Prólogo Q U E NADIE TESTIFIQUE POR E L TESTIGO Carlos Ortega El puente M i r a b e a u da a c c e s o a una z o n a industrial en el e x t r e m o suroeste de París, p o c o antes de que el Sena c a m b i e de dirección e inicie un prodigioso m e a n d r o , c o m o si se abrazara a sí m i s m o . El paisaje allí está m a r c a d o por la a n c h a c o r r i e n t e gris del r í o , el t r a z o r e c t o del p u e n t e y unas c o n s t r u c ciones que se levantan c o m o s o m b r a s p r o y e c t a d a s p o r el m e c a n o de la T o r r e Eiffel. El p o e t a Guillaume Apollinaire lo c a n t ó en unas célebres estrofas: Bajo el Pont Mirabeau discurre el Sena Con mis amores Por qué me lo recuerda Primero era el placer después la pena La noche va trayendo su momento Van pasando los días yo me quedo A unos p o c o s m e t r o s del puente se e n c u e n t r a la b o c a de la Avenue Émile Z o l a . E n el n ú m e r o 6 de esa calle vivió el ú l t i m o a ñ o y m e d i o de su vida Paul C e l a n . O c u p ó un piso p e q u e ñ o c o n apenas u n o s p o c o s muebles y sin o t r a s señas destacables. El edificio d a t a c l a r a m e n t e de la é p o c a postrera de Apollinaire, p e r o c a r e c e de rasgos llamativos. Celan también se había referido al puente M i r a b e a u en un muy i m p o r t a n t e p o e m a de 1 9 6 2 , «Y c o n el libro de T a r u s a » : Del sillar del puente, del que él rebotó hacia la vida, en vuelo de heridas, - del 9 PRÒLOGO puente Mirabeau. Donde el Oka no fluye. Et quels amours! El p o e m a alude, sin n o m b r a r l a , a M a r i n a Tsvietáieva. T a r u s a es la ciudad en la q u e la poeta rusa p a s ó su infancia, y el O k a es el río que la atraviesa. Tsvietáieva se a h o r c ó en 1 9 4 2 y Celan se a r r o j ó al Sena desde ese puente M i r a b e a u , nada r o m á n t i c o , el 2 0 de abril de 1 9 7 0 . Esta estrofa c o m p o n e un e x t r a ñ o e c o , lanza una s o n d a trágica entre d o s existencias, tan distintas y tan c o m u n e s en este siglo en el q u e , al fin y al c a b o , c o m o dice el v e r s o de Tsvietáieva que Celan puso c o m o epígrafe a su p o e m a , « t o d o s los poetas son judíos». M a r i n a Tsvietáieva n o lo era de r a z a ; Paul C e l a n , sí. Si había algo q u e , en el c a s o de C e l a n , llamaba la a t e n c i ó n , e s o era su dulzura de t r a t o , su delicada cortesía, p e r o también su tristeza. J e a n - D o m i nique R e y , alguien que le c o n o c i ó en el último t i e m p o , m e n c i o n a su « p o r t e l e n t o , l i g e r a m e n t e oscilante, c o m o el de un p o e t a h a b i t a d o p o r el V e r b o o el de un Sísifo en la desesperación. N u n c a h u b o indiferencia en su paso. P e r o en c u a n t o te veía, lo p r i m e r o que salía era su e n c a n t o y su amabilidad. Su sonrisa, ligeramente retraída, m a r c a b a una especie de distancia infranqueable e n t r e él y el m u n d o , pues n o dejaba ver de ella m á s que el velo c o n que la cubría». N a d i e vio el salto de Paul C e l a n desde el p u e n t e M i r a b e a u ese día de abril de 1 9 7 0 . E n los siguientes, su falta al t r a b a j o c o m o L e c t o r de lengua a l e m a n a en la É c o l e N o r m a l e Supérieure n o l e v a n t ó a l a r m a algun a , ni t a m p o c o sus v e c i n o s se s o r p r e n d i e r o n del c o r r e o q u e a t e s t a b a , a p i l a d o , la rendija d e la p u e r t a del piso en que vivía solo. Su m u j e r , la artista gráfica Gisèle d e L e s t r a n g e , l l a m ó , p r e o c u p a d a , a un a m i g o p a r a saber si su m a r i d o se había m a r c h a d o tal vez a P r a g a . El p r i m e r o d e m a y o , un p e s c a d o r d e s c u b r i ó su c u e r p o diez k i l ó m e t r o s río a b a j o . S o b r e la m e s a del p o e t a se e n c o n t r ó u n a biografía de H ö l d e r l i n a b i e r t a p o r un pasaje s u b r a y a d o : «A veces el g e n i o se o s c u r e c e y se h u n d e en lo m á s a m a r g o de su c o r a z ó n » . L a m u e r t e de C e l a n dejó en la desolación a su familia y a sus a m i g o s , m u c h o s de ellos dispersos p o r E u r o p a e Israel. U n a de las m á s q u e r i d a s , la e s c r i t o r a a l e m a n a Nelly Sachs, m o r í a el m i s m o día en que el c u e r p o de C e l a n e r a e n t e r r a d o en el c e m e n t e r i o Thiais de las afueras de París, p a r c e l a 1 3 , línea 1 2 . Y un a ñ o después, se suicidaba el a m i g o m á s joven y leal del p o e t a , aquel q u e había e s c r i t o varios e n s a y o s s o b r e él y que e r a , c o m o él, t a m b i é n un superviviente: el brillante c r í t i c o a l e m á n P e t e r Szondi. 10 PRÓLOGO Para J o h n Felstiner, C e l a n n a c i ó en un lugar y un t i e m p o e q u i v o c a d o s , « p e r o a s u m i ó su desgracia y n u n c a c r e c i ó inmune a ella». En los o c h o c i e n t o s p o e m a s que publicó, m á s los c u a t r o c i e n t o s setenta y seis que dejó sin publicar - d e los cuales se ha e d i t a d o r e c i e n t e m e n t e una amplia a n t o l o g í a * - , están c o n d c n s a d o s su vida y su p e n s a m i e n t o , el cual integra un buen m a n o j o de t r a d i c i o n e s literarias y de d a t o s , n o sólo personales, sino también t e o l ó gicos, filosóficos, científicos e históricos, junto c o n un afán manifiesto de dirigirse a un i n t e r l o c u t o r , de e n c o n t r a r s e c o n un tú, que puede ser él mism o , su m a d r e , su mujer, sus hijos, o bien una simple piedra o la letra bet del alfabeto h e b r e o y o t r o sinfín d e c o s a s , s ó l o presentes p o r q u e el poeta las identifica en su o b r a c o n ese tú. Esa es la palabra q u e m á s repite: casi 1 . 4 0 0 veces a lo largo de treinta a ñ o s de escritura. L a lectura de esa escritura e x i g e , p a r a que sea un a c t o pleno de a p r o p i a c i ó n de su p e n s a m i e n t o , c o n o c e r d e t e r m i n a d o s h e c h o s y lugares de su biografía, pues se le i m p o n e al l e c t o r un sentimiento c l a r o de que un raigón biográfico queda siempre sepultado en sus p o e m a s . Paul Celan fue p a r c o , sin e m b a r g o , en p r o p o r c i o n a r noticias directas de su juventud, y fue m u d o r e s p e c t o de su infancia. N a c i ó el 2 3 de noviembre de 1 9 2 0 en C z e r n o w i t z , la capital de la líucovina, una región al b o r d e de los C á r p a t o s que recibe ese n o m b r e p o r sus grandes y n u m e r o s o s hayedos (en las lenguas eslavas, la palabra buc designa al h a y a ) . En ese m o m e n t o , el t e r r i t o r i o de la B u c o v i n a , antigua provincia imperial (hoy perteneciente a U c r a n i a ) , a c a b a b a de integrarse en R u m a n i a , en virtud de diversos a c u e r d o s p r o v o c a d o s por el hundimiento del i m p e r i o a u s t r o h ú n g a r o . C z e r n o w i t z era e n t o n c e s una ciudad de m á s de cien mil habitantes, casi la mitad judíos de e x p r e s i ó n a l e m a n a . El r e s t o de la población se repartía e n t r e r u m a n o s y u c r a n i a n o s , sobre t o d o , y algunos h ú n g a r o s , a l e m a n e s , austríacos y p o l a c o s , q u e hablaban sus lenguas respectivas ( r u m a n o , a l e m á n , suabo, r u s o , e t c . ) . C u l t u r a l m e n t e , la ciudad constituía un g o z n e e n t r e el O r i e n t e y el O c c i d e n te europeos. El p a d r e de C e l a n , L e o Antschel-Teitler, había obtenido un título a c a d é m i c o de ingeniero, p e r o la crisis p o s t e r i o r a la P r i m e r a G u e r r a Mundial le obligó a ganarse el sustento c o m o v e n d e d o r de leña, r e p r e s e n t a n d o a algunas e m p r e s a s que c o m e r c i a b a n c o n la m a d e r a p r o v e n i e n t e de los vastos bosques de los C á r p a t o s . L e o c e r r a b a los t r a t o s de sus ventas en los cafés, p o r lo que pasaba p r á c t i c a m e n t e t o d o el día fuera de casa. Su mujer, F r i e derike S c h r ä g e r , había tenido que o c u p a r s e de pequeña de sus h e r m a n o s , p e r o c o m p l e t ó su irregular f o r m a c i ó n c o n un insuperable afán lector que i n c u l c ó a su hijo. A m b o s p r o c e d í a n de familias judías de la región, lo que * Paul Celan, Die Gedichte aus dem Nachtass, 11 ; Suhrkamp, Frankfurt a.M., 1 9 9 8 . significaba que su m e d i o era de judíos o r t o d o x o s , p o r q u e esta parte del m u n d o de la judeidad había q u e d a d o al m a r g e n de las c o r r i e n t e s liberales que desde la Ilustración habían a l c a n z a d o a o t r a s c o m u n i d a d e s hebreas. Paul era su p r i m e r hijo, y no tuvieron más. L e o Antschel, que era más sionista que p r a c t i c a n t e y más s e v e r o que c o m p r e n s i v o , quiso e d u c a r l o en la o r t o d o x i a , y a los seis a ñ o s lo envió a la escuela hebrea, d o n d e estuvo e n t r e 1 9 2 7 y 1 9 3 0 . Antes, el p e q u e ñ o había f r e c u e n t a d o una escuela exclusiva, que impartía la enseñanza en alemán, gracias al e m p e ñ o de su m a d r e . Su lengua de uso era el alemán. E n ella había a p r e n d i d o a leer, y era la lengua que se hablaba en casa: un alemán sin a c e n t o , que su padre y su m a d r e se esmeraban en p r o n u n c i a r . L u e g o , en el instituto, recibiría las clases en r u m a n o , que era lengua oficial en t o d o ese t e r r i t o r i o . Su padre le impuso e n t r e t a n t o unas clases particulares de hebreo. Ese clima políglota, p r o p i o también de la ciudad de C z e r n o w i t z , no le a b a n d o n ó ya nunca. A finales de 1 9 3 3 , el joven Paul Celan p u d o e n t e r a r s e d i r e c t a m e n t e por b o c a de un tío suyo que vivía en Alemania de las persecuciones de que eran objeto los judíos en aquel país por p a r t e de Hitler. T a m b i é n en Rumania c o m e n z a b a n a m e n u d e a r las actitudes antisemitas. En 1 9 3 4 , Paul h u b o de c a m b i a r de instituto p o r esa r a z ó n . A l u m n o a v e n t a j a d o en las materias lingüísticas y literarias, d u r a n t e ese p e r i o d o leyó m u c h o más q u e ningún o t r o de sus c o m p a ñ e r o s . L o hacía en francés, en r u m a n o y, sobre t o d o , en alemán: G o e t h e y Schiller, p e r o también H e i n e , T r a k l , Rilke, Hölderlin, Nietzsche, Verlaine, R i m b a u d , H o f m a n n s t h a l , Kafka... La relación c o n su m a d r e se fue e s t r e c h a n d o en la adolescencia, mientras que c o n el padre la distancia era total al final de la misma. L a severidad de a n t a ñ o no la podía ya asumir Paul, que buscaba independencia y libertad totales, y las diferencias entre los dos se hicieron ideológicas, d e actitud vital y de carácter, y resultaron al c a b o infranqueables. Esa rebeldía tuvo un cauce político en su simpatía p o r algunos g r u p o s antifascistas. P e r o sólo cuando estalló la guerra civil española, por p r i m e r a y única vez, el joven rebelde se dejó arrastrar a la acción política: a y u d ó a r e c a u d a r fondos para los c o m b a t i e n t e s republicanos españoles. El g r i t o de los resistentes m a d r i leños en 1 9 3 6 , « ¡ N o pasarán!», escrito así, en castellano, figura en dos p o e m a s de épocas distintas: « T o d o en u n o » , en La rosa de nadie, y «Shibbólet», en De umbral en umbral: Corazón: date a conocer también aquí, en medio del mercado. Di a voces el shibbólct [la contraseña] en lo extranjero de la patria: febrero. No pasarán. 12 PRÓLOGO P r o n t o a b a n d o n ó esta incipiente militancia, p e r o su afinidad c o n los m o v i m i e n t o s anarquistas y socialistas n o la p e r d i ó n u n c a . C o m e n z ó a escribir p o e m a s al m i s m o t i e m p o que c r e c í a su é x i t o e n t r e las m u c h a c h a s , las cuales fueron sus c ó m p l i c e s en esos inicios. De los a ñ o s 1 9 3 8 y 1 9 3 9 se c o n s e r v a n algunos en diversos c u a d e r n o s manuscritos y m e c a n o s c r i t o s : «Queja», « L a m a n o n o enturbia el t o q u e sin tinta», escrito para la celebración del «Día de la m a d r e » d e 1 9 3 8 , « R e g r e s o » o «En m e d i o del viaje». En el t o n o r o m á n t i c o y simbolista d e estos p o e m a s t e m p r a n o s (una antología de los cuales se publicó en 1 9 8 5 ) , se h a c e n visibles las lecturas d e Rilke. En junio d e 1 9 3 8 , Celan había t e r m i n a d o su bachillerato. Sus p a d r e s querían que estudiara medicina, p e r o la universidad r u m a n a restringía el a c c e s o de los judíos a esos estudios. Hitler ya se había a n e x i o n a d o Austria, e igualmente estaba d e s c a r t a d a la inscripción en una universidad a l e m a n a . Decidieron e n t o n c e s , c o m o o t r o s c o m p a ñ e r o s suyos del instituto, que Paul hiciera un c u r s o p r e p a r a t o r i o en la ciudad francesa d e T o u r s , para después matricularse en una gran universidad, c o m o París o E s t r a s b u r g o . P o r un m o m e n t o su p a d r e p e n s ó q u e era mejor reservar ese d i n e r o p o r si tenían que emigrar. P e r o la resolución de su m a d r e , y la del p r o p i o Paul, neutralizaron ese p r o p ó s i t o . A p r i m e r o s de n o v i e m b r e d e 1 9 3 8 salía hacia T o u r s en t r e n , vía Berlín, a d o n d e llegaba al día siguiente d e la terrible N o c h e de los Cristales r o t o s . N u n c a le c o n t ó a nadie lo que vivió aquellas h o r a s , y sólo a ñ o s más t a r d e lo e x p r e s ó en el p o e m a titulado « L a C o n t r e s c a r p e » : Por Cracovia has venido, en la estación de Anhalt fluyó a tu mirada un humo que era ya de mañana. Sin detenerse, a t r a v e s ó Alemania y Bélgica, y llegó a París, d o n d e le esperaba un h e r m a n o de su m a d r e , el tío B r u n o S c h r ä g e r , a c t o r . Una vez en T o u r s , los estudios n o le resultaron d e m a s i a d o estimulantes, y se d e d i c ó a leer y a estudiar los m o v i m i e n t o s p o é t i c o s d e v a n g u a r d i a , a hacer algunos a m i g o s p o r afinidades políticas, a viajar c o n sus c o m p a ñ e r o s r u m a n o s a París o a L o n d r e s , a frecuentar a algunos exiliados españoles. N o fue e n t o n c e s , c o m o alguien ha d i c h o , c u a n d o c o n o c i ó al «Abadías, el a n c i a n o de H u e s c a » que a p a r e c e en « T o d o en uno» (La rosa de nadie) y que le e n s e ñ ó su «español de pastores», sino en 1 9 6 2 , c u a n d o su mujer y él c o m p r a r o n una casa de c a m p o al sureste de N o r m a n d í a . P a s a d o el v e r a n o de 1 9 3 9 , y de vuelta en C z e r n o w i t z , le sorprendía el estallido de la g u e r r a . L a s circunstancias le obligaban a aplazar los estu- 13 PRÓLOGO dios de medicina, y decidió c o m e n z a r o t r o s de filología francesa en la universidad local. R u m a n i a e r a un país neutral, y n o se temía la e n t r a d a en la g u e r r a . P e r o lo que n o era c o n c e b i b l e se p r o d u j o . L a Unión Soviética, q u e venía r e c l a m a n d o desde a n t i g u o la Besarabia y el n o r t e d e la Bucovina, exigió la rendición inmediata de estos territorios en virtud del p a c t o de n o agresión q u e había f i r m a d o c o n los alemanes, y el 2 8 de junio de 1 9 4 0 el E j é r c i t o r o j o o c u p ó C z e r n o w i t z sin resistencia, pues los r u m a n o s habían huido en desbandada. El r e s t o d e la población c o n f r a t e r n i z ó mal que bien c o n los nuevos o c u p a n t e s . C u a n d o en el o t o ñ o se a b r i ó la universidad, los c u r s o s se daban ya en r u s o o en u c r a n i a n o . E s t a b a n en un n u e v o país. El joven Paul había a p r e n dido ruso m u y r á p i d a m e n t e , gracias a la facilidad que s i e m p r e había d e m o s t r a d o para los idiomas, y n o t u v o i n c o n v e n i e n t e en seguirlos. P e r o el nivel de enseñanza e r a tan bajo c o m o m a l o el sistema de abastecimiento de la ciudad. A ñ o s m á s t a r d e , Celan describiría en la lengua a l e m a n a que ni siquiera en tales m o m e n t o s dejó de utilizar p a r a escribir un r e c u e r d o de un desfile de p r i m e r o de m a y o bajo esa o c u p a c i ó n : Alzamiento de pancartas, de eslóganes de humo, más rojos que el rojo, [...] deslizándose delante de poblaciones de focas. De esta é p o c a data una de las relaciones q u e más influirían en su copiosa p r o d u c c i ó n poética de entonces. L a había c o n o c i d o en casa de unos amigos, y era actriz del T e a t r o Estatal Yiddish que los soviéticos habían r e a b i e r t o en C z e r n o w i t z . Se llamaba Ruth L a c k n e r y era algo m a y o r que él. A juicio del biógrafo Israel Chalfen, R u t h L a c k n e r estará en el c e n t r o de t o d a su poesía del p e r i o d o 1 9 4 0 - 1 9 4 5 , desplazando incluso a su m a d r e , a la que a d o r a b a . Las cosas c o m e n z a r o n a precipitarse en junio de 1 9 4 1 , c u a n d o la policía estatal soviética o r g a n i z ó u n a d e p o r t a c i ó n de más de c u a t r o mil h o m bres, mujeres y niños a Siberia. L a s tres c u a r t a s partes eran judíos acusados de c o n t r a r r e v o l u c i o n a r i o s . P e r o eso n o era más que un preludio de lo p e o r . U n a s e m a n a m á s tarde, H i t l e r r o m p í a el p a c t o c o n Stalin e invadía el t e r r i t o r i o soviético. L o s rusos h u y e r o n y en el último m o m e n t o invitaron a huir c o n ellos a d e t e r m i n a d o s habitantes de C z e r n o w i t z , e n t r e ellos a los estudiantes universitarios. Algunos a m i g o s de Paul Celan a c e p t a r o n m a r c h a r s e ; p e r o ni él ni su familia, ni la de su amiga R u t h L a c k n e r lo hicieron, c o n la esperanza de que el r é g i m e n nazi n u n c a les alcanzaría. El 5 de julio, sin e m b a r g o , las t r o p a s r u m a n a s e n t r a b a n en C z e r n o w i t z p r e c e d i e n d o en sus acciones de pillaje y en sus ejecuciones sumarias de judíos y ucranianos a c u s a d o s de c o l a b o r a r c o n los soviéticos al g r u p o d e a c c i ó n D al m a n d o de las SS. 14 PROLOGO E n las primeras veinticuatro h o r a s , los alemanes, a y u d a d o s por los rum a n o s , casi llegaron a b o r r a r definitivamente de la ciudad los más de 6Ü0 a ñ o s de presencia judía: incendiaron la gran sinagoga, c o l o c a r o n el distintivo amarillo a m u c h o s judíos, t o r t u r a r o n , ultrajaron y asesinaron a los líderes de la c o m u n i d a d , y d u r a n t e las semanas siguientes a o t r o s 3 . 0 0 0 más. Al r e s t o , unos 4 5 . 0 0 0 , los confinaron en un g u e t o c o n s t r u i d o en la vieja judería. Aunque las c o n d i c i o n e s en el m u n d o e n f a n g a d o y h ú m e d o del gueto eran imposibles, Paul pasó las primeras semanas t r a d u c i e n d o algunos sonetos de Shakespeare, que le parecía que n o había sido bien vertido al alemán, y escribiendo. M i e n t r a s , se iniciaron las d e p o r t a c i o n e s de sus convecinos a la región ucraniana de Transnistria, a h o r a en m a n o s r u m a n a s bajo m a n d o militar alemán. A lo l a r g o del a ñ o 1 9 4 2 , Paul hubo de realizar algunos trabajos para sobrevivir; u n o de ellos consistió en a y u d a r a recabar t o d o s los libros rusos de la ciudad para quemarlos. Ese a ñ o hubo o t r a oleada de d e p o r t a c i o n e s . L o s nazis a p r o v e c h a b a n las noches de sábado a d o m i n g o para p r o c e d e r a la detención masiva de judíos, por lo que m u c h o s de ellos, sabiéndolo, se ausentaban e n t o n c e s de sus casas. A la familia Antschel se le ofreció la posibilidad, gracias a Ruth L a c k n e r , de esconderse en esas ocasiones en una fábrica de detergentes y c o s m é t i c o s que un r u m a n o ponía a su disposición, p e r o la m a d r e de Paul se negó: « N o p o d e m o s escapar a n u e s t r o destino». P o r p r i m e r a vez en su vida, su hijo se enfadó c o n ella y le r e p r o c h ó ese fatalismo. Llegada la t a r d e del sábado 2 7 de junio, Paul a c u d i ó a ocultarse en la fábrica, c o n v e n c i d o de que sus padres se reunirían c o n él. P e r o n o lo hicieron. C u a n d o el lunes siguiente regresó a su c a s a , se e n c o n t r ó la puerta c o n los precintos puestos: sus padres habían sido detenidos e integrados en un c o n v o y que había salido de C z e r n o w i t z hacia el sur m u c h a s h o r a s antes. N u n c a m á s volvió a verlos. F u e r o n llevados a Mijailovka, a un c a m p o a orillas del río Bug, d o n d e los alemanes estaban c o n s t r u y e n d o una c a r r e t e r a . El p o e m a «Angostura», de Reja del lenguaje, refleja ese m o m e n t o : Llevado al terreno del vestigio inequívoco: Hierba. Hierba, separadamente escrita. A finales de 1 9 4 2 , su m a d r e consiguió hacerle llegar una c a r t a en la que le c o m u n i c a b a la m u e r t e d e su p a d r e . Debilitado para el trabajo, las SS habían dejado m o r i r de tifus a L e o Antschel. P o c o s meses después, un 15 PRÓLOGO pariente que pudo escapar del c a m p o le trajo la noticia de que su m a d r e había m u e r t o de un balazo en la nuca. Paul se iba a sentir ya siempre culpable p o r no haber h e c h o t o d o lo posible p o r salvar a sus padres. En alguna ocasión llegó a confesar que su delito m a y o r había sido esa deslealtad . Pensaba que los había t r a i c i o n a d o . L a s d e p o r t a c i o n e s c e s a r o n , y, n o obstante, Celan se alistó en un c a m p o d e t r a b a j o del ejército r u m a n o , d o n d e estaba más seguro que en su ciudad. El d u r o trabajo le dejaba t i e m p o para traducir y para escribir, y esa posibilidad le p r o p o r c i o n ó una razón p a r a vivir en m e d i o d e la miseria, el desastre y la destrucción. Allí pasó diecinueve meses, t a c i t u r n o y sin referirse nunca a la suerte que hubieran podido c o r r e r sus padres. E s o lo reservaba a la poesía: ¿Qué sería, madre, estirón o llaga, si yo también me hubiera hundido en la nieve de Ucrania? L a m u e r t e en la nieve es un m o t i v o r e c u r r e n t e en estos p o e m a s . L a tragedia de t o d o s los judíos, p e r o , sobre t o d o , la tragedia de sus padres y, en buena medida, la suya propia c o m o superviviente, señaló t o d o su hacer p o é t i c o , el pulimento de una piedra d u r a , de un pedernal para el último brillo h u m a n o : el frío de la nieve a r r o p a n d o unos c u e r p o s despojados de todo. 1 .a d e r r o t a de los alemanes y de sus s e c u a c e s r u m a n o s estaba tan p r ó x i m.i .1 comienzos de 1 )-I4 que se a u t o r i z ó a los judíos del c a m p o d e trabajo en el que csi.iba Celan a volver a C z e r n o w i t z . En la p r i m a v e r a , los soviéticos entraban en la ciudad p o r segunda vez en el siglo, aunque c o n una artiiiid más impía que en la p r i m e r a . Paul avistaba, n o obstante, un n u e v o periodo menos cruel. E v i t ó c o n algunas ayudas que los rusos le r e d u t a r a n para su ejército, porque la g u e r r a aún n o había t e r m i n a d o . A c a m b i o , trabajó c o m o ayudante en una clínica psiquiátrica, d o n d e se e n c a r g ó de atender a soldados soviéticos heridos en la c a b e z a o c o n diversos shocks. Para ganar algo de dinero, realizaba asimismo t r a d u c c i o n e s del r u m a n o al u c r a niano para un periódico local. R e u n i ó en un m e c a n o s c r i t o 9 3 p o e m a s , y e n t r e g ó o t r a colección escrita a m a n o a su a m i g a R u t h L a c k n e r para que se la hiciera llegar a Bucarest al p o e t a Alfred M a r g u l - S p e r b e r . C o m e n z ó a estudiar inglés en la universidad que r e a b r i e r o n los soviéticos y a leer a escritores hebreos. 1 Algunos de los judíos d e p o r t a d o s volvieron. Así o c u r r i ó c o n su a m i g o , el poeta Immanuel Wcissglas. Paul supo e n t o n c e s que su tío, B r u n o Schrager, había permanecido en París hasta el estallido de la guerra. Su n o m b r e , sin e m b a r g o , aparecía en la lista de los 5 0 0 d e p o r t a d o s en el primer c o n voy que las SS de E i c h m a n n c o n d u j e r o n d e D r a n c y a Auschwitz. T o d o ello r e m o v i ó de nuevo el t r a u m a de Paul y reeditó su sentimiento de culpa 16 PRÓLOGO r e s p e c t o de la suerte c o r r i d a por sus padres. D u r a n t e aquellos meses escribió la p r i m e r a versión de «Fuga d e la m u e r t e » , tal vez el p o e m a al q u e la crítica ha d e d i c a d o m á s atención d e t o d o s los escritos después de la guerra. Las metáforas de esta e n d e c h a s u p r e m a , c o m p u e s t a c o n t r a la inhumanidad del h o m b r e , remiten a la m a t a n z a d e Auschwitz. T u v o una p r i m e r a publicación en lengua r u m a n a en el n ú m e r o de m a y o de 1 9 4 7 d e una revista d e Bucarest, Contemporanul, gracias a la t r a d u c c i ó n de su a m i g o Petre S o l o m o n . F u e e n t o n c e s c u a n d o Paul c a m b i ó su apellido, y p a s ó a llamarse C e l a n en vez d e Antschel. S o l o m o n escribió la siguiente n o t a i n t r o d u c t o r i a : «El p o e m a c u y a t r a d u c c i ó n publicamos e v o c a un h e c h o real. E n Lublin, c o m o en o t r o s m u c h o s " C a m p o s d e la m u e r t e " nazis, se obligaba a un g r u p o d e los allí prisioneros a c a n t a r nostálgicas c a n c i o n e s mientras o t r o s cavaban sus t u m b a s » . S o l o m o n lo tituló en r u m a n o « T a n goul Mortii» ( T a n g o de m u e r t e ) . E n cualquier c a s o , música y m u e r t e c o m o en La muerte y la doncella, d e S c h u b e r t , o en el Réquiem alemán, de B r a h m s , y en tantas o t r a s o b r a s que p o n e n en c o n e x i ó n la nada y el o r d e n , las paradojas de la aniquilación, la a r m o n í a para e x p r e s a r una aflicción extrema: Negra leche del alba la bebemos de tarde la bebemos a mediodía de mañana la bebemos de noche bebemos y bebemos cavamos una fosa en los aires no se yace allí estrecho Vive un hombre en la casa que juega con las serpientes <|iie escribe En la casa vive un hombre que escribe al oscurecer a Alemania tu pelo de oro M:ir|;;irelc lo escribe y sale de la casa y brillan las estrellas silba a sus mastines silba a sus judíos hace cavar una fosa en la tierra nos ordena tocad a danzar La perspectiva de un régimen soviético peligroso y represivo sobre t o d o p a r a los judíos le m o v i ó a alejarse d e su ciudad natal. H a s t a e n t o n c e s había seguido viviendo c o n su abuelo y o t r o s parientes en la misma casa de sus padres. A h o r a estaba decidido a m a r c h a r s e a V i e n a , p e r o antes debía pasar p o r Bucarest. C u a n d o en abril d e 1 9 4 5 a b a n d o n ó la B u c o v i n a , Paul, c o m o o t r o s de sus c o n c i u d a d a n o s , lo hizo c o m o un a p a t r i d a , sin p a s a p o r t e ni nacionalidad. E n B u c a r e s t lo a c o g i ó el d e c a n o de los poetas judíos d e C z e r n o w i t z , Alfred M a r g u l - S p e r b c r , q u e había leído c o n entusiasmo sus p o e m a s . M a r g u l - S p e r b e r e n c o n t r ó un trabajo para él en una editorial nueva, la C a r t e a Rusa (El libro r u s o ) , que consistía en r e d a c t a r y traducir t e x t o s del ruso al r u m a n o . Allí t r a d u j o algunos c u e n t o s de Chejov y de T u r g u e n i e v , la novela de L e r m o n t o v Un héroe de nuestro tiempo, etc., trabajos que firmó c o n s e u d ó n i m o s , p o r q u e el antisemitismo aún n o 17 PRÒLOGO había d e s a p a r e c i d o en R u m a n i a . Su destreza hizo, sin e m b a r g o , que se le apreciara c o m o t r a d u c t o r . C o n o c í a el r u m a n o perfectamente, hasta el punt o de que escribió, a petición de su a m i g o S o l o m o n , algunos p o e m a s en r u m a n o . P e r o siempre le fue fiel a la lengua a l e m a n a , pese a que se hubiera c o n v e r t i d o en la lengua de los v e r d u g o s de sus padres: « U n o no puede e x p r e s a r su verdad m á s que en su lengua m a t e r n a ; en u n a lengua e x t r a n j e r a , el p o e t a miente», decía. L o s d o s a ñ o s pasados en Bucarest ( 1 9 4 5 - 1 9 4 7 ) constituyeron un period o de t r a n s i c i ó n , un t i e m p o en el que a h o r r a r d i n e r o para p o d e r pasar a Viena, la v e r d a d e r a m e t a d e Paul. Un a m o r de la última é p o c a en C z e r nowitz, R o s a Leibovici, había a c u d i d o a Bucarest, respondiendo a las llamadas del p o e t a , p e r o finalmente la relación, c o m o o c u r r i ó c o n R u t h L a c k n e r , n o t u v o continuidad. M i e n t r a s , escribió la m a y o r í a de los p o e m a s que c o m p o n e n La arena de las urnas, que iban a ser r e t o m a d o s , casi t o d o s ellos, en Amapola y memoria, y lo hizo «con el sentimiento de que estaba escribiendo c a d a vez mi ú l t i m o p o e m a » , según confesaba a un editor en 1 9 4 6 . A u n q u e le divertía el surrealismo a t m o s f é r i c o que i m p r e g n a b a el a m biente literario de Bucarest, y pensaba que podía tener é x i t o allí c o m o p o e t a en lengua a l e m a n a , a pesar del t o n o tan distinto de sus o b r a s , justo a n t e s de que el rey r u m a n o abdicara y se d e c l a r a r a la República popular, Paul Antschel, c o n v e r t i d o ya en Paul C e l a n , a b a n d o n ó la capital r u m a n a . L o hizo en el p e o r m o m e n t o posible. Dejó t o d o s sus manuscritos a sus a m i g o s , y e m p r e n d i ó sin nada un peligroso viaje p o r el q u e t u v o que pagar una s u m a e x o r b i t a n t e a un c o n t r a b a n d i s t a . Al c a r e c e r d e d o c u m e n t o s , debía cruzar las fronteras clandestinamente, obligándose a a t r a v e s a r t o d a H u n g r í a en el frío o t o ñ o de 1 9 4 7 , d o r m i r en estaciones de tren a b a n d o n a das, a c e p t a r la caridad de los granjeros h ú n g a r o s , e t c . T o d a v í a en su pieza en p r o s a Dialogo en la montaña se puede e n c o n t r a r un r a s t r o de este viaje: Una tarde que el sol, y no sólo él, había tenido su ocaso, se fue, salió de su casita, y se fue el judío, el judío e hijo de judío, y con él se fue su nombre, el impronunciable, se fue y se vino, se vino tranquilamente, se hizo oír, se vino con bastón, se vino salvando la piedra, ¿me oyes?, tú me oyes, soy yo, yo, yo y él, el que tú oyes, el que crees oír, yo y el otro. L l e g ó a Viena c o n u n a c a r t a de r e c o m e n d a c i ó n d e su m e n t o r , M a r g u l Sperber, p a r a el literato a u s t r í a c o O t t o Basil. M a r g u l - S p e r b e r lo presentaba c o m o el p o e t a que podía c o n t r a p o n e r s e a Kafka en su g é n e r o . Basil lo r e c u e r d a c o m o «el joven de los ojos tristemente o s c u r o s » , que «hablaba c o n v o z suave y parecía m o d e s t o , r e s e r v a d o , esquivo, casi asustado». E n febrero d e 1 9 4 8 , un editor suizo le c o m u n i c a b a su deseo de publicar su p r i m e r libro de p o e m a s , La arena de las urnas. El p r o p i o Basil publicaba una selección de los mismos en su revista Plan, o b t e n i e n d o una buena acogida y un c i e r t o e c o 18 PRÓLOGO en la ciudad, lo cual era m u c h o para un lugar tan lleno de a c o n t e c i m i e n t o s c o m o aquél. E s o s é x i t o s p r i m e r o s p r o p i c i a r o n amistades c o m o la que m a n t u v o c o n el pintor surrealista E d g a r d J e n é , a quien d e d i c ó el p o e m a «Rec u e r d o de F r a n c i a » y de c u y a pintura escribió un revelador ensayo que constituyó el p r ó l o g o a un c a t á l o g o del pintor. En ese t e x t o , Celan proponía que la t a r e a del a r t e consistía en «no dejar de dialogar n u n c a con las fuentes oscuras». Algunos p o e m a s de la é p o c a vienesa trataban de cumplir c o n esa t a r e a . El p o e m a d e d i c a d o a J e n é , en el que Celan c u e n t a un s u e ñ o , finaliza c o n un v e r s o que es c o m o la m e t á f o r a de su propia vida: Estábamos muertos y podíamos respirar. De este t i e m p o vienes, todavía n o e x e n t o de a m e n a z a s de t o d o tipo, data también la amistad de Celan c o n Ingeborg B a c h m a n n , que fue vital para él. B a c h m a n n acababa de escribir un ensayo sobre Heidegger, y se había m o s t r a d o sensible a los límites del lenguaje p o é t i c o , especialmente después del fascismo. Las c o n d i c i o n e s de vida en Viena e r a n , n o o b s t a n t e , muy duras. L a c i u d a d se hallaba dividida y n o resultaba fácil estudiar o e n c o n t r a r un e m p l e o . C e l a n d e c i d i ó m a r c h a r s e a París, c o n v e n c i d o de que su libro de p o e m a s - d e l q u e había d e j a d o fuera « F u g a d e la m u e r t e » - había llegado d e m a s i a d o p r o n t o . E n julio de 1 9 4 8 , visitó en Innsbruck al venerable e d i t o r L u d w i g v o n F i c k c r , c o n quien habló de T r a k l , de lilse L a s k c r Schüler y de sí m i s m o . Y a t e n í a d e c i d i d o irse a París. H a b l a b a francés c o n fluidez y había t r a d u c i d o a los simbolistas franceses y a los surrealistas. H e i n e y Rilkc, T z a r a y I o n e s c o le habían p r e c e d i d o en esa decisión, a u n q u e también era c o n s c i e n t e d e que se alejaba de su lengua m a t e r n a , y s o b r e t o d o del a m b i e n t e judío en el que mal que bien había vivido siempre: Es una hora que hace del polvo tu escolta, de tu casa en París lugar de sacrificio de tus manos, de tu ojo negro, el más negro ojo. Hay una estancia donde un tiro de caballos espera a tu corazón. Tu pelo quisiera ondear cuando viajas -le está prohibido. Los que se quedan y hacen signos de adiós no lo saben. C o m o despedida, C e l a n escribió a su m e n t o r , M a r g u l - S p e r b e r : « N o hay n a d a en el m u n d o p o r lo que un poeta haya de seguir escribiendo, n o desde luego si el p o e t a es un judío y la lengua de sus p o e m a s es el a l e m á n » . Sin e m b a r g o , también confesaba a un pariente: «Tal vez yo sea u n o de los últimos que deba seguir viviendo para c o n s u m a r el destino del espíritu 19 PRÓLOGO judío en E u r o p a . Esa obligación la lie sentido c o m o poeta, c o m o poeta que no podía dejar de escribir, a pesar de ser judío y escribir en a l e m á n » . F u e una vez instalado en París, en la R u é des E c o l e s , c e r c a , p o r c i e r t o , de d o n d e diez a ñ o s antes había vivido su tío B r u n o Schrager, c u a n d o p o r fin a p a r e c i ó en Vicna su libro. El resultado le disgustó. L o había tenido que reconstruir de m e m o r i a en Viena (no se olvide que había dejado t o d o s sus manuscritos a sus amigos de B u c a r e s t ) , y había sentido que su publicación era precipitada. P e r o lo que le desanimaba era la e n c u a d e m a c i ó n barata y el papel más b a r a t o aún que se había utilizado en la edición, y sobre t o d o algunas erratas fatales que desvirtuaban el sentido de los versos. J e n é , que se había q u e d a d o al c u i d a d o de estos detalles, fue quien recibió todas las críticas de C e l a n , que r e n u n c i ó a su libro. T r e s a ñ o s después, apenas se habían vendido una veintena d e ejemplares. El primer p e r i o d o en París, en su c u a r t o del último piso del Hotel de Sully, fue de soledad y estuvo lleno de s o m b r a s : Estoy solo, coloco la flor de ceniza en el vaso lleno de escarchada negrura. Boca de hermana dices una palabra que sobrevive... Las dificultades para vivir y un sentimiento de impotencia y desconciert o lo atenazaban. Dio c o m i e n z o entonces una etapa de esterilidad poética al t e r m i n o de la cual, en el a ñ o 1 9 5 2 , tan sólo había c o m p u e s t o una d o c e n a de poemas. Una editorial alemana le había r e c h a z a d o en septiembre de 1 9 4 9 su nuevo libro. Su malestar era tan grande que en febrero de 1 9 5 1 había enviado una carta a Ludwig von Ficker confesándole su incapacidad para manifestarse, para hablar y para escribir: «Unas veces soy el prisionero de estos poemas y, o t r a s , su c a r c e l e r o » . E n t r e t a n t o , y para sobrevivir, hubo de dar algunas clases de alemán y de francés. T a m b i é n estudió filología y literatura alemanas en La S o r b o n a . Margul-Sperber le sugirió que fuera a ver al poeta surrealista Y v a n Goll, un judío alsaciano que había t r a d u c i d o el Mises de J o y c c . Él y su mujer leyeron La arena de las urnas y e s c u c h a r o n la queja de Celan de que se sentía i n c o m p r e n d i d o c o m o p o e t a . C e l a n , que había t r a d u c i d o al alemán a algunos surrealistas r u m a n o s y franceses, entre los que se e n c o n t r a b a el p r o p i o Goll, había r o t o ya c o n ese m o v i m i e n t o . Un p o e m a de 1 9 5 2 , «Cristal», lo certificaba. P e r o aquel primer c o n t a c t o c o n el m a t r i m o n i o Goll iba a tener unas secuelas a m a r g a s para Celan. P o c o después de d a r p o r c o n c l u i d o Amapola y memoria c o n u n o de los p o e m a s más reveladores del c o n j u n t o , « C u e n t a las a l m e n d r a s » , Celan viajó a Alemania. Desde que lo atravesara el a ñ o 1 9 3 8 , no había vuelto a aquel país. A h o r a , y gracias al interés de Ingeborg B a c h m a n n , había sido invitado a una reunión del G r u p o 4 7 , fundado después de la guerra para la p r o m o ción de nuevas voces en la literatura a l e m a n a . El viaje n o fue, ni m u c h o 20 PRÓLOGO m e n o s , un é x i t o . T r a s leer algunos de sus p o e m a s , alguien le a c u s ó de que n o eran lo suficientemente « c o m p r o m e t i d o s » . Desde luego, los que escribió a c o n t i n u a c i ó n d e ese viaje, y e n t r e ellos u n o d e d i c a d o a Paul É l u a r d , que había m u e r t o el 1 8 de n o v i e m b r e de ese a ñ o 1 9 5 2 , sí t o s e r í a n . E n el p o e m a a la m e m o r i a de É l u a r d , Celan alude al c a s o d e un p o e t a surrealista c h e c o y superviviente de los c a m p o s nazis, que había sido c o n d e n a d o a m u e r t e p o r el régimen d e Stalin. Breton pidió a Éluard que intercediera p o r el c o m p a ñ e r o , c o n o c i d o de a m b o s . P e r o É l u a r d se n e g ó s o l e m n e m e n t e . C e l a n a b o r d ó en su t e x t o los asuntos de la poesía, la solidaridad y la m u e r t e , puesto que el poeta c h e c o fue ajusticiado, d e s t a c a n d o la discrepancia existente e n t r e los p o e m a s de É l u a r d , que hablan d e la libertad y el a m o r , y su c o n d u c t a , dejando en la estacada a su c o m p a ñ e r o . Antes de las navidades de 1 9 5 2 , Paul C e l a n se c a s ó c o n Gisèle de Lestrange ( 1 9 2 7 - 1 9 9 1 ) , a la que había c o n o c i d o en 1 9 5 0 , al c a b o de un viaje de ésta p o r E s p a ñ a . Gisèle era artista gráfica, y sus padres, pertenecientes a la nobleza francesa, a c e p t a r o n de mal g r a d o la i n c o r p o r a c i ó n de un judío p o b r e a su familia. L a pareja vivió en París. C e l a n c o m e n z ó a h a c e r más asiduamente trabajos de t r a d u c c i ó n , a veces p o r d i n e r o ; o t r a s , p o r simple afinidad, c o m o la que tenía c o n Apollinaire, a quien t r a d u j o de una particular f o r m a en la que se revela su p r o p i a poesía. Al final, había h e c h o d e la t r a d u c c i ó n a lo largo de esos a ñ o s c i n c u e n t a su o c u p a c i ó n principal. T r a d u jo a C o c t e a u y a G e o r g e s S i m e n o n ; t r a d u j o algunos ensayos de C i o r a n y hasta un d r a m a de Picasso sobre la g u e r r a , Le désir attrapé par ¡a queue. H u b o de a b a n d o n a r , en c a m b i o , su p r o y e c t o de t r a d u c i r la c o r r e s p o n d e n c i a entre Gide y Rilke. L a b o d a coincidió c o n la también b u e n a noticia de que un editor de Stuttgart publicaba Amapola y memoria, q u e incluía los p o e m a s escritos entre 1 9 4 4 y 1 9 5 2 , a d e m á s d e una p a r t e de la m a l o g r a d a c o l e c c i ó n editada en Viena, c o m o «Fuga de la m u e r t e » . El título del libro, que proviene de un v e r s o de su p o e m a « C o r o n a » , se c o n v i r t i ó en u n a divisa para Celan, una divisa que le c o n e c t a b a c o n su infancia judía en Bucovina. Al a u t o r le sorp r e n d i ó la repercusión que tuvo en Alemania el p o e m a «Fuga de la m u e r t e » , al que se c o n s i d e r ó c o m o un l a m e n t o m o r a l del A r t e c o n t r a la H i s t o r i a , a u n q u e se le volvía a e n r e d a r en la querella e n t r e poesía c o m p r o m e t i d a y poesía pura. Él lo encajaba c o m o el c o s t e q u e debía pagar p o r el r e c o n o c i m i e n t o de su poesía en la Alemania surgida d e la g u e r r a , p e r o le c o n f i r m a b a en la sospecha de que era un p o e t a a pesar d e la lengua y a pesar d e la historia. Se sentía d e s a r r a i g a d o . P r o c e d í a de un país que había dejado de existir, escribía en alemán para un público e n t r e el que n o vivía y en el que n o confiaba, y residía en una F r a n c i a que le minusvaloraba. P o r esa razón se refugió en su lengua natal: su lengua fue su patria, frase que se dice tantas veces, p e r o tal vez n u n c a c o n t a n t o f u n d a m e n t o . T a m b i é n era el idioma en 21 PRÓLOGO el que, p o r las vueltas que dio la historia, se e x p r e s a b a n los asesinos de sus padres. P e r o fue a la única a la que p u d o quejarse, la única que p u d o reivindicar: Dice la verdad quien dice la sombra. N o es e x t r a ñ o que p o r la misma é p o c a q u e d a r a muy lastimado c o n la acusación de plagio que lanzó c o n t r a él la viuda de Y v a n Goll. L a denuncia era t a n t o m á s injusta c u a n t o q u e se había h e c h o presente en m e d i o de t o d o s esos sentimientos r e s p e c t o d e su lengua y d e su o b r a . Esta mujer, C l a i r e Goll, volvió a resucitar n u e v a m e n t e su inculpación en 1 9 6 0 , a p r o v e c h a n d o el r e c h a z o que había suscitado en ciertos sectores del á m b i t o literario alem á n la publicación de Reja del lenguaje. C e l a n , que había trabajado en tres libros del p o e t a Goll, era t a c h a d o asimismo de t r a d u c t o r t o r p e y malintencionado. Resultaba g r o t e s c o que quien defendía que «sólo las m a n o s verdaderas escriben p o e m a s v e r d a d e r o s » se viera i n c r i m i n a d o p o r una acusación así. P e r o lo peor fue que C l a i r e Goll se permitió calificar d e leyenda el h e c h o de que los padres d e Celan hubieran sido víctimas de los nazis. El p o e t a vio en esa m a n i o b r a una m a q u i n a c i ó n del neo-nazismo a l e m á n , y acusó a su vez a su antiguo m e n t o r , M a r g u l - S p e r b e r , d e haberse puesto del lado de Goll. La c o m u n i d a d literaria en Alemania r e c h a z ó , sin e m b a r g o , casi unánimemente la denuncia. E n c o n c r e t o , la A c a d e m i a d e Lengua y Literatura de Alemania se e m p e ñ ó en d a r a m p a r o a C e l a n , y, c o m o si de un desagravio se t r a t a r a , le c o n c e d i ó el P r e m i o Biichner de 1 9 6 1 . Ingeborg B a c h m a n n y Klaus Demus escribieron en su defensa, y lo m i s m o hicieron Peter Szondi, H a n s M a g n u s E n z e n s b e r g e r y W a l t e r J e n s . L o que obtuvieron fue una especie de rehabilitación del a u t o r . En 1 9 5 3 , Gisèle se había q u e d a d o e m b a r a z a d a , p e r o el niño, de n o m bre F r a n ç o i s , había m u e r t o al p o c o de n a c e r . Celan le d e d i c ó un p o e m a , «Epitafio para F r a n ç o i s » , el ú n i c o que fechó de t o d o s los suyos ( o c t u b r e de 1 9 5 3 ) , y c o n el que iniciaba un ciclo de c o m p o s i c i o n e s presididas p o r la e v o c a c i ó n de la m u e r t e - l a de su hijo en p r i m e r t é r m i n o - , que iban a constituir el n ú c l e o central de su segundo libro, De umbral en umbral, p r i m e r o de los escritos o p r e p a r a d o s í n t e g r a m e n t e en París: Las dos puertas del mundo están abiertas: abiertas por ti en la doble noche. Las oímos golpear y golpear y llevamos lo incierto, llevamos el verdor a tu siempre. 22 O f r e c i d o en u n a d e d i c a t o r i a a su mujer, el libro no se publicará en la Deutsche Verlags-Anstalt sino en 1 9 5 5 , a ñ o en el que también a p a r e c i ó por vez primera una t r a d u c c i ó n de un p o e m a suyo, « F u g a de la m u e r t e » , al inglés. Ese m i s m o p o e m a había sido t r a d u c i d o al francés por Alain Bosquet en 1 9 5 2 , p e r o esa lengua n o c o n o c e r í a otras t r a d u c c i o n e s de obras de Celan hasta después de su m u e r t e . 1 9 5 5 fue asimismo el a ñ o en que nació su segundo hijo, a quien pusier o n p o r n o m b r e E r i c , en r e c u e r d o de su abuela paterna, F r i e d e r i k e , a la cual van dirigidos algunos de los p o e m a s del nuevo libro que estaba escribiendo. El que lo encabeza se a p o y a en una a n é c d o t a de 1 9 5 6 . M i e n t r a s paseaba una t a r d e de v e r a n o c o n un a m i g o , vio c ó m o el pequeño brillo de un pájaro r o m p í a c o n t r a la superficie o n d u l a n t e de un río y volvía a salir de ella c o n su pico en p r o a . Celan c o n o c í a el n o m b r e del pájaro en francés, el alcyon o martín p e s c a d o r , p e r o ignoraba c ó m o se llamaba en a l e m á n . Al llegar a casa, consultó una enciclopedia de zoología, y partiendo del n o m b r e alem á n , Eisvogel, c o m p u s o el p o e m a : Voces en lo verde de la superficie del agua rayadas. Cuando el alción, pájaro de nieve, se sumerge, zumba el segundo: Lo que estaba de tu parte en cada una de las orillas pasa segado a otra imagen. Paul Celan fue t o d a su vida un ferviente lector de diccionarios y enciclopedias. Le interesaban s o b r e t o d o los de botánica y mineralogía, las enciclopedias de pájaros y plantas, las guías de cristalografía y geología. Y era capaz de identificar, gracias a eso, m u c h a s especies en los distintos reinos. P o r la é p o c a en que escribía Reja del lenguaje, tenía a d e m á s otras lecturas, según se desprende de las adquisiciones de su biblioteca y de o t r a s noticias. Leía a H o p k i n s en inglés, a T r a k l y a Kraus, a Curtius y a O r t e g a y Gasset, a Rilke en sus primeras ediciones, a los judíos M a r t i n Buber, H e r m a n n C o h e n , G e r s h o m Scholem y W a l t e r Benjamin, a Else Lasker-Schüler y a Hölderlin, y a los filósofos alemanes H e g e l , Schlegel, F i c h t e y, sobre t o d o , a Nietzsche. T a m b i é n a Heidegger, su Ser y tiempo y Caminos de bosque, d o n d e había s u b r a y a d o los pasajes dedicados a H ö l derlin y Rilke. En c u a n t o a la literatura rusa, su c o n t a c t o c o n los poetas de la primera mitad del siglo (Blok, Escnin, Pilniak, Pasternak, etc.) había tenido lugar ya en C z e r n o w i t z , c u a n d o , al c o m i e n z o de la Segunda G u e r r a Mundial, la Bucovina había pasado a ser rusa. Incluso había llegado a traducir a Blok y 23 PRÓLOGO a Esenin. P e r o fue en 1 9 5 8 c u a n d o se produjo el e n c u e n t r o más i m p o r t a n t e de Celan con un a u t o r ruso. En m a y o de esc a ñ o , Celan había c o m p r a d o las o b r a s reunidas de Osip M a n d e l s t a m , y c u a n d o las leyó se sintió c o m o el habitante del litoral que e n c u e n t r a una botella c o n un mensaje a orillas del m a r : c o m p r e n d i ó que M a n d e l s t a m era un p r e d e c e s o r de su p r o p i o arte, le parecía - c o m o le dijo a un e d i t o r - «estar a n t e una verdad inalienable». J u s t o el día a n t e r i o r había t e r m i n a d o «Angostura», el p o e m a final de Reja del lenguaje al que ya nos h e m o s referido y al que P e t e r Szondi dedicó un i m p o r t a n t e ensayo. Dio p o r t e r m i n a d o su libro, y se d e d i c ó a traducir los p o e m a s de M a n d e l s t a m , m i e n t r a s iba descubriendo una afinidad c o n él que estaba más allá de la poesía. M a n d e l s t a m también había sido t r a d u c t o r y había intentado suicidarse en una ocasión. El significado de su apellido, "tronco de a l m e n d r o » , lo identificaba Celan c o n el «linaje o t r o n c o judío». A m b o s eran hebreos, y padecieron persecución literaria y política p o r su ascendencia. En el espacio de una s e m a n a , Celan había t r a d u c i d o c a t o r c e p o e m a s , y en total vertió al alemán treinta y c u a t r o . Sus versiones a p r o x i m a n el original ruso a su propia vivencia, h e c h o que se vuelve muy manifiesto c u a n d o se enfrenta c o n esta elegía de 1 9 1 6 a la m u e r t e de la m a d r e del poeta: Esta noche es irremediable. Pero en vuestra casa aún hay luz. A las puertas de Jcrsualén salió un sol negro. El sol amarillo es más terrible, -duerme, mi niño, duerme-, en un luminoso templo los judíos dieron sepultura a mi madre. [...] Y sobre ini madre resonaron las voces de los hijos de Israel. Me desperté en la cuna, alumbrado por un sol negro. (De Tristia, trad. de J. García Gabaldón.) « C o n s i d e r o que la tarea de traducir a M a n d e l s t a m es tan i m p o r t a n t e c o m o la de escribir mis p r o p i o s versos», le c o m e n t ó al editor Gleb Struve, al t i e m p o que le enviaba su trabajo: «Casi nunca antes había sentido lo que he sentido con la poesía de M a n d e l s t a m , que estaba haciendo mi propia obra en su mismo c a m i n o de lo irrefutable y la v e r d a d , y eso d e b o también agradecérselo a él». M a n d e l s t a m iba a tener una presencia c o n s t a n t e en el c u a r t o libro del p o e t a , IAI rostí de nadie, c o m o ha estudiado admirablemente M a r t i n c B r o d a . 24 PRÓLOGO La labor de Celan c o m o t r a d u c t o r a b a r c ó a c u a r e n t a y dos poetas y alcanzó m á s de mil quinientas páginas. A d e m á s de los citados, tradujo La Jeune Parque, de Valéry, los diarios del maquis de R e n é C h a r , y a Desnos, A r t a u d , M a l l a r m é , N e r v a l , R i m b a u d , Ungaretti, Pessoa, Emily Dickinson, veintiún sonetos de Shakespeare... P o r lo general, solía tensar los t e x t o s m á s de lo que ya pudieran estarlo en sus originales, m o s t r á n d o s e e x t r e m a d a m e n t e escrupuloso c o n el r i t m o , p e r o s ó l o c o n ese a s p e c t o p r o s ó d i c o . E n virtud del e x t r a ñ a m i e n t o y la violencia a que Celan s o m e t í a a su lengua m a t e r n a t a n t o en sus versiones c o m o en sus propios p o e m a s , G e o r g e s Steiner ha llegado a decir que « t o d a la poesía de Celan es t r a d u c c i ó n al a l e m á n » . Su afición a los d i c c i o n a r i o s n o t u v o , sin e m b a r g o , incidencia d i r e c t a en el manejo de esa lengua. A d e m á s , n o siempre e n c o n t r a b a las palabras en ese tipo de libros que utilizaba para su trabajo. P o r ejemplo, la palabra Sprachgitter (reja del lenguaje), c o m o o t r a s , p r o c e d e de J e a n Paul, a u t o r al que apreciaba m u c h o y del cual a c o s t u m b r a b a a a n o t a r en una libreta t é r m i n o s c o m o ése, c u y o sentido se había desdibujado c o n el t i e m p o . Tal vez se fijara también en Sprachgitter p o r q u e , en la é p o c a , la m a d r e de Gisèle se había q u e d a d o viuda, y se había r e t i r a d o a u n c o n v e n t o b r e t ó n . C u a n d o los Celan la visitaban se r e p r o d u c í a n gráficamente al m e n o s varias de las situaciones que sugiere esa palabra: q u e la reja del l o c u t o r i o partía la c o n v e r s a c i ó n ; q u e se hacía explícita la s e p a r a c i ó n e n t r e un judío originario de E u r o p a del E s t e y una marquesa c a t ó l i c a francesa; que t o d a c o m u n i c a c i ó n e n t r e el p o e t a y el lector pasaba a través d e u n o s b a r r o t e s . Celan c o n c e d í a a t o d a palabra una profundidad y un peso insólitos, sobre t o d o visto desde la actualidad. A la primera palabra que p r o n u n c i ó su hijo E r i c c u a n d o tenía veinte meses, fleur (flor), le d e d i c ó un p o e m a : [...] Éramos manos, vaciamos las tinieblas, encontramos la palabra que remontó el verano: flor. N o p o r eso su poesía dejó d e adelgazar la lengua alemana en un p r o c e s o p r o m o v i d o p o r una a s o m b r o s a austeridad expresiva que ha q u e d a d o c o m o seña y distintivo de la lírica d e la segunda mitad del siglo. C u a n d o en 1 9 5 8 tuvo que p r o n u n c i a r su discurso de dos folios p o r la recepción del P r e m i o de Literatura de B r e m e n , jugó c o n las palabras «lengua» y « m e m o r i a » . E n la m e m o r i a bulle una lengua, una lengua que «ha pasado sin palabras» a través d e t o d o lo s u c e d i d o , y d e lo cual ha salido «enriquecida»: En esa lengua he intentado yo escribir poemas en aquellos años y en los posteriores: para hablar, para orientarme, para averiguar dónde me encontraba y adonde ir, para proyectarme yo una realidad. 25 PRÓLOGO El v e r a n o de 1 9 5 9 C e l a n pasó las vacaciones c o n su mujer y su hijo en Sils M a r í a y la E n g a n d i n a , región de los Alpes suizos. Allí iba a e n c o n t r a r s e c o n T h e o d o r W . A d o r n o , p e r o el p o e t a t u v o que regresar antes de t i e m p o a París, y la cita q u e d ó aplazada. El fallido e n c u e n t r o dio lugar al ú n i c o t e x t o de ficción de C e l a n , Diálogo en la montaña, un e n c u e n t r o e n t r e un judío P e q u e ñ o y o t r o G r a n d e . C e l a n pensaba que A d o r n o era judío. C u a n d o A d o r n o c o n o c i ó el c u e n t o dijo que si C e l a n se hubiera q u e d a d o algo m á s de t i e m p o en Sils M a r í a hubiera c o n o c i d o a un judío g r a n d e d e v e r d a d , al estudioso del judaismo G e r s h o m Scholem, c u y a visión de la tradición mística judía influyó d e t e r m i n a n t e m e n t e en C e l a n . J u s t o después de ese viaje a Sils M a r í a , el p o e t a c o m e n z ó a escribir las c o m p o s i c i o n e s de L a rosa de nadie, d o n d e d e n u e v o se p o n d r í a de manifiest o que casi t o d o s los a c t o s de su vida y de su escritura le encaminaban siempre a r e m e m o r a r la c a t á s t r o f e de la g u e r r a y el H o l o c a u s t o . Algunos h e c h o s de esos a ñ o s , en los que todavía se c a p t u r a b a a nazis o se revivían p o r det e r m i n a d o s testimonios las matanzas, t r a s t o r n a r o n a C e l a n . A este p r o p ó sito, en 1 9 6 0 le escribía a Nelly Sachs: « ¿ Q u é p u e d o decirle? D i a r i a m e n t e la humillación p e n e t r a en mi c a s a , d i a r i a m e n t e , c r é a m e . ¿ Q u é n o nos queda aún p o r pasar a los judíos? Y n o s o t r o s t e n e m o s un niño, Nelly Sachs, ¡un hijo!». Celan a p r o v e c h a b a p a r a preguntarle a su a m i g a sobre la c o n d i c i ó n h u m a n a de los nazis: «Sabe, algunos de ellos escriben p o e m a s . E s o s h o m bres ¡escriben poemasl ¡ Q u é n o escribirán, los falsarios!». L a sola publicidad de que algunos de los nazis r e c i e n t e m e n t e c a p t u r a d o s escribían poesía le resultaba inconcebible a C e l a n : la poesía debía tener una base m o r a l . C e l a n y Nelly Sachs n o se c o n o c í a n p e r s o n a l m e n t e , p e r o mantenían una c o r r e s p o n d e n c i a muy amistosa desde hacía t i e m p o . Sachs vivía exiliada en E s t o c o ! m o y se sentía, igual que Celan, víctima d e la persecución de la historia. C u a n d o él le había enviado Reja del lenguaje, Sachs lo había recibido c o n a l b o r o z o y había h e c h o suyo aquel «angélico alfabeto transparente al espíritu», aquel « Z o h a r particular». L u e g o , en m a y o de 1 9 6 0 , a m b o s quedarían p a r a c o n o c e r s e en Z ú r i c h . Del e n c u e n t r o queda el t e s t i m o n i o que Celan quiso dejar en el p o e m a « Z ú r i c h , Z u m S t o r c h e n » : Hablamos de lo que es demasiado y demasiado poco [...] [de lo que] nosotros en verdad no sabemos, sabes, nosotros en verdad no sabemos lo que cuenta. P o s t e r i o r m e n t e , Sachs r e s p o n d i ó a una invitación de Celan para verse los dos en París. L a escritora a c u d i ó c o n su amiga Eva-Lisa L e n n a r t s s o n . En 26 PROLOGO una salida n o c t u r n a , t r o p e z a r o n c o n M a x Ernst, que había sido a m i g o de Eluard y de Yvan Goll, y el pintor, seguramente t r i b u t a n d o a una antigua fidelidad, t u v o un mal gesto c o n los dos poetas. Para c u r a r s e del desaire, que dejó h e r i d o sobre t o d o a Celan, él y Sachs decidieron llevar flores a la tumba de H e i n e en M o n t m a r t r e , o t r o judío de expresión a l e m a n a que había m u e r t o en el exilio. P o c a s s e m a n a s más tarde, Nelly Sachs sufrió una crisis, y Celan se a p r e s u r ó a volar a E s t o c o l m o . P e r o la escritora ni siquiera le r e c o n o c i ó , o tal vez n o deseó que la viera postrada. Su « h e r m a n a » , c o m o C e l a n la llamaba, le había d a d o un buen disgusto. De vuelta en París, se citó c o n M a r t i n B u b e r , c o n quien t a m p o c o llegó a relacionarse de m a n e r a grata. F r u t o de esos desencuentros escribió el p o e m a «La esclusa»: Ante una boca, para la que era una palabra entre mil, perdí perdí una palabra, que me había quedado: hermana. Aquélla fue la é p o c a en que estuvo p r e p a r a n d o el discurso para la recepción del P r e m i o B ü c h n e r . Pasó aquel o s c u r o v e r a n o r e c o g i e n d o notas c o n las que llenó más de trescientas cuartillas. A c o n t i n u a c i ó n , escribió £ / Meridiano en tres días. Este t e x t o , capital en su o b r a , habla del p r o c e s o de c r e a c i ó n poética c o m o un e n c u e n t r o , palabra que se repite una decena de ocasiones en t o d o el discurso, que se c e n t r a de m a n e r a especial en la «oscuridad de la poesía» y en el «misterio del e n c u e n t r o » . La personalidad de Celan n o admitía c o m p o n e n d a s ni en lo relativo a la c o n d e n a del nazismo ni en lo relativo a la pureza y originalidad de su propia poesía. E n el a s u n t o del plagio, el p o e t a exigió d e sus amigos un a p o y o incondicional y c o n s i d e r ó los ataques que se le dirigieron m e r c e d a esa denuncia c o m o un a c o s o antisemita más. Así, c u a n d o la Deutsche Verlags-Anstalt, la editorial que había publicado sus dos p r i m e r o s libros, volvió a editar las baladas de Borries Freiherr von M ü n c h h a u s e n , un escritor que había m e d r a d o c o n el nazismo, Celan se c a m b i ó de editor, y se pasó a la editorial Fischer. A veces se sintió en la obligación de explicar sus c o n ductas y e m p r e n d e r de ese m o d o una elocuente defensa de su v o c a c i ó n : « ¿ N o es la poesía una confidencia?». En virtud de esa confidencia, el escrit o r pedía a sus amigos una adhesión frente a las agresiones de que era objeto, una d e las cuales era el p r o p i o exilio. A principios de los a ñ o s sesenta se instaló en él un terrible sentimiento d e desarraigo y una d o l o r o s a nostalgia de los lugares perdidos. R e c o r d a b a los tiempos de Bucarest c o n su a m i g o Petre S o l o m o n , el c a r á c t e r oriental de aquella ciudad, el «paraíso del Este» tan alabado p o r Paul M o r a n d : «lo que nos enseña Bucarest no es una 27 PRÒLOGO lección de a r t e , sino una lección de vida». Celan anhelaba aquel m u n d o : «Mi esperanza está en el Este», decía. P r á c t i c a m e n t e t o d a s sus relaciones de e n t o n c e s fueron epistolares y g e n e r a l m e n t e c o n judíos exiliados c o m o él en otrps países: Con nombres embebidos de cada exilio. Con nombres y sémenes, con nombres, sumergidos en todos los cálices que están llenos con tu sangre de rey, hombre, en todos los cálices de la gran rosa-gueto, desde la que nos miras, inmortal de tantas muertes muertas en los caminos del alba. Sin m e n c i o n a r l o s , el p o e m a alude a M a n d c l s t a m , que nació en V a r s o via, a P e t r a r c a , u n o de los a u t o r e s que M a n d e l s t a m les recitaba a sus c o m p a ñ e r o s de prisión en Siberia, y a Isaak Babel, el novelista judío asesinado por Stalin. En las navidades de 1 9 6 2 C e l a n suírió una crisis aguda depresiva. L o s médicos le diagnosticaron u n a depresión nerviosa motivada p o r la ansiedad que le había g e n e r a d o el a s u n t o d e la acusación de plagio, la a m a r g u r a que le producía el c o n t a c t o c o n el m u n d o literario a l e m á n y el r e n c o r que todavía tenía p o r lo o c u r r i d o un invierno d e veinte años atrás. Aunque a tas pocas semanas volvió a su trabajo c o m o L e c t o r de lengua a l e m a n a en la É c o l e N o r m a l e Supérieure, a) q u e asistía desde 1 9 5 9 , a lo l a r g o de t o d o el a ñ o 1 9 6 3 n o escribió ningún p o e m a que c o n s i d e r a r a publicable. U n a prim e r a parte de los p o e m a s p r o p i o s de Cambio de aliento se gestó fuera de ese paréntesis, a finales de 1 9 6 2 y a finales de 1 9 6 3 . E s e p r i m e r ciclo de veintiún p o e m a s a g r u p a d o s bajo el título de Atemkristall c o n o c i ó en 1 9 6 5 una edición de bibliófilo que llevaba o c h o g r a b a d o s de su mujer, Gisèle, en g a m a s grises y negras sobre b l a n c o . La rosa de nadie había sido a c o g i d o c o n silencio. Al m e n o s , ésa había sido la p e r c e p c i ó n de C e l a n , quien en 1 9 6 4 se había quejado a su a m i g o Petre S o l o m o n . Sin e m b a r g o , la r e c e p c i ó n en Alemania n o fue en absoluto mala, p o r más que algún c r í t i c o volviera a r o z a r una vieja herida al t a c h a r de surrealista el libro, lo que p r o v o c ó la respuesta en defensa de Celan de su a m i g o Peter Szondi. T o d a v í a en el o t o ñ o de 1 9 6 4 se p r o d u j o un incidente d e s e n c a d e n a d o p o r esa misma causa. C u a n d o el poeta asistía al a c t o de entrega del P r e m i o Art de R e n a n i a del N o r t e - W e s t f a l i a que le habían c o n c e d i d o , vio en la mesa presidencial a alguien que había participado en la c a m p a ñ a de Claire Goll c o n t r a él. C e l a n salió de la sala y d e c l a r ó que n o 28 PRÓLOGO aceptaría el p r e m i o de m a n t e n e r s e aquel h o m b r e allí; p e r o finalmente le persuadieron de que regresara y lo r e c o g i e r a . Aquel incidente constituía un s í n t o m a más d e lo vulnerable que era el alma d e C e l a n . E n m a y o d e 1 9 6 5 , ingresaría p o r espacio de unas s e m a n a s en u n a clínica psiquiátrica d e las afueras de París. C u a n d o salió dejó listo d u r a n t e el v e r a n o el libro en el que había estado t r a b a j a n d o , Cambio de aliento, y en o t o ñ o inició la escritura de Soles filamentos, su siguiente c o l e c c i ó n de p o e m a s . E n diciembre de ese a ñ o , c o n el á n i m o enflaquecido, Celan volvió n u e v a m e n t e a ser hospitalizado p o r un p e r i o d o de siete meses en los que r e c o r r i ó distintas clínicas. E s t a n d o en una de ellas, escribió s o b r e las guardas d e un libro de Kafka, a u t o r al que era m u y aficionado: « 8 d e diciembre p o r la t a r d e : T o d a v í a t e n g o la suficiente lucidez de cabeza - Si viniera gente, casi podría c o m e n z a r de nuevo. ¡ V e n , m u e r t e , ven hoy!». Apenas había a b a n d o n a d o su hospitalización c u a n d o r o m p í a c o n su editor F i s c h e r , tras o c h o a ñ o s ligado a él, a u n q u e n o se puede d e c i r que Fischer n o hubiera t r a t a d o siempre d e m o s t r a r s e muy a t e n t o c o n el p o e t a . A partir de ese m o m e n t o , sus p o e m a s se hicieron m á s crípticos, c o m o si los alentara la e n f e r m e d a d . L l e g ó a escribir unas doscientas páginas c o n p o e m a s que n o quiso publicar. E s e m i s m o m e s de junio d e 1 9 6 6 , c o m e n z ó «Pecios d e sueño», que d e d i c ó a su mujer: Pecios de sueño, cuñas, encajadas en ninguna parte: quedamos tal somos, el astro redondo en torno dirigido nos aprueba. A d o r n o h u b o de retractarse d e su f a m o s o a s e r t o de que después de Auschwitz la poesía e r a imposible, c e d i e n d o al ejercicio de testigo a la fuerza c o n que c o m p a r e c í a para desmentirlo la o b r a de C e l a n . É s t e , antes de ser hospitalizado de n u e v o en f e b r e r o d e 1 9 6 7 , y p e n s a n d o en las m o r dazas y ligaduras q u e se utilizaban en la terapia d e c h o q u e , e m p e z ó a utilizar en sus t e x t o s t é r m i n o s c o m p u e s t o s d e un efecto d e m o l e d o r . El t r a t a m i e n t o que se le daba incluía m e d i c a m e n t o s y e l e c t r o s h o c k . M i e n t r a s p e r m a n e c i ó en la clínica en ese n u e v o i n t e r n a m i e n t o , l e y ó El libro de las preguntas, de E d m o n d J a b é s , y t a c h ó en su ejemplar el siguiente párrafo: «En u n a aldea de E u r o p a c e n t r a l , una n o c h e los nazis e n t e r r a r o n vivos a algunos d e nuestros h e r m a n o s . El suelo, c o n ellos, se r e m e c i ó durante l a r g o r a t o . Aquella n o c h e , un m i s m o r i t m o c o n e c t a b a a t o d o s los israelitas c o n el m u n d o » . Celan lo t a c h ó y escribió «Nein!» en el m a r g e n , m o s t r a n d o así su r e p a r o a una c o m u n i ó n trágica c o m o ésa. El resto del libro, sin e m b a r g o , estaba muy s u b r a y a d o , y C e l a n p e n s ó en t r a d u c i r l o , 29 PRÓLOGO a u n q u e luego n u n c a llegara a h a c e r l o , tal vez disuadido p o r la idea m o t r i z de J a b é s de q u e «la dificultad d e ser judío se c o n f u n d e c o n la dificultad de escribir; p o r q u e judaismo y escritura n o son sino una m i s m a espera, una m i s m a e s p e r a n z a , un m i s m o desgaste». Esa c o n e x i ó n , fundamental en su p r o p i o t r a b a j o , le r e m o v í a sin d u d a d e m a s i a d o p r o f u n d a m e n t e . C o n la o b r a de o t r o g r a n n o m b r e del judaismo, G e r s h o m Scholem, al que había visto tres veces a n t e r i o r m e n t e en París, se r e e n c o n t r ó en abril de 1 9 6 7 gracias al regalo de Von der mysttschen Gestalt der Gottheit [La f o r m a mística de la divinidad] que le había h e c h o su n u e v o e d i t o r , Sigfried Unseld, de la editorial S u h r k a m p . Celan d e v o r ó este libro s o b r e mística judía y s o b r e la t e o r í a cabalística de la lengua y los n o m b r e s d e Dios, y sobre el exilio del pueblo de Israel en una lectura que se t r a n s p a r e n t ó en el v o c a bulario de los p o e m a s d e ese t i e m p o , c o m o solía o c u r r i r . P e r o el m u n d o judío estaba también h e c h o de a c o n t e c i m i e n t o s m e n o s plácidos. El estallido de la G u e r r a de los Seis Días llenó de incertidumbre el á n i m o de C e l a n r e s p e c t o de la judeidad: Imagínate: el soldado en la ciénaga de Masada se aprende patria, de la manera más inextinguible, contra cada púa en el alambre. [...] Imagínate: esto me tocó en suerte, en vela el nombre, en vela la mano para siempre, desde lo insepultable. Después d e t o d o , se trataba d e un h o m b r e h e r i d o y m a l t r a t a d o p o r la vida, d u e ñ o de la sensibilidad de quien se halla en c a r n e viva, a f e c t a d o por una susceptibilidad d r a m á t i c a . El y su mujer decidieron p o r entonces que lo m e j o r e r a que Celan viviera a p a r t e d e su familia y solo. El poeta a b a n d o n ó la vivienda de la R u é de L o n g c h a m p q u e había c o m p a r t i d o c o n Giséle y c o n E r i c , y a finales de 1 9 6 7 se alquiló u n a habitación en la R u é T o u r n e f o r t , en el B a r r i o L a t i n o , al lado de la E c o l e N ó r m a l e Supérieure, d o n d e trabajaba y d o n d e a veces, utilizando su d e s p a c h o , también había p e r n o c t a d o . C u a n d o su a m i g o r u m a n o Petre S o l o m o n le visitó, se e n c o n t r ó c o n un h o m b r e de 4 6 a ñ o s , p e r o , según él, « p r o f u n d a m e n t e a l t e r a d o , p r e m a t u r a m e n t e envejecido, t a c i t u r n o y hosco... " H a n h e c h o e x p e r i m e n tos c o n m i g o " , decía c o n una voz a p a g a d a , e n t r e c o r t a d a p o r suspiros... l'.-iul n o c K i i i h í i l o d o el t i e m p o d e p r i m i d o , a veces tenía m o m e n t o s de gran ¡il<'Wf;i muy breves, es c i e r t o - , y salpicados p o r una risa nerviosa, estridente y quebrada». 30 PRÓLOGO Pese a los q u e b r a n t o s de salud, Celan n o se negaba a viajar y, justo después de dejar la clínica en julio de 1 9 6 7 , pudo p o r fin c o n o c e r a M a r tin H e i d e g g e r en el c u r s o de un viaje a la ciudad a l e m a n a d e F r i b u r g o , a d o n d e había sido invitado p o r el profesor G e r h a r t B a u m a n n para recitar sus p o e m a s . D u r a n t e a ñ o s el poeta judío había leído al filósofo alemán c o n aplicación. E n 1 9 5 8 , le había enviado a través de un a m i g o c o m ú n u n o s p o e m a s «de alguien que le aprecia». C o n motivo de su septuagésimo c u m p l e a ñ o s , H e i d e g g e r había pedido a su editor que incluyera en una publicación c o n m e m o r a t i v a unos p o e m a s de Celan y de I n g e b o r g Bachm a n n , p e r o a m b o s se habían negado. Heidegger le había ido m a n d a n d o t o d o s sus libros, y c o n o c í a p o r su p a r t e t o d o s los t e x t o s del p o e t a . El 2 4 de julio de 1 9 6 7 , Celan se halló delante de una audiencia de más de mil personas q u e e s c u c h a r o n e n t r e g a d a s , igual que había o c u r r i d o cuat r o a ñ o s antes en Gotinga e igual que a c o s t u m b r a b a a o c u r r i r en sus apariciones en público, su cuidadosa selección d e p o e m a s . H e i d e g g e r se e n c o n traba entre ellos, n a t u r a l m e n t e , y al saludarle tras la lectura, le e n t r e g ó a Celan un ejemplar de su libro ¿Qué significa pensar?, y le invitó a una excursión p o r la Selva N e g r a al día siguiente. R e a l m e n t e , el interés de C e l a n p o r ver a H e i d e g g e r se resumía en un deseo por enfrentarle c o n sus antiguas d e c l a r a c i o n e s y posiciones de la é p o c a hitleriana, c o n su p r o b a d a filiación nazi. H e i d e g g e r , sabedor de las t o r t u r a s psíquicas de C e l a n , pensó que le resultaría saludable que le m o s t r a r a aquel paisaje y que le sentaría bien el aire c l a r o y elevado de la Selva N e g r a . Según H a n s G e o r g G a d a m e r , H e i d e g g e r le c o n t ó que C e l a n c o n o c í a m e j o r que él m i s m o las plantas y los animales de la z o n a . D u r a n t e la c a m i n a t a , el filósofo c o n s i g u i ó eludir la i n t e r r o g a c i ó n , t á c i t a o explícita, eso n o se sabe, que la m e r a presencia del p o e t a le p l a n t e a b a , y h a b l a r o n s i m p l e m e n t e de filosofía c o n t e m p o r á n e a francesa. El p o e t a judío a c o m p a ñ ó al p e n s a d o r a l e m á n hasta su r e t i r o m o n t a ñ o s o , y una vez allí t o m ó una bebida y f i r m ó en el libro de huéspedes del filósofo. P o c o después, y d a d a la p r o x i m i d a d d e las h u m e d a d e s de los marjales, los dos h o m b r e s pusieron fin a su p a s e o . C e l a n r e g i s t r ó su visita en un p o e m a que escribió u n a s e m a n a m á s t a r d e , m i e n t r a s estaba en F r a n c f o r t c o n su editor. L o tituló « T o d t n a u b e r g » , el n o m b r e del lugar d o n d e H e i d e g g e r tenía su cabana: Árnica, alegría de los ojos, el trago del pozo con el dado de estrellas encima, en La Cabana 31 PRÓLOGO escrita en el libro -eque nombres anotó antes del mfo?cn este libro la línea de una esperanza, hoy, en una palabra que adviene de alguien que piensa, en el corazón. De vuelta en París, m a n d ó imprimirlo y envió el primer ejemplar al filósofo, quien le c o n t e s t ó c o n v c n c i o n a l m e n t c , d á n d o l e las gracias. E r a c o m o el r e c o n o c i m i e n t o de una culpa. Celan pasó los últimos meses de esc a ñ o 1 9 6 7 escribiendo sin p a r a r , hasta c o m p l e t a r los 81 p o e m a s de Compulsión de luz, un c o n j u n t o de c o m p o s i c i o n e s convulsas, c o m o impelidas p o r una herida luminosa - c o m o indica el t í t u l o - , c o m o animadas p o r un d a ñ o siempre r e n o v a d o : Que tú seas como tú, siempre. [...] También quien cortó la ligazón contigo, [...] la anudó de nuevo, en la remembranza trozos de fango tragué, en la torre, lenguaje, lindero de tinieblas. T o d a v í a antes de que finalizara el a ñ o , viajaría p o r p r i m e r a y única vez a Berlín o c c i d e n t a l , invitado p o r la Academia de las Artes a petición de su a m i g o Peter Szondi. A u n q u e las actividades a c a d é m i c a s se habían suspendido p o r los rigores de un clima que había dejado intransitables, c o n un l o d o e s c a r c h a d o , las calles de la ciudad, Szondi m a n t u v o la c o n v o c a t o r i a de una lectura del p o e t a a la que sólo asistieron diez o d o c e alumnos. U n o de ellos, el m e x i c a n o J o s é M a r í a Pérez G a y , ha c o n t a d o c ó m o «su v o z temblaba aquella t a r d e y sus p á r p a d o s infatigables parecían g o b e r n a r los t e x t o s . Hablaba un alemán m u y c l a r o , sin huella de d i a l e c t o , que p r o n u n c i a b a c o n una ternura p r ó x i m a al dolor. Celan era a d e m á s un lector e x t r a o r d i n a r i o , su entonación y sus pausas perfectas obedecían a un guión, nos ayudaban a percibir mejor sus p o e m a s » . A Celan le había p r e o c u p a d o relativamente siempre la acusación de h e r m e t i s m o que se arrojaba sobre su escritura. Su biógrafo Israel Chalfen refiere lo que le c o n t e s t ó un día a alguien que le había pedido que le explic a r a un p o e m a : «Siga leyendo. Basta c o n leer y releer, y el sentido a p a r e c e r á por sí solo». Siempre había insistido en que sus versos n o podían estar 32 PRÓLOGO sellados c o m o p o r a r t e de magia, p o r q u e eso e r a c o m o relevar a los lectores de su tarea y su responsabilidad de c o m p r e n d e r . En ese m o m e n t o de 1 9 6 7 el Times Literary Supplément publicaba una reseña de Cambio de aliento, que a c a b a b a d e salir, en la q u e se deslizaban t é r m i n o s c o m o «misterio» y «ocultación». Sin e m b a r g o , el a r t í c u l o hacía o t r a s c o n s i d e r a c i o n e s muy pertinentes sobre el misterio místico d e C e l a n , al que calificaba c o m o «uno de los escasos g r a n d e s poetas religiosos d e n u e s t r o t i e m p o » . H u b o o t r o s viajes r e s p o n d i e n d o a o t r a s tantas invitaciones a lo l a r g o de 1 9 6 8 . E n febrero leyó sus p o e m a s en la Universidad de G i n e b r a en un a c t o o r g a n i z a d o p o r su a m i g o B e r n h a r d Bôschenstein; en abril, estuvo en L o n dres. D u r a n t e los meses de junio y julio e m p r e n d i ó una gira d e lecturas p o r Alemania, en una insistencia p o r visitar esc país que puede p a r e c e r perversa. T o d o s los graves a c o n t e c i m i e n t o s del p e r i o d o , los asesinatos de M a r t i n L u t h e r King y el a t e n t a d o c o n t r a el líder del m o v i m i e n t o estudiantil alemán Rudi D u t s c h k c , la P r i m a v e r a de Praga y la invasión de C h e c o s l o v a q u i a p o r las t r o p a s del P a c t o de V a r s o v i a , y los sucesos del M a y o del 6 8 francés tuvieron su reflejo en los p o e m a s que escribió. Al final del v e r a n o c o n t a b a ya c o n un volumen, Parte de nieve, en el que, c o m o le c o m e n t ó a A m o Reinfrank, «cada palabra ha sido escrita, c r é a m e , en relación directa c o n la realidad. P e r o n o , esto n o se entenderá». A p a r e c i ó e n t o n c e s en S u h r k a m p s u WbroSoles filamentos. Él quería que la editorial a l e m a n a publicara una edición conjunta c o n t o d o s sus p o e m a s hasta el m o m e n t o y sus t r a d u c c i o n e s del inglés, del francés y del r u s o , p e r o n o conseguiría verla impresa. El m i s m o se había c o n v e r t i d o en editor de la revista francesa L'Éphémère, una publicación en la que participaban t o d o s sus amigos franceses, A n d r é du B o u c h e t , Yves Bonnefoy o J a c q u e s Dupin, y que c o n t ó en algún n ú m e r o c o n la c o l a b o r a c i ó n d e Gisèle C e l a n - L e s t r a n ge c o m o ilustradora. P e r o d u r a n t e bastantes meses dejó d e escribir. R o m p i ó su silencio en febrero d e 1 9 6 9 c o n un p o e m a de ambigua fuerza, que ya n o p u d o r e c o g e r s e en volumen y al que siguieron o t r o s que debían f o r m a r un c i c l o titulado « T i e m p o c e r c a d o » . Se sentía e n f e r m o y muy solo, c o m o le c o n f e s ó a su a m i g o S o l o m o n en una c a r t a del 2 6 de septiembre de 1 9 6 9 , tres días antes de partir en un viaje a Israel. L e había invitado la Asociación de E s c r i t o r e s H e b r e o s y, c o m o él m i s m o les c o n f e s ó en una breve a l o c u c i ó n , había ido « p o r q u e lo necesitaba». « C r e o entender lo que puede ser la soledad judía», les dijo e n t r e o t r a s c o s a s referidas a la vivificación de una nueva palabra, d e un nuevo lenguaje, «palabra l o g r a d a , vivida y vivificada p o r v o s o t r o s m i s m o s , que a c u d e a fortalecer al que se dirige a ella». Aunque pensaba haber ido c o n su hijo E r i c , al final fue sin él, y dedicó su estancia a la gente, a los lugares y a la poesía, m u y c o n s c i e n t e de estar en m e d i o de una colectividad judía libre en la tierra p r o m e t i d a que él n o había elegido. L o s a m i g o s y familiares que n o le habían vuelto a ver 33 PRÓLOGO desde C z e r n o w i t z y que le vieron entonces q u e d a r o n a s o m b r a d o s de su a s p e c t o alegre y a n i m a d o . G e r s h o m Scholem dio una fiesta en su h o n o r . El h e b r e o de Celan, lleno de r e c u r s o s , también s o r p r e n d i ó a aquellos c o n los que se e n c o n t r ó . Al p a r e c e r , se a c o r d a b a de frases enteras y de citas. Visitó Belén, la Iglesia de la Natividad, la T u m b a d e Raquel, el M o n t e de los Olivos, el M u r o de las L a m e n t a c i o n e s y la M e z q u i t a de Ornar. T a m b i é n leyó sus p o e m a s en J e r u s a l é n , a n t e un público que a b a r r o t a b a la sala, y en Tel-Aviv, ante una audiencia aún m a y o r , que al final consiguió c o n m o v e r le. L u e g o , estuvo t o d a la n o c h e llorando p o r q u e había visto a gente que había c o n o c i d o a sus padres, y una mujer le dio una especie de pastel que su m a d r e solía h a c e r . A b a n d o n ó Israel tres días antes de lo previsto, a n u l a n d o un viaje plan e a d o al M a r M u e r t o . Sin e m b a r g o , hacía m u c h o t i e m p o que n o había vivido tan intensamente, y una vez de vuelta en París de nuevo deseó volver a Jerusalén. La estancia le dio para escribir la segunda parte del ciclo «Estancia de t i e m p o » , que se publicó p o s t u m a m e n t e , y que posee un vigor ambig u o , c o m o de c o n f r o n t a c i ó n e n t r e el m u n d o d e París y el de Israel, tal c o m o se puede ver en « Y o bebo vino de d o s c o p a s » . E s p e r ó a que le invitaran de n u e v o a Israel, p e r o lo que se p r o d u j e r o n fueron nuevas ocasiones para visitar Alemania en 1 9 7 0 : una vez m á s , F r i b u r g o ; el bicentenario de H ö l derlin, en Stuttgart, d o n d e C e l a n , «el Hölderlin de nuestro t i e m p o » , c o m o le bautizó Nelly Sachs, fue el ú n i c o p o e t a al que se le invitó a leer. R e g r e s ó a París. E r a a finales d e m a r z o c u a n d o i n o p i n a d a m e n t e una tarde su a m i g o F r a n z W u r m le a n i m ó para que el a c o m p a ñ a r a a casa de Samuel Beckett y lo c o n o c i e r a . P e r o Celan se n e g ó , p o r q u e pensaba que no estaba bien acudir sin haberse a n u n c i a d o y en el último m i n u t o . C u a n d o W u r m volvió de su reunión t r a y é n d o l e r e c u e r d o s del escritor, Celan le dijo: «Es p r o b a b l e m e n t e el ú n i c o h o m b r e c o n quien y o podría e n t e n d e r m e aquí». E n abril inició un c u r s o en la E c o l e N o r m a l e Supérieure sobre Un médico rural, de Kafka, t e x t o que p o n e de manifiesto la asunción de un destino e q u i v o c a d o . Él también a c e p t a b a su destino e q u i v o c a d o . C o m o el m i s m o Kafka escribió en su diario al t e r m i n a r su c u e n t o , Celan pensaba que «sólo p u e d o tener felicidad si p u e d o elevar el m u n d o a lo p u r o , lo verdader o , lo inmutable». Después de que Celan m u r i e r a , H e n r i M i c h a u x escribió estas líneas sobrias y e m o c i o n a n t e s : Paul Celan se encontró en el camino de la vida con grandes obstáculos, muy grandes obstáculos, algunos casi insuperables, y uno, el último, insuperable de verdad. Fue en aquel penoso periodo donde tuvo lugar nuestro encuentro, donde nos conocimos... sin conocernos. Hablamos mucho con el fin de no tener que hablar. En él, lo que era grave era demasiado grave. No hubiera 34 PRÒLOGO consentido que alguien se entrometiera. Para detenerte, utilizaba con frecuencia una sonrisa, una sonrisa que había pasado por mil naufragios: Hacíamos como que nuestros problemas tenían que ver sobre todo con el verbo. En un lecho de nieve, en su «Schneebett», desolado, desesperado, admirablemente duro, reposa el poeta y hará que reposen para siempre de una manera extraña y singular quienes sienren malestar de cualquier forma de reposo. La cura que la escritura le proporcionaba no era suficiente, no ha sido suficiente. Saltos en balde. Siempre en la sala J e los gritos, apretujado en los instrumentos de tortura. Cada vez, un cielo de tinta. Cada día trae finalmente su golpe. Se nos ha ido. Claro que podía escoger. El fin no será tan largo. A flor de agua, el cadáver tranquilo. ItlHLlOCKAHÍA Bonnefoy, Yves: «Paul Celan», trad. F. Arnold, en Hora de Poesía (Barcelona) 949 5 - 9 6 ( 1 9 9 4 ) , pp. 1 5 3 - 1 5 8 . Bôschenstein, Bernhard: «Conversaciones y caminatas con l'aul Celan», trad. A. Sánchez Pascual, en Rosa Cúbica (Barcelona), 1 5 - 1 6 ( 1 9 9 6 ) , pp. 9 8 - 1 1 3 . Bôttiger, Helmut: Orte Paul Celans, Paul Zsolnay Verlag, Wicn, 1 9 9 6 . Broda, Martine: Dans la main de personne. Essai sur Paul Celan, Cerf, Paris, 1 9 8 6 . Chalfen, Israel: Paul Celan. Eine Biographie semer jugend, Insel, Frankfurt a. Main, 1979. Felstiner, John: Paul Celan, Poet, Survivor.Jew, Yale University Press, New HavenLondon, 1 9 9 5 (próxima publicación: Trotta, Madrid). Pérez Gay, José Maria: «Paul Celan: una cicatriz que no se cierra», en Paul Celan, Sin perdón ni olvido. Antología, versión de J . M . Pérez Cay, Universidad Autónoma Metropolitana, México, 1 9 9 8 , pp. 8 7 - 9 2 . Pradilla, Victoria: «Poesía y trayectoria humana», en Rosa Cúbica, núm. cit., pp. 67-78. 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