El rapto de Proserpina [fragmento]

Anuncio
El rapto de Proserpina [fragmento]
<8 Alonso Rodrigo Zamora
A lonso R odrigo Z am ora C orona. Estudió en la Facultad de Filosofía y Letras de la UNAM la carrera de Lengua y
Literatura Hispánicas. Obtuvo el Premio José Emilio Pacheco 2006 para Poesía de la Universidad Veracruzana.
III. B odas d e P lu tó n y P ro s e rp in a
y eras llen a de ti m ism a y d e to d a s las cosas:
u n a s veces fuiste c iu d a d , o tra s p á ja ro ,
L a c ó p u la es h ija d e P ro teo ,
o tra s eras n u b e s in c o n sta n te s,
ojos d e dioses c a m b ia n te s e n tus p ec h o s
o tra s m ieles n e fa n d a s e n m is labios,
o tra s azur, o tra s aljib e re c a m a d o
y la m a te ria d e sus tra n sfo rm a c io n e s,
¿ C u á n ta s veces fuiste tú m ism a , y en q u é fo rm as?
¿ C u á n ta s veces re s p la n d o r e n tró el dios e n tu cu e rp o ?
P ro se rp in a , m a re s ca lla n d o ,
de ojos e n sus ag u as, o tra s c a n to s
y m ú sicas p ro fa n a s q u e v e n ía n
de las le n g u a s de b ro n c e d e los dioses;
a veces u n alció n q u e d e sc e n d ía
olas d e o ro a fa n a n tus p ie rn a s c o n las ag u a s fu tu ras,
vistes tus m uslos c o n m is m an o s,
y to co en ti lo in fo rm e in cesan te:
de re s p la n d o r e n re s p la n d o r d e sc ie n d e n
a m is m a re s d e in n ú m e ra s se rp ie n te s
y volvía c o n estrellas e n sus g a rra s,
soles q u e se d e r ra m a n en tu vien tre,
y o tra los del leó n , seg ú n m ira ra ;
u n a vez los e sp len d o res d e la ro sa
u n a y o tra vez p u lsa n tu c a rn e
o tra s n o eras n in g u n a d e estas cosas,
co n m ú sicas diversas, c o rn u c o p ia ,
p u e n te s in estab les e n tre m i fo rm a y la tuya,
re ite ra d a s e n las d e los vivientes.
a veces ca lla b as tu fo rm a : yo la a d iv in a b a ,
p u es sa b ía las se m e ja n z a s d e tu n o m b re .
¡Ah, P ro s e rp in a , m in is tra r la c o p a en la q u e eres
a p e s a r d e ti m ism a ta n ta s cosas!
Yo fui alto p a la c io y fo rta le z a ,
o b s tin a d a ru in a y c e rra d u ra ,
Y u n a vez ro to s tus vasos in sin ú en
esq uirlas to rn a so le s d isp e rsa d a s
m as m e u n g iste d e a z a r y d ec lin a ste
te o m o rfa P ro s e rp in a a rre b a ta d a :
vi lienzos de cristal y so b re el lienzo
tu fo rm a in a c a b a b le ,
sino algo c o m o la sed o c o m o el h a m b re ;
tus im ág en e s lu cien tes en m i fo rm a ;
n o re tu v ie ro n sus lá g rim a s m is p ie d ra s,
in m e n so a lc á z a r m e d e s m o ro n a b a
y d o n d e te rm in a b a s c o m e n z a b a n o tras
e n tre las v e n ta n a s ro ta s d e m i e n te n d im ie n to ,
v ie n to del m u n d o sa c u d ió m is velos,
q u e te h a c ía n m ás d o ra d a y m ás p erfec ta .
E n to d a s fru ctificabas, P ro se rp in a ,
telas del sen tid o u n d o sa s se ra s g a b a n ,
re fu taste m i v a n a a r q u ite c tu ra ,
recin to s m u ra d o s d e b la n c u ra ,
tus m iem b ro s se m u ltip lic a b a n ,
y p u d e ser m o rta l e n ese in sta n te
se fo rm a ro n tus p ec h o s en m is m a n o s
N o h a y b e n d ic ió n m á s g ra n d e q u e e s ta r m u e rto .
en q u e siem p re re p ite n tus in cen d io s:
PALABRA NUEVA • 23
IV N a c im ie n to del a lm a
C a e el silencio co m o seis g ra n a d a s
E so es el alm a:
so b re tu c u e rp o d esn u d o :
h a n a c id o el a lm a h u m a n a .
cifra y tu m b a d e las tra n sfo rm a c io n e s.
U n a n im a l m u e re p a r a ser o tro a n im a l,
u n h o m b re m u e re p a r a y a n o ser u n h o m b re .
E n el lech o d e so m b ra s
se d isip an los p ájaro s:
E so es el alm a.
H a n a c id o el a lm a h u m a n a
D é m e te r a g u a rd a el c u e rp o d e su h ija,
M iría d a s d e ojos v a n a b rié n d o se
en el c o ra z ó n d e los dioses:
m is ojos h a n re v e rd e c id o su b la n c u ra ,
al fin to d a s las cosas so n m ira d a .
h a n a c id o el a lm a h u m a n a .
T u ro stro v a c u b rié n d o se de p ú r p u r a
El m u n d o h a n a c id o n u e v a m e n te
y la re sp ira c ió n del dios a lz a su v uelo
p e ro el velo ja m á s to c a tus ojos:
sobre el p aisaje te rrib le d e los h o m b res.
h a n a c id o el a lm a h u m a n a .
Ya n o d e p o n d r á el rig o r tu fo rm a
ni tus m ie m b ro s m a n a r á n el agua:
h a n a c id o el a lm a h u m a n a .
El a lm a es el lu g a r d o n d e el dios m ira
su p ro p ia in ex isten cia,
o es co m o u n a c a ja d e espejos
q u e reflejan la o sc u rid a d , o es sem eja n te
a u n ce n o ta fio d o n d e está escrito:
éste n o p u d o ser u n h o m b re .
O co m o el fuego d o n d e to d o es fuego,
o co m o el o ro, q u e es to d a s las cosas y n in g u n a ,
co m o los discursos en el á g o ra ,
co m o tu d e sn u d e z , ta n d istin ta a la del destino,
o co m o la v e rg ü e n z a q u e sien ten los h o m b re s
p o rq u e n o sa b e n su n o m b re v e rd a d e ro .
24 • LA PALABRA Y EL HOMBRE
Descargar