B E R N A L D I A Z A N T E EL I N D I G E N A Héctor ORTIZ D . M U C H O S H A N SIDO los aspectos bajo los cuales se h a e s t u d i a d o al indígena m e x i c a n o , p e r o sólo e n f o r m a s u p e r f i c i a l se h a i n t e n t a d o d e t e r m i n a r cuál era el concepto el q u e de él tenía c o n q u i s t a d o r español; esto nos h a m o v i d o a e m p r e n d e r e l presente ensayo.* Después de u n a selección previa, hemos p e n s a d o que B e r n a l D í a z d e l C a s t i l l o es el cronista q u e más fielmente q u e de nuestros indígenas tenía el español c o m ú n y c o r r i e n t e , el soldado de representa el concepto extracción n e t a m e n t e p o p u l a r q u e c o m b a t i ó e n las huestes de Cortés. I n d u d a b l e m e n t e las C a r t a s de Cortés y l a Crónica ra son también Cortés obras i m p o r t a n t e s , p e r o n o t a n relata hechos cuya i m p o r t a n c i a exagera p a r a i m p r e - sionar favorablemente tiempo de G o m a fidedignas. a su m o n a r c a , desvaneciendo a l m i s m o los cargos q u e e n su c o n t r a se h a b í a n formulado; G o m a r a , p o r su parte, es u n é m u l o de H o m e r o , que en l u g a r d e e x p o n e r los hechos t a l c o m o o c u r r i e r o n , pretende hacer de don H e r n a n d o e l A q u i l e s de l a epopeya de l a C o n q u i s t a . se puede negar que B e r n a l escribió su H i s t o r i a No verdadera p o r motivos de interés p e r s o n a l ; así, p o r ejemplo, de s i m p l e s o l d a d o que fue, se ascendió generosamente cito conquistador. afán de restablecer a o f i c i a l d e l ejér- P e r o a l m i s m o t i e m p o l o g u i a b a el sincero la verdad sobre los sucesos o c u r r i d o s y * L a presente investigación se llevó a cabo parcialmente en u n curso de seminario (1946), en E l Colegio de México, bajo l a dirección del D r . Silvio Zavala. Nuestras citas de la H i s t o r i a v e r d a d e r a de B e r n a l Díaz se refieren a la ed. de J . Ramírez Cabanas, México, 1939. Otras obras consultadas: L u i s G O N Z Á L E Z O B R E G Ó N , C r o n i s t a s e h i s t o r i a d o r e s (1936); R a m ó n IGLESIA, C r o n i s t a s e h i s t o r i a d o r e s d e l a c o n q u i s t a d e México (México, 1942); Ramón IGLESIA, E l h o m b r e Colón y o t r o s e n s a y o s (México, 1945); A n t o n i o de SOLÍS, H i s t o r i a d e l a c o n q u i s t a d e México (México, 1858); H o r a cio Ü R T E G A , L o s c r o n i s t a s d e la c o n q u i s t a (México, 1938); Agustín Y Á Ñ E Z (ed.), Crónicas d e la c o n q u i s t a d e México (Biblioteca del Estudiante U n i versitario, México, 1939). 234 HÉCTOR 0RT1Z D . sobre l a p a r t i c i p a c i ó n y méritos de cada u n o de los c o n q u i s tadores. V e a m o s a h o r a q u é c o n c e p t o se f o r m ó B e r n a l D í a z d e l indígena m e x i c a n o . CONCEPTO DEL PUEBLO INDÍGENA C u a n d o h a b l a de los tiempos de paz, B e r n a l relata, a d m i rado, l a m a g n i f i c e n c i a de las ciudades indígenas. N o s dice cuántos habitantes tenía cada p o b l a c i ó n ; h a b l a de l a a y u d a q u e los peones p r e s t a b a n a los castellanos, despejando los caminos y acarreando l a m a d e r a necesaria p a r a l a construcción de bergantines, y l l a m a a esos peones h o m b r e s fuertes, trabajadores y serviciales. C o n s i d e r a a los mexicas perspicaces y poseedores de g r a n i n t e l i g e n c i a . " T e n d i l e " y " P i t a l p i t o q u e " , c o m o l l a m a a los emisarios enviados p o r M o c t e z u m a X o c o y o t z i n p a r a a v e r i g u a r quiénes y c ó m o e r a n los extranjeros recién llegados a V e r a c r u z , observan las ceremonias religiosas católicas c o n u n a c u r i o s i d a d q u e revela su i n t e l i g e n c i a : Y dejemos por ahora las vistas, y digamos que en aquella sazón era hora del Ave María, y en real tañíamos u n a campana, y todos nos arrodillamos delante de u n a cruz que teníamos puesta en u n médano de arena, y delante de aquella cruz decíamos l a oración del Ave María. Y como T e n d i l e y P i t a l p i t o q u e nos vieron así arrodillados, como eran m u y entendidos, preguntaron que a qué fin (I. nos humillábamos delante de aquel palo de aquella manera 157)- B e r n a l n o d e s p e r d i c i a ocasión p a r a agradecer l a a y u d a q u e prestaron a l ejército c o n q u i s t a d o r los indígenas aliados. R e l a t a v e h e m e n t e m e n t e l a m a n e r a de c o m b a t i r de las t r i b u s amigas y ensalza sus actos de heroísmo. L ó g i c a m e n t e , los tlaxcaltecas le i n s p i r a n predilección; dice q u e c o m b a t í a n c o m o fieras, c o n u n a b r a v u r a s i n límites, s i n q u e les i m p o r t a r a p e r d e r l a v i d a , c o n t a l de o b t e n e r l a v i c t o r i a : " P u e s nuestros amigos los de T l a x c a l a estaban hechos u n o s leones, y c o n sus espadas y m o n t a n t e s y otras armas q u e allí a p a ñ a r o n h a c í a n l o m u y b i e n y esforzadamente" (II, 9 2 ) . R e c u e r d a agradecido l a l e a l t a d de sus aliados e n l a h o r a d e l i n f o r t u n i o (II, 9 9 ) . BERNAL ANTE E L INDÌGENA 235 L o s mexicas, a pesar de h a b e r sido sus enemigos, r e c i b e n t a m b i é n grandes elogios. B e r n a l los c o n s i d e r a guerreros excel e n t e s , m u y valerosos y tenaces; dice q u e e r a n astutos y feroces, q u e p e l e a b a n d a n d o gritos y s i l b i d o s , acompañados c o n e l t a ñ i d o de t r o m p e t i l l a s y atabales y q u e p r o d u c í a n t a n g r a n e s t r u e n d o , q u e e n l a i m a g i n a c i ó n de sus adversarios crecían e n n ú m e r o (II, 167-168). N o cesa de e l o g i a r su h e r o i c a actit u d d u r a n t e e l sitio de T e n o c h t i t l á n ; c u e n t a i m p r e s i o n a d o e l h a m b r e y los s u f r i m i e n t o s q u e estoicamente soportaba e l pueb l o , y piensa q u e sólo p u d o c o m b a t i r p o r las fuerzas q u e le d a b a l a desesperación. B E R N A L A N T E LOS JEFES INDÍGENAS L o s caciques indígenas, aliados o enemigos, i n s p i r a n resp e t o y e n algunos casos g r a t i t u d a l c r o n i s t a español. A l h a b l a r d e los caciques de las t r i b u s amigas, l o hace respetuosamente, r e c o r d a n d o en f o r m a d e t a l l a d a los favores y a u x i l i o s q u e prest a r o n a los conquistadores. D i c e de d o n C a r l o s I x t l i l x ó c h i t l q u e fue " m u y v a l i e n t e y esforzado v a r ó n " , y q u e a pesar de s u j u v e n t u d poseía u n a c l a r a i n t e l i g e n c i a , l a c u a l puso a l serv i c i o de l a causa h i s p a n a (II, 282). R e c u e r d a a N e t z a h u a l p i l l i , agradeciéndole l a v a l i o s a a y u d a q u e prestó a Cortés a l p o n e r a su disposición g r a n c a n t i d a d de indígenas, trabajadores y guerreros, c o n l a a y u d a de los cuales se o b t u v o e l t r i u n f o (II, 140). E x p r e s a g r a n pesar p o r l a m u e r t e de "nuest r o g r a n a m i g o y m u y l e a l v a s a l l o " Maseescaci: Cortés "se p u s o l u t o de mantas negras, y a s i m i s m o m u c h o s de nuestros capitanes y soldados" (II, 130). A l m e n c i o n a r a X i c o t é n c a t l e l V i e j o , demuestra cariño, respeto y a g r a d e c i m i e n t o p o r l a a y u d a q u e aportó (II, 2 8 1 ) ; r e l a t a c o n admiración q u e " a su h i j o d i z q u e l o h a b í a m a n d a d o m a t a r , desde q u e s u p o sus tramas y t r a i c i o n e s " (II, 9 9 ) . E l caso de X i c o t é n c a t l e l M o z o es c o n t r a d i c t o r i o ; hay m o m e n t o s e n q u e B e r n a l se expresa de él f a v o r a b l e m e n t e , en q u e l o c o n s i d e r a audaz y v a l i e n t e g u e r r e r o ; e n c a m b i o , a l r e f e r i r c ó m o c o m b a t i ó a los castellanos antes de l a a l i a n z a h i s p a n o t l a x c a l t e c a , o a l r e l a t a r sus i n t e n t o s de f o r m a r u n a coalición 2 6 3 HÉCTOR ORTIZ D . indígena e n c o n t r a de los invasores, c a l i f i c a sus actos de tramas y traiciones. E l j u i c i o de B e r n a l sobre M o c t e z u m a I I es interesante, pues siempre h a b l a d e l m o n a r c a m e x i c a en tono reverente. N o l o m e n c i o n a sin a d j u d i c a r l e e l c a l i f i c a t i v o de " g r a n d e " ; c u a n d o recuerda los m ú l t i p l e s obsequios q u e h i z o a los españoles, dice q u e parecía u n g r a n señor: Y acabado este parlamento, tenía apercibido el gran Moctezuma m u y ricas joyas de oro y de muchas hechuras, que dio a nuestro capitán, y asimismo a cada uno de nuestros capitanes d i o cositas de oro y tres cargas de mantas de labores ricas de plumas, y entre todos los soldados también nos dio a cada uno dos cargas de mantas, con una alegría, y en todo bien parecía gran señor ( I , 315). H a b l a d e l g r a n respeto q u e i n s p i r a b a a todos los españoles y de l a " b u e n a m a n e r a y c r i a n z a q u e en todo t e n í a " (I, 319). Deja entrever su a s o m b r o p o r l a sumisión y reverencia c o n que se le servía y se le c u m p l í a n sus más absurdos deseos: Y helo dicho porque era tan gran príncipe, que no solamente le traían tributos de todas las más partes de la Nueva España, y señoreaba tantas tierras y en todas tan bien obedecido, que a u n estando preso sus vasallos temblaban de él, que hasta las aves que vuelan por el aire hacía tomar ( I , 364). N o s l o p i n t a c o m o u n h o m b r e simpático y alegre, q u e tenía g r a n d o m i n i o sobre sus súbditos, unas veces afable y c o m p l a ciente c o n ellos, otras s u m a m e n t e severo. E x p r e s a u n g r a n d o l o r p o r l a m u e r t e de M o c t e z u m a : " Y Cortés lloró p o r él, y todos nuestros capitanes y soldados, y hombres h u b o entre nosotros, de los q u e le conocíamos y tratábamos, de q u e fue t a n l l o r a d o c o m o si f u e r a n u e s t r o p a d r e , y n o nos hemos de m a r a v i l l a r de e l l o v i e n d o q u e t a n b u e n o e r a " (II, 7 9 ) . E n c u a n t o a C u a u h t é m o c , le parece u n personaje legendar i o , colocado e n u n n i v e l más a l t o que los demás indígenas, " b i e n g e n t i l h o m b r e p a r a ser i n d i o " (II, 108). L o r e c u e r d a como l a personificación d e l heroísmo, c o m o h o m b r e i n d o m a ble, esforzado, i n t e l i g e n t e , cuerdo, y m u y t e m i d o de sus vasallos. C u e n t a , a d m i r a d o , c ó m o influyó sobre los mexicas BERNAL ANTE E L INDIGENA 237 p a r a d e c i d i r l o s a c o m b a t i r hasta e l f i n (II, 155-156), cómo a l ser hecho p r i s i o n e r o p i d i ó a Cortés q u e le m a t a r a con su daga y c ó m o resistió el t o r m e n t o s i n quejarse. C r i t i c a d u r a m e n t e a C o r t é s p o r h a b e r l o m a n d a d o m a t a r , y r e c u e r d a los favores y mercedes q u e C u a u h t é m o c le h i z o a él y a otros muchos: Y verdaderamente yo tuve g i a n lástima de Guatemuz y de su p r i m o , por haberles conocido tan grandes señores, y aun ellos me hacían honra en el camino en cosas que se me ofrecían, especial en darme algunos indios para traer yerba para m i caballo. Y fue esta muerte que le dieron muy injustamente, y pareció m a l a todos los que íbamos (III, 44). E L ESPAÑOL ANTE LA CULTURA INDÍGENA — B e r n a l se m u e s t r a a d m i r a d o de las grandes riquezas de los m e x i c a s ; e l o g i a l a c a l i d a d d e l tesoro q u e descubrieron sus c o m p a t r i o t a s e n u n c u a r t o t a p i a d o d e l p a l a c i o en que h a b í a n s i d o alojados, p o n d e r a n d o e l p r i m o r c o n q u e los artífices trab a j a b a n las joyas. Describe el c e r e m o n i a l y usos de l a corte, e n c o m i a n d o y r e l a t a n d o m i n u c i o s a m e n t e l a v a r i e d a d y calid a d de los manjares preparados, y l a r i q u e z a de l a v a j i l l a en q u e servían a l m o n a r c a . E l o g i a el trazo de T e n o c h t i t l á n y l a situación estratégica de esta c i u d a d , cuyos canales y puentes levadizos estaban tan i n t e l i g e n t e m e n t e d i s t r i b u i d o s , q u e q u i t á n d o l o s se podía aislar a l e n e m i g o y d e s t r u i r l o . L e parece magnífica l a idea de fort i f i c a r las azoteas de las casas, p a r a atacar a l enemigo c o n p o c o riesgo. C o n estos elogios a las diversas manifestaciones culturales indígenas contrastan las críticas a l a religión indígena y a r i tos c o m o los sacrificios h u m a n o s y l a a n t r o p o f a g i a . B e r n a l h a b l a c o n h o r r o r de tales costumbres: " D i j o P e d r o de A l v a r a d o q u e h a b í a n h a l l a d o , en todos los más de aquellos [cúes], cuerpos muertos, s i n brazos y piernas, y q u e d i j e r o n otros i n d i o s q u e los h a b í a n l l e v a d o p a r a comer, de lo c u a l nuestros soldados se a d m i r a r o n m u c h o de t a n grandes crueldades. Y dejemos de h a b l a r de tanto s a c r i f i c i o , pues desde allí adelante e n cada p u e b l o n o h a l l á b a m o s o t r a cosa.. ." (I, 167-168). 238 HÉCTOR ORTIZ D , C o n i n d i g n a c i ó n relata las " m a l d a d e s de sacrificios" ( I I I , 229) : Pues comer carne h u m a n a , así como nosotros traemos vaca de las carnicerías, y tenían en todos los pueblos cárceles de madera gruesa hechas a manera de casas, como jaulas, y en ellas metían a engordar muchas indias e indios y muchachos, y estando gordos los sacrificaban y comían; y además de esto las guerras que se daban unas provincias y pueblos a otros, y los que cautivaban y prendían los sacrificaban y comían (III, 230). C u e r v o s , m i l a n o s y otras aves de r a p i ñ a le parecen los indígenas q u e concurrían a los lugares d o n d e se h a b í a n t r a b a d o combates c o n e l objeto de proveerse de carne h u m a n a p a r a " h a r t a r s e " (II, 178). A l r e f e r i r las costumbres de los indígenas de l a región d e l P á n u c o , se muestra escandalizado ante su p o l i g a m i a : "Pues tener m u j e r , cuantas q u e r í a n ; y tenían otros m u c h o s vicios y m a l d a d e s ; y todas estas cosas p o r m í recontadas q u i s o Nuestro Señor Jesucristo q u e c o n su santa a y u d a q u e nosotros los verdaderos conquistadores q u e escapamos de las guerras y batallas y peligros de m u e r t e , ya otras veces p o r mí dichos, se lo q u i t a m o s y los p u s i m o s e n b u e n a policía de v i v i r , y les enseñamos l a santa d o c t r i n a " ( I I I , 2 3 0 ) . D a gracias a D i o s p o r h a b e r p e r m i t i d o q u e todos los indígenas se c o n v i r t i e r a n a l a v e r d a d e r a religión, y p o r q u e c o n e l d i v i n o a u x i l i o fue p o s i b l e c o n q u i s t a r a los indígenas p a r a evitar q u e sus almas s i g u i e r a n y e n d o a los i n f i e r n o s eternamente ( I I I , 231-232). CONCLUSIÓN C o m o hemos visto, e l concepto de B e r n a l sobre e l indígen a m e x i c a n o es m u y f a v o r a b l e . E l o g i a las obras de los artífices, e l v a l o r de los guerreros, su t e n a c i d a d y heroísmo; p o n d e r a sus ciudades p o r las ventajas q u e ofrecen e n tiempos de paz y de g u e r r a ; se a d m i r a ante e l c e r e m o n i a l y l a r i q u e z a de l a corte m e x i c a y ante l a i n t e l i g e n c i a , v a l o r y generosid a d de los caciques. BERNAL ANTE E L INDÍGENA 239 E n c u a n t o a l a religión, a las ceremonias y a l a antropofag i a , es m u y n a t u r a l q u e a l h o m b r e p r o v e n i e n t e de u n m u n d o m á s c i v i l i z a d o y de p r o f u n d o s y arraigados sentimientos catól i c o s , le r e p u g n e n y escandalicen esas costumbres; h a b r í a dem o s t r a d o p o c a s i n c e r i d a d si hubiese h a b l a d o e n tono diferente d e t a l tema. P o r o t r a parte, su p r e o c u p a c i ó n p o r l a salvac i ó n de las almas i n d i a s r e v e l a l a estimación q u e p o r e l indíg e n a t u v o nuestro autor. B e r n a l se supo a d a p t a r a l n u e v o m e d i o y a los nuevos usos, y gracias a e l l o y a su v i g o r o s a s u b j e t i v i d a d , se llegó a f o r m a r u n concepto claro y definido d e l indígena.