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BIBLIOTECA- LITERARIA
DEL ESTUDIANTE
L
A presente BIBLIOTECA
trata de incluir en
t r e i n t a tomitos 1 a s
obras cuyo conocimiento nos
parece más esencial o más
conveniente en los primeros
años de la enseñanza. Los
treinta volúmenes están formados obedeciendo a un canon literario, a un catálogo
previamente establecido, de
aquellas obras mejores que
el estudiante debe frecuentar en el comienzo de sus
estudios para adquirir los
fundamentos de su cultura
tradicional hispánica.
La
BIBLIOTECA
LITERARIA
DEL ESTUDIANTE está dirigida por Ramón Menéndez Pidal, y la selección de los trozos comprendidos en los varios volúmenes está encomendada a Pedro Blanco,
Américo Castro, Juan Dantin,
Enrique Díez-Canedo.
Samuel Gili, Justo Gómez
Ocerin, María Goyri de Menéndez Pidal. Miguel Herrero, J. R. Lomba, Margarita
Mayo, Jimena Menéndez Pida], Tomás Navarro, Federico Ruiz Morcuende, Josefina Sela, Antonio G. Solalinde. R. M." Tenreiro, José Vallejo, etcétera.
Ilustraciones
de
Marco.
Fernando
Estos volúmenes tendrán
de 150 a 350 páginas,
y sus precios serán de 2
a 3.50 pesetas, según el
número de sus páginas.
Se admiten desde ahora pedidos de la BIBLIOTECA completa.
C E R V A N T E S
NOVELAS Y TEATRO
BIBLIOTECA LITERARIA DEL ESTUDIANTE
D I R I G I D A
POR
R A M Ó N
TOMO
M E N É N D E Z
P I D A L
XXI
7
CERVANTES
NOVELAS
SELECCIÓN
Y
HECHA
J O S E F I N A
Dibujos
TEATRO
POR
S E L A
de F. Marco.
Ó
•5
MADRID,
I N S T I T U T O
J U N T A
P A R A
MCMXXIl
—
A M P L I A C I Ó N
E S C U E L A
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E S T U D I O S
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TIPOGRAFÌA
DE
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ARCHIVOS",
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MADRID
LA
G IT A N I L L A
%
Y
P a r e c e q u e los gitanos y g i t a n a s solamente n a cieron en el m u n d o p a r a ser l a d r o n e s : n a c e n d e
p a d r e s l a d r o n e s , críanse c o n l a d r o n e s , e s t u d i a n p a r a
ladrones y,
finalmente,
salen con ser l a d r o n e s co-
r r i e n t e s y molientes a todo r u e d o , y la g a n a del h u r t a r y el h u r t a r son en ellos c o m o acidentes inseparables, q u e n o se q u i t a n sino con la m u e r t e . U n a ,
pues, d e s t a nación, g i t a n a vieja, q u e p o d í a ser j u b i lada e n la ciencia de Caco, c r i ó u n a m u c h a c h a
en
n o m b r e d e nieta s u y a , a quien p u s o n o m b r e P r e c i o sa, y a quien enseñó t o d a s sus g i t a n e r í a s , y m o d o s de
embelecos, y t r a z a s d e h u r t a r . Salió la tal P r e c i o sa la m á s única bailadora q u e se hallaba en todo el
gitanismo, y l a m á s h e r m o s a y discreta q u e p u d i e r a hallarse, n o e n t r e los gitanos, sino e n t r e c u a n t a s
h e r m o s a s y discretas p u d i e r a p r e g o n a r la fama. Ni los
soles, ni los aires, ni todas las inclemencias del cielo, a
quien m á s q u e o t r a s gentes están sujetos los gitanos,
p u d i e r o n d e s l u s t r a r su r o s t r o ni c u r t i r las m a n o s ; y
lo q u e es m á s , q u e la crianza tosca en q u e se criaba n o
5
CERVANTES
descubría e n ella sino ser nacida de m a y o r e s p r e n d a s
q u e de gitana, p o r q u e e r a en e x t r e m o cortes y bien
r a z o n a d a . L a abuela conoció el tesoro q u e en la nieta tenía, y así, d e t e r m i n ó el águila vieja sacar a v o lar su aguilucho y enseñarle a vivir p o r sus uñas.
Salió P r e c i o s a rica de villancicos, de coplas, seguidillas y z a r a b a n d a s y de o t r o s v e r s o s , especialmente de romances, q u e los cantaba con especial donaire. P o r q u e s u taimada a b u e l a echó d e ver que tales j u g u e t e s y g r a c i a s , en los pocos a ñ o s y en la
m u c h a h e r m o s u r a de su nieta, h a b í a n d e ser
felicí-
simos atractivos e incentivos p a r a a c r e c e n t a r su caudal ; y así, se los p r o c u r ó y buscó p o r todas las vías
q u e p u d o , y n o faltó p o e t a q u e se los diese.
Crióse
Preciosa
en diversas p a r t e s de
Castilla,
y a l o s quince a ñ o s d e su e d a d sai abuela putativa
la volvió a la C o r t e y a su a n t i g u o r a n c h o , que es
a d o n d e o r d i n a r i a m e n t e le tienen los gitanos, en los
campos
de
Santa Bárbara,
pensando
en la Corte
v e n d e r su m e r c a d e r í a , d o n d e todo se c o m p r a y todo
se v e n d e . Y la p r i m e r a e n t r a d a que hizo Preciosa en
M a d r i d fué u n día de S a n t a A n a , p a t r o n a y abogada de la villa, con u n a d a n z a en que iban ocho git a n a s , c u a t r o ancianas y c u a t r o m u c h a c h a s , y un git a n o , g r a n bailarín, q u e las g u i a b a ; y a u n q u e todas
iban limpias y bien a d e r e z a d a s , el aseo de P r e c i o sa e r a tal, q u e poco a p o c o fué e n a m o r a n d o los ojos
de c u a n t o s la m i r a b a n . D e e n t r e el son del tamborín y castañetas y fuga
del baile salió un
6
rumor
...y corrían los muchachos a verla y los
hombres a mirarla.
LA
GITANILLA
q u e encarecía la belleza y donaire de la. Gitanilla, y
c o r r í a n los m u c h a c h o s a verla y los h o m b r e s a m i rarla. P e r o c u a n d o la oyeron cantar, p o r ser la d a n za c a n t a d a , ¡ allí fué e l l o ! Allí sí q u e cobró aliento la
fama de la Gitanilla, y de c o m ú n consentimiento de
los diputados de ia fiesta, desde luego le s e ñ a l a r o n el
p r e m i o y j o y a de la m e j o r
d a n z a ; y c u a n d o lle-
g a r o n a hacerla en la iglesia de S a n t a M a r í a , d e lante d e la imagen de S a n t a A n a , d e s p u é s de h a ber bailado t o d a s , t o m ó P r e c i o s a u n a s sonajas, al son
de las cuales, d a n d o en r e d o n d o largáis y ligerísimas
vueltas, cantó un r o m a n c e .
E l c a n t a r de P r e c i o s a fué p a r a a d m i r a r a cuantos la escuchaban. U n o s d e c í a n : " ¡ D i o s t e bendiga, la m u c h a c h a ! " O t r o s : ' ' ¡ L á s t i m a es que esta m o zuela sea gitana 1 E n v e r d a d en v e r d a d q u e m e r e cía ser hija de u n g r a n s e ñ o r . "
A c a b á r o n s e las v í s p e r a s , y la fiesta de S a n t a A n a .
y q u e d ó P r e c i o s a algo c a n s a d a ; p e r o tan celebrada
de h e r m o s a , de a g u d a y de discreta, y de bailadora,
q u e a corrillos se hablaba della en toda la C o r t e . D e
allí a quince días volvió a M a d r i d con otras tres m u chachas, con sonajas y con u n baile n u e v o , todas
apercebidas d e r o m a n c e s y d e cantarcillos alegres,
p e r o todos honestos. N u n c a se a p a r t a b a della la git a n a vieja, hecha su A r g o s , t e m e r o s a n o se la d e s pabilasen y t r a s p u s i e s e n : llamábala nieta, y ella la t e nía p o r abuela. P u s i é r o n s e a bailar a la s o m b r a en
la calle de T o l e d o , y de los que las venían s i g u i e n d o
9
CERVANTES
se hizo luego u n g r a n c o r r o ; y en t a n t o q u e bailaban, la vieja p e d í a limosna a los circunstantes, y
llovían en ella ochavos y c u a r t o s c o m o piedras a
t a b l a d o ; q u e t a m b i é n la h e r m o s u r a tiene fuerza
de
d e s p e r t a r la c a r i d a d d o r m i d a .
A c a b a d o el baile, dijo P r e c i o s a :
— S i m e dan c u a t r o c u a r t o s , les c a n t a r é u n r o m a n c e y o sola, lindísimo en e x t r e m o , que trata de
c u a n d o la R e i n a n u e s t r a señora M a r g a r i t a salió a
misa en Valladalid y fué a S a n L l ó r e n t e : dígoles
que es famoso, y c o m p u e s t o p o r u n poeta de los del
n ú m e r o , como capitán del batallón.
A p e n a s hubo dicho esto, c u a n d o casi (todos los que
en la r u e d a estaban dijeron a v o c e s :
— C á n t a l e , Preciosa, y ves a q u í mis c u a t r o cuartos.
Y así g r a n i z a r o n sobre ella c u a r t o s , q u e la vieja
n o se daba m a n o s a cogerlos. H e c h o , p u e s , su agosto,
y su v e n d i m i a , repicó P r e c i o s a sus sonajas, y al
tono c o r r e n t i o y loquesco c a n t ó el r o m a n c e .
A p e n a s / o acabó c u a n d o del ilustre a u d i t o r i o y g r a ve s e n a d o que la oía, de m u c h a s se f o r m ó una voz
sola, q u e d i j o :
— ¡ T o r n a a cantar, Preciosica; que no
faltarán
cuartos como tierra!
Más
de docientas p e r s o n a s
estaban
mirando
el
baile y e s c u c h a n d o el canto d e las gitanas, y en la
fuga del a c e r t ó a p a s a r p o r allí uno de los tinientes
de la villa, y v i e n d o tanta g e n t e j u n t a , p r e g u n t ó qué
10
LA
GITANILLA
era, y fuéle r e s p o n d i d o q u e estaban e s c u c h a n d o a
la Gitanilla h e r m o s a , que c a n t a b a . Llegóse el Tiniente, q u e e r a curioso, y e s c u c h ó u n r a t o , y p o r n o ir
c o n t r a su g r a v e d a d , n o escuchó el r o m a n c e h a s t a la
ñ u ; y habiéndole p a r e c i d o p o r t o d o e x t r e m o
bien
la Gitanilla, m a n d o a u n paje suyo dijese a la gitana
vieja q u e al anochecer fuese a su casa con las gitanillas; q u e quería
q u e las oyese d o ñ a
Ciara
su
m u j e r . H i z o l o así el p a j e , y la vieja dijo que sí
iría.
A c a b a r o n el baile y el c a n t o y se fueron la calle
a d e l a n t e , y desde u n a r e j a llamaron unos caballeros
a las g i t a n a s . A s o m ó s e P r e c i o s a a la reja, que e r a
baja, y vio en u n a sala m u y bien a d e r e z a d a y m u y
fresca m u c h o s
caballeros q u e , u n o s p a s e á n d o s e y
o t r o s j u g a n d o a diversos j u e g o s , se entretenían.
—¿Quiérenme dar barato, ceñores? —dijo Preciosa, q u e , como gitana, hablaba ceceoso, y
esto
es
artificio en e l l a s ; q u e n o n a t u r a l e z a .
A la voz d e P r e c i o s a , y a su r o s t r o , d e j a r o n los
tjue j u g a b a n el j u e g o , y el paseo los paseantes, y los
unos y los otros a c u d i e r o n a la r e j a p o r verla, que ya
tenían noticia della, y
dijeron:
— E n t r e n , e n t r e n las g i t a n i l l a s ; que aquí les daremos barato.
—'Caro sería ello — r e s p o n d i ó P r e c i o s a — si nos pellizcacen.
— N o , a fe d e caballeros — r e s p o n d i ó u n o — ; bien
puedes e n t r a r , niña, segura q u e nadie te t o c a r á a !a
II
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CERVANTES
vira de t u z a p a t o ; no, p o r el h á b i t o q u e t r a i g o en el
pecho.
Y p ú s o s e la m a n o s o b r e u n o de C a l a t r a v a .
— S i t ú quieres e n t r a r , P r e c i o s a — d i j o
u n a de
las tres gitanillas q u e i b a n con ella—, e n t r a e n h o r a b u e n a ; q u e y o n o pienso e n t r a r a d o n d e h a y tantos
hombres.
—Mira,
Cristina — r e s p o n d i ó P r e c i o s a — : de lo
que t e h a s de g u a r d a r es de u n h o m b r e solo y a solas,
y n o de t a n t o s j u n t o s ; p o r q u e a n t e s eü ser muchos
quita el m i e d o y el recelo de ser ofendidas. Advierte,
Cristinica, y está cierta de u n a c o s a : q u e la mujer
q u e se d e t e r m i n a a ser h o n r a d a , e n t r e u n ejército de
soldados lo puede ser. V e r d a d es que es bueno huir
de 'las o c a s i o n e s ; p e r o h a n d e ser d e las secretas, y no
de las públicas.
— E n t r e m o s , P r e c i o s a — d i j o C r i s t i n a — ; que tú
sabes m á s que u n sabio.
A n i m ó l a s la g i t a n a vieja, y e n t r a r o n ; y a p e n a s hubo e n t r a d o P r e c i o s a , c u a n d o el caballero del hábito
vio un papel q u e traía en el seno, y llegándose a ella
se le t o m ó , y dijo P r e c i o s a :
—i Y n o me le tome, s e ñ o r ; q u e es u n
roman-
ce q u e m e a c a b a n d e d a r a h o r a , que a ú n n o le he
leído!
— Y ¿sabes t ú leer, h i j a ? — d i j o
—Y
escribir — r e s p o n d i ó
uno.
la v i e j a — ; q u e a mi
nieta hela criado y o como si fuera hija d e u n letrado.
12
LA
GITANILLA
A b r i ó el caballero el papel, y vio que venía dent r o del u n e s c u d o d e o r o , y d i j o :
— E n v e r d a d , Preciosa, que t r a e esta c a r t a el p o r te d e n t r o : t o m a este escudo q u e en el r o m a n c e viene.
—Basta
—dijo
Preciosa—,
que me ha
tratado
de p o b r e el poeta. P u e s cierto q u e es m á s milagro
d a r m e a m í u n poeta u n e s c u d o q u e yo r e c e b i r l e :
si con esta a ñ a d i d u r a h a n d e v e n i r sus r o m a n c e s ,
traslade t o d o el Romancero
general,
y envíemelos u n o
a u n o ; que y o les t e n t a r é el pulso, y si vinieren d u ros, seré yo blanda en recebillos.
A d m i r a d o s q u e d a r o n los que oían a la Gitanica,
así de su discreción como del d o n a i r e con que h a blaba.
L o s q u e j u g a b a n le dieron b a r a t o , y a u n los q u e
n o j u g a b a n . Cogió la h u c h a de la vieja t r e i n t a reales, y m á s rica y m á s alegre q u e u n a P a s c u a de F l o res, antecogió sus c o r d e r a s y fuese en casa del señ o r T e n i e n t e , q u e d a n d o q u e otro día volvería con su
m a n a d a a d a r contento a aquellos t a n liberales señores.
Y a tenía aviso l a señora d o ñ a Clara, m u j e r del señ o r T e n i e n t e , como h a b í a n de ir a su casa l a s gitanillas, y estábalas e s p e r a n d o como el agua de M a yo ella y sus doncellas y dueñas, con las de o t r a señora vecina suya, que t o d a s se j u n t a r o n p a r a v e r a P r e ciosa ; y a p e n a s hubieron e n t r a d o las gitanas, c u a n do entre las d e m á s resplandeció Preciopa como la
luz de u n a a n t o r c h a e n t r e otras luces
13
Menores; v
^AAS
CERVANTES
así, c o r r i e r o n t o d a s a ella: u n a s l a a b r a z a b a n , otras
la miraban, éstas la bendecían, aquéllas la alababan.
Doña Clara decía:
— ¡ E s t e sí que se p u e d e decir cabello de o r o ! ¡ E s tos sí q u e son ojos de e s m e r a l d a s !
L a s e ñ o r a su vecina la d e s m e n u z a b a toda, y hacía pepitoria de todos sus m i e m b r o s y c o y u n t u r a s . Y
llegando a alabar u n pequeño h o y o q u e P r e c i o s a tenía e n la barba, d i j o :
—¡ A y , qué h o y o ! E n este h o y o h a n d e t r o p e z a r
cuantos ojos le m i r a r e n .
O y ó esto u n e s c u d e r o de b r a z o d e fla señora d o ña Clara, que allí estaba, de luenga b a r b a y largos
años, y d i j o :
—¡ P o r D i o s , t a n linda es la Gitanilla, q u e hecha
de plata o de alcorza n o p o d r í a ser m e j o r ! ¿ Sabes
decir la b u e n a v e n t u r a , n i ñ a ?
•—De t r e s o c u a t r o m a n e r a s — r e s p o n d i ó Preciosa.
— Y ¿ eso m á s ? — d i j o d o ñ a Clara—. P o r vida del
T i n i e n t e , mi señor, q u e m e la has d e decir, niña
de o r o , y niña de plata, y n i ñ a de perlas, y n i ñ a de
c a r b u n c o s , y niña del cielo, q u e es lo m á s q u e puedo decir.
— D e n l e , denle la p a l m a d e la m a n o a la niña,
y con q u e h a g a la c r u z — d i j o la vieja—, y v e r á n
mié d e cosas tes d i c e : que sabe m á s q u e u n doctor
de melecina.
E c h ó m a n o a la faldriquera la señora T e n i e n t a ,
y halló que no tenía blanca. P i d i ó u n c u a r t o a sus
14
>my
LA
GIT
ANILLA
criadas, y n i n g u n a le tuvo, ni la señora vecina t a m poco. L o cual visto por P r e c i o s a d i j o :
•—Todas las cruces, en cuanto cruces, son b u e n a s ;
p e r o las de plata o de oro son m e j o r e s ; y el señalar
la cruz en la palma de la m a n o con m o n e d a de cobre sepan vuesas mercedes que menoscaba la buen a v e n t u r a , a lo menos, la m i a ; y así, tengo afición
a hacer la cruz p r i m e r a con algún escudo de oro, o
con algún real de a ocho, o, p o r lo menos, de a cuat r o ; que soy c o m o los s a c r i s t a n e s : que c u a n d o hay
buena ofrenda, se regocijan.
— D o n a i r e tienes, niña, por t u vida — d i j o la señ o r a vecina.
Y volviéndose al escudero, le d i j o :
— V o s , señor C o n t r e r a s , ¿ t e n d r é i s a m a n o algún
real de a c u a t r o ? D á d m e l e : que en viniendo el doctor mi m a r i d o os le volveré.
—Sí
tengo —respondió
Contreras- - ;
pero
tén-
gole e m p e ñ a d o en veinte y dos m a r a v e d í s , q u e cené
a n o c h e ; d é n m e l o s ; que y o iré p o r él en
volan-
das.
— N o tenemos e n t r e todas u n c u a r t o — d i j o d o ñ a Clara—, ¿y pedís veinte y dos m a r a v e d í s ? A n dad, C o n t r e r a s , que siempre fuistes impertinente.
U n a doncella de las presentes, viendo la esterilidad de la casa, dijo a P r e c i o s a :
— N i ñ a , ¿ h a r á algo al caso q u e se h a g a la cruz
con u n dedal de p l a t a ?
—'Antes — r e s p o n d i ó P r e c i o s a — se hacen las c r u 15
VA»
CERVANTES
ees m e j o r e s del m u n d o con dedales d e plata, como
sean
muchos.
-—Uno tengo yo — r e p l i c ó la d o n c e l l a — ; si éste
basta, hele aquí, con condición que t a m b i é n se m e
ha de decir a mí la b u e n a v e n t u r a .
—¿Por
un
dedal t a n t a s b u e n a s v e n t u r a s ?
—dijo
la g i t a n a vieja—. Nieta, acaba p r e s t o ; que se hace
noche.
T o m ó P r e c i o s a el dedal y la m a n o de la señora
T e n i e n t a y dijo la buenaventura;
y en
acabándola
encendió el deseo de todas las circunstantes en q u e r e r saber la suya, y así se lo r o g a r o n t o d a s ; pero ella
las remitió p a r a el viernes v e n i d e r o , prometiéndole
que t e n d r í a n reales de p l a t a p a r a hacer las cruces. E n
esto, vino el señor T i n i e n t e , a quien c o n t a r o n m a r a villas de la Gitanilla; él las hizo bailar u n poco, y
confirmó p o r v e r d a d e r a s y bien d a d a s las alabanzas
q u e a P r e c i o s a h a b í a n d a d o ; y p o n i e n d o la m a n o
en la faldriquera, hizo señal de q u e r e r darle a l g o ; y
habiéndola espulgado, y sacudido, y r a s c a d o m u c h a s
veces, al cabo sacó la m a n o vacía, y d i j o :
—¡Por
Dios que no t e n g o b l a n c a ! Dadle
vos,
d o ñ a Clara, u n real a P r e c i o s i c a ; q u e yo os le d a r é
después.
— ¡ B u e n o es eso. señor, p o r c i e r t o ! ¡ Sí, ahí está
el real de manifiesto! N o h e m o s t e n i d o entre t o d a s
n o s o t r a s u n c u a r t o p a r a h a c e r la señal d e la cruz, ; y
q u i e r e q u e t e n g a m o s un r e a l ?
—-Pues dadle alguna valoncica v u e s t r a , o alguna
16
LA
G1TANILLA
cosita; q u e o t r o día nos volverá a ver P r e c i o s a , y
la r e g a l a r e m o s m e j o r .
A lo cual dijo doña C l a r a :
— P u e s p o r q u e o t r a vez venga, n o quiero d a r n a d a
ahora a Preciosa.
— A n t e s si n o m e d a n n a d a —dijo
Preciosa—,
n u n c a m á s volveré acá. M a s sí volveré, a servir a
tan principales s e ñ o r e s ; p e r o t r a i r é t r a g a d o q u e n o
me han de d a r nada, y a h o r r a r é m e la fatiga del esperallo. Coheche vuesa merced, señor T i n i e n t e ; coheche, y t e n d r á dineros, y n o h a g a usos n u e v o s ; que
m o r i r á de h a m b r e . M i r e , s e ñ o r a : p o r ahí he o í d o decir (y a u n q u e moza, entiendo q u e n o son buenos
dichos) q u e de los oficios se h a de sacar d i n e r o s p a r a
p a g a r las condenaciones de las residencias y p a r a
p r e t e n d e r otros c a r g o s .
— A s í lo dicen y lo h a c e n los d e s a l m a d o s — r e plicó el T e n i e n t e — ; p e r o el juez q u e da b u e n a residencia n o t e n d r á q u e p a g a r condenación alguna, y
el h a b e r u s a d o bien su oficio será el valedor
para
que le d e n o t r o .
— H a b l a v u e s a merced m u y a lo santo, señor T e niente — r e s p o n d i ó P r e c i o s a — ; á n d e s e a eso y cortarémosle de los h a r a p o s p a r a reliquias.
— M u c h o sabes, P r e c i o s a — d i j o el T i n i e n t e — . Calla, que y o d a r é t r a z a que sus M a j e s t a d e s te vean,
p o r q u e e r e s pieza de reyes.
•—Querránme para t r u h a n a — r e s p o n d i ó
Precio-
sa—. y y o n o l o s a b r é ser. y t o d o irá p e r d i d o . Si
19
CERVANTES
m e quisiesen p a r a discreta, a ú n llevarme h í a n ; pero
en algunos palacios m á s m e d r a n los t r u h a n e s que los
discretos. Y o m e hallo bien con ser gitana y pobre,
y c o r r a la s u e r t e p o r d o n d e el cielo quisiere.
— E a , niña — d i j o la gitana vieja—, no hables m á s ;
que h a s hablado m u c h o , y sabes m á s de lo que y o
te h e e n s e ñ a d o ; n o te asotiles t a n t o , q u e te d e s p u n t a r á s ; habla de aquello que t u s a ñ o s permiten, y n o te
m e t a s en a l t a n e r í a s ; q u e n o h a y n i n g u n a que n o a m e n a c e caída.
•—¡ E l diablo tienen e s t a s gitanas en el
cuerpo!
— d i j o a esta, sazón el T i n i e n t e .
D e s p i d i é r o n s e las g i t a n a s , y al irse, dijo la doncella del d e d a l :
— P r e c i o s a , dime la b u e n a v e n t u r a , o vuélveme mi
d e d a l ; que no m e q u e d a con qué h a c e r labor.
— S e ñ o r a doncella — r e s p o n d i ó P r e c i o s a — ,
haga
c u e n t a que se la h e dicho, y p r o v é a s e de otro dedal,
o n o haga vainillas h a s t a el viernes, q u e yo volveré
y le diré m á s v e n t u r a s y a v e n t u r a s que las que tiene u n libro de caballerías.
F u é r o n s e , y j u n t á r o n s e con las m u c h a s l a b r a d o r a s q u e a la h o r a de las a v e m a r i a s suelen salir de
M a d r i d p a r a volverse a sus aldeas, y entre
otras
vuelven m u c h a s , con q u i e n siempre se a c o m p a ñ a ban las gitanas, y volvían seguras. P o r q u e la gitana
vieja vivía en continuo t e m o r n o le salteasen a su
Preciosa.
Sucedió, p u e s , que la m a ñ a n a de u n día que vol20
vwv
LA
GIT
AN
ILLA
vían a M a d r i d a coger la g a r r a m a con las d e m á s gitanillas, en u n valle p e q u e ñ o que está o b r a de quinientos pasos antes q u e se llegue a la villa, vieron
u n m a n c e b o gallardo y r i c a m e n t e a d e r e z a d o de camino. L a e s p a d a y daga que traía eran, c o m o decirse suele, u n a ascua de o r o ; s o m b r e r o con rico cintillo y con p l u m a s de diversas colores a d o r n a d o . R e p a r a r o n las g i t a n a s en viéndole y pusiéronsele a m i r a r m u y de espacio, a d m i r a d a s de que a tales h o r a s
u n t a n h e r m o s o mancebo estuviese en tal lugar, a
pie y solo. E l se llegó a ellas, y h a b l a n d o con la gitana m a y o r , le d i j o :
— P o r v i d a v u e s t r a , amiga, q u e m e h a g á i s placer
que v o s y P r e c i o s a m e oyáis a q u í a p a r t e dos palabras, q u e serán de v u e s t r o p r o v e c h o .
— C o m o n o nos desviemos m u c h o , ni n o n o s t a r d e mos m u c h o , sea en buen h o r a — r e s p o n d i ó la vieja.
Y llamando a P r e c i o s a , se desviaron d e las o t r a s
obra d e veinte pasos, y así e n pie, como
estaban,
el m a n c e b o les d i j o :
— Y o vengo de m a n e r a r e n d i d o a la discreción y
belleza de Preciosa, que d e s p u é s de h a b e r m e hecho
m u c h a fuerza p a r a e x c u s a r llegar a este p u n t o , al
cabo h e q u e d a d o m á s r e n d i d o y m á s imposibilitado
de excusallo. Y o . señoras mías (que siempre os he
de d a r este n o m b r e , si el cielo mi pretensión favorece), soy caballero, como lo p u e d e m o s t r a r este h á b i to — y a p a r t a n d o el h e r r e r u e l o , descubrió en el p e cho u n o de los m á s calificados q u e hay en Espaai
CERVANTES
ñ a — ; soy hijo de F u l a n o — q u e p o r b u e n o s respectos a q u í n o se declara s u n o m b r e — ; estoy debajo
de su t u t e l a y a m p a r o ; soy hijo único, y el q u e esp e r a u n razonable m a y o r a z g o . M i p a d r e está aquí en
la C o r t e p r e t e n d i e n d o u n c a r g o , y ya está consultado,
y tiene casi ciertas e s p e r a n z a s de salir con él. Y con
ser d e la calidad y nobleza q u e os he referido, y de
la q u e casi se os debe y a d e ir trasluciendo, con
t o d o e s o , quisiera ser u n g r a n señor p a r a
levan-
t a r a mi g r a n d e z a la h u m i l d a d d e Preciosa, haciéndola mi igual y mi señora. Q u i e r o servirla del m o d o
que ella m á s g u s t a r e : su v o l u n t a d es la mía. P a r a
con ella es d e c e r a mi alma, d o n d e p o d r á i m p r i m i r
lo q u e q u i s i e r e ; y p a r a c o n s e r v a r l o y g u a r d a r l o n o
será c o m o i m p r e s o en c e r a , sino como esculpido en
m á r m o l e s , c u y a d u r e z a se o p o n e a la duración
de
los tiempos. Si creéis e s t a v e r d a d , no a d m i t i r á ning ú n d e s m a y o mi e s p e r a n z a ; p e r o si n o m e creéis,
siempre m e tendrá temeroso vuestra duda. Mi nomb r e es éste — y d í j o s e l o — ; el de mi p a d r e ya os
le he d i c h o ; la casa d o n d e vive es en tal calle, y tien e tales y tales s e ñ a s ; vecinos tiene de quien podréis
i n f o r m a r o s , y a u n de los q u e n o son vecinos t a m b i é n ;
q u e n o es t a n escura la calidad y el n o m b r e de mi
p a d r e y el m í o . que n o le sepan en los patios de palacio, y a u n en t o d a la C o r t e . Cien escudos traigo
aquí en o r o p a r a d a r o s e n a r r a y señal de lo q u e
pienso d a r o s ; p o r q u e n o h a de n e g a r la hacienda
el q u e da eü alma.
22
LA
CITAN
ILLA
E n t a n t o que el caballero esto decía, le estaba m i r a n d o P r e c i o s a a t e n t a m e n t e , y sin d u d a q u e n o le
debieron de p a r e c e r mal ni sus razones ni su t a l l e ;
y volviéndose a la vieja, le d i j o :
— P e r d ó n e m e , abuela, de q u e m e t o m o
licencia
para r e s p o n d e r a este señor.
— R e s p o n d e lo que quisieres, nieta — r e s p o n d i ó
la v i e j a — ; q u e y o sé que tienes discreción
para
todo.
Y Preciosa dijo:
— Y o , señor caballero, a u n q u e soy gitana, p o b r e y
humildemente nacida, tengo u n cierto espiritillo fantástico acá d e n t r o , que a g r a n d e s
cosas m e lleva.
A mí ni m e m u e v e n p r o m e s a s , ni m e d e s m o r o n a n dádivas, ni m e inclinan sumisiones, ni me e s p a n t a n finezas y a u n q u e de quince años (que, según la cuenta de mi abuela, p a r a este S a n Miguel los h a r é ) , soy
ya vieja en los pensamientos y alcanzo m á s de a q u e llo q u e mi edad p r o m e t e , m á s p o r mi b u e n natural q u e p o r la experiencia. El
t e m o r engendra en
mí u n recato tal, q u e n i n g u n a s palabras creo y de
m u c h a s o b r a s d u d o . Si quisiéredes ser mi esposo, y o
lo seré v u e s t r a : p e r o h a n de preceder m u c h a s condiciones y a v e r i g u a c i o n e s p r i m e r o . P r i m e r o
tengo
de saber si sois el que d e c í s ; luego, hallando esta
v e r d a d , habéis de d e j a r la casa de v u e s t r o s p a d r e s
y la habéis de t r o c a r con n u e s t r o s ranchos, y t o m a n do el t r a j e d e g i t a n o , habéis de c u r s a r dos a ñ o s en
n u e s t r a s escuelas, e n el cual tiempo m e satisfaré yo
23
CERVANTES
de v u e s t r a condición, y v o s d e la m í a ; al cabo del
cual, si vos os c o n t e n t á r e d e s d e mí, y y o de vos, me
e n t r e g a r é p o r v u e s t r a esposa. Y habéis de consider a r q u e e n el tiempo de este noviciado p o d r í a ser que
cobrásedes la vista, que a h o r a debéis d e tener perdida, o, p o r lo m e n o s , t u r b a d a , y viésedes que os
convenía
h u i r de
lo q u e a h o r a seguís con
tanto
a h i n c o ; y c o b r a n d o la libertad perdida, con un buen
a r r e p e n t i m i e n t o se p e r d o n a cualquier culpa. Si con
estas
condiciones queréis e n t r a r a
ser soldado de
n u e s t r a milicia, e n v u e s t r a m a n o está, pues faltand o a l g u n a dellas, n o habéis d e tocar u n dedo de la
mía.
P a s m ó s e el m o z o a las r a z o n e s de Preciosa, y p ú sose
suelo,
dando
m u e s t r a s q u e consideraba lo q u e r e s p o n d e r
como
embelesado,
mirando
al
debía.
V i e n d o lo cual Preciosa, t o r n ó a d e c i r l e :
— N o es éste caso de t a n poco m o m e n t o , que en
los q u e a q u í nos ofrece el tiempo p u e d a ni deba
r e s o l v e r s e : volveos, señor, a la villa, y considerad de
espacio lo q u e viéredes q u e m á s os convenga, y en
este m i s m o l u g a r m e podéis hablar t o d a s las
fies-
t a s q u e quisiéredes, al ir o v e n i r de M a d r i d .
— S a t a n á s t i e n e s en t u p e c h o , m u c h a c h a —dijo a
e s t a s a z ó n la g i t a n a v i e j a — : ¡ m i r a q u e dices c o s a s ,
que n o las d i r í a u n c o l e g i a l de S a l a m a n c a ! ¿ c ó m o
es e s t o ? q u e m e t i e n e s loca, y t e e s t o y e s c u c h a n d o
c o m o a u n a p e r s o n a e s p i r i t a d a , que h a b l a l a t í n sin
saberlo.
2J
LA
GITANILLA
—'Calle, abuela •—respondió P r e c i o s a — , y sepa
que todas las cosas que m e oye son n o n a d a y son de
burlas, p a r a las m u c h a s que de m á s v e r a s m e quedan
en el pecho.
T o d o cuanto P r e c i o s a decía, y toda la discreción
que m o s t r a b a , e r a a ñ a d i r leña al fuego q u e a r d í a en
el pecho dei caballero. F i n a l m e n t e , q u e d a r o n en q u e
de allí a ocho días se v e r í a n en aquel m i s m o l u g a r ,
donde él v e n d r í a a d a r cuenta del t é r m i n o en que sus
negocios estaban, y ellas h a b r í a n tenido tiempo de inf o r m a r s e de la v e r d a d que les había dicho. S a c ó el
mozo u n a bolsilla de b r o c a d o , donde dijo que iban
cien escudos de o r o , y dióselos a la v i e j a ; p e r o no
quería P r e c i o s a q u e los t o m a s e en n i n g u n a m a n e r a ;
a quien la gitana d i j o :
—Calla, n i ñ a ; que la m e j o r señal que este señor
ha d a d o de estar r e n d i d o es h a b e r e n t r e g a d o las armas en señal de r e n d i m i e n t o ; y el dar, en cualquiera ocasión que sea, siempre fué indicio de generoso
pecho. Y a c u é r d a t e de aquel r e f r á n que d i c e : " A l
cielo r o g a n d o , y con el m a z o d a n d o . " Y m á s , que no
quiero yo que p o r mí p i e r d a n las gitanas el n o m b r e
que p o r luengos siglos tienen adquerido de codiciosas y a p r o v e c h a d a s . ¿ Cien escudos quieres tú q u e
deseche, Preciosa, y de o r o en oro, q u e p u e d e n and a r cosidos en el alforza de u n a saya que n o valga
dos reales, y tenerlos allí como quien tiene u n j u r o
sobre las yerbas de E x t r e m a d u r a ? Y' si alguno de
n u e s t r o s hijos, nietos o parientes cayere, p o r algu25
»1»»
l»*^g¡g**«*
fifí.
CERVANTES
na desgracia, e n m a n o s de la justicia, ¿ h a b r á favor
tan b u e n o q u e llegue a la o r e j a del j u e z y del escribano, como destos escudos, si llegan a sus bolsas?
T r e s veces p o r tres delitos diferentes m e he visto
casi p u e s t a en el asno p a r a ser azotada, y de la una
m e libró u n j a r r o de plata, y d e la o t r a u n a sarta de
perlas, y de la o t r a c u a r e n t a reales de a ocho, q u e
había t r o c a d o p o r c u a r t o s , d a n d o veinte reales m á s
por el cambio. M i r a , n i ñ a , q u e a n d a m o s en oficio
m u y peligroso y lleno de tropiezos y de ocasiones
forzosas, y n o h a y d e f e n s a s q u e m á s p r e s t o
nos
a m p a r e n y s o c o r r a n como las a r m a s invencibles del
g r a n F i l i p o : no h a y p a s a r adelante de su plus
ultra.
P o r u n doblón de d o s caras se nos m u e s t r a alegre
la t r i s t e del p r o c u r a d o r y de t o d o s los m i n i s t r o s de
la m u e r t e , q u e son arpías de n o s o t r a s las pobres gitanas, y m á s p r e c i a n p e l a r n o s y desollarnos a nosotras q u e a u n salteador de c a m i n o s ; j a m á s , por m á s
r e t a s y d e s a s t r a d a s que n o s v e a n , nos tienen p o r p o b r e s ; q u e dicen q u e somos c o m o los j u b o n e s de los
gabachos de B e l m o n t e : r o t o s y g r a s i e n t o s , y llenos
de doblones.
— P o r vida suya, abuela, q u e no diga m á s ; q u e
lleva t é r m i n o de alegar t a n t a s leyes en favor de qued a r s e con el dinero, q u e a g o t e las de los E m p e r a d o res ; q u é d e s e con ellos, y b u e n p r o v e c h o le hagan,
y plega a Dios q u e los e n t i e r r e en s e p u l t u r a d o n d e
j a m á s t o r n e n a v e r la c l a r i d a d del sol, ni haya necesidad que la v e a n . A estas n u e s t r a s
26
compañeras
Por vida suya, abuela, que no diga
más; ...
1 » 1
SOg
LA
*ti
—
GITAKILLA
será forzoso darles a l g o ; que h á m u c h o que nos esp e r a n , y ya deben de e s t a r e n f a d a d a s .
— A s í v e r á n ellas —replicó la vieja— m o n e d a déstas como veen al T u r c o agora. E s t e buen señor v e r á
si le h a q u e d a d o alguna m o n e d a de plata, o c u a r t o s ,
y los r e p a r t i r á e n t r e ellas, que con poco q u e d a r á n
contentas.
— S í t r a i g o — d i j o el galán.
Y sacó de la faldriquera t r e s reales de a ocho, que
repartió e n t r e las tres gitanillas, con que q u e d a r o n
m á s alegres y m á s satisfechas que suele quedar u n
a u t o r de comedias cuando, en competencia de o t r o ,
le suelen retular p o r las e s q u i n a s : "Víctor,
Víctor."
E n resolución, concertaron la venida de allí a ocho
días, y q u e se había de llamar, c u a n d o fuese gitano,
A n d r é s Caballero, p o r q u e también había gitanos entre ellos deste apellido.
A n d r é s (que así le llamaremos de aquí adelante)
las dejó, y se e n t r ó en M a d r i d , y ellas, contentísimas,
hicieron lo m i s m o . Preciosa, algo aficionada de la
gallarda disposición de A n d r é s , ya deseaba i n f o r m a r se si era el q u e había d i c h o ; entró en M a d r i d , y c o m o
ella llevaba p u e s t a la m i r a en buscar la casa del pad r e de A n d r é s , sin q u e r e r detenerse a bailar en ning u n a p a r t e , en poco espacio se puso en la calle do estaba, que ella m u y bien s a b í a ; y habiendo a n d a d o
hasta
la mitad, alzó los ojos a u n o s balcones
de
h i e r r o d o r a d o s , que le habían dado por señas, y vio
en ellos a u n caballero de h a s t a e d a d d e cincuen29
CERVANTES
ta a ñ o s , con u n h á b i t o de c r u z colorada e n los p e chos, de
venerable g r a v e d a d y p r e s e n c i a ; el
cual
apenas t a m b i é n h u b o visto la Gitanilla c u a n d o d i j o :
— S u b i d , n i ñ a s ; q u e aquí os d a r á n limosna.
A esta voz a c u d i e r o n al balcón otros t r e s caballeros, y e n t r e ellos vino el e n a m o r a d o A n d r é s , q u e
cuando vio a P r e c i o s a , p e r d i ó la color y estuvo a
p u n t o de p e r d e r los s e n t i d o s : t a n t o fué el sobresalto q u e recibió con su vista. Subieron las gitanillas t o d a s , sino la g r a n d e , q u e se q u e d ó abajo p a r a
i n f o r m a r s e de los criados d e las v e r d a d e s de A n drés. Al e n t r a r las gitanillas en la sala, estaba diciendo el caballero anciano a los d e m á s :
— E s t a debe ser, sin d u d a , la Gitanilla h e r m o s a
que dicen q u e a n d a p o r M a d r i d .
— E l l a es — r e p l i c ó A n d r é s — , y sin d u d a es la m á s
h e r m o s a c r i a t u r a q u e se h a visto.
— A s í lo dicen — d i j o P r e c i o s a , que lo o y ó todo en
e n t r a n d o — ; p e r o en v e r d a d q u e se deben de e n g a ñ a r
en la mitad del j u s t o precio. B o n i t a , bien c r e o que lo
s o y ; p e r o t a n h e r m o s a c o m o dicen, ni p o r pienso.
—-¡ P o r vida de d o n J u a n i c o mi hijo — d i j o el anc i a n o — , q u e a ú n sois m á s h e r m o s a de lo q u e dicen,
linda
gitana!
— Y ¿ q u i é n es d o n J u a n i c o su h i j o ?
—preguntó
Preciosa.
— E s e galán q u e está a v u e s t r o l a d o — r e s p o n d i ó
é. caballero.
—En
verdad
que pensé —dijo Preciosa—
que
LA
GITANILLA
j u r a b a vuesa m e r c e d p o r a l g ú n niño de dos años.
¡ M i r a d qué don J u a n i c o , y q u é b r i n c o ! A mi verdad que p u d i e r a ya estar casado, y que, según tiene
u n a s r a y a s en la frente, n o p a s a r á n tres a ñ o s sin que
lo esté, y muy a su gusto, si es que desde aquí allá
no se le pierde, o se le trueca.
— B a s t a — d i j o uno de los p r e s e n t e s — ; que sabe
la Gitanilla de r a y a s .
A lo que
respondió Preciosa.
— L o q u e veo con los ojos, con e! dedo lo adiv i n o : yo sé del señor don J u a n i c o , sin r a y a s , que
es algo e n a m o r a d i z o , impetuoso y acelerado, y g r a n
p r o m e t e d o r de cosas que parecen imposibles; y plega a Dios que n o sea m e n t i r o s i t o , que sería lo peor
de todo. U n viaje ha de h a c e r a g o r a m u y lejos de
aquí, y u n o piensa el bayo, y otro el q u e le ensilla;
el h o m b r e p o n e , y Dios d i s p o n e ; quizá p e n s a r á que
va a O ñ e z , y d a r á en G a m b o a .
A esto respondió don J u a n :
— E n v e r d a d , gitanica, q u e h a s a c e r t a d o en m u chas cosas de mi condición; p e r o en lo d e ser mentiroso v a s m u y fuera de la v e r d a d , p o r q u e me p r e cio de decirla en t o d o acontecimiento. E n lo del viaje
largo h a s a c e r t a d o , p u e s , sin duda, siendo Dios servido, d e n t r o de cuatro o cinco días me p a r t i r é a
Flandes, aunque
tú me amenazas
que he de t o r -
cer el camino, y n o q u e r r í a que en él m e sucediese
algún d e s m á n que lo estorbase.
— C a l l e , señorito — r e s p o n d i ó P r e c i o s a — , y enco3i
CERVANTES
miéndese a D i o s ; q u e t o d o se h a r á b i e n ; y sepa que
yo n o sé n a d a d e lo que digo, y n o es maravilla que
como hablo m u c h o y a bulto, acierte en alguna cosa,
y y o q u e r r í a a c e r t a r en p e r s u a d i r t e a que n o te
partieses, sino que sosegases el pecho, y te estuvieses
con t u s p a d r e s , p a r a darles buena v e j e z ; porque no
estoy bien con estas idas y venidas a F l a n d e s , principalmente los m o z o s de t a n tierna e d a d como la
tuya. D é j a t e crecer u n poco, p a r a que puedas llev a r los t r a b a j o s de la g u e r r a , c u a n t o m á s que h a r t a
g u e r r a tienes en tu c a s a : h a r t o s combates a m o r o sos t e sobresaltan el pecho. Sosiega, sosiega, alb o r o t a d i t o , y m i r a lo q u e haces p r i m e r o que te cases, y danos u n a limosnita p o r Dios y p o r quien tú
e r e s ; que en v e r d a d que creo que eres bien nacido.
Y si a esto se j u n t a el ser v e r d a d e r o , y o cantaré la
gala al vencimiento de h a b e r a c e r t a d o en cuanto te he
dicho.
— O t r a vez te he dicho, n i ñ a — r e s p o n d i ó el don
J u a n q u e había de ser A n d r é s Caballero—, que en
t o d o aciertas sino en el t e m o r que tienes que no debo
de ser m u y v e r d a d e r o ; que en esto te engañas, sin
alguna d u d a ; la p a l a b r a que y o doy en el campo, la
c u m p l i r é en la ciudad y a d o n d e quiera, sin serme
p e d i d a ; pues n o se puede preciar de caballero quien
toca en el vicio de m e n t i r o s o . M i p a d r e te d a r á lim o s n a p o r Dios y p o r m í ; que en v e r d a d que esta m a ñ a n a di c u a n t o tenía a u n a s d a m a s .
Subió, en esto, la gitana vieja, y
32
dijo:
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GITAN
ILLA
— N i e t a , a c a b a ; q u e e s t a r d e , y h a y m u c h o que
hacer y m á s q u e
decir.
— P o r v i d a de P r e d o s i t a — d i j o el padre
drés—
de
An-
que bailéis u n poco con v u e s t r a s c o m p a ñ e r a s ;
que a q u í t e n g o u n doblón de o r o de a dos c a r a s , que
n i n g u n a es c o m o la v u e s t r a , a u n q u e son de d o s reyes.
A p e n a s h u b o oído esto la vieja c u a n d o d i j o :
—Ea,
estos
niñas, haldas en
cinta y dad c o n t e n t o a
señores.
T o m ó las sonajas P r e c i o s a , y dieron sus vueltas,
hicieron y deshicieron t o d o s sus lazos, con t a n t o donaire y desenvoltura, q u e t r a s los pies se llevaban
los ojos de c u a n t o s las m i r a b a n , especialmente los
de A n d r é s , q u e así se iban e n t r e los pies de P r e ciosa c o m o si allí tuvieran el c e n t r o de su gloria.
D e s p i d i é r o n s e las gitanas, y al irse dijo P r e c i o sa a d o n J u a n :
—Mire,
señor:
cualquiera día
desta s e m a n a es
p r ó s p e r o p a r a p a r t i d a s , y n i n g u n o es a c i a g o ; a p r e s u r e el i r s e lo m á s p r e s t o q u e p u d i e r e ; que le a g u a r da u n a vida ancha, libre y m u y gustosa, si quiere
a c o m o d a r s e a ella.
—No
es t a n libre ta del soldado, a mi parecer
— r e s p o n d i ó d o n J u a n — , q u e n o t e n g a m á s d e sujeción q u e de libertad : pero, con t o d o esto, h a r é como
viere.
— M á s veréis de lo que pensáis — r e s p o n d i ó P r e ciosa—, y Dios os Heve y t r a i g a con bien,
como
v u e s t r a b u e n a presencia merece.
33
xxi.—s
o»>
U A J f f f l ^ .
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Con estas ú l t i m a s p a l a b r a s q u e d ó contento A n drés, y las g i t a n a s se fueron contentísimas. T r o c a ron el doblón, r e p a r t i é r o n l e e n t r e t o d a s igualmente,
a u n q u e la vieja g u a r d i a n a llevaba siempre p a r t e y
media de lo que se j u n t a b a , así p o r la m a y o r i d a d , com o p o r ser ella el a g u j a p o r q u i e n se guiaban en él
m a r e m a g n o de sus bailes, donaires, y a u n de sus embustes.
Llegóse, en fin, el día q u e A n d r é s Caballero se
apareció u n a m a ñ a n a en el p r i m e r l u g a r de su aparecimiento, sobre u n a m u í a d e alquiler, sin criado
a l g u n o ; halló en él a P r e c i o s a y a su abuela, de las
cuales conocido, le recibieron con m u c h o gusto. E l
les dijo q u e le guiasen al r a n c h o antes q u e e n t r a s e el
día y con él se descubriesen las señas q u e llevaba, si
acaso le buscasen. Ellas, que, como advertidas, vin i e r o n solas, dieron la vuelta, y de allí a poco r a t o lleg a r o n a sus b a r r a c a s . E n t r ó A n d r é s en la una, que
era la m a y o r del r a n c h o , y luego acudieron a verle
diez o doce gitanos, todos mozos y todos gallardos y
bien hechos, a quien ya la vieja había d a d o cuenta
del n u e v o c o m p a ñ e r o q u e les había de venir,
sin
tener necesidad de e n c o m e n d a r l e s el s e c r e t o ; que ellos
le g u a r d a n con sagacidad y p u n t u a l i d a d nunca vista.
E c h a r o n luego o j o a la m u í a , y dijo tino dellos:
— E s t a se p o d r á v e n d e r el jueves en T o l e d o .
— E s o n o — d i j o A n d r é s — , p o r q u e no h a y muía
de aflquiler q u e n o sea conocida d e todos los mozos
de m u í a s q u e t r a j i n a n p o r E s p a ñ a .
34
LA
G IT
ANILLA
—i P a r Dios, señor A n d r é s ! — d i j o uno de los git a n o s — , que a u n q u e la muía tuviera m á s señales que
las q u e h a n de p r e c e d e r al dia t r e m e n d o , a q u í
la
t r a n s f o r m á r a m o s d e m a n e r a que no la conociera ni
el d u e ñ o que la h a criado.
— C o n todo eso — r e s p o n d i ó A n d r é s — , por esta
vez se h a de seguir y t o m a r el parecer mío. A esta
muía se h a d e d a r m u e r t e , y h a d e ser e n t e r r a d a donde a u n los huesos n o p a r e z c a n .
—¡ P e c a d o g r a n d e ! — d i j o o t r o g i t a n o — : ¿ a u n a
inocente se h a de quitar la v i d a ? N o diga tal efl buen
A n d r é s , sino h a g a una c o s a : mírela bien a g o r a de
m a n e r a que se le queden e s t a m p a d a s t o d a s sus señales en la m e m o r i a , y déjenmela llevar a m í ; y si
de aquí a dos h o r a s la conociere, q u e m e lardeen
c o m o a u n n e g r o fugitivo.
— E n n i n g u n a m a n e r a consentiré — d i j o A n d r é s —
que la m u í a n o m u e r a , a u n q u e m á s m e a s e g u r e n su
t r a n s f o r m a c i ó n : y o t e m o ser descubierto si a ella n o
la c u b r e la tierra. Y si se hace p o r el p r o v e c h o q u e
de v e n d e r l a p u e d e seguirse, n o v e n g o t a n
a esta cofradía,
q u e n o pueda
pagar
desnudo
de entrada
m á s de lo q u e valen c u a t r o muías.
— P u e s así lo quiere el señor A n d r é s
Caballero
— d i j o o t r o g i t a n o — . m u e r a la sin culpa, y
Dios
sabe si m e pesa, así p o r su mocedad, p u e s a ú n n o
ha c e r r a d o (cosa n o u s a d a e n t r e muías de alquiler),
como p o r q u e debe ser andariega, pues n o t i e n e c o s t r a s en las ijadas, ni llagas, de 3a espuela.
35
CERVANTES
Dilatóse su m u e r t e hasta la noche, y en lo que
q u e d a b a de aquel día se hicieron las ceremonias de
la e n t r a d a de A n d r é s a ser g i t a n o , q u e f u e r o n : dese m b a r a z a r o n luego u n r a n c h o de los m e j o r e s del
a d u a r , y a d o r n á r o n l e de r a m o s y j u n c i a ; y sentándose A n d r é s sobre u n medio alcornoque, pusiéronle en las m a n o s u n martillo y u n a s tenazas, y al son
de dos g u i t a r r a s q u e dos g i t a n o s tañían, le hicieron
d a r dos c a b r i o l a s ; luego le d e s n u d a r o n u n brazo, y
con u n a cinta d e seda n u e v a y u n g a r r o t e le dieron
dos v u e l t a s b l a n d a m e n t e . A todo se halló presente
P r e c i o s a , y o t r a s m u c h a s g i t a n a s , viejas y mozas,
que l a s u n a s con maravilla, o t r a s con a m o r , le m i r a b a n : tal era la gallarda disposición de A n d r é s , que
h a s t a los gitanos le q u e d a r o n aficionadísimos.
H e c h a s , p u e s , las referidas ceremonias, u n gitano
viejo t o m ó p o r la m a n o a P r e c i o s a , y puesto delante
de A n d r é s ,
dijo:
— E s t a m u c h a c h a , que es la flor y la n a t a de todí
1.1 h e r m o s u r a de las gitanas que sabemos que viveí
en E s p a ñ a , te la e n t r e g a m o s p o r esposa, p o r q u e la
libre y ancha v i d a n u e s t r a n o está' sujeta a melindres
ni a m u c h a s ceremonias. M í r a l a bien, y m i r a si U
a e r a d a , o si vees en ella a l g u n a cosa q u e t e descontente, y si la vees, escoge entre las doncellas que
aquí están la que m á s te c o n t e n t a r e ; q u e la que escogieres t e d a r e m o s : p e r o h a s de saber que una vei
c^corida. no la has de d e i a r p o r
trns
otra. Con
mies-
!»ves y estatutos nos c o n s e r v a m o s y vivime
36
LA
GITA
N
1LLA
a l e g r e s ; somos señores de los campos, de los semb r a d o s , de las selvas, de los montes, de las
fuentes
y de los r í o s : los montes nos ofrecen ieña d e b a l d e ;
los árboles, f r u t a s ; las viñas, u v a s ; las h u e r t a s , h o r taliza; las fuentes, a g u a ; los ríos, peces, y los vedados, c a z a ; s o m b r a las peñas, aire fresco las quiebras, y casas las cuevas. P a r a n o s o t r o s las inclemencias del cielo son oreos, refrigerio las nieves, baños
la lluvia, músicas los truenos y hachas los relámpag o s ; p a r a nosotros son los d u r o s t e r r e r o s colchones
de blandas p l u m a s ; el c u e r o c u r t i d o
de
nuestros
cuerpos nos sirve de arnés impenetrable q u e nos defiende ; a n u e s t r a ligereza n o la impiden grillos, ni la
detienen b a r r a n c o s , ni la c o n t r a s t a n p a r e d e s ; a n u e s tro ánimo no le tuercen cordeles, ni le m e n o s c a b a n gar r u c h a s , ni le a h o g a n tocas, ni le d o m a n p o t r o s . Del
sí al no no hacemos diferencia cuando nos c o n v i e n e :
siempre nos preciamos m á s de m á r t i r e s que de confesores ; p a r a nosotros se crían las bestias de carga
en los campos y se cortan las faldriqueras en las ciudades. N o h a y águila, ni n i n g u n a otra ave de rapiña
que m á s presto se abalance a la presa que se le ofrece,
que n o s o t r o s nos abalanzamos a las ocasiones q u e alg ú n interés nos señalen ; y, finalmente, tenemos m u chas habilidades q u e felice fin nos p r o m e t e n ; p o r q u e
en la cárcel cantamos, en e! p o t r o callamos, de día
t r a b a j a m o s , v de noche h u r t a m o s , o, por m e j o r decir,
avisamos que nadie viva descuidado de m i r a r d ó n d e
pone su hacienda. N o nos fatiga el t e m o r de p e r d e r
37
ÍAA>?
CERVANTES
la h o n r a , ni nos desvela la ambición de acrecentarla, ni s u s t e n t a m o s bandos, ni m a d r u g a m o s a d a r m e moriales, ni a a c o m p a ñ a r m a g n a t e s , ni a solicitar fav o r e s . P o r d o r a d o s techos y s u n t u o s o s palacios e s timamos estas b a r r a c a s y movibles r a n c h o s ; por cuad r o s y países de F l a n d e s , los que nos da la naturaleza en esos levantados riscos y n e v a d a s p e ñ a s , tendidos p r a d o s y espesos bosques que a c a d a p a s o a los
ojos
se nos m u e s t r a n .
Somos
astrólogos rústicos,
p o r q u e como casi s i e m p r e d o r m i m o s al cielo descubierto, a t o d a s h o r a s sabemos las q u e son del
día y las q u e son de la n o c h e ; v e m o s cómo a r r i n cona y b a r r e la a u r o r a las estrellas del cielo, y cómo
ella sale con su c o m p a ñ e r a el alba, a l e g r a n d o el aire,
e n f r i a n d o el a g u a y h u m e d e c i e n d o la tierra, y luego, t r a s ella, el sol, dorando
otro poeta) y rizando
cumbres
montes;
(como dijo el
ni t e m e m o s
quedar
helados p o r su ausencia c u a n d o nos hiere a soslayo
con sus rayos, ni q u e d a r a b r a s a d o s c u a n d o con ellos
particularmente
nos
toca:
un
mismo
rostro
ha-
cemos al sol que al yelo, a la esterilidad que a la
abundancia.
E n conclusión, somos gente que vivi-
mos p o r n u e s t r a industria y pico, y sin e n t r e m e t e r n o s
con el a n t i g u o r e f r á n : " I g l e s i a , o m a r , o casa r e a l " ,
tenemos lo que q u e r e m o s , p u e s nos contentamos con
lo q u e tenemos. T o d o esto os he dicho, generoso
mancebo, por que no ignoréis la vida a que habéis v e nido y el t r a t o que habéis de p r o f e s a r , el cual os he
pintado aquí en b o r r ó n ; que o t r a s m u c h a s e infinitas
38
LA
G¡'LANILLA
cosas iréis descubriendo en el con el tiempo, n o m e nos dignas de consideración q u e las q u e habéis oido.
Calló en diciendo esto el elocuente y viejo gitano, y el novicio dijo que se holgaba m u c h o de haber sabido t a n loables estatutos, y que él pensaba
hacer profesión en aquella o r d e n tan p u e s t a en r a zón y en políticos fundamentos, y que sólo le pesaba no haber venido m á s p r e s t o en c o n o c i m i e n t o de
tan alegre vida, y que desde aquel p u n t o renunciaba
la profesión de caballero y la vanagloria d e su ilustre linaje, y lo p o n í a t o d o debajo del y u g o , o, p o r
m e j o r decir, debajo de las leyes con q u e ellos vivían, p u e s con t a n alta r e c o m p e n s a le satisfacían el
deseo de servirlo.-;, entregándole a la divina P r e c i o sa, p o r quien él d e j a r í a coronas e imperios y sólo los
desearía p a r a servirla.
A lo cual respondió
Preciosa:
— P u e s t o q u e estos señores legisladores han hallado p o r sus leyes que soy t u y a , y que p o r t u y a te
me h a n e n t r e g a d o , y o he hallado p o r la ley de mi v o luntad, que es la m á s fuerte de todas, q u e no quiero serlo si n o es con las condiciones que antes que
aquí vinieses entre los dos concertamos. D o s años has
de vivir en n u e s t r a c o m p a ñ í a p r i m e r o que de la mía
goces, p o r q u e tú no te a r r e p i e n t a s p o r ligero, ni yo
quede e n g a ñ a d a p o r presurosa. Condiciones r o m p e n
l e y e s ; las que te h e puesto s a b e s : si las quisieres
guardar, podrá
ser que sea tuya y tú seas mío,
y d o n d e no, a ú n n o es m u e r t a la muía, t u s vesti39
CERVANTES
dos e s t á n enteros, y de t u s dineros no t e falta u n ard i t e ; la a u s e n c i a q u e h a s hecho no h a sido a ú n de
u n d í a ; q u e de l o q u e del falta te p u e d e s servir y
d a r l u g a r que consideres lo q u e m á s te conviene.
E s t o s señores n o pueden e n t r e g a r t e mi alma, que
es libre y nació libre, y h a d e ser libre en tanto que
yo quisiere. Si t e quedas, t e e s t i m a r é e n m u c h o ; si
te vuelves, no te t e n d r é en m e n o s ; p o r q u e , a mi parecer, los ímpetus a m o r o s o s c o r r e n a rienda suelta,
hasta q u e e n c u e n t r a n con la r a z ó n o con el desengañ o ; y n o q u e r r í a y o que fueses t ú p a r a conmigo como
es el c a z a d o r , q u e e n a l c a n z a n d o la liebre q u e sigue, la coge, y la deja, p o r c o r r e r t r a s otra que k
huye. O j o s h a y e n g a ñ a d o s q u e a la p r i m e r a vista
tan bien les p a r e c e el oropel c o m o el o r o ; p e r o a
poco r a t o bien conocen la diferencia q u e h a y d e lo
fino a lo falso. E s t a mi h e r m o s u r a q u e tú dices que
tengo, q u e la estimas s o b r e el sol y la
encareces
sobre el o r o , ¿ q u é sé y o si de cerca te p a r e c e r á sombra, y tocada, cairas en que es de a l q u i m i a ? Dos años
te doy de tiempo p a r a que tantees y p o n d e r e s lo que
será bien que escojas o será j u s t o que d e s e c h e s ; que
la p r e n d a que una vez c o m p r a d a , nadie se puede deshacer della sino con la m u e r t e , bien es que haya
tiempo, y m u c h o , p a r a miralla y remiralla, y ver
en ella las faltas o las v i r t u d e s q u e tiene.
-—Tienes r a z ó n ¡oh P r e c i o s a ! — d i j o a este p u n t o
A n d r é s — ; y así, si q u i e r e s q u e a s e g u r e t u s t e m o r e s
y menoscabe t u s sospechas j u r á n d o t e q u e n o saldré
40
L/l
GIT
ANILLA
u n p u n t o d e las órdenes que m e pusieres, m i r a qué
j u r a m e n t o quieres q u e haga, o qué otra seguridad
p u e d o d a r t e ; q u e a todo m e hallarás dispuesto.
•—No quiero j u r a m e n t o s , señor A n d r é s , ni quiero
p r o m e s a s ; sólo quiero remitirlo t o d o a la experiencia
deste noviciado.
— S e a ansí — r e s p o n d i ó A n d r é s — . Sola u n a cosa
p i d o a estos señores y c o m p a ñ e r o s míos, y es q u e n o
m e fuercen a que h u r t e n i n g u n a cosa, p o r t i e m p o
de u n m e s s i q u i e r a ; p o r q u e m e parece q u e n o h e de
a c e r t a r a ser ladrón si antes n o preceden m u c h a s liciones.
—Calla, hijo — d i j o el gitano v i e j o — ; q u e aquí
te i n d u s t r i a r e m o s de m a n e r a , que salgas u n águila en
el oficio; y c u a n d o le sepas, h a s de g u s t a r del de
modo, q u e te c o m a s las m a n o s t r a s él. ¡ Y a es cosa
de b u r l a salir vacío p o r l a m a ñ a n a y volver c a r g a d o
a la n o c h e al r a n c h o !
— D e azotes h e visto yo volver a algunos desos
vacíos — d i j o
Andrés.
— N o se t o m a n t r u c h a s , etcétera —replicó el viej o — : t o d a s las cosas desta v i d a están sujetas a diversos peligros, y las acciones del ladrón, al de las
galeras, azotes y h o r c a ; p e r o n o p o r q u e c o r r a
un
navio t o r m e n t a , o se anegue, h a n de d e j a r los otros
de navegar. ¡ B u e n o sería que p o r q u e l a g u e r r a c o me los h o m b r e s y los caballos, dejase de h a b e r soldados ! C u a n t o m á s , que el que es azotado p o r j u s ticia e n t r e nosotros, es tener u n hábito en las e s 41
CERVANTES
p a l d a s , que le p a r e c e m e j o r q u e si le trújese en los
pechos, y de los buenos. E l toque está en no acabar
acoceando el aire en la flor de n u e s t r a j u v e n t u d y
a los p r i m e r o s d e l i t o s ; q u e el m o s q u e o de las espaldas, ni el a p a l e a r el agua en las galeras, no lo estimamos en u n cacao. H i j o A n d r é s , r e p o s a d a h o r a e n el
nido debajo de n u e s t r a s a l a s ; que a s u tiempo os sac a r e m o s a volar, y en p a r t e d o n d e n o volváis sin
presa, y lo dicho d i c h o : q u e os habéis de lamer los
dedos tras cada hurto.
— P u e s p a r a r e c o m p e n s a r — d i j o A n d r é s — lo que
yo podía h u r t a r en este t i e m p o que se m e da de venia, q u i e r o r e p a r t i r docientos e s c u d o s de o r o e n t r e
todos los del
Apenas
rancho.
h u b o dicho esto c u a n d o a r r e m e t i e r o n a
él m u c h o s gitanos, y l e v a n t á n d o l e e n los brazos y s o bre los h o m b r o s , le c a n t a b a n el " ¡ \ íctor, víctor, y
e! g r a n d e A n d r é s ! " , a ñ a d i e n d o : " ¡ Y viva, viva P r e ciosa, a m a d a p r e n d a
suya!"
L a s gitanas hicieron lo m i s m o con Preciosa, no sin
envidia de Cristina y de o t r a s gitanillas q u e se hallaron p r e s e n t e s ; que la envidia t a m b i é n se aloja
en
los a d u a r e s de los b á r b a r o s y en las chozas de p a s tores como en palacios de príncipes, y esto de ver
m e d r a r al vecino q u e m e p a r e c e q u e n o tiene m á s
m é r i t o s que yo, fatiga.
H e c h o esto, comieron l a u t a m e n t e ; repartióse el din e r o p r o m e t i d o con equidad y j u s t i c i a ; r e n o v á r o n s e
las alabanzas de A n d r é s ; s u b i e r o n al cielo la h e r m o 4a
^\AV
LA
GITANILL
A
s u r a de Preciosa. Llegó la noche, acocotaron la m u la, y e n t e r r á r o n l a de modo, que quedó s e g u r o A n d r é s de ser p o r ella d e s c u b i e r t o ; y también e n t o n a ron con ella sus alhajas, como fueron silla, y freno,
y cinchas, a uso de los indios, q u e sepultan con ellos
kus m á s ricas p r e s e a s .
D e t o d o lo que había visto y oido, y de los ingenios de los gitanos, q u e d o a d m i r a d o A n d r é s , y con
proposito de seguir y conseguir su e m p r e s a sin entremeterse n a d a en sus c o s t u m b r e s , o, a lo m e n o s , e x cusarlo p o r t o d a s las vías que pudiese, p e n s a n d o e x e n t a r s e de la j u r i s d i c i ó n de obedecellos en las cosas
injustas que le mandasen, a costa de su dinero. O t r o
día les r o g ó A n d r é s que m u d a s e n de sitio y se alej a s e n d e .Madrid, p o r q u e temía ser conocido si allí
e s t a b a ; ellos d i j e r o n que ya tenian d e t e r m i n a d o irse
a los m o n t e s de T o l e d o , y desde alU correr y g a r r a m a r t o d a la tierra cirounvecina. L e v a n t a r o n , pues, el
r a n c h o , y diéronle a .Andrés u n a pollina en que fuese ;
p e r o él n o la quiso, sino irse a pie, sirviendo de lacayo a Preciosa, que sobre o t r a iba, ella contentísima
de v e r cómo t r i u n f a b a de su gallardo escudero, y él
ni m á s ni menos, de ver j u n t o a sí a la que había h e cho señora de su aúbedrio.
D e allí a c u a t r o dias llegaron a u n a aldea dos leg u a s de Toledo, d o n d e a s e n t a r o n su a d u a r , d a n d o
p r i m e r o algunas p r e n d a s de plata al alcalde del p u e blo, en fianzas de q u e en el ni en todo su t é r m i n o n o
h u r t a r í a n n i n g u n a cosa. H e c h o esto, todas las gita43
CEU
V A A" y £ S
ñas viejas, y algunas m o z a s , y los gitanos, se esparcieron p o r t o d o s los l u g a r e s , o, a lo menos, a p a r t a dos p o r c u a t r o o cinco leguas de aquel donde habían a s e n t a d o su real. F u é con ellos A n d r é s a t o m a r la p r i m e r a lición de l a d r ó n ; pero a u n q u e le dieron m u c h a s en aquella salida, n i n g u n a se le a s e n t ó ;
antes c o r r e s p o n d i e n d o a su buena s a n g r e , con cada
h u r t o que s u s m a e s t r o s h a c í a n
se le a r r a n c a b a a
él el alma, y tal vez hubo que pagó de su dinero
los h u r t o s que sus c o m p a ñ e r o s h a b í a n hecho, conm o v i d o de las lágrimas de sus d u e ñ o s ; de lo cual
los gitanos se desesperaban, diciéndole q u e era cont r a v e n i r a sus estatutos y o r d e n a n z a s , q u e
prohi-
bían la e n t r a d a a la c a r i d a d en sus pechos, la cu;::
en teniéndola, h a b í a n de d e j a r de ser ladrones, cosa
q u e n o les estaba bien en n i n g u n a m a n e r a . V i e n d o ,
pues, esto A n d r é s , dijo que él q u e r í a h u r t a r p o r M
solo, sin ir en compañía de n a d i e ; p o r q u e p a r a h u i r
del peligro tenía ligereza, y p a r a acometelle n o le
faltaba el á n i m o ; así, que el p r e m i o o el castigo de lo
que h u r t a s e q u e r í a q u e fuese suyo.
Procuraron
sito,
donde
los gitanos
disuadirle
diciéndole que le p o d r í a n
fuese
dcste
suceder
propó-
ocasiones
necesaria la c o m p a ñ í a , así p a r a
aco-
m e t e r como p a r a defenderse, y que una p e r s o n a sola
no podía h a c e r grandes p r e s a s . P e r o , p o r m á s q u e
dijeron, A n d r é s quiso ser l a d r ó n solo y señero, con
intención de a p a r t a r s e de la cuadrilla y c o m p r a r p o r
su dinero alguna cosa q u e pudiese decir q u e la había
44
LA
G I TA .V
ILLA
h u r t a d o , y deste m o d o c a r g a r l o q u e menos pudiese
sobre su conciencia. U s a n d o , p u e s , desta industria,
en m e n o s de u n mes t r u j o m á s p r o v e c h o a la compañía q u e t r a j e r o n ouatro de los m á s e s t i r a d o s lad r o n e s d e l l a ; de q u e n o poco se holgaba
Preciosa,
viendo a su t i e r n o a m a n t e t a n lindo y tan despejado
l a d r ó n ; p e r o , con todo
esto, estaba t e m e r o s a
de
alguna desgracia ; q u e n o quisiera ella verle e n afrenta p o r t o d o el tesoro de Venecia, obligada a tenerle
aquella b u e n a v o l u n t a d los m u c h o s servicios y r e g a los que su A n d r é s le hacía.
P o c o m á s de u n mes se estuvieron en los t é r m i n o s
de T o l e d o , d o n d e hicieron su Agosto, a u n q u e e r a p o r
el me~ ele Septiembre, v desde allí se e n t r a r o n en E x t r e m a d u r a , p o r ser t i e r r a rica y caliente. P a s a b a A n drés c o n P r e c i o s a honestos, discretos y e n a m o r a d o s
coloquios, y ella poco a poco se iba e n a m o r a n d o de
la discreción y b u e n t r a t o d e su a m a n t e , y él, del
m i s m o m o d o , si p u d i e r a crecer su amor, fuera c r e c i e n d o : tail e r a la honestidad, discreción y belleza
ie su P r e c i o s a . A d o q u i e r a q u e llegaban, él se lle/aba el precio y las a p u e s t a s d e c o r r e d o r y de sala r m á s q u e n i n g u n o ; j u g a b a a los bolos y a la p e lota e x t r e m a d a m e n t e :
tiraba
la b a r r a con
mucha
fuerza v singular d e s t r e z a ; finalmente, en poco tiempo voló su fama p o r t o d a E x t r e m a d u r a , y n o había
l u c a r d o n d e n o se hablase de la gallarda disposición
riel gitano A n d r é s Caballero y de sus gracias y h a b i lidades, y al p a r desta fama corría la d e la h e r m o s u •15
w¿V¿!
CERVANTES
r a de la Gitanilla, y no había villa, l u g a r ni aldea
donde n o los llamasen p a r a regocijar las fiestas votivas s u y a s , o p a r a otros p a r t i o u l a r e s regocijos. D e s ta m a n e r a iba el a d u a r rico, p r ó s p e r o y contento.
F u e r o n de p a r e c e r los gitanos
de Ir a Sevilla,
pe-
r o la abuela de P r e c i o s a dijo q u e ella n o podía ir
a causa que los años p a s a d o s había hecho u n a burla en
Sevilla a u n g o r r e r o llamado Triguillos, m u y conocido en ella, al cual le había h e c h o m e t e r en una tinaja
de a g u a h a s t a el cuello, d e s n u d o en carnes, y en la cabeza p u e s t a u n a c o r o n a de ciprés, e s p e r a n d o el filo de
la media noche p a r a salir d e la tinaja a c a v a r y sacar
u n g r a n tesoro q u e ella le h a b í a hecho creer que estaba
en cierta p a r t e de su casa. D i j o q u e como oyó el buen
g o r r e r o tocar a maitines, p o r n o p e r d e r la c o y u n t u r a ,
se dio t a n t a priesa a salir d e la tinaja, que dio con
ella y con él en el suelo, y con él golpe y con los cascos se magulló las carnes, d e r r a m ó s e el agua, y él q u e dó n a d a n d o en ella, y d a n d o voces que se anegaba.
A c u d i e r o n su m u j e r y sus vecinos con luces, y halláronle haciendo efectos de n a d a d o r , soplando y a r r a s t r a n d o la barriga p o r el s u e l o ; y m e n e a n d o brazos
y p i e r n a s con m u c h a priesa, y diciendo a g r a n d e s voc e s : " ¡ S o c o r r o , señores, que m e a h o g o " , tal le tenía
el miedo, que v e r d a d e r a m e n t e pensó que se ahogaba.
A b r a z á r o n s e con él, sacáronle de aquel peligro, volvió
en sí, contó la burla de la g i t a n a , y, con todo eso, cavó
en la p a r t e señalada m á s de u n estado en h o n d o , a p e sar de todos cuantos le decían que era embuste m í o ; y
46
•WXV
LA
GIT
ANILLA
si no se lo e s t o r b a r a u n vecino suyo, que tocaba ya en
los cimientos de su casa, él diera con e n t r a m b a s en
el suelo, si le d e j a r a n cavar t o d o c u a n t o él quisiera.
S ú p o s e este c u e n t o p o r t o d a la ciudad, y h a s t a los
m u c h a c h o s le señalaban con el dedo y c o n t a b a n su
credulidad y m i e m b u s t e .
E s t o contó la gitana vieja, y esto dio p o r e x c u s a
p a r a n o i r a Sevilla. L o s gitanos d e t e r m i n a r o n de
torcer el camino a m a n o izquierda.
D e j a r o n , p u e s , a E x t r e m a d u r a y e n t r á r o n s e en la
M a n c h a , y poco a poco fueron c a m i n a n d o al reino de M u r c i a . E n todas las aldeas y l u g a r e s que
pasaban había desafíos de pelota, de esgrima, de correr, d e saltar, d e t i r a r la b a r r a y de otros ejercicios de fuerza, m a ñ a y ligereza, y de t o d o salía vencedor A n d r é s .
Una m a ñ a n a se levantó el a d u a r , y se fueron a
alojar en u n l u g a r d e la jurisdición de M u r c i a , t r e s
leguas d e la ciudad, d o n d e l e s u c e d i ó a A n d r é s una
desgracia que l e puso en p u n t o d e p e r d e r la v i d a ; y
fué que, después de h a b e r d a d o en aquel l u g a r algunos vasos y p r e n d a s de plata en fianzas, c o m o tenían
de c o s t u m b r e , P r e c i o s a y su abuela, y Cristina con
otras dos gitanillas, y A n d r é s , se alojaron en u n m e són de u n a v i u d a rica, la cual tenía u n a hija de edad
de diez y siete o diez y ocho años, algo m á s desenvuelta que h e r m o s a , y, p o r m á s señas, se llamaba J u a n a C a r d u c h a . E s t a , habiendo visto bailar a
las gitanas y gitanos, la t o m ó el diablo, y se p r o p u 47
CERVANTES
so t o m a r p o r m a r i d o a Andrés
si él quisiese, a u n -
que a t o d o s sus p a r i e n t e s les p e s a s e ; y así, buscó
c o y u n t u r a p a r a decírselo y hallóla e n u n corral, donde A n d r é s había e n t r a d o a r e q u e r i r dos pollinos.
Llegóse a él, y con priesa, p o r no ser vista, le
dijo:
— A n d r é s — q u e ya sabía su n o m b r e — , yo soy
doncella y rica; q u e mi m a d r e n o tiene o t r o hijo sino
a mí, y este m e s ó n es suyo, y a m é n desto, tiene m u chos m a j u e l o s , y o t r o s dos p a r e s de casas. H a s m e
p a r e c i d o b i e n : si m e quieres p o r esposa, a ti e s t á ;
r e s p ó n d e m e p r e s t o , y si e r e s discreto, quédate, y v e rás q u é v i d a n o s d a m o s .
A d m i r a d o q u e d ó A n d r é s de la resolución de la
C a r d u c h a , y con la presteza q u e ella p e d í a le respondió:
—'Señora doncella, y o estoy a p a l a b r a d o p a r a cas a r m e , y los g i t a n o s n o nos casamos sino con gitan a s : g u á r d e l a D i o s p o r la m e r c e d que m e
quería
hacer, d e quien y o no soy digno.
N o e s t u v o e n dos dedos de caerse m u e r t a la Carducha
con la aceda respuesta de A n d r é s , a quien
replicara si n o v i e r a q u e e n t r a b a n en el corral otras
gitanas. Salióse c o r r i d a y a s e n d e r e a d a , y de buena
g a n a se v e n g a r a si p u d i e r a . A n d r é s , c o m o discreto,
d e t e r m i n ó de p o n e r tierra en medio, y desviarse de
aquella ocasión q u e el diablo le ofrecía, y así, pidió a t o d o s los gitanos que aquella noche se p a r t i e sen de aquel l u g a r . Ellos, q u e s i e m p r e le obedecían,
48
^*AV
LA
GIT
ANILLA
lo p u s i e r o n luego p o r obra, y c o b r a n d o sus
fianzas
aquella t a r d e , se fueron.
L a C a r d u c h a o r d e n ó de hacer q u e d a r a A n d r é s
por fuerza, y a que de g r a d o n o p o d í a ; y así, con
la industria, sagacidad y secreto que su mal intento le enseñó, puso e n t r e las alhajas de A n d r é s , que
ella conoció p o r suyas, u n o s ricos corales y dos p a tenas de plata, con o t r o s brincos suyos, y a p e n a s h a bían salido del mesón, cuando dio voces, diciendo que
aquellos gitanos le llevaban r o b a d a s sus j o y a s ; a cuyas voces a c u d i ó la justicia y t o d a la gente del p u e blo. L o s g i t a n o s hicieron a l t o , y todos j u r a b a n q u e
n i n g u n a cosa llevaban h u r t a d a y que ellos h a r í a n p a tentes t o d o s los sacos y repuestos de su a d u a r . D e s to se congojó m u c h o la gitana vieja, t e m i e n d o que
en aquel escrutinio n o se manifestasen los dijes de
la P r e c i o s a y los vestidos d e A n d r é s , q u e ella con
g r a n cuidado y recato g u a r d a b a ; pero la buena de la
C a r d u c h a lo r e m e d i ó con m u c h a brevedad todo, p o r que al segundo envoltorio que m i r a r o n dijo que p r e g u n t a s e n cuál e r a el de aquel gitano g r a n b a i l a d o r ;
que ella le había visto e n t r a r en su aposento dos v e ces, y que podría ser q u e aquél las llevase. E n t e n d i ó
A n d r é s q u e por él lo decía, y riéndose, d i j o :
—Señora
doncella, ésta es mi r e c á m a r a y
éste
es mi p o l l i n o : si vos halláredes en ella ni en él lo que
os falta, yo os lo p a g a r é con las setenas, fuera de suj e t a r m e al castigo q u e la ley da a los l a d r o n e s .
A c u d i e r o n luego los ministros
de la
justicia a
49
xxi.—4
P»<»
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CERVANTES
desvalijar el pollino, y a pocas vueltas dieron con el
hurto; de que q u e d ó tan e s p a n t a d o A n d r é s y tan
absorto, que n o pareció sino estatua, sin voz, de piedra dura.
—¿ N o sospeché yo bien ? — d i j o a esta sazón la
Carducha—. ¡ M i r a d con q u é buena c a r a se encubre u n ladrón tan g r a n d e !
A t o d o callaba A n d r é s , s u s p e n s o e imaginativo, y
no acababa de caer en la traición d e la C a r d u c h a .
E n esto, se llegó a él u n soldado b i z a r r o , sobrino del
Alcalde, y sin m á s ni m á s alzó la m a n o , y le dio un
bofetón, tal, que le hizo v o l v e r de su embelesamiento y le hizo a c o r d a r que n o era A n d r é s Caballero,
sino don Juan y c a b a l l e r o ; y a r r e m e t i e n d o al soldado con mucha presteza y m á s cólera, le a r r a n c ó su
misma e s p a d a de la vaina, y se la e n v a i n ó en el
c u e r p o , d a n d o con él m u e r t o
en
tierra.
Aquí fué el g r i t a r del p u e b l o ; aqui el amohinarse el tío A l c a l d e ; aquí el d e s m a y a r s e Preciosa, y el
turbarse Andrés de vería d e s m a y a d a ; aquí el acudir todos a las armas y d a r t r a s el homicida. C r e ció la confusión, creció la g r i t a , y por acudir
An-
drés al desmayo de P r e c i o s a , dejó de acudir a su
defensa:
finalmente,
tantos c a r g a r o n sobre A n d r é s ,
que le p r e n d i e r o n y le a h e r r o j a r o n con dos m u y g r u e sas cadenas. Bien quisiera el Alcalde a h o r c a r l e luego, si estuviera en su m a n o ; p e r o h u b o de r e m i tirle a Murcia, p o r ser de su jurisdición. N o le llevaron hasta otro día, y en el q u e allí e s t u v o pasó A n 50
...le arrancó su misma espada de la
vaina, y se la envainó en el cuerpo, ...
LA
GITANILLA
drés m u c h o s m a r t i r i o s y vituperios, que el indign a d o Alcalde, y sus ministros, y todos los del l u g a r
le hicieron. P r e n d i ó el Alcalde t o d o s los m á s gitanos
y g i t a n a s q u e p u d o , p o r q u e los m á s h u y e r o n .
Fi-
nalmente, con la sumaria del caso y con u n a g r a n
cáfila de gitanos, e n t r a r o n el Alcalde y sus minist r o s con o t r a m u c h a gente a r m a d a e n M u r c i a , e n t r e
los cuales iba P r e c i o s a y eü p o b r e A n d r é s , ceñido
de cadenas, sobre u n m a c h o , y con esposas y piedeamigo. Salió t o d a M u r c i a a v e r los p r e s o s ; que y a
se tenía noticia d e la m u e r t e del soldado. P e r o la
h e r m o s u r a de P r e c i o s a aquel día fué t a n t a , que ning u n o la m i r a b a que n o la bendecía, y llegó la nueva
de su belleza a los oídos d e l a señora Corregidora,
q u e p o r curiosidad de verla h i z o que el C o r r e g i d o r
su m a r i d o m a n d a s e que aquella gitanica n o
entra-
se en la cárcel, y t o d o s los d e m á s sí, y a A n d r é s le
p u s i e r o n en u n estrecho calabozo, cuya escuridad y
la falta de la luz de Preciosa le t r a t a r o n de m a n e r a ,
q u e bien pensó n o salir de allí sino p a r a la sepultura.
L l e v a r o n a P r e c i o s a con su abuela a q u e la C o r r e g i d o r a l a viese, y así como la vio
dijo:
— C o n razón la alaban de h e r m o s a .
Y llegándola a sí, la a b r a z ó tiernamente, y n o se
h a r t a b a de mirarla, y p r e g u n t ó a su abuela que qué
edad t e n d r í a aquella niña.
— Q u i n c e años — r e s p o n d i ó la gitana—•, dos meses
más a menos.
— E s o s t u v i e r a a g o r a la desdichada de mi C o s 53
CERVANTES
tanza. ¡ A y , amigas, q u e esta n i ñ a m e h a r e n o v a d o
mi d e s v e n t u r a ! — d i j o Ja C o r r e g i d o r a .
T o m ó , e n esto, P r e c i o s a las m a n o s de la Corregid o r a , y besándoselas m u c h a s veces, se las b a ñ a b a con
l á g r i m a s y le d e c í a :
— S e ñ o r a mía, el gitano q u e está p r e s o no tiene
culpa, p o r q u e fué p r o v o c a d o : llamáronle ladrón, y
no lo e s ; diéronle u n bofetón en su r o s t r o , que es
tal, que en él se descubre la b o n d a d de su ánimo. P o r
D i o s y p o r quien v o s sois, s e ñ o r a , q u e le hagáis
g u a r d a r su justicia, y q u e el s e ñ o r C o r r e g i d o r n o se
dé priesa a e j e c u t a r e n éd el castigo con q u e las leyes le a m e n a z a n ; y si a l g ú n a g r a d o os ha dado mi
hermosura,
entretenedla
con e n t r e t e n e r
el
preso,
p o r q u e en el fin d e su v i d a está el de la mía. E l
ha de ser mi esposo, y j u s t o s y honestos impedim e n t o s h a n e s t o r b a d o que a ú n h a s t a a h o r a no nos
habernos d a d o las m a n o s . Si d i n e r o s fueren menester
p a r a alcanzar p e r d ó n de la p a r t e , todo n u e s t r o a d u a r
se v e n d e r á en pública almoneda, y se d a r á aún m á s
de lo q u e pidieren.
S e ñ o r a mía, si sabéis qué es
amor, y algún tiempo le tuvistes, y a h o r a le tenéis a
v u e s t r o esposo, doleos de m í , q u e a m o tierna y h o n e s t a m e n t e al m í o .
E s t a n d o en esto, e n t r ó el Corregidor, y hallando a
su m u j e r y a P r e c i o s a llorosas y encadenadas, quedó
suspenso, así de su llanto como de la
hermosura;
p r e g u n t ó la c a u s a de aquel sentimiento, y la resp u e s t a q u e dio P r e c i o s a fué soltar las m a n o s de la
54
LA
GITANILLA
C o r r e g i d o r a y asirse de los pies del C o r r e g i d o r , diciéndole:
—¡ S e ñ o r , misericordia, m i s e r i c o r d i a ! ¡ Si mi e s poso m u e r e , y o soy m u e r t a ! ¡ E l n o tiene culpa; pero
si la tiene, déseme a mí la p e n a ; y si esto no puede ser, a lo menos, entreténgase el pleito en tanto
q u e se p r o c u r a n y buscan los medios posibles para
su r e m e d i o ; q u e p o d r á ser que al q u e no pecó de
malicia le enviase el cielo 'la salud de gracia.
Con n u e v a suspensión quedó el C o r r e g i d o r de oír
las discretas razones de la Gitanilla, y que ya, si no
fuera p o r no d a r indicios de
flaqueza,
le acompa-
ñ a r a en sus l á g r i m a s . E n t a n t o que esto pasaba, estaba la g i t a n a vieja c o n s i d e r a n d o g r a n d e s , muchas y
diversas cosas, y al cabo de toda esta
suspensión
e imaginación, d i j o :
— E s p é r e n m e v u e s a s m e r c e d e s , señores míos, un
p o c o ; que y o h a r é q u e estos llantos se c o n v i e r t a n en
risa, a u n q u e a mí m e cueste la vida.
Y así, con ligero paso se salió de donde estaba,
d e j a n d o a l o s presentes confusos con lo que dicha
había. E n tanto, p u e s , q u e ella volvía, nunca dejó
Preciosa las l á g r i m a s ni los ruegos de que se entretuviese la causa d e su esposo, con intención de avisar a su p a d r e , q u e viniese a e n t e n d e r en ella. V o l vió la gitana con u n pequeño cofre debajo del brazo,
y dijo al C o r r e g i d o r que con su m u j e r y ella se e n trasen e n un a p o s e n t o : que t e n í a g r a n d e s cosas que
decirles en secreto. E l C o r r e g i d o r , c r e y e n d o que a l SS
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CERVANTES
g u n o s h u r t o s d e los gitanos
tenerle propicio en el pleito
se r e t i r ó con ella y con su
a d o n d e Ja gitana, h i n c á n d o s e
les d i j o :
q u e r í a descubrirle, p o r
del p r e s o , al m o m e n t o
m u j e r e n su recámara,
d e rodillas a n t e los dos,
— S i las b u e n a s n u e v a s q u e os quiero d a r , señores, n o m e r e c i e r e n alcanzar en albricias el p e r d ó n
de u n g r a n p e c a d o m í o , a q u í estoy p a r a recebir el
castigo q u e quisiéredes d a r m e ; p e r o a n t e s que le
conliese q u i e r o que m e digáis, señores, p r i m e r o , si
conocéis estos j o y a s .
Y d e s c u b r i e n d o u n cofreoico d o n d e v e n í a n las de
Preciosa, se l e p u s o e n las m a n o s al Corregidor, y
en abriéndole, vio aquellos dijes p u e r i l e s ; p e r o no
cayó lo q u e p o d í a n significar. Mirólos t a m b i é n la
C o r r e g i d o r a , p e r o t a m p o c o d i o en l a c u e n t a : sólo
dijo:
—Estos
tura.
son a d o r n o s d e a l g u n a
pequeña
cria-
—'Así es la v e r d a d — d i j o la g i t a n a — ; y de qué
c r i a t u r a s e a n l o dice ese escrito q u e está en ese papel doblado.
Abrióle con priesa el Corregidor, y leyó que d e c í a : " L l a m á b a s e la n i ñ a d o ñ a Costanza d e Azevedo y d e M e n e s e s ; su m a d r e , d o ñ a G u i o m a r de
Meneses, y su p a d r e , don F e r n a n d o de Azevedo,
caballero del h á b i t o de C a l a t r a v a . Desparecíla día
de la A s c e n s i ó n del Señor, a las ocho de la mañana, del a ñ o d e mil y quinientos y n o v e n t a y
56
LA
GITAN
ILLA
cinco. T r a í a la niña puestos estos brincos q u e e n e s te cofre e s t á n g u a r d a d o s . "
A p e n a s h u b o oído la C o r r e g i d o r a las r a z o n e s del
papel, c u a n d o reconoció los brincos, se los p u s o a
la boca y dándoles infinitos besos, se cayó d e s m a y a da. A c u d i ó él C o r r e g i d o r a ella, antes q u e a p r e g u n t a r a la gitana p o r su hija, y habiendo v u e l t o en
sí, d i j o :
— M u j e r buena, antes ángel q u e gitana, ¿ a d o n d e
está el d u e ñ o , digo, la c r i a t u r a
cuyos e r a n estos i
dijes?
— ¿ A d o n d e , s e ñ o r a ? — r e s p o n d i ó 'la g i t a n a — . EiJ
v u e s t r a casa la t e n é i s : aquella gitanica q u e os sacó
las lágrimas de los ojos es su d u e ñ o , y es sin duda'
alguna v u e s t r a h i j a ; que y o la h u r t é en M a d r i d d e
v u e s t r a casa el día y h o r a q u e e s e papel dice.
O y e n d o esto la t u r b a d a señora, soltó ios chapines,
y desalada y c o r r i e n d o salió a l a sala a d o n d e había
dejado a Preciosa, y hallóla r o d e a d a d e s u s doncellas y criadas, t o d a v í a l l o r a n d o ; a r r e m e t i ó a ella, y
sin decirle n a d a , con g r a n priesa le d e s a b r o c h ó el
pecho y m i r ó si tenía u n a señal pequeña, a m o d o de
lunar blanco, con q u e había nacido, y hallóle y a
g r a n d e ; que con el tiempo se había dilatado. L u e g o ,
con la m i s m a celeridad, la descalzó, y descubrió u n
pie de nieve y de marfil, hecho a t o r n o , y vio en él
lo que b u s c a b a ; que e r a q u e los dos dedos últimos
del pie d e r e c h o se t r a b a b a n el u n o con el o t r o p o r
medio c o n u n p o q u i t o de carne, la cual,
57
cuando
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CERVANTES
niña, n u n c a se la h a b í a n q u e r i d o cortar, p o r no darle p e s a d u m b r e . E l pecho, los dedos, los brincos, el
día señalado del h u r t o , la confesión de la gitana, y el
sobresalto y alegría que h a b í a n recebido s u s padres
cuando
la vieron, con t o d a v e r d a d confirmaron en
el a l m a d e la C o r r e g i d o r a ser Preciosa su h i j a ; y
así,
cogiéndola e n
sus b r a z o s , se volvió con ella
a d o n d e el C o r r e g i d o r y la g i t a n a estaban.
I b a P r e c i o s a confusa, que n o sabía a qué efetc
se h a b í a n h e c h o c o n ella aquellas diligencias, y m á s
viéndose llevar en brazos de la Corregidora, y que
le daba d e u n beso h a s t a ciento,
liego,
en fin, con la
preciosa c a r g a d o ñ a G u i o m a r a la presencia de su
m a r i d o , y t r a s l a d á n d o l a de sus b r a z o s a los del Cor r e g i d o r , le d i j o :
— R e c e b i d , señor, a v u e s t r a hija
Costanza;
que
ésta es sin d u d a : n o lo dudéis, señor, en n i n g ú n m o do;
q u e l a señai d e los dedos j u n t o s y la del pecho
he visto, y m á s , q u e a mí m e lo e s t á diciendo el alma
desde él instante q u e mis ojos 'la v i e r o n .
— N o lo d u d o — r e s p o n d i ó el C o r r e g i d o r , teniendo e n sus brazos a P r e c i o s a — ; q u e los m i s m o s efetos h a n p a s a d o p o r la mía q u e p o r la v u e s t r a ; y más,
que t a n t a s p u n t u a l i d a d e s j u n t a s , ¿ c ó m o podían suceder, si n o fuera p o r m i l a g r o ?
T o d a la gente d e casa a n d a b a a b s o r t a , p r e g u n t a n d o
unos a otros qué sería aquello, y todos d a b a n bien
lejos del b l a n c o ; q u e ¿ q u i é n había d e i m a g i n a r que
la Gitanilla era hija de sus señores ?
58
LA
GIT
ANILLA
E l C o r r e g i d o r dijo a su m u j e r , y a su hija, y a la
gitana vieja que aquel caso estuviese secreto hasta
que él le d e s c u b r i e s e ; y a s i m i s m o dijo a la vieja
que él la p e r d o n a b a el a g r a v i o q u e le había h e c h o en
h u r t a r l e ed alma, p u e s la r e c o m p e n s a de habérsela
vuelto m a y o r e s albricias merecía, y que sólo le p e saba de q u e sabiendo ella la calidad de P r e c i o s a , ia
hubiese d e s p o s a d o con u n g i t a n o , y m á s con u n l a d r ó n y homicida.
— ¡ A y ! — d i j o a esto P r e c i o s a — , señor m í o , q u e
ni es gitano ni ladrón, puesto que es m a t a d o r . P e r ú
fuélo del q u e le quitó la h o n r a , y n o p u d o hacer m e nos de m o s t r a r q u i é n e r a , y m a t a r l e .
— ¿ C ó m o q u e n o es gitano, hija m í a ? — d i j o doña
Guiomar.
E n t o n c e s la g i t a n a vieja contó b r e v e m e n t e la his
t o r i a d e A n d r é s Caballero, y q u e e r a hijo de d o n
F r a n c i s c o d e C á r c a m o , caballero del h á b i t o d e S a n tiago, y q u e se llamaba d o n J u a n de C á r c a m o , asim i s m o del m i s m o hábito, c u y o s vestidos ella tenía
los de gitano. C o n t ó
tam-
bién el concierto q u e e n t r e P r e c i o s a y d o n
cuando
los m u d ó
en
Juan
estaba h e c h o d e a g u a r d a r
dos
a ñ o s de
ción p a r a desposarse o n o ; p u s o en
aproba-
su p u n t o
la
honestidad de e n t r a m b o s y la a g r a d a b l e condición
de d o n J u a n . T a n t o se a d m i r a r o n desto c o m o del
hallazgo de su hija, y m a n d ó el C o r r e g i d o r a la
gitana q u e fuese p o r los vestidos de d o n J u a n . Ella
lo hizo ansí, y volvió con o t r o gitano q u e los t r u j o .
59
CERVANTES
E n t a n t o que ella iba y volvía, hicieron sus padres
a P r e c i o s a cien mil p r e g u n t a s , a quien respondió con
t a n t a discreción y gracia, que a u n q u e n o la hubieran
reconocido p o r hija, los e n a m o r a r a . P r e g u n t á r o n l a si
tenía a l g u n a afición a d o n J u a n . R e s p o n d i ó q u e n o
m á s de aquella que le obligaba a ser agradecida a
quien
se había q u e r i d o humillar a ser g i t a n o
por
ella; p e r o que y a n o se e x t e n d e r í a a m á s el a g r a d e cimiento de aquello que sus señores p a d r e s quisiesen.
— C a l l a , hija P r e c i o s a — d i j o s u p a d r e — (que este n o m b r e de P r e c i o s a quiero q u e se te quede, en m e moria de t u p é r d i d a y de t u h a l l a z g o ) ; que yo, como
t u p a d r e , t o m o a c a r g o el p o n e r t e en e s t a d o que n o
desdiga d e quién e r e s .
S u s p i r ó o y e n d o esto P r e c i o s a , y su m a d r e , como
era discreta, entendió que suspiraba de e n a m o r a d a
de d o n J u a n , dijo a su m a r i d o :
— S e ñ o r , siendo t a n principal don J u a n de C á r camo c o m o lo e s , y q u e r i e n d o t a n t o a n u e s t r a hija,
n o nos e s t a r í a m a l dársela p o r esposa.
Y él r e s p o n d i ó :
—'Aun h o y la habernos hallado, ¿ y ya queréis que
la p e r d a m o s ? Gocémosla a l g ú n t i e m p o ; q u e en casándola, no será n u e s t r a , sino de su m a r i d o .
—Razón
tenéis, señor — r e s p o n d i ó e l l a — ; p e r o
dad o r d e n de sacar a don J u a n , que debe de estar
en a l g ú n calabozo.
— S í e s t a r á — d i j o P r e c i o s a — ; que a u n ladrón,
6o
LA
GITAMILLA
m a t a d o r , y, sobre todo, gitano, no le h a b r á n dado
mejor
estancia.
— Y o quiero ir a verle, como que le voy a t o m a r
la confesión — r e s p o n d i ó el C o r r e g i d o r — , y de n u e v o os encargo, señora, que nadie sepa esta historia
hasta que y o lo quiera.
Llegóse la noche, y siendo casi las diez, sacaron
a A n d r é s de la cárcel, sin las esposas y el piedeamig o ; p e r o n o sin u n a g r a n cadena que desde los pies
todo el c u e r p o le ceñía. L l e g ó deste modo, sin ser
visto de nadie, sino de los que le t r a í a n , en casa del
C o r r e g i d o r , y con silencio y recato le e n t r a r o n en
un aposento donde estaban solamente doña G u i o m a r ,
el Corregidor, P r e c i o s a y otros dos criados de casa.
P e r o c u a n d o P r e c i o s a vio a d o n J u a n ceñido y a h e r r o j a d o con t a n g r a n cadena, descolorido el r o s t r o
y los ojos con m u e s t r a de haber llorado, se le cubrió
el corazón, y se a r r i m ó al b r a z o de su m a d r e , q u e j u n to a ella estaba, la cual, abrazándola consigo, le d i j o :
— V u e l v e en ti n i ñ a ; que todo lo que vees ha de
r e d u n d a r en t u g u s t o y p r o v e c h o .
Con t o d o esto, q u e r í a saber de A n d r é s , si la suerte
e n c a m i n a s e sus sucesos de m a n e r a que le hallase e s poso de Preciosa, si se tendría por dichoso, ya siend o A n d r é s Caballero, o ya clon J u a n de C á r c a m o .
Así c o m o oyó A n d r é s n o m b r a r s e por su n o m b r e ,
dijo:
— P u e s Preciosa n o ha q u e r i d o contenerse en los
límites del silencio, y ha descubierto quién soy, a u n 61
CERVANTES
que esa buena dicha me hallara hecho monarca del
mundo, la tuviera en tanto, que pusiera término a
mis deseos, sin osar desear otro bien sino el del cielo.
— P u e s por ese buen ánimo que habéis mostrado,
señor don Juan de Cárcamo, a su tiempo haré que
Preciosa sea vuestra legítima consorte, y agora os
la doy y entrego en esperanza, por la más rica joya
de mi casa, y de mi vida, y de mi alma; y estimadla en lo que decís, porque en ella os doy a doña Costanza de Meneses, mi única hija, la cual, sí os iguala en eil amor, no os desdice nada en el linaje.
Atónito quedó Andrés viendo el amor que le mostraban, y en breves razones doña Guiomar contó la
pérdida de su hija y su hallazgo, con las certísimas
señas que la gitana vieja había dado de su hurto;
con que acabó don Juan de quedar atónito y suspenso, pero alegre sobre todo encarecimiento: abrazó a sus suegros; llamólos padres y señores s u y o s ;
besó las manos a Preciosa, que con lágrimas le pedia las suyas.
Vistióse don Juan los vestidos de camino que allí
había traído la gitana; volviéronse las prisiones y cadenas de hierro en libertad y cadenas de o r o ; la tristeza de los gitanos presos, en alegría, pues otro día
los dieron en fiado. Recibió el tío del muerto la promesa de dos mil ducados, que le hicieron porque bajase de la querella y perdonase a don Juan.
D i j o el Corregidor a don Juan que tenía por nueva cierta que su padre don Francisco de Cárcamo
62
LA
GITANILLA
estaba p r o v e í d o p o r c o r r e g i d o r de aquella
ciudad,
y que sería bien esperalle, p a r a que con su beneplácito y consentimiento se hiciesen las bodas. D o n J u a n
dijo que no saldría de lo que él o r d e n a s e ; p e r o q u e ,
ante t o d a s cosas, se había de desposar con Preciosa.
Concedió licencia el A r z o b i s p o p a r a que con sola
una amonestación se hiciese. H i z o fiestas la ciudad,
por ser m u y bien quisto el Corregidor, con l u m i n a rias, t o r o s y cañas el día del d e s p o s o r i o ; quedóse la
gitana vieja en c a s a ; que n o se quiso a p a r t a r d e su
nieta Preciosa.
L l e g a r o n las n u e v a s a la C o r t e del caso y casamiento de la Gitanilla; supo d o n Francisco de C á r camo ser su hijo el gitano, y ser la Preciosa la Gitanilla q u e él había visto, cuya h e r m o s u r a disculpó
con él la liviandad de su hijo, que ya le tenía p o r
p e r d i d o , p o r saber q u e no había ido a F l a n d e s ; y m á s
p o r q u e vio cuan bien le estaba el casarse con hija de
t a n g r a n caballero y t a n rico como era d o n F e r n a n d o
de A z e v e d o . Dio priesa a su partida, por llegar presto a v e r a sus hijos, y d e n t r o de veinte días ya e s taba en M u r c i a , con cuya llegada se r e n o v a r o n los
gustos, se hicieron las bodas, se contaron las vidas,
y los poetas d e la ciudad, q u e hay algunos, y m u y
buenos, t o m a r o n a cargo celebrar d e x t r a ñ o caso,
j u n t a m e n t e con la sin igual belleza de la Gitanilla.
Y de tal m a n e r a escribió el famoso licenciado P o z o ,
que en sus versos d u r a r á la fama de la P r e c i o s a
m i e n t r a s los siglos d u r a r e n .
63
CERVANTES
Olvidábaseme de decir cómo la mesonera descubrió a la justicia no ser verdad lo del hurto de A n drés el gitano, y confesó su culpa, a quien no respondió pena alguna, porque en la alegría del hallazgo d e l o s desposados se enterró la venganza y resucitó la
demencia.
64
LA
ILUSTRE
FREGONA
E n Burgos, ciudad ilustre y famosa, no ha m u chos años que en ella vivían dos caballeros principales y ricos: el uno se llamaba don Diego de Carriazo, y el otro, don Juan de Avendaño. El don Diego
tuvo un hijo, a quien llamó de su mismo nombre,
y el d o n Juan otro, a quien puso don Tomás de A v e n daño. A estos dos caballeros mozos, como quien han
de ser las principales personas deste cuento, por
excusar y ahorrar letras, les llamaremos con solos
•los nombres de Carriazo y de Avendaño. Trece años,
o poco más, tendría Carriazo, cuando, llevado de
una inclinación picaresca, sin forzarle ai ello algún
malí trabamiento que sus padres le hiciesen, sólo por
su gusto y antojo, se desgarró, como dicen los muchachos, de casa de sus padres, y se fué por ese mundo adelante, tan contento de la vida libre, que en
la mitad de las incomodidades y miserias que trae
consigo n o echaba menos la abundancia de la casa de
su padre, ni el andar a pie te cansaba, ni el
frío
65
XXI.—5
CERVANTES
le ofendía, ni el calor le enfadaba: para él todos los
tiempos del año le eran dulce y templada primavera;
tan bien dormía e n parvas c o m o en colchones; con
tanto g u s t o se soterraba en un pajar de un mesón
como si se acostara entre dos sábanas de Holanda.
Finalmente, él salió tan bien con el asumpto de picaro, que pudiera leer cátedra en la facultad al famoso de
Alfarache.
E n tres años que tardó en parecer y volver a su
casa aprendió a jugar a la taba en Madrid, y al rentoy en las Ventillas d e Toledo, y a presa y pinta en
pie en las barbacanas de Sevilla; pero con serle anejo
a este género de vida la miseria y estrecheza, mostraba
Carriazo ser un príncipe en sus cosas: a tiro de escopeta, e n mil señales, descubría ser bien nacido, porque
era generoso y bien partido con sus camaradas. En
Carriazo vio el mundo un picaro virtuoso, limpio,
bien criado y más que medianamente discreto. Pasó
por todos los grados de picaro, hasta que se graduó
de maestro en las almadrabas de Zahara, donde es
el finibusterres
de la picaresca.
El último verano le dijo tan bien la suerte, que ganó a l o s naipes cerca de setecientos reales, con los
cuales quiso vestirse, y volverse a Burgos y a los
ojos de su madre, que habían derramado por él muchas lágrimas. Despidióse de sus amigos, que los tenía muchos y muy buenos; prometióles que el verano siguiente sería con ellos, si enfermedad o muerte
no lo estorbase; dejó con ellos la mitad de su alma.
66
LA
ILUSTRE
FREGONA
todos sus deseos entregó a aquellas secas arenas,
que a él le parecían más frescas y verdes que los
campos Elíseos. Y por estar y a acostumbrado de
caminar a pie, tomó el camino en la mano, y sobre
dos alpargates se llegó desde Zahara hasta Valladolid, cantando "Tres ánades, madre". Estúvose allí
quince días para reformar la color del rostro, sacándola de mulata a flamenca, y para trastejarse, y sacarse
del borrador de picaro y ponerse en limpio de caballero. T o d o esto hizo según y c o m o le dieron comodidad quinientos reales con que llegó a Valladolid,
y aún dellos reservó ciento para alquilar una muía
y un mozo, con que se presentó a sus padres honrado y contento. Ellos le recibieron con mucha alegría, y todos sus amigos y parientes vinieron a darles el parabién de la buena venida del señor don
Diego de Carriazo su hijo.
Entre los que vinieron a ver el recién llegado fueron don Juan de Avendaño y su hijo don T o m á s , con
quien Carriazo, por ser ambos de una misma edad
y vecinos, trabó y confirmó una amistad estrechísima. Contó Carriazo a sus padres, y a todos, mil
magníficas y luengas mentiras de cosas que le habían sucedido en los tres años de su ausencia; pero nunca tocó, ni por pienso, en las almadrabas,
puesto que en ellas tenía de contino puesta la imaginación, especialmente cuando vio que se llegaba el
tiempo donde había prometido a sus amigos la vuelta. N i le entretenía la caza, en que su padre le ocu67
CERVANTES
paba, ni dos m u c h o s , honestos y g u s t o s o s convites
que e n aquella ciudad se u s a n Je d a b a n g u s t o : t o d o
p a s a t i e m p o le cansaba, y a itodos los m a y o r e s que
se le ofrecían a n t e p o n í a el que había recebido en las
almadrabas.
A v e n d a ñ o su a m i g o , v i é n d o l e m u c h a s veces m e lancólico e imaginativo, fiado en su a m i s t a d , se a t r e vió a p r e g u n t a r l e la causa, y se obligó a remediarla,
si p u d i e s e y fuese m e n e s t e r , con su sangre m i s m a .
N o q u i s o C a r r i a z o tenérsela encubierta, p o r n o h a cer a g r a v i o a la g r a n d e a m i s t a d que p r o f e s a b a n ;
y
así, le contó p u n t o p o r p u n t o la vida de jábega,
y c ó m o t o d a s sus tristezas y pensamientos nacían del
deseo q u e t e n í a d e volver a e l l a : pintósela de m o d o ,
que A v e n d a ñ o , c u a n d o le a c a b ó de oir, antes alabó
q u e v i t u p e r ó su g u s t o . E n fin, eí d e 1a plática fué
d i s p o n e r C a r r i a z o !a v o l u n t a d d e A v e n d a ñ o de m a nera, q u e d e t e r m i n ó d e i r s e con él a g o z a r u n v e r a n o d e aquella felicísima v i d a que le había descrito, de lo cual q u e d ó s o b r e m o d o c o n t e n t o Carriazo,
p o r parecerle q u e h a b í a g a n a d o u n testigo de abon o q u e calificase su baja d e t e r m i n a c i ó n . T r a z a r o n
a n s i m i s m o de j u n t a r t o d o el dinero que p u d i e s e n ; y
el m e j o r m o d o q u e hallaron fué q u e de allí a dos m e ses había de ir A v e n d a ñ o a S a l a m a n c a , d o n d e p o r su
g u s t o t r e s a ñ o s h a b í a e s t a d o e s t u d i a n d o las lenguas
griega y latina, y s u p a d r e q u e r í a q u e pasase adelante y estudiase la facultad q u e él quisiese; y que
del d i n e r o q u e le diese h a b r í a p a r a lo q u e deseaban.
68
LA
ILUSTRE
FREGONA
E n este t i e m p o p r o p u s o C a r r i a z o a su p a d r e que
tenia v o l u n t a d de i r s e con A v e n d a ñ o a e s t u d i a r
a
Salamanca. V i n o su p a d r e con t a n t o g u s t o e n ello,
que h a b l a n d o al de A v e n d a ñ o , o r d e n a r o n de p o n e r les j u n t o s casa en S a l a m a n c a , con t o d o s los requisitos que p e d í a ser hijos suyos. Llegóse el tiempo de
la p a r t i d a ; p r o v e y é r o n l e s de dineros, y e n v i a r o n con
ellos u n a y o q u e los g o b e r n a s e , q u e ;tenía m á s de
h o m b r e d e bien q u e de discreto. L o s p a d r e s dieron
d o c u m e n t o s a sus hijos de lo que h a b í a n de hacer,
y de c ó m o se habían d e g o b e r n a r p a r a saiir a p r o v e chados en la v i r t u d y e n l a s ciencias, q u e es el fruto
q u e t o d o e s t u d i a n t e debe p r e t e n d e r sacar de sus t r a bajos
y vigilias, principalmente
los bien
nacidos.
M o s t r á r o n s e ios hijos humildes y o b e d i e n t e s ; llorar o n las m a d r e s ; recibieron l a bendición de t o d o s ;
pusiéronse e n camino con m u í a s p r o p i a s y con dos
criados d e casa, a m é n del a y o , q u e se h a b í a d e j a d o
crecer la barba, p o r q u e diese a u t o r i d a d a su c a r g o .
E n llegando a la ciudad de Valladdlid d i j e r o n al
ayo que q u e r í a n estarse en aquel l u g a r dos días p a r a
verle, p o r q u e n u n c a le h a b í a n visto, ni estado en él.
Reprehendiólos m u c h o el ayo, severa y á s p e r a m e n t e ,
la estada, diciéndoles que los q u e iban a e s t u d i a r
con t a n t a priesa como ellos n o se habían d e d e t e n e r
una h o r a a m i r a r niñerías.
L o s mancebitos, q u e tenían ya hecho su a g o s t o , y
su vendimia, pues habían ya r o b a d o c u a t r o c i e n t o s
escudos de oro q u e llevaba su m a y o r , d i j e r o n
69
que
VJW¡
CERVANTES
sólo los d e j a s e aquel día, en el c u a l q u e r í a n ir a ver
la fuente d e A r g a l e s , que la c o m e n z a b a n a conducir
a la ciudad p o r g r a n d e s y espaciosos acueductos. E n
efecto, a u n q u e con dolor de su ánima, les dio licencia.
L o s m a n c e b o s , con sólo u n criado y a caballo en
dos m u y b u e n a s y caseras m u í a s , salieron a ver la
fuente d e A r g a l e s , famosa p o r s u antigüedad y sus
a g u a s . L l e g a r o n , y c u a n d o c r e y ó el c r i a d o que sacaba A v e n d a ñ o d e Jas bolsas del cojín alguna cosa
con q u e beber, vio q u e sacó u n a carta c e r r a d a , diciéndole q u e lluego a l p u n t o volviese a la ciudad y se
la diese a su a y o , y q u e en dándosela les e s p e r a s e en
la p u e r t a del C a m p o . Obedeció el criado, t o m ó la
carta, volvió a la ciudad, y ellos volvieron las riendas, y aquella n o c h e d u r m i e r o n en M o j a d o s , y de allí
a dos d í a s , en M a d r i d , y en o t r o s c u a t r o se vendieron las m u í a s en pública plaza, y h u b o q u i e n les fiase p o r seis escudos d e p r o m e t i d o , y a u n quien les
diese el d i n e r o en o r o p o r sus cabales. Vistiéronse
a lo p a y o , con capotillos d e d o s haldas, zahones o
zaragüelles y medias de p a ñ o p a r d o . R o p e r o h u b o
que p o r la m a ñ a n a les c o m p r ó sus vestidos, y a Ir
noche los había m u d a d o de m a n e r a , que n o los co
nociera su p r o p i a m a d r e . P u e s t o s , p u e s , a l a ligera y
del m o d o que A v e n d a ñ o quiso y supo, se pusieron
en c a m i n o de T o l e d o ad pedem
litterte y sin e s p a d a s ;
que t a m b i é n él r o p e r o , a u n q u e n o atañía a su m e nester, s e las había c o m p r a d o .
LA
ILUSTRE
FREGONA
Dejémoslos ir, p o r a h o r a , p u e s v a n contentos y
alegres, y v o l v a m o s a contar lo que el a y o
hizo
cuando abrió la c a r t a que el criado le llevó y h a lló q u e decía desta m a n e r a :
" V u e s a m e r c e d s e r á servido, señor P e d r o Alonso, de t e n e r paciencia y d a r ia vuelta a B u r g o s ,
donde dirá a n u e s t r o s p a d r e s q u e , habiendo n o s otros s u s hijos, con m a d u r a consideración,
consi-
derado c u a n m á s p r o p i a s son de los caballeros las
a r m a s q u e las letras, habernos d e t e r m i n a d o de t r o car a S a l a m a n c a p o r Bruselas, y a E s p a ñ a p o r F l a n des. L o s cuatrocientos escudos l l e v a m o s ; las m u í a s
p e n s a m o s vender. N u e s t r a
hidalga intención y
el
l a r g o c a m i n o es bastante disculpa d e n u e s t r o y e r r o , a u n q u e nadie l e j u z g a r á p o r tal, si n o es cob a r d e . N u e s t r a p a r t i d a es a h o r a ; la vuelta será cuand o Dios fuere servido, el cual g u a r d e a vuesa m e r ced como p u e d e y estos sus m e n o r e s discípulos d e seamos. D e la fuente de A r g a l e s , p u e s t o y a el pie
en el estribo p a r a c a m i n a r a Flandes —Carriaso
y
Avendaño."
Q u e d ó P e d r o A l o n s o suspenso en leyendo la epístola, y acudió p r e s t o a su valija, y el hallarla vacía
le acabó de confirmar la v e r d a d de la c a r t a ; y luego
al p u n t o , en la m u í a que le había q u e d a d o , se p a r tió a B u r g o s a d a r las nuevas a sus a m o s con toda
presteza, p o r q u e con ella pusiesen remedio y diesen t r a z a de alcanzar a sus h i j o s ; p e r o destas cosas n o dice nada el a u t o r desta novela, p o r q u e así co7i
mo dejó puesto a caballo a P e d r o Alonso, volvió a
contar d e lo q u e les sucedió a A v e n d a ñ o y a Carriazo a la e n t r a d a d e Illescas, diciendo que al entrar
de .la p u e r t a de l a villa e n c o n t r a r o n dos m o z o s de
m u í a s , al p a r e c e r andaluces, en calzones d e lienzo
anchos, j u b o n e s acuchillados d e a n j e o , sus coletos
de a n t e , d a g a s de g a n c h o s y e s p a d a s sin t i r o s ; al
parecer, el uno v e n í a de Sevilla y el o t r o iba a ella.
E l que iba estaba diciendo al o t r o :
— E s t a noche n o vayas a p o s a r d o n d e sueles, sino
en la p o s a d a del
Sevillano, p o r q u e v e r á s en ella
la m á s h e r m o s a fregona q u e se s a b e : Marinilla la
de la v e n t a T e j a d a es asco en su comparación. E s
d u r a c o m o u n m á r m o l y z a h a r e ñ a c o m o villana de
S a y a g o , y á s p e r a como u n a o r t i g a ; pero tiene u n a
cara de p a s c u a y u n r o s t r o d e b u e n a ñ o : en u n a m e jilla tiene el sol, y en la o t r a l a l u n a ; la u n a es hecha
de rosas y la o t r a d e claveles, y en e n t r a m b a s hay
también azucenas y j a z m i n e s . N o te digo m á s sino
que la veas, y v e r á s que n o t e h e dicho nada, seg ú n lo q u e te p u d i e r a decir, a c e r c a d e su
hermo-
sura.
C o n esto s e despidieron los dos mozos d e muías,
cuya plática y conversación d e j ó m u d o s a los dos
amigos
q u e e s c u c h a d o la h a b í a n , especialmente a
A v e n d a ñ o , en quien lia simple relación q u e el m o z o
de muías había h e c h o d e la h e r m o s u r a de la fregona
despertó en él u n intenso deseo d e verla.
E n r e p e t i r las p a l a b r a s de los mozos y en reme72
No soy criado de ninguno, sino vuestro.
LA
ILUSTRE
FREGONA
d a r y c o n t r a h a c e r el m o d o y los a d e m a n e s con q u e
las decían e n t r e t u v i e r o n el c a m i n o h a s t a T o l e d o ; y
luego, siendo la guía Carriazo, q u e ya otra vez había
estado en aquella ciudad, b a j a n d o
p o r la
Sangre
de Cristo, dieron con la p o s a d a del S e v i l l a n o ; p e r o
no se a t r e v i e r o n a pedirla allí, p o r q u e su traje no lo
pedía. E r a ya anochecido, y a u n q u e C a r r i a z o i m p o r tunaba a A v e n d a ñ o q u e fuesen a o t r a p a r t e a buscar
posada, n o le p u d o quitar de la p u e r t a de la del Sevillano, e s p e r a n d o si acaso p a r e c í a la t a n celebrada
fregona. E n t r á b a s e la noche, y la fregona n o salía;
desesperábase C a r r i a z o , y A v e n d a ñ o se estaba que
d o ; el cual, p o r salir con su intención, c o n excusa de
p r e g u n t a r p o r u n o s caballeros de B u r g o s que iban
a la ciudad d e Sevilla, se e n t r ó h a s t a el patio de la
p o s a d a ; y apenas h u b o e n t r a d o , cuando de u n a sala
que en el patio estaba vio salir u n a moza, al p a r e cer de quince a ñ o s , poco m á s o menos, vestida como
labradora, con u n a vela encendida en u n candelero.
N o p u s o A v e n d a ñ o los ojos en el vestido y t r a j e
de la moza, sino en su r o s t r o , que le parecía ver
en él los que suelen pintar de los á n g e l e s ; q u e d ó
suspenso y atónito de su h e r m o s u r a , y n o acertó a
p r e g u n t a r l e n a d a : tal era su suspensión y embelesamiento. L a moza, viendo aquel h o m b r e delante de
sí, le d i j o :
— ¿ Q u é busca, h e r m a n o ? ¿ E s p o r v e n t u r a
cria-
do de alguno de los huéspedes de c a s a ?
— N o soy criado d e ninguno, sino v u e s t r o — r e s 75
CERVANTES
pondió A v e n d a ñ o , t o d o lleno de turbación y sobresalto.
L a m o z a , que de aquel m o d o se vio
responder,
dijo:
— V a y a , h e r m a n o , n o r a b u e n a ; que las q u e servimos no h e m o s m e n e s t e r
criados.
Y l l a m a n d o a su señor le d i j o :
— M i r e , señor,
lo que
busca este
mancebo.
Salió su a m o y p r e g u n t ó l e q u é buscaba. E l resp o n d i ó q u e a u n o s caballeros de B u r g o s q u e iban
a Sevilla, u n o d e los cuales e r a su señor, el cual le
había e n v i a d o d e l a n t e p o r Alcalá de H e n a r e s , d o n de había d e h a c e r u n negocio q u e les importaba, y
que j u n t o con e s t o le m a n d ó q u e se viniese a To»
ledo y le esperase en l a p o s a d a del Sevillano, donde v e n d r í a a apearse, y que pensaba q u e llegaría a q u e lla noche, o otro día, a m á s t a r d a r . T a n buen color
dio A v e n d a ñ o a su mentira, que a la c u e n t a del
h u é s p e d pasó por v e r d a d , pues le d i j o :
— Q u é d e s e , amigo, en la p o s a d a ; que aquí podrá
esperar a su señor h a s t a q u e venga.
— ' M u c h a s mercedes, señor h u é s p e d
—respondió
A v e n d a ñ o — , y m a n d e v u e s a merced q u e se m e dé
un aposento p a r a mí y u n c o m p a ñ e r o q u e viene conmigo, q u e está allí f u e r a ; q u e dineros t r a e m o s para
pagarlo t a n bien como o t r o .
— E n buen h o r a — r e s p o n d i ó el huésped.
Y volviéndose a la moza, d i j o :
—Costancica, di a Arguello q u e lleve a estos ga76
«r^V
LA
ILUSTRE
FREGONA
lañes al aposento del rincón, y que les eche sábanas
limpias.
— S í h a r é , señor — r e s p o n d i ó C o s t a n z a ; q u e así se
llamaba l a doncella.
Y haciendo u n a reverencia a su a m o , se les quitó
delante. Avendaño
salió a d a r cuenta a C a r r i a z o de
Ja que había visto y de l o que d e j a b a n e g o c i a d o ; el
cual p o r mil señales conoció cómo su amigo venía
h e r i d o de la a m o r o s a pestilencia; p e r o n o le quiso
decir n a d a p o r entonces, hasta v e r si lo merecía la
causa de q u i e n nacían las e x t r a o r d i n a r i a s
alaban-
zas y g r a n d e s hipérboles con q u e la belleza de C o s tanza
sobre los m i s m o s cielos levantaba.
E n t r a r o n , en fin, en la posada, y la Arguello, q u e
era u n a m u j e r de h a s t a c u a r e n t a y cinco a ñ o s , sup e r i n t e n d e n t e de l a s camas y a d e r e z o de los aposentos, ¡los llevó a u n o que ni e r a d e caballeros ni de
criados, sino d e gente q u e p o d í a h a c e r m e d i o ent r e los dos e x t r e m o s . P i d i e r o n de c e n a r ; respondióles
A r g u e l l o q u e e n aquella p o s a d a n o daban de comer a
nadie, p u e s t o q u e g u i s a b a n y aderezaban l o que los
huéspedes
traían
de
fuera
comprado;
pero
que
bodegones y casas de estado había cerca, d o n d e sin
e s c r ú p u l o de conciencia podían ir a cenar lo q u e quisiesen. T o m a r o n los dos el consejo d e Arguello, v
dieron con sus c u e r p o s en u n bodego.
L o poco o n a d a que A v e n d a ñ o comía a d m i r a b a m u cho a C a r r i a z o . P o r enterarse del todo de los pensamientos de su amigo, al volverse a la posada, le d i j o :
77
CERVANTES
— C o n v i e n e q u e m a ñ a n a m a d r u g u e m o s , p o r q u e antes q u e e n t r e la calor estemos y a en O r g a z .
— N o estoy en eso — r e s p o n d i ó A v e n d a ñ o — ; porque pienso antes q u e desta ciudad me p a r t a ver lo
que dicen q u e h a y famoso en ella, como es el Sag r a r i o , el artificio de J u a n e l o , las Vistillas de San
A g u s t í n , la H u e r t a del R e y y la Vega.
— N o r a b u e n a — r e s p o n d i ó C a r r i a z o — : eso en dos
días se p o d r á ver.
— E n v e r d a d q u e lo h e de t o m a r d e e s p a c i o ; que
n o v a m o s a R o m a a alcanzar a l g u n a v a c a n t e .
— ¡ T a , t a ! — r e p l i c ó C a r r i a z o — . A mí m e maten,
amigo, si n o estáis v o s con m á s deseo d e q u e d a r o s
en T o l e d o que d e seguir n u e s t r a c o m e n z a d a r o m e ría.
— A s í es la v e r d a d — r e s p o n d i ó A v e n d a ñ o .
E n e s t a s pláticas llegaron a la p o s a d a , y aún se
le
p a s ó en o t r a s semejantes la m i t a d de la noche.
D u r m i ó el q u e p u d o h a s t a la m a ñ a n a , la cual ve-
nida, se l e v a n t a r o n los dos, e n t r a m b o s con deseo de
ver a Costanza. A e n t r a m b o s se los cumplió Costanza,
saliendo d e la sala d e su a m o , t a n h e r m o s a , que a los
dos les pareció q u e todas c u a n t a s alabanzas le había
dado el m o z o de m u í a s e r a n c o r t a s y de n i n g ú n encarecimiento. S u vestido e r a u n a saya y corpinos de pañ o v e r d e , con u n o s ribetes del m i s m o p a ñ o . L o s corpiños e r a n b a j o s ; p e r o la camisa, alta, plegado el
cuello, con u n cabezón l a b r a d o de seda n e g r a , p u e s ta u n a gargantilla de estrellas d e azabache sobre u n
78
LA
ILUSTRE
FREGONA
pedazo de u n a coluna de a l a b a s t r o : q u e n o e r a m e nos blanca su g a r g a n t a ; ceñida con u n c o r d ó n
de
S a n F r a n c i s c o , y d e u n a cinta pendiente, al l a d o d e recho, u n g r a n m a n o j o de llaves. N o traía chinelas,
sino z a p a t o s de dos suelas, colorados, con u n a s calzas q u e n o se le parecían, sino c u a n t o por u n perfil
m o s t r a b a n t a m b i é n ser coloradas. T r a í a
los cabellos con u n a s c i n t a s blancas
tranzados
de hiladillo;
p e r o t a n largo el t r a n z a d o , q u e p o r las e s p a l d a s le
pasaba d e la c i n t u r a ; el color salía de c a s t a ñ o y t o caba e n r u b i o ; p e r o , al p a r e c e r , t a n limpio, t a n igual
y t a n peinado, q u e n i n g u n o , a u n q u e fuera d e h e b r a s
de o r o , se l e p u d i e r a c o m p a r a r . P e n d í a n l e de las o r e j a s d o s calabacillas de vidrio, q u e parecían p e r l a s ;
los m i s m o s cabellos le servían d e g a r b í n y d e tocas.
C u a n d o salió de l a sala, se persignó y s a n t i g u ó , y
con m u c h a
devoción y sosiego hizo u n a
da reverencia a u n a
imagen de N u e s t r a
profunSeñora,
q u e en u n a de las paredes del patio estaba colgad a ; y a l z a n d o los o j o s , vio a los dos que mirándola
estaban, y a p e n a s los hubo visto, c u a n d o se retiró
y volvió a e n t r a r en la sala.
R e s t a a h o r a p o r decir qué es lo que le pareció
a C a r r i a z o de la h e r m o s u r a de C o s t a n z a ; que de lo
que le p a r e c i ó a A v e n d a ñ o , ya está dicho, c u a n d o la
vio la vez p r i m e r a . N o digo m á s sino q u e a Carriazo le pareció t a n bien como a su
compañero;
p e r o e n a m o r ó l e m u c h o m e n o s ; y t a n m e n o s , que
quisiera no anochecer en la p o s a d a , sino p a r t i r s e
79
u3"'
1 "
"II
CERVANTES
luego para sus almadrabas. Acudieron l o s mozos de
los huéspedes a pedir cebada; salió el huésped de
casa a dársela, maldiciendo a sus mozas, que por
ellas se le había ido un m o z o que la solía dar con
muy buena cuenta y razón, sin que le hubiese hecho
menos, a su parecer, un solo grano. Avendaño, que
oyó esto, d i j o :
—'No se fatigue, señor h u é s p e d : déme el libro de
la cuenta; que los días que hubiere de estar aquí, yo
la tendré tan buena en dar l a cebada y paja que
pidieren, que n o e c h e menos al mozo que dice que
se le ha ido.
— E n verdad que os !o agradezca, mancebo — r e s pondió el huésped—, porque y o no puedo atender a
e s t o ; que tengo otras muchas cosas a que acudir
fuera de casa. B a j a d ; daros he el libro, y mirad que
estos mozos de muías son el mismo diablo, y hacen
trampantojos u n celemín de cebada con menos conciencia que si fuese de paja.
Bajó al patio Avendaño y entregóse en el libro, y
comenzó a despachar celemines como agua, y a asentarlos por tan buena orden, que el huésped, que lo
estaba mirando, quedó contento; y tanto, que dijo:
— P l u g u i e s e a Dios que vuestro amo no viniese, y
que a vos os diese gana de quedaros en casa; que a
fe que otro gallo o s cantase. Porque el mozo que
se me fué, vino a mi casa, habrá ocho meses, roto
y flaco, y ahora lleva dos pares de vestidos muy
buenos, y va gordo como una nutria. Porque quie8o
LA
ILUSTRE
FREGONA
ro q u e sepáis, hijo, q u e e n esta casa hay m u c h o s
p r o v e c h o s , a m é n d e los salarios.
—Si yo me quedase —replicó Avendaño—,
no
r e p a r a r í a m u c h o en la g a n a n c i a ; q u e con cualquiera
cosa m e contentaría a t r u e c o d e estar en esta ciudad, q u e m e dicen q u e es la m e j o r de E s p a ñ a .
— A lo m e n o s — r e s p o n d i ó el huésped—, es de
las m e j o r e s y m á s a b u n d a n t e s q u e hay e n e l l a ; m a s
otra cosa n o s falta a h o r a , que e s b u s c a r quien vaya
p o r a g u a al r í o ; q u e también se m e fué o t r o mozo
q u e con u n a s n o q u e t e n g o famoso m e tenía rebos a n d o l a s tinajas, y h e c h a u n lago de a g u a la c a s a ; y
u n a de las causas p o r q u e los m o z o s de m u í a s se huelgan de t r a e r s u s a m o s a mi p o s a d a es p o r la a b u n dancia d e agua que hallan siempre en ella; p o r q u e
n o llevan su g a n a d o al río, sino d e n t r o de casa beben las cabalgaduras en g r a n d e s b a r r e ñ o s .
T o d o esto estaba oyendo C a r r i a z o , el cual, viendo
que y a A v e n d a ñ o estaba a c o m o d a d o y con oficio en
casa, n o quiso él q u e d a r s e a buenas noches, y más,
q u e consideró el g r a n g u s t o q u e h a r í a a A v e n d a ñ o
si le seguía el h u m o r ; y así, dijo al h u é s p e d :
—iVenga el asno, señor h u é s p e d ; que también sab r é y o cinchalle y cargalle como sabe mi c o m p a ñ e r o
a s e n t a r en el libro su mercancía.
— S í — d i j o A v e n d a ñ o — , mi c o m p a ñ e r o L o p e A s t u r i a n o servirá de t r a e r a g u a como u n príncipe, y
y o Je fío.
Enjaezó
C a r r i a z o el asno, y subiendo en él d e u n
81
xxi.—6
brinco, se e n c a m i n ó al río, d e j a n d o a A v e n d a ñ o muy
alegre d e h a b e r v i s t o su gallarda
resolución.
H e a q u í tenemos ya (en b u e n a h o r a
se cuente)
a A v e n d a ñ o h e c h o m o z o del mesón, con
nombre
de T o m á s P e d r o , q u e así d i j o q u e se llamaba, y a
C a r r i a z o , con el d e L o p e A s t u r i a n o , h e c h o aguad o r : t r a n s f o r m a c i o n e s dignas d e anteponerse a las
del n a r i g u d o poeta.
Al día siguiente
caminaba nuestro buen Lope As-
t u r i a n o la vuelta del río, p o r la cuesta del C a r m e n ,
puestos l o s pensamientos e n sus a l m a d r a b a s y en la
súbita m u t a c i ó n d e su estado. O ya fuese por esto, o p o r q u e la suerte así lo o r d e n a s e , en u n p a s o
estrecho, al . b a j a r
de la cuesta, e n c o n t r ó
con
un
asno de u n a g u a d o r , que subía c a r g a d o ; y como
él descendía, y su asno era gallardo, bien dispuesto y poco t r a b a j a d o , tal e n c u e n t r o dio al cansado y
flaco
que
subía, q u e
dio con
él
en el
suelo, y
por h a b e r s e q u e b r a d o los c á n t a r o s , se d e r r a m ó t a m bién el agua, p o r cuya desgracia el a g u a d o r
tiguo, despechado y lleno d e cólera, a r r e m e t i ó
anal
a g u a d o r m o d e r n o , q u e a ú n se estaba caballero, y antes q u e se desenvolviese y apease Je había
pegado
y a s e n t a d o u n a docena de palos tales, q u e no le supieron bien a l A s t u r i a n o . Apeóse, en fin; pero con
tan m a l a s e n t r a ñ a s , que a r r e m e t i ó a s u enemigo, y
asiéndole con a m b a s m a n o s p o r la g a r g a n t a , dio con
él en el suelo, y tal golpe dio" con la cabeza sobre una
82
LA
ILUSTRE
FREGONA
piedra, que se la abrió p o r dos p a r t e s , saliendo t a n t a
sangre, que pensó que le había m u e r t o .
O t r o s m u c h o s a g u a d o r e s q u e allí venían, como vier o n a su c o m p a ñ e r o tan mal p a r a d o , a r r e m e t i e r o n a
L o p e y tuviéronle asido fuertemente, g r i t a n d o :
—¡ Justicia, j u s t i c i a ! ¡ Q u e este a g u a d o r h a m u e r to a u n h o m b r e !
Y a vuelta destas razones y g r i t o s , le molían a
mojicones y a palos. O t r o s acudieron al caído, y
vieron q u e tenía h e n d i d a la cabeza y q u e casi e s taba e x p i r a n d o . Subieron las voces de boca en b o ca p o r la cuesta a r r i b a , y en l a plaza del C a r m e n
dieron en los oídos de u n alguacil, el cual, con dos
corchetes, con m á s ligereza q u e si v o l a r a , se p u s o
en el l u g a r d e la pendencia, a t i e m p o que ya el h e rido e s t a b a a t r a v e s a d o sobre su a s n o , y el de L o p e
asido, y L o p e r o d e a d o de m á s de veinte a g u a d o r e s
q u e n o le dejaban r o d e a r , antes le b r a m a b a n las costillas de m a n e r a , q u e m á s se p u d i e r a t e m e r d e su v i da q u e de la del h e r i d o , s e g ú n m e n u d e a b a n sobre él
les p u ñ o s y l a s v a r a s aquellos v e n g a d o r e s d e la ajena injuria.
Llegó el alguacil, a p a r t ó la gente, entregó a sus
corchetes al A s t u r i a n o , y antecogiendo a su asno, y
al h e r i d o sobre el suyo, dio con ellos en la cárcel,
a c o m p a ñ a d o de t a n t a gente, y de tantos m u c h a c h o s
que le seguían, q u e a p e n a s podía h e n d e r p o r las calles. Al r u m o r d e la gente, salió T o m á s P e d r o y su
a m o a l a p u e r t a d e casa, a ver de qué procedía t a n t a
83
CERVANTES
grita, y descubrieron a L o p e e n t r e los dos corchetes,
lleno de s a n g r e el r o s t r o y la b o c a ; m i r ó luego p o r
su a s n o el h u é s p e d , y viole en p o d e r de otro corchete que ya se les h a b í a j u n t a d o ; p r e g u n t ó la causa de
aquellas p r i s i o n e s ; fuéle r e s p o n d i d a la v e r d a d del
suceso; pesóle p o r su asno, t e m i e n d o q u e le había
de
perder,
o, a l o m e n o s , h a c e r
m á s costas
por
cobrarle q u e él valía. T o m á s P e d r o siguió a su comp a ñ e r o , sin q u e le dejasen llegar a hablarle u n a palab r a ; t a n t a e r a la gente q u e lo i m p e d i a y el recato de
los corchetes y del alguacil q u e l e llevaba. F i n a l m e n te, n o le d e j ó h a s t a v e r l e p o n e r en la cárcel, y en u n
calabozo, con dos p a r e s de grillos, y al h e r i d o en la
enfermería, d o n d e se halló a verle c u r a r , y vio que
la h e r i d a e r a peligrosa, y m u c h o , y lo m i s m o dijo el
cirujano. E l alguac'l se llevó a su casa los dos asnos,
y m á s cinco reales de a ocho q u e los corchetes h a blan q u i t a d o a L o p e .
"Volvióse a la p o s a d a lleno de confusión y de trist e z a ; halló al q u e ya tenía p o r a m o con n o menos
p e s a d u m b r e q u e él traía, a quien dijo d e l a m a n e ra que q u e d a b a
su c o m p a ñ e r o , y del peligro
de
m u e r t e en que estaba el h e r i d o , y del suceso de su
a m.
c
D í i o l e m á s : q u e a sn
desgracia se le había
a ñ a d i d o otra de n o m e n o r fastidio, y era, que un
g r a n d e amigo de su señor le h a b í a e n c o n t r a d o en el
camino y le había d i c h o que su señor, p o r i r m u y de
priesa y a h o r r a r dos leguas d e camino, desde M a drid había p a s a d o por la barca' de Azeca, y q u e aque84
.»»>~ü*..
1 "
LA
ILUSTRE
,-
r
FREGONA
Ha n o c h e d o r m í a en O r g a z , y que le había d a d o doce
escudos que le diese, con o r d e n de que se fuese a S e villa, d o n d e le esperaba.
— P e r o n o p u e d e ser así — a ñ a d i ó T o m á s — , p u e s
no será razón que y o deje a m i amigo y c a m a r a d a en
la cárcel y en tanto p e l i g r o : m i a m o m e p o d r á perd o n a r p o r a h o r a ; c u a n t o m á s que él es t a n bueno y
h o n r a d o , que d a r á p o r bien cualquier falta q u e le hiciere, a t r u e c o q u e n o la h a g a a mi c a m a r a d a . V u e s a
merced, señor a m o , m e la h a g a de t o m a r este diner o y a c u d i r a este negocio; y e n t a n t o q u e esto se
gasta, y o escribiré a mi señor lo que pasa, y sé que
m e e n v i a r á d i n e r o s que basten a sacarnos de cualquier peligro.
A b r i ó los ojos de u n p a l m o el huésped,
alegre
de v e r que en p a r t e iba s a n e a n d o la p é r d i d a de su
asno. T o m ó el dinero, y consoló a T o m á s , diciéndole q u e él tenía p e r s o n a s en Toledo de tal calidad,
que valían m u c h o con la justicia, especialmente u n a
señora m o n j a , p a r i e n t a del Corregidor, que le m a n daba con el pie, y que u n a l a v a n d e r a del m o n a s t e rio de la tal m o n j a tenía u n a hija que era grandísim a a m i g a de u n a hermane, de u n fraile m u y
fami-
liar y conocido del confesor de la dicha m o n j a ; la
cual l a v a n d e r a lavaba la ropa e n c a s a . . .
— Y como ésta p i d a a su hija, que sí pedirá, hable a la h e r m a n a del fraile, que hable a su h e r m a n o ,
que hable al confesor, y el confesor a la m o n j a , y la
m o n j a g u s t e de d a r u n billete (que será cosa fácil)
85
CERVANTES
para el C o r r e g i d o r , donde le p i d a
encarecidamente
m i r e p o r el negocio de T o m á s , sin d u d a a l g u n a se
p o d r á e s p e r a r b u e n suceso. Y esto h a d e ser con tal
que el a g u a d o r n o m u e r a , y con q u e n o falte u n g ü e n t o p a r a u n t a r a todos los m i n i s t r o s d e la j u s ticia; p o r q u e si n o están u n t a d o s , g r u ñ e n m á s que
c a r r e t a s d e bueyes.
E n g r a c i a le cayó a T o m á s los ofrecimientos del
favor que su a m o le había hecho, y los infinitos y r e vueltos a r c a d u c e s p o r d o n d e le había d e r i v a d o ; y
a u n q u e conoció q u e antes lo había dicho d e socarrón
que de inocente, con todo eso, le agradeció su buen
á n i m o y le e n t r e g ó el d i n e r o , c o n p r o m e s a q u e no
faltaría m u c h o m á s , según él tenía la confianza en su
señor, c o m o ya le había dicho. E n resolución, dentro de quince días e s t u v o fuera de peligro el herido, y a los veinte declaró el c i r u j a n o q u e estaba
deil t o d o sano, y ya en este t i e m p o había d a d o t r a za T o m á s como le viniesen cincuenta estudos de
Sevilla, y sacándolos él de su seno, se los e n t r e gó ad h u é s p e d
con c a r t a s y cédula
fingida
de su
a m o ; y c o m o ail h u é s p e d le iba poco en a v e r i g u a r la
verdad d e aquella correspondencia, cogía el dinero,
que, p o r ser en e s c u d o s de o r o , l e alegraba mucho.
P o r seis d u c a d o s se a p a r r ó d e la querella el h e rido ; en diez, y en el asno y las costas, sentenciaron al A s t u r i a n o . Salió de l a c á r c e l ; p e r o n o quiso
volver a estar con su c o m p a ñ e r o . Dijoíe
q u e lo q u e
pensaba hacer e r a , ya q u e él estaba d e t e r m i n a d o de
86
L/4
ILUSTRE
FREGONA
seguir y p a s a r adelante con su propósito, c o m p r a r
u n a s n o y u s a r el oficio de aguador en t a n t o q u e
estuviesen en T o l e d o ; que con aquella c u b i e r t a n o sería j u z g a d o ni p r e s o p o r v a g a m u n d o , y que con sola
u n a c a r g a de a g u a se podía a n d a r t o d o el día p o r la
ciudad a sus a n c h u r a s , m i r a n d o bobas.
— A n t e s m i r a r á s h e r m o s a s q u e bobas en e s t a ciudad, q u e tiene fama de tener las m á s discretas m u jeres de E s p a ñ a , y q u e a n d a n a u n a su discreción
con su h e r m o s u r a ; y si no, m í r a l o p o r Costancdca,
de cuyas sobras de belleza p u e d e enriquecer, n o sólo a
las h e r m o s a s desta ciudad, sino a las de t o d o eñ m u n d o .
— P a s o , señor T o m á s —ireplicó L o p e — :
vamo-
nos p o q u i t o a p o q u i t o en esto de 'las alabanzas de
la s e ñ o r a fregona, si no quiere que, como le tengo
por loco, le t e n g a p o r h e r e j e .
—¿ F r e g o n a h a s l l a m a d o a Costanza, h e r m a n o L o p e ? — r e s p o n d i ó T o m á s — . Dios t e lo p e r d o n e y t e
traiga a v e r d a d e r o conocimiento de t u y e r r o .
— P u e s , ¿ n o es f r e g o n a ? — r e p í i c ó el A s t u r i a n o .
— H a s t a a h o r a le tengo p o r v e r fregar etl p r i m e r
plato.
— N o i m p o r t a — d i j o L o p e — n o haberle visto freg a r el p r i m e r plato, si le has visto fregar el s e g u n d o ,
y a u n el centesimo.
— Y o te digo, h e r m a n o —replicó T o m á s — ,
que
ella n o friega, ni entiende en o t r a cosa que en su l a bor, y en ser g u a r d a de la plaita l a b r a d a q u e hay en
casa, q u e es m u c h a .
87
CERVANTES
— P u e s ¿ cómo la llaman p o r t o d a l a ciudad — d i j o L o p e — la fregona
ilustre,
si es q u e n o
friega?
M a s sin d u d a debe de ser q u e como friega plata, y n o
loza, la d a n el n o m b r e de ilustre. P e r o , d e j a n d o esto
a p a r t e , d i m e , T o m á s : ¿ en q u é e s t a d o están t u s esperanzas ?
— E n el de perdición — r e s p o n d i ó T o m á s — ; p o r que en t o d o s estos días q u e h a s estado p r e s o nunca
la h e p o d i d o h a b l a r u n a palabra.
— P u e s ¿ q u é piensas hacer con el imposible que
se te ofrece en la conquista desta P o r c i a , desta M i n e r v a y desta n u e v a P e n é l o p e , q u e en figura d e doncella, y de fregona, te e n a m o r a , te a c o b a r d a y te desvanece?
— H a z la b u r l a que de mí quisieres, amigo L o p e ; q u e y o sé q u e estoy e n a m o r a d o del m á s h e r m o so r o s t r o q u e p u d o f o r m a r la n a t u r a l e z a , y de la
m á s i n c o m p a r a b l e h o n e s t i d a d que a h o r a
se
puede
usar en el m u n d o . Costanza se llama, y n o Porcia,
M i n e r v a o Penélope. N o es posible q u e , a u n q u e lo
p r o c u r o , p u e d a u n b r e v e t é r m i n o c o n t e m p l a r , si así
se p u e d e decir, en la bajeza de su estado, p o r q u e luego a c u d e n a b o r r a r m e este p e n s a m i e n t o su belleza,
su d o n a i r e , su sosiego, su h o n e s t i d a d y recogimiento,
y me d a n a e n t e n d e r que debajo de aquella rústica
corteza debe de e s t a r e n c e r r a d a y escondida alguna
mina de g r a n v a l o r y de merecimiento g r a n d e . F i n a l mente, sea lo que se fuere, y o la quiero bien. Y ya
te he dicho, a m i g o , que p u e d e s hacer t u g u s t o , o ya
88
LA
ILUSTRE
FREGONA
en irte a t u r o m e r í a , o ya c o m p r a r el a s n o y hacerte
a g u a d o r , como tienes d e t e r m i n a d o .
Al otro
día acudió T o m á s a d a r cebada, y L o p e
se fué al m e r c a d o d e las bestias, que es allí j u n t o ,
a c o m p r a r u n a s n o q u e fuese ta/1 c o m o bueno.
H a b i e n d o salido aquel d í a Costanza con u n a toca
ceñida p o r las mejillas, y dicho a quien s e lo p r e g u n tó que p o r qué se la había puesto, que t e n í a u n g r a n
dolor d e muelas, T o m á s , a q u i e n sus deseos avivab a n el entendimiento, en u n instante d i s c u r r i ó lo q u e
sería b u e n o q u e hiciese, y d i j o :
—'Señora
Costanza, y o le d a r é u n a oración
en
escrito q u e a dos veces que la rece, se le q u i t a r á como
con la m a n o s u dolor.
— N o r a b u e n a — r e s p o n d i ó C o s t a n z a — ; que y o la
r e z a r é , p o r q u e sé leer.
— H a d e ser con condición — d i j o T o m á s — , que
n o la h a d e m o s t r a r a n a d i e ; p o r q u e la estimo en
m u c h o , y n o será bien q u e p o r saberla m u c h o s se
menosprecie.
— Y o le p r o m e t o — d i j o C o s t a n z a — , T o m á s , q u e
n o la d é a n a d i e ; y démela luego, p o r q u e m e fatiga m u c h o el dolor.
—Yo
la t r a s l a d a r é d e l a m e m o r i a
—respondió
T o m á s — , y luego se la d a r é .
E s t a s fueron las p r i m e r a s razones que T o m á s dijo
a C o s t a n z a y Costanza a T o m á s e n t o d o el t i e m p o
q u e había q u e estaba en casa, q u e y a pasaban de
veinticuatro días. Retiróse T o m á s , y escribió la o r a 89
CERVANTES
ción, y t u v o lugar de dárseila a C o s t a n z a sin q u e
nadie lo viese, y ella, con m u c h o g u s t o y m á s d e voción, se e n t r ó en u n a p o s e n t o a solas, y abriendo el p a p e l , vio q u e decía d e s t a m a n e r a :
" S e ñ o r a de m i a l m a : Y o soy u n caballero n a t u ral d e B u r g o s ; si alcanzo d e días a mi p a d r e , h e r e d o u n m a y o r a z g o d e seis m i l d u c a d o s de renta.
A la f a m a d e v u e s t r a h e r m o s u r a , q u e p o r m u c h a s
leguas se extiende, dejé mi patria, m u d é vestido, y
en el t r a j e que m e veis, vine a servir a n u e s t r o d u e ñ o ; si v o s lo quisiéredes s e r mío, p o r l o s medios
que m á s a v u e s t r a honestidad convengan, m i r a d qué
p r u e b a s queréis q u e h a g a p a r a e n t e r a r o s desta verdad ; y e n t e r a d a en ella, siendo g u s t o v u e s t r o , seré
v u e s t r o esposo y m e t e n d r é p o r el m á s bien a f o r t u nado del m u n d o . "
E n t a n t o q u e T o m á s e n t e n d i ó q u e C o s t a n z a se h a bía i d o a leer su papel, le e s t u v o p a l p i t a n d o el corazón, t e m i e n d o y e s p e r a n d o , o y a la. sentencia de su
m u e r t e , o la r e s t a u r a c i ó n de su vida. Salió, en esto,
Costanza,
tan
h e r m o s a , a u n q u e rebozada, q u e si
p u d i e r a recebir a u m e n t o su h e r m o s u r a con algún accidente se p u d i e r a j u z g a r q u e el sobresalto de h a b e r
visto en el papel d e T o m á s o t r a cosa t a n lejos de la
que p e n s a b a había a c r e c e n t a d o su belleza. Salió con
el papel e n t r e las m a n o s h e c h o m e n u d a s piezas, y
dijo a T o m á s :
— H e r m a n o T o m á s , esta t u oración m á s
parece
hechicería y e m b u s t e q u e o r a c i ó n santa, y así, y o n o
90
Z. .4 ¡LUSTRE
FREGONA
la q u i e r o creer ni usar della, y p o r e s o la he r a s gado, p o r q u e n o la vea nadie que sea m á s crédula
q u e y o . A p r e n d e o t r a s oraciones m á s fáciles, porq u e é s t a será imposible q u e te sea de p r o v e c h o .
E n diciendo e s t o , se e n t r ó con su ama, y T o m á s
q u e d ó s u s p e n s o ; p e r o a l g o consolado, viendo q u e en
solo el p e c h o d e Costanza q u e d a b a el secreto d e su
deseo.
E n t a n t o que esto sucedió e n la posada, a n d a b a
el A s t u r i a n o c o m p r a n d o el asno d o n d e los v e n d í a n ;
y a u n q u e halló m u c h o s , n i n g u n o le satisfizo, puesto q u e u n gitano a n d u v o m u y solícito p o r encajalle u n o q u e m á s caminaba
p o r el a z o g u e q u e le
había e c h a d o e n los oídos q u e por ligereza s u y a ;
p e r o lo q u e contentaba con el p a s o d e s a g r a d a b a con
el cuerpo, q u e era m u y pequeño, y n o del g r a n d o r
y talle q u e L o p e quería, q u e le buscaba suficiente
p a r a llevarle a él p o r a ñ a d i d u r a , o r a fuesen
vacíos
o llenos los c á n t a r o s . Llegóse a el, en esto, u n mozo,
y dijole al o í d o :
— G a l á n , si busca bestia cómoda p a r a el oficio de
a g u a d o r , y o t e n g o un a s n o aquí cerca, en u n p r a d o ,
que n o le h a y m e j o r ni m a y o r en la c i u d a d ; y aconsejóle que n o c o m p r e bestia de g i t a n o s , p o r q u e aunq u e parezcan sanas y buenas, todas son falsas y llenas de d o l a m a s ; si q u i e r e c o m p r a r la que le conviene, v é n g a s e conmigo y calle la boca.
Creyóle el A s t u r i a n o , y dijole q u e guiase a d o n d e
estaba el a s n o q u e t a n t o encarecía.
9'
F u é r o n s e los
CERVANTES
dos m a n o a m a n o , como dicen, h a s t a q u e llegaron a
la H u e r t a del R e y , d o n d e a la s o m b r a d e u n a a z u d a
hallaron m u c h o s a g u a d o r e s , cuyos a s n o s pacían en
un p r a d o q u e allí cerca estaba. M o s t r ó el vendedor
su a s n o , tal, q u e le h i n c h ó el ojo al A s t u r i a n o , y de
todos los q u e allí e s t a b a n fué a l a b a d o el asno de
iuerie, de caminador y comedor sobremanera. H i cieron su concierto, y sin o t r a seguridad ni información, siendo c o r r e d o r e s y m e d i a n e r o s los d e m á s
a g u a d o r e s , dio diez y seis d u c a d o s p o r el asno, con
todos los a d h e r e n t e s del oficio. H i z o la p a g a
real
en escudos de o r o . Diéronle el p a r a b i é n d e la comp r a , y de la e n t r a d a en ei oficio, y certificáronle que
había c o m p r a d o u n a s n o dichosísimo, p o r q u e el dueñ o q u e le dejaba, sin que se le mancase ni m a t a s e ,
había g a n a d o con él en m e n o s tiempo de u n año,
después d e h a b e r s e s u s t e n t a d o a él y al asno honr a d a m e n t e , dos p a r e s de vestidos, y m á s aquellos
diez y seis d u c a d o s c o n q u e pensalja volver a su
tierra.
A m é n de los c o r r e d o r e s del asno, e s t a b a n otros
c u a t r o a g u a d o r e s j u g a n d o a la p r i m e r a , tendidos en
e! suelo, sirviéndoles de b u f e t e la t i e r r a y de sobremesa sus capas. P ú s o s e el A s t u r i a n o a mirarlos,
v vio q u e no j u g a b a n como a g u a d o r e s , sino como
a r c e d i a n o s , p o r q u e tenía de resto cada u n o m á s de
cien reales en c u a r t o s y en plata. Llegó una m a n o
de echar t o d o s el resto, y si u n o n o d i e r a p a r t i d o a
otro él hiciera m e s a gallega. F i n a l m e n t e , a los dos en
92
LA
ILUSTRE
FREGONA
aquel resto se les acabó el d i n e r o y se l e v a n t a r o n ;
viendo lo cual el vendedor del asno, dijo que si h u biera c u a r t o , que él j u g a r a , p o r q u e era enemigo de
j u g a r en tercio. E l A s t u r i a n o dijo que él h a r í a c u a r to. S e n t á r o n s e luego, a n d u v o la cosa de b u e n a m a nera, y q u e r i e n d o j u g a r antes el dinero q u e el tiempo, en poco r a t o perdió L o p e seis escudos que tenía,
y viéndose sin blanca, dijo que si le querían j u g a r el
asno, que él le j u g a r í a . A c e t á r o n l e el envite, y hizo
de resto u n c u a r t o del asno, diciendo que p o r c u a r tos quería j u g a r l e . Díjole t a n mal, q u e en c u a t r o restos consecutivamente p e r d i ó los c u a t r o c u a r t o s del
asno, y ganóselos el m i s m o q u e se le había vend i d o ; y l e v a n t á n d o s e p a r a volverse a e n t r e g a r s e en
él, dijo el
A s t u r i a n o q u e advirtiesen q u e él sola-
mente había j u g a d o los c u a t r o c u a r t o s del a s n o ; pero
la cola, que se la diesen, y se le llevasen n o r a b u e n a .
Causóles risa a t o d o s la d e m a n d a de la cola, y
h u b o l e t r a d o s q u e fueron de p a r e c e r q u e n o tenia
r a z ó n en lo q u e pedía, diciendo q u e c u a n d o se vend e u n c a r n e r o o o t r a r e s alguna, n o se saca ni quita la cola, q u e con u n o de los c u a r t o s t r a s e r o s h a de
ir f o r z o s a m e n t e .
carneros
de
A lo cual replicó L o p e que
Berbería o r d i n a r i a m e n t e
los
tienen cinco
c u a r t o s , y q u e el quinto es d e l a cola, y c u a n d o los
tales c a r n e r o s se cuartean, tanto vale la cola como
cualquier c u a r t o ; y q u e a lo d e ir la cola j u n t o con
la res q u e se v e n d e viva y no se cuartea, que lo conc e d í a ; p e r o q u e la suya n o fué vendida, sino j u g a 93
CERVANTES
da, y que nunca su intención fué jugar la c o k , y
que al punto s e la volviesen luego con t o d o lo a
ella anejo y concerniente, que era desde la punta del
celebro, contada la osamenta del espinazo, donde
ella tomaba principio y decendía, hasta parar en los
últimos pelos délla.
— D a d m e v o s — d i j o u n o — que ello sea así como
decís, y que o s la den como la pedís, y sentaos junto a l o que del asno queda.
— ¡ P u e s así e s ! —replicó L o p e — . V e n g a mi ceda;
si no, por D i o s que n o me lleven el asno sd bien viniesen por él cuantos aguadores hay en el m u n d o ; y
no piensen que por ser tantos los que aquí están me
han d e hacer superchería, porque soy y o u n hombre
que m e sabré llegar a otro hombre y meterle dos
palmos de daga por las tripas, sin que sepa de quién,
por dónde, o c ó m o le v i n o ; y más, que n o quiero
que m e paguen la coda rata por cantidad, sino que
quiero que m e la den en ser y la corten del asno,
cerno tengo dicho.
Al ganancioso y a los demás les pareció no ser
bien llevar aquel negocio por fuerza, porque juzgaron ser de tal brío el Asturiano, que n o consentiría que se la hiciesen, y uno dellos, que parecía de más razón y discurso, los concertó en que se
echase la cola contra un cuarto del asno a una quínola, o a dos y pasante. Fueron contentos, ganó la
quínola Lope, picóse el otro, echó el otro cuarto, y
a otras tres manos quedó sin asno. Quiso jugar el
94
O » ^ — — — - l A f c ^ n ^ f c H
LA
ILUSTRE
FREGONA
dinero; n o quería L o p e ; pero tanto le porfiaron todos, que l o hubo de hacer, con que hizo el viaje del
desposado, dejándole sin un solo maravedí; y fué
tanta la pesadumbre que desto recibió el perdidoso,
que se arrojó e n el suelo y comenzó a darse de calabazadas por la tierra. Lope, como bien nacido y como
liberal y compasivo, le levantó y le volvió todo d
dinero que le había ganado, y l o s diez y seis ducados del asno, y aun de los que él tenía repartió con los circunstantes, cuya extraña liberalidad
pasmó a t o d o s ; y si fueran los tiempos y las ocasione» del Tamorlán, le alzaran por rey de los aguadores.
;
Con grande acompañamiento volvió Lope a la ciudad, donde contó a T e m a s lo sucedido. N o quedó
taberna, ni bodegón, ni junta d e picaros donde n o s e
supiese el juego del asno, «1 esquite por la cola y el
brío y la liberalidad del Asturiano; pero como la
mala bestia del vulgo, por la mayor parte, e s mala,
maldita y maldiciente, n o t o m ó de memoria la liberalidad, brío y buenas partes del gran Lope, sino
solamente la cola; y así, apenas hubo andado dos
días por la ciudad echando agua, cuando se v i o señalar de muchos c o n él dedo, que decían: " E s t e e s
el aguador de la cola." Estuvieron los muchachos
atentos, supieron el caso, y n o había asomado Lope
por la entrada de cualquiera calle, cuando por toda
ella l e gritaban, quién de aquí y quién de allí: "j A s turiano, daca la' cola! ¡ D a c a l a cola, A s t u r i a n o ! "
95
CERVANTES
Lope, que se vio asaetear de tantas lenguas y con tantas voces, dio en callar, creyendo que en su mucho
silencio se anegara tanta insolencia; mas ni por e s a s ;
pues mientras más callaba, más los muchachos gritaban ; y asi, probó a mudar su paciencia en cólera,
y apeándose del asno, dio a palos tras los muchachos,
que fué afinar el polvorín y ponerle fuego, y fué
otro cortar las cabezas de la serpiente, pues en lugar de una que quitaba, apaleando a algún muchacho, nacían en el mismo instante, no otras siete, sino
setecientas, que con mayor ahinco y menudeo le pedían la cola. Finalmente, tuvo por bien de retirarse a
una posada que había tomado fuera de la de su compañero, y de estarse en ella hasta que la influencia de
aquel mal planeta pasase, y se bortase de la memoria de los muchachos aquella demanda mala de
la cola que le pedían.
Seis días se pasaron sin que saliese de casa, si
no era de noche, que iba a v e r a T o m á s y a preguntarle del estado en que se hallaba, el cual le contó
que no
Costanza.
había podido hablar una sola palabra
con
Lope le contó a él la priesa que le da-
ban los muchachos pidiéndole la cola, porque
él
había pedido la de su asno, con que hizo el famoso
esquite. Aconsejóle T o m á s que no saliese de casa,
a lo menos, sobre el asno, y que si saliese, fuese
por calles solas y apartadas, y que cuando esto no
bastase, bastaría dejar el oficio, último remedio de
poner fin a tan poco honesta demanda.
<X5
Retiróse,
LA
ILUSTRE
FREGONA
con esto, a su p o s a d a L o p e , con determinación de no
salir della en otros seis días, a lo m e n o s , con el asno.
L a s once serían d e la noche, cuando de i m p r o v i so y sin pensarlo vieron e n t r a r en la p o s a d a m u chas v a r a s d e justicia y, al cabo, el Corregidor. A l b o r o t ó s e el h u é s p e d , y a u n los h u é s p e d e s ; p o r q u e
así como los cometas c u a n d o se m u e s t r a n
siempre
causan t e m o r e s de desgracias e infortunios, ni m á s
ni m e n o s la justicia, c u a n d o de repente y d e tropel
se e n t r a en u n a casa, sobresalta y a t e m o r i z a h a s t a las
conciencias n o culpadas. E n t r ó s e el C o r r e g i d o r en
u n a sala, y llamó al h u é s p e d d e casa, el cual vino
t e m b l a n d o a v e r l o q u e el s e ñ o r C o r r e g i d o r
que-
ría. Y así como le vio el C o r r e g i d o r , le p r e g u n t ó
con m u c h a g r a v e d a d :
—i Sois vos el h u é s p e d ?
— S i , señor — r e s p o n d i ó é l — ; p a r a lo que vuesa
m e r c e d m e quisiere m a n d a r .
M a n d ó el C o r r e g i d o r q u e saliesen de la sala t o dos los q u e en ella e s t a b a n y q u e le d e j a s e n
solo
con el huésped. H i c i é r o n l o así, y q u e d á n d o s e solos,
dijo el C o r r e g i d o r al h u é s p e d :
—¿ D ó n d e está u n a m u c h a c h a que dicen q u e sirve en esta casa, t a n h e r m o s a , q u e por toda la ciudad
la l l a m a n la ilustre
—Señor
ilustre
fregona?
— r e s p o n d i ó el h u é s p e d — , esa
fregona
q u e dicen e s v e r d a d q u e está en esta c a s a ;
p e r o ni es mi criada, n i deja de serlo.
97
xxi.—7
CERVANTES
— N o entiendo lo q u e decís, h u é s p e d , en eso de
ser y n o ser v u e s t r a c r i a d a la fregona.
—Yo
h e dicho bien — a ñ a d i ó el h u é s p e d — ;
y
si y u e s a m e r c e d m e da licencia, le diré lo que ha_
en esto, l o cual j a m á s h e dicho a p e r s o n a alguna.
— P r i m e r o q u i e r o v e r a la fregona q u e saber otra
c o s a ; llamadla a c á -—dijo el C o r r e g i d o r .
A s o m ó s e el h u é s p e d a la p u e r t a
de la sala, y
dijo:
— ¿ O í s l o , s e ñ o r a ? H a c e d q u e e n t r e aquí Costancica.
S i n a g u a r d a r q u e o t r a vez la llamasen, t o m ó ,
tanza,
Cos-
u n a vela encendida s o b r e u n candelero de pla-
ta, y con m á s v e r g ü e n z a q u e t e m o r fué d o n d e el Cor r e g i d o r estaba.
A s í como el C o r r e g i d o r la vio, m a n d ó al huéspc.i
q u e c e r r a s e l a p u e r t a de la s a l a ; lo cual hecho, el
C o r r e g i d o r se levantó, y t o m a n d o el candelero que
C o s t a n z a traía, llegándole la luz al r o s t r o , la a n d u v o
m i r a n d o t o d a d e a r r i b a a b a j o ; y como Costanza estaba con sobresalto, habíasele encendido la color del
r o s t r o , y estaba tan h e r m o s a y t a n h o n e s t a , que al
C o r r e g i d o r l e pareció q u e e s t a b a m i r a n d o la h e r m o s u r a de u n ángel en la t i e r r a ; y después de haberla bien m i r a d o , d i j o :
— H u é s p e d , ésta n o es j o y a p a r a e s t a r e n el baj o e n g a s t e d e u n mesón. D i g o , doncella, q u e n o sol a m e n t e os p u e d e n y deben llamar ilustre,
98
sino
ilus-
LA
trísima;
ILUSTRE
FREGONA
p e r o estos títulos n o h a b í a n d e c a e r sobre
el n o m b r e de fregona,
—-No es fregona,
sino sobre el de u n a d u q u e s a .
señor — d i j o el h u é s p e d — ; que
no sirve de otra cosa en casa q u e de t r a e r las llaves de la plata, q u e p o r la b o n d a d de Dios t e n g o
alguna, con q u e se sirven los huéspedes h o n r a d o s
que a esta posada vienen.
— C o n t o d o eso — d i j o el C o r r e g i d o r — , digo, h u é s ped, q u e ni es decente ni conviene que esta doncella esté en u n m e s ó n . ¿ E s p a r i e n t a v u e s t r a p o r ventura?
— N i es mi p a r i e n t a , ni es mi c r i a d a ; y si vuesa
merced gustare
de
saber quién es, c o m o ella
no
esté delante, oirá vuesa m e r c e d cosas que, j u n t a m e n te con d a r l e g u s t o , le a d m i r e n .
— S í g u s t a r é — d i j o el C o r r e g i d o r — ; y sálgase Costancica allá fuera, y p r o m é t a s e d e mí lo q u e de su
mismo padre pudiera prometerse; que su mucha honestidad y h e r m o s u r a obligan a q u e t o d o s los q u e
la vieren se ofrezcan a su servicio.
N o respondió p a l a b r a Costanza, sino con m u c h a
m e s u r a hizo u n a p r o f u n d a reverencia al C o r r e g i d o r ,
y salióse de la sala, y halló a su a m a desalada esperándola, p a r a saber della qué e r a lo que el C o r r e g i d o r la quería. Ella 1e contó lo q u e había pasado, y
cómo su señor quedaba con él p a r a contalle n o sé
qué cosas q u e n o quería que ella las oyese.
N o acabó de sosegarse la h u é s p e d a , y s i e m p r e e s t u v o r e z a n d o h a s t a q u e se fué el C o r r e g i d o r y vio
09
tAAV
CERVANTES
salir libre a su m a r i d o , el cual, en t a n t o q u e estuvo
con el C o r r e g i d o r le d i j o :
— ' H o y hacen, señor, s e g ú n mi cuenta, quince a ñ o s ,
u n m e s y c u a t r o días q u e llegó a esta p o s a d a una
señora e n h á b i t o de p e r e g r i n a , en u n a litera,
una niña
recién
nacida,
con
y a c o m p a ñ a d a de c u a t r o
criados de a caballo, y de d o s d u e ñ a s y u n a doncella, q u e en u n coche venían. T r a í a a s i m i s m o dos acémilas cubiertas con d o s ricos r e p o s t e r o s , y c a r g a d a s
con u n a rica c a m a y con a d e r e z o s d e c o c i n a ;
final-
mente, el a p a r a t o e r a principal, y la p e r e g r i n a r e p r e sentaba ser u n a g r a n s e ñ o r a ; y a u n q u e e n la edad
m o s t r a b a ser d e c u a r e n t a o pocos m á s a ñ o s , n o por
eso d e j a b a d e p a r e c e r h e r m o s a e n t o d o e x t r e m o . V e nía e n f e r m a y descolorida, y t a n fatigada, q u e m a n d ó
q u e l u e g o le hiciesen l a cama, y en esta m i s m a sala se
la hicieron sus c r i a d o s . Y o y m i m u j e r p r e g u n t a m o s a
éstos
quién e r a la tal señora y c ó m o se llamaba, de
a d o n d e venía y a d o n d e iba, y p o r qué c a u s a se vestía
aquel h á b i t o d e p e r e g r i n a . A todas estas p r e g u n t a s ,
que le hicimos n o h u b o a l g u n o q u e nos respondiese
otra cosa sino q u e aquella p e r e g r i n a era u n a señora
principal y rica de Castilla l a V i e j a , y q u e p o r q u e h a bía algunos meses que estaba e n f e r m a de hidropesía,
había ofrecido de ir a N u e s t r a S e ñ o r a d e G u a d a l u p e
en r o m e r í a , p o r la cual p r o m e s a iba en aquel hábito.
E n c u a n t o a decir su n o m b r e , t r a í a n o r d e n de no llam a r l a sino la señora p e r e g r i n a . E s t o supimos por entonces ; p e r o a cabo de tres días que, p o r e n f e r m a , la
TOO
...que llegó a esta posada una señora
en hábito de peregrina, ...
TJM--
LA
ILUSTRE
FREGONA
señora p e r e g r i n a se e9taba en casa, u n a de las d u e ñ a s
nos llamó a mí y a mi m u j e r de su p a r t e ; fuimos a v e r
lo que quería, y a p u e r t a c e r r a d a y delante d e sus
criadas, casi con l á g r i m a s en los ojos, nos dijo creo
que estas m i s m a s r a z o n e s : " S e ñ o r e s míos, los cielos
m e son testigos q u e sin culpa mía m e hallo en un
roso t r a n c e y me
honra,
a apartar
veo
a criar,
por
cuestión
de mi lado a esta niña.
nester, amigos, busquéis
llevarla
obligada,
con
todo
secreto
rigude
Y es m e donde
b u s c a n d o también m e n t i r a s q u e d e -
cir a quien la e n t r e g á r e d e s ; q u e p o r a h o r a s e r á en la
ciudad, y después q u i e r o que se lleve a u n a aldea. D e
lo q u e d e s p u é s se h u b i e r e de hacer, c u a n d o d e G u a d a lupe vuelva lo sabréis, p o r q u e el tiempo m e h a b r á dado l u g a r d e que piense y escoja lo m e j o r que m e convenga."
A q u í dio fin a su r a z o n a m i e n t o la lastimada p e r e grina, y principio a u n copioso llanto, que, e n p a r t e ,
fué consolado p o r las m u c h a s y b u e n a s razones q u e
mi m u j e r le dijo. F i n a l m e n t e , ésta
se fué a buscar
donde llevar la niña, que era la m á s h e r m o s a q u e mis
ojos h a s t a entonces h a b í a n visto, y es esta m i s m a que
vuesa m e r c e d acaba de ver a h o r a .
F u é la madre
a su romería. C u a n d o volvió, esta-
ba ya la n i ñ a d a d a a criar p o r mi orden, con n o m b r e
de mi sobrina, en u n a aldea dos leguas de a q u í . E n
el b a u t i s m o se le p u s o p o r n o m b r e C o s t a n z a ; q u e así
lo dejó o r d e n a d o su m a d r e , la cual, c o n t e n t a d e lo
que yo había hecho, al tiempo de despedirse m e dio
103
CERVANTES
u n a c a d e n a de o r o , q u e h a s t a a g o r a tengo, de la cual
quitó seis trozos, los cuales d i j o q u e t r a e r í a la persona q u e p o r la n i ñ a viniese. T a m b i é n c o r t ó u n blanco p e r g a m i n o a v u e l t a s y a o n d a s , a la t r a z a y manera c o m o c u a n d o se enclavijan las m a n o s y en los dedos s e escribe a l g u n a cosa, q u e e s t a n d o enclavijados
los d e d o s se p u e d e n leer, y d e s p u é s de a p a r t a d a s las
m a n o s q u e d a -dividida la r a z ó n , p o r q u e se dividen
las l e t r a s , q u e en volviendo a enclavijar los dedos,
se j u n t a n y c o r r e s p o n d e n de m a n e r a , q u e se pueden
leer c o n t i n u a d a m e n t e : digo q u e el u n p e r g a m i n o sirv e de a l m a del o t r o , y encajados s e leerán, y divididos n o es posible, si n o es a d i v i n a n d o la m i t a d del
p e r g a m i n o ; y casi t o d a la c a d e n a q u e d ó en mi p o der, y t o d o lo t e n g o , e s p e r a n d o el c o n t r a s e ñ o hasta
a h o r a , p u e s t o q u e ella m e dijo q u e d e n t r o de dos
años enviaría p o r su hija, e n c a r g á n d o m e que la criase, n o c o m o quien ella era, sino del m o d o que se
suele criar u n a l a b r a d o r a ; q u e la p e r d o n a s e el n o
d e c i r m e su n o m b r e , ni quién e r a ; que lo g u a r d a b a
p a r a o t r a ocasión m á s i m p o r t a n t e . E n resolución, d á n dome cuatrocientos escudos de oro y a b r a z a n d o a mi
m u j e r con tiernas lágrimas, se p a r t i ó , d e j á n d o n o s a d m i r a d o s de su discreción, valor, h e r m o s u r a y recato.
Costanza se crió en el aldea dos años y luego la t r u j e
conmigo, y siempre la he t r a í d o en hábito de l a b r a d o ra, c o m o su m a d r e m e lo dejó m a n d a d o . Q u i n c e a ñ o s ,
u n m e s y c u a t r o días h a que a g u a r d o a quien ha de
venir p o r ella, y la m u c h a t a r d a n z a me ha consumido
104
LA
ILUSTRE
FREGONA
la esperanza de v e r esta v e n i d a ; y si en este a ñ o en
que estamos no vienen, tengo d e t e r m i n a d o de p r o h i j a 11a y d a r l e t o d a mi hacienda, q u e vale m á s d e seis
mil d u c a d o s , Dios sea bendito.
R e s t a a h o r a , señor Corregidor, decir a v u e s a m e r ced, si es posible q u e y o sepa decirlas, las bondades
y las v i r t u d e s de Costancica. Ella, lo p r i m e r o y p r i n cipal, es d e v o t í s i m a d e N u e s t r a S e ñ o r a ; confiesa y
comulga c a d a m e s ; sabe escribir y l e e r ; n o h a y m a y o r r a n d e r a en T o l e d o ; canta a la almohadilla c o m o
unos á n g e l e s ; en ser h o n e s t a n o h a y quien la iguale.
P u e s en lo que toca a ser h e r m o s a , y a v u e s a m e r c e d
lo h a visto.
Calló el h u é s p e d , y t a r d ó u n g r a n rato el C o r r e gidor en h a b l a r l e ; t a n s t r p e n s o l e tenía el suceso
que el h u é s p e d l e h a b í a contado. E n fin, le dijo que
le t r ú j e s e allí la cadena y el p e r g a m i n o ; q u e q u e r í a
verlo. F u é el huésped por ello, y trayéndoselo, vio
que e r a así c o m o le había dicho. T u v o p o r discreta la señal del conocimiento y j u z g ó p o r m u y rica
a la s e ñ o r a peregrina q u e tal c a d e n a había d e j a d o al
h u é s p e d ; y teniendo en p e n s a m i e n t o de sacar
de
aquella p o s a d a la h e r m o s a m u c h a c h a c u a n d o h u b i e se c o n c e r t a d o u n m o n a s t e r i o d o n d e llevarla, p o r entonces se contentó de llevar sólo el p e r g a m i n o , enc a r g a n d o al h u é s p e d q u e si acaso viniesen p o r Costanza, le avisase y diese noticia de quién era el q u e p o r
ella venía, a n t e s q u e le m o s t r a s e la cadena, q u e d e jaba en su poder. C o n esto, se fué, t a n
ios
admirado
CERVANTES
del cuento y suceso de la ilustre
fregona
como de
su i n c o m p a r a b l e h e r m o s u r a .
T o d o el t i e m p o q u e g a s t ó el h u é s p e d en estar con
el C o r r e g i d o r y el q u e ocupó Costanza c u a n d o la llam a r o n , estuvo T o m á s fuera de sí, combatida el alma
de mil varios p e n s a m i e n t o s , sin a c e r t a r j a m á s con
n i n g u n o de s u g u s t o ; p e r o c u a n d o vio q u e el C o r r e g i d o r se iba y q u e Costanza se quedaba, r e s p i r ó su e s p í r i t u y volviéronle los p u l s o s , q u e ya casi d e s a m p a r a d o le tenían. N o osó p r e g u n t a r al h u é s p e d lo
que el C o r r e g i d o r q u e r í a , ni el h u é s p e d lo dijo a
nadie sino a su m u j e r ; con q u e ella también volvió
en sí, d a n d o g r a c i a s a Dios que de t a n g r a n d e sobresalió la había librado.
E l día siguiente, cerca de la u n a , e n t r a r o n en la
p o s a d a con c u a t r o h o m b r e s d e a caballo dos caballeros a n c i a n o s d e venerables presencias, habiendo p r i m e r o p r e g u n t a d o u n o de dos m o z o s q u e a pie con
ellos venían si era aquélla la p o s a d a del Sevillano;
y habiéndole respondido que sí, se e n t r a r o n todos en
ella. A p e á r o n s e los c u a t r o y fueron a a p e a r a los dos
ancianos, señal p o r d o se conoció q u e aquellos dos
e r a n señores de los seis. Salió Costanza con su acostumbrada
gentileza a v e r los nuevos huéspedes, y
apenas la h u b o visto u n o de los dos ancianos c u a n d o
dijo al o t r o :
•—Yo
creo, señor d o n J u a n , q u e h e m o s hallado
todo aquello que venimos a buscar.
T o m á s , que a c u d i ó a d a r recado a las cabalgadu106
L A
iLVST
RE
FREGÓ
N A
ras, conoció luego a dos criados de su p a d r e , y luego
conoció a su p a d r e y al p a d r e d e C a r r i a z o , q u e eran
los dos ancianos a quien los d e m á s r e s p e c t a b a n ; y
a u n q u e se a d m i r ó d e su venida, consideró q u e debían de ir a buscar a él y a C a r r i a z o a las a l m a d r a b a s ; que n o h a b r í a faltado quien les hubiese dicho
que en ellas, y n o en F l a n d e s , los h a l l a r í a n ; pero
no se atrevió a d e j a r s e conocer en aquel t r a j e : a n tes, a v e n t u r á n d o l o todo, puesta la m a n o en el r o s t r o ,
pasó p o r delante dellos y fué a buscar a Costanza, y
quiso la buena suerte que la hallase s o l a ; y apriesa y con lengua t u r b a d a , t e m e r o s o que ella n o le daría lugar p a r a decirle nada, le d i j o :
— C o s t a n z a , u n o d e estos d o s caballeros ancianos
que a q u í h a n llegado a h o r a es m i p a d r e , que es aquel
que oyeres llamar d o n J u a n de A v e n d a ñ o : i n f ó r m a te de sus criados si tiene u n hijo que se llama don
T o m á s de A v e n d a ñ o , que soy yo, y de aquí p o d r á s ir
coligiendo y a v e r i g u a n d o q u e t e he dicho v e r d a d en
c u a n t o a la calidad de mi persona, y que te la diré
en c u a n t o de mi p a r t e te t e n g o ofrecido. Y quédate a d i ó s ; que h a s t a que ellos se vayan n o pienso volver a esta casa.
N o le respondió n a d a Costanza ni él a g u a r d ó a
que le respondiese, sino volviéndose a salir, cubierto como había e n t r a d o , se fué a dar cuenta a C a rriazo de cómo sus p a d r e s estaban en la posada. Diú
voces el huésped a T o m á s , que viniese a d a r cebada ; pero como no pareció, dióla él m i s m o . U n o de
107
O»*
1
I
ffg^fn
glp.
CERVANTES
los dos ancianos llamó a p a r t e a una d e las dos mozas
gallegas, y p r e g u n t ó l e c ó m o se llamaba aquella m u chacha h e r m o s a q u e h a b í a n visto, y q u e si era hija
o p a r i e n t a del h u é s p e d , o h u é s p e d a de casa. L a Gallega l e r e s p o n d i ó :
— L a m o z a se llama C o s t a n z a ; ni es parienta del
h u é s p e d ni d e la h u é s p e d a , ni sé lo que es.
E l caballero, sin e s p e r a r a q u e le quitasen las espuelas, llamó al h u é s p e d , y r e t i r á n d o s e con él aparte en u n a sala, le d i j o :
— Y o , señor h u é s p e d , vengo a q u i t a r o s u n a p r e n da mía q u e h a algunos a ñ o s q u e tenéis en v u e s t r o
p o d e r ; p a r a q u i t á r o s l a os t r a i g o mil e s c u d o s de oro,
y estos trozos d e cadena, y este p e r g a m i n o .
Y diciendo esto, sacó los seis de ta señal de la
cadena q u e él tenía. A s i m i s m o conoció el p e r g a m i no, y a l e g r e s o b r e m a n e r a c o n el ofrecimiento de los
mil e s c u d o s , r e s p o n d i ó :
— S e ñ o r , la p r e n d a que q u e r é i s q u i t a r está en c a s a ;
p e r o n o está e n ella la c a d e n a ni el p e r g a m i n o con
que se h a de h a c e r la p r u e b a d e la v e r d a d que yo
creo q u e v u e s a m e r c e d t r a t a ; y así, le suplico tenga p a c i e n c i a ; que y o vuelvo luego.
Y al m o m e n t o fué a avisar al C o r r e g i d o r de lo
que pasaba, y d e c o m o e s t a b a n dos caballeros en su
posada, q u e v e n í a n p o r C o s t a n z a .
A c a b a b a de c o m e r el C o r r e g i d o r , y con el deseo
que tenía d e v e r el fin de aquella historia, subió luego a caballo y v i n o a la p o s a d a del Sevillano, lle108
LA
ILUSTRE
FREGONA
vando consigo el p e r g a m i n o d e la m u e s t r a . Y apen a s h u b o visto a los dos caballeros, cuando, abiertos
los b r a z o s , fué a a b r a z a r al u n o , d i c i e n d o :
—>¡ V á l a m e D i o s ! ¿ Q u é b u e n a v e n i d a es ésta, señ o r d o n J u a n de A v e n d a ñ o , p r i m o y s e ñ o r m í o ?
E l caballero le a b r a z ó asimismo, diciéndole:
—'Sin d u d a , s e ñ o r p r i m o , h a b r á sido buena! mi
venida, p u e s os veo, y con la salud q u e s i e m p r e os
deseo. A b r a z a d , p r i m o , a este caballero, q u e es él
señor d o n D i e g o de C a r r i a z o , g r a n señor y
amigo
mío.
— Y a conozco al s e ñ o r d o n D i e g o — r e s p o n d i ó el
C o r r e g i d o r — , y le soy m u y s e r v i d o r .
Y a b r a z á n d o s e los dos, después d e h a b e r s e receñido con g r a n d e a m o r y g r a n d e s cortesías, se e n t r a r o n en u n a
sala, d o n d e se q u e d a r o n solos c o n el
huésped, el cual y a t e n í a consigo l a cadena, y d i j o :
— Y a el señor C o r r e g i d o r sabe a l o q u e v u e s a m e r ced viene, señor d o n D i e g o d e C a r r i a z o : v u e s a m e r ced saque los t r o z o s que faltan a esta cadena, y el señ o r C o r r e g i d o r s a c a r á el p e r g a m i n o , q u e está en su
p o d e r , y h a g a m o s la p r u e b a que h a tantos años que
espero a q u e se h a g a .
— D e s a manera —respondió don Diego—, no hab r á necesidad de d a r cuenta de n u e v o al señor C o r r e g i d o r de n u e s t r a venida, pues bien se v e r á
que
ha sido a lo q u e v o s , señor h u é s p e d , h a b r é i s d i c h o .
—Algo m e ha dicho; pero mucho m e quedó por
saber. E l p e r g a m i n o , hele aquí.
TOO
CERVANTES
Sacó d o n D i e g o el o t r o , y j u n t a n d o las d o s partes s e hicieron u n a , y a las letras del q u e tenía el
huésped, que eran E T E L S Ñ V D D R ,
respondían
en el o t r o p e r g a m i n o é s t a s : s A S A E AL ER A E A,
q u e t o d a s j u n t a s d e c í a n : ÉSTA E S LA SEÑAL VERDA-
DERA. C o t e j á r o n s e luego los t r o z o s d e la cadena, y
hallaron s e r l a s señas v e r d a d e r a s .
— ¡ E s t o está h e c h o ! — d i j o el C o r r e g i d o r — . R e s t a
a h o r a saber, si es posible, q u i é n s o n los p a d r e s desta hermosísima prenda.
— E l p a d r e — r e s p o n d i ó d o n D i e g o — y o lo s o y ; la
m a d r e y a n o v i v e : basta s a b e r q u e fué t a n principal,
que p u d i e r a y o s e r su c r i a d o .
A estas razones llegaba d o n Diego c u a n d o oyeron q u e en la p u e r t a d e la calle decían a grandes
voces:
— D í g a n l e a T o m á s P e d r o , el m o z o d e la cebada, cómo llevan a su amigo el A s t u r i a n o p r e s o ; q u e
a c u d a a la cárcel, q u e allí le espera.
A la v o z d e cárcel y de preso,
dijo el C o r r e g i d o r
que entrase el p r e s o y el alguacil q u e le llevaba.
Dijeron
al alguacil q u e el C o r r e g i d o r , q u e estaba
allí, le m a n d a b a e n t r a r con el preso, y asi lo hubo
de h a c e r .
V e n í a e l A s t u r i a n o todos los dientes b a ñ a d o s en
s a n g r e , y m u y m a l p a r a d o , y m u y bien asido del a l guacil, y así c o m o entró e n la sala, conoció a su p a d r e y al de A v e n d a ñ o . T u r b ó s e , y p o r n o ser conocido, con u n p a ñ o , como q u e se limpiaba la sangre,
no
"¡Daca
cola!" ...
la cola, Asturiano: daca la
LA
ILUSTRE
FREGONA
se cubrió el r o s t r o . P r e g u n t ó el C o r r e g i d o r q u e q u é
había hecho aquel mozo, q u e t a n mal p a r a d o le llevaban. R e s p o n d i ó el alguacil q u e aquel mozo e r a u n
a g u a d o r q u e le llamaban el A s t u r i a n o , a q u i e n los
m u c h a c h o s p o r las calles d e c í a n : " ¡ D a c a l a cola, A s t u r i a n o ; d a c a la c o l a ! " , y luego en breves p a l a b r a s
contó la causa p o r q u e le pedían la tal cola, de que no
riyeron poco todos. D i j o m á s , q u e saliendo p o r la
puente de A l c á n t a r a , d á n d o l e los m u c h a c h o s
prie-
sa con la d e m a n d a de la cola, se había a p e a d o del
asno, y d a n d o t r a s todos, alcanzó a u n o , a quien d e j a b a medio m u e r t o a p a l o s ; y que queriéndole p r e n d e r se había resistido, y que p o r eso iba t a n m a l parado.
M a n d ó el Cor
gidor q u e se descubriese el ros-
t r o , y porfiando a n o q u e r e r descubrirse, llegó el
alguacil y quitóle el pañuelo, y al p u n t o le conoció
su p a d r e , y dijo t o d o a l t e r a d o :
—Hijo
d o n D i e g o , ¿ c ó m o estás desta
manera?
¿ Q u é t r a j e es é s t e ? ¿ A ú n n o se te han olvidado t u s
picardías ?
H i n c ó las rodillas C a r r i a z o , y fuese a p o n e r a lo->
pies de su p a d r e , q u e , con l á g r i m a s en los ojos, le
t u v o a b r a z a d o u n buen espacio. D o n J u a n de A v e n d a ñ o , c o m o sabía q u e d o n Diego había venido con
don T o m á s su hijo, p r e g u n t ó l e p o r é l ; a lo cual resp o n d i ó q u e d o n T o m á s de A v e n d a ñ o e r a el m o z o q u e
daba cebada y paja en aquella p o s a d a . C o n esto que
113
CERVANTES
el A s t u r i a n o dijo se acabó d e a p o d e r a r l a a d m i r a c i ó n
en t o d o s los p r e s e n t e s , y m a n d ó el C o r r e g i d o r
al
huésped q u e t r ú j e s e allí al m o z o d e la cebada.
— Y o c r e o q u e n o e s t á e n casa — r e s p o n d i ó el
h u é s p e d — ; p e r o y o le b u s c a r é .
Y a s í , fué a buscalle.
P r e g u n t ó don Diego a Oarriazo que qué transformaciones e r a n aquéllas, y qué les h a b í a m o v i d o a ser
él a g u a d o r y d o n T o m á s m o z o d e m e s ó n . A lo cual
r e s p o n d i ó C a r r i a z o q u e n o p o d í a satisfacer a a q u e llas p r e g u n t a s t a n e n p ú b l i c o ; q u e él r e s p o n d e r í a a
solas.
Estaba Tomás
P e d r o escondido en su aposento,
p a r a v e r desde allí, sin s e r visto, lo q u e hacían su
p a d r e y el de C a r r i a z o . T e n í a l e suspenso la venida del C o r r e g i d o r y él a l b o r o t o q u e en t o d a la casa
a n d a b a . N o faltó quien le dijese al h u é s p e d como
estaba allí e s c o n d i d o ; subió p o r él, y m á s p o r fuerza q u e p o r g r a d o , le h i z o b a j a r ; y a u n n o bajara
si el m i s m o C o r r e g i d o r n o saliera al p a t i o y le llam a r a p o r su n o m b r e , d i c i e n d o :
—'Baje vuesa m e r c e d , señor p a r i e n t e ; q u e aquí n o
le a g u a r d a n osos ni leones.
B a j ó T o m á s , y con Jos o j o s bajos y sumisión g r a n de se h i n c ó d e rodillas a n t e su p a d r e , el cual le a b r a zó con g r a n d í s i m o contento, a fuer del q u e t u v o él
p a d r e del H i j o P r ó d i g o c u a n d o le c o b r ó de p e r d i d o .
Y a , en esto, había v e n i d o u n coche del C o r r e g i dor, p a r a volver en él, p u e s l a g r a n fiesta n o p e r T14
•
LA
ILUSTRE
~
FREGONA
mitía volver a caballo. H i z o llamar a Costanza, y t o m á n d o l a de la m a n o , se la p r e s e n t ó a su p a d r e ,
diciendo:
— R e c e b i d , señor d o n Diego, esta p r e n d a , y estimalda p o r la m á s rica que a c e r t á r e d e s a desear. Y
vos, h e r m o s a doncella, besad la m a n o a v u e s t r o padre, y d a d gracias a D i o s , que con t a n h o n r a d o suceso ha e n m e n d a d o , subido y m e j o r a d o la bajeza de
v u e s t r o estado.
Costanza, q u e n o sabía ni imaginaba l o q u e l e había acontecido, t o d a t u r b a d a y t e m b l a n d o , n o supo
hacer o t r a cosa q u e h i n c a r s e d e rodillas a n t e su pad r e , y t o m á n d o l e las m a n o s se las c o m e n z ó a besar
t i e r n a m e n t e , b a ñ á n d o s e l a s con infinitas l á g r i m a s que
p o r sus h e r m o s í s i m o s ojos d e r r a m a b a .
E n t a n t o q u e esto pasaba, h a b í a p e r s u a d i d o el C o r r e g i d o r a s u p r i m o d o n J u a n q u e se viniesen t o d o s
c c n él a su c a s a ; y a u n q u e d o n J u a n l o rehusaba,
fueron t a n t a s las persuasiones del C o r r e g i d o r ,
que
lo h u b o de c o n c e d e r ; y así, e n t r a r o n en el coche
t o d o s . P e r o c u a n d o dijo el C o r r e g i d o r a Costanza
que e n t r a s e t a m b i é n en el coche, se le a n u b l ó el c o r a z ó n , y ella y la h u é s p e d a se asieron u n a a o t r a , y
c o m e n z a r o n a h a c e r t a n a m a r g o llanto que q u e b r a b a
los c o r a z o n e s d e c u a n t o s le escuchaban.
E l C o r r e g i d o r , enternecido, m a n d ó q u e a s i m i s m o
la h u é s p e d a e n t r a s e e n el coche, y q u e n o se a p a r t a s e de su hija, pues p o r tal la tenía, h a s t a q u e saliese de T o l e d o . Así, la h u é s p e d a y t o d o s e n t r a r o n
115
^A-O-'
CERV
ANTES
en el coche, y fueron a casa del C o r r e g i d o r , d o n d e
fueron bien recebidos
de s u m u j e r , q u e
principal señora. C o m i e r o n r e g a l a d a
era
una
y sumptuosa-
mente, y después de comer c o n t ó C a r r i a z o a su p a dre c ó m o p o r a m o r e s de C o s t a n z a d o n T o m á s se
había p u e s t o a s e r v i r en el m e s ó n , y que estaba enam o r a d o d e tal m a n e r a della, q u e sin q u e le hubier a descubierto ser tan principal como e r a siendo su
hija, la t o m a r a p o r m u j e r en el e s t a d o d e fregona.
Vistió luego la m u j e r
del C o r r e g i d o r
a Costanza
con u n o s vestidos de u n a h i j a q u e t e n í a d e la m i s m a e d a d y cuerpo de Costanza, y si p a r e c í a h e r m o sa con los de l a b r a d o r a , con los c o r t e s a n o s parecía
cosa del c i e l o : t a n bien la c u a d r a b a n , q u e daba a
e n t e n d e r q u e d e s d e q u e n a c i ó había sido señora y
u s a d o los m e j o r e s t r a j e s q u e él u s o t r a e consigo.
E n t r e el C o r r e g i d o r y d o n D i e g o de C a r r i a z o y
don J u a n de A v e n d a ñ o se c o n c e r t a r o n e n que d o n
T o m á s se casase con Costanza, dándole su p a d r e los
t r e i n t a mil escudos q u e s u m a d r e le h a b í a dejado,
y el a g u a d o r don D i e g o d e C a r r i a z o casase con la
hija del C o r r e g i d o r .
D e s t a m a n e r a q u e d a r o n t o d o s contentos, alegres
y satisfechos, y la n u e v a d e los casamientos y de
la v e n t u r a de la fregona
ciudad, y acudía
ilustre
se e x t e n d i ó p o r la
infinita g e n t e a v e r
a
Costanza
en el n u e v o hábito, en el cual tan s e ñ o r a se m o s traba c o m o se h a dicho.
U n m e s se e s t u v i e r o n en T o l e d o , al c a b o del cual
116
LA
ILUSTRE
FREGONA
se volvieron a B u r g o s d o n D i e g o de C a r r i a z o y su
m u j e r , su p a d r e y Costanza, con su m a r i d o d o n T o m á s . Q u e d ó el Sevillano rico con los mil escudos,
y con m u c h a s joyas que Costanza dio a su s e ñ o r a :
que s i e m p r e con este n o m b r e llamaba a la que la
había criado. Dio ocasión la historia d e la
ilustre
a que los poetas del d o r a d o T a j o
fregona
ejercitasen
sus p l u m a s en solenizar y en alabar la sin p a r h e r m o s u r a de Costanza, la cual a ú n vive en c o m p a ñ í a de
su buen mozo de mesón, y C a r r i a z o ni m á s ni m e nos, con t r e s hijos, q u e sin t o m a r el estilo del p a d r e ni a c o r d a r s e si h a y a l m a d r a b a s e n el m u n d o ,
h o y e s t á n todos estudiando en S a l a m a n c a ; y su p a d r e , a p e n a s vee a l g ú n asno de a g u a d o r , cuando se
le r e p r e s e n t a y viene a la m e m o r i a el q u e t u v o en
T o l e d o , y t e m e q u e c u a n d o m e n o s se c a t e ha d e
r e m a n e c e r en alguna sátira el " ¡ D a c a la cola, A s t u r i a n o ! ¡ A s t u r i a n o , daca la c o l a ! "
«7
HISTORIA DE LOS T R A B A J O S
DE PERSILES Y S I G I S M U N D A
LIBRO I
CAPITULO
Donde
XXII
el capitán da cuenta de las grandes
acostumbraba
a hacer en su reino el rey
fiestas
que
Policarpo.
— " U n a de las islas q u e e s t á n j u n t o a la de H i b e r nia m e dio el cielo p o r p a t r i a : es t a n g r a n d e , qtte
t o m a n o m b r e d e r e i n o , el cual no se h e r e d a , ni viene
p o r sucesión de p a d r e a h i j o ; sus m o r a d o r e s le eligen a su beneplácito, p r o c u r a n d o siempre q u e sea el
m á s v i r t u o s o y m e j o r h o m b r e que en él se h a l l a r a :
y sin i n t e r v e n i r d e p o r m e d i o ruegos o negociaciones, y sin que los soliciten p r o m e s a s ni d á d i v a s , de
c o m ú n c o n s e n t i m i e n t o de t o d o s sale el rey y t o m a
el cetro absoluto del m a n d o , el cual le d u r a m i e n t r a s
le d u r a la v i d a o m i e n t r a s no se empeora en ella. Y
con esto, los que n o son reyes p r o c u r a n ser v i r t u o s o s
p a r a serlo, y los q u e lo son, p u g n a n serlo m á s p a r a
n o d e j a r de ser r e y e s ; con esto se c o r t a n l a s alas a
119
CERVANTES
la ambición, se a t i e r r a la codicia, y a u n q u e la h i p o cresía suele a n d a r lista, a l a r g o a n d a r se le cae la
m á s c a r a y q u e d a sin el a l c a n z a d o p r e m i o ; con esto
los pueblos viven quietos, c a m p e a la justicia y r e s p l a n d e c e la misericordia, d e s p á c h a n s e con brevedad
los m e m o r i a l e s de los p o b r e s , y los que d a n los ricos,
n o p o r serlo son m e j o r d e s p a c h a d o s ; n o agobian la
v a r a de la justicia las d á d i v a s ni la c a r n e y s a n g r e
de los p a r e n t e s c o s : t o d a s l a s negociaciones g u a r d a n
sus p u n t o s y a n d a n en sus q u i c i o s ; finalmente, reino
es d o n d e se vive sin t e m o r d e los insolentes y d o n d e
cada u n o goza lo que es s u y o .
"Esta
c o s t u m b r e , a mi p a r e c e r
justa
y
santa,
p u s o el cetro del reino en las m a n o s d e Policarpo,
v a r ó n insigne y f a m o s o , así en las a r m a s como en
las l e t r a s , el cual tenía c u a n d o v i n o a ser rey dos
h i j a s d e e x t r e m a d a belleza, la m a y o r l l a m a d a P o l i c a r p a y la m e n o r S i n f o r o s a ; n o t e n í a n m a d r e , que
n o les hizo falta c u a n d o m u r i ó sino en la c o m p a ñ í a :
q u e sus v i r t u d e s y a g r a d a b l e s c o s t u m b r e s e r a n a y a s
de sí m i s m a s , d a n d o maravilloso ejemplo a todo el
reino. C o n estas b u e n a s p a r t e s , así ellas c o m o el
p a d r e se h a c í a n amables, se e s t i m a b a n d e todos. L o s
reyes, p o r parecerles que la malencolía e n los v a s a llos suele d e s p e r t a r malos p e n s a m i e n t o s ,
procuran
t e n e r alegre el p u e b l o y e n t r e t e n i d o con fiestas p ú blicas y a veces con o r d i n a r i a s c o m e d i a s ; principalm e n t e solenizaban el día q u e fueron
a s u m p t o s al
r e i n o con h a c e r q u e se r e n o v a s e n los j u e g o s que los
120
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
gentiles llamaban Olímpicos, en el mejor m o d o que
podían. Señalaban premio a los corredores, honraban a los diestros, coronaban a los tiradores y subían al cielo de la alabanza a los que derribaban a
otros en la tierra. Hacíase este espectáculo junto a
la marina, en una espaciosa playa, a quien quitaban
el sol infinita cantidad de ramos entretejidos que la
dejaban a la sombra; ponían en la mitad un suntuoso teatro, en el cual, sentado el rey y la real
familia, miraban los apacibles juegos. Llegóse u n día
déstos, y Policarpo procuró aventajarse en magnificencia y grandeza en solenizanle sobre todos cuantos hasta allí se habían h e c h o ; y cuando ya el teatro
estaba ocupado con su persona y con los mejores d e l / '
reino, y cuando ya los instrumentos bélicos y l o í
apacibles querían dar señal que las fiestas se
c^-o
menzasen, y cuando y a cuatro corredores, mancebos .
ágiles y sueltos, tenían los pies izquierdos delante -y
los derechos alzados, que no les impedía otra cosa
el soltarse a la carrera sino soltar una cuerda que
les servía de raya y de señal, que en soltándola habían de volar a un término señalado, donde habían
de dar fin a su carrera, digo que en este tiempo
vieron venir por la mar un barco que le blanqueaban los costados el ser recién despalmado, y le facilitaban el romper del agua seis remos que de cada
banda traía, impelidos de doce, al parecer, gallardos
mancebos, de dilatadas espaldas y pechos y de nervudos brazos; venían vestidos de blanco todos, sino
121
CERVANTES
el que g u i a b a el t i m ó n , q u e v e n í a de e n c a r n a d o , como
m a r i n e r o . L l e g ó con furia el b a r c o a la orilla, y el
encallar en ella y el saltar t o d o s los q u e en él venían
en tierra fué u n a m i s m a cosa. M a n d ó P o l i c a r p o que
n o saliesen a la c a r r e r a h a s t a saber q u é gente era
aquélla y a lo q u e v e n í a , p u e s t o q u e imaginó que
debían de venir a h a l l a r s e en las fiestas y a p r o b a r su gallardía en los j u e g o s . E l p r i m e r o q u e se
adelantó a h a b l a r al r e y fué el q u e servía d e t i m o n e r o , m a n c e b o d e poca edad, c u y a s mejillas, d e s e m b a r a z a d a s y ü m p i a s , m o s t r a b a n ser de nieve y de
g r a n a ; los cabellos, anillos de o r o ; y cada u n a p a r t e
d e las del r o s t r o t a n p e r f e c t a , y t o d a s j u n t a s tan
hermosas, que formaban un compuesto
admirable.
L u e g o la h e r m o s a presencia del m o z o a r r e b a t ó la
vista y a u n los c o r a z o n e s de c u a n t o s le m i r a r o n , y
y o d e s d e luego le q u e d é aficionadísimo.
Lo
que
dijo al r e y :
" — S e ñ o r , estos m i s c o m p a ñ e r o s y y o , habiendo
tenido noticia destos juegos, v e n i m o s a s e r v i r t e y
h a l l a r n o s en ellos, y n o de lejas t i e r r a s , sino desde
u n a nave q u e d e j a m o s en la isla Scinta, que n o está
lejos de a q u í ; y c o m o el v i e n t o n o h i z o a n u e s t r o
propósito p a r a e n c a m i n a r aquí la nave, nos
apro-
v e c h a m o s d e esta b a r c a y d e los r e m o s y de la
fuerza de n u e s t r o s b r a z o s . T o d o s somos nobles y
deseosos de g a n a r h o n r a , y p o r la q u e debes hacer,
como r e y q u e e r e s , a los e x t r a n j e r o s que a t u p r e sencia llegan, te suplicamos n o s concedas
123
licencia
P E R SI L E S
Y
SIGISMUNDA
p a r a m o s t r a r o n u e s t r a s fuerzas o n u e s t r o s
inge-
nios, e n h o n r a y p r o v e c h o n u e s t r o y g u s t o t u y o .
" — P o r cierto — r e s p o n d i ó P o l i c a r p o — , agraciado
j o v e n , q u e vos pedís lo que queréis con tanta gracia
y cortesía, que sería cosa injusta el negároslo. H o n r a d mis fiestas en lo que q u i s i é r e d e s ; d e j a d m e a mí
el c a r g o de p r e m i á r o s l o : q u e , según v u e s t r a gallarda
presencia m u e s t r a , poca e s p e r a n z a dejáis a n i n g u n o
de alcanzar los p r i m e r o s p r e m i o s .
" D o b l ó la rodilla el h e r m o s o m a n c e b o y se inclinó
la cabeza en señal de c r i a n z a y agradecimiento, y
en dos brincos se puso ante la c u e r d a q u e detenía a
los c u a t r o ligeros c o r r e d o r e s ; sus doce c o m p a ñ e r o s
se p u s i e r o n a u n lado, a ser espectadores de la car r e r a . S o n ó u n a t r o m p e t a , soltaron la cuerda, y a r r o j á r o n s e al vuelo los c i n c o ; p e r o a ú n n o h a b r í a n dado
veinte pasos, c u a n d o , con m á s de seis se les a v e n t a j ó el recién venido, y a los treinta, y a los llevaba
de ventaja m á s de q u i n c e ; finalmente, se los dejó
a poco m á s de la m i t a d del c a m i n o , como si fueran
e s t a t u a s inmovibles, con admiración de t o d o s los circunstantes, especialmente d e Sinforosa, que le seguía con la vista, así c o r r i e n d o c o m o estando q u e d o ,
p o r q u e la belleza y agilidad del m o z o era b a s t a n t e
p a r a llevar t r a s sí las voluntades, n o sólo de los ojos
de c u a n t o s le m i r a b a n . Comenzó luego la invidia a
a p o d e r a r s e de los pechos de los que se habían d e
p r o b a r en los j u e g o s , viendo con c u á n t a facilidad se
había llevado el e x t r a n j e r o el precio de la c a r r e r a .
123
CERVANTES
F u é el s e g u n d o c e r t a m e n el de la e s g r i m a : t o m ó el
ganancioso la e s p a d a n e g r a , con la cual, a seis q u e
le salieron, cada u n o de p o r sí, les c e r r ó las bocas,
m o s q u e ó las narices, les selló los ojos y les santiguó
las cabezas, sin q u e a él le tocasen, c o m o decirse
suele, u n pelo de Ja r o p a . Alzó la voz el pueblo, y
d e c o m ú n consentimiento le d i e r o n di p r e m i o p r i m e r o . L u e g o se a c o m o d a r o n o t r o s seis a la lucha,
d o n d e con m a y o r
gallardía dio
de sí m u e s t r a
el
m o z o : descubrió sus dilatadas espaldas, sus a n c h o s
y fortísimos pechos, y los nervios y m ú s c u l o s de sus
fuertes b r a z o s , con los cuales, y con destreza y m a ñ a
increíble, h i z o que las espaldas de los seis l u c h a d o r e s , a despecho y p e s a r suyo, q u e d a s e n i m p r e s a s en
la t i e r r a . A s i ó luego de u n a p e s a d a b a r r a que estaba
hincada en el suelo, p o r q u e le dijeron que era el
t i r a r l a el c u a r t o c e r t a m e n ; sompesóla, y haciendo de
señas a la gente q u e estaba delante p a r a q u e le diesen lugar d o n d e el tiro cupiese, t o m a n d o la b a r r a
p o r la u n a p u n t a , sin volver el b r a z o a t r á s , la impelió con t a n t a fuerza, q u e , p a s a n d o los límites de la
m a r i n a , fué menester que el m a r se los diese, en el
cual bien a d e n t r o q u e d ó sepultada la b a r r a . E s t a m o n s t r u o s i d a d , n o t a d a de sus c o n t r a r i o s , les d e s m a y ó los
bríos, y n o osaron p r o b a r s e en la contienda. P u s i é ronle luego la ballesta e n las m a n o s y a l g u n a s flec h a s , y m o s t r á r o n l e u n árbol m u y alto y m u y liso,
al cabo del cual estaba hincada u n a media lanza, y
en ella, de u n hilo, estaba asida u n a p a l o m a , a la
124
P E RS I LE S
Y
SIGISMUND
A
cual h a b í a n de t i r a r n o m á s de u n tiro los q u e en
aquel c e r t a m e n quisiesen p r o b a r s e .
" U n o , que p r e s u m í a de certero, se a d e l a n t ó
y
t o m ó la m a n o , creo yo, pensando d e r r i b a r la p a l o m a
antes que o t r o ; tiró, y clavó su flecha casi en el fin
de la lanza, del cual golpe, a z o r a d a la paloma, se
levantó en el a i r e ; y luego, otro n o m e n o s p r e s u m i d o q u e el p r i m e r o , t i r ó con t a n gentil certería, q u e
r o m p i ó el hilo d o n d e estaba asida la paloma, que
suelta y libre del lazo que la detenía, entregó su
libertad al v i e n t o y batió las alas con priesa. P e r o
el ya a c o s t u m b r a d o a g a n a r los p r i m e r o s
premios
d i s p a r ó su f l e c h a ; y, c o m o si m a n d a r a lo que habia
d e h a c e r , y ella tuviera entendimiento p a r a obedecerle, así lo hizo, p u e s , dividiendo el aire con u n
r a s g a d o y t e n d i d o silbo, llegó a la paloma y le pasó
el c o r a z ó n de p a r t e a p a r t e , quitándole a u n m i s m o
p u n t o el vuelo y la vida. R e n o v á r o n s e con esto las
voces d e los presentes y las alabanzas del e x t r a n j e r o ; el cuál en la c a r r e r a , en la esgrima, en la lucha, en
la b a r r a y en el t i r a r de la ballesta, y e n t r e otras m u chas p r u e b a s que no cuenío, con g r a n d í s i m a s v e n t a j a s se llevó los p r i m e r o s premios, q u i t a n d o el trabajo
a sus c o m p a ñ e r o s de p r o b a r s e en ellas. C u a n d o se acab a r o n los juegos, seria el crepúsculo de la n o c h e ; y
c u a n d o el rey P o l i c a r p o quería levantarse de su asiento, con los jueces que con él estaban, p a r a p r e m i a r al
vencedor m a n c e b o , vio que, puesto de rodillas ante
él, le d i j o :
125
CERVANTES
" — N u e s t r a n a v e q u e d ó sola y d e s a m p a r a d a ; la
n o c h e cierra algo e s c u r a ; los p r e m i o s que p u e d o esp e r a r , que p o r ser de t u m a n o se deben
estimar
en lo posible, q u i e r o , ¡ oh g r a n s e ñ o r ! , q u e los dilates h a s t a o t r o tiempo, que con m á s espacio y comod i d a d pienso volver a servirte.
" A b r a z ó l e el rey, p r e g u n t ó l e su n o m b r e , y
dijo
q u e se llamaba P e r i a n d r o . Q u i t ó s e en esto la bella
S i n f o r o s a u n a g u i r n a l d a de flores con que a d o r n a b a
su h e r m o s í s i m a cabeza, y la puso sobre la del gal l a r d o m a n c e b o , y, con honesta gracia, le dijo al p o nérsela :
" — C u a n d o mi p a d r e sea t a n v e n t u r o s o de
que
volváis a v e r l e , veréis cómo no vendréis a servirle
sino a ser s e r v i d o . "
LIBRO II
CAPITULO
Cuenta
Periandro
el suceso
X
de su
viaje.
— " E l principio y p r e á m b u l o de mi historia, ya que
queréis, señores, q u e os la cuente, q u i e r o q u e sea
é s t e : que nos contempléis a mi h e r m a n a y a m í . con
u n a anciana a m a suya, e m b a r c a d o s en una n a v e cuyo
d u e ñ o , en el l u g a r de p a r e c e r m e r c a d e r , e r a u n g r a n
cosario. L a s riberas de u n a isla b a r r í a m o s ; q u i e r o
126
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
decir q u e íbamos t a n cerca d e ella q u e d i s t i n t a m e n t e
conocíamos, n o solamente los árboles, p e r o sus diferencias. M i h e r m a n a , c a n s a d a d e h a b e r a n d a d o a l g u n o s días p o r el m a r , deseó salir a r e c r e a r s e a la
t i e r r a ; pidióselo al capitán, y como sus ruegos tienen
siempre fuerza de m a n d a m i e n t o , consintió el capitán
en el de su r u e g o , y en la p e q u e ñ a b a r c a de la n a v e ,
con solo u n m a r i n e r o , nos e c h ó en t i e r r a a m í y a
mi h e r m a n a y a Cloelia, q u e éste era el n o m b r e de
su a m a . A l t o m a r t i e r r a vio el m a r i n e r o q u e u n p e q u e ñ o río, p o r u n a pequeña boca, e n t r a b a a d a r al
m a r su t r i b u t o ; hacíanle sombra p o r u n a y o t r a r i b e r a g r a n c a n t i d a d d e v e r d e s y h o j o s o s árboles, a
quien servían de cristalinos espejos sus t r a n s p a r e n tes a g u a s . Rogárnosle se e n t r a s e p o r el río, pues la
a m e n i d a d del sitio n o s convidaba. H í z o l o así, y com e n z ó a subir p o r el río a r r i b a , y habiendo p e r d i d o
de v i s t a la n a v e , s o l t a n d o los r e m o s , se d e t u v o y
d i j o : " M i r a d , señores, del m o d o q u e habéis de hacer
este viaje, y h a c e d cuenta q u e esta pequeña b a r c a
que a h o r a os lleva es v u e s t r o navio, p o r q u e n o habéis
de volver m á s al que e n la m a r os q u e d a a g u a r d a n d o ,
si ya esta s e ñ o r a n o q u i e r e p e r d e r la h o n r a y vos,
que decís que sois su h e r m a n o , la v i d a . " Di j o m e , en
fin, q u e el capitán del n a v i o q u e r í a d a r m e a mí la
m u e r t e , y que atendiésemos a n u e s t r o remedio, q u e
él n o s seguiría y a c o m p a ñ a r í a en todo l u g a r y en
todo acontecimiento. Si nos t u r b a m o s con esta n u e v a
j u z g ú e l o el que estuviere a c o s t u m b r a d o a recebirlas
127
CERVANTES
ma'las de los bienes q u e espera. A g r a d e c í l e el aviso
y ofrecíJe la r e c o m p e n s a c u a n d o n o s viésemos en m á s
felice e s t a d o . " A u n bien — d i j o Cloelia—, que traigo
conmigo las j o y a s de mi s e ñ o r a . " Y a c o n s e j á n d o n o s
los cuatro de lo que h a c e r debíamos, fué
parecer
del m a r i n e r o q u e nos e n t r á s e m o s el río a d e n t r o ; quizá
d e s c u b r i r í a m o s a l g ú n l u g a r q u e nos defendiese, si
a c a s o los de la nave viniesen a b u s c a r n o s . " M a s no
v e n d r á n — d i j o — , p o r q u e n o h a y gente en
todas
estas islas q u e n o piense ser cosarios todos cuantos
s u r c a n estas riberas, y en v i e n d o la nave o naves
luego t o m a n las a r m a s p a r a d e f e n d e r s e , y si n o es
con asaltos n o c t u r n o s y secretos, n u n c a salen m e d r a d o s los c o s a r i o s . " P a r e c i ó m e bien su
consejo;
t o m é yo el u n r e m o y ayudéle a llevar el trabajo.
Subimos p o r el río a r r i b a , y h a b i e n d o a n d a d o como
dos millas, llegó a n u e s t r o s oídos el son de m u c h o s
y varios i n s t r u m e n t o s f o r m a d o , y luego se nos o f r e ció a la vista u n a selva de árboles movibles q u e de
la una r i b e r a a la o t r a l i g e r a m e n t e c r u z a b a n : llegam o s m á s cerca, y conocimos ser b a r c a s e n r a m a d a s
lo q u e p a r e c í a n árboles, y que el son le f o r m a b a n los
i n s t r u m e n t o s que t a ñ i a n los que en ellas iban. A p e n a s nos h u b i e r o n descubierto, c u a n d o se vinieron a
n o s o t r o s y r o d e a r o n n u e s t r o b a r c o p o r todas p a r t e s .
L e v a n t ó s e en pie mi h e r m a n a , y, e c h á n d o s e sus herm o s o s cabellos a las espaldas, t o m a d o s p o r la frente
con u n a cinta leonada o listón que le dio su a m a ,
h i z o d e sí casi divina e improvisa
128
muestra;
que,
¿ Qué deidad es ésta que viene a visitarnos ?
xxi.—9
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
c o m o después supe, p o r tal la t u v i e r o n t o d o s los
que en las b a r c a s venían, los cuales, a voces, como
dijo el m a r i n e r o , que las entendía, d e c í a n :
"¿Qué
es e s t o ? ¿ Q u é deidad es ésta q u e viene a v i s i t a r n o s
y a d a r el p a r a b i é n al pescador C a r i n o y a la sin
p a r Selviana de sus felicísimas b o d a s ? " L u e g o d i e r o n cabo a n u e s t r a b a r c a y nos llevaron a d e s e m b a r c a r n o lejos del lugar donde nos h a b í a n e n c o n trado.
" A p e n a s p u s i m o s los pies en la ribera, cuando u n
e s c u a d r ó n de p e s c a d o r e s , que así lo m o s t r a b a n ser
en su t r a j e , n o s r o d e a r o n , y uno p o r u n o , llenos de
a d m i r a c i ó n y reverencia, llegaron a besar las orillas
del vestido de Auristela, mi
hermana,
la cual, a
p e s a r del t e m o r q u e la congojaba d e las n u e v a s q u e
la h a b í a n d a d o , se m o s t r ó a aquel p u n t o t a n h e r m o sa, q u e y o disculpo el e r r o r de aquellos q u e la t u v i e r o n p o r divina. P o c o desviados d e la ribera, v i m o s
u n t á l a m o en g r u e s o s t r o n c o s de sabina sustentado,
c u b i e r t o de v e r d e juncia, y oloroso con diversas flor e s , q u e s e r v í a n d e alcatifas al s u e l o ; v i m o s a n s i m i s m o l e v a n t a r s e de u n o s asientos dos m u j e r e s
y
dos h o m b r e s , ellas m o z a s y ellos gallardos m a n c e b o s ; la u n a , h e r m o s a s o b r e m a n e r a , y la otra,
fea
s o b r e m a n e r a ; el u n o , gallardo y gentil h o m b r e , y el
o t r o , no t a n t o ; y todos c u a t r o se pusieron de r o d i llas a n t e A u r i s t e l a , y el m á s gentil h o m b r e
dijo:
" ¡ O h , t ú , quienquiera que seas, que n o puedes ser
s i n o cosa del cielo! M i h e r m a n o y yo, con el e x 131
CERVANTES
tremo a nuestras
fuerzas
posible, te
agradecemos
esta m e r c e d que n o s haces h o n r a n d o n u e s t r a s p o b r e s
y y a de hoy m á s ricas b o d a s . V e n , señora, y si, en
lugar d e los palacios d e cristal que e n el p r o f u n d o
m a r dejas, como u n a de sus h a b i t a d o r a s , hallares en
n u e s t r o s r a n c h o s las p a r e d e s de c o n c h a s y los t e j a dos de m i m b r e s , o, p o r m e j o r decir, las p a r e d e s de
m i m b r e s y los t e j a d o s d e conchas, h a l l a r á s , p o r lo
m e n o s , los deseos de o r o y las v o l u n t a d e s de perlas
p a r a servirte. Y h a g o esta c o m p a r a c i ó n , q u e parece
impropia, p o r q u e no hallo cosa m e j o r q u e el o r o ni
m á s h e r m o s a q u e las p e r l a s . " Inclinóse a a b r a z a r l e
A u r i s t e l a , c o n f i r m a n d o con su g r a v e d a d , cortesía y
h e r m o s u r a la opinión q u e della t e n í a n . E l
pesca-
d o r m e n o s g a l l a r d o se a p a r t ó a d a r o r d e n a la d e m á s t u r b a a q u e levantasen las voces e n a l a b a n z a s de
la recién v e n i d a e x t r a n j e r a y que tocasen t o d o s los
i n s t r u m e n t o s en señal del regocijo. L a s dos pescad o r a s , fea y h e r m o s a , con sumisión h u m i l d e , besaron
las m a n o s a A u r i s t e l a , y ella las a b r a z ó c o r t é s y
a m i g a b l e m e n t e . E l m a r i n e r o , c o n t e n t í s i m o del suceso, dio cuenta a los p e s c a d o r e s del n a v i o que en el
m a r quedaba, diciéndoles que e r a d e cosarios, de
quien se temía que h a b í a n de venir p o r aquella d o n cella, que era u n a principal señora, hija de r e y e s :
q u e p a r a m o v e r los c o r a z o n e s a su defensa le p a r e ció ser necesario l e v a n t a r este testimonio a mi h e r m a n a . A p e n a s e n t e n d i e r o n esto, c u a n d o d e j a r o n los
i n s t r u m e n t o s regocijados y a c u d i e r o n a los bélicos.
132
PERSILES
que
tocaron
"¡Arma,
Y
SIGISMUNDA
arma!"
por
e n t r a m b a s ri-
beras.
" L l e g ó en esto la n o c h e : recogimonos al m i s m o
r a n c h o de los desposados, pusiéronse centinelas h a s t a
la m i s m a boca del río, cebáronse las n a s a s , tendiéronse las redes y a c o m o d á r o n s e los anzuelos, t o d o
con intención de regalar y servir a sus nuevos h u é s p e d e s ; y, p o r m á s h o n r a r l o s , los dos recién d e s p o sados n o quisieron aquella noche p a s a r l a con sus
esposas, sino d e j a r los r a n c h o s solos a ellas, y a
A u r i s t e l a y a Cloelia, y q u e ellos, con sus amigos,
conmigo y con el m a r i n e r o , se les hiciese g u a r d a y
c e n t i n e l a ; y a u n q u e sobraba la claridad del cielo p o r
la que ofrecía la de la creciente luna, y en la t i e r r a
a r d í a n las h o g u e r a s que el n u e v o regocijo había encendido, quisieron los desposados q u e cenásemos en
el campo los v a r o n e s y d e n t r o del r a n c h o las m u j e r e s . H í z o s e así, y fué la cena t a n a b u n d a n t e , q u e
p a r e c i ó que la tierra se quiso a v e n t a j a r al m a r , y el
m a r a la t i e r r a , en ofrecer la u n a sus carnes y la
o t r a sus pescados.
" P a s ó s e la n o c h e ; vino el día, cuya alborada fué
regocijadísima, p o r q u e con nuevos y verdes r a m o s
p a r e c i e r o n a d o r n a d a s las barcas de los p e s c a d o r e s ;
s o n a r o n los i n s t r u m e n t o s con nuevos y alegres sones ; a l z a r o n las voces todos, con que se a u m e n t ó la
a l e g r í a ; salieron los desposados p a r a irse a p o n e r en
el t á l a m o donde h a b í a n estado el día de a m e s ; vis133
tht^a^étt
*«[>
CERVANTES
t i é r o n s e Selviana y
L e o n c i a de n u e v a s r o p a s
de
boda.
" C e l e b r ó s e la fiesta, y luego salieron de e n t r e las
b a r c a s del río c u a t r o d e s p a l m a d a s , vistosas p o r las
d i v e r s a s colores con q u e v e n í a n p i n t a d a s , y los r e m o s , q u e e r a n seis de c a d a b a n d a , ni m á s ni m e n o s ;
las b a n d e r e t a s , que v e n í a n m u c h a s p o r los filaretes,
a n s i m i s m o e r a n de v a r i o s c o l o r e s ; los doce r e m e r o s
de c a d a u n a v e n í a n vestidos d e blanquísimo y delg a d o lienzo, de aquel m i s m o m o d o q u e y o vine cuand o e n t r é la vez p r i m e r a en e s t a isla. L u e g o conocí
q u e q u e r í a n l a s b a r c a s c o r r e r el palio, q u e se m o s t r a b a p u e s t o en el árbol de otra b a r c a , desviada de
las c u a t r o c o m o t r e s c a r r e r a s de c a b a l l o ; e r a el palio
d e t a f e t á n v e r d e , listado d e o r o , vistoso y g r a n d e ,
p u e s alcanzaba a besar y a u n a p a s e a r s e p o r
las
a g u a s . E l r u m o r de la gente y el son de los i n s t r u m e n t o s e r a t a n g r a n d e , que n o se d e j a b a e n t e n d e r
Jo q u e m a n d a b a el c a p i t á n del m a r , que e n
otra
p i n t a d a b a r c a venía. A p a r t á r o n s e las e n r a m a d a s b a r cas a u n a y o t r a p a r t e del río, d e j a n d o u n espacio
llano en m e d i o , p o r d o n d e las c u a t r o c o m p e t i d o r a s
b a r c a s volasen, sin e s t o r b a r la vista a la
infinita
g e n t e que d e s d e el t á l a m o y d e s d e a m b a s
riberas
estaba a t e n t a a m i r a r l a s ; y estando ya los b o g a d o r e s
asidos de las manillas de los r e m o s , descubiertos los
b r a z o s , d o n d e se p a r e c í a n los g r u e s o s nervios, las
a n c h a s v e n a s y los torcidos m ú s c u l o s , a t e n d í a n la
señal de la p a r t i d a , impacientes p o r la t a r d a n z a , y
134
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
fogosos, bien ansí c o m o lo suele e s t a r el g e n e r o s o
can d e I r l a n d a , c u a n d o su d u e ñ o n o l e q u i e r e soltar de
la trailla a hacer la p r e s a q u e a la vista se le m u e s t r a .
" L l e g ó , e n fin, la señal esperada, y a u n m i s m o
tiempo a r r a n c a r o n todas cuatro b a r c a s , q u e n o p o r
el a g u a , sino p o r el viento parecía q u e volaban. L a
q u e t r a í a p o r insignia a la B u e n a F o r t u n a , c u a n d o
e s t a b a d e s m a y a d a y casi p a r a
dejar
la
empresa,
a p r e t ó , c o m o decirse suele, ios p u ñ o s , y, deslizánd o s e p o r u n lado, p a s ó d e l a n t e d e t o d a s . C a m b i á r o n se los g r i t o s d e los q u e m i r a b a n , c u y a s voces sirv i e r o n de aliento a sus b o g a d o r e s , que, embebidos en
el g u s t o de v e r s e m e j o r a d o s , les p a r e c í a que, si los
q u e q u e d a b a n a t r á s entonces les llevaran la m i s m a
w n t a j a , n o d u d a r a n de alcanzarlos ni de g a n a r el
p r e m i o , como lo g a n a r o n , m á s p o r v e n t u r a que p o r
ligereza. E n f i n : la B u e n a F o r t u n a fué la q u e la
tuvo buena entonces.
CAPITULO
XII
— " L a fiesta de mis pescadores, t a n regocijada como
p o b r e , e x c e d i ó a las d e los t r i u n f o s r o m a n o s : q u e tal
vez en la llaneza y en la h u m i l d a d suelen e s c o n d e r s e
los regocijos m á s a v e n t a j a d o s . P e r o como las v e n t u r a s h u m a n a s estén p o r la m a y o r p a r t e pendientes
d e hilos delgados, y los de la m u d a n z a fácilmente se
q u i e b r a n y d e s b a r a t a n , c o m o se q u e b r a r o n las de
i3S
CERVANTES
mis p e s c a d o r e s , y se retorcieron y fortificaron
mis
desgracias, aquella n o c h e la p a s a m o s t o d o s en u n a
isla p e q u e ñ a q u e en la m i t a d del río se hacía, conv i d a d o s del v e r d e sitio y apacible l u g a r . H o l g á b a n s e
los desposados, y o r d e n a r o n que e n aquella isla del
río se r e n o v a s e n las fiestas y se c o n t i n u a s e n p o r
t r e s días. L a sazón del tiempo, que e r a la del v e r a n o , la c o m o d i d a d del sitio, el r e s p l a n d o r d e la luna,
el s u s u r r o d e las fuentes, la fruta d e los árboles, el
olor de las flores, cada cosa d é s t a s d e p o r sí, y t o d a s
j u n t a s , c o n v i d a b a n a t e n e r p o r a c e r t a d o el p a r e c e r
de q u e allí estuviésemos el tiempo q u e las
fiestas
durasen.
" P e r o a p e n a s nos h a b í a m o s r e d u c i d o a la isla,
c u a n d o , d e e n t r e u n p e d a z o de b o s q u e q u e en ella
estaba, salieron h a s t a c i n c u e n t a salteadores a r m a d o s
a la ligera, bien c o m o aquellos q u e quieren r o b a r y
h u i r , todo a u n m i s m o p u n t o ; y c o m o los descuid a d o s a c o m e t i d o s suelen ser vencidos con su m i s m o
descuido, casi sin p o n e r n o s en defensa, t u r b a d o s con
el sobresalto, a n t e s nos p u s i m o s a m i r a r q u e a c o m e ter a los l a d r o n e s , los cuales, como h a m b r i e n t o s lobos, a r r e m e t i e r o n al r e b a ñ o de las simples ovejas,
y se llevaron, si n o en la boca, en los b r a z o s , a mi
h e r m a n a A u r i s t e l a , a Cloelia, su a m a , y a Selviana
y a Leoncia, c o m o si solamente v i n i e r a n a o f e n d e llas, p o r q u e se d e j a r o n m u c h a s o t r a s m u j e r e s a quien
la n a t u r a l e z a h a b í a d o t a d o de singular h e r m o s u r a .
Y o , a quien el e x t r a ñ o caso m á s colérico q u e s u s 136
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
p e n s ó m e p u s o , m e a r r o j é t r a s los salteadores, lo.s
seguí con los ojos y con las voces, a f r e n t á n d o l o s ,
como si ellos fueran capaces de sentir a f r e n t a s , s o l a m e n t e p a r a i r r i t a r l o s a q u e mis injurias les m o v i e sen a volver a t o m a r v e n g a n z a d e e l l a s ; p e r o ellos,
a t e n t o s a salir con su intento, o n o o y e r o n , o n o q u i sieron v e n g a r s e , y así se d e s a p a r e c i e r o n ; y luego los
desposados y y o , con a l g u n o s de los principales p e s c a d o r e s , nos j u n t a m o s , como suele decirse, a c o n sejo, sobre q u é h a r í a m o s p a r a e n m e n d a r n u e s t r o y e r r o y c o b r a r n u e s t r a s p r e n d a s . U n o d i j o : " N o es
posible sino q u e alguna n a v e de salteadores está en la
m a r , y en p a r t e d o n d e con facilidad h a echado esta
g e n t e en tierra, quizá sabidores de n u e s t r a j u n t a y d e
nuestras
fiestas.
Si esto es ansí, como sin d u d a lo
imagino, el m e j o r remedio es que salgan algunos b a r cos de los n u e s t r o s , y les ofrezcan t o d o el rescate
que p o r la p r e s a quisieren, sin detenerse en él, t a n t o
m á s c u a n t o q u e las p r e n d a s d e e s p o s a s , h a s t a las
m i s m a s vidas de sus m i s m o s esposos merecen
en
r e s c a t e . " " Y o seré — d i j e e n t o n c e s — el que h a r é esa
diligencia: q u e , p a r a c o n m i g o , t a n t o vale la p r e n d a
de mi h e r m a n a como si fuera la vida d e t o d o s los
del m u n d o . " L o m i s m o dijeron C a r i n o y Solercio,
ellos llorando en público, y y o m u r i e n d o en secreto.
"Cuando
tomamos
esta
resolución,
comenzaba
a n o c h e c e r ; p e r o , con todo eso, n o s e n t r a m o s e n u n
b a r c o los desposados y y o , con seis r e m e r o s : p e r o ,
c u a n d o salimos al m a r descubierto, había
137
acabado
CERVANTES
de c e r r a r la noche, p o r cuya escuridad n o vimos bajel alguno. D e t e r m i n a m o s de esperar el venidero día,
p o r v e r si con la claridad d e s c u b r í a m o s a l g ú n navio,
y q u i s o la s u e r t e q u e d e s c u b r i é s e m o s dos, el u n o que
salía del a b r i g o de la t i e r r a , y el o t r o q u e v e n í a a
t o m a r l a ; conocí que el q u e dejaba la t i e r r a e r a el
m i s m o de q u i e n h a b í a m o s salido a la isla, así e n las
b a n d e r a s c o m o e n las velas, q u e v e n í a n c r u z a d a s con
u n a cruz r o j a ; los q u e v e n í a n de fuera las t r a í a n verdes, y los u n o s y los o t r o s e r a n cosarios. P u e s como
y o imaginé q u e el navio q u e salía d e la isla e r a el
d e los salteadores de la presa, hice p o n e r e n u n a
lanza u n a b a n d e r a blanca de s e g u r o ; vine a r r i m a n d o
al costado del navio, p a r a t r a t a r del rescate, llevando
cuidado de q u e n o m e prendiese. A s o m ó s e el capit á n al b o r d e , y c u a n d o quise alzar la voz p a r a h a blarle, p u e d o decir q u e m e la (turbó y suspendió y
c o r t ó e n la m i t a d del c a m i n o u n espantoso t r u e n o
q u e f o r m ó el d i s p a r a r de u n t i r o de artillería de la
n a v e de fuera, e n señal de que desafiaba a la batalla
al navio d e t i e r r a . A l m i s m o p u n t o le fué
respon-
d i d o con o í r o n o m e n o s p o d e r o s o , y, en u n instante,
se c o m e n z a r o n a c a ñ o n e a r l a s dos naves, c o m o si
fueran de d o s conocidos y i r r i t a d o s enemigos. D e s vióse n u e s t r o b a r c o de en m i t a d de la furia, y desde
lejos estuvimos m i r a n d o la b a t a l l a ; y habiendo j u g a d o la artillería casi u n a h o r a , se a f e r r a r o n los dos
navios con u n a n o vista furia. L o s del navio de fuer a , o m á s v e n t u r o s o s , o, p o r m e j o r decir, m á s va138
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
lientes, saltaron en el navio de t i e r r a , y en u n i n s t a n t e d e s e m b a r a z a r o n t o d a la cubierta, q u i t a n d o la
v i d a a sus enemigos, sin d e j a r a n i n g u n o con ella.
" V i é n d o s e , p u e s , libres de sus ofensores, se dier o n a saquear el navio de las cosas m á s preciosas q u e
tenía, que p o r ser de cosarios no era m u c h o , a u n q u e
en mi estimación e r a n las m e j o r e s del m u n d o , p o r q u e
se llevaron de las p r i m e r a s a mi h e r m a n a , a Selviana,
a Leoncia y a Cloelia, con q u e enriquecieron su n a v e ,
pareciéndoles que en la h e r m o s u r a de A u r i s t e l a llevab a n u n precioso y n u n c a visto rescate. Q u i s e llegar
con mi barca a hablar con el capitán de los vencedor e s ; p e r o como mi v e n t u r a a n d a b a siempre en los
aires, u n o de tierra sopló y hizo a p a r t a r el n a v i o .
N o pude llegar a él ni ofrecer imposibles p o r el r e s cate de la presa, y así fué forzoso el volvernos, sin
n i n g u n a e s p e r a n z a de c o b r a r n u e s t r a p é r d i d a ; y, p o r
n o ser otra la d e r r o t a q u e el n a v i o llevaba que a q u e lla q u e el viento le permitía, no podimos p o r entonces j u z g a r el c a m i n o que haría, ni señal que nos diese a e n t e n d e r quiénes fuesen los vencedores, p a r a j u z g a r siquiera, sabiendo su p a t r i a , las e s p e r a n z a s de
n u e s t r o r e m e d i o . E l voló, en fin, p o r el m a r adelante, y n o s o t r o s , d e s m a y a d o s y tristes, nos e n t r a m o s
en el río, d o n d e t o d o s los b a r c o s de los pescadores
nos estaban esperando. N o sé si os diga, señores, lo
que es forzoso d e c i r o s : u n cierto espíritu se e n t r ó
entonces en mi pecho, q u e , sin m u d a r m e el ser, m e
pareció q u e le tenía m á s que de h o m b r e , y así, le139
CERVANTES
y a n t á n d o m e en pie sobre la barca, hice q u e la r o d e a sen t o d a s las d e m á s y estuviesen a t e n t o s a éstas o
o t r a s semejantes razones que les d i j e : " L a baja fort u n a j a m á s se e n m e n d ó con la ociosidad n i con la
p e r e z a ; en los ánimos encogidos n u n c a tuvo lugar
la buena d i c h a ; n o s o t r o s m i s m o s n o s fabricamos
n u e s t r a v e n t u r a , y n o h a y a l m a q u e n o sea capaz
de l e v a n t a r s e a su a s i e n t o ; los c o b a r d e s , a u n q u e n a z can ricos, s i e m p r e son p o b r e s , como los a v a r o s m e n digos. E s t o os digo ¡ o h a m i g o s m í o s ! p a r a m o v e r o s y incitaros a que mejoréis v u e s t r a suerte y a
q u e dejéis el p o b r e a j u a r de u n a s redes y de u n o s est r e c h o s b a r c o s , y busquéis los tesoros que tiene en
sí e n c e r r a d o s el g e n e r o s o t r a b a j o : llamo g e n e r o s o al
t r a b a j o del q u e se ocupa en cosas g r a n d e s . Si s u d a
el cavador r o m p i e n d o la tierra, y a p e n a s saca p r e m i o
q u e le sustente m á s que u n día, sin g a n a r fama alg u n a , ¿ p o r qué n o t o m a r á , en lugar de la a z a d a , u n a
lanza, y, sin t e m o r del sol ni de t o d a s las inclemencias del cielo, p r o c u r a r á g a n a r con el sustento fama
que le engrandezca sobre los d e m á s h o m b r e s ? L a g u e r r a , así c o m o es m a d r a s t r a de los c o b a r d e s , es m a d r e de los valientes, y los p r e m i o s que p o r ella se
alcanzan se p u e d e n l l a m a r u l t r a m u n d a n o s . ¡ E a , p u e s ,
amigos, j u v e n t u d valerosa, p o n e d los ojos en aquel
n a v i o que se lleva las c a r a s p r e n d a s de vuestros parientes, e n c e r r á n d o n o s en estotro q u e en la ribera no.-,
d e j a r o n , casi, a lo que creo, p o r ordenación del c i e l o !
V a m o s tras él, y h a g á m o n o s p i r a t a s , no codiciosos,
140
PERSI
LES
Y
SI GIS
MUND
A
como son los d e m á s , sino justicieros, como lo s e r e mos n o s o t r o s . A t o d o s se n o s entiende el a r t e de la
m a r i n e r í a ; bastimentos hallaremos en el navio, con
todo lo necesario a la navegación, p o r q u e sus cont r a r i o s n o le d e s p o j a r o n m á s que de las m u j e r e s ; y
si es g r a n d e el a g r a v i o que h e m o s recebido, g r a n d í s i m a es la ocasión q u e p a r a vengarle se nos ofrece.
S í g a m e , p u e s , el q u e quisiere, q u e y o os suplico, y
C a r i n o y Solercio os lo ruegan, que bien sé q u e n o
m e h a n de d e j a r en esta valerosa e m p r e s a . "
" A p e n a s h u b e acabado d e decir estas razones, c u a n d o se o y ó el m u r m u r e o p o r t o d a s las b a r c a s , p r o cedido de q u e u n o s con o t r o s se aconsejaban de lo
que h a r í a n , y e n t r e todos salió u n a voz q u e d i j o :
" E m b á r c a t e , g e n e r o s o huésped, y sé n u e s t r o c a p i t á n
y n u e s t r a guía, que i o d o s t e s e g u i r e m o s . " E s t a t a n
i m p r o v i s a resolución de t o d o s m e sirvió de
felice
auspicio, y, p o r t e m e r q u e la dilación de p o n e r en
obra mi buen p e n s a m i e n t o n o les diese ocasión de m a d u r a r su discurso, m e adelanté con mi barco, al cual
siguieron o t r o s casi c u a r e n t a : llegué a reconocer el
n a v i o : entré d e n t r o , escudríñele t o d o , m i r é lo q u e tenía y lo que le faltaba, y hallé t o d o lo que me p u d o
pedir el deseo q u e fuese necesario p a r a el viaje. A c o n séjeles q u e n i n g u n o volviese a t i e r r a , p o r quitar la
ocasión de que el llanto de las mujeres y el de los
queridos hijos n o fuese p a r t e p a r a dejar de p o n e r en
efeto resolución t a n gallarda. T o d o s lo hicieron así, y
desde allí se despidieron con la imaginación de s u s
141
XS3
CERVANTES
p a d r e s , hijos y m u j e r e s . ¡ C a s o e x t r a ñ o , y q u e ha
m e n e s t e r q u e la cortesía a y u d e a d a r l e c r é d i t o ! N i n g u n o volvió a tierra, ni se a c o m o d ó de m á s vestidos
de aquellos con que había e n t r a d o e n el navio, en
el cual, sin r e p a r t i r los oficios,
todos
servían
de
m a r i n e r o s y de pilotos, excepto y o , q u e fui n o m b r a d o p o r capitán p o r g u s t o de todos. Y , e n c o m e n d á n d o m e a D i o s , comencé luego a ejercer mi oficio, y
lo p r i m e r o q u e m a n d é fué d e s e m b a r a z a r el n a v i o de
los m u e r t o s q u e h a b í a n sido en la p a s a d a
refriega,
y limpiarle d e la s a n g r e d e q u e e s t a b a l l e n o ; o r d e n é
que se buscasen t o d a s las a r m a s , ansí ofensivas c o m o
defensivas, q u e e n él había, y, r e p a r t i é n d o l a s e n t r e
t o d o s , di a cada u n o la q u e , a mi p a r e c e r , m e j o r le
e s t a b a ; r e q u e r í los bastimentos, y, c o n f o r m e a la
gente, tanteé para
cuántos
días
serían
bastantes,
poco m á s o m e n o s . H e c h o esto, y h e c h a oración al
cielo, suplicándole e n c a m i n a s e n u e s t r o viaje y f a v o reciese n u e s t r o s tan h o n r a d o s p e n s a m i e n t o s , m a n d é
izar las velas, que a ú n se estaban a t a d a s a las ent e n a s , y que las d i é r a m o s al viento, q u e , c o m o se ha
dicho, soplaba d e l a tierra, y, t a n alegres como a t r e vidos, y itan atrevidos c o m o confiados, c o m e n z a m o s
a n a v e g a r p o r la m i s m a d e r r o t a que nos pareció
que llevaba el navio de la presa.
" V e i s m e aquí, señores q u e m e estáis e s c u c h a n d o ,
h e c h o pescador y c a s a m e n t e r o rico con mi q u e r i d a
h e r m a n a , y p o b r e sin ella, r o b a d o de salteadores y
subido al g r a d o de capitán c o n t r a ellos: q u e
142
las
%4Ay
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
vueltas de mi fortuna n o tienen u n p u n t o d o n d e
p a r e n ni t é r m i n o s q u e las encierren.
CAPITULO
XVI
— " D o s meses a n d u v i m o s p o r el m a r sin q u e n o s
sucediese cosa de consideración alguna, puesto q u e
le e s c o m b r a m o s de m á s de sesenta navios d e cosarios q u e , por serlo v e r d a d e r o s , a d j u d i c a m o s sus r o bos a n u e s t r o navio y le llenamos d e innumerables
despojos, con q u e mis c o m p a ñ e r o s iban alegres, y n o
les p e s a b a de h a b e r t r o c a d o el oficio de p e s c a d o r e s
en el de p i r a t a s , p o r q u e ellos n o e r a n l a d r o n e s sino
de ladrones, ni robaban sino lo r o b a d o .
" S u c e d i ó , p u e s , que u n porfiado viento nos salteó
u n a noche, q u e , sin d a r l u g a r a q u e a m a i n á s e m o s a l g ú n t a n t o o t e m p l á s e m o s las velas, en aquel t é r m i n o
que las halló, las tendió y acosó, d e m o d o q u e , c o m o
h e dicho, m á s d e u n m e s n a v e g a m o s p o r u n a m i s m a d e r r o t a ; t a n t o , que, t o m a n d o mi piloto el a l t u r a
del polo d o n d e nos t o m ó el viento, y t a n t e a n d o las
leguas q u e h a c í a m o s p o r h o r a , y los días q u e h a b í a m o s n a v e g a d o , hallamos
ser cuatrocientas
leguas,
poco m á s o menos. Volvió el piloto a t o m a r la a l t u r a , y vio q u e estaba debajo del norte, en el p a r a j e de N o r u e g a , y con voz g r a n d e y m a y o r t r i s teza d i j o : " D e s d i c h a d o s de n o s o t r o s , que si el viento n o nos concede a d a r la vuelta p a r a seguir o t r o
143
CERVANTES
c a m i n o , en éste se a c a b a r á el d e n u e s t r a v i d a , p o r q u e estarnos en el m a r glacial, digo, en el m a r helad o ; y si aquí nos saltea el hielo, q u e d a r e m o s
em-
p e d r a d o s en estas a g u a s . " A p e n a s h u b o dicho esto,
c u a n d o s e n t i m o s q u e el n a v i o t o c a b a p o r los lados
y p o r la quilla como e n movibles p e ñ a s , p o r d o n de se conoció q u e y a el m a r se comenzaba a helar,
c u y o s m o n t e s d e hielo, q u e p o r d e n t r o se
b a n , i m p e d í a n el m o v i m i e n t o del n a v i o .
formaAmaina-
m o s de golpe, p o r q u e , t o p a n d o en ellos, n o se abriese, y en t o d o aquel día y aquella n o c h e se congelar o n las a g u a s t a n d u r a m e n t e y se a p r e t a r o n d e m o d o q u e , cogiéndonos en medio, d e j a r o n al n a v i o eng a s t a d o e n ellas, como lo suele e s t a r la p i e d r a en
el anillo. Casi c o m o en u n instante c o m e n z ó el hielo
a e n t u m e c e r los cuerpos y a entristecer n u e s t r a s alm a s , y h a c i e n d o el miedo su oficio, c o n s i d e r a n d o el
manifiesto peligro, n o n o s dimos m á s días d e v i d a
q u e los q u e pudiese s u s t e n t a r el b a s t i m e n t o q u e en
el n a v i o h u b i e s e , en el cual b a s t i m e n t o d e s d e aquel
p u n t o se p u s o tasa y se r e p a r t i ó p o r orden, t a n m i serable y e s t r e c h a m e n t e , que desde luego c o m e n z ó a
m a t a r n o s la h a m b r e . T e n d i m o s la vista p o r
todas
p a r t e s , y n o t o p a m o s con ella en cosa que p u d i e s e
a l e n t a r n u e s t r a esperanza, si n o fué con u n bulto
n e g r o q u e , a n u e s t r o parecer, estaría de n o s o t r o s
seis o ocho m i l l a s ; p e r o luego i m a g i n a m o s q u e debía
d e ser a l g ú n n a v i o a q u i e n la c o m ú n desgracia de
hielo tenía a p r i s i o n a d o . E s t e peligro sobrepuja y se
144
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
adelanta a los infinitos en que de perder la vida m e
he visto, p o r q u e u n miedo dilatado y u n temor n o
vencido fatiga m á s el a l m a que una repentina muerte : que en el a c a b a r súbito se ahorran los miedos y
los t e m o r e s q u e la muerte trae consigo, que suelea
ser t a n malos c o m o la misma muerte. Esta, pues,
que n o s a m e n a z a b a , tan hambrienta como larga, n o s
hizo t o m a r u n a resolución, si n o desesperada, temer a r i a , p o r lo m e n o s , y fué que consideramos que, li
los bastimentos se nos acababan, el morir d e h a m b r e e r a la m á s rabiosa muerte que puede caber en la
imaginación h u m a n a ; y así, determinamos de salirnos del navio y c a m i n a r por encima del yelo, y ir
a ver si en el q u e se parecía habría alguna cosa d e
que a p r o v e c h a r n o s , o ya de grado, o y a por fuerza.
" P ú s o s e en obra nuestro pensamiento, y en un¿ r.
instante v i e r o n las aguas sobre sí formado, con pies
enjutos, u n
e s c u a d r ó n pequeño, pero de valentísi-
m o s soldados, y siendo y o la guía, resbalando, c a y e n d o y l e v a n t a n d o , llegamos al otro navio, que l o
e r a casi tan g r a n d e c o m o el nuestro. Había gente en
él q u e , p u e s t a sobre ¿1 borde, adevinando la intención
de n u e s t r a venida, a voces comenzó u n o a decirnos:
" ¿ A q u é venís, g e n t e desesperada? ¿ Q u é buscáis?
¿ V e n í s , p o r v e n t u r a , a apresurar nuestra muerte y
a m o r i r con nosotros? V o l v e o s a vuestro navio, y si
os faltan b a s t i m e n t o s , roed las jarcias y encerrad e n
v u e s t r o s e s t ó m a g o s los embreados leños, si e s posible,
p o r q u e p e n s a r que os hemos de dar acogida
i45
XXI.—10
CERVANTES
será p e n s a m i e n t o vano y c o n t r a los p r e c e p t o s de la
c a r i d a d , que h a d e c o m e n z a r de sí m i s m o . D o s meses
dicen que suele d u r a r e s t e yelo q u e n o s
detiene:
p a r a quince días t e n e m o s s u s t e n t o ; si es bien q u e
le r e p a r t a m o s con v o s o t r o s , a v u e s t r a consideración
lo d e j o . " A lo q u e y o le r e s p o n d í : " E n los a p r e t a dos peligros t o d a r a z ó n se a t r o p e l l a ; n o h a y r e s p e t o
q u e valga ni buen t é r m i n o que se g u a r d e . A c o g e d n o s en v u e s t r o n a v i o de g r a d o , y j u n t a r e m o s en él
el b a s t i m e n t o q u e en el n u e s t r o q u e d a , y c o m á m o s l o
a m i g a b l e m e n t e , antes que la precisa necesidad nos
h a g a "mover las a r m a s y u s a r de la f u e r z a . "
Esto
le respondí y o , creyendo n o decían v e r d a d
en la
c a n t i d a d del b a s t i m e n t o q u e s e ñ a l a b a n ; p e r o ellos,
viéndose s u p e r i o r e s y a v e n t a j a d o s en el p u e s t o , n o
t e m i e r o n n u e s t r a s a m e n a z a s ni a d m i t i e r o n n u e s t r o s
r u e g o s ; antes a r r e m e t i e r o n a las a r m a s y se p u s i e r o n
en o r d e n d e defenderse. L o s n u e s t r o s , a quien la
desesperación, de valientes, hizo valentísimos, a ñ a d i e n d o a la t e m e r i d a d nuevos b r í o s , a r r e m e t i e r o n al
n a v i o y casi sin recebir h e r i d a l e e n t r a r o n y le g a n a r o n , y alzóse u n a v o z e n t r e n o s o t r o s que a t o d o s les
q u i t á s e m o s la vida p o r a h o r r a r de balas y d e estómagos p o r d o n d e se fuese el b a s t i m e n t o que en el
n a v i o hallásemos. Y o fui de p a r e c e r c o n t r a r i o , y,
quizá p o r tenerle bueno, en esto n o s socorrió el cielo, como después d i r é , a u n q u e p r i m e r o q u i e r o decir o s que este navio era el de los cosarios q u e h a b í a n
r o b a d o a mi h e r m a n a y a las dos recién desposadas
146
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
pescadoras. A p e n a s le h u b e reconocido, c u a n d o dije
a v o c e s : "¿ Adonde tenéis, ladrones, n u e s t r a s a l m a s
¿Adonde e s t á n las v i d a s q u e nos r o b a s t e s ?
?
¿Qué
habéis h e c h o de mi h e r m a n a A u r i s t e l a y d e l a s d o s ,
Selviana y Leoncia, partes, mitades de los c o r a z o nes de m i s buenos amigos Carino y S o l e r c i o ? " A lo
que u n o m e r e s p o n d i ó : " E s a s m u j e r e s
que dices l a s vendió n u e s t r o
pescadoras
capitán, q u e y a es
m u e r t o , a A r n a l d o , príncipe de D i n a m a r c a . "
CAPITULO
XVIII
— " E n t a n t o q u e los m í o s a n d a b a n e s c u d r i ñ a n d o y
t a n t e a n d o los bastimentos q u e había e n el e m p e d r a d o navio, a deshora, y de improviso, de la p a r t e d e
t i e r r a descubrimos q u e sobre los hielos c a m i n a b a u n
e s c u a d r ó n d e a r m a d a gente, d e m á s d e c u a t r o mil
p e r s o n a s f o r m a d o . D e j ó n o s m á s helados q u e el m i s m o m a r vista semejante, a p r e s t a n d o las a r m a s , m á s
p o r m u e s t r a d e ser h o m b r e s q u e c o n pensamiento de
defenderse. C a m i n a b a n sobre sólo u n pie, d á n d o s e
con el derecho sobre el calcaño izquierdo, con q u e
se impelían y resbalaban sobre e)l m a r g r a n d í s i m o
t r e c h o , y luego, volviendo a reiterar el golpe, t o r n a b a n a r e s b a l a r otra g r a n pieza d e c a m i n o ; y desta
suerte, en u n instante fueron con n o s o t r o s y n o s r o dearon p o r t o d a s p a r t e s , y u n o d e ellos, q u e , c o m o
después s u p e , e r a el capitán d e todos, llegándose
147
CERVANTES
cerca de n u e s t r o navio, a t r e c h o q u e p u d o ser oído,
a s e g u r a n d o la paz con u n p a ñ o blanco q u e volteaba
sobre el b r a z o , en lengua polaca, con voz clara,
d i j o : " C r a t i l o , r e y de B i t u a n i a y s e ñ o r destos m a r e s ,
tiene p o r c o s t u m b r e de requerirlos con gente a r m a da, y sacar d e ellos los navios que del hielo están detenidos, a lo m e n o s la g e n t e y la mercancía que
tuvieren, p o r cuyo beneficio se p a g a con t o m a r l a p o r
suya. Si v o s o t r o s gustáredes de acetar este p a r t i d o ,
sin defenderos, gozaréis de las vidas y de la libertad,
que n o se os h a de c a u t i v a r en n i n g ú n m o d o ; m i r a d l o , y si n o , a p a r e j a o s a d e f e n d e r o s de n u e s t r a s
a r m a s , continuo v e n c e d o r a s . "
" C o n t e n t ó m e la b r e v e d a d y la resolución del que
nos hablaba. R e s p o n d í l e que m e dejase t o m a r p a r e c e r
con n o s o t r o s m i s m o s , y fué el q u e mis pescadores
m e dieron, decir que el fin de todos los males, y el
m a y o r de ellos, era el a c a b a r la vida, la cual se h a bía de s u s t e n t a r por todos los medios posibles, c o m o
n o fuesen p o r los de la i n f a m i a ; y q u e , pues en los
p a r t i d o s q u e nos ofrecían no intervenía n i n g u n a , y
del p e r d e r la vida estábamos t a n ciertos, como dudosos de la defensa, sería bien r e n d i r n o s y d a r lug a r a la mala f o r t u n a que entonces nos perseguía,
p u e s podría ser que nos g u a r d a s e p a r a m e j o r ocasión. Casi esta m i s m a respuesta di al capitán del
e s c u a d r ó n , y al p u n t o , m á s con apariencia de g u e r r a que con m u e s t r a s de paz, a r r e m e t i e r o n al navio,
y en u n i n s t a n t e le d e s v a l i j a r o n t o d o , y t r a s l a d a r o n
148
t u g g w o
PER
SI LES
Y
fin
SIGISMUNDA
cuanto en él había, h a s t a la m i s m a artillería y j a r cias, a u n o s cueros de bueyes que sobre el hielo tend i e r o n ; liándolos por encima, a s e g u r a r o n p o d e r l o s
llevar tirándolos con cuerdas, sin que se perdiese cosa
alguna. R o b a r o n ansimismo lo que h a l l a r e n e n el
otro n u e s t r o navio, y, poniéndonos a nosotros sobre
otras pieles, alzando u n a a l e g r e vocería, nos t i r a r o n
y nos llevaron a t i e r r a , que debía de estar desde el
lugar del navio como veinte millas. P a r é c e m e a mí
que debía d e ser cosa de ver c a m i n a r t a n t a g e n t e
p o r cima de las a g u a s a pie e n j u t o , sin u s a r allí el
cielo alguno de sus milagros.
" E n fin, aquella noche llegamos a la ribera, de
la cual n o salimos h a s t a otro día p o r la m a ñ a n a ,
q u e la vimos c o r o n a d a d e infinito n ú m e r o de g e n te, que a ver la presa de los helados y y e r t o s h a b í a n
venido. V e n í a e n t r e ellos, sobre u n h e r m o s o caballo,
el rey C r a t i l o , q u e , p o r las insignias reales con que
se a d o r n a b a , conocimos ser quien e r a ; venía a sr.
lado, asimismo a caballo, una h e r m o s í s i m a m u j e r ,
a r m a d a de u n a s a r m a s blancas, a quien no podían
acabar de encubrir u n velo n e g r o con que v e n í a n cubiertas. L l e v ó m e t r a s sí la vista, t a n t o su buen p a r e cer como la gallardía del rey Cratilo, y, m i r á n d o l a
con atención, conocí ser la h e r m o s a Sulpicia, a quien
la cortesía de mis c o m p a ñ e r o s pocos días antes
habían d a d o la libertad q u e entonces gozaba. A c u d i ó
el rey a ver los rendidos, y, llevándome el capi.án
asido de la m a n o , le d i j o : " E n este solo m a n c e b o
149
CERVANTES
¡ o h valeroso r e y C r a t i l o ! m e p a r e c e que te p r e s e n t o
la m á s rica p r e s a q u e en r a z ó n de p e r s o n a h u m a n a
h a s t a a g o r a h u m a n o s ojos h a n v i s t o . " " ¡ S a n t o s ciel o s ! — d i j o a esta sazón la h e r m o s a Sulpicia, a r r o j á n d o s e del caballo al suelo—. O y o n o tengo vista
en los ojos, o es éste mi libertador, P e r i a n d r o . " Y
el decir esto y a ñ u d a r m e el cuello con sus b r a z o s , fué
t o d o u n o , c u y a s e x t r a ñ a s y a m o r o s a s m u e s t r a s oblig a r o n también a Cratilo a que del caballo se a r r o j a s e
y con las m i s m a s señales de alegría m e recibiese. E n tonces la d e s m a y a d a e s p e r a n z a de a l g ú n buen suceso
estaba lejos de los pechos de mis p e s c a d o r e s ; p e r o
c o b r a n d o aliento e n las m u e s t r a s alegres con
que
v i e r o n recebirme, les h i z o b r o t a r p o r los ojos el cont e n t o y p o r l a s bocas las gracias q u e dieron a D i o s
del n o e s p e r a d o beneficio: q u e y a le contaban, n o
p o r beneficio, sino p o r singular y conocida m e r c e d .
Sulpicia dijo a C r a t i l o : " E s t e m a n c e b o es u n sujeto
d o n d e tiene su asiento la s u m a cortesía y su alberg u e la m i s m a l i b e r a l i d a d ; y a u n q u e y o t e n g o hecha
esta experiencia, q u i e r o que tu discreción la a c r e dite, s a c a n d o p o r su gallarda presencia — y en esto
bien se vee q u e hablaba c o m o agradecida, y a u n como
e n g a ñ a d a — en limpio esta v e r d a d que te digo. E s t e
fué el q u e m e dio libertad después de la m u e r t e
de mi m a r i d o ; éste el que no despreció mis tesoros,
sino el que n o los q u i s o ; éste fué el q u e , después
de recebidas mis d á d i v a s , m e las volvió m e j o r a d a s ,
con el deseo de d á r m e l a s m a y o r e s , si p u d i e r a ; éste
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
fué, en fin, el q u e , a c o m o d á n d o s e , o, p o r m e j o r , decir, haciendo a c o m o d a r a su g u s t o el de sus .soldados, d á n d o m e doce q u e m e a c o m p a ñ a s e n , m e tiene
a h o r a en t u p r e s e n c i a . " Y o , entonces, a lo que c r e o ,
rojo el r o s t r o con las alabanzas, o ya a d u l a d o r a s o
demasiadas, q u e de mí oía, n o s u p e m á s que h i n c a r m e de rodillas a n t e Cratilo, pidiéndole las m a n o s , que
no m e las dio p a r a besárselas, sino p a r a l e v a n t a r m e
del suelo. E n este e n t r e t a n t o , los doce p e s c a d o r e s
que habían v e n i d o en g u a r d a de Sulpicia, a n d a b a n
e n t r e la d e m á s g e n t e b u s c a n d o a s u s c o m p a ñ e r o s ,
a b r a z á n d o s e u n o s a o t r o s , y, llenos de c o n t e n t o y
regocijo, se c o n t a b a n s u s b u e n a s y malas s u e r t e s :
los del m a r , e x a g e r a b a n su yelo, y los de la t i e r r a ,
sus r i q u e z a s . " A mí — d e c í a el u n o — m e h a dado
Sulpicia esta c a d e n a de o r o . " " A mí -r-decía o t r o —
esta j o y a , q u e vale p o r d o s de e s a s c a d e n a s . " ''A mí
—replicaba é s t e — m e dio t a n t o d i n e r o . " Y aquél rep e t í a : " M á s m e h a d a d o a mí e n este solo anillo de
d i a m a n t e s q u e a todos v o s o t r o s j u n t o s . "
" A t o d a s estas pláticas p u s o silencio u n g r a n r u m o r que se levantó e n t r e la gente, c a u s a d o del que
hacía u n poderosísimo caballo b á r b a r o , a q u i é n dos
valientes lacayos t r a í a n del freno, sin p o d e r s e a v e r i g u a r con él. E r a de color morcillo, p i n t a d o t o d o ; de
moscas blancas, q u e s o b r e m a n e r a le hacían h e r m o s o ;
venía en pelo, p o r q u e n o consentía ensillarse del m i s m o r e y ; p e r o n o le g u a r d a b a este respeto d e s p u é s de
puesto encima, n o siendo b a s t a n t e s a d e t e n e r l e mil
iSi
CERVANTES
montes de embarazos q u e a n t e él s e pusieran, de ln
que el rey estaba tan pesaroso, q u e d i e r a u n a ciudad
a quien sus malos siniestros le q u i t a r a . T o d o esto
m e contó el rey breve y s u c i n t a m e n t e .
CAPITULO
XX
— " L a grandeza, la ferocidad y la h e r m o s u r a del
caballo que o s he descrito t e n í a n t a n e n a m o r a d o a
Cnrtilo, y tan deseoso de verle m a n s o , como a m í de
mostrar que deseaba servirle, p a r e c i é n d o m e q u e el
cielo m e presentaba ocasión p a r a h a c e r m e a g r a d a b l e
• l o s ojos de quien por señor tenía, y a p o d e r a c r e d i t a r
c o n algo las alabanzas que la h e r m o s a Sulpicia de
mí al rey había dicho. Y así, n o t a n m a d u r o como
presuroso, fui donde estaba el caballo, y subí en él sin
poner el pie e n el estribo, p u e s n o le tenía, y a r r e metí con él, sin que el freno fuese p a r t e p a r a d e t e nerle, y llegué a la punta de u n a p e ñ a q u e s o b r e la
mar pendía, y , apretándole de n u e v o las p i e r n a s , con
tan mal grado suyo como gusto m í o , le hice v o l a r
por el aire y dar con entrambos e n la p r o f u n d i d a d
de3 m a r ; y e n la mitad del vuelo m e a c o r d é que, pues
el m a r estaba helado, m e había d e h a c e r p e d a z o s con
el golpe, y tuve mi muerte y la s u y a p o r cierta. P e r o
n o fué así, porque el cielo, que p a r a o t r a s cosas que
éi sabe m e debe de tener g u a r d a d o , hizo q u e las
piernas y brazos del poderoso caballo resistiesen el
153
Le hice volar por el aire y dar con
entrambos en la profundidad del mar.
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
golpe, sin recebir y o o t r o d a ñ o q u e h a b e r m e s a c u d i do de sí el caballo y echado a r o d a r , resbalando p o r
g r a n espacio. N i n g u n o h u b o e n la r i b e r a que n o p e n sase y creyese que y o q u e d a b a m u e r t o ; p e r o c u a n d o
m e vieron levantar en pie, a u n q u e t u v i e r o n el suceso a m i l a g r o , j u z g a r o n a locura mi a t r e v i m i e n t o .
" V o l v í a la r i b e r a con el caballo, volví a s i m i s m o
a subir en él, y, p o r los m i s m o s p a s o s q u e p r i m e r o ,
le incité a saltar segunda v e z ; p e r o n o fué posible,
p o r q u e , p u e s t o en la p u n t a de la l e v a n t a d a
peña,
hizo t a n t a fuerza p o r n o a r r o j a r s e , q u e p u s o las ancas
en el suelo y r o m p i ó las riendas, q u e d á n d o s e clavado
en la tierra. Cubrióse luego de u n s u d o r de pies a
cabeza, t a n lleno de m i e d o , q u e le volvió de león en
c o r d e r o y de a n i m a l indomable en generoso caballo,
de m a n e r a que los m u c h a c h o s se a t r e v i e r o n a m a n o searle, y los caballerizos del rey, enjaezándole, s u bieron en él y le c o r r i e r o n con seguridad, y él m o s t r ó su ligereza y su b o n d a d , h a s t a entonces j a m á s
v i s t a ; de lo q u e el r e y q u e d ó contentísimo y Sulpicia alegre, p o r v e r q u e m i s o b r a s h a b í a n r e s p o n d i d o
a sus palabras.
" T r e s meses e s t u v o en su rigor el yelo, y éstos se
t a r d a r o n en a c a b a r u n n a v i o que el r e y tenía comenzado p a r a c o r r e r en convenible tiempo aquellos m a r e s ,
limpiándolos de cosarios, enriqueciéndose con sus r o bos. E n este e n t r e t a n t o , le hice algunos servicios en
la caza, d o n d e m e m o s t r é sagaz y e x p e r i m e n t a d o , y
g r a n s u f r i d o r de t r a b a j o s ; p o r q u e en n i n g ú n ejerci»55
CERVANTES
ció c o r r e s p o n d e así al de la g u e r r a c o m o el de ¡a
caza, a quien es anejo el cansancio, la sed y la h a m b r e , y a u n a veces la m u e r t e . L a liberalidad de la
h e r m o s a Sulpicia se m o s t r ó conmigo y con los míos
e x t r e m a d a , y la cortesía de Craíilo le c o r r i ó p a r e j a s .
L o s doce pescadores que t r u j o consigo Sulpicia est a b a n y a ricos, y los que conmigo se p e r d i e r o n , estaban g a n a d o s . A c a b ó s e el n a v i o ; m a n d ó el rey a d e r e zarle y p e r t r e c h a r l e de todas las cosas necesarias larg a m e n t e , y luego m e hizo capitán del, a t o d a m i v o l u n t a d , sin o b l i g a r m e a que hiciese cosa m á s de aquella que fuese de mi g u s t o . Y d e s p u é s d e h a b e r l e b e sado las m a n o s p o r t a n g r a n beneficio, le dije que
m e diese licencia de ir a b u s c a r a mi h e r m a n a A u r i s tela, de q u i e n tenía noticia que estaba en p o d e r del
r e y de D i n a m a r c a . Cratilo m e la dio p a r a t o d o aquello
q u e quisiese hacer, diciéndome q u e a m á s le tenía
obligado mi buen t é r m i n o , h a b l a n d o como rey, a
quien es a n e j o t a n t o el hacer m e r c e d e s como la afabilidad y, si se puede decir, la b u e n a crianza. E s t a
t u v o Sulpicia en todo e x t r e m o , a c o m p a ñ á n d o l a con
la liberalidad, con la cual, ricos y contentos, yo y los
míos nos e m b a r c a m o s , sin que q u e d a s e n i n g u n o .
" L a p r i m e r d e r r o t a q u e t o m a m o s fué a D i n a m a r ca, donde creí hallar a mi h e r m a n a , y lo q u e hallé
fueron n u e v a s de que, de la ribera del m a r , a ella y
a otras doncellas las h a b í a n r o b a d o cosarios. R e n o v á r o n s e m i s t r a b a j o s , y c o m e n z a r o n de n u e v o mis
lástimas, a quien a c o m p a ñ a r o n las de C a r i n o y Soi5<5
PERSILBS
Y
SIGISMUNDA
lercio, los cuales creyeron que en la desgracia d e mi
h e r m a n a y en su prisión se debía de c o m p r e h e n d e r la
de sus esposas.
" B a r r i m o s t o d o s los m a r e s , r o d e a m o s t o d a s o las
más islas destos c o n t o r n o s , p r e g u n t a n d o siempre p o r
nuevas de mi h e r m a n a , p a r e c i é n d o m e a mí, con paz
sea dicho de todas las h e r m o s a s del m u n d o , que la
luz de su r o s t r o no podía estar encubierta p o r ser
escuro el lugar donde estuviese, y que la suma discreción suya h a b í a de ser el hilo que la sacase de
cualquier laberinto. P r e n d i m o s cosarios, soltamos
p r i s i o n e r o s ; restituímos h a c i e n d a s a sus dueños, a l zámonos con las mal g a n a d a s de otros, y con esto,
colmando n u e s t r o navio de mil diferentes bienes de
fortuna, quisieron los míos volver a sus redes y a
sus casas y a los b r a z o s de sus hijos, i m a g i n a n d o Carino y Solercio ser posible hallar a sus esposas en
su tierra, y a que en las ajenas n o las hallaban. A n t e s
desto llegamos a aquella isla, que, a lo que creo, se
llama Scinta, d o n d e s u p i m o s las fiestas de P o ü c a r p o ,
y a todos nos vino v o l u n t a d de hallarnos en ellas.
N o p u d o llegar n u e s t r a n a v e , p o r ser el viento contrario, y así, en t r a j e de m a r i n e r o s b o g a d o r e s , nos
e n t r a m o s en aquel barco luengo, como ya queda dicho. Allí g a n é los premios, allí fui c o r o n a d o p o r
vencedor de t o d a s las contiendas, y de allí t o m ó ocasión Sinforosa de desear saber quién yo era, como se
vio p o r las diligencias que p a r a ello hizo. V u e l t o al
navio, y resueltos los míos de d e j a r m e , les r o g u é q u e ^ /
CERVANTES
m e dejasen el barco, c o m o e n p r e m i o de los t r a b a j o s
q u e con ellos había p a s a d o . D e j á r o n m e l e , y a u n m e
d e j a r a n el navio, si y o le quisiera, diciéndome q u e , si
m e d e j a b a n solo, n o e r a o t r a la ocasión, sino p o r q u e
les p a r e c í a ser sólo m i deseo, y t a n imposible de
alcanzarle, como lo h a b í a m o s t r a d o la
experiencia
en las diligencias q u e h a b í a m o s h e c h o p a r a conseguirle.
" E n r e s o l u c i ó n : con seis p e s c a d o r e s que quisieron
s e g u i r m e , llevados del p r e m i o q u e les di y del q u e
les ofrecí, a b r a z a n d o a mis amigos, m e e m b a r q u é ,
y p u s e la p r o a en una isla b á r b a r a , de cuyos m o r a d o r e s sabía ya la c o s t u m b r e y l a falsa profecía que
los tenía e n g a ñ a d o s , la cual n o o s refiero
porque
sé que la sabéis. Di al t r a v é s en aquella isla;
fui
p r e s o y llevado d o n d e e s t a b a n los vivos e n t e r r a d o s :
s a c á r o n m e otro día p a r a ser sacrificado; sucedió la
t o r m e n t a del m a r ; d e s b a r a t á r o n s e los leños q u e servían de b a r c a s ; salí al m a r a n c h o e n u n pedazo dellas,
con c a d e n a s q u e m e r o d e a b a n el cuello y esposas que
m e ataban las m a n o s ; caí en las misericordiosas del
príncipe A r n a l d o , q u e está p r e s e n t e , p o r cuya orden
entré en la isla p a r a ser espía q u e investigase si e s taba e n ella mi h e r m a n a , no sabiendo que y o fuese
h e r m a n o de A u r i s t e l a , la cual o t r o día vino e n t r a j e
de v a r ó n a ser sacrificada. Conocíla, dolióme su d o lor, p r e v i n e su m u e r t e con decir que e r a
hembra,
como ya lo había d i c h o Cloelia, su a m a , que la a c o m p a ñ a b a ; y el m o d o c ó m o allí l a s dos vinieron, ella
158
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
lo d i r á c u a n d o quisiere. L o que en la isla nos sucedió, ya lo sabéis, y con esto y con l o q u e a mi h e r m a n a le q u e d a p o r decir, quedaréis satisfechos
de
casi todo aquello q u e a c e r t a r e a p e d i r o s el deseo en
la certeza de n u e s t r o s s u c e s o s . "
LIBRO III
CAPITULO
X
En u n l u g a r , n o m u y p e q u e ñ o ni m u y g r a n d e , de
cuyo n o m b r e n o m e a c u e r d o , y en m i t a d de la plaza
del, había
m u c h a gente j u n t a , t o d o s a t e n t o s m i r a n -
d o y e s c u c h a n d o a d o s m a n c e b o s q u e , en t r a j e de
recién r e s c a t a d o s de cautivos, e s t a b a n declarando las
figuras
de u n p i n t a d o lienzo q u e tenían tendido en
el s u e l o ; parecía q u e se h a b í a n d e s c a r g a d o de dos
p e s a d a s c a d e n a s q u e t e n í a n j u n t o a sí, insignias y
r e l a t o r a s de su p e s a d a d e s v e n t u r a ; y u n o dellos, que
debía de ser d e h a s t a veinticuatro a ñ o s , con voz clar a y en t o d o e x t r e m o e x p e r t a lengua, crujiendo de
c u a n d o en c u a n d o u n c o r b a c h o , o, p o r m e j o r decir,
azote q u e en la m a n o tenía, le sacudía d e
manen
que p e n e t r a b a los oídos y ponía los estallidos en
el cielo, bien así c o m o hace el cochero, q u e , cast i g a n d o o a m e n a z a n d o sus caballos, h a c e r e s o n a r si'
látigo p o r los aires.
159
E n t r e los q u e la l a r g a plática escuchaban, estab a n los dos alcaldes del pueblo, a m b o s
ancianos,
p e r o n o t a n t o el u n o como el o t r o . P o r d o n d e com e n z ó su a r e n g a el libre cautivo, fué d i c i e n d o :
— E s t a , señores, q u e aquí veis pintada, es la ciud a d de A r g e l , gomia y tarasca de todas las riberas
del m a r M e d i t e r r á n e o , p u e r t o universal de cosarios,
y a m p a r o y refugio de ladrones, que, deste pequeñuelo p u e r t o que aquí v a p i n t a d o , salen con sus bajeles a inquietar el m u n d o , pues se a t r e v e n a p a s a r
él plus u l t r a de las colunas de H é r c u l e s , y a acom e t e r y r o b a r las a p a r t a d a s islas, que, p o r
estar
r o d e a d a s del i n m e n s o m a r O c é a n o , p e n s a b a n estar
seguras, a lo m e n o s de los bajeles turquescos. E s t e
bajel que aquí veis r e d u c i d o a p e q u e ñ o , p o r q u e lo
pide así la p i n t u r a , es u n a galeota de ventidós b a n cos, cuyo d u e ñ o y capitán es el t u r c o que en la
crujía va en pie, con u n b r a z o en la m a n o , que c o r t ó
a aquel cristiano q u e allí veis, p a r a que le sirva de
r e b e n q u e y azote a los d e m á s cristianos q u e
van
a m a r r a d o s a sus bancos, t e m e r o s o n o le alcancen
estas c u a t r o galeras q u e aquí veis, que le v a n , ent r a n d o y d a n d o caza. Aquel
cautivo p r i m e r o
del
p r i m e r banco, cuyo r o s t r o le disfigura la s a n g r e que
se le ha p e g a d o de los golpes del brazo m u e r t o , soy
y o , que servía de espalder en esta g a l e o t a ; y el o t r o
q u e está j u n t o a mí es éste m i c o m p a ñ e r o , n o tan
sangriento, p o r q u e fué m e n o s apaleado. E s c u c h a d ,
señores, y estad a t e n t o s : quizá la aprehensión deste
160
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
l a s t i m e r o cuento os llevará a los oídos las a m e n a z a d o r a s y v i t u p e r o s a s voces que h a d a d o este p e r r o
de D r a g u t , que así se llamaba el a r r á e z d e la galeot a , cosario t a n famoso como cruel, y t a n cruel como
F a l a r i s o B u s i r i s , t i r a n o s de Sicilia; a lo m e n o s , a
mí m e suena a g o r a el rospeni,
maniyoc,
el manahora
y el
deni-
q u e , con coraje endiablado, va diciendo que
t o d a s éstas son p a l a b r a s y razones t u r q u e s c a s , encam i n a d a s a la d e s h o n r a y vituperio de los c a u t i v o s
c r i s t i a n o s : llámanlos de judíos, h o m b r e s de
poco
valor, de fee n e g r a y de p e n s a m i e n t o s viles, y, p a r a
m a y o r h o r r o r y espanto, con los brazos m u e r t o s a z o t a n los c u e r p o s vivos.
P a r e c e ser q u e u n o de los dos alcaldes había e s t a d o cautivo e n A r g e l m u c h o tiempo, el cual, con
b a j a voz, dijo a su c o m p a ñ e r o :
— E s t e cautivo, h a s t a a g o r a , p a r e c e que va d i c i e n d o v e r d a d , y q u e en lo general n o es cautivo
f a l s o ; pero yo le e x a m i n a r é en lo particular, y v e r e m o s cómo d a la c u e r d a ; p o r q u e q u i e r o que sepáis
q u e y o iba d e n t r o desta galeota, y no m e a c u e r d o d e
h a b e r l e conocido p o r espalder de ella, si n o fué a u n
A l o n s o Moclin, n a t u r a l de V é l e z - M á l a g a .
Y volviéndose al cautivo, le d i j o :
— D e c i d m e , amigo, c u y a s e r a n las g a l e r a s que os
d a b a n caza, y si conseguistes p o r ella la libertad d e seada.
— L a s galeras — r e s p o n d i ó el c a u t i v o — e r a n de
161
XXI.—II
CERVANTES
d o n S a n c h o de L e y v a ; la l i b e r t a d n o la conseguim o s , p o r q u e n o nos a l c a n z a r o n ; tuvímosla después,
p o r q u e nos alzamos con u n a galeota que desde S a r gel iba a A r g e l c a r g a d a d e t r i g o ; venimos a O r a n
con ella, y desde allí a M á l a g a , de d o n d e mi c o m p a ñ e r o y y o nos p u s i m o s en camino de Italia, con intención de servir a su m a j e s t a d , q u e Dios g u a r d e ,
en el ejercicio d e la g u e r r a .
— D e c i d m e , amigos — r e p l i c ó el a l c a l d e — : ¿ c a u tivastes j u n t o s ? ¿ L l e v a r o n os a A r g e l del p r i m e r
boleo, o a o t r a p a r t e d e B e r b e r í a ?
— N o c a u t i v a m o s j u n t o s — r e s p o n d i ó el o t r o caut i v o — , p o r q u e y o cautivé j u n t o a Alicante, en u n
n a v i o de lanas q u e p a s a b a a G e n o v a ; mi c o m p a ñ e r o
en los P e r c h e l e s de M á l a g a , a d o n d e era pescador.
Conocímonos en T e t u á n , d e n t r o de u n a m a z m o r r a ;
hemos sido amigos, y corrido una misma
fortuna
m u c h o t i e m p o ; y, p a r a diez o doce c u a r t o s q u e a p e n a s n o s h a n ofrecido
de limosna sobre el lienzo,
m u c h o nos aprieta el s e ñ o r alcalde.
— N o m u c h o , s e ñ o r galán —replicó el alcalde—,
q u e a ú n n o están d a d a s todas las vueltas de la m a n c u e r d a ; e s c ú c h e m e y d í g a m e : ¿ C u á n t a s p u e r t a s tiene
A r g e l , y c u á n t a s fuentes, y c u á n t o s pozos de a g u a
dulce ?
—¡ L a p r e g u n t a es b o b a ! — r e s p o n d i ó el p r i m e r
c a u t i v o — ; t a n t a s p u e r t a s tiene c o m o tiene casas, y
t a n t a s fuentes, que y o n o las sé, y t a n t o s pozos que
no los he visto, y los t r a b a j o s que yo en él he p a s a d o
162
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
m e h a n q u i t a d o la m e m o r i a de mí m i s m o ; y si el
s e ñ o r alcalde quiere i r c o n t r a la c a r i d a d cristiana,
recogeremos los c u a r t o s y a l z a r e m o s la tienda, y a
D i o s a h o , q u e t a n buen p a n hacen a q u í c o m o en
Francia.
E n t o n c e s el alcalde llamó a u n h o m b r e de los que
e s t a b a n e n el c o r r o , que al p a r e c e r servía de p r e g o n e r o en el lugar, y tal vez de v e r d u g o c u a n d o se
ofrecía, y d í j o l e :
— G i l B e r r u e c o , id a la plaza, y t r a e d m e
aquí
luego los p r i m e r o s d o s a s n o s que t o p á r e d e s ; que,
p o r vida del rey n u e s t r o señor, que h a n d e p a s e a r
las calles en ellos estos dos señores cautivos, q u e
con t a n t a libertad quieren u s u r p a r la limosna de los
v e r d a d e r o s pobres, contándonos m e n t i r a s y embelecos, e s t a n d o sanos como u n a m a n z a n a y con m á s
fuerzas p a r a t o m a r u n a a z a d a en la m a n o , q u e n o
u n corbacho p a r a d a r estallidos en seco. Y o h e e s t a d o en Argel cinco años esclavo, y sé que n o m e
dais señas del en n i n g u n a cosa de c u a n t a s habéis
dicho.
— ¡ C u e r p o del m u n d o ! — r e s p o n d i ó el c a u t i v o — .
¿ E s posible que ha de q u e r e r el señor alcalde q u e
seamos ricos de memoria, siendo t a n p o b r e s de d i n e r o s , y que, p o r u n a niñería que no i m p o r t a t r e s
a r d i t e s , q u i e r a q u i t a r la h o n r a a dos t a n
insignes
estudiantes como nosotros, y j u n t a m e n t e q u i t a r a su
m a j e s t a d dos valientes soldados, que í b a m o s a esas
I t a l i a s y a esos F l a n d e s a r o m p e r , a d e s t r o z a r , a
163
CERVANTES
h e r i r y a m a t a r los enemigos de la santa fe católica
q u e t o p á r a m o s ? P o r q u e , si va a decir v e r d a d , que
en fin es hija de D i o s , q u i e r o que sepa el señor alcalde q u e n o s o t r o s n o s o m o s cautivos, sino estudiantes de S a l a m a n c a , y, en la m i t a d y en lo m e j o r
de n u e s t r o s estudios, n o s vino g a n a de v e r m u n d o
y de s a b e r a qué sabía la v i d a d e la g u e r r a , como
sabíamos el g u s t o de la vida de la paz. P a r a facilitar
y p o n e r en o b r a este deseo, a c e r t a r o n a p a s a r p o r
allí u n o s cautivos, q u e t a m b i é n lo debían d e ser
falsos
c o m o n o s o t r o s a g o r a ; les c o m p r a m o s
este
lienzo y nos i n f o r m a m o s de algunas cosas d e las
d e A r g e l , q u e nos p a r e c i ó ser b a s t a n t e s y necesarias
p a r a a c r e d i t a r n u e s t r o e m b e l e c o ; vendimos n u e s t r o s
libros y n u e s t r a s a l h a j a s a menosprecio, y, c a r g a d o s
con esta m e r c a d e r í a , h e m o s llegado h a s t a a q u í ; p e n s a m o s p a s a r adelante, si es que el señor alcalde n o
m a n d a o t r a cosa.
— L o q u e pienso h a c e r es — r e p l i c ó el alcalde—
d a r o s cada cien azotes, y, en l u g a r de la pica q u e
vais a a r r a s t f r j a r en F l a n d e s , p o n e r o s u n r e m o en
las m a n o s q u e le cimbréis e n el a g u a en las galeras,
con quien quizá h a r é i s m á s servicio a su m a j e s t a d
q u e con la pica.
— ' ¿ Q u e r r á s e — r e p l i c ó el m o z o h a b l a d o r —
mos-
t r a r a g o r a el señor alcalde ser un legislador de A t e n a s , y q u e la r i g u r i d a d de su oficio llegue a los
oídos de los señores del Consejo, donde, a c r e d i t á n dole con ellos, le t e n g a n p o r severo y justiciero, y
164
PERSILES
Y SIGISM
UNDA
le c o m e t a n negocios de i m p o r t a n c i a , d o n d e m u e s t r e
su severidad y su justicia? P u e s sepa el señor a l calde que summum
jus, summa
injuria.
— M i r a d cómo habláis, h e r m a n o — r e p l i c ó el seg u n d o a l c a l d e — , que aquí n o hay justicia con l u j u ria : q u e t o d o s los alcaldes deste lugar h a n sido, son
y s e r á n limpios y castos c o m o el pelo de la m a s a ;
y hablad m e n o s , que os será sano.
Volvió en esto el p r e g o n e r o , y d i j o :
— S e ñ o r alcalde, y o n o he topado e n la
plaza
a s n o s n i n g u n o s , sino a los dos regidores B e r r u e c o
y Crespo, que a n d a n en ella p a s e á n d o s e .
— P o r asnos os envié y o , m a j a d e r o , que n o p o r
r e g i d o r e s ; p e r o volved y traeldos acá, p o r sí o p o r
no, q u e q u i e r o que se hallen presentes al p r o n u n ciar desta sentencia, que h a de ser, sin e m b a r g o , y
n o h a de q u e d a r p o r falta de a s n o s ; q u e , gracias
sean dadas al cielo, h a r t o s h a y en este l u g a r .
— N o le t e n d r á v u e s a merced, señor alcalde, en
el cielo — r e p l i c ó el m o z o — si p a s a adelante con esa
r e g u r i d a d . P o r quien Dios es, q u e vuesa merced considere que no h e m o s r o b a d o t a n t o que podemos d a r
a censo ni f u n d a r n i n g ú n m a y o r a z g o ; a p e n a s g r a n j e a m o s el m í s e r o sustento con n u e s t r a industria, q u e
n o deja de ser trabajosa, como lo es la de los oficiales y j o r n a l e r o s . M i s p a d r e s n o nos
enseñaron
oficio alguno, y así, nos es forzoso que r e m i t a m o s
a la industria
lo que habíamos de remitir a
las
m a n o s si t u v i é r a m o s oficio. Castigúense los que c o 165
CERVANTES
h e d í a n , los escaladores de c a s a s , los salteadores de
c a m i n o s , los testigos
falsos p o r
dineros, los
mal
e n t r e t e n i d o s e n la república, los ociosos y baldíos
en ella, q u e n o sirven de o t r a cosa q u e de acrecent a r el n ú m e r o de los p e r d i d o s , y d e j e n a los m í s e r o s
que van su c a m i n o d e r e c h o a servir a su m a j e s t a d
con la fuerza de sus brazos y con la agudeza de sus
ingenios, p o r q u e n o h a y m e j o r e s soldados q u e los
que se t r a s p l a n t a n d e la t i e r r a d e los estudios en los
c a m p o s de la g u e r r a ; n i n g u n o salió de estudiante
p a r a soldado que n o lo fuese p o r e x t r e m o , p o r q u e
cuando se a v i e n e n y se j u n t a n las fuerzas con el
ingenio, y el ingenio c o n las fuerzas, hacen u n comp u e s t o m i l a g r o s o , con quien M a r t e se alegra, la paz
se s u s t e n t a y la república se e n g r a n d e c e .
A d m i r a d o s e s t a b a n todos los circunstantes, así de
las r a z o n e s del m o z o , c o m o d e la velocidad con que
hablaba, el cual, p r o s i g u i e n d o , d i j o :
— E s p u l g ú e n o s el señor alcalde, mírenos y r e m í renos, y h a g a escrutinio d e las costuras de n u e s t r o s
vestidos, y si en todo n u e s t r o p o d e r hallare seis r e a les, no sólo nos m a n d e d a r ciento, sino seis cuentos
d e azotes. V e a m o s , p u e s , si la adquisición de t a n
p e q u e ñ a c a n t i d a d d e interés m e r e c e ser
castigada
con a f r e n t a s y m a r t i r i z a d a con g a l e r a s ; y así, otra
vez digo q u e el señor alcalde se remire en esto, n o
se a r r o j e y precipite a p a s i o n a d a m e n t e a hacer lo q u e ,
d e s p u é s de hecho, q u i z á le c a u s a r a p e s a d u m b r e . L o s
jueces discretos castigan, p e r o n o t o m a n v e n g a n z a de
166
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
los d e l i t o s ; los p r u d e n t e s y los piadosos mezclan la
equidad con la justicia, y, e n t r e eá rigor y la clemencia, d a n luz de su buen entendimiento.
— P o r D i o s — d i j o el segundo alcalde—, que este
m a n c e b o h a hablado bien, a u n q u e h a h a b l a d o m u cho, y que, n o solamente n o tengo de c o n s e n t i r q u e
los azoten, sino que los t e n g o de llevar a mi casa y
ayudarles p a r a su camino, con condición q u e le lleven derecho, sin a n d a r s u r c a n d o l a t i e r r a de u n a
en o t r a s p a r t e s , p o r q u e , si así lo hiciesen, m á s p a r e cerían viciosos que necesitados.
Y a el p r i m e r alcalde, m a n s o y piadoso, b l a n d o y
compasivo, d i j o :
— N o quiero que v a y a n a v u e s t r a casa, sino a la
mía, d o n d e les quiero d a r u n a lición de las cosas de
A r g e l , tal, que de aquí adelante n i n g u n o les coja
en mal latín en c u a n t o a su fingida historia.
L o s cautivos se l o a g r a d e c i e r o n , y los circunstantes a l a b a r o n su h o n r a d a
determinación.
CAPITULO
XI
Llegóse el día, y t o m a r o n los p e r e g r i n o s el
camino
de V a l e n c i a ; los cuales, otro día, al salir de la a u r o ra, que p o r los balcones de O r i e n t e se asomaba, b a r r i e n d o el cielo de las estrellas y a d e r e z a n d o el c a m i n o p o r d o n d e el sol había de hacer su a c o s t u m b r a d a c a r r e r a , B a r t o l o m é , q u e así c r e o se llamaba
167
CERVANTES
el g u i a d o r del bagaje, viendo salir el sol t a n alegre
y r e g o c i j a d o , b o r d a n d o las n u b e s de los cielos con
diversas colores, de m a n e r a que n o se podia ofrecer
o t r a cosa m á s a l e g r e y m á s h e r m o s a a l a vista, y con
r ú s t i c a discreción d i j o :
•—Verdad debió de decir el p r e d i c a d o r que p r e d i c a b a los días p a s a d o s e n n u e s t r o pueblo cuando dijo
q u e los cielos y la t i e r r a a n u n c i a b a n y declaraban
l a s g r a n d e z a s del S e ñ o r . P a r d i e z q u e , si y o n o con o c i e r a a D i o s p o r lo q u e m e h a n enseñado m i s p a d r e s y los sacerdotes y ancianos de m i lugar, le
.viniera a r a s t r e a r y conocer viendo la inmensa g r a n d e z a destos cielos, q u e m e dicen q u e son m u c h o s , o,
a l o m e n o s , q u e llegan a once, y p o r la g r a n d e za d e s t e sol q u e n o s a l u m b r a , q u e , con no p a r e c e r
m a y o r que u n a rodela, es m u c h a s veces m a y o r que
t o d a la t i e r r a , y m á s q u e , con ser t a n g r a n d e , a f i r m a n q u e es t a n ligero q u e c a m i n a en y e n t i c u a t r o
h o r a s m á s de trecientas mil leguas. L a v e r d a d que
sea, y o no creo n a d a d e s t o ; p e r o dícenlo tantos h o m b r e s de bien, q u e , a u n q u e h a g o fuerza al entendim i e n t o , lo creo. P e r o d e lo q u e m á s m e a d m i r o es
q u e debajo d e n o s o t r o s h a y o t r a s gentes, a quien
l l a m a n a n t í p o d a s , sobre cuyas cabezas, los q u e a n d a m o s acá a r r i b a , t r a e m o s puestos los pies, cosa que
m e p a r e c e imposible; q u e , p a j a t a n g r a n c a r g a como
la n u e s t r a , fuera m e n e s t e r q u e t u v i e r a n ellos las cabezas d e b r o n c e .
168
PENSILES
Y
SIGISMUNDA
R i ó s e P e r i a n d r o de la rústica astrología del m o z o ,
y di j ó l e :
— B u s c a r q u e r r í a razones a c o m o d a d a s ¡ o h B a r t o l o m é ! p a r a d a r t e a e n t e n d e r el e r r o r en q u e e s t á s
y la v e r d a d e r a p o s t u r a del m u n d o , p a r a lo cual e r a
m e n e s t e r t o m a r m u y de a t r á s sus p r i n c i p i o s ; p e r o
a c o m o d á n d o m e con tu ingenio, h a b r é d e c o a r t a r el
m í o y decirte sola u n a c o s a : y es q u e q u i e r o q u e
e n t i e n d a s p o r v e r d a d infalible q u e la t i e r r a e s cent r o del cielo; llamo centro u n p u n t o indivisible a
quien todas l a s líneas de su circunferencia v a n a
p a r a r ; t a m p o c o m e p a r e c e que h a s de e n t e n d e r e s t o ;
y así, d e j a n d o estos t é r m i n o s , quiero que t e contentes con saber que t o d a la t i e r r a tiene p o r alto el
cielo, y en cualquier p a r t e della d o n d e los h o m b r e s
estén h a n de e s t a r cubiertos con el c i e l o ; así q u e ,
c o m o a n o s o t r o s el cielo q u e ves n o s cubre, asim i s m o c u b r e a los a n t í p o d a s q u e dicen, sin estorbo
alguno, y como, n a t u r a l m e n t e , lo o r d e n ó la N a t u r a leza, m a y o r d o m a del v e r d a d e r o D i o s , criador
del
cielo y de la t i e r r a .
N o se descontentó el m o z o de oír las razones de
Periandro, que también dieron gusto a Auristela, a
la condesa y a su h e r m a n o . Con estas y otras cosas
iba enseñando y entreteniendo el camino P e r i a n d r o
D e allí a algunos días, llegó n u e s t r o h e r m o s o esc u a d r ó n a u n lugar d e moriscos, que estaba p u e s t o
c o m o u n a legua de la m a r i n a , en el reino de V a lencia. H a l l a r o n en él, n o mesón en q u e a l b e r g a r s e ,
160
CERVANTES
sino todas las casas del l u g a r con a g r a d a b l e hospicio
los c o n v i d a b a n ; viendo lo cual, A n t o n i o d i j o :
— Y o n o sé quién dice mal desta g e n t e , que todos
m e p a r e c e n u n o s santos.
—'Con p a l m a s — d i j o P e r i a n d r o — recibieron
al
S e ñ o r en J e r u s a l é n los m i s m o s que d e allí a pocos
días le p u s i e r o n en u n a c r u z . A g o r a b i e n : a D i o s y
a la v e n t u r a , como decirse suele, acetemos el convite que n o s h a c e este b u e n viejo, q u e con su casa
nos convida.
Y e r a así v e r d a d , q u e u n a n c i a n o morisco, casi
p o r fuerza, asiéndolos p o r las esclavinas, Jos metió
en casa, y dio m u e s t r a s de a g a s a j a r l o s n o morisca,
sino c r i s t i a n a m e n t e . Salió a servirlos u n a hija suya,
v e s t i d a en t r a j e m o r i s c o , y en él t a n h e r m o s a , q u e
las m á s g a l l a r d a s cristianas t u v i e r a n a v e n t u r a
el
p a r e c e r í a : q u e en las g r a c i a s q u e N a t u r a l e z a r e p a r te, t a m b i é n suele favorecer a las b á r b a r a s de Citia,
c o m o a las c i u d a d a n a s d e T o l e d o . E s t a , pues, h e r m o s a y m o r a , en lengua a l j a m i a d a , asiendo a C o s t a n z a y a A u r i s t e l a d e las m a n o s , se e n c e r r ó con
ellas en u n a sala baja, y, e s t a n d o solas, sin soltarles
las m a n o s , r e c a t a d a m e n t e m i r ó a t o d a s partes, t e m e r o s a de ser escuchada, y, después q u e h u b o a s e g u r a d o el miedo q u e m o s t r a b a , les d i j o :
— ¡ A y , señoras, y cómo habéis v e n i d o como m a n sas y simples ovejas al m a t a d e r o ! ¿ V e i s este viejo,
que con v e r g ü e n z a digo q u e es mi p a d r e , véisle t a n
a g a s a j a d o r v u e s t r o ? P u e s sabed que n o p r e t e n d e o t r a
170
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
cosa sino ser v u e s t r o v e r d u g o . E s t a noche se h a n de
llevar en peso, si así se p u e d e decir, diez y seis bajeles de cosarios berberiscos, a toda la g e n t e de este
l u g a r , con t o d a s sus haciendas, sin d e j a r en él cosa
q u e les m u e v a a volver a buscarla. P i e n s a n
estos
d e s v e n t u r a d o s q u e en B e r b e r í a está el g u s t o de sus
c u e r p o s y la salvación de sus a l m a s , sin a d v e r t i r
que, de m u c h o s pueblos que allá se h a n p a s a d o casi
enteros, n i n g u n o h a y que dé o t r a s n u e v a s sino de
a r r e p e n t i m i e n t o , el cual les viene j u n t a m e n t e con las
q u e j a s de su d a ñ o . L o s m o r o s de B e r b e r í a p r e g o n a n
glorias de aquella tierra, al sabor de las cuales cor r e n los moriscos de ésta, y dan en los lazos de su
d e s v e n t u r a . Si queréis e s t o r b a r la v u e s t r a y conserv a r la libertad en que v u e s t r o s p a d r e s os e n g e n d r a ron, salid luego d e esta casa y acogedos a la iglesia,
que en ella hallaréis quien os a m p a r e , q u e es el cura,
que sólo él y el escribano son en este l u g a r cristianos viejos. H a l l a r é i s t a m b i é n allí al j a d r a q u e J a r i f e ,
que es u n tío m í o , m o r o sólo en el n o m b r e , y en las
o b r a s cristiano. Contaldes lo q u e p a s a , y decid que
os lo dijo R a í a l a , que con esto seréis creídos y a m p a r a d o s ; y n o lo echéis en burla, si n o queréis que
las v e r a s os desengañen a v u e s t r a c o s t a : q u e
no
hay m a y o r e n g a ñ o que venir el d e s e n g a ñ o tarde.
E l susto, las acciones con que R a f a l a esto decía,
se asentó en las almas de A u r i s t e l a y d e Constanza,
de m a n e r a que fué creída, y no le respondieron otra
cosa que fuese m á s q u e a g r a d e c i m i e n t o s . L l a m a r o n
171
CERVANTES
luego a P e r i a n d r o y a A n t o n i o , y, contándoles lo q u e
p a s a b a , sin t o m a r ocasión a p a r e n t e , se salieron de la
casa c o n todo lo que t e n í a n . B a r t o l o m é , que quisiera
m á s d e s c a n s a r q u e m u d a r de p o s a d a , pesóle de la
m u d a n z a ; p e r o , en e í e t o , obedeció a sus señores.
L l e g a r o n a la iglesia, d o n d e fueron bien recebidos
del c u r a y del j a d r a q u e , a quien c o n t a r o n lo que R a íala les había dicho. E l c u r a d i j o :
— M u c h o s días ha, s e ñ o r e s , que n o s d a n s o b r e salto con la v e n i d a de esos bajeles d e B e r b e r í a ; y
a u n q u e es c o s t u m b r e suya hacer estas e n t r a d a s , la
t a r d a n z a de ésta m e tenía ya algo descuidado. E n t r a d , hijos, q u e buena t o r r e tenemos, y buenas y
f e r r a d a s p u e r t a s la iglesia, q u e , si n o es m u y
de
p r o p ó s i t o , n o p u e d e n ser d e r r i b a d a s ni a b r a s a d a s .
— ¡ A y — d i j o a esta sazón el j a d r a q u e — , si han
de v e r mis ojos, antes que se cierren, libre esta t i e r r a d e s t a s espinas y m a l e z a s que la o p r i m e n ! ¡ A y ,
c u á n d o llegará el tiempo q u e tiene profetizado
un
abuelo m í o , famoso en la astrología, d o n d e se v e r á
E s p a ñ a de todas p a r t e s e n t e r a y m a c i z a en la religión cristiana, q u e ella sola es el rincón del m u n d o
d o n d e está recogida y v e n e r a d a la v e r d a d e r a v e r d a d
de C r i s t o ! M o r i s c o soy, señores, y ojalá que n e g a r l o
p u d i e r a ; p e r o n o p o r esto dejo de ser c r i s t i a n o : q u e
las d i v i n a s g r a c i a s las da Dios a quien él es servido,
el cual tiene p o r c o s t u m b r e , como v o s o t r o s
mejor
sabéis, de h a c e r salir su sol sobre los buenos y los
m a l o s , y llover sobre los j u s t o s y los injustos. D i g o ,
172
PER
SI LES
Y SI GIS
HUNDA
p u e s , q u e este mi abuelo dejó dicho que, cerca de
estos tiempos, reinaría en E s p a ñ a u n rey de la Casa
de A u s t r i a , en c u y o á n i m o cabría la dificultosa r e solución d e d e s t e r r a r los moriscos de ella, bien así
c o m o el q u e a r r o j a de su seno la serpiente q u e le
está r o y e n d o las e n t r a ñ a s , o bien así como
quien
a p a r t a la neguilla del trigo, o escarda o a r r a n c a la
mala yerba de los s e m b r a d o s . V e n ya, ¡ o h v e n t u r o s o m o z o , y r e y p r u d e n t e ! , y p o n en ejecución el
gallardo decreto de este destierro, sin que se te oponga el t e m o r q u e h a de q u e d a r esta t i e r r a
desierta
y sin gente, y el de que n o s e r á bien la q u e en efeto
está en ella b a u t i z a d a ; que, a u n q u e éstos sean t e m o res d e consideración, el e f e t o de t a n g r a n d e obra los
h a r á vanos, m o s t r a n d o la experiencia, d e n t r o de poco
t i e m p o , q u e , con los nuevos cristianos viejos que esta
t i e r r a se poblare, se volverá a fertilizar y a p o n e r
en m u c h o m e j o r p u n t o q u e a g o r a tiene. T e n d r á n sus
señores, si n o t a n t o s y tan humildes vasallos, serán
los q u e tuvieren católicos, con cuyo a m p a r o e s t a r á n
estos caminos seguros, y la paz p o d r á llevar en las
m a n o s las riquezas, sin que los salteadores se las
lleven.
E s t o dicho, c e r r a r o n bien las p u e r t a s , fortaleciéronlas con los bancos de los asientos, subiéronse a la
t o r r e , a l z a r o n u n a escalera levadiza, llevóse el c u r a
consigo el S a n t í s i m o S a c r a m e n t o
en su
relicario,
p r o v e y é r o n s e de p i e d r a s , a r m a r o n dos escopetas, d e j ó
el b a g a j e m o n d o y d e s n u d o a la p u e r t a d e la iglesia
173
CERVANTES
B a r t o l o m é el m o z o , y e n c e r r ó s e con sus a m o s ; y
t o d o s , con ojo alerta y m a n o s listas, y con á n i m o s
determinados,
estuvieron
esperando
el
asalto,
de
quien avisados estaban p o r la hija del m o r i s c o . P a s ó
la m e d i a n o c h e , que la m i d i ó p o r l a s estrellas el
c u r a ; tendía los ojos p o r t o d o el m a r q u e desde allí
se p a r e c í a , y no había n u b e q u e con la luz de la luna
se pareciese, q u e n o p e n s a s e s i n o que fuesen los bajeles t u r q u e s c o s ; y, a g u i j a n d o a l a s c a m p a n a s , c o m e n z ó a repicallas t a n a p r i e s a y t a n recio, q u e t o d o s
aquellos valles y todas aquellas riberas r e t u m b a b a n ,
a cuyo son los a t a j a d o r e s de aquellas m a r i n a s
se
j u n t a r o n y las c o r r i e r o n t o d a s ; p e r o n o a p r o v e c h ó
su diligencia p a r a q u e los bajeles n o llegasen a la
r i b e r a y echasen la gente e n tierra. L a del lugar, q u e
los esperaba, c a r g a d o s con sus m á s ricos y mejores
a l h a j a s , a d o n d e fueron recebidos de los turcos con
g r a n d e g r i t a y a l g a z a r a , al son de m u c h a s dulzainas
y de o t r o s i n s t r u m e n t o s , q u e , puesto q u e e r a n bélicos, e r a n regocijados, p e g a r o n fuego al lugar, y asim i s m o a las p u e r t a s de la iglesia, n o p a r a e s p e r a r a
e n t r a r l a , sino p o r h a c e r el mal q u e p u d i e s e n ; d e j a r o n a B a r t o l o m é a pie, p o r q u e le d e j a r r e t a r o n
el
b a g a j e ; d e r r i b a r o n una c r u z de piedra que estaba a
la salida del pueblo, l l a m a n d o a g r a n d e s voces el
n o m b r e de M a h o m a ; se e n t r e g a r o n a los t u r c o s ,
l a d r o n e s pacíficos y d e s h o n e s t o s públicos. D e s d e la
lengua del a g u a , como dicen, c o m e n z a r o n a sentir
la pobreza q u e les a m e n a z a b a su m u d a n z a , y la d e s 174
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
h o n r a en q u e p o n í a n a sus m u j e r e s y a sus h i j o s .
M u c h a s veces, y quizá a l g u n a s n o en v a n o , dispar a r o n A n t o n i o y P e r i a n d r o las e s c o p e t a s ;
muchas
p i e d r a s a r r o j ó B a r t o l o m é , y todas a la p a r t e d o n d e
había d e j a d o el bagaje, y m u c h a s flechas el j a d r a q u e ; pero muchas más lágrimas echaron Auristela y
Constanza, pidiendo a D i o s , que presente tenían, que
de t a n m a n i f i e s t o peligro los librase, y a n s i m i s m o
que n o ofendiese el fuego a su t e m p l o , el cual n o
a r d i ó , n o p o r milagro, sino p o r q u e las p u e r t a s e r a n
de h i e r r o , y p o r q u e fué poco el fuego q u e se les
aplicó. P o c o faltaba p a r a llegar el día, c u a n d o los
bajeles, c a r g a d o s con la presa, se hicieron al m a r ,
a l z a n d o regocijados lilíes, y tocando infinitos
ata-
bales y dulzainas, y en esto vieron venir dos p e r s o n a s c o r r i e n d o hacia la iglesia, la u n a de la p a r t e de
la m a r i n a , y la o t r a de la de tierra, q u e , llegando
cerca, conoció el j a d r a q u e q u e la u n a e r a su sobrina
R a í a l a , q u e , con u n a c r u z de c a ñ a en las m a n o s ,
venía diciendo a v o c e s :
— ¡ C r i s t i a n a , cristiana y libre, y libre p o r la g r a cia y misericordia de D i o s !
L a o t r a conocieron
ser el escribano, que
acaso
aquella noche estaba fuera del lugar, y, al son del
a r m a de las c a m p a n a s , venía a ver el suceso, q u e
lloró, n o p o r la p é r d i d a de sus hijos y de su m u j e r ,
que allí n o los tenia, sino p o r la de su casa, que halló
r o b a d a y a b r a s a d a . D e j a r o n e n t r a r el dia y que lobajeles se alargasen, y que los a t a j a d o r e s
tuviesen
CERVANTES
l u g a r de a s e g u r a r la costa, y entonces b a j a r o n de la
t o r r e y a b r i e r o n la iglesia, d o n d e e n t r ó R a í a l a , b a ñ a d o con alegres lágrimas el r o s t r o , y acrecentando
con su sobresalto su h e r m o s u r a , hizo oración a las
imágenes y luego se a b r a z ó con su tío, besando p r i m e r o las m a n o s al c u r a . E l escribano, ni a d o r ó ni besó
las m a n o s a nadie, p o r q u e le tenía o c u p a d a el alma
el s e n t i m i e n t o d e la p é r d i d a de su hacienda. P a s ó el
sobresalto, volvieron los espíritus de los r e t r a í d o s a
su l u g a r , y el j a d r a q u e , c o b r a n d o aliento nuevo, volv i e n d o a p e n s a r en la p r o f e c í a de su abuelo, casi
c o m o lleno d e celestial espíritu, d i j o :
—¡Ea,
mancebo
generoso;
ea,
rey
invencible;
atropella, r o m p e , desbarata t o d o g é n e r o de inconvenientes, y d é j a n o s a E s p a ñ a t e r s a , limpia y d e s embarazada
desta
mi
mala
casta,
que
tanto
la
a s o m b r a y m e n o s c a b a ! ¡ E a , consejero t a n p r u d e n t e
c o m o ilustre, n u e v o A t l a n t e del peso de esta m o n a r quía, a y u d a y facilita con t u s consejos a esta neces a r i a t r a n s m i g r a c i ó n ; llénense estos m a r e s de tus g a leras, c a r g a d a s del inútil peso de la g e n e r a c i ó n a g a r e n a ; v a y a n a r r o j a d a s a las c o n t r a r i a s riberas las
z a r z a s , las malezas y las o t r a s y e r b a s q u e estorban
el crecimiento de la fertilidad y a b u n d a n c i a cristian a ! Q u e si los pocos h e b r e o s q u e p a s a r o n a E g i p t o
multiplicaron t a n t o , que en su salida se c o n t a r o n
m á s de seiscientas mil familias, ¿ q u é se p o d r á t e m e r
de éstos, que son m á s y viven m á s h o l g a d a m e n t e ?
N o los esquilman las religiones, n o los entresacan
176
PERSILES
Y
SIGISMUNDA
las I n d i a s , no los q u i n t a n las g u e r r a s ; t o d o s se casan, todos, o los m á s , e n g e n d r a n , de do se sigue y
se infiere que su multiplicación y a u m e n t o h a d e ser
i n n u m e r a b l e . ¡ E a , p u e s , vuelvo a d e c i r ; v a y a n , vayan, señor, y deja la taza de t u reino resplandeciente
como el sol y h e r m o s a como el cielo!
D o s días estuvieron en aquel lugar los p e r e g r i n o s ,
volviendo a e n t e r a r s e en lo q u e les faltaba, y B a r t o lomé se a c o m o d ó de bagaje, los peregrinos a g r a d e cieron al c u r a su b u e n acogimiento y a l a b a r o n los
buenos p e n s a m i e n t o s del j a d r a q u e , y, a b r a z a n d o a
R a í a l a , se despidieron de t o d o s y siguieron su camino.
177
—Berganza, amigo, dejemos esta noche
el Hospital en guarda de la confianza...
NOVELA
QUE PASO
Y
C O L O Q U I O
ENTRE CIPION
Y
BERGANZA,
PERROS D E L HOSPITAL D E LA RESURRECCIÓN, QUE ESTÁ
E N LA CIUDAD D E VALLADOLID, FUERA D E LA PUERTA
D E L CAMPO, A QUIEN COMÚNMENTE LLAMAN LOS PERROS
DE MAHUDES
C I P I Ó N . — B e r g a n z a , a m i g o , d e j e m o s e s t a n o c h e el
H o s p i t a l e n g u a r d a d e la confianza y r e t i r é m o n o s a
esta s o l e d a d y e n t r e esas e s t e r a s , d o n d e
g o z a r sin ser
podremos
sentidos desta n o vista merced que
el cielo e n u n m i s m o p u n t o a l o s d o s n o s h a h e c h o .
BERGANZA.—Cipión h e r m a n o , ó y o t e h a b l a r , y
que te hablo, y n o puedo creerlo, por
sé
parecerme
q u e el h a b l a r n o s o t r o s p a s a d e los t é r m i n o s d e n a turaleza.
C I P I Ó N . — A s i es la v e r d a d , B e r g a n z a , y v i e n e a s e r
m a y o r este milagro en que no solamente hablamos,
sino e n q u e h a b l a m o s con d i s c u r s o , c o m o si
fuéra-
m o s capaces de r a z ó n , e s t a n d o t a n sin ella, q u e la
diferencia q u e h a y del a n i m a l b r u t o al h o m b r e , es
ser el h o m b r e animal racional, y el b r u t o , i r r a c i o n a l .
181
•n»»
fin.
h±±gr§¿uu.
CERVANTES
B E R G A N Z A . — T o d o lo q u e dioes, Cipión, entiendo,
y el decirlo t ú y e n t e n d e r l o y o m e c a u s a n u e v a a d m i r a c i ó n y n u e v a m a r a v i l l a . B i e n es v e r d a d q u e e n
el d i s c u r s o d e m i v i d a d i v e r s a s y m u c h a s veces h e
oído decir g r a n d e s p r e r r o g a t i v a s n u e s t r a s ; t a n t o , q u e
parece que algunos han
querido
sentir que tene-
m o s u n n a t u r a l distinto, t a n vivo y t a n a g u d o
m u c h a s cosas, q u e d a indicios y señales d e
en
faltar
p o c o p a r a m o s t r a r q u e t e n e m o s u n n o sé q u é d e entendimiento, capaz de discurso.
C I P I Ó N . — L o q u e y o h e o í d o a l a b a r y encarecer es
n u e s t r a m u c h a m e m o r i a , el a g r a d e c i m i e n t o y g r a n fidelidad
n u e s t r a ; t a n t o , q u e n o s suelen p i n t a r
por
símbolo d e l a a m i s t a d .
BERGANZA.—Bien
sé q u e
ha habido perros
tan
a g r a d e c i d o s , q u e se h a n a r r o j a d o c o n los cuerpos dif u n t o s d e s u s a m o s en la m i s m a s e p u l t u r a .
Otros
h a n e s t a d o sobre l a s s e p u l t u r a s d o n d e e s t a b a n e n t e r r a d o s s u s s e ñ o r e s , sin a p a r t a r s e
dellas, sin c o -
m e r , h a s t a q u e se les a c a b a b a la v i d a . Sé t a m b i é n
q u e d e s p u é s del elefante, el p e r r o tiene el p r i m e r
l u g a r d e p a r e c e r q u e t i e n e e n t e n d i m i e n t o ; l u e g o , el
caballo, y el ú l t i m o , la j i m i a .
C I P I Ó N . — A n s í e s ; p e r o bien c o n f e s a r á s q u e ni h a s
v i s t o ni oído decir j a m á s q u e h a y a h a b l a d o n i n g ú n
elefante, p e r r o , caballo o m o n a ; p o r d o n d e m e d o y
a e n t e n d e r q u e este n u e s t r o h a b l a r t a n d e i m p r o v i so c a e d e b a j o del n ú m e r o d e aquellas cosas q u e llam a n p o r t e n t o s . P e r o sea l o q u e fuere, n o s o t r o s h a 182
COLOQUIO
DE
LOS
PERROS
blamos, s e a p o r t e n t o o n o ; q u e lo q u e el cielo tiene
o r d e n a d o q u e suceda, n o h a y diligencia ni s a b i d u r í a
h u m a n a q u e lo p u e d a p r e v e n i r ; n o sabemos c u á n t o
d u r a r á esta n u e s t r a v e n t u r a , s e p a m o s a p r o v e c h a r n o s
della, y hablemos t o d a e s t a n o c h e , sin d a r l u g a r sí
sueño q u e n o s impida este g u s t o , de mí p o r l a r g o s
tiempos d e s e a d o .
B E R G A N Z A . — Y a u n de m í , q u e desde q u e t u v e fuerzas p a r a r o e r u n h u e s o , t u v e deseo d e h a b l a r , p a r a
decir cosas q u e depositaba e n la m e m o r i a , y allí,
de a n t i g u a s y m u c h a s , o se e n m o h e c í a n o se m e olv i d a b a n . E m p e r o a h o r a , q u e t a n sin p e n s a r l o
me
veo enriquecido d e s t e divino d o n d e l a habla, pienso gozarle y a p r o v e c h a r m e del lo m á s q u e p u d i e r e ,
d á n d o m e p r i e s a a decir t o d o aquello q u e se m e a c o r dare, a u n q u e sea atropellada y c o n f u s a m e n t e , p o r q u e n o sé c u á n d o m e v o l v e r á n a p e d i r e s t e bien,
que p o r prestado tengo.
CIPIÓN.—Sea
é s t a la m a n e r a ,
Berganza amigo:
q u e e s t a n o c h e m e cuentes t u vida y los t r a n c e s p o r
d o n d e h a s v e n i d o al p u n t o e n q u e a h o r a t e hallas,
y si m a ñ a n a en l a n o c h e e s t u v i é r e m o s c o n habla,
y o te c o n t a r é la m í a ; p o r q u e m e j o r será g a s t a r el
t i e m p o e n c o n t a r las p r o p i a s q u e e n p r o c u r a r
sa-
ber >las ajenas v i d a s .
B E R G A N Z A . — S i e m p r e , Cipión, te h e tenido p o r d i s creto y por amigo, y a h o r a más que nunca, pues
c o m o a m i g o quieres d e c i r m e t u s sucesos y saber los
183
CERVANTES
míos, y c o m o d i s c r e t o h a s r e p a r t i d o el t i e m p o , d o n de p o d a m o s m a n i f e s t a l l o s .
C I P I Ó N . — H a b l a h a s t a q u e a m a n e z c a , o h a s t a que
seamos sentidos; que yo t e escucharé de muy buen a g a n a , sin i m p e d i r t e s i n o c u a n d o v i e r e ser necesario.
B E R G A N Z A . — P a r é c e m e q u e la p r i m e r a vez q u e vi
ti sol fué e n Sevilla, y e n s u m a t a d e r o , q u e e s t á
fuera d e la P u e r t a d e la C a r n e ; p o r d o n d e i m a g i n a r a
(si n o fuera p o r lo q u e d e s p u é s te diré) q u e mis p a d r e s d e b i e r o n de ser alanos de aquellos q u e crían los
m i n i s t r o s d e aquella confusión, a quien llaman j i feros. E l p r i m e r o que conocí p o r a m o fué u n o llamad o N i c o l á s el R o m o , m o z o r o b u s t o , doblado y colérico, c o m o lo son i o d o s aquellos q u e e j e r c i t a n la j i fería: este tal Nicolás me enseñaba a mí y a otros
c a c h o r r o s a q u e , en c o m p a ñ í a d e alanos viejos a r r e m e t i é s e m o s a los t o r o s y les hiciésemos p r e s a de las
o r e j a s . Con m u c h a facilidad salí u n águila en esto.
Va
din
p u s e pies e n p o l v o r o s a , y t o m a n d o el ca-
m i n o e n las m a n o s y en los pies, p o r d e t r á s de S a n
B e r n a r d o , m e fui p o r aquellos campos d e Dios, a d o n de la f o r t u n a quisiese l l e v a r m e . Aquella noche dormí
al cielo abierto, y o t r o día m e d e p a r ó la s u e r t e u n h a t o
o r e b a ñ o de ovejas y c a r n e r o s . A s í c o m o le vi, creí q u e
había h a l l a d o en él el c e n t r o de mi reposo, p a r e c i é n d o m e s e r p r o p i o y n a t u r a l oficio de l o s p e r r o s g u a r d a r
g a n a d o , q u e es o b r a d o n d e se e n c i e r r a u n a v i r t u d
g r a n d e , c o m o es a m p a r a r y d e f e n d e r d e los p o d e 84
•a"
'"iSi*"
COLOQUIO
DE
LOS
"oPERROS
rosos y soberbios los h u m i l d e s y líos q u e p o c o p u e den. A p e n a s m e h u b o visto u n o de t r e s pastores
q u e el g a n a d o g u a r d a b a n c u a n d o d i c i e n d o : " ¡ T o ,
t o ! " m e llamó, y y o , que o t r a cosa n o deseaba, m e
llegué a él, b a j a n d o l a cabeza y m e n e a n d o l a cola.
T r u j ó m e l a m a n o p o r el l o m o , a b r i ó m e la boca,
escupióme e n ella, m i r ó m e las p r e s a s , conoció mi
edad, y dijo a o t r o s pastores q u e y o tenía t o d a s las
señales de ser p e r r o de casta. L l e g ó a e s t e i n s t a n t e
el señor del g a n a d o sobre u n a y e g u a rucia a l a j i neta, con lanza y a d a r g a , q u e m á s p a r e c í a a t a j a d o r
de la costa q u e señor d e g a n a d o . P r e g u n t ó a/1 p a s t o r : " ¿ Q u é p e r r o es éste, q u e tiene señales d e ser
b u e n o ? " " B i e n l o p u e d e v u e s a m e r c e d creer — r e s pondió el p a s t o r — , q u e y o le h e cotejado bien, y n o
h a y señal e n él q u e n o m u e s t r e y p r o m e t a q u e h a de
ser u n g r a n p e r r o . A g o r a se llegó a q u i , y n o sé c u y o
sea, a u n q u e sé q u e no e s de los r e b a ñ o s d e la r e d o n d a . " " P u e s así e s — r e s p o n d i ó el s e ñ o r — , ponle
luego el collar d e Leoncillo, el p e r r o q u e se m u r i ó ,
y denle la ración q u e a ios d e m á s , y acaricíale p o r q u e t o m e c a r i ñ o al h a t o y se q u e d e en é l . " E n diciend o esto s e fué, y el p a s t o r m e p u s o luego al cuello
u n a s c a r l a n c a s llenas d e p u n t a s de acero, h a b i é n d o m e d a d o p r i m e r o en u n d o r n a j o g r a n c a n t i d a d de
sopas e n leche. Y a s i m i s m o m e p u s o n o m b r e y m e
llamó Barcino.
V i m e h a r t o y contento con el se-
g u n d o a m o y con el n u e v o oficio; m o s t r é m e solícito
y diligente en la g u a r d a del r e b a ñ o , sin a p a r t a r m e
185
CERVANTES
del sino las siestas, q u e m e iba a pasarlas, o y a a
la s o m b r a de a l g ú n á r b o l , o de a l g ú n ribazo o peña,
o a l a de a l g u n a m a t a , a l a m a r g e n d e a l g ú n a r r o y o
de los m u c h o s q u e p o r allí c o r r í a n . Y estas h o r a s
de m i sosiego n o las p a s a b a ociosas, p o r q u e e n ellas
ocupaba la m e m o r i a e n a c o r d a r m e d e m u c h a s cosas,
especialmente e n l a v i d a q u e h a b í a t e n i d o e n el M a t a d e r o . P e r o h a b r é l a s de callar, p o r q u e n o m e t e n ga» p o r largo y p o r
murmurador.
CIPIÓN.'—Por h a b e r oído d e c i r q u e d i j o u n g r a n
poeta
d e l o s a n t i g u o s q u e e r a difícil
cosa el n o
escribir s á t i r a s , consentiré q u e m u r m u r e s u n
poco
de l u z , y n o d e s a n g r e ; q u i e r o decir q u e señales,
y n o hieras n i des m a t e a n i n g u n o e n cosa señalad a ; q u e n o es b u e n a la m u r m u r a c i ó n , a u n q u e h a g a
r e í r a m u c h o s , si m a t a a u n o ; y si p u e d e s a g r a d a r sin ella, t e t e n d r é p o r m u y d i s c r e t o .
BERGANZA.—Yo t o m a r é
con g r a n
tu
consejó,
d e s e o q u e llegue el t i e m p o
y
esperaré
e n que m e
cuentes t u s s u c e s o s ; q u e d e q u i e n t a n
bien
sabe
conocer y e n m e n d a r los d e f e t o s q u e t e n g o en cont a r l o s míos, bien se p u e d e e s p e r a r q u e
contará
los s u y o s d e m a n e r a q u e e n s e ñ e n y deleiten a u n
m i s m o p u n t o . D i g o , p u e s , q u e y o m e hallaba bien
con el oficio d e g u a r d a r g a n a d o , p o r p a r e c e r m e q u e
comía el p a n de mi s u d o r y t r a b a j o , y que la ociosidad, raíz y m a d r e d e t o d o s los vicios, n o tenía
q u e v e r c o n m i g o , a c a u s a q u e si los días holgaba,
las noches n o d o r m í a , d á n d o n o s asaltos a m e n u d o
186
COLOQUIO
DE
LOS
PERROS
y t o c á n d o n o s a a r m a los l o b o s ; y a p e n a s m e
ha-
bían d i c h o l o s p a s t o r e s : " ¡ A l lobo, B a r c i n o ! " , c u a n d o a c u d í a , p r i m e r o q u e los o t r o s p e r r o s , a la p a r t e
q u e m e señalaban q u e estaba el l o b o ; c o r r í a los valles, e s c u d r i ñ a b a los m o n t e s , d e s e n t r a ñ a b a l a s selvas,
saltaba b a r r a n c o s , c r u z a b a caminos, y a l a m a ñ a n a
volvía al h a t o , sin h a b e r h a l l a d o lobo ni r a s t r o del,
a n h e l a n d o , c a n s a d o , h e c h o pedazos y los pies abiertos d e los g a r r a n c h o s , y hallaba en el h a t o , o ya u n a
oveja m u e r t a , o u n c a r n e r o degollado y medio comid o del lobo. D e s e s p e r á b a m e d e ver de c u a n poco servía m i m u c h o c u i d a d o y diligencia. Venía el señor del
g a n a d o ; salían los p a s t o r e s a recebirle con las pieles d e la res m u e r t a ; culpaba a los p a s t o r e s p o r n e gligentes, y m a n d a b a castigar a los p e r r o s p o r p e r e zosos ; llovían sobre n o s o t r o s palos, y sobre ellos r e p r e h e n s i o n e s ; y así, v i é n d o m e u n d í a castigado sin
culpa, y q u e mi c u i d a d o , ligereza y b r a v e z a n o e r a n
d e p r o v e c h o p a r a coger el lobo, d e t e r m i n é de m u d a r
estilo, n o d e s v i á n d o m e a buscarle, c o m o tenía de
c o s t u m b r e , lejos del r e b a ñ o , s i n o e s t a r m e j u n t o a
él; q u e p u e s el lobo allí venía allí sería m á s cierta
la p r e s a . C a d a s e m a n a n o s tocaban a rebato, y en
una
escurísima
noche t u v e y o vista p a r a ver
los
lobos, de q u i e n e r a imposible q u e el g a n a d o se g u a r dase. A g á c h e m e
detrás de una mata, pasaron
los
p e r r o s , mis c o m p a ñ e r o s , adelante, y d e s d e allí oteé,
y vi q u e dos p a s t o r e s asieron de u n c a r n e r o de los
m e j o r e s del a p r i s c o y le m a t a r o n , d e m a n e r a q u e
187
CERVANTES
v e r d a d e r a m e n t e pareció a la m a ñ a n a q u e había sido
su v e r d u g o di lobo. P á s m e m e , q u e d é s u s p e n s o cuando v i q u e los p a s t o r e s e r a n l o s lobos, y q u e desped a z a b a n el g a n a d o los m i s m o s q u e le h a b í a n d e g u a r d a r . A l p u n t o h a c í a n saber a s u a m o la p r e s a del
lobo, dábanle el pellejo y p a r t e d e la c a r n e , y comíanse ellos lo m á s y lo.mejor. Volvía a r e ñ i r l e s el señor, y
volvía t a m b i é n el castigo de l o s p e r r o s . N o había lob o s ; m e n g u a b a el r e b a ñ o ; quisiera y o d e s c u b r i l l o ;
h a l l á b a m e m u d o ; t o d o lo cual m e t r a í a lleno d e a d m i ración y d e congoja. " ¡ V á l a m e D i o s ! — d e c í a e n t r e
mí—. ¿Quién podrá remediar esta maldad? ¿Quién
será p o d e r o s o a d a r a e n t e n d e r q u e l a d e f e n s a o f e n de, q u e las centinelas d u e r m e n , q u e la confianza roba
y el q u e os g u a r d a o s m a t a ? "
CIPIÓN.—Y decías m u y bien, B e r g a n z a ; p o r q u e
n o h a y m a y o r ni m á s sotü l a d r ó n q u e el doméstico,
y así, m u e r e n m u c h o s m á s d e los confiados q u e d e
los r e c a t a d o s ; p e r o el d a ñ o e s t á e n q u e es imposible
que p u e d a n p a s a r bien las g e n t e s e n él m u n d o si n o
se fía y se c o n f í a . M a s q u é d e s e a q u í e s t o , q u e n o
q u i e r o q u e p a r e z c a m o s p r e d i c a d o r e s . P a s a adelante.
BERGANZA.—Paso a d e l a n t e , y d i g o q u e determiné
dejar aquel oficio, a u n q u e p a r e c í a tan b u e n o , y escoger o t r o , d o n d e p o r h a c e r l e bien, y a q u e n o fuese r e m u n e r a d o , n o fuese c a s t i g a d o . V a l v í m e a S e villa, q u e es a m p a r o d e p o b r e s y r e f u g i o d e desechados ; q u e e n su g r a n d e z a n o sólo caben los p e queños, p e r o n o se e c h a n d e v e r los g r a n d e s . Arri188
COLOQUIO
DE
LOS
PERROS
même a Sa p u e r t a d e u n a g r a n casa de u n
merca-
der, h i c e mis a c o s t u m b r a d a s diligencias, y a pocos
lances me q u e d é en ella. R e c i b i é r o n m e p a r a t e n e r me a t a d o d e t r á s d e la p u e r t a de día, y suelto de n o che; servía c o n g r a n c u i d a d o y diligencia;
ladra-
ha a Jos forasteros y g r u ñ í a a los q u e n o e r a n m u y
c o n o c i d o s ; no d o r m í a de noche, visitando los cor r a l e s , subiendo a l o s t e r r a d o s , h e c h o universal centinela de l a mía y d e las cosas ajenas. A g r a d ó s e t a n t o mi a m o d e mi b u e n servicio, q u e m a n d ó que m e
t r a t a s e n bien y m e diesen ración d e p a n y los huesos
que se levantasen o a r r o j a s e n d e su mesa, con las
sobras de la cocina, a 3o q u e y o m e m o s t r a b a a g r a decido, d a n d o infinitos saltos c u a n d o veía a mi amo,
especialmente c u a n d o venía d e fuera ; que e r a n t a n tas las m u e s t r a s d e regocijo q u e daba, y t a n t o s los
saltos, que mi amo o r d e n ó q u e m e d e s a t a s e n y m e
deia^en a n d a r suelto de día y de noche. C o m o m e
vi suelto, corrí a él, rodeóle todo, sin o s a r llegarte
con Jas m a n o s , a c o r d á n d o m e d e la fábula; d e Tsopo, c u a n d o aquél a s n o t a n a s n o , q u e q u i s o h a c e r a
su s e ñ o r Jas m i s m a s caricias q u e le hacíai u n a p e r r i lla r e g a l a d a suya, que le g r a n j e a r o n ser m o l i d o a
palos. P a r e c i ó m e q u e en esta fábula se n o s dio a
e n t e n d e r q u e las g r a c i a s y d o n a i r e s de a l g u n o s n o
están bien en o t r o s . E s t e m e r c a d e r , p u e s , tenía d o s
hijos, el u n o de doce y el o t r o de h a s t a c a t o r c e a ñ o s ,
los cuales e s t u d i a b a n g r a m á t i c a en él e s t a d i o d e la
C o m p a ñ í a d e J e s ú s ; iban con autoridad, c o n a y o y.
CERVANTES
con pajes q u e les llevaban los libros y a q u e l q u e llam a n vademécum.
E l verlos i r c o n t a n t o a p a r a t o , en
sillas si hacía sol, en coche si llovía, m e h i z o cons i d e r a r y r e p a r a r en la m u c h a llaneza c o n q u e su
p a d r e iba a la L o n j a a negociar s u s negocios, p o r q u e n o llevaba o t r o c r i a d o q u e u n n e g r o , y algu n as
veces se d e s m a n d a b a a ir e n u n m a c h u e l o a u n n o
bien a d e r e z a d o .
CIPIÓN.—Has d e saber, B e r g a n z a , q u e es c o s t u m b r e y condición de los m e r c a d e r e s
d e Sevilla,
y a u n d e las o t r a s ciudades, m o s t r a r su a u t o r i d a d
y
riqueza,
no
e n sus p e r s o n a s ,
sino
en
las
de
sus h i j o s ; p o r q u e los m e r c a d e r e s son m a y o r e s e n su
s o m b r a q u e e n sí m i s m o s . Y c o m o ellos p o r m a r a villa a t i e n d e n a o t r a cosa q u e a s u s t r a t o s y c o n t r a tos, t r á t a n s e m o d e s t a m e n t e ; y c o m o la ambición y
la r i q u e z a m u e r e p o r m a n i f e s t a r s e , r e v i e n t a p o r sus
h i j o s , y así los t r a t a n y a u t o r i z a n c o m o si
fuesen
hijos d e a l g ú n p r í n c i p e ; y a l g u n o s h a y q u e les p r o c u r a n títulos, y ponerles e n el p e c h o la m a r c a q u e
t a n t o distingue la g e n t e principal de la plebeya.
BERGANZA.—'Ambición e s , p e r o ambición generosa, la d e a q u e l q u e p r e t e n d e m e j o r a r s u estado sin
perjuicio d e t e r c e r o .
CIPIÓN.—Pocas o n i n g u n a vez se c u m p l e con la
ambición que n o sea con d a ñ o de t e r c e r o .
BERGANZA.—Ya h e m o s dicho q u e n o h e m o s de
murmurar.
CIPIÓN.—Sí, q u e y o n o m u r m u r o d e n a d i e .
190
COLOQUIO
DE
LOS
PERROS
BERGANZA.—Ahora acabo de confirmar p o r v e r d a d
lo q u e m u c h a s veces h e oído decir. A c a b a u n m a l diciente m u r m u r a d o r d e e c h a r a p e r d e r diez linajes
y de caluniar veinte b u e n o s , y si a l g u n o le r e p r e h e n d e
p o r lo q u e h a dicho, r e s p o n d e que él n o h a d i c h o
n a d a ; y q u e si h a dicho algo, n o lo h a dicho p o r
t a n t o ; y q u e si p e n s a r a q u e a l g u n o se había de
a g r a v i a r , n o flo d i j e r a .
CIPIÓN.—Así es v e r d a d , y y o confieso m i y e r r o ,
y q u i e r o q u e m e le p e r d o n e s , p u e s t e he p e r d o n a d o
t a n t o s ; echemos pelillos a la m a r , como dicen los
m u c h a c h o s , y n o m u r m u r e m o s de a q u í a d e l a n t e ; y
sigue t u c u e n t o , q u e le d e j a s t e e n la a u t o r i d a d con
q u e los hijos del m e r c a d e r t u a m o iban al estudio
de Ja C o m p a ñ í a d e J e s ú s .
BERGANZA.—'Digo q u e los h i j o s de mi a m o se d e j a r o n u n día u n c a r t a p a c i o e n el patio, d o n d e yo a la
sazón e s t a b a ; así del vademécum
y f u í m e t r a s ellos,
con intención d e n o soltalle h a s t a el estudio. S u c e
d i ó m e t o d o c o m o lo d e s e a b a : q u e m is a m o s , q u e m e
v i e r o n v e n i r con el vademécum
e n la boca, asido
s c t i l m e n t e d e las cintas, m a n d a r o n a u n p a j e
me
le q u i t a s e ; m a s y o n o lo consentí, ni le solté h a s t a q u e e n t r é en el a u l a con él, cosa q u e causó risa
a t o d o s los e s t u d i a n t e s . L l e g ú e m e al m a y o r de mi s
a m o s , y , a m i parecer, c o n m u c h a crianza, se le p u se en las m a n o s , y q u é d e m e s e n t a d o en cuclillas a
la p u e r t a del aula, m i r a n d o d e hito e n h i t o al m a e s t r o q u e e n l a c á t e d r a leía. N o sé q u é t i e n e la v i r 191
ÍAX-V
CERVANTES
tud, q u e , c o n a l c a n z á r s e m e a m í t a n p o c o , o n a d a ,
della, luego recibí g u s t o de v e r el a m o r , el t é r m i n o ,
la solicitud y da i n d u s t r i a con q u e aquellos benditos
p a d r e s y m a e s t r o s e n s e ñ a b a n a aquellos niños, end e r e z a n d o l a s t i e r n a s v a r a s d e su j u v e n t u d , p o r q u e
n o torciesen ni t o m a s e n mal siniestro en el camino
de la v i r t u d , q u e j u n t a m e n t e con las letras íes m o s t r a b a n . C o n s i d e r a b a cómo los r e ñ í a n con suavidad,
los castigaban c o n misericordia, los a n i m a b a n con
ejemplos, los incitaban con p r e m i o s y los sobrellevaban con c o r d u r a , y,
finalmente,
c ó m o les p i n t a b a n la
fealdad y h o r r o r d e los vicios, y les d i b u j a b a n la
h e r m o s u r a d e las v i r t u d e s , p a r a que,
aborrecidos
ellos y a m a d a s ellas, consiguiesen el fin p a r a q u e fuer o n c r i a d o s . M i s a m o s g u s t a r o n de q u e les llevase
siempre el vademécum,
lo q u e hice de m u y buena
v o l u n t a d ; con lo cual tenía u n a v i d a d e rey, y a u n
mejor, p o r q u e e r a d e s c a n s a d a , a c a u s a q u e los e s t u d i a n t e s dieron en b u r l a r s e c o n m i g o , y d o m e s t i q u é m e con ellos d e tal m a n e r a , q u e m e m e t í a n la m a n o
en l a b o c a y los m á s chiquillos subían sobre m í ;
a r r o j a b a n los bonetes o s o m b r e r o s , y y o s e los volvía a la m a n o limpiamente y con m u e s t r a s de g r a n d e
regocijo. D i e r o n en d a r m e d e c o m e r c u a n t o ellos p o dían, y g u s t a b a n d e v e r q u e c u a n d o m e daban n u e ces o avellanas, las p a r t í a c o m o m o n a , d e j a n d o las
cascaras y c o m i e n d o lo t i e r n o . T a l h u b o que, p o r
hacer p r u e b a d e mi habilidad, m e t r u j o en u n p a ñuelo g r a n c a n t i d a d de e n s a l a d a , la cual comí como
192
COLOQUIO
DE
LOS
PERROS
si f u e r a persona. E r a t i e m p o de invierno,
cuando
c a m p e a n en Sevilla los molletes y mantequillas, d e
q u i e n e r a t a n bien servido, q u e m á s d e d o s
Anto-
nios se e m p e ñ a r o n o vendieron p a r a q u e y o a l m o r zase. F i n a l m e n t e , y o pasaba u n a v i d a d e e s t u d i a n t e
sin h a m b r e y s i n s a r n a , q u e e s lo q u e m á s se p u e d e
encarecer p a r a decir q u e e r a buena. D e s t a gloria y
desta q u i e t u d m e vino a q u i t a r u n a s e ñ o r a q u e , a
mi p a r e c e r , llaman p o r ahí r a z ó n de estado,
que
c u a n d o con ella se cumple se h a d e descumplir con
o t r a s razones m u c h a s . E s el caso q u e a aquellos señ o r e s m a e s t r o s les p a r e c i ó q u e la m e d i a h o r a q u e
h a y de lición a lición la o c u p a b a n los estudiantes,
no e n r e p a s a r las liciones, sino en h o l g a r s e c o n m i g o ;
y así, o r d e n a r o n a m i s a m o s q u e n o m e llevasen m á s
al e s t u d i o ; obedecieron, v o l v i é r o n m e a casa y a la
a n t i g u a g u a r d a de l a p u e r t a , y, sin a c o r d a r s e señor
el viejo d e l a m e r c e d q u e m e h a b í a n h e c h o d e q u e
de d í a y de n o c h e a n d u v i e s e suelto, volví a e n t r e g a r
el cuello a la c a d e n a y el c u e r p o a u n a esterilla q u e
d e t r á s d e la p u e r t a m e p u s i e r o n . ¡ A y , amigo G p i ó n ,
si supieses c u a n d u r a cosa es d e sufrir el p a s a r d e
u n e s t a d o felice a u n d e s d i c h a d o ! M i r a : c u a n d o las
miserias y desdichas tienen l a r g a la c o r r i e n t e y son
c o n t i n u a s , o se a c a b a n p r e s t o con la m u e r t e , o la
continuación dellas h a c e u n h á b i t o y c o s t u m b r e en
psdecelLas, q u e suele e n su m a y o r rigor servir
de
a l i v i o ; m a s c u a n d o de la s u e r t e desdichada y calamitosa, sin p e n s a r l o y d e improviso, se sale a g o 193
XXI.—13
CERVANTES
zar d e o t r a s u e r t e p r ó s p e r a , v e n t u r o s a y alegre, y
de allí a p o c o se v u e l v e a p a d e c e r la s u e r t e primera, y a los p r i m e r o s t r a b a j o s y desdichas, es u n dolor t a n r i g u r o s o , que si n o acaba la vida es p o r
atormentarla
m á s viviendo. D i g o , en fin, q u e vol-
ví a m i ración p e r r u n a , y a l o s h u e s o s q u e u n a n e g r a d e casa m e a r r o j a b a , y a u n éstos m e dezmaban
dos g a t o s r o m a n o s ;
que, c o m o
sueltos y ligeros,
érales fácil q u i t a r m e lo q u e n o caía debajo del distrito q u e alcanzaba mi cadena. Cipión h e r m a n o , así
el Cielo t e conceda el bien q u e deseas, q u e , sin que
te e n f a d e s , m e dejes a h o r a filosofar u n p o c o ; p o r q u e
si d e j a s e de decir las cosas q u e e n este i n s t a n t e m e
h a n v e n i d o a la m e m o r i a d e aquellas q u e entonces
m e o c u r r i e r o n , m e p a r e c e q u e n o sería m i historia
cabal ni d e f r u t o a l g u n o .
CIPIÓN.—Advierte, B e r g a n z a , n o sea tentación del
d e m o n i o esa g a n a d e
filosofar
q u e dices t e h a v e -
n i d o ; p o r q u e n o tiene la m u r m u r a c i ó n m e j o r
velo
p a r a paliar y e n c u b r i r su m a l d a d disoluta que d a r se a e n t e n d e r el m u r m u r a d o r q u e t o d o c u a n t o dice
son sentencias d e filósofos, y q u e él decir mal es r e p r e h e n s i ó n , y el d e s c u b r i r los defetos ajenos, b u e n
celo. Y n o h a y v i d a de n i n g ú n m u r m u r a n t e que, si
la c o n s i d e r a s y e s c u d r i ñ a s , n o la halles llena d e vicios
y de insolencias. Y debajo de saber esto,
filosofea
a h o r a c u a n t o quisieres.
BERGANZA.—Seguro p u e d e s estar, Cipión, de q u e
m á s m u r m u r e , p o r q u e así l o t e n g o p r o s u p u e s t o . E s ,
194
COLOQUIO
DE
LOS
PERROS
p u e s , el caso, que como m e estaba t o d o el día ocioso, y la ociosidad sea m a d r e de los pensamientos,
di en r e p a s a r p o r la m e m o r i a algunos latines
que
m e q u e d a r o n e n ella d e m u c h o s q u e oí c u a n d o
fui
con mis a m o s al estudio, con q u e , a mi parecer, m e
hallé algo m á s m e j o r a d o d e entendimiento, y d e t e r miné, como si hablar supiera, a p r o v e c h a r m e
dellos
en l a s ocasiones q u e se m e o f r e c i e s e n ; p e r o en m a n e r a diferente de la que se suelen a p r o v e c h a r a l g u nos ignora nte s . H a y algunos r o m a n c i s t a s q u e en las
conversaciones d i s p a r a n de c u a n d o en c u a n d o con
a l g ú n latín b r e v e y compendioso, d a n d o a e n t e n d e r
a los q u e n o lo e n t i e n d e n que son g r a n d e s latinos, y
a p e n a s saben declinar u n n o m b r e ni c o n j u g a r
un
verbo.
CIPIÓN.—Por m e n o r
d a ñ o tengo ése q u e el que
hocen los q u e v e r d a d e r a m e n t e saben latín, d e los c u a les h a y algunos t a n i m p r u d e n t e s , que h a b l a n d o con
un zapatero o con u n sastre a r r o j a n latines
como
agua.
BERGANZA.—Deso p o d e m o s inferir que t a n t o peca
el q u e dice latines delante de quien los ignora c o m o
el q u e los dice ignorándolos.
OriÓN.—Para
saber callar en r o m a n c e y h a b l a r
en latín, discreción es menester, h e r m a n o
Berganza.
BERGANZA.—Así es, p o r q u e también se p u e d e d e cir u n a necedad e n latín c o m o e n r o m a n c e .
CIPIÓN.—Dejemos esto, y comienza a decir t u s
filosofías.
i9S
CEJ? V
ANTES
BERGANZA.—Ya Has h e d i c h o : é s t a s s o n que acabo d e decir.
CIPIÓN.—¿Cuáles?
BERGANZA.—Estas d e los latines y r o m a n c e s , q u e
yo comencé y t ú acabaste.
CIPIÓN.—¿Al m u r m u r a r
v a e l l o ! Canoniza,
llamas filosofar?
canoniza,
¡lAsí
B e r g a n z a , a lia m a l -
dita p l a g a de la m u r m u r a c i ó n , y dale el n o m b r e que
q u i s i e r e s ; q u e ella d a r á a n o s o t r o s el de cínicos, q u e
q u i e r e decir p e r r o s m u r m u r a d o r e s ; y p o r t u vida
que calles y a y sigas t u h i s t o r i a .
BERGANZA.—¿Cómo la t e n g o d e seguir si callo?
CIPIÓN.—Quiero decir q u e l a sigas d e golpe, sin
q u e la h a g a s q u e parezca p u l p o , según la v a s a ñ a d i e n d o colas.
BERGANZA.—Habla con p r o p i e d a d ; q u e no se llam a n colas las del pulpo. Y digo que, n o contenta mi
f o r t u n a de h a b e r m e q u i t a d o de m is estudios y de
la vida q u e e n ellos pasaba, t a n r e g o c i j a d a y compuesta, y h a b e r m e puesto atraillado t r a s d e una p u e r ta, y de h a b e r t r o c a d o la liberalidad de los estudiantes
en la m e z q u i n i d a d de la n e g r a , o r d e n ó d e sobresalt a r m e en lo que ya p o r q u i e t u d y d e s c a n s o tenía.
M i r a , Cipión, ten por cierto y a v e r i g u a d o , como y o
lo tengo, q u e al desdichado las desdichas le buscan
y le hallan, a u n q u e se esconda en los últimos
rinco-
nes de la tierra. Dígolo p o r q u e la n e g r a de casa, u n a
vez, m e t r u j o u n a esponja frita con m a n t e c a ; c o n o cí su m a l d a d ; vi q u e e r a p e o r q u e c o m e r zarazas,
106
COLOQUIO
DE
LOS
PERROS
p o r q u e a quien. Ja c o m e s e 'le h i n c h a el estómag o y n o sale del sin llevarse t r a s sí la v i d a ; y a c o r d é d e p o n e r t i e r r a e n medio. H á l l e m e u n día suelto, y sin decir a Dios a n i n g u n o de casa, m e puse
e n la calle; p o r u n a g u j e r o de la m u r a l l a saM al c a m po, y antes que amaneciese me puse en
Mairena,
q u e e s u n l u g a r que está c u a t r o leguas d e Sevilla.
Q u i s o m i b u e n a s u e r t e q u e hallé allí u n a compañía
de soldados, que, según oí decir, se i b a n a e m b a r car a C a r t a g e n a . E s t a b a n en ella c u a t r o rufianes, y
el a t a m b o r e r a u n o que había sido c o r c h e t e , y g r a n
c h o c a r r e r o , c o m o lo suelen ser los m á s a t a m b o r e s .
D e t e r m i n é de a c o m o d a r m e con él, si él quisiese, y
seguir aquella j o r n a d a , a u n q u e m e llevase a
Ita-
lia o a F l a n d e s ; p o r q u e m e p a r e c e a m í , y a u n a ti t e
debe p a r e c e r lo m i s m o , q u e p u e s t o q u e dice el r e f r á n : " Q u i e n necio es en su villa, necio es e n C a s tilla", el a n d a r
tierras y comunicar
con
diversas
gentes h a c e a l o s h o m b r e s discretos.
CIPIÓN.—Es e s o t a n v e r d a d , q u e m e a c u e r d o haber oído decir a u n a m o q u e tuve d e bonísimo ingenio, q u e al famoso g r i e g o llamado Clises le dier o n r e n o m b r e d e p r u d e n t e p o r sólo h a b e r a n d a d o
m u c h a s t i e r r a s y c o m u n i c a d o con d i v e r s a s gentes y
v a r i a s n a c i o n e s ; y así, alabo la intención que
tu-
viste de i r t e d o n d e t e llevasen.
BERGANZA.—Es, p u e s , el caso q u e el a t a m b o r , p o r
t e n e r con qué m o s t r a r m á s sus c h a c o r r e r í a s , c o m e n zó a e n s e ñ a r m e a bailar al s o n del a t a m b o r y a h a 197
CERVANTES
cer o t r a s m o n e r í a s , t a n ajenas d e p o d e r a p r e n d e r l a s
otro p e r r o que no fuera yo, c o m o las o i r á s c u a n d o
te las diga. E n m e n o s d e q u i n c e días, c o n mi buen
ingenio y con la diligencia q u e p u s o el q u e había
escogido p o r p a t r ó n , supe saltar p o r el R e y <ie F r a n cia y n o saltar p o r la mala t a b e r n e r a ; e n s e ñ ó m e a
hacer c o r v e t a s c o m o caballo napolitano, y a a n d a r a
la r e d o n d a c o m o m u í a de a t a h o n a , con otras cosas
que, si y o n o t u v i e r a c u e n t a e n n o a d e l a n t a r m e a
m o s t r a r l a s , p u s i e r a en d u d a si era a l g ú n demonio
en figura d e p e r r o el q u e las hacía. P ú s o m e n o m b r e
del perro
sabio
y n o h a b í a m o s llegado al
aloja-
m i e n t o c u a n d o , t o c a n d o su a t a m b o r , a n d a b a p o r t o do el l u g a r p r e g o n a n d o q u e t o d a s las personas que
quisiesen venir a ver las maravillosas gracias y habilidades del p e r r o sabio, e n t a l casa, o e n tal hospital, las m o s t r a b a n , a ocho, o a c u a t r o m a r a v e d í s ,
s e g ú n e r a el pueblo, g r a n d e o chico. C o n estos encarecimientos n o q u e d a b a p e r s o n a e n t o d o el lugar
q u e n o m e fuese a v e r , y n i n g u n o h a b í a q u e n o saliese a d m i r a d o y contento de h a b e r m e visto. T r i u n faba m i a m o con la m u c h a g a n a n c i a ; y viendo cuan
bien sabía imitar el corcel napolitano, h í z o m e unas
cubiertas d e g u a d a m a c í y u n a silla pequeña, que m e
a c o m o d ó en las espaldas, y sobre ella p u s o u n a figura liviana de u n h o m b r e , con u n a lancilla de c o r r e r
sortija, y e n s e ñ ó m e a c o r r e r d e r e c h a m e n t e a u n a
sortija q u e e n t r e dos palos p o n í a ; y el día q u e h a bía de correrla p r e g o n a b a q u e aquel d í a c o r r í a sor198
"HA?
COLOQUIO
DE
LOS
PERROS
tija el p e r r o sabio, y hacía o t r a s n u e v a s y
nun-
ca vistas galanterías, las cuales d e m i santiscario,
como dicen, l a s hacía, p o r n o sacar m e n t i r o s o a m i
a m o . L l e g a m o s , pues, p o r n u e s t r a s j o r n a d a s c o n t a das a Montilla, villa del f a m o s o y g r a n
cristiano
M a r q u é s de P r i e g o , señor de la casa de
Aguilar
y d e Montilla. A l o j a r o n a mi a m o , p o r q u e él lo p r o c u r ó , e n u n hospital, echó l u e g o el o r d i n a r i o b a n do, y como ya la fama se había a d e l a n t a d o a llevar
las n u e v a s de l a s habilidades y g r a c i a s del p e r r o sabio, e n m e n o s de u n a h o r a se llenó el p a t i o d e g e n t e .
A l e g r ó s e m i a m o viendo que la cosecha iba de guilla,
y m o s t r ó s e aquel d í a c h a c o r r e r o en demasía. L o p r i m e r o en q u e c o m e n z a b a la fiesta e r a e n los saltos
que y o daba p o r u n a r o d e cedazo, q u e parecía de
cuba; conjurábame por las ordinarias preguntas, y
c u a n d o él b a j a b a u n a varilla de membrillo q u e en
la m a n o tenía, e r a señal del s a l t o ; y c u a n d o l a t e nía alta, d e q u e m e estuviese q u e d o . E l p r i m e r conj u r o deste día — m e m o r a b l e e n t r e t o d o s los de mi
vida;— fué d e c i r m e : " E a , Gavilán a m i g o , salta p o r
la p o m p a y a p a r a t o d e d o ñ a P i m p i n e l a d e P l a f a g o nia. ¿ N o t e c u a d r a el conjuro, hijo G a v i l á n ? P u e s
salta p o r el bachiller Pasillas, que se firma licenciado
sin t e n e r g r a d o alguno. ¡ O h , perezoso e s t á s ! ¿ P o r
qué n o saltas? P e r o ya entiendo y alcanzo t u s m a rrullerías : a h o r a salta p o r el licor d e E s q u i v i a s , fam o s o al p a r del de C i u d a d R e a l , S a n M a r t í n y R i b a d a v i a . " B a j ó la varilla y salté yo, y n o t é sus m a 199
CERVANTES
licias y m a l a s e n t r a ñ a s . Volvióse luego al pueblo, y
en voz alta d i j o : " N o piense v u e s a m e r c e d , senado
valeroso, q u e e s cosa d e b u r l a lo q u e este p e r r o sab e ; v e i n t e y c u a t r o piezas l e t e n g o e n s e ñ a d a s , q u e
p o r la m e n o r dellas volaría u n g a v i l á n ; q u i e r o decir q u e p o r v e r la m e n o r se p u e d e n c a m i n a r t r e i n ta leguas. S a b e bailar la z a r a b a n d a y c h a c o n a m e j o r q u e su i n v e n t o r a m i s m a ; bébese u n a a z u m b r e
de v i n o sin d e j a r g o t a ; e n t o n a u n sol ja mi re t a n
bien c o m o u n s a c r i s t á n ; t o d a s e s t a s cosas, y o t r a s
m u c h a s q u e m e q u e d a n p o r decir, las i r á n viendo
vuesas m e r c e d e s e n los días q u e e s t u v i e r e a q u í l a
c o m p a ñ í a ; y p o r a h o r a dé o t r o salto n u e s t r o sabio,
y l u e g o e n t r a r e m o s en lo g r u e s o . Con esto suspendió el a u d i t o r i o q u e había l l a m a d o senado, y les encendió el deseo de n o d e j a r de v e r t o d o lo que yo
sabía. Volvióse a m í m i a m o , y d i j o : " V o l v e d , hijo
Gavilán, y con gentil agilidad y d e s t r e z a deshaced
los saltos q u e habéis h e c h o ; p e r o h a d e ser a d e voción de la famosa h e c h i c e r a q u e dicen q u e h u b o
en este l u g a r . " A p e n a s h u b o dicho esto, c u a n d o a l zó la voz la hospitalera, q u e e r a u n a vieja, al p a recer, d e m á s de sesenta a ñ o s , d i c i e n d o :
"¡Bella-
co, c h a r l a t á n , e m b a i d o r , aquí no h a y h e c h i c e r a alg u n a ! Si lo decís p o r la Garnacha, y a ella pagó su
pecado, y está d o n d e Dios se s a b e ; si l o decís p o r
mí, c h a c o r r e r o , ni y o soy ni h e sido hechicera en
mi v i d a ; y si h e tenido f a m a d e haberlo sido, m e r ced a los testigos falsos, y a la ley del e n c a j e , y al
200
COLOQUIO
DE
LOS
PERROS
juez a r r o j a d i z o y m a l i n f o r m a d o , y a sabe t o d o el
m u n d o l a v i d a q u e h a g o , e n penitencia, n o d e los h e chizos q u e n o hice, sino de o t r o s m u c h o s p e c a d o s ,
o t r o s que, c o m o p e c a d o r a , h e cometido. A s í que,
s o c a r r ó n tamborilero, salid del h o s p i t a l ; si no, p o r
vida de m i s a n t i g u a d a q u e os h a g a salir m á s
que
de p a s o . " Y con e s t o c o m e n z ó a d a r t a n t o s g r i t o s
y a d e c i r t a n t a s y t a n atropelladas injurias a mi a m o
q u e le p u s o en confusión y s o b r e s a l t o ; finalmente, n o
dejó q u e p a s a s e a d e l a n t e la fiesta en n i n g ú n m o d o .
N o le p e s ó a mi a m o del alboroto, p o r q u e se q u e d ó
con los dineros, y aplazó p a r a otro día y e n o t r o h o s pital lo q u e e n aquél había faltado. F u e s e la g e n t e
maldiciendo a la vieja, a ñ a d i e n d o al n o m b r e de h e chicera el de b r u j a . Con todo esto, nos q u e d a m o s en
el hospital aquella n o c h e ; y e n c o n t r á n d o m e la viej a en el c o r r a l solo, m e d i j o : " ¿ E r e s tú, h i j o M o n tsel? ¿ E r e s t ú , p o r v e n t u r a , h i j o ? " A l c é la cabeza
y m í r e l a m u y d e e s p a c i o ; lo cual, visto p o r ella, con
l á g r i m a s en los ojos se vino a mí, y m e echó i o s ^ ' , '
b r a z o s al cuello. E s t o q u e a h o r a te q u i e r o contaf ,
te lo h a b í a de h a b e r dicho al principio d e mi cue^hT
to, y así e x c u s á r a m o s la admiración que nos catip_'
só el v e r n o s con habla. P o r q u e h a s de saber quell?"
vieja m e d i j o : " H i j o Montiel, vente t r a s mí, y sab r á s mi aposento, y p r o c u r a q u e esta noche nos v e a \
mos a solas en él, q u e yo d e j a r é abierta la p u e r t a ; y
sabe q u e t e n g o m u c h a s cosas que decirte d e tu vida
y p a r a t u p r o v e c h o . " B a j é y o la cabeza en señal d e
201
CERVANTES
obedecerla, p o r lo cual ella se acabó d e e n t e r a r en
que y o era el p e r r o Montiel q u e buscaba, según después m e lo dijo. Q u e d é a t ó n i t o y confuso, e s p e r a n d o
la noche, p o r v e r en l o q u e p a r a b a aquel misterio o
p r o d i g i o de h a b e r m e h a b l a d o la v i e j a ; y como había
oído llamarla de hechicera, esperaba d e su vista y
habla g r a n d e s cosas. L l e g ó s e , en fin, el p u n t o de
v e r m e con ella en su a p o s e n t o , q u e e r a escuro, e s trecho y bajo, y solamente claro con la débil luz de
u n candil de b a r r o q u e en él e s t a b a ; atizóle la vieja
y sentóse sobre u n a arquilla, y llegóme j u n t o a sí,
y, sin hablar p a l a b r a , m e volvió a a b r a z a r . L o p r i m e r o q u e m e dijo f u é :
" B i e n e s p e r a b a y o e n el Cielo q u e a n t e s que estos
mis ojos se c e r r a s e n con el ú l t i m o s u e ñ o te había de
ver, h i j o mío, y y a q u e t e h e visto, v e n g a la m u e r t e
y lléveme desta cansada vida. H a s d e saber, hijo,
q u e e n e s t a villa vivió la m á s famosa hechicera q u e
h u b o e n e)l m u n d o , a quien l l a m a r o n la Cornac ha de
Mantilla;
t u v o f a m a q u e c o n v e r t í a los h o m b r e s e n
animales, lo q u e y o n u n c a he p o d i d o a l c a n z a r cómo
se h a g a . S e a lo que fuere, lo q u e m e pesa es que yo
ni t u m a d r e , que fuimos discípulas d e la buena Cam a c h a , n u n c a llegamos a s a b e r t a n t o como ella.
" T u m a d r e , hijo, se llamó la Montiela,
p u é s de la C a m a c h a
Cañizares,
que d e s -
fué f a m o s a ; y o m e llamo ta
si y a n o t a n sabia como las d o s , a lo m e -
nos d e t a n b u e n o s deseos c o m o c u a l q u i e r a dellas. T u
m a d r e n o m u r i ó de e n f e r m e d a d alguna, sino de d o 202
COLOQUIO
DE
LOS
PERROS
lor d e q u e s u p o q u e Ja C a m a c h a , su m a e s t r a , d e envidia q u e la t u v o p o r q u e se le iba subiendo a las b a r bas en saber t a n t o como ella, o p o r o t r a p e n d e n z u e l a
de celos, que n u n c a p u d e a v e r i g u a r , un día,
tió a sus tres
hijos
en perros.
convir-
L a C a m a c h a se fué y
se llevó los c a c h o r r o s ; yo m e quedé con t u m a d r e ,
la cual n o p o d í a creer lo que le había sucedido. Llegóse el fin de la Camacha, y estando en la última
h o r a de su v i d a llamó a t u m a d r e y le dijo q u e n o
tuviese p e n a : q u e ellos volverían a su ser
cuando
m e n o s lo pensasen. T o m ó l o t u m a d r e de m e m o r i a , y
j o l o fijé en la m í a p a r a si sucediese t i e m p o de poderlo decir a a l g u n o d e v o s o t r o s ; y p a r a p o d e r conoceros,
a todos los p e r r o s que veo d e tu color los llamo con
el n o m b r e d e t u m a d r e , n o p o r p e n s a r q u e los p e r r o s
lian d e s a b e r el n o m b r e , sino p o r v e r si r e s p o n d í a n
a ser llamados t a n d i f e r e n t e m e n t e c o m o se llaman los
o t r o s p e r r o s . Y e s t a t a r d e , c o m o t e vi hacer t a n t a s
cosas, y q u e te llaman el perro sabio, y, también, com o alzaste la cabeza a m i r a r m e c u a n d o t e llamé en
el corral, h e creído que tú eres hijo de la M o n t i e la, a quien c o n g r a n d í s i m o g u s t o doy noticia de tus
sucesos. L o que h a s de hacer, hijo, es e n c o m e n d a r t e
a D i o s allá en t u corazón, y espera que éstas, que
n o q u i e r o llamarlas profecías, sino adivinanzas, h a n
de suceder presto y p r ó s p e r a m e n t e ; que, pues la b u e na de la C a m a c h a l a s dijo, sucederán, sin d u d a a l g u na, y t ú y t u h e r m a n o , si es vivo, os veréis como deseáis.
203
CERVANTES
" D e lo que a mí m e pesa es que estoy t a n cerca
de m i a c a b a m i e n t o q u e n o t e n d r é l u g a r d e v e r l o . "
F i n a l m e n t e , m e dijo q u e aquella n o c h e pensaba
u n t a r s e p a r a ir a u n o d e sus u s a d o s convites, y que
c u a n d o allá estuviese, p e n s a b a p r e g u n t a r a su dueño
algo d e lo q u e e s t a b a p o r s u c e d e r m e .
L e v a n t ó s e y t o m a n d o el candil se e n t r ó en otro
aposentillo m á s e s t r e c h o ; seguíla, c o m b a t i d o de mil
varios p e n s a m i e n t o s y a d m i r a d o d e lo q u e había oíd o y d e lo q u e esperaba v e r . C o l g ó 3a C a ñ i z a r e s el
candil d e la p a r e d , y con m u c h a priesa, s a c a n d o de
u n r i n c ó n u n a olla v i d r i a d a , m e t i ó e n ella l a m a n o , y
m u r m u r a n d o e n t r e dientes, ee u n t ó desde los pies
a la cabeza, q u e t e n í a sin toca. A n t e s q u e se acabase
de u n t a r m e dijo q u e , o r a se q u e d a s e su c u e r p o en
aquel a p o s e n t o sin s e n t i d o ; o r a desapareciese del, q u e
n o m e e s p a n t a s e , ni d e j a s e d e (aguardar allí h a s t a la
m a ñ a n a , p o r q u e sabría las n u e v a s de lo q u e m e q u e daba p o r p a s a r h a s t a ser h o m b r e . Díjele b a j a n d o
k cabeza q u e sí h a r í a , y con e s t o a c a b ó su u n t u r a ,
y se t e n d i ó en el suelo c o m o m u e r t a . L l e g u é m i b o ca a la suya, y vi que n o r e s p i r a b a poco ni m u c h o .
Q u i s e m o r d e r l a , por v e r si volvía en sí, y n o h a llé p a r t e en t o d a ella q u e el a s c o n o m e l o e s t o r b a s e ;
p e r o , con t o d o esto, la así d e u n oarcaño y l a saqué a r r a s t r a n d o al p a t i o ; m a s ni por esto dio m u e s t r a s d e t e n e r sentido. Allí, con m i r a r al cielo y verme en p a r t e a n c h a , se m e q u i t ó el t e m o r ; a lo m e n o s
se t e m p l ó de m a n e r a q u e t u v e á n i m o d e esperar a
204
COLOQUIO
DE
LOS
PERROS
ver e n lo q u e p a r a b a la ida y v u e l t a de aquella mala
h e m b r a y lo que m e contaba d e mis sucesos. S e p a só la n o c h e y se vino el día, q u e nos halló a los dos
en m k a d del patio, ella n o vuelta e n sí, y a mí j u n to a ella, e n cuclillas, a t e n t o , m i r a n d o su espantosa
y fea c a t a d u r a . A c u d i ó la g e n t e del hospital, y viend o aquel retablo, u n o s d e c í a n : " Y a la bendita C a ñ i z a r e s e s m u e r t a ; m i r a d c u a n desfigurada y flaca la
tenía la p e n i t e n c i a " ; o t r o s , m á s considerados, la t o m a r o n el pulso, y v i e r o n q u e le tenía, y que n o e r a
m u e r t a , p o r d o s e d i e r o n a e n t e n d e r q u e estaba en
éxtasis y a r r o b a d a , de p u r o buena. O t r o s h u b o que
d i j e r o n : " E s t a vieja, sin d u d a , debe de ser b r u j a ,
y debe d e e s t a r u n t a d a ; q u e e n t r e los q u e la conocem o s , m á s fama tiene de b r u j a que de s a n t a . " Curiosos
h u b o q u e se líegaron a h i n c a r l e alfileres
p o r las
carnes, desde la p u n t a h a s t a la c a b e z a ; ni p o r eso
r e c o r d a b a la dormilona, ni volvió en sí h a s t a las
siete del d í a ; y c o m o se sintió a c r i b a d a d e los alfileres y m o r d i d a d e los c a r c a ñ a r e s , y m a g u l l a d a del
a r r a s t r a m i e n t o fuera d e su aposento, y a vista
de
t a n t o s ojos que la estaban m i r a n d o , creyó, y c r e y ó
la v e r d a d , q u e y o había sido el a u t o r d e su d e s h o n r a ; y a s í , a r r e m e t i ó a mí, y e c h á n d o m e a m b a s m a n o s
a la g a r g a n t a , p r o c u r a b a a h o g a r m e , d i c i e n d o : " ¡ O h ,
bellaico, desagradecido, i g n o r a n t e y m a l i c i o s o ! Y ¿es
este el p a g o q u e merecen las b u e n a s o b r a s q u e a t u
m a d r e hice y d e las q u e t e pensaba h a c e r a t i ? "
Y o , q u e m e vi en peligro de p e r d e r la vida e n t r e l a s
eos
CERVANTES
uñas de aquella fiera a r p í a , s a c u d í m e , y asiéndola la
z a m a r r e é y a r r a s t r é p o r t o d o el p a t í o ; y ella daba
voces, q u e la librasen de los dientes d e aquel m a ligno espíritu.
C o n estas razones d e la m a l a vieja c r e y e r o n los
m á s q u e y o debía d e ser a l g ú n d e m o n i o d e los que
tienen ojeriza c o n t i n u a con los b u e n o s cristianos, y
u n o s a c u d i e r o n a e c h a r m e a g u a bendita, o t r o s n o osaban llegar a q u i t a r m e , o t r o s d a b a n voces q u e
me
c o n j u r a s e n ; la vieja g r u ñ í a ; y o a p r e t a b a los d i e n t e s ;
crecía la confusión, y mi a m o , q u e ya h a b í a llegado
ai r u i d o , se desesperaba, o y e n d o decir q u e yo e r a
demonio. O t r o s , q u e n o sabían d e e x o r c i s m o s , acudieron a tres o c u a t r o g a r r o t e s , con los cuales comenz a r o n a s a n t i g u a r m e los l o m o s ; escocióme l a burla,
solté l a vieja, y en t r e s saltos m e p u s e e n la calle,
y en p o c o s m á s salí d e la villa, p e r s e g u i d o d e u n a
infinidad de m u c h a c h o s , q u e i b a n a g r a n d e s voces d i ciendo: "¡Apártense,
q u e r a b i a el p e r r o
sabio!"
O t r o s d e c í a n : " ¡ N o rabia, sino q u e e s d e m o n i o en
figura d e p e r r o ! " C o n este molimiento, a c a m p a n a
h e r i d a salí del pueblo, siguiéndome m u c h o s q u e indubitablemente c r e y e r o n q u e e r a demonio, así p o r las
cosas q u e m e h a b í a n visto h a c e r c o m o p o r las pal a b r a s q u e la v i e j a dijo c u a n d o d e s p e r t ó de su maldito s u e ñ o . D i m e t a n t a p r i e s a a h u i r y a q u i t a r m e
delante de sus o j o s , q u e c r e y e r o n q u e m e había desparecido c o m o d e m o n i o ; en seis h o r a s a n d u v e d o ce leguas, y llegué a u n r a n c h o de g i t a n o s , q u e e s 206
COLOQUIO
DE
LOS
PERROS
taba e n u n c a m p o j u n t o a G r a n a d a ; allí m e r e p a r é
u n poco, p o r q u e a l g u n o s d e los gitanos m e conocieron p o r el p e r r o sabio, y c o n n o p e q u e ñ o gozo m e
acogieron y escondieron e n u n a cueva, p o r q u e no
m e hallasen á
fuese b u s c a d o , con intención, a
lo
que d e s p u é s entendí, d e g a n a r c o n m i g o , c o m o lo hacía el a t a m b o r mi amo. V e i n t e días estuve con ellos.
CIPIÓN.—Antes, B e r g a n z a , q u e pases adelante, e«
bien q u e r e p a r e m o s e n lo q u e t e dijo la b r u j a ,
y
a v e r i g ü e m o s si p u e d e ser v e r d a d la g r a n d e m e n t i r a
a quien d a s crédito. M i r a , B e r g a n z a , g r a n d í s i m o disp a r a t e sería creer q u e l a C a m a c h a m u d a s e los h o m bres e n b e s t i a s ; t o d a s estas cosas y las semejantes
son embelecos, m e n t i r a s o apariencias del d e m o n i o ;
y si a n o s o t r o s n o s p a r e c e a h o r a q u e t e n e m o s a l g ú n
e n t e n d i m i e n t o y r a z ó n , p u e s h a b l a m o s siendo v e r d a d e r a m e n t e p e r r o s , o e s t a n d o en su figura, ya h e m o s d i c h o q u e éste es caso p o r t e n t o s o y j a m á s visto, y q u e a u n q u e le t o c a m o s c o n las m a n o s n o le
habernos d e d a r crédito, h a s t a t a n t o q u e el suceso
del n o s m u e s t r e lo q u é conviene q u e c r e a m o s . ¿ Q u i é reslo v e r m á s claro ? L a C a m a c h a fué b u r l a d o r a falsa, y la C a ñ i z a r e s e m b u s t e r a , y la M o n t i e l a t o n t a ,
maliciosa y bellaca, con p e r d ó n sea dicho, si acaso
es n u e s t r a m a d r e , de e n t r a m b o s o t u y a ; q u e y o n o
la q u i e r o t e n e r p o r
madre.
BERGANZA.—Digo que tienes razón, Cipión
her-
m a n o , y q u e e r e s m á s discreto de lo q u e p e n s a b a ;
y v e n g o a pensar
y creer
207
que
todo lo q u e h a s t a
J»»
»»»{23*"
CERVANTES
aquí hemos pasado, y lo que estamos pasando, es
sueño, y que somos perros; pero no por esto dejemos de gozar deste bien de la habla que tenemos
y de la excelencia tan grande de tener discurso humano todo el tiempo que pudiéremos.
CIPIÓN.—De buena gana te escucho, por obligarte a que me escuches cuando ite cuente, si el cáelo
fuere servido, los sucesos de mi vida.
BERGANZA.—A cabo de veinte días los gitanos
me
quisieron llevar a Murcia. N o me pareció bien el
viaje que llevaban, y así, determiné soltarme, como
lo hice, y saliéndome de Granada di en una huerta
de u n morisco, que me acogió de buena voluntad, y
yo quedé con mejor, pareciéndome que no me querría para más de para guardarle la huerta, oficio, a
mi cuenta, de menos trabajo que el de guardar ganado ; y como no había allí altercar sobre tanto más
cuanto al salario, fué cosa fácil hallar el morisco
criado a quien mandar y y o amo a quien servir.
Estuve con él más de un mes, no por el gusto de
la vida que tenia, sino por el que me daba saber
la de mi amo, y por ella la de todos cuantos moriscos viven en España. ¡ Oh, cuántas y cuáles cosas te
pudiera decir, Cipión amigo, desta morisca canalla,
si no temiera no poderlas dar fin en dos semanas!
Como mi amo era mezquino, como lo son todos los
de su casta, sustentábame con pan de mijo y con algunas sobras de zahinas, común sustento suyo; pero
esta miseria me ayudó a llevar el Cielo por un modo
*2o8
COLOQUIO
DE
LOS
PERROS
tan extraño como el que ahora oirás. Cada mañana,
juntamente con el alba, amanecía sentado al pie de
un granado, de muchos que en la huerta había, un
mancebo, al parecer estudiante, vestido de bayeta,
no tan negra ni tan peluda, que no pareciese parda
y tundida. Ocupábase en escribir en un cartapacio, y
de cuando en cuando se daba palmadas en la frente y se mordía las uñas, estando mirando al cielo; y
otras veces se ponía tan imaginativo que no movía
pie ni mano, ni aun las pestañas: tal era su embelesamiento. U n a vez me llegué junto a él sin que me
echase de v e r ; oíle murmurar entre dientes, y al cabo de un buen espacio dio una gran voz, diciendo:
" ¡ V i v e el Señor que es la mejor ootava que he hecho en todos los días de mi v i d a ! " Y
escribiendo
apriesa en su cartapacio, daba muestras de gran contento ; todo lo cual me dio a entender que el desdichado era poeta. Hícele mis acostumbradas caricias, por asegurarle de mi mansedumbre; écheme a
sus pies, y él, con esta seguridad, prosiguió en sus
pensamientos y tornó a rascarse la cabeza y a sus
arrobos, y a volver a escribir lo que había pensado.
Después de haber escrito algunas coplas de ana
media, con mucho sosiego y espacio
co-
sacó de la
faldriquera algunos mendrugos de pan y obra de
veinte pasas, que, a mi parecer, entiendo que se las
conté, y aun estoy en duda si eran tantas, porque
juntamente con ellas hacían bulto ciertas migajas de
pan que las acompañaban. Sopló y apartó las miga209
XXI.—14
t*AV
•
CERVANTES
jas, y u n a a u n a se comió las p a s a s y los palillos,
p o r q u e n o le v i a r r o j a r n i n g u n o , a y u d á n d o l a s con
los m e n d r u g o s , q u e , m o r a d o s con l a b o r r a de la fald r i q u e r a , p a r e c í a n m o h o s o s , y e r a n t a n d u r o s de condición, q u e a u n q u e él p r o c u r ó enternecerlos p a s e á n dolos p o r l a boca u n a y m u c h a s veces, n o fué posible m o v e r l o s de su t e r q u e d a d ; todo lo cual r e d u n d ó en
mi p r o v e c h o , p o r q u e m e los a r r o j ó , d i c i e n d o : " ¡ T o ,
t o ! T o m a , que buen p r o v e c h o te h a g a n . "
"¡Mirad
— d i j e e n t r e m í — q u é n é c t a r o a m b r o s í a m e da e s te p o e t a , de los que ellos dicen q u e se m a n t i e n e n los
dioses y su A p o l o allá en el c i e l o ! " E n fin, p o r la
m a y o r p a r t e , g r a n d e es l a miseria d e los p o e t a s ;
p e r o m a y o r e r a mi necesidad, p u e s m e obligó a com e r lo q u e él desechaba. E n t a n t o q u e d u r ó la c o m posición d e su comedia, n o dejó de v e n i r a la h u e r t a ,
ni a mí m e faltaron m e n d r u g o s , p o r q u e los r e p a r tía c o n m i g o con m u c h a liberalidad, y luego nos íbam o s a la noria, donde, y o de b r u c e s y él con u n
canjilón satisfacíamos la sed como u n o s m o n a r c a s .
F e r o faltó el poeta, y s o b r ó en mí la h a m b r e , t a n t o ,
q u e d e t e r m i n é d e j a r al m o r i s c o y e n t r a r m e en la ciud a d a b u s c a r v e n t u r a , q u e la halla el q u e se m u d a .
Al e n t r a r de la ciudad vi que salía del famoso m o n a s t e r i o de S a n J e r ó n i m o , mi poeta, que, como m e
vio, se vino a mí con los brazos abiertos, y yo me fui
a él con n u e v a s m u e s t r a s d e regocijo p o r haberle h a llado. L u e g o al i n s t a n t e c o m e n z ó a d e s e m b a u l a r p e dazos de pan, m á s tiernos q u e los que solía llevar
2TO
COLOQUIO
DE
LOS
PERROS
a l a h u e r t a , y a e n t r e g a r l o s a mis dientes s i n r e p a sarlos p o r los suyos, m e r c e d q u e c o n n u e v o g u s t o
satisfizo mi h a m b r e . L o s tiernos m e n d r u g o s y el h a ber visto salir a m i poeta d e l m o n a s t e r i o dicho m e
pusieron en sospecha de que tenía las m u s a s v e r g o n zantes, c o m o o t r o s m u c h o s las tienen. E n c a m i n ó s e a
la ciudad, y y o le seguí, con determinación d e tenerle
por a m o , si él quisiese, i m a g i n a n d o q u e de las sobras de su castillo se p o d í a m a n t e n e r mi real. D e
lance en lance vine
de comedias
a parar
en casa
de un
autor
y con una compañía llegué a esta ciudad
de Valladolid, d o n d e en u n entremés m e dieron u n a
h e r i d a q u e m e llegó casi al fin de la v i d a ; n o p u d e
v e n g a r m e , p o r e s t a r e n f r e n a d o entonces, y después,
a s a n g r e fría, n o q u i s e ; q u e la v e n g a n z a p e n s a d a a r guye c r u e l d a d y m a l ánimo. C a n s ó m e aquel ejercicio,
no p o r ser trabajo, sino p o r q u e veía en él cosas que
j u n t a m e n t e p e d í a n e n m i e n d a y c a s t i g o ; y como a mí
estaba m á s el sentillo q u e el remediallo, acordé de
no verlo, y así, m e acogí a s a g r a d o , como hacen a q u e llos que dejan los vicios c u a n d o no pueden ejercitallos, a u n q u e m á s vale t a r d e que nunca. D i g o , p u e s ,
que viéndote u n a noche llevar la linterna con el buen
cristiano M a h u d e s , te consideré contento y j u s t a y
s a n t a m e n t e o c u p a d o ; y lleno d e buena envidia quise
seguir t u s pasos, y con esta loable intención m e p u s e
delante de M a h u d e s , q u e luego m e eligió p a r a tu
c o m p a ñ e r o y m e t r u j o a este hospital. ¿ V e s cuan
larga h a sido mi plática? ¿ V e s mis m u c h o s y di211
versos
sucesos?
¿Consideras
mis
caminos y
mis
amos tantos? P u e s todo lo que has oído es nada,
comparado a lo que te pudiera contar.
CIPIÓN.—Y con esto pongamos fin a esta plática ; que la luz que entra por estos resquicios muestra
que es muy entrado el día, y esta noche que viene,
si no nos ha dejado este grande beneficio de 'la habla, será la mía, para contarte mi vida.
BERGANZA.—Sea ansí, y mira que acudas a este
mismo puesto.
212
EL R E T A B L O
(Salen
DE
LAS
MARAVILLAS
CHANFALLA y la CHERINOS.)
CHANFALLA.—No se t e p a s e n de la m e m o r i a ,
naos,
Chi-
m i s a d v e r t i m i e n t o s , p r i n c i p a l m e n t e los q u e t e
he d a d o p a r a este n u e v o e m b u s t e .
CHIRINOS.—Chanfalla i l u s t r e , lo q u e e n m í fuere,
tenlo c o m o d e m o l d e ; q u e t a n t a m e m o r i a t e n g o c o m o
e n t e n d i m i e n t o , a q u i e n se j u n t a u n a v o l u n t a d
de
a c e r t a r a satisfacerte q u e e x c e d e a l a s d e m á s p o t e n cias.
CHANFALLA.—Chirinos, p o c o a poco e s t a m o s y a en
el pueblo, y estos q u e aquí vienen deben de ser, como
lo son sin d u d a , el G o b e r n a d o r y los Alcaldes. S a l g á rnosles
al e n c u e n t r o , y d a t e u n filo a la lengua e n la
p i e d r a d e la a d u l a c i ó n ; p e r o n o d e s p u n t e s d e a g u d a .
(Salen
el GOBERNADOR y BENITO REPOLLO, alcal-
de; JUAN Tostado,
regidor,
y PEDRO CAPACHO, es-
cribano.)
B e s o a vuesas m e r c e d e s l a s m a n o s . ¿ Q u i é n
de
vuesas m e r c e d e s e s el G o b e r n a d o r d e este p u e b l o ?
GOBERNADOR.—Yo soy el G o b e r n a d o r ; ¿ q u é es lo
que queréis, buen h o m b r e ?
213
CERVANTES
CHANFALLA.—A tener y o dos onzas de e n t e n d i m i e n t o , h u b i e r a e c h a d o d e v e r q u e esa peripatética
y a n c h u r o s a p r e s e n c i a n o p o d í a ser d e otro que del
dignísimo
Gobernador
d e este h o n r a d o pueblo.
GOBERNADOR.—Y bien, ¿ q u é e s lo que
queréis,
hombre honrado?
CHIRINOS.—-Honrados días
viva
vuesa
merced
q u e así n o s h o n r a ; e n fin, la encina da bellotas, el
p e r o , p e r a s ; l a p a r r a , u v a s , y el h o n r a d o , h o n r a , sin
p o d e r h a c e r o t r a cosa.
BENITO.—Sentencia ciceronianca,
sin q u i t a r ni p o -
ner un punto.
CAPACHO.—Ciceroniana q u i s o decir el señor alcald e Benito
Repollo.
BENITO.—Siempre q u i e r o decir lo que es m e j o r ,
sino que las m á s veces n o a c i e r t o ; e n fin, b u e n h o m bre, ¿qué queréis?
CHANFALLA.—Yo, s e ñ o r e s míos, soy Morttied, el
q u e t r a e el R e t a b l o d e las M a r a v i l l a s ; h a n m e enviad o a llamar de la corte los señores cofrades d e los
hospitales, p o r q u e n o h a y a u t o r d e comedias en ella,
y perecen l o s h o s p i t a l e s ; y con m i ida se r e m e d i a rá t o d o .
GOBERXADOR.—Y ¿ q u é quiere decir
Retablo
de
las M a r a v i l l a s ?
CHANFALLA.—Por las m a r a v i l l o s a s cosas q u e en
él se enseñan y m u e s t r a n , viene a ser llamado R e tablo d e las M a r a v i l l a s ; él cual fabricó y c o m p u s o
el sabio T o n t o n e l o d e b a j o d e tales paralelos, rufn214
•0»»
M.l>
tWíffr***.
RETABLO
DE
LAS
MARAVILLAS
bos, a s t r o s y e s t r e l l a s ; con tales p u n t o s , c a r a c t e r e s y
observaciones, q u e n i n g u n o p u e d e v e r las cosas q u e
e n él se m u e s t r a n , q u e tenga alguna raza de confeso,
o sea hijo de padres
ladrones;
y el q u e fuere c o n t a -
giado destas dos t a n u s a d a s e n f e r m e d a d e s ,
despí-
dase d e v e r las cosas j a m á s vistas ni o í d a s d e mi
Retablo.
BENITO.—Ahora echo de v e r q u e cada día se v e n
en el m u n d o cosas n u e v a s . Y ¡ q u é ! ¿ se llamaba T o n tonelo el sabio q u e el R e t a b l o c o m p u s o ?
CHERINOS.—Tontonelo se llamaba, nacido en la
c i u d a d de T o n t o n e l a ; h o m b r e d e quien h a y fama q u e
le llegaba la b a r b a a la c i n t u r a .
BENITO.—Por la m a y o r p a r t e , los h o m b r e s
de
g r a n d e s barbas s o n s a b i h o n d o s .
GOBERNADOR.—Señor r e g i d o r J u a n Tostado,
yo
d e t e r m i n o , debajo de su b u e n parecer, q u e esta n o che se despose la s e ñ o r a T e r e s a Tostada,
su hija,
de quien y o soy p a d r i n o , y en regocijo d e la
fiesta,
q u i e r o q u e el señor Montiel m u e s t r e e n v u e s t r a casa
.su R e t a b l o .
JUAN.—Eso tengo y o p o r servir al señor G o b e r n a d o r , con c u y o parecer m e convengo, entablo y
a r r i m o , a u n q u e h a y a o t r a cosa en c o n t r a r i o .
C H I R I N O S . — L a cosa q u e h a y en c o n t r a r i o es, q u e
si n o se nos p a g a p r i m e r o n u e s t r o trabajo, así v e r á n
las
figuras
c o m o p o r el c e r r o de U b e d a . ¿ Y
vue-
sas m e r c e d e s , señores Justicias, tienen conciencia y
a l m a en esos cuerpos ? B u e n o sería q u e e n t r a s e esta
CERVANTES
noche t o d o el p u e b l o e n casa del señor J u a n
Tosta-
do, o c o m o es s u gracia, y viese lo contenido e n el
tal retablo, y m a ñ a n a , c u a n d o quisiésemos
mostra-
lle al pueblo, n o hubiese á n i m a que le v i e s e : no, señ o r e s , n o , s e ñ o r e s ; ante
omnia
nos h a n de p a g a r
lo q u e f u e r e j u s t o .
BENITO.—Señora a u t o r a , a q u í n o os h a d e p a g a r
n i n g u n a Antoría, n i n i n g ú n A n t o ñ o ; el señor r e g i d o r J u a n Tostado
os p a g a r á m á s q u e h o n r a d a m e n -
te, y <si n o el Concejo. ¡ B i e n conocéis el l u g a r p o r
cierto! Aquí, hermana, no aguardamos a que ninguna Antona pague por nosotros.
CAPACHO.—¡ P e c a d o r d e m í , señor Benito Repollo,
y q u é lejos da del b l a n c o ! N o dice la s e ñ o r a a u t o r a q u e p a g u e n i n g u n a A n t o n a , sino q u e l e p a g u e n
a d e l a n t a d o , y a n t e t o d a s cosas, q u e eso quiere decir
ante
omnia.
BENITO.—Mirad, escribano P e d r o C a p a c h o ;
ha-
ced v o s q u e m e hablen a d e r e c h a s , q u e y o e n t e n d e r é a pie l l a n o ; vos, q u e sois leído y escribido, p o déis e n t e n d e r e s a s a l g a r a b í a s d e allende, que yo, n o .
JUAN.—Ahora bien, ¿ c o n t e n t a r s e h a el señor a u t o r
con q u e y o le d é a d e l a n t a d o s media docena de d u c a d o s ? Y m á s , q u e se t e n d r á cuidado q u e n o e n t r e
g e n t e del pueblo e s t a n o c h e en mi casa.
CHANFALLA.—Soy c o n t e n t o ; p o r q u e y o m e fío de
la diligencia d e v u e s a m e r c e d y de su b u e n t é r m i n o .
JUAN.—Pues v é n g a s e c o n m i g o , recibirá el d i n e r o
216
RETABLO
DE
LAS
MARAVILLAS
y v e r á m i casa y la c o m o d i d a d q u e h a y e n ella p a r a
m o s t r a r ese R e t a b l o .
CHANFALLA.—Vamos, y
n o se les p a s e d e
las
m i e n t e s l a s calidades q u e h a n d e t e n e r l o s q u e se
a t r e v i e r e n a m i r a r el maravilloso R e t a b l o .
BENITO.—A m i c a r g o q u e d a eso, y séle decir q u e
p o r m i p a r t e p u e d o i r s e g u r o a juicio, p u e s t e n g o el
p a d r e a l c a l d e ; c u a t r o d e d o s d e e n j u n d i a d e cristiano
viejo rancioso tengo sobre los c u a t r o costados d e m i
l i n a j e : m i r e n si v e r é el tal R e t a b l o .
CAPACHO.—Todos le p e n s a m o s v e r , señor B e n i t o
Repollo.
JUAN.—No n a c i m o s acá e n las m a l v a s , s e ñ o r P e dro Capacho.
GOBERNADOR.—Todo s e r á
menester,
según
voy
v i e n d o , señores Alcalde, R e g i d o r y E s c r i b a n o .
JUAN.—Vamos, a u t o r , y m a n o s a la o b r a ; q u e
J u a n Tostado
m e llamo, hijo de A n t ó n Tostado
y
de J u a n a M a c h a ; y n o digo m á s e n abono, y seguro que podré ponerme cara a cara y a pie quedo
delante del r e f e r i d o R e t a b l o .
CHERINOS.—Dios lo h a g a .
(Entranse
JUAN Tostado
y CHANFALLA.)
GOBERNADOR.—Señora a u t o r a , ¿ q u é poetas se u s a n
a h o r a e n la C o r t e , de f a m a y r u m b o , especialmente de los llamados c ó m i c o s ? ; p o r q u e y o t e n g o m i s
p u n t a s y collar de poeta, y p i c ó m e d e la f a r á n d u l a y
c a r á t u l a . V e i n t e y d o s comedias tengo, t o d a s n u e v a s ,
q u e se ven las u n a s a las o t r a s ; y estoy a g u a r d a n 217
3»>
*t ,
B
CERVANTES
d o c o y u n t u r a paral ir a la C o r t e y enriquecer con
ellas m e d i a d o c e n a d e a u t o r e s .
CHERINOS.—A lo q u e v u e s a m e r c e d , s e ñ o r G o b e r n a d o r , m e p r e g u n t a de los p o e t a s , n o le s a b r é
r e s p o n d e r ; p o r q u e h a y t a n t o s , q u e q u i t a n el s o l ; y
t o d o s p i e n s a n q u e s o n f a m o s o s . L o s poetas cómicos
s o n los o r d i n a r i o s y q u e s i e m p r e se u s a n , y así n o
hay p a r a qué nombrallos. P e r o dígame vuesa merced, p o r su v i d a : ¿ c ó m o e s su b u e n a g r a c i a ? ¿ C ó m o se llama?
GOBERNADOR.—A m í , s e ñ o r a a u t o r a , m e llaman
el L i c e n c i a d o Gomecillos.
CHERINOS.—íVálame D i o s ! ¿ Y q u e vuesa merced
es el s e ñ o r Licenciado Gomecillos, el q u e c o m p u s o
aquellas coplas t a n f a m o s a s de Lucifer
y tómale
mal de
estaba
malo,
fuera?
GOBERNADOR.—Malas l e n g u a s h u b o q u e m e q u i sieron a h i j a r esas coplas, y así fueron mías como
del G r a n T u r c o . L a s q u e y o c o m p u s e , y n o l o q u i e r o n e g a r , f u e r o n aquellas q u e t r a t a r o n ded diluvio d e
S e v i l l a ; q u e p u e s t o q u e los p o e t a s son l a d r o n e s u n o s
de o t r o s , n u n c a m e precié d e h u r t a r n a d a a n a d i e :
con m i s v e r s o s m e a y u d e Dios, y h u r t e el q u e q u i siere.
(Vuelve
CHANFALLAJ
CIIANFALLA.—Señores, v u e s a s mercedes
vengan,
q u e t o d o está a p u n t o , y n o falta m á s q u e comenzar.
CHIRINOS.—¿ E s t á y a el d i n e r o in
Corbona?
CHANFALLA.—Y a u n e n t r e las telas del corazón.
218
RETABLO
DE
LAS
MARAVILLAS
CHIRINOS.—Pues doyte p o r aviso, Chanfalla, q u e el
G o b e r n a d o r es poeta.
CHANFALLA.—¿Poeta? ¡ C u e r p o del m u n d o 1 P u e s
dale p o r e n g a ñ a d o , p o r q u e t o d o s los de h u m o r sem e j a n t e son hechos a la m a c a c o n a , g e n t e descuidada, c r é d u l a y n o n a d a maliciosa.
BENITO.—Vamos, a u t o r , q u e m e saltan los pies p o r
ver esas maravillas.
(Entranse
(Salen
doras;
todos.)
JUANA Tostada
la una como
y TERESA REPOLLA, labra-
desposada,
que es la
Tostada.
TOSTADA.—Aquí t e p u e d e s sentar, T e r e s a
lla a m i g a , q u e t e n d r e m o s
Repo-
el R e t a b l o e n f r e n t e ;
y
pues sabes las condiciones q u e h a n de t e n e r los m i r a d o r e s del Retablo, n o te descuides, q u e sería u n a
g r a n desgracia.
TERESA.—Ya sabes, J u a n a Tostada,
q u e soy t u p r i -
ma, y n o digo m á s . T a n cierto t u v i e r a y o el cielo
c o m o t e n g o cierto v e r t o d o aquello q u e el Retablo
m o s t r a r e . P o r el siglo de m i m a d r e , q u e me sacase
los m i s m o s o j o s de m i c a r a , si alguna desgracia m e
aconteciese bonita soy y o p a r a eso.
JUANA Tostada.—Sosiégate,
p r i m a , que t o d a
la
g e n t e viene.
(Entran
Tostado,
otra gente
el GOBERNADOR, BENITO REPOLLO, JUAN
PEDRO CAPACHO, el autor
del pueblo,
ha de ser aquel
y un sobrino
gentilhombre
que
y la autora
de Benito
y
que
baila.)
CHANFALLA.—Siéntense t o d o s ; el R e t a b l o h a d e
219
CERVANTES
e s t a r d e t r á s d e este r e p o s t e r o , y la a u t o r a
tam-
bién.
GOBERNADOR.—El señor M o n t i é l comience su obra.
BENITO.—Poca b a l u m b a t r a e este a u t o r p a r a t a n
gran Retablo.
JUAN.—Todo debe d e ser d e
m ar av illas.
CHANFALLA.—Atención, s e ñ o r e s ,
que
comienzo:
—i O h t ú , q u i e n q u i e r a q u e fuiste, q u e fabricaste este
R e t a b l o con t a n maravilloso artificio, q u e alcanzó r e n o m b r e de las Maravillas!
P o r la v i r t u d q u e e n él
se e n c i e r r a , t e c o n j u r o , a p r e m i o y m a n d o q u e l u e g o
incontinente m u e s t r e s a estos s e ñ o r e s a l g u n a s de las
t u s m a r a v i l l o s a s maravillas, p a r a q u e se regocijen y
tomen
placer,
sin e s c á n d a l o
alguno. E a , que
ya
veo q u e h a s o t o r g a d o m i petición, p u e s p o r aquella p a r t e a s o m a l a figura del valentísimo S a n s ó n , a b r a z a d o c o n las colunas
del t e m p l o , p a r a
derriballe
p o r el suelo y t o r n a r v e n g a n z a d e s u s e n e m i g o s .
¡ T e n t e , v a l e r o s o caballero, t e n t e , p o r l a g r a c i a
de
Dios P a d r e ; n o h a g a s tal d e s a g u i s a d o , p o r q u e n o
cojas debajo y h a g a s tortilla tanfta y t a n noble g e n te c o m o a q u í se h a j u n t a d o !
BENITO.—¡Véngase, c u e r p o de tal, c o n m i g o ! B u e n o sería q u e , en l u g a r de h a b e r n o s v e n i d o a holgar,
q u e d á s e m o s aquí hechos p l a s t a . ¡ T é n g a s e , s e ñ o r S a n cho, pesia a mis m a l e s , que se lo r u e g a n b u e n o s !
CAPACHO.—¿Veisle v o s ,
JUAN.—Pues ¿ n o le h a b í a
los o j o s e n el colodrillo?
220
Tostado?
de ver? ¿Tengo
yo
¡Échense todos, échense todos!.
RETABLO
DE
LAS
MARAVILLAS
CAPACHO [aparte].—Milagroso
caso es é s t e : así
veo y o a S a n s ó n a h o r a como el G r a n T u r c o . P u e s e n
v e r d a d q u e m e tengo por legítimo y cristiano viejo.
CHIRINOS.—¡Guárdate, h o m b r e , q u e sale el m e s m o t o r o q u e m a t ó al g a n a p á n e n S a l a m a n c a ! ¡ E c h a te, h o m b r e ; échate, h o m b r e ; ¡ Dios te l i b r e ! ¡ D i o s
te libre!
•CHANFALLA. — ¡ É c h e n s e
todos,
échense
todos!
¡Húchoho! ¡húchoho! ¡húchoho!
(Echanse
todos
y
alborótanse.)
BENITO.—El diablo lleva en el c u e r p o el t o r i l l o ;
sus p a r t e s t i e n e d e hosco y d e b r a g a d o ; si n o m e
tiendo, m e lleva de vuelo.
JUAN.—Señor a u t o r , h a g a , si puede, q u e n o salg a n f i g u r a s que nos a l b o r o t e n , y n o lo digo p o r
mí, sino p o r estas m o c h a c h a s que n o les h a q u e d a d o g o t a de s a n g r e en el c u e r p o d e la ferocidad del
toro.
Tostada.—Y
¡ cómo, p a d r e ! N o pienso volver en
mí en t r e s d í a s ; ya m e vi en sus c u e r n o s , q u e los
tiene a g u d o s como u n a lesna.
JUAN.—1N0 f u e r a s tú mi h i j a y n o lo v i e r a s .
GOBERNADOR [aparte].—Basta
q u e t o d o s ven lo
q u e y o no v e o ; p e r o al fin h a b r é de decir q u e lo
veo, p o r la n e g r a honrilla.
CHIRINOS.—Esa m a n a d a de r a t o n e s q u e allá v a ,
deciende p o r línea recta de aquellos q u e se c r i a r o n
en el a r c a de N o é ; dellos son blancos, dellos a l b a r a ¡223
C£/í
YANTES
za dos , dellos j a s p e a d o s , y dellos azules, y finalmente, t o d o s son r a t o n e s .
Tostada.—¡Jesús!
¡Ay de mí! ¡Ténganme
que
m e a r r o j a r é p o r aquella v e n t a n a ! ¿ R a t o n e s ? ¡ D e s d i c h a d a ! A m i g a , a p r i é t a t e las faldas y m i r a no te
m u e r d a n ; y ¡ m o n t a que s o n p o c o s ! P o r el siglo de
mi abuela, q u e p a s a n de milenta.
REPOLLA.—Yo sí soy la d e s d i c h a d a , p o r q u e se m e
e n t r a n sin r e p a r o n i n g u n o ; u n r ató n morenico m e
tiene asida de u n a rodilla. ¡ S o c o r r o v e n g a del cielo,
pues e n la t i e r r a m e f a l t a !
CHANFALLA.—Esta a g u a , q u e c o n t a n t a priesa se
deja descolgar d e las n u b e s , es de la fuente q u e d a
o rige n y principio al río J o r d á n ; t o d a m u j e r a quien
t o c a r e e n el r o s t r o se le v o l v e r á como d e plata b r u ñida, y a los h o m b r e s se les v o l v e r á n las b a r b a s com o de o r o .
Tostada.—¿
O y e s , a m i g a ? D e s c u b r e el r o s t r o , p u e s
ves lo que te i m p o r t a . ¡ O h , qué licor t a n s a b r o s o !
C ú b r a s e , p a d r e , n o se m o j e .
JUAN.—Todos nos c u b r i m o s , hija.
BENITO.—Por las espaldas m e ha calado el agua
h a s t a ila canal m a e s t r a .
CAPACHO [aparte].—Yo
estoy m á s seco que u n
esparto.
GOBERNADOR [aparte].—¿Qué
diablos puede ser
esto, q u e a ú n n o m e ha t o c a d o u n a gota, d o n d e todos se
a h o g a n ? Casi empiezo
dez
de mis
a pensar
padres.
224
mal de la
honra'
RETABLO
DE
LAS
MARAVILLAS
C A P A C H O . — F r e s c a es el a g u a del s a n t o río
Jor-
d á n ; y a u n q u e m e cubrí lo q u e p u d e t o d a v í a m e alcanzó u n poco en los bigotes, y a p o s t a r é q u e
los
tengo r u b i o s como u n oro.
B E N I T O . — Y a u n peor cincuenta veces.
C H E R I N O S . — A l l á v a n h a s t a dos docenas d e leones
r a m p a n t e s y de osos c o l m e n e r o s ; t o d o viviente se
g u a r d e ; que, a u n q u e fantásticos, n o d e j a r á n de d a r
alguna p e s a d u m b r e , y a u n d e hacer las fuerzas
de
H é r c u l e s , con espadas d e s e n v a i n a d a s .
J U A N . — E a , señor a u t o r , ¡ c u e r p o de n o s ! ¿ Y a g o ra n o s q u i e r e llenar la casa de osos y d e leones?
B E N I T O . — ¡ M i r a d q u é ruiseñores y c a l a n d r i a s n o s
envía T o n t o n e l o , sino leones y d r a g o n e s ! S e ñ o r a u tor, y salgan figuras m á s apacibles, o aquí nos cont e n t a m o s con las vistas, y Dios le guíe, y no p a r e m á s
en el pueblo u n m o m e n t o .
Tostada.—Señor
Benito Repollo, deje
oso y leones, siquiera p o r n o s o t r a s , y
salir
ese
recebiremos
mucho contento.
J U A N . — P u e s , hija, de a n t e s te e s p a n t a b a s de los
r a t o n e s , ¿y a g o r a pides osos y leones?
Tostada.—Todo
lo n u e v o aplace, señor p a d r e .
CIIIRIXOS.—Esa
doncella
que agora
se
muestra
tan g a l a n a y t a n c o m p u e s t a , es la llamada H e r o d í a s ,
cuyo baile alcanzó en p r e m i o la cabeza del P r e c u r sor d e la v i d a ; si hay quien la a y u d e a bailar verán
maravillas.
B E N I T O . — E s t a sí ¡ c u e r p o del m u n d o ! q u e es fi225
xxi.—15
CERVANTES
g u r a h e r m o s a , apacible y reluciente. S o b r i n o Repollo,
tú q u e sabes de a c h a q u e de c a s t a ñ e t a s , a y ú d a l a y
será la fiesta d e c u a t r o capas.
SOBRINO.—Que m e place, tío Benito Repollo.
(Tocan
la Z a r a b a n d a . )
CAPACHO;—(¡ T o m a
mi abuelo,
si es antiguo
el
baile d e la Z a r a b a n d a y de l a Chacona.
BENITO.—¡Ea, s o b r i n o ! . . . Pero
tor, si esa Herodias
diga,
señor
au-
es judía, ¿ c ó m o vee estas m a -
ravillas ?
CHANFALLA.—Todas 'las reglas tienen
excepción,
señor Alcalde.
(Suena
una trompeta
y entra un furrier
de
o corneta
dentro
del
teatro,
compañías.)
FURRIER.—¿Quién es aquí el señor G o b e r n a d o r ?
GOBERNADOR.—Yo s o y : ¿ q u é m a n d a v u e s a m e r ced?
FURRIER.—Que luego, al p u n t o , m a n d e hacer aloj a m i e n t o p a r a t r e i n t a h o m b r e s de a r m a s , q u e llegar á n a q u í d e n t r o de m e d i a h o r a , y a u n a n t e s , q u e ya
suena l a t r o m p e t a . Y adiós.
(Vase.)
BENITO.—Yo a p o s t a r é que los envía el sabio T o n tonelo.
CHANFALLA.—'No h a y t a l ; q u e esta es u n a compañía d e caballos, que estaba a l o j a d a dos leguas d é
aquí.
BENITO.—Ahora yo conozco bien a T o n t o n é l o , y
sé q u e v o s y él sois u n o s g r a n d í s i m o s bellacos; y
226
RETABLO
DE
LAS
MARAVILLAS
mira q u e os m a n d o que m a n d é i s a T o n t o n e l o n o
tenga a t r e v i m i e n t o d e e n v i a r estos h o m b r e s d e a r m a s , q u e le h a r é d a r docientos azotes e n las espaldas, q u e se v e a n u n o s a o t r o s .
C H A N F A L L A . — D i g o , s e ñ o r alcalde, q u e n o los e n vía T o n t o n e l o .
B E N I T O . — D i g o q u e los envía T o n t o n e l o , c o m o h a
enviado l a s o t r a s s a b a n d i j a s q u e yo h e visto.
C A P A C H O . — T o d o s las habernos visto, señor Benito
Repollo.
B E N I T O . — N o digo yo q u e no, señor P e d r o
Ca-
pacho.
(Vuelve
el
furrier.)
F U R R I E R J — E a , ¿ e s t á y a h e c h o el a l o j a m i e n t o ? , que
ya e s t á n los caballos en el pueblo.
B E N I T O . — ¿ Q u é , todavía h a salido con la suya T o n t o n e l o ? P u e s yo os v o t o a tal, a u t o r de h u m o s y d e
embelecos, q u e m e lo habéis de p a g a r .
CHANFALLA.—Séanme
testigos
que
me amenaza
el alcalde.
C H I R I N O S . — S é a n m e tesJtigos que dice el Alcalde
q u e l o q u e m a n d a S. M . lo m a n d a el sabio T o n t o n e l o .
B E N I T O . — A t o n t o n e l e a d a t e vean mis ojos, plega a
Dios t o d o p o d e r o s o .
GOBERNADOR.—Yo p a r a mí tengo q u e v e r d a d e r a m e n t e estos h o m b r e s d e a r m a s n o deben d e ser d e
burlas.
F U R R I E R . — ¿ D e b u r l a s habían d e ser, señor G o b e r n a d o r ? ¿ E s t á en su seso ?
227
4fm\i
> » ffig
CERVANTES
JUAN.—-Bien pudieran
ser atontomelados;
como
esas cosas habernos visto aquí. P o r vida del autor,
que haga salir otra vez a la doncella Herodías, por
que vea este señor lo que nunca ha visto; quizá con
esto le cohecharemos para que se vaya presto del
lugar.
CHANFALLA.—Eso en buen hora, y veisla aquí a
de vuelve, y hace de señas a su bailador a que de
nuevo la ayude.
SOBRINO.—Por mí no quedará, por cierto.
BENITO.—Eso si, sobrino, cánsala, cánsala; vueltas y más vueltas; ¡vive Dios, que es un azogue la
muchacha! ¡ A l hoyo, al h o y o ! ¡ A ello, a ello!
FURRIER.—¿Está loca esta gente? ¿ Q u é diablos
de doncella es ésta y qué baile y qué Tontonelo?
CAPACHO.—¿Luego no vee la doncella herodiana
el señor furrier?
FURRIER.—¿ Q u é diablos de doncella tengo de v e r ?
CAPACHO.—Basta: de ex Mis es.
GOBERNADOR.—De ex Mis es, de ex Mis es.
JUAN.—De ellos es, de ellos, el señor
furrier;
de ellos es.
FURRIER.—Por Dios vivo, que si echo mano a la
espada, que los haga salir por las ventanas, que no
por la puerta.
CAPACHO.—Basta, át ex Mis es.
BENITO.—Basta; de ellos es, pues no vee nada.
FURRIER.—¡Canalla! Si otra vez me dicen que
soy de ellos no les dejaré hueso sano.
228
RETABLO
DE
LAS
MARAVILLAS
BENITO.—Nunca l o s confesos n i ladrones
fue-
r o n v a l i e n t e s ; y p o r eso n o p o d e m o s dejar de d e c i r : d e ellos es, de ellos es.
FURRIER.—¡ C u e r p o de Dios con los v i l l a n o s ! E s perad.
{Mete
mano a la espada y acuchíllase
la Cherinos
descuelga
la manta
y
con todos,
y
dice:)
E l diablo ha sido la t r o m p e t a y la v e n i d a d e los
h o m b r e s de a r m a s ; m á s p ar ece q u e los l l a m a r o n c o n
campanilla.
CHANFALLA.—El suceso h a sido e x t r a o r d i n a r i o ; la
v i r t u d del R e t a b l o se q u e d a e n su p u n t o , y m a ñ a n a
lo p o d e m o s m o s t r a r al p u e b l o ; y nosotros m i s m o s
p o d e m o s c a n t a r el t r i u n f o d e esta batalla d i c i e n d o :
¡Vivan Chirinos y Chanfalla!
229
EL
C E R C O
DE
FIGURAS
SIGUIENTES :
CirióN, romano.
IUGURTA, romano.
Gayo MARIO, romano.
CUATRO MUJERES DE NUMANCIA.
LIRA, doncella.
DOS CIUDADANOS NUMANTINOS.
UNA MUJER DE NUMANCIA.
UN HIJO SUYO.
QUINTO FABIO, romano.
CUATRO SOLDADOS ROMANOS,
DOS NUMANTINOS, EMBAJADORES.
Otro
hijo
de
aquélla.
UNA MUJER DE NUMANCIA.
UN SOLDADO NUMANTINO.
GUERRA.
ENFERMEDAD.
HAMBRE.
TEÓGENES, numantino.
CARAVINO, nurrantino.
CUATRO GOBERNADORES NUMANTINOS.
MARANDRO, numantino.
VARIATO, muchacho, que es el
que se arroj'a de la torre.
Dos SACERDOTES NUMANTINOS.
UN HOMBRE NUMANTINO.
Vn
NUMANCIA
UN NUMANTINO.
Demonio.
ERMILIO,
JORNADA
soldado
romano.
PRIMERA
Entra CIPIÓN, y IUGURTA y MARIO y un alarde de soldados
armados a lo anti^ruo, sin arcabuces, y CIPIÓN SC sube sobre
una peña que estará allí, y dice:
Cip.
Tün el fiero a d e m á n , en los
lozanos
Marciales aderezos y vistosos,
B i e n os c o n o z c o , a m i g o s , p o r r o m a n o s :
R o m a n o s , digo, fuertes
231
y
animosos;
'Jtíif^
CERVANTES
M a s e n las b l a n c a s y delicadas m a n o s ,
Y e n las t e c e s de r o s t r o s t a n l u s t r o s o s ,
A l l á en B r e t a ñ a p a r e c é i s c r i a d o s ,
Y de p a d r e s f l a m e n c o s
engendrados.
E l g e n e r a l discuido v u e s t r o , a m i g o s .
E l n o m i r a r p o r lo q u e t a n t o os t o c a ,
Levanta
los c a i d o s e n e m i g o s ,
Q u e v u e s t r o e s f u e r z o y opinión a p o c a .
D e s t a ciudad los m u r o s son t e s t i g o s ,
Q u e a u n h o y e s t á cual b i e n f u n d a d a roca,
De vuestras perezosas fuerzas vanas,
Q u e sólo el n o m b r e t i e n e n de r o m a n a s .
¿ P a r e c e o s , hijos, q u e es g e n t i l h a z a ñ a
Q u e t i e m b l e del r o m a n o n o m b r e el m u n d o ,
Y q u e v o s o t r o s solos e n E s p a ñ a
L e aniquiléis y echéis e n el p r o f u n d o ?
¿ Q u é flojedad e s é s t a t a n e x t r a ñ a ?
¿ Q u é flojedad? Si y o m a l n o m e
fundo,
E s flojedad n a c i d a de p e r e z a ,
E n e m i g a m o r t a l de f o r t a l e z a .
¿ P e n s á i s que sólo atierra
la muralla
E l a l m e t e y la a c e r a d a p u n t a ,
Y q u e sólo a t r e p e l l a la b a t a l l a
L a m u l t i t u d de g e n t e s y a r m a s j u n t a ?
Si e s f u e r z o de c o r d u r a n o s e ñ a l a
Q u e t o d o lo p r e v i e n e y lo b a r r u n t a ,
Poco aprovechan muchos escuadrones,
Y menos infinitas
municiones.
Si a m i l i t a r c o n c i e r t o se r e d u c e
232
EL
CERCO
DE
N U M AN
CIA
C u a l q u e p e q u e ñ o e j é r c i t o que sea,
V e r é i s q u e c o m o sol c l a r o reluce,
Y a l c a n z a las v i c t o r i a s q u e d e s e a ;
P e r o si a flojedad él se c o n d u c e ,
A u n q u e a b r e v i a d o el m u n d o en él se vea,
E n un momento quedará deshecho
P o r m á s reglada m a n o y fuerte pecho.
Avergonzaos, varones
esforzados,
P o r q u e , a n u e s t r o pesar, con arrogancia,
T a n pocos españoles, y encerrados,
D e f i e n d a n e s t e nido de N u m a n c i a .
D e c i s é i s a ñ o s son, y m á s , p a s a d o s ,
Q u e m a n t i e n e n la g u e r r a y la g a n a n c i a
D e h a b e r v e n c i d o c o n feroces m a n o s
M i l l a r e s de m i l l a r e s de r o m a n o s .
N o m e h u e l a el soldado o t r o s o l o r e s
Q u e el olor de la p e z y de r e s i n a ,
N i p o r g o l o s i d a d de los s a b o r e s
T r a i g a s i e m p r e a p a r a t o de c o c i n a :
Q u e el q u e u s a en la g u e r r a e s t o s p r i m o r e s ,
M u y m a l p o d r á sufrir la c o t a f i n a ;
N o q u i e r o o t r o p r i m o r ni o t r a
fragancia,
E n t a n t o q u e e s p a ñ o l viva en N u m a n c i a .
E n blandas camas, entre juego y vino,
H á l l a s e m a l el t r a b a j o s o
Marte;
O t r o aparejo busca, o t r o c a m i n o ;
O t r o s b r a z o s l e v a n t a n su e s t a n d a r t e ;
C a d a cual se fabrica su d e s t i n o ;
N o t i e n e allí f o r t u n a a l g u n a p a r t e ;
233
CERVANTES
L a pereza fortuna
baja
cría;
L a diligencia, imperio y m o n a r q u í a .
E s t o y con todo esto t a n
seguro
D e q u e al fin m o s t r a r é i s q u e sois r o m a n o s ,
Q u e t e n g o e n n a d a el d e f e n d i d o m u r o
D e s t o s rebeldes bárbaros hispanos,
Y así, o s p r o m e t o p o r m i d i e s t r a y j u r o
Que,
si i g u a l á i s al á n i m o las m a n o s ,
Q u e las m í a s se a l a r g u e n en p a g a r o s ,
Y mi lengua también en alabaros.
Míranse los soldados unos a otros, y hacen señas a uno dellos,
que se llama GAYO MAPIO, que responda por todos, y dice:
GAYO.
Si con a t e n t o s ojos h a s m i r a d o ,
í n c l i t o g e n e r a l , e n los
semblantes
Que a tus breves razones han mostrado
L o s que tienes agora
circunstantes,
C u á l h a b r á s v i s t o sin color, t u r b a d o ,
Y cuál con ella, indicios bien b a s t a n t e s
D e q u e el t e m o r y la v e r g ü e n z a a u n a
N o s aflige, m o l e s t a e i m p o r t u n a :
V e r g ü e n z a , de m i r a r ser r e d u c i d o s
A t é r m i n o t a n bajo p o r su culpa,
Q u e v i e n d o s e r p o r ti r e p r e h e n d i d o s ,
N o s a b e n a e s a falta h a c e r d i s c u l p a ;
T e m o r , de t a n t o s y e r r o s c o m e t i d o s ;
Y la t o r p e p e r e z a q u e los c u l p a
L o s t i e n e de t a l m o d o , q u e se h o l g a r a n
A n t e s m o r i r q u e e n e s t o se h a l l a r a n .
234
EL
CERCO
DE
NUMAN
CÍA
P e r o el l u g a r y t i e m p o q u e los q u e d a
P a r a mostrar alguna
recompensa,
E s causa que con m e n o s fuerza
F a t i g a r t e el
rigor
puedan
de t a l o f e n s a .
D e h o y m á s , c o n p r e s t a v o l u n t a d y leda,
E l m á s m í n i m o d é s t o s cuida
y
piensa
D e o f r e c e r sin r e v é s a t u servicio
L a h a c i e n d a , vida, h o n r a e n
sacrificio.
A d m i t e , p u e s , de s u s i n t e n t o s s a n o s
Al justo ofrecimiento, señor mío,
Y c o n s i d e r a al fin q u e s o n r o m a n o s ,
E n q u i e n n u n c a faltó del t o d o b r í o .
V o s o t r o s l e v a n t a d las d i e s t r a s m a n o s ,
E n s e ñ a l q u e a p r o b á i s el v o t o m í o .
S. i.°
S. 2 .
0
T o d o lo q u e h a b é i s d i c h o c o n f i r m a m o s .
Y lo j u r a m o s t o d o s .
TODOS.
CIP.
SÍ j u r a m o s .
Pues, arrimado a tal ofrecimiento,
C r e c e y a desde h o y m i confianza.
Creciendo en vuestros pechos ardimiento,
Y del viejo v i v i r n u e s t r a m u d a n z a .
V u e s t r a s p r o m e s a s n o se lleve el v i e n t o ;
H a c e r l a s v e r d a d e r a s c o n la l a n z a ;
Q u e las m í a s s a l d r á n t a n v e r d a d e r a s ,
C u a n t o fuere el v a l o r de v u e s t r a s v e r a s .
S. i.°
D o s n u m a n t i n o s con s e g u r o vienen
A d a r t e , Cipión, u n a
embajada.
CIP.
¿ P o r q u é n o llegan y a ? ¿ E n q u é se d e t i e n e n ?
SOL.
E s p e r a n q u e licencia les sea d a d a .
235
CERVANTES
CIP.
Si son e m b a j a d o r e s , ya ila tienen.
Sol.
Embajadores
CIP.
son.
Daldes entrada.
Entran dos numantinos, embajadores.
N . i."
Si n o s d a s , g r a n s e ñ o r , g r a t a licencia,
D e c i r t e he la e m b a j a d a q u e t r a e m o s ;
D o e s t a m o s , o a n t e sola t u presenc'a,
T o d o a lo q u e v e n i m o s t e d i r e m o s .
CIP.
D e c i d ; q u e a d o n d e q u i e r a doy audiencia.
X. I." P u e s c o n e s e s e g u r o q u e t e n e m o s ,
De tu real grandeza concedido,
D a r é p r i n c i p i o a lo q u e s o y v e n i d o .
N u m a n c i a , de q u i e n y o soy c i u d a d a n o ,
í n c l i t o g e n e r a l , a ti m e e n v í a ,
C o m o al m á s f u e r t e c a p i t á n r o m a n o
Q u e h a c u b i e r t o la n o c h e y v i s t o el día,
A p e d i r t e , s e ñ o r , la a m i g a m a n o ,
E n señal d e q u e cesa la p o r f í a
T a n trabada y cruel de t a n t o s años,
Que ha causado sus propios y tus daños.
D i c e q u e n u n c a de la ley y f u e r o s
D e l S e n a d o r o m a n o se a p a r t a r a ,
Si el i n s u f r i b l e m a n d o y d e s a f u e r o s
D e u n c ó n s u l y o t r o n o le f a t i g a r a .
E l l o s con d u r o s e s t a t u t o s fieros,
Y con su e x t r a ñ a condición avara,
P u s i e r o n t a n g r a n y u g o a n u e s t r o s cuellos,
Q u e f o r z a d o s s a l i m o s del y dellos,
Y , e n t o d o el l a r g o t i e m p o q u e h a d u r a d o
036
EL
CERCO
DE
NUMANCIA
E n t r a m b a s p a r t e s la c o n t i e n d a , es c i e r t o
Que ningún general hemos hallado
Con quien poder t r a t a r algún concierto.
E m p e r o a g o r a , q u e h a q u e r i d o el h a d o
Reducir nuestra nave a tan buen puerto,
L a s velas de la g a v i a r e c o g e m o s ,
Y a cualquiera partido nos ponemos.
N o i m a g i n e s q u e t e m o r n o s lleva
A p e d i r t e las p a c e s c o n i n s t a n c i a ,
P u e s la l a r g a e x p e r i e n c i a h a d a d o p r u e b a
D e l p o d e r v a l e r o s o de N u m a n c i a .
T u v i r t u d y v a l o r es q u i e n n o s ceba,
Y nos declara que será ganancia
M a y o r que cuantas desear podemos
Si p o r s e ñ o r y a m i g o t e t e n e m o s .
A e s t o h a sido la v e n i d a n u e s t r a .
R e s p ó n d e n o s , s e ñ o r , lo q u e t e place.
CIP.
¡ T a r d e d e a r r e p e n t i d o s dais la m u e s t r a !
Poco vuestra amistad me
satisface.
D e n u e v o e j e r c i t a d la f u e r t e
diestra,
Q u e q u i e r o v e r lo q u e la m í a h a c e ;
Q u i z á q u e h a p u e s t o en ella la v e n t u r a
L a gloria n u e s t r a y vuestra
sepoltura.
A d e s v e r g ü e n z a de t a n l a r g o s a ñ o s .
E s poca recompensa pedir paces.
S e g u i d la g u e r r a y r e n o v a d los d a ñ o s .
S a l g a n de n u e v o las v a l i e n t e s h a c e s .
N . i.° L a falsa c o n f i a n z a m i l e n g a ñ o s
C o n s i g o t r a e ; a d v i e r t e lo q u e h a c e s ,
337
CERVANTES
Señor, que esa arrogancia que nos muestras,
R e m u n e r a el v a l o r e n n u e s t r a s d i e s t r a s ;
Y p u e s n i e g a s la p a z q u e c o n b u e n celo
T e h a sido p o r n o s o t r o s d e m a n d a d a ,
D e h o y m á s la c a u s a n u e s t r a c o n el cielo
Quedará por mejor
calificada,
Y a n t e s q u e p i s e s de N u m a n c i a «4 suelo,
P r o b a r á s d ó se e x t i e n d e la i n d i g n a d a
F u e r z a de a q u e l q u e , s i é n d o t e
enemigo,
Q u i e r e s e r t u v a s a l l o y fiel a m i g o .
CIP.
¿Tenéis más que decir?
N.
N o : mas tenemos
Q u e h a c e r , p u e s t ú , s e ñ o r , a n s í lo q u i e r e s ,
Sin q u e r e r la a m i s t a d q u e t e o f r e c e m o s ,
C o r r e s p o n d i e n d o m a l de s e r q u i e n e r e s .
P e r o e n t o n c e s v e r á s lo q u e p o d r e m o s
C u a n d o n o s m u e s t r e s t ú lo q u e p u d i e r e s ;
Q u e es u n a c o s a r a z o n a r d e p a c e s ,
Y o t r a r o m p e r p o r las a r m a d a s haces.
CIP.
Verdad decís; y ansí, p a r a m o s t r a r o s
Si sé t r a t a r en p a z y h a b l a r en g u e r r a ,
N o os q u i e r o p o r a m i g o s a c e p t a r o s ,
Ni lo s e r é j a m á s de v u e s t r a t i e r r a .
Y con esto podéis luego t o r n a r o s .
N.
¿ Q u e en e s f o t u q u e r e r , s e ñ o r , se e n c i e r r a ?
CIP.
Y a t e he d i c h o q u e si.
N . 2."
P u e s , ¡ sus!, al h e c h o ;
Q u e g u e r r a a m a el n u m a n t i n o p e c h o .
238
•t»
»»»CT'
EL
CERCO
f l
DE
NUMANCIA
JORNADA SEGUNDA
Salen
TEÓG.
y CARAVINO, con otros tres numantinos,
gobernadores de Numancia, y siéntanse.
TEÓGENES
Paréceme, varones esforzados,
Q u e en n u e s t r o s d a n o s con rigor influyen
Los tristes signos y contrarios hados,
P u e s n u e s t r a fuerza h u m a n a
desminuyen.
T i é n e n n o s los r o m a n o s e n c e r r a d o s ,
Y con cobardes manos nos d e s t r u y e n ;
Ni con m a t a r muriendo n o hay vengarnos,
Ni p o d e m o s sin a l a s e s c a p a r n o s .
Mira si i m a g i n á i s a l g ú n r e m e d i o
P a r a s a l i r de t a n t a d e s v e n t u r a ,
P o r q u e este largo y trabajoso asedio
Sólo p r o m e t e p r e s t a sepoltura.
E l a n c h o foso n o s e s t o r b a el m e d i o
D e p r o b a r c o n las a r m a s la v e n t u r a ,
A u n q u e a veces valientes, fuertes brazos,
R o m p e n mil contrapuestos
CAR.
¡A Júpiter pluguiera
embarazos.
soberano
Q u e n u e s t r a j u v e n t u d sola se v i e r a
C o n t o d o el c r u e l e j é r c i t o r o m a n o
A d o n d e el b r a z o r o d e a r p u d i e r a ,
Q u e allí a l v a l o r d e l a e s p a ñ o l a
mano
L a m i s m a m u e r t e poco estorbo hiciera
P a r a d e j a r de a b r i r f r a n c o
camino
A la s a l u d del p u e b l o n u m a n t i n o !
239
C E R VA
N TE
S
M a s p u e s en t a l e s t é r m i n o s n o s v e m o s ,
Que estamos como damas encerrados,
H a g a m o s todo cuanto hacer podemos
P a r a m o s t r a r los á n i m o s o s a d o s :
A nuestros enemigos convidemos
A singular b a t a l l a ; q u e , cansados
D e s t e cerco t a n largo, ser podria
Q u i s i e s e n a c a b a r l e p o r t a l vía.
Y cuando este remedio no suceda
A la j u s t a m e d i d a del d e s e o ,
O t r o c a m i n o de i n t e n t a r n o s q u e d a ,
A u n q u e m á s t r a b a j o s o a lo q u e c r e o :
E s t e foso y muralla q u e n o s
veda
E l p a s o al e n e m i g o q u e allí v e o ,
E n u n t r o p e l de n o c h e le r o m p a m o s ,
Y p o r a y u d a a los a m i g o s v a m o s .
N . i.°
O s e a p o r el foso, o p o r la m u e r t e ,
De abrir tenemos paso a nuestra vida;
Q u e es d o l o r insufrible el de la m u e r t e ,
Si l l e g a c u a n d o m á s vive la vida.
R e m e d i o a las m i s e r i a s e s la m u e r t e ,
Si se a c r e c i e n t a n ellas con la vida,
Y suele t a n t o m á s s e r e x c e l e n t e
C u a n d o se m u e r e m á s h o n r a d a m e n t e .
N . 2."
E s t a i n s u f r i b l e h a m b r e macilenta.
Q u e t a n t o nos persigue y nos rodea,
H a c e q u e en v u e s t r o p a r e c e r c o n s i e n t a ,
Puesto oue temerario y duro sea;
M u r i e n d o , exctisn'"•<••••:: ¡ a n t a
240
afrenta;
EL
CERCO
DE
NU MAN
CÍA
Y q u i e n m o r i r de h a m b r e n o d e s e a ,
A r r ó j e s e c o n m i g o al foso, y h a g a
C a m i n o s u r e m e d i o con la d a g a .
X. 3 .
0
P r i m e r o q u e v e n g á i s al t r a n c e d u r o
D e s t a resolución que habéis tomado,
P a r é c e m e ser b i e n q u e d e s d e el m u r o
N u e s t r o fiero enemigo sea
avisado,
D i c i é n d o l e q u e dé c a m p o s e g u r o
A u n n u m a n t i n o y a o t r o su soldado,
Y q u e la m u e r t e de u n o s e a s e n t e n c i a
Que acabe nuestra antigua
diferencia.
S o n los r o m a n o s t a n s o b e r b i a g e n t e ,
Que luego aceptarán este partido;
Y si lo aceptan, creo
Q u e n u e s t r o amargo
firmemente
d a ñ o h a fenecido,
P u e s está un n u m a n t i n o aquí presente.
Cuyo valor m e tiene persuadido
Q u e él solo c o n t r a t r e s de los r o m a n o s
Q u i t a r á la v i c t o r i a de las m a n o s .
P a r a m o r i r , j a m á s le f a l t a t i e m p o
Al q u e q u i e r e m o r i r
desesperado.
Siempre seremos a sazón y a tiempo
P a r a m o s t r a r m u r i e n d o el pecho o s a d o ;
M a s . p o r q u e n o se p a s e en balde el t i e m p o ,
M i r a si os c u a d r a lo q u e he d e m a n d a d o ,
Y , si n o os p a r e c e , dad u n m o d o
Que mejor venga y que convenga a todo.
TEÓG.
YO desde aquí m e ofrezco, si os p a r e c e
Q u e p u e d e de mi e s f u e r z o a l g o fiarse,
241
XXI.—
CERV
ANTES
D e salir a e s t a d u d a q u e se o f r e c e ,
Si p o r v e n t u r a viene a e f e c t u a r s e .
CAR.
M á s h o n r a t u valor claro m e r e c e ;
B i e n p u e d e n de t u e s f u e r z o
confiarse
M á s difíciles c o s a s , y a u n m a y o r e s ,
P o r s e r el q u e es m e j o r de los m e j o r e s .
Y pues
tú ocupas
el lugar
primero
D e la h o n r a y v a l o r c o n c a u s a j u s t a ,
Yo, que en todo me cuento por postrero,
Q u i e r o ser el h e r a l d o d e esta j u s t a .
N . i.° P u e s y o con todo el pueblo m e prefiero
H a c e r de lo q u e J ú p i t e r m á s g u s t a ,
Q u e s o n los sacrificios y o b l a c i o n e s ,
Si v a n c o n e n m e n d a d o s c o r a z o n e s .
N. 2 .
V a m o n o s , y con p r e s t a diligencia
H a g a m o s c u a n t o a q u í p r o p u e s t o habernos,
A n t e s q u e la p e s t í f e r a d o l e n c i a
D e la h a m b r e n o s p o n g a en los e x t r e m o s .
Si tiene el cielo d a d a ,1a sentenoia
D e q u e e n e s t e r i g o r fiero a c a b e m o s ,
R e v ó q u e l a , si a c a s o lo m e r e c e
L a p r e s t a e n m i e n d a q u e N u m a n c i a ofrece.
Vanse.
Salen dos numantinos vestidos como sacerdotes antiguos, y
hon de traer asido de los cuernos en medio un carnero
grande, coronado de oliva y otras flores, y un paje con una
fuente de plata y una toalla, y otro con un jarro de agua,
y otros dos con dos jarros de vino, y otro con otra fuente
de plata con un poco de incienso, y otros con fuego y leña,
y otro que ponga una mesa con un tapete donde se ponga
todo lo que hubiere en la comedia, en hábitos de numanti242
EL
CERCO
DE
NUMANCIA
n o s ; y luego los sacerdotes, dejando el uno el carnero de
la mano, diga, y han de entrar TEÓGENES y muchos numantinos.
S. i.°
Señales ciertas de dolares ciertos
Se m e h a n p r e s e n t a d o en el c a m i n o ,
Y los c a n o s cabellos t e n g o y e r t o s .
S. 2°
Si a c a s o y o n o s o y m a l adivino,
N u n c a con bien saldremos d e esta i m p r e s a .
¡ Ay, desdichado pueblo n u m a n t i n o !
S. i.°
H a g a m o s n u e s t r o oficio c o n la p r i e s a
Q u e nos i n c i t a n los a g ü e r o s t r i s t e s .
P o n e d , amigos, hacia a q u í esa mesa.
S. 2.°
E l vino, i n c i e n s o y a g u a q u e t r u j i s t e s
Poneldo encima, y a p a r t a o s afuera,
Y a r r e p e n t i o s de c u a n t o m a l h i c i s t e s ;
Q u e la oblación
m e j o r y la p r i m e r a
Q u e se h a de o f r e c e r al a l t o cielo
E s el a l m a limpia y v o l u n t a d s i n c e r a .
S. i.°
E l f u e g o n o le h a g á i s v o s en el suelo,
Q u e a q u í viene b r a s e r o p a r a ello,
Q u e así lo pide el r e l i g i o s o celo.
S. 2 . °
L a v a o s las m a n o s y limpiaos el cuello.
D a d a c á el a g u a : ¿ el f u e g o n o se e n c i e n d e ?
N.
S. 2."
N o h a y quien pueda, s e ñ o r e s , encendello.
¡Oh
J ú p i t e r ! ¿ Q u é es esto q u e p r e t e n d e
D e h a c e r en n u e s t r o d a ñ o el h a d o e s q u i v o ?
¿ C ó m o el f u e g o en la t e a n o se e n c i e n d e ?
N.
Y a p a r e c e , señor, que está algo vivo.
S. 2." Q u í t a t e a f u e r a . ¡ O h flaca l l a m a e s c u r a ,
Q u e dolor en m i r a r t e tal r e c i b o !
243
CERVANTES
¿ N o m i r a s c ó m o el h u m o se a p r e s u r a
A c a m i n a r al l a d o de P o n i e n t e ,
Y la a m a r i l l a l l a m a , m a l s e g u r a ,
S u s p u n t a s e n c a m i n a h a c i a el O r i e n t e ?
¡ Desdichada señal, señal notoria
Que nuestro mal y daño está p a t e n t e !
S. i.°
A u n q u e lleven r o m a n o s la v i c t o r i a
D e n u e s t r a m u e r t e , en h u m o h a de t o r n a r s e
Y e n l l a m a s vivas n u e s t r a m u e r t e y g l o r i a .
S. 2 .
0
P u e s d e b e c o n el v i n o r u c i a r s e
El sacro fuego, dad acá ese vino,
Y el i n c i e n s o t a m b i é n q u e h a de q u e m a r s e .
Rocía el fuego con el vino a la redonda, y luego pone
el incienso en el fuego, y dice:
A l b i e n del t r i s t e p u e b l o n u m a n t i n o
E n d e r e z a , ¡ o h g r a n J ú p i t e r ! , la
fuerza
P r o p i c i a , del c o n t r a r i o a m a r g o sino.
Ansí como este ardiente fuego
fuerza
A q u e e n h u m o se v a y a el s a c r o incienso,
A s í se h a g a al e n e m i g o f u e r z a
P a r a q u e en h u m o , e t e r n o p a d r e i n m e n s o ,
T o d o s u b i e n , t o d a su g l o r i a v a y a ,
Ansí como tú puedes y yo pienso;
T e n g a n los cielos su p o d e r a r a y a ,
Ansí como esta víctima tenemos,
Y, lo q u e ella h a de h a b e r , él t a m b i é n h a y a .
S. i.°
M a l r e s p o n d e el a g ü e r o ; m a l p o d r e m o s
O f r e c e r e s p e r a n z a al p u e b l o t r i s t e ,
Para
salir
del
mal
244
que
poseemos.
EL
CERCO
DE
N U M A N CI
A
Hácese ruido debajo del tablado con un barril lleno de piedras,
y dispárese un cohete volador.
S. 2.°
¿ N o oyes u n ruido, a m i g o ? Di, ¿ n o viste
E l r a y o ardiente que pasó volando ?
P r e s a g i o v e r d a d e r o de e s t o
S. i.°
fuiste.
T u r b a d o e s t o y ; de m i e d o e s t o y t e m b l a n d o .
¡ O h q u é s e ñ a l e s ! , a lo q u e y o v e o ,
¡ Q u é a m a r g o fin están p r o n o s t i c a n d o !
¿ N o v e s u n e s c u a d r ó n a i r a d o y feo?
¿ V e e s u n a s á g u i l a s feas q u e pelean
C o n o t r a s a v e s en m a r c i a l r o d e o ?
S. 2."
Sólo su e s f u e r z o y su r i g o r emplean
E n e n c e r r a r l a s a v e s en u n c a b o ,
Y con a s t u c i a y a r t e las r o d e a n .
S. i.°
S. 2."
T a l seña/ v / r u p e r o y n o la alabo,
¿Águilas imperiales vencedoras?
¡ T ú v e r á s de N u m a n c i a p r e s t o el c a b o !
Á g u i l a s , de g r a n m a l a n u n c i a d o r a s ,
P a r t i o s , q u e y a el a g ü e r o v u e s t r o e n t i e n d o ,
Y a e n efecto contadas son las h o r a s .
S. I.°
C o n t o d o , el sacrificio hacer p r e t e n d o
De esta inocente víctima, g u a r d a d a
P a r a p a g a r el dios del g e s t o h o r r e n d o .
S. 2°
¡ O h g r a n P i n t ó n , a quien p o r s u e r t e d a d a
Le fué la habitación
del reino oscuro
Y el m a n d o en la infernal triste
morada'
A t a p a la p r o f u n d a e s c u r a b o c a
P o r d o salen las t r e s fieras h e r m a n a s
A h a c e r n o s el d a ñ o q u e n o s t o c a ,
245
w
CERVANTES
Y sian de d a ñ a r n o s t a n livianas
S u s intenciones, que las lleve el viento,
Corno se lleva el pelo de e s t a s l a n a s .
Quita algunos pelos del carnero y échalos al aire.
S. i.°
Y ansí como te baño y ensangriento
E s t e cuchillo en esta s a n g r e p u r a ,
C o n a l m a limpia y limpio p e n s a m i e n t o ,
A n s í la t i e r r a de N u m a n c i a d u r a
S e b a ñ e c o n la s a n g r e d e r o m a n o s ,
Y a u n los s i r v a t a m b i é n de s e p o l t u r a .
Sale por el hueco del tablado un DEMONIO hasta el medio
cuerpo, y ha de arrebatar el carnero y volverse a disparar
el fuego y todos los sacrificios.
S. 2°
M a s ¿ q u i é n m e h a a r r e b a t a d o de las m a n o s
L a v í c t i m a ? ¿ Q u é e s e s t o , dioses s a n t o s ?
¿ Q u é p r o d i g i o s son e s t o s t a n i n s a n o s ?
N o os h a n e n t e r n e c / d o y a los llantos
D e s t e p u e b l o l l o r o s o y afligido,
Ni la a r p a d a v o z de a q u e s t o s
cantos;
A n t e s c r e o q u e se h a n e n d u r e c i d o ,
C u a l p u e d e n inferir en las s e ñ a l e s
T a n fieras c o m o a q u í h a n a c o n t e c i d o .
N u e s t r o s vivos r e m e d i o s son m o r t a l e s ;
T o d a n u e s t r a p e r e z a es diligencia,
Y los bienes
Xi'M.
ajenos,
nuestros
males.
E n fin, d a d o h a n los cielos la sentencia
D e n u e s t r o fin a m a r g o y m i s e r a b l e .
N o nos quiere valer y a su clemencia;
246
EL
CERCO
DE
NUMANCIA
L l o r e m o s , p u e s e s fin t a n l a m e n t a b l e ,
N u e s t r a d e s d i c h a ; q u e la e d a d p o s t r e r a
Del y de n u e s t r a s f u e r z a s s i e m p r e h a b l e .
JORNADA
Salen
CIP.
TERCERA
CIPIÓN, IUGURTA, y MARIO, romano».
E n forma estoy contento en mirar cómo
C o r r e s p o n d e a m i g u s t o la v e n t u r a ,
Y e s t a libre n a c i ó n s o b e r b i a d o m o
Sin f u e r z a s , s o l a m e n t e c o n c o r d u r a .
E n v i e n d o la ocasión, l u e g o la t o m o ,
P o r q u e sé c u á n t o c o r r e y se a p r e s u r a ,
Y si se p a s a ; e n c o s a s d e la g u e r r a ,
E l c r é d i t o c o n s u m e y vida a t i e r r a .
J u z g a b a d e é s a el loco d e s v a r í o
T e n e r los e n e m i g o s
encerrados,
Y q u e e r a m e n g u a del romano brío
N o vencellos con modos m á s usados.
B i e n sé q u e lo h a b r á n d i c h o ; m a s y o fío
Q u e , los q u e fueren p l á c t i c o s s o l d a d o s
D i r á n q u e es d e t e n e r e n m a y o r c u e n t a
La victoria q u e menos
ensangrienta.
¿ Q u é gloria puede haber m á s levantada,
E n l a s c o s a s de g u e r r a q u e aquí d i g o ,
Q u e , sin q u i t a r de su l u g a r la e s p a d a ,
V e n c e r y s u j e t a r al e n e m i g o ?
Q u e , c u a n d o la v i c t o r i a e s g r a n j e a d a
247
CERVANTES
Con la sangre vertida del amigo,
E l gusto mengua que causar pudiera
L a que sin sangre tal ganada fuera.
Tocan una trompeta del muro de Numancia.
1ro.
Oye, señor, que de Numancia suena
E l son de una trompeta, y me aseguro
Que decirte algo desde allá se ordena,
Pues el salir acá lo estorba el muro.
Caravino se ha puesto en una almena,
Y una señal ha hecho de s e g u r o :
Lleguémonos más cerca.
CIP.
Ea, lleguemos.
N o m á s : eme desde aquí lo entenderemos.
Pónese
Car.
CARAVINO
en la muralla, con una bandera o lanza
en la mano, y dice:
¡ Romanos ! ¡ A h , romanos ! ¿ Puede acaso
Ser de vosotros esta voz oída?
MAR.
Puesto que más abajas, y hables paso,
De cualquier tu razón será entendida.
Car.
Decid al general que alargue el paso
A l foso, porque viene dirigida
a él una embajada.
Cip.
Dila presto,
que yo soy Cipión.
Car.
Escucha el resto.
Dice Numancia, general prudente,
Que consideres bien que ha muchos años
Que entre la nuestra y tu romana gente
248
EL
CERCO
DE
NUMANCIA
D u r a n los m a l e s de la g u e r r a e x t r a ñ o s ,
Y q u e , p o r e v i t a r q u e n o se a u m e n t e
L a dura pestilencia destos daños,
Q u i e r e , si t ú q u i s i e r e s , a c a b a l l a
Con una breve y singular batalla.
U n soldado se ofrece de los n u e s t r o s
A c o m b a t i r c e r r a d o en e s t a c a d a
C o n c u a l q u i e r a e s f o r z a d o de los v u e s t r o s ,
P a r a acabar contienda tan trabada;
Y al q u e los h a d o s f u e r e n t a n s i n i e s t r o s ,
Q u e allí le d e j e n sin la v i d a a m a d a ,
Si fuere el n u e s t r o , d a r é m o s t e la t i e r r a ;
Si el t u y o fuere, a c á b e s e la g u e r r a :
Y por seguridad deste concierto,
d a r e m o s a t u g u s t o las r e h e n e s .
B i e n sé q u e en él v e n d r á s , p o r q u e e s t á s c i e r t o
D e los s o l d a d o s q u e a t u c a r g o t i e n e s ,
Y s a b e s q u e el m e n o r , a c a m p o a b i e r t o ,
H a r á s u d a r el p e c h o , r o s t r o y sienes
A l m á s a v e n t a j a d o de N u m a n c i a ;
Ansí que está segura tu ganancia.
P o r q u e a la ejecución se v e n g a l u e g o ,
R e s p ó n d e m e , s e ñ o r , si e s t á s en ello.
Crp.
D o n a i r e es lo q u e dices, r i s a y j u e g o ,
Y loco el q u e p i e n s a de hacello.
L s a d el m e d i o del h u m i l d e r u e g o .
r
Si q u e r é i s q u e se e s c a p e v u e s t r o cuello
D e p r o b a r el r i g o r y filos d i e s t r o s
D e l r o m a n o cuchillo y b r a z o s n u e s t r o s .
249
CERVANTES
L a fiera
que en la j a u l a está e n c e r r a d a
P o r su selvatoquez y fuerza
dura,
Si p u e d e allí c o n m a n o s e r d o m a d a ,
Y con el t i e m p o y m e d i o s de c o r d u r a ,
Q u i e n la d e j a s e libre y d e s a t a d a
D a r í a g r a n d e s m u e s t r a s de l o c u r a .
B e s t i a s sois, y , p o r t a l e s , e n c e r r a d a s
O s t e n g o d o n d e h a b é i s de ser d o m a d a s .
Mía será Numancia a pesar vuestro,
Sin q u e m e c u e s t e u n m í n i m o s o l d a d o ,
Y el q u e t e n é i s v o s o t r o s p o r m á s d i e s t r o ,
R o m p a p o r ese foso t r i n c h e a d o ;
Y si e n e s t o o s p a r e c e q u e y o m u e s t r o
U n poco mi valor acobardado,
E l viento lleve agora
esta v e r g ü e n z a ,
Y v u é l v a l a la f a m a c u a n d o v e n z a .
Vanse Crpióx y los suyos, y dice CARAVINO.
CAR.
¿ X o escuchas más, cobarde?
¿ Y a te a s -
¿ E n f á d a t e la i g u a l j u s t a b a t a l l a ?
[condes?
M a l con t u n o m b r a d í a c o r r e s p o n d e s ;
M a l p o d r á s de e s t e m o d o s u s t e n t a l l a ;
E n fin, c o m o c o b a r d e m e r e s p o n d e s .
C o b a r d e s sois, r o m a n o s , vil c a n a l l a ,
Con vuestra muchedumbre
confiados,
Y n o en los d i e s t r o s b r a z o s l e v a n t a d o s .
E n formado
escuadrón, o m a n g a suelta
E n la c a m p a ñ a r a s a , d o n o p u e d a
E s t o r b a r la m o r t a l fiera r e v u e l t a
250
EL
CERCO
DE
N U M AN
CIA
E l a n c h o foso y m u r o que la veda,
S e r á bien que, sin d a r el pie la vuelta,
Y sin t e n e r j a m á s la e s p a d a
Ese
ejército mucho bravo
queda,
vuestro
Se v i e r a con el poco flaco n u e s t r o ;
Mas,
como siempre estáis acostumbrados
A v e n c e r con v e n t a j a s y c o n m a ñ a s ,
E s t o s c o n c i e r t o s , en v a l o r f u n d a d o s ,
N o los a d m i t e n bien v u e s t r a s
Liebres
Load
en pieles
fieras
y engrandeced
marañas;
disfrazados,
vuestras
hazañas,
Q u e e s p e r o en el g r a n J ú p i t e r d e j a r o s
S u j e t o s a N u m a n c i a y a sus f u e r o s .
Vase, y torna a salir fuera con TEÓGENES, y CARAVINO.
y MARANDRO, y otros.
TEÓG.
E n términos nos tiene nuestra
suerte.
Dulces amigos, que sería ventura
D e a c a b a r n u e s t r o s d a ñ o s con la m u e r t e ;
E l desafío n o ha i m p o r t a d o u n c e r o ;
¿ D e i n t e n t a r qué m e q u e d a ? N o lo siento,
U n o es a c e p t a r el fin p o s t r e r o .
E s t a n o c h e se m u e s t r e el a r d i m i e n t o
D e l n u m a n t i n o a c e l e r a d o pecho,
Y póngase por obra nuestro intento.
E l e n e m i g o m u r o sen d e s h e c h o ;
S a l g a m o s a m o r i r a la c a m p a ñ a .
Y n o c o m o c o b a r d e s en e s t r e c h o .
Bien sé q u e sólo sirve e s t a h a z a ñ a
251
CERVANTES
CAR.
D e q u e a n u e s t r o m o r i r se m u d e el m o d o ,
Q u e con ella la m u e r t e se a c o m p a ñ a .
Con este parecer yo me acomodo;
M o r i r q u i e r o r o m p i e n d o el f u e r t e m u r o ,
Y d e s h a c e l l o p o r mi m a n o t o d o ;
M a s tienen una cosa mal siguro:
Q u e , si n u e s t r a s m u j e r e s s a b e n e s t o ,
D e q u e n o h a r e m o s n a d a os a s e g u r o .
Cuando otra vez tuvimos presupuesto
D e huirnos y dejallas, cada uno
F i a d o e n su c a b a l l o y v u e l o p r e s t o ,
E l l a s , q u e el t r a t o a ellas i m p o r t u n o
S u p i e r o n , al m o m e n t o n o s r o b a r o n
L o s f r e n o s , sin d e j a r n o s sólo u n o .
E n t o n c e s el h u i r n o s e s t o r b a r o n ,
Y a n s í lo h a r á n a g o r a f á c i l m e n t e ,
MAR.
Si las l á g r i m a s m u e s t r a n q u e m o s t r a r o n .
N u e s t r o disinio a t o d a s es p a t e n t e ,
T o d a s lo s a b e n y a , y n o q u e d a a l g u n a
Q u e n o se q u e j e dello a m a r g a m e n t e ,
Y dicen q u e , en la b u e n a o r u i n f o r t u n a ,
Q u i e r e n e n vida o m u e r t e a c o m p a ñ a r o s ,
A u n q u e su c o m p a ñ í a o s s e a i m p o r t u n a .
Kntran cuatro mujeres de Numancia, cada una con un niño
en brazos y otros de las manos, y LIRA, doncella.
Veislas aquí do vienen a r o g a r o s
N o las dejéis e n t a n t o s e m b a r a z o s ;
A u n q u e seáis de a c e r o h a n de a b l a n d a r o s ;
253
EL
CERCO
DE
NUMANCIA
L o s t i e r n o s hijos v u e s t r o s en los b r a z o s
L a s t r i s t e s t r a e n : ¿ n o veis con q u é s e ñ a l e s
D e a m o r l e s d a n los ú l t i m o s a b r a z o s ?
M. i."
¿Qué pensáis, varones claros?
¿Revolvéis aún todavía
E n la t r i s t e f a n t a s í a
De dejarnos y ausentaros ?
¿ Y a los libres hijos v u e s t r o s
Q u e r é i s e s c l a v o s dejallos ?
¿No será mejor
ahogaílos
C o n los p r o p i o s b r a z o s v u e s t r o s ?
N o a p r e s u r é i s el c a m i n o
A l m o r i r , p o r q u e su e s t a m b r e
C u i d a d o t i e n e la h a m b r e
De cercenarla contino.
M. 3.*
H i j o s de e s t a s t r i s t e s m a d r e s ,
¿ Q u é es e s t o ? ¿ C ó m o n o h a b l á i s
Y con lágrimas rogáis
Q u e n o os dejen v u e s t r o s p a d r e s ?
B a s t e q u e la h a m b r e i n s a n a
O s a c a b e n con dolor,
Sin e s p e r a r el r i g o r
D e la a s p e r e z a r o m a n a .
Decildes que os e n g e n d r a r o n
L i b r e s , y libres n a c i s t e s ,
Y que vuestras madres tristes
T a m b i é n libres os c r i a r o n .
Decildes que, pues la suerte
N u e s t r a v a t a n decaída,
253
CERVAN
TES
Q u e , c o m o os d i e r o n la vida,
A n s í m i s m o o s den la m u e r t e ;
¡ O h m u r o s de e s t a c i u d a d !
Si p o d é i s h a b l a r , decid,
Y mil v e c e s r e p e t i d :
"¡ Numantinos, libertad
L o s t e m p l o s , las c a s a s v u e s t r a s
Levantadas en concordia!
H o y piden misericordia
Hijos y mujeres vuestras.
Ablandad, caros varones,
Esos pechos diamantinos,
Y m o s t r a d , cual n u m a n t i n o s ,
Amorosos corazones;
Q u e n o p o r r o m p e r el m u r o
Se r e m e d i a u n m a l t a m a ñ o ;
A n t e s en ello e s t á el d a ñ o
M á s propincuo y más seguro."
Lira.
T a m b i é n las t r i s t e s
doncellas
P o n e n en v u e s t r a d e f e n s a
E l r e m e d i o de su o f e n s a
Y el alivio a sus q u e r e l l a s .
Desesperación
notoria
E s ésta que hacer queréis,
A d o n d e sólo h a l l a r é i s
Breve m u e r t e y larga gloria.
Mas ya que salga
mejor
Que yo pienso esta hazaña,
¿ Q u é c i u d a d h a y en E s p a ñ a
254
EL
CERCO
DE
NU
MAN
CÍA
Que quiera daros favor?
M i p o b r e i n g e n i o os a d v i e r t e
Q u e si h a c é i s e s t a
salida,
Al e n e m i g o dais vida
Y a toda Numancia muerte.
De vuestro acuerdo gentil
Los romanos burlarán;
Pero, decidme: ¿qué harán
T r e s mil con o c h e n t a m i l ?
Aunque tuviesen
abiertos
L o s m u r o s y su d e f e n s a ,
S e r í a d e s con
ofensa
M a l v e n g a d o s y bien m u e r t o s .
M e j o r es q u e la v e n t u r a
O el d a ñ o q u e el cielo o r d e n a ,
O n o s salve o n o s c o n d e n a
D é la v i d a o s e p o l t u r a .
TEÓG.
L i m p i a d los ojos h ú m i d o s del l l a n t o ,
Mujeres tiernas, y tené entendido
Q u e v u e s t r a a n g u s t i a la s e n t i m o s t a n t o ,
Q u e r e s p o n d e al a m o r n u e s t r o subido.
O r a c r e z c a el dolor, o r a el q u e b r a n t o
S e a p o r n u e s t r o bien d i s m i n u i d o ,
J a m á s e n m u e r t e o vida o s d e j a r e m o s ;
A n t e s en m u e r t e y vida o s s e r v i r e m o s .
P e n s á b a m o s salir al foso, c i e r t o s
A n t e s de allí m o r i r q u e de e s c a p a r n o s ,
P u e s f u e r a q u e d a r vivos a u n q u e m u e r t o s ,
Si m u r i e n d o p u d i é r a m o s v e n g a r n o s ;
255
CERVANTES
M a s , p u e s n u e s t r o s disinios d e s c u b i e r t o s
H a n sido, y es locura a v e n t u r a r n o s ,
A m a d o s y hijos y m u j e r e s n u e s t r a s ,
N u e s t r a s vidas s e r á n de h o y m á s l a s v u e s t r a s .
Sólo se h a d e m i r a r q u e el e n e m i g o
N o a l c a n c e de n o s o t r o s t r i u n f o o g l o r i a ;
A n t e s h a de s e r v i r él de t e s t i g o
Q u e a p r u e b e n y d e t e r m i n e n la h i s t o r i a ;
Y si t o d o s v e n í s en lo q u e digo,
M i l siglos d u r a r á n u e s t r a m e m o r i a ,
Y es q u e n o q u e d e c o s a a q u í en N u m a n c i a
D e d o el c o n t r a r i o p u e d a h a c e r g a n a n c i a .
E n m e d i o de la p l a z a se h a g a u n f u e g o ,
E n c u y a a r d i e n t e l l a m a licenciosa
N u e s t r a s r i q u e z a s t o d a s se e c h e n l u e g o ,
D e s d e la p o b r e a la m á s rica c o s a ;
Y e s t o p o d r é i s t e n e r a dulce j u e g o ,
C u a n d o o s d e c l a r e la i n t e n c i ó n h o n r o s a
Q u e se h a de e f e c t u a r d e s p u é s q u e sea
A b r a s a d a c u a l q u i e r rica p r e s e a .
Y para entretener por algún hora
L a h a m b r e q u e ya r o e n u e s t r o s huesos,
H a r é i s d e s c u a r t i z a r l u e g o a la h o r a
Esos tristes romanos que están presos,
Y sin del chico al g r a n d e h a c e r m e j o r a .
R e p á r t a s e e n t r e t o d o s , q u e con e s o s
Será nuestra comida celebrada
CAR.
P o r E s p a ñ a , cruel, necesitada.
A m i g o s , ¿ q u é os p a r e c e ? ¿ E s t á i s en e s t o ?
256
EL
CERCO
DE
NU
MAN
CIA
Digo que a mí me tiene satisfecho,
Y q u e a la ejecución se v e n g a p r e s t o
De un tan extraño y tan honroso hecho.
TEÓG. P u e s y o de mi i n t e n c i ó n o s d i r é el r e s t o :
D e s p u é s q u e s e a lo q u e d i g o h e c h o ,
V a m o s a ser ministros todos luego
D e e n c e n d e r el a r d i e n t e y rico f u e g o .
M. i.*
N o s o t r a s desde aquí ya c o m e n z a m o s
A d a r con voluntad n u e s t r o s arreos,
Y a las v u e s t r a s las v i d a s
entregamos
C o m o se h a n e n t r e g a d o los d e s e o s .
LIRA.
Pues caminemos presto; vamos, vamos,
Y a b r á s e n s e e n u n p u n t o los t r o f e o s
Q u e p u d i e r a n h a c e r r i c a s las m a n o s ,
Y a u n h a r t a r la codicia de r o m a n o s .
Vansc todos, y salen dos NUMANTINOS.
N . I.*
¡ D e r r a m a , dulce h e r m a n o , p o r los o j o s
El alma en llanto a m a r g o c o n v e r t i d a !
¡ V e n g a la m u e r t e y lleve los d e s p o j o s
De nuestra miserable y triste vida!
N . 2.° Bien p o c o d u r a r á n estos e n o j o s ;
Q u e y a la m u e r t e v i e n e a p e r c e b i d a
P a r a llevar en p r e s t o y breve vuelo
A c u a n t o s p i s a n de N u m a n c i a el suelo.
E n la p l a z a m a y o r y a l e v a n t a d a
Q u e d a un ardiente y cudiciosa
Q u e de n u e s t r a s r i q u e z a s
hoguera,
menistrada,
S u s l l a m a s s u b e n a la c u a r t a
esfera.
257
xxi.—17
'"TO'"
CERVANTES
Allí, c o n t r i s t e p r i e s a
acelerada
Y con m o r t a l y t í m i d a c a r r e r a ,
A c u d e n t o d o s , c o m o santa o f r e n d a ,
A s u s t e n t a r las l l a m a s c o n s u h a c i e n d a .
Allí la p e r l a del r o s a d o
Oriente,
Y el o r o en mil v a s i j a s f a b r i c a d o ,
Y el d i a m a n t e y r u b í m á s e x c e l e n t e ,
Y la e s t i m a d a p ú r p u r a y b r o c a d o ,
E n m e d i o del r i g o r f o g o s o a r d i e n t e
D e la e n c e n d i d a l l a m a se h a a r r o j a d o :
D e s p o j o s q u e p u d i e r a n los r o m a n o s
H i n c h i r los s e n o s y o c u p a r las m a n o s .
Aquí salen con cargas de ropa por tina parte y éntranse,
por otra.
Vuelve
al triste
espectáculo
la
vista;
V e r á s con cuánta priesa y cuánta gana
T o d a N u m a n c i a en n u m e r o s a v i s t a
A g u i j a a s u s t e n t a r la l l a m a i n s a n a ;
Y no con verde leño o seca arista,
N o con m a t e r i a al c o n s u m i r liviana,
Sino con sus haciendas mal gozadas,
P u e s se g u a r d a r o n p a r a s e r q u e m a d a s .
X. i."
Si con esto a c a b a r a n u e s t r o d a ñ o ,
P u d i é r a m o s llevallo c o n p a c i e n c i a ;
M a s , ¡ a y ! , q u e se h a d e d a r , si n o m e e n g a ñ o ,
D e que m u r a m o s todos cruel sentencia.
¡ P r i m e r o q u e el rigor b á r b a r o e x t r a ñ o
M u e s t r e en n u e s t r a s g a r g a n t a s su inclemenV e r d u g o s de n o s o t r o s n u e s t r a s m a n o s
258
[cia,
EL
CERCO
DE
NU
MAN
CIA
S e r á n , y n o los p é r f i d o s r o m a n o s !
H a n ordenado que no quede alguna
M u j e r , n i ñ o ni viejo c o n la vida,
P u e s al fin la c r u e l h a m b r e i m p o r t u n a
C o n m á s fiero r i g o r es s u h o m i c i d a .
Sale una mujer con una criatura en los brazos y otra
de la mano, y ropa para echar en el fuego.
MADR.
¡ O h d u r o vivir m o l e s t o !
¡ Terrible y triste agonía!
Hijo.
Madre, ¿por ventura, habría
Quien nos diese pan por
MADR.
esto?
¿ P a n , h i j o ? ¡ N i a u n o t r a cosa
Q u e s e m e j e de c o m e r !
Hijo.
P u e s ¿ t e n g o de fenecer
De dura hambre rabiosa?
¡ C o n p o c o p a n que m e deis,
M a d r e , n o os p e d i r é m á s !
MADR. H i j o , ¡ q u é p e n a me d a s !
Hijo.
MADR.
¿ P o r qué, madre, no queréis?
SÍ q u i e r o ; m a s ¿ q u é h a r é ,
Q u e n o sé d o n d e b u s c a l l o ?
Hijo.
Bien podréis, madre, comprallo;
Si n o , y o lo c o m p r a r é .
M a s , p o r q u i t a r m e de afán,
Si a l g u n o c o n m i g o t o p a .
Le daré toda esta ropa
P o r u n p e d a z o de p a n .
MADR.
¿Qué mamas, triste
criatura?
¿ N o s i e n t e s q u e , a mi d e s p e c h o ,
259
CERVANTES
S a c a s y a d e l flaco p e c h o ,
P o r leche, la s a n g r e p u r a ?
L l e v a la c a r n e a p e d a z o s ,
Y p r o c u r a de h a r t a r t e ,
Que n o pueden ya llevarte
M i s flacos, c a n s a d o s b r a z o s .
H i j o s , m i dulce alegría,
¿ Con q u é o s p o d r é s u s t e n t a r ,
Si a p e n a s t e n g o q u é o s d a r
D e la p r o p i a s a n g r e
mía?
¡ Oh h a m b r e terrible y fuerte,
C ó m o m e a c a b a s la v i d a !
¡ O h g u e r r a , sólo v e n i d a
P a r a c a u s a r m e la m u e r t e !
Hijo.
¡ M a d r e m í a , q u e m e fino!
Aguijemos. ¿ A dó vamos,
Que parece que alargamos
L a h a m b r e c o n el c a m i n o ?
MADR.
H i j o , cerca está la plaza
Adonde echaremos luego
E n m i t a d del vivo f u e g o
El peso
que te embaraza.
J O R N A D A CUARTA
Tocan al arma con gran priesa, y a este rumor sale CiriÓN,
y
CIP.
IuGur.TA.
y MARIO,
alborotados.
¿ Q u é es esto, c a p i t a n e s ? ¿ Q u i é n n o s toca
Al a r m a en tal sazón? ¿ E s . p o r v e n t u r a ,
260
i*-
—
EL
CERCO
t
e
DE
?
"
i
>
NUMANCIA
A l g u n a g e n t e d e s m a n d a d a y loca
Q u e v i e n e a d e m a n d a r su s e p o l t u r a ?
M a s n o sea a l g ú n m o t í n el q u e p r o v o c a
T o c a r al a r m a e n r e c i a c o y u n t u r a :
Q u e t a n s e g u r o e s t o y del e n e m i g o ,
Q u e t e n g o m á s t e m o r al q u e es a m i g o .
Sale QUINTO
QUIN*.
FABIO con el espada desnuda, y d i c e :
S o s i e g a el p e c h o , g e n e r a l p r u d e n t e ,
Q u e y a d e e s t a a r m a la o c a c i ó n se s a b e ,
P u e s t o q u e h a sido a c o s t a de t u g e n t e ,
D e aquel en quien m á s brío o fuerza cabe.
D o s n u m a n t i n o s con s o b e r b i a
Cuyo
valor
será
razón
se
frente,
alabe,
S a l t a n d o el a n c h o foso y la m u r a l l a ,
H a n movido a t u campo cruel batalla.
A las p r i m e r a s g u a r d a s
envistieron,
Y e n m e d i o d e mil l a n z a s se a r r o j a r o n ,
Y c o n t a l furia y r a b i a a r r e m e t i e r o n ,
Q u e libre p a s o al c a m p o les d e j a r o n .
L a s t i e n d a s de F a b r i c i o a c o m e t i e r o n ,
Y allí su fuerza y su valor m o s t r a r o n
D e m o d o , q u e e n u n p u n t o seis s o l d a d o s
F u e r o n de a g u d a s p u n t a s t r a s p a s a d o s .
Con presta
diligencia
discurriendo
I b a n de t i e n d a en t i e n d a , h a s t a q u e h a l l a r o n
U n p o c o de b i z c o c h o , el c u a l c o g i e r o n ;
E l p a s o , y n o el furor, a t r á s t o r n a r o n .
E l u n o de ellos se e s c a p ó h u y e n d o ;
261
C E
RYANTES
A l o t r o mil e s p a d a s le a c a b a r o n ,
P o r d o n d e infiero q u e la h a m b r e h a sido
Q u i e n les dio a t r e v i m i e n t o t a n s u b i d o .
CIP.
Si, estando deshambridos y encerrados,
Muestran
tan demasiado atrevimiento,
¿ Q u é h i c i e r a n siendo libres y e n t e r a d o s
E n sus fuerzas primeras y ardimiento?
¡ I n d ó m i t o s ! ¡ A l fin seréis d o m a d o s ,
P o r q u e c o n t r a el f u r o r v u e s t r o v i o l e n t o
S e t i e n e de p o n e r la i n d u s t r i a n u e s t r a ,
Q u e de d o m a r soberbios es m a e s t r a !
Vanse todos.
Sale una mujer, armada con una lanza en la mano y un escudo, que significa la GUERRA, y trae consigo la ENFERMEDAD y la HAMBRE : la ENFERMFDAD arrimada a una muleta
y rodeada de paños la cabeza, con una máscara amarilla;
y la HAMBRE saldrá con un desnudillo de muerte, y encima,
una ropa de bocací amarilla y una máscara descolorida.
GUERR.
H a m b r e , E n f e r m e d a d , ejecutores
D e mis terribles m a n d o s y severos,
D e v i d a s y salud c o n s u m i d o r e s ,
C o n q u i e n n o vale r u e g o , m a n d o o fieros,
P u e s y a de m i i n t e n c i ó n sois s a b i d o r e s ,
N o h a y p a r a q u é de n u e v o e n c a r e c e r o s
De cuánto gusto me será y contento
Q u e luego, luego, h a g á i s mi m a n d a m i e n t o .
L a f u e r z a i n c o n t r a s t a b l e de los h a d o s ,
Cuyos efectos nunca salen vanos,
M e f u e r z a n q u e de m i s e a n
ayudados
E s t o s sagaces milites r o m a n o s .
262
EL
CERCO
DE
N U M A N
CIA
Ellos serán un tiempo levantados,
Y abatidos también estos hispanos;
P e r o tiempo vendrá en que yo me mude,
Y d a ñ e al a l t o y al p e q u e ñ o a y u d e ;
Q u e y o , q u e soy la p o d e r o s a G u e r r a ,
De tantas madres desterrada en vano,
A u n q u e q u i e n m e maldice a v e c e s y e r r a ,
P u e s n o sabe el v a l o r de e s t a m i m a n o ,
Sé bien q u e en t o d o el o r b e de la t i e r r a ,
S e r é l l e v a d a del v a l o r
hispano
E n la dulce o c a s i ó n q u e e s t é n
reinando
U n C a r l o s , y u n Filipo, y u n F e r n a n d o .
EXF.
Si ya la H a m b r e , n u e s t r a a m i g a
querida.
N o h u b i e r a t o m a d o con i n s t a n c i a
A s u c a r g o de s e r fiera h o m i c i d a
D e t o d o s c u a n t o s v i v e n en N u m a n c i a ,
F u e r a de mí tu v o l u n t a d cumplida,
D e m o d o q u e se v i e r a la g a n a n c i a
Fácil y rica q u e el
romano hubiera,
H a r t o m e j o r de a q u e l l o q u e se e s p e r a .
M a s ella, en c u a n t o su poder
alcanza,
Y a t i e n e t a l el p u e b l o n u m a n t i n o ,
Q u e de e s p e r a r a l g u n a b u e n a a n d a n z a ,
L e h a t o m a d o las s e n d a s y el c a m i n o ;
M a s del f u r o r la r i g u r o s a lanza,
L a influencia del c o n t r a r i o sino,
L e t r a t a con t a n á s p e r a violencia,
Q u e n o es m e n e s t e r h a m b r e ni dolencia.
E l F u r o r y la R a b i a , t u s s e c u a c e s ,
263
CERV-ANTES
H a n t o m a d o e n su p e c h o t a l a s i e n t o ,
Q u e , c u a l si fuese de r o m a n a s h a c e s ,
C a d a c u a l de e s a s a n g r e e s t á s e d i e n t o .
M u e r t o s , i n c e n d i o s , i r a s son s u s p a c e s ;
E n el m o r i r h a n p u e s t o su c o n t e n t o ,
Y, p o r q u i t a r el t r i u n f o a l o s r o m a n o s ,
E l l o s m e s m o s se m a t a n con sus m a n o s .
IIAMBR.
V o l v e d ios ojos, y veréis a r d i e n d o
D e la c i u d a d los e n c u m b r a d o s t e c h o s .
E s c u c h a d los s u s p i r o s q u e s a l i e n d o
V a n de mil t r i s t e s , l a s t i m a d o s p e c h o s .
O í d la v o z y l a m e n t a b l e e s t r u e n d o
D e bellas d a m a s a quien, ya deshechos
L o s t i e r n o s m i e m b r o s de c e n i z a y fuego,
N o v a l e n p a d r e , a m i g o , a m o r ni r u e g o .
C u a l s a l e n las o v e j a s d e s c u i d a d a s ,
S i e n d o del fiero lobo a c o m e t i d a s ,
Andar
aquí y allí
descarriadas,
C o n t e m o r de p e r d e r las simples vidas,
Tal niños y mujeres
desdichadas,
V i e n d o y a las e s p a d a s h o m i c i d a s ,
A n d a / i de calle en calle, ¡ o h h a d o i n s a n o ! ,
S u cierta m u e r t e d i l a t a n d o en vano.
N o hay plaza, no h a y r i n c ó n , n o hay calle o casa
Q u e de s a n g r e y de m u e r t o s n o e s t é l l e n a ;
E l h i e r r o m a t a , el d u r o f u e g o a b r a s a ,
Y el r i g o r f e r o c í s i m o
condena.
P r e s t o v e r é i s q u e p o r el suelo t a s a
H a s t a la m á s s u b i d a y a l t a
264
almena,
EL
CERCO
DE
N U M AN
CIA
Y las c a s a s y t e m p l o s m á s p r e c i a d o s
E n polvo y e n c e n i z a s s o n t o r n a d o s .
V e n i d ; v e r é i s q u e en los a m a d o s cuellos
D e t i e r n o s hijos y m u j e r
querida,
T e o g e n e s afila a g o r a y p r u e b a e n ellos
D e su e s p a d a c r u e l c o r t e homicida,
Y c ó m o y a , d e s p u é s de m u e r t o s ellos,
E s t i m a e n p o c o la c a n s a d a vida,
B u s c a n d o de m o r i r u n m o d o e x t r a ñ o ,
Q u e c a u s ó e n el s u y o m á s de u n d a ñ o .
GLERR.
V a m o s , p u e s , y n i n g u n o se descuide
D e e j e c u t a r p o r e s o a q u í s u fuerza,
Y a lo q u e d i g o sólo a t i e n d a y cuide,
Sin q u e de m i i n t e n c i ó n u n p u n t o t u e r z a .
Vanse. y sale TFÓGENES con dos espadas desnudas
y ensangrentadas las manos.
TEÓG.
S a n g r e de m i s e n t r a ñ a s d e r r a m a d a ,
P u e s sois a q u e l l a de los hijos m í o s ;
M a n o , c o n t r a ti m c s m a acelerada,
L l e n a de h o n r o s o s y c r u e l e s b r í o s ;
F o r t u n a , en d a ñ o m í o c o n j u r a d a ;
Ciclos, de j u s t a p i e d a d v a c i o s :
O í r e c e d m e en t a n d u r a , a m a r g a s u e r t e ,
Alguna honrosa, aunque cercana muerte.
Valientes numantinos, haced cuenta
Q u e yo soy algún pérfido
romano,
Y v e n g a d e n mi p e c h o v u e s t r a a f r e n t a ,
E n s a n g r e n t a n d o e n él e s p a d a y m a n o .
U n a de e s t a s e s p a d a s os p r e s e n t a
265
CERVANTES
M i a i r a d a furia y m i d o l o r i n s a n o ;
Q u e , m u r i e n d o e n b a t a l l a , n o se siente
T a n t o e l r i g o r del ú l t i m o a c c i d e n t e .
Vase, y
sale CIPIÓN,
y IUCURTA, y
QUINTO FABIO, y MARIO,
y ERMILIO y otros soldados romanos.
CIP.
Si no m e engaña el pensamiento mío,
O salen mentirosas las señales
Que habéis visto en N u m a n c i a , d e l e s t r u e n d o
Y lamentable son, y ardiente llama,
S i n d u d a a l g u n a que recelo y t e m o
Q u e el b á r b a r o f u r o r d e l e n e m i g o
C o n t r a s u p r o p i o p e c h o n o se v u e l v a .
Ya no parece
gente
en la
muralla,
Ni suenan las usadas centinelas;
T o d o e s t á e n c a l m a y e n silencio p u e s t o ,
C o m o si e n p a z t r a n q u i l a y s o s e g a d a
E s t u v i e s e n los fieros
MAR.
numantinos.
P r e s t o p o d r á s salir d e a q u e s a d u d a ,
P o r q u e , si t ú lo q u i e r e s , y o m e o f r e z c o
D e s u b i r s o b r e el m u r o , a u n q u e m e p o n g a
Al riguroso trance q u e se ofrece,
Sólo p o r v e r aquello q u e en Numancia
H a c e n nuestros soberbios enemigos.
CIP.
A r r i m a , p u e s , ¡oh M a r i o ! , a l g u n a escala
A la m u r a l l a , y h a z lo q u e p r o m e t e s .
MAR.
I d p o r l a escala luego, y vos, E r m i l i o ,
H a c e d q u e m i r o d e l a se m e t r a i g a ,
Y la c e l a d a b l a n c a d e l a s p l u m a s ;
266
EL
CERCO
DE
NUMANCIA
Q u e a fe q u e t e n g o de p e r d e r la vida
O s a c a r de e s t a d u d a al c a m p o t o d o .
ERM. V e s aquí la rodela y la c e l a d a ;
L a e s c a l a v e s l a a l l í : la t r a j o L i m p i o .
MAR. E n c o m i á n d o m e a J ú p i t e r inmenso,
Q u e y o v o y a c u m p l i r lo p r o m e t i d o .
IUG.
A l z a m á s la rodela, M a r i o ,
E n c o g e el c u e r p o , y e n c u b r e la c a b e z a .
¡ A n i m o , q u e y a l l e g a s a lo a l t o !
¿ Q u é ves?
MAR.
IUG.
¡ O h santos d i o s e s ! Y ¿ q u é es e s t o ?
¿ De qué te admiras ?
MAR.
D e mirar de sangre
U n r o j o l a g o , y de v e r m i l c u e r p o s
T e n d i d o s p o r l a s calles de N u m a n c i a ,
D e mil a g u d a s p u n t a s t r a s p a s a d o s .
CIP.
¿ Q u é ? ¿ N o hay ninguno vivo?
MAR.
¡ N i por p i e n s o !
A lo m e n o s , n i n g u n o se m e ofrece
E n t o d o c u a n t o a l c a n z o con la vista.
CIP.
Salta, pues, d e n t r o , y m i r a p o r tu vida.
Salta MARIO en la ciudad. Sigúele
lugurta
y al poco
torna a salir el primero
por la muralla, y dice:
MAR.
rato
E n balde, i l u s t r e g e n e r a l p r u d e n t e ,
Han
sido n u e s t r a s f u e r z a s
ocupadas.
E n balde t e h a s m o s t r a d o d i l i g e n t e ,
P u e s en h u m o y e n v i e n t o son t o r n a d a s
L a s c i e r t a s e s p e r a n z a s de v i c t o r i a ,
267
D e tu i n d u s t r i a contino a s e g u r a d a s .
E n l a m e n t a b l e fin la t r i s t e h i s t o r i a
D e la ciudad i n v i c t a de N u m a n c i a
M e r e c e s e r e t e r n a en la m e m o r i a ;
S a c a d o h a n de su p é r d i d a g a n a n c i a ;
Q u i t a d o t e h a n el t r i u n f o de las m a n o s ,
M u r i e n d o con m a g n á n i m a
constancia;
N u e s t r o s disinios h a n salido v a n o s ,
P u e s ha podido m á s su h o n r o s o i n t e n t o
Q u e t o d a la p o t e n c i a de r o m a n o s .
E l f a t i g a d o p u e b l o en fin v i o l e n t o
A c a b a la m i s e r i a de s u vida,
D a n d o t r i s t e r e m a t e al l a r g o c u e n t o .
N u m a n c i a e s t á en u n l a g o c o n v e r t i d a ,
D e r o j a s a n g r e y de mil c u e r p o s llena,
D e q u i e n fué su r i g o r p r o p i o h o m i c i d a .
D e la p e s a d a y sin i g u a l c a d e n a
D u r a de e s c l a v i t u d se h a n e s c a p a d o
C o n p r e s t a a u d a c i a , de t e m o r a j e n a .
E n m e d i o de la p l a z a l e v a n t a d o
E s t á un ardiente fuego temeroso,
D e sus c u e r p o s y h a c i e n d a s s u s t e n t a d o .
A l t i e m p o l l e g u é a v e r l o , que el
Teogenes, valiente n u m a n t i n o ,
D e fenecer su vida d e s e o s o ,
M a l d i c i e n d o su c o r t o a m a r g o sino,
E n m e d i o se a r r o j a b a d e la l l a m a ,
L l e n o de t e m e r a r i o d e s a t i n o ,
Y al a r r o j a r s e d i j o : " C l a r a fama,
268
furioso
EL
CERCO
DE
N U M AN
CI
A
Ocupa aquí t u s lenguas y t u s ojos
E n esta hazaña, que a contar te llama.
¡ V e n i d , r o m a n o s , ya p o r los despojos
D e s t a ciudad, e n polvo y h u m o v u e l t o s ,
Y s u s flores y f r u t o s en a b r o j o s ! "
D e allí, con pies y p e n s a m i e n t o s s u e l t o s ,
G r a n p a r t e de la t i e r r a h e r o d e a d o .
P o r las calles y p a s o s m á s r e v u e l t o s ,
Y u n solo n u m a n t i n o n o h e h a l l a d o
Q u e p o d e r t e t r a e r v i v o siquiera,
P a r a q u e f u e r a s del bien i n f o r m a d o
P o r q u é o c a s i ó n , de q u é s u e r t e o m a n e r a
Acometieron tan grave
desvarío,
A p r e s u r a n d o la m o r t a l c a r r e r a .
CIP.
¿ E s t a b a , p o r v e n t u r a , el pecho mío
D e b á r b a r a a r r o g a n c i a y m u e r t e s lleno.
Y de p i e d a d j u s t í s i m a v a c í o ?
¿ E s de mi condición, p o r dicha, a j e n o
U s a r benignidad con el rendido,
C o m o c o n v i e n e al v e n c e d o r q u e es b u e n o ?
¡Mal,
p o r cierto, tenían conocido
E l v a l o r en N u m a n c i a de mi p e c h o ,
P a r a vencer y perdonar
Quix.
nacido!
J u g u r t a te h a r á m á s satisfecho,
S e ñ o r , de a q u e l l o q u e s a b e r d e s e a s ,
Q u e vesle v u e l v e lleno de d e s p e c h o .
Asomr.sc IUGURTA a la muralla.
IUG.
P r u d e n t e general, en v a n o empleas
269
CERVANTES
M á s aquí tu valor. Vuelve a o t r a p a r t e
L a i n d u s t r i a s i n g u l a r de q u e t e a r r e a s .
N o h a y e n N u m a n c i a cosa en que ocuparte.
T o d o s son m u e r t o s , y sólo u n o
creo
Q u e q u e d a vivo p a r a el t r u n f o d a r t e ,
Allí e n a q u e l l a t o r r e , s e g ú n v e o .
Y o v i denantes u n m u c h a c h o ; estaba
T u r b a d o e n v i s t a y de g e n t i l a r r e o .
CIP.
Si eso fuese v e r d a d , e s o b a s t a b a
P a r a t r u n f a r e n R o m a de N u m a n c i a ,
Q u e es lo q u e m á s a g o r a d e s e a b a .
L l e g u é m o n o s allá, y h a c e d i n s t a n c i a
C o m o el m u c h a c h o v e n g a a q u e s t a s m a n o s
V i v o , q u e es lo q u e a g o r a e s de i m p o r t a n c i a .
Dice VARIATO, muchacho, desde la t o r r e :
VAR.
¿ D ó n d e venís, o q u é buscáis, r o m a n o s ?
Si e n N u m a n c i a q u e r é i s e n t r a r p o r f u e r t e ,
H a r é i S l o sin c o n t r a s t e , a pasos l l a n o s ;
P e r o mi l e n g u a d e s d e a q u í o s a d v i e r t e
Q u e y o las l l a v e s m a l g u a r d a d a s t e n g o
D e s t a ciudad, d e q u i e n t r u n f ó la m u e r t e .
CIP.
P o r ésas, j o v e n , d e s e o s o v e n g o ,
Y m á s d e que t ú h a g a s insperiencia,
Si e n e s t e p e c h o p i e d a d
VAR.
sostengo.
¡ T a r d e , cruel, ofreces t u clemencia,
P u e s n o h a y con quien u s a r l a : que yo quiero
P a s a r p o r el r i g o r de l a s e n t e n c i a
Q u e con suceso a m a r g o y lastimero
270
£L
CERCO
DE
NUMANCIA
De nuestros padres y patria tan querida
C a u s ó el ú l t i m o fin t e r r i b l e y f i e r o !
QUIN.
Ditne:
¿tienes, por suerte, aborrecida,
C i e g o de u n t e m e r a r i o d e s v a r í o ,
T u floreciente edad y tierna vida?
CIP.
T i e m p l a , p e q u e ñ o joven, templa el b r í o ;
S u j e t a el v a l o r t u y o , q u e es p e q u e ñ o ,
A l m a y o r de m i h o n r o s o p o d e r í o ;
Q u e d e s d e a q u í t e d o y la fee y e m p e ñ o
M i p a l a b r a , q u e solo d e t i s e a s
T ú mismo el propio, el conocido d u e ñ o ;
Y q u e de r i c a s j o y a s y preseas
V i v a s lo q u e vivieres a b a s t a d o ,
Como yo podré darte y tú deseas,
Si a m í t e e n t r e g a s y t e d a s de g r a d o .
VAR.
T o d o el f u r o r de c u a n t o s y a son m u e r t o s
E n e s t e p u e b l o y e n polvo r e d u c i d o ,
T o d o el huir
los pactos y conciertos,
N i el d a r a s u j e c i ó n j a m á s oído,
Sus iras, sus rancores descubiertos,
E s t á en mi pecho solamente unido.
Y o h e r e d é de N u m a n c i a t o d o el b r í o ;
V e d , si p e n s á i s v e n c e r m e , es d e s v a r í o .
P a t r i a querida, pueblo desdichado,
N o t e m a s , ni i m a g i n e s q u e a d m i r e
D e lo q u e d e b o s e r de ti e n g e n d r a d o ,
Ni q u e p r o m e s a o m i e d o m e r e t i r e ,
O r a m e falte el suelo, el cielo, el h a d o ,
O r a v e n c e r m e t o d o el m u n d o a s p i r e ;
271
CERVANTES
Q u e imposible será q u e y o n o h a g a
A t u v a l o r la m e r e c i d a p a g a .
Q u e si a e s c o n d e r m e a q u í m e t r u j o el miedo
D e la c e r c a n a y e s p a n t o s a m u e r t e ,
E l l a m e s a c a r á con m á s d e n u e d o ,
C o n el d e s e o de s e g u i r t u s u e r t e ;
D e vil t e m o r p a s a d o , c o m o p u e d o ,
S e r á la e n m i e n d a a g o r a osada y fuerte,
Y el t e m o r de mi edad t i e r n a , i n o c e n t e
P a g a r é con morir osadamente.
Y o os a s e g u r o , ¡ o h f u e r t e s c i u d a d a n o s ! ,
Q u e n o falte p o r mí la intención v u e s t r a
De
que
no triunfen
pérfidos
romanos.
Si ya n o fuere de ceniza n u e s t r a .
Saldrán conmigo sus intentos vanos,
Ora levanten contra mí su diestra,
O m e a s e g u r e n con p r o m e s a i n c i e r t a
A vida y a regalos a n c h a puerta.
T e n e d , r o m a n o s , s o s e g a d el b r í o ,
Y n o os canséis en a s a l t a r el m u r o ;
C o n q u e f u e r a m a y o r el p o d e r í o
V u e s t r o , de n o v e n c e r m e e s t a d s e g u r o .
P e r o m u é s t r e s e y a el i n t e n t o m í o ,
Y si h a sido el a m o r p e r f e c t o y p u r o
Q u e y o t u v e a mi p a t r i a t a n q u e r i d a ,
A s e g ú r e l o luego esta caída.
Arrójase el muchacho de la torre, y dice CTPIÓN:
CIP.
i O h ! ¡ N u n c a vi tan m e m o r a b l e h a z a ñ a !
¡ N i ñ o de anciano y v a l e r o s o pecho,
2 7 2
£L
CfiiJCO
DE
NUMANCIA
Q u e , n o sólo a N u m a n c i a , m a s a E s p a ñ a
H a s a d q u i r i d o g l o r i a en e s t e h e c h o !
C o n tal vida y virtud heroica, e x t r a ñ a ,
Q u e d a m u e r t o y p e r d i d o mi d e r e c h o .
T ú con e s t a c a í d a
levantaste
T u fama, y mis victorias derribaste.
Q u e f u e r a viva y e n su ser N u m a n c i a ,
Sólo p o r q u e v i v i e r a s m e h o l g a r a ;
T ú solo m e h a s llevado la g a n a n c i a
D e s t a larga contienda, ilustre y r a r a ;
L l e v a , p u e s , n i ñ o , lleva la g a n a n c i a
Y la g l o r i a q u e el cielo t e p r e p a r a ,
P o r haber, d e r r i b á n d o t e , vencido
Al que, subiendo, queda m á s caído.
o
xxi.—iS
PEDRO
DE
JORNADA
URDEMALAS
PRIMERA
Salen MARTÍN CRESPO, alcalde, recién
Pedro
de
Urdemalas
elegido;
su
mozo
y SANCHO MACHO y DIEGO TARUGO,
regidores.
TAR.
Plácenos, M a r t í n C r e s p o , del s u c e s o ;
Desechéisla p o r o t r a de brocado,
Sin q u e j a m á s u n v o t o o s s a l g a a v i e s o .
ALC.
Diego T a r u g o , lo q u e m e h a c o s t a d o
A q u e s t a v a r a , sólo D i o s lo s a b e ,
Y mi vino y capones y ganado.
E l que n o t e conoce, ese te alabe,
deseo d e m a n d a r .
SANCH.
YO a q u e s o d i g o ;
Q u e s é q u e e n él t o d o c u i d a d o c a b e .
Véala yo en poder de mi enemigo,
V a r a que es por presentes adquirida.
ALC.
P u e s a h o r a la tiene u n v u e s t r o a m i g o .
SANCH.
D e vos, Crespo, s e r á t a n bien regida,
Q u e n o la doble d á d i v a ni r u e g o .
ALC.
N o , j u r o a m í , m i e n t r a s t u v i e r e vida.
Cuando mujer m e informe, e s t a r é c i e g o ;
Al r u e g o del h i d a l g o , s o r d o y m u d o ;
Q u e a la s e v e r i d a d t o d o m e e n t r e g o .
275
CERVANTES
TAR.
Y a v e o e n v u e s t r o t i e m p o , y n o lo d u d o ,
S e n t e n c i a s de S a l m ó n , el r e y d i s c r e t o ,
Q u e el n i ñ o dividió c o n h i e r r o a g u d o .
ALC.
A l m e n o s de mi p a r t e , y o p r o m e t o
D e a r r i m a r m e a la ley e n c u a n t o p u e d a ,
Sin alterar u n mínimo decreto.
SANCH.
C o m o yo lo deseo, así suceda,
Y adiós.
ALC.
F o r t u n a os t e n g a , S a n c h o M a c h o ,
E n la e m p i n a d a c u m b r e de su r u e d a .
TAR.
S i n q u e el t e m o r o a m o r os p o n g a e m p a c h o ,
Juzgad, Crespo, terrible y brevemente,
Q u e la t a r d a n z a e n t o d a c o s a t a c h o ;
Y adiós quedad.
ALC.
E n fin, sois buen p a r i e n t e .
Entranse
SANCHO MACHO y
DIEGO TARUGO.
Pedro, que escuchando estás,
¿ C ó m o de m i b u e n s u c e s o
El parabién no me das ?
Y a s o y alcalde y
confieso
Q u e lo s e r é p o r d e m á s ,
Si t ú n o m e d a s
favor,
Y muestras algún primor
Con que juzgue rectamente ;
Que te tengo por prudente,
M á s que a un cura y a u n doctor.
PEDR.
ES aqueso t a n verdad,
C u a l lo d i r á la e x p e r i e n c i a ,
276
PEDRO
DE
U RDEM
ALAS
P o r q u e c o n facilidad
L u e g o o s m o s t r a r é u n a ciencia,
Q u e o s d é n o m b r e y calidad.
Llegaraos Licurgo apenas,
Y la celebrada A t e n a s
Callará sus doctas leyes:
Envidiaros h a n los reyes
Y las escuelas m á s buenas.
Y o o s m e t e r é e n la capilla
Dos docenas de sentencias
Q u e al m u n d o d e n maravilla,
T o d a s c o n s u s diferencias
Civiles o d e r e n c i l l a ;
Y la q u e p r i m e r o a m a n o
O s viniere, está bien llano
Que n o h a de haber m á s que ver.
ALC.
Desde hoy más, Pedro, h a s de ser,
N o mi mozo, m a s mi hermano.
V e n , y m o s t r a r á s m e el m o d o
Como y o p o n g a en efeto
L o q u e h a s dicho, en p a r t e , o todo.
PEDR. P u e s m á s c o s a s t e p r o m e t o .
ALC.
A cualquiera m e acomodo.
Entranse
Salen otra vez
SANCH.
el ALCALDE y PEDRO.
SANCHO MACHO y TARUGO.
M i r a d , T a r u g o , bien siento,
Q u e a u n q u e el p a r a b i é n le d i s t e s
A Crespo de su contento,
277
CERVANTES
Otro paramal
tuvistes
G u a r d a d o e n el p e n s a m i e n t o ;
P o r q u e , e n efeto, e s mancilla
Q u e se rija a q u e s t a villa
P o r la p e r s o n a m á s n e c i a
Q u e h a y d e s d e F l a n d e s a Grecia,
Y desde E g i p t o a Castilla.
TAR.
H o y m o s t r a r á la e x p e r i e n c i a ,
Buen regidor Sancho Macho,
A d o n d e l l e g a la ciencia
D e Crespo, a quien y o n o tacho
H a s t a la p r i m e r a a u d i e n c i a ;
Y pues a g o r a h a de ser,
Soy, Macho, de parecer,
Q u e le o i g a m o s .
SANCH.
Sea así,
Aunque tengo para mí
Q u e u n s i m p l e e n él se h a d e v e r .
Entran
HORN.
LAGARTIJA
y
HORNACHUELOS,
labradores.
¿ D e quién, señores, s a b r e m o s
Si el alcalde e n c a s a e s t á ?
TAR.
A q u í los d o s le a t e n d e m o s .
LAG.
S e ñ a l es q u e aquí saldrá.
SANCH. T a n cierta, q u e y a le v e m o s .
Salen el
ALCALDE
y
REDONDO,
escribano, y
ALC.
¡ O h valientes r e g i d o r e s !
RED.
Siéntense vuesas mercedes.
ALC.
S i n ceremonia, señores.
278
PEDRO.
PEDRO
TAE.
DE
URDE
MALAS
E n cortés exceder puedes
A los c o r t e s e s m a y o r e s .
ALC.
Siéntese aquí el escribano,
Y a mi i z q u i e r d a y d i e s t r a m a n o
Los regidores estén;
Y t ú , P e d r o , e s t a r á s bien
A m i s espaidas.
PEDR.
E s llano.
A q u í e n t u capilla e s t á n
L a s sentencias suficientes
A cuantos pleitos vendrán,
Aunque nunca pares mientes
A la r e l a c i ó n q u e h a r á n .
Y si a l g u n a n o e s t u v i e r e ,
A
tu asesor te refiere;
Q u e y o lo s e r é de m o d o
Q u e t e s a q u e bien de t o d o ,
Y s e a lo q u e se fuere.
RED.
¿ Q u i e r e n algo, s e ñ o r e s ?
LAG.
RED.
.
Sí
querríamos.
P u e s digan, q u e aquí está el señor alcalde,
Q u e les h a r á j u s t i c i a r e c t a m e n t e .
Ai.c.
P e r d ó n e m e l o Dios lo que a h o r a digo,
Y n o m e sea t o m a d o p o r s o b e r b i a :
T a n t i e s t a m e n t e pienso hacer justicie.
C o m o si fuese un s o n a d o r r o m a n o .
RED.
Senador,
M a r t í n Crespo.
ALC.
Allá v a t o d o .
D i g a n su p l e i t o a p r i e s a y b r e v e m e n t e ;
279
CERVANTES
Q u e a p e n a s m e le h a b r á n dicho, e n m i á n i m a ,
C u a n d o les dé s e n t e n c i a r o t a y j u s t a .
RED.
Recta,
s e ñ o r alcalde.
ALC.
Allá v a t o d o .
HORN. P r e s t ó m e L a g a r t i j a tres r e a l e s ;
V o l v í l e d o s ; la d e u d a q u e d a e n u n o ,
Y él dice q u e le d e b o c u a t r o j u s t o s :
E s t e es el p l e i t o , b r e v e d a d , y dije.
¿ E s aquesto verdad, buen L a g a r t i j a ?
LAG.
V e r d a d ; p e r o y o hallo p o r mi c u e n t a ,
O que yo soy un asno, o que Hornachuelos
M e q u e d a a deber c u a t r o .
ALC.
LAG.
¡ Bravo caso!
N O h a y m á s e n n u e s t r o pleito, y m e r e z u m o
E n lo q u e s e n t e n c i a r e el s e ñ o r C r e s p o .
RED.
R e z u m o por resumo:
allá v a t o d o .
ALC.
¿ Q u é decís vos a esto, H o r n a c h u e l o s ?
HORN. N o h a y q u e d e c i r : y o e n t o d o m e a r r e m e t o
Al señor Martín Crespo.
RED.
Me
remito,
P e s e a mi abuelo.
ALC.
Dejadle que a r r e m e t a ;
¿ Q u é se os d a a vos, R e d o n d o ?
RED.
ALC.
A mí nonada.
P e d r o , sácame, a m i g o , u n a sentencia
D e s a capilla, la q u e e s t á m á s c e r c a .
RED.
A n t e s de v e r el pleito ¿ h a y ya sentencia?
ALC.
A h í se p o d r á v e r quién es Callejas.
PEDR. L é a s e esta sentencia, y p u n t o en boca.
280
PEDRO
RED.
DE
URDEMALAS
" E n el pleito q u e t r a t a n N . y F . . . "
PEDE. Z u t a n o con F u l a n o significan
L a N . c o n la F . e n t r e d o s p u n t o s .
RED.
ASÍ es v e r d a d , y digo, " q u e en él pleito
Que t r a t a este Fulano con Zutano,
Q u e d e b o c o n d e n a r , fallo y c o n d e n o
A l d i c h o p u e r c o de Z u t a n o a m u e r t e ,
P o r q u e fué m a t a d o r de la c r i a t u r a
D e l y a dicho F u l a n o " . Y o n o a t i n o
Qué disparate es éste deste puerco,
Y de tantos Fulanos y Z u t a n o s ;
N i sé c ó m o es posible q u e e s t o c u a d r e
N i e s q u i n e c o n el p l e i t o de e s t o s h o m b r e s .
ALC.
R e d o n d o e s t á e n lo c i e r t o : P e d r o a m i g o .
M e t e la m a n o y s a c a o t r a
sentencia;
P o d r í a s e r q u e fuese de p r o v e c h o .
PEDR. Y o , q u e s o y a s e s o r v u e s t r o , m e a t r e v o
De dar sentencia luego cual convenga.
LAG.
P o r m í , m a s q u e la d é u n j u m e n t o n u e v o .
SANCH. D i g o q u e el asesor e s e x t r e m a d o .
HORN. Sentencia, n o r a b u e n a .
ALC.
P e d r o , vaya,
Q u e en t u m a g í n mi h o n r a deposito.
PEDR. D e p o s i t e p r i m e r o H o r n a c h u e l o s ,
P a r a m í el a s e s o r , doce r e a l e s .
HORN. P u e s sola la m i t a d i m p o r t a el pleito.
PEDR. ASÍ es v e r d a d ; q u e L a g a r t i j a el b u e n o
T r e s r e a l e s de a d o s os dio p r e s t a d o s ,
Y d e s t o s le v o l v i s t e s d o s sencillos,
281
CERVANTES
Y por aquesta cuenta debéis cuatro,
Y n o , c u a l decís v o s , n o m á s de u n o .
LAG.
Ello es ansí, sin q u e le falte cosa.
HORN. N o lo p u e d o n e g a r , v e n c i d o quedo,
Y p a g a r é los doce c o n los c u a t r o .
RED.
E n s u c i ó m e en C a t ó n y e n J u s t i n i a n o ,
¡ O h P e d r o de U r d e , m o n t a ñ é s f a m o s o ,
Q u e así lo m u e s t r a el n o m b r e y el i n g e n i o !
HORN. YO voy p o r el dinero, y v o y c o r r i d o .
LAG.
YO m e c o n t e n t o con h a b e r vencido.
Entrar.se
Salen
LAGARTIJA y
HORNACHUELOS.
CLEMENTE y CLEMENCIA, hija
como pastor y pastora,
de Martín
embozados.
Crespo,
CLEM. P e r m í t a s e q u e h a b l e m o s e m b o z a d o s
A n t e tan justiciero ayuntamiento.
ALC.
M a s que habléis e n u n costal a t a d o s ,
P o r q u e a oír, y n o a v e r , a q u í m e s i e n t o .
CLEM. L o s siglos, q u e r e n o m b r e d e d o r a d o s
L e s dio la a n t i g ü e d a d , c o n j u s t o i n t e n t o ,
Y a se v e n e n los n u e s t r o s , p u e s q u e v e m o s
E n ellos de j u s t i c i a los e x t r e m o s .
V e m o s u n Crespo alcalde.
ALC.
D i o s os g u a r d e .
D e j a d a q u e s a s lonjas a u n a p a r t e .
RED.
Lisonjas
decir quiso.
ALC.
Y p o r q u e es t a r d e ,
D e v u e s t r o i n t e n t o en breve nos dad p a r t e .
282
PEDRO
DE
URDE
MALAS
CLEM. Con v e r d a d e r a lengua, cierto a l a r d e
H a c e de lo q u e q u i e r o , p a r t e a p a r t e .
ALC.
CLEM.
D e c i d ; q u e ni soy sordo, ni lo h e sido.
D e s d e mis t i e r n o s a ñ o s ,
D e mi fatal estrella conducido,
S i n l a s n u b e s de e n g a ñ o s ,
E l sol, q u e e n e s t e v e l o e s t á e s c o n d i d o ,
M i r é p a r a adoralle,
P o r q u e e s t o h i z o el q u e l l e g ó a m i r a l l e .
S u s r a y o s se i m p r i m i e r o n
E n lo m e j o r d e l a l m a , de t a l m o d o ,
Q u e e n sí la c o n v i r t i e r o n .
T o d o soy fuego, yo soy fuego todo,
Y c o n t o d o , m e hielo,
Si el sol m e falta, q u e m e eclipsa u n velo.
Grata correspondencia
T u v o mi j u s t o y mi cabal d e s e o ;
Q u e a m o r m e dio licencia
A h a c e r de m i a l m a r i c o e m p l e o .
E n fin, e s t a p a s t o r a ,
A s í c o m o la a d o r o , ella m e a d o r a .
A h u r t o de su p a d r e ,
Q u e es de su l i b e r t a d d u r o t i r a n o ,
Q u e ella n o t i e n e m a d r e ,
D e e s p o s a m e e n t r e g ó la fe y la m a n o ;
Y agora, temerosa
D e l p a d r e , n o confiesa s e r mi e s p o s a .
T e m e q u e el p a d r e r i c o
S e a f r e n t e de mi h u m i l d e m e d i a n í a ,
283
CERVANTES
P o r q u e h a c e el pellico
A l m o n j e e n e s t a e d a d de t i r a n í a .
El me sobra en riqueza,
P e r o n o e n la q u e d a n a t u r a l e z a .
C o m o él, y o s o y t a n b u e n o :
T a n r i c o n o ; y a su r i q u e z a i g u a l o
Con e s t a r siempre ajeno
D e t o d o vicio p e r e z o s o y m a l o ,
Y e n t r e buenos es fuero
Q u e v a l g a la v i r t u d m á s q u e el d i n e r o .
Pido que ante ti vuelva
A c o n f i r m a r el sí de s e r m i e s p o s a ,
Y e n s e r l o se r e s u e l v a ,
Sin e s t a r de su p a d r e t e m e r o s a ,
P u e s q u e n o a p a r t a el h o m b r e
A los q u e D i o s j u n t ó e n s u g r a c i a y n o m b r e .
ALC.
¿ Q u é respondéis a e s t o ,
Sol, q u e e n t r e n u b e s se c u b r i ó a d e s h o r a ?
CLEM. SU p r o c e d e r h o n e s t o
L a tendrá muda, por mi mal, a g o r a ;
P e r o señales puede
H a c e r , con que su i n t e n t o claro quede.
ALC.
¿ S o i s su esposa, doncella ?
PEDR. L a c a b e z a b a j ó ; s e ñ a l b i e n c l a r a
Q u e n o lo n i e g a ella.
SANCH. P u e s ¿ e n q u é , M a r t í n C r e s p o , se r e p a r a r
ALC.
E n q u e de mi capilla
Se s a q u e la s e n t e n c i a , y e n oílla.
P e d r o , s á c a l a al p u n t o .
284
PEDRO
DE
URDEMALAS
PEDR. YO sé q u e ésta saldrá p i n t i p a r a d a ,
P o r q u e , a lo q u e b a r r u n t o ,
S i e m p r e fué la v e r d a d a c r e d i t a d a
P o r atajo o rodeo,
Y e s t a s e n t e n c i a lo d i r á q u e leo.
Saca un papel de la capilla, y léele Pedro.
" Y o , M a r t í n C r e s p o , alcalde, d e t e r m i n o
Q u e s e a la pollina del p o l l i n o . "
RED.
V a s o d e suertes es v u e s t r a capilla:
Y é s t a q u e h a sido a g o r a p r o n u n c i a d a ,
A u n q u e es p a r a e n t r e b e s t i a s , m a r a v i l l a ,
Y a u n d a m u e s t r a s de s e r c o s a p e n s a d a .
CLEM.
E l a l m a en Dios, y e n t i e r r a la rodilla,
L a vuestra besaré, como a extremada
C o l u n a q u e s u s t e n t a el edificio
D o n d e m o r a n las c i e n c i a s y el j u i c i o .
ALC.
P u e s t o q u e r e d u n d a r a e s t a sentencia,
H i j o , e n h a b e r o s d a d o el a l m a m í a ,
P o r q u e no es o t r a cosa mi Clemencia,
M e f u e r a de g r a n g u s t o y a l e g r í a ;
Y a l é g r e n o s a g o r a la p r e s e n c i a
V u e s t r a , que está en razón y en cortesía,
P u e s y a lo desleído y s e n t e n c i a d o
S e r á sin d u d a a l g u n a e j e c u t a d o .
CLEM.'
P u e s con ese seguro, p a d r e mío,
E l velo q u i t o y a t u s pies m e p o s t r o .
M a l haces en usar deste desvío,
P u e s soy t u hija y n o espantable m o n s t r o ;
285
CERV
ANTES
T ú h a s d a d o la s e n t e n c i a a t u a l b e d r í o ,
Y si es i n j u s t a , es b i e n q u e t e dé e n r o s t r o ;
P e r o si j u s t a es, h a z q u e se a p r u e b e ,
Ai.c.
C o n q u e a d e b i d a e j e c u c i ó n se lleve.
L o que escribí, e s c r i b í : bien dices, h i j a ;
Y así, a C l e m e n t e a d m i t o p o r mi hijo,
Y el m u n d o d e s t e p r o c e d e r colija,
Q u e m á s p o r l e y q u e p o r p a s i ó n m e rijo.
SANCH.
N O h a y a l m a aquí q u e n o se regocija
D e v u e s t r o no pensado regocijo.
TAR.
N i lengua q u e a M a r t í n C r e s p o n o alabe
P o r hombre ingeniosísimo y que sabe.
a86
I N D I C E
PÁGS.
LA GITANILLA
5
,
LA ILUSTRE FREGONA
65
HISTORIA DE LOS TRABAJOS DE PERSILES Y S I GISMUNDA
119
NOVELA Y COLOQUIO QUE PASÓ ENTRE CIPIÓN Y
BERGANZA
181
E L RETABLO DE LAS MARAVILLAS
213
EL CERCO DE NUMANCIA
231
PEDRO DE URDEMALAS
275
«87
BIBLIOTECA
DEL
LITERARIA
ESTUDIANTE
1. Fábulas y cuentos en
verso.
2. Cuentos tradicional^.
3. Cancionero musical.
4. Prosistas modernos.
5. Galdós.
6. Piezas teatrales cortan
7. Teatro moderno.
8. Poetas modernos.
9. Teatro romántico.
10. Escritores del siglo XVTII.
I 1. Calderón.
12. Alarcón y otros poetas
dramáticos.
13. Tirso de Molina.
14. Lope de Vega.
15. Teatro anterior a Lope
de Vega.
16. Historiadores de los siglos xvi
y
XVII.
17. Exploradores y conquistadores de Indias. Re- }
latos geográficos.
18. Escritores
místicos.
19. Poetas de los siglos xvi
y
XVII.
20. Libros de
21. Cervantes.
teatro.
22. Cervantes.
23. Cuentos de
y
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.
caballerías.
Novelas y
Quijote.
los siglos w i
XVII.
Novela picaresca.
Romancero.
Poesía medieval.
Don Juan Manuel.
Cuentos medievales.
Alfonso el Sabio.
Cantares de gesta y le
yendas heroicas.
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