BIBLIOTECA- LITERARIA DEL ESTUDIANTE L A presente BIBLIOTECA trata de incluir en t r e i n t a tomitos 1 a s obras cuyo conocimiento nos parece más esencial o más conveniente en los primeros años de la enseñanza. Los treinta volúmenes están formados obedeciendo a un canon literario, a un catálogo previamente establecido, de aquellas obras mejores que el estudiante debe frecuentar en el comienzo de sus estudios para adquirir los fundamentos de su cultura tradicional hispánica. La BIBLIOTECA LITERARIA DEL ESTUDIANTE está dirigida por Ramón Menéndez Pidal, y la selección de los trozos comprendidos en los varios volúmenes está encomendada a Pedro Blanco, Américo Castro, Juan Dantin, Enrique Díez-Canedo. Samuel Gili, Justo Gómez Ocerin, María Goyri de Menéndez Pidal. Miguel Herrero, J. R. Lomba, Margarita Mayo, Jimena Menéndez Pida], Tomás Navarro, Federico Ruiz Morcuende, Josefina Sela, Antonio G. Solalinde. R. M." Tenreiro, José Vallejo, etcétera. Ilustraciones de Marco. Fernando Estos volúmenes tendrán de 150 a 350 páginas, y sus precios serán de 2 a 3.50 pesetas, según el número de sus páginas. Se admiten desde ahora pedidos de la BIBLIOTECA completa. C E R V A N T E S NOVELAS Y TEATRO BIBLIOTECA LITERARIA DEL ESTUDIANTE D I R I G I D A POR R A M Ó N TOMO M E N É N D E Z P I D A L XXI 7 CERVANTES NOVELAS SELECCIÓN Y HECHA J O S E F I N A Dibujos TEATRO POR S E L A de F. Marco. Ó •5 MADRID, I N S T I T U T O J U N T A P A R A MCMXXIl — A M P L I A C I Ó N E S C U E L A D E E S T U D I O S r TIPOGRAFÌA DE LA 4 4 RXVI8TA Dl ARCHIVOS", 0L6ZACA, I, MADRID LA G IT A N I L L A % Y P a r e c e q u e los gitanos y g i t a n a s solamente n a cieron en el m u n d o p a r a ser l a d r o n e s : n a c e n d e p a d r e s l a d r o n e s , críanse c o n l a d r o n e s , e s t u d i a n p a r a ladrones y, finalmente, salen con ser l a d r o n e s co- r r i e n t e s y molientes a todo r u e d o , y la g a n a del h u r t a r y el h u r t a r son en ellos c o m o acidentes inseparables, q u e n o se q u i t a n sino con la m u e r t e . U n a , pues, d e s t a nación, g i t a n a vieja, q u e p o d í a ser j u b i lada e n la ciencia de Caco, c r i ó u n a m u c h a c h a en n o m b r e d e nieta s u y a , a quien p u s o n o m b r e P r e c i o sa, y a quien enseñó t o d a s sus g i t a n e r í a s , y m o d o s de embelecos, y t r a z a s d e h u r t a r . Salió la tal P r e c i o sa la m á s única bailadora q u e se hallaba en todo el gitanismo, y l a m á s h e r m o s a y discreta q u e p u d i e r a hallarse, n o e n t r e los gitanos, sino e n t r e c u a n t a s h e r m o s a s y discretas p u d i e r a p r e g o n a r la fama. Ni los soles, ni los aires, ni todas las inclemencias del cielo, a quien m á s q u e o t r a s gentes están sujetos los gitanos, p u d i e r o n d e s l u s t r a r su r o s t r o ni c u r t i r las m a n o s ; y lo q u e es m á s , q u e la crianza tosca en q u e se criaba n o 5 CERVANTES descubría e n ella sino ser nacida de m a y o r e s p r e n d a s q u e de gitana, p o r q u e e r a en e x t r e m o cortes y bien r a z o n a d a . L a abuela conoció el tesoro q u e en la nieta tenía, y así, d e t e r m i n ó el águila vieja sacar a v o lar su aguilucho y enseñarle a vivir p o r sus uñas. Salió P r e c i o s a rica de villancicos, de coplas, seguidillas y z a r a b a n d a s y de o t r o s v e r s o s , especialmente de romances, q u e los cantaba con especial donaire. P o r q u e s u taimada a b u e l a echó d e ver que tales j u g u e t e s y g r a c i a s , en los pocos a ñ o s y en la m u c h a h e r m o s u r a de su nieta, h a b í a n d e ser felicí- simos atractivos e incentivos p a r a a c r e c e n t a r su caudal ; y así, se los p r o c u r ó y buscó p o r todas las vías q u e p u d o , y n o faltó p o e t a q u e se los diese. Crióse Preciosa en diversas p a r t e s de Castilla, y a l o s quince a ñ o s d e su e d a d sai abuela putativa la volvió a la C o r t e y a su a n t i g u o r a n c h o , que es a d o n d e o r d i n a r i a m e n t e le tienen los gitanos, en los campos de Santa Bárbara, pensando en la Corte v e n d e r su m e r c a d e r í a , d o n d e todo se c o m p r a y todo se v e n d e . Y la p r i m e r a e n t r a d a que hizo Preciosa en M a d r i d fué u n día de S a n t a A n a , p a t r o n a y abogada de la villa, con u n a d a n z a en que iban ocho git a n a s , c u a t r o ancianas y c u a t r o m u c h a c h a s , y un git a n o , g r a n bailarín, q u e las g u i a b a ; y a u n q u e todas iban limpias y bien a d e r e z a d a s , el aseo de P r e c i o sa e r a tal, q u e poco a p o c o fué e n a m o r a n d o los ojos de c u a n t o s la m i r a b a n . D e e n t r e el son del tamborín y castañetas y fuga del baile salió un 6 rumor ...y corrían los muchachos a verla y los hombres a mirarla. LA GITANILLA q u e encarecía la belleza y donaire de la. Gitanilla, y c o r r í a n los m u c h a c h o s a verla y los h o m b r e s a m i rarla. P e r o c u a n d o la oyeron cantar, p o r ser la d a n za c a n t a d a , ¡ allí fué e l l o ! Allí sí q u e cobró aliento la fama de la Gitanilla, y de c o m ú n consentimiento de los diputados de ia fiesta, desde luego le s e ñ a l a r o n el p r e m i o y j o y a de la m e j o r d a n z a ; y c u a n d o lle- g a r o n a hacerla en la iglesia de S a n t a M a r í a , d e lante d e la imagen de S a n t a A n a , d e s p u é s de h a ber bailado t o d a s , t o m ó P r e c i o s a u n a s sonajas, al son de las cuales, d a n d o en r e d o n d o largáis y ligerísimas vueltas, cantó un r o m a n c e . E l c a n t a r de P r e c i o s a fué p a r a a d m i r a r a cuantos la escuchaban. U n o s d e c í a n : " ¡ D i o s t e bendiga, la m u c h a c h a ! " O t r o s : ' ' ¡ L á s t i m a es que esta m o zuela sea gitana 1 E n v e r d a d en v e r d a d q u e m e r e cía ser hija de u n g r a n s e ñ o r . " A c a b á r o n s e las v í s p e r a s , y la fiesta de S a n t a A n a . y q u e d ó P r e c i o s a algo c a n s a d a ; p e r o tan celebrada de h e r m o s a , de a g u d a y de discreta, y de bailadora, q u e a corrillos se hablaba della en toda la C o r t e . D e allí a quince días volvió a M a d r i d con otras tres m u chachas, con sonajas y con u n baile n u e v o , todas apercebidas d e r o m a n c e s y d e cantarcillos alegres, p e r o todos honestos. N u n c a se a p a r t a b a della la git a n a vieja, hecha su A r g o s , t e m e r o s a n o se la d e s pabilasen y t r a s p u s i e s e n : llamábala nieta, y ella la t e nía p o r abuela. P u s i é r o n s e a bailar a la s o m b r a en la calle de T o l e d o , y de los que las venían s i g u i e n d o 9 CERVANTES se hizo luego u n g r a n c o r r o ; y en t a n t o q u e bailaban, la vieja p e d í a limosna a los circunstantes, y llovían en ella ochavos y c u a r t o s c o m o piedras a t a b l a d o ; q u e t a m b i é n la h e r m o s u r a tiene fuerza de d e s p e r t a r la c a r i d a d d o r m i d a . A c a b a d o el baile, dijo P r e c i o s a : — S i m e dan c u a t r o c u a r t o s , les c a n t a r é u n r o m a n c e y o sola, lindísimo en e x t r e m o , que trata de c u a n d o la R e i n a n u e s t r a señora M a r g a r i t a salió a misa en Valladalid y fué a S a n L l ó r e n t e : dígoles que es famoso, y c o m p u e s t o p o r u n poeta de los del n ú m e r o , como capitán del batallón. A p e n a s hubo dicho esto, c u a n d o casi (todos los que en la r u e d a estaban dijeron a v o c e s : — C á n t a l e , Preciosa, y ves a q u í mis c u a t r o cuartos. Y así g r a n i z a r o n sobre ella c u a r t o s , q u e la vieja n o se daba m a n o s a cogerlos. H e c h o , p u e s , su agosto, y su v e n d i m i a , repicó P r e c i o s a sus sonajas, y al tono c o r r e n t i o y loquesco c a n t ó el r o m a n c e . A p e n a s / o acabó c u a n d o del ilustre a u d i t o r i o y g r a ve s e n a d o que la oía, de m u c h a s se f o r m ó una voz sola, q u e d i j o : — ¡ T o r n a a cantar, Preciosica; que no faltarán cuartos como tierra! Más de docientas p e r s o n a s estaban mirando el baile y e s c u c h a n d o el canto d e las gitanas, y en la fuga del a c e r t ó a p a s a r p o r allí uno de los tinientes de la villa, y v i e n d o tanta g e n t e j u n t a , p r e g u n t ó qué 10 LA GITANILLA era, y fuéle r e s p o n d i d o q u e estaban e s c u c h a n d o a la Gitanilla h e r m o s a , que c a n t a b a . Llegóse el Tiniente, q u e e r a curioso, y e s c u c h ó u n r a t o , y p o r n o ir c o n t r a su g r a v e d a d , n o escuchó el r o m a n c e h a s t a la ñ u ; y habiéndole p a r e c i d o p o r t o d o e x t r e m o bien la Gitanilla, m a n d o a u n paje suyo dijese a la gitana vieja q u e al anochecer fuese a su casa con las gitanillas; q u e quería q u e las oyese d o ñ a Ciara su m u j e r . H i z o l o así el p a j e , y la vieja dijo que sí iría. A c a b a r o n el baile y el c a n t o y se fueron la calle a d e l a n t e , y desde u n a r e j a llamaron unos caballeros a las g i t a n a s . A s o m ó s e P r e c i o s a a la reja, que e r a baja, y vio en u n a sala m u y bien a d e r e z a d a y m u y fresca m u c h o s caballeros q u e , u n o s p a s e á n d o s e y o t r o s j u g a n d o a diversos j u e g o s , se entretenían. —¿Quiérenme dar barato, ceñores? —dijo Preciosa, q u e , como gitana, hablaba ceceoso, y esto es artificio en e l l a s ; q u e n o n a t u r a l e z a . A la voz d e P r e c i o s a , y a su r o s t r o , d e j a r o n los tjue j u g a b a n el j u e g o , y el paseo los paseantes, y los unos y los otros a c u d i e r o n a la r e j a p o r verla, que ya tenían noticia della, y dijeron: — E n t r e n , e n t r e n las g i t a n i l l a s ; que aquí les daremos barato. —'Caro sería ello — r e s p o n d i ó P r e c i o s a — si nos pellizcacen. — N o , a fe d e caballeros — r e s p o n d i ó u n o — ; bien puedes e n t r a r , niña, segura q u e nadie te t o c a r á a !a II •0»i »»1 )£o-*" *<r> CERVANTES vira de t u z a p a t o ; no, p o r el h á b i t o q u e t r a i g o en el pecho. Y p ú s o s e la m a n o s o b r e u n o de C a l a t r a v a . — S i t ú quieres e n t r a r , P r e c i o s a — d i j o u n a de las tres gitanillas q u e i b a n con ella—, e n t r a e n h o r a b u e n a ; q u e y o n o pienso e n t r a r a d o n d e h a y tantos hombres. —Mira, Cristina — r e s p o n d i ó P r e c i o s a — : de lo que t e h a s de g u a r d a r es de u n h o m b r e solo y a solas, y n o de t a n t o s j u n t o s ; p o r q u e a n t e s eü ser muchos quita el m i e d o y el recelo de ser ofendidas. Advierte, Cristinica, y está cierta de u n a c o s a : q u e la mujer q u e se d e t e r m i n a a ser h o n r a d a , e n t r e u n ejército de soldados lo puede ser. V e r d a d es que es bueno huir de 'las o c a s i o n e s ; p e r o h a n d e ser d e las secretas, y no de las públicas. — E n t r e m o s , P r e c i o s a — d i j o C r i s t i n a — ; que tú sabes m á s que u n sabio. A n i m ó l a s la g i t a n a vieja, y e n t r a r o n ; y a p e n a s hubo e n t r a d o P r e c i o s a , c u a n d o el caballero del hábito vio un papel q u e traía en el seno, y llegándose a ella se le t o m ó , y dijo P r e c i o s a : —i Y n o me le tome, s e ñ o r ; q u e es u n roman- ce q u e m e a c a b a n d e d a r a h o r a , que a ú n n o le he leído! — Y ¿sabes t ú leer, h i j a ? — d i j o —Y escribir — r e s p o n d i ó uno. la v i e j a — ; q u e a mi nieta hela criado y o como si fuera hija d e u n letrado. 12 LA GITANILLA A b r i ó el caballero el papel, y vio que venía dent r o del u n e s c u d o d e o r o , y d i j o : — E n v e r d a d , Preciosa, que t r a e esta c a r t a el p o r te d e n t r o : t o m a este escudo q u e en el r o m a n c e viene. —Basta —dijo Preciosa—, que me ha tratado de p o b r e el poeta. P u e s cierto q u e es m á s milagro d a r m e a m í u n poeta u n e s c u d o q u e yo r e c e b i r l e : si con esta a ñ a d i d u r a h a n d e v e n i r sus r o m a n c e s , traslade t o d o el Romancero general, y envíemelos u n o a u n o ; que y o les t e n t a r é el pulso, y si vinieren d u ros, seré yo blanda en recebillos. A d m i r a d o s q u e d a r o n los que oían a la Gitanica, así de su discreción como del d o n a i r e con que h a blaba. L o s q u e j u g a b a n le dieron b a r a t o , y a u n los q u e n o j u g a b a n . Cogió la h u c h a de la vieja t r e i n t a reales, y m á s rica y m á s alegre q u e u n a P a s c u a de F l o res, antecogió sus c o r d e r a s y fuese en casa del señ o r T e n i e n t e , q u e d a n d o q u e otro día volvería con su m a n a d a a d a r contento a aquellos t a n liberales señores. Y a tenía aviso l a señora d o ñ a Clara, m u j e r del señ o r T e n i e n t e , como h a b í a n de ir a su casa l a s gitanillas, y estábalas e s p e r a n d o como el agua de M a yo ella y sus doncellas y dueñas, con las de o t r a señora vecina suya, que t o d a s se j u n t a r o n p a r a v e r a P r e ciosa ; y a p e n a s hubieron e n t r a d o las gitanas, c u a n do entre las d e m á s resplandeció Preciopa como la luz de u n a a n t o r c h a e n t r e otras luces 13 Menores; v ^AAS CERVANTES así, c o r r i e r o n t o d a s a ella: u n a s l a a b r a z a b a n , otras la miraban, éstas la bendecían, aquéllas la alababan. Doña Clara decía: — ¡ E s t e sí que se p u e d e decir cabello de o r o ! ¡ E s tos sí q u e son ojos de e s m e r a l d a s ! L a s e ñ o r a su vecina la d e s m e n u z a b a toda, y hacía pepitoria de todos sus m i e m b r o s y c o y u n t u r a s . Y llegando a alabar u n pequeño h o y o q u e P r e c i o s a tenía e n la barba, d i j o : —¡ A y , qué h o y o ! E n este h o y o h a n d e t r o p e z a r cuantos ojos le m i r a r e n . O y ó esto u n e s c u d e r o de b r a z o d e fla señora d o ña Clara, que allí estaba, de luenga b a r b a y largos años, y d i j o : —¡ P o r D i o s , t a n linda es la Gitanilla, q u e hecha de plata o de alcorza n o p o d r í a ser m e j o r ! ¿ Sabes decir la b u e n a v e n t u r a , n i ñ a ? •—De t r e s o c u a t r o m a n e r a s — r e s p o n d i ó Preciosa. — Y ¿ eso m á s ? — d i j o d o ñ a Clara—. P o r vida del T i n i e n t e , mi señor, q u e m e la has d e decir, niña de o r o , y niña de plata, y n i ñ a de perlas, y n i ñ a de c a r b u n c o s , y niña del cielo, q u e es lo m á s q u e puedo decir. — D e n l e , denle la p a l m a d e la m a n o a la niña, y con q u e h a g a la c r u z — d i j o la vieja—, y v e r á n mié d e cosas tes d i c e : que sabe m á s q u e u n doctor de melecina. E c h ó m a n o a la faldriquera la señora T e n i e n t a , y halló que no tenía blanca. P i d i ó u n c u a r t o a sus 14 >my LA GIT ANILLA criadas, y n i n g u n a le tuvo, ni la señora vecina t a m poco. L o cual visto por P r e c i o s a d i j o : •—Todas las cruces, en cuanto cruces, son b u e n a s ; p e r o las de plata o de oro son m e j o r e s ; y el señalar la cruz en la palma de la m a n o con m o n e d a de cobre sepan vuesas mercedes que menoscaba la buen a v e n t u r a , a lo menos, la m i a ; y así, tengo afición a hacer la cruz p r i m e r a con algún escudo de oro, o con algún real de a ocho, o, p o r lo menos, de a cuat r o ; que soy c o m o los s a c r i s t a n e s : que c u a n d o hay buena ofrenda, se regocijan. — D o n a i r e tienes, niña, por t u vida — d i j o la señ o r a vecina. Y volviéndose al escudero, le d i j o : — V o s , señor C o n t r e r a s , ¿ t e n d r é i s a m a n o algún real de a c u a t r o ? D á d m e l e : que en viniendo el doctor mi m a r i d o os le volveré. —Sí tengo —respondió Contreras- - ; pero tén- gole e m p e ñ a d o en veinte y dos m a r a v e d í s , q u e cené a n o c h e ; d é n m e l o s ; que y o iré p o r él en volan- das. — N o tenemos e n t r e todas u n c u a r t o — d i j o d o ñ a Clara—, ¿y pedís veinte y dos m a r a v e d í s ? A n dad, C o n t r e r a s , que siempre fuistes impertinente. U n a doncella de las presentes, viendo la esterilidad de la casa, dijo a P r e c i o s a : — N i ñ a , ¿ h a r á algo al caso q u e se h a g a la cruz con u n dedal de p l a t a ? —'Antes — r e s p o n d i ó P r e c i o s a — se hacen las c r u 15 VA» CERVANTES ees m e j o r e s del m u n d o con dedales d e plata, como sean muchos. -—Uno tengo yo — r e p l i c ó la d o n c e l l a — ; si éste basta, hele aquí, con condición que t a m b i é n se m e ha de decir a mí la b u e n a v e n t u r a . —¿Por un dedal t a n t a s b u e n a s v e n t u r a s ? —dijo la g i t a n a vieja—. Nieta, acaba p r e s t o ; que se hace noche. T o m ó P r e c i o s a el dedal y la m a n o de la señora T e n i e n t a y dijo la buenaventura; y en acabándola encendió el deseo de todas las circunstantes en q u e r e r saber la suya, y así se lo r o g a r o n t o d a s ; pero ella las remitió p a r a el viernes v e n i d e r o , prometiéndole que t e n d r í a n reales de p l a t a p a r a hacer las cruces. E n esto, vino el señor T i n i e n t e , a quien c o n t a r o n m a r a villas de la Gitanilla; él las hizo bailar u n poco, y confirmó p o r v e r d a d e r a s y bien d a d a s las alabanzas q u e a P r e c i o s a h a b í a n d a d o ; y p o n i e n d o la m a n o en la faldriquera, hizo señal de q u e r e r darle a l g o ; y habiéndola espulgado, y sacudido, y r a s c a d o m u c h a s veces, al cabo sacó la m a n o vacía, y d i j o : —¡Por Dios que no t e n g o b l a n c a ! Dadle vos, d o ñ a Clara, u n real a P r e c i o s i c a ; q u e yo os le d a r é después. — ¡ B u e n o es eso. señor, p o r c i e r t o ! ¡ Sí, ahí está el real de manifiesto! N o h e m o s t e n i d o entre t o d a s n o s o t r a s u n c u a r t o p a r a h a c e r la señal d e la cruz, ; y q u i e r e q u e t e n g a m o s un r e a l ? —-Pues dadle alguna valoncica v u e s t r a , o alguna 16 LA G1TANILLA cosita; q u e o t r o día nos volverá a ver P r e c i o s a , y la r e g a l a r e m o s m e j o r . A lo cual dijo doña C l a r a : — P u e s p o r q u e o t r a vez venga, n o quiero d a r n a d a ahora a Preciosa. — A n t e s si n o m e d a n n a d a —dijo Preciosa—, n u n c a m á s volveré acá. M a s sí volveré, a servir a tan principales s e ñ o r e s ; p e r o t r a i r é t r a g a d o q u e n o me han de d a r nada, y a h o r r a r é m e la fatiga del esperallo. Coheche vuesa merced, señor T i n i e n t e ; coheche, y t e n d r á dineros, y n o h a g a usos n u e v o s ; que m o r i r á de h a m b r e . M i r e , s e ñ o r a : p o r ahí he o í d o decir (y a u n q u e moza, entiendo q u e n o son buenos dichos) q u e de los oficios se h a de sacar d i n e r o s p a r a p a g a r las condenaciones de las residencias y p a r a p r e t e n d e r otros c a r g o s . — A s í lo dicen y lo h a c e n los d e s a l m a d o s — r e plicó el T e n i e n t e — ; p e r o el juez q u e da b u e n a residencia n o t e n d r á q u e p a g a r condenación alguna, y el h a b e r u s a d o bien su oficio será el valedor para que le d e n o t r o . — H a b l a v u e s a merced m u y a lo santo, señor T e niente — r e s p o n d i ó P r e c i o s a — ; á n d e s e a eso y cortarémosle de los h a r a p o s p a r a reliquias. — M u c h o sabes, P r e c i o s a — d i j o el T i n i e n t e — . Calla, que y o d a r é t r a z a que sus M a j e s t a d e s te vean, p o r q u e e r e s pieza de reyes. •—Querránme para t r u h a n a — r e s p o n d i ó Precio- sa—. y y o n o l o s a b r é ser. y t o d o irá p e r d i d o . Si 19 CERVANTES m e quisiesen p a r a discreta, a ú n llevarme h í a n ; pero en algunos palacios m á s m e d r a n los t r u h a n e s que los discretos. Y o m e hallo bien con ser gitana y pobre, y c o r r a la s u e r t e p o r d o n d e el cielo quisiere. — E a , niña — d i j o la gitana vieja—, no hables m á s ; que h a s hablado m u c h o , y sabes m á s de lo que y o te h e e n s e ñ a d o ; n o te asotiles t a n t o , q u e te d e s p u n t a r á s ; habla de aquello que t u s a ñ o s permiten, y n o te m e t a s en a l t a n e r í a s ; q u e n o h a y n i n g u n a que n o a m e n a c e caída. •—¡ E l diablo tienen e s t a s gitanas en el cuerpo! — d i j o a esta, sazón el T i n i e n t e . D e s p i d i é r o n s e las g i t a n a s , y al irse, dijo la doncella del d e d a l : — P r e c i o s a , dime la b u e n a v e n t u r a , o vuélveme mi d e d a l ; que no m e q u e d a con qué h a c e r labor. — S e ñ o r a doncella — r e s p o n d i ó P r e c i o s a — , haga c u e n t a que se la h e dicho, y p r o v é a s e de otro dedal, o n o haga vainillas h a s t a el viernes, q u e yo volveré y le diré m á s v e n t u r a s y a v e n t u r a s que las que tiene u n libro de caballerías. F u é r o n s e , y j u n t á r o n s e con las m u c h a s l a b r a d o r a s q u e a la h o r a de las a v e m a r i a s suelen salir de M a d r i d p a r a volverse a sus aldeas, y entre otras vuelven m u c h a s , con q u i e n siempre se a c o m p a ñ a ban las gitanas, y volvían seguras. P o r q u e la gitana vieja vivía en continuo t e m o r n o le salteasen a su Preciosa. Sucedió, p u e s , que la m a ñ a n a de u n día que vol20 vwv LA GIT AN ILLA vían a M a d r i d a coger la g a r r a m a con las d e m á s gitanillas, en u n valle p e q u e ñ o que está o b r a de quinientos pasos antes q u e se llegue a la villa, vieron u n m a n c e b o gallardo y r i c a m e n t e a d e r e z a d o de camino. L a e s p a d a y daga que traía eran, c o m o decirse suele, u n a ascua de o r o ; s o m b r e r o con rico cintillo y con p l u m a s de diversas colores a d o r n a d o . R e p a r a r o n las g i t a n a s en viéndole y pusiéronsele a m i r a r m u y de espacio, a d m i r a d a s de que a tales h o r a s u n t a n h e r m o s o mancebo estuviese en tal lugar, a pie y solo. E l se llegó a ellas, y h a b l a n d o con la gitana m a y o r , le d i j o : — P o r v i d a v u e s t r a , amiga, q u e m e h a g á i s placer que v o s y P r e c i o s a m e oyáis a q u í a p a r t e dos palabras, q u e serán de v u e s t r o p r o v e c h o . — C o m o n o nos desviemos m u c h o , ni n o n o s t a r d e mos m u c h o , sea en buen h o r a — r e s p o n d i ó la vieja. Y llamando a P r e c i o s a , se desviaron d e las o t r a s obra d e veinte pasos, y así e n pie, como estaban, el m a n c e b o les d i j o : — Y o vengo de m a n e r a r e n d i d o a la discreción y belleza de Preciosa, que d e s p u é s de h a b e r m e hecho m u c h a fuerza p a r a e x c u s a r llegar a este p u n t o , al cabo h e q u e d a d o m á s r e n d i d o y m á s imposibilitado de excusallo. Y o . señoras mías (que siempre os he de d a r este n o m b r e , si el cielo mi pretensión favorece), soy caballero, como lo p u e d e m o s t r a r este h á b i to — y a p a r t a n d o el h e r r e r u e l o , descubrió en el p e cho u n o de los m á s calificados q u e hay en Espaai CERVANTES ñ a — ; soy hijo de F u l a n o — q u e p o r b u e n o s respectos a q u í n o se declara s u n o m b r e — ; estoy debajo de su t u t e l a y a m p a r o ; soy hijo único, y el q u e esp e r a u n razonable m a y o r a z g o . M i p a d r e está aquí en la C o r t e p r e t e n d i e n d o u n c a r g o , y ya está consultado, y tiene casi ciertas e s p e r a n z a s de salir con él. Y con ser d e la calidad y nobleza q u e os he referido, y de la q u e casi se os debe y a d e ir trasluciendo, con t o d o e s o , quisiera ser u n g r a n señor p a r a levan- t a r a mi g r a n d e z a la h u m i l d a d d e Preciosa, haciéndola mi igual y mi señora. Q u i e r o servirla del m o d o que ella m á s g u s t a r e : su v o l u n t a d es la mía. P a r a con ella es d e c e r a mi alma, d o n d e p o d r á i m p r i m i r lo q u e q u i s i e r e ; y p a r a c o n s e r v a r l o y g u a r d a r l o n o será c o m o i m p r e s o en c e r a , sino como esculpido en m á r m o l e s , c u y a d u r e z a se o p o n e a la duración de los tiempos. Si creéis e s t a v e r d a d , no a d m i t i r á ning ú n d e s m a y o mi e s p e r a n z a ; p e r o si n o m e creéis, siempre m e tendrá temeroso vuestra duda. Mi nomb r e es éste — y d í j o s e l o — ; el de mi p a d r e ya os le he d i c h o ; la casa d o n d e vive es en tal calle, y tien e tales y tales s e ñ a s ; vecinos tiene de quien podréis i n f o r m a r o s , y a u n de los q u e n o son vecinos t a m b i é n ; q u e n o es t a n escura la calidad y el n o m b r e de mi p a d r e y el m í o . que n o le sepan en los patios de palacio, y a u n en t o d a la C o r t e . Cien escudos traigo aquí en o r o p a r a d a r o s e n a r r a y señal de lo q u e pienso d a r o s ; p o r q u e n o h a de n e g a r la hacienda el q u e da eü alma. 22 LA CITAN ILLA E n t a n t o que el caballero esto decía, le estaba m i r a n d o P r e c i o s a a t e n t a m e n t e , y sin d u d a q u e n o le debieron de p a r e c e r mal ni sus razones ni su t a l l e ; y volviéndose a la vieja, le d i j o : — P e r d ó n e m e , abuela, de q u e m e t o m o licencia para r e s p o n d e r a este señor. — R e s p o n d e lo que quisieres, nieta — r e s p o n d i ó la v i e j a — ; q u e y o sé que tienes discreción para todo. Y Preciosa dijo: — Y o , señor caballero, a u n q u e soy gitana, p o b r e y humildemente nacida, tengo u n cierto espiritillo fantástico acá d e n t r o , que a g r a n d e s cosas m e lleva. A mí ni m e m u e v e n p r o m e s a s , ni m e d e s m o r o n a n dádivas, ni m e inclinan sumisiones, ni me e s p a n t a n finezas y a u n q u e de quince años (que, según la cuenta de mi abuela, p a r a este S a n Miguel los h a r é ) , soy ya vieja en los pensamientos y alcanzo m á s de a q u e llo q u e mi edad p r o m e t e , m á s p o r mi b u e n natural q u e p o r la experiencia. El t e m o r engendra en mí u n recato tal, q u e n i n g u n a s palabras creo y de m u c h a s o b r a s d u d o . Si quisiéredes ser mi esposo, y o lo seré v u e s t r a : p e r o h a n de preceder m u c h a s condiciones y a v e r i g u a c i o n e s p r i m e r o . P r i m e r o tengo de saber si sois el que d e c í s ; luego, hallando esta v e r d a d , habéis de d e j a r la casa de v u e s t r o s p a d r e s y la habéis de t r o c a r con n u e s t r o s ranchos, y t o m a n do el t r a j e d e g i t a n o , habéis de c u r s a r dos a ñ o s en n u e s t r a s escuelas, e n el cual tiempo m e satisfaré yo 23 CERVANTES de v u e s t r a condición, y v o s d e la m í a ; al cabo del cual, si vos os c o n t e n t á r e d e s d e mí, y y o de vos, me e n t r e g a r é p o r v u e s t r a esposa. Y habéis de consider a r q u e e n el tiempo de este noviciado p o d r í a ser que cobrásedes la vista, que a h o r a debéis d e tener perdida, o, p o r lo m e n o s , t u r b a d a , y viésedes que os convenía h u i r de lo q u e a h o r a seguís con tanto a h i n c o ; y c o b r a n d o la libertad perdida, con un buen a r r e p e n t i m i e n t o se p e r d o n a cualquier culpa. Si con estas condiciones queréis e n t r a r a ser soldado de n u e s t r a milicia, e n v u e s t r a m a n o está, pues faltand o a l g u n a dellas, n o habéis d e tocar u n dedo de la mía. P a s m ó s e el m o z o a las r a z o n e s de Preciosa, y p ú sose suelo, dando m u e s t r a s q u e consideraba lo q u e r e s p o n d e r como embelesado, mirando al debía. V i e n d o lo cual Preciosa, t o r n ó a d e c i r l e : — N o es éste caso de t a n poco m o m e n t o , que en los q u e a q u í nos ofrece el tiempo p u e d a ni deba r e s o l v e r s e : volveos, señor, a la villa, y considerad de espacio lo q u e viéredes q u e m á s os convenga, y en este m i s m o l u g a r m e podéis hablar t o d a s las fies- t a s q u e quisiéredes, al ir o v e n i r de M a d r i d . — S a t a n á s t i e n e s en t u p e c h o , m u c h a c h a —dijo a e s t a s a z ó n la g i t a n a v i e j a — : ¡ m i r a q u e dices c o s a s , que n o las d i r í a u n c o l e g i a l de S a l a m a n c a ! ¿ c ó m o es e s t o ? q u e m e t i e n e s loca, y t e e s t o y e s c u c h a n d o c o m o a u n a p e r s o n a e s p i r i t a d a , que h a b l a l a t í n sin saberlo. 2J LA GITANILLA —'Calle, abuela •—respondió P r e c i o s a — , y sepa que todas las cosas que m e oye son n o n a d a y son de burlas, p a r a las m u c h a s que de m á s v e r a s m e quedan en el pecho. T o d o cuanto P r e c i o s a decía, y toda la discreción que m o s t r a b a , e r a a ñ a d i r leña al fuego q u e a r d í a en el pecho dei caballero. F i n a l m e n t e , q u e d a r o n en q u e de allí a ocho días se v e r í a n en aquel m i s m o l u g a r , donde él v e n d r í a a d a r cuenta del t é r m i n o en que sus negocios estaban, y ellas h a b r í a n tenido tiempo de inf o r m a r s e de la v e r d a d que les había dicho. S a c ó el mozo u n a bolsilla de b r o c a d o , donde dijo que iban cien escudos de o r o , y dióselos a la v i e j a ; p e r o no quería P r e c i o s a q u e los t o m a s e en n i n g u n a m a n e r a ; a quien la gitana d i j o : —Calla, n i ñ a ; que la m e j o r señal que este señor ha d a d o de estar r e n d i d o es h a b e r e n t r e g a d o las armas en señal de r e n d i m i e n t o ; y el dar, en cualquiera ocasión que sea, siempre fué indicio de generoso pecho. Y a c u é r d a t e de aquel r e f r á n que d i c e : " A l cielo r o g a n d o , y con el m a z o d a n d o . " Y m á s , que no quiero yo que p o r mí p i e r d a n las gitanas el n o m b r e que p o r luengos siglos tienen adquerido de codiciosas y a p r o v e c h a d a s . ¿ Cien escudos quieres tú q u e deseche, Preciosa, y de o r o en oro, q u e p u e d e n and a r cosidos en el alforza de u n a saya que n o valga dos reales, y tenerlos allí como quien tiene u n j u r o sobre las yerbas de E x t r e m a d u r a ? Y' si alguno de n u e s t r o s hijos, nietos o parientes cayere, p o r algu25 »1»» l»*^g¡g**«* fifí. CERVANTES na desgracia, e n m a n o s de la justicia, ¿ h a b r á favor tan b u e n o q u e llegue a la o r e j a del j u e z y del escribano, como destos escudos, si llegan a sus bolsas? T r e s veces p o r tres delitos diferentes m e he visto casi p u e s t a en el asno p a r a ser azotada, y de la una m e libró u n j a r r o de plata, y d e la o t r a u n a sarta de perlas, y de la o t r a c u a r e n t a reales de a ocho, q u e había t r o c a d o p o r c u a r t o s , d a n d o veinte reales m á s por el cambio. M i r a , n i ñ a , q u e a n d a m o s en oficio m u y peligroso y lleno de tropiezos y de ocasiones forzosas, y n o h a y d e f e n s a s q u e m á s p r e s t o nos a m p a r e n y s o c o r r a n como las a r m a s invencibles del g r a n F i l i p o : no h a y p a s a r adelante de su plus ultra. P o r u n doblón de d o s caras se nos m u e s t r a alegre la t r i s t e del p r o c u r a d o r y de t o d o s los m i n i s t r o s de la m u e r t e , q u e son arpías de n o s o t r a s las pobres gitanas, y m á s p r e c i a n p e l a r n o s y desollarnos a nosotras q u e a u n salteador de c a m i n o s ; j a m á s , por m á s r e t a s y d e s a s t r a d a s que n o s v e a n , nos tienen p o r p o b r e s ; q u e dicen q u e somos c o m o los j u b o n e s de los gabachos de B e l m o n t e : r o t o s y g r a s i e n t o s , y llenos de doblones. — P o r vida suya, abuela, q u e no diga m á s ; q u e lleva t é r m i n o de alegar t a n t a s leyes en favor de qued a r s e con el dinero, q u e a g o t e las de los E m p e r a d o res ; q u é d e s e con ellos, y b u e n p r o v e c h o le hagan, y plega a Dios q u e los e n t i e r r e en s e p u l t u r a d o n d e j a m á s t o r n e n a v e r la c l a r i d a d del sol, ni haya necesidad que la v e a n . A estas n u e s t r a s 26 compañeras Por vida suya, abuela, que no diga más; ... 1 » 1 SOg LA *ti — GITAKILLA será forzoso darles a l g o ; que h á m u c h o que nos esp e r a n , y ya deben de e s t a r e n f a d a d a s . — A s í v e r á n ellas —replicó la vieja— m o n e d a déstas como veen al T u r c o agora. E s t e buen señor v e r á si le h a q u e d a d o alguna m o n e d a de plata, o c u a r t o s , y los r e p a r t i r á e n t r e ellas, que con poco q u e d a r á n contentas. — S í t r a i g o — d i j o el galán. Y sacó de la faldriquera t r e s reales de a ocho, que repartió e n t r e las tres gitanillas, con que q u e d a r o n m á s alegres y m á s satisfechas que suele quedar u n a u t o r de comedias cuando, en competencia de o t r o , le suelen retular p o r las e s q u i n a s : "Víctor, Víctor." E n resolución, concertaron la venida de allí a ocho días, y q u e se había de llamar, c u a n d o fuese gitano, A n d r é s Caballero, p o r q u e también había gitanos entre ellos deste apellido. A n d r é s (que así le llamaremos de aquí adelante) las dejó, y se e n t r ó en M a d r i d , y ellas, contentísimas, hicieron lo m i s m o . Preciosa, algo aficionada de la gallarda disposición de A n d r é s , ya deseaba i n f o r m a r se si era el q u e había d i c h o ; entró en M a d r i d , y c o m o ella llevaba p u e s t a la m i r a en buscar la casa del pad r e de A n d r é s , sin q u e r e r detenerse a bailar en ning u n a p a r t e , en poco espacio se puso en la calle do estaba, que ella m u y bien s a b í a ; y habiendo a n d a d o hasta la mitad, alzó los ojos a u n o s balcones de h i e r r o d o r a d o s , que le habían dado por señas, y vio en ellos a u n caballero de h a s t a e d a d d e cincuen29 CERVANTES ta a ñ o s , con u n h á b i t o de c r u z colorada e n los p e chos, de venerable g r a v e d a d y p r e s e n c i a ; el cual apenas t a m b i é n h u b o visto la Gitanilla c u a n d o d i j o : — S u b i d , n i ñ a s ; q u e aquí os d a r á n limosna. A esta voz a c u d i e r o n al balcón otros t r e s caballeros, y e n t r e ellos vino el e n a m o r a d o A n d r é s , q u e cuando vio a P r e c i o s a , p e r d i ó la color y estuvo a p u n t o de p e r d e r los s e n t i d o s : t a n t o fué el sobresalto q u e recibió con su vista. Subieron las gitanillas t o d a s , sino la g r a n d e , q u e se q u e d ó abajo p a r a i n f o r m a r s e de los criados d e las v e r d a d e s de A n drés. Al e n t r a r las gitanillas en la sala, estaba diciendo el caballero anciano a los d e m á s : — E s t a debe ser, sin d u d a , la Gitanilla h e r m o s a que dicen q u e a n d a p o r M a d r i d . — E l l a es — r e p l i c ó A n d r é s — , y sin d u d a es la m á s h e r m o s a c r i a t u r a q u e se h a visto. — A s í lo dicen — d i j o P r e c i o s a , que lo o y ó todo en e n t r a n d o — ; p e r o en v e r d a d q u e se deben de e n g a ñ a r en la mitad del j u s t o precio. B o n i t a , bien c r e o que lo s o y ; p e r o t a n h e r m o s a c o m o dicen, ni p o r pienso. —-¡ P o r vida de d o n J u a n i c o mi hijo — d i j o el anc i a n o — , q u e a ú n sois m á s h e r m o s a de lo q u e dicen, linda gitana! — Y ¿ q u i é n es d o n J u a n i c o su h i j o ? —preguntó Preciosa. — E s e galán q u e está a v u e s t r o l a d o — r e s p o n d i ó é. caballero. —En verdad que pensé —dijo Preciosa— que LA GITANILLA j u r a b a vuesa m e r c e d p o r a l g ú n niño de dos años. ¡ M i r a d qué don J u a n i c o , y q u é b r i n c o ! A mi verdad que p u d i e r a ya estar casado, y que, según tiene u n a s r a y a s en la frente, n o p a s a r á n tres a ñ o s sin que lo esté, y muy a su gusto, si es que desde aquí allá no se le pierde, o se le trueca. — B a s t a — d i j o uno de los p r e s e n t e s — ; que sabe la Gitanilla de r a y a s . A lo que respondió Preciosa. — L o q u e veo con los ojos, con e! dedo lo adiv i n o : yo sé del señor don J u a n i c o , sin r a y a s , que es algo e n a m o r a d i z o , impetuoso y acelerado, y g r a n p r o m e t e d o r de cosas que parecen imposibles; y plega a Dios que n o sea m e n t i r o s i t o , que sería lo peor de todo. U n viaje ha de h a c e r a g o r a m u y lejos de aquí, y u n o piensa el bayo, y otro el q u e le ensilla; el h o m b r e p o n e , y Dios d i s p o n e ; quizá p e n s a r á que va a O ñ e z , y d a r á en G a m b o a . A esto respondió don J u a n : — E n v e r d a d , gitanica, q u e h a s a c e r t a d o en m u chas cosas de mi condición; p e r o en lo d e ser mentiroso v a s m u y fuera de la v e r d a d , p o r q u e me p r e cio de decirla en t o d o acontecimiento. E n lo del viaje largo h a s a c e r t a d o , p u e s , sin duda, siendo Dios servido, d e n t r o de cuatro o cinco días me p a r t i r é a Flandes, aunque tú me amenazas que he de t o r - cer el camino, y n o q u e r r í a que en él m e sucediese algún d e s m á n que lo estorbase. — C a l l e , señorito — r e s p o n d i ó P r e c i o s a — , y enco3i CERVANTES miéndese a D i o s ; q u e t o d o se h a r á b i e n ; y sepa que yo n o sé n a d a d e lo que digo, y n o es maravilla que como hablo m u c h o y a bulto, acierte en alguna cosa, y y o q u e r r í a a c e r t a r en p e r s u a d i r t e a que n o te partieses, sino que sosegases el pecho, y te estuvieses con t u s p a d r e s , p a r a darles buena v e j e z ; porque no estoy bien con estas idas y venidas a F l a n d e s , principalmente los m o z o s de t a n tierna e d a d como la tuya. D é j a t e crecer u n poco, p a r a que puedas llev a r los t r a b a j o s de la g u e r r a , c u a n t o m á s que h a r t a g u e r r a tienes en tu c a s a : h a r t o s combates a m o r o sos t e sobresaltan el pecho. Sosiega, sosiega, alb o r o t a d i t o , y m i r a lo q u e haces p r i m e r o que te cases, y danos u n a limosnita p o r Dios y p o r quien tú e r e s ; que en v e r d a d que creo que eres bien nacido. Y si a esto se j u n t a el ser v e r d a d e r o , y o cantaré la gala al vencimiento de h a b e r a c e r t a d o en cuanto te he dicho. — O t r a vez te he dicho, n i ñ a — r e s p o n d i ó el don J u a n q u e había de ser A n d r é s Caballero—, que en t o d o aciertas sino en el t e m o r que tienes que no debo de ser m u y v e r d a d e r o ; que en esto te engañas, sin alguna d u d a ; la p a l a b r a que y o doy en el campo, la c u m p l i r é en la ciudad y a d o n d e quiera, sin serme p e d i d a ; pues n o se puede preciar de caballero quien toca en el vicio de m e n t i r o s o . M i p a d r e te d a r á lim o s n a p o r Dios y p o r m í ; que en v e r d a d que esta m a ñ a n a di c u a n t o tenía a u n a s d a m a s . Subió, en esto, la gitana vieja, y 32 dijo: >ii LA gg m GITAN ILLA — N i e t a , a c a b a ; q u e e s t a r d e , y h a y m u c h o que hacer y m á s q u e decir. — P o r v i d a de P r e d o s i t a — d i j o el padre drés— de An- que bailéis u n poco con v u e s t r a s c o m p a ñ e r a s ; que a q u í t e n g o u n doblón de o r o de a dos c a r a s , que n i n g u n a es c o m o la v u e s t r a , a u n q u e son de d o s reyes. A p e n a s h u b o oído esto la vieja c u a n d o d i j o : —Ea, estos niñas, haldas en cinta y dad c o n t e n t o a señores. T o m ó las sonajas P r e c i o s a , y dieron sus vueltas, hicieron y deshicieron t o d o s sus lazos, con t a n t o donaire y desenvoltura, q u e t r a s los pies se llevaban los ojos de c u a n t o s las m i r a b a n , especialmente los de A n d r é s , q u e así se iban e n t r e los pies de P r e ciosa c o m o si allí tuvieran el c e n t r o de su gloria. D e s p i d i é r o n s e las gitanas, y al irse dijo P r e c i o sa a d o n J u a n : —Mire, señor: cualquiera día desta s e m a n a es p r ó s p e r o p a r a p a r t i d a s , y n i n g u n o es a c i a g o ; a p r e s u r e el i r s e lo m á s p r e s t o q u e p u d i e r e ; que le a g u a r da u n a vida ancha, libre y m u y gustosa, si quiere a c o m o d a r s e a ella. —No es t a n libre ta del soldado, a mi parecer — r e s p o n d i ó d o n J u a n — , q u e n o t e n g a m á s d e sujeción q u e de libertad : pero, con t o d o esto, h a r é como viere. — M á s veréis de lo que pensáis — r e s p o n d i ó P r e ciosa—, y Dios os Heve y t r a i g a con bien, como v u e s t r a b u e n a presencia merece. 33 xxi.—s o»> U A J f f f l ^ . rrr> Con estas ú l t i m a s p a l a b r a s q u e d ó contento A n drés, y las g i t a n a s se fueron contentísimas. T r o c a ron el doblón, r e p a r t i é r o n l e e n t r e t o d a s igualmente, a u n q u e la vieja g u a r d i a n a llevaba siempre p a r t e y media de lo que se j u n t a b a , así p o r la m a y o r i d a d , com o p o r ser ella el a g u j a p o r q u i e n se guiaban en él m a r e m a g n o de sus bailes, donaires, y a u n de sus embustes. Llegóse, en fin, el día q u e A n d r é s Caballero se apareció u n a m a ñ a n a en el p r i m e r l u g a r de su aparecimiento, sobre u n a m u í a d e alquiler, sin criado a l g u n o ; halló en él a P r e c i o s a y a su abuela, de las cuales conocido, le recibieron con m u c h o gusto. E l les dijo q u e le guiasen al r a n c h o antes q u e e n t r a s e el día y con él se descubriesen las señas q u e llevaba, si acaso le buscasen. Ellas, que, como advertidas, vin i e r o n solas, dieron la vuelta, y de allí a poco r a t o lleg a r o n a sus b a r r a c a s . E n t r ó A n d r é s en la una, que era la m a y o r del r a n c h o , y luego acudieron a verle diez o doce gitanos, todos mozos y todos gallardos y bien hechos, a quien ya la vieja había d a d o cuenta del n u e v o c o m p a ñ e r o q u e les había de venir, sin tener necesidad de e n c o m e n d a r l e s el s e c r e t o ; que ellos le g u a r d a n con sagacidad y p u n t u a l i d a d nunca vista. E c h a r o n luego o j o a la m u í a , y dijo tino dellos: — E s t a se p o d r á v e n d e r el jueves en T o l e d o . — E s o n o — d i j o A n d r é s — , p o r q u e no h a y muía de aflquiler q u e n o sea conocida d e todos los mozos de m u í a s q u e t r a j i n a n p o r E s p a ñ a . 34 LA G IT ANILLA —i P a r Dios, señor A n d r é s ! — d i j o uno de los git a n o s — , que a u n q u e la muía tuviera m á s señales que las q u e h a n de p r e c e d e r al dia t r e m e n d o , a q u í la t r a n s f o r m á r a m o s d e m a n e r a que no la conociera ni el d u e ñ o que la h a criado. — C o n todo eso — r e s p o n d i ó A n d r é s — , por esta vez se h a de seguir y t o m a r el parecer mío. A esta muía se h a d e d a r m u e r t e , y h a d e ser e n t e r r a d a donde a u n los huesos n o p a r e z c a n . —¡ P e c a d o g r a n d e ! — d i j o o t r o g i t a n o — : ¿ a u n a inocente se h a de quitar la v i d a ? N o diga tal efl buen A n d r é s , sino h a g a una c o s a : mírela bien a g o r a de m a n e r a que se le queden e s t a m p a d a s t o d a s sus señales en la m e m o r i a , y déjenmela llevar a m í ; y si de aquí a dos h o r a s la conociere, q u e m e lardeen c o m o a u n n e g r o fugitivo. — E n n i n g u n a m a n e r a consentiré — d i j o A n d r é s — que la m u í a n o m u e r a , a u n q u e m á s m e a s e g u r e n su t r a n s f o r m a c i ó n : y o t e m o ser descubierto si a ella n o la c u b r e la tierra. Y si se hace p o r el p r o v e c h o q u e de v e n d e r l a p u e d e seguirse, n o v e n g o t a n a esta cofradía, q u e n o pueda pagar desnudo de entrada m á s de lo q u e valen c u a t r o muías. — P u e s así lo quiere el señor A n d r é s Caballero — d i j o o t r o g i t a n o — . m u e r a la sin culpa, y Dios sabe si m e pesa, así p o r su mocedad, p u e s a ú n n o ha c e r r a d o (cosa n o u s a d a e n t r e muías de alquiler), como p o r q u e debe ser andariega, pues n o t i e n e c o s t r a s en las ijadas, ni llagas, de 3a espuela. 35 CERVANTES Dilatóse su m u e r t e hasta la noche, y en lo que q u e d a b a de aquel día se hicieron las ceremonias de la e n t r a d a de A n d r é s a ser g i t a n o , q u e f u e r o n : dese m b a r a z a r o n luego u n r a n c h o de los m e j o r e s del a d u a r , y a d o r n á r o n l e de r a m o s y j u n c i a ; y sentándose A n d r é s sobre u n medio alcornoque, pusiéronle en las m a n o s u n martillo y u n a s tenazas, y al son de dos g u i t a r r a s q u e dos g i t a n o s tañían, le hicieron d a r dos c a b r i o l a s ; luego le d e s n u d a r o n u n brazo, y con u n a cinta d e seda n u e v a y u n g a r r o t e le dieron dos v u e l t a s b l a n d a m e n t e . A todo se halló presente P r e c i o s a , y o t r a s m u c h a s g i t a n a s , viejas y mozas, que l a s u n a s con maravilla, o t r a s con a m o r , le m i r a b a n : tal era la gallarda disposición de A n d r é s , que h a s t a los gitanos le q u e d a r o n aficionadísimos. H e c h a s , p u e s , las referidas ceremonias, u n gitano viejo t o m ó p o r la m a n o a P r e c i o s a , y puesto delante de A n d r é s , dijo: — E s t a m u c h a c h a , que es la flor y la n a t a de todí 1.1 h e r m o s u r a de las gitanas que sabemos que viveí en E s p a ñ a , te la e n t r e g a m o s p o r esposa, p o r q u e la libre y ancha v i d a n u e s t r a n o está' sujeta a melindres ni a m u c h a s ceremonias. M í r a l a bien, y m i r a si U a e r a d a , o si vees en ella a l g u n a cosa q u e t e descontente, y si la vees, escoge entre las doncellas que aquí están la que m á s te c o n t e n t a r e ; q u e la que escogieres t e d a r e m o s : p e r o h a s de saber que una vei c^corida. no la has de d e i a r p o r trns otra. Con mies- !»ves y estatutos nos c o n s e r v a m o s y vivime 36 LA GITA N 1LLA a l e g r e s ; somos señores de los campos, de los semb r a d o s , de las selvas, de los montes, de las fuentes y de los r í o s : los montes nos ofrecen ieña d e b a l d e ; los árboles, f r u t a s ; las viñas, u v a s ; las h u e r t a s , h o r taliza; las fuentes, a g u a ; los ríos, peces, y los vedados, c a z a ; s o m b r a las peñas, aire fresco las quiebras, y casas las cuevas. P a r a n o s o t r o s las inclemencias del cielo son oreos, refrigerio las nieves, baños la lluvia, músicas los truenos y hachas los relámpag o s ; p a r a nosotros son los d u r o s t e r r e r o s colchones de blandas p l u m a s ; el c u e r o c u r t i d o de nuestros cuerpos nos sirve de arnés impenetrable q u e nos defiende ; a n u e s t r a ligereza n o la impiden grillos, ni la detienen b a r r a n c o s , ni la c o n t r a s t a n p a r e d e s ; a n u e s tro ánimo no le tuercen cordeles, ni le m e n o s c a b a n gar r u c h a s , ni le a h o g a n tocas, ni le d o m a n p o t r o s . Del sí al no no hacemos diferencia cuando nos c o n v i e n e : siempre nos preciamos m á s de m á r t i r e s que de confesores ; p a r a nosotros se crían las bestias de carga en los campos y se cortan las faldriqueras en las ciudades. N o h a y águila, ni n i n g u n a otra ave de rapiña que m á s presto se abalance a la presa que se le ofrece, que n o s o t r o s nos abalanzamos a las ocasiones q u e alg ú n interés nos señalen ; y, finalmente, tenemos m u chas habilidades q u e felice fin nos p r o m e t e n ; p o r q u e en la cárcel cantamos, en e! p o t r o callamos, de día t r a b a j a m o s , v de noche h u r t a m o s , o, por m e j o r decir, avisamos que nadie viva descuidado de m i r a r d ó n d e pone su hacienda. N o nos fatiga el t e m o r de p e r d e r 37 ÍAA>? CERVANTES la h o n r a , ni nos desvela la ambición de acrecentarla, ni s u s t e n t a m o s bandos, ni m a d r u g a m o s a d a r m e moriales, ni a a c o m p a ñ a r m a g n a t e s , ni a solicitar fav o r e s . P o r d o r a d o s techos y s u n t u o s o s palacios e s timamos estas b a r r a c a s y movibles r a n c h o s ; por cuad r o s y países de F l a n d e s , los que nos da la naturaleza en esos levantados riscos y n e v a d a s p e ñ a s , tendidos p r a d o s y espesos bosques que a c a d a p a s o a los ojos se nos m u e s t r a n . Somos astrólogos rústicos, p o r q u e como casi s i e m p r e d o r m i m o s al cielo descubierto, a t o d a s h o r a s sabemos las q u e son del día y las q u e son de la n o c h e ; v e m o s cómo a r r i n cona y b a r r e la a u r o r a las estrellas del cielo, y cómo ella sale con su c o m p a ñ e r a el alba, a l e g r a n d o el aire, e n f r i a n d o el a g u a y h u m e d e c i e n d o la tierra, y luego, t r a s ella, el sol, dorando otro poeta) y rizando cumbres montes; (como dijo el ni t e m e m o s quedar helados p o r su ausencia c u a n d o nos hiere a soslayo con sus rayos, ni q u e d a r a b r a s a d o s c u a n d o con ellos particularmente nos toca: un mismo rostro ha- cemos al sol que al yelo, a la esterilidad que a la abundancia. E n conclusión, somos gente que vivi- mos p o r n u e s t r a industria y pico, y sin e n t r e m e t e r n o s con el a n t i g u o r e f r á n : " I g l e s i a , o m a r , o casa r e a l " , tenemos lo que q u e r e m o s , p u e s nos contentamos con lo q u e tenemos. T o d o esto os he dicho, generoso mancebo, por que no ignoréis la vida a que habéis v e nido y el t r a t o que habéis de p r o f e s a r , el cual os he pintado aquí en b o r r ó n ; que o t r a s m u c h a s e infinitas 38 LA G¡'LANILLA cosas iréis descubriendo en el con el tiempo, n o m e nos dignas de consideración q u e las q u e habéis oido. Calló en diciendo esto el elocuente y viejo gitano, y el novicio dijo que se holgaba m u c h o de haber sabido t a n loables estatutos, y que él pensaba hacer profesión en aquella o r d e n tan p u e s t a en r a zón y en políticos fundamentos, y que sólo le pesaba no haber venido m á s p r e s t o en c o n o c i m i e n t o de tan alegre vida, y que desde aquel p u n t o renunciaba la profesión de caballero y la vanagloria d e su ilustre linaje, y lo p o n í a t o d o debajo del y u g o , o, p o r m e j o r decir, debajo de las leyes con q u e ellos vivían, p u e s con t a n alta r e c o m p e n s a le satisfacían el deseo de servirlo.-;, entregándole a la divina P r e c i o sa, p o r quien él d e j a r í a coronas e imperios y sólo los desearía p a r a servirla. A lo cual respondió Preciosa: — P u e s t o q u e estos señores legisladores han hallado p o r sus leyes que soy t u y a , y que p o r t u y a te me h a n e n t r e g a d o , y o he hallado p o r la ley de mi v o luntad, que es la m á s fuerte de todas, q u e no quiero serlo si n o es con las condiciones que antes que aquí vinieses entre los dos concertamos. D o s años has de vivir en n u e s t r a c o m p a ñ í a p r i m e r o que de la mía goces, p o r q u e tú no te a r r e p i e n t a s p o r ligero, ni yo quede e n g a ñ a d a p o r presurosa. Condiciones r o m p e n l e y e s ; las que te h e puesto s a b e s : si las quisieres guardar, podrá ser que sea tuya y tú seas mío, y d o n d e no, a ú n n o es m u e r t a la muía, t u s vesti39 CERVANTES dos e s t á n enteros, y de t u s dineros no t e falta u n ard i t e ; la a u s e n c i a q u e h a s hecho no h a sido a ú n de u n d í a ; q u e de l o q u e del falta te p u e d e s servir y d a r l u g a r que consideres lo q u e m á s te conviene. E s t o s señores n o pueden e n t r e g a r t e mi alma, que es libre y nació libre, y h a d e ser libre en tanto que yo quisiere. Si t e quedas, t e e s t i m a r é e n m u c h o ; si te vuelves, no te t e n d r é en m e n o s ; p o r q u e , a mi parecer, los ímpetus a m o r o s o s c o r r e n a rienda suelta, hasta q u e e n c u e n t r a n con la r a z ó n o con el desengañ o ; y n o q u e r r í a y o que fueses t ú p a r a conmigo como es el c a z a d o r , q u e e n a l c a n z a n d o la liebre q u e sigue, la coge, y la deja, p o r c o r r e r t r a s otra que k huye. O j o s h a y e n g a ñ a d o s q u e a la p r i m e r a vista tan bien les p a r e c e el oropel c o m o el o r o ; p e r o a poco r a t o bien conocen la diferencia q u e h a y d e lo fino a lo falso. E s t a mi h e r m o s u r a q u e tú dices que tengo, q u e la estimas s o b r e el sol y la encareces sobre el o r o , ¿ q u é sé y o si de cerca te p a r e c e r á sombra, y tocada, cairas en que es de a l q u i m i a ? Dos años te doy de tiempo p a r a que tantees y p o n d e r e s lo que será bien que escojas o será j u s t o que d e s e c h e s ; que la p r e n d a que una vez c o m p r a d a , nadie se puede deshacer della sino con la m u e r t e , bien es que haya tiempo, y m u c h o , p a r a miralla y remiralla, y ver en ella las faltas o las v i r t u d e s q u e tiene. -—Tienes r a z ó n ¡oh P r e c i o s a ! — d i j o a este p u n t o A n d r é s — ; y así, si q u i e r e s q u e a s e g u r e t u s t e m o r e s y menoscabe t u s sospechas j u r á n d o t e q u e n o saldré 40 L/l GIT ANILLA u n p u n t o d e las órdenes que m e pusieres, m i r a qué j u r a m e n t o quieres q u e haga, o qué otra seguridad p u e d o d a r t e ; q u e a todo m e hallarás dispuesto. •—No quiero j u r a m e n t o s , señor A n d r é s , ni quiero p r o m e s a s ; sólo quiero remitirlo t o d o a la experiencia deste noviciado. — S e a ansí — r e s p o n d i ó A n d r é s — . Sola u n a cosa p i d o a estos señores y c o m p a ñ e r o s míos, y es q u e n o m e fuercen a que h u r t e n i n g u n a cosa, p o r t i e m p o de u n m e s s i q u i e r a ; p o r q u e m e parece q u e n o h e de a c e r t a r a ser ladrón si antes n o preceden m u c h a s liciones. —Calla, hijo — d i j o el gitano v i e j o — ; q u e aquí te i n d u s t r i a r e m o s de m a n e r a , que salgas u n águila en el oficio; y c u a n d o le sepas, h a s de g u s t a r del de modo, q u e te c o m a s las m a n o s t r a s él. ¡ Y a es cosa de b u r l a salir vacío p o r l a m a ñ a n a y volver c a r g a d o a la n o c h e al r a n c h o ! — D e azotes h e visto yo volver a algunos desos vacíos — d i j o Andrés. — N o se t o m a n t r u c h a s , etcétera —replicó el viej o — : t o d a s las cosas desta v i d a están sujetas a diversos peligros, y las acciones del ladrón, al de las galeras, azotes y h o r c a ; p e r o n o p o r q u e c o r r a un navio t o r m e n t a , o se anegue, h a n de d e j a r los otros de navegar. ¡ B u e n o sería que p o r q u e l a g u e r r a c o me los h o m b r e s y los caballos, dejase de h a b e r soldados ! C u a n t o m á s , que el que es azotado p o r j u s ticia e n t r e nosotros, es tener u n hábito en las e s 41 CERVANTES p a l d a s , que le p a r e c e m e j o r q u e si le trújese en los pechos, y de los buenos. E l toque está en no acabar acoceando el aire en la flor de n u e s t r a j u v e n t u d y a los p r i m e r o s d e l i t o s ; q u e el m o s q u e o de las espaldas, ni el a p a l e a r el agua en las galeras, no lo estimamos en u n cacao. H i j o A n d r é s , r e p o s a d a h o r a e n el nido debajo de n u e s t r a s a l a s ; que a s u tiempo os sac a r e m o s a volar, y en p a r t e d o n d e n o volváis sin presa, y lo dicho d i c h o : q u e os habéis de lamer los dedos tras cada hurto. — P u e s p a r a r e c o m p e n s a r — d i j o A n d r é s — lo que yo podía h u r t a r en este t i e m p o que se m e da de venia, q u i e r o r e p a r t i r docientos e s c u d o s de o r o e n t r e todos los del Apenas rancho. h u b o dicho esto c u a n d o a r r e m e t i e r o n a él m u c h o s gitanos, y l e v a n t á n d o l e e n los brazos y s o bre los h o m b r o s , le c a n t a b a n el " ¡ \ íctor, víctor, y e! g r a n d e A n d r é s ! " , a ñ a d i e n d o : " ¡ Y viva, viva P r e ciosa, a m a d a p r e n d a suya!" L a s gitanas hicieron lo m i s m o con Preciosa, no sin envidia de Cristina y de o t r a s gitanillas q u e se hallaron p r e s e n t e s ; que la envidia t a m b i é n se aloja en los a d u a r e s de los b á r b a r o s y en las chozas de p a s tores como en palacios de príncipes, y esto de ver m e d r a r al vecino q u e m e p a r e c e q u e n o tiene m á s m é r i t o s que yo, fatiga. H e c h o esto, comieron l a u t a m e n t e ; repartióse el din e r o p r o m e t i d o con equidad y j u s t i c i a ; r e n o v á r o n s e las alabanzas de A n d r é s ; s u b i e r o n al cielo la h e r m o 4a ^\AV LA GITANILL A s u r a de Preciosa. Llegó la noche, acocotaron la m u la, y e n t e r r á r o n l a de modo, que quedó s e g u r o A n d r é s de ser p o r ella d e s c u b i e r t o ; y también e n t o n a ron con ella sus alhajas, como fueron silla, y freno, y cinchas, a uso de los indios, q u e sepultan con ellos kus m á s ricas p r e s e a s . D e t o d o lo que había visto y oido, y de los ingenios de los gitanos, q u e d o a d m i r a d o A n d r é s , y con proposito de seguir y conseguir su e m p r e s a sin entremeterse n a d a en sus c o s t u m b r e s , o, a lo m e n o s , e x cusarlo p o r t o d a s las vías que pudiese, p e n s a n d o e x e n t a r s e de la j u r i s d i c i ó n de obedecellos en las cosas injustas que le mandasen, a costa de su dinero. O t r o día les r o g ó A n d r é s que m u d a s e n de sitio y se alej a s e n d e .Madrid, p o r q u e temía ser conocido si allí e s t a b a ; ellos d i j e r o n que ya tenian d e t e r m i n a d o irse a los m o n t e s de T o l e d o , y desde alU correr y g a r r a m a r t o d a la tierra cirounvecina. L e v a n t a r o n , pues, el r a n c h o , y diéronle a .Andrés u n a pollina en que fuese ; p e r o él n o la quiso, sino irse a pie, sirviendo de lacayo a Preciosa, que sobre o t r a iba, ella contentísima de v e r cómo t r i u n f a b a de su gallardo escudero, y él ni m á s ni menos, de ver j u n t o a sí a la que había h e cho señora de su aúbedrio. D e allí a c u a t r o dias llegaron a u n a aldea dos leg u a s de Toledo, d o n d e a s e n t a r o n su a d u a r , d a n d o p r i m e r o algunas p r e n d a s de plata al alcalde del p u e blo, en fianzas de q u e en el ni en todo su t é r m i n o n o h u r t a r í a n n i n g u n a cosa. H e c h o esto, todas las gita43 CEU V A A" y £ S ñas viejas, y algunas m o z a s , y los gitanos, se esparcieron p o r t o d o s los l u g a r e s , o, a lo menos, a p a r t a dos p o r c u a t r o o cinco leguas de aquel donde habían a s e n t a d o su real. F u é con ellos A n d r é s a t o m a r la p r i m e r a lición de l a d r ó n ; pero a u n q u e le dieron m u c h a s en aquella salida, n i n g u n a se le a s e n t ó ; antes c o r r e s p o n d i e n d o a su buena s a n g r e , con cada h u r t o que s u s m a e s t r o s h a c í a n se le a r r a n c a b a a él el alma, y tal vez hubo que pagó de su dinero los h u r t o s que sus c o m p a ñ e r o s h a b í a n hecho, conm o v i d o de las lágrimas de sus d u e ñ o s ; de lo cual los gitanos se desesperaban, diciéndole q u e era cont r a v e n i r a sus estatutos y o r d e n a n z a s , q u e prohi- bían la e n t r a d a a la c a r i d a d en sus pechos, la cu;:: en teniéndola, h a b í a n de d e j a r de ser ladrones, cosa q u e n o les estaba bien en n i n g u n a m a n e r a . V i e n d o , pues, esto A n d r é s , dijo que él q u e r í a h u r t a r p o r M solo, sin ir en compañía de n a d i e ; p o r q u e p a r a h u i r del peligro tenía ligereza, y p a r a acometelle n o le faltaba el á n i m o ; así, que el p r e m i o o el castigo de lo que h u r t a s e q u e r í a q u e fuese suyo. Procuraron sito, donde los gitanos disuadirle diciéndole que le p o d r í a n fuese dcste suceder propó- ocasiones necesaria la c o m p a ñ í a , así p a r a aco- m e t e r como p a r a defenderse, y que una p e r s o n a sola no podía h a c e r grandes p r e s a s . P e r o , p o r m á s q u e dijeron, A n d r é s quiso ser l a d r ó n solo y señero, con intención de a p a r t a r s e de la cuadrilla y c o m p r a r p o r su dinero alguna cosa q u e pudiese decir q u e la había 44 LA G I TA .V ILLA h u r t a d o , y deste m o d o c a r g a r l o q u e menos pudiese sobre su conciencia. U s a n d o , p u e s , desta industria, en m e n o s de u n mes t r u j o m á s p r o v e c h o a la compañía q u e t r a j e r o n ouatro de los m á s e s t i r a d o s lad r o n e s d e l l a ; de q u e n o poco se holgaba Preciosa, viendo a su t i e r n o a m a n t e t a n lindo y tan despejado l a d r ó n ; p e r o , con todo esto, estaba t e m e r o s a de alguna desgracia ; q u e n o quisiera ella verle e n afrenta p o r t o d o el tesoro de Venecia, obligada a tenerle aquella b u e n a v o l u n t a d los m u c h o s servicios y r e g a los que su A n d r é s le hacía. P o c o m á s de u n mes se estuvieron en los t é r m i n o s de T o l e d o , d o n d e hicieron su Agosto, a u n q u e e r a p o r el me~ ele Septiembre, v desde allí se e n t r a r o n en E x t r e m a d u r a , p o r ser t i e r r a rica y caliente. P a s a b a A n drés c o n P r e c i o s a honestos, discretos y e n a m o r a d o s coloquios, y ella poco a poco se iba e n a m o r a n d o de la discreción y b u e n t r a t o d e su a m a n t e , y él, del m i s m o m o d o , si p u d i e r a crecer su amor, fuera c r e c i e n d o : tail e r a la honestidad, discreción y belleza ie su P r e c i o s a . A d o q u i e r a q u e llegaban, él se lle/aba el precio y las a p u e s t a s d e c o r r e d o r y de sala r m á s q u e n i n g u n o ; j u g a b a a los bolos y a la p e lota e x t r e m a d a m e n t e : tiraba la b a r r a con mucha fuerza v singular d e s t r e z a ; finalmente, en poco tiempo voló su fama p o r t o d a E x t r e m a d u r a , y n o había l u c a r d o n d e n o se hablase de la gallarda disposición riel gitano A n d r é s Caballero y de sus gracias y h a b i lidades, y al p a r desta fama corría la d e la h e r m o s u •15 w¿V¿! CERVANTES r a de la Gitanilla, y no había villa, l u g a r ni aldea donde n o los llamasen p a r a regocijar las fiestas votivas s u y a s , o p a r a otros p a r t i o u l a r e s regocijos. D e s ta m a n e r a iba el a d u a r rico, p r ó s p e r o y contento. F u e r o n de p a r e c e r los gitanos de Ir a Sevilla, pe- r o la abuela de P r e c i o s a dijo q u e ella n o podía ir a causa que los años p a s a d o s había hecho u n a burla en Sevilla a u n g o r r e r o llamado Triguillos, m u y conocido en ella, al cual le había h e c h o m e t e r en una tinaja de a g u a h a s t a el cuello, d e s n u d o en carnes, y en la cabeza p u e s t a u n a c o r o n a de ciprés, e s p e r a n d o el filo de la media noche p a r a salir d e la tinaja a c a v a r y sacar u n g r a n tesoro q u e ella le h a b í a hecho creer que estaba en cierta p a r t e de su casa. D i j o q u e como oyó el buen g o r r e r o tocar a maitines, p o r n o p e r d e r la c o y u n t u r a , se dio t a n t a priesa a salir d e la tinaja, que dio con ella y con él en el suelo, y con él golpe y con los cascos se magulló las carnes, d e r r a m ó s e el agua, y él q u e dó n a d a n d o en ella, y d a n d o voces que se anegaba. A c u d i e r o n su m u j e r y sus vecinos con luces, y halláronle haciendo efectos de n a d a d o r , soplando y a r r a s t r a n d o la barriga p o r el s u e l o ; y m e n e a n d o brazos y p i e r n a s con m u c h a priesa, y diciendo a g r a n d e s voc e s : " ¡ S o c o r r o , señores, que m e a h o g o " , tal le tenía el miedo, que v e r d a d e r a m e n t e pensó que se ahogaba. A b r a z á r o n s e con él, sacáronle de aquel peligro, volvió en sí, contó la burla de la g i t a n a , y, con todo eso, cavó en la p a r t e señalada m á s de u n estado en h o n d o , a p e sar de todos cuantos le decían que era embuste m í o ; y 46 •WXV LA GIT ANILLA si no se lo e s t o r b a r a u n vecino suyo, que tocaba ya en los cimientos de su casa, él diera con e n t r a m b a s en el suelo, si le d e j a r a n cavar t o d o c u a n t o él quisiera. S ú p o s e este c u e n t o p o r t o d a la ciudad, y h a s t a los m u c h a c h o s le señalaban con el dedo y c o n t a b a n su credulidad y m i e m b u s t e . E s t o contó la gitana vieja, y esto dio p o r e x c u s a p a r a n o i r a Sevilla. L o s gitanos d e t e r m i n a r o n de torcer el camino a m a n o izquierda. D e j a r o n , p u e s , a E x t r e m a d u r a y e n t r á r o n s e en la M a n c h a , y poco a poco fueron c a m i n a n d o al reino de M u r c i a . E n todas las aldeas y l u g a r e s que pasaban había desafíos de pelota, de esgrima, de correr, d e saltar, d e t i r a r la b a r r a y de otros ejercicios de fuerza, m a ñ a y ligereza, y de t o d o salía vencedor A n d r é s . Una m a ñ a n a se levantó el a d u a r , y se fueron a alojar en u n l u g a r d e la jurisdición de M u r c i a , t r e s leguas d e la ciudad, d o n d e l e s u c e d i ó a A n d r é s una desgracia que l e puso en p u n t o d e p e r d e r la v i d a ; y fué que, después de h a b e r d a d o en aquel l u g a r algunos vasos y p r e n d a s de plata en fianzas, c o m o tenían de c o s t u m b r e , P r e c i o s a y su abuela, y Cristina con otras dos gitanillas, y A n d r é s , se alojaron en u n m e són de u n a v i u d a rica, la cual tenía u n a hija de edad de diez y siete o diez y ocho años, algo m á s desenvuelta que h e r m o s a , y, p o r m á s señas, se llamaba J u a n a C a r d u c h a . E s t a , habiendo visto bailar a las gitanas y gitanos, la t o m ó el diablo, y se p r o p u 47 CERVANTES so t o m a r p o r m a r i d o a Andrés si él quisiese, a u n - que a t o d o s sus p a r i e n t e s les p e s a s e ; y así, buscó c o y u n t u r a p a r a decírselo y hallóla e n u n corral, donde A n d r é s había e n t r a d o a r e q u e r i r dos pollinos. Llegóse a él, y con priesa, p o r no ser vista, le dijo: — A n d r é s — q u e ya sabía su n o m b r e — , yo soy doncella y rica; q u e mi m a d r e n o tiene o t r o hijo sino a mí, y este m e s ó n es suyo, y a m é n desto, tiene m u chos m a j u e l o s , y o t r o s dos p a r e s de casas. H a s m e p a r e c i d o b i e n : si m e quieres p o r esposa, a ti e s t á ; r e s p ó n d e m e p r e s t o , y si e r e s discreto, quédate, y v e rás q u é v i d a n o s d a m o s . A d m i r a d o q u e d ó A n d r é s de la resolución de la C a r d u c h a , y con la presteza q u e ella p e d í a le respondió: —'Señora doncella, y o estoy a p a l a b r a d o p a r a cas a r m e , y los g i t a n o s n o nos casamos sino con gitan a s : g u á r d e l a D i o s p o r la m e r c e d que m e quería hacer, d e quien y o no soy digno. N o e s t u v o e n dos dedos de caerse m u e r t a la Carducha con la aceda respuesta de A n d r é s , a quien replicara si n o v i e r a q u e e n t r a b a n en el corral otras gitanas. Salióse c o r r i d a y a s e n d e r e a d a , y de buena g a n a se v e n g a r a si p u d i e r a . A n d r é s , c o m o discreto, d e t e r m i n ó de p o n e r tierra en medio, y desviarse de aquella ocasión q u e el diablo le ofrecía, y así, pidió a t o d o s los gitanos que aquella noche se p a r t i e sen de aquel l u g a r . Ellos, q u e s i e m p r e le obedecían, 48 ^*AV LA GIT ANILLA lo p u s i e r o n luego p o r obra, y c o b r a n d o sus fianzas aquella t a r d e , se fueron. L a C a r d u c h a o r d e n ó de hacer q u e d a r a A n d r é s por fuerza, y a que de g r a d o n o p o d í a ; y así, con la industria, sagacidad y secreto que su mal intento le enseñó, puso e n t r e las alhajas de A n d r é s , que ella conoció p o r suyas, u n o s ricos corales y dos p a tenas de plata, con o t r o s brincos suyos, y a p e n a s h a bían salido del mesón, cuando dio voces, diciendo que aquellos gitanos le llevaban r o b a d a s sus j o y a s ; a cuyas voces a c u d i ó la justicia y t o d a la gente del p u e blo. L o s g i t a n o s hicieron a l t o , y todos j u r a b a n q u e n i n g u n a cosa llevaban h u r t a d a y que ellos h a r í a n p a tentes t o d o s los sacos y repuestos de su a d u a r . D e s to se congojó m u c h o la gitana vieja, t e m i e n d o que en aquel escrutinio n o se manifestasen los dijes de la P r e c i o s a y los vestidos d e A n d r é s , q u e ella con g r a n cuidado y recato g u a r d a b a ; pero la buena de la C a r d u c h a lo r e m e d i ó con m u c h a brevedad todo, p o r que al segundo envoltorio que m i r a r o n dijo que p r e g u n t a s e n cuál e r a el de aquel gitano g r a n b a i l a d o r ; que ella le había visto e n t r a r en su aposento dos v e ces, y que podría ser q u e aquél las llevase. E n t e n d i ó A n d r é s q u e por él lo decía, y riéndose, d i j o : —Señora doncella, ésta es mi r e c á m a r a y éste es mi p o l l i n o : si vos halláredes en ella ni en él lo que os falta, yo os lo p a g a r é con las setenas, fuera de suj e t a r m e al castigo q u e la ley da a los l a d r o n e s . A c u d i e r o n luego los ministros de la justicia a 49 xxi.—4 P»<» l»A<03rff< «<[> CERVANTES desvalijar el pollino, y a pocas vueltas dieron con el hurto; de que q u e d ó tan e s p a n t a d o A n d r é s y tan absorto, que n o pareció sino estatua, sin voz, de piedra dura. —¿ N o sospeché yo bien ? — d i j o a esta sazón la Carducha—. ¡ M i r a d con q u é buena c a r a se encubre u n ladrón tan g r a n d e ! A t o d o callaba A n d r é s , s u s p e n s o e imaginativo, y no acababa de caer en la traición d e la C a r d u c h a . E n esto, se llegó a él u n soldado b i z a r r o , sobrino del Alcalde, y sin m á s ni m á s alzó la m a n o , y le dio un bofetón, tal, que le hizo v o l v e r de su embelesamiento y le hizo a c o r d a r que n o era A n d r é s Caballero, sino don Juan y c a b a l l e r o ; y a r r e m e t i e n d o al soldado con mucha presteza y m á s cólera, le a r r a n c ó su misma e s p a d a de la vaina, y se la e n v a i n ó en el c u e r p o , d a n d o con él m u e r t o en tierra. Aquí fué el g r i t a r del p u e b l o ; aqui el amohinarse el tío A l c a l d e ; aquí el d e s m a y a r s e Preciosa, y el turbarse Andrés de vería d e s m a y a d a ; aquí el acudir todos a las armas y d a r t r a s el homicida. C r e ció la confusión, creció la g r i t a , y por acudir An- drés al desmayo de P r e c i o s a , dejó de acudir a su defensa: finalmente, tantos c a r g a r o n sobre A n d r é s , que le p r e n d i e r o n y le a h e r r o j a r o n con dos m u y g r u e sas cadenas. Bien quisiera el Alcalde a h o r c a r l e luego, si estuviera en su m a n o ; p e r o h u b o de r e m i tirle a Murcia, p o r ser de su jurisdición. N o le llevaron hasta otro día, y en el q u e allí e s t u v o pasó A n 50 ...le arrancó su misma espada de la vaina, y se la envainó en el cuerpo, ... LA GITANILLA drés m u c h o s m a r t i r i o s y vituperios, que el indign a d o Alcalde, y sus ministros, y todos los del l u g a r le hicieron. P r e n d i ó el Alcalde t o d o s los m á s gitanos y g i t a n a s q u e p u d o , p o r q u e los m á s h u y e r o n . Fi- nalmente, con la sumaria del caso y con u n a g r a n cáfila de gitanos, e n t r a r o n el Alcalde y sus minist r o s con o t r a m u c h a gente a r m a d a e n M u r c i a , e n t r e los cuales iba P r e c i o s a y eü p o b r e A n d r é s , ceñido de cadenas, sobre u n m a c h o , y con esposas y piedeamigo. Salió t o d a M u r c i a a v e r los p r e s o s ; que y a se tenía noticia d e la m u e r t e del soldado. P e r o la h e r m o s u r a de P r e c i o s a aquel día fué t a n t a , que ning u n o la m i r a b a que n o la bendecía, y llegó la nueva de su belleza a los oídos d e l a señora Corregidora, q u e p o r curiosidad de verla h i z o que el C o r r e g i d o r su m a r i d o m a n d a s e que aquella gitanica n o entra- se en la cárcel, y t o d o s los d e m á s sí, y a A n d r é s le p u s i e r o n en u n estrecho calabozo, cuya escuridad y la falta de la luz de Preciosa le t r a t a r o n de m a n e r a , q u e bien pensó n o salir de allí sino p a r a la sepultura. L l e v a r o n a P r e c i o s a con su abuela a q u e la C o r r e g i d o r a l a viese, y así como la vio dijo: — C o n razón la alaban de h e r m o s a . Y llegándola a sí, la a b r a z ó tiernamente, y n o se h a r t a b a de mirarla, y p r e g u n t ó a su abuela que qué edad t e n d r í a aquella niña. — Q u i n c e años — r e s p o n d i ó la gitana—•, dos meses más a menos. — E s o s t u v i e r a a g o r a la desdichada de mi C o s 53 CERVANTES tanza. ¡ A y , amigas, q u e esta n i ñ a m e h a r e n o v a d o mi d e s v e n t u r a ! — d i j o Ja C o r r e g i d o r a . T o m ó , e n esto, P r e c i o s a las m a n o s de la Corregid o r a , y besándoselas m u c h a s veces, se las b a ñ a b a con l á g r i m a s y le d e c í a : — S e ñ o r a mía, el gitano q u e está p r e s o no tiene culpa, p o r q u e fué p r o v o c a d o : llamáronle ladrón, y no lo e s ; diéronle u n bofetón en su r o s t r o , que es tal, que en él se descubre la b o n d a d de su ánimo. P o r D i o s y p o r quien v o s sois, s e ñ o r a , q u e le hagáis g u a r d a r su justicia, y q u e el s e ñ o r C o r r e g i d o r n o se dé priesa a e j e c u t a r e n éd el castigo con q u e las leyes le a m e n a z a n ; y si a l g ú n a g r a d o os ha dado mi hermosura, entretenedla con e n t r e t e n e r el preso, p o r q u e en el fin d e su v i d a está el de la mía. E l ha de ser mi esposo, y j u s t o s y honestos impedim e n t o s h a n e s t o r b a d o que a ú n h a s t a a h o r a no nos habernos d a d o las m a n o s . Si d i n e r o s fueren menester p a r a alcanzar p e r d ó n de la p a r t e , todo n u e s t r o a d u a r se v e n d e r á en pública almoneda, y se d a r á aún m á s de lo q u e pidieren. S e ñ o r a mía, si sabéis qué es amor, y algún tiempo le tuvistes, y a h o r a le tenéis a v u e s t r o esposo, doleos de m í , q u e a m o tierna y h o n e s t a m e n t e al m í o . E s t a n d o en esto, e n t r ó el Corregidor, y hallando a su m u j e r y a P r e c i o s a llorosas y encadenadas, quedó suspenso, así de su llanto como de la hermosura; p r e g u n t ó la c a u s a de aquel sentimiento, y la resp u e s t a q u e dio P r e c i o s a fué soltar las m a n o s de la 54 LA GITANILLA C o r r e g i d o r a y asirse de los pies del C o r r e g i d o r , diciéndole: —¡ S e ñ o r , misericordia, m i s e r i c o r d i a ! ¡ Si mi e s poso m u e r e , y o soy m u e r t a ! ¡ E l n o tiene culpa; pero si la tiene, déseme a mí la p e n a ; y si esto no puede ser, a lo menos, entreténgase el pleito en tanto q u e se p r o c u r a n y buscan los medios posibles para su r e m e d i o ; q u e p o d r á ser que al q u e no pecó de malicia le enviase el cielo 'la salud de gracia. Con n u e v a suspensión quedó el C o r r e g i d o r de oír las discretas razones de la Gitanilla, y que ya, si no fuera p o r no d a r indicios de flaqueza, le acompa- ñ a r a en sus l á g r i m a s . E n t a n t o que esto pasaba, estaba la g i t a n a vieja c o n s i d e r a n d o g r a n d e s , muchas y diversas cosas, y al cabo de toda esta suspensión e imaginación, d i j o : — E s p é r e n m e v u e s a s m e r c e d e s , señores míos, un p o c o ; que y o h a r é q u e estos llantos se c o n v i e r t a n en risa, a u n q u e a mí m e cueste la vida. Y así, con ligero paso se salió de donde estaba, d e j a n d o a l o s presentes confusos con lo que dicha había. E n tanto, p u e s , q u e ella volvía, nunca dejó Preciosa las l á g r i m a s ni los ruegos de que se entretuviese la causa d e su esposo, con intención de avisar a su p a d r e , q u e viniese a e n t e n d e r en ella. V o l vió la gitana con u n pequeño cofre debajo del brazo, y dijo al C o r r e g i d o r que con su m u j e r y ella se e n trasen e n un a p o s e n t o : que t e n í a g r a n d e s cosas que decirles en secreto. E l C o r r e g i d o r , c r e y e n d o que a l SS o*» *-* *-t2S , "s> gtt CERVANTES g u n o s h u r t o s d e los gitanos tenerle propicio en el pleito se r e t i r ó con ella y con su a d o n d e Ja gitana, h i n c á n d o s e les d i j o : q u e r í a descubrirle, p o r del p r e s o , al m o m e n t o m u j e r e n su recámara, d e rodillas a n t e los dos, — S i las b u e n a s n u e v a s q u e os quiero d a r , señores, n o m e r e c i e r e n alcanzar en albricias el p e r d ó n de u n g r a n p e c a d o m í o , a q u í estoy p a r a recebir el castigo q u e quisiéredes d a r m e ; p e r o a n t e s que le conliese q u i e r o que m e digáis, señores, p r i m e r o , si conocéis estos j o y a s . Y d e s c u b r i e n d o u n cofreoico d o n d e v e n í a n las de Preciosa, se l e p u s o e n las m a n o s al Corregidor, y en abriéndole, vio aquellos dijes p u e r i l e s ; p e r o no cayó lo q u e p o d í a n significar. Mirólos t a m b i é n la C o r r e g i d o r a , p e r o t a m p o c o d i o en l a c u e n t a : sólo dijo: —Estos tura. son a d o r n o s d e a l g u n a pequeña cria- —'Así es la v e r d a d — d i j o la g i t a n a — ; y de qué c r i a t u r a s e a n l o dice ese escrito q u e está en ese papel doblado. Abrióle con priesa el Corregidor, y leyó que d e c í a : " L l a m á b a s e la n i ñ a d o ñ a Costanza d e Azevedo y d e M e n e s e s ; su m a d r e , d o ñ a G u i o m a r de Meneses, y su p a d r e , don F e r n a n d o de Azevedo, caballero del h á b i t o de C a l a t r a v a . Desparecíla día de la A s c e n s i ó n del Señor, a las ocho de la mañana, del a ñ o d e mil y quinientos y n o v e n t a y 56 LA GITAN ILLA cinco. T r a í a la niña puestos estos brincos q u e e n e s te cofre e s t á n g u a r d a d o s . " A p e n a s h u b o oído la C o r r e g i d o r a las r a z o n e s del papel, c u a n d o reconoció los brincos, se los p u s o a la boca y dándoles infinitos besos, se cayó d e s m a y a da. A c u d i ó él C o r r e g i d o r a ella, antes q u e a p r e g u n t a r a la gitana p o r su hija, y habiendo v u e l t o en sí, d i j o : — M u j e r buena, antes ángel q u e gitana, ¿ a d o n d e está el d u e ñ o , digo, la c r i a t u r a cuyos e r a n estos i dijes? — ¿ A d o n d e , s e ñ o r a ? — r e s p o n d i ó 'la g i t a n a — . EiJ v u e s t r a casa la t e n é i s : aquella gitanica q u e os sacó las lágrimas de los ojos es su d u e ñ o , y es sin duda' alguna v u e s t r a h i j a ; que y o la h u r t é en M a d r i d d e v u e s t r a casa el día y h o r a q u e e s e papel dice. O y e n d o esto la t u r b a d a señora, soltó ios chapines, y desalada y c o r r i e n d o salió a l a sala a d o n d e había dejado a Preciosa, y hallóla r o d e a d a d e s u s doncellas y criadas, t o d a v í a l l o r a n d o ; a r r e m e t i ó a ella, y sin decirle n a d a , con g r a n priesa le d e s a b r o c h ó el pecho y m i r ó si tenía u n a señal pequeña, a m o d o de lunar blanco, con q u e había nacido, y hallóle y a g r a n d e ; que con el tiempo se había dilatado. L u e g o , con la m i s m a celeridad, la descalzó, y descubrió u n pie de nieve y de marfil, hecho a t o r n o , y vio en él lo que b u s c a b a ; que e r a q u e los dos dedos últimos del pie d e r e c h o se t r a b a b a n el u n o con el o t r o p o r medio c o n u n p o q u i t o de carne, la cual, 57 cuando o»» >"gi3'" "j> CERVANTES niña, n u n c a se la h a b í a n q u e r i d o cortar, p o r no darle p e s a d u m b r e . E l pecho, los dedos, los brincos, el día señalado del h u r t o , la confesión de la gitana, y el sobresalto y alegría que h a b í a n recebido s u s padres cuando la vieron, con t o d a v e r d a d confirmaron en el a l m a d e la C o r r e g i d o r a ser Preciosa su h i j a ; y así, cogiéndola e n sus b r a z o s , se volvió con ella a d o n d e el C o r r e g i d o r y la g i t a n a estaban. I b a P r e c i o s a confusa, que n o sabía a qué efetc se h a b í a n h e c h o c o n ella aquellas diligencias, y m á s viéndose llevar en brazos de la Corregidora, y que le daba d e u n beso h a s t a ciento, liego, en fin, con la preciosa c a r g a d o ñ a G u i o m a r a la presencia de su m a r i d o , y t r a s l a d á n d o l a de sus b r a z o s a los del Cor r e g i d o r , le d i j o : — R e c e b i d , señor, a v u e s t r a hija Costanza; que ésta es sin d u d a : n o lo dudéis, señor, en n i n g ú n m o do; q u e l a señai d e los dedos j u n t o s y la del pecho he visto, y m á s , q u e a mí m e lo e s t á diciendo el alma desde él instante q u e mis ojos 'la v i e r o n . — N o lo d u d o — r e s p o n d i ó el C o r r e g i d o r , teniendo e n sus brazos a P r e c i o s a — ; q u e los m i s m o s efetos h a n p a s a d o p o r la mía q u e p o r la v u e s t r a ; y más, que t a n t a s p u n t u a l i d a d e s j u n t a s , ¿ c ó m o podían suceder, si n o fuera p o r m i l a g r o ? T o d a la gente d e casa a n d a b a a b s o r t a , p r e g u n t a n d o unos a otros qué sería aquello, y todos d a b a n bien lejos del b l a n c o ; q u e ¿ q u i é n había d e i m a g i n a r que la Gitanilla era hija de sus señores ? 58 LA GIT ANILLA E l C o r r e g i d o r dijo a su m u j e r , y a su hija, y a la gitana vieja que aquel caso estuviese secreto hasta que él le d e s c u b r i e s e ; y a s i m i s m o dijo a la vieja que él la p e r d o n a b a el a g r a v i o q u e le había h e c h o en h u r t a r l e ed alma, p u e s la r e c o m p e n s a de habérsela vuelto m a y o r e s albricias merecía, y que sólo le p e saba de q u e sabiendo ella la calidad de P r e c i o s a , ia hubiese d e s p o s a d o con u n g i t a n o , y m á s con u n l a d r ó n y homicida. — ¡ A y ! — d i j o a esto P r e c i o s a — , señor m í o , q u e ni es gitano ni ladrón, puesto que es m a t a d o r . P e r ú fuélo del q u e le quitó la h o n r a , y n o p u d o hacer m e nos de m o s t r a r q u i é n e r a , y m a t a r l e . — ¿ C ó m o q u e n o es gitano, hija m í a ? — d i j o doña Guiomar. E n t o n c e s la g i t a n a vieja contó b r e v e m e n t e la his t o r i a d e A n d r é s Caballero, y q u e e r a hijo de d o n F r a n c i s c o d e C á r c a m o , caballero del h á b i t o d e S a n tiago, y q u e se llamaba d o n J u a n de C á r c a m o , asim i s m o del m i s m o hábito, c u y o s vestidos ella tenía los de gitano. C o n t ó tam- bién el concierto q u e e n t r e P r e c i o s a y d o n cuando los m u d ó en Juan estaba h e c h o d e a g u a r d a r dos a ñ o s de ción p a r a desposarse o n o ; p u s o en aproba- su p u n t o la honestidad de e n t r a m b o s y la a g r a d a b l e condición de d o n J u a n . T a n t o se a d m i r a r o n desto c o m o del hallazgo de su hija, y m a n d ó el C o r r e g i d o r a la gitana q u e fuese p o r los vestidos de d o n J u a n . Ella lo hizo ansí, y volvió con o t r o gitano q u e los t r u j o . 59 CERVANTES E n t a n t o que ella iba y volvía, hicieron sus padres a P r e c i o s a cien mil p r e g u n t a s , a quien respondió con t a n t a discreción y gracia, que a u n q u e n o la hubieran reconocido p o r hija, los e n a m o r a r a . P r e g u n t á r o n l a si tenía a l g u n a afición a d o n J u a n . R e s p o n d i ó q u e n o m á s de aquella que le obligaba a ser agradecida a quien se había q u e r i d o humillar a ser g i t a n o por ella; p e r o que y a n o se e x t e n d e r í a a m á s el a g r a d e cimiento de aquello que sus señores p a d r e s quisiesen. — C a l l a , hija P r e c i o s a — d i j o s u p a d r e — (que este n o m b r e de P r e c i o s a quiero q u e se te quede, en m e moria de t u p é r d i d a y de t u h a l l a z g o ) ; que yo, como t u p a d r e , t o m o a c a r g o el p o n e r t e en e s t a d o que n o desdiga d e quién e r e s . S u s p i r ó o y e n d o esto P r e c i o s a , y su m a d r e , como era discreta, entendió que suspiraba de e n a m o r a d a de d o n J u a n , dijo a su m a r i d o : — S e ñ o r , siendo t a n principal don J u a n de C á r camo c o m o lo e s , y q u e r i e n d o t a n t o a n u e s t r a hija, n o nos e s t a r í a m a l dársela p o r esposa. Y él r e s p o n d i ó : —'Aun h o y la habernos hallado, ¿ y ya queréis que la p e r d a m o s ? Gocémosla a l g ú n t i e m p o ; q u e en casándola, no será n u e s t r a , sino de su m a r i d o . —Razón tenéis, señor — r e s p o n d i ó e l l a — ; p e r o dad o r d e n de sacar a don J u a n , que debe de estar en a l g ú n calabozo. — S í e s t a r á — d i j o P r e c i o s a — ; que a u n ladrón, 6o LA GITAMILLA m a t a d o r , y, sobre todo, gitano, no le h a b r á n dado mejor estancia. — Y o quiero ir a verle, como que le voy a t o m a r la confesión — r e s p o n d i ó el C o r r e g i d o r — , y de n u e v o os encargo, señora, que nadie sepa esta historia hasta que y o lo quiera. Llegóse la noche, y siendo casi las diez, sacaron a A n d r é s de la cárcel, sin las esposas y el piedeamig o ; p e r o n o sin u n a g r a n cadena que desde los pies todo el c u e r p o le ceñía. L l e g ó deste modo, sin ser visto de nadie, sino de los que le t r a í a n , en casa del C o r r e g i d o r , y con silencio y recato le e n t r a r o n en un aposento donde estaban solamente doña G u i o m a r , el Corregidor, P r e c i o s a y otros dos criados de casa. P e r o c u a n d o P r e c i o s a vio a d o n J u a n ceñido y a h e r r o j a d o con t a n g r a n cadena, descolorido el r o s t r o y los ojos con m u e s t r a de haber llorado, se le cubrió el corazón, y se a r r i m ó al b r a z o de su m a d r e , q u e j u n to a ella estaba, la cual, abrazándola consigo, le d i j o : — V u e l v e en ti n i ñ a ; que todo lo que vees ha de r e d u n d a r en t u g u s t o y p r o v e c h o . Con t o d o esto, q u e r í a saber de A n d r é s , si la suerte e n c a m i n a s e sus sucesos de m a n e r a que le hallase e s poso de Preciosa, si se tendría por dichoso, ya siend o A n d r é s Caballero, o ya clon J u a n de C á r c a m o . Así c o m o oyó A n d r é s n o m b r a r s e por su n o m b r e , dijo: — P u e s Preciosa n o ha q u e r i d o contenerse en los límites del silencio, y ha descubierto quién soy, a u n 61 CERVANTES que esa buena dicha me hallara hecho monarca del mundo, la tuviera en tanto, que pusiera término a mis deseos, sin osar desear otro bien sino el del cielo. — P u e s por ese buen ánimo que habéis mostrado, señor don Juan de Cárcamo, a su tiempo haré que Preciosa sea vuestra legítima consorte, y agora os la doy y entrego en esperanza, por la más rica joya de mi casa, y de mi vida, y de mi alma; y estimadla en lo que decís, porque en ella os doy a doña Costanza de Meneses, mi única hija, la cual, sí os iguala en eil amor, no os desdice nada en el linaje. Atónito quedó Andrés viendo el amor que le mostraban, y en breves razones doña Guiomar contó la pérdida de su hija y su hallazgo, con las certísimas señas que la gitana vieja había dado de su hurto; con que acabó don Juan de quedar atónito y suspenso, pero alegre sobre todo encarecimiento: abrazó a sus suegros; llamólos padres y señores s u y o s ; besó las manos a Preciosa, que con lágrimas le pedia las suyas. Vistióse don Juan los vestidos de camino que allí había traído la gitana; volviéronse las prisiones y cadenas de hierro en libertad y cadenas de o r o ; la tristeza de los gitanos presos, en alegría, pues otro día los dieron en fiado. Recibió el tío del muerto la promesa de dos mil ducados, que le hicieron porque bajase de la querella y perdonase a don Juan. D i j o el Corregidor a don Juan que tenía por nueva cierta que su padre don Francisco de Cárcamo 62 LA GITANILLA estaba p r o v e í d o p o r c o r r e g i d o r de aquella ciudad, y que sería bien esperalle, p a r a que con su beneplácito y consentimiento se hiciesen las bodas. D o n J u a n dijo que no saldría de lo que él o r d e n a s e ; p e r o q u e , ante t o d a s cosas, se había de desposar con Preciosa. Concedió licencia el A r z o b i s p o p a r a que con sola una amonestación se hiciese. H i z o fiestas la ciudad, por ser m u y bien quisto el Corregidor, con l u m i n a rias, t o r o s y cañas el día del d e s p o s o r i o ; quedóse la gitana vieja en c a s a ; que n o se quiso a p a r t a r d e su nieta Preciosa. L l e g a r o n las n u e v a s a la C o r t e del caso y casamiento de la Gitanilla; supo d o n Francisco de C á r camo ser su hijo el gitano, y ser la Preciosa la Gitanilla q u e él había visto, cuya h e r m o s u r a disculpó con él la liviandad de su hijo, que ya le tenía p o r p e r d i d o , p o r saber q u e no había ido a F l a n d e s ; y m á s p o r q u e vio cuan bien le estaba el casarse con hija de t a n g r a n caballero y t a n rico como era d o n F e r n a n d o de A z e v e d o . Dio priesa a su partida, por llegar presto a v e r a sus hijos, y d e n t r o de veinte días ya e s taba en M u r c i a , con cuya llegada se r e n o v a r o n los gustos, se hicieron las bodas, se contaron las vidas, y los poetas d e la ciudad, q u e hay algunos, y m u y buenos, t o m a r o n a cargo celebrar d e x t r a ñ o caso, j u n t a m e n t e con la sin igual belleza de la Gitanilla. Y de tal m a n e r a escribió el famoso licenciado P o z o , que en sus versos d u r a r á la fama de la P r e c i o s a m i e n t r a s los siglos d u r a r e n . 63 CERVANTES Olvidábaseme de decir cómo la mesonera descubrió a la justicia no ser verdad lo del hurto de A n drés el gitano, y confesó su culpa, a quien no respondió pena alguna, porque en la alegría del hallazgo d e l o s desposados se enterró la venganza y resucitó la demencia. 64 LA ILUSTRE FREGONA E n Burgos, ciudad ilustre y famosa, no ha m u chos años que en ella vivían dos caballeros principales y ricos: el uno se llamaba don Diego de Carriazo, y el otro, don Juan de Avendaño. El don Diego tuvo un hijo, a quien llamó de su mismo nombre, y el d o n Juan otro, a quien puso don Tomás de A v e n daño. A estos dos caballeros mozos, como quien han de ser las principales personas deste cuento, por excusar y ahorrar letras, les llamaremos con solos •los nombres de Carriazo y de Avendaño. Trece años, o poco más, tendría Carriazo, cuando, llevado de una inclinación picaresca, sin forzarle ai ello algún malí trabamiento que sus padres le hiciesen, sólo por su gusto y antojo, se desgarró, como dicen los muchachos, de casa de sus padres, y se fué por ese mundo adelante, tan contento de la vida libre, que en la mitad de las incomodidades y miserias que trae consigo n o echaba menos la abundancia de la casa de su padre, ni el andar a pie te cansaba, ni el frío 65 XXI.—5 CERVANTES le ofendía, ni el calor le enfadaba: para él todos los tiempos del año le eran dulce y templada primavera; tan bien dormía e n parvas c o m o en colchones; con tanto g u s t o se soterraba en un pajar de un mesón como si se acostara entre dos sábanas de Holanda. Finalmente, él salió tan bien con el asumpto de picaro, que pudiera leer cátedra en la facultad al famoso de Alfarache. E n tres años que tardó en parecer y volver a su casa aprendió a jugar a la taba en Madrid, y al rentoy en las Ventillas d e Toledo, y a presa y pinta en pie en las barbacanas de Sevilla; pero con serle anejo a este género de vida la miseria y estrecheza, mostraba Carriazo ser un príncipe en sus cosas: a tiro de escopeta, e n mil señales, descubría ser bien nacido, porque era generoso y bien partido con sus camaradas. En Carriazo vio el mundo un picaro virtuoso, limpio, bien criado y más que medianamente discreto. Pasó por todos los grados de picaro, hasta que se graduó de maestro en las almadrabas de Zahara, donde es el finibusterres de la picaresca. El último verano le dijo tan bien la suerte, que ganó a l o s naipes cerca de setecientos reales, con los cuales quiso vestirse, y volverse a Burgos y a los ojos de su madre, que habían derramado por él muchas lágrimas. Despidióse de sus amigos, que los tenía muchos y muy buenos; prometióles que el verano siguiente sería con ellos, si enfermedad o muerte no lo estorbase; dejó con ellos la mitad de su alma. 66 LA ILUSTRE FREGONA todos sus deseos entregó a aquellas secas arenas, que a él le parecían más frescas y verdes que los campos Elíseos. Y por estar y a acostumbrado de caminar a pie, tomó el camino en la mano, y sobre dos alpargates se llegó desde Zahara hasta Valladolid, cantando "Tres ánades, madre". Estúvose allí quince días para reformar la color del rostro, sacándola de mulata a flamenca, y para trastejarse, y sacarse del borrador de picaro y ponerse en limpio de caballero. T o d o esto hizo según y c o m o le dieron comodidad quinientos reales con que llegó a Valladolid, y aún dellos reservó ciento para alquilar una muía y un mozo, con que se presentó a sus padres honrado y contento. Ellos le recibieron con mucha alegría, y todos sus amigos y parientes vinieron a darles el parabién de la buena venida del señor don Diego de Carriazo su hijo. Entre los que vinieron a ver el recién llegado fueron don Juan de Avendaño y su hijo don T o m á s , con quien Carriazo, por ser ambos de una misma edad y vecinos, trabó y confirmó una amistad estrechísima. Contó Carriazo a sus padres, y a todos, mil magníficas y luengas mentiras de cosas que le habían sucedido en los tres años de su ausencia; pero nunca tocó, ni por pienso, en las almadrabas, puesto que en ellas tenía de contino puesta la imaginación, especialmente cuando vio que se llegaba el tiempo donde había prometido a sus amigos la vuelta. N i le entretenía la caza, en que su padre le ocu67 CERVANTES paba, ni dos m u c h o s , honestos y g u s t o s o s convites que e n aquella ciudad se u s a n Je d a b a n g u s t o : t o d o p a s a t i e m p o le cansaba, y a itodos los m a y o r e s que se le ofrecían a n t e p o n í a el que había recebido en las almadrabas. A v e n d a ñ o su a m i g o , v i é n d o l e m u c h a s veces m e lancólico e imaginativo, fiado en su a m i s t a d , se a t r e vió a p r e g u n t a r l e la causa, y se obligó a remediarla, si p u d i e s e y fuese m e n e s t e r , con su sangre m i s m a . N o q u i s o C a r r i a z o tenérsela encubierta, p o r n o h a cer a g r a v i o a la g r a n d e a m i s t a d que p r o f e s a b a n ; y así, le contó p u n t o p o r p u n t o la vida de jábega, y c ó m o t o d a s sus tristezas y pensamientos nacían del deseo q u e t e n í a d e volver a e l l a : pintósela de m o d o , que A v e n d a ñ o , c u a n d o le a c a b ó de oir, antes alabó q u e v i t u p e r ó su g u s t o . E n fin, eí d e 1a plática fué d i s p o n e r C a r r i a z o !a v o l u n t a d d e A v e n d a ñ o de m a nera, q u e d e t e r m i n ó d e i r s e con él a g o z a r u n v e r a n o d e aquella felicísima v i d a que le había descrito, de lo cual q u e d ó s o b r e m o d o c o n t e n t o Carriazo, p o r parecerle q u e h a b í a g a n a d o u n testigo de abon o q u e calificase su baja d e t e r m i n a c i ó n . T r a z a r o n a n s i m i s m o de j u n t a r t o d o el dinero que p u d i e s e n ; y el m e j o r m o d o q u e hallaron fué q u e de allí a dos m e ses había de ir A v e n d a ñ o a S a l a m a n c a , d o n d e p o r su g u s t o t r e s a ñ o s h a b í a e s t a d o e s t u d i a n d o las lenguas griega y latina, y s u p a d r e q u e r í a q u e pasase adelante y estudiase la facultad q u e él quisiese; y que del d i n e r o q u e le diese h a b r í a p a r a lo q u e deseaban. 68 LA ILUSTRE FREGONA E n este t i e m p o p r o p u s o C a r r i a z o a su p a d r e que tenia v o l u n t a d de i r s e con A v e n d a ñ o a e s t u d i a r a Salamanca. V i n o su p a d r e con t a n t o g u s t o e n ello, que h a b l a n d o al de A v e n d a ñ o , o r d e n a r o n de p o n e r les j u n t o s casa en S a l a m a n c a , con t o d o s los requisitos que p e d í a ser hijos suyos. Llegóse el tiempo de la p a r t i d a ; p r o v e y é r o n l e s de dineros, y e n v i a r o n con ellos u n a y o q u e los g o b e r n a s e , q u e ;tenía m á s de h o m b r e d e bien q u e de discreto. L o s p a d r e s dieron d o c u m e n t o s a sus hijos de lo que h a b í a n de hacer, y de c ó m o se habían d e g o b e r n a r p a r a saiir a p r o v e chados en la v i r t u d y e n l a s ciencias, q u e es el fruto q u e t o d o e s t u d i a n t e debe p r e t e n d e r sacar de sus t r a bajos y vigilias, principalmente los bien nacidos. M o s t r á r o n s e ios hijos humildes y o b e d i e n t e s ; llorar o n las m a d r e s ; recibieron l a bendición de t o d o s ; pusiéronse e n camino con m u í a s p r o p i a s y con dos criados d e casa, a m é n del a y o , q u e se h a b í a d e j a d o crecer la barba, p o r q u e diese a u t o r i d a d a su c a r g o . E n llegando a la ciudad de Valladdlid d i j e r o n al ayo que q u e r í a n estarse en aquel l u g a r dos días p a r a verle, p o r q u e n u n c a le h a b í a n visto, ni estado en él. Reprehendiólos m u c h o el ayo, severa y á s p e r a m e n t e , la estada, diciéndoles que los q u e iban a e s t u d i a r con t a n t a priesa como ellos n o se habían d e d e t e n e r una h o r a a m i r a r niñerías. L o s mancebitos, q u e tenían ya hecho su a g o s t o , y su vendimia, pues habían ya r o b a d o c u a t r o c i e n t o s escudos de oro q u e llevaba su m a y o r , d i j e r o n 69 que VJW¡ CERVANTES sólo los d e j a s e aquel día, en el c u a l q u e r í a n ir a ver la fuente d e A r g a l e s , que la c o m e n z a b a n a conducir a la ciudad p o r g r a n d e s y espaciosos acueductos. E n efecto, a u n q u e con dolor de su ánima, les dio licencia. L o s m a n c e b o s , con sólo u n criado y a caballo en dos m u y b u e n a s y caseras m u í a s , salieron a ver la fuente d e A r g a l e s , famosa p o r s u antigüedad y sus a g u a s . L l e g a r o n , y c u a n d o c r e y ó el c r i a d o que sacaba A v e n d a ñ o d e Jas bolsas del cojín alguna cosa con q u e beber, vio q u e sacó u n a carta c e r r a d a , diciéndole q u e lluego a l p u n t o volviese a la ciudad y se la diese a su a y o , y q u e en dándosela les e s p e r a s e en la p u e r t a del C a m p o . Obedeció el criado, t o m ó la carta, volvió a la ciudad, y ellos volvieron las riendas, y aquella n o c h e d u r m i e r o n en M o j a d o s , y de allí a dos d í a s , en M a d r i d , y en o t r o s c u a t r o se vendieron las m u í a s en pública plaza, y h u b o q u i e n les fiase p o r seis escudos d e p r o m e t i d o , y a u n quien les diese el d i n e r o en o r o p o r sus cabales. Vistiéronse a lo p a y o , con capotillos d e d o s haldas, zahones o zaragüelles y medias de p a ñ o p a r d o . R o p e r o h u b o que p o r la m a ñ a n a les c o m p r ó sus vestidos, y a Ir noche los había m u d a d o de m a n e r a , que n o los co nociera su p r o p i a m a d r e . P u e s t o s , p u e s , a l a ligera y del m o d o que A v e n d a ñ o quiso y supo, se pusieron en c a m i n o de T o l e d o ad pedem litterte y sin e s p a d a s ; que t a m b i é n él r o p e r o , a u n q u e n o atañía a su m e nester, s e las había c o m p r a d o . LA ILUSTRE FREGONA Dejémoslos ir, p o r a h o r a , p u e s v a n contentos y alegres, y v o l v a m o s a contar lo que el a y o hizo cuando abrió la c a r t a que el criado le llevó y h a lló q u e decía desta m a n e r a : " V u e s a m e r c e d s e r á servido, señor P e d r o Alonso, de t e n e r paciencia y d a r ia vuelta a B u r g o s , donde dirá a n u e s t r o s p a d r e s q u e , habiendo n o s otros s u s hijos, con m a d u r a consideración, consi- derado c u a n m á s p r o p i a s son de los caballeros las a r m a s q u e las letras, habernos d e t e r m i n a d o de t r o car a S a l a m a n c a p o r Bruselas, y a E s p a ñ a p o r F l a n des. L o s cuatrocientos escudos l l e v a m o s ; las m u í a s p e n s a m o s vender. N u e s t r a hidalga intención y el l a r g o c a m i n o es bastante disculpa d e n u e s t r o y e r r o , a u n q u e nadie l e j u z g a r á p o r tal, si n o es cob a r d e . N u e s t r a p a r t i d a es a h o r a ; la vuelta será cuand o Dios fuere servido, el cual g u a r d e a vuesa m e r ced como p u e d e y estos sus m e n o r e s discípulos d e seamos. D e la fuente de A r g a l e s , p u e s t o y a el pie en el estribo p a r a c a m i n a r a Flandes —Carriaso y Avendaño." Q u e d ó P e d r o A l o n s o suspenso en leyendo la epístola, y acudió p r e s t o a su valija, y el hallarla vacía le acabó de confirmar la v e r d a d de la c a r t a ; y luego al p u n t o , en la m u í a que le había q u e d a d o , se p a r tió a B u r g o s a d a r las nuevas a sus a m o s con toda presteza, p o r q u e con ella pusiesen remedio y diesen t r a z a de alcanzar a sus h i j o s ; p e r o destas cosas n o dice nada el a u t o r desta novela, p o r q u e así co7i mo dejó puesto a caballo a P e d r o Alonso, volvió a contar d e lo q u e les sucedió a A v e n d a ñ o y a Carriazo a la e n t r a d a d e Illescas, diciendo que al entrar de .la p u e r t a de l a villa e n c o n t r a r o n dos m o z o s de m u í a s , al p a r e c e r andaluces, en calzones d e lienzo anchos, j u b o n e s acuchillados d e a n j e o , sus coletos de a n t e , d a g a s de g a n c h o s y e s p a d a s sin t i r o s ; al parecer, el uno v e n í a de Sevilla y el o t r o iba a ella. E l que iba estaba diciendo al o t r o : — E s t a noche n o vayas a p o s a r d o n d e sueles, sino en la p o s a d a del Sevillano, p o r q u e v e r á s en ella la m á s h e r m o s a fregona q u e se s a b e : Marinilla la de la v e n t a T e j a d a es asco en su comparación. E s d u r a c o m o u n m á r m o l y z a h a r e ñ a c o m o villana de S a y a g o , y á s p e r a como u n a o r t i g a ; pero tiene u n a cara de p a s c u a y u n r o s t r o d e b u e n a ñ o : en u n a m e jilla tiene el sol, y en la o t r a l a l u n a ; la u n a es hecha de rosas y la o t r a d e claveles, y en e n t r a m b a s hay también azucenas y j a z m i n e s . N o te digo m á s sino que la veas, y v e r á s que n o t e h e dicho nada, seg ú n lo q u e te p u d i e r a decir, a c e r c a d e su hermo- sura. C o n esto s e despidieron los dos mozos d e muías, cuya plática y conversación d e j ó m u d o s a los dos amigos q u e e s c u c h a d o la h a b í a n , especialmente a A v e n d a ñ o , en quien lia simple relación q u e el m o z o de muías había h e c h o d e la h e r m o s u r a de la fregona despertó en él u n intenso deseo d e verla. E n r e p e t i r las p a l a b r a s de los mozos y en reme72 No soy criado de ninguno, sino vuestro. LA ILUSTRE FREGONA d a r y c o n t r a h a c e r el m o d o y los a d e m a n e s con q u e las decían e n t r e t u v i e r o n el c a m i n o h a s t a T o l e d o ; y luego, siendo la guía Carriazo, q u e ya otra vez había estado en aquella ciudad, b a j a n d o p o r la Sangre de Cristo, dieron con la p o s a d a del S e v i l l a n o ; p e r o no se a t r e v i e r o n a pedirla allí, p o r q u e su traje no lo pedía. E r a ya anochecido, y a u n q u e C a r r i a z o i m p o r tunaba a A v e n d a ñ o q u e fuesen a o t r a p a r t e a buscar posada, n o le p u d o quitar de la p u e r t a de la del Sevillano, e s p e r a n d o si acaso p a r e c í a la t a n celebrada fregona. E n t r á b a s e la noche, y la fregona n o salía; desesperábase C a r r i a z o , y A v e n d a ñ o se estaba que d o ; el cual, p o r salir con su intención, c o n excusa de p r e g u n t a r p o r u n o s caballeros de B u r g o s que iban a la ciudad d e Sevilla, se e n t r ó h a s t a el patio de la p o s a d a ; y apenas h u b o e n t r a d o , cuando de u n a sala que en el patio estaba vio salir u n a moza, al p a r e cer de quince a ñ o s , poco m á s o menos, vestida como labradora, con u n a vela encendida en u n candelero. N o p u s o A v e n d a ñ o los ojos en el vestido y t r a j e de la moza, sino en su r o s t r o , que le parecía ver en él los que suelen pintar de los á n g e l e s ; q u e d ó suspenso y atónito de su h e r m o s u r a , y n o acertó a p r e g u n t a r l e n a d a : tal era su suspensión y embelesamiento. L a moza, viendo aquel h o m b r e delante de sí, le d i j o : — ¿ Q u é busca, h e r m a n o ? ¿ E s p o r v e n t u r a cria- do de alguno de los huéspedes de c a s a ? — N o soy criado d e ninguno, sino v u e s t r o — r e s 75 CERVANTES pondió A v e n d a ñ o , t o d o lleno de turbación y sobresalto. L a m o z a , que de aquel m o d o se vio responder, dijo: — V a y a , h e r m a n o , n o r a b u e n a ; que las q u e servimos no h e m o s m e n e s t e r criados. Y l l a m a n d o a su señor le d i j o : — M i r e , señor, lo que busca este mancebo. Salió su a m o y p r e g u n t ó l e q u é buscaba. E l resp o n d i ó q u e a u n o s caballeros de B u r g o s q u e iban a Sevilla, u n o d e los cuales e r a su señor, el cual le había e n v i a d o d e l a n t e p o r Alcalá de H e n a r e s , d o n de había d e h a c e r u n negocio q u e les importaba, y que j u n t o con e s t o le m a n d ó q u e se viniese a To» ledo y le esperase en l a p o s a d a del Sevillano, donde v e n d r í a a apearse, y que pensaba q u e llegaría a q u e lla noche, o otro día, a m á s t a r d a r . T a n buen color dio A v e n d a ñ o a su mentira, que a la c u e n t a del h u é s p e d pasó por v e r d a d , pues le d i j o : — Q u é d e s e , amigo, en la p o s a d a ; que aquí podrá esperar a su señor h a s t a q u e venga. — ' M u c h a s mercedes, señor h u é s p e d —respondió A v e n d a ñ o — , y m a n d e v u e s a merced q u e se m e dé un aposento p a r a mí y u n c o m p a ñ e r o q u e viene conmigo, q u e está allí f u e r a ; q u e dineros t r a e m o s para pagarlo t a n bien como o t r o . — E n buen h o r a — r e s p o n d i ó el huésped. Y volviéndose a la moza, d i j o : —Costancica, di a Arguello q u e lleve a estos ga76 «r^V LA ILUSTRE FREGONA lañes al aposento del rincón, y que les eche sábanas limpias. — S í h a r é , señor — r e s p o n d i ó C o s t a n z a ; q u e así se llamaba l a doncella. Y haciendo u n a reverencia a su a m o , se les quitó delante. Avendaño salió a d a r cuenta a C a r r i a z o de Ja que había visto y de l o que d e j a b a n e g o c i a d o ; el cual p o r mil señales conoció cómo su amigo venía h e r i d o de la a m o r o s a pestilencia; p e r o n o le quiso decir n a d a p o r entonces, hasta v e r si lo merecía la causa de q u i e n nacían las e x t r a o r d i n a r i a s alaban- zas y g r a n d e s hipérboles con q u e la belleza de C o s tanza sobre los m i s m o s cielos levantaba. E n t r a r o n , en fin, en la posada, y la Arguello, q u e era u n a m u j e r de h a s t a c u a r e n t a y cinco a ñ o s , sup e r i n t e n d e n t e de l a s camas y a d e r e z o de los aposentos, ¡los llevó a u n o que ni e r a d e caballeros ni de criados, sino d e gente q u e p o d í a h a c e r m e d i o ent r e los dos e x t r e m o s . P i d i e r o n de c e n a r ; respondióles A r g u e l l o q u e e n aquella p o s a d a n o daban de comer a nadie, p u e s t o q u e g u i s a b a n y aderezaban l o que los huéspedes traían de fuera comprado; pero que bodegones y casas de estado había cerca, d o n d e sin e s c r ú p u l o de conciencia podían ir a cenar lo q u e quisiesen. T o m a r o n los dos el consejo d e Arguello, v dieron con sus c u e r p o s en u n bodego. L o poco o n a d a que A v e n d a ñ o comía a d m i r a b a m u cho a C a r r i a z o . P o r enterarse del todo de los pensamientos de su amigo, al volverse a la posada, le d i j o : 77 CERVANTES — C o n v i e n e q u e m a ñ a n a m a d r u g u e m o s , p o r q u e antes q u e e n t r e la calor estemos y a en O r g a z . — N o estoy en eso — r e s p o n d i ó A v e n d a ñ o — ; porque pienso antes q u e desta ciudad me p a r t a ver lo que dicen q u e h a y famoso en ella, como es el Sag r a r i o , el artificio de J u a n e l o , las Vistillas de San A g u s t í n , la H u e r t a del R e y y la Vega. — N o r a b u e n a — r e s p o n d i ó C a r r i a z o — : eso en dos días se p o d r á ver. — E n v e r d a d q u e lo h e de t o m a r d e e s p a c i o ; que n o v a m o s a R o m a a alcanzar a l g u n a v a c a n t e . — ¡ T a , t a ! — r e p l i c ó C a r r i a z o — . A mí m e maten, amigo, si n o estáis v o s con m á s deseo d e q u e d a r o s en T o l e d o que d e seguir n u e s t r a c o m e n z a d a r o m e ría. — A s í es la v e r d a d — r e s p o n d i ó A v e n d a ñ o . E n e s t a s pláticas llegaron a la p o s a d a , y aún se le p a s ó en o t r a s semejantes la m i t a d de la noche. D u r m i ó el q u e p u d o h a s t a la m a ñ a n a , la cual ve- nida, se l e v a n t a r o n los dos, e n t r a m b o s con deseo de ver a Costanza. A e n t r a m b o s se los cumplió Costanza, saliendo d e la sala d e su a m o , t a n h e r m o s a , que a los dos les pareció q u e todas c u a n t a s alabanzas le había dado el m o z o de m u í a s e r a n c o r t a s y de n i n g ú n encarecimiento. S u vestido e r a u n a saya y corpinos de pañ o v e r d e , con u n o s ribetes del m i s m o p a ñ o . L o s corpiños e r a n b a j o s ; p e r o la camisa, alta, plegado el cuello, con u n cabezón l a b r a d o de seda n e g r a , p u e s ta u n a gargantilla de estrellas d e azabache sobre u n 78 LA ILUSTRE FREGONA pedazo de u n a coluna de a l a b a s t r o : q u e n o e r a m e nos blanca su g a r g a n t a ; ceñida con u n c o r d ó n de S a n F r a n c i s c o , y d e u n a cinta pendiente, al l a d o d e recho, u n g r a n m a n o j o de llaves. N o traía chinelas, sino z a p a t o s de dos suelas, colorados, con u n a s calzas q u e n o se le parecían, sino c u a n t o por u n perfil m o s t r a b a n t a m b i é n ser coloradas. T r a í a los cabellos con u n a s c i n t a s blancas tranzados de hiladillo; p e r o t a n largo el t r a n z a d o , q u e p o r las e s p a l d a s le pasaba d e la c i n t u r a ; el color salía de c a s t a ñ o y t o caba e n r u b i o ; p e r o , al p a r e c e r , t a n limpio, t a n igual y t a n peinado, q u e n i n g u n o , a u n q u e fuera d e h e b r a s de o r o , se l e p u d i e r a c o m p a r a r . P e n d í a n l e de las o r e j a s d o s calabacillas de vidrio, q u e parecían p e r l a s ; los m i s m o s cabellos le servían d e g a r b í n y d e tocas. C u a n d o salió de l a sala, se persignó y s a n t i g u ó , y con m u c h a devoción y sosiego hizo u n a da reverencia a u n a imagen de N u e s t r a profunSeñora, q u e en u n a de las paredes del patio estaba colgad a ; y a l z a n d o los o j o s , vio a los dos que mirándola estaban, y a p e n a s los hubo visto, c u a n d o se retiró y volvió a e n t r a r en la sala. R e s t a a h o r a p o r decir qué es lo que le pareció a C a r r i a z o de la h e r m o s u r a de C o s t a n z a ; que de lo que le p a r e c i ó a A v e n d a ñ o , ya está dicho, c u a n d o la vio la vez p r i m e r a . N o digo m á s sino q u e a Carriazo le pareció t a n bien como a su compañero; p e r o e n a m o r ó l e m u c h o m e n o s ; y t a n m e n o s , que quisiera no anochecer en la p o s a d a , sino p a r t i r s e 79 u3"' 1 " "II CERVANTES luego para sus almadrabas. Acudieron l o s mozos de los huéspedes a pedir cebada; salió el huésped de casa a dársela, maldiciendo a sus mozas, que por ellas se le había ido un m o z o que la solía dar con muy buena cuenta y razón, sin que le hubiese hecho menos, a su parecer, un solo grano. Avendaño, que oyó esto, d i j o : —'No se fatigue, señor h u é s p e d : déme el libro de la cuenta; que los días que hubiere de estar aquí, yo la tendré tan buena en dar l a cebada y paja que pidieren, que n o e c h e menos al mozo que dice que se le ha ido. — E n verdad que os !o agradezca, mancebo — r e s pondió el huésped—, porque y o no puedo atender a e s t o ; que tengo otras muchas cosas a que acudir fuera de casa. B a j a d ; daros he el libro, y mirad que estos mozos de muías son el mismo diablo, y hacen trampantojos u n celemín de cebada con menos conciencia que si fuese de paja. Bajó al patio Avendaño y entregóse en el libro, y comenzó a despachar celemines como agua, y a asentarlos por tan buena orden, que el huésped, que lo estaba mirando, quedó contento; y tanto, que dijo: — P l u g u i e s e a Dios que vuestro amo no viniese, y que a vos os diese gana de quedaros en casa; que a fe que otro gallo o s cantase. Porque el mozo que se me fué, vino a mi casa, habrá ocho meses, roto y flaco, y ahora lleva dos pares de vestidos muy buenos, y va gordo como una nutria. Porque quie8o LA ILUSTRE FREGONA ro q u e sepáis, hijo, q u e e n esta casa hay m u c h o s p r o v e c h o s , a m é n d e los salarios. —Si yo me quedase —replicó Avendaño—, no r e p a r a r í a m u c h o en la g a n a n c i a ; q u e con cualquiera cosa m e contentaría a t r u e c o d e estar en esta ciudad, q u e m e dicen q u e es la m e j o r de E s p a ñ a . — A lo m e n o s — r e s p o n d i ó el huésped—, es de las m e j o r e s y m á s a b u n d a n t e s q u e hay e n e l l a ; m a s otra cosa n o s falta a h o r a , que e s b u s c a r quien vaya p o r a g u a al r í o ; q u e también se m e fué o t r o mozo q u e con u n a s n o q u e t e n g o famoso m e tenía rebos a n d o l a s tinajas, y h e c h a u n lago de a g u a la c a s a ; y u n a de las causas p o r q u e los m o z o s de m u í a s se huelgan de t r a e r s u s a m o s a mi p o s a d a es p o r la a b u n dancia d e agua que hallan siempre en ella; p o r q u e n o llevan su g a n a d o al río, sino d e n t r o de casa beben las cabalgaduras en g r a n d e s b a r r e ñ o s . T o d o esto estaba oyendo C a r r i a z o , el cual, viendo que y a A v e n d a ñ o estaba a c o m o d a d o y con oficio en casa, n o quiso él q u e d a r s e a buenas noches, y más, q u e consideró el g r a n g u s t o q u e h a r í a a A v e n d a ñ o si le seguía el h u m o r ; y así, dijo al h u é s p e d : —iVenga el asno, señor h u é s p e d ; que también sab r é y o cinchalle y cargalle como sabe mi c o m p a ñ e r o a s e n t a r en el libro su mercancía. — S í — d i j o A v e n d a ñ o — , mi c o m p a ñ e r o L o p e A s t u r i a n o servirá de t r a e r a g u a como u n príncipe, y y o Je fío. Enjaezó C a r r i a z o el asno, y subiendo en él d e u n 81 xxi.—6 brinco, se e n c a m i n ó al río, d e j a n d o a A v e n d a ñ o muy alegre d e h a b e r v i s t o su gallarda resolución. H e a q u í tenemos ya (en b u e n a h o r a se cuente) a A v e n d a ñ o h e c h o m o z o del mesón, con nombre de T o m á s P e d r o , q u e así d i j o q u e se llamaba, y a C a r r i a z o , con el d e L o p e A s t u r i a n o , h e c h o aguad o r : t r a n s f o r m a c i o n e s dignas d e anteponerse a las del n a r i g u d o poeta. Al día siguiente caminaba nuestro buen Lope As- t u r i a n o la vuelta del río, p o r la cuesta del C a r m e n , puestos l o s pensamientos e n sus a l m a d r a b a s y en la súbita m u t a c i ó n d e su estado. O ya fuese por esto, o p o r q u e la suerte así lo o r d e n a s e , en u n p a s o estrecho, al . b a j a r de la cuesta, e n c o n t r ó con un asno de u n a g u a d o r , que subía c a r g a d o ; y como él descendía, y su asno era gallardo, bien dispuesto y poco t r a b a j a d o , tal e n c u e n t r o dio al cansado y flaco que subía, q u e dio con él en el suelo, y por h a b e r s e q u e b r a d o los c á n t a r o s , se d e r r a m ó t a m bién el agua, p o r cuya desgracia el a g u a d o r tiguo, despechado y lleno d e cólera, a r r e m e t i ó anal a g u a d o r m o d e r n o , q u e a ú n se estaba caballero, y antes q u e se desenvolviese y apease Je había pegado y a s e n t a d o u n a docena de palos tales, q u e no le supieron bien a l A s t u r i a n o . Apeóse, en fin; pero con tan m a l a s e n t r a ñ a s , que a r r e m e t i ó a s u enemigo, y asiéndole con a m b a s m a n o s p o r la g a r g a n t a , dio con él en el suelo, y tal golpe dio" con la cabeza sobre una 82 LA ILUSTRE FREGONA piedra, que se la abrió p o r dos p a r t e s , saliendo t a n t a sangre, que pensó que le había m u e r t o . O t r o s m u c h o s a g u a d o r e s q u e allí venían, como vier o n a su c o m p a ñ e r o tan mal p a r a d o , a r r e m e t i e r o n a L o p e y tuviéronle asido fuertemente, g r i t a n d o : —¡ Justicia, j u s t i c i a ! ¡ Q u e este a g u a d o r h a m u e r to a u n h o m b r e ! Y a vuelta destas razones y g r i t o s , le molían a mojicones y a palos. O t r o s acudieron al caído, y vieron q u e tenía h e n d i d a la cabeza y q u e casi e s taba e x p i r a n d o . Subieron las voces de boca en b o ca p o r la cuesta a r r i b a , y en l a plaza del C a r m e n dieron en los oídos de u n alguacil, el cual, con dos corchetes, con m á s ligereza q u e si v o l a r a , se p u s o en el l u g a r d e la pendencia, a t i e m p o que ya el h e rido e s t a b a a t r a v e s a d o sobre su a s n o , y el de L o p e asido, y L o p e r o d e a d o de m á s de veinte a g u a d o r e s q u e n o le dejaban r o d e a r , antes le b r a m a b a n las costillas de m a n e r a , q u e m á s se p u d i e r a t e m e r d e su v i da q u e de la del h e r i d o , s e g ú n m e n u d e a b a n sobre él les p u ñ o s y l a s v a r a s aquellos v e n g a d o r e s d e la ajena injuria. Llegó el alguacil, a p a r t ó la gente, entregó a sus corchetes al A s t u r i a n o , y antecogiendo a su asno, y al h e r i d o sobre el suyo, dio con ellos en la cárcel, a c o m p a ñ a d o de t a n t a gente, y de tantos m u c h a c h o s que le seguían, q u e a p e n a s podía h e n d e r p o r las calles. Al r u m o r d e la gente, salió T o m á s P e d r o y su a m o a l a p u e r t a d e casa, a ver de qué procedía t a n t a 83 CERVANTES grita, y descubrieron a L o p e e n t r e los dos corchetes, lleno de s a n g r e el r o s t r o y la b o c a ; m i r ó luego p o r su a s n o el h u é s p e d , y viole en p o d e r de otro corchete que ya se les h a b í a j u n t a d o ; p r e g u n t ó la causa de aquellas p r i s i o n e s ; fuéle r e s p o n d i d a la v e r d a d del suceso; pesóle p o r su asno, t e m i e n d o q u e le había de perder, o, a l o m e n o s , h a c e r m á s costas por cobrarle q u e él valía. T o m á s P e d r o siguió a su comp a ñ e r o , sin q u e le dejasen llegar a hablarle u n a palab r a ; t a n t a e r a la gente q u e lo i m p e d i a y el recato de los corchetes y del alguacil q u e l e llevaba. F i n a l m e n te, n o le d e j ó h a s t a v e r l e p o n e r en la cárcel, y en u n calabozo, con dos p a r e s de grillos, y al h e r i d o en la enfermería, d o n d e se halló a verle c u r a r , y vio que la h e r i d a e r a peligrosa, y m u c h o , y lo m i s m o dijo el cirujano. E l alguac'l se llevó a su casa los dos asnos, y m á s cinco reales de a ocho q u e los corchetes h a blan q u i t a d o a L o p e . "Volvióse a la p o s a d a lleno de confusión y de trist e z a ; halló al q u e ya tenía p o r a m o con n o menos p e s a d u m b r e q u e él traía, a quien dijo d e l a m a n e ra que q u e d a b a su c o m p a ñ e r o , y del peligro de m u e r t e en que estaba el h e r i d o , y del suceso de su a m. c D í i o l e m á s : q u e a sn desgracia se le había a ñ a d i d o otra de n o m e n o r fastidio, y era, que un g r a n d e amigo de su señor le h a b í a e n c o n t r a d o en el camino y le había d i c h o que su señor, p o r i r m u y de priesa y a h o r r a r dos leguas d e camino, desde M a drid había p a s a d o por la barca' de Azeca, y q u e aque84 .»»>~ü*.. 1 " LA ILUSTRE ,- r FREGONA Ha n o c h e d o r m í a en O r g a z , y que le había d a d o doce escudos que le diese, con o r d e n de que se fuese a S e villa, d o n d e le esperaba. — P e r o n o p u e d e ser así — a ñ a d i ó T o m á s — , p u e s no será razón que y o deje a m i amigo y c a m a r a d a en la cárcel y en tanto p e l i g r o : m i a m o m e p o d r á perd o n a r p o r a h o r a ; c u a n t o m á s que él es t a n bueno y h o n r a d o , que d a r á p o r bien cualquier falta q u e le hiciere, a t r u e c o q u e n o la h a g a a mi c a m a r a d a . V u e s a merced, señor a m o , m e la h a g a de t o m a r este diner o y a c u d i r a este negocio; y e n t a n t o q u e esto se gasta, y o escribiré a mi señor lo que pasa, y sé que m e e n v i a r á d i n e r o s que basten a sacarnos de cualquier peligro. A b r i ó los ojos de u n p a l m o el huésped, alegre de v e r que en p a r t e iba s a n e a n d o la p é r d i d a de su asno. T o m ó el dinero, y consoló a T o m á s , diciéndole q u e él tenía p e r s o n a s en Toledo de tal calidad, que valían m u c h o con la justicia, especialmente u n a señora m o n j a , p a r i e n t a del Corregidor, que le m a n daba con el pie, y que u n a l a v a n d e r a del m o n a s t e rio de la tal m o n j a tenía u n a hija que era grandísim a a m i g a de u n a hermane, de u n fraile m u y fami- liar y conocido del confesor de la dicha m o n j a ; la cual l a v a n d e r a lavaba la ropa e n c a s a . . . — Y como ésta p i d a a su hija, que sí pedirá, hable a la h e r m a n a del fraile, que hable a su h e r m a n o , que hable al confesor, y el confesor a la m o n j a , y la m o n j a g u s t e de d a r u n billete (que será cosa fácil) 85 CERVANTES para el C o r r e g i d o r , donde le p i d a encarecidamente m i r e p o r el negocio de T o m á s , sin d u d a a l g u n a se p o d r á e s p e r a r b u e n suceso. Y esto h a d e ser con tal que el a g u a d o r n o m u e r a , y con q u e n o falte u n g ü e n t o p a r a u n t a r a todos los m i n i s t r o s d e la j u s ticia; p o r q u e si n o están u n t a d o s , g r u ñ e n m á s que c a r r e t a s d e bueyes. E n g r a c i a le cayó a T o m á s los ofrecimientos del favor que su a m o le había hecho, y los infinitos y r e vueltos a r c a d u c e s p o r d o n d e le había d e r i v a d o ; y a u n q u e conoció q u e antes lo había dicho d e socarrón que de inocente, con todo eso, le agradeció su buen á n i m o y le e n t r e g ó el d i n e r o , c o n p r o m e s a q u e no faltaría m u c h o m á s , según él tenía la confianza en su señor, c o m o ya le había dicho. E n resolución, dentro de quince días e s t u v o fuera de peligro el herido, y a los veinte declaró el c i r u j a n o q u e estaba deil t o d o sano, y ya en este t i e m p o había d a d o t r a za T o m á s como le viniesen cincuenta estudos de Sevilla, y sacándolos él de su seno, se los e n t r e gó ad h u é s p e d con c a r t a s y cédula fingida de su a m o ; y c o m o ail h u é s p e d le iba poco en a v e r i g u a r la verdad d e aquella correspondencia, cogía el dinero, que, p o r ser en e s c u d o s de o r o , l e alegraba mucho. P o r seis d u c a d o s se a p a r r ó d e la querella el h e rido ; en diez, y en el asno y las costas, sentenciaron al A s t u r i a n o . Salió de l a c á r c e l ; p e r o n o quiso volver a estar con su c o m p a ñ e r o . Dijoíe q u e lo q u e pensaba hacer e r a , ya q u e él estaba d e t e r m i n a d o de 86 L/4 ILUSTRE FREGONA seguir y p a s a r adelante con su propósito, c o m p r a r u n a s n o y u s a r el oficio de aguador en t a n t o q u e estuviesen en T o l e d o ; que con aquella c u b i e r t a n o sería j u z g a d o ni p r e s o p o r v a g a m u n d o , y que con sola u n a c a r g a de a g u a se podía a n d a r t o d o el día p o r la ciudad a sus a n c h u r a s , m i r a n d o bobas. — A n t e s m i r a r á s h e r m o s a s q u e bobas en e s t a ciudad, q u e tiene fama de tener las m á s discretas m u jeres de E s p a ñ a , y q u e a n d a n a u n a su discreción con su h e r m o s u r a ; y si no, m í r a l o p o r Costancdca, de cuyas sobras de belleza p u e d e enriquecer, n o sólo a las h e r m o s a s desta ciudad, sino a las de t o d o eñ m u n d o . — P a s o , señor T o m á s —ireplicó L o p e — : vamo- nos p o q u i t o a p o q u i t o en esto de 'las alabanzas de la s e ñ o r a fregona, si no quiere que, como le tengo por loco, le t e n g a p o r h e r e j e . —¿ F r e g o n a h a s l l a m a d o a Costanza, h e r m a n o L o p e ? — r e s p o n d i ó T o m á s — . Dios t e lo p e r d o n e y t e traiga a v e r d a d e r o conocimiento de t u y e r r o . — P u e s , ¿ n o es f r e g o n a ? — r e p í i c ó el A s t u r i a n o . — H a s t a a h o r a le tengo p o r v e r fregar etl p r i m e r plato. — N o i m p o r t a — d i j o L o p e — n o haberle visto freg a r el p r i m e r plato, si le has visto fregar el s e g u n d o , y a u n el centesimo. — Y o te digo, h e r m a n o —replicó T o m á s — , que ella n o friega, ni entiende en o t r a cosa que en su l a bor, y en ser g u a r d a de la plaita l a b r a d a q u e hay en casa, q u e es m u c h a . 87 CERVANTES — P u e s ¿ cómo la llaman p o r t o d a l a ciudad — d i j o L o p e — la fregona ilustre, si es q u e n o friega? M a s sin d u d a debe de ser q u e como friega plata, y n o loza, la d a n el n o m b r e de ilustre. P e r o , d e j a n d o esto a p a r t e , d i m e , T o m á s : ¿ en q u é e s t a d o están t u s esperanzas ? — E n el de perdición — r e s p o n d i ó T o m á s — ; p o r que en t o d o s estos días q u e h a s estado p r e s o nunca la h e p o d i d o h a b l a r u n a palabra. — P u e s ¿ q u é piensas hacer con el imposible que se te ofrece en la conquista desta P o r c i a , desta M i n e r v a y desta n u e v a P e n é l o p e , q u e en figura d e doncella, y de fregona, te e n a m o r a , te a c o b a r d a y te desvanece? — H a z la b u r l a que de mí quisieres, amigo L o p e ; q u e y o sé q u e estoy e n a m o r a d o del m á s h e r m o so r o s t r o q u e p u d o f o r m a r la n a t u r a l e z a , y de la m á s i n c o m p a r a b l e h o n e s t i d a d que a h o r a se puede usar en el m u n d o . Costanza se llama, y n o Porcia, M i n e r v a o Penélope. N o es posible q u e , a u n q u e lo p r o c u r o , p u e d a u n b r e v e t é r m i n o c o n t e m p l a r , si así se p u e d e decir, en la bajeza de su estado, p o r q u e luego a c u d e n a b o r r a r m e este p e n s a m i e n t o su belleza, su d o n a i r e , su sosiego, su h o n e s t i d a d y recogimiento, y me d a n a e n t e n d e r que debajo de aquella rústica corteza debe de e s t a r e n c e r r a d a y escondida alguna mina de g r a n v a l o r y de merecimiento g r a n d e . F i n a l mente, sea lo que se fuere, y o la quiero bien. Y ya te he dicho, a m i g o , que p u e d e s hacer t u g u s t o , o ya 88 LA ILUSTRE FREGONA en irte a t u r o m e r í a , o ya c o m p r a r el a s n o y hacerte a g u a d o r , como tienes d e t e r m i n a d o . Al otro día acudió T o m á s a d a r cebada, y L o p e se fué al m e r c a d o d e las bestias, que es allí j u n t o , a c o m p r a r u n a s n o q u e fuese ta/1 c o m o bueno. H a b i e n d o salido aquel d í a Costanza con u n a toca ceñida p o r las mejillas, y dicho a quien s e lo p r e g u n tó que p o r qué se la había puesto, que t e n í a u n g r a n dolor d e muelas, T o m á s , a q u i e n sus deseos avivab a n el entendimiento, en u n instante d i s c u r r i ó lo q u e sería b u e n o q u e hiciese, y d i j o : —'Señora Costanza, y o le d a r é u n a oración en escrito q u e a dos veces que la rece, se le q u i t a r á como con la m a n o s u dolor. — N o r a b u e n a — r e s p o n d i ó C o s t a n z a — ; que y o la r e z a r é , p o r q u e sé leer. — H a d e ser con condición — d i j o T o m á s — , que n o la h a d e m o s t r a r a n a d i e ; p o r q u e la estimo en m u c h o , y n o será bien q u e p o r saberla m u c h o s se menosprecie. — Y o le p r o m e t o — d i j o C o s t a n z a — , T o m á s , q u e n o la d é a n a d i e ; y démela luego, p o r q u e m e fatiga m u c h o el dolor. —Yo la t r a s l a d a r é d e l a m e m o r i a —respondió T o m á s — , y luego se la d a r é . E s t a s fueron las p r i m e r a s razones que T o m á s dijo a C o s t a n z a y Costanza a T o m á s e n t o d o el t i e m p o q u e había q u e estaba en casa, q u e y a pasaban de veinticuatro días. Retiróse T o m á s , y escribió la o r a 89 CERVANTES ción, y t u v o lugar de dárseila a C o s t a n z a sin q u e nadie lo viese, y ella, con m u c h o g u s t o y m á s d e voción, se e n t r ó en u n a p o s e n t o a solas, y abriendo el p a p e l , vio q u e decía d e s t a m a n e r a : " S e ñ o r a de m i a l m a : Y o soy u n caballero n a t u ral d e B u r g o s ; si alcanzo d e días a mi p a d r e , h e r e d o u n m a y o r a z g o d e seis m i l d u c a d o s de renta. A la f a m a d e v u e s t r a h e r m o s u r a , q u e p o r m u c h a s leguas se extiende, dejé mi patria, m u d é vestido, y en el t r a j e que m e veis, vine a servir a n u e s t r o d u e ñ o ; si v o s lo quisiéredes s e r mío, p o r l o s medios que m á s a v u e s t r a honestidad convengan, m i r a d qué p r u e b a s queréis q u e h a g a p a r a e n t e r a r o s desta verdad ; y e n t e r a d a en ella, siendo g u s t o v u e s t r o , seré v u e s t r o esposo y m e t e n d r é p o r el m á s bien a f o r t u nado del m u n d o . " E n t a n t o q u e T o m á s e n t e n d i ó q u e C o s t a n z a se h a bía i d o a leer su papel, le e s t u v o p a l p i t a n d o el corazón, t e m i e n d o y e s p e r a n d o , o y a la. sentencia de su m u e r t e , o la r e s t a u r a c i ó n de su vida. Salió, en esto, Costanza, tan h e r m o s a , a u n q u e rebozada, q u e si p u d i e r a recebir a u m e n t o su h e r m o s u r a con algún accidente se p u d i e r a j u z g a r q u e el sobresalto de h a b e r visto en el papel d e T o m á s o t r a cosa t a n lejos de la que p e n s a b a había a c r e c e n t a d o su belleza. Salió con el papel e n t r e las m a n o s h e c h o m e n u d a s piezas, y dijo a T o m á s : — H e r m a n o T o m á s , esta t u oración m á s parece hechicería y e m b u s t e q u e o r a c i ó n santa, y así, y o n o 90 Z. .4 ¡LUSTRE FREGONA la q u i e r o creer ni usar della, y p o r e s o la he r a s gado, p o r q u e n o la vea nadie que sea m á s crédula q u e y o . A p r e n d e o t r a s oraciones m á s fáciles, porq u e é s t a será imposible q u e te sea de p r o v e c h o . E n diciendo e s t o , se e n t r ó con su ama, y T o m á s q u e d ó s u s p e n s o ; p e r o a l g o consolado, viendo q u e en solo el p e c h o d e Costanza q u e d a b a el secreto d e su deseo. E n t a n t o que esto sucedió e n la posada, a n d a b a el A s t u r i a n o c o m p r a n d o el asno d o n d e los v e n d í a n ; y a u n q u e halló m u c h o s , n i n g u n o le satisfizo, puesto q u e u n gitano a n d u v o m u y solícito p o r encajalle u n o q u e m á s caminaba p o r el a z o g u e q u e le había e c h a d o e n los oídos q u e por ligereza s u y a ; p e r o lo q u e contentaba con el p a s o d e s a g r a d a b a con el cuerpo, q u e era m u y pequeño, y n o del g r a n d o r y talle q u e L o p e quería, q u e le buscaba suficiente p a r a llevarle a él p o r a ñ a d i d u r a , o r a fuesen vacíos o llenos los c á n t a r o s . Llegóse a el, en esto, u n mozo, y dijole al o í d o : — G a l á n , si busca bestia cómoda p a r a el oficio de a g u a d o r , y o t e n g o un a s n o aquí cerca, en u n p r a d o , que n o le h a y m e j o r ni m a y o r en la c i u d a d ; y aconsejóle que n o c o m p r e bestia de g i t a n o s , p o r q u e aunq u e parezcan sanas y buenas, todas son falsas y llenas de d o l a m a s ; si q u i e r e c o m p r a r la que le conviene, v é n g a s e conmigo y calle la boca. Creyóle el A s t u r i a n o , y dijole q u e guiase a d o n d e estaba el a s n o q u e t a n t o encarecía. 9' F u é r o n s e los CERVANTES dos m a n o a m a n o , como dicen, h a s t a q u e llegaron a la H u e r t a del R e y , d o n d e a la s o m b r a d e u n a a z u d a hallaron m u c h o s a g u a d o r e s , cuyos a s n o s pacían en un p r a d o q u e allí cerca estaba. M o s t r ó el vendedor su a s n o , tal, q u e le h i n c h ó el ojo al A s t u r i a n o , y de todos los q u e allí e s t a b a n fué a l a b a d o el asno de iuerie, de caminador y comedor sobremanera. H i cieron su concierto, y sin o t r a seguridad ni información, siendo c o r r e d o r e s y m e d i a n e r o s los d e m á s a g u a d o r e s , dio diez y seis d u c a d o s p o r el asno, con todos los a d h e r e n t e s del oficio. H i z o la p a g a real en escudos de o r o . Diéronle el p a r a b i é n d e la comp r a , y de la e n t r a d a en ei oficio, y certificáronle que había c o m p r a d o u n a s n o dichosísimo, p o r q u e el dueñ o q u e le dejaba, sin que se le mancase ni m a t a s e , había g a n a d o con él en m e n o s tiempo de u n año, después d e h a b e r s e s u s t e n t a d o a él y al asno honr a d a m e n t e , dos p a r e s de vestidos, y m á s aquellos diez y seis d u c a d o s c o n q u e pensalja volver a su tierra. A m é n de los c o r r e d o r e s del asno, e s t a b a n otros c u a t r o a g u a d o r e s j u g a n d o a la p r i m e r a , tendidos en e! suelo, sirviéndoles de b u f e t e la t i e r r a y de sobremesa sus capas. P ú s o s e el A s t u r i a n o a mirarlos, v vio q u e no j u g a b a n como a g u a d o r e s , sino como a r c e d i a n o s , p o r q u e tenía de resto cada u n o m á s de cien reales en c u a r t o s y en plata. Llegó una m a n o de echar t o d o s el resto, y si u n o n o d i e r a p a r t i d o a otro él hiciera m e s a gallega. F i n a l m e n t e , a los dos en 92 LA ILUSTRE FREGONA aquel resto se les acabó el d i n e r o y se l e v a n t a r o n ; viendo lo cual el vendedor del asno, dijo que si h u biera c u a r t o , que él j u g a r a , p o r q u e era enemigo de j u g a r en tercio. E l A s t u r i a n o dijo que él h a r í a c u a r to. S e n t á r o n s e luego, a n d u v o la cosa de b u e n a m a nera, y q u e r i e n d o j u g a r antes el dinero q u e el tiempo, en poco r a t o perdió L o p e seis escudos que tenía, y viéndose sin blanca, dijo que si le querían j u g a r el asno, que él le j u g a r í a . A c e t á r o n l e el envite, y hizo de resto u n c u a r t o del asno, diciendo que p o r c u a r tos quería j u g a r l e . Díjole t a n mal, q u e en c u a t r o restos consecutivamente p e r d i ó los c u a t r o c u a r t o s del asno, y ganóselos el m i s m o q u e se le había vend i d o ; y l e v a n t á n d o s e p a r a volverse a e n t r e g a r s e en él, dijo el A s t u r i a n o q u e advirtiesen q u e él sola- mente había j u g a d o los c u a t r o c u a r t o s del a s n o ; pero la cola, que se la diesen, y se le llevasen n o r a b u e n a . Causóles risa a t o d o s la d e m a n d a de la cola, y h u b o l e t r a d o s q u e fueron de p a r e c e r q u e n o tenia r a z ó n en lo q u e pedía, diciendo q u e c u a n d o se vend e u n c a r n e r o o o t r a r e s alguna, n o se saca ni quita la cola, q u e con u n o de los c u a r t o s t r a s e r o s h a de ir f o r z o s a m e n t e . carneros de A lo cual replicó L o p e que Berbería o r d i n a r i a m e n t e los tienen cinco c u a r t o s , y q u e el quinto es d e l a cola, y c u a n d o los tales c a r n e r o s se cuartean, tanto vale la cola como cualquier c u a r t o ; y q u e a lo d e ir la cola j u n t o con la res q u e se v e n d e viva y no se cuartea, que lo conc e d í a ; p e r o q u e la suya n o fué vendida, sino j u g a 93 CERVANTES da, y que nunca su intención fué jugar la c o k , y que al punto s e la volviesen luego con t o d o lo a ella anejo y concerniente, que era desde la punta del celebro, contada la osamenta del espinazo, donde ella tomaba principio y decendía, hasta parar en los últimos pelos délla. — D a d m e v o s — d i j o u n o — que ello sea así como decís, y que o s la den como la pedís, y sentaos junto a l o que del asno queda. — ¡ P u e s así e s ! —replicó L o p e — . V e n g a mi ceda; si no, por D i o s que n o me lleven el asno sd bien viniesen por él cuantos aguadores hay en el m u n d o ; y no piensen que por ser tantos los que aquí están me han d e hacer superchería, porque soy y o u n hombre que m e sabré llegar a otro hombre y meterle dos palmos de daga por las tripas, sin que sepa de quién, por dónde, o c ó m o le v i n o ; y más, que n o quiero que m e paguen la coda rata por cantidad, sino que quiero que m e la den en ser y la corten del asno, cerno tengo dicho. Al ganancioso y a los demás les pareció no ser bien llevar aquel negocio por fuerza, porque juzgaron ser de tal brío el Asturiano, que n o consentiría que se la hiciesen, y uno dellos, que parecía de más razón y discurso, los concertó en que se echase la cola contra un cuarto del asno a una quínola, o a dos y pasante. Fueron contentos, ganó la quínola Lope, picóse el otro, echó el otro cuarto, y a otras tres manos quedó sin asno. Quiso jugar el 94 O » ^ — — — - l A f c ^ n ^ f c H LA ILUSTRE FREGONA dinero; n o quería L o p e ; pero tanto le porfiaron todos, que l o hubo de hacer, con que hizo el viaje del desposado, dejándole sin un solo maravedí; y fué tanta la pesadumbre que desto recibió el perdidoso, que se arrojó e n el suelo y comenzó a darse de calabazadas por la tierra. Lope, como bien nacido y como liberal y compasivo, le levantó y le volvió todo d dinero que le había ganado, y l o s diez y seis ducados del asno, y aun de los que él tenía repartió con los circunstantes, cuya extraña liberalidad pasmó a t o d o s ; y si fueran los tiempos y las ocasione» del Tamorlán, le alzaran por rey de los aguadores. ; Con grande acompañamiento volvió Lope a la ciudad, donde contó a T e m a s lo sucedido. N o quedó taberna, ni bodegón, ni junta d e picaros donde n o s e supiese el juego del asno, «1 esquite por la cola y el brío y la liberalidad del Asturiano; pero como la mala bestia del vulgo, por la mayor parte, e s mala, maldita y maldiciente, n o t o m ó de memoria la liberalidad, brío y buenas partes del gran Lope, sino solamente la cola; y así, apenas hubo andado dos días por la ciudad echando agua, cuando se v i o señalar de muchos c o n él dedo, que decían: " E s t e e s el aguador de la cola." Estuvieron los muchachos atentos, supieron el caso, y n o había asomado Lope por la entrada de cualquiera calle, cuando por toda ella l e gritaban, quién de aquí y quién de allí: "j A s turiano, daca la' cola! ¡ D a c a l a cola, A s t u r i a n o ! " 95 CERVANTES Lope, que se vio asaetear de tantas lenguas y con tantas voces, dio en callar, creyendo que en su mucho silencio se anegara tanta insolencia; mas ni por e s a s ; pues mientras más callaba, más los muchachos gritaban ; y asi, probó a mudar su paciencia en cólera, y apeándose del asno, dio a palos tras los muchachos, que fué afinar el polvorín y ponerle fuego, y fué otro cortar las cabezas de la serpiente, pues en lugar de una que quitaba, apaleando a algún muchacho, nacían en el mismo instante, no otras siete, sino setecientas, que con mayor ahinco y menudeo le pedían la cola. Finalmente, tuvo por bien de retirarse a una posada que había tomado fuera de la de su compañero, y de estarse en ella hasta que la influencia de aquel mal planeta pasase, y se bortase de la memoria de los muchachos aquella demanda mala de la cola que le pedían. Seis días se pasaron sin que saliese de casa, si no era de noche, que iba a v e r a T o m á s y a preguntarle del estado en que se hallaba, el cual le contó que no Costanza. había podido hablar una sola palabra con Lope le contó a él la priesa que le da- ban los muchachos pidiéndole la cola, porque él había pedido la de su asno, con que hizo el famoso esquite. Aconsejóle T o m á s que no saliese de casa, a lo menos, sobre el asno, y que si saliese, fuese por calles solas y apartadas, y que cuando esto no bastase, bastaría dejar el oficio, último remedio de poner fin a tan poco honesta demanda. <X5 Retiróse, LA ILUSTRE FREGONA con esto, a su p o s a d a L o p e , con determinación de no salir della en otros seis días, a lo m e n o s , con el asno. L a s once serían d e la noche, cuando de i m p r o v i so y sin pensarlo vieron e n t r a r en la p o s a d a m u chas v a r a s d e justicia y, al cabo, el Corregidor. A l b o r o t ó s e el h u é s p e d , y a u n los h u é s p e d e s ; p o r q u e así como los cometas c u a n d o se m u e s t r a n siempre causan t e m o r e s de desgracias e infortunios, ni m á s ni m e n o s la justicia, c u a n d o de repente y d e tropel se e n t r a en u n a casa, sobresalta y a t e m o r i z a h a s t a las conciencias n o culpadas. E n t r ó s e el C o r r e g i d o r en u n a sala, y llamó al h u é s p e d d e casa, el cual vino t e m b l a n d o a v e r l o q u e el s e ñ o r C o r r e g i d o r que- ría. Y así como le vio el C o r r e g i d o r , le p r e g u n t ó con m u c h a g r a v e d a d : —i Sois vos el h u é s p e d ? — S i , señor — r e s p o n d i ó é l — ; p a r a lo que vuesa m e r c e d m e quisiere m a n d a r . M a n d ó el C o r r e g i d o r q u e saliesen de la sala t o dos los q u e en ella e s t a b a n y q u e le d e j a s e n solo con el huésped. H i c i é r o n l o así, y q u e d á n d o s e solos, dijo el C o r r e g i d o r al h u é s p e d : —¿ D ó n d e está u n a m u c h a c h a que dicen q u e sirve en esta casa, t a n h e r m o s a , q u e por toda la ciudad la l l a m a n la ilustre —Señor ilustre fregona? — r e s p o n d i ó el h u é s p e d — , esa fregona q u e dicen e s v e r d a d q u e está en esta c a s a ; p e r o ni es mi criada, n i deja de serlo. 97 xxi.—7 CERVANTES — N o entiendo lo q u e decís, h u é s p e d , en eso de ser y n o ser v u e s t r a c r i a d a la fregona. —Yo h e dicho bien — a ñ a d i ó el h u é s p e d — ; y si y u e s a m e r c e d m e da licencia, le diré lo que ha_ en esto, l o cual j a m á s h e dicho a p e r s o n a alguna. — P r i m e r o q u i e r o v e r a la fregona q u e saber otra c o s a ; llamadla a c á -—dijo el C o r r e g i d o r . A s o m ó s e el h u é s p e d a la p u e r t a de la sala, y dijo: — ¿ O í s l o , s e ñ o r a ? H a c e d q u e e n t r e aquí Costancica. S i n a g u a r d a r q u e o t r a vez la llamasen, t o m ó , tanza, Cos- u n a vela encendida s o b r e u n candelero de pla- ta, y con m á s v e r g ü e n z a q u e t e m o r fué d o n d e el Cor r e g i d o r estaba. A s í como el C o r r e g i d o r la vio, m a n d ó al huéspc.i q u e c e r r a s e l a p u e r t a de la s a l a ; lo cual hecho, el C o r r e g i d o r se levantó, y t o m a n d o el candelero que C o s t a n z a traía, llegándole la luz al r o s t r o , la a n d u v o m i r a n d o t o d a d e a r r i b a a b a j o ; y como Costanza estaba con sobresalto, habíasele encendido la color del r o s t r o , y estaba tan h e r m o s a y t a n h o n e s t a , que al C o r r e g i d o r l e pareció q u e e s t a b a m i r a n d o la h e r m o s u r a de u n ángel en la t i e r r a ; y después de haberla bien m i r a d o , d i j o : — H u é s p e d , ésta n o es j o y a p a r a e s t a r e n el baj o e n g a s t e d e u n mesón. D i g o , doncella, q u e n o sol a m e n t e os p u e d e n y deben llamar ilustre, 98 sino ilus- LA trísima; ILUSTRE FREGONA p e r o estos títulos n o h a b í a n d e c a e r sobre el n o m b r e de fregona, —-No es fregona, sino sobre el de u n a d u q u e s a . señor — d i j o el h u é s p e d — ; que no sirve de otra cosa en casa q u e de t r a e r las llaves de la plata, q u e p o r la b o n d a d de Dios t e n g o alguna, con q u e se sirven los huéspedes h o n r a d o s que a esta posada vienen. — C o n t o d o eso — d i j o el C o r r e g i d o r — , digo, h u é s ped, q u e ni es decente ni conviene que esta doncella esté en u n m e s ó n . ¿ E s p a r i e n t a v u e s t r a p o r ventura? — N i es mi p a r i e n t a , ni es mi c r i a d a ; y si vuesa merced gustare de saber quién es, c o m o ella no esté delante, oirá vuesa m e r c e d cosas que, j u n t a m e n te con d a r l e g u s t o , le a d m i r e n . — S í g u s t a r é — d i j o el C o r r e g i d o r — ; y sálgase Costancica allá fuera, y p r o m é t a s e d e mí lo q u e de su mismo padre pudiera prometerse; que su mucha honestidad y h e r m o s u r a obligan a q u e t o d o s los q u e la vieren se ofrezcan a su servicio. N o respondió p a l a b r a Costanza, sino con m u c h a m e s u r a hizo u n a p r o f u n d a reverencia al C o r r e g i d o r , y salióse de la sala, y halló a su a m a desalada esperándola, p a r a saber della qué e r a lo que el C o r r e g i d o r la quería. Ella 1e contó lo q u e había pasado, y cómo su señor quedaba con él p a r a contalle n o sé qué cosas q u e n o quería que ella las oyese. N o acabó de sosegarse la h u é s p e d a , y s i e m p r e e s t u v o r e z a n d o h a s t a q u e se fué el C o r r e g i d o r y vio 09 tAAV CERVANTES salir libre a su m a r i d o , el cual, en t a n t o q u e estuvo con el C o r r e g i d o r le d i j o : — ' H o y hacen, señor, s e g ú n mi cuenta, quince a ñ o s , u n m e s y c u a t r o días q u e llegó a esta p o s a d a una señora e n h á b i t o de p e r e g r i n a , en u n a litera, una niña recién nacida, con y a c o m p a ñ a d a de c u a t r o criados de a caballo, y de d o s d u e ñ a s y u n a doncella, q u e en u n coche venían. T r a í a a s i m i s m o dos acémilas cubiertas con d o s ricos r e p o s t e r o s , y c a r g a d a s con u n a rica c a m a y con a d e r e z o s d e c o c i n a ; final- mente, el a p a r a t o e r a principal, y la p e r e g r i n a r e p r e sentaba ser u n a g r a n s e ñ o r a ; y a u n q u e e n la edad m o s t r a b a ser d e c u a r e n t a o pocos m á s a ñ o s , n o por eso d e j a b a d e p a r e c e r h e r m o s a e n t o d o e x t r e m o . V e nía e n f e r m a y descolorida, y t a n fatigada, q u e m a n d ó q u e l u e g o le hiciesen l a cama, y en esta m i s m a sala se la hicieron sus c r i a d o s . Y o y m i m u j e r p r e g u n t a m o s a éstos quién e r a la tal señora y c ó m o se llamaba, de a d o n d e venía y a d o n d e iba, y p o r qué c a u s a se vestía aquel h á b i t o d e p e r e g r i n a . A todas estas p r e g u n t a s , que le hicimos n o h u b o a l g u n o q u e nos respondiese otra cosa sino q u e aquella p e r e g r i n a era u n a señora principal y rica de Castilla l a V i e j a , y q u e p o r q u e h a bía algunos meses que estaba e n f e r m a de hidropesía, había ofrecido de ir a N u e s t r a S e ñ o r a d e G u a d a l u p e en r o m e r í a , p o r la cual p r o m e s a iba en aquel hábito. E n c u a n t o a decir su n o m b r e , t r a í a n o r d e n de no llam a r l a sino la señora p e r e g r i n a . E s t o supimos por entonces ; p e r o a cabo de tres días que, p o r e n f e r m a , la TOO ...que llegó a esta posada una señora en hábito de peregrina, ... TJM-- LA ILUSTRE FREGONA señora p e r e g r i n a se e9taba en casa, u n a de las d u e ñ a s nos llamó a mí y a mi m u j e r de su p a r t e ; fuimos a v e r lo que quería, y a p u e r t a c e r r a d a y delante d e sus criadas, casi con l á g r i m a s en los ojos, nos dijo creo que estas m i s m a s r a z o n e s : " S e ñ o r e s míos, los cielos m e son testigos q u e sin culpa mía m e hallo en un roso t r a n c e y me honra, a apartar veo a criar, por cuestión de mi lado a esta niña. nester, amigos, busquéis llevarla obligada, con todo secreto rigude Y es m e donde b u s c a n d o también m e n t i r a s q u e d e - cir a quien la e n t r e g á r e d e s ; q u e p o r a h o r a s e r á en la ciudad, y después q u i e r o que se lleve a u n a aldea. D e lo q u e d e s p u é s se h u b i e r e de hacer, c u a n d o d e G u a d a lupe vuelva lo sabréis, p o r q u e el tiempo m e h a b r á dado l u g a r d e que piense y escoja lo m e j o r que m e convenga." A q u í dio fin a su r a z o n a m i e n t o la lastimada p e r e grina, y principio a u n copioso llanto, que, e n p a r t e , fué consolado p o r las m u c h a s y b u e n a s razones q u e mi m u j e r le dijo. F i n a l m e n t e , ésta se fué a buscar donde llevar la niña, que era la m á s h e r m o s a q u e mis ojos h a s t a entonces h a b í a n visto, y es esta m i s m a que vuesa m e r c e d acaba de ver a h o r a . F u é la madre a su romería. C u a n d o volvió, esta- ba ya la n i ñ a d a d a a criar p o r mi orden, con n o m b r e de mi sobrina, en u n a aldea dos leguas de a q u í . E n el b a u t i s m o se le p u s o p o r n o m b r e C o s t a n z a ; q u e así lo dejó o r d e n a d o su m a d r e , la cual, c o n t e n t a d e lo que yo había hecho, al tiempo de despedirse m e dio 103 CERVANTES u n a c a d e n a de o r o , q u e h a s t a a g o r a tengo, de la cual quitó seis trozos, los cuales d i j o q u e t r a e r í a la persona q u e p o r la n i ñ a viniese. T a m b i é n c o r t ó u n blanco p e r g a m i n o a v u e l t a s y a o n d a s , a la t r a z a y manera c o m o c u a n d o se enclavijan las m a n o s y en los dedos s e escribe a l g u n a cosa, q u e e s t a n d o enclavijados los d e d o s se p u e d e n leer, y d e s p u é s de a p a r t a d a s las m a n o s q u e d a -dividida la r a z ó n , p o r q u e se dividen las l e t r a s , q u e en volviendo a enclavijar los dedos, se j u n t a n y c o r r e s p o n d e n de m a n e r a , q u e se pueden leer c o n t i n u a d a m e n t e : digo q u e el u n p e r g a m i n o sirv e de a l m a del o t r o , y encajados s e leerán, y divididos n o es posible, si n o es a d i v i n a n d o la m i t a d del p e r g a m i n o ; y casi t o d a la c a d e n a q u e d ó en mi p o der, y t o d o lo t e n g o , e s p e r a n d o el c o n t r a s e ñ o hasta a h o r a , p u e s t o q u e ella m e dijo q u e d e n t r o de dos años enviaría p o r su hija, e n c a r g á n d o m e que la criase, n o c o m o quien ella era, sino del m o d o que se suele criar u n a l a b r a d o r a ; q u e la p e r d o n a s e el n o d e c i r m e su n o m b r e , ni quién e r a ; que lo g u a r d a b a p a r a o t r a ocasión m á s i m p o r t a n t e . E n resolución, d á n dome cuatrocientos escudos de oro y a b r a z a n d o a mi m u j e r con tiernas lágrimas, se p a r t i ó , d e j á n d o n o s a d m i r a d o s de su discreción, valor, h e r m o s u r a y recato. Costanza se crió en el aldea dos años y luego la t r u j e conmigo, y siempre la he t r a í d o en hábito de l a b r a d o ra, c o m o su m a d r e m e lo dejó m a n d a d o . Q u i n c e a ñ o s , u n m e s y c u a t r o días h a que a g u a r d o a quien ha de venir p o r ella, y la m u c h a t a r d a n z a me ha consumido 104 LA ILUSTRE FREGONA la esperanza de v e r esta v e n i d a ; y si en este a ñ o en que estamos no vienen, tengo d e t e r m i n a d o de p r o h i j a 11a y d a r l e t o d a mi hacienda, q u e vale m á s d e seis mil d u c a d o s , Dios sea bendito. R e s t a a h o r a , señor Corregidor, decir a v u e s a m e r ced, si es posible q u e y o sepa decirlas, las bondades y las v i r t u d e s de Costancica. Ella, lo p r i m e r o y p r i n cipal, es d e v o t í s i m a d e N u e s t r a S e ñ o r a ; confiesa y comulga c a d a m e s ; sabe escribir y l e e r ; n o h a y m a y o r r a n d e r a en T o l e d o ; canta a la almohadilla c o m o unos á n g e l e s ; en ser h o n e s t a n o h a y quien la iguale. P u e s en lo que toca a ser h e r m o s a , y a v u e s a m e r c e d lo h a visto. Calló el h u é s p e d , y t a r d ó u n g r a n rato el C o r r e gidor en h a b l a r l e ; t a n s t r p e n s o l e tenía el suceso que el h u é s p e d l e h a b í a contado. E n fin, le dijo que le t r ú j e s e allí la cadena y el p e r g a m i n o ; q u e q u e r í a verlo. F u é el huésped por ello, y trayéndoselo, vio que e r a así c o m o le había dicho. T u v o p o r discreta la señal del conocimiento y j u z g ó p o r m u y rica a la s e ñ o r a peregrina q u e tal c a d e n a había d e j a d o al h u é s p e d ; y teniendo en p e n s a m i e n t o de sacar de aquella p o s a d a la h e r m o s a m u c h a c h a c u a n d o h u b i e se c o n c e r t a d o u n m o n a s t e r i o d o n d e llevarla, p o r entonces se contentó de llevar sólo el p e r g a m i n o , enc a r g a n d o al h u é s p e d q u e si acaso viniesen p o r Costanza, le avisase y diese noticia de quién era el q u e p o r ella venía, a n t e s q u e le m o s t r a s e la cadena, q u e d e jaba en su poder. C o n esto, se fué, t a n ios admirado CERVANTES del cuento y suceso de la ilustre fregona como de su i n c o m p a r a b l e h e r m o s u r a . T o d o el t i e m p o q u e g a s t ó el h u é s p e d en estar con el C o r r e g i d o r y el q u e ocupó Costanza c u a n d o la llam a r o n , estuvo T o m á s fuera de sí, combatida el alma de mil varios p e n s a m i e n t o s , sin a c e r t a r j a m á s con n i n g u n o de s u g u s t o ; p e r o c u a n d o vio q u e el C o r r e g i d o r se iba y q u e Costanza se quedaba, r e s p i r ó su e s p í r i t u y volviéronle los p u l s o s , q u e ya casi d e s a m p a r a d o le tenían. N o osó p r e g u n t a r al h u é s p e d lo que el C o r r e g i d o r q u e r í a , ni el h u é s p e d lo dijo a nadie sino a su m u j e r ; con q u e ella también volvió en sí, d a n d o g r a c i a s a Dios que de t a n g r a n d e sobresalió la había librado. E l día siguiente, cerca de la u n a , e n t r a r o n en la p o s a d a con c u a t r o h o m b r e s d e a caballo dos caballeros a n c i a n o s d e venerables presencias, habiendo p r i m e r o p r e g u n t a d o u n o de dos m o z o s q u e a pie con ellos venían si era aquélla la p o s a d a del Sevillano; y habiéndole respondido que sí, se e n t r a r o n todos en ella. A p e á r o n s e los c u a t r o y fueron a a p e a r a los dos ancianos, señal p o r d o se conoció q u e aquellos dos e r a n señores de los seis. Salió Costanza con su acostumbrada gentileza a v e r los nuevos huéspedes, y apenas la h u b o visto u n o de los dos ancianos c u a n d o dijo al o t r o : •—Yo creo, señor d o n J u a n , q u e h e m o s hallado todo aquello que venimos a buscar. T o m á s , que a c u d i ó a d a r recado a las cabalgadu106 L A iLVST RE FREGÓ N A ras, conoció luego a dos criados de su p a d r e , y luego conoció a su p a d r e y al p a d r e d e C a r r i a z o , q u e eran los dos ancianos a quien los d e m á s r e s p e c t a b a n ; y a u n q u e se a d m i r ó d e su venida, consideró q u e debían de ir a buscar a él y a C a r r i a z o a las a l m a d r a b a s ; que n o h a b r í a faltado quien les hubiese dicho que en ellas, y n o en F l a n d e s , los h a l l a r í a n ; pero no se atrevió a d e j a r s e conocer en aquel t r a j e : a n tes, a v e n t u r á n d o l o todo, puesta la m a n o en el r o s t r o , pasó p o r delante dellos y fué a buscar a Costanza, y quiso la buena suerte que la hallase s o l a ; y apriesa y con lengua t u r b a d a , t e m e r o s o que ella n o le daría lugar p a r a decirle nada, le d i j o : — C o s t a n z a , u n o d e estos d o s caballeros ancianos que a q u í h a n llegado a h o r a es m i p a d r e , que es aquel que oyeres llamar d o n J u a n de A v e n d a ñ o : i n f ó r m a te de sus criados si tiene u n hijo que se llama don T o m á s de A v e n d a ñ o , que soy yo, y de aquí p o d r á s ir coligiendo y a v e r i g u a n d o q u e t e he dicho v e r d a d en c u a n t o a la calidad de mi persona, y que te la diré en c u a n t o de mi p a r t e te t e n g o ofrecido. Y quédate a d i ó s ; que h a s t a que ellos se vayan n o pienso volver a esta casa. N o le respondió n a d a Costanza ni él a g u a r d ó a que le respondiese, sino volviéndose a salir, cubierto como había e n t r a d o , se fué a dar cuenta a C a rriazo de cómo sus p a d r e s estaban en la posada. Diú voces el huésped a T o m á s , que viniese a d a r cebada ; pero como no pareció, dióla él m i s m o . U n o de 107 O»* 1 I ffg^fn glp. CERVANTES los dos ancianos llamó a p a r t e a una d e las dos mozas gallegas, y p r e g u n t ó l e c ó m o se llamaba aquella m u chacha h e r m o s a q u e h a b í a n visto, y q u e si era hija o p a r i e n t a del h u é s p e d , o h u é s p e d a de casa. L a Gallega l e r e s p o n d i ó : — L a m o z a se llama C o s t a n z a ; ni es parienta del h u é s p e d ni d e la h u é s p e d a , ni sé lo que es. E l caballero, sin e s p e r a r a q u e le quitasen las espuelas, llamó al h u é s p e d , y r e t i r á n d o s e con él aparte en u n a sala, le d i j o : — Y o , señor h u é s p e d , vengo a q u i t a r o s u n a p r e n da mía q u e h a algunos a ñ o s q u e tenéis en v u e s t r o p o d e r ; p a r a q u i t á r o s l a os t r a i g o mil e s c u d o s de oro, y estos trozos d e cadena, y este p e r g a m i n o . Y diciendo esto, sacó los seis de ta señal de la cadena q u e él tenía. A s i m i s m o conoció el p e r g a m i no, y a l e g r e s o b r e m a n e r a c o n el ofrecimiento de los mil e s c u d o s , r e s p o n d i ó : — S e ñ o r , la p r e n d a que q u e r é i s q u i t a r está en c a s a ; p e r o n o está e n ella la c a d e n a ni el p e r g a m i n o con que se h a de h a c e r la p r u e b a d e la v e r d a d que yo creo q u e v u e s a m e r c e d t r a t a ; y así, le suplico tenga p a c i e n c i a ; que y o vuelvo luego. Y al m o m e n t o fué a avisar al C o r r e g i d o r de lo que pasaba, y d e c o m o e s t a b a n dos caballeros en su posada, q u e v e n í a n p o r C o s t a n z a . A c a b a b a de c o m e r el C o r r e g i d o r , y con el deseo que tenía d e v e r el fin de aquella historia, subió luego a caballo y v i n o a la p o s a d a del Sevillano, lle108 LA ILUSTRE FREGONA vando consigo el p e r g a m i n o d e la m u e s t r a . Y apen a s h u b o visto a los dos caballeros, cuando, abiertos los b r a z o s , fué a a b r a z a r al u n o , d i c i e n d o : —>¡ V á l a m e D i o s ! ¿ Q u é b u e n a v e n i d a es ésta, señ o r d o n J u a n de A v e n d a ñ o , p r i m o y s e ñ o r m í o ? E l caballero le a b r a z ó asimismo, diciéndole: —'Sin d u d a , s e ñ o r p r i m o , h a b r á sido buena! mi venida, p u e s os veo, y con la salud q u e s i e m p r e os deseo. A b r a z a d , p r i m o , a este caballero, q u e es él señor d o n D i e g o de C a r r i a z o , g r a n señor y amigo mío. — Y a conozco al s e ñ o r d o n D i e g o — r e s p o n d i ó el C o r r e g i d o r — , y le soy m u y s e r v i d o r . Y a b r a z á n d o s e los dos, después d e h a b e r s e receñido con g r a n d e a m o r y g r a n d e s cortesías, se e n t r a r o n en u n a sala, d o n d e se q u e d a r o n solos c o n el huésped, el cual y a t e n í a consigo l a cadena, y d i j o : — Y a el señor C o r r e g i d o r sabe a l o q u e v u e s a m e r ced viene, señor d o n D i e g o d e C a r r i a z o : v u e s a m e r ced saque los t r o z o s que faltan a esta cadena, y el señ o r C o r r e g i d o r s a c a r á el p e r g a m i n o , q u e está en su p o d e r , y h a g a m o s la p r u e b a que h a tantos años que espero a q u e se h a g a . — D e s a manera —respondió don Diego—, no hab r á necesidad de d a r cuenta de n u e v o al señor C o r r e g i d o r de n u e s t r a venida, pues bien se v e r á que ha sido a lo q u e v o s , señor h u é s p e d , h a b r é i s d i c h o . —Algo m e ha dicho; pero mucho m e quedó por saber. E l p e r g a m i n o , hele aquí. TOO CERVANTES Sacó d o n D i e g o el o t r o , y j u n t a n d o las d o s partes s e hicieron u n a , y a las letras del q u e tenía el huésped, que eran E T E L S Ñ V D D R , respondían en el o t r o p e r g a m i n o é s t a s : s A S A E AL ER A E A, q u e t o d a s j u n t a s d e c í a n : ÉSTA E S LA SEÑAL VERDA- DERA. C o t e j á r o n s e luego los t r o z o s d e la cadena, y hallaron s e r l a s señas v e r d a d e r a s . — ¡ E s t o está h e c h o ! — d i j o el C o r r e g i d o r — . R e s t a a h o r a saber, si es posible, q u i é n s o n los p a d r e s desta hermosísima prenda. — E l p a d r e — r e s p o n d i ó d o n D i e g o — y o lo s o y ; la m a d r e y a n o v i v e : basta s a b e r q u e fué t a n principal, que p u d i e r a y o s e r su c r i a d o . A estas razones llegaba d o n Diego c u a n d o oyeron q u e en la p u e r t a d e la calle decían a grandes voces: — D í g a n l e a T o m á s P e d r o , el m o z o d e la cebada, cómo llevan a su amigo el A s t u r i a n o p r e s o ; q u e a c u d a a la cárcel, q u e allí le espera. A la v o z d e cárcel y de preso, dijo el C o r r e g i d o r que entrase el p r e s o y el alguacil q u e le llevaba. Dijeron al alguacil q u e el C o r r e g i d o r , q u e estaba allí, le m a n d a b a e n t r a r con el preso, y asi lo hubo de h a c e r . V e n í a e l A s t u r i a n o todos los dientes b a ñ a d o s en s a n g r e , y m u y m a l p a r a d o , y m u y bien asido del a l guacil, y así c o m o entró e n la sala, conoció a su p a d r e y al de A v e n d a ñ o . T u r b ó s e , y p o r n o ser conocido, con u n p a ñ o , como q u e se limpiaba la sangre, no "¡Daca cola!" ... la cola, Asturiano: daca la LA ILUSTRE FREGONA se cubrió el r o s t r o . P r e g u n t ó el C o r r e g i d o r q u e q u é había hecho aquel mozo, q u e t a n mal p a r a d o le llevaban. R e s p o n d i ó el alguacil q u e aquel mozo e r a u n a g u a d o r q u e le llamaban el A s t u r i a n o , a q u i e n los m u c h a c h o s p o r las calles d e c í a n : " ¡ D a c a l a cola, A s t u r i a n o ; d a c a la c o l a ! " , y luego en breves p a l a b r a s contó la causa p o r q u e le pedían la tal cola, de que no riyeron poco todos. D i j o m á s , q u e saliendo p o r la puente de A l c á n t a r a , d á n d o l e los m u c h a c h o s prie- sa con la d e m a n d a de la cola, se había a p e a d o del asno, y d a n d o t r a s todos, alcanzó a u n o , a quien d e j a b a medio m u e r t o a p a l o s ; y que queriéndole p r e n d e r se había resistido, y que p o r eso iba t a n m a l parado. M a n d ó el Cor gidor q u e se descubriese el ros- t r o , y porfiando a n o q u e r e r descubrirse, llegó el alguacil y quitóle el pañuelo, y al p u n t o le conoció su p a d r e , y dijo t o d o a l t e r a d o : —Hijo d o n D i e g o , ¿ c ó m o estás desta manera? ¿ Q u é t r a j e es é s t e ? ¿ A ú n n o se te han olvidado t u s picardías ? H i n c ó las rodillas C a r r i a z o , y fuese a p o n e r a lo-> pies de su p a d r e , q u e , con l á g r i m a s en los ojos, le t u v o a b r a z a d o u n buen espacio. D o n J u a n de A v e n d a ñ o , c o m o sabía q u e d o n Diego había venido con don T o m á s su hijo, p r e g u n t ó l e p o r é l ; a lo cual resp o n d i ó q u e d o n T o m á s de A v e n d a ñ o e r a el m o z o q u e daba cebada y paja en aquella p o s a d a . C o n esto que 113 CERVANTES el A s t u r i a n o dijo se acabó d e a p o d e r a r l a a d m i r a c i ó n en t o d o s los p r e s e n t e s , y m a n d ó el C o r r e g i d o r al huésped q u e t r ú j e s e allí al m o z o d e la cebada. — Y o c r e o q u e n o e s t á e n casa — r e s p o n d i ó el h u é s p e d — ; p e r o y o le b u s c a r é . Y a s í , fué a buscalle. P r e g u n t ó don Diego a Oarriazo que qué transformaciones e r a n aquéllas, y qué les h a b í a m o v i d o a ser él a g u a d o r y d o n T o m á s m o z o d e m e s ó n . A lo cual r e s p o n d i ó C a r r i a z o q u e n o p o d í a satisfacer a a q u e llas p r e g u n t a s t a n e n p ú b l i c o ; q u e él r e s p o n d e r í a a solas. Estaba Tomás P e d r o escondido en su aposento, p a r a v e r desde allí, sin s e r visto, lo q u e hacían su p a d r e y el de C a r r i a z o . T e n í a l e suspenso la venida del C o r r e g i d o r y él a l b o r o t o q u e en t o d a la casa a n d a b a . N o faltó quien le dijese al h u é s p e d como estaba allí e s c o n d i d o ; subió p o r él, y m á s p o r fuerza q u e p o r g r a d o , le h i z o b a j a r ; y a u n n o bajara si el m i s m o C o r r e g i d o r n o saliera al p a t i o y le llam a r a p o r su n o m b r e , d i c i e n d o : —'Baje vuesa m e r c e d , señor p a r i e n t e ; q u e aquí n o le a g u a r d a n osos ni leones. B a j ó T o m á s , y con Jos o j o s bajos y sumisión g r a n de se h i n c ó d e rodillas a n t e su p a d r e , el cual le a b r a zó con g r a n d í s i m o contento, a fuer del q u e t u v o él p a d r e del H i j o P r ó d i g o c u a n d o le c o b r ó de p e r d i d o . Y a , en esto, había v e n i d o u n coche del C o r r e g i dor, p a r a volver en él, p u e s l a g r a n fiesta n o p e r T14 • LA ILUSTRE ~ FREGONA mitía volver a caballo. H i z o llamar a Costanza, y t o m á n d o l a de la m a n o , se la p r e s e n t ó a su p a d r e , diciendo: — R e c e b i d , señor d o n Diego, esta p r e n d a , y estimalda p o r la m á s rica que a c e r t á r e d e s a desear. Y vos, h e r m o s a doncella, besad la m a n o a v u e s t r o padre, y d a d gracias a D i o s , que con t a n h o n r a d o suceso ha e n m e n d a d o , subido y m e j o r a d o la bajeza de v u e s t r o estado. Costanza, q u e n o sabía ni imaginaba l o q u e l e había acontecido, t o d a t u r b a d a y t e m b l a n d o , n o supo hacer o t r a cosa q u e h i n c a r s e d e rodillas a n t e su pad r e , y t o m á n d o l e las m a n o s se las c o m e n z ó a besar t i e r n a m e n t e , b a ñ á n d o s e l a s con infinitas l á g r i m a s que p o r sus h e r m o s í s i m o s ojos d e r r a m a b a . E n t a n t o q u e esto pasaba, h a b í a p e r s u a d i d o el C o r r e g i d o r a s u p r i m o d o n J u a n q u e se viniesen t o d o s c c n él a su c a s a ; y a u n q u e d o n J u a n l o rehusaba, fueron t a n t a s las persuasiones del C o r r e g i d o r , que lo h u b o de c o n c e d e r ; y así, e n t r a r o n en el coche t o d o s . P e r o c u a n d o dijo el C o r r e g i d o r a Costanza que e n t r a s e t a m b i é n en el coche, se le a n u b l ó el c o r a z ó n , y ella y la h u é s p e d a se asieron u n a a o t r a , y c o m e n z a r o n a h a c e r t a n a m a r g o llanto que q u e b r a b a los c o r a z o n e s d e c u a n t o s le escuchaban. E l C o r r e g i d o r , enternecido, m a n d ó q u e a s i m i s m o la h u é s p e d a e n t r a s e e n el coche, y q u e n o se a p a r t a s e de su hija, pues p o r tal la tenía, h a s t a q u e saliese de T o l e d o . Así, la h u é s p e d a y t o d o s e n t r a r o n 115 ^A-O-' CERV ANTES en el coche, y fueron a casa del C o r r e g i d o r , d o n d e fueron bien recebidos de s u m u j e r , q u e principal señora. C o m i e r o n r e g a l a d a era una y sumptuosa- mente, y después de comer c o n t ó C a r r i a z o a su p a dre c ó m o p o r a m o r e s de C o s t a n z a d o n T o m á s se había p u e s t o a s e r v i r en el m e s ó n , y que estaba enam o r a d o d e tal m a n e r a della, q u e sin q u e le hubier a descubierto ser tan principal como e r a siendo su hija, la t o m a r a p o r m u j e r en el e s t a d o d e fregona. Vistió luego la m u j e r del C o r r e g i d o r a Costanza con u n o s vestidos de u n a h i j a q u e t e n í a d e la m i s m a e d a d y cuerpo de Costanza, y si p a r e c í a h e r m o sa con los de l a b r a d o r a , con los c o r t e s a n o s parecía cosa del c i e l o : t a n bien la c u a d r a b a n , q u e daba a e n t e n d e r q u e d e s d e q u e n a c i ó había sido señora y u s a d o los m e j o r e s t r a j e s q u e él u s o t r a e consigo. E n t r e el C o r r e g i d o r y d o n D i e g o de C a r r i a z o y don J u a n de A v e n d a ñ o se c o n c e r t a r o n e n que d o n T o m á s se casase con Costanza, dándole su p a d r e los t r e i n t a mil escudos q u e s u m a d r e le h a b í a dejado, y el a g u a d o r don D i e g o d e C a r r i a z o casase con la hija del C o r r e g i d o r . D e s t a m a n e r a q u e d a r o n t o d o s contentos, alegres y satisfechos, y la n u e v a d e los casamientos y de la v e n t u r a de la fregona ciudad, y acudía ilustre se e x t e n d i ó p o r la infinita g e n t e a v e r a Costanza en el n u e v o hábito, en el cual tan s e ñ o r a se m o s traba c o m o se h a dicho. U n m e s se e s t u v i e r o n en T o l e d o , al c a b o del cual 116 LA ILUSTRE FREGONA se volvieron a B u r g o s d o n D i e g o de C a r r i a z o y su m u j e r , su p a d r e y Costanza, con su m a r i d o d o n T o m á s . Q u e d ó el Sevillano rico con los mil escudos, y con m u c h a s joyas que Costanza dio a su s e ñ o r a : que s i e m p r e con este n o m b r e llamaba a la que la había criado. Dio ocasión la historia d e la ilustre a que los poetas del d o r a d o T a j o fregona ejercitasen sus p l u m a s en solenizar y en alabar la sin p a r h e r m o s u r a de Costanza, la cual a ú n vive en c o m p a ñ í a de su buen mozo de mesón, y C a r r i a z o ni m á s ni m e nos, con t r e s hijos, q u e sin t o m a r el estilo del p a d r e ni a c o r d a r s e si h a y a l m a d r a b a s e n el m u n d o , h o y e s t á n todos estudiando en S a l a m a n c a ; y su p a d r e , a p e n a s vee a l g ú n asno de a g u a d o r , cuando se le r e p r e s e n t a y viene a la m e m o r i a el q u e t u v o en T o l e d o , y t e m e q u e c u a n d o m e n o s se c a t e ha d e r e m a n e c e r en alguna sátira el " ¡ D a c a la cola, A s t u r i a n o ! ¡ A s t u r i a n o , daca la c o l a ! " «7 HISTORIA DE LOS T R A B A J O S DE PERSILES Y S I G I S M U N D A LIBRO I CAPITULO Donde XXII el capitán da cuenta de las grandes acostumbraba a hacer en su reino el rey fiestas que Policarpo. — " U n a de las islas q u e e s t á n j u n t o a la de H i b e r nia m e dio el cielo p o r p a t r i a : es t a n g r a n d e , qtte t o m a n o m b r e d e r e i n o , el cual no se h e r e d a , ni viene p o r sucesión de p a d r e a h i j o ; sus m o r a d o r e s le eligen a su beneplácito, p r o c u r a n d o siempre q u e sea el m á s v i r t u o s o y m e j o r h o m b r e que en él se h a l l a r a : y sin i n t e r v e n i r d e p o r m e d i o ruegos o negociaciones, y sin que los soliciten p r o m e s a s ni d á d i v a s , de c o m ú n c o n s e n t i m i e n t o de t o d o s sale el rey y t o m a el cetro absoluto del m a n d o , el cual le d u r a m i e n t r a s le d u r a la v i d a o m i e n t r a s no se empeora en ella. Y con esto, los que n o son reyes p r o c u r a n ser v i r t u o s o s p a r a serlo, y los q u e lo son, p u g n a n serlo m á s p a r a n o d e j a r de ser r e y e s ; con esto se c o r t a n l a s alas a 119 CERVANTES la ambición, se a t i e r r a la codicia, y a u n q u e la h i p o cresía suele a n d a r lista, a l a r g o a n d a r se le cae la m á s c a r a y q u e d a sin el a l c a n z a d o p r e m i o ; con esto los pueblos viven quietos, c a m p e a la justicia y r e s p l a n d e c e la misericordia, d e s p á c h a n s e con brevedad los m e m o r i a l e s de los p o b r e s , y los que d a n los ricos, n o p o r serlo son m e j o r d e s p a c h a d o s ; n o agobian la v a r a de la justicia las d á d i v a s ni la c a r n e y s a n g r e de los p a r e n t e s c o s : t o d a s l a s negociaciones g u a r d a n sus p u n t o s y a n d a n en sus q u i c i o s ; finalmente, reino es d o n d e se vive sin t e m o r d e los insolentes y d o n d e cada u n o goza lo que es s u y o . "Esta c o s t u m b r e , a mi p a r e c e r justa y santa, p u s o el cetro del reino en las m a n o s d e Policarpo, v a r ó n insigne y f a m o s o , así en las a r m a s como en las l e t r a s , el cual tenía c u a n d o v i n o a ser rey dos h i j a s d e e x t r e m a d a belleza, la m a y o r l l a m a d a P o l i c a r p a y la m e n o r S i n f o r o s a ; n o t e n í a n m a d r e , que n o les hizo falta c u a n d o m u r i ó sino en la c o m p a ñ í a : q u e sus v i r t u d e s y a g r a d a b l e s c o s t u m b r e s e r a n a y a s de sí m i s m a s , d a n d o maravilloso ejemplo a todo el reino. C o n estas b u e n a s p a r t e s , así ellas c o m o el p a d r e se h a c í a n amables, se e s t i m a b a n d e todos. L o s reyes, p o r parecerles que la malencolía e n los v a s a llos suele d e s p e r t a r malos p e n s a m i e n t o s , procuran t e n e r alegre el p u e b l o y e n t r e t e n i d o con fiestas p ú blicas y a veces con o r d i n a r i a s c o m e d i a s ; principalm e n t e solenizaban el día q u e fueron a s u m p t o s al r e i n o con h a c e r q u e se r e n o v a s e n los j u e g o s que los 120 PERSILES Y SIGISMUNDA gentiles llamaban Olímpicos, en el mejor m o d o que podían. Señalaban premio a los corredores, honraban a los diestros, coronaban a los tiradores y subían al cielo de la alabanza a los que derribaban a otros en la tierra. Hacíase este espectáculo junto a la marina, en una espaciosa playa, a quien quitaban el sol infinita cantidad de ramos entretejidos que la dejaban a la sombra; ponían en la mitad un suntuoso teatro, en el cual, sentado el rey y la real familia, miraban los apacibles juegos. Llegóse u n día déstos, y Policarpo procuró aventajarse en magnificencia y grandeza en solenizanle sobre todos cuantos hasta allí se habían h e c h o ; y cuando ya el teatro estaba ocupado con su persona y con los mejores d e l / ' reino, y cuando ya los instrumentos bélicos y l o í apacibles querían dar señal que las fiestas se c^-o menzasen, y cuando y a cuatro corredores, mancebos . ágiles y sueltos, tenían los pies izquierdos delante -y los derechos alzados, que no les impedía otra cosa el soltarse a la carrera sino soltar una cuerda que les servía de raya y de señal, que en soltándola habían de volar a un término señalado, donde habían de dar fin a su carrera, digo que en este tiempo vieron venir por la mar un barco que le blanqueaban los costados el ser recién despalmado, y le facilitaban el romper del agua seis remos que de cada banda traía, impelidos de doce, al parecer, gallardos mancebos, de dilatadas espaldas y pechos y de nervudos brazos; venían vestidos de blanco todos, sino 121 CERVANTES el que g u i a b a el t i m ó n , q u e v e n í a de e n c a r n a d o , como m a r i n e r o . L l e g ó con furia el b a r c o a la orilla, y el encallar en ella y el saltar t o d o s los q u e en él venían en tierra fué u n a m i s m a cosa. M a n d ó P o l i c a r p o que n o saliesen a la c a r r e r a h a s t a saber q u é gente era aquélla y a lo q u e v e n í a , p u e s t o q u e imaginó que debían de venir a h a l l a r s e en las fiestas y a p r o b a r su gallardía en los j u e g o s . E l p r i m e r o q u e se adelantó a h a b l a r al r e y fué el q u e servía d e t i m o n e r o , m a n c e b o d e poca edad, c u y a s mejillas, d e s e m b a r a z a d a s y ü m p i a s , m o s t r a b a n ser de nieve y de g r a n a ; los cabellos, anillos de o r o ; y cada u n a p a r t e d e las del r o s t r o t a n p e r f e c t a , y t o d a s j u n t a s tan hermosas, que formaban un compuesto admirable. L u e g o la h e r m o s a presencia del m o z o a r r e b a t ó la vista y a u n los c o r a z o n e s de c u a n t o s le m i r a r o n , y y o d e s d e luego le q u e d é aficionadísimo. Lo que dijo al r e y : " — S e ñ o r , estos m i s c o m p a ñ e r o s y y o , habiendo tenido noticia destos juegos, v e n i m o s a s e r v i r t e y h a l l a r n o s en ellos, y n o de lejas t i e r r a s , sino desde u n a nave q u e d e j a m o s en la isla Scinta, que n o está lejos de a q u í ; y c o m o el v i e n t o n o h i z o a n u e s t r o propósito p a r a e n c a m i n a r aquí la nave, nos apro- v e c h a m o s d e esta b a r c a y d e los r e m o s y de la fuerza de n u e s t r o s b r a z o s . T o d o s somos nobles y deseosos de g a n a r h o n r a , y p o r la q u e debes hacer, como r e y q u e e r e s , a los e x t r a n j e r o s que a t u p r e sencia llegan, te suplicamos n o s concedas 123 licencia P E R SI L E S Y SIGISMUNDA p a r a m o s t r a r o n u e s t r a s fuerzas o n u e s t r o s inge- nios, e n h o n r a y p r o v e c h o n u e s t r o y g u s t o t u y o . " — P o r cierto — r e s p o n d i ó P o l i c a r p o — , agraciado j o v e n , q u e vos pedís lo que queréis con tanta gracia y cortesía, que sería cosa injusta el negároslo. H o n r a d mis fiestas en lo que q u i s i é r e d e s ; d e j a d m e a mí el c a r g o de p r e m i á r o s l o : q u e , según v u e s t r a gallarda presencia m u e s t r a , poca e s p e r a n z a dejáis a n i n g u n o de alcanzar los p r i m e r o s p r e m i o s . " D o b l ó la rodilla el h e r m o s o m a n c e b o y se inclinó la cabeza en señal de c r i a n z a y agradecimiento, y en dos brincos se puso ante la c u e r d a q u e detenía a los c u a t r o ligeros c o r r e d o r e s ; sus doce c o m p a ñ e r o s se p u s i e r o n a u n lado, a ser espectadores de la car r e r a . S o n ó u n a t r o m p e t a , soltaron la cuerda, y a r r o j á r o n s e al vuelo los c i n c o ; p e r o a ú n n o h a b r í a n dado veinte pasos, c u a n d o , con m á s de seis se les a v e n t a j ó el recién venido, y a los treinta, y a los llevaba de ventaja m á s de q u i n c e ; finalmente, se los dejó a poco m á s de la m i t a d del c a m i n o , como si fueran e s t a t u a s inmovibles, con admiración de t o d o s los circunstantes, especialmente d e Sinforosa, que le seguía con la vista, así c o r r i e n d o c o m o estando q u e d o , p o r q u e la belleza y agilidad del m o z o era b a s t a n t e p a r a llevar t r a s sí las voluntades, n o sólo de los ojos de c u a n t o s le m i r a b a n . Comenzó luego la invidia a a p o d e r a r s e de los pechos de los que se habían d e p r o b a r en los j u e g o s , viendo con c u á n t a facilidad se había llevado el e x t r a n j e r o el precio de la c a r r e r a . 123 CERVANTES F u é el s e g u n d o c e r t a m e n el de la e s g r i m a : t o m ó el ganancioso la e s p a d a n e g r a , con la cual, a seis q u e le salieron, cada u n o de p o r sí, les c e r r ó las bocas, m o s q u e ó las narices, les selló los ojos y les santiguó las cabezas, sin q u e a él le tocasen, c o m o decirse suele, u n pelo de Ja r o p a . Alzó la voz el pueblo, y d e c o m ú n consentimiento le d i e r o n di p r e m i o p r i m e r o . L u e g o se a c o m o d a r o n o t r o s seis a la lucha, d o n d e con m a y o r gallardía dio de sí m u e s t r a el m o z o : descubrió sus dilatadas espaldas, sus a n c h o s y fortísimos pechos, y los nervios y m ú s c u l o s de sus fuertes b r a z o s , con los cuales, y con destreza y m a ñ a increíble, h i z o que las espaldas de los seis l u c h a d o r e s , a despecho y p e s a r suyo, q u e d a s e n i m p r e s a s en la t i e r r a . A s i ó luego de u n a p e s a d a b a r r a que estaba hincada en el suelo, p o r q u e le dijeron que era el t i r a r l a el c u a r t o c e r t a m e n ; sompesóla, y haciendo de señas a la gente q u e estaba delante p a r a q u e le diesen lugar d o n d e el tiro cupiese, t o m a n d o la b a r r a p o r la u n a p u n t a , sin volver el b r a z o a t r á s , la impelió con t a n t a fuerza, q u e , p a s a n d o los límites de la m a r i n a , fué menester que el m a r se los diese, en el cual bien a d e n t r o q u e d ó sepultada la b a r r a . E s t a m o n s t r u o s i d a d , n o t a d a de sus c o n t r a r i o s , les d e s m a y ó los bríos, y n o osaron p r o b a r s e en la contienda. P u s i é ronle luego la ballesta e n las m a n o s y a l g u n a s flec h a s , y m o s t r á r o n l e u n árbol m u y alto y m u y liso, al cabo del cual estaba hincada u n a media lanza, y en ella, de u n hilo, estaba asida u n a p a l o m a , a la 124 P E RS I LE S Y SIGISMUND A cual h a b í a n de t i r a r n o m á s de u n tiro los q u e en aquel c e r t a m e n quisiesen p r o b a r s e . " U n o , que p r e s u m í a de certero, se a d e l a n t ó y t o m ó la m a n o , creo yo, pensando d e r r i b a r la p a l o m a antes que o t r o ; tiró, y clavó su flecha casi en el fin de la lanza, del cual golpe, a z o r a d a la paloma, se levantó en el a i r e ; y luego, otro n o m e n o s p r e s u m i d o q u e el p r i m e r o , t i r ó con t a n gentil certería, q u e r o m p i ó el hilo d o n d e estaba asida la paloma, que suelta y libre del lazo que la detenía, entregó su libertad al v i e n t o y batió las alas con priesa. P e r o el ya a c o s t u m b r a d o a g a n a r los p r i m e r o s premios d i s p a r ó su f l e c h a ; y, c o m o si m a n d a r a lo que habia d e h a c e r , y ella tuviera entendimiento p a r a obedecerle, así lo hizo, p u e s , dividiendo el aire con u n r a s g a d o y t e n d i d o silbo, llegó a la paloma y le pasó el c o r a z ó n de p a r t e a p a r t e , quitándole a u n m i s m o p u n t o el vuelo y la vida. R e n o v á r o n s e con esto las voces d e los presentes y las alabanzas del e x t r a n j e r o ; el cuál en la c a r r e r a , en la esgrima, en la lucha, en la b a r r a y en el t i r a r de la ballesta, y e n t r e otras m u chas p r u e b a s que no cuenío, con g r a n d í s i m a s v e n t a j a s se llevó los p r i m e r o s premios, q u i t a n d o el trabajo a sus c o m p a ñ e r o s de p r o b a r s e en ellas. C u a n d o se acab a r o n los juegos, seria el crepúsculo de la n o c h e ; y c u a n d o el rey P o l i c a r p o quería levantarse de su asiento, con los jueces que con él estaban, p a r a p r e m i a r al vencedor m a n c e b o , vio que, puesto de rodillas ante él, le d i j o : 125 CERVANTES " — N u e s t r a n a v e q u e d ó sola y d e s a m p a r a d a ; la n o c h e cierra algo e s c u r a ; los p r e m i o s que p u e d o esp e r a r , que p o r ser de t u m a n o se deben estimar en lo posible, q u i e r o , ¡ oh g r a n s e ñ o r ! , q u e los dilates h a s t a o t r o tiempo, que con m á s espacio y comod i d a d pienso volver a servirte. " A b r a z ó l e el rey, p r e g u n t ó l e su n o m b r e , y dijo q u e se llamaba P e r i a n d r o . Q u i t ó s e en esto la bella S i n f o r o s a u n a g u i r n a l d a de flores con que a d o r n a b a su h e r m o s í s i m a cabeza, y la puso sobre la del gal l a r d o m a n c e b o , y, con honesta gracia, le dijo al p o nérsela : " — C u a n d o mi p a d r e sea t a n v e n t u r o s o de que volváis a v e r l e , veréis cómo no vendréis a servirle sino a ser s e r v i d o . " LIBRO II CAPITULO Cuenta Periandro el suceso X de su viaje. — " E l principio y p r e á m b u l o de mi historia, ya que queréis, señores, q u e os la cuente, q u i e r o q u e sea é s t e : que nos contempléis a mi h e r m a n a y a m í . con u n a anciana a m a suya, e m b a r c a d o s en una n a v e cuyo d u e ñ o , en el l u g a r de p a r e c e r m e r c a d e r , e r a u n g r a n cosario. L a s riberas de u n a isla b a r r í a m o s ; q u i e r o 126 PERSILES Y SIGISMUNDA decir q u e íbamos t a n cerca d e ella q u e d i s t i n t a m e n t e conocíamos, n o solamente los árboles, p e r o sus diferencias. M i h e r m a n a , c a n s a d a d e h a b e r a n d a d o a l g u n o s días p o r el m a r , deseó salir a r e c r e a r s e a la t i e r r a ; pidióselo al capitán, y como sus ruegos tienen siempre fuerza de m a n d a m i e n t o , consintió el capitán en el de su r u e g o , y en la p e q u e ñ a b a r c a de la n a v e , con solo u n m a r i n e r o , nos e c h ó en t i e r r a a m í y a mi h e r m a n a y a Cloelia, q u e éste era el n o m b r e de su a m a . A l t o m a r t i e r r a vio el m a r i n e r o q u e u n p e q u e ñ o río, p o r u n a pequeña boca, e n t r a b a a d a r al m a r su t r i b u t o ; hacíanle sombra p o r u n a y o t r a r i b e r a g r a n c a n t i d a d d e v e r d e s y h o j o s o s árboles, a quien servían de cristalinos espejos sus t r a n s p a r e n tes a g u a s . Rogárnosle se e n t r a s e p o r el río, pues la a m e n i d a d del sitio n o s convidaba. H í z o l o así, y com e n z ó a subir p o r el río a r r i b a , y habiendo p e r d i d o de v i s t a la n a v e , s o l t a n d o los r e m o s , se d e t u v o y d i j o : " M i r a d , señores, del m o d o q u e habéis de hacer este viaje, y h a c e d cuenta q u e esta pequeña b a r c a que a h o r a os lleva es v u e s t r o navio, p o r q u e n o habéis de volver m á s al que e n la m a r os q u e d a a g u a r d a n d o , si ya esta s e ñ o r a n o q u i e r e p e r d e r la h o n r a y vos, que decís que sois su h e r m a n o , la v i d a . " Di j o m e , en fin, q u e el capitán del n a v i o q u e r í a d a r m e a mí la m u e r t e , y que atendiésemos a n u e s t r o remedio, q u e él n o s seguiría y a c o m p a ñ a r í a en todo l u g a r y en todo acontecimiento. Si nos t u r b a m o s con esta n u e v a j u z g ú e l o el que estuviere a c o s t u m b r a d o a recebirlas 127 CERVANTES ma'las de los bienes q u e espera. A g r a d e c í l e el aviso y ofrecíJe la r e c o m p e n s a c u a n d o n o s viésemos en m á s felice e s t a d o . " A u n bien — d i j o Cloelia—, que traigo conmigo las j o y a s de mi s e ñ o r a . " Y a c o n s e j á n d o n o s los cuatro de lo que h a c e r debíamos, fué parecer del m a r i n e r o q u e nos e n t r á s e m o s el río a d e n t r o ; quizá d e s c u b r i r í a m o s a l g ú n l u g a r q u e nos defendiese, si a c a s o los de la nave viniesen a b u s c a r n o s . " M a s no v e n d r á n — d i j o — , p o r q u e n o h a y gente en todas estas islas q u e n o piense ser cosarios todos cuantos s u r c a n estas riberas, y en v i e n d o la nave o naves luego t o m a n las a r m a s p a r a d e f e n d e r s e , y si n o es con asaltos n o c t u r n o s y secretos, n u n c a salen m e d r a d o s los c o s a r i o s . " P a r e c i ó m e bien su consejo; t o m é yo el u n r e m o y ayudéle a llevar el trabajo. Subimos p o r el río a r r i b a , y h a b i e n d o a n d a d o como dos millas, llegó a n u e s t r o s oídos el son de m u c h o s y varios i n s t r u m e n t o s f o r m a d o , y luego se nos o f r e ció a la vista u n a selva de árboles movibles q u e de la una r i b e r a a la o t r a l i g e r a m e n t e c r u z a b a n : llegam o s m á s cerca, y conocimos ser b a r c a s e n r a m a d a s lo q u e p a r e c í a n árboles, y que el son le f o r m a b a n los i n s t r u m e n t o s que t a ñ i a n los que en ellas iban. A p e n a s nos h u b i e r o n descubierto, c u a n d o se vinieron a n o s o t r o s y r o d e a r o n n u e s t r o b a r c o p o r todas p a r t e s . L e v a n t ó s e en pie mi h e r m a n a , y, e c h á n d o s e sus herm o s o s cabellos a las espaldas, t o m a d o s p o r la frente con u n a cinta leonada o listón que le dio su a m a , h i z o d e sí casi divina e improvisa 128 muestra; que, ¿ Qué deidad es ésta que viene a visitarnos ? xxi.—9 PERSILES Y SIGISMUNDA c o m o después supe, p o r tal la t u v i e r o n t o d o s los que en las b a r c a s venían, los cuales, a voces, como dijo el m a r i n e r o , que las entendía, d e c í a n : "¿Qué es e s t o ? ¿ Q u é deidad es ésta q u e viene a v i s i t a r n o s y a d a r el p a r a b i é n al pescador C a r i n o y a la sin p a r Selviana de sus felicísimas b o d a s ? " L u e g o d i e r o n cabo a n u e s t r a b a r c a y nos llevaron a d e s e m b a r c a r n o lejos del lugar donde nos h a b í a n e n c o n trado. " A p e n a s p u s i m o s los pies en la ribera, cuando u n e s c u a d r ó n de p e s c a d o r e s , que así lo m o s t r a b a n ser en su t r a j e , n o s r o d e a r o n , y uno p o r u n o , llenos de a d m i r a c i ó n y reverencia, llegaron a besar las orillas del vestido de Auristela, mi hermana, la cual, a p e s a r del t e m o r q u e la congojaba d e las n u e v a s q u e la h a b í a n d a d o , se m o s t r ó a aquel p u n t o t a n h e r m o sa, q u e y o disculpo el e r r o r de aquellos q u e la t u v i e r o n p o r divina. P o c o desviados d e la ribera, v i m o s u n t á l a m o en g r u e s o s t r o n c o s de sabina sustentado, c u b i e r t o de v e r d e juncia, y oloroso con diversas flor e s , q u e s e r v í a n d e alcatifas al s u e l o ; v i m o s a n s i m i s m o l e v a n t a r s e de u n o s asientos dos m u j e r e s y dos h o m b r e s , ellas m o z a s y ellos gallardos m a n c e b o s ; la u n a , h e r m o s a s o b r e m a n e r a , y la otra, fea s o b r e m a n e r a ; el u n o , gallardo y gentil h o m b r e , y el o t r o , no t a n t o ; y todos c u a t r o se pusieron de r o d i llas a n t e A u r i s t e l a , y el m á s gentil h o m b r e dijo: " ¡ O h , t ú , quienquiera que seas, que n o puedes ser s i n o cosa del cielo! M i h e r m a n o y yo, con el e x 131 CERVANTES tremo a nuestras fuerzas posible, te agradecemos esta m e r c e d que n o s haces h o n r a n d o n u e s t r a s p o b r e s y y a de hoy m á s ricas b o d a s . V e n , señora, y si, en lugar d e los palacios d e cristal que e n el p r o f u n d o m a r dejas, como u n a de sus h a b i t a d o r a s , hallares en n u e s t r o s r a n c h o s las p a r e d e s de c o n c h a s y los t e j a dos de m i m b r e s , o, p o r m e j o r decir, las p a r e d e s de m i m b r e s y los t e j a d o s d e conchas, h a l l a r á s , p o r lo m e n o s , los deseos de o r o y las v o l u n t a d e s de perlas p a r a servirte. Y h a g o esta c o m p a r a c i ó n , q u e parece impropia, p o r q u e no hallo cosa m e j o r q u e el o r o ni m á s h e r m o s a q u e las p e r l a s . " Inclinóse a a b r a z a r l e A u r i s t e l a , c o n f i r m a n d o con su g r a v e d a d , cortesía y h e r m o s u r a la opinión q u e della t e n í a n . E l pesca- d o r m e n o s g a l l a r d o se a p a r t ó a d a r o r d e n a la d e m á s t u r b a a q u e levantasen las voces e n a l a b a n z a s de la recién v e n i d a e x t r a n j e r a y que tocasen t o d o s los i n s t r u m e n t o s en señal del regocijo. L a s dos pescad o r a s , fea y h e r m o s a , con sumisión h u m i l d e , besaron las m a n o s a A u r i s t e l a , y ella las a b r a z ó c o r t é s y a m i g a b l e m e n t e . E l m a r i n e r o , c o n t e n t í s i m o del suceso, dio cuenta a los p e s c a d o r e s del n a v i o que en el m a r quedaba, diciéndoles que e r a d e cosarios, de quien se temía que h a b í a n de venir p o r aquella d o n cella, que era u n a principal señora, hija de r e y e s : q u e p a r a m o v e r los c o r a z o n e s a su defensa le p a r e ció ser necesario l e v a n t a r este testimonio a mi h e r m a n a . A p e n a s e n t e n d i e r o n esto, c u a n d o d e j a r o n los i n s t r u m e n t o s regocijados y a c u d i e r o n a los bélicos. 132 PERSILES que tocaron "¡Arma, Y SIGISMUNDA arma!" por e n t r a m b a s ri- beras. " L l e g ó en esto la n o c h e : recogimonos al m i s m o r a n c h o de los desposados, pusiéronse centinelas h a s t a la m i s m a boca del río, cebáronse las n a s a s , tendiéronse las redes y a c o m o d á r o n s e los anzuelos, t o d o con intención de regalar y servir a sus nuevos h u é s p e d e s ; y, p o r m á s h o n r a r l o s , los dos recién d e s p o sados n o quisieron aquella noche p a s a r l a con sus esposas, sino d e j a r los r a n c h o s solos a ellas, y a A u r i s t e l a y a Cloelia, y q u e ellos, con sus amigos, conmigo y con el m a r i n e r o , se les hiciese g u a r d a y c e n t i n e l a ; y a u n q u e sobraba la claridad del cielo p o r la que ofrecía la de la creciente luna, y en la t i e r r a a r d í a n las h o g u e r a s que el n u e v o regocijo había encendido, quisieron los desposados q u e cenásemos en el campo los v a r o n e s y d e n t r o del r a n c h o las m u j e r e s . H í z o s e así, y fué la cena t a n a b u n d a n t e , q u e p a r e c i ó que la tierra se quiso a v e n t a j a r al m a r , y el m a r a la t i e r r a , en ofrecer la u n a sus carnes y la o t r a sus pescados. " P a s ó s e la n o c h e ; vino el día, cuya alborada fué regocijadísima, p o r q u e con nuevos y verdes r a m o s p a r e c i e r o n a d o r n a d a s las barcas de los p e s c a d o r e s ; s o n a r o n los i n s t r u m e n t o s con nuevos y alegres sones ; a l z a r o n las voces todos, con que se a u m e n t ó la a l e g r í a ; salieron los desposados p a r a irse a p o n e r en el t á l a m o donde h a b í a n estado el día de a m e s ; vis133 tht^a^étt *«[> CERVANTES t i é r o n s e Selviana y L e o n c i a de n u e v a s r o p a s de boda. " C e l e b r ó s e la fiesta, y luego salieron de e n t r e las b a r c a s del río c u a t r o d e s p a l m a d a s , vistosas p o r las d i v e r s a s colores con q u e v e n í a n p i n t a d a s , y los r e m o s , q u e e r a n seis de c a d a b a n d a , ni m á s ni m e n o s ; las b a n d e r e t a s , que v e n í a n m u c h a s p o r los filaretes, a n s i m i s m o e r a n de v a r i o s c o l o r e s ; los doce r e m e r o s de c a d a u n a v e n í a n vestidos d e blanquísimo y delg a d o lienzo, de aquel m i s m o m o d o q u e y o vine cuand o e n t r é la vez p r i m e r a en e s t a isla. L u e g o conocí q u e q u e r í a n l a s b a r c a s c o r r e r el palio, q u e se m o s t r a b a p u e s t o en el árbol de otra b a r c a , desviada de las c u a t r o c o m o t r e s c a r r e r a s de c a b a l l o ; e r a el palio d e t a f e t á n v e r d e , listado d e o r o , vistoso y g r a n d e , p u e s alcanzaba a besar y a u n a p a s e a r s e p o r las a g u a s . E l r u m o r de la gente y el son de los i n s t r u m e n t o s e r a t a n g r a n d e , que n o se d e j a b a e n t e n d e r Jo q u e m a n d a b a el c a p i t á n del m a r , que e n otra p i n t a d a b a r c a venía. A p a r t á r o n s e las e n r a m a d a s b a r cas a u n a y o t r a p a r t e del río, d e j a n d o u n espacio llano en m e d i o , p o r d o n d e las c u a t r o c o m p e t i d o r a s b a r c a s volasen, sin e s t o r b a r la vista a la infinita g e n t e que d e s d e el t á l a m o y d e s d e a m b a s riberas estaba a t e n t a a m i r a r l a s ; y estando ya los b o g a d o r e s asidos de las manillas de los r e m o s , descubiertos los b r a z o s , d o n d e se p a r e c í a n los g r u e s o s nervios, las a n c h a s v e n a s y los torcidos m ú s c u l o s , a t e n d í a n la señal de la p a r t i d a , impacientes p o r la t a r d a n z a , y 134 PERSILES Y SIGISMUNDA fogosos, bien ansí c o m o lo suele e s t a r el g e n e r o s o can d e I r l a n d a , c u a n d o su d u e ñ o n o l e q u i e r e soltar de la trailla a hacer la p r e s a q u e a la vista se le m u e s t r a . " L l e g ó , e n fin, la señal esperada, y a u n m i s m o tiempo a r r a n c a r o n todas cuatro b a r c a s , q u e n o p o r el a g u a , sino p o r el viento parecía q u e volaban. L a q u e t r a í a p o r insignia a la B u e n a F o r t u n a , c u a n d o e s t a b a d e s m a y a d a y casi p a r a dejar la empresa, a p r e t ó , c o m o decirse suele, ios p u ñ o s , y, deslizánd o s e p o r u n lado, p a s ó d e l a n t e d e t o d a s . C a m b i á r o n se los g r i t o s d e los q u e m i r a b a n , c u y a s voces sirv i e r o n de aliento a sus b o g a d o r e s , que, embebidos en el g u s t o de v e r s e m e j o r a d o s , les p a r e c í a que, si los q u e q u e d a b a n a t r á s entonces les llevaran la m i s m a w n t a j a , n o d u d a r a n de alcanzarlos ni de g a n a r el p r e m i o , como lo g a n a r o n , m á s p o r v e n t u r a que p o r ligereza. E n f i n : la B u e n a F o r t u n a fué la q u e la tuvo buena entonces. CAPITULO XII — " L a fiesta de mis pescadores, t a n regocijada como p o b r e , e x c e d i ó a las d e los t r i u n f o s r o m a n o s : q u e tal vez en la llaneza y en la h u m i l d a d suelen e s c o n d e r s e los regocijos m á s a v e n t a j a d o s . P e r o como las v e n t u r a s h u m a n a s estén p o r la m a y o r p a r t e pendientes d e hilos delgados, y los de la m u d a n z a fácilmente se q u i e b r a n y d e s b a r a t a n , c o m o se q u e b r a r o n las de i3S CERVANTES mis p e s c a d o r e s , y se retorcieron y fortificaron mis desgracias, aquella n o c h e la p a s a m o s t o d o s en u n a isla p e q u e ñ a q u e en la m i t a d del río se hacía, conv i d a d o s del v e r d e sitio y apacible l u g a r . H o l g á b a n s e los desposados, y o r d e n a r o n que e n aquella isla del río se r e n o v a s e n las fiestas y se c o n t i n u a s e n p o r t r e s días. L a sazón del tiempo, que e r a la del v e r a n o , la c o m o d i d a d del sitio, el r e s p l a n d o r d e la luna, el s u s u r r o d e las fuentes, la fruta d e los árboles, el olor de las flores, cada cosa d é s t a s d e p o r sí, y t o d a s j u n t a s , c o n v i d a b a n a t e n e r p o r a c e r t a d o el p a r e c e r de q u e allí estuviésemos el tiempo q u e las fiestas durasen. " P e r o a p e n a s nos h a b í a m o s r e d u c i d o a la isla, c u a n d o , d e e n t r e u n p e d a z o de b o s q u e q u e en ella estaba, salieron h a s t a c i n c u e n t a salteadores a r m a d o s a la ligera, bien c o m o aquellos q u e quieren r o b a r y h u i r , todo a u n m i s m o p u n t o ; y c o m o los descuid a d o s a c o m e t i d o s suelen ser vencidos con su m i s m o descuido, casi sin p o n e r n o s en defensa, t u r b a d o s con el sobresalto, a n t e s nos p u s i m o s a m i r a r q u e a c o m e ter a los l a d r o n e s , los cuales, como h a m b r i e n t o s lobos, a r r e m e t i e r o n al r e b a ñ o de las simples ovejas, y se llevaron, si n o en la boca, en los b r a z o s , a mi h e r m a n a A u r i s t e l a , a Cloelia, su a m a , y a Selviana y a Leoncia, c o m o si solamente v i n i e r a n a o f e n d e llas, p o r q u e se d e j a r o n m u c h a s o t r a s m u j e r e s a quien la n a t u r a l e z a h a b í a d o t a d o de singular h e r m o s u r a . Y o , a quien el e x t r a ñ o caso m á s colérico q u e s u s 136 PERSILES Y SIGISMUNDA p e n s ó m e p u s o , m e a r r o j é t r a s los salteadores, lo.s seguí con los ojos y con las voces, a f r e n t á n d o l o s , como si ellos fueran capaces de sentir a f r e n t a s , s o l a m e n t e p a r a i r r i t a r l o s a q u e mis injurias les m o v i e sen a volver a t o m a r v e n g a n z a d e e l l a s ; p e r o ellos, a t e n t o s a salir con su intento, o n o o y e r o n , o n o q u i sieron v e n g a r s e , y así se d e s a p a r e c i e r o n ; y luego los desposados y y o , con a l g u n o s de los principales p e s c a d o r e s , nos j u n t a m o s , como suele decirse, a c o n sejo, sobre q u é h a r í a m o s p a r a e n m e n d a r n u e s t r o y e r r o y c o b r a r n u e s t r a s p r e n d a s . U n o d i j o : " N o es posible sino q u e alguna n a v e de salteadores está en la m a r , y en p a r t e d o n d e con facilidad h a echado esta g e n t e en tierra, quizá sabidores de n u e s t r a j u n t a y d e nuestras fiestas. Si esto es ansí, como sin d u d a lo imagino, el m e j o r remedio es que salgan algunos b a r cos de los n u e s t r o s , y les ofrezcan t o d o el rescate que p o r la p r e s a quisieren, sin detenerse en él, t a n t o m á s c u a n t o q u e las p r e n d a s d e e s p o s a s , h a s t a las m i s m a s vidas de sus m i s m o s esposos merecen en r e s c a t e . " " Y o seré — d i j e e n t o n c e s — el que h a r é esa diligencia: q u e , p a r a c o n m i g o , t a n t o vale la p r e n d a de mi h e r m a n a como si fuera la vida d e t o d o s los del m u n d o . " L o m i s m o dijeron C a r i n o y Solercio, ellos llorando en público, y y o m u r i e n d o en secreto. "Cuando tomamos esta resolución, comenzaba a n o c h e c e r ; p e r o , con todo eso, n o s e n t r a m o s e n u n b a r c o los desposados y y o , con seis r e m e r o s : p e r o , c u a n d o salimos al m a r descubierto, había 137 acabado CERVANTES de c e r r a r la noche, p o r cuya escuridad n o vimos bajel alguno. D e t e r m i n a m o s de esperar el venidero día, p o r v e r si con la claridad d e s c u b r í a m o s a l g ú n navio, y q u i s o la s u e r t e q u e d e s c u b r i é s e m o s dos, el u n o que salía del a b r i g o de la t i e r r a , y el o t r o q u e v e n í a a t o m a r l a ; conocí que el q u e dejaba la t i e r r a e r a el m i s m o de q u i e n h a b í a m o s salido a la isla, así e n las b a n d e r a s c o m o e n las velas, q u e v e n í a n c r u z a d a s con u n a cruz r o j a ; los q u e v e n í a n de fuera las t r a í a n verdes, y los u n o s y los o t r o s e r a n cosarios. P u e s como y o imaginé q u e el navio q u e salía d e la isla e r a el d e los salteadores de la presa, hice p o n e r e n u n a lanza u n a b a n d e r a blanca de s e g u r o ; vine a r r i m a n d o al costado del navio, p a r a t r a t a r del rescate, llevando cuidado de q u e n o m e prendiese. A s o m ó s e el capit á n al b o r d e , y c u a n d o quise alzar la voz p a r a h a blarle, p u e d o decir q u e m e la (turbó y suspendió y c o r t ó e n la m i t a d del c a m i n o u n espantoso t r u e n o q u e f o r m ó el d i s p a r a r de u n t i r o de artillería de la n a v e de fuera, e n señal de que desafiaba a la batalla al navio d e t i e r r a . A l m i s m o p u n t o le fué respon- d i d o con o í r o n o m e n o s p o d e r o s o , y, en u n instante, se c o m e n z a r o n a c a ñ o n e a r l a s dos naves, c o m o si fueran de d o s conocidos y i r r i t a d o s enemigos. D e s vióse n u e s t r o b a r c o de en m i t a d de la furia, y desde lejos estuvimos m i r a n d o la b a t a l l a ; y habiendo j u g a d o la artillería casi u n a h o r a , se a f e r r a r o n los dos navios con u n a n o vista furia. L o s del navio de fuer a , o m á s v e n t u r o s o s , o, p o r m e j o r decir, m á s va138 PERSILES Y SIGISMUNDA lientes, saltaron en el navio de t i e r r a , y en u n i n s t a n t e d e s e m b a r a z a r o n t o d a la cubierta, q u i t a n d o la v i d a a sus enemigos, sin d e j a r a n i n g u n o con ella. " V i é n d o s e , p u e s , libres de sus ofensores, se dier o n a saquear el navio de las cosas m á s preciosas q u e tenía, que p o r ser de cosarios no era m u c h o , a u n q u e en mi estimación e r a n las m e j o r e s del m u n d o , p o r q u e se llevaron de las p r i m e r a s a mi h e r m a n a , a Selviana, a Leoncia y a Cloelia, con q u e enriquecieron su n a v e , pareciéndoles que en la h e r m o s u r a de A u r i s t e l a llevab a n u n precioso y n u n c a visto rescate. Q u i s e llegar con mi barca a hablar con el capitán de los vencedor e s ; p e r o como mi v e n t u r a a n d a b a siempre en los aires, u n o de tierra sopló y hizo a p a r t a r el n a v i o . N o pude llegar a él ni ofrecer imposibles p o r el r e s cate de la presa, y así fué forzoso el volvernos, sin n i n g u n a e s p e r a n z a de c o b r a r n u e s t r a p é r d i d a ; y, p o r n o ser otra la d e r r o t a q u e el n a v i o llevaba que a q u e lla q u e el viento le permitía, no podimos p o r entonces j u z g a r el c a m i n o que haría, ni señal que nos diese a e n t e n d e r quiénes fuesen los vencedores, p a r a j u z g a r siquiera, sabiendo su p a t r i a , las e s p e r a n z a s de n u e s t r o r e m e d i o . E l voló, en fin, p o r el m a r adelante, y n o s o t r o s , d e s m a y a d o s y tristes, nos e n t r a m o s en el río, d o n d e t o d o s los b a r c o s de los pescadores nos estaban esperando. N o sé si os diga, señores, lo que es forzoso d e c i r o s : u n cierto espíritu se e n t r ó entonces en mi pecho, q u e , sin m u d a r m e el ser, m e pareció q u e le tenía m á s que de h o m b r e , y así, le139 CERVANTES y a n t á n d o m e en pie sobre la barca, hice q u e la r o d e a sen t o d a s las d e m á s y estuviesen a t e n t o s a éstas o o t r a s semejantes razones que les d i j e : " L a baja fort u n a j a m á s se e n m e n d ó con la ociosidad n i con la p e r e z a ; en los ánimos encogidos n u n c a tuvo lugar la buena d i c h a ; n o s o t r o s m i s m o s n o s fabricamos n u e s t r a v e n t u r a , y n o h a y a l m a q u e n o sea capaz de l e v a n t a r s e a su a s i e n t o ; los c o b a r d e s , a u n q u e n a z can ricos, s i e m p r e son p o b r e s , como los a v a r o s m e n digos. E s t o os digo ¡ o h a m i g o s m í o s ! p a r a m o v e r o s y incitaros a que mejoréis v u e s t r a suerte y a q u e dejéis el p o b r e a j u a r de u n a s redes y de u n o s est r e c h o s b a r c o s , y busquéis los tesoros que tiene en sí e n c e r r a d o s el g e n e r o s o t r a b a j o : llamo g e n e r o s o al t r a b a j o del q u e se ocupa en cosas g r a n d e s . Si s u d a el cavador r o m p i e n d o la tierra, y a p e n a s saca p r e m i o q u e le sustente m á s que u n día, sin g a n a r fama alg u n a , ¿ p o r qué n o t o m a r á , en lugar de la a z a d a , u n a lanza, y, sin t e m o r del sol ni de t o d a s las inclemencias del cielo, p r o c u r a r á g a n a r con el sustento fama que le engrandezca sobre los d e m á s h o m b r e s ? L a g u e r r a , así c o m o es m a d r a s t r a de los c o b a r d e s , es m a d r e de los valientes, y los p r e m i o s que p o r ella se alcanzan se p u e d e n l l a m a r u l t r a m u n d a n o s . ¡ E a , p u e s , amigos, j u v e n t u d valerosa, p o n e d los ojos en aquel n a v i o que se lleva las c a r a s p r e n d a s de vuestros parientes, e n c e r r á n d o n o s en estotro q u e en la ribera no.-, d e j a r o n , casi, a lo que creo, p o r ordenación del c i e l o ! V a m o s tras él, y h a g á m o n o s p i r a t a s , no codiciosos, 140 PERSI LES Y SI GIS MUND A como son los d e m á s , sino justicieros, como lo s e r e mos n o s o t r o s . A t o d o s se n o s entiende el a r t e de la m a r i n e r í a ; bastimentos hallaremos en el navio, con todo lo necesario a la navegación, p o r q u e sus cont r a r i o s n o le d e s p o j a r o n m á s que de las m u j e r e s ; y si es g r a n d e el a g r a v i o que h e m o s recebido, g r a n d í s i m a es la ocasión q u e p a r a vengarle se nos ofrece. S í g a m e , p u e s , el q u e quisiere, q u e y o os suplico, y C a r i n o y Solercio os lo ruegan, que bien sé q u e n o m e h a n de d e j a r en esta valerosa e m p r e s a . " " A p e n a s h u b e acabado d e decir estas razones, c u a n d o se o y ó el m u r m u r e o p o r t o d a s las b a r c a s , p r o cedido de q u e u n o s con o t r o s se aconsejaban de lo que h a r í a n , y e n t r e todos salió u n a voz q u e d i j o : " E m b á r c a t e , g e n e r o s o huésped, y sé n u e s t r o c a p i t á n y n u e s t r a guía, que i o d o s t e s e g u i r e m o s . " E s t a t a n i m p r o v i s a resolución de t o d o s m e sirvió de felice auspicio, y, p o r t e m e r q u e la dilación de p o n e r en obra mi buen p e n s a m i e n t o n o les diese ocasión de m a d u r a r su discurso, m e adelanté con mi barco, al cual siguieron o t r o s casi c u a r e n t a : llegué a reconocer el n a v i o : entré d e n t r o , escudríñele t o d o , m i r é lo q u e tenía y lo que le faltaba, y hallé t o d o lo que me p u d o pedir el deseo q u e fuese necesario p a r a el viaje. A c o n séjeles q u e n i n g u n o volviese a t i e r r a , p o r quitar la ocasión de que el llanto de las mujeres y el de los queridos hijos n o fuese p a r t e p a r a dejar de p o n e r en efeto resolución t a n gallarda. T o d o s lo hicieron así, y desde allí se despidieron con la imaginación de s u s 141 XS3 CERVANTES p a d r e s , hijos y m u j e r e s . ¡ C a s o e x t r a ñ o , y q u e ha m e n e s t e r q u e la cortesía a y u d e a d a r l e c r é d i t o ! N i n g u n o volvió a tierra, ni se a c o m o d ó de m á s vestidos de aquellos con que había e n t r a d o e n el navio, en el cual, sin r e p a r t i r los oficios, todos servían de m a r i n e r o s y de pilotos, excepto y o , q u e fui n o m b r a d o p o r capitán p o r g u s t o de todos. Y , e n c o m e n d á n d o m e a D i o s , comencé luego a ejercer mi oficio, y lo p r i m e r o q u e m a n d é fué d e s e m b a r a z a r el n a v i o de los m u e r t o s q u e h a b í a n sido en la p a s a d a refriega, y limpiarle d e la s a n g r e d e q u e e s t a b a l l e n o ; o r d e n é que se buscasen t o d a s las a r m a s , ansí ofensivas c o m o defensivas, q u e e n él había, y, r e p a r t i é n d o l a s e n t r e t o d o s , di a cada u n o la q u e , a mi p a r e c e r , m e j o r le e s t a b a ; r e q u e r í los bastimentos, y, c o n f o r m e a la gente, tanteé para cuántos días serían bastantes, poco m á s o m e n o s . H e c h o esto, y h e c h a oración al cielo, suplicándole e n c a m i n a s e n u e s t r o viaje y f a v o reciese n u e s t r o s tan h o n r a d o s p e n s a m i e n t o s , m a n d é izar las velas, que a ú n se estaban a t a d a s a las ent e n a s , y que las d i é r a m o s al viento, q u e , c o m o se ha dicho, soplaba d e l a tierra, y, t a n alegres como a t r e vidos, y itan atrevidos c o m o confiados, c o m e n z a m o s a n a v e g a r p o r la m i s m a d e r r o t a que nos pareció que llevaba el navio de la presa. " V e i s m e aquí, señores q u e m e estáis e s c u c h a n d o , h e c h o pescador y c a s a m e n t e r o rico con mi q u e r i d a h e r m a n a , y p o b r e sin ella, r o b a d o de salteadores y subido al g r a d o de capitán c o n t r a ellos: q u e 142 las %4Ay PERSILES Y SIGISMUNDA vueltas de mi fortuna n o tienen u n p u n t o d o n d e p a r e n ni t é r m i n o s q u e las encierren. CAPITULO XVI — " D o s meses a n d u v i m o s p o r el m a r sin q u e n o s sucediese cosa de consideración alguna, puesto q u e le e s c o m b r a m o s de m á s de sesenta navios d e cosarios q u e , por serlo v e r d a d e r o s , a d j u d i c a m o s sus r o bos a n u e s t r o navio y le llenamos d e innumerables despojos, con q u e mis c o m p a ñ e r o s iban alegres, y n o les p e s a b a de h a b e r t r o c a d o el oficio de p e s c a d o r e s en el de p i r a t a s , p o r q u e ellos n o e r a n l a d r o n e s sino de ladrones, ni robaban sino lo r o b a d o . " S u c e d i ó , p u e s , que u n porfiado viento nos salteó u n a noche, q u e , sin d a r l u g a r a q u e a m a i n á s e m o s a l g ú n t a n t o o t e m p l á s e m o s las velas, en aquel t é r m i n o que las halló, las tendió y acosó, d e m o d o q u e , c o m o h e dicho, m á s d e u n m e s n a v e g a m o s p o r u n a m i s m a d e r r o t a ; t a n t o , que, t o m a n d o mi piloto el a l t u r a del polo d o n d e nos t o m ó el viento, y t a n t e a n d o las leguas q u e h a c í a m o s p o r h o r a , y los días q u e h a b í a m o s n a v e g a d o , hallamos ser cuatrocientas leguas, poco m á s o menos. Volvió el piloto a t o m a r la a l t u r a , y vio q u e estaba debajo del norte, en el p a r a j e de N o r u e g a , y con voz g r a n d e y m a y o r t r i s teza d i j o : " D e s d i c h a d o s de n o s o t r o s , que si el viento n o nos concede a d a r la vuelta p a r a seguir o t r o 143 CERVANTES c a m i n o , en éste se a c a b a r á el d e n u e s t r a v i d a , p o r q u e estarnos en el m a r glacial, digo, en el m a r helad o ; y si aquí nos saltea el hielo, q u e d a r e m o s em- p e d r a d o s en estas a g u a s . " A p e n a s h u b o dicho esto, c u a n d o s e n t i m o s q u e el n a v i o t o c a b a p o r los lados y p o r la quilla como e n movibles p e ñ a s , p o r d o n de se conoció q u e y a el m a r se comenzaba a helar, c u y o s m o n t e s d e hielo, q u e p o r d e n t r o se b a n , i m p e d í a n el m o v i m i e n t o del n a v i o . formaAmaina- m o s de golpe, p o r q u e , t o p a n d o en ellos, n o se abriese, y en t o d o aquel día y aquella n o c h e se congelar o n las a g u a s t a n d u r a m e n t e y se a p r e t a r o n d e m o d o q u e , cogiéndonos en medio, d e j a r o n al n a v i o eng a s t a d o e n ellas, como lo suele e s t a r la p i e d r a en el anillo. Casi c o m o en u n instante c o m e n z ó el hielo a e n t u m e c e r los cuerpos y a entristecer n u e s t r a s alm a s , y h a c i e n d o el miedo su oficio, c o n s i d e r a n d o el manifiesto peligro, n o n o s dimos m á s días d e v i d a q u e los q u e pudiese s u s t e n t a r el b a s t i m e n t o q u e en el n a v i o h u b i e s e , en el cual b a s t i m e n t o d e s d e aquel p u n t o se p u s o tasa y se r e p a r t i ó p o r orden, t a n m i serable y e s t r e c h a m e n t e , que desde luego c o m e n z ó a m a t a r n o s la h a m b r e . T e n d i m o s la vista p o r todas p a r t e s , y n o t o p a m o s con ella en cosa que p u d i e s e a l e n t a r n u e s t r a esperanza, si n o fué con u n bulto n e g r o q u e , a n u e s t r o parecer, estaría de n o s o t r o s seis o ocho m i l l a s ; p e r o luego i m a g i n a m o s q u e debía d e ser a l g ú n n a v i o a q u i e n la c o m ú n desgracia de hielo tenía a p r i s i o n a d o . E s t e peligro sobrepuja y se 144 PERSILES Y SIGISMUNDA adelanta a los infinitos en que de perder la vida m e he visto, p o r q u e u n miedo dilatado y u n temor n o vencido fatiga m á s el a l m a que una repentina muerte : que en el a c a b a r súbito se ahorran los miedos y los t e m o r e s q u e la muerte trae consigo, que suelea ser t a n malos c o m o la misma muerte. Esta, pues, que n o s a m e n a z a b a , tan hambrienta como larga, n o s hizo t o m a r u n a resolución, si n o desesperada, temer a r i a , p o r lo m e n o s , y fué que consideramos que, li los bastimentos se nos acababan, el morir d e h a m b r e e r a la m á s rabiosa muerte que puede caber en la imaginación h u m a n a ; y así, determinamos de salirnos del navio y c a m i n a r por encima del yelo, y ir a ver si en el q u e se parecía habría alguna cosa d e que a p r o v e c h a r n o s , o ya de grado, o y a por fuerza. " P ú s o s e en obra nuestro pensamiento, y en un¿ r. instante v i e r o n las aguas sobre sí formado, con pies enjutos, u n e s c u a d r ó n pequeño, pero de valentísi- m o s soldados, y siendo y o la guía, resbalando, c a y e n d o y l e v a n t a n d o , llegamos al otro navio, que l o e r a casi tan g r a n d e c o m o el nuestro. Había gente en él q u e , p u e s t a sobre ¿1 borde, adevinando la intención de n u e s t r a venida, a voces comenzó u n o a decirnos: " ¿ A q u é venís, g e n t e desesperada? ¿ Q u é buscáis? ¿ V e n í s , p o r v e n t u r a , a apresurar nuestra muerte y a m o r i r con nosotros? V o l v e o s a vuestro navio, y si os faltan b a s t i m e n t o s , roed las jarcias y encerrad e n v u e s t r o s e s t ó m a g o s los embreados leños, si e s posible, p o r q u e p e n s a r que os hemos de dar acogida i45 XXI.—10 CERVANTES será p e n s a m i e n t o vano y c o n t r a los p r e c e p t o s de la c a r i d a d , que h a d e c o m e n z a r de sí m i s m o . D o s meses dicen que suele d u r a r e s t e yelo q u e n o s detiene: p a r a quince días t e n e m o s s u s t e n t o ; si es bien q u e le r e p a r t a m o s con v o s o t r o s , a v u e s t r a consideración lo d e j o . " A lo q u e y o le r e s p o n d í : " E n los a p r e t a dos peligros t o d a r a z ó n se a t r o p e l l a ; n o h a y r e s p e t o q u e valga ni buen t é r m i n o que se g u a r d e . A c o g e d n o s en v u e s t r o n a v i o de g r a d o , y j u n t a r e m o s en él el b a s t i m e n t o q u e en el n u e s t r o q u e d a , y c o m á m o s l o a m i g a b l e m e n t e , antes que la precisa necesidad nos h a g a "mover las a r m a s y u s a r de la f u e r z a . " Esto le respondí y o , creyendo n o decían v e r d a d en la c a n t i d a d del b a s t i m e n t o q u e s e ñ a l a b a n ; p e r o ellos, viéndose s u p e r i o r e s y a v e n t a j a d o s en el p u e s t o , n o t e m i e r o n n u e s t r a s a m e n a z a s ni a d m i t i e r o n n u e s t r o s r u e g o s ; antes a r r e m e t i e r o n a las a r m a s y se p u s i e r o n en o r d e n d e defenderse. L o s n u e s t r o s , a quien la desesperación, de valientes, hizo valentísimos, a ñ a d i e n d o a la t e m e r i d a d nuevos b r í o s , a r r e m e t i e r o n al n a v i o y casi sin recebir h e r i d a l e e n t r a r o n y le g a n a r o n , y alzóse u n a v o z e n t r e n o s o t r o s que a t o d o s les q u i t á s e m o s la vida p o r a h o r r a r de balas y d e estómagos p o r d o n d e se fuese el b a s t i m e n t o que en el n a v i o hallásemos. Y o fui de p a r e c e r c o n t r a r i o , y, quizá p o r tenerle bueno, en esto n o s socorrió el cielo, como después d i r é , a u n q u e p r i m e r o q u i e r o decir o s que este navio era el de los cosarios q u e h a b í a n r o b a d o a mi h e r m a n a y a las dos recién desposadas 146 PERSILES Y SIGISMUNDA pescadoras. A p e n a s le h u b e reconocido, c u a n d o dije a v o c e s : "¿ Adonde tenéis, ladrones, n u e s t r a s a l m a s ¿Adonde e s t á n las v i d a s q u e nos r o b a s t e s ? ? ¿Qué habéis h e c h o de mi h e r m a n a A u r i s t e l a y d e l a s d o s , Selviana y Leoncia, partes, mitades de los c o r a z o nes de m i s buenos amigos Carino y S o l e r c i o ? " A lo que u n o m e r e s p o n d i ó : " E s a s m u j e r e s que dices l a s vendió n u e s t r o pescadoras capitán, q u e y a es m u e r t o , a A r n a l d o , príncipe de D i n a m a r c a . " CAPITULO XVIII — " E n t a n t o q u e los m í o s a n d a b a n e s c u d r i ñ a n d o y t a n t e a n d o los bastimentos q u e había e n el e m p e d r a d o navio, a deshora, y de improviso, de la p a r t e d e t i e r r a descubrimos q u e sobre los hielos c a m i n a b a u n e s c u a d r ó n d e a r m a d a gente, d e m á s d e c u a t r o mil p e r s o n a s f o r m a d o . D e j ó n o s m á s helados q u e el m i s m o m a r vista semejante, a p r e s t a n d o las a r m a s , m á s p o r m u e s t r a d e ser h o m b r e s q u e c o n pensamiento de defenderse. C a m i n a b a n sobre sólo u n pie, d á n d o s e con el derecho sobre el calcaño izquierdo, con q u e se impelían y resbalaban sobre e)l m a r g r a n d í s i m o t r e c h o , y luego, volviendo a reiterar el golpe, t o r n a b a n a r e s b a l a r otra g r a n pieza d e c a m i n o ; y desta suerte, en u n instante fueron con n o s o t r o s y n o s r o dearon p o r t o d a s p a r t e s , y u n o d e ellos, q u e , c o m o después s u p e , e r a el capitán d e todos, llegándose 147 CERVANTES cerca de n u e s t r o navio, a t r e c h o q u e p u d o ser oído, a s e g u r a n d o la paz con u n p a ñ o blanco q u e volteaba sobre el b r a z o , en lengua polaca, con voz clara, d i j o : " C r a t i l o , r e y de B i t u a n i a y s e ñ o r destos m a r e s , tiene p o r c o s t u m b r e de requerirlos con gente a r m a da, y sacar d e ellos los navios que del hielo están detenidos, a lo m e n o s la g e n t e y la mercancía que tuvieren, p o r cuyo beneficio se p a g a con t o m a r l a p o r suya. Si v o s o t r o s gustáredes de acetar este p a r t i d o , sin defenderos, gozaréis de las vidas y de la libertad, que n o se os h a de c a u t i v a r en n i n g ú n m o d o ; m i r a d l o , y si n o , a p a r e j a o s a d e f e n d e r o s de n u e s t r a s a r m a s , continuo v e n c e d o r a s . " " C o n t e n t ó m e la b r e v e d a d y la resolución del que nos hablaba. R e s p o n d í l e que m e dejase t o m a r p a r e c e r con n o s o t r o s m i s m o s , y fué el q u e mis pescadores m e dieron, decir que el fin de todos los males, y el m a y o r de ellos, era el a c a b a r la vida, la cual se h a bía de s u s t e n t a r por todos los medios posibles, c o m o n o fuesen p o r los de la i n f a m i a ; y q u e , pues en los p a r t i d o s q u e nos ofrecían no intervenía n i n g u n a , y del p e r d e r la vida estábamos t a n ciertos, como dudosos de la defensa, sería bien r e n d i r n o s y d a r lug a r a la mala f o r t u n a que entonces nos perseguía, p u e s podría ser que nos g u a r d a s e p a r a m e j o r ocasión. Casi esta m i s m a respuesta di al capitán del e s c u a d r ó n , y al p u n t o , m á s con apariencia de g u e r r a que con m u e s t r a s de paz, a r r e m e t i e r o n al navio, y en u n i n s t a n t e le d e s v a l i j a r o n t o d o , y t r a s l a d a r o n 148 t u g g w o PER SI LES Y fin SIGISMUNDA cuanto en él había, h a s t a la m i s m a artillería y j a r cias, a u n o s cueros de bueyes que sobre el hielo tend i e r o n ; liándolos por encima, a s e g u r a r o n p o d e r l o s llevar tirándolos con cuerdas, sin que se perdiese cosa alguna. R o b a r o n ansimismo lo que h a l l a r e n e n el otro n u e s t r o navio, y, poniéndonos a nosotros sobre otras pieles, alzando u n a a l e g r e vocería, nos t i r a r o n y nos llevaron a t i e r r a , que debía de estar desde el lugar del navio como veinte millas. P a r é c e m e a mí que debía d e ser cosa de ver c a m i n a r t a n t a g e n t e p o r cima de las a g u a s a pie e n j u t o , sin u s a r allí el cielo alguno de sus milagros. " E n fin, aquella noche llegamos a la ribera, de la cual n o salimos h a s t a otro día p o r la m a ñ a n a , q u e la vimos c o r o n a d a d e infinito n ú m e r o de g e n te, que a ver la presa de los helados y y e r t o s h a b í a n venido. V e n í a e n t r e ellos, sobre u n h e r m o s o caballo, el rey C r a t i l o , q u e , p o r las insignias reales con que se a d o r n a b a , conocimos ser quien e r a ; venía a sr. lado, asimismo a caballo, una h e r m o s í s i m a m u j e r , a r m a d a de u n a s a r m a s blancas, a quien no podían acabar de encubrir u n velo n e g r o con que v e n í a n cubiertas. L l e v ó m e t r a s sí la vista, t a n t o su buen p a r e cer como la gallardía del rey Cratilo, y, m i r á n d o l a con atención, conocí ser la h e r m o s a Sulpicia, a quien la cortesía de mis c o m p a ñ e r o s pocos días antes habían d a d o la libertad q u e entonces gozaba. A c u d i ó el rey a ver los rendidos, y, llevándome el capi.án asido de la m a n o , le d i j o : " E n este solo m a n c e b o 149 CERVANTES ¡ o h valeroso r e y C r a t i l o ! m e p a r e c e que te p r e s e n t o la m á s rica p r e s a q u e en r a z ó n de p e r s o n a h u m a n a h a s t a a g o r a h u m a n o s ojos h a n v i s t o . " " ¡ S a n t o s ciel o s ! — d i j o a esta sazón la h e r m o s a Sulpicia, a r r o j á n d o s e del caballo al suelo—. O y o n o tengo vista en los ojos, o es éste mi libertador, P e r i a n d r o . " Y el decir esto y a ñ u d a r m e el cuello con sus b r a z o s , fué t o d o u n o , c u y a s e x t r a ñ a s y a m o r o s a s m u e s t r a s oblig a r o n también a Cratilo a que del caballo se a r r o j a s e y con las m i s m a s señales de alegría m e recibiese. E n tonces la d e s m a y a d a e s p e r a n z a de a l g ú n buen suceso estaba lejos de los pechos de mis p e s c a d o r e s ; p e r o c o b r a n d o aliento e n las m u e s t r a s alegres con que v i e r o n recebirme, les h i z o b r o t a r p o r los ojos el cont e n t o y p o r l a s bocas las gracias q u e dieron a D i o s del n o e s p e r a d o beneficio: q u e y a le contaban, n o p o r beneficio, sino p o r singular y conocida m e r c e d . Sulpicia dijo a C r a t i l o : " E s t e m a n c e b o es u n sujeto d o n d e tiene su asiento la s u m a cortesía y su alberg u e la m i s m a l i b e r a l i d a d ; y a u n q u e y o t e n g o hecha esta experiencia, q u i e r o que tu discreción la a c r e dite, s a c a n d o p o r su gallarda presencia — y en esto bien se vee q u e hablaba c o m o agradecida, y a u n como e n g a ñ a d a — en limpio esta v e r d a d que te digo. E s t e fué el q u e m e dio libertad después de la m u e r t e de mi m a r i d o ; éste el que no despreció mis tesoros, sino el que n o los q u i s o ; éste fué el q u e , después de recebidas mis d á d i v a s , m e las volvió m e j o r a d a s , con el deseo de d á r m e l a s m a y o r e s , si p u d i e r a ; éste PERSILES Y SIGISMUNDA fué, en fin, el q u e , a c o m o d á n d o s e , o, p o r m e j o r , decir, haciendo a c o m o d a r a su g u s t o el de sus .soldados, d á n d o m e doce q u e m e a c o m p a ñ a s e n , m e tiene a h o r a en t u p r e s e n c i a . " Y o , entonces, a lo que c r e o , rojo el r o s t r o con las alabanzas, o ya a d u l a d o r a s o demasiadas, q u e de mí oía, n o s u p e m á s que h i n c a r m e de rodillas a n t e Cratilo, pidiéndole las m a n o s , que no m e las dio p a r a besárselas, sino p a r a l e v a n t a r m e del suelo. E n este e n t r e t a n t o , los doce p e s c a d o r e s que habían v e n i d o en g u a r d a de Sulpicia, a n d a b a n e n t r e la d e m á s g e n t e b u s c a n d o a s u s c o m p a ñ e r o s , a b r a z á n d o s e u n o s a o t r o s , y, llenos de c o n t e n t o y regocijo, se c o n t a b a n s u s b u e n a s y malas s u e r t e s : los del m a r , e x a g e r a b a n su yelo, y los de la t i e r r a , sus r i q u e z a s . " A mí — d e c í a el u n o — m e h a dado Sulpicia esta c a d e n a de o r o . " " A mí -r-decía o t r o — esta j o y a , q u e vale p o r d o s de e s a s c a d e n a s . " ''A mí —replicaba é s t e — m e dio t a n t o d i n e r o . " Y aquél rep e t í a : " M á s m e h a d a d o a mí e n este solo anillo de d i a m a n t e s q u e a todos v o s o t r o s j u n t o s . " " A t o d a s estas pláticas p u s o silencio u n g r a n r u m o r que se levantó e n t r e la gente, c a u s a d o del que hacía u n poderosísimo caballo b á r b a r o , a q u i é n dos valientes lacayos t r a í a n del freno, sin p o d e r s e a v e r i g u a r con él. E r a de color morcillo, p i n t a d o t o d o ; de moscas blancas, q u e s o b r e m a n e r a le hacían h e r m o s o ; venía en pelo, p o r q u e n o consentía ensillarse del m i s m o r e y ; p e r o n o le g u a r d a b a este respeto d e s p u é s de puesto encima, n o siendo b a s t a n t e s a d e t e n e r l e mil iSi CERVANTES montes de embarazos q u e a n t e él s e pusieran, de ln que el rey estaba tan pesaroso, q u e d i e r a u n a ciudad a quien sus malos siniestros le q u i t a r a . T o d o esto m e contó el rey breve y s u c i n t a m e n t e . CAPITULO XX — " L a grandeza, la ferocidad y la h e r m o s u r a del caballo que o s he descrito t e n í a n t a n e n a m o r a d o a Cnrtilo, y tan deseoso de verle m a n s o , como a m í de mostrar que deseaba servirle, p a r e c i é n d o m e q u e el cielo m e presentaba ocasión p a r a h a c e r m e a g r a d a b l e • l o s ojos de quien por señor tenía, y a p o d e r a c r e d i t a r c o n algo las alabanzas que la h e r m o s a Sulpicia de mí al rey había dicho. Y así, n o t a n m a d u r o como presuroso, fui donde estaba el caballo, y subí en él sin poner el pie e n el estribo, p u e s n o le tenía, y a r r e metí con él, sin que el freno fuese p a r t e p a r a d e t e nerle, y llegué a la punta de u n a p e ñ a q u e s o b r e la mar pendía, y , apretándole de n u e v o las p i e r n a s , con tan mal grado suyo como gusto m í o , le hice v o l a r por el aire y dar con entrambos e n la p r o f u n d i d a d de3 m a r ; y e n la mitad del vuelo m e a c o r d é que, pues el m a r estaba helado, m e había d e h a c e r p e d a z o s con el golpe, y tuve mi muerte y la s u y a p o r cierta. P e r o n o fué así, porque el cielo, que p a r a o t r a s cosas que éi sabe m e debe de tener g u a r d a d o , hizo q u e las piernas y brazos del poderoso caballo resistiesen el 153 Le hice volar por el aire y dar con entrambos en la profundidad del mar. PERSILES Y SIGISMUNDA golpe, sin recebir y o o t r o d a ñ o q u e h a b e r m e s a c u d i do de sí el caballo y echado a r o d a r , resbalando p o r g r a n espacio. N i n g u n o h u b o e n la r i b e r a que n o p e n sase y creyese que y o q u e d a b a m u e r t o ; p e r o c u a n d o m e vieron levantar en pie, a u n q u e t u v i e r o n el suceso a m i l a g r o , j u z g a r o n a locura mi a t r e v i m i e n t o . " V o l v í a la r i b e r a con el caballo, volví a s i m i s m o a subir en él, y, p o r los m i s m o s p a s o s q u e p r i m e r o , le incité a saltar segunda v e z ; p e r o n o fué posible, p o r q u e , p u e s t o en la p u n t a de la l e v a n t a d a peña, hizo t a n t a fuerza p o r n o a r r o j a r s e , q u e p u s o las ancas en el suelo y r o m p i ó las riendas, q u e d á n d o s e clavado en la tierra. Cubrióse luego de u n s u d o r de pies a cabeza, t a n lleno de m i e d o , q u e le volvió de león en c o r d e r o y de a n i m a l indomable en generoso caballo, de m a n e r a que los m u c h a c h o s se a t r e v i e r o n a m a n o searle, y los caballerizos del rey, enjaezándole, s u bieron en él y le c o r r i e r o n con seguridad, y él m o s t r ó su ligereza y su b o n d a d , h a s t a entonces j a m á s v i s t a ; de lo q u e el r e y q u e d ó contentísimo y Sulpicia alegre, p o r v e r q u e m i s o b r a s h a b í a n r e s p o n d i d o a sus palabras. " T r e s meses e s t u v o en su rigor el yelo, y éstos se t a r d a r o n en a c a b a r u n n a v i o que el r e y tenía comenzado p a r a c o r r e r en convenible tiempo aquellos m a r e s , limpiándolos de cosarios, enriqueciéndose con sus r o bos. E n este e n t r e t a n t o , le hice algunos servicios en la caza, d o n d e m e m o s t r é sagaz y e x p e r i m e n t a d o , y g r a n s u f r i d o r de t r a b a j o s ; p o r q u e en n i n g ú n ejerci»55 CERVANTES ció c o r r e s p o n d e así al de la g u e r r a c o m o el de ¡a caza, a quien es anejo el cansancio, la sed y la h a m b r e , y a u n a veces la m u e r t e . L a liberalidad de la h e r m o s a Sulpicia se m o s t r ó conmigo y con los míos e x t r e m a d a , y la cortesía de Craíilo le c o r r i ó p a r e j a s . L o s doce pescadores que t r u j o consigo Sulpicia est a b a n y a ricos, y los que conmigo se p e r d i e r o n , estaban g a n a d o s . A c a b ó s e el n a v i o ; m a n d ó el rey a d e r e zarle y p e r t r e c h a r l e de todas las cosas necesarias larg a m e n t e , y luego m e hizo capitán del, a t o d a m i v o l u n t a d , sin o b l i g a r m e a que hiciese cosa m á s de aquella que fuese de mi g u s t o . Y d e s p u é s d e h a b e r l e b e sado las m a n o s p o r t a n g r a n beneficio, le dije que m e diese licencia de ir a b u s c a r a mi h e r m a n a A u r i s tela, de q u i e n tenía noticia que estaba en p o d e r del r e y de D i n a m a r c a . Cratilo m e la dio p a r a t o d o aquello q u e quisiese hacer, diciéndome q u e a m á s le tenía obligado mi buen t é r m i n o , h a b l a n d o como rey, a quien es a n e j o t a n t o el hacer m e r c e d e s como la afabilidad y, si se puede decir, la b u e n a crianza. E s t a t u v o Sulpicia en todo e x t r e m o , a c o m p a ñ á n d o l a con la liberalidad, con la cual, ricos y contentos, yo y los míos nos e m b a r c a m o s , sin que q u e d a s e n i n g u n o . " L a p r i m e r d e r r o t a q u e t o m a m o s fué a D i n a m a r ca, donde creí hallar a mi h e r m a n a , y lo q u e hallé fueron n u e v a s de que, de la ribera del m a r , a ella y a otras doncellas las h a b í a n r o b a d o cosarios. R e n o v á r o n s e m i s t r a b a j o s , y c o m e n z a r o n de n u e v o mis lástimas, a quien a c o m p a ñ a r o n las de C a r i n o y Soi5<5 PERSILBS Y SIGISMUNDA lercio, los cuales creyeron que en la desgracia d e mi h e r m a n a y en su prisión se debía de c o m p r e h e n d e r la de sus esposas. " B a r r i m o s t o d o s los m a r e s , r o d e a m o s t o d a s o las más islas destos c o n t o r n o s , p r e g u n t a n d o siempre p o r nuevas de mi h e r m a n a , p a r e c i é n d o m e a mí, con paz sea dicho de todas las h e r m o s a s del m u n d o , que la luz de su r o s t r o no podía estar encubierta p o r ser escuro el lugar donde estuviese, y que la suma discreción suya h a b í a de ser el hilo que la sacase de cualquier laberinto. P r e n d i m o s cosarios, soltamos p r i s i o n e r o s ; restituímos h a c i e n d a s a sus dueños, a l zámonos con las mal g a n a d a s de otros, y con esto, colmando n u e s t r o navio de mil diferentes bienes de fortuna, quisieron los míos volver a sus redes y a sus casas y a los b r a z o s de sus hijos, i m a g i n a n d o Carino y Solercio ser posible hallar a sus esposas en su tierra, y a que en las ajenas n o las hallaban. A n t e s desto llegamos a aquella isla, que, a lo que creo, se llama Scinta, d o n d e s u p i m o s las fiestas de P o ü c a r p o , y a todos nos vino v o l u n t a d de hallarnos en ellas. N o p u d o llegar n u e s t r a n a v e , p o r ser el viento contrario, y así, en t r a j e de m a r i n e r o s b o g a d o r e s , nos e n t r a m o s en aquel barco luengo, como ya queda dicho. Allí g a n é los premios, allí fui c o r o n a d o p o r vencedor de t o d a s las contiendas, y de allí t o m ó ocasión Sinforosa de desear saber quién yo era, como se vio p o r las diligencias que p a r a ello hizo. V u e l t o al navio, y resueltos los míos de d e j a r m e , les r o g u é q u e ^ / CERVANTES m e dejasen el barco, c o m o e n p r e m i o de los t r a b a j o s q u e con ellos había p a s a d o . D e j á r o n m e l e , y a u n m e d e j a r a n el navio, si y o le quisiera, diciéndome q u e , si m e d e j a b a n solo, n o e r a o t r a la ocasión, sino p o r q u e les p a r e c í a ser sólo m i deseo, y t a n imposible de alcanzarle, como lo h a b í a m o s t r a d o la experiencia en las diligencias q u e h a b í a m o s h e c h o p a r a conseguirle. " E n r e s o l u c i ó n : con seis p e s c a d o r e s que quisieron s e g u i r m e , llevados del p r e m i o q u e les di y del q u e les ofrecí, a b r a z a n d o a mis amigos, m e e m b a r q u é , y p u s e la p r o a en una isla b á r b a r a , de cuyos m o r a d o r e s sabía ya la c o s t u m b r e y l a falsa profecía que los tenía e n g a ñ a d o s , la cual n o o s refiero porque sé que la sabéis. Di al t r a v é s en aquella isla; fui p r e s o y llevado d o n d e e s t a b a n los vivos e n t e r r a d o s : s a c á r o n m e otro día p a r a ser sacrificado; sucedió la t o r m e n t a del m a r ; d e s b a r a t á r o n s e los leños q u e servían de b a r c a s ; salí al m a r a n c h o e n u n pedazo dellas, con c a d e n a s q u e m e r o d e a b a n el cuello y esposas que m e ataban las m a n o s ; caí en las misericordiosas del príncipe A r n a l d o , q u e está p r e s e n t e , p o r cuya orden entré en la isla p a r a ser espía q u e investigase si e s taba e n ella mi h e r m a n a , no sabiendo que y o fuese h e r m a n o de A u r i s t e l a , la cual o t r o día vino e n t r a j e de v a r ó n a ser sacrificada. Conocíla, dolióme su d o lor, p r e v i n e su m u e r t e con decir que e r a hembra, como ya lo había d i c h o Cloelia, su a m a , que la a c o m p a ñ a b a ; y el m o d o c ó m o allí l a s dos vinieron, ella 158 PERSILES Y SIGISMUNDA lo d i r á c u a n d o quisiere. L o que en la isla nos sucedió, ya lo sabéis, y con esto y con l o q u e a mi h e r m a n a le q u e d a p o r decir, quedaréis satisfechos de casi todo aquello q u e a c e r t a r e a p e d i r o s el deseo en la certeza de n u e s t r o s s u c e s o s . " LIBRO III CAPITULO X En u n l u g a r , n o m u y p e q u e ñ o ni m u y g r a n d e , de cuyo n o m b r e n o m e a c u e r d o , y en m i t a d de la plaza del, había m u c h a gente j u n t a , t o d o s a t e n t o s m i r a n - d o y e s c u c h a n d o a d o s m a n c e b o s q u e , en t r a j e de recién r e s c a t a d o s de cautivos, e s t a b a n declarando las figuras de u n p i n t a d o lienzo q u e tenían tendido en el s u e l o ; parecía q u e se h a b í a n d e s c a r g a d o de dos p e s a d a s c a d e n a s q u e t e n í a n j u n t o a sí, insignias y r e l a t o r a s de su p e s a d a d e s v e n t u r a ; y u n o dellos, que debía de ser d e h a s t a veinticuatro a ñ o s , con voz clar a y en t o d o e x t r e m o e x p e r t a lengua, crujiendo de c u a n d o en c u a n d o u n c o r b a c h o , o, p o r m e j o r decir, azote q u e en la m a n o tenía, le sacudía d e manen que p e n e t r a b a los oídos y ponía los estallidos en el cielo, bien así c o m o hace el cochero, q u e , cast i g a n d o o a m e n a z a n d o sus caballos, h a c e r e s o n a r si' látigo p o r los aires. 159 E n t r e los q u e la l a r g a plática escuchaban, estab a n los dos alcaldes del pueblo, a m b o s ancianos, p e r o n o t a n t o el u n o como el o t r o . P o r d o n d e com e n z ó su a r e n g a el libre cautivo, fué d i c i e n d o : — E s t a , señores, q u e aquí veis pintada, es la ciud a d de A r g e l , gomia y tarasca de todas las riberas del m a r M e d i t e r r á n e o , p u e r t o universal de cosarios, y a m p a r o y refugio de ladrones, que, deste pequeñuelo p u e r t o que aquí v a p i n t a d o , salen con sus bajeles a inquietar el m u n d o , pues se a t r e v e n a p a s a r él plus u l t r a de las colunas de H é r c u l e s , y a acom e t e r y r o b a r las a p a r t a d a s islas, que, p o r estar r o d e a d a s del i n m e n s o m a r O c é a n o , p e n s a b a n estar seguras, a lo m e n o s de los bajeles turquescos. E s t e bajel que aquí veis r e d u c i d o a p e q u e ñ o , p o r q u e lo pide así la p i n t u r a , es u n a galeota de ventidós b a n cos, cuyo d u e ñ o y capitán es el t u r c o que en la crujía va en pie, con u n b r a z o en la m a n o , que c o r t ó a aquel cristiano q u e allí veis, p a r a que le sirva de r e b e n q u e y azote a los d e m á s cristianos q u e van a m a r r a d o s a sus bancos, t e m e r o s o n o le alcancen estas c u a t r o galeras q u e aquí veis, que le v a n , ent r a n d o y d a n d o caza. Aquel cautivo p r i m e r o del p r i m e r banco, cuyo r o s t r o le disfigura la s a n g r e que se le ha p e g a d o de los golpes del brazo m u e r t o , soy y o , que servía de espalder en esta g a l e o t a ; y el o t r o q u e está j u n t o a mí es éste m i c o m p a ñ e r o , n o tan sangriento, p o r q u e fué m e n o s apaleado. E s c u c h a d , señores, y estad a t e n t o s : quizá la aprehensión deste 160 PERSILES Y SIGISMUNDA l a s t i m e r o cuento os llevará a los oídos las a m e n a z a d o r a s y v i t u p e r o s a s voces que h a d a d o este p e r r o de D r a g u t , que así se llamaba el a r r á e z d e la galeot a , cosario t a n famoso como cruel, y t a n cruel como F a l a r i s o B u s i r i s , t i r a n o s de Sicilia; a lo m e n o s , a mí m e suena a g o r a el rospeni, maniyoc, el manahora y el deni- q u e , con coraje endiablado, va diciendo que t o d a s éstas son p a l a b r a s y razones t u r q u e s c a s , encam i n a d a s a la d e s h o n r a y vituperio de los c a u t i v o s c r i s t i a n o s : llámanlos de judíos, h o m b r e s de poco valor, de fee n e g r a y de p e n s a m i e n t o s viles, y, p a r a m a y o r h o r r o r y espanto, con los brazos m u e r t o s a z o t a n los c u e r p o s vivos. P a r e c e ser q u e u n o de los dos alcaldes había e s t a d o cautivo e n A r g e l m u c h o tiempo, el cual, con b a j a voz, dijo a su c o m p a ñ e r o : — E s t e cautivo, h a s t a a g o r a , p a r e c e que va d i c i e n d o v e r d a d , y q u e en lo general n o es cautivo f a l s o ; pero yo le e x a m i n a r é en lo particular, y v e r e m o s cómo d a la c u e r d a ; p o r q u e q u i e r o que sepáis q u e y o iba d e n t r o desta galeota, y no m e a c u e r d o d e h a b e r l e conocido p o r espalder de ella, si n o fué a u n A l o n s o Moclin, n a t u r a l de V é l e z - M á l a g a . Y volviéndose al cautivo, le d i j o : — D e c i d m e , amigo, c u y a s e r a n las g a l e r a s que os d a b a n caza, y si conseguistes p o r ella la libertad d e seada. — L a s galeras — r e s p o n d i ó el c a u t i v o — e r a n de 161 XXI.—II CERVANTES d o n S a n c h o de L e y v a ; la l i b e r t a d n o la conseguim o s , p o r q u e n o nos a l c a n z a r o n ; tuvímosla después, p o r q u e nos alzamos con u n a galeota que desde S a r gel iba a A r g e l c a r g a d a d e t r i g o ; venimos a O r a n con ella, y desde allí a M á l a g a , de d o n d e mi c o m p a ñ e r o y y o nos p u s i m o s en camino de Italia, con intención de servir a su m a j e s t a d , q u e Dios g u a r d e , en el ejercicio d e la g u e r r a . — D e c i d m e , amigos — r e p l i c ó el a l c a l d e — : ¿ c a u tivastes j u n t o s ? ¿ L l e v a r o n os a A r g e l del p r i m e r boleo, o a o t r a p a r t e d e B e r b e r í a ? — N o c a u t i v a m o s j u n t o s — r e s p o n d i ó el o t r o caut i v o — , p o r q u e y o cautivé j u n t o a Alicante, en u n n a v i o de lanas q u e p a s a b a a G e n o v a ; mi c o m p a ñ e r o en los P e r c h e l e s de M á l a g a , a d o n d e era pescador. Conocímonos en T e t u á n , d e n t r o de u n a m a z m o r r a ; hemos sido amigos, y corrido una misma fortuna m u c h o t i e m p o ; y, p a r a diez o doce c u a r t o s q u e a p e n a s n o s h a n ofrecido de limosna sobre el lienzo, m u c h o nos aprieta el s e ñ o r alcalde. — N o m u c h o , s e ñ o r galán —replicó el alcalde—, q u e a ú n n o están d a d a s todas las vueltas de la m a n c u e r d a ; e s c ú c h e m e y d í g a m e : ¿ C u á n t a s p u e r t a s tiene A r g e l , y c u á n t a s fuentes, y c u á n t o s pozos de a g u a dulce ? —¡ L a p r e g u n t a es b o b a ! — r e s p o n d i ó el p r i m e r c a u t i v o — ; t a n t a s p u e r t a s tiene c o m o tiene casas, y t a n t a s fuentes, que y o n o las sé, y t a n t o s pozos que no los he visto, y los t r a b a j o s que yo en él he p a s a d o 162 PERSILES Y SIGISMUNDA m e h a n q u i t a d o la m e m o r i a de mí m i s m o ; y si el s e ñ o r alcalde quiere i r c o n t r a la c a r i d a d cristiana, recogeremos los c u a r t o s y a l z a r e m o s la tienda, y a D i o s a h o , q u e t a n buen p a n hacen a q u í c o m o en Francia. E n t o n c e s el alcalde llamó a u n h o m b r e de los que e s t a b a n e n el c o r r o , que al p a r e c e r servía de p r e g o n e r o en el lugar, y tal vez de v e r d u g o c u a n d o se ofrecía, y d í j o l e : — G i l B e r r u e c o , id a la plaza, y t r a e d m e aquí luego los p r i m e r o s d o s a s n o s que t o p á r e d e s ; que, p o r vida del rey n u e s t r o señor, que h a n d e p a s e a r las calles en ellos estos dos señores cautivos, q u e con t a n t a libertad quieren u s u r p a r la limosna de los v e r d a d e r o s pobres, contándonos m e n t i r a s y embelecos, e s t a n d o sanos como u n a m a n z a n a y con m á s fuerzas p a r a t o m a r u n a a z a d a en la m a n o , q u e n o u n corbacho p a r a d a r estallidos en seco. Y o h e e s t a d o en Argel cinco años esclavo, y sé que n o m e dais señas del en n i n g u n a cosa de c u a n t a s habéis dicho. — ¡ C u e r p o del m u n d o ! — r e s p o n d i ó el c a u t i v o — . ¿ E s posible que ha de q u e r e r el señor alcalde q u e seamos ricos de memoria, siendo t a n p o b r e s de d i n e r o s , y que, p o r u n a niñería que no i m p o r t a t r e s a r d i t e s , q u i e r a q u i t a r la h o n r a a dos t a n insignes estudiantes como nosotros, y j u n t a m e n t e q u i t a r a su m a j e s t a d dos valientes soldados, que í b a m o s a esas I t a l i a s y a esos F l a n d e s a r o m p e r , a d e s t r o z a r , a 163 CERVANTES h e r i r y a m a t a r los enemigos de la santa fe católica q u e t o p á r a m o s ? P o r q u e , si va a decir v e r d a d , que en fin es hija de D i o s , q u i e r o que sepa el señor alcalde q u e n o s o t r o s n o s o m o s cautivos, sino estudiantes de S a l a m a n c a , y, en la m i t a d y en lo m e j o r de n u e s t r o s estudios, n o s vino g a n a de v e r m u n d o y de s a b e r a qué sabía la v i d a d e la g u e r r a , como sabíamos el g u s t o de la vida de la paz. P a r a facilitar y p o n e r en o b r a este deseo, a c e r t a r o n a p a s a r p o r allí u n o s cautivos, q u e t a m b i é n lo debían d e ser falsos c o m o n o s o t r o s a g o r a ; les c o m p r a m o s este lienzo y nos i n f o r m a m o s de algunas cosas d e las d e A r g e l , q u e nos p a r e c i ó ser b a s t a n t e s y necesarias p a r a a c r e d i t a r n u e s t r o e m b e l e c o ; vendimos n u e s t r o s libros y n u e s t r a s a l h a j a s a menosprecio, y, c a r g a d o s con esta m e r c a d e r í a , h e m o s llegado h a s t a a q u í ; p e n s a m o s p a s a r adelante, si es que el señor alcalde n o m a n d a o t r a cosa. — L o q u e pienso h a c e r es — r e p l i c ó el alcalde— d a r o s cada cien azotes, y, en l u g a r de la pica q u e vais a a r r a s t f r j a r en F l a n d e s , p o n e r o s u n r e m o en las m a n o s q u e le cimbréis e n el a g u a en las galeras, con quien quizá h a r é i s m á s servicio a su m a j e s t a d q u e con la pica. — ' ¿ Q u e r r á s e — r e p l i c ó el m o z o h a b l a d o r — mos- t r a r a g o r a el señor alcalde ser un legislador de A t e n a s , y q u e la r i g u r i d a d de su oficio llegue a los oídos de los señores del Consejo, donde, a c r e d i t á n dole con ellos, le t e n g a n p o r severo y justiciero, y 164 PERSILES Y SIGISM UNDA le c o m e t a n negocios de i m p o r t a n c i a , d o n d e m u e s t r e su severidad y su justicia? P u e s sepa el señor a l calde que summum jus, summa injuria. — M i r a d cómo habláis, h e r m a n o — r e p l i c ó el seg u n d o a l c a l d e — , que aquí n o hay justicia con l u j u ria : q u e t o d o s los alcaldes deste lugar h a n sido, son y s e r á n limpios y castos c o m o el pelo de la m a s a ; y hablad m e n o s , que os será sano. Volvió en esto el p r e g o n e r o , y d i j o : — S e ñ o r alcalde, y o n o he topado e n la plaza a s n o s n i n g u n o s , sino a los dos regidores B e r r u e c o y Crespo, que a n d a n en ella p a s e á n d o s e . — P o r asnos os envié y o , m a j a d e r o , que n o p o r r e g i d o r e s ; p e r o volved y traeldos acá, p o r sí o p o r no, q u e q u i e r o que se hallen presentes al p r o n u n ciar desta sentencia, que h a de ser, sin e m b a r g o , y n o h a de q u e d a r p o r falta de a s n o s ; q u e , gracias sean dadas al cielo, h a r t o s h a y en este l u g a r . — N o le t e n d r á v u e s a merced, señor alcalde, en el cielo — r e p l i c ó el m o z o — si p a s a adelante con esa r e g u r i d a d . P o r quien Dios es, q u e vuesa merced considere que no h e m o s r o b a d o t a n t o que podemos d a r a censo ni f u n d a r n i n g ú n m a y o r a z g o ; a p e n a s g r a n j e a m o s el m í s e r o sustento con n u e s t r a industria, q u e n o deja de ser trabajosa, como lo es la de los oficiales y j o r n a l e r o s . M i s p a d r e s n o nos enseñaron oficio alguno, y así, nos es forzoso que r e m i t a m o s a la industria lo que habíamos de remitir a las m a n o s si t u v i é r a m o s oficio. Castigúense los que c o 165 CERVANTES h e d í a n , los escaladores de c a s a s , los salteadores de c a m i n o s , los testigos falsos p o r dineros, los mal e n t r e t e n i d o s e n la república, los ociosos y baldíos en ella, q u e n o sirven de o t r a cosa q u e de acrecent a r el n ú m e r o de los p e r d i d o s , y d e j e n a los m í s e r o s que van su c a m i n o d e r e c h o a servir a su m a j e s t a d con la fuerza de sus brazos y con la agudeza de sus ingenios, p o r q u e n o h a y m e j o r e s soldados q u e los que se t r a s p l a n t a n d e la t i e r r a d e los estudios en los c a m p o s de la g u e r r a ; n i n g u n o salió de estudiante p a r a soldado que n o lo fuese p o r e x t r e m o , p o r q u e cuando se a v i e n e n y se j u n t a n las fuerzas con el ingenio, y el ingenio c o n las fuerzas, hacen u n comp u e s t o m i l a g r o s o , con quien M a r t e se alegra, la paz se s u s t e n t a y la república se e n g r a n d e c e . A d m i r a d o s e s t a b a n todos los circunstantes, así de las r a z o n e s del m o z o , c o m o d e la velocidad con que hablaba, el cual, p r o s i g u i e n d o , d i j o : — E s p u l g ú e n o s el señor alcalde, mírenos y r e m í renos, y h a g a escrutinio d e las costuras de n u e s t r o s vestidos, y si en todo n u e s t r o p o d e r hallare seis r e a les, no sólo nos m a n d e d a r ciento, sino seis cuentos d e azotes. V e a m o s , p u e s , si la adquisición de t a n p e q u e ñ a c a n t i d a d d e interés m e r e c e ser castigada con a f r e n t a s y m a r t i r i z a d a con g a l e r a s ; y así, otra vez digo q u e el señor alcalde se remire en esto, n o se a r r o j e y precipite a p a s i o n a d a m e n t e a hacer lo q u e , d e s p u é s de hecho, q u i z á le c a u s a r a p e s a d u m b r e . L o s jueces discretos castigan, p e r o n o t o m a n v e n g a n z a de 166 PERSILES Y SIGISMUNDA los d e l i t o s ; los p r u d e n t e s y los piadosos mezclan la equidad con la justicia, y, e n t r e eá rigor y la clemencia, d a n luz de su buen entendimiento. — P o r D i o s — d i j o el segundo alcalde—, que este m a n c e b o h a hablado bien, a u n q u e h a h a b l a d o m u cho, y que, n o solamente n o tengo de c o n s e n t i r q u e los azoten, sino que los t e n g o de llevar a mi casa y ayudarles p a r a su camino, con condición q u e le lleven derecho, sin a n d a r s u r c a n d o l a t i e r r a de u n a en o t r a s p a r t e s , p o r q u e , si así lo hiciesen, m á s p a r e cerían viciosos que necesitados. Y a el p r i m e r alcalde, m a n s o y piadoso, b l a n d o y compasivo, d i j o : — N o quiero que v a y a n a v u e s t r a casa, sino a la mía, d o n d e les quiero d a r u n a lición de las cosas de A r g e l , tal, que de aquí adelante n i n g u n o les coja en mal latín en c u a n t o a su fingida historia. L o s cautivos se l o a g r a d e c i e r o n , y los circunstantes a l a b a r o n su h o n r a d a determinación. CAPITULO XI Llegóse el día, y t o m a r o n los p e r e g r i n o s el camino de V a l e n c i a ; los cuales, otro día, al salir de la a u r o ra, que p o r los balcones de O r i e n t e se asomaba, b a r r i e n d o el cielo de las estrellas y a d e r e z a n d o el c a m i n o p o r d o n d e el sol había de hacer su a c o s t u m b r a d a c a r r e r a , B a r t o l o m é , q u e así c r e o se llamaba 167 CERVANTES el g u i a d o r del bagaje, viendo salir el sol t a n alegre y r e g o c i j a d o , b o r d a n d o las n u b e s de los cielos con diversas colores, de m a n e r a que n o se podia ofrecer o t r a cosa m á s a l e g r e y m á s h e r m o s a a l a vista, y con r ú s t i c a discreción d i j o : •—Verdad debió de decir el p r e d i c a d o r que p r e d i c a b a los días p a s a d o s e n n u e s t r o pueblo cuando dijo q u e los cielos y la t i e r r a a n u n c i a b a n y declaraban l a s g r a n d e z a s del S e ñ o r . P a r d i e z q u e , si y o n o con o c i e r a a D i o s p o r lo q u e m e h a n enseñado m i s p a d r e s y los sacerdotes y ancianos de m i lugar, le .viniera a r a s t r e a r y conocer viendo la inmensa g r a n d e z a destos cielos, q u e m e dicen q u e son m u c h o s , o, a l o m e n o s , q u e llegan a once, y p o r la g r a n d e za d e s t e sol q u e n o s a l u m b r a , q u e , con no p a r e c e r m a y o r que u n a rodela, es m u c h a s veces m a y o r que t o d a la t i e r r a , y m á s q u e , con ser t a n g r a n d e , a f i r m a n q u e es t a n ligero q u e c a m i n a en y e n t i c u a t r o h o r a s m á s de trecientas mil leguas. L a v e r d a d que sea, y o no creo n a d a d e s t o ; p e r o dícenlo tantos h o m b r e s de bien, q u e , a u n q u e h a g o fuerza al entendim i e n t o , lo creo. P e r o d e lo q u e m á s m e a d m i r o es q u e debajo d e n o s o t r o s h a y o t r a s gentes, a quien l l a m a n a n t í p o d a s , sobre cuyas cabezas, los q u e a n d a m o s acá a r r i b a , t r a e m o s puestos los pies, cosa que m e p a r e c e imposible; q u e , p a j a t a n g r a n c a r g a como la n u e s t r a , fuera m e n e s t e r q u e t u v i e r a n ellos las cabezas d e b r o n c e . 168 PENSILES Y SIGISMUNDA R i ó s e P e r i a n d r o de la rústica astrología del m o z o , y di j ó l e : — B u s c a r q u e r r í a razones a c o m o d a d a s ¡ o h B a r t o l o m é ! p a r a d a r t e a e n t e n d e r el e r r o r en q u e e s t á s y la v e r d a d e r a p o s t u r a del m u n d o , p a r a lo cual e r a m e n e s t e r t o m a r m u y de a t r á s sus p r i n c i p i o s ; p e r o a c o m o d á n d o m e con tu ingenio, h a b r é d e c o a r t a r el m í o y decirte sola u n a c o s a : y es q u e q u i e r o q u e e n t i e n d a s p o r v e r d a d infalible q u e la t i e r r a e s cent r o del cielo; llamo centro u n p u n t o indivisible a quien todas l a s líneas de su circunferencia v a n a p a r a r ; t a m p o c o m e p a r e c e que h a s de e n t e n d e r e s t o ; y así, d e j a n d o estos t é r m i n o s , quiero que t e contentes con saber que t o d a la t i e r r a tiene p o r alto el cielo, y en cualquier p a r t e della d o n d e los h o m b r e s estén h a n de e s t a r cubiertos con el c i e l o ; así q u e , c o m o a n o s o t r o s el cielo q u e ves n o s cubre, asim i s m o c u b r e a los a n t í p o d a s q u e dicen, sin estorbo alguno, y como, n a t u r a l m e n t e , lo o r d e n ó la N a t u r a leza, m a y o r d o m a del v e r d a d e r o D i o s , criador del cielo y de la t i e r r a . N o se descontentó el m o z o de oír las razones de Periandro, que también dieron gusto a Auristela, a la condesa y a su h e r m a n o . Con estas y otras cosas iba enseñando y entreteniendo el camino P e r i a n d r o D e allí a algunos días, llegó n u e s t r o h e r m o s o esc u a d r ó n a u n lugar d e moriscos, que estaba p u e s t o c o m o u n a legua de la m a r i n a , en el reino de V a lencia. H a l l a r o n en él, n o mesón en q u e a l b e r g a r s e , 160 CERVANTES sino todas las casas del l u g a r con a g r a d a b l e hospicio los c o n v i d a b a n ; viendo lo cual, A n t o n i o d i j o : — Y o n o sé quién dice mal desta g e n t e , que todos m e p a r e c e n u n o s santos. —'Con p a l m a s — d i j o P e r i a n d r o — recibieron al S e ñ o r en J e r u s a l é n los m i s m o s que d e allí a pocos días le p u s i e r o n en u n a c r u z . A g o r a b i e n : a D i o s y a la v e n t u r a , como decirse suele, acetemos el convite que n o s h a c e este b u e n viejo, q u e con su casa nos convida. Y e r a así v e r d a d , q u e u n a n c i a n o morisco, casi p o r fuerza, asiéndolos p o r las esclavinas, Jos metió en casa, y dio m u e s t r a s de a g a s a j a r l o s n o morisca, sino c r i s t i a n a m e n t e . Salió a servirlos u n a hija suya, v e s t i d a en t r a j e m o r i s c o , y en él t a n h e r m o s a , q u e las m á s g a l l a r d a s cristianas t u v i e r a n a v e n t u r a el p a r e c e r í a : q u e en las g r a c i a s q u e N a t u r a l e z a r e p a r te, t a m b i é n suele favorecer a las b á r b a r a s de Citia, c o m o a las c i u d a d a n a s d e T o l e d o . E s t a , pues, h e r m o s a y m o r a , en lengua a l j a m i a d a , asiendo a C o s t a n z a y a A u r i s t e l a d e las m a n o s , se e n c e r r ó con ellas en u n a sala baja, y, e s t a n d o solas, sin soltarles las m a n o s , r e c a t a d a m e n t e m i r ó a t o d a s partes, t e m e r o s a de ser escuchada, y, después q u e h u b o a s e g u r a d o el miedo q u e m o s t r a b a , les d i j o : — ¡ A y , señoras, y cómo habéis v e n i d o como m a n sas y simples ovejas al m a t a d e r o ! ¿ V e i s este viejo, que con v e r g ü e n z a digo q u e es mi p a d r e , véisle t a n a g a s a j a d o r v u e s t r o ? P u e s sabed que n o p r e t e n d e o t r a 170 PERSILES Y SIGISMUNDA cosa sino ser v u e s t r o v e r d u g o . E s t a noche se h a n de llevar en peso, si así se p u e d e decir, diez y seis bajeles de cosarios berberiscos, a toda la g e n t e de este l u g a r , con t o d a s sus haciendas, sin d e j a r en él cosa q u e les m u e v a a volver a buscarla. P i e n s a n estos d e s v e n t u r a d o s q u e en B e r b e r í a está el g u s t o de sus c u e r p o s y la salvación de sus a l m a s , sin a d v e r t i r que, de m u c h o s pueblos que allá se h a n p a s a d o casi enteros, n i n g u n o h a y que dé o t r a s n u e v a s sino de a r r e p e n t i m i e n t o , el cual les viene j u n t a m e n t e con las q u e j a s de su d a ñ o . L o s m o r o s de B e r b e r í a p r e g o n a n glorias de aquella tierra, al sabor de las cuales cor r e n los moriscos de ésta, y dan en los lazos de su d e s v e n t u r a . Si queréis e s t o r b a r la v u e s t r a y conserv a r la libertad en que v u e s t r o s p a d r e s os e n g e n d r a ron, salid luego d e esta casa y acogedos a la iglesia, que en ella hallaréis quien os a m p a r e , q u e es el cura, que sólo él y el escribano son en este l u g a r cristianos viejos. H a l l a r é i s t a m b i é n allí al j a d r a q u e J a r i f e , que es u n tío m í o , m o r o sólo en el n o m b r e , y en las o b r a s cristiano. Contaldes lo q u e p a s a , y decid que os lo dijo R a í a l a , que con esto seréis creídos y a m p a r a d o s ; y n o lo echéis en burla, si n o queréis que las v e r a s os desengañen a v u e s t r a c o s t a : q u e no hay m a y o r e n g a ñ o que venir el d e s e n g a ñ o tarde. E l susto, las acciones con que R a f a l a esto decía, se asentó en las almas de A u r i s t e l a y d e Constanza, de m a n e r a que fué creída, y no le respondieron otra cosa que fuese m á s q u e a g r a d e c i m i e n t o s . L l a m a r o n 171 CERVANTES luego a P e r i a n d r o y a A n t o n i o , y, contándoles lo q u e p a s a b a , sin t o m a r ocasión a p a r e n t e , se salieron de la casa c o n todo lo que t e n í a n . B a r t o l o m é , que quisiera m á s d e s c a n s a r q u e m u d a r de p o s a d a , pesóle de la m u d a n z a ; p e r o , en e í e t o , obedeció a sus señores. L l e g a r o n a la iglesia, d o n d e fueron bien recebidos del c u r a y del j a d r a q u e , a quien c o n t a r o n lo que R a íala les había dicho. E l c u r a d i j o : — M u c h o s días ha, s e ñ o r e s , que n o s d a n s o b r e salto con la v e n i d a de esos bajeles d e B e r b e r í a ; y a u n q u e es c o s t u m b r e suya hacer estas e n t r a d a s , la t a r d a n z a de ésta m e tenía ya algo descuidado. E n t r a d , hijos, q u e buena t o r r e tenemos, y buenas y f e r r a d a s p u e r t a s la iglesia, q u e , si n o es m u y de p r o p ó s i t o , n o p u e d e n ser d e r r i b a d a s ni a b r a s a d a s . — ¡ A y — d i j o a esta sazón el j a d r a q u e — , si han de v e r mis ojos, antes que se cierren, libre esta t i e r r a d e s t a s espinas y m a l e z a s que la o p r i m e n ! ¡ A y , c u á n d o llegará el tiempo q u e tiene profetizado un abuelo m í o , famoso en la astrología, d o n d e se v e r á E s p a ñ a de todas p a r t e s e n t e r a y m a c i z a en la religión cristiana, q u e ella sola es el rincón del m u n d o d o n d e está recogida y v e n e r a d a la v e r d a d e r a v e r d a d de C r i s t o ! M o r i s c o soy, señores, y ojalá que n e g a r l o p u d i e r a ; p e r o n o p o r esto dejo de ser c r i s t i a n o : q u e las d i v i n a s g r a c i a s las da Dios a quien él es servido, el cual tiene p o r c o s t u m b r e , como v o s o t r o s mejor sabéis, de h a c e r salir su sol sobre los buenos y los m a l o s , y llover sobre los j u s t o s y los injustos. D i g o , 172 PER SI LES Y SI GIS HUNDA p u e s , q u e este mi abuelo dejó dicho que, cerca de estos tiempos, reinaría en E s p a ñ a u n rey de la Casa de A u s t r i a , en c u y o á n i m o cabría la dificultosa r e solución d e d e s t e r r a r los moriscos de ella, bien así c o m o el q u e a r r o j a de su seno la serpiente q u e le está r o y e n d o las e n t r a ñ a s , o bien así como quien a p a r t a la neguilla del trigo, o escarda o a r r a n c a la mala yerba de los s e m b r a d o s . V e n ya, ¡ o h v e n t u r o s o m o z o , y r e y p r u d e n t e ! , y p o n en ejecución el gallardo decreto de este destierro, sin que se te oponga el t e m o r q u e h a de q u e d a r esta t i e r r a desierta y sin gente, y el de que n o s e r á bien la q u e en efeto está en ella b a u t i z a d a ; que, a u n q u e éstos sean t e m o res d e consideración, el e f e t o de t a n g r a n d e obra los h a r á vanos, m o s t r a n d o la experiencia, d e n t r o de poco t i e m p o , q u e , con los nuevos cristianos viejos que esta t i e r r a se poblare, se volverá a fertilizar y a p o n e r en m u c h o m e j o r p u n t o q u e a g o r a tiene. T e n d r á n sus señores, si n o t a n t o s y tan humildes vasallos, serán los q u e tuvieren católicos, con cuyo a m p a r o e s t a r á n estos caminos seguros, y la paz p o d r á llevar en las m a n o s las riquezas, sin que los salteadores se las lleven. E s t o dicho, c e r r a r o n bien las p u e r t a s , fortaleciéronlas con los bancos de los asientos, subiéronse a la t o r r e , a l z a r o n u n a escalera levadiza, llevóse el c u r a consigo el S a n t í s i m o S a c r a m e n t o en su relicario, p r o v e y é r o n s e de p i e d r a s , a r m a r o n dos escopetas, d e j ó el b a g a j e m o n d o y d e s n u d o a la p u e r t a d e la iglesia 173 CERVANTES B a r t o l o m é el m o z o , y e n c e r r ó s e con sus a m o s ; y t o d o s , con ojo alerta y m a n o s listas, y con á n i m o s determinados, estuvieron esperando el asalto, de quien avisados estaban p o r la hija del m o r i s c o . P a s ó la m e d i a n o c h e , que la m i d i ó p o r l a s estrellas el c u r a ; tendía los ojos p o r t o d o el m a r q u e desde allí se p a r e c í a , y no había n u b e q u e con la luz de la luna se pareciese, q u e n o p e n s a s e s i n o que fuesen los bajeles t u r q u e s c o s ; y, a g u i j a n d o a l a s c a m p a n a s , c o m e n z ó a repicallas t a n a p r i e s a y t a n recio, q u e t o d o s aquellos valles y todas aquellas riberas r e t u m b a b a n , a cuyo son los a t a j a d o r e s de aquellas m a r i n a s se j u n t a r o n y las c o r r i e r o n t o d a s ; p e r o n o a p r o v e c h ó su diligencia p a r a q u e los bajeles n o llegasen a la r i b e r a y echasen la gente e n tierra. L a del lugar, q u e los esperaba, c a r g a d o s con sus m á s ricos y mejores a l h a j a s , a d o n d e fueron recebidos de los turcos con g r a n d e g r i t a y a l g a z a r a , al son de m u c h a s dulzainas y de o t r o s i n s t r u m e n t o s , q u e , puesto q u e e r a n bélicos, e r a n regocijados, p e g a r o n fuego al lugar, y asim i s m o a las p u e r t a s de la iglesia, n o p a r a e s p e r a r a e n t r a r l a , sino p o r h a c e r el mal q u e p u d i e s e n ; d e j a r o n a B a r t o l o m é a pie, p o r q u e le d e j a r r e t a r o n el b a g a j e ; d e r r i b a r o n una c r u z de piedra que estaba a la salida del pueblo, l l a m a n d o a g r a n d e s voces el n o m b r e de M a h o m a ; se e n t r e g a r o n a los t u r c o s , l a d r o n e s pacíficos y d e s h o n e s t o s públicos. D e s d e la lengua del a g u a , como dicen, c o m e n z a r o n a sentir la pobreza q u e les a m e n a z a b a su m u d a n z a , y la d e s 174 PERSILES Y SIGISMUNDA h o n r a en q u e p o n í a n a sus m u j e r e s y a sus h i j o s . M u c h a s veces, y quizá a l g u n a s n o en v a n o , dispar a r o n A n t o n i o y P e r i a n d r o las e s c o p e t a s ; muchas p i e d r a s a r r o j ó B a r t o l o m é , y todas a la p a r t e d o n d e había d e j a d o el bagaje, y m u c h a s flechas el j a d r a q u e ; pero muchas más lágrimas echaron Auristela y Constanza, pidiendo a D i o s , que presente tenían, que de t a n m a n i f i e s t o peligro los librase, y a n s i m i s m o que n o ofendiese el fuego a su t e m p l o , el cual n o a r d i ó , n o p o r milagro, sino p o r q u e las p u e r t a s e r a n de h i e r r o , y p o r q u e fué poco el fuego q u e se les aplicó. P o c o faltaba p a r a llegar el día, c u a n d o los bajeles, c a r g a d o s con la presa, se hicieron al m a r , a l z a n d o regocijados lilíes, y tocando infinitos ata- bales y dulzainas, y en esto vieron venir dos p e r s o n a s c o r r i e n d o hacia la iglesia, la u n a de la p a r t e de la m a r i n a , y la o t r a de la de tierra, q u e , llegando cerca, conoció el j a d r a q u e q u e la u n a e r a su sobrina R a í a l a , q u e , con u n a c r u z de c a ñ a en las m a n o s , venía diciendo a v o c e s : — ¡ C r i s t i a n a , cristiana y libre, y libre p o r la g r a cia y misericordia de D i o s ! L a o t r a conocieron ser el escribano, que acaso aquella noche estaba fuera del lugar, y, al son del a r m a de las c a m p a n a s , venía a ver el suceso, q u e lloró, n o p o r la p é r d i d a de sus hijos y de su m u j e r , que allí n o los tenia, sino p o r la de su casa, que halló r o b a d a y a b r a s a d a . D e j a r o n e n t r a r el dia y que lobajeles se alargasen, y que los a t a j a d o r e s tuviesen CERVANTES l u g a r de a s e g u r a r la costa, y entonces b a j a r o n de la t o r r e y a b r i e r o n la iglesia, d o n d e e n t r ó R a í a l a , b a ñ a d o con alegres lágrimas el r o s t r o , y acrecentando con su sobresalto su h e r m o s u r a , hizo oración a las imágenes y luego se a b r a z ó con su tío, besando p r i m e r o las m a n o s al c u r a . E l escribano, ni a d o r ó ni besó las m a n o s a nadie, p o r q u e le tenía o c u p a d a el alma el s e n t i m i e n t o d e la p é r d i d a de su hacienda. P a s ó el sobresalto, volvieron los espíritus de los r e t r a í d o s a su l u g a r , y el j a d r a q u e , c o b r a n d o aliento nuevo, volv i e n d o a p e n s a r en la p r o f e c í a de su abuelo, casi c o m o lleno d e celestial espíritu, d i j o : —¡Ea, mancebo generoso; ea, rey invencible; atropella, r o m p e , desbarata t o d o g é n e r o de inconvenientes, y d é j a n o s a E s p a ñ a t e r s a , limpia y d e s embarazada desta mi mala casta, que tanto la a s o m b r a y m e n o s c a b a ! ¡ E a , consejero t a n p r u d e n t e c o m o ilustre, n u e v o A t l a n t e del peso de esta m o n a r quía, a y u d a y facilita con t u s consejos a esta neces a r i a t r a n s m i g r a c i ó n ; llénense estos m a r e s de tus g a leras, c a r g a d a s del inútil peso de la g e n e r a c i ó n a g a r e n a ; v a y a n a r r o j a d a s a las c o n t r a r i a s riberas las z a r z a s , las malezas y las o t r a s y e r b a s q u e estorban el crecimiento de la fertilidad y a b u n d a n c i a cristian a ! Q u e si los pocos h e b r e o s q u e p a s a r o n a E g i p t o multiplicaron t a n t o , que en su salida se c o n t a r o n m á s de seiscientas mil familias, ¿ q u é se p o d r á t e m e r de éstos, que son m á s y viven m á s h o l g a d a m e n t e ? N o los esquilman las religiones, n o los entresacan 176 PERSILES Y SIGISMUNDA las I n d i a s , no los q u i n t a n las g u e r r a s ; t o d o s se casan, todos, o los m á s , e n g e n d r a n , de do se sigue y se infiere que su multiplicación y a u m e n t o h a d e ser i n n u m e r a b l e . ¡ E a , p u e s , vuelvo a d e c i r ; v a y a n , vayan, señor, y deja la taza de t u reino resplandeciente como el sol y h e r m o s a como el cielo! D o s días estuvieron en aquel lugar los p e r e g r i n o s , volviendo a e n t e r a r s e en lo q u e les faltaba, y B a r t o lomé se a c o m o d ó de bagaje, los peregrinos a g r a d e cieron al c u r a su b u e n acogimiento y a l a b a r o n los buenos p e n s a m i e n t o s del j a d r a q u e , y, a b r a z a n d o a R a í a l a , se despidieron de t o d o s y siguieron su camino. 177 —Berganza, amigo, dejemos esta noche el Hospital en guarda de la confianza... NOVELA QUE PASO Y C O L O Q U I O ENTRE CIPION Y BERGANZA, PERROS D E L HOSPITAL D E LA RESURRECCIÓN, QUE ESTÁ E N LA CIUDAD D E VALLADOLID, FUERA D E LA PUERTA D E L CAMPO, A QUIEN COMÚNMENTE LLAMAN LOS PERROS DE MAHUDES C I P I Ó N . — B e r g a n z a , a m i g o , d e j e m o s e s t a n o c h e el H o s p i t a l e n g u a r d a d e la confianza y r e t i r é m o n o s a esta s o l e d a d y e n t r e esas e s t e r a s , d o n d e g o z a r sin ser podremos sentidos desta n o vista merced que el cielo e n u n m i s m o p u n t o a l o s d o s n o s h a h e c h o . BERGANZA.—Cipión h e r m a n o , ó y o t e h a b l a r , y que te hablo, y n o puedo creerlo, por sé parecerme q u e el h a b l a r n o s o t r o s p a s a d e los t é r m i n o s d e n a turaleza. C I P I Ó N . — A s i es la v e r d a d , B e r g a n z a , y v i e n e a s e r m a y o r este milagro en que no solamente hablamos, sino e n q u e h a b l a m o s con d i s c u r s o , c o m o si fuéra- m o s capaces de r a z ó n , e s t a n d o t a n sin ella, q u e la diferencia q u e h a y del a n i m a l b r u t o al h o m b r e , es ser el h o m b r e animal racional, y el b r u t o , i r r a c i o n a l . 181 •n»» fin. h±±gr§¿uu. CERVANTES B E R G A N Z A . — T o d o lo q u e dioes, Cipión, entiendo, y el decirlo t ú y e n t e n d e r l o y o m e c a u s a n u e v a a d m i r a c i ó n y n u e v a m a r a v i l l a . B i e n es v e r d a d q u e e n el d i s c u r s o d e m i v i d a d i v e r s a s y m u c h a s veces h e oído decir g r a n d e s p r e r r o g a t i v a s n u e s t r a s ; t a n t o , q u e parece que algunos han querido sentir que tene- m o s u n n a t u r a l distinto, t a n vivo y t a n a g u d o m u c h a s cosas, q u e d a indicios y señales d e en faltar p o c o p a r a m o s t r a r q u e t e n e m o s u n n o sé q u é d e entendimiento, capaz de discurso. C I P I Ó N . — L o q u e y o h e o í d o a l a b a r y encarecer es n u e s t r a m u c h a m e m o r i a , el a g r a d e c i m i e n t o y g r a n fidelidad n u e s t r a ; t a n t o , q u e n o s suelen p i n t a r por símbolo d e l a a m i s t a d . BERGANZA.—Bien sé q u e ha habido perros tan a g r a d e c i d o s , q u e se h a n a r r o j a d o c o n los cuerpos dif u n t o s d e s u s a m o s en la m i s m a s e p u l t u r a . Otros h a n e s t a d o sobre l a s s e p u l t u r a s d o n d e e s t a b a n e n t e r r a d o s s u s s e ñ o r e s , sin a p a r t a r s e dellas, sin c o - m e r , h a s t a q u e se les a c a b a b a la v i d a . Sé t a m b i é n q u e d e s p u é s del elefante, el p e r r o tiene el p r i m e r l u g a r d e p a r e c e r q u e t i e n e e n t e n d i m i e n t o ; l u e g o , el caballo, y el ú l t i m o , la j i m i a . C I P I Ó N . — A n s í e s ; p e r o bien c o n f e s a r á s q u e ni h a s v i s t o ni oído decir j a m á s q u e h a y a h a b l a d o n i n g ú n elefante, p e r r o , caballo o m o n a ; p o r d o n d e m e d o y a e n t e n d e r q u e este n u e s t r o h a b l a r t a n d e i m p r o v i so c a e d e b a j o del n ú m e r o d e aquellas cosas q u e llam a n p o r t e n t o s . P e r o sea l o q u e fuere, n o s o t r o s h a 182 COLOQUIO DE LOS PERROS blamos, s e a p o r t e n t o o n o ; q u e lo q u e el cielo tiene o r d e n a d o q u e suceda, n o h a y diligencia ni s a b i d u r í a h u m a n a q u e lo p u e d a p r e v e n i r ; n o sabemos c u á n t o d u r a r á esta n u e s t r a v e n t u r a , s e p a m o s a p r o v e c h a r n o s della, y hablemos t o d a e s t a n o c h e , sin d a r l u g a r sí sueño q u e n o s impida este g u s t o , de mí p o r l a r g o s tiempos d e s e a d o . B E R G A N Z A . — Y a u n de m í , q u e desde q u e t u v e fuerzas p a r a r o e r u n h u e s o , t u v e deseo d e h a b l a r , p a r a decir cosas q u e depositaba e n la m e m o r i a , y allí, de a n t i g u a s y m u c h a s , o se e n m o h e c í a n o se m e olv i d a b a n . E m p e r o a h o r a , q u e t a n sin p e n s a r l o me veo enriquecido d e s t e divino d o n d e l a habla, pienso gozarle y a p r o v e c h a r m e del lo m á s q u e p u d i e r e , d á n d o m e p r i e s a a decir t o d o aquello q u e se m e a c o r dare, a u n q u e sea atropellada y c o n f u s a m e n t e , p o r q u e n o sé c u á n d o m e v o l v e r á n a p e d i r e s t e bien, que p o r prestado tengo. CIPIÓN.—Sea é s t a la m a n e r a , Berganza amigo: q u e e s t a n o c h e m e cuentes t u vida y los t r a n c e s p o r d o n d e h a s v e n i d o al p u n t o e n q u e a h o r a t e hallas, y si m a ñ a n a en l a n o c h e e s t u v i é r e m o s c o n habla, y o te c o n t a r é la m í a ; p o r q u e m e j o r será g a s t a r el t i e m p o e n c o n t a r las p r o p i a s q u e e n p r o c u r a r sa- ber >las ajenas v i d a s . B E R G A N Z A . — S i e m p r e , Cipión, te h e tenido p o r d i s creto y por amigo, y a h o r a más que nunca, pues c o m o a m i g o quieres d e c i r m e t u s sucesos y saber los 183 CERVANTES míos, y c o m o d i s c r e t o h a s r e p a r t i d o el t i e m p o , d o n de p o d a m o s m a n i f e s t a l l o s . C I P I Ó N . — H a b l a h a s t a q u e a m a n e z c a , o h a s t a que seamos sentidos; que yo t e escucharé de muy buen a g a n a , sin i m p e d i r t e s i n o c u a n d o v i e r e ser necesario. B E R G A N Z A . — P a r é c e m e q u e la p r i m e r a vez q u e vi ti sol fué e n Sevilla, y e n s u m a t a d e r o , q u e e s t á fuera d e la P u e r t a d e la C a r n e ; p o r d o n d e i m a g i n a r a (si n o fuera p o r lo q u e d e s p u é s te diré) q u e mis p a d r e s d e b i e r o n de ser alanos de aquellos q u e crían los m i n i s t r o s d e aquella confusión, a quien llaman j i feros. E l p r i m e r o que conocí p o r a m o fué u n o llamad o N i c o l á s el R o m o , m o z o r o b u s t o , doblado y colérico, c o m o lo son i o d o s aquellos q u e e j e r c i t a n la j i fería: este tal Nicolás me enseñaba a mí y a otros c a c h o r r o s a q u e , en c o m p a ñ í a d e alanos viejos a r r e m e t i é s e m o s a los t o r o s y les hiciésemos p r e s a de las o r e j a s . Con m u c h a facilidad salí u n águila en esto. Va din p u s e pies e n p o l v o r o s a , y t o m a n d o el ca- m i n o e n las m a n o s y en los pies, p o r d e t r á s de S a n B e r n a r d o , m e fui p o r aquellos campos d e Dios, a d o n de la f o r t u n a quisiese l l e v a r m e . Aquella noche dormí al cielo abierto, y o t r o día m e d e p a r ó la s u e r t e u n h a t o o r e b a ñ o de ovejas y c a r n e r o s . A s í c o m o le vi, creí q u e había h a l l a d o en él el c e n t r o de mi reposo, p a r e c i é n d o m e s e r p r o p i o y n a t u r a l oficio de l o s p e r r o s g u a r d a r g a n a d o , q u e es o b r a d o n d e se e n c i e r r a u n a v i r t u d g r a n d e , c o m o es a m p a r a r y d e f e n d e r d e los p o d e 84 •a" '"iSi*" COLOQUIO DE LOS "oPERROS rosos y soberbios los h u m i l d e s y líos q u e p o c o p u e den. A p e n a s m e h u b o visto u n o de t r e s pastores q u e el g a n a d o g u a r d a b a n c u a n d o d i c i e n d o : " ¡ T o , t o ! " m e llamó, y y o , que o t r a cosa n o deseaba, m e llegué a él, b a j a n d o l a cabeza y m e n e a n d o l a cola. T r u j ó m e l a m a n o p o r el l o m o , a b r i ó m e la boca, escupióme e n ella, m i r ó m e las p r e s a s , conoció mi edad, y dijo a o t r o s pastores q u e y o tenía t o d a s las señales de ser p e r r o de casta. L l e g ó a e s t e i n s t a n t e el señor del g a n a d o sobre u n a y e g u a rucia a l a j i neta, con lanza y a d a r g a , q u e m á s p a r e c í a a t a j a d o r de la costa q u e señor d e g a n a d o . P r e g u n t ó a/1 p a s t o r : " ¿ Q u é p e r r o es éste, q u e tiene señales d e ser b u e n o ? " " B i e n l o p u e d e v u e s a m e r c e d creer — r e s pondió el p a s t o r — , q u e y o le h e cotejado bien, y n o h a y señal e n él q u e n o m u e s t r e y p r o m e t a q u e h a de ser u n g r a n p e r r o . A g o r a se llegó a q u i , y n o sé c u y o sea, a u n q u e sé q u e no e s de los r e b a ñ o s d e la r e d o n d a . " " P u e s así e s — r e s p o n d i ó el s e ñ o r — , ponle luego el collar d e Leoncillo, el p e r r o q u e se m u r i ó , y denle la ración q u e a ios d e m á s , y acaricíale p o r q u e t o m e c a r i ñ o al h a t o y se q u e d e en é l . " E n diciend o esto s e fué, y el p a s t o r m e p u s o luego al cuello u n a s c a r l a n c a s llenas d e p u n t a s de acero, h a b i é n d o m e d a d o p r i m e r o en u n d o r n a j o g r a n c a n t i d a d de sopas e n leche. Y a s i m i s m o m e p u s o n o m b r e y m e llamó Barcino. V i m e h a r t o y contento con el se- g u n d o a m o y con el n u e v o oficio; m o s t r é m e solícito y diligente en la g u a r d a del r e b a ñ o , sin a p a r t a r m e 185 CERVANTES del sino las siestas, q u e m e iba a pasarlas, o y a a la s o m b r a de a l g ú n á r b o l , o de a l g ú n ribazo o peña, o a l a de a l g u n a m a t a , a l a m a r g e n d e a l g ú n a r r o y o de los m u c h o s q u e p o r allí c o r r í a n . Y estas h o r a s de m i sosiego n o las p a s a b a ociosas, p o r q u e e n ellas ocupaba la m e m o r i a e n a c o r d a r m e d e m u c h a s cosas, especialmente e n l a v i d a q u e h a b í a t e n i d o e n el M a t a d e r o . P e r o h a b r é l a s de callar, p o r q u e n o m e t e n ga» p o r largo y p o r murmurador. CIPIÓN.'—Por h a b e r oído d e c i r q u e d i j o u n g r a n poeta d e l o s a n t i g u o s q u e e r a difícil cosa el n o escribir s á t i r a s , consentiré q u e m u r m u r e s u n poco de l u z , y n o d e s a n g r e ; q u i e r o decir q u e señales, y n o hieras n i des m a t e a n i n g u n o e n cosa señalad a ; q u e n o es b u e n a la m u r m u r a c i ó n , a u n q u e h a g a r e í r a m u c h o s , si m a t a a u n o ; y si p u e d e s a g r a d a r sin ella, t e t e n d r é p o r m u y d i s c r e t o . BERGANZA.—Yo t o m a r é con g r a n tu consejó, d e s e o q u e llegue el t i e m p o y esperaré e n que m e cuentes t u s s u c e s o s ; q u e d e q u i e n t a n bien sabe conocer y e n m e n d a r los d e f e t o s q u e t e n g o en cont a r l o s míos, bien se p u e d e e s p e r a r q u e contará los s u y o s d e m a n e r a q u e e n s e ñ e n y deleiten a u n m i s m o p u n t o . D i g o , p u e s , q u e y o m e hallaba bien con el oficio d e g u a r d a r g a n a d o , p o r p a r e c e r m e q u e comía el p a n de mi s u d o r y t r a b a j o , y que la ociosidad, raíz y m a d r e d e t o d o s los vicios, n o tenía q u e v e r c o n m i g o , a c a u s a q u e si los días holgaba, las noches n o d o r m í a , d á n d o n o s asaltos a m e n u d o 186 COLOQUIO DE LOS PERROS y t o c á n d o n o s a a r m a los l o b o s ; y a p e n a s m e ha- bían d i c h o l o s p a s t o r e s : " ¡ A l lobo, B a r c i n o ! " , c u a n d o a c u d í a , p r i m e r o q u e los o t r o s p e r r o s , a la p a r t e q u e m e señalaban q u e estaba el l o b o ; c o r r í a los valles, e s c u d r i ñ a b a los m o n t e s , d e s e n t r a ñ a b a l a s selvas, saltaba b a r r a n c o s , c r u z a b a caminos, y a l a m a ñ a n a volvía al h a t o , sin h a b e r h a l l a d o lobo ni r a s t r o del, a n h e l a n d o , c a n s a d o , h e c h o pedazos y los pies abiertos d e los g a r r a n c h o s , y hallaba en el h a t o , o ya u n a oveja m u e r t a , o u n c a r n e r o degollado y medio comid o del lobo. D e s e s p e r á b a m e d e ver de c u a n poco servía m i m u c h o c u i d a d o y diligencia. Venía el señor del g a n a d o ; salían los p a s t o r e s a recebirle con las pieles d e la res m u e r t a ; culpaba a los p a s t o r e s p o r n e gligentes, y m a n d a b a castigar a los p e r r o s p o r p e r e zosos ; llovían sobre n o s o t r o s palos, y sobre ellos r e p r e h e n s i o n e s ; y así, v i é n d o m e u n d í a castigado sin culpa, y q u e mi c u i d a d o , ligereza y b r a v e z a n o e r a n d e p r o v e c h o p a r a coger el lobo, d e t e r m i n é de m u d a r estilo, n o d e s v i á n d o m e a buscarle, c o m o tenía de c o s t u m b r e , lejos del r e b a ñ o , s i n o e s t a r m e j u n t o a él; q u e p u e s el lobo allí venía allí sería m á s cierta la p r e s a . C a d a s e m a n a n o s tocaban a rebato, y en una escurísima noche t u v e y o vista p a r a ver los lobos, de q u i e n e r a imposible q u e el g a n a d o se g u a r dase. A g á c h e m e detrás de una mata, pasaron los p e r r o s , mis c o m p a ñ e r o s , adelante, y d e s d e allí oteé, y vi q u e dos p a s t o r e s asieron de u n c a r n e r o de los m e j o r e s del a p r i s c o y le m a t a r o n , d e m a n e r a q u e 187 CERVANTES v e r d a d e r a m e n t e pareció a la m a ñ a n a q u e había sido su v e r d u g o di lobo. P á s m e m e , q u e d é s u s p e n s o cuando v i q u e los p a s t o r e s e r a n l o s lobos, y q u e desped a z a b a n el g a n a d o los m i s m o s q u e le h a b í a n d e g u a r d a r . A l p u n t o h a c í a n saber a s u a m o la p r e s a del lobo, dábanle el pellejo y p a r t e d e la c a r n e , y comíanse ellos lo m á s y lo.mejor. Volvía a r e ñ i r l e s el señor, y volvía t a m b i é n el castigo de l o s p e r r o s . N o había lob o s ; m e n g u a b a el r e b a ñ o ; quisiera y o d e s c u b r i l l o ; h a l l á b a m e m u d o ; t o d o lo cual m e t r a í a lleno d e a d m i ración y d e congoja. " ¡ V á l a m e D i o s ! — d e c í a e n t r e mí—. ¿Quién podrá remediar esta maldad? ¿Quién será p o d e r o s o a d a r a e n t e n d e r q u e l a d e f e n s a o f e n de, q u e las centinelas d u e r m e n , q u e la confianza roba y el q u e os g u a r d a o s m a t a ? " CIPIÓN.—Y decías m u y bien, B e r g a n z a ; p o r q u e n o h a y m a y o r ni m á s sotü l a d r ó n q u e el doméstico, y así, m u e r e n m u c h o s m á s d e los confiados q u e d e los r e c a t a d o s ; p e r o el d a ñ o e s t á e n q u e es imposible que p u e d a n p a s a r bien las g e n t e s e n él m u n d o si n o se fía y se c o n f í a . M a s q u é d e s e a q u í e s t o , q u e n o q u i e r o q u e p a r e z c a m o s p r e d i c a d o r e s . P a s a adelante. BERGANZA.—Paso a d e l a n t e , y d i g o q u e determiné dejar aquel oficio, a u n q u e p a r e c í a tan b u e n o , y escoger o t r o , d o n d e p o r h a c e r l e bien, y a q u e n o fuese r e m u n e r a d o , n o fuese c a s t i g a d o . V a l v í m e a S e villa, q u e es a m p a r o d e p o b r e s y r e f u g i o d e desechados ; q u e e n su g r a n d e z a n o sólo caben los p e queños, p e r o n o se e c h a n d e v e r los g r a n d e s . Arri188 COLOQUIO DE LOS PERROS même a Sa p u e r t a d e u n a g r a n casa de u n merca- der, h i c e mis a c o s t u m b r a d a s diligencias, y a pocos lances me q u e d é en ella. R e c i b i é r o n m e p a r a t e n e r me a t a d o d e t r á s d e la p u e r t a de día, y suelto de n o che; servía c o n g r a n c u i d a d o y diligencia; ladra- ha a Jos forasteros y g r u ñ í a a los q u e n o e r a n m u y c o n o c i d o s ; no d o r m í a de noche, visitando los cor r a l e s , subiendo a l o s t e r r a d o s , h e c h o universal centinela de l a mía y d e las cosas ajenas. A g r a d ó s e t a n t o mi a m o d e mi b u e n servicio, q u e m a n d ó que m e t r a t a s e n bien y m e diesen ración d e p a n y los huesos que se levantasen o a r r o j a s e n d e su mesa, con las sobras de la cocina, a 3o q u e y o m e m o s t r a b a a g r a decido, d a n d o infinitos saltos c u a n d o veía a mi amo, especialmente c u a n d o venía d e fuera ; que e r a n t a n tas las m u e s t r a s d e regocijo q u e daba, y t a n t o s los saltos, que mi amo o r d e n ó q u e m e d e s a t a s e n y m e deia^en a n d a r suelto de día y de noche. C o m o m e vi suelto, corrí a él, rodeóle todo, sin o s a r llegarte con Jas m a n o s , a c o r d á n d o m e d e la fábula; d e Tsopo, c u a n d o aquél a s n o t a n a s n o , q u e q u i s o h a c e r a su s e ñ o r Jas m i s m a s caricias q u e le hacíai u n a p e r r i lla r e g a l a d a suya, que le g r a n j e a r o n ser m o l i d o a palos. P a r e c i ó m e q u e en esta fábula se n o s dio a e n t e n d e r q u e las g r a c i a s y d o n a i r e s de a l g u n o s n o están bien en o t r o s . E s t e m e r c a d e r , p u e s , tenía d o s hijos, el u n o de doce y el o t r o de h a s t a c a t o r c e a ñ o s , los cuales e s t u d i a b a n g r a m á t i c a en él e s t a d i o d e la C o m p a ñ í a d e J e s ú s ; iban con autoridad, c o n a y o y. CERVANTES con pajes q u e les llevaban los libros y a q u e l q u e llam a n vademécum. E l verlos i r c o n t a n t o a p a r a t o , en sillas si hacía sol, en coche si llovía, m e h i z o cons i d e r a r y r e p a r a r en la m u c h a llaneza c o n q u e su p a d r e iba a la L o n j a a negociar s u s negocios, p o r q u e n o llevaba o t r o c r i a d o q u e u n n e g r o , y algu n as veces se d e s m a n d a b a a ir e n u n m a c h u e l o a u n n o bien a d e r e z a d o . CIPIÓN.—Has d e saber, B e r g a n z a , q u e es c o s t u m b r e y condición de los m e r c a d e r e s d e Sevilla, y a u n d e las o t r a s ciudades, m o s t r a r su a u t o r i d a d y riqueza, no e n sus p e r s o n a s , sino en las de sus h i j o s ; p o r q u e los m e r c a d e r e s son m a y o r e s e n su s o m b r a q u e e n sí m i s m o s . Y c o m o ellos p o r m a r a villa a t i e n d e n a o t r a cosa q u e a s u s t r a t o s y c o n t r a tos, t r á t a n s e m o d e s t a m e n t e ; y c o m o la ambición y la r i q u e z a m u e r e p o r m a n i f e s t a r s e , r e v i e n t a p o r sus h i j o s , y así los t r a t a n y a u t o r i z a n c o m o si fuesen hijos d e a l g ú n p r í n c i p e ; y a l g u n o s h a y q u e les p r o c u r a n títulos, y ponerles e n el p e c h o la m a r c a q u e t a n t o distingue la g e n t e principal de la plebeya. BERGANZA.—'Ambición e s , p e r o ambición generosa, la d e a q u e l q u e p r e t e n d e m e j o r a r s u estado sin perjuicio d e t e r c e r o . CIPIÓN.—Pocas o n i n g u n a vez se c u m p l e con la ambición que n o sea con d a ñ o de t e r c e r o . BERGANZA.—Ya h e m o s dicho q u e n o h e m o s de murmurar. CIPIÓN.—Sí, q u e y o n o m u r m u r o d e n a d i e . 190 COLOQUIO DE LOS PERROS BERGANZA.—Ahora acabo de confirmar p o r v e r d a d lo q u e m u c h a s veces h e oído decir. A c a b a u n m a l diciente m u r m u r a d o r d e e c h a r a p e r d e r diez linajes y de caluniar veinte b u e n o s , y si a l g u n o le r e p r e h e n d e p o r lo q u e h a dicho, r e s p o n d e que él n o h a d i c h o n a d a ; y q u e si h a dicho algo, n o lo h a dicho p o r t a n t o ; y q u e si p e n s a r a q u e a l g u n o se había de a g r a v i a r , n o flo d i j e r a . CIPIÓN.—Así es v e r d a d , y y o confieso m i y e r r o , y q u i e r o q u e m e le p e r d o n e s , p u e s t e he p e r d o n a d o t a n t o s ; echemos pelillos a la m a r , como dicen los m u c h a c h o s , y n o m u r m u r e m o s de a q u í a d e l a n t e ; y sigue t u c u e n t o , q u e le d e j a s t e e n la a u t o r i d a d con q u e los hijos del m e r c a d e r t u a m o iban al estudio de Ja C o m p a ñ í a d e J e s ú s . BERGANZA.—'Digo q u e los h i j o s de mi a m o se d e j a r o n u n día u n c a r t a p a c i o e n el patio, d o n d e yo a la sazón e s t a b a ; así del vademécum y f u í m e t r a s ellos, con intención d e n o soltalle h a s t a el estudio. S u c e d i ó m e t o d o c o m o lo d e s e a b a : q u e m is a m o s , q u e m e v i e r o n v e n i r con el vademécum e n la boca, asido s c t i l m e n t e d e las cintas, m a n d a r o n a u n p a j e me le q u i t a s e ; m a s y o n o lo consentí, ni le solté h a s t a q u e e n t r é en el a u l a con él, cosa q u e causó risa a t o d o s los e s t u d i a n t e s . L l e g ú e m e al m a y o r de mi s a m o s , y , a m i parecer, c o n m u c h a crianza, se le p u se en las m a n o s , y q u é d e m e s e n t a d o en cuclillas a la p u e r t a del aula, m i r a n d o d e hito e n h i t o al m a e s t r o q u e e n l a c á t e d r a leía. N o sé q u é t i e n e la v i r 191 ÍAX-V CERVANTES tud, q u e , c o n a l c a n z á r s e m e a m í t a n p o c o , o n a d a , della, luego recibí g u s t o de v e r el a m o r , el t é r m i n o , la solicitud y da i n d u s t r i a con q u e aquellos benditos p a d r e s y m a e s t r o s e n s e ñ a b a n a aquellos niños, end e r e z a n d o l a s t i e r n a s v a r a s d e su j u v e n t u d , p o r q u e n o torciesen ni t o m a s e n mal siniestro en el camino de la v i r t u d , q u e j u n t a m e n t e con las letras íes m o s t r a b a n . C o n s i d e r a b a cómo los r e ñ í a n con suavidad, los castigaban c o n misericordia, los a n i m a b a n con ejemplos, los incitaban con p r e m i o s y los sobrellevaban con c o r d u r a , y, finalmente, c ó m o les p i n t a b a n la fealdad y h o r r o r d e los vicios, y les d i b u j a b a n la h e r m o s u r a d e las v i r t u d e s , p a r a que, aborrecidos ellos y a m a d a s ellas, consiguiesen el fin p a r a q u e fuer o n c r i a d o s . M i s a m o s g u s t a r o n de q u e les llevase siempre el vademécum, lo q u e hice de m u y buena v o l u n t a d ; con lo cual tenía u n a v i d a d e rey, y a u n mejor, p o r q u e e r a d e s c a n s a d a , a c a u s a q u e los e s t u d i a n t e s dieron en b u r l a r s e c o n m i g o , y d o m e s t i q u é m e con ellos d e tal m a n e r a , q u e m e m e t í a n la m a n o en l a b o c a y los m á s chiquillos subían sobre m í ; a r r o j a b a n los bonetes o s o m b r e r o s , y y o s e los volvía a la m a n o limpiamente y con m u e s t r a s de g r a n d e regocijo. D i e r o n en d a r m e d e c o m e r c u a n t o ellos p o dían, y g u s t a b a n d e v e r q u e c u a n d o m e daban n u e ces o avellanas, las p a r t í a c o m o m o n a , d e j a n d o las cascaras y c o m i e n d o lo t i e r n o . T a l h u b o que, p o r hacer p r u e b a d e mi habilidad, m e t r u j o en u n p a ñuelo g r a n c a n t i d a d de e n s a l a d a , la cual comí como 192 COLOQUIO DE LOS PERROS si f u e r a persona. E r a t i e m p o de invierno, cuando c a m p e a n en Sevilla los molletes y mantequillas, d e q u i e n e r a t a n bien servido, q u e m á s d e d o s Anto- nios se e m p e ñ a r o n o vendieron p a r a q u e y o a l m o r zase. F i n a l m e n t e , y o pasaba u n a v i d a d e e s t u d i a n t e sin h a m b r e y s i n s a r n a , q u e e s lo q u e m á s se p u e d e encarecer p a r a decir q u e e r a buena. D e s t a gloria y desta q u i e t u d m e vino a q u i t a r u n a s e ñ o r a q u e , a mi p a r e c e r , llaman p o r ahí r a z ó n de estado, que c u a n d o con ella se cumple se h a d e descumplir con o t r a s razones m u c h a s . E s el caso q u e a aquellos señ o r e s m a e s t r o s les p a r e c i ó q u e la m e d i a h o r a q u e h a y de lición a lición la o c u p a b a n los estudiantes, no e n r e p a s a r las liciones, sino en h o l g a r s e c o n m i g o ; y así, o r d e n a r o n a m i s a m o s q u e n o m e llevasen m á s al e s t u d i o ; obedecieron, v o l v i é r o n m e a casa y a la a n t i g u a g u a r d a de l a p u e r t a , y, sin a c o r d a r s e señor el viejo d e l a m e r c e d q u e m e h a b í a n h e c h o d e q u e de d í a y de n o c h e a n d u v i e s e suelto, volví a e n t r e g a r el cuello a la c a d e n a y el c u e r p o a u n a esterilla q u e d e t r á s d e la p u e r t a m e p u s i e r o n . ¡ A y , amigo G p i ó n , si supieses c u a n d u r a cosa es d e sufrir el p a s a r d e u n e s t a d o felice a u n d e s d i c h a d o ! M i r a : c u a n d o las miserias y desdichas tienen l a r g a la c o r r i e n t e y son c o n t i n u a s , o se a c a b a n p r e s t o con la m u e r t e , o la continuación dellas h a c e u n h á b i t o y c o s t u m b r e en psdecelLas, q u e suele e n su m a y o r rigor servir de a l i v i o ; m a s c u a n d o de la s u e r t e desdichada y calamitosa, sin p e n s a r l o y d e improviso, se sale a g o 193 XXI.—13 CERVANTES zar d e o t r a s u e r t e p r ó s p e r a , v e n t u r o s a y alegre, y de allí a p o c o se v u e l v e a p a d e c e r la s u e r t e primera, y a los p r i m e r o s t r a b a j o s y desdichas, es u n dolor t a n r i g u r o s o , que si n o acaba la vida es p o r atormentarla m á s viviendo. D i g o , en fin, q u e vol- ví a m i ración p e r r u n a , y a l o s h u e s o s q u e u n a n e g r a d e casa m e a r r o j a b a , y a u n éstos m e dezmaban dos g a t o s r o m a n o s ; que, c o m o sueltos y ligeros, érales fácil q u i t a r m e lo q u e n o caía debajo del distrito q u e alcanzaba mi cadena. Cipión h e r m a n o , así el Cielo t e conceda el bien q u e deseas, q u e , sin que te e n f a d e s , m e dejes a h o r a filosofar u n p o c o ; p o r q u e si d e j a s e de decir las cosas q u e e n este i n s t a n t e m e h a n v e n i d o a la m e m o r i a d e aquellas q u e entonces m e o c u r r i e r o n , m e p a r e c e q u e n o sería m i historia cabal ni d e f r u t o a l g u n o . CIPIÓN.—Advierte, B e r g a n z a , n o sea tentación del d e m o n i o esa g a n a d e filosofar q u e dices t e h a v e - n i d o ; p o r q u e n o tiene la m u r m u r a c i ó n m e j o r velo p a r a paliar y e n c u b r i r su m a l d a d disoluta que d a r se a e n t e n d e r el m u r m u r a d o r q u e t o d o c u a n t o dice son sentencias d e filósofos, y q u e él decir mal es r e p r e h e n s i ó n , y el d e s c u b r i r los defetos ajenos, b u e n celo. Y n o h a y v i d a de n i n g ú n m u r m u r a n t e que, si la c o n s i d e r a s y e s c u d r i ñ a s , n o la halles llena d e vicios y de insolencias. Y debajo de saber esto, filosofea a h o r a c u a n t o quisieres. BERGANZA.—Seguro p u e d e s estar, Cipión, de q u e m á s m u r m u r e , p o r q u e así l o t e n g o p r o s u p u e s t o . E s , 194 COLOQUIO DE LOS PERROS p u e s , el caso, que como m e estaba t o d o el día ocioso, y la ociosidad sea m a d r e de los pensamientos, di en r e p a s a r p o r la m e m o r i a algunos latines que m e q u e d a r o n e n ella d e m u c h o s q u e oí c u a n d o fui con mis a m o s al estudio, con q u e , a mi parecer, m e hallé algo m á s m e j o r a d o d e entendimiento, y d e t e r miné, como si hablar supiera, a p r o v e c h a r m e dellos en l a s ocasiones q u e se m e o f r e c i e s e n ; p e r o en m a n e r a diferente de la que se suelen a p r o v e c h a r a l g u nos ignora nte s . H a y algunos r o m a n c i s t a s q u e en las conversaciones d i s p a r a n de c u a n d o en c u a n d o con a l g ú n latín b r e v e y compendioso, d a n d o a e n t e n d e r a los q u e n o lo e n t i e n d e n que son g r a n d e s latinos, y a p e n a s saben declinar u n n o m b r e ni c o n j u g a r un verbo. CIPIÓN.—Por m e n o r d a ñ o tengo ése q u e el que hocen los q u e v e r d a d e r a m e n t e saben latín, d e los c u a les h a y algunos t a n i m p r u d e n t e s , que h a b l a n d o con un zapatero o con u n sastre a r r o j a n latines como agua. BERGANZA.—Deso p o d e m o s inferir que t a n t o peca el q u e dice latines delante de quien los ignora c o m o el q u e los dice ignorándolos. OriÓN.—Para saber callar en r o m a n c e y h a b l a r en latín, discreción es menester, h e r m a n o Berganza. BERGANZA.—Así es, p o r q u e también se p u e d e d e cir u n a necedad e n latín c o m o e n r o m a n c e . CIPIÓN.—Dejemos esto, y comienza a decir t u s filosofías. i9S CEJ? V ANTES BERGANZA.—Ya Has h e d i c h o : é s t a s s o n que acabo d e decir. CIPIÓN.—¿Cuáles? BERGANZA.—Estas d e los latines y r o m a n c e s , q u e yo comencé y t ú acabaste. CIPIÓN.—¿Al m u r m u r a r v a e l l o ! Canoniza, llamas filosofar? canoniza, ¡lAsí B e r g a n z a , a lia m a l - dita p l a g a de la m u r m u r a c i ó n , y dale el n o m b r e que q u i s i e r e s ; q u e ella d a r á a n o s o t r o s el de cínicos, q u e q u i e r e decir p e r r o s m u r m u r a d o r e s ; y p o r t u vida que calles y a y sigas t u h i s t o r i a . BERGANZA.—¿Cómo la t e n g o d e seguir si callo? CIPIÓN.—Quiero decir q u e l a sigas d e golpe, sin q u e la h a g a s q u e parezca p u l p o , según la v a s a ñ a d i e n d o colas. BERGANZA.—Habla con p r o p i e d a d ; q u e no se llam a n colas las del pulpo. Y digo que, n o contenta mi f o r t u n a de h a b e r m e q u i t a d o de m is estudios y de la vida q u e e n ellos pasaba, t a n r e g o c i j a d a y compuesta, y h a b e r m e puesto atraillado t r a s d e una p u e r ta, y de h a b e r t r o c a d o la liberalidad de los estudiantes en la m e z q u i n i d a d de la n e g r a , o r d e n ó d e sobresalt a r m e en lo que ya p o r q u i e t u d y d e s c a n s o tenía. M i r a , Cipión, ten por cierto y a v e r i g u a d o , como y o lo tengo, q u e al desdichado las desdichas le buscan y le hallan, a u n q u e se esconda en los últimos rinco- nes de la tierra. Dígolo p o r q u e la n e g r a de casa, u n a vez, m e t r u j o u n a esponja frita con m a n t e c a ; c o n o cí su m a l d a d ; vi q u e e r a p e o r q u e c o m e r zarazas, 106 COLOQUIO DE LOS PERROS p o r q u e a quien. Ja c o m e s e 'le h i n c h a el estómag o y n o sale del sin llevarse t r a s sí la v i d a ; y a c o r d é d e p o n e r t i e r r a e n medio. H á l l e m e u n día suelto, y sin decir a Dios a n i n g u n o de casa, m e puse e n la calle; p o r u n a g u j e r o de la m u r a l l a saM al c a m po, y antes que amaneciese me puse en Mairena, q u e e s u n l u g a r que está c u a t r o leguas d e Sevilla. Q u i s o m i b u e n a s u e r t e q u e hallé allí u n a compañía de soldados, que, según oí decir, se i b a n a e m b a r car a C a r t a g e n a . E s t a b a n en ella c u a t r o rufianes, y el a t a m b o r e r a u n o que había sido c o r c h e t e , y g r a n c h o c a r r e r o , c o m o lo suelen ser los m á s a t a m b o r e s . D e t e r m i n é de a c o m o d a r m e con él, si él quisiese, y seguir aquella j o r n a d a , a u n q u e m e llevase a Ita- lia o a F l a n d e s ; p o r q u e m e p a r e c e a m í , y a u n a ti t e debe p a r e c e r lo m i s m o , q u e p u e s t o q u e dice el r e f r á n : " Q u i e n necio es en su villa, necio es e n C a s tilla", el a n d a r tierras y comunicar con diversas gentes h a c e a l o s h o m b r e s discretos. CIPIÓN.—Es e s o t a n v e r d a d , q u e m e a c u e r d o haber oído decir a u n a m o q u e tuve d e bonísimo ingenio, q u e al famoso g r i e g o llamado Clises le dier o n r e n o m b r e d e p r u d e n t e p o r sólo h a b e r a n d a d o m u c h a s t i e r r a s y c o m u n i c a d o con d i v e r s a s gentes y v a r i a s n a c i o n e s ; y así, alabo la intención que tu- viste de i r t e d o n d e t e llevasen. BERGANZA.—Es, p u e s , el caso q u e el a t a m b o r , p o r t e n e r con qué m o s t r a r m á s sus c h a c o r r e r í a s , c o m e n zó a e n s e ñ a r m e a bailar al s o n del a t a m b o r y a h a 197 CERVANTES cer o t r a s m o n e r í a s , t a n ajenas d e p o d e r a p r e n d e r l a s otro p e r r o que no fuera yo, c o m o las o i r á s c u a n d o te las diga. E n m e n o s d e q u i n c e días, c o n mi buen ingenio y con la diligencia q u e p u s o el q u e había escogido p o r p a t r ó n , supe saltar p o r el R e y <ie F r a n cia y n o saltar p o r la mala t a b e r n e r a ; e n s e ñ ó m e a hacer c o r v e t a s c o m o caballo napolitano, y a a n d a r a la r e d o n d a c o m o m u í a de a t a h o n a , con otras cosas que, si y o n o t u v i e r a c u e n t a e n n o a d e l a n t a r m e a m o s t r a r l a s , p u s i e r a en d u d a si era a l g ú n demonio en figura d e p e r r o el q u e las hacía. P ú s o m e n o m b r e del perro sabio y n o h a b í a m o s llegado al aloja- m i e n t o c u a n d o , t o c a n d o su a t a m b o r , a n d a b a p o r t o do el l u g a r p r e g o n a n d o q u e t o d a s las personas que quisiesen venir a ver las maravillosas gracias y habilidades del p e r r o sabio, e n t a l casa, o e n tal hospital, las m o s t r a b a n , a ocho, o a c u a t r o m a r a v e d í s , s e g ú n e r a el pueblo, g r a n d e o chico. C o n estos encarecimientos n o q u e d a b a p e r s o n a e n t o d o el lugar q u e n o m e fuese a v e r , y n i n g u n o h a b í a q u e n o saliese a d m i r a d o y contento de h a b e r m e visto. T r i u n faba m i a m o con la m u c h a g a n a n c i a ; y viendo cuan bien sabía imitar el corcel napolitano, h í z o m e unas cubiertas d e g u a d a m a c í y u n a silla pequeña, que m e a c o m o d ó en las espaldas, y sobre ella p u s o u n a figura liviana de u n h o m b r e , con u n a lancilla de c o r r e r sortija, y e n s e ñ ó m e a c o r r e r d e r e c h a m e n t e a u n a sortija q u e e n t r e dos palos p o n í a ; y el día q u e h a bía de correrla p r e g o n a b a q u e aquel d í a c o r r í a sor198 "HA? COLOQUIO DE LOS PERROS tija el p e r r o sabio, y hacía o t r a s n u e v a s y nun- ca vistas galanterías, las cuales d e m i santiscario, como dicen, l a s hacía, p o r n o sacar m e n t i r o s o a m i a m o . L l e g a m o s , pues, p o r n u e s t r a s j o r n a d a s c o n t a das a Montilla, villa del f a m o s o y g r a n cristiano M a r q u é s de P r i e g o , señor de la casa de Aguilar y d e Montilla. A l o j a r o n a mi a m o , p o r q u e él lo p r o c u r ó , e n u n hospital, echó l u e g o el o r d i n a r i o b a n do, y como ya la fama se había a d e l a n t a d o a llevar las n u e v a s de l a s habilidades y g r a c i a s del p e r r o sabio, e n m e n o s de u n a h o r a se llenó el p a t i o d e g e n t e . A l e g r ó s e m i a m o viendo que la cosecha iba de guilla, y m o s t r ó s e aquel d í a c h a c o r r e r o en demasía. L o p r i m e r o en q u e c o m e n z a b a la fiesta e r a e n los saltos que y o daba p o r u n a r o d e cedazo, q u e parecía de cuba; conjurábame por las ordinarias preguntas, y c u a n d o él b a j a b a u n a varilla de membrillo q u e en la m a n o tenía, e r a señal del s a l t o ; y c u a n d o l a t e nía alta, d e q u e m e estuviese q u e d o . E l p r i m e r conj u r o deste día — m e m o r a b l e e n t r e t o d o s los de mi vida;— fué d e c i r m e : " E a , Gavilán a m i g o , salta p o r la p o m p a y a p a r a t o d e d o ñ a P i m p i n e l a d e P l a f a g o nia. ¿ N o t e c u a d r a el conjuro, hijo G a v i l á n ? P u e s salta p o r el bachiller Pasillas, que se firma licenciado sin t e n e r g r a d o alguno. ¡ O h , perezoso e s t á s ! ¿ P o r qué n o saltas? P e r o ya entiendo y alcanzo t u s m a rrullerías : a h o r a salta p o r el licor d e E s q u i v i a s , fam o s o al p a r del de C i u d a d R e a l , S a n M a r t í n y R i b a d a v i a . " B a j ó la varilla y salté yo, y n o t é sus m a 199 CERVANTES licias y m a l a s e n t r a ñ a s . Volvióse luego al pueblo, y en voz alta d i j o : " N o piense v u e s a m e r c e d , senado valeroso, q u e e s cosa d e b u r l a lo q u e este p e r r o sab e ; v e i n t e y c u a t r o piezas l e t e n g o e n s e ñ a d a s , q u e p o r la m e n o r dellas volaría u n g a v i l á n ; q u i e r o decir q u e p o r v e r la m e n o r se p u e d e n c a m i n a r t r e i n ta leguas. S a b e bailar la z a r a b a n d a y c h a c o n a m e j o r q u e su i n v e n t o r a m i s m a ; bébese u n a a z u m b r e de v i n o sin d e j a r g o t a ; e n t o n a u n sol ja mi re t a n bien c o m o u n s a c r i s t á n ; t o d a s e s t a s cosas, y o t r a s m u c h a s q u e m e q u e d a n p o r decir, las i r á n viendo vuesas m e r c e d e s e n los días q u e e s t u v i e r e a q u í l a c o m p a ñ í a ; y p o r a h o r a dé o t r o salto n u e s t r o sabio, y l u e g o e n t r a r e m o s en lo g r u e s o . Con esto suspendió el a u d i t o r i o q u e había l l a m a d o senado, y les encendió el deseo de n o d e j a r de v e r t o d o lo que yo sabía. Volvióse a m í m i a m o , y d i j o : " V o l v e d , hijo Gavilán, y con gentil agilidad y d e s t r e z a deshaced los saltos q u e habéis h e c h o ; p e r o h a d e ser a d e voción de la famosa h e c h i c e r a q u e dicen q u e h u b o en este l u g a r . " A p e n a s h u b o dicho esto, c u a n d o a l zó la voz la hospitalera, q u e e r a u n a vieja, al p a recer, d e m á s de sesenta a ñ o s , d i c i e n d o : "¡Bella- co, c h a r l a t á n , e m b a i d o r , aquí no h a y h e c h i c e r a alg u n a ! Si lo decís p o r la Garnacha, y a ella pagó su pecado, y está d o n d e Dios se s a b e ; si l o decís p o r mí, c h a c o r r e r o , ni y o soy ni h e sido hechicera en mi v i d a ; y si h e tenido f a m a d e haberlo sido, m e r ced a los testigos falsos, y a la ley del e n c a j e , y al 200 COLOQUIO DE LOS PERROS juez a r r o j a d i z o y m a l i n f o r m a d o , y a sabe t o d o el m u n d o l a v i d a q u e h a g o , e n penitencia, n o d e los h e chizos q u e n o hice, sino de o t r o s m u c h o s p e c a d o s , o t r o s que, c o m o p e c a d o r a , h e cometido. A s í que, s o c a r r ó n tamborilero, salid del h o s p i t a l ; si no, p o r vida de m i s a n t i g u a d a q u e os h a g a salir m á s que de p a s o . " Y con e s t o c o m e n z ó a d a r t a n t o s g r i t o s y a d e c i r t a n t a s y t a n atropelladas injurias a mi a m o q u e le p u s o en confusión y s o b r e s a l t o ; finalmente, n o dejó q u e p a s a s e a d e l a n t e la fiesta en n i n g ú n m o d o . N o le p e s ó a mi a m o del alboroto, p o r q u e se q u e d ó con los dineros, y aplazó p a r a otro día y e n o t r o h o s pital lo q u e e n aquél había faltado. F u e s e la g e n t e maldiciendo a la vieja, a ñ a d i e n d o al n o m b r e de h e chicera el de b r u j a . Con todo esto, nos q u e d a m o s en el hospital aquella n o c h e ; y e n c o n t r á n d o m e la viej a en el c o r r a l solo, m e d i j o : " ¿ E r e s tú, h i j o M o n tsel? ¿ E r e s t ú , p o r v e n t u r a , h i j o ? " A l c é la cabeza y m í r e l a m u y d e e s p a c i o ; lo cual, visto p o r ella, con l á g r i m a s en los ojos se vino a mí, y m e echó i o s ^ ' , ' b r a z o s al cuello. E s t o q u e a h o r a te q u i e r o contaf , te lo h a b í a de h a b e r dicho al principio d e mi cue^hT to, y así e x c u s á r a m o s la admiración que nos catip_' só el v e r n o s con habla. P o r q u e h a s de saber quell?" vieja m e d i j o : " H i j o Montiel, vente t r a s mí, y sab r á s mi aposento, y p r o c u r a q u e esta noche nos v e a \ mos a solas en él, q u e yo d e j a r é abierta la p u e r t a ; y sabe q u e t e n g o m u c h a s cosas que decirte d e tu vida y p a r a t u p r o v e c h o . " B a j é y o la cabeza en señal d e 201 CERVANTES obedecerla, p o r lo cual ella se acabó d e e n t e r a r en que y o era el p e r r o Montiel q u e buscaba, según después m e lo dijo. Q u e d é a t ó n i t o y confuso, e s p e r a n d o la noche, p o r v e r en l o q u e p a r a b a aquel misterio o p r o d i g i o de h a b e r m e h a b l a d o la v i e j a ; y como había oído llamarla de hechicera, esperaba d e su vista y habla g r a n d e s cosas. L l e g ó s e , en fin, el p u n t o de v e r m e con ella en su a p o s e n t o , q u e e r a escuro, e s trecho y bajo, y solamente claro con la débil luz de u n candil de b a r r o q u e en él e s t a b a ; atizóle la vieja y sentóse sobre u n a arquilla, y llegóme j u n t o a sí, y, sin hablar p a l a b r a , m e volvió a a b r a z a r . L o p r i m e r o q u e m e dijo f u é : " B i e n e s p e r a b a y o e n el Cielo q u e a n t e s que estos mis ojos se c e r r a s e n con el ú l t i m o s u e ñ o te había de ver, h i j o mío, y y a q u e t e h e visto, v e n g a la m u e r t e y lléveme desta cansada vida. H a s d e saber, hijo, q u e e n e s t a villa vivió la m á s famosa hechicera q u e h u b o e n e)l m u n d o , a quien l l a m a r o n la Cornac ha de Mantilla; t u v o f a m a q u e c o n v e r t í a los h o m b r e s e n animales, lo q u e y o n u n c a he p o d i d o a l c a n z a r cómo se h a g a . S e a lo que fuere, lo q u e m e pesa es que yo ni t u m a d r e , que fuimos discípulas d e la buena Cam a c h a , n u n c a llegamos a s a b e r t a n t o como ella. " T u m a d r e , hijo, se llamó la Montiela, p u é s de la C a m a c h a Cañizares, que d e s - fué f a m o s a ; y o m e llamo ta si y a n o t a n sabia como las d o s , a lo m e - nos d e t a n b u e n o s deseos c o m o c u a l q u i e r a dellas. T u m a d r e n o m u r i ó de e n f e r m e d a d alguna, sino de d o 202 COLOQUIO DE LOS PERROS lor d e q u e s u p o q u e Ja C a m a c h a , su m a e s t r a , d e envidia q u e la t u v o p o r q u e se le iba subiendo a las b a r bas en saber t a n t o como ella, o p o r o t r a p e n d e n z u e l a de celos, que n u n c a p u d e a v e r i g u a r , un día, tió a sus tres hijos en perros. convir- L a C a m a c h a se fué y se llevó los c a c h o r r o s ; yo m e quedé con t u m a d r e , la cual n o p o d í a creer lo que le había sucedido. Llegóse el fin de la Camacha, y estando en la última h o r a de su v i d a llamó a t u m a d r e y le dijo q u e n o tuviese p e n a : q u e ellos volverían a su ser cuando m e n o s lo pensasen. T o m ó l o t u m a d r e de m e m o r i a , y j o l o fijé en la m í a p a r a si sucediese t i e m p o de poderlo decir a a l g u n o d e v o s o t r o s ; y p a r a p o d e r conoceros, a todos los p e r r o s que veo d e tu color los llamo con el n o m b r e d e t u m a d r e , n o p o r p e n s a r q u e los p e r r o s lian d e s a b e r el n o m b r e , sino p o r v e r si r e s p o n d í a n a ser llamados t a n d i f e r e n t e m e n t e c o m o se llaman los o t r o s p e r r o s . Y e s t a t a r d e , c o m o t e vi hacer t a n t a s cosas, y q u e te llaman el perro sabio, y, también, com o alzaste la cabeza a m i r a r m e c u a n d o t e llamé en el corral, h e creído que tú eres hijo de la M o n t i e la, a quien c o n g r a n d í s i m o g u s t o doy noticia de tus sucesos. L o que h a s de hacer, hijo, es e n c o m e n d a r t e a D i o s allá en t u corazón, y espera que éstas, que n o q u i e r o llamarlas profecías, sino adivinanzas, h a n de suceder presto y p r ó s p e r a m e n t e ; que, pues la b u e na de la C a m a c h a l a s dijo, sucederán, sin d u d a a l g u na, y t ú y t u h e r m a n o , si es vivo, os veréis como deseáis. 203 CERVANTES " D e lo que a mí m e pesa es que estoy t a n cerca de m i a c a b a m i e n t o q u e n o t e n d r é l u g a r d e v e r l o . " F i n a l m e n t e , m e dijo q u e aquella n o c h e pensaba u n t a r s e p a r a ir a u n o d e sus u s a d o s convites, y que c u a n d o allá estuviese, p e n s a b a p r e g u n t a r a su dueño algo d e lo q u e e s t a b a p o r s u c e d e r m e . L e v a n t ó s e y t o m a n d o el candil se e n t r ó en otro aposentillo m á s e s t r e c h o ; seguíla, c o m b a t i d o de mil varios p e n s a m i e n t o s y a d m i r a d o d e lo q u e había oíd o y d e lo q u e esperaba v e r . C o l g ó 3a C a ñ i z a r e s el candil d e la p a r e d , y con m u c h a priesa, s a c a n d o de u n r i n c ó n u n a olla v i d r i a d a , m e t i ó e n ella l a m a n o , y m u r m u r a n d o e n t r e dientes, ee u n t ó desde los pies a la cabeza, q u e t e n í a sin toca. A n t e s q u e se acabase de u n t a r m e dijo q u e , o r a se q u e d a s e su c u e r p o en aquel a p o s e n t o sin s e n t i d o ; o r a desapareciese del, q u e n o m e e s p a n t a s e , ni d e j a s e d e (aguardar allí h a s t a la m a ñ a n a , p o r q u e sabría las n u e v a s de lo q u e m e q u e daba p o r p a s a r h a s t a ser h o m b r e . Díjele b a j a n d o k cabeza q u e sí h a r í a , y con e s t o a c a b ó su u n t u r a , y se t e n d i ó en el suelo c o m o m u e r t a . L l e g u é m i b o ca a la suya, y vi que n o r e s p i r a b a poco ni m u c h o . Q u i s e m o r d e r l a , por v e r si volvía en sí, y n o h a llé p a r t e en t o d a ella q u e el a s c o n o m e l o e s t o r b a s e ; p e r o , con t o d o esto, la así d e u n oarcaño y l a saqué a r r a s t r a n d o al p a t i o ; m a s ni por esto dio m u e s t r a s d e t e n e r sentido. Allí, con m i r a r al cielo y verme en p a r t e a n c h a , se m e q u i t ó el t e m o r ; a lo m e n o s se t e m p l ó de m a n e r a q u e t u v e á n i m o d e esperar a 204 COLOQUIO DE LOS PERROS ver e n lo q u e p a r a b a la ida y v u e l t a de aquella mala h e m b r a y lo que m e contaba d e mis sucesos. S e p a só la n o c h e y se vino el día, q u e nos halló a los dos en m k a d del patio, ella n o vuelta e n sí, y a mí j u n to a ella, e n cuclillas, a t e n t o , m i r a n d o su espantosa y fea c a t a d u r a . A c u d i ó la g e n t e del hospital, y viend o aquel retablo, u n o s d e c í a n : " Y a la bendita C a ñ i z a r e s e s m u e r t a ; m i r a d c u a n desfigurada y flaca la tenía la p e n i t e n c i a " ; o t r o s , m á s considerados, la t o m a r o n el pulso, y v i e r o n q u e le tenía, y que n o e r a m u e r t a , p o r d o s e d i e r o n a e n t e n d e r q u e estaba en éxtasis y a r r o b a d a , de p u r o buena. O t r o s h u b o que d i j e r o n : " E s t a vieja, sin d u d a , debe de ser b r u j a , y debe d e e s t a r u n t a d a ; q u e e n t r e los q u e la conocem o s , m á s fama tiene de b r u j a que de s a n t a . " Curiosos h u b o q u e se líegaron a h i n c a r l e alfileres p o r las carnes, desde la p u n t a h a s t a la c a b e z a ; ni p o r eso r e c o r d a b a la dormilona, ni volvió en sí h a s t a las siete del d í a ; y c o m o se sintió a c r i b a d a d e los alfileres y m o r d i d a d e los c a r c a ñ a r e s , y m a g u l l a d a del a r r a s t r a m i e n t o fuera d e su aposento, y a vista de t a n t o s ojos que la estaban m i r a n d o , creyó, y c r e y ó la v e r d a d , q u e y o había sido el a u t o r d e su d e s h o n r a ; y a s í , a r r e m e t i ó a mí, y e c h á n d o m e a m b a s m a n o s a la g a r g a n t a , p r o c u r a b a a h o g a r m e , d i c i e n d o : " ¡ O h , bellaico, desagradecido, i g n o r a n t e y m a l i c i o s o ! Y ¿es este el p a g o q u e merecen las b u e n a s o b r a s q u e a t u m a d r e hice y d e las q u e t e pensaba h a c e r a t i ? " Y o , q u e m e vi en peligro de p e r d e r la vida e n t r e l a s eos CERVANTES uñas de aquella fiera a r p í a , s a c u d í m e , y asiéndola la z a m a r r e é y a r r a s t r é p o r t o d o el p a t í o ; y ella daba voces, q u e la librasen de los dientes d e aquel m a ligno espíritu. C o n estas razones d e la m a l a vieja c r e y e r o n los m á s q u e y o debía d e ser a l g ú n d e m o n i o d e los que tienen ojeriza c o n t i n u a con los b u e n o s cristianos, y u n o s a c u d i e r o n a e c h a r m e a g u a bendita, o t r o s n o osaban llegar a q u i t a r m e , o t r o s d a b a n voces q u e me c o n j u r a s e n ; la vieja g r u ñ í a ; y o a p r e t a b a los d i e n t e s ; crecía la confusión, y mi a m o , q u e ya h a b í a llegado ai r u i d o , se desesperaba, o y e n d o decir q u e yo e r a demonio. O t r o s , q u e n o sabían d e e x o r c i s m o s , acudieron a tres o c u a t r o g a r r o t e s , con los cuales comenz a r o n a s a n t i g u a r m e los l o m o s ; escocióme l a burla, solté l a vieja, y en t r e s saltos m e p u s e e n la calle, y en p o c o s m á s salí d e la villa, p e r s e g u i d o d e u n a infinidad de m u c h a c h o s , q u e i b a n a g r a n d e s voces d i ciendo: "¡Apártense, q u e r a b i a el p e r r o sabio!" O t r o s d e c í a n : " ¡ N o rabia, sino q u e e s d e m o n i o en figura d e p e r r o ! " C o n este molimiento, a c a m p a n a h e r i d a salí del pueblo, siguiéndome m u c h o s q u e indubitablemente c r e y e r o n q u e e r a demonio, así p o r las cosas q u e m e h a b í a n visto h a c e r c o m o p o r las pal a b r a s q u e la v i e j a dijo c u a n d o d e s p e r t ó de su maldito s u e ñ o . D i m e t a n t a p r i e s a a h u i r y a q u i t a r m e delante de sus o j o s , q u e c r e y e r o n q u e m e había desparecido c o m o d e m o n i o ; en seis h o r a s a n d u v e d o ce leguas, y llegué a u n r a n c h o de g i t a n o s , q u e e s 206 COLOQUIO DE LOS PERROS taba e n u n c a m p o j u n t o a G r a n a d a ; allí m e r e p a r é u n poco, p o r q u e a l g u n o s d e los gitanos m e conocieron p o r el p e r r o sabio, y c o n n o p e q u e ñ o gozo m e acogieron y escondieron e n u n a cueva, p o r q u e no m e hallasen á fuese b u s c a d o , con intención, a lo que d e s p u é s entendí, d e g a n a r c o n m i g o , c o m o lo hacía el a t a m b o r mi amo. V e i n t e días estuve con ellos. CIPIÓN.—Antes, B e r g a n z a , q u e pases adelante, e« bien q u e r e p a r e m o s e n lo q u e t e dijo la b r u j a , y a v e r i g ü e m o s si p u e d e ser v e r d a d la g r a n d e m e n t i r a a quien d a s crédito. M i r a , B e r g a n z a , g r a n d í s i m o disp a r a t e sería creer q u e l a C a m a c h a m u d a s e los h o m bres e n b e s t i a s ; t o d a s estas cosas y las semejantes son embelecos, m e n t i r a s o apariencias del d e m o n i o ; y si a n o s o t r o s n o s p a r e c e a h o r a q u e t e n e m o s a l g ú n e n t e n d i m i e n t o y r a z ó n , p u e s h a b l a m o s siendo v e r d a d e r a m e n t e p e r r o s , o e s t a n d o en su figura, ya h e m o s d i c h o q u e éste es caso p o r t e n t o s o y j a m á s visto, y q u e a u n q u e le t o c a m o s c o n las m a n o s n o le habernos d e d a r crédito, h a s t a t a n t o q u e el suceso del n o s m u e s t r e lo q u é conviene q u e c r e a m o s . ¿ Q u i é reslo v e r m á s claro ? L a C a m a c h a fué b u r l a d o r a falsa, y la C a ñ i z a r e s e m b u s t e r a , y la M o n t i e l a t o n t a , maliciosa y bellaca, con p e r d ó n sea dicho, si acaso es n u e s t r a m a d r e , de e n t r a m b o s o t u y a ; q u e y o n o la q u i e r o t e n e r p o r madre. BERGANZA.—Digo que tienes razón, Cipión her- m a n o , y q u e e r e s m á s discreto de lo q u e p e n s a b a ; y v e n g o a pensar y creer 207 que todo lo q u e h a s t a J»» »»»{23*" CERVANTES aquí hemos pasado, y lo que estamos pasando, es sueño, y que somos perros; pero no por esto dejemos de gozar deste bien de la habla que tenemos y de la excelencia tan grande de tener discurso humano todo el tiempo que pudiéremos. CIPIÓN.—De buena gana te escucho, por obligarte a que me escuches cuando ite cuente, si el cáelo fuere servido, los sucesos de mi vida. BERGANZA.—A cabo de veinte días los gitanos me quisieron llevar a Murcia. N o me pareció bien el viaje que llevaban, y así, determiné soltarme, como lo hice, y saliéndome de Granada di en una huerta de u n morisco, que me acogió de buena voluntad, y yo quedé con mejor, pareciéndome que no me querría para más de para guardarle la huerta, oficio, a mi cuenta, de menos trabajo que el de guardar ganado ; y como no había allí altercar sobre tanto más cuanto al salario, fué cosa fácil hallar el morisco criado a quien mandar y y o amo a quien servir. Estuve con él más de un mes, no por el gusto de la vida que tenia, sino por el que me daba saber la de mi amo, y por ella la de todos cuantos moriscos viven en España. ¡ Oh, cuántas y cuáles cosas te pudiera decir, Cipión amigo, desta morisca canalla, si no temiera no poderlas dar fin en dos semanas! Como mi amo era mezquino, como lo son todos los de su casta, sustentábame con pan de mijo y con algunas sobras de zahinas, común sustento suyo; pero esta miseria me ayudó a llevar el Cielo por un modo *2o8 COLOQUIO DE LOS PERROS tan extraño como el que ahora oirás. Cada mañana, juntamente con el alba, amanecía sentado al pie de un granado, de muchos que en la huerta había, un mancebo, al parecer estudiante, vestido de bayeta, no tan negra ni tan peluda, que no pareciese parda y tundida. Ocupábase en escribir en un cartapacio, y de cuando en cuando se daba palmadas en la frente y se mordía las uñas, estando mirando al cielo; y otras veces se ponía tan imaginativo que no movía pie ni mano, ni aun las pestañas: tal era su embelesamiento. U n a vez me llegué junto a él sin que me echase de v e r ; oíle murmurar entre dientes, y al cabo de un buen espacio dio una gran voz, diciendo: " ¡ V i v e el Señor que es la mejor ootava que he hecho en todos los días de mi v i d a ! " Y escribiendo apriesa en su cartapacio, daba muestras de gran contento ; todo lo cual me dio a entender que el desdichado era poeta. Hícele mis acostumbradas caricias, por asegurarle de mi mansedumbre; écheme a sus pies, y él, con esta seguridad, prosiguió en sus pensamientos y tornó a rascarse la cabeza y a sus arrobos, y a volver a escribir lo que había pensado. Después de haber escrito algunas coplas de ana media, con mucho sosiego y espacio co- sacó de la faldriquera algunos mendrugos de pan y obra de veinte pasas, que, a mi parecer, entiendo que se las conté, y aun estoy en duda si eran tantas, porque juntamente con ellas hacían bulto ciertas migajas de pan que las acompañaban. Sopló y apartó las miga209 XXI.—14 t*AV • CERVANTES jas, y u n a a u n a se comió las p a s a s y los palillos, p o r q u e n o le v i a r r o j a r n i n g u n o , a y u d á n d o l a s con los m e n d r u g o s , q u e , m o r a d o s con l a b o r r a de la fald r i q u e r a , p a r e c í a n m o h o s o s , y e r a n t a n d u r o s de condición, q u e a u n q u e él p r o c u r ó enternecerlos p a s e á n dolos p o r l a boca u n a y m u c h a s veces, n o fué posible m o v e r l o s de su t e r q u e d a d ; todo lo cual r e d u n d ó en mi p r o v e c h o , p o r q u e m e los a r r o j ó , d i c i e n d o : " ¡ T o , t o ! T o m a , que buen p r o v e c h o te h a g a n . " "¡Mirad — d i j e e n t r e m í — q u é n é c t a r o a m b r o s í a m e da e s te p o e t a , de los que ellos dicen q u e se m a n t i e n e n los dioses y su A p o l o allá en el c i e l o ! " E n fin, p o r la m a y o r p a r t e , g r a n d e es l a miseria d e los p o e t a s ; p e r o m a y o r e r a mi necesidad, p u e s m e obligó a com e r lo q u e él desechaba. E n t a n t o q u e d u r ó la c o m posición d e su comedia, n o dejó de v e n i r a la h u e r t a , ni a mí m e faltaron m e n d r u g o s , p o r q u e los r e p a r tía c o n m i g o con m u c h a liberalidad, y luego nos íbam o s a la noria, donde, y o de b r u c e s y él con u n canjilón satisfacíamos la sed como u n o s m o n a r c a s . F e r o faltó el poeta, y s o b r ó en mí la h a m b r e , t a n t o , q u e d e t e r m i n é d e j a r al m o r i s c o y e n t r a r m e en la ciud a d a b u s c a r v e n t u r a , q u e la halla el q u e se m u d a . Al e n t r a r de la ciudad vi que salía del famoso m o n a s t e r i o de S a n J e r ó n i m o , mi poeta, que, como m e vio, se vino a mí con los brazos abiertos, y yo me fui a él con n u e v a s m u e s t r a s d e regocijo p o r haberle h a llado. L u e g o al i n s t a n t e c o m e n z ó a d e s e m b a u l a r p e dazos de pan, m á s tiernos q u e los que solía llevar 2TO COLOQUIO DE LOS PERROS a l a h u e r t a , y a e n t r e g a r l o s a mis dientes s i n r e p a sarlos p o r los suyos, m e r c e d q u e c o n n u e v o g u s t o satisfizo mi h a m b r e . L o s tiernos m e n d r u g o s y el h a ber visto salir a m i poeta d e l m o n a s t e r i o dicho m e pusieron en sospecha de que tenía las m u s a s v e r g o n zantes, c o m o o t r o s m u c h o s las tienen. E n c a m i n ó s e a la ciudad, y y o le seguí, con determinación d e tenerle por a m o , si él quisiese, i m a g i n a n d o q u e de las sobras de su castillo se p o d í a m a n t e n e r mi real. D e lance en lance vine de comedias a parar en casa de un autor y con una compañía llegué a esta ciudad de Valladolid, d o n d e en u n entremés m e dieron u n a h e r i d a q u e m e llegó casi al fin de la v i d a ; n o p u d e v e n g a r m e , p o r e s t a r e n f r e n a d o entonces, y después, a s a n g r e fría, n o q u i s e ; q u e la v e n g a n z a p e n s a d a a r guye c r u e l d a d y m a l ánimo. C a n s ó m e aquel ejercicio, no p o r ser trabajo, sino p o r q u e veía en él cosas que j u n t a m e n t e p e d í a n e n m i e n d a y c a s t i g o ; y como a mí estaba m á s el sentillo q u e el remediallo, acordé de no verlo, y así, m e acogí a s a g r a d o , como hacen a q u e llos que dejan los vicios c u a n d o no pueden ejercitallos, a u n q u e m á s vale t a r d e que nunca. D i g o , p u e s , que viéndote u n a noche llevar la linterna con el buen cristiano M a h u d e s , te consideré contento y j u s t a y s a n t a m e n t e o c u p a d o ; y lleno d e buena envidia quise seguir t u s pasos, y con esta loable intención m e p u s e delante de M a h u d e s , q u e luego m e eligió p a r a tu c o m p a ñ e r o y m e t r u j o a este hospital. ¿ V e s cuan larga h a sido mi plática? ¿ V e s mis m u c h o s y di211 versos sucesos? ¿Consideras mis caminos y mis amos tantos? P u e s todo lo que has oído es nada, comparado a lo que te pudiera contar. CIPIÓN.—Y con esto pongamos fin a esta plática ; que la luz que entra por estos resquicios muestra que es muy entrado el día, y esta noche que viene, si no nos ha dejado este grande beneficio de 'la habla, será la mía, para contarte mi vida. BERGANZA.—Sea ansí, y mira que acudas a este mismo puesto. 212 EL R E T A B L O (Salen DE LAS MARAVILLAS CHANFALLA y la CHERINOS.) CHANFALLA.—No se t e p a s e n de la m e m o r i a , naos, Chi- m i s a d v e r t i m i e n t o s , p r i n c i p a l m e n t e los q u e t e he d a d o p a r a este n u e v o e m b u s t e . CHIRINOS.—Chanfalla i l u s t r e , lo q u e e n m í fuere, tenlo c o m o d e m o l d e ; q u e t a n t a m e m o r i a t e n g o c o m o e n t e n d i m i e n t o , a q u i e n se j u n t a u n a v o l u n t a d de a c e r t a r a satisfacerte q u e e x c e d e a l a s d e m á s p o t e n cias. CHANFALLA.—Chirinos, p o c o a poco e s t a m o s y a en el pueblo, y estos q u e aquí vienen deben de ser, como lo son sin d u d a , el G o b e r n a d o r y los Alcaldes. S a l g á rnosles al e n c u e n t r o , y d a t e u n filo a la lengua e n la p i e d r a d e la a d u l a c i ó n ; p e r o n o d e s p u n t e s d e a g u d a . (Salen el GOBERNADOR y BENITO REPOLLO, alcal- de; JUAN Tostado, regidor, y PEDRO CAPACHO, es- cribano.) B e s o a vuesas m e r c e d e s l a s m a n o s . ¿ Q u i é n de vuesas m e r c e d e s e s el G o b e r n a d o r d e este p u e b l o ? GOBERNADOR.—Yo soy el G o b e r n a d o r ; ¿ q u é es lo que queréis, buen h o m b r e ? 213 CERVANTES CHANFALLA.—A tener y o dos onzas de e n t e n d i m i e n t o , h u b i e r a e c h a d o d e v e r q u e esa peripatética y a n c h u r o s a p r e s e n c i a n o p o d í a ser d e otro que del dignísimo Gobernador d e este h o n r a d o pueblo. GOBERNADOR.—Y bien, ¿ q u é e s lo que queréis, hombre honrado? CHIRINOS.—-Honrados días viva vuesa merced q u e así n o s h o n r a ; e n fin, la encina da bellotas, el p e r o , p e r a s ; l a p a r r a , u v a s , y el h o n r a d o , h o n r a , sin p o d e r h a c e r o t r a cosa. BENITO.—Sentencia ciceronianca, sin q u i t a r ni p o - ner un punto. CAPACHO.—Ciceroniana q u i s o decir el señor alcald e Benito Repollo. BENITO.—Siempre q u i e r o decir lo que es m e j o r , sino que las m á s veces n o a c i e r t o ; e n fin, b u e n h o m bre, ¿qué queréis? CHANFALLA.—Yo, s e ñ o r e s míos, soy Morttied, el q u e t r a e el R e t a b l o d e las M a r a v i l l a s ; h a n m e enviad o a llamar de la corte los señores cofrades d e los hospitales, p o r q u e n o h a y a u t o r d e comedias en ella, y perecen l o s h o s p i t a l e s ; y con m i ida se r e m e d i a rá t o d o . GOBERXADOR.—Y ¿ q u é quiere decir Retablo de las M a r a v i l l a s ? CHANFALLA.—Por las m a r a v i l l o s a s cosas q u e en él se enseñan y m u e s t r a n , viene a ser llamado R e tablo d e las M a r a v i l l a s ; él cual fabricó y c o m p u s o el sabio T o n t o n e l o d e b a j o d e tales paralelos, rufn214 •0»» M.l> tWíffr***. RETABLO DE LAS MARAVILLAS bos, a s t r o s y e s t r e l l a s ; con tales p u n t o s , c a r a c t e r e s y observaciones, q u e n i n g u n o p u e d e v e r las cosas q u e e n él se m u e s t r a n , q u e tenga alguna raza de confeso, o sea hijo de padres ladrones; y el q u e fuere c o n t a - giado destas dos t a n u s a d a s e n f e r m e d a d e s , despí- dase d e v e r las cosas j a m á s vistas ni o í d a s d e mi Retablo. BENITO.—Ahora echo de v e r q u e cada día se v e n en el m u n d o cosas n u e v a s . Y ¡ q u é ! ¿ se llamaba T o n tonelo el sabio q u e el R e t a b l o c o m p u s o ? CHERINOS.—Tontonelo se llamaba, nacido en la c i u d a d de T o n t o n e l a ; h o m b r e d e quien h a y fama q u e le llegaba la b a r b a a la c i n t u r a . BENITO.—Por la m a y o r p a r t e , los h o m b r e s de g r a n d e s barbas s o n s a b i h o n d o s . GOBERNADOR.—Señor r e g i d o r J u a n Tostado, yo d e t e r m i n o , debajo de su b u e n parecer, q u e esta n o che se despose la s e ñ o r a T e r e s a Tostada, su hija, de quien y o soy p a d r i n o , y en regocijo d e la fiesta, q u i e r o q u e el señor Montiel m u e s t r e e n v u e s t r a casa .su R e t a b l o . JUAN.—Eso tengo y o p o r servir al señor G o b e r n a d o r , con c u y o parecer m e convengo, entablo y a r r i m o , a u n q u e h a y a o t r a cosa en c o n t r a r i o . C H I R I N O S . — L a cosa q u e h a y en c o n t r a r i o es, q u e si n o se nos p a g a p r i m e r o n u e s t r o trabajo, así v e r á n las figuras c o m o p o r el c e r r o de U b e d a . ¿ Y vue- sas m e r c e d e s , señores Justicias, tienen conciencia y a l m a en esos cuerpos ? B u e n o sería q u e e n t r a s e esta CERVANTES noche t o d o el p u e b l o e n casa del señor J u a n Tosta- do, o c o m o es s u gracia, y viese lo contenido e n el tal retablo, y m a ñ a n a , c u a n d o quisiésemos mostra- lle al pueblo, n o hubiese á n i m a que le v i e s e : no, señ o r e s , n o , s e ñ o r e s ; ante omnia nos h a n de p a g a r lo q u e f u e r e j u s t o . BENITO.—Señora a u t o r a , a q u í n o os h a d e p a g a r n i n g u n a Antoría, n i n i n g ú n A n t o ñ o ; el señor r e g i d o r J u a n Tostado os p a g a r á m á s q u e h o n r a d a m e n - te, y <si n o el Concejo. ¡ B i e n conocéis el l u g a r p o r cierto! Aquí, hermana, no aguardamos a que ninguna Antona pague por nosotros. CAPACHO.—¡ P e c a d o r d e m í , señor Benito Repollo, y q u é lejos da del b l a n c o ! N o dice la s e ñ o r a a u t o r a q u e p a g u e n i n g u n a A n t o n a , sino q u e l e p a g u e n a d e l a n t a d o , y a n t e t o d a s cosas, q u e eso quiere decir ante omnia. BENITO.—Mirad, escribano P e d r o C a p a c h o ; ha- ced v o s q u e m e hablen a d e r e c h a s , q u e y o e n t e n d e r é a pie l l a n o ; vos, q u e sois leído y escribido, p o déis e n t e n d e r e s a s a l g a r a b í a s d e allende, que yo, n o . JUAN.—Ahora bien, ¿ c o n t e n t a r s e h a el señor a u t o r con q u e y o le d é a d e l a n t a d o s media docena de d u c a d o s ? Y m á s , q u e se t e n d r á cuidado q u e n o e n t r e g e n t e del pueblo e s t a n o c h e en mi casa. CHANFALLA.—Soy c o n t e n t o ; p o r q u e y o m e fío de la diligencia d e v u e s a m e r c e d y de su b u e n t é r m i n o . JUAN.—Pues v é n g a s e c o n m i g o , recibirá el d i n e r o 216 RETABLO DE LAS MARAVILLAS y v e r á m i casa y la c o m o d i d a d q u e h a y e n ella p a r a m o s t r a r ese R e t a b l o . CHANFALLA.—Vamos, y n o se les p a s e d e las m i e n t e s l a s calidades q u e h a n d e t e n e r l o s q u e se a t r e v i e r e n a m i r a r el maravilloso R e t a b l o . BENITO.—A m i c a r g o q u e d a eso, y séle decir q u e p o r m i p a r t e p u e d o i r s e g u r o a juicio, p u e s t e n g o el p a d r e a l c a l d e ; c u a t r o d e d o s d e e n j u n d i a d e cristiano viejo rancioso tengo sobre los c u a t r o costados d e m i l i n a j e : m i r e n si v e r é el tal R e t a b l o . CAPACHO.—Todos le p e n s a m o s v e r , señor B e n i t o Repollo. JUAN.—No n a c i m o s acá e n las m a l v a s , s e ñ o r P e dro Capacho. GOBERNADOR.—Todo s e r á menester, según voy v i e n d o , señores Alcalde, R e g i d o r y E s c r i b a n o . JUAN.—Vamos, a u t o r , y m a n o s a la o b r a ; q u e J u a n Tostado m e llamo, hijo de A n t ó n Tostado y de J u a n a M a c h a ; y n o digo m á s e n abono, y seguro que podré ponerme cara a cara y a pie quedo delante del r e f e r i d o R e t a b l o . CHERINOS.—Dios lo h a g a . (Entranse JUAN Tostado y CHANFALLA.) GOBERNADOR.—Señora a u t o r a , ¿ q u é poetas se u s a n a h o r a e n la C o r t e , de f a m a y r u m b o , especialmente de los llamados c ó m i c o s ? ; p o r q u e y o t e n g o m i s p u n t a s y collar de poeta, y p i c ó m e d e la f a r á n d u l a y c a r á t u l a . V e i n t e y d o s comedias tengo, t o d a s n u e v a s , q u e se ven las u n a s a las o t r a s ; y estoy a g u a r d a n 217 3»> *t , B CERVANTES d o c o y u n t u r a paral ir a la C o r t e y enriquecer con ellas m e d i a d o c e n a d e a u t o r e s . CHERINOS.—A lo q u e v u e s a m e r c e d , s e ñ o r G o b e r n a d o r , m e p r e g u n t a de los p o e t a s , n o le s a b r é r e s p o n d e r ; p o r q u e h a y t a n t o s , q u e q u i t a n el s o l ; y t o d o s p i e n s a n q u e s o n f a m o s o s . L o s poetas cómicos s o n los o r d i n a r i o s y q u e s i e m p r e se u s a n , y así n o hay p a r a qué nombrallos. P e r o dígame vuesa merced, p o r su v i d a : ¿ c ó m o e s su b u e n a g r a c i a ? ¿ C ó m o se llama? GOBERNADOR.—A m í , s e ñ o r a a u t o r a , m e llaman el L i c e n c i a d o Gomecillos. CHERINOS.—íVálame D i o s ! ¿ Y q u e vuesa merced es el s e ñ o r Licenciado Gomecillos, el q u e c o m p u s o aquellas coplas t a n f a m o s a s de Lucifer y tómale mal de estaba malo, fuera? GOBERNADOR.—Malas l e n g u a s h u b o q u e m e q u i sieron a h i j a r esas coplas, y así fueron mías como del G r a n T u r c o . L a s q u e y o c o m p u s e , y n o l o q u i e r o n e g a r , f u e r o n aquellas q u e t r a t a r o n ded diluvio d e S e v i l l a ; q u e p u e s t o q u e los p o e t a s son l a d r o n e s u n o s de o t r o s , n u n c a m e precié d e h u r t a r n a d a a n a d i e : con m i s v e r s o s m e a y u d e Dios, y h u r t e el q u e q u i siere. (Vuelve CHANFALLAJ CIIANFALLA.—Señores, v u e s a s mercedes vengan, q u e t o d o está a p u n t o , y n o falta m á s q u e comenzar. CHIRINOS.—¿ E s t á y a el d i n e r o in Corbona? CHANFALLA.—Y a u n e n t r e las telas del corazón. 218 RETABLO DE LAS MARAVILLAS CHIRINOS.—Pues doyte p o r aviso, Chanfalla, q u e el G o b e r n a d o r es poeta. CHANFALLA.—¿Poeta? ¡ C u e r p o del m u n d o 1 P u e s dale p o r e n g a ñ a d o , p o r q u e t o d o s los de h u m o r sem e j a n t e son hechos a la m a c a c o n a , g e n t e descuidada, c r é d u l a y n o n a d a maliciosa. BENITO.—Vamos, a u t o r , q u e m e saltan los pies p o r ver esas maravillas. (Entranse (Salen doras; todos.) JUANA Tostada la una como y TERESA REPOLLA, labra- desposada, que es la Tostada. TOSTADA.—Aquí t e p u e d e s sentar, T e r e s a lla a m i g a , q u e t e n d r e m o s Repo- el R e t a b l o e n f r e n t e ; y pues sabes las condiciones q u e h a n de t e n e r los m i r a d o r e s del Retablo, n o te descuides, q u e sería u n a g r a n desgracia. TERESA.—Ya sabes, J u a n a Tostada, q u e soy t u p r i - ma, y n o digo m á s . T a n cierto t u v i e r a y o el cielo c o m o t e n g o cierto v e r t o d o aquello q u e el Retablo m o s t r a r e . P o r el siglo de m i m a d r e , q u e me sacase los m i s m o s o j o s de m i c a r a , si alguna desgracia m e aconteciese bonita soy y o p a r a eso. JUANA Tostada.—Sosiégate, p r i m a , que t o d a la g e n t e viene. (Entran Tostado, otra gente el GOBERNADOR, BENITO REPOLLO, JUAN PEDRO CAPACHO, el autor del pueblo, ha de ser aquel y un sobrino gentilhombre que y la autora de Benito y que baila.) CHANFALLA.—Siéntense t o d o s ; el R e t a b l o h a d e 219 CERVANTES e s t a r d e t r á s d e este r e p o s t e r o , y la a u t o r a tam- bién. GOBERNADOR.—El señor M o n t i é l comience su obra. BENITO.—Poca b a l u m b a t r a e este a u t o r p a r a t a n gran Retablo. JUAN.—Todo debe d e ser d e m ar av illas. CHANFALLA.—Atención, s e ñ o r e s , que comienzo: —i O h t ú , q u i e n q u i e r a q u e fuiste, q u e fabricaste este R e t a b l o con t a n maravilloso artificio, q u e alcanzó r e n o m b r e de las Maravillas! P o r la v i r t u d q u e e n él se e n c i e r r a , t e c o n j u r o , a p r e m i o y m a n d o q u e l u e g o incontinente m u e s t r e s a estos s e ñ o r e s a l g u n a s de las t u s m a r a v i l l o s a s maravillas, p a r a q u e se regocijen y tomen placer, sin e s c á n d a l o alguno. E a , que ya veo q u e h a s o t o r g a d o m i petición, p u e s p o r aquella p a r t e a s o m a l a figura del valentísimo S a n s ó n , a b r a z a d o c o n las colunas del t e m p l o , p a r a derriballe p o r el suelo y t o r n a r v e n g a n z a d e s u s e n e m i g o s . ¡ T e n t e , v a l e r o s o caballero, t e n t e , p o r l a g r a c i a de Dios P a d r e ; n o h a g a s tal d e s a g u i s a d o , p o r q u e n o cojas debajo y h a g a s tortilla tanfta y t a n noble g e n te c o m o a q u í se h a j u n t a d o ! BENITO.—¡Véngase, c u e r p o de tal, c o n m i g o ! B u e n o sería q u e , en l u g a r de h a b e r n o s v e n i d o a holgar, q u e d á s e m o s aquí hechos p l a s t a . ¡ T é n g a s e , s e ñ o r S a n cho, pesia a mis m a l e s , que se lo r u e g a n b u e n o s ! CAPACHO.—¿Veisle v o s , JUAN.—Pues ¿ n o le h a b í a los o j o s e n el colodrillo? 220 Tostado? de ver? ¿Tengo yo ¡Échense todos, échense todos!. RETABLO DE LAS MARAVILLAS CAPACHO [aparte].—Milagroso caso es é s t e : así veo y o a S a n s ó n a h o r a como el G r a n T u r c o . P u e s e n v e r d a d q u e m e tengo por legítimo y cristiano viejo. CHIRINOS.—¡Guárdate, h o m b r e , q u e sale el m e s m o t o r o q u e m a t ó al g a n a p á n e n S a l a m a n c a ! ¡ E c h a te, h o m b r e ; échate, h o m b r e ; ¡ Dios te l i b r e ! ¡ D i o s te libre! •CHANFALLA. — ¡ É c h e n s e todos, échense todos! ¡Húchoho! ¡húchoho! ¡húchoho! (Echanse todos y alborótanse.) BENITO.—El diablo lleva en el c u e r p o el t o r i l l o ; sus p a r t e s t i e n e d e hosco y d e b r a g a d o ; si n o m e tiendo, m e lleva de vuelo. JUAN.—Señor a u t o r , h a g a , si puede, q u e n o salg a n f i g u r a s que nos a l b o r o t e n , y n o lo digo p o r mí, sino p o r estas m o c h a c h a s que n o les h a q u e d a d o g o t a de s a n g r e en el c u e r p o d e la ferocidad del toro. Tostada.—Y ¡ cómo, p a d r e ! N o pienso volver en mí en t r e s d í a s ; ya m e vi en sus c u e r n o s , q u e los tiene a g u d o s como u n a lesna. JUAN.—1N0 f u e r a s tú mi h i j a y n o lo v i e r a s . GOBERNADOR [aparte].—Basta q u e t o d o s ven lo q u e y o no v e o ; p e r o al fin h a b r é de decir q u e lo veo, p o r la n e g r a honrilla. CHIRINOS.—Esa m a n a d a de r a t o n e s q u e allá v a , deciende p o r línea recta de aquellos q u e se c r i a r o n en el a r c a de N o é ; dellos son blancos, dellos a l b a r a ¡223 C£/í YANTES za dos , dellos j a s p e a d o s , y dellos azules, y finalmente, t o d o s son r a t o n e s . Tostada.—¡Jesús! ¡Ay de mí! ¡Ténganme que m e a r r o j a r é p o r aquella v e n t a n a ! ¿ R a t o n e s ? ¡ D e s d i c h a d a ! A m i g a , a p r i é t a t e las faldas y m i r a no te m u e r d a n ; y ¡ m o n t a que s o n p o c o s ! P o r el siglo de mi abuela, q u e p a s a n de milenta. REPOLLA.—Yo sí soy la d e s d i c h a d a , p o r q u e se m e e n t r a n sin r e p a r o n i n g u n o ; u n r ató n morenico m e tiene asida de u n a rodilla. ¡ S o c o r r o v e n g a del cielo, pues e n la t i e r r a m e f a l t a ! CHANFALLA.—Esta a g u a , q u e c o n t a n t a priesa se deja descolgar d e las n u b e s , es de la fuente q u e d a o rige n y principio al río J o r d á n ; t o d a m u j e r a quien t o c a r e e n el r o s t r o se le v o l v e r á como d e plata b r u ñida, y a los h o m b r e s se les v o l v e r á n las b a r b a s com o de o r o . Tostada.—¿ O y e s , a m i g a ? D e s c u b r e el r o s t r o , p u e s ves lo que te i m p o r t a . ¡ O h , qué licor t a n s a b r o s o ! C ú b r a s e , p a d r e , n o se m o j e . JUAN.—Todos nos c u b r i m o s , hija. BENITO.—Por las espaldas m e ha calado el agua h a s t a ila canal m a e s t r a . CAPACHO [aparte].—Yo estoy m á s seco que u n esparto. GOBERNADOR [aparte].—¿Qué diablos puede ser esto, q u e a ú n n o m e ha t o c a d o u n a gota, d o n d e todos se a h o g a n ? Casi empiezo dez de mis a pensar padres. 224 mal de la honra' RETABLO DE LAS MARAVILLAS C A P A C H O . — F r e s c a es el a g u a del s a n t o río Jor- d á n ; y a u n q u e m e cubrí lo q u e p u d e t o d a v í a m e alcanzó u n poco en los bigotes, y a p o s t a r é q u e los tengo r u b i o s como u n oro. B E N I T O . — Y a u n peor cincuenta veces. C H E R I N O S . — A l l á v a n h a s t a dos docenas d e leones r a m p a n t e s y de osos c o l m e n e r o s ; t o d o viviente se g u a r d e ; que, a u n q u e fantásticos, n o d e j a r á n de d a r alguna p e s a d u m b r e , y a u n d e hacer las fuerzas de H é r c u l e s , con espadas d e s e n v a i n a d a s . J U A N . — E a , señor a u t o r , ¡ c u e r p o de n o s ! ¿ Y a g o ra n o s q u i e r e llenar la casa de osos y d e leones? B E N I T O . — ¡ M i r a d q u é ruiseñores y c a l a n d r i a s n o s envía T o n t o n e l o , sino leones y d r a g o n e s ! S e ñ o r a u tor, y salgan figuras m á s apacibles, o aquí nos cont e n t a m o s con las vistas, y Dios le guíe, y no p a r e m á s en el pueblo u n m o m e n t o . Tostada.—Señor Benito Repollo, deje oso y leones, siquiera p o r n o s o t r a s , y salir ese recebiremos mucho contento. J U A N . — P u e s , hija, de a n t e s te e s p a n t a b a s de los r a t o n e s , ¿y a g o r a pides osos y leones? Tostada.—Todo lo n u e v o aplace, señor p a d r e . CIIIRIXOS.—Esa doncella que agora se muestra tan g a l a n a y t a n c o m p u e s t a , es la llamada H e r o d í a s , cuyo baile alcanzó en p r e m i o la cabeza del P r e c u r sor d e la v i d a ; si hay quien la a y u d e a bailar verán maravillas. B E N I T O . — E s t a sí ¡ c u e r p o del m u n d o ! q u e es fi225 xxi.—15 CERVANTES g u r a h e r m o s a , apacible y reluciente. S o b r i n o Repollo, tú q u e sabes de a c h a q u e de c a s t a ñ e t a s , a y ú d a l a y será la fiesta d e c u a t r o capas. SOBRINO.—Que m e place, tío Benito Repollo. (Tocan la Z a r a b a n d a . ) CAPACHO;—(¡ T o m a mi abuelo, si es antiguo el baile d e la Z a r a b a n d a y de l a Chacona. BENITO.—¡Ea, s o b r i n o ! . . . Pero tor, si esa Herodias diga, señor au- es judía, ¿ c ó m o vee estas m a - ravillas ? CHANFALLA.—Todas 'las reglas tienen excepción, señor Alcalde. (Suena una trompeta y entra un furrier de o corneta dentro del teatro, compañías.) FURRIER.—¿Quién es aquí el señor G o b e r n a d o r ? GOBERNADOR.—Yo s o y : ¿ q u é m a n d a v u e s a m e r ced? FURRIER.—Que luego, al p u n t o , m a n d e hacer aloj a m i e n t o p a r a t r e i n t a h o m b r e s de a r m a s , q u e llegar á n a q u í d e n t r o de m e d i a h o r a , y a u n a n t e s , q u e ya suena l a t r o m p e t a . Y adiós. (Vase.) BENITO.—Yo a p o s t a r é que los envía el sabio T o n tonelo. CHANFALLA.—'No h a y t a l ; q u e esta es u n a compañía d e caballos, que estaba a l o j a d a dos leguas d é aquí. BENITO.—Ahora yo conozco bien a T o n t o n é l o , y sé q u e v o s y él sois u n o s g r a n d í s i m o s bellacos; y 226 RETABLO DE LAS MARAVILLAS mira q u e os m a n d o que m a n d é i s a T o n t o n e l o n o tenga a t r e v i m i e n t o d e e n v i a r estos h o m b r e s d e a r m a s , q u e le h a r é d a r docientos azotes e n las espaldas, q u e se v e a n u n o s a o t r o s . C H A N F A L L A . — D i g o , s e ñ o r alcalde, q u e n o los e n vía T o n t o n e l o . B E N I T O . — D i g o q u e los envía T o n t o n e l o , c o m o h a enviado l a s o t r a s s a b a n d i j a s q u e yo h e visto. C A P A C H O . — T o d o s las habernos visto, señor Benito Repollo. B E N I T O . — N o digo yo q u e no, señor P e d r o Ca- pacho. (Vuelve el furrier.) F U R R I E R J — E a , ¿ e s t á y a h e c h o el a l o j a m i e n t o ? , que ya e s t á n los caballos en el pueblo. B E N I T O . — ¿ Q u é , todavía h a salido con la suya T o n t o n e l o ? P u e s yo os v o t o a tal, a u t o r de h u m o s y d e embelecos, q u e m e lo habéis de p a g a r . CHANFALLA.—Séanme testigos que me amenaza el alcalde. C H I R I N O S . — S é a n m e tesJtigos que dice el Alcalde q u e l o q u e m a n d a S. M . lo m a n d a el sabio T o n t o n e l o . B E N I T O . — A t o n t o n e l e a d a t e vean mis ojos, plega a Dios t o d o p o d e r o s o . GOBERNADOR.—Yo p a r a mí tengo q u e v e r d a d e r a m e n t e estos h o m b r e s d e a r m a s n o deben d e ser d e burlas. F U R R I E R . — ¿ D e b u r l a s habían d e ser, señor G o b e r n a d o r ? ¿ E s t á en su seso ? 227 4fm\i > » ffig CERVANTES JUAN.—-Bien pudieran ser atontomelados; como esas cosas habernos visto aquí. P o r vida del autor, que haga salir otra vez a la doncella Herodías, por que vea este señor lo que nunca ha visto; quizá con esto le cohecharemos para que se vaya presto del lugar. CHANFALLA.—Eso en buen hora, y veisla aquí a de vuelve, y hace de señas a su bailador a que de nuevo la ayude. SOBRINO.—Por mí no quedará, por cierto. BENITO.—Eso si, sobrino, cánsala, cánsala; vueltas y más vueltas; ¡vive Dios, que es un azogue la muchacha! ¡ A l hoyo, al h o y o ! ¡ A ello, a ello! FURRIER.—¿Está loca esta gente? ¿ Q u é diablos de doncella es ésta y qué baile y qué Tontonelo? CAPACHO.—¿Luego no vee la doncella herodiana el señor furrier? FURRIER.—¿ Q u é diablos de doncella tengo de v e r ? CAPACHO.—Basta: de ex Mis es. GOBERNADOR.—De ex Mis es, de ex Mis es. JUAN.—De ellos es, de ellos, el señor furrier; de ellos es. FURRIER.—Por Dios vivo, que si echo mano a la espada, que los haga salir por las ventanas, que no por la puerta. CAPACHO.—Basta, át ex Mis es. BENITO.—Basta; de ellos es, pues no vee nada. FURRIER.—¡Canalla! Si otra vez me dicen que soy de ellos no les dejaré hueso sano. 228 RETABLO DE LAS MARAVILLAS BENITO.—Nunca l o s confesos n i ladrones fue- r o n v a l i e n t e s ; y p o r eso n o p o d e m o s dejar de d e c i r : d e ellos es, de ellos es. FURRIER.—¡ C u e r p o de Dios con los v i l l a n o s ! E s perad. {Mete mano a la espada y acuchíllase la Cherinos descuelga la manta y con todos, y dice:) E l diablo ha sido la t r o m p e t a y la v e n i d a d e los h o m b r e s de a r m a s ; m á s p ar ece q u e los l l a m a r o n c o n campanilla. CHANFALLA.—El suceso h a sido e x t r a o r d i n a r i o ; la v i r t u d del R e t a b l o se q u e d a e n su p u n t o , y m a ñ a n a lo p o d e m o s m o s t r a r al p u e b l o ; y nosotros m i s m o s p o d e m o s c a n t a r el t r i u n f o d e esta batalla d i c i e n d o : ¡Vivan Chirinos y Chanfalla! 229 EL C E R C O DE FIGURAS SIGUIENTES : CirióN, romano. IUGURTA, romano. Gayo MARIO, romano. CUATRO MUJERES DE NUMANCIA. LIRA, doncella. DOS CIUDADANOS NUMANTINOS. UNA MUJER DE NUMANCIA. UN HIJO SUYO. QUINTO FABIO, romano. CUATRO SOLDADOS ROMANOS, DOS NUMANTINOS, EMBAJADORES. Otro hijo de aquélla. UNA MUJER DE NUMANCIA. UN SOLDADO NUMANTINO. GUERRA. ENFERMEDAD. HAMBRE. TEÓGENES, numantino. CARAVINO, nurrantino. CUATRO GOBERNADORES NUMANTINOS. MARANDRO, numantino. VARIATO, muchacho, que es el que se arroj'a de la torre. Dos SACERDOTES NUMANTINOS. UN HOMBRE NUMANTINO. Vn NUMANCIA UN NUMANTINO. Demonio. ERMILIO, JORNADA soldado romano. PRIMERA Entra CIPIÓN, y IUGURTA y MARIO y un alarde de soldados armados a lo anti^ruo, sin arcabuces, y CIPIÓN SC sube sobre una peña que estará allí, y dice: Cip. Tün el fiero a d e m á n , en los lozanos Marciales aderezos y vistosos, B i e n os c o n o z c o , a m i g o s , p o r r o m a n o s : R o m a n o s , digo, fuertes 231 y animosos; 'Jtíif^ CERVANTES M a s e n las b l a n c a s y delicadas m a n o s , Y e n las t e c e s de r o s t r o s t a n l u s t r o s o s , A l l á en B r e t a ñ a p a r e c é i s c r i a d o s , Y de p a d r e s f l a m e n c o s engendrados. E l g e n e r a l discuido v u e s t r o , a m i g o s . E l n o m i r a r p o r lo q u e t a n t o os t o c a , Levanta los c a i d o s e n e m i g o s , Q u e v u e s t r o e s f u e r z o y opinión a p o c a . D e s t a ciudad los m u r o s son t e s t i g o s , Q u e a u n h o y e s t á cual b i e n f u n d a d a roca, De vuestras perezosas fuerzas vanas, Q u e sólo el n o m b r e t i e n e n de r o m a n a s . ¿ P a r e c e o s , hijos, q u e es g e n t i l h a z a ñ a Q u e t i e m b l e del r o m a n o n o m b r e el m u n d o , Y q u e v o s o t r o s solos e n E s p a ñ a L e aniquiléis y echéis e n el p r o f u n d o ? ¿ Q u é flojedad e s é s t a t a n e x t r a ñ a ? ¿ Q u é flojedad? Si y o m a l n o m e fundo, E s flojedad n a c i d a de p e r e z a , E n e m i g a m o r t a l de f o r t a l e z a . ¿ P e n s á i s que sólo atierra la muralla E l a l m e t e y la a c e r a d a p u n t a , Y q u e sólo a t r e p e l l a la b a t a l l a L a m u l t i t u d de g e n t e s y a r m a s j u n t a ? Si e s f u e r z o de c o r d u r a n o s e ñ a l a Q u e t o d o lo p r e v i e n e y lo b a r r u n t a , Poco aprovechan muchos escuadrones, Y menos infinitas municiones. Si a m i l i t a r c o n c i e r t o se r e d u c e 232 EL CERCO DE N U M AN CIA C u a l q u e p e q u e ñ o e j é r c i t o que sea, V e r é i s q u e c o m o sol c l a r o reluce, Y a l c a n z a las v i c t o r i a s q u e d e s e a ; P e r o si a flojedad él se c o n d u c e , A u n q u e a b r e v i a d o el m u n d o en él se vea, E n un momento quedará deshecho P o r m á s reglada m a n o y fuerte pecho. Avergonzaos, varones esforzados, P o r q u e , a n u e s t r o pesar, con arrogancia, T a n pocos españoles, y encerrados, D e f i e n d a n e s t e nido de N u m a n c i a . D e c i s é i s a ñ o s son, y m á s , p a s a d o s , Q u e m a n t i e n e n la g u e r r a y la g a n a n c i a D e h a b e r v e n c i d o c o n feroces m a n o s M i l l a r e s de m i l l a r e s de r o m a n o s . N o m e h u e l a el soldado o t r o s o l o r e s Q u e el olor de la p e z y de r e s i n a , N i p o r g o l o s i d a d de los s a b o r e s T r a i g a s i e m p r e a p a r a t o de c o c i n a : Q u e el q u e u s a en la g u e r r a e s t o s p r i m o r e s , M u y m a l p o d r á sufrir la c o t a f i n a ; N o q u i e r o o t r o p r i m o r ni o t r a fragancia, E n t a n t o q u e e s p a ñ o l viva en N u m a n c i a . E n blandas camas, entre juego y vino, H á l l a s e m a l el t r a b a j o s o Marte; O t r o aparejo busca, o t r o c a m i n o ; O t r o s b r a z o s l e v a n t a n su e s t a n d a r t e ; C a d a cual se fabrica su d e s t i n o ; N o t i e n e allí f o r t u n a a l g u n a p a r t e ; 233 CERVANTES L a pereza fortuna baja cría; L a diligencia, imperio y m o n a r q u í a . E s t o y con todo esto t a n seguro D e q u e al fin m o s t r a r é i s q u e sois r o m a n o s , Q u e t e n g o e n n a d a el d e f e n d i d o m u r o D e s t o s rebeldes bárbaros hispanos, Y así, o s p r o m e t o p o r m i d i e s t r a y j u r o Que, si i g u a l á i s al á n i m o las m a n o s , Q u e las m í a s se a l a r g u e n en p a g a r o s , Y mi lengua también en alabaros. Míranse los soldados unos a otros, y hacen señas a uno dellos, que se llama GAYO MAPIO, que responda por todos, y dice: GAYO. Si con a t e n t o s ojos h a s m i r a d o , í n c l i t o g e n e r a l , e n los semblantes Que a tus breves razones han mostrado L o s que tienes agora circunstantes, C u á l h a b r á s v i s t o sin color, t u r b a d o , Y cuál con ella, indicios bien b a s t a n t e s D e q u e el t e m o r y la v e r g ü e n z a a u n a N o s aflige, m o l e s t a e i m p o r t u n a : V e r g ü e n z a , de m i r a r ser r e d u c i d o s A t é r m i n o t a n bajo p o r su culpa, Q u e v i e n d o s e r p o r ti r e p r e h e n d i d o s , N o s a b e n a e s a falta h a c e r d i s c u l p a ; T e m o r , de t a n t o s y e r r o s c o m e t i d o s ; Y la t o r p e p e r e z a q u e los c u l p a L o s t i e n e de t a l m o d o , q u e se h o l g a r a n A n t e s m o r i r q u e e n e s t o se h a l l a r a n . 234 EL CERCO DE NUMAN CÍA P e r o el l u g a r y t i e m p o q u e los q u e d a P a r a mostrar alguna recompensa, E s causa que con m e n o s fuerza F a t i g a r t e el rigor puedan de t a l o f e n s a . D e h o y m á s , c o n p r e s t a v o l u n t a d y leda, E l m á s m í n i m o d é s t o s cuida y piensa D e o f r e c e r sin r e v é s a t u servicio L a h a c i e n d a , vida, h o n r a e n sacrificio. A d m i t e , p u e s , de s u s i n t e n t o s s a n o s Al justo ofrecimiento, señor mío, Y c o n s i d e r a al fin q u e s o n r o m a n o s , E n q u i e n n u n c a faltó del t o d o b r í o . V o s o t r o s l e v a n t a d las d i e s t r a s m a n o s , E n s e ñ a l q u e a p r o b á i s el v o t o m í o . S. i.° S. 2 . 0 T o d o lo q u e h a b é i s d i c h o c o n f i r m a m o s . Y lo j u r a m o s t o d o s . TODOS. CIP. SÍ j u r a m o s . Pues, arrimado a tal ofrecimiento, C r e c e y a desde h o y m i confianza. Creciendo en vuestros pechos ardimiento, Y del viejo v i v i r n u e s t r a m u d a n z a . V u e s t r a s p r o m e s a s n o se lleve el v i e n t o ; H a c e r l a s v e r d a d e r a s c o n la l a n z a ; Q u e las m í a s s a l d r á n t a n v e r d a d e r a s , C u a n t o fuere el v a l o r de v u e s t r a s v e r a s . S. i.° D o s n u m a n t i n o s con s e g u r o vienen A d a r t e , Cipión, u n a embajada. CIP. ¿ P o r q u é n o llegan y a ? ¿ E n q u é se d e t i e n e n ? SOL. E s p e r a n q u e licencia les sea d a d a . 235 CERVANTES CIP. Si son e m b a j a d o r e s , ya ila tienen. Sol. Embajadores CIP. son. Daldes entrada. Entran dos numantinos, embajadores. N . i." Si n o s d a s , g r a n s e ñ o r , g r a t a licencia, D e c i r t e he la e m b a j a d a q u e t r a e m o s ; D o e s t a m o s , o a n t e sola t u presenc'a, T o d o a lo q u e v e n i m o s t e d i r e m o s . CIP. D e c i d ; q u e a d o n d e q u i e r a doy audiencia. X. I." P u e s c o n e s e s e g u r o q u e t e n e m o s , De tu real grandeza concedido, D a r é p r i n c i p i o a lo q u e s o y v e n i d o . N u m a n c i a , de q u i e n y o soy c i u d a d a n o , í n c l i t o g e n e r a l , a ti m e e n v í a , C o m o al m á s f u e r t e c a p i t á n r o m a n o Q u e h a c u b i e r t o la n o c h e y v i s t o el día, A p e d i r t e , s e ñ o r , la a m i g a m a n o , E n señal d e q u e cesa la p o r f í a T a n trabada y cruel de t a n t o s años, Que ha causado sus propios y tus daños. D i c e q u e n u n c a de la ley y f u e r o s D e l S e n a d o r o m a n o se a p a r t a r a , Si el i n s u f r i b l e m a n d o y d e s a f u e r o s D e u n c ó n s u l y o t r o n o le f a t i g a r a . E l l o s con d u r o s e s t a t u t o s fieros, Y con su e x t r a ñ a condición avara, P u s i e r o n t a n g r a n y u g o a n u e s t r o s cuellos, Q u e f o r z a d o s s a l i m o s del y dellos, Y , e n t o d o el l a r g o t i e m p o q u e h a d u r a d o 036 EL CERCO DE NUMANCIA E n t r a m b a s p a r t e s la c o n t i e n d a , es c i e r t o Que ningún general hemos hallado Con quien poder t r a t a r algún concierto. E m p e r o a g o r a , q u e h a q u e r i d o el h a d o Reducir nuestra nave a tan buen puerto, L a s velas de la g a v i a r e c o g e m o s , Y a cualquiera partido nos ponemos. N o i m a g i n e s q u e t e m o r n o s lleva A p e d i r t e las p a c e s c o n i n s t a n c i a , P u e s la l a r g a e x p e r i e n c i a h a d a d o p r u e b a D e l p o d e r v a l e r o s o de N u m a n c i a . T u v i r t u d y v a l o r es q u i e n n o s ceba, Y nos declara que será ganancia M a y o r que cuantas desear podemos Si p o r s e ñ o r y a m i g o t e t e n e m o s . A e s t o h a sido la v e n i d a n u e s t r a . R e s p ó n d e n o s , s e ñ o r , lo q u e t e place. CIP. ¡ T a r d e d e a r r e p e n t i d o s dais la m u e s t r a ! Poco vuestra amistad me satisface. D e n u e v o e j e r c i t a d la f u e r t e diestra, Q u e q u i e r o v e r lo q u e la m í a h a c e ; Q u i z á q u e h a p u e s t o en ella la v e n t u r a L a gloria n u e s t r a y vuestra sepoltura. A d e s v e r g ü e n z a de t a n l a r g o s a ñ o s . E s poca recompensa pedir paces. S e g u i d la g u e r r a y r e n o v a d los d a ñ o s . S a l g a n de n u e v o las v a l i e n t e s h a c e s . N . i.° L a falsa c o n f i a n z a m i l e n g a ñ o s C o n s i g o t r a e ; a d v i e r t e lo q u e h a c e s , 337 CERVANTES Señor, que esa arrogancia que nos muestras, R e m u n e r a el v a l o r e n n u e s t r a s d i e s t r a s ; Y p u e s n i e g a s la p a z q u e c o n b u e n celo T e h a sido p o r n o s o t r o s d e m a n d a d a , D e h o y m á s la c a u s a n u e s t r a c o n el cielo Quedará por mejor calificada, Y a n t e s q u e p i s e s de N u m a n c i a «4 suelo, P r o b a r á s d ó se e x t i e n d e la i n d i g n a d a F u e r z a de a q u e l q u e , s i é n d o t e enemigo, Q u i e r e s e r t u v a s a l l o y fiel a m i g o . CIP. ¿Tenéis más que decir? N. N o : mas tenemos Q u e h a c e r , p u e s t ú , s e ñ o r , a n s í lo q u i e r e s , Sin q u e r e r la a m i s t a d q u e t e o f r e c e m o s , C o r r e s p o n d i e n d o m a l de s e r q u i e n e r e s . P e r o e n t o n c e s v e r á s lo q u e p o d r e m o s C u a n d o n o s m u e s t r e s t ú lo q u e p u d i e r e s ; Q u e es u n a c o s a r a z o n a r d e p a c e s , Y o t r a r o m p e r p o r las a r m a d a s haces. CIP. Verdad decís; y ansí, p a r a m o s t r a r o s Si sé t r a t a r en p a z y h a b l a r en g u e r r a , N o os q u i e r o p o r a m i g o s a c e p t a r o s , Ni lo s e r é j a m á s de v u e s t r a t i e r r a . Y con esto podéis luego t o r n a r o s . N. ¿ Q u e en e s f o t u q u e r e r , s e ñ o r , se e n c i e r r a ? CIP. Y a t e he d i c h o q u e si. N . 2." P u e s , ¡ sus!, al h e c h o ; Q u e g u e r r a a m a el n u m a n t i n o p e c h o . 238 •t» »»»CT' EL CERCO f l DE NUMANCIA JORNADA SEGUNDA Salen TEÓG. y CARAVINO, con otros tres numantinos, gobernadores de Numancia, y siéntanse. TEÓGENES Paréceme, varones esforzados, Q u e en n u e s t r o s d a n o s con rigor influyen Los tristes signos y contrarios hados, P u e s n u e s t r a fuerza h u m a n a desminuyen. T i é n e n n o s los r o m a n o s e n c e r r a d o s , Y con cobardes manos nos d e s t r u y e n ; Ni con m a t a r muriendo n o hay vengarnos, Ni p o d e m o s sin a l a s e s c a p a r n o s . Mira si i m a g i n á i s a l g ú n r e m e d i o P a r a s a l i r de t a n t a d e s v e n t u r a , P o r q u e este largo y trabajoso asedio Sólo p r o m e t e p r e s t a sepoltura. E l a n c h o foso n o s e s t o r b a el m e d i o D e p r o b a r c o n las a r m a s la v e n t u r a , A u n q u e a veces valientes, fuertes brazos, R o m p e n mil contrapuestos CAR. ¡A Júpiter pluguiera embarazos. soberano Q u e n u e s t r a j u v e n t u d sola se v i e r a C o n t o d o el c r u e l e j é r c i t o r o m a n o A d o n d e el b r a z o r o d e a r p u d i e r a , Q u e allí a l v a l o r d e l a e s p a ñ o l a mano L a m i s m a m u e r t e poco estorbo hiciera P a r a d e j a r de a b r i r f r a n c o camino A la s a l u d del p u e b l o n u m a n t i n o ! 239 C E R VA N TE S M a s p u e s en t a l e s t é r m i n o s n o s v e m o s , Que estamos como damas encerrados, H a g a m o s todo cuanto hacer podemos P a r a m o s t r a r los á n i m o s o s a d o s : A nuestros enemigos convidemos A singular b a t a l l a ; q u e , cansados D e s t e cerco t a n largo, ser podria Q u i s i e s e n a c a b a r l e p o r t a l vía. Y cuando este remedio no suceda A la j u s t a m e d i d a del d e s e o , O t r o c a m i n o de i n t e n t a r n o s q u e d a , A u n q u e m á s t r a b a j o s o a lo q u e c r e o : E s t e foso y muralla q u e n o s veda E l p a s o al e n e m i g o q u e allí v e o , E n u n t r o p e l de n o c h e le r o m p a m o s , Y p o r a y u d a a los a m i g o s v a m o s . N . i.° O s e a p o r el foso, o p o r la m u e r t e , De abrir tenemos paso a nuestra vida; Q u e es d o l o r insufrible el de la m u e r t e , Si l l e g a c u a n d o m á s vive la vida. R e m e d i o a las m i s e r i a s e s la m u e r t e , Si se a c r e c i e n t a n ellas con la vida, Y suele t a n t o m á s s e r e x c e l e n t e C u a n d o se m u e r e m á s h o n r a d a m e n t e . N . 2." E s t a i n s u f r i b l e h a m b r e macilenta. Q u e t a n t o nos persigue y nos rodea, H a c e q u e en v u e s t r o p a r e c e r c o n s i e n t a , Puesto oue temerario y duro sea; M u r i e n d o , exctisn'"•<••••:: ¡ a n t a 240 afrenta; EL CERCO DE NU MAN CÍA Y q u i e n m o r i r de h a m b r e n o d e s e a , A r r ó j e s e c o n m i g o al foso, y h a g a C a m i n o s u r e m e d i o con la d a g a . X. 3 . 0 P r i m e r o q u e v e n g á i s al t r a n c e d u r o D e s t a resolución que habéis tomado, P a r é c e m e ser b i e n q u e d e s d e el m u r o N u e s t r o fiero enemigo sea avisado, D i c i é n d o l e q u e dé c a m p o s e g u r o A u n n u m a n t i n o y a o t r o su soldado, Y q u e la m u e r t e de u n o s e a s e n t e n c i a Que acabe nuestra antigua diferencia. S o n los r o m a n o s t a n s o b e r b i a g e n t e , Que luego aceptarán este partido; Y si lo aceptan, creo Q u e n u e s t r o amargo firmemente d a ñ o h a fenecido, P u e s está un n u m a n t i n o aquí presente. Cuyo valor m e tiene persuadido Q u e él solo c o n t r a t r e s de los r o m a n o s Q u i t a r á la v i c t o r i a de las m a n o s . P a r a m o r i r , j a m á s le f a l t a t i e m p o Al q u e q u i e r e m o r i r desesperado. Siempre seremos a sazón y a tiempo P a r a m o s t r a r m u r i e n d o el pecho o s a d o ; M a s . p o r q u e n o se p a s e en balde el t i e m p o , M i r a si os c u a d r a lo q u e he d e m a n d a d o , Y , si n o os p a r e c e , dad u n m o d o Que mejor venga y que convenga a todo. TEÓG. YO desde aquí m e ofrezco, si os p a r e c e Q u e p u e d e de mi e s f u e r z o a l g o fiarse, 241 XXI.— CERV ANTES D e salir a e s t a d u d a q u e se o f r e c e , Si p o r v e n t u r a viene a e f e c t u a r s e . CAR. M á s h o n r a t u valor claro m e r e c e ; B i e n p u e d e n de t u e s f u e r z o confiarse M á s difíciles c o s a s , y a u n m a y o r e s , P o r s e r el q u e es m e j o r de los m e j o r e s . Y pues tú ocupas el lugar primero D e la h o n r a y v a l o r c o n c a u s a j u s t a , Yo, que en todo me cuento por postrero, Q u i e r o ser el h e r a l d o d e esta j u s t a . N . i.° P u e s y o con todo el pueblo m e prefiero H a c e r de lo q u e J ú p i t e r m á s g u s t a , Q u e s o n los sacrificios y o b l a c i o n e s , Si v a n c o n e n m e n d a d o s c o r a z o n e s . N. 2 . V a m o n o s , y con p r e s t a diligencia H a g a m o s c u a n t o a q u í p r o p u e s t o habernos, A n t e s q u e la p e s t í f e r a d o l e n c i a D e la h a m b r e n o s p o n g a en los e x t r e m o s . Si tiene el cielo d a d a ,1a sentenoia D e q u e e n e s t e r i g o r fiero a c a b e m o s , R e v ó q u e l a , si a c a s o lo m e r e c e L a p r e s t a e n m i e n d a q u e N u m a n c i a ofrece. Vanse. Salen dos numantinos vestidos como sacerdotes antiguos, y hon de traer asido de los cuernos en medio un carnero grande, coronado de oliva y otras flores, y un paje con una fuente de plata y una toalla, y otro con un jarro de agua, y otros dos con dos jarros de vino, y otro con otra fuente de plata con un poco de incienso, y otros con fuego y leña, y otro que ponga una mesa con un tapete donde se ponga todo lo que hubiere en la comedia, en hábitos de numanti242 EL CERCO DE NUMANCIA n o s ; y luego los sacerdotes, dejando el uno el carnero de la mano, diga, y han de entrar TEÓGENES y muchos numantinos. S. i.° Señales ciertas de dolares ciertos Se m e h a n p r e s e n t a d o en el c a m i n o , Y los c a n o s cabellos t e n g o y e r t o s . S. 2° Si a c a s o y o n o s o y m a l adivino, N u n c a con bien saldremos d e esta i m p r e s a . ¡ Ay, desdichado pueblo n u m a n t i n o ! S. i.° H a g a m o s n u e s t r o oficio c o n la p r i e s a Q u e nos i n c i t a n los a g ü e r o s t r i s t e s . P o n e d , amigos, hacia a q u í esa mesa. S. 2.° E l vino, i n c i e n s o y a g u a q u e t r u j i s t e s Poneldo encima, y a p a r t a o s afuera, Y a r r e p e n t i o s de c u a n t o m a l h i c i s t e s ; Q u e la oblación m e j o r y la p r i m e r a Q u e se h a de o f r e c e r al a l t o cielo E s el a l m a limpia y v o l u n t a d s i n c e r a . S. i.° E l f u e g o n o le h a g á i s v o s en el suelo, Q u e a q u í viene b r a s e r o p a r a ello, Q u e así lo pide el r e l i g i o s o celo. S. 2 . ° L a v a o s las m a n o s y limpiaos el cuello. D a d a c á el a g u a : ¿ el f u e g o n o se e n c i e n d e ? N. S. 2." N o h a y quien pueda, s e ñ o r e s , encendello. ¡Oh J ú p i t e r ! ¿ Q u é es esto q u e p r e t e n d e D e h a c e r en n u e s t r o d a ñ o el h a d o e s q u i v o ? ¿ C ó m o el f u e g o en la t e a n o se e n c i e n d e ? N. Y a p a r e c e , señor, que está algo vivo. S. 2." Q u í t a t e a f u e r a . ¡ O h flaca l l a m a e s c u r a , Q u e dolor en m i r a r t e tal r e c i b o ! 243 CERVANTES ¿ N o m i r a s c ó m o el h u m o se a p r e s u r a A c a m i n a r al l a d o de P o n i e n t e , Y la a m a r i l l a l l a m a , m a l s e g u r a , S u s p u n t a s e n c a m i n a h a c i a el O r i e n t e ? ¡ Desdichada señal, señal notoria Que nuestro mal y daño está p a t e n t e ! S. i.° A u n q u e lleven r o m a n o s la v i c t o r i a D e n u e s t r a m u e r t e , en h u m o h a de t o r n a r s e Y e n l l a m a s vivas n u e s t r a m u e r t e y g l o r i a . S. 2 . 0 P u e s d e b e c o n el v i n o r u c i a r s e El sacro fuego, dad acá ese vino, Y el i n c i e n s o t a m b i é n q u e h a de q u e m a r s e . Rocía el fuego con el vino a la redonda, y luego pone el incienso en el fuego, y dice: A l b i e n del t r i s t e p u e b l o n u m a n t i n o E n d e r e z a , ¡ o h g r a n J ú p i t e r ! , la fuerza P r o p i c i a , del c o n t r a r i o a m a r g o sino. Ansí como este ardiente fuego fuerza A q u e e n h u m o se v a y a el s a c r o incienso, A s í se h a g a al e n e m i g o f u e r z a P a r a q u e en h u m o , e t e r n o p a d r e i n m e n s o , T o d o s u b i e n , t o d a su g l o r i a v a y a , Ansí como tú puedes y yo pienso; T e n g a n los cielos su p o d e r a r a y a , Ansí como esta víctima tenemos, Y, lo q u e ella h a de h a b e r , él t a m b i é n h a y a . S. i.° M a l r e s p o n d e el a g ü e r o ; m a l p o d r e m o s O f r e c e r e s p e r a n z a al p u e b l o t r i s t e , Para salir del mal 244 que poseemos. EL CERCO DE N U M A N CI A Hácese ruido debajo del tablado con un barril lleno de piedras, y dispárese un cohete volador. S. 2.° ¿ N o oyes u n ruido, a m i g o ? Di, ¿ n o viste E l r a y o ardiente que pasó volando ? P r e s a g i o v e r d a d e r o de e s t o S. i.° fuiste. T u r b a d o e s t o y ; de m i e d o e s t o y t e m b l a n d o . ¡ O h q u é s e ñ a l e s ! , a lo q u e y o v e o , ¡ Q u é a m a r g o fin están p r o n o s t i c a n d o ! ¿ N o v e s u n e s c u a d r ó n a i r a d o y feo? ¿ V e e s u n a s á g u i l a s feas q u e pelean C o n o t r a s a v e s en m a r c i a l r o d e o ? S. 2." Sólo su e s f u e r z o y su r i g o r emplean E n e n c e r r a r l a s a v e s en u n c a b o , Y con a s t u c i a y a r t e las r o d e a n . S. i.° S. 2." T a l seña/ v / r u p e r o y n o la alabo, ¿Águilas imperiales vencedoras? ¡ T ú v e r á s de N u m a n c i a p r e s t o el c a b o ! Á g u i l a s , de g r a n m a l a n u n c i a d o r a s , P a r t i o s , q u e y a el a g ü e r o v u e s t r o e n t i e n d o , Y a e n efecto contadas son las h o r a s . S. I.° C o n t o d o , el sacrificio hacer p r e t e n d o De esta inocente víctima, g u a r d a d a P a r a p a g a r el dios del g e s t o h o r r e n d o . S. 2° ¡ O h g r a n P i n t ó n , a quien p o r s u e r t e d a d a Le fué la habitación del reino oscuro Y el m a n d o en la infernal triste morada' A t a p a la p r o f u n d a e s c u r a b o c a P o r d o salen las t r e s fieras h e r m a n a s A h a c e r n o s el d a ñ o q u e n o s t o c a , 245 w CERVANTES Y sian de d a ñ a r n o s t a n livianas S u s intenciones, que las lleve el viento, Corno se lleva el pelo de e s t a s l a n a s . Quita algunos pelos del carnero y échalos al aire. S. i.° Y ansí como te baño y ensangriento E s t e cuchillo en esta s a n g r e p u r a , C o n a l m a limpia y limpio p e n s a m i e n t o , A n s í la t i e r r a de N u m a n c i a d u r a S e b a ñ e c o n la s a n g r e d e r o m a n o s , Y a u n los s i r v a t a m b i é n de s e p o l t u r a . Sale por el hueco del tablado un DEMONIO hasta el medio cuerpo, y ha de arrebatar el carnero y volverse a disparar el fuego y todos los sacrificios. S. 2° M a s ¿ q u i é n m e h a a r r e b a t a d o de las m a n o s L a v í c t i m a ? ¿ Q u é e s e s t o , dioses s a n t o s ? ¿ Q u é p r o d i g i o s son e s t o s t a n i n s a n o s ? N o os h a n e n t e r n e c / d o y a los llantos D e s t e p u e b l o l l o r o s o y afligido, Ni la a r p a d a v o z de a q u e s t o s cantos; A n t e s c r e o q u e se h a n e n d u r e c i d o , C u a l p u e d e n inferir en las s e ñ a l e s T a n fieras c o m o a q u í h a n a c o n t e c i d o . N u e s t r o s vivos r e m e d i o s son m o r t a l e s ; T o d a n u e s t r a p e r e z a es diligencia, Y los bienes Xi'M. ajenos, nuestros males. E n fin, d a d o h a n los cielos la sentencia D e n u e s t r o fin a m a r g o y m i s e r a b l e . N o nos quiere valer y a su clemencia; 246 EL CERCO DE NUMANCIA L l o r e m o s , p u e s e s fin t a n l a m e n t a b l e , N u e s t r a d e s d i c h a ; q u e la e d a d p o s t r e r a Del y de n u e s t r a s f u e r z a s s i e m p r e h a b l e . JORNADA Salen CIP. TERCERA CIPIÓN, IUGURTA, y MARIO, romano». E n forma estoy contento en mirar cómo C o r r e s p o n d e a m i g u s t o la v e n t u r a , Y e s t a libre n a c i ó n s o b e r b i a d o m o Sin f u e r z a s , s o l a m e n t e c o n c o r d u r a . E n v i e n d o la ocasión, l u e g o la t o m o , P o r q u e sé c u á n t o c o r r e y se a p r e s u r a , Y si se p a s a ; e n c o s a s d e la g u e r r a , E l c r é d i t o c o n s u m e y vida a t i e r r a . J u z g a b a d e é s a el loco d e s v a r í o T e n e r los e n e m i g o s encerrados, Y q u e e r a m e n g u a del romano brío N o vencellos con modos m á s usados. B i e n sé q u e lo h a b r á n d i c h o ; m a s y o fío Q u e , los q u e fueren p l á c t i c o s s o l d a d o s D i r á n q u e es d e t e n e r e n m a y o r c u e n t a La victoria q u e menos ensangrienta. ¿ Q u é gloria puede haber m á s levantada, E n l a s c o s a s de g u e r r a q u e aquí d i g o , Q u e , sin q u i t a r de su l u g a r la e s p a d a , V e n c e r y s u j e t a r al e n e m i g o ? Q u e , c u a n d o la v i c t o r i a e s g r a n j e a d a 247 CERVANTES Con la sangre vertida del amigo, E l gusto mengua que causar pudiera L a que sin sangre tal ganada fuera. Tocan una trompeta del muro de Numancia. 1ro. Oye, señor, que de Numancia suena E l son de una trompeta, y me aseguro Que decirte algo desde allá se ordena, Pues el salir acá lo estorba el muro. Caravino se ha puesto en una almena, Y una señal ha hecho de s e g u r o : Lleguémonos más cerca. CIP. Ea, lleguemos. N o m á s : eme desde aquí lo entenderemos. Pónese Car. CARAVINO en la muralla, con una bandera o lanza en la mano, y dice: ¡ Romanos ! ¡ A h , romanos ! ¿ Puede acaso Ser de vosotros esta voz oída? MAR. Puesto que más abajas, y hables paso, De cualquier tu razón será entendida. Car. Decid al general que alargue el paso A l foso, porque viene dirigida a él una embajada. Cip. Dila presto, que yo soy Cipión. Car. Escucha el resto. Dice Numancia, general prudente, Que consideres bien que ha muchos años Que entre la nuestra y tu romana gente 248 EL CERCO DE NUMANCIA D u r a n los m a l e s de la g u e r r a e x t r a ñ o s , Y q u e , p o r e v i t a r q u e n o se a u m e n t e L a dura pestilencia destos daños, Q u i e r e , si t ú q u i s i e r e s , a c a b a l l a Con una breve y singular batalla. U n soldado se ofrece de los n u e s t r o s A c o m b a t i r c e r r a d o en e s t a c a d a C o n c u a l q u i e r a e s f o r z a d o de los v u e s t r o s , P a r a acabar contienda tan trabada; Y al q u e los h a d o s f u e r e n t a n s i n i e s t r o s , Q u e allí le d e j e n sin la v i d a a m a d a , Si fuere el n u e s t r o , d a r é m o s t e la t i e r r a ; Si el t u y o fuere, a c á b e s e la g u e r r a : Y por seguridad deste concierto, d a r e m o s a t u g u s t o las r e h e n e s . B i e n sé q u e en él v e n d r á s , p o r q u e e s t á s c i e r t o D e los s o l d a d o s q u e a t u c a r g o t i e n e s , Y s a b e s q u e el m e n o r , a c a m p o a b i e r t o , H a r á s u d a r el p e c h o , r o s t r o y sienes A l m á s a v e n t a j a d o de N u m a n c i a ; Ansí que está segura tu ganancia. P o r q u e a la ejecución se v e n g a l u e g o , R e s p ó n d e m e , s e ñ o r , si e s t á s en ello. Crp. D o n a i r e es lo q u e dices, r i s a y j u e g o , Y loco el q u e p i e n s a de hacello. L s a d el m e d i o del h u m i l d e r u e g o . r Si q u e r é i s q u e se e s c a p e v u e s t r o cuello D e p r o b a r el r i g o r y filos d i e s t r o s D e l r o m a n o cuchillo y b r a z o s n u e s t r o s . 249 CERVANTES L a fiera que en la j a u l a está e n c e r r a d a P o r su selvatoquez y fuerza dura, Si p u e d e allí c o n m a n o s e r d o m a d a , Y con el t i e m p o y m e d i o s de c o r d u r a , Q u i e n la d e j a s e libre y d e s a t a d a D a r í a g r a n d e s m u e s t r a s de l o c u r a . B e s t i a s sois, y , p o r t a l e s , e n c e r r a d a s O s t e n g o d o n d e h a b é i s de ser d o m a d a s . Mía será Numancia a pesar vuestro, Sin q u e m e c u e s t e u n m í n i m o s o l d a d o , Y el q u e t e n é i s v o s o t r o s p o r m á s d i e s t r o , R o m p a p o r ese foso t r i n c h e a d o ; Y si e n e s t o o s p a r e c e q u e y o m u e s t r o U n poco mi valor acobardado, E l viento lleve agora esta v e r g ü e n z a , Y v u é l v a l a la f a m a c u a n d o v e n z a . Vanse Crpióx y los suyos, y dice CARAVINO. CAR. ¿ X o escuchas más, cobarde? ¿ Y a te a s - ¿ E n f á d a t e la i g u a l j u s t a b a t a l l a ? [condes? M a l con t u n o m b r a d í a c o r r e s p o n d e s ; M a l p o d r á s de e s t e m o d o s u s t e n t a l l a ; E n fin, c o m o c o b a r d e m e r e s p o n d e s . C o b a r d e s sois, r o m a n o s , vil c a n a l l a , Con vuestra muchedumbre confiados, Y n o en los d i e s t r o s b r a z o s l e v a n t a d o s . E n formado escuadrón, o m a n g a suelta E n la c a m p a ñ a r a s a , d o n o p u e d a E s t o r b a r la m o r t a l fiera r e v u e l t a 250 EL CERCO DE N U M AN CIA E l a n c h o foso y m u r o que la veda, S e r á bien que, sin d a r el pie la vuelta, Y sin t e n e r j a m á s la e s p a d a Ese ejército mucho bravo queda, vuestro Se v i e r a con el poco flaco n u e s t r o ; Mas, como siempre estáis acostumbrados A v e n c e r con v e n t a j a s y c o n m a ñ a s , E s t o s c o n c i e r t o s , en v a l o r f u n d a d o s , N o los a d m i t e n bien v u e s t r a s Liebres Load en pieles fieras y engrandeced marañas; disfrazados, vuestras hazañas, Q u e e s p e r o en el g r a n J ú p i t e r d e j a r o s S u j e t o s a N u m a n c i a y a sus f u e r o s . Vase, y torna a salir fuera con TEÓGENES, y CARAVINO. y MARANDRO, y otros. TEÓG. E n términos nos tiene nuestra suerte. Dulces amigos, que sería ventura D e a c a b a r n u e s t r o s d a ñ o s con la m u e r t e ; E l desafío n o ha i m p o r t a d o u n c e r o ; ¿ D e i n t e n t a r qué m e q u e d a ? N o lo siento, U n o es a c e p t a r el fin p o s t r e r o . E s t a n o c h e se m u e s t r e el a r d i m i e n t o D e l n u m a n t i n o a c e l e r a d o pecho, Y póngase por obra nuestro intento. E l e n e m i g o m u r o sen d e s h e c h o ; S a l g a m o s a m o r i r a la c a m p a ñ a . Y n o c o m o c o b a r d e s en e s t r e c h o . Bien sé q u e sólo sirve e s t a h a z a ñ a 251 CERVANTES CAR. D e q u e a n u e s t r o m o r i r se m u d e el m o d o , Q u e con ella la m u e r t e se a c o m p a ñ a . Con este parecer yo me acomodo; M o r i r q u i e r o r o m p i e n d o el f u e r t e m u r o , Y d e s h a c e l l o p o r mi m a n o t o d o ; M a s tienen una cosa mal siguro: Q u e , si n u e s t r a s m u j e r e s s a b e n e s t o , D e q u e n o h a r e m o s n a d a os a s e g u r o . Cuando otra vez tuvimos presupuesto D e huirnos y dejallas, cada uno F i a d o e n su c a b a l l o y v u e l o p r e s t o , E l l a s , q u e el t r a t o a ellas i m p o r t u n o S u p i e r o n , al m o m e n t o n o s r o b a r o n L o s f r e n o s , sin d e j a r n o s sólo u n o . E n t o n c e s el h u i r n o s e s t o r b a r o n , Y a n s í lo h a r á n a g o r a f á c i l m e n t e , MAR. Si las l á g r i m a s m u e s t r a n q u e m o s t r a r o n . N u e s t r o disinio a t o d a s es p a t e n t e , T o d a s lo s a b e n y a , y n o q u e d a a l g u n a Q u e n o se q u e j e dello a m a r g a m e n t e , Y dicen q u e , en la b u e n a o r u i n f o r t u n a , Q u i e r e n e n vida o m u e r t e a c o m p a ñ a r o s , A u n q u e su c o m p a ñ í a o s s e a i m p o r t u n a . Kntran cuatro mujeres de Numancia, cada una con un niño en brazos y otros de las manos, y LIRA, doncella. Veislas aquí do vienen a r o g a r o s N o las dejéis e n t a n t o s e m b a r a z o s ; A u n q u e seáis de a c e r o h a n de a b l a n d a r o s ; 253 EL CERCO DE NUMANCIA L o s t i e r n o s hijos v u e s t r o s en los b r a z o s L a s t r i s t e s t r a e n : ¿ n o veis con q u é s e ñ a l e s D e a m o r l e s d a n los ú l t i m o s a b r a z o s ? M. i." ¿Qué pensáis, varones claros? ¿Revolvéis aún todavía E n la t r i s t e f a n t a s í a De dejarnos y ausentaros ? ¿ Y a los libres hijos v u e s t r o s Q u e r é i s e s c l a v o s dejallos ? ¿No será mejor ahogaílos C o n los p r o p i o s b r a z o s v u e s t r o s ? N o a p r e s u r é i s el c a m i n o A l m o r i r , p o r q u e su e s t a m b r e C u i d a d o t i e n e la h a m b r e De cercenarla contino. M. 3.* H i j o s de e s t a s t r i s t e s m a d r e s , ¿ Q u é es e s t o ? ¿ C ó m o n o h a b l á i s Y con lágrimas rogáis Q u e n o os dejen v u e s t r o s p a d r e s ? B a s t e q u e la h a m b r e i n s a n a O s a c a b e n con dolor, Sin e s p e r a r el r i g o r D e la a s p e r e z a r o m a n a . Decildes que os e n g e n d r a r o n L i b r e s , y libres n a c i s t e s , Y que vuestras madres tristes T a m b i é n libres os c r i a r o n . Decildes que, pues la suerte N u e s t r a v a t a n decaída, 253 CERVAN TES Q u e , c o m o os d i e r o n la vida, A n s í m i s m o o s den la m u e r t e ; ¡ O h m u r o s de e s t a c i u d a d ! Si p o d é i s h a b l a r , decid, Y mil v e c e s r e p e t i d : "¡ Numantinos, libertad L o s t e m p l o s , las c a s a s v u e s t r a s Levantadas en concordia! H o y piden misericordia Hijos y mujeres vuestras. Ablandad, caros varones, Esos pechos diamantinos, Y m o s t r a d , cual n u m a n t i n o s , Amorosos corazones; Q u e n o p o r r o m p e r el m u r o Se r e m e d i a u n m a l t a m a ñ o ; A n t e s en ello e s t á el d a ñ o M á s propincuo y más seguro." Lira. T a m b i é n las t r i s t e s doncellas P o n e n en v u e s t r a d e f e n s a E l r e m e d i o de su o f e n s a Y el alivio a sus q u e r e l l a s . Desesperación notoria E s ésta que hacer queréis, A d o n d e sólo h a l l a r é i s Breve m u e r t e y larga gloria. Mas ya que salga mejor Que yo pienso esta hazaña, ¿ Q u é c i u d a d h a y en E s p a ñ a 254 EL CERCO DE NU MAN CÍA Que quiera daros favor? M i p o b r e i n g e n i o os a d v i e r t e Q u e si h a c é i s e s t a salida, Al e n e m i g o dais vida Y a toda Numancia muerte. De vuestro acuerdo gentil Los romanos burlarán; Pero, decidme: ¿qué harán T r e s mil con o c h e n t a m i l ? Aunque tuviesen abiertos L o s m u r o s y su d e f e n s a , S e r í a d e s con ofensa M a l v e n g a d o s y bien m u e r t o s . M e j o r es q u e la v e n t u r a O el d a ñ o q u e el cielo o r d e n a , O n o s salve o n o s c o n d e n a D é la v i d a o s e p o l t u r a . TEÓG. L i m p i a d los ojos h ú m i d o s del l l a n t o , Mujeres tiernas, y tené entendido Q u e v u e s t r a a n g u s t i a la s e n t i m o s t a n t o , Q u e r e s p o n d e al a m o r n u e s t r o subido. O r a c r e z c a el dolor, o r a el q u e b r a n t o S e a p o r n u e s t r o bien d i s m i n u i d o , J a m á s e n m u e r t e o vida o s d e j a r e m o s ; A n t e s en m u e r t e y vida o s s e r v i r e m o s . P e n s á b a m o s salir al foso, c i e r t o s A n t e s de allí m o r i r q u e de e s c a p a r n o s , P u e s f u e r a q u e d a r vivos a u n q u e m u e r t o s , Si m u r i e n d o p u d i é r a m o s v e n g a r n o s ; 255 CERVANTES M a s , p u e s n u e s t r o s disinios d e s c u b i e r t o s H a n sido, y es locura a v e n t u r a r n o s , A m a d o s y hijos y m u j e r e s n u e s t r a s , N u e s t r a s vidas s e r á n de h o y m á s l a s v u e s t r a s . Sólo se h a d e m i r a r q u e el e n e m i g o N o a l c a n c e de n o s o t r o s t r i u n f o o g l o r i a ; A n t e s h a de s e r v i r él de t e s t i g o Q u e a p r u e b e n y d e t e r m i n e n la h i s t o r i a ; Y si t o d o s v e n í s en lo q u e digo, M i l siglos d u r a r á n u e s t r a m e m o r i a , Y es q u e n o q u e d e c o s a a q u í en N u m a n c i a D e d o el c o n t r a r i o p u e d a h a c e r g a n a n c i a . E n m e d i o de la p l a z a se h a g a u n f u e g o , E n c u y a a r d i e n t e l l a m a licenciosa N u e s t r a s r i q u e z a s t o d a s se e c h e n l u e g o , D e s d e la p o b r e a la m á s rica c o s a ; Y e s t o p o d r é i s t e n e r a dulce j u e g o , C u a n d o o s d e c l a r e la i n t e n c i ó n h o n r o s a Q u e se h a de e f e c t u a r d e s p u é s q u e sea A b r a s a d a c u a l q u i e r rica p r e s e a . Y para entretener por algún hora L a h a m b r e q u e ya r o e n u e s t r o s huesos, H a r é i s d e s c u a r t i z a r l u e g o a la h o r a Esos tristes romanos que están presos, Y sin del chico al g r a n d e h a c e r m e j o r a . R e p á r t a s e e n t r e t o d o s , q u e con e s o s Será nuestra comida celebrada CAR. P o r E s p a ñ a , cruel, necesitada. A m i g o s , ¿ q u é os p a r e c e ? ¿ E s t á i s en e s t o ? 256 EL CERCO DE NU MAN CIA Digo que a mí me tiene satisfecho, Y q u e a la ejecución se v e n g a p r e s t o De un tan extraño y tan honroso hecho. TEÓG. P u e s y o de mi i n t e n c i ó n o s d i r é el r e s t o : D e s p u é s q u e s e a lo q u e d i g o h e c h o , V a m o s a ser ministros todos luego D e e n c e n d e r el a r d i e n t e y rico f u e g o . M. i.* N o s o t r a s desde aquí ya c o m e n z a m o s A d a r con voluntad n u e s t r o s arreos, Y a las v u e s t r a s las v i d a s entregamos C o m o se h a n e n t r e g a d o los d e s e o s . LIRA. Pues caminemos presto; vamos, vamos, Y a b r á s e n s e e n u n p u n t o los t r o f e o s Q u e p u d i e r a n h a c e r r i c a s las m a n o s , Y a u n h a r t a r la codicia de r o m a n o s . Vansc todos, y salen dos NUMANTINOS. N . I.* ¡ D e r r a m a , dulce h e r m a n o , p o r los o j o s El alma en llanto a m a r g o c o n v e r t i d a ! ¡ V e n g a la m u e r t e y lleve los d e s p o j o s De nuestra miserable y triste vida! N . 2.° Bien p o c o d u r a r á n estos e n o j o s ; Q u e y a la m u e r t e v i e n e a p e r c e b i d a P a r a llevar en p r e s t o y breve vuelo A c u a n t o s p i s a n de N u m a n c i a el suelo. E n la p l a z a m a y o r y a l e v a n t a d a Q u e d a un ardiente y cudiciosa Q u e de n u e s t r a s r i q u e z a s hoguera, menistrada, S u s l l a m a s s u b e n a la c u a r t a esfera. 257 xxi.—17 '"TO'" CERVANTES Allí, c o n t r i s t e p r i e s a acelerada Y con m o r t a l y t í m i d a c a r r e r a , A c u d e n t o d o s , c o m o santa o f r e n d a , A s u s t e n t a r las l l a m a s c o n s u h a c i e n d a . Allí la p e r l a del r o s a d o Oriente, Y el o r o en mil v a s i j a s f a b r i c a d o , Y el d i a m a n t e y r u b í m á s e x c e l e n t e , Y la e s t i m a d a p ú r p u r a y b r o c a d o , E n m e d i o del r i g o r f o g o s o a r d i e n t e D e la e n c e n d i d a l l a m a se h a a r r o j a d o : D e s p o j o s q u e p u d i e r a n los r o m a n o s H i n c h i r los s e n o s y o c u p a r las m a n o s . Aquí salen con cargas de ropa por tina parte y éntranse, por otra. Vuelve al triste espectáculo la vista; V e r á s con cuánta priesa y cuánta gana T o d a N u m a n c i a en n u m e r o s a v i s t a A g u i j a a s u s t e n t a r la l l a m a i n s a n a ; Y no con verde leño o seca arista, N o con m a t e r i a al c o n s u m i r liviana, Sino con sus haciendas mal gozadas, P u e s se g u a r d a r o n p a r a s e r q u e m a d a s . X. i." Si con esto a c a b a r a n u e s t r o d a ñ o , P u d i é r a m o s llevallo c o n p a c i e n c i a ; M a s , ¡ a y ! , q u e se h a d e d a r , si n o m e e n g a ñ o , D e que m u r a m o s todos cruel sentencia. ¡ P r i m e r o q u e el rigor b á r b a r o e x t r a ñ o M u e s t r e en n u e s t r a s g a r g a n t a s su inclemenV e r d u g o s de n o s o t r o s n u e s t r a s m a n o s 258 [cia, EL CERCO DE NU MAN CIA S e r á n , y n o los p é r f i d o s r o m a n o s ! H a n ordenado que no quede alguna M u j e r , n i ñ o ni viejo c o n la vida, P u e s al fin la c r u e l h a m b r e i m p o r t u n a C o n m á s fiero r i g o r es s u h o m i c i d a . Sale una mujer con una criatura en los brazos y otra de la mano, y ropa para echar en el fuego. MADR. ¡ O h d u r o vivir m o l e s t o ! ¡ Terrible y triste agonía! Hijo. Madre, ¿por ventura, habría Quien nos diese pan por MADR. esto? ¿ P a n , h i j o ? ¡ N i a u n o t r a cosa Q u e s e m e j e de c o m e r ! Hijo. P u e s ¿ t e n g o de fenecer De dura hambre rabiosa? ¡ C o n p o c o p a n que m e deis, M a d r e , n o os p e d i r é m á s ! MADR. H i j o , ¡ q u é p e n a me d a s ! Hijo. MADR. ¿ P o r qué, madre, no queréis? SÍ q u i e r o ; m a s ¿ q u é h a r é , Q u e n o sé d o n d e b u s c a l l o ? Hijo. Bien podréis, madre, comprallo; Si n o , y o lo c o m p r a r é . M a s , p o r q u i t a r m e de afán, Si a l g u n o c o n m i g o t o p a . Le daré toda esta ropa P o r u n p e d a z o de p a n . MADR. ¿Qué mamas, triste criatura? ¿ N o s i e n t e s q u e , a mi d e s p e c h o , 259 CERVANTES S a c a s y a d e l flaco p e c h o , P o r leche, la s a n g r e p u r a ? L l e v a la c a r n e a p e d a z o s , Y p r o c u r a de h a r t a r t e , Que n o pueden ya llevarte M i s flacos, c a n s a d o s b r a z o s . H i j o s , m i dulce alegría, ¿ Con q u é o s p o d r é s u s t e n t a r , Si a p e n a s t e n g o q u é o s d a r D e la p r o p i a s a n g r e mía? ¡ Oh h a m b r e terrible y fuerte, C ó m o m e a c a b a s la v i d a ! ¡ O h g u e r r a , sólo v e n i d a P a r a c a u s a r m e la m u e r t e ! Hijo. ¡ M a d r e m í a , q u e m e fino! Aguijemos. ¿ A dó vamos, Que parece que alargamos L a h a m b r e c o n el c a m i n o ? MADR. H i j o , cerca está la plaza Adonde echaremos luego E n m i t a d del vivo f u e g o El peso que te embaraza. J O R N A D A CUARTA Tocan al arma con gran priesa, y a este rumor sale CiriÓN, y CIP. IuGur.TA. y MARIO, alborotados. ¿ Q u é es esto, c a p i t a n e s ? ¿ Q u i é n n o s toca Al a r m a en tal sazón? ¿ E s . p o r v e n t u r a , 260 i*- — EL CERCO t e DE ? " i > NUMANCIA A l g u n a g e n t e d e s m a n d a d a y loca Q u e v i e n e a d e m a n d a r su s e p o l t u r a ? M a s n o sea a l g ú n m o t í n el q u e p r o v o c a T o c a r al a r m a e n r e c i a c o y u n t u r a : Q u e t a n s e g u r o e s t o y del e n e m i g o , Q u e t e n g o m á s t e m o r al q u e es a m i g o . Sale QUINTO QUIN*. FABIO con el espada desnuda, y d i c e : S o s i e g a el p e c h o , g e n e r a l p r u d e n t e , Q u e y a d e e s t a a r m a la o c a c i ó n se s a b e , P u e s t o q u e h a sido a c o s t a de t u g e n t e , D e aquel en quien m á s brío o fuerza cabe. D o s n u m a n t i n o s con s o b e r b i a Cuyo valor será razón se frente, alabe, S a l t a n d o el a n c h o foso y la m u r a l l a , H a n movido a t u campo cruel batalla. A las p r i m e r a s g u a r d a s envistieron, Y e n m e d i o d e mil l a n z a s se a r r o j a r o n , Y c o n t a l furia y r a b i a a r r e m e t i e r o n , Q u e libre p a s o al c a m p o les d e j a r o n . L a s t i e n d a s de F a b r i c i o a c o m e t i e r o n , Y allí su fuerza y su valor m o s t r a r o n D e m o d o , q u e e n u n p u n t o seis s o l d a d o s F u e r o n de a g u d a s p u n t a s t r a s p a s a d o s . Con presta diligencia discurriendo I b a n de t i e n d a en t i e n d a , h a s t a q u e h a l l a r o n U n p o c o de b i z c o c h o , el c u a l c o g i e r o n ; E l p a s o , y n o el furor, a t r á s t o r n a r o n . E l u n o de ellos se e s c a p ó h u y e n d o ; 261 C E RYANTES A l o t r o mil e s p a d a s le a c a b a r o n , P o r d o n d e infiero q u e la h a m b r e h a sido Q u i e n les dio a t r e v i m i e n t o t a n s u b i d o . CIP. Si, estando deshambridos y encerrados, Muestran tan demasiado atrevimiento, ¿ Q u é h i c i e r a n siendo libres y e n t e r a d o s E n sus fuerzas primeras y ardimiento? ¡ I n d ó m i t o s ! ¡ A l fin seréis d o m a d o s , P o r q u e c o n t r a el f u r o r v u e s t r o v i o l e n t o S e t i e n e de p o n e r la i n d u s t r i a n u e s t r a , Q u e de d o m a r soberbios es m a e s t r a ! Vanse todos. Sale una mujer, armada con una lanza en la mano y un escudo, que significa la GUERRA, y trae consigo la ENFERMEDAD y la HAMBRE : la ENFERMFDAD arrimada a una muleta y rodeada de paños la cabeza, con una máscara amarilla; y la HAMBRE saldrá con un desnudillo de muerte, y encima, una ropa de bocací amarilla y una máscara descolorida. GUERR. H a m b r e , E n f e r m e d a d , ejecutores D e mis terribles m a n d o s y severos, D e v i d a s y salud c o n s u m i d o r e s , C o n q u i e n n o vale r u e g o , m a n d o o fieros, P u e s y a de m i i n t e n c i ó n sois s a b i d o r e s , N o h a y p a r a q u é de n u e v o e n c a r e c e r o s De cuánto gusto me será y contento Q u e luego, luego, h a g á i s mi m a n d a m i e n t o . L a f u e r z a i n c o n t r a s t a b l e de los h a d o s , Cuyos efectos nunca salen vanos, M e f u e r z a n q u e de m i s e a n ayudados E s t o s sagaces milites r o m a n o s . 262 EL CERCO DE N U M A N CIA Ellos serán un tiempo levantados, Y abatidos también estos hispanos; P e r o tiempo vendrá en que yo me mude, Y d a ñ e al a l t o y al p e q u e ñ o a y u d e ; Q u e y o , q u e soy la p o d e r o s a G u e r r a , De tantas madres desterrada en vano, A u n q u e q u i e n m e maldice a v e c e s y e r r a , P u e s n o sabe el v a l o r de e s t a m i m a n o , Sé bien q u e en t o d o el o r b e de la t i e r r a , S e r é l l e v a d a del v a l o r hispano E n la dulce o c a s i ó n q u e e s t é n reinando U n C a r l o s , y u n Filipo, y u n F e r n a n d o . EXF. Si ya la H a m b r e , n u e s t r a a m i g a querida. N o h u b i e r a t o m a d o con i n s t a n c i a A s u c a r g o de s e r fiera h o m i c i d a D e t o d o s c u a n t o s v i v e n en N u m a n c i a , F u e r a de mí tu v o l u n t a d cumplida, D e m o d o q u e se v i e r a la g a n a n c i a Fácil y rica q u e el romano hubiera, H a r t o m e j o r de a q u e l l o q u e se e s p e r a . M a s ella, en c u a n t o su poder alcanza, Y a t i e n e t a l el p u e b l o n u m a n t i n o , Q u e de e s p e r a r a l g u n a b u e n a a n d a n z a , L e h a t o m a d o las s e n d a s y el c a m i n o ; M a s del f u r o r la r i g u r o s a lanza, L a influencia del c o n t r a r i o sino, L e t r a t a con t a n á s p e r a violencia, Q u e n o es m e n e s t e r h a m b r e ni dolencia. E l F u r o r y la R a b i a , t u s s e c u a c e s , 263 CERV-ANTES H a n t o m a d o e n su p e c h o t a l a s i e n t o , Q u e , c u a l si fuese de r o m a n a s h a c e s , C a d a c u a l de e s a s a n g r e e s t á s e d i e n t o . M u e r t o s , i n c e n d i o s , i r a s son s u s p a c e s ; E n el m o r i r h a n p u e s t o su c o n t e n t o , Y, p o r q u i t a r el t r i u n f o a l o s r o m a n o s , E l l o s m e s m o s se m a t a n con sus m a n o s . IIAMBR. V o l v e d ios ojos, y veréis a r d i e n d o D e la c i u d a d los e n c u m b r a d o s t e c h o s . E s c u c h a d los s u s p i r o s q u e s a l i e n d o V a n de mil t r i s t e s , l a s t i m a d o s p e c h o s . O í d la v o z y l a m e n t a b l e e s t r u e n d o D e bellas d a m a s a quien, ya deshechos L o s t i e r n o s m i e m b r o s de c e n i z a y fuego, N o v a l e n p a d r e , a m i g o , a m o r ni r u e g o . C u a l s a l e n las o v e j a s d e s c u i d a d a s , S i e n d o del fiero lobo a c o m e t i d a s , Andar aquí y allí descarriadas, C o n t e m o r de p e r d e r las simples vidas, Tal niños y mujeres desdichadas, V i e n d o y a las e s p a d a s h o m i c i d a s , A n d a / i de calle en calle, ¡ o h h a d o i n s a n o ! , S u cierta m u e r t e d i l a t a n d o en vano. N o hay plaza, no h a y r i n c ó n , n o hay calle o casa Q u e de s a n g r e y de m u e r t o s n o e s t é l l e n a ; E l h i e r r o m a t a , el d u r o f u e g o a b r a s a , Y el r i g o r f e r o c í s i m o condena. P r e s t o v e r é i s q u e p o r el suelo t a s a H a s t a la m á s s u b i d a y a l t a 264 almena, EL CERCO DE N U M AN CIA Y las c a s a s y t e m p l o s m á s p r e c i a d o s E n polvo y e n c e n i z a s s o n t o r n a d o s . V e n i d ; v e r é i s q u e en los a m a d o s cuellos D e t i e r n o s hijos y m u j e r querida, T e o g e n e s afila a g o r a y p r u e b a e n ellos D e su e s p a d a c r u e l c o r t e homicida, Y c ó m o y a , d e s p u é s de m u e r t o s ellos, E s t i m a e n p o c o la c a n s a d a vida, B u s c a n d o de m o r i r u n m o d o e x t r a ñ o , Q u e c a u s ó e n el s u y o m á s de u n d a ñ o . GLERR. V a m o s , p u e s , y n i n g u n o se descuide D e e j e c u t a r p o r e s o a q u í s u fuerza, Y a lo q u e d i g o sólo a t i e n d a y cuide, Sin q u e de m i i n t e n c i ó n u n p u n t o t u e r z a . Vanse. y sale TFÓGENES con dos espadas desnudas y ensangrentadas las manos. TEÓG. S a n g r e de m i s e n t r a ñ a s d e r r a m a d a , P u e s sois a q u e l l a de los hijos m í o s ; M a n o , c o n t r a ti m c s m a acelerada, L l e n a de h o n r o s o s y c r u e l e s b r í o s ; F o r t u n a , en d a ñ o m í o c o n j u r a d a ; Ciclos, de j u s t a p i e d a d v a c i o s : O í r e c e d m e en t a n d u r a , a m a r g a s u e r t e , Alguna honrosa, aunque cercana muerte. Valientes numantinos, haced cuenta Q u e yo soy algún pérfido romano, Y v e n g a d e n mi p e c h o v u e s t r a a f r e n t a , E n s a n g r e n t a n d o e n él e s p a d a y m a n o . U n a de e s t a s e s p a d a s os p r e s e n t a 265 CERVANTES M i a i r a d a furia y m i d o l o r i n s a n o ; Q u e , m u r i e n d o e n b a t a l l a , n o se siente T a n t o e l r i g o r del ú l t i m o a c c i d e n t e . Vase, y sale CIPIÓN, y IUCURTA, y QUINTO FABIO, y MARIO, y ERMILIO y otros soldados romanos. CIP. Si no m e engaña el pensamiento mío, O salen mentirosas las señales Que habéis visto en N u m a n c i a , d e l e s t r u e n d o Y lamentable son, y ardiente llama, S i n d u d a a l g u n a que recelo y t e m o Q u e el b á r b a r o f u r o r d e l e n e m i g o C o n t r a s u p r o p i o p e c h o n o se v u e l v a . Ya no parece gente en la muralla, Ni suenan las usadas centinelas; T o d o e s t á e n c a l m a y e n silencio p u e s t o , C o m o si e n p a z t r a n q u i l a y s o s e g a d a E s t u v i e s e n los fieros MAR. numantinos. P r e s t o p o d r á s salir d e a q u e s a d u d a , P o r q u e , si t ú lo q u i e r e s , y o m e o f r e z c o D e s u b i r s o b r e el m u r o , a u n q u e m e p o n g a Al riguroso trance q u e se ofrece, Sólo p o r v e r aquello q u e en Numancia H a c e n nuestros soberbios enemigos. CIP. A r r i m a , p u e s , ¡oh M a r i o ! , a l g u n a escala A la m u r a l l a , y h a z lo q u e p r o m e t e s . MAR. I d p o r l a escala luego, y vos, E r m i l i o , H a c e d q u e m i r o d e l a se m e t r a i g a , Y la c e l a d a b l a n c a d e l a s p l u m a s ; 266 EL CERCO DE NUMANCIA Q u e a fe q u e t e n g o de p e r d e r la vida O s a c a r de e s t a d u d a al c a m p o t o d o . ERM. V e s aquí la rodela y la c e l a d a ; L a e s c a l a v e s l a a l l í : la t r a j o L i m p i o . MAR. E n c o m i á n d o m e a J ú p i t e r inmenso, Q u e y o v o y a c u m p l i r lo p r o m e t i d o . IUG. A l z a m á s la rodela, M a r i o , E n c o g e el c u e r p o , y e n c u b r e la c a b e z a . ¡ A n i m o , q u e y a l l e g a s a lo a l t o ! ¿ Q u é ves? MAR. IUG. ¡ O h santos d i o s e s ! Y ¿ q u é es e s t o ? ¿ De qué te admiras ? MAR. D e mirar de sangre U n r o j o l a g o , y de v e r m i l c u e r p o s T e n d i d o s p o r l a s calles de N u m a n c i a , D e mil a g u d a s p u n t a s t r a s p a s a d o s . CIP. ¿ Q u é ? ¿ N o hay ninguno vivo? MAR. ¡ N i por p i e n s o ! A lo m e n o s , n i n g u n o se m e ofrece E n t o d o c u a n t o a l c a n z o con la vista. CIP. Salta, pues, d e n t r o , y m i r a p o r tu vida. Salta MARIO en la ciudad. Sigúele lugurta y al poco torna a salir el primero por la muralla, y dice: MAR. rato E n balde, i l u s t r e g e n e r a l p r u d e n t e , Han sido n u e s t r a s f u e r z a s ocupadas. E n balde t e h a s m o s t r a d o d i l i g e n t e , P u e s en h u m o y e n v i e n t o son t o r n a d a s L a s c i e r t a s e s p e r a n z a s de v i c t o r i a , 267 D e tu i n d u s t r i a contino a s e g u r a d a s . E n l a m e n t a b l e fin la t r i s t e h i s t o r i a D e la ciudad i n v i c t a de N u m a n c i a M e r e c e s e r e t e r n a en la m e m o r i a ; S a c a d o h a n de su p é r d i d a g a n a n c i a ; Q u i t a d o t e h a n el t r i u n f o de las m a n o s , M u r i e n d o con m a g n á n i m a constancia; N u e s t r o s disinios h a n salido v a n o s , P u e s ha podido m á s su h o n r o s o i n t e n t o Q u e t o d a la p o t e n c i a de r o m a n o s . E l f a t i g a d o p u e b l o en fin v i o l e n t o A c a b a la m i s e r i a de s u vida, D a n d o t r i s t e r e m a t e al l a r g o c u e n t o . N u m a n c i a e s t á en u n l a g o c o n v e r t i d a , D e r o j a s a n g r e y de mil c u e r p o s llena, D e q u i e n fué su r i g o r p r o p i o h o m i c i d a . D e la p e s a d a y sin i g u a l c a d e n a D u r a de e s c l a v i t u d se h a n e s c a p a d o C o n p r e s t a a u d a c i a , de t e m o r a j e n a . E n m e d i o de la p l a z a l e v a n t a d o E s t á un ardiente fuego temeroso, D e sus c u e r p o s y h a c i e n d a s s u s t e n t a d o . A l t i e m p o l l e g u é a v e r l o , que el Teogenes, valiente n u m a n t i n o , D e fenecer su vida d e s e o s o , M a l d i c i e n d o su c o r t o a m a r g o sino, E n m e d i o se a r r o j a b a d e la l l a m a , L l e n o de t e m e r a r i o d e s a t i n o , Y al a r r o j a r s e d i j o : " C l a r a fama, 268 furioso EL CERCO DE N U M AN CI A Ocupa aquí t u s lenguas y t u s ojos E n esta hazaña, que a contar te llama. ¡ V e n i d , r o m a n o s , ya p o r los despojos D e s t a ciudad, e n polvo y h u m o v u e l t o s , Y s u s flores y f r u t o s en a b r o j o s ! " D e allí, con pies y p e n s a m i e n t o s s u e l t o s , G r a n p a r t e de la t i e r r a h e r o d e a d o . P o r las calles y p a s o s m á s r e v u e l t o s , Y u n solo n u m a n t i n o n o h e h a l l a d o Q u e p o d e r t e t r a e r v i v o siquiera, P a r a q u e f u e r a s del bien i n f o r m a d o P o r q u é o c a s i ó n , de q u é s u e r t e o m a n e r a Acometieron tan grave desvarío, A p r e s u r a n d o la m o r t a l c a r r e r a . CIP. ¿ E s t a b a , p o r v e n t u r a , el pecho mío D e b á r b a r a a r r o g a n c i a y m u e r t e s lleno. Y de p i e d a d j u s t í s i m a v a c í o ? ¿ E s de mi condición, p o r dicha, a j e n o U s a r benignidad con el rendido, C o m o c o n v i e n e al v e n c e d o r q u e es b u e n o ? ¡Mal, p o r cierto, tenían conocido E l v a l o r en N u m a n c i a de mi p e c h o , P a r a vencer y perdonar Quix. nacido! J u g u r t a te h a r á m á s satisfecho, S e ñ o r , de a q u e l l o q u e s a b e r d e s e a s , Q u e vesle v u e l v e lleno de d e s p e c h o . Asomr.sc IUGURTA a la muralla. IUG. P r u d e n t e general, en v a n o empleas 269 CERVANTES M á s aquí tu valor. Vuelve a o t r a p a r t e L a i n d u s t r i a s i n g u l a r de q u e t e a r r e a s . N o h a y e n N u m a n c i a cosa en que ocuparte. T o d o s son m u e r t o s , y sólo u n o creo Q u e q u e d a vivo p a r a el t r u n f o d a r t e , Allí e n a q u e l l a t o r r e , s e g ú n v e o . Y o v i denantes u n m u c h a c h o ; estaba T u r b a d o e n v i s t a y de g e n t i l a r r e o . CIP. Si eso fuese v e r d a d , e s o b a s t a b a P a r a t r u n f a r e n R o m a de N u m a n c i a , Q u e es lo q u e m á s a g o r a d e s e a b a . L l e g u é m o n o s allá, y h a c e d i n s t a n c i a C o m o el m u c h a c h o v e n g a a q u e s t a s m a n o s V i v o , q u e es lo q u e a g o r a e s de i m p o r t a n c i a . Dice VARIATO, muchacho, desde la t o r r e : VAR. ¿ D ó n d e venís, o q u é buscáis, r o m a n o s ? Si e n N u m a n c i a q u e r é i s e n t r a r p o r f u e r t e , H a r é i S l o sin c o n t r a s t e , a pasos l l a n o s ; P e r o mi l e n g u a d e s d e a q u í o s a d v i e r t e Q u e y o las l l a v e s m a l g u a r d a d a s t e n g o D e s t a ciudad, d e q u i e n t r u n f ó la m u e r t e . CIP. P o r ésas, j o v e n , d e s e o s o v e n g o , Y m á s d e que t ú h a g a s insperiencia, Si e n e s t e p e c h o p i e d a d VAR. sostengo. ¡ T a r d e , cruel, ofreces t u clemencia, P u e s n o h a y con quien u s a r l a : que yo quiero P a s a r p o r el r i g o r de l a s e n t e n c i a Q u e con suceso a m a r g o y lastimero 270 £L CERCO DE NUMANCIA De nuestros padres y patria tan querida C a u s ó el ú l t i m o fin t e r r i b l e y f i e r o ! QUIN. Ditne: ¿tienes, por suerte, aborrecida, C i e g o de u n t e m e r a r i o d e s v a r í o , T u floreciente edad y tierna vida? CIP. T i e m p l a , p e q u e ñ o joven, templa el b r í o ; S u j e t a el v a l o r t u y o , q u e es p e q u e ñ o , A l m a y o r de m i h o n r o s o p o d e r í o ; Q u e d e s d e a q u í t e d o y la fee y e m p e ñ o M i p a l a b r a , q u e solo d e t i s e a s T ú mismo el propio, el conocido d u e ñ o ; Y q u e de r i c a s j o y a s y preseas V i v a s lo q u e vivieres a b a s t a d o , Como yo podré darte y tú deseas, Si a m í t e e n t r e g a s y t e d a s de g r a d o . VAR. T o d o el f u r o r de c u a n t o s y a son m u e r t o s E n e s t e p u e b l o y e n polvo r e d u c i d o , T o d o el huir los pactos y conciertos, N i el d a r a s u j e c i ó n j a m á s oído, Sus iras, sus rancores descubiertos, E s t á en mi pecho solamente unido. Y o h e r e d é de N u m a n c i a t o d o el b r í o ; V e d , si p e n s á i s v e n c e r m e , es d e s v a r í o . P a t r i a querida, pueblo desdichado, N o t e m a s , ni i m a g i n e s q u e a d m i r e D e lo q u e d e b o s e r de ti e n g e n d r a d o , Ni q u e p r o m e s a o m i e d o m e r e t i r e , O r a m e falte el suelo, el cielo, el h a d o , O r a v e n c e r m e t o d o el m u n d o a s p i r e ; 271 CERVANTES Q u e imposible será q u e y o n o h a g a A t u v a l o r la m e r e c i d a p a g a . Q u e si a e s c o n d e r m e a q u í m e t r u j o el miedo D e la c e r c a n a y e s p a n t o s a m u e r t e , E l l a m e s a c a r á con m á s d e n u e d o , C o n el d e s e o de s e g u i r t u s u e r t e ; D e vil t e m o r p a s a d o , c o m o p u e d o , S e r á la e n m i e n d a a g o r a osada y fuerte, Y el t e m o r de mi edad t i e r n a , i n o c e n t e P a g a r é con morir osadamente. Y o os a s e g u r o , ¡ o h f u e r t e s c i u d a d a n o s ! , Q u e n o falte p o r mí la intención v u e s t r a De que no triunfen pérfidos romanos. Si ya n o fuere de ceniza n u e s t r a . Saldrán conmigo sus intentos vanos, Ora levanten contra mí su diestra, O m e a s e g u r e n con p r o m e s a i n c i e r t a A vida y a regalos a n c h a puerta. T e n e d , r o m a n o s , s o s e g a d el b r í o , Y n o os canséis en a s a l t a r el m u r o ; C o n q u e f u e r a m a y o r el p o d e r í o V u e s t r o , de n o v e n c e r m e e s t a d s e g u r o . P e r o m u é s t r e s e y a el i n t e n t o m í o , Y si h a sido el a m o r p e r f e c t o y p u r o Q u e y o t u v e a mi p a t r i a t a n q u e r i d a , A s e g ú r e l o luego esta caída. Arrójase el muchacho de la torre, y dice CTPIÓN: CIP. i O h ! ¡ N u n c a vi tan m e m o r a b l e h a z a ñ a ! ¡ N i ñ o de anciano y v a l e r o s o pecho, 2 7 2 £L CfiiJCO DE NUMANCIA Q u e , n o sólo a N u m a n c i a , m a s a E s p a ñ a H a s a d q u i r i d o g l o r i a en e s t e h e c h o ! C o n tal vida y virtud heroica, e x t r a ñ a , Q u e d a m u e r t o y p e r d i d o mi d e r e c h o . T ú con e s t a c a í d a levantaste T u fama, y mis victorias derribaste. Q u e f u e r a viva y e n su ser N u m a n c i a , Sólo p o r q u e v i v i e r a s m e h o l g a r a ; T ú solo m e h a s llevado la g a n a n c i a D e s t a larga contienda, ilustre y r a r a ; L l e v a , p u e s , n i ñ o , lleva la g a n a n c i a Y la g l o r i a q u e el cielo t e p r e p a r a , P o r haber, d e r r i b á n d o t e , vencido Al que, subiendo, queda m á s caído. o xxi.—iS PEDRO DE JORNADA URDEMALAS PRIMERA Salen MARTÍN CRESPO, alcalde, recién Pedro de Urdemalas elegido; su mozo y SANCHO MACHO y DIEGO TARUGO, regidores. TAR. Plácenos, M a r t í n C r e s p o , del s u c e s o ; Desechéisla p o r o t r a de brocado, Sin q u e j a m á s u n v o t o o s s a l g a a v i e s o . ALC. Diego T a r u g o , lo q u e m e h a c o s t a d o A q u e s t a v a r a , sólo D i o s lo s a b e , Y mi vino y capones y ganado. E l que n o t e conoce, ese te alabe, deseo d e m a n d a r . SANCH. YO a q u e s o d i g o ; Q u e s é q u e e n él t o d o c u i d a d o c a b e . Véala yo en poder de mi enemigo, V a r a que es por presentes adquirida. ALC. P u e s a h o r a la tiene u n v u e s t r o a m i g o . SANCH. D e vos, Crespo, s e r á t a n bien regida, Q u e n o la doble d á d i v a ni r u e g o . ALC. N o , j u r o a m í , m i e n t r a s t u v i e r e vida. Cuando mujer m e informe, e s t a r é c i e g o ; Al r u e g o del h i d a l g o , s o r d o y m u d o ; Q u e a la s e v e r i d a d t o d o m e e n t r e g o . 275 CERVANTES TAR. Y a v e o e n v u e s t r o t i e m p o , y n o lo d u d o , S e n t e n c i a s de S a l m ó n , el r e y d i s c r e t o , Q u e el n i ñ o dividió c o n h i e r r o a g u d o . ALC. A l m e n o s de mi p a r t e , y o p r o m e t o D e a r r i m a r m e a la ley e n c u a n t o p u e d a , Sin alterar u n mínimo decreto. SANCH. C o m o yo lo deseo, así suceda, Y adiós. ALC. F o r t u n a os t e n g a , S a n c h o M a c h o , E n la e m p i n a d a c u m b r e de su r u e d a . TAR. S i n q u e el t e m o r o a m o r os p o n g a e m p a c h o , Juzgad, Crespo, terrible y brevemente, Q u e la t a r d a n z a e n t o d a c o s a t a c h o ; Y adiós quedad. ALC. E n fin, sois buen p a r i e n t e . Entranse SANCHO MACHO y DIEGO TARUGO. Pedro, que escuchando estás, ¿ C ó m o de m i b u e n s u c e s o El parabién no me das ? Y a s o y alcalde y confieso Q u e lo s e r é p o r d e m á s , Si t ú n o m e d a s favor, Y muestras algún primor Con que juzgue rectamente ; Que te tengo por prudente, M á s que a un cura y a u n doctor. PEDR. ES aqueso t a n verdad, C u a l lo d i r á la e x p e r i e n c i a , 276 PEDRO DE U RDEM ALAS P o r q u e c o n facilidad L u e g o o s m o s t r a r é u n a ciencia, Q u e o s d é n o m b r e y calidad. Llegaraos Licurgo apenas, Y la celebrada A t e n a s Callará sus doctas leyes: Envidiaros h a n los reyes Y las escuelas m á s buenas. Y o o s m e t e r é e n la capilla Dos docenas de sentencias Q u e al m u n d o d e n maravilla, T o d a s c o n s u s diferencias Civiles o d e r e n c i l l a ; Y la q u e p r i m e r o a m a n o O s viniere, está bien llano Que n o h a de haber m á s que ver. ALC. Desde hoy más, Pedro, h a s de ser, N o mi mozo, m a s mi hermano. V e n , y m o s t r a r á s m e el m o d o Como y o p o n g a en efeto L o q u e h a s dicho, en p a r t e , o todo. PEDR. P u e s m á s c o s a s t e p r o m e t o . ALC. A cualquiera m e acomodo. Entranse Salen otra vez SANCH. el ALCALDE y PEDRO. SANCHO MACHO y TARUGO. M i r a d , T a r u g o , bien siento, Q u e a u n q u e el p a r a b i é n le d i s t e s A Crespo de su contento, 277 CERVANTES Otro paramal tuvistes G u a r d a d o e n el p e n s a m i e n t o ; P o r q u e , e n efeto, e s mancilla Q u e se rija a q u e s t a villa P o r la p e r s o n a m á s n e c i a Q u e h a y d e s d e F l a n d e s a Grecia, Y desde E g i p t o a Castilla. TAR. H o y m o s t r a r á la e x p e r i e n c i a , Buen regidor Sancho Macho, A d o n d e l l e g a la ciencia D e Crespo, a quien y o n o tacho H a s t a la p r i m e r a a u d i e n c i a ; Y pues a g o r a h a de ser, Soy, Macho, de parecer, Q u e le o i g a m o s . SANCH. Sea así, Aunque tengo para mí Q u e u n s i m p l e e n él se h a d e v e r . Entran HORN. LAGARTIJA y HORNACHUELOS, labradores. ¿ D e quién, señores, s a b r e m o s Si el alcalde e n c a s a e s t á ? TAR. A q u í los d o s le a t e n d e m o s . LAG. S e ñ a l es q u e aquí saldrá. SANCH. T a n cierta, q u e y a le v e m o s . Salen el ALCALDE y REDONDO, escribano, y ALC. ¡ O h valientes r e g i d o r e s ! RED. Siéntense vuesas mercedes. ALC. S i n ceremonia, señores. 278 PEDRO. PEDRO TAE. DE URDE MALAS E n cortés exceder puedes A los c o r t e s e s m a y o r e s . ALC. Siéntese aquí el escribano, Y a mi i z q u i e r d a y d i e s t r a m a n o Los regidores estén; Y t ú , P e d r o , e s t a r á s bien A m i s espaidas. PEDR. E s llano. A q u í e n t u capilla e s t á n L a s sentencias suficientes A cuantos pleitos vendrán, Aunque nunca pares mientes A la r e l a c i ó n q u e h a r á n . Y si a l g u n a n o e s t u v i e r e , A tu asesor te refiere; Q u e y o lo s e r é de m o d o Q u e t e s a q u e bien de t o d o , Y s e a lo q u e se fuere. RED. ¿ Q u i e r e n algo, s e ñ o r e s ? LAG. RED. . Sí querríamos. P u e s digan, q u e aquí está el señor alcalde, Q u e les h a r á j u s t i c i a r e c t a m e n t e . Ai.c. P e r d ó n e m e l o Dios lo que a h o r a digo, Y n o m e sea t o m a d o p o r s o b e r b i a : T a n t i e s t a m e n t e pienso hacer justicie. C o m o si fuese un s o n a d o r r o m a n o . RED. Senador, M a r t í n Crespo. ALC. Allá v a t o d o . D i g a n su p l e i t o a p r i e s a y b r e v e m e n t e ; 279 CERVANTES Q u e a p e n a s m e le h a b r á n dicho, e n m i á n i m a , C u a n d o les dé s e n t e n c i a r o t a y j u s t a . RED. Recta, s e ñ o r alcalde. ALC. Allá v a t o d o . HORN. P r e s t ó m e L a g a r t i j a tres r e a l e s ; V o l v í l e d o s ; la d e u d a q u e d a e n u n o , Y él dice q u e le d e b o c u a t r o j u s t o s : E s t e es el p l e i t o , b r e v e d a d , y dije. ¿ E s aquesto verdad, buen L a g a r t i j a ? LAG. V e r d a d ; p e r o y o hallo p o r mi c u e n t a , O que yo soy un asno, o que Hornachuelos M e q u e d a a deber c u a t r o . ALC. LAG. ¡ Bravo caso! N O h a y m á s e n n u e s t r o pleito, y m e r e z u m o E n lo q u e s e n t e n c i a r e el s e ñ o r C r e s p o . RED. R e z u m o por resumo: allá v a t o d o . ALC. ¿ Q u é decís vos a esto, H o r n a c h u e l o s ? HORN. N o h a y q u e d e c i r : y o e n t o d o m e a r r e m e t o Al señor Martín Crespo. RED. Me remito, P e s e a mi abuelo. ALC. Dejadle que a r r e m e t a ; ¿ Q u é se os d a a vos, R e d o n d o ? RED. ALC. A mí nonada. P e d r o , sácame, a m i g o , u n a sentencia D e s a capilla, la q u e e s t á m á s c e r c a . RED. A n t e s de v e r el pleito ¿ h a y ya sentencia? ALC. A h í se p o d r á v e r quién es Callejas. PEDR. L é a s e esta sentencia, y p u n t o en boca. 280 PEDRO RED. DE URDEMALAS " E n el pleito q u e t r a t a n N . y F . . . " PEDE. Z u t a n o con F u l a n o significan L a N . c o n la F . e n t r e d o s p u n t o s . RED. ASÍ es v e r d a d , y digo, " q u e en él pleito Que t r a t a este Fulano con Zutano, Q u e d e b o c o n d e n a r , fallo y c o n d e n o A l d i c h o p u e r c o de Z u t a n o a m u e r t e , P o r q u e fué m a t a d o r de la c r i a t u r a D e l y a dicho F u l a n o " . Y o n o a t i n o Qué disparate es éste deste puerco, Y de tantos Fulanos y Z u t a n o s ; N i sé c ó m o es posible q u e e s t o c u a d r e N i e s q u i n e c o n el p l e i t o de e s t o s h o m b r e s . ALC. R e d o n d o e s t á e n lo c i e r t o : P e d r o a m i g o . M e t e la m a n o y s a c a o t r a sentencia; P o d r í a s e r q u e fuese de p r o v e c h o . PEDR. Y o , q u e s o y a s e s o r v u e s t r o , m e a t r e v o De dar sentencia luego cual convenga. LAG. P o r m í , m a s q u e la d é u n j u m e n t o n u e v o . SANCH. D i g o q u e el asesor e s e x t r e m a d o . HORN. Sentencia, n o r a b u e n a . ALC. P e d r o , vaya, Q u e en t u m a g í n mi h o n r a deposito. PEDR. D e p o s i t e p r i m e r o H o r n a c h u e l o s , P a r a m í el a s e s o r , doce r e a l e s . HORN. P u e s sola la m i t a d i m p o r t a el pleito. PEDR. ASÍ es v e r d a d ; q u e L a g a r t i j a el b u e n o T r e s r e a l e s de a d o s os dio p r e s t a d o s , Y d e s t o s le v o l v i s t e s d o s sencillos, 281 CERVANTES Y por aquesta cuenta debéis cuatro, Y n o , c u a l decís v o s , n o m á s de u n o . LAG. Ello es ansí, sin q u e le falte cosa. HORN. N o lo p u e d o n e g a r , v e n c i d o quedo, Y p a g a r é los doce c o n los c u a t r o . RED. E n s u c i ó m e en C a t ó n y e n J u s t i n i a n o , ¡ O h P e d r o de U r d e , m o n t a ñ é s f a m o s o , Q u e así lo m u e s t r a el n o m b r e y el i n g e n i o ! HORN. YO voy p o r el dinero, y v o y c o r r i d o . LAG. YO m e c o n t e n t o con h a b e r vencido. Entrar.se Salen LAGARTIJA y HORNACHUELOS. CLEMENTE y CLEMENCIA, hija como pastor y pastora, de Martín embozados. Crespo, CLEM. P e r m í t a s e q u e h a b l e m o s e m b o z a d o s A n t e tan justiciero ayuntamiento. ALC. M a s que habléis e n u n costal a t a d o s , P o r q u e a oír, y n o a v e r , a q u í m e s i e n t o . CLEM. L o s siglos, q u e r e n o m b r e d e d o r a d o s L e s dio la a n t i g ü e d a d , c o n j u s t o i n t e n t o , Y a se v e n e n los n u e s t r o s , p u e s q u e v e m o s E n ellos de j u s t i c i a los e x t r e m o s . V e m o s u n Crespo alcalde. ALC. D i o s os g u a r d e . D e j a d a q u e s a s lonjas a u n a p a r t e . RED. Lisonjas decir quiso. ALC. Y p o r q u e es t a r d e , D e v u e s t r o i n t e n t o en breve nos dad p a r t e . 282 PEDRO DE URDE MALAS CLEM. Con v e r d a d e r a lengua, cierto a l a r d e H a c e de lo q u e q u i e r o , p a r t e a p a r t e . ALC. CLEM. D e c i d ; q u e ni soy sordo, ni lo h e sido. D e s d e mis t i e r n o s a ñ o s , D e mi fatal estrella conducido, S i n l a s n u b e s de e n g a ñ o s , E l sol, q u e e n e s t e v e l o e s t á e s c o n d i d o , M i r é p a r a adoralle, P o r q u e e s t o h i z o el q u e l l e g ó a m i r a l l e . S u s r a y o s se i m p r i m i e r o n E n lo m e j o r d e l a l m a , de t a l m o d o , Q u e e n sí la c o n v i r t i e r o n . T o d o soy fuego, yo soy fuego todo, Y c o n t o d o , m e hielo, Si el sol m e falta, q u e m e eclipsa u n velo. Grata correspondencia T u v o mi j u s t o y mi cabal d e s e o ; Q u e a m o r m e dio licencia A h a c e r de m i a l m a r i c o e m p l e o . E n fin, e s t a p a s t o r a , A s í c o m o la a d o r o , ella m e a d o r a . A h u r t o de su p a d r e , Q u e es de su l i b e r t a d d u r o t i r a n o , Q u e ella n o t i e n e m a d r e , D e e s p o s a m e e n t r e g ó la fe y la m a n o ; Y agora, temerosa D e l p a d r e , n o confiesa s e r mi e s p o s a . T e m e q u e el p a d r e r i c o S e a f r e n t e de mi h u m i l d e m e d i a n í a , 283 CERVANTES P o r q u e h a c e el pellico A l m o n j e e n e s t a e d a d de t i r a n í a . El me sobra en riqueza, P e r o n o e n la q u e d a n a t u r a l e z a . C o m o él, y o s o y t a n b u e n o : T a n r i c o n o ; y a su r i q u e z a i g u a l o Con e s t a r siempre ajeno D e t o d o vicio p e r e z o s o y m a l o , Y e n t r e buenos es fuero Q u e v a l g a la v i r t u d m á s q u e el d i n e r o . Pido que ante ti vuelva A c o n f i r m a r el sí de s e r m i e s p o s a , Y e n s e r l o se r e s u e l v a , Sin e s t a r de su p a d r e t e m e r o s a , P u e s q u e n o a p a r t a el h o m b r e A los q u e D i o s j u n t ó e n s u g r a c i a y n o m b r e . ALC. ¿ Q u é respondéis a e s t o , Sol, q u e e n t r e n u b e s se c u b r i ó a d e s h o r a ? CLEM. SU p r o c e d e r h o n e s t o L a tendrá muda, por mi mal, a g o r a ; P e r o señales puede H a c e r , con que su i n t e n t o claro quede. ALC. ¿ S o i s su esposa, doncella ? PEDR. L a c a b e z a b a j ó ; s e ñ a l b i e n c l a r a Q u e n o lo n i e g a ella. SANCH. P u e s ¿ e n q u é , M a r t í n C r e s p o , se r e p a r a r ALC. E n q u e de mi capilla Se s a q u e la s e n t e n c i a , y e n oílla. P e d r o , s á c a l a al p u n t o . 284 PEDRO DE URDEMALAS PEDR. YO sé q u e ésta saldrá p i n t i p a r a d a , P o r q u e , a lo q u e b a r r u n t o , S i e m p r e fué la v e r d a d a c r e d i t a d a P o r atajo o rodeo, Y e s t a s e n t e n c i a lo d i r á q u e leo. Saca un papel de la capilla, y léele Pedro. " Y o , M a r t í n C r e s p o , alcalde, d e t e r m i n o Q u e s e a la pollina del p o l l i n o . " RED. V a s o d e suertes es v u e s t r a capilla: Y é s t a q u e h a sido a g o r a p r o n u n c i a d a , A u n q u e es p a r a e n t r e b e s t i a s , m a r a v i l l a , Y a u n d a m u e s t r a s de s e r c o s a p e n s a d a . CLEM. E l a l m a en Dios, y e n t i e r r a la rodilla, L a vuestra besaré, como a extremada C o l u n a q u e s u s t e n t a el edificio D o n d e m o r a n las c i e n c i a s y el j u i c i o . ALC. P u e s t o q u e r e d u n d a r a e s t a sentencia, H i j o , e n h a b e r o s d a d o el a l m a m í a , P o r q u e no es o t r a cosa mi Clemencia, M e f u e r a de g r a n g u s t o y a l e g r í a ; Y a l é g r e n o s a g o r a la p r e s e n c i a V u e s t r a , que está en razón y en cortesía, P u e s y a lo desleído y s e n t e n c i a d o S e r á sin d u d a a l g u n a e j e c u t a d o . CLEM.' P u e s con ese seguro, p a d r e mío, E l velo q u i t o y a t u s pies m e p o s t r o . M a l haces en usar deste desvío, P u e s soy t u hija y n o espantable m o n s t r o ; 285 CERV ANTES T ú h a s d a d o la s e n t e n c i a a t u a l b e d r í o , Y si es i n j u s t a , es b i e n q u e t e dé e n r o s t r o ; P e r o si j u s t a es, h a z q u e se a p r u e b e , Ai.c. C o n q u e a d e b i d a e j e c u c i ó n se lleve. L o que escribí, e s c r i b í : bien dices, h i j a ; Y así, a C l e m e n t e a d m i t o p o r mi hijo, Y el m u n d o d e s t e p r o c e d e r colija, Q u e m á s p o r l e y q u e p o r p a s i ó n m e rijo. SANCH. N O h a y a l m a aquí q u e n o se regocija D e v u e s t r o no pensado regocijo. TAR. N i lengua q u e a M a r t í n C r e s p o n o alabe P o r hombre ingeniosísimo y que sabe. a86 I N D I C E PÁGS. LA GITANILLA 5 , LA ILUSTRE FREGONA 65 HISTORIA DE LOS TRABAJOS DE PERSILES Y S I GISMUNDA 119 NOVELA Y COLOQUIO QUE PASÓ ENTRE CIPIÓN Y BERGANZA 181 E L RETABLO DE LAS MARAVILLAS 213 EL CERCO DE NUMANCIA 231 PEDRO DE URDEMALAS 275 «87 BIBLIOTECA DEL LITERARIA ESTUDIANTE 1. Fábulas y cuentos en verso. 2. Cuentos tradicional^. 3. Cancionero musical. 4. Prosistas modernos. 5. Galdós. 6. Piezas teatrales cortan 7. Teatro moderno. 8. Poetas modernos. 9. Teatro romántico. 10. Escritores del siglo XVTII. I 1. Calderón. 12. Alarcón y otros poetas dramáticos. 13. Tirso de Molina. 14. Lope de Vega. 15. Teatro anterior a Lope de Vega. 16. Historiadores de los siglos xvi y XVII. 17. Exploradores y conquistadores de Indias. Re- } latos geográficos. 18. Escritores místicos. 19. Poetas de los siglos xvi y XVII. 20. Libros de 21. Cervantes. teatro. 22. Cervantes. 23. Cuentos de y 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. caballerías. Novelas y Quijote. los siglos w i XVII. Novela picaresca. Romancero. Poesía medieval. Don Juan Manuel. Cuentos medievales. Alfonso el Sabio. Cantares de gesta y le yendas heroicas.