Marcelo Petreca R.A. 0200191 SISTEMA DE CÁLCULOS DE RENDIMENTO DE TRANSFORMADORES ELÉTRICOS Relatório final apresentado à disciplina Trabalho de Graduação III, do curso de Ciência da Computação da Faculdade de Jaguariúna, sob orientação do Prof. Sílvio Petroli Neto, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação. Jaguariúna 2005 2 PETRECA, Marcelo. Sistema de cálculos de rendimento de transformadores elétricos. Monografia defendida e aprovada na Faculdade de Jaguariúna em 12 de Dezembro de 2005 pela banca examinadora constituída pelos professores: _____________________________________________________________ Prof. Sílvio Petroli Neto FAJ – Orientador _____________________________________________________________ Prof. Ricardo Menezes Salgado _____________________________________________________________ Prof. Ademário Araújo Junior 3 Ao Prof. Silvio Petroli Neto, Por proporcionar grande melhoria no meu desenvolvimento na área de computação, por me incentivar nas horas difíceis do trabalho e por permitir, com seus ensinamentos, a realização do sonho maior. 4 PETRECA, Marcelo. Sistema de cálculos de rendimento de transformadores elétricos. 2005. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Ciência da Computação) – Curso de Ciência da Computação da Faculdade de Jaguariúna, Jaguariúna. RESUMO A economia de energia é um tema muito estudado nos dias de hoje devido ao aumento constante do consumo. Um ramo de pesquisa de economia de energia se concentra na construção de equipamentos elétricos com máximo rendimento, já que nenhum equipamento consegue ter rendimento de 100% devido as perdas inerentes ao trabalho. A proposta deste projeto é fornecer estudo para economia de energia nos equipamento de fornecimento de energia de baixa tensão, que temos instalado nos postes de todas as ruas das cidades, o transformador de energia. Se conseguirmos reduzir as perdas deste equipamento por menor que seja, teremos, no montante geral, grande economia de energia. Para conseguirmos atingir este objetivo, utilizaremos a técnica de pesquisa operacional para solução de problemas de otimização, otimizando, através de fórmulas matemáticas do projeto de construção de transformadores, o rendimento do trabalho do equipamento. A técnica utilizada neste trabalho é a programação matemática, mostrando como a programação não-linear permite uma modelagem eficiente do cálculo de rendimento de transformadores. De forma geral, o que se defende é a idéia de que a abordagem sistemática, com a utilização da pesquisa operacional, produz um resultado melhor e mais confiável do que a abordagem tradicional. Palavras-chave: ECONOMIA, TRANSFORMADOR, RENDIMENTO, OTIMIZAÇÃO. 5 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 7 1.1 Necessidade da transformação das correntes alternadas ................. 8 1.2 Características de um transformador ideal ........................................ 8 1.3 Razão ou relação de tensão .............................................................. 9 1.4 Eficiência ........................................................................................... 9 1.5 Especificações para o transformador ................................................ 10 1.6 Perdas e rendimento de um transformador ....................................... 10 Perda no cobre ................................................................................... 10 Perda no núcleo .................................................................................. 12 Rendimento ........................................................................................ 15 1.7 Exemplo de cálculo de transformador ................................................ 17 2. MÉTODOS DE OTIMIZAÇÃO NÃO-LINEAR ............................................... 18 2.1 Introdução ............................................................................................ 18 2.2 O Método Gradiente ............................................................................ 21 2.3 O Método de Newton ........................................................................... 21 2.4 Exemplo de cálculo de algoritmo gradiente ........................................ 23 3. CONCLUSÃO .............................................................................................. 25 7. Referências Bibliográficas .............................................................................. 26 6 Lista de Siglas CA - Corrente alternada KVA - Quilovolt-Ampéres AT - Alta tensão BT - Baixa tensão VA - Volt-Ampéres W/Kg - Watts por kilograma f.e.m. - Força eletro motriz Amp/mm2 - Ampéres por milímetro Min - mínimo Máx - máximo s.a. - sujeito à 7 1 INTRODUÇÃO A Otimização em projetos é muito utilizada nos dias atuais, seja em atividades industriais, empresariais, militares e governamentais, cujas pesquisas ajudam nas tomadas de decisão. Os modelos matemáticos que melhor representam o comportamento de um projeto, só serão adequados se suas equações forem, tanto quanto possível, fiéis ao que acontece na realidade. E os modelos não-lineares é que representam melhor a realidade. (SACOMAN, 2004). A otimização consiste em uma técnica para se obter a solução ótima em um projeto. Dentro de Otimização, a Otimização Não Linear, através dos diversos métodos matemáticos, será utilizada para se obter esta solução. Dentre estes diversos métodos de Otimização Não Linear, podemos citar alguns como: barreira logarítmica, projeção de gradiente, método de Newton, etc. Este projeto visa obter a melhor otimização dos cálculos de projeto de construção de transformadores elétricos utilizando um modelo matemático computacional de Otimização não Linear e obtendo o melhor rendimento dos mesmos e conseguindo com isto reduzir suas perdas de energia. Segundo GUSSOW (1997), a eficiência de um transformador é igual à razão entre a potência de saída do enrolamento de secundário e a potência de saída do enrolamento do primário. Um transformador ideal tem 100% de eficiência porque ele libera toda a energia que recebe. Devido ás perdas no núcleo e no cobre, a eficiência do melhor transformador na prática é menor que 100%. De acordo com ALFONSO MARTIGNONI (1983), um transformador em funcionamento possui perdas de energia por correntes parasitas, por histerese e por efeito joule, e com sua construção equilibrada, pode-se diminuir significativamente estas perdas, gerando grande economia de energia , que é essencial para os dias de hoje. Esta pesquisa pretende utilizar a técnica de Otimização não Linear e estudar seus sistemas com o uso de métodos computacionais cuja implementação consiste em operações envolvendo cálculos com detalhes computacionais, algumas vezes bastante complexos, para atingir o objetivo. 8 1.1 Necessidade da transformação das correntes alternadas De acordo com ALFONSO MARTIGNONI (1983) as exigências técnicas e econômicas impõem a construção de grandes usinas elétricas, em geral situadas muito longe dos centros de aproveitamento, pois devem utilizar a energia hidráulica dos lagos e rios das montanhas. Surge assim a necessidade do transporte da energia elétrica por meio de linhas de comprimento notável. Por motivos econômicos e de construção, as seções dos condutores destas linhas devem ser mantidas dentro de determinados limites, o que torna necessária a limitação da intensidade das correntes nas mesmas. Assim sendo, as linhas deverão ser construídas para funcionar com uma tensão elevada, que em certos casos atinge a centenas de milhares de volts. Estas realizações são possíveis em virtude de a corrente alternada poder ser transformada facilmente de baixa para alta tensão e vice-versa, por meio de uma máquina estática, de construção simples e rendimento elevado, que é o transformador. Os geradores instalados nas usinas geram a energia elétrica com a tensão de aproximadamente 6000 volts. Para efetuar-se o transporte desta energia, eleva-se a tensão a um valor oportuno por meio de um transformador-elevador. Na chegada de linha, outro transformador executa a função inversa, isto é, reduz a tensão ao valor necessário para a utilização. Podem então ser escolhidas as três tensões, isto é, de geração, de transporte e de distribuição, com plena liberdade, dando-se a cada uma o valor que se apresenta mais conveniente. Naturalmente, nestas transformações o valor de intensidade de corrente sofrerá a transformação inversa à da tensão, pois o produto das mesmas, isto é, a potência elétrica, deve ficar inalterada. 1.2 Características de um transformador ideal O transformador básico é formado por duas bobinas isoladas eletricamente e enroladas em torno de um núcleo comum. Para se transferir a energia elétrica de uma bobina para a outra usa-se o acoplamento magnético. A bobina que recebe a energia de uma fonte CA é chamada de primário. A bobina que fornece energia para uma carga CA é chamada de secundário. O núcleo dos transformadores usados em baixa freqüência é feito geralmente de material magnético, comumente se usa aço laminado. Os núcleos dos 9 transformadores usados em altas freqüências são feitos de pó de ferro e cerâmica ou de materiais não magnéticos. Algumas bobinas são simplesmente enroladas em torno de fôrmas ocas não magnéticas como, por exemplo, papelão ou plástico, de modo que o material que forma o núcleo na verdade é o ar. Se se asssumir que um transformador funcione sob condições ideais ou perfeitas, a transferência de energia de uma tensão para outra se faz sem nenhuma perda. 1.3 Razão ou relação de tensão A tensão nas bobinas de um transformador é diretamente proporcional ao número de espiras das bobinas. Esta relação é expressa através da fórmula: Vp = Np Vs Ns Onde: Vp = tensão na bobina do primário, Vs = tensão na bobina do secundário, Np = número de espiras da bobina do primário, Ns = número de espiras da bobina do secundário. 1.4 Eficiência A eficiência de um transformador é igual à razão entre a potência de saída do enrolamento do secundário e a potência de entrada no enrolamento do primário. Um transformador ideal tem 100 por cento de eficiência porque ele libera toda a energia que recebe. Devido às perdas no núcleo e no cobre, a eficiência do melhor transformador na prática é menor que 100 por cento. Exprimindo na forma de equação: 10 Ef = potência de saída potência de entrada Onde: = Ps Pp Ef = eficiência; Ps = potência de saída no secundário; Pp = potência de entrada no primário. 1.5 Especificações para o transformador A capacidade do transformador é dada em quilovolt-ampères (KVA). Como a potência num circuito CA depende do fator de potência da carga e da corrente que passa pela carga, uma especificação de saída em quilowatts deve se referir ao fator de potência. 1.6 Perdas e rendimento de um transformador Os transformadores reais apresentam perdas no cobre e perdas no núcleo. • Perda no Cobre: Os enrolamentos primários e secundários do transformador apresentam inevitavelmente uma determinada resistência elétrica. Estas resistências são chamadas brevemente de resistência primária e secundária do transformador e são normalmente indicadas, em cada fase, com R1 e R2. Estas exercem sobre o funcionamento do transformador um duplo efeito. Em primeiro lugar, determinam uma queda de tensão chamada queda ôhmica primária e secundária: em segundo lugar, produzem uma perda de energia por efeito Joule, cuja potência constitui a perda no cobre primário e secundário do transformador. Para conter esta perda em limites convenientes é necessário tornar suficientemente pequenas as resistências primárias e secundárias, escolhendo-se oportunamente a seção dos condutores do enrolamento. O enrolamento A.T. (Alta Tensão) que possui um número maior de espiras com menor seção, apresenta sempre uma resistência maior que a do enrolamento B.T. (Baixa Tensão). As resistências são, em geral, proporcionadas de maneira que, no 11 funcionamento com carga normal, as perdas nos dois enrolamentos resultam sensivelmente iguais entre si, isto é: R1 I12 ≅ R2I22 Onde: I1 = corrente do primário; I2 = corrente do secundário; R1 = resistência do enrolamento do primário; R2 = resistência do enrolamento do secundário. Verifica-se portanto: R1 ≅ ( I 2 R2 I1 )2 Esta condição é realizada fixando-se nos dois enrolamentos A.T. e B.T. a mesma densidade de corrente e construindo-se os enrolamentos com condutores cuja seção é proporcional às respectivas correntes. Para Transformadores trifásicos com carga equilibrada, indicando-se com R1 e R2 as resistências de cada fase primária e secundária e com I1 e I2 as respectivas correntes, as perdas no cobre são dadas evidentemente pela expressão: Wj = 3(R1I12 + R2I22) As perdas no cobre variam ao variar da carga do transformador e precisamente em proporção ao quadrado da corrente fornecida: no funcionamento a vazio, as perdas produzidas pela corrente a vazio verificam-se somente na resistência primária, tornando-se, portanto, desprezíveis. O cálculo das perdas no cobre resulta muito simplificado quando for referido ao peso do cobre e à perda específica, isto é, a perda em watt por cada quilo de material. As perdas por efeito Joule, num condutor com comprimento de 1 metro e seção de S mm2, são expressas por: Wcu = I2R = I2 . ρ . 1 S 12 O peso de um condutor de cobre, cujo comprimento é 1 metro e cuja seção é S mm2, resulta expresso em kg pela seguinte fórmula: Pcu = 8,9 . L . S . 10-3 O fator 8,9 representa o peso específico do cobre. L = comprimento do condutor em metros. A perda específica no cobre resulta: ωcu = Wcu Pcu 3 = = I2 . ρ . 1 . 10 S 8,9.1.S I2 . S2 ρ . 103 = d2 . ρ . 103 Watts/kg 8,9 8,9 Onde: ρ = resistividade que para o cobre recozido a 75°C resulta igual a 0,0216 ohms/m/mm2. d = densidade de corrente em Amp/mm2, sendo: Potência até 500VA = 3; Potência de 500 a 1000VA = 2,5; Potência de 1000 a 3000VA = 2 Simplificando resulta em: Wcu = 2,43 . d2 . Pcu ou Wcu = 2,43 . d2 . 8,9 . L . S . 10-3 • = 21,63 . d2 . S . L . 10-3 Perda no núcleo. As perdas no núcleo têm origem em dois fatores: perdas por histerese magnética e perdas por correntes parasitas. A perda por histerese se refere à energia perdida pela inversão do campo magnético no núcleo à medida que a corrente alternada de magnetização aumenta e diminui e muda de sentido. A perda por corrente parasitas ou correntes de Foucault resulta das correntes induzidas que circulam no material do núcleo. Perda por correntes parasitas: Numa massa metálica sujeita à variação de fluxo, geram-se f.e.m. (Força Eletro Motriz) que produzem, dentro da própria massa metálica condutora, correntes muito intensas, chamadas correntes parasitas. 13 Estas correntes produzem uma força magneto-motriz que se opõe à causa que a produz, isto é, ao fluxo. Assim sendo, o efeito destas correntes constitui uma perda de potência. A fim de se reduzir esta perda de potência é necessário construir-se o núcleo com lâminas de ferro isoladas entre si. Com esta construção, o valor da f.e.m. produzida em cada lâmina é pequeno e atua sobre um circuito elétrico de pequena seção, o que reduz consideravelmente o valor das correntes parasitas e a correspondente perda de potência. A perda de potência produzida pelas correntes parasitas é expressa em watts pela seguinte equação: Wp = 10 π2 -12 _____ . BM 2 . f2 . δ2 . 1 . S 8ρ ρ Onde: ρ é a resistividade do material das lâminas em micro-ohms-centímetro; BM é o valor máximo da indução nas lâminas; f é a freqüência da variação do fluxo; δ é a espessura em mm das lâminas; (1.S) é o volume em cm3 das lâminas. Esta expressão resulta simplificada quando a perda é referida a 1 Kg de lâminas de espessura δ= 0,5mm, pois a mesma se transforma em: ωp = pp ( ρ. F . 50 BM ) 2 10.000 Onde: pp é um coeficiente que depende do material, cujo valor é de 1,1 para lâminas de silício. A formula acima escrita fornece a perda específica em watts por quilo (W/kg) das lâminas. Perda por histerese magnética : Por qualquer núcleo magnético sujeito a magnetizar-se percorre um ciclo de histerese todas as vezes que o campo magnetizante varia de + BM a – BM E deste novamente pra + BM, sendo a potência perdida proporcional à superfície do ciclo. Esta perda foi interpretada como sendo necessária para vencer os atritos entre os magnetos 14 elementares de que o núcleo se compõe, e foi chamada de perda por histerese magnética. Sua compensação é feita por meio de uma energia equivalente, absorvida da linha de alimentação. A potência em watts perdida por efeito da histerese pode ser calculada pela fórmula de Steinmetz: Wh = 10-7 . µ BM1,6 f . V Onde BM representa o valor máximo da indução à qual o núcleo é solicitado; f a freqüência de variação do fluxo, expressa em ciclos por segundo; V é o volume do material expresso em centímetros cúbicos; µ é o coeficiente de Steinmetz que depende da natureza do material. A fórmula acima simplifica-se quando referida a 1 kg de lâminas de espessura δ= 0,5mm pois transforma-se em: ωh = ph f 50 ( ) BM 10.000 2 ph é um coeficiente que depende do material, cujo valor é de 1,4 para lâminas de silício. Esta fórmula fornece a perda específica de potência por histerese em watts por quilo (W/kg) de lâminas. Perdas específicas totais no ferro : é dada pela soma das perdas por correntes parasitas e as de histerese magnética, podendo ser expressa pela fórmula seguinte: ωfe = ωp + ωh = [p (δ f ) p 50 2 + ph f 50 ]( BM 10.000 ) 2 Em geral os fabricantes de lâminas destinadas aos transformadores, fornecem curvas que representam as grandezas características das mesmas, inclusive as perdas específicas (ωfe), onde, então conhecendo-se o peso do ferro em kg, a perda no núcleo é dada por: Wfe= ωfe . Pfe 15 Pfe = peso do ferro do núcleo em Kg; ωfe = perdas específicas do material fornecidas pelo fabricante. • Rendimento O rendimento de um transformador é definido como a relação entre a potência elétrica W 2 fornecida pelo secundário e a potência elétrica W 1 correspondentemente absorvida pelo primário, isto é indicando-se a potência absorvida como sendo a potência fornecida mais a potência perdida (efeito joule e perdas no ferro). A eficiência de um transformador real é expressa da seguinte forma: µ = potência de saída = Ps potência de entrada Pp = potência de saída potência de saída + perda no cobre + perda no núcleo = Vs Is x cosφ . (Vs Is x cosφ ) + perda no cobre + perda no núcleo onde: cosφ = fator de potência da carga. Para uma determinada tensão e corrente secundária, o rendimento resulta tanto menor quanto menor for o fator de potência: para um determinado fator de potência, e suposta a tensão constante, o rendimento varia com o variar da corrente fornecida. O rendimento em % pode ser também, calculado pela seguinte fórmula: µ= W2 W2 + Wfe + Wcu onde: W2 = Potência nominal em KVA Wfe = Perdas no ferro em KVA Wcu = Perdas no cobre com carga normal . 16 Descrevendo a fórmula de eficiência para aplicação na ferramenta de apoio MatLab, temos: µ= fe.Pfe).10-3) W2 + ((ω W2 + (2,43.d2. (8,9.3.((N1.S1.Icu1 .10-3) +(N2.S2.Icu2 .10-3)).10-3) . onde: d = densidade de corrente em Amp/mm² ; ωfe= perdas específicas fornecidas pelo fabricante das lâminas de silício; Pfe = peso do ferro do núcleo em Kg; W2 = Potência nominal em KVA; S1 = Seção dos condutor A.T. em mm²; N1 = número de espiras da bobina de A.T.; Icu1 = Comprimento da médio da espira de A.T.. S2 = Seção dos condutor B.T. em mm²; N2 = número de espiras da bobina de B.T.; Icu2 = Comprimento da médio da espira de B.T.. A modelagem da fórmula acima foi desenvolvida neste projeto para cálculo de rendimento de transformadores de 30 KVA, 45 KVA e 75 KVA. Para cálculo de transformadores de padrões maiores é necessário acrescentar mais algumas restrições e levar em conta o sistema de refrigeração do óleo isolante. 17 1.7 Exemplo de cálculo de transformador Exemplo de cálculo de rendimento tradicional de um transformador de 30 KVA. Transformador trifásico f=60 Hz; W 2 = 30 KVA; V1 = 12000 volts; V2 = 220 volts. Dados: S1 = fio 19 (0,65 mm²) S2 = 2 fios 4,5x3,7 (32,8 mm²) N1 = 2300 espiras N2 = 42 espiras Icu1 = 0,65 m Icu2 = 0,497 m Peso do ferro Pfe = 158 kg ωfe = 1,38 (tabela) d = 2,3 µ= fe.Pfe).10-3) W2 + ((ω W2 + (2,43.d2. (8,9.3.((N1.S1.Icu1 .10-3) +(N2.S2.Icu2 .10-3)) .10-3) . µ= . 30 30+((1,38.158).10-3)+(2,43.2,32.(8,9.3.((2300.0,65.0,65.10-3)+(42.32,8.0,467.10-3)) .10-3) µ= 30 30 + 0,218 + (12,85 . (8,9 . 3 .(0,971 + 0,643)) .10-3) µ= 30 30 + 0,218 + (12,85 . 43,09 .10-3 ) µ= µ= µ= 30 30 + 0,218 + 0,553 30 30,771 0,97 = 97% . . . . 18 2 MÉTODOS DE OTIMIZAÇÃO NÃO-LINEAR 2.1 Introdução De acordo com Dra. Marli Cárdia, em “Implementação de Algoritmos de Otimização de Problemas”, a otimização consiste em uma técnica muito importante para o melhor aproveitamento de todos os recursos disponíveis. Dentro da otimização, a Programação Não Linear, através dos diversos métodos computacionais, é uma ferramenta matemática utilizada para este melhor aproveitamento, consistindo na modelagem e solução de problemas de otimização de uma função não linear, com ou sem restrições. Para resolver estes problemas alguns métodos computacionais são utilizados cuja implementação consiste em operações envolvendo cálculos com detalhes computacionais algumas vezes bastante complexos. Conforme SACOMAN, Nas últimas quatro décadas foram desenvolvidos modelos e técnicas de otimização. O crescimento paralelo das facilidades computacionais, permitiram a utilização das técnicas desenvolvidas. Outro aspecto que estimulou o uso de uma abordagem sistemática na solução de problemas, foi o rápido aumento, no tamanho e na complexidade, dos problemas, como resultado do avanço tecnológico desde a segunda guerra mundial. Após a guerra, a aceitação da pesquisa operacional, nas atividades industriais, empresariais, militares e governamentais, pode ser creditada, no mínimo, pela extensão com a qual a abordagem e a metodologia da pesquisa operacional ajudaram nas tomadas de decisão. As aplicações eram, principalmente, aquelas que utilizavam a programação linear e a análise estatística. Na década de 60 já eram disponíveis procedimentos e códigos computacionais eficientes para estas aplicações. Contudo, os modelos matemáticos que representam o comportamento de um projeto, só serão adequados se suas equações forem, tanto quanto possível, fiéis ao que acontece na realidade. E é evidente que os modelos não-lineares representam melhor a realidade. Nas últimas duas décadas, houve um grande avanço nas técnicas de otimização não-linear. De forma geral, o que se pretende, é a idéia de que a abordagem sistemática, com a utilização da pesquisa operacional, produz um resultado melhor e mais confiável do que a abordagem tradicional. Esquematicamente, a Figura 1 mostra uma comparação entre estas abordagens. No caso da abordagem tradicional, se faz necessária uma avaliação posterior, para verificar se os valores obtidos são aceitáveis. No caso da otimização, o próprio procedimento utilizado, seleciona valores para as variáveis, dentro dos limites permitidos. 19 FIGURA 1 - Comparação entre formas de abordagem de um projeto: (a) Cálculo clássico; (b) Cálculo por otimização. A otimização procura os valores das variáveis de projeto para obter, dentro das restrições, seu fim de otimalidade definido pela função objetivo. Para melhor compreensão do significado dessas entidades, as seguintes definições são úteis: • Variaveis de projeto; Um sistema a ser otimizado pode ser descrito por um conjunto de quantidades, onde algumas das quais são fixadas e outras variam durante um processo de otimização. Estas quantidades que são fixas, são pré-determinadas por preceitos de normas técnicas, disposições construtivas, pré-fabricação, ou ainda, pelo fato do projetista saber por experiência que um valor particular produz bons resultados. As quantidades que não são pré-determinadas são as variáveis de projeto. • Restrições; Em qualquer classe de problema, as restrições são as condições que devem ser satisfeitas para que o projeto seja aceitável. Um projeto que satisfaz todas as suas restrições é chamado de projeto viável. As restrições podem ser dos seguintes tipos: • Restrições em variáveis de projeto, que são escritas na forma de limitações impostas diretamente nas variáveis ou grupos de variáveis; • Restrições de comportamento, que são obtidas a partir das equações de análise do sistema a ser otimizado. 20 • Função Objetivo; Em geral, existe um número infinito de projetos viáveis para um determinado problema. Para que se possa fazer uma escolha, é necessário que se tenha uma função que sirva como base de comparação entre os vários projetos aceitáveis. Esta é a função objetivo, também chamada custo, econômica, critério ou mérito. É uma função das variáveis de projeto e deve ser minimizada ou maximizada. Pode representar a propriedade mais importante do projeto, ou a soma ponderada de um número de propriedades. Em geral, a função objetivo é uma função não-linear das variáveis de projeto. Considera-se o problema geral de programação não-linear escrito sob a seguinte forma: Maximizar f(x) Sujeito a: g(x) = 0 A ≤ x ≤ b Com x, a, b ∈ Rn, f: R → R, g: Rn → Rm e P = { x | a ≤ x ≤ b } ⊂ Rn Esta formulação é geral e pode representar todos os problemas de programação não-linear. Isto é possível, porque as restrições de desigualdade sempre podem ser transformadas em restrições de igualdade pela introdução de variáveis de folga. Além disto, em problemas de minimização, basta que se utilize a relação mín{f(x)} = -máx{-f(x)}. 21 2.2 O método gradiente Também conhecido como Método de Máxima Descida, é um dos mais antigos métodos de minimização de funções, desenvolvido por Cauchy em 1847. Do ponto de vista teórico, este método é muito importante. Sua convergência linear global, muitas vezes lenta, permite assegurar que a seqüência por ele gerada tende a um ponto ótimo. Sua técnica serve de referência para outros algoritmos, aprimorando as respectivas propriedades de convergência. O método gradiente é definido pelo algoritmo iterativo: xk +1 = xk + λk d k onde d k = −∇ ∫ (x k + λk d k ) é um escalar não-negativo que minimiza Em outras palavras, a partir de ∫ (xk + λkdk ) . x k , procura-se ao longo da direção d k um mínimo sobre esta reta, dado por xk + 1 . 2.3 O método de Newton O principio deste método é minimizar uma função f através de uma aproximação local por uma função quadrática. As aproximações quadráticas ganham importância à medida que se aproximam do ponto ótimo do problema, sendo melhores do que as lineares. Próximo de xk , tem-se uma aproximação pela Série de Taylor truncada: ∫ (x ) ≅ ∫ (x ) + ∇ ∫ (x )(x − x ) + (x − x ) F (x )(x − x ) k k 1 2 k T k k O segundo membro é minimizado da seguinte maneira: T xk +1 = xk − [F ( xk )] ∇ ∫ ( xk ) −1 k 22 Esta equação é a forma pura do Método de Newton. O valor de [F (xk )]−1 é interpretado como uma correção na direção oposta ao gradiente da função, de forma a acelerar o processo iterativo. 23 2.4 Exemplo de cálculo de algoritmo gradiente Exemplo para minimizar a função dada utilizando o algoritmo gradiente: 2 2 Min 2 x1 + 2 x2 − 2 x1 x2 − 4 x1 − 6 x2 Sa x1 + x2 ≤ 2 x1 + 5x2 ≤ 5 − x1 ≤ 0 − x2 ≤ 0 Resultado do exemplo na primeira iteração: 1 x0 = 0 Valor da função objetivo em x 0 : -2.000000 Resultado do exemplo na segunda iteração: 1.1290 x= 0.7742 Valor da função objetivo em x: -7.161290 Na segunda iteração o algoritmo convergiu para o ponto ótimo em x. Numero de iterações: 2 24 Figura 2 Como podemos observar pela figura 2, o algoritmo convergiu para um ponto de mínimo restrito da função, com 2 iterações, partindo de um ponto factível. 25 6 CONCLUSÃO Modelando a fórmula de cálculo de rendimento para teste no algoritmo de otimização não linear com o método Gradiente, temos a seguinte descrição: f = 30/ (30.218 + (0.0128 * (0.0267 *x1*x2*x3) + (x4*x5*x6*10-3) ) ) Sujeito a: Restrições de desigualdades: X1 = de 0.5 a 1.5; (Seção do condutor A.T. em mm²) X2 = de 1500 a 2600; (número de espiras do primário) X3 = de 0.45 a 0.7; (Comprimento médio da espira de A.T.) X4 = de 28 a 38; (número de espiras do secundário) X5 = de 37 a 46; (Seção do condutor B.T. em mm²) X6 = de 0.42 a 0.6. (Comprimento médio da espira de B.T.) Valor de x inicial, factível = [1,1550,0.5,30,40,0.5]; Resultados: µ= 0,984155 = 98,4% Aplicando esta fórmula no algoritmo de otimização não-linear do método do Gradiente, com a ajuda da ferramenta MatLab objetivando maximizar o valor do rendimento do cálculo do transformador exemplificado neste trabalho, o algoritmo buscou os menores valores das restrições das variáveis para se obter o resultado ótimo. O algoritmo fez apenas uma iteração para chegar ao ponto ótimo, convergindo para os valores mínimo das variáveis e apresentando um gráfico sem deslocamento do ponto objetivo. Conclui-se, com este comportamento do algoritmo, que o problema é de resolução simples, não necessitando da otimização não linear para se obter o resultado ótimo, podendo aplicar os valores mínimos das variáveis diretamente na fórmula desenvolvida para se obter o resultado ótimo. 26 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARDIA, Marli. Implementação de Algoritmos de Otimização de Problemas. Disponível em: www.cesec.ufpr.br/~cds/mestrado/prog-nao-linear/implementaçao. Acessado em: 02/06/2005. CREDER, Hélio. Instalações Elétricas.13. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1998. 515 p. GUSSOW, Milton. Eletricidade Básica. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 1997. Cap 16. MARTGNONI, Alfonso. Transformadores. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1983. 307p. SACOMAN, Marco A. Rahal. Otimização de projetos. www.dco.fc.unesp.br/~sacoman/artigos/oti . Acessado em: 01/12/2004. Disponível em: SANTOS, Reginaldo J. . Introdução ao MATLAB. Disponível em: www.mat.ufmg.br/~regi. Acessado em: 02/12/2004. VALENTE, Paulo A. Ferreira. www.dt.fec.unicamp.br/~valente IA543 Otimização Não Linear. Disponível em: