Brinquedos Indígenas na Amazônia.qxd

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BRINQUEDOS INDÍGENAS
NA AMAZÔNIA
Texto
Maria das Graças Santana da Silva
Ilustrações
Rosilda F. Vasco
Guilherme Henriques de A. Nogueira
FICHA TÉCNICA
Governo do Brasil
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Ciência e Tecnologia
Eduardo Campos
Museu Paraense Emílio Goeldi
Diretor Peter Mann de Toledo
Coordenadora de Pesquisa e Pós-Graduação Ima Célia Guimarães Vieira
Coordenador de Comunicação e Extensão Lúcia Hussak Van Velthem
Comissão de Editoração Científica
Presidente Lourdes Gonçalves Furtado
Editora Chefe Angela Pizzani
Editor Assistente Socorro Jorge e Angela Botelho
Designer Gráfico Andréa Pinheiro
Estagiário Claudionor Vieira Junior
Texto
Maria das Graças Santana da Silva
Ilustrações
Rosilda F. Vasco
Guilherme Henriques de A. Nogueira
INTRODUÇÃO
Este é o quarto álbum para colorir da Série Infantil do Museu Goeldi e é dedicado a todas as crianças do 1º grau, para que tenham a oportunidade de conhecer, através
das ilustrações, alguns tipos de brinquedos feitos e usados pelas crianças indígenas na
Amazônia. Esses brinquedos foram coletados, desde o final do século XIX até os dias atuais, por pesquisadores e técnicos interessados nas culturas indígenas.
Os brinquedos fazem parte de coleções mais amplas do Acervo Científico da
Reserva Técnica “Curt Nimuendajú”, da Coordenação de Ciências Humanas do Museu
Paraense Emílio Goeldi.
Chamamos a atenção dos leitores para alguns aspectos relacionados com os materiais, as técnicas e as formas usadas na elaboração dos brinquedos, provenientes dos
índios Wayana-Apalaí, Tiriyó, Wai-Wai, Xerente, Apinayé, Juruna e Canela.
A presença dos brinquedos não-indígenas ilustra o processo de “aculturação” por
que vem passando a maioria dos povos indígenas, que tanto tem influenciado no seu
modo de vida e modificado os elementos de sua cultura.
OS BRINQUEDOS INDÍGENAS
Desde muito cedo a criança indígena aprende brincando a fazer suas tarefas. Por
isso, os brinquedos e as brincadeiras assumem grande importância na educação dos
jovens, pois estão estreitamente ligados às atividades que exercerão quando adultos. É
através da experiência e da observação que a criança inicia seu aprendizado, conhecendo
desde cedo os diferentes materiais e técnicas usados na parte material de sua cultura.
A criança indígena brinca em diferentes locais: nos terreiros, onde o arco e a flecha
são seus companheiros, exercitando, assim, a sua pontaria, o que lhe dará, mais tarde,
grande habilidade nas atividades de caça e pesca; nos rios, as crianças passam horas
prazerosas brincando na água, flechando e navegando de um lado para outro, em pequenas canoas; nas roças, meninos e meninas acompanham os pais em todas as atividades,
transformando as frutas em “filhos” que embalam no colo ou na rede. As crianças gostam
de imitar o trabalho dos adultos na hora de fazer farinha, ralar mandioca e plantar. As
incursões na mata fazem parte da diversão da criança indígena, que, na companhia dos
adultos, sai atrás de frutas e passarinhos, assim como aprende a imitar os sons produzidos pelos animais.
Dobrando e traçando a palha, grupos de crianças elaboram diferentes formas e
assimilam conhecimentos dessa arte milenar.
O barro e a cera são materiais indispensáveis na modelagem de miniaturas, representando objetos domésticos, animais e figuras humanas.
Algumas brincadeiras coletivas são realizadas quando são servidos alimentos, principalmente frutas, de diversos tipos: bananas, canas, laranjas etc.
Ossos de cabeça de animais são aproveitados nas brincadeiras, com os quais fazem
uma espécie de “carrinho”.
Os brinquedos indígenas, de modo geral, são miniaturas dos objetos usados pelos
adultos; alguns são simplesmente usados na forma natural e outros são feitos transformando os materiais disponíveis.
A
BANO
A
s palmeiras como o babaçu, buriti, tucum, bacaba são utilizadas na confecção dos
trançados indígenas. No desenho, brinquedo imitando objeto doméstico de cor
amarelo-clara.
Índios Canela. Rio da Corda (MA)
5
A
NTA
A
rte de entalhe é bastante desenvolvida entre os povos Mundurucu, onde se destacam figuras talhadas em coco de tucum representando aves, jacarés tartarugas,
peixes, que servem para ornar os colares. Além do coco de tucum, a madeira também é usada para confecção de figuras de animais.
Em contato com os “brancos”, os Mundurucu passaram a fazer miniaturas de embarcações e aviões talhados na madeira. Na figura, brinquedo em madeira amarelo-clara,
representando a figura de uma anta.
Índios Mundurucu. Missão Velha - rio Cururu - Tapajós.
6
A
RCO E FLECHA
O
s arcos e as flechas são os companheiros dos meninos que, desde cedo, exercitam
sua pontaria e adquirem, mais tarde, grande habilidade nas atividades de caça e
pesca. Flecha com penas e varetas amarelo-claras.
Índios Wai-Wai. Aldeia Kaxmi (RR).
7
A
VE
D
obrando a palha de babaçu, buriti, tucum, bacaba e curuá, os meninos dos grupos
indígenas Apinayé, Tiriyó, Ramkokamekra-Canela e Wayana-Apalai fazem diferentes formas, interpretadas como pássaros, peixes, partes de animais, figuras
geométricas, utensílios etc. No desenho, brinquedo de palha amarelo-clara, representando
uma ave.
Índios Canela Oriental. Rio da Corda (MA).
8
A
VE
B
rinquedo talhado em madeira preta, representando uma ave.
Índios Juruna. Rio Xingu (PA).
9
B
ANCO
B
rinquedo talhado em madeira, representando um banco pintado de preto.
Índios Nachuyana. Rio Paru de Oeste (PA).
10
B
ONECA
N
a sociedade Karajá, são as mulheres as responsáveis pela confecção e transmissão
das técnicas tradicionais empregadas na Cerâmica.
A cerâmica Karajá se destaca pela confecção de figuras humanas, animais e outras formas que estão sendo introduzidas como parte do processo de mudança que tem
sofrido a sociedade Karajá, em contato com a sociedade nacional. No desenho, boneca
de barro, na cor cinza, com desenhos, cabelos de cera preta.
Índios Karajá Furo de Pedra. Rio Araguaia (GO).
11
B
ONECA
B
oneca de barro, na cor cinza, com desenhos, cabelos de cera preta, com tanga de
entrecasca de árvore. Envolvendo o pescoço, enrolamento de fios de algodão, formando um colar.
Índios Karajá Furo de Pedra. Rio Araguaia (GO).
12
B
ONECA DE PANO
A
s bonecas, que antigamente eram feitas de barro, madeira, sabugo de milho etc.,
estão sendo substituídas por outros materiais. No desenho, boneca de pano ou
“bruxa”, feita com retalhos de tecido industrializado, de cores vivas.
Índios Macuxi. Aldeia Vista Alegre (RR)
13
B
RINQUEDO DE PALHA
O
s objetos de lazer dos índios Canela compreendem uma variedade de brinquedos
(piões, cestos, bolsas, cabaças etc.) que são ensinados às crianças de cada sexo,
para que se familiarizem com a parte material de sua cultura. No desenho, brinquedo em dobradura de palha amarela.
Índios Canela. Rio da Corda (MA).
14
C
ACHORRO
B
rinquedo talhado em madeira amarelo-clara, representando a figura de um cachorro.
Índios Mundurucu. Missão Velha. Rio Cururu. Alto Tapajós.
15
C
ANOINHA
anoinha talhada em madeira clara.
Índios Juruna. Alto Xingu (PA).
C
16
C
ESTINHO
I
mitando os utensílios domésticos, as crianças Canela confeccionam, com a ajuda dos
mais velhos, miniaturas de cestos, tipitis, bonecos e abanos que são utilizados em
suas brincadeiras. No desenho, cestinho trançado feito de folha de buriti na tonalidade marrom-clara.
Índios Canela. Rio da Corda (MA).
17
C
B
ESTO
rinquedo trançado em tala de arumã na cor natural (marrom), formando um tubo
espiralado.
Índios Ipurinã. Rio Iaco (AC).
18
C
HOCALHO
C
hocalho de unha de veado em tons de marrom e sementes pretas amarradas em um
cabo de madeira de cor marrom em forma de cacho. Esse chocalho serve para
entreter criancinhas.
Índios Xerente. Rio Tocantins (GO).
19
C
HOCALHO
O
s índios possuem vários tipos de intrumentos que produzem sons, entre eles os
chocalhos que são feitos de diferentes materiais: caracóis, casco de unhas de animais, dentes, sementes, cabaça, cerâmica, cestaria, carapaça de tartaruga. No
desenho, chocalho de caracóis em vários tons de amarelo.
Índios Wayana. Rio Paru de Leste (PA).
20
C
HOCALHO
C
hocalho em forma de colar, feitos pelos pais para agradar às crianças pequenas. No
interior de cada elemento há sementes ou pedrinhas que, quando sacudidas, produzem som. As talas utilizadas na confecção do brinquedo são de tonalidade mar-
rom.
Índios Wai-Wai. Aldeia Kaxmi (RR).
21
C
ORRUPIO
B
rinquedo de cabaça, pintado de preto, em forma de disco dentado, perfurado no
meio por dois buracos pelos quais passa um fio longo, cujas pontas são ligadas em
um nó. O movimento de enrolação e distenção do fio faz girar o corrupio.
Índios Xerente. Tocantins (GO).
22
C
RUZ DE FIOS
A
cruz de fios é encontrada entre vários povos indígenas com diferentes significados.
Entre os Tapirapé, é usada como ornamento de casca para afastar doenças e maus
espíritos. Os Karajá, Kayapó e os Borôro usam como enfeite de cabeça. Entre os
índios Wai-Wai e Ramkokamenkra-Canela, a “cruz de fios” representa a “asa de morcego”
e é qualificada como um brinquedo feito de madeira cujas varetas são unidas pela
sucessão de fios ou fibras, formando um quadrado ou losango.
Índios Wai-Wai. Aldeia Kaxmi. Rio Novo (RR).
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D
EPÓSITO DE ÁGUA
O
fruto do cabaceiro é empregado pela população indígena na confecção de vários
objetos: maracá, pião, buzina, depósito de água, óleo e tinta. No desenho, cabacinha de cor amarela, que as crianças usam para carregar água.
Índios Wai-Wai. Aldeia Kaxmi (RR).
24
M
F
ERGULHÃO
igura de cera representando um mergulhão.
Índios Wayana-Apalai. Rio Paru de Leste (PA).
25
P
ANELA
M
odelar em argila é uma das atividades das mulheres Tiriyó, que fazem miniaturas de torradores, bonecos, panelas e figuras de animais para suas filhas brincarem e aprenderem os afazeres domésticos. No desenho, brinquedo de barro
queimado e envernizado, representando objetos domésticos.
Índios Tiriyó. Rio Paru de Oeste (PA).
26
P
IÃO
O
s piões são brinquedos de meninos e, geralmente, são feitos com caroços de
tucum de cor preta ou pequenas cabaças de tom amarelado com um furo, pelo
qual passa uma vareta, onde se enrola um fio que faz girar o pião. No desenho,
pião feito de cabaça.
Índios Tiriyó. Rio Paru de Oeste (PA).
27
P
P
IÃO
ião feito de tucum na cor preta.
Índios Canela. Rio da Corda (MA).
28
Q
UATI
A
modelagem com cera preta de abelha é bastante comum entre os índios WayanaApalai, que conseguem fazer figuras representando, geralmente, animais. No desenho, figura de cera representando um quati.
Índios Wayana-Apalai. Rio Paru de Leste (PA).
29
R
ABO DE LAGARTA
B
rinquedo em dobradura, feito de curuá de cor amarelo-clara, representando “rabo
de lagarta”.
Índios Tiriyó. Rio Paru de Oeste (PA).
30
S
B
APINHO PUIPUÍ
rinquedo dobrado em folhas amarelas de curuá, representando o sapinho puipuí,
com quatro pontas em cada lado.
Índios Tiriyó. Rio Paru de Leste (PA).
31
S
B
EMENTE DE MANIVA
rinquedo em dobradura, feito de arumã marrom-claro, reprentando a “sementes de
maniva”.
Índios Tiriyó. Rio Paru de Oeste (PA).
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T
ATU
A
través do entalhe em madeira, os índios vão retratando a fauna de sua região. No
desenho, brinquedo talhado em madeira preta, representando um mamífero.
Índios Juruna. Rio Xingu (PA).
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T
ATU
O
s Apinayé, como outros povos indígenas, possuem um vasto conhecimento da arte
do trançado. Executam diferentes obejtos, tanto para fins utilitários como lúdicos.
As crianças fazem vários animais como o da ilustração, que representa a figura de
um tatu, trançado em palha de buriti de tonalidade marrom-clara.
Índios Apinayé. Rio Tocantins (GO).
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