10. Republicanisme. Libertad v república en Hannah Arendt: una

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Taula, quaderns de pensament
núm.43,2011
Pág 145 - 158
10. R E P U B L I C A N I S M E
LIBERTAD Y REPÚBLICA
EN H A N N A H ARENDT:
UNA DIFÍCIL F U N D A C I Ó N
Alicia G a r c í a R u i z
Universitat dc B a r c e l o n a
RESUMEN: Hste texto analiza las diversas concepciones de Arendt acerca de la república que aparecen prin­
cipalmente en Sobre la Revolución y Crisis de la república. Ambos libros pueden leerse como las dos caras
temporales de una investigación sobre la posibilidad de una República basada en la conquista colectiva de la
libertad y sobre la realidad de su crisis.
PALABRAS CLAVE: Arendt. República. Crisis de la república. Revolución
AIISTRACT: This paper analyses the power of Arendt's analyses to think up new situalions which affect indivi­
dual and col lee ti ve responsibility as opposed to situations of political violence or structural injustice. Likewise,
I examine Iris Marión Young's proposal on col lee ti ve political responsibility as opposed to structural injustice.
which seems to have been clearly inspired by Arendt's work.
KEY WORDS: Arendt. Individual Responsibility, Collective Responsibility. Political Violence. Structural Injus­
tice. Iris Marión Young.
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1. U n t e s o r o p e r d i d o e n t r e las r u i n a s
En un m e l a n c ó l i c o texto de 1975, titulado «A casa a d o r m i r » . H a n n a h A r e n d t e v a l u ó
e q u i l i b r a d a m e n t e la situación de la república q u e le era m á s c e r c a n a , los Estados U n i d o s
de A m é r i c a , objetivo q u e p a s a b a por el d u r o ejercicio de identificar las p r o m e s a s rotas
y los e s c o m b r o s del e s p l e n d o r p a s a d o , a d o s c i e n t o s a ñ o s de los a c o n t e c i m i e n t o s de la
R e v o l u c i ó n a m e r i c a n a . « L a g r a n d e z a de esta R e p ú b l i c a » , escribe en este texto A r e n d t ,
« h a sido d a r d e b i d a cuenta, en aras de la libertad, de lo mejor y de lo p e o r q u e hay
en el h o m b r e » . En el c u m p l e a ñ o s de la R e v o l u c i ó n a m e r i c a n a se i m p o n í a , a su j u i c i o ,
el d e b e r de c o m p r e n d e r c ó m o un g r a n d i o s o e x p e r i m e n t o c o l e c t i v o de fundación de la
libertad había llegado a hacerse a ñ i c o s , tal c o m o ponía de manifiesto la distorsión de
la d e m o c r a c i a e s t a d o u n i d e n s e reflejada en s u c e s o s c o m o el Watergate. Este ejercicio
nos resulta h o y c e r c a n o y útil. La razón de esta c e r c a n í a es su original c o m b i n a c i ó n de
p e r s p e c t i v a histórica e i m a g i n a c i ó n política.
G e n e r a l m e n t e , para p o n d e r a r el m e n o s c a b o de un p r o c e s o c o m i e n z a por t o m a r s e
c o m o m o d e l o una referencia t e m p o r a l originaria, a partir de la cual p o d e r e v a l u a r el
d e s a r r o l l o de éste en un c u r s o c r o n o l ó g i c o . Y c i e r t a m e n t e en los textos de A r e n d t en los
que se habla de la R e p ú b l i c a n o r t e a m e r i c a n a , se utilizan e x p r e s i o n e s c o m o « c u m p l e a ñ o s »
o « c o n m e m o r a c i ó n » . Sin d u d a , la p r e o c u p a c i ó n de A r e n d t por la idea y sobre todo por la
práctica de la R e p ú b l i c a se lleva a c a b o e f e c t u a n d o una interpretación de a c o n t e c i m i e n t o s
históricos, los « h e c h o s » a los q u e tanto r e c o m i e n d a atenerse en la e s p e c u l a c i ó n política,
pero si resulta tan s u g e r e n t e es p o r q u e la n a t u r a l e z a última de los a c o n t e c i m i e n t o s
históricos tal c o m o los trata A r e n d t r e s p o n d e a una t e m p o r a l i d a d de naturaleza diferente a
la c r o n o l ó g i c a , provista de un e s p e s o r y una potencialidad m u c h o m á s profunda. Tal v e z
esta sea la raíz de la d i s c r e p a n c i a profunda q u e d u r a n t e m u c h o t i e m p o ha s u s c i t a d o su
obra política entre los historiadores y el interés vivo que aún m a n t i e n e .
Para su tarea, por así decir, c o n m e m o r a t i v a y evaluadora de la República, se vale de una
investigación histórica m u y peculiar que trata de elucidar el origen de la idea de la República
o res pública, en el m u n d o m o d e r n o . C o m o es bien sabido, sin perder nunca de vista el r e m o t o
m o d e l o de la República romana, en su libro Sobre la revolución, Arendt evalúa dos puntos
de arranque u orígenes de la República moderna, que sitúa en la revolución americana, por
un lado y la francesa, por otro. Constituye un sincero homenaje al país que la acogió. Pero
Sobre la revolución es un libro de 1963 y los avatares de Estados U n i d o s en las siguientes
décadas iban a ser un duro golpe a esta celebración de la gloriosa revolución a m e r i c a n a .
A ñ o s mas tarde, en Crisis de la República, las circunstancias históricas impusieron recorrer
el c a m i n o más a m a r g o , consistente en analizar qué se hizo de «lo mejor» que eran capaces
de hacer las personas c u a n d o actúan conjuntamente en aras de un bien c o m ú n , un bien que
es c o m ú n precisamente porque no pertenece a nadie en concreto y sí a todos en conjunto.
Tanto la revolución norteamericana c o m o la francesa son concebidas en Sobre la revolución
con un valor experimental, c o m o dos posibles c a m i n o s que se podían seguir en aras de
fundar la república m o d e r n a : aquel que en efecto se siguió, el m o d e l o representado a su
j u i c i o por los idearios de la revolución francesa y que condujo a múltiples distorsiones de la
¡dea de la res pública y aquel que pudo haberse t o m a d o , eso que llama el «tesoro perdido»
de la Revolución, en este caso, la norteamericana.
M á s allá de que e s t e m o s de a c u e r d o con el encaje histórico en el que lo sitúa, lo
i m p o r t a n t e es q u e ese tesoro p e r d i d o , para A r e n d t , está i n t r í n s e c a m e n t e r e l a c i o n a d o
con una ¡dea de libertad c o m o c o n q u i s t a colectiva y su retrato c o n t i e n e una serie de
m e d i t a c i o n e s que vale la pena hoy m á s q u e n u n c a retomar. La idea crucial consiste en que
TAULA 43
el significado político de la idea de r e v o l u c i ó n ,
consistió en la lucha por la liberación individual
del A n t i g u o R é g i m e n , sino antes q u e nada en
d e s t i n a d a a la fundación de la libertad en c o m ú n
a esta realidad.
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en el sentido r e p u b l i c a n o de A r e n d t , no
r e s p e c t o a las o p r e s i v a s formas políticas
la afirmación de una voluntad colectiva
y la n e c e s i d a d de un sistema político fiel
El p a s o fundamental para A r e n d t consiste en señalar el carácter c o m ú n , c o l e c t i v o , de
esta idea de libertad p o r q u e es p r e c i s a m e n t e lo que la v i n c u l a de m o d o indisoluble con
la idea de R e p ú b l i c a . N i n g u n a c o n c e p c i ó n de la libertad que n o sea una acción colectiva
p u e d e , a j u i c i o de A r e n d t . constituir a l g o de n a t u r a l e z a política. De ahí sus críticas a la
n o c i ó n de d e r e c h o s h u m a n o s frente a d e r e c h o s c í v i c o s , o de la libertad n e g a t i v a frente
a la libertad colectiva y la disidencia individual frente a la d e s o b e d i e n c i a civil. El m a t i z
fundamental de toda acción política es su carácter c o m p a r t i d o , su ser con otros. H a y que
entender, por tanto, la e v a l u a c i ó n del r e p u b l i c a n i s m o y su relación con la libertad en la
obra a r e n d t i a n a d e s d e el p u n t o de vista de lo c o m ú n , y m á s c o n c r e t a m e n t e d e s d e el h e c h o
de que la vida política n o p u e d e afrontarse c o m o articulación contractual de individuos
p r e s o c i a l e s . sino c o m o c o n s e c u e n c i a del carácter del ser h u m a n o c o m o ser social. Por esa
razón su p r e o c u p a c i ó n r e p u b l i c a n a por la articulación política de la cuestión pública, la
res pública, n o p u e d e ser liberal sino libertaria: la libertad surge del carácter social del
h o m b r e y n o de n i n g u n a n a t u r a l e z a h u m a n a previa a su ser en c o m ú n , q u e d e b a luego
ser g a r a n t i z a d a p o r un p o d e r político e x t r a ñ o a la m i s m a y r e s u l t a d o de la cesión de este
poder. N o hay m á s p o d e r político que el p o d e r - h a c e r ( M a c h t ais K o n n e n ) y ese p o d e r
h a c e r es c o m ú n , p u e s « n a d i e p o s e e poder, el p o d e r surge entre los h o m b r e s c u a n d o actúan
j u n t o s y d e s a p a r e c e en el m o m e n t o en el q u e se d i s p e r s a n » ' A s i m i s m o , es n e c e s a r i o un
especial c u i d a d o a la hora de e n t e n d e r q u é significa el t é r m i n o «libertario». La naturaleza
m i s m a de este p o d e r c o m ú n e x c l u y e y obliga a distinguirlo de la violencia. El carácter
libertario del p o d e r c o m o acción está b a s a d o en su carácter c o m u n a l y c u a l q u i e r intento
de u s u r p a r l o por una parte de los actuantes d e g e n e r a para A r e n d t en violencia. El p o d e r
n o es la facultad de i m p o n e r s e a otros, sino de actuar con otros.
Es obvio que esta m i s m a línea de crítica a c o n c e p c i o n e s individualistas del poder afecta
en su obra a las teorías políticas contractuales p u r a m e n t e especulativas, basadas en m o d e l o s
de racionalidad teórica y q u e dan pie a un n o r m a t i v i s m o j u r í d i c o formalmente garantista.
Arendt no extrae su p r o p u e s t a republ icana de un reino p u r a m e n t e racional y especulativo, sino
de los h e c h o s m i s m o s , de aquello q u e , a su parecer, hicieron una vez posible. El formalismo
j u r í d i c o no puede e n m a s c a r a r la dimensión histórica. D e ahí que su ¡dea de libertad y de
República sea resultado, c o m o otras m u c h a s de sus propuestas, de una profunda atención,
no exenta de puntos controvertidos, a la historia y a los h e c h o s particulares de la m i s m a ,
que deben ser analizados en su singularidad m á s radical c o m o verdaderas encrucijadas en
el vasto o c é a n o de la contingencia histórica. Encrucijadas vitales en las que algo, a u n q u e
no resultara realmente realizado, fue fundado de una v e z y para siempre y que constituye,
por tanto, la herencia que h o m b r e s y mujeres del futuro están obligados a c o m p r e n d e r y.
llegado el caso, intentar r e n o v a r una vez m á s . Esto es lo que sucede con su propuesta de
un sistema de consejos c o m o el que se dio en la Revolución A m e r i c a n a o en la Revolución
H ú n g a r a , un sistema f u n d a m e n t a l m e n t e b a s a d o en el poder-hacer c o m ú n de gente c o m ú n .
En Arendt. esta tentativa de revivir de alguna m a n e r a la posibilidad de libertad colectiva
2
' Arendt, H; La condición humana. Paidós. Barcelona, pág. 193.
Arendt. H.. «Reflexiones sobre la revolución húngara». Debáis. 60. 1997.
:
14*
representada por el sistema de consejos, de «salvar la república» en palabras de Jetíerson,
es consecuencia del incesante proceso que caracteriza al ser h u m a n o , el de iniciar la acción,
que es la ¡dea metafísica subyacente a la idea política de revolución, antes y por e n c i m a de
todos los intentos de estabilizarla constitucionalmente:
Jeñerson sabía muy bien que lo que proponía como «salvación de la República»
significaba en realidad la salvación del espíritu revolucionario de la república. Todas
sus explicaciones del sistema de distritos comenzaban con un recordatorio del papel
desempeñado por las «pequeñas repúblicas» en la «energía que en su origen animó a
nuestra revolución».
5
La realización de la libertad está inscrita en la propia naturaleza del ser h u m a n o c o m o
su posibilidad m á s radical, en c u a n t o ser con capacidad de introducir nuevos c o m i e n z o s en
el m u n d o , a condición de salvaguardar esta energía en una forma política que no la reseque,
pues la usurpación de este poder c o m ú n por una parte haría degenerar la potencia c o m ú n en
una oligarquía, a u n q u e ésta t o m e el n o m b r e de partido revolucionario o de representación
política democrática, atrayendo sobre sí una forma de violencia, la hora fatal de la república.
La e x p l o r a c i ó n del p a s a d o , i n c l u y e n d o las posibilidades abortadas, nos p e r m i t e a su
j u i c i o t o m a r de la historia m o d e l o s políticos, a base de retornar al origen de nuestras
instituciones, si bien t e n i e n d o en cuenta que la propia idea de origen ha de ser plural, en
el s e n t i d o de que el origen se caracteriza por su potencialidad y no por su resultado, una
potencialidad que incluye t a m b i é n las formas políticas que n u n c a llegaron a realizarse.
N e g a r la pluralidad que lo constituye es una forma de violentar el p a s a d o .
De lo que se trata, en s u m a , es de retornar al origen a través de un acto creativo, pues
ya M a q u i a v e l o s u p o que las R e p ú b l i c a s con una vida m á s larga son p r e c i s a m e n t e aquellas
c a p a c e s de r e n o v a r s e c r e a t i v a m e n t e a través de sus i n s t i t u c i o n e s y la idea a r e n d t i a n a
de república n o está alejada de esta intuición. A r e n d t es consciente de q u e la n o c i ó n de
fundación, que planea tanto en los textos r e p u b l i c a n o s r o m a n o s c o m o en los Founding
Fathers, está presente en t o d o intento r e v o l u c i o n a r i o , pero no e s c a p a a las perplejidades
propias de la idea de origen. La c o n m e m o r a c i ó n constitucional del origen de una
república no p u e d e e n c u b r i r su rasgo m á s a s o m b r o s o : la de haber sido en su inicio un
a c o n t e c i m i e n t o « n u e v o e i n c o n e x o que venía a r o m p e r la s e c u e n c i a del t i e m p o histórico»"
El origen no p u e d e e x p r e s a r s e en un p e n s a m i e n t o c o n c e p t u a l , según piensa A r e n d t , y por
esta m i s m a razón, «tratar de fechar la revolución sería tanto c o m o hacer lo i m p o s i b l e ,
c o m o si se fechase el hiato en el t i e m p o por referencia a una cronología, esto es, a un
t i e m p o h i s t ó r i c o » , pues « d u r a n t e un m o m e n t o , el m o m e n t o del origen, es c o m o si el que
lo p r o d u c e hubiera a b o l i d o la s e c u e n c i a de la t e m p o r a l i d a d , o c o m o si los actores hubieran
salido del orden t e m p o r a l y su c o n t i n u i d a d » . El a n h e l o de e x p e r i m e n t a c i ó n política es
J
6
7
1
Arendt. H: Sabre la revolución. Madrid. Alianza. 2004. pág.146.
«Están mejor organizadas y tienen una vida más larga las que. mediante sus instituciones, se pueden
renovar a menudo o bien cuando, por algún accidente lucra de sus ordenamientos, llegan a esa renovación. Y
es algo más claro que la luz. que. si no se renuevan, estos cuerpos no pueden durar. El modo de renovarlas es.
como se ha dicho, llevarlas a sus orígenes». Maquiavelo, N.. Discursos sobre la primera década de Tilo I.ivio.
Buenos Aires. Losada. 2004. pág. 321.
Arendt. H; op.cil. Madrid. Alianza. 2004. pág. 281.
ibid, pág. 282.
ibid, pág. 283.
1
s
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14')
consustancial a la tentativa r e v o l u c i o n a r i a , p e r o lo d e c i s i v o es que p r e c i s a m e n t e en virtud
de esta t e m p o r a l i d a d profunda del a c t o originario, n o se agota en la realización de m i s m a .
L o s r o m a n o s sabían m u y bien en su expresión ab urbs condita, « d e s d e la fundación de
R o m a » , con la q u e fechaban sus a c o n t e c i m i e n t o s , q u e en realidad el propio origen había
s i d o antes un final. L e e m o s en A r e n d t que:
es inherente al concepto romano de fundación - y ello es bastante extraño- la idea de que
no sólo todos los cambios políticos decisivos acaecidos a lo largo de la historia dc Roma
fueron reconstituciones es decir, reformas de las antiguas constituciones y restauración
del acto originario de la fundación, sino que incluso este primer acto había sido ya un
restablecimiento, por asi decirlo, una regeneración y restauración.
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Introducir un n u e v o c o m i e n z o en el m u n d o , y fundar la Res Pública lo es en c a d a
ocasión, exige a d e m á s de esta v o l u n t a d de r e t o r n o y fundación una firme fidelidad a los
h e c h o s y a s u c e d i d o s , una c o n c i e n c i a t e m p o r a l de que t o d o principio c o n t i e n e un fin y de
que t o d o fin alberga un principio, b a s e para la r e n o v a c i ó n de las c o s a s , las p e r s o n a s y las
instituciones.
Por todas estas razones, el presente ejercicio de acercamiento al republicanismo arendtiano
se inspira en esa toma de posición entre el pasado y el futuro, una tarea que la Arendt realiza
al escribir dos libros en el tiempo: Sobre la Revolución y Crisis de la república. A m b o s
libros son legibles c o m o las dos caras temporales de una investigación sobre la posibilidad
de una República basada en la conquista colectiva de la libertad y sobre la realidad de su
crisis, tomando en consideración una especie de hilo secreto de continuidad desde los hechos
revolucionarios modernos hasta nuestros días, una tradición secreta depositada en el sistema
de consejos c o m o ejemplo de articulación política de lo común en un sentido radicalmente
plural, controvertido si se quiere pero no meramente utópico, pues posee el valor de un
ejemplo histórico. Y la fuerza de un ejemplo histórico no se basa en su resultado, sino en el
horizonte de posibilidad que funda en las secretas fuerzas del tiempo.
2. La f u n d a c i ó n de la r e p ú b l i c a c o m o e s p a c i o de la
libertad en c o m ú n ( C o n s t i t u t i o Iibertatis)
Para c o m p r e n d e r el significado arendtiano de la fundación de la República es necesario
t o m a r en consideración el abordaje que realiza de la red conceptual que vincula a nociones
c o m o « p o d e r » , «libertad», «revolución» y «constitución». ' El objetivo real de la fundación
de la República es para Arendt la constitución de un espacio de acción política entendido
1
" ibíd, pág. 286.
En este punto, hay que tomar en seria consideración las observaciones críticas dirigidas al intento arendtiano por Roberto Esposito en Categorías de lo impolítico. Buenos Aires. Katz, 2006. En diversos lugares de
este libro. Esposito intenta mostrar cómo el pensamiento arendtiano. fijado sobre el carácter plural del origen de
la política, apunta hacia algo más allá de ella, lo impolítico, concretamente a través de su critica a los modelos
hobbesiano-roussoniano, pero resulta atrapado todavía por las categorías modernas de la política. I.os cargos
contra Arendt son que su pluralismo político es irrepresentable, por más que se empeñe en darle un cauce
constitucional y que su interpretación del momento lógico-histórico del origen como pluralidad no se atreve a
definirla como conflicto. Ver. Esposito,op.cit, págs. 141-145. Sorprende, sin embargo, que en este libro Esposito
no explore más detenidamente la noción de lo común que se desprende de la teoría arendtiana. algo que en cierta
medida intentamos esbozar aquí.
9
c o m o espacio de libertad colectiva. La libertad de la que h a b l a m o s es una libertad conquistada
mediante el acto revolucionario y que debe ser estabilizada constitucionalmente. A h o r a
bien, la cuestión crucial para A r e n d t consiste en que el objetivo de este acto constituyente
sobrepasa el constitucionalismo entendido c o m o la limitación del poder g u b e r n a m e n t a l .
La meta de la constitución que surge del acto revolucionario de fundación republicana no
es e m b r i d a r los poderes de un g o b i e r n o , sino algo c o m p l e t a m e n t e distinto: «instituir los
nuevos poderes revolucionarios del pueblo». La tarea así n o consiste en sentar las bases
para un g o b i e r n o limitado, según piensa Arendt, lo cual está en la base su crítica al estado
nacional m o d e r n o , sino fundar una forma de gobierno acorde con la naturaleza colectiva
del poder. De lo que se trata, a su j u i c i o , es de ser fieles al « e l e m e n t o a u t é n t i c a m e n t e
revolucionario inscrito en el p r o c e s o c o n s t i t u c i o n a l » y éste está indisolublemente ligado
a la fundación de un tipo de libertad que debe ser entendida en un sentido c o m p a r t i d o , al
igual q u e sucede con el poder. Aquell que la revolución persigue no es el j ú b i l o de las masas
por la liberación sino la responsabilidad de qué hacer con la libertad. En otras palabras, lo
que una constitución debe proporcionar no se limita a una salvaguarda contra los posibles
abusos de poder de un gobierno sino la posibilidad de una participación real en él para los
ciudadanos de la República.
10
En ese c o n t e x t o , escribe A r e n d t , la palabra « c o n s t i t u c i ó n » , pierde t o d o significado
n e g a t i v o , en c u a n t o limitación o n e g a c i ó n del poder. Significa, por el c o n t r a r i o , q u e
la libertad d e b e basarse, tal c o m o M o n t e s q u i e u sugirió, en la fundación y correcta
distribución del poder, de m o d o q u e p o d e r y libertad se implican m u t u a m e n t e , en lugar
de ser o p u e s t o s .
El poder, piensa A r e n d t , s ó l o p u e d e contrarrestarse con m á s poder. Por esta r a z ó n ,
frente a la t e n d e n c i a a c u m u l a t i v a de p o d e r m a n i f e s t a d a en los e s t a d o s m o d e r n o s ,
d e u d o r e s de una c o n c e p c i ó n e r r a d a del m i s m o , la tarea esencial es s a l v a g u a r d a r el p o d e r
del p u e b l o , v e r d a d e r o d e t e n t a d o r del poder. La a n t i g u a fórmula r o m a n a de la potestas
in
populo, regresa bajo esta fórmula de s o b e r a n í a popular:
Ll poder, contrariamente a lo que podríamos pensar, no puede ser contrarrestado, al
menos de modo efectivo, por leyes, ya que el llamado poder que detenta el gobernante en el
gobierno constitucional, limitado y legítimo, no es, en realidad, poder, sino violencia, es la
fuerza multiplicada del único que ha monopolizado el poder de la mayoría."
El p u e b l o , d e b i d o a su c a r á c t e r de pluralidad q u e actúa c o n j u n t a m e n t e y no de
personificación en la forma de una « v o l u n t a d g e n e r a l » de tipo r o u s s o n i a n o , es el ú n i c o
c a p a z de contrarrestar la v i o l e n c i a en la que se desliza t o d o p o d e r a c u m u l a d o en un
ú n i c o a g e n t e . U n a forma de g o b i e r n o que a c u m u l a n d o p o d e r d e v e n g a a l g o de lo q u e
haya de g u a r d a r s e el p u e b l o m e d i a n t e diques c o n s t i t u c i o n a l e s s e n c i l l a m e n t e una m a l a
forma de g o b i e r n o . D e s d e luego, en esta p o s t u r a A r e n d t está s o s t e n i e n d o una c o n c e p c i ó n
instrumental del aparato j u r í d i c o . Pero, s i e n d o fieles a los h e c h o s , y a la vista de lo s u c e d i d o
con los t o t a l i t a r i s m o s en la historia e u r o p e a en la primera m i t a d del siglo X X con el estado
nación y la implantación de d e m o c r a c i a s o l i g á r q u i c a s , en las q u e el p o d e r se c o n c e n t r a en
el s i s t e m a de partidos, a A r e n d t no le falta razón: es p r e c i s a m e n t e lo q u e s u c e d e c u a n d o
un g o b i e r n o y un s i s t e m a de D e r e c h o c o o p t a d o por el m i s m o crecen a n t i n a t u r a l m e n t e .
Arcndl. H; Sobre la revolución. Madrid, Alianza, 2004, pág. 192.
ihíil, pág. 204.
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d e s a p e g a d o s del p u e b l o y de sus e x p e r i e n c i a s , e x p a n d i e n d o su d o m i n a c i ó n sobre todas
las esferas d e la vida y g e n e r a n d o su propia realidad p r o p a g a n d í s t i c a . La historia del
E s t a d o m o d e r n o está p l a g a d a de e j e m p l o s en este sentido. La clave para A r e n d t estriba
en q u e ni el legislador ni el g o b e r n a n t e p u e d e n ser e x t r a ñ o s al c u e r p o político. N o p u e d e
ni d e b e u n a ley por e n c i m a de los h o m b r e s , c o m o pretendía a su j u i c i o R o u s s e a u , a u n q u e
q u e esto n o signifique, sin e m b a r g o , q u e A r e n d t defienda la labor c o n s t i t u y e n t e c o m o una
e n t r e g a a la pura arbitrariedad del m o m e n t o . Es vital c o n s o l i d a r el g o b i e r n o del p u e b l o ,
pero n o lo es m e n o s para A r e n d t realizar u n a separación entre D e r e c h o y Poder, e j e m p l o
q u e e n c u e n t r a , u n a v e z m á s , en la R e v o l u c i ó n n o r t e a m e r i c a n a :
Los redactores de las constituciones americanas, aunque sabían que tenían que establecer
una nueva fuente del Derecho y proyectar un nuevo sistema de poder, nunca se sintieron
tentados de hacer derivar derecho y poder de un origen común. Para ellos, el asiento del
poder se encontraba en el pueblo, pero la fuente del derecho iba a ser la Constitución, un
documento escrito, una entidad objetiva y duradera que. sin duda, podía concebirse de mil
modos distintos e interpretarse de formas muy diversas y que podía cambiarse y reformarse
de acuerdo con las circunstancias, pero que. sin embargo, nunca fue concebida como un
estado de ánimo, como la voluntad.
12
El segundo principio que en Cicerón acompaña a la poiestas in populo, el de auctoritas in
senatum se manifiesta en este convencimiento firme de no supeditar a un mismo origen Derecho
y poder, siendo fiel a los hechos políticos que mostraban la capacidad común de acción, pero
confiando en un legislador no desligado del verdadero poder, que está en el pueblo, ambos se
requieren y se coimplican, pero no son lo mismo. De este m o d o . Arendt señala que:
Fue la experiencia (...) en mayor medida que la teoría o el estudio, la que enseñó a los
hombres de la Revolución el significado real de la poleslas in populo romana, el asiento
popular del poder. Sabían que el principio de potestas in populo es capaz dc inspirar una
forma de gobierno a condición de añadir, como hicieron los romanos, auctoritas in senatu,
dc tal forma que el gobierno se compone, a la vez. de poder y autoridad '.
1
La a u t o r i d a d d e q u i e n e s podían e l a b o r a r la C o n s t i t u c i ó n , en la e x p e r i e n c i a
n o r t e a m e r i c a n a , había d e ser o t o r g a d a d e s d e la base del s i s t e m a político, no d e b i e n d o
articularse m e d i a n t e el m o d e l o d e c o n t r a t o social e n t e n d i d o c o m o c o n s e n t i m i e n t o y
cesión d e poder, s i n o antes q u e nada d e s d e la c o n c i e n c i a , fruto de la e x p e r i e n c i a , de la
c a p a c i d a d d e actuar en c o m ú n , sostenida por la p r o m e s a m u t u a y libre, q u e es una fuente
de o r g a n i z a c i ó n social previa al acto c o n s t i t u y e n t e :
Quienes recibieron el poder para constituir, para elaborar constituciones, eran delegados
debidamente elegidos por corporaciones constituidas: recibieron su autoridad desde abajo y
cuando afirmaron el principio romano de que el poder reside en el pueblo, no lo concibieron
en función de una ficción y de un principio absoluto (la nación por encima dc toda autoridad
y desligada de todas las leyes) sino de una realidad viva, la multitud organizada.
14
12
"
M
ibid, pág. 213
ibid, pág. 245
ibid. pág. 226
152
La confianza que A r e n d t deposita en esta forma de cohesión social, que es la que hace
posible el acto c o n s t i t u y e n t e y no al revés, vuelve los ojos una v e z m á s a la e x p e r i e n c i a
de lo c o m ú n . A r e n d t atribuye esta m i s m a conciencia a los actores c o n s t i t u y e n t e s en el
á m b i t o n o r t e a m e r i c a n o , insistiendo en diversos lugares de Sobre la Revolución
en el
h e c h o de q u e los padres fundadores de la Constitución sabían que las c o l o n i a s a m e r i c a n a s
n o eran una m a s a informe sino que se e n c o n t r a b a n ya o r g a n i z a d a s a escala local, en forma
a s a m b l e a r i a , lo cual constituía una e x p e r i e n c i a política previa en la que se p o d í a asentar
el siguiente paso, c o n c e d e r s e a sí m i s m a s y d e s d e sí m i s m a s una constitución que fuera
e x p r e s i ó n de este h e c h o .
Sin e m b a r g o , el p r o b l e m a del p e n s a m i e n t o p o s r e v o l u c í o n a r i o , para A r e n d t , ha
c o n s i s t i d o s i e m p r e en no haber s a b i d o c ó m o preservar el espíritu r e v o l u c i o n a r i o una v e z
c o n c l u i d a la revolución; en otras p a l a b r a s , c ó m o e m p l e a r el potencial de la realidad viva
de la multitud e s p o n t á n e a m e n t e organizada. Son dos los o b s t á c u l o s que lo han i m p e d i d o .
El p r i m e r o es la progresiva separación entre niveles de vida política, d e b i d o al cual se
va p e r d i e n d o de vista la realidad local de los c i u d a d a n o s , en el m a r c o de un g i g a n t i s m o
institucional alejado de los p r o b l e m a s y n e c e s i d a d e s reales de los h o m b r e s y mujeres
c o m u n e s , e m p e z a n d o por su n e c e s i d a d de participación política en los h e c h o s que les
afectan. El s e g u n d o es la profesionalización del r e v o l u c i o n a r i o , bajo la figura del ideólogo
d e salón y del burócrata de partido. La funesta c o n s e c u e n c i a de a m b a s es que destrozan
el p r i m e r principio que a l i m e n t a la aspiración del p u e b l o a g o b e r n a r s e d e s d e sí, o sea, la
igualdad:
La ambición política más acentuada del pueblo según se había manifestado en
las sociedades, la ambición a la igualdad, la pretensión de poder firmar peticiones y
demandas dirigidas a los delegados o a la Asamblea con las palabras llenas de orgullo
«tu igual».
Para A r e n d t . la actividad e s p o n t á n e a organizativa del p u e b l o , tal c o m o se m a n i f e s t ó
en los s i s t e m a s de c o n s e j o s , s i e m p r e ha sido objeto de una instrumentalización por parte
de los partidos r e v o l u c i o n a r i o s , que los c o n s i d e r a r o n sólo c o m o e l e m e n t o s t e m p o r a l e s en
la m o v i l i z a c i ó n . En la Revolución Francesa, los s i s t e m a s a s a m b l e a r i o s que m o v i l i z a r o n
al p u e b l o fueron objeto de un a t a q u e por parte del g o b i e r n o r e v o l u c i o n a r i o , que intentó
o r g a n i z a r al p u e b l o en un ú n i c o y g i g a n t e s c o partido, con c a p a c i d a d para establecer una
o r t o d o x i a revolucionaria. El o x í m o r o n r e p r e s e n t a d o por una ortodoxia r e v o l u c i o n a r i a
asfixiaba el carácter plural, la « d i v e r s i d a d inherente a la libertad de p e n s a m i e n t o » de
estos e s p a c i o s de acción política. Para Arendt. los consejos tenían todas las características
de la n a t u r a l e z a del p o d e r político: se i m p u l s a b a n d e s d e abajo, eran e s p a c i o s de libertad,
interpartidista, d o n d e cualquiera debía caber, no pretendían la instauración de ningún
p a r a í s o sobre la tierra, sino g o b e r n a r y. sobre todo, p r e s e n t a b a n un m o d e l o de « r e v o l u c i ó n
sin m o d e l o » , e n t e n d i d o c o m o activación e s p o n t á n e a del p o d e r c o m ú n , con v o c a c i ó n de
pervivir en unas instituciones c a p a c e s de c o n s e r v a r ese espíritu c o m u n a l . El resultado
histórico fue su fracaso, frente al sistema de partidos, en la implantación del E s t a d o
nacional:
15
El éxito e s p e c t a c u l a r que a g u a r d a b a al sistema de partidos y el fracaso n o m e n o s
e s p e c t a c u l a r del sistema de consejos se debieron a m b o s al n a c i m i e n t o del E s t a d o
15
ibúl. pág. 339
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1x3
N a c i o n a l , que e n c u m b r ó a uno para aplastar al otro, por lo cual los partidos r e v o l u c i o n a r i o s
e izquierdistas han m o s t r a d o tanta hostilidad al sistema de consejos c o m o la d e r e c h a
c o n s e r v a d o r a y reaccionaria. H e m o s t e r m i n a d o por estar tan a c o s t u m b r a d o s a c o n c e b i r la
política nacional en función de los partidos, q u e t e n d e m o s a o l v i d a r que el conflicto entre
los dos s i s t e m a s s i e m p r e ha sido en realidad un conflicto entre el P a r l a m e n t o , la fuente y
a s i e n t o del p o d e r en el sistema de p a r t i d o s , y el p u e b l o , q u e ha a b a n d o n a d o su p o d e r en
m a n o s de sus r e p r e s e n t a n t e s . '
6
T a m p o c o la r e v o l u c i ó n a m e r i c a n a se salvó de m e n o s p r e c i a r estas formas de
organización c o m u n a l e s p r e p o l í t i c a s . q u e exigían una c o m u n i c a c i ó n d e s d e abajo y
d e s d e dentro con el c a m p o de la política, m o s t r a n d o una incapacidad para incorporar las
d i m e n s i o n e s locales y dotar al p u e b l o de un e s p a c i o para la acción política, pese a que
Jefferson era c o n s c i e n t e de que constituían la auténtica fuerza r e g e n e r a d o r a de la república.
L o s distritos eran los i n s t r u m e n t o s para q u e los c i u d a d a n o s « a c t u a s e n r e s p o n s a b l e m e n t e
y participasen en los a s u n t o s p ú b l i c o s según se iban p r e s e n t a n d o éstos». Los ó r g a n o s de
g o b i e r n o se c o r r o m p e n c u a n d o e m p i e z a n a alejarse de la fuente de su p o d e r y el p u e b l o
m i s m o se c o r r o m p e de abajo a arriba c u a n d o sus ó r g a n o s políticos lo hacen, e m p e z a n d o
a insertar intereses p r i v a d o s dentro del bien c o m ú n ; allá d o n d e se p r o d u c e n a b u s o s de
p o d e r p ú b l i c o por m a n o s p r i v a d a s se p u d r e la igualdad. Para Jefferson. señala A r e n d t ,
era e v i d e n t e que «el peligro mortal para la república consistía en que la constitución
había d a d o todo el p o d e r a los c i u d a d a n o s a título p r i v a d o , p e r o no se les d o t ó de e s p a c i o s
comunes donde serlo»
17
18
Por su p a r t e , los c o n s e j o s t a m p o c o s u p i e r o n , s e g ú n A r e n d t . e n c a r a r el p r o b l e m a
de la c o n s o l i d a c i ó n g u b e r n a m e n t a l , en b u e n a m e d i d a p o r q u e se t r a t a b a de ó r g a n o s
f u n d a m e n t a l m e n t e p o l í t i c o s , o r i e n t a d o s h a c i a la a c c i ó n . Esta es u n a a d v e r t e n c i a q u e
hoy, a la h o r a de r e s c a t a r la p r o p u e s t a de un p o d e r c o m ú n a p a r t i r de la e x p e r i e n c i a
h i s t ó r i c a de los c o n s e j o s , es n e c e s a r i o r e c o r d a r y m e d i t a r p r o f u n d a m e n t e . La
o r g a n i z a c i ó n e s p o n t á n e a del p u e b l o a s p i r a , d e s d e l u e g o , a g o b e r n a r . P e r o n o se
p u e d e a b a n d o n a r el g o b i e r n o a un e s q u e m a de r e p r e s e n t a c i ó n p a s i v a , h a y q u e i d e a r
n u e v a s f o r m a s de g o b e r n a b i l i d a d . q u e n u n c a h a y a n e x i s t i d o , p a r a q u e la m o v i l i z a c i ó n
se t r a n s f o r m e en un p o d e r p ú b l i c o . En el conflicto e n t r e s i s t e m a de p a r t i d o s y de
c o n s e j o s , « l o q u e se p o n í a en j u e g o e r a el p r o b l e m a de la r e p r e s e n t a c i ó n frente a la
a c c i ó n y a la p a r t i c i p a c i ó n » . Un p r o b l e m a e x t r a o r d i n a r i a m e n t e difícil de s o l v e n t a r ,
q u e e x i g e t o d a la i m a g i n a c i ó n p o l í t i c a y la c a p a c i d a d o r g a n i z a t i v a d e la q u e s e a n
c a p a c e s los c i u d a d a n o s m o v i l i z a d o s . « L o s c o n s e j o s » , n o s d i c e A r e n d t . « j a m á s fueron
c a p a c e s de e n t e n d e r q u e el a p a r a t o g u b e r n a m e n t a l de t o d a s o c i e d a d m o d e r n a d e b e
r e a l i z a r n e c e s a r i a m e n t e f u n c i o n e s de a d m i n i s t r a c i ó n . D e m o d o q u e » el e r r o r fatal
q u e s i e m p r e han c o m e t i d o los c o n s e j o s ha s i d o q u e n o s u p i e r o n d i s t i n g u i r c l a r a m e n t e
e n t r e la p a r t i c i p a c i ó n en los a s u n t o s p ú b l i c o s y la a d m i n i s t r a c i ó n o g e s t i ó n de las
c o s a s en i n t e r é s p ú b l i c o « .
19
Y la historia se inclinó hacia una s o c i e d a d de a d m i n i s t r a d o r e s y a d m i n i s t r a d o s , en la
hora fatal de la república. « E s una historia triste y e x t r a ñ a la q u e nos q u e d a por contar»
dice A r e n d t al final de Sobre la Revolución.
Es hora. p u e s , de narrarla.
"' ibid,
ibid,
ibid,
ibid,
17
is
19
pág. .342.
pág. 346 y ss.
pág. 349.
pág. 378.
154
3. La h o r a fatal d e la r e p ú b l i c a
El s e g u n d o libro de A r e n d t en el q u e nos h e m o s c e n t r a d o , Crisis de la
república,
c o n s t i t u y e un ejercicio de m e d i t a c i ó n s o b r e c o n c r e t a s distorsiones de todos los a n t e r i o r e s
principios en las s o c i e d a d e s c o n t e m p o r á n e a s . La república, constata A r e n d t , ha e n t r a d o
en crisis en las d e m o c r a c i a s actuales p o r q u e los partidos creen e r r ó n e a m e n t e q u e el
objetivo del g o b i e r n o es el bienestar material del p u e b l o y que la e s e n c i a de la política
n o es la a c c i ó n , sino la a d m i n i s t r a c i ó n . En c o n s e c u e n c i a , Arendt califica sin a m b a g e s las
d e m o c r a c i a s actuales c o m o o l i g á r q u i c a s , p o r q u e el p o d e r y el interés c o m ú n han s i d o
u s u r p a d o s por m a n o s p r i v a d a s que hacen uso de d i v e r s a s formas de violencia para retener
sus privilegios. El d i a g n ó s t i c o q u e efectúa A r e n d t de la situación de las d e m o c r a c i a s es
i m p l a c a b l e y certero:
Su mejor logro ha sido un cierto control de los gobernantes por parte de los gobernados,
pero no ha permitido que el ciudadano se convierta en «partícipe» en los asuntos públicos.
Lo más que puede esperar es ser «representado»: ahora bien, la única cosa que puede
ser representada y delegada es el interés o el bienestar de los constituyentes, pero no sus
acciones ni sus opiniones. En este sistema son indiscernibles las opiniones de los hombres,
por la sencilla razón de que no existen. Las opiniones se forman en un proceso dc discusión
abierta y dc debate público, donde no existe oportunidad para la formación de opiniones
(...) Los votantes, a través dc los grupos de presión, lobbies y otros intermediarios, pueden
influir sobre las acciones de sus representantes por lo que respecta al interés, es decir,
pueden forzar a sus representantes a ejecutar sus deseos a costa de los deseos e intereses de
otros grupos de votantes. (...) El gobierno representativo se ha convertido en la práctica en
gobierno oligárquico, aunque no en el sentido clásico de gobierno de los pocos en su propio
interés: lo que ahora llamamos democracia es una forma de gobierno donde los pocos
gobiernan en interés de la mayoría o. al menos, asi se supone. El gobierno es democrático
porque sus objetivos principales son el bienestar popular y la felicidad privada: pero puede
llamársele oligárquico en el sentido de que la felicidad pública y la libertad pública se han
convertido de nuevo en el privilegio dc unos pocos.
211
Las élites y los políticos profesionales, sostiene Arendt, han c o o p t a d o el e s p a c i o
político de libertad e igualdad a base de construir un espacio de igualdad entre
ellos,
del que el resto de la sociedad está e x c l u i d o , o m á s bien e s t r u c t u r a l m e n t e i m p l i c a d o a
través de la d e l e g a c i ó n , pero no de la presencia. En estas c o n d i c i o n e s , la opinión pública
en singular, formada en su m a y o r parte m e d i a n t e m e c a n i s m o s p r o p a g a n d í s t i c o s , ha
r e e m p l a z a d o a las o p i n i o n e s en plural, a esa « c a p a c i d a d del h o m b r e c o m ú n para actuar y
formar su propia o p i n i ó n » . Lo q u e t e n e m o s es « u n a opinión pública sustituía a través de
ideologías q u e n o hacen referencia a realidad c o n c r e t a a l g u n a »
21
22
La retirada del p u e b l o del e s c e n a r i o y m e c a n i s m o s de la política, en la forma de una
p r e s e n c i a a u s e n t e , es el d e n o m i n a d o r c o m ú n de esta crisis de la república. « T o d a s las
23
•
ibíd, pág. 373.
ibíd, pág.. 364.
" Arendt. H; Crisis dc la República, pág. 59.
Habría que decir aquí que esa retirada del pueblo, en la forma de presencia-ausencia, que Arendt con­
templa como fin de la política, está siendo hoy día pensada como posible lugar desde el que hacer política. Ver.
entre otros. Ranciare, .1. El desacuerdo, Buenos Aires. Nueva Visión, 1996.
:|
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instituciones políticas», dice A r e n d t , «son m a n i f e s t a c i o n e s y m a t e r i a l i z a c i o n e s de poder,
se petrifican y d e c a e n tan p r o n t o c o m o el p o d e r v i v o del p u e b l o deja de a p o y a r l a s »
Para A r e n d t . el p o d e r es f u n d a m e n t a l m e n t e p r e s e n c i a activa, e n t e n d i d a , c o m o ya h e m o s
visto, n o sólo en un s e n t i d o r e p r e s e n t a t i v o sino antes q u e nada, y sobre todo, c o m o una
c a p a c i d a d colectiva de acción c o m ú n q u e c o m i e n z a en la vida cotidiana, en los h e c h o s
de la realidad m á s cercana. La formación de la opinión pública a través de m e d i o s de
c o m u n i c a c i ó n entre lectores o u s u a r i o s q u e no sólo no están presentes sino que no se
tienen p r e s e n t e s los unos para los o t r o s n o p u e d e ser sino un s i m u l a c r o del poder, una
c o n v e r s i ó n del p o d e r - h a c e r en p o d e r de m a n i p u l a c i ó n , con el p a r a d ó j i c o r e s u l t a d o de un
p o d e r i m p o t e n t e , a s e n t a d o en la d o m i n a c i ó n y en la violencia: «Si el p o d e r g u a r d a alguna
relación con el n o s o t r o s - q u e r e m o s - y n o s o t r o s - p o d e m o s » dice A r e n d t . «a diferencia del
s i m p l e n o s o t r o s p o d e m o s , e n t o n c e s h e m o s de a d m i t i r q u e n u e s t r o p o d e r se ha t o r n a d o
impotente», concluye Arendt.
24
25
Es n e c e s a r i o , p u e s , analizar este c r e c i m i e n t o ilimitado y antinatural de un p o d e r
i m p o t e n t e q u e se basa en la d o m i n a c i ó n a gran escala llevada a c a b o por instituciones
d e s l i g a d a s de la realidad. Y t a m b i é n es n e c e s a r i o p o n d e r a r las o p o r t u n i d a d e s y riesgos de la
m o v i l i z a c i ó n disidente en las s o c i e d a d e s de m a s a s . En este sentido, los e n s a y o s r e c o g i d o s
en Crisis de la República,
una brillante puesta en práctica de la t r a m a c o n c e p t u a l política
a r e n d t i a n a , resultan i n s t r u m e n t o s f u n d a m e n t a l e s de c o m p r e n s i ó n política, a n t i c i p a n d o
con a g u d e z a ciertos p r o b l e m a s q u e h o y m a r c a n el p u l s o de la filosofía política, tales
c o m o el carácter de lo prepolítico, la autoreflexividad sistémica o el papel de la violencia
y la m o v i l i z a c i ó n social.
Las reflexiones r e c o g i d a s en el e n s a y o La mentira en política,
a la vista de las
recientes filtraciones de d o c u m e n t o s en Wikileaks, resultan o b v i a m e n t e de un gran interés
y vigencia. La tesis es sencilla, p e r o inapelable: el c r e c i m i e n t o antinatural de un p o d e r
d e s m a t e r i a l i z a d o , d e s a f e r r a d o a los h e c h o s , g e n e r a a u t o p o i é t i c a m e n t e su propia realidad.
La m e n t i r a política es un i n s t r u m e n t o crucial para esta p r o d u c c i ó n totalitaria de realidad.
« L a e l a b o r a c i ó n de i m á g e n e s c o m o política g l o b a l » , afirma A r e n d t , «es e v i d e n t e m e n t e
a l g o n u e v o en el gran arsenal de locuras h u m a n a s q u e registra la h i s t o r i a » .
26
Lo p r i m e r o q u e s o r p r e n d e en este e n s a y o es p a r a d ó j i c a m e n t e la falta de sorpresa q u e
e x p r e s a A r e n d t ante las filtraciones de los D o c u m e n t o s del P e n t á g o n o al New York Times.
La mentira, y n o sólo la m e n t i r a política, piensa A r e n d t , es vieja c o m o el m u n d o . M e n t i r
forma parte de las p o s i b i l i d a d e s de la c a p a c i d a d h u m a n a de la i m a g i n a c i ó n , de m a n e r a
q u e «la d e l i b e r a d a n e g a c i ó n de la v e r d a d fàctica - l a c a p a c i d a d de mentir- y la c a p a c i d a d
de c a m b i a r los h e c h o s - l a c a p a c i d a d de actuar- se hallan i n t e r c o n e c t a d a s » . Lo r e a l m e n t e
p r e o c u p a n t e de la situación política actual n o es s ó l o q u e los g o b e r n a n t e s m i e n t a n al
P u e b l o sino el efecto de realidad e s q u i z o i d e q u e ello acarrea: creen sus propias m e n t i r a s ,
g e n e r a n d o una realidad artificial d e s a s i d a de los h e c h o s . Se fabrican « e s t a d o s m e n t a l e s »
c o l e c t i v o s u r d i d o s por t e e n ó c r a t a s q u e n o actúan j u z g a n d o , sino c a l c u l a n d o ; no d e s d e la
c a p a c i d a d de discernir, s i n o d e s d e m o d e l o s p u r a m e n t e teóricos. Son lo q u e Arendt llama,
los « s o l u c i o n a d o r e s de p r o b l e m a s » , p r o b l e m a s q u e por lo d e m á s ellos m i s m o s crean.
Estos personajes de la vida pública, los a s e s o r e s políticos, se e n c u e n t r a n h e c h i z a d o s por
27
:J
Arendt, Sobre la Revolución. Madrid. Alian/a. 2004. pág. 55.
Arendt. H; Crisis de la República, pág. 186.
" Arendt. H; Crisis de la República, pág.. 26.
ibid. pág.. 13
: í
:
: 1
156
28
un «apetito por la a c c i ó n » a la v e z q u e « e n a m o r a d o s de las t e o r í a s » . Es importante
reparar en q u e n o se trata sólo de c o n s p i r a d o r e s sino sobre t o d o de un g é n e r o de locura,
de m o d o que «es este d i s t a n c i a m i e n t o de la realidad lo que o b s e s i o n a r á al lector de los
D o c u m e n t o s del P e n t á g o n o q u e t e n g a la paciencia de llegar hasta su final». La mentira
que se c o n v i e r t e en a u t o e n g a ñ o es signo manifiesto de la existencia de un p o d e r i m p o t e n t e
en las s o c i e d a d e s de m a s a s , pues éste d e v i e n e artífice y víctima de su propia m e n d a c i d a d ,
a r r a s t r a n d o c o n s i g o al resto de la sociedad:
29
Está fuera de toda duda la presencia de lo que Ellsberg ha denominado proceso de
«autoengaño interno», pero se invirtió el proceso normal del autoengaño. No se llegó
a éste a través del engaño. Los engañadores empezaron engañándose a si mismos.
Probablemente por su elevada condición y la sorprendente seguridad en sus decisiones,
se hallaban tan convencidos de la magnitud del éxito, no en el campo de batalla sino en el
terreno de las relaciones públicas, y tan seguros de sus premisas psicológicas acerca de las
¡limitadas posibilidades de manipulación de las personas, que anticiparon
una fe general
y la victoria en la batalla por las mentes de los hombres. Y como vivían en un mundo
desasido de los hechos no les fue difícil no prestar atención al hecho de que su audiencia
se negaba a dejarse engañar. "
1
Así pues, la profesionalización de la política del e n g a ñ o , el a u t o e n g a ñ o , la fabricación
de i m á g e n e s y el a p a r t a m i e n t o de los h e c h o s , constituyen puntales d e s t a c a d o s de la crisis
de lo p ú b l i c o y un peligro político de primera m a g n i t u d : «En el terreno de la política,
d o n d e el secreto y el e n g a ñ o d e l i b e r a d o han d e s e m p e ñ a d o s i e m p r e un papel significativo,
el a u t o e n g a ñ o c o n s t i t u y e el peligro por e x c e l e n c i a ; el e n g a ñ a d o r a u t o e n g a ñ a d o pierde
t o d o c o n t a c t o con su a u d i e n c i a sino con el m u n d o r e a l »
31
Perder el c o n t a c t o con la realidad suele tener c o m o c o n s e c u e n c i a que ésta nos e x p l o t a
en la cara. Tarde o t e m p r a n o , este tipo de instituciones políticas en crisis han de afrontar
el estallido de lo real y es aquí d o n d e A r e n d t c o m i e n z a a m e d i t a r sobre la indignación,
la d e s o b e d i e n c i a y la m o v i l i z a c i ó n c o m o f e n ó m e n o de m a s a s . En lugar de rasgarse las
vestiduras lo afronta c o m o ejercicio de c o m p r e s i ó n política. Se trata de pensar el peligro
en conjunción con la o p o r t u n i d a d y esto le lleva, en sus e n s a y o s sobre la d e s o b e d i e n c i a
civil y la violencia, a p o n d e r a r las posibilidades de r e g e n e r a c i ó n política y riesgos de la
m o v i l i z a c i ó n disidente en las s o c i e d a d e s de m a s a s .
Fiel a su a c o s t u m b r a d o p r o c e d i m i e n t o de d e s l i n d a r antes de j u z g a r , A r e n d t intenta
aislar las características de la d e s o b e d i e n c i a civil frente a otras formas de c o n c u l c a r la ley,
o bien b a s a d a s en la transgresión pura, c o m o es el caso del criminal o bien en una objeción
de c o n c i e n c i a de carácter individual. Pero su premisa es firme: las m i n o r í a s d i s i d e n t e s
tienen un papel en el p r o c e s o político de c o n c r e c i ó n de la constitución, p r e c i s a m e n t e
en virtud de su naturaleza colectiva. El p r o b l e m a estriba en que la d e s o b e d i e n c i a civil
es c o m p a t i b l e con el espíritu de las leyes, pero resulta s u m a m e n t e difícil incorporarla
al s i s t e m a legal y justificarla sobre bases p u r a m e n t e legales, pues falta el lenguaje y la
politica específicos para e l l o .
12
:
* ibid,
-"' ibid,
"' ibid,
" ibid,
" ibid.
pág.. 19
pág., 28.
pág.. 43.
pág., 44.
pág.. 106.
TAULA 43
157
Para c o m p r e n d e r la p o t e n c i a y a l c a n c e de la d e s o b e d i e n c i a civil en la vida política de
la república es necesario en p r i m e r lugar, dignificar y r e s e m a n t i z a r el papel del d e s a c u e r d o
y en s e g u n d o lugar establecer firmemente la naturaleza c o m ú n y c o m p a r t i d a del m i s m o
a fin de que a d q u i e r a una v e r d a d e r a d i m e n s i ó n política. En lo que se refiere a lo p r i m e r o ,
el d i s e n t i m i e n t o no es una o p c i ó n entre pares: forma parte constitutiva de la vida política,
p u e s c u a l q u i e r c o m u n i d a d se vuelve d e s p ó t i c a allá d o n d e se r e p r i m e con violencia el
d e r e c h o de a c t u a r e iniciar a u t ó n o m a m e n t e y de disentir c r í t i c a m e n t e . A r e n d t señala con
ello un a s p e c t o p a r t i c u l a r m e n t e i m p o r t a n t e para t o d o lo que v e n i m o s e x p o n i e n d o , y es
q u e el d i s e n t i m i e n t o no es un acto personal sino que p o s e e una v e r d a d e r a d i m e n s i ó n
estructural en la c o m u n i d a d política. El d i s e n t i m i e n t o no es un conflicto individual de
c o n c i e n c i a s , frente a la ley o frente a sí m i s m a s . Es la d i m e n s i ó n constitutiva m i s m a del
a s e n t i m i e n t o , pues éste s ó l o p u d e darse c u a n d o es voluntario, es decir, c u a n d o existe la
o p o r t u n i d a d real de disentir: « Q u i e n sabe que p u e d e disentir, sabe que de alguna forma,
asiente c u a n d o no d i s i e n t e » . Para A r e n d t , el conflicto con la ley que se p r o d u c e en el
f e n ó m e n o de la d e s o b e d i e n c i a n o es un enfrentan!iento personal, por lo cual n o p u e d e ser
c o m p r e n d i d o ni m u c h o m e n o s j u z g a d o en t é r m i n o s k a n t i a n o - r o u s s o n i a n o s de relación
m o r a l del c i u d a d a n o con la ley. Este p l a n t e a m i e n t o individualista c o n s t i t u y e «un e x t r a ñ o
y no s i e m p r e feliz m a t r i m o n i o teórico, de la m o r a l i d a d y de la legalidad, de la c o n c i e n c i a
y de la l e y » q u e i m p i d e c o m p r e n d e r el f e n ó m e n o en su especificidad política y todas sus
c o n s e c u e n c i a s positivas para la vida pública.
11
1J
Arendt sostiene la arriesgada idea de que la d e s o b e d i e n c i a civil ha de ser incorporada
c o m o institución política, pero que este objetivo está o b s t a c u l i z a d o por n o c i o n e s e r r ó n e a s
de a s e n t i m i e n t o , de contrato social y de obligación del c i u d a d a n o para con la ley. Los
m o d e l o s individualistas clásicos de c o n t r a t o social y las ideas de a s e n t i m i e n t o q u e se
d e s p r e n d e n de ellos están e r r a d o s de raíz, p u e s se trata de contratos sociales de carácter
vertical, ya sea con Dios o con el E s t a d o . L o s c i u d a d a n o s aquí han de o b e d e c e r a las
leyes s i m p l e m e n t e p o r q u e las han v o t a d o . Pero para A r e n d t . « t o d o s los contratos, pactos
y a c u e r d o s d e s c a n s a n en la r e c i p r o c i d a d » en un c a r á c t e r horizontal y c o m p a r t i d o y «la
gran ventaja de la versión horizontal del c o n t r a t o social es que esta reciprocidad liga a
c a d a m i e m b r o con sus c o n c i u d a d a n o s » . Ni lo h a c e a través de la tradición ni t a m p o c o
de la m a y o r í a m o r a l , s i n o a través de la p r o m e s a m u t u a . «El único d e b e r e s t r i c t a m e n t e
moral del c i u d a d a n o es esta d o b l e voluntad de d a r y de m a n t e n e r una fiable seguridad
r e s p e c t o de su futura c o n d u c t a , que c o n s t i t u y e la c o n d i c i ó n prepolítica de todas las
otras virtudes, e s p e c í f i c a m e n t e p o l í t i c a s » . Lo q u e está en p r i m e r plano, p u e s , n o es la
integración con una s a g r a d a c o m u n i d a d h o m o g é n e a , sino el «arte de asociarse j u n t o s » ,
la c a p a c i d a d de c o o p e r a c i ó n en un objetivo c o m ú n , característica del a s e n t i m i e n t o y del
d e r e c h o a d i s e n t i r . Este «arte de a s o c i a r s e » implica una pluralidad constituyente, que
es su c o n d i c i ó n prepolítica. A s í . dice A r e n d t que «un contrato p r e s u p o n e una pluralidad
q u e no se d i s u e l v e sino q u e se c o n f o r m a en una unión - e p l u r i b u s unum. Si los m i e m b r o s
individuales de la c o m u n i d a d formada decidieran no c o n s e r v a r una a u t o n o m í a restringida,
si decidieran d e s a p a r e c e r en una c o m p l e t a unidad tal c o m o la unión sacree de la nación
15
16
17
18
"
u
35
16
ibíd, pág., 95.
i bul, pág., 60.
ibíd, pág.,94.
ibíd, pág., 94.
pág., 99.
ibíd, pág.. 101
" (¿a.,
158
francesa, todo lo que se pudiera decir acerca de la relación moral del ciudadano con la ley
sería mera retórica».
39
El paso siguiente que da Arendt va m u c h o más allá, reivindicando, por parte del
gobierno y los legisladores, el reconocimiento de los movimientos disidentes c o m o
actores políticos colectivos que deben participar de pleno derecho en competencia c o n
grupos de presión o con la mayoría misma: «sería un acontecimiento de gran significado
hallar una hornacina constitucional a la desobediencia civil, de no m e n o s significado,
quizás, que el hecho de la fundación de la constitutio libertatis hace casi doscientos años.
Su creencia, a través de ejemplos históricos, en el poder de influencia de estas minorías
activistas sobre la mayoría moral es clara, pero «la mayor falacia del debate actual» sobre
la disidencia dice Arendt, « m e parece que es la presuposición de que estamos tratando de
individuos que se lanzan subjetivamente y conscientemente contra las leyes y costumbres
de la comunidad (...) La realidad es que tratamos con minorías organizadas que se lanzan
contra mayorías supuestamente inarticuladas aunque difícilmente "silenciosas"». El
único transgresor que, no obstante, los tribunales reconocen, en una lógica policial,
es el objetor individual de conciencia y esta actitud no responde a la realidad de la
desobediencia civil c o m o expresión de la capacidad común de asociación disidente que es
constitutiva de una comunidad política libre. La advertencia arendtiana de incorporar la
desobediencia c o m o institución política y m o d o de renovación constitucional responde a
un sentido de la realidad, en la que se identifica una situación de emergencia histórica que
la hace absolutamente imprescindible: «tal v e z se precise una situación de emergencia
antes de que podamos hallar un lenguaje c ó m o d o para la desobediencia civil, no s ó l o en
nuestro lenguaje político sino también en nuestro sistema p o l í t i c o » . En ello nos j u g a m o s
hoy la vida de la república, su pervivencia renovada y sortear una escalada de violencia
social. La lección de Arendt nos invita a celebrar en cada m o m e n t o histórico un triste
cumpleaños republicano, con la confianza y la promesa de una renovación, aunque ello
exija una ruptura con todo lo anterior.
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41
ibíd, pág., 101
ibíd, pág., 105.
ibíd, pág., 108.
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