ISSN 1981-8874 Ninhos de espécies ameaçadas, endêmicas e outras de comportamento reprodutivo pouco conhecido, na pátria da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) (Psittaciformes: Psittacidae), destacando-se novos dados sobre o comportamento reprodutivo do besourinho-de-cauda-larga (Phaethornis gounellei) (Apodiformes: Trochilidae) a descrição do ninho da choca-do-nordeste (Sakesphorus cristatus) (Passeriformes: Thamnophilidae) e do jacucaca (Penelope jacucaca) (Galliformes: Cracidae) 9 771981 887003 00153 Pedro Cerqueira Lima; Rolf Grantsau; Rita de Cássia Ferreira da Rocha Lima; Thyers Novaes de Cerqueira Lima Neto & Luiz Eduardo Souza Silva Sumário: O presente trabalho apresenta dados sobre a reprodução de algumas espécies de aves, dentre elas espécies listadas como ameaçada de extinção, endêmicas, raras e algumas, que apesar de não se enquadrarem em nenhuma das características anteriores, seus comportamentos reprodutivos são pouco conhecidos. O presente estudo foi desenvolvido no Raso da Catarina (pátria da espécie A. leari,) em ambientes de caatinga arbustiva e floresta semidécidua, entre os anos de 2005 a 2010. Durante os anos de 2002 a 2005 realizamos campanhas de inventário, empregando métodos de observação direta, registro fonográfico e captura em redes de neblina, em que foi possível identificar 212 espécies de aves (Lima 2005). Palavras Chave: Anodorhynchus leari; ninhos de espécies ameaçadas, endêmicas e raras. Introdução Durante muito tempo, não se sabia qual era verdadeira pátria da espécie Anodorhynchus leari. Bonaparte, em 1856, descreveu a espécie baseandose em um exemplar taxidermizado depositado no Museu de Paris e em outro indivíduo que vivia no Jardim Zoológico de Anvers. Em 1978, Helmut Sick e seus discípulos, Luiz Pedreira Gonzaga e Dante Martins Teixeira, descobriram a verdadeira pátria da A. leari, situada no sertão da Bahia entre os municípios de Jeremoabo, Canudos e Euclides da Cunha e, especificamente, dois pontos de dormida e reprodução: Toca Velha, no município de Canudos e Serra Branca, no município de Jeremoabo. Em 1994, Lima incentivou um “mateiro” da região a procurar novas populações de A. leari e em 1995, fruto desta iniciativa, foi descoberta uma nova população localizada no município de Campo Formoso Munn (1995). Por muito tempo a população de A. leari não passava de 170 indivíduos, mas com a inclusão das comunidades nas pesquisas foi possível descobrir novos dormitórios elevando a população a mais de 1000 aves. Várias palestras foram realizadas, inclusão de membros das comunidades nas pesquisas de campo, documentários em TV rádios e jornais. Um desses documentários merece destaque por abordar a dificuldade da comunidade em conviver com uma espécie rara e cobiçada: As Cores da Caatinga, da jornalista Isana Pontes. O programa de Educação Ambiental causou uma verdadeira revolução ambiental, que mereceu destaque na revista PsittaScene com o título Lear's homeland inspires comunity revolution (Simões, 2005). O Raso da Catarina tem sido alvo da atenção de ornitólogos pesquisadores e conservacionistas de todo mundo, porém essas ações estiveram sempre voltadas para as araras, relegando para um segundo plano as atividades com as outras espécies da região. Sick e seus colaboradores foram os primeiros a divulgarem dados sobre o levantamento da ornitofauna da pátria da A. leari, quando relataram a presença de 132 espécies de aves (Sick et al. 1987). Lima e colaboradores (1996, 2000, 2002, 2003, 2003, 2004, 2004, 2005, 2008, 2008, 2008) dedicaram-se a estudar mais profundamente a região. A inclusão de Grantsau nas pesquisas de campo foi de grande importância. Uma delas foi a descrição de uma nova subespécie de Caprimulgus (Grantsau 2008). Os nossos estudos sobre o comportamento das espécies de aves do Raso da Catarina é uma pequena contribuição que visa à conservação do bioma como todo, sem esquecer-se da importância, e da inclusão, das comunidades nas ações conservacionistas. Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Casal de Phaethornis gounellei no ninho Áreas de estudos e metodologias As pesquisas foram desenvolvidas na área de influência do povoado de Água Branca pertencente a município de Jeremoabo, cuja vegetação se caracteriza por uma caatinga arbustiva densa ou raleada, com altura máxima de cinco metros, e que, em alguns trechos, forma um aglomerado compacto de difícil acesso, principalmente por causa da vegetação espinhosa. Para nossas observações diretas, utilizamos binóculos SWAROVSKI e Bushnell 10 x 40, além de uma luneta Kawa TSN2 60x. As campanhas com as comunidades foram realizadas em fevereiro, março e abril por ser esse o período em que a grande maioria das espécies se reproduz, após o período das chuvas, quando há abundância de alimentos. Os dados biométricos foram aferidos usando-se régua milimetrada e paquímetros e o peso foi obtido com uma balança digital Tanita modelo 1479 capacidade máxima 100 g. precisão de 0,1 g. As fotografias foram feitas com câmara fotográfica digital Nikon COOLPIX 8800VR com lente 35-350 mm. Uma segunda câmera digital NIKON D90 com Lente objetivaTAMRON de 500 mm foi utilizada para fotografar algumas espécies mais ariscas. Para os registros fonográficos, utilizamos um gravador digital EDIROL R-09HR e um microfone direcional Sennheiser k6. No programa de educação ambiental a metodologia utilizada foi a elaboração de cartazes com diversas fotos da espécie A. leari e demais espécies ameaçadas e endêmicas da região, sendo que esses cartazes foram distribuídos em diversas comunidades. Foram distribuídos ainda dois lotes de transparências, um para a Secretaria de Educação de Jeremoabo e outro para a comunidade de Água Branca (comunidade mais próxima do habitat da espécie A. leari) com 100 fotografias das aves da região, além de outras espécies animais. As transparências foram utilizadas pelos professores das comunidades com o objetivo de instruir os alunos sobre a fauna local. Outra estratégia utilizada foi o envolvimento dos membros das comunidades, principalmente professores nas atividades de anilhamento, para que adquirissem conhecimentos sobre a fauna local e assim participassem mais diretamente da conservação do habitat como um todo. Também foram realizadas palestras sede do município, Jeremoabo, em diversas escolas, no povoado de Água Branca e Brejo Grande. 69 Resultados Nas campanhas realizadas nos meses de fevereiro a abril entre os anos de 2005 a 2010 foram descobertos centenas de ninhos, de mais de 100 espécies de aves da região. Aqui abordaremos apenas 24 das espécies consideradas ameaçadas, endêmicas e outras pouco estudadas. Este artigo também acrescenta novos dados sobre o comportamento reprodutivo do besourinho-de-cauda-larga (Phaethornis gounellei) (Lima et al. 2008) a descrição do ninho da choca-do-nordeste (Sakesphorus cristatus) e do jacucaca (Penelope jacucaca). A codorna-amarela (Nothura maculosa). Constrói uma pequena cavidade no solo forrada com penas de si mesma. Localizamos um ninho contendo seis ovos de cor roxa brilhante pesando em média 24 g e medindo 44 mm x 33 mm. O jacucaca (Penelope jacucaca). Constrói o seu ninho em forma de uma tigela confeccionada de gravetos e forrado internamente com folhas secas. Ele é feito em arbustos, nos pés de mandacaru ou nas hastes da palmeira ouricuri (Cyagrus coronta). A postura consta de dois a três ovos de cor branca, pesando em média 92 g e medindo 68 mm x 50 mm. A casca pesa 14,8 g equivale a 13,6 % do peso do ovo. O ninho desta espécie nunca tinha sido descrito (del Hoyo 1994). Bacurau-chintã (Caprimulgus parvulus). A postura consta de dois ovos de cor creme, manchados com algumas pintas de cor marrom, pesando em média 4,7 g medindo 25 mm x 19 mm. São postos diretamente no solo e dificilmente vistos. Quando da presença de um intruso no momento em que estão incubando, voam para longe do ninho talvez para não denunciar o local do ninho. Quando estão com filhotes, costumam fingir que estão com as asas quebradas e, dessa maneira, tentam afastar o intruso das proximidades dos filhotes. O bacurauzinho (Chordeiles pusillus xerophilus). É o menor bacurau da Caatinga. Possui uma plumagem amarronzada, diferindo de Chordeiles p. pusillus, que é cinza escuro. Em relação à reprodução também existe uma grande diferença, o primeiro reproduz em lajedos de cor avermelhada, assemelhando-se à sua plumagem. A postura consta de dois ovos que são postos junto às centenas de pedras de diversos tamanhos, próximo a uma pequena moita que lhe proporciona sombra que será de grande importância tanto, durante o período de incubação e principalmente quando do nascimento do filhote. Os filhotes, na ausência dos pais, no horário de sol quente, busam abrigo embaixo dessa moita. As pedras próximas aos ovos ou filhotes proporcionam uma perfeita camuflagem, onde dificilmente serão avistados. O filhote durante o processo de crescimento vai sendo confundido com diversas pedras de tamanhos diferentes e de colorações diversas. Chordeles p. pusillus costuma reproduzir em áreas de vegetação rasteira próximo às pequenas moitas onde o solo e as folhas depositadas no solo assemelhem-se à sua coloração acinzentada. Seus ovos são de cor creme com várias pintas de cor castanha. Não temos certeza sobre a cor dos ovos de Chordeles p. xerophilus. Certa vez, encontramos um ovo de cor branca que pesava 2,3 g e media 26 mm x 16 mm, que estava posto no solo junto com dezena de pedras de diversas cores. Esse ovo parecia muito com o padrão dos bacuraus, no entanto, estava abandonado. A rolinha-de-asa-canela (Columbina minuta). Constrói o seu ninho em forma de tigela, confeccionado de maneira rala com gravetos, forrado com gramíneas e fixado debaixo das folhagens dos arbustos. A postura consta de dois ovos de cor branca que pesam em média 2,4 g e medem 21 mm x 15 mm. A rolinha picui (Columbina picui). Constrói o seu ninho em forma de tigela, confeccionado de maneira rala com gravetos, forrado com gramíneas e fixado debaixo das folhagens dos arbustos. Pode construir embaixo de telhados nas varandas de casas do campo. A postura consta de dois ovos de cor brancos puros que pesam em média 3,4 g e medem 24 mm x 17 mm. A pararu-azul (Claravis pretiosa). Constrói o seu ninho em forma de tigela, confeccionados de maneira rala com gravetos, forrado com gramíneas e fixado debaixo das folhagens dos arbustos. A postura consta de dois ovos de cor branca que pesam em média 3,8 g e medem 23 mm x 18 mm. 70 O besourinho-de-cauda-larga (Phaethornis gounellei). O ninho dessa espécie foi descrito por Lima et al. (2008). Dois ninhos foram encontrados fixados na parte inferior de uma folha de trepadeira. Não foi possível registrar nem os ovos nem a fêmea chocando, uma vez que uma vaca tinha comido algumas folhas da trepadeira no qual o ninho tinha sido fixado e os dois ovos caíram. Essa descoberta ocorreu no dia 23 de fevereiro de 2008. No dia 10 de fevereiro de 2010, fomos informados da descoberta de mais um ninho. No dia 12 de fevereiro viajamos até Jeremoabo para registrar o fato. Dessa vez ao chegarmos estava acabando de nascer um filhote; o segundo ovo havia sumido. O ninho assemelhava-se ao descrito, no entanto estava fixado na parte inferior de uma folha de cansanção (Cnidoscolus urens), vegetal da família Euphorbiaceae, que provoca uma sensação de queimadura ao toque da pele. Essa planta é comum no Nordeste do Brasil, sendo evitadas e temidas. Um fato que merece destaque é que o macho de P. gounellei visita o ninho durante o período em que a fêmea está incubando, observa o interior quando a fêmea esta ausente, também visita o ninho e observa o seu interior após o nascimento do filhote. Está sempre nas proximidades do ninho desde a postura até o nascimento do filhote. A proteção do macho de beija-flor durante o período de incubação e cria dos filhotes foi observado pela primeira vez com a espécie Phaethornis pretrei (Lima 2007). Essa descoberta abre uma possibilidade que esse fato ocorra pelo menos no gênero Phaethornis. Portanto, torna-se necessário estudar, com mais profundidade, os representantes desse gênero. O ninho do picapauzinho-anão (Venliornis passerinus). É construído em árvores mortas ou vivas e também pode construir em estacas de cercas. A boca mede 25 mm x 25 mm e a profundidade pode chegar a 150 mm. A postura consta de dois ovos de cor branca, pesam em média 2,5 g e medem 19,5 mm x 15 mm. Macho e fêmea participam da incubação e alimentação dos filhotes. O papa-lagarto-canelado (Coccyzus melacoryphus). Constrói o ninho em forma de tigela, confeccionado de gravetos, medindo 100 mm de diâmetro por 30 mm de altura por 20 mm de profundidade. É forrado internamente com folhas secas e fixado debaixo das folhagens dos arbustos. A postura pode ser de três a quatro ovos, o peso pode variar entre 7,2 g a 8,9g e a medida pode variar entre 27 mmm x 21 mm a 30 mm x 23 mm. O garrinchão-de-bico-grande (Thryothorus longirostris). Constrói o ninho em forma de uma bola, confeccionado de fibras de plantas. Esses ninhos são construídos em locais de difícil acesso: pé de cansanção, cactos e muitas vezes próximo de casas de vespas. A postura pode ser de dois a três ovos de cor creme com pintas de cor castanha, pesando em média 2,3 g e medindo 20,5 mm x 14 mm. O choro-boi (Taraba major) Constrói o ninho em forma de um cesto fixado em uma forquilha, em arbustos no meio das folhagens numa altura entre 1,5 m a 3,0 m do solo. Possui entrada de 100 mm x 100 mm, altura 65 mm e 60 mm de profundidade. A postura consta de dois ovos pesando em média 6.2 g e medindo 27,5 mm x 21 mm. Macho e fêmea participam da incubação. A choca-barrada (Thamnophilus doliatus). Constrói o ninho em forma de um cesto fixado em uma forquilha, em arbustos no meio das folhagens numa altura entre um a três metros do solo. A postura consta de dois ovos pesando em média 3,8 g. Os filhotes possuem a cor interna do bico de cor laranja intensa. A choca-do-nordeste (Sakesphorus cristatus). Constrói o ninho em forma de um cesto fixado em uma forquilha, em arbustos próximos ao solo, a 70 cm do solo, aproximadamente. Possui boca de 60 mm x 50 mm, altura 50 mm e profundidade de 45 mm, forrado com líquen externamente. A postura consta de dois ovos pesando em média 3,3 g e medindo 22 mm x 17 mm. Macho e fêmea participam da incubação. O ninho desta espécie nunca tinha sido descrito (del Hoyo 2003). O formigueiro-de-barriga-preta (Formicivora melanogaster). Constrói o ninho em forma de um cesto fixado em uma forquilha, em arbustos bem próximos ao solo. É parecido muito com o de Formicivora grisea, mas os ovos diferem deste uma vez que o de F. melanogaster possui uma cor creme com várias pintas de cor castanha concentradas no pólo superior, sendo que em F. grisea as pintas são espalhadas por toda a superfície do ovo. Tanto o macho como a fêmea chocam e a postura consta de dois ovos que pesam em média 1,9 g medindo 28 mm x 17 mm. Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br A choca-do-planalto (Thamnophilus pelzelni). Constrói seu ninho em forma de um cesto fixado em uma forquilha, em arbustos com alturas variáveis desde 80 cm do solo até mais de dois metros. Tanto o macho como a fêmea chocam. A postura consta de dois ovos que pesam em média 3,0 g medindo 27 mm x 16,5 mm. O guaracavuçu (Cnemotriccus fuscatus). Constrói o ninho em forma de um pequeno cesto com boca medindo 50 mm x 50 mm, altura de 70 mm e profundidade de 48 mm. A postura consta de dois ovos pesam em média 2,0 g e medem 17 mm x 14 mm. Esse pássaro é muito arisco ao perceber um intruso nas proximidades do ninho voa para longe e só retorna depois que o intruso desaparece. O ninho do papa-moscas-do-sertão (Stigmatura napensis). Fica bem escondido em meio às folhagens do arbusto, a uma altura que pode variar entre 70 cm do solo a um metro e meio. Possui boca de 40 mm x 40 mm, uma profundidade de 25 mm e uma altura de 30 mm. A postura pode constar de dois a três ovos, pesam em média 1,2 g e medem 17 mm x 12 mm. A gralha-cancã (Cyanocorax cyanopogon) Constrói o ninho em forma de tigela, semelhante a um ninho de Mimus saturninus, confeccionado de gravetos, forrado com gravetos menores. A postura pode ser de dois a três ovos de cor verde claro com pintas de cor marrom espalhadas por toda a superfície do ovo e com maior concentração no pólo Superior. Pesam em média 7,1 g e medem 30 mm x 20 mm. O casal é muito arisco. Ao perceber que o ninho foi descoberto voa para longe do ninho e fica observando à distância só retornando para o ninho depois que o perigo desaparece. O pássaro-preto (Gnorimpsar chopi). Constrói o ninho em ocos de árvores, utilizando fibras de vegetais. Possui boca de 80 mm x 90 mm e a profundidade de 65 mm. A postura pode conter de dois a três ovos de cor esverdeados, pesando em média 6.2 g e medindo 28.0 mm x 20 mm. O período de incubação é de 16 dias. Caso obtenha sucesso reprodutivo, podem utilizar o mesmo ninho por vários anos. Várias aves cuidam do ninho. Já contamos até cinco indivíduos cuidando do mesmo ninho, acreditamos tratar-se de filhotes de ninhadas anteriores que ajudam criar os seus irmãos. Retiram as fezes do interior do ninho. A polícia-inglesa-do-sul (Sturnella superciliaris). Constrói o ninho em forma de um cesto fixado entre a vegetação. Costuma se reproduzir em colônia. Já encontramos aproximadamente 10 ninhos distantes um dos outros cerca de dois metros. Todos os ninhos que encontramos foram em áreas alagadiças. A postura consta de dois ovos que pesam em média 3,0 g, medindo 21 mm x 16 mm. O azulão (Cyanocompsa brissonii). Constrói o ninho em forma de um pequeno cesto com boca medindo 70 mm de diâmetro, altura de 48 mm e profundidade de 30 mm. A postura consta de dois ovos pesando em média 2,5 g e medem 21 mm x 15 mm. O ninho do tico-tico (Zonotrichia capensis). O ninho fica bem escondido em meio às folhagens do arbusto, a uma altura que pode variar entre 10 cm do solo a dois metros. Possui boca de aproximadamente 50 mm de diâmetro e uma profundidade de 35 mm. A postura pode constar de dois a três ovos, que pesam em média 2,4 g e medem 21 mm x 15 mm. Encontramos um ninho construído em um pequeno arbusto que não passava de 20 cm de atura, que ficava no centro de uma estrada rural pouco frequentada. Os carros que circulavam, passavam literalmente por cima do ninho. No entanto o casal conseguiu criar os filhotes. O ninho do tico-tico-rei-cinza (Coryphosphigus pileatus). O ninho fica bem escondido em meio às folhagens do arbusto, a uma altura que pode variar entre 70 cm do solo a um metro e meio de altura. A postura consta de dois ovos de cor verde clara pesando em média 2,0 g. Agradecimentos Este artigo é dedicado a Zé Grande das Barreiras, município de Euclides da Cunha, área de ocorrência da A. leari. Ele viveu seus mais de noventa anos em perfeita harmonia com as araras, plantava milho para subsistência, que eram comidos pelas araras, preservava dezenas de pés de ouricuri na sua roça para que as araras pudessem se alimentar. Zé grande foi um Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br grande amante da natureza que nasceu, cresceu e morreu no mesmo local, Barreira, onde também foi enterrado. Agradecemos a Eliane Ribeiro da Silva, Elizangela Silva Souza, Rosivane Ribeiro da Silva, Zezito de Jesus, Zildomar Souza Magalhães pela participação direta nas campanhas de campo e especialmente a Carlos Silva Ribeiro e Zacarias de Jesus, o descobridor dos ninhos. Agradecemos a alta direção da Cetrel em nome do Dr. Ney Silva que sempre incentivou as nossas pesquisas de campo. Agradecemos à comissão editorial de AO, que muito contribuiu na revisão deste artigo. Referências Bibliográficas Bencke, G. A. & G. N. Maurício (2002). Programa de IBAs no Brasil. Fase I. Relatório Final. (Goerck, J.M., D. Wege & A. Estrada, coords) BirdLife International. Colaço, M., T. A. Moreira, C. S. Santana & C. G. Machado (2002). As espécies de aves registradas na Reserva Indígena Pankararé, no município de Glória, Estado da Bahia. In: Resumos do X Congresso Brasileiro de Ornitologia e VIII Encontro Nacional de Anilhadores de Aves. Resumo 025, pgs. 47-48, Fortaleza, CE. del Hoyo, J. A. 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Cetrel S/A Empresa de Proteção Ambiental do Pólo Petroquímico de Camaçari. Via Atlântica, km 9, Interligação Estrada do Coco CEP 42810000 - Camaçari - Bahia. Email: [email protected] 71 Ninhos de espécies ameaçadas, endêmicas e outras de comportamento reprodutivos pouco conhecidos, na Pátria da Arara-Azul-de-Lear (Anodorhynchus leari, Bonaparte, 1856). Destacando-se novos dados sobre o comportamento reprodutivo do besourinho-de-cauda-larga (Phaethornis gounellei): uma pequena contribuição. 72 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Codorna-amarela (Nothura maculosa) Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 73 Jacucaca (Penelope jacucaca) 74 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 75 76 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Bacurau-chintã (Caprimulgus parvulus) Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 77 78 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Babacurauzinho (Chordeiles pusillus xerophilus) Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 79 80 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 81 82 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 83 84 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Rolinha-de-asa-canela (Columbina minuta) Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 85 86 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 87 88 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Rolinha picui (Columbina picui) Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 89 90 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 91 92 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 93 P araru-azul (Claravis pretiosa) 94 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 95 96 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Besourinho-de-cauda-larga (Phaethornis gounellei) Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 97 98 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 99 100 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 101 Picapauzinho-anão (Venliornis passerinus) 102 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 103 104 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 105 106 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br P apa-lagarto-canelado (Coccyzus melacoryphus) Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 107 108 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Garrinchão-de-bico-grande (Thryothorus longirostris) Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 109 110 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 111 Choro-boi (Taraba major) 112 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 113 114 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 115 Choca-barrada (Thamnophilus doliatus) 116 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 117 118 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 119 120 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Choca-do-nordeste (Sakesphorus cristatus) Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 121 122 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 123 124 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 125 Formigueiro-de-barriga-preta (Formicivora melanogaster) 126 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 127 128 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br P apa-foriga-pardo (Formicivora grisea) Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 129 Choca-do-planalto (Thamnophilus pelzelni) 130 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 131 132 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Guaracavuçu (Cnemotriccus fuscatus) Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 133 134 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 135 P apa-moscas-do-sertão (Stigmatura napensis) 136 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 137 138 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 139 Gralha-cancã (Cyanocorax cyanopogon) 140 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 141 142 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br P ássaro-preto (Gnorimpsar chopi) Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 143 144 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 145 Policia-inglesa-do-sul (Sturnella superciliaris) 146 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 147 148 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 149 Azulão (Cyanocompsa brissonii) 150 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 151 152 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 153 Tico-tico (Zonotrichia capensis) 154 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 155 156 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 157 158 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Tico-tico-rei-cinza (Coryphosphigus pileatus) Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 159 160 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 161