KAFKA Y MARTÍNEZ ESTRADA

KAFKA Y MARTÍNEZ
ESTRADA
E n diferentes ocasiones E z e q u i e l M a r t í n e z E s t r a d a ( A r g e n t i n a ,
1895-1964) e x p r e s ó su a d m i r a c i ó n p o r F r a n z K a f k a (Checoslov a q u i a , 1883-1924). L a ú l t i m a vez que lo h i z o fue p a r a jactarse
de h a b e r l o i m i t a d o :
Confieso que le debo m u c h í s i m o — e l haber pasado de u n a credulidad ingenua a una certeza fenomenológica de que las leyes d e l
mundo del espíritu son las del laberinto y no las del teorema—, y
creo que su influencia es evidente en mis obras de imaginación [ . . . ] .
Quede hecha esta declaración de deuda .
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L a i n f l u e n c i a de K a f k a en ese pasar de la idea de cosmos a
la idea de caos q u i z á sea evidente en los ensayos — M a r t í n e z Estrada e m p e z ó a escribirlos en los a ñ o s v e i n t i t a n t o s c u a n d o K a f k a era
u n desconocido— pero no es evidente en los cuentos p o r q u e cuando
e s c r i b i ó el p r i m e r o y a h a b í a r e c i b i d o el i m p a c t o de K a f k a . E l
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"Apocalipsis de K a f k a " , Israel y América Latina, 1960, n ú m . 98; recogido en En torno a Kafka y otros ensayos, Seix Barral, Barcelona, 1967.
" L a i n u n d a c i ó n " , La Nación, Buenos Aires, 29 de j u n i o de 1941.
A T T I L I O D A B I N I {La Nación, 2 de enero de 1972) recuerda que M a r t í nez Estrada en carta del 14 de mayo de 1959 le confió que su m a y o r vocación
era la de n a r r a r y aue lamentaba no haber Dodido realizarla: " y va es t a r d e " ,
a g r e g ó . E n efecto, su p r o d u c c i ó n c u e n t í s t i c a fue t a r d í a y relativamente escasa:
sus Cuentos completos cupieron en u n solo volumen de 467 p á g i n a s (Alianza, M a d r i d , 1975). M e referiré a sus libros con estas siglas: T C : Tres cuentos sin amor,
1956; M R : Marta Riquelme. Examen sin conciencia, 1956; SG: Sábado de Gloria,
1955; T O S : La tos y otros entretenimientos, 1957. H e a q u í una c r o n o l o g í a de la
c o m p o s i c i ó n de los cuentos basada en cartas y datos del autor: " L a inundac i ó n " , 1941 ( T C ) ; " S á b a d o de G l o r i a " , 1944 (SG); " V i u d e z " , 1945 ( T C ) ;
" L a cosecha", 1945-46 ( T C ) ; " M a r t a R i q u e l m e " y " E x a m e n sin concienc i a " , 1949 ( M R ) ; " J u a n Florido, padre e hijo, m i n e r v i s t a s " , 1951-55 (SG);
" L a t o s " y los doce " e n t r e t e n i m i e n t o s " que le siguen, 1957 ( T O S ) .
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X X X V I (1988), n ú m . 1, 467-476
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d e s c u b r i m i e n t o de K a f k a y el despertar de l a v o c a c i ó n n a r r a t i v a
de M a r t í n e z E s t r a d a fueron s i m u l t á n e o s . N o d i g o que entre ese
d e s c u b r i m i e n t o y ese despertar h a y a u n a r e l a c i ó n de causa a efecto sino q u e , en la p r o d u c c i ó n c u e n t í s t i c a de M a r t í n e z E s t r a d a , n o
h a y u n " a n t e s " y u n " d e s p u é s " con respecto a l a lectura de K a f k a .
L a i n f l u e n c i a de é s t e h a de notarse, pues, n o en u n c a m b i o en
la e v o l u c i ó n de las ideas filosóficas, sino e n l a semejanza de situaciones, temas y a r g u m e n t o s entre los cuentos del maestro y los
del d i s c í p u l o .
L a v i s i ó n d e l m u n d o de K a f k a es t a n e n i g m á t i c a que nadie
h a sabido definirla. Las interpretaciones de los críticos — t e o l ó g i c a s ,
metafísicas, psicológicas, históricas, sociológicas, biográficas, estéticas— suelen desacreditarse unas a otras. ¿ C u á l fue la de M a r t í n e z
Estrada? V e a m o s unas pocas calas que o r d e n o c r o n o l ó g i c a m e n t e
p a r a d o c u m e n t a r c ó m o M a r t í n e z E s t r a d a fue a m p l i a n d o su con o c i m i e n t o de K a f k a . M á s tarde se v e r á q u é es l o q u e , de su personal i n t e r p r e t a c i ó n de K a f k a , le s i r v i ó p a r a e s c r i b i r cuentos:
. . . esa literatura [de realismo superficial] pierde inmensa parte
de su prestigio cuando se entra al d é d a l o de novelas como El Castillo
o El proceso, donde el centro del drama es desplazado otra vez a las
tinieblas, como en los tiempos de la tragedia griega .
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L a obra de Kafka, con sus inmensos valores literarios, queda
engarzada en una concepción metafísica con tan preciso ajuste que
el lector advierte que cada una de las piezas —novela o cuento—
conecta su asunto con u n argumento de d i m e n s i ó n universal. [. . . ]
Kafka nos trae a la superficie de la conciencia, a la delgada corteza
gris de nuestro ser, y no por el camino de la reflexión, u n mensaje
m í s t i c o de asombro y de estupor, en nadie antes tan vivido e i n teligible .
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Lea usted ahora aquellos cuentos de Maupassant o de Ghejov,
y fíjese en todo lo que no han contado, todo lo que dejaron a u n
lado como cosa de menor c u a n t í a y d í g a m e si se conforma con eso.
Precisamente han omitido lo trágico, lo imponente, lo bello, lo cierto
[ . . . 1 E l cuentista realista recortaba a b s t r a í a podaba. Kafka es el
primero que disuelve, amasa, mezcla'.
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" E l p á j a r o y la j a u l a " , Correo literario, Buenos Aires, 1944, n ú m . 12; recogido en En torno a Rafia. . .
" I n t e n t o de s e ñ a l a r los bordes del m u n d o de K a f k a " , La Nación, 14 de
m a y o de 1944; recogido en En torno a Kafka. . .
C a r t a a Gregorio Schemes, 2 de j u n i o de 1945. recogida en C A R L O S
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De singular relieve, como caso ú n i c o en la historia de la literatura, el checoeslovaco Franz Kafka trajo el mensaje de prevenirnos
de que vivimos en u n m u n d o que nos es absolutamente desconocido, con seres absolutamente incomprensibles y regido por leyes caprichosas (a nuestro entender) absolutamente distintas a las de la
física?.
Todos sus representantes están al servicio de potestades incógnitas, como en " L a Muralla C h i n a " o en El Castillo de Kafka aquellos
seres de u n imperio de miles de millones de habitantes y de millones de kilómetros cuadrados están al servicio de u n emperador arcaico, lejano, va inexistente, que i m p a r t i ó sus ó r d e n e s decenas de
siglos atrás".. '
El mundo de Kafka no es fantástico sino con respecto al realismo ingenuo que acepta u n orden fundado en Dios, en la r a z ó n o
en el lógico acontecer de los hechos históricos. E l " m u n d o del prim i t i v o " se le asemeja funcionalmente m á s . [. . . ] U n mundo mágico, en fin, que difiere del cosmos urbano del teólogo, del filósofo
y del sociólogo. [. . . ] Kafka es t a m b i é n u n hombre p r i m i t i v o , u n
hombre para quien las leyes de la causalidad no existen. [. . . ] El
mundo de Kafka, en resumen, es el mundo real .
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Y o t a m b i é n , durante muchos a ñ o s , creí que la realidad se me
ofrecía candorosamente a los sentidos. [. . . ] Pero u n d í a , leyendo
una novela de Franz Kafka [Elproceso], percibí que la manera de
tratar él la realidad como algo declaradamente absurdo estaba m á s
cerca de la realidad que la de otros autores, Zola por ejemplo .
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E n cierto sentido Kafka es portador de u n mensaje de raza y
n é m e s i s que p o d r í a de inmediato atribuir al "inconsciente ancestral colectivo", en lenguaje de Tung. Sus personajes, sus temas y
las vicisitudes o tribulaciones que integran regularmente el argumento y la tesis encajan perfectamente en el concepto de mito como
se lo ha estudiado recientemente en las afloraciones del yo profun-
A D A M , Bibliografía y documentos de E.M.E.,
U n i v e r s i d a d Nacional de L a Plata,
1968.
Panorama de las literaturas, C l a r i d a d , Buenos A i r e s , 1946.
Muerte y transfiguración de Martín Fierro, F C E , M é x i c o , 1948, t. 2, pp. 199,
279 y 390.
" A c e p c i ó n literal del m i t o en K a f k a " , Babel, Santiago de C h i l e , 1950,
n ú m . 53; recogido en En torno a Kafka. . .
" L o real v el r e a l i s m o " , CuA, 1958, n ú m . 100, 258-264; recogido en
En torno a Kafka'. . .
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d o d e l estrato e p i t e l i a l de l a r a z ó n . E l h e c h o de q u e esos personajes
p o r l o r e g u l a r n o t e n g a n n o m b r e n i l o necesiten, q u e n o se nos d i g a
n i h a y p o r q u é saberlo c ó m o son, de d ó n d e p r o c e d e n n i d ó n d e est á n , c o l o c á n d o l o s c o m o piezas m ó v i l e s e i n t e r c a m b i a b l e s de u n g r a n
azar que configura u n a realidad, lo d e m u e s t r a .
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D i s t i n g a m o s entre la t o t a l i d a d de valores que M a r t í n e z Est r a d a celebraba en K a f k a y l a p a r t e m í n i m a que e s c o g i ó para enr i q u e c e r sus p r o p i o s cuentos. A u n es posible q u e algunas situaciones aparentemente kafkianas p r o c e d a n d i r e c t a m e n t e de n a r r a dores que K a f k a , a su vez, h a b í a aprovechado, c o m o Poe, G o g o l ,
D i c k e n s , D o s t o i e v s k y et al. ( S i n c o n t a r que a l o m e j o r M a r t í n e z
E s t r a d a sacaba esas situaciones, n o de K a f k a , n i de nadie, sino
de su m a g í n . )
SITUACIONES SEMEJANTES ENTRE KAFKA Y MARTÍNEZ ESTRADA
La complicación infinita
K a f k a v e í a en el u n i v e r s o m e r a m a t e r i a sin p r o p ó s i t o y v e í a en
sí m i s m o u n a v a n a c o m p l e j i d a d m e n t a l . N e g a b a l a existencia de
u n dios personal y a f i r m a b a lo q u e p a r a él era u n a evidencia: que
la estupidez de este m u n d o h u m a n o es p a r t e de u n a u n i v e r s a l est u p i d e z . E l u n i v e r s o es u n l a b e r i n t o sin A r i a d n a s n i T é s e o s . Es
u n l a b e r i n t o que se c o m p l i c a t a n t o en el espacio ( " L a m a d r i g u e r a " , " U n mensaje i m p e r i a l " ) c u a n t o en el t i e m p o ( " L a p r ó x i m a
c i u d a d " , " E l escudo de l a c i u d a d " ) . E s p a c i o - t e m p o r a l es " L a
c o n s t r u c c i ó n de la G r a n M u r a l l a C h i n a " , d o n d e m u r o s y siglos
son i n f i n i t o s . E n el l a b e r í n t i c o u n i v e r s o de K a f k a las cosas se m u l t i p l i c a n y los hechos se p o s t e r g a n . E n América, en El proceso y en
El Castillo los protagonistas c o r r e n sin progresar, c o m o en u n a pes a d i l l a . L a s almas t a m b i é n son l a b e r í n t i c a s .
M a r t í n e z E s t r a d a crea l a i l u s i ó n dei l a b e r i n t o m e d i a n t e el doble p r o c e d i m i e n t o de d e s c o m p o n e r u n objeto c o m p l i c a d o en s i m ples elementos y en c o m p o n e r c o n v a r i o s objetos simples u n a fig u r a c o m p l i c a d a . A n á l i s i s y s í n t e s i s . P e r c e p c i ó n de p o r m e n o r e s
e i n v e n c i ó n de constelaciones. Á t o m o s y m o l é c u l a s . C é l u l a s y tej i d o s . E n Marta Riquelme l a casa de l a M a g n o l i a — o r g á n i c a , v i v i e n t e c o m o el C a s t i l l o de K a f k a — es u n a finca c o l o n i a l a l a que
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"Apocalipsis de K a f k a " , en En torno a Kafka. . .
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se h a n a d h e r i d o habitaciones, patios, tapias; su c a m p o se lotea
y a s í surge u n a c i u d a d o c u p a d a p o r u n a profusa p a r e n t e l a . " E s
el l u g a r — d i c e M a r t a — d o n d e todos v i v i m o s p e r o de d o n d e n o
p o d e m o s s a l i r " . L a d e s c r i p c i ó n del c o n v e n t i l l o en " J u a n F l o r i d o , padre e h i j o , m i n e r v i s t a s " , de la iglesia i n v a d i d a en " L a i n u n d a c i ó n " , de los a p a r t a m e n t o s e n " L a escalera", d e l h o s p i t a l en
" E x a m e n s i n c o n c i e n c i a " sugiere que las incoherencias e n u n a
parcela del m u n d o reflejan l a g r a n incoherencia del m u n d o entero.
El fracaso
K a f k a p o b l ó sus ficciones c o n fracasados. Sus personajes n i saben
n i q u i e r e n n i p u e d e n v i v i r . S o n solitarios. O ineptos. O n e u r ó t i cos. E n el m e j o r de los casos, v í c t i m a s del desorden u n i v e r s a l . A
veces el u n i v e r s o se les echa e n c i m a , c o m o en El proceso: apenas
el inocente J o s é K . despierta se ve arrestado p o r representantes
de u n p o d e r ciego; es i n ú t ü q u e p i d a explicaciones; n u n c a le d i r á n de q u é l o acusan; los t r i b u n a l e s que l o h a n c o n d e n a d o son
inescrutables; a l final, l o ejecutan. O t r a s veces los personajes se
l a n z a n en busca de l a llave del u n i v e r s o , c o m o en El Castillo: el
a g r i m e n s o r K . h a sido c o n t r a t a d o p a r a prestar servicios profesionales en l a p r o p i e d a d de u n C o n d e pero j a m á s v e r á al p r o p i e t a r i o , j a m á s s u p e r a r á los o b s t á c u l o s que le i m p i d e n , n o digamos c u m p l i r c o n su tarea, p e r o n i s i q u i e r a a v e r i g u a r de q u é tarea se t r a t a .
M a r t í n e z E s t r a d a t a m b i é n p e r m i t e que sus personajes r e c i b a n
golpes de u n a r e a l i d a d a n t o j a d i z a o q u e , si e m p r e n d e n u n a acc i ó n , n o p u e d a n a v a n z a r o t e n g a n que retroceder. E n " E x a m e n
sin c o n c i e n c i a " C i r e n e o S u á r e z v a a v i s i t a r a u n e n f e r m o en el
h o s p i t a l y u n r e m o l i n o de e q u í v o c o s se a p o d e r a de él y l o h u n d e
en angustias y h u m i l l a c i o n e s . A s í c o m o a J o s é K . u n a o r g a n i z a c i ó n irresponsable l o e j e c u t ó s i n causa, a C i r e n e o S u á r e z u n hosp i t a l t r a s t o r n a d o p o r u n a r e v o l u c i ó n l o m e t e en el q u i r ó f a n o y allí
lo o p e r a n sin necesidad. L a r e f l e x i ó n final de C i r e n e o n o puede
ser m á s k a f k i a n a :
de pronto se aclaró su cerebro. C o m p r e n d i ó con suma lucidez que
nada de lo que h a b í a ocurrido era absurdo, sino perfectamente lógico y congruente con su destino. T o d a su vida estaba tejida sobre
una inflexible u r d i m b r e , de la que precisamente lo acontecido esa
m a ñ a n a c o m p o n í a los hilos m á s resistentes y ocultos en que se sost e n í a n todos los otros días de su vida. . .
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M á s c o n el esquema de El Castillo (que es el i n v e r s o del esquem a de El proceso) el p r o t a g o n i s t a de " S á b a d o de G l o r i a " , J u l i o
N i e v a s , tiene u n p l a n : p a r t i r p a r a M a r del P l a t a en uso de sus
vacaciones. Pero h a estallado u n a r e v o l u c i ó n y las locuras del nuevo
r é g i m e n y de l a n u e v a b u r o c r a c i a n o se l o p e r m i t e n . T a m b i é n kaf¬
k i a n a m e n t e se d a c u e n t a de que
estaba entrelazado por razones que le eran desconocidas; de que nada
de lo que o c u r r í a era cierto. Algo así como si hubiera sufrido u n
síncope y ahora, en los infiernos, comenzara su m a r t i r i o con procedimientos que iban gradualmente aumentando y que llegarían, sin
duda, a lo infinito e inimaginable.
Jerarquías vacías
K a f k a p l a n t a a sus personajes en u n o r d e n e n g a ñ o s o . E l e n g a ñ o
consiste en q u e se t r a t a de u n o r d e n d e n t r o del desorden. H a y
poderes, autoridades, legisladores, pero n o f u n c i o n a n . E n " E l p r o b l e m a de nuestras l e y e s " se d e m u e s t r a q u e esas leyes ocultas que
los nobles h a n i m p u e s t o en v e r d a d n o existen sino en u n a vaga
t r a d i c i ó n . L o s t r i b u n a l e s en El proceso n o j u z g a n . E l mensajero,
en " U n mensaje i m p e r i a l " — e x t r a c t o de " C o n s t r u c c i ó n de l a
G r a n M u r a l l a C h i n a " — n o l o g r a salir del palacio y p o r tanto n u n ca l l e g a a c u m p l i r c o n su m i s i ó n . E l C o n d e en El Castillo n o aparece n u n c a , y su delegado K l a m m es u n a e m i n e n c i a demasiado
gris.
M a r t í n e z Estrada traduce los inoperantes funcionarios de K a f k a a t é r m i n o s de b u r o c r a c i a a r g e n t i n a . E l e s c a l a f ó n de d i r e c t o r
g e n e r a l , d i r e c t o r i n t e r i n o , jefe, segundo j e f e , e n c a r g a d o , subenc a r g a d o , o r d e n a n z a e n " S á b a d o de G l o r i a " r e c u e r d a el escalaf ó n de " C o n s t r u c c i ó n de l a G r a n M u r a l l a C h i n a " c o n su E m p e r a d o r , D i r e c t o r e s , a r q u i t e c t o s , a l b a ñ i l e s , capataces y j o r n a l e r o s .
E l H o s p i t a l , e n " E x a m e n sin c o n c i e n c i a " , es u n a a n a r q u í a de
m é d i c o s , estudiantes, enfermeras, p o l í t i c o s y empleados t a n i n capaces y c o r r o m p i d o s c o m o los m i e m b r o s de las cortes de j u s t i cia e n El proceso.
El accidente inicial
K a f k a i n i c i a sus n a r r a c i o n e s c o n u n i n c i d e n t e i n s ó l i t o o p r e t e r n a t u r a l q u e desencadena u n a serie de desastres. U n h o m b r e desp i e r t a t r a n s f o r m a d o e n insecto ( " L a m e t a m o r f o s i s " ) o en d e l i n -
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c u e n t e (Elproceso).
E l deseo de m a n d a r p o r correo u n a p a r t i c i p a c i ó n m a t r i m o n i a l a u n a m i g o t e r m i n a en suicidio ( " E l v e r e d i c t o " ) .
M a r t í n e z Estrada i n i c i a sus narraciones c o n u n hecho que p r o duce efectos d e s p r o p o r c i o n a d o s . L a r o t u r a de l a m á q u i n a cosec h a d o r a , en " L a c o s e c h a " , acaba p o r r o m p e r el á n i m o del form i d a b l e D o n A p a r i c i o : d e s p u é s de padecer c o n t r a t i e m p o s y v e j á m e n e s se pone " a l l o r a r entre s o l l o z o s " . L a v i d a c o n y u g a l de
A d o l f o R a u c h c a m b i a r a d i c a l m e n t e desde que tose ( " L a t o s " ) .
L a s e q u í a en " V i u d e z " y el v e l a t o r i o e n " J u a n F l o r i d o , padre
e h i j o , m i n e r v i s t a s " se despliegan en u n p a n o r a m a , t r á g i c o u n o ,
grotesco el o t r o .
La exageración
K a f k a , a u n en sus ficciones m á s realistas, o sea, en esas que desc r i b e n u n a r e a l i d a d o r d i n a r i a , exagera t a n t o los hechos que t o d a
l a r e a l i d a d acaba p o r disolverse e n s u e ñ o , e n s í m b o l o , en p o e m a ,
en h u m o r a d a , en a b s u r d i d a d o en f a n t a s í a . A p a r t e sus ya m e n c i o nadas novelas r e c u é r d e n s e cuentos c o m o " E l artista del h a m b r e "
y " P r i m e r a p e n a " ( m á s conocido c o m o " E l artista del t r a p e c i o " ) .
M a r t í n e z E s t r a d a se m a n t i e n e m á s realista q u e i n v e n t i v o per o c o n sus exageraciones consigue u n c l i m a de i n v e r o s i m i l i t u d .
E n el e x t r e m o m á s p o é t i c o , " L a i n u n d a c i ó n " ; en el e x t r e m o m á s
t r u c u l e n t o , u n o de sus mejores cuentos: " J u a n F l o r i d o , padre e
hijo, minervistas".
El anonimato
K a f k a se d i v e r t í a e n j u g a r c o n los n o m b r e s y apellidos de sus personajes, sea o m i t i é n d o l o s , r e d u c i é n d o l o s a u n a l e t r a o c a r g á n d o los de intenciones secretas. E n el f o n d o esos j u e g o s i n d i c a n q u e
K a f k a pensaba en sus personajes, n o c o m o personas concretas,
ú n i c a s , b i e n i n d i v i d u a l i z a d a s , sino c o m o a n t i - h é r o e s a n ó n i m o s ,
abstractos, colectivos.
M a r t í n e z E s t r a d a , a d e m á s de los n o m b r e s y apellidos n o r m a les, ofrece u n a n o m e n c l a t u r a t r a v i e s a y d e f o r m a d a ( " C r u t h " en
vez de " C r u z " , e t c . ) . A l o r g u l l o s o a g r i c u l t o r de " L a cosecha"
e n u n a o f i c i n a p ú b l i c a le r e d u c e n el n o m b r e D o n A p a r i c i o al n ú m e r o 122. E n " J u a n F l o r i d o , p a d r e e h i j o , m i n e r v i s t a s " el vecin o de l a h a b i t a c i ó n 135 cada semana se c a m b i a de n o m b r e siguiend o el o r d e n d e l alfabeto, y a s í u n a s e m a n a le toca ser A n a c l e t o ,
otra Braulio, otra D á m a s o . . .
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La
E N R I Q U E ANDERSON I M B E R T
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ambigüedad
H a s t a ahora he a n o t a d o c a r a c t e r í s t i c a s de l a o b r a de K a f k a q u e
pasaron a l a de M a r t í n e z Estrada. Q u i s i e r a detenerme en u n a que
p a s ó , sí, pero sólo p o r e x c e p c i ó n , y es l a c a r a c t e r í s t i c a de l a a m bigüedad.
K a f k a fue s i e m p r e , desde el p r i m e r c u e n t o hasta el ú l t i m o , u n
escritor a m b i g u o . Las palabras de u n texto suyo n o s i g n i f i c a n l o
q u e d i c e n sino l o c o n t r a r i o y a veces n i s i q u i e r a l o c o n t r a r i o sino
algo irrazonable o h e r m é t i c o . M u c h o s c r í t i c o s , desorientados, busc a n i n ú t i l m e n t e las claves de e n i g m a s que ellos creen ser alegor í a s . K a f k a c o m p r e n d i ó l a n a t u r a l e z a y l í m i t e s de su c o n o c i m i e n t o , d e s c u b r i ó d e n t r o de su c o n c i e n c i a los desbarajustes d e l Y o y
d e l N o - Y o y se d e d i c ó a e x p o n e r p r o b l e m a s y dudas. Pero n o l o
h i z o c o n u n discurso l ó g i c o . D e b i ó de p r e s e n t i r que t o d o r a z o n a m i e n t o cuando se p r o l o n g a demasiado acaba p o r enfermarse. Prefirió, pues, que sus reflexiones q u e d a r a n inconexas; y l o que sus
inconexas reflexiones le d i j e r o n fue que n o vale l a p e n a pensar
s i s t e m á t i c a m e n t e y p o r t a n t o es m e j o r mantenerse en u n a posic i ó n e s c é p t i c a ; y que c o m o t a m b i é n el escepticismo puede e n d u recerse en sistema c o n v i e n e e s c r i b i r c o n u n estilo a m b i g u o sobre
situaciones a m b i g u a s . E j e m p l o s : " J o s e f i n a l a c a n t a n t e o E l Pueb l o de R a t a s " y " U n a r t i s t a del h a m b r e " . E n a m b o s cuentos el
t e m a es l a p r e t e n s i ó n de los artistas a ser estimados s o c i a l m e n t e .
Pues b i e n : K a f k a es inconsecuente, se contradice, nos deja en a y u nas. E n c a m b i o M a r t í n e z E s t r a d a , q u e t o c ó el m i s m o t e m a e n
" N o m e o l v i d e s " , es t e r m i n a n t e : d u d a sobre la s e n s i b i l i d a d art í s t i c a de l a sociedad p e r o n o sobre los m é r i t o s d e l a r t i s t a .
M a r t í n e z E s t r a d a a d m i t í a que l a m e n t e h u m a n a es u n t e a t r o
d o n d e a c t ú a n , j u n t o c o n l a lógica, impulsos voluntariosos, subconscientes, emotivos, irracionales, fantasísticos. Pero él q u e r í a ver en
la oscuridad, q u e r í a explicar lo inexplicable. Sus cuentos n o se prest a n , c o m o los de K a f k a , a que los críticos f a b r i q u e n falsas alegor í a s ; el C i r e n e o de " E x a m e n sin c o n c i e n c i a " , c o m o el C i r e n e o del
Evangelio de San M a t e o , X X V I I , 32, lleva u n a cruz, pero esa cruz
de t i r a e m p l á s t i c a que venda l a h e r i d a en su cabeza es u n chiste,
no u n símbolo teológico. N o hay a m b i g ü e d a d voluntaria en sus cuentos, n i siquiera en los menos realistas. L a e x c e p c i ó n fue " M a r t a
R i q u e l m e " . Y p o r q u e " M a r t a R i q u e l m e " es u n cuento a m b i g u o
reconocemos en él las huellas de K a f k a . Es u n cuento d e n t r o d e u n
cuento en f o r m a de p r ó l o g o . U n t a l " M a r t í n e z E s t r a d a " tiene que
p r o l o g a r la imposible e d i c i ó n de unas escandalosas M e m o r i a s escri-
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K A F K A Y M A R T Í N E Z ESTRADA
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tas p o r alguien que n o sabe escribir. Las ha escrito — n o se sabe
n i d ó n d e n i c u á n d o — u n a tal " M a r t a R i q u e l m e " , tocaya de la mujer
que en u n cuento de W . H . H u d s o n se transforma en p á j a r o . E l
m a n u s c r i t o , indescifrable y q u i z á a p ó c r i f o , se ha extraviado (o q u i z á n u n c a existió). L a autora, si existe, es m í s t i c a y obscena, sincera
y mentirosa, s a t á n i c a e inocente, infantil y senil, y las frases de sus
p á g i n a s dispersas, cuando se entienden, c a m b i a n de sentido s e g ú n
el contexto en que se las intercale.
CARACTERÍSTICAS KAFKIANAS QUE NO SE HALLAN EN MARTÍNEZ ESTRADA
a) C u e n t o s c o n animales c o m o protagonistas ( r a t a en " J o s e f i n a
l a cantante o E l P u e b l o de R a t a s " ; m o n o en " I n f o r m e p a r a u n a
A c a d e m i a " ; insecto en " L a m e t a m o r f o s i s " ; caballo en " E l nuevo a b o g a d o " ; p e r r o en " I n v e s t i g a c i o n e s de u n p e r r o " ; animales
f a n t á s t i c o s en " L a m a d r i g u e r a " y " U n a p r e o c u p a c i ó n p a r a el
casero").
b ) C u e n t o s f a n t á s t i c o s , esto es, con i r r u p c i ó n de u n factor sob r e n a t u r a l en u n a a c c i ó n n a t u r a l ( " L a m e t a m o r f o s i s " , " E l j i n e te en u n b a l d e " , " E l cazador G r a c c h u s " ) .
c) C u e n t o s de a m b i e n t e o n í r i c o c o n s u e ñ o s , pesadillas, duermevelas que n o e s t á n presentados c o m o f e n ó m e n o s p s i c o l ó g i c o s
sino c o m o m a g i a ( " U n d o c t o r r u r a l " , " E l v e r e d i c t o " ) . E n c a m b i o M a r t í n e z E s t r a d a e c h ó a p e r d e r su c u e n t o " L a e x p l o s i ó n "
p o r q u e , c e d i e n d o a u n e s c r ú p u l o realista, l o e x p l i c ó c o m o pesadil l a : " A l despertarse Blas Brass c o m p r e n d i ó .
DIFERENCIAS PERSONALES ENTRE MARTÍNEZ ESTRADA Y KAFKA
K a f k a era n i h i l i s t a , p e s i m i s t a , m a s o q u i s t a . Se c o m p l a c í a en atormentarse c o n exagerados s e n t i m i e n t o s de c u l p a . E l h o m b r e , p a r a
él, era s i e m p r e c u l p a b l e de u n a c u l p a m e t a f í s i c a . E l m i t o j u d í o
del pecado o r i g i n a l p e n e t r ó en m u c h o s de sus cuentos. P o r ejemp l o , en " E l v e r e d i c t o " y , sobre t o d o , en el m á s c r u e l de todos,
" L a c o l o n i a p e n i t e n c i a r i a " , t a n c r u e l que el m a s o q u i s m o r e c r u dece en sadismo. E n este cuento vemos u n m u n d o sin valores d o n de la d e b i l i d a d h u m a n a es castigada p o r u n a m á q u i n a i n f e r n a l .
H a y u n m o m e n t o en q u e K a f k a j u z g a ' s u p r o p i a v i d a desde fuera,
en r e l a c i ó n c o n su f a m i l i a , y desea m o r i r . L a v i d a es u n a p o r q u e r í a . R e p u g n a d o , escribe el a u t o b i o g r á f i c o relato " L a m e t a m o r -
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f o s i s " donde G r e g o r Samsa se t r a n s f o r m a en u n insecto y al final
m u e r e a b a n d o n a d o p o r sus f a m i l i a r e s .
M a r t í n e z Estrada, lejos de ser m a s o q u i s t a , era de los q u e se
q u e j a n p o r q u e n o q u i e r e n sufrir. Se c r e í a i m p o r t a n t e y echaba
l a c u l p a de sus s u f r i m i e n t o s a los d e m á s . Estaba a m a r g a d o , res e n t i d o , pero t e n í a esperanzas de m e j o r a r el m u n d o y de m e j o rarse. E r a u n l u c h a d o r , u n p o l e m i s t a , c o n u n a r e t ó r i c a aparentem e n t e pesimista pero de c o n d u c t a p o l í t i c a i n s u f l a d a de o p t i m i s m o : c r e í a , p a t r i ó t i c a m e n t e , en l a p o s i b i l i d a d de levantar en nuestra
t i e r r a l a u t o p í a de u n a sociedad j u s t a , l i b r e y c u l t a . L o s males que
d e s c r i b i ó son corregibles.
MALES UNIVERSALES EN TIERRA ARGENTINA
K a f k a describe c o n detalles m u y reales su m u n d o i r r e a l . Es l a t é c n i c a de los n a r r a d o r e s de s u e ñ o s , embustes, u c r o n í a s y u t o p í a s .
P r e s e n t a a sus personajes c o m o v í c t i m a s d e l caos. E n esa t i n i e b l a
es n a t u r a l q u e sus cuentos no t e n g a n c o l o r l o c a l .
M a r t í n e z Estrada t a m b i é n narra con procedimientos m i n u ciosamente realistas. A u n q u e cree, c o m o K a f k a , q u e l a v i d a es
difícil en u n u n i v e r s o azaroso, baja l a v i s t a a l o i n m e d i a t o y presenta a sus personajes c o m o v í c t i m a s de l a d e s o r g a n i z a c i ó n social
y p o l í t i c a de l a A r g e n t i n a . R e v o l u c i o n e s , cuartelazos, dictaduras,
caudillajes, b u r o c r a c i a s viciosas, masas i g n o r a n t e s y costumbres
b á r b a r a s son las furias q u e hacen sufrir a los agonistas de " V i u d e z " , " L a cosecha", " S á b a d o de G l o r i a " , " E x a m e n sin concienc i a " , " N o m e o l v i d e s " , " E n t r á n s i t o " . Estos cuentos v i e n e n a
i l u s t r a r , a t o d o color, sus ensayos s o c i o l ó g i c o s sobre nuestro p a í s .
A t e n c i ó n a las fechas. D i g o que los cuentos p o d r í a n a d o r n a r , com o g r á f i c a s ilustraciones, el t e x t o , n o t a n t o de los ensayos de Radiografía de la pampa (1933) y La cabeza de Goliath ( 1 9 4 0 ) c u a n t o de
los escritos d u r a n t e las d i c t a d u r a s m i l i t a r e s de 1943 e n adelante,
i n c l u y e n d o , n a t u r a l m e n t e , l a del c o r o n e l P e r ó n .
ENRIQUE ANDERSON IMBERT