GRACIÁN FRENTE A QUEVEDO

Anuncio
GRACIÁN F R E N T E A Q U E V E D O
S e r í a l e g í t i m o esperar q u e fuera Q u e v e d o u n o de los escritores
m á s f r e c u e n t e m e n t e citados e n l a Agudeza y Arte de ingenio. L a real i d a d , c o m o b i e n sabemos, es t o t a l m e n t e d i s t i n t a , l o c u a l p l a n t e a
u n p r o b l e m a difícil de resolver, p e r o i m p o s i b l e de soslayar.
E l p r o l o n g a d o d e s c u i d o de Q u e v e d o e n i m p r i m i r sus versos
p u e d e e x p l i c a r e n p a r t e estos silencios. E n las fechas en q u e red a c t a G r a c i á n su t r a t a d o , n o d i s p o n e de u n a e d i c i ó n c o m p l e t a de
l a p o e s í a q u e v e d i a n a . Ú n i c a m e n t e conoce —dejemos aparte l a p o s i b i l i d a d de que t u v i e r a a m a n o unos textos m a n u s c r i t o s — los versos d e l m a d r i l e ñ o q u e se h a n p u b l i c a d o e n a n t o l o g í a s — l a Segunda
parte del Romancero general de M i g u e l de M a d r i g a l , las Flores de Esp i n o s a , l a Primavera y flor de romances ( 1 6 2 1 ) de P e d r o A r i a s P é r e z
y sus p r i m e r a s reediciones, los Romances varios de diversos autores ( Z a r a g o z a , 1 6 4 0 ) — y u n a s piezas p r e l i m i n a r e s impresas e n a l g u n o s
v o l ú m e n e s . P e r o n o vale el a r g u m e n t o t r a t á n d o s e de l a p r o s a : res u l t a difícil a d m i t i r q u e n o c o n o c i e r a G r a c i á n El Buscón, i m p r e s o
e n Z a r a g o z a e n 1626, y los Sueños, i m p r e s o s e n Z a r a g o z a e n 1627.
A pesar de l o c u a l n o c i t a u n r e n g l ó n n i d e l u n o n i de los o t r o s .
C o n d u c t a t a n t o m á s sorprendente c u a n t o q u e silenciar n o sign i f i c a i g n o r a r . P o r q u e , si b i e n n o c i t a e n l a Agudeza n i los Sueños
n i El Buscón, n o se d e s d e ñ a G r a c i á n de i m i t a r l o s e n El Criticón.
H a c i e n d o caso o m i s o de unas c o i n c i d e n c i a s q u e se p u e d e n d e b e r
a l a e x i s t e n c i a de u n f o n d o c o m ú n de chistes v i e j o s , parece e v i 1
1
Ejemplo: "A los hombres quitábamos el sombrero, deseando hacer lo
mismo con sus capas" (El Buscón, ed. Domingo Ynduráin, Cátedra, Madrid,
1980, p. 206); "No sólo quitan ya el sombrero, sino la capa y la ropilla" (El
Criticón, 1, X I , ed. Arturo del Hoyo, Aguilar, Madrid, 1960, p. 629b); el equívoco
aparece ya en El sobremesa y Alivio de caminantes de Timoneda, I , 77 (BAE, t. 3,
p. 175b). O el archiconocido "sastre''/"desastre" (Sueñosy Discursos, ed. Felipe
C . R . Maldonado, Castalia, Madrid, 1973, p. 200; El Criticón, I I , V , p. 728a).
NRFH,
X X X V I (1988), núm. 2, 1069-1077
MAXIME CHEVALIER
1070
NRFH,
XXXVI
dente que G r a c i á n recuerda en varias ocasiones unas frases de Q u e v e d o . C o t é j e n s e los ejemplos s i g u i e n t e s :
2
a) "Miren el todo trapos. . . con m á s agujeros que una flauta
y m á s remiendos que una p í a " (Buscón, p. 214).
"las pías que la [la carroza] tiraban, más remendadas que p í a s "
(Criticón, I , V I I , p. 575b).
"su vestido por lo pío remendado" (Criticón, I I , V I I , p. 752b).
"carrozas tiradas de seis pías, y las m á s veces remendadas" (Criticón, I I I , V I I I , p. 945a).
b) "los plateros y buhoneros. . . si Dios hiciera que el mundo
amaneciera cuerdo un día, todos éstos quedaran pobres. . . " (Sueño
del infierno, p. 122; compárese el soneto " S i el mundo amaneciera
cuerdo un d í a " ) .
" . . .en piedras preciosas, que si un día amaneciese el mundo
con juicio se hallarían muchos sin hacienda" (Criticón, I I I , I X , p. 954b).
c) " V e r á s esta viuda, que por defuera tiene un cuerpo de responsos, como por de dentro tiene una ánima de aleluyas, las tocas
negras y los pensamientos verdes" (El mundo por de dentro, p. 173).
" ¿ ¿ u é dirán, decía la viudad, que a muerto marido, amigo venido, que del riego de mi llanto nace el verde de mis gustos, que
tan presto trueco el réquiem en aleluyar' (Criticón, I I , X I , p. 802).
d) " Y es cierto que son diablos los médicos, pues unos y otros
andan tras los malos y huyen de los buenos, y todo su fin es que
los buenos sean malos y que los malos no sean buenos j a m á s " (Sueño de la Muerte, p. 190).
"Éste [el médico] tiene por asunto y obligación hacer de los malos
buenos; pero él obra tan al revés que de los buenos hace malos y
de los malos peores" (Criticón, I , V I , p. 571a).
e) Parece poco dudoso que el desfile de personillas de Criticón,
I I I , 6 se inspira en el desfile de personillas tradicionales del mismo
Sueño de la Muerte.
U n o s j u e g o s de i n g e n i o , dos escenas: las huellas q u e d e j ó l a
p r o s a q u e v e d i a n a en El Criticón n o nos e n s e ñ a n g r a n cosa acerca
del concepto e n q u e t e n í a G r a c i á n al a u t o r de los Sueños. ¿ S e r á n
2
C i t o los Sueños y la Agudeza por las ediciones de Clás. Castalia; los versos
de Quevedo por la ed. de J . M . Blecua (Obras completas, t. 1: Poesía original,
Planeta, M a d r i d , 1963); La Pícara Justina por la ed. de A n t o n i o R e y Hazas,
E d i t o r i a N a c i o n a l , M a d r i d , 1977.
NRFH,
GRACIÁN FRENTE A QUEVEDO
XXXVI
1071
m á s reveladores los f r a g m e n t o s en q u e e n j u i c i a a Q u e v e d o ? C i n co veces se refiere el t e x t o del Criticón al m a d r i l e ñ o . T r e s frases
c e n s u r a n el c a r á c t e r ú n i c a m e n t e j o c o s o de b u e n a p a r t e de l a p r o d u c c i ó n quevediana:
—"estas hojas de Quevedo son como las del tabaco, de m á s v i cio que provecho, m á s para reír que aprovechar" {Criticón, I I , I V ,
p. 722a).
— " v i e r o n unas tejuelas picariles. . . son m u y donosas: con éstas espantaba sus dolores M a r i c a en el h o s p i t a l " {Criticón, I I , I V ,
p . 714b) .
— " t o d o g é n e r o de poesía en lengua vulgar, especialmente burlesca y amorosa, letrillas, j á c a r a s , entremeses, follaje de primavera, se entregaron a los pisaverdes" {Criticón, I I , I , p . 675a).
3
O t r a frase c o m b i n a c u r i o s a m e n t e a l a b a n z a y s á t i r a , la q u e sit ú a a Q u e v e d o e n t r e los aficionados a l v i n o que " h a c í a n versos
s u p e r i o r e s " {Criticón, I I I , I I , p . 8 5 3 b ) . E n el m u n d i l l o l i t e r a r i o
de los p r i m e r o s a ñ o s d e l siglo x v n c i r c u l ó u n r u m o r que t a c h a b a
a Q u e v e d o de e x c e s i v a m e n t e a p a s i o n a d o p o r el l i c o r de B a c o , r u m o r d e l q u e se hacen eco v a r i o s textos: l a Apología al "Sueño de
la Muerte"\ El tribunal de la justa venganza?, el soneto " S i n o sab é i s , s e ñ o r a de C e t i n a " y p o r fin el soneto " C i e r t o poeta, en form a p e r e g r i n a " , v e r o s í m i l m e n t e d e b i d o a l a p l u m a de G ó n g o r a
y relleno de elocuentes e q u í v o c o s ( ' ' d e v o t a ' ' , ' ' c u e r o " , " B r i n d i s " ,
" S a n T r a g o " ) . ¿ C o r r e s p o n d e r á la a c u s a c i ó n a verdad o leyenda? D e ser c i e r t a , n o nos i m p o r t a m u c h o . M á s interesa si corresp o n d e a l e y e n d a , p o r ser u n o de los elementos de l a l e y e n d a q u e v e d i a n a q u e a p a r e c e r í a e n fecha m á s t e m p r a n a .
E l ú l t i m o d i c t a m e n de los q u e e m i t e El Criticón es s u m a m e n t e
elogioso, p r e s e n t a n d o l a o b r a de Q u e v e d o p r o s i s t a c o m o u n a de
las c u m b r e s del arte: " Y a s í v e r é i s q u e n i n g ú n h o m b r e , p o r e m i n e n t e q u e sea, es e s t i m a d o e n v i d a . N i l o fue el T i c i a n o en l a p i n t u r a , n i el B o n a r o t a e n l a e s c u l t u r a , n i G ó n g o r a en l a p o e s í a , n i
6
7
3
A l u s i ó n transparente al romance " T o m a n d o estaba sudores" ( n ú m . 694)
impreso por p r i m e r a vez en la Primavera y Flor de romances, de Pedro A r i a s
P é r e z , en 1628.
QUEVEDO, Obras en verso, en Obras completas, t. 2, ed. A s t r a n a M a r í n ,
A g u i l a r , M a d r i d , 1943, p p . 1043b-1044a.
Ibid., p . 1094b.
ALFAY, Poesías varias, ed. J . M . Blecua, Zaragoza, 1966, n ú m . 22.
GÓNGORA, Obras completas, eds. J u a n e Isabel M i l l é , 6 ed., A g u i l a r ,
M a d r i d , 1976, "Sonetos a t r i b u i b l e s " , L X X V .
4
5
6
7
a
MAXIME CHEVALIER
1072
NRFH,
XXXVI
Q u e v e d o e n l a p r o s a " (Criticón, I I I , X I I , p . 9 9 3 b ) .
A l t o m a r este c a m i n o t a m p o c o h e m o s p r o g r e s a d o h a c i a l a sol u c i ó n d e l p r o b l e m a . G r a c i á n le r e p r o c h a a Q u e v e d o el aspecto
f r i v o l o de g r a n p a r t e de su p r o d u c c i ó n . P e r o es difícil negarles
a los Sueños c u a l q u i e r v a l o r d i d á c t i c o . Y sobre t o d o G r a c i á n a d m i t i ó e n l a Agudeza c a n t i d a d de versos, versos de G ó n g o r a e n esp e c i a l , que p o d í a n caer bajo l a m i s m a c r í t i c a ; b i e n l o s a b í a q u i e n
echaba de m e n o s e n l a p o e s í a d e l c o r d o b é s ' ' l a m o r a l e n s e ñ a n z a ' '
y " l o s asuntos g r a v e s " (Criticón, I I , I V , p . 7 1 3 b ) . C o n t o d o rec h a z ó casi c o n s t a n t e m e n t e versos y prosas de Q u e v e d o . ¿ P o r q u é ?
D i g á m o s l o s i n rodeos: r e s u l t a difícil descartar l a sospecha de
q u e G r a c i á n le t u v i e r a i n q u i n a a Q u e v e d o , de q u e G r a c i á n p r o sista e n v i d i a r a l a g l o r i a de Q u e v e d o p r o s i s t a c u a n d o l a g l o r i a de
G ó n g o r a poeta n o le m o l e s t a r a . E n l a Agudeza c i t a e n t r e las obras
en prosas m o d é l i c a s El conde Lucanor, Guzmán deAlfarache, c i e n veces l a Floresta española, otras cien veces los Apotegmas de R u f o ; n u n c a
los Sueños, n u n c a El Buscón. Esta a r b i t r a r i e d a d l l e g a e n ocasiones
a u n o s extremos escandalosos. Baste c o n u n ejemplo: c u a n d o q u i e re c i t a r u n t e x t o que n o t e " e l desacierto g e n e r a l " y p o n d e r e " l a s
falsas opiniones del m u n d o " , escoge G r a c i á n unos versos del padre
M i g u e l de D i c a s t i l l o , e n los cuales p o r c i e r t o n o b r i l l a m u c h a
a g u d e z a , o l v i d á n d o s e de l a s o b e r b i a e n u m e r a c i ó n de El mundo
por de dentro: " A m i s t a d l l a m a n al a m a n c e b a m i e n t o , t r a t o a l a usura,
b u r l a a l a estafa, g r a c i a l a m e n t i r a , d o n a i r e l a m a l i c i a , d e s c u i d o
l a b e l l a q u e r í a . . . " . N o s i n d i s g u s t o escribo estas frases, pues
n u n c a es g r a t o e x p l i c a r unas obras geniales a p a r t i r de u n o s sent i m i e n t o s m e z q u i n o s . P e r o parece p o c o d u d o s o q u e G r a c i á n pract i c ó c o n s u p e r i o r t a l e n t o e n l a Agudeza u n a t á c t i c a q u e b i e n c o n o cen c l é r i g o s y c a t e d r á t i c o s ( p o r algo s e r á l a U n i v e r s i d a d h i j a de
l a I g l e s i a ) , l a q u e consiste e n d e p o n e r a los poderosos de su sede
y ensalzar a los h u m i l d e s .
8
9
Si b i e n necesaria, esta e x p l i c a c i ó n r e s u l t a i n s u f i c i e n t e . ¿ C o n v e n d r á a d e l a n t a r l a h i p ó t e s i s de que a G r a c i á n le p u d i e r a m o l e s t a r
el c a r á c t e r t r i v i a l de l a agudeza v e r b a l q u e v e d i a n a ? ¿ S e r á l e g í t i m o o p o n e r u n " b u e n g u s t o " de G r a c i á n a u n " m a l g u s t o " de
Q u e v e d o ? P r e g u n t a s d i f í c ü e s a las cuales c o n t e s t a r é e n u n p r i m e r
m o m e n t o — p e r d ó n e s e m e l a a m b i g ü e d a d p o r n o ser m í a — p o r
sí y p o r n o .
8
Agudeza, X X V I I I , I I , p p . 8-9.
Sueños, p p . 166-167. R e c u é r d e s e a d e m á s que entre los tratados políticos que menciona GRACIÁN en El Criticón ( I I , I V ) no figura la Política de Dios.
9
NRFH,
XXXVI
GRACIÁN FRENTE A QUEVEDO
1073
N o , p o r q u e G r a c i á n a d m i t e en l a p r o s a del Criticón extensa
serie de e q u í v o c o s " v u l g a r e s " , varios de los cuales salen y a —dejemos aparte a Q u e v e d o — bajo la p l u m a de Francisco L ó p e z de Ú b e d a , n o v e l i s t a q u e t a n r e l a t i v o apego m a n i f i e s t a al " b u e n g u s t o " :
Dio [la muía] un estirijón para desasirse de la carreta con tanta
fuerza, que por pocas hubiera de hacer empanada de nuestros sesos,
y aun fuera con toda propiedad empanada, porque siendo nuestro
seso tan poco o tan ninguno, siendo empanada de sesos, fuera en
pan nada (La Pícara Justina, pp. 279-280) .
10
C o n esto pudo proseguir, si no hallara falsificada la vianda, porque al descoronar la empanada, hallaba sólo el eco y del pemil el
nihil (Criticón, I , V I I , p. 585a).
Hubo un emperador que dijo que la mejor comida era la que
venía de m á s lejos, y yo sentía que la mejor romería y estación era
la de m á s lejos. D e c í a la otra: " E l sancto que yo m á s visito es San
Alejos" (La Pícara Justina, p. 245-246).
Vieron ya unas muy devotas, aunque no de San Lino ni de San
Hilario, que no gustan de devociones al uso, sí de San Alejos y de
toda R o m e r í a (Criticón, I I , V I I , p. 759b).
Como el otro, que dijo haber descendido su linaje de la casa
de los reyes de Aragón, y fue porque algunos de sus antepasados,
mozos de caballos de la C a s a Real, huyendo de miedo de sus amos,
se hicieron descolgar en unos cestos desde la muralla abajo, y esto
fue descender de la Casa Real (La Pícara Justina, p. 165).
Jactábanse algunos descender de las casas de los ricos hombres,
y era verdad, porque ascendieron primero por los balcones y ventanas (Criticón, I I I , V I I , p. 930b).
N o , o t r a vez, p o r q u e G r a c i á n a p r u e b a y d a p o r buenos en l a
Agudeza c a n t i d a d de e q u í v o c o s que h u b i e r a n h o r r o r i z a d o a B o i l e a u ,
y m á s g e n e r a l m e n t e a c u a l q u i e r p u r i s t a de fines del siglo x v n :
E n un medio está mi amor,
Y —sabe— él
1 0
Este juego verbal tuvo interesante posteridad: lo reproducen CALDERÓN
en el Entremés del dragoncillo (Entremeses, jácaras y mojigangas, eds. E . Rodríguez-Cua-
dros y A . Tordera, Castalia, Madrid, 1982, pp. 266 y 270-271), y A N A CARO
M A L L É N en El conde de Partinuples, I I , BAE, t. 49, p.
130c.
MAXIME CHEVALIER
1074
NRFH,
XXXVI
que si en medio está el sabor,
en los extremos la I - e l .
(Agudeza, I )
A s í c o n c l u y e G i r ó n , a g u d í s i m o poeta v a l e n c i a n o . . . c u a n d o
l l e g a a l a n e g a c i ó n de San P e d r o :
¿ N o h a b í a de cantar el gallo
viendo tan grande gallina?
(Agudeza, I I I )
11
S e r á n tus e n t r a ñ a s crudas
sepulcro de u n cuerpo asado.
(Agudeza, V )
Seréis sabroso bocado
para la mesa de Dios,
pues sois crudo para vos
y para todos asado.
(Agudeza, X X X I I I )
E n nombres iguales, él fue
Tostado, y A h u m a d a ella.
(Agudeza, X I V )
D i , A n a , ¿eres D i a n a ? . . .
(Agudeza, X V I y X X X I )
R í o de las l á g r i m a s que lloro.
(Agudeza, X V I I )
Ponderaba u n v a r ó n grave y severo el tiempo que roban en E s p a ñ a
las comedias, y las llamaba Come día y Come días. (Agudeza, X X X I I )
Paseando u n d í a los dos Católicos consortes por u n camino, que estaba lleno de malvas a u n lado y otro, iba c o m u n i c á n d o l e u n negocio m u y grave el rey D o n Fernando a su prudente Isabela, y
d e c l a r á n d o l e su intento, díjole la reina: " S e ñ o r , si el camino por
donde vamos os hubiera de responder, ¿ q u é dijera?". Diose por entendido el discreto monarca, y celebró la de su gran consorte. (Agudeza, X X X I I I )
1 1
E q u í v o c o conocido (por supuesto) de QUEVEDO: "pero que el gallo cante/ y por vos, cobarde Pedro, no os espante:/ que no es cosa m u y nueva o peregrina/ ver el gallo cantar por la g a l l i n a " (Poesía, n ú m . 187). T a m b i é n de
A L A R C Ó N : " I d , Pedro, para g a l l i n a , / que os hace l l o r a r u n g a l l o " (La industria y la suerte, I I I , BAE, t. 20, p . 40c).
NRFH,
XXXVI
GRACIÁN FRENTE A QUEVEDO
1075
Zaragoza, que pudiera así llamarse, pues goza hoy de tan augustos
hijos. (Agudeza, L I I )
S í , e n c a m b i o , p o r q u e m i e n t r a s Q u e v e d o n o rechaza n i n g u n a
figura de l a agudeza, e m i t e G r a c i á n significativos reparos frente
a v a r i a s de ellas. G r a c i á n se c u i d a de acotar el t e r r e n o del e q u í v o co: " S o n p o c o graves los conceptos p o r e q u í v o c o , y a s í m á s aptos
p a r a s á t i r a s y cosas burlescas q u e p a r a l o serio y p r u d e n t e ' ' (Agudeza, X X X I I I ) . G r a c i á n selecciona c o n e x q u i s i t o gusto los apodos q u e a d m i t e e n \a Agudeza, a c o g i e n d o los apodos refinados q u e
le ofrece J u a n R u f o y e x c l u y e n d o los apodos b r u t a l m e n t e jocosos
q u e t a n b i e n c o n o c e r í a (Agudeza, X L V I I I ) . G r a c i á n j e r a r q u i z a los
p r o c e d i m i e n t o s agudos, c a l i f i c a n d o d e s p e c t i v a m e n t e l a p a r o n o m a s i a de " l a p o p u l a r de las a g u d e z a s " (Agudeza, X X X I I ) . C o m p a r t e las opciones de C a l d e r ó n , q u i e n d e p u r a el h a b l a r del p r o p i o
gracioso, l i m p i á n d o l o de las escorias del j u e g o v e r b a l . L a facilid a d de Q u e v e d o e n a d m i t i r c u a l q u i e r j u e g o de palabras le d e b i ó
parecer u n abuso a G r a c i á n , q u i e n d e s c o n f í a de l a agudeza v e r b a l .
¿ P o r q u é ? P o r ser, dice é l , " p o p u l a r " . C o n v e n g a m o s q u e el
a d j e t i v o falta de c l a r i d a d . ¿ P o r q u é se c o n s i d e r a r á c o m o p l e b e y a
l a a g u d e z a v e r b a l ? T a n e v i d e n t e se nos a n t o j a l a a f i r m a c i ó n q u e
n o l a p o n e m o s en tela de j u i c i o . C o n t o d o n o parece ocioso form u l a r l a p r e g u n t a , puesto q u e los j u e g o s de palabras " v u l g a r e s "
se p r a c t i c a r o n constantemente en las cortes europeas del siglo x v i
y p r i m e r o s decenios d e l x v n , puesto q u e l a c o n d e n a que pesa sob r e ellos t i e n e , c o m o c u a l q u i e r proceso c u l t u r a l , su p r i n c i p i o y
su h i s t o r i a . ¿ Q u é m o t i v o s a n i m a r o n a los q u e f u l m i n a r o n anatem a s c o n t r a l a agudeza verbal? B o i l e a u , corifeo de l a c o f r a d í a , n o
es m á s e x p l í c i t o q u e G r a c i á n : en el canto I I de su Arte poética c o n d e n a las " p o i n t e s " e n n o m b r e de " l a r a z ó n " , c a l i f i c á n d o l a s de
" t r i v i a l e s " y " g r o s e r a s " . N a d a m á s . ¿ Q u é p e n s a r á n exactam e n t e los q u e c o n t a n t a aspereza c e n s u r a n l a agudeza verbal? A l
calificar los j u e g o s de palabras de t r i v i a l e s , ¿ q u e r r á n significar que
1 2
1 3
1 2
Paralelismo éste que no parece haber advertido GRACIÁN (Agudeza,
X L V ) . E n cambio sí elogia a M o r e t o , quien extrema la m i s m a tendencia, calificándolo de " T e r e n c i o de E s p a ñ a " (Criticón, I I I , V I I I , p. 949b).
C o n una e x c e p c i ó n : la del e q u í v o c o , que los ingenios franceses califican a p o r f í a de " s u c i o " a p a r t i r de M a l h e r b e . Se entiende el calificativo dado
que el e q u í v o c o se apoya casi constantemente en alusiones e s c a t o l ó g i c a s o
sexuales. Pero no se puede decir lo m i s m o de la d i s o c i a c i ó n , de la paronomasia y del calembur que caen bajo la m i s m a censura a pesar de su c a r á c t e r frecuentemente inocente.
1 3
MAXIME CHEVALIER
1076
NRFH,
XXXVI
a n d a n é s t o s extensamente d i f u n d i d o s e n el h a b l a c o l o q u i a l ? N o ,
puesto q u e t a l o p c i ó n les l l e v a r í a forzosamente a c o n d e n a r c u a l q u i e r figura r e t ó r i c a , e m p e z a n d o p o r l a m e t á f o r a , d a d o q u e todas
ellas pertenecen a l h a b l a r c o t i d i a n o , s e g ú n sabemos.
H a y q u e esperar el a ñ o 1692 p a r a q u e surja u n a e x p l i c a c i ó n
c l a r a . L a p r o p o r c i o n a F r a n ç o i s de C a l l i è r e s , d i p l o m á t i c o , a c a d é m i c o y á r b i t r o del b u e n gusto en l a F r a n c i a de fines del siglo x v n .
" L e s j e u x de m o t s " , d i c t a m i n a é l , " c o n s i s t e n t e n des ressemblances de sons q u i , é t a n t t r a d u i t s , ne se r e c o n t r e n t plus dans les autres
l a n g u e s , et c o m m e l ' o r e i l l e a p l u s de p a r t que l ' e s p r i t à l e u r d é c o u v e r t e , u n h o m m e de b o n g o û t ne d o i t pas les c o n f o n d r e avec
les bons m o t s " . Es d e c i r q u e el j u e g o de i n g e n i o n o h a de apel a r a los sentidos, sino al i n t e l e c t o . C o n esta frase q u e d a f u n d a d o
l'esprit del siglo x v m , t a l c o m o l o h a de c o d i f i c a r V o l t a i r e y t a l
c o m o l o e n t i e n d e F e i j o o : l a b r e v e a n t o l o g í a t i t u l a d a Chistes de N.
ú n i c a m e n t e a d m i t e u n chiste a base de j u e g o de palabras.
1 4
1 5
L a p r i m e r a p a r t e de l a frase de C a l l i è r e s t a m b i é n l a escribe
G r a c i á n — " T i e n e n esta i n f e l i c i d a d los conceptos p o r e q u í v o c o ,
q u e n o se p u e d e n pasar a o t r a lengua; p o r q u e c o m o t o d o el artificio
consiste en l a p a l a b r a de dos significaciones, e n l a o t r a l e n g u a y a
es diferente, y a s í n o tiene aquella v e n t a j a " {Agudeza, X X X I I I ) — ,
y l a segunda n o . G r a c i á n se q u e d a a m e d i o c a m i n o . P o s i b l e m e n t e
le d e t i e n e l a c o n c i e n c i a de q u e los j u e g o s de p a l a b r a s n o escasean
e n los textos sagrados — r e c u e r d a e n el D i s c u r s o X X X I de la Agudeza l a conocida frase de San M a t e o : Tu es Petrus, et super hancpetram
aedificabo Ecclesiam meam— n i bajo l a p l u m a de los doctores de l a
Iglesia — c i t a varias veces al " c o n c e p t u o s o " San A g u s t í n , t a n apeg a d o a l a p a r o n o m a s i a . P o s i b l e m e n t e n o consiga i r m á s adelante
p o r quedarse p r i s i o n e r o de su t i e m p o : los grandes i n g e n i o s , c o m o
h o m b r e s q u e son, t a m p o c o escapan de esta l i m i t a c i ó n .
Acaso parezcan inadecuadas o superfluas estas consideraciones,
a p l i c á n d o s e a u n escritor c u y a o b r a r e z u m a l a agudeza. P e r o esta
o b r a es a m b i g u a . D o s caras m u e s t r a : l a u n a , c u m b r e de l a a g u deza, es c o r o n a t r i u n f a l d e l pasado; e n l a o t r a , p o r l a i n q u i e t u d
q u e m a n i f i e s t a frente a u n a s formas de l a m i s m a agudeza, se trasl u c e n atisbos d e l p o r v e n i r . E n este sentido es u n e s l a b ó n e n t r e el
c o n c e p t i s m o d e l siglo x v i , q u e v i v e e n estado de i n o c e n c i a , y l a
1 4
1 5
Des bons mots et des bons contes, Claude Barbin, Paris, 1962,
p. 8.
"L'envie de briller. . . a produit les jeux de mots dans toutes les langues; ce qui est la pire espèce du faux bel-esprit" (Encyclopédie, article Esprit, sel.
"J'ai lu l'essentiel", Paris, 1963, p. 278).
NRFH,
XXXVI
GRACIÁN FRENTE A QUEVEDO
1077
d e s p i a d a d a c e n s u r a de las " p o i n t e s " y " r i d i c u l e c e s " que h a n de
e l a b o r a r c l á s i c o s y n e o c l á s i c o s . N o es caso aislado el de G r a c i á n :
o t r o s grandes i n g e n i o s del siglo XVII — C e r v a n t e s , C a l d e r ó n ,
M o r e t o — sienten malestar frente al j u e g o de palabras. E m p r e n d e n
u n a r e v i s i ó n de l a a g u d e z a v e r b a l , u n a r e v i s i ó n e n f o r m a de sel e c c i ó n p r i m e r o , de e x c l u s i ó n d e s p u é s . Esta a g u d e z a se consider a b a y a c o m o i m p e r t i n e n t e en las obras serias, ellos l a c o n s i d e r a n
c o m o i n d i g n a de e n t r a r e n c u a l q u i e r t e x t o escrito. O p i n a n q u e
c o n v e n d r í a c o n f i n a r l a e n l a o r a l i d a d , d o n d e e s t á e n su s i t i o . Y
e n l a m i s m a o r a l i d a d a t e m p e r a r su uso, e x c l u y é n d o l a de las p l á t i cas de los discretos. Proceso i m p o r t a n t e en l a h i s t o r i a de nuestras
civilizaciones y proceso m a l aclarado hasta l a fecha, v e r o s í m i l m e n t e
d e b i d o a l i n f l u j o s i e m p r e creciente de l o escrito y de l o i m p r e s o .
P e r o é s t e es o t r o asunto.
MAXIME CHEVALIER
Universidad de Burdeos
Descargar