REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2014 Volumen 15 Nº 07 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714.html REDVET - Revista electrónica de Veterinaria - ISSN 1695-7504 Desenvolvimento da carpa capim (Ctenopharyngodon idella) alimentadas com rações completas peletizadas a base de papuã (Brachiaria plantaginea) e vica (Vicia sativa) Álvaro Graeff1; Raphael de Leão Serafini2 1 Médico Veterinário CRMV SC-0704 Esp. Nutrição/EPAGRI Estação de Piscicultura de Caçador E-mail: [email protected] 2 Biologo CRBio 45661-03D M.Sc Aqüicultura/EPAGRI Estação de Piscicultura de Caçador Email:[email protected] Fone: 55 49 3561-2000 Caixa Postal 591 CEP 89500Caçador, SC BRASIL Resumo O experimento foi realizado no Laboratório de Nutrição e Patologias (LaNuPP) da Unidade de Piscicultura de Caçador/EPAGRI, em 24 aquários com capacidade para 50 litros de água, abastecidos individualmente com água proveniente de tanque de abastecimento na vazão de 0,5 l/min. O período experimental foi de 120 dias, sendo iniciado em dezembro de 2007 e encerrado em março de 2008, após sete dias de adaptação dos alevinos em cada parcela experimental. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso com seis tratamentos e quatro repetições, com 06 unidades de carpa capim (Ctenopharyngodon idella) em cada parcela experimental, onde se procurou equilibrar uma dieta compostas de gramíneas (Brachiaria plantaginea) e leguminosas (Vicia sativa) na forma de pellets. O peso médio inicial foi 3,76 ± 0.12 g e comprimento médio inicial de 6,97 ± 0.02 cm respectivamente para os tratamentos realizados. As dietas foram formuladas, dentro dos critérios, para a espécie e para o sistema de produção com ingredientes onde a proteína bruta permaneceu estabilizada em 29,0 ± 0,4 % PB, e oferecidas na quantidade de 5% ao dia nos dois primeiros meses passando para 3% ao dia no terceiro mês do peso total do lote experimental, reajustado a cada 30 dias na forma peletizada. Os resultados nos permitem afirmar que a carpa capim (Ctenopharyngodon idella) neste experimento teve produtividade melhor quando foi alimentada com Vica (Vicia sativa) na composição da dieta para a variável peso médio final e ganho médio final. Desenvolvimento da carpa capim (Ctenopharyngodon idella) alimentadas com rações completas peletizadas a base de papuã (Brachiaria plantaginea) e vica (Vicia sativa) http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714/071404pdf 1 REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2014 Volumen 15 Nº 07 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714.html Palavras-chave: alimentação, carpa capim, papuã, viça Abstract The experiment was conducted at the Laboratory of Nutrition and Pathology (LaNuPP) Unit Pisciculture of Caçador-SC BRAZIL / EPAGRI, 24 tanks with a capacity of 50 liters of water, supplied individually with water from supply tank at a flow rate of 0.5 l / min. The experiment lasted 120 days, was initiated in December 2007 and ended in March 2008, after seven days of adaptation of fingerlings in each experimental plot. The experimental design was completely randomized with six treatments and four replications, with 06 units of grass carp (Ctenopharyngodon idella) in each plot, in an attempt to balance a diet composed of grasses (Brachiaria plantaginea) and legumes (Vicia sativa) in the form pellets. The average weight was 3.76 ± 0.12 g average initial length of 6.97 ± 0.02 cm respectively for the treatments. Diets were formulated within the criteria for the species and the production system with ingredients where crude protein remained stable at 29.0 ± 0.4% CP and offered in the amount of 5% per day in the first two months to 3% in the third month daily total weight of the batch experimental readjusted every 30 days in pelletized form. The results allow us to affirm that the grass carp (Ctenopharyngodon idella) in this experiment was better when productivity was fed Vica (Vicia sativa) in diet composition for variable weight gain final and final average. Keywords: food, grass carp, Brachiaria plantaginea, Vicia sativa Introdução Entre as espécies de peixe de maior potencial de crescimento, adaptabilidade e de mais baixo custo de produção e alimentação encontram-se as carpas em geral. A carpa capim (Ctenopharyngodon idella) é uma espécie de água doce originária dos rios da China que possui muito prestigio entre os produtores devido a sua resistência e facilidade de cultivo, aceitação de alimentos peletizados, rápido crescimento e por ser uma fonte de proteína de alta qualidade (TRIPATHI e DATTA, 1990). A carpa capim (Ctenopharyngodon idella Val.) tem sido objeto de considerável pesquisa nestes últimos anos devido sua habilidade em controlar vegetação aquática. Na Ásia e nos países do leste europeu tem sido incorporada aos sistemas de policultivos com outras carpas para Desenvolvimento da carpa capim (Ctenopharyngodon idella) alimentadas com rações completas peletizadas a base de papuã (Brachiaria plantaginea) e vica (Vicia sativa) http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714/071404pdf 2 REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2014 Volumen 15 Nº 07 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714.html controlar as macrofitas (SHIREMAN JV, et al. 1977). Já no Brasil a carpa capim dentre as carpas chinesas esta entre as espécies exóticas mais utilizadas em policultivo na região sul, caracterizando-se por sua extrema rusticidade e excelente desempenho. Geralmente as carpas chinesas são criadas em sistema de policultivo (HAJRA, 1987), inclusive com espécies nativas, uma vez que espécies distintas apresentam diferentes hábitos alimentares, sendo a carpa capim herbívora (Ctenopharyngodon idella), a carpa prateada (Hypophthalmichthys molitrix) fitoplantofaga, e a carpa cabeça grande (Aristichthys nobilis) zooplantofaga (CASTAGNOLLI, 1992). Apresenta crescimento rápido, bom aproveitamento de plantas, e tem carne de boa qualidade (VENKATESH et al., 1978). Os custos com a alimentação respondem pela maior parte das despesas na piscicultura, uma vez que as dietas de peixes, em comparação com as de outros animais, caracterizam-se pelo elevado nível proteico, sendo que a maior parcela dos custos das dietas se deve à fonte de proteína (MEER et al. 1995). Procurando aproveitar a habilidade da carpa capim com o uso de gramíneas e leguminosas em sua alimentação, procuramos verificar a qualidade destes vegetais através de um balanceamento e ofertá-las. A gramínea papuã (Brachiaria plantaginea) também chamado de Guatemala ou mimoso, é uma espécie nativa, anual, valiosa, que nasce espontaneamente nas lavouras em outubro ou pouco além, produz forragem durante o verão e outono, para sementar no outono e desaparecer com os frios do inverno. Esta gramínea dá-se muito bem nas terras leves e até nas arenosas desde que tenha um pouco de matéria orgânica, com boa dosagem produz uma massa verde muito favorável, tenra e suculenta, durante alguns meses. Uma vez deixado sementar, germina todos os anos na época certa, sendo necessário apenas lavrar ou revolver o solo dispensando cuidados posteriores (ARAUJO, 1967). A leguminosa vica (Vicia sativa) Espécie herbácea, anual e que se desenvolve em todo o país, pois se trata de uma planta que foi introduzida no Brasil para atender a forragicultura, no entanto escapou dos cultivos e passou a ocupar áreas destinadas a lavouras, terras abandonadas, margens de rodovias, entre outros locais. Apresenta caule trepador muito ramificado, verde, quadrangular ou cilíndrico-anguloso, esparsamente pubescente. Folhas alternadas, curto-pecioladas e providas de um par de estípulas. Limbo composto penado paripenado, constituído por 5 a 6 pares de folíolos sésseis, longo-lanceolados, ceríceos, glabros, ápice apiculado e margens disfarçadamente denteadas. O ápice da folha possui um folíolo transformado em gavinha trífida, mecanismo utilizado Desenvolvimento da carpa capim (Ctenopharyngodon idella) alimentadas com rações completas peletizadas a base de papuã (Brachiaria plantaginea) e vica (Vicia sativa) http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714/071404pdf 3 REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2014 Volumen 15 Nº 07 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714.html pela planta para fixação em diversos substratos. Flores isoladas axilares, ou raramente dois por cada nó, constituídas por um curto pedúnculo, cálice com cinco sépalas soldadas com ápice acuminado, corola com cinco pétalas livres de coloração rósea, sendo a mais externa diferente das demais tanto na forma quanto no tamanho, androceu constituído por estames soldados e gineceu unicarpelar com ovário longo. Fruto seco do tipo legume achatado e apiculado. Pode ser diferenciada em campo por meio das folhas compostas, cujo folíolo terminal é transformado em gavinha trífida e a propagação é por meio de sementes (MONEGAT, 1991). Diferente deste trabalho vários autores fizeram experimentos com a utilização de gramínea isoladamente como forragem verde tais como SPONCHIADO et al. (2009) com grama boiadeira (Luziola peruviana), COSTA et al. (2007) e BERGAMIM et al. (2007) com o capim teosinto (Euchlaena mexicana), POUEY et al. (2007) com Azevém (Lolium multiflorum Lam). Outros autores trabalharam com leguminosas oferecendo como farelo tais como SOARES et al. (1998) com canola (Brassica napus L. var. Oleifera Moench), BERGAMIM et al. (2007) com soja (Glycine max). Também LACERDA et al. (2005) utilizou farelo de mandioca (Manihot esculenta) em substituição de milho (Zea mays L.) em dietas de alevinos de carpa capim concluindo que se pode substituir o milho em 100% deste insumo sem prejudicar o desempenho. Outros autores fizeram experimentos com a utilização de gramíneas e leguminosas em consorcio tais como GRAEFF e SERAFINI (no prelo) com capim elefante (Pennisetum purpureum) e Alfafa (Medicago sativa), GRAEFF e SERAFINI (no prelo) com azevém (Lolium multiflorum) e trevo branco (Trifolium repens), GRAEFF e TOMAZELLI (2006) todos estes trabalhos, conseguiram resultados que confirmam que as carpas capim aceitam melhor as gramíneas em estado puro em detrimento da leguminosa também em estado puro. E em consorcio os melhores resultados sempre foram com a participação das gramíneas em maior parte que as leguminosas. Este trabalho tem por objetivo determinar um balanceamento gramíneoleguminosa utilizando para isto uma gramínea papuã (Brachiaria plantaginea) e uma leguminosa vica (Vicia sativa), na forma de pellets para serem fornecidas como alimento principal no desenvolvimento da carpa capim. Material e métodos O experimento foi realizado no Laboratório de Nutrição e Patologias (LaNuPP) da Unidade Experimental de Piscicultura de Caçador/EPAGRI, Desenvolvimento da carpa capim (Ctenopharyngodon idella) alimentadas com rações completas peletizadas a base de papuã (Brachiaria plantaginea) e vica (Vicia sativa) http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714/071404pdf 4 REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2014 Volumen 15 Nº 07 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714.html em 24 aquários com capacidade para 50 litros de água, abastecidos individualmente com água proveniente de um tanque de abastecimento na vazão de 0.5 l/min. O período experimental foi de 120 dias, sendo iniciado em dezembro de 2007 e encerrado em março de 2008, após sete dias de adaptação dos alevinos em cada parcela experimental. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso com seis tratamentos e quatro repetições, com seis unidades de carpa capim (Ctenopharyngodon idella) em cada parcela experimental. O peso médio inicial foi 3,76 ± 0.12 g e comprimento médio inicial de 6,97 ± 0.02 cm respectivamente para os tratamentos realizados. As dietas foram formuladas, dentro dos critérios, para a espécie e para o sistema de produção com ingredientes onde a proteína bruta permanecesse estabilizada em 29,0 ± 0,4 % PB, e oferecida na quantidade de 5% ao dia nos dois primeiros meses passando para 3% ao dia no terceiro mês do peso total do lote experimental, reajustado a cada 30 dias na forma peletizada, conforme a Tabela 1. Tabela 1 - Composição percentual das dietas experimentais com diferentes níveis de introdução de gramínea papuã (Brachiaria plantaginea) e uma leguminosa vica (Vicia sativa) Ingredientes %PB Tratamentos 1 2 3 4 5 6 Farelo de soja 44 58,0 55,0 26,5 3,8 53,0 46,0 Milho grão 09 24,0 4,0 30,0 13,0 Vica comum 18 15,0 35,0 15,0 35,0 Farinha de peixe 69 2,0 2,0 14,7 34,7 2,0 2,0 Óleo de soja 1,0 4,0 8,8 11,5 4,0 Papuã forragem 10 35,0 15,0 15,0 35,0 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 PB (%) 29,0 29,3 29,0 28,6 29,0 29,0 EB/kcal 3.240 3.296 2.590 3.013 3.014 2.900 Tratamento 1: Ração com 15% de Vica comum. Tratamento 2: Ração com 35% de Vica comum. Tratamento 3: Ração com 15% de Vica comum + 35% de Papuã forragem. Tratamento 4: Ração com 35% de Vica comum + 15% de Papuã forragem. Tratamento 5: Ração com 15% de Papuã forragem. Tratamento 6: Ração com 35% de Papuã forragem As características da água, que provém de um açude de abastecimento, foram coletadas e analisadas semanalmente para as variáveis: pH com peagâmetro marca Corning (PS-30); oxigênio dissolvido, nitrito, amônia, dureza, alcalinidade, turbidez e gás carbônico no Laboratório de Qualidade de Água/EPAGRI-Caçador/SC. As avaliações dos peixes foram realizadas a cada 30 dias utilizando-se 100% dos peixes estocados, quando foram anotadas as medidas de comprimento total através de um ictiômetro e o peso individual em uma balança eletrônica com precisão de 0.01 g marca Marte. Desenvolvimento da carpa capim (Ctenopharyngodon idella) alimentadas com rações completas peletizadas a base de papuã (Brachiaria plantaginea) e vica (Vicia sativa) http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714/071404pdf 5 REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2014 Volumen 15 Nº 07 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714.html Para a realização destas atividades, os peixes foram sedados com 1.0 ml de quinaldina para 15 litros de água. Após 120 dias do experimento, foram despescados os peixes e efetuadas avaliações quantitativas, compreendendo as evoluções de crescimento em peso e comprimento, conversão alimentar aparente e sobrevivência. Resultados e discussão Na avaliação da qualidade da água (Tabela 2), os parâmetros: pH, oxigênio dissolvido, amônia total e nitrito estavam dentro do preconizado por vários autores (CASTAGNOLLI, 1992; TAVARES, 1994, ARANA, 2004), para a criação de Carpa capim (Ctenopharyngodon idella). O gás carbônico em alta concentração pode ser tolerado pelas espécies aqüicolas, embora se saiba que os peixes evitam concentrações de CO2 ainda que esteja tão baixas quanto 5,0 mg/L (BOYD, sd). Embora o CO2 permaneceu sempre acima de 2,0 mg/L, pois a origem da água deste experimento é de açude de abastecimento o oxigênio dissolvido compensou não havendo danos aos peixes. A turbidez, que está diretamente correlacionada à transparência, permaneceu em média 35,7 ntu (Unidade Nefelométrica de Turbidez) isto se deve pela presença de argilas coloidais, substâncias em solução, matéria orgânica dissolvida ou mesmo do plâncton na água do experimento (TAVARES, 1994). A alcalinidade (Tabela 2), durante todo experimento, esteve abaixo de 30 mg/litro, o que indicaria necessidade de calagem (BOYD, 1997), para responder mais favoravelmente às adubações feitas, mas apesar disto não trouxe oscilações no pH e nem alterações comportamentais nos peixes. A dureza (Tabela 2), durante o experimento, oscilou entre 20 e 24 mg/litro, encontrando-se, portanto, sempre abaixo do recomendável por BOYD (1976), de 50 a 80 mg/litro de CaCO3. Tabela 2 - Média dos parâmetros limnológicos da água nas unidades experimentais em cada período do experimento. Parâmetros limnológicos Dezembro Janeiro Fevereiro Março Média pH (Potencial 7,4 7,2 7,1 7,4 7,3 hidrogeniônico) Oxigênio dissolvido (mg/L)5,2 5,7 4,6 4,9 5,1 Gás carbônico (mg/L) 2,0 3,5 4,0 2,4 3,0 Dureza (mg/L) 20 20 24 24 22 Desenvolvimento da carpa capim (Ctenopharyngodon idella) alimentadas com rações completas peletizadas a base de papuã (Brachiaria plantaginea) e vica (Vicia sativa) http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714/071404pdf 6 REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2014 Volumen 15 Nº 07 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714.html Alcalinidade (mg/L) Amônia total (mg/L) Nitrito (mg/L) Turbidez (ntu) 26 0,1 0,0 78 28 0,1 0,0 22 28 0,2 0,0 5 30 0,2 0,0 38 28 0,2 0,0 35,7 Os dados de peso médio final, comprimento médio final, sobrevivência e conversão alimentar aparente, foram submetidos à análise de comparação de médias, pelo método de Tukey a 5% de significância. Na Tabela 3, encontram-se os resultados médios do comprimento final (8,50; 8,40; 8,77; 8,47; 8,61 e 8,47 cm) respectivamente dos tratamentos de 1 a 6, submetidos às dietas onde a composição com gramíneas e leguminosas afetou significativamente (p<0.05). O tratamento que melhor evidenciou o resultado para o comprimento foi o três onde a leguminosa Vica comum (Vicia sativa) participou com 15% e a gramínea Papuã (Brachiaria plantaginea) participou com 35% da composição da dieta mostrando que o tratamento foi influenciado pela participação da gramínea em detrimento da leguminosa em quantidade maior. Resultado semelhante (GRAEFF et al.; 2006) trabalhando com Papuã (Brachiaria plantaginea) e também Alfafa (Medicago sativa) concluiu que os resultados permitem afirmar que a carpa capim (Ctenopharyngodon idella) se adaptou a um balanceamento de leguminosas e gramíneas, no rendimento em crescimento, iguais aos animais ruminantes. Também (GRAEFF et al, no prelo) trabalhando com gramínea azevém (Lolium multiflorum) na quantidade de 35% mais 15% de trevo branco (Trifolium repens) da dieta para a variável peso médio final, comprimento médio final e ganho médio do comprimento obteve o melhor resultado. Outros pesquisadores HANCZ e SALLUM (1990), que em trabalho semelhante com a gramínea capim angola (Brachiaria mutica) e a leguminosa siratro (Macroptilium atrapurpureum) alcançaram resultados melhores com a leguminosa. SALARO et al. (1994) com dietas para tilápia do Nilo com alfafa (Medicago sativa) não obteve um bom resultado, mas recomenda em baixa concentração por não apresentar em sua composição fatores antinutricionais e ser uma fonte rica de fibra bruta para as espécies que a necessitem. Já ZONNEVELD e ZON (1985) recomendam altos teores de fibra na dieta das carpas capim adultos, pois a sua flora microbiana intestinal realizam a síntese de aminoácidos e peptídeos a partir da fibra dietária. Mas como orientação não se deve adicionar mais do que 10% de fibra bruta nas dietas para peixes não herbívoros (ESMINGER, 1980). O ganho médio em comprimento (1,53; 1,43; 1,80; 1,50; 1,64 e 1,50 Desenvolvimento da carpa capim (Ctenopharyngodon idella) alimentadas com rações completas peletizadas a base de papuã (Brachiaria plantaginea) e vica (Vicia sativa) http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714/071404pdf 7 REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2014 Volumen 15 Nº 07 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714.html cm) respectivamente dos tratamentos de 1 a 6 na Tabela 3 novamente confirma que o tratamento três onde a leguminosa Vica participa têm o melhor desempenho. Tabela 3 - Comprimento médio em cada período, comprimento médio final e ganho médio em comprimento da carpa capim (Ctenopharyngodon idella) nos seis tratamentos. Avaliação Comprimento médio (cm) Dias 1 2 3 4 Povoamento 6,97 6,97 6,97 6,97 30 8,37 8,39 8,75 8,46 60 8,37 8,39 8,75 8,46 90 8,45 8,39 8,75 8,46 Comprimento médio final (cm) 8,50 8,40 8,77 8,47 c cd a Ganho médio em comprimento 1,53 1,43 1,80 1,50c (cm) 5 6,97 8,57 8,57 8,57 8,61 1,64b 6 6,97 8,24 8,24 8,41 8,47 1,50c Médias na linha seguidas de letras diferentes diferem (P<0.05), pelo teste de Tukey. Tratamento 1: Ração com 15% de Vica comum. Tratamento 2: Ração com 35% de Vica comum. Tratamento 3: Ração com 15% de Vica comum + 35% de Papuã forragem. Tratamento 4: Ração com 35% de Vica comum + 15% de Papuã forragem. Tratamento 5: Ração com 15% de Papuã forragem. Tratamento 6: Ração com 35% de Papuã forragem Na Tabela 4, encontram-se os resultados dos pesos médios finais (6,44; 5,71; 6,32; 6,05; 6,29 e 6,02 g) respectivamente dos tratamentos de 1 a 6. O tratamento que melhor evidenciou o resultado foi no tratamento 1 onde a leguminosa Vica participou com 15% da composição da dieta mostrando que o ganho de peso médio foi influenciado pela ausência da gramínea. Tabela 4 - Peso médio em cada período, peso médio final e ganho médio em peso da carpa capim (Ctenopharyngodon idella) nos seis tratamentos. Avaliação Peso médio (g) Dias 1 2 3 4 5 6 Povoamento 3,76 3,76 3,76 3,76 3,76 3,76 30 4,91 4,66 5,29 5,04 5,03 4,80 60 5,89 5,10 6,09 5,91 6,04 5,78 90 6,35 5,66 6,32 6,01 6,28 6,01 a a a a a Peso médio final (g) 6,44 5,71 6,32 6,05 6,29 6,02a Ganho médio em peso (g) 2,68 1,95 2,56 2,29 2,53 2,26 Médias na linha seguidas de letras diferentes diferem (P<0.05), pelo teste de Tukey. Tratamento 1: Ração com 15% de Vica comum. Tratamento 2: Ração com 35% de Vica comum. Tratamento 3: Ração com 15% de Vica comum + 35% de Papuã forragem. Tratamento 4: Ração com 35% de Vica comum + 15% de Papuã forragem. Tratamento 5: Ração com 15% de Papuã forragem. Tratamento 6: Ração com 35% de Papuã forragem Desenvolvimento da carpa capim (Ctenopharyngodon idella) alimentadas com rações completas peletizadas a base de papuã (Brachiaria plantaginea) e vica (Vicia sativa) http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714/071404pdf 8 REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2014 Volumen 15 Nº 07 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714.html Estes resultados são diferentes aos obtidos por HANCZ e SALLUM (1990), que observou melhor crescimento em peso da carpa capim utilizando para isto a gramínea capim angola (Brachiaria mutica). De modo diferente ao ganho médio em comprimento, o ganho médio em peso (Tabela 4) 2,68; 1,95; 2,56; 2,29; 2,53 e 2,26 g não ocorreram diferença significativa (P<0,05) entre os tratamentos. Com a tendência de melhor desempenho do tratamentos 1 com o uso da leguminosa Vica na quantidade de 15% da dieta total, novamente caracterizou que a carpa capim é uma boa conversora de proteína bruta oriundos de materiais vegetais mais rústicos, mas com suplementação na dieta de produtos de qualidade protéico-energético melhores (Tabela 1). CAMARGO et al. (2006) em trabalho com as gramíneas (milheto, teosinto, capim elefante e papua), conclui que a alimentação somente com forragem não atende as exigências nutricionais para criação de carpa capim, tornando-se indispensável à utilização de ração na dieta. Cabe ressaltar que a carpa capim pelo seu perfil enzimático, tem grande capacidade de aproveitamento de proteínas, e, principalmente carboidratos. Por isso, torna-se fundamental a suplementação adequada dos peixes com uma ração que forneça as exigências da carpa capim e que tenha efeito aditivo em relação à forragem fornecida (DAS & TRIPATHI, 1991). Já ZONNEVELD e ZON (1985) diferente destes resultados, recomendam altos teores de fibra na dieta das carpas capim adultas, pois a sua flora microbiana intestinal realizam a síntese de aminoácidos e peptídeos a partir da fibra dietária. Tabela 5 – Sobrevivência e conversão alimentar aparente final da carpa capim (Ctenopharyngodon idella) nos seis tratamentos. Tratamentos Sobrevivência (%) Conversão alimentar (Kg/Kg)1 1 60c 3,62c 2 80b 3,35bc b 3 80 3,06b 4 100a 2,93a a 5 98 3,10b 6 85b 3,39bc Médias na linha seguidas de letras diferentes diferem (P<0.05), pelo teste de Tukey. Tratamento 1: Ração com 15% de Vica comum. Tratamento 2: Ração com 35% de Vica comum. Tratamento 3: Ração com 15% de Vica comum + 35% de Papuã forragem. Tratamento 4: Ração com 35% de Vica comum + 15% de Papuã forragem. Tratamento 5: Ração com 15% de Papuã forragem. Tratamento 6: Ração com 35% de Papuã forragem A conversão alimentar 3,62; 3,35; 3,06; 2,93; 3,10 e 3,39 kg de ração por kg de peso (Tabela 5) diferiram (p>0,05), estando dentro do esperado para um peixe herbívoro. Diferente de um onívoro onde uma conversão acima de 2:1 é considerado insatisfatória por TEIMER et al. (1969), BOYD (1997), SHIAU et al.(1998) onde constataram diminuição do desempenho e piora na conversão alimentar de tilápias do Nilo Desenvolvimento da carpa capim (Ctenopharyngodon idella) alimentadas com rações completas peletizadas a base de papuã (Brachiaria plantaginea) e vica (Vicia sativa) http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714/071404pdf 9 REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2014 Volumen 15 Nº 07 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714.html alimentadas com níveis crescentes de fibra na ração, demonstrando que esta espécie não tem uma flora microbiana intestinal que permita realizar a síntese de aminoácidos e peptídeos a partir da fibra dietária. A taxa de sobrevivência obtida nos tratamentos 1 a 6 foi significativo, estando dentro do esperado para os experimentos realizados na mesma região (GRAEFF, 2006). Conclusões Em uso isolado a leguminosa Vica (Vicia sativa) foi superior à gramínea papuã (Brachiaria plantaginea) para peso final e ganho de peso. O melhor resultado para conversão alimentar aparente foi à utilização da leguminosa Vica (Vicia sativa) na quantidade de 35% mais 15% de papuã (Brachiaria plantaginea) da dieta. As sobrevivências não foram afetadas pelos tratamentos. Referências bibliograficas ARANA, L.V. 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NOV1217) está disponible en http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714.html concretamente en http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714./071404.pdf REDVET® Revista Electrónica de Veterinaria está editada por Veterinaria Organización®. Se autoriza la difusión y reenvío siempre que enlace con Veterinaria.org® http://www.veterinaria.org y con REDVET®- http://www.veterinaria.org/revistas/redvet Desenvolvimento da carpa capim (Ctenopharyngodon idella) alimentadas com rações 12 completas peletizadas a base de papuã (Brachiaria plantaginea) e vica (Vicia sativa) http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n070714/071404pdf