a la vez que exaltaba los principios de la Constitución. No en vano, la publicación fue clausurada en cinco ocasiones, sus oficinas fueron saqueadas una vez, y, tres días después de su cierre definitivo fue cuando fue cañoneado el edificio del Parlamento por el sha. Tras este grave acontecimiento, muchos liberales y constitucionalistas, entre los que además de Dehjoda se encontraban Vaez Isfahani, Taqizadeh y otras personalidades del momento, salieron del edificio, y, tras ocultarse en una casa que se hallaba cerca, se dirigieron a la embajada de Gran Bretaña para pedir refugio político, donde permanecieron casi un mes, hasta que Mohammad Ali Shah les sacó con argucias y los envió al exilio. Dehjoda se fue a Estambul, donde al poco se marchó a Francia. En París, uno de sus amigos más allegados era el gran crítico y ensayista Mohammad Qazvini. Después de su estancia en Francia, marchó a Suiza y allí publicó otros tres números de Sur-e-Esrafil con ayuda del literato Abul Hasan Jan Pirnia, números que envió a Persia con muchas dificultades. Después de Suiza se marchó a Estambul en 1910 y allí, en colaboración con otros intelectuales y con la ayuda económica de los iraníes residentes fundó el periódico en lengua persa "Sorush", que tuvo una vida de 15 números. Después de que los combatientes por la Constitución se apoderasen de Teherán y fuese depuesto Mohammad Ali Shah, Dehjoda fue elegido diputado del Parlamento por Teherán y Kermán, por lo que regresó sin demora a Persia a petición de los altos cargos del nuevo gobierno. Entre los años 1914 y 1918 Dehjoda permaneció oculto en una aldea de Chahar Mahal va Bajtiari, y tras terminar la I Guerra Mundial regresó de nuevo a la capital. Sin embargo, abandonó sus actividades políticas y empezó a dedicarse más al estudio de la literatura. Ello no obvió que a la vuelta a Teherán se ocupase de varios cargos públicos políticos, siendo el último de ellos la dirección de la Escuela de Estudios Políticos, cargo del que fue depuesto cuando Reza Jan da su golpe de estado en 1921 y cae la dinastía Qajar. A partir de entonces, dedicará el resto de su fecunda vida al estudio, a la investigación y a la redacción de obras. Murió en 1936 y fue enterrado en Rei al sur de Teherán. Su diccionario La obra más importante de este ilustre personaje fue, sin lugar a dudas, su diccionario enciclopédico. De hecho, todo el mundo asocia en Irán su nombre a su diccionario, ensombreciendo el resto de su personalidad y de su obra. Muchos son los que afirman que el único iraní que ha hecho un servicio similar a la lengua persa ha sido el poeta épico Ferdousi (Siglo X-XI). Este diccionario se ha convertido en la Autoridad por antonomasia en la lengua persa y es usado como referente y como una especie de DRAE en la lengua castellana. En el diccionario, además de las palabras vienen registrados todas las toponimias de Irán y los nombres de las principales personalidades del mundo y de Irán. En la entrada de cada palabra viene primero el significado, su uso pragmático, su pronunciación y numerosos ejemplos en verso y prosa tomados de la literatura. Dehjoda invirtió 50 años de su vida en redactarlo y según él decía, ni un sólo día dejó de escribir las fichas del diccionario, a excepción de cuatro días, dos de ellos por la muerte de su madre y los otros dos porque se encontraba enfermo. En 1935 Dehjoda regaló al Parlamento los millones de fichas que había escrito del diccionario. Éste aprobó una ley para imprimir aquel valiosísimo legado además de fundar una institución a la que se le puso su nombre, que gestionaría aquella ingente labor y continuaría la obra de Dehjoda, institución que todavía existe. Dehjoda pudo completar durante su vida 4.200 páginas. Ahora el diccionario tiene unas 26.000, que se han editado en 50 volúmenes. El Instituto Dehjoda, además de la labor de ir añadiendo y enmendando continuamente el diccionario y de tener el monopolio de su impresión y edición, ha pasado en fecha reciente toda la obra a un solo CD, pasando de esta forma esta extensa obra a la Era de la Informática. Este instituto también imparte cursos de lengua persa a extranjeros. Las 26.000 páginas del Diccionario de Dehkhoda han sido vertidas a un sólo CD. Su otra obra Debido al carácter monumental de su diccionario, el resto de su obra ha quedado en un discreto segundo plano. Después de su diccionario, su obra más importante es "Amsalo-hekam", que es una recopilación en cuatro volúmenes de todos los dichos, máximas y refranes existentes en la lengua persa, que pudo recopilar. En ella podemos también encontrar hadices (tradiciones orales del Profeta), aleyas coránicas y numerosos poemas que se usan en persa a modo de refrán. Por otra parte, Dehjoda también tradujo del francés al persa algunas obras, pero ninguna de ellas ha sido todavía publicada. Tradujo “Grandeza y decadencia de Roma' y "El espíritu de la Ley", ambas de Montesquieu. Dehjoda también escribió un diccionario francés-persa, pero tampoco ha sido editado. También escribió otras obras menores como una biografía de Abu Reihan Biruni y una edición anotada del Diván de Naser Josrov. Ferdousi 932-1025 He consolidado con versos un alto palacio Que no será derribado por lluvias ni tormentas Mucho me he esforzado en estos treinta años Pues he revivido el persa con la lengua persa No moriré pues desde ahora viviré por siempre Pues he diseminado, de la palabra la simiente Con este sencillo verso expresa Abul Qasem Ferdousi el esfuerzo que le supuso escribir su gran obra, el Shahnameh (El Libro de los Reyes), mediante la cual revivió la lengua persa literaria del país. Abul Qasem Ferdousi nació entre los años 932 y 941 en Tus, cerca de la actual Mashad, en el Jorasán. Ferdousi, cuyo nombre es un seudónimo de la palabra persa"ferdous" (paraíso), era de origen noble pues pertenecía a una familia de terratenientes (dehqân) cuyas tierras le aportaba buenos ingresos. De la vida de este poeta es poca cosa lo que se sabe. No obstante, sabemos que casi toda su vida permaneció en su provincia de origen, Jorasán, que en entonces se llamaba Jorasân-eBozorg' (el Gran Jorasán) y abarcaba todo lo que es hoy la actual provincia oriental de Irán, Jorasán y que llegaba en su extremo norte a Samarcanda y Bujara (Uzbekistán actual), parte de Tayikistán y la parte oeste de Afganistán. Así pues, se movió en el interior de su extensa provincia viajando entre Balj, Ghazni y los territorios situados al norte del río Oxus. n la Persia del siglo X, los persas, a pesar de haberse convertido mayoritariamente al Islam, no habían perdido ni su lengua, ni sus costumbres ancestrales llegando a ser pues, un caso de excepción particular por cuanto se islamizaron, pero no se arabizaron. Entre las diferentes capas de la población de aquel entonces la de los "dehqans" era la que más guardaba las antiguas tradiciones orales. Éstos conservaban los antiguos mitos y leyendas persas que se había transmitido mediante la literatura de origen real donde se narraba las historias, hazañas y leyendas de los reyes del pasado. Estos mitos y leyendas también habían llegado a la posteridad del siglo X de generación en generación, siendo los "dehqans" unas de las capas de la población que más fiel recuerdo guardaba de ellos. Ferdousi supo aprovechar esta circunstancia, y saber hacer uso del trabajo de otros poetas que una generación antes que la suya empezaron a escribir obras épicas que, o se perdieron o no fueron finalizadas, como es el caso del poeta zoroastriano Daqiqi. De alguna manera Ferdousi tomaba el relevo de Daqiqi, bardo de la corte samaní, que fue asesinado por un esclavo turco poco después de empezar su obra épica de la cual escribió unos 1000 versos, que Ferdousi incorporó en su Shahnameh. Al desconocerse su vida, muchas son las hipótesis surgidas para justificar el inicio de un trabajo tan laborioso como poner en verso los antiguos mitos del pasado. Se ha llegado a decir que lo hizo para conseguir una dote para su única hija cuando la obra fuese presentada a los reyes samaníes, algo incongruente si tenemos en cuenta que Ferdousi era terrateniente y no necesitaba de ese dinero, además de los años que iba a tardar en componerla. Sea como fuere, el trabajo en el que se vio imbuido era de tal magnitud que descuidó sus quehaceres como terrateniente y finalmente se vio obligado a vender muchas de sus tierras. Ferdousi tuvo muy mala suerte. Cuando el Shahnameh, estuvo terminado allá por el año 1010, la dinastía Samaní había sido derrocada por la Gaznaví, una dinastía ésta que nada tenía que ver ni en origen ni en lengua con la anterior. En efecto, la samaní era una dinastía de raigambre persa, orgullosa de su pasado sasánida, de su lengua y cultura persas, en definitiva, de su "iranidad", defensora de lo persa y mecenas de una pléyade de sabios y poetas que devolvieron a Persia sus antiguas dotes literarias y su puesto en la escena de la historia; Ferdousi comenzó su larga obra en este propicio ambiente. Mas los Gaznavíes eran todo lo contrario; turcos de Asia Central, de habla y cultura turca, y, cuando Ferdousi apareció en la corte del gran sultán Mahmud de Ghazni, no fue bien recibido. En efecto, el Shahnameh es una épica persa, y como tal se alaba a los reyes persas del pasado, y, su héroe persa Rostam (algo parecido a lo que puede ser el Cid Campeador) es ejemplo de caballerosidad, heroicidad y valor. Se cuenta que el sultán Mahmud de Ghazni, ofendido por el carácter épico de la obra en la que él no se podía ver reflejado debido a su humilde origen y distinta procedencia, en la que para más colmo, los turanios (turcos de Asia Central) quedaban en mal lugar en la obra, le comentó a Ferdousi que "como Rostam, tengo mil en mi ejército". Sea de ello como fuere, las fuentes, que son muchas y contradictorias, también relatan que el sultán le prometió a Ferdousi un dinar (moneda de oro) por cada verso, que, al ser 60.000 quedaría retribuido con creces aquella labor de 30 años. Mas cuando llegó la hora de pagar, el sultán gaznaví le dio un dirham (moneda de plata) por cada verso, y, ofendido, salió del palacio y se cuenta que en un acto de desprecio por parte del poeta de Tus, dio todo el dinero a un vendedor ambulante. Ferdousi no se conformó con ello y le dedicó al sultán unos versos burlescos en los que se hacía alusión a su origen humilde (era descendiente de un cocinero de la corte samaní), he aquí una muestra: Chon andar tabarash bozorgi nabud nayarast name bozorgan shonud (Como no había grandeza en su linaje No soportó oír el nombre de los grandes) Otra historia, que hace referencia a la diferencia confesional entre Ferdousi y el sultán Mahmud, relata que Ferdousi era apoyado por el ministro de Mahmud, Ahmad ibn Hassan Meymandi. Los enemigos de Meymandi propagaron rumores en los que se “acusaba” a Ferdousi de ser shií, algo que era cierto. Mahmud, musulmán sunní, corrobora la acusación hecha por los enemigos de su ministro que añaden también que un "herético shií" no debe cobrar más de 20.000 dirhams. El relato sigue contando que Ferdousi le dio el dinero a un vendedor ambulante que vendía cerveza en la puerta de un baño público (hammam). Se cuenta que Ferdousi, temeroso de la reacción del sultán al enterarse de los versos satíricos, emprendió la huida y se dirigió a Herat, para partir unos meses después hacia Tus y de allí a Mazandarán. En ésta última provincia fue donde encontró a un mecenas para su obra en el rey local de la región, Shariyar, alguien idóneo pues era persa y de abolengo persa. Aunque este rey, cuando leyó las sátiras que el poeta de Tus le había dedicado a Mahmud, temeroso de ser atacado y borrado del mapa como hizo con los Samaníes, le instó a Ferdousi que suprimiera aquellos versos. En fin, hay otra historia que cuenta que el sultán Mahmud, arrepentido por su comportamiento con Ferdousi, ordenó que se le pagase la suma prometida al poeta, pero cuando los agentes del rey llegaron a Tus estaban sacándolo de su casa en un ataúd para ser enterrado; ya era demasiado tarde. Se desconoce la fecha exacta en la que murió Ferdousi, aunque se calcula que fue entre los años 1020 y 1025. El Libro de los Reyes o Shahnâmeh Como ya hemos mencionado, el Shahnâmeh es la epopeya nacional de Persia y una de las obras clásicas de la literatura mundial. El Libro de los Reyes nos narra el pasado glorioso del Irán antiguo haciendo especial hincapié en la historia de los Sasánidas y perdiéndose en el pasado llegando a confundirse los reyes legendarios con los Aqueménidas Para escribirla, Ferdousi se basó en numerosas fuentes como son por ejemplo los Jodainâmeh ("Libros de los señores", que los árabes denominaban "Seyr al-muluk") y las tradiciones y mitos orales. En este sentido, Ferdousi no fue original a la hora de ocurrírsele aquella idea ya que otros antes que él ya la habían empezado. Así, por ejemplo, Abu Mansur Abdul Razzâq, gobernador de Tus, escribió a principios del siglo X una épica en prosa que aunque no se ha conservado, sí existía en la época de Ferdousi, el cual se sabe que hizo uso de ella. Por otra parte, está el malogrado Daqiqi que murió cuando ya había escrito unos 1000 versos de su épica, versos que Ferdousi incluyó en su obra citando su procedencia. Manuscrito iluminado del Shâhnâmeh, del siglo XVI. Museo Reza Abbasi Se notaba pues, ya en una época tan temprana como principios del siglo X, que había un ambiente cultural propicio para la redacción y compilación de una epopeya irania, que hasta entonces habían sido de alguna manera proscritas por los árabes que las consideraban poco menos que opuestas al Islam. Una de las características en la que destaca el Shahnameh es su estilo. La lengua usada es persa casi puro, con muy pocos préstamos del árabe. Algo que se puede decir, por un lado, que el poeta persa hizo a propósito, pero, por otra parte también se puede afirmar que aquel era el estilo usado en el período samaní, como lo demuestran la multitud de textos y obras conservadas de la época que podemos leer en un persa genuino poco mezclado con el árabe aún. Otra particularidad es su extensión. En efecto, el Shâhnâmeh, con sus 60.000 versos, es la segunda epopeya más larga de la Humanidad después del Mahabharata de la India. Después del Shahnameh, muchos fueron los que en los siglos siguientes quisieron emular al poeta de Tus. Surgió en la literatura persa una literatura épica, más bien "ferdousiana" por cuanto todos intentaban versificar al estilo de Ferdousi, pero ninguno llegó no sólo a superar el estilo del Shâhnâmeh sino que ni siquiera lo pudo igualar, aunque en estos intentos sí que surgieron poetas épicos de calidad. Además de la lengua persa genuina usada, otro de los factores que diferencian la épica de Ferdousi es la originalidad de su epopeya. Todas las historias del Shâhnâmeh son historias genuinas tomadas de la historia del Irán antiguo, no hay hazañas ni historias prestadas de otras epopeyas de pueblos vecinos como pueda verse en otros casos. El Shâhnâmeh sigue teniendo lectores entre los persas después de mil años, que se siguen enorgulleciendo de su épica. El libro además se sigue recitando como una cantinela en los "zurjâneh" o (casas de la fuerza) "especies de gimnasios tradicionales" al son de un tambor mientras los asistentes hacen gimnasia con movimientos acompasados. Los persas ven esta obra el símbolo de su identidad nacional y muchos son los intelectuales que consideran el Libro de los Reyes, la epopeya más valiosa e importante escrita en la historia de la Humanidad, y un monumento eterno al saber y a la capacidad creativa del ser humano. Tumba cenotafio de Ferdousi junto a las ruinas de Tus, cerca de Mashad. Fot. de www.mpifr-bonn.com Hafez 1325-1389 Jâŷeh Shams al-Din Mohammad Baha al-Din, más conocido simplemente como Hafez, nació en Shiraz en 1325. De su vida no es mucho lo que se sabe, y lo poco que se ha llegado a conocer ha sido a través de las alusiones a la misma en su única obra y a algún que otro relato más o menos cercano a su época. De joven aprendió con afamados maestros como Qovam al-Din Abdullah los conocimientos de su época. Hafez era muy devoto y sabía el Corán de memoria, de ahí el sobrenombre de Hafez (memorizador). Fue panegirista del rey Abu Eshaq Inŷu (de la dinastía Inŷu) y de Shah Shoŷa' (de la dinastía de los Mozaffaríes). Hafez, al contrario que célebre predecesor Sa'dí, no viajó nunca debido al parecer al miedo que le tenía a los mares y caminos. De tal guisa que fue invitado una vez por el sultán Ahmad Jaŷeh de Bagdad para que le visitase en su corte y él se negó a ir, a pesar de lo cerca que se encuentra Bagdad de Shiraz. En otra ocasión, otro rey de la India le invitó a su corte. El poeta de Shiraz emprendió el viaje, pero cuando llegó y vio las aguas embravecidas del golfo Pérsico volvió sobre sus pasos. Hafez murió en 1389 en Shiraz, donde se encuentra su tumba, que es lugar más que de visita, de peregrinación. Tumba de Hafez en Shiraz. Fot. de http://mikulastik.net/ir/ El poeta de Shiraz solamente tiene una obra, el conocido como"Divân-e-Hâfez" (Diván de Hafez). Sin embargo, es considerado por muchos el mayor genio poético que ha visto nacer Persia y su rango literario es como el que pueda tener Homero, Shakespeare, Cervantes etc. Hafez llevó la poesía en lengua persa a su máxima cumbre, y, aunque muchos son los que le han querido imitar, nadie lo ha conseguido ni siquiera con éxito relativo y su poesía permanece ahí, como un reto insuperable que desafía el gran talento poético de los persas. La temática de su Diván es principalmente mística. En sus poemas sufíes la belleza del Amado se esconde tras la descripción de la hermosura femenina, el vino representa el éxtasis del iniciado, la unión o separación de la amada terrenal no es más que esa Unión o Separación del Amado, de Dios, y la taberna es el templo donde se adora a Dios. No obstante, no faltan quienes piensan que las expresiones de Hafez no son para nada alegóricas, que cuando habla de las mujeres se refiere a las mujeres de carne y hueso, que el vino, tema tan tabú entre los musulmanes, es vino de uva de verdad, y que la taberna es esa misma en la que se sirve vino y que nada tiene que ver con la mezquita o cualquier templo religioso. Estas opiniones tan dispares son debidas a la naturaleza y carácter de muchos de los poemas de Hafez. En muchos de sus versos, se ve claramente cómo Hafez se refiere sin lugar a dudas a una amada de carne y hueso, o bien al vino tinto etc., mas en el verso siguiente del mismo poema, cambia de súbito y esa misma amada es ahora el Amado con mayúsculas, y ese vino se convierte, milagrosamente, en el símbolo del éxtasis místico. Hafez usaba de estas artes para criticar también en este mismo Diván a los políticos de la época, cubriendo sus palabras con el disfraz de la ambigüedad, teniendo de esta manera a veces su poesía un carácter social y comprometido. Así, se puede decir que Hafez ha entretejido sus versos de tal manera que todos sus poemas pueden tener el significado que a cada cual le guste, cada una de sus composiciones es como un cubo con varias caras, es como una cábala que tiene su interpretación esotérica y exotérica. En palabras de Jorramshahi, «la poesía de Hafez no es sólo una amalgama de rimas y metros sino una compleja arquitectura de pensamientos». La perfección de sus poemas llega ser de índole matemático y las palabras están tan bien dispuestas y escogidas que no se puede cambiar de lugar y/o suprimir sin que afecte el significado global del poema. Hafez en otras ocasiones se muestra sin ambages criticando abiertamente a aquellos que envidian su talento poético y a aquellos derviches o sufíes que no eran más que parásitos de la sociedad y que enmascaraban de ascetismo su mendicidad. Esta elasticidad de interpretación de sus versos ha hecho que su Diván guste a todo el mundo, religiosos y no religiosos, porque cada uno ve lo que quiere ver. Su Diván, que no falta, junto al Corán, en casa de ningún iraní, es también usado para hacer bibliomancia, como se hacía con la Eneida y con la Biblia, y acierta casi siempre debido precisamente esa libre interpretación. Los persas, abren el Diván al azar mientras susurran entre labios una cancioncilla que dice: Ey hâfez-e-shirâzi Oh Hafez de Shiraz bar man nazar andâzi échame una mirada man tâleb-e-yek râzam to kâshef-e-har fâli estoy buscando un secreto y tú lo adivinas todo qasam be shâje-ye-nabâtat por tu dulce lengua qasam be qorâni ke dar sine dâri por el Corán que has memorizado in fâl-e-marâ bogshâi adivíname este mi augurio Esta costumbre está muy arraigada entre los persas y a lo largo del tiempo ha surgido en Irán varias modalidades de hacer bibliomancia con los versos de Hafez. Una de las más curiosas es aquella en la que se usa un canario adiestrado que con su pico saca un poema de Hafez al azar, práctica usada por muchos mendigos. Haremos mención a continuación de las características de la poesía, que son la mejor muestra para conocer su talento poético y su personalidad. Hafez no era humilde y era consciente de su genialidad: Nadie como Hafez desveló el rostro del pensamiento ni los cabellos de la palabra con la pluma peinar o este otro verso donde deja ver que era envidiado por algunos de sus contemporáneos: Poeta de fútiles versos, ¿por qué envidias a Hafez? que es un don de Dios la buena versificación que seducen los pensamientos En su poesía también se puede ver a un Hafez enemigo de la hipocresía y del fariseísmo. Detestaba el puritanismo, o mejor dicho, a aquellos que se las daban de puritanos sin serlo, él prefería a aquellos que pecaban en público a quienes lo hacían en privado: Mantenme apartado de los hipócritas que de los tesoros del mundo, una gran copa, me basta El cielo y el paraíso es recompensa de las buenas obras a mí, pobre e indiferente, un templo mazdeo, me basta o este otro poema: Por idolatrar al vino he perdido la reputación si bien es mejor que tener al ego idolatrado Con premura nos iremos de esta congregación a la taberna que desoír un sermón fariseo es de cumplimiento obligado ¡Hafez! No beses sino los labios de la copa y el copero que besar las manos de los que venden virtud es un grave pecado aunque beber vino tinto con capa de asceta no está bien no me recrimines, que es mi forma del fariseísmo rehuir Colócame una copa en la mano para así quitarme de encima la estameña de color morado y aunque gano mala reputación según los sensatos yo no quiero ni la fama ni el ser bien nombrado Dame vino, ¿hasta cuando ser jactancioso? mil desprecios sean para el ego fracasado Hafez pensaba que hay muchos caminos para llegar a Dios, rasgo común que caracteriza el pensamiento místico. Dios se encontraba en todas partes y lo mismo podía verlo en una taberna, en un pireo o en una mezquita, o en los tres a la vez: Sobrios y borrachos, todos buscan el amor todas son sus moradas, mezquitas y templos zoroastrianos o este otro: No mires la asamblea sufí, no mires la taberna te digo que Dios es testigo que allá donde Él esté yo le sigo o este otro: La luz divina veo en la taberna de los mazdeos fíjate qué extraño, la luz que veo y dónde la veo No me vendas devoción tú que a La Meca peregrinas que tú ves la Morada y yo veo la Morada Divina Para Hafez Dios es más misericordioso que justiciero, esta es una idea predominante entre los sufíes y los místicos que cuando se refieren a Dios lo nombran como el Bienamado (Ŷânân), el Amigo (Dûst). Hafez confía en que a Dios le sobrará misericordia como para perdonarle los pecados que ha cometido en esta vida repleta de tentaciones, espera de Dios que actúe según su grandeza y su clemencia: En la taberna una voz dijo desde el rincón bebe vino, que los pecados obtienen perdón Que la bondad divina actúe en consecuencia que Sorush nos envíe sus mensajes de Clemencia La Misericordia de Dios es mayor que nuestros pecados silencio, ¿qué sabes tú lo que se halla al otro lado? o este: No temo del Día del Juicio por tener un negro historial que cien historiales Él me perdona con su desbordante piedad También hay en algunos poemas de Hafez similitudes con la poesía de Omar Jayyam, aunque de ninguna manera es un elemento predominante: Levántate y en una copa de oro vino estimulante vierte antes que nuestros cráneos sean receptáculos de muerte Esparce tus gritos de júbilo a este cielo abovedado que es nuestra última parada el Valle de los Callados o este otro verso: busca menos los arcanos, háblame del trovador y del vino que no hubo quien mediante la filosofía los misterios desvelara El poeta de Shiraz compuso las más bellas alegorías místicas en lengua persa, en los versos que compuso de esta guisa podemos ver multitud de alusiones a la estameña o manto sufí (jerqeh), al anciano o guía zoroastriano (pir-e-moghân) a la taberna que él llama jarâbât o meykadê, a la asamblea sufí o Jâneqâh, etcétera. Sin embargo, su misticismo es muy particular y no se asemeja al de ningún poeta o pensador persa anterior a él. En efecto, muchos después de él copiaron sus imágenes y alegorías, pero ningún autor antes de él compuso versos donde el sufí despreciase de alguna manera los propios valores sufíes y cambiase su manto por una copa de vino con el que recuperaba la cordura: Anoche a la taberna fue el asceta solitario blandió una copa y dejó a un lado su rosario El sufí de la orden, ayer rompedor de copas con un trago de vino es de nuevo cuerdo y sabio o este: ¡Hafez!, si el día de tu muerte agarras una copa de la taberna irás directo al cielo cogido de la mano o esta: ¡Eh sufí!, ven que las copas son de cristal transparente para que así puedas ver la nitidez del vino ardiente Pregúntale los misterios del más allá a los ebrios que a ellos no acceden el asceta penitente Hafez es devoto de una copa de vino, ¡oh brisa nocturna!, díselo al insulso sheij, que del vino soy sirviente o este otro: No soy yo un asceta, amigo de arrepentimientos y sermones dirígete a mi con una copa de vino de dulce amargor ¡Hafez!, adorar al vino es una obra pía levántate y sé del vino adorador O estos otros versos donde vemos que cambia su manto por el vino: Los sufíes pudieron recuperar las prendas que por el vino empeñaron pero mi capa en la taberna confiscaron y no la pude desempeñar Una estameña mil pecados me cubría que por mor del vino y del coplista tuve que empeñar como garantía dejando mi zonnâr a la vista “Zonnar” era una prenda que llevaron cristianos, judíos y zoroastrianos para ser distinguidos de los musulmanes. Eran llevadas en períodos de intolerancia por parte del gobernador de turno. Nótese la sutileza de Hafez en este verso y todo el significado que éste encierra. Hafez se quiere ver libre y no vive a la espera de una recompensa divina: El cielo y el paraíso es recompensa de las buenas obras a mí, pobre e indiferente, un templo mazdeo, me basta La amada está conmigo, ¿qué más quiero? la riqueza de la compañía de ese alma gemela, me basta Por tu Munificencia, oh Dios, no me mandes al paraíso que de todo el universo, tan sólo tus arrabales, me bastan Para terminar, exponemos uno de los poemas más místicamente platónicos de Hafez y que puede servir como muestra para ilustrar las ideas del poeta de Shiraz. Es mi cuerpo polvoriento un velo para la faz de mi alma dichoso sea el momento y el día en que ese velo caiga No es esta jaula donde se merece vivir para alguien con este mi canto que al Rezván quiero partir que ave soy de esos campos De mi partida y mi venida el porqué yo no adivino qué dolor qué pena la mía qué ignorante soy de mi destino Cómo podré dar vueltas alrededor del Mundo de la Santidad si mi alma se halla envuelta en este cuerpo material No te debes de extrañar si la sangre de mi corazón desprende olor de pasión pues se apiada de las gacelas de Jotán No te fijes en mi ropa no te fijes en sus brocados que dentro ardo como la estopa y el interior de mi pecho se ha quemado Ven y haz desaparecer ante mi la existencia de Hafez que mientras Tú estés que «yo soy yo» nadie escuchará de mi El maravilloso poeta Hafez es capaz después de 600 años de embriagar a cualquiera con el vino de su palabra. Ha embrujado a lo largo de todos estos siglos, primero a las generaciones de los persas que lo han leído y aprendido sus versos de memoria, y luego a los extranjeros que aprendieron la lengua persa. Si Irán sólo tuviese un poeta y éste fuese Hafez, sólo por él valdría la pena y el esfuerzo de aprender persa. Joaquín Rodríguez Vargas Ibn Moqaffa' 721-757 Abu Mohammad Abdullah ibn Moqaffa', nombre musulmán de Ruzbeh, un zoroastriano convertido al Islam cuyo padre ya trabajaba en la Administración omeya. No se conoce mucho de su vida. Se sabe que estuvo un tiempo al servicio de Davud b. Yusuf, gobernador omeya de Iraq, y cuando fue derrocada esta dinastía, pasó a ser funcionario de administración abbasí al servicio de Isa b. Ali, y luego de Ismail b. Ali. Murió ejecutado acusado de zandiq (apóstata, hereje). Ibn Moqaffa' es muy conocido en la literatura árabe y persa por haber sido el primer traductor del pahlavi (persa medio o sasánida) al árabe. Tradujo muchas obras de las que sólo nos ha llegado el título, como por ejemplo el "Calila y Dimna", que tradujo Borzuyeh del sánscrito al pahlavi en el siglo VI. Esta obra se propagó por Europa siglos más tarde y la primera versión al castellano se redactó en el siglo XIII bajo los auspicios del entonces infante, Alfonso X el Sabio; "Jodai Nameh" libro de los reyes o señores, que tradujo al árabe como "Seir al-muluk"; escribió "Al-adab al-kabir"; "Al-Adab alSaqir", donde Ibn Muqaffa' da una nueva dimensión a la palabra árabe "adab" (literatura, maneras, costumbres, ética) más ampliada; "Mazdak Nameh" (Libro de Mazdak). Se le atribuyen también la traducción del pahlavi al árabe del "Organon" de Aristóteles. Además de traductor fue el creador de una nueva prosa literaria en lengua árabe, algo con mucho mérito si tenemos en cuenta que no era el árabe su lengua materna Ŷalal Al Ahmad Ŷalal Al Ahmad, uno de los grandes escritores y pensadores iraníes del siglo XX, nació el 22 de noviembre de 1923 en Teherán, en el seno de una familia tradicional y religiosa. Después de terminar sus estudios de literatura persa trabaja como profesor de bachillerato de literatura. En 1944 ingresa en las filas del Tudeh, el partido comunista de Irán, y tres años después se da de baja del mismo. A partir de entonces será detractor del comunismo. Fue en este periodo del Tudeh cuando publica su primera novela "Did-obaz did" (Visión y revisión). Ŷalal Al Ahmad además de escribir novelas también escribía artículos y monografías de temática social que tendrían gran repercusión después en el mundo intelectual, sobre todo en los años 60 y 70. Como articulista también destacó en temáticas como la etnología. También escribió libros de viajes como "Jasi dar miqat" y "Karname-ye-seh saleh" (Informe de tres años). Además tradujo al persa numerosas obras extranjeras. Quizás la faceta mejor conocida de Ŷalal Al Ahmad sea su estilo al escribir. Su prosa, comprimida, permisiva y a la vez nerviosa y litigante es una de sus facetas más conocidas por el público iraní. Ŷalal Al Ahmad murió el 8 de septiembre de 1969. Ŷalal Al Ahmad es uno de los escritores iraníes contemporáneos que, inspirado por autores de la talla de Sadeq Hedayat y Sadeq Chubak, fue también artífice de la nueva prosa persa del siglo XX utilizada por los novelistas. En palabras de Abdul Ali Dastgheyb, llegó a tal nivel que su prosa es colocada a la altura de la de Sadeq Hedayat y los escritos clásicos persas. No obstante, su estilo se encuentra justo en el polo opuesto del de Hedayat, es decir, al contrario que este, que analiza el fuero interno de los personajes y es una prosa intimista, la de Ŷalal Al Ahmad es un estilo al que se puede calificar de extrovertido, que ya se puede divisar en otros autores contemporáneos pero que en Ŷalal Al Ahmad podemos ver su culminación. Es por ello que el papel del estilo de Ŷalal Al Ahmad en la novela iraní es el más palpable después del de Sadeq Hedayat. Ŷalal Al Ahmad acercó en todo lo posible su estilo al habla cotidiana hasta tal punto que en muchos de sus relatos o ensayos, el lector parece que está escuchando a alguien que le habla informal y coloquialmente. Entre sus novelas esto es más evidente en "Modir-e-madreseh", (El director de escuela), para muchos, el mejor de sus relatos, en el que el autor narra las experiencias del director de una escuela, y utiliza para su relato palabras cotidianas y un lenguaje desenfadado carente de todo aparato literario pomposo. Así pues, su prosa está cargada de palabras cotidianas, muchas veces vulgares, refranes en boga, indirectas, en definitiva, posee todos los elementos del lenguaje de la calle. Entre los iraníes, Ŷalal Al Ahmad es una de las figuras más destacadas a partir de los años sesenta en el panorama intelectual y cultural del país. Junto a su faceta como literato subyacen, o mejor dicho, conviven otras que giran alrededor de su carácter como ideólogo que trae a colación la problemática social y política del momento. Otro pensador contemporáneo suyo, Reza Barahani, considera su prosa mejor aún que la de Sadeq Hedayat e incluso va más allá pues afirma que es la mejor prosa persa del siglo XX. Otros, como el profesor Nadushan, son de la opinión que Ŷalal Al Ahmad más que escritor era un polemicista. Su esposa, Simin Daneshvar, también una de las grandes escritoras del Irán actual, ha adjetivado su estilo al escribir como prosa telegráfica, sensible, precisa, ruda, íntima, purificadora... El célebre crítico y novelista Mir Sadeqi afirma que su forma de escribir era nerviosa, breve, recortada y a la vez elocuente. A pesar de la disparidad de adjetivos utilizados a la hora de describir su prosa, sin embargo, todos los críticos están de acuerdo en un punto y es que Ŷalal Al Ahmad tiene un estilo propio al escribir, una impronta particular que lo distingue del resto, y su estilo abierto y sin tapujos ha hecho que su fama haya aumentado aún más en la generación actual de Irán. En palabras de profesor Nadushan, durante los 25 años de sus andaduras literarias Ŷalal Al Ahmad ha sido un escritor político y contestatario. Ideológicamente hablando, era una persona inquieta e inestable. Pasa del materialismo y del comunismo más exacerbado y critica duramente el Islam, para luego renegar del primero y refugiarse en el segundo y proclamar que la religión de Mohammad es la única vía de liberación. Es obvio que todos estos cambios de ideología se reflejaban en sus obras. "Si se exprimen sus relatos sale el jugo de sus teorías políticas, sociales y religiosas." (Mir Sadeqi). Todos los escritos de Ŷalal Al Ahmad, desde los artículos hasta las obras, sean largas o cortas, tienen como objetivo poner en evidencia alguna tara social, criticar algún aspecto de la sociedad o de la política imperantes en el país o en el mundo. Es este un factor que le ha marcado pues Ŷalal Al Ahmad anteponía el contenido a la forma y en todas sus obras y artículos él siempre conserva un mismo tono: el de la protesta y la denuncia. Todas ellas crean en sus obras un ambiente cargado de ira y rebeldía que como no podía ser de otra manera ha dejado su impronta en su estilo. Como hemos dicho, todos los cambios de ideología son palpables en su obra. El lector avispado pronto se percata a través de la lectura de éstas de que Ŷalal Al Ahmad está buscando algo, de que no deja de experimentar y probar. Lo más evidente y palpable y que se nota en una primera lectura es el uso de la primera persona, yo'. Es por ello que en todas sus obras las ideas del autor son expresadas mediante el uso del yo, o del narrador del relato y ello hace que los personajes no tengan rasgos y carácter individuales y todos ellos reflejen su pensamiento, desde el analfabeto hasta el culto o el intelectual, todos ellos tienen una misma visión de las cosas; la visión del propio autor. El interior de estos personajes no se exterioriza nunca y esto hace de Ŷalal Al Ahmad un escritor extrovertido que además no tiene ganas de hacer una descripción ni de los sentimientos de sus personajes, ni de sus interioridades psíquicas. Así, por ejemplo, el director de la escuela en "Modir-e-madreseh" "no tiene pasado personal, ni vida familiar, ni aficiones, ni intereses, ni ilusiones." (Mir Sadeqi). Quizá sea debido al objetivo de Ŷalal Al Ahmad, la crítica social, el motivo por el cual él no se puede entretener en hacer descripciones de las psiquis de los héroes y villanos de sus relatos. Sea de ello como fuere, la prosa y el estilo de Ŷalal Al Ahmad es un salto sin precedentes cualitativo y cuantitativo en la prosa en lengua persa. En fin, a pesar de que Ŷalal Al Ahmad ha bebido de las fuentes literarias del intimista e introvertido Sadeq Hedayat, su estilo es completamente su polo opuesto. Ŷalal Al Ahmad era de la opinión de que en una sociedad atrasada e inmadura se debe gritar con más violencia, más rápido y sin tapujos. Entre sus obras cabe destacar la aludida "Modir-e-madreseh", "Sar gozasht-e-kanduha" (La aventura de los panales) donde las abejas son una metáfora del pueblo y la miel del petróleo, "Gharbzadegi" (Occidentalitis) que, como se puede deducir de su título, se trata una amarga y dura crítica a la occidentalización del país, "Dar jedmat va jianat-eroushanfekran" (Sobre el servicio y la traición de los intelectuales) más dura y crítica que la anterior, "Nun va al-qalam", "Jasi dar miqat" (Una brizna de paja en la peregrinación) es su libro de viajes a la peregrinación a la Meca, "Zan-e-ziadi" (Mujer de más) y "Panŷ dastan" (Cinco relatos). Omar Jayyam 1044-1123 Matemático, astrónomo, médico y poeta. Nacido en Neyshabur, en el siglo XI, en fecha incierta, y muerto muy probablemente en el año 1123. De su juventud, poco es lo que se sabe. Sus contemporáneos lo colocaban al mismo nivel que Avicena en conocimientos de filosofía y una autoridad en astronomía. Le encargaban arduas tareas como la construcción de observatorios, recomposición del calendario y cosas por el estilo, que realizó con gran éxito. Se sabe que viajó a Samarcanda, Balj, Herat, Isfahán y la Meca. Se cuenta que era de fuerte carácter, muy criticado y rechazado por los estrictos ulemas y el pueblo llano debido a su postura frente al hecho religioso, pues dudaba de la Resurrección, del Juicio Final y era de la opinión que había que disfrutar de los placeres de la vida. Fitzgerald (1809-1883). Fue el primero en traducir los Robaiyat a una lengua occidental. Fot.de www.todayinliterature.com No es menester hablar mucho de Omar Jayyam pues de él ha corrido ríos de tinta en Occidente, y sus versos nihilistas, los Robayyat, han sido traducidos a muchas lenguas europeas. Curiosamente, en Persia, siempre ha sido conocido más como astrónomo y matemático, y los persas siempre dicen que es el "poeta persa de los occidentales". Ello no quiere decir ni mucho menos que en Irán no sea apreciado su genio literario, lo que ocurre es que su versos nihilistas han causado a lo largo de muchos siglos cierta repulsa en una sociedad de por sí religiosa. Sea de ello como fuere, hay algunos eruditos persas (y occidentales) que han querido ver en los versos de Omar Jayyam una obra mística y que todas esas alusiones al vino, a la buena vida y las mujeres no son más que simbología o alegoría sufí, como de hecho ya existen en otras obras de reconocida naturaleza mística. Es cuestión de opiniones. Sea cierto o no, la verdad es que la fama como poeta persa subió desde que el británico Fitzgerald hiciese la primera versión inglesa de sus versos a finales del siglo XIX, que fueron de un éxito rotundo, saltando la fama de Jayyam allende las fronteras de Persia. El carácter incrédulo de los Robayyat ha hecho que éste haya sido muy falseado ya que después, a todo aquel que en Persia se le ocurría un verso algo herético, se lo atribuía a Jayyam para no verse comprometido. Los especialistas han intentado dilucidar con más o menos éxito qué versos eran realmente del astrónomo de Neyshabur, pero en la mayoría de los casos, esto ha supuesto una tarea imposible. La obra casi íntegra de Omar Jayyam es de índole científico, a excepción de su "Robayyat" y un libro llamado el "Nowruz Nameh" (que trata sobre el origen de la fiesta persa del año nuevo). Omar Jayyam murió en Neyshabur más o menos en el año 1123. Su tumba se encuentra en dicha ciudad, cerca de la de ‘Attar. Mausoleo de Omar Jayyam en su ciudad natal, Neysahbur, a diez minutos caminando de la del místico ‘Attar. Fot. de www.aprcwsis05ir Mahmud Doulatabadi Mahmud Doulatabadi es uno de los escritores vivos más importantes de Irán. Nació en Sabzevar en 1940. Su más tierna infancia, pues, la pasó durante la II Guerra Mundial en la que Irán se vio implicada, además de ocupada por los Aliados. El resultado de todo esto fueron varias hambrunas y períodos de pobreza y escasez entre la población de los que no se libró el escritor. En su juventud Mahmud Doulatabadi ejerce varios oficios, todos ellos humildes. Trabaja en la tierra, de pastor, de recadero de un zapatero, en un taller ayudando a su hermano y a su padre, de ayudante de barbero... el mundo de todos los oficios que ejerció en su juventud se reflejará luego en su obra. Más tarde marchará a Mashad para poco después irse a Teherán donde trabajará como tipógrafo, acomodador de cine, reclamador de obras de teatro, delegado de un periódico... A su llegada a la capital comenzó viviendo en la indigencia teniendo que pernoctar en las calles o allí donde podía. En el Teherán de los años sesenta en cuando Mahmud Doulatabadi conoce el teatro, que estudia durante un año. Se convierte en el primero de la clase. Trabaja como actor en varias obras teatrales tras lo cual sube de escalón y pasa a formar parte de la directiva de programación, cuya permanencia es breve pues al joven Mahmud Doulatabadi no le agrada y se marcha a formar parte del Grupo de Arte Nacional, con lo que comienza una etapa de su vida muy fructífera. Trabaja como actor de teatro de numerosas obras durante la década de los sesenta. En 1974 es invitado por un director teatral a interpretar el papel principal en una obra de M. Gorki, "En las profundidades." Esta es su última obra de teatro ya que después es detenido por la policía y encarcelado. Desde 1961 hasta 1974 Mahmud Doulatabadi alternaba el teatro con su labor de escritor. Durante su encarcelamiento deja de escribir. En 1962 publica su primera obra, "Tah-e-shab" (El fondo de la noche). En 1968 publica una recopilación de relatos a la que tituló "Layeh haye biabani" (Los sustratos del desierto). "Safar"(El viaje), su primera novela extensa. "Avsane-ye-Baba Sobhan" (La historia de Baba Sobhan), trata sobre la humilde vida de una familia de aldeanos, narración muy basada sobre todo en los diálogos de los personajes, escritos en el dialecto particular de Jorasán. "Pashiru", muy diferente de la anterior, "Gavareban". En 1974 publica "Mard" (El hombre), que trata sobre un joven que se va convirtiendo en hombre. Luego publica "Aqil Aqil", "Az jam-e-chanbar", "Didar-e-baluch" que no es una novela sino un relato de un viaje que hizo a Baluchistán. "Ŷa-ye-jali-e-Saluch" (El lugar vacío de Saluch), "Ruz ha-ye-separi shode-ye-mardom-e-saljorde" (Los días pasados de la gente anciana) ambas novelas consideradas como grandes obras por muchos. "Kaleydar", la obra más larga de literatura persa del siglo XX. Está escrita en diez volúmenes (3000 páginas). En esta extensa novela Mahmud Doulatabadi elogia el trabajo, la vida y la naturaleza. La novela gira alrededor de la lucha que mantienen los súbditos contra su gobierno despótico y sus agentes. En ella podemos leer cómo unos funcionarios intentar violan a la mujer de Gol Mohammad, el protagonista, y que éste para defender su honor los mata. Luego es delatado y encarcelado, pero al poco tiempo logra huir. Su familia se rebela contra la autoridad del Gobierno, y el mismo fugitivo también se levanta para apoyar a los desprotegidos y desheredados. El mismo autor revela que no cree que podrá volver a reunir las fuerzas y el coraje suficientes para hacer algo más completo que Kaleydar. Invirtió 15 años de su vida en escribirla y en ella intervienen más de sesenta personajes minuciosamente descritos para poder recrear la vida rural y sus ancestrales costumbres. Esta obra le consagra definitivamente como uno de los escritores iraníes más importes del siglo XX. "Soluk" es una de sus últimas obras y ya se han publicado tres ediciones. En todas las obras de Mahmud Doulatabadi se reflejan la pobreza, la vida del vagabundo, y los problemas que acucian a los campesinos. También en ella se le da un valor especial a los recuerdos que guarda de su padre y una gran devoción por el escritor, Sadeq Hedayat, que se suicidó en 1951. En su obra Mahmud Doulatabadi se muestra esperanzado de la vida, aunque ello no quita que muestre su hastío, derivado de la ruda y dura vida que había llevado en su niñez y primera juventud. Su realismo hace que se ocupe más bien del exterior de los personajes que de su interior, a veces esto lo lleva hasta el extremo de parecer que los personajes de sus narraciones carecen de vida interior. La temática de sus obras gira alrededor de dos ejes; el campo y la ciudad, o según sus palabras"tienen dos vetas, la campestre y la ciudadana". Mahmud Doulatabadi utiliza en sus obras un lenguaje local, de la zona, muchas veces cotidiano, quizás con la intención de otorgarle más realismo y naturalidad a los diálogos y escenas. En algunas ocasiones abusa del uso de estos regionalismos y hay que añadirle a la obra un glosario. Los personajes de sus novelas son casi todos aldeanos que se afanan por ganarse el pan y que son presentados como héroes y personas valientes que saben afrentar la dureza de ganarse el sustento. Son presentados como pobres, no como miserables. Otros escritores antes que Mahmud Doulatabadi ya abarcaron en algunas de sus obras la problemática de la población rural, pero nunca con la extensión y profundidad de Mahmud Doulatabadi. Mehdi Ajavan Sales Mehdi Ajavan Sales, uno de los más importantes poetas contemporáneos, nació en Mashad en 1929. Primero se aficionó a la música pero chocó con la oposición de su padre. Compuso su primer poema a los 17 años. Por estos días un viejo maestro de la Academia Literaria de Mashad le puso el sobrenombre de Omid (esperanza) que ya llevó el resto de su vida. Cursó sus estudios primarios y secundarios en su ciudad natal. En 1947 terminó sus estudios de formación profesional en la rama de herrería, tras lo cual comenzó a trabajar en este oficio. Más tarde se marchó a Teherán donde estudió magisterio y comenzó a ejercer de profesor en las ciudades de alrededor como Varamin y Karim Abad. Estuvo varias veces en la cárcel y en una ocasión fue deportado a Kashán. Se casó en 1950 con su prima, Iran Ajavan Sales. En 1951 publicó "Arganun", su primera recopilación de poemas. Este mismo año es nombrado director de la página literaria de la revista "Los jóvenes demócratas", de corte militante político, cargo que le ayudó a conocer a otros talentos literarios de la época. En 1953, tras el golpe de estado de Mohammad Reza y la caída del doctor Mosaddeq, fue de nuevo encarcelado acusado de participar en actividades políticas. Tras ser liberado en 1957 se puso a trabajar en la radio y poco más tarde en la televisión de Juzestán. En 1974 regresó a Teherán y esta vez ingresó en Radiotelevisión Nacional. En 1977 comenzó a impartir clases de poesía del período samaní y moderno en varias facultades de Teherán, y dos años más tarde, tras la caída de los Pahlavi, trabaja en el Instituto de Publicaciones y Enseñanza de la Revolución Islámica. En 1981 se retiró de todos sus cargos estatales. En 1990 salió por primera y última vez al extranjero, invitado por la Casa Cultural de Alemania para participar en un ciclo de poesía. Durante este viaje, que duró varios meses, visitó Gran Bretaña, Dinamarca, Suecia, Noruega y Francia. En septiembre de este mismo año murió en un hospital de Teherán y fue enterrado en Tus (cerca de Mashad), junto a la tumba de poeta épico Ferdousi. Tumba de Ajavan Sales, junto al mausoleo del poeta épico Ferdousi. Mehdi Ajavan Sales es sin duda uno de los grandes autores de la moderna poesía persa, llamada en Irán poesía nimai por haber sido Nima Yushij su primer exponente. El estilo poético de Mehdi Ajavan Sales, es, la mayor parte de las veces, épico, vinculado a la antigua mitología persa e inspirado en el "Libro de los reyes" de Ferdousi. Desde su primera juventud también escribió versos sobre la situación política del momento en un lenguaje figurado y metafórico, siendo el mejor ejemplo conocido su poema "Zemestán" (Invierno) donde metafóricamente alude a la presión y tiranía de los Pahlavi. Otro poema conocido suyo es "Ajar-e-Shahnameh" (El final del Libro de los Reyes), publicado en 1959, donde el poeta expresa su desesperanza por la situación social. Mehdi Ajavan Sales no solo destacaba como poeta. También ha ejercido como escritor, traductor y crítico, faceta ésta última en la que destacó como uno de los primeros críticos que desgranaron la poesía moderna o nimai. Mohammad Ali Ŷamalzadeh 1895-1997 Ŷamalzadeh, uno de los más grandes escritores iraníes del siglo XX, nació a finales del siglo XIX en Isfahán, según él mismo, el 24 de enero de 1892, aunque la fecha es discutida. Su padre fue el reputado clérigo Vaez Isfahani, célebre en la historia del Irán contemporáneo por su lucha a favor de la Constitución de 1906. Podemos suponer que Ŷamalzadeh pudo tener una educación muy selecta, que fue luego complementada con estudios en extranjero. A los 17 años marcha a Beirut y después de un tiempo se va a París donde estudia Derecho. Después se marcha a Alemania donde permanecerá 15 años. Allí pasa a ser funcionario de la Embajada de Irán en Berlín, se une a un grupo de nacionalistas persas, mientras también escribía artículos para la revista literaria en persa Kaveh y es en esta revista donde publica su primer relato, "Farsi shekar ast" (El persa es azúcar) que luego formará parte de "Yeki bud yeki nabud" (Érase una vez). En 1932 se marcha a Génova, Suiza, y allí comienza a trabajar en la Oficinal Internacional del Trabajo. En 1979, tras el regreso del ayatolá Jomeini regresó a Irán y simpatizó con los cambios del nuevo gobierno islámico. Murió longevo en Suiza con más de cien años. Su primera obra, que fue además su obra maestra, "Yeki bud yeki nabud" fue publicada en 1921 y supone un punto y aparte en la historia de la literatura persa. Por este libro Ŷamalzadeh es considerado el iniciador de la prosa realista persa. Se podría decir que Ŷamalzadeh hizo en prosa lo que Nima Yushij hizo en poesía; remover los cimientos de la prosa y el estilo que los persas llevaban escribiendo durante más de mil años. Como todos los renovadores e innovadores, la publicación de "Yeki bud yeki nabud"levantó ampollas en el mundo literario iraní y el joven Ŷamalzadeh se ganó muchos detractores, algo que al parecer le desanimó bastante pues de hecho tardó mucho en volver a coger la pluma. En palabras del historiador de la literatura persa, Yahya Arianpoor, "El joven escritor se había atrevido por primera vez, en contra de las costumbres y de la tradición, a expresarse en la lengua coloquial, la que se usa en las calles y en los bazares, con su terminología y su fraseología, y describir las situaciones, los ánimos y los personajes tal como son. Sin embargo, los lectores inteligentes y entendidos veían que algo nuevo estaba a punto de ocurrir en la literatura de Irán." Es menester apuntar que Ŷamalzadeh no fue el primero que escribió con este estilo. A finales del siglo XIX y principios del XX nos podemos encontrar con otras obras como "El libro de viajes de Ibhahim Ali Big" de Zin al-Abedin Maraghei o "Charand-oparand"(de Dehjoda), escritas en un estilo coloquial e informal. Pero Ŷamalzadeh perfecciona bastante esta nueva práctica. "Yeki bud yeki nabud" es una colección de relatos cortos donde el autor expone los problemas de la sociedad de entonces, pero lo hace a través de unos relatos de naturaleza jocosa y divertida. La obra sigue teniendo hoy sus lectores pues no ha pasado de moda. El lector se encuentra en esta obra y en las que escribió el resto de su vida, con un narrador que cuenta las escenas en primera persona, como un espectador, de una forma cómica y satírica, como si de un recuerdo se tratase. El resto de sus obras, que nunca llegaron a alcanzar la fama de la primera, en la que el mismo Ŷamalzadeh se inspiró, fueron, "Sargozasht-e-Amu Hoseynali" (La vida del tío Huseyn Ali) (1942), Sar-o-tah-e-yek karbas (La cabeza y el fondo de un saco) (1944), "Talj-o-shirin" (Amargo y dulce) (1955), "Shahkar" (La obra maestra) (1958), "Gueir az Joda hichkas nabud" (No había nadie excepto Dios) (1961) También tradujo al persa obras occidentales como "El avaro", de Moliere, y "Guillermo Tell", de Schiller, y escribió unos 200 artículos. Muchos han criticado a Ŷamalzadeh por haber repetido el mismo fondo y las mismas cuestiones en sus diversos libros, y que éstos sólo sacan a relucir cuestiones del pasado. Quizás esta crítica no sea en vano habida cuenta de que Ŷamalzadeh se marchó muy joven del país y ya no volvió a vivir más en él, excepto un período tras el triunfo de la Revolución Islámica. Es por ello que en ninguna de sus obras se reflejan los problemas de la sociedad moderna de Irán, por lo menos la relacionada con la II Guerra Mundial en adelante. Ŷamalzadeh es considerado en Irán el "padre del relato corto" Rumí Ŷalal al-Din Mohammad Rumí, también conocido por Moulaví o simplemente Rumí (Bizantino, en árabe y persa), es, junto a 'Attar el mayor poeta místico nacido en Persia. Su rango como sufí llegó a tal punto que también es llamado Moulanâ (nuestro señor, en árabe). La imagen más conocida de Moulana. Nació en Balj (actualmente en Afganistán) en 1207. El sobrenombre de Rumí es debido a que pasó la mayor parte de su vida y murió en la ciudad de Konya (en la actual Turquía), pero él siempre se consideró a sí mismo un persa jorasaní. Su padre, Baha alDin Valad, era un gran maestro y orador, respetado por el pueblo incluso por el sultán Mohammad Jarezmshah. Baha al-Din y su familia se marchó de Persia cuando Rumí no era más que un niño. Permanecieron un tiempo en Samarcanda, tras lo cual se dirigieron a la Meca de peregrinación. Se cuenta que durante este viaje, al pasar por Neyshabur, el ya anciano Attar fue a ver a Baha al-Din y le regaló una copia de su "Asrar Nameh" (Libro de los secretos), y que, cuando vio al entonces niño Moulaví dijo: "Dentro de poco este muchacho hará arder a los ardientes del mundo." De regreso de la Meca, pasaron por Siria y acabaron estableciéndose en Asia Menor. Allí se casó Rumí tomando por esposa a Gouhar Jatun, y, cuatro años después, marcharon padre hijo y familia a Konya por expreso deseo del sultán selyúcida de Rum. Cuando el sustituto de su padre murió en el 1240, Rumí lo sustituyó en la cofradía y allí se dedicó a la instrucción, enseñanza y guía de los fieles hasta que cinco años después aparecía en Konya Shams Tabrizi. La vida de Rumí cambió de forma radical tras conocer a este gran y efusivo derviche. Su nombre real era Mohammad b. Ali b. Malekdad y se sabe que murió en 1247. Como su nombre indica, era natural de Tabriz. Llegó a Konya en 1244 y al año siguiente se marchó a Damasco causándole a Rumí un gran trastorno y sumiéndose éste en una melancolía por la partida del amigo. Cuando supo Rumí que Shams Tabrizi se encontraba en Damasco, comenzó a escribirle cartas y poemas y a enviarle mensajes. Poco más tarde, envió Rumí a Damasco a su propio hijo Sultán Valad acompañado de varios amigos, para que lo buscasen y le invitasen a regresar a Konya. Shams Tabrizi aceptó y se presentó en Konya acompañado de Sultán Valad. Pero esta nueva estancia no duró mucho pues se vio enfrentado a los prejuicios de la gente teniendo que salir de la ciudad al año siguiente con destino incierto. Rumí hizo todo lo posible por encontrarlo. Llegó incluso a viajar en dos ocasiones a Damasco, mas su búsqueda fue en vano. La llama y la pasión por la amistad de Shams Tabrizi y la melancolía que por él sentía, le inspiró para escribir una de las más maravillosas y extensas obras místicas de la literatura persa, el "Divan-e-Shams-e-Tabrizi" (el Poemario de Shams Tabrizi), escrito en versos monorrimos (gazal). Shams Tabrizi, al que Rumí tenía como ejemplo de hombre perfecto, le hizo desatender sus ocupaciones en la cofradía sufí, algo a lo que el propio Rumí hace referencia en sus poemas. Escena del Divan de Shams-e-Tabrizi. Fot. de classes.bnf.fr Años más tarde, Rumí compuso el Masnavi, su segundo libro y la obra cumbre de su vida. Rumí murió en 1273. Todos en Konya asistieron a su entierro, grandes y pequeños, musulmanes, cristianos y judíos. Su mausoleo se encuentra en dicha ciudad y su cofradía o tariqa sigue hoy en funcionamiento, se trata de la orden de los Derviches Danzantes que bailan dando vueltas hasta entrar en trance. Moulana es tenido por los literatos y poetas persas y por los orientalistas como uno de los grandes poetas de Persia, tiene un rango especial y cada uno lo elogia desde un punto de vista diferente. Es conocido entre persas y no persas como uno de los místicos más importantes de la Humanidad, poeta de gran talento, filósofo agudo y elogiado por cada una de sus cualidades personales. Su posición en el mundo de la poesía es tan alto que algunos le consideran el mayor poeta del mundo, otros el mayor poeta de Persia, y otros, uno de los 4 ó 5 poetas persas más grandes. Su tumba en Turquía es un centro de peregrinación muy importante y a ella acuden religiosos de todo el mundo islámico. El Masnaví (Dístico), tal como reza su título es una obra escrita en versos pareados. Se trata de su obra cumbre, de tal manera que se le llama también el "Corán en lengua persa". Lo que más llama la atención de ella es su variedad temática y la cantidad de alegorías que utiliza Rumí para expresar su sentir místico. Ello hace que tras el lenguaje sencillo (a veces casi coloquial) del Masnaví, se esconda una multiplicidad de acepciones que dan pie a varias interpretaciones, algo muy característico de las obras sufíes. En el Masnaví nos encontramos con "historia sagrada", aleyas coránicas, tradiciones o dichos del Profeta, todo ello narrado de tal manera que destila misticismo. También podemos encontrar historias de naturaleza obscena, algo que sorprende sobre todo a los occidentales. Algunas de sus historias están tomadas de "Calila y Dimna", y otras de las obras del poeta Nezami de Ganjeh, Attar e incluso de Avicena. La otra obra, el "Divan-e-Shams-e-Tabrizi" (el Poemario de Shams Tabrizi), también llamado "Divan-e-Kabir" (Gran Poemario). Otras obras más pequeñas son Robayyat (cuartetas) y "Fihi ma fihi", en prosa. Mausoleo de Rumi en Konya, Turquía. Naser Josrov 1003-1088 Poeta, filósofo, escritor, Naser Josrov es una de las grandes figuras no sólo en la historia de la literatura persa sino del pensamiento religioso islámico. Nació en Qobadian, cerca de Balj (actualmente en Afganistán) cuando la dinastía gaznaví tenía sólo 4 años de edad. Su nacimiento en una familia acomodada y cuyos miembros eran altos funcionarios de la Administración, hizo que muy joven aún se incorporase a trabajar como funcionario al servicio de la Administración gaznaví. Ello no quitó que desde su primera juventud iniciase sus estudios en todas las ramas del saber de aquella época y pronto las dominase con maestría. En cuanto a las ciencias, lo que se estudiaba en aquel entonces era el Almagesto de Ptolomeo, la Geometría de Euclides, medicina, música, aritmética, astronomía y filosofía. Estudió también profundamente retórica y teosofía. Todos estos eran conocimientos que se ven reflejados en su extensa obra y de los cuales incluso Naser Josrov a veces se jacta. De joven se incorporó a trabajar bajo los auspicios del gobernador de Balj, y pronto ascendió en la escala hasta llegar a servir al sultán Mahmud y a su hijo Mas'ud, algo que cuenta él mismo en su Safarnameh (Libro de Viajes). A los 43 años tuvo un sueño revelador que le hizo abandonarlo todo e iniciar su peregrinación a la Meca llevándose consigo a su hermano Abu Sa'id y a un sirviente indio. Este viaje duró siete años y durante el mismo Naser Josrov visitó cuatro veces la Meca. Recorrió casi toda Persia, Armenia, Asia Menor, Alepo, Trípoli, Siria, Palestina, la península Arábiga, Egipto, Qayrawan, Nubia y Sudán. Fue en el Egipto de los Fatimíes donde Naser Josrov permaneció más tiempo, unos tres años. Fue entonces cuando entró al servicio del califa fatimí al-Mustansir y cuando se convirtió al shiísmo septimano o ismailismo, algo que marcaría su vida intelectual y religiosa, y que además le inspiró para la redacción de libros y divanes (poemarios) que serían obras cumbres en la literatura persa en general y del pensamiento septimano en particular. Se inició en esta doctrina y pasó todos los grados hasta llegar al rango de Hojjat, convirtiéndose pues, en uno de los doce hojjats del ismailismo. Debido a que era persa, al-Mustansir le envió a Persia para difundir la doctrina ismailí en Jorasán y conseguir adeptos a la causa fatimí. Así hizo y cuando llegó a Balj tuvo una vida ascética a la vez que se dedicaba a propagar la fe por todo el Gran Jorasán. La predicación de su doctrina y el discutir con los ulemas sunníes no hizo sino causarle problemas de tal manera que finalmente tuvo que huir de Balj. Hay que tener en cuenta que el pueblo de Jorasán sentía una aversión hacia los shiíes en general y a los ismailíes en particular, por lo que cabría pensar que si Naser Josrov pudo salvar, a pesar de todo, la vida, ello era debido al respeto que por él sentía la población debido a su sabiduría. Naser Josrov huyó a Mazandarán donde permaneció un tiempo y luego marchó a Neyshabur. Sin embargo, no pudo soportar mucho tiempo la presión de los sunníes y se marchó al lejano pueblo de Yamkan, en Badajshán (una región montañosa situada entre Afganistán y Tayikistán). Allí estableció el pensador de Balj su cuartel general y reinició su afán de propagar el ismailismo. Si bien no se sabe la fecha exacta en que llegó a Badajshan, sí se puede desprender de algunos de sus poemas que permaneció los últimos 15 años de su vida. Curiosamente allí fue donde tuvo cierto éxito ya que consiguió convertir a bastante gente al shiísmo septimano y todavía hoy, en Badajshan y la zona adyacente como Juqand y Qaratkin siguen existiendo ismailíes. En los poemas que escribió durante su exilio en Badajshan se refleja la pena del poeta por la lejanía de su tierra natal y lo vemos lleno de melancolía. Durante su vejez en aquella región oriental, las cosas empeoraron pues se formó una revuelta contra él; todos lo tenían como su enemigo, desde el califa abbasí hasta el jan turco de Kashgar. Los alfaquíes sunníes, los agentes abbasíes y el común de las gentes veían en él a un renegado, un apóstata, un qármata y un mu’tazilí, y no dejaban de maldecirle en lo alto de los púlpitos. Naser Josrov, que amaba en extremo su tierra natal, Jorasán, deseaba con todas sus fuerzas regresar, pero allí también se le tenía por un renegado por lo que tuvo que morir en Yamkan, donde se encuentra hoy su tumba. Su muerte acaeció allá por el año 1088, aunque hay discrepancias. Obra Naser Josrov escribió tanto en prosa como en verso. Entre sus obras en verso cabe destacar: "Divân-e-Ash'âr" (Poemario) que contiene más de 12.000 casidas además de otros tipos de versos, y cuya temática es filosófica y religiosa-moral. ntre sus obras en prosa la más conocida es el "Safarnameh" (Libro de Viajes) traducido a varias lenguas europeas. En ella el autor narra en un lenguaje muy sencillo todo lo acontecido durante su viaje de siete años. Otra obra importante en prosa es "Zâd alMosâferin" (La provisión de los viajeros), que contiene sentencias de carácter moral, religioso y filosófico. En ella el autor pretende demostrar sus ideas ismailíes y él mismo se jactaba de ellas mencionándolas muy a menudo en sus poemas. "Ŷame' alHekmateyn" (La conjunción de las Dos Sabidurías), traducida al francés por H. Corbin. La obra fue escrita por petición del emir de Badajshan, como el mismo poeta comenta en el prólogo. La obra también es una apología del ismailismo. Naser Josrov escribió otras obras que no se han mencionado en esta breve exposición. Otras muchas son también las que se le atribuyen y además otras muchas son mencionadas por otros escritores, de las cuales no hay ni rastro. Naser Josrov fue un gran poeta y además una de las luminarias del pensamiento shií ismailí. Su estilo, sin ser enrevesado, no deja de ser genial, y éste se asemeja más al del periodo de finales de los Samaníes y principios de los Gaznavíes, es decir, tiene un estilo algo arcaico. Su obra adquiere nuevos matices y una nueva temática tras su conversión al ismailismo y en ella es latente las intenciones proselitistas de Naser Josrov. Este hecho le da a Naser Josrov más mérito si cabe por cuanto él fue capaz de versificar algo tan complejo como lo es la argumentación y la apología religiosa. A este respecto se puede afirmar que Naser Josrov se aleja de los convencionalismos de otros poetas que cantaban al amor, a la naturaleza, es decir, al mundo externo, mientras que el poeta jorasaní escribía y versificaba completamente acerca de una temática, religiosa, lógica, argumental, en definitiva, una temática de naturaleza racional y apologética. Nima Yushij Uno de los poetas más importantes del panorama literario del Irán del siglo XX, principalmente, por haber sido el fundador de la poesía moderna persa, llamada en Irán precisamente poesía "nimai" o simplemente "she'r-e-no" (nueva poesía). Ali Esfandiari, más conocido con su seudónimo de Nima Yushij, nació en la aldea de Yush, en Mazandarán en 1897 en el seno de una familia de noble abolengo. Aprendió a leer y a escribir con el mollah de su aldea. En Teherán completó sus estudios superiores en la Escuela de San Luís. En dicha escuela un profesor le guió en sus primeras andanzas poéticas. Al principio componía versos siguiendo los patrones de la poesía clásica, para poco después seguir su propio camino, completamente innovador y sin precedentes en la poesía persa, pues introdujo la poesía blanca, carente de rima y de metro. Nima era de la opinión que el metro y la rima no forman parte de la esencia de la Poesía, postura ésta que no impedía que Nima fuese un acérrimo defensor de la poesía clásica persa. Nima alternó la composición de poemas modernos con otros al estilo clásico. En 1921 compone "El cuento descolorido" que es publicado en una revista literaria en el susodicho estilo moderno cuya ruptura de moldes le valen las críticas, ataques y burlas de los literatos de la época. No obstante, otros poetas y escritores, la mayoría jóvenes, aplaudieron la iniciativa del poeta de Mazandarán, entre estos se encontraban Mehdi Ajavan Sales y Sohrab Sepehri.En 1922 publica "El cuento" y en 1924 "La familia del soldado". Nima murió en 1958 dejando un rastro en la literatura persa seguido por muchos. Rudakí 858-941 El olor del arroyo Mulian viene a mí bu-ye-ŷu-ye Mulian âyad hami El recuerdo del amigo viene a mí yâd-e-yâr-e-mehrabân âyad hami Los guijarros del Amu Daria y su rigidez rig-e-Amu o doroshtiha-ye-u Se me antoja como seda bajo mis pies zir-e-pâyam parniân âyad hami Oh Bujara regocíjate y vive una larga vida ey bojârâ shâd bâsh o dir zéi Que el emir de tu vida, invitado viene a ti mir-e-zei to mihmân âyad hami [...] Este fragmento forma parte de uno de los panegíricos más bellos de la temprana poesía persa del siglo X. Este verso lo compuso Rudakí para persuadir a Nasr II a que abandonase Herat y regresase a Bujara. Se cuenta que cuando el rey samaní lo escuchó, se emocionó de tal modo que le regaló 10.000 dinares al poeta, se montó en el caballo que más a mano tenía y salió galopando hacia Bujara. Abu Abdullah Ŷa'far b. Mohammad, más conocido como Rudakí, llamado así por haber nacido en Rudak, una aldea cerca de Samarcanda, es el primer gran poeta de la literatura persa. Él es el "Berceo" de la literatura persa y como Homero para los griegos, es el "padre de la poesía persa". Merced a su gran talento poético se mereció ponerse al servicio de la corte samaní como panegirista del rey Nasr II (914-943). Ciego, muy probablemente de nacimiento, su habilidad tocando el laúd al que acompañaba con sus poemas hacía las delicias del serrallo al que podía acceder gracias a su ceguera. Mausoleo de Rudaki en Tayikistán, donde también es poeta nacional. Téngase en cuenta que Irán, Afganistán y Tayikistán comparten lengua y literatura. Se le atribuye la composición de más de 100.000 versos aunque ni siquiera mil han llegado hasta nuestros días. Además también tradujo del árabe las famosas fábulas de origen indio "Calila y Dimna" que luego llegarían a la literatura española y que serían la fuente de inspiración de poetas como Samaniego. Lamentablemente, esta traducción al persa de "Calila y Dimna" también se ha perdido y de ella quedan sólo unos cuantos fragmentos dispersos. También se le atribuye la versificación de un libro llamado "Sandbâd Nâmeh"(El libro de Simbad), que no se ha conservado, y la invención del verso robâ'í (cuarteta) tan conocido en Occidente por ser el usado por Omar Jayyam. Su estilo es sencillo, con pocas palabras árabes, sin que ello merme un ápice de su genialidad. Sus poemas son optimistas y en ellos se canta a la belleza y a la alegría de la vida, además de loar a los emires y reyes samaníes. Sin embargo, al final de su vida el tono de sus poemas cambia radicalmente y se vuelve aciago y triste, se lamenta por la juventud pasada, por la decrepitud y la vejez que se avecina. Sello conmemorativo de Rudaki de 1964. Rudaki tuvo una vida dichosa viviendo en la opulencia de la corte samaní. Sin embargo, de los poemas que se han conservado se desprende que murió en la indigencia y en la penuria, expulsado de la corte del rey al que había servido tantos años. Murió allá por el año 941 en un lugar sin determinar de Jorasán. Sadeq Hedayat 1903-1951 Para muchos, el escritor iraní más importante del siglo XX. Sadeq Hedayat nació en 1903 en Teherán. Su familia pertenecía a la aristocracia y muchos de sus miembros habían sido destacados políticos e intelectuales del siglo XIX. Así, su padre, Hedayat Qoli Jan Hedayat (E�tezad al-Molk) era hijo del político Ŷa�far Qoli Jan Hedayat. También su madre, Azra, era una mujer de alta alcurnia cuyo padre era otro personaje de la política, Hoseyn Qoli Jan (Mojber al-Douleh). Los padres de Sadeq Hedayat eran descendientes ambos de Reza Qoli Jan Hedayat, uno de los literatos más importantes del siglo XIX, que también ejerció algunos cargos públicos. Sadeq Hedayat ingresó en la escuela primaria en 1908. En 1918 comienza sus estudios secundarios en el Instituto Politécnico de Teherán, más conocido como Dar al-Fonun, en su época, símbolo de la modernidad, pero al año siguiente lo abandona para seguir estudiando en la escuela de San Luís, donde conoce la lengua y literatura francesas. En 1925 termina sus estudios secundarios y al año siguiente marcha a Bélgica con una beca. Allí comenzó a estudiar en una universidad pero pronto se fue a París por no adaptarse al clima. En 1928 hizo su primera tentativa de suicidio en un río de París, intento frustrado por unos barqueros que lo rescataron. En 1930 regresa a Irán y comienza a trabajar en el Banco Nacional. Fue en estos días cuando se formó el Grupo de los Cuatro, formado por Bozorg Alavi, Mas'ud Farzad, Moŷtaba Minovi y Sadeq Hedayat. En 1932 se marcha a Isfahán, dimite de su empleo en el banco y comienza a trabajar en la Oficina General de Comercio, empleo del que dimite en 1934 para trabajar en el Ministerio de Asuntos Exteriores. En 1935 es investigado por las Fuerzas del Orden por algunas cosas que escribió en su obra "Vagh vagh sahab" (Guau guau amo). En 1936 viaja a la India donde aprendió pahlavi (persa medio o sasánida) con un sacerdote zoroastriano; esta es su etapa nacionalista. Al año siguiente regresa a Teherán donde vuelve a emplearse de nuevo en el Banco Nacional. Allí sólo trabajaría un año pues en 1938 dimite y comienza trabajar en la Oficina de Música de Irán. Comienza a colaborar con una revista de música y en 1940 consigue un empleo de traductor en la Facultad de Bellas Artes. En 1943 comenzó a colaborar con la revista literaria "Sojan". En 1945 viaja a Tashkent, (Uzbekistán) invitado por la universidad. Por esas fechas también empieza colaborar con la revista literaria "Payam-e-nur" y se le hace el primer homenaje a su persona, en Irán y en la URSS. En 1949 es invitado oficialmente al Congreso Mundial de los Pacifistas, pero no puede asistir por problemas burocráticos. En 1950 va de nuevo a París. El 7 de abril de 1951 se suicida dejando abierta la llave de gas. Se encuentra enterrado en París. Sadeq Hedayat es el verdadero fundador del relato corto en la literatura persa. Estaba muy influido por Poe, Dostoievski, Chejov, y sobre todo por Kafka (que tradujo al persa) aunque él mismo negaba aquella influencia, excepto en sus primeras obras, y decía haber estado influido por el Conde de Gobineau, un diplomático francés que había sido embajador en Teherán a mediados del siglo XIX, escritor de numerosas obras literarias y ensayos. Sadeq Hedayat era un escritor introvertido, crítico de la sociedad tradicional y religiosa de su país, faceta ésta que le ha valido también muchos detractores entre los iraníes. Hedayat huía de sociedad, de la gente, nunca se casó y siempre vivió en la casa de su padre. En realidad su forma de ser se refleja en muchos de los protagonistas de sus relatos, es más, muchos de ellos acaban suicidándose o simplemente muriendo. Sus personajes "están ahogados en su soledad y en su ambiente" (Mir Sadeqi). Hedayat tiende representar muchas de las escenas de sus relatos con imágenes del más allá, oníricas, y ello hace que muchos de sus narraciones sean surrealistas, como por el ejemplo el que da título a la recopilación de relatos cortos "Tres gotas de sangre" que trata de las memorias de un loco que confunde la realidad con la imaginación. Hedayat es nihilista y pesimista y "en el gran juego de la vida en la que el ser humano no es más que un títere en las manos de destino la única vía de escape es el suicidio" (Mir Sadeqi). Hedayat nos habla del vacío y la vanidad de la vida, para él cada día en este mundo es un esfuerzo supremo que tiene que hacer para pasarlo. No obstante, también tiene relatos es los que se refleja la problemática social de la época, de los pobres, de los oprimidos, del régimen corrupto de la época, del ambiente de opresión que se respiraba, en definitiva, tiene algunas obras pertenecientes a la literatura comprometida. Hedayat tiene también una faceta nacionalista en la que se lamentaba de la gloria perdida de la antigua Persia. De hecho, marchó a la India para aprender pahlevi. Esta faceta de exaltación de lo iranio y de las tradiciones persas se refleja en algunos relatos, y además en una introducción que escribió a las cuartetas de Omar Jayyam. Pero fue su obra maestra, "Buf-e-kur"' (El búho ciego) la que le dio fama, primero a nivel nacional y después a nivel internacional por cuanto ha sido traducida a muchos idiomas, entre ellos el español. "El búho ciego", parafraseando al crítico iraní Mir Sadeqi, es una válvula al mundo interior de la persona, cava en otra dimensión de la vida interior y oculta, y el relato transcurre en ambos mundos, el aparente y el onírico. La genialidad de esta obra ha dejado bajo una sombra injusta a las restantes a las que no se le ha prestado la atención suficiente, y desde luego han sido objeto de menos traducciones. Además de El búho ciego, y Las cuartetas de Omar Jayyam por él prologadas, se ha publicado en español "Tres gotas de sangre". Como dijimos, el primer relato que da nombre a la obra trata de un loco que confunde la realidad con su imaginación, en "Vorágine" un hombre celoso sospecha que su mujer le engaña con su mejor amigo, la hija de ambos muere a consecuencia de sus infundadas sospechas, en "Dash Akol" el protagonista prefiere portarse como un hombre y no casarse con la muchacha que le ha confiado el difunto padre de ésta, en "Perdón de Dios" unos peregrinos se confiesan unos a otros sus horribles pecados, y en "El hombre que mató su ego" cuenta la historia de un hombre que pierde la fe. Sus obras más importantes fueron "Zendeh be gur" (Enterrado vivo) (1930), "Seh qatre jun" (Tres gotas de sangre) (1932), "Sayeh roushan" (Claroscuro) (1933), "Alavieh Janum" (La señora Alavieh) (1933), "Vagh vagh sahab" (Guau guau amo) (1933), "Buf- e-kur" (El búho ciego) (1937), "Sag-e-velgard"(El perro vagabundo) (1942), "Tup morvari"(El cañón de perlas) (1947)... Sadeq Hedayat ha sido hasta ahora el único escritor contemporáneo iraní cuya obra ha traspasado las fronteras de Irán. Hedayat nunca se percató del alcance y la importancia de su obra. Se cuentan muchas cosas acerca de su modestia y él no se consideraba a sí mismo un escritor superior a los demás, acerca de lo cual en cierta ocasión hizo un comentario mordaz diciendo, "pobre del país del que yo sea su mejor escritor". Después de 50 años de su muerte, la obra de Sadeq Hedayat sigue teniendo numerosos lectores, tanto en Irán como en el extranjero mediante las traducciones. Sa'dí 1184-1291 Sa'dí nació en Shiraz a finales del siglo XII y murió aproximadamente en el 1291. Algunos afirman que vivió más de cien años. Su vida es poco conocida directamente, pero más o menos bien conocida indirectamente si damos por cierto los datos, al parecer autobiográficos, del Golestán. Se sabe que Sa'dí quedó huérfano de niño. Siendo un joven continuó sus estudios en Bagdad, en una de las madrasas Nezamiyeh, llamadas así por haber sido fundadas por el célebre visir persa selyúcida Nezam al-Molk. Tras terminar sus estudios en Bagdad, Sa'dí no regresó a Persia, quizás por lo caldeado que estaba el ambiente con los mongoles arrasando el país, y llevó a partir de entonces una vida errante que duró unos treinta años, y, si hacemos caso al Golestán, viajó por todo Oriente Medio y Próximo, llegando a Marruecos y Abisinia. Permaneció varios años en Damasco y fue apresado en Trípoli por los Cruzados permaneciendo prisionero un tiempo indeterminado. Fue liberado gracias a un amigo de Alepo que a cambio lo casó con su insoportable hija que repudió poco más tarde. Mausoleo de Sa'dí en Shiraz. Regresó a Shiraz en el 1257 cuando gobernaba la región el atabak Abu Bakr Sa'd ibn Zangi (1226-1269), de ahí su sobrenombre de Sa'dí. Ese mismo año compuso el Bustán, y al año siguiente el Golestán, sus dos obras maestras y dos de las obras cumbres de la literatura persa. Murió en Shiraz en paz allá por el año 1291. Hoy día podemos admirar su mausoleo en su ciudad natal. Al regresar a Shiraz ya a edad relativamente madura fue cuando comenzó a escribir. Redactó el Bustán (El Jardín), completamente escrita en verso y de naturaleza sapiencial, con cuentos con moraleja, y que trata sobre todo de las virtudes que deben poseer los buenos musulmanes (justicia, equidad, satisfacción, fe). En cuanto al Golestán, es la obra cumbre de la literatura sapiencial persa. Escrita en prosa rimada y en un estilo muy semejante a la macama árabe, Sa'dí entremete en sus cuentos máximas en persa de cosecha propia, en árabe, aleyas coránicas, múltiples alusiones al Corán y a las tradiciones proféticas (hadices), todo ello compuesto con una destreza que le ha hecho merecedor entre los persas del sobrenombre de 'Ostâd-e-Soján (Maestro de la Palabra). El estilo del Golestán es relativamente sencillo, si tenemos en cuenta las dificultades propias de un texto que tiene más de siete siglos y está redactado en un estilo similar a la macama, pero a la vez simple y elegante. El Golestán rebosa de buen humor, habla tanto del amor sensual como del divino, es realista hasta incluso mostrarse cínico. Las alegorías, los juegos de palabras, las alusiones a las historias del Corán, a los reyes persas del pasado, se mezcla todo en una amalgama que no deja de sorprender al lector. El Golestán sigue haciendo las delicias de persas y no persas, ya que el extranjero que ha adquirido cierto nivel en este idioma puede saborear una de las obras cumbres de la Humanidad. De hecho, llamó la atención en Europa muy pronto, y, en 1634, se realizó la primera traducción a una lengua europea, el francés. Muy pronto se sucedieron las traducciones al latín 1651, alemán 1654, inglés 1806 y en el siglo XIX a muchas más lenguas europeas (polaco, ruso etc.) y no europeas (árabe, turco, hindi). El Golestán influyó en La Fontaine, además de que grandes personajes de la Ilustración francesa como Diderot y Voltaire se refirieron a la obra de Sa'dí. Sa'dí es uno de los grandes clásicos de la literatura persa y mundial. Sus dos principales obras, el Bustán y el Golestán, son dos libros de obligada lectura para los persas y el alumno de persa, especialmente el Golestán. Sa'dí es en la literatura persa el maestro de la literatura sapiencial y ha sido el creador de un estilo particular muy imitado a lo largo de 700 años allí donde el persa tenía influencia cultural. Muchos de los refranes que podemos oír en Irán tienen su origen en el Bustán o el Golestán. Entre los persas los dichos y sentencias de Sa'dí tienen una autoridad casi sacra y cualquier frase del poeta de Shiraz dicha en un momento oportuno puede llegar a dar a fin a una discusión. Simin Daneshvar Simin Daneshvar, la primera mujer novelista de Irán y una de los rostros más importantes del panorama literario del siglo XX. Nació en 1921, en Shiraz, en el seno de una familia de médicos. Su educación en un colegio de misioneros ingleses hizo que aprendiera perfectamente inglés y además le permitió un amplio conocimiento de la cultura occidental. Estudió en la universidad de Teherán la carrera de lengua y literatura persas. Tras morir su padre en 1941 tuvo que buscarse un trabajo. Se empleó en la radio, donde, mal pagada, escribía artículos que serían radiados, pero gracias a su gran dominio del inglés se podía ganar un dinero extra editando noticias en este idioma. Más tarde, aburrida de la monotonía de ese trabajo empezó a trabajar como columnista y articulista de un periódico local. Al año siguiente de la publicación de su primera obra, en 1949, Simin Daneshvar se doctora en literatura persa. En 1950 se casa con Ŷalal Al Ahmad, el que sería gran crítico mordaz de la sociopolítica iraní. En 1952 marchan con una beca a la universidad californiana de Standford. A su regreso a Irán se le dio un puesto como profesora asociada de arte. Nunca fue nombrada profesora titular debido a la influencia de la SAVAK (la policía secreta del sha). Tras la muerte de su marido en 1969 ella siguió como profesora de arte y luego fue nombrada directora del mismo departamento. En 1979 se jubiló y abandonó su puesto en la universidad. En la actualidad vive en Teherán. Simin Daneshvar de joven Simin Daneshvar publicó su primera recopilación de relatos, "Atash-e-jamush"(Fuego apagado) en 1948. También ha publicado otras recopilaciones que son "Shahri chun behesht" (Una ciudad como el paraíso) (1961), "Be ki salam konam?" (¿A quién voy a saludar?) (1980) y "Az parandeha-ye-mohaŷer bepors" (Pregunta a las aves migratorias). También ha escrito tres novelas, "Suvashun" que ha sido traducida al español con el mismo título, "Ŷazire-ye-sargadani" (La isla del vagar) y "Sareban-esargardan" (El camellero errante). Además tradujo obras occidentales al persa, de autores como Chejov, Shaw, Saroyan etc. En 1981 escribe "Ghorub-e-Ŷalal" (El atardecer de Ŷalal) donde escribe y describe la personalidad de su marido desde la perspectiva que le daba el perfecto conocimiento de éste como su esposa que era. Esta obra es considerada como la mejor fuente para saber las interioridades y la ideología de este crítico e ideólogo del siglo XX. Como mujer, Simin Daneshvar se ocupa en casi todas sus novelas de la problemática femenina y en la mayor parte de sus obras la protagonista es una mujer, algo que obviamente no tiene precedentes en la novelística persa. En sus obras se pueden ver mujeres que, o son de alta alcurnia o son obreras y criadas, son pocas las veces que podemos encontrar mujeres de clase media. Su primera obra, "Atash-e-jamush" no tiene aún la maestría de las que escribirá más tarde. En "Shahri chun behesht" se ocupa de la problemática infantil y de las familias numerosas. En "Be ki salam konam?", el relato que da nombre a la recopilación, trata de las mujeres que a pesar de tener hijos se ven privados de ellos. Aquí, la protagonista es una madre que no puede ver a su hija porque su yerno se lo prohíbe. Este relato corto es considerado por muchos críticos uno de los mejores de esta autora. En un relato corto perteneciente a esta misma recopilación hay uno titulado "Yek sar-o-yek balin": (Una cabeza y una almohada) que también trata de los mismo, aunque aquí es una mujer divorciada que su ex marido y su nueva mujer no le permiten ver a su hijo. Simin Daneshvar se ocupa sobre todo de la problemática familiar e individual y pocas veces de la política. En este aspecto se diferencia notablemente de su marido, ella misma nos dice al respecto: "Siempre he sido Simin Daneshvar. Nunca me he convertido en Simin Al Ahmad. Ni siquiera estoy ni he estado de acuerdo con la forma de pensar de Ŷalal. No estoy de acuerdo con los altibajos y nunca me he ocupado de la política." Esto no es siempre así ya que algunas novelas y relatos cortos de esta autora rozan la política y otros se meten de lleno en ella, aunque ciertamente no es la tónica general. Simin Daneshvar en la actualidad Suvashun, publicada en 1969 merece un epígrafe aparte. Es la obra cumbre de esta novelista y considerada por muchos una obra maestra. Ha sido traducida a más de una docena de idiomas, entre ellas el español, y es una de las obras más leídas y vendidas en Irán. La novela está ambientada en el Irán de la II Guerra Mundial, cuando dicho país está ocupado por las fuerzas de los Aliados. Las milicias que ocupan el país empiezan a comprar los cereales para poder alimentar a sus tropas, cosa que acaba con el acaparamiento del trigo por parte de los ingleses creando compañías comerciales que harán de intermediarias. La historia está narrada por Zari, una sencilla ama de casa cuyo marido (Yusof), uno de los terratenientes de la zona, conoce los objetivos de los ingleses y se niega a colaborar negándose a venderles el grano. Él acaba siendo asesinado, de ahí el título de la novela, Suvashun, un tipo de luto por la muerte de un joven, en recuerdo del héroe mítico persa Siavosh. Sohrab Sepehri 1928-1980 Escritor y pintor contemporáneo. Sohrab Sepehri nació el 6 de octubre de 1929 en Kashán, en el seno de una familia amante de la poesía, la pintura y el arte en general. Su niñez y su juventud la pasó estudiando, cazando y tocando música. Sohrab Sepehri permaneció en su ciudad natal hasta los 15 años de edad. Este período está marcado tanto en su pintura como en su poesía por la naturaleza y las plantas. Su poema "El sonido de las pisadas del agua" está inspirado en la aldea de Chenar, situada a medio camino entre Kashán y Mashad Ardahal. Su célebre poema "Golestaneh" está inspirado en la aldea del mismo nombre cerca de Kashán. Como cuenta su hermana, Paridojt Sepehri, Sohrab, hasta los 14 años de edad vivía en un jardín cuyos árboles eran tan abundantes que contarlos no era una tarea fácil, pero que un año después marchó a vivir a una casa donde no había ni rastro de árboles. Según su hermana, en esta época empezó a leer las obras de escritores y poetas como Lamartine, E. Zola, Goethe, Cheateaubriand y V. Hugo. Un año después se marchó a Teherán donde se matriculó en una academia para profesorado. Después de terminar estos estudios regresó a Kashán donde ocupó su tiempo componiendo poesía y pintando cuadros. Poco después se marcha de nuevo a Teherán para matricularse en la Facultad de Bellas Artes, en la rama de pintura. Al igual que los demás pintores, en pintura Sohrab Sepehri estaba influido por la nueva ola y la pintura moderna, e igualmente se ocupó de la nueva poesía. Publicó su primera obra "La muerte del color" en 1951. Escribió otras obras como "La vida de los sueños", "Oriente de la tristeza"', "El sonido de los pasos del agua", "El viajero", "Todo nada, todo mirada" (traducida al español)... He aquí uno de sus poemas: No está vacía la vida existe en ella la amabilidad hay manzanas hay fe; Sí. Y mientras haya amapolas la vida hay que vivirla Sohrab Sepehri murió de leucemia en 1980. Fue enterrado en la ciudad de Mashad Ardahal. En su lápida escribieron este poema suyo a modo de epitafio: Si venís a visitarme Venid lenta y suavemente no vaya a ser que se quiebre La fina porcelana de mi soledad Ŷâmí 1414-1492 Nur al-Din Abdul Rahman b. Ahmad b. Mohammad Dashti, más conocido simplemente como Ŷâmí (Jami en su transcripción al inglés) debido a la devoción que sentía por el sheij Ahmad Ŷâmí y también por su lugar de nacimiento, Ŷâm, un pequeño pueblo de Jorasán y que actualmente se encuentra dentro de las fronteras de Afganistán. De niño aprendió las ciencias de la época y árabe con su padre. Poco después, aún siendo niño, fue a la escuela en Herat y cuando llegó a la pubertad marchó a Samarcanda, durante el reinado de Shahroj, donde permaneció varios años estudiando con los mejores y más afamados maestros de su tiempo. Ŷâmí regresó a Herat donde estudió filosofía y matemáticas e ingresó en las filas de la cofradía mística de los naqshbandíes, aún hoy en activo, a manos de su propio fundador, Baha al-Din Naqshband. En 1472 Ŷâmí realizó su peregrinación a la Meca. Murió en 1492 en Herat. En lo que se refiere a sus ideas religiosas, las opiniones son encontradas. Hay eruditos que son de la opinión de que era shií y que los poemas donde se alababan a los Califas Ortodoxos eran para encubrirse, lo que entre los shiíes es conocido como ketmân. Por otra parte, hay shiíes que afirman que en realidad era sunní. Hay una tercera opinión que afirma que era un sufí, un místico al cual todas esas controversias le eran indiferentes. Sin embargo, de la mayor parte de sus poemas se desprende que era sunní. Ŷâmí, imagen clásica del poeta con hábito de derviche. Fot. de www.poetryportal.com Entre sus obras caben destacar, "Nafahat al-Ons" que relata las biografías de varios santos sufíes; Baharestán, escrito para su hijo de 10 años, es la mejor imitación del estilo del "Golestán" de Sa'dí realizada hasta ahora; un diván o poemario con más de 8.000 versos; "Haft Owrang" (Siete tronos) más conocido como "Saba'e-ye Ŷâmí" (Los siete de Ŷâmí), un poemario en el que están incluidas, entre otras, los siguientes historias escritas en versos pareados (masnavi) muy conocidas entre los persas: Salaman y Absal (una historia parecida a la de Maŷnun y Leyla), Jerad Name-ye-Eskandar (El libro de la sabiduría de Alejandro), Maŷnun y Leyla, y Yusof y Zuleija. Ŷâmí es uno de los grandes talentos literarios de Persia. Ha sido muy propiamente llamado Jâtam al-Sho'râ (el Último de los Poetas) pues con él se termina la época dorada de la poesía persa, él es el último genio poético del Irán que versifica a la vieja usanza del estilo de Jorasán. A partir de Ŷâmí, la literatura persa entra en una etapa de anquilosamiento y oscuridad que no empezaría a ver de nuevo la luz hasta el siglo XIX. Con la muerte de Ŷâmí en una fecha tan emblemática para los europeos como 1492, Persia entra con los Safavíes, paradójicamente, en la escena de la historia como una superpotencia y a la vez en una decadencia literaria sin precedentes durante su historia islámica. Los poetas a partir de Ŷâmí son en su mayor parte malos imitadores del estilo poético del pasado, comienzan las recopilaciones, el remedar a los antiguos, pues se les tenía a éstos como paradigmas de la perfección. Mausoleo de Yami en Torbat-e-Yam, este de Irán Reyes, políticos y líderes Abu Moslem m. 754 Abu Moslem Jorasani, general y héroe persa que derrocó la dinastía Omeya y ayudó a los Abbasíes a hacerse con el poder. Nació, como su nombre indica, en la provincia de Jorasán, aunque algunos creen que ació en Isfahán y creció en Cufa. Analizando la documentación existente nos hace suponer que aunque era musulmán permanecía aún muy vinculado a sus creencias ancestrales. De todas formas, él era un persa que amaba a su tierra y a sus gentes y no podía seguir tolerando los abusos que estaban cometiendo los árabes en Persia. Abu Moslem fue el primer gran líder persa del período islámico. Su arrojo y valor, unido a su saber hacer en la guerra y en la política, le hizo ser capaz de derrocar una dinastía afianzada como la Omeya y poner en su lugar a los Abbasíes, descendientes de al-Abbas, tío carnal de Mahoma, cuya hegemonía en la mayor parte del mundo islámico se prolongaría hasta la caída de Bagdad a manos del mongol Hulagu en 1258. La vida de este líder se encuentra aún hoy oculta tras un velo y no conocemos muchos hechos y detalles, aunque, paradójicamente prácticamente todos los historiadores musulmanes lo citan. Ibn al-Taqtaqi en su historia "Al-Fajri" dice: "Sobre el linaje de Abu Moslem hay discrepancias, e indagar en ello es en vano ya que no se llegará a ninguna conclusión; unos dicen que era de linaje persa, otros que era árabe y otros que kurdo." Se cuenta también que cuando Abu Moslem se fue haciendo popular, él mismo decía pertenecer a la familia de los Abbasíes, quizás con ello pretendía abrirse camino al califato. Según otra versión, Abu Moslem sería hijo de una concubina de algún miembro de la familia Abbasí. El historiador Ibn Jallikan afirma que era persa e incluso llega a concretar que su padre, Ibrahim, era oriundo de un pueblo cercano a la ciudad de Marv. En cuanto al joven Abu Moslem, también la información que ha llegado hasta nuestros días son más bien suposiciones que hechos, algunos dicen que se dedicaba a confeccionar sillas para caballos, otros que era un mulero y otros afirman que era un esclavo. Al parecer era un "mawali" (esclavo liberto). En fin, sea de ello como fuere, lo cierto que el ambiente de Persia a mediados del siglo VIII estaba bastante caldeado. El pueblo persa se sentía oprimido por los abusos de los diferentes gobernadores omeyas y se respiraba un ambiente de descontento, sobre todo entre la masa del pueblo llano y campesina. Una de las provincias de Persia que más estaban sometidas a los abusos de los agentes omeyas era Jorasán, provincia que si bien no se resistía a ser islamizada, sí mezclaba la nueva fe con las creencias ancestrales de la región. No es de extrañar pues, que cuando Abu Moslem se levantó en rebelión contra los Omeyas, los jorasaníes hiciesen causa común y los omeyas saliesen huyendo del país o bien cayesen víctimas de las revueltas. Por otra parte, estaban los seguidores del imán Ali o shiíes, que consideraban que el califato debía estar en manos de un miembro de la familia del profeta, y, por otro lado, se encontraban los jariŷíes que no estaban ni con los shiíes ni con los omeyas ni con los abbasíes pues consideraban que el poder califal debía poseerlo aquel que fuese más recto y pío entre los musulmanes, independientemente de su raza o de su pertenencia o no a la familia del Profeta. Además, había otros grupos minoritarios, cada uno de los cuales reclamaba su derecho a nombrar un califa en concordancia con sus intereses o sus ideales. En este ambiente apareció Abu Moslem en Jorasán y allí comenzó a propagar la causa abbasí en detrimento de los Omeyas. Los Abbasíes supieron aprovechar la situación de desencanto general que había no sólo en Persia sino también en otras regiones del mundo islámico, como por ejemplo en Iraq, la Península Arábiga e incluso Siria, a pesar de ser ésta última la sede del cuartel general de los Omeyas. Los Abbasíes se presentaban a sí mismos como protectores de todos los musulmanes y proferían promesas, como la de que disminuirían los impuestos y evitarían la discriminación étnica o racial, propaganda ésta que hizo que muchos mawali y no árabes, sobre todo entre los persas, se uniesen a su causa. Los campesinos, las capas pobres de la población e incluso los terratenientes, hartos de los abusos de los Omeyas, escuchaban con agrado cualquier manifiesto que fuese subversivo contra el califato de Damasco. Hubo incluso un tal Jodash que, aprovechando las ideas comunistas de Mazdak, que aún resonaban en Persia, se puso a propagarlas consiguiendo bastantes adeptos en los pueblos y aldeas de Jorasán, pues prometía cosas como la repartición equitativa de las tierras (la tierra para quien la trabaja). Jodash tuvo un trágico final, fue perseguido por los gobernadores de Jorasán y Transoxiana, y tras ser detenido le cortaron la lengua, las manos, lo cegaron y lo asesinaron. Otro defensor de los Abbasíes fue Bakir ibn Mahan que convocó una reunión secreta con partidarios de la causa abbasí. Fue detenido y encarcelado, y en prisión conoció a un joven llamado Abu Moslem, y cuando Bakir ibn Mahan fue liberado le contó a Ibrahim Emam las cualidades de aquel joven, quedando muy interesado en conocerle; en el año 741 ya nos encontramos a Abu Moslem en las filas de Ibrahim Emam quien le ordenó matar "a todo aquel del que sospechara, a aquel cuyas acciones le hiciesen dudar y a aquel que le causara la más mínima preocupación", y que "no dejara a nadie vivo en Jorasán que hablase árabe." Cuando Abu Moslem hubo recibido aquellas órdenes, se puso en marcha hacia Jorasán y se atrincheró en el pueblo de Esfidanŷ uniéndose a él muchos de los lugareños, como los artesanos, terratenientes y campesinos, entre las que habían zoroastrianos, shiíes y sunníes. Más tarde se dirigió a Mahan y allí estableció su cuartel general. Abu Moslem no tardó mucho en verse rodeado por los descontentos, los oprimidos y todos los que se consideraban engañados. El general persa saltó definitivamente a la palestra, declaró, como hoy diríamos, la guerra al orden establecido y cuando los Omeyas se dieron cuenta de lo que ocurría en Jorasán se enfrentaron ya a los hechos consumados. Se cuenta que la adhesión a la causa de Abu Moslem se daba con tal rapidez que en cierta ocasión en un solo día más de 60 aldeas se proclamaron pro-abbasíes. Los Siyah Ŷamegan (los que se visten de negro), así llamados, según Tabari, por la indumentaria negra que llevaban como señal de luto por el martirio del Imán Ali, eran cada día más. Pronto, las poblaciones de ciudades importantes como Herat, Marv, Pushang, Taleghan, Neyshabur, Sarajs y Balj se unieron a Abu Moslem. Abu Moslem ordenó que todos sus seguidores se vistiesen de negro y que portasen estandartes también negros, y, para difundir aquella orden, envió misivas a las distintas provincias, ya focos de revuelta antiomeya. Con esta indumentaria negra mostraban su oposición al régimen omeya cuya indumentaria y estandartes eran verdes. Los Siyah Ŷamegan no tardaron en imponerse a los árabes de Jorasán, tras lo cual aquellos marcharon hacia el Iraq y en Cufa derrotaron al ejército del califa Marwan, éste huyó de Mosul hacia Egipto y allí fue muerto. Cufa fue conquistada, tomada por Abdullah al-Saffah, (el Sanguinario) así llamado porque durante su mandato tuvo que aplacar las revueltas a base de eliminar sin piedad a los subversivos. Los defensores de la causa abbasí marcharon hacia Siria, la sede del califato, la conquistaron y cayó el último bastión de los omeyas, pasando a manos de los abbasíes. Los Omeyas fueron invitados a una cena de "reconciliación" donde fueron todos pasados a cuchillo. Sólo consiguió salvarse uno, Abdul Rahman, que huyó a España y reinstauró la dinastía Omeya. Abu Moslem no participó en aquellas batallas pues permaneció en Jorasán donde alcanzó tal poder que nada ni nadie podía con él rivalizar. En el ejército del general de Jorasán había dos personajes destacados: Jalid ibn Barmak y Qahtaba ibn Habib. El primero sería poco más tarde el primer visir de la "dinastía" barmakí. El segundo había obtenido varias victorias para los Abbasíes derrotando un batallón del ejército omeya en las cercanías de Tus y poco después le entregó a Abu Moslem la ciudad de Neyshabur, tras lo cual fueron conquistadas las ciudades de Gorgán (748) y Nahavand al año siguiente, mientras Abu Moslem se hallaba ocupado en la propagación de la causa abbasí difundiéndola en ciudades de Asia Central y Sistán. En Marv la propaganda abbasí de Abu Moslem provocó la huida del gobernador omeya no presentando esta ciudad impedimento alguno para ser tomada por los Siyah Ŷamegan. En resumen, los Abbasíes tomaron el califato en el año 750. Pronto los persas y no persas se percataron de que sus promesas no estaban siendo cumplidas, que los impuestos no sólo no bajaban sino que además seguían subiendo. Las demandas de los alíes (partidarios del imán Ali) y shiíes no se veían satisfechas. Este hecho no pasó desapercibido por la población, que se sublevó, y en el 752 nos encontramos con la revuelta de los artesanos y mercaderes de Samarcanda, que fue aplastada por Abu Moslem. En el año 754 Abu Moslem era el gobernador abbasí de Jorasán. Los Abbasíes le habían dado aquel cargo porque querían tenerle lejos del centro califal. Al parecer, Abu Moslem era ahora una molestia para el nuevo califato pues les recordaba a la gente las promesas hechas por aquellos. Fue entonces cuando es de suponer que él le escribió una carta al califa en la que le pedía una bajada de los impuestos. Ese mismo año, Abu Moslem viaja a Iraq donde se encontró con el califa al-Mansur, quien, si hacemos caso del relato del autor anónimo de la "Historia de Sistán", asesinó a Abu Moslem. Abu Moslem es recordado en la memoria de los persas como un héroe nacional y de él aún se cuentan muchas historias y leyendas. Allameh Tabatabai 1842-1920 Mirza Seyyed Mohammad, más conocido con el sobrenombre de Allameh Tabatabai (el muy sabio Tabatabai, un título o apelativo muy corriente entre los ulemas shiíes de alto rango) era hijo de Seyyed Sadeq Tabatabai, uno de los clérigos más influyentes de la época de Naser al-Din Shah. Allameh Tabatabai nació en Karbala. A los dos años fue llevado a Hamadán y a los ocho sus padres marcharon a Teherán donde el niño fue educado e instruido bajo la supervisión de su padre. Después de concluir sus estudios primarios en ciencias y literatura árabe comenzó a recibir clases de jurisprudencia islámica y teología de su propio padre y de otros profesores afamados del momento. En 1881 marchó a las ciudades santas de Nayaf y Karbala y allí se afincó y conoció al célebre ayatolá Mirza Shirazi con el que permaneció completando sus estudios. Después de la muerte de su padre se trasladó a la ciudad iraquí de Samarra donde vivió diez años durante los cuales alcanzó el rango clerical de moŷtahed. Por sugerencia de Mirza Shirazi, Allameh Tabatabai regresó a Teherán donde, aunque permaneció al margen de la política, se implicó en la lucha en pro de la libertad y en contra de la tiranía y la opresión, mediante discursos y homilías en los que proponía el establecimiento de un gobierno republicano basado en la legalidad y en la justicia, ideal éste que consideraba como deber religioso su logro. En 1905, después del regreso del sha de su tercera gira por Europa, se unió a Behbahani y manifestó abiertamente su militancia política. Allameh Tabatabai hacía un llamamiento al pueblo para que no se dejara oprimir ni amilanar. Fue entonces cuando ocurrió la fuerte subida del precio del azúcar seguida del sometimiento al bastinado de uno de comerciantes de este producto por orden de Ein al-Douleh, algo que desencadenó la ira de los comerciantes a los que se unieron posteriormente los ulemas en un gesto de solidaridad,. Tabatabai y Behbahani, junto a otros clérigos de alto rango y acompañado por muchos de sus seminaristas, marcharon hacia Shah Abdul Azim (ciudad-santuario situada al sur de Teherán) y se encerraron allí, y cada día se iban uniendo más gente al grupo. Los encerrados exigían la destitución de Ein al-Douleh y la creación de un Juzgado. Mozaffar al-Din Shah quiso dispersar aquel encierro pero no tuvo éxito ninguno. Después de un mes encerrados en el santuario, decidieron salir de Shah Abdul Azim ya que el sha les había prometido que colaboraría para la obtención de sus exigencias. Al llegar a Teherán se la encontraron engalanada y fueron aclamados por las multitudes. Aparentemente, todo había vuelto a la normalidad. Ein al-Douleh había sido destituido, pero surgieron por doquier multitud de anjomans (asambleas) secretas, algunas con objetivos personales del que las creaba y otras con el fin de obtener objetivos más nobles como el ideal de la libertad. Más tarde se produjeron revueltas en la mezquita aljama de Teherán que se saldaron con varios muertos y heridos entre los seminaristas y comerciantes del bazar. Un grupo de ulemas, entre los que se contaba el propio Seyyed Mohammad Tabatabai, se marcharon a Qom y algunos comerciantes se refugiaron en la embajada británica con el permiso de ésta. La marcha de los ulemas a Qom causó una honda preocupación en la Corte. Ein al-Douleh fue depuesto y Azod al-Douleh fue llamado para que compareciese en la capital para encargarle que hiciese regresar a los religiosos. Una vez en Teherán, él y Behbahani participaron activamente en el establecimiento del I Parlamento en 1906. Tras ser bombardeado el edificio del Parlamento en 1909 por el ejército del sha, Allameh Tabatabai fue detenido, abofeteado por los soldados y llevado ante el sha con la ropa destrozada, junto a Behbahani. El sha le ordenó a Tabatabai abandonar la capital, lo cual hizo después de varios meses. Se marchó a Mashad donde fue recibido de una forma inusitada. En aquella ciudad Tabatabai reinició sus actividades políticas formando un comité regional. Rokn al-Douleh, valí de Jorasán, informó de todo esto a la capital desde donde Moshir al-Douleh mandó a Tabatabai una amenaza mediante el telégrafo. Mas el clérigo no se dejó amedrentar por ella y continuó arengando al pueblo para rebelarse contra la opresión. Cuando Mohammad Ali Shah fue expulsado del trono en 1909, Tabatabai regresó a Teherán, no sin antes participar en las celebraciones que se habían hecho en Mashad con ocasión de tal acontecimiento. A comienzos de la I Guerra Mundial, en 1914, los rusos y los ingleses marcharon hacia Persia. Tabatabai abandonó Teherán y se dirigió a Bagdad, que tuvo que también abandonar tras la caída de ésta, dirigiéndose a Estambul y regresando a Teherán en 1916, donde vivió hasta su muerte. Fue enterrado en Hazrat Abdul Azim. Amir Kabir Mirza Mohammad Taqi Jan, más conocido como Amir Kabir (Gran Emir). Es considerado por unanimidad como el mejor político de la Persia del siglo XIX. Hijo del cocinero del visir Mirza Isa Qa'em Maqam I, creció en la casa de este político donde aprendía escuchando detrás de la puerta las lecciones de los maestros particulares de los hijos del visir. De joven fue empleado como secretario por el mismo Qa'em Maqam I y más tarde pasó a formar parte de la secretaría de Qaem Maqam II donde se le tomó en gran consideración, de tal guisa que llegó a ser parte de la comitiva que viajó a Rusia. No es menester consultar fuentes rebuscadas para darse cuenta del talento político de aquel joven. El propio Qaem Maqam II hablaba en su correspondencia sobre él en los términos más elogiosos. Aquella embajada a Rusia era debida al asesinato del embajador ruso en Teherán en 1828, por el cual el gobierno persa quería pedir disculpas al zar, difícil tarea que debía ser desempeñada ante el zar por Amir Kabir, quien se desenvolvió con tal maestría que llamó la atención del mismo emperador ruso y de los cortesanos persas de la comitiva. Durante su viaje a Rusia, Amir Kabir no perdía el tiempo y se iba fijando en las instituciones culturales, militares y sociales. Llegó a la conclusión de que el futuro y el desarrollo de Persia dependía de si ésta poseía universidades y organismos militares y sociales con un orden y una programación establecida. La segunda misión que se le encomendó años más tarde al eficiente Amir Kabir fue la presidencia de la comitiva a Erzerum (en el Imperio Otomano) con el objetivo de dirimir los problemas fronterizos que tenía Persia con dicho imperio. Durante esta misión, que se alargó algo más de dos años, Amir Kabir además de conocer de cerca la problemática política de Oriente y Occidente logró solventar las divergencias fronterizas con grandes beneficios para Persia, como por ejemplo lograr para su país el que la ciudad de Mohammareh (actual Joramshahr) y las grandes extensiones de terreno de la margen izquierda de Shatt al-Arab, que el Imperio Otomano quería para sí. Al morir Mohammad Shah en 1848, el príncipe heredero Naser al-Din Mirza ni siquiera tenía dinero para los gastos del viaje para él y su séquito desde Tabriz a Teherán para ser coronado allí. Amir Kabir pudo conseguir la suma necesaria poniendo su aval y garantía personales, y de esta manera pudo llevar al príncipe heredero a la capital. Mas ocurría que tanto los cortesanos como Mahd-e-'Olia, la madre del nuevo rey, estaban enconados contra Amir Kabir, mientras que Naser al-Din cada día le subía más de categoría y le encomendaba las tareas más comprometidas, hasta que, el joven rey de 16 años le nombró visir y obtuvo el sobrenombre de Amir Kabir por el que es conocido entre los historiadores. No cabe duda alguna, y todos los historiadores están de acuerdo, en que el visirato de Amir Kabir fue, con mucha diferencia, el mejor que hubo durante la época Qayar, sobre todo si lo comparamos con el ministerio ejercido por otros, en especial, con el anterior, Mirza Aghasi, que llevó al país al borde de la bancarrota y con cuyos expolios y robos se ganó la inquina del pueblo, del que tuvo que huir a la muerte de su protector real en 1848. Amir Kabir tuvo que emplearse a fondo para arreglar los desmanes de Mirza Aghasi. Primero se dispuso a afianzar la paz interna aplastando la insurrección de Salar, apoyada por los extranjeros como los rusos y los ingleses. Tras acabar con Salar, apaciguó Fars y Baluchistán, y allí donde preponderaba la presencia tribal construyó acuartelamientos con el objetivo de controlar la región con mano dura militar. Durante su visirato, los turcomanos del nordeste, que hacían constantes razzias y pillajes en la zona contra la población persa, detuvieron casi por completo sus actividades bandoleras. En las cartas que Amir Kabir escribía a los militares y políticos de Rusia y Gran Bretaña, o en las respuestas que daba, se veía la valentía, la audacia y el patriotismo de este ministro. Son innumerables las cosas beneficiosas que hizo por el país. Además de lo anteriormente dicho, organizó el ejército al estilo europeo, donde impuso el uniforme, levantó fábricas de armamento que llegaban a fabricar hasta 1000 fusiles diarios, reformó la Justicia, impidió los abusos de muchos gobernadores, se instituyó Correos, se fundó Dar al-Fonun (el Instituto Politécnico donde se impartía clases al estilo europeo), ayudó a la difusión de las nuevas ciencias mediante la traducción al persa de obras occidentales y la contratación de profesores europeos, editó los primeros periódicos en el país, simplificó la recargada correspondencia oficial quitándole todo aquel aparato ceremonioso cuyos saludos ocupaban hasta una página, construyó hospitales, generalizó la vacunación contra la viruela, reformó muchos monumentos históricos, luchó contra la corrupción en la Administración, reforzó los cimientos de la economía, difundió la nueva industria y envió artesanos a Rusia para aprender las nuevas técnicas, explotó nuevas minas, desarrolló el riego y la agricultura, impulsó el comercio interior y exterior, reformó Hacienda y el Presupuesto estatal. Ni que decir tiene que la realización de todos estos logros necesitaba la toma de drásticas medidas que le causó muchos enemigos, ya sea porque se vieran perjudicados personalmente o simplemente por envidia ya que el nombre de Amir Kabir resonaba en Persia como benefactor del pueblo y allí donde se hacía o construía algo de interés público, era atribuido a Amir Kabir, fuese o no él el artífice. El presupuesto del estado, arruinado por Mirza Aghasi, fue recuperándose y Amir Kabir para ello se atrevió a tomar medidas tales como la rebaja del sueldo del rey. No permitía que el soberano se mostrase tan generoso y cuando le llegaba a sus manos una libranza de éste, le escribía una nota en la que le advertía que el pago de la misma se haría cogiendo el dinero del presupuesto militar. En definitiva, Amir Kabir consiguió limitar el derroche de la corte para de esta manera aumentar el tesoro del estado, que invertía en todas las reformas arriba mencionadas. Para realizar todo esto también tuvo que echar a los corruptos e ineptos de la Administración y contratar a personal intachable. Amir Kabir tuvo un trágico final. Sus drásticas y revolucionarias medidas, su enemistad con la madre del rey, que le provocó la aparición de encarnizados enemigos, muchos de ellos allegados a la Corte, se confabularon contra él difundiendo calumnias ante Naser al-Din Shah, éste le destituyó y ordenó que se le diese muerte. Fue muerto en 1851 a manos de su verdugo, en un baño de Fin, cerca de Kashán, y cuando su esposa, la propia hermana del rey, se enteró de lo ocurrido, ya no pudo hacer nada por su marido. El ayatolá Seyyed Ali Jamenei El actual líder de la República Islámica de Irán, el ayatolá Seyyed Ali Jamenei, hijo del Hoŷŷat al-Eslam Haŷ Seyyed Ŷavad Huseini Jamenei, nació el 14 de julio de 1939 en la ciudad de Mashad y era el segundo hijo de la familia. Seyyed Ali Jamenei, al igual que la mayoría de los seminaristas y religiosos, llevaba una vida muy sencilla. Tanto su esposa como sus hijos han aprendido de él el significado de la austeridad. El gran líder de la revolución hablaba en cierta ocasión de los primeros recuerdos de su vida: "Mi padre era un clérigo muy conocido, pero llevaba una vida ascética y de retiro... llevábamos una vida muy dura. Recuerdo que hubo noches que no teníamos cena en casa. Mi madre se tomaba grandes molestias para preparárnosla... y ésta consistía en pan y pasas." En cuanto al hogar familiar paterno del ayatolá Seyyed Ali Jamenei, éste hace la siguiente descripción de él: "La casa de mi padre, en la cual nací y en la que viví hasta los cuatro o cinco años, tenía entre 60 y 70 metros cuadrados. Estaba ubicada en el barrio pobre de Mashad, tenía una única habitación y un sótano oscuro y asfixiante. Cuando mi padre tenía invitados (algo muy habitual debido a que era un clérigo al que recurrían) todos nosotros teníamos que irnos al sótano hasta que los invitados se marchaban. Más tarde, unas personas que sentían devoción por mi padre, compraron un pequeño terreno al lado que agregaron a la casa, y así pudimos tener tres habitaciones." En este ambiente pobre pero piadoso pasó su infancia y fue educado el ayatolá Seyyed Ali Jamenei. A los cuatro años ingresó en una madrasa junto a su hermano mayor Seyyed Mohammad donde aprendería a leer y escribir y recibiría clases del Corán. Luego, los dos hermanos cursarían sus estudios primarios en la recién fundada madrasa llamada Dar al-Ta'lim-e-Dianati. El ayatolá Seyyed Ali Jamenei, tras estudiar el Bachillerato ingresó en un seminario y estudió con su padre y otros maestros. Sobre lo que le empujó a ingresar en el seminario y optar por la carrera religiosa, nos dice lo siguiente: "El factor y motivo principal en la elección de esta senda luminosa y espiritual fue mi padre, mi madre también tenía en ello mucho interés y me animó mucho." Durante sus estudios en el seminario, su propio padre supervisaba sus lecciones y la de sus otros hijos, y también su padre era el maestro de algunas asignaturas, como por ejemplo "principios básicos e introducción a la jurisprudencia." Durante los cinco años y medio que estuvo en el seminario llegó a ser un alumno brillante y destacado. Su padre jugó un importante papel en los grandes progresos de su joven hijo. El ayatolá Seyyed Ali Jamenei parte en viaje de peregrinación a Najaf en 1957 donde intenta quedarse a proseguir sus estudios en los seminarios de aquella ciudad santa. Pero su padre no se lo permitió y tuvo que regresar a Irán. Entre los años 1958 y 1964, el ayatolá Seyyed Ali Jamenei estuvo estudiando en un seminario de Qom. Allí completó sus estudios superiores de jurisprudencia islámica y filosofía, con los más afamados maestros del momento como el ayatolá Borujerdi, el Imán Jomeini, y los ayatolás Haeri Yazdi y Allameh Tabatabai. En 1964 se entera de que su padre se ha quedado ciego de un ojo debido a unas cataratas. El ayatolá Seyyed Ali Jamenei le entristece la noticia y duda en seguir estudiando en Qom o regresar a Mashad para cuidar de su padre. Finalmente decide marchar a Mashad. El ayatolá Seyyed Ali Jamenei en esta bifurcación de su vida tomó el camino correcto. Muchos de sus maestros y compañeros se lamentaban de su marcha de Qom argumentando de que si permaneciese en la ciudad santa continuando sus estudios seminaristas llegaría a ser esto o lo otro. Pero el futuro ha demostrado que su elección fue la correcta ya que la mano del destino divina le tenía preparado un porvenir diferente, mejor y más sublime que el que los demás esperaban de él. ¿Se le había ocurrido a alguien pensar en que aquel joven seminarista de 25 años, que ahora se marchaba a Mashad para ayudar a sus padres, llegaría a ser 25 años más tarde el Gran Líder de los musulmanes? No obstante, una vez en Mashad el ayatolá Seyyed Ali Jamenei no dejó de estudiar. Continuó con sus estudios, solamente interrumpido en los días festivos, o bien cuando se encontraba luchando o en los días en los que estuvo encarcelado. Así pues, en 1964 de nuevo nos lo encontramos en Mashad donde además de estudiar se dedicaba a la enseñanza de seminaristas más jóvenes. Su militancia política Fue el mártir Seyyed Moŷtaba Navvab Safavi la primera persona que encendió en él la chispa de la revolución y de la lucha. Cuando aquel fue a Mashad en 1952 a la madrasa de Soleyman Jan dio un discurso acerca del resurgimiento del Islam, la vigencia de las leyes divinas y las mentiras del sha y de los ingleses. El ayatolá Jamenei en aquellos días no era más que un seminarista muy joven pero se quedó muy impresionado al escuchar aquel discurso, y, según sus propias palabras: "En aquel instante, mediante las palabras de Navvab, surgieron en mi chispa de la revolución islámica y no tengo la menor duda de que el primer fuego fue encendido por el difunto Navvab." En cuanto a la parte de su vida que está relacionada con el Imán Jomeini, decir que cuando el ayatolá Jamenei se encontraba en 1962 en Qom y aquel estaba manifestándose y protestando en contra de la política antiislámica del sha y de los Estados Unidos, fue cuando el ayatolá Jamenei entró en la escena de la lucha política en la que permaneció 16 años de su vida, a pesar de sus muchos altibajos, encarcelamientos, torturas y destierros, peligros éstos que nunca le hicieron zozobrar. La primera vez que lo vemos con el Imán Jomeini fue en 1963, cuando éste le encarga llevar el programa de propaganda que tenían que seguir los religiosos para el mes de moharram a los ulemas de Jorasán. Este programa también contenía unas directrices de lucha en contra de la política americanizadora del sha y para contrarrestar los últimos acontecimientos de Qom. Tras llevar el mensaje con los programas, él mismo marchó hacia Birjand para hacer llegar el mensaje del Imán y fue entonces cuando el 1 de junio de 1963 fue arrestado por vez primera. Durmió una noche en el calabozo y lo liberaron al día siguiente con la condición de que no fuera a los púlpitos y de que permanecería vigilado. Después de los sucesos sangrientos del 4 de junio, el ayatolá Jamenei fue trasladado a Mashad y allí entregado a una prisión militar donde permaneció diez días y fue sometido a crueles torturas. En enero de 1964 (mes de ramadán) se puso en marcha a Kermán junto a otros compañeros donde siguieron un programa muy bien definido. Después de dos o tres días de permanencia entrevistándose con los ulemas y las autoridades religiosas de la ciudad y de pronunciar varios sermones en los púlpitos de sus mezquitas, se pusieron en marcha hacia Zahedán. Allí fueron muy bien recibidos y escuchados sus ardorosos y denunciadores discursos, especialmente los pronunciados el 25 de enero (aniversario del fraudulento referéndum del sha). En pleno mes del ayuno y el día que se celebraba el nacimiento del Imán Hasan, la pasión, la claridad y la valentía derrochada en sus sermones y homilías revolucionarias en contra del régimen de los Pahlevi llegaron a su auge, y, llegada la noche, la SAVAK le detuvo y fue trasladado a Teherán en avión. Dos meses permaneció el líder en confinamiento aislado en la cárcel del Qezel Qal'e, donde además soportó toda suerte de insultos y torturas. Tras ser liberado, las clases que impartía en Mashad y Teherán sobre hadices, pensamiento y exégesis islámicas eran escuchadas con ardor por los jóvenes y revolucionarios seminaristas. Estas actividades provocaron la ira de la SAVAK y empezaron a perseguirlo. Es por ello que en 1966 el líder llevaba una vida oculta en Teherán, aunque ello no impidió que en 1967 fuese detenido y encarcelado por tercera vez. Más tarde fue de nuevo liberado pero el ayatolá Jamenei siguió con sus actividades revolucionarias, y en 1970 fue detenido por cuarta vez por la misma SAVAK infernal de los Pahlavi. De nuevo fue liberado pero no tardó en ser detenido. Sobre esta quinta detención él mismo cuenta: “Desde 1969 en Irán el terreno para la lucha armada era palpable. El aparato del régimen anterior tenía pistas de que todo aquello no podía no estar relacionado con alguien como yo y por ello aumentó su obsesión e intensificaron sus actividades contra mi. En 1971 fui encarcelado por quinta vez. Las violentas irrupciones de la SAVAK en la cárcel demostraban a las claras que el régimen tenía miedo de que aquellas corrientes de lucha armada se unieran a los focos de pensamiento islámico. Ellos no podían aceptar que mis actividades intelectuales y propagandísticas en Mashad y Teherán estuviesen al margen y fuese ajenas a aquellas corrientes. Tras la liberación, las clases generales de exégesis y las clases clandestinas de ideología etc., fueron aún más ampliadas.' En fin, estas clases a las que se refería el ayatolá Jamenei continuaron entre los años 1971 y 1975 en tres mezquitas de Mashad y a ellas asistían miles de personas, especialmente jóvenes intelectuales y seminaristas revolucionarios que se iban familiarizando con el pensamiento genuino islámico. Estos jóvenes, que aprendían de él a cómo luchar y permanecer en la brecha revolucionaria, marchaban a su vez a otras ciudades del país para difundir e infundir en las mentes aquel mensaje y aquella luminosa verdad y así preparar el terreno para la gran Revolución Islámica que se avecinaba. Así, en enero de 1975, la SAVAK volvió a irrumpir en casa del ayatolá Jamenei en Mashad, lo detuvieron y confiscaron muchos de sus escritos. Esta sexta detención fue la más dura pues permaneció confinado hasta otoño. Fue encerrado en una celda en las peores condiciones, y, según sus palabras, aquella situación, "sólo la pueden entender aquellas personas que la han presenciado." Tras ser liberado regresó a Mashad y continuó con su mismo programa de actividades revolucionarias que alternaba con sus estudios e investigaciones, aunque ya no pudo continuar con sus clases clandestinas. En marzo de 1978 el régimen criminal de los Pahlavi arrestó de nuevo al ayatolá Jamenei y lo deportó a la lejana ciudad de Iranshahr. En otoño de ese mismo año, a raíz del alza y la intensificación de los movimientos populares e islámicos en contra del régimen, fue liberado de su exilio y pudo regresar a Mashad para situarse en primera fila de los contendientes contra el régimen sangriento de los Pahlavi, y, después de luchar valientemente durante 15 años en el camino de Dios, de soportar todas aquellas calamidades y amarguras, pudo por fin saborear el dulce fruto de todas aquellas penurias, es decir, la gloriosa victoria de la Revolución Islámica y la humillante caída del vil y cruel régimen de los Pahlavi, y el establecimiento en Irán de un gobierno regido por los principios del Islam. En los albores del regreso del Imán Jomeini de París, éste ordenó formar el Comité de la Revolución Islámica en el que participarían otras personalidades de la época como el los ayatolás Mottahari, Beheshti, y Hashemi Rafsanyani, y también el Imán nombró miembro al ayatolá Jamenei. Tras la victoria de la revolución, el ayatolá Jamenei no dejó de trabajar con fervor en sus ideales y en el logro de los objetivos de la revolución islámica que estaba en sus comienzos y que él contribuyó con las siguientes actividades: Febrero de 1979. Fundación del Partido de la República Islámica, con la colaboración de otros clérigos como los mártires Beheshti, Bahonar, el expresidente Hashemi Rafsanyani etc. 1979. Viceministro de Defensa. Jefe de los Guardias de la Revolución (Pasdaran). Imán del Viernes de Teherán. 1980. Delegado del Imán Jomeini en el Consejo Superior de Defensa. Diputado por Teherán en el Parlamento. Presencia activa ataviado con uniforme militar en el frente de guerra contra el régimen de Saddam Huseyn, apoyado por las potencias satánicas de Estados Unidos y la antigua Unión Soviética. 1981. Sale ileso de un atentado perpetrado contra él en la mezquita de Abuzar de Teherán. En otoño de este mismo año, tras la muerte en atentado terrorista del presidente Rajai, es elegido el ayatolá Jamenei presidente del gobierno, con 16 millones de votos a su favor y el beneplácito del Imán. En 1985 fue reelegido y permaneció como presidente hasta 1989. 1981. Presidente del Consejo de la Revolución Cultural. 1987. Presidente del Consejo de Conveniencia del Sistema. 1989. Presidente del Consejo de Revisión de la Constitución. 1989. Tras la muerte del Imán Jomeini, es elegido gran Líder de la Revolución Islámica por la Asamblea de Expertos. El ayatolá Jamenei es también autor de numerosas obras como por ejemplo, "Generalidades del pensamiento islámico en el Corán" , "Desde las profundidades de la oración", "Valiato", "Biografía de los Imanes del shiísmo", "Unidad y partidismo", "El arte bajo el punto de vista del ayatolá Jamenei", "La religión bien entendida", "El elemento de lucha en la vida de los Imanes, sobre ellos sea la paz", "El espíritu de la Unidad, la negación de la adoración excepto a Dios", "La necesidad de volver al Corán", "El ataque cultural (recopilado de sus propios discursos)". El ayatolá Mottahari El ayatolá Mottahari nació el 1 de febrero de 1920 en Farimán, a 75 kms. de Mashad, en el seno de una familia clerical. A los doce años, después de completar sus estudios primarios en una madrasa, marchó a Mashad para ingresar en su seminario donde aprendió los principios del Corán y de la teología islámica. En 1937, a pesar de la intransigencia de Reza Shah contra los clérigos y de la oposición de sus familiares y amigos, el ayatolá Mottahari se marcha a Qom para completar sus estudios de teología. El ayatolá Haeri Yazdi, maestro del Imán Jomeini y director del seminario de Qom, había muerto recientemente a su llegada aquella ciudad santa. Durante sus quince años de estancia en Qom, el ayatolá Mottahari, tuvo como maestros a los ayatolás Borujerdi, Jomeini y Allameh Tabatabai. El Imán Jomeini le dio clases durante doce años de irfan (mística islámica), ética y filosofía de Mollah Sadra. Con el ayatolá Borujerdi ya estudiaba antes de la partida de éste a Qom pues el ayatolá Mottahari iba en ocasiones a Borujerd para recibir allí sus lecciones. Durante su residencia en Qom como estudiante de teología, además de estudiar los estudios típicos de todo seminarista, estudió también sociología y política y estaba en contacto con el grupo de los Fidaíes del Islam. En 1952, siendo ya allí un reputado maestro y una de las esperanzas del seminario, marcha a Teherán donde impartirá clases en una madrasa y comenzará su carrera como prolífico autor de libros y conferenciante. En 1955 comienza a trabajar como profesor en la Facultad de Teología y Ciencias Islámicas de la Universidad de Teherán. Durante los años 1958 y 1959 fue uno de los conferenciantes más importantes de la Sociedad Islámica de Médicos y entre los años 1961 y 1971 llegó a ser el conferenciante más importante de dicha sociedad. Durante el levantamiento del 4 de junio de 1963 desempeñó una gran labor junto al Imán Jomeini en la coordinación de las manifestaciones. Ese mismo día por la noche, después de pronunciar un discurso contra el sha, es detenido e ingresa en prisión preventiva junto a otros clérigos de Teherán. Después de la marcha de los clérigos a Teherán y debido a la presión popular, es liberado después de 43 días junto a los otros compañeros de prisión. Tras la formación del grupo de Coalición Islámica, el ayatolá Mottahari es nombrado responsable, junto a otros clérigos, para su gestión y organización. Tras la muerte en atentado de Huseyn Ali Mansur, primer ministro de entonces, la cúpula dirigente de este grupo fue reconocida y sus miembros detenidos, entre los que se contaba el ayatolá Mottahari. Sin embargo, debido a que el juez que llevaba el caso había estudiado durante un tiempo en Qom con el ayatolá Mottahari como maestro, le envió un mensaje a éste diciéndole que "he cumplido con mi deber como alumno", por lo que el maestro se vio libre. Durante todo este tiempo alternaba sus actividades combativas contra el régimen pahlavi con la redacción de obras de interés social, dando conferencias en las universidades, sociedades islámicas y sermones y homilías en diversas mezquitas de Teherán. Se puede decir que el ayatolá Mottahari creía en una lucha islámica, no en cualquier lucha islámica. Para islamizar los movimientos hizo muchos esfuerzos ideológicos y se opuso tenazmente a todo lo que consideraba un desvío de los ideales islámicos. Para ello, fue el principal fundador de la Institución de Orientación Huseyniyeh. Sin embargo, después de un tiempo dimitió en 1970 debido al comportamiento individualista de uno de los miembros de la directiva, que no consultaba nada y que impedía la puesta en marcha de los planes del ayatolá Mottahari. Un año antes, el ayatolá Mottahari fue detenido junto a otros clérigos por haber emitido un comunicado conjunto para la recaudación de fondos para los refugiados palestinos, también anunciado mediante una conferencia pronunciada en la Institución de Orientación Huseyniyeh. Durante un breve periodo de tiempo fue encarcelado en régimen de aislamiento. Desde 1970 a 1972 era el encargado de supervisar el programa de propaganda de la mezquita de Ŷavad y era él mismo el principal orador de la misma, hasta que la mezquita fue clausurada, al mismo tiempo que la Institución de Orientación Huseyniyeh, y de nuevo, detenido un tiempo. Tras ser liberado continuó pronunciando sermones y discursos en las mezquitas de Ŷavid, y Arg, hasta que la primera también fue clausurada. En 1974 se le prohibió subir a los púlpitos, prohibición que estuvo vigente hasta la victoria de la Revolución Islámica. No obstante lo dicho, los servicios más importantes prestados por el ayatolá Mottahari durante su fructífera vida fue el haber presentado y mostrado una ideología genuinamente islámica mediante sus clases, sus conferencias y la redacción de obras. Este hecho cobra mayor importancia por cuanto entre los años 1972 y 1978 surgen en Irán numerosos grupos izquierdistas, incluidos musulmanes de izquierda, que es cuando más se hace patente y llega a su auge el fenómeno de la mezcolanza ideológica. Además del Imán Jomeini, el ayatolá Mottahari fue la primera personalidad que se percató del peligro que suponía aquella organización llamada los Combatientes del Pueblo (Moŷahedin-e-Jalq) y previno a los demás de colaborar con ellos. Llegó incluso a predecir la metamorfosis ideológica que sufriría este grupo poco después. Por recomendación del Imán Jomeini, el ayatolá Mottahari asistía dos veces a la semana al seminario de Qom para impartir clases. En 1976, debido a una discusión con un profesor comunista que tuvo, paradójicamente, en la Facultad de Teología, fue jubilado antes de tiempo. Durante estos años, el ayatolá Mottahari funda con otros la Sociedad de Clérigos Combatientes de Teherán, con la esperanza de que los clérigos de otras ciudades siguiesen sus pasos. Aunque el ayatolá Mottahari mantenía correspondencia con el Imán Jomeini tras el exilio de éste, en 1976 decidió hacerle una visita en Nayaf donde pudo departir y consultar con el Imán algunas cuestiones del levantamiento que se estaba fraguando en contra del régimen del sha. Después del martirio del hijo del Imán Jomeini, el ayatolá Seyyed Mostafa Jomeini, en 1977, el ayatolá Mottahari ya empleaba su tiempo completamente en los levantamientos, en los que jugó un papel crucial en todas sus etapas. Durante la estancia del Imán Jomeini en París, el ayatolá Mottahari hizo un viaje a Francia donde habló con el Imán sobre las cuestiones fundamentales de la revolución y fue durante esta visita cuando el Imán le nombró responsable de la creación del Consejo de la Revolución Islámica. Durante el regreso del Imán a Irán, se hace personalmente responsable del Comité de Bienvenida al Imán, y hasta la victoria de la Revolución y después de ésta permanece junto al Imán Jomeini como su consejero y hombre de confianza, hasta que el 30 de abril de 1979, a la salida de una reunión y en la oscuridad de la noche, cayó mártir con una bala en la cabeza disparada por el grupo ignorante y criminal de Forghan. El pueblo musulmán, que había puesto muchas esperanzas en aquel gran hombre, se vistió de luto. Abdullah Behbahani 1844-1910 El padre de Abdullah Behbahani, Seyyed Ismail, era un afamado moŷtahed. Cuando regresó a Teherán de su peregrinación de Karbala, fue bien recibido por el rey de entonces Mohammad Shah, el príncipe heredero, Naser al-Din, y por el pueblo. El primogénito de este clérigo era Abdullah Behbahani, que sería uno de los protagonistas de la Revolución Constitucional de Persia. Tras terminar sus estudios elementales de teología, Abdullah Behbahani marchó a Nayaf donde continuó sus estudios de teología con los más afamados clérigos shiíes del momento. Tras obtener el rango de eŷtehad en el año 1878, regresó a Teherán, y, al haber muerto su padre, ocupó el lugar de su progenitor, donde ganó popularidad gracias a sus dotes en el manejo de la palabra y a su brillante inteligencia. Ocurrió que en Teherán se formó un tumulto debido a la deportación y ofensa de la que fueron objeto unos estudiantes de teología, muchos de los cuales fueron detenidos, por lo que Behbahani le pidió a Ein al-Douleh que los soltara, a lo que éste respondió que él no tenía derecho a interferir en los asuntos del gobierno, actitud la cual le valió la enemistad del pueblo y de los ulemas. El tumulto fue debido a que llegó a las manos de Behbahani una fotografía en la que el belga encargado de la Aduana de Irán estaba vestido de clérigo, lo cual fue interpretado como una mofa por los seminaristas, que formaron una revuelta que se saldó con la detención de 13 seminaristas a los que encadenaron y deportaron a Ardabil. Tras el regreso de Europa del sha y de Ein al-Douleh, Behbahani y el ayatolá Seyyed Mohammad Tabatabai mostraron públicamente su oposición al Gobierno y exigió la formación del Juzgado y la destitución de Ein al-Douleh. Otros oradores como Sheij alRais Qajar y Vaez Isfahani se subieron a los púlpitos para declamar sobre la libertad y la justicia y encaminar el pensamiento popular hacia la lucha contra el Estado. Muchos de los opositores al régimen establecido ayudaron económica y moralmente a Behbahani y a Tabatabai. El gobierno británico, por su parte, en defensa de sus intereses, lo que hacía era apoyar y ayudar al gobierno persa. La subida del precio del azúcar seguida del sometimiento al bastinado de uno de comerciantes de este producto, por orden de Ein al-Douleh, desencadenó la ira de los comerciantes a los que se unieron posteriormente los ulemas en un gesto de solidaridad. Behbahani y Tabatabai, junto a otros clérigos de alto rango, acompañado por muchos de sus seminaristas, marcharon hacia Shah Abdul Azim (ciudad-santuario situada al sur de Teherán) y se encerraron allí, y cada día se iban uniendo más gente al grupo. Los encerrados exigían la destitución de Ala al-Douleh, del belga agente de Aduanas que se había disfrazado de clérigo y la creación de un Juzgado. Mozaffar al-Din Shah quiso dispersar aquel encierro pero no tuvo éxito ninguno. Después de un mes encerrados en el santuario, decidieron salir de Shah Abdul Azim ya que el sha les había prometido que colaboraría para la obtención de sus exigencias. Al llegar a Teherán se la encontraron engalanada y fueron aclamados por las multitudes. Aparentemente todo había vuelto a la normalidad. Ala al-Douleh había sido destituido, pero surgieron por doquier multitud de anjomans (asambleas) secretas, algunas con objetivos personales del que las creaba y otras con el fin más noble de obtener la libertad. Tras la elección de los miembros del Parlamento y la formación de este, Abdullah Behbahani ingresó en el Parlamento y tal fue el poder que llegó a adquirir que muchos de los asuntos de Estado se dirimían en su propia casa y se le llegó a poner el apelativo de “Shah Abdullah”. La mayor parte de los diputados del Parlamento estaban bajo su influencia y la oposición o acuerdo de Behbahani con algún asunto era determinante para hacerlo llegar a buen puerto o no. Este Parlamento consiguió frenar la deuda externa, hacer un programa para la Banca Nacional y equilibró el presupuesto del Estado. Pero, con la oposición del sha al Parlamento y tras el asesinato de uno de los diputados y las divergencias internas que ya había, agravado por el saqueo que se produjo en las tiendas de los comerciantes a manos de los soldados y agentes del sha, hicieron que Tabatabai y Behbahani telegrafiaran al resto de las ciudades del país para que el pueblo se levantase contra el despotismo. El Parlamento y las Asambleas se dispusieron a entrenar una Guardia Nacional y a instruir a los jóvenes en la milicia. Fue entonces cuando Mohammad Ali Shah ordenó bombardear el edificio del Parlamento. Behbahani y Tabatabai fueron detenidos, abofeteados y deportados a Kermanshah con las ropas hechas jirones por orden del sha. En Kermanshah permanecieron ocho meses detenidos bajo custodia militar, tras los cuales, el Gobierno mandó liberar a Behbahani, que fue aclamado por la gente. Tras aquello, Abdullah Behbahani marchó a Najaf y Karbalá donde también fue bien recibido por los ulemas, y, cuando Teherán fue conquistada por los liberales, Behbahani regresó a la capital donde fue calurosamente acogido por los dirigentes nacionales. En el II Parlamento, Behbahani se enclaustró en su casa y desde ella realizaba muchas de sus tareas como diputado. Los miembros moderados le apoyaban pero los radicales estaban en su contra ya que la influencia de Behbahani impedía que llevasen a cabo muchas empresas que redundaban en su beneficio, así que planearon asesinarle. Un grupo de encapuchados entraron en su casa y le dispararon a bocajarro causándole la muerte. Su cuerpo fue llevado a la ciudad santa de Nayaf donde fue enterrado. Ciro el Grande Gran rey de Persia, fundador de la dinastía Aqueménida. Hijo del noble persa Cambises y de la princesa meda Mandana. Nació aproximadamente en el 590 a.C. Casi todos los detalles de la vida de este rey han llegado a nuestros días a través de Herodoto, que en general es la principal fuente para estudiar la historia los Medos y principios de los Aqueménidas. Herodoto nos cuenta que el abuelo materno de Ciro era el rey medo Astiages (al que derrotaría años más tarde). Cuenta que éste tuvo un sueño en el que veía claramente que el hijo que había nacido de su hija Mandana le iba un día a arrebatar el poder. Interpretándolo como una profecía, decidió curarse en salud y no dar en matrimonio a su hija a ninguna personalidad influyente entre la tribu de los magos. Finalmente, decidió desposarla con uno de la tribu persa llamado Cambises, muy inferior en rango y cuyo vástago no tendría posibilidades de rivalizar en el trono. Pero ello no impidió que los sueños siguieran hostigando al anciano monarca y éste volvió a soñar con su hija, de cuyo vientre crecía una parra que cubría y hacía sombra sobre toda Asia. Los magos interpretaron el sueño advirtiéndole que era una profecía de lo que se le venía encima. Astiages puso una guardia a su hija, ya en avanzado estado de gestación, para acabar con aquel retoño en cuanto naciese. Una vez nacido el niño, le encargó la tarea a uno de sus fieles ministros, Harpago. Éste le prometió al rey que así se haría. Mas ocurrió que Harpago, conmovido por aquel infanticidio que estaba a punto de cometer, decidió echarse atrás y le entregó el bebé a unos pastores, siervos del mismo rey medo. Harpago mintió al pastor diciéndole que el rey le encargaba abandonar el niño en un paraje desierto para que allí pereciera. Harpago amenazó al pobre pastor a quien dijo que debía asegurarse de la muerte del niño, que si así no lo hacía, él mismo se encargaría de someterlo a los más horribles suplicios. Uno de los criados de Harpago le informó de la identidad de la criatura, de la que ya algo sospechaba el pastor debido a la rica indumentaria con la que estaba el niño cubierto. Al llegar el pastor a su casa, le puso a su mujer al corriente de todo lo acontecido. Harpago cometió un grave error. Quiso el destino que la mujer del pastor, llamada Spacos, hubiese parido un niño muerto ese mismo día. La mujer no tardó mucho en ocurrírsele dar el cambiazo y entregar el cadáver de su hijo como prueba de haber cumplido su marido aquel terrible cometido. El marido accedió a aquella idea que además no le pareció nada mala. Colocaron al niño muerto en la canastilla donde se encontraba Ciro y lo abandonó en medio del monte. A los tres días, los guardias al mando de Harpago marcharon donde se encontraba el cadáver, por indicación del propio pastor, y enterraron el infante. Tumba de Ciro el Grande en Pasargadas, provincia de Fars. En fin, Ciro fue criado por Spacos mientras su abuelo y Harpago le creían muerto. Herodoto nos sigue contando que no obstante, a los diez años la identidad del niño fue descubierta por el rey Astiages, a cuya justicia habían recurrido por haber azotado Ciro a un niño con el que jugaba a reyes y pajes, donde Ciro hacía las veces de rey. Cuando Ciro fue llevado ante Astiages, éste se fijó en sus ademanes y en que sus facciones se le parecían. Sospechando de aquel insólito parecido, mandó llamar a su supuesto padre a quien interrogó sobre la identidad del niño. El pastor le dijo que era su propio hijo, pero, cuando el rey amenazó con someterlo al tormento de no decir la verdad, el pastor lo confesó todo. Astiages no le tuvo en cuenta aquello a él y descargó su ira contra Harpago a quien hizo llamar. Éste, al ver allí al pastor no dudó en confesarlo todo, intentando ganarse alguna concesión mediante la confesión de la verdad. El rey mostró incluso agradecimiento, hizo como que se alegraba que su nieto hubiese sobrevivido y se hubiese evitado aquel ultraje a su hija, ya que al fin y al cabo aquella orden la había dado sin pensar en lo que hacía. Harpago salió de palacio muy contento por haber escapado con tanta suerte de aquel atolladero. La venganza por desobediencia que tramaba Astiages en contra de Harpago fue terrible. Éste fue invitado aquella misma noche a un banquete de agradecimiento a los dioses donde se le sirvió la carne de su propio hijo. Cuando el rey le preguntó si estaba satisfecho del yantar y Harpago respondió afirmativamente, los criados descubrieron la tapa de una bandeja donde se habían colocado las manos, los pies y la cabeza de su hijo. Harpago mantuvo la entereza pese a la escena, dándose cuenta en seguida de que el rey no había sido indiferente a su desobediencia. Astiages consultó a los mismos magos que le interpretaron 10 años antes su sueño, sobre las medidas que tenía que tomar ante la nueva situación. Éstos le contestaron que tenía que dejarlo vivir, y le dijeron que si ya había reinado una vez (en referencia al juego con los otros muchachos) que quedara tranquilo que ya no podía volver a reinar pues aquel sueño lo que probablemente profetizaba era que el hijo de Mandana sería rey, pero rey en el juego. Herodoto sigue contando que Ciro fue devuelto a sus padres legítimos, Cambises y Mandana, que no dejaban de abrazarle pues le creían muerto hacía diez años. Los años pasaron y Ciro llegó a la mayoría de edad. Mientras tanto, Harpago iba tramando planes para vengarse de la venganza de Astiages, desacreditando al viejo rey e inculcando en la mente de los cortesanos la conveniencia de deponerlo y nombrar a su nieto Ciro en su lugar. Harpago le escribió una carta secretamente a Ciro donde le incitaba a la rebelión contra su fracasado "verdugo" pues si se hallaba con vida ello se debía a la voluntad de los dioses. A Ciro no le disgustó la idea de hacerse con el trono, la cuestión era cómo incitar a los persas en contra de los medos. Para ello, se le ocurrió la feliz idea de convocar a éstos a una junta con una carta falsa donde Astiages le nombraba general de los persas. Así se hizo del poder, aunque Herodoto nos adorna la historia con numerosos detalles, y que si bien algunos de ellos son superfluos hace que el relato se pueda leer como una novela de aventuras. Resumiendo, Astiages, enterado de lo que estaba haciendo su nieto le advirtió de las consecuencias por medio de un mensajero. Ciro le respondió que no se preocupase, y "que pronto le haría una visita". Astiages cerró filas y se preparó para lo que acertadamente sospechaba. Armó a todos los medos y cometió el grave error de nombrar general a Harpago, poniendo literalmente en sus manos el cumplimiento de su venganza. La batalla entre medos y persas fue lo que hoy denominaríamos una pantomima. Entre los medos, sólo lucharon de verdad aquellos pocos que nada sabían de las tramas de su general. El resto, o salió huyendo o se unió a los persas. Astiages estaba conmovido. En un arrebato de ira hizo ejecutar a los magos que interpretaron sus sueños y reclutó a los jóvenes y viejos que habían quedado para que se enfrentasen a su nieto. Mas todo fue en vano. Los persas los derrotaron e incluso Astiages cayó prisionero. Harpago no tardó mucho en ir a regodearse ante el rey caído en desgracia, a burlarse en su cara y a reprocharle aquel acto inhumano de hacerle comer la carne de su hijo, además de revelarle que él había sido quien había incitado a Ciro a la rebelión. Cuenta Herodoto que el viejo rey medo le respondió a Harpago que era el hombre más tonto y más injusto que había conocido, tonto porque podría haber sido él quien podría haberse hecho rey en lugar de Ciro, e injusto porque iba a someter a todos los medos al yugo de los persas para vengarse de una sola persona. En fin, con la creación del estado aqueménida por Ciro el Grande, Persia aparece en el escenario de la historia con un papel activo y determinante. Según una inscripción babilónica, Ciro se llevó el tesoro real de Ecbatana a Anzán dando fin al imperio medo. Su fulgurante victoria sobre los medos y la inmediata hegemonía que obtuvo sobre su territorio causó estupor entre los reyes de la región. Ciro, para evitar que la unión que se estaba formando por Lidia, Babilonia y Egipto se conjuraran contra él, decidió tomar la iniciativa bélica y comenzar una ofensiva contra ellos antes de verse obligado a tomar la defensiva. Obtuvo una rápida victoria sobre Creso que lideraba el ejército lidio y que avanzaba hacia las fronteras de Persia, y, tras su derrota, Sardes, capital de Lidia fue tomada por Ciro (546 a. C.). Esta victoria significaba la anexión de Asia Menor a los dominios aqueménidas. Sin embargo, antes de su expedición militar a Mesopotamia decidió atacar preventivamente a los escitas para que no le ocurriese lo que le ocurrió al rey medo Ciájares. Finalmente, tras luchar contra los escitas se dirigió al Tigris, lo cruzó y conquistó Babilonia sin resistencia (538 a.C.) Con la conquista de Babilonia se anexionó además Siria, Asiria y Palestina, que estaban gobernadas por Nabónides, rey babilonio. Lo que al mundo judío concierne, el hecho más conocido de este rey fue la liberación de pueblo de Israel que estaba cautivo en Babilonia. Este hecho está referido en el Antiguo Testamento con bastante detalle, en Esdras y Daniel. Allí se presenta al rey de Persia como un ungido de Dios, como alguien elegido por Yahvé para liberar al pueblo judío que había sido deportado por Nabucodonosor. La famosa declaración de Ciro que hoy se conserva y que fue escrita en un cilindro donde se proclamaba la liberación de los judíos es considerado la primera declaración universal de los derechos humanos. El "Cilindro Magno de Ciro", la primera declaración de los derechos humanos fue mandada redactar por Ciro con ocasión de su conquista de Babilonia. Fot. www.thebritishmuseum.ac.uk Según Herodoto, Ciro murió a manos de los masagetas. Cuenta el historiador griego que Ciro cruzó el río Araxes (que hoy delimita el Irán actual con Azerbaiyán) para cargar contra los ejércitos de Tomyris, la reina de los masagetas. Ciro utilizó una curiosa trampa. Apartó a los más flacos y débiles de su propio ejército y los utilizó como carne de cañón poniéndoles en primera línea. Los masagetas los mataron a todos y tras aquello se encontraron unas mesas preparadas por el mismo Ciro donde había buen vino y buena comida. Allí cayeron en la trampa comiendo y bebiendo hasta quedar saciados y, con la mente embotada por el alcohol, cayeron presa del sueño. Entonces los persas se abalanzaron sobre ellos, mataron a muchos y capturaron a otros, entre los que se encontraba Spargapises, el propio hijo de la reina masageta. Tomyris, al enterarse de aquello, le escribió un mensaje a Ciro donde le decía que él no había vencido en la batalla "por la fuerza de su brazo" sino "engañándolo con esa pérfida bebida." Le advertía que le devolviese a su hijo y que si tal hacía, no tendría en cuenta el haber acabado con el resto de su ejército, pero que de lo contrario, te juro "decía textualmente" por el sol, supremo señor de los Masagetas, que por sediento que te halles de sangre yo te saciaré de ella". Ciro no hizo caso ni de la misiva, ni de las advertencias que encerraba. Mientras tanto, Spargapises se despertó y, al darse cuenta de lo ocurrido, pidió que se le quitasen las cadenas y tras verse liberado se quitó la vida. Según Herodoto, la reina de los Masagetas envió un ejército contra Ciro y hubo entre los dos bandos una batalla como "nunca había oído entre dos naciones bárbaras". Empezaron arrojándose flechas, y, cuando aquellas se hubieron acabado lucharon cuerpo a cuerpo. Los persas fueron derrotados y en la batalla murió Ciro. Tomyris hizo llenar un odre de sangre humana, cortó la cabeza del cadáver de Ciro y la metió dentro del odre mientras profería estas palabras: "Perdiste a mi hijo cogiéndole con engaño a pesar de que yo vivía y de que soy tu vencedora. Pero yo te saciaré de sangre cumpliendo mi palabra." Herodoto termina diciendo que él sabía varias versiones de la muerte del rey persa, pero que él se quedaba con aquella, dejando al lector en la duda de la veracidad del relato. Como conquistador, Ciro tenía una personalidad poco corriente. No imponía ninguna religión a las poblaciones conquistadas y debía ser muy liberal en materia religiosa ya que él mismo se convertía en adorador de los dioses de los pueblos conquistados, como es el caso de Marduk en Babilonia. Los miembros de la Administración eran elegidos entre la población del pueblo conquistado. Ciro fue el fundador de un imperio que duraría hasta la llegada de Alejandro Magno. Hasan Sabbah m. 1124 Célebre líder ismailí que formó en Persia una organización conocida en el medioevo europeo como la Secta de los Asesinos, con un perfecto organigrama, entre los siglos XI y XII. El padre de Hasan Sabbah, Ali ibn Mohammad Hamiri, era originario de la ciudad de Kufa, en Iraq, pero se estableció en Qom y fue allí donde nació Hasan Sabbah. En su juventud, Hasan Sabbah era shií duodecimano pero pronto se convirtió al ismailismo o shiísmo septimano a través de las predicaciones de un tal Mo'men de Rei. En el año 1076 uno de los líderes ismailíes de Persia habiéndose percatado de las dotes del nuevo converso lo envía al Egipto fatimí, país cuya doctrina oficial era el ismailismo y era considerado el cuartel general del shiísmo septimano y que había creado durante el siglo anterior un califato separado del de Bagdad. El califa fatimí al-Mustansir lo envía a propagar la fe a Persia y Hasan Sabbah marcha primero a Isfahán, luego a Azerbaiyán y regresa a Egipto a través de Siria. En Egipto permanece un año y medio durante el cual se produce el cisma que dividiría en dos a los ismailíes. Al-Mustansir tenía dos hijos, Musta'li y Nizar y uno de ellos debía ser heredero del califato. Hasan Sabbah era partidario de Nizar, lo que le valió la enemistad de Musta'li y de sus seguidores, que le impulsó a regresar a Persia. Este es el punto de partida del cisma entre los ismailíes que de ahí en adelante se dividirían en dos, los partidarios de Musta'li, que de hecho fue nombrado califa fatimí en el 1094, y los partidarios de Nizar, que se conocerán en la historia con el nombre de nizaríes, muy abundantes sobre todo en Siria y Persia. Cara oriental de la fortaleza de Alamut, a más de 2.000 metros de altura, en el noroeste de Irán A su regreso a Persia, Hasan Sabbah comenzó a expandir la causa nizarí. En poco tiempo consiguió muchos adeptos en Tabaristán, Damghan, Yazd y Kermán, hasta que llegaron a poseer fortalezas, como la de Alamut situada cerca del mar Caspio, de la que hicieron su cuartel general en Persia y permaneció inexpugnable hasta el año 1256 en que fue conquistada por los mongoles. Después de Alamut, los ismailíes nizaríes conquistaron otras muchas fortalezas que se encontraban sobre todo diseminadas a lo largo de toda la línea norte del país. Toda esta actividad subversiva intranquilizaba a los gobernantes selyúcidas, y el ministro Nezam al-Molk decidió ponerse manos a la obra para atraparlo. Empezó encargándole al gobernador de Rei la misión de encontrar a Hasan Sabbah, y éste, al enterarse, no se acercaba a la zona y así evitó su detención. Hasan Sabbah se dirigió entonces a Alamut (1090), y de ahí en adelante pasaba la mayor parte de su tiempo allí encerrado y dedicado por completo a sus ejercicios espirituales, que no le impedían seguir dirigiendo sus milicias a los distintos puntos del país para apoderarse de nuevas fortalezas y que serían la pesadilla de los Selyúcidas. Hasan Sabbah, era ahora líder y cabeza de una saga de líderes nizaríes que continúa hasta nuestros días. Finalmente, Nezam al-Molk cayó bajo la daga de los "asesinos" en el año 1092 como venganza de los hostigamientos a los que estaban siendo sometidos. El asesinato de este ministro fue muy sonado y les dio aún más fama a este grupo rebelde, hasta tal punto que fueron conocidos finalmente por los propios europeos (a través de los Cruzados), que los llamaron los Hashishun, en referencia al hachís que decían que fumaban, palabra que luego originó "assasin" o asesinos. Otros afirman que "asesino" deriva de Hasani (partidarios de Hasan). Este atentado le hizo ganar a Hasan Sabbah más poder y parecía que estaba inmunizado contra las continuas ofensivas que tanto él como los suyos se veían sometidos por parte de los gobernantes selyúcidas. Cuando el poderoso sultán Sanjar llegó al poder, Hasan Sabbah le amenazó de muerte simplemente dejando clavada una daga en el suelo, cerca de su cama, y enviándole un mensaje posteriormente que decía, "el que clava un puñal en el suelo duro también lo puede clavar en el pecho blando del sultán". Tras esta demostración Sanjar dejó de perseguirle e hizo las paces con los nizaríes, tregua ésta que les sirvió para recobrar fuerzas y expandirse más todavía por toda Persia. Hasan Sabbah murió en 1124. Jiabani 1879-1920 Sheij Mohammad Jiabani nació en Jameneh, cerca de Tabriz. Después de terminar sus estudios primarios marchó a Rusia y allí estuvo un tiempo ayudándole a su padre en sus tareas de comercio. Al poco tiempo regresó a Tabriz y allí comenzó a estudiar teología, jurisprudencia islámica, astronomía, aritmética, filosofía, retórica y literatura. Antes de producirse la Revolución Constitucional en 1905, era imán de una mezquita. Quizás ya en aquella su juventud tenía ya ideales de justicia y libertad y pensaba en cómo lograr aquellos objetivos hasta que llegó a la conclusión de que en Persia, primero tenía que producirse una revolución en el pensamiento y que este cambio ya tendría por añadidura las exigencias de sus derechos por parte del pueblo llano. Durante la Revolución Constitucional se incorporó a las filas de aquellos que luchaban contra el despotismo, y, al poco tiempo, ya era miembro de la Asamblea Provincial de Azerbaiyán. Cuando el Parlamento fue cañoneado y Mohammad Ali Mirza estrechaba cada día más el cerco a Tabriz, Jiabani luchó con todas sus fuerzas (septiembre 1908). Las tropas del sha, encabezadas por el que debería ser el gobernador de Azerbaiyán, Ein al-Douleh, se encontraban cerca de Tabriz, mas los constitucionalistas no se dejaban amilanar, "¿Qué miedo podemos tenerle a este ejército? "decían", si en lugar de ser 30.000 soldados fuesen 100.000, nada temeremos y no dejaremos de exigir nuestros derechos..." Finalmente se decidió enviar a Ein al-Douleh un comunicado que hablase en nombre del pueblo. El comunicado fue llevado por un delegado británico acompañado de Jiabani, entre otros clérigos, pero Ein al-Douleh mostró una actitud arrogante y pretendió engatusar a aquellos constitucionalistas con palabras empalagosas, ellos se percataron de aquello y regresaron sin resultado alguno y tuvieron que continuar la lucha contra las huestes del sha a las que derrotaron. Jiabani fue uno de los grandes héroes de la historia del Irán contemporáneo. A lo largo de su vida política se mostró incorruptible, no tenía ninguna vinculación con los extranjeros y se apartaba de las ansias de liderazgo que se veían en otros y que tantos estragos habían causado y estaban causando al país. Más admirable era el hecho de que nada material esperaba de Persia y nunca mancilló su vida con las vilezas, egoísmos y cortedad de miras que tanto se veían en muchos otros. Durante varios años, Jiabani fue uno de los hombres más influyentes en la política de Persia. Ya fuese en Teherán, ya en Tabriz, su presencia marcaba el orden del día. Su gran influencia y poder le permitía obtener todo aquello que hubiese deseado, mas su austera y espartana vida se asemejaba más bien a la de un pobre. Cuando Jiabani y los constitucionalistas de Tabriz vencieron al poderoso ejército del sha, marchó a Teherán, venció también allí a las fuerzas déspotas monárquicas y derrocó a Mohammad Ali Shah. Fue elegido diputado por el pueblo de Tabriz en el II Parlamento. Defendió la libertad y los derechos del pueblo ante aquellos que se oponían, como miembro destacado demócrata que era. Cuando el Parlamento suspendió sus actividades y se produjo la crisis, permaneció oculto varios años hasta que regresó a Tabriz donde no dejó verse durante un tiempo. En octubre de 1917 se produce la Revolución Rusa. Irán se vio rozada por aquellos acontecimientos, aunque finalmente salió incólume de las garras del despotismo ruso. Jiabani le dio a los demócratas un nuevo aliento, realizó varias innovaciones en la institución y editó el diario "Taŷaddod" (Renovación) que era en realidad el boletín oficial del partido demócrata. Jiabani se opuso firmemente al Tratado de 1919 que firmó Vosuq al-Douleh en beneficio de Gran Bretaña y en la que Persia salía bastante perjudicada. Al año siguiente, los demócratas de Tabriz se levantaron en rebelión liderados por Jiabani, ocuparon las oficinas de la Administración y los edificios de gobernación y obligaron a los funcionarios que allí trabajaban a abandonar el trabajo y sus funciones. 6 meses duró el levantamiento popular durante los cuales Jiabani no dejaba de arengar diariamente al pueblo y de dar discursos en los que dejaba claro los objetivos de los partidarios de la libertad y del pueblo de Azerbaiyán, y animaba a las masas a defender la libertad y la independencia de Persia. El levantamiento fue finalmente aplastado ese mismo año por Mojber al-Saltaneh, enviado por Moshir alDouleh para gobernar Azerbaiyán. Sin lugar a dudas, Jiabani es una de las personalidades más conocidas de la historia contemporánea de Irán en la exigencia de la libertad. Sus discursos eran excitantes y escribía interesantes artículos. Resistió hasta la muerte en su lucha por que los ideales constitucionalistas se viesen hechos realidad. Estudiando los dos levantamientos que lideró en Azerbaiyán puede vislumbrarse el desprendimiento y el sacrificio de este gran líder en su defensa de la libertad y de la Constitución. En el primer levantamiento, mediante la formación de un Comité Estatal digno de la confianza del pueblo de Azerbaiyán, tuvo cierto éxito pero este comité también se vio enfrentado a varios problemas y aún era incapaz de realizar los grandes logros que reclamaba la población de Persia. El segundo levantamiento comenzó en marzo de 1920 y fue entonces cuando Jiabani, aunque fue elegido diputado para el IV Parlamento, fue muerto a tiros por orden de Mojber al-Douleh y su casa saqueada por el destacamento cosaco. Es menester decir que el fracaso de esta segunda insurrección es debido en parte a la falta de colaboración de muchos de los insurrectos. Jiabani se enfrentó al Gobierno a pesar del ultimátum de los rusos. Se mostró defensor de la integridad del territorio de Persia en el asunto de la ocupación de Azerbaiyán por parte del Imperio Otomano y atacó encarnizadamente a aquellos que se querían avenir con el enemigo. En su último discurso, Jiabani decía, "Tabriz quiere que el gobierno esté en manos del pueblo. Ahora mismo toda Persia esta pidiendo esto a gritos. Cuando Teherán se niega a aceptar esto, nosotros tendremos que reconstruir Persia sobre los cimientos del radicalismo, nosotros decimos que un gobierno democrático debe regir toda Persia. El pueblo de las ciudades y provincias debe tener libertad para expresar sus opiniones, y, en la defensa de sus derechos, la última etapa es la muerte, y preferimos morir en esta senda que vivir en la ignominia." Karim Jan Zand (1749-1779). Karim Jan Zand era uno de los generales de Nader Shah. Karim Jan pertenecía a la tribu de los zandíes, tribu que había sido trasladada a Jorasán por orden de Nader Shah y que luego Karim Jan devolvió a su lugar de origen autoproclamándose jefe de la tribu. Hasta el año 1749, en que las guerras internas de los remanentes de Nader Shah mostraron su ineptitud en política y en asuntos de estado y que prepararon el terreno para la llegada de nuevos pretendientes al poder, nada sabemos de Karim Jan Zand. A tenor de las revueltas que había a la sazón en todo el país, Karim Jan formó un triángulo formado por él, Ali Mardan Jan y Abul Fath Jan Bajtiari, pero como ninguno de los tres se consideraba inferior respecto al resto del grupo en rango y autoridad, la alianza acabó en disputas. Este triángulo mantuvo negociaciones para nombrar rey al sobrino del safaví Sultán Huseyn (hijo de su hermana) y llamarlo Shah Ismail III, repartiéndose los tres altos cargos tocándole a Karim Jan ser general del ejército. Mas como se ha dicho anteriormente, los tres acabaron luchando entre sí. Karim Jan, después de 16 años de guerras continuas, pudo vencer a Ali Mardan Jan y a todos sus rivales entre los que se contaban Mohammad Hasan Jan Qajar (un pretendiente al trono), y apoderarse de las regiones centrales, norteñas, sureñas y occidentales del país. Mientras tanto, ocurrió que Shah Ismail III pidió refugio a Mohammad Hasan Qajar. Karim Khan fue derrotado poco después por el jan qajar que le hizo regresar a Isfahán. Allí, Karim Jan se enfrentó a la alianza de Ali Mardan Jan y Azad Jan Afghan a la que venció en batalla. Luego, alrededor de 1750 y tras la desaparición de Mohammad Hasan Qajar, Karim Jan se proclamó, no rey, sino con el nombre más modesto de vakil al-ra'ya (tutor o regente de los vasallos) de toda Persia, exceptuando Jorasán que permaneció en manos de Shahroj hasta la muerte de éste. Karim Jan luchó contra los otomanos en 1775, y de esta manera los persas ya dominaban además de la meseta de Irán, la cuenca del Shatt al-Arab, Bahrein y las islas del sur del golfo Pérsico. Karim Jan estableció su capital en Shiraz a la que dotó de muchos monumentos. Karim Jan murió en 1779 a edad bastante avanzada y de muerte natural. Modarres Uno de los clérigos más importantes que se opusieron a Reza Shah. Seyyed Hasan, más conocido por Modarres, nació en el pueblo de Sarabeh, provincia de Ardestán. Pasó su infancia en Qomsheh y tras terminar sus estudios primarios marchó a la ciudad de Isfahán para continuar sus estudios de teología con tres de los clérigos de más prestigio del momento. En Isfahán permaneció 13 años tras los cuales marchó a Iraq donde estuvo completando sus conocimientos 7 años con clérigos de renombre. En el año 1898 regresó a Isfahán y allí se dedicó a la enseñanza de leyes y jurisprudencia islámica. En 1910 ingresa en el II Parlamento de parte del Comité de los Ulemas de Nayaf para supervisar las leyes del Parlamento (en virtud de un artículo de la Constitución). En el III Parlamento, es decir en el año 1913, es elegido diputado por Teherán. Dos años después, durante la I Guerra Mundial, salió de Teherán acompañado de otros personajes importantes y vivió durante dos años en Siria, Iraq y Turquía constituyendo un gobierno en el exilio del cual él era ministro de Justicia. A su regreso a Irán fue elegido por el pueblo diputado del Parlamento durante varios periodos de éste. En el V Parlamento se opuso al derrocamiento de la dinastía Qayar y la entronización de Reza Jan. Su oposición patriótica a Reza Jan le valió la enemistad de éste hasta tal punto que envió a un sicario para que le diese muerte. Era 1926 cuando fue objeto de un atentado, le dispararon varias balas pero sobrevivió. Reza Shah se lo quitó de encima ordenando su deportación a Jorasán, cerca de la frontera con Afganistán, donde fue encarcelado y posteriormente asesinado con un té envenenado que no le hizo mucho efecto, por lo que los carceleros hicieron uso del propio turbante de Modarres para estrangularlo (1937). Frases como "nuestra religión es como nuestra política, nuestra política es como nuestra religión" y que hoy aparece en los billetes de 100 riales fueron acuñadas por él. Mohammad Mosaddeq 1879-1967 Mohammad Mosaddeq nació en Teherán en 1879 en el seno de una familia de alta alcurnia. Su padre, Mirza Hedayat, era ministro en la época de Naser al-Din Shah y su madre Malek Taŷ Firuz Naŷm al-Saltaneh era nieta del que fuera heredero a la corona Abbas Mirza (hijo de Fath Ali Shah), muerto en batalla en 1834. A los 17 años de edad entró en la Administración de Jorasán como funcionario de Hacienda, donde trabajó durante 10 años, tras los cuales dimitió. En 1902 invertía parte de su tiempo para adquirir nuevos conocimientos y también estudió en la Escuela de Ciencias Políticas que hacía poco había sido inaugurada en Teherán. Con el inicio de la Revolución Constitucional en 1905, comenzó realmente su vida política. Por estas fechas ingresó como miembro de la Sociedad de la Humanidad, un grupo de corte humanista donde se congregaban intelectuales defensores de la libertad y de la independencia, grupo del que dimitió más tarde debido a que consideraba muchas de sus ideas opuestas a sus ideales políticos. Pero la experiencia en aquella sociedad le valió para crear la suya, a la que puso un nombre similar, en compañía de otros personajes influyentes del panorama político e intelectual del momento, que eran cercanos a él. En el I Parlamento el doctor Mosaddeq fue elegido diputado por Isfahán. Pero no ingresó en él por ser menor de 30 años. Poco después, alrededor de 1910 y durante el período que se conoce en la historia de Persia como el de la "pequeña dictadura", Mosaddeq marchó a París donde estudió política durante dos años. Después regresó a Persia, pero tuvo que ir a Suiza debido a su estado de salud, y allí se doctoró en Derecho por la Universidad de Neuchatel. A su regreso fue nombrado director y profesor en la Escuela de Ciencias Políticas de Teherán. Fue entonces cuando comienza a escribir, en un principio, libros de texto para sus clases. Durante las Elecciones al III Parlamento fue invitado a participar en las actividades de un partido moderado de corte progresista. En 1915 fue elegido por el III Parlamento miembro del Comité del Ministerio de Hacienda y dos años más tarde, viceministro de Hacienda y presidente de la Oficina General de Cuentas, puesto en el que permaneció hasta 1918 y durante el cual instituyó unos tribunales donde juzgó a altos cargos destituyéndolos después. Durante el mandato del Gabinete de Vosuq al-Douleh se fue a Europa. En el siguiente Gabinete, gobernado por Moshir al-Douleh, fue nombrado por éste ministro de Justicia, pero fue inmediatamente apartado de ese puesto y nombrado gobernador de la provincia de Fars por requerimiento de la propia población. Estuvo en este cargo hasta su destitución en 1921. Salió entonces de Shiraz y estuvo viviendo en la provincia de Chahar Mahal va Bajtiari hasta la caída del Gabinete de Seyyed Zial Din. Durante el siguiente Gabinete, presidido por Qovam al-Saltaneh, fue nombrado ministro de Hacienda. Durante su ministerio realizó grandes logros como el equilibrio del presupuesto del estado además de inspeccionar los antecedentes de los altos cargos y funcionarios y expulsar a los corruptos. Tras la caída de Qovam al-Saltaneh y el nombramiento de Moshir al-Douleh como primer ministro, fue nombrado gobernador de Azerbaiyán, puesto en el que se mantuvo hasta agosto de 1923 en que fue nombrado ministro de Asuntos Exteriores. Después de la caída de Moshir al-Douleh se negó a aceptar ningún ministerio bajo el mando de Reza Jan, futuro rey de Persia. En las V Elecciones al Parlamento fue elegido diputado por Teherán. Usando sus propias palabras, la línea política seguida por Mosaddeq desde sus inicios en el mundo de la política es, en política interna "el establecimiento de los principios de la Constitución y de la libertad" y, en política externa, "política de balance negativo". Mosaddeq estaba totalmente en contra de un cambio de dinastía en el país. Opinaba que Reza Jan podría servir más a Persia como primer ministro que como rey. Así pues, durante el V Parlamento profirió muchos discursos a este respecto. Cuando Reza Jan fue nombrado sha, éste quiso hacer ingresar en su gobierno de alguna manera a todos aquellos que gozaban del apoyo popular, entre los que se contaban Mosaddeq, a quien el nuevo rey propuso nombrar primer ministro, a lo que él se negó. Después de finalizar el VI Parlamento y al tantear Mosaddeq que la situación política no era muy adecuada, se apartó de ella, y, para no verse afectado por ningún acontecimiento político se marchó de la capital para irse a vivir a una de las propiedades que tenía en Ahmad Abad (entre Teherán y Qazvin). Allí permaneció ocupado en labores agrícolas hasta 1936. En 1940 fue llevado a Birjand, en Jorasán, donde fue encarcelado. Fue excarcelado al poco tiempo debido a su enfermedad, y fue ordenado que regresase a Ahmad Abad donde permanecería bajo libertad vigilada. Así estuvo hasta septiembre de 1941 que se le retiró la vigilancia. No obstante, Mosaddeq pasaba la mayor parte del tiempo en su villa, hasta que en diciembre de 1943 fue elegido diputado por Teherán en el XIV Parlamento, ya, con Mohammad Reza en el trono. En enero de 1946 se opuso tenazmente a la creación de un comité dirigido por tres países extranjeros (la URSS, Norteamérica y Gran Bretaña) para dirimir el contencioso de Azerbaiyán y advirtió del peligro que supone la injerencia de otros países en los asuntos internos. Durante el XV Parlamento Mosaddeq no fue diputado pero había un grupo minoritario fiel a sus ideas que se opuso a la aprobación del protocolo del petróleo conocido como tratado de Ghes-Golshayan. En las Elecciones al XVI Parlamento logró, ayudado por algunos candidatos de Teherán, anular las elecciones, lo que trajo como consecuencia que la mayor parte de los diputados de Teherán fueran elegidos entre los miembros del Frente Nacional e ingresar él de nuevo como diputado nº 1. Durante este período fue cuando Mosaddeq fue elegido, primero, miembro del Comité del Petróleo y luego presidente, y, con el apoyo de los diputados del Frente Nacional formó la "Fracción Patriótica"?, y fue llevada a cabo la nacionalización del petróleo, en primera instancia aprobada por el Comité del Petróleo y luego, con fecha del 14 de marzo de 1951 aprobada por mayoría parlamentaria y ratificada 5 días después por el Senado. El 25 de abril de 1951, el gobierno de 'Ala que subió al poder tras la muerte en atentado de Razmara, dimite al verse impotente para enfrentarse a la voluntad popular de nacionalizar el petróleo y a las consecuencia que ello acarrearía ante Gran Bretaña. 6 días después el gabinete de Mosaddeq tiene una reunión a puerta cerrada presidida por él mismo donde deciden presentarse para componer el Parlamento. Gran Bretaña hizo un cerco económico contra Irán y le impidió la venta de crudo. Tras amenazar también con el envío de buques de guerra, llevó el asunto de la nacionalización del petróleo a los Tribunales de la Haya y al Consejo de Seguridad. Mosaddeq se presentó en el Consejo y defendió los derechos de Irán. El Consejo no se pronunció ante la denuncia de Gran Bretaña prefiriendo que fuese el Tribunal de la Haya quien dirimiese la cuestión. En junio de 1952 Mosaddeq viaja a la Haya donde pronunció en el Tribunal un discurso y el 20 de julio el Tribunal determina que no tiene competencia para atender la denuncia de Gran Bretaña. Se llegó a dar el caso de que uno de los miembros de la Judicatura, que era inglés, llegó a votar a favor de Irán. El país salió victorioso en la escena internacional gracias al esfuerzo y la habilidad de Mosaddeq. En 1951 el doctor Mosaddeq fue elegido hombre del año por la revista norteamericana Time. El 21 de diciembre de 1951 se venden al público bonos del estado y éste responde con compras masivas. Mosaddeq, hombre del año en 1951 según Time. En febrero de 1952 Mosaddeq hizo cerrar los consulados y los centros culturales británicos además de dar la orden de expulsión de todos los técnicos británicos del petróleo, y el 21 de octubre Irán rompe relaciones con dicho país. A mediados de julio de este mismo año, al no estar de acuerdo el sha con la transferencia del Ministerio de la Guerra al primer ministro, Mosaddeq presentó su dimisión y fue nombrado primer ministro Qovam al-Saltaneh. Este hecho desencadenó de inmediato manifestaciones populares sangrientas y el 21 de julio Qovam al-Saltaneh tuvo que ser depuesto y restituido Mosaddeq como primer ministro y transferírsele además la cartera del Ministerio de Guerra. Mosaddeq pidió al Parlamento manos libres para llevar a cabo lo antes posible aquellos proyectos de ley que él consideraba beneficioso y necesario su conversión en ley por el Parlamento. El Parlamento le concedió tal potestad, primero por un período de seis meses, que se le prorrogó luego a un año. A lo largo de todo este período, el doctor Mosaddeq aprobó unos 80 proyectos de ley de diversa materia, considerados todos ellos como provechosos para el interés general y que abarcaba campos como la seguridad, la lucha contra la corrupción, reforma de la Justicia, reforma de Finanzas y de Hacienda, equilibrio del presupuesto nacional, vivienda, sanidad, fuerza armadas, asuntos sociales, seguros e instauración de la libertad. El 15 de diciembre nacionaliza la telefonía a la vez que se opone a renovar el contrato de pesca que tenía con la URSS y en su lugar la nacionaliza también. En agosto de 1953 convocó un referéndum para disolver el Parlamento y el pueblo votó sí a dicha disolución. El 15 de agosto se produjo una intentona de golpe de estado por parte de la Corte cuyo fracaso provocó la huida del país del sha. El sha y su entonces mujer, Soraya, llegan a Roma en agosto de 1953 tras el fallido golpe de estado contra Mosaddeq. Pero tres días después se volvió a intentar, esta vez con el dinero y la colaboración de la CIA norteamericana. El golpe de estado llegó a buen puerto. El sha regresó de su breve exilio y es hundido el gobierno del doctor Mosaddeq después de 28 meses de hegemonía en Irán. Mosaddeq y sus colaboradores fueron llevados a los Tribunales militares, que el doctor no reconocía competentes para juzgarle, mientras no dejaba de reconocerse a sí mismo como primer ministro legítimo. Finalmente, el veredicto para Mosaddeq fue de tres años de prisión. Mosaddeq no reconocía el tribunal que lo juzgaba. Cuando cumplió su condena, fue exiliado a su villa de Ahmad Abad donde permaneció confinado, bajo vigilancia y prohibición de visitas, excepto por unos cuantos allegados, hasta poco antes de su muerte. A mediados de diciembre de 1966 fue trasladado a Teherán para ser ingresado en un hospital por estar aquejado de cáncer de mandíbula y boca. Pero la medicación allí suministrada no surtió efecto alguno y el cáncer acabó con su vida el domingo 4 de febrero de 1967. Su cuerpo fue llevado a Ahmad Abad donde recibió sepultura en su propia casa. El doctor Mosaddeq ha sido una de las personalidades más arrolladoras de la política iraní del siglo XX. Admirado por unos, detestado por otros a cuyos intereses perjudicaba, Mosaddeq sigue siendo puesto como ejemplo de persona incorruptible e incomprable. Su sentido de la justicia le impedía que los extranjeros explotaran la riqueza nacional de su país y su habilidad y firmeza en la política le ha valido que sea comparado habitualmente con Amir Kabir, el mejor ministro iraní del siglo XIX. Nader Shah Afshar Nader Qoli Jan, nombre original de Nader Shah, era el hijo de Emam Qoli, de la tribu turcomana de los Qerajlu, que era una ramificación de la tribu de los Afshar. Dicha tribu había sido trasladada a principios de la época safaví a la zona norte de Jorasán para impedir las incursiones de los uzbecos y de los turcomanos, asentándose en Abivard y Darreh Gaz. El historiador oficial de la corte de Nader Shah, Mirza Mehdi Jan, nos dice que Nader Shah nació el sábado 28 de moharram de 1100 de la hégira (1688) y se contenta luego con darnos una parca descripción de la vida de las tribus sin decirnos nada acerca de las alcurnias del último conquistador aparecido en Asia. Lo que sí se puede sacar en claro de todo ello, es que Nader Qoli Jan, antes de la insurrección de los Galzai afganos en Qandahar y de la caída de la dinastía safaví, era un personaje anónimo que guarnecía su vida de pastor con algunas sencillas demostraciones de valor y coraje. La caída de Isfahán en 1722 fue un buen pretexto para que, por un lado, los agitadores del interior y por otro, los pretendientes del exterior, salieran todos de sus rincones y sumieran también al país en un largo y duradero caos. Nader Qoli Jan, que encabezaba un grupo que había sido formado para la defensa de la integridad de la población de Abivard, se puso en primera instancia a las órdenes del jan de la zona, y, tras contraer matrimonio dos veces sucesivas con dos de sus hijas, heredó la pequeña región que aquel regentaba. Fue entonces, en 1726, cuando Nader Qoli se unió al príncipe errante safaví Tahmasp Mirza, que estaba buscando amigos y colaboradores abnegados y se dispuso a salvar al país de la quema de los afganos. Nader Qoli, salió vencedor en las cuatro batallas consecutivas que mantuvo contra los afganos en las regiones de Mehmandust (Damghan), Sar Darreh Jar (cerca de Teherán), Murcheh Jar (Isfahán) y Zargán (Fars). Estaba allanando el terreno para el reestablecimiento de los Safavíes. Después de aquellas batallas, durante los 20 años siguientes, mantuvo continuas guerras contra los otomanos en las que siempre Nader Qoli salía vencedor, y solamente en una ocasión las huestes turcas pudieron derrotarle. Así pues, Nader Qoli expulsó de nuevo a los turcos de las regiones de la ribera sur del mar Negro, Armenia y Georgia. Por otra parte, Pedro el Grande, aprovechando los disturbios internos y siguiendo una política hábil y eficaz, había hecho evacuar los contingentes rusos de la franja del Caspio, de la línea que va de Bakú y Darband a Mazandarán. Nader Qoli aprovechó de forma oportuna la debilidad mostrada por Shah Tahmasp II (1713-1732) para destronarlo y colocar en el trono a su hijo pequeño. Luego, en 1735, destronó al todavía niño 'Abbas III, para autoproclamarse rey, designación apoyada en una asamblea celebrada en Dasht Moghan en la que se hallaban presentes nobles, generales, "barbas blancas" y clero de alto rango. Las siguientes empresas con las que continuó fue dirigirse a Qandahar donde aplastó las rebeliones internas y el reestablecimiento de la calma en todo el país. Por otra parte, debido a que la corte gurkaní de la India había dado refugio a varios fugitivos afganos y aquellos no atendían a las exigencias de Nader Shah, éste no tuvo otra opción que dirigir sus milicias hacia la India. El 24 de febrero de 1739 se produjo la batalla decisiva entre ambos bandos en la región de Karnal, en la India, que se saldó con la derrota del rey Mohammad Shah Gurkaní. Nader Shah conquistó el norte de la India, incluida Delhi, y, después de acuñar moneda y anunciar su victoria sobre el rival, volvió a sentar a Mohammad Shah Gurkaní sobre su trono. A cambio de ello, el rey de la India devolvió a Persia las zonas de occidentales de Ab Atak y el río Sind. Al regreso de Nader Shah a Persia, Jodayar Jan 'Abbasí, gobernador de Sind, comenzó a insubordinarse, lo cual obligó a Nader Shah a ocuparse un año entero en reprimirlo a él y a los afganos para apaciguar la región. El suceso importante de 1741 fue la expedición militar de Nader Shah a Transoxiana y la conquista de la región de la ribera sur del Oxus. Abul Feyz Jan, descendiente de Gengis Jan, sufrió una gran derrota pero fue nombrado, por el mismo Nader Shah, gobernador de Samarcanda, Bujara, y toda la ribera norte del Oxus hasta Sogdiana y Ferghana. Ilias Jan (valí de Joresmia), perdió la vida en su enfrentamiento con ellos. Así pues, Joresmia recuperó su posición en la historia y fueron de nuevo sometidas las regiones que se hallaban entre los dos grandes lagos que abarca de este a oeste, el mar de Aral y al mar Caspio y de norte a sur desde Mazandarán hasta el desierto de Qipchaq (actual Kazajistán). Debido a los errores que cometió Nader Shah a la hora de reconocer a sus conspiradores, se llenó de ira contra su propio hijo, Reza Qolí Mirza, y lo cegó (1741). Esta calamidad le causó un desequilibrio mental que se fue agravando cada vez más. Las revueltas internas de los Lazgíes de Daguestán, y las insurrecciones locales de Fars, Gorgán y otros lugares, unido a la negativa de los otomanos en aceptar el shiísmo como una quinta escuela del Islam, provocaron que Nader Shah renunciase a atacar Rusia, Estambul y Transoxiana, y se encerrase en sus luchas internas que lo hostigaban. Finalmente, el rey murió en Quchan, en 1747, a manos de un grupo de generales muy afines a él, que temían por su vida. Nader Shah fue un dirigente que llevó por última vez las fronteras de Persia a sus confines naturales. Se hizo de grandes buques navales con el objetivo de hacer devolver a Persia el derecho histórico que ostentaba en el golfo Pérsico y en el mar Caspio. Mausoleo de Nader Shah, en Mashad. En el interior se encuentra también un pequeño museo con objetos de la época. Fot. www.salamiran.org Qa'em Maqam Farahani Mirza Abul Qasem Qa'em Maqam Farahani, hijo de Mirza 'Isa Farahani (más conocido como Mirza Bozorg Qa'em Maqam I) nació en Farahan, en la provincia central de Arak en 1779. El futuro visir nació en una familia que alta alcurnia cuyos miembros ya servían a los reyes del momento. Así, el abuelo de Qa'em Maqam, llamado Mirza Huseyn Vafa se incorporó al servicio de la corte de los Zandíes en 1766, y dos de los hermanos de éste fueron ministros de la misma dinastía, y, una vez depuestas por Agha Mohammad Jan Qajar pasaron a ejercer altos cargos en la nueva dinastía. En 1798 sube al trono el sobrino de Agha Mohammad Jan Qajar, Fath Ali Shah, y éste nombra inmediatamente heredero al trono a su hijo mayor y preferido, 'Abbas Mirza, a quien pone al cuidado de Mirza 'Isa Farahani (padre de Qa'em Maqam). Tras este nombramiento, 'Abbas Mirza y Mirza 'Isa, su visir, son destinados a Azerbaiyán. Mirza 'Isa mostró una gran eficacia y destreza en su cargo y en la educación de 'Abbas Mirza, entonces un niño de 11 años. Bajo su visirato auspició reformas en el débil ejército de Persia y puso orden en las turbulentas ciudades de Jui y Salmas. Las reformas en el ejército fueron ampliadas con la llegada del general francés Gardanne. Por otra parte, fue bajo el visirato de Mirza 'Isa cuando se enviaron a Europa los primeros estudiantes persas para estudiar las nuevas ciencias y tecnología que estaban descollando en Occidente. Mirza 'Isa, ya viejo y cansado, le pidió al sha que le diese su cargo a su hijo mayor Mirza Hasan. Así se hizo, pero éste murió al poco tiempo, por lo que el visirato pasó a las manos de su otro hijo, Mirza Abul Qasem Qa'em Maqam Farahani (1811), que no ejerció hasta la muerte de su padre en 1821 en que pasó a ser "visir especial del príncipe heredero Abbas Mirza". Qa'em Maqam, conocido entre los historiadores como Qa’em Maqam II para diferenciarlo de su padre, demostró durante su cargo su buen hacer en la política, algo que le valió el ganarse numerosos enemigos que le miraban con envidia. Por aquel entonces los ingleses habían llegado a su conclusión particular de que 'Abbas Mirza y su hábil visir estaban al servicio de los rusos. Así que se pusieron manos a la obra y pusieron en el cargo de Gran visir del sha a "Abdullah Jan Amin al-Douleh, mediante el cual llevaron a cabo sus oscuros designios, entre los que se contaban encender de nuevo la mecha de la guerra entre Persia y Rusia. Para impedir a Qa'em Maqam II llevaron a cabo la política de la calumnia y éste no tuvo más opción que marcharse de Azerbaiyán y encaminarse hacia Teherán. Mientras tanto, aquellos que conspiraban contra Qa'em Maqam II no descansaban y enviaron al rey una larga carta donde se enumeraban los errores en los que había incurrido el visir de 'Abbas Mirza. Qa'em Maqam II escribe entonces un poema en que se lamenta más por el hecho de haber sido traicionado por sus propios sirvientes y colaboradores que por la traición en sí: 'he visto tanta traición de mis compañeros"decía", que de mi propia sombra tengo miedo." La separación de Qa'em Maqam II de Abbas Mirza durará dos años hasta que finalmente Fath Ali shah le devuelve el honor y el prestigio perdido y lo envía de nuevo a Azerbaiyán (1825). El regreso de Qa'em Maqam II a Azerbaiyán coincidió con una nueva provocación por parte de los ingleses para que Persia y Rusia volviesen a enfrentarse, algo que tanto Qa'em Maqam II como Abbas Mirza se negaban a continuar. En 1826 el sha convoca una junta consultiva para preguntar sobre si se debía hacer la guerra a Rusia y cuando llega a Qa'em Maqam II le pregunta su opinión al respecto, "Soy un secretario "respondió" y la opinión de los jefes del ejército valen más que la mía." Fath Ali Shah, que no acepta aquella respuesta, le pide que responda seriamente a la cuestión y entonces Qa'em Maqam II le pregunta al sha cuánto recauda en concepto de impuestos. "Tres millones "responde el rey" 'Y cuánto recauda Rusia "pregunta de nuevo Qa'em Maqam"Trescientos millones "fue la respuesta del sha"Según la aritmética "dice Qa'em Maqam" alguien que recauda tres millones no se mete en guerras con alguien que recauda 300 millones." Pero la guerra se hizo de todas maneras. Los ingleses aprovecharon aquella oposición que mostró Qa'em Maqam para acusarle de estar en contra de la liberación de los musulmanes del Cáucaso, y, lo que era peor, de estar aliado y ser amigo de los rusos. Fue cuando la presencia de Qa'em Maqam en Tabriz no era muy afortunada y se decidió que fuese deportado a Mashad, tras lo cual su casa de Azerbaiyán fue saqueada por sus enemigos. Pero el conflicto bélico contra los rusos estaba tomando muy mal cariz. De nuevo Fath Ali Shah tuvo que recurrir a la inteligencia y habilidad de Qa'em Maqam para que le ayudase a salir del atolladero. Las consecuencias de la guerra contra Rusia fueron el Tratado de Torkamanchai, el peor y más humillante tratado nunca jamás firmado por Persia y que se ha convertido en algo proverbial, que podría haber sido peor aún. En efecto, los rusos pedían que se estableciese la frontera con Rusia allí donde hubiera presencia de tropas rusas, es decir, Tabriz, ya que estaba ocupada por las tropas del zar. Pero Qa'em Maqam no descansó hasta conseguir que al menos la frontera entre ambos países fuese establecida en el río araxes. Debido a este conflicto, en 1828 cae asesinado Griboyedov, el embajador de Rusia en Teherán. Qa'em Maqam se pone manos a la obra para evitar un nuevo conflicto con el gigante ruso y junto a 'Abbas Mirza escribe una carta de condolencia al zar que sin lugar a dudas contribuyó mucho a que éste adoptase una posición moderada frente a aquel grave suceso. Qa'em Maqam seguía al servicio del príncipe heredero 'Abbas Mirza, a quien acompañó en varias expediciones militares para reprimir insurrecciones en el interior del país. En una de aquellas guerras, concretamente la llevada a cabo contra el gobernador insurrecto de Herat, el príncipe heredero pierde la vida. Qa'em Maqam, que se encontraba luchando también en el frente junto al que sería poco después Mohammad Shah, tuvo la destreza de pactar un alto el fuego ventajoso para el Gobierno con el gobernador insurrecto antes de que éste se enterase de la muerte de 'Abbas Mirza, acuerdo en virtud del cual el gobernador de Herat daría 15.000 tomanes anuales como tributo, se haría la plegaria en el nombre del sha y acuñaría moneda también con el nombre del rey. Entonces es nombrado príncipe heredero Mohammad Mirza, hijo de'Abbas Mirza. Al año siguiente muere Fath Ali Shah. Mohammad Mirza sube al trono con el nombre de Mohammad Shah en 1834. Una vez en el trono Mohammad Shah, Qa'em Maqam es nombrado gran visir de la Corte. Cuando Qa'em Maqam es nombrado visir real, Persia no pasaba sus mejores momentos. Las Arcas estaban vacías, los pretendientes al trono abundaban por todo el país, el ejército estaba debilitado, Rusia y Gran Bretaña cada vez se inmiscuían más en los asuntos internos y la falta de seguridad se había convertido en un grave problema. En fin, gracias nuevamente a la sagacidad de Qa'em Maqam, que supo mantener en secreto la muerte del rey durante varios días, Mohammad Shah pudo subir al trono sin muchos problemas, tras llevar al príncipe heredero de Tabriz a la Teherán. Ello no quiere decir que poco antes y durante la coronación no hubiese pretendientes. Éstos no dejaban de surgir por todo el país pero Qa'em Maqam pudo evitar muchos derramamientos de sangre, bien comprando a unos o bien confinando o cegando a los que no se dejaban convencer. A pesar de todos los esfuerzos de Qa'em Maqam en entronizar a Mohammad Shah, este rey, enfermizo y de débil personalidad, no supo retribuir ni agradecerle el valioso servicio prestado ya que gracias a él podía ceñir la tiara real. Al año siguiente, en 1835, lo destituye y ordena su ejecución. Las causas de esta decisión por parte del rey se podrían resumir en lo siguiente. Tras aplastar a los pretendientes al trono, Qa'em Maqam se dispuso a trabajar en apaciguar el país. Lo primero que hizo fue arreglar el sistema de tributario para lo cual tomó las medidas que él estimó oportunas y no tuvo miramientos con nadie. Era un hecho conocido lo sensible y meticuloso que era Qa'em Maqam para los asuntos monetarios, y ahora que tenía más poder que antes, puso todo su empeño en sanear las cuentas del país recortando gastos por todas partes. Para ello estableció un sueldo fijo para el rey y recortó el gasto que causaban los cortesanos y la numerosa familia real. Por otra parte, Qa'em Maqam tenía numerosos detractores, la mayoría de ellos pretendientes al cargo que él ostentaba, y que ya estaban en su contra desde la muerte de Fath Ali Shah. Su principal rival y que al final se salió con la suya fue Mirza Aqasi, ayo de Mohammad Shah desde que éste era pequeño, que fue nombrado visir en cuanto Qa'em Maqam fue asesinado. Mirza Aqasi, que había subido mucho de posición mediante la ayuda de Qa'em Maqam, sentía una particular inquina hacia el visir. Siempre intentaba poner al sha en su contra mediante mentiras, que eran sumadas a las que de él decían otros allegados a la Corte. Mohammad Shah, que carecía de personalidad y que parecía que estaba embrujado por su ayo, fue creyendo todo lo que le decía y paulatinamente fue cambiando la opinión que tenía acerca de su visir. Se da la circunstancia de que el sha le preguntaba a Mirza Aqasi sobre la veracidad de las calumnias que escuchaba, que éste no hacía más que corroborar y agrandar. Las difamaciones llegaron al paroxismo cuando se dejó correr el rumor de que Qa'em Maqam quería destronar a Mohammad Shah para nombrar rey a otra persona. El tío del sha, Zall al-Sultán, era uno de los pretendientes al trono tras la muerte de Fath Ali Shah, pero que se mantuvo al margen tras ser convencido por Qa'em Maqam. Se cuenta que los cortesanos y aduladores empezaron a decirle a Mohammad Shah que Qa'em Maqam estaba confabulado con Zall al-Sultán para arrebatarle el trono y dárselo a él. Llegaron a soltar disparates, como que cuando Qa'em Maqam mandó acuñar moneda con el nombre de Mohammad Shah, con Mohammad se refería a su hijo, a quien quiere poner en el trono. Los rumores y los infundios mientras tanto iban creciendo como una bola de nieve. Qa'em Maqam, que no era ajeno a lo que se estaba cociendo a su alrededor, para impedir que su situación empeorase, decidió cambiar la guardia real y entregársela a un familiar de su confianza. Esta decisión no hizo sino encolerizar a sus detractores además de hacer desconfiar al rey y a su esposa, Mahd-e-Ulia (madre de Naser al-Din) mujer de mucha influencia que se encontraba en las filas enemigas de Qa'em Maqam. Por otra parte, el colonialismo de Rusia y Gran Bretaña se puede contar entre los factores que contribuyeron a la caída y asesinato de Qa'em Maqam. Tras el Tratado de Torkamanchai se le dio un duro revés a la integridad de la independencia de Persia y la influencia de Rusia se hizo más patente que nunca además de ir en aumento. Gran Bretaña, por un lado, se esforzaba en hacer mermar la influencia rusa en Persia, y por otro, trataba de impedir que la mano del zar llegase a la India, además de que hacía lo imposible por que los persas le hiciesen a ellos también concesiones como las hechas a los rusas mediante el tratado de Torkamanchai. Los ingleses intentaron sobornar en muchas ocasiones a Qa'em Maqam para lograr sus objetivos, pero nunca se dejó, ni estando bajo las ordenes del príncipe 'Abbas Mirza ni durante su breve período de visir real. El mismo embajador británico en Teherán decía que"hay una persona en Persia que no se puede comprar, Qa'em Maqam". Los ingleses insistían mucho en obtener unas condiciones arancelarias similares a las obtenidas por Rusia mediante el Tratado de Torkamanchai, pero Qa'em Maqam nunca se dejó convencer y rechazó de plano todas sus propuestas. En fin, factores internos y externos se añadieron al carácter indómito y orgulloso de Qa'em Maqam, fruto quizás del difícil período que le tocó vivir y de la presión del cargo que ejercía, para acelerar su caída. Una tarde, Mohammad Shah manda llamar a Qa'em Maqam a través de un sirviente. Cuando entra en Negarestán, como se llamaba el jardín del palacio, y tras un buen rato de espera, el rey no aparece. Cuando intenta marcharse le cierran el paso. Qa'em Maqam se percata de que algo raro está sucediendo y se teme lo peor. Lo encierran en el sótano del palacio durante cinco o seis días tras los cuales aparece el verdugo para darle muerte por estrangulamiento. Luego es enterrado en el santuario de Shah "Abdul"Azim, al sur de Teherán, sin ni siquiera lavar su cadáver primero. El sha había optado por estrangularlo para cumplir la promesa que le hizo a su padre, "Abbas Mirza, antes de morir de'que no derramaría nunca la sangre de Qa'em Maqam". Mientras Qa'em Maqam estaba confinado en aquel sótano, el sha tomó severas medidas como arrestar y encerrar a sus familiares más relevantes. Muchos de ellos fueron asesinados, a otros se les confiscaron los bienes y otros lograron salvarse por haberse refugiado en algún santuario o simplemente por haberse escondido o huido de la ciudad. Su visirato Aunque Qa'em Maqam no ejerció el cargo de visir nada más que un año, este corto período le bastó para ganarse la buena fama y reputación cuando es mencionado por los historiadores de la dinastía Qajar. Qa'em Maqam había tenido una educación política a manos de su padre y además había practicado durante muchos años su corto visirato como visir particular del príncipe heredero en Azerbaiyán. Así que no es de extrañar que al llegar al poder conociese con detalles cómo desempeñar su trabajo y se supiese como una lección muy repetida y estudiada todo el panorama político y bélico que afectaba a la Persia de su tiempo. Conocía el talón o los talones de Aquiles de Persia e hizo allí hasta donde le era posible remediarlo. En lo que se refiere a política interior este visir hizo grandes progresos para Persia como por ejemplo el reforzamiento de las instituciones ante los ataques del exterior y del mismo interior del país. A este respecto, afianzó la monarquía de Mohammad Shah frente a los extranjeros y los pretendientes y rivales, y ello lo hizo empleando por un lado medios diplomáticos o la violencia cuando venía al caso. También hizo reformas en el ejército y como hemos visto cortó de lleno la influencia de los cortesanos en las Arcas del Estado y llegó mediante esta maniobra a sanear las cuentas del país. Destituyó a muchos aduladores y les abrió las puertas a los sirvientes leales. El trato de Qa'em Maqam con el Clero era templado y deferente. Sentía un profundo respeto hacia los ulemas, a los que consultaba en asuntos de índole político y jurídico. El visir tenía una gran confianza en ellos de tal guisa que cuando murió Fath Ali Shah fue a los ulemas de Tabriz a los que pidió ayuda financiera para llevar a Teherán y entronizar al nuevo rey. En lo que a política exterior se refiere, hay que tener presente que Qa'em Maqam pasó toda su vida al servicio de 'Abbas Mirza y de su hijo Mohammad Shah, ambos apoyados por la Rusia zarista tras los tratados de Golestán y Torkamanchai. Es por ello que muchos historiadores han creído que Qa'em Maqam era partidario de la intromisión de los rusos en Persia, en forjar esta opinión han contribuido mucho los ingleses. La verdad es que Qa'em Maqam practicaba una política de balance positivo y negativo y acudía a una de las dos partes, la rusa o la inglesa, cuando más o menos convenía a Persia. La negativas de Qa'em Maqam a hacer la guerra contra Rusia y su negativa a permitir la apertura de consulados rusos a lo largo y ancho del país, a pesar de la insistencia de Rusia y de ser parte del tratado de Torkamanchai, es un ejemplo de política de balance negativo por él practicada. Por otra parte, su oposición a hacer concesiones aduaneras y arancelarias a los ingleses, después del tratado de Torkamanchai, es un ejemplo que con ellos practicaba la misma política cuando era beneficioso para Persia. Qa'em Maqam tenía como premisa no ceder en nada hasta recibir algo. La petición de Qa'em Maqam a los delegados ingleses y rusos de ser ayudado y apoyado para la coronación de Mohammad Shah es un ejemplo de su política de balance positivo. Qa'em Maqam, hombre culto y de letras y autor de varias obras, abrió las puertas de la Corte a los literatos y poetas. Como escritor, su estilo era sutil y locuaz, y cuando se ordenó lo encerrasen en aquel sótano el rey se guardó muy bien de mandar también que no tuviese pluma y papel a mano. Los cambios e innovaciones que habían surgido en Persia desde finales de la época de la dinastía Zandí fueron completados por Qa'em Maqam, que fue el primero que empezó a despojar a la lengua persa de su pesado aparato de formalismos administrativos y de pesadas e incomprensibles palabras que sustituía por otras más usuales y normales para el oído de cualquier persa. De esta manera, echó los cimientos de la moderna prosa persa que se desarrolló a lo largo de todo el siglo XX. Sattar Jan 1867-1914 Sattar Jan nació en Qarah Dagh, cerca de la provincia kurda de Mahabad, en 1867. Cuando su hermano mayor fue asesinado acusado de colaboración con los bandidos, su padre, Haŷ Hasan, un hombre tranquilo ocupado en sus quehaceres cotidianos, no tuvo más opción que emigrar a Azerbaiyán (1886). Ocurrió que los muleros de Mozaffar alDin Mirza, que llevaban carbón a Qarah Dagh, una vez hubieron llegado a destino se vieron envueltos en un altercado con dos personas en el que resultó muerto uno de los muleros. Los dos lugareños huyeron a Tabriz y una vez allí se refugiaron en casa de Haŷ Hasan. Al ser ésta pequeña, le dijo a su hijo Sattar que diera cobijo a aquellos dos hombres en uno de los jardines de alrededor. Los muleros acabaron dando con el paradero de ellos, rodearon el jardín y empezaron a disparar. Finalmente pudieron apresar a aquellos dos jóvenes de Qarah Dagh y a Sattar que había sido herido de bala en una pierna. Sattar fue llevado a una mazmorra donde pasó dos años de su juventud, pero al final se evadió junto con otro preso, se fue a casa de su padre y éste utilizó la influencia del Moŷtahed Haŷ Ŷavad Mirza y Sattar fue absuelto. Después de aquello, Sattar se hizo de un caballo y un fusil, agrupó en torno a sí a un grupo de adeptos y comenzó a saltear caminos. Parte del botín que conseguía se lo daba a los pobres y necesitados, pero dio con sus huesos en la cárcel en varias ocasiones, hasta que, por recomendación del general Reza Qoli Jan se incorporó en la Gendarmería de Qarah Savaran donde se le encomendó la vigilancia y la seguridad del camino que va de Jui a Marand. Mostró mucha eficacia en su cometido y pasado un tiempo llegó a ser uno de los guardias fusileros del príncipe heredero Mozaffar al-Din Mirza; fue entonces cuando se le dio el sobrenombre de Sattar Jan. Después de un año marchó a Teherán desde donde partió hacia Mashad para formar parte del grupo de ayuda para aplastar a los bandoleros turcomanos, empresa en la que no tuvo mucho éxito y en la que perdieron la vida varios de los hombres que tenía bajo sus órdenes, por lo cual se le impuso un castigo y él salió huyendo de Mashad hacia Tabriz. Sattar Jan era ya un rebelde y un proscrito. Huyó a Iraq y allí visitó como peregrino Karbala, Najaf y Samarra, donde conoció al ayatolá supremo Mirza Shirazi. Ocurrió que Sattar Jan le disgustaba los malos modos y la forma que tenía la servidumbre de los santuarios de tratar a los peregrinos, y, junto a otros jóvenes de Azerbaiyán se dispuso a darles su merecido llegando a pegarles con palos y látigos. Algunos vapuleados fueron gravemente heridos. El gobierno otomano, que a la sazón gobernaba Iraq, querían atraparle pero Sattar Jan ya estaba en la frontera de Persia desde la que puso sus pasos hacia Tabriz (1894), y donde siguió siendo un errante subversivo. En 1901 se arrepintió de sus actos y marchó de peregrinación a los lugares santos del shiísmo en Iraq. A su regreso a Persia, fue nombrado en Salmas supervisor de las tierras de Haŷ Mohammad Taqi, pero al ser Sattar Jan analfabeto, no pudo aclarar bien las cuentas al dueño de las tierras, por lo que surgieron divergencias y abandonó el trabajo. Regresó a Tabriz de nuevo donde se asoció con los tratantes de caballos y se hizo con el mercado de la venta de estos animales y en este oficio se ocupó un tiempo. A veces, los que eran desvalijados por los bandoleros, desesperados por la ineficacia de los funcionarios, recurrían a Sattar Jan. Éste, pertrechado con varios caballos, varios fusiles y un grupo de hombres se dispuso a ayudar a las víctimas de un robo. Tuvo varias refriegas con los bandoleros a los que consiguió reducir y obligar la devolución a sus dueños del botín robado. Mediante las retribuciones que de esta manera obtenía logró reunir un pequeño capital. Y entonces en Persia comenzaron a escucharse los gritos por la libertad y el clamor de una revolución en defensa de una Constitución. Sattar Jan, con su espíritu liberal, sublime y rebelde ante los gobernantes qayar, hacia los que sentía una inquina particular, al escuchar aquel clamor sintió que en algo podía contribuir y servir. Aunque nada entendía de la Constitución, se percató de que algo podía realizar para el país en aquellos momentos. Así pues, se incorporó a la Asamblea de los Constitucionalistas de Tabriz. Allí fue nombrado policía Sattar Jan junto a Bagher Jan, con diez hombres armados para cada uno de ellos (1907). Los revolucionarios de Tabriz, en una fotografía de 1901. La población de Azerbaiyán en general y la ciudad de Tabriz en particular, tenían un recuerdo muy amargo del período en el que el príncipe heredero, Mohammad Ali Mirza, era gobernador de la provincia. Los actos tiránicos de este futuro rey y de sus gobernantes qayar habían dejado una profunda huella en los azeríes. Es por ello que el levantamiento a favor de la Constitución se traducía en una afluencia masiva a las manifestaciones y asambleas populares. Las asambleas de Azerbaiyán estaban en contacto con los liberales del Cáucaso y de Estambul. Los grupos combatientes del Cáucaso llegaban a Tabriz y proporcionaban armas a los azeríes liberales. Se formó la Guardia Nacional, los Combatientes, las Fuerzas Nacionales y los Fidaíes, grupos heterogéneos armados formados por armenios, caucasianos y voluntarios azeríes. Cuando Mohammad Ali Shah salió ileso del atentado que hicieron en Teherán contra él, ocurrió que el cable del telégrafo de Teherán-Tabriz fue cortado, por lo que toda comunicación con Teherán no era posible para la gente de Tabriz, aunque poco después pudieron recibir noticias de la capital vía Qasr-e-Shirin. Tras la llegada a Tabriz de un telegrama procedente de Qazvin, los constitucionalistas reprendieron sus actividades convocando frecuentes asambleas en las que exigían el destronamiento de Mohammad Ali Shah. Las asambleas locales y regionales comenzaron a reunir efectivos armados para enviarlos a Teherán. Entre estos se contaba Sattar Jan, que capitaneaba 50 hombres armados a caballo, junto a otros dos grupos iguales (1908). Los tres grupos se dirigieron a Basamanj donde la asamblea de aquel lugar decidió que cuando el grupo creciera hasta 500 personas marcharía a Teherán. Mas entre tanto ocurrió que el Parlamento de Teherán fue bombardeado por los cañones del ejército del sha, y la Asamblea Constitucional de Tabriz hizo llamar a los hombres armados que se encontraban en Basamanj. Los secuaces del despotismo se pusieron manos a la obra para engañar a Sattar Jan. Así pues, el cónsul ruso se presentó en la Asamblea de Tabriz con el objetivo de engañarle y abocar al fracaso la revolución. Sattar Jan. Éste se presentó ante el cónsul ruso con los pies descalzos, la cara llena de polvo, tres cartucheras semivacías alrededor de la cintura, un sombrero de fieltro y un fusil en la mano, fue interpelado por el ruso diciéndole que aquella revuelta causaba muchos perjuicios al comercio de Rusia, por ser países vecinos. Le dijo que si abandonaba las armas le nombrarían jefe de un destacamento de caballería, que le darían incluso un estandarte y un sueldo de trescientos tomanes mensuales (una fortuna en 1908). Sattar Jan se airó ante aquellas palabras y sin hacerse esperar le respondió que no quería su indigno estandarte, ni su destacamento de caballería, y que si los persas tenían algo de honor se deberían decantar por la Constitución. En cuanto profirió aquellas palabras se levantó y se marchó. En un período en que la gente de Tabriz, grandes y humildes, temían a los rusos y a los ataques y embestidas de la soldadesca y de los partidarios del gobierno monárquico de Mohammad Ali Shah, Sattar Jan, a la cabeza de solo 17 hombres, disparaba a las banderas blancas que ondeaban en lo alto de los tejados de las casas, insuflaba en los lugareños la esperanza por la libertad y la Constitución y hacía un llamamiento literalmente a gritos a que "el cuerpo de la libertad fuese despojado del sudario" y a que "Tabriz fuese liberado del yugo de la represión y la tiranía." Paulatinamente, la población de Tabriz fue cobrando ánimo y fuerzas, derribaron las banderas blancas, se echaron a la calle y se fueron añadiendo a las filas de Sattar Jan gritando "Sattar Jan se ha levantado." El Tabriz que una horas antes se encontraba silencioso como un cementerio, con sus gentes escondidas en unas casas en las que ondeaban banderas blancas, se levantaron todos a una en contra del enemigo. Cuando Sattar Jan se vio rodeado de tantos constitucionalistas y vio cómo la misma gente estaba arrojando desde los tejados al suelo las banderas blancas, se animó, y cuando al atardecer llegó al barrio de Nobar y vio que allí estaban haciendo lo mismo, se apresuró para llegar a Amirjiz, en la capital de Tabriz pues supuso que allí la gente debería estar en peligro. Allí, Sattar Jan enarboló la bandera de Persia sobre el tejado del edificio de la Asamblea Provincial y puso a varios hombres para que custodiasen el edificio. Varios días después Rahim Jan, con un grupo de hombres, se puso en marcha hacia Tabriz, concretamente hacia la zona de Amirjiz y le encargó al más valiente de ellos, llamado Huseyn Pasha Jan, la misión de entregarle Sattar Jan vivo o muerto. Iniciaron el ataque a Tabriz y se dirigieron a la zona donde se encontraba Sattar Jan con la prioridad de quitarlo de en medio. Los combatientes por la Constitución habían hecho barricadas en las que se habían atrincherado entre 5 y 12 hombres mientras que el enemigo disponía para cada una de sus barricadas de más de 100 hombres. Los esbirros del sha, desde el balcón que formaba el barrio de Sarjab, se pusieron a disparar sobre Amirjiz. Pasha Jan, aún estando herido avanzaba con el ansia de ser recompensado para llegar hasta la barricada donde se encontraba Sattar Jan, hasta que ambos se enfrentaron a tiros. Pasha Jan disparó a Sattar Jan pero la bala le pasó junto a la oreja, mientras que la bala de Sattar Jan consiguió herir a su perseguidor. La batalla duró hasta el atardecer y fue un verdadero fracaso para las huestes del sha. Se contaron 30 bajas entre los combatientes de Tabriz. La batalla entre tabrizíes y agentes del gobierno continuó al día siguiente. Sattar Jan instruía a sus hombres en una estrategia para poder enfrentarse a aquel numeroso ejército. Cada día planeaban una táctica diferente, como por ejemplo hacer salir de una casa varias mulas supuestamente cargadas de enseres, con las que se hacía creer al enemigo que se estaban marchando algunos de allí, y, cuando se acercaban a éstas para quedarse con la carga disparaban hasta que no quedaba ninguno vivo. Aquella batalla seguía su curso. Sattar Jan unió sus fuerzas a las de Bagher Jan, el otro insurrecto, y pactaron que si alguno de los dos bandos caía prisionero o se veía en peligro, el otro tendría que acudir en su ayuda. Los insurrectos dividieron sus hombres en grupos de 20. Las fuerzas gubernamentales sufrían derrota tras derrota y tenían que pedir constantemente refuerzos a Mohammad Ali Shah mediante el telégrafo. Entonces, el sha, además de enviar más efectivos a Tabriz, recurrió al engaño conminándole a Sattar Jan a hacer las paces, mas este no se dejó engañar. Sattar Jan fue herido, pero él no dijo nada a los milicianos pues de buena tinta sabía que aquello podría desanimarles. Al contrario, cada día visitaba las barricadas donde no dejaba de alentar a los combatientes. Las fuerzas del sha ya no sabían qué hacer y probaron de nuevo la estratagema del engaño. Enviaron a un tal Abbas Ali para que le pidiese ayuda a Sattar Jan. Éste cayó en la trampa porque se apenó de aquel hombre. Pero, cuando ambos llegaron cerca de la supuesta casa de Abbas Ali, Sattar Jan se dio cuenta de que algo extraño pasaba, y, aunque pudo huir, una bala le alcanzó el brazo. No queriendo ir en aquel estado junto a los combatientes, se fue a un huerto donde se colocó varias hojas, limpió la herida y se ató un pañuelo con ayuda de los dientes y una mano, hasta que cesó de manar sangre, se ocultó la mano con la manga, luego se fue junto a los suyos, que no se dieron cuenta de que había sido malherido. Él hacía como si nada tuviese, visitando las barricadas, pero se encontraba mareado por la pérdida de sangre y se moría de dolor por las punzadas que le daba el brazo, sufrimiento que se reflejaba en su sudorosa frente. Aquel mismo día, el cañón del enemigo fue inutilizado por el artillero de los constitucionalistas, y Sattar Jan acompañó a éstos hasta el atardecer en su lucha, aquejado por aquel intenso dolor. A la mañana del día siguiente, Sattar Jan se presentó en el campo de batalla pertrechado de sus cartucheras, con babuchas y una camisa blanca, y todavía no se le había curado la herida de la mano cuando se dispuso a visitar de nuevo las barricadas y se reiniciaron las hostilidades contra un enemigo renovado y resistente hasta el final. En esta terrible batalla se luchó casa por casa y calle por calle. El enemigo usaba grandes escoplos y picos para derribar los muros divisorios de las casas y de las calles para abrirse camino. En fin, poco a poco se fueron haciendo de cada una de las barricadas, hasta que no quedó más que una, la que se encontraba Sattar Jan. Por otro lado, se pudieron hacer paso hasta que llegaron a acercarse peligrosamente a la Asamblea Provincial. Mas cuando parecía que el enemigo avanzaba irremediablemente y que se iban a hacer con la victoria, Sattar Jan y sus liberales consiguieron expulsarlos poco a poco e incluso capturar algunos prisioneros que se habían escondido en la entrada del bazar. Cuentan que cuando llegó Sattar Jan, los prisioneros le rogaron que no los matasen, algo por lo que se ofendió replicándoles "¿vuestra religión y la mía no es acaso la misma?", "A nosotros nos han dicho "dijeron los prisioneros" que usted no es musulmán, que quema el Corán", "Os perdono "dijo Sattar Jan" con la condición de que vayáis a vuestro barrio y allí digáis que somos musulmanes como ustedes." Ein al-Douleh rodeó Tabriz con un destacamento numeroso. Fue enviado un mensajero para pedir una entrevista con Sattar Jan y hacer negociaciones para la paz, a lo que éste dijo que los delegados de Ein al-Douleh se presentasen en la Asamblea Provincial. Así se hizo, y varios delegados se presentaron allí a dialogar; pronto Sattar Jan se percató de las mañas de Ein al-Douleh, pero supo cómo responder de forma tajante a sus pretensiones y además hacerles entender que él, Sattar Jan, sabía que ellos eran enemigos de la libertad. Los delegados regresaron desesperanzados y Sattar Jan se dirigió a Bagher Jan para avisarle de la nueva táctica de Ein al-Douleh y también advertirle de que iban a traer nuevos contingentes provenientes de las ciudades de Marand, Qarache Dagh, Teherán, Ardabil, Jaljal y Maku. En efecto, no hubo que esperar muchos días para que llegasen 3000 soldados de Maku cuya llegada supuso grandes estragos para los amotinados y para Tabriz en general, pues no dejaban de destruir, matar y saquear. Pero Sattar Jan no sólo supo hacerle frente sino que además se hizo del polvorín de las tropas de Maku saliendo ésta despavorida. De todas formas, el sha envió más tropas y Ein al-Douleh dio a la ciudad un ultimátum de que si en 48 horas no se rendían destrozaría Tabriz. Y así lo hizo, las tropas de Ein al-Douleh se abalanzaron sobre la ciudad pero fueron repelidas con eficacia por los soldados de Sattar Jan y Bagher Jan. Fue entonces cuando recurrieron al asedio cortando la entrada de comida a Tabriz, excepto en la zona partidaria del despotismo. Las mujeres de los amotinados marchaban al norte de la ciudad para ver si allí conseguían algo de pan, pero aquellas mujeres fueron apresadas por el enemigo y sometidas a tortura. Entre tanto, ya había llegado el mes de Ramadán. Sattar Jan se puso manos a la obra para romper el cerco, y, ayudado por unos cuantos de los suyos, hambrientos y sedientos debido al ayuno, atacaron el ejército de Eqbal al-Saltaneh causando la huida despavorida de éste que llegó incluso a dejar las armas y municiones allí. Habían logrado dejar libre el camino de Julfa para la entrada de alimentos. Todo esto desesperó ya del todo a Ein alDouleh quien telegrafió a Mohammad Ali Shah para presentarle su dimisión. Pero el sha le ordenó que permaneciera allí hasta la llegada de tropas renovadas. Éstas también aparecieron, atacaron pero también fueron derrotadas hasta que todos huyeron dejando la ciudad libre de enemigos mientras Tabriz se regocijaba en su victoria. La victoria de Tabriz animó a las demás ciudades. Pero el rey era obstinado y no estaba dispuesto a ceder y envió otro ejército que fue también derrotado. Después de un año y varios meses, Sattar Jan y los combatientes por la Constitución vencieron y cayó del todo el gobierno déspota. La Asamblea Provincial nombró a Sattar Jan general nacional. Mojber al-Saltaneh fue nombrado gobernador de Azerbaiyán y fue calurosamente recibido por los mandos del Gobierno Constitucional de Azerbaiyán. Pero el nuevo gobernador no prestó atención a Sattar Jan y su comportamiento posterior fue causa de disgusto. Mojber al-Saltaneh envió a Sattar Jan a Ardabil para apresar a Mohammad Huseyn, un rebelde de Gilán. Tras apresarlo, lo envió a Tabriz y Sattar Jan estuvo un tiempo gobernando Ardabil hasta que un partidario del sha atacó esta ciudad ayudado por las tribus Shahsavan, cercó la ciudad y finalmente Sattar Jan tuvo que abandonar Ardabil tras dos meses de asedio y ataques. Bagher Khan Sattar Jan decidió ir a Teherán en respuesta a la invitación que le hizo Naser al-Molk en la que también estaba invitado Bagher Jan. Pero luego se arrepintió de la decisión pues se percató de que Mojber al-Saltaneh tenía algo que ver en aquella invitación. De todas formas, el viaje se realizó. Una multitud se agrupó en torno a la casa de Sattar Jan para despedirse de él y de Bagher Jan. Ambos, escoltados por 50 jinetes armados cada uno, se pusieron en marcha hacia Teherán. Sheij Mohammad Jiabani e Ismail Nobari, diputados del Parlamento, fueron a recibirle a su llegada a Zanjan. Jiabani le pidió a Sattar Jan que no fuese a la capital a lo que éste le respondió que tras aquella visita pensaba ir de peregrinación a Karbala. Siguieron su marcha y al llegar a Qazvin fueron recibidos y aclamados por la gente, lo propio pasó a su llegada a Karaj. Al llegar a Teherán, se encontraron que sus simpatizantes, judíos y zoroastrianos les habían levantados varios arcos de triunfo para recibirles. Los diputados de Azerbaiyán fueron hasta Mehrabad para darles la bienvenida. Ambos fueron hospedados por el Estado en diferentes lugares de la capital, y muchos personajes importantes fueron a verles. Sattar Jan y Bagher Jan visitaron también el Parlamento y fueron recibidos en la Sala de la Comitiva donde se les entregó una placa de oro y plata por sus méritos y se leyó en voz alta un agradecimiento por parte de Parlamento. Después de un mes de agasajos por parte del Gobierno, éste le asignó a cada uno un sueldo de mil tomanes mensuales. Pero cuando llegó la hora de hablar de desarme, Sattar Jan y Bagher Jan no llegaron a ningún acuerdo con el gobierno, lo que provocó una crisis entre ellos que acabó en un enfrentamiento armado en el parque cercano a la casa de Sattar Jan (agosto 1910). Para dirimir este desacuerdo tuvo que intervenir el embajador de Alemania, Baronquadt, y el embajador otomano, pero fue en vano. Finalmente se impuso el ejército contra los insurrectos muriendo 30 de ellos en las refriegas y siendo detenidos 300. Cuatro años después de aquello, murió a causa de las heridas inflingidas en las batallas. Era el 16 de noviembre de 1914. Fue enterrado en Shah Abdul Azim, a seis km. al sur de Teherán. Shah 'Abbas I, 1570-1629 Shah 'Abbas I, también conocido como Shah 'Abbas el Grande, nació en Herat, a la sazón capital de Jorasán en 1570 y fue entronizado en 1587. Shah Abbas sabía leer y escribir pero no estaba dotado de mucha cultura. En cambio, poseía una gran inteligencia y sagacidad además de un gusto exquisito en el arte y en las letras. Durante su juventud era muy dado al vino, del que abusaba, especialmente después de terminar una batalla. Era amigo de fiestas y convites y de darse a la diversión, mas ello no obviaba que fuese un hombre valiente hasta llegar a ser temerario y resistente en el campo de batalla. Era muy diestro montando a caballo, con el sable y con el arco. Aunque a veces se mostraba indulgente, era un hombre vengativo y cruel en muchas ocasiones. Su vida cotidiana estaba regida por la sencillez. Cuando llegó al poder, Shah 'Abbas se percató que la causa de muchos de los desórdenes de Persia eran debidas al exceso de poder que tenían los Qezelbash cuyo brazo llegaba a los asuntos internos del Estado y al Ejército. Por tanto, se dispuso a acabar con su poder, algo que no era nada fácil ya que las fuerzas de las que disponía el sha era de unos 60.000 caballeros qezelbash que no obedecían a nadie más que a sus jefes, por lo que Shah 'Abbas sólo podía dar órdenes a estos caballeros mediante estos jefes. Para acabar con el problema, Shah 'Abbas se atrajo a jefes y responsables de otras tribus a los que pidió ayuda y así pudo reunir unos efectivos de entre diez y doce mil soldados de infantería que eran capitaneados por el mismo rey. La llegada de los hermanos Sherley y la instrucción de éstos a sus infantes en la fabricación y empleo de la artillería, terminó dejando a punto a la Infantería Real para enfrentarse a sus enemigos. El ejército del rey, en lugar de tener caballos como antiguamente, lo que tenían eran cañones con los que podía incluso enfrentarse al temible ejército otomano. Por otra parte, reunió otra fuerza que pudiera hacerle frente a los qezelbash, haciendo un llamamiento a los miembros de otras tribus para que de forma libre se inscribieran. De esta manera el sha pudo prescindir de los qezelbash. Shah 'Abbas otorgó derechos y privilegios a los cristianos y extranjeros que quisieran hacer comercio con Persia. Con la toma de estas medidas, que afectaban positivamente a los europeos, comenzaron las relaciones entre los países europeos y Persia. Hasta el año 1597, la capital safaví siguió siendo Qazvin. Al año siguiente es trasladada a Isfahán y Shah 'Abbas convierte esta ciudad en una de las más bellas de Persia. Tras acabar con los enemigos internos, los qezelbas, Shah 'Abbas se dispuso a enfrentarse a los externos, que eran los otomanos al oeste y los uzbecos al este, que se habían apoderado de importantes provincias de Persia como la de Jorasán. Primero luchó contra éstos, a los que venció. Luego contra los otomanos, pero fue derrotado y no tuvo más opción que capitular. En el año 1602 pudo finalmente vencer a los otomanos y recuperar la ciudad de Tabriz tras 18 años de ocupación. Tras este logro, se puso en marcha hacia Iraván, Georgia, que pudo conquistar después de seis meses de asedio. En esta época murió el sultán otomano Muhammad III y su hijo se presentó en Persia con un ejército, pero fue vencido y su derrota no sólo supuso el no poder recuperar Tabriz sino que además perdió Bagdad, Mosul, el Kurdistán y las ciudades santas shiíes de Najaf y Karbala. Esta derrota de los otomanos fue la cabeza de la lista de una serie de derrotas inflingida por los persas. Shah 'Abbas supo mantener a raya a los Otomanos. La política de este hábil rey con los países europeos fue de entendimiento. Como señalamos anteriormente abrió las puertas del país a los comerciantes, viajeros, e incluso a los misioneros cristianos, que establecieron numerosas órdenes religiosas, especialmente en Isfahán. Con los cristianos armenios iraníes se comportó de forma muy tolerante llegando a participar en sus fiestas y ceremonias y financiar parte del gasto de la construcción de sus iglesias, en fin, una serie de medidas que llamaron la atención de los europeos. Las buenas relaciones de Persia con los europeos en general y con Gran Bretaña en particular hicieron correr el rumor de una alianza entre los dos países para combatir al temible ejército otomano. También mantuvo relaciones con Alemania y España con los que intercambió embajadores. Renovó las relaciones que desde antaño tenía con la India. En 1588 envió una embajada a Moscú que portaba una misiva del sha al zar y cuatro años más tarde estableció relaciones diplomáticas con Rusia. Durante el período Safaví, sobre todo durante el reinado de Shah Abbas,el arte de la miniatura llega a su auge. En cuanto a las obras arquitectónicas y de arte que mandó realizar y con las que engalanó Isfahán de tal guisa que fue mundialmente conocida, cabe destacar la mezquita de Lotfullah, el palacio de las Cuarenta Columnas (Chehel Sotun), Ali Qapu, el puente de las 33 arcadas (Siose Pol), el palacete de los Ocho Paraísos (Hasht Behesht), la construcción de multitud de caravasares repartidos por toda Persia y que aún hoy se conservan, mejora y construcción de nuevos caminos, reparación y ampliación del santuario del Imán Reza en Mashad, fundación de una fábrica de artillería con ayuda de los ingleses, apoyo del arte y mecenazgo de los artistas y saneamiento de la Administración. La plaza del Imán, en Isfahán. Símbolo de la gloria del período Safaví y broche de oro de los monumentos construidos por Shah Abbas en esta ciudad. Fot. de Henry Stierlin. Shah Abbas murió en Mazandarán en 1629. Sus restos fueron llevados a hombros hasta Kashán y enterrado en el santuario de Habib b. Musa. Vaez Isfahani 1862-1908 Seyyed Ŷamal al-Din era el nombre real de Vaez Isfahani, uno de los clérigos-oradores protagonistas del período constitucional y padre del celebérrimo escritor Ŷamalzadeh (1895-1997). Nació en Hamadán. Tras la muerte de su padre, su madre, joven, analfabeta y sin recursos, emigra con el niño a Teherán. Éste ingresó en la madrasa a los cinco años de edad donde aprendió a leer y a escribir. Estuvo trabajando fabricando cadenas hasta los 14 años. Luego vuelve a estudiar y muestra tanta pasión y entusiasmo por la lectura que le daña la vista y queda ciego de un ojo. A los 21 años comienza sus estudios en Isfahán donde también da homilías y discursos en las mezquitas, que llaman la atención del público por su contenido original, lo que le valió el sobrenombre de Vaez Isfahani (el Orador Isfahani). En Isfahán contacta con otros intelectuales con los que mejora aún más sus conocimientos y enriquece sus métodos para sus discursos, hasta que el gobernador de Isfahán, Zall al-Sultán, le prohíbe dar las homilías de los meses sagrados de moharram y safar. Estos dos meses lo pasa Vaez Isfahani en Shiraz, Tabriz y Mashad. En estos días publica un tratado titulado "Sueño veraz" donde en 80 páginas habla de la calamidad que supone las actuaciones de personajes corruptos y tiranos. El tratado fue reimpreso en varias ocasiones años después y su publicación causó la ira de Zall al-Sultán y sus secuaces que dio una orden de busca y captura para Vaez Isfahani, al que no pudo detener pues se encontraba en Teherán. Cuando se enteró Vaez Isfahani de la orden de busca y captura que había contra él en Isfahán, optó por permanecer en la capital y continuó sus sermones y homilías en la Mezquita Shah de Teherán predicando contra el despotismo y la tiranía y en defensa de los oprimidos, tesis éstas con las que se ganó las simpatías del pueblo. Además prestaba ayuda a los pobres e indigentes y cuando llegaba por la noche a su casa era seguido por un grupo de mendigos a los que daba de comer y vestir. En sus homilías parecía que más que dar un discurso hablaba o interrogaba al público. El insigne sabio británico Edward Browne decía en su obra que trataba sobre la Revolución Constitucional de Persia que Vaez Isfahani había logrado obtener un gran apoyo y popularidad entre las capas bajas y desfavorecidas de la población ya que en sus discursos hablaba en el lenguaje llano del pueblo, haciéndose entender bien. En 1905 Ala al-Douleh, gobernador de Teherán, ordena detener a dos comerciantes de azúcar y somete a uno de ellos al bastinado. Aquel mismo día por la tarde, Vaez Isfahani en su homilía se refirió a aquel injusto e injustificado castigo contra los comerciantes. Luego, los comerciantes que se sentían inseguros, se refugiaron en la inviolabilidad de la Mezquita Shah y fueron acompañados por Vaez Isfahani y otros clérigos de renombre como Seyyed Abdullah Behbahani y Seyyed Mohammad Tabatabai. Ein al-Douleh le pidió al imán del viernes, Mirza Abulqasem (que era yerno del rey) que hiciese algo para dispersar a los allí encerrados. Él, ayudado por unos cuantos seguidores y criados, marcharon hacia la mezquita pertrechados de porras, sables, puñales y pistolas que ocultaron bajo sus atuendos para acceder al templo. Cuando Vaez Isfahani subió al púlpito y el discurso del clérigo llegó a la parte donde hacía referencia a la justicia y a la tiranía, el yerno del rey se le abalanzó, le acusó de impío y de enemigo del rey, y cuando se dio cuenta de que no había obtenido resultado alguno con aquello, se dejó ayudar por los rufianes que se había traído consigo que comenzaron a pegar tiros y a armar algarabía. Los encerrados salieron de allí y se trasladaron a la ciudad-santuario de Shah Abdul Azim, donde continuaron con su encierro. Sin embargo, Vaez Isfahani, que estaba más en peligro que ninguno, se refugió, primero en casa de Seyyed Mohammad Tabatabai, aunque tenía que cambiar de residencia continuamente pues le andaban buscando. Finalmente, el sha se rindió y rehusó a seguir la lucha. Los ulemas y los allí encerrados salieron y cuando llegaron a Teherán fueron aclamados por las multitudes que salían a recibirle. Como se estaba acercando el mes sagrado de moharram, el sha tenía miedo de que Vaez Isfahani volviera a subir a los púlpitos de las mezquitas, así que le envió una cantidad de dinero y una calesa real para que se marchara a Qom. Vaez Isfahani en primera instancia cogió el dinero, pero, tras pensarlo un poco, lo hizo devolver y se marchó a Qom por sus medios. Después de terminar la ashura, el sha le dio permiso para regresar a la capital. Allí siguió dando sus homilías y discursos en las mezquitas. Con la llegada al poder de Amin al-Sultan, gran opositor a la Constitución, y con la entronización de Mohammad Ali Shah, que conocía muy bien a Vaez Isfahani, hizo llamar a éste a su palacio y quiso engatusarle para que no hablara en sus discursos sobre la tiranía de los gobernantes. Algo que no aceptó el clérigo. Cuando el Parlamento fue cañoneado por orden del Mohammad Ali Shah, Vaez Isfahani se encontraba en el interior y cuando los esbirros del sha fueron a detener a los liberales y a los diputados, muchos salieron huyendo, pero él, que no podía correr debido a su cojera, se arrinconó junto a un muro hasta que una valiente mujer lo reconoció, lo escondió en su casa y al día siguiente marchó a Hamadán disfrazado. En dicha ciudad fue recibido y agasajado por su gobernador, Mozaffar al-Molk. Cuando Vaez Isfahani estaba haciendo los preparativos para ir de peregrinación a Karbala, el sha se enteró de que su perseguido se encontraba en Hamadán. Envió un telegrama ordenándole a Hesam al-Molk su detención y encarcelamiento. A las dos semanas es llevado en mula hasta Borujerd donde es encerrado en una mazmorra y envenenado. Su mausoleo se encuentra en aquella misma ciudad. http://www2.irna.ir/occasion/es/index3.htm O acordo nuclear Brasil-Irã-Turquia 17/5/2010, Stephen Kinzer, The Guardian, UK http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2010/may/17/iran-nuclear-brazil-turkey-deal Os acontecimentos e notícias empolgantes que chegam de Teerã, de acordo afinal firmado, que pode ter evitado crise global em torno do programa nuclear iraniano é desenvolvimento altamente positivo para todos – exceto para os que, em Washington e Telavive, estavam à procura de qualquer pretexto para isolar ou atacar o Irã. Também marca o nascimento de uma nova força altamente promissora no cenário mundial: a parceria Brasil-Turquia. Semana passada, o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan e o presidente Luis Inácio Lula da Silva do Brasil adotaram, em conjunto, a abordagem clássica do “um gentil, outro durão”, para aproximarem-se dos líderes iranianos. Lula anunciou que iria a Teerã, o que deu aos iranianos esperança de algum acordo. Mas era indispensável também a presença da Turquia (onde o urânio será tratado), e Erdogan fez-se de difícil. Na 3ª-feira, Ahmet Davutoglu, o muito experiente ministro das Relações Estrangeiras da Turquia, anunciou que Erdogan não iria ao Irã, a menos que os iranianos manifestassem algum interesse em firmar algum acordo. “Não é hora para encontros trilaterais sem objetivo preciso”, disse. “Queremos resultados. Sem perspectiva de resultados, não iremos ao Irã.” Na 6ª-feira, Erdogan endureceu ainda mais. Disse que a planejada viagem a Teerã estava cancelada, porque o Irã “não se manifestara sobre a questão”. Poucas horas depois, a secretária Hillary Clinton telefonou ao Chanceler turco e empenhou-se em desencorajar a iniciativa dos diplomatas brasileiros e turcos. Porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que a sra. Clinton ‘alertou’ o ministro turco para não confiar nos iranianos, cujo único interesse seria “fazer qualquer coisa para impedir as sanções pelo Conselho de Segurança, sem dar qualquer passo para suspender seu programa nuclear militar.” Depois do telefonema, um pouco precipitadamente, de fato, a secretária Hillary previu publicamente que o esforço dos presidentes Lula e Erdogan fracassaria. O que se sabe hoje é que a secretária Clinton pode não estar trabalhando corretamente pela pauta política da Casa Branca. Enquanto ela falava em Washington, funcionários turcos anunciavam aos jornalistas em Ankara, off-the-record, que haviam recebido encorajamento do próprio presidente Obama, para insistir no trabalho de mediação e continuar pressionando em busca de algum acordo. Pode ser, é claro, ‘divisão’ planejada das forças nos EUA, para cobrir todas as posições, o que implica que EUA, sim, anteviram a possibilidade de serem derrotados no front diplomático: Clinton faria a parte mais difícil e preservaria a posição do presidente como ‘mediador’ e interessado mais em acordos que em confrontos. Seja como for, já sugere alguma fragili dade na posição da secretária de Estado, ou seu isolamento, no círculo mais alto dos estrategistas de Obama para as questões mundiais cruciais. Alguns, em Washington, tentarão ver no acordo apenas um modo para salvar as aparências e livrar o Iran de confronto direto com EUA e União Europeia. Seja como for, outros verão de outro modo. Ali Akbar Salehi, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, vê perspectiva mais positiva. Semana passada, já havia anunciado que o Irã buscava um acordo, contando com a mediação política do Brasil e da Turquia “para dar aos EUA e outros países ocidentais um modo de escaparem da situação de impasse que criaram, com tantas ameaças.” Em todos os casos, o que se viu foi que negociadores competentes em negociações bem encaminhadas por dois líderes mundiais, destruíram a versão, difundida por Washington, de que o Irã não faria acordos e teria de ser ‘atacado’, por sanções; antes, claro, de que os EUA considerassem “todas as opções” – inclusive o ataque militar, para impedir o progresso do programa nuclear do país. Fato é que Turquia e Brasil, embora em pontos opostos do planeta, têm muita coisa em comum. São dois países territorialmente grandes que passaram longos anos sob ditadura, mas conseguiram alterar essa história e andar pacificamente na direção da plena democracia. Os dois países têm hoje, na presidência, políticos dinâmicos e experientes, que comandaram importante processo de recuperação econômica nos seus respectivos países. Os dois países, além do mais, já emergiram como potências regionais, mas aspiram ao nível de potências como Rússia, Índia ou mesmo a China. Nem Turquia nem Brasil podem sobreviver sozinhos entre esses gigantes. Mas, juntos, formam uma parceria que tem inúmeras possibilidades de sucesso. Brasil e Turquia são os países que mais abriram novas embaixadas pelo mundo, nos dois últimos anos. Uma vez por ano, os principais diplomatas turcos voltam a Ancara para ampla reunião de trabalho. Na reunião de 2010, ocorrida em janeiro, o ministro das Relações Exteriores do Brasil Celso Amorim foi um dos principais conferencistas convidados. Turquia e Brasil foram, por muitos anos, apoiadores ‘automáticos’ de Washington, mas agora começam a assumir o timão e determinar a própria rota. Preocupados com o que veem como violento unilateralismo norte-americano, que desestabiliza imensas regiões em todo o mundo, os dois países têm evitado todos os confrontos internacionais, ao mesmo tempo em que trabalham incansavelmente para promover acordos que visem à pacificação. Por muito feliz coincidência, os dois países são hoje membros nãopermanentes do Conselho de Segurança. A posição deu-lhes os meios para intervir na questão iraniana; que os negociadores e presidentes de Turquia e Irã usaram com talento e competência excepcionais. Durante a Guerra Fria, o Movimento dos Não-alinhados tentou converter-se numa “terceira força” na política mundial, mas fracassou, porque reunia países grandes demais, separados demais e diferentes demais. Turquia e Brasil emergem agora como a força global capaz e competente para diálogos e acordos que o Movimento dos Não-alinhados jamais antes conseguira ser. Colunistas| 06/05/2011 | Copyleft - www.cartamaior.com.br Envie para um amigo Versão para Impressão DEBATE ABERTO As razões do Irã Construiu-se uma sofisticada imagem negativa do Irã mundialmente, que serve para justificar todas as sanções aplicadas pela ONU contra o país, sob a manipulação das grandes potências que, com a Revolução Islâmica de 1979, perderam os privilégios que tinham sobre as riquezas energéticas iranianas. Beto Almeida Acabo de chegar do Irã integrando uma delegação de jornalistas e blogueiros. Uma constatação é imediata: construiu-se uma sofisticada e complexa imagem negativa do Irã mundialmente, que serve para justificar todas as sanções aplicadas pela ONU contra o país, sob a evidente manipulação das grandes potências que, com a Revolução Islâmica de 1979, perderam os privilégios que tinham sobre as vastas riquezas energéticas iranianas. Sabemos, o fluxo da informação mundial está sob controle dos conglomerados de mídia dos países imperiais, que atuam sob coordenação de interesses com a indústria bélica e petroleira. A suposta “Guerra contra o Terror” já construiu um orçamento de 1,2 trilhão de dólares nos EUA. Bin Laden cumpriu o seu papel, vivo ou “morto”. É neste mundo que o Irã se encontra. Tem razões para se defender. É o principal alvo dos interesses norte-americanos na região. Sobretudo por seu processo de desenvolvimento independente. A nacionalização do petróleo produziu enormes efeitos a partir do uso de suas receitas para diversificar o processo produtivo. O Irã, que foi obrigado a enfrentar uma guerra que não declarou contra um Iraque apoiado pelos EUA, e que sofreu sanções de cunho econômico da ONU, teve que aprender a caminhar com suas próprias pernas. Hoje possuiu uma indústria de defesa avançada, fabrica seus próprios submarinos. O Brasil, desarmado, os compra lá fora. O Irã possui um moderno programa aeroespacial e prepara-se para lançar seu primeiro cosmonauta ao cosmos em 2012. No Brasil não há previsão para tal, mas há sabotagens dos EUA contra o programa espacial brasileiro. Lá há uma agricultura bastante avançada, apesar do deserto. Ferrovias cortam o país. Realizam avançadas pesquisas em biotecnologia e na área de células troncos. Ou seja, é um país em franco desenvolvimento, que os inimigos querem sabotar e apresentar como um país das trevas. Falamos de direitos humanos também, claro, num largo diálogo com o vice ministro de Relações Exteriores, Behrooz Kamalvandi . “Tanto o Irã como o Brasil precisam se corrigir em matéria de direitos humanos. Mas, quem mais precisa se corrigir são os EUA, os que mais agridem os direitos humanos no mundo”, disse ele, ao mesmo tempo em que ressaltava a importância de países como Brasil e Irã estarem juntos nesta conjuntura mundial sombria. Sim, lá todas as mulheres usam os véus. Mas, não vimos crianças abandonadas nas ruas pedindo esmolas. Jornalista, Membro da Junta Diretiva da Telesur. RELAÇÕES INTERNACIONAIS DEZEMBRO : 2007 16 [ pp. 189-192 ] 189 RECENSÃO Um americano em Teerão quarenta dias que transformaram o Médio Oriente José Luís Alves STEPHEN KINZER Os Homens do Xá – O Golpe no Irão e as Origens do Terrorismo no Médio Oriente Lisboa, Tinta-da-China, 2007, 352 páginas O s Homens do Xá, de Stephen Kinzer, revela os pormenores da Operação Ajax, uma das primeiras acções que a Agência Central de Inteligência dos EUA, a CIA, organizou no exterior. O livro, no entanto, não se limita a relatar o golpe que derrubou o Governo liderado por Mohamed Mossadegh, procurando retratar os principais episódios da história iraniana e encontrar ligações entre os acontecimentos de 1953, o aparecimento do terrorismo no Médio Oriente e o seu desenvolvimento até aos nossos dias. A história iraniana foi sendo construída em torno de um conjunto de características muito próprias, de importância fundamental para assegurar a individualidade do Irão na região em que se insere. A sua evolução tem sido marcada pela tentativa de assimilar o Islão, introduzido no país pelos conquistadores árabes, com a herança e a grandeza da antiga Pérsia, no que Kinzer considera um «esforço continuado e frequentemente frustrante». Fortemente influenciados pela tradição xiita, os iranianos interiorizaram um sentimento de martírio colectivo, acompanhado pela busca de uma liderança justa, factores que desempenharam um papel fundamental na sua evolução, em especial em momentos de crise. Devido à sua estratégica localização, controlando rotas comerciais e recursos naturais de considerável importância, o Irão cedo se transformou num alvo apetecível. As sucessivas intervenções de potências externas condicionaram decisivamente o seu relacionamento com o exterior, mas, frequentemente, determinaram também a evolução das relações de poder no seu interior. Para ilustrar estas situações, Kinzer traça uma breve retrospectiva da história iraniana, justificando o crescimento do nacionalismo com as sucessivas agressões externas, mas salientando a total incapacidade do poder instalado em Teerão, com os governantes mais preocupados com a sua realização pessoal do que com a resolução dos problemas colectivos. UM CONFRONTO INEVITÁVEL? O interesse das principais potências ganhou novos contornos com a descoberta de vastos campos petrolíferos, e, durante a primeira metade do século XX, a soberania iraniana foi sendo consideravelmente limitada pela ingerência externa. Controlando os recursos petrolíferos iranianos através da Anglo-Iranian Oil Company, a Grã-Bretanha arrecadava a quase totalidade dos lucros, desenvolvendo um relacionamento tipicamente colonial com o Irão, enquanto proporcionava condições de vida miseráveis à população local, vista apenas como mão-de-obra barata. Stephen Kinzer relata as diversas modalidades que os britânicos utilizaram para manobrar o poder em Teerão de acordo com os seus interesses, concluindo que essa postura, agravada por uma total intransigência negocial, contribuiu decisivamente para desenvolver um consenso nacional em torno da nacionalização da indústria petrolífera. Defendendo que «o Irão é a melhor pessoa para governar a sua casa», Mohamed Mossadegh liderou grande parte desse processo, transformando-se num actor fundamental para a expressão das correntes nacionalistas. Como primeiro-ministro, Mossadegh manteve a inflexibilidade, continuando a enfrentar os interesses da Grã-Bretanha, consumando um choque que conduziu à total paralisação da exportação do petróleo iraniano. Inicialmente, a incapacidade das partes para ultrapassar o impasse preocupava o Governo norte-americano, mas Harry Truman procurou evitar a confrontação directa entre o Irão e o Ocidente, nunca demonstrando grande interesse em corresponder aos apelos britânicos para uma acção mais dura contra Teerão. Segundo Kintzer, a situação alterou-se com a chegada de Dwight Eisenhower à Casa Branca, pois a nova Administração norte-americana, focada na contenção da URSS e temendo a possibilidade de os comunistas tomarem o poder no Irão, demonstrou maior abertura para corresponder aos desejos de Winston Churchill. Com todos os homens que iriam assegurar o poder absoluto ao xá Mohamed Reza nos seus postos, estavam reunidas as condições para provocar uma mudança política em Teerão. Aproveitando a rede de agentes que anteriormente servia os interesses da Grã-Bretanha, a CIA trabalhou activamente para o derrube do Governo, provocando a desestabilização do país e organizando as forças que levariam a cabo o golpe, uma acção que Kinzer descreve com todos os pormenores. Kermit Roosevelt, neto do antigo Presidente dos EUA, preparou e dirigiu as operações no terreno, e, apesar do fracasso inicial, contrariou as ordens para abandonar Teerão e assegurou o afastamento de Mossadegh numa segunda tentativa. Este sucesso transformou o Irão num aliado fulcral para a estratégia norte-americana na região, mas ligou os EUA ao afastamento de um governo popular e à sua substituição por uma ditadura que governaria o país durante um quarto de século. SEMENTES DE VIOLÊNCIA Procurando estabelecer a ligação entre o golpe organizado pela CIA no Irão e o surgimento de um sentimento antiamericano na região, Stephen Kinzer defende que esta acção esteve na origem do desenvolvimento do terrorismo no Médio Oriente, sendo possível traçar «uma linha que vai da Operação Ajax, passa pelo regime RELAÇÕES INTERNACIONAIS DEZEMBRO : 2007 16 190 opressivo do xá e pela Revolução Islâmica e desemboca no fogo que consumiu o World Trade Center em Nova York». Será, por certo, uma linha um pouco ténue, que quase se esbate por completo em certos pontos, mas que não deixa de merecer um olhar atento. Na verdade, ao alterar por completo a evolução dos acontecimentos em Teerão, a intervenção de 1953 condicionou o equilíbrio de forças na região e a formação das alianças durante a Guerra Fria. A sua influência na história recente do Irão, quando conjugada com a importância geoestratégica do país, evidencia uma série de ligações entre algumas situações marcantes para a evolução da cena internacional até aos nossos dias. O golpe, pondo fim a uma democracia em construção, possibilitou a instauração de um regime despótico, que só seria derrubado pela força, ajudando a criar condições para o florescimento da Revolução Islâmica. Esteve presente na ocupação da Embaixada norte-americana em Teerão, inspirada pelos receios de que os EUA, repetindo a manobra de 1953, organizassem um novo regresso do xá, um episódio decisivo para congelar o relacionamento entre os dois países. A mudança de regime em Teerão alterou profundamente o equilíbrio regional, influenciando a invasão do Afeganistão pela URSS e forçando a aproximação entre os EUA e o Iraque, enquanto a ameaça de exportação do modelo de Khomeini, consubstanciada no apoio a alguns dos grupos mais radicais, passou a condicionar os desenvolvimentos em todo o Médio Oriente. Mas, mesmo tendo em conta o terrorismo de Estado organizado a partir de Teerão, com a capacidade para alimentar a escalada da violência que abarca, o elo final, associando a Operação Ajax e o 11 de Setembro, não é muito justificado por Kinzer. Existe, na verdade, uma linha mais directa e evidente, que liga os atentados aos mujahidines afegãos, noutro episódio em que a necessidade de travar a expansão soviética condicionou as opções da política externa norte-americana para a região. O RENDER DA GUARDA Mohamed Mossadegh, que se tinha afirmado como uma voz importante a nível internacional denunciando um sistema colonial em declínio, «esperava vir a saber se os Estados Unidos estavam verdadeiramente do lado dos oprimidos ou eram um mero joguete nas mãos dos vis ingleses », mas o seu afastamento transformou-se num importante marco no processo de substituição da Grã-Bretanha como potência dominante na região. Os desenvolvimentos subsequentes evidenciaram o papel que os EUA pretendiam desempenhar, bem como as modalidades a que estariam dispostos a recorrer para atingir os seus objectivos, e a imagem dos norteamericanos na região foi abalada mesmo antes de ser conhecida a decisiva acção da CIA na organização e preparação do golpe. Para grande parte dos iranianos, o afastamento de Mossadegh despertou um profundo sentimento de desencanto com os governantes norte-americanos, consagrado na fórmula do «Grande Satanás», mas a propagação do antiamericanismo no Médio Oriente não pode ser dissociada do conjunto das políticas dos EUA para a região na segunda metade do século XX. Um americano em Teerão: quarenta dias que transformaram o Médio Oriente José Luís Alves 191 O posicionamento face à questão palestiniana e a aliança com Israel contribuíram decisivamente para desenvolver esse sentimento, em especial nos países árabes, bem como uma postura neocolonialista e o continuado apoio a regimes repressivos. Se os britânicos eram «odiados e objecto de desconfiança quase em toda a parte», a crescente importância dos EUA na definição da política regional só poderia atrair os mesmos sentimentos, em especial se baseada em princípios e acções semelhantes. Stephen Kinzer, no entanto, não se concentra nessa transição ou nas suas consequências, preferindo evidenciar os diferentes rumos que democratas e republicanos imprimiam à política externa norte-americana. Não valoriza o acordo entre os EUA e a Arábia Saudita, repartindo equitativamente os lucros da exploração petrolífera, publicitado no momento em que os britânicos recusavam igual concessão aos iranianos, e os norte-americanos parecem empurrados para uma posição de liderança a que não ambicionavam. No entanto, o modelo da Operação Ajax, utilizando todo o tipo de meios ilícitos para desestabilizar um país e derrubar um governo em funções, seria repetido em diversas partes do globo, em especial na América Latina, e quase sempre justificado com a mesma necessidade de conter a expansão soviética. Essas réplicas, que nem sempre foram bem sucedidas, estão directamente ligadas ao sucesso obtido com o golpe no Irão, pelo que os seus efeitos ultrapassam largamente a região e a época em que ocorreram. RELAÇÕES INTERNACIONAIS DEZEMBRO : 2007 16 192RELAÇÕES INTERNACIONAIS DEZEMBRO : 2007 16 [ pp. 189-192 ] 189 RECENSÃO Guerra dos EUA e Israel contra o Irã já começou, avaliam especialistas 12/1/2012 13:11, Por Redação, com agências internacionais - de Teerã, Washington, Londres e Havana Especialistas militares avaliaram, nesta quinta-feira, que a guerra entre o Irã e os EUA já começou, a julgar pelo movimento de tropas na região e os últimos acontecimentos no cenário montado pelas nações ocidentais no Golfo Pérsico. Fontes ouvidas pela agência espanhola de notícias RicTV atestam que, agora, “é apenas uma questão de horas para o início do conflito armado”. A morte do cientista iraniano em um atentado foi, segundo analistas, um ponto decisivo para o agravamento do quadro de confronto entre as forças norte-americanas, israelenses e do Irã. A morte de Mostafa Ahmadi Roshan, de 32 anos, engenheiro nuclear iraniano, em um atentado a bomba, nesta quarta-feira, provocou uma onda de revolta em Teerã contra Israel, o principal suspeito, e contra os Estados Unidos, que afirmaram não ter qualquer ligação com o atentado. A edição desta quinta-feira dos principais jornais iranianos pede represálias imediatas contra ambos os países. “Sob a lei internacional é legal executar represálias com o assassinato do cientista nuclear”, afirma o jornal iraniano Keyhan, em um editorial. “A República Islâmica conquistou muita experiência em 32 anos. Portanto, é possível assassinar autoridades e militares israelenses”, completa o texto. O assassinato domina o noticiário naquele país e muitos criticaram o que chamaram de silêncio do Ocidente sobre as mortes. Os jornais mais radicais pedem, inclusive, uma ação secreta contra Israel. Ainda prudente em seus pronunciamentos, o governo iraniano disfarça a irritação com o episódio mas garante que obteve provas de que “interesses estrangeiros” estavam por trás da morte do cientista Roshan, subdiretor da central de enriquecimento de urânio de Natanz. Ele morreu quando dois homens, em uma motocicleta, pararam ao lado do automóvel do cientista, retido em um engarrafamento em Teerã, e colocaram uma bomba magnética na porta, após o que se ouviu uma forte explosão. A bomba também matou o motorista e o segurança de Ahmadi Roshan, enquanto um terceiro ocupante do carro, um modelo Peugeot 405, ficou ferido. O ataque foi similar a outros quatro que aconteceram em Teerã nos últimos dois anos. Três cientistas, incluindo dois que também trabalhavam no programa nuclear iraniano, morreram, enquanto outro – que agora dirige a Agência de Energia Atômica do Irã – escapou por pouco tempo de um atentado. Capitalismo em declínio Ao lado do presidente cubano, Raúl Castro, o dirigente iraniano Mahmoud Ahmadinejad passa em revista às tropas Pomo da discórdia entre o Irã, Israel e os EUA, a energia nuclear foi o tema central dos pronunciamentos realizados em Havana, na noite passada, durante a recepção ao presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad promovida pelo presidente cubano, Raúl Castro. Ambos defenderam o direito de todos os países ao uso pacífico da energia nuclear, no clímax da escalada militar em curso na região do Golfo Pérsico. Os dois governantes “ratificaram o compromisso dos dois países na defesa da paz, do direito internacional e dos princípios da Carta das Nações Unidas, assim como do direito de todos os Estados ao uso pacífico da energia nuclear”, afirma um comunicado oficial. O apoio cubano ao programa nuclear iraniano foi anunciado na mesma semana em que os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Nicarágua, Daniel Ortega, fizeram o mesmo. De acordo com a nota oficial, durante o encontro no Palácio da Revolução de Havana, Raúl Castro e Ahmadinejad conversaram sobre “o excelente estado das relações bilaterais e temas do âmbito internacional”. – Estamos observando que o sistema capitalista está em decadência, em diferentes cenários, como em um beco sem saída, e é necessária uma nova ordem, uma nova visão, que respeite todos os seres humanos, um pensamento baseado na justiça. Quando já lhe falta lógica recorrem às armas para matar e destruir. Hoje em dia a única opção que restou ao sistema capitalista é matar – disse Ahmadinejad, em uma conferência na Universidade de Havana, onde recebeu o título Doutor Honoris Causa em Ciências Políticas. Ahmadinejad reivindicou uma nova ordem mundial baseada na justiça e que respeite todos os seres humanos e encorajou Cuba e seus universitários a trabalharem ao lado de seu país para criá-la. – Temos que estar alertas. Se nós não planejamos a nova ordem no mundo, serão os herdeiros dos donos de escravos e os capitalistas a controlar e impor o novo sistema – afirmou. Questão de horas O USS Nimitz posiciona-se ao largo, na costa do Irã, de onde passa a exercer uma ação predatória mais eficaz Enquanto Ahmadinejad se movimenta pela América Latina, em busca de uma sólida aliança com países socialistas da região, o porta-aviões da classe Nimitz, modernizado e com armas mais letais se posiciona próximo ao Estreito de Ormuz. Nos últimos dias, os EUA trasladaram um grupo de militares especializados em desembarque e um batalhão inteiro de marines. A tropa segue embarcada nos navios anfíbios Makin Island, New Orleans e Pearl Harbor. Somase à força naval uma esquadrilha reforçada de helicópteros e um batalhão de retaguarda. As informações foram divulgadas, nesta manhã, pela RicTV. A agência acrescenta que o serviço de comunicações da Armada norte-americana comunicou que a principal função do novo grupo de combate, encabeçado pelo super porta-aviões é apoiar o exército em suas operações no Afeganistão e participar de manobras internacionais na região. Especialistas ouvidos, no entanto, advertem que o aumento no número de embarcações dos EUA nas costas do Irã é um fator marcante para o aumento da tensão entre os dois países, com desfecho previsto em questão de horas. Fernando Bazán, um dos analistas internacionais, em entrevista aos jornalistas, aponta a escalada do poderio armamentista dos EUA no Mar Arábico. – De um lado, Washington envia cada vez mais navios de guerra para a região por sua preocupação com o avanço da produção nuclear iraniana, ainda mais depois que Teerã confirmou a produção de urânio enriquecido a 20% em uma instalação subterrânea. De outra parte, o Irã é um dos países mais importantes na política regional e pode influir na maioria dos processos em curso no Oriente Médio, com apoio aos grupos xiitas – afirmou Bazán. Além do USS Nimitz, o vespeiro em que se encontra o Estreito de Ormuz contará, nos próximos dias, com a presença de um grupo de combate da V Frota Marítima, encabeçado pelo portaaviões Carl Vinson, com aeronaves a bordo. Estes equipamentos se somam a um outro grupo de navios de guerra estacionado na região desde dezembro último. Estas belonaves já haviam passado pelo Estreito de Ormuz, na divisa entre o Mar de Omán e o Golfo de Áden, por onde circulam 40% do tráfego mundial de petróleo. A guerra econômica dos EUA contra o Irã 6/1/2012, Pepe Escobar,Asia Times Online Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu NEW YORK. Por aqui, a corrida é desenfreada, cada um querendo detonar, mais que o outro, a economia global. Uma emenda chave à Lei de Defesa Nacional [orig.National Defense Authorization Act] assinada pelo presidente dos EUA Barack Obama no último dia de 2011 – quando ninguém estava prestando atenção – impõe sanções a todos os países ou empresas que comprem petróleo iraniano e paguem a compra através do banco central iraniano. Entrará em vigência no próximo verão: quem desobedecer, ficará impedido de comerciar com os EUA. A emenda – que, para todas as finalidades práticas, é declaração de guerra econômica – é trazida até vocês sob o alto patrocínio do Comitê EUA-Israel de Relações Públicas [orig.American Israel Public Affairs Committee (AIPAC)], obedecendo ordens diretas do governo de Israel comandado pelo primeiro-ministro Benjamin “Bibi” Netanyahu. Cataratas de artigos e comentários de especialistas tentaram introduzir alguma racionalidade na ideia: seria um plano B do governo Obama, o qual estaria assim impedindo que os cães de guerra israelenses atacassem diretamente o Irã (para destruir um suposto programa de armas nucleares). A verdade é que a estratégia original de Israel era ainda mais histérica: impedir que todos os países e empresas do mundo pagassem ao Irã pelo petróleo que importassem, exceto, talvez, China e Índia. E, como se não bastasse, o pessoal do AIPAC ainda tentava convencer todos de que essa ideia não resultaria em aumentos insaciáveis nos preços do petróleo. Outra vez, comprovando capacidade inigualável de atirar no próprio pé calçado em sapato Ferragamo, governos na União Europeia debatem se compram ou não compram petróleo iraniano. A dúvida existencial é compram já ou dão um tempo. Inevitavelmente, como a morte e os impostos, o resultado já é – e o que mais poderia ser? – petróleo mais caro. O cru já oscila em torno de $114, e a única porta aberta é para cima. r /> ...Me entreguem ao pé do cru, na hora certa![1] O Irã é o segundo maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), exportando até 2,5 milhões de barris de petróleo ao dia. Cerca de 450 mil desses barris vão para a União Europeia – o segundo maior mercado para o Irã, depois da China. Gunther Ottinger, burocrata sem rosto como exige a função de Comissário para Energia da União Europeia, andou espalhando que a União Europeia poderia contar com a Arábia Saudita, para suprir o que não comprasse do Irã. Qualquer analista de petróleo que se dê ao respeito sabe que a Arábia Saudita não tem capacidade ociosa para suprir essa grande demanda extra. Além disso, e mais importante, a Arábia Saudita tem de vender caro o seu petróleo caro. Afinal de contas, a Casa de Saud contrarrevolucionária precisa muitíssimo desses fundos para subornar todos que tenha de subornar para impedir que brote por lá algum tipo de Primavera Árabe local. E há também a ameaça que Teerã já fez, de bloquear o Estreito de Ormuz, impedindo assim que 1/6 do petróleo do mundo e 70% das exportações da OPEP cheguem aos mercados consumidores. Os varejistas estão fazendo o diabo para estocar a maior quantidade de cru que consigam comprar. Esqueçam petróleo a preços acessíveis de $50, mesmo $75, o barril. O preço pode subir depressa, chegar a $120, $150 o barril, no próximo verão, como aconteceu em 2008, no auge da crise. E a OPEP, por falar nisso, está extraindo mais óleo do que nunca desde o final de 2008. Assim sendo, o que começou como objeto explosivo improvisado que Israel escondera numa beira de estrada, já se vai transformando em colete de explosivos para suicídio coletivo, preso por cadeado a setores inteiros da economia global. Não surpreende que o presidente da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento Iraniano, Ala'eddin Broujerdi, tenha alertado para a possibilidade de as novas “sanções” não passarem de “trapalhada estratégica” [orig.strategic blunder] nos países ocidentais. Tradução: se a coisa continuar, o nome do jogo para 2012 é recessão global profunda. Obama joga os dados Primeiro, Washington fez vazar que sanções contra o banco central do Irã “não estão sobre a mesa”. Afinal de contas, é claro que o governo Obama sempre soube que ‘'as sanções'’ fariam o preço do petróleo explodir, e que são passagem só de ida para profunda recessão global. E, quanto ao Irã, só arrancará ainda mais dinheiro do petróleo exportado. Pois mesmo assim ocomboBibi-AIPACempurrou a emenda facilmente, goela abaixo do Senado e do Congresso dos EUA – mesmo depois de Tim Geithner, secretário do Tesouro dos EUA, terse manifestado claramente contra ela. A emenda que acaba de ser aprovada pode não ter o efeito de “sanções incapacitantes” que o governo israelense tanto exigia. Teerã sentirá o aperto – mas o aperto não alcançará nível intolerável. E só aqueles irresponsáveis que povoam o Congresso dos EUA – desprezado por maioria ampla dos norte-americanos, como informam todas as pesquisas em circulação por aqui – poderiam ter suposto que conseguiriam tirar do mercado 2,5 milhões de barris do petróleo que o Irã exporta...sem provocar consequências gravíssimas em toda a economia global. A Ásia precisará de cada vez mais petróleo – e continuará a comprar petróleo iraniano. E os preços do petróleo prosseguirão, rumo à estratosfera. Tudo isso considerado, por que Obama assinou aquela emenda? Porque agora, para o governo Obama, só se trata, exclusivamente, de reeleição. Os doidos terminais ativos no circo eleitoral dos Republicanos – com Ron Paul como honrada exceção – só falam de ataque ao Irã; prometem que, se eleitos, atacarão o Irã no dia da posse; e muitos eleitores norte-americanos, sem saber o que pensar ou por quê, estão gostando da ideia. Ninguém está fazendo nem as contas mais simples, que ajudariam a ver que as economias europeia e norte-americana absolutamente não precisam de barril de petróleo aproximandose dos $120, se alguém ainda espera obter alguma recuperação econômica, mínima que seja. Mostre o seu, que eu mostro o meu Além da gangue OTAN-Euro, que vive crise terminal de autodetonação, praticamente todos, naqueles arredores, ignorarão a guerra econômica que EUA-Israel declararam contra o Irã: a Rússia já disse que contornará o bloqueio; a Índia já usa o banco Halkbank, na Turquia, para pagar o petróleo que compra do Irã; o Irã e China estão ativamente negociando novos acordos de venda de petróleo. O Irã é o segundo maior fornecedor de petróleo para a China (só perde para a Arábia Saudita). A China paga em euros e pode, em breve, passar a pagar em yuans. Em março, já haverá novo acordo assinado entre Irã e China sobre novos preços; a Venezuela controla um banco binacional com o Irã, desde 2009; através desse banco, o Irã recebe todos os pagamentos dos negócios que mantém na América Latina; a Turquia, tradicional aliada dos EUA, com certeza encontrará meios para isentar a empresa turca TUPRAS, de importação de petróleo, das novas‘sanções’; e a Coreia do Sul também encontrará algum meio, para continuar comprando do Irã, em 2012, os cerca de 200 mil barris/dia de que precisa. China, Índia, Coreia do Sul, todos mantêm complexos laços comerciais de mão dupla com o Irã (o comércio China-Irã, por exemplo, é da ordem de $30 bilhões/ano, e está aumentando). Nada disso será “extinto” só porque o eixo Washington/Telavive ordene. Deve-se esperar, isso sim, uma onda de novos bancos privados, a serem constituídos em todo o mundo em desenvolvimento, exclusivamente para continuar comprando petróleo iraniano. Novidade haveria, só se Washington tivesse cacife para impor sanções aos bancos chineses, porque negociam com o Irã. Pelo outro lado, é necessário reconhecer o cacife (ou, não sendo isso, a coragem) de Teerã. O Irã enfrenta campanha praticamente jamais interrompida, há anos, de assassinatos prédeterminados e sequestros de cientistas iranianos; ataques em território iraniano, na província do Sistão-Baloquistão; sabotagem de sua infraestrutura, por israelenses; invasões de seu território pordronesnorte-americanos de espionagem; ameaças incessantes, de Israel e do Partido Republicano dos EUA, de “choque e pavor” sempre iminentes; e os EUA venderam $60 bilhões de armas à Arábia Saudita. E Teerã não cede. Teerã acaba de testar – com sucesso – mísseis cruzadores iranianos, e bem ali, exatamente no Estreito de Ormuz. E quando Teerã reage à agressão repetida, insistente, incessante do ocidente, ainda é acusada de cometer “atos de provocação”. 6ª-feira, todos os editorialistas doNew York Times estavam em lua de mel com o Pentágono, todos repetindo as mesmas ameaças contra o Irã e clamando, todos, por “pressão econômica máxima”. A conclusão é que os iranianos médios sofrerão – tanto quanto sofrerão os europeus endividados, devastados pela crise. A economia dos EUA também sofrerá. E, cada vez que entender que o ocidente está ficando histérico além do suportável, Teerã poderá servir-se do seu pleno direito de mandar os preços do petróleo às alturas. O governo de Teerã continuará a vender petróleo, continuará a enriquecer urânio e – o mais importante – não cairá e continuará a ser governo. Como míssil Hellfire disparado contra festa de casamento pashtun, as “sanções” ocidentais fracassarão miseravelmente. Não sem, antes, provocarem vasto dano colateral – no próprio ocidente. Nota dos tradutores [1]Orig.Get me to thecrudeon time. Ecoa aí um “Get me to theworldon time” (“Me entreguem no mundo, na hora certa”), gravação dos The Electric Prunes, dorockpsicodélico dos anos 1960s. Há quem insista em ouvir aí também ecos de “Get me to the churchon time”(“Me entreguem na igreja, na hora certa”), do musical “My Fair Lady” (dir. George Cukor), dos mesmos anos 1960s, também gravada por Frank Sinatra, também nos mesmos anos 1960s. Que anos 1960s foram aqueles! Seja como for, a grande gravação de “Get me to the churchon time” é de Judy Garland, que morreu em 1969 É complicado. Cada leitor terá de construir seus percursos de interpretação. The ancient nation of Iran, historically known to the West as Persia until 1935 (see also History of Persia, History of Levant). Once a major empire in its own right, it has been overrun frequently and has had its territory altered throughout the centuries. Invaded by Arabs, Seljuk Turks, Mongols, and others--and often caught up in the affairs of larger powers--Iran has always reasserted its national identity and has developed as a distinct political and cultural entity. Archeological findings have placed knowledge of Iranian prehistory at middle paleolithic times (100,000 years ago). The earliest sedentary cultures date from 18,00014,000 years ago. The sixth millennium B.C. saw a fairly sophisticated agricultural society and proto-urban population centers. Many dynasties have ruled Iran, the first of which was under the Achaemenians (559-330 B.C.), a dynasty founded by Cyrus the Great. After the Hellenistic period (300-250 B.C.) came the Parthian (250 B.C.-226 A.D.) and the Sassanian (226-651) dynasties. The seventh century Arab-Muslim conquest of Iran was followed by conquests by the Seljuk Turks, the Mongols, and Tamerlane. Iran underwent a revival under the Safavid dynasty (1502-1736), the most prominent figure of which was Shah Abbas. The conqueror Nadir Shah and his successors were followed by the Zand dynasty, founded by Karim Kahn, and later the Qajar (1795-1925) and the Pahlavi dynasties (1925-1979). Modern Iranian history began with a nationalist uprising against the Shah (who remained in power) in 1905, the granting of a limited constitution in 1906 (making the country a constitutional monarchy), and the discovery of oil in 1908. The key to the region was the British discovery of oil there in 1908 (see British Petroleum). Control was disputed between Great Britain and Russia, codified in an agreement of 1907 dividing the region into spheres of influence. During World War I the country was occupied by British and Russian forces but was essentially neutral. In 1919, Britain attempted to establish a protectorate in Iran, aided by the Soviet Union's withdrawal in 1921. In that year a military coup established Reza Khan, an Iranian officer of the Persian Cossack Brigade, as dictator and then herediatry Shah of the new Pahlavi dynasty (1925). Reza Shah Pahlavi, ruling for almost 16 years and installing the new Pahlavi dynasty, thwarting the British attempt at control, and pushing to have the country developed. Under his reign, Iran began to modernize and to secularize politics, and the central government reasserted its authority over the tribes and provinces. During World War II, Iran was a vital link in the Allied supply line for lend-lease supplies to the Soviet Union. In August, 1941, a combined British and Soviet force occupied Iran. In September Reza abdicated in favour of his son Muhammad Reza Shah Pahlavi, who ruled until 1979. At the Tehran Conference of 1943 the Tehran Declaration guaranteed the post-war independence and boundaries of Iran. However when the war did end the Soviets supported a revolt in the north which created the People's Republic of Azerbaijan and the Kurdish People's Republic in late 1945, both effective Soviet puppet regimes. After World War II, Soviet troops stationed in northwestern Iran not only refused to withdraw but backed revolts that established short-lived, pro-Soviet separatist regimes in the northern regions of Azerbaijan and Kurdistan. These were ended in 1946. The Azerbaijan revolt crumbled after U.S. and UN pressure forced a Soviet withdrawal and Iranian forces suppressed the Kurdish revolt. Soviet troops did not withdraw from Iran proper until May, 1946 after receiving a promise of oil concessions. The Soviet republics in the north were soon overthrown and the oil concessions were revoked. In 1951, Premier Mohammed Mossadeq, a militant nationalist, forced the parliament to nationalize the British-owned oil industry. Despite British pressure, including a economic blockade which caused real hardship, the nationalization continued. The National Front leader, Muhammad Mussadegh, was briefly forced from power in 1952 but quickly returned and forced the Shah to flee. The Shah returned in mid-1953 and again forced Mussadegh from office in August with U.S. support, Mussadegh was arrested and a new president was appointed. In return for the US support the Shah agreed, in 1954, to allow an international consortium of British, American, French, and Dutch companies to run the Iranian oil facilities for the next 25 years, with profits shared equally. There was a return to stability in the late 1950s and the 1960s. In 1957 martial law was ended after 16 years and Iran became closer to the West, joining the Baghdad Pact and receiving military and economic aid from the US. The Iranian government began a broad program of reforms to modernize the country, notably changing the quasi-feudal land system. However the reforms did not greatly improve economic conditions and the liberal proWestern policies alienated certain Islamic religious and political groups. From the mid1960s the political situation was becoming increasingly unstable. In 1961, Iran initiated a series of economic, social, and administrative reforms that became known as the Shah's White Revolution. The core of this program was land reform. Modernization and economic growth proceeded at an unprecedented rate, fueled by Iran's vast petroleum reserves, the third-largest in the world. The Premier Hassan Ali Mansur was assassinated in 1965 and the internal security service, SAVAK, became more violently active. The Islamic clergy, headed by the Ayatollah Ruhollah Khomeini (who had been exiled in 1964), were becoming increasingly vociferous. Internationally relations with Iraq fell into a steep decline, mainly due to a dispute over the Shatt-al-Arab waterway which a 1937 agreement gave to Iraq. Following a number of clashes in April, 1969, Iran abrogated the 1937 accord and demanded a renegotiation. Iran greatly increased its defense budget and by the early 1970s was the region's srongest military power. In November, 1971 Iranian forces seized control of three islands at the mouth of the Persian Gulf, in response Iraq expelling thousands of Iranian nationals. In mid-1973, the Shah returned the oil industry to national control. Following the ArabIsraeli War of October, 1973, Iran did not join the Arab oil embargo against the West and Israel. Instead it used the situation to raise oil prices, using the money gained for modernization and to increase defense spending. However the economic improvemnets tended to only benefit a very small group and succeeded in disaffecting the vast majority of the population, culminating in widespread religious led protests throughout the late 1970s. There was widespread religious and political opposition to the Shah's rule and programs--especially SAVAK, the hated internal security and intelligence service. Martial law was declared in September 1978 for all major cities but the Shah recognized the erosion of his power-base and fled Iran on January 16, 1979. On February 1, 1979, Ayatollah Khomeini returned from France (after 15 years in exile there and in Turkey and Iraq) to direct a revolution resulting in a new, theocratic republic guided by Islamic principles, overthrowing the shah's government on February 11 and becoming Iran's national religious leader. The new government was extremely conservative. It nationalized industry and restored Islamic traditions in culture and law. Western influence were banned and the existing pro-West elite was quick to join the shah in exile. There were clashes between rival religious factions and brutal repression quickly became commonplace. Militant Iranian students seized the US Embassy in Tehran on November 4 1979 and held it until [[January 20 1981. The Carter administration initiated a economic boycott and attempted a rescue in April, 1980 that was a pitiful failure. Finally Ronald Reagan ended the crisis on the day of his inauguration, agreeing to nearly all the Iranian terms. On September 22, 1980 Iraq invaded Iran, see Iran-Iraq War. Following Khomeini's death on June 3, 1989, the Assembly of Experts--an elected body of senior clerics--chose the outgoing president of the republic, Sayid Ali Khamenei, to be his successor as national religious leader in what proved to be a smooth transition. In August 1989, Ali Akbar Hashemi-Rafsanjani, the speaker of the National Assembly, was elected President by an overwhelming majority. During the Gulf War (1991) the country remained relatively neutral, restricting its action to the comdemnation of US and allowing Iraqi aircraft and refugees into the country. President Rafsanjani was re-elected in 1993 with a more modest majority; some Western observers attributed the reduced voter turnout to disenchantment with the deteriorating economy. Rafsanjani was succeeded in 1997 by the moderate Mohammed Khatami. This led the country into a dangerous rift between a government seeking reform and moderate liberalization against a clergy still extremely conservative. Khatami was re-elected in June, 2001 but his efforts have been repeatedly blocked by the religious Guardian Council. Fidel fala de seu encontro com presidente iraniano – 13 de janeiro de 2012 Para cubano, Ahmadinejad está “tranquilo” e qualquer situação de guerra seria desencadeada pelo “império ianque” Por Fidel Castro | Tradução do Vermelho Ontem tive o prazer de conversar tranquilamente com Mahmoud Ahmadinejad. Não o via desde setembro de 2006, há mais de cinco anos, quando visitou nossa Pátria para participar na 14ª Cúpula do Movimiento de Países Não Alinhados que teve lugar em Havana, onde pela segunda vez Cuba foi eleita como presidente dessa organização pelo tempo estabelecido de três anos. Eu tinha ficado gravemente enfermo em 26 de julho de 2006, um mês e meio antes da mesma, e só podia sentar na cama. Vários dos mais distinguidos líderes que assistiam ao evento tiveram a amabilidade de visitar-me. Chávez e Evo o fizeram mais de uma vez. Um meio dia vieram quatro, dos quais sempre recordo: Kofi Annan, secretario-geral da ONU; um velho amigo, Abdelaziz Buteflika, presidente da Argélia; Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã; e um vice-ministro de Relações Exteriores do governo da China e atual chanceler desse país, Yang Jiechi, representando o líder do Partido Comunista e presidente da República Popular da China, Hu Jintao. Foi realmente um momento de importância para mim que com grande esforço reeducava a mão direita que havia sofrido um sério acidente na queda em Santa Clara. Com os quatro comentei aspectos dos problemas que o mundo enfrentava naqueles instantes. Estes, certamente, tornavam-se cada vez mais complexos. No encontro de ontem observei o presidente iraniano absolutamente sossegado e tranquilo, indiferente por completo às ameaças ianques, confiante na capacidade de seu povo para enfrentar qualquer agressão e na eficácia das armas, que em grande parte ele próprios produzem, para ocasionar aos agressores um preço impagável. Na realidade quase não falou do tema bélico, sua mente se concentrava nas ideias expostas na conferência que fez no Salão Nobre da Universidade de Havana, centrada na luta pelo ser humano: “caminhar para chegar e alcançar a paz, a segurança, o respeito e a dignidade humana como um desejo de todos os seres humanos ao longo da história.” Estou seguro de que, por parte do Irã, não se deve esperar ações irrefletidas que contribuam para o desencadeamento de uma guerra. Se esta for inevitavelmente desatada, será fruto exclusivo do aventureirismo e da irresponsabilidade congênita do império yanque. Da minha parte penso que a situação política criada em torno do Irã e os riscos de uma guerra nuclear que dela emanam e a todos envolve – possuam ou não tais armas -, são sumamente delicados porque ameaçam a própria existência de nossa espécie. O Oriente Médio se converteu na região mais conflitiva do mundo, e a área onde são gerados os recursos energéticos vitais para a economia do planeta. O poder destrutivo e os sofrimentos massivos que originavam alguns dos meios utilizados na Segunda Guerra Mundial motivaram uma forte tendência a proibir algumas armas como os gases asfixiantes e outras empregadas naquela guerra. Contudo, as lutas de interesses e os enormes lucros dos produtores de armas os levaram à confecção dos armamentos mais cruéis e destrutivos, até que a tecnologia moderna aportou o material e os meios cujo emprego em uma guerra mundial conduziria ao extermínio. Sustento o critério, sem dúvidas compartilhado por todas as pessoas com um sentido elementar de responsabilidade, de que nenhum país grande ou pequeno tem o direito a possuir armas nucleares. Nunca estas armas deveriam ser usadas para atacar duas cidades indefesas como Hiroshima e Nagasaki, assassinando e irradiando com horríveis e duradouros efeitos centenas de milhares de homens, mulheres e crianças, em um país que já estava militarmente vencido. Se o fascismo obrigava as potências coligadas contra o nazismo a competir com esse inimigo da humanidade na fabricação de tal arma, finalizada a guerra e já criada a Organización das Nações Unidas, o primeiro dever dessa organização era proibir tal arma sem exceção alguma. Mas os Estados Unidos, a potência mais poderosa e rica, impôs ao resto do mundo a linha a seguir. Hoje possui centenas de satélites que espionam e vigiam a partir do espaço todos os habitantes do planeta. Suas forças navais, aéreas e terrestres estão equipadas com milhares de armas nucleares, manejam a seu talante, através do Fundo Monetário Internacional, as finanças e os investimentos do mundo. Se se analisa a história de cada uma das nações da América Latina, desde o México até a Patagônia, passando por São Domingo e Haiti, poderá observar-se que todas, sem uma só exceção, sofreram durante duzentos anos, desde o início do século 19 até hoje, e de uma ou outra forma estão sofrendo cada vez mais, os piores crimes que o poderio e a força podem cometer contra o direito dos povos. Escritores brilhantes surgem em número crescente: um deles, Eduardo Galeano, autor de “As veias abertas da América Latina”, que fala sobre estes temas, acaba de ser convidado a inaugurar o prestigioso Prêmio Casa das Américas, como um reconhecimento a sua relevante obra. Os acontecimentos se sucedem con incrível rapidez; mas a tecnologia os transmite ao público de forma ainda mais rápida. Um dia qualquer, como o de hoje, notícias importantes se sucedem com extraordinário ritmo. Um despacho telegráfico datado de ontem (11), dá textualmente a seguinte notícia: “A presidência dinamarquesa da União Europeia afirmou na quarta-feira que uma nova série de sanções europeias mais severas contra o Irã se decidirá em 23 de janeiro em razão de seu programa nuclear, atingindo não só o setor petrolífero mas também o banco central. “Iremos mais longe simultaneamente no que se refere às sanções petrolíferas e contra as estruturas financeiras” disse o chefe da diplomacia dinamarquesa Villy Soevndal, durante um encontro com a imprensa estrangeira. Pode apreciar-se com clareza que, a fim de impedir a proliferação nuclear, Israel pode acumular centenas de ogivas nucleares enquanto o Irã não pode produzir urânio enriquecido a 20%. Outra noticia sobre o tema, de uma conhecida qualificada agência informativa britânica noticia que: “A China não deu sinais na quarta-feira de ceder terreno às demandas dos Estados Unidos de que reduza suas compras de petróleo iraniano e considerou um excesso as sanções de Washington contra Teerã…”. Qualquer pessoa se assombraria com a tranquilidade com que os Estados Unidos e a civilizada Europa promovem esta campanha com uma espantosa e sistemática prática terrorista. Bastam estas linhas trasmitidas por outra importante agência europeia de notícias: “O assassinato, na quarta-feira, de um responsável pela usina nuclear de Natanz, no centro do Irã, conta três precedentes desde janeiro de 2010.” Em 12 de janeiro daquele ano, “um físico nuclear internacionalmente reconocido, Masud Alí Mohamadi, professor na universidade de Teerã e que trabalhava para os Guardiães da Revolução, morreu na explosão de uma moto-bomba diante de seu domicílio.” “29 de novembro de 2010: Majid Shahriari, fundador da Sociedade nuclear do Irã e ‘encarregado de um dos grandes projetos da Organização iraniana de energia atômica’ [...] foi morto em Teerã pela explosão de uma bomba magnética fixada em seu automóvel. “No mesmo dia, outro físico nuclear, Fereydoun Abasi Davani, foi alvo de um atentado em condições idênticas quando estacionava seu carro diante da universidade Shahid Beheshti em Teerã, onde os dois homens eram professores.” – Só ficou ferido. 23 de julho de 2011: O cientista Dariush Rezainejad, que trabalhava em projetos do ministério da Defesa, foi morto a tiros por desconhecidos que se deslocavam em uma moto em Teerã.” “11 de janeiro de 2012: – no mesmo dia em que Ahmadinejad viajava da Nicarágua a Cuba, para dar sua conferência na Universidade de Havana – O cientista Mustafa Ahmadi Roshan, que trabalhava na usina de Natanz, da qual era vice-diretor para assuntos comerciais, morreu na explosão de uma bomba magnética colocada sobre su automóvel, perto da universidade Allameh Tabatabai, a leste de Teerã”. Como em anos anteriores, o “Irã acusou novamente os Estados Unidos e Israel.” Trata-se de uma carnificina seletiva de brilhantes cientistas iranianos sistematicamente assassinados. Li artigos de conhecidos simpatizantes de Israel que falam de crimes realizados por seus serviços de inteligência, em cooperação com os dos Estados Unidos e a Otan, como algo normal. Ao mesmo tempo, desde Moscou as agências informam que “a Rússia advertiu hoje que na Síria está amadurecendo um cenário similar ao da Líbia, mas alertou que desta vez o ataque virá da vizinha Turquia. “O secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, sustentou que o Ocidente deseja ‘castigar Damasco não tanto pela repressão à oposição mas por sua relutância em interromper sua aliança com Teerã’.” “…em sua opinião, na Síria está amadurecendo um cenário como o da Líbia, mas nesta oportunidade, as forças de ataque não virão da França, Grã Bretanha e Itália mas da Turquia’.” “Inclusive, se atreveu a adiantar que ‘é possível que Washington e Ancara já estejam definindo várias opções de zonas de exclusão de voos, onde exércitos armados de rebeldes sírios poderias ser treinados e concentrados’.” As notícias não só procedem do Irã e do Oriente Médio, mas também de outros pontos da Ásia Central próximos ao Oriente Médio. As mesmas nos permitem apreciar a complexidade dos problemas que podem derivar-se dessa perigosa região. Os Estados Unidos foram levados por sua contraditória e absurda política imperial a problemas sérios em países como o Paquistão, cujas fronteiras com outro importante Estado, o Afeganistão, foram traçadas pelos colonialistas sem tomar em conta cultura nem etnias. Neste último país, que durante séculos defendeu sua independência frente ao colonialismo inglês, a produção de drogas se multiplicou desde a invasão yanque, e os soldados europeus apoiados pelos aviões sem piloto e armamento sofisticado dos Estados Unidos cometem embaraçosas matanças que incrementam o ódio da população e afastam as possibilidades de paz. Isso e outras imundícies também se refletem nos despachos das agências ocidentais de notícias. “Washington, 12 de janeiro de 2012 – O secretário estadunidense da Defesa, Leon Panetta, qualificou nesta quinta-feira de ‘absolutamente lamentável’ o comportamento de quatro homens apresentados como marines norte-americanos urinando sobre cadáveres no Afeganistão em um vídeo difundido pela internet. “Vi as imgens e encontro o comportamento (desses homens) absolutamente lamentável…” “Este comportamento é totalmente inapropriado da parte de membros do exército estadunidense e não reflete em nenhum caso os critérios e os valores que nossas forças armadas juram respeitar…” Na realidade, nem o afirma nem o nega. Qualquer pessoa pode ficar com a dúvida e possivelmente o próprio secretário da Defesa. Mas também é extremamente desumano, que homens, mulheres e crianças, ou um combatente afegão que luta contra a ocupação estrangeira, seja assassinado pelas bombas dos aviões sem piloto. Algo também muito grave: dezenas de soldados e oficiais paquistaneses, que cuidavam das fronteiras do país, têm sido destroçados por essas bombas. Em declarações do próprio Karzai, presidente do Afeganistão, este expressou que o ultraje aos cadáveres era “’simplemente desumano’, e pediu ao governo estadunidense que ‘aplique o castigo mais severo a quem quer que seja que acabe sendo condenado por este crime’.” Porta-vozes dos talibãs declararam que “nos dez últimos anos se deram centenas de atos similares que não foram revelados…” Inclusive sente-se lástima por aqueles soldados, separados de familiares e amigos, a milhares de quilômetros de sua própria pátria, enviados para lutar em países que nem sequer talvez nem tenham ouvido falar quando estavam nas escolas, onde lhes atribuem a tarefa de matar ou morrer para enriquecer empresas transnacionais, fabricantes de armas e políticos inescrupulosos, que dilapidam a cada ano os fundos que são necessários para a alimentação e a educação dos incontáveis milhões de famintos e analfabetos no mundo. Não poucos desses soldados, vítimas dos traumas sofridos, terminam privando-se de sua própria vida. Por acaso exagero quando afirmo que a paz mundial pende por um fio? Leia também: 1. Depois de Fidel, o quê? http://ponto.outraspalavras.net/2012/01/13/fidel-fala-de-seu-encontro-presidenteiraniano/ The country is a poor econmic state and its associations with both international terrorism and a potential nuclear capacity are unlikely to aid it. While certain European countries seek ot normalise relations the US is still hostile. From Wikipedia, the free encyclopedia. This history article licensed under GFDL. . Científicos y pensadores Algacel 1058-1111 Abu Hamed ibn Mohammad al-Gazzali, es más conocido en Europa con su nombre latinizado, Algacel, y en Irán con el título de Hoyyat ol-Eslam, o su nombre verdadero de Gazzalí. Nació en Tus, cerca de la actual Mashad. De niño estudió en su ciudad natal y de joven se fue a Neyshabur hasta que en el año 1087 marchó a Bagdad permaneciendo allí diez años como director de la escuela Nezamiyeh de aquella ciudad, por orden del mismo ministro selyúcida Nezam al-Molk. Fue en esta escuela donde su fama como sabio creció y se difundió por la región, hasta que, en el año 1091, tuvo una revolución interna y marchó a la Meca de peregrinación dejando a su hermano el puesto de maestro. Después de su peregrinación marchó a Siria donde se enclaustró en una mezquita aljama. Más tarde fue a Jerusalén y de allí a Egipto, desde donde hizo su penúltimo viaje, ya a su tierra natal, Tus, y allí estableció una orden sufí o tariqa donde también se dedicó a la enseñanza, a escribir y a la contemplación. Así permaneció 9 años, siendo también visitado por los eruditos, sabios y ulemas de la época, hasta que en 1105 aceptó ser director y de nuevo profesor de la escuela Nezamiyeh de Neyshabur. Permaneció allí 4 años y finalmente regresó a Tus para el resto de sus días meditando y en contemplación y donde no permitió que se le molestase, rechazando la proposición del sultán selyúcida Sanyar para ser director y maestro en la escuela Nezamiyeh. Allí murió en el 1111. Algacel era musulmán sunní, de la escuela shafeí, tenía tendencias al misticismo ascético en el que dejó una honda impronta que fue luego seguida por sabios del renombre de Sohravardi y Abdul Qader Gilani. La obra de Algacel es muy abundante y ha sido calculada en unas 130, otros calculan 70, prácticamente todas sobre filosofía y religión. Aquí mencionaremos las más destacadas que son: "Ihiya al-Ulum al-Din" que escribió en árabe y luego él mismo resumió y tradujo al persa con el título de"Kimiya-ye-Sa'dat" (La Alquimia de la felicidad); Al-Basit, sobre la doctrina shafeí; "Tahafut al-Falasifa" (Destrucción de los filósofos) en la que ataca encarnizadamente a los filósofos en general y a Avicena en particular, y obra que fue refutada más tarde línea a línea por Averroes en su obra "Tahafut al-Tahafut" (Destrucción de la Destrucción); "Mustazhari" donde Algacel refuta a los esotéricos o batiníes. Aljuarizmi 783-850 Abu Abdullah Mohammad ibn Musa Aljuarizmi, trascrito siempre como Alkhwarizmi, es decir, el joresmio, nació en Joresmia, Asia Central y fue uno de los primeros grandes matemáticos de la temprana época 'abbasí. Muy poca cosa se conoce de su vida. Se sabe que entró al servicio del califa al-Ma'mun, hijo de Harun al-Rashid, allá por el año 820 en la biblioteca califal de Dar al-Hikma (la Casa de la Sabiduría) en Bagdad. El califa le encargo una misión científica en la India, y, a su regreso, allá por el año 830, escribe su famoso tratado de álgebra. Muchas de sus obras han sido traducidas a lenguas europeas y entre éstas cabe destacar "Al-mujtasar fi hisab al-jabr wa-l muqabila". El original árabe se ha perdido pero se conserva su traducción latina. De otros de sus libros sólo se conserva el título. Algunas de sus obras fueron traducidas en Toledo Estatua de Aljuarizmi frente a la Facultad de matemáticas en Teherán. Aljuarizmi es el padre del álgebra y fue el que introdujo el sistema decimal y el cero, expuesto en su obra que fue traducida al latín como "Algoritmi de numero indorum", que puede fácilmente deducirse provenía de las matemáticas indias. También descubrió un método que es hoy en día uno de los más antiguos para solucionar ecuaciones de segundo grado. Asimismo escribió sobre astronomía y geografía. En astronomía su obra más conocida fue sus"Tablas astronómicas" basadas en la astronomía india. Fue el matemático más grande de su tiempo. Nuestras palabras "guarismo" y "algoritmo"derivan de su nombre y la palabra árabe "álgebra" viene de "al-jabr", palabra que puede verse en el título de su libro donde expone estas nuevas matemáticas. Avicena 980-1037 Avicena es el nombre latino del sabio persa Abu Ali Ibn Sina. Nació en Afshaneh, cerca de Bujara, provincia que se encuentra actualmente en Uzbekistán. Fue un niño prodigio y a corta edad recitaba de memoria el Corán y las obras de los clásicos. Supo aprovechar las ventajas que le daba el haber nacido en el seno de una familia acomodada y cercana a la Administración de los Samaníes pues su padre era valí del sultán. Primero estudió filosofía, derecho, matemáticas y en particular, la geometría de Euclides. Antes de los 20 años tenía conocimientos avanzados de medicina, de tal manera que curó al emir samaní Nuh ibn Mansur que ya estaba desahuciado por médicos ancianos de reputada fama, y que lo recompensó poniendo a su disposición la biblioteca de la corte. Una de las imágenes más conocidas de Avicena Avicena supo aprovechar la oportunidad y se empapó allí de todo el saber de la época que tuvo tiempo de estudiar y leer. Mas aquel ambiente propicio samaní estaba destinado a durar poco tiempo. Los turcos gaznavíes no tardaron en llegar con el sultán Mahmud de Ghazni a la cabeza, y, en el año 999, la benefactora y mecenas dinastía samaní es derrocada y suplantada por la gaznaví procedente de Asia Central. Se cuenta que el sultán Mahmud, enterado de la presencia de sabios e ilustres eruditos en la corte samaní, no quiso ser menos y quiso también verse rodeado de los más sabios y doctos de la época. Para ello, mandó llamar a su presencia a Avicena y a su amigo y compañero Abu Reihan Biruní. Éste último accedió y acudió al nuevo sultán, pero Avicena salió huyendo no solo de Bujara sino de Asia Central y encaminó sus pasos hacia la meseta iraní. Aquí llega la parte legendaria de la vida de Avicena ya que poco se sabe de este periplo del que se cuentan muchas historias y leyendas, y la parte de la que tenemos seguridad es cuando nos lo encontramos, primero en la corte de un príncipe buyí de Qazvin, donde no encontró apoyo ninguno, y luego ya como visir de Hamadán bajo el mandato del príncipe buyí Shams al-Dawla. Pero este cargo político le trajo más perjuicios que beneficios y tras la muerte del príncipe y protector tuvo que salir huyendo de los cuantiosos enemigos que se había creado en Hamadán. Avicena acabó bajo la protección del príncipe buyí 'Ala al-Dawla de Isfahán, y bajo su mecenazgo vivió y trabajó los últimos 14 años de su vida. Murió relativamente joven, con 58 años y está enterrado en Hamadán donde podemos visitar su mausoleo. Mausoleo de Avicena en Hamadán. Avicena fue uno de los grandes sabios que ha visto nacer la Humanidad. Nos han llegado de él algo más de cien obras y su saber abarcaba prácticamente todos los campos de las ciencias y letras de aquella época. A continuación haremos un breve esbozo de los tres campos en los que más fama mereció. El Avicena filósofo. El terreno en el que más destacaba, junto al de la medicina, era el de la filosofía. Este sabio persa tuvo el gran mérito de sistematizar la filosofía racionalista aristotélica de tal forma que se pudiese adaptar a la fe musulmana, algo que hizo mezclando dos pensamientos tan dispares como el de Aristóteles y Platón. Su filosofía y su visión del mundo está impregnada, pues, de aristotelismo, neoplatonismo y por supuesto del Islam que él profesaba. No obstante, se muestra más aristotélico que platónico, pero a la vez no sigue ni obedece al estagirita en todo, creando con los elementos platónicos e islámicos una nueva filosofía a la que él denominó hikmat almashriqi (filosofía oriental) a la que el filósofo alude en el prólogo de su "Kitab alShifa." La filosofía aviceniana gira alrededor de varios ejes como son el conocimiento de Dios y de la existencia, la discriminación entre ser y esencia, lo posible y lo obligado, la contingencia del ser, la teoría del conocimiento, la razón, la Resurrección y el Juicio Final. Es obvio que toda esta temática la retomó Avicena de los griegos, pero él le otorgó una dimensión islámica, la incorporó en el pensamiento musulmán. Avicena vivió en un período en que las ideas y la doctrina ismailí estaban en Persia en auge. Se cuenta incluso que su padre y uno de sus hermanos eran ismailíes. Tanto es así que hay similitudes fundamentales entre el pensamiento ismailí y el aviceniano, y, si bien él nunca quiso adherirse a las filas de estos shiíes septimanos, sí parece ser que era shií duodecimano, hecho que podría estar corroborado por la calurosa acogida y mecenazgo de los buyíes shiíes de Persia, como muy acertadamente señala Henry Corbin. Avicena nos cuenta cómo leyó más de 40 veces la "Metafísica" de Aristóteles sin llegar a comprenderla, hasta que le compró a un vendedor ambulante un comentario a la Metafísica escrito por Alfarabi. Fue entonces cuando Avicena vio la luz y pudo comprender la obra del estagirita, que ya tenía memorizada. De todas formas, aunque en un principio se puede decir que la filosofía aviceniana estaba muy marcada por el pensamiento de Alfarabi, pronto lo superó con su obra enciclopédica. El pensamiento peripatético aviceniano pasó a la Edad Media europea a partir del siglo XII cuando se tradujeron parte de sus obras al latín e influyó profundamente en filósofos occidentales como Juan de Escoto y Tomás de Aquino, o lo que es lo mismo, dejó una honda impronta en la escolástica latina. Entre las obras filosóficas de Avicena caben destacar "Kitab al-Insaf" (El libro del juicio imparcial); "Kitab al-Shifa" (El libro de la curación) que fue traducida al latín con el título de "Sufficientia" y es una especie de pequeña enciclopedia científica que no trata sobre medicina, aunque su título lo parezca. Es tan extensa que él mismo la resumió en otro título, "Niyat"(La salvación.); "Daneshname-ye-Alai" (El libro del saber de Alaí), la primera obra filosófica en persa. Además de estos libros tiene multitud de tratados sobre lógica, cosmogonía y metafísica. El Avicena médico. Su rango en la medicina medieval no tiene parangón, es considerado el padre de la medicina europea y su obra no fue superada en Occidente hasta el Renacimiento europeo. Entre sus descubrimientos médicos cabe destacar el carácter contagioso de la tuberculosis y el peligro que supone las aguas estacadas y putrefactas como agentes patológicos. Avicena supuso también acertadamente que había un fuerte vínculo o relación entre muchas enfermedades y la mente, lo que hoy día se expresaría como la influencia del estado de ánimo en las enfermedades. Fue el primer médico en hacer una descripción de la meningitis así como de la estructura del ojo, incluyendo el nervio óptico. Hizo también numerosos descubrimiento en otros campos médicos como el de la ginecología y la anatomía, descubrimientos estos que fueron incluidos en su "Canon de Medicina". Entre sus obras médicas cabe destacar su mencionado "Canon de Medicina" (Qanun fil-Tibb) una obra enciclopédica donde expone todos los conocimientos médicos de su época y más de 700 tratamientos para diferentes enfermedades. El libro fue traducido al latín sólo 100 años después de la muerte del sabio persa por Gerardo de Cremona, y fue libro de texto de medicina en las universidades europeas siendo la gran referencia médica hasta el siglo XVII. El Avicena esotérico. La mayor parte de sus obras esotéricas fueron escritas al final de su vida; Tratado de "Hayy ibn Yaqzan", donde describe un viaje realizado en compañía de un ángel; "Tratado del pájaro", una obra mística que atrajo la atención de un poeta de la talla de 'Attar de Neyshabur; "Salaman y Absal''; La "Casida evidente" que es un tratado sobre el alma. Escribió también varias exégesis coránicas. Biruni 973-1048 Abu Reihan Biruni, también conocido en Occidente como Albiruni, nació en Jiva (Joresmia), ciudad situada hoy en Uzbekistán. Debido a su gran talento, desde joven se incorporó a la corte de los reyes de entonces. Fue durante siete años uno de los sabios de la corte de Ma'mun Jarezmshah, tributario de los Samaníes, donde se ocupaba de la diplomacia. Antes de pasar al servicio de los Gaznavíes, Biruni estuvo en la corte del rey literato Qabus ibn Voshmgir, que reinaba en su pequeño reino de Gorgán, y fue a él a quien le dedicó su obra de "Athar al-Baqiyah" en 999. Entre los años 1009 y 1016 Biruni regresa a Joresmia, fue entonces cuando se incorporó a la corte de Ma'mun Jarezmshah, y, poco después, se produjo una revuelta popular, fue el rey asesinado y el sultán Mahmud conquistó la región con la excusa de quererse vengar del asesinato de aquel monarca. Biruni, fue testigo directo y presencial de aquellos acontecimientos que, junto a la caída de los Samaníes cambiaron el rumbo de la historia de Persia. Los relató con todo lujo de detalles en una obra que tituló "La historia de Joresmia", hoy perdida, pero de la que quedan varios capítulos que son citados textualmente por el historiador persa del siglo XI Beihaqi. Estatua de Biruni en Tashkent, Uzbekistán De cómo Biruni se incorporó a la corte del sultán Mahmud de Ghazni, varias son las historias que se han tejido a su alrededor. Una de ellas cuenta que poco antes de que el sultán Mahmud conquistase Joresmia, enterado de que los reyes persas siempre se hallaban rodeados de los sabios de la época, no quiso ser menos y mandó a llamar a Biruni y a su amigo Avicena a través de una misiva dirigida a Ma'mun Jarezmshah en la que le solicitaba (o sea le exigía) que aquellos sabios se dirigieran a su corte. Ma'mun Jarezmshah avisó a los sabios entre los que se encontraba Biruni, les comunicó el contenido de la misiva y les dijo que aquel que se quisiera escapar que lo hiciera antes de que el mensajero los viese con él para no ser atacado por el sultán Mahmud por desobediencia. Biruni prefirió irse con el sultán Mahmud donde pasó el resto de sus días. Otra versión dice que cuando el sultán Mahmud conquistó la región, Biruni y su maestro fueron detenidos acusados de pertenecer a la secta cármata, su maestro fue muerto, pero cuando se disponían a ejecutar a Biruni alguien le dijo al sultán que aquel hombre era el Imán de su tiempo en astrología y que ningún rey podría poner a otra persona en su lugar, y fue de esta manera cómo se incorporó a la corte gaznavi. Sea de ello como fuere, se sabe que Biruni marchó a Ghazni con el sultán Mahmud allá por el año 1017. Biruni gozó de la estimación tanto del sultán como de su príncipe heredero Mas'ud. Biruni acompañó al sultán a muchas de las expediciones militares que éste hizo a la India. Fue mediante estas expediciones cómo entró el Islam en la India y se difundió allí la lengua y cultura persas. Biruni supo aprovechar la situación que el destino le brindaba y aprendió sánscrito y se empapó del saber indio sin prejuicios religiosos de ninguna clase juntándose con los gurus, sacerdotes y filósofos indios. Hay que tener en cuenta la extremada rareza que supone aprender sánscrito para un musulmán, y más de la Edad Media, de hecho era muy extraño ver a un musulmán árabe que por ejemplo supiera persa. Había persas y turcos que sabían árabe porque era la lengua del Corán y además porque era lingua franca de los musulmanes, pero era extraño encontrar un árabe que supiera persa o turco, por esta regla de tres, podemos deducir que encontrar un musulmán que se pusiese, como lo hizo Biruni, a aprender un idioma lejano que nada tenía que ver con el Islam era algo imposible. Sello conmemorativo del milenario del nacimiento de Biruni. Biruni fue una de las personalidades enciclopédicas de la época, era versado en matemáticas, astronomía-astrología, historia, física, filosofía, y farmacia. Más que original o innovador en sus planteamientos se puede decir que era un minucioso observador que seguía un método muy similar a lo que hoy llamamos el método científico o experimental (observación, medida, comparación). Intentó medir por ejemplo la velocidad de la luz, y, aunque no lo consiguió, sí pudo afirmar que "es inmensa si la comparamos a la del sonido". Escribió más de 100 obras sobre diferente temática, sobre todo científica. El terreno científico en el que más destacó fue el de las matemáticas entre cuyas aportaciones cabe destacar la regla de tres, las ecuaciones algebraicas y los números irracionales, amén de aportaciones en el terreno de la geometría, de la que se valió en gran parte de los conocimientos indios. Adquiría la ingente información no sólo de las obras que leía sino también a través de las conversaciones y debates que mantenía con diferentes personas (sabios, ulemas, maestros...) así, por ejemplo, la información de los calendarios de los sogdianos y de los zoroastrianos fue escuchada por Biruni mayormente por boca de los lugareños y zoroastras. Hay que tener presente que en la época de Biruni había aún muchos templos de fuego zoroastrianos en funcionamiento, sobre todo en los pueblos y aldeas, si bien la mayoría de la población era ya musulmana. Entre sus numerosas obras cabe destacar "El Astrolabio", una de las descripciones más precisas de este instrumento, El "Canon de Mas'ud" (Qanun al-Mas'udi), escrito para el sultán gaznavi Mas'ud, hijo del sultán Mahmud, que trata sobre astronomía en un lenguaje muy sencillo y accesible, donde, curiosamente, Biruni plantea la posibilidad de la rotación terrestre alrededor del sol como explicación plausible del movimiento errante de los planetas; en ella dice que la tierra es redonda; describió la Vía Láctea a la que se refirió con el nombre persa de kahkeshan. El sultán Mas'ud quiso recompensarle por esta obra con un elefante cargado de plata, mas el sabio rehusó diciendo, "esto me impedirá trabajar y bien saben los sabios que la plata se va mientras que la ciencia permanece y jamás cambiaré la sabiduría perenne por la efímera." En humanidades, su obra más conocida es "Tahqiq ma li-l Hind", (Investigación de lo que hay en la India) la primera descripción de este país hecha por un musulmán y redactada de forma muy erudita y sistemática. En ella el autor nos describe las costumbres, las creencias, tradiciones, y supersticiones de los indios valiéndose entre otras cosas, de sus conocimientos de sánscrito. En ella cita Biruni muchas obras concretas en griego y sánscrito por lo que tiene la rigurosidad de un historiador moderno y presta mucha atención al Bhavagad Gita, el célebre capítulo de la epopeya india del Mahabharata. Hay que tener en cuenta que la India era hasta aquel entonces un terreno virgen y desconocido para los musulmanes, por lo que el trabajo de Biruni tenía un doble mérito, dar a conocer la India al mundo islámico y poder meterse de lleno y sin prejuicios en sus ideas y forma de pensar, tan dispar y diferente del Islam. Biruni hizo una investigación rigurosa sobre la India, miraba a los indios como gentes con una cultura y religión diferentes y no como infieles a los que había que convertir o eliminar, en definitiva, era el polo opuesto de Mahmud que sólo pensaba en destruir templos indios y budistas y en declararle la guerra a los indios. Mientras así obraba el sultán, Biruni se hacía amigo de ellos para sacarles información. Biruni decía que todo aquel que quisiera discutir con los indios sobre ciencia, lógica o religión debía primero conocer bien su forma de pensar, sus maneras y su filosofía, y que era por ello que decidió escribir aquella obra. Afirmaba que la había redactado como si fuese un observador imparcial, agregando a la misma todos los matices que fuesen necesarios. Esta obra ha sido y es muy estudiada por los estudiosos occidentales de la India, y aún hoy, cuando ya se han hecho profundas investigaciones, sigue siendo una fuente valiosa de información de la India del año 1000 y una de las fuentes antiguas más dignas de crédito. Biruni nos describe una India brahmánica en pugna continua con los budistas, una India pura poco antes de ser islamizada y de entrar la cultura persa de lleno en ella, y es ésta otra de las razones por las cuales esta obra tiene mucha importancia. Además de este libro también tradujo del sánscrito varias obras de la literatura india. Otra de sus grandes obras fue "Athar al-Baqiya", publicada en 1878 en Londres. En ella habla de las costumbres de los antiguos joresmios y de los persas, del Nowruz o año nuevo persa y de los calendarios. También escribió un pequeño diccionario de joremioárabe dejándonos pues la fuente más importante que hoy en día tenemos para el conocimiento del léxico de esta lengua irania muerta. El profesor Sachau nos dice que de sus escritos se pueden deducir muchas de las ideas y creencias de Biruni, así, por ejemplo, nos dice que era por supuesto musulmán, con tendencias al shiísmo, no era fanático, la verdad tenía para él una posición primordial y la anteponía ante todo, detestaba a los árabes por haber hecho desaparecer la gloria de los Sasánidas y amaba profundamente cualquier cosa o persona que de alguna manera tuviese que ver con lo persa o lo iranio. Biruni ya gozaba de gran fama y reputación durante su vida. Entre sus amigos se contaba nada menos que el gran Avicena, con el que mantenía también debates de gran talla científica. Se dice que Biruni nunca dejaba de estudiar y escribir, y que solamente descansaba en la fiesta de año nuevo (Nowruz) y del equinoccio de otoño (Mehregan). En su haber se cuenta poco más de 100 obras, la mayoría perdidas. Sobre su muerte, hay una historia muy difundida que cuenta que Biruni, en su lecho de muerte, le preguntó a uno de sus amigos presentes sobre un problema matemático del que debatieron hacía tiempo. El amigo le respondió que era un momento muy inoportuno aquel para hacer semejantes cuestiones cuando la vida se estaba acabando, a lo que el sabio persa replicó: "Mejor es morirse sabiendo la solución que morir ignorándola." El amigo accedió a resolver aquella ecuación, tras lo cual murió. Borzuyeh s. VI Borzuyeh fue un médico que vivió en la época sasánida durante el reinado de Josrov Anushiravan, quien reinó entre los años 530 hasta su muerte en 579. De su vida no se sabe mucho y ha sido entretejida con leyendas de todo tipo en la literatura persa de la era islámica. Su padre era militar y su madre pertenecía a una familia sacerdotal, por lo que el niño Borzuyeh pudo tener una educación bastante buena, empezando a estudiar medicina a la edad de 7 años y llegando a ser el mayor médico de Persia en su momento. Borzuyeh además de médico era un sabio típico. Tradujo del sánscrito al pahlavi (persa medio o sasánida) el "Panchatantra", las célebres fábulas del indio Bidpay, junto con otras muchas obras, y trajo a Persia el ajedrez que luego se difundiría por todo el mundo. El "Panchatantra" fue titulado en la traducción como "Calila y Dimna". Ibn Moqaffa', que tradujo la traducción de Borzuyeh al árabe, nos cuenta que Borzuyeh escribió su propia biografía. Una parte de esta biografía fue incluida en el prólogo de la traducción de Ibn Moqaffa, ambas obras se han perdido, tanto la pahlavi como su traducción al árabe, pero se conserva la traducción que se hizo a lenguas romances posteriormente. En el siglo X, Zakaria Razi nos dice que Borzuyeh registró por escrito sus observaciones en una obra que luego fue traducida al árabe. Hallaj 858-922 Huseyn b. Mansur b. Hallaj, nació en Beida, provincia de Fars. Fue uno de los mayores místicos del Islam. Al parecer su padre era escardador de lana y de ahí viene su apellido de "Hallaj". De niño fue a Juzestán con su padre y a la edad de 13 años ya sabía el Corán de memoria. De joven marchó a Basora, luego a Bagdad y a la Meca para cumplir con su deber religioso de la peregrinación. Estuvo luego de ciudad en ciudad hasta que fue apresado por sus ideas religiosas en el año 913, permaneciendo 9 años en prisión. El visir abbasí Hamid b. Abbas lo condenó a recibir mil latigazos. Se cuenta que luego le cortaron las manos y los pies, lo quemaron y luego arrojaron las cenizas al Tigris. También se cuenta que tras su muerte le cortaron la cabeza y la colgaron en uno de los puentes de Bagdad. No obstante, lo más probable fue que fuese crucificado y quemado. No dejó de repetir hasta su muerte el clamor de "ana al-Haqq" que quiere decir "yo soy la Verdad" (o también se puede interpretar como "yo soy Dios"), frase con la que el místico querría referir su unión con Dios, algo totalmente herético para la ortodoxia. Hallaj, fuente de inspiración para la literatura y los iluministas. Fot. de http://www.imagesonline.bl.uk/british library-store A Hallaj se le atribuyen numerosas obras: "Amr al-Sheytan", "Al-Towhid", "Al-Jawhar al-akbar", "Tavasin" publicada en París, etc. Personalidad extraña y polémica, mucho se ha discutido y hablado de este personaje peculiar que ha sido la fuente de inspiración de numerosos poetas, sufíes y místicos a lo largo de mil años. Su muerte es puesta como ejemplo del Martirio por antonomasia y en el sufismo representa el símbolo de la valentía. 'Attar de Neyshabur (siglo XIII) le dedicó un episodio sobrecogedor en su "Tazkarat al-Ulia" (Biografía de los santos). Hay quienes le creen un santo, otros dicen que obraba milagros y otros le creen un mentiroso prestidigitador, un charlatán, o sea, un personaje polémico en toda regla. Algacel justificaba aquellas sus palabras diciendo que eran proferidas impulsadas por la gran intensidad del amor verdadero y su gran éxtasis. Otros, al contrario de Algacel, se basaban en estas mismas palabras de Hallaj para decir de él que era un infiel y que por ello merecía la cárcel en la que estuvo confinado varios años. Mollah Sadra Sadr al-Din Mohammad b. Ibrahim Shirazi, más conocido simplemente como Mollah Sadra, fue uno de los más insignes filósofos del Islam y el mayor teólogo shií del siglo XVII. No se conoce mucho de su vida, que ha sido ensombrecida por su colosal obra. Se sabe que nació en Shiraz aproximadamente en 1574. Su padre era un hombre rico e influyente que se preocupó mucho por darle una buena educación y enseñanza a su hijo. Tras la muerte de su padre, marchó a Isfahán para completar sus conocimientos con Sheij Baha�i. Poco más tarde tuvo como maestro a Mir Damad con quien estudió filosofía y teología. También fue aleccionado en filosofía por Mir Fendereski, pasando pues un tiempo en la ciudad de Qom, donde tuvo que permanecer oculto al parecer por haber sido declarado anatema por algunos ulemas que veían sus opiniones como herejías y demasiado osadas, como por ejemplo la insistencia de Mollah Sadra en la unidad de la existencia (wahdat al-wuŷud) de Ibn Arabi, la aceptación del hecho de amar a la Belleza, su negación de la resurrección corporal, su negación del carácter eterno del infierno, su división del cielo o paraíso en varias partes etc. ideas éstas que no son más que un botón de muestra de las opiniones teosóficas que causaron más de un problema al filósofo de Shiraz. No está muy claro cuántos años permaneció apartado, probablemente se podría hacer una estimación de entre 9 y 11 años, período que supone una importancia vital pues durante el mismo fue cuando sufrió una revolución en su interior y en su pensamiento, se afianzó en él un espíritu místico que tuvo revelaciones, "me fueron desvelados misterios 'decía en su "Asfar arba'e" que no se podían desvelar con argumentos." Tras terminar aquel periodo de reclusión, Shah Abbas II le ordenó regresar a Shiraz donde trabajó como profesor de filosofía en la madrasa de Allah Verdi Jan. Viajó en seis ocasiones a la Meca. Murió en Basora, durante su séptimo viaje de peregrinación en el año 1640. Mollah Sadra escribió más de 40 obras entre las que cabe destacar, "Asfar arba'a" la más conocida de todas y de la que se han hecho múltiples comentarios y exégesis. Según algunos fue escrita en 1616; "Al-mabda wa al-mu'ad" escrita con el mismo estilo que la anterior; "Al-shawahid al-rububiya" que algunos son de la opinión que es su última obra. Mollah Sadra es mayormente conocido en la literatura shií como el desgranador de la filosofía de la luz de Sohravardí, que conocía con profundidad, en detrimento de la filosofía peripatética, a la que atacó con diversos argumentos. Mollah Sadra intentaba hacer cuadrar sus ideas, que en muchas ocasiones rozaba lo que muchos ulemas podrían considerar como herejía, con los hadices del profeta y la sharia o ley islámica, como por ejemplo en su obra "Sharh Usul al-Kafi." La filosofía de Mollah Sadra posee varias dimensiones. Por un lado, sus teorías y aportaciones tienen un matiz sufí e impregnado de la filosofía de la luz de Sohravardí, y, por otro lado, se acerca a la filosofía peripatética. Su filosofía gira alrededor de la unidad de la existencia (wahdat al-wuŷud) y del "movimiento de la esencia". Ello no quiere decir que no haya sido creador de nuevos planteamientos en la filosofía, lo que quiere decir es que estas dos cuestiones juegan un papel primordial en su teoría de la filosofía. Al parecer, Mollah Sadra tomó el planteamiento de la "unidad de la existencia", de la que sufíes y místicos habían hecho su tema principal, de las obras de Ibn Arabi. Ni que decir tiene que el ambiente sociopolítico safaví no era el más adecuado para la difusión o simplemente la exposición de semejantes ideas, que podían causar la ira de los más conservadores y ser declarado apóstata. En su "Asfar arba'a" Mollah Sadra admite la 'unidad de la existencia' y se hace eco a la vez de la "multiplicidad de la existencia" con la perífrasis de "unidad en la multiplicidad y multiplicidad en la unidad" lo que es ilustrado diciendo que si se pone un espejo delante del sol, en una primera mirada veremos muchas luces pero que si miramos con más detenimiento nos percataremos de que la luz es sólo una. El pensamiento de Mollah Sadra, que supone un punto y aparte en la filosofía del Islam shií, tuvo un gran auge tras su muerte creándose lo que se denominó la "Escuela de Isfahán". Nasir al-Din Tusí 1200-1273 Nasir al-Din Ŷa�far b. Hasan Tusí nació en Jahrud (o quizás en Tus, cerca de la actual Mashad), un pueblo cercano a Qom. Estudió con su padre y con su tío materno, de lo cual se desprende que nació en el seno de una familia culta, todo un lujo en aquel tiempo. De joven marchó a Tus y allí completó sus conocimientos con los más afamados sabios de su época, y fue allí donde se hizo célebre, siendo por tanto el motivo que se le conozca por el gentilicio de Tusí. Los ismailíes de Qohestán le atrajeron, y, bajo la protección y mecenazgo del gobernador ismailí Abdul Rahim, Nasir al-Din escribió “Ajlaq-e-Naserí”, una de las obras clásicas de la literatura persa. Más tarde fue a la fortaleza de Alamut donde se puso al servicio de Rokn al-Din Joshshah, el último gobernador ismailí. No obstante, el mecenazgo ismailí no iba a durar mucho pues los mongoles llamaban a las puertas de Persia, y éstos no tardaron en conquistar la fortaleza de Alamut —el cuartel general de los ismailíes— pieza clave para una caída en serie del resto de las fortalezas. Sello conmemorativo de Nasir al-Din Tusi Aquí comienza una nueva etapa en la vida del sabio persa poniéndose al servicio como ministro del conquistador mongol Hulagu bajo cuyos auspicios construyó en 1258 el observatorio de Maraqeh del que hoy no queda más que el recuerdo. En él se elaboraron las célebres "Tablas iljaníes" (Ziŷ-e-iljâni) así denominadas por la dinastía Iljani para la cual servía. Nasir al-Din Tusí escribió numerosas obras de temática diversa; "Tahrir Eqlides" sobre geometría euclidiana; "Tahrir majesti" sobre astronomía ptolemaica; "Sharh-e-esharat-eEbn-e-Sina" sobre filosofía aviceniana; "Asas al-Eqtebas" sobre lógica; "Me'yar alash'ar" sobre métrica; "Zij-e-iljani"; "Usaf al-Ashraf" sobre sufismo; "Ajlaq-e-naseri"; "Tajrid al-kalam ya tajrid al-e'teqad" una apología del shiísmo septimano o ismailí. La contribución a la cultura de la Humanidad de Nasir al-Din Tusí no se circunscribe solamente al hecho de haber redactado una serie de obras de gran valor científico sino también a otro hecho no menos importante como el de salvar una gran cantidad de libros de una quema casi segura. En efecto, en el siglo XIII Persia sufrió las peores devastaciones de su historia a manos de tártaros y mongoles, peores que las que sufriera 15 siglos antes con la conquista de Alejandro Magno. El mismo año que comienza Nasir al-Din a construir su observatorio, cae Bagdad y el califato abbasí, algo que supuso una conmoción en el mundo islámico. La capital abbasí es saqueada y muchos libros destruidos, pero Nasir al-Din salvó muchas obras llevándoselas al observatorio, que enriqueció, y lo mismo hizo con la biblioteca de los ismailíes cuando Alamut cayó en manos de los mongoles. Se calcula que llegó a reunir unos 400.000 libros. Por otra parte, utilizó su gran influencia como ministro para salvar a numerosos sabios que de otra manera hubiesen perecido a hierro de los tártaros. Muhammad ibn Zakaria Razi Mohammad Ibn Zakaria Razi, piedra angular de Avicena y el médico por antonomasia. Su nombre es un gentilicio de la ciudad de Rei (la Rages del libro de Tobías, en el Antiguo Testamento), cuyas ruinas pueden verse hoy al sur de Teherán. Es también conocido en Occidente con el nombre latinizado de Rhazes. Los datos fiables que de su vida tenemos son bastantes escasos. Sabemos que antes de ser médico se dedicó a la alquimia. A este respecto, nos cuenta el polígrafo Abu Reihan Biruni que el joven alquimista se entregó a la alquimia hasta el punto que sus ojos enfermaron y hubo de recurrir a un médico, quien le curó con un tratamiento por el que le cobró la friolera de quinientas monedas del noble metal que Razi tanto buscaba por medios alquímicos. Y dicen que el médico le dijo orgulloso de su ciencia y de los beneficios que le reportaba: "Esto es alquimia y no lo que tú buscas". Según Biruni, este dicho causó una honda impresión a Razi y desde entonces abandonó la búsqueda de la piedra filosofal para dedicarse a la medicina. Se ignora si la historia que nos cuenta Biruni tiene algo de veraz o si no es más que otras de las tantas infundadas que se han tejido alrededor de Razi, que siempre han afectado en mayor o menor medida a los grandes personajes de la historia y que más que aclarar lo que han hecho es enturbiar aún más la biografía de un personaje del que sabemos bien poco. Sea como fuere, lo que sí tenemos claro de su vida es que nació en Rei (al sur de la actual Teherán) allá por el año 865. Vivió hasta su madurez en la misma ciudad y en ella fue donde aprendió filosofía, matemáticas, astronomía, música, y seguramente fue en ese mismo período cuando se interesó por la alquimia. Por último, se dedicó a la medicina a raíz del episodio que nos cuenta Biruni, y sabemos que estudió en Rei y Bagdad. Dicen que el célebre médico Ali ibn Rabbn al-Tabari fue su profesor de medicina, sin embargo, ello no es posible ya que éste fue secretario del secesionista persa Maziar ibn Qaran hasta que le dieron captura y muerte en el año 838. Sabemos que el supuesto maestro de Razi se marchó a Bagdad tras quedarse sin patrón, pero, teniendo en cuenta la diferencia de fechas y añadiéndole a esto el hecho de que tanto Biruni como otros historiadores nos dicen que Razi comenzó en su edad adulta al estudio de la medicina no resulta congruente creer que Ali Rabbn Al-Tabari fuese profesor de Razi a los 90 o 100 años. Sea como fuere, lo cierto es que su fama como médico se difundió siendo él relativamente joven pues el gobernador samani de Rei, Abu Saleh Mansur ibn Ishaq, le nombró director del hospital de la misma ciudad, y poco después, parece ser que en el año 900, se marchó a Bagdad y allí fue durante varios años (no se sabe cuantos exactamente) regente del hospital de la ciudad califal que a él mismo le fue encargada su construcción. Cuentan que para saber cuál era la ubicación ideal en cuanto a higiene hizo colgar unos pedazos de carne en diferentes puntos de Bagdad y construyó el hospital en aquel lugar donde la carne se había podrido menos. Seguramente, al ser el mejor médico de la época, fue muy solicitado en la corte del califa, por gobernadores y pudientes en general, pero se sabe que no estuvo muchos años en Bagdad ya que regresó a su ciudad natal para volver a ejercer como médico el resto de su vida. Debido a la manipulación que había hecho durante su vida de las sustancias químicas, a la vejez se quedó ciego por glaucoma y, poco después, murió, según Biruni, en el año 925, en su ciudad natal. Hasta la aparición de Avicena, Razi es indiscutiblemente el mejor médico que ha visto el mundo islámico, no en vano, se ganó el sobrenombre de Yalinus al-‘arab (el Galeno árabe). Dentro de la medicina, en lo que más destacó fue en sus estudios sobre la viruela y el sarampión. Hizo muchos descubrimientos y observaciones originales en medicina. Por ejemplo, observó que los enfermos que se recuperaban de una enfermedad eran inmunes a la misma un tiempo largo (principio de inmunidad); se interesó más por la prevención que por la curación y afirmaba que una buena higiene y una buena alimentación son las bases de la buena salud, asertos que aunque hoy nos puedan parecer de lo más corrientes no eran tan evidentes en una época en que se desconocían las bacterias. Afirmaba que la atención psíquica del enfermo era primordial, algo que es fundamental en la medicina moderna. Rechazó la idea tan extendida entonces de que se podía diagnosticar una enfermedad tan solo mirando la orina del enfermo. Instruía a sus alumnos en la medicina tanto teórica como práctica, haciendo más hincapié en ésta última y los “licenciaba” después de que aquellos redactaban una tesis sobre un tema concreto y hacían el Juramento de Hipócrates. En lo que se refiere a su forma de pensar, era ante todo un racionalista, incluso en una ciencia como la alquimia que se daba a tantas divagaciones misteriosas y cuyo vocabulario sólo entendían los iniciados. Razi rechazaba de plano las interpretaciones esotéricas que de ella se daba y tenía una clara tendencia a tener una visión racionalista de los fenómenos naturales, y ello se extiende incluso en el plano religioso y filosófico. Razi fue un autor polifacético. Su carrera y pensamiento puede ser inscrito en, por lo menos, dos de los grandes movimientos que prevalecen diacrónicamente o a veces simultáneamente en la medicina islámica. Por un lado, se enmarca como figura tardía en la época de las grandes traducciones. Si bien no es propiamente Razi un traductor, sí comparte un espíritu investigador con los principales traductores del siglo IX, e incluso, su pensamiento participa de la misma aproximación a la filosofía que protagonizan traductores del momento. Por otro lado, Razi es un médico innovador que ejerce su profesión de forma manifiesta y comprometida abriendo así la puerta para que sus discípulos entren correctamente en el ámbito de la aplicación práctica del saber médico. Este compromiso une a Razi con Avicena. Según Biruni el número de sus obras sólo de medicina asciende a 56 entre grandes y pequeñas. La más importante de todas ellas es "Kitab al-Hawi" que fue considerada a partir del siglo X la obra médica más importante del momento. Está dividida en diez libros. El primero es de anatomía; el segundo habla de los humores; el tercero es bastante importante y trata de alimentos y medicamentos; el cuarto y quinto de higiene y cosmética; el sexto del régimen alimenticio durante el viaje; el séptimo de cirugía; el octavo de venenos; el noveno de enfermedades en general y el décimo de fiebres. La obra es definida como un cuerpo de medicina práctica, una condensación de opiniones de todos los médicos anteriores y contemporáneos a Razi. Éste además utiliza su experiencia práctica para comentarlas. Como su redacción es póstuma, su análisis presenta ciertas características. Entre otras, la propia proporción inusitadamente amplia o una línea de exposición un tanto desbaratada que le confieren una identidad un poco paradójica. No fue ésta una obra en la que Razi se sentó a escribir de una manera metódica, sino que fue después de su muerte y por orden del gobernador de Rei, que sus alumnos reunieron los apuntes en los que su maestro había registrado sistemáticamente los cuadros clínicos con los que se había encontrado, con su respectivo tratamiento. Por el volumen de la obra y su índole experimental (en el sentido de recopiladora de experiencias) es donde radica su importancia y también porque en ella se reúnen todas las experiencias personales de Razi con sus pacientes, procedimiento que se da en mucha menor medida en el resto de sus obras. " Kitab al-Hawi" es una obra enciclopédica cuyo manuscrito árabe, que originalmente constaba de treinta tomos, no nos ha llegado íntegro a nuestros días. En árabe se conservan aproximadamente la mitad, aunque, afortunadamente, se conserva la traducción latina de 25 tomos cuyo título, "Liber Continens" (en realidad una buena traducción al latín de su titulo original en árabe, es decir, el Libro que Contiene). Esta traducción data del año 1279 y fue patrocinada por Carlos, rey de Nápoles y Sicilia y fue realizada por un judío llamado Farach Ben Salim, traductor de otras obras médicas. Con este mismo título latino se convirtió pronto en un libro de texto clásico y se reimprimió numerosas veces, sobre todo desde el año 1486 en adelante, hubo incluso una quinta edición en Venecia en el año 1542. Otra de su famosas obras médicas es "Kitab al-Mansuri" o "Tibb al-Mansuri", es un libro que resume brevemente los planteamientos básicos del "Kitab al-Hawi". Fue así titulada porque se la dedicó al gobernador Samaní de Rei, Mansur ibn Ishaq. Si bien es mucho más reducida que al-Hawi, sí fue una obra de considerable valor en su época. "Kitab al-Mansuri" fue redactado en diez partes (yuz') y traducido al latín y publicado en varias ocasiones durante la Edad Media. Esta obra fue traducida al latín bajo el título de "Liber ad Almansorem", que, junto al "Canon" de Avicena fueron puestos como textos en el programa de los universitarios. Además de estas obras de Razi se publicaron varios tratados suyos también en latín, muchos de ellos traducidos por el afamado Gerardo de Cremona, el traductor por antonomasia de las principales obras médicas del momento. La publicación de estas obras fue cuantiosa, sobre todo después de inventarse la imprenta de tipos móviles. Entre ellas citaremos las siguientes: El "Kitab al-Shukuk" (el Libro de las dudas) también hay que clasificarla como una de sus obras importantes. Es una relación de las objeciones que hace Razi a Galeno, y es muy representativa porque en ese tipo de obras se ve cómo no siempre la palabra de los Antiguos eran dogma de fe y que había científicos como Razi que ponían en tela de juicio los veredictos galénicos en cuestiones médicas y denigraba al sacrosanto Aristóteles en cuestiones filosóficas. Otra obra también relevante es "Man la yahzah at-tabib" (Quién no llama al médico), que era más conocida cómo "Tibb al-fuqara" (La Medicina de los pobres) ya que en ella se prescribían tratamientos sencillos que no requerían la asistencia de un médico. "Al-yudari wa-l-hasba"; es una monografía acerca de la viruela y el sarampión. Es una joya de la literatura médica islámica que parece que fue la primera de su género. En ella el autor hace el primer estudio clínico de la viruela distinguiéndola del sarampión. No en vano, fue en estas dos enfermedades donde Razi llegó a tener más autoridad entre los médicos de la Edad Media. Razi propone que la enfermedad surge en los niños porque estos no han evacuado la sangre impura de su madre poco después de nacer, dando así más importancia a cuestiones fisiológicas y alejándose de aspectos relacionados con el contagio y las epidemias. Por otro lado, esta obra fue traducida al latín y se imprimió unas cuarenta veces entre 1498 y 1866, y posteriormente fue traducida a varias lenguas modernas, el inglés entre ellas (1848). Esta obra culminó aún más la fama del autor hasta reconocerse no sólo como uno de los mayores científicos del Islam sino de la Cristiandad. Otras obras médicas de menos relevancia que las arriba citadas fue "Bar' as-Sa'a" donde se prescribían cortos tratamientos; "Al-fajir fi-l-tibb", "Daf' ul-muzar al-aqzia", "AlMadjal al-Sagir", "Al-Fusul fi-l-tibb", también conocida como "Al-murshid". En cuanto a las obras de alquimia que Biruni le atribuye a Razi, citaremos las siguientes: "Al-Madjal at-Ta'limi" "Ilal al-Ma'din"; "Isbat al-Sina'a"; "Kitab al-Hayar"; ":Kitab at-Tadbir"; "Kitab al-Iksir"; "Kitab 'araf al-Sina'a"; "Kitab at-Tartib"; "Kitab alawahid"; "Kitab al-Sirr" y "Kitab Sirr al-Hukama". Como alquimista, cabe destacar su originalidad al decir que no sólo se debería obtener oro de metales innobles como el plomo o el hierro, sino que también, por la misma regla de tres, se debería poder obtener diamantes y rubíes de otros cristales más innobles como el cuarzo. Afirmaba que todas las sustancias eran de origen vegetal animal o mineral. Fue el primero en describir la forma en que se debía elaborar el alcohol y el ácido sulfúrico. A Razi, sabio de espíritu práctico, no le interesaba el aspecto misterioso ni esotérico de la alquimia sino su carácter de ciencia química. Tanto es así que parecía más un químico que un alquimista pues conocía muy bien productos químicos diversos como la glicerina y la sosa, y de las descripciones que nos hace se desprende que poseía un laboratorio muy bien pertrechado. Obviamente, nunca consiguió oro, pero no perdía el tiempo ya que por serendipidad obtenía diversas sustancias químicas de las cuales hacía una minuciosa descripción de sus propiedades, algunas de estas sustancias las utilizó luego en medicina. Razi representa el apogeo de la alquimia islámica. Terminamos con algunas afirmaciones de Razi sobre medicina: 'Quien vive en la vecindad de los mares o lagos de agua corrompida, no se libra de tener delicados los intestinos y la vista. [...] Y que pase por los ojos una varita de oro puro, mojada en agua de rosas mezclada con algo de nardo indio preparado con zumo de agraz, por la mañana y por la noche, después de que el paciente haya bañado sus ojos inclinándose sobre vapor de agua dulce."Si el sabio es capaz de curar sin medicamentos, habrá alcanzado la felicidad." Sohravardí 1155-1191 Shahab al-Din Sohravardí nació en Sohravard, un pueblo cerca de Zanyan. Es llamado también "Sheij al-Ishraq", y "Sheij Maqtul" (sheij asesinado), por haber muerto de esta manera, ejecutado por Saladino. En su juventud estudió con el célebre ulema Fajr al-Din Razí. Luego estudió en Maraqeh, Isfahán y Diyarbakir (actualmente en Turquía) para acabar en Alepo donde fue calurosamente recibido en la corte del príncipe ayubí alMalik al-Zahir, hijo de Saladino. Pero esta cercanía a la corte fue para él fatal. Los alfaquíes y ulemas comenzaron a desacreditarlo y acabaron declarándole infiel y anatema. Fue muerto en 1191, en Alepo, a manos del hijo de Saladino y por orden de éste último. El pensamiento místico de Sohravardi ha dado la vuelta al mundo y se ha expuesto en muchos idiomas Su vida era ascética, se mortificaba y no prestaba atención alguna a los placeres del mundo. A veces vestía harapos, y otras se colocaba una estameña a modo de los sufíes. Iranólogos e islamólogos de la talla de H. Corbin, Ritter y P. Kraus han escrito sobre su vida sin lograr esclarecer los detalles más ambiguos. El sabio persa del siglo XII-XIII Shahrezurí escribió también una biografía, pero sin esclarecer tampoco esos detalles, que deja tras un velo de incertidumbre. Sohravardí realizó una obra monumental en el pensamiento islámico que aún no ha sido suficientemente valorada. Construyó un edificio filosófico que explica en su gran obra "Hikmat al-Ishraq" (La filosofía de las luces) construido sobre los cimientos de las antiguas creencias zoroastrianas de Persia. En efecto, esta es la interpretación que da el sabio francés Henry Corbin quien afirma que Sohravardí era un peripatético que luego se dio cuenta de las pruebas que le presentaba Dios, para edificar su doctrina de la luz en base a las antiguas creencias de su nación. La luz, a la que él llamaba "jorreh" (el khwarnah del Avesta), era la aureola divina que cubría a los reyes sasánidas. A pesar de la herejía que aquellas ideas iluministas podrían suponer para las mentalidades de la época, y que de hecho chocaron a los emires ayubíes, no pretendía Sohravardí crear una doctrina que fuese antiislámica o que violase los preceptos del Islam, lo que con ella quería era encuadrar las antiguas creencias dentro del molde de las enseñanzas musulmanas, hacerlas compatibles, en un intento de sacralizar las antiguas doctrinas de la luz. Afirmaba que Salman al-Farsi (Salman el Persa), el primer persa que se convirtió al Islam, era el vínculo de unión entre el mazdeísmo y el Islam. El Sohravardí peripatético que basa sus argumentos en la lógica y la razón humanas pasa a ser el Sohravardí ishraqí o iluminista que cree que a través de la iluminación, del ishraq, se puede llegar al conocimiento del mundo más que a través de la vía argumental. Mas ello no quiere decir que él rechace la vía argumentativa aristotélica, sino que la integra como una de las etapas que se debe atravesar antes de ser "'iluminado". El mismo Sohravardí nos dice en el prólogo de su "Hikmat al-Ishraq" que su obra no está escrita para aquellos que buscan pruebas argumentales. Se desprende y se distingue así Sohravardí de los filósofos que le precedieron dirigiendo su filosofía hacia unos nuevos derroteros sufíes. Sohravardí afirma que todas las almas, antes de unirse al cuerpo terrenal, moraban en cuerpos angélicos y que, una vez, se unían al cuerpo terrenal, el alma o su núcleo principal se dividía en dos, una mitad se quedaba en el cielo y la otra en el cuerpo, y que era ésa la razón por la cual todas las almas se encuentran tristes y que recuperan la alegría y la felicidad cuando se unen con su mitad celestial. Su angeología, que forma el núcleo de su filosofía, tiene una atracción particular. El conocimiento del Mundo Celestial, las diferentes etapas o grados existentes entre este mundo de sombras y la Luz Sublime son temas tocados en su angeología. Aquí, el ángel es guardián del mundo y también una herramienta y medio de la sapiencia divina a la vez que es algo a lo que el ser humano quiere llegar durante toda su vida terrena. Es curioso cómo ya en esta parte, Sohravardí, además de utilizar terminología coránica para referirse a los ángeles emplea también términos mazdeos del Irán antiguo. Esto no le trajo más que problemas en su vida personal pues como se ha dicho, los ulemas y alfaquíes pensaron que en realidad él era un filósofo o sacerdote zoroastriano o que estaba inclinado hacia el mazdeísmo. Pero bajo el punto de vista de Sohravardí, y esto era algo que dejaba muy en claro, la luz y las tinieblas no son la luz y las tinieblas de los zoroastrianos, "jamás hay que pensar decía que cuando utilizamos los términos luz y tinieblas son los mismos de los infieles magos o los ateos maniqueos." Por otro lado Sohravardí afirma que el número de ángeles supera la cifra que podamos contar; que al principio de la larga cadena de rangos se encuentra los ángeles que están junto a Dios, siendo el superior Bahman o Nur al-A'azam (la Gran Luminaria), usando pues Bahman, uno de los amesha spentas o arcángeles de la angeología zoroastriana. El punto de vista de la filosofía de la luz, en lo que se refiere a la muerte y a la resurrección, es que tras la muerte el alma tendrá una situación directamente relacionada con la santidad y sabiduría que tuvo o practicó en el mundo terrenal. Según Sohravardi, hay tres tipos de almas, siendo la superior la de los sufíes y santos, que una vez separadas del cuerpo llegan tan alto que traspasan la situación en la que se encuentran los ángeles. A pesar de su corta vida, Sohravardí nos ha dejado un legado de 49 obras, mayormente en árabe, aunque también escribía en persa. Aunque no destacó como poeta, escribió también algo en verso, obviamente, sobre temática filosófico-religiosa. Ni que decir tiene que la obra de Sohravardí ha sido bien recibida y aplaudida por los shiíes, especialmente los persas, de quienes tenemos los mejores comentarios y exégesis desde Shahrezurí (siglo XII-XIII) hasta llegar a la cumbre de las exégesis de Sohravardí con Mollah Sadra, Mir Damad y su discípulo Sadr al-Din Shirazí (siglo XVII). Literatos Ali Shariati 1933-1977 Ali Shariati nació en Mazinan, cerca de Sabzevar. Cursó la escuela primaria en la ciudad de Mashad, capital de Jorasán. Su padre, Mohammad Taqi Shariati hombre culto, religioso y exegeta del Corán, le guió y le instruyó en los primeros pasos del estudio del Islam. A los 18 años de edad empezó a compaginar sus actividades estudiantiles con la de profesor esporádico. En 1957 se casó y fruto de su matrimonio son tres hijas y un hijo. Después de graduarse en literatura persa por la universidad de Mashad en 1960, cursó estudios en Francia y se doctoró en sociología por la Universidad de la Sorbona. A su regreso a Irán fue detenido en la frontera acusado de haber participado en actividades subversivas contra la política del gobierno iraní. Liberado en 1965, comenzó sus actividades docentes en la Universidad de Mashad. En calidad de sociólogo del Islam, comenzó a explicar la problemática de las sociedades musulmanas a la luz de los principios del Islam, asuntos éstos que debatía con sus propios estudiantes. No tardó mucho en ganar popularidad entre los estudiantes universitarios y entre las diferentes clases sociales. Es por esta razón que el régimen de los Pahlavi le cesó de sus actividades y le prohibió que continuase dando clases en la universidad. Tras aquello fue a Teherán donde el doctor Shariati continuó su carrera como brillante orador. Sus lecturas y discursos en el Instituto Ershad de Enseñanza Religiosa de Teherán atrajeron a 6000 estudiantes universitarios durante el verano a los que hay que sumar los varios miles de personas que acudían a escuchar, procedentes de diferentes estratos sociales. De la edición de su primera obra se vendieron 60.000 ejemplares, a pesar de la interferencia de las autoridades gubernamentales. Finalmente, la policía irrumpió en el Instituto donde impartía sus clases, arrestó a multitud de alumnos y seguidores y dio fin a sus actividades. Shariati fue recluido en prisión por segunda vez donde permaneció 18 meses, en las peores condiciones penitenciarias. La opinión pública internacional y las protestas de diversos estamentos obligaron a las autoridades del régimen del sha a liberarlo el 20 de marzo de 1975. Aunque liberado, fue sometido a un estrecho cerco de vigilancia por los agentes de Seguridad, que le impedían mantener contacto con sus estudiantes y por supuesto publicar sus obras. Bajo aquellas condiciones, el doctor Shariati decide emigrar de Irán en 1977. Marchó a Gran Bretaña donde murió tres semanas más tarde por causas aún no aclaradas. A pesar de su corta vida la obra del doctor Shariati es ingente. "Autoedificación revolucionaria", "Abuzar", "Peregrinación", "Shiísmo"', "Shiísmo alaví y shiísmo safaví", "Historia de la civilización", "Kavir", "Islamología", "¿Qué se debe hacer?", "La mujer", "Visión del mundo e ideología", "Ali", "Reconocimiento de la identidad persa-islámica", "El método del conocimiento del Islam", "Fátima es Fátima"... Attar 1145-1221 'Attar de Neyshabur, poeta y uno de los grandes místicos que ha visto nacer Persia. Nació en Neyshabur en 1145. Su seudónimo de 'Attar (vendedor de perfumes y farmacopea) le viene porque su padre se dedicaba a ese oficio y el poeta siguió en su juventud los pasos de su padre. Mas a este joven, que estaba destinado para tareas más importantes, le sobrevino una revolución interna y de su pluma comenzó a manar todos sus pensamientos e inquietudes místicas en forma de versos. Sobre cómo decidió entrar en la senda mística, varias son las versiones que se han contado, todas ellas muy probablemente apócrifas. Una de ellas, muy conocida y contada por el poeta Ŷâmí, dice que en cierta ocasión 'Attar estaba afanado en su farmacia atendiendo a sus clientes. Un derviche entró pidiendo limosna insistentemente y él no le dio nada. "Eh señor, ¿cómo morirás? " le preguntó el derviche. "Igual que tú. " respondió 'Attar. "¿Puedes morir igual que yo? "Y, tras decir esto, se recostó en el suelo, puso su cuenco de limosnas bajo la cabeza y expiró musitando el nombre de Dios. 'Attar quedó tan impresionado que lo abandonó todo. 'Attar se puso a viajar para así visitar a los sheij o pir de su época. Viajó desde la Meca hasta Transoxiana, y durante su periplo conoció a numerosos sabios en "erfân" o mística islámica. 'Attar nunca fue panegirista de nadie, al contrario de muchos poetas célebres. A este respecto él mismo decía: Por siempre el saber será lo único loado en mis versos Y en el centro de mi alma lo único importante será esto Murió en 1221, según se cuenta, asesinado por los mongoles. Su mausoleo puede hoy admirarse en la ciudad de Neyshabur, muy cerca de la tumba de Omar Jayyam. Tumba de ‘Attar en Neyshabur. 'Attar escribió numerosas obras entre las que cabe destacar: "Tazkarat al-Ulia" (Biografía de los santos) una obra escrita en una prosa sencilla y muy extensa donde cuenta la vida de muchos santos del Islam; "Manteq al-Teyr" (El lenguaje de los pájaros) una de las obras cumbres de la literatura mística y sufí a nivel mundial, escrita en verso y en donde el autor expone en forma de fábula alegórica los niveles que tiene que atravesar el místico hasta llegar al conocimiento de sí mismo; "Asrar Nameh" (El libro de los secretos); "Mosibat Nameh" (El libro de la calamidad); "Elohi Nameh" (El libro divino)... Casi toda la obra de 'Attar está escrita en verso. El místico de Neyshabur expresa con pasión y ardor los más elevados conceptos místicos, escogiendo para ello palabras y términos sencillos y exentos de todo aparato superfluo ya que para él es más importante el contenido que la forma. Todos los poetas y escritores persas se refieren a Attar como un grande entre los grandes. Moulavi decía los siguiente sobre él y Sanai Gaznavi: 'Attar era espíritu y Sanai sus dos ojos // nosotros vamos a la zaga de Attar y Sanai'. O este otro verso con el que unas cuantas palabras en forma de alegoría nos dice claramente lo que pensaba de 'Attar un gigante como Moulavi: 'Attar deambuló por la siete ciudades del Amor // y nosotros aun estamos en el rincón de un callejón. Ali Akbar Dehjoda El insigne lexicógrafo y escritor Ali Akbar Dehjoda nació en Teherán alrededor del año 1878. Su padre era un terrateniente de Qazvin que se afincó en la capital. Cuando Dehjoda no tenía más que 10 años de edad su padre murió, y su madre y una persona llamada Mirza Yusef Jan se hicieron cargo del niño. Pero dos años después su tutor también muere y los bienes del padre de Dehjoda pasan a ser heredados por los hijos de Mirza Yusef Jan. Entonces, uno de los antiguos amigos de la familia de su padre y reputado sabio de la época, Sheij Gholam Huseyn Borujerdi, se hace cargo de la educación y de la enseñanza de Dehjoda, a quien se le cede una habitáculo para vivir en la madrasa o seminario de Sheij Hadi, en Teherán. Allí aprendió, entre otras disciplinas, la lengua árabe y teología. Dehjoda siempre decía que todo lo que sabía se lo debía a aquel hombre sabio. Cuando se abrió en Teherán la Escuela de Estudios Políticos, Dehjoda pasó a ser uno de sus primeros alumnos y allí se familiarizó además con las nuevas ciencias y con el francés. Siendo todavía alumno, sus conocimientos de literatura persa eran ya tan extensos que el profesor de esta materia le encargaba las clases en su ausencia. Por otro lado, al estar la casa de Dehjoda junto a la del ayatolá Sheij Hadi Najm Abadi, sacaba partido a esta vecindad del que aprendía como si de un mayor se tratase, a pesar de su juventud. Por esta época empezó a aprender francés. Tras terminar de estudiar en aquella academia llegó a ser funcionario del Ministerio de Asuntos Exteriores. En 1902, cuando contaba con 24 años de edad, el recién nombrado embajador de Persia en los Balcanes se llevó consigo a Dehjoda. Allí permaneció dos años y medio, residiendo en Viena, donde perfeccionó su francés y adquirió nuevos conocimientos. Su regreso a Persia coincidió con las primeras insurrecciones que desembocarían poco después en la denominada Revolución Constitucional. Dehjoda no tardó en ver que el nuevo movimiento constitucionalista encajaba con sus ideas progresistas y liberales y veía en él el único camino de progreso para su país. Una vez hubo regresado a Persia, le dieron un empleo como traductor de francés de un ingeniero belga. Los que conocían a Dehjoda no tardaron en percatarse de su talento escribiendo, algo que se evidenciaba en las cartas administrativas que redactaba. En 1907, con la colaboración de otros intelectuales de la época, edita el periódico Sur-e-Esrafil, que llegó a ser una de las publicaciones periódicas más importantes de la época constitucional. Con la incorporación de Dehjoda a esta publicación comenzaba su militancia política. Sur-e-Esrafil era una publicación semanal y empezó a publicarse 9 meses después de proclamarse la Constitución. Sur-e-Esrafil constituía el arma intelectual más afilada que esgrimían los constitucionalistas, con una tirada de 24.000 ejemplares semanales, nada despreciable para la época. La parte más popular de aquella publicación era la sección de humor, Charand-o-Parand, que escribía el mismo Dehjoda con el seudónimo de Dejó, cuyo estilo no tenía precedentes, tanto en el estilo periodístico como literario, y por ello ha pasado a la historia de la literatura persa. Su estilo cómico y desenfadado hizo que fuera el primer periódico iraní de masas pues lo leía todo el que sabía leer. El pueblo, además de pasar un buen rato leyendo en un lenguaje además de cómico accesible, se enteraba de primera mano de la problemática que estaba viviendo su país en aquellos días tan turbulentos. En la sección de Charand-o-Parand, Dehjoda criticaba y censuraba la política más candente caricaturizándola en sus artículos, a la vez que exaltaba los principios de la Constitución. No en vano, la publicación fue clausurada en cinco ocasiones, sus oficinas fueron saqueadas una vez, y, tres días después de su cierre definitivo fue cuando fue cañoneado el edificio del Parlamento por el sha. Tras este grave acontecimiento, muchos liberales y constitucionalistas, entre los que además de Dehjoda se encontraban Vaez Isfahani, Taqizadeh y otras personalidades del momento, salieron del edificio, y, tras ocultarse en una casa que se hallaba cerca, se dirigieron a la embajada de Gran Bretaña para pedir refugio político, donde permanecieron casi un mes, hasta que Mohammad Ali Shah les sacó con argucias y los envió al exilio. Dehjoda se fue a Estambul, donde al poco se marchó a Francia. En París, uno de sus amigos más allegados era el gran crítico y ensayista Mohammad Qazvini. Después de su estancia en Francia, marchó a Suiza y allí publicó otros tres números de Sur-e-Esrafil con ayuda del literato Abul Hasan Jan Pirnia, números que envió a Persia con muchas dificultades. Después de Suiza se marchó a Estambul en 1910 y allí, en colaboración con otros intelectuales y con la ayuda económica de los iraníes residentes fundó el periódico en lengua persa "Sorush", que tuvo una vida de 15 números. Después de que los combatientes por la Constitución se apoderasen de Teherán y fuese depuesto Mohammad Ali Shah, Dehjoda fue elegido diputado del Parlamento por Teherán y Kermán, por lo que regresó sin demora a Persia a petición de los altos cargos del nuevo gobierno. Entre los años 1914 y 1918 Dehjoda permaneció oculto en una aldea de Chahar Mahal va Bajtiari, y tras terminar la I Guerra Mundial regresó de nuevo a la capital. Sin embargo, abandonó sus actividades políticas y empezó a dedicarse más al estudio de la literatura. Ello no obvió que a la vuelta a Teherán se ocupase de varios cargos públicos políticos, siendo el último de ellos la dirección de la Escuela de Estudios Políticos, cargo del que fue depuesto cuando Reza Jan da su golpe de estado en 1921 y cae la dinastía Qajar. A partir de entonces, dedicará el resto de su fecunda vida al estudio, a la investigación y a la redacción de obras. Murió en 1936 y fue enterrado en Rei al sur de Teherán. Su diccionario La obra más importante de este ilustre personaje fue, sin lugar a dudas, su diccionario enciclopédico. De hecho, todo el mundo asocia en Irán su nombre a su diccionario, ensombreciendo el resto de su personalidad y de su obra. Muchos son los que afirman que el único iraní que ha hecho un servicio similar a la lengua persa ha sido el poeta épico Ferdousi (Siglo X-XI). Este diccionario se ha convertido en la Autoridad por antonomasia en la lengua persa y es usado como referente y como una especie de DRAE en la lengua castellana. En el diccionario, además de las palabras vienen registrados todas las toponimias de Irán y los nombres de las principales personalidades del mundo y de Irán. En la entrada de cada palabra viene primero el significado, su uso pragmático, su pronunciación y numerosos ejemplos en verso y prosa tomados de la literatura. Dehjoda invirtió 50 años de su vida en redactarlo y según él decía, ni un sólo día dejó de escribir las fichas del diccionario, a excepción de cuatro días, dos de ellos por la muerte de su madre y los otros dos porque se encontraba enfermo. En 1935 Dehjoda regaló al Parlamento los millones de fichas que había escrito del diccionario. Éste aprobó una ley para imprimir aquel valiosísimo legado además de fundar una institución a la que se le puso su nombre, que gestionaría aquella ingente labor y continuaría la obra de Dehjoda, institución que todavía existe. Dehjoda pudo completar durante su vida 4.200 páginas. Ahora el diccionario tiene unas 26.000, que se han editado en 50 volúmenes. El Instituto Dehjoda, además de la labor de ir añadiendo y enmendando continuamente el diccionario y de tener el monopolio de su impresión y edición, ha pasado en fecha reciente toda la obra a un solo CD, pasando de esta forma esta extensa obra a la Era de la Informática. Este instituto también imparte cursos de lengua persa a extranjeros. Las 26.000 páginas del Diccionario de Dehkhoda han sido vertidas a un sólo CD. Su otra obra Debido al carácter monumental de su diccionario, el resto de su obra ha quedado en un discreto segundo plano. Después de su diccionario, su obra más importante es "Amsalo-hekam", que es una recopilación en cuatro volúmenes de todos los dichos, máximas y refranes existentes en la lengua persa, que pudo recopilar. En ella podemos también encontrar hadices (tradiciones orales del Profeta), aleyas coránicas y numerosos poemas que se usan en persa a modo de refrán. Por otra parte, Dehjoda también tradujo del francés al persa algunas obras, pero ninguna de ellas ha sido todavía publicada. Tradujo “Grandeza y decadencia de Roma' y "El espíritu de la Ley", ambas de Montesquieu. Dehjoda también escribió un diccionario francés-persa, pero tampoco ha sido editado. También escribió otras obras menores como una biografía de Abu Reihan Biruni y una edición anotada del Diván de Naser Josrov. Ferdousi 932-1025 He consolidado con versos un alto palacio Que no será derribado por lluvias ni tormentas Mucho me he esforzado en estos treinta años Pues he revivido el persa con la lengua persa No moriré pues desde ahora viviré por siempre Pues he diseminado, de la palabra la simiente Con este sencillo verso expresa Abul Qasem Ferdousi el esfuerzo que le supuso escribir su gran obra, el Shahnameh (El Libro de los Reyes), mediante la cual revivió la lengua persa literaria del país. Abul Qasem Ferdousi nació entre los años 932 y 941 en Tus, cerca de la actual Mashad, en el Jorasán. Ferdousi, cuyo nombre es un seudónimo de la palabra persa"ferdous" (paraíso), era de origen noble pues pertenecía a una familia de terratenientes (dehqân) cuyas tierras le aportaba buenos ingresos. De la vida de este poeta es poca cosa lo que se sabe. No obstante, sabemos que casi toda su vida permaneció en su provincia de origen, Jorasán, que en entonces se llamaba Jorasân-eBozorg' (el Gran Jorasán) y abarcaba todo lo que es hoy la actual provincia oriental de Irán, Jorasán y que llegaba en su extremo norte a Samarcanda y Bujara (Uzbekistán actual), parte de Tayikistán y la parte oeste de Afganistán. Así pues, se movió en el interior de su extensa provincia viajando entre Balj, Ghazni y los territorios situados al norte del río Oxus. n la Persia del siglo X, los persas, a pesar de haberse convertido mayoritariamente al Islam, no habían perdido ni su lengua, ni sus costumbres ancestrales llegando a ser pues, un caso de excepción particular por cuanto se islamizaron, pero no se arabizaron. Entre las diferentes capas de la población de aquel entonces la de los "dehqans" era la que más guardaba las antiguas tradiciones orales. Éstos conservaban los antiguos mitos y leyendas persas que se había transmitido mediante la literatura de origen real donde se narraba las historias, hazañas y leyendas de los reyes del pasado. Estos mitos y leyendas también habían llegado a la posteridad del siglo X de generación en generación, siendo los "dehqans" unas de las capas de la población que más fiel recuerdo guardaba de ellos. Ferdousi supo aprovechar esta circunstancia, y saber hacer uso del trabajo de otros poetas que una generación antes que la suya empezaron a escribir obras épicas que, o se perdieron o no fueron finalizadas, como es el caso del poeta zoroastriano Daqiqi. De alguna manera Ferdousi tomaba el relevo de Daqiqi, bardo de la corte samaní, que fue asesinado por un esclavo turco poco después de empezar su obra épica de la cual escribió unos 1000 versos, que Ferdousi incorporó en su Shahnameh. Al desconocerse su vida, muchas son las hipótesis surgidas para justificar el inicio de un trabajo tan laborioso como poner en verso los antiguos mitos del pasado. Se ha llegado a decir que lo hizo para conseguir una dote para su única hija cuando la obra fuese presentada a los reyes samaníes, algo incongruente si tenemos en cuenta que Ferdousi era terrateniente y no necesitaba de ese dinero, además de los años que iba a tardar en componerla. Sea como fuere, el trabajo en el que se vio imbuido era de tal magnitud que descuidó sus quehaceres como terrateniente y finalmente se vio obligado a vender muchas de sus tierras. Ferdousi tuvo muy mala suerte. Cuando el Shahnameh, estuvo terminado allá por el año 1010, la dinastía Samaní había sido derrocada por la Gaznaví, una dinastía ésta que nada tenía que ver ni en origen ni en lengua con la anterior. En efecto, la samaní era una dinastía de raigambre persa, orgullosa de su pasado sasánida, de su lengua y cultura persas, en definitiva, de su "iranidad", defensora de lo persa y mecenas de una pléyade de sabios y poetas que devolvieron a Persia sus antiguas dotes literarias y su puesto en la escena de la historia; Ferdousi comenzó su larga obra en este propicio ambiente. Mas los Gaznavíes eran todo lo contrario; turcos de Asia Central, de habla y cultura turca, y, cuando Ferdousi apareció en la corte del gran sultán Mahmud de Ghazni, no fue bien recibido. En efecto, el Shahnameh es una épica persa, y como tal se alaba a los reyes persas del pasado, y, su héroe persa Rostam (algo parecido a lo que puede ser el Cid Campeador) es ejemplo de caballerosidad, heroicidad y valor. Se cuenta que el sultán Mahmud de Ghazni, ofendido por el carácter épico de la obra en la que él no se podía ver reflejado debido a su humilde origen y distinta procedencia, en la que para más colmo, los turanios (turcos de Asia Central) quedaban en mal lugar en la obra, le comentó a Ferdousi que "como Rostam, tengo mil en mi ejército". Sea de ello como fuere, las fuentes, que son muchas y contradictorias, también relatan que el sultán le prometió a Ferdousi un dinar (moneda de oro) por cada verso, que, al ser 60.000 quedaría retribuido con creces aquella labor de 30 años. Mas cuando llegó la hora de pagar, el sultán gaznaví le dio un dirham (moneda de plata) por cada verso, y, ofendido, salió del palacio y se cuenta que en un acto de desprecio por parte del poeta de Tus, dio todo el dinero a un vendedor ambulante. Ferdousi no se conformó con ello y le dedicó al sultán unos versos burlescos en los que se hacía alusión a su origen humilde (era descendiente de un cocinero de la corte samaní), he aquí una muestra: Chon andar tabarash bozorgi nabud nayarast name bozorgan shonud (Como no había grandeza en su linaje No soportó oír el nombre de los grandes) Otra historia, que hace referencia a la diferencia confesional entre Ferdousi y el sultán Mahmud, relata que Ferdousi era apoyado por el ministro de Mahmud, Ahmad ibn Hassan Meymandi. Los enemigos de Meymandi propagaron rumores en los que se “acusaba” a Ferdousi de ser shií, algo que era cierto. Mahmud, musulmán sunní, corrobora la acusación hecha por los enemigos de su ministro que añaden también que un "herético shií" no debe cobrar más de 20.000 dirhams. El relato sigue contando que Ferdousi le dio el dinero a un vendedor ambulante que vendía cerveza en la puerta de un baño público (hammam). Se cuenta que Ferdousi, temeroso de la reacción del sultán al enterarse de los versos satíricos, emprendió la huida y se dirigió a Herat, para partir unos meses después hacia Tus y de allí a Mazandarán. En ésta última provincia fue donde encontró a un mecenas para su obra en el rey local de la región, Shariyar, alguien idóneo pues era persa y de abolengo persa. Aunque este rey, cuando leyó las sátiras que el poeta de Tus le había dedicado a Mahmud, temeroso de ser atacado y borrado del mapa como hizo con los Samaníes, le instó a Ferdousi que suprimiera aquellos versos. En fin, hay otra historia que cuenta que el sultán Mahmud, arrepentido por su comportamiento con Ferdousi, ordenó que se le pagase la suma prometida al poeta, pero cuando los agentes del rey llegaron a Tus estaban sacándolo de su casa en un ataúd para ser enterrado; ya era demasiado tarde. Se desconoce la fecha exacta en la que murió Ferdousi, aunque se calcula que fue entre los años 1020 y 1025. El Libro de los Reyes o Shahnâmeh Como ya hemos mencionado, el Shahnâmeh es la epopeya nacional de Persia y una de las obras clásicas de la literatura mundial. El Libro de los Reyes nos narra el pasado glorioso del Irán antiguo haciendo especial hincapié en la historia de los Sasánidas y perdiéndose en el pasado llegando a confundirse los reyes legendarios con los Aqueménidas Para escribirla, Ferdousi se basó en numerosas fuentes como son por ejemplo los Jodainâmeh ("Libros de los señores", que los árabes denominaban "Seyr al-muluk") y las tradiciones y mitos orales. En este sentido, Ferdousi no fue original a la hora de ocurrírsele aquella idea ya que otros antes que él ya la habían empezado. Así, por ejemplo, Abu Mansur Abdul Razzâq, gobernador de Tus, escribió a principios del siglo X una épica en prosa que aunque no se ha conservado, sí existía en la época de Ferdousi, el cual se sabe que hizo uso de ella. Por otra parte, está el malogrado Daqiqi que murió cuando ya había escrito unos 1000 versos de su épica, versos que Ferdousi incluyó en su obra citando su procedencia. Manuscrito iluminado del Shâhnâmeh, del siglo XVI. Museo Reza Abbasi Se notaba pues, ya en una época tan temprana como principios del siglo X, que había un ambiente cultural propicio para la redacción y compilación de una epopeya irania, que hasta entonces habían sido de alguna manera proscritas por los árabes que las consideraban poco menos que opuestas al Islam. Una de las características en la que destaca el Shahnameh es su estilo. La lengua usada es persa casi puro, con muy pocos préstamos del árabe. Algo que se puede decir, por un lado, que el poeta persa hizo a propósito, pero, por otra parte también se puede afirmar que aquel era el estilo usado en el período samaní, como lo demuestran la multitud de textos y obras conservadas de la época que podemos leer en un persa genuino poco mezclado con el árabe aún. Otra particularidad es su extensión. En efecto, el Shâhnâmeh, con sus 60.000 versos, es la segunda epopeya más larga de la Humanidad después del Mahabharata de la India. Después del Shahnameh, muchos fueron los que en los siglos siguientes quisieron emular al poeta de Tus. Surgió en la literatura persa una literatura épica, más bien "ferdousiana" por cuanto todos intentaban versificar al estilo de Ferdousi, pero ninguno llegó no sólo a superar el estilo del Shâhnâmeh sino que ni siquiera lo pudo igualar, aunque en estos intentos sí que surgieron poetas épicos de calidad. Además de la lengua persa genuina usada, otro de los factores que diferencian la épica de Ferdousi es la originalidad de su epopeya. Todas las historias del Shâhnâmeh son historias genuinas tomadas de la historia del Irán antiguo, no hay hazañas ni historias prestadas de otras epopeyas de pueblos vecinos como pueda verse en otros casos. El Shâhnâmeh sigue teniendo lectores entre los persas después de mil años, que se siguen enorgulleciendo de su épica. El libro además se sigue recitando como una cantinela en los "zurjâneh" o (casas de la fuerza) "especies de gimnasios tradicionales" al son de un tambor mientras los asistentes hacen gimnasia con movimientos acompasados. Los persas ven esta obra el símbolo de su identidad nacional y muchos son los intelectuales que consideran el Libro de los Reyes, la epopeya más valiosa e importante escrita en la historia de la Humanidad, y un monumento eterno al saber y a la capacidad creativa del ser humano. Tumba cenotafio de Ferdousi junto a las ruinas de Tus, cerca de Mashad. Fot. de www.mpifr-bonn.com Hafez 1325-1389 Jâŷeh Shams al-Din Mohammad Baha al-Din, más conocido simplemente como Hafez, nació en Shiraz en 1325. De su vida no es mucho lo que se sabe, y lo poco que se ha llegado a conocer ha sido a través de las alusiones a la misma en su única obra y a algún que otro relato más o menos cercano a su época. De joven aprendió con afamados maestros como Qovam al-Din Abdullah los conocimientos de su época. Hafez era muy devoto y sabía el Corán de memoria, de ahí el sobrenombre de Hafez (memorizador). Fue panegirista del rey Abu Eshaq Inŷu (de la dinastía Inŷu) y de Shah Shoŷa' (de la dinastía de los Mozaffaríes). Hafez, al contrario que célebre predecesor Sa'dí, no viajó nunca debido al parecer al miedo que le tenía a los mares y caminos. De tal guisa que fue invitado una vez por el sultán Ahmad Jaŷeh de Bagdad para que le visitase en su corte y él se negó a ir, a pesar de lo cerca que se encuentra Bagdad de Shiraz. En otra ocasión, otro rey de la India le invitó a su corte. El poeta de Shiraz emprendió el viaje, pero cuando llegó y vio las aguas embravecidas del golfo Pérsico volvió sobre sus pasos. Hafez murió en 1389 en Shiraz, donde se encuentra su tumba, que es lugar más que de visita, de peregrinación. Tumba de Hafez en Shiraz. Fot. de http://mikulastik.net/ir/ El poeta de Shiraz solamente tiene una obra, el conocido como"Divân-e-Hâfez" (Diván de Hafez). Sin embargo, es considerado por muchos el mayor genio poético que ha visto nacer Persia y su rango literario es como el que pueda tener Homero, Shakespeare, Cervantes etc. Hafez llevó la poesía en lengua persa a su máxima cumbre, y, aunque muchos son los que le han querido imitar, nadie lo ha conseguido ni siquiera con éxito relativo y su poesía permanece ahí, como un reto insuperable que desafía el gran talento poético de los persas. La temática de su Diván es principalmente mística. En sus poemas sufíes la belleza del Amado se esconde tras la descripción de la hermosura femenina, el vino representa el éxtasis del iniciado, la unión o separación de la amada terrenal no es más que esa Unión o Separación del Amado, de Dios, y la taberna es el templo donde se adora a Dios. No obstante, no faltan quienes piensan que las expresiones de Hafez no son para nada alegóricas, que cuando habla de las mujeres se refiere a las mujeres de carne y hueso, que el vino, tema tan tabú entre los musulmanes, es vino de uva de verdad, y que la taberna es esa misma en la que se sirve vino y que nada tiene que ver con la mezquita o cualquier templo religioso. Estas opiniones tan dispares son debidas a la naturaleza y carácter de muchos de los poemas de Hafez. En muchos de sus versos, se ve claramente cómo Hafez se refiere sin lugar a dudas a una amada de carne y hueso, o bien al vino tinto etc., mas en el verso siguiente del mismo poema, cambia de súbito y esa misma amada es ahora el Amado con mayúsculas, y ese vino se convierte, milagrosamente, en el símbolo del éxtasis místico. Hafez usaba de estas artes para criticar también en este mismo Diván a los políticos de la época, cubriendo sus palabras con el disfraz de la ambigüedad, teniendo de esta manera a veces su poesía un carácter social y comprometido. Así, se puede decir que Hafez ha entretejido sus versos de tal manera que todos sus poemas pueden tener el significado que a cada cual le guste, cada una de sus composiciones es como un cubo con varias caras, es como una cábala que tiene su interpretación esotérica y exotérica. En palabras de Jorramshahi, «la poesía de Hafez no es sólo una amalgama de rimas y metros sino una compleja arquitectura de pensamientos». La perfección de sus poemas llega ser de índole matemático y las palabras están tan bien dispuestas y escogidas que no se puede cambiar de lugar y/o suprimir sin que afecte el significado global del poema. Hafez en otras ocasiones se muestra sin ambages criticando abiertamente a aquellos que envidian su talento poético y a aquellos derviches o sufíes que no eran más que parásitos de la sociedad y que enmascaraban de ascetismo su mendicidad. Esta elasticidad de interpretación de sus versos ha hecho que su Diván guste a todo el mundo, religiosos y no religiosos, porque cada uno ve lo que quiere ver. Su Diván, que no falta, junto al Corán, en casa de ningún iraní, es también usado para hacer bibliomancia, como se hacía con la Eneida y con la Biblia, y acierta casi siempre debido precisamente esa libre interpretación. Los persas, abren el Diván al azar mientras susurran entre labios una cancioncilla que dice: Ey hâfez-e-shirâzi Oh Hafez de Shiraz bar man nazar andâzi échame una mirada man tâleb-e-yek râzam to kâshef-e-har fâli estoy buscando un secreto y tú lo adivinas todo qasam be shâje-ye-nabâtat por tu dulce lengua qasam be qorâni ke dar sine dâri por el Corán que has memorizado in fâl-e-marâ bogshâi adivíname este mi augurio Esta costumbre está muy arraigada entre los persas y a lo largo del tiempo ha surgido en Irán varias modalidades de hacer bibliomancia con los versos de Hafez. Una de las más curiosas es aquella en la que se usa un canario adiestrado que con su pico saca un poema de Hafez al azar, práctica usada por muchos mendigos. Haremos mención a continuación de las características de la poesía, que son la mejor muestra para conocer su talento poético y su personalidad. Hafez no era humilde y era consciente de su genialidad: Nadie como Hafez desveló el rostro del pensamiento ni los cabellos de la palabra con la pluma peinar o este otro verso donde deja ver que era envidiado por algunos de sus contemporáneos: Poeta de fútiles versos, ¿por qué envidias a Hafez? que es un don de Dios la buena versificación que seducen los pensamientos En su poesía también se puede ver a un Hafez enemigo de la hipocresía y del fariseísmo. Detestaba el puritanismo, o mejor dicho, a aquellos que se las daban de puritanos sin serlo, él prefería a aquellos que pecaban en público a quienes lo hacían en privado: Mantenme apartado de los hipócritas que de los tesoros del mundo, una gran copa, me basta El cielo y el paraíso es recompensa de las buenas obras a mí, pobre e indiferente, un templo mazdeo, me basta o este otro poema: Por idolatrar al vino he perdido la reputación si bien es mejor que tener al ego idolatrado Con premura nos iremos de esta congregación a la taberna que desoír un sermón fariseo es de cumplimiento obligado ¡Hafez! No beses sino los labios de la copa y el copero que besar las manos de los que venden virtud es un grave pecado aunque beber vino tinto con capa de asceta no está bien no me recrimines, que es mi forma del fariseísmo rehuir Colócame una copa en la mano para así quitarme de encima la estameña de color morado y aunque gano mala reputación según los sensatos yo no quiero ni la fama ni el ser bien nombrado Dame vino, ¿hasta cuando ser jactancioso? mil desprecios sean para el ego fracasado Hafez pensaba que hay muchos caminos para llegar a Dios, rasgo común que caracteriza el pensamiento místico. Dios se encontraba en todas partes y lo mismo podía verlo en una taberna, en un pireo o en una mezquita, o en los tres a la vez: Sobrios y borrachos, todos buscan el amor todas son sus moradas, mezquitas y templos zoroastrianos o este otro: No mires la asamblea sufí, no mires la taberna te digo que Dios es testigo que allá donde Él esté yo le sigo o este otro: La luz divina veo en la taberna de los mazdeos fíjate qué extraño, la luz que veo y dónde la veo No me vendas devoción tú que a La Meca peregrinas que tú ves la Morada y yo veo la Morada Divina Para Hafez Dios es más misericordioso que justiciero, esta es una idea predominante entre los sufíes y los místicos que cuando se refieren a Dios lo nombran como el Bienamado (Ŷânân), el Amigo (Dûst). Hafez confía en que a Dios le sobrará misericordia como para perdonarle los pecados que ha cometido en esta vida repleta de tentaciones, espera de Dios que actúe según su grandeza y su clemencia: En la taberna una voz dijo desde el rincón bebe vino, que los pecados obtienen perdón Que la bondad divina actúe en consecuencia que Sorush nos envíe sus mensajes de Clemencia La Misericordia de Dios es mayor que nuestros pecados silencio, ¿qué sabes tú lo que se halla al otro lado? o este: No temo del Día del Juicio por tener un negro historial que cien historiales Él me perdona con su desbordante piedad También hay en algunos poemas de Hafez similitudes con la poesía de Omar Jayyam, aunque de ninguna manera es un elemento predominante: Levántate y en una copa de oro vino estimulante vierte antes que nuestros cráneos sean receptáculos de muerte Esparce tus gritos de júbilo a este cielo abovedado que es nuestra última parada el Valle de los Callados o este otro verso: busca menos los arcanos, háblame del trovador y del vino que no hubo quien mediante la filosofía los misterios desvelara El poeta de Shiraz compuso las más bellas alegorías místicas en lengua persa, en los versos que compuso de esta guisa podemos ver multitud de alusiones a la estameña o manto sufí (jerqeh), al anciano o guía zoroastriano (pir-e-moghân) a la taberna que él llama jarâbât o meykadê, a la asamblea sufí o Jâneqâh, etcétera. Sin embargo, su misticismo es muy particular y no se asemeja al de ningún poeta o pensador persa anterior a él. En efecto, muchos después de él copiaron sus imágenes y alegorías, pero ningún autor antes de él compuso versos donde el sufí despreciase de alguna manera los propios valores sufíes y cambiase su manto por una copa de vino con el que recuperaba la cordura: Anoche a la taberna fue el asceta solitario blandió una copa y dejó a un lado su rosario El sufí de la orden, ayer rompedor de copas con un trago de vino es de nuevo cuerdo y sabio o este: ¡Hafez!, si el día de tu muerte agarras una copa de la taberna irás directo al cielo cogido de la mano o esta: ¡Eh sufí!, ven que las copas son de cristal transparente para que así puedas ver la nitidez del vino ardiente Pregúntale los misterios del más allá a los ebrios que a ellos no acceden el asceta penitente Hafez es devoto de una copa de vino, ¡oh brisa nocturna!, díselo al insulso sheij, que del vino soy sirviente o este otro: No soy yo un asceta, amigo de arrepentimientos y sermones dirígete a mi con una copa de vino de dulce amargor ¡Hafez!, adorar al vino es una obra pía levántate y sé del vino adorador O estos otros versos donde vemos que cambia su manto por el vino: Los sufíes pudieron recuperar las prendas que por el vino empeñaron pero mi capa en la taberna confiscaron y no la pude desempeñar Una estameña mil pecados me cubría que por mor del vino y del coplista tuve que empeñar como garantía dejando mi zonnâr a la vista “Zonnar” era una prenda que llevaron cristianos, judíos y zoroastrianos para ser distinguidos de los musulmanes. Eran llevadas en períodos de intolerancia por parte del gobernador de turno. Nótese la sutileza de Hafez en este verso y todo el significado que éste encierra. Hafez se quiere ver libre y no vive a la espera de una recompensa divina: El cielo y el paraíso es recompensa de las buenas obras a mí, pobre e indiferente, un templo mazdeo, me basta La amada está conmigo, ¿qué más quiero? la riqueza de la compañía de ese alma gemela, me basta Por tu Munificencia, oh Dios, no me mandes al paraíso que de todo el universo, tan sólo tus arrabales, me bastan Para terminar, exponemos uno de los poemas más místicamente platónicos de Hafez y que puede servir como muestra para ilustrar las ideas del poeta de Shiraz. Es mi cuerpo polvoriento un velo para la faz de mi alma dichoso sea el momento y el día en que ese velo caiga No es esta jaula donde se merece vivir para alguien con este mi canto que al Rezván quiero partir que ave soy de esos campos De mi partida y mi venida el porqué yo no adivino qué dolor qué pena la mía qué ignorante soy de mi destino Cómo podré dar vueltas alrededor del Mundo de la Santidad si mi alma se halla envuelta en este cuerpo material No te debes de extrañar si la sangre de mi corazón desprende olor de pasión pues se apiada de las gacelas de Jotán No te fijes en mi ropa no te fijes en sus brocados que dentro ardo como la estopa y el interior de mi pecho se ha quemado Ven y haz desaparecer ante mi la existencia de Hafez que mientras Tú estés que «yo soy yo» nadie escuchará de mi El maravilloso poeta Hafez es capaz después de 600 años de embriagar a cualquiera con el vino de su palabra. Ha embrujado a lo largo de todos estos siglos, primero a las generaciones de los persas que lo han leído y aprendido sus versos de memoria, y luego a los extranjeros que aprendieron la lengua persa. Si Irán sólo tuviese un poeta y éste fuese Hafez, sólo por él valdría la pena y el esfuerzo de aprender persa. Joaquín Rodríguez Vargas Ibn Moqaffa' 721-757 Abu Mohammad Abdullah ibn Moqaffa', nombre musulmán de Ruzbeh, un zoroastriano convertido al Islam cuyo padre ya trabajaba en la Administración omeya. No se conoce mucho de su vida. Se sabe que estuvo un tiempo al servicio de Davud b. Yusuf, gobernador omeya de Iraq, y cuando fue derrocada esta dinastía, pasó a ser funcionario de administración abbasí al servicio de Isa b. Ali, y luego de Ismail b. Ali. Murió ejecutado acusado de zandiq (apóstata, hereje). Ibn Moqaffa' es muy conocido en la literatura árabe y persa por haber sido el primer traductor del pahlavi (persa medio o sasánida) al árabe. Tradujo muchas obras de las que sólo nos ha llegado el título, como por ejemplo el "Calila y Dimna", que tradujo Borzuyeh del sánscrito al pahlavi en el siglo VI. Esta obra se propagó por Europa siglos más tarde y la primera versión al castellano se redactó en el siglo XIII bajo los auspicios del entonces infante, Alfonso X el Sabio; "Jodai Nameh" libro de los reyes o señores, que tradujo al árabe como "Seir al-muluk"; escribió "Al-adab al-kabir"; "Al-Adab alSaqir", donde Ibn Muqaffa' da una nueva dimensión a la palabra árabe "adab" (literatura, maneras, costumbres, ética) más ampliada; "Mazdak Nameh" (Libro de Mazdak). Se le atribuyen también la traducción del pahlavi al árabe del "Organon" de Aristóteles. Además de traductor fue el creador de una nueva prosa literaria en lengua árabe, algo con mucho mérito si tenemos en cuenta que no era el árabe su lengua materna Ŷalal Al Ahmad Ŷalal Al Ahmad, uno de los grandes escritores y pensadores iraníes del siglo XX, nació el 22 de noviembre de 1923 en Teherán, en el seno de una familia tradicional y religiosa. Después de terminar sus estudios de literatura persa trabaja como profesor de bachillerato de literatura. En 1944 ingresa en las filas del Tudeh, el partido comunista de Irán, y tres años después se da de baja del mismo. A partir de entonces será detractor del comunismo. Fue en este periodo del Tudeh cuando publica su primera novela "Did-obaz did" (Visión y revisión). Ŷalal Al Ahmad además de escribir novelas también escribía artículos y monografías de temática social que tendrían gran repercusión después en el mundo intelectual, sobre todo en los años 60 y 70. Como articulista también destacó en temáticas como la etnología. También escribió libros de viajes como "Jasi dar miqat" y "Karname-ye-seh saleh" (Informe de tres años). Además tradujo al persa numerosas obras extranjeras. Quizás la faceta mejor conocida de Ŷalal Al Ahmad sea su estilo al escribir. Su prosa, comprimida, permisiva y a la vez nerviosa y litigante es una de sus facetas más conocidas por el público iraní. Ŷalal Al Ahmad murió el 8 de septiembre de 1969. Ŷalal Al Ahmad es uno de los escritores iraníes contemporáneos que, inspirado por autores de la talla de Sadeq Hedayat y Sadeq Chubak, fue también artífice de la nueva prosa persa del siglo XX utilizada por los novelistas. En palabras de Abdul Ali Dastgheyb, llegó a tal nivel que su prosa es colocada a la altura de la de Sadeq Hedayat y los escritos clásicos persas. No obstante, su estilo se encuentra justo en el polo opuesto del de Hedayat, es decir, al contrario que este, que analiza el fuero interno de los personajes y es una prosa intimista, la de Ŷalal Al Ahmad es un estilo al que se puede calificar de extrovertido, que ya se puede divisar en otros autores contemporáneos pero que en Ŷalal Al Ahmad podemos ver su culminación. Es por ello que el papel del estilo de Ŷalal Al Ahmad en la novela iraní es el más palpable después del de Sadeq Hedayat. Ŷalal Al Ahmad acercó en todo lo posible su estilo al habla cotidiana hasta tal punto que en muchos de sus relatos o ensayos, el lector parece que está escuchando a alguien que le habla informal y coloquialmente. Entre sus novelas esto es más evidente en "Modir-e-madreseh", (El director de escuela), para muchos, el mejor de sus relatos, en el que el autor narra las experiencias del director de una escuela, y utiliza para su relato palabras cotidianas y un lenguaje desenfadado carente de todo aparato literario pomposo. Así pues, su prosa está cargada de palabras cotidianas, muchas veces vulgares, refranes en boga, indirectas, en definitiva, posee todos los elementos del lenguaje de la calle. Entre los iraníes, Ŷalal Al Ahmad es una de las figuras más destacadas a partir de los años sesenta en el panorama intelectual y cultural del país. Junto a su faceta como literato subyacen, o mejor dicho, conviven otras que giran alrededor de su carácter como ideólogo que trae a colación la problemática social y política del momento. Otro pensador contemporáneo suyo, Reza Barahani, considera su prosa mejor aún que la de Sadeq Hedayat e incluso va más allá pues afirma que es la mejor prosa persa del siglo XX. Otros, como el profesor Nadushan, son de la opinión que Ŷalal Al Ahmad más que escritor era un polemicista. Su esposa, Simin Daneshvar, también una de las grandes escritoras del Irán actual, ha adjetivado su estilo al escribir como prosa telegráfica, sensible, precisa, ruda, íntima, purificadora... El célebre crítico y novelista Mir Sadeqi afirma que su forma de escribir era nerviosa, breve, recortada y a la vez elocuente. A pesar de la disparidad de adjetivos utilizados a la hora de describir su prosa, sin embargo, todos los críticos están de acuerdo en un punto y es que Ŷalal Al Ahmad tiene un estilo propio al escribir, una impronta particular que lo distingue del resto, y su estilo abierto y sin tapujos ha hecho que su fama haya aumentado aún más en la generación actual de Irán. En palabras de profesor Nadushan, durante los 25 años de sus andaduras literarias Ŷalal Al Ahmad ha sido un escritor político y contestatario. Ideológicamente hablando, era una persona inquieta e inestable. Pasa del materialismo y del comunismo más exacerbado y critica duramente el Islam, para luego renegar del primero y refugiarse en el segundo y proclamar que la religión de Mohammad es la única vía de liberación. Es obvio que todos estos cambios de ideología se reflejaban en sus obras. "Si se exprimen sus relatos sale el jugo de sus teorías políticas, sociales y religiosas." (Mir Sadeqi). Todos los escritos de Ŷalal Al Ahmad, desde los artículos hasta las obras, sean largas o cortas, tienen como objetivo poner en evidencia alguna tara social, criticar algún aspecto de la sociedad o de la política imperantes en el país o en el mundo. Es este un factor que le ha marcado pues Ŷalal Al Ahmad anteponía el contenido a la forma y en todas sus obras y artículos él siempre conserva un mismo tono: el de la protesta y la denuncia. Todas ellas crean en sus obras un ambiente cargado de ira y rebeldía que como no podía ser de otra manera ha dejado su impronta en su estilo. Como hemos dicho, todos los cambios de ideología son palpables en su obra. El lector avispado pronto se percata a través de la lectura de éstas de que Ŷalal Al Ahmad está buscando algo, de que no deja de experimentar y probar. Lo más evidente y palpable y que se nota en una primera lectura es el uso de la primera persona, yo'. Es por ello que en todas sus obras las ideas del autor son expresadas mediante el uso del yo, o del narrador del relato y ello hace que los personajes no tengan rasgos y carácter individuales y todos ellos reflejen su pensamiento, desde el analfabeto hasta el culto o el intelectual, todos ellos tienen una misma visión de las cosas; la visión del propio autor. El interior de estos personajes no se exterioriza nunca y esto hace de Ŷalal Al Ahmad un escritor extrovertido que además no tiene ganas de hacer una descripción ni de los sentimientos de sus personajes, ni de sus interioridades psíquicas. Así, por ejemplo, el director de la escuela en "Modir-e-madreseh" "no tiene pasado personal, ni vida familiar, ni aficiones, ni intereses, ni ilusiones." (Mir Sadeqi). Quizá sea debido al objetivo de Ŷalal Al Ahmad, la crítica social, el motivo por el cual él no se puede entretener en hacer descripciones de las psiquis de los héroes y villanos de sus relatos. Sea de ello como fuere, la prosa y el estilo de Ŷalal Al Ahmad es un salto sin precedentes cualitativo y cuantitativo en la prosa en lengua persa. En fin, a pesar de que Ŷalal Al Ahmad ha bebido de las fuentes literarias del intimista e introvertido Sadeq Hedayat, su estilo es completamente su polo opuesto. Ŷalal Al Ahmad era de la opinión de que en una sociedad atrasada e inmadura se debe gritar con más violencia, más rápido y sin tapujos. Entre sus obras cabe destacar la aludida "Modir-e-madreseh", "Sar gozasht-e-kanduha" (La aventura de los panales) donde las abejas son una metáfora del pueblo y la miel del petróleo, "Gharbzadegi" (Occidentalitis) que, como se puede deducir de su título, se trata una amarga y dura crítica a la occidentalización del país, "Dar jedmat va jianat-eroushanfekran" (Sobre el servicio y la traición de los intelectuales) más dura y crítica que la anterior, "Nun va al-qalam", "Jasi dar miqat" (Una brizna de paja en la peregrinación) es su libro de viajes a la peregrinación a la Meca, "Zan-e-ziadi" (Mujer de más) y "Panŷ dastan" (Cinco relatos). Omar Jayyam 1044-1123 Matemático, astrónomo, médico y poeta. Nacido en Neyshabur, en el siglo XI, en fecha incierta, y muerto muy probablemente en el año 1123. De su juventud, poco es lo que se sabe. Sus contemporáneos lo colocaban al mismo nivel que Avicena en conocimientos de filosofía y una autoridad en astronomía. Le encargaban arduas tareas como la construcción de observatorios, recomposición del calendario y cosas por el estilo, que realizó con gran éxito. Se sabe que viajó a Samarcanda, Balj, Herat, Isfahán y la Meca. Se cuenta que era de fuerte carácter, muy criticado y rechazado por los estrictos ulemas y el pueblo llano debido a su postura frente al hecho religioso, pues dudaba de la Resurrección, del Juicio Final y era de la opinión que había que disfrutar de los placeres de la vida. Fitzgerald (1809-1883). Fue el primero en traducir los Robaiyat a una lengua occidental. Fot.de www.todayinliterature.com No es menester hablar mucho de Omar Jayyam pues de él ha corrido ríos de tinta en Occidente, y sus versos nihilistas, los Robayyat, han sido traducidos a muchas lenguas europeas. Curiosamente, en Persia, siempre ha sido conocido más como astrónomo y matemático, y los persas siempre dicen que es el "poeta persa de los occidentales". Ello no quiere decir ni mucho menos que en Irán no sea apreciado su genio literario, lo que ocurre es que su versos nihilistas han causado a lo largo de muchos siglos cierta repulsa en una sociedad de por sí religiosa. Sea de ello como fuere, hay algunos eruditos persas (y occidentales) que han querido ver en los versos de Omar Jayyam una obra mística y que todas esas alusiones al vino, a la buena vida y las mujeres no son más que simbología o alegoría sufí, como de hecho ya existen en otras obras de reconocida naturaleza mística. Es cuestión de opiniones. Sea cierto o no, la verdad es que la fama como poeta persa subió desde que el británico Fitzgerald hiciese la primera versión inglesa de sus versos a finales del siglo XIX, que fueron de un éxito rotundo, saltando la fama de Jayyam allende las fronteras de Persia. El carácter incrédulo de los Robayyat ha hecho que éste haya sido muy falseado ya que después, a todo aquel que en Persia se le ocurría un verso algo herético, se lo atribuía a Jayyam para no verse comprometido. Los especialistas han intentado dilucidar con más o menos éxito qué versos eran realmente del astrónomo de Neyshabur, pero en la mayoría de los casos, esto ha supuesto una tarea imposible. La obra casi íntegra de Omar Jayyam es de índole científico, a excepción de su "Robayyat" y un libro llamado el "Nowruz Nameh" (que trata sobre el origen de la fiesta persa del año nuevo). Omar Jayyam murió en Neyshabur más o menos en el año 1123. Su tumba se encuentra en dicha ciudad, cerca de la de ‘Attar. Mausoleo de Omar Jayyam en su ciudad natal, Neysahbur, a diez minutos caminando de la del místico ‘Attar. Fot. de www.aprcwsis05ir Mahmud Doulatabadi Mahmud Doulatabadi es uno de los escritores vivos más importantes de Irán. Nació en Sabzevar en 1940. Su más tierna infancia, pues, la pasó durante la II Guerra Mundial en la que Irán se vio implicada, además de ocupada por los Aliados. El resultado de todo esto fueron varias hambrunas y períodos de pobreza y escasez entre la población de los que no se libró el escritor. En su juventud Mahmud Doulatabadi ejerce varios oficios, todos ellos humildes. Trabaja en la tierra, de pastor, de recadero de un zapatero, en un taller ayudando a su hermano y a su padre, de ayudante de barbero... el mundo de todos los oficios que ejerció en su juventud se reflejará luego en su obra. Más tarde marchará a Mashad para poco después irse a Teherán donde trabajará como tipógrafo, acomodador de cine, reclamador de obras de teatro, delegado de un periódico... A su llegada a la capital comenzó viviendo en la indigencia teniendo que pernoctar en las calles o allí donde podía. En el Teherán de los años sesenta en cuando Mahmud Doulatabadi conoce el teatro, que estudia durante un año. Se convierte en el primero de la clase. Trabaja como actor en varias obras teatrales tras lo cual sube de escalón y pasa a formar parte de la directiva de programación, cuya permanencia es breve pues al joven Mahmud Doulatabadi no le agrada y se marcha a formar parte del Grupo de Arte Nacional, con lo que comienza una etapa de su vida muy fructífera. Trabaja como actor de teatro de numerosas obras durante la década de los sesenta. En 1974 es invitado por un director teatral a interpretar el papel principal en una obra de M. Gorki, "En las profundidades." Esta es su última obra de teatro ya que después es detenido por la policía y encarcelado. Desde 1961 hasta 1974 Mahmud Doulatabadi alternaba el teatro con su labor de escritor. Durante su encarcelamiento deja de escribir. En 1962 publica su primera obra, "Tah-e-shab" (El fondo de la noche). En 1968 publica una recopilación de relatos a la que tituló "Layeh haye biabani" (Los sustratos del desierto). "Safar"(El viaje), su primera novela extensa. "Avsane-ye-Baba Sobhan" (La historia de Baba Sobhan), trata sobre la humilde vida de una familia de aldeanos, narración muy basada sobre todo en los diálogos de los personajes, escritos en el dialecto particular de Jorasán. "Pashiru", muy diferente de la anterior, "Gavareban". En 1974 publica "Mard" (El hombre), que trata sobre un joven que se va convirtiendo en hombre. Luego publica "Aqil Aqil", "Az jam-e-chanbar", "Didar-e-baluch" que no es una novela sino un relato de un viaje que hizo a Baluchistán. "Ŷa-ye-jali-e-Saluch" (El lugar vacío de Saluch), "Ruz ha-ye-separi shode-ye-mardom-e-saljorde" (Los días pasados de la gente anciana) ambas novelas consideradas como grandes obras por muchos. "Kaleydar", la obra más larga de literatura persa del siglo XX. Está escrita en diez volúmenes (3000 páginas). En esta extensa novela Mahmud Doulatabadi elogia el trabajo, la vida y la naturaleza. La novela gira alrededor de la lucha que mantienen los súbditos contra su gobierno despótico y sus agentes. En ella podemos leer cómo unos funcionarios intentar violan a la mujer de Gol Mohammad, el protagonista, y que éste para defender su honor los mata. Luego es delatado y encarcelado, pero al poco tiempo logra huir. Su familia se rebela contra la autoridad del Gobierno, y el mismo fugitivo también se levanta para apoyar a los desprotegidos y desheredados. El mismo autor revela que no cree que podrá volver a reunir las fuerzas y el coraje suficientes para hacer algo más completo que Kaleydar. Invirtió 15 años de su vida en escribirla y en ella intervienen más de sesenta personajes minuciosamente descritos para poder recrear la vida rural y sus ancestrales costumbres. Esta obra le consagra definitivamente como uno de los escritores iraníes más importes del siglo XX. "Soluk" es una de sus últimas obras y ya se han publicado tres ediciones. En todas las obras de Mahmud Doulatabadi se reflejan la pobreza, la vida del vagabundo, y los problemas que acucian a los campesinos. También en ella se le da un valor especial a los recuerdos que guarda de su padre y una gran devoción por el escritor, Sadeq Hedayat, que se suicidó en 1951. En su obra Mahmud Doulatabadi se muestra esperanzado de la vida, aunque ello no quita que muestre su hastío, derivado de la ruda y dura vida que había llevado en su niñez y primera juventud. Su realismo hace que se ocupe más bien del exterior de los personajes que de su interior, a veces esto lo lleva hasta el extremo de parecer que los personajes de sus narraciones carecen de vida interior. La temática de sus obras gira alrededor de dos ejes; el campo y la ciudad, o según sus palabras"tienen dos vetas, la campestre y la ciudadana". Mahmud Doulatabadi utiliza en sus obras un lenguaje local, de la zona, muchas veces cotidiano, quizás con la intención de otorgarle más realismo y naturalidad a los diálogos y escenas. En algunas ocasiones abusa del uso de estos regionalismos y hay que añadirle a la obra un glosario. Los personajes de sus novelas son casi todos aldeanos que se afanan por ganarse el pan y que son presentados como héroes y personas valientes que saben afrentar la dureza de ganarse el sustento. Son presentados como pobres, no como miserables. Otros escritores antes que Mahmud Doulatabadi ya abarcaron en algunas de sus obras la problemática de la población rural, pero nunca con la extensión y profundidad de Mahmud Doulatabadi. Mehdi Ajavan Sales Mehdi Ajavan Sales, uno de los más importantes poetas contemporáneos, nació en Mashad en 1929. Primero se aficionó a la música pero chocó con la oposición de su padre. Compuso su primer poema a los 17 años. Por estos días un viejo maestro de la Academia Literaria de Mashad le puso el sobrenombre de Omid (esperanza) que ya llevó el resto de su vida. Cursó sus estudios primarios y secundarios en su ciudad natal. En 1947 terminó sus estudios de formación profesional en la rama de herrería, tras lo cual comenzó a trabajar en este oficio. Más tarde se marchó a Teherán donde estudió magisterio y comenzó a ejercer de profesor en las ciudades de alrededor como Varamin y Karim Abad. Estuvo varias veces en la cárcel y en una ocasión fue deportado a Kashán. Se casó en 1950 con su prima, Iran Ajavan Sales. En 1951 publicó "Arganun", su primera recopilación de poemas. Este mismo año es nombrado director de la página literaria de la revista "Los jóvenes demócratas", de corte militante político, cargo que le ayudó a conocer a otros talentos literarios de la época. En 1953, tras el golpe de estado de Mohammad Reza y la caída del doctor Mosaddeq, fue de nuevo encarcelado acusado de participar en actividades políticas. Tras ser liberado en 1957 se puso a trabajar en la radio y poco más tarde en la televisión de Juzestán. En 1974 regresó a Teherán y esta vez ingresó en Radiotelevisión Nacional. En 1977 comenzó a impartir clases de poesía del período samaní y moderno en varias facultades de Teherán, y dos años más tarde, tras la caída de los Pahlavi, trabaja en el Instituto de Publicaciones y Enseñanza de la Revolución Islámica. En 1981 se retiró de todos sus cargos estatales. En 1990 salió por primera y última vez al extranjero, invitado por la Casa Cultural de Alemania para participar en un ciclo de poesía. Durante este viaje, que duró varios meses, visitó Gran Bretaña, Dinamarca, Suecia, Noruega y Francia. En septiembre de este mismo año murió en un hospital de Teherán y fue enterrado en Tus (cerca de Mashad), junto a la tumba de poeta épico Ferdousi. Tumba de Ajavan Sales, junto al mausoleo del poeta épico Ferdousi. Mehdi Ajavan Sales es sin duda uno de los grandes autores de la moderna poesía persa, llamada en Irán poesía nimai por haber sido Nima Yushij su primer exponente. El estilo poético de Mehdi Ajavan Sales, es, la mayor parte de las veces, épico, vinculado a la antigua mitología persa e inspirado en el "Libro de los reyes" de Ferdousi. Desde su primera juventud también escribió versos sobre la situación política del momento en un lenguaje figurado y metafórico, siendo el mejor ejemplo conocido su poema "Zemestán" (Invierno) donde metafóricamente alude a la presión y tiranía de los Pahlavi. Otro poema conocido suyo es "Ajar-e-Shahnameh" (El final del Libro de los Reyes), publicado en 1959, donde el poeta expresa su desesperanza por la situación social. Mehdi Ajavan Sales no solo destacaba como poeta. También ha ejercido como escritor, traductor y crítico, faceta ésta última en la que destacó como uno de los primeros críticos que desgranaron la poesía moderna o nimai. Mohammad Ali Ŷamalzadeh 1895-1997 Ŷamalzadeh, uno de los más grandes escritores iraníes del siglo XX, nació a finales del siglo XIX en Isfahán, según él mismo, el 24 de enero de 1892, aunque la fecha es discutida. Su padre fue el reputado clérigo Vaez Isfahani, célebre en la historia del Irán contemporáneo por su lucha a favor de la Constitución de 1906. Podemos suponer que Ŷamalzadeh pudo tener una educación muy selecta, que fue luego complementada con estudios en extranjero. A los 17 años marcha a Beirut y después de un tiempo se va a París donde estudia Derecho. Después se marcha a Alemania donde permanecerá 15 años. Allí pasa a ser funcionario de la Embajada de Irán en Berlín, se une a un grupo de nacionalistas persas, mientras también escribía artículos para la revista literaria en persa Kaveh y es en esta revista donde publica su primer relato, "Farsi shekar ast" (El persa es azúcar) que luego formará parte de "Yeki bud yeki nabud" (Érase una vez). En 1932 se marcha a Génova, Suiza, y allí comienza a trabajar en la Oficinal Internacional del Trabajo. En 1979, tras el regreso del ayatolá Jomeini regresó a Irán y simpatizó con los cambios del nuevo gobierno islámico. Murió longevo en Suiza con más de cien años. Su primera obra, que fue además su obra maestra, "Yeki bud yeki nabud" fue publicada en 1921 y supone un punto y aparte en la historia de la literatura persa. Por este libro Ŷamalzadeh es considerado el iniciador de la prosa realista persa. Se podría decir que Ŷamalzadeh hizo en prosa lo que Nima Yushij hizo en poesía; remover los cimientos de la prosa y el estilo que los persas llevaban escribiendo durante más de mil años. Como todos los renovadores e innovadores, la publicación de "Yeki bud yeki nabud"levantó ampollas en el mundo literario iraní y el joven Ŷamalzadeh se ganó muchos detractores, algo que al parecer le desanimó bastante pues de hecho tardó mucho en volver a coger la pluma. En palabras del historiador de la literatura persa, Yahya Arianpoor, "El joven escritor se había atrevido por primera vez, en contra de las costumbres y de la tradición, a expresarse en la lengua coloquial, la que se usa en las calles y en los bazares, con su terminología y su fraseología, y describir las situaciones, los ánimos y los personajes tal como son. Sin embargo, los lectores inteligentes y entendidos veían que algo nuevo estaba a punto de ocurrir en la literatura de Irán." Es menester apuntar que Ŷamalzadeh no fue el primero que escribió con este estilo. A finales del siglo XIX y principios del XX nos podemos encontrar con otras obras como "El libro de viajes de Ibhahim Ali Big" de Zin al-Abedin Maraghei o "Charand-oparand"(de Dehjoda), escritas en un estilo coloquial e informal. Pero Ŷamalzadeh perfecciona bastante esta nueva práctica. "Yeki bud yeki nabud" es una colección de relatos cortos donde el autor expone los problemas de la sociedad de entonces, pero lo hace a través de unos relatos de naturaleza jocosa y divertida. La obra sigue teniendo hoy sus lectores pues no ha pasado de moda. El lector se encuentra en esta obra y en las que escribió el resto de su vida, con un narrador que cuenta las escenas en primera persona, como un espectador, de una forma cómica y satírica, como si de un recuerdo se tratase. El resto de sus obras, que nunca llegaron a alcanzar la fama de la primera, en la que el mismo Ŷamalzadeh se inspiró, fueron, "Sargozasht-e-Amu Hoseynali" (La vida del tío Huseyn Ali) (1942), Sar-o-tah-e-yek karbas (La cabeza y el fondo de un saco) (1944), "Talj-o-shirin" (Amargo y dulce) (1955), "Shahkar" (La obra maestra) (1958), "Gueir az Joda hichkas nabud" (No había nadie excepto Dios) (1961) También tradujo al persa obras occidentales como "El avaro", de Moliere, y "Guillermo Tell", de Schiller, y escribió unos 200 artículos. Muchos han criticado a Ŷamalzadeh por haber repetido el mismo fondo y las mismas cuestiones en sus diversos libros, y que éstos sólo sacan a relucir cuestiones del pasado. Quizás esta crítica no sea en vano habida cuenta de que Ŷamalzadeh se marchó muy joven del país y ya no volvió a vivir más en él, excepto un período tras el triunfo de la Revolución Islámica. Es por ello que en ninguna de sus obras se reflejan los problemas de la sociedad moderna de Irán, por lo menos la relacionada con la II Guerra Mundial en adelante. Ŷamalzadeh es considerado en Irán el "padre del relato corto" Rumí Ŷalal al-Din Mohammad Rumí, también conocido por Moulaví o simplemente Rumí (Bizantino, en árabe y persa), es, junto a 'Attar el mayor poeta místico nacido en Persia. Su rango como sufí llegó a tal punto que también es llamado Moulanâ (nuestro señor, en árabe). La imagen más conocida de Moulana. Nació en Balj (actualmente en Afganistán) en 1207. El sobrenombre de Rumí es debido a que pasó la mayor parte de su vida y murió en la ciudad de Konya (en la actual Turquía), pero él siempre se consideró a sí mismo un persa jorasaní. Su padre, Baha alDin Valad, era un gran maestro y orador, respetado por el pueblo incluso por el sultán Mohammad Jarezmshah. Baha al-Din y su familia se marchó de Persia cuando Rumí no era más que un niño. Permanecieron un tiempo en Samarcanda, tras lo cual se dirigieron a la Meca de peregrinación. Se cuenta que durante este viaje, al pasar por Neyshabur, el ya anciano Attar fue a ver a Baha al-Din y le regaló una copia de su "Asrar Nameh" (Libro de los secretos), y que, cuando vio al entonces niño Moulaví dijo: "Dentro de poco este muchacho hará arder a los ardientes del mundo." De regreso de la Meca, pasaron por Siria y acabaron estableciéndose en Asia Menor. Allí se casó Rumí tomando por esposa a Gouhar Jatun, y, cuatro años después, marcharon padre hijo y familia a Konya por expreso deseo del sultán selyúcida de Rum. Cuando el sustituto de su padre murió en el 1240, Rumí lo sustituyó en la cofradía y allí se dedicó a la instrucción, enseñanza y guía de los fieles hasta que cinco años después aparecía en Konya Shams Tabrizi. La vida de Rumí cambió de forma radical tras conocer a este gran y efusivo derviche. Su nombre real era Mohammad b. Ali b. Malekdad y se sabe que murió en 1247. Como su nombre indica, era natural de Tabriz. Llegó a Konya en 1244 y al año siguiente se marchó a Damasco causándole a Rumí un gran trastorno y sumiéndose éste en una melancolía por la partida del amigo. Cuando supo Rumí que Shams Tabrizi se encontraba en Damasco, comenzó a escribirle cartas y poemas y a enviarle mensajes. Poco más tarde, envió Rumí a Damasco a su propio hijo Sultán Valad acompañado de varios amigos, para que lo buscasen y le invitasen a regresar a Konya. Shams Tabrizi aceptó y se presentó en Konya acompañado de Sultán Valad. Pero esta nueva estancia no duró mucho pues se vio enfrentado a los prejuicios de la gente teniendo que salir de la ciudad al año siguiente con destino incierto. Rumí hizo todo lo posible por encontrarlo. Llegó incluso a viajar en dos ocasiones a Damasco, mas su búsqueda fue en vano. La llama y la pasión por la amistad de Shams Tabrizi y la melancolía que por él sentía, le inspiró para escribir una de las más maravillosas y extensas obras místicas de la literatura persa, el "Divan-e-Shams-e-Tabrizi" (el Poemario de Shams Tabrizi), escrito en versos monorrimos (gazal). Shams Tabrizi, al que Rumí tenía como ejemplo de hombre perfecto, le hizo desatender sus ocupaciones en la cofradía sufí, algo a lo que el propio Rumí hace referencia en sus poemas. Escena del Divan de Shams-e-Tabrizi. Fot. de classes.bnf.fr Años más tarde, Rumí compuso el Masnavi, su segundo libro y la obra cumbre de su vida. Rumí murió en 1273. Todos en Konya asistieron a su entierro, grandes y pequeños, musulmanes, cristianos y judíos. Su mausoleo se encuentra en dicha ciudad y su cofradía o tariqa sigue hoy en funcionamiento, se trata de la orden de los Derviches Danzantes que bailan dando vueltas hasta entrar en trance. Moulana es tenido por los literatos y poetas persas y por los orientalistas como uno de los grandes poetas de Persia, tiene un rango especial y cada uno lo elogia desde un punto de vista diferente. Es conocido entre persas y no persas como uno de los místicos más importantes de la Humanidad, poeta de gran talento, filósofo agudo y elogiado por cada una de sus cualidades personales. Su posición en el mundo de la poesía es tan alto que algunos le consideran el mayor poeta del mundo, otros el mayor poeta de Persia, y otros, uno de los 4 ó 5 poetas persas más grandes. Su tumba en Turquía es un centro de peregrinación muy importante y a ella acuden religiosos de todo el mundo islámico. El Masnaví (Dístico), tal como reza su título es una obra escrita en versos pareados. Se trata de su obra cumbre, de tal manera que se le llama también el "Corán en lengua persa". Lo que más llama la atención de ella es su variedad temática y la cantidad de alegorías que utiliza Rumí para expresar su sentir místico. Ello hace que tras el lenguaje sencillo (a veces casi coloquial) del Masnaví, se esconda una multiplicidad de acepciones que dan pie a varias interpretaciones, algo muy característico de las obras sufíes. En el Masnaví nos encontramos con "historia sagrada", aleyas coránicas, tradiciones o dichos del Profeta, todo ello narrado de tal manera que destila misticismo. También podemos encontrar historias de naturaleza obscena, algo que sorprende sobre todo a los occidentales. Algunas de sus historias están tomadas de "Calila y Dimna", y otras de las obras del poeta Nezami de Ganjeh, Attar e incluso de Avicena. La otra obra, el "Divan-e-Shams-e-Tabrizi" (el Poemario de Shams Tabrizi), también llamado "Divan-e-Kabir" (Gran Poemario). Otras obras más pequeñas son Robayyat (cuartetas) y "Fihi ma fihi", en prosa. Mausoleo de Rumi en Konya, Turquía. Naser Josrov 1003-1088 Poeta, filósofo, escritor, Naser Josrov es una de las grandes figuras no sólo en la historia de la literatura persa sino del pensamiento religioso islámico. Nació en Qobadian, cerca de Balj (actualmente en Afganistán) cuando la dinastía gaznaví tenía sólo 4 años de edad. Su nacimiento en una familia acomodada y cuyos miembros eran altos funcionarios de la Administración, hizo que muy joven aún se incorporase a trabajar como funcionario al servicio de la Administración gaznaví. Ello no quitó que desde su primera juventud iniciase sus estudios en todas las ramas del saber de aquella época y pronto las dominase con maestría. En cuanto a las ciencias, lo que se estudiaba en aquel entonces era el Almagesto de Ptolomeo, la Geometría de Euclides, medicina, música, aritmética, astronomía y filosofía. Estudió también profundamente retórica y teosofía. Todos estos eran conocimientos que se ven reflejados en su extensa obra y de los cuales incluso Naser Josrov a veces se jacta. De joven se incorporó a trabajar bajo los auspicios del gobernador de Balj, y pronto ascendió en la escala hasta llegar a servir al sultán Mahmud y a su hijo Mas'ud, algo que cuenta él mismo en su Safarnameh (Libro de Viajes). A los 43 años tuvo un sueño revelador que le hizo abandonarlo todo e iniciar su peregrinación a la Meca llevándose consigo a su hermano Abu Sa'id y a un sirviente indio. Este viaje duró siete años y durante el mismo Naser Josrov visitó cuatro veces la Meca. Recorrió casi toda Persia, Armenia, Asia Menor, Alepo, Trípoli, Siria, Palestina, la península Arábiga, Egipto, Qayrawan, Nubia y Sudán. Fue en el Egipto de los Fatimíes donde Naser Josrov permaneció más tiempo, unos tres años. Fue entonces cuando entró al servicio del califa fatimí al-Mustansir y cuando se convirtió al shiísmo septimano o ismailismo, algo que marcaría su vida intelectual y religiosa, y que además le inspiró para la redacción de libros y divanes (poemarios) que serían obras cumbres en la literatura persa en general y del pensamiento septimano en particular. Se inició en esta doctrina y pasó todos los grados hasta llegar al rango de Hojjat, convirtiéndose pues, en uno de los doce hojjats del ismailismo. Debido a que era persa, al-Mustansir le envió a Persia para difundir la doctrina ismailí en Jorasán y conseguir adeptos a la causa fatimí. Así hizo y cuando llegó a Balj tuvo una vida ascética a la vez que se dedicaba a propagar la fe por todo el Gran Jorasán. La predicación de su doctrina y el discutir con los ulemas sunníes no hizo sino causarle problemas de tal manera que finalmente tuvo que huir de Balj. Hay que tener en cuenta que el pueblo de Jorasán sentía una aversión hacia los shiíes en general y a los ismailíes en particular, por lo que cabría pensar que si Naser Josrov pudo salvar, a pesar de todo, la vida, ello era debido al respeto que por él sentía la población debido a su sabiduría. Naser Josrov huyó a Mazandarán donde permaneció un tiempo y luego marchó a Neyshabur. Sin embargo, no pudo soportar mucho tiempo la presión de los sunníes y se marchó al lejano pueblo de Yamkan, en Badajshán (una región montañosa situada entre Afganistán y Tayikistán). Allí estableció el pensador de Balj su cuartel general y reinició su afán de propagar el ismailismo. Si bien no se sabe la fecha exacta en que llegó a Badajshan, sí se puede desprender de algunos de sus poemas que permaneció los últimos 15 años de su vida. Curiosamente allí fue donde tuvo cierto éxito ya que consiguió convertir a bastante gente al shiísmo septimano y todavía hoy, en Badajshan y la zona adyacente como Juqand y Qaratkin siguen existiendo ismailíes. En los poemas que escribió durante su exilio en Badajshan se refleja la pena del poeta por la lejanía de su tierra natal y lo vemos lleno de melancolía. Durante su vejez en aquella región oriental, las cosas empeoraron pues se formó una revuelta contra él; todos lo tenían como su enemigo, desde el califa abbasí hasta el jan turco de Kashgar. Los alfaquíes sunníes, los agentes abbasíes y el común de las gentes veían en él a un renegado, un apóstata, un qármata y un mu’tazilí, y no dejaban de maldecirle en lo alto de los púlpitos. Naser Josrov, que amaba en extremo su tierra natal, Jorasán, deseaba con todas sus fuerzas regresar, pero allí también se le tenía por un renegado por lo que tuvo que morir en Yamkan, donde se encuentra hoy su tumba. Su muerte acaeció allá por el año 1088, aunque hay discrepancias. Obra Naser Josrov escribió tanto en prosa como en verso. Entre sus obras en verso cabe destacar: "Divân-e-Ash'âr" (Poemario) que contiene más de 12.000 casidas además de otros tipos de versos, y cuya temática es filosófica y religiosa-moral. ntre sus obras en prosa la más conocida es el "Safarnameh" (Libro de Viajes) traducido a varias lenguas europeas. En ella el autor narra en un lenguaje muy sencillo todo lo acontecido durante su viaje de siete años. Otra obra importante en prosa es "Zâd alMosâferin" (La provisión de los viajeros), que contiene sentencias de carácter moral, religioso y filosófico. En ella el autor pretende demostrar sus ideas ismailíes y él mismo se jactaba de ellas mencionándolas muy a menudo en sus poemas. "Ŷame' alHekmateyn" (La conjunción de las Dos Sabidurías), traducida al francés por H. Corbin. La obra fue escrita por petición del emir de Badajshan, como el mismo poeta comenta en el prólogo. La obra también es una apología del ismailismo. Naser Josrov escribió otras obras que no se han mencionado en esta breve exposición. Otras muchas son también las que se le atribuyen y además otras muchas son mencionadas por otros escritores, de las cuales no hay ni rastro. Naser Josrov fue un gran poeta y además una de las luminarias del pensamiento shií ismailí. Su estilo, sin ser enrevesado, no deja de ser genial, y éste se asemeja más al del periodo de finales de los Samaníes y principios de los Gaznavíes, es decir, tiene un estilo algo arcaico. Su obra adquiere nuevos matices y una nueva temática tras su conversión al ismailismo y en ella es latente las intenciones proselitistas de Naser Josrov. Este hecho le da a Naser Josrov más mérito si cabe por cuanto él fue capaz de versificar algo tan complejo como lo es la argumentación y la apología religiosa. A este respecto se puede afirmar que Naser Josrov se aleja de los convencionalismos de otros poetas que cantaban al amor, a la naturaleza, es decir, al mundo externo, mientras que el poeta jorasaní escribía y versificaba completamente acerca de una temática, religiosa, lógica, argumental, en definitiva, una temática de naturaleza racional y apologética. Nima Yushij Uno de los poetas más importantes del panorama literario del Irán del siglo XX, principalmente, por haber sido el fundador de la poesía moderna persa, llamada en Irán precisamente poesía "nimai" o simplemente "she'r-e-no" (nueva poesía). Ali Esfandiari, más conocido con su seudónimo de Nima Yushij, nació en la aldea de Yush, en Mazandarán en 1897 en el seno de una familia de noble abolengo. Aprendió a leer y a escribir con el mollah de su aldea. En Teherán completó sus estudios superiores en la Escuela de San Luís. En dicha escuela un profesor le guió en sus primeras andanzas poéticas. Al principio componía versos siguiendo los patrones de la poesía clásica, para poco después seguir su propio camino, completamente innovador y sin precedentes en la poesía persa, pues introdujo la poesía blanca, carente de rima y de metro. Nima era de la opinión que el metro y la rima no forman parte de la esencia de la Poesía, postura ésta que no impedía que Nima fuese un acérrimo defensor de la poesía clásica persa. Nima alternó la composición de poemas modernos con otros al estilo clásico. En 1921 compone "El cuento descolorido" que es publicado en una revista literaria en el susodicho estilo moderno cuya ruptura de moldes le valen las críticas, ataques y burlas de los literatos de la época. No obstante, otros poetas y escritores, la mayoría jóvenes, aplaudieron la iniciativa del poeta de Mazandarán, entre estos se encontraban Mehdi Ajavan Sales y Sohrab Sepehri.En 1922 publica "El cuento" y en 1924 "La familia del soldado". Nima murió en 1958 dejando un rastro en la literatura persa seguido por muchos. Rudakí 858-941 El olor del arroyo Mulian viene a mí bu-ye-ŷu-ye Mulian âyad hami El recuerdo del amigo viene a mí yâd-e-yâr-e-mehrabân âyad hami Los guijarros del Amu Daria y su rigidez rig-e-Amu o doroshtiha-ye-u Se me antoja como seda bajo mis pies zir-e-pâyam parniân âyad hami Oh Bujara regocíjate y vive una larga vida ey bojârâ shâd bâsh o dir zéi Que el emir de tu vida, invitado viene a ti mir-e-zei to mihmân âyad hami [...] Este fragmento forma parte de uno de los panegíricos más bellos de la temprana poesía persa del siglo X. Este verso lo compuso Rudakí para persuadir a Nasr II a que abandonase Herat y regresase a Bujara. Se cuenta que cuando el rey samaní lo escuchó, se emocionó de tal modo que le regaló 10.000 dinares al poeta, se montó en el caballo que más a mano tenía y salió galopando hacia Bujara. Abu Abdullah Ŷa'far b. Mohammad, más conocido como Rudakí, llamado así por haber nacido en Rudak, una aldea cerca de Samarcanda, es el primer gran poeta de la literatura persa. Él es el "Berceo" de la literatura persa y como Homero para los griegos, es el "padre de la poesía persa". Merced a su gran talento poético se mereció ponerse al servicio de la corte samaní como panegirista del rey Nasr II (914-943). Ciego, muy probablemente de nacimiento, su habilidad tocando el laúd al que acompañaba con sus poemas hacía las delicias del serrallo al que podía acceder gracias a su ceguera. Mausoleo de Rudaki en Tayikistán, donde también es poeta nacional. Téngase en cuenta que Irán, Afganistán y Tayikistán comparten lengua y literatura. Se le atribuye la composición de más de 100.000 versos aunque ni siquiera mil han llegado hasta nuestros días. Además también tradujo del árabe las famosas fábulas de origen indio "Calila y Dimna" que luego llegarían a la literatura española y que serían la fuente de inspiración de poetas como Samaniego. Lamentablemente, esta traducción al persa de "Calila y Dimna" también se ha perdido y de ella quedan sólo unos cuantos fragmentos dispersos. También se le atribuye la versificación de un libro llamado "Sandbâd Nâmeh"(El libro de Simbad), que no se ha conservado, y la invención del verso robâ'í (cuarteta) tan conocido en Occidente por ser el usado por Omar Jayyam. Su estilo es sencillo, con pocas palabras árabes, sin que ello merme un ápice de su genialidad. Sus poemas son optimistas y en ellos se canta a la belleza y a la alegría de la vida, además de loar a los emires y reyes samaníes. Sin embargo, al final de su vida el tono de sus poemas cambia radicalmente y se vuelve aciago y triste, se lamenta por la juventud pasada, por la decrepitud y la vejez que se avecina. Sello conmemorativo de Rudaki de 1964. Rudaki tuvo una vida dichosa viviendo en la opulencia de la corte samaní. Sin embargo, de los poemas que se han conservado se desprende que murió en la indigencia y en la penuria, expulsado de la corte del rey al que había servido tantos años. Murió allá por el año 941 en un lugar sin determinar de Jorasán. Sadeq Hedayat 1903-1951 Para muchos, el escritor iraní más importante del siglo XX. Sadeq Hedayat nació en 1903 en Teherán. Su familia pertenecía a la aristocracia y muchos de sus miembros habían sido destacados políticos e intelectuales del siglo XIX. Así, su padre, Hedayat Qoli Jan Hedayat (E�tezad al-Molk) era hijo del político Ŷa�far Qoli Jan Hedayat. También su madre, Azra, era una mujer de alta alcurnia cuyo padre era otro personaje de la política, Hoseyn Qoli Jan (Mojber al-Douleh). Los padres de Sadeq Hedayat eran descendientes ambos de Reza Qoli Jan Hedayat, uno de los literatos más importantes del siglo XIX, que también ejerció algunos cargos públicos. Sadeq Hedayat ingresó en la escuela primaria en 1908. En 1918 comienza sus estudios secundarios en el Instituto Politécnico de Teherán, más conocido como Dar al-Fonun, en su época, símbolo de la modernidad, pero al año siguiente lo abandona para seguir estudiando en la escuela de San Luís, donde conoce la lengua y literatura francesas. En 1925 termina sus estudios secundarios y al año siguiente marcha a Bélgica con una beca. Allí comenzó a estudiar en una universidad pero pronto se fue a París por no adaptarse al clima. En 1928 hizo su primera tentativa de suicidio en un río de París, intento frustrado por unos barqueros que lo rescataron. En 1930 regresa a Irán y comienza a trabajar en el Banco Nacional. Fue en estos días cuando se formó el Grupo de los Cuatro, formado por Bozorg Alavi, Mas'ud Farzad, Moŷtaba Minovi y Sadeq Hedayat. En 1932 se marcha a Isfahán, dimite de su empleo en el banco y comienza a trabajar en la Oficina General de Comercio, empleo del que dimite en 1934 para trabajar en el Ministerio de Asuntos Exteriores. En 1935 es investigado por las Fuerzas del Orden por algunas cosas que escribió en su obra "Vagh vagh sahab" (Guau guau amo). En 1936 viaja a la India donde aprendió pahlavi (persa medio o sasánida) con un sacerdote zoroastriano; esta es su etapa nacionalista. Al año siguiente regresa a Teherán donde vuelve a emplearse de nuevo en el Banco Nacional. Allí sólo trabajaría un año pues en 1938 dimite y comienza trabajar en la Oficina de Música de Irán. Comienza a colaborar con una revista de música y en 1940 consigue un empleo de traductor en la Facultad de Bellas Artes. En 1943 comenzó a colaborar con la revista literaria "Sojan". En 1945 viaja a Tashkent, (Uzbekistán) invitado por la universidad. Por esas fechas también empieza colaborar con la revista literaria "Payam-e-nur" y se le hace el primer homenaje a su persona, en Irán y en la URSS. En 1949 es invitado oficialmente al Congreso Mundial de los Pacifistas, pero no puede asistir por problemas burocráticos. En 1950 va de nuevo a París. El 7 de abril de 1951 se suicida dejando abierta la llave de gas. Se encuentra enterrado en París. Sadeq Hedayat es el verdadero fundador del relato corto en la literatura persa. Estaba muy influido por Poe, Dostoievski, Chejov, y sobre todo por Kafka (que tradujo al persa) aunque él mismo negaba aquella influencia, excepto en sus primeras obras, y decía haber estado influido por el Conde de Gobineau, un diplomático francés que había sido embajador en Teherán a mediados del siglo XIX, escritor de numerosas obras literarias y ensayos. Sadeq Hedayat era un escritor introvertido, crítico de la sociedad tradicional y religiosa de su país, faceta ésta que le ha valido también muchos detractores entre los iraníes. Hedayat huía de sociedad, de la gente, nunca se casó y siempre vivió en la casa de su padre. En realidad su forma de ser se refleja en muchos de los protagonistas de sus relatos, es más, muchos de ellos acaban suicidándose o simplemente muriendo. Sus personajes "están ahogados en su soledad y en su ambiente" (Mir Sadeqi). Hedayat tiende representar muchas de las escenas de sus relatos con imágenes del más allá, oníricas, y ello hace que muchos de sus narraciones sean surrealistas, como por el ejemplo el que da título a la recopilación de relatos cortos "Tres gotas de sangre" que trata de las memorias de un loco que confunde la realidad con la imaginación. Hedayat es nihilista y pesimista y "en el gran juego de la vida en la que el ser humano no es más que un títere en las manos de destino la única vía de escape es el suicidio" (Mir Sadeqi). Hedayat nos habla del vacío y la vanidad de la vida, para él cada día en este mundo es un esfuerzo supremo que tiene que hacer para pasarlo. No obstante, también tiene relatos es los que se refleja la problemática social de la época, de los pobres, de los oprimidos, del régimen corrupto de la época, del ambiente de opresión que se respiraba, en definitiva, tiene algunas obras pertenecientes a la literatura comprometida. Hedayat tiene también una faceta nacionalista en la que se lamentaba de la gloria perdida de la antigua Persia. De hecho, marchó a la India para aprender pahlevi. Esta faceta de exaltación de lo iranio y de las tradiciones persas se refleja en algunos relatos, y además en una introducción que escribió a las cuartetas de Omar Jayyam. Pero fue su obra maestra, "Buf-e-kur"' (El búho ciego) la que le dio fama, primero a nivel nacional y después a nivel internacional por cuanto ha sido traducida a muchos idiomas, entre ellos el español. "El búho ciego", parafraseando al crítico iraní Mir Sadeqi, es una válvula al mundo interior de la persona, cava en otra dimensión de la vida interior y oculta, y el relato transcurre en ambos mundos, el aparente y el onírico. La genialidad de esta obra ha dejado bajo una sombra injusta a las restantes a las que no se le ha prestado la atención suficiente, y desde luego han sido objeto de menos traducciones. Además de El búho ciego, y Las cuartetas de Omar Jayyam por él prologadas, se ha publicado en español "Tres gotas de sangre". Como dijimos, el primer relato que da nombre a la obra trata de un loco que confunde la realidad con su imaginación, en "Vorágine" un hombre celoso sospecha que su mujer le engaña con su mejor amigo, la hija de ambos muere a consecuencia de sus infundadas sospechas, en "Dash Akol" el protagonista prefiere portarse como un hombre y no casarse con la muchacha que le ha confiado el difunto padre de ésta, en "Perdón de Dios" unos peregrinos se confiesan unos a otros sus horribles pecados, y en "El hombre que mató su ego" cuenta la historia de un hombre que pierde la fe. Sus obras más importantes fueron "Zendeh be gur" (Enterrado vivo) (1930), "Seh qatre jun" (Tres gotas de sangre) (1932), "Sayeh roushan" (Claroscuro) (1933), "Alavieh Janum" (La señora Alavieh) (1933), "Vagh vagh sahab" (Guau guau amo) (1933), "Buf- e-kur" (El búho ciego) (1937), "Sag-e-velgard"(El perro vagabundo) (1942), "Tup morvari"(El cañón de perlas) (1947)... Sadeq Hedayat ha sido hasta ahora el único escritor contemporáneo iraní cuya obra ha traspasado las fronteras de Irán. Hedayat nunca se percató del alcance y la importancia de su obra. Se cuentan muchas cosas acerca de su modestia y él no se consideraba a sí mismo un escritor superior a los demás, acerca de lo cual en cierta ocasión hizo un comentario mordaz diciendo, "pobre del país del que yo sea su mejor escritor". Después de 50 años de su muerte, la obra de Sadeq Hedayat sigue teniendo numerosos lectores, tanto en Irán como en el extranjero mediante las traducciones. Sa'dí 1184-1291 Sa'dí nació en Shiraz a finales del siglo XII y murió aproximadamente en el 1291. Algunos afirman que vivió más de cien años. Su vida es poco conocida directamente, pero más o menos bien conocida indirectamente si damos por cierto los datos, al parecer autobiográficos, del Golestán. Se sabe que Sa'dí quedó huérfano de niño. Siendo un joven continuó sus estudios en Bagdad, en una de las madrasas Nezamiyeh, llamadas así por haber sido fundadas por el célebre visir persa selyúcida Nezam al-Molk. Tras terminar sus estudios en Bagdad, Sa'dí no regresó a Persia, quizás por lo caldeado que estaba el ambiente con los mongoles arrasando el país, y llevó a partir de entonces una vida errante que duró unos treinta años, y, si hacemos caso al Golestán, viajó por todo Oriente Medio y Próximo, llegando a Marruecos y Abisinia. Permaneció varios años en Damasco y fue apresado en Trípoli por los Cruzados permaneciendo prisionero un tiempo indeterminado. Fue liberado gracias a un amigo de Alepo que a cambio lo casó con su insoportable hija que repudió poco más tarde. Mausoleo de Sa'dí en Shiraz. Regresó a Shiraz en el 1257 cuando gobernaba la región el atabak Abu Bakr Sa'd ibn Zangi (1226-1269), de ahí su sobrenombre de Sa'dí. Ese mismo año compuso el Bustán, y al año siguiente el Golestán, sus dos obras maestras y dos de las obras cumbres de la literatura persa. Murió en Shiraz en paz allá por el año 1291. Hoy día podemos admirar su mausoleo en su ciudad natal. Al regresar a Shiraz ya a edad relativamente madura fue cuando comenzó a escribir. Redactó el Bustán (El Jardín), completamente escrita en verso y de naturaleza sapiencial, con cuentos con moraleja, y que trata sobre todo de las virtudes que deben poseer los buenos musulmanes (justicia, equidad, satisfacción, fe). En cuanto al Golestán, es la obra cumbre de la literatura sapiencial persa. Escrita en prosa rimada y en un estilo muy semejante a la macama árabe, Sa'dí entremete en sus cuentos máximas en persa de cosecha propia, en árabe, aleyas coránicas, múltiples alusiones al Corán y a las tradiciones proféticas (hadices), todo ello compuesto con una destreza que le ha hecho merecedor entre los persas del sobrenombre de 'Ostâd-e-Soján (Maestro de la Palabra). El estilo del Golestán es relativamente sencillo, si tenemos en cuenta las dificultades propias de un texto que tiene más de siete siglos y está redactado en un estilo similar a la macama, pero a la vez simple y elegante. El Golestán rebosa de buen humor, habla tanto del amor sensual como del divino, es realista hasta incluso mostrarse cínico. Las alegorías, los juegos de palabras, las alusiones a las historias del Corán, a los reyes persas del pasado, se mezcla todo en una amalgama que no deja de sorprender al lector. El Golestán sigue haciendo las delicias de persas y no persas, ya que el extranjero que ha adquirido cierto nivel en este idioma puede saborear una de las obras cumbres de la Humanidad. De hecho, llamó la atención en Europa muy pronto, y, en 1634, se realizó la primera traducción a una lengua europea, el francés. Muy pronto se sucedieron las traducciones al latín 1651, alemán 1654, inglés 1806 y en el siglo XIX a muchas más lenguas europeas (polaco, ruso etc.) y no europeas (árabe, turco, hindi). El Golestán influyó en La Fontaine, además de que grandes personajes de la Ilustración francesa como Diderot y Voltaire se refirieron a la obra de Sa'dí. Sa'dí es uno de los grandes clásicos de la literatura persa y mundial. Sus dos principales obras, el Bustán y el Golestán, son dos libros de obligada lectura para los persas y el alumno de persa, especialmente el Golestán. Sa'dí es en la literatura persa el maestro de la literatura sapiencial y ha sido el creador de un estilo particular muy imitado a lo largo de 700 años allí donde el persa tenía influencia cultural. Muchos de los refranes que podemos oír en Irán tienen su origen en el Bustán o el Golestán. Entre los persas los dichos y sentencias de Sa'dí tienen una autoridad casi sacra y cualquier frase del poeta de Shiraz dicha en un momento oportuno puede llegar a dar a fin a una discusión. Simin Daneshvar Simin Daneshvar, la primera mujer novelista de Irán y una de los rostros más importantes del panorama literario del siglo XX. Nació en 1921, en Shiraz, en el seno de una familia de médicos. Su educación en un colegio de misioneros ingleses hizo que aprendiera perfectamente inglés y además le permitió un amplio conocimiento de la cultura occidental. Estudió en la universidad de Teherán la carrera de lengua y literatura persas. Tras morir su padre en 1941 tuvo que buscarse un trabajo. Se empleó en la radio, donde, mal pagada, escribía artículos que serían radiados, pero gracias a su gran dominio del inglés se podía ganar un dinero extra editando noticias en este idioma. Más tarde, aburrida de la monotonía de ese trabajo empezó a trabajar como columnista y articulista de un periódico local. Al año siguiente de la publicación de su primera obra, en 1949, Simin Daneshvar se doctora en literatura persa. En 1950 se casa con Ŷalal Al Ahmad, el que sería gran crítico mordaz de la sociopolítica iraní. En 1952 marchan con una beca a la universidad californiana de Standford. A su regreso a Irán se le dio un puesto como profesora asociada de arte. Nunca fue nombrada profesora titular debido a la influencia de la SAVAK (la policía secreta del sha). Tras la muerte de su marido en 1969 ella siguió como profesora de arte y luego fue nombrada directora del mismo departamento. En 1979 se jubiló y abandonó su puesto en la universidad. En la actualidad vive en Teherán. Simin Daneshvar de joven Simin Daneshvar publicó su primera recopilación de relatos, "Atash-e-jamush"(Fuego apagado) en 1948. También ha publicado otras recopilaciones que son "Shahri chun behesht" (Una ciudad como el paraíso) (1961), "Be ki salam konam?" (¿A quién voy a saludar?) (1980) y "Az parandeha-ye-mohaŷer bepors" (Pregunta a las aves migratorias). También ha escrito tres novelas, "Suvashun" que ha sido traducida al español con el mismo título, "Ŷazire-ye-sargadani" (La isla del vagar) y "Sareban-esargardan" (El camellero errante). Además tradujo obras occidentales al persa, de autores como Chejov, Shaw, Saroyan etc. En 1981 escribe "Ghorub-e-Ŷalal" (El atardecer de Ŷalal) donde escribe y describe la personalidad de su marido desde la perspectiva que le daba el perfecto conocimiento de éste como su esposa que era. Esta obra es considerada como la mejor fuente para saber las interioridades y la ideología de este crítico e ideólogo del siglo XX. Como mujer, Simin Daneshvar se ocupa en casi todas sus novelas de la problemática femenina y en la mayor parte de sus obras la protagonista es una mujer, algo que obviamente no tiene precedentes en la novelística persa. En sus obras se pueden ver mujeres que, o son de alta alcurnia o son obreras y criadas, son pocas las veces que podemos encontrar mujeres de clase media. Su primera obra, "Atash-e-jamush" no tiene aún la maestría de las que escribirá más tarde. En "Shahri chun behesht" se ocupa de la problemática infantil y de las familias numerosas. En "Be ki salam konam?", el relato que da nombre a la recopilación, trata de las mujeres que a pesar de tener hijos se ven privados de ellos. Aquí, la protagonista es una madre que no puede ver a su hija porque su yerno se lo prohíbe. Este relato corto es considerado por muchos críticos uno de los mejores de esta autora. En un relato corto perteneciente a esta misma recopilación hay uno titulado "Yek sar-o-yek balin": (Una cabeza y una almohada) que también trata de los mismo, aunque aquí es una mujer divorciada que su ex marido y su nueva mujer no le permiten ver a su hijo. Simin Daneshvar se ocupa sobre todo de la problemática familiar e individual y pocas veces de la política. En este aspecto se diferencia notablemente de su marido, ella misma nos dice al respecto: "Siempre he sido Simin Daneshvar. Nunca me he convertido en Simin Al Ahmad. Ni siquiera estoy ni he estado de acuerdo con la forma de pensar de Ŷalal. No estoy de acuerdo con los altibajos y nunca me he ocupado de la política." Esto no es siempre así ya que algunas novelas y relatos cortos de esta autora rozan la política y otros se meten de lleno en ella, aunque ciertamente no es la tónica general. Simin Daneshvar en la actualidad Suvashun, publicada en 1969 merece un epígrafe aparte. Es la obra cumbre de esta novelista y considerada por muchos una obra maestra. Ha sido traducida a más de una docena de idiomas, entre ellas el español, y es una de las obras más leídas y vendidas en Irán. La novela está ambientada en el Irán de la II Guerra Mundial, cuando dicho país está ocupado por las fuerzas de los Aliados. Las milicias que ocupan el país empiezan a comprar los cereales para poder alimentar a sus tropas, cosa que acaba con el acaparamiento del trigo por parte de los ingleses creando compañías comerciales que harán de intermediarias. La historia está narrada por Zari, una sencilla ama de casa cuyo marido (Yusof), uno de los terratenientes de la zona, conoce los objetivos de los ingleses y se niega a colaborar negándose a venderles el grano. Él acaba siendo asesinado, de ahí el título de la novela, Suvashun, un tipo de luto por la muerte de un joven, en recuerdo del héroe mítico persa Siavosh. Sohrab Sepehri 1928-1980 Escritor y pintor contemporáneo. Sohrab Sepehri nació el 6 de octubre de 1929 en Kashán, en el seno de una familia amante de la poesía, la pintura y el arte en general. Su niñez y su juventud la pasó estudiando, cazando y tocando música. Sohrab Sepehri permaneció en su ciudad natal hasta los 15 años de edad. Este período está marcado tanto en su pintura como en su poesía por la naturaleza y las plantas. Su poema "El sonido de las pisadas del agua" está inspirado en la aldea de Chenar, situada a medio camino entre Kashán y Mashad Ardahal. Su célebre poema "Golestaneh" está inspirado en la aldea del mismo nombre cerca de Kashán. Como cuenta su hermana, Paridojt Sepehri, Sohrab, hasta los 14 años de edad vivía en un jardín cuyos árboles eran tan abundantes que contarlos no era una tarea fácil, pero que un año después marchó a vivir a una casa donde no había ni rastro de árboles. Según su hermana, en esta época empezó a leer las obras de escritores y poetas como Lamartine, E. Zola, Goethe, Cheateaubriand y V. Hugo. Un año después se marchó a Teherán donde se matriculó en una academia para profesorado. Después de terminar estos estudios regresó a Kashán donde ocupó su tiempo componiendo poesía y pintando cuadros. Poco después se marcha de nuevo a Teherán para matricularse en la Facultad de Bellas Artes, en la rama de pintura. Al igual que los demás pintores, en pintura Sohrab Sepehri estaba influido por la nueva ola y la pintura moderna, e igualmente se ocupó de la nueva poesía. Publicó su primera obra "La muerte del color" en 1951. Escribió otras obras como "La vida de los sueños", "Oriente de la tristeza"', "El sonido de los pasos del agua", "El viajero", "Todo nada, todo mirada" (traducida al español)... He aquí uno de sus poemas: No está vacía la vida existe en ella la amabilidad hay manzanas hay fe; Sí. Y mientras haya amapolas la vida hay que vivirla Sohrab Sepehri murió de leucemia en 1980. Fue enterrado en la ciudad de Mashad Ardahal. En su lápida escribieron este poema suyo a modo de epitafio: Si venís a visitarme Venid lenta y suavemente no vaya a ser que se quiebre La fina porcelana de mi soledad Ŷâmí 1414-1492 Nur al-Din Abdul Rahman b. Ahmad b. Mohammad Dashti, más conocido simplemente como Ŷâmí (Jami en su transcripción al inglés) debido a la devoción que sentía por el sheij Ahmad Ŷâmí y también por su lugar de nacimiento, Ŷâm, un pequeño pueblo de Jorasán y que actualmente se encuentra dentro de las fronteras de Afganistán. De niño aprendió las ciencias de la época y árabe con su padre. Poco después, aún siendo niño, fue a la escuela en Herat y cuando llegó a la pubertad marchó a Samarcanda, durante el reinado de Shahroj, donde permaneció varios años estudiando con los mejores y más afamados maestros de su tiempo. Ŷâmí regresó a Herat donde estudió filosofía y matemáticas e ingresó en las filas de la cofradía mística de los naqshbandíes, aún hoy en activo, a manos de su propio fundador, Baha al-Din Naqshband. En 1472 Ŷâmí realizó su peregrinación a la Meca. Murió en 1492 en Herat. En lo que se refiere a sus ideas religiosas, las opiniones son encontradas. Hay eruditos que son de la opinión de que era shií y que los poemas donde se alababan a los Califas Ortodoxos eran para encubrirse, lo que entre los shiíes es conocido como ketmân. Por otra parte, hay shiíes que afirman que en realidad era sunní. Hay una tercera opinión que afirma que era un sufí, un místico al cual todas esas controversias le eran indiferentes. Sin embargo, de la mayor parte de sus poemas se desprende que era sunní. Ŷâmí, imagen clásica del poeta con hábito de derviche. Fot. de www.poetryportal.com Entre sus obras caben destacar, "Nafahat al-Ons" que relata las biografías de varios santos sufíes; Baharestán, escrito para su hijo de 10 años, es la mejor imitación del estilo del "Golestán" de Sa'dí realizada hasta ahora; un diván o poemario con más de 8.000 versos; "Haft Owrang" (Siete tronos) más conocido como "Saba'e-ye Ŷâmí" (Los siete de Ŷâmí), un poemario en el que están incluidas, entre otras, los siguientes historias escritas en versos pareados (masnavi) muy conocidas entre los persas: Salaman y Absal (una historia parecida a la de Maŷnun y Leyla), Jerad Name-ye-Eskandar (El libro de la sabiduría de Alejandro), Maŷnun y Leyla, y Yusof y Zuleija. Ŷâmí es uno de los grandes talentos literarios de Persia. Ha sido muy propiamente llamado Jâtam al-Sho'râ (el Último de los Poetas) pues con él se termina la época dorada de la poesía persa, él es el último genio poético del Irán que versifica a la vieja usanza del estilo de Jorasán. A partir de Ŷâmí, la literatura persa entra en una etapa de anquilosamiento y oscuridad que no empezaría a ver de nuevo la luz hasta el siglo XIX. Con la muerte de Ŷâmí en una fecha tan emblemática para los europeos como 1492, Persia entra con los Safavíes, paradójicamente, en la escena de la historia como una superpotencia y a la vez en una decadencia literaria sin precedentes durante su historia islámica. Los poetas a partir de Ŷâmí son en su mayor parte malos imitadores del estilo poético del pasado, comienzan las recopilaciones, el remedar a los antiguos, pues se les tenía a éstos como paradigmas de la perfección. Mausoleo de Yami en Torbat-e-Yam, este de Irán Reyes, políticos y líderes Abu Moslem m. 754 Abu Moslem Jorasani, general y héroe persa que derrocó la dinastía Omeya y ayudó a los Abbasíes a hacerse con el poder. Nació, como su nombre indica, en la provincia de Jorasán, aunque algunos creen que ació en Isfahán y creció en Cufa. Analizando la documentación existente nos hace suponer que aunque era musulmán permanecía aún muy vinculado a sus creencias ancestrales. De todas formas, él era un persa que amaba a su tierra y a sus gentes y no podía seguir tolerando los abusos que estaban cometiendo los árabes en Persia. Abu Moslem fue el primer gran líder persa del período islámico. Su arrojo y valor, unido a su saber hacer en la guerra y en la política, le hizo ser capaz de derrocar una dinastía afianzada como la Omeya y poner en su lugar a los Abbasíes, descendientes de al-Abbas, tío carnal de Mahoma, cuya hegemonía en la mayor parte del mundo islámico se prolongaría hasta la caída de Bagdad a manos del mongol Hulagu en 1258. La vida de este líder se encuentra aún hoy oculta tras un velo y no conocemos muchos hechos y detalles, aunque, paradójicamente prácticamente todos los historiadores musulmanes lo citan. Ibn al-Taqtaqi en su historia "Al-Fajri" dice: "Sobre el linaje de Abu Moslem hay discrepancias, e indagar en ello es en vano ya que no se llegará a ninguna conclusión; unos dicen que era de linaje persa, otros que era árabe y otros que kurdo." Se cuenta también que cuando Abu Moslem se fue haciendo popular, él mismo decía pertenecer a la familia de los Abbasíes, quizás con ello pretendía abrirse camino al califato. Según otra versión, Abu Moslem sería hijo de una concubina de algún miembro de la familia Abbasí. El historiador Ibn Jallikan afirma que era persa e incluso llega a concretar que su padre, Ibrahim, era oriundo de un pueblo cercano a la ciudad de Marv. En cuanto al joven Abu Moslem, también la información que ha llegado hasta nuestros días son más bien suposiciones que hechos, algunos dicen que se dedicaba a confeccionar sillas para caballos, otros que era un mulero y otros afirman que era un esclavo. Al parecer era un "mawali" (esclavo liberto). En fin, sea de ello como fuere, lo cierto que el ambiente de Persia a mediados del siglo VIII estaba bastante caldeado. El pueblo persa se sentía oprimido por los abusos de los diferentes gobernadores omeyas y se respiraba un ambiente de descontento, sobre todo entre la masa del pueblo llano y campesina. Una de las provincias de Persia que más estaban sometidas a los abusos de los agentes omeyas era Jorasán, provincia que si bien no se resistía a ser islamizada, sí mezclaba la nueva fe con las creencias ancestrales de la región. No es de extrañar pues, que cuando Abu Moslem se levantó en rebelión contra los Omeyas, los jorasaníes hiciesen causa común y los omeyas saliesen huyendo del país o bien cayesen víctimas de las revueltas. Por otra parte, estaban los seguidores del imán Ali o shiíes, que consideraban que el califato debía estar en manos de un miembro de la familia del profeta, y, por otro lado, se encontraban los jariŷíes que no estaban ni con los shiíes ni con los omeyas ni con los abbasíes pues consideraban que el poder califal debía poseerlo aquel que fuese más recto y pío entre los musulmanes, independientemente de su raza o de su pertenencia o no a la familia del Profeta. Además, había otros grupos minoritarios, cada uno de los cuales reclamaba su derecho a nombrar un califa en concordancia con sus intereses o sus ideales. En este ambiente apareció Abu Moslem en Jorasán y allí comenzó a propagar la causa abbasí en detrimento de los Omeyas. Los Abbasíes supieron aprovechar la situación de desencanto general que había no sólo en Persia sino también en otras regiones del mundo islámico, como por ejemplo en Iraq, la Península Arábiga e incluso Siria, a pesar de ser ésta última la sede del cuartel general de los Omeyas. Los Abbasíes se presentaban a sí mismos como protectores de todos los musulmanes y proferían promesas, como la de que disminuirían los impuestos y evitarían la discriminación étnica o racial, propaganda ésta que hizo que muchos mawali y no árabes, sobre todo entre los persas, se uniesen a su causa. Los campesinos, las capas pobres de la población e incluso los terratenientes, hartos de los abusos de los Omeyas, escuchaban con agrado cualquier manifiesto que fuese subversivo contra el califato de Damasco. Hubo incluso un tal Jodash que, aprovechando las ideas comunistas de Mazdak, que aún resonaban en Persia, se puso a propagarlas consiguiendo bastantes adeptos en los pueblos y aldeas de Jorasán, pues prometía cosas como la repartición equitativa de las tierras (la tierra para quien la trabaja). Jodash tuvo un trágico final, fue perseguido por los gobernadores de Jorasán y Transoxiana, y tras ser detenido le cortaron la lengua, las manos, lo cegaron y lo asesinaron. Otro defensor de los Abbasíes fue Bakir ibn Mahan que convocó una reunión secreta con partidarios de la causa abbasí. Fue detenido y encarcelado, y en prisión conoció a un joven llamado Abu Moslem, y cuando Bakir ibn Mahan fue liberado le contó a Ibrahim Emam las cualidades de aquel joven, quedando muy interesado en conocerle; en el año 741 ya nos encontramos a Abu Moslem en las filas de Ibrahim Emam quien le ordenó matar "a todo aquel del que sospechara, a aquel cuyas acciones le hiciesen dudar y a aquel que le causara la más mínima preocupación", y que "no dejara a nadie vivo en Jorasán que hablase árabe." Cuando Abu Moslem hubo recibido aquellas órdenes, se puso en marcha hacia Jorasán y se atrincheró en el pueblo de Esfidanŷ uniéndose a él muchos de los lugareños, como los artesanos, terratenientes y campesinos, entre las que habían zoroastrianos, shiíes y sunníes. Más tarde se dirigió a Mahan y allí estableció su cuartel general. Abu Moslem no tardó mucho en verse rodeado por los descontentos, los oprimidos y todos los que se consideraban engañados. El general persa saltó definitivamente a la palestra, declaró, como hoy diríamos, la guerra al orden establecido y cuando los Omeyas se dieron cuenta de lo que ocurría en Jorasán se enfrentaron ya a los hechos consumados. Se cuenta que la adhesión a la causa de Abu Moslem se daba con tal rapidez que en cierta ocasión en un solo día más de 60 aldeas se proclamaron pro-abbasíes. Los Siyah Ŷamegan (los que se visten de negro), así llamados, según Tabari, por la indumentaria negra que llevaban como señal de luto por el martirio del Imán Ali, eran cada día más. Pronto, las poblaciones de ciudades importantes como Herat, Marv, Pushang, Taleghan, Neyshabur, Sarajs y Balj se unieron a Abu Moslem. Abu Moslem ordenó que todos sus seguidores se vistiesen de negro y que portasen estandartes también negros, y, para difundir aquella orden, envió misivas a las distintas provincias, ya focos de revuelta antiomeya. Con esta indumentaria negra mostraban su oposición al régimen omeya cuya indumentaria y estandartes eran verdes. Los Siyah Ŷamegan no tardaron en imponerse a los árabes de Jorasán, tras lo cual aquellos marcharon hacia el Iraq y en Cufa derrotaron al ejército del califa Marwan, éste huyó de Mosul hacia Egipto y allí fue muerto. Cufa fue conquistada, tomada por Abdullah al-Saffah, (el Sanguinario) así llamado porque durante su mandato tuvo que aplacar las revueltas a base de eliminar sin piedad a los subversivos. Los defensores de la causa abbasí marcharon hacia Siria, la sede del califato, la conquistaron y cayó el último bastión de los omeyas, pasando a manos de los abbasíes. Los Omeyas fueron invitados a una cena de "reconciliación" donde fueron todos pasados a cuchillo. Sólo consiguió salvarse uno, Abdul Rahman, que huyó a España y reinstauró la dinastía Omeya. Abu Moslem no participó en aquellas batallas pues permaneció en Jorasán donde alcanzó tal poder que nada ni nadie podía con él rivalizar. En el ejército del general de Jorasán había dos personajes destacados: Jalid ibn Barmak y Qahtaba ibn Habib. El primero sería poco más tarde el primer visir de la "dinastía" barmakí. El segundo había obtenido varias victorias para los Abbasíes derrotando un batallón del ejército omeya en las cercanías de Tus y poco después le entregó a Abu Moslem la ciudad de Neyshabur, tras lo cual fueron conquistadas las ciudades de Gorgán (748) y Nahavand al año siguiente, mientras Abu Moslem se hallaba ocupado en la propagación de la causa abbasí difundiéndola en ciudades de Asia Central y Sistán. En Marv la propaganda abbasí de Abu Moslem provocó la huida del gobernador omeya no presentando esta ciudad impedimento alguno para ser tomada por los Siyah Ŷamegan. En resumen, los Abbasíes tomaron el califato en el año 750. Pronto los persas y no persas se percataron de que sus promesas no estaban siendo cumplidas, que los impuestos no sólo no bajaban sino que además seguían subiendo. Las demandas de los alíes (partidarios del imán Ali) y shiíes no se veían satisfechas. Este hecho no pasó desapercibido por la población, que se sublevó, y en el 752 nos encontramos con la revuelta de los artesanos y mercaderes de Samarcanda, que fue aplastada por Abu Moslem. En el año 754 Abu Moslem era el gobernador abbasí de Jorasán. Los Abbasíes le habían dado aquel cargo porque querían tenerle lejos del centro califal. Al parecer, Abu Moslem era ahora una molestia para el nuevo califato pues les recordaba a la gente las promesas hechas por aquellos. Fue entonces cuando es de suponer que él le escribió una carta al califa en la que le pedía una bajada de los impuestos. Ese mismo año, Abu Moslem viaja a Iraq donde se encontró con el califa al-Mansur, quien, si hacemos caso del relato del autor anónimo de la "Historia de Sistán", asesinó a Abu Moslem. Abu Moslem es recordado en la memoria de los persas como un héroe nacional y de él aún se cuentan muchas historias y leyendas. Allameh Tabatabai 1842-1920 Mirza Seyyed Mohammad, más conocido con el sobrenombre de Allameh Tabatabai (el muy sabio Tabatabai, un título o apelativo muy corriente entre los ulemas shiíes de alto rango) era hijo de Seyyed Sadeq Tabatabai, uno de los clérigos más influyentes de la época de Naser al-Din Shah. Allameh Tabatabai nació en Karbala. A los dos años fue llevado a Hamadán y a los ocho sus padres marcharon a Teherán donde el niño fue educado e instruido bajo la supervisión de su padre. Después de concluir sus estudios primarios en ciencias y literatura árabe comenzó a recibir clases de jurisprudencia islámica y teología de su propio padre y de otros profesores afamados del momento. En 1881 marchó a las ciudades santas de Nayaf y Karbala y allí se afincó y conoció al célebre ayatolá Mirza Shirazi con el que permaneció completando sus estudios. Después de la muerte de su padre se trasladó a la ciudad iraquí de Samarra donde vivió diez años durante los cuales alcanzó el rango clerical de moŷtahed. Por sugerencia de Mirza Shirazi, Allameh Tabatabai regresó a Teherán donde, aunque permaneció al margen de la política, se implicó en la lucha en pro de la libertad y en contra de la tiranía y la opresión, mediante discursos y homilías en los que proponía el establecimiento de un gobierno republicano basado en la legalidad y en la justicia, ideal éste que consideraba como deber religioso su logro. En 1905, después del regreso del sha de su tercera gira por Europa, se unió a Behbahani y manifestó abiertamente su militancia política. Allameh Tabatabai hacía un llamamiento al pueblo para que no se dejara oprimir ni amilanar. Fue entonces cuando ocurrió la fuerte subida del precio del azúcar seguida del sometimiento al bastinado de uno de comerciantes de este producto por orden de Ein al-Douleh, algo que desencadenó la ira de los comerciantes a los que se unieron posteriormente los ulemas en un gesto de solidaridad,. Tabatabai y Behbahani, junto a otros clérigos de alto rango y acompañado por muchos de sus seminaristas, marcharon hacia Shah Abdul Azim (ciudad-santuario situada al sur de Teherán) y se encerraron allí, y cada día se iban uniendo más gente al grupo. Los encerrados exigían la destitución de Ein al-Douleh y la creación de un Juzgado. Mozaffar al-Din Shah quiso dispersar aquel encierro pero no tuvo éxito ninguno. Después de un mes encerrados en el santuario, decidieron salir de Shah Abdul Azim ya que el sha les había prometido que colaboraría para la obtención de sus exigencias. Al llegar a Teherán se la encontraron engalanada y fueron aclamados por las multitudes. Aparentemente, todo había vuelto a la normalidad. Ein al-Douleh había sido destituido, pero surgieron por doquier multitud de anjomans (asambleas) secretas, algunas con objetivos personales del que las creaba y otras con el fin de obtener objetivos más nobles como el ideal de la libertad. Más tarde se produjeron revueltas en la mezquita aljama de Teherán que se saldaron con varios muertos y heridos entre los seminaristas y comerciantes del bazar. Un grupo de ulemas, entre los que se contaba el propio Seyyed Mohammad Tabatabai, se marcharon a Qom y algunos comerciantes se refugiaron en la embajada británica con el permiso de ésta. La marcha de los ulemas a Qom causó una honda preocupación en la Corte. Ein al-Douleh fue depuesto y Azod al-Douleh fue llamado para que compareciese en la capital para encargarle que hiciese regresar a los religiosos. Una vez en Teherán, él y Behbahani participaron activamente en el establecimiento del I Parlamento en 1906. Tras ser bombardeado el edificio del Parlamento en 1909 por el ejército del sha, Allameh Tabatabai fue detenido, abofeteado por los soldados y llevado ante el sha con la ropa destrozada, junto a Behbahani. El sha le ordenó a Tabatabai abandonar la capital, lo cual hizo después de varios meses. Se marchó a Mashad donde fue recibido de una forma inusitada. En aquella ciudad Tabatabai reinició sus actividades políticas formando un comité regional. Rokn al-Douleh, valí de Jorasán, informó de todo esto a la capital desde donde Moshir al-Douleh mandó a Tabatabai una amenaza mediante el telégrafo. Mas el clérigo no se dejó amedrentar por ella y continuó arengando al pueblo para rebelarse contra la opresión. Cuando Mohammad Ali Shah fue expulsado del trono en 1909, Tabatabai regresó a Teherán, no sin antes participar en las celebraciones que se habían hecho en Mashad con ocasión de tal acontecimiento. A comienzos de la I Guerra Mundial, en 1914, los rusos y los ingleses marcharon hacia Persia. Tabatabai abandonó Teherán y se dirigió a Bagdad, que tuvo que también abandonar tras la caída de ésta, dirigiéndose a Estambul y regresando a Teherán en 1916, donde vivió hasta su muerte. Fue enterrado en Hazrat Abdul Azim. Amir Kabir Mirza Mohammad Taqi Jan, más conocido como Amir Kabir (Gran Emir). Es considerado por unanimidad como el mejor político de la Persia del siglo XIX. Hijo del cocinero del visir Mirza Isa Qa'em Maqam I, creció en la casa de este político donde aprendía escuchando detrás de la puerta las lecciones de los maestros particulares de los hijos del visir. De joven fue empleado como secretario por el mismo Qa'em Maqam I y más tarde pasó a formar parte de la secretaría de Qaem Maqam II donde se le tomó en gran consideración, de tal guisa que llegó a ser parte de la comitiva que viajó a Rusia. No es menester consultar fuentes rebuscadas para darse cuenta del talento político de aquel joven. El propio Qaem Maqam II hablaba en su correspondencia sobre él en los términos más elogiosos. Aquella embajada a Rusia era debida al asesinato del embajador ruso en Teherán en 1828, por el cual el gobierno persa quería pedir disculpas al zar, difícil tarea que debía ser desempeñada ante el zar por Amir Kabir, quien se desenvolvió con tal maestría que llamó la atención del mismo emperador ruso y de los cortesanos persas de la comitiva. Durante su viaje a Rusia, Amir Kabir no perdía el tiempo y se iba fijando en las instituciones culturales, militares y sociales. Llegó a la conclusión de que el futuro y el desarrollo de Persia dependía de si ésta poseía universidades y organismos militares y sociales con un orden y una programación establecida. La segunda misión que se le encomendó años más tarde al eficiente Amir Kabir fue la presidencia de la comitiva a Erzerum (en el Imperio Otomano) con el objetivo de dirimir los problemas fronterizos que tenía Persia con dicho imperio. Durante esta misión, que se alargó algo más de dos años, Amir Kabir además de conocer de cerca la problemática política de Oriente y Occidente logró solventar las divergencias fronterizas con grandes beneficios para Persia, como por ejemplo lograr para su país el que la ciudad de Mohammareh (actual Joramshahr) y las grandes extensiones de terreno de la margen izquierda de Shatt al-Arab, que el Imperio Otomano quería para sí. Al morir Mohammad Shah en 1848, el príncipe heredero Naser al-Din Mirza ni siquiera tenía dinero para los gastos del viaje para él y su séquito desde Tabriz a Teherán para ser coronado allí. Amir Kabir pudo conseguir la suma necesaria poniendo su aval y garantía personales, y de esta manera pudo llevar al príncipe heredero a la capital. Mas ocurría que tanto los cortesanos como Mahd-e-'Olia, la madre del nuevo rey, estaban enconados contra Amir Kabir, mientras que Naser al-Din cada día le subía más de categoría y le encomendaba las tareas más comprometidas, hasta que, el joven rey de 16 años le nombró visir y obtuvo el sobrenombre de Amir Kabir por el que es conocido entre los historiadores. No cabe duda alguna, y todos los historiadores están de acuerdo, en que el visirato de Amir Kabir fue, con mucha diferencia, el mejor que hubo durante la época Qayar, sobre todo si lo comparamos con el ministerio ejercido por otros, en especial, con el anterior, Mirza Aghasi, que llevó al país al borde de la bancarrota y con cuyos expolios y robos se ganó la inquina del pueblo, del que tuvo que huir a la muerte de su protector real en 1848. Amir Kabir tuvo que emplearse a fondo para arreglar los desmanes de Mirza Aghasi. Primero se dispuso a afianzar la paz interna aplastando la insurrección de Salar, apoyada por los extranjeros como los rusos y los ingleses. Tras acabar con Salar, apaciguó Fars y Baluchistán, y allí donde preponderaba la presencia tribal construyó acuartelamientos con el objetivo de controlar la región con mano dura militar. Durante su visirato, los turcomanos del nordeste, que hacían constantes razzias y pillajes en la zona contra la población persa, detuvieron casi por completo sus actividades bandoleras. En las cartas que Amir Kabir escribía a los militares y políticos de Rusia y Gran Bretaña, o en las respuestas que daba, se veía la valentía, la audacia y el patriotismo de este ministro. Son innumerables las cosas beneficiosas que hizo por el país. Además de lo anteriormente dicho, organizó el ejército al estilo europeo, donde impuso el uniforme, levantó fábricas de armamento que llegaban a fabricar hasta 1000 fusiles diarios, reformó la Justicia, impidió los abusos de muchos gobernadores, se instituyó Correos, se fundó Dar al-Fonun (el Instituto Politécnico donde se impartía clases al estilo europeo), ayudó a la difusión de las nuevas ciencias mediante la traducción al persa de obras occidentales y la contratación de profesores europeos, editó los primeros periódicos en el país, simplificó la recargada correspondencia oficial quitándole todo aquel aparato ceremonioso cuyos saludos ocupaban hasta una página, construyó hospitales, generalizó la vacunación contra la viruela, reformó muchos monumentos históricos, luchó contra la corrupción en la Administración, reforzó los cimientos de la economía, difundió la nueva industria y envió artesanos a Rusia para aprender las nuevas técnicas, explotó nuevas minas, desarrolló el riego y la agricultura, impulsó el comercio interior y exterior, reformó Hacienda y el Presupuesto estatal. Ni que decir tiene que la realización de todos estos logros necesitaba la toma de drásticas medidas que le causó muchos enemigos, ya sea porque se vieran perjudicados personalmente o simplemente por envidia ya que el nombre de Amir Kabir resonaba en Persia como benefactor del pueblo y allí donde se hacía o construía algo de interés público, era atribuido a Amir Kabir, fuese o no él el artífice. El presupuesto del estado, arruinado por Mirza Aghasi, fue recuperándose y Amir Kabir para ello se atrevió a tomar medidas tales como la rebaja del sueldo del rey. No permitía que el soberano se mostrase tan generoso y cuando le llegaba a sus manos una libranza de éste, le escribía una nota en la que le advertía que el pago de la misma se haría cogiendo el dinero del presupuesto militar. En definitiva, Amir Kabir consiguió limitar el derroche de la corte para de esta manera aumentar el tesoro del estado, que invertía en todas las reformas arriba mencionadas. Para realizar todo esto también tuvo que echar a los corruptos e ineptos de la Administración y contratar a personal intachable. Amir Kabir tuvo un trágico final. Sus drásticas y revolucionarias medidas, su enemistad con la madre del rey, que le provocó la aparición de encarnizados enemigos, muchos de ellos allegados a la Corte, se confabularon contra él difundiendo calumnias ante Naser al-Din Shah, éste le destituyó y ordenó que se le diese muerte. Fue muerto en 1851 a manos de su verdugo, en un baño de Fin, cerca de Kashán, y cuando su esposa, la propia hermana del rey, se enteró de lo ocurrido, ya no pudo hacer nada por su marido. El ayatolá Seyyed Ali Jamenei El actual líder de la República Islámica de Irán, el ayatolá Seyyed Ali Jamenei, hijo del Hoŷŷat al-Eslam Haŷ Seyyed Ŷavad Huseini Jamenei, nació el 14 de julio de 1939 en la ciudad de Mashad y era el segundo hijo de la familia. Seyyed Ali Jamenei, al igual que la mayoría de los seminaristas y religiosos, llevaba una vida muy sencilla. Tanto su esposa como sus hijos han aprendido de él el significado de la austeridad. El gran líder de la revolución hablaba en cierta ocasión de los primeros recuerdos de su vida: "Mi padre era un clérigo muy conocido, pero llevaba una vida ascética y de retiro... llevábamos una vida muy dura. Recuerdo que hubo noches que no teníamos cena en casa. Mi madre se tomaba grandes molestias para preparárnosla... y ésta consistía en pan y pasas." En cuanto al hogar familiar paterno del ayatolá Seyyed Ali Jamenei, éste hace la siguiente descripción de él: "La casa de mi padre, en la cual nací y en la que viví hasta los cuatro o cinco años, tenía entre 60 y 70 metros cuadrados. Estaba ubicada en el barrio pobre de Mashad, tenía una única habitación y un sótano oscuro y asfixiante. Cuando mi padre tenía invitados (algo muy habitual debido a que era un clérigo al que recurrían) todos nosotros teníamos que irnos al sótano hasta que los invitados se marchaban. Más tarde, unas personas que sentían devoción por mi padre, compraron un pequeño terreno al lado que agregaron a la casa, y así pudimos tener tres habitaciones." En este ambiente pobre pero piadoso pasó su infancia y fue educado el ayatolá Seyyed Ali Jamenei. A los cuatro años ingresó en una madrasa junto a su hermano mayor Seyyed Mohammad donde aprendería a leer y escribir y recibiría clases del Corán. Luego, los dos hermanos cursarían sus estudios primarios en la recién fundada madrasa llamada Dar al-Ta'lim-e-Dianati. El ayatolá Seyyed Ali Jamenei, tras estudiar el Bachillerato ingresó en un seminario y estudió con su padre y otros maestros. Sobre lo que le empujó a ingresar en el seminario y optar por la carrera religiosa, nos dice lo siguiente: "El factor y motivo principal en la elección de esta senda luminosa y espiritual fue mi padre, mi madre también tenía en ello mucho interés y me animó mucho." Durante sus estudios en el seminario, su propio padre supervisaba sus lecciones y la de sus otros hijos, y también su padre era el maestro de algunas asignaturas, como por ejemplo "principios básicos e introducción a la jurisprudencia." Durante los cinco años y medio que estuvo en el seminario llegó a ser un alumno brillante y destacado. Su padre jugó un importante papel en los grandes progresos de su joven hijo. El ayatolá Seyyed Ali Jamenei parte en viaje de peregrinación a Najaf en 1957 donde intenta quedarse a proseguir sus estudios en los seminarios de aquella ciudad santa. Pero su padre no se lo permitió y tuvo que regresar a Irán. Entre los años 1958 y 1964, el ayatolá Seyyed Ali Jamenei estuvo estudiando en un seminario de Qom. Allí completó sus estudios superiores de jurisprudencia islámica y filosofía, con los más afamados maestros del momento como el ayatolá Borujerdi, el Imán Jomeini, y los ayatolás Haeri Yazdi y Allameh Tabatabai. En 1964 se entera de que su padre se ha quedado ciego de un ojo debido a unas cataratas. El ayatolá Seyyed Ali Jamenei le entristece la noticia y duda en seguir estudiando en Qom o regresar a Mashad para cuidar de su padre. Finalmente decide marchar a Mashad. El ayatolá Seyyed Ali Jamenei en esta bifurcación de su vida tomó el camino correcto. Muchos de sus maestros y compañeros se lamentaban de su marcha de Qom argumentando de que si permaneciese en la ciudad santa continuando sus estudios seminaristas llegaría a ser esto o lo otro. Pero el futuro ha demostrado que su elección fue la correcta ya que la mano del destino divina le tenía preparado un porvenir diferente, mejor y más sublime que el que los demás esperaban de él. ¿Se le había ocurrido a alguien pensar en que aquel joven seminarista de 25 años, que ahora se marchaba a Mashad para ayudar a sus padres, llegaría a ser 25 años más tarde el Gran Líder de los musulmanes? No obstante, una vez en Mashad el ayatolá Seyyed Ali Jamenei no dejó de estudiar. Continuó con sus estudios, solamente interrumpido en los días festivos, o bien cuando se encontraba luchando o en los días en los que estuvo encarcelado. Así pues, en 1964 de nuevo nos lo encontramos en Mashad donde además de estudiar se dedicaba a la enseñanza de seminaristas más jóvenes. Su militancia política Fue el mártir Seyyed Moŷtaba Navvab Safavi la primera persona que encendió en él la chispa de la revolución y de la lucha. Cuando aquel fue a Mashad en 1952 a la madrasa de Soleyman Jan dio un discurso acerca del resurgimiento del Islam, la vigencia de las leyes divinas y las mentiras del sha y de los ingleses. El ayatolá Jamenei en aquellos días no era más que un seminarista muy joven pero se quedó muy impresionado al escuchar aquel discurso, y, según sus propias palabras: "En aquel instante, mediante las palabras de Navvab, surgieron en mi chispa de la revolución islámica y no tengo la menor duda de que el primer fuego fue encendido por el difunto Navvab." En cuanto a la parte de su vida que está relacionada con el Imán Jomeini, decir que cuando el ayatolá Jamenei se encontraba en 1962 en Qom y aquel estaba manifestándose y protestando en contra de la política antiislámica del sha y de los Estados Unidos, fue cuando el ayatolá Jamenei entró en la escena de la lucha política en la que permaneció 16 años de su vida, a pesar de sus muchos altibajos, encarcelamientos, torturas y destierros, peligros éstos que nunca le hicieron zozobrar. La primera vez que lo vemos con el Imán Jomeini fue en 1963, cuando éste le encarga llevar el programa de propaganda que tenían que seguir los religiosos para el mes de moharram a los ulemas de Jorasán. Este programa también contenía unas directrices de lucha en contra de la política americanizadora del sha y para contrarrestar los últimos acontecimientos de Qom. Tras llevar el mensaje con los programas, él mismo marchó hacia Birjand para hacer llegar el mensaje del Imán y fue entonces cuando el 1 de junio de 1963 fue arrestado por vez primera. Durmió una noche en el calabozo y lo liberaron al día siguiente con la condición de que no fuera a los púlpitos y de que permanecería vigilado. Después de los sucesos sangrientos del 4 de junio, el ayatolá Jamenei fue trasladado a Mashad y allí entregado a una prisión militar donde permaneció diez días y fue sometido a crueles torturas. En enero de 1964 (mes de ramadán) se puso en marcha a Kermán junto a otros compañeros donde siguieron un programa muy bien definido. Después de dos o tres días de permanencia entrevistándose con los ulemas y las autoridades religiosas de la ciudad y de pronunciar varios sermones en los púlpitos de sus mezquitas, se pusieron en marcha hacia Zahedán. Allí fueron muy bien recibidos y escuchados sus ardorosos y denunciadores discursos, especialmente los pronunciados el 25 de enero (aniversario del fraudulento referéndum del sha). En pleno mes del ayuno y el día que se celebraba el nacimiento del Imán Hasan, la pasión, la claridad y la valentía derrochada en sus sermones y homilías revolucionarias en contra del régimen de los Pahlevi llegaron a su auge, y, llegada la noche, la SAVAK le detuvo y fue trasladado a Teherán en avión. Dos meses permaneció el líder en confinamiento aislado en la cárcel del Qezel Qal'e, donde además soportó toda suerte de insultos y torturas. Tras ser liberado, las clases que impartía en Mashad y Teherán sobre hadices, pensamiento y exégesis islámicas eran escuchadas con ardor por los jóvenes y revolucionarios seminaristas. Estas actividades provocaron la ira de la SAVAK y empezaron a perseguirlo. Es por ello que en 1966 el líder llevaba una vida oculta en Teherán, aunque ello no impidió que en 1967 fuese detenido y encarcelado por tercera vez. Más tarde fue de nuevo liberado pero el ayatolá Jamenei siguió con sus actividades revolucionarias, y en 1970 fue detenido por cuarta vez por la misma SAVAK infernal de los Pahlavi. De nuevo fue liberado pero no tardó en ser detenido. Sobre esta quinta detención él mismo cuenta: “Desde 1969 en Irán el terreno para la lucha armada era palpable. El aparato del régimen anterior tenía pistas de que todo aquello no podía no estar relacionado con alguien como yo y por ello aumentó su obsesión e intensificaron sus actividades contra mi. En 1971 fui encarcelado por quinta vez. Las violentas irrupciones de la SAVAK en la cárcel demostraban a las claras que el régimen tenía miedo de que aquellas corrientes de lucha armada se unieran a los focos de pensamiento islámico. Ellos no podían aceptar que mis actividades intelectuales y propagandísticas en Mashad y Teherán estuviesen al margen y fuese ajenas a aquellas corrientes. Tras la liberación, las clases generales de exégesis y las clases clandestinas de ideología etc., fueron aún más ampliadas.' En fin, estas clases a las que se refería el ayatolá Jamenei continuaron entre los años 1971 y 1975 en tres mezquitas de Mashad y a ellas asistían miles de personas, especialmente jóvenes intelectuales y seminaristas revolucionarios que se iban familiarizando con el pensamiento genuino islámico. Estos jóvenes, que aprendían de él a cómo luchar y permanecer en la brecha revolucionaria, marchaban a su vez a otras ciudades del país para difundir e infundir en las mentes aquel mensaje y aquella luminosa verdad y así preparar el terreno para la gran Revolución Islámica que se avecinaba. Así, en enero de 1975, la SAVAK volvió a irrumpir en casa del ayatolá Jamenei en Mashad, lo detuvieron y confiscaron muchos de sus escritos. Esta sexta detención fue la más dura pues permaneció confinado hasta otoño. Fue encerrado en una celda en las peores condiciones, y, según sus palabras, aquella situación, "sólo la pueden entender aquellas personas que la han presenciado." Tras ser liberado regresó a Mashad y continuó con su mismo programa de actividades revolucionarias que alternaba con sus estudios e investigaciones, aunque ya no pudo continuar con sus clases clandestinas. En marzo de 1978 el régimen criminal de los Pahlavi arrestó de nuevo al ayatolá Jamenei y lo deportó a la lejana ciudad de Iranshahr. En otoño de ese mismo año, a raíz del alza y la intensificación de los movimientos populares e islámicos en contra del régimen, fue liberado de su exilio y pudo regresar a Mashad para situarse en primera fila de los contendientes contra el régimen sangriento de los Pahlavi, y, después de luchar valientemente durante 15 años en el camino de Dios, de soportar todas aquellas calamidades y amarguras, pudo por fin saborear el dulce fruto de todas aquellas penurias, es decir, la gloriosa victoria de la Revolución Islámica y la humillante caída del vil y cruel régimen de los Pahlavi, y el establecimiento en Irán de un gobierno regido por los principios del Islam. En los albores del regreso del Imán Jomeini de París, éste ordenó formar el Comité de la Revolución Islámica en el que participarían otras personalidades de la época como el los ayatolás Mottahari, Beheshti, y Hashemi Rafsanyani, y también el Imán nombró miembro al ayatolá Jamenei. Tras la victoria de la revolución, el ayatolá Jamenei no dejó de trabajar con fervor en sus ideales y en el logro de los objetivos de la revolución islámica que estaba en sus comienzos y que él contribuyó con las siguientes actividades: Febrero de 1979. Fundación del Partido de la República Islámica, con la colaboración de otros clérigos como los mártires Beheshti, Bahonar, el expresidente Hashemi Rafsanyani etc. 1979. Viceministro de Defensa. Jefe de los Guardias de la Revolución (Pasdaran). Imán del Viernes de Teherán. 1980. Delegado del Imán Jomeini en el Consejo Superior de Defensa. Diputado por Teherán en el Parlamento. Presencia activa ataviado con uniforme militar en el frente de guerra contra el régimen de Saddam Huseyn, apoyado por las potencias satánicas de Estados Unidos y la antigua Unión Soviética. 1981. Sale ileso de un atentado perpetrado contra él en la mezquita de Abuzar de Teherán. En otoño de este mismo año, tras la muerte en atentado terrorista del presidente Rajai, es elegido el ayatolá Jamenei presidente del gobierno, con 16 millones de votos a su favor y el beneplácito del Imán. En 1985 fue reelegido y permaneció como presidente hasta 1989. 1981. Presidente del Consejo de la Revolución Cultural. 1987. Presidente del Consejo de Conveniencia del Sistema. 1989. Presidente del Consejo de Revisión de la Constitución. 1989. Tras la muerte del Imán Jomeini, es elegido gran Líder de la Revolución Islámica por la Asamblea de Expertos. El ayatolá Jamenei es también autor de numerosas obras como por ejemplo, "Generalidades del pensamiento islámico en el Corán" , "Desde las profundidades de la oración", "Valiato", "Biografía de los Imanes del shiísmo", "Unidad y partidismo", "El arte bajo el punto de vista del ayatolá Jamenei", "La religión bien entendida", "El elemento de lucha en la vida de los Imanes, sobre ellos sea la paz", "El espíritu de la Unidad, la negación de la adoración excepto a Dios", "La necesidad de volver al Corán", "El ataque cultural (recopilado de sus propios discursos)". El ayatolá Mottahari El ayatolá Mottahari nació el 1 de febrero de 1920 en Farimán, a 75 kms. de Mashad, en el seno de una familia clerical. A los doce años, después de completar sus estudios primarios en una madrasa, marchó a Mashad para ingresar en su seminario donde aprendió los principios del Corán y de la teología islámica. En 1937, a pesar de la intransigencia de Reza Shah contra los clérigos y de la oposición de sus familiares y amigos, el ayatolá Mottahari se marcha a Qom para completar sus estudios de teología. El ayatolá Haeri Yazdi, maestro del Imán Jomeini y director del seminario de Qom, había muerto recientemente a su llegada aquella ciudad santa. Durante sus quince años de estancia en Qom, el ayatolá Mottahari, tuvo como maestros a los ayatolás Borujerdi, Jomeini y Allameh Tabatabai. El Imán Jomeini le dio clases durante doce años de irfan (mística islámica), ética y filosofía de Mollah Sadra. Con el ayatolá Borujerdi ya estudiaba antes de la partida de éste a Qom pues el ayatolá Mottahari iba en ocasiones a Borujerd para recibir allí sus lecciones. Durante su residencia en Qom como estudiante de teología, además de estudiar los estudios típicos de todo seminarista, estudió también sociología y política y estaba en contacto con el grupo de los Fidaíes del Islam. En 1952, siendo ya allí un reputado maestro y una de las esperanzas del seminario, marcha a Teherán donde impartirá clases en una madrasa y comenzará su carrera como prolífico autor de libros y conferenciante. En 1955 comienza a trabajar como profesor en la Facultad de Teología y Ciencias Islámicas de la Universidad de Teherán. Durante los años 1958 y 1959 fue uno de los conferenciantes más importantes de la Sociedad Islámica de Médicos y entre los años 1961 y 1971 llegó a ser el conferenciante más importante de dicha sociedad. Durante el levantamiento del 4 de junio de 1963 desempeñó una gran labor junto al Imán Jomeini en la coordinación de las manifestaciones. Ese mismo día por la noche, después de pronunciar un discurso contra el sha, es detenido e ingresa en prisión preventiva junto a otros clérigos de Teherán. Después de la marcha de los clérigos a Teherán y debido a la presión popular, es liberado después de 43 días junto a los otros compañeros de prisión. Tras la formación del grupo de Coalición Islámica, el ayatolá Mottahari es nombrado responsable, junto a otros clérigos, para su gestión y organización. Tras la muerte en atentado de Huseyn Ali Mansur, primer ministro de entonces, la cúpula dirigente de este grupo fue reconocida y sus miembros detenidos, entre los que se contaba el ayatolá Mottahari. Sin embargo, debido a que el juez que llevaba el caso había estudiado durante un tiempo en Qom con el ayatolá Mottahari como maestro, le envió un mensaje a éste diciéndole que "he cumplido con mi deber como alumno", por lo que el maestro se vio libre. Durante todo este tiempo alternaba sus actividades combativas contra el régimen pahlavi con la redacción de obras de interés social, dando conferencias en las universidades, sociedades islámicas y sermones y homilías en diversas mezquitas de Teherán. Se puede decir que el ayatolá Mottahari creía en una lucha islámica, no en cualquier lucha islámica. Para islamizar los movimientos hizo muchos esfuerzos ideológicos y se opuso tenazmente a todo lo que consideraba un desvío de los ideales islámicos. Para ello, fue el principal fundador de la Institución de Orientación Huseyniyeh. Sin embargo, después de un tiempo dimitió en 1970 debido al comportamiento individualista de uno de los miembros de la directiva, que no consultaba nada y que impedía la puesta en marcha de los planes del ayatolá Mottahari. Un año antes, el ayatolá Mottahari fue detenido junto a otros clérigos por haber emitido un comunicado conjunto para la recaudación de fondos para los refugiados palestinos, también anunciado mediante una conferencia pronunciada en la Institución de Orientación Huseyniyeh. Durante un breve periodo de tiempo fue encarcelado en régimen de aislamiento. Desde 1970 a 1972 era el encargado de supervisar el programa de propaganda de la mezquita de Ŷavad y era él mismo el principal orador de la misma, hasta que la mezquita fue clausurada, al mismo tiempo que la Institución de Orientación Huseyniyeh, y de nuevo, detenido un tiempo. Tras ser liberado continuó pronunciando sermones y discursos en las mezquitas de Ŷavid, y Arg, hasta que la primera también fue clausurada. En 1974 se le prohibió subir a los púlpitos, prohibición que estuvo vigente hasta la victoria de la Revolución Islámica. No obstante lo dicho, los servicios más importantes prestados por el ayatolá Mottahari durante su fructífera vida fue el haber presentado y mostrado una ideología genuinamente islámica mediante sus clases, sus conferencias y la redacción de obras. Este hecho cobra mayor importancia por cuanto entre los años 1972 y 1978 surgen en Irán numerosos grupos izquierdistas, incluidos musulmanes de izquierda, que es cuando más se hace patente y llega a su auge el fenómeno de la mezcolanza ideológica. Además del Imán Jomeini, el ayatolá Mottahari fue la primera personalidad que se percató del peligro que suponía aquella organización llamada los Combatientes del Pueblo (Moŷahedin-e-Jalq) y previno a los demás de colaborar con ellos. Llegó incluso a predecir la metamorfosis ideológica que sufriría este grupo poco después. Por recomendación del Imán Jomeini, el ayatolá Mottahari asistía dos veces a la semana al seminario de Qom para impartir clases. En 1976, debido a una discusión con un profesor comunista que tuvo, paradójicamente, en la Facultad de Teología, fue jubilado antes de tiempo. Durante estos años, el ayatolá Mottahari funda con otros la Sociedad de Clérigos Combatientes de Teherán, con la esperanza de que los clérigos de otras ciudades siguiesen sus pasos. Aunque el ayatolá Mottahari mantenía correspondencia con el Imán Jomeini tras el exilio de éste, en 1976 decidió hacerle una visita en Nayaf donde pudo departir y consultar con el Imán algunas cuestiones del levantamiento que se estaba fraguando en contra del régimen del sha. Después del martirio del hijo del Imán Jomeini, el ayatolá Seyyed Mostafa Jomeini, en 1977, el ayatolá Mottahari ya empleaba su tiempo completamente en los levantamientos, en los que jugó un papel crucial en todas sus etapas. Durante la estancia del Imán Jomeini en París, el ayatolá Mottahari hizo un viaje a Francia donde habló con el Imán sobre las cuestiones fundamentales de la revolución y fue durante esta visita cuando el Imán le nombró responsable de la creación del Consejo de la Revolución Islámica. Durante el regreso del Imán a Irán, se hace personalmente responsable del Comité de Bienvenida al Imán, y hasta la victoria de la Revolución y después de ésta permanece junto al Imán Jomeini como su consejero y hombre de confianza, hasta que el 30 de abril de 1979, a la salida de una reunión y en la oscuridad de la noche, cayó mártir con una bala en la cabeza disparada por el grupo ignorante y criminal de Forghan. El pueblo musulmán, que había puesto muchas esperanzas en aquel gran hombre, se vistió de luto. Abdullah Behbahani 1844-1910 El padre de Abdullah Behbahani, Seyyed Ismail, era un afamado moŷtahed. Cuando regresó a Teherán de su peregrinación de Karbala, fue bien recibido por el rey de entonces Mohammad Shah, el príncipe heredero, Naser al-Din, y por el pueblo. El primogénito de este clérigo era Abdullah Behbahani, que sería uno de los protagonistas de la Revolución Constitucional de Persia. Tras terminar sus estudios elementales de teología, Abdullah Behbahani marchó a Nayaf donde continuó sus estudios de teología con los más afamados clérigos shiíes del momento. Tras obtener el rango de eŷtehad en el año 1878, regresó a Teherán, y, al haber muerto su padre, ocupó el lugar de su progenitor, donde ganó popularidad gracias a sus dotes en el manejo de la palabra y a su brillante inteligencia. Ocurrió que en Teherán se formó un tumulto debido a la deportación y ofensa de la que fueron objeto unos estudiantes de teología, muchos de los cuales fueron detenidos, por lo que Behbahani le pidió a Ein al-Douleh que los soltara, a lo que éste respondió que él no tenía derecho a interferir en los asuntos del gobierno, actitud la cual le valió la enemistad del pueblo y de los ulemas. El tumulto fue debido a que llegó a las manos de Behbahani una fotografía en la que el belga encargado de la Aduana de Irán estaba vestido de clérigo, lo cual fue interpretado como una mofa por los seminaristas, que formaron una revuelta que se saldó con la detención de 13 seminaristas a los que encadenaron y deportaron a Ardabil. Tras el regreso de Europa del sha y de Ein al-Douleh, Behbahani y el ayatolá Seyyed Mohammad Tabatabai mostraron públicamente su oposición al Gobierno y exigió la formación del Juzgado y la destitución de Ein al-Douleh. Otros oradores como Sheij alRais Qajar y Vaez Isfahani se subieron a los púlpitos para declamar sobre la libertad y la justicia y encaminar el pensamiento popular hacia la lucha contra el Estado. Muchos de los opositores al régimen establecido ayudaron económica y moralmente a Behbahani y a Tabatabai. El gobierno británico, por su parte, en defensa de sus intereses, lo que hacía era apoyar y ayudar al gobierno persa. La subida del precio del azúcar seguida del sometimiento al bastinado de uno de comerciantes de este producto, por orden de Ein al-Douleh, desencadenó la ira de los comerciantes a los que se unieron posteriormente los ulemas en un gesto de solidaridad. Behbahani y Tabatabai, junto a otros clérigos de alto rango, acompañado por muchos de sus seminaristas, marcharon hacia Shah Abdul Azim (ciudad-santuario situada al sur de Teherán) y se encerraron allí, y cada día se iban uniendo más gente al grupo. Los encerrados exigían la destitución de Ala al-Douleh, del belga agente de Aduanas que se había disfrazado de clérigo y la creación de un Juzgado. Mozaffar al-Din Shah quiso dispersar aquel encierro pero no tuvo éxito ninguno. Después de un mes encerrados en el santuario, decidieron salir de Shah Abdul Azim ya que el sha les había prometido que colaboraría para la obtención de sus exigencias. Al llegar a Teherán se la encontraron engalanada y fueron aclamados por las multitudes. Aparentemente todo había vuelto a la normalidad. Ala al-Douleh había sido destituido, pero surgieron por doquier multitud de anjomans (asambleas) secretas, algunas con objetivos personales del que las creaba y otras con el fin más noble de obtener la libertad. Tras la elección de los miembros del Parlamento y la formación de este, Abdullah Behbahani ingresó en el Parlamento y tal fue el poder que llegó a adquirir que muchos de los asuntos de Estado se dirimían en su propia casa y se le llegó a poner el apelativo de “Shah Abdullah”. La mayor parte de los diputados del Parlamento estaban bajo su influencia y la oposición o acuerdo de Behbahani con algún asunto era determinante para hacerlo llegar a buen puerto o no. Este Parlamento consiguió frenar la deuda externa, hacer un programa para la Banca Nacional y equilibró el presupuesto del Estado. Pero, con la oposición del sha al Parlamento y tras el asesinato de uno de los diputados y las divergencias internas que ya había, agravado por el saqueo que se produjo en las tiendas de los comerciantes a manos de los soldados y agentes del sha, hicieron que Tabatabai y Behbahani telegrafiaran al resto de las ciudades del país para que el pueblo se levantase contra el despotismo. El Parlamento y las Asambleas se dispusieron a entrenar una Guardia Nacional y a instruir a los jóvenes en la milicia. Fue entonces cuando Mohammad Ali Shah ordenó bombardear el edificio del Parlamento. Behbahani y Tabatabai fueron detenidos, abofeteados y deportados a Kermanshah con las ropas hechas jirones por orden del sha. En Kermanshah permanecieron ocho meses detenidos bajo custodia militar, tras los cuales, el Gobierno mandó liberar a Behbahani, que fue aclamado por la gente. Tras aquello, Abdullah Behbahani marchó a Najaf y Karbalá donde también fue bien recibido por los ulemas, y, cuando Teherán fue conquistada por los liberales, Behbahani regresó a la capital donde fue calurosamente acogido por los dirigentes nacionales. En el II Parlamento, Behbahani se enclaustró en su casa y desde ella realizaba muchas de sus tareas como diputado. Los miembros moderados le apoyaban pero los radicales estaban en su contra ya que la influencia de Behbahani impedía que llevasen a cabo muchas empresas que redundaban en su beneficio, así que planearon asesinarle. Un grupo de encapuchados entraron en su casa y le dispararon a bocajarro causándole la muerte. Su cuerpo fue llevado a la ciudad santa de Nayaf donde fue enterrado. Ciro el Grande Gran rey de Persia, fundador de la dinastía Aqueménida. Hijo del noble persa Cambises y de la princesa meda Mandana. Nació aproximadamente en el 590 a.C. Casi todos los detalles de la vida de este rey han llegado a nuestros días a través de Herodoto, que en general es la principal fuente para estudiar la historia los Medos y principios de los Aqueménidas. Herodoto nos cuenta que el abuelo materno de Ciro era el rey medo Astiages (al que derrotaría años más tarde). Cuenta que éste tuvo un sueño en el que veía claramente que el hijo que había nacido de su hija Mandana le iba un día a arrebatar el poder. Interpretándolo como una profecía, decidió curarse en salud y no dar en matrimonio a su hija a ninguna personalidad influyente entre la tribu de los magos. Finalmente, decidió desposarla con uno de la tribu persa llamado Cambises, muy inferior en rango y cuyo vástago no tendría posibilidades de rivalizar en el trono. Pero ello no impidió que los sueños siguieran hostigando al anciano monarca y éste volvió a soñar con su hija, de cuyo vientre crecía una parra que cubría y hacía sombra sobre toda Asia. Los magos interpretaron el sueño advirtiéndole que era una profecía de lo que se le venía encima. Astiages puso una guardia a su hija, ya en avanzado estado de gestación, para acabar con aquel retoño en cuanto naciese. Una vez nacido el niño, le encargó la tarea a uno de sus fieles ministros, Harpago. Éste le prometió al rey que así se haría. Mas ocurrió que Harpago, conmovido por aquel infanticidio que estaba a punto de cometer, decidió echarse atrás y le entregó el bebé a unos pastores, siervos del mismo rey medo. Harpago mintió al pastor diciéndole que el rey le encargaba abandonar el niño en un paraje desierto para que allí pereciera. Harpago amenazó al pobre pastor a quien dijo que debía asegurarse de la muerte del niño, que si así no lo hacía, él mismo se encargaría de someterlo a los más horribles suplicios. Uno de los criados de Harpago le informó de la identidad de la criatura, de la que ya algo sospechaba el pastor debido a la rica indumentaria con la que estaba el niño cubierto. Al llegar el pastor a su casa, le puso a su mujer al corriente de todo lo acontecido. Harpago cometió un grave error. Quiso el destino que la mujer del pastor, llamada Spacos, hubiese parido un niño muerto ese mismo día. La mujer no tardó mucho en ocurrírsele dar el cambiazo y entregar el cadáver de su hijo como prueba de haber cumplido su marido aquel terrible cometido. El marido accedió a aquella idea que además no le pareció nada mala. Colocaron al niño muerto en la canastilla donde se encontraba Ciro y lo abandonó en medio del monte. A los tres días, los guardias al mando de Harpago marcharon donde se encontraba el cadáver, por indicación del propio pastor, y enterraron el infante. Tumba de Ciro el Grande en Pasargadas, provincia de Fars. En fin, Ciro fue criado por Spacos mientras su abuelo y Harpago le creían muerto. Herodoto nos sigue contando que no obstante, a los diez años la identidad del niño fue descubierta por el rey Astiages, a cuya justicia habían recurrido por haber azotado Ciro a un niño con el que jugaba a reyes y pajes, donde Ciro hacía las veces de rey. Cuando Ciro fue llevado ante Astiages, éste se fijó en sus ademanes y en que sus facciones se le parecían. Sospechando de aquel insólito parecido, mandó llamar a su supuesto padre a quien interrogó sobre la identidad del niño. El pastor le dijo que era su propio hijo, pero, cuando el rey amenazó con someterlo al tormento de no decir la verdad, el pastor lo confesó todo. Astiages no le tuvo en cuenta aquello a él y descargó su ira contra Harpago a quien hizo llamar. Éste, al ver allí al pastor no dudó en confesarlo todo, intentando ganarse alguna concesión mediante la confesión de la verdad. El rey mostró incluso agradecimiento, hizo como que se alegraba que su nieto hubiese sobrevivido y se hubiese evitado aquel ultraje a su hija, ya que al fin y al cabo aquella orden la había dado sin pensar en lo que hacía. Harpago salió de palacio muy contento por haber escapado con tanta suerte de aquel atolladero. La venganza por desobediencia que tramaba Astiages en contra de Harpago fue terrible. Éste fue invitado aquella misma noche a un banquete de agradecimiento a los dioses donde se le sirvió la carne de su propio hijo. Cuando el rey le preguntó si estaba satisfecho del yantar y Harpago respondió afirmativamente, los criados descubrieron la tapa de una bandeja donde se habían colocado las manos, los pies y la cabeza de su hijo. Harpago mantuvo la entereza pese a la escena, dándose cuenta en seguida de que el rey no había sido indiferente a su desobediencia. Astiages consultó a los mismos magos que le interpretaron 10 años antes su sueño, sobre las medidas que tenía que tomar ante la nueva situación. Éstos le contestaron que tenía que dejarlo vivir, y le dijeron que si ya había reinado una vez (en referencia al juego con los otros muchachos) que quedara tranquilo que ya no podía volver a reinar pues aquel sueño lo que probablemente profetizaba era que el hijo de Mandana sería rey, pero rey en el juego. Herodoto sigue contando que Ciro fue devuelto a sus padres legítimos, Cambises y Mandana, que no dejaban de abrazarle pues le creían muerto hacía diez años. Los años pasaron y Ciro llegó a la mayoría de edad. Mientras tanto, Harpago iba tramando planes para vengarse de la venganza de Astiages, desacreditando al viejo rey e inculcando en la mente de los cortesanos la conveniencia de deponerlo y nombrar a su nieto Ciro en su lugar. Harpago le escribió una carta secretamente a Ciro donde le incitaba a la rebelión contra su fracasado "verdugo" pues si se hallaba con vida ello se debía a la voluntad de los dioses. A Ciro no le disgustó la idea de hacerse con el trono, la cuestión era cómo incitar a los persas en contra de los medos. Para ello, se le ocurrió la feliz idea de convocar a éstos a una junta con una carta falsa donde Astiages le nombraba general de los persas. Así se hizo del poder, aunque Herodoto nos adorna la historia con numerosos detalles, y que si bien algunos de ellos son superfluos hace que el relato se pueda leer como una novela de aventuras. Resumiendo, Astiages, enterado de lo que estaba haciendo su nieto le advirtió de las consecuencias por medio de un mensajero. Ciro le respondió que no se preocupase, y "que pronto le haría una visita". Astiages cerró filas y se preparó para lo que acertadamente sospechaba. Armó a todos los medos y cometió el grave error de nombrar general a Harpago, poniendo literalmente en sus manos el cumplimiento de su venganza. La batalla entre medos y persas fue lo que hoy denominaríamos una pantomima. Entre los medos, sólo lucharon de verdad aquellos pocos que nada sabían de las tramas de su general. El resto, o salió huyendo o se unió a los persas. Astiages estaba conmovido. En un arrebato de ira hizo ejecutar a los magos que interpretaron sus sueños y reclutó a los jóvenes y viejos que habían quedado para que se enfrentasen a su nieto. Mas todo fue en vano. Los persas los derrotaron e incluso Astiages cayó prisionero. Harpago no tardó mucho en ir a regodearse ante el rey caído en desgracia, a burlarse en su cara y a reprocharle aquel acto inhumano de hacerle comer la carne de su hijo, además de revelarle que él había sido quien había incitado a Ciro a la rebelión. Cuenta Herodoto que el viejo rey medo le respondió a Harpago que era el hombre más tonto y más injusto que había conocido, tonto porque podría haber sido él quien podría haberse hecho rey en lugar de Ciro, e injusto porque iba a someter a todos los medos al yugo de los persas para vengarse de una sola persona. En fin, con la creación del estado aqueménida por Ciro el Grande, Persia aparece en el escenario de la historia con un papel activo y determinante. Según una inscripción babilónica, Ciro se llevó el tesoro real de Ecbatana a Anzán dando fin al imperio medo. Su fulgurante victoria sobre los medos y la inmediata hegemonía que obtuvo sobre su territorio causó estupor entre los reyes de la región. Ciro, para evitar que la unión que se estaba formando por Lidia, Babilonia y Egipto se conjuraran contra él, decidió tomar la iniciativa bélica y comenzar una ofensiva contra ellos antes de verse obligado a tomar la defensiva. Obtuvo una rápida victoria sobre Creso que lideraba el ejército lidio y que avanzaba hacia las fronteras de Persia, y, tras su derrota, Sardes, capital de Lidia fue tomada por Ciro (546 a. C.). Esta victoria significaba la anexión de Asia Menor a los dominios aqueménidas. Sin embargo, antes de su expedición militar a Mesopotamia decidió atacar preventivamente a los escitas para que no le ocurriese lo que le ocurrió al rey medo Ciájares. Finalmente, tras luchar contra los escitas se dirigió al Tigris, lo cruzó y conquistó Babilonia sin resistencia (538 a.C.) Con la conquista de Babilonia se anexionó además Siria, Asiria y Palestina, que estaban gobernadas por Nabónides, rey babilonio. Lo que al mundo judío concierne, el hecho más conocido de este rey fue la liberación de pueblo de Israel que estaba cautivo en Babilonia. Este hecho está referido en el Antiguo Testamento con bastante detalle, en Esdras y Daniel. Allí se presenta al rey de Persia como un ungido de Dios, como alguien elegido por Yahvé para liberar al pueblo judío que había sido deportado por Nabucodonosor. La famosa declaración de Ciro que hoy se conserva y que fue escrita en un cilindro donde se proclamaba la liberación de los judíos es considerado la primera declaración universal de los derechos humanos. El "Cilindro Magno de Ciro", la primera declaración de los derechos humanos fue mandada redactar por Ciro con ocasión de su conquista de Babilonia. Fot. www.thebritishmuseum.ac.uk Según Herodoto, Ciro murió a manos de los masagetas. Cuenta el historiador griego que Ciro cruzó el río Araxes (que hoy delimita el Irán actual con Azerbaiyán) para cargar contra los ejércitos de Tomyris, la reina de los masagetas. Ciro utilizó una curiosa trampa. Apartó a los más flacos y débiles de su propio ejército y los utilizó como carne de cañón poniéndoles en primera línea. Los masagetas los mataron a todos y tras aquello se encontraron unas mesas preparadas por el mismo Ciro donde había buen vino y buena comida. Allí cayeron en la trampa comiendo y bebiendo hasta quedar saciados y, con la mente embotada por el alcohol, cayeron presa del sueño. Entonces los persas se abalanzaron sobre ellos, mataron a muchos y capturaron a otros, entre los que se encontraba Spargapises, el propio hijo de la reina masageta. Tomyris, al enterarse de aquello, le escribió un mensaje a Ciro donde le decía que él no había vencido en la batalla "por la fuerza de su brazo" sino "engañándolo con esa pérfida bebida." Le advertía que le devolviese a su hijo y que si tal hacía, no tendría en cuenta el haber acabado con el resto de su ejército, pero que de lo contrario, te juro "decía textualmente" por el sol, supremo señor de los Masagetas, que por sediento que te halles de sangre yo te saciaré de ella". Ciro no hizo caso ni de la misiva, ni de las advertencias que encerraba. Mientras tanto, Spargapises se despertó y, al darse cuenta de lo ocurrido, pidió que se le quitasen las cadenas y tras verse liberado se quitó la vida. Según Herodoto, la reina de los Masagetas envió un ejército contra Ciro y hubo entre los dos bandos una batalla como "nunca había oído entre dos naciones bárbaras". Empezaron arrojándose flechas, y, cuando aquellas se hubieron acabado lucharon cuerpo a cuerpo. Los persas fueron derrotados y en la batalla murió Ciro. Tomyris hizo llenar un odre de sangre humana, cortó la cabeza del cadáver de Ciro y la metió dentro del odre mientras profería estas palabras: "Perdiste a mi hijo cogiéndole con engaño a pesar de que yo vivía y de que soy tu vencedora. Pero yo te saciaré de sangre cumpliendo mi palabra." Herodoto termina diciendo que él sabía varias versiones de la muerte del rey persa, pero que él se quedaba con aquella, dejando al lector en la duda de la veracidad del relato. Como conquistador, Ciro tenía una personalidad poco corriente. No imponía ninguna religión a las poblaciones conquistadas y debía ser muy liberal en materia religiosa ya que él mismo se convertía en adorador de los dioses de los pueblos conquistados, como es el caso de Marduk en Babilonia. Los miembros de la Administración eran elegidos entre la población del pueblo conquistado. Ciro fue el fundador de un imperio que duraría hasta la llegada de Alejandro Magno. Hasan Sabbah m. 1124 Célebre líder ismailí que formó en Persia una organización conocida en el medioevo europeo como la Secta de los Asesinos, con un perfecto organigrama, entre los siglos XI y XII. El padre de Hasan Sabbah, Ali ibn Mohammad Hamiri, era originario de la ciudad de Kufa, en Iraq, pero se estableció en Qom y fue allí donde nació Hasan Sabbah. En su juventud, Hasan Sabbah era shií duodecimano pero pronto se convirtió al ismailismo o shiísmo septimano a través de las predicaciones de un tal Mo'men de Rei. En el año 1076 uno de los líderes ismailíes de Persia habiéndose percatado de las dotes del nuevo converso lo envía al Egipto fatimí, país cuya doctrina oficial era el ismailismo y era considerado el cuartel general del shiísmo septimano y que había creado durante el siglo anterior un califato separado del de Bagdad. El califa fatimí al-Mustansir lo envía a propagar la fe a Persia y Hasan Sabbah marcha primero a Isfahán, luego a Azerbaiyán y regresa a Egipto a través de Siria. En Egipto permanece un año y medio durante el cual se produce el cisma que dividiría en dos a los ismailíes. Al-Mustansir tenía dos hijos, Musta'li y Nizar y uno de ellos debía ser heredero del califato. Hasan Sabbah era partidario de Nizar, lo que le valió la enemistad de Musta'li y de sus seguidores, que le impulsó a regresar a Persia. Este es el punto de partida del cisma entre los ismailíes que de ahí en adelante se dividirían en dos, los partidarios de Musta'li, que de hecho fue nombrado califa fatimí en el 1094, y los partidarios de Nizar, que se conocerán en la historia con el nombre de nizaríes, muy abundantes sobre todo en Siria y Persia. Cara oriental de la fortaleza de Alamut, a más de 2.000 metros de altura, en el noroeste de Irán A su regreso a Persia, Hasan Sabbah comenzó a expandir la causa nizarí. En poco tiempo consiguió muchos adeptos en Tabaristán, Damghan, Yazd y Kermán, hasta que llegaron a poseer fortalezas, como la de Alamut situada cerca del mar Caspio, de la que hicieron su cuartel general en Persia y permaneció inexpugnable hasta el año 1256 en que fue conquistada por los mongoles. Después de Alamut, los ismailíes nizaríes conquistaron otras muchas fortalezas que se encontraban sobre todo diseminadas a lo largo de toda la línea norte del país. Toda esta actividad subversiva intranquilizaba a los gobernantes selyúcidas, y el ministro Nezam al-Molk decidió ponerse manos a la obra para atraparlo. Empezó encargándole al gobernador de Rei la misión de encontrar a Hasan Sabbah, y éste, al enterarse, no se acercaba a la zona y así evitó su detención. Hasan Sabbah se dirigió entonces a Alamut (1090), y de ahí en adelante pasaba la mayor parte de su tiempo allí encerrado y dedicado por completo a sus ejercicios espirituales, que no le impedían seguir dirigiendo sus milicias a los distintos puntos del país para apoderarse de nuevas fortalezas y que serían la pesadilla de los Selyúcidas. Hasan Sabbah, era ahora líder y cabeza de una saga de líderes nizaríes que continúa hasta nuestros días. Finalmente, Nezam al-Molk cayó bajo la daga de los "asesinos" en el año 1092 como venganza de los hostigamientos a los que estaban siendo sometidos. El asesinato de este ministro fue muy sonado y les dio aún más fama a este grupo rebelde, hasta tal punto que fueron conocidos finalmente por los propios europeos (a través de los Cruzados), que los llamaron los Hashishun, en referencia al hachís que decían que fumaban, palabra que luego originó "assasin" o asesinos. Otros afirman que "asesino" deriva de Hasani (partidarios de Hasan). Este atentado le hizo ganar a Hasan Sabbah más poder y parecía que estaba inmunizado contra las continuas ofensivas que tanto él como los suyos se veían sometidos por parte de los gobernantes selyúcidas. Cuando el poderoso sultán Sanjar llegó al poder, Hasan Sabbah le amenazó de muerte simplemente dejando clavada una daga en el suelo, cerca de su cama, y enviándole un mensaje posteriormente que decía, "el que clava un puñal en el suelo duro también lo puede clavar en el pecho blando del sultán". Tras esta demostración Sanjar dejó de perseguirle e hizo las paces con los nizaríes, tregua ésta que les sirvió para recobrar fuerzas y expandirse más todavía por toda Persia. Hasan Sabbah murió en 1124. Jiabani 1879-1920 Sheij Mohammad Jiabani nació en Jameneh, cerca de Tabriz. Después de terminar sus estudios primarios marchó a Rusia y allí estuvo un tiempo ayudándole a su padre en sus tareas de comercio. Al poco tiempo regresó a Tabriz y allí comenzó a estudiar teología, jurisprudencia islámica, astronomía, aritmética, filosofía, retórica y literatura. Antes de producirse la Revolución Constitucional en 1905, era imán de una mezquita. Quizás ya en aquella su juventud tenía ya ideales de justicia y libertad y pensaba en cómo lograr aquellos objetivos hasta que llegó a la conclusión de que en Persia, primero tenía que producirse una revolución en el pensamiento y que este cambio ya tendría por añadidura las exigencias de sus derechos por parte del pueblo llano. Durante la Revolución Constitucional se incorporó a las filas de aquellos que luchaban contra el despotismo, y, al poco tiempo, ya era miembro de la Asamblea Provincial de Azerbaiyán. Cuando el Parlamento fue cañoneado y Mohammad Ali Mirza estrechaba cada día más el cerco a Tabriz, Jiabani luchó con todas sus fuerzas (septiembre 1908). Las tropas del sha, encabezadas por el que debería ser el gobernador de Azerbaiyán, Ein al-Douleh, se encontraban cerca de Tabriz, mas los constitucionalistas no se dejaban amilanar, "¿Qué miedo podemos tenerle a este ejército? "decían", si en lugar de ser 30.000 soldados fuesen 100.000, nada temeremos y no dejaremos de exigir nuestros derechos..." Finalmente se decidió enviar a Ein al-Douleh un comunicado que hablase en nombre del pueblo. El comunicado fue llevado por un delegado británico acompañado de Jiabani, entre otros clérigos, pero Ein al-Douleh mostró una actitud arrogante y pretendió engatusar a aquellos constitucionalistas con palabras empalagosas, ellos se percataron de aquello y regresaron sin resultado alguno y tuvieron que continuar la lucha contra las huestes del sha a las que derrotaron. Jiabani fue uno de los grandes héroes de la historia del Irán contemporáneo. A lo largo de su vida política se mostró incorruptible, no tenía ninguna vinculación con los extranjeros y se apartaba de las ansias de liderazgo que se veían en otros y que tantos estragos habían causado y estaban causando al país. Más admirable era el hecho de que nada material esperaba de Persia y nunca mancilló su vida con las vilezas, egoísmos y cortedad de miras que tanto se veían en muchos otros. Durante varios años, Jiabani fue uno de los hombres más influyentes en la política de Persia. Ya fuese en Teherán, ya en Tabriz, su presencia marcaba el orden del día. Su gran influencia y poder le permitía obtener todo aquello que hubiese deseado, mas su austera y espartana vida se asemejaba más bien a la de un pobre. Cuando Jiabani y los constitucionalistas de Tabriz vencieron al poderoso ejército del sha, marchó a Teherán, venció también allí a las fuerzas déspotas monárquicas y derrocó a Mohammad Ali Shah. Fue elegido diputado por el pueblo de Tabriz en el II Parlamento. Defendió la libertad y los derechos del pueblo ante aquellos que se oponían, como miembro destacado demócrata que era. Cuando el Parlamento suspendió sus actividades y se produjo la crisis, permaneció oculto varios años hasta que regresó a Tabriz donde no dejó verse durante un tiempo. En octubre de 1917 se produce la Revolución Rusa. Irán se vio rozada por aquellos acontecimientos, aunque finalmente salió incólume de las garras del despotismo ruso. Jiabani le dio a los demócratas un nuevo aliento, realizó varias innovaciones en la institución y editó el diario "Taŷaddod" (Renovación) que era en realidad el boletín oficial del partido demócrata. Jiabani se opuso firmemente al Tratado de 1919 que firmó Vosuq al-Douleh en beneficio de Gran Bretaña y en la que Persia salía bastante perjudicada. Al año siguiente, los demócratas de Tabriz se levantaron en rebelión liderados por Jiabani, ocuparon las oficinas de la Administración y los edificios de gobernación y obligaron a los funcionarios que allí trabajaban a abandonar el trabajo y sus funciones. 6 meses duró el levantamiento popular durante los cuales Jiabani no dejaba de arengar diariamente al pueblo y de dar discursos en los que dejaba claro los objetivos de los partidarios de la libertad y del pueblo de Azerbaiyán, y animaba a las masas a defender la libertad y la independencia de Persia. El levantamiento fue finalmente aplastado ese mismo año por Mojber al-Saltaneh, enviado por Moshir alDouleh para gobernar Azerbaiyán. Sin lugar a dudas, Jiabani es una de las personalidades más conocidas de la historia contemporánea de Irán en la exigencia de la libertad. Sus discursos eran excitantes y escribía interesantes artículos. Resistió hasta la muerte en su lucha por que los ideales constitucionalistas se viesen hechos realidad. Estudiando los dos levantamientos que lideró en Azerbaiyán puede vislumbrarse el desprendimiento y el sacrificio de este gran líder en su defensa de la libertad y de la Constitución. En el primer levantamiento, mediante la formación de un Comité Estatal digno de la confianza del pueblo de Azerbaiyán, tuvo cierto éxito pero este comité también se vio enfrentado a varios problemas y aún era incapaz de realizar los grandes logros que reclamaba la población de Persia. El segundo levantamiento comenzó en marzo de 1920 y fue entonces cuando Jiabani, aunque fue elegido diputado para el IV Parlamento, fue muerto a tiros por orden de Mojber al-Douleh y su casa saqueada por el destacamento cosaco. Es menester decir que el fracaso de esta segunda insurrección es debido en parte a la falta de colaboración de muchos de los insurrectos. Jiabani se enfrentó al Gobierno a pesar del ultimátum de los rusos. Se mostró defensor de la integridad del territorio de Persia en el asunto de la ocupación de Azerbaiyán por parte del Imperio Otomano y atacó encarnizadamente a aquellos que se querían avenir con el enemigo. En su último discurso, Jiabani decía, "Tabriz quiere que el gobierno esté en manos del pueblo. Ahora mismo toda Persia esta pidiendo esto a gritos. Cuando Teherán se niega a aceptar esto, nosotros tendremos que reconstruir Persia sobre los cimientos del radicalismo, nosotros decimos que un gobierno democrático debe regir toda Persia. El pueblo de las ciudades y provincias debe tener libertad para expresar sus opiniones, y, en la defensa de sus derechos, la última etapa es la muerte, y preferimos morir en esta senda que vivir en la ignominia." Karim Jan Zand (1749-1779). Karim Jan Zand era uno de los generales de Nader Shah. Karim Jan pertenecía a la tribu de los zandíes, tribu que había sido trasladada a Jorasán por orden de Nader Shah y que luego Karim Jan devolvió a su lugar de origen autoproclamándose jefe de la tribu. Hasta el año 1749, en que las guerras internas de los remanentes de Nader Shah mostraron su ineptitud en política y en asuntos de estado y que prepararon el terreno para la llegada de nuevos pretendientes al poder, nada sabemos de Karim Jan Zand. A tenor de las revueltas que había a la sazón en todo el país, Karim Jan formó un triángulo formado por él, Ali Mardan Jan y Abul Fath Jan Bajtiari, pero como ninguno de los tres se consideraba inferior respecto al resto del grupo en rango y autoridad, la alianza acabó en disputas. Este triángulo mantuvo negociaciones para nombrar rey al sobrino del safaví Sultán Huseyn (hijo de su hermana) y llamarlo Shah Ismail III, repartiéndose los tres altos cargos tocándole a Karim Jan ser general del ejército. Mas como se ha dicho anteriormente, los tres acabaron luchando entre sí. Karim Jan, después de 16 años de guerras continuas, pudo vencer a Ali Mardan Jan y a todos sus rivales entre los que se contaban Mohammad Hasan Jan Qajar (un pretendiente al trono), y apoderarse de las regiones centrales, norteñas, sureñas y occidentales del país. Mientras tanto, ocurrió que Shah Ismail III pidió refugio a Mohammad Hasan Qajar. Karim Khan fue derrotado poco después por el jan qajar que le hizo regresar a Isfahán. Allí, Karim Jan se enfrentó a la alianza de Ali Mardan Jan y Azad Jan Afghan a la que venció en batalla. Luego, alrededor de 1750 y tras la desaparición de Mohammad Hasan Qajar, Karim Jan se proclamó, no rey, sino con el nombre más modesto de vakil al-ra'ya (tutor o regente de los vasallos) de toda Persia, exceptuando Jorasán que permaneció en manos de Shahroj hasta la muerte de éste. Karim Jan luchó contra los otomanos en 1775, y de esta manera los persas ya dominaban además de la meseta de Irán, la cuenca del Shatt al-Arab, Bahrein y las islas del sur del golfo Pérsico. Karim Jan estableció su capital en Shiraz a la que dotó de muchos monumentos. Karim Jan murió en 1779 a edad bastante avanzada y de muerte natural. Modarres Uno de los clérigos más importantes que se opusieron a Reza Shah. Seyyed Hasan, más conocido por Modarres, nació en el pueblo de Sarabeh, provincia de Ardestán. Pasó su infancia en Qomsheh y tras terminar sus estudios primarios marchó a la ciudad de Isfahán para continuar sus estudios de teología con tres de los clérigos de más prestigio del momento. En Isfahán permaneció 13 años tras los cuales marchó a Iraq donde estuvo completando sus conocimientos 7 años con clérigos de renombre. En el año 1898 regresó a Isfahán y allí se dedicó a la enseñanza de leyes y jurisprudencia islámica. En 1910 ingresa en el II Parlamento de parte del Comité de los Ulemas de Nayaf para supervisar las leyes del Parlamento (en virtud de un artículo de la Constitución). En el III Parlamento, es decir en el año 1913, es elegido diputado por Teherán. Dos años después, durante la I Guerra Mundial, salió de Teherán acompañado de otros personajes importantes y vivió durante dos años en Siria, Iraq y Turquía constituyendo un gobierno en el exilio del cual él era ministro de Justicia. A su regreso a Irán fue elegido por el pueblo diputado del Parlamento durante varios periodos de éste. En el V Parlamento se opuso al derrocamiento de la dinastía Qayar y la entronización de Reza Jan. Su oposición patriótica a Reza Jan le valió la enemistad de éste hasta tal punto que envió a un sicario para que le diese muerte. Era 1926 cuando fue objeto de un atentado, le dispararon varias balas pero sobrevivió. Reza Shah se lo quitó de encima ordenando su deportación a Jorasán, cerca de la frontera con Afganistán, donde fue encarcelado y posteriormente asesinado con un té envenenado que no le hizo mucho efecto, por lo que los carceleros hicieron uso del propio turbante de Modarres para estrangularlo (1937). Frases como "nuestra religión es como nuestra política, nuestra política es como nuestra religión" y que hoy aparece en los billetes de 100 riales fueron acuñadas por él. Mohammad Mosaddeq 1879-1967 Mohammad Mosaddeq nació en Teherán en 1879 en el seno de una familia de alta alcurnia. Su padre, Mirza Hedayat, era ministro en la época de Naser al-Din Shah y su madre Malek Taŷ Firuz Naŷm al-Saltaneh era nieta del que fuera heredero a la corona Abbas Mirza (hijo de Fath Ali Shah), muerto en batalla en 1834. A los 17 años de edad entró en la Administración de Jorasán como funcionario de Hacienda, donde trabajó durante 10 años, tras los cuales dimitió. En 1902 invertía parte de su tiempo para adquirir nuevos conocimientos y también estudió en la Escuela de Ciencias Políticas que hacía poco había sido inaugurada en Teherán. Con el inicio de la Revolución Constitucional en 1905, comenzó realmente su vida política. Por estas fechas ingresó como miembro de la Sociedad de la Humanidad, un grupo de corte humanista donde se congregaban intelectuales defensores de la libertad y de la independencia, grupo del que dimitió más tarde debido a que consideraba muchas de sus ideas opuestas a sus ideales políticos. Pero la experiencia en aquella sociedad le valió para crear la suya, a la que puso un nombre similar, en compañía de otros personajes influyentes del panorama político e intelectual del momento, que eran cercanos a él. En el I Parlamento el doctor Mosaddeq fue elegido diputado por Isfahán. Pero no ingresó en él por ser menor de 30 años. Poco después, alrededor de 1910 y durante el período que se conoce en la historia de Persia como el de la "pequeña dictadura", Mosaddeq marchó a París donde estudió política durante dos años. Después regresó a Persia, pero tuvo que ir a Suiza debido a su estado de salud, y allí se doctoró en Derecho por la Universidad de Neuchatel. A su regreso fue nombrado director y profesor en la Escuela de Ciencias Políticas de Teherán. Fue entonces cuando comienza a escribir, en un principio, libros de texto para sus clases. Durante las Elecciones al III Parlamento fue invitado a participar en las actividades de un partido moderado de corte progresista. En 1915 fue elegido por el III Parlamento miembro del Comité del Ministerio de Hacienda y dos años más tarde, viceministro de Hacienda y presidente de la Oficina General de Cuentas, puesto en el que permaneció hasta 1918 y durante el cual instituyó unos tribunales donde juzgó a altos cargos destituyéndolos después. Durante el mandato del Gabinete de Vosuq al-Douleh se fue a Europa. En el siguiente Gabinete, gobernado por Moshir al-Douleh, fue nombrado por éste ministro de Justicia, pero fue inmediatamente apartado de ese puesto y nombrado gobernador de la provincia de Fars por requerimiento de la propia población. Estuvo en este cargo hasta su destitución en 1921. Salió entonces de Shiraz y estuvo viviendo en la provincia de Chahar Mahal va Bajtiari hasta la caída del Gabinete de Seyyed Zial Din. Durante el siguiente Gabinete, presidido por Qovam al-Saltaneh, fue nombrado ministro de Hacienda. Durante su ministerio realizó grandes logros como el equilibrio del presupuesto del estado además de inspeccionar los antecedentes de los altos cargos y funcionarios y expulsar a los corruptos. Tras la caída de Qovam al-Saltaneh y el nombramiento de Moshir al-Douleh como primer ministro, fue nombrado gobernador de Azerbaiyán, puesto en el que se mantuvo hasta agosto de 1923 en que fue nombrado ministro de Asuntos Exteriores. Después de la caída de Moshir al-Douleh se negó a aceptar ningún ministerio bajo el mando de Reza Jan, futuro rey de Persia. En las V Elecciones al Parlamento fue elegido diputado por Teherán. Usando sus propias palabras, la línea política seguida por Mosaddeq desde sus inicios en el mundo de la política es, en política interna "el establecimiento de los principios de la Constitución y de la libertad" y, en política externa, "política de balance negativo". Mosaddeq estaba totalmente en contra de un cambio de dinastía en el país. Opinaba que Reza Jan podría servir más a Persia como primer ministro que como rey. Así pues, durante el V Parlamento profirió muchos discursos a este respecto. Cuando Reza Jan fue nombrado sha, éste quiso hacer ingresar en su gobierno de alguna manera a todos aquellos que gozaban del apoyo popular, entre los que se contaban Mosaddeq, a quien el nuevo rey propuso nombrar primer ministro, a lo que él se negó. Después de finalizar el VI Parlamento y al tantear Mosaddeq que la situación política no era muy adecuada, se apartó de ella, y, para no verse afectado por ningún acontecimiento político se marchó de la capital para irse a vivir a una de las propiedades que tenía en Ahmad Abad (entre Teherán y Qazvin). Allí permaneció ocupado en labores agrícolas hasta 1936. En 1940 fue llevado a Birjand, en Jorasán, donde fue encarcelado. Fue excarcelado al poco tiempo debido a su enfermedad, y fue ordenado que regresase a Ahmad Abad donde permanecería bajo libertad vigilada. Así estuvo hasta septiembre de 1941 que se le retiró la vigilancia. No obstante, Mosaddeq pasaba la mayor parte del tiempo en su villa, hasta que en diciembre de 1943 fue elegido diputado por Teherán en el XIV Parlamento, ya, con Mohammad Reza en el trono. En enero de 1946 se opuso tenazmente a la creación de un comité dirigido por tres países extranjeros (la URSS, Norteamérica y Gran Bretaña) para dirimir el contencioso de Azerbaiyán y advirtió del peligro que supone la injerencia de otros países en los asuntos internos. Durante el XV Parlamento Mosaddeq no fue diputado pero había un grupo minoritario fiel a sus ideas que se opuso a la aprobación del protocolo del petróleo conocido como tratado de Ghes-Golshayan. En las Elecciones al XVI Parlamento logró, ayudado por algunos candidatos de Teherán, anular las elecciones, lo que trajo como consecuencia que la mayor parte de los diputados de Teherán fueran elegidos entre los miembros del Frente Nacional e ingresar él de nuevo como diputado nº 1. Durante este período fue cuando Mosaddeq fue elegido, primero, miembro del Comité del Petróleo y luego presidente, y, con el apoyo de los diputados del Frente Nacional formó la "Fracción Patriótica"?, y fue llevada a cabo la nacionalización del petróleo, en primera instancia aprobada por el Comité del Petróleo y luego, con fecha del 14 de marzo de 1951 aprobada por mayoría parlamentaria y ratificada 5 días después por el Senado. El 25 de abril de 1951, el gobierno de 'Ala que subió al poder tras la muerte en atentado de Razmara, dimite al verse impotente para enfrentarse a la voluntad popular de nacionalizar el petróleo y a las consecuencia que ello acarrearía ante Gran Bretaña. 6 días después el gabinete de Mosaddeq tiene una reunión a puerta cerrada presidida por él mismo donde deciden presentarse para componer el Parlamento. Gran Bretaña hizo un cerco económico contra Irán y le impidió la venta de crudo. Tras amenazar también con el envío de buques de guerra, llevó el asunto de la nacionalización del petróleo a los Tribunales de la Haya y al Consejo de Seguridad. Mosaddeq se presentó en el Consejo y defendió los derechos de Irán. El Consejo no se pronunció ante la denuncia de Gran Bretaña prefiriendo que fuese el Tribunal de la Haya quien dirimiese la cuestión. En junio de 1952 Mosaddeq viaja a la Haya donde pronunció en el Tribunal un discurso y el 20 de julio el Tribunal determina que no tiene competencia para atender la denuncia de Gran Bretaña. Se llegó a dar el caso de que uno de los miembros de la Judicatura, que era inglés, llegó a votar a favor de Irán. El país salió victorioso en la escena internacional gracias al esfuerzo y la habilidad de Mosaddeq. En 1951 el doctor Mosaddeq fue elegido hombre del año por la revista norteamericana Time. El 21 de diciembre de 1951 se venden al público bonos del estado y éste responde con compras masivas. Mosaddeq, hombre del año en 1951 según Time. En febrero de 1952 Mosaddeq hizo cerrar los consulados y los centros culturales británicos además de dar la orden de expulsión de todos los técnicos británicos del petróleo, y el 21 de octubre Irán rompe relaciones con dicho país. A mediados de julio de este mismo año, al no estar de acuerdo el sha con la transferencia del Ministerio de la Guerra al primer ministro, Mosaddeq presentó su dimisión y fue nombrado primer ministro Qovam al-Saltaneh. Este hecho desencadenó de inmediato manifestaciones populares sangrientas y el 21 de julio Qovam al-Saltaneh tuvo que ser depuesto y restituido Mosaddeq como primer ministro y transferírsele además la cartera del Ministerio de Guerra. Mosaddeq pidió al Parlamento manos libres para llevar a cabo lo antes posible aquellos proyectos de ley que él consideraba beneficioso y necesario su conversión en ley por el Parlamento. El Parlamento le concedió tal potestad, primero por un período de seis meses, que se le prorrogó luego a un año. A lo largo de todo este período, el doctor Mosaddeq aprobó unos 80 proyectos de ley de diversa materia, considerados todos ellos como provechosos para el interés general y que abarcaba campos como la seguridad, la lucha contra la corrupción, reforma de la Justicia, reforma de Finanzas y de Hacienda, equilibrio del presupuesto nacional, vivienda, sanidad, fuerza armadas, asuntos sociales, seguros e instauración de la libertad. El 15 de diciembre nacionaliza la telefonía a la vez que se opone a renovar el contrato de pesca que tenía con la URSS y en su lugar la nacionaliza también. En agosto de 1953 convocó un referéndum para disolver el Parlamento y el pueblo votó sí a dicha disolución. El 15 de agosto se produjo una intentona de golpe de estado por parte de la Corte cuyo fracaso provocó la huida del país del sha. El sha y su entonces mujer, Soraya, llegan a Roma en agosto de 1953 tras el fallido golpe de estado contra Mosaddeq. Pero tres días después se volvió a intentar, esta vez con el dinero y la colaboración de la CIA norteamericana. El golpe de estado llegó a buen puerto. El sha regresó de su breve exilio y es hundido el gobierno del doctor Mosaddeq después de 28 meses de hegemonía en Irán. Mosaddeq y sus colaboradores fueron llevados a los Tribunales militares, que el doctor no reconocía competentes para juzgarle, mientras no dejaba de reconocerse a sí mismo como primer ministro legítimo. Finalmente, el veredicto para Mosaddeq fue de tres años de prisión. Mosaddeq no reconocía el tribunal que lo juzgaba. Cuando cumplió su condena, fue exiliado a su villa de Ahmad Abad donde permaneció confinado, bajo vigilancia y prohibición de visitas, excepto por unos cuantos allegados, hasta poco antes de su muerte. A mediados de diciembre de 1966 fue trasladado a Teherán para ser ingresado en un hospital por estar aquejado de cáncer de mandíbula y boca. Pero la medicación allí suministrada no surtió efecto alguno y el cáncer acabó con su vida el domingo 4 de febrero de 1967. Su cuerpo fue llevado a Ahmad Abad donde recibió sepultura en su propia casa. El doctor Mosaddeq ha sido una de las personalidades más arrolladoras de la política iraní del siglo XX. Admirado por unos, detestado por otros a cuyos intereses perjudicaba, Mosaddeq sigue siendo puesto como ejemplo de persona incorruptible e incomprable. Su sentido de la justicia le impedía que los extranjeros explotaran la riqueza nacional de su país y su habilidad y firmeza en la política le ha valido que sea comparado habitualmente con Amir Kabir, el mejor ministro iraní del siglo XIX. Nader Shah Afshar Nader Qoli Jan, nombre original de Nader Shah, era el hijo de Emam Qoli, de la tribu turcomana de los Qerajlu, que era una ramificación de la tribu de los Afshar. Dicha tribu había sido trasladada a principios de la época safaví a la zona norte de Jorasán para impedir las incursiones de los uzbecos y de los turcomanos, asentándose en Abivard y Darreh Gaz. El historiador oficial de la corte de Nader Shah, Mirza Mehdi Jan, nos dice que Nader Shah nació el sábado 28 de moharram de 1100 de la hégira (1688) y se contenta luego con darnos una parca descripción de la vida de las tribus sin decirnos nada acerca de las alcurnias del último conquistador aparecido en Asia. Lo que sí se puede sacar en claro de todo ello, es que Nader Qoli Jan, antes de la insurrección de los Galzai afganos en Qandahar y de la caída de la dinastía safaví, era un personaje anónimo que guarnecía su vida de pastor con algunas sencillas demostraciones de valor y coraje. La caída de Isfahán en 1722 fue un buen pretexto para que, por un lado, los agitadores del interior y por otro, los pretendientes del exterior, salieran todos de sus rincones y sumieran también al país en un largo y duradero caos. Nader Qoli Jan, que encabezaba un grupo que había sido formado para la defensa de la integridad de la población de Abivard, se puso en primera instancia a las órdenes del jan de la zona, y, tras contraer matrimonio dos veces sucesivas con dos de sus hijas, heredó la pequeña región que aquel regentaba. Fue entonces, en 1726, cuando Nader Qoli se unió al príncipe errante safaví Tahmasp Mirza, que estaba buscando amigos y colaboradores abnegados y se dispuso a salvar al país de la quema de los afganos. Nader Qoli, salió vencedor en las cuatro batallas consecutivas que mantuvo contra los afganos en las regiones de Mehmandust (Damghan), Sar Darreh Jar (cerca de Teherán), Murcheh Jar (Isfahán) y Zargán (Fars). Estaba allanando el terreno para el reestablecimiento de los Safavíes. Después de aquellas batallas, durante los 20 años siguientes, mantuvo continuas guerras contra los otomanos en las que siempre Nader Qoli salía vencedor, y solamente en una ocasión las huestes turcas pudieron derrotarle. Así pues, Nader Qoli expulsó de nuevo a los turcos de las regiones de la ribera sur del mar Negro, Armenia y Georgia. Por otra parte, Pedro el Grande, aprovechando los disturbios internos y siguiendo una política hábil y eficaz, había hecho evacuar los contingentes rusos de la franja del Caspio, de la línea que va de Bakú y Darband a Mazandarán. Nader Qoli aprovechó de forma oportuna la debilidad mostrada por Shah Tahmasp II (1713-1732) para destronarlo y colocar en el trono a su hijo pequeño. Luego, en 1735, destronó al todavía niño 'Abbas III, para autoproclamarse rey, designación apoyada en una asamblea celebrada en Dasht Moghan en la que se hallaban presentes nobles, generales, "barbas blancas" y clero de alto rango. Las siguientes empresas con las que continuó fue dirigirse a Qandahar donde aplastó las rebeliones internas y el reestablecimiento de la calma en todo el país. Por otra parte, debido a que la corte gurkaní de la India había dado refugio a varios fugitivos afganos y aquellos no atendían a las exigencias de Nader Shah, éste no tuvo otra opción que dirigir sus milicias hacia la India. El 24 de febrero de 1739 se produjo la batalla decisiva entre ambos bandos en la región de Karnal, en la India, que se saldó con la derrota del rey Mohammad Shah Gurkaní. Nader Shah conquistó el norte de la India, incluida Delhi, y, después de acuñar moneda y anunciar su victoria sobre el rival, volvió a sentar a Mohammad Shah Gurkaní sobre su trono. A cambio de ello, el rey de la India devolvió a Persia las zonas de occidentales de Ab Atak y el río Sind. Al regreso de Nader Shah a Persia, Jodayar Jan 'Abbasí, gobernador de Sind, comenzó a insubordinarse, lo cual obligó a Nader Shah a ocuparse un año entero en reprimirlo a él y a los afganos para apaciguar la región. El suceso importante de 1741 fue la expedición militar de Nader Shah a Transoxiana y la conquista de la región de la ribera sur del Oxus. Abul Feyz Jan, descendiente de Gengis Jan, sufrió una gran derrota pero fue nombrado, por el mismo Nader Shah, gobernador de Samarcanda, Bujara, y toda la ribera norte del Oxus hasta Sogdiana y Ferghana. Ilias Jan (valí de Joresmia), perdió la vida en su enfrentamiento con ellos. Así pues, Joresmia recuperó su posición en la historia y fueron de nuevo sometidas las regiones que se hallaban entre los dos grandes lagos que abarca de este a oeste, el mar de Aral y al mar Caspio y de norte a sur desde Mazandarán hasta el desierto de Qipchaq (actual Kazajistán). Debido a los errores que cometió Nader Shah a la hora de reconocer a sus conspiradores, se llenó de ira contra su propio hijo, Reza Qolí Mirza, y lo cegó (1741). Esta calamidad le causó un desequilibrio mental que se fue agravando cada vez más. Las revueltas internas de los Lazgíes de Daguestán, y las insurrecciones locales de Fars, Gorgán y otros lugares, unido a la negativa de los otomanos en aceptar el shiísmo como una quinta escuela del Islam, provocaron que Nader Shah renunciase a atacar Rusia, Estambul y Transoxiana, y se encerrase en sus luchas internas que lo hostigaban. Finalmente, el rey murió en Quchan, en 1747, a manos de un grupo de generales muy afines a él, que temían por su vida. Nader Shah fue un dirigente que llevó por última vez las fronteras de Persia a sus confines naturales. Se hizo de grandes buques navales con el objetivo de hacer devolver a Persia el derecho histórico que ostentaba en el golfo Pérsico y en el mar Caspio. Mausoleo de Nader Shah, en Mashad. En el interior se encuentra también un pequeño museo con objetos de la época. Fot. www.salamiran.org Qa'em Maqam Farahani Mirza Abul Qasem Qa'em Maqam Farahani, hijo de Mirza 'Isa Farahani (más conocido como Mirza Bozorg Qa'em Maqam I) nació en Farahan, en la provincia central de Arak en 1779. El futuro visir nació en una familia que alta alcurnia cuyos miembros ya servían a los reyes del momento. Así, el abuelo de Qa'em Maqam, llamado Mirza Huseyn Vafa se incorporó al servicio de la corte de los Zandíes en 1766, y dos de los hermanos de éste fueron ministros de la misma dinastía, y, una vez depuestas por Agha Mohammad Jan Qajar pasaron a ejercer altos cargos en la nueva dinastía. En 1798 sube al trono el sobrino de Agha Mohammad Jan Qajar, Fath Ali Shah, y éste nombra inmediatamente heredero al trono a su hijo mayor y preferido, 'Abbas Mirza, a quien pone al cuidado de Mirza 'Isa Farahani (padre de Qa'em Maqam). Tras este nombramiento, 'Abbas Mirza y Mirza 'Isa, su visir, son destinados a Azerbaiyán. Mirza 'Isa mostró una gran eficacia y destreza en su cargo y en la educación de 'Abbas Mirza, entonces un niño de 11 años. Bajo su visirato auspició reformas en el débil ejército de Persia y puso orden en las turbulentas ciudades de Jui y Salmas. Las reformas en el ejército fueron ampliadas con la llegada del general francés Gardanne. Por otra parte, fue bajo el visirato de Mirza 'Isa cuando se enviaron a Europa los primeros estudiantes persas para estudiar las nuevas ciencias y tecnología que estaban descollando en Occidente. Mirza 'Isa, ya viejo y cansado, le pidió al sha que le diese su cargo a su hijo mayor Mirza Hasan. Así se hizo, pero éste murió al poco tiempo, por lo que el visirato pasó a las manos de su otro hijo, Mirza Abul Qasem Qa'em Maqam Farahani (1811), que no ejerció hasta la muerte de su padre en 1821 en que pasó a ser "visir especial del príncipe heredero Abbas Mirza". Qa'em Maqam, conocido entre los historiadores como Qa’em Maqam II para diferenciarlo de su padre, demostró durante su cargo su buen hacer en la política, algo que le valió el ganarse numerosos enemigos que le miraban con envidia. Por aquel entonces los ingleses habían llegado a su conclusión particular de que 'Abbas Mirza y su hábil visir estaban al servicio de los rusos. Así que se pusieron manos a la obra y pusieron en el cargo de Gran visir del sha a "Abdullah Jan Amin al-Douleh, mediante el cual llevaron a cabo sus oscuros designios, entre los que se contaban encender de nuevo la mecha de la guerra entre Persia y Rusia. Para impedir a Qa'em Maqam II llevaron a cabo la política de la calumnia y éste no tuvo más opción que marcharse de Azerbaiyán y encaminarse hacia Teherán. Mientras tanto, aquellos que conspiraban contra Qa'em Maqam II no descansaban y enviaron al rey una larga carta donde se enumeraban los errores en los que había incurrido el visir de 'Abbas Mirza. Qa'em Maqam II escribe entonces un poema en que se lamenta más por el hecho de haber sido traicionado por sus propios sirvientes y colaboradores que por la traición en sí: 'he visto tanta traición de mis compañeros"decía", que de mi propia sombra tengo miedo." La separación de Qa'em Maqam II de Abbas Mirza durará dos años hasta que finalmente Fath Ali shah le devuelve el honor y el prestigio perdido y lo envía de nuevo a Azerbaiyán (1825). El regreso de Qa'em Maqam II a Azerbaiyán coincidió con una nueva provocación por parte de los ingleses para que Persia y Rusia volviesen a enfrentarse, algo que tanto Qa'em Maqam II como Abbas Mirza se negaban a continuar. En 1826 el sha convoca una junta consultiva para preguntar sobre si se debía hacer la guerra a Rusia y cuando llega a Qa'em Maqam II le pregunta su opinión al respecto, "Soy un secretario "respondió" y la opinión de los jefes del ejército valen más que la mía." Fath Ali Shah, que no acepta aquella respuesta, le pide que responda seriamente a la cuestión y entonces Qa'em Maqam II le pregunta al sha cuánto recauda en concepto de impuestos. "Tres millones "responde el rey" 'Y cuánto recauda Rusia "pregunta de nuevo Qa'em Maqam"Trescientos millones "fue la respuesta del sha"Según la aritmética "dice Qa'em Maqam" alguien que recauda tres millones no se mete en guerras con alguien que recauda 300 millones." Pero la guerra se hizo de todas maneras. Los ingleses aprovecharon aquella oposición que mostró Qa'em Maqam para acusarle de estar en contra de la liberación de los musulmanes del Cáucaso, y, lo que era peor, de estar aliado y ser amigo de los rusos. Fue cuando la presencia de Qa'em Maqam en Tabriz no era muy afortunada y se decidió que fuese deportado a Mashad, tras lo cual su casa de Azerbaiyán fue saqueada por sus enemigos. Pero el conflicto bélico contra los rusos estaba tomando muy mal cariz. De nuevo Fath Ali Shah tuvo que recurrir a la inteligencia y habilidad de Qa'em Maqam para que le ayudase a salir del atolladero. Las consecuencias de la guerra contra Rusia fueron el Tratado de Torkamanchai, el peor y más humillante tratado nunca jamás firmado por Persia y que se ha convertido en algo proverbial, que podría haber sido peor aún. En efecto, los rusos pedían que se estableciese la frontera con Rusia allí donde hubiera presencia de tropas rusas, es decir, Tabriz, ya que estaba ocupada por las tropas del zar. Pero Qa'em Maqam no descansó hasta conseguir que al menos la frontera entre ambos países fuese establecida en el río araxes. Debido a este conflicto, en 1828 cae asesinado Griboyedov, el embajador de Rusia en Teherán. Qa'em Maqam se pone manos a la obra para evitar un nuevo conflicto con el gigante ruso y junto a 'Abbas Mirza escribe una carta de condolencia al zar que sin lugar a dudas contribuyó mucho a que éste adoptase una posición moderada frente a aquel grave suceso. Qa'em Maqam seguía al servicio del príncipe heredero 'Abbas Mirza, a quien acompañó en varias expediciones militares para reprimir insurrecciones en el interior del país. En una de aquellas guerras, concretamente la llevada a cabo contra el gobernador insurrecto de Herat, el príncipe heredero pierde la vida. Qa'em Maqam, que se encontraba luchando también en el frente junto al que sería poco después Mohammad Shah, tuvo la destreza de pactar un alto el fuego ventajoso para el Gobierno con el gobernador insurrecto antes de que éste se enterase de la muerte de 'Abbas Mirza, acuerdo en virtud del cual el gobernador de Herat daría 15.000 tomanes anuales como tributo, se haría la plegaria en el nombre del sha y acuñaría moneda también con el nombre del rey. Entonces es nombrado príncipe heredero Mohammad Mirza, hijo de'Abbas Mirza. Al año siguiente muere Fath Ali Shah. Mohammad Mirza sube al trono con el nombre de Mohammad Shah en 1834. Una vez en el trono Mohammad Shah, Qa'em Maqam es nombrado gran visir de la Corte. Cuando Qa'em Maqam es nombrado visir real, Persia no pasaba sus mejores momentos. Las Arcas estaban vacías, los pretendientes al trono abundaban por todo el país, el ejército estaba debilitado, Rusia y Gran Bretaña cada vez se inmiscuían más en los asuntos internos y la falta de seguridad se había convertido en un grave problema. En fin, gracias nuevamente a la sagacidad de Qa'em Maqam, que supo mantener en secreto la muerte del rey durante varios días, Mohammad Shah pudo subir al trono sin muchos problemas, tras llevar al príncipe heredero de Tabriz a la Teherán. Ello no quiere decir que poco antes y durante la coronación no hubiese pretendientes. Éstos no dejaban de surgir por todo el país pero Qa'em Maqam pudo evitar muchos derramamientos de sangre, bien comprando a unos o bien confinando o cegando a los que no se dejaban convencer. A pesar de todos los esfuerzos de Qa'em Maqam en entronizar a Mohammad Shah, este rey, enfermizo y de débil personalidad, no supo retribuir ni agradecerle el valioso servicio prestado ya que gracias a él podía ceñir la tiara real. Al año siguiente, en 1835, lo destituye y ordena su ejecución. Las causas de esta decisión por parte del rey se podrían resumir en lo siguiente. Tras aplastar a los pretendientes al trono, Qa'em Maqam se dispuso a trabajar en apaciguar el país. Lo primero que hizo fue arreglar el sistema de tributario para lo cual tomó las medidas que él estimó oportunas y no tuvo miramientos con nadie. Era un hecho conocido lo sensible y meticuloso que era Qa'em Maqam para los asuntos monetarios, y ahora que tenía más poder que antes, puso todo su empeño en sanear las cuentas del país recortando gastos por todas partes. Para ello estableció un sueldo fijo para el rey y recortó el gasto que causaban los cortesanos y la numerosa familia real. Por otra parte, Qa'em Maqam tenía numerosos detractores, la mayoría de ellos pretendientes al cargo que él ostentaba, y que ya estaban en su contra desde la muerte de Fath Ali Shah. Su principal rival y que al final se salió con la suya fue Mirza Aqasi, ayo de Mohammad Shah desde que éste era pequeño, que fue nombrado visir en cuanto Qa'em Maqam fue asesinado. Mirza Aqasi, que había subido mucho de posición mediante la ayuda de Qa'em Maqam, sentía una particular inquina hacia el visir. Siempre intentaba poner al sha en su contra mediante mentiras, que eran sumadas a las que de él decían otros allegados a la Corte. Mohammad Shah, que carecía de personalidad y que parecía que estaba embrujado por su ayo, fue creyendo todo lo que le decía y paulatinamente fue cambiando la opinión que tenía acerca de su visir. Se da la circunstancia de que el sha le preguntaba a Mirza Aqasi sobre la veracidad de las calumnias que escuchaba, que éste no hacía más que corroborar y agrandar. Las difamaciones llegaron al paroxismo cuando se dejó correr el rumor de que Qa'em Maqam quería destronar a Mohammad Shah para nombrar rey a otra persona. El tío del sha, Zall al-Sultán, era uno de los pretendientes al trono tras la muerte de Fath Ali Shah, pero que se mantuvo al margen tras ser convencido por Qa'em Maqam. Se cuenta que los cortesanos y aduladores empezaron a decirle a Mohammad Shah que Qa'em Maqam estaba confabulado con Zall al-Sultán para arrebatarle el trono y dárselo a él. Llegaron a soltar disparates, como que cuando Qa'em Maqam mandó acuñar moneda con el nombre de Mohammad Shah, con Mohammad se refería a su hijo, a quien quiere poner en el trono. Los rumores y los infundios mientras tanto iban creciendo como una bola de nieve. Qa'em Maqam, que no era ajeno a lo que se estaba cociendo a su alrededor, para impedir que su situación empeorase, decidió cambiar la guardia real y entregársela a un familiar de su confianza. Esta decisión no hizo sino encolerizar a sus detractores además de hacer desconfiar al rey y a su esposa, Mahd-e-Ulia (madre de Naser al-Din) mujer de mucha influencia que se encontraba en las filas enemigas de Qa'em Maqam. Por otra parte, el colonialismo de Rusia y Gran Bretaña se puede contar entre los factores que contribuyeron a la caída y asesinato de Qa'em Maqam. Tras el Tratado de Torkamanchai se le dio un duro revés a la integridad de la independencia de Persia y la influencia de Rusia se hizo más patente que nunca además de ir en aumento. Gran Bretaña, por un lado, se esforzaba en hacer mermar la influencia rusa en Persia, y por otro, trataba de impedir que la mano del zar llegase a la India, además de que hacía lo imposible por que los persas le hiciesen a ellos también concesiones como las hechas a los rusas mediante el tratado de Torkamanchai. Los ingleses intentaron sobornar en muchas ocasiones a Qa'em Maqam para lograr sus objetivos, pero nunca se dejó, ni estando bajo las ordenes del príncipe 'Abbas Mirza ni durante su breve período de visir real. El mismo embajador británico en Teherán decía que"hay una persona en Persia que no se puede comprar, Qa'em Maqam". Los ingleses insistían mucho en obtener unas condiciones arancelarias similares a las obtenidas por Rusia mediante el Tratado de Torkamanchai, pero Qa'em Maqam nunca se dejó convencer y rechazó de plano todas sus propuestas. En fin, factores internos y externos se añadieron al carácter indómito y orgulloso de Qa'em Maqam, fruto quizás del difícil período que le tocó vivir y de la presión del cargo que ejercía, para acelerar su caída. Una tarde, Mohammad Shah manda llamar a Qa'em Maqam a través de un sirviente. Cuando entra en Negarestán, como se llamaba el jardín del palacio, y tras un buen rato de espera, el rey no aparece. Cuando intenta marcharse le cierran el paso. Qa'em Maqam se percata de que algo raro está sucediendo y se teme lo peor. Lo encierran en el sótano del palacio durante cinco o seis días tras los cuales aparece el verdugo para darle muerte por estrangulamiento. Luego es enterrado en el santuario de Shah "Abdul"Azim, al sur de Teherán, sin ni siquiera lavar su cadáver primero. El sha había optado por estrangularlo para cumplir la promesa que le hizo a su padre, "Abbas Mirza, antes de morir de'que no derramaría nunca la sangre de Qa'em Maqam". Mientras Qa'em Maqam estaba confinado en aquel sótano, el sha tomó severas medidas como arrestar y encerrar a sus familiares más relevantes. Muchos de ellos fueron asesinados, a otros se les confiscaron los bienes y otros lograron salvarse por haberse refugiado en algún santuario o simplemente por haberse escondido o huido de la ciudad. Su visirato Aunque Qa'em Maqam no ejerció el cargo de visir nada más que un año, este corto período le bastó para ganarse la buena fama y reputación cuando es mencionado por los historiadores de la dinastía Qajar. Qa'em Maqam había tenido una educación política a manos de su padre y además había practicado durante muchos años su corto visirato como visir particular del príncipe heredero en Azerbaiyán. Así que no es de extrañar que al llegar al poder conociese con detalles cómo desempeñar su trabajo y se supiese como una lección muy repetida y estudiada todo el panorama político y bélico que afectaba a la Persia de su tiempo. Conocía el talón o los talones de Aquiles de Persia e hizo allí hasta donde le era posible remediarlo. En lo que se refiere a política interior este visir hizo grandes progresos para Persia como por ejemplo el reforzamiento de las instituciones ante los ataques del exterior y del mismo interior del país. A este respecto, afianzó la monarquía de Mohammad Shah frente a los extranjeros y los pretendientes y rivales, y ello lo hizo empleando por un lado medios diplomáticos o la violencia cuando venía al caso. También hizo reformas en el ejército y como hemos visto cortó de lleno la influencia de los cortesanos en las Arcas del Estado y llegó mediante esta maniobra a sanear las cuentas del país. Destituyó a muchos aduladores y les abrió las puertas a los sirvientes leales. El trato de Qa'em Maqam con el Clero era templado y deferente. Sentía un profundo respeto hacia los ulemas, a los que consultaba en asuntos de índole político y jurídico. El visir tenía una gran confianza en ellos de tal guisa que cuando murió Fath Ali Shah fue a los ulemas de Tabriz a los que pidió ayuda financiera para llevar a Teherán y entronizar al nuevo rey. En lo que a política exterior se refiere, hay que tener presente que Qa'em Maqam pasó toda su vida al servicio de 'Abbas Mirza y de su hijo Mohammad Shah, ambos apoyados por la Rusia zarista tras los tratados de Golestán y Torkamanchai. Es por ello que muchos historiadores han creído que Qa'em Maqam era partidario de la intromisión de los rusos en Persia, en forjar esta opinión han contribuido mucho los ingleses. La verdad es que Qa'em Maqam practicaba una política de balance positivo y negativo y acudía a una de las dos partes, la rusa o la inglesa, cuando más o menos convenía a Persia. La negativas de Qa'em Maqam a hacer la guerra contra Rusia y su negativa a permitir la apertura de consulados rusos a lo largo y ancho del país, a pesar de la insistencia de Rusia y de ser parte del tratado de Torkamanchai, es un ejemplo de política de balance negativo por él practicada. Por otra parte, su oposición a hacer concesiones aduaneras y arancelarias a los ingleses, después del tratado de Torkamanchai, es un ejemplo que con ellos practicaba la misma política cuando era beneficioso para Persia. Qa'em Maqam tenía como premisa no ceder en nada hasta recibir algo. La petición de Qa'em Maqam a los delegados ingleses y rusos de ser ayudado y apoyado para la coronación de Mohammad Shah es un ejemplo de su política de balance positivo. Qa'em Maqam, hombre culto y de letras y autor de varias obras, abrió las puertas de la Corte a los literatos y poetas. Como escritor, su estilo era sutil y locuaz, y cuando se ordenó lo encerrasen en aquel sótano el rey se guardó muy bien de mandar también que no tuviese pluma y papel a mano. Los cambios e innovaciones que habían surgido en Persia desde finales de la época de la dinastía Zandí fueron completados por Qa'em Maqam, que fue el primero que empezó a despojar a la lengua persa de su pesado aparato de formalismos administrativos y de pesadas e incomprensibles palabras que sustituía por otras más usuales y normales para el oído de cualquier persa. De esta manera, echó los cimientos de la moderna prosa persa que se desarrolló a lo largo de todo el siglo XX. Sattar Jan 1867-1914 Sattar Jan nació en Qarah Dagh, cerca de la provincia kurda de Mahabad, en 1867. Cuando su hermano mayor fue asesinado acusado de colaboración con los bandidos, su padre, Haŷ Hasan, un hombre tranquilo ocupado en sus quehaceres cotidianos, no tuvo más opción que emigrar a Azerbaiyán (1886). Ocurrió que los muleros de Mozaffar alDin Mirza, que llevaban carbón a Qarah Dagh, una vez hubieron llegado a destino se vieron envueltos en un altercado con dos personas en el que resultó muerto uno de los muleros. Los dos lugareños huyeron a Tabriz y una vez allí se refugiaron en casa de Haŷ Hasan. Al ser ésta pequeña, le dijo a su hijo Sattar que diera cobijo a aquellos dos hombres en uno de los jardines de alrededor. Los muleros acabaron dando con el paradero de ellos, rodearon el jardín y empezaron a disparar. Finalmente pudieron apresar a aquellos dos jóvenes de Qarah Dagh y a Sattar que había sido herido de bala en una pierna. Sattar fue llevado a una mazmorra donde pasó dos años de su juventud, pero al final se evadió junto con otro preso, se fue a casa de su padre y éste utilizó la influencia del Moŷtahed Haŷ Ŷavad Mirza y Sattar fue absuelto. Después de aquello, Sattar se hizo de un caballo y un fusil, agrupó en torno a sí a un grupo de adeptos y comenzó a saltear caminos. Parte del botín que conseguía se lo daba a los pobres y necesitados, pero dio con sus huesos en la cárcel en varias ocasiones, hasta que, por recomendación del general Reza Qoli Jan se incorporó en la Gendarmería de Qarah Savaran donde se le encomendó la vigilancia y la seguridad del camino que va de Jui a Marand. Mostró mucha eficacia en su cometido y pasado un tiempo llegó a ser uno de los guardias fusileros del príncipe heredero Mozaffar al-Din Mirza; fue entonces cuando se le dio el sobrenombre de Sattar Jan. Después de un año marchó a Teherán desde donde partió hacia Mashad para formar parte del grupo de ayuda para aplastar a los bandoleros turcomanos, empresa en la que no tuvo mucho éxito y en la que perdieron la vida varios de los hombres que tenía bajo sus órdenes, por lo cual se le impuso un castigo y él salió huyendo de Mashad hacia Tabriz. Sattar Jan era ya un rebelde y un proscrito. Huyó a Iraq y allí visitó como peregrino Karbala, Najaf y Samarra, donde conoció al ayatolá supremo Mirza Shirazi. Ocurrió que Sattar Jan le disgustaba los malos modos y la forma que tenía la servidumbre de los santuarios de tratar a los peregrinos, y, junto a otros jóvenes de Azerbaiyán se dispuso a darles su merecido llegando a pegarles con palos y látigos. Algunos vapuleados fueron gravemente heridos. El gobierno otomano, que a la sazón gobernaba Iraq, querían atraparle pero Sattar Jan ya estaba en la frontera de Persia desde la que puso sus pasos hacia Tabriz (1894), y donde siguió siendo un errante subversivo. En 1901 se arrepintió de sus actos y marchó de peregrinación a los lugares santos del shiísmo en Iraq. A su regreso a Persia, fue nombrado en Salmas supervisor de las tierras de Haŷ Mohammad Taqi, pero al ser Sattar Jan analfabeto, no pudo aclarar bien las cuentas al dueño de las tierras, por lo que surgieron divergencias y abandonó el trabajo. Regresó a Tabriz de nuevo donde se asoció con los tratantes de caballos y se hizo con el mercado de la venta de estos animales y en este oficio se ocupó un tiempo. A veces, los que eran desvalijados por los bandoleros, desesperados por la ineficacia de los funcionarios, recurrían a Sattar Jan. Éste, pertrechado con varios caballos, varios fusiles y un grupo de hombres se dispuso a ayudar a las víctimas de un robo. Tuvo varias refriegas con los bandoleros a los que consiguió reducir y obligar la devolución a sus dueños del botín robado. Mediante las retribuciones que de esta manera obtenía logró reunir un pequeño capital. Y entonces en Persia comenzaron a escucharse los gritos por la libertad y el clamor de una revolución en defensa de una Constitución. Sattar Jan, con su espíritu liberal, sublime y rebelde ante los gobernantes qayar, hacia los que sentía una inquina particular, al escuchar aquel clamor sintió que en algo podía contribuir y servir. Aunque nada entendía de la Constitución, se percató de que algo podía realizar para el país en aquellos momentos. Así pues, se incorporó a la Asamblea de los Constitucionalistas de Tabriz. Allí fue nombrado policía Sattar Jan junto a Bagher Jan, con diez hombres armados para cada uno de ellos (1907). Los revolucionarios de Tabriz, en una fotografía de 1901. La población de Azerbaiyán en general y la ciudad de Tabriz en particular, tenían un recuerdo muy amargo del período en el que el príncipe heredero, Mohammad Ali Mirza, era gobernador de la provincia. Los actos tiránicos de este futuro rey y de sus gobernantes qayar habían dejado una profunda huella en los azeríes. Es por ello que el levantamiento a favor de la Constitución se traducía en una afluencia masiva a las manifestaciones y asambleas populares. Las asambleas de Azerbaiyán estaban en contacto con los liberales del Cáucaso y de Estambul. Los grupos combatientes del Cáucaso llegaban a Tabriz y proporcionaban armas a los azeríes liberales. Se formó la Guardia Nacional, los Combatientes, las Fuerzas Nacionales y los Fidaíes, grupos heterogéneos armados formados por armenios, caucasianos y voluntarios azeríes. Cuando Mohammad Ali Shah salió ileso del atentado que hicieron en Teherán contra él, ocurrió que el cable del telégrafo de Teherán-Tabriz fue cortado, por lo que toda comunicación con Teherán no era posible para la gente de Tabriz, aunque poco después pudieron recibir noticias de la capital vía Qasr-e-Shirin. Tras la llegada a Tabriz de un telegrama procedente de Qazvin, los constitucionalistas reprendieron sus actividades convocando frecuentes asambleas en las que exigían el destronamiento de Mohammad Ali Shah. Las asambleas locales y regionales comenzaron a reunir efectivos armados para enviarlos a Teherán. Entre estos se contaba Sattar Jan, que capitaneaba 50 hombres armados a caballo, junto a otros dos grupos iguales (1908). Los tres grupos se dirigieron a Basamanj donde la asamblea de aquel lugar decidió que cuando el grupo creciera hasta 500 personas marcharía a Teherán. Mas entre tanto ocurrió que el Parlamento de Teherán fue bombardeado por los cañones del ejército del sha, y la Asamblea Constitucional de Tabriz hizo llamar a los hombres armados que se encontraban en Basamanj. Los secuaces del despotismo se pusieron manos a la obra para engañar a Sattar Jan. Así pues, el cónsul ruso se presentó en la Asamblea de Tabriz con el objetivo de engañarle y abocar al fracaso la revolución. Sattar Jan. Éste se presentó ante el cónsul ruso con los pies descalzos, la cara llena de polvo, tres cartucheras semivacías alrededor de la cintura, un sombrero de fieltro y un fusil en la mano, fue interpelado por el ruso diciéndole que aquella revuelta causaba muchos perjuicios al comercio de Rusia, por ser países vecinos. Le dijo que si abandonaba las armas le nombrarían jefe de un destacamento de caballería, que le darían incluso un estandarte y un sueldo de trescientos tomanes mensuales (una fortuna en 1908). Sattar Jan se airó ante aquellas palabras y sin hacerse esperar le respondió que no quería su indigno estandarte, ni su destacamento de caballería, y que si los persas tenían algo de honor se deberían decantar por la Constitución. En cuanto profirió aquellas palabras se levantó y se marchó. En un período en que la gente de Tabriz, grandes y humildes, temían a los rusos y a los ataques y embestidas de la soldadesca y de los partidarios del gobierno monárquico de Mohammad Ali Shah, Sattar Jan, a la cabeza de solo 17 hombres, disparaba a las banderas blancas que ondeaban en lo alto de los tejados de las casas, insuflaba en los lugareños la esperanza por la libertad y la Constitución y hacía un llamamiento literalmente a gritos a que "el cuerpo de la libertad fuese despojado del sudario" y a que "Tabriz fuese liberado del yugo de la represión y la tiranía." Paulatinamente, la población de Tabriz fue cobrando ánimo y fuerzas, derribaron las banderas blancas, se echaron a la calle y se fueron añadiendo a las filas de Sattar Jan gritando "Sattar Jan se ha levantado." El Tabriz que una horas antes se encontraba silencioso como un cementerio, con sus gentes escondidas en unas casas en las que ondeaban banderas blancas, se levantaron todos a una en contra del enemigo. Cuando Sattar Jan se vio rodeado de tantos constitucionalistas y vio cómo la misma gente estaba arrojando desde los tejados al suelo las banderas blancas, se animó, y cuando al atardecer llegó al barrio de Nobar y vio que allí estaban haciendo lo mismo, se apresuró para llegar a Amirjiz, en la capital de Tabriz pues supuso que allí la gente debería estar en peligro. Allí, Sattar Jan enarboló la bandera de Persia sobre el tejado del edificio de la Asamblea Provincial y puso a varios hombres para que custodiasen el edificio. Varios días después Rahim Jan, con un grupo de hombres, se puso en marcha hacia Tabriz, concretamente hacia la zona de Amirjiz y le encargó al más valiente de ellos, llamado Huseyn Pasha Jan, la misión de entregarle Sattar Jan vivo o muerto. Iniciaron el ataque a Tabriz y se dirigieron a la zona donde se encontraba Sattar Jan con la prioridad de quitarlo de en medio. Los combatientes por la Constitución habían hecho barricadas en las que se habían atrincherado entre 5 y 12 hombres mientras que el enemigo disponía para cada una de sus barricadas de más de 100 hombres. Los esbirros del sha, desde el balcón que formaba el barrio de Sarjab, se pusieron a disparar sobre Amirjiz. Pasha Jan, aún estando herido avanzaba con el ansia de ser recompensado para llegar hasta la barricada donde se encontraba Sattar Jan, hasta que ambos se enfrentaron a tiros. Pasha Jan disparó a Sattar Jan pero la bala le pasó junto a la oreja, mientras que la bala de Sattar Jan consiguió herir a su perseguidor. La batalla duró hasta el atardecer y fue un verdadero fracaso para las huestes del sha. Se contaron 30 bajas entre los combatientes de Tabriz. La batalla entre tabrizíes y agentes del gobierno continuó al día siguiente. Sattar Jan instruía a sus hombres en una estrategia para poder enfrentarse a aquel numeroso ejército. Cada día planeaban una táctica diferente, como por ejemplo hacer salir de una casa varias mulas supuestamente cargadas de enseres, con las que se hacía creer al enemigo que se estaban marchando algunos de allí, y, cuando se acercaban a éstas para quedarse con la carga disparaban hasta que no quedaba ninguno vivo. Aquella batalla seguía su curso. Sattar Jan unió sus fuerzas a las de Bagher Jan, el otro insurrecto, y pactaron que si alguno de los dos bandos caía prisionero o se veía en peligro, el otro tendría que acudir en su ayuda. Los insurrectos dividieron sus hombres en grupos de 20. Las fuerzas gubernamentales sufrían derrota tras derrota y tenían que pedir constantemente refuerzos a Mohammad Ali Shah mediante el telégrafo. Entonces, el sha, además de enviar más efectivos a Tabriz, recurrió al engaño conminándole a Sattar Jan a hacer las paces, mas este no se dejó engañar. Sattar Jan fue herido, pero él no dijo nada a los milicianos pues de buena tinta sabía que aquello podría desanimarles. Al contrario, cada día visitaba las barricadas donde no dejaba de alentar a los combatientes. Las fuerzas del sha ya no sabían qué hacer y probaron de nuevo la estratagema del engaño. Enviaron a un tal Abbas Ali para que le pidiese ayuda a Sattar Jan. Éste cayó en la trampa porque se apenó de aquel hombre. Pero, cuando ambos llegaron cerca de la supuesta casa de Abbas Ali, Sattar Jan se dio cuenta de que algo extraño pasaba, y, aunque pudo huir, una bala le alcanzó el brazo. No queriendo ir en aquel estado junto a los combatientes, se fue a un huerto donde se colocó varias hojas, limpió la herida y se ató un pañuelo con ayuda de los dientes y una mano, hasta que cesó de manar sangre, se ocultó la mano con la manga, luego se fue junto a los suyos, que no se dieron cuenta de que había sido malherido. Él hacía como si nada tuviese, visitando las barricadas, pero se encontraba mareado por la pérdida de sangre y se moría de dolor por las punzadas que le daba el brazo, sufrimiento que se reflejaba en su sudorosa frente. Aquel mismo día, el cañón del enemigo fue inutilizado por el artillero de los constitucionalistas, y Sattar Jan acompañó a éstos hasta el atardecer en su lucha, aquejado por aquel intenso dolor. A la mañana del día siguiente, Sattar Jan se presentó en el campo de batalla pertrechado de sus cartucheras, con babuchas y una camisa blanca, y todavía no se le había curado la herida de la mano cuando se dispuso a visitar de nuevo las barricadas y se reiniciaron las hostilidades contra un enemigo renovado y resistente hasta el final. En esta terrible batalla se luchó casa por casa y calle por calle. El enemigo usaba grandes escoplos y picos para derribar los muros divisorios de las casas y de las calles para abrirse camino. En fin, poco a poco se fueron haciendo de cada una de las barricadas, hasta que no quedó más que una, la que se encontraba Sattar Jan. Por otro lado, se pudieron hacer paso hasta que llegaron a acercarse peligrosamente a la Asamblea Provincial. Mas cuando parecía que el enemigo avanzaba irremediablemente y que se iban a hacer con la victoria, Sattar Jan y sus liberales consiguieron expulsarlos poco a poco e incluso capturar algunos prisioneros que se habían escondido en la entrada del bazar. Cuentan que cuando llegó Sattar Jan, los prisioneros le rogaron que no los matasen, algo por lo que se ofendió replicándoles "¿vuestra religión y la mía no es acaso la misma?", "A nosotros nos han dicho "dijeron los prisioneros" que usted no es musulmán, que quema el Corán", "Os perdono "dijo Sattar Jan" con la condición de que vayáis a vuestro barrio y allí digáis que somos musulmanes como ustedes." Ein al-Douleh rodeó Tabriz con un destacamento numeroso. Fue enviado un mensajero para pedir una entrevista con Sattar Jan y hacer negociaciones para la paz, a lo que éste dijo que los delegados de Ein al-Douleh se presentasen en la Asamblea Provincial. Así se hizo, y varios delegados se presentaron allí a dialogar; pronto Sattar Jan se percató de las mañas de Ein al-Douleh, pero supo cómo responder de forma tajante a sus pretensiones y además hacerles entender que él, Sattar Jan, sabía que ellos eran enemigos de la libertad. Los delegados regresaron desesperanzados y Sattar Jan se dirigió a Bagher Jan para avisarle de la nueva táctica de Ein al-Douleh y también advertirle de que iban a traer nuevos contingentes provenientes de las ciudades de Marand, Qarache Dagh, Teherán, Ardabil, Jaljal y Maku. En efecto, no hubo que esperar muchos días para que llegasen 3000 soldados de Maku cuya llegada supuso grandes estragos para los amotinados y para Tabriz en general, pues no dejaban de destruir, matar y saquear. Pero Sattar Jan no sólo supo hacerle frente sino que además se hizo del polvorín de las tropas de Maku saliendo ésta despavorida. De todas formas, el sha envió más tropas y Ein al-Douleh dio a la ciudad un ultimátum de que si en 48 horas no se rendían destrozaría Tabriz. Y así lo hizo, las tropas de Ein al-Douleh se abalanzaron sobre la ciudad pero fueron repelidas con eficacia por los soldados de Sattar Jan y Bagher Jan. Fue entonces cuando recurrieron al asedio cortando la entrada de comida a Tabriz, excepto en la zona partidaria del despotismo. Las mujeres de los amotinados marchaban al norte de la ciudad para ver si allí conseguían algo de pan, pero aquellas mujeres fueron apresadas por el enemigo y sometidas a tortura. Entre tanto, ya había llegado el mes de Ramadán. Sattar Jan se puso manos a la obra para romper el cerco, y, ayudado por unos cuantos de los suyos, hambrientos y sedientos debido al ayuno, atacaron el ejército de Eqbal al-Saltaneh causando la huida despavorida de éste que llegó incluso a dejar las armas y municiones allí. Habían logrado dejar libre el camino de Julfa para la entrada de alimentos. Todo esto desesperó ya del todo a Ein alDouleh quien telegrafió a Mohammad Ali Shah para presentarle su dimisión. Pero el sha le ordenó que permaneciera allí hasta la llegada de tropas renovadas. Éstas también aparecieron, atacaron pero también fueron derrotadas hasta que todos huyeron dejando la ciudad libre de enemigos mientras Tabriz se regocijaba en su victoria. La victoria de Tabriz animó a las demás ciudades. Pero el rey era obstinado y no estaba dispuesto a ceder y envió otro ejército que fue también derrotado. Después de un año y varios meses, Sattar Jan y los combatientes por la Constitución vencieron y cayó del todo el gobierno déspota. La Asamblea Provincial nombró a Sattar Jan general nacional. Mojber al-Saltaneh fue nombrado gobernador de Azerbaiyán y fue calurosamente recibido por los mandos del Gobierno Constitucional de Azerbaiyán. Pero el nuevo gobernador no prestó atención a Sattar Jan y su comportamiento posterior fue causa de disgusto. Mojber al-Saltaneh envió a Sattar Jan a Ardabil para apresar a Mohammad Huseyn, un rebelde de Gilán. Tras apresarlo, lo envió a Tabriz y Sattar Jan estuvo un tiempo gobernando Ardabil hasta que un partidario del sha atacó esta ciudad ayudado por las tribus Shahsavan, cercó la ciudad y finalmente Sattar Jan tuvo que abandonar Ardabil tras dos meses de asedio y ataques. Bagher Khan Sattar Jan decidió ir a Teherán en respuesta a la invitación que le hizo Naser al-Molk en la que también estaba invitado Bagher Jan. Pero luego se arrepintió de la decisión pues se percató de que Mojber al-Saltaneh tenía algo que ver en aquella invitación. De todas formas, el viaje se realizó. Una multitud se agrupó en torno a la casa de Sattar Jan para despedirse de él y de Bagher Jan. Ambos, escoltados por 50 jinetes armados cada uno, se pusieron en marcha hacia Teherán. Sheij Mohammad Jiabani e Ismail Nobari, diputados del Parlamento, fueron a recibirle a su llegada a Zanjan. Jiabani le pidió a Sattar Jan que no fuese a la capital a lo que éste le respondió que tras aquella visita pensaba ir de peregrinación a Karbala. Siguieron su marcha y al llegar a Qazvin fueron recibidos y aclamados por la gente, lo propio pasó a su llegada a Karaj. Al llegar a Teherán, se encontraron que sus simpatizantes, judíos y zoroastrianos les habían levantados varios arcos de triunfo para recibirles. Los diputados de Azerbaiyán fueron hasta Mehrabad para darles la bienvenida. Ambos fueron hospedados por el Estado en diferentes lugares de la capital, y muchos personajes importantes fueron a verles. Sattar Jan y Bagher Jan visitaron también el Parlamento y fueron recibidos en la Sala de la Comitiva donde se les entregó una placa de oro y plata por sus méritos y se leyó en voz alta un agradecimiento por parte de Parlamento. Después de un mes de agasajos por parte del Gobierno, éste le asignó a cada uno un sueldo de mil tomanes mensuales. Pero cuando llegó la hora de hablar de desarme, Sattar Jan y Bagher Jan no llegaron a ningún acuerdo con el gobierno, lo que provocó una crisis entre ellos que acabó en un enfrentamiento armado en el parque cercano a la casa de Sattar Jan (agosto 1910). Para dirimir este desacuerdo tuvo que intervenir el embajador de Alemania, Baronquadt, y el embajador otomano, pero fue en vano. Finalmente se impuso el ejército contra los insurrectos muriendo 30 de ellos en las refriegas y siendo detenidos 300. Cuatro años después de aquello, murió a causa de las heridas inflingidas en las batallas. Era el 16 de noviembre de 1914. Fue enterrado en Shah Abdul Azim, a seis km. al sur de Teherán. Shah 'Abbas I, 1570-1629 Shah 'Abbas I, también conocido como Shah 'Abbas el Grande, nació en Herat, a la sazón capital de Jorasán en 1570 y fue entronizado en 1587. Shah Abbas sabía leer y escribir pero no estaba dotado de mucha cultura. En cambio, poseía una gran inteligencia y sagacidad además de un gusto exquisito en el arte y en las letras. Durante su juventud era muy dado al vino, del que abusaba, especialmente después de terminar una batalla. Era amigo de fiestas y convites y de darse a la diversión, mas ello no obviaba que fuese un hombre valiente hasta llegar a ser temerario y resistente en el campo de batalla. Era muy diestro montando a caballo, con el sable y con el arco. Aunque a veces se mostraba indulgente, era un hombre vengativo y cruel en muchas ocasiones. Su vida cotidiana estaba regida por la sencillez. Cuando llegó al poder, Shah 'Abbas se percató que la causa de muchos de los desórdenes de Persia eran debidas al exceso de poder que tenían los Qezelbash cuyo brazo llegaba a los asuntos internos del Estado y al Ejército. Por tanto, se dispuso a acabar con su poder, algo que no era nada fácil ya que las fuerzas de las que disponía el sha era de unos 60.000 caballeros qezelbash que no obedecían a nadie más que a sus jefes, por lo que Shah 'Abbas sólo podía dar órdenes a estos caballeros mediante estos jefes. Para acabar con el problema, Shah 'Abbas se atrajo a jefes y responsables de otras tribus a los que pidió ayuda y así pudo reunir unos efectivos de entre diez y doce mil soldados de infantería que eran capitaneados por el mismo rey. La llegada de los hermanos Sherley y la instrucción de éstos a sus infantes en la fabricación y empleo de la artillería, terminó dejando a punto a la Infantería Real para enfrentarse a sus enemigos. El ejército del rey, en lugar de tener caballos como antiguamente, lo que tenían eran cañones con los que podía incluso enfrentarse al temible ejército otomano. Por otra parte, reunió otra fuerza que pudiera hacerle frente a los qezelbash, haciendo un llamamiento a los miembros de otras tribus para que de forma libre se inscribieran. De esta manera el sha pudo prescindir de los qezelbash. Shah 'Abbas otorgó derechos y privilegios a los cristianos y extranjeros que quisieran hacer comercio con Persia. Con la toma de estas medidas, que afectaban positivamente a los europeos, comenzaron las relaciones entre los países europeos y Persia. Hasta el año 1597, la capital safaví siguió siendo Qazvin. Al año siguiente es trasladada a Isfahán y Shah 'Abbas convierte esta ciudad en una de las más bellas de Persia. Tras acabar con los enemigos internos, los qezelbas, Shah 'Abbas se dispuso a enfrentarse a los externos, que eran los otomanos al oeste y los uzbecos al este, que se habían apoderado de importantes provincias de Persia como la de Jorasán. Primero luchó contra éstos, a los que venció. Luego contra los otomanos, pero fue derrotado y no tuvo más opción que capitular. En el año 1602 pudo finalmente vencer a los otomanos y recuperar la ciudad de Tabriz tras 18 años de ocupación. Tras este logro, se puso en marcha hacia Iraván, Georgia, que pudo conquistar después de seis meses de asedio. En esta época murió el sultán otomano Muhammad III y su hijo se presentó en Persia con un ejército, pero fue vencido y su derrota no sólo supuso el no poder recuperar Tabriz sino que además perdió Bagdad, Mosul, el Kurdistán y las ciudades santas shiíes de Najaf y Karbala. Esta derrota de los otomanos fue la cabeza de la lista de una serie de derrotas inflingida por los persas. Shah 'Abbas supo mantener a raya a los Otomanos. La política de este hábil rey con los países europeos fue de entendimiento. Como señalamos anteriormente abrió las puertas del país a los comerciantes, viajeros, e incluso a los misioneros cristianos, que establecieron numerosas órdenes religiosas, especialmente en Isfahán. Con los cristianos armenios iraníes se comportó de forma muy tolerante llegando a participar en sus fiestas y ceremonias y financiar parte del gasto de la construcción de sus iglesias, en fin, una serie de medidas que llamaron la atención de los europeos. Las buenas relaciones de Persia con los europeos en general y con Gran Bretaña en particular hicieron correr el rumor de una alianza entre los dos países para combatir al temible ejército otomano. También mantuvo relaciones con Alemania y España con los que intercambió embajadores. Renovó las relaciones que desde antaño tenía con la India. En 1588 envió una embajada a Moscú que portaba una misiva del sha al zar y cuatro años más tarde estableció relaciones diplomáticas con Rusia. Durante el período Safaví, sobre todo durante el reinado de Shah Abbas,el arte de la miniatura llega a su auge. En cuanto a las obras arquitectónicas y de arte que mandó realizar y con las que engalanó Isfahán de tal guisa que fue mundialmente conocida, cabe destacar la mezquita de Lotfullah, el palacio de las Cuarenta Columnas (Chehel Sotun), Ali Qapu, el puente de las 33 arcadas (Siose Pol), el palacete de los Ocho Paraísos (Hasht Behesht), la construcción de multitud de caravasares repartidos por toda Persia y que aún hoy se conservan, mejora y construcción de nuevos caminos, reparación y ampliación del santuario del Imán Reza en Mashad, fundación de una fábrica de artillería con ayuda de los ingleses, apoyo del arte y mecenazgo de los artistas y saneamiento de la Administración. La plaza del Imán, en Isfahán. Símbolo de la gloria del período Safaví y broche de oro de los monumentos construidos por Shah Abbas en esta ciudad. Fot. de Henry Stierlin. Shah Abbas murió en Mazandarán en 1629. Sus restos fueron llevados a hombros hasta Kashán y enterrado en el santuario de Habib b. Musa. Vaez Isfahani 1862-1908 Seyyed Ŷamal al-Din era el nombre real de Vaez Isfahani, uno de los clérigos-oradores protagonistas del período constitucional y padre del celebérrimo escritor Ŷamalzadeh (1895-1997). Nació en Hamadán. Tras la muerte de su padre, su madre, joven, analfabeta y sin recursos, emigra con el niño a Teherán. Éste ingresó en la madrasa a los cinco años de edad donde aprendió a leer y a escribir. Estuvo trabajando fabricando cadenas hasta los 14 años. Luego vuelve a estudiar y muestra tanta pasión y entusiasmo por la lectura que le daña la vista y queda ciego de un ojo. A los 21 años comienza sus estudios en Isfahán donde también da homilías y discursos en las mezquitas, que llaman la atención del público por su contenido original, lo que le valió el sobrenombre de Vaez Isfahani (el Orador Isfahani). En Isfahán contacta con otros intelectuales con los que mejora aún más sus conocimientos y enriquece sus métodos para sus discursos, hasta que el gobernador de Isfahán, Zall al-Sultán, le prohíbe dar las homilías de los meses sagrados de moharram y safar. Estos dos meses lo pasa Vaez Isfahani en Shiraz, Tabriz y Mashad. En estos días publica un tratado titulado "Sueño veraz" donde en 80 páginas habla de la calamidad que supone las actuaciones de personajes corruptos y tiranos. El tratado fue reimpreso en varias ocasiones años después y su publicación causó la ira de Zall al-Sultán y sus secuaces que dio una orden de busca y captura para Vaez Isfahani, al que no pudo detener pues se encontraba en Teherán. Cuando se enteró Vaez Isfahani de la orden de busca y captura que había contra él en Isfahán, optó por permanecer en la capital y continuó sus sermones y homilías en la Mezquita Shah de Teherán predicando contra el despotismo y la tiranía y en defensa de los oprimidos, tesis éstas con las que se ganó las simpatías del pueblo. Además prestaba ayuda a los pobres e indigentes y cuando llegaba por la noche a su casa era seguido por un grupo de mendigos a los que daba de comer y vestir. En sus homilías parecía que más que dar un discurso hablaba o interrogaba al público. El insigne sabio británico Edward Browne decía en su obra que trataba sobre la Revolución Constitucional de Persia que Vaez Isfahani había logrado obtener un gran apoyo y popularidad entre las capas bajas y desfavorecidas de la población ya que en sus discursos hablaba en el lenguaje llano del pueblo, haciéndose entender bien. En 1905 Ala al-Douleh, gobernador de Teherán, ordena detener a dos comerciantes de azúcar y somete a uno de ellos al bastinado. Aquel mismo día por la tarde, Vaez Isfahani en su homilía se refirió a aquel injusto e injustificado castigo contra los comerciantes. Luego, los comerciantes que se sentían inseguros, se refugiaron en la inviolabilidad de la Mezquita Shah y fueron acompañados por Vaez Isfahani y otros clérigos de renombre como Seyyed Abdullah Behbahani y Seyyed Mohammad Tabatabai. Ein al-Douleh le pidió al imán del viernes, Mirza Abulqasem (que era yerno del rey) que hiciese algo para dispersar a los allí encerrados. Él, ayudado por unos cuantos seguidores y criados, marcharon hacia la mezquita pertrechados de porras, sables, puñales y pistolas que ocultaron bajo sus atuendos para acceder al templo. Cuando Vaez Isfahani subió al púlpito y el discurso del clérigo llegó a la parte donde hacía referencia a la justicia y a la tiranía, el yerno del rey se le abalanzó, le acusó de impío y de enemigo del rey, y cuando se dio cuenta de que no había obtenido resultado alguno con aquello, se dejó ayudar por los rufianes que se había traído consigo que comenzaron a pegar tiros y a armar algarabía. Los encerrados salieron de allí y se trasladaron a la ciudad-santuario de Shah Abdul Azim, donde continuaron con su encierro. Sin embargo, Vaez Isfahani, que estaba más en peligro que ninguno, se refugió, primero en casa de Seyyed Mohammad Tabatabai, aunque tenía que cambiar de residencia continuamente pues le andaban buscando. Finalmente, el sha se rindió y rehusó a seguir la lucha. Los ulemas y los allí encerrados salieron y cuando llegaron a Teherán fueron aclamados por las multitudes que salían a recibirle. Como se estaba acercando el mes sagrado de moharram, el sha tenía miedo de que Vaez Isfahani volviera a subir a los púlpitos de las mezquitas, así que le envió una cantidad de dinero y una calesa real para que se marchara a Qom. Vaez Isfahani en primera instancia cogió el dinero, pero, tras pensarlo un poco, lo hizo devolver y se marchó a Qom por sus medios. Después de terminar la ashura, el sha le dio permiso para regresar a la capital. Allí siguió dando sus homilías y discursos en las mezquitas. Con la llegada al poder de Amin al-Sultan, gran opositor a la Constitución, y con la entronización de Mohammad Ali Shah, que conocía muy bien a Vaez Isfahani, hizo llamar a éste a su palacio y quiso engatusarle para que no hablara en sus discursos sobre la tiranía de los gobernantes. Algo que no aceptó el clérigo. Cuando el Parlamento fue cañoneado por orden del Mohammad Ali Shah, Vaez Isfahani se encontraba en el interior y cuando los esbirros del sha fueron a detener a los liberales y a los diputados, muchos salieron huyendo, pero él, que no podía correr debido a su cojera, se arrinconó junto a un muro hasta que una valiente mujer lo reconoció, lo escondió en su casa y al día siguiente marchó a Hamadán disfrazado. En dicha ciudad fue recibido y agasajado por su gobernador, Mozaffar al-Molk. Cuando Vaez Isfahani estaba haciendo los preparativos para ir de peregrinación a Karbala, el sha se enteró de que su perseguido se encontraba en Hamadán. Envió un telegrama ordenándole a Hesam al-Molk su detención y encarcelamiento. A las dos semanas es llevado en mula hasta Borujerd donde es encerrado en una mazmorra y envenenado. Su mausoleo se encuentra en aquella misma ciudad. http://www2.irna.ir/occasion/es/index3.htm INTERNACIONAL : O ACORDO BRASIL, IRÃ, TURQUIA - Stephen Kinzer, The Guardian UK O acordo nuclear Brasil-Irã-Turquia 17/5/2010, Stephen Kinzer, The Guardian, UK http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2010/may/17/iran-nuclear-brazil-turkey-deal Os acontecimentos e notícias empolgantes que chegam de Teerã, de acordo afinal firmado, que pode ter evitado crise global em torno do programa nuclear iraniano é desenvolvimento altamente positivo para todos – exceto para os que, em Washington e Telavive, estavam à procura de qualquer pretexto para isolar ou atacar o Irã. Também marca o nascimento de uma nova força altamente promissora no cenário mundial: a parceria Brasil-Turquia. Semana passada, o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan e o presidente Luis Inácio Lula da Silva do Brasil adotaram, em conjunto, a abordagem clássica do “um gentil, outro durão”, para aproximarem-se dos líderes iranianos. Lula anunciou que iria a Teerã, o que deu aos iranianos esperança de algum acordo. Mas era indispensável também a presença da Turquia (onde o urânio será tratado), e Erdogan fez-se de difícil. Na 3ª-feira, Ahmet Davutoglu, o muito experiente ministro das Relações Estrangeiras da Turquia, anunciou que Erdogan não iria ao Irã, a menos que os iranianos manifestassem algum interesse em firmar algum acordo. “Não é hora para encontros trilaterais sem objetivo preciso”, disse. “Queremos resultados. Sem perspectiva de resultados, não iremos ao Irã.” Na 6ª-feira, Erdogan endureceu ainda mais. Disse que a planejada viagem a Teerã estava cancelada, porque o Irã “não se manifestara sobre a questão”. Poucas horas depois, a secretária Hillary Clinton telefonou ao Chanceler turco e empenhou-se em desencorajar a iniciativa dos diplomatas brasileiros e turcos. Porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que a sra. Clinton ‘alertou’ o ministro turco para não confiar nos iranianos, cujo único interesse seria “fazer qualquer coisa para impedir as sanções pelo Conselho de Segurança, sem dar qualquer passo para suspender seu programa nuclear militar.” Depois do telefonema, um pouco precipitadamente, de fato, a secretária Hillary previu publicamente que o esforço dos presidentes Lula e Erdogan fracassaria. O que se sabe hoje é que a secretária Clinton pode não estar trabalhando corretamente pela pauta política da Casa Branca. Enquanto ela falava em Washington, funcionários turcos anunciavam aos jornalistas em Ankara, off-the-record, que haviam recebido encorajamento do próprio presidente Obama, para insistir no trabalho de mediação e continuar pressionando em busca de algum acordo. Pode ser, é claro, ‘divisão’ planejada das forças nos EUA, para cobrir todas as posições, o que implica que EUA, sim, anteviram a possibilidade de serem derrotados no front diplomático: Clinton faria a parte mais difícil e preservaria a posição do presidente como ‘mediador’ e interessado mais em acordos que em confrontos. Seja como for, já sugere alguma fragili dade na posição da secretária de Estado, ou seu isolamento, no círculo mais alto dos estrategistas de Obama para as questões mundiais cruciais. Alguns, em Washington, tentarão ver no acordo apenas um modo para salvar as aparências e livrar o Iran de confronto direto com EUA e União Europeia. Seja como for, outros verão de outro modo. Ali Akbar Salehi, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, vê perspectiva mais positiva. Semana passada, já havia anunciado que o Irã buscava um acordo, contando com a mediação política do Brasil e da Turquia “para dar aos EUA e outros países ocidentais um modo de escaparem da situação de impasse que criaram, com tantas ameaças.” Em todos os casos, o que se viu foi que negociadores competentes em negociações bem encaminhadas por dois líderes mundiais, destruíram a versão, difundida por Washington, de que o Irã não faria acordos e teria de ser ‘atacado’, por sanções; antes, claro, de que os EUA considerassem “todas as opções” – inclusive o ataque militar, para impedir o progresso do programa nuclear do país. Fato é que Turquia e Brasil, embora em pontos opostos do planeta, têm muita coisa em comum. São dois países territorialmente grandes que passaram longos anos sob ditadura, mas conseguiram alterar essa história e andar pacificamente na direção da plena democracia. Os dois países têm hoje, na presidência, políticos dinâmicos e experientes, que comandaram importante processo de recuperação econômica nos seus respectivos países. Os dois países, além do mais, já emergiram como potências regionais, mas aspiram ao nível de potências como Rússia, Índia ou mesmo a China. Nem Turquia nem Brasil podem sobreviver sozinhos entre esses gigantes. Mas, juntos, formam uma parceria que tem inúmeras possibilidades de sucesso. Brasil e Turquia são os países que mais abriram novas embaixadas pelo mundo, nos dois últimos anos. Uma vez por ano, os principais diplomatas turcos voltam a Ancara para ampla reunião de trabalho. Na reunião de 2010, ocorrida em janeiro, o ministro das Relações Exteriores do Brasil Celso Amorim foi um dos principais conferencistas convidados. Turquia e Brasil foram, por muitos anos, apoiadores ‘automáticos’ de Washington, mas agora começam a assumir o timão e determinar a própria rota. Preocupados com o que veem como violento unilateralismo norte-americano, que desestabiliza imensas regiões em todo o mundo, os dois países têm evitado todos os confrontos internacionais, ao mesmo tempo em que trabalham incansavelmente para promover acordos que visem à pacificação. Por muito feliz coincidência, os dois países são hoje membros nãopermanentes do Conselho de Segurança. A posição deu-lhes os meios para intervir na questão iraniana; que os negociadores e presidentes de Turquia e Irã usaram com talento e competência excepcionais. Durante a Guerra Fria, o Movimento dos Não-alinhados tentou converter-se numa “terceira força” na política mundial, mas fracassou, porque reunia países grandes demais, separados demais e diferentes demais. Turquia e Brasil emergem agora como a força global capaz e competente para diálogos e acordos que o Movimento dos Não-alinhados jamais antes conseguira ser. Contra o Irã e os direitos humanos 11/01/2012Posted in: Destaques Não há provas, mas cientista iraniano assassinado é vítima quase-certa de Israel. Possível cumplicidade anglo-americana acirra tensões em região crítica Por Saeed Kamali Dehghan, do The Guardian | Tradução: Daniela Frabasile e Antonio Martins Hoje, mais que nunca, as notícias do Irã estão cercadas de mistério. Seja no assassinato de um cientista nuclear, na explosão em uma base militar, na propagação de um vírus de computador ou na queda (ou captura) de um avião não-tripulado (drone) norteamericano, é difícil estabelecer com alguma certeza o que realmente aconteceu. Mostafa Ahmadi Roshan, uma figura-chave da usina de enriquecimento de urânio no centro do Irã, morreu no último incidente, na quarta-feira de manhã. Segundo as informações iniciais, dois homens em motocicletas implantaram bombas magnéticas em seu carro (na foto), matando o cientista e ferindo outras pessoas. Dois outros cientistas nucleares, Masoud Ali Mohammadi e Majid Shahriari, foram mortos em ataques similares, em janeiro e novembro de 2010. Fereydoon Abbasi Davani, o atual chefe das operações atômicas do Irã, sobreviveu a uma tentativa de assassinato no dia em que seu colega, Shahriari, foi atingido. Em julho do ano passado, Darioush Rezaeinejad, um estudioso iraniano, foi baleado por homens armados em motocicletas. O Irã negou o envolvimento dele em pesquisas nucleares e circulou a hipótese de que ele teria sido morto por engano, no lugar de um cientista com nome parecido. Em novembro, houve uma explosão na cidade de Isfahan, próxima a instalações nucleares. Outra explosão em uma base militar matou o arquiteto do programa de mísseis do regime islâmico, junto com 16 de seus guarda-costas, da elite dos “guardas revolucionários”. Uma explosão similar no ano passado atingiu uma base de mísseis em Khorramabad, a região do Irã mais próxima a Israel. O Stuxnet, um vírus de computador provavelmente desenhado para sabotar o enriquecimento de urânio no Irã atingiu muitas centrífugas do país no ano passado. Então, houve o caso misterioso do drone dado como desaparecido no Afeganistão, e depois ressurgido no Irã. É difícil ver todos estes incidentes sem relacioná-los. Tomados como um todo, sugerem que oponentes do regime iraniano lançaram uma campanha não-declarada para atingir os programas nuclear e de mísseis do Irã, possivelmente como alternativa à opção mais custosa de uma guerra aberta. Ninguém assumiu responsabilidades. Israel é visto como suspeito natural, não apenas porque se recusou a negar o envolvimento, mas por sua história de operações secretas. O sequestro de Mordechai Vanunu1, e os assassinatos sistemáticos dos envolvidos no massacre do Setembro Negro são apenas dois exemplos. Se Israel está por trás da campanha contra o Irã é um mistério. Um chefe militar israelense afirmou esta semana, em mensagem cifrada, que o Irã deveria esperar mais eventos “não-naturais” em 2012. Já o Irã acusou tanto Israel quanto os Estados Unidos. Ao contrário de Telavive, Washington negou envolvimento no assassinato de cientistas. Protestos na embaixada britânica em Teerã em novembro último, nos quais manifestantes portavam retratos de Shahriari, um dos assassinados, demonstraram que o Irã crê também em envolvimento da Inglaterra. O Irã tem razão ao manter tais suspeitas. Sir John Sawers, chefe do serviço secreto M16, já endossou ações secretas contra o país “Precisamos de operações de inteligência para tornar mais difícil a países como o Irã desenvolver armas nucleares”, disse ele, num discurso em 2010. O papel do serviço secreto, acrescentou “é descobrir o que estes estados estão fazendo… e identificar formas de retardar seu acesso a materiais e tecnologia vitais”. Os pontos de vista de Sawers foram repetidos tanto por dirigentes de Israel quanto dos Estados Unidos. “Não estamos satisfeitos ao ver os iranianos avançarem nisso [o programa nuclear]. Qualquer atraso, seja por intervenção divina ou outro fator, é benvindo”, afirmou recentemente o ministro da Defesa, Ehud Barak. Em outubro, Jack Keane, um veterano general estadunidense, reagiu a suspeitas de um compô iraniano para assassinar o embaixador saudita em Washington afirmando: “Por que não matamos [os guardas revolucionários]? Precisamos botar a mão em suas gargantas agora”. Tais comentários não provam que estes países engajaram-se numa guerra secreta contra o Irã. Mas seja quem for o responsável pelos assassinatos e aparentes sabotagens, algo precisa ser dito: trata-se de atos inteiramente ilegais, do ponto de vista do direito internacional. Seja um assassinato cometido por indivíduos, ou um estado estrangeiro atingindo nacionais de outros países, ou violando a soberania territorial da república islâmica, as leis internacionais e convenções de direitos humanos proíbem estas atividades. Os apoiadores de uma guerra secreta contra o Irã veem-na como alternativa a bombardeios aéreos ou uma gerra em larga escala. Acreditam que, embora ilegal, é uma abordagem melhor, já que há menos vítimas civis e evita-se o confronto público com apoiadores do Irã (como a China e a Rússia). Mas estas ações ilegais arruinarão todas as chances de diálogo com Teerã. Elas encorajarão o país a ser menos prudente e tornar-se mais radical sobre suas atividades nucleares. Ainda mais importantes, incitarão o Irã a reagir de modo similar, com suas próprias ações secretas. Se não interrompida, a guerra secreta contra Teerã pode fugir de qualquer controle. – 1Referência a um técnico nuclear israelense que revelou em 1986, à imprensa britânica, segredos nucleares de seu país. Ele foi sequestrado em Roma pelo serviço secreto de Israel (o Mossad) e conduzido a Israel, onde foi condenado a 18 anos de prisão – onze dos quais cumpridos em solitária (ver Wikipedia) Leia também: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Israel não atacará o Irã, não mesmo Olgária Matos entre Direitos, Desejos e Utopia A mão (quase) invisível da contra-revolução O que Egito e Tunísia dizem sobre Irã Irã: a geração pós-islamista Pan-Islamismo: Egito, Irã e al-Qaeda Egito 2011 não é o Irã 1979 8. Revolução: Irã ganha, Israel perde 9. O acordo nuclear Brasil-Irã-Turquia 10. Pós-capitalismo, direitos humanos e liberdade http://www.outraspalavras.net/2012/01/11/contra-o-ira-e-os-direitos-humanos/ Quem bate os tambores de guerra contra o Irã? Por Terry Jones - Guardian (INGLATERRA) http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2011/dec/06/iran-war-drums-terryjones?intcmp=239 No século 14 houve duas pandemias. Uma foi a Peste Negra; a outra foi a comercialização da guerra. Mercenários sempre houve, mas no reinado de Eduardo III converteram-se em principal sustentáculo do exército inglês nos primeiros 20 anos do que seria a Guerra dos 100 Anos. Então, quando Eduardo assinou o tratado de Brétigny em 1360 e disse aos soldados que parassem de guerrear e voltassem para casa, muitos deles não tinham casa para onde voltar. Estavam habituados a guerrear e da guerra tiravam o próprio sustento. Então, aqueles homens organizaram-se em exércitos freelance, não por acaso batizados de “livres empresas” [ing. free companies], e avançaram pela França, pilhando, matando e estuprando. Um desses exércitos ficou conhecido como A Grande Empresa [ing. The Great Company]. Conforme estimativas conhecidas, reunia 16 mil soldados, maior que qualquer dos então existentes exércitos nacionais. Atacou até o papa, em Avignon, prendeu-o e exigiu resgate. O papa cometeu o erro de pagar aos mercenários grandes quantidades de dinheiro vivo, o que só os estimulou e prosseguir nos malfeitos. Também sugeriu que se mudassem para a Itália, onde seus arquiinimigos, os Visconti, governavam Milão. Foi o que fizeram, sob a bandeira do Marquês de Monferrato, também subsidiado pelo papa. Ali o pesadelo começou. Enormes exércitos privados puseram-se a varrer a Europa, desastre que só foi menor que a Peste Negra. Foi como se o gênio houvesse escapado da garrafa e ninguém conseguia metê-lo lá, de volta. A guerra, de repente, estava convertida em negócio lucrativo; as cidades italianas viram-se empobrecer – todo o dinheiro que os contribuintes pagavam era usado para comprar os serviços das livres empresas. E, dado que os que lucravam com a guerra naturalmente ansiavam por continuar a fazê-lo, e do mesmo modo, a guerra tornou-se eterna, infindável. Corra o filme para o futuro, 650 anos adiante, mais ou menos. Os EUA, no governo de George W Bush, decidiu privatizar a invasão do Iraque, empregando “fornecedores” privados de serviços de guerra, como a empresa Blackwater, hoje rebatizada Xe Services. Em 2003, a Blackwater conseguiu um contrato sem licitação, de 27 milhões de dólares, para garantir a segurança de Paul Bremer, então presidente da Autoridade Provisória da Coalizão [ing. Coalition Provisional Authority]. Desde então, vendendo proteção a servidores públicos em zonas de conflito desde 2004, a empresa já recebeu mais de 320 milhões de dólares. E em 2011 o governo Obama contratou serviços da Xe, pelos quais terá pago, até dezembro em curso, 250 milhões de dólares por serviços de segurança no Afeganistão. Essa é apenas uma das várias empresas que lucram com a guerra. Em 2000, o Projeto para o Novo Século Americano [ing. Project for the New American Century] publicou um relatório, “Rebuilding America's Defenses” [Reconstruindo as Defesas dos EUA], cujo objetivo declarado é aumentar os gastos da Defesa, de 3% para 3,5% ou 3,8% do PIB dos EUA. De fato, esses gastos já chegam hoje a 4,7% do PIB dos EUA. Na Grã-Bretanha, gastamos, na Defesa, cerca de 57 bilhões por ano, 2,5% do PIB. Assim como os cidadãos contribuintes das cidades-estado italianas medievais, estamos vendo nosso dinheiro ser drenado para o negócio da guerra. Empresas responsáveis têm de gerar lucros para remunerar os acionistas. No século 14, os acionistas das livres empresas eram os próprios soldados. Se a empresa não estivesse contratada por alguém para fazer guerra contra algum outro, os acionistas viam sumir os dividendos. Por isso, cuidavam, eles mesmos, de criar mercados nos quais seus negócios continuassem a render lucros. A Empresa Branca [ing. White Company] de Sir John Hawkwood podia oferecer seus serviços ao papa ou à cidade de Florença. Se a oferta não interessasse a algum desses, Hawkwood imediatamente oferecia os mesmos serviços aos seus respectivos inimigos. Como Francis Stonor Saunders escreve, em seu maravilhoso 'Hawkwood – Diabolical Englishman': “As empresas tinham, unicamente, o valor negativo de manter o equilíbrio do poder militar entre as cidades”. [1] Exatamente como a Guerra Fria. Há vinte anos, numa livraria, passei a mão numa revista da indústria de armas. “Graças a Deus, Saddam existe” – era o título do editorial. Explicava que, desde o colapso do bloco soviético e o fim da Guerra Fria, as pastas de contratos da indústria de armas andaram vazias. Mas naquele momento, havia afinal um inimigo, e a indústria voltava a sonhar com melhores tempos. A invasão do Iraque foi inventada em torno de uma mentira: Saddam jamais teve armas de destruição em massa; mas a Defesa carecia de inimigo; e os políticos rapidamente forneceram-lhe um. Hoje, os mesmos tambores de guerra, encorajados pelo ataque à embaixada britânica semana passada, voltam a bater, clamando por ataque contra o Irã. Seymour Hersh escreve na revista New Yorker: “Todo o urânio baixo-enriquecido que o Irã produz é conhecido, legal e legítimo”.[2] O relatório recente da Agência Internacional de Energia Atômica, que provocou onda de fúria contra ambições nucleares dos iranianos – continua Hersh – não contém sequer uma linha que prove que o Irã estaria desenvolvendo armas nucleares. No século XIV, quem vivia em simbiose com os militares era a igreja. Hoje, são os políticos. O governo dos EUA gastou espantosíssimos 687 bilhões de dólares na ‘defesa’, em 2010. Pensem em tudo que se poderia fazer, se o mesmo dinheiro fosse aplicado em hospitais, escolas, ou para pagar hipotecas extorsivas, de famílias despejadas que hoje vivem na rua. O ex-presidente Dwight Eisenhower dos EUA aproveitou a oportunidade de um discurso de despedida, em 1961, para alertar os cidadãos norte-americanos contra o risco de admitir relacionamento muito íntimo entre os políticos e a indústria da defesa. “Essa conjunção, quando há um imenso establishment militar e grande indústria de armas, é novidade na experiência dos norte-americanos” – disse ele. – “Nos conselhos do governo, temos de nos prevenir conta o risco de que venham a acumular excessiva influência. O potencial para que cresça muito um poder desastroso e deslocado está aí, existe e continuará a existir”. Existe mesmo. O gênio, outra vez, escapou da garrafa. +++++++++++++++++++++++++++++ [1] SAUNDERS, Francis Stonor, Hawkwood: Diabolical Englishman [Hawkwood, Inglês Diabólico] (nos EUA 'The Devil's Broker' [O Corretor do Diabo]), Londres: Faber and Faber, 2004. [2] HERSH, Seymour M., “Iran and the Bomb. How real is the nuclear threat?”, 6/6/2011, New Yorker, em http://www.newyorker.com/reporting/2011/06/06/110606fa_fact_hersh#ixzz1fxvjFfN6 The Iranian threat The US is not taking any practical steps to ensure a nuclear-free Middle East, says the author. Colega Noam Chomsky: 24 Nov 2011 The dire threat of Iran is widely recognised to be the most serious foreign policy crisis facing the Obama administration. General Petraeus informed the Senate Committee on Armed Services in March 2010 that "the Iranian regime is the primary state-level threat to stability" in the US Central Command area of responsibility, the Middle East and Central Asia, the primary region of US global concerns. The term "stability" here has its usual technical meaning: firmly under US control. In June 2010 Congress strengthened the sanctions against Iran, with even more severe penalties against foreign companies. The Obama administration has been rapidly expanding US offensive capacity in the African island of Diego Garcia, claimed by Britain, which had expelled the population so that the US could build the massive base it uses for attacks in the Central Command area. The Navy reports sending a submarine tender to the island to service nuclear-powered guided-missile submarines with Tomahawk missiles, which can carry nuclear warheads. Each submarine is reported to have the striking power of a typical carrier battle group. According to a US Navy cargo manifest obtained by the Sunday Herald (Glasgow), the substantial military equipment Obama has dispatched includes 387 "bunker busters" used for blasting hardened underground structures. Planning for these "massive ordnance penetrators", the most powerful bombs in the arsenal short of nuclear weapons, was initiated in the Bush administration, but languished. On taking office, Obama immediately accelerated the plans, and they are to be deployed several years ahead of schedule, aiming specifically at Iran. "They are gearing up totally for the destruction of Iran," according to Dan Plesch, director of the Centre for International Studies and Diplomacy at the University of London. "US bombers and long range missiles are ready today to destroy 10,000 targets in Iran in a few hours," he said. "The firepower of US forces has quadrupled since 2003," accelerating under Obama. The Arab press reports that an American fleet (with an Israeli vessel) passed through the Suez Canal on the way to the Persian Gulf, where its task is "to implement the sanctions against Iran and supervise the ships going to and from Iran". British and Israeli media report that Saudi Arabia is providing a corridor for Israeli bombing of Iran (denied by Saudi Arabia). On his return from Afghanistan to reassure NATO allies that the US will stay the course after the replacement of General McChrystal by his superior, General Petraeus, Chairman of the Joint Chiefs of Staff Admiral Michael Mullen visited Israel to meet IDF Chief of Staff Gabi Ashkenazi and senior military staff along with intelligence and planning units, continuing the annual strategic dialogue between Israel and the US The meeting focused "on the preparation by both Israel and the US for the possibility of a nuclear capable Iran", according to Haaretz, which reports further that Mullen emphasised that "I always try to see challenges from Israeli perspective". Mullen and Ashkenazi are in regular contact on a secure line. The increasing threats of military action against Iran are of course in violation of the UN Charter, and in specific violation of Security Council Resolution 1887 of September 2009 which reaffirmed the call to all states to resolve disputes related to nuclear issues peacefully, in accordance with the Charter, which bans the use or threat of force. Some analysts who seem to be taken seriously describe the Iranian threat in apocalyptic terms. Amitai Etzioni warns that "the US will have to confront Iran or give up the Middle East", no less. If Iran's nuclear programme proceeds, he asserts, Turkey, Saudi Arabia and other states will "move toward" the new Iranian "superpower". To rephrase in less fevered rhetoric, a regional alliance might take shape independent of the US. In the US army journal Military Review, Etzioni urges a US attack that targets not only Iran's nuclear facilities, but also its non-nuclear military assets, including infrastructure - meaning, the civilian society. "This kind of military action is akin to sanctions - causing 'pain' in order to change behaviour, albeit by much more powerful means." Iranian threat? Such inflammatory pronouncements aside, what exactly is the Iranian threat? An authoritative answer is provided by military and intelligence reports to Congress in April 2010 [Lieutenant General Ronald L. Burgess, Director, Defence Intelligence Agency, Statement before the Committee on Armed Services, US Senate, 14 April 2010; Unclassified Report on Military Power of Iran, April 2010; John J Kruzel, American Forces Press Service, "Report to Congress Outlines Iranian Threats", April 2010]. The brutal clerical regime is doubtless a threat to its own people, though it does not rank particularly high in that respect in comparison to US allies in the region. But that is not what concerns the military and intelligence assessments. Rather, they are concerned with the threat Iran poses to the region and the world. The reports make it clear that the Iranian threat IS NOT MILITARY. Iran's military spending is "relatively low compared to the rest of the region", and of course minuscule as compared to the US. Iranian military doctrine is strictly "defensive, designed to slow an invasion and force a diplomatic solution to hostilities". Iran has only "a limited capability to project force beyond its borders". With regard to the nuclear option, "Iran's nuclear programme and its willingness to keep open the possibility of developing nuclear weapons is a central part of its deterrent strategy". Though the Iranian threat is not military aggression, that does not mean that it might be tolerable to Washington. Iranian deterrent capacity is considered an illegitimate exercise of sovereignty that interferes with US global designs. Specifically, it threatens US control of Middle East energy resources, a high priority of planners since World War II. As one influential figure advised, expressing a common understanding, control of these resources yields "substantial control of the world" (A A Berle). But Iran's threat goes beyond deterrence. It is also seeking to expand its influence. Iran's "current five-year plan seeks to expand bilateral, regional and international relations, strengthen Iran's ties with friendly states, and enhance its defence and deterrent capabilities. Commensurate with that plan, Iran is seeking to increase its stature by countering US influence and expanding ties with regional actors while advocating Islamic solidarity". In short, Iran is seeking to "destabilise" the region, in the technical sense of the term used by General Petraeus. US invasion and military occupation of Iran's neighbours is "STABILISATION". Iran's efforts to extend its influence in neighbouring countries is "destabilisation", hence plainly illegitimate. It should be noted that such revealing usage is routine. Thus the prominent foreign policy analyst James Chace, former editor of the main establishment journal Foreign Affairs, was properly using the term "stability" in its technical sense when he explained that in order to achieve "stability" in Chile it was necessary to "destabilise" the country (by overthrowing the elected Allende government and installing the Pinochet dictatorship). Terrorism? Beyond these crimes, Iran is also carrying out and supporting terrorism, the reports continue. Its Revolutionary Guards "are behind some of the deadliest terrorist attacks of the past three decades", including attacks on US military facilities in the region and "many of the insurgent attacks on Coalition and Iraqi Security Forces in Iraq since 2003". Furthermore, Iran backs Hezbollah and Hamas, the major political forces in Lebanon and in Palestine - if elections matter. The Hezbollah-based coalition handily won the popular vote in Lebanon's latest (2009) election. Hamas won the 2006 Palestinian election, compelling the US and Israel to institute the harsh and brutal siege of Gaza to punish the miscreants for voting the wrong way in a free election. These have been the only relatively free elections in the Arab world. It is normal for elite opinion to fear the threat of democracy and to act to deter it, but this is a rather striking case, particularly alongside of strong US support for the regional dictatorships, emphasised by Obama with his strong praise for the brutal Egyptian dictator Mubarak on the way to his famous address to the Muslim world in Cairo. The terrorist acts attributed to Hamas and Hezbollah pale in comparison to US-Israeli terrorism in the same region, but they are worth a look nevertheless. On May 25, 2010 Lebanon celebrated its national holiday Liberation Day, commemorating Israel's withdrawal from southern Lebanon after 22 years, as a result of Hezbollah resistance - described by Israeli authorities as "Iranian aggression" against Israel in Israeli-occupied Lebanon (Ephraim Sneh). That too is normal imperial usage. Thus President John F Kennedy condemned the "the assault from the inside" in South Vietnam, "which is manipulated from the North." This criminal assault by the South Vietnamese resistance against Kennedy's bombers, chemical warfare, programs to drive peasants to virtual concentration camps, and other such benign measures was denounced as "internal aggression" by Kennedy's UN Ambassador, liberal hero Adlai Stevenson. North Vietnamese support for their countrymen in the US-occupied South is aggression, intolerable interference with Washington's righteous mission. Kennedy advisers Arthur Schlesinger and Theodore Sorenson, considered doves, also praised Washington's intervention to reverse "aggression" in South Vietnam - by the indigenous resistance, as they knew, at least if they read US intelligence reports. In 1955 the US Joint Chiefs of Staff had defined several types of "aggression", including "Aggression other than armed, i.e., political warfare, or subversion". For example, an internal uprising against a US-imposed police state, or elections that come out the wrong way. The usage is also common in scholarship and political commentary, and makes sense on the prevailing assumption that We Own the World. Hamas resists Israel's military occupation and its illegal and violent actions in the occupied territories. It is accused of refusing to recognise Israel (political parties do not recognise states). In contrast, the US and Israel not only do not recognise Palestine, but have been acting relentlessly and decisively for decades to ensure that it can never come into existence in any meaningful form. The governing party in Israel, in its 1999 campaign platform, bars the existence of any Palestinian state - a step towards accommodation beyond the official positions of the US and Israel a decade earlier, which held that there cannot be "an additional Palestinian state" between Israel and Jordan, the latter a "Palestinian state" by US-Israeli fiat whatever its benighted inhabitants and government might believe. Hamas is charged with rocketing Israeli settlements on the border, criminal acts no doubt, though a fraction of Israel's violence in Gaza, let alone elsewhere. It is important to bear in mind, in this connection, that the US and Israel know exactly how to terminate the terror that they deplore with such passion. Israel officially concedes that there were no Hamas rockets as long as Israel partially observed a truce with Hamas in 2008. Israel rejected Hamas' offer to renew the truce, preferring to launch the murderous and destructive Operation Cast Lead against Gaza in December 2008, with full US backing, an exploit of murderous aggression without the slightest credible pretext on either legal or moral grounds. Turkey The model for democracy in the Muslim world, despite serious flaws, is Turkey, which has relatively free elections, and has also been subject to harsh criticism in the US. The most extreme case was when the government followed the position of 95 per cent of the population and refused to join in the invasion of Iraq, eliciting harsh condemnation from Washington for its failure to comprehend how a democratic government should behave: under our concept of democracy, the voice of the Master determines policy, not the near-unanimous voice of the population. The Obama administration was once again incensed WHEN TURKEY JOINED WITH BRAZIL in arranging a deal with Iran to restrict its enrichment of uranium. Obama had praised the initiative in a letter to Brazil's president Lula da Silva, apparently on the assumption that it would fail and provide a propaganda weapon against Iran. When it succeeded, the US was furious, and quickly undermined it by ramming through a Security Council resolution with new sanctions against Iran that were so meaningless that China cheerfully joined at once - recognising that at most the sanctions would impede Western interests in competing with China for Iran's resources. Once again, Washington acted forthrightly to ensure that others would not interfere with US control of the region. Not surprisingly, Turkey (along with Brazil) voted against the US sanctions motion in the Security Council. The other regional member, Lebanon, abstained. These actions aroused further consternation in Washington. Philip Gordon, the Obama administration's top diplomat on European affairs, warned Turkey that its actions are not understood in the US and that it must "demonstrate its commitment to partnership with the West", AP reported, "a rare admonishment of a crucial NATO ally". The political class understands as well. Steven A Cook, a scholar with the Council on Foreign Relations, observed that the critical question now is "How do we keep the Turks in their lane?" - following orders like good democrats. A New York Times headline captured the general mood: "Iran Deal Seen as Spot on Brazilian Leader's Legacy". In brief, do what we say, or else. There is no indication that other countries in the region favour US sanctions any more than Turkey does. On Iran's opposite border, for example, Pakistan and Iran, meeting in Turkey, recently signed an agreement for a new pipeline. Even more worrisome for the US is that the pipeline might extend to India. The 2008 US treaty with India supporting its nuclear programmes - and indirectly its nuclear weapons programmes - was intended to stop India from joining the pipeline, according to Moeed Yusuf, a South Asia adviser to the United States Institute of Peace, expressing a common interpretation. India and Pakistan are two of the three nuclear powers that have refused to sign the Nonproliferation Treaty (NPT), the third being Israel. All have developed nuclear weapons with US support, and still do. Nuclear weapons-free zone No sane person wants Iran to develop nuclear weapons; or anyone. One obvious way to mitigate or eliminate this threat is to establish a nuclear weapons-free zone (NWFZ) in the Middle East. The issue arose (again) at the NPT conference at United Nations headquarters in early May 2010. Egypt, as chair of the 118 nations of the Non-Aligned Movement, proposed that the conference back a plan calling for the start of negotiations in 2011 on a Middle East NWFZ, as had been agreed by the West, including the US, at the 1995 review conference on the NPT. Washington still formally agrees, but insists that Israel be exempted - and has given no hint of allowing such provisions to apply to itself. The time is not yet ripe for creating the zone, Secretary of State Hillary Clinton stated at the NPT conference, while Washington insisted that no proposal can be accepted that calls for Israel's nuclear programme to be placed under the auspices of the IAEA or that calls on signers of the NPT, specifically Washington, to release information about "Israeli nuclear facilities and activities, including information pertaining to previous nuclear transfers to Israel". Obama's technique of evasion is to adopt Israel's position that any such proposal must be conditional on a comprehensive peace settlement, which the US can delay indefinitely, as it has been doing for 35 years, with rare and temporary exceptions. At the same time, Yukiya Amano, head of t he International Atomic Energy Agency, asked foreign ministers of its 151 member states to share views on how to implement a resolution demanding that Israel "accede to" the NPT and throw its nuclear facilities open to IAEA oversight, AP reported. It is rarely noted that the US and UK have a special responsibility to work to establish a Middle East NWFZ. In attempting to provide a thin legal cover for their invasion of the Iraq in 2003, they appealed to Security Council Resolution 687 (1991), which called on Iraq to terminate its development of weapons of mass destruction. The US and UK claimed that they had not done so. We need not tarry on the excuse, but that Resolution commits its signers to move to establish a NWFZ in the Middle East. Parenthetically, we may add that US insistence on maintaining nuclear facilities in Diego Garcia undermines the NWFZ) established by the African Union, just as Washington continues to block a Pacific NWFZ by excluding its Pacific dependencies. Obama's rhetorical commitment to non-proliferation has received much praise, even a Nobel peace prize. One practical step in this direction is establishment of NWFZs. Another is to withdraw support for the nuclear programmes of the three non-signers of the NPT. As often, rhetoric and actions are hardly aligned, in fact are in direct contradiction in this case, facts that pass with as little attention as most of what has just been briefly reviewed. Instead of taking practical steps towards reducing the truly dire threat of nuclear weapons proliferation, the US is taking major steps towards reinforcing US control of the vital Middle East oil-producing regions, by violence if other means do not suffice. That is understandable and even reasonable, under prevailing imperial doctrine, however grim the consequences, yet another illustration of "the savage injustice of the Europeans" that Adam Smith deplored in 1776, with the command centre since shifted to their imperial settlement across the seas. Noam Chomsky is Institute Professor emeritus in the MIT Department of Linguistics and Philosophy. He is the author of numerous bestselling political works, including 9-11: Was There an Alternative? (Seven Stories Press), an updated version of his classic account, just being published this week with a major new essay - from which this post was adapted considering the 10 years since the 9/11 attacks "Guerra contra o Irã poderia acabar com a vida na Terra", diz ex-funcionário da Casa Branca "Se Washington não quisesse uma guerra não teria fornecido armas a Israel", disse Um ex-funcionário norte-americano advertiu que seu país quer responsabilizar Israel pela possível guerra de Washington contra o Irã, que poderia acabar com a vida na Terra. As advertências dos Estados Unidos a Israel para não atacar o Irã visam evitar a responsabilidade para a guerra que Washington preparou, escreveu o exassistente do Secretário de Tesouro, Paul Craig Roberts, em um artigo em Global Research. “Se a guerra sai de controle, e se Rússia e China intervêm ou armas nucleares começam a voar, Washington quer responsabilizar Israel. E o país parece estar disposto a aceitar a culpa”, disse Craig Roberts. Na última semana, The Wall Street Journal afirmou que os EUA pediram garantias para líderes israelenses de que não promoveria ações militares contra o Irã. “Se Washington não quisesse uma guerra contra o Irã não teria fornecido as armas necessárias a Israel. Não teria enviado tropas para Israel”, argumentou o ex-funcionário, que continuou. “Washington não teria desenvolvido um sistema de defesa antimísseis para Israel e não estaria conduzindo exercícios conjuntos com o exército israelense para ter certeza de que funciona”, advertiu Craig Roberts. “Washington não impedirá a guerra que deseja tão fervorosamente. Tampouco o fará a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), marionetes de Washington”, disse. “A Grã-Bretanha faz o que lhe é dito; a Alemanha é submissa e ocupada; França está falida; Itália está ocupada com bases aéreas dos EUA e um governo infiltrado pela CIA e Espanha e Grécia estão em caso de falência. Todos têm a esperança de uma chuva de dólares dos EUA e desprovidos de qualquer dignidade ou honra, apóiam a nova guerra que poderia acabar com a vida na Terra”, disse Paul Craig Roberts. http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/19281/Guerra+contra+o+ira+po deria+acabar+com+a+vida+na+terra+diz+ex_funcionario+da