Serie Monografias Premiadas 3.indb 1 18/11/2010 12:35:24 p.m. Sistema Bibliotecario de la Suprema Corte de Justicia de la Nación Catalogación PO C156 P746p Principios de la ética judicial iberoamericana : imparcialidad judicial / [presentación Ministro Guillermo I. Ortiz Mayagoitia ; prólogo Rodolfo L. Vigo]. -- México : Suprema Corte de Justicia de la Nación : Cumbre Judicial Iberoamericana : Comisión Iberoamericana de Ética Judicial, 2010. xxx, 545 p. ; 22 cm.-- (Colección Comisión Iberoamericana de Ética Judicial. Serie Monografías Premiadas ; 3) Monografías ganadoras en la tercera edición del Concurso de ensayos cuyo tema fue “La imparcialidad”. El primer lugar lleva por título “Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el Estado Constitucional y Democrático de Derecho” del mexicano Joaquín Gallegos Flores, el segundo lugar intitulado “Imparcialidad judicial” presentado por el brasileño Flavio Antonio Esteves Galdino y el tercer lugar se titula “La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial” del peruano Jaime Francisco Coaguila Valdivia. Texto en portugués y español. ISBN 978-607-468-244-1 1. Imparcialidad – Jueces – Ensayos 2. Estado constitucional 3. Estado democrático 4. Estado de Derecho 5. Independencia 6. Código iberoamericano de ética judicial 7. Ética judicial 8.Impartición de justicia 9. Virtudes judiciales I. Ortiz Mayagoitia, Guillermo Iberio, 1941- , pról. II. Vigo, Rodolfo Luis, pról. III. Gallegos Flores, Joaquín IV. Esteves Galdino, Flavio Antonio V. Coaguila Valdivia, Jaime Francisco VI. t. VII ser. Primera edición: noviembre de 2010 D.R. © Suprema Corte de Justicia de la Nación Avenida José María Pino Suárez núm. 2 Colonia Centro, Delegación Cuauhtémoc C.P. 06065, México, D.F. Prohibida su reproducción parcial o total por cualquier medio, sin autorización escrita de los titulares de los derechos. Impreso en México Printed in Mexico Se agradece la generosa disposición e invaluable apoyo del Advogado Flavio Antonio Esteves Galindo para lograr la traducción de los textos del español al portugués y del portugués al español. La edición y diseño de esta obra estuvieron a cargo de la Suprema Corte de Justicia de la Nación de México, comisionada por la Cumbre Judicial Iberoamericana. Serie Monografias Premiadas 3.indb 2 18/11/2010 12:35:25 p.m. Serie Monografias Premiadas 3.indb 3 18/11/2010 12:35:25 p.m. Serie Monografias Premiadas 3.indb 4 18/11/2010 12:35:25 p.m. SUPREMA CORTE DE JUSTICIA DE LA NACIÓN Ministro Guillermo I. Ortiz Mayagoitia Presidente Primera Sala Ministro Arturo Zaldívar Lelo de Larrea Presidente Ministro José Ramón Cossío Díaz Ministra Olga Sánchez Cordero de García Villegas Ministro Juan N. Silva Meza Segunda Sala Ministro Sergio Salvador Aguirre Anguiano Presidente Ministro Luis María Aguilar Morales Ministro José Fernando Franco González Salas Ministra Margarita Beatriz Luna Ramos Ministro Sergio A. Valls Hernández Serie Monografias Premiadas 3.indb 5 18/11/2010 12:35:25 p.m. Contenido PRIMEIRO LUGAR AS CONCEPÇÕES DA IMPARCIALIDADE E SUA REPERCUSSÃO NO ESTADO CONSTITUCIONAL E DEMOCRÁTICO DE DIREITO Joaquín Gallegos Flores Abreviaturas.............................................................................. 4 Introdução ................................................................................ 6 Capítulo I Conceitualização da Imparcialidade...................................... 12 VI Serie Monografias Premiadas 3.indb 6 18/11/2010 12:35:25 p.m. Contenido Presentación.............................................................................. XXI Prólogo ...................................................................................... XXV PRIMER LUGAR LAS CONCEPCIONES DE LA IMPARCIALIDAD Y SU REPERCUSIÓN EN EL ESTADO CONSTITUCIONAL Y DEMOCRÁTICO DE DERECHO Joaquín Gallegos Flores Abreviaturas.............................................................................. 5 Introducción............................................................................... 7 Capítulo I Conceptualización de la imparcialidad.................................. 13 VII Serie Monografias Premiadas 3.indb 7 18/11/2010 12:35:25 p.m. VIII Capítulo II A imparcialidade como desinteresse subjetivo..................... 32 Capítulo III A imparcialidade como igualdade e não discriminação...... 40 Capítulo IV A imparcialidade como obediência ao direito....................... 66 Capítulo V A imparcialidade como método na aplicação do direito................................................................................ 104 1. A escolha da norma jurídica....................................... 106 2. Interpretação das normas jurídicas........................... 118 3. A prova dos fatos......................................................... 138 4. Justificativa da decisão judicial.................................. 144 Capítulo VI Caracterização do princípio de imparcialidade.................... 156 1. A imparcialidade como princípio............................... 156 2. A imparcialidade como regra..................................... 164 3. A imparcialidade como virtude.................................. 170 Capítulo VII A importância da imparcialidade no Estado constitucional e democrático................................................. Serie Monografias Premiadas 3.indb 8 176 18/11/2010 12:35:25 p.m. IX Capítulo I La imparcialidad como desinterés subjetivo......................... 33 Capítulo III La imparcialidad como igualdad y no discriminación.......... 41 Capítulo IV La imparcialidad como obediencia al derecho...................... 67 Capítulo V La imparcialidad como método en la aplicación del derecho ................................................................................ 105 1. La selección de la norma jurídica............................... 107 2. Interpretación de las normas jurídicas...................... 119 3. La prueba de los hechos.............................................. 139 4. Justificación de la decisión judicial............................. 145 Capítulo VI Caracterización del principio de imparcialidad.................... 157 1. La imparcialidad como principio............................... 157 2. La imparcialidad como regla...................................... 165 3. La imparcialidad como virtud.................................... 171 Capítulo VII La importancia de la imparcialidad en el Estado constitucional y democrático.................................................. 177 Bibliografía................................................................................ 197 Serie Monografias Premiadas 3.indb 9 18/11/2010 12:35:25 p.m. X SEGUNDO LUGAR IMPARCIALIDADE JUDICIAL Flavio Antonio Esteves Galdino Abreviaturas.............................................................................. 214 Introdução e Plano do estudo.................................................. 218 Capítulo I Imparcialidade........................................................................... 224 Capítulo II Teoria da Justiça e imparcialidade.......................................... 232 Capítulo III Heteronomia e imparcialidade................................................ 238 Capítulo IV Impartialidade........................................................................... 244 Capítulo V Referência histórica.................................................................. 248 Capítulo VI Sedes Materiae.......................................................................... 256 Capítulo VII Imparcialidade e Administração Pública............................... Serie Monografias Premiadas 3.indb 10 270 18/11/2010 12:35:25 p.m. XI SEGUNDO LUGAR IMPARCIALIDAD JUDICIAL Flavio Antonio Esteves Galdino Abreviaturas.............................................................................. 215 Introducción y plan de estudio................................................ 219 Capítulo I Imparcialidad............................................................................. 225 Capítulo II Teoría de la justicia e imparcialidad........................................ 233 Capítulo III Heteronomia e imparcialidad.................................................. 239 Capítulo IV Imparcialidad............................................................................. 245 Capítulo V Referencia histórica.................................................................. 249 Capítulo VI Sedes materiae.......................................................................... 247 Capítulo VII Imparcialidad y administración pública................................. Serie Monografias Premiadas 3.indb 11 271 18/11/2010 12:35:25 p.m. XII Capítulo VIII Imparcialidade e virtudes passivas......................................... 278 Capítulo IX Afirmação da Imparcialidade.................................................. 282 Capítulo X Imparcialidade e Legitimidade................................................ 286 Capítulo XI Imparcialidade e Publicidade................................................... 294 Capítulo XII Imagem da Justiça..................................................................... 304 Capítulo XIII Aplicação em Quaisquer Processos........................................ 312 Capítulo XIV Pressuposto processual............................................................ 320 Capítulo XV Três Perfis da Imparcialidade................................................... 324 1. Equidistância ............................................................... 326 2. Independência.............................................................. 330 a. Independência Institucional e Funcional........... 336 b. Independência Material e Pessoal...................... 344 c. Independência Interna e Externa........................ 352 Serie Monografias Premiadas 3.indb 12 18/11/2010 12:35:25 p.m. XIII Capítulo VIII Imparcialidad y virtudes pasivas............................................. 279 Capítulo IX Afirmación de la imparcialidad............................................... 283 Capítulo X Imparcialidad y Legitimidad.................................................... 287 Capítulo XI Imparcialidad y publicidad....................................................... 295 Capítulo XII Imagen de la justicia................................................................. 305 Capítulo XIII Aplicación en cualquier clase de juicio................................... 313 Capítulo XIV Supuesto procesal..................................................................... 321 Capítulo XV Tres perfiles de la imparcialidad.............................................. 325 1. Equidistancia................................................................ 327 2. Independencia.............................................................. 331 a. Independencia institucional y funcional............ 337 b. Independencia material y personal.................... 345 c. Independencia interna y externa........................ 353 Serie Monografias Premiadas 3.indb 13 18/11/2010 12:35:25 p.m. XIV d. Hierarquia.............................................................. 354 3. Juiz Natural................................................................... 364 Capítulo XVI Conteúdo Dúplice ou Tríplice................................................... 370 Capítulo XVII Foro Privilegiado........................................................................ 382 Capítulo XVIII Determinabilidade.................................................................... 390 Capítulo XIX Hipóteses de Ponderação......................................................... 392 Capítulo XX Federalização............................................................................. 396 Capítulo XXI Arbitragem................................................................................ 408 Capítulo XXII Outros Exemplos de Ponderação............................................ 414 Capítulo XXIII À Guisa de Conclusão............................................................... Serie Monografias Premiadas 3.indb 14 418 18/11/2010 12:35:25 p.m. XV d. Jerarquía................................................................. 355 3. Juez Natural.................................................................. 365 Capítulo XVI Contenido doble o triple........................................................... 371 Capítulo XVII Jurisdicción privilegiada............................................................ 383 Capítulo XVIII Determinabilidad...................................................................... 391 Capítulo XIX Hipótesis de ponderación......................................................... 393 Capítulo XX Federalización............................................................................ 397 Capítulo XXI Arbitraje ................................................................................ 409 Capítulo XXII Otros ejemplos de ponderación.............................................. 415 Capítulo XXIII A guisa de conclusión............................................................... 419 Bibliografía................................................................................ 423 Serie Monografias Premiadas 3.indb 15 18/11/2010 12:35:26 p.m. XVI TERCEIRO LUGAR A IMPARCIALIDADE NO CÓDIGO IBERO-AMERICANO DE ÉTICA JUDICIAL Jaime Francisco Coaguila Valdivia Preâmbulo ................................................................................ 448 Capítulo I O direito a um juiz imparcial.................................................... 452 1. O direito à tutela jurisdicional.................................... 452 2. Juiz imparcial, independência, jurisdição e juiz ordinário predeterminado pela lei............................. 456 3. Natureza jurídica do direito a um juiz imparcial..... 462 a. Imparcialidade como neutralidade..................... 462 b. Imparcialidade e argumentação jurídica........... 468 c. Imparcialidade do garantismo............................ 470 d. Imparcialidade e empatia emocional................. 474 4. A Imparcialidade judicial, a problemática de um modelo complexo........................................................ 478 a. O juiz imparcial na legislação ibero-americana 478 b. O conteúdo constitucional do direito a um juiz imparcial................................................................. 482 c. Imparcialidade, recusa e abstenções................. 492 d. A imparcialidade da complexidade.................... 496 Capítulo II O princípio de imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial.......................................................................... 500 500 1. A ética judicial e o princípio de imparcialidade........ Serie Monografias Premiadas 3.indb 16 18/11/2010 12:35:26 p.m. XVII TERCER LUGAR LA IMPARCIALIDAD EN EL CÓDIGO IBEROAMERICANO DE ÉTICA JUDICIAL Jaime Francisco Coaguila Valdivia Preámbulo ................................................................................ 449 Capítulo I El derecho a un Juez imparcial................................................. 453 1. El derecho a la tutela jurisdiccional........................... 453 2. Juez imparcial, independencia, jurisdicción y Juez ordinario predeterminado por ley.............................. 457 3. Naturaleza jurídica del derecho a un Juez imparcial. 463 a. Imparcialidad como neutralidad......................... 463 b. Imparcialidad y argumentación jurídica............... 469 c. Imparcialidad del garantismo................................ 471 d. Imparcialidad y empatía emocional..................... 475 4. La Imparcialidad judicial, la problemática de un modelo complejo......................................................... a. El Juez imparcial en la legislación iberoamericana 479 b. El contenido constitucional del derecho a un Juez 479 imparcial................................................................. 483 c. Imparcialidad, recusación y abstenciones............ 493 d. La imparcialidad de la complejidad....................... 497 Capítulo II El principio de imparcialidad en el Código Iberomericano de Ética Judicial.......................................................................... 501 501 1. La ética judicial y el principio de imparcialidad....... Serie Monografias Premiadas 3.indb 17 18/11/2010 12:35:26 p.m. XVIII 2. A imparcialidade e o Código Ibero-americano........ 504 a. A imparcialidade e o direito à igualdade........... 506 b. A objetividade do juiz em relação à prova........ 510 c. A perspectiva do observador razoável.............. 514 d. O princípio de razoabilidade na imparcialidade....................................................... 518 e. Imparcialidade, acusatório e virtudes morais..... 522 f. A complexidade de um Código ético sancionador........................................................... 526 Conclusões ................................................................................ 530 Capítulo III Serie Monografias Premiadas 3.indb 18 18/11/2010 12:35:26 p.m. XIX 2. La imparcialidad y el Código Iberoamericano......... 505 a. La imparcialidad y el derecho a la igualdad...... 507 b. La objetividad del Juez en relación a la prueba... 511 c. La perspectiva del observador razonable.......... 515 d. El principio de razonabilidad en la imparcialidad......................................................... 519 e. Imparcialidad, acusatorio y virtudes morales..... 523 f. La complejidad de un Código ético sancionatorio......................................................... 527 Conclusiones.............................................................................. 531 Bibliografía................................................................................ 539 Capítulo III Serie Monografias Premiadas 3.indb 19 18/11/2010 12:35:26 p.m. Serie Monografias Premiadas 3.indb 20 18/11/2010 12:35:26 p.m. Presentación Desde septiembre de 2007 en que la Suprema Corte de Justicia de la Nación de México asumió el compromiso de llevar a cabo la publicación de los trabajos monográficos que resultaran ganadores en cada una de la ediciones del Concurso Internacional de Ensayo Jurídico en torno al Código Iberoamericano de Ética Judicial, se tenía muy claro que la formación de una Serie de “Monografías premiadas” contribuiría al fomento de la reflexión y práctica éticas en el contexto jurisdiccional, con la finalidad última de mejorar el servicio de impartición de justicia y cumplir así, cada vez de mejor manera, con la importante deuda que la judicatura tiene con la sociedad. La Serie se puso en marcha en 2008, con la publicación de los trabajos ganadores de la Primera edición del concurso, en aquella XXI Serie Monografias Premiadas 3.indb 21 18/11/2010 12:35:26 p.m. XXII Presentación ocasión relativo al tema del “Objeto y funciones de la Comisión Iberoamericana de Ética Judicial”, y proyectó su continuidad con la aparición del número 2 de la Serie en 2009, que compiló los trabajos ganadores de la segunda edición del concurso bajo el tema de la “Independencia judicial”. Ahora, el compromiso se refrenda con el presente volumen que constituye el número 3 de la Serie y que contiene las monografías ganadoras en la Tercera edición del Concurso de Ensayos cuyo tema fue el de la “Imparcialidad”, principio que junto con los de Independencia y Objetividad, como ya hemos apuntado en otra ocasión, constituyen la tríada que caracteriza la esencia de la función judicial. En efecto, frente a todos los importantes y necesarios principios y valores que integran la ética judicial, es quizá el de la imparcialidad el que despunta como requisito fundamental y de definición de la figura del Juez. Es la imparcialidad, en todos los tiempos y en todas las culturas, la propiedad esencial que caracteriza el modo de ser del juzgador, pues es él precisamente el que ha de decir el derecho que es (objetivo y sin preferencias), fundamental y típicamente entre dos partes. Es la imparcialidad un requisito preformativo de la naturaleza del Juez, la condición para la actualización de esa acción que consiste en “dar a cada quien lo suyo”. Si la justicia da cuenta del fin último que dirige la función jurisdiccional, la imparcialidad es el elemento modal que posibilita la actualización de la justicia. Serie Monografias Premiadas 3.indb 22 18/11/2010 12:35:26 p.m. XXIII Presentación Esta conciencia de la relevancia del principio de imparcialidad y de sus implicaciones está presente en cada uno de los trabajos que ahora se reúnen, todos ellos ejemplos claros de la seriedad académica de las reflexiones iberoamericanas. Provenientes de tres diferentes países, los trabajos corresponden al esfuerzo de respetables juristas que de alguna manera están vinculados al trabajo jurisdiccional. El primero de ellos, que lleva el título de “Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el Estado Constitucional y Democrático de Derecho”, es del mexicano Joaquín Gallegos Flores, Magistrado del Séptimo Tribunal Unitario del Décimo Quinto Circuito en Mexicali, Baja California. El segundo de los trabajos, intitulado “Imparcialidade judicial”, corresponde al presentado por el brasileño Flavio Antonio Esteves Galdino, reconocido abogado en la ciudad de Brasilia, Brasil. La tercera de las monografías que componen este ejemplar, que ocupó el tercer lugar en el Concurso referido, es la del peruano Jaime Francisco Coaguila Valdivia, Juez del Primer Juzgado Penal Permanente Liquidador en Arequipa, Perú, cuyo título es “La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial”. Es importante resaltar, como puede ya vislumbrarse, que el presente número de esta Serie es especial, porque el texto ganador del segundo lugar fue escrito en portugués, lengua madre de dos de las naciones hermanas con las que compartimos esta comunidad iberoamericana. Esta situación llevó a la consideración de la pertinencia de que este número fuera una edición bilingüe, lo que demuestra, por un lado, que más allá de los idiomas y las fronteras, Serie Monografias Premiadas 3.indb 23 18/11/2010 12:35:26 p.m. XXIV Presentación existen lazos de identidad y anhelos comunes y, por otro, que la diversidad que se manifiesta en el entorno iberoamericano enriquece nuestras culturas y nos ayuda a aprender unos de otros, en un ánimo de fraternidad y respeto. Ministro Guillermo I. Ortiz Mayagoitia Presidente de la Suprema Corte de Justicia de la Nación y del Consejo de la Judicatura Federal 01_Monografias_3_Preliminares bilingue.indd 24 18/11/2010 12:45:04 p.m. Prólogo Durante los días 12 al 15 de diciembre del 2009 la Comisión Iberoamericana de Ética Judicial celebró en Madrid su IV Reunión Ordi­naria y entre los temas incluidos en su frondosa agenda estaba la dilucidación del Concurso de trabajos monográficos sobre el Prin­cipio de “Imparcialidad”. Recordemos que era el tercer concurso sobre el Código Modelo Iberoamericano de Ética Judicial, atento a que en 2007 la Comisión había resuelto el referido a la “Comisión Iberoamericana de Ética Judicial” y al año siguiente el convocado sobre el Principio de “Independencia”. Como en las oportunidades anteriores la resolución de los concursos no es una tarea sencilla o fácil, por el contrario, requiere de un espacio de diálogo y consideración porme­norizada de los diferentes trabajos provenientes de los distintos países de la comunidad. Finalmente la Comisión XXV Serie Monografias Premiadas 3.indb 25 18/11/2010 12:35:26 p.m. XXVI Prólogo escogió para el Primer Premio la monografía del juez mexicano Joaquín Gallegos Flores titulado “Las concepciones de la imparcialidad y su reper­cusión en el Estado Constitucional y Democrático de Derecho”; el Segundo Premio se asignó al jurista brasileño Flavio Antonio Esteves Galindo por su trabajo “Imparcialidade judicial”; y el Tercer lugar fue para el juez peruano Jaime Francisco Coaguila Valdivia con su monografía “La imparcialidad en el Códi­ go Iberoamericano de Ética Judicial”. Corresponde destacar, en general, respecto a los trabajos presentados para el referido concurso no solo la calidad de los mismos y la plena comprensión de los propósitos de la convocatoria, sino también la amplia representatividad geográfica de donde ellos provinieron. Yendo a la monografía que obtuvo el primer lugar nos gustaría indicar que el trabajo del juez mexicano Joaquín Gallegos Flores discurre por el camino de analizar el principio de imparcialidad judicial desde muy variadas perspectivas, entre ellas están, por ejemplo, el análisis general de los diferentes significados que la imparcialidad tiene, así como el papel que la imparcialidad juega en cuestiones tan relevantes como las razones que el derecho suministra para la decisión judicial, o la postura que el juez imparcial debe asumir ante la ley injusta. Finalmente, toca un asunto de significativa importancia, el relativo al papel que el principio de imparcialidad juega en el trabajo del juez constitucional. Como podrá notarse, es un trabajo muy rico por los diferentes asuntos que trata. Serie Monografias Premiadas 3.indb 26 18/11/2010 12:35:26 p.m. XXVII Prólogo Reconociendo que el principio de imparcialidad puede ser analizado desde diferentes perspectivas, el jurista brasileño Flavio Antonio Esteves Galindo nos anticipa en su monografía que el tratamiento dado en su escrito a la imparcialidad será estrictamente jurídico, para ello coloca en el centro de su reflexión al concepto de “jurisdicción”, entendida ésta en su más amplio sentido, es decir, como el ejercicio realizado por el juez en su trabajo cotidiano, en definitiva, para lo que el juez está abocado. Dicha actividad jurisdiccional debe atender antes que nada a los parámetros exigidos por la imparcialidad, a las reglas exigidas por dicho principio. Sólo en la medida en que el juez conduzca su actuación con base en este postulado se podrá concretar efectivamente la justicia y, como el abogado brasileño lo señala, se podrá alcanzar la legiti­ midad de los actos jurisdiccionales. Trabajo interesante donde podemos observar la operatividad del principio de imparcialidad. En estrecha relación con los dos trabajos anteriores, el artículo del juez peruano Jaime Francisco Coaguila Valdivia, se compone, en nuestra opinión, de tres partes. En la primera, el autor parte de analizar el origen de lo que él llama “derecho a la imparcialidad”, a partir de otro derecho igualmente importante, este es, el derecho a la tutela jurisdiccional. Continúa estableciendo las diferencias del principio de imparcialidad con otras principios e instituciones, tales como la independencia, la propia jurisdicción, etcétera, para terminar desglo­sando las concepciones de imparcialidad enten­ dida como neutra­lidad; la manera en la que la imparcialidad se Serie Monografias Premiadas 3.indb 27 18/11/2010 12:35:26 p.m. XXVIII Prólogo explica en el contexto de la argumentación jurídica, y el análisis de tal principio en la obra de destacados autores contemporáneos. En la segunda parte del trabajo realiza un interesante análisis del llamado neoconstitucionalismo a través de la legislación iberoamericana, tocando asuntos tan relevantes como el contenido constitucional del derecho al juez imparcial; las figuras de la recusación y abstención, etcétera. Finalmente, la tercera parte del trabajo está dedicada íntegramente al análisis del capítulo de imparcialidad Judicial tal y como está en el Código Iberoamericano de Ética Judicial. Trabajo interesante que como los anteriores, nos propone un análisis del principio de imparcialidad visto desde diferentes perspectivas. Con la aparición de este número 3 de la Serie Monografías Premiadas se continúa con la tarea establecida en el artículo 83 inciso a), del Código Iberoamericano de Ética Judicial, al impulsar a la Comisión Iberoamericana de Ética Judicial para “Facilitar la discusión, difusión y desarrollo de la ética judicial a través de publicaciones (…)”. Hasta ahora se han publicado dos números anteriores y esperamos que con éste se continúe firmemente con la consolidación de dicha colección. No me resta más que agradecer, una vez más, la gentil disposición de la Suprema Corte de Justicia de México, a través del Instituto de Investigaciones Jurisprudenciales y de Promoción y Difusión de la Ética Judicial y de su director el Ministro en retiro Juan Díaz Romero, para publicar el presente volumen. Seguro estoy que con este ejemplar se sigue Serie Monografias Premiadas 3.indb 28 18/11/2010 12:35:26 p.m. Prólogo XXIX potenciando en su justa dimensión la reflexión ética sobre la acti­ vidad judicial y, lo más impor­tante, va contribuyéndose para tener poderes judiciales de mayor altura moral conforme la pretensión de la sociedad. Rodolfo L. Vigo Secretario Ejecutivo de la Comisión Iberoamericana de Ética Judicial Serie Monografias Premiadas 3.indb 29 18/11/2010 12:35:26 p.m. Primeiro lugar AS CONCEPÇÕES DA IMPARCIALIDADE E SUA REPERCUSSÃO NO ESTADO CONSTITUCIONAL E DEMOCRÁTICO DE DIREITO Serie Monografias Premiadas 3.indb 30 18/11/2010 12:35:35 p.m. Primer lugar LAS CONCEPCIONES DE LA IMPARCIALIDAD Y SU REPERCUSIÓN EN EL ESTADO CONSTITUCIONAL Y DEMOCRÁTICO DE DERECHO Joaquín Gallegos Flores* Serie Monografias Premiadas 3.indb 1 18/11/2010 12:35:35 p.m. Serie Monografias Premiadas 3.indb 2 18/11/2010 12:35:35 p.m. * Magistrado del Séptimo Tribunal Unitario del Décimo Quinto Circuito, Mexicali, B.C., México. Serie Monografias Premiadas 3.indb 3 18/11/2010 12:35:35 p.m. Abreviaturas CEJRP Código de Ética Judicial da República do Paraguai CEPJF Código de Ética do Poder Judiciário da Federação CEPJP Código de Ética Judicial do Peru CEPJPSF Código de Ética do Poder Judiciário da Província de Santa Fé, Argentina CIEJ Código Ibero-americano de Ética Judicial IFDP Instituto Federal de Defensoria Pública SCJN Suprema Corte de Justiça da Nação TJCE Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias UNAM Universidade Nacional Autônoma do México 4 Serie Monografias Premiadas 3.indb 4 18/11/2010 12:35:35 p.m. Abreviaturas CEJRP Código de Ética Judicial de la República del Paraguay CEPJF Código de Ética del Poder Judicial de la Federación CEPJP Código de Ética Judicial de Perú CEPJPSF Código de Ética del Poder Judicial de la Provincia de Santa Fe, Argentina CIEJ Código Iberoamericano de Ética Judicial IFDP Instituto Federal de Defensoría Pública SCJN Suprema Corte de Justicia de la Nación TJCE Tribunal de Justicia de Comunidades Europeas UNAM Universidad Nacional Autónoma de México 5 Serie Monografias Premiadas 3.indb 5 18/11/2010 12:35:35 p.m. Introdução A imparcialidade é um tema ético e jurídico que, em princípio, parece facilmente definível, não exigindo muita profundidade para estabelecer suas implicações, particularmente no que se refere aos juízes. O aprofundamento em seu estudo, no entanto, rapidamente revela se tratar de tema complexo e multifacetado. Perante essa situação, as opções tornam-se claras: escolher um aspecto específico ou abordar a análise da imparcialidade a partir de suas perspectivas variadas, com uma visão geral de seus significados e dos problemas e desafios que enfrenta o julgador em um estado neoconstitucional de direito; escolhi este último caminho, consciente de que não poderia abordar todos os aspectos relacionados à imparcialidade. Por esse motivo, alguns temas foram abordados de forma tangencial, como aconteceu com a imparcialidade subjetiva e objetiva e com a imparcialidade como direito fundamental, que não poderiam ser aprofundadas devido aos limites de extensão estabelecidos no ensaio. 6 Serie Monografias Premiadas 3.indb 6 18/11/2010 12:35:35 p.m. Introducción La imparcialidad es un tema ético y jurídico que en principio aparece como algo simple de definir; no requiere mucha profundidad para establecer sus implicaciones, particularmente referidas a los Jueces. Sin embargo, al adentrarse a su estudio muy pronto aparece como un tema complejo y multifacético. Ante esta situación las opciones resultaron claras: elegir un aspecto específico o bien abordar el análisis de la imparcialidad desde sus variadas perspectivas, con una visión general de sus significados y de los problemas y retos que implica para el juzgador en un Estado neoconstitucional de derecho; elegí este último camino, consciente de que no podía abordar todos los aspectos que pueden relacionarse con la imparcialidad. Por esa razón, algunos temas fueron tocados solo de manera tangencial, como ocurrió con la imparcialidad subjetiva y objetiva y con la imparcialidad como derecho fundamental, que no pudieron ser abordados por los límites de extensión fijados al ensayo. 7 Serie Monografias Premiadas 3.indb 7 18/11/2010 12:35:35 p.m. 8 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... A principal razão de se estudarem os diversos aspectos da imparcialidade é oferecer uma visão de conjunto que permita melhor compreender os problemas que representa, a fim de propor alguns enfoques de solução. Dirigi o esforço básico para esquematizar as principais concepções da imparcialidade, que classifiquei como: imparcialidade como desinteresse subjetivo; como igualdade e não discriminação; como obediência ao direito e como método na aplicação do direito. Examinando essas concepções da imparcialidade, considerei necessário analisar diversas questões que são transcendentais para um juiz imparcial e que determinam a forma justa de solucionar as controvérsias. Essas questões se referem à normatividade do direito, às razões para a ação que o direito proporciona e, de forma particular, às razões para a decisão judicial; à relação da moral e o direito, bem como à postura que o juiz imparcial deve assumir diante da lei injusta e o papel que as intenções do legislador podem desempenhar nas decisões judiciais. Outro aspecto que considerei importante é o que se refere à caracterização da imparcialidade como princípio, como regra e como virtude, analisando suas respectivas implicações. Finalmente, examinei a importância da imparcialidade de um juiz constitucional, em relação estreita como o que se conhece como juízo de proporcionalidade e juízo de ponderação e seu Serie Monografias Premiadas 3.indb 8 18/11/2010 12:35:35 p.m. 9 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... La principal razón de estudiar variados aspectos de la imparcialidad, es ofrecer una visión de conjunto que permita una mejor comprensión de los problemas que representa, para proponer algunos enfoques de solución. El esfuerzo básico lo encaminé en esquematizar las principales concepciones de la imparcialidad, que clasifiqué en imparcialidad como desinterés subjetivo, la imparcialidad como igualdad y no discriminación, la imparcialidad como obediencia al derecho y la imparcialidad como método en la aplicación del derecho. Al examinar estas concepciones de la imparcialidad, consideré necesario analizar diversas cuestiones que son transcendentes para un Juez imparcial y que determinan una forma justa de solucionar las controversias. Dichas cuestiones se refieren a la normatividad del derecho, a las razones para la acción que suministra el derecho y de manera particular a las razones para la decisión judicial; a la relación de la moral y el derecho, así como la postura que debe asumir el Juez imparcial ante la ley injusta y el papel que pueden desempeñar las intenciones del legislador en las decisiones judiciales. Otro aspecto que consideré importante es el relativo a la caracterización de la imparcialidad, como principio, como regla y como virtud, analizando las implicaciones que de ello derivan. Por último, examiné la importancia de la imparcialidad de un Juez constitucional, en estrecha relación con lo que se conoce como juicio de proporcionalidad y juicio de ponderación, y su impacto en la Serie Monografias Premiadas 3.indb 9 18/11/2010 12:35:35 p.m. 10 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... impacto na proteção dos direitos fundamentais e na consolidação da democracia. Tarefa semelhante me impôs a necessidade de me valer de muitas fontes doutrinárias, não com o afã de exibição, mas como ferramenta metodológica para apresentar os diversos temas jurídicos e as reflexões pessoais. Assumo a responsabilidade total pelas ideias expressadas neste ensaio, convicto de que o propósito que me animou a escrevê-lo o justifica, pois não é outro senão o de contribuir com ideias para a construção de um mundo ético que pertence a todos. Serie Monografias Premiadas 3.indb 10 18/11/2010 12:35:35 p.m. 11 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... protección de los derechos fundamentales y en la consolidación de la democracia. Semejante tarea me impuso la necesidad de acudir a muchas fuentes doctrinales, no con el afán de lucimiento, sino como herramien­ ta metodológica para presentar los diversos temas jurídicos y las re­ flexiones personales. Asumo la responsabilidad total de las ideas que expreso en este ensayo, con la convicción de que el propósito que me animó a escribirlo lo justifica, pues no es otro distinto al de aportar ideas a la construcción de un mundo ético que a todos nos pertenece. Serie Monografias Premiadas 3.indb 11 18/11/2010 12:35:35 p.m. Capítulo I Conceitualização da Imparcialidade “…es mucho peligrosa de haber ome su pleito delante del judgador sospechoso”. Las siete partidas “Devem pensar que estou lhes concedendo poder. É a escravidão que estou impondo a vocês.” Talmude “O juiz deve ser imparcial e parecer sê-lo, pois a imagem do juiz é a imagem da justiça.” O autor O conceito da imparcialidade se relaciona não só com o direito, mas também com outras disciplinas, por isso é conveniente contar com noções orientadoras de seus sentidos ético e jurídico. 12 Serie Monografias Premiadas 3.indb 12 18/11/2010 12:35:35 p.m. Capítulo I Conceptualización de la imparcialidad “…es mucho peligrosa de haber ome su pleito delante del judgador sospechoso”. Las siete partidas “Deben pensar que les estoy concediendo poder. Es la esclavitud la que estoy imponiendo sobre ustedes.” Talmud “El juez debe ser imparcial y parecerlo, pues la imagen del juez es la imagen de la justicia.” El autor El concepto de imparcialidad está relacionado no sólo con el derecho, sino también con otras disciplinas, por lo cual, resulta con­ veniente contar con nociones orientadoras de sus sentidos ético y jurídico. 13 Serie Monografias Premiadas 3.indb 13 18/11/2010 12:35:35 p.m. 14 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... De acordo com a Real Academia Espanhola, a imparcialidade é a falta de desígnio antecipado ou de prevenção em favor ou contra alguém ou algo, que permite julgar ou proceder com retidão.1 De acordo com a Enciclopédia Jurídica Omeba, “Imparcialidade é desinteresse perante as partes. Tratamento sem favoritismos. Consideração equidistante e equânime. O interesse e a iniquidade se contrapõem ao conceito de imparcialidade. A imparcialidade se manifesta também sob a forma de indiferença e equanimidade”. 2 No Diccionário de Teoría Jurídica da UNAM, Imparcialidade. Termo básico da moral que indica o tratamento moralmente apropriado, ainda que o requerido para esse tratamento seja justo, e o que se desvia dessa exigência seja altamente controverso. Na teoria do direito, a imparcialidade é algumas vezes apresentada como o conceito chave para compreender a justiça, como na teoria da justiça de John Rawls (1921-2002). Na teoria da justiça, que Rawls, algumas vezes denominou “justiça como imparcialidade”, o autor analisou a justiça como os princípios que pessoas hipotéticas, ignorantes de sua posição na sociedade ou de seus pertencimentos, escolheriam para organizar a sociedade. Na análise econômica do direito, alguns teóricos do bem-estar econômico... usaram “imparcialidade” em contraste com ‘bem estar’, sendo que 1 Diccionario de la Lengua Española, t. II, 22a. ed., Real Academia Española, España, 2001, p. 1252. 2 Herrera Figueroa, Miguel, “Imparcialidad”, Enciclopedia Jurídica Omeba, t. XIV, p. 970. Serie Monografias Premiadas 3.indb 14 18/11/2010 12:35:35 p.m. 15 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... De acuerdo con la Real Academia Española, la imparcialidad es la “Falta de designio anticipado o de prevención en favor o en contra de alguien o algo, que permite juzgar o proceder con rectitud”.1 Conforme a la Enciclopedia Jurídica Omeba, “Imparcialidad es desin­­terés frente a las partes. Trato sin favoritismos. Consideración equidistante y ecuánime. El interés y la inequidad contraponen al concepto de imparcialidad. También se manifiesta la imparcialidad en forma de indiferencia y desapasionamiento”.2 En el Diccionario de Teoría Jurídica de la UNAM, Imparcialidad. Un término básico de la moral que indica el trato moralmente apropiado, aunque lo que se requiere para que dicho tratamiento sea justo, y lo que se desvía de ese requerimiento, es altamente controvertido. Dentro de la teoría del derecho, la imparcialidad es algunas veces presentada como el concepto clave para comprender la justicia, como en la teoría de la justi­ cia de John Rawls (1921-2002). La teoría de Rawls, que algunas veces denominó como ‘justicia como imparcialidad’, analizó la justicia en términos de cuáles son los principios que personas hipotéticas, ignorantes de su lugar en la sociedad o de sus perte­ nencias, escogerían para organizar la sociedad. Dentro del aná­ lisis económico del derecho algunos teóricos del bienestar económico… usaron ‘imparcialidad’ en contraste con ‘bienestar’, 1 Diccionario de la Lengua Española, t. II, 22a. ed., Real Academia Española, España, 2001, p. 1252. 2 Herrera Figueroa, Miguel, “Imparcialidad”, Enciclopedia Jurídica Omeba, t. XIV, p. 970. Serie Monografias Premiadas 3.indb 15 18/11/2010 12:35:35 p.m. 16 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... ‘imparcialidade’ representa todas as demandas de justiça ou de moral que não estão fundamentadas nas preferências ou no bem-estar dos indivíduos.3 Esses conceitos nos revelam a existência de certos elementos essenciais, que seriam os seguintes: • Um sujeito ou pluralidade de sujeitos de quem se apregoa a imparcialidade. • Uma situação que deve atender ao sujeito ou aos sujeitos imparciais ou em que se deve decidir por eles. • As pessoas envolvidas na situação, inclusive podendo ser a sociedade em seu conjunto. • Um procedimento que permita emitir a decisão. • Os valores que devem ser atendidos, os princípios e as regras que devem ser aplicados para concretizar esses valores. Em relação ao sujeito ou sujeitos imparciais, existem certas notas definitórias para que possa ser cumprido o dever ético de imparcialidade, que seriam as seguintes: • Desinteresse próprio ou indireto na situação que vai ser decidida. • Tratamento justo, sem favoritismos, traduzido em termos de neutralidade, igualdade e equidistância. • Objetividade como ausência de critérios subjetivistas e de preconceitos. 3 Bix, Brian H., Diccionario de Teoría Jurídica, Instituto de Investigaciones Jurídicas/UNAM, México, 2009, p. 133. Serie Monografias Premiadas 3.indb 16 18/11/2010 12:35:35 p.m. 17 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... en donde ‘imparcialidad’ representa todas las demandas de jus­ ticia o de moral que no están fundadas en las preferencias o en el bienestar de los individuos.3 Estos conceptos nos revelan la existencia de ciertos elementos esenciales, que serían los siguientes: • Un sujeto o pluralidad de sujetos, de quienes se predica la imparcialidad. • Una situación que debe atender y decidirse por el sujeto o sujetos imparciales. • Las personas involucradas en la situación, pudiendo ser incluso la sociedad en su conjunto. • Un procedimiento que permita emitir la decisión. • Los valores que se deben atender, los principios y reglas que se deben aplicar para concretar esos valores. En relación con el sujeto o sujetos imparciales, existen ciertas notas definitorias para que se pueda cumplir el deber ético de impar­ cialidad, que serían las siguientes: • Un desinterés propio o indirecto en la situación que se va a decidir. • Un trato justo, sin favoritismos, que se traduce en térmi­nos de neutralidad, igualdad y equidistancia. • Objetividad, como ausencia de criterios subjetivistas y de pre­ juicios. 3 Bix, Brian H., Diccionario de Teoría Jurídica, Instituto de Investigaciones Jurídicas/UNAM, México, 2009, p. 133. Serie Monografias Premiadas 3.indb 17 18/11/2010 12:35:35 p.m. 18 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... • Orientação a valores do sistema normativo. • Obediência ou apego aos princípios e às regras. • Metodologia para solucionar a situação, assunto ou controvérsia. A partir da perspectiva das pessoas envolvidas ou destinatárias da atividade, a imparcialidade compreenderia os seguintes aspectos: • A solução do assunto atendendo apenas seus interesses em jogo, sem considerar os interesses diretos ou indiretos do sujeito ou dos sujeitos que decidiriam a situação, assunto ou controvérsia. • O direito de receber tratamento sem favoritismos - igualitário, equidistante, não discriminatório. • O direito de a situação, assunto ou controvérsia ser decidida com apego aos valores, princípios e regras, de acordo com os elementos trazidos ao processo. Pode-se observar das reflexões anteriores que a imparcialidade tem um aspecto essencialmente metodológico, já que marca uma conduta do sujeito imparcial ante as partes no desenvolvimento do processo, a fim de não interferir nos interesses em jogo, evitando contaminar a solução do assunto, concedendo às partes tratamento neutro, igualitário, não discriminatório, e atendendo às exigências necessárias a uma solução justa. Sua função metodológica se manifesta por sua obrigação de meio a fim, e com o objetivo de respeitar os valores que lhe servem de fundamento, como a igualdade e a justiça. A imparcialidade cumpre Serie Monografias Premiadas 3.indb 18 18/11/2010 12:35:35 p.m. 19 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... • Orientación a valores del sistema normativo. • Obediencia o apego a los principios y a las reglas. • Metodología para solucionar la situación, asunto o con­ troversia. Desde la perspectiva de las personas involucradas o destinatarias de la actividad, la imparcialidad comprendería los siguientes aspectos: • La solución del asunto atendiendo únicamente a los intereses en juego, sin tomar en cuenta los intereses directos o indirectos del sujeto o sujetos que decidirían la situación, asunto o controversia. • El derecho a recibir un trato sin favoritismos, igualitario, equidistante, no discriminatorio. • El derecho a que la situación, asunto o controversia sea resuelta con apego a los valores, principios y reglas, de acuerdo con los elementos aportados en el procedimiento. Puede advertirse, de las anteriores reflexiones, que la imparcialidad tiene un aspecto esencialmente metodológico, ya que marca una conducta del sujeto imparcial frente a las partes en el desarrollo del procedimiento, a fin de no interferir en los intereses en juego para evitar una contaminación respecto a la solución del asunto, otorgando a las partes un trato neutral, igualitario, no discriminatorio, como requerimientos necesarios para producir una solución justa. La función metodológica se manifiesta por su cualidad de medio a fin para realizar los valores que le sirven de fundamento, como son la igualdad y la justicia. La imparcialidad cumple una Serie Monografias Premiadas 3.indb 19 18/11/2010 12:35:35 p.m. 20 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... função instrumental, razão pela qual se revela como instituto ou princípio valioso do ponto de vista extrínseco, na medida em que tende à consecução dos bens intrinsecamente valiosos, mencionados antes. Conforme Manuel Atienza e Juan Ruiz Manero, do ponto de vista do sistema jurídico, uma ação ou um estado de coisas pode ser intrinsecamente valioso ou extrinsecamente valioso. É-o extrinsecamente quando a ação ou o estado de coisa é, em si mesmo, considerado indiferente, e o que o torna valioso é exclusivamente a conexão que lhe é atribuída com algum estado de coisas que seja intrinsecamente valioso4. De uma perspectiva deontológica, essa ideia corresponde ao conceito de imparcialidade de Stuart Mill, citado por Miguel Herrea Figueroa, para quem não constitui um dever em si, mas um instrumento para algum outro dever.5 Por essas razões não se pode entender adequadamente a imparcialidade se não se fizer referência à igualdade e à justiça. Uma sociedade politicamente organizada geralmente se baseia na igualdade como ideia básica de justiça, o que, para concretizar-se, exige, em princípio, um poder constituinte e um poder legislativo imparciais que, à maneira da justiça de Rawls, distribuem o ônus e os benefícios em uma “posição original” e sob um véu de ignorância, que corresponde à ideia aristotélica de justiça distributiva, na qual a 4 Cfr. Atienza, Manuel y Ruiz Manero, Juan, Las piezas del derecho. Teoría de los enuncia­ dos jurídicos, 2a. ed. actualizada, Ariel Derecho, Barcelona, 2004, p. 161. 5 Cfr. Herrera Figueroa, Miguel, “Imparcialidad”, op. cit., p. 970. Serie Monografias Premiadas 3.indb 20 18/11/2010 12:35:36 p.m. 21 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... función instrumental, por lo que se revela como un instituto o principio valioso desde el punto de vista extrínseco, en cuanto a que tiende a la consecución de los bienes intrínsecamente valiosos, antes mencionados. Como señalan Manuel Atienza y Juan Ruiz Manero, desde el punto de vista del sistema jurídico una acción o un estado de cosas puede ser intrínsecamente valioso o extrínsecamente valioso. Lo es extrínsecamente cuando la acción o el estado de cosas es, en sí mismo considerado, indiferente, y lo que lo hace valioso es exclusi­ vamente la conexión que se le atribuye con algún estado de cosas que sea intrínsecamente valioso.4 Desde una perspectiva deontológica, esta idea corresponde con el concepto de imparcialidad de Stuart Mill, citado por Miguel Herrera Figueroa, para quien no cons­ tituye un deber en sí, sino más bien un instrumento para algún otro deber.5 Por esas razones, no se puede entender la imparcialidad ade­ cuadamente si no se hace referencia a la igualdad y la justicia. Una sociedad políticamente organizada se basa generalmente en la igualdad como idea básica de justicia, la cual para concretarse requiere en principio de un poder constituyente y un poder legislativo imparciales que, a la manera de justicia de Rawls, distribuyen las cargas y los beneficios en una “posición original” y bajo un velo de ignorancia, lo cual corresponde a la idea aristotélica de justicia 4 Cfr. Atienza, Manuel y Ruiz Manero, Juan, Las piezas del derecho. Teoría de los enuncia­ dos jurídicos, 2a. ed. actualizada, Ariel Derecho, Barcelona, 2004, p. 161. 5 Cfr. Herrera Figueroa, Miguel, “Imparcialidad”, op. cit., p. 970. Serie Monografias Premiadas 3.indb 21 18/11/2010 12:35:36 p.m. 22 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... partilha é feita de acordo com certo mérito e em proporção, atendendo igualdade de razões.6 Outro âmbito em que a imparcialidade se identifica com a igualdade e a justiça é o da aplicação da lei. Sobre o assunto, Ana Garriga Domínguez expõe que o princípio de igualdade de aplicação da lei obriga a que esta seja aplicada de forma igual a todos aqueles que estão na mesma situação, proibindo, portanto, ao aplicador “estabelecer qualquer diferença por causa das pessoas ou de circunstâncias distintas das que estão presentes na mesma norma”.7 Outro aspecto: a imparcialidade tem conotação de justiça procedimental e está relacionada com a justiça corretiva ou retificadora, necessária para solucionar os conflitos surgidos entre os indivíduos e que reclamam soluções jurisdicionais. Aqui a imparcialidade exige equidistância do julgador, para manter-se como terceiro alheio aos interesses que deve compor. É importante distinguir a imparcialidade da neutralidade, já que, como adverte Isabel Trujillo, a neutralidade admite a abstenção do juízo, ou, seja, a não tomada de partido, enquanto a imparcialidade, como estrutura do juízo, implica necessariamente tomar partido.8 6 Vid. Aristóteles, Ética nicomáquea. Ética eudemia, Gredos, España, 1985, pp. 245246. 7 Garriga Domínguez, Ana, “Igualdad, discriminación y diferencia en la jurispruden­ cia en el Tribunal Constitucional”, Derechos y Libertades, Revista del Instituto de Bartolomé de las Casas, Madrid, 2001, pp. 57-58. 8 Cfr. Trujillo, Isabel, Imparcialidad, UNAM/Instituto de Investigaciones Jurídicas, México, 2007, p. 72. Serie Monografias Premiadas 3.indb 22 18/11/2010 12:35:36 p.m. 23 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... distributiva, en la que el reparto se realiza de acuerdo con ciertos méritos y en proporción, atendiendo igualdad de razones.6 Otro ámbito en el que la imparcialidad se identifica con la igualdad y la justicia, es en la aplicación de la ley. Sobre el particular, Ana Garriga Domínguez expone que el principio de igualdad de la aplicación de la ley obliga a que ésta sea aplicada en forma igual a todos aquellos que se encuentran en la misma situación y, por tanto, prohíbe que el aplicador “establezca diferencia alguna en razón de las personas o de circunstancias distintas de las que están presentes en la misma norma”.7 Otro aspecto: la imparcialidad tiene una connotación de justicia procedimental, y está relacionada con la justicia correctiva o rectificatoria, necesaria para solucionar los conflictos que surgen entre los individuos y que reclaman soluciones jurisdiccionales. Aquí la imparcialidad exige una equidistancia del juzgador para mantenerse como un tercero ajeno a los intereses que debe componer. Es importante distinguir la imparcialidad de la neutralidad, ya que como lo advierte Isabel Trujillo la neutralidad admite la abstención del juicio, no tomar partido, mientras la imparcialidad, como estructura del juicio, debe tomar necesariamente partido.8 General- 6 Vid. Aristóteles, Ética nicomáquea. Ética eudemia, Gredos, España, 1985, pp. 245246. 7 Garriga Domínguez, Ana, “Igualdad, discriminación y diferencia en la jurispruden­ cia en el Tribunal Constitucional”, Derechos y Libertades, Revista del Instituto de Bartolomé de las Casas, Madrid, 2001, pp. 57-58. 8 Cfr. Trujillo, Isabel, Imparcialidad, UNAM/Instituto de Investigaciones Jurídicas, México, 2007, p. 72. Serie Monografias Premiadas 3.indb 23 18/11/2010 12:35:36 p.m. 24 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... Geralmente, explica Joseph Aguiló Regla, exige-se neutralidade do terceiro quando seu papel é, precisamente, não decidir o resultado do conflito; e, pelo contrário, é-lhe exigida imparcialidade quando é chamado a decidir o resultado do conflito. O citado autor acrescenta que, enquanto condutor do processo, exige-se do juiz principalmente neutralidade (equidistância) entre as partes em conflito, de maneira que as decisões que tome não prejulguem o resultado do processo e mantenham o equilíbrio entre elas. No entanto, ante o resultado, exige-se imparcialidade do juiz, não neutralidade e, nesse sentido, ele está comprometido com a verdade dos fatos que considerar provados.9 Ainda nessa mesma esteira, Betiana Ferrari, citando Michelle Taruffo, expõe que o juiz muda essencialmente sua posição, deixando de exercer papel passivo de receptor para compor ativamente as diferenças no litígio e converter-se em emissor. Deve ser entendido que o juiz, no momento em que assume esse papel ativo, manifesta a imparcialidade em sua dimensão ética. Nessa dimensão a imparcialidade, como garantia e pressuposto para alcançar a justiça na aplicação da lei e sob um procedimento equitativo, cobra singular importância como conceito deontológico, cujo correlato é o direito do governado a um julgador imparcial. Precisamente por ter o juiz a responsabilidade de zelar pela justiça, está é a razão pela qual o povo vê na imagem do juiz a imagem da justiça. A imagem pública dos juízes como desfavorável é suficiente para gerar desconfiança. É a imagem do juiz que justifica 9 Cfr. Aguiló Regla, Joseph, La Constitución del Estado constitucional, Palestra-Temis, Lima-Bogotá, 2004, pp. 75-76. Serie Monografias Premiadas 3.indb 24 18/11/2010 12:35:36 p.m. 25 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... mente, explica Joseph Aguiló Regla, al tercero se le exige neutralidad cuando su papel de tercero consiste, precisamente, en no decidir el resultado del conflicto; y, por el contrario, se le exige imparcialidad cuando sí está llamado a decidir el resultado del conflicto. Añade el citado autor que, en cuanto director del proceso, al Juez se le exige centralmente neutralidad (equidistancia) entre las partes en conflic­ to, de forma que las decisiones que toma no prejuzguen el resultado del proceso y mantengan el equilibrio entre ellas. Sin embargo, ante el resultado, al Juez se le exige imparcialidad, no neutralidad y, en ese sentido, está comprometido con la verdad de los hechos que con­ sidera probados.9 En ese sentido, Betiana Ferrari, al citar a Michelle Taruffo, expone que el Juez muta esencialmente su posición, de un rol pasivo de receptor a heterocomponer activamente el litigio y convertirse en emisor. Debe entenderse que al asumir el Juez este rol activo es el momento en que se manifiesta la imparcialidad del Juez en su dimensión ética. Es en esta dimensión en la cual la imparcia­ lidad, como garantía y presupuesto para lograr una justicia en la aplicación de la ley y bajo un procedimiento equitativo, cobra singular importancia como concepto deontológico, cuyo correlato es el derecho del gobernado a un juzgador imparcial. Precisamente porque el Juez tiene a su cargo velar por la justicia, es la razón por la cual el pueblo ve en la imagen del Juez, la imagen de la justicia. Si la imagen pública de los Jueces es desfavorable, eso por sí mismo ya genera desconfianza. Es la imagen del Juez lo que 9 Cfr. Aguiló Regla, Joseph, La Constitución del Estado constitucional, Palestra-Temis, Lima-Bogotá, 2004, pp. 75-76. Serie Monografias Premiadas 3.indb 25 18/11/2010 12:35:36 p.m. 26 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... certas restrições dos códigos de ética no âmbito das liberdades civis e políticas, já que, de acordo com amplo consenso da doutrina, um bom juiz não só deve sê-lo como aparentá-lo, e um juiz imparcial também deve refletir imparcialidade em sua vida pública e privada. Observando-se as opiniões doutrinais anteriores, é possível conceber a imparcialidade como um bem extrinsecamente valioso que serve ao juiz como método para conseguir a justiça, entendida como bem dos homens quando entram em conflito, para dar a cada um o seu ou o que lhe é devido, conforme os fatos provados em juízo, com uma visão orientada pelo direito. A imparcialidade não é exclusiva a nenhum dos poderes públicos, mas podemos relacioná-la com qualquer um deles, com suas conotações específicas. No caso do direito como norma, o legislador deve ser imparcial ao reconhecer os direitos das pessoas, bem como ao determinar os critérios da distribuição de bens e oportunidades e o estabelecimento dos deveres e obrigações, como expressão da justiça distributiva. David Mena indica que a ênfase da proposta de justiça como imparcialidade consiste em que os indivíduos apoiem uma ordem institucional regida por procedimentos que anulam os efeitos das diferenças de poder de negociação da distribuição de direitos, poder, oportunidade e recursos.10 10 Cfr. Mena, David, “Justicia como Imparcialidad”, Isonomía, Revista de Teoría de Filosofía del Derecho, número 2, abril 1995, p. 202. Serie Monografias Premiadas 3.indb 26 18/11/2010 12:35:36 p.m. 27 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... justifica ciertas restricciones de los códigos de ética en el ámbito de sus libertades civiles y políticas, ya que de acuerdo con un amplio consenso de la doctrina, un buen Juez no sólo debe serlo, sino parecerlo, y un Juez imparcial también debe reflejar imparcialidad en su vida pública y privada. Atendiendo a las anteriores opiniones doctrinales, es posible concebir a la imparcialidad como un bien extrínsecamente valioso que le sirve al Juez como método para lograr la justicia, entendida como bien de los hombres cuando entran en conflicto, para dar a cada uno lo suyo o lo que le es debido, según los hechos probados en juicio, con una visión orientada desde del derecho. La imparcialidad no es exclusiva de ninguno de los poderes públicos, sino que podemos referirla a cualquiera de ellos, con sus connotaciones específicas. En el caso del derecho como norma, el legislador debe ser imparcial al reconocer los derechos de las personas, así como al fijar los cri­terios de la distribución de bienes y oportunidades, y el establecimiento de deberes y cargas, como expresión de la justicia distri­ butiva. Señala David Mena, que el énfasis de propuesta de justicia como imparcialidad consiste en que los individuos apoyen un orden institucional regido por procedimientos que anulan los efectos de las diferencias de poder de negociación de la distribución de derechos, poder, oportunidades y recursos.10 10 Cfr. Mena, David, “Justicia como Imparcialidad”, Isonomía, Revista de Teoría de Filosofía del Derecho, número 2, abril 1995, p. 202. Serie Monografias Premiadas 3.indb 27 18/11/2010 12:35:36 p.m. 28 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... A imparcialidade também é aconselhável em relação à administração com sentido específico, visto que a administração não deixa de ser parte. A esse respeito expõe Isabel Trujilo que, em suas origens, a administração pública foi concebida como uma “parte” sui generis, contraposta ao legislador e ao juiz, mas também aos particulares, daí a definição paradoxal do poder administrativo como parte “imparcial” ou parte justa, o que dá conotação especial à imparcialidade na administração pública, como um princípio que regula as relações do poder, o administrativo ante a lei e o poder executivo.11 A mesma autora expõe que um modelo diverso de imparcialidade no poder administrativo está ligado à neutralidade, entendida como objetividade, e vinculado a um princípio de justiça, que exige tratamento igual aos indivíduos.12 Em um sentido mais tradicional, a imparcialidade está estreitamente relacionada ao conceito da administração de justiça, no sentido de que os juízes devem evitar prejuízos e favoritismos às partes. Adolfo Alvarado Belloso afirma que o julgador deve carecer de todo interesse subjetivo na solução do litígio, o que corresponde a seu caráter de terceiro, que atua na qualidade de autoridade para processar e sentenciar o litígio.13 11 Cfr. Trujillo, Isabel, Imparcialidad, op. cit., pp. 338-340. 12 Ibidem., pp. 341-345. 13 Cfr. Alvarado Belloso, Adolfo, “La Imparcialidad Judicial y la Función del Juez en el Proceso Civil”, Resumen de la conferencia a pronunciar en el Congreso Nacional de Derecho Procesal “Homenaje al Doctor Román J. Duque Corredor” en el Centro Insular de Estudios de Derecho por Lamar, 18 de abril de 2008. Serie Monografias Premiadas 3.indb 28 18/11/2010 12:35:36 p.m. 29 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... La imparcialidad también es predicable respecto de la administración con un sentido específico, puesto que la administración no deja de ser parte. Al respecto, expone Isabel Trujillo que en sus orígenes, la administración pública se ha concebido como una “parte” sui generis, contrapuesta al legislador y al Juez, pero también a los par­ticulares, de ahí la definición paradójica del poder administra­ tivo como parte “imparcial”, o como parte justa, lo que le da una connotación especial a la imparcialidad en la administración pú­ blica, como un principio que regula las relaciones del poder, el administrativo frente a la ley y al Poder Ejecutivo.11 La misma autora expone que un diverso modelo de imparcialidad en el poder administrativo está ligado a la neutralidad, enten­ dida como objetividad, vinculado a un principio de justicia que exige igual tratamiento a los individuos.12 En un sentido más tradicional, la imparcialidad se encuentra ligada estrechamente al concepto de la administración de justicia, para referirnos a que los Jueces deben evitar prejuicios y favoritismos hacia las partes. El juzgador, sostiene Adolfo Alvarado Belloso, debe carecer de todo interés subjetivo en la solución del litigio, lo que corresponde a su carácter de tercero, que actúa en calidad de autoridad para procesar y sentenciar el litigio.13 11 Cfr. Trujillo, Isabel, Imparcialidad, op. cit., pp. 338-340. 12 Ibidem., pp. 341-345. 13 Cfr. Alvarado Belloso, Adolfo, “La Imparcialidad Judicial y la Función del Juez en el Proceso Civil”, Resumen de la conferencia a pronunciar en el Congreso Nacional de Derecho Procesal “Homenaje al Doctor Román J. Duque Corredor” en el Centro Insular de Estudios de Derecho por Lamar, 18 de abril de 2008. Serie Monografias Premiadas 3.indb 29 18/11/2010 12:35:36 p.m. 30 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... A imparcialidade se apresenta, assim, como uma exigência aos poderes públicos, com um sentido de controle do poder político, razão pela qual sua importância ultrapassa o aspecto metodológico e se conecta com o tema do exercício do poder e os encargos que este deve realizar. A seguir, se procederá à análise das principais concepções da imparcialidade derivadas de suas características diferenciadoras. Serie Monografias Premiadas 3.indb 30 18/11/2010 12:35:36 p.m. 31 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... La imparcialidad se presenta así, como una exigencia a los poderes públicos con un sentido de control del poder político, por lo cual, su importancia rebasa el aspecto metodológico y se conecta con el tema del ejercicio del poder y los cometidos que éste debe realizar. En lo que sigue, se procederá al análisis de las principales concepciones de la imparcialidad, derivadas de sus características distintivas. Serie Monografias Premiadas 3.indb 31 18/11/2010 12:35:36 p.m. Capítulo II A imparcialidade como desinteresse subjetivo Essa é a concepção de imparcialidade mais conhecida. Identifica a imparcialidade como desinteresse subjetivo do julgador. Diz-se que o juiz imparcial é quem não tem interesse no resultado no pleito, por isso não pode administrar justiça além do interesse das próprias partes em litígio.14 Entende-se o anterior porque a imparcialidade é uma garantia processual derivada da jurisdição, que coloca o juiz como terceiro no processo, cuja obrigação é resolver o conflito a partir dos motivos que o direito lhe proporciona. Juan Montero Aroca distingue o desinteresse objetivo do desinteresse subjetivo. O primeiro se refere à jurisdição; o segundo, à imparcialidade, nos casos submetidos à decisão do juiz. 14 Vid. Soulier, Alejandro, “La imparcialidad del juez no es un atributo inherente a su persona sino un desafío cotidiano en su deber de procesar y juzgar”, Ponencia presentada al Concurso de Jóvenes Abogados del XXI, Encuentro Panamericano de Derecho Procesal. 32 Serie Monografias Premiadas 3.indb 32 18/11/2010 12:35:36 p.m. Capítulo II La imparcialidad como desinterés subjetivo Esta es la concepción de imparcialidad que más se conoce. Identifica la imparcialidad como desinterés subjetivo del juzgador. Se dice que el Juez imparcial es aquél que no tiene un interés en el resultado del pleito, por lo cual no puede administrar justicia más allá del interés de las propias partes en litigio.14 Lo anterior se entiende porque la imparcialidad es una garantía procesal derivada de la jurisdicción que coloca al Juez como tercero en el proceso, cuya obligación es resolver el conflicto desde las razones que le suministra el derecho. Juan Montero Aroca, distingue el desinterés objetivo del desinterés subjetivo. El primero se refiere a la jurisdicción; el segundo a la imparcialidad en los casos que se le someten a la decisión del Juez. 14 Vid. Soulier, Alejandro, “La imparcialidad del juez no es un atributo inherente a su persona sino un desafío cotidiano en su deber de procesar y juzgar”, Ponencia presentada al Concurso de Jóvenes Abogados del XXI, Encuentro Panamericano de Derecho Procesal. 33 Serie Monografias Premiadas 3.indb 33 18/11/2010 12:35:36 p.m. 34 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... Diferentemente da administração, que julga sobre assuntos próprios (autotutela), a jurisdição aplica o direito objetivo em assuntos de outros, por isso está objetivamente desinteressada dos assuntos sobre os quais decide. Assim, o desinteresse objetivo da jurisdição e o interesse objetivo da administração não atendem ao juiz ou ao funcionário conhecedor de um assunto determinado, senão que se referem à função que exercem. Em troca, a imparcialidade como desinteresse subjetivo atende ao juiz como pessoa.15 Luigi Ferrajoli indica que a jurisdição é uma atividade cognoscitiva que inclui elementos de decisão e de valor. Expõe também, dentro do sistema de estrita legalidade, que a jurisdição é a aplicação da lei a uma hipótese típica, no sentido de ser mediada pelo cometimento de um fato de caráter cognoscitivo, implicando em uma estrutura do argumento judicial diferente de qualquer outro argumento jurídico, ainda com todas as limitações do silogismo prático e do conceito de verdade processual, razão pela qual considera que a validade do pronunciamento judicial é condicionada pela verdade pelo menos aproximativa de sua motivação. Em consequência, indica o citado autor, a atividade jurisdicional, como todas as atividades cognoscitivas, não está dirigida à satisfação de interesses pré-constituídos16. Indica Ferrajoli que os juízes, pelo contrário, não perseguem nenhum interesse prejudicial, mas só a averiguação da verdade em cada causa que conhecem depois de um juízo contraditório entre sujeitos com interesses em conflito. Para esse 15 Cfr. Montero, Juan, Sobre la imparcialidad del juez y la incompatibilidad de las funciones procesales, Tirant Lo Blanch Alternativa, Valencia, 1999, p. 184-186. 16 Cfr. Ferrajoli, Luigi, Derecho y razón. Teoría del garantismo penal, Trotta, Madrid, 2005, pp. 578 -579. Serie Monografias Premiadas 3.indb 34 18/11/2010 12:35:36 p.m. 35 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... A diferencia de la administración que juzga sobre asuntos propios (autotutela), la jurisdicción actúa el derecho objetivo en asuntos de otros, por lo cual está desinteresada objetivamente de los asuntos que decide. Así, el desinterés objetivo de la jurisdicción y el interés objetivo de la administración no atienden al Juez o al funcionario que conoce de un asunto determinado sino que se refieren a la función misma que ejercen. En cambio, la imparcialidad, como desinterés subjetivo atiende ya al Juez como persona.15 Señala Luigi Ferrajoli, que la jurisdicción es una actividad cognos­ citiva que incluye elementos decisionales y valorativos. Asimismo, expone que dentro del sistema de estricta legalidad la jurisdicción es una aplicación de la ley a un supuesto típico, en el sentido de que está mediada por la comisión de un hecho que tiene carácter cognoscitivo, lo que implica una estructura del razonamiento judicial diversa al de cualquier otro razonamiento jurídico, aun con todas las limitaciones del silogismo práctico y del concepto de verdad procesal, por lo que considera que la validez del pronunciamiento judicial está condicionada por la verdad, cuando menos aproximativa de su motivación. En consecuencia, indica dicho autor, la actividad jurisdiccional, como todas las actividades cognoscitivas, no está dirigida a la satisfacción de intereses preconstituidos.16 Los Jueces, por el contrario, indica Ferrajoli, no persiguen ningún interés prejudicial sino sólo la averiguación de la verdad en cada causa que conocen después de un juicio contradictorio entre sujetos portadores de 15 Cfr. Montero, Juan, Sobre la imparcialidad del juez y la incompatibilidad de las funciones procesales, Tirant Lo Blanch Alternativa, Valencia, 1999, p. 184-186. 16 Cfr. Ferrajoli, Luigi, Derecho y razón. Teoría del garantismo penal, Trotta, Madrid, 2005, pp. 578 -579. Serie Monografias Premiadas 3.indb 35 18/11/2010 12:35:36 p.m. 36 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... autor a imparcialidade tem sua justificativa ético-política em dois valores: a busca da verdade e a tutela dos direitos fundamentais. A esse respeito, indica que o juiz não deve ter nenhum interesse, geral ou particular, em uma ou outra solução da controvérsia que for chamado a resolver, sendo sua função a de decidir qual delas é verdadeira e qual é falsa. Tampouco é um sujeito “representativo”, já que nenhum interesse ou vontade que não seja a tutela dos direitos subjetivos lesados deve condicionar seu juízo, nem mesmo o interesse da maioria.17 O juiz não pode ter interesse direto ou indireto no resultado do juízo, porque perderia sua condição de imparcial e tenderia a favorecer uma das partes em detrimento da outra. A imparcialidade, diz Miguel Herrera Figueroa, é desinteresse ante as partes, tratamento sem favoritismos. O princípio de imparcialidade, em sua opinião, é prévio a qualquer outro e garante os outros argumentos reitores que guiam o processo judicial.18 A concepção da imparcialidade como ausência de interesse subjetivo está implícita no artigo 10 do CIEJ, quando indica que o juiz imparcial é aquele que persegue com objetividade e com fundamento na prova a verdade dos fatos. Assim é possível constatar a ideia de Ferrajoli da atividade jurisdicional como atividade cognoscitiva, que inclui elementos valorativos e decisórios, já que existe evidente atividade epistemológica para conhecer os fatos e decidir de acordo com sua prova no processo. 17 Cfr. Ibidem, pp. 579-580. 18 Cfr. Herrera Figueroa, Miguel, “Imparcialidad”, op. cit., p. 970. Serie Monografias Premiadas 3.indb 36 18/11/2010 12:35:36 p.m. 37 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... intereses en conflicto. Para dicho autor la imparcialidad tiene su justificación ético-política en dos valores: la búsqueda de la verdad y la tutela de los derechos fundamentales. Al respecto, señala que el Juez no debe tener ningún interés, ni general ni particular, en una u otra solución de la controversia que está llamado a resolver, al ser su función la de decidir cuál de ellas es verdadera y cuál falsa. Tampoco es un sujeto “representativo” puesto que ningún interés o voluntad que no sea la tutela de los derechos subjetivos lesionados debe condicionar su juicio, ni siquiera el interés de la mayoría.17 El Juez no puede tener un interés directo o indirecto en el resul­ tado del juicio, porque perdería su condición de imparcial y tendería a favorecer a una de las partes, con detrimento de la otra. La imparcialidad, dice Miguel Herrera Figueroa, es desinterés frente a las partes, trato sin favoritismos. El principio de imparcialidad, en su opi­ nión, es previo a cualquiera otro y garantiza los otros razonamientos rectores que guían el proceso judicial.18 La concepción de la imparcialidad como ausencia de interés subjetivo se encuentra implícita en el artículo 10 del CIEJ, cuando señala que es Juez imparcial el que persigue con objetividad y con fundamen­ to en la prueba la verdad de los hechos. Aquí se puede constatar la idea de Ferrajoli de la actividad jurisdiccional como una actividad cognoscitiva que incluye elementos valorativos y decisionales, puesto que existe una evidente actividad epistemológica para conocer los hechos y decidir conforme a su prueba en el proceso. 17 Cfr. Ibidem, pp. 579-580. 18 Cfr. Herrera Figueroa, Miguel, “Imparcialidad”, op. cit., p. 970. Serie Monografias Premiadas 3.indb 37 18/11/2010 12:35:36 p.m. 38 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... Esse sentido da imparcialidade tem indiscutível dimensão ética, pois constitui o ponto de encontro do juiz com seu dever moral de decidir de acordo com a verdade provada em juízo. Podemos também observar a ideia do desinteresse subjetivo no mesmo artigo 10 do CIEJ, ao dispor que o juiz deve evitar qualquer tipo de comportamento que possa refletir favoritismo ou predisposição. Da mesma forma, o artigo 14 do CIEJ se orienta a evitar que surja interesse subjetivo do julgador ao proibir que receba presentes ou benefícios injustificados. No mesmo sentido se deve entender o artigo 15 do CIEJ, pois recomenda que o juiz deva procurar não ter reuniões com uma das partes ou seus advogados em sua sala ou fora dela, fato que a contraparte ou seus advogados podem considerar razoavelmente injustificado. Explica-se o anterior porque essas reuniões podem proporcionar a uma das partes vantagens não derivadas do devido processo, afetando sua transparência, implicando desconhecimento do princípio de contradição e sendo comumente usadas para persuadir o juiz para que decida a favor do interessado, com os amparados argumentos ad misericordiam e ad hominen, usados para implorar justiça por motivos que não provêm do direito, como o são a misericórdia e o descrédito da contraparte. Serie Monografias Premiadas 3.indb 38 18/11/2010 12:35:36 p.m. 39 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... Este sentido de la imparcialidad tiene una indiscutible dimensión ética, pues constituye el punto de encuentro del Juez con su deber moral de resolver de acuerdo con la verdad probada en el juicio. También podemos advertir la idea del desinterés subjetivo en el mismo artículo 10 del CIEJ, cuando dispone que el Juez debe evitar todo tipo de comportamiento que pueda reflejar favoritismo o predisposición. De igual forma, el artículo 14 del CIEJ se encuentra orien­ tado a evitar que surja un interés subjetivo del juzgador prohibir que reciba regalos o beneficios injustificados. En el mismo sentido debemos entender el artículo 15 del CIEJ, al disponer que el Juez debe pro­curar no mantener reuniones con una de las partes o sus abo­ gados, en su despacho o fuera del mismo, y que la contraparte o sus abogados pueden razonablemente considerar injustificadas. Lo anterior se explica porque estas reuniones pueden proporcionar a una de las partes ventajas que no derivan del debido proceso, que afectan su transparencia, implican desconocimiento al principio de contradicción y suelen utilizarse para persuadir al Juez para que resuelva a favor del interesado, con los socorridos argumentos ad misericor­ diam y ad hominem, que se usan para implorar justicia por razones que no provienen del derecho, como lo son la misericordia y el desa­ creditamiento de la contraparte. Serie Monografias Premiadas 3.indb 39 18/11/2010 12:35:36 p.m. Capítulo III A imparcialidade como igualdade e não discriminação Atienza diz que a expressão “igualdade” na linguagem jurídica, política e ética tem uma ampla gama de significados. É reconhecida como valor superior do ordenamento jurídico espanhol, razão pela qual a igualdade dos espanhóis é reconhecida perante a lei, sem que possa prevalecer qualquer discriminação. O citado autor acrescenta que, no âmbito da cultura ocidental, a ideia de justiça veio sempre unida à de igualdade.19 Morón Alcain assinala que a igualdade é um direito humano que representa uma conquista insuperável contra os absurdos e presunçosos racismos, separações de classes sociais e xenofobias nacionalistas. A igualdade responde a razões ontológicas, porque, 19 Cfr. Atienza, Manuel, Introducción al derecho, Fontamara, Doctrina Jurídica Contempo­ ránea, número 2, México, 1998, pp. 92 y 93. 40 Serie Monografias Premiadas 3.indb 40 18/11/2010 12:35:36 p.m. Capítulo III La imparcialidad como igualdad y no discriminación Dice Atienza que la expresión “igualdad” tiene en el lenguaje jurí­ dico, político y ético, una amplia gama de significados. Está reconocida como valor superior del ordenamiento jurídico español, por lo que se reconoce la igualdad de los españoles ante la ley, sin que pueda prevalecer discriminación alguna. Añade el citado autor que en el marco de la cultura occidental la idea de justicia ha ido casi siempre unida a la de la igualdad.19 Señala Morón Alcain que la igualdad es un derecho humano que representa una conquista insuperable contra las absurdos y presuntuosos racismos, separaciones de clases sociales y xenofobias nacionalistas. La igualdad responde a razones ontológicas, porque en 19 Cfr. Atienza, Manuel, Introducción al derecho, Fontamara, Doctrina Jurídica Contempo­ ránea, número 2, México, 1998, pp. 92 y 93. 41 Serie Monografias Premiadas 3.indb 41 18/11/2010 12:35:36 p.m. 42 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... no fundo, todos os seres humanos participam substancialmente e de forma idêntica de uma mesma realidade.20 O tratamento igualitário às partes e a não discriminação durante o desenvolvimento da função jurisdicional constituem, de acordo com o artigo 9º da CIEJ, o fundamento da imparcialidade. Trata-se do mesmo dever imposto ao legislador, isto é, de dar tratamento igual e não discriminatório aos destinatários da norma jurídica, só que agora aplicado ao processo, por guardar estreita relação com o conceito de justiça procedimental. Dizer que o tratamento igualitário e não discriminatório é o fundamento da imparcialidade deve ser entendido no sentido de que a igualdade e a não discriminação são os princípios nos quais se sustenta a imparcialidade, porque é a partir do tratamento igualitário e não discriminatório que a imparcialidade se manifesta e que, por sua vez, é um instrumento para atingir a igualdade. Portanto, a imparcialidade não é o mesmo que a igualdade, mas são dois princípios éticos e jurídicos, de valor distintivo, que se complementam em ordem para um fim dentro do processo, que é a justiça, como fundamento último da imparcialidade. Uma acepção da palavra “fundamento” se refere à causa, no sentido de razão de ser, isto é, sua necessidade racional, de origem aristotélica; a causa-razão é um conceito deontológico que expressa a necessidade própria do ser enquanto substância.21 Neste sentido, o fundamento 20 Cfr. Morón, Eduardo, El ser, el hombre y la razón como fundamentos de la moral y el dere­ cho, Alveroni Ediciones, Argentina, 2006, pp. 70. 21 Vid. Abbagnano, Nicola, Diccionario de filosofía, cuarta edición, 2a. reimp., Fondo de Cultura Económica, México, 2008, pp. 519-520. Serie Monografias Premiadas 3.indb 42 18/11/2010 12:35:36 p.m. 43 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... el fondo, todos los seres humanos participan sustancialmente y de idéntica manera de una misma realidad.20 El trato igualitario a las partes y la no discriminación durante el desarrollo de la función jurisdiccional constituyen, de acuerdo con el artículo 9° del CIEJ, el fundamento de la imparcialidad. Se trata del mismo deber impuesto al legislador, de dar un trato igual y no dis­ criminatorio a los destinatarios de la norma jurídica, sólo que ahora proyectado al proceso, por lo que guarda estrecha relación con el concepto de justicia procedimental. Decir que el trato igualitario y no discriminatorio son el fundamento de la imparcialidad, se debe entender en el sentido de que la igualdad y la no discriminación constituyen los principios en que se sustenta la imparcialidad, porque es a partir del trato igualitario y no discriminatorio como se manifiesta la imparcialidad, que a su vez, es un instrumento para lograr la igualdad. Por tanto, la imparcialidad no es lo mismo que la igualdad, sino que se trata de dos principios éticos y jurídicos, de distintivo valor, que se complementan en orden a un fin dentro del proceso, que es la justicia, como fundamento último de la imparcialidad. Una acepción de la palabra “fundamento” se refiere a la causa, en el sentido de razón de ser, esto es, su necesidad racional, de origen aristotélico; la causa-razón es un concepto deontológico que expresa la necesidad propia del ser en cuan­ to a sustancia.21 En este sentido, el fundamento de la impar­cialidad 20 Cfr. Morón, Eduardo, El ser, el hombre y la razón como fundamentos de la moral y el dere­ cho, Alveroni Ediciones, Argentina, 2006, pp. 70. 21 Vid. Abbagnano, Nicola, Diccionario de filosofía, cuarta edición, 2a. reimp., Fondo de Cultura Económica, México, 2008, pp. 519-520. Serie Monografias Premiadas 3.indb 43 18/11/2010 12:35:36 p.m. 44 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... da imparcialidade se encontraria na ética normativa que, de acordo com Eduardo Durán, constitui um nível de reflexão que busca fundamentar os enunciados da moral vigente. Neste nível, o sujeito se questiona sobre por que deve fazer algo ou evitá-lo. A pergunta chave aqui é: Por que devo (ou não devo) fazer X?22 Portanto, de acordo com a ética normativa, a pergunta que o juiz deve formular é a seguinte: Por que devo ser imparcial? A resposta a esta pergunta conduzirá ao fundamento da imparcialidade na visão aristotélica, no sentido de razão de ser ou necessidade racional. Existe uma pergunta complementar que pode servir para encontrar o fundamento da imparcialidade, no sentido citado que é: Para que os juízes devem ser imparciais? Trata-se de saber quais são os fins de uma atuação imparcial do julgador. Teríamos então um binômio causal-teleológico. A resposta às duas perguntas está na justiça, entendida como o bem específico que se pretende obter no processo. A causa e o fim da imparcialidade são a solução justa e equitativa da controvérsia. O anterior é congruente com o artigo 35 do CIEJ, que assinala: “O fim último da atividade judicial é realizar a justiça por meio do direito”. A imparcialidade, em seu sentido de igualdade, manifesta se como garantia processual. Couture diz que o desenvolvimento processual do princípio de igualdade é o da igualdade das partes no processo. Sustém que enquanto for possível, dentro das necessidades técnicas do debate, a lei processual primeiro e o juiz 22 Cfr. Durán, Eduardo, “Para una fundamentación de la ética judicial”, Revista del Insti­ tuto de la Judicatura Federal, Escuela Judicial, núm. 12, México, 2002, p. 102. Serie Monografias Premiadas 3.indb 44 18/11/2010 12:35:36 p.m. 45 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... se encontraría en la ética normativa, que de acuerdo con Eduardo Durán, constituye un nivel de reflexión que busca fundamentar los enunciados de la moral vigente. En este nivel, el sujeto se cuestiona acerca del por qué debe hacer algo o evitarlo. La pregunta clave aquí es: ¿Por qué debo (o no debo) hacer X?.22 Por tanto, conforme a la ética normativa, la pregunta que se debe formular el Juez, es la siguien­te: ¿Por qué debo ser imparcial? La respuesta a esta interrogan­te conducirá al fundamento de la imparcialidad en la visión aristotélica, en el sentido de razón de ser o necesidad racional. Existe una pregunta complementaria que puede servir para encontrar el fundamento de la imparcialidad, en el referido sentido, y es: ¿Para qué los Jueces deben ser imparciales? Se trata de saber cuáles son los fines de una actuación imparcial del juzgador. Tendríamos entonces un binomio causal-teleológico. La respuesta a las dos preguntas, se encuentra en la justicia, entendida como el bien específico que se pretende obtener en el proceso. La causa y el fin de la imparcialidad es la solución justa y equitativa de la controversia. Lo anterior es congruente con el artículo 35 del CIEJ, que señala: “El fin último de la actividad judicial es realizar la justicia por medio del derecho”. La imparcialidad en su sentido de igualdad, se manifiesta como una garantía procesal. Señala Couture que el desenvolvimiento procesal del principio de igualdad, es el de la igualdad de las partes en el proceso. Sostiene que mientras sea posible dentro de las necesidades 22 Cfr. Durán, Eduardo, “Para una fundamentación de la ética judicial”, Revista del Insti­ tuto de la Judicatura Federal, Escuela Judicial, núm. 12, México, 2002, p. 102. Serie Monografias Premiadas 3.indb 45 18/11/2010 12:35:36 p.m. 46 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... depois, devem propender a que o autor e o demandado atuem no processo no plano de igualdade. Na etapa de conhecimento, essa igualdade deve consistir em dar a ambos os contendedores possibilidades análogas de expressão e de prova e, na execução, dar meios de defesa para evitar a ruinosa execução dos bens do devedor.23 Devis Echandía deduz duas consequências da igualdade das partes perante a lei processual e no processo: 1) De, no decorrer do processo, as partes gozarem de oportunidades iguais para sua defesa, o que se fundamenta na máxima audiatur es altera pars,... 2) De não serem aceitáveis os processos privilegiados, pelo menos em relação à raça, à fortuna ou ao nascimento das partes.24 Vista a imparcialidade do ponto de vista de igualdade processual, surge uma relação necessária com o conceito do devido processo. Alvarado Belloso explica que este conceito deriva da 14a. emenda da Constituição americana como garantia para os processados. Tal autor indica também que o devido processo pressupõe o pleno direito à jurisdição, o acesso ao tribunal, a plena audiência, a obtenção de um processo público, eficaz e também pressupõe que a sentença seja proferida por um juiz objetivo de forma completa, legítima, lógica, motivada e congruente.25 23 Cfr. Couture, Eduardo J. Estudios, ensayos y lecciones de derecho procesal civil, vol. 2., Editorial Jurídica Universitaria, pp. 18-19. 24 Cfr. Devis Echandía, Hernando, Teoría General del Proceso, Editorial Universidad, Buenos Aires, 1997, pp. 56-57. 25 Cfr. Alvarado Belloso, Adolfo, “El debido proceso”, Justicia y Sociedad, UNAM, México, 1994, pp. 547-550. Serie Monografias Premiadas 3.indb 46 18/11/2010 12:35:36 p.m. 47 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... técnicas del debate, la ley procesal primero, y el Juez luego, deben propender a que el actor y demandado actúen en el proceso en el plano de igualdad. En la etapa de conocimiento, esa igualdad debe consistir en dar a ambos contendientes análogas posibilidades de expresión y de prueba, y en la de ejecución, medios de defensa para evitar la ruinosa realización de los bienes del deudor.23 Devis Echandía deduce dos consecuencias de la igualdad de las partes ante la ley procesal y en el proceso: 1) Que en el curso del proceso las partes gozan de iguales oportunidades para su defensa, lo cual tiene fundamento en la máxima audiatur es altera pars,… 2) Que no son aceptables los procedimientos privilegiados, al menos en relación con raza, fortuna o nacimiento de las partes.24 Vista la imparcialidad desde la perspectiva de una igualdad procesal, surge una relación necesaria con el concepto de debido proceso. Explica Alvarado Belloso que este concepto deriva de la 14a. enmienda a la Constitución americana, como garantía para los procesados. Asimismo, señala dicho autor que el debido proceso supone el pleno derecho a la jurisdicción, el acceso al tribunal, la plena audiencia, la obtención de un procedimiento público, eficaz, y también supone que la sentencia sea dictada por un Juez objetivo en forma completa, legítima, lógica, motivada y congruente.25 23 Cfr. Couture, Eduardo J. Estudios, ensayos y lecciones de derecho procesal civil, vol. 2., Editorial Jurídica Universitaria, pp. 18-19. 24 Cfr. Devis Echandía, Hernando, Teoría General del Proceso, Editorial Universidad, Buenos Aires, 1997, pp. 56-57. 25 Cfr. Alvarado Belloso, Adolfo, “El debido proceso”, Justicia y Sociedad, UNAM, México, 1994, pp. 547-550. Serie Monografias Premiadas 3.indb 47 18/11/2010 12:35:37 p.m. 48 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... A imparcialidade aparece então como uma subgarantia que opera dentro da jurisdição e que é desenvolvida pelo juiz em todas suas etapas. O juiz deve manter-se neutro perante as posições antagônicas das partes e agir com imparcialidade quando deve tomar decisões. De acordo com o “garantismo” processual, explica Ricardo Lorenzetti, para atingir um resultado justo, as regras do processo devem ser respeitadas e não alteradas pelo juiz. Lorenzetti diz, citando Alvarado Belloso, que o conflito se manifesta como uma relação horizontal, entre duas partes que devem argumentar e provar assumindo seu próprio risco; o juiz é um terceiro imparcial que não deve substituir os argumentos, ordenar provas que as partes não produziram, ou avançar em medidas que desequilibrem as posições no processo.26 Não obstante, haverá ocasiões em que o juiz não poderá atuar com imparcialidade, ainda que respeite as exigências do devido processo legal. Isto pode acontecer quando o legislador não cumpre o princípio de neutralidade e regula as relações processuais de uma forma que conduzem à parcialidade. Um exemplo pode ser encontrado em todos os casos em que o legislador estabelece a presunção do cometimento de um delito, como ocorre com as disposições do artigo 103 do Código Fiscal da Federação que, no conducente, diz: Artigo 103. Presume-se o cometimento do delito de contrabando quando: 26 Cfr. Lorenzetti, Ricardo L., Teoría de la decisión judicial. Fundamentos de derecho, 1a. ed., Rubinzal-Culzoni Editores, Santa Fe, 2006, p. 158. Serie Monografias Premiadas 3.indb 48 18/11/2010 12:35:37 p.m. 49 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... La imparcialidad aparece entonces como una subgarantía que opera dentro de la jurisdicción y que se desarrolla por el Juez en todas sus etapas. El Juez debe mantenerse neutral ante las posiciones antagónicas de las partes y proceder con imparcialidad cuando deba tomar decisiones. De acuerdo con el “garantismo” procesal, explica Ricardo Lorenzetti, las reglas del proceso deben ser respetadas y no modificadas por el Juez para lograr un resultado justo. El conflicto se manifiesta como una relación horizontal, dice Lorenzetti, citando a Alvarado Belloso, entre dos partes que deben argumentar y probar a su riesgo; el Juez es un tercero imparcial que no debe sustituir los argumentos, ni ordenar pruebas que no produjeron las partes, ni avanzar en medidas que desequilibren las posiciones en el proceso.26 No obstante, habrá ocasiones en que el Juez no pueda actuar con imparcialidad, aún respetando los requerimientos del debido proceso legal. Esto puede ocurrir cuando el legislador no observa el prin­ cipio de neutralidad y regula las relaciones procesales de una forma que conducen a la parcialidad. Un ejemplo se puede encontrar en todos aquellos casos en los que el legislador establece la presunción de haberse cometido un delito, como ocurre con lo dispuesto por el artículo 103, del Código Fiscal de la Federación, que en lo conducente expone: Artículo 103. Se presume cometido el delito de contrabando cuando: 26 Cfr. Lorenzetti, Ricardo L., Teoría de la decisión judicial. Fundamentos de derecho, 1a. ed., Rubinzal-Culzoni Editores, Santa Fe, 2006, p. 158. Serie Monografias Premiadas 3.indb 49 18/11/2010 12:35:37 p.m. 50 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... Mercadorias estrangeiras são descobertas sem a documentação alfandegária que comprove que aquelas foram submetidas aos trâmites previstos na lei para sua entrada no território nacional ou para sua internação na faixa ou região fronteiriça do restante do país. Veículos estrangeiros são encontrados fora de uma zona de vinte quilômetros..., sem a documentação citada no item anterior... Quando o legislador presume o cometimento do delito de contrabando, que é um delito intencional, implicitamente presume a culpabilidade da pessoa que tem em seu poder as mercadorias ou o veículo citados nos itens transcritos, o que é uma contravenção ao princípio de presunção de inocência, de acordo com o qual se deve considerar inocente qualquer acusado, enquanto sua culpabilidade não for evidenciada. Portanto, se o legislador presume o cometimento de um delito, incorre em violação do princípio de presunção de inocência e introduz em uma norma substancial, como o é a que define o delito, uma norma procedimental, violando assim o princípio de estrita legalidade ou taxatividade em assunto penal, que impõe ao legislador o dever de descrever com precisão a conduta que proíbe e a forma que a sanciona. É óbvio que perante uma norma carente de neutralidade, o juiz não pode ser imparcial. A violação do princípio de presunção de inocência e a introdução de uma norma procedimental são evidentes, já que a principal consequência da presunção do cometimento de um delito, é lançar o ônus da prova ao imputado, revertendo o ônus que corresponde ao Estado, derivado do princípio de presunção de Serie Monografias Premiadas 3.indb 50 18/11/2010 12:35:37 p.m. 51 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... I. Se descubran mercancías extranjeras sin la documentación aduanera que acredite que las mercancías se sometieron a los trámites previstos en la ley aduanera para su introducción al te­ rritorio nacional o para su internación de la franja o región fron­ teriza del resto del país. II. Se encuentren vehículos extranjeros fuera de una zona de veinte kilómetros…, sin la documentación a que se refiere la frac­ ción anterior… Cuando el legislador presume la comisión del delito de contraban­ do, el cual es un delito intencional, implícitamente está presumiendo la culpabilidad de la persona que tenga en su poder las mercancías o el vehículo a que se refieren las fracciones transcritas, lo cual contra­ viene el principio de presunción de inocencia, conforme al cual debe tenerse por inocente a todo acusado, en tanto no se demuestre su culpabilidad. Por tanto, si el legislador presume la comisión de un delito, comete una violación al principio de presunción de inocencia e introduce en una norma sustancial, como lo es aquella que define el delito, una norma procedimental, con lo que también viola el principio de estricta legalidad o taxatividad en materia penal, que impone al legislador el deber de describir con precisión la conducta que prohí­ be y la forma que la sanciona. Es claro que ante una norma carente de neutralidad, el Juez no puede ser imparcial. La violación al principio de presunción de inocencia y la introducción de una norma procedimental son evidentes, puesto que la principal consecuencia de la presunción de que un delito se cometió, es arrojar la carga de la prueba al imputado, revirtiendo la carga que le corresponde al Estado, derivada del principio Serie Monografias Premiadas 3.indb 51 18/11/2010 12:35:37 p.m. 52 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... inocência. A consequência é a imposição ao imputado do ônus de provar sua inocência, já que deve provar os fatos que permitam destruir a presunção de delito consumado, a qual guarda una falácia, que pode ser reduzida ao absurdo, posto que é uma contravenção ao princípio lógico de contradição: uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo, posto que, se como determinado pela SCJN se presume a inocência do acusado27, não se pode presumir a consumação de um delito já que isto conduz à presunção da culpabilidade. Situações como a exposta vinculam o tema da imparcialidade com a obediência ao direito, que será examinada posteriormente. Ainda com as limitações que o juiz possa ter na aplicação do direito em virtude de leis que podem apresentar problemas de inconstitucionalidade, a concepção igualitária da imparcialidade representa uma garantia processual para as partes, a fim de que resolva o conflito um julgador que ofereça tratamento igualitário, no âmbito do devido processo legal. A concepção igualitária da imparcialidade encontra forte expressão no artigo 9° da CIEJ, que estabelece como fundamento da imparcialidade o direito dos cidadãos a serem tratados com igualdade e a não serem discriminados no desenvolvimento da função jurisdicional. O artigo 10 do CIEJ incorpora também a idéia da imparcialidade como igualdade ao estabelecer a regra de o juiz imparcial dever manter 27 Semanario Judicial de la Federación y su Gaceta, Tomo XVI, agosto de 2002, Tesis P. XXXV/2002, p. 14. Serie Monografias Premiadas 3.indb 52 18/11/2010 12:35:37 p.m. 53 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... de presunción de inocencia. La consecuencia es que se le impone al imputado la carga de probar su inocencia, ya que debe probar los hechos que permitan destruir la presunción de delito consumado, la cual encierra una falacia, que puede ser reducida al absurdo, puesto que contraviene el principio lógico de contradicción: una cosa no puede ser y no ser al mismo tiempo, puesto que, si como lo determinó la SCJN se presume la inocencia del acusado,27 no se puede presumir la consumación de un delito, en tanto que eso conduce a la presunción de culpabilidad. Situaciones como la expuesta conectan el tema de la imparcialidad con la obediencia al derecho, que se examinará posteriormente. Aun con las limitaciones que puede tener el Juez en la aplicación del derecho con motivo de leyes que pueden presentar problemas de inconstitucionalidad, la concepción igualitaria de la imparcialidad, representa una garantía procesal para las partes a fin de que el conflicto lo resuelva un juzgador que les brinde un trato igualitario, en el marco del debido proceso legal. La concepción igualitaria de la imparcialidad encuentra una fuer­te expresión en el artículo 9° del CIEJ, que establece como fun­ damen­to de la imparcialidad el derecho de los justiciables a ser tratados por igual y a no ser discriminados en el desarrollo de la función jurisdiccional. El artículo 10 del CIEJ, incorpora también la idea de la imparcialidad como igualdad al establecer la regla de que el Juez imparcial debe 27 Semanario Judicial de la Federación y su Gaceta, Tomo XVI, agosto de 2002, Tesis P. XXXV/2002, p. 14. Serie Monografias Premiadas 3.indb 53 18/11/2010 12:35:37 p.m. 54 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... ao longo de todo o processo uma distância equivalente com as partes e com seus advogados, e evitar qualquer tipo de comportamento que possa refletir favoritismo, predisposição ou preconceito. Este sentido de imparcialidade também está previsto na regra do artigo 13 do CIEJ referente a que o juiz deve evitar qualquer aparência de tratamento preferencial ou especial com os advogados e com os cidadãos, oriunda de sua conduta ou da de outros integrantes do gabinete judicial. É importante destacar que a igualdade processual não é absoluta, já que existem diferenças sociais, culturais, econômicas e de outra natureza que justificam um tratamento diferenciado, que está reconhecido pelo direito por meio de diversos institutos, entre os quais cabe citar a suplência do erro, a da queixa deficiente, a da defesa, cujo objeto é igualar as partes no processo. Outros casos de desigualdade de tratamento provêm da importância dos bens tutelados, como ocorre no direito penal e na justiça para adolescentes. Trata-se de um regime de desigualdade processual por diferenciação, que está justificada pelo direito e pré-determinada pelo constituinte ou pelo legislador. É importante que o juiz imparcial conheça esse regime diferenciado, que geralmente se manifesta na suplência de agravos, como ocorre em matéria penal por disposição do artigo 364 do Código Federal de Processos Penais, que opera em favor do processado e de seu defensor; na questão agrária procede suprir a deficiência da queixa dos núcleos de população ejidal [N. do T.: campo comunitário de uma povoação, situado em seus arredores, onde se estabelecem hortas e se reúne o gado; México: propriedade coletiva] ou comunal, ejidatarios ou comuneros [N. do T.: pessoa que participa de uma associação de bens ou direitos], conforme o artigo 164 da Lei Agrária. Serie Monografias Premiadas 3.indb 54 18/11/2010 12:35:37 p.m. 55 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... mantener a lo largo de todo el proceso una equivalente distancia con las partes y con sus abogados, y evitar todo tipo de compor­ tamiento que pueda reflejar favoritismo, predisposición o prejuicio. Igualmente se recoge este sentido de imparcialidad en la regla contenida en el artículo 13 del CIEJ, relativa a que el Juez debe evitar toda apariencia de trato preferencial o especial con los abogados y con los justiciables, proveniente de su conducta o la de otros integrantes de la oficina judicial. Es importante destacar que la igualdad procesal no es absoluta, puesto que existen diferencias sociales, culturales, económicas y de otra índole, que justifican un trato diferenciado, que se encuentra reconocido por el derecho a través de diversos institutos, entre los cuales cabe citar la suplencia del error, la de la queja deficiente, la de la defensa, que tienen por objeto igualar a las partes en el proceso. En otros casos la desigualdad de trato proviene de la importancia de los bienes tutelados, como ocurre en el derecho penal, y en la justicia para adolescentes. Se trata de un régimen de una desigualdad procesal por diferenciación, que se encuentra justificada desde el derecho y predeterminada por el Constituyente o por el legislador. Es importante que el Juez imparcial conozca este régimen dife­ren­ ciado, el cual generalmente se manifiesta en la suplencia de agravios, como ocurre en materia penal, por disposición del artículo 364 del Código Federal de Procedimientos Penales, que opera a favor del procesado y su defensor; en materia agraria, procede suplir la de­fi­ ciencia de la queja de los núcleos de población ejidal o comunal, ejidatarios o comuneros, conforme al artículo 164 de la Ley Agraria. Asimismo, se manifiesta a través de directivas de interpretación, como Serie Monografias Premiadas 3.indb 55 18/11/2010 12:35:37 p.m. 56 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... Manifesta-se também por meio de diretrizes de interpretação, como ocorre em matéria penal com os princípios in favor rei e in dubio pro reoe, em matéria trabalhista, com o princípio in dubio pro operario que consagra o artigo 18 da Lei Federal do Trabalho. A imparcialidade é também uma ferramenta para construir, a partir da igualdade, os acordos em matéria de justiça. Convém lembrar a esse respeito, que a imparcialidade, em sua vertente de igualdade, não pode só ser contemplada como igualdade de tratamento procedimental, mas também na decisão de casos, quer dizer, que o juiz imparcial, perante casos iguais, deve adotar o mesmo critério. Como indicado por Peces-Barba, citando o Tribunal Constitucional Espanhol, um mesmo órgão não pode modificar arbitrariamente o sentido de suas decisões em casos substancialmente iguais.28 O tratamento não discriminatório aos cidadãos faz parte do fundamento da imparcialidade e é outra vertente da concepção da imparcialidade como igualdade. O juiz deve zelar para que as partes não sofram discriminação. Aharón Barak considera que as decisões judiciais devem basear-se em considerações que são externas ao juiz e que inclusive podem entrar em conflito com suas perspectivas pessoais; que os juízes que têm pontos de vista religiosos ou seculares sobre a vida não devem impô-los à sociedade na qual vivem. O juiz deve ser capaz de distinguir entre seus desejos pessoais e o que é geralmente aceito pela sociedade. Deve 28 Cfr. Peces-Barba, Gregorio, et. al., Curso de derechos fundamentales, teoría general, Universidad Carlos III, Madrid, 1999, p. 285. Serie Monografias Premiadas 3.indb 56 18/11/2010 12:35:37 p.m. 57 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... ocurre en la materia penal con los principios in favor rei e in dubio pro reo, y en materia laboral con el principio in dubio pro operario que consagra el artículo 18 de la Ley Federal del Trabajo. La imparcialidad también constituye una herramienta para cons­­truir desde la igualdad los acuerdos en materia de justicia. Al respec­to, conviene recordar que la imparcialidad, en su vertiente de igualdad, no sólo puede contemplarse como una igualdad de trato procedimental, sino también en cuanto a la decisión de casos, es decir, que el Juez imparcial, ante casos iguales, debe adoptar el mismo criterio. Como lo señala Peces-Barba, citando al Tribunal Constitucional Español, un mismo órgano no puede modificar arbitrariamente el sentido de sus decisiones en casos sustancialmente iguales.28 El trato no discriminatorio a los justiciables forma parte del fundamento de la imparcialidad, y constituye otra vertiente de la concepción de la imparcialidad como igualdad. El Juez debe velar para que las partes no sufran discriminación. Considera Aharón Barak que las decisiones judiciales deben estar basadas en consideraciones que son externas al Juez y que incluso pueden chocar con sus perspec­ tivas personales; que los Jueces que tienen puntos de vista religiosos o seculares sobre la vida, no deben imponerlos sobre la sociedad en que viven. El Juez debe ser capaz de distinguir entre sus deseos personales y lo que es aceptado generalmente en la sociedad. Debe ser 28 Cfr. Peces-Barba, Gregorio, et. al., Curso de derechos fundamentales, teoría general, Universidad Carlos III, Madrid, 1999, p. 285. Serie Monografias Premiadas 3.indb 57 18/11/2010 12:35:37 p.m. 58 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... ser capaz de ver-se a si mesmo de fora, e de analisar, criticar e controlar-se.29 O tratamento discriminatório está relacionado com os preconceitos, que podem influir na decisão. Por essa razão, o capítulo III do CEPJF, em seu ponto três, referente à objetividade, define-a como a atitude do julgador diante de influências estranhas ao direito, oriundas de si mesmo, que lhe impõe proferir suas sentenças pelas razões que o direito lhe proporciona, e não pelas derivadas de seu modo pessoal de pensar ou de sentir. No mesmo sentido, o artigo 5° do CEPJP, dispõe: “O Juiz deve respeitar a dignidade de todas as pessoas, concedendo-lhes tratamento adequado, sem discriminação por raça, sexo, origem, cultura, condição ou de qualquer outra natureza. No exercício de suas funções, o Juiz deve superar os preconceitos que possam incidir negativamente em sua compreensão e avaliação dos fatos, bem como na interpretação e na aplicação das normas”. Os preconceitos conduzem à perda de objetividade, o que, por sua vez, afeta a imparcialidade. Por isso, o juiz deve superar seus preconceitos, que geralmente provêem de diferenças de ordem cultural, social, econômico, político, nacional ou simplesmente diferenças sexuais, que podem comprometer a imparcialidade do julgador. São muitos os problemas relacionados com a discriminação, razão pela qual se poderia atentar para um deles como orientador 29 Cfr. Barak, Aharón, Un Juez reflexiona sobre su labor, el papel de un tribunal constitucional en una democracia, Suprema Corte de Justicia de la Nación, México, 2008, pp. 42-43. Serie Monografias Premiadas 3.indb 58 18/11/2010 12:35:37 p.m. 59 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... capaz de verse a sí mismo desde afuera, y de analizar, criticar y controlarse.29 El trato discriminatorio está relacionado con los prejuicios, que pueden influir en la decisión. Por esa razón, el capítulo III, en su punto 3, del CEPJF, relativo a la objetividad, la define como la actitud del juzgador frente a influencias extrañas al derecho, provenientes de sí mismo, que le impone emitir sus fallos por las razones que el derecho le suministra, y no por las que se deriven de su modo personal de pensar o de sentir. En igual sentido, el artículo 5° del CEPJP, dispone: “El Juez debe respetar la dignidad de toda persona otorgándole un trato adecuado, sin discriminación por motivos de raza, sexo, origen, cultura, condición o de cualquier otra índole. En el ejercicio de sus funciones, el Juez debe superar los prejuicios que pueden incidir de modo negativo en su comprensión y valoración de los hechos así como en la in­ terpretación y aplicación de las normas.” Los prejuicios conducen a la pérdida de objetividad, lo que a su vez afecta la imparcialidad. Por eso el Juez debe vencer sus prejuicios, que generalmente provienen de diferencias de origen cultural, social, económico, político, nacional, o simplemente diferencias sexuales, que pueden comprometer la imparcialidad del juzgador. Son muchos los problemas relacionados con la discriminación, por lo que se podría enfocar la atención en uno de ellos, como guía para establecer cómo debe actuar un Juez imparcial. Un problema 29 Cfr. Barak, Aharón, Un Juez reflexiona sobre su labor, el papel de un tribunal constitucional en una democracia, Suprema Corte de Justicia de la Nación, México, 2008, pp. 42-43. Serie Monografias Premiadas 3.indb 59 18/11/2010 12:35:37 p.m. 60 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... para estabelecer como deve agir um juiz imparcial. Um problema interessante é o da atuação do julgador em uma sociedade multicultural. Muitos Estados contemporâneos têm fortes raízes multiculturais. A migração representa fator de multiculturalismo de impacto mundial. Atualmente, o fenômeno da migração afeta muitos países da Europa e carrega sérios desafios em muitos aspectos, incluindo a administração da justiça. A mesma organização dos países europeus em uma comunidade de nações, na qual existe trânsito livre de pessoas e mercadorias, com direito de morar e trabalhar no Estado comunitário de sua escolha, traz consigo uma composição multicultural mais acentuada e que dá ensejo a problemas de discriminação. Para citar um caso, na sentença Schumacker, o TJCE determinou que o critério de residência empregado para negar vantagens fiscais aos não residentes pode ser uma discriminação indireta com relação à nacionalidade.30 Como um juiz pode agir imparcialmente em uma sociedade multicultural? A resposta está na superação dos preconceitos, que derivam do desconhecimento do modo de ser e de pensar dos grupos culturais ou nacionais, muitas vezes repudiados de forma inconsciente. Cabe ao juiz imparcial, opina Gómez Martínez31, atitude aberta ao diálogo sobre pluralismo cultural o que exige, citando Añón Roig, “estar em condições de distanciar-se de sua própria cultura”, sendo esta a única perspectiva, a partir da qual, é possível calibrar o alcance e o peso da identidade cultural”. 30 Vid. González, Gabriela, “Concepto de discriminación y restricción en el derecho comu­ni­tario”, en Instituto de Estudios Fiscales, Doc. No. 8/04, pp. 9-10. 31 Gómez Martínez, “El Juez en la sociedad multicultural”, Revista Jueces para la Demo­ cracia, número 50, Madrid, julio 2004, p. 18. Serie Monografias Premiadas 3.indb 60 18/11/2010 12:35:37 p.m. 61 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... interesante es el de la actuación del juzgador en una sociedad multicultural. Muchos Estados contemporáneos tienen fuertes raíces multiculturales. La migración representa un factor de multiculturalismo de impacto mundial. En la actualidad, el fenómeno de la migración afecta a muchos países de Europa y plantea serios retos en muchos aspectos, incluyendo la administración de justicia. La misma organización de los países europeos en una comunidad de naciones, en la que existe el libre tránsito de personas y mercaderías, con derecho a residir y trabajar en el Estado comunitario de su elección, trae consigo una composición multicultural más acen­ tuada que da lugar a problemas de discriminación. Por citar un caso, en la sentencia Schumacker, el TJCE determinó que el criterio de residencia que se utiliza para negar ventajas fiscales a los no residentes puede constituir una discriminación indirecta por razón de nacionalidad.30 ¿Cómo puede actuar imparcialmente un Juez en una sociedad multicultural? La respuesta se encuentra en la superación de los prejuicios, que derivan del desconocimiento del modo de ser y pensar de los grupos culturales o nacionales, a quienes se rechaza muchas veces de manera inconsciente. Al Juez imparcial le corresponde, opina Gómez Martínez31 una actitud abierta al diálogo del pluralismo cultural, lo que exige, citando a Añón Roig “estar en condiciones de distanciarse de su propia cultura”, siendo ésta la única perspectiva “desde la que es posible calibrar el alcance y el peso de la identidad 30 Vid. González, Gabriela, “Concepto de discriminación y restricción en el derecho comu­ni­tario”, en Instituto de Estudios Fiscales, Doc. No. 8/04, pp. 9-10. 31 Gómez Martínez, “El Juez en la sociedad multicultural”, Revista Jueces para la Demo­ cracia, número 50, Madrid, julio 2004, p. 18. Serie Monografias Premiadas 3.indb 61 18/11/2010 12:35:37 p.m. 62 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... A opinião destes autores se identifica com um tipo de raciocínio que a doutrina conhece como icônico-analógico, ou seja, colocarse no lugar do outro, enxergar com o olhar do interlocutor, quer dizer, tornar-se um ícone do outro. Para não discriminar, o juiz teria que “tornar-se” yaqui, rarámuri, otomí, náhuatl etc., conforme o caso. A tarefa do intérprete se torna uma exigência fundamental para o devido processo ao envolver estrangeiros ou integrantes de comunidades étnicas. No México começa-se a garantir esta exigência de justiça. Conta-se com vinte e cinco defensores públicos federais bilingues, especialistas em vinte línguas indígenas, com os quais o IFDP proporciona proteção jurídica aos setores mais vulneráveis da sociedade mexicana, para gerar condições de acesso e equidade na administração da justiça.32 A aplicação da lei em um contexto de interculturalismo pode levar à necessidade de aplicar a lei de forma diferenciada, sem que isto signifique discriminação, mas, pelo contrário, uma busca da igualdade, da perspectiva da diferença. Como Añón indica, a igualdade formal desdobra seus efeitos em várias direções, entre elas, a de igualdade de tratamento como equiparação e como diferenciação, razão pela qual não deriva do princípio de igualdade que todos os indivíduos devam ser tratados de forma igual, ou que qualquer diferença de tratamento seja considerada ilegítima. Assim, considera que o princípio de não 32 Vid. Arvizu, Manuel, Revista Compromiso, año 8, número 93, marzo 2009, pp. 8-9. Serie Monografias Premiadas 3.indb 62 18/11/2010 12:35:37 p.m. 63 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... cultural”. La opinión de estos autores se identifica con un tipo de razonamiento que la doctrina conoce como icónico-analógico y que consiste en ponerse en el lugar del otro, ver con la mirada del interlo­ cutor, es decir, hacerse un icono del otro. Para no discriminar, el Juez tendría que “convertirse”, en yaqui, rarámuri, otomí, náhuatl, etcéte­ ra, según el caso. La tarea del intérprete se convierte en una exigencia funda­ mental para el debido proceso, cuando se involucran extranjeros o integrantes de comunidades étnicas. En México se empieza a garantizar esta exigencia de justicia. Se cuenta con veinticinco defensores públicos federales bilingües expertos en veinte lenguas indígenas, con quienes el IFDP da protección jurídica a los sectores más vulnerables de la sociedad mexicana, para generar condiciones de acceso y equidad en la administración de justicia.32 La aplicación de la ley en un contexto de interculturalidad puede conducir a la necesidad de aplicar la ley de manera diferenciada, sin que esto implique discriminación, sino, por el contrario, una búsqueda de la igualdad, desde la perspectiva de la diferencia. Como señala Añón, la igualdad formal despliega sus efectos en varias direcciones, entre ellas, la de igualdad de trato como equiparación y como diferenciación, por lo que del principio de igualdad no se sigue que todos los individuos deban ser tratados de formal igual ni que toda diferencia de trato sea considerada ilegítima, por lo que considera que el principio de no discriminación puede ser interpretado 32 Vid. Arvizu, Manuel, Revista Compromiso, año 8, número 93, marzo 2009, pp. 8-9. Serie Monografias Premiadas 3.indb 63 18/11/2010 12:35:37 p.m. 64 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... discriminação pode ser interpretado em sentido amplo, como proibição de desigualdades injustificadas ou irracionais, porque, para que as diferenças normativas sejam aceitáveis, estas devem ter justificativa objetiva e razoável.33 Dar tratamento diferenciado em reconhecimento de uma identidade cultural pode ter diversas implicações no processo. Como assinala Gómez Martínez, os juízes têm especial responsabilidade em relação aos direitos das minorias culturais. 34 33 Cfr. Añón, María José, Igualdad, diferencias y desigualdades, Fontamara, Biblioteca de Ética, Filosofía del Derecho y Política, número 80, México, pp. 37 y 38. 34 Cfr. Gómez Martínez, “El Juez en la…”, op. cit., p. 20. Serie Monografias Premiadas 3.indb 64 18/11/2010 12:35:37 p.m. 65 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... en sentido amplio, como prohibición de desigualdades injustificadas o irrazonables, por lo que, para que sean aceptables las diferencias normativas, éstas deben tener una justificación objetiva y razonable.33 Dar un trato diferenciado en reconocimiento de una identidad cultural puede tener diversas implicaciones en el proceso. Como señala Gómez Martínez, los Jueces tienen una especial responsabilidad respecto a los derechos de las minorías culturales.34 33 Cfr. Añón, María José, Igualdad, diferencias y desigualdades, Fontamara, Biblioteca de Ética, Filosofía del Derecho y Política, número 80, México, pp. 37 y 38. 34 Cfr. Gómez Martínez, “El Juez en la…”, op. cit., p. 20. Serie Monografias Premiadas 3.indb 65 18/11/2010 12:35:37 p.m. Capítulo IV A imparcialidade como obediência ao direito O princípio de imparcialidade leva ao tema da obediência ao direito por diversas razões. Uma delas se refere à busca da verdade dos fatos, de acordo com a qual será proferida a decisão. Outra razão é a condição de terceiro do juiz em um processo e sua assunção da imparcialidade na solução do caso. Para Ferrajoli, a sujeição só à lei, como premissa substancial para a decisão judicial, expressa a condição institucional do juiz, externa aos sujeitos e ao sistema político. Esta sujeição, explica, se torna patente no requisito da imparcialidade e tem sua justificativa ético-política em dois valores fundamentais: a busca da verdade e a tutela dos direitos fundamentais.35 É importante destacar que, de acordo com o artigo 2° do CIEJ “O juiz independente é o que determina a decisão justa pelo direito vigente, 35 Cfr. Ferrajoli, Luigi, Derecho y razón…, op. cit., pp. 579-580. 66 Serie Monografias Premiadas 3.indb 66 18/11/2010 12:35:37 p.m. Capítulo IV La imparcialidad como obediencia al derecho El principio de imparcialidad conduce al tema de la obediencia al derecho por varias razones. Una de ellas se refiere a la búsqueda de la verdad de los hechos conforme a la cual habrá de emitirse la decisión. Otra razón es la condición de tercero que tiene el Juez en el proceso y que asume un papel imparcial en la solución del caso. Para Ferrajoli, la sujeción sólo a la ley, como premisa sustancial a la decisión judicial expresa la colocación institucional del Juez, externa a los sujetos y al sistema político. Esta sujeción, explica, se hace patente en el requisito de la imparcialidad y tiene su justificación éticopolítica en dos valores fundamentales como son la búsqueda de la verdad y la tutela de los derechos fundamentales.35 Es importante destacar que de acuerdo con el artículo 2°, del CIEJ “El Juez independiente es aquel que determina desde el derecho vigente la 35 Cfr. Ferrajoli, Luigi, Derecho y razón…, op. cit., pp. 579-580. 67 Serie Monografias Premiadas 3.indb 67 18/11/2010 12:35:37 p.m. 68 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... sem deixar se influenciar, real ou aparentemente, por fatores alheios ao próprio direito”. No entanto, a independência do poder judiciário está mais ligada ao princípio de divisão de poderes do que à sujeição ao direito. Surge como necessidade de romper a dependência do poder judiciário ante o rei e o parlamento, já que em suas origens o poder judiciário esteve subordinado ao soberano que lhe delegou a função jurisdicional. Sobre esse assunto, Ferrajoli indica que a jurisdictio foi concebida na ideologia medieval como expressão da função soberana, dividida como total em potestade ordinária, pertencente iure propio ou ex nativo nomine, às autoridades supremas do Papa ou do Imperador, e poder delegata exercido por juízes delegados.36 O mesmo autor aponta como a jurisdição foi se especializando e se separando, graças à tecnificação e profissionalização das funções de governo, manifestando-se o problema da independência particularmente na França e na Inglaterra, sendo memoráveis os conflitos que nos séculos XVI e XVIII juízes e reis enfrentaram nesses países. Foi assim que em 1612 o jurista Sir Edward Coke, em sua condição de Chief Justice sustentou na presença de Jaime I que este, por ser fons iustitae, não tinha poder para julgar concretamente, como o pretendia, em nome de sua qualificação. A mesma tese foi mantida em 1639 pelo Presidente do Parlamento de Paris, Nicolas Bellievre perante Luis XIII, que queria julgar pessoalmente o Duque de La Valette por acusação formulada contra este por Richelieu. Foi pelo processo de autonomização que o pensamento jurídico ilustrado teorizou a independência dos juízes no âmbito da doutrina da separação de poderes.37 36 Cfr. Ibidem, p. 585. 37 Cfr. Ibidem, pp. 586-587. Serie Monografias Premiadas 3.indb 68 18/11/2010 12:35:37 p.m. 69 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... decisión justa, sin dejarse influir real o aparentemente por factores ajenos al derecho mismo”. Sin embargo, la independencia del poder judicial se encuentra más bien ligada al principio de división de poderes que a la sujeción al derecho. Surge como una necesidad de romper la dependencia del poder judicial frente al rey y el parlamento, ya que en sus orígenes el poder judicial estuvo subordinado al soberano, quien le delegó la función jurisdiccional. Sobre el particular, Ferrajoli indica que la jurisdictio, inicialmente fue concebida en la ideología medieval como expresión de la función soberana, dividida como tal en potestad ordinaria, perteneciente iure propio, o ex nativo nomine, a las supremas autoridades del Papa o del Emperador, y potestad dele­ gata ejercida por Jueces delegados.36 El mismo autor señala cómo la jurisdicción se fue especializando y separando gracias a la tecnificación y profesionalización de las funciones de gobierno, manifestándose el problema de la independencia particularmente en Francia y en Inglaterra, siendo memorables los conflictos que en los siglos XVI y XVIII enfrentaron a Jueces y rey en estos países. Fue así que en 1612, el jurista Sir Edward Coke, en su carácter de Chief Justice sostuvo en presencia de Jacobo I, que éste, por ser fons iustitiae, no tenía la potestad de juzgar en el caso concreto como lo pretendía en nombre de la misma calificación. La misma tesis fue mantenida en 1639, por el Presidente del Parlamento de Paris, Nicolas De Bellievre, frente a Luis XIII, que quería juzgar personalmente al Duque De La Valette por una acusación formulada en su contra por Richelieu. Fue a partir de este proceso de autonomización como el pensamiento jurídico ilustrado teorizó la independencia de los Jueces en el marco de la doctrina de la separación de poderes.37 36 Cfr. Ibidem, p. 585. 37 Cfr. Ibidem, pp. 586-587. Serie Monografias Premiadas 3.indb 69 18/11/2010 12:35:37 p.m. 70 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... Pode-se observar então que a independência judiciária se manifesta como um processo de separação do poder político que busca a autonomia do poder judiciário perante os outros poderes públicos, a fim de atingir o lugar que era dos juízes na aplicação da lei, por isso a independência aparece como pressuposto da imparcialidade dos juízes, já que estes não podiam ser imparciais pela interferência dos outros poderes públicos. Karl Larenz expõe que o primeiro requisito para confiar que o direito de cada um será reconhecido pelos tribunais é a confiança na imparcialidade dos juízes, que se vê ameaçada por perigos que provêm dos dois lados. O primeiro perigo provém da incorporação do juiz à hierarquia dos órgãos do Estado. A garantia de imparcialidade exige a independência judicial, entendida como não vinculação diante de indicações de outros órgãos do Estado.38 Larenz destaca a vinculação da imparcialidade com a obediência ao direito quando aponta: A imparcialidade do juiz é hoje entre nós o princípio de classe constitucional (artigo 97, 1 GG), cristalizado na Lei do Poder Judiciário e na Lei Judicial. Em estreita relação com a regra da vinculação do juiz à lei e ao direito, no século XIX, a imparcialidade pôde servir, em primeiro lugar, para afastar o juiz da influência do monarca e garantir ao mesmo tempo a hierarquia preeminente e absoluta das leis emanadas do parlamento. Tem hoje, sobretudo o sentido de 38 Cfr. Larenz, Karl, Derecho justo, Fundamentos de ética jurídica, Civitas, Madrid, 2001, p. 181. Serie Monografias Premiadas 3.indb 70 18/11/2010 12:35:37 p.m. 71 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... Puede advertirse entonces que la independencia judicial se manifiesta como un proceso de separación del poder político que busca la autonomía del poder judicial frente a los otros poderes públicos, a fin de lograr el lugar que le correspondía a los Jueces en la aplicación de la ley, por lo cual la independencia aparece como un presupuesto de la imparcialidad de los Jueces, ya que éstos no podían ser imparciales por la interferencia de los otros poderes públicos. Expone Karl Larenz que el primer requisito para confiar en que el derecho de cada uno será reconocido ante los tribunales es la confianza en la imparcialidad del Juez, la cual se ve amenazada por peligros que proceden de dos lados. El primer peligro procede de la incardinación del Juez en la jerarquía de los órganos del Estado. La garantía de la imparcialidad exige la independencia judicial, entendida como no vinculación frente a las indicaciones de otros órganos del Estado.38 Larenz destaca la vinculación de la imparcialidad con la obediencia al derecho cuando señala: La imparcialidad del Juez es hoy entre nosotros principio de rango constitucional (artículo 97, 1 GG), cristalizado en la Ley del Poder Judicial y en la Ley Judicial. En estrecha relación con la regla de la vinculación del Juez a la ley y el derecho pudo en el siglo XIX servir, en primer lugar, para apartar al Juez del influjo del monarca y ase­ gurar al mismo tiempo el rango preeminente y absoluto de las leyes emanadas del parlamento. Hoy tiene sobre todo el sentido 38 Cfr. Larenz, Karl, Derecho justo, Fundamentos de ética jurídica, Civitas, Madrid, 2001, p. 181. Serie Monografias Premiadas 3.indb 71 18/11/2010 12:35:37 p.m. 72 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... deixar o juiz livre de qualquer influência “de cima”, no interesse de uma justiça vinculada apenas ao direito.39 Outro motivo para considerar que a obediência ao direito está mais ligada à imparcialidade do que à independência pode ser encontrado no artigo 10 da CIEJ, que dispõem que o juiz imparcial é aquele que persegue com objetividade e com fundamento na prova, a verdade dos fatos, já que estes incluem necessariamente sua comprovação pela prova e sua avaliação na sentença, que deve ser feita de acordo com o direito. Como Marroquín Zaleta indica, para resolver a questão de fato o juiz se veria obrigado a localizar as normas jurídicas que regulassem a avaliação das provas e sua interpretação, o que significaria resolver uma questão de direito, por isso considera que, na prática, ambas as questões estão profundamente vinculadas.40 Uma razão menos evidente, mas talvez mais importante para vincular a imparcialidade com a obediência ao direito, é o mesmo fundamento da imparcialidade do artigo 9° do CIEJ, quando aponta que a imparcialidade judicial tem seu fundamento no direito dos cidadãos a serem tratados com igualdade. Esta igualdade de tratamento já foi analisada na concepção da imparcialidade como igualdade, mas também pode ser relacionada com a imparcialidade no sentido de obediência ao direito, se dimensionarmos a igualdade não estritamente em relação às partes do processo, 39 Ibid., p. 182. 40 Cfr. Marroquín Zaleta, Jaime Manuel, Técnica para la elaboración de una sentencia de amparo directo, 4a. ed., Porrúa, México, 2000, p. 87. Serie Monografias Premiadas 3.indb 72 18/11/2010 12:35:37 p.m. 73 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... de dejar libre al Juez de cualquier influencia “de arriba”, en inte­ rés de una justicia vinculada sólo al derecho.39 Otra razón para estimar que la obediencia al derecho se en­ cuentra más ligada a la imparcialidad que a la independencia, la encontramos en el artículo 10 del CIEJ, al disponer que el Juez imparcial es el que persigue con objetividad y con fundamento en la prueba la verdad de los hechos, ya que éstos implican necesariamente su acreditación por medio de la prueba y su valoración en la sentencia, la que debe de hacerse de acuerdo con el derecho. Como señala Marroquín Zaleta, para resolver la cuestión de hecho el Juez se vería obligado a localizar las normas jurídicas que regularan la valoración de las pruebas y su interpretación, lo cual implicaría resolver una cues­ tión de derecho, por lo cual considera que en la práctica ambas cuestiones se encuentran profundamente vinculadas.40 Una razón menos evidente, pero quizá más importante para vincular la imparcialidad con la obediencia del derecho, lo constituye el mismo fundamento de la imparcialidad que declara el artículo 9° del CIEJ, cuando señala que la imparcialidad judicial tiene su fundamento en el derecho de los justiciables a ser tratados por igual. Esta igualdad de trato ya se analizó en la concepción de la impar­ cialidad como igualdad, pero también se puede relacionar con la imparcialidad en el sentido de obediencia al derecho, si dimensio­ namos la igualdad no estrictamente en relación con las partes del 39 Ibid., p. 182. 40 Cfr. Marroquín Zaleta, Jaime Manuel, Técnica para la elaboración de una sentencia de amparo directo, 4a. ed., Porrúa, México, 2000, p. 87. Serie Monografias Premiadas 3.indb 73 18/11/2010 12:35:38 p.m. 74 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... mas com a ideia de igualdade de todas as pessoas de receber o mesmo tratamento da justiça. Francisco Laporta manifesta o anterior na ideia da imparcialidade como uma constrição de caráter moral. Indica a respeito: ... o raciocínio judicial que acaba em uma decisão vinculante deve ser submetido a certas constrições formais de caráter moral... Uma dessas constrições é a da ‘imparcialidade’ na aplicação das normas. Na suposição de os juízes aplicarem normas legais, esta exigência pressupõe que todos os casos particulares, que se enquadram nessa ou nessas normas e são equivalentes em suas características relevantes, devam ser tratados da mesma forma, quer dizer, como prevê a norma em questão. É evidente que esta característica é simplesmente o traslado da exigência ética da universalidade dos enunciados morais à aplicação do direito. Se o juiz está aplicando uma norma jurídica para uma suposição determinada e com certo sentido, a imparcialidade exige que a aplique com o mesmo sentido para todas as hipóteses iguais a essa, nos aspectos relevantes. 41 Neste sentido, a imparcialidade do julgador não só significa vinculação à lei, mas também uniformidade em sua aplicação, como expressão da justiça formal. 41 Laporta, Francisco, Entre el derecho y la moral, Fontamara, Biblioteca de Ética, Filosofía del Derecho y Política, núm. 26, México, p. 69. Serie Monografias Premiadas 3.indb 74 18/11/2010 12:35:38 p.m. 75 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... proceso, sino con la idea de igualdad de todas las personas a recibir el mismo trato de la justicia. Lo anterior se encuentra expresado por Francisco Laporta en la idea de la imparcialidad como una constricción de carácter moral. Al respecto señala: … el razonamiento judicial que acaba en una decisión vinculante debe estar sometido a ciertas constricciones formales de carácter moral…Una de esas constricciones es la de la ‘imparcialidad’ en la aplicación de las normas. Supuesto que los Jueces aplican normas legales esta exigencia supone que todos aquellos casos particulares que caben bajo esa o esas normas y son equivalentes en sus rasgos relevantes deban ser tratados de la misma manera, es decir, como la norma en cuestión tiene previsto. Es evidente que este rasgo es simplemente la traslación a la aplicación del derecho de la exigencia ética de la universalidad de los enunciados morales. Si el Juez está aplicando una norma jurídica para un supuesto determinado y un cierto sentido, la imparcialidad exige que la aplique en el mismo sentido para todos aquellos supuestos iguales a ese, en los aspectos relevantes.41 En este sentido, la imparcialidad del juzgador, no sólo implica vinculación a la ley, sino también uniformidad en su aplicación, como expresión de la justicia formal. 41 Laporta, Francisco, Entre el derecho y la moral, Fontamara, Biblioteca de Ética, Filosofía del Derecho y Política, núm. 26, México, p. 69. Serie Monografias Premiadas 3.indb 75 18/11/2010 12:35:38 p.m. 76 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... No entanto, é preciso reconhecer que não é inusual referir a vinculação do juiz à lei e ao direito ao princípio da independência judicial. Assim Pérez del Valle declara que a ideia de independência judicial foi objeto de consideração em um sentido integral; expõem que, em sua visão do problema, a independência do juiz não se limita à liberação superficial de preconceitos, mas abrange e aprofunda a decisão sobre o método de determinação do direito, que explica dizendo que, se as constituições insistem em relatar como garantia da independência a vinculação do juiz à lei e ao direito, é necessário delimitar as relações entre lei e direito.42 Apesar de o CIEJ e certas opiniões doutrinais vincularem a obediência ao direito com o princípio de independência, existem motivos de peso para adscrever essa obediência à imparcialidade, posto que esta se manifesta como garantia processual derivada da jurisdição e estreitamente relacionada com o juiz em sua posição de terceiro, que deve ser imparcial, o que significa que deve resolver pelo direito, de acordo com os fatos provados pelas partes, para o que é necessário que o juiz seja independente; entende-se esta independência como a liberdade do julgador ante preferências provenientes de outros poderes públicos ou, inclusive, de outros membros do poder judiciário, e de forma mais ampla, de qualquer outra força, entidade política ou social. Por isso a independência funciona como uma hipótese de imparcialidade. Esta ideia está implícita na expressão de Larenz ao assinalar que todas as normas que garantem a independência judiciária, permitem com isso a imparcialidade do juiz.43 42 Cfr. Pérez del Valle, Carlos, Estudios sobre la independencia judicial y el proceso penal, Editora Jurídica Grijley, Perú, 2005, p. 44. 43 Cfr. Larenz, Karl, Derecho justo…, op. cit., p. 182. Serie Monografias Premiadas 3.indb 76 18/11/2010 12:35:38 p.m. 77 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... Es preciso reconocer, sin embargo, que no es inusual referir la vincu­ lación del Juez a la ley y al derecho con el principio de la independencia judicial. Así, Pérez del Valle señala que la idea de independencia judicial ha sido objeto de consideración en un sentido integral; en su visión del problema, expone, la independencia del Juez no se limita a la liberación superficial de prejuicios, sino que abarca y profundiza la decisión sobre el método de determinación del derecho, lo cual expli­ ca en razón de que si las Constituciones insisten en referir como garantía de la independencia la vinculación del Juez a la ley y al derecho, es preciso delimitar las relaciones entre ley y derecho.42 A pesar de que el CIEJ y ciertas opiniones doctrinales vinculan la obediencia al derecho con el principio de independencia, existen razones de peso para adscribir esa obediencia a la imparcialidad, puesto que ésta se manifiesta como una garantía procesal derivada de la jurisdicción y estrechamente relacionada con el Juez en su posición de tercero, que debe ser imparcial, lo que significa que debe resolver desde el derecho de acuerdo con los hechos probados por las partes, para lo cual es necesario que el Juez sea independiente, entendido como la libertad del juzgador frente a las preferencias provenientes de los otros poderes públicos, o incluso, de otros miembros del poder judicial, y de manera más amplia, de cualquier otra fuerza o entidad política o social. Por eso la independencia funciona como un presupuesto de la imparcialidad. Esta idea se encuentra implícita en la expresión de Larenz al señalar que todas las normas que aseguran la independencia judicial, con ello permiten la imparcialidad del Juez.43 42 Cfr. Pérez del Valle, Carlos, Estudios sobre la independencia judicial y el proceso penal, Editora Jurídica Grijley, Perú, 2005, p. 44. 43 Cfr. Larenz, Karl, Derecho justo…, op. cit., p. 182. Serie Monografias Premiadas 3.indb 77 18/11/2010 12:35:38 p.m. 78 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... A circunstância de a independência judiciária funcionar como hipótese da imparcialidade não significa que a sujeição ao direito seja exigência da independência judiciária, posto que a obediência do direito provém da mesma função jurisdicional dos juízes, em sua característica de terceiros imparciais, chamados pelas partes para dirimir suas controvérsias. Se for aceito que a imparcialidade dos juízes significa resolver pelo direito, descartando qualquer influência indevida das partes e qualquer ingerência dos poderes públicos −isto último como expressão de sua independência− se chegará à conclusão de que esta asserção, de resolver pelo direito, não resolve o problema da imparcialidade, mas que é o princípio do problema. Isto é assim porque, já o assinalava Pérez del Valle, existe a necessidade de valer-se do método da determinação do direito na decisão judicial, o qual teria que incluir uma série de recursos que permitissem ao juiz proferir uma decisão justa, recursos que o posicionassem no processo para atender de forma imparcial os problemas apresentados na aplicação do direito. As interrogações básicas que o julgador teria que resolver, com um sentido de imparcialidade, seriam as seguintes: • Qual direito deve ser aplicado? • Em casos de conflito entre uma norma ordinária e uma constitucional, quais possibilidades devem orientar sua decisão em favor da norma constitucional? • Como o juiz deve interpretar a norma jurídica de forma imparcial na construção da premissa maior do silogismo jurídico? Serie Monografias Premiadas 3.indb 78 18/11/2010 12:35:38 p.m. 79 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... La circunstancia de que la independencia judicial funcione como un presupuesto de la imparcialidad no significa que la sujeción al derecho sea una exigencia de la independencia judicial, puesto que la obediencia del derecho proviene de la misma función jurisdiccional de los Jueces, en su investidura de terceros imparciales llamados por las partes a dirimir sus controversias. Si se acepta que la imparcialidad de los Jueces significa resolver desde el derecho, desechando toda influencia indebida de las partes, y toda injerencia de los poderes públicos, esto último como expresión de su independencia, se llegará a la conclusión de que este aserto, de resolver desde el derecho, no resuelve el problema de la imparcialidad, sino que es el principio del problema. Esto es así, porque como ya lo señalaba Pérez del Valle, existe necesidad de acudir al método de la determinación del derecho en la decisión judicial, el cual tendría que incluir una serie de recursos que le permitieran dictar una decisión justa, recursos que lo posicionaran en el proceso para atender de manera imparcial los problemas que presenta la aplicación del derecho. Las interrogantes básicas que tendría que resolver el juzgador, con un sentido de imparcialidad, serían las siguientes: • ¿Qué derecho es el que debe aplicar? • En casos de conflicto entre una norma ordinaria y una constitucional, ¿qué posibilidades tiene de orientar su decisión a favor de la norma constitucional? • ¿Cómo debe el Juez interpretar la norma jurídica de una mane­ ra imparcial en la construcción de la premisa mayor del silogismo jurídico? Serie Monografias Premiadas 3.indb 79 18/11/2010 12:35:38 p.m. 80 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... • Como o juiz imparcial deve selecionar os fatos relevantes e quando deve considerá-los comprovados? • Que elementos o juiz imparcial deve ponderar no contexto de descoberta? • Como o juiz imparcial deve justificar interna e externamente sua decisão judicial? Responder estas perguntas é tema da imparcialidade como método na aplicação do direito, que será examinado no item seguinte. Antes, é conveniente abordar o tema da normatividade do direito que pode ser explicado com a pergunta que Laporta faz, invocando Nino: é o fato de uma norma jurídica estar vigente motivo suficiente para que o juiz fundamente nela sua decisão? Trata-se de estabelecer se as normas jurídicas são motivo para a decisão e, sendo o caso, que tipos de motivos são. Se o juiz deve aplicar as normas legais, Laporta pergunta: que tipo de dever é este e onde encontra sua justificativa? O mesmo autor, citando novamente Nino, considera que a resposta não está em afirmar que se trata de um dever jurídico, porque se incorreria em uma clara petição de princípio, por isso considera que é necessário encontrar um motivo ulterior ao direito para a adesão às normas jurídicas.44 Manuel Atienza expõe que a consideração das normas como motivo para a ação é uma concepção que surgiu nos anos setenta, um enfoque devido principalmente a Joseph Raz e também desenvolvido por Carlos Nino e Juan Carlos Bayón. Se aceita que há 44 Cfr. Laporta, Francisco, Entre el derecho…, op. cit., p. 71. Serie Monografias Premiadas 3.indb 80 18/11/2010 12:35:38 p.m. 81 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... • ¿Cómo debe el Juez imparcial seleccionar los hechos relevantes y cuándo debe tenerlos por acreditados? • ¿Qué elementos debe ponderar el Juez imparcial en el contexto de descubrimiento? • ¿Cómo debe justificar interna y externamente un Juez imparcial su decisión judicial? Responder a estas preguntas corresponde a un tema de la imparcialidad como método en la aplicación del derecho, que se exami­ nará en el apartado siguiente. Antes es conveniente abordar el tema de la normatividad del derecho que se puede plantear con la pregunta que se hace Laporta, invocando a Nino, ¿es el hecho de que una norma jurídica esté vigente una razón suficiente para que el Juez fundamente en ella su decisión? Se trata de establecer si las normas jurídicas son razones para la decisión y, en su caso, qué clases de razones son. Si el Juez debe aplicar las normas legales, Laporta se pregunta ¿qué clase de deber es éste? ¿dónde encuentra su justificación? El mismo autor, citando nuevamente a Nino, considera que la respuesta no se encuentra en afirmar que se trata de un deber jurídico, porque se incurriría en una clara petición de principio, por lo que estima que se tiene que encontrar una razón ulterior al derecho para adherirse a las normas jurídicas.44 Expone Manuel Atienza que entender a las normas como razones para la acción es una concepción que surge en los años setenta, como un enfoque que se debe sobre todo a Joseph Raz y ha sido desarrollado también por Carlos Nino y Juan Carlos Bayón. Se acepta 44 Cfr. Laporta, Francisco, Entre el derecho…, op. cit., p. 71. Serie Monografias Premiadas 3.indb 81 18/11/2010 12:35:38 p.m. 82 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... vários tipos de motivos, uns teóricos, que são motivos para acreditar em algo e outros são práticos, como motivos para agir e que se manifestam em desejos. O desejo seria o motivo operacional e a crença um motivo auxiliar.45 De sua parte, Juan Carlos Bayón Mohino, em relação à obrigação moral de obedecer ao direito, relacionada com a noção de autoridade, diz que se podem obter três ideias fundamentais. A primeira, que às vezes há motivos morais “dependentes do conteúdo”, para fazer o que o direito exige; são motivos que um indivíduo teria ainda que a norma não existisse ou deixasse de existir. O motivo para realizar essas ações é independente do fato de a norma jurídica exigir sua execução. Portanto, explica Bayón Mohino, as exigências do direito simplesmente às vezes coincidem com os motivos morais para agir, por isso sustém que a ideia de todo direito impor motivos morais não é uma afirmação necessária, mas provável. Indica, em segundo lugar, que às vezes existem motivos independentes do conteúdo para fazer o que o direito exige; e, em terceiro lugar, comenta que só às vezes existem motivos independentes para fazer o que o direito exige, por isso nada garante que esses motivos existam todas as vezes que o direito ordene fazer algo.46 Por isso, Bayón Mohino considera que não existe obrigação moral de obedecer ao direito nem sequer prima facie, ainda que possa haver alguns motivos independentes do conteúdo para fazer o que o direito exige, os quais podem ou não resultar concludentes, 45 Cfr. Atienza, Manuel, El sentido del derecho, 2a. reimp., Ariel Derecho, España, 2004, pp. 74-75. 46 Cfr. Bayón Mohino, Juan Carlos, La normatividad del derecho: deber jurídico y razones para la acción, Centro de Estudios Constitucionales, Colección “El derecho y la justicia”, Madrid, 1991, pp. 691, 692, 694 y 695. Serie Monografias Premiadas 3.indb 82 18/11/2010 12:35:38 p.m. 83 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... que existen varios tipos de razones, unas teóricas que son razones para creer en algo y otras son prácticas como razones para actuar y que se manifiestan en deseos. El deseo sería la razón operativa y la creencia una razón auxiliar.45 Por su parte, Juan Carlos Bayón Mohino en relación con la obligación moral de obedecer el derecho, relacionada con la noción de autoridad, dice que se pueden obtener tres ideas fundamentales. La primera, que a veces hay razones morales “dependientes del contenido” para hacer lo que el derecho exige; son razones que un individuo tendría aunque la norma no existiera o dejara de existir. La razón para realizar esas acciones es independiente del hecho de que la norma jurídica exija su ejecución. Por tanto, explica Bayón Mohino, las exigencias del derecho simplemente coinciden a veces con las razones morales para actuar, por lo que sostiene que la idea de que todo derecho impone razones morales, no es una afirmación necesaria, sino probable. En segundo lugar, señala que a veces existen razones independientes del contenido para hacer lo que el derecho exige; y la tercera, de que sólo a veces existen razones independientes para hacer lo que el derecho exige, por lo que nada ga­ rantiza que esas razones existan siempre que el derecho ordena hacer algo.46 Por eso Bayón Mohino considera que no existe una obligación moral de obedecer el derecho ni siquiera prima facie, aunque sí puede haber algunas razones independientes del contenido, para hacer lo que el derecho exige, las cuales pueden o no resultar 45 Cfr. Atienza, Manuel, El sentido del derecho, 2a. reimp., Ariel Derecho, España, 2004, pp. 74-75. 46 Cfr. Bayón Mohino, Juan Carlos, La normatividad del derecho: deber jurídico y razones para la acción, Centro de Estudios Constitucionales, Colección “El derecho y la justicia”, Madrid, 1991, pp. 691, 692, 694 y 695. Serie Monografias Premiadas 3.indb 83 18/11/2010 12:35:38 p.m. 84 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... indicando que só é possível justificar ações e decisões quando há motivos concludentes para realizá-las.47 Em suma, de acordo com o autor comentado, o direito não fornece motivos excludentes para a obediência da norma jurídica. Para Joseph Raz, as considerações morais, assim como o uso da força e das penas, podem ser motivos para que as pessoas sigam o direito, mas não podem explicar porque as regras jurídicas são normas. Assinala que outro enfoque das normas como motivo para a ação tem como chave do problema da normatividade do direito, não que as disposições jurídicas sejam motivos válidos, mas que cremos que o são e considera que as explicações baseadas na crença estão mais próximas da verdade que as explicações baseadas na validade.48 A teoria de Raz se situa na linha do raciocínio prático. Os motivos para a ação atuam como guias para a conduta, na argumentação ou motivação de quem se guia por elas, e sua justificação resulta válida enquanto as razões para a ação não estiverem superadas ou derrotadas.49 O direito como motivo para a ação, na teoria da justiça de John Finnes, tem fundamento moral. Apesar de Finnis ter se formado na filosofia jurídica analítica, sob a influência de Hart e Raz, no entanto, assinala Carolina Pereira Sáez, difere deles, que entendem o direito 47 Cfr. Ibid., pp 729-730. 48 Cfr. Raz, Joseph, Razón práctica y normas, Centro de Estudios Constitucionales, Colección “El derecho y la justicia”, Madrid, 1991, p. 198. 49 Cfr. Ibid., pp. 221-223. Serie Monografias Premiadas 3.indb 84 18/11/2010 12:35:38 p.m. 85 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... concluyentes, señalando que sólo es posible justificar acciones y decisiones cuando hay razones concluyentes para realizarlas.47 En suma, de acuerdo con el autor en comento, el derecho no suministra razones excluyentes para la obediencia de la norma jurídica. Para Joseph Raz, las consideraciones morales, así como el uso de la fuerza y de las sanciones pueden ser razones para que las personas sigan el derecho pero no pueden explicar por qué las reglas jurídicas son normas. Señala que otro enfoque de las normas como razones para la acción tiene como clave del problema de la normatividad del derecho, no que las disposiciones jurídicas sean razones válidas, sino que la gente cree que lo son, y estima que las explicaciones basadas en la creencia está más cerca de la verdad que las explicaciones basadas en la validez.48 La teoría de Raz se ubica en la línea del razonamiento práctico. Las razones para la acción operan como guías para la conducta en el razonamiento o motivación de quien se guía por ellas y su justificación resulta válida en tanto las razones para la acción no estén superadas o derrotadas.49 El derecho como razón para la acción en la teoría de la justicia de John Finnis tiene un fundamento moral. No obstante que Finnis se formó en la filosofía jurídica analítica bajo la influencia de Hart y Raz, sin embargo, señala Carolina Pereira Sáez, difiere de ellos, que 47 Cfr. Ibid., pp 729-730. 48 Cfr. Raz, Joseph, Razón práctica y normas, Centro de Estudios Constitucionales, Colección “El derecho y la justicia”, Madrid, 1991, p. 198. 49 Cfr. Ibid., pp. 221-223. Serie Monografias Premiadas 3.indb 85 18/11/2010 12:35:38 p.m. 86 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... como autoritativo e a autoridade como motivo para a ação, porque não oferecem compreensão do direito como verdadeiro motivo para a ação; descrevem o direito como obrigatório, sem explicar por que o é, e não admitindo a possibilidade do conhecimento moral objetivo, não podem passar da aceitação subjetiva do direito para sua condição de verdadeiro motivo para a ação. Finnis tem o propósito de mostrar que o direito não só é aceito como autoritativo, mas que realmente o é porque proporciona objetivamente motivos para a ação.50 A filosofia moral de Finnis é uma defesa da possibilidade do conhecimento racional do bem. Para compreender o direito como verdadeiro motivo para a ação, deve-se considerar a teoria da justiça que teria como objetivo uma relação da justiça com os bens básicos e as exigências da prudência.51 Finnis apresenta quatro possíveis significados em relação à “obrigação de obedecer à lei”, que são: (i) A possibilidade empírica de ser submetido a uma pena no caso de não cumprimento; (ii) obrigação jurídica em sentido intrasistêmico no qual a premissa prática de ser a obediência à lei socialmente necessária, é um princípio estrutural isolado do restante do raciocínio prático; (iii) obrigação jurídica no sentido moral; (iv) obrigação moral que não deriva do caráter jurídico do estabelecimento da obrigação, mas de alguma fonte colateral.52 50 Cfr. Pereira Sáez, Carolina, La autoridad del derecho. Un diálogo con John M. Finnis, Comares, Colección “Filosofía, Derecho y Sociedad”, Granada, 2008, p. 3. 51 Cfr. Ibid., pp. 5 y 153. 52 Cfr. Finnis, John, Ley natural y derechos naturales, Abeledo-Perrot, Buenos Aires, 2000, p. 382. Serie Monografias Premiadas 3.indb 86 18/11/2010 12:35:38 p.m. 87 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... entienden el derecho como autoritativo y la autoridad como razón para la acción, porque no ofrecen una comprensión del derecho como verdadera razón para la acción; describen el derecho como obligatorio sin explicar por qué lo es, y es que al no admitir la posibilidad del conocimiento moral objetivo, no pueden pasar de la aceptación subjetiva del derecho a su condición de verdadera razón para la acción. Finnis se propone mostrar que el derecho no sólo se acepta como autoritativo, sino que realmente lo es, porque objetivamente proporciona razones para la acción.50 La filosofía moral de Finnis es una defensa de la posibilidad del conocimiento racional del bien. Para comprender el derecho como verdadera razón para la acción se debe tomar en cuenta la teoría de la justicia que tendría como objetivo una relación de la justicia con los bienes básicos y las exigencias de la prudencia.51 Finnis presenta cuatro posibles significados respecto de la “obligación de obedecer la ley”, que son: (i) La posibilidad empírica de ser sometido a una sanción en el caso de inobservancia; (ii) Obligación jurídica en sentido intrasistémico, en el cual la premisa práctica de que la obediencia de la ley es socialmente necesaria es un principio estructural aislado del resto del razonamiento práctico; (iii) Obligación jurídica en sentido moral; (iv) Obligación moral que no deriva del carácter jurídico del establecimiento de la obligación sino de alguna fuente colateral.52 50 Cfr. Pereira Sáez, Carolina, La autoridad del derecho. Un diálogo con John M. Finnis, Comares, Colección “Filosofía, Derecho y Sociedad”, Granada, 2008, p. 3. 51 Cfr. Ibid., pp. 5 y 153. 52 Cfr. Finnis, John, Ley natural y derechos naturales, Abeledo-Perrot, Buenos Aires, 2000, p. 382. Serie Monografias Premiadas 3.indb 87 18/11/2010 12:35:38 p.m. 88 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... A verdadeira obrigação não nasce de seu sentido jurídico, mas moral. O direito será realmente obrigatório se puder ser razoavelmente considerado necessário para o bem comum, portanto, a lei injusta não tem a autoridade que lhe corresponderia por ser direito e não dá ensejo à obrigação jurídica no sentido moral de obedecê-la.53 Finnis considera que a tradição outorga explicitamente (falando de “leis injustas”) validade jurídica às regras iníquas com o fundamento de serem aceitas nos tribunais como orientações para a decisão judicial e de satisfazerem critérios de validade estabelecidos pelas regras jurídicas constitucionais.54 Rodolfo L. Vigo expressa, comentando a teoria jurídica de Finnis, que sua filosofia prática é uma reflexão disciplinária e crítica sobre os bens que a ação humana pode realizar e sobre as exigências da razoabilidade prática. Sua teoria jurídica remete aos princípios da lei natural, que especificam as formas básicas do bem e do mal e que podem ser adequadamente captados por quem usar a razão.55 Ao mencionar as vantagens teóricas e práticas do jusnaturalismo atual, ou referentes ao humanismo do direito e citando S. Cotta e Kaufmann, Vigo assinala: 53 Cfr. Pereira Sáez, Carolina, La autoridad…, op. cit., pp. 210 y 216. 54 Cfr. Finnis, John, Ley natural…, op. cit, pp. 392. 55 Cfr. Vigo, Rodolfo L., El iusnaturalismo actual. De M. Villey a J. Finnis, Fontamara, Biblioteca de Ética, Filosofía del Derecho y Política, núm. 95, México, pp. 106-107. Serie Monografias Premiadas 3.indb 88 18/11/2010 12:35:38 p.m. 89 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... La verdadera obligación no nace de su sentido jurídico, sino moral. El derecho será realmente obligatorio si puede ser razonablemente considerado necesario para el bien común, por tanto, la ley injusta no tiene la autoridad que le correspondía por ser de­ recho y no da lugar a la obligación jurídica en sentido moral de obedecerla.53 Finnis considera que la tradición otorga explícitamente (al hablar de “leyes injustas”) validez jurídica a las reglas inicuas, y con el fundamento de que son aceptadas en los tribunales como orientaciones para la decisión judicial, y de que satisfacen criterios de validez establecidos por las reglas jurídicas constitucionales.54 Expresa Rodolfo L. Vigo, al comentar la teoría jurídica de Finnis, que su filosofía práctica es una reflexión disciplinaria y crítica sobre los bienes que pueden realizarse en la acción humana y sobre las exigencias de la razonabilidad práctica. Su teoría jurídica remite a los principios de la ley natural, que especifican las formas básicas del bien y del mal y que pueden ser captados adecuadamente por cualquiera que tenga uso de razón.55 Al mencionar las ventajas teóricas y prácticas del iusnaturalismo actual, o tocante al humanismo del derecho y citando a S. Cotta y Kaufmann, Vigo señala: 53 Cfr. Pereira Sáez, Carolina, La autoridad…, op. cit., pp. 210 y 216. 54 Cfr. Finnis, John, Ley natural…, op. cit, pp. 392. 55 Cfr. Vigo, Rodolfo L., El iusnaturalismo actual. De M. Villey a J. Finnis, Fontamara, Biblioteca de Ética, Filosofía del Derecho y Política, núm. 95, México, pp. 106-107. Serie Monografias Premiadas 3.indb 89 18/11/2010 12:35:38 p.m. 90 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... Os gregos e os romanos não duvidaram da óbvia e incindível conexão entre o direito e o homem, que condensaram nos adágios: hominis causa onme ius constituitur e ubi homo ibi societas et ubi societas ibi jus. Cotta ensina que a pergunta ‘por que existe o direito’ é anterior á pergunta ‘o que é o direito’, e aquela nos leva à antropologia, razão pela qual insistiu em sua tese: “a coexistência como fundamento ontológico do direito”. Kaufmann coincide neste incindível vínculo entre o jurídico e o humano, concluindo que “a ideia de direito é uma imagem da ideia do homem”.56 Retomando Laporta no tema da obrigatoriedade do direito, este autor considera que a justificativa dessa obrigatoriedade não pode estar em uma das normas do sistema, deve-se sair do campo da legalidade e entrar no da legitimidade. Distingue as questões de fato referentes a questões de legitimação das de legitimidade como questões de valor. Um sistema jurídico político tem legitimidade quando suas normas estão dotadas de justificativa ética aceitável.57 De acordo com Laporta, existem três estratégias teóricas para justificar ou legitimar as normas do sistema jurídico. Apela-se em primeiro lugar à segurança, à paz e à certeza nas relações interpessoais. Esta estratégia repousa na visão do direito como um sistema de regulação do uso da força, que tem a virtude de subtrair a violência privada da sociedade civil, razão pela qual é uma versão atual do argumento hobbeciano. A segunda estratégia apela à 56 Ibid., p. 198. 57 Cfr. Laporta, Francisco, Entre el derecho…, op. cit., p. 74. Serie Monografias Premiadas 3.indb 90 18/11/2010 12:35:38 p.m. 91 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... Los griegos y los romanos no dudaron en la obvia e inescindible conexión entre el derecho y el hombre, lo que condensaron en los adagios: hominis causa onme ius constituitur y ubi homo ibi societas et ubi societas ibi jus. Enseña Cotta que la pregunta por qué hay derecho es anterior a la pregunta qué es el derecho, y aquella nos lleva a la antropología, por lo que ha insistido en su tesis: “la coexis­ tencia como fundamento ontológico del derecho”. Kaufmann coincide en esa inescindible vinculación entre lo jurídico y lo humano concluyendo que “la idea de derecho es una imagen de la idea del hombre. 56 Retomando a Laporta en el tema de la obligatoriedad del derecho, considera que la justificación de esa obligatoriedad no puede estar en una de las normas del sistema, se debe salir del campo de la legalidad y entrar en el de la legitimidad. Distingue las cuestiones de hecho relativas a cuestiones de legitimación y de las de legitimidad como cuestiones de valor. Un sistema jurídico político tiene legiti­ midad cuando sus normas están dotadas de una justificación ética aceptable.57 Existen tres estrategias teóricas, de acuerdo con Laporta, para justificar o legitimar las normas del sistema jurídico. En primer lugar se apela a la seguridad, la paz y la certeza en las relaciones inter­ personales. Esta estrategia descansa en la visión del derecho como un sistema de regulación del uso de la fuerza, que tiene la virtud de que sustrae la violencia privada de la sociedad civil, por lo que constituye una versión actual del argumento hobbesiano. La segunda 56 Ibid., p. 198. 57 Cfr. Laporta, Francisco, Entre el derecho…, op. cit., p. 74. Serie Monografias Premiadas 3.indb 91 18/11/2010 12:35:38 p.m. 92 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... democracia e ao princípio de decisão das maiorias. Apóia-se no conceito político de “legitimidade de origem”. No entanto, o princípio de maioria ou democrático não respalda necessariamente uma justificativa das decisões. A terceira estratégia é a apelação a certos direitos básicos dos indivíduos, concebidos como direitos morais, anteriores aos sistemas de normas jurídicas e não sujeitos ao jogo das maiorias, que têm diante delas limite infranqueável.58 Esta última estratégia corresponde à ideia de Finnis dos direitos humanos como forma de expressar virtualmente todas as exigências da razoabilidade prática, porque eles classificam e expressam as exigências da justiça e representam uma maneira de esboçar os contornos do bem comum.59 Carlos Santiago Nino considera que a obrigação moral que o juiz tem de cumprir o direito não deriva do conceito com o qual o identificamos, nem de sua função, nem de uma promessa, mas de princípios morais que prescreve promovendo direitos individuais básicos, e se pergunta: Quererá isto dizer que assim que o juiz julgar que a ordem jurídica se desvia do reconhecimento pleno desses direitos, estará facultado para deixar de lado essa ordem jurídica e atuar de acordo com sua opinião? Sua resposta é que o juiz não pode estar facultado para afastar-se da ordem jurídica quando julgar que isto é injusto, mas, em todo caso, quando for injusto.60 58 Cfr. Ibid., pp. 73 y ss. 59 Cfr. Vigo, Rodolfo L., El iusnaturalismo…, op. cit., p. 138. 60 Cfr. Nino, Carlos Santiago, Ética y derechos humanos. Un ensayo de fundamentación, 2a. ed., Astrea, Buenos Aires, 1989, pp. 404 y 405. Serie Monografias Premiadas 3.indb 92 18/11/2010 12:35:38 p.m. 93 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... estrategia apela a la democracia y al principio de la decisión de las mayorías. Se apoya en el concepto político de “la legitimidad de origen”. Sin embargo, el principio de mayoría o democrático no respalda necesariamente una justificación de las decisiones. La tercera estrategia consiste en la apelación a ciertos derechos básicos de los individuos concebidos como derechos morales, anteriores al sistema de normas jurídicas y no sujetos al juego de las mayorías que tienen ante ellos un límite infranqueable.58 Esta última estrategia corresponde a la idea de Finnis de los derechos humanos como una forma de expresar virtualmente todas las exigencias de la razonabilidad práctica, porque ellos clasifican y expresan las exigencias de la justicia y representan una forma de esbozar los contornos del bien común.59 Carlos Santiago Nino considera que la obligación moral de observar el derecho que tiene un Juez no deriva del concepto con el que lo identificamos, ni de su función, ni de una promesa, sino de principios morales que prescribe al promover derechos individuales bá­ sicos, y se pregunta, ¿Querrá esto decir que tan pronto el Juez juzgue que el orden jurídico se desvía del reconocimiento pleno de esos derechos está facultado para dejar de lado ese orden jurídico y actuar según su juicio? Su respuesta es que el Juez no puede estar facultado para apartarse del orden jurídico cuando juzgue que éste es injusto sino, en todo caso, cuando sea injusto.60 58 Cfr. Ibid., pp. 73 y ss. 59 Cfr. Vigo, Rodolfo L., El iusnaturalismo…, op. cit., p. 138. 60 Cfr. Nino, Carlos Santiago, Ética y derechos humanos. Un ensayo de fundamentación, 2a. ed., Astrea, Buenos Aires, 1989, pp. 404 y 405. Serie Monografias Premiadas 3.indb 93 18/11/2010 12:35:38 p.m. 94 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... Nino também pondera que o juiz deve considerar que, ainda quando a sua decisão −que desconhece ou desaplica o direito injusto− possa se constituir em instrumento de defesa dos direitos humanos, poderia também minar o respeito à ordem jurídica – requerendo, portanto, um balanço delicado, e sendo apenas o juiz responsável por sua correção. Não deve pressupor que a opinião majoritária é sinal garantido de verdade, nem assumir que sua própria opinião é tão superior à dos outros que não possa ser revista diante do fato de que muitos homens como ele chegaram a conclusões divergentes61. A postura de Radbruch diante da lei injusta está contida em sua “fórmula de insuportabilidade”, expressa sob a ideia de que a injustiça extrema não é direito. Sustém que o direito positivo tem prioridade ainda quando seu conteúdo for injusto e antifuncional, exceto se a contradição da lei positiva com a justiça atingir uma medida tão insuportável que a lei, como ‘direito injusto’, deva retroceder diante da injustiça. Esse conceito se complementa com a “fórmula da negação”, de acordo com a qual “aí onde a justiça nem mesmo é pretendida, onde a igualdade −que constitui a essência da justiça− é negada conscientemente no estabelecimento do direito positivo, então a lei não só é um direito ‘injusto’, mas ela carece da natureza de direito”.62 As reflexões doutrinais anteriores sobre a obediência ao direito e seu papel como motivo de justificativa da ação permitem estabelecer, à guisa de conclusão, que o direito não proporciona 61 Cfr. Idem. 62 González Ibarra, Juan de Dios, en VIGO, Rodolfo Luis (coord.), La injusticia ex­ trema no es derecho de Radbruch a Alexy, Fontamara, Doctrina Jurídica Contemporánea, México, p. 8. Serie Monografias Premiadas 3.indb 94 18/11/2010 12:35:38 p.m. 95 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... Asimismo, Nino considera que el Juez debe apreciar que aun cuando su decisión que desconoce o desaplica el derecho injusto, puede ser un instrumento para salvaguardar derechos humanos, podría socavar el respeto por el orden jurídico, por lo que requiere hacer un delicado balance, de cuya corrección sólo el Juez es responsable. No debe suponer que la opinión mayoritaria es signo seguro de verdad, pero tampoco asumir que su propio juicio es tan superior al de otros como para que sea irrevisable frente al hecho que muchos hombres como él han llegado a conclusiones divergentes.61 La postura de Radbruch ante la ley injusta se contiene en su “fórmula de la insoportabilidad” que se expresa bajo la idea de que la injusticia extrema no es derecho. Sostiene que el derecho positivo tiene prioridad cuando su contenido sea injusto y antifuncional, salvo que la contradicción de la ley positiva con la justicia alcance una medida tan insoportable que la ley, en cuanto a ‘derecho injusto’ deba retroceder ante la injusticia. Este concepto se complementa con la “fórmula de la negación” de acuerdo con la cual “ahí donde la justicia ni siquiera es pretendida, donde la igualdad, que constituye la esencia de la justicia es negada concientemente al establecerse el derecho positivo, entonces la ley no sólo es un derecho ‘injusto’, sino que más bien ella carece de la naturaleza de derecho”.62 Las anteriores reflexiones doctrinales sobre la obediencia al dere­ cho y su papel como razón para la justificación de la acción, permiten establecer a manera de conclusión que el derecho no suministra 61 Cfr. Idem. 62 González Ibarra, Juan de Dios, en VIGO, Rodolfo Luis (coord.), La injusticia ex­ trema no es derecho de Radbruch a Alexy, Fontamara, Doctrina Jurídica Contemporánea, México, p. 8. Serie Monografias Premiadas 3.indb 95 18/11/2010 12:35:38 p.m. 96 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... invariavelmente motivos para a ação e para a decisão judicial. As normas jurídicas, por isso, não são motivos excludentes, exceto se estiverem fundamentadas em bens morais, os quais, no atual neoconstuticionalismo, têm referência forçada ao reconhecimento e à proteção dos direitos fundamentais, como direitos morais, anteriores ao Estado e a seus sistemas normativos. Por essa razão, o juiz deve estar atento ao direito, visando a determinar quando está diante de uma lei injusta e com quais recursos conta para deixar de aplicá-la. A perspectiva anterior pode encaixar-se na função social da administração de justiça, como um movimento de opinião crítica e de renovação na aplicação do direito. A esse respeito, e dentro da visão da sociologia jurídica italiana do autor Renato Treves, Elías Días indica, como aspecto relevante para a incipiente sociologia jurídica espanhola, e, em particular, para a sociologia da profissão judicial em seu país, a progressiva conscientização de cada vez mais amplos setores da magistratura e de juízes italianos, durante os últimos anos, no sentido de entender sua função judicial e a realização da justiça, não como função neutra, asséptica, que se esgotaria totalmente na aplicação mecânica das leis vigentes, seja qual for seu conteúdo, mas no mais profundo, de chegar à compreensão de que se o Direito não é imparcial e justo, eles no fundo também não podem ser imparciais ou justos, e, então, seu ministério não seria “fazer justiça”, mas se tornarem meros executores da vontade, mais ou menos justa ou injusta, que conseguiu constituir-se em direito.63 No cerne do 63 Cfr. Díaz, Elías, Legalidad-legitimidad en el socialismo democrático, Civitas, Madrid, 1978, p. 41. Serie Monografias Premiadas 3.indb 96 18/11/2010 12:35:38 p.m. 97 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... invariablemente razones para la acción y la decisión judicial, por lo que las normas jurídicas no constituyen razones excluyentes, salvo que se encuentren fundamentadas en bienes morales, que en el actual neoconstitucionalismo tienen una referencia obligada al reconocimiento y protección de los derechos fundamentales, como derechos morales, anteriores al Estado y a sus sistemas normativos, por lo que el Juez debe estar atento al derecho para determinar cuándo se encuentra ante una ley injusta y con qué recursos cuenta para dejar de aplicarla. La anterior perspectiva se puede enmarcar dentro de la función social de la administración de justicia, como un movimiento de opinión crítica y de renovación en la aplicación del derecho. Al respecto, y dentro de la visión de una sociología jurídica italiana del autor Renato Treves, Elías Díaz señala como un aspecto relevante para la incipiente sociología jurídica española, y, en particular, para la sociología de la profesión judicial en su país, la progresiva toma de conciencia de cada vez más amplios sectores de la magistratura y Jueces italianos durante los últimos años, en el sentido de entender su función judicial y la realización de la justicia, no como una función neutra aséptica, que se agotaría totalmente en la sola aplicación me­ cánica de las leyes vigentes sea cual fuere el contenido de éstas, sino en el más profundo de llegar a la comprensión de que si el derecho no es imparcial y justo, ellos en el fondo no pueden ser tampoco imparciales ni justos y entonces su ministerio no sería “hacer justicia” sino convertirse en meros ejecutores de la voluntad, más o menos justa o injusta que ha logrado hacerse derecho.63 En el fondo del 63 Cfr. Díaz, Elías, Legalidad-legitimidad en el socialismo democrático, Civitas, Madrid, 1978, p. 41. Serie Monografias Premiadas 3.indb 97 18/11/2010 12:35:39 p.m. 98 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... problema da obediência ao direito, está a questão da dignidade humana; na relação entre moral e direito, este último simplesmente não pode negar o que o ser humano é e o que aspira a ser. Sob outro ponto de vista, nem sempre o direito proporciona os motivos para a decisão judicial, já que apresenta problemas relacionados com a ambiguidade da linguagem, o que Hart denomina ‘a textura aberta do direito’, quando expõe que não importa a técnica, o precedente ou a legislação escolhida para comunicar critérios ou normas de conduta –e, por mais que estes operem sem dificuldade em relação à grande massa de casos ordinários, em algum ponto em que sua aplicação seja questionada, as normas serão indefinidas.64 Sob ainda outro enfoque, a visão da ductibilidade do direito de Gustavo Zagrebelsky, como coexistência de valores e princípios constitucionais que são assumidos em caráter não absoluto, compatíveis com outros com quem devem conviver,65 determina, junto com os problemas das lacunas normativas, a necessidade de valer-se da moral como critério de correção da decisão judicial. Esta é a ideia de Laporta de imparcialidade como constrição formal de caráter moral que o julgador deve aplicar quando o juiz carece de norma jurídica, porque enfrenta um texto muito vago ou ambíguo, ou porque o sistema jurídico carece de normas para uma suposição. Nesses casos deve adotar uma decisão inspirada no princípio geral que o 64 Cfr. Hart, H.L.A. El concepto del derecho, 2a. ed., traducción de Genaro R. Carrió, AbeledoPerrot, Buenos Aires, 2004, p. 159. 65 Cfr. Zagrebelsky, Gustavo, El derecho dúctil. Ley, derechos, justicia, 7a. ed., traducción de Marina Gascón, Trotta, Madrid, 2007, p. 14. Serie Monografias Premiadas 3.indb 98 18/11/2010 12:35:39 p.m. 99 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... problema de la obediencia al derecho, subyace la cuestión de la dignidad humana; en la relación entre la moral y el derecho, este último simplemente no puede negar lo que el ser humano es y lo que aspira a ser. Desde otro enfoque, el derecho no siempre suministra las razones para la decisión judicial puesto que presenta problemas rela­ cionados con la ambigüedad del lenguaje, lo que Hart denomina la textura abierta del derecho, cuando expone que cualquiera que sea la técnica, precedente o legislación, que se escoja para comunicar criterios o pautas de conducta, y por mucho que éstos operen sin dificultad respecto de la gran masa de casos ordinarios, en algún punto en que su aplicación se cuestione, las pautas resultarán ser indeterminadas.64 Por otra parte, la visión de la ductibilidad del derecho de Gustavo Zagrebelsky, como coexistencia de valores y principios constitucionales que se asumen con carácter no absoluto, compatibles con aquellos otros con quienes deben convivir,65 determinan, junto con el problema de las lagunas normativas, la necesidad de acudir a la moral como criterio de corrección de la decisión judicial. Esta es la idea de Laporta de la imparcialidad como constricción formal de carácter moral que el juzgador debe de aplicar cuando el Juez carece de norma jurídica porque se enfrenta a un texto de gran vaguedad o ambigüedad o porque el sistema jurídico carece de normas para un supuesto. En estos casos tiene que adoptar una decisión que se inspire en un principio general que el Juez 64 Cfr. Hart, H.L.A. El concepto del derecho, 2a. ed., traducción de Genaro R. Carrió, AbeledoPerrot, Buenos Aires, 2004, p. 159. 65 Cfr. Zagrebelsky, Gustavo, El derecho dúctil. Ley, derechos, justicia, 7a. ed., traducción de Marina Gascón, Trotta, Madrid, 2007, p. 14. Serie Monografias Premiadas 3.indb 99 18/11/2010 12:35:39 p.m. 100 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... juiz estivesse disposto a aplicar a todos os casos equiparáveis. Isso não seria exigido pelo direito, mas por uma constrição formal de caráter moral. Por isso considera que deve valer-se da argumentação moral e buscar nela justificativa de segunda ordem para sua decisão.66 Nesse mesmo contexto, Ernesto Garzón Valdés adverte que, como a ciência da moral está centrada no estudo e na formulação de normas de comportamento humano, é óbvio que suas suposições básicas deverão conter alguma concepção do ser humano como agente moral. Expõe ainda que nem os cientistas da natureza nem os teóricos da moral poderiam construir qualquer sistema se não estabelecessem regras de inferência e critérios de seleção para os enunciados, indicando que no campo da moral existe um critério básico de admissibilidade: o de imparcialidade. Aponta que esse princípio recebeu diversas designações. Leibniz o chamava de “princípio de equidade”, quer dizer, o da igualdade de motivos para justificar as ações e as omissões.67 Naturalmente, a existência de lacunas, como indica Hermann Kantorowicz, não significa que o direito não ofereça normas gerais que controlem a maioria das sentenças judiciais.68 O autor indica a necessidade de se ter visão sistemática do direito na solução dos conflitos –somente quando as normas jurídicas do sistema forem insuficientes para resolver o caso, deverá valer-se dos critérios 66 Cfr. Laporta, Francisco, Entre el derecho…, op. cit., p. 70. 67 Cfr. Garzón Valdés, Ernesto, “¿Puede la razonabilidad ser un criterio de corrección moral?”, DOXA. Filosofía del Derecho, no. 21, vol. II, Alicante, España, 1998, pp. 146-147. 68 Cfr. Kantorowicz, Hermann, La definición del derecho, Colofón, México, 1994, p. 22. Serie Monografias Premiadas 3.indb 100 18/11/2010 12:35:39 p.m. 101 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... estuviera dispuesto a aplicar a todos aquellos casos equiparables. Esto no le vendría exigido por el derecho, sino por una constricción formal de carácter moral. Por eso considera que debe acudir a la argumentación moral y buscar en ella una justificación de segundo orden para su decisión.66 En el mismo contexto, Ernesto Garzón Valdés advierte que como la ciencia de la moral se centra en el estudio y formulación de normas de comportamiento humano, es obvio que sus supuestos básicos deberán contener alguna concepción del ser humano como agente moral y expone que ni los científicos de la naturaleza ni los teóricos de la moral podrían construir sistema alguno si no establecieran reglas de inferencia y criterios de selección para los enunciados, señalando que en el campo de la moral existe un criterio básico de admisibilidad: el de imparcialidad. Señala que este principio ha recibido diversas asignaciones. Leibniz lo llamaba “principio de equi­ dad”, es decir, el de la igualdad de razones para la justificación de las acciones y omisiones. 67 Naturalmente la existencia de lagunas, como indica Hermann Kantorowicz, no significa que el derecho no proporcione normas generales que controlen la gran mayoría de los fallos judiciales.68 Lo anterior indica la necesidad de tener una visión sistemática del derecho en la solución de los conflictos, y sólo cuando las normas jurídicas del sistema resulten insuficientes para resolver el caso, 66 Cfr. Laporta, Francisco, Entre el derecho…, op. cit., p. 70. 67 Cfr. Garzón Valdés, Ernesto, “¿Puede la razonabilidad ser un criterio de corrección moral?”, DOXA. Filosofía del Derecho, no. 21, vol. II, Alicante, España, 1998, pp. 146-147. 68 Cfr. Kantorowicz, Hermann, La definición del derecho, Colofón, México, 1994, p. 22. Serie Monografias Premiadas 3.indb 101 18/11/2010 12:35:39 p.m. 102 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... morais, com sentido de imparcialidade, o qual deve orientar-se pela razoabilidade, de acordo com o pensamento de Garzón Valdés, como critério de correção, especificamente como racionalidade argumentativa.69 Antes de terminar este item, convém assinalar que as decisões dos juízes se tornam também motivos para a decisão judicial, pois o direito foi interpretado pelos tribunais de forma vinculante, formulando normas jurisprudenciais obrigatórias. As decisões funcionam graças ao princípio de imparcialidade na aplicação da lei como normas universais de justiça, aplicáveis aos casos iguais. 69 Cfr. Garzón Valdés, Ernesto, “¿Puede la razonabilidad …”, op. cit., 148. Serie Monografias Premiadas 3.indb 102 18/11/2010 12:35:39 p.m. 103 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... deberá acudirse a los criterios morales, con un sentido de imparcialidad, el cual debe estar orientado por la razonabilidad, de acuerdo con el pensamiento de Garzón Valdés, como criterio de corrección, específicamente como una racionalidad argumentativa.69 Antes de terminar este apartado, conviene señalar que las decisiones de los Jueces también se convierten en razones para la de­ cisión judicial, pues cuando el derecho ha sido interpretado por los tribunales de manera vinculante, formulando normas jurisprudenciales obligatorias, las decisiones funcionan por virtud del principio de imparcialidad en la aplicación de la ley como normas universales de justicia, aplicables a los casos iguales. 69 Cfr. Garzón Valdés, Ernesto, “¿Puede la razonabilidad …”, op. cit., 148. Serie Monografias Premiadas 3.indb 103 18/11/2010 12:35:39 p.m. Capítulo V A imparcialidade como método na aplicação do direito A imparcialidade como método não pretende erigir-se em metodologia da decisão judicial, mas em visão sistemática e metodológica da imparcialidade no processo da aplicação do direito; trata-se de saber qual papel desempenha esse princípio diante dos aspectos envolvidos na tomada de decisões judiciais, para o qual terá que responder certas perguntas: • Que papel desempenha a imparcialidade na escolha da norma jurídica? • O que deve fazer o juiz imparcial diante de uma lei inconstitucional? • Como o juiz imparcial deve interpretar as normas? • Como o juiz imparcial deve considerar os fatos provados? • Como o juiz imparcial deve avaliar os fatos? • Como o juiz imparcial deve justificar suas decisões? Se também se admite que a imparcialidade é decidir pelo direito, então torna-se vital determinar, em um Estado constitucional ou 104 Serie Monografias Premiadas 3.indb 104 18/11/2010 12:35:39 p.m. Capítulo V La imparcialidad como método en la aplicación del derecho La imparcialidad como método no pretende erigirse en una metodología de la decisión judicial, sino solo en una visión sistemática y metodológica de la imparcialidad en el proceso de la aplicación del derecho; se trata de saber qué papel juega este principio dentro de aspectos involucrados en la toma de decisiones judiciales, para lo cual habrá que responder ciertas preguntas: • ¿Qué papel juega la imparcialidad en la selección de la norma jurídica? • ¿Qué debe hacer el Juez imparcial ante una ley inconstitucional? • ¿Cómo debe interpretar las normas el Juez imparcial? • ¿Cómo debe tener por probados los hechos el Juez imparcial? • ¿Cómo debe valorar los hechos el Juez imparcial? • ¿Cómo debe justificar sus decisiones el Juez imparcial? Si se admite que la imparcialidad también consiste en resolver desde el derecho, entonces resulta vital determinar en un Estado 105 Serie Monografias Premiadas 3.indb 105 18/11/2010 12:35:39 p.m. 106 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... neoconstitucional, a maneira como o juiz ordinário construirá a premissa maior do silogismo jurídico. O anterior se relaciona com o conceito de força normativa ou vinculante da constituição, com o princípio de supremacia constitucional e também com os sistemas de controle constitucional, já que a resposta será diferente em função de como se ordena no sistema normativo o poder vinculante da constituição, e dependerá das faculdades dos juízes ordinários em agir de acordo com as disposições da constituição. 1. A escolha da norma jurídica A possibilidade de um juiz ordinário poder construir sua premissa normativa com postulados constitucionais depende do que Ricardo Guastini denomina “a constitucionalização do ordenamento jurídico”, que consiste em uma série de características desse ordenamento, entre as quais se destacam a força vinculante da constituição e a aplicação direta das normas constitucionais. A força vinculante se refere à capacidade das normas da constituição de produzirem efeitos jurídicos. A aplicação direta pressupõe que a constituição seja concebida no sentido de os juízes deverem aplicá-la sem esperarem que produza os efeitos que teriam sido concretizados por leis.70 Eduardo García de Enterría se refere ao valor normativo da Constituição espanhola, que é imediato e direto, conforme seus 70 Cfr. Guastini, Riccardo, “La «constitucionalización» del ordenamiento jurídico: el caso italiano”, Neoconstitucionalismo(s), 2a. ed., Edición de Miguel Carbonell, Trotta, Madrid, 2005, pp. 49 y ss. Serie Monografias Premiadas 3.indb 106 18/11/2010 12:35:39 p.m. 107 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... constitucional o neoconstitucional, la forma en que el Juez ordinario va a construir la premisa mayor del silogismo jurídico. Lo anterior tiene relación con el concepto de fuerza normativa o vinculante de la Constitución y con el principio de supremacía constitucional y está relacionado también con los sistemas de control constitucional, ya que la respuesta será diferente de acuerdo a cómo se ordena en el sistema normativo el poder vinculante de la Constitución y dependerá de las facultades de los Jueces ordinarios para actuar de acuerdo con lo que dispone la Constitución. 1. La selección de la norma jurídica La posibilidad de que un Juez ordinario pueda construir su premisa normativa con postulados constitucionales, depende de lo que Riccar­ do Guastini denomina la “constitucionalización del ordenamiento jurídico”, que consiste en una serie de características de dicho ordenamiento, entre las que destacan la fuerza vinculante de la Constitución y la aplicación directa de las normas constitucionales. La fuer­za vinculante se refiere a que las normas de la Constitución son susceptibles de producir efectos jurídicos. La aplicación directa presupone que la Constitución sea concebida en el sentido de que los Jueces deben aplicarla sin esperar para que produzca sus efectos que hubiese sido concretizada por leyes. 70 Refiere Eduardo García de Enterría respecto del valor normativo de la Constitución española, que es inmediato y directo conforme a 70 Cfr. Guastini, Riccardo, “La «constitucionalización» del ordenamiento jurídico: el caso italiano”, Neoconstitucionalismo(s), 2a. ed., Edición de Miguel Carbonell, Trotta, Madrid, 2005, pp. 49 y ss. Serie Monografias Premiadas 3.indb 107 18/11/2010 12:35:39 p.m. 108 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... artigos 9.1 e 53.1, o que afeta todos os cidadãos e todos os poderes públicos, sem exceção, e não só o poder legislativo. Por isso o caráter normativo da constituição vincula imediatamente a totalidade dos juízes e tribunais do sistema, e não só o tribunal constitucional.71 O efeito vinculante cobra particular importância com relação aos direitos fundamentais. Robert Alexy aponta que a posição dos direitos fundamentais na Alemanha se caracteriza por uma máxima força jurídica, de acordo com o artigo 1.3 da Constituição alemã, que dispõe que os direitos fundamentais vinculam, como direito diretamente aplicável, os poderes legislativo, executivo e judicial.72 De acordo com Joseph Aguiló Regla, toda constituição cumpre funções políticas e funções jurídicas. O autor assinala que, quando o raciocínio jurídico penetra na interpretação e na execução da constituição, para que seja interpretada e aplicada juridicamente, a constituição passa a ter mais sentido jurídico que político.73 A supremacia constitucional e seu poder normativo e vinculante implicam limites ao legislador, os quais Guastini qualifica como formais e materiais. Os primeiros consistem na impossibilidade de o legislador emitir leis se não o fizer de acordo com o procedimento 71 Cfr. García De Enterría, Eduardo, La Constitución como norma y el tribunal constitu­ cional, 3a. ed., Civitas, Madrid, 1994, pp. 63-65. 72 Cfr. Alexy, Robert, “Los derechos fundamentales en el Estado Constitucional Democrático”, en Neoconstitucionalismo(s), op. cit., p. 33. 73 Cfr. Aguiló Regla, Joseph, La Constitución del Estado constitucional, Palestra Temis, Lima-Bogotá, p. 94. Serie Monografias Premiadas 3.indb 108 18/11/2010 12:35:39 p.m. 109 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... los artículos 9.1 y 53.1 de la propia Constitución, lo que afecta a todos los ciudadanos y a todos los poderes públicos, sin excepción, y no sólo al poder legislativo, por lo que el carácter normativo de la Constitución vincula inmediatamente a la totalidad de los Jueces y tribunales del sistema, y no sólo al tribunal constitucional.71 El efecto vinculante cobra particular importancia respecto de los derechos fundamentales. Robert Alexy refiere que la posición de los derechos fundamentales en Alemania se caracteriza por una máxima fuerza jurídica conforme al artículo 1.3 de la Constitución alemana, el cual dispone que los derechos fundamentales vinculan como derecho directamente aplicable a los poderes legislativo, ejecutivo y judicial.72 De acuerdo con Joseph Aguiló Regla, toda Constitución cumple con funciones políticas y funciones jurídicas y señala que cuando el razonamiento jurídico penetra en la interpretación y ejecución de la Constitución para que ésta sea interpretada y aplicada jurídicamente, entonces la Constitución lo es más en sentido jurídico que político.73 La supremacía constitucional y su poder normativo y vinculante implica límites al legislador, los que Guastini califica de formales y materiales. Los primeros consisten en que el legislador no puede 71 Cfr. García De Enterría, Eduardo, La Constitución como norma y el tribunal constitu­ cional, 3a. ed., Civitas, Madrid, 1994, pp. 63-65. 72 Cfr. Alexy, Robert, “Los derechos fundamentales en el Estado Constitucional Democrático”, en Neoconstitucionalismo(s), op. cit., p. 33. 73 Cfr. Aguiló Regla, Joseph, La Constitución del Estado constitucional, Palestra Temis, Lima-Bogotá, p. 94. Serie Monografias Premiadas 3.indb 109 18/11/2010 12:35:39 p.m. 110 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... estabelecido pela constituição. Entretanto, os limites materiais vinculam a constituição ao conteúdo das leis que o legislador emita, de forma que está vedado a este aprovar leis com determinado conteúdo.74 Se o juiz deve aplicar a lei, mas está vinculado pela constituição, o que deve fazer para formular a premissa maior do silogismo jurídico quando a norma legal contradiz a constituição? Dito de outro modo: se o juiz percebe que o legislador infringiu o limite material da constituição, como pode respeitar o efeito vinculante e normativo da lei fundamental? É indubitável que, perante uma situação desta ordem, o julgador esteja não somente diante de um problema jurídico, mas basicamente diante de um problema de ética judicial, que o envolve em seu compromisso e dever ético de administrar justiça com sentido de imparcialidade e orientado à realização do direito justo. A resposta mais de acordo com o Estado neoconstituicional, sugerida pela supremacia da norma fundamental e por seu poder normativo e vinculante, indicaria que se deve preferir a norma constitucional e desaplicar a lei secundária. Nino considera logicamente incompatível o reconhecimento da constituição como lei suprema com a negação do poder dos juízes de não aplicar uma norma que contradiga as exigências da constituição. Diz que, quando esse poder é negado aos juízes, 74 Cfr. Guastini, Riccardo, “La Constitución como límite a la legislación” en Teoría de la Constitución. Ensayos escogidos, Carbonell, Miguel (compilador), Porrúa/UNAM, México, 2000, p. 235. Serie Monografias Premiadas 3.indb 110 18/11/2010 12:35:39 p.m. 111 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... expedir leyes, si no lo hace de conformidad al procedimiento establecido por la Constitución. Los límites materiales en cambio, vinculan a la Constitución el contenido de las leyes que emita el legislador, de forma que le está prohibido aprobar leyes con un cierto contenido.74 Si el Juez debe aplicar la ley, pero está vinculado por la Constitución, ¿qué debe hacer para formular la premisa mayor del silogismo jurídico cuando la norma legal contradice la Constitución? Dicho de otro modo, si el Juez advierte que el legislador ha violado el límite material de la Constitución, ¿cómo puede respetar el efecto vinculante y normativo de la Ley Fundamental? Es indudable que ante una situación así, el juzgador se encuentra no solamente frente a un problema jurídico, sino básicamente con un problema de ética judicial, que lo involucra en su compromiso y deber ético de administrar justicia con un sentido de imparcialidad orientado a la realización del derecho justo. La respuesta más acorde al Estado neoconstitucional, orientada por la supremacía de la norma fundamental y por su poder normativo y vinculante, indicaría que se debe preferir la norma constitucional y desaplicar la ley secundaria. Nino considera lógicamente incompatible el reconocimiento de la Constitución como ley suprema con la negación del poder de los Jueces de no aplicar una norma que contradice las exigencias de la Constitución. Dice que cuando se niega ese poder a los Jueces, como 74 Cfr. Guastini, Riccardo, “La Constitución como límite a la legislación” en Teoría de la Constitución. Ensayos escogidos, Carbonell, Miguel (compilador), Porrúa/UNAM, México, 2000, p. 235. Serie Monografias Premiadas 3.indb 111 18/11/2010 12:35:39 p.m. 112 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... como ainda ocorre aos juízes ordinários na Europa continental, a supremacia da constituição está sendo recusada e concebida como mero documento declarativo de intenções, sem força vinculante.75 Héctor Fix-Zamudio e Salvador Valencia Carmona explicam que a defesa da constituição remete a dois modelos de justiça constitucional: o americano e o austríaco. O sistema americano de revisão judicial da constitucionalidade das leis se caracteriza como a faculdade atribuída a todos os juízes de declarar, em um processo concreto, a inaplicabilidade das disposições legais secundárias que forem contrárias à constituição e, com efeito, só para as partes. O modelo austríaco, ou europeu continental, encomenda a uma corte ou tribunal constitucional a decisão da constitucionalidade das leis, com efeitos erga omnes.76 Nos Estados que seguem o modelo americano, conhecido como controle difuso, os juízes não têm problema em optar pela constituição, mas, fora desse sistema, os juízes e tribunais ordinários transitam por um modelo de justiça que se situa entre a lei e a constituição.77 Os principais problemas que existem na vinculação dos juízes à lei derivam, na opinião de Aragón Reyes, de também estarem vinculados à constituição. Estes problemas, comenta Aragón Reyes, 75 Cfr. Nino, Carlos Santiago, Fundamentos de derecho constitucional. Análisis filosófico, jurídi­ co y politológico de la práctica constitucional, 1a. reimp., Astrea, Argentina, pp. 674-675. 76 Cfr. Fix-Zamudio, Héctor y Valencia Carmona, Salvador, Derecho constitucio­ nal mexicano y comparado, Porrúa/UNAM, México, 2003, pp. 200-201. 77 Cfr. Aragón Reyes, Manuel, “El juez ordinario entre legalidad y constitucionalidad” en Carbonell, Miguel; Fix-Zamudio, Héctor y Vázquez, Rodolfo (compiladores), Jueces y derecho. Problemas contemporáneos, Porrúa/UNAM, México, 2004, p. 151. Serie Monografias Premiadas 3.indb 112 18/11/2010 12:35:39 p.m. 113 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... aun ocurre respecto de los Jueces ordinarios en Europa continental, se está rechazando la supremacía de la Constitución, se la está concibiendo como un mero documento declarativo de intenciones, sin fuerza vinculante.75 Héctor Fix-Zamudio y Salvador Valencia Carmona, explican que la defensa de la Constitución remite a dos modelos de justicia constitucional: el americano y el austriaco. El sistema americano de revisión judicial de la constitucionalidad de las leyes se caracteriza como la facultad atribuida a todos los Jueces para declarar en un proceso concreto la inaplicabilidad de las disposiciones legales secundarias que sean contrarias a la Constitución y con efectos sólo para las partes. El modelo austriaco o continental europeo encomienda a una corte o tribunal constitucional decidir la constitucionalidad de las leyes, con efectos erga omnes.76 En los Estados que siguen el modelo americano, conocido como control difuso, los Jueces no tienen problema para optar por la Constitución, pero fuera de este sistema los Jueces y tribunales ordinarios transitan en un modelo de justicia que se encuentra entre la ley y la Constitución. Los principales problemas que existen en la vincu­ lación de los Jueces a la ley derivan, en opinión de Manuel Aragón Reyes, de que también están vinculados a la Constitución.77 Estos 75 Cfr. Nino, Carlos Santiago, Fundamentos de derecho constitucional. Análisis filosófico, jurídi­ co y politológico de la práctica constitucional, 1a. reimp., Astrea, Argentina, pp. 674-675. 76 Cfr. Fix-Zamudio, Héctor y Valencia Carmona, Salvador, Derecho constitucio­ nal mexicano y comparado, Porrúa/UNAM, México, 2003, pp. 200-201. 77 Cfr. Aragón Reyes, Manuel, “El juez ordinario entre legalidad y constitucionalidad” en Carbonell, Miguel; Fix-Zamudio, Héctor y Vázquez, Rodolfo (compiladores), Jueces y derecho. Problemas contemporáneos, Porrúa/UNAM, México, 2004, p. 151. Serie Monografias Premiadas 3.indb 113 18/11/2010 12:35:39 p.m. 114 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... não desaparecem com institutos processuais, como a questão da inconstitucionalidade introduzida na Áustria em 1929 e incluída no modelo espanhol de 1931 (a questão de constitucionalidade permite aos juízes ordinários apresentar consultas de inconstitucionalidade ao tribunal constitucional, com suspensão do processo, até que a questão apresentada seja resolvida), impedindo os juízes de constatar a invalidez da lei contrária à constituição, o que significa reforço da ideia de que os juízes não podiam aplicar as normas constitucionais78 (já que não podiam desaplicar uma lei que consideravam inconstitucional, sendo assim obrigados a preferir a lei secundária ou formular a questão de inconstitucionalidade). Na opinião de Manuel Aragón Reyes, a questão da inconstitucionalidade permite a dupla submissão dos juízes ordinários à lei e às constituições, pois, se não é permitido aos juízes desaplicar a lei, também não estão obrigados a aplicá-la quando a considerarem inconstitucional.79 Evidentemente, a decisão definitiva compete ao Tribunal Constitucional. A “convivência” entre a jurisdição ordinária e a constitucional deve ser resolvida, segundo Pablo Pérez Tremps, em certa supremacia lógico-funcional da segunda, pela necessidade de o sistema normativo vir precedido de uma finalidade intrínseca de garantir a unidade interpretativa da constituição, já que, sendo esta uma, e 78 Ibidem, p. 153. 79 Ibidem, pp. 154-155. Serie Monografias Premiadas 3.indb 114 18/11/2010 12:35:39 p.m. 115 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... pro­blemas, señala Aragón Reyes, no desaparecen con institutos pro­ cesales como la cuestión de inconstitucionalidad introducida en Austria en 1929, e incluida en el modelo español de 1931 (la cuestión de constitucionalidad le permite a los Jueces ordinarios plantear consultas de inconstitucionalidad al tribunal constitucional, con suspensión del procedimiento, hasta en tanto se resuelve la cuestión planteada) al impedir a los Jueces constatar la invalidez de la ley contraria a la Constitución, lo que significa un refuerzo de la idea de que los Jueces no podían aplicar las normas constitucionales78 (ya que no podían desaplicar una ley que consideraban inconstitucional, por lo cual estaban obligados a preferir la ley secundaria o bien a formular la cuestión de inconstitucionalidad). La cuestión de inconstitucionalidad, opina Manuel Aragón Reyes, permite el doble sometimiento de los Jueces ordinarios a la ley y a la Constitución, pues si bien a los Jueces no les está permitido desaplicar la ley, tampoco están obligados a aplicarla cuando la consideren inconstitucional.79 Por supuesto que la decisión definitiva le corresponde al Tribunal Constitucional. La “convivencia” entre la jurisdicción ordinaria y la constitucional, debe resolverse, de acuerdo con Pablo Pérez Tremps, en una cierta supremacía lógico-funcional de la segunda, por la necesidad de que el sistema normativo venga precedido por una finalidad intrínseca de garantizar la unidad interpretativa de la Constitución, ya que siendo ésta una, y siendo el ordenamiento uno, no cabe que 78 Ibidem, p. 153. 79 Ibidem, pp. 154-155. Serie Monografias Premiadas 3.indb 115 18/11/2010 12:35:39 p.m. 116 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... sendo o ordenamento um, não cabe existirem mecanismos díspares de interpretação constitucional independentes.80 No México, a SCJN interpretou com essa orientação o artigo 133 da Constituição, que prevê: “... Os juízes de cada Estado se ajustarão à citada Constituição, leis e tratados, apesar das disposições em contrário que possam existir nas Constituições ou leis dos Estados”, estabelecendo jurisprudência no sentido de que esse preceito não autoriza o controle difuso da constitucionalidade de normas gerais.81 Em consonância com o critério anterior, a Segunda Sala da SCJN emitiu a tese de que a aplicação direta da constituição compete a todas as autoridades ordinárias, particularmente ao estar em presença de direitos fundamentais, sempre e quando não desaplicarem para esse efeito uma lei secundária.82 Pode-se estimar, em suma, que o trânsito do Estado legislativo ou legal para o Estado constitucional de direito significou superar o modelo da lei como única fonte na aplicação do direito, subordinando a lei à constituição, passando de uma orientação juspositivista para outra baseada em valores e princípios constitucionais. 80 Cfr. Pérez Tremps, Pablo, Escritos sobre justicia constitucional, Porrúa/Instituto Mexicano de Derecho Procesal Constitucional, México, 2005, p. 59. 81 Vid Semanario Judicial de la Federación y su Gaceta, Tomo X, agosto de 1999, Tesis P/J 74/99, p. 5. 82 Vid Semanario Judicial de la Federación y su Gaceta, Tomo XIX, enero de 2009, 2a. CLXII/2008, p. 781. Serie Monografias Premiadas 3.indb 116 18/11/2010 12:35:39 p.m. 117 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... existan mecanismos dispares de interpretación constitucional independientes.80 En México, la SCJN ha interpretado con esta orientación, el ar­ tículo 133 de la Constitución, que previene “…Los Jueces de cada Estado se arreglarán a dicha Constitución, leyes y tratados, a pesar de las disposiciones en contrario que pueda haber en las Constituciones o leyes de los Estados”, al sentar jurisprudencia en el sentido de que dicho precepto no autoriza el control difuso de la constitucionalidad de normas generales.81 En consonancia con el anterior criterio, la Segunda Sala de la SCJN emitió la tesis de que la aplicación directa de la Constitución le corresponde a todas las autoridades ordinarias, particularmente cuando se está en presencia de derechos fundamentales, siempre y cuando no desapliquen para ese efecto una ley secundaria.82 Puede apreciarse, en suma, que el tránsito del Estado legislativo o legal, al Estado constitucional de derecho ha significado superar el modelo de la ley como única fuente en la aplicación del derecho, subordinando la ley a la Constitución, pasando de una orientación iuspositivista a otra basada en valores y principios constitucionales. 80 Cfr. Pérez Tremps, Pablo, Escritos sobre justicia constitucional, Porrúa/Instituto Mexicano de Derecho Procesal Constitucional, México, 2005, p. 59. 81 Vid Semanario Judicial de la Federación y su Gaceta, Tomo X, agosto de 1999, Tesis P/J 74/99, p. 5. 82 Vid Semanario Judicial de la Federación y su Gaceta, Tomo XIX, enero de 2009, 2a. CLXII/2008, p. 781. Serie Monografias Premiadas 3.indb 117 18/11/2010 12:35:39 p.m. 118 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... O anterior repercute também no modelo de juiz exigido pela sociedade atual, que procura a satisfação de seus direitos fundamentais e sua garantia jurisdicional mediante juízes independentes e imparciais, comprometidos ética e juridicamente com a realização dos bens e direitos constitucionais e que são inerentes ao ser humano, anteriores à própria existência do Estado. A visão da imparcialidade como método pressupõe tornar realidade a ideia de justiça, como bem do direito que deve orientar a atividade do juiz. A imparcialidade aparece como um meio que serve para realizar um fim valioso. 2. Interpretação das normas jurídicas O modelo de interpretação positivista imperante no Estado de legalidade foi inspirado em Von Savigny, que definiu a interpretação como “a reconstrução do pensamento contido na lei”. Para esse autor, em nada difere a interpretação da lei da que se faz de qualquer outro pensamento expresso pela linguagem. Revela-se um caráter próprio, contudo, quando a descompomos em suas partes constitutivas, a saber, os elementos gramatical, lógico, histórico e sistemático.83 Este modelo corresponde à escola histórica alemã, na qual, relata Manuel Hallivis Pelayo, o direito é produto da história, expressão da consciência popular, da alma do povo. Dessa forma, 83 Von Savigny, Friedrich Karl, Sistema del derecho romano actual, t. I, Suprema Corte de Justicia de la Nación, México, 2004, pp. 149-150. Serie Monografias Premiadas 3.indb 118 18/11/2010 12:35:39 p.m. 119 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... Lo anterior también repercute en el modelo de Juez que requiere la sociedad actual, que demanda la satisfacción de sus derechos fundamentales y su garantía jurisdiccional mediante Jueces indepen­ dientes e imparciales, comprometidos ética y jurídicamente en la rea­ lización de los bienes y derechos constitucionales y que son inheren­tes al ser humano, anteriores a la existencia misma del Estado. La visión de la imparcialidad como método supone hacer realidad la idea de justicia, como bien del derecho que debe orientar la actividad del Juez. La imparcialidad aparece como un medio que sirve para realizar un fin valioso. 2. Interpretación de las normas jurídicas El modelo de interpretación positivista imperante en el Estado de legalidad fue inspirado por Von Savigny, quien definió la interpre­ tación como: “La reconstrucción del pensamiento contenido en la ley”. Para dicho autor en nada difiere la interpretación de la ley, de aquella que se realiza de cualquier otro pensamiento expresado por el lenguaje, pero revela un carácter propio cuando la descomponemos en sus partes constitutivas, a saber, los elementos gramatical, lógico, histórico y sistemático. 83 Este modelo corresponde a la escuela histórica alemana, en la cual, relata Manuel Hallivis Pelayo, el derecho es producto de la historia, expresión de la conciencia popular, del espíritu del pueblo. 83 Von Savigny, Friedrich Karl, Sistema del derecho romano actual, t. I, Suprema Corte de Justicia de la Nación, México, 2004, pp. 149-150. Serie Monografias Premiadas 3.indb 119 18/11/2010 12:35:39 p.m. 120 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... indica esse autor, invocando Rodríguez Cepeda, os direitos surgem da consciência do povo, fonte autêntica e genuína do direito, e o resultado interpretativo fica garantido por um caminho préestabelecido.84 Bartolo Rodríguez Cepeda expõe precisamente que o historicismo jurídico prescindiu do problema jusnaturalista e focou sua atenção em manifestações históricas como o digesto justiniano e o Código napoleônico. Rodríguez Cepeda considera que a escola historicista, que surgiu contra o racionalismo filosófico, está certa ao manter a necessidade da indagação histórica no âmbito jurídico, mas isso não é suficiente, pois seu defeito está em esquivar-se da função valorativa, já que, para justificar, deve recorrer a conceitos e valores e empregar um critério que vai além do histórico.85 O fato de os elementos que formam a definição jurídica estarem hoje “constitucionalizados”, comenta Zagrebelsky, estabelece as condições para a superação da segunda grande redução do positivismo jurídico do século XIX: a redução da justiça à lei, já que, ao negar a existência de “níveis” de direitos diferentes da vontade conformada na lei, fechava-se intencionalmente a possibilidade da distinção relevante entre lei e justiça. Tal distinção podia valer em outro plano, o da experiência ética, mas não no jurídico.86 Nesse modelo de aplicação judicial do direito, explica Zagrebelsky, uma 84 Hallivis Pelayo, Manuel, Teoría general de la interpretación, 2a. ed., Porrúa, México, 2007, pp. 121-122. 85 Rodríguez Cepeda, Bartolo Pablo, Metodología jurídica, Oxford University Press, México, 2003, pp. 170-172. 86 Zagrebelsky, Gustavo, El derecho dúctil…, op. cit., p. 96. Serie Monografias Premiadas 3.indb 120 18/11/2010 12:35:39 p.m. 121 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... De esta forma, señala dicho autor, invocando a Rodríguez Cepeda, los derechos surgen de la conciencia del pueblo, fuente auténtica y genuina del derecho y el resultado interpretativo queda asegurado a través de un camino prefijado.84 Precisamente Bartolo Rodríguez Cepeda expone que el historicismo jurídico prescindió del problema iusnaturalista y enfocó su atención en manifestaciones históricas como las Pandectas justinianeas y el Código napoleónico. Consi­ dera Rodríguez Cepeda que la escuela historicista, que surgió como razón contra el racionalismo filosófico, está en lo cierto al sostener la necesidad de la indagación histórica en el ámbito jurídico, pero eso no es suficiente, y que su defecto radica en eludir la función valorativa, puesto que para justificar hay que recurrir a conceptos y valores y utilizar un criterio que va más allá de lo histórico.85 El hecho de que los elementos que forman la definición jurídica de la justicia estén hoy “constitucionalizados”, comenta Zagrebelsky, sienta las condiciones para la superación de la segunda gran reducción del positivismo jurídico del siglo XIX: la reducción de la justicia a la ley, ya que al negar la existencia de “niveles” de derechos diferentes de la voluntad plasmada en la ley, se cerraba intencionalmente la posibilidad de una distinción relevante entre ley y justicia. Tal distinción podía valer en otro plano, el de la experiencia ética, pero no en el jurídico.86 En este modelo de aplicación judicial del derecho, 84 Hallivis Pelayo, Manuel, Teoría general de la interpretación, 2a. ed., Porrúa, México, 2007, pp. 121-122. 85 Rodríguez Cepeda, Bartolo Pablo, Metodología jurídica, Oxford University Press, México, 2003, pp. 170-172. 86 Zagrebelsky, Gustavo, El derecho dúctil…, op. cit., p. 96. Serie Monografias Premiadas 3.indb 121 18/11/2010 12:35:39 p.m. 122 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... vez determinada a regra, sua aplicação concreta se reduzia a um mecanismo sem discricionariedade.87 O paradigma positivista da legalidade produziu um protótipo de juiz que prescindia da ética, assinala José Ramón Narváez Hernández, pois bastava ajustar-se à norma para fazer o correto, sem importar se a norma era injusta; o caráter ético da conduta do juiz se reduzia, então, à aplicação da norma e qualquer consideração extra era não jurídica.88 É explicável então que para Malem Seña a dúvida quanto à possibilidade de más pessoas se tornarem bons juízes encontra resposta afirmativa de sua parte em um Estado positivista, no qual a justiça deve ser entendida como a aplicação da lei, sem importar quais são os estados mentais ou psicológicos de quem a aplica, daí ser irrelevante, na justificativa das sentenças, a moral privada da autoridade que as profere. Desse ponto de vista, não seria verdade que para ser um bom juiz seria necessário ser uma boa pessoa: uma pessoa má pode chegar a ser, nesse sentido, um bom juiz.89 Em um Estado neoconstitucional ordenado em princípios, valores e direitos fundamentais, no qual os julgadores gozam de 87 Ibidem, p. 132. 88 Narváez Hernández, José Ramón, “Apuntes para una historia de la ética judicial en México”, Historia de la cultura jurisdiccional en México, Suprema Corte de Justicia de la Nación, México, p. 118. 89 Malem Seña, Jorge F., “¿Pueden las malas personas ser buenos Jueces?”, en Carbonell, Miguel; Fix-Zamudio, Héctor y Vázquez, Rodolfo (compiladores), Jueces y dere­ cho…, op. cit., pp. 37-40. Serie Monografias Premiadas 3.indb 122 18/11/2010 12:35:40 p.m. 123 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... explica Zagrebelsky, una vez determinada la regla, su aplicación concreta se reducía a un mecanismo sin discrecionalidad.87 El paradigma positivista de la legalidad produjo un prototipo de Juez que prescindía de la ética, señala José Ramón Narváez Hernández, pues bastaba que se ajustara a la norma para hacerlo correcto, sin importar si la norma era injusta; la eticidad de la conducta del Juez se concretaba entonces a aplicar la norma y cualquier consideración extra, era no jurídica.88 Es explicable entonces que para Malem Seña, la pregunta relativa a que si las malas personas pueden ser buenos Jueces, encuentra una respuesta afirmativa de su parte en un Estado positivista en el que la justicia debe ser entendida como la aplicación de la ley, sin importar cuáles sean los estados mentales o psicológicos de quienes la aplican, por lo que en la justificación de las sentencias resulta irrelevante la moral privada de la autoridad que las dicta. Desde esa perspectiva no sería verdad que para ser un buen Juez sería nece­ sario ser una buena persona. Una mala persona podría llegar a hacer, en ese sentido, un buen Juez.89 Por el contrario, en un Estado neoconstitucional ordenado en principios, valores y derechos fundamentales, en el que los juzgadores 87 Ibidem, p. 132. 88 Narváez Hernández, José Ramón, “Apuntes para una historia de la ética judicial en México”, Historia de la cultura jurisdiccional en México, Suprema Corte de Justicia de la Nación, México, p. 118. 89 Malem Seña, Jorge F., “¿Pueden las malas personas ser buenos Jueces?”, en Carbonell, Miguel; Fix-Zamudio, Héctor y Vázquez, Rodolfo (compiladores), Jueces y dere­ cho…, op. cit., pp. 37-40. Serie Monografias Premiadas 3.indb 123 18/11/2010 12:35:40 p.m. 124 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... discricionariedade, a figura do juiz eticamente responsável emerge, pelo contrário, como necessidade inevitável para a materialização desses bens constitucionais. Como assinala Jorge F. Malen Seña, a confiança da opinião pública repousa na compostura dos juízes; assim, eles não só devem ser independentes, imparciais, competentes e honrados, como também devem aparentar sê-lo. Por isso, certos tipos de juízes, como o irascível, o adúltero, o que se relaciona com amizades perigosas, tornam-se incompatíveis com a aparência de honorabilidade, e, alguns deles, como os que pertencem a associações racistas, não poderiam ser bons juízes, já que sua imparcialidade teria ficado definitivamente afetada.90 Um juiz do nosso tempo teria que estar comprometido com modelos de interpretação que, na opinião de Vigo, se caracterizam por serem multidimensionais e que compreenderiam as dimensões jurídica ou regulatória, a fáctica, a axiológica, a linguística e a lógica. A dimensão regulatória, adverte Vigo, teria que levar em consideração, para solucionar um problema, os princípios jurídicos que adquiririam inusual importância com o modelo proposto por Ronald DWorkin, com sua visão de um sistema jurídico ordenado sob princípios. A dimensão fáctica implicaria ver o jurista não só como quem descreve fatos, mas como seu construtor. A dimensão axiológica remete aos valores que, de acordo com o cognoscitivismo ético de Von Wright, considera que os juízos de valor são objetivamente verdadeiros ou falsos. A dimensão linguística, orientada pela escola analítica, mantém, com Scarpelli, a noção de que os juristas devem em cada passo determinar e forjar significados, construir ou reconstruir 90 Ibidem, pp. 41-45. Serie Monografias Premiadas 3.indb 124 18/11/2010 12:35:40 p.m. 125 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... gozan de discrecionalidad, la figura del Juez éticamente responsable emerge como una necesidad insoslayable para concretar esos bienes constitucionales. Como lo señala Jorge F. Malem Seña, la confianza de la opinión pública descansa en la compostura de los Jueces, por lo que éstos no sólo deben ser independientes, imparciales, competentes y honorables, sino que además deben parecerlo, por lo que cierto tipo de Jueces, como el irascible, el adúltero y el que se relaciona con amistades peligrosas resultan incompatibles con la apariencia de honorabilidad, y algunos de ellos, como los que pertenecen a asociaciones racistas, no podrían ser buenos Jueces, puesto que su imparcialidad habría quedado definitivamente afectada.90 Un Juez de nuestro tiempo, tendría que estar comprometido con modelos de interpretación, que en opinión de Vigo, se caracterizan por ser multidimensionales al comprender las dimensiones jurí­dica o regulatoria, la fáctica, la axiológica, la lingüística y la lógica. La di­ mensión regulatoria, advierte Vigo, tendría que tomar en cuenta para solucionar un problema los principios jurídicos, que adquirieron una inusual importancia con el modelo propuesto por Ronald Dworkin, fundado en un sistema jurídico ordenado bajo principios. La dimensión fáctica implicaría ver al jurista no sólo como quien describe hechos, sino como un constructor de los mismos. La di­mensión axioló­ gica remite a los valores, de acuerdo al cognoscitivismo ético de Von Wright quien considera que los juicios de valor son objetivamente verdaderos o falsos. La dimensión lingüística, orientada por la escuela analítica, sostiene con Scarpelli que los juristas deben a cada paso determinar y forjar significados, construir o reconstruir 90 Ibidem, pp. 41-45. Serie Monografias Premiadas 3.indb 125 18/11/2010 12:35:40 p.m. 126 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... relações semânticas, sintáticas e pragmáticas. A dimensão lógica procura dotar os juristas de argumentos que facilitem seu discurso correto e nos advirtam dos riscos das falácias.91 A evolução da teoria interpretativa do direito, com as dimensões apontadas por Vigo, bem como a transformação do Estado de legalidade em um Estado constitucional de direito –no qual a primazia é dos princípios, dos direitos fundamentais e dos valores superiores da constituição– não é consistente, no sistema atual de interpretação no México, com à jurisdição ordinária, já que o denominado Estado neoconstitucional estará defasado no que concerne a seu sistema de garantias na aplicação do direito, enquanto não se tenha dotado a jurisdição ordinária de um poder que permita tornar efetiva a normatividade da constituição. As normas constitucionais são supremas, mas devem ceder ante a lei no exercício da jurisdição ordinária e ante a falta de mecanismos que permitam ao juiz ordinário decidir com base na constituição, já que o controle difuso não é permitido, de acordo com a interpretação da SCJN, nem se conta com o recurso da inconstitucionalidade. Esta defasagem, se bem não produz dano irremediável, já que existem instrumentos de controle constitucional, não é compatível com o poder normativo da constituição, nem é idônea para realizar o principio da imparcialidade judicial, posto que, se os juízes devem resolver pelo direito é importante que o façam com base na constituição, e isto envolve todos os juízes e não só os que exercem a justiça constitucional; mais ainda se os direitos fundamentais estão em jogo. 91 Cfr. Vigo, Rodolfo L., Interpretación jurídica. Del modelo iuspositivista legalista decimonó­ nico a las nuevas perspectivas, Rubinzal/Culzoni, Buenos Aires, 1999, pp. 19-24. Serie Monografias Premiadas 3.indb 126 18/11/2010 12:35:40 p.m. 127 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... relaciones semánticas, sintácticas y pragmáticas. La dimensión lógica, procura dotar a los juristas de argumentos que faciliten su discurso correcto y nos advierten de los riesgos de las falacias.91 La evolución de la teoría interpretativa del derecho, con las dimensiones señaladas por Vigo, así como la transformación del Estado de legalidad a un Estado constitucional de derecho, en el que tienen primacía los principios, los derechos fundamentales y los valores superiores de la Constitución, no es consistente en el actual sistema de interpretación en México, por lo que se refiere a la jurisdicción ordinaria, ya que el denominado Estado neoconstitucional está desfasado en lo que corresponde a su sistema de garantías en la aplicación del derecho, en tanto que no se ha dotado a la jurisdicción ordinaria de un poder que le permita hacer efectiva la normatividad de la Constitución. Las normas constitucionales son supremas, pero deben ceder ante la ley en el ejercicio de la jurisdicción ordinaria ante la falta de mecanismos que le permitan al Juez ordinario resolver desde la Constitución, ya que el control difuso no está permitido de acuerdo con la interpretación de la SCJN, ni se cuenta con el recurso de la cuestión de inconstitucionalidad. Este desfasamiento, si bien no produce daño irremediable, puesto que existen instrumentos de control constitucional, no resulta compatible con el poder normativo de la Constitución, ni es idóneo para realizar el principio de la imparcialidad judicial, ya que si los Jueces deben resolver desde el derecho, es importante que los Jueces, no sólo los que ejercen justicia constitucional, resuelvan desde la Constitución, más aún si están en juegos los derechos fundamentales. 91 Cfr. Vigo, Rodolfo L., Interpretación jurídica. Del modelo iuspositivista legalista decimonóni­ co a las nuevas perspectivas, Rubinzal/Culzoni, Buenos Aires, 1999, pp. 19-24. Serie Monografias Premiadas 3.indb 127 18/11/2010 12:35:40 p.m. 128 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... De outra parte, a possibilidade de qualquer pessoa alegar exceção no juízo, invocando a inconstitucionalidade de uma lei que se pretenda aplicar-lhe, com a consequente faculdade do juiz ordinário de poder desaplicar a norma, sem estritamente exercer função de controle constitucional, enquanto não realizasse a função de um legislador negativo, expulsando a norma do ordenamento jurídico, permitiria colocar os cidadãos no sistema de direitos constitucionais com o devido sistema de garantias processuais, facilitando uma cultura jurídica do Estado constitucional, em uma comunidade de iguais, com possibilidade real e imediata de tornar efetivos os postulados da constituição Não obstante, deve-se dizer que o deficit anterior da jurisdição ordinária se atenua com o que a doutrina conhece como interpretação de acordo com a constituição. Germán Bidart Campo distingue entre interpretação “da” constituição, que se dá quando, em relação com os direitos declarados em suas normas, assinala o significado e o sentido dessas normas ao aplicá-las, e o que se conhece como interpretação “pela” constituição, quando, em igual relação, usa a interpretação “da” para interpretar “pela” o restante do ordenamento jurídico.92 García de Enterría explica que a supremacia da constituição obriga à interpretação do ordenamento jurídico em qualquer momento de sua aplicação, por tribunais ou por órgãos legislativos ou administrativos, no sentido que resulta dos princípios e regras 92 Cfr. Bidart Campos, Germán J., Teoría general de los derechos humanos, Universidad Nacional Autónoma de México/Instituto de Investigaciones Jurídicas, Serie G: Estudios Doc­trinales, núm. 120, México, 1989, p. 400. Serie Monografias Premiadas 3.indb 128 18/11/2010 12:35:40 p.m. 129 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... Por otra parte, la posibilidad de que cualquier persona pudiera excepcionarse invocando la inconstitucionalidad de una ley que se le pretenda aplicar, con la consecuente facultad del Juez ordinario de poder desaplicar la norma, sin realizar estrictamente una función de control constitucional, en tanto no realizaría la función de un legislador negativo expulsando la norma del ordenamiento jurídico, permitiría poner a la par a los justiciables en el sistema de derechos constitucionales con el sistema de garantías procesales y facilitaría una cultura jurídica del Estado constitucional, en una comunidad de iguales con la posibilidad real e inmediata de hacer efectivos los postulados de la Constitución. No obstante, debe decirse que el anterior déficit de la jurisdicción ordinaria se atenúa con lo que la doctrina conoce como interpretación conforme a la Constitución. Germán Bidart Campos distingue entre interpretación “de” la Constitución, que se da cuando, en relación con los derechos declarados en sus normas, la norma fundamental señala el signifi­cado o sentido de esas normas al darles aplicación, y lo que se co­noce como interpretación “desde” la Constitución, cuando, en igual relación, la carta magna utiliza la interpretación “de” ella para interpretar “desde” ella el resto del ordenamiento jurídico.92 Explica García de Enterría que la supremacía de la Constitución obliga a interpretar el ordenamiento jurídico en cualquier mo­ mento de su aplicación, por tribunales o por órganos legislativos o administrativos, en el sentido que resulta de los principios y reglas 92 Cfr. Bidart Campos, Germán J., Teoría general de los derechos humanos, Universidad Nacional Autónoma de México/Instituto de Investigaciones Jurídicas, Serie G: Estudios Doc­trinales, núm. 120, México, 1989, p. 400. Serie Monografias Premiadas 3.indb 129 18/11/2010 12:35:40 p.m. 130 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... constitucionais, o que denomina “princípio da interpretação de acordo com a constituição”, consequência derivada do caráter normativo da constituição.93 Esse princípio deu ensejo ao que se conhece como sentenças interpretativas que na opinião de Francisco Javier Díaz Revorio são as que, de acordo com o Tribunal Constitucional Espanhol, recusam uma ação de inconstitucionalidade, na medida em que sejam interpretadas segundo o que o Tribunal Constitucional considera adequado à constituição, ou não sejam interpretadas nos sentidos inadequados.94 García de Enterría aponta que, sem prejuízo de que a interpretação de acordo com a constituição tenha nascido “nos interstícios do processo” da justiça constitucional, revelou-se um verdadeiro princípio geral de ordenamento, resultante da necessária aplicação universal; por isso, além dos tribunais, afeta os operadores públicos e privados de qualquer caráter, na aplicação do ordenamento jurídico.95 Existe uma relação, entre o Tribunal Constitucional Espanhol e os tribunais ordinários, alega Díaz Revorio, que é de aplicação geral. Assinala que o Tribunal Constitucional é o intérprete supremo da constituição; em troca, a interpretação da lei compete ordinariamente aos órgãos integrantes do poder judiciário, de forma que não cabe ao Tribunal Constitucional indicar qual é, entre várias possíveis, 93 Cfr. García De Enterría, Eduardo, La Constitución…, op. cit., p. 95. 94 Cfr. Díaz Revorio, Francisco Javier, Las sentencias interpretativas del tribunal constitucio­ nal, Lex Nova, Valladolid, España, 2001, p. 67. 95 Cfr. García De Enterría, Eduardo, La Constitución…, op. cit., p. 97. Serie Monografias Premiadas 3.indb 130 18/11/2010 12:35:40 p.m. 131 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... constitucionales, lo que denomina “principio de la interpretación con­ forme a la Constitución”, que es una consecuencia derivada del carácter normativo de la Constitución.93 Este principio ha dado lugar a lo que se conoce como sentencias interpretativas, que en concepto de Francisco Javier Díaz Revorio son aquellas que en palabras del Tribunal Constitucional Español, rechazan una demanda de inconstitucionalidad, en la medida que se interprete en el sentido que el Tribunal Constitucional considera adecuado a la Constitución, o no se interprete en sentidos inadecuados.94 Señala García de Enterría que sin perjuicio de que la inter­ pre­tación conforme a la Constitución haya nacido “en los intersticios del procedimiento” de justicia constitucional, ha venido a revelar un verdadero principio general del ordenamiento que resulta de necesaria aplicación universal, por lo que, además de los tribunales afecta a los operadores públicos y privados de cualquier carácter, en aplicación del ordenamiento jurídico.95 Existe una relación entre el Tribunal Constitucional Español y los tribunales ordinarios, que invoca Díaz Revorio, y que resulta de aplicación general. Señala que el Tribunal Constitucional es el intérprete supremo de la Constitución; en cambio, la interpretación de la ley corresponde ordinariamente a los órganos integrantes del poder judicial, de manera que no corresponde al Tribunal Constitucional señalar cuál es, entre varias posibles, la interpretación “correcta” o 93 Cfr. García De Enterría, Eduardo, La Constitución…, op. cit., p. 95. 94 Cfr. Díaz Revorio, Francisco Javier, Las sentencias interpretativas del tribunal constitucio­ nal, Lex Nova, Valladolid, España, 2001, p. 67. 95 Cfr. García De Enterría, Eduardo, La Constitución…, op. cit., p. 97. Serie Monografias Premiadas 3.indb 131 18/11/2010 12:35:40 p.m. 132 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... a interpretação “correta” ou “adequada” da lei, mas pode e deve indicar quais interpretações são inconstitucionais e quais estão de acordo com a norma fundamental. Mas, quando o Tribunal Constitucional declarar qual interpretação ou quais interpretações são constitucionais e quais não, sua decisão vinculará todos os juízes e tribunais e, na prática, terá efeito erga omnes.96 O tema da interpretação das normas jurídicas de acordo com a constituição é um critério orientador na definição de seu conteúdo ante o fenômeno da indeterminação do direito, o qual influi na possibilidade de se poder obter uma resposta correta. A oposição entre determinismo e indeterminismo, comenta Cristina Redondo, costuma ser expressa na confrontação entre a tese da única resposta correta e a tese da discrição judicial. Quanto mais determinada estiver a norma, mais os casos serão claramente subsumíveis a ela. Uma norma é totalmente indeterminada quando nenhum caso está claramente incluído ou excluído de seu conteúdo.97 Isso indica que, quando a norma é determinada, quer dizer que identifica de forma clara e definida os casos previstos e as sanções, o operador do direito não terá problemas em encontrar a solução correta. Seriam os casos fáceis; mas, quando a norma é totalmente indeterminada, não haverá condições favoráveis para encontrar uma única resposta correta, ante as dificuldades de subsumir os casos à norma. Nessa situação estão incluídos os chamados casos difíceis, 96 Cfr. Díaz Revorio, Francisco Javier, Las sentencias…, op. cit., p. 227. 97 Cfr. Redondo, Cristina, “Teorías del derecho e indeterminación normativa”, Conoci­ miento Jurídico y determinación normativa, Fontamara, Biblioteca de Ética, Filosofía del Derecho y Política, núm. 84, México, pp. 104 y 105. Serie Monografias Premiadas 3.indb 132 18/11/2010 12:35:40 p.m. 133 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... “adecuada” de la ley, pero sí puede y debe indicar qué interpretaciones son inconstitucionales y cuáles conformes a la Norma Fundamen­ tal, pero cuando el Tribunal Constitucional declare qué interpretación o interpretaciones son constitucionales y cuáles no, su decisión vinculará a todos los Jueces y tribunales, y en la práctica tendrá efectos erga omnes.96 El tema de la interpretación de las normas jurídicas acorde a la Constitución, resulta un criterio orientador en la definición de su con­ tenido ante el fenómeno de la indeterminación del derecho, el cual influye en cuanto a la posibilidad de que se pueda obtener una respuesta correcta. La oposición entre el determinismo y el indeterminismo, comenta Cristina Redondo, suele expresarse en la confrontación de la tesis de la única respuesta correcta y la tesis de la discreción judicial. Cuando más determinada esté la norma, más serán los casos claramente subsumibles en ella. Una norma está totalmente indeterminada cuando ningún caso está claramente incluido o excluido en su contenido.97 Lo anterior indica que cuando la norma está determinada, es decir, que identifica de manera clara y definida los casos previstos y las sanciones, el operador del derecho no tendrá problema en encontrar la solución correcta, se trataría de los casos fáciles, pero cuando la norma está totalmente indeterminada, no habrá condiciones favorables para encontrar una única respuesta correcta, ante las dificultades de subsumir los casos a la norma. Esta situación corresponde a los llamados casos difíciles, 96 Cfr. Díaz Revorio, Francisco Javier, Las sentencias…, op. cit., p. 227. 97 Cfr. Redondo, Cristina, “Teorías del derecho e indeterminación normativa”, Conoci­ miento Jurídico y determinación normativa, Fontamara, Biblioteca de Ética, Filosofía del Derecho y Política, núm. 84, México, pp. 104 y 105. Serie Monografias Premiadas 3.indb 133 18/11/2010 12:35:40 p.m. 134 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... sendo essa indefinição o que sustentaria a tese da discricionariedade defendida pro Hart. A diferença entre disposição e norma é um lugar-comum na doutrina. Diaz Revorio assinala, citando Guastini, que a disposição seria o texto, o conjunto de palavras que formam uma oração, enquanto a norma seria seu significado, isto é, o resultado de sua interpretação.98 Os problemas de interpretação surgem porque uma disposição pode ser interpretada em diversos sentidos. Guastini distingue, −em função da indeterminação do ordenamento jurídico− entre a interpretação como atividade de verificação dos múltiplos significados e a interpretação entendida como atividade de decisão. A primeira que chama de cognitiva é expressa nas fórmulas: “O artigo X da lei foi interpretado nos sentidos S1, S2 e S3”, e “o artigo X da lei poderia ser interpretado nos sentidos S1, S2 e S3”. A interpretação decisória consiste em decidir qual dos diversos significados possíveis será adotado para fundamentar a decisão. Seria expresso na fórmula: “O artigo X da lei S1”. A interpretação decisória resolve o problema da indeterminação do ordenamento jurídico.99 Esses problemas da indefinição do direito e da discricionariedade judicial são transcendentais, porque coloca em jogo a integridade moral do julgador, que deve ser imparcial na busca do sentido da 98 Cfr. Díaz Revorio, Francisco Javier, Las sentencias…, op. cit., p. 36. 99 Cfr. Guastini, Riccardo, Estudio sobre la interpretación jurídica, 8a. ed., Porrúa/UNAM, México, 2008, pp. 156-157. Serie Monografias Premiadas 3.indb 134 18/11/2010 12:35:40 p.m. 135 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... siendo esta indeterminación lo que sustenta la tesis de la discrecionalidad defendida por Hart. La diferencia entre disposición y norma es un lugar común en la doctrina. Señala Díaz Revorio, citando a Guastini que la disposición sería el texto, el conjunto de palabras que forman una oración, mien­ tras que la norma sería su significado, esto es el resultado de su inter­pretación.98 Los problemas de interpretación surgen porque una disposición puede ser interpretada en varios sentidos. Guastini distingue con motivo de la indeterminación del ordenamiento jurídico, entre la interpretación como actividad de verificación de los múltiples significados y la interpretación entendida como actividad de decisión. A la primera que llama cognitiva la expresa en las fórmulas: “El artículo X de la ley ha sido interpretado en los sentidos S1, S2 y S3”, y “El artículo X de la ley podría ser interpretado en los sentidos S1, S2 y S3”. La interpretación decisoria consiste en decidir cuál de los diversos significados posibles se adopta para fundar la decisión. Se expresaría en la fórmula: “El artículo X de la ley S1”. La interpretación decisoria, resuelve el problema de la indeterminación del ordenamiento jurídico.99 Estos problemas de la indeterminación del derecho y de la discrecionalidad judicial, son trascendentes porque ponen en juego la inte­gridad moral del juzgador, quien debe ser imparcial en la búsqueda del sentido de la norma. Un Juez imparcial debe realizar una 98 Cfr. Díaz Revorio, Francisco Javier, Las sentencias…, op. cit., p. 36. 99 Cfr. Guastini, Riccardo, Estudio sobre la interpretación jurídica, 8a. ed., Porrúa/UNAM, México, 2008, pp. 156-157. Serie Monografias Premiadas 3.indb 135 18/11/2010 12:35:40 p.m. 136 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... norma. Um juiz imparcial deve fazer uma interpretação funcional, empregando os métodos e argumentos que estiverem respaldados pelo sistema normativo, e não deve aproveitar a indefinição do direito para favorecer alguma das partes ou para ter benefício ou satisfazer interesse próprio. O juiz imparcial deve examinar total e coerentemente a norma que interpreta, pois, como indica Emilio Betti, parafraseando Celso, “é contra o direito julgar ou responder em vista de alguma parte pequena da lei, sem ter examinado atentamente toda a lei”.100 De outro lado, o juiz imparcial deve usar a interpretação de acordo com a constituição, escolhendo o sentido interpretativo que estiver mais em harmonia com a lei fundamental. A Primeira Sala da SCJN pronunciou-se jurisprudencialmente a favor da interpretação mais de acordo com a constituição, por ser a que materializa de forma mais efetiva as previsões constitucionais.101 Não existe nenhum obstáculo para que a jurisdição ordinária use o mesmo critério de interpretação quando a Suprema Corte não definiu jurisprudencialmente o critério que deve prevalecer. Humberto Noveira Alcalá explica que existe uma tendência dos tribunais constitucionais, na América do Sul, de emitir sentenças de interpretação de acordo com a constituição e comenta diversos casos nos quais percebe o propósito de atenuar os efeitos da 100 BETTI, Emilio, La interpretación jurídica, Lexis Nexis, Santiago, Chile, 2006, p. 30. 101 Vid. Semanario Judicial de la Federación y su Gaceta, t. XXVIII, noviembre de 2008, 1a. LXX/2008, p. 215. Serie Monografias Premiadas 3.indb 136 18/11/2010 12:35:40 p.m. 137 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... interpretación funcional utilizando los métodos y argumentos que estén respaldados por el sistema normativo, y no debe aprovechar la indeterminación del derecho para favorecer a alguna de las partes ni para sacar un beneficio o satisfacer un interés propio. El Juez imparcial debe examinar en forma total y coherente la norma que interpreta, pues como señala Emilio Betti, parafraseando a Celso, “es contra derecho juzgar o responder en vista de alguna parte pequeña de la ley, sin haber examinado atentamente toda la ley”.100 Por otra parte, el Juez imparcial debe utilizar la interpretación conforme a la Constitución, seleccionando el sentido interpretativo que sea más acorde a la Ley Fundamental. La Primera Sala de la SCJN se ha pronunciado jurisprudencialmente a favor de la interpretación más conforme con la Constitución, por ser la que materializa de modo más efectivo las previsiones constitucionales.101 No existe ningún obstáculo para que la jurisdicción ordinaria utilice el mismo criterio de interpretación cuando la Suprema Corte no ha definido jurisprudencialmente el criterio que debe prevalecer. Humberto Noveira Alcalá explica que existe una tendencia por los tribunales constitucionales en América del Sur para emitir sentencias de interpretación conforme a la Constitución, y comenta diversos casos, en los que se advierte el propósito de atenuar los efectos de la declaración de inconstitucionalidad de las leyes, por 100 BETTI, Emilio, La interpretación jurídica, Lexis Nexis, Santiago, Chile, 2006, p. 30. 101 Vid. Semanario Judicial de la Federación y su Gaceta, t. XXVIII, noviembre de 2008, 1a. LXX/2008, p. 215. Serie Monografias Premiadas 3.indb 137 18/11/2010 12:35:40 p.m. 138 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... declaração de inconstitucionalidade das leis pelos desajustes que essa declaração pode produzir no sistema institucional.102 3. A prova dos fatos No que se refere à justificativa das decisões judiciais, convém assinalar a importância da prova dos fatos e sua avaliação. Roberto Lara Chagoyán explica que os teóricos do direito descuidaram o campo dos fatos para atender questões relacionadas com as normas jurídicas, o que é uma tendência que Daniel González Lagier batizou como “falácia normativista”, que significa deixar de lado problemas que giram ao redor dos fatos e que são tão relevantes quanto os problemas normativos do direito.103 Daniel González Lagier considera que é necessário atender as questões de fato para justificar a decisão judicial e sustenta que um juiz não só deve assegurar-se de que as percepções das testemunhas sejam corretas, como também deve controlar suas interpretações a partir da informação das testemunhas, para o qual refere, citando Perfecto Andrés Ibáñez, o valor da imediação.104 O mesmo autor propõe uma argumentação denominada “inferência probatória”, como cadeia de argumentos. A primeira 102 Cfr. Noveira Alcalá, Humberto, La jurisdicción constitucional y los tribunales constitu­ cionales en Sudamérica en la alborada del siglo XXI, Porrúa, México, 2004, pp. 259-264. 103 Cfr. Lara Chagoyán, Roberto, “Argumentación en materia de hechos”, Revista del Instituto de la Judicatura Federal, Escuela Judicial, número 13, México, 2003, p. 194. 104 Cfr. González Lagier, Daniel, “Quaestio facti”. Ensayo sobre prueba, causalidad y acción, Palestra-Temis, Lima-Bogotá, 2005, p. 30. Serie Monografias Premiadas 3.indb 138 18/11/2010 12:35:40 p.m. 139 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... los desajustes que puede producir esa declaración en el sistema institucional.102 3. La prueba de los hechos Por lo que se refiere a la justificación de las decisiones judiciales, conviene señalar la importancia que tiene la prueba de los hechos y su valoración. Explica Roberto Lara Chagoyán que los teóricos del derecho han descuidado el terreno de los hechos para atender cuestiones relacionadas con las normas jurídicas, lo que constituye una tendencia que Daniel González Lagier ha bautizado como “falacia normativista” la que implica dejar de lado problemas que giran alrededor de los hechos y que son tan relevantes como los problemas normativos del derecho.103 Daniel González Lagier estima que es necesario atender las cues­ tiones de hecho para justificar la decisión judicial y sostiene que un Juez no sólo debe asegurarse de que las percepciones de los testigos son correctas, sino también debe controlar sus interpretaciones a partir de la información de los testigos, para lo cual refiere, citando a Perfecto Andrés Ibáñez, al valor de la inmediación.104 El mismo autor propone un razonamiento denominado “inferencia probatoria”, como cadena de argumentos. Una primera fase 102 Cfr. Noveira Alcalá, Humberto, La jurisdicción constitucional y los tribunales constitu­ cionales en Sudamérica en la alborada del siglo XXI, Porrúa, México, 2004, pp. 259-264. 103 Cfr. Lara Chagoyán, Roberto, “Argumentación en materia de hechos”, Revista del Instituto de la Judicatura Federal, Escuela Judicial, número 13, México, 2003, p. 194. 104 Cfr. González Lagier, Daniel, “Quaestio facti”. Ensayo sobre prueba, causalidad y acción, Palestra-Temis, Lima-Bogotá, 2005, p. 30. Serie Monografias Premiadas 3.indb 139 18/11/2010 12:35:40 p.m. 140 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... fase seria a prática das provas e a obtenção dos dados a partir delas, v.g., o que as testemunhas dizem. A segunda fase é tirar conclusões. A primeira pode ser vista como o estabelecimento das premissas, e a segunda, como a realização da inferência probatória.105 Um dos problemas mais sérios concernentes à prova dos fatos indica Ferrer Beltrán, diz respeito às diferentes limitações processuais e não processuais (como os interesses da parte), que podem interferir na determinação da verdade dos enunciados declarativos de fatos provados. Como o autor indica, a distinção entre verdade material e formal foi elaborada pela doutrina alemã do século XIX como reação à constatação de em muitos casos os fatos declarados nos processos judiciais não coincidirem com os fatos ocorridos.106 Esse autor propõe a tese de aceitabilidade de uma proposição fáctica sobre a distinção entre “ser verdadeira” e “ser considerada verdadeira”, apoiada na noção da verdade como correspondência. Quando os meios de prova trazem elementos de juízo suficientes em favor da verdade de uma proposição, então esta pode ser considerada provada, seguindo a noção de “aceitação”.107 Michele Taruffo distingue a função persuasiva da cognoscitiva da prova, indicando que a especificidade da prova apresentou-se em sua função de persuadir e não de demonstrar. A prova não tem 105 Cfr. Ibidem, pp. 53-54. 106 Cfr. Ferrer Beltrán, Jordi, La prueba y verdad en el derecho, 2a. ed., Marcial Pons, Filosofía y Derecho, Madrid, Barcelona, 2005, pp. 61 y 73. 107 Cfr. Ibidem, pp. 73-75 Serie Monografias Premiadas 3.indb 140 18/11/2010 12:35:40 p.m. 141 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... consistiría en la práctica de las pruebas y en la obtención de los datos a partir de ellas, vg. lo que dicen los testigos. Una segunda fase consiste en extraer conclusiones. La primera fase se puede ver como el establecimiento de las premisas y la segunda como la realización de la inferencia probatoria.105 Uno de los problemas más serios sobre la prueba de los hechos, indica Ferrer Beltrán, está relacionado con las distintas limitaciones procesales y no procesales (como los intereses de las partes) que pueden interferir en la determinación de la verdad de los enunciados declarativos de hechos probados. Como señala, la distinción entre verdad material y formal fue elaborada por la doctrina alemana decimonónica como reacción a la constatación de que en muchos casos, los hechos declarados en los procesos judiciales, no coincidían con los hechos acaecidos.106 Dicho autor propone una tesis de la aceptabilidad de una proposición fáctica sobre la distinción entre “ser verdadera” y “ser tenida por verdadera”, apoyada en la noción de la verdad como correspondencia. Cuando los medios de prueba aportan elementos de juicio suficientes a favor de la verdad de una proposición, entonces puede considerarse probada, siguiendo la noción de “aceptación”.107 Michele Taruffo distingue la función persuasiva de la cognoscitiva de la prueba, señalando que la especificidad de la prueba se ha planteado en su función de persuadir y no de demostrar. La prueba 105 Cfr. Ibidem, pp. 53-54. 106 Cfr. Ferrer Beltrán, Jordi, La prueba y verdad en el derecho, 2a. ed., Marcial Pons, Filosofía y Derecho, Madrid, Barcelona, 2005, pp. 61 y 73. 107 Cfr. Ibidem, pp. 73-75 Serie Monografias Premiadas 3.indb 141 18/11/2010 12:35:40 p.m. 142 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... função cognoscitiva, mas argumentativa.108 Taruffo destaca que os controles racionais não são unicamente os que se referem ao uso e à avaliação das provas, mas que também é necessário pensar em controles procedimentais, sendo relevante o controle preventivo sobre a decisão derivada do princípio de contradição entre as partes, que vincula a emissão da decisão baseada somente nos elementos discutidos pelas partes no decorrer do processo.109 Os métodos de avaliação da prova, ao concederem discricionariedade ao juiz, podem conduzir à arbitrariedade e à perda de imparcialidade do julgador. Assim o assinala González Lagier, que expõe que podem conduzir à arbitrariedade ou à irracionalidade, mas também podem conduzir ao bom julgamento ou a um processo racional de investigação dos fatos.110 Este último é o que deve fazer um juiz imparcial, livre de preconceitos. Caso se deseje superar a falácia normativista, o argumento judicial poderia focar a diretriz que nasce da distinção doutrinal entre pensamento problemático e pensamento sistemático, que orientam a decisão judicial no sistema normativo e no problema jurídico, respectivamente. No pensamento problemático, o sistema não determina mecanicamente a resposta, já que a prioridade do problema faz com que a solução seja dada a partir do próprio problema, enquanto no pensamento sistemático a solução opera a 108 Cfr. Taruffo, Michele, La prueba de las hechos, 2a. ed., Trotta, Madrid, 2005, p. 349. 109 Cfr. Ibidem, pp. 427-428. 110 Cfr. González Lagier, Daniel, “Quaestio facti”. Ensayo…, op. cit., p. 75. Serie Monografias Premiadas 3.indb 142 18/11/2010 12:35:40 p.m. 143 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... no tiene una función cognoscitiva, sino argumentativa.108 Destaca Taruffo que los controles racionales no son únicamente los que se refieren al uso y a la valoración de las pruebas, sino que es necesario pensar también en controles procedimentales, siendo relevante el control preventivo respecto de la decisión que deriva del principio de contradicción entre las partes, que vincula a emitir la decisión con base únicamente en los elementos discutidos por las partes en el curso del proceso.109 Los métodos de valoración de la prueba, en la parte que le conceden al Juez discrecionalidad, pueden conducir a la arbitrariedad y pérdida de imparcialidad del juzgador. Así lo señala González Lagier, quien expone que puede conducir a la arbitrariedad o la irracionalidad, como también puede conducir al buen juicio o a un procedimiento racional de investigación sobre los hechos.110 Esto último es lo que debe hacer un Juez imparcial, libre de prejuicios. Si se desea superar la falacia normativista, el razonamiento judicial podría enfocarse en la directriz que nace de la distinción doctrinal entre pensamiento problemático y pensamiento sistemático, que orientan la decisión judicial, en el sistema normativo y en el problema jurídico, respectivamente. En el pensamiento problemático el sistema no determina mecánicamente la respuesta, puesto que la prioridad del problema hace que la solución venga dada desde el problema mismo, en tanto que en el pensamiento sistemático la 108 Cfr. Taruffo, Michele, La prueba de las hechos, 2a. ed., Trotta, Madrid, 2005, p. 349. 109 Cfr. Ibidem, pp. 427-428. 110 Cfr. González Lagier, Daniel, “Quaestio facti”. Ensayo…, op. cit., p. 75. Serie Monografias Premiadas 3.indb 143 18/11/2010 12:35:40 p.m. 144 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... partir do sistema, que escolhe o problema para encontrar uma solução dentro do próprio sistema. A superação da falácia normativista implicaria conciliar ambas as visões, por isso o juiz imparcial teria que situar-se no problema, construindo a premissa fáctica com bases racionais e morais. 4. Justificativa da decisão judicial A doutrina distingue entre contexto da descoberta e da justificativa nas decisões judiciais. Explica Atienza que o primeiro é o processo psicológico, sociológico, pelo qual o juiz chega a decidir em um caso. O segundo, o contexto da descoberta é a fundamentação oferecida da decisão. O contexto da descoberta permite explicar por que o juiz tomou a decisão, e o da justificativa refere aos motivos que sustentam a decisão.111 A respeito da importância do contexto de descoberta na decisão judicial Josep Aguiló expõe uma relação aparentemente contraditória com o princípio de imparcialidade e que está vinculada a duas instituições processuais: a abstenção e a recusa, que protegem não só o direito dos cidadãos a serem julgados pelo Direito, mas também a credibilidade das decisões, já que, na realidade, o que o juiz que se abstém reconhece é que se não o fizesse, suas decisões poderiam ser vistas como motivadas por razões diversas das postuladas pelo direito; por isso Josep Aguiló considera que não é certo que o direito se separe do contexto 111 Cfr. Atienza, Manuel, El derecho como argumentación, Ariel Derecho, Barcelona, 2006, p. 99. Serie Monografias Premiadas 3.indb 144 18/11/2010 12:35:40 p.m. 145 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... solución opera desde el sistema, que selecciona el problema para encontrar una solución dentro del propio sistema. La superación de la falacia normativista implicaría conciliar ambas visiones, por lo que el Juez imparcial tendría que situarse en el problema, construyendo la premisa fáctica con bases racionales y morales. 4. Justificación de la decisión judicial La doctrina distingue el contexto de descubrimiento y el de justifi­ cación en las decisiones judiciales. El primero consiste, explica Atienza, en el proceso psicológico y sociológico mediante el cual un Juez llega a tomar una decisión en un caso; por su parte, el contexto de descu­brimiento consiste en la fundamentación que se ofrece de la decisión. El contexto de descubrimiento permite explicar por qué el Juez tomó la decisión, y el de justificación refiere las razones que sustentan la decisión.111 En relación con la importancia del contexto de descubrimiento en la decisión judicial, refiere Josep Aguiló una relación aparentemente contradictoria con el principio de imparcialidad, que está vinculada a dos instituciones procesales: la abstención y la recusación, que protegen no sólo el derecho de los ciudadanos a ser juzgados desde el derecho, sino también la credibilidad de las decisiones, puesto que lo que en realidad reconoce el Juez que se abstiene es que si no lo hiciera, sus decisiones podrían ser vistas como motivadas por razones distintas a las suministradas por el derecho, por lo que Josep Aguiló estima que no es cierto que el derecho se desen- 111 Cfr. Atienza, Manuel, El derecho como argumentación, Ariel Derecho, Barcelona, 2006, p. 99. Serie Monografias Premiadas 3.indb 145 18/11/2010 12:35:40 p.m. 146 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... de descoberta e das razões explicativas das decisões judiciais.112 O argumento do citado autor deve ser entendido no sentido de que, se o direito não desse importância ao contexto da descoberta, não existiria a abstenção nem a recusa por isso é a conclusão que tem importância, em virtude da imparcialidade com que os juízes devem proceder. Há outros elementos que funcionam no contexto de descoberta e que podem comprometer a imparcialidade do juiz, como as audiências privadas das partes. Na verdade, muitas das normas dos códigos de ética se desenvolvem no contexto de descoberta para evitar que o juiz comprometa sua imparcialidade. Esta observação de Aguiló é confirmada por diversas regras do CIEJ, relacionadas com o princípio de imparcialidade, como as dos artigos 11, 12, 14 e 15, que impõem aos juízes o dever de abster-se de intervir nas causas nas quais sua imparcialidade se vir comprometida, de evitar tratamento preferencial às partes, de aceitar presentes das partes ou de ter reuniões injustificadas com as elas Quanto à justificativa das decisões judiciais, estas se distinguem em interna e externa. A primeira tem caráter lógico e, como indica Vigo, alude aos mecanismos de inferência estabelecidos nas premissas. Já a justificativa externa se questiona sobre a validade das premissas e das regras de inferência.113 112 Cfr. Aguiló Regla, Joseph, “Independencia e imparcialidad de los Jueces y argumentación jurídica”, Isonomía, Revista de Teoría y Filosofía del Derecho, núm. 6, ITAM, México, 1997, pp. 77-78. 113 Cfr. Vigo, Rodolfo L., Interpretación jurídica..., op. cit., p. 36. Serie Monografias Premiadas 3.indb 146 18/11/2010 12:35:40 p.m. 147 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... tienda del contexto de descubrimiento y de las razones explicativas de las decisiones judiciales.112 El argumento del citado autor debe entenderse en el sentido de que, si el derecho no le diera importancia al contexto de descubrimiento, no existiría la abstención ni la recusación, por lo que la conclusión es que sí reviste importancia, en razón de la imparcialidad con que deben proceder los Jueces. Hay otros elementos que funcionan en el contexto de descubrimiento que pueden comprometer la imparcialidad del Juez, como las audiencias privadas de las partes. En rigor, muchas de las normas de los códigos de ética se desenvuelven en el contexto de descubrimien­to para evitar que el Juez comprometa su imparcialidad. Esta observación de Aguiló, está confirmada por diversas reglas del CIEJ, relacionadas con el principio de imparcialidad, como las con­ tenidas en los artículos 11, 12, 14 y 15, que le imponen a los Jueces el deber de abstenerse de intervenir en las causas en las que se vea comprometida su imparcialidad, evitar trato preferencial a las partes, recibir regalos de ellas o tener reuniones con las partes que resulten injustificadas. Por lo que se refiere a la justificación de las decisiones judiciales, se distingue en interna y externa. La primera es de carácter lógico. Como indica Vigo, alude a los mecanismos de inferencia que se establecen en las premisas, mientras que la justificación externa se pregunta por la validez de las premisas y las reglas de inferencia.113 112 Cfr. Aguiló Regla, Joseph, “Independencia e imparcialidad de los Jueces y argumentación jurídica”, Isonomía, Revista de Teoría y Filosofía del Derecho, núm. 6, ITAM, México, 1997, pp. 77-78. 113 Cfr. Vigo, Rodolfo L., Interpretación jurídica..., op. cit., p. 36. Serie Monografias Premiadas 3.indb 147 18/11/2010 12:35:41 p.m. 148 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... O juiz imparcial tem compromisso ético na construção das premissas normativa e fáctica, pois disso depende que a conclusão derivada da solução do caso seja correta e justa. Para isso é necessário usar outros recursos além dos proporcionados pela lógica formal. O que importa é proporcionar boas razões e que, de acordo com Atienza, estas possam ser conduzidas em um argumento prático, do qual não são excluídos os motivos morais com concepção material e pragmática da argumentação.114 É por isso que Vigo indica que tanto o saber jurídico, como o saber prático, implicam a reabilitação da filosofia prática nas quais se prescinde das pretensões juridicistas que tentam explicar o direito só pelo direito, evitando contaminações políticas, éticas etc., orientando esse saber prático para dirigir a conduta humana à transformação do homem, para fazê-lo crescer individual ou socialmente.115 A razão prática, orientada para o bem, necessariamente conduz aos argumentos morais, por isso estes desempenham função transcendental na justificativa das decisões judiciais e constituem oportunidades para o juiz manter-se como terceiro imparcial. Comentando a influência objetiva da moral sobre a interpretação dos juízes, Juan Díaz Romero se pergunta se devem ser consideradas as normas e os princípios morais ao proferir a sentença. Considera que os elementos éticos que já foram incluídos pelo legislador ficam excluídos de sua pergunta por ser óbvio que devem ser atendidos. A respeito dos não incluídos, menciona que não existe consenso na 114 Cfr. Atienza, Manuel, El derecho como…, op. cit., pp. 8, 197 y 242. 115 Cfr. Vigo, Rodolfo L., Interpretación jurídica..., op. cit., pp. 27 y 99. Serie Monografias Premiadas 3.indb 148 18/11/2010 12:35:41 p.m. 149 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... El Juez imparcial tiene un compromiso ético en la construcción de las premisas normativa y fáctica, pues de ello depende que la conclusión de la que deriva la solución del caso sea correcta y justa. Para ello no sólo resulta necesario utilizar los recursos que proporciona la lógica formal. Lo que importa es que se proporcionen buenas ra­zones, que de acuerdo con Atienza, se puedan conducir en un razonamiento práctico, en el que no se excluyen razones morales, con una concepción material y pragmática de la argumentación.114 Es por esto que Vigo señala que tanto el saber jurídico como el saber práctico, implican la rehabilitación de la filosofía práctica en la que se marginan las pretensiones juridicistas que intentan explicar el derecho sólo desde el derecho, evitando contaminaciones políticas, éticas, etcé­ te­ra, orientando ese saber práctico a dirigir la conducta humana a la transformación del hombre para hacerlo crecer individual o socialmente.115 La razón práctica orientada al bien, necesariamente conduce a los razonamientos morales, por lo que éstos desempeñan una función trascendente en la justificación de las decisiones judiciales y constituyen una oportunidad del Juez para mantenerse como un tercero imparcial. Al comentar la influencia objetiva de la moral sobre la interpretación de los Jueces, Juan Díaz Romero se pregunta si se deben tomar en cuenta las normas y principios morales al dictar sentencia. Considera que los elementos éticos que ya fueron incluidos por el legislador, quedan excluidos de su pregunta por ser obvio que deben atenderse. Respecto a los no incluidos, refiere que 114 Cfr. Atienza, Manuel, El derecho como…, op. cit., pp. 8, 197 y 242. 115 Cfr. Vigo, Rodolfo L., Interpretación jurídica..., op. cit., pp. 27 y 99. Serie Monografias Premiadas 3.indb 149 18/11/2010 12:35:41 p.m. 150 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... doutrina, mas considera que o desenvolvimento filosófico dos princípios abre novos caminhos na ciência do direito e na prática jurídica.116 São muitos os desafios que um juiz eticamente comprometido deve superar. Existem vícios que devem ser banidos. Um deles é o uso incorreto nas decisões judiciais do argumento relacionado com as intenções do legislador. A prática jurídica mexicana, que concede papel importante a essas intenções, interpreta a norma de acordo com as intenções do legislador. Ronald Dworkin assinala os riscos de conceber estas intenções como representativas dos estados mentais da maioria dos legisladores que aprovaram a norma e cita Wittgenstein, que adverte sobre o terrível mal-entendido desse quadro, já que ter uma ideia e escolher as palavras para representála não são duas atividades separadas.117 Dworkin expõe que a intenção do legislador é também prática legal americana, mas considera que a perspectiva do juiz “Hércules” não precisa dessa estrutura, que não deve ser vista como combinação de intenções de certos legisladores, mas como resultado integral de uma atitude interpretativa em relação aos acontecimentos jurídicos que culminam com a norma jurídica.118 A ideia anterior de Dworkin corresponde ao modelo de interpretação reconstrutivo, do próprio autor que, de acordo com 116 Cfr. Díaz Romero, Juan, “Los valores éticos de las personas involucradas en la justicia constitucional. Las principales formas en que la ética influye en el quehacer judicial”, Revis­ ta Iberoamericana de Derecho Procesal Constitucional, n° 8, Porrúa/Instituto Iberoamericano de Derecho Procesal Constitucional, México, 2008, pp. 136 y 143. 117 Cfr. Dworkin, Ronald, El imperio de la justicia, Gedisa, Barcelona, 2005, p. 224. 118 Cfr. Ibidem, p. 225. Serie Monografias Premiadas 3.indb 150 18/11/2010 12:35:41 p.m. 151 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... no existe consenso en la doctrina, pero estima que el desarrollo filosófico de los principios abre nuevos caminos en la ciencia del derecho y en la práctica jurídica.116 Son muchos los retos que debe superar un Juez comprometido éticamente. Existen vicios que deben desterrarse. Uno de ellos es el uso incorrecto en las decisiones judiciales del argumento relacionado con las intenciones del legislador. La práctica jurídica mexicana le concede un rol importante a dichas intenciones, y consiste en interpretar la norma de acuerdo a las intenciones del legislador. Ronald Dworkin señala los riesgos de concebir estas intenciones como representativas de los estados mentales de la mayoría de los legisladores que aprobaron la norma, y cita a Wittgenstein que advierte del terrible malentendido de ese cuadro, ya que tener una idea y elegir las palabras para representarla no son dos actividades separadas.117 Dworkin expone que las intenciones del legislador son también una práctica legal norteamericana, pero considera que la perspectiva del Juez “Hércules” no necesita esa estructura, que no debe verse como combinación de intenciones de ciertos legisladores, sino como resultado integral de una actitud interpretativa respecto a los sucesos políticos que culminan con la norma jurídica.118 La anterior idea de Dworkin corresponde al modelo de interpretación reconstructivo, del propio autor, que de acuerdo con Isabel 116 Cfr. Díaz Romero, Juan, “Los valores éticos de las personas involucradas en la justicia constitucional. Las principales formas en que la ética influye en el quehacer judicial”, Revis­ ta Iberoamericana de Derecho Procesal Constitucional, n° 8, Porrúa/Instituto Iberoamericano de Derecho Procesal Constitucional, México, 2008, pp. 136 y 143. 117 Cfr. Dworkin, Ronald, El imperio de la justicia, Gedisa, Barcelona, 2005, p. 224. 118 Cfr. Ibidem, p. 225. Serie Monografias Premiadas 3.indb 151 18/11/2010 12:35:41 p.m. 152 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... Isabel Linfante Vidal, pretende averiguar o sentido da prática social, configurada pelos princípios que permitem ver a prática como unidade que serve a certos valores e propósitos. Trata-se de reconstruir todo o sistema jurídico com visão integradora, que deve permitir a única resposta correta.119 Para Jeremy Waldron um novo conceito em favor da tese intencionalista provém de obra de Andrei Marmor, que evita apoiar a intensão do legislador no argumento democrático e que apela para a teoria da autoridade do direito de Raz. Este último afirma que a justificativa de X ter justificativa sobre Y é porque Y cumpre melhor os motivos relevantes para suas decisões quando obedece às diretrizes de X que quando tem de determinar por si mesmo o que essas razões exigem. Marmor supõe que, se isso é certo a respeito das diretrizes de X, é provável que também o seja em relação às intenções que subjazem a essas diretrizes, ainda quando essas intenções não estiverem assinaladas de forma explícita nas próprias diretrizes e devamos recorrer a outros meios para averiguá-las.120 A postura intencionalista anterior se apóia na concepção do direito como motivo para a ação, já examinada anteriormente, a qual repousa em boa medida na racionalidade do legislador, a mesma que, como já visto, não é infalível. Mas a prática judicial que se apóia nas intenções do legislador deveria somar a racionalidade 119 Cfr. Linfante Vidal, Isabel, “La Teoría de Ronald Dworkin: la reconstrucción del derecho a partir de casos”, Jueces para la democracia, ISSN 1133-0627, España, 1999, pp. 41-46. 120 Cfr. Waldron, Jeremy, Derecho y desacuerdos, Marcial Pons, colección Filosofía y Derecho, Madrid, 2005, p. 144. Serie Monografias Premiadas 3.indb 152 18/11/2010 12:35:41 p.m. 153 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... Linfante Vidal pretende averiguar cuál es el sentido de la práctica social, configurada por los principios que son los que permiten ver la práctica como una unidad que sirve a ciertos valores y propósitos. Se trata de reconstruir todo el sistema jurídico con una visión integradora que debe permitir la única respuesta correcta.119 Para Jeremy Waldron, un nuevo alegato a favor de la tesis intencionalista proviene de una obra de Andrei Marmor, que evita apoyar las intenciones del legislador en el argumento democrático y que apela a la teoría de la autoridad del derecho de Raz. Este último afirma que la justificación de que X tenga justificación sobre Y consiste en que Y cumple mejor las razones relevantes para sus decisiones cuando obedece las directivas de X que cuando trata de determinar por sí mismo qué es lo que esas razones exigen. Marmor supone que si esto es cierto, entonces respecto de las directivas de X es probable que también lo sea en relación con las intenciones que hay tras estas directivas aun cuando dichas intenciones no estén señaladas de manera explícita en las propias directivas y debamos recurrir a otros medios para averiguarlas.120 La anterior postura intencionalista se apoya en la concepción del derecho como razón para la acción, que ya se examinó previamente, la cual descansa en buena medida en la racionalidad del legis­ lador, misma que como se vio, no es infalible. Ahora, la práctica judicial que se apoya en las intenciones del legislador debería sumar 119 Cfr. Linfante Vidal, Isabel, “La Teoría de Ronald Dworkin: la reconstrucción del derecho a partir de casos”, Jueces para la democracia, ISSN 1133-0627, España, 1999, pp. 41-46. 120 Cfr. Waldron, Jeremy, Derecho y desacuerdos, Marcial Pons, colección Filosofía y Derecho, Madrid, 2005, p. 144. Serie Monografias Premiadas 3.indb 153 18/11/2010 12:35:41 p.m. 154 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... do legislador à própria racionalidade do juiz em um contexto de justificativa tanto da norma como da premissa fáctica. No entanto, a prática judicial apresenta um sério problema de imparcialidade quando apela às decisões do legislador, já que não explicita motivos que apelem ao processo de elaboração da lei, nem expõe argumentos de interpretação reconstrutiva da norma que justifiquem fundamentar a decisão na intenção do legislador, que serviu para ocultar as próprias intenções do julgador de favorecer arbitrariamente a algumas das partes, por isso esse recurso interpretativo é fonte de parcialidade, ou simplesmente de arbitrariedade. Serie Monografias Premiadas 3.indb 154 18/11/2010 12:35:41 p.m. 155 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... la racionalidad del legislador a la propia racionalidad del Juez en un contexto de justificación tanto de la norma como de la premisa fáctica. Sin embargo, la práctica judicial presenta un serio problema de imparcialidad cuando se apela a las decisiones del legislador, ya que no explicita razones que apelen al proceso de elaboración de la ley, ni se exponen argumentos de una interpretación reconstructiva de la norma que justifique fundar la decisión en la intención del legislador, que ha servido para ocultar las propias intenciones del juzgador, de favorecer arbitrariamente a alguna de las partes, por lo que este recurso interpretativo es fuente de parcialidad, o bien simplemente de arbitrariedad. Serie Monografias Premiadas 3.indb 155 18/11/2010 12:35:41 p.m. Capítulo VI Caracterização do princípio de imparcialidade 1. A imparcialidade como princípio No item XII da Exposição de Motivos do CIEJ, os princípios éticos são identificados como núcleos concentrados de ética judicial que demandam certo perfil intrínseco valioso e que servem para justificar normas diferentes. Nem todos os códigos de ética judicial regulam a imparcialidade como princípio; alguns se referem a ela como valor. Tal é o caso do CEJRP, que em seu artigo 5º consagra os valores da magistratura. De seu lado, o artigo 11 do mesmo código estabelece a imparcialidade como dever essencial do juiz. A conceitualização anterior força à distinção entre princípios e valores. A esse respeito, Marina Gazcón Abellán e Afonso García Figeroa explicam que os constitucionalistas ensaiaram diversos critérios de distinção afirmando que os valores têm conteúdo ético, e os princípios, conteúdo político; que os 156 Serie Monografias Premiadas 3.indb 156 18/11/2010 12:35:41 p.m. Capítulo VI Caracterización del principio de imparcialidad 1. La imparcialidad como principio En el apartado XII de la Exposición de Motivos del CIEJ, se identifican los principios éticos como núcleos concentrados de ética judicial que reclaman cierto perfil intrínseco valioso, y que sirven para justificar diferentes normas. No todos los códigos de ética judicial regulan la imparcialidad como principio, algunos se refieren a ella como valor. Tal es el caso del CEJRP que en su artículo 5o., consagra los valores de la magistratura. A su vez el artículo 11, del mismo código, establece la imparciali­ dad como un deber esencial del Juez. La anterior conceptualización obliga a distinguir entre principios y valores. Al respecto, Marina Gazcón Abellán y Alfonso García Figueroa explican que los constitu­ cionalistas han ensayado diversos criterios de distinción; se ha dicho que los valores tienen contenido ético y los principios contenido 157 Serie Monografias Premiadas 3.indb 157 18/11/2010 12:35:41 p.m. 158 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... valores carecem de eficácia, que gozam de superioridade perante os princípios e seriam mais gerais; que valores e princípios enunciam, respectivamente, conceitos axiológicos e deontológicos.121 Os mesmos autores apontam que Alexy recorreu à tripartição dos conceitos práticos, formulada por Von Wright, que os divide em deontológicos, axiológicos e antropológicos. Os primeiros determinam algum dever; os segundos, que algo é bom e valioso; os últimos se referem a elementos enraizados na natureza humana, como vontade, interesse, ação, decisão etc.122 Como indicado pelo próprio Alexy, “o que no modelo dos valores é o melhor prima facie, no modelo dos princípios é o devido prima facie, e o que no modelo dos valores é definitivamente o melhor, no modelo dos princípios é definitivamente o devido”.123 A união dos três conceitos práticos, antes indicada, poderia ser graficamente expressa em um modelo de justiça vinculada com a imparcialidade, da seguinte forma: Igualdade Valor Gráfico 1 Princípio Decisão Gráfico 2 Imparcialidade Decisão 121 Cfr. Gazcón Abellán, Marina y García Figueroa, Alfonso J., La argumentación en el derecho, 2a. ed., Palestra, Lima, 2005, p. 267. 122 Cfr. Ibidem, p. 266. 123 Alexy, Robert, Teoría de los derechos fundamentales, 2a. ed., en español, Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, Madrid, 2008, p. 125. Serie Monografias Premiadas 3.indb 158 18/11/2010 12:35:41 p.m. 159 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... político; que los valores carecerían de eficacia, que gozan de superioridad frente a los principios y serían más generales; que valores y principios enuncian, respectivamente, conceptos axiológicos y deontológicos.121 Los mismos autores señalan que Alexy ha recurrido a la tripartición de los conceptos prácticos formulada por Von Wright; que los divide en deontológicos, axiológicos y antropológicos, los primeros determinan algún deber, los segundos, que algo es bueno o valioso y los últimos se refieren a elementos enraizados en la naturaleza humana, como voluntad, interés, acción, decisión, etcétera.122 Como lo señala el propio Alexy: “lo que en el modelo de los valores es lo mejor prima facie, en el modelo de los principios es debido prima facie; y lo que en el modelo de los valores es lo mejor en definitiva, en el modelo de los principios es debido en definitiva”.123 La unión de los tres conceptos prácticos antes señalada se podría expresar gráficamente, dentro de un modelo de justicia vinculada con la imparcialidad, de la manera siguiente. Igualdad Valor Gráfica 1 Principio Decisión Gráfica 2 Imparcialidad Decisión 121 Cfr. Gazcón Abellán, Marina y García Figueroa, Alfonso J., La argumentación en el derecho, 2a. ed., Palestra, Lima 2005, p. 267. 122 Cfr. Ibidem, p. 266. 123 Alexy, Robert, Teoría de los derechos fundamentales, 2a. ed., en español, Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, Madrid, 2008, p. 125. Serie Monografias Premiadas 3.indb 159 18/11/2010 12:35:41 p.m. 160 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... De acordo com as distinções anteriores, é correta a diferenciação entre valor e princípio de imparcialidade estabelecida pelo CEJRP, embora não use a palavra princípio, mas dever. Não obstante o CIEJ não ter uma lista dos valores próprios da judicatura, eles estão implícitos nos princípios. A doutrina admite que os princípios constituem uma espécie de gênero das normas. Assim o reconhece Alexy, ao assinalar que tanto as regras como os princípios podem ser concebidos como normas. Por essa razão, trata-se de uma distinção que opera dentro da classe das normas. O ponto decisivo para distinção entre regras e princípios é que os princípios são mandatos de otimização, enquanto que as regras têm caráter de mandatos definitivos.124 O próprio Alexy explica o sentido de otimização quando o ordenado pelos princípios é realizado, na maior medida possível, dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes e por isso pode ser cumprido em grau diferente.125 Ao indicar as diferenças entre princípios e regras, Juan Carlos Bayón indica que os princípios seriam normas que prescrevem a realização de certos valores, enquanto as regras seriam normas que modelam as ações deonticamente. Os princípios não esclarecem quais ações se materializariam ou quais valores se frustrariam; as regras não esclarecem quais valores realizariam.126 É possível perceber 124 Cfr. Alexy, Robert, El concepto y la validez del derecho, Gedisa, Barcelona, 1994, p. 162. 125 Cfr. Alexy, Robert, Teoría de los derechos…, op. cit., pp. 67-68. 126 Cfr. Bayón, Juan Carlos, “Principios y reglas: legislación y jurisdicción en el Estado constitucional”, en Jueces para la Democracia, núm, 27, Madrid, noviembre 1996, p. 46. Serie Monografias Premiadas 3.indb 160 18/11/2010 12:35:41 p.m. 161 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... De acuerdo con las anteriores distinciones, es correcta la dife­ renciación entre valor y principio de imparcialidad que establece el CEJRP, si bien no utiliza la palabra principio, sino la de deber. No obstante que el CIEJ no contiene una lista de los valores propios de la judicatura, los mismos se encuentran implícitos en los principios. La doctrina admite que los principios constituyen una especie del género de las normas. Así lo reconoce Alexy, al señalar que tanto las reglas como los principios pueden ser concebidos como normas, por lo que entonces se trata de una distinción que opera dentro de la clase de las normas. El punto decisivo para la distinción entre reglas y principios es que los principios son mandatos de optimización, mientras que las reglas tienen el carácter de mandatos definitivos.124 El propio Alexy explica el sentido de optimización en cuanto a que lo ordenado por los principios sea realizado en la mayor medida posible, dentro de las posibilidades jurídicas y reales existentes, por lo que puede cumplirse en diferente grado.125 Al señalar las diferencias entre principios y reglas, Juan Carlos Bayón indica que los principios serían normas que prescriben que se realicen ciertos valores, mientras que las reglas serían normas que modalizan deónticamente acciones. Los principios no aclaran qué acciones en concreto se materializarían o frustrarían los valores; las reglas no aclaran qué valores realizarían.126 Puede advertirse que 124 Cfr. Alexy, Robert, El concepto y la validez del derecho, Gedisa, Barcelona, 1994, p. 162. 125 Cfr. Alexy, Robert, Teoría de los derechos…, op. cit., pp. 67-68. 126 Cfr. Bayón, Juan Carlos, “Principios y reglas: legislación y jurisdicción en el Estado constitucional”, en Jueces para la Democracia, núm, 27, Madrid, noviembre 1996, p. 46. Serie Monografias Premiadas 3.indb 161 18/11/2010 12:35:41 p.m. 162 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... que existe relação de meio a fim que vincula os princípios aos valores, e as regras aos princípios. Os princípios podem ser examinados como motivos para a ação. Existe uma distinção de caráter funcional entre princípios e regras, conhecida como “modelo Atienza-Ruiz Manero”, que considera as regras como motivos peremptórios para a ação e os princípios como motivos não peremptórios. As regras são peremptórias porque operam como motivos excludentes. Em troca, os princípios não são peremptórios, porque não excluem considerar outros princípios na deliberação.127 Atienza e Ruiz Manero distinguem princípios explícitos e implícitos. Os primeiros são independentes do conteúdo porque o que lhes permite ser um motivo para justificar as decisões jurisdicionais é o mesmo que no caso das regras, e refere-se a sua origem em uma determinada fonte. Os implícitos não são independentes do conteúdo, porque, se devem fazer parte da argumentação dos órgãos jurisdicionais, não é por virtude de sua origem em alguma fonte, mas por certa qualidade de seu conteúdo.128 A distinção anterior permite considerar o princípio de imparcialidade como implícito, porque o que explica sua razão de fazer parte da argumentação judicial não depende de sua fonte, em uma norma jurídica ou ética, mas de sua qualidade instrumental para realizar a justiça. 127 Cfr. Gazcón Abellán, Marina y García Figueroa, Alfonso J., La argumentación en…, op. cit., pp. 264-265. 128 Cfr. Atienza, Manuel y Ruiz Manero, Juan, Las piezas del…, op. cit., p. 36. Serie Monografias Premiadas 3.indb 162 18/11/2010 12:35:41 p.m. 163 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... hay una relación de medio a fin que vincula a los principios con los valores, y a las reglas con los principios. Los principios pueden examinarse como razones para la acción. Existe una distinción entre principios y reglas de carácter funcional conocido como modelo Atienza-Ruiz Manero que considera las reglas como razones perentorias para la acción y los principios como razones no perentorias. Las reglas son perentorias porque operan como razones excluyentes. En cambio los principios no son pere­ torios, porque no excluyen tomar en cuenta otros principios en la deliberación.127 Atienza y Ruiz Manero distinguen principios explícitos e implícitos. Los primeros son independientes del contenido porque lo que les per­ mite ser una razón para justificar las decisiones jurisdiccionales, es la misma que en el caso de las reglas y que consiste en su origen en una determinada fuente. Los implícitos no son independientes del contenido porque si deben entrar a formar parte del razonamiento de los órganos jurisdiccionales no es por virtud de su origen en alguna fuente, sino por cierta cualidad en su contenido.128 La anterior distinción permite considerar al principio de imparcialidad como implícito, porque lo que explica su razón para formar parte del razonamiento judicial, no depende de su fuente en una norma jurídica o ética, sino de su cualidad instrumental para realizar la justicia. 127 Cfr. Gazcón Abellán, Marina y García Figueroa, Alfonso J., La argumentación en…, op. cit., pp. 264-265. 128 Cfr. Atienza, Manuel y Ruiz Manero, Juan, Las piezas del…, op. cit., p. 36. Serie Monografias Premiadas 3.indb 163 18/11/2010 12:35:41 p.m. 164 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... De um ponto de vista metodológico, deve-se distinguir a função que desempenham os princípios, como motivo para a decisão final e que têm base ética, da função que o direito desempenha como motivo para a decisão judicial, que tem base jurídica e moral. Ambas as funções devem ser conjugadas pelo julgador. Os princípios são fonte de interpretação das normas jurídicas e dão ensejo ao que a doutrina conhece como interpretação principialista. Guastini afirma que os princípios propiciam interpretação adequadora, uma espécie do gênero da interpretação sistemática e que é instrumento para prevenir ou evitar antinomias.129 O princípio da imparcialidade, de forma indireta, pode ter função de interpretação orientadora, já que, como princípio implícito não incorpora valor intrínseco, mas extrínseco, por isso essa função pode ser realizada por meio dos princípios que são seu fundamento: a igualdade e a não discriminação. Nessa direção se orienta Dworkin, pronunciando-se por uma interpretação com base igualitária, examinando o tema da responsabilidade pública e privada.130 2. A imparcialidade como regra O princípio da imparcialidade está amparado em diversas regras dos artigos 9° ao 17° do CIEJ. Essas regras representam concretizações do princípio de imparcialidade. O estabelecimento 129 Cfr. Guastini, Riccardo, “Principio de derecho y discrecionalidad judicial”, Jueces para la Democracia, núm. 34, Madrid, marzo 1999, p. 44. 130 Cfr. Dworkin, Ronald, El imperio…, op. cit., pp. 64-65. Serie Monografias Premiadas 3.indb 164 18/11/2010 12:35:41 p.m. 165 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... Desde un punto de vista metodológico se debe distinguir la función que desempeñan los principios como razón para la decisión judicial, que tienen una base ética, de la función que desempeña el derecho como razón para la decisión judicial, que tiene una base jurídica y moral. Ambas funciones deben conjugarse por el juzgador. Los principios son fuente de la interpretación de las normas jurídicas y dan lugar a lo que la doctrina conoce como interpretación principialista. Refiere Guastini que los principios propician una in­ terpretación adecuadora, que es una especie del género de la interpretación sistemática y es un instrumento para prevenir o evitar antinomias.129 El principio de imparcialidad puede tener una función de interpretación orientadora, en forma indirecta, ya que como principio implícito no incorpora un valor intrínseco, sino extrínseco, por lo cual esa función puede realizarla a través de los principios que constituyen su fundamento y que son la igualdad y la no discriminación. En esta dirección se orienta Dworkin, al pronunciarse por una interpretación con base igualitaria al examinar el tema de la responsabilidad pública y privada.130 2. La imparcialidad como regla El principio de imparcialidad se recoge en diversas reglas contenidas en los artículos 9° a 17 del CIEJ. Dichas reglas representan concreciones del principio de imparcialidad. El establecimiento de las reglas 129 Cfr. Guastini, Riccardo, “Principio de derecho y discrecionalidad judicial”, Jueces para la Democracia, núm. 34, Madrid, marzo 1999, p. 44. 130 Cfr. Dworkin, Ronald, El imperio…, op. cit., pp. 64-65. Serie Monografias Premiadas 3.indb 165 18/11/2010 12:35:41 p.m. 166 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... de regras éticas precisa de “equilíbrio reflexivo”, conforme expõe Atienza; devem ajustar-se bem, ser coerente com um conjunto de princípios racionalmente justificados e não entrar em conflito com as instituições fundadas.131 As regras são mandatos definitivos, que operam na base do tudo ou nada, de acordo com a fórmula de Dworkin, o que, na opinião de Alexy, complementa-se pela necessidade de uma cláusula de exceção. 132 As regras de imparcialidade do CIEJ aparecem como normas prescritivas, que ordenam ou proíbem condutas aos julgadores, e que estão relacionadas com os princípios de igualdade e não discriminação; buscam afastá-los de qualquer interesse subjetivo no processo, impondo-lhes o dever de abster-se de intervir nas causas nas quais sua imparcialidade se veja comprometida, o que não é outra coisa que a abstenção e seu correlato de recusa como garantia do cidadão. A imparcialidade como relação do juiz com as partes não só é um dever para o juiz, mas também para as partes, no sentido de não tentarem ações que alterem essa imparcialidade e de se reconhecerem em seus próprios códigos deontológicos. Marina del Pilar Olmeda García indica que a ética, no caso da profissão dos advogados, centra-se nas regras de conduta moral que deverão acatar no exercício profissional do direito, em sua relação com o cliente, em seus deveres para com os tribunais, e que se sustentam 131 Cfr. Atienza, Manuel, Reflexiones sobre ética judicial, Serie Ética Judicial núm. 17, Suprema Corte de Justicia de la Nación, México, 2009, p. 33. 132 Cfr. Alexy, Robert, Teoría de los derechos…, op. cit., p. 80. Serie Monografias Premiadas 3.indb 166 18/11/2010 12:35:41 p.m. 167 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... éticas necesita de un “equilibrio reflexivo”, según expone Atienza, deben ajustar bien, ser coherentes con un conjunto de principios racionalmente justificados y no deben chocar con las instituciones fundadas.131 Las reglas son mandatos definitivos, que operan a la manera de todo o nada, de acuerdo con la fórmula de Dworkin, lo que a juicio de Alexy, se complementa por la necesidad de una cláusula de excepción.132 Las reglas de imparcialidad del CIEJ aparecen como normas prescriptivas que ordenan o prohíben conductas a los juzgadores, y que están relacionadas con los principios de igualdad y no discriminación, y buscan alejarlos de todo interés subjetivo en el proceso, imponiéndoles el deber de abstenerse de intervenir en las causas en que se vea comprometida su imparcialidad, lo que no es otra cosa más que la abstención y su correlato de recusación como garantía del justiciable. La imparcialidad como relación del Juez con las partes no sólo implica un deber para el Juez, sino también para aquellas, de no intentar acciones que alteren esa imparcialidad, y que se reconocen en sus propios códigos deontológicos. Señala Marina del Pilar Olmeda García que la ética en el caso de la profesión de los abogados, se centra en las reglas de conducta moral que han de acatar en el ejercicio profesional del derecho, en su relación con el cliente y sus deberes para con los tribunales, y que se sustentan en exigencias de 131 Cfr. Atienza, Manuel, Reflexiones sobre ética judicial, Serie Ética Judicial núm. 17, Suprema Corte de Justicia de la Nación, México, 2009, p. 33. 132 Cfr. Alexy, Robert, Teoría de los derechos…, op. cit., p. 80. Serie Monografias Premiadas 3.indb 167 18/11/2010 12:35:41 p.m. 168 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... em exigências de disciplina, lealdade e prudência.133 A importância dessas relações dá ensejo a considerar a conveniência de que o CIEJ incorporasse uma regra que estabeleça o dever do juiz de zelar pelo comportamento ético das partes, já que o compromisso ético não é exclusivo ao juiz. Não obstante, Elizondo Gasperín expõe que há quem considere que o verdadeiramente importante não é falar em regras básicas processuais ou de um código de ética dos sujeitos processuais, mas que se estabeleça, dentro do processo, o dever do juiz de avaliar a conduta pessoal das partes.134 A estrutura das regras éticas no CIEJ não contém penas, o que é conveniente, já que, além dos motivos expostos no item XIV do CIEJ, seria possível incorrer em duplo e desnecessário sistema de penalização. No entanto, convém assinalar que, no referente aos códigos de ética que impõem penas −como seriam o CEJRP e o CEPJPSF− embora o procedimento de responsabilidade ética não configure violação do princípio non bis in idem, é necessário considerar que isso não exclui o fato de se tratar de um e procedimento penalizador, razão pela qual devem ser respeitadas as garantias próprias de qualquer direito penalizador ao sujeito imputado, primordialmente as de audiência, contradição, defesa e recursos. Assim está estabelecido nos artigos 14 do CEPJPSF e 63 do CEJRP, com a diferença de o primeiro não estabelecer 133 Cfr. Olmeda García, Marina del Pilar, Ética profesional en el ejercicio del derecho, Universidad Autónoma de Baja California, Mexicali, Baja California, México, 2005, pp. 252253 y 261. 134 Cfr. Elizondo Gasperín, Ma. Macarita, Relaciones entre las partes, los Jueces y los abo­ gados, Instituto Nacional de Estudios Superiores en Derecho, México, 2003, pp. 44 y 51. Serie Monografias Premiadas 3.indb 168 18/11/2010 12:35:41 p.m. 169 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... disciplina, lealtad y prudencia.133 La importancia de estas relaciones, da lugar a considerar la conveniencia de que el CIEJ, incorporara una regla que estableciera el deber del Juez de velar por el compor­ tamiento ético de las partes, ya que el compromiso ético no es exclu­ sivo del Juez. No obstante, Elizondo Gasperín expone que hay quienes consideran que lo verdaderamente importante no está en hablar de reglas básicas procesales o de un código de ética de los sujetos procesales, sino que, dentro del proceso, se establezca el deber del Juez de valorar la conducta procesal de las partes.134 La estructura de las reglas éticas en el CIEJ, no contiene sanciones, lo que resulta conveniente, ya que además de las razones que se exponen en el apartado XIV del CIEJ, se podrían incurrir en un doble e innecesario sistema de sanción. Sin embargo, conviene señalar que para los códigos de ética que imponen sanciones como sería el CEJRP y el CEPJPSF, si bien el procedimiento de responsabilidad ética no puede configurar una violación al principio non bis in idem, sí debe considerarse que eso no excluye el hecho de que se trata de un procedimiento sancionador, por lo cual, al sujeto imputado se le deben de respetar las garantías propias de cualquier derecho sancionador, primordialmente las de audiencia, contradicción, defensa y recursos. Así lo establecen los artículos 14 del CEPJPSF y 63 del CEJRP, con la diferencia de que el primero no 133 Cfr. Olmeda García, Marina del Pilar, Ética profesional en el ejercicio del derecho, Universidad Autónoma de Baja California, Mexicali, Baja California, México, 2005, pp. 252253 y 261. 134 Cfr. Elizondo Gasperín, Ma. Macarita, Relaciones entre las partes, los Jueces y los abo­ gados, Instituto Nacional de Estudios Superiores en Derecho, México, 2003, pp. 44 y 51. Serie Monografias Premiadas 3.indb 169 18/11/2010 12:35:41 p.m. 170 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... nenhum recurso. Essa garantia do devido processo está reconhecida pelo Plenário da SCJN, para o direito administrativo penalizador.135 3. A imparcialidade como virtude Como diz Atienza, a imparcialidade como virtude está relacionada com as qualidades necessárias ao juiz para cumprir sua tarefa de administrar justiça além de com os termos puramente normativos, de deveres e direitos. Evita, ademais, a corrupção, e implica marcas de caráter que se formam pelo exercício da profissão, caso exista disposição para isso.136 Alasdair MacIntyre apresenta a dificuldade de encontrar um conceito uniforme da virtude. Indica que podemos confrontar pelo menos três conceitos de virtude: A virtude é a qualidade que permite a um indivíduo desempenhar seu papel social (Homero); a virtude é a qualidade que permite a um indivíduo progredir para atingir o telos especificamente humano, natural ou sobrenatural (Aristóteles, Novo Testamento e Tomás de Aquino); a virtude é uma qualidade útil para atingir o sucesso terreno e celestial (Franklin).137 135 Semanario Judicial de la Federación y su gaceta, t. XXIV, agosto de 2006, P./J. 99/2006, p. 1565. 136 Atienza, Manuel, Cuestiones judiciales, Fontamara, Biblioteca de Ética, Filosofía del Derecho y Política, núm. 91, pp. 137-138. 137 Macintyre, Alasdair, Tras la virtud, Crítica, Barcelona, 2004, p. 231. Serie Monografias Premiadas 3.indb 170 18/11/2010 12:35:41 p.m. 171 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... establece ningún recurso. Esta garantía del debido proceso se encuentra reconocida por el Pleno de la SCJN para el derecho administrativo sancionador.135 3. La imparcialidad como virtud La imparcialidad como virtud está relacionada con las cualidades del Juez necesarias para cumplir con su tarea de administrar justicia, como dice Atienza, más allá de los términos puramente normativos, de deberes y derechos, y que evita la corrupción, sino que posee rasgos de carácter que se forman a través del ejercicio de la profesión, si se tiene disposición para ello.136 Alasdair MacIntyre plantea la dificultad de encontrar un concepto uniforme de la virtud. Indica que podemos confrontar al menos tres conceptos de virtud: La virtud es una cualidad que permite a un individuo desempeñar su papel social (Homero); la virtud es una cualidad que permite a un individuo progresar hacia el logro del telos específicamente humano, natural o sobrenatural (Aristóteles, el Nuevo Testamen­ to y Tomás de Aquino); la virtud es una cualidad útil para conse­ guir el éxito terrenal y celestial (Franklin).137 135 Semanario Judicial de la Federación y su gaceta, t. XXIV, agosto de 2006, P./J. 99/2006, p. 1565. 136 Atienza, Manuel, Cuestiones judiciales, Fontamara, Biblioteca de Ética, Filosofía del Derecho y Política, núm. 91, pp. 137-138. 137 Macintyre, Alasdair, Tras la virtud, Crítica, Barcelona, 2004, p. 231. Serie Monografias Premiadas 3.indb 171 18/11/2010 12:35:41 p.m. 172 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... Esses conceitos permitem definir a virtude como uma qualidade humana adquirida, cuja posse e exercício tendem a tornar-nos capazes de atingir os bens internos à prática.138 Vigo considera o juiz como objeto material da ética judicial e indica dever contar com certas idoneidades: físico-psicológica, técnico-cientifíca, gerencial e ética. Expõe que, a partir da perspectiva do bem, o objeto formal da ética é o juiz; seu propósito é indicar-lhe as exigências para atingir sua plenitude.139 Javier Saldaña Serrano opina que a ética, ou moral, que o juiz deve cultivar no momento de administrar justiça é a ética das virtudes do julgador, entre as quais destaca a prudência, como parte da razão prática, que rege a atividade humana para um fim, que é o bem.140 Com esse espírito, o artigo 17 do CIEJ dispõe que a imparcialidade de julgamento obriga o juiz a criar hábitos rigorosos de honestidade intelectual e de autocrítica. O capítulo V do CEPJF, dedicado à excelência, dispõe que o julgador se aperfeiçoe todo dia para desenvolver as virtudes judiciais. É importante destacar a justiça, como o esforço de dar a cada um o que é devido –objetivo que se consegue com a prática de outras virtudes, como o humanismo, a prudência, a fortaleza e a honestidade. 138 Cfr. Ibidem, p. 237. 139 Cfr. Vigo, Rodolfo L., Ética y responsabilidad judicial, Rubinzal-Culzoni, Santa Fe, 2007, pp. 28-29. 140 Cfr. Saldaña Serrano, Javier, “Virtudes judiciales: principio básico de la deontología jurídica”, en Reforma judicial. Revista Mexicana de Justicia, núm. 8, julio-diciembre de 2006, pp. 84 y 89. Serie Monografias Premiadas 3.indb 172 18/11/2010 12:35:42 p.m. 173 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... Esos conceptos le permiten definir la virtud como una cualidad humana adquirida, cuya posesión y ejercicio tiende a hacernos capaces de lograr los bienes internos a las prácticas.138 Vigo considera al Juez como objeto material de la ética judicial, y señala que debe contar con ciertas idoneidades: físico-psicológica, científico-técnica, gerencial y ética. Expone que el objeto formal de la ética es el Juez desde la perspectiva del bien; su propósito es se­ ñalarle las exigencias para alcanzar su plenitud.139 Opina Javier Saldaña Serrano que la ética o moral que debe cultivar el Juez a la hora de administrar justicia, es la ética de las virtudes del juzgador, entre las que destaca la prudencia, como parte de la razón práctica, que rige la actividad humana hacia un fin, que es el bien.140 Con este espíritu, el artículo 17 del CIEJ, dispone que la imparcialidad de juicio obliga al Juez a generar hábitos rigurosos de honestidad intelectual y de autocrítica. El capítulo V del CEPJF, dedicado a la excelencia, dispone que el juzgador se perfecciona cada día para desarrollar las virtudes judiciales. Es importante destacar la justicia, como el esfuerzo de dar a cada quien lo que le es debido, lo que se logra con la práctica de otras virtudes, como el humanismo, la prudencia, la fortaleza y la honestidad. 138 Cfr. Ibidem., p. 237. 139 Cfr. Vigo, Rodolfo L., Ética y responsabilidad judicial, Rubinzal-Culzoni, Santa Fe, 2007, pp. 28-29. 140 Cfr. Saldaña Serrano, Javier, “Virtudes judiciales: principio básico de la deontología jurídica”, en Reforma judicial. Revista Mexicana de Justicia, núm. 8, julio-diciembre de 2006, pp. 84 y 89. Serie Monografias Premiadas 3.indb 173 18/11/2010 12:35:42 p.m. 174 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... A imparcialidade como virtude estaria vinculada aos traços de caráter do juiz e aos hábitos que gerados a partir deles permitam atingir o bem próprio da função do juiz, ou seja, a justiça. Serie Monografias Premiadas 3.indb 174 18/11/2010 12:35:42 p.m. 175 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... La imparcialidad como virtud estaría vinculada a aquellos rasgos de carácter del Juez y a los hábitos que se pueden generar a partir de ellos, que permitan alcanzar el bien propio de la función del Juez, que es la justicia. Serie Monografias Premiadas 3.indb 175 18/11/2010 12:35:42 p.m. Capítulo VII A importância da imparcialidade no Estado constitucional e democrático As repercussões da imparcialidade dos juízes constitucionais na vida dos Estados contemporâneos são imensas, e tendem a crescer graças a função tuteladora realizada pela justiça constitucional. Para ter uma visão mais próxima do impacto da imparcialidade, é necessário assinalar algumas das funções mais relevantes realizadas pelos Tribunais Constitucionais e que, em alguns casos, os juízes ordinários também desempenham. Estas funções –nas quais a imparcialidade tem papel transcendental de acordo com a própria definição de todo o conteúdo das normas constitucionais– podem ser resumidas em dois grandes itens: a proteção dos direitos fundamentais e a delimitação e manutenção das competências orgânicas dos poderes públicos. No que se refere aos direitos fundamentais, sua proteção jurisdicional é feita por meio de procedimentos específicos de 176 Serie Monografias Premiadas 3.indb 176 18/11/2010 12:35:42 p.m. Capítulo VII La importancia de la imparcialidad en el Estado constitucional y democrático Las repercusiones de la imparcialidad de los Jueces constitucionales en la vida de los Estados contemporáneos es inmensa y tiende a crecer por la función tuteladora que realiza la justicia constitucional. Para tener una visión más cercana del impacto de la imparcia­ lidad, resulta necesario señalar algunas de las funciones más relevantes que realizan los Tribunales Constitucionales, y que en algunos casos también desempeñan los Jueces ordinarios, en las que la imparcialidad juega un papel trascendente, en orden a la definición misma de todo el contenido de las normas constitucionales y que podemos resumir en dos grandes rubros: la protección de los derechos fundamentales y la delimitación y mantenimiento de las competencias orgánicas de los poderes públicos. Por lo que se refiere a los derechos fundamentales, su protección jurisdiccional se realiza mediante los procedimientos específicos de 177 Serie Monografias Premiadas 3.indb 177 18/11/2010 12:35:42 p.m. 178 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... garantia que, no México, são o juízo de amparo, a ação de inconstitucionalidade e as controvérsias constitucionais. Quando direitos fundamentais entram em conflito entre si ou com direitos coletivos ou sociais, a justiça constitucional se vale da técnica de solução denominada ‘ponderação’, que é, nas palavras de Luis Prieto Sanchíz, a ação de considerar imparcialmente os aspectos contrapostos de uma questão ou o equilíbrio do peso de duas coisas; sempre há razões em luta, interesses ou bens em conflito, em suma, normas que nos fornecem justificativas diferentes no momento de adotar uma decisão.141 Para a solução desses conflitos, Alexy considera necessário estabelecer o peso dos princípios em luta, a fim de determinar qual deve prevalecer, e propõe uma lei de ponderação, formulada da seguinte forma: “Quanto maior for o grau da não satisfação ou de afetação de um princípio, tanto maior tem de ser a importância da satisfação do outro”.142 Devido ao fato de os valores e princípios não regularem por si mesmos sua aplicação, Alexy propõe um modelo de fundamentação racional que leva à teoria argumentativa, cujo propósito é evitar que a ponderação fique sujeita ao arbítrio de quem a realiza.143 Prieto Sanchís expõe que a máxima de ponderação de Alexy foi criticada, mostrando-se incapaz de explicar por que efetivamente um princípio pesa mais que outro, e indica que a ponderação conduz 141 Cfr. Prieto Sanchís, Luis, “Neoconstitucionalismo y ponderación judicial”, en Neo­constitucionalismo(s), op. cit., p. 137. 142 Alexy, Robert, Teoría de los derechos…, op. cit., p. 161. 143 Ibid., pp. 157,158 y 167. Serie Monografias Premiadas 3.indb 178 18/11/2010 12:35:42 p.m. 179 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... garantía, que en México son el juicio de amparo, la acción de inconstitucionalidad y las controversias constitucionales. Cuando entran en conflicto derechos fundamentales entre sí o con derechos colectivos o sociales, la justicia constitucional acude a una técnica de solución denominada ponderación, que consiste, en palabras de Luis Prieto Sanchís, en la acción de considerar imparcialmente los aspectos contrapuestos de una cuestión o el equilibrio del peso de dos cosas; hay siempre razones en pugna, intereses o bienes en conflicto, en suma, normas que nos suministran justificaciones diferentes a la hora de adoptar una decisión.141 Para la solución de estos conflictos, Alexy considera necesario establecer el peso de los principios en pugna, para determinar cuál debe prevalecer, y propone una ley de la ponderación, que formula de la siguiente manera: “cuanto mayor es el grado de la no satisfacción o de afectación de un principio, tanto mayor tiene que ser la importancia de la satisfacción del otro”.142 Debido a que los valores y princi­pios no regulan por sí mismos su aplicación, Alexy propone un modelo de fundamentación racional que conduce a una teoría argumentativa, cuyo propósito es evitar que la ponderación quede sujeta al arbitrio de quienes la realizan.143 Prieto Sanchís expone que la máxima de ponderación de Alexy se ha criticado, mostrándose incapaz de explicar por qué efectivamente un principio pesa más que otro y señala que la ponderación 141 Cfr. Prieto Sanchís, Luis, “Neoconstitucionalismo y ponderación judicial”, en Neo­constitucionalismo(s), op. cit., p. 137. 142 Alexy, Robert, Teoría de los derechos…, op. cit., p. 161. 143 Ibid., pp. 157,158 y 167. Serie Monografias Premiadas 3.indb 179 18/11/2010 12:35:42 p.m. 180 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... a uma exigência de proporcionalidade que significa estabelecer uma ordem de preferência referente ao caso concreto. A característica da ponderação é que com ela não se consegue resposta válida para qualquer suposição.144 A técnica ou juízo de proporcionalidade cobrou importância singular nos conflitos de direitos fundamentais e outros bens constitucionais, geralmente produzidos com a ação legislativa do Estado, para impor certas restrições às liberdades públicas na preservação de bens constitucionais, como a ordem pública, o bem comum, a paz social, a segurança jurídica, ou bem, para regular direitos coletivos, direitos sociais ou deveres constitucionais. Na realização desta função, o legislador não pode agir arbitrariamente, nem deve exceder o âmbito constitucional, a partir do qual os direitos fundamentais representam um limite aos poderes públicos, mas que, por sua vez, estão limitados pela própria constituição; daí a ação legislativa se mover em limites que deve respeitar, isto é, o legislador deve realizar sua função normativa dentro das limitações impostas aos direitos fundamentais, para realizar os citados bens constitucionais, mas sem transgredir o conteúdo desses direitos. Para não se exceder em sua função, o legislador deve fazer um juízo de proporcionalidade entre a afetação que sua ação legislativa produzirá nos direitos fundamentais e os benefícios que derivam da lei em relação aos bens constitucionais que está protegendo. No caso da apresentação de um conflito perante o Tribunal 144 Cfr. Prieto Sanchís, Luis, “Neoconstitucionalismo y…” op. cit., p. 143. Serie Monografias Premiadas 3.indb 180 18/11/2010 12:35:42 p.m. 181 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... conduce a una exigencia de proporcionalidad que implica establecer un orden de preferencia relativo al caso concreto. Lo característico de la ponderación es que con ella no se logra una respuesta válida para todo supuesto.144 La técnica o juicio de proporcionalidad ha cobrado singular importancia en los conflictos de derechos fundamentales y otros bienes constitucionales, que se producen generalmente con la acción legislativa del Estado para imponer ciertas restricciones a las libertades públicas, en la preservación de bienes constitucionales como el orden público, bien común, paz social, seguridad jurídica, o bien al regular derechos colectivos, derechos sociales o de deberes constitucionales. Al realizar esta función, el legislador no puede actuar arbitrariamente, ni debe excederse del marco constitucional, desde el cual los derechos fundamentales constituyen un límite a los poderes públicos, pero que a la vez se encuentran limitados por la propia Constitución, de ahí que la acción legislativa se mueve dentro de límites que debe respetar, es decir, el legislador debe realizar su función normativa dentro de las limitaciones impuestas a los derechos fundamentales, para realizar los citados bienes constitucionales, pero sin transgredir el contenido de esos derechos. Para no excederse en su función, el legislador debe realizar un juicio de proporcionalidad, entre la afectación que su acción legislativa va a producir en los derechos fundamentales y los beneficios que derivan de la ley, en relación con los bienes constitucionales que está protegiendo. En caso de plantearse un conflicto ante el Tribunal 144 Cfr. Prieto Sanchís, Luis, “Neoconstitucionalismo y…” op. cit., p. 143. Serie Monografias Premiadas 3.indb 181 18/11/2010 12:35:42 p.m. 182 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... Constitucional, este decidirá se o princípio de proporcionalidade foi respeitado e, para decidi-lo, é determinante sua atuação imparcial para fazer a ponderação de interesses em conflito. O juízo de ponderação, de acordo com Prieto Sanchís, exige os seguintes passos ou fases: primeiro, que a medida examinada tenha fim constitucionalmente legítimo, como fundamento da interferência em um princípio de direito; segundo, que se comprove a adequação ou idoneidade da medida para a proteção ou consecução do fim; terceiro, que a intervenção seja necessária, quer dizer, que não exista outra medida que possa realizar a finalidade e que seja menos onerosa; quarto, o juízo de proporcionalidade que contém o núcleo da ponderação.145 Bernal Pulido considera que o principio de proporcionalidade é critério estrutural para determinar o conteúdo dos direitos fundamentais vinculantes para o legislador, por isso é instrumento para o controle da constitucionalidade das leis.146 A imparcialidade no juízo de ponderação é então condição inevitável da justiça constitucional, já que desse juízo depende a definição material dos direitos fundamentais. Para ser imparcial, o juiz constitucional deve ser também independente, a fim de evitar o que se conhece como a politização da justiça. Garzón Valdés opina 145 Cfr. Ibidem, p. 150. 146 Cfr. Bernal Pulido, Carlos, El principio de proporcionalidad y los derechos fundamentales, Centro de Estudios Constitucionales, Madrid, 2005, pp. 86 y 89. Serie Monografias Premiadas 3.indb 182 18/11/2010 12:35:42 p.m. 183 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... Constitucional, éste decidirá si se respetó el principio de proporcionalidad y, para decidirlo, resulta determinante su actuación imparcial para realizar la ponderación de intereses en conflicto. El juicio de ponderación, de acuerdo con Prieto Sanchís, requiere los siguientes pasos o fases: primero, que la medida examinada presente un fin constitucionalmente legítimo, como fundamento de la interferencia en un principio de derecho; segundo, acreditar la adecuación o idoneidad de la medida para la protección o consecución del fin; tercero, que la intervención sea necesaria, es decir, que no exista otra medida que pueda realizar la finalidad, y que resulte menos gravosa; cuarto, el juicio de proporcionalidad que contiene el núcleo de la ponderación.145 Bernal Pulido estima que el principio de proporcionalidad constituye un criterio estructural para la determinación del contenido de los derechos fundamentales vinculante para el legislador, por lo que es un instrumento para el control de la constitucionalidad de las leyes.146 La imparcialidad en el juicio de ponderación constituye entonces una condición insoslayable de la justicia constitucional, puesto que de dicho juicio depende la definición material de los derechos fundamentales. Para ser imparcial el Juez constitucional, también debe ser independiente, a fin de evitar lo que se conoce como la politización 145 Cfr. Ibidem, p. 150. 146 Cfr. Bernal Pulido, Carlos, El principio de proporcionalidad y los derechos fundamentales, Centro de Estudios Constitucionales, Madrid, 2005, pp. 86 y 89. Serie Monografias Premiadas 3.indb 183 18/11/2010 12:35:42 p.m. 184 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... que a função principal do poder judiciário é garantir a estabilidade do sistema político nos regimes democráticos, por isso considera que deve manter declarada imparcialidade em relação aos conflitos de interesse que deve resolver. Considera que a política é um comportamento caracterizado pela negociação e pelo compromisso, por isso as decisões judiciais não devem ser afetadas pela política.147 A proporcionalidade e a ponderação não são temas pacíficos na justiça constitucional. Santiago Sánchez González considera que a proporcionalidade e a ponderação são técnicas de avaliação e argumentação, provenientes de Alemanha, Itália e Estados Unidos, estranhas à prática espanhola e constituem um complexo que ainda deve ser sistematizado pelo Tribunal Constitucional Espanhol, e não são reconduzíveis à argumentação jurídica tradicional.148 Uma das razões pelas quais esse autor considera que o citado tribunal não deu nenhuma explicação semântica da ponderação é o fato de “a consideração imparcial dos aspectos contrapostos de uma questão” não ser o mesmo que “a ação de medir uma coisa ou direito”.149 De acordo com a doutrina alemã, o princípio de proporcionalidade significa tríplice juízo: adequação da medida estatal, necessidade da medida e proporcionalidade no sentido estrito, ou ponderação. Esses elementos estão incorporados à justiça constitucional 147 Cfr. Garzón Valdés, Ernesto, “El papel del poder judicial en la transición a la democracia”, Revista Jueces para la Democracia, núm. 45, Madrid, noviembre 2002, p. 45. 148 Cfr. Sánchez González, Santiago, “De la imponderable ponderación y otras artes del Tribunal Constitucional”, Revista Teoría y Realidad Constitucional, n° 12/13, 2003, p. 2. 149 Ibidem, p. 17. Serie Monografias Premiadas 3.indb 184 18/11/2010 12:35:42 p.m. 185 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... de la justicia. Garzón Valdés opina que la función principal del poder judicial es garantizar la estabilidad del sistema político en los regímenes democráticos, por lo cual considera que debe mantener una manifiesta imparcialidad con respecto a los conflictos de intereses que tiene que resolver. Estima que la política es un comportamiento caracterizado por la negociación y el compromiso, por lo que las decisiones judiciales no deben afectarse por la política.147 La proporcionalidad y la ponderación no son temas pacíficos en la justicia constitucional. Santiago Sánchez González considera que la proporcionalidad y la ponderación son técnicas de evaluación y argumentación provenientes de Alemania, Italia y Estados Unidos de América, que son ajenas a la práctica española y constituyen un complejo aun por sistematizar por el Tribunal Constitucional Español y que no son reconducibles al razonamiento jurídico tradi­ cional.148 Una de las razones por las que dicho autor estima que el citado tribunal no ha dado ni siquiera una explicación semántica de la ponderación, es porque no es lo mismo “la consideración imparcial de los aspectos contrapuestos de una cuestión” que “la acción de medir una cosa o derecho”.149 De acuerdo a la doctrina alemana, el principio de proporcionalidad implica un triple juicio: adecuación de la medida estatal, necesidad de la medida y de proporcionalidad en sentido estricto o ponderación. Estos elementos se encuentran incorporados a la 147 Cfr. Garzón Valdés, Ernesto, “El papel del poder judicial en la transición a la democracia”, Revista Jueces para la Democracia, núm. 45, Madrid, noviembre 2002, p. 45. 148 Cfr. Sánchez González, Santiago, “De la imponderable ponderación y otras artes del Tribunal Constitucional”, Revista Teoría y Realidad Constitucional, n° 12/13, 2003, p. 2. 149 Ibidem, p. 17. Serie Monografias Premiadas 3.indb 185 18/11/2010 12:35:42 p.m. 186 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... mexicana, na jurisprudência sustentada pelo Plenário da SCJN, na tese de título: “GARANTIAS INDIVIDUAIS. O DESENVOLVIMENTO DE SEUS LIMITES E A REGULAÇÃO DE SEUS POSSÍVEIS CONFLITOS POR PARTE DO LEGISLADOR DEVE RESPEITAR OS PRINCÍPIOS DE RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE JURÍDICA”.150 Pode-se perceber que o juiz constitucional imparcial tem um papel de definição em relação ao conteúdo e à delimitação dos direitos fundamentais, seja porque eles entram em conflito entre si, seja com outros bens e direitos constitucionais. Por isso que a doutrina concorda que sua tarefa é determinante para a transição e consolidação da democracia. Ferrajoli é autor de destaque neste assunto, com seu conceito de democracia substancial, baseada na igualdade de direitos e na garantia dos direitos fundamentais e sociais ante o poder da maioria.151 Como diz Ferrajoli, o fundamento da legitimidade do poder judiciário não é “democrático”, mas “legal”, pois a democracia, no sentido substancial, não se refere a quem está habilitado para decidir (a maioria), mas sobre que coisa não é lícito nenhuma maioria decidir.152 A visão garantista de Ferrajoli exige, como indicado pelo próprio autor, um juiz imparcial independente, subtraído de qualquer vínculo com os poderes da maioria e em condições de invalidar os atos exercidos por aqueles.153 150 Semanario Judicial de la Federación y su Gaceta, t. XXVI, diciembre de 2007, Tesis P./J. 130/2007, p. 8. 151 Cfr. Ferrajoli, Luigi, Derechos y garantías, la ley del más débil, 5a. ed., Trotta, Madrid, 2006, pp. 23-25. 152 Cfr. Ferrajoli, Luigi, “Jurisdicción y democracia”, en Carbonell, Miguel; FixZamudio, Héctor y Vázquez, Rodolfo (compiladores), Jurisdicción…, op. cit., p. 105. 153 Cfr. Ferrajoli, Luigi, Derechos y garantías…, op. cit., p. 27. Serie Monografias Premiadas 3.indb 186 18/11/2010 12:35:42 p.m. 187 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... justicia constitucional mexicana, en la jurisprudencia sustentada por el Pleno de la SCJN, en la tesis de rubro: “GARANTÍAS INDIVIDUALES. EL DESARROLLO DE SUS LÍMITES Y LA REGULACIÓN DE SUS POSIBLES CONFLICTOS POR PARTE DEL LEGISLADOR DEBE RESPETAR LOS PRINCIPIOS DE RAZONABILIDAD Y PROPORCIONALIDAD JURÍDICA.”150 Puede advertirse que el Juez constitucional imparcial tiene un papel definitorio respecto del contenido y delimitación de los derechos fundamentales, ya sea porque entran en conflicto entre sí o con otros bienes y derechos constitucionales, por lo que la doctrina coinci­de en que su labor resulta determinante para la transición y consolida­ción de la democracia. Ferrajoli es un autor destacado en esta materia, con su concepto de democracia sustancial, basada en la igualdad de derechos y en la garantía de los derechos fundamen­ tales y sociales frente al poder de la mayoría.151 Como dice Ferrajoli, el fundamento de la legitimidad del poder judicial no es “democrático” sino “legal”, pues la democracia en sentido sustancial no se refiere a quién se encuen­tra habilitado para decidir (la mayoría), sino al qué cosa no es lícito decidir a ninguna mayoría.152 La visión garantista de Ferrajoli, requiere, como lo señala el propio autor, un Juez imparcial independiente, sustraído a cualquier vínculo con los poderes de mayoría y en condiciones de invalidar los actos a través de los cuales aquéllos se ejercen.153 150 Semanario Judicial de la Federación y su Gaceta, t. XXVI, diciembre de 2007, Tesis P./J. 130/2007, p. 8. 151 Cfr. Ferrajoli, Luigi, Derechos y garantías, la ley del más débil, 5a. ed., Trotta, Madrid, 2006, pp. 23-25. 152 Cfr. Ferrajoli, Luigi, “Jurisdicción y democracia”, en Carbonell, Miguel; FixZamudio, Héctor y Vázquez, Rodolfo (compiladores), Jurisdicción…, op. cit., p. 105. 153 Ferrajoli, Luigi, Derechos y garantías…, op. cit., p. 27. Serie Monografias Premiadas 3.indb 187 18/11/2010 12:35:42 p.m. 188 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... Quando os Tribunais Constitucionais resolvem os conflitos indicados, definem o alcance dos direitos mediante técnicas ou juízos de proporcionalidade e ponderação, dotando os direitos fundamentais de sentido e, no geral, fazendo-o em relação a todos os preceitos da constituição. Isto os torna não só seus intérpretes, mas também atores que definem o status do cidadão ante o poder público, aproximando-se de uma concepção realista do direito, na medida em que definem o sentido das normas constitucionais, o que não deve ser visto como ativismo judicial, mas como exercício de uma função de intérprete supremo da constituição e garantidor de seus conteúdos. Realizando esta tarefa, esses tribunais fazem o que poderia ser considerada função constituinte de segundo nível ou complementar à que realiza o poder constituinte, originário ou permanente. A visão “dúctil” da constituição de Zagrebelsky, na qual atuamforças corrosivas, internas e externas, marcadas por pluralismo político, exige, na opinião de Fix-Fierro, que os Tribunais Constitucionais não obstaculizem desnecessariamente as operações do sistema político (self-restraint), ou criem expectativas excessivas que a política não possa satisfazer, por isso a interpretação da constituição como instrumento político requer seu uso “oportunista”. Héctor Fix-Fierro diz, citando Luhmann, que se deve considerar que os tribunais são o centro do sistema jurídico, porque são as instituições encarregadas de ocultar os paradoxos do sistema e garantir seu encerramento operacional.154 154 Cfr. Fix-Fierro, Héctor, “Los tribunales constitucionales en la consolidación de la democracia. La perspectiva de la sociología del derecho”, en Tribunales Constitucionales y Con­solidación de la Democracia, SCJN, México, 2007, pp. 78-79. Serie Monografias Premiadas 3.indb 188 18/11/2010 12:35:42 p.m. 189 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... Cuando los Tribunales Constitucionales resuelven los conflictos señalados, definen el alcance de los derechos mediante las técnicas o juicios de proporcionalidad y ponderación, dotando de sentido a los derechos fundamentales y en general a todos los preceptos de la Constitución, lo que los convierte no sólo en intérpretes de la misma, sino en actores que definen el status del ciudadano frente al poder público, acercándose a una concepción realista del derecho, en la medida en que los Jueces definen el sentido de las normas constitucionales, lo que no debe verse como un activismo judicial, sino como el ejercicio de una función de intérprete supremo de la Cons­ titución y garante de sus contenidos. Al realizar esta labor, estos tribunales realizan lo que podría considerarse una función constituyente, de segundo nivel o complementaria a la que realiza el Poder Constituyente, originario o permanente. La visión “dúctil” de la Constitución de Zagrebelsky, en la que actúan fuerzas corrosivas, internas y externas, marcadas por un pluralismo político, exige, en opinión de Fix-Fierro, que los Tribunales Constitucionales no obstaculicen innecesariamente las ope­ raciones del sistema político (self-restraint), ni crear expectativas excesivas que la política no pueda satisfacer, por lo que la interpretación de la Constitución, como instrumento político requiere su utilización “oportunista”. Debe considerarse, dice Héctor Fix-Fierro citando a Luhmann, que los tribunales constituyen el centro del sistema jurídico, porque son las instituciones encargadas de ocultar las paradojas del sistema, y de garantizar su clausura operativa.154 154 Cfr. Fix-Fierro, Héctor, “Los tribunales constitucionales en la consolidación de la democracia. La perspectiva de la sociología del derecho”, en Tribunales Constitucionales y Con­solidación de la Democracia, SCJN, México, 2007, pp. 78-79. Serie Monografias Premiadas 3.indb 189 18/11/2010 12:35:42 p.m. 190 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... Essa visão revela o enorme desafio dos juízes constitucionais na resolução de conflitos com imparcialidade, mais ainda se considerarmos que, para realizar o juízo de ponderação entre os direitos, os princípios ou os bens contrapostos, deve-se primeiro determinar seu conteúdo, o que já exige um exercício de imparcialidade, porque, definindo separadamente cada um dos direitos fundamentais envolvidos, o juiz deve considerar, por um lado, os indivíduos titulares desses direitos e, por outro, o Estado, como sujeito obrigado a respeitá-los, já que os direitos humanos são um limite para a atuação dos poderes públicos. Uma vez definidos os conteúdos dos direitos em conflito, seu peso específico deve ser estabelecido e ponderado entre si, o que exige novo exercício de imparcialidade, na designação do peso correspondente de cada um, para decidir depois qual deve prevalecer, estabelecendo com isso um precedente que servirá de regra para casos futuros iguais. Não obstante, cabe assinalar que, se os mesmos direitos, princípios ou bens voltarem a se confrontar, mas em situações diferentes, não estaríamos diante de conflitos iguais, por isso a regra criada não seria aplicada ao novo conflito e poderia ocorrer que o direito que teve de ceder no primeiro caso, agora, antes as novas circunstâncias, torne-se vencedor. Por isso a ponderação deve ser feita com uma técnica correta, na qual a confrontação dos direitos não seja feita abstratamente, mas em virtude das circunstâncias concretas presentes no conflito. Pode-se perceber a enorme repercussão da imparcialidade dos juízes em um Estado constitucional e democrático. A importância transcende qualquer sistema normativo, com benefícios indiscutíveis, derivados das diversas concepções de imparcialidade Serie Monografias Premiadas 3.indb 190 18/11/2010 12:35:42 p.m. 191 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... La anterior visión, revela el enorme reto de los Jueces constitu­ cionales para resolver los conflictos con imparcialidad, más aún si consideramos que para realizar el juicio de ponderación entre los derechos, principios o bienes contrapuestos, se debe primero determinar su contenido, lo cual requiere ya de un ejercicio de imparcia­ lidad, porque al definir separadamente cada uno de los derechos fundamentales involucrados, el Juez debe considerar por un lado a los individuos titulares de esos derechos, y por otro al Estado, como sujeto obligado a respetarlos, puesto que los derechos humanos constituyen un límite a la actuación de los poderes públicos. Una vez definidos los contenidos de los derechos en pugna, debe establecerse su peso específico y ponderarse entre sí, lo cual requiere un nuevo ejercicio de imparcialidad, al asignar el peso que a cada uno le corresponde, para resolver luego cuál debe prevalecer, sentando con ello un precedente que servirá de regla para casos futuros iguales. No obstante, cabe señalar que si los mismos derechos, principios o bienes, vuelven a confrontarse, pero en situaciones distintas, no estaríamos ante conflictos iguales, por lo que, la regla creada no apli­ caría al nuevo conflicto, y bien podría ocurrir que el derecho que tuvo que ceder en el primer caso, ahora, ante las nuevas circunstancias, resulte vencedor. Por eso, la ponderación debe realizarse con una técnica correcta, en la que la confrontación de los derechos no se hace en abstracto, sino en razón de las circunstancias concretas que concurren en el conflicto. Puede advertirse la enorme repercusión de la imparcialidad de los Jueces en un Estado constitucional y democrático. La importancia trasciende a todo el sistema normativo, con indiscutibles beneficios que derivan de las diversas concepciones de imparcialidad antes Serie Monografias Premiadas 3.indb 191 18/11/2010 12:35:42 p.m. 192 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... antes examinadas. Além dos benefícios indicados, destacam-se os seguintes: • Permite realizar os fins da jurisdição. • É um instrumento metodológico para realizar a justiça do caso concreto, resolvendo as pretensões das partes. • Afirma os princípios e regras do direito como instrumentos de solução de conflitos. • Concretiza os fins da justiça comutativa. • Colabora com o restabelecimento do direito infringido e favorece a paz social. • Contribui para dar certeza ao ordenamento jurídico e com isso favorece a segurança jurídica. • Realiza os valores da constituição. • Proporciona legitimidade à função judicial. • Melhora a imagem dos juízes (o que um juiz faz repercute na imagem da instituição). • Gera confiança pública. • Reafirma os princípios de separação do poder. • Serve de mecanismo de autocontrole ao submeter ao poder judiciário os motivos que o direito proporciona. • Fortalece o Estado democrático. • Fortalece a vocação do direito como instrumento que contribui para a resolução de problemas individuais, coletivos e sociais. A imparcialidade não é panaceia na solução dos conflitos jurídicos. É necessário compreendê-la e aplicá-la no conjunto de princípios e virtudes éticas, mas uma coisa é certa: não se pode obter Serie Monografias Premiadas 3.indb 192 18/11/2010 12:35:42 p.m. 193 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... examinadas. Además de los beneficios señalados, se destacan los siguientes. • Permite realizar los fines de la jurisdicción. • Es un instrumento metodológico para realizar la justicia del caso concreto, resolviendo las pretensiones de las partes. • Afirma los principios y reglas del derecho como instrumentos de solución de conflictos. • Concreta los fines de la justicia conmutativa. • Colabora al restablecimiento del derecho conculcado y favorece la paz social. • Contribuye a otorgar certeza al ordenamiento jurídico, por lo que favorece la seguridad jurídica. • Realiza los valores de la Constitución. • Proporciona legitimidad a la función judicial. • Mejora la imagen de los Jueces (lo que un Juez hace repercute en la imagen de la institución). • Genera confianza pública. • Reafirma los principios de separación del poder. • Sirve de mecanismo de autocontrol al someter al poder judicial, a las razones que el derecho suministra. • Fortalece el Estado democrático. • Fortalece la vocación del derecho como instrumento que contribuye a resolver los problemas individuales, colectivos y sociales. La imparcialidad no es una panacea en la solución de los conflictos jurídicos. Es necesario comprenderla y aplicarla en el conjunto de principios y virtudes éticas, pero una cosa cierta es: no puede Serie Monografias Premiadas 3.indb 193 18/11/2010 12:35:42 p.m. 194 As concepções da imparcialidade e sua repercussão no estado... nenhuma justiça de um juiz parcial. Um juiz assim não só nega a si mesmo, como julgador, mas nega a jurisdição, nega o Estado de Direito e os direitos fundamentais, nega a democracia e trai a confiança da sociedade. Da mesma forma que uma lei injusta não é direito, um julgador parcial não é um juiz, é só aparência. Serie Monografias Premiadas 3.indb 194 18/11/2010 12:35:42 p.m. 195 Las concepciones de la imparcialidad y su repercusión en el estado... obtenerse ninguna justicia desde un Juez parcial. Un Juez así, no sólo se niega a sí mismo como juzgador, sino que niega la juris­ dicción, niega el Estado de derecho y los derechos fundamentales, niega la democracia y traiciona la confianza de la sociedad. De la misma forma que una ley injusta no es derecho, un juzgador parcial no es un Juez, sólo es apariencia. Serie Monografias Premiadas 3.indb 195 18/11/2010 12:35:42 p.m. Serie Monografias Premiadas 3.indb 196 18/11/2010 12:35:42 p.m. Bibliografía ABBAGNANO, Nicola, Diccionario de filosofía, Fondo de Cultura Económica, 4a. ed., 2a. reimp., México, 2008. AGUILÓ REGLA, Joseph, “Independencia e imparcialidad de los Jueces y argumentación jurídica”, en Isonomía, Revista de Teoría y Filosofía del Derecho, núm. 6, ITAM, México, 1997. , La Constitución del Estado constitucional, Palestra-Temis, Lima-Bogotá, 2004. 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Serie Monografias Premiadas 3.indb 212 18/11/2010 12:35:43 p.m. Serie Monografias Premiadas 3.indb 213 18/11/2010 12:35:43 p.m. Abreviaturas Salvo indicação em contrário, referências a órgãos e leis brasileiras: ADI Ação Direta de Inconstitucionalidade art. artigo CF Constituição Federal CLT Consolidação das Leis do Trabalho CPC Código de Processo Civil CPP Código de Processo Penal DL Decreto-Lei 214 Serie Monografias Premiadas 3.indb 214 18/11/2010 12:35:43 p.m. Abreviaturas Salvo indicación en contrario, referencias a órganos y leyes brasileños: ADI Acción Directa de Inconstitucionalidad art. artículo CF Constitución Federal CLT Consolidación de las leyes laborales CPC Código de Procedimiento Civil CPP Código de Procedimiento Penal DL Decreto-Ley 215 Serie Monografias Premiadas 3.indb 215 18/11/2010 12:35:43 p.m. 216 Imparcialidade judicial EC Emenda Constitucional esp. especialmente LC Lei Complementar PGR Procurador-Geral da República STF Supremo Tribunal Federal STJ Superior Tribunal de Justiça TPI Tribunal Penal Internacional Serie Monografias Premiadas 3.indb 216 18/11/2010 12:35:43 p.m. Imparcialidad judicial EC Enmienda Constitucional esp. especialmente LC Ley Complementaria PGR Procurador-General de la República STF Supremo Tribunal Federal STJ Superior Tribunal de Justicia TPI Tribunal Penal Internacional Serie Monografias Premiadas 3.indb 217 217 18/11/2010 12:35:43 p.m. Introdução e Plano do estudo Nemo iudex in causa propria. A antiga parêmia que parece expressar – e de fato expressa – uma noção quase intuitiva, ilustra o conteúdo de um dos mais importantes princípios do Direito: a imparcialidade, tema ao qual se dedica o presente estudo. Embora a imparcialidade seja objeto de estudos filosóficos importantes, o presente estudo pretende estudar a imparcialidade a partir do prisma estritamente jurídico. Para tratar do tema, após a apresentação da idéia de imparcialidade, referindo-se diversas idéias que se coimplicam, como a legitimidade das decisões judiciais e a correlação da imparcialidade com a própria imagem da justiça, pretende-se decompor a imparcialidade em três perfis complementares, a eqüidistância, a independência e o juiz natural. A jurisdição é um fenômeno estudado pelos mais variados campos científicos, interessando aqui, precipuamente, dois: a ciência política e o direito processual. Na seara da ciência política, 218 Serie Monografias Premiadas 3.indb 218 18/11/2010 12:35:43 p.m. Introducción y plan de estudio Nemo iudex in causa propria. La antigua paremia que parece expresar –y de hecho expresa– una noción casi intuitiva, ilustra el contenido de uno de los más importantes principios del Derecho: la imparcialidad, tema al cual se dedica el presente estudio. Si bien la imparcia­ lidad es objeto de estudios filosóficos importantes, el propósito de este estudio es analizar la imparcialidad a partir del prisma estrictamente jurídico. Para tratar el tema, después de la presentación de la idea de imparcialidad aludiendo a distintas ideas que se coimplican, como la legitimidad de las decisiones judiciales y la correlación de la imparcialidad con la propia imagen de la justicia, se pretende descomponer la imparcialidad en tres perfiles complementarios, la equi­ ­distancia, la independencia y el Juez natural. La jurisdicción es un fenómeno estudiado por los más variados campos científicos, dos de los cuales nos interesan aquí principalmente: la ciencia política y el derecho procesal. En el ámbito de la 219 Serie Monografias Premiadas 3.indb 219 18/11/2010 12:35:43 p.m. 220 Imparcialidade judicial a jurisdição é estudada a partir da sua relação com os outros poderes constituídos. Por sua vez, o direito processual dedica-se a estudar a jurisdição em si mesma, a partir do modo pelo qual esse poder é ou deve ser exercido. Nos primórdios da ciência do direito processual civil, trabalhava-se com as chamadas praxes forenses, procedimentos não revestidos de unidade e que sequer eram tratados do ponto vista científico de um modo unitário. A ciência processual sofre grande desenvolvimento na segunda metade do século XIX, quando então o processo e o direito processual passam a ser considerados. De fato, nos dias que correm, a jurisdição passou a ocupar a posição central na teoria geral do processo, constituindo-se em verdadeiro pólo metodológico do direito processual. Seja como poder, como função ou como atividade,1 a jurisdição é o conceito central da teoria do processo. A forma pela qual a jurisdição é dividida ou compartilhada entre os órgãos jurisdicionais deve atender, antes de mais nada, a parâmetros de imparcialidade: as regras de competência prestam-se justamente a implementar os parâmetros pré-determinados, gerais e abstratos de divisão do trabalho jurisdicional de modo a que assegurarem a imparcialidade do juiz. É igualmente lícito afirmar que uma das principais funções da jurisdição é pacificar com justiça os conflitos sociais e um dos parâmetros fundamentais para se aferir a justiça das decisões é o respeito a alguns princípios afetos ao 1 Consoante a exposição de DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de Direito Processual Civil, Volume I, 5a edição, Malheiros, São Paulo, 2005, p. 318. Serie Monografias Premiadas 3.indb 220 18/11/2010 12:35:43 p.m. 221 Imparcialidad judicial ciencia política, se estudia la jurisdicción a partir de su relación con los demás poderes constituidos. A su vez, el derecho procesal se dedica a estudiar la jurisdicción en sí misma, a partir del modo en el cual ese poder es o debe ser ejercido. En los comienzos de la ciencia del derecho procesal civil, se trabajaba con las así denominadas prácticas forenses, procedimientos carentes de unidad y que ni siquiera se trataban desde el punto de vista científico de una manera unitaria. La ciencia procesal experimenta un gran desarrollo en la segunda mitad del Siglo XX, época en la que el procedimiento y el derecho procesal comienzan a ser considerados. De hecho, en la actualidad, la jurisdicción pasó a ocupar la posición central en la teoría general del procedimiento, constituyéndose en un verdadero polo metodológico del derecho procesal. Ya fuere como poder, como función o como actividad,1 la jurisdicción es el concepto central de la teoría del procedimiento. La manera en la cual la jurisdicción se divide o comparte entre los órganos jurisdiccionales, debe atenerse, antes que nada, a parámetros de imparcialidad: las reglas de competencia se prestan justamente a implementar los parámetros predeterminados, generales y abstractos de división del trabajo jurisdiccional tendiendo a asegurar así la imparcialidad del Juez. Es asimismo lícito afirmar que una de las principales funciones de la jurisdicción es pacificar con justicia los conflictos sociales y uno de los parámetros fundamentales para evaluar la justicia de las decisiones, es el respeto de algunos 1 De acuerdo a la exposición de DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de Direito Processual Civil; Volumen I, 5a Edición, Malheiros, São Paulo, 2005, p. 318. Serie Monografias Premiadas 3.indb 221 18/11/2010 12:35:43 p.m. 222 Imparcialidade judicial processo e ao procedimento, dos quais deflui parcela substancial da justiça e da legitimidade dos atos jurisdicionais, em especial das decisões judiciais. Assim é que pacificar com justiça implica para os órgãos do poder jurisdicional a observância de um conjunto de normas, usualmente expressos através de princípios, que legitimam o exercício desse mesmo poder. Esses princípios condicionam –e muitas vezes restringem– o exercício do poder com o escopo de proporcionarem a emissão de julgamentos justos (fair trials na expressão inglesa) e de modo a evitar abusos. Por notória influência da tradição jurídica norte-americana, aquele conjunto de normas integra o que se usa denominar devido processo legal (due process of law na expressão inglesa, em seu sentido procedimental), que mereceu referência expressa na Constituição Federal brasileira (art. 5°, LIV). Serie Monografias Premiadas 3.indb 222 18/11/2010 12:35:43 p.m. 223 Imparcialidad judicial principios inherentes al proceso y al procedimiento de los cuales deriva una parte substancial de la justicia y de la legitimidad de los actos jurisdiccionales, en especial de las decisiones judiciales. Por lo tanto, pacificar con justicia implica para los órganos del poder jurisdiccional, la observancia de un conjunto de normas, usualmente expresadas a través de principios que legitiman el ejercicio de ese mismo poder. Esos principios condicionan –y muchas veces restringen– el ejercicio del poder con el objeto de proporcionar la emisión de sentencias justas (fair trials en la expresión inglesa) y de evitar abusos. Por una notoria influencia de la tradición jurídica norteamericana, ese conjunto de normas integra lo que se deno­ mina habitualmente debido proceso legal (due process of law en la expresión inglesa, en su sentido procedimental), que mereció una referencia expresa en la Constitución Federal brasileña (art. 5°, LIV). Serie Monografias Premiadas 3.indb 223 18/11/2010 12:35:43 p.m. Capítulo I Imparcialidade Uma das principais condicionantes do exercício do poder jurisdicional é a que impede que uma pessoa atue como juiz quando possui interesse no resultado de um dado litígio. Várias expressivas fórmulas latinas designam esse fenômeno: nemo iudex in causa sua, nemo iudex in causa própria, nemo iudex in rem sua e ne iudex iudicet in re sua. Essas fórmulas cunhadas e utilizadas ao longo dos séculos expressam o que se entende por princípio da imparcialidade: o juiz deve ser um terceiro estranho às partes e ao litígio, isto é, deve ser imparcial, denotando o que os italianos designam através da locução terzietà ou alienità ou asoggetività,2 que se poderia traduzir por terciariedade3 2 TALAMINI, Eduardo, Coisa Julgada e sua Revisão, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2005, p. 304 e CARNEIRO, Athos Gusmão, Jurisdição e Competência, 14a Edição, Editora Saraiva, São Paulo, 2005, p. 26. 3 Na doutrina italiana, vide ANDOLINA, Italo e VIGNERA, Giuseppe, Il Modello Costituzionale del Processo Civile Italiano – Corso di Lezioni, G. Giappichelli Editore, Torino, 1990, p. 40. Entre nós, a expressão terzietà é emprestada por ARRUDA ALVIM, Manual de Direito Processual Civil, Volume 1 – Parte Geral, 8a Edição, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 224 Serie Monografias Premiadas 3.indb 224 18/11/2010 12:35:43 p.m. Capítulo I Imparcialidad Uno de los principales condicionamientos del poder jurisdiccional es el que impide que una persona actúe como Juez cuando tiene interés en el resultado de un determinado litigio. Varias expresivas fórmulas latinas designan este fenómeno: nemo iudex in causa sua, nemo iudex in causa propria, nemo iudex in rem sua y ne iudex iudicet in re sua. Estas fórmulas, acuñadas y utilizadas a lo largo de los siglos expresan lo que se entiende por principio de la imparcialidad: el Juez debe ser un tercero ajeno a las partes en litigio, es decir, debe ser im­ parcial, denotando lo que los italianos designan a través de la locución terzietà o alienità o asoggetività,2 que podría traducirse como terceridad3 2 TALAMINI, Eduardo, Coisa Julgada e sua Revisão, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 2005, p. 304 y CARNEIRO, Athos Gusmão, Jurisdição e Competência, 14a Edición, Saraiva, São Paulo, 2005, p. 26”. 3 En la doctrina italiana, ver ANDOLINA, Italo y VIGNERA, Giuseppe, Il Modello Costi­ tuzionale del Processo Civile Italiano-Corso di Lezioni, G. Giappichelli Editore, Torino, 1990, p. 40. En nuestro medio, la expresión terzietà es prestada por ARRUDA ALVIM, Manual de Direito Processual Civil, Volumen 1-Parte Geral, 8a Edición, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo. 225 Serie Monografias Premiadas 3.indb 225 18/11/2010 12:35:43 p.m. 226 Imparcialidade judicial ou alienidade (ou, ainda, preferencialmente, alteridade, estraneidade,4 alheiedade ou alheação).5 Nas sociedades ocidentais contemporâneas, em que pese ocorrências de desrespeito, a afirmação de que o juiz deve ser imparcial tornou-se quase uma formulação axiomática6 –um axioma: uma afirmação intuitivamente auto-evidente–,7 chegando-se a afirmar que a imparcialidade prescinde de análise,8 ainda que a independência 2003, p. 197. No direito português encontra-se referência à terciariedade – vide CANOTILHO, J. J., Gomes, Direito Constitucional e teoria da Constituição, 3a edição, Almedina, Coimbra, 1999, p. 619, adotada também entre nós por GOMES, Luiz Flávio, “As garantias mínimas do devido processo criminal nos sistemas jurídicos brasileiro e interamericano: estudo introdutório”, in GOMES, Luiz Flávio e PIOVESAN, Flávia (coordenadores), O Sistema Intermaericano de Proteção dos Direitos Humanos e o Direito Brasileiro, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2000, pp. 181-259, esp. p. 199. 4 Expressão utilizada por SILVA, Ovídio Baptista da, Curso de Processo Civil, Volume 1, Tomo I, 8a Edição, Forense, Rio de Janeiro, 2008, p. 26, sendo certo que esse autor também indica a imparcialidade como “componente essencial do ato jurisdicional”. 5 A primeira expressão é utilizada por GRECO, Leonardo, “Garantias fundamentais do processo: o processo justo”, in Revista Jurídica, Volume 305, Editora Notadez, Porto Alegre, 2003, pp. 61-99, esp. p. 66. A segunda expressão é preferida por CABRAL, Antonio, “Imparcialidade e impartialidade. Por uma teoria sobre repartição e incompatibilidade de funções no processo civil e penal”, in DIDIER J.R., Fredie e JORDÃO, Eduardo Ferreira (coordenadores), Teoria do Processo–Panorama Doutrinário Mundial, Editora Jus Podium, Salvador, 2008, pp. 99-124, esp. p. 101. 6 Vid. REIS, José Alberto dos, Comentários ao Código de Processo Civil, Volume I, Coimbra Editora, Coimbra, 1944, p. 388: “É princípio axiomático que ninguém pode ser juiz em causa própria”. 7 Sobre a noção de axioma: “Assim, em sua acepção mais clássica, o axioma equivale ao princípio de que, por sua própria dignidade, isto é, por ocupar certo lugar num sistema de proposições, deve ser avaliado como verdadeiro (...) O axioma possui, por assim dizer, um imperativo que obriga ao assentimento uma vez que seja enunciado e entendido”. FERRATER MORA, J., Dicionário de Filosofia, Tomo I, Edições Loyola, São Paulo, 2000, p. 243. 8 Comentando o Art. 134, I do CPC (É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso de que for parte), Pontes de Miranda afirma que “O item I do art. 134 prescinde de análise”. PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti, Comentários ao Código de Processo Civil (1973), Tomo II (Arts. 46-153), Forense, Rio de Janeiro, 1973, p. 400. Serie Monografias Premiadas 3.indb 226 18/11/2010 12:35:43 p.m. 227 Imparcialidad judicial o alienidad (o también, preferentemente, alteridad, extrañedad,4 ajeni­ dad o ajenación.5 En las sociedades occidentales contemporáneas, pese a los hechos de no respeto, la afirmación de que el Juez debe ser imparcial se transformó en una fórmula axiomática6 –un axioma: una afirmación intuitivamente autoevidente–7 llegándose a afirmar que la imparcialidad prescinde del análisis,8 aunado a que la independencia 2003, p. 197. En el derecho portugués se encuentra la referencia al término “terciariedade”ver CANOTILHO, J. J. Gomes, Direito Constitucional e teoria da Constituição, 3a Edición, Alme­ dina, Coimbra, 1999, p. 619, adoptada también entre nosotros por GOMES, Luiz Flávio, “As garantias mínimas do devido processo criminal nos sistemas jurídicos brasileiro e interamericano: estudo introdutório”, en GOMES, Luiz Flávio y PIOVESAN, Flávia (coordinadores), O Sistema Intermaericano de Proteção dos Direitos Humanos e o Direito Brasileiro, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 2000, pp. 181-259, esp. p. 199. 4 Expresión utilizada por SILVA, Ovídio Baptista da, Curso de Processo Civil, Volumen 1, Tomo I, 8a Edición, Forense, Rio de Janeiro, 2008, p. 26, siendo verdad que este autor también indica a la imparcialidad como un “componente esencial del acto jurisdiccional”. 5 La primera expresión es utilizada por GRECO, Leonardo. “Garantias fundamentais do processo: o processo justo”, en Revista Jurídica, Volumen 305, Notadez, Porto Alegre, 2003, pp. 61-99, esp. p. 66. La segunda expresión es la preferida de CABRAL, Antonio, “Imparcialidade e impartialidade. Por uma teoria sobre repartição e incompatibilidade de funções no processo civil e penal”, en DIDIER JR., Fredie y JORDÃO, Eduardo Ferreira (coordinadores), Teoria do Processo-Panorama Doutrinário Mundial, Jus Podium, Salvador, 2008, pp. 99-124, esp. p. 101. 6 Vid. REIS, José Alberto dos, Comentários ao Código de Processo Civil, Volumen I, Coimbra Editorial, Coimbra, 1944, p. 388: “Es un principio axiomático que nadie puede ser juez en causa propia”. 7 Sobre la noción de axioma: “De esta forma, en su acepción más clásica, el axioma equivale al principio de que, por su propia dignidad, o sea, por ocupar cierto lugar en un sistema de proposiciones, se debe considerar como verdadero (...) El axioma posee, por así decir, un imperativo que obliga al asentimiento una vez que se enuncia y entiende”. FERRATER MORA, J., Dicionário de Filosofia, Tomo I, Ediciones Loyola, São Paulo, 2000, p. 243. 8 Comentando el Art. 134, I del CPC (El juez tiene prohibido ejercer sus funciones en el proceso contencioso donde es parte), PONTES DE MIRANDA afirma que “El punto I del art. 134 no necesita ninguna explicación”. “PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti, Comentários ao Código de Processo Civil (1973)”, Tomo II (Arts. 46-153), Forense, Rio de Janeiro, 1973, p. 400. Serie Monografias Premiadas 3.indb 227 18/11/2010 12:35:43 p.m. 228 Imparcialidade judicial judicial (como sinônima de imparcialidade judicial) não necessite de nenhuma explicação.9 Com efeito, em respeitável sede doutrinária, afirma-se peremptoriamente que: ninguém põe em dúvida que a imparcialidade é condição sine qua non do legítimo exercício da função jurisdicional10, a imparcialidade é a própria essência da jurisdição,11 a imparcialidade é a qualidade suprema do juiz,12 somente a imparcialidade pode conduzir à justiça,13 a expressão juiz imparcial é redundância14 ou ainda que a imparcialidade é uma qualidade inseparável do juiz desde o início da civilização;15 e essa referência quase intuitiva à imparcialidade, que 9 Cfr. LOEWENSTEIN, Karl, Teoria de la Constituición (tradução espanhola de Verfassungslehre, por Alfredo Gallego Anabitarte), Ariel, Barcelona, 1986, p. 294: “La ratio de la independencia judicial no necesita ninguna explicación (...)”. 10 Expressão retirada in verbis de BARBOSA MOREIRA, José Carlos, “Reflexões sobre a imparcialidade do juiz”, in Temas de Direito Processual – Sétima Série, Editora Saraiva, São Paulo, 2001, pp. 19-30, esp. p. 19. No mesmo sentido, GOMES, Luiz Flávio, “As garantias mínimas do ...”, op. cit., pp. 181-259, esp. p. 199: “Sem que haja um órgão julgador supra partes não se pode falar em uma genuína jurisdição”. 11 Cfr. CARPI, F. e TARUFFO, M., Commentario Breve al Codice di Procedura Civile, 5a Edizione, CEDAM, Padova, 2006, p. 156: “La imparzialità è la stessa essenza del giudizio ed è Il valore fundamentale del due processo of law”. 12 CAPPELLETTI, Mauro, “Ideologías en el derecho procesal”, in Proceso, Ideologias, Sociedad (tradução argentina por Santiago Sentis Melendo e Tomás Banzhaf), Ediciones Juridicas Europa-America, Buenos Aires, 1974, pp. 3-31, esp. p. 4. 13 Conforme ROSAS, Roberto, Direito Processual Constitucional – Princípios Constitucionais do Processo Civil, 3a Edição, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 1999, p. 27. 14 Cfr. PORTANOVA, Rui, Princípios do Processo Civil, 3a Edição, Livraria do Advogado Editora, Porto Alegre, 1999, p.79. 15 Cfr. CALAMANDREI, Pietro, “Processo e Democracia”, in Opere Giuridiche, Volume Primo (a cura di Mauro Cappelletti), Morano Editore, Napoli, 1965, p. 618-702, esp. p. 639: “Storicamente la qualità premenente che sembra inseparabile dall’idea stessa di giudice, fino dal suo primo apparire agli albori della covoltà, è la imparzialità. Il giudice è um terzo estraneo alla contesa, che non condivide gli interessi e le passioni delle parti litiganti tra loro e che dal di fuori considera con serenità e con distacco il loro litígio: un terzo inter partes o meglio supra partes”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 228 18/11/2010 12:35:43 p.m. 229 Imparcialidad judicial judicial (como sinónimo de imparcialidad judicial) no necesita ninguna explicación.9 En efecto, en respetable sede doctrinaria se afirma perentoriamente que: nadie pone en duda que la imparcialidad es la condición sine qua non del legítimo ejercicio de la función jurisdiccional,10 la imparcialidad es la propia esencia de la jurisdicción,11 la imparcialidad es la cualidad supre­ ma del Juez,12 solamente la imparcialidad puede conducir a la justicia,13 la expresión Juez imparcial es redundante14 o que la imparcialidad es una cua­ lidad inseparable del Juez desde el comienzo de la civilización15 y esa refe­ rencia casi intuitiva a la imparcialidad que viene de mucho tiempo 9 Cfr. LOEWENSTEIN, Karl, Teoría de la Constitución, traducción española de Alfredo Gallego Anabitarte, Ariel, Barcelona, 1986, p. 294: “La ratio de la independencia judicial no necesita ninguna explicación (...)”. 10 Expresión extraída in verbis de BARBOSA MOREIRA, José Carlos. “Reflexões sobre a imparcialidade do juiz”, en Temas de Direito Processual-Sétima Série, Saraiva, São Paulo, 2001, pp. 19-30, esp. p. 19. En el mismo sentido, GOMES, Luiz Flávio. “As garantias mínimas ...” op. cit., pp. 181-259, esp. p. 199: “Sin que exista un órgano juzgador supra partes no se puede hablar de una genuina jurisdicción”. 11 Cfr. CARPI, F. y TARUFFO, M., Commentario Breve al Codice di Procedura Civile, 5a Edizione, CEDAM, Padova, 2006, p. 156: “La imparzialità è la stessa essenza del giudizio ed è Il valore fundamentale del due processo of law”. 12 CAPPELLETTI, Mauro, “Ideologías en el derecho procesal”, en Proceso, Ideologias, Sociedad, traducción de Santiago Sentis Melendo y Tomás Banzhaf, Ediciones Jurídicas Europa-America, Buenos Aires, 1974, pp. 3-31, esp. p. 4. 13 Según ROSAS, Roberto, Direito Processual Constitucional-Princípios Constitucionais do Processo Civil, 3a Edición, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 1999, p. 27. 14 Cfr. PORTANOVA, Rui, Princípios do Processo Civil, 3a Edición, Livraria do Advogado Editorial, Porto Alegre, 1999, p.79. 15 Cfr. CALAMANDREI, Pietro, “Processo e Democracia”, en Opere Giuridiche-Volumen Primo, Napoli: Morano Editore, 1965, p. 618-702, esp. p. 639: “Storicamente la qualità pre­menente che sembra inseparabile dall’idea stessa di giudice, fino dal suo primo apparire agli albori della covoltà, è la imparzialità. Il giudice è um terzo estraneo alla contesa, che non condivide gli interessi e le passioni delle parti litiganti tra loro e che dal di fuori considera con serenità e con distacco il loro litígio: un terzo inter partes o meglio supra partes”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 229 18/11/2010 12:35:44 p.m. 230 Imparcialidade judicial provém de longa data, levou os estudiosos medievais e modernos a considerá-la como um direito natural dos indivíduos,16 ressaltando seu caráter apriorístico. Destarte, muito mais do que simplesmente condicionar o exercício de um Poder, a imparcialidade se confunde com a própria noção de jurisdição17 ou de julgamento ou, ainda, de decisão.18 Mais além, e com propriedade, reputa-se a imparcialidade como premissa para a realização de um julgamento justo19 (de onde quer que provenha). 16 Cfr. HOMEM, António Pedro Barbas, Judex Perfectus–Função Jurisidcional e Estatuto Judicial em Portugal, 1640-1820, Livraria Almedina, Coimbra, 2003, p. 769: “O fundamento normativo do direito concedido a qualquer pessoa de recusar o juiz designado para o julgamento de uma causa foi justificado pelos tratadistas medievais e modernos como uma exigência do direito natural e do bem comum”. 17 Cfr. MITIDIERO, Daniel Francisco, Comentários ao Código de Processo Civil, Tomo I (Arts. 1o a 153), Memória Jurídica, São Paulo, 2004, p. 51. E, do mesmo autor, MITIDIERO, Daniel Francisco, Elementos para uma Teoria Contemporânea do Processo Civil Brasileiro, Livraria do Advogado Editora, Porto Alegre, 2005, pp. 50, 80 e ss. 18 Cfr. HEYDE, Wolfgang, “La Jurisdicción”, in BENDA, MAIHOFER, VOGEL, HESSE, HEYDE (organizadores). Manual de Derecho Constitucional (tradução espanhola de Handbuch des Verfassungsrechts der Bundesrepublik Deutschland por Antonio LOPEZ DE PINA), Marcial Pons, Madrid, 1996, capítulo XV, p. 767-822, esp. p. 772: “La precision material acerca de o que conceptualmente sea jurisdicción, plantea, sin embargo, considerables dificultades. Ello se aprecia en la variedad de intentos de definición en la bibliografia. En general, apuntan a uma caracterización material de la jurisdicción, pero acaban describiendo en parte no el concepto sino la función. Esto es válido, por ejemplo, para la clarificadora definición de Stern. Según él, la jurisdicción es el dictamen jurídico sobre casos en aplicación del derecho vigente y vía trámites especialmente reglados, que aboca a uma decisión vinculante por un órgano estatal imparcial, el juez”. 19 Cfr. SCHREIBER, Simone, A Publicidade Opressiva de Julgamentos Criminais, Renovar, Rio de Janeiro, 2008, p. 212. Serie Monografias Premiadas 3.indb 230 18/11/2010 12:35:44 p.m. 231 Imparcialidad judicial atrás, llevó a los estudiosos medievales y modernos a considerarla como un derecho natural de los individuos,16 resaltando su carácter apriorístico. Por lo tanto, mucho más que simplemente condicionar el ejercicio de un Poder, la imparcialidad se confunde con la propia noción de jurisdicción17 o de juicio o aun de sentencia.18 Aun más y con propiedad, la imparcialidad se considera una premisa necesaria para la realización de un juicio justo19 (proviniere de donde proviniere). 16 Cfr. HOMEM, António Pedro Barbas, Judex Perfectus-Função Jurisidicional e Estatuto Judi­ cial em Portugal, 1640-1820, Livraria Almedina, Coimbra, 2003, p. 769: “El fundamento normativo del derecho concedido a cualquier persona de recusar al juez designado para que decida una causa ha sido justificado por los tratadistas medievales y modernos como una exigencia del derecho natural y del bien común”. 17 Cfr. MITIDIERO, Daniel Francisco, Comentarios al Código de Processo Civil, Tomo I (Arts. 1° a 153), Memória Jurídica, São Paulo, 2004, p. 51. Y del mismo autor, Elementos para uma Teoria Contemporânea do Processo Civil Brasileiro, Livraria do Advogado Editorial, Porto Alegre, 2005, pp. 50, 80 y ss. 18 Cfr. HEYDE, Wolfgang, “La Jurisdicción”, en BENDA, MAIHOFER, VOGEL, HESSE, HEYDE (organizadores), Manual de Derecho Constitucional, traducción española por Antonio LOPEZ DE PINA, Marcial Pons, Madrid, 1996. Capítulo XV, p. 767-822, esp. p. 772: “La precisión material acerca de lo que conceptualmente sea jurisdicción, plantea, sin embargo, considerables dificultades. Ello se aprecia en la variedad de intentos de definición en la bibliografía. En general, apuntan a una caracterización material de la jurisdicción, pero acaban describiendo en parte no el concepto sino la función. Esto es válido, por ejemplo, para la clarificadora definición de Stern. Según él, la jurisdicción es el dictamen jurídico sobre casos en aplicación del derecho vigente y vía trámites especialmente reglados, que aboca a una decisión vinculante por un órgano estatal imparcial, el juez”. 19 Cfr. SCHREIBER, Simone. A Publicidade Opressiva de Julgamentos Criminais, Renovar, Rio de Janeiro, 2008, p. 212. Serie Monografias Premiadas 3.indb 231 18/11/2010 12:35:44 p.m. Capítulo II Teoria da Justiça e imparcialidade A exigência de imparcialidade no ato de julgar é expressão de uma imposição mais ampla de imparcialidade na atribuição (ou distribuição) de bens e direitos em sociedade, revelando a intrínseca conexão entre imparcialidade e igualdade. Na seara da ciência e da filosofia política, que se dedicam a analisar a justiça das atribuições dos bens e direitos em sociedade (a justiça distributiva), destaca-se que a imparcialidade na atribuição é imprescindível ao tratamento equitativo dos destinatários daqueles. O juiz é mais um dos muitos agentes sociais que deve agir de modo imparcial de molde a assegurar que as pessoas, no caso, os jurisdicionados, sejam tratados de modo igual. A título de ilustração, relembre-se que de acordo com uma das mais expressivas dessas teorias, a que define a justiça como equidade (justice as fairness, na expressão inglesa original), a imparcialidade ocupa 232 Serie Monografias Premiadas 3.indb 232 18/11/2010 12:35:44 p.m. Capítulo II Teoría de la justicia e imparcialidad La exigencia de imparcialidad en el acto de juzgar es expresión de una imposición más amplia de imparcialidad en la atribución (o distribución) de bienes y derechos en la sociedad, revelando la conexión intrínseca entre imparcialidad e igualdad. En el campo de la ciencia y de la filosofía política que se dedican a analizar la justicia de las atribuciones de los bienes y derechos de la sociedad (la justicia distributiva), se destaca que la imparcialidad en la atribución es imprescindible para el tratamiento equitativo de los destinatarios de los mismos. El Juez es uno más de los muchos agentes sociales que deben actuar de modo imparcial, garantizando así oportu­ namente, que las personas, en su caso los jurisdiccionados, sean tratados de igual manera. A modo de ilustración, recuérdese que según una de las más expresivas de esas teorías, la que define a la justicia como equidad (jus­ tice as fairness, en la expresión inglesa original), la imparcialidad 233 Serie Monografias Premiadas 3.indb 233 18/11/2010 12:35:44 p.m. 234 Imparcialidade judicial local de destaque. Na busca de um padrão que permita avaliar os aspectos distributivos da estrutura básica da sociedade, retoma-se e desenvolve-se uma teoria contratualista que idealiza uma posição original na qual as partes, cobertas por um véu de ignorância, desconhecem as posições futuras que ocuparão na sociedade, suas habilidades e também as dos demais integrantes do meio social (indiferença mútua), o que seria capaz de assegurar que as escolhas estruturantes da sociedade em termos de justiça distributiva sejam equitativas.20 A idealização das pessoas e a extrema simplificação do procedimento de escolha dos princípios que vão nortear a distribuição de bens e direitos em sociedade têm por função assegurar a imparcialidade nessa escolha, de modo a que a escolha não seja influenciada por interesses particulares ou pré-juízos21 –na verdade, a idealização do contrato social (nessa e em outras teorias políticas contemporâneas) e, especialmente, a idealização da posição original servem precipuamente para tentar assegurar a imparcialidade da escolha e/ou para testar as nossas instituições.22 20 Cfr. RAWLS, John, Uma Teoria da Justiça, (tradução portuguesa de A Theory of Justice por Carlos Pinto Correia), Presença, Lisboa, 1993, p. 27 e ss.; passim. 21 Cfr. Ibidem, p. 157: “Ora, os juízos morais devem ser imparciais; mas há uma outra forma de obter essa imparcialidade. O juízo imparcial é, podemos dizê-lo, um juízo proferido de acordo com os princípios que serão escolhidos na posição original. Um sujeito imparcial é aquele cuja situação e carácter lhe permitem julgar de acordo com estes princípios sem qualquer predisposição ou preconceito. Em vez de definir a imparcialidade na perspectiva do observador simpatizante, efectuamos essa definição na perspectiva dos próprios sujeitos em conflito. São eles que devem escolher a sua concepção da justiça de uma vez por todas, numa posição original de igualdade. Têm de decidir quais os princípios que devem reger a decisão das exigências que reciprocamente formulam e aquele que julga essas exigências age como seu agente”. 22 Cfr. KYMLICKA, Will, Filosofia Política Contemporânea–Uma Introdução, (tradução brasileira de Contemporary Political Philosophy – An Introduction por Luís Carlos Borges), Martins Serie Monografias Premiadas 3.indb 234 18/11/2010 12:35:44 p.m. 235 Imparcialidad judicial ocupa un lugar destacado. En la búsqueda de un patrón que permita evaluar los aspectos distributivos de la estructura básica de la sociedad, se retoma y desarrolla una teoría contractualista que idealiza una posición original en la cual las partes, cubiertas por un manto de igno­ rancia, desconocen las posiciones futuras que ocuparán en la sociedad, sus aptitudes y también las de los demás integrantes del medio social (indiferencia mutua), lo que sería capaz de asegurar que las elecciones estructurantes de la sociedad en términos de justicia distri­ butiva sean equitativas.20 La idealización de las personas y la extrema simplificación del procedimiento de elección de los principios que habrán de orientar la distribución de bienes y derechos en la sociedad, tienen la función de garantizar la imparcialidad de esa elección, de modo que la misma no sea influenciada por intereses particulares o prejuicios21 –en verdad, la idealización del contrato social (en esa y en otras teorías políticas contemporáneas) y especialmente, la idealización de la po­ sición original, sirven principalmente para intentar asegurar la imparcialidad de la elección y/o para probar nuestras instituciones.22 20 Cfr. RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça, traducción portuguesa de Carlos Pinto Correia, Presença, Lisboa, 1993, p. 27 y ss.; passim. 21 Cfr. Ibidem, p. 157: “Ahora bien, los juicios morales deben ser imparciales; pero hay una otra forma de obtener esa imparcialidad. El juicio imparcial es, podemos decirlo así, un juicio emitido de acuerdo a los principios que se elijan en la posición original. Un sujeto imparcial es aquel cuya situación y carácter le permiten juzgar de acuerdo a estos principios sin ninguna predisposición o preconcepto. En vez de definir a la imparcialidad en la perspectiva del observador simpatizante, efectuamos esa definición en la perspectiva de los propios sujetos en conflicto. Son ellos quienes deben elegir su concepción de justicia de una vez por todas, en una posición original de igualdad. Tienen que decidir cuáles son los principios que deben regir la decisión de las exigencias que recíprocamente formulan y aquel que juzga esas exigencias actúa como su agente”. 22 Cfr. KYMLICKA, Will. Filosofia Política Contemporânea-Uma Introdução, traducción de Luís Carlos Borges, Martins Fontes, São Paulo, 2006, p. 57: “El argumento del contrato Serie Monografias Premiadas 3.indb 235 18/11/2010 12:35:44 p.m. 236 Imparcialidade judicial Essa observação da ciência política revela o acerto da afirmativa de que o ordenamento jurídico e suas normas são heterônomos, isto é, possuem validade independentemente e a despeito do juízo de valor que os seus destinatários façam delas. Afirma-se que o Direito é um ordenamento heterônomo23 –destaca-se a heteronomia como característica fundamental do Direito. Não é por acaso que a heteronomia é referida como “alheiedade” do indivíduo com relação à norma jurídica.24 A mesma alheiedade referida acima como característica inerente à jurisdição e à imparcialidade. Fontes, São Paulo, 2006, p. 57: “O argumento do contrato testa nossas intuições revelando se elas seriam escolhidas a partir de uma perspectiva imparcial”. 23 Cfr. REALE, Miguel, Lições Preliminares de Direito, 19a Edição, Saraiva, São Paulo, 1991, pp. 48-49 e passim. 24 Novamente Ibidem, p. 49: “Essa validade objetiva e transpessoal das normas jurídicas, as quais se põem, por assim dizer, acima das pretensões dos sujeitos de uma relação, superando-as na estrutura de um querer irredutível ao querer dos destinatários, é o que se denomina heteronomia. (...) Há, no Direito, um caráter de “alheiedade” do indivíduo, com relação à regra. Dizemos, então, que o Direito é heterônomo, visto ser posto por terceiros aquilo que juridicamente somos obrigados a cumprir”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 236 18/11/2010 12:35:44 p.m. 237 Imparcialidad judicial Esta observación de la ciencia política revela cuan acertada es la aseveración de que el ordenamiento jurídico y sus normas son heterónomos, es decir, poseen validez independientemente y a pesar del juicio de valor que de ellos hicieren sus destinatarios. Se afirma que el Derecho es un ordenamiento heterónomo23 –se destaca la heteronomia como característica fundamental del Derecho. No por casualidad se hace referencia a la heteronomia como la “ajenidad” del individuo con relación a la norma jurídica.24 La misma ajenidad precedentemente mencionada como una característica inherente a la jurisdicción y a la imparcialidad. desafía nuestras intuiciones revelando si ellas serían elegidas a partir de una perspectiva imparcial”. 23 Cfr. REALE, Miguel, Lições Preliminares de Direito, 19a Edición, Saraiva, São Paulo, 1991, pp. 48-49 y passim. 24 Nuevamente Ibidem, p. 49: “Esa validez objetiva y transpersonal de las normas jurídicas, las que se colocan, por así decirlo, por encima de las pretensiones de los sujetos de una relación, superándolas en la estructura de un querer irreductible al querer de los desti­natarios, es lo que se denomina heteronomia. (...) Hay, en el Derecho, un carácter de “enajenación” del individuo, en relación con la regla. Decimos, entonces, que el Derecho es heterónomo, atento a que es un tercero quien impone lo que jurídicamente estamos obligados a cumplir”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 237 18/11/2010 12:35:44 p.m. Capítulo III Heteronomia e imparcialidade Na verdade, assim como a norma jurídica abstrata é heterônoma, assim também o é a norma jurídica concreta. Embora já seja superada a tese de que o juiz apenas pronuncia as palavras da lei, não se pode perder de vista que ao juiz é imposto o dever de aplicar as normas jurídicas sem ter em vista o seu eventual interesse particular –sendo correto falar que a decisão judicial é uma espécie de heterorregulação25 ou, ainda, que a jurisdição é uma forma de heterocomposição de litígios.26 Em ambos os momentos, abstrato e concreto, edição e aplicação, a norma jurídica é heterônoma. E a imparcialidade é um elemento fundamental em ambos os momentos normativos: edição e aplicação. Na criação e edição das 25 Cfr. TESHEINER, José Maria Rosa, Elementos para uma Teoria Geral do Processo, Saraiva, São Paulo, 1993, p. 71: “Jurisdição implica, pois, heterorregulação: regulação de relações estranhas ao julgador; não de relações de que seja parte”. 26 Cfr. DIDIER JR., Fredie, Curso de Direito Processual Civil – Teoria Geral do Processo e Processo de Conhecimento, Volume 1, 9a Edição, Podium, Salvador, 2008, p. 66. 238 Serie Monografias Premiadas 3.indb 238 18/11/2010 12:35:44 p.m. Capítulo III Heteronomia e imparcialidad En verdad, así como la norma jurídica abstracta es heterónoma, también lo es la norma jurídica concreta. Aun cuando se haya superado la tesis de que el Juez solo pronuncia las palabras de la ley, no se puede perder de vista que se le impone al Juez el deber de aplicar las normas jurídicas sin tener en cuenta su eventual interés particular, siendo correcto decir que la decisión judicial es una especie de heterorregulación25 o, que la jurisdicción es una forma de heterocomposición de litigios.26 En ambos momentos, abstracto y concreto, edición y aplicación, la norma jurídica es heterónoma. Y la imparcialidad es un elemento fundamental en ambos momentos normativos: edición y aplicación. En la creación y edición de 25 Cfr. TESHEINER, José Maria Rosa, Elementos para uma Teoria Geral do Processo, Saraiva, São Paulo, 1993, p. 71: “Jurisdicción implica, pues, heterorregulación: regulación de relaciones ajenas al juzgador; no de relaciones en las cuales sea parte”. 26 Cfr. DIDIER JR., Fredie, Curso de Direito Processual Civil-Teoria Geral do Processo e Processo de Conhecimento, Volumen 1, 9a Edición, Podium, Salvador, 2008, p. 66. 239 Serie Monografias Premiadas 3.indb 239 18/11/2010 12:35:44 p.m. 240 Imparcialidade judicial normas, o legislador deve adotar postura imparcial. No que nos interessa, na aplicação judicial das normas, a imparcialidade é indispensável à caracterização da heteronomia e, portanto, elemento inato à própria jurisdição, tal como ela é compreendida no Direito contemporâneo. A imparcialidade pode ser compreendida a partir de dois conteúdos de sentido: um sentido subjetivo e um sentido objetivo. No sentido subjetivo, a imparcialidade é uma condição moral do julgador, um estado anímico que só pode ser avaliado a partir de critérios éticos e culturais27 quase sempre impossíveis de serem jurisdicionalizados – como essa condição moral é avaliada positivamente pela sociedade, não parece haver equívoco em dizer que se trata de uma virtude.28 Além de vigoroso estímulo à adoção de padrões e hábitos morais consentâneos com as exigências de justiça dos julgamentos, o ordenamento jurídico procura estabelecer garantias institucionais que proporcionem parâmetros minimamente objetivos de aferição da imparcialidade do juiz (daí porque se fala em imparcialidade em sentido objetivo), chegando a criminalizar condutas contrárias à imparcialidade – por exemplo, a tipificação de crimes de 27 De acordo, quanto ao ponto, com GARAPON, Antoine, O Juiz e a Democracia – O Guardião das Promessas (tradução brasileira de Le Guardien des Promesses por Maria Luiza de Carvalho), Editora Revan, Rio de Janeiro, 1999, p. 251 e FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão – Teoria do Garantismo Penal (tradução brasileira de Diritto e Ragione – Teoria del Garantismo Penale por Ana Paula Zomer, Juarez Tavares, Fauzi Hassan Choukr e Luiz Flavio Gomes), Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2002, p. 465; GRECO, Leonardo. “Garantias fundamentais ...”, op. cit., pp. 61-99, esp. p. 65. 28 Contra, TESHEINER, José Maria Rosa, Elementos para ..., p. 71. Serie Monografias Premiadas 3.indb 240 18/11/2010 12:35:44 p.m. 241 Imparcialidad judicial las normas, el legislador debe adoptar una postura imparcial. En lo que nos concierne, en la aplicación judicial de las normas, la imparcialidad es indispensable para la caracterización de la heteronomia y, por lo tanto, un elemento innato de la propia jurisdicción, tal como se comprende la misma en el Derecho contemporáneo. La imparcialidad puede comprenderse a partir de dos contenidos de sentido: un sentido subjetivo y un sentido objetivo. En el sentido subjetivo, la imparcialidad es una condición moral de quien juzga, un Estado anímico que solo puede evaluarse a partir de criterios éticos y culturales27 que casi siempre es imposible jurisdiccionalizar. Como esa condición moral casi siempre es positivamente evaluada por la sociedad, no parece un equívoco decir que se trata de una virtud.28 Además de un fuerte estímulo para la adopción de modelos y hábi­tos morales coherentes con las exigencias de la justicia de las sentencias, el ordenamiento jurídico procura establecer garantías institucionales que proporcionen parámetros mínimamente objetivos de evaluación de la imparcialidad del Juez (es por eso que se habla de la imparcialidad en sentido objetivo), llegando a criminali­zar conductas contrarias a la imparcialidad, por ejemplo, la tipificación de 27 De acuerdo, en este punto, con GARAPON, Antoine, O Juiz e a Democracia-O Guardião das Promessas, traducción de Maria Luiza de Carva­lho, Revan, Rio de Janeiro, 1999, p. 251 y FERRAJOLI, Luigi, Direito e Razão-Teoria do Garantismo Penal, traducción de Ana Paula Zomer, Juarez Tavares, Fauzi Hassan Choukr y Luiz Flavio Gomes, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 2002, p. 465; GRECO, Leonardo. “Garantias fundamentais ...”, op. cit., p. 65. 28 En contra, TESHEINER, José Maria Rosa, Elementos para ..., op. cit., p. 71. Serie Monografias Premiadas 3.indb 241 18/11/2010 12:35:44 p.m. 242 Imparcialidade judicial responsabilidade para o Presidente da República que atue no sentido de indevidamente influenciar julgamentos do Poder Judiciário (Lei n° 1.079/1950 art. 6°, 5 e 6) e também para juízes que atuem em causas para as quais estejam suspeitos (Lei 1079/1950 art. 39, 2). Serie Monografias Premiadas 3.indb 242 18/11/2010 12:35:44 p.m. 243 Imparcialidad judicial delitos de responsabilidad del Presidente de la República si actua­ re de una manera que pudiere llegar a influenciar indebidamente los fallos del Poder Judicial (Ley N° 1079/1950 art. 6°, 5 y 6) y de los jueces, si actuaren en causas para las cuales resultaren recusados (Ley 1079/1950 art. 39, 2). Serie Monografias Premiadas 3.indb 243 18/11/2010 12:35:44 p.m. Capítulo IV Impartialidade Ainda neste viés objetivo, através de um sugestivo neologismo, pretende-se designar como impartialidade29 (originado em expressões estrangeiras, notadamente a germânica Unbeteiligheit) o fenômeno da distribuição de funções entre os atores processuais. Refere-se, portanto, não à imparcialidade das pessoas envolvidas em determinado processo judicial, mas sim à distribuição, em abstrato e com base em parâmetros objetivos, das funções atribuídas a cada um dos órgãos (como sejam os órgãos judiciais, o Ministério Público, os órgãos registrais) que atuam em um processo judicial. Impartialidade e imparcialidade são fenômenos complementares, portanto. 29 Vid. CABRAL, Antonio, “Imparcialidade e impartialidade...”, op. cit., pp. 99-124, esp. pp. 105-106. 244 Serie Monografias Premiadas 3.indb 244 18/11/2010 12:35:44 p.m. Capítulo IV Imparcialidad Siguiendo con este enfoque objetivo, a través de un sugestivo neologismo, se desea designar como impartialidad29 (originado en expre­ siones extranjeras, principalmente la germánica Unbeteiligheit) el fenómeno de la distribución de funciones entre los actores procesales. Se refiere por lo tanto, no a la imparcialidad de las personas que participan en determinada causa judicial, sino a la distri­bución, abstracta y basándose en parámetros objetivos, de las funciones adjudicadas a cada uno de los órganos (como son los órganos judiciales, el Ministerio Público, los órganos registrales) que actúan en una causa judicial. Impartialidad e imparcialidad son por ende, fenó­ menos complementarios. 29 Vid. CABRAL, Antonio, “Imparcialidade e impartialidade...”, op. cit., pp. 99-124, esp. pp. 105-106. 245 Serie Monografias Premiadas 3.indb 245 18/11/2010 12:35:44 p.m. 246 Imparcialidade judicial No Brasil, a Constituição Federal não faz referência expressa à imparcialidade como princípio ou garantia fundamental, referindose apenas a instrumentos de proteção/promoção da independência do juiz. Todavia, de acordo com o entendimento pacificamente adotado, a imparcialidade (referida como princípio) integra as características fundamentais do exercício do poder jurisdicional entre nós.30 30 Por todos, CINTRA, Antonio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pellegrini e DINA­ MARCO, Cândido Rangel, Teoria Geral do Processo, 10a edição, Editora Malheiros, São Paulo, 1994, p. 51. Na verdade, consoante adiante se demonstra, a imparcialidade é uma característica da jurisdição ocidental: ZAFFARONI, Eugenio Raúl, Poder Judiciário – Crises, Acertos e Desacertos (tradução brasileira de Juarez Tavares, sem indicação do título original), Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 1995, p. 90, onde se refere à imparcialidade como característica essencial da jurisdição. Ainda na doutrina italiana, vid. ANADOLINA, Italo e VIGNERA, Giuseppe, Il Modello Costituzionale del Processo Civile Italiano – Corso di Lezioni, G. Giappichelli Editore, Torino, 1990, p. 42. Serie Monografias Premiadas 3.indb 246 18/11/2010 12:35:44 p.m. 247 Imparcialidad judicial En el Brasil, la Constitución Federal no menciona expresamente la imparcialidad como principio o garantía fundamental. Solo se refiere a instrumentos de protección/promoción de la independencia del Juez. Sin embargo, de conformidad con el entendimiento pacíficamente adoptado, la imparcialidad (mencionada como principio) integra las características fundamentales del ejercicio del poder jurisdiccional entre nosotros30. 30 Por la mayoría, CINTRA, Antonio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pellegrini y DINAMARCO, Cândido Rangel, Teoria Geral do Processo, 10a Edición, Malheiros, São Paulo, 1994, p. 51. En verdad, de acuerdo a lo que se demuestra más adelante, la imparcialidad es una característica de la jurisdicción occidental: ZAFFARONI, Eugenio Raúl, Poder JudicialCrisis, Aciertos y Desaciertos, traducción de Juarez Tavares, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 1995, p. 90, donde se refiere a la imparcialidad como característica esencial de la jurisdicción. También en la doctrina italiana, vid. ANADOLINA, Italo y VIGNERA, Giuseppe, Il Modello Costituzionale del Processo Civile Italiano-Corso di Lezioni, G. Giappichelli Editore, Torino, 1990, p. 42. Serie Monografias Premiadas 3.indb 247 18/11/2010 12:35:44 p.m. Capítulo V Referência histórica Inicialmente, no plano histórico, diversos instrumentos normativos fizeram referências indiretas ou diretas à imparcialidade do juiz, o que autoriza a afirmação de que a interpretação histórica justifica a conclusão de que a imparcialidade é uma imposição constitucional fundamental. No período colonial, sob a égide das leis portuguesas, as subseqüentes Ordenações continham referências protetivas à imparcialidade do julgador, vedando a atuação do juiz em situações nas quais se verificassem situações que hoje, no direito processual civil vigente no Brasil, são entendidas como de impedimento ou suspeição. Nas Ordenações Afonsinas e Manuelinas, o juiz era proibido de julgar causas nas quais fosse parte ou fossem partes pessoas próximas (incluindo mas não se limitando a parentes até o quarto grau).31 Nas subsequentes Ordenações Filipinas (aplicadas 31 Ordenações Afonsinas, no Livro III, Título XXX; Ordenações Manuelinas, Livro III, Título XXIII. 248 Serie Monografias Premiadas 3.indb 248 18/11/2010 12:35:44 p.m. Capítulo V Referencia histórica Inicialmente, en el plano histórico, distintos instrumentos normativos hacían referencias directas o indirectas a la imparcialidad del Juez, lo que autoriza la afirmación de que la interpretación histórica, justifica la conclusión de que la imparcialidad es una imposición constitu­cional fundamental. Durante el período colonial, bajo la égida de las leyes portuguesas, los posteriores ordenamientos contenían referencias que protegían la imparcialidad de quien juzga, prohibiendo la actuación del Juez en circunstancias en las cuales se produjeran situaciones que actualmente, en el derecho procesal civil vigente en el Brasil, se entienden como recusación o excusación. En los ordenamientos alfonsinos y manuelinos, se le prohibía al Juez intervenir en causas en las cuales fuese parte o en las que fuesen parte, personas cercanas (incluyendo, pero sin limitarse, a parientes hasta cuarto grado).31 31 Ordenaciones Afonsinas, en el Libro III, Título XXX; Ordenaciones Manuelinas, Libro III, Título XXIII. 249 Serie Monografias Premiadas 3.indb 249 18/11/2010 12:35:44 p.m. 250 Imparcialidade judicial ainda durante o período imperial no Brasil), regulava-se ainda a forma de recusação do juiz pelas partes, assim como a abstenção de julgar pelo juiz que se considerasse suspeito em sua consciência32 (expressão que então designava o que hoje se conhece como suspeição por motivo de foro íntimo – CPC, art. 135, parágrafo único). Após o período colonial, tanto no período imperial como no período republicano, as Constituições que se sucederam, à exceção da Constituição de 1937 – ditada por um governo autoritário –, continham previsões acerca do que hoje se entende por proteção do juiz natural.33 Na órbita infra-constitucional, a imparcialidade continuou sendo tutelada pelos Diplomas legislativos (rectius: normativos) que se sucederam. O Regulamento n° 737/1850 (art. 86) permitia o afastamento espontâneo ou a recusa do juiz suspeito. Durante a vigência da Constituição de 1891, tendo sido outorgada a competência legislativa aos Estadosmembros para legislarem sobre direito processual civil, os vários Códigos de Processo estaduais editados continham previsão 32 Ordenações Filipinas, Livro III, Título XXI. 33 Constituição de 1824, art. 179, inciso 17: “À exceção das causas que por sua natureza pertencem a juízos particulares, na conformidade das leis, não haverá foro privilegiado, nem comissões especiais, nas causas cíveis ou crimes”. Constituição de 1891, art. 72, § 23: “À exceção das causas que, por sua natureza, pertencem a juízos especiais, não haverá foro privilegiado, nem tribunais de exceção; admitem-se, porém, juízos especiais em razão da natureza das causas”. Constituição de 1934, art. 113, 25: “Não haverá foro privilegiado nem tribunais de exceção; admitem-se, porém, juízos especiais em razão da natureza das causas”. Constituição de 1946, art. 141, § 15: “Não haverá foro privilegiado nem juízes e tribunais de exceção”. Constituição de 1967, art. 150, § 15; Emenda Constitucional n.1, de 1969, art. 153, § 15: “A lei assegurará aos acusados, ampla defesa, com os recursos a ela inerentes. Não haverá foro privilegiado nem tribunais de exceção”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 250 18/11/2010 12:35:44 p.m. 251 Imparcialidad judicial En los posteriores ordenamientos filipinos (aplicados todavía durante el período imperial en el Brasil), se regulaba también la forma de recu­ sación del Juez por las partes así como la abstención de juzgar, por parte del Juez que se considerara sospechoso en su consciencia,32 expresión que en ese entonces designaba lo que ahora se conoce como sospecha por motivo de su fuero interior (CPC, art. 135, inciso único). Después del período colonial, tanto en la época imperial como durante el período republicano, las constituciones que sobrevinieron, con excepción de la Constitución de 1937, promulgada por un gobierno autoritario, contenían disposiciones acerca de lo que hoy se entiende como protección del Juez natural.33 En la órbita infracons­ titucional, la imparcialidad siguió siendo tutelada por las normas legislativas (rectius: normativos) que se sucedieron. El Reglamento N° 737/1850 (art. 86) permitía el alejamiento espontáneo o la recusación del Juez sospechoso. Durante la vigencia de la Constitución de 1891 se había otorgado la competencia legislativa a los Estados miembros para legislar sobre derecho procesal civil y, los distintos Có­ digos de Procedimiento estaduales editados contenían disposiciones 32 Ordenaciones Filipinas, Libro III, Título XXI 33 Constitución de 1824, art. 179, inciso 17: “A excepción de las causas que por su naturaleza pertenecen a juicios particulares, de acuerdo a las leyes, no habrá fuero privilegiado, ni comisiones especiales, en las causas civiles o delitos”. Constitución de 1891, art. 72, § 23: “A excepción de las causas que por su naturaleza pertenecen a juicios especiales, no habrá fuero privilegiado, ni tribunales de excepción; se admiten, sin embargo, juicios especiales en razón de la naturaleza de las causas”. Constitución de 1934, art. 113, 25: “No habrá fuero privilegiado ni tribunales de excepción; se admiten, sin embargo, juicios especiales en razón de la naturaleza de las causas”. Constitución de 1946, art. 141, § 15: “No habrá fuero privilegiado ni jueces y tribunales de excepción”. Constitución de 1967, art. 150, § 15; Enmienda Constitucional n.1, de 1969, art. 153, § 15: “La ley le asegurará a los acusados una amplia defensa, con los recursos inherentes a ella. No habrá fuero privilegiado ni tribunales de excepción”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 251 18/11/2010 12:35:44 p.m. 252 Imparcialidade judicial acerca da suspeição – curiosamente, suspeição e impedimento eram referidos como sinônimos e destinados à preservação da imparcialidade. No CPC do Estado do Rio Grande do Sul (art. 174), por exemplo, fora instituída uma cláusula genérica permitindo a recusa do juiz quando houvesse grave suspeita de parcialidade. E a imparcialidade, novamente pela via da suspeição, continuou tutelada pelo CPC de 1939 (arts. 119, 185 e 798, I, a), inter alia), o qual, aliás, não se serviu de técnica apurada para cuidar da matéria, eis que, embora contivesse referência ao impedimento (ao cuidar da ação rescisória, regulava apenas a suspeição, sem diferenciar as hipóteses respectivas).34 Obviamente a existência de normas ordinárias ou mesmo de normas constitucionais destinadas à tutela da imparcialidade não significa que a prática judiciária correspondesse às normas – a história registra diversos fenômenos de normas constitucionais manifestamente inefetivas. De acordo com a respeitada classificação ontológica de LOEWENSTEIN,35 essas constituições inefetivas são designadas constituições nominais e semânticas – e o Brasil, historicamente, experimentou a vigência desse tipo de normas, inclusive no que diz respeito à imparcialidade dos juízes,36 que eram 34 Embora a distinção realmente não tenha interesse prático, o CPC de 1973 mostrou técnica bem mais apurada no que concerne à matéria. Sobre o tema, vid., BARBOSA MOREIRA, José Carlos, Estudos sobre o Novo Código de Processo Civil, Editora Líber Juris, Rio de Janeiro, 1974, pp. 60 e 107. 35 LOEWENSTEIN, Karl, Teoria de la ..., op. cit., p. 216 e seguintes, esp. p. 217, onde se lê: “En lugar de analizar la esencia y el contenido de las constituciones, el critério del análisis ontológico radica en la concordancia de las normas constitucionales con la realidad del proceso del poder”. 36 Sobre as práticas judiciárias brasileiras durante o Império e a formação da Repúbli­ ca no Brasil, vid., KOERNER, Andrei, Judiciário e Cidadania na Constituição da República Serie Monografias Premiadas 3.indb 252 18/11/2010 12:35:44 p.m. 253 Imparcialidad judicial sobre la sospecha (curiosamente, recusación y excusación se citaban como sinónimos y estaban destinados a la preservación de la imparcialidad). En el CPC del Estado de Rio Grande do Sul (art. 174), por ejemplo, se instituyó una cláusula genérica permitiendo recusar al Juez cuando hubiese grave sospecha de parcialidad. Y la imparcialidad, nuevamente por vía de la recusación, siguió siendo tutelada por el CPC de 1939 (arts. 119, 185 y 798, I, a), inter alia), el cual además, no recurrió a una técnica muy esmerada para ocuparse del tema, aun cuando contenía una referencia al impedimento (al referirse a la acción rescisoria, regulaba solamente la sospecha, sin diferenciar las hipótesis respectivas).34 Obviamente, la existencia de normas ordinarias o aun de normas constitucionales destinadas a la tutela de la imparcialidad, no significa que la práctica judicial correspondiera a las normas. La historia registra distintos fenómenos de normas constitucionales manifiestamente ineficaces. De acuerdo con la respetada clasificación ontológica de LOEWENSTEIN,35 esas constituciones ineficaces se designan constituciones nominales y semánticas e históricamente, el Brasil, experimentó la vigencia de ese tipo de normas, inclusive en lo que se refiere a la imparcialidad de los jueces36 que eran considera- 34 Aunque la distinción realmente no tenga interés práctico, el CPC de 1973 mostró una técnica mucho más acabada en lo que concierne a la materia. Sobre el tema, vid., BAR­ BOSA MOREIRA, José Carlos, Estudos sobre o Novo Código de Processo Civil, Líber Juris, Rio de Janeiro, 1974, pp. 60 y 107 35 LOEWENSTEIN, Karl, Teoría de la ..., op. cit., pp. 216 y ss., esp. p. 217, donde se lee: “En lugar de analizar la esencia y el contenido de las constituciones, el criterio del análisis ontológico radica en la concordancia de las normas constitucionales con la realidad del proceso del poder”. 36 Sobre las prácticas judiciales brasileñas durante el Imperio y la formación de la República en Brasil, vid., KOERNER, Andrei, Judiciário e Cidadania na Constituição da República Serie Monografias Premiadas 3.indb 253 18/11/2010 12:35:44 p.m. 254 Imparcialidade judicial considerados agentes de força do poder executivo (no caso, imperial) e da elite dominante, verdadeira herança do período colonial.37 Sem embargo da importância do tema, a efetividade dessas normas não é o ponto relevante aqui. O que se busca salientar aqui é a clara consolidação através dos tempos no Brasil da idéia de imparcialidade dos julgadores como imperativo normativo fundamental, concluindo-se no sentido de que, sem embargo da possível conclusão de inexistência de referência normativa expressa ou explícita ao princípio da imparcialidade na Constituição Federal de 1988, cuida-se, pelo menos, de norma constitucional implícita. Brasileira, Editora Hucitec/USP, São Paulo, 1998. Ainda sobre a historiografia da independência judicial no Brasil, vide o estudo de SAMPAIO, José Adércio Leite, O Conselho Nacional de Justiça e a Independência do Judiciário, Del Rey Editora, Belo Horizonte, 2007, p. 25 e ss. 37 Cfr. FLORY, Thomas, Judge and Jury in Imperial Brazil 1808-1871. Social control and political stability in the new State, University of Texas Press, Austin, 1981, pp. 31 e 204, esp. p. 31: “It was not by chance that the reformers directed their most concerted energies toward modification of the judiciary. The ideological and the reactive arms of the liberal movement participated in different ways, but neither the meliorist reformers nor the wreckers who had merely hated colonial rule could resist the opportunities offered in this area. For during the colonial period, the judicial system was where Brazilians came closest to the regime – where they had the most influence, and also where they were most abused. After independence, therefore, justice settled precisely at the intersection of the complex push-and-pull forces that shaped Brazilian liberalism. The colonial judiciary offered both a system to reform from within and a structure of power to be dismantled”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 254 18/11/2010 12:35:45 p.m. 255 Imparcialidad judicial dos agentes de la fuerza del poder ejecutivo (en ese caso, imperial) y de la elite dominante, verdadera herencia del período colonial.37 Pero a pesar de la importancia del tema, la eficacia de esas normas no constituye aquí un punto relevante. Lo que se busca resaltar es la clara consolidación en el Brasil, a través de los tiempos, de la idea de imparcialidad de quienes juzgan, como un imperativo normativo fundamental, concluyéndose que, a pesar de la posible conclusión de la inexistencia de una referencia normativa expresa o explícita al principio de la imparcialidad, en la Constitución Federal de 1988, existe por lo menos, la norma constitucional implícita. Brasileira, Hucitec/USP, São Paulo, 1998. Sobre la historiografía de la independencia judicial en Brasil, ver el estudio de SAMPAIO, José Adércio Leite, O Conselho Nacional de Justiça e a Independência do Judiciário, Del Rey Editorial, Belo Horizonte, 2007, p. 25 y ss. 37 Cfr. FLORY, Thomas, Judge and Jury in Imperial Brazil-1808-1871. Social control and political stability in the new State, University of Texas Press, Austin, 1981, pp. 31 y 204, esp. p. 31: “It was not by chance that the reformers directed their most concerted energies toward modification of the judiciary. The ideological and the reactive arms of the liberal movement participated in different ways, but neither the meliorist reformers nor the wreckers who had merely hated colonial rule could resist the opportunities offered in this area. For during the colonial period, the judicial system was where Brazilians came closest to the regime-where they had the most influence, and also where they were most abused. After independence, therefore, justice settled precisely at the intersection of the complex push-and-pull forces that shaped Brazilian liberalism. The colonial judiciary offered both a system to reform from within and a structure of power to be dismantled”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 255 18/11/2010 12:35:45 p.m. Capítulo VI Sedes Materiae Talvez seja por isso que a jurisprudência dos Tribunais Superiores brasileiros reconhece a aplicabilidade do princípio da imparcialidade, seja como garantia implícita ou integrante do princípio do devido processo legal (CF, art. 5o, LIV) e/ou do princípio do juiz natural (CF, art. 5o, XXXVII e LIII),38 seja como garantia autônoma – registrando-se até mesmo a ocorrência de pronunciamentos que consideram a imparcialidade como princípio expresso no art. 102, I, “n” da CF, que atribui competência ao STF para julgar causas em que os membros de tribunais inferiores sejam interessados, preservando, assim, a imparcialidade dos julgamentos respectivos.39 38 STF, Extradição 977-PT, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Celso de Mello, julgado unânime proferido em 25.05.2005: “O Supremo Tribunal Federal não deve autorizar a extradição, se se demonstrar que o ordenamento jurídico do Estado estrangeiro que a requer não se revela capaz de assegurar, aos réus, em juízo criminal, os direitos básicos que resultam do postulado do “due process of law” (...), notadamente as prerrogativas inerentes à garantia da ampla defesa, à garantia do contraditório, à igualdade entre as partes perante o juiz natural e à garantia de imparcialidade do magistrado processante”. 39 Vide STF, ADI n° 1.570, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Mauricio Correa, julgado por maioria em 12.02.2004 (imparcialidade como integrante do devido processo legal). 256 Serie Monografias Premiadas 3.indb 256 18/11/2010 12:35:45 p.m. Capítulo VI Sedes materiae Tal vez sea por eso que la jurisprudencia de los tribunales superiores brasileños, reconoce la aplicabilidad del principio de imparcialidad, ya fuere como garantía implícita o integrante del principio del debido proceso legal (CF, art. 5°, LIV) y/o del principio del Juez natural (cf, ART. 5°, XXXVII y LIII)38 o ya fuere como garantía autónoma, registrándose hasta la existencia de pronunciamientos que consideran la imparcialidad como un principio expreso en el art. 102, I, “n” de la CF, que le atribuye competencia al STF para juzgar causas en las que los miembros de tribunales inferiores fueren parte interesada, preservando así, la imparcialidad de los fallos respectivos.39 38 STF, Extradición 977-PT, Tribunal en Pleno, del Ministro Relator Celso de Mello, fallo unánime dictado el 25.05.2005: “El Supremo Tribunal Federal no debe autorizar la extradición, si se demostrare que el ordenamiento jurídico del Estado extranjero que la requiere no se revela capaz de asegurar, a los imputados, en un juicio penal, los derechos básicos que resultan del postulado “due process of law” (...), especialmente las prerrogativas inherentes a la garantía de la defensa en juicio, a la garantía del contradictorio, a la igualdad entre las partes ante el juez natural y a la garantía de imparcialidad del magistrado actuante”. 39 Ver STF, ADI n° 1.570, Tribunal en Pleno, del Ministro Relator Mauricio Correa, decidido por mayoría el 12.02.2004 (la imparcialidad como integrante del debido proceso legal). 257 Serie Monografias Premiadas 3.indb 257 18/11/2010 12:35:45 p.m. 258 Imparcialidade judicial Ao lado dessas construções jurisprudenciais, em sede doutrinária indica-se o princípio da imparcialidade como decorrência do princípio da impessoalidade, como integrante da cláusula do Estado de Direito40 e, ainda, como corolário do princípio da igualdade,41 este, sem dúvida alguma, um dos princípios norteadores do nosso constitucionalismo (CF, art. 5o, caput), projetado em todas as esferas do direito, inclusive o direito processual civil que, no plano infra-constitucional, prevê expressamente o dever de tratamento igualitário das partes pelo juiz (CPC, art. 125, I). A igualdade pode ser entendida como um princípio operacional, no sentido de que não possui conteúdo próprio (seria, então, um princípio “vazio”), prestando-se a operacionalizar a aplicação de outros princípios, a exemplo do princípio da proporcionalidade, que também seria um princípio operacional (ou postulado normativo aplicativo, na terminologia preferida por setor da doutrina especializada).42 Vide ainda STF, Ação Originária n° 587-6-DF, Tribunal Pleno, Relatora a Ministra Ellen Gracie, julgado unânime em 06.04.2006, onde se afirma que o “referido dispositivo traduz-se como regra explícita de conformação dos princípios do juiz natural e da imparcialidade”. 40 Cfr. CABRAL, Antonio. “Imparcialidade e impartialidade...”, op.cit., pp. 99-124, esp. p. 103. Referindo-se ao juiz natural, é o entendimento de PIZZOL, Patrícia, A Competência no Processo Civil, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2003, p. 49. 41 Assim em BARBOSA MOREIRA, José Carlos. “Reflexões sobre ...”, op. cit., pp. 19-30, esp. p. 30. No mesmo sentido, HAEBERLIN, Mártin Perius, “O Juiz e a outra história: uma abordagem do princípio da imparcialidade a partir dos problemas da subsunção”, In Revista da AJURIS, Volume 104, AJURIS, Porto Alegre, 2006, pp. 169-189, esp. p. 173. Este autor indica como base doutrinária a obra de JUAREZ FREITAS, que utiliza imparcialidade como sinônimo de impessoalidade (FREITAS, Juarez, O controle dos atos administrativos e os princípios fundamentais, 3a Edição, Malheiros Editores, São Paulo, 2004), mas é relevante registrar que este autor refere-se apenas à imparcialidade da administração pública (como sinônimo de impessoalidade). 42 A expressão postulado normativo aplicativo é de ÁVILA, Humberto, Teoria dos Princípios, 3a Edição, Editora Malheiros, São Paulo, 2004, p. 87 et passim. Vid., ainda BARCELLOS, Serie Monografias Premiadas 3.indb 258 18/11/2010 12:35:45 p.m. 259 Imparcialidad judicial Junto a esas construcciones jurisprudenciales, en sede doctrinaria, se indica el principio de la imparcialidad como derivado del principio de impersonalidad, como integrante de la cláusula del Estado de Derecho40 y además, como corolario del principio de igualdad41 que es sin duda alguna, uno de los principios rectores de nuestro constitucionalismo (CF, art. 5°, caput), proyectado a todas las esferas del derecho, inclusive el derecho procesal civil que, en el plano infraconstitucional prevé expresamente el deber del tratamiento igualitario de las partes por el Juez (CPC, art. 125, I). La igualdad puede ser entendida como un principio operativo, en el sentido de que no posee contenido propio (sería entonces un principio “vacío”), prestándose a operacionalizar la aplicación de otros principios, como por ejemplo, el principio de proporcionalidad, que también sería un principio operativo (o postulado normativo aplicativo, en la terminología preferida del sector de la doctrina especializada).42 Ver también STF, Acción Originaria n° 587-6-DF, Tribunal en Pleno, de la Ministra Relatora Ellen Gracie, decisión unánime del 06.04.2006, donde se afirma que “dicho dispositivo se traduce como regla explícita de conformación de los principios del juez natural y de la imparcialidad”. 40 Cfr. CABRAL, Antonio. “Imparcialidade e impartialidade...”, op. cit., p. 103. Refiriéndose al juez natural, es el entendimiento de PIZZOL, Patrícia, A Competência no Processo Civil, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 2003, p. 49. 41 En igual sentido, en BARBOSA MOREIRA, José Carlos. “Reflexões sobre ...”, op. cit., pp. 19-30, esp. p. 30. En idéntico sentido, HAEBERLIN, Mártin Perius, “O Juiz e a outra história: uma abordagem do princípio da imparcialidade a partir dos problemas da subsunção”, en Revista da AJURIS, Volumen 104, AJURIS, Porto Alegre, 2006, pp. 169-189, esp. p. 173. Este autor indica como base doctrinaria la obra de JUAREZ FREITAS, que utiliza la imparcialidad como sinónimo de impersonalidad (FREITAS, Juarez, O controle dos atos administrativos e os princípios fundamentais, 3a Edición, Malheiros Editores, São Paulo, 2004), pero se torna relevante registrar que este autor se refiere apenas a la imparcialidad de la administración pública (como sinónimo de impersonalidad). 42 La expresión postulado normativo aplicativo es de ÁVILA, Humberto, Teoria dos Prin­ cípios, 3a Edición, Malheiros, São Paulo, 2004, p. 87 et passim. Vid., también BARCELLOS, Serie Monografias Premiadas 3.indb 259 18/11/2010 12:35:45 p.m. 260 Imparcialidade judicial Espelhando esse entendimento, afirmou-se que a imparcialidade, conquanto importantíssima, não é um valor em si própria.43 Afirmou-se também que a imparcialidade implica apenas garantias procedimentais, com expressa referência à ponderação e à sua caracterização como princípio de caráter instrumental.44 Ao menos intuitivamente, essas e outras afirmações semelhantes – notadamente a correlação direta à ponderação e ao caráter instrumental – sugerem que a imparcialidade também seria um princípio operacional. Assim sendo, de acordo com essa linha de orientação, o princípio da imparcialidade não teria aptidão para criar direitos para as pessoas, sendo apenas um instrumento para o juiz na aplicação de outras normas jurídicas (sejam elas processuais e/ou materiais). No mesmo diapasão, as chamadas exigências de paridade de armas e paridade de chances no processo – expressões originárias do direito alemão, Waffengleichheit e Chancengleichheit – impõem desde a primeira visada a igualdade das partes ante (ou perante) o juiz,45 impondo a imparcialidade como um dever de eqüidistância Ana Paula de, Ponderação, Racionalidade e Atividade Jurisdicional, Editora Renovar, Rio de Janeiro, 2005, passim. 43 Cfr. DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de Direito..., op. cit., p. 220: “A impar­ cialidade (...) não é um valor e si própria mas fator para o culto de uma fundamental virtude democrática refletida no processo, que é a igualdade. Quer-se o juiz imparcial, para que dê tratamento igual aos litigantes ao longo do processo e na decisão da causa”. 44 Cfr. ZAGO, Lívia Maria Armentano Koenigstein, O Princípio da Impessoalidade, Editora Renovar, Rio de Janeiro, 2001, pp. 364 (com referência ao direito português) e 373. 45 Cfr. HEYDE, Wolfgang, “La Jurisdicción”, Op. cit., p. 796. Serie Monografias Premiadas 3.indb 260 18/11/2010 12:35:45 p.m. 261 Imparcialidad judicial A modo de reflejo de ese entendimiento, se afirmó que la imparcialidad, si bien importantísima, es un valor en sí misma.43 Se afirmó asimismo que la imparcialidad implica solamente garantías de procedimiento, con expresa referencia a la ponderación y a su caracterización como principio de carácter instrumental.44 Al menos intuitivamente, esas y otras afirmaciones similares, principalmente la correlación directa con la ponderación y con el carácter instrumental, sugieren que la imparcialidad sería también un principio operativo. Por lo tanto, de acuerdo con esa línea de orientación, el principio de imparcialidad no tendría aptitud para crear derechos para las per­sonas sino que sería apenas un instrumento para el Juez, en la aplicación de otras normas jurídicas (fueren ellas procesales y/o materiales). Dentro de una misma tónica, las denominadas exigencias de paridad de armas y paridad de oportunidades en el juicio, expresiones originarias del derecho alemán, Waffengleichheit y Chancengleichheit, imponen desde una primera visión, la igualdad de las partes ante el (o delante del) Juez,45 imponiendo la imparcialidad como un deber Ana Paula de, Ponderação, Racionalidade e Atividade Jurisdicional, Editorial Renovar, Rio de Janeiro, 2005, passim. 43 Cfr. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito ..., op. cit., p. 220: “La imparcialidad (...) no es un valor en sí mismo sino un factor para el culto de una fundamental virtud democrática reflejada en el proceso, que es la igualdad. Se quiere un juez imparcial, para que dé tratamiento igualitario a los litigantes a lo largo del proceso y en la decisión de la causa”. 44 Cfr. ZAGO, Lívia Maria Armentano Koenigstein, O Princípio da Impessoalidade, Editorial Renovar, Rio de Janeiro, 2001, pp. 364 (con referencia al derecho portugués) y 373. 45 Cfr. HEYDE, Wolfgang. “La Jurisdicción”. op. cit., p. 796. Serie Monografias Premiadas 3.indb 261 18/11/2010 12:35:45 p.m. 262 Imparcialidade judicial do juiz, mas sem a extração direta de situações jurídicas subjetivas para os litigantes. Com efeito, nesse viés de orientação, também a imparcialidade seria um princípio instrumental (ou operacional) ou um postulado normativo aplicativo,46 não sendo a imparcialidade um fim em si mesma e do princípio da imparcialidade não decorrendo nenhuma situação jurídica subjetiva imediata para os litigantes. Por fim, registra-se ainda que a doutrina especializada também relaciona o dever de imparcialidade do julgador com o princípio da impessoalidade, ora referidos como sinônimos – o que se justifica em outros ordenamentos jurídicos, em que o fenômeno da impessoalidade é designado como imparcialidade,47 ora referindo a imparcialidade como decorrência direta daquela.48 No direito brasileiro, a impessoalidade é princípio constitucional explícito (CF, art. 37, caput) usualmente referido à administração pública e que, de acordo com essa linha de entendimento, teria aplicação também à função jurisdicional – cuida-se de mais um esforço para encontrar uma sede expressa para o princípio da 46 Cfr. ÁVILA, Ana Paula Oliveira, O Princípio da Impessoalidade da Administração Pública para Uma Administração Imparcial, Editora Renovar, Rio de Janeiro, 2004, p. 61. 47 Como indicado por ZAGO, Lívia Maria Armentano Koenigstein, O Princípio da..., op. cit., p. 147. Sem cuidar da aplicação à função jurisdicional, JUAREZ FREITAS utiliza imparcialidade como sinônimo de impessoalidade. FREITAS, Juarez, O controle..., op. cit., p. 49. 48 Ainda DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de ..., op. cit., p. 350/35 e, no mesmo sentido, CÂMARA, Alexandre Freitas. “Exercício Impessoal da Jurisdição Civil”, In CÂMARA, Alexandre Freitas, Escritos de Direito Processual Civil – Segunda Série, Lumen Juris Editora, Rio de Janeiro, 2005, pp. 171-183, passim. Serie Monografias Premiadas 3.indb 262 18/11/2010 12:35:45 p.m. 263 Imparcialidad judicial de equidistancia del Juez, pero sin extensión directa a situaciones jurídicas subjetivas para los litigantes. En efecto, dentro de esa orientación, también la imparcialidad sería un principio instrumental (u operativo) o un postulado normativo aplicativo,46 no siendo la imparcialidad un fin en sí mismo y sin que del principio de impar­ cialidad se derive ninguna situación jurídica subjetiva inmediata para los litigantes. Por último se registra además, que la doctrina especializada también relaciona el deber de imparcialidad de quien juzga con el principio de la impersonalidad, citados como sinónimos, lo que se justifica en otros ordenamientos jurídicos en los que el fenómeno de la impersonalidad se designa como imparcialidad,47 o mencionando a la imparcialidad como una derivación directa de aquella.48 En el derecho brasileño, la impersonalidad es el principio constitu­ cional explícito (CF, art. 37, caput) habitualmente referido a la admi­ nistración pública y que, de acuerdo con esa línea de entendimiento, se había aplicado también a la función jurisdiccional. Se hace más de un esfuerzo para encontrar una sede expresa para el principio de 46 Cfr. ÁVILA, Ana Paula Oliveira, O Princípio da Impessoalidade da Administração Públicapara Uma Administração Imparcial, Editorial Renovar, Rio de Janeiro, 2004, p. 61. 47 Como fuera indicado por ZAGO, Lívia Maria Armentano Koenigstein, O Princípio da..., op. cit., p. 147. Sin tener en cuenta la aplicación de la función jurisdiccional, JUAREZ FREITAS utiliza a la imparcialidad como sinónimo de impersonalidad, FREITAS, Juarez, O controle ..., op. cit., p. 49. 48 Asimismo, DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de..., op. cit., p. 350/35 y, en el mismo sentido, CÂMARA, Alexandre Freitas. “Exercício Impessoal da Jurisdição Civil”, en CÂMARA, Alexandre Freitas, Escritos de Direito Processual Civil-Segunda Série, Lumen Juris Editorial, Rio de Janeiro, 2005, pp. 171-183, passim. Serie Monografias Premiadas 3.indb 263 18/11/2010 12:35:45 p.m. 264 Imparcialidade judicial imparcialidade no texto constitucional brasileiro. Nesse sentido, afirma-se que o juiz não exerce a jurisdição em nome próprio, mas sim representando o Estado, de modo que deve agir de modo impessoal, sem considerações de ordem pessoal nem discriminações infundadas, donde decorreria o dever de imparcialidade. Em que pese a divergência entre os estudiosos acerca da sedes materiae do princípio da imparcialidade na Carta Constitucional brasileira, o que realmente importa é o reconhecimento do status constitucional desse princípio. Na verdade, há uma inequívoca superposição entre os princípios constitucionais referentes ao processo (notadamente referentes ao processo civil), não sendo viável delimitar com precisão absoluta, em alguns casos (como a imparcialidade), a área de aplicação exclusiva de cada um deles.49 Isso, por evidente, não deve prejudicar a aplicação do princípio em questão. Com efeito, seja qual for a sede material do princípio, vem-se afirmando que o chamado princípio da imparcialidade possui raiz constitucional e, explícita ou implicitamente, constituiria um direito fundamental dos litigantes em processos judiciais (no mínimo, consoante o disposto no art. 5o, § 2o da CF). Demais disso, Tratados Internacionais celebrados pelo Brasil cujas normas estão em vigor entre nós, como, por exemplo, a 49 Consoante a lição de DINAMARCO: “São perceptíveis e inegáveis as superposições entre os princípios constitucionais do processo, sendo impossível delimitar áreas de aplicação exclusiva de cada um deles – até mesmo em razão dessa convergência e porque nenhum deles se conceitua por padrões rigorosamente lógicos, mas políticos”. DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de ..., op. cit., p. 217. Serie Monografias Premiadas 3.indb 264 18/11/2010 12:35:45 p.m. 265 Imparcialidad judicial imparcialidad en el texto constitucional brasileño. En ese sentido, se afirma que el Juez no ejerce la jurisdicción en su propio nombre, sino representando al Estado, de modo que debe actuar de manera impersonal, sin consideraciones de orden personal ni discriminaciones infundadas, de donde derivaría el deber de imparcialidad. Pese a la divergencia entre los estudiosos acerca de la sedes materiae del principio de imparcialidad en la Carta Constitucional brasileña, lo que realmente importa es el reconocimiento del status constitucional de ese principio. En verdad, existe una superposición inequívoca entre los principios constitucionales referentes al procedimiento (principalmente referentes al procedimiento civil), no siendo factible delimitar con precisión absoluta, en algunos casos (como la imparcialidad), el área de aplicación exclusiva de cada uno de ellos.49 Eso, por evidente, no debe perjudicar la aplicación del principio en cuestión. En efecto, sea cual fuere la sede material del principio, se viene afirmando que el denominado principio de imparcialidad, posee raíz constitucional y, explícita o implícitamente, constituiría un derecho fundamental de los litigantes en causas judiciales (como mínimo, de acuerdo con lo dispuesto en el art. 5°, § 2° de la CF). Además de eso, tratados internacionales celebrados por el Brasil, cuyas normas están en vigencia entre nosotros, como por ejemplo, 49 Según lo enseñado por DINAMARCO: “Son perceptibles e innegables las superposiciones entre los principios constitucionales del proceso, siendo imposible delimitar las áreas de aplicación exclusiva de cada uno de ellos hasta por motivos de esa misma convergencia y porque ninguno de ellos se define por estándares rigurosamente lógicos, sino polí­ ticos”. DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de ... op. cit., p. 217. Serie Monografias Premiadas 3.indb 265 18/11/2010 12:35:45 p.m. 266 Imparcialidade judicial Declaração Universal dos Direitos Humanos, art. X (que não se constitui tecnicamente em um Tratado e, portanto, não foi formalmente internalizada); o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, art. 14.1 (internalizado pelo Decreto n° 226 de 12 de dezembro de 1991); a Convenção Americana de Direitos Humanos – Pacto de San José da Costa Rica, art. 8o. 1 (internalizada pelo Decreto n° 678 de 6 de novembro de 1992); o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, art. 41 (internalizado pelo Decreto n° 4388 de 25 de setembro de 2002); possuem normas prevendo expressamente o respeito à imparcialidade pelos julgadores – estabelecendo-se, portanto, o direito a um julgamento imparcial. Independentemente da hierarquia que se atribua a tais normas (sejam elas constitucionais ou infraconstitucionais),50 cuida-se de normas que estão em vigor no Brasil e, pelo menos analogicamente, podem ser aplicadas aos processos judiciais. Ainda que contraposto a um movimento de informalização e desjudicialização de litígios decorrente da ineficiência e da inacessibilidade do Poder Judiciário,51 estudos identificam um movimento de jurisdicionalização dos procedimentos não 50 Sobre a posição hierárquica das dessas normas, vid. PIOVESAN, Flávia, Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, 3a edição, Max Limonad, São Paulo, 1997; e MELLO, Celso de Albuquerque, “O § 2o do art. 5a da Constituição Federal”, en LOBO TORRES, Ricardo (Organizador), Teoria dos Direitos Fundamentais, Editora Renovar, Rio de Janeiro, 1999, pp. 1-33. 51 Em anotações à toda evidência aplicáveis ao Brasil, confira-se PEDROSO, João; TRINCÃO, Catarina e DIAS, João Paulo, Por Caminhos da(s) Reformas da Justiça, Coimbra Editora, Coimbra, 2003, passim. Serie Monografias Premiadas 3.indb 266 18/11/2010 12:35:45 p.m. 267 Imparcialidad judicial la Declaración Universal de Derechos Humanos, art. X (que no constituye técnicamente un tratado y, por lo tanto no fue formalmente incorporada); el Pacto Internacional de Derechos Civiles y Políticos, art. 14. 1 (incorporado por el Decreto N° 226 de 12 de diciembre de 1991); la Convención Interamericana de Derechos Humanos –Pacto de San José de Costa Rica, art. 8° 1 (incorporada por el Decreto N° 678 de 6 de noviembre de 1992), y el Estatuto de Roma del Tribunal Penal Internacional, art. 41 (incorporado por el Decreto 4388 de 25 de septiembre de 2002), poseen normas que prevén expresamente el respeto a la imparcialidad por parte de quienes juzgan, estableciéndose por lo tanto, el derecho a un juicio imparcial. Independientemente de la jerarquía que se atribuya a tales normas (ya fueren ellas constitucionales o infraconsti­ tucionales),50 se trata de normas que están en vigencia en el Brasil y, por lo menos analógicamente, pueden ser aplicadas a las causas judiciales. Aun contraponiéndose a un movimiento de informalización y desjudicialización de litigios, derivado de la ineficiencia y de la inaccesibilidad del Poder Judicial,51 hay estudios que identifican un movimiento de jurisdiccionalización de los procedimientos no 50 Sobre la posición jerárquica de esas normas, vid. PIOVESAN, Flávia, Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, 3a Edición, Max Limonad, São Paulo, 1997; y MELLO, Celso de Albuquerque, “O § 2° do art. 5° da Constituição Federal”, en LOBO TORRES, Ricardo (Organizador), Teoria dos Direitos Fundamentais, Editorial Renovar, Rio de Janeiro, 1999, pp. 1-33 51 En anotaciones evidentemente aplicables al Brasil, vid. PEDROSO, João; TRINCÃO, Catarina y DIAS, João Paulo, Por Caminhos da(s) Reformas da Justiça, Coimbra Editorial, Coimbra, 2003, passim. Serie Monografias Premiadas 3.indb 267 18/11/2010 12:35:45 p.m. 268 Imparcialidade judicial jurisdicionais,52 assim como de questões políticas e de relações sociais.53 De fato, são vetores contrapostos de retração e expansão do Poder Judiciário e de seus atores. 52 Cfr. CAPPELLETTI, Mauro, Juízes legisladores? (tradução brasileira de Giudici legislatori? por Carlos Alberto Álvaro de Oliveira), Sergio Antonio Fabris Editor, Porto Alegre, 1993, p. 77. 53 Sobre o tema, por todos, VIANNA, Luiz Werneck; CARVALHO, Maria Alice Rezende de; MELO, Manuel Palacios Cunha et BURGOS, Marcelo Baumann, A judicialização da política e das relações sociais no Brasil, REVAN, Rio de Janeiro, 1999. Serie Monografias Premiadas 3.indb 268 18/11/2010 12:35:45 p.m. 269 Imparcialidad judicial juris­diccionales,52 así como de cuestiones políticas y de relaciones sociales.53 De hecho, son vectores contrapuestos de retracción y expansión del Poder Judicial y de sus actores. 52 Cfr. CAPPELLETTI, Mauro, Juízes legisladores?, traducción de Carlos Alberto Álvaro de Oliveira, Sergio Antonio Fabris Editor, Porto Alegre, 1993, p. 77 53 Sobre el tema, por la mayoría, VIANNA, Luiz Werneck; CARVALHO, Maria Alice Rezende de; MELO, Manuel Palacios Cunha BURGOS, Marcelo Baumann, A judicialização da política e das relações sociais no Brasil, REVAN, Rio de Janeiro, 1999. Serie Monografias Premiadas 3.indb 269 18/11/2010 12:35:45 p.m. Capítulo VII Imparcialidade e Administração Pública No sentido da jurisdicionalização, aponta-se para a idéia de que a imparcialidade obrigaria não só os juízes ou o exercício da função jurisdicional, mas também obrigaria outros agentes públicos e/ou privados. Com efeito, afirma-se que também, por vezes com base em legislação expressa, os administradores públicos devem observância ao princípio da imparcialidade em suas ações (v.g. Lei n° 9.472/97, art. 19),54 o que é controvertido, porquanto a administração pública e os seus membros, genericamente designados como administradores públicos, atuam de modo a perfazerem interesses pré-determinados de acordo com orientações políticas mais ou menos contingentes.55 54 Na doutrina portuguesa, vide a obra específica de RIBEIRO, Maria Teresa de Melo, O Princípio da Imparcialidade da Administração Pública, Almedina, Lisboa, 1996, passim, e a de FRAGA, Carlos, Subsídios para a Independência dos Juízes – o Caso Português, Edições Cosmos, Lisboa, 2000, p. 76. 55 Cfr. FERRAJOLI, Luigi, Direito e Razão..., op. cit., p. 464. 270 Serie Monografias Premiadas 3.indb 270 18/11/2010 12:35:45 p.m. Capítulo VII Imparcialidad y administración pública En el sentido de la jurisdiccionalización, se señala la idea de que la imparcialidad obligaría no solo a los jueces o al ejercicio de la función jurisdiccional, sino también obligaría a otros agentes públicos y/o privados. En efecto, se afirma también, basándose algunas veces en legislación expresa, que los administradores públicos le deben observancia al principio de la imparcialidad en sus acciones (v.g. Ley N° 9.472/97, art. 19),54 lo que es controvertido porque la administración pública y sus miembros, genéricamente designados como administradores públicos, actúan con el propósito de satisfacer intereses predeterminados, de acuerdo con orientaciones polí­ ticas más o menos contingentes.55 54 En la doctrina portuguesa, ver la obra específica de RIBEIRO, Maria Teresa de Melo, O Princípio da Imparcialidade da Administração Pública, Almedina, Lisboa, 1996, passim, y la de FRAGA, Carlos, Subsídios para a Independência dos Juízes-o Caso Português, Edições Cosmos, Lisboa, 2000, p. 76 55 Cfr. FERRAJOLI, Luigi, Direito e Razão..., op. cit., p. 464. 271 Serie Monografias Premiadas 3.indb 271 18/11/2010 12:35:45 p.m. 272 Imparcialidade judicial Nesse sentido, há quem afirme que a administração pública não pode ser imparcial, pois está predisposta a perseguir interesses específicos e determinados (parciais, portanto), de modo que a exigência de imparcialidade constituiria contradictio in terminis, ressalva feita aos procedimentos administrativos que envolvam interesses de particulares e em que a administração exerce atividades de julgamento.56 Na verdade, de acordo com esse entendimento, a imparcialidade seria o elemento central para diferenciação entre as atividades jurisdicional e administrativa, no quadro geral da separação de poderes. Mais precisamente, como acentuado por respeitável doutrina, talvez seja melhor dizer que a imparcialidade é o elemento que permite discernir o ato jurisdicional e o ato administrativo,57 independentemente da fonte (isto é, do Poder Estatal) de onde promane, o que permitiu, historicamente, a afirmação da especialidade de função do juiz em relação ao administrador.58 56 Cfr. ZAGO, Lívia Maria Armentano Koenigstein, O Princípio ..., op. cit., p. 368. 57 Cfr. GORDILLO, Augustin, Princípios Gerais de Direito Público (tradução brasileira por Marco Aurélio Greco, sem indicação do título original), Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 1977, p. 151: “Por outro lado, tomando-se um conceito mais amplo da natureza da função jurisdicional, vemos que a doutrina em geral assinala as diferenças de estrutura que separam um ato jurisdicional do ato da Administração: a) o ato jurisdicional provém de um órgão imparcial na contenda que resolve, ou seja, é um terceiro alheio à lide; sua atividade se desenvolve em função do interesse dos destinatários e não no seu próprio. Ao contrário, o ato da Administração em geral responde ao interesse do próprio órgão que o edita; o órgão não é estranho ou alheio ao conflito; não é um terceiro e sim parte na lide e por isso precisamente não realiza atividade jurisdicional; para afirmá-lo existe até um aforismo latino: Nemo iudex in causa sua”. Com a mesma ênfase no ato, veja-se SILVA, Ovídio Baptista da, Curso de ... op. cit., Volume 1, Tomo I, 8a Edição, Editora Forense, Rio de Janeiro, 2008, p. 26. 58 Cfr. TALAMINI, Eduardo, Coisa Julgada..., op. cit., p. 304. Serie Monografias Premiadas 3.indb 272 18/11/2010 12:35:45 p.m. 273 Imparcialidad judicial En ese sentido, algunos afirman que la administración pública no puede ser imparcial, pues está predispuesta a perseguir intereses específicos y determinados (por lo tanto parciales) de modo que la exigencia de imparcialidad constituiría contradictio in terminis, con la salvedad de los procedimientos administrativos que involucran intereses de particulares y en los que la administración ejerce actividades de juzgamiento.56 En verdad, de acuerdo con ese entendimiento, la imparcialidad sería el elemento central para la diferenciación entre las activi­ dades jurisdiccional y administrativa, dentro del marco general de la se­paración de poderes. Más precisamente, como acentuado por respetable doctrina, tal vez sea mejor decir que la imparcialidad es el elemento que permite discernir el acto jurisdiccional y el acto admi­nistrativo,57 independientemente de la fuente (es decir, del Poder Estatal) de donde proviene, lo que históricamente permitió la afirmación de especialidad de la función del Juez con relación al administrador.58 56 Cfr. ZAGO, Lívia Maria Armentano Koenigstein, O Princípio da ..., op. cit., Editorial Renovar, Rio de Janeiro, 2001, p. 368 57 Cfr. GORDILLO, Augustin, Princípios Gerais de Direito Público, traducción de Marco Aurélio Greco, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 1977, p. 151: “Por otra parte, tomando un concepto más amplio de la naturaleza de la función jurisdiccional, vemos que la doctrina en general señala las diferencias de estructura que separan un acto jurisdiccional del acto de la Administración: a) el acto jurisdiccional proviene de un órgano imparcial en la contienda que resuelve, o sea, es un tercero ajeno a la litis; su actividad se desarrolla en función del interés de los destinatarios y no en el suyo propio. Por el contrario, el acto de la Administración en general responde al interés del propio órgano que lo dicta; el órgano no es extraño o ajeno al conflicto; no es un tercero y sí parte en la contienda y por ello precisamente no realiza actividad jurisdiccional; para afirmarlo existe hasta un aforismo latino: Nemo iudex in causa sua”. Con el mismo énfasis en el acto, ver SILVA, Ovídio Baptista da, Curso de Processo..., op. cit., p. 26. 58 Cfr. TALAMINI, Eduardo, Coisa Julgada..., op. cit., p. 304. Serie Monografias Premiadas 3.indb 273 18/11/2010 12:35:45 p.m. 274 Imparcialidade judicial No Direito brasileiro, o princípio da imparcialidade e seu consectário, o princípio do juiz natural, devem ser observados indistintamente nos processos penal, civil e trabalhista e, ainda, no processo administrativo.59 Nos processos judiciais, não se faz diferença entre jurisdição contenciosa ou voluntária, processos cognitivos ou executivos, medidas satisfativas ou cautelares, procedimentos comuns ou procedimentos especiais, inclusive os chamados juizados especiais, em sede de competência originária ou recursal: isto é, em qualquer tipo de processo jurisdicional deve ser observada a imparcialidade. É assente o entendimento de que os administradores públicos devem obediência ao princípio da imparcialidade no que concerne ao processo administrativo, notadamente aos julgamentos que envolvam interesses de particulares,60 como, por exemplo, no julgamento de licitações. Embora a lei de licitações não faça referência expressa ao princípio da imparcialidade, em diversos dispositivos são instituídos meios para sua observância e proteção (por exemplo, Lei n° 8.666/93, art. 3°, arts. 44 e 45). A imparcialidade é exigida muito especialmente no que concerne aos processos administrativos disciplinares, tanto assim que no 59 Cfr. FERRAZ, Sérgio, Processo Administrativo, Malheiros, São Paulo, 2007, pp. 137 e seguintes; MOREIRA, Egon Bockmann, Processo Administrativo: Princípios Constitucionais e a Lei 9784/99, São Paulo, 2007, p. 120; NERY JÚNIOR, Nelson, Princípios do Processo Civil na Constituição Federal, 8a Edição, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2004, p. 101. Do mesmo autor em texto específico, NERY JÚNIOR, Nelson, “Acusador e julgador natural no processo administrativo: ofensa ao due process of law”, en Revista Forense, Volume 382, Editora Forense, Rio de Janeiro, 2005. pp. 275-289. 60 Cfr. ZAGO, Lívia Maria Armentano Koenigstein, O Princípio..., op. cit., p. 374. Serie Monografias Premiadas 3.indb 274 18/11/2010 12:35:45 p.m. 275 Imparcialidad judicial En el derecho brasileño, el principio de la imparcialidad y su consectario, el principio del Juez natural, deben ser observados indis­ tintamente en el procedimiento penal, civil y laboral y, aun en el procedimiento administrativo.59 En los procedimientos judiciales no se hace diferencia entre jurisdicción contenciosa o voluntaria, procedimientos de conocimiento o ejecutivos, medidas cautelares, procedimientos comunes o procedimientos especiales, inclusive los denominados juzgados especiales, con sede de jurisdicción originaria o recursiva: es decir, en cualquier clase de procedimiento jurisdiccional debe ser observada la imparcialidad. Se da por sentado que los administradores públicos le deben obediencia al principio de imparcialidad en lo concerniente al procedimiento administrativo, principalmente en los juicios que involucren intereses de particulares,60 como por ejemplo, en las decisiones referidas a licitaciones. Si bien la ley de licitaciones no hace expresa referencia al principio de imparcialidad, hay distintas disposiciones que establecen medios para su observancia y protección (por ejemplo, Ley N° 8.666/93, art. 3°, arts. 44 y 45). Se exige imparcialidad muy especialmente en lo que concierne a los procedimientos administrativos disciplinarios. Tanto es así que 59 Cfr. FERRAZ, Sérgio, Processo Administrativo, Malheiros, São Paulo, 2007, pp. 137 y ss; MOREIRA, Egon Bockmann, Processo Administrativo: Princípios Constitucionais e a Lei 9784/99, São Paulo, 2007, p. 120; NERY JÚNIOR, Nelson, Princípios do Processo Civil na Constituição Federal, 8a Edición, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 2004, p. 101. Del mismo autor en texto específico, NERY JÚNIOR, Nelson, “Acusador e julgador natural no processo administrativo: ofensa ao due process of law”, en Revista Forense, Volumen 382, Editorial Forense, Rio de Janeiro, 2005. pp. 275-289 60 Cfr. ZAGO, Lívia Maria Armentano Koenigstein, O Princípio ..., op. cit., p. 374 Serie Monografias Premiadas 3.indb 275 18/11/2010 12:35:45 p.m. 276 Imparcialidade judicial processamento e no julgamento desses processos devem ser observados os impedimentos e suspeições previstos na legislação especial (no caso do direito federal, a Lei n° 9.784/99, arts. 18 a 21 e a Lei n° 8.112/90, art. 149, §2°, sustentando-se, ainda, a aplicação subsidiária dos respectivos dispositivos do CPC).61 Muito pertinente a sugestão de que, em prol da imparcialidade (na sua feição de juiz natural), os órgãos administrativos nomeassem previamente (verbi gratia, no ano anterior) as comissões de sindicância que estarão aptas a apurar infrações funcionais.62 Por fim, nada ocioso consignar que a violação do dever de imparcialidade pelo administrador público pode vir a ser caracterizada como ato de improbidade administrativa (Lei n° 8.429/92, art. 11, caput), sujeitando o infrator a sanções graves. 61 Cfr. FERRAZ, Sérgio, Processo..., op. cit., p. 140. 62 Cfr. NERY JÚNIOR., Nelson, “Imparcialidade e Juiz Natural – Opinião doutrinária emitida pelo juiz e engajamento político do magistrado”, en MARINONI, Luiz Guilherme (coordenador), Estudos de Direito Processual Civil – Homenagem ao Professor Egas Dirceu Moniz de Aragão, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2005, pp. 175-183, esp. p. 176. Serie Monografias Premiadas 3.indb 276 18/11/2010 12:35:45 p.m. 277 Imparcialidad judicial en la tramitación y decisión de esos juicios deben observarse los impedimentos y sospechas contemplados en la legislación especial (en el caso del derecho federal, la Ley N° 9.784/99, arts. 18 y 21 y la Ley N° 8.112/90, art. 149, §2°, sosteniéndose asimismo la aplicación subsidiaria de las respectivas disposiciones del CPC).61 Resulta muy pertinente la sugerencia de que en pro de la imparcialidad (en su modalidad de Juez natural), los órganos administrativos designaran previamente (verbi gratia, el año anterior) las comisiones de vigilancia que se ocuparán de evaluar infracciones funcionales.62 Por último, no es ocioso consignar que la violación del deber de imparcialidad por el administrador público, puede ser caracterizada como un acto de improbidad administrativa (Ley N° 8.429/92, art. 11, caput), quedando el infractor supeditado a sanciones graves. 61 Cfr. FERRAZ, Sérgio, Processo..., op. cit., p. 140. 62 Cfr. NERY JÚNIOR., Nelson, “Imparcialidade e Juiz Natural-Opinião doutrinária emitida pelo juiz e engajamento político do magistrado”, en MARINONI, Luiz Guilherme (coordinador), Estudos de Direito Processual Civil-Homenagem ao Professor Egas Dirceu Moniz de Aragão, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 2005, pp. 175-183, esp. p. 176. Serie Monografias Premiadas 3.indb 277 18/11/2010 12:35:45 p.m. Capítulo VIII Imparcialidade e virtudes passivas A imparcialidade também é adotada em boa parte dos ordenamentos jurídicos ocidentais, como registram os estudos estrangeiros e comparativos mais autorizados. Nesse sentido, a imparcialidade (nemo iudex in causa sua), a inércia (ne procedat iudex ex officio) e o contraditório (audiatur et altera pars) são designadas, dentre outras, como virtudes passivas (instrumentos de passividade63 ou passive virtues) do poder jurisdicional. Ainda de acordo com esses estudos desenvolvidos no seio do direito e da ciência política estrangeira, esses princípios procuram assegurar a legitimidade democrática do poder jurisdicional.64 Renova-se e acentua-se a idéia de que a imparcialidade é fator determinante de legitimação democrática do poder jurisdicional. 63 Cfr. CAPPELLETTI, Mauro, Juízes legisladores?..., op. cit., p. 76. 64 Cfr. Ibidem, p. 101/102. 278 Serie Monografias Premiadas 3.indb 278 18/11/2010 12:35:46 p.m. Capítulo VIII Imparcialidad y virtudes pasivas La imparcialidad es adoptada también en buena parte de los ordenamientos jurídicos occidentales, como lo registran los estudios extranjeros y comparativos más autorizados. En tal sentido, la imparcialidad (nemo iudex in causa sua), la inercia (ne procedat iudex ex officio) y la contradicción (audiatur et altera pars) son designadas entre otras, como virtudes pasivas (instrumentos de pasividad63 o passive virtues) del poder jurisdiccional. También de acuerdo con esos estudios desarrollados en el seno del derecho y de la ciencia política extranjera, esos principios procuran asegurar la legitimidad democrática del poder jurisdiccional.64 Se renueva y se acentúa la idea de que la imparcialidad es un factor determinante de legitimación demo­crática del poder jurisdiccional. 63 CAPPELLETTI, Mauro. Juízes legisladores? ..., op. cit., p. 76. 64 Cfr. Ibidem, p. 101/102. 279 Serie Monografias Premiadas 3.indb 279 18/11/2010 12:35:46 p.m. 280 Imparcialidade judicial A utilização desses instrumentos de passividade pode chegar ao extremo de levar o Poder Judiciário a não decidir determinados casos ou matérias (ou pelo menos parte deles ou delas), o que se designou como minimalismo judicial, utilizado como forma indireta de se promover a democracia deliberativa e que não se confunde com o non liquet, poder de não julgar atribuído aos magistrados romanos e hoje expressamente vedado aos juízes brasileiros (CPC, art. 126). Nesse sentido, as decisões judiciais nem sempre devem ser amplas ou profundas de modo a esgotar os temas em discussão, deixando em aberto espaço para debate social e, se possível, promover o debate público (deliberative democracy promoting)65 – cabendo registrar que o minimalismo judicial assim descrito não se confunde com o chamado minimalismo constitucional66. No Brasil, esse fenômeno não se manifesta ou não é identificável de forma clara, podendo-se afirmar que a passividade do Poder Judiciário não é tão intensa ou extensa, o que, por evidente, não prejudica de modo algum a imparcialidade dos juízes. 65 Sobre o minimalismo judicial, vid. SUNSTEIN, Cass, One case at a time - judicial minimalism on the Supreme Court, Harvard University Press, Cambridge, 1999. 66 MELLO, Cláudio Ari, Democracia Constitucional e Direitos Fundamentais, Livraria do Advogado Editora, Porto Alegre, 2004, pp. 25 e seguintes.. Serie Monografias Premiadas 3.indb 280 18/11/2010 12:35:46 p.m. 281 Imparcialidad judicial La utilización de dichos instrumentos de pasividad puede llegar al extremo de llevar el Poder Judicial a no decidir determinados casos o materias (o por lo menos parte de ellos), lo cual se designó como minimalismo judicial, utilizado como forma indirecta de promover la democracia deliberativa y que no se confunde con el non liquet, poder de no juzgar atribuido a los Magistrados romanos y hoy expresamente vedado a los jueces brasileños (CPC, art. 126). En ese sentido, las decisiones judiciales no siempre deben ser amplias o profundas de modo que se agoten los temas en discusión, dejando abierto un espacio para el debate social y, de ser posible, para promover el debate público (deliberative democracy promoting),65 correspondiendo registrar que el minimalismo judicial así descrito no se confunde con el denominado minimalismo constitucional.66 En el Brasil, ese fenómeno no se manifiesta o no es identificable de manera clara, pudiendo afirmarse que la pasividad del Poder Judicial no es tan intensa o extensa, lo que por evidente, no perjudica de manera alguna, la imparcialidad de los jueces. 65 Sobre el minimalismo judicial, vid. SUNSTEIN, Cass, One case at a time - judicial minima­ lism on the Supreme Court, Harvard University Press, Cambridge, 1999 66 MELLO, Cláudio Ari, Democracia Constitucional e Direitos Fundamentais, Livraria do Advogado Editorial, Porto Alegre, 2004, pp. 25 y siguientes. Serie Monografias Premiadas 3.indb 281 18/11/2010 12:35:46 p.m. Capítulo IX Afirmação da Imparcialidade Resta claro que, sob qualquer dos procedimentos hermenêuticos tradicionais, a imparcialidade é entendida como princípio constitucional, tanto no direito brasileiro como em autorizadas fontes estrangeiras de direito. Tudo acentuado pelo fato de que, em se tratando de norma constitucional encartada no rol dos Direitos Fundamentais (em sentido material e formal), possui inegável força expansiva e predominância sobre outros vetores normativos (inclusive sobre outras normas constitucionais). Assim sendo, consoante se vem de expor, é possível afirmar que a imparcialidade vem sendo afirmada como princípio fundante do processo jurisdicional (ou, melhor, do sistema de solução de litígios) e, também, vem sendo implementada na prática processual com maior rigor, transformando a experiência consoante àquilo que, de acordo com o Direito, ela deve ser. Da mesma forma, do ponto de vista sistemático, verifica-se que a imparcialidade encontra-se 282 Serie Monografias Premiadas 3.indb 282 18/11/2010 12:35:46 p.m. Capítulo IX Afirmación de la imparcialidad Queda claro que de conformidad con cualquiera de los procedimientos hermenéuticos tradicionales, la imparcialidad es entendida como principio constitucional, tanto en el derecho brasileño como en auto­ rizadas fuentes extranjeras de derecho. Todo ello acentuado por el hecho de que tratándose de una norma constitucional que forma parte de los Derechos Fundamentales (en sentido material y formal), posee innegable fuerza expansiva y predominio sobre otros vectores normativos (inclusive sobre otras normas constitucionales). Según lo que se acaba de exponer, es posible afirmar que la imparcialidad se consolida como principio fundante del procedimiento jurisdiccional (o más bien, del sistema de solución de litigios) y, también se implementa con mayor rigor en la práctica procesal, transforman­ do la experiencia según lo que la misma debe ser de conformidad con el derecho. De idéntica manera y desde el punto de vista sistemático, se verifica que la imparcialidad se encuentra dispuesta como 283 Serie Monografias Premiadas 3.indb 283 18/11/2010 12:35:46 p.m. 284 Imparcialidade judicial disposta como regra ou mesmo como princípio (com maior ou menos intensidade) nos mais variados setores da legislação (precipuamente do direito processual e do direito administrativo), denotando a existência de um princípio geral de direito. Outros caminhos interpretativos (filológico e/ou teleológico, por exemplo) conduziriam ao mesmo resultado, evidenciando a existência de uma norma “principiológica” que estatui a exigência de imparcialidade. Mais do que isso, a partir do momento em que se reconhece a existência de uma norma (norma constitucional, ainda que implícita) que impõe a imparcialidade ao Poder Judiciário e ao juiz, forçoso reconhecer que tal imparcialidade do julgador é uma garantia fundamental dos litigantes, não só no processo de natureza penal, mas em quaisquer processos jurisdicionais e em boa parcela dos processos administrativos. Nesse sentido objetivo, a imparcialidade seria uma garantia orgânica67 relativa à posição do juiz enquanto órgão jurisdicional em relação aos demais poderes constituídos e aos demais sujeitos dos processos judiciais e se constituiria em importante premissa de legitimação do exercício da função jurisdicional. 67 A expressão é de FERRAJOLI, Luigi, Direito e Razão..., op. cit., pp. 433-434. Serie Monografias Premiadas 3.indb 284 18/11/2010 12:35:46 p.m. 285 Imparcialidad judicial regla o aun como principio (con mayor o menor intensidad) en los más variados sectores de la legislación (principalmente del derecho procesal y del derecho administrativo), denotando la existencia de un principio general del derecho. Otros caminos interpretativos (filológico y/o teológico, por ejemplo) conducirían al mismo resultado, evidenciando la existencia de una norma “principiológica” que estatuye la exigencia de imparcialidad. Más que eso, a partir del momento en el que se reconoce la existencia de una norma (norma constitucional, aun cuando sea implícita) que impone la imparcialidad al Poder Judicial y al Juez, resulta forzoso reconocer que esa imparcialidad de quien juzga es una garantía fundamental de los litigantes, no sólo en el proceso de naturaleza penal, sino en cualesquiera procesos jurisdiccionales y en buena parte de los procesos administrativos. En ese sentido, la imparcialidad sería una garantía orgánica67 referida a la posición del Juez en cuanto órgano jurisdiccional con relación a los demás poderes constituidos y a los demás sujetos de los procesos judiciales y se constituiría en una importante premisa de legitimación del ejercicio de la función jurisdiccional. 67 La expresión es de FERRAJOLI, Luigi, Direito e Razão..., op. cit., pp. 433-434. Serie Monografias Premiadas 3.indb 285 18/11/2010 12:35:46 p.m. Capítulo X Imparcialidade e Legitimidade A questão da legitimidade do exercício do poder jurisdicional é tão relevante que, em diversos ordenamentos, além da imparcialidade em si mesma, a aparência de imparcialidade é valorada e indicada também como um fator determinante de atribuição de legitimidade ao exercício do poder jurisdicional – ou seja, a confiança na imparcialidade é um fator importante de legitimação do poder jurisdicional, tanto no direito estrangeiro,68 como no Brasil.69 68 Conforme as referências francesa, espanhola e portuguesa que se seguem: GARAPON, Antoine, O juiz e a democracia..., op. cit., p. 248: “Justice must not only be done but also be seen to be done, dizem acertadamente os ingleses. É preciso se dirigir para uma concepção mais objetiva, levando em consideração a aparência da imparcialidade de acordo com uma jurisprudência européia constante”. E ainda, GONZÁLEZ PÉREZ, Jesús. El derecho a la tutela jurisdiccional, Tercera edición, Civitas, Madrid, 2001, p. 170: “Los Jueces no deben intervenir en un proceso si sus relaciones con la pretensión pueden poner en duda su imparcialidad o, mejor, la confianza en su imparcialidad”. Ainda, FRAGA, Carlos, Subsídios para a Independência..., op. cit., p. 57: “A imparcialidade tem uma dupla dimensão: a subjectiva e a objectiva. A primeira releva do foro íntimo do juiz; a segunda consiste em que, face ao caso concreto, a independência do juiz não possa ser posta em causa aos olhos da comunidade. Traduz-se no brocado não basta fazer justiça; é preciso, também, parecê-lo”. 286 Serie Monografias Premiadas 3.indb 286 18/11/2010 12:35:46 p.m. Capítulo X Imparcialidad y Legitimidad La cuestión de la legitimidad del ejercicio del poder jurisdiccional es tan relevante que en distintos ordenamientos, además de la imparcialidad en sí misma, la apariencia de imparcialidad es valorada e indicada también como un factor determinante de atribución de legitimidad al ejercicio del poder jurisdiccional, o sea, la confianza en la imparcialidad es un factor importante de legitimación del poder jurisdiccional, tanto en el extranjero68 como en el Brasil.69 68 Según las referencias francesa, española y portuguesa que siguen: GARAPON, Antoine, O juiz e a democracia..., op. cit., p. 248: “Justice must not only be done but also be seen to be done, dicen acertadamente los ingleses. Es necesario dirigirse a una concepción más objetiva, teniendo en consideración la apariencia de la imparcialidad de acuerdo con una jurisprudencia europea constante”. Y también, GONZÁLEZ PÉREZ, Jesús, El derecho a la tutela jurisdiccional, Tercera edición, Civitas, Madrid, 2001, p. 170: “Los Jueces no deben intervenir en un proceso si sus relaciones con la pretensión pueden poner en duda su imparcialidad o, mejor, la confianza en su imparcialidad”. También, FRAGA, Carlos, Subsídios para a Indepen­ dência..., op. cit., p. 57: “La imparcialidad tiene una doble dimensión: la subjetiva y la objetiva. La primera surge del fuero íntimo del juez; la segunda consiste en que, frente al caso concreto, la independencia del juez no pueda ser puesta en duda a los ojos de la comunidad. Se traduce del dicho no basta hacer justicia; es necesario, también, parecerlo”. 287 Serie Monografias Premiadas 3.indb 287 18/11/2010 12:35:46 p.m. 288 Imparcialidade judicial Como já se disse, na medida em que a jurisdição como instrumento de pacificação assume a premissa de que as pessoas haverão de renunciar à auto-defesa e à auto-tutela, haverão ainda de confiar em que os seus direitos serão reconhecidos e implementados na prática. Essa confiança no sistema de judiciário (rectius: no sistema de solução de conflitos) depende da imparcialidade em si mesma e muito especialmente da confiança das partes e da sociedade em geral na imparcialidade dos juízes.70 Essa confiança na imparcialidade dos julgadores é normatizada em diversos lugares, cabendo exemplificar através do Estatuto de Roma do TPI, (art. 41, 2, a). Consoante a incisiva expressão antiga, à mulher de Cesar não basta ser casta, deve parecer sê-lo também. 69 Comentando o tema, vid. FORNACIARI JÚNIOR, Clito. “Da necessária releitura do fenômeno da suspeição”, en Revista dos Tribunais, Volume 766, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 1999, pp. 64-68 e SAMPAIO, José Adércio Leite, O Conselho Nacional de Justiça e a Independência do Judiciário, Del Rey Editora, Belo Horizonte, 2007, p. 155: “Eis o porquê, além de ser, deve parecer superparte, havendo funções, atividades ou mesmo situações que são reveladoras do comprometimento da aparência, tanto disciplinadas nos códigos de processo na forma de suspeição e impedimento quanto no estatuto do magistrado como incompatibilidade com o exercício da judicatura”. Vid. ainda BARBI, Celso Agríco­ la, Comentários ao Código de Processo Civil, Volume I (Arts. 1° a 153), 10a Edição, Editora Forense, Rio de Janeiro, 1999, p. 410. 70 Consoante LARENZ, Karl, Derecho Justo – Fundamentos de ética jurídica (tradução espanhola de Richtiges Recht – Grundzüge einer Rechtsethik por Luis Díez-Picazo), Civitas, Madrid, 1991, p. 181. E, ainda, BARAK, Aharon, The Judge in a Democracy, Princeton University Press, Princeton, 2006, p. 101: “We must develop means (or tools) to help us reach that goal, and the preconditions necessary to allow judges to realize their role must be met. These preconditions vary among democracies, but three are common to tall democratic systems of law: (1) judicial impartiality and objectivity, (2) decisions within the social consensus, and (3) public confidence in the judiciary”, e prossegue na p. 109: “An essential condition for realizing the judicial role is public confidence in the judge. This means confidence in judicial independence, fairness, and impartiality”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 288 18/11/2010 12:35:46 p.m. 289 Imparcialidad judicial Como fue ya mencionado, en la medida en que la jurisdicción como instrumento de pacificación asume la premisa de que las personas tendrán que renunciar a la autodefensa y a la autotutela, tendrán además que confiar en que sus derechos serán reconocidos e implementados en la práctica. Esa confianza en el sistema judicial (rectius: en el sistema de solución de conflictos) depende de la imparcialidad en sí misma y muy especialmente de la confianza de las partes y, de la sociedad en general, en la imparcialidad de los Jueces.70 Esa confianza en la imparcialidad de quien juzga, es normatizada en distintos lugares, correspondiendo ejemplificar a través del Estatuto de Roma del TPI, (art. 41, 2, a). De acuerdo con ello, tenemos la incisiva expresión antigua, la mujer del César no sólo tiene que ser pura sino también parecerlo. 69 Comentando el tema, vid. FORNACIARI JÚNIOR, Clito, “Da necessária releitura do fenômeno da suspeição”, en Revista dos Tribunais, Volumen 766, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 1999, pp. 64-68 y SAMPAIO, José Adércio Leite, O Conselho Nacional de Justiça e a Independência do Judiciário, Del Rey Editorial, Belo Horizonte, 2007, p. 155: “Es el motivo por el cual, además de ser, debe parecer superparte, dado que existen funciones, actividades o aún situaciones que son reveladoras del compromiso con la apariencia, tanto disciplinadas en los códigos de proceso en la forma de recusación y excusación como en el estatuto del magistrado como incompatibilidad con el ejercicio de la jurisdicción”. Vid. también BARBI, Celso Agrícola, Comentários ao Código de Processo Civil, Volumen I (Arts. 1° a 153), 10a Edición, Editorial Forense, Rio de Janeiro, 1999, p. 410. 70 De acuerdo con LARENZ, Karl, Derecho Justo-Fundamentos de ética jurídica, traducción de Luis Díez-Picazo, Civitas, Madrid, 1991, p. 181. Y, también, BARAK, Aharon, The Judge in a Democracy, Princeton University Press, Princeton, 2006, p. 101: “We must develop means (or tools) to help us reach that goal, and the preconditions necessary to allow judges to realize their role must be met. These preconditions vary among democracies, but three are common to tall democratic systems of law: (1) judicial impartiality and objectivity, (2) decisions within the social consensus, and (3) public confidence in the judiciary”, y continúa en la p. 109: “An essential condition for realizing the judicial role is public confidence in the judge. This means confidence in judicial independence, fairness, and impartiality”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 289 18/11/2010 12:35:46 p.m. 290 Imparcialidade judicial No Brasil, em que pese o fato de a doutrina não se dedicar a essa análise com a profundidade merecida,71 registra-se precedente normativo interessante, qual seja, o já referido CPC do Estado do Rio Grande do Sul (art. 174), e que permitia a recusa do juiz com base apenas na suspeita de parcialidade, sendo que esse dispositivo teve vigência apenas até a edição do CPC de 1939 (o direito processual civil fora reunificado pela Constituição Federal de 1934 e o regime foi mantido pelas Constituições subseqüentes) Mais recentemente, registra-se a ocorrência de precedentes jurisprudenciais no STF, em que se considerou que a suposição de parcialidade ou mesmo a existência de juízo de probabilidade de parcialidade não bastam para caracterizar violação ao princípio da imparcialidade. Na jurisprudência do STF observa-se precedente em que a Corte chegou mesmo a considerar que a parcialidade somente poderia ser controlada mediante arguição formal de impedimento ou suspeição, afirmando-se não serem suficientes suposições de parcialidade ou simples juízos de probabilidade acerca da parcialidade do julgador.72 71 Merece especial registro o texto de FORNACIARI JÚNIOR, Clito. “Da necessária ...”, op. cit., pp. 64-68. Dentre os outros autores que tratam do tema, Araken de Assis parece aderir à tese de que a confiança da coletividade é importante para a imparcialidade, afirmando que “Não basta, portanto, tenha o juiz consciência e convicção da sua eqüidistância dos litigantes. É preciso que o grupo social, desarmadamente, confie no vigor e na atualidade dessa garantia, conservando crível a neutralidade da intervenção do Estado no conflito de interesses”. ASSIS, Araken de, Manual da Execução, 11a edição, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2007, p. 363. Entretanto, linhas depois (p. 365), o mesmo autor afirma que “Limita-se a casuística do impedimento e da suspeição porque não se poderia admitir a recusa sem travas ou critérios objetivos. Aliás, a objetividade marca, com poucas exceções, a enumeração dos arts. 134 e 135. Por tal motivo, a prova não é difícil. Elementos subjetivos e íntimos avultam nas hipóteses de amizade e inimizade (art. 135, I) e interesse na solução da causa (art. 135, V). O “interesse”, aí previsto, não pode ser vago, pois a Justiça jamais será como a mulher de César: acima de qualquer suspeita. E deve ser estranho ao processo”. 72 Acerca da simples “suposição de parcialidade”, vid. STF, Recurso em Habeas Corpus n° 90.001-PE, Segunda Turma, Relator o Ministro Eros Grau, julgado unânime em 14.11.2006. Serie Monografias Premiadas 3.indb 290 18/11/2010 12:35:46 p.m. 291 Imparcialidad judicial En el Brasil, donde pese al hecho de que la doctrina no realiza ese análisis con la profundidad merecida,71 se registra un precedente normativo interesante que es el ya mencionado CPC del Estado de Rio Grande do Sul (art. 174), que permitía la recusación del Juez, bastando como causal la sospecha de parcialidad, siendo que esa disposición tiene vigencia únicamente hasta la edición del CPC de 1939 (el derecho procesal civil fue reunificado por la Constitución Federal de 1934 y el régimen fue mantenido por las constituciones posteriores). Más recientemente se registra la existencia de precedentes jurisprudenciales en el STF, en los que se consideró que la suposición de parcialidad o aun la existencia del juicio de probabilidad de parcialidad, no bastan para caracterizar una violación del principio de imparcialidad. En la jurisprudencia del STF se observa como precedente que la Corte llegó aun a considerar que la parcialidad solamente podría ser controlada mediante aserción formal de impedimento o sospecha, afirmándose no ser suficientes suposiciones de parcialidad o sim­ ples juicios de probabilidad acerca de la parcialidad de quien juzga.72 71 Merece especial atención el texto de FORNACIARI JÚNIOR, Clito, “Da necessária ...”, op. cit., pp. 64-68. Entre los otros autores que tratan el tema, Araken de Assis parece adherir a la tesis de que la confianza de la colectividad es importante para la imparcialidad, afirmando que “No basta, por lo tanto, que el juez tenga conciencia y convicción de su equidistancia de los litigantes. Es necesario que el grupo social confíe abiertamente en el vigor y en la actualidad de esa garantía, manteniendo creíble la neutralidad de la intervención del Estado en el conflicto de intereses”. ASSIS, Araken de, Manual da Execução, 11a Edición, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 2007, p. 363. Asimismo, líneas después (p. 365), el mismo autor afirma que “Se limita a la casuística de la excusación y de la recusación porque no se podría admitir el rechazo sin trabas o criterios objetivos. Además, la objetividad marca, con pocas excepciones, la enumeración de los arts. 134 y 135. Por tal motivo, la prueba no es difícil. Elementos subjetivos e íntimos abundan en las hipótesis de amistad y enemistad (art. 135, I) e intereses en la solución de la causa (art. 135, V). El “interés”, allí previsto, no puede ser vago, pues la Justicia jamás será como la mujer de César: por encima de cualquier sospecha. Y debe ser ajeno al proceso”. 72 Acerca de la simple “suposición de parcialidad”, vid. STF, Recurso en Habeas Corpus n° 90.001-PE, Sala Segunda, del Ministro Relator Eros Grau, en fallo unánime del 14.11.2006. Serie Monografias Premiadas 3.indb 291 18/11/2010 12:35:46 p.m. 292 Imparcialidade judicial Por outro lado, importante precedente do STJ sugere linha de entendimento mais flexível e que parece ser mais consentânea com os imperativos de legitimação do Poder Judiciário e também mais próxima dos sistemas que controlam a aparência de imparcialidade, revelando indispensável preocupação dessa Corte Superior com a seriedade da jurisdição.73 O presente estudo sustenta que a aparência de imparcialidade deve ser objeto de tutela, porque se constitui em importante fator de legitimação do exercício da função jurisdicional. Acerca da insuficiência de “juízos de probabilidade”, vid. STF, Agravo em Mandado de Segurança n° 21.193, Segunda Turma, Relator o Ministro Celso de Mello, julgado unânime em 04.04.1991. Na doutrina administrativista, registra-se, ao revés, a afirmação de que “tão indeclinável é o dever de imparcialidade, que a simples suposição, em tese, de que, mesmo indiretamente, possa ser ela comprometida, há de conduzir o administrador-juiz a se afastar dessa atuação”, FERRAZ, Sérgio, Processo Administrativo, op. cit., p. 137. 73 Consulte-se, a propósito, STJ, Primeira Turma, Recurso Especial n° 600.752-SP, Relator o Ministro Luiz Fux, julgado unânime em 17.06.2004: “A preservação da imparcialidade jurisdicional revela interesse naturalmente indisponível, impondo exegese maleável e finalística diante do caso concreto, em face do qual, em pequena comunidade, é lícito conferir interpretação ampliativa aos casos de “incompatibilidade judicial” em defesa da seriedade da jurisdição”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 292 18/11/2010 12:35:46 p.m. 293 Imparcialidad judicial Por otro lado, un importante precedente del STJ sugiere una línea de entendimiento más flexible y que parece ser más coherente con los imperativos de legitimación del Poder Judicial y también más cercana a los sistemas que controlan la apariencia de imparcialidad, revelando una indispensable preocupación de esa Corte Superior con la seriedad de la jurisdicción.73 El presente estudio sostiene que la apariencia de imparcialidad debe ser objeto de tutela porque se cons­ tituye en un importante factor de legitimación del ejercicio de la función jurisdiccional. Acerca de la insuficiencia de “juicios de probabilidad”, vid. STF, Recurso en Acción de Amparo n° 21.193, Sala Segunda, del Ministro Relator Celso de Mello, en fallo unánime del 04.04.1991. En la doctrina administrativa, por el contrario, se afirma que “tan indeclinable es el deber de imparcialidad, que la simple suposición, en tesis, de que, aún en forma indirecta, ella pueda ser comprometida, que hay que inducir al administrador-juez a que abandone esa causa”. FERRAZ, Sérgio, Processo Administrativo, op. cit., p. 137. 73 Consultar, a propósito, STJ, Sala Primera, Recurso Especial n° 600.752-SP, del Ministro Relator Luiz Fux, fallo unánime del 17.06.2004: “La preservación de la imparcialidad jurisdiccional revela un interés naturalmente indisponible, imponiendo una exégesis maleable y finalista delante del caso concreto, en atención al cual, en una comunidad pequeña, es lícito conferirle una interpretación ampliativa a los casos de “incompatibilidad judicial” en defensa de la seriedad de la jurisdicción”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 293 18/11/2010 12:35:46 p.m. Capítulo XI Imparcialidade e Publicidade Outra não é a preocupação quando se trata do sensível tema da publicidade dos atos judiciais, objeto de atenção especial em tempos recentes, quando da edição da EC n. 45/2004 (CF, art. 93, IX e X), que nada fez senão ressaltar a exigência de que os julgamentos do Poder Judiciário, em processos judiciais e/ou administrativos (notadamente os disciplinares e os referentes à promoção e remoção de magistrados) sejam públicos. E aqui não se trata apenas da chamada publicidade interna dos atos processuais, que diz respeito às comunicações às partes atuantes no processo (tratadas, então, como atos de comunicação processual que possibilitam o pleno exercício do contraditório). Cuida-se, na verdade, da chamada publicidade externa, que legitima o exercício do próprio poder jurisdicional perante toda a coletividade.74 74 Sobre publicidade interna e externa, vid. ALMADA, Roberto José Ferreira de, A Garantia Processual da Publicidade, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2005, pp. 49 e seguintes. 294 Serie Monografias Premiadas 3.indb 294 18/11/2010 12:35:46 p.m. Capítulo XI Imparcialidad y publicidad No es otra la preocupación cuando se trata del tema sensible de la publicidad de los actos judiciales, objeto de atención especial en tiempos recientes en virtud de la edición de la EC N° 45/2004 (CF, art. 93, IX y X) que no hizo otra cosa sino resaltar la exigencia de que las sentencias del Poder Judicial en causas judiciales y/o administrativas (principalmente las disciplinarias y las relacionadas con la promoción y remoción de Magistrados) sean públicas. Y no se trata aquí solo de la denominada publicidad interna de los actos procesales que se refiere a las notificaciones efectuadas a las partes actuantes en el juicio (tratadas entonces, como actos de notificación procesal que posibilitan el ejercicio pleno del principio de contradicción). Se trata en verdad, de la denominada publicidad externa que legitima el ejercicio del propio poder jurisdiccional ante toda la comunidad.74 74 Sobre publicidad interna y externa, vid. ALMADA, Roberto José Ferreira de, A Garantia Processual da Publicidade, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 2005, pp. 49 y ss. 295 Serie Monografias Premiadas 3.indb 295 18/11/2010 12:35:46 p.m. 296 Imparcialidade judicial Com efeito, embora houvesse diversas normas estabelecendo a publicidade dos julgamentos, tanto em processos judiciais (por exemplo, CPC, art. 155 e art. 444; CPP, art. 792, CLT, art. 813), como em processos administrativos (CF, art. 37, caput, que estabelece a publicidade como princípio fundante da administração pública), práticas igualmente amparadas na legislação (por exemplo, LC n° 35/79, art. 27, § 6o), porém consideradas reprováveis, e julgamentos excessivamente corporativistas75 ensejavam mudanças que propiciassem maior transparência dos procedimentos e julgamentos, e levaram o legislador a reformar a Constituição Federal para acentuar tal exigência (CF, art. 93, IX e X), tornando ainda mais restrita a excepcionalidade do sigilo, como se depreende claramente da comparação entre os textos anteriores e os textos resultantes da chamada reforma do Poder Judiciário.76 Como já se disse – teria sido a Suprema Corte dos Estados Unidos da América –, a luz do sol é o melhor desinfetante. Sem embargo da procedência das críticas e do juízo positivo acerca das alterações constitucionais, esse estudo ressalva apenas a idéia de que, em diversas ocasiões, não apenas a intimidade das pessoas está em jogo (nos termos da CF, art. 93, IX, em contraposição ao interesse público na informação), mas também o 75 Cfr. AGRA, Walber de Moura, Comentários à Reforma do Poder Judiciário, Editora Forense, Rio de Janeiro, 2005, p. 87. 76 Sobre o tema, vid., ainda VELOSO, Zeno e SALGADO, Gustavo Vaz, Reforma do Judiciário Comentada, Editora Saraiva, São Paulo, 2005, pp. 70 e seguintes; e TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio, Breves Comentários à Reforma do Poder Judiciário, Editora LTr., São Paulo, 2005, pp. 49 e seguintes. Serie Monografias Premiadas 3.indb 296 18/11/2010 12:35:46 p.m. 297 Imparcialidad judicial En efecto, si bien existían varias normas estableciendo la publicidad de los las sentencias, tanto en causas judiciales (por ejemplo, CPC, art. 155 y art. 444; CPP, art. 792, CLT, art. 813), como en juicios administrativos (CF, art. 37, caput, que establece la publicidad como principio esencial de la administración pública), prácticas igualmente amparadas en la legislación (por ejemplo, LC N° 35/79, art. 27, § 6°), sin embargo consideradas reprobables, y sentencias excesivamente corporativistas75 constituían una oportunidad para realizar cambios que permitiesen una mayor transparencia en los proce­ dimientos y sentencias y llevaron a los legisladores a reformar la Constitución Federal para acentuar tal exigencia (CF, art. 93, IX y X), haciendo así aún más restringido el carácter excepcional de la confidencialidad, como se desprende claramente de la comparación entre los textos anteriores y los textos resultantes de la denominada reforma del Poder Judicial.76 Se le atribuye a la Suprema Corte de los Estados Unidos de América haber dicho que la luz del sol es el mejor desinfectante. No obstante la procedencia de las críticas y del juicio positivo sobre las modificaciones constitucionales, ese estudio formula apenas una observación sobre la idea de que en distintas oportunidades, no solo la intimidad de las personas está en juego (en los términos de la CF, art. 93, IX, en contraposición con el interés público de la información) sino también lo que se convino en denominar “la serenidad de 75 Cfr. AGRA, Walber de Moura, Comentários à Reforma do Poder Judiciário, Forense, Rio de Janeiro, 2005, p. 87. 76 Sobre el tema, vid., también VELOSO, Zeno y SALGADO, Gustavo Vaz, Reforma do Judiciário Comentada, Saraiva, São Paulo, 2005, pp. 70 y siguientes; y TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio, Breves Comentários à Reforma do Poder Judiciário, LTr, São Paulo, 2005, pp. 49 y ss. Serie Monografias Premiadas 3.indb 297 18/11/2010 12:35:46 p.m. 298 Imparcialidade judicial que se convencionou chamar “a serenidade dos julgamentos”77 (eis que os julgadores podem ter as suas sensibilidades exacerbadas pela excessiva exposição midiática). É por isso que a Constituição federal assegura o sigilo dos julgamentos proferidos pelo Tribunal do Júri (CF, art. 5o, XXXVIII, b) – na verdade, mais acentuadamente, proíbe-se qualquer comunicação com os jurados: a chamada incomunicabilidade dos jurados (CPP, art. 458, § 1o). E a Constituição Federal o faz, ainda que ao arrepio do princípio da publicidade da jurisdição, com vistas a assegurar a referida serenidade dos julgamentos e, indiretamente, para preservar a imparcialidade dos julgamentos, consoante acentua a doutrina especializada78 e a jurisprudência, inclusive e especialmente a jurisprudência do STF,79 que entendeu que o sigilo das votações do Tribunal do Júri foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. A própria credibilidade dos magistrados (e, por conseguinte, da própria jurisdição) pode ser colocada em questão em razão da publicidade de debates sobre a qualidade dos seus julgamentos ou mesmo da respectiva eficiência (na linha do que decidia o STF antes da EC 45/2004),80 o que interfere na própria legitimidade do Poder Judiciário e eventualmente justifica o sigilo dos respectivos julgamentos (ou de parte deles) – ressalva que não pretende autorizar 77 Cfr. BERGEL, Jean-Louis, Teoria Geral do Direito (tradução brasileira de Théorie Génerale du Droit por Maria Ermantina Galvão), Martins Fontes, São Paulo, 2001, p. 447. 78 Cfr. SCHREIBER, Simone, A Publicidade Opressiva..., op. cit., p. 220. 79 STF, Agravo Regimental 140.975, Segunda Turma, Relator o Ministro Paulo Brossard, julgado unânime em 23.06.1992. 80 STF, Mandado de Segurança n° 24.501, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Carlos Velloso, julgado por maioria em 18.02.2004. Serie Monografias Premiadas 3.indb 298 18/11/2010 12:35:46 p.m. 299 Imparcialidad judicial las sentencias77 (ya que puede suceder que se exacerbe la sensibilidad de quienes juzgan como consecuencia de una excesiva expo­ sición mediática). Es por eso que la Constitución Federal asegura la confidencialidad de las sentencias dictadas por el Jurado (CF, art. 5°, XXXVIII, b), en verdad, se pone el énfasis en prohibir toda comuni­ cación con los jurados: la denominada incomunicabilidad de los jurados (CPP, art. 458, § 1°). Y la Constitución Federal lo hace, si bien contra la corriente del principio de la publicidad de la juris­ dicción con la intención de asegurar la citada serenidad de las sentencias e, indirec­tamente para preservar la imparcialidad de las mismas, según la doctrina especializada78 y la jurisprudencia, inclusive y especialmente, la jurisprudencia del STF79 que entendió que el carácter secreto de las votaciones del Jurado fue incorporado por la Constitución Federal de 1988. La propia credibilidad de los Magistrados (y por consiguiente de la propia jurisdicción) puede ser cuestionada en razón de la publicidad de debates sobre la calidad de sus sentencias o aun de su respectiva eficacia (dentro de la línea de lo que decidía el STF antes de la EC 45/2004),80 lo que interfiere con la propia legitimidad del Poder Judicial y eventualmente justifica el carácter reservado de las respectivas sentencias (o de parte de las mismas), salvedad que no 77 Cfr. BERGEL, Jean-Louis, Teoria Geral do Direito, traducción de Maria Ermantina Galvão, Martins Fontes, São Paulo, 2001, p. 447. 78 Cfr. SCHREIBER, Simone, A Publicidade Opressiva..., op. cit., p. 220. 79 STF, Recurso de Apelación Reglamentario 140.975, Sala Segunda, del Ministro Relator Paulo Brossard, fallo unánime del 23.06.1992. 80 STF, Recurso de Amparo n° 24.501, Tribunal en Pleno, del Ministro Relator Carlos Velloso, resuelto por mayoría el 18.02.2004. Serie Monografias Premiadas 3.indb 299 18/11/2010 12:35:46 p.m. 300 Imparcialidade judicial a prolação de julgamentos corporativistas encorajados pela falta de transparência dos Tribunais. Dentre outras funções,81 a publicidade dos procedimentos e especialmente das audiências e julgamentos impede que a confiança na justiça (e na imparcialidade) dos julgamentos esteja sujeita a suspeitas82 ou pelo menos atenua suspeitas que os julgamentos sigilosos suscitam, o que toca sensivelmente à imparcialidade dos juízes. É nesse sentido que o presente estudo permite sugerir a reflexão acerca da adoção da tutela da confiança ou da aparência de imparcialidade dos juízes, em razão da qual se permitiria a recusa do juiz pelas partes quando ele não ostentasse essa aparência de imparcialidade capaz de inspirar a confiança dos jurisdicionados, a exemplo do que se sustenta em diversos outros ordenamentos jurídicos,83 onde o temor de parcialidade justifica o afastamento do 81 Sobre a publicidade, vid. ALMADA, Roberto José Ferreira de, A Garantia..., op. cit., p. 91: “Por meio da motivação e da publicidade das decisões, a um só tempo, é que se pode denotar a independência e a imparcialidade do juiz, afastando o perigo do arbítrio e da ditadura judicial”. 82 Cfr. HEYDE, Wolfgang, “La Jurisdicción”, pp. 767-822, esp. p. 801. BERGEL, Jean-Louis, Teoria Geral..., op. cit., pp. 447/448: “Em compensação, a publicidade dos debates parece indispensável para garantir-lhes a lealdade, pois a presença ao menos virtual do público serve de testemunha ao respeito das formas, à imparcialidade do juiz e à regularidade dos debates”. 83 Novamente conforme LARENZ, Karl, Derecho Justo..., op. cit., p. 183: “Para la recusa­ción no es necesario que el juez esté realmente implicado. Basta la concurrencia de uma causa legal suficiente para justificar la desconfianza de la parte sobre su imparcialidad. Se trata de la confianza em la justicia. Más concretamente: de la imparcialidade de esta juez em este asunto. Es esta confianza lo que debe ser ampliamente tutelada”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 300 18/11/2010 12:35:46 p.m. 301 Imparcialidad judicial pretende autorizar el dictado de sentencias corporativistas estimuladas por la falta de transparencia de los tribunales. Entre otras funciones,81 la publicidad de los procedimientos y especialmente de las audiencias y sentencias impide que la confianza en la justicia (y en la imparcialidad) de las sentencias esté sometida a sospechas82 o por lo menos, atenúa las sospechas que despiertan las sentencias secretas, lo que atañe sensiblemente a la imparcialidad de los jueces. En tal sentido el presente estudio permite sugerir la reflexión acerca de la adopción de la tutela de la confianza o de la apariencia de imparcialidad de los jueces, en virtud de lo cual se permitiría la recusación del Juez por las partes cuando éste no ostentase esa apa­ riencia de imparcialidad capaz de inspirar la confianza de aquellas personas sometidas a jurisdicción, a ejemplo de lo que se sostiene en varios otros ordenamientos jurídicos83 donde el temor a la parcia- 81 Sobre la publicidad, vid. ALMADA, Roberto José Ferreira de, A Garantia ..., op. cit., p. 91: “Por medio de la motivación y de la publicidad de las decisiones, en un mismo momento, es que se puede denotar la independencia y la imparcialidad del juez, alejando el peligro de la arbitrariedad y de la dictadura judicial”. 82 Cfr. HEYDE, Wolfgang, “La Jurisdicción”, ..., op. cit., p. 767-822, esp. p. 801. BERGEL, Jean-Louis, Teoria Geral..., op. cit., pp. 447/448: “En compensación, la publicidad de los debates parece indispensable para garantizarles la lealtad, pues la presencia al menos virtual del público sirve de testigo del respeto a las formas, a la imparcialidad del juez y a la regularidad de los debates”. 83 Nuevamente según LARENZ, Karl, Derecho Justo..., op. cit., p. 183: “Para la recusación no es necesario que el juez esté realmente implicado. Basta la concurrencia de una causa legal suficiente para justificar ladesconfianza de la parte sobre su imparcialidad. Se trata de la confianza en la justicia. Más concretamente: de la imparcialidad de este juez en este asunto. Es esta confianza lo que debe ser ampliamente tutelada”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 301 18/11/2010 12:35:46 p.m. 302 Imparcialidade judicial juiz, ainda que seja fundado em simples indícios, desde que sejam suficientes para despertar suspeitas quanto à imparcialidade do mesmo.84 Na verdade, de certa forma, a tutela da confiança e da aparência de imparcialidade já se pratica entre nós com relação a juízes leigos que integram o Tribunal do Júri, os quais podem ser recusados imotivadamente (a chamada recusa peremptória prevista no CPP, art. 459, § 2o) ou afastados quando a manutenção do julgamento não inspirar confiança, o que se dá através do desaforamento (CPP, art. 427, com a redação dada pela Lei n° 11.689/08). Ambos os fenômenos são referidos mais detidamente abaixo, registrando-se desde logo que podem ser fundados na simples dúvida quanto à imparcialidade dos julgadores (a qual, aliás, sequer necessita ser motivada). Nesse sentido, por coerência, em havendo dúvida fundada e razoável, também o juiz togado deveria ser afastado. Reitera-se, então: a confiança na imparcialidade é importante condição de legitimidade democrática dos julgamentos do Poder Judiciário e do exercício do poder jurisdicional. 84 Consoante anota SCHONKE, Adolf, Derecho Procesal Civil (tradução espanhola por Prieto Castro, sem indicação do título original), Casa Editorial Bosch, Barcelona, 1950, p. 75: “Además puede ser recusado um Juez o Secretario por dicho temor de parcialidad. Cabe la recusación por esta causa cuando existan determinadas circunstancias suficientes para justificar la desconfianza sobre la imparcialidad de un Juez (§ 42). Una desconfianza general indeterminada, a la cual no sirvan de base hechos concretos, no es sufiente. De outra parte no es necesario acreditar que el Juez se dejará influir em su actididade judicial por las circunstancias que se expongan; basta, según há declarado la jurisprudência, que existan indícios objetivos que racionalmente sean suficientes para despertar sospechas contra la imparcialidad del Juez”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 302 18/11/2010 12:35:46 p.m. 303 Imparcialidad judicial lidad justifica el alejamiento del Juez, aun cuando ese alejamiento esté fundamentado en simples indicios, siempre que sean suficientes para despertar sospechas en cuanto a la imparcialidad del mismo.84 En verdad y de cierta manera, la tutela de la confianza y de la apariencia de imparcialidad ya se practica entre nosotros con relación a los jueces legos que integran jurados, los que pueden ser recusados sin motivo (la denominada recusación perentoria contemplada en el CPP, art. 459, § 2°) o excluidos cuando la sentencia no inspire confianza, lo que se da a través del traslado de jurisdicción (CPP, art. 427, con la redacción de la Ley N ° 11.689/08). Ambos fenómenos se relatan luego más detenidamente, registrándose desde luego, que pueden estar fundados en la simple duda sobre la imparcialidad de quienes juzgan (la que, por otro lado, ni siquiera necesita ser motivada). En ese sentido, por coherencia y existiendo duda fundada y razonable, también el Juez togado debería ser excluido. Se reitera entonces: la confianza en la imparcialidad es importante condición de legitimidad democrática de las sentencias del Poder Judicial y del ejercicio del poder jurisdiccional. 84 En el mismo sentido se manifiesta SCHONKE, Adolf, Derecho Procesal Civil, traducción de Prieto Castro, Casa Editorial Bosch, Barcelona, 1950, p. 75: “Además puede ser recusado un Juez o Secretario por dicho temor de parcialidad. Cabe la recusación por esta causa cuando existan determinadas circunstancias suficientes para justificar la desconfianza sobre la imparcialidad de un Juez (§ 42). Una desconfianza general indeter­ minada, a la cual no sirvan de base hechos concretos, no es suficiente. Por otra parte no es necesario acreditar que el Juez se dejará influir en su actividad judicial por las circunstancias que se expongan; basta, según ha declarado la jurisprudencia, que existan indicios objetivos que racionalmente sean suficientes para despertar sospechas contra la imparcialidad del Juez”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 303 18/11/2010 12:35:47 p.m. Capítulo XII Imagem da Justiça A imparcialidade tornou-se tão relevante na cultura jurídica ocidental que alterou a própria imagem da justiça – ou, melhor dizendo, a imagem que se faz da justiça ou a imagem através da qual se representa a justiça. A arte, nas suas mais variadas expressões (literatura, escultura, pintura etc.), é um discurso simbólico a partir de cuja interpretação é possível tentar compreender as complexas relações de poder em uma dada sociedade em um determinado momento histórico.85 A “vara”, por exemplo (e a exemplo da espada, referida abaixo), é símbolo de autoridade e coerção desde a antiguidade e, durante 85 Sobre os símbolos da justiça, veja-se a muito consistente pesquisa de HOMEM, António Pedro Barbas, Judex Perfectus..., op. cit., p. 793 e seguintes – esp. p. 794: “A utilização das artes plásticas e, em especial, a interpretação do discurso simbólico aí contido – e que podemos encontrar nas obras de Vico, de Michelet ou de Gibbons -, constitui um exemplo dessa descoberta da iconografia como representação do poder e da organização social e, enquanto tal, como objecto enquadrável nos utensílios metodológicos do historiador”. 304 Serie Monografias Premiadas 3.indb 304 18/11/2010 12:35:47 p.m. Capítulo XII Imagen de la justicia La imparcialidad se volvió tan importante en la cultura jurídica occidental que modificó la propia imagen de la justicia, o mejor dicho, la imagen que se construye de la justicia o la imagen a través de la cual se representa a la justicia. El arte en sus más variadas expresiones (literatura, escultura, pintura, etc.), es un discurso simbólico a partir de cuya interpretación es posible intentar comprender las complejas relaciones del poder en una determinada sociedad y en un determinado momento histórico.85 El bastón por ejemplo ( como la espada, abajo citada), es símbolo de autoridad y coerción desde la antigüedad y, durante algún 85 Sobre los símbolos de la justicia, ver la muy consistente investigación de HOMEM, António Pedro Barbas, Judex Perfectus..., op. cit., p. 793 y ss-esp. p. 794: “La utilización de las artes plásticas y, en especial, la interpretación del discurso simbólico allí contenido y que podemos encontrar en las obras de Vico, de Michelet o de Gibbons, constituye un ejemplo de ese descubrimiento de la iconografía como representación del poder y de la organización social y, como tal, como objeto encuadrable en las herramientas metodológicas del historiador”. 305 Serie Monografias Premiadas 3.indb 305 18/11/2010 12:35:47 p.m. 306 Imparcialidade judicial algum tempo, teve as suas dimensões e desenho definidos pelas normas vigentes.86 Até hoje é empregada para externar esses poderes, ao se falar em condução sob vara de uma testemunha que falta à audiência (CPC, art. 412). O mesmo vale para as vestimentas dos magistrados e para vários outros símbolos da justiça – e, principalmente, para a própria justiça. Historicamente, a justiça fora representada através das mais variadas alegorias e imagens, durante muito tempo vinculadas a valores religiosos e régios, muitas vezes, consensualmente, com referências à balança, que funciona como símbolo da virtude e do equilíbrio.87 Desde as antiguidades egípcia e grega, passando pelos tempos romanos, a justiça era designada ou retratada como uma mulher, que seria uma divindade e que empunhava uma balança – símbolo da igualdade (ou equidade) –, à qual depois foi agregada uma espada. São símbolos de imperatividade e equidade que até hoje ornamentam os átrios e as salas dos tribunais, inclusive de muitos tribunais brasileiros. Em tempos recentes, a imagem da mulher com uma venda nos olhos, que originalmente fora concebida para retratar criticamente a justiça (com efeito, originariamente as descrições da justiça a retratavam de olhos “bem abertos”), designando ignorância ou 86 Cfr. Ibidem; p. 811. Vide ainda, sobre o emblema formal da justiça, HELLER, Agnes, Além da Justiça (tradução brasileira de Beyond Justice por Savannah Hartmann), Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1998, pp. 27/28. 87 Cfr. HOMEM, António Pedro Barbas, Judex Perfectus..., op. cit., p. 803. Serie Monografias Premiadas 3.indb 306 18/11/2010 12:35:47 p.m. 307 Imparcialidad judicial tiempo, sus dimensiones y diseño fueron definidos por las normas vigentes.86 Hasta ahora se lo emplea para simbolizar esos poderes, al hablarse de conducción con bastón de un testigo que falta a la audiencia (CPC, art. 412). Lo mismo se aplica a las vestimentas de los Magistrados y a varios otros símbolos de la justicia y, principalmente, a la propia justicia. Históricamente la justicia fue representada a través de las más variadas alegorías e imágenes (vinculadas durante mucho tiempo a valores religiosos y regios), muchas veces, consensualmente, referidas a la balanza, que funciona como símbolo de la virtud y del equilibro.87 Desde la antigüedad egipcia y griega, pasando por los romanos, la justicia era presentada o retratada como una mujer, que sería una divinidad y sostenía una balanza, símbolo de igualdad (o equidad), y a la que después se le agregó una espada. Son símbolos de imperatividad y equidad que hasta hoy ornamentan los atrios y salas de los tribunales, inclusive de muchos tribunales brasileños. En épocas recientes, la imagen de la mujer con una venda en los ojos, que originalmente fue concebida para retratar críticamente a la justicia (anteriormente, las descripciones de la justicia la retrataban con los ojos “bien abiertos”), indicando ignorancia o corrupción, 86 Cfr. Ibidem; p. 811. Ver también, sobre el emblema formal de la justicia, HELLER, Agnes, Além da Justiça, traducción de Savannah Hartmann, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1998, pp. 27/28. 87 Cfr. HOMEM, António Pedro Barbas, Judex Perfectus..., op. cit., p. 803. Serie Monografias Premiadas 3.indb 307 18/11/2010 12:35:47 p.m. 308 Imparcialidade judicial corrupção, sofreu notável e relevante mutação, passando a ser utilizada para simbolizar a imparcialidade dos julgadores.88 A venda nos olhos, que contraditoriamente impediria o adequado manejo dos outros instrumentos que eram segurados (a balança e a espada), representa o juiz que decide sem ver ou considerar as pessoas que estão sendo julgadas, com imparcialidade89 e eqüidade90 – essa imagem é hoje um símbolo socialmente difundido e aceito. 88 Sobre a evolução da imagem da justiça, vid. COVER, Robert M.; FISS, Owen; RESNIK, Judith, Procedure, The Foundation Press, New York, 1988, p. 1230. Diversamente, FERRAZ JÚNIOR., Tércio Sampaio, Introdução ao Estudo do Direito – Técnica, Decisão, Dominação, 2a Edição, Editora Atlas, São Paulo, 1994, pp. 32/33, que indica a existência da venda desde os romanos (não, contudo, entre os gregos). 89 Cfr. RADBRUCH, Gustav, Introducción a la Filosofia del Derecho (tradução mexicana de Vorschule des Rechtsphilosophie por Wenceslao Roces), Fondo de Cultura Económica, Mexico, 1951, p. 141: “(...) la venda habíase convertido ya de una befa en atributo de la Justicia, es decir, en el símbolo del juez que falla sin fijarse en las personas”. Para uma interessante crítica da imagem, vid. FRANK, Jerome, “The unblindfolding of Justice”, In Courts on Trial – Myth and Reality in American Justice, Princeton University Press, Princeton, 1949, pp. 378-391. HELLER, Agnes, Além da..., op. cit., p. 27: “Restringimos aqui nossa discussão quanto ao emblema do conceito formal de justiça. A divindade é vendada por razões muito boas: ela não precisa ver atos estão sendo pesados. A justiça precisa ser impessoal e imparcial”. Em vernáculo, veja-se a crítica de PORTANOVA, Rui, Princípios do Processo Civil, 3a Edição, Livraria do Advogado Editora, Porto Alegre, 1999, p. 79: “Tradicionalmente a imparcialidade é representada por uma mulher com olhos vendados e com uma espada numa mão e a balança equilibrada noutra. Contudo, não há negra, é temeridade dar uma espada a quem está de olhos vendados. Ademais, como visto no princípio jurídico, muitas vezes a balança está desequilibrada. Logo, o mais correto é manter os olhos da Justiça bem abertos para ver as desigualdades e igualá-las”. 90 Cfr. HOMEM, António Pedro Barbas, Judex Perfectus..., op. cit., p. 804: “A justiça deve ser igual para todos: omnibus aequa (LXIV). O emblema da equidade é uma figura feminina com os olhos vendados, sobre um leão domado, empunhando numa mão a balança da justiça e noutra mão uma espada”. HÖFFE, Otfried, Justiça Política – Fundamentação de uma filosofia crítica do direito e do estado, tradução brasileira de Politische Gerechtigkeit por Ernildo Stein, Editora Vozes, Petrópolis, 1991, p. 39: “Pode-se aduzir, para o consenso imperante sobre o princípio da imparcialidade, a tradição das belas-artes que representam a justiça o mais das vezes com olhos vendados e ainda com uma balança na mão”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 308 18/11/2010 12:35:47 p.m. 309 Imparcialidad judicial sufrió una notable y relevante transformación, pasando dicha venda a utilizarse para simbolizar la imparcialidad de los jueces.88 La venda en los ojos que contradictoriamente impediría el adecuado manejo de los demás elementos que sostenía (la balanza y la espada), representa al Juez que decide sin ver o considerar a las personas a quienes juzga, con imparcialidad89 y equidad.90 Esa imagen es hoy un símbolo socialmente difundido y aceptado. 88 Sobre la evolución de la imagen de la justicia, vid. COVER, Robert M.; FISS, Owen; RESNIK, Judith, Procedure, The Foundation Press, New York, 1988, p. 1230. En oposición, FERRAZ JÚNIOR., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito-Técnica, Decisão, Domi­ nação, 2a Edición, Atlas, São Paulo, 1994, pp. 32/33, que indica la existencia de la venta desde los romanos (no, sin embargo, entre los griegos). 89 Cfr. RADBRUCH, Gustav, Introducción a la Filosofía del Derecho, traducción de Wenceslao Roces, Fondo de Cultura Económica, México, 1951, p. 141:“(...) la venta se había convertido ya de una befa en atributo de la Justicia, es decir, en el símbolo del juez que falla sin fijarse en las personas”. Para una interesante crítica de la imagen, vid. FRANK, Jerome, “The unblindfolding of Justice”, en Courts on Trial-Myth and Reality in American Justice, Princeton University Press, Princeton, 1949, pp. 378-391. HELLER, Agnes, Além da..., op. cit., p. 27: “Restringimos aquí nuestra discusión en cuanto al emblema del concepto formal de justicia. La divinidad es vendada por razones muy buenas: ella no necesita ver actos que se están pesando. La justicia necesita ser impersonal e imparcial”. En vernáculo, ver la crítica de PORTANOVA, Rui, Princípios do Processo Civil, 3a Edición, Livraria do Advogado Editorial, Porto Alegre, 1999, p. 79: “Tradicionalmente la imparcialidad se representa a través de una mujer con ojos vendados y una espada en una mano y la balanza equilibrada en la otra. Sin embargo, no hay regla, es una temeridad dar una espada a quien está con los ojos vendados. Además, como al principio de los tiempos jurídicos, muchas veces la balanza está desequilibrada. Ergo, lo más correcto es mantener los ojos de la Justicia bien abiertos para ver las desigualdades e igualarlas”. 90 Cfr. HOMEM, António Pedro Barbas, Judex Perfectus..., op. cit., p. 804: “La justicia debe ser igual para todos: omnibus aequa (LXIV). El emblema de la equidad es una figura femenina con los ojos vendados, sobre un león domado, empuñando en una mano la balanza de la justicia y en la otra mano una espada”. HÖFFE, Otfried, Justiça Política-Fundamentação de uma filosofia crítica do direito e do estado, traducción de Ernildo Stein, Vozes, Petrópolis, 1991, p. 39: “Se puede aducir, para el consenso im­ perante sobre el principio de la imparcialidad, la tradición de las bellas artes que representan a la justicia la mayoría de las veces con ojos vendados y con una balanza en la mano”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 309 18/11/2010 12:35:47 p.m. 310 Imparcialidade judicial Essa aceitação, todavia, não se dá sem críticas contundentes das mais varias ordens, desde a ênfase religiosa até a inadequação da venda,91 chegando ao punctum pruriens de se considerar que essa imagem representa a justiça puramente formal, autorizando a aplicação implacável da lei, completamente despreocupada com as respectivas consequências (dura lex sed lex).92 De qualquer forma, a imagem socialmente aceita e difundida da justiça (e do juiz que a exerce) acentua a tese de que justiça e imparcialidade são idéias que se co-implicam.93 91 Cfr. SUNSTEIN, Cass, Legal Reasoning and Political Conflict, Oxford University Press, New York, 1996, p. 3: “There is a familiar image of justice. She is a single figure. She is a goddess, emphatically not a human being. She is blindfolded. She holds a scale. In the real world, the law cannot be represented by a single figure. Legal institutions consist of many people. Courts are rus by human beings, not by a god or goddess. Judges need not be blindfolded; what they should be blind to is perhaps the key question for law. And judges have no scale. Far from having a scale, they must operate in the face of a particular kind of social heterogeneity: sharp and often intractable disagreements on matters of basic principle”. 92 A colocação é de PERELMAN, Chaïm, Lógica Jurídica (tradução brasileira de Logique Juridique por Vergínia P. Pupi), Editora Martins Fontes, São Paulo, 1998, p. 33: “Mas, para que a pesagem seja feita de modo imparcial, desprovido de paixão – o que quer dizer, sem temor, sem ódio e também sem piedade –, é necessário que a justiça tenha os olhos vendados, que não veja as conseqüências do que faz: dura lex, sed lex”. Vide ainda HELLER, Agnes, Além da..., op. cit., p. 28: “Ela não pode ser influenciada por gostar ou desgastar, por paixão ou interesse, nem ser influenciada por caridade, piedade ou grandeza de coração. Essas últimas avaliações são tão importantes quanto as primeiras. Se dez pessoas são sentenciadas à morte, de acordo com as exigências de certas normas e regras, e alguém for movido por piedade e salvar apenas uma delas, esse alguém é injusto. Pois aquele que pratica tal exceção o faz por se tratar de pessoa amiga ou parente, ou porque o move a dignidade natural do comportamento do réu diante da iminente execução. Clemência e perdão são justos apenas se praticados de acordo com normas e regras. Ações motivadas pelos mais sublimes sentimentos podem ser iníquas. Ser justo é uma virtude fria, às vezes até mesmo cruel.Quão branda ou quão impiedosa na verdade depende das próprias normas e regras, mas esse problema não pode ser levado a uma discussão no conceito formal de justiça”. 93 Cfr. PERELMAN, Chaim, Justice, Random House, New York, 1967, p. 20: “The blindfold that traditionally covers the eyes of statues of justice attests to the fact that for justice nothing matters but the results of the weighing; it will not let itself be influenced by any other considerations. Love extends favors; justice concerns itself with being impartial. Love is strictly personal; justice knows no acceptance of individuals”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 310 18/11/2010 12:35:47 p.m. 311 Imparcialidad judicial Esa aceptación sin embargo, no carece de variadas y contundentes críticas, desde el énfasis religioso hasta la inadecuación de la venda,91 llegándose al punctum pruriens de considerar que esa imagen representa a la justicia puramente formal, autorizando la aplicación implacable de la ley, completamente despreocupada de las respectivas consecuencias (dura lex sed lex).92 De cualquier manera, la imagen socialmente aceptada y difundida de la justicia (y del Juez que la ejerce) acentúa la tesis de que la justicia y la imparcialidad son ideas que se complican.93 91 Cfr. SUNSTEIN, Cass, Legal Reasoning and Political Conflict, Oxford University Press, New York, 1996, p. 3: “There is a familiar image of justice. She is a single figure. She is a goddess, emphatically not a human being. She is blindfolded. She holds a scale. In the real world, the law cannot be represented by a single figure. Legal institutions consist of many people. Courts are rus by human beings, not by a god or goddess. Judges need not be blindfolded; what they should be blind to is perhaps the key question for law. And judges have no scale. Far from having a scale, they must operate in the face of a particular kind of social heterogeneity: sharp and often intractable disagreements on matters of basic principle”. 92 La opinión es de PERELMAN, Chaïm, Lógica Jurídica, traducción de Vergínia P. Pupi, Martins Fontes, São Paulo, 1998, p. 33: “Pero, para que el pesaje se realice de modo imparcial, desprovisto de pasión –lo que quiere decir, sin temor, sin odio y también sin piedad–, es necesario que la justicia tenga los ojos vendados, que no vea las consecuencias de lo que hace: dura lex, sed lex”. Ver también HELLER, Agnes, Além da..., op. cit., p. 28: “Ella no puede ser influenciada por gusto o disgusto, por pasión o interés, ni ser influenciada por caridad, piedad o grandeza de corazón. Esas últimas consideraciones son tan importantes como las primeras. Si diez personas son condenadas a muerte, de acuerdo a las exigencias de ciertas normas y reglas, y alguien actuara por piedad y salvara apenas a una de ellas, ese alguien es injusto. Pues aquel que practica tal excepción lo hace por tratarse de una persona amiga o pariente, o porque lo mueve la dig­ nidad natural del comportamiento del reo ante la inminente ejecución. Clemencia y perdón son justos sólo si se practican de acuerdo a normas y reglas. Las acciones motivadas por los más sublimes sentimientos pueden ser inicuas. Ser justo es una virtud fría, a veces hasta cruel. Cuán blanda o cuán impiedosa en verdad, depende de las propias normas y reglas, pero ese problema no puede ser llevado a una discusión en el concepto formal de justicia”. 93 Cfr. PERELMAN, Chaim, Justice, Random House, New York, 1967, p. 20: “The blindfold that traditionally covers the eyes of statues of justice attests to the fact that for justice nothing matters but the results of the weighing; it will not let itself be influenced by any other considerations. Love extends favors; justice concerns itself with being impartial. Love is strictly personal; justice knows no acceptance of individuals”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 311 18/11/2010 12:35:47 p.m. Capítulo XIII Aplicação em Quaisquer Processos Em se tratando de atributo inafastável da função de julgar, a imparcialidade deve ser observada por quaisquer pessoas que exerçam função jurisdicional, em caráter temporário ou permanente, sejam juízes togados (em jurisdição contenciosa ou voluntária),94 árbitros95 (nos termos da Lei n° 9.307/96, art. 13, § 6°, e art. 21, § 2°, e de diversos Regulamentos de entidades arbitrais)96 ou juízes leigos, aí incluindo-se, exemplificativamente, os membros dos tribunais do júri (indiretamente através do CPP, art. 427, com a redação dada pela Lei n° 11.689/08), os juízes leigos atuantes perante os Juizados Especiais Cíveis (Lei n° 9.099/95, art. 7o) e as autoridades políticas 94 Cfr. BARBI, Celso Agrícola, Comentários ao..., op. cit., p. 411. 95 Sobre os árbitros, confira-se o escólio de GUIMARÃES, Luiz Machado, “Arbitrador, arbitramento, árbitro”, In Estudos de Direito Processual Civil, Editora Jurídica e Universitária., Rio de Janeiro, 1969, pp. 108-116, esp. p.116. 96 Cfr. LEMES, Selma Maria Ferreira, “Árbitro: o padrão de conduta ideal”, In Arbitragem – A nova lei brasileira (9.307/96) e a praxe internacional, Editora LTr, São Paulo, 1996, pp. 243-279. 312 Serie Monografias Premiadas 3.indb 312 18/11/2010 12:35:47 p.m. Capítulo XIII Aplicación en cualquier clase de juicio Tratándose de un atributo que no se puede separar de la función de juzgar, la imparcialidad debe ser observada por cualquier persona que ejerza una función de juzgar, temporaria o permanentemente, ya fueren jueces togados (en jurisdicción contenciosa o voluntaria),94 árbitros95 (de acuerdo con las disposiciones de la Ley N° 9.307/96, art. 13, § 6°, y art. 21, § 2° y de distintas normas de entidades arbitrales)96 o jueces legos, incluyéndose entre los mismos, a modo de ejemplo, los miembros de los jurados (indirectamente a través del CPP, art. 427, con la redacción de la Ley N° 11.689/08), los jueces legos 94 Cfr. BARBI, Celso Agrícola, Comentários ao..., op. cit., p. 411. 95 Sobre los árbitros, vid., la opinión de GUIMARÃES, Luiz Machado, “Arbitrador, arbitramento, árbitro”, en Estudos de Direito Processual Civil, Jurídica e Universitária, Rio de Janeiro, 1969, pp. 108-116, esp. p.116. 96 Cfr. LEMES, Selma Maria Ferreira, “Árbitro: o padrão de conduta ideal”, en Arbitragem­A nova lei brasileira (9.307/96) e a praxe internacional, Editorial LTr, São Paulo, 1996, pp. 243-279. 313 Serie Monografias Premiadas 3.indb 313 18/11/2010 12:35:47 p.m. 314 Imparcialidade judicial que participem como julgadoras em processo de impeachment (v.g. Lei n° 1.079/50 art. 36), em outros processos de cassação de mandatos políticos (v.g. DL n° 201/1967, art. 5o, I – consoante acentuado pela doutrina)97 ou mesmo em processos administrativos em geral. Até mesmo em sede de jurisdição eclesiástica, a imparcialidade é objeto de atenção especial, condicionando o exercício do poder de julgar (consoante o Código de Direito Canônico, Cânones 1447 e 1448).98 Apenas no que diz respeito aos árbitros, uma ressalva parece pertinente. Embora a doutrina se refira à incorporação per relationem do elenco das causas de impedimento e suspeição do CPC à Lei de Arbitragem,99 é prática admitida em sede arbitral a indicação de árbitros que, no painel arbitral, funcionam como advogados das partes (espécie de party-appointed arbitrators), situação em que ao menos o “presidente” do painel deve resguardar a respectiva 97 Cfr. REALE, Miguel e REALE JÚNIOR, Miguel, “Natureza jurídico-política do impeachment”, In REALE, Miguel, Questões de Direito, Editora Sugestões Literárias, São Paulo, 1981, pp. 67-77, esp. p. 74: “Juiz impedido é juiz inábil para o caso determinado. A imparcialidade é (...) pressuposto imprescindível a qualquer forma de julgamento, (...) também imperantes no processo político-penal de cassação de mandato”. 98 Nos textos originais: Can. 1447. Qui causae interfuit tamquam iudex, promoter iustitiae, defensor vinculi, procurator, advocatus, testis aut peritus, nequit postea valide eandem causam in alia instantia tamquam iudex definire aut in eadem munus assessoris sustinere. Can. 1448, § 1. Iudex cognoscendam ne suscipiat causam, in qua ratione cansanguinitatis vel affinitatis in quolibet grandu lineae rectae et usque ad quartum gradum lineae collateralis, vel rationae tutelae et curatelae, intimae vitae consuetudinis, magnae simultatis, vel lucri faciendi aut damni vitandi, aliquid ipsius intersit. Nas traduções autorizadas: Can 1447- Quem participou de uma causa na qualidade de juiz, promotor de justiça, defensor do vínculo, procurador, advogado, testemunha ou perito, não pode, posteriormente definir validamente, como juiz essa causa em outra instância , ou nela exercer função de assessor. Can 1448- § 1. O juiz não comece a conhecer de uma causa, à qual esteja, de algum modo, ligado em razão de consangüinidade ou afinidade em qualquer grau da linha reta e até o quarto grau da linha colateral, em razão de tutela ou curatela, de intimidade pessoal, de grande rivalidade, de auferir lucro ou evitar prejuízo. 99 Cfr. CARMONA, Carlos Alberto, Arbitragem e Processo – Um Comentário à Lei n° 9307/96, 2a Edição, Editora Atlas, São Paulo, 2004, p. 216. Serie Monografias Premiadas 3.indb 314 18/11/2010 12:35:47 p.m. 315 Imparcialidad judicial actuantes en los Juzgados Especiales Civiles (Ley 9.099/95, art. 7°) y las autoridades políticas que participen como juzgadoras en juicios políticos (v.g. Ley N° 1.079/50 art. 36), en otros juicios de privación de mandatos políticos (v.g. DL N° 201/1967, art. 5°, I de acuerdo con lo enfatizado por la doctrina)97 o también en juicios administrativos en general. Aun en sede de jurisdicción eclesiástica, la imparcialidad es objeto de atención especial y condiciona el ejercicio del poder de juzgar (según el Código de Derecho Canónico, Cánones 1447 y 1448).98 Pero hay una salvedad que parece pertinente en lo que se refiere a los árbitros. Si bien la doctrina se refiere a la incorporación per rela­ tionem del listado de las causales de impedimento y sospecha del CPC a la Ley de Arbitraje,99 es práctica admitida en la sede arbitral la designación de árbitros que en el panel arbitral, funcionan como abogados de las partes (especie de party-appointed arbitrators), situa- 97 Cfr. REALE, Miguel y REALE JÚNIOR, Miguel, “Natureza jurídico-política do impeachment”, en REALE, Miguel, Questões de Direito, Editorial Sugestões Literárias, São Paulo, 1981, pp. 67-77, esp. p. 74: “Juez recusado es juez inhábil para el caso determinado. La imparcialidad es (...) presupuesto imprescindible a cualquier forma de juzgamiento, (...) también imperantes en el proceso político-penal de pérdida de un mandato”. 98 En los textos originales: Can. 1447. Qui causae interfuit tamquam iudex, promoter iustitiae, defensor vinculi, procurator, advocatus, testis aut peritus, nequit postea valide eandem causam in alia instantia tamquam iudex definire aut in eadem munus assessoris sustinere. Can. 1448, § 1. Iudex cognoscendam ne suscipiat causam, in qua ratione cansanguinitatis vel affinitatis in quolibet grandu lineae rectae et usque ad quartum gradum lineae collateralis, vel rationae tutelae et curatelae, intimae vitae consuetudinis, magnae simultatis, vel lucri faciendi aut damni vitandi, aliquid ipsius intersit. En las traducciones autorizadas: Can 1447- Quien participó de una causa en calidad de juez, fiscal, defensor del vínculo, apoderado, abogado, testigo o perito, no puede, posteriormente definir válidamente, como juez esa causa en otra instancia, o ejercer en ella una función de asesor. Can 1448- § 1. El juez no debe comenzar a conocer una causa, a la cual esté vinculado de algún modo, en razón de consanguinidad o afinidad en cualquier grado de la línea recta y hasta el cuarto grado de la línea colateral, en razón de tutela o curatela, de intimidad personal, de gran rivalidad, de obtener lucro o evitar un perjuicio. 99 Cfr. CARMONA, Carlos Alberto, Arbitragem e Processo-Um Comentário à Lei n° 9307/96, 2a Edición, Editorial Atlas, São Paulo, 2004, p. 216. Serie Monografias Premiadas 3.indb 315 18/11/2010 12:35:47 p.m. 316 Imparcialidade judicial imparcialidade (seria o árbitro neutro em oposição ao(s) árbitro(s) da(s) parte(s)).100 O que se pretende afirmar é que, ainda segundo autorizada doutrina, em sede arbitral, na medida em que aceitam serem julgadas por árbitros que sabidamente não ostentam padrões razoáveis de imparcialidade, as partes podem até mesmo, sob determinadas circunstâncias, dispor do alegado direito a um julgamento imparcial. No extremo do argumento, considerando que as partes podem dispor até mesmo do direito material litigioso – a disponibilidade é um dos requisitos necessários à arbitragem (Lei n° 9.307/96, art. 1o) – e do direito a um julgamento por um juiz, podem as partes também dispor das garantias procedimentais respectivas. Não parece equivocado afirmar que em sede arbitral há acentuada relativização da exigência de imparcialidade, cabendo aos litigantes o controle da imparcialidade do árbitro101 e aos árbitros o dever contínuo de informar as partes acerca das potenciais causas de parcialidade (art. 14, § 1o da Lei n° 9.307/96) – o chamado dever de revelação. O que não pode se admitir é a imposição de um julgamento por um árbitro parcial, se isso não tiver sido expressamente conhecido e admitido pela parte interessada, o que, aliás, vale também para a renúncia à jurisdição estatal. De outro giro, somos de sustentar que, 100 Cfr. LEMES, Selma Maria Ferreira, “Árbitro: o padrão ...”, op. cit., pp. 243-279, esp. p. 264. 101 Novamente CARMONA, Carlos Alberto, Arbitragem e Processo..., op. cit., pp. 215-216. Serie Monografias Premiadas 3.indb 316 18/11/2010 12:35:47 p.m. 317 Imparcialidad judicial ción en la que al menos el “presidente” del panel debe resguardar la respectiva imparcialidad (sería el árbitro neutral en oposición a/los árbitro/s de la/s parte/s).100 Lo que se desea afirmar es que aun de acuerdo con la doctrina autorizada, en sede arbitral, en la medida en que acepten ser juzgadas por árbitros que de manera evidente no ostenten niveles razonables de imparcialidad, las partes pueden, inclusive en determinadas circunstancias, disponer del alegado dere­ cho a un juicio imparcial. En el extremo del argumento, considerando que las partes pueden disponer hasta del derecho material litigioso –la disponibilidad es uno de los requisitos necesarios del arbitraje (Ley N° 9.307/96, art. 1°)– y del derecho a ser juzgadas por un Juez, las mismas pueden también disponer de las garantías procesales correspondientes. No parece erróneo afirmar que en sede arbitral existe una acentuada relativización de la exigencia de imparcialidad, correspondiéndoles a los litigantes el control de la imparcialidad del árbitro101 y a los árbitros el deber permanente de informar a las partes sobre las potenciales causas de parcialidad (art. 14, § 1° de la Ley N° 9.307/96), el denominado deber de revelación. Lo que no puede admitirse es la imposición de un juicio llevado a cabo por un árbitro parcial, si eso no hubiera sido expresamente conocido y aceptado por la parte interesada, lo que además, vale tam- 100 Cfr. LEMES, Selma Maria Ferreira, “Árbitro: o padrão...”, op. cit., pp. 243-279, esp. p. 264. 101 Nuevamente CARMONA, Carlos Alberto, Arbitragem e Processo..., op. cit., pp. 215-216. Serie Monografias Premiadas 3.indb 317 18/11/2010 12:35:47 p.m. 318 Imparcialidade judicial havendo ciência e aceitação das partes, eventual parcialidade do árbitro não ensejará a propositura de ação de nulidade da sentença arbitral (Lei n° 9.307/96, art. 33). Não ocorrendo a indispensável revelação das potenciais causas de parcialidade, a sentença será considerada viciada e estará sujeita à declaração de nulidade através da ação própria (Lei n° 9.307/96, art. 33, art. 32, VIII e art. 21, § 2°) Serie Monografias Premiadas 3.indb 318 18/11/2010 12:35:47 p.m. 319 Imparcialidad judicial bién para la renuncia a la jurisdicción estatal. Por otro lado, también sostenemos que habiendo conocimiento y aceptación de las partes, cualquier actitud del árbitro que pudiese revelar alguna parcialidad, no constituiría una base para intentar la declaración de nulidad de la sentencia arbitral por la vía judicial (Ley N° 9.307/96, art. 33). Si no tuviere lugar la indispensable revelación de las potenciales causas de parcialidad, la sentencia se considerará viciada y estará supeditada a la declaración de nulidad a través de la acción correspondiente (Ley N° 9.307/96, art. 33, art. 32, VIII y art. 21, § 2°). Serie Monografias Premiadas 3.indb 319 18/11/2010 12:35:47 p.m. Capítulo XIV Pressuposto processual Por derradeiro, em que pese a existência de críticas acerca do conceito de pressuposto processual102, do ponto de vista da técnica processual e de acordo com o entendimento dominante desde o regime do CPC de 1939 (por influência privatística fala-se em capacidade subjetiva do juiz),103 a imparcialidade funciona como pressuposto processual referente ao juiz104 ou, junto às condições para o regular exercício do direito de ação e segundo terminologia 102 Por todos, BARBOSA MOREIRA, José Carlos. “Sobre Pressupostos Processuais”, In Temas de Direito Processual, Quarta Série, Editora Saraiva, São Paulo, 1989, pp. 83-93; e MARINONI, Luiz Guilherme, Teoria Geral do Processo, RT, São Paulo, 2006, pp. 468 e seguintes. 103 Conforme, por exemplo, MARQUES, José Frederico, Instituições de Direito Processual Civil, Volume II, 4a edição, Editora Forense, Rio de Janeiro, 1971, pp. 120 e seguintes; OLIVEIRA JUNIOR, Waldemar Mariz de, Curso de Direito Processual Civil, Volume 1 – Teoria Geral do Processo Civil, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 1968, p. 200. Em comentário ao artigo 185 do CPC 1939, falou-se expressamente em capacidade: CARVALHO SANTOS, J. M., Código de Processo Civil Interpretado, Arts. 180 a 262, Volume III, 6a Edição, Livraria Freitas Bastos, Rio de Janeiro, 1964, p. 61. 104 Por todos, o clássico LACERDA, Galeno, Despacho Saneador, Livraria Sulina Editora, Porto Alegre, 1953, p. 60, cuidando da insuspeição do juiz como pressuposto processual subjetivo. 320 Serie Monografias Premiadas 3.indb 320 18/11/2010 12:35:47 p.m. Capítulo XIV Supuesto procesal Asimismo, pese a la existencia de críticas sobre el concepto de su­ puesto procesal,102 desde el punto de vista de la técnica procesal y de acuerdo con el entendimiento dominante desde el régimen del CPC de 1939 (por influencia privatística, se habla de capacidad subjeti­ va del Juez),103 la imparcialidad funciona como supuesto procesal refe­ rido al Juez104 o, junto a las condiciones para el ejercicio regular del derecho de acción y según terminología que parece más adecuada y 102 Por la mayoría, BARBOSA MOREIRA, José Carlos, “Sobre Pressupostos Processuais”, en Temas de Direito Processual, Quarta Série, Saraiva, São Paulo, 1989, pp. 83-93; y MARINONI, Luiz Guilherme, Teoria Geral do Processo, RT, São Paulo, 2006, pp. 468 y ss. 103 Según, por ejemplo, MARQUES, José Frederico, Instituições de Direito Processual Civil, Volumen II, 4a Edición, Forense, Rio de Janeiro, 1971, pp. 120 y ss; OLIVEIRA JUNIOR, Waldemar Mariz de, Curso de Direito Processual Civil, Volumen 1-Teoria Geral do Processo Civil, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 1968, p. 200. En comentarios al artículo 185 del CPC 1939, se dijo expresamente en cuanto a la capacidad: CARVALHO SANTOS, J. M., Código de Processo Civil Interpretado, Arts. 180 a 262, Volumen III, 6a Edición, Livraria Freitas Bastos, Rio de Janeiro, 1964, p. 104 Por la mayoría, el clásico LACERDA, Galeno, Despacho Saneador, Livraria Sulina Editorial, Porto Alegre, 1953, p. 60, tratando acerca de la recusación del juez como presupuesto procesal subjetivo. 321 Serie Monografias Premiadas 3.indb 321 18/11/2010 12:35:47 p.m. 322 Imparcialidade judicial que parece mais adequada e útil, como pressuposto de admissibilidade da tutela jurisdicional civil105 ou ainda como pressuposto de admissibilidade de julgamento de mérito.106 Mais especificamente, consoante a concepção habitualmente utilizada pela doutrina processualística especializada107 e por constante jurisprudência – cabendo destacar aqui a jurisprudência do STF108 e a do STJ –,109 caracteriza-se a imparcialidade do juiz como pressuposto processual de validade do processo (ou ao menos como pressuposto processual de validade dos atos decisórios praticados pelo juiz), referindo-se-lhe, outrossim, como pressuposto processual subjetivo (relativo aos juízes). 105 Consoante a expressão e a sistematização de DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de Direito..., op. cit., p. 517. 106 Expressão utilizada por WAMBIER, Teresa Arruda Alvim, Nulidades do Processo e da Sentença, 6a Edição, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2007, p. 187. 107 Por todos, ARRUDA ALVIM, Manual de Direito..., op. cit., p. 541: “A competência do juízo e a imparcialidade do juiz podem ser englobadas como requisitos de validade do processo em função da pessoa do juiz (pressupostos processuais subjetivos do juiz – órgão competente ocupado por sujeito imparcial”); WAMBIER, Teresa Arruda Alvim, Nulidades do Processo..., op. cit., p. 47, e DIDIER JR., Fredie, Pressupostos processuais e condições da ação – o juízo de admissibilidade do processo, Editora Saraiva, São Paulo, 2005, p. 161. 108 STF, Agravo em Mandado de Segurança n° 21.193, Segunda Turma, Relator o Ministro Celso de Mello, julgado unânime em 04.04.1991 (a decisão refere-se à competência – enquanto pressuposto processual – de que trata o art. 102, I, n, da CF e que tem como suporte fático a questão da imparcialidade dos membros de outro Tribunal, filiando-se expressamente à linhagem doutrinária referida no texto). 109 STJ, Quarta Turma, Recurso Especial n° 230.009-RJ, Relator o Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, julgado unânime em 08.02.2004, onde se afirmou que: “A imparcialidade do magistrado, um dos pilares do princípio do juiz natural, que reclama juiz legalmente investido na função, competente e imparcial, se inclui entre os pressupostos de validade da relação processual (...)”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 322 18/11/2010 12:35:47 p.m. 323 Imparcialidad judicial útil, como supuesto de admisibilidad de la tutela jurisdiccional civil105 o también como supuesto de admisibilidad de juicio de mérito.106 Más específicamente, de acuerdo con la concepción habitualmente empleada por la doctrina procesalista especializada107 y por la jurisprudencia existente –correspondiendo destacar aquí la jurisprudencia del STF108 y del STJ–109 se caracteriza la imparcialidad del Juez como un supuesto procesal de validez del juicio (o al menos como supuesto procesal de validez de los actos decisorios llevados a cabo por el Juez), mencionándosela asimismo, como supuesto procesal subjetivo (relativo a los jueces). 105 De acuerdo a la expresión y a la sistematización de DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de Direito..., op. cit., p. 517. 106 Expresión utilizada por WAMBIER, Teresa Arruda Alvim, Nulidades do Processo e da Sentença, 6a Edición, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 2007, p. 187. 107 Por la mayoría, ARRUDA ALVIM, Manual de Direito..., op. cit., p. 541: “La competencia del juzgado y la imparcialidad del juez pueden englobarse como requisitos de validez del proceso en función de la persona del juez (presupuestos procesales subjetivos del juez-órgano competente ocupado por sujeto imparcial”); WAMBIER, Teresa Arruda Alvim, Nulidades do..., op. cit., p. 47, y DIDIER JR., Fredie, Pressupostos processuais e condições da ação-o juízo de admissibilidade do processo, Saraiva, São Paulo, 2005, p. 161. 108 STF, Recurso de Apelación en Acción de Amparo n° 21.193, Sala Segunda, del Ministro Relator Celso de Mello, fallo unánime del 04.04.1991 (el fallo se refiere a la competencia –como presupuesto procesal– de que trata el art. 102, I, n, de la CF y que tiene como soporte fáctico la cuestión de la imparcialidad de los miembros de otro Tribunal, afiliándose expresamente al linaje doctrinario referido en el texto). 109 STJ, Sala Cuarta, Recurso Especial n° 230.009-RJ, del Ministro Relator Sálvio de Figueiredo Teixeira, fallo unánime del 08.02.2004, donde se afirmó que: “La imparcialidad del magistrado, uno de los pilares del principio del juez natural, que reclama un juez legalmente investido en la función, competente e imparcial, se incluye entre los presupuestos de validez de la relación procesal (...)”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 323 18/11/2010 12:35:47 p.m. Capítulo XV Três Perfis da Imparcialidade Sem embargo da função que a imparcialidade desempenha ou pode desempenhar na técnica processual, que transcende o objeto de análise do presente estudo, ainda mais importante é entender o alcance da imparcialidade como princípio inerente à jurisdição, em suas várias facetas ou perspectivas. Nesse sentido, didaticamente, pode-se decompor a imparcialidade em três perfis110 essencialmente interligados: (i) eqüidistância, (ii) independência e (iii) naturalidade (juiz natural). Com efeito, cuida-se de perfis intrinsecamente ligados, que são decompostos aqui para simplicidade da exposição. 110 Consoante a didática e inspirada formulação de FERRAJOLI, Luigi, Direito e Razão…; op. cit., p. 464: “Chamarei eqüidistância ao afastamento do juiz dos interesses das partes em causa; independência à sua exterioridade ao sistema político e em geral a todo sistema de poderes; naturalidade à determinação de sua designação e à determinação das suas competências para escolhas sucessivas à comissão do fato submetido ao seu juízo”. 324 Serie Monografias Premiadas 3.indb 324 18/11/2010 12:35:47 p.m. Capítulo XV Tres perfiles de la imparcialidad Además de la función que la imparcialidad desempeña o puede desempeñar en la técnica procesal, que trasciende el objeto de análisis del presente estudio, es más importante aun comprender el alcance de la imparcialidad como principio inherente a la jurisdicción, en sus varias facetas o perspectivas. En ese sentido, didácticamente, se puede separar la imparcialidad en tres perfiles110 esencialmente interrelacionados: (I) equidistancia, (II) independencia y (III) naturalidad (Juez natural). Se trata de hecho de perfiles intrínsecamente relacionados que aquí se separan para simplificar la exposición. 110 Según la didáctica e inspirada formulación de FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão…; op. cit., p. 464: “Llamaré de equidistancia al alejamiento del juez de los intereses de las partes en la causa; independencia a su exterioridad al sistema político y en general a todo sistema de poderes; naturalidad a la determinación de su designación y a la determinación de sus competencias para elecciones sucesivas a la comisión del hecho sometido a su juicio”. 325 Serie Monografias Premiadas 3.indb 325 18/11/2010 12:35:47 p.m. 326 Imparcialidade judicial 1. Equidistância A eqüidistância indica o afastamento do juiz dos interesses das partes (reitera-se: nemo iudex in causa sua), não podendo o julgador possuir interesse privado ou pessoal, direto ou indireto, público ou institucional, no resultado do litígio. O juiz deve ser suficientemente indiferente aos interesses em disputa, julgando com a máxima objetividade111 e isenção.112 Ad exemplum tantum, relembre-se que algumas das mais respeitadas construções teóricas da ciência processual serviram-se justamente da idéia de imparcialidadeequidistância como base da respectiva teoria da jurisdição. Tornou-se célebre a compreensão formulada pela processualística italiana nos albores do século XX, no sentido de que a jurisdição é a função do estado que tem por escopo a atuação da vontade concreta da lei por meio da substituição da atividade das partes envolvidas. A imparcialidade está na base dessa compreensão da jurisdição, que assume a premissa de que o juiz atua em causa alheia, substituindo a atuação e a vontade das pessoas envolvidas (isto é, a atuação das partes), sendo, portanto, necessariamente estranho (alheio) à causa.113 111 Sobre a objetividade, por todos, BARAK, Aharon, The Judge in a Democracy, Princeton University Press, Princeton, 2006, p. 103. 112 Ainda consoante FERRAJOLI, Luigi, Direito e Razão…; op. cit., pp. 464-465. Ainda na doutrina italiana, vid. ANADOLINA, Italo e VIGNERA, Giuseppe, Il Modello Costituzionale …; op. cit., p. 41: “(...) la posizione del giudice deve essere super partes o, meglio, equidistante rispetto las partes”. No mesmo sentido, MANDRIOLI, Crisanto, Corso di Diritto Processuale Civile, Volume I, Nozioni Introduttive e Disposizioni Generali, Décima Edizione, G Giappichelli Editore, Torino, 1995, p. 24. 113 Cfr. CHIOVENDA, Giuseppe, Instituições de Direito Processual Civil. Volume II (tradução da 2a Edição italiana das Istituzioni di Diritto Processuale Civile por Guimarães Menegale). Serie Monografias Premiadas 3.indb 326 18/11/2010 12:35:48 p.m. 327 Imparcialidad judicial 1. Equidistancia La equidistancia indica el alejamiento del Juez de los intereses de las partes (se reitera: nemo iudex in causa sua), no pudiendo quien juzga poseer un interés particular o personal, directo o indirecto, público o institucional en el resultado del litigio. El Juez debe ser suficientemente indiferente a los intereses en disputa, juzgando con la máxima objetividad111 y distancia.112 Ad exemplum tantum, recuérdese que algunas de las más respetadas construcciones de la ciencia procesal, hicieron uso justamente de la idea de imparcialidad-equidistancia, como base de la respectiva teoría de la jurisdicción. Se hizo célebre la comprensión formulada por la ciencia procesalista italiana en los albores del S. XX, en el sentido de que la jurisdicción es la función del Estado que tiene por objeto la actuación de la voluntad concreta de la ley por medio de la substitución de la actividad de las partes implicadas. La imparcialidad está en la base de esa comprensión de la jurisdicción que asume la premisa de que el Juez actúa en causa ajena, substituyendo la actuación y la voluntad de las personas involucradas (es decir, la actuación de las partes), siendo por lo tanto necesariamente extraño (ajeno) a la causa.113 111 Sobre la objetividad, por la mayoría, BARAK, Aharon. The Judge in a Democracy, Princeton University Press, Princeton, 2006, p. 103. 112 En el mismo sentido FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão…; op. cit., pp. 464-465. También en la doctrina italiana, vid. ANADOLINA, Italo y VIGNERA, Giuseppe, Il Modello Costituzionale …; op. cit., p. 41: “(...) la posizione del giudice deve essere super partes o, meglio, equidistante rispetto las partes”. En el mismo sentido, MANDRIOLI, Crisanto, Corso di Diritto Processuale Civile, Volume I, Nozioni Introduttive e Disposizioni Generali, Décima Edizione, G Giappichelli Editore, Torino, 1995, p. 24. 113 Cfr. CHIOVENDA, Giuseppe, Instituições de Direito Processual Civil, Volumen II traducción de Guimarães Menegale, 2a Edición, Edición Saraiva, São Paulo 1965, pp. 1-11: “Mejor no se Serie Monografias Premiadas 3.indb 327 18/11/2010 12:35:48 p.m. 328 Imparcialidade judicial Por outro lado, a moderna concepção do processo como procedimento em contraditório, no momento em que substitui a estática concepção pandectística da relação processual pela dinâmica idéia de participação simétrica das partes (assegurada pela observância do contraditório) no procedimento,114 também assume a imparcialidade como elemento essencial da jurisdição e, mais do que isso, como elemento essencial do processo.115 Com efeito, a possibilidade e, principalmente, a efetividade da simétrica participação das partes em contraditório somente pode ser assegurada mediante a atuação como mediador e julgador de alguém que não é parte (rectius: alguém que não é parcial). Nesse sentido, é correto afirmar que, dentre outras funções, o princípio do contraditório (previsto na CF, art. 5o, LV) é considerado justo e aplicado justamente por servir a um princípio anterior (em sentido lógico e em sentido axiológico), qual seja, o princípio da 2a Edição, Edição Saraiva, São Paulo: 1965, pp. 1-11: “Melhor não se pode significar essa função do que com a palavra juiz, julgar; mas mesmo essas palavras se podem entender em sentidos diversos, como sucede quando se diz “cada qual é juiz de seus próprios atos” e quando se diz “ninguém é juiz em causa própria”. Na jurisdição fala-se de juiz na segunda acepção, isto é, de “juiz em causa alheia”. Para uma crítica da concepção de Chiovenda, vid; MITIDIERO, Daniel Francisco, Elementos para uma Teoria Contemporânea do Processo Civil Brasileiro, Livraria do Advogado Editora, Porto Alegre, 2005, p. 76. 114 Cfr. FAZZALARI, Elio, Instituições de Direito Processual (tradução da 8a Edição italiana de Istituzioni di Diritto Processuale por Elaine Nassif), Editora Bookseller. Campinas, 2006, pp. 118-124. 115 Cfr. Ibidem; p. 377: “Para fins da legitimação do juiz em um dado processo, outro requisito é a sua “imparcialidade” em relação ao provimento (requerido e emanando), no sentido em que o juiz deve ser estranho em relação à situação substancial que esteja para ser criada por aquele provimento e em relação aos titulares dela, isto é, aos destinatários dos efeitos da medida jurisdicional. Tal “estranheza” (ou “terceiridade”) é a base sobre a qual se apóia a “imparcialidade” do juiz, requisito essencial, imposto quer pela nossa disposição constitucional, quer pela mencionada Convenção Européia dos Direitos do Homem”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 328 18/11/2010 12:35:48 p.m. 329 Imparcialidad judicial Por otro lado, la moderna concepción del juicio como procedimiento contradictorio en el momento en que substituye la estática concepción pandectística de la relación procesal por la idea dinámica de participación simétrica de las partes (asegurada por la observancia del contradictorio) en el procedimiento,114 asume también la imparcialidad como elementos esencial de la jurisdicción y, más aun, como elemento esencial del juicio.115 En efecto, la posibilidad y, principalmente la efectividad de la participación simétrica de las partes en juicio contradictorio, solamente puede asegurarse mediante la actuación como mediador y juzgador de alguien que no sea parte (rectius: alguien que no sea parcial). En tal sentido, es correcto afirmar que entre otras funciones, el principio del contradictorio (contemplado en la CF, art. 5°, LV) es considerado justo y aplicado justamente por servir a un principio anterior (en sentido lógico y en sentido axiológico), el principio de puede significar esa función del que con la palabra juez, juzga; más aún esas palabras se pueden entender en sentidos diversos, como sucede cuando se dice “cada cual es juez de sus propios actos” y cuando se dice “nadie es juez en causa propia”. En la jurisdicción se habla de juez en la segunda acepción, o sea, de “juez en causa ajena”. Para una crítica de la concepción de Chiovenda, vid. MITIDIERO, Daniel Francisco. Elementos para uma Teoria Contemporânea do Processo Civil Brasileiro, Livraria do Advogado Editorial. Porto Alegre, 2005, p. 76. 114 Cfr. FAZZALARI, Elio, Instituições de Direito Processual traducción de Elaine Nassif, Bookseller Campinas, 2006, pp. 118-124. 115 Cfr. Ibidem; p. 377: “A los fines de legitimar a un juez en determinado proceso, otro requisito es su “imparcialidad” en relación con lo resuelto (requerido y emanado), en el sen­ tido de que el juez debe ser ajeno en relación con la situación sustancial que se vaya a crear en función de aquella resolución y en relación a los titulares de la misma, o sea, a los destinatarios de los efectos de la medida jurisdiccional. Tal “extrañeza” (o “tercería”) es la base sobre la cual se apoya la “imparcialidad” del juez, requisito esencial, impuesto tanto por nuestra disposición constitucional, como por la mencionada Convención Europea de los Derechos del Hombre”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 329 18/11/2010 12:35:48 p.m. 330 Imparcialidade judicial imparcialidade.116 Essa concepção da relação processual, com a imparcialidade no centro do sistema de solução de controvérsias, é importantíssima e permite, por exemplo, (re)definir a arbitragem como espécie de processo, porquanto a formação da decisão arbitral é presidida por um árbitro que deve atuar de modo imparcial117 (observadas as ressalvas formuladas adiante acerca desse tema). Como se vê, com maior ou menor intensidade, de modo mais ou menos explícito, a imparcialidade (enquanto equidistância) constitui elemento essencial à caracterização do processo e da própria jurisdição. 2. Independência Imparcialidade assemelha-se ainda com a independência dos juízes, fator que é identificado como princípio basilar da função de judicar.118 116 Cfr. HÖFFE, Otfried, Justiça Política…, op cit; p. 39: “Também em questões de procedimentos, existem princípios de cuja justiça quase ninguém duvida; pense-se apenas no mandamento de, num caso de conflito, ouvir o outro lado (audiatur et altera pars) e a proibição de ser juiz em causa própria (nemo iudex in causa sua). Tais princípios são considerados justos pelo fato de servirem a um princípio de justiça superior que tampouco é controvertida, a imparcialidade (equidade)”. 117 Cfr. FAZZALARI, Elio, Instituições de …, op cit; p. 567. 118 Cfr. COUTURE, Eduardo J., Introdução ao Estudo do Processo Civil (tradução brasileira de Introducción al Estudio del Derecho Procesal Civil por Mozart Victor Russomano), 3a Edição, Editora Forense, Rio de Janeiro, 1995, p. 59, em passagem já clássica: “Tratando de ordenar, em um sistema de idéias, os princípios basilares, radicais, aqueles em torno de que se agrupa toda experiência acerca da função e da incumbência do juiz, eu me permiti reduzilos a três ordens necessárias: - a de independência, a de autoridade e a de responsabilidade. A de independência, para que suas decisões não sejam uma conseqüência da fome ou do medo; a de autoridade, para que suas decisões não sejam simples conselhos, divagações acadêmicas, que o Poder Executivo possa desatender segundo seu capricho; e a de responsabilidade, para que a sentença não seja um ímpeto da ambição, do orgulho ou da soberba, e sim da consciência vigilante do homem frente ao seu próprio destino”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 330 18/11/2010 12:35:48 p.m. 331 Imparcialidad judicial imparcialidad.116 Esa concepción de la relación procesal con la imparcialidad en el centro del sistema de solución de controversias, es importantísima y permite por ejemplo, (re)definir el arbitraje como una especie de juicio, por cuanto la formación de la decisión arbitral es presidida por un árbitro que debe actuar de modo imparcial117 (observando las salvedades más adelante formuladas sobre ese tema). Como se ve, con mayor o menor intensidad, de un modo más o menos explícito, la imparcialidad (en cuanto equidistancia) constituye un elemento esencial a la caracterización del juicio y de la propia jurisdicción. 2. Independencia La imparcialidad se asemeja a la independencia de los jueces, factor que se identifica como principio esencial de la función de juzgar.118 116 Cfr. HÖFFE, Otfried, Justiça Política…, op. cit; p. 39: “También en cuestiones de proce­ dimientos, existen principios de cuya justicia casi nadie duda; piénsese apenas en el mandamiento de, en un caso de conflicto, escuchar a la otra parte (audiatur et altera pars) y la prohibición de ser juez en causa propia (nemo iudex in causa sua). Tales principios se consideran justos por el hecho de servir a un principio de justicia superior que tampoco es controvertido, la imparcialidad (equidad)”. 117 Cfr. FAZZALARI, Elio, Instituições de …, op. cit; p. 567. 118 Cfr. COUTURE, Eduardo J., Introdução ao Estudo do Processo Civil, traducción de Mozart Victor Russomano, 3a Edición, Editorial Forense, Rio de Janeiro: 1995, p. 59, en un pasaje ya clásico: “Tratando de ordenar, en un sistema de ideas, los principios basales, radicales, aquellos en torno del cual se agrupa toda la experiencia acerca de la función y de la incumbencia del juez, yo me permití reducirlos a tres órdenes necesarios: - el de independencia, el de autoridad y el de responsabilidad. El de independencia, para que sus decisiones no sean una consecuencia del hambre o del miedo; el de autoridad, para que sus decisiones no sean simples consejos, divagues académicos, que el Poder Ejecutivo pueda desatender según su capricho; y el de responsabilidad, para que la sentencia no sea un ímpetu de la ambición, del orgullo o de la soberbia, y sí de la conciencia vigilante del hombre frente a su propio destino”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 331 18/11/2010 12:35:48 p.m. 332 Imparcialidade judicial Na verdade, a independência é um dos perfis fundamentais da imparcialidade. Há notável identificação entre imparcialidade e a independência em textos doutrinários e em decisões judiciais, sendo certo que muitas vezes essas expressões são usadas como fungíveis ou sinônimas119 e em outras tantas vezes a imparcialidade é indicada como um dos pressupostos da independência. Sem embargo dessa aparente fungibilidade, parece mais correto definir a independência como um instrumento destinado a assegurar a imparcialidade,120 entendimento ao qual já aderiu o STF.121 Com efeito, a independência não é um atributo do julgador, de forma a protegê-lo pessoalmente, como se fora uma espécie de privilégio pessoal odioso dos magistrados, consoante reiteradamente asseverado pela nossa doutrina122 e confirmado pela jurisprudência 119 Por exemplo: RIBEIRO, Maria Teresa de Melo, O Princípio da…, op. cit; p. 170: “Imparcialidade significa independência”. 120 Cfr. BERIZONCE, Roberto O, ”Relación General”, In BERIZONCE, Roberto O. (Coordinador), El Juez y la Magistratura (Tendencias en los Albores del Siglo XXI), Rubinzal-Culzoni Editores, Buenos Aires, 1999, pp. 15-58, esp. p. 20: “El postulado de la independencia judicial, consustancial al Estado de Derecho, tiene carácter instrumental para assegurar la imparcialidad del juicio (…)”. É nesse sentido o entendimento da jurisprudência brasileira, referindo-se ao juiz natural: STF, RE n° 418.852-DF, Primeira Turma, Relator o Ministro Carlos Britto, julgado unânime em 06.12.2005. 121 STF, Recurso Extraordinário n° 418.852-DF, Primeira Turma, Relator o Ministro Carlos Britto, julgado unânime em 06.12.2005 (com referência ao princípio do juiz natural). 122 Entre nós, por todos, vid. LOPES, José Reinaldo de Lima, “A função política do Poder Judiciário”, In FARIA, José Eduardo (organizador), Direito e Justiça – A Função Social do Judiciário, 2a Edição, Editora Ática, São Paulo, 1994, pp. 123-144, esp. p. 136: “As garantias da magistratura não são privilégio estamental: são mecanismo político de defesa da sua independência com relação aos poderosos, não com relação aos cidadãos”, SAMPAIO, José Adércio Leite, O Conselho Nacional…, op. cit; p. 158: “Em palavras mais breves, a independência do Judiciário não serve apenas aos juízes nem ao próprio Judiciário, serve antes e principalmente aos jurisdicionados e à sua crença e confiança no império da justiça”. E, ainda, NEVES, Marcelo, “Regra-Garantia da Inamovibilidade dos Juízes – Imparcialidade, Pressões Corporativas e Institucionais, Separação dos Poderes”, In Revista de Direito Administrativo, Volume 247, Editora Atlas, São Paulo, 2007, pp. 298-312, esp. p. 307. Serie Monografias Premiadas 3.indb 332 18/11/2010 12:35:48 p.m. 333 Imparcialidad judicial En verdad, la independencia es uno de los perfiles fundamentales de la imparcialidad. Existe una notable identificación entre la imparcialidad y la independencia en textos doctrinarios y en decisiones judiciales, siendo cierto que muchas veces esas expresiones son usadas como fungibles o sinónimas119 y otras veces, la imparcialidad es indicada como uno de los supuestos de la independencia. A pesar de esa aparente fungibilidad, parece más correcto definir la independencia como un instrumento destinado a asegurar la imparcialidad,120 entendimiento al cual ya se adhirió el STF.121 En efecto, la independencia no es un atributo de quien juzga, de modo que lo proteja personalmente, como si fuera una especie de privilegio personal odioso de los Magistrados, según lo reiteradamente aseverado por nuestra doctrina122 y confirmado por la jurisprudencia 119 Por ejemplo: RIBEIRO, Maria Teresa de Melo, O Princípio da…, op. cit; p. 170: “Imparcialidad significa independencia”. 120 Cfr. BERIZONCE, Roberto O, ”Relación General”, en BERIZONCE, Roberto O. (Coordinador), El Juez y la Magistratura (Tendencias en los Albores del Siglo XXI), Rubinzal-Culzoni Editores, Buenos Aires, 1999, pp. 15-58, esp. p. 20: “El postulado de la independencia judicial, consustancial al Estado de Derecho, tiene carácter instrumental para asegurar la imparcialidad del juicio (…)”. Es en este sentido que entiende la jurisprudencia brasileña, refiriéndose al juez natural: STF, RE n° 418.852-DF, Sala Primera, del Ministro Relator Carlos Britto, fallo unánime del 06.12.2005. 121 STF, Recurso Extraordinario n° 418.852-DF, Sala Primera, del Ministro Relator Carlos Britto, fallo unánime del 06.12.2005 (con referencia al principio del juez natural). 122 En este sentido, vid. LOPES, José Reinaldo de Lima, “A função política do Poder Judiciário”, en FARIA, José Eduardo (organizador), Direito e Justiça-A Função Social do Judiciário, 2a Edición, São Paulo: Editorial Ática, São Paulo, 1994, pp. 123-144, esp. p. 136: “Las garantías de la magistratura no son privilegio de estamentos: son mecanismos políticos de defensa de su independencia en relación con los poderosos, no en relación con los ciudadanos”, SAMPAIO, José Adércio Leite, O Conselho Nacional …, op. cit; p. 158: “En palabras más breves, la independencia del Poder Judicial no sirve apenas a los jueces ni al propio Poder Judicial, sirve antes y principalmente a los ciudadanos y a su creencia y confianza en el imperio de la justicia”. Y, también, NEVES, Marcelo, “Regra-Garantia da Inamovibilidade dos JuízesImparcialidade, Pressões Corporativas e Institucionais, Separação dos Poderes”, en Revista de Direito Administrativo, Volumen 247, Atlas, São Paulo, 2007, pp. 298-312, esp. p. 307. Serie Monografias Premiadas 3.indb 333 18/11/2010 12:35:48 p.m. 334 Imparcialidade judicial do STF123 (e, igualmente, pela literatura estrangeira124); a independência e seus consectários existem como forma de promover a imparcialidade – daí porque o presente estudo assume que a independência dos juízes é apenas um dos perfis instrumentais da imparcialidade. Assumida a premissa de que a independência é um instrumento em prol da imparcialidade e sendo certo que o juiz tem o dever de ser imparcial, tem-se que o juiz tem também o dever de ser independente125 – o que confirma que, do ponto de vista pessoal, não se trata de um privilégio pessoal ou mesmo de um direito subjetivo da pessoa do juiz, estando muito mais próximo de se caracterizar como um dever – sem embargo disso, é imprescindível que o ordenamento crie condições adequadas para que o juiz possa se desincumbir desse dever, condições estas que normalmente implicam posições jurídicas de vantagem (usualmente direitos subjetivos propriamente considerados) para os ocupantes da função. A verdade está em que a eqüidistância não esgota o objeto da imparcialidade, que é complementado pela independência e pelo 123 STF, Célio Borja, STF, Ação Originária n° 587-6-DF, Tribunal Pleno, Relatora a Ministra Ellen Gracie, julgado unânime em 06.04.2006, onde se lê: “O princípio da independência do Poder Judiciário é fundamental para a prestação jurisdicional; é uma garantia de todos os jurisdicionados. Não é uma garantia pessoal do magistrado, é de toda a sociedade, de toda a comunidade, de todos aqueles que estão submetidos ao poder dos juízes”. 124 Vid., JAUERNIG, Othmar, Direito Processual Civil (tradução portuguesa de Zivilprozessrecht: ein Studienbuch por Silveira Ramos), Almedina, Coimbra, 2005, p. 70: “O juiz – ao contrário dos funcionários – tem de possuir uma independência característica da sua função, para poder actuar objectiva e livremente. A independência não é um privilégio corporativo (...) e não é concedida ao juiz por sua vontade para ‘realização pessoal’, mas para garantia duma justiça imparcial e assim satisfazer os que procuram justiça”. 125 Correta, portanto, a afirmação – a independência é um dever do juiz – de CASTRO, Flávia de Almeida Viveiros de, O Poder Judiciário na Virada do Século – Paradigmas de Atuação, Editora Lumen Juris, Rio de Janeiro, 1998, p. 22. Serie Monografias Premiadas 3.indb 334 18/11/2010 12:35:48 p.m. 335 Imparcialidad judicial del STF123 (e igualmente, por la literatura extranjera);124 la inde­ pendencia y sus consectarios existen como una forma de promover la imparcialidad; es por eso que el presente estudio asume que la independencia de los jueces es sólo uno de los perfiles instrumentales de la imparcialidad. Una vez asumida la premisa de que la independencia es un instrumento en pro de la imparcialidad y siendo verdad que el Juez tiene el deber de ser imparcial, se considera que el Juez también tiene el deber de ser independiente,125 lo que confirma que desde el punto de vista personal, no se trata de un privilegio personal o aun de un derecho subjetivo de la persona del Juez, encontrándose mucho más próximo a caracterizarse como un deber. A pesar de ello, es imprescindible que el ordenamiento cree condiciones adecuadas para que el Juez pueda desvincularse de ese deber y tales condiciones normalmente implican posiciones jurídicas que dan ventaja (habitualmente, derechos subjetivos propiamente considerados) a quienes desempeñan la función. La verdad radica en que la equidistancia no agota el objeto de la imparcialidad, la cual es complementada por la independencia y por 123 STF, Célio Borja, STF, Acción Originaria n° 587-6-DF, Tribunal en Pleno, de la Ministra Relatora Ellen Gracie, fallo unánime del 06.04.2006, donde se lee: “El principio de la independencia del Poder Judicial es fundamental para la prestación jurisdiccional; es una garantía de todos los ciudadanos. No es una garantía personal del magistrado, es de toda la sociedad, de toda la comunidad, de todos aquellos que están sometidos al poder de los jueces”. 124 Vid., JAUERNIG, Othmar. Direito Processual Civil, traducción de por Silveira Ramos, Almedina, Coimbra, 2005, p. 70: “El juez -al contrario que los empleados- tiene que poseer una independencia característica de su función, para poder actuar objetiva y libremente. La independencia no es un privilegio corporativo (...) y no se concede al juez por su voluntad para la ‘realización personal’, sino para garantía de una justicia imparcial y así satisfacer a quienes buscan justicia”. 125 Es correcta, por lo tanto, la afirmación –la independencia es un deber del juez– de CASTRO, Flávia de Almeida Viveiros de, O Poder Judiciário na Virada do Século-Paradigmas de Atuação, Lumen Juris, Rio de Janeiro, 1998, p. 22. Serie Monografias Premiadas 3.indb 335 18/11/2010 12:35:48 p.m. 336 Imparcialidade judicial juiz natural. Ainda que o juiz possa ser eqüidistante em relação aos interesses em litígio, ele necessita de condições para exercer o seu mister com independência,126 livre de pressões internas e/ou externas. a. Independência Institucional e Funcional Por outro lado, consoante entendimento razoavelmente assente e utilizado para explicar o fenômeno (na doutrina brasileira127 ou estrangeira),128 a independência deve ser entendida como a soma da independência institucional do Poder Judiciário (chamada institucional ou orgânica) e da independência dos juízes individualmente considerados (chamada subjetiva ou funcional), sendo certo que a primeira não passa de um meio destinado a proteger a segunda.129 126 Consoante anotação de BERMUDES, Sérgio, “Direito de petição e Estado de Direito – Ação judicial como espécie de direito de petição – Independência do Judiciário como garantia de justiça”, In Bermudês, Sérgio, Direito Processual Civil – Estudos e Pareceres, Editora Saraiva, São Paulo, 1983, pp. 165-178, esp. p. 174. 127 Por todos, vid., CASTRO NUNES, Teoria e Prática do Poder Judiciário, Edição Revista Forense, Rio de Janeiro, 1943, p. 91: “Quadro geral das garantias. Visando assegurar a independência do Poder Judiciário, a Constituição cerca a magistratura de garantias especiais, umas dizendo mais com os órgãos na sua composição ou aparelhamento, garantias que podemos chamar institucionais ou orgânicas, e outras que podemos chamar institucionais ou orgânicas, e outras que dizem mais de perto com a autonomia da função, e que, constituindo para os seus titulares direitos subjetivos, podemos chamar subjetivas ou funcionais, ainda que umas e outras convirjam para o mesmo objetivo de assegurar a independência do Judiciário” e, mais recentemente, SAMPAIO, José Adércio Leite, O Conselho Nacional…, op. cit.; pp. 129 e seguintes, em que o autor referencia outras calssificações. 128 Por todos, BARAK, Aharon, The Judge…, op. cit.; p. 76. 129 Cfr. CALAMANDREI, Piero. “Processo e …, op. cit.; p. 618-702, esp. p. 651: “Si tratta di due concetti coordinati, ma distinti: la indipendenza della magistratura intesa come sistema di organi, istituiti per giudicare, come “ordine autônomo e indipendente da ogni altro potere”, non è che un mezzo (uno dei mezzi) per arrivare a garantire la indipendenza del singolo magistrato nel momento Serie Monografias Premiadas 3.indb 336 18/11/2010 12:35:48 p.m. 337 Imparcialidad judicial el Juez natural. Aun cuando el Juez pueda ser equidistante con relación a los intereses en litigio, el mismo necesita que se den ciertas condiciones para ejercer su ministerio con independencia,126 libre de presiones internas y/o externas. a. Independencia institucional y funcional Por otro lado, según un entendimiento razonablemente sólido y utilizado para explicar el fenómeno (en la doctrina brasileña127 o extran­ jera)128 la independencia debe ser entendida como la sumatoria de la independencia institucional del Poder Judicial (denominada institucional u orgánica) y de la independencia de los jueces individualmente considerados (denominada subjetiva o funcional), siendo cierto que la primera no pasa de ser un medio destinado a proteger a la segunda.129 126 De acuerdo a lo dicho por BERMUDES, Sérgio, “Direito de petição e Estado de DireitoAção judicial como espécie de direito de petição-Independência do Judiciário como garantia de justiça”, en Bermudês, Sérgio, Direito Processual Civil-Estudos e Pareceres, Saraiva, São Paulo, 1983, pp. 165-178, esp. p. 174. 127 Por la mayoría, ver CASTRO NUNES, Teoria e Prática do Poder Judiciário, Edición Revista Forense, Rio de Janeiro, 1943, p. 91: “Cuadro general de las garantías. Con el fin de asegurar la independencia del Poder Judicial, la Constitución rodea a la magistratura de garantías especiales, unas más próximas a los órganos en su composición o aparataje, garantías que podemos llamar institucionales u orgánicas, y otras que se refieren a la autonomía de la función, y que, constituyendo para sus titulares derechos subjetivos, podemos llamar subjetivas o funcionales, aunque unas y otras converjan hacia el mismo objetivo de asegurar la independencia del Poder Judicial” y, más recientemente, SAMPAIO, José Adércio Leite. O Conselho Nacional de… op. cit.; pp. 129 y ss, donde el autor hace referencia a otras clasificaciones. 128 Por la mayoría, BARAK, Aharon, The Judge … op. cit.; p. 76. 129 Cfr. CALAMANDREI, Piero. “Processo e … op. cit.; p. 618-702, esp. p. 651: “Si tratta di due concetti coordinati, ma distinti: la indipendenza della magistratura intesa come sistema di organi, istituiti per giudicare, come “ordine autônomo e indipendente da ogni altro potere”, non è che un mezzo (uno dei mezzi) per arrivare a garantire la indipendenza del singolo magistrato nel momento Serie Monografias Premiadas 3.indb 337 18/11/2010 12:35:48 p.m. 338 Imparcialidade judicial Do ponto de vista estritamente orgânico, o Poder Judiciário é independente dos demais Poderes Constituídos. Na formulação clássica do princípio da separação dos Poderes, tal como expressamente normatizada na Constituição Federal, são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário (CF, art. 2o). Do ponto de vista funcional, a análise já começa a apresentar problemas de superposição. Sem embargo, ressalvadas as exceções constitucionalmente previstas, que consubstanciam as chamadas funções anômalas dos Poderes (por exemplo, o poder de julgar determinadas autoridades acusadas da prática de crime de responsabilidade – CF, art. 51, I e II e 52, I e II), a cada poder compete um conjunto constitucional de funções e ao Poder Judiciário é cometida a função de julgar em caráter exclusivo,130 isto é, resta proibido a outros órgãos o exercício da função de julgar. Com efeito, há referência até mesmo em um princípio de exclusividade da jurisdição: ao mesmo tempo em que é vedada a justiça privada e a implementação de julgamentos por outros órgãos a partir da instituição de um órgão (o Poder Judiciário) que detém exclusivamente o poder-dever de julgar e solver os conflitos sociais, os membros desse poder (os juízes) estão proibidos de exercer quaisquer outras funções, devendo dedicar-se exclusivamente in cui giudica. E’ questa indipendenza individule dell’uomo-giudice cio che veramente conta, lo scopo ultimo al quale devon mirare tutti i perfezionamenti dell’ordinamento giudiziario: perchè senza indipendenza non può esservi nel giudice quel senso di responsabilità morale che è la prima virtù del magistrato”. 130 Cfr. CANOTILHO, J. J. Gomes, Direito Constitucional… op. cit.; p. 614. DEVIS ECHANDIA, Hernando, Teoria General Del Proceso, 3a Edición, Editorial Universidad, Buenos Aires, 2004, p. 55. Serie Monografias Premiadas 3.indb 338 18/11/2010 12:35:48 p.m. 339 Imparcialidad judicial Desde un punto de vista estrictamente orgánico, el Poder Judicial es independiente de los demás poderes constituidos. En la formulación clásica del principio de la separación de poderes, tal como está expresamente normatizado en la Constitución Federal, son poderes de la nación, independientes y armónicos entre sí, el legislativo, el ejecutivo y el judicial (CF, art. 2°). Desde el punto de vista funcional, el análisis ya comienza a presentar problemas de superposición. Sin embargo, salvadas las excepciones constitucionalmente previstas que consubstancian las llamadas funciones anómalas de los poderes (por ejemplo, el poder de juzgar a determinadas autoridades acusadas de la práctica del delito de responsabilidad –CF, art. 51, I y II y 52, I y II), a cada poder le corresponde un conjunto constitucional de funciones y al Poder Judicial le compete la función de juzgar en carácter exclusivo,130 es decir, le está prohibido a otros órganos ejercer la función de juzgar. En efecto, hay una cierta referencia a esto incluso en el principio de exclusividad de la jurisdicción: al mismo tiempo que se prohíbe la justicia particular y la implementación de juicios por otros órganos a partir de la institución de un órgano (el Poder Judicial) que detenta exclusivamente el poder-deber de juzgar y resolver los conflictos sociales, a los miembros de ese poder (los jueces) se les prohíbe ejercer cualesquiera otras funciones, debiendo dedicarse exclusivamente a in cui giudica. E’ questa indipendenza individule dell’uomo-giudice cio che veramente conta, lo scopo ultimo al quale devon mirare tutti i perfezionamenti dell’ordinamento giudiziario: perchè senza indipendenza non può esservi nel giudice quel senso di responsabilità morale che è la prima virtù del magistrato”. 130 Cfr. CANOTILHO, J. J. Gomes, Direito Constitucional… op. cit.; p. 614. DEVIS ECHANDIA, Hernando, Teoria General del Proceso, 3a Edición, Universidad, Buenos Aires, 2004, p. 55. Serie Monografias Premiadas 3.indb 339 18/11/2010 12:35:48 p.m. 340 Imparcialidade judicial a essa atividade (daí porque se lhe chama também princípio da dedicação exclusiva)131 – no Brasil, a exemplo do que acontece em outros países (como em Portugal – Constituição da República Portuguesa, art. 216. 3.), fica ressalvado apenas o exercício do magistério (CF, art. 96, I) e essa exceção é de ser interpretada restritivamente, como sói acontecer com as exceções. Fala-se, assim, respectivamente, nos sentidos positivo e negativo do princípio da exclusividade da jurisdição, que seriam tratados como condições não só do exercício da atividade jurisdicional, mas até mesmo como condições para a proteção efetiva dos direitos fundamentais.132 A correlação é tão importante que mereceu tratamento expresso no Estatuto de Roma do TPI, art. 40. Parece claro que esse princípio de exclusividade é mitigado pela autorização e mesmo estímulo à utilização dos chamados equivalentes jurisdicionais, como a arbitragem, por exemplo. Evidentemente, como já se afirmou com autoridade, à separação de órgãos não é possível corresponder uma separação absoluta de 131 Cfr. FRAGA, Carlos, Subsídios para pp. 57 e seguintes e p. 237. 132 Cfr. PECES-BARBA MARTÍNEZ, Gregorio, Curso de derechos fundamentales, Universidad Carlos III de Madrid/Boletín Oficial del Estado, Madrid, 1999, pp. 518519: “También son condiciones para una eficaz protección de los derechos fundamentales, la exclusidad y la unidad de la jurisdicción. Como señalan Andrés Ibañez y Movilla Alvarez, el principio de exclusividad tiene un aspecto positivo y outro negativo. El primero em el sentido de que cualquier posible conflicto que surja en la vida social, puede o debe ser solucionado en última instancia por Jueces y Tribunales independientes y predeterminados por ley. Supone, por tanto, la prohibición de la justicia privada. El segundo em el sentido de que los jueces y tribunales no ejerzan otras funciones que las propriamente jurisdiccionales, porque a través del conferemiento de competências que no signifiquen el estricto “juzgar y hacer ejecutar lo juzgado”, puede desvirtuarse la verdadera natureza de los órganos judiciales y deteriorar su independência”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 340 18/11/2010 12:35:48 p.m. 341 Imparcialidad judicial esa actividad (es por eso que también se le llama principio de dedicación exclusiva).131 En el Brasil, a ejemplo de lo que sucede en otros países (Como en Portugal, Constitución de la República Portuguesa, art. 216, 3.), queda exceptuado solamente el ejercicio del magisterio (CF, art. 96, I) y esa excepción debe interpretarse restrictivamente, como suele suceder con las excepciones. Se habla así, respectivamente en los sentidos positivo y negativo del principio de la exclusividad de la jurisdicción que serían tratados como condiciones no sólo del ejercicio de la actividad jurisdiccional sino también como condiciones de la protección efectiva de los derechos fundamentales.132 La correlación es tan importante que mereció ser expresamente tratada en el Estatuto de Roma del TPI, art. 40. Resulta claro que ese principio de exclusividad está mitigado por la autorización y por el estímulo a la utilización de los así llamados equivalentes jurisdiccionales, como por ejemplo, el arbitraje. Evidentemente, como ya se afirmó con autoridad, no es posible que a la separación de órganos le corresponda una separación 131 Cfr. FRAGA, Carlos, Subsídios para… op. cit.; pp. 57 y ss y p. 237. 132 Cfr. PECES-BARBA MARTÍNEZ, Gregorio, Curso de derechos fundamentales, Universidad Carlos III de Madrid/Boletín Oficial del Estado, Madrid, 1999, pp. 518-519: “También son condiciones para una eficaz protección de los derechos fundamentales, la exclusividad y la unidad de la jurisdicción. Como señalan Andrés Ibañez y Movilla Alvarez, el principio de exclusividad tiene un aspecto positivo y otro negativo. El primero en el sentido de que cualquier posible conflicto que surja en la vida social, puede o debe ser solucionado en última instancia por Jueces y Tribunales independientes y predeterminados por ley. Supone, por tanto, la prohibición de la justicia privada. El segundo en el sentido de que los jueces y tribunales no ejerzan otras funciones que las propiamente jurisdiccionales, porque a través del otorgamiento de competencias que no signifiquen el estricto “juzgar y hacer ejecutar lo juzgado”, puede desvirtuarse la verdadera naturaleza de los órganos judiciales y deteriorar su independencia”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 341 18/11/2010 12:35:48 p.m. 342 Imparcialidade judicial poderes,133 mas parece igualmente certo afirmar que essas eventuais funções anômalas desempenhadas por órgãos desenhados institucionalmente para o desempenho de outras funções (por exemplo, o exercício de funções judicantes pelo Congresso Nacional, no caso de impeachment do Presidente da República) não pode afetar ou consistir em violação do núcleo central das esferas de poder atribuídas a outros órgãos,134 sob pena de gerar desequilíbrio e arbítrio – o tema é por demais extenso, transbordando o objeto do presente estudo. Embora não haja uniformidade nos estudos gerais ou especializados quanto às classificações,135 nem quanto às nomenclaturas utilizadas, para fins estritamente didáticos, este estudo adota a racionalização tradicional e divide a independência do Poder Judiciário em (i) independência institucional e (ii) independência funcional.136 133 Cfr. CHIOVENDA, Giuseppe, Instituições de… op. cit.; p. 8: “Hoje, porém, se reconhece que isso foram exageros. À separação conceitual das funções não é possível corresponder uma separação absoluta de poderes. É de modo aproximativo que se opera a distribuição, no interesse do livre andamento da coisa pública”. 134 Cfr. BARAK, Aharon, The Judge… op. cit.; p. 37: “The principle of separation of powers requires that derogating from the primary function assigned to a branch and transferring it to another branch will not adversely affect the core of the function”. 135 Cfr. CASTRO NUNES, Teoria e Prática… op. cit.; p. 91, nota 1: “Não se veja na classificação acima senão o que é peculiar a todas as classificações, isto é, um método de exposição baseado em algum traço distintivo mais característico”. 136 Cfr. Acerca dessas classificações e nomenclaturas, na literatura brasileira e provém de longa tradição publicística, por todos, consulte-se Ibidem; p. 91; SILVA, José Afonso da, Curso de Direito Constitucional Positivo, 9a Edição, Editora Malheiros, São Paulo, 1994, p. 502; CLÈVE, Clémerson Merlin, “Poder Judiciário: autonomia e justiça”, In CLÈVE, Clémerson Merlin, Temas de Direito Constitucional, Editora Acadêmica, São Paulo, 1993, pp. 36-55, esp. pp. 38 e seguintes. Serie Monografias Premiadas 3.indb 342 18/11/2010 12:35:48 p.m. 343 Imparcialidad judicial absoluta de poderes,133 pero parece igualmente cierto afirmar que esas eventuales funciones anómalas desempeñadas por órganos diseñados institucionalmente para el desempeño de otras funciones (por ejemplo el ejercicio de funciones judiciales por el Congreso Nacional, en el caso de juicio político al presidente de la república) no pueden afectar o consistir en violación del núcleo central de las esferas de poder atribuidas a otros órganos,134 bajo pena de generar desequilibro y arbitrio. El tema es por demás extenso y sobrepasa el objeto del presente estudio. Si bien no existe unanimidad en los estudios generales o especializados, en cuanto a las clasificaciones135 ni en cuanto a las nomenclaturas empleadas, con fines estrictamente didácticos, el presente estudio adopta la racionalización tradicional y divide la independencia del Poder Judicial en (I) independencia institucional y (II) independencia funcional.136 133 Cfr. CHIOVENDA, Giuseppe, Instituições de… op. cit.; p. 8: “Hoy, sin embargo, se reconoce que esas fueron exageraciones. A la separación conceptual de las funciones no es posible que le corresponda una separación absoluta de poderes. Es de modo aproximado que se opera la distribución, en interés del libre camino de la cosa pública”. 134 Cfr. BARAK, Aharon, The Judge… op. cit.; p. 37: “The principle of separation of powers requi­ res that derogating from the primary function assigned to a branch and transferring it to another branch will not adversely affect the core of the function”. 135 Cfr. CASTRO NUNES, Teoria e Prática… op. cit.; p. 91, nota 1: “No se vea en la clasificación anterior sino lo que es peculiar a todas las clasificaciones, o sea, un método de exposición basado en algún trazo distintivo pero característico”. 136 Acerca de estas clasificaciones y nomenclaturas, en la literatura brasileña que provienen de una larga tradición publicista, consulte Ibidem; p. 91; SILVA, José Afonso da, Curso de Direito Constitucional Positivo, 9a Edición, Malheiros, São Paulo, 1994, p. 502; CLÈVE, Clémerson Merlin, “Poder Judiciário: autonomia e justiça”. In CLÈVE, Clémerson Merlin, Temas de Direito Constitucional, Acadêmica, São Paulo, 1993, pp. 36-55, esp. pp. 38 y ss. Serie Monografias Premiadas 3.indb 343 18/11/2010 12:35:48 p.m. 344 Imparcialidade judicial A independência institucional implica diversos poderes-deveres para os órgãos judiciários, como sejam, o poder de auto-governo (v.g. CF, art. 96, I, a, que cuida da competência atribuída aos tribunais para eleger seus órgãos diretivos), o poder de auto-administração (v.g. CF, art. 96, I, b), o poder de auto-regulação (v.g. CF, art. 96, I, a, naquilo que permite aos tribunais a elaboração de regimentos internos que regulem o respectivo funcionamento),137 o poder de auto-gestão financeira (CF, art. 99) e o poder de elaborar propostas de leis (a chamada inicialidade legislativa) em matérias atinentes ao próprio Poder Judiciário (v.g. art. 96, II). Essas garantias institucionais são muito importantes, mas esse conjunto de poderes autônomos não basta – a efetiva independência dos tribunais só existe com a independência funcional (subjetiva ou pessoal) dos seus membros, os juízes.138 b. Independência Material e Pessoal Considerando a perspectiva dos membros do Poder Judiciário, a independência funcional costuma ser estudada a partir de duas perspectivas complementares – (i) a independência material ou substantiva e (ii) a independência pessoal. A independência material ou substantiva designa a sujeição do juiz apenas à lei – conceito que deve ser entendido em sentido amplo, 137 Sobre esse poder, ROSAS, Roberto, Direito Processual… op. cit.; p. 52. No mesmo sentido, LIMA, Alcides Mendonça, O Poder Judiciário e a Nova Constituição, Aide Editora, Rio de Janeiro, 1989, p. 51. 138 FRAGA, Carlos, Subsídios para… op. cit.; p. 47. Serie Monografias Premiadas 3.indb 344 18/11/2010 12:35:48 p.m. 345 Imparcialidad judicial La independencia institucional implica diversos poderes-deberes para los órganos judiciales, como son, el poder de autogobierno (v.g. CF. art. 96, I, a, que se refiere a la competencia atribuida a los tribunales para elegir sus órganos directivos), el poder de autoadministración (v.g. CF, art. 96, I, b), el poder de autorregulación (v.g. CF, art. 96, I, a, en aquello que permite a los tribunales la elaboración de reglamentos internos que rijan su respectivo funcionamiento),137 el poder de autogestión financiera (CF, art. 99) y el poder de elaborar propuestas de leyes (la denominada inicialidad legislativa) en cuestiones relacionadas con el propio Poder Judicial (v.g. art. 96, II). Esas garantías institucionales son muy importantes, pero ese conjunto de poderes autónomos no basta. La independencia efectiva de los tribunales sólo existe con la independencia funcional (subjetiva o personal) de sus miembros, los jueces.138 b. Independencia material y personal Considerando la perspectiva de los miembros del Poder Judicial, la independencia funcional suele ser estudiada a partir de dos perspectivas complementarias, (I) la independencia material o substantiva y (II) la independencia personal. La independencia material o substantiva designa la sujeción del Juez solo a la ley, concepto que debe entenderse en sentido amplio, 137 Sobre este poder, ROSAS, Roberto, Direito Processual… op. cit.; p. 52. En el mismo sentido, LIMA, Alcides Mendonça, O Poder Judiciário e a Nova Constituição, Aide Editorial, Rio de Janeiro, 1989, p. 51. 138 FRAGA, Carlos, Subsídios para… op. cit.; p. 47. Serie Monografias Premiadas 3.indb 345 18/11/2010 12:35:48 p.m. 346 Imparcialidade judicial entendendo-se-lhe da forma mais extensa, abrangendo as normas constitucionais e as exaradas por outras fontes normativas. Não se trata, como já se sustentou com inegável apuro, de sujeição servil à letra da lei.139 A expressão sujeição do juiz à lei, na verdade, denota a idéia de sujeição ao direito e possui íntima relação, no plano material, com a necessidade de segurança jurídica e, no plano processual, com a garantia de imparcialidade.140 A sujeição do juiz ao direito é bem ilustrada pelo regime de apreciação dos fatos consagrado no sistema processual brasileiro, mais uma vez na linha do que acontece nos ordenamentos ocidentais de um modo geral. Entre a liberdade absoluta no ato de julgar e o aprisionamento do juiz à letra da lei, inclusive no que diz respeito à apreciação das provas dos fatos controvertidos (conhecida como tarifação da prova ou sistema da prova legal), o direito brasileiro faz 139 Cfr. DINAMARCO, Cândido Rangel, A Instrumentalidade do Processo, 6a Edição, Editora Malheiros, São Paulo, 1998, p. 199. 140 A concepção de independência em sentido material é muito difundida nos estudos germânicos. Por todos, vid. HESSE, Konrad, Elementos de Direito Constitucional da República Federal da Alemanha (tradução brasileira da 20a Edição de Grundzüge des Verfassungsrechts der Bundesrepublik Deutschland por Luis Afonso Heck), Sergio Antonio Fabris Editor, Porto Alegre, 1998, p. 415: “Independência material (artigo 97, alínea 1, da Lei Fundamental) é estar livre de instruções; a nenhum juiz devem ser dadas instruções para o cumprimento de suas tarefas e nenhum juiz deve considerar tais instruções (...)”; e, ainda, JAUERNIG, Othmar, Direito Processual…, op. cit.; p. 71: “A independência material significa que o juiz, no exercício do poder judicial, não está vinculado a instruções (do Parlamento, do Governo, da administração, dos chefes de serviços, etc.) e que também não lhe podem ser dadas. A independência material é garantida a todos os juízes – de carreira ou honorários, GG art. 97 I”. O direito português contém previsão semelhante (Constituição da República Portuguesa, art. 203) Todavia, evidenciando a falta de uniformidade quanto à nomenclatura, o que o presente estudo designa como independência material é designado por prestigioso setor da doutrina portuguesa como independência funcional (CANOTILHO, J. J. Gomes, Direito Constitucional e…, op. cit.; p. 617, e FRAGA, Carlos, Subsídios para…, op.cit.; p. 50). Serie Monografias Premiadas 3.indb 346 18/11/2010 12:35:48 p.m. 347 Imparcialidad judicial tomándolo en su forma más extensa, abarcando las normas constitucionales y las emanadas de otras fuentes normativas. No se trata como ya se sostuvo con innegable puntillosidad, de una sujeción servil a la letra de la ley.139 La expresión sujeción del Juez a la ley, denota en verdad la idea de sujeción al derecho y se encuentra estrechamente relacionada en el plano material, con la necesidad de seguridad jurídica y, en el plano procesal, con la garantía de imparcialidad.140 La sujeción del Juez al derecho está bien ilustrada por el régimen de apreciación de los hechos, consagrado en el sistema procesal brasileño, una vez más dentro de la línea de lo que sucede de manera general en los ordenamientos occidentales. Entre la libertad abso­ luta en el acto de juzgar y el apego del Juez a la letra de la ley, inclusive en lo relacionado con la evaluación de pruebas de los hechos controvertidos (conocida como categorización de la prueba o sistema de prueba legal), el derecho brasileño opta por el sistema de la 139 Cfr. DINAMARCO, Cândido Rangel, A Instrumentalidade do Processo, 6a Edición, Editorial Malheiros, São Paulo, 1998, p. 199. 140 La concepción de independencia en sentido material es muy difundida en los estudios germánicos. Por la mayoría, vid. HESSE, Konrad. Elementos de Direito Constitucional da Repú­ blica Federal da Alemanha, traducción de Luis Afonso Heck, Sergio Antonio Fabris Editor, Porto Alegre, 1998, p. 415: “Independencia material (artículo 97, párrafo 1, de la Ley Fundamental) es estar libre de instrucciones; a ningún juez se le deben dar instrucciones para cumplir sus tareas y ningún juez debe considerar tales instrucciones (...)”; y, también, JAUERNIG, Othmar, Direito Processual…, op.cit.; p. 71: “La independencia material significa que el juez, en el ejercicio del poder judicial, no está vinculado a instrucciones (del Parlamento, del Gobierno, de la administración, de los jefes de servicios, etc.) y que tampoco se les puede impartir. Todos los jueces-de carrera u honorarios, tienen su independencia material garantizada - GG art. 97 I”. El derecho portugués contiene una previsión semejante (Constitución de la República Portuguesa, art. 203). Asimismo, evidenciando la falta de uniformidad en cuanto a la nomenclatura, lo que el presente estudio designa como independencia mate­ rial es designado por un prestigioso sector de la doctrina portuguesa como independencia funcional (CANOTILHO, J. J. Gomes, Direito Constitucional…, op. cit.; p. 617, y FRAGA, Carlos, Subsídios para…, op. cit.; p. 50). Serie Monografias Premiadas 3.indb 347 18/11/2010 12:35:49 p.m. 348 Imparcialidade judicial opção pelo sistema do livre convencimento motivado do juiz141 (também chamado sistema da persuasão racional). De acordo com o sistema da persuasão racional, o juiz tem o poder de livremente apreciar as questões de fato eventualmente suscitadas e discutidas nos autos, assim como, de acordo com o seu convencimento, aplicar o direito aos fatos (CPC, art. 131), mas encontra-se condicionado por diversos fatores, como sejam, regras jurídicas, regras lógicas e máximas de experiência142 e, notadamente, a necessidade inafastável de fundamentar a formação de sua convicção e as suas decisões143 (verdadeiro dever de motivação, tratado na CF, art. 93, IX; e no CPC, art. 458, II). A liberdade de convencimento no ato de julgar, contrabalançada pelo dever de motivação das decisões judiciais, é manifestação específica do fenômeno da independência dos juízes144 e pressuposto da sua imparcialidade. Reitera-se, assim, que o princípio de obrigatoriedade de motivação das decisões judiciais é condição de efetividade da imparcialidade (ou impessoalidade,145 para quem considera as expressões de algum modo fungíveis) e, ainda, da independência dos juízes.146 141 Por todos, o clássico SANTOS, Moacyr Amaral, Prova Judiciária no Cível e no Comercial, 5a Edição, Editora Saraiva, São Paulo, 1983, p. 391. Vide ainda DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de…, op. cit.; pp. 101 e seguintes; e TUCCI, José Rogério Cruz e, A Motivação da Sentença no Processo Civil, Editora Saraiva, São Paulo, 1987, p. 102. 142 Nesse sentido, a obra específica de ROSITO, Francisco, Direito Probatório – As Máximas de Experiência em Juízo, Livraria do Advogado, Porto Alegre, 2007, p. 43. 143 Cfr. MARINONI, Luiz Guilherme e ARENHART, Sérgio Cruz, Processo de Conhecimento, 6a Edição, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2007, p. 465. 144 Cfr. DINAMARCO, Cândido Rangel, A Instrumentalidade…, op. cit.; p. 296. 145 Ainda DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de…, op. cit.; p. 106. 146 Assim em TUCCI, José Rogério Cruz e, A Motivação…, op. cit.; p. 23: “Assim, o princípio da obrigatoriedade da motivação da sentença tem o condão de tornar efetivas as normas Serie Monografias Premiadas 3.indb 348 18/11/2010 12:35:49 p.m. 349 Imparcialidad judicial libre convicción motivada del Juez141 (denominado también sistema de la persuasión racional). De acuerdo con el sistema de la persuasión racional, el Juez tiene la facultad de evaluar libremente las cuestiones de hecho eventualmente suscitadas y discutidas en los autos, así como, de acuerdo con su convicción, aplicar el derecho a los hechos (CPC, art. 131), pero se encuentra condicionado por varios factores, como ser, reglas jurídicas, reglas lógicas y máximas de experiencia142 y principalmente, la necesidad ineludible de fundamentar la formación de su convicción y sus decisiones 143 (verdadero deber de motivación, tratado en la CF, art. 93, IX y en el CPC, art. 458, II). La libertad de convicción en el acto de juzgar, compensada por el deber de motivación de las decisiones judiciales es una manifestación específica del fenómeno de la independencia de los jueces144 y un presupuesto de su imparcialidad. Se reitera así que el principio de obligatoriedad de motivación de las decisiones judiciales es condición de efectividad de la imparcialidad (o impersonalidad145 para quien considera las expresiones de alguna manera fungibles) y aun, de la independencia de los jueces.146 141 Por la mayoría, el clásico SANTOS, Moacyr Amaral, Prova Judiciária no Cível e no Comer­ cial, 5a Edición, Editorial Saraiva, São Paulo, 1983, p. 391. Vid. también DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de…, op. cit.; pp. 101 y ss; y TUCCI, José Rogério Cruz e, A Moti­ vação da Sentença no Processo Civil, Saraiva, São Paulo, 1987, p. 102. 142 En este sentido, la obra específica de ROSITO, Francisco. Direito Probatório-As Máximas de Experiência em Juízo, Livraria do Advogado, Porto Alegre, 2007, p. 43. 143 Cfr. MARINONI, Luiz Guilherme y ARENHART, Sérgio Cruz, Processo de Conhecimento, 6a Edición, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 2007, p. 465. 144 Cfr. DINAMARCO, Cândido Rangel, A Instrumentalidade…, op. cit.; p. 296. 145 Uma vez más, DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de…, op. cit.; p. 106. 146 Igual en TUCCI, José Rogério Cruz e, A Motivação…, op. cit.; p. 23: “Así, el principio de la obligatoriedad de la motivación de la sentencia tiene la característica de tornar efectivas Serie Monografias Premiadas 3.indb 349 18/11/2010 12:35:49 p.m. 350 Imparcialidade judicial Consoante entendimento muito autorizado, o ato de decidir é antecedente (prius) em relação à fundamentação desse mesmo ato (posterius). Com efeito, desde a etimologia, a sentença é um ato do sentir, de modo que a exigência de motivação das decisões judiciais se constitui em importantíssimo instrumento de racionalização das decisões147 e é o que permite que as decisões sejam impugnadas e, por conseguinte, controladas pelas partes.148 Na verdade, tais decisões podem e devem ser controladas e impugnadas não apenas pelas partes, mas por toda a sociedade a quem os juízes, enquanto agentes públicos (ou mesmo, agentes políticos), também têm o dever de prestar contas à coletividade acerca do modo como exercitam o poder que lhes é outorgado.149 A legitimidade democrática das decisões judiciais depende da existência, da qualidade e do valor da motivação das decisões judiciais. E essa assertiva vale tanto para a legitimação interna (ou jurídica) como para a legitimação externa (ou ético-política e social) das decisões judiciais e do próprio Poder que garantem o direito de defesa e a imparcialidade e independência do juiz”. A mesma correlação é feita, em sede de processo administrativo, por MOREIRA, Egon Bockmann, Processo Administrativo…, op. cit.; p. 123. 147 CALAMANDREI, Piero, “Processo…, op. cit.; pp. 618-702, esp. p. 664: “Il segno più típico della “razionalizzazione” della funzione giurisdizionale è la motivazione”, 148 Cfr. Novamente Ibidem; pp. 618-702, esp. p. 665: “Ma, altre a questo ufficio psicológico di giustificazione e di persuasione, la motivazione há anche um’altra funzione più strattamente giuridica: quella di metter lê parti in condizione di verificare se nel ragionamento che la condotto il giudice a decidere in quel certo modo, sai ravvisabile alcuno di quei difetti che danno adito ai varí mezzi di impugnazione. Motivazione e impugnazione sono, nelle legislazioni processuali, istituti in certo senso paralleli: di solito, dove non è prescritta la motivazione, la impugnazione non è ammessa; perchè ogni impugnazione presuppone uma critica e uma censura dell’atto che si impugna, il che non è praticamente possibile quando non si posson conoscere lê ragioni su cui l’atto si fonda e si giustifica”. 149 Cfr. PERELMAN, Chaïm, Ética e Direito (tradução brasileira de Étique et Droit por Maria Ermentina Galvão G. Pereira), Editora Martins Fontes, São Paulo, 1996, pp. 566-567. Serie Monografias Premiadas 3.indb 350 18/11/2010 12:35:49 p.m. 351 Imparcialidad judicial De acuerdo con un criterio muy autorizado, el acto de decidir es antecedente (prius) con relación a la fundamentación de ese mismo acto (posterius). En efecto, desde la etimología, la sentencia es un acto del sentir, de modo que la exigencia de la motivación de las decisiones judiciales se constituye en un importantísimo instrumento de racionalización de las decisiones147 y es lo que permite que las decisiones sean impugnadas y, por consiguiente, controladas por las partes.148 En verdad, tales decisiones pueden y deben ser controladas e impugnadas no sólo por las partes, sino por toda la sociedad a quien los jueces, en cuanto agentes públicos (o aun, agentes políticos) también tienen el deber de rendir cuentas a la comunidad con respecto al modo como ejercen el poder que les es otorgado.149 La legitimidad democrática de las decisiones judiciales depende de la existencia, de la calidad y del valor de la motivación de las decisiones judiciales. Y esta afirmación vale tanto para la legitimación interna (o jurídica) como para la legitimación externa (o ético-política y social) de las decisiones judiciales y del propio las normas que garantizan el derechode defensa y la imparcialidad e independencia del juez”. La misma correlación es efectuada, en sede del proceso administrativo, por MOREIRA, Egon Bockmann. Processo Administrativo…, op. cit.; p. 123. 147 Cfr. CALAMANDREI, Piero, “Processo…, op.cit.; pp. 618-702, esp. p. 664: “Il segno più típico della “razionalizzazione” della funzione giurisdizionale è la motivazione”. 148 Nuevamente Ibidem; pp. 618-702, esp. p. 665: “Ma, altre a questo ufficio psicológico di giustificazione e di persuasione, la motivazione há anche um’altra funzione più strattamente giuri­ dica: quella di metter lê parti in condizione di verificare se nel ragionamento che la condotto il giudice a decidere in quel certo modo, sai ravvisabile alcuno di quei difetti che danno adito ai varí mezzi di impugnazione. Motivazione e impugnazione sono, nelle legislazioni processuali, istituti in certo senso paralleli: di solito, dove non è prescritta la motivazione, la impugnazione non è ammessa; perchè ogni impugnazione presuppone uma critica e uma censura dell’atto che si impugna, il che non è pratica­ mente possibile quando non si posson conoscere lê ragioni su cui l’atto si fonda e si giustifica”. 149 Cfr. PERELMAN, Chaïm, Ética e Direito traducción de María Ermentina Galvão G. Pereira, Editorial Martins Fontes, São Paulo, 1996, pp. 566-567. Serie Monografias Premiadas 3.indb 351 18/11/2010 12:35:49 p.m. 352 Imparcialidade judicial Judiciário150 – a transparência é fundamental para a legitimação democrática do Poder Judiciário.151 Em síntese: quanto mais independente o juiz e quanto mais livre o seu convencimento ou, por outro lado, quanto maior a esfera de discricionariedade (o já referido ativismo judicial),152 maior a necessidade de controles interno e externo e, portanto, mais acentuada a exigência democrática de motivação das decisões judiciais,153 evitando que a liberdade de convicção se converta em puro arbítrio judicial. c. Independência Interna e Externa A independência pessoal designa a autonomia do juiz no exercício das suas funções judicantes, para a qual concorre uma série de garantias e restrições pessoais aos que exercem a função judiciária. Do ponto de vista pessoal, também é possível classificar a independência, que habitualmente é sub-dividida 150 Sobre a motivação como exigência de legitimação, vid.; FERRAJOLI, Luigi, Direito e Razão…, op. cit.; pp. 436-437 e p. 498. 151 Cfr. CASTRO JÚNIOR, Osvaldo Agripino, A Democratização do Poder Judiciário, Sérgio Antonio Fabris Editor, Porto Alegre, 1998, p. 106. 152 Cfr. SPAGNOLO, Juliano, “A garantia do juiz natural e a nova redação do art. 253 do Código de Processo civil (Lei 10.358/01)”, In PORTO, Sérgio Gilberto (Organizador). As Garantias do Cidadão no Processo Civil – Relações entre Constituição e Processo, Livraria do Advogado Editora, Porto Alegre, 2003, pp. 147-163, esp. p. 143. 153 Na literatura brasileira: sobre a motivação, vid.; BARBOSA MOREIRA, José Carlos, “A motivação das decisões judiciais como garantia inerente ao Estado de Direito”, In Temas de Direito Processual – Segunda Série, 2a Edição, Editora Saraiva, São Paulo, 1988, pp. 83-95; sobre a exigência mais rígida em se tratando de ponderação, vide BARCELLOS, Ana Paula de, Ponderação, Racionalidade e Atividade Jurisdicional, Editora Renovar, Rio de Janeiro, 2005, p. 41. Serie Monografias Premiadas 3.indb 352 18/11/2010 12:35:49 p.m. 353 Imparcialidad judicial Poder Judicial.150 La transparencia es fundamental para la legitimación democrática del Poder Judicial.151 En síntesis, cuanto más independiente sea el Juez, más libre será su convicción o, por otro lado, cuanto mayor sea la esfera de discrecionalidad (el ya citado activismo judicial),152 más grande será la necesidad de controles internos y externos y por lo tanto, más acentuada la exigencia democrática de motivación de las decisiones judiciales,153 evitando que la libertad de convicción se convierta en un mero arbitrio judicial. c. Independencia interna y externa La independencia personal designa la autonomía del Juez en el ejercicio de sus funciones judiciales, para lo cual concurre una serie de garantías y restricciones personales referidas a los que ejercen la función judicial. Desde el punto de vista personal también es posible clasificar la independencia, que habitualmente se subdivide en 150 Sobre la motivación como exigencia de legitimación, vid. FERRAJOLI, Luigi, Direito e Razão…, op.cit.; pp. 436-437 y p. 498. 151 Cfr. CASTRO JÚNIOR, Osvaldo Agripino, A Democratização do Poder Judiciário, Sérgio Antonio Fabris Editor, Porto Alegre, 1998, p. 106. 152 Cfr. SPAGNOLO, Juliano, “A garantia do juiz natural e a nova redação do art. 253 do Código de Processo civil (Lei 10.358/01)”, en PORTO, Sérgio Gilberto (Organizador). As Garantias do Cidadão no Processo Civil-Relações entre Constituição e Processo, Livraria do Advogado Editorial, Porto Alegre, 2003, pp. 147-163, esp. p. 143. 153 En la literatura brasileña: sobre la motivación, ver BARBOSA MOREIRA, José Carlos, “A motivação das decisões judiciais como garantia inerente ao Estado de Direito”, en Temas de Direito Processual-Segunda Série, 2a Edición, Saraiva, São Paulo, 1988, pp. 8395; sobre la exigencia más rígida, respecto de la ponderación, vid. BARCELLOS, Ana Paula de, Ponderação, Racionalidade e Atividade Jurisdicional, Renovar, Rio de Janeiro, 2005, p. 41. Serie Monografias Premiadas 3.indb 353 18/11/2010 12:35:49 p.m. 354 Imparcialidade judicial em (i) independência interna e (ii) independência externa.154 A independência externa designa a autonomia dos juízes em face de pressões externas ao Poder Judiciário. Pode-se segmentar três planos principais de independência externa dos juízes, quais sejam, independência frente a pressões (i) políticas, (ii) financeiras e (iii) da opinião pública (aqui designadas também como pressões midiáticas, haja vista ser a mídia o veículo de expressão da opinião pública). A independência interna designa a autonomia dos juízes frente às pressões internas ao Poder Judiciário. Nesse sentido, o juiz necessita ter independência em relação a outros órgãos judiciários, notadamente em relação a órgãos judiciários superiores. A Constituição Federal e as normas infra-constitucionais organizam a justiça através de uma distribuição horizontal e vertical de competências.155 No plano da distribuição vertical de competências, tais regras estabelecem, de acordo com a expressão consagrada, uma espécie de hierarquia entre os órgãos judiciais. d. Hierarquia Com efeito, é muito importante compreender adequadamente a hierarquia entre os órgãos jurisdicionais como um sistema de divisão 154 A classificação é muito usual nos estudos especializados. Por todos, vid. CAPPELLETTI, Mauro, Juízes Irresponsáveis? (tradução brasileira de Giudici Irresponsabili? Por Carlos Alberto Álvaro de Oliveira), Sergio Antonio Fabris Editor, Porto Alegre, 1989, p. 33; ZAFFARONI, Eugenio Raúl, Poder Judiciário…, op.cit.; p. 88; FRAGA, Carlos, Subsídios para …, op.cit.; pp. 51 e seguintes; FERRAJOLI, Luigi, Direito e Razão pp. 467 e seguintes; e, no Brasil, GOMES, Luiz Flávio, A Dimensão da Magistratura no Estado Constitucional e Democrático de Direito, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 1997, pp. 36 e seguintes. 155 Cfr. DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de …, op.cit.; p. 391. Serie Monografias Premiadas 3.indb 354 18/11/2010 12:35:49 p.m. 355 Imparcialidad judicial (I) independencia interna y (II) independencia externa.154 La independencia externa designa la autonomía de los jueces con respecto a las presiones externas del Poder Judicial. Se pueden segmentar tres planos principales de independencia externa de los jueces, a saber: independencia ante presiones (I) políticas, (II) financieras y (III) de la opinión pública (aquí designadas también como presiones mediáticas, ya que los medios constituyen un vehículo de expresión de la opinión pública). La independencia interna designa la autonomía de los jueces frente a presiones internas del Poder Judicial. En tal sentido, el Juez necesita tener independencia con relación a otros órganos judiciales, principalmente con relación a los órganos judiciales superiores. La Constitución Federal y las normas infraconstitucionales organizan la justicia a través de una distribución horizontal y vertical de las competencias.155 En el plano de la distribución vertical de competencias tales reglas establecen, de acuerdo con la expresión consagrada, una especie de jerarquía entre los órganos judiciales. d. Jerarquía En efecto, es muy importante comprender adecuadamente la jerarquía existente entre los órganos jurisdiccionales como un sistema 154 La clasificación es muy usual en los estudios especializados. Por la mayoría, vid; CAPPELLETTI, Mauro, ¿Jueces Irresponsables? traducción de Carlos Alberto Álvaro de Oliveira, Sergio Antonio Fabris Editor, Porto Alegre, 1989, p. 33; ZAFFARONI, Eugenio Raúl, Poder Judiciário…, op. cit.; p. 88; FRAGA, Carlos, Subsídios para…, op. cit.; pp. 51 y ss; FERRAJOLI, Luigi, Direito e Razão…op. cit.; pp. 467 y ss; y, en Brasil, GOMES, Luiz Flávio, A Dimensão da Magistratura no Estado Constitucional e Democrático de Direito, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 1997, pp. 36 y ss. 155 Cfr. DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de…, op. cit.;p. 391.s Serie Monografias Premiadas 3.indb 355 18/11/2010 12:35:49 p.m. 356 Imparcialidade judicial de trabalho e como um sistema de administração do aparelho judiciário; a hierarquia jamais deve ser entendida como um sistema de subordinação entre os órgãos judiciários, nem tampouco entre as pessoas que ocupam as funções judicantes. A expressão hierarquia é comumente utilizada em Direito com várias finalidades; por exemplo, a hierarquia é utilizada como critério de solução de conflitos normativos (também chamados antinomias),156 quando consideradas as normas abstratas emanadas do Poder Legislativo (ou mesmo do Poder Executivo, quando autorizado a tanto – por exemplo, normas regulamentares). Por razões quase auto-evidentes (intuitivas mesmo), assumida a existência de alguma espécie de hierarquia entre as normas jurídicas (isto é, entre as fontes do Direito), as normas jurídicas de hierarquia superior prevalecem sobre as normas jurídicas de hierarquia inferior. Consoante a expressão latina, lex superior inferior derogat. Da mesma forma, em se tratando de conflitos entre normas concretas (normas judiciais ou sentenças, genericamente consideradas), em regra as normas concretas superiores prevalecem sobre as inferiores (embora se possa figurar situações em que as normas inferiores prevalecem), solvido o conflito pelo mesmo critério hierárquico utilizado para as normas abstratas. Deveras, ainda que não haja norma expressa a esse respeito, nem se aplique aqui a chamada regra do precedente (rule of precedent), é o que se extrai do sistema processual civil brasileiro 156 Há copiosa bibliografia sobre o tema, referindo-se aqui, brevitatis causa, ÁVILA, Humberto, Teoria dos …, op. cit. Serie Monografias Premiadas 3.indb 356 18/11/2010 12:35:49 p.m. 357 Imparcialidad judicial de división de trabajo y como un sistema de administración del aparato judicial; la jerarquía jamás debe ser entendida como un sistema de subordinación entre los órganos judiciales, ni tampoco entre las personas que se ocupan de la función de juzgar. La expresión jerarquía se emplea comúnmente en el derecho con varias finalidades; por ejemplo, se utiliza la jerarquía como criterio de solución de conflictos normativos (también llamados antinomias),156 cuando se consideran las normas abstractas emanadas del Poder Legislativo (o aun del Poder Ejecutivo, cuando se lo autoriza para tal cosa, por ejemplo, normas reglamentarias). Por razones casi autoevidentes (inclusive intuitivas), una vez asumida la existencia de alguna clase de jerarquía entre las normas jurídicas (es decir, entre las fuentes del derecho), las normas jurídicas de jerarquía superior prevalecen sobre las normas jurídicas de jerarquía inferior. De acuerdo con la expresión latina, lex superior inferior derogat. De la misma manera, tratándose de conflictos entre normas concretas (normas judiciales o sentencias, genéricamente consideradas), como regla, las normas concretas superiores prevalecen sobre las inferiores (aun cuando puedan presentarse situaciones en las que las normas inferiores prevalezcan), resolviéndose el conflicto con el mismo criterio jerárquico utilizado para las normas abstractas. Verdaderamente, aun cuando no exista ninguna norma expresa a ese respecto, ni que se aplique aquí la denominada regla del precedente (rule of precedent), es lo que se extrae del sistema procesal 156 Hay una copiosa bibliografía sobre el tema, refiriéndose aquí, brevitatis causa, ÁVILA, Humberto, Teoria dos…, op. cit. Serie Monografias Premiadas 3.indb 357 18/11/2010 12:35:49 p.m. 358 Imparcialidade judicial (interpretação sistemática), em que os órgãos estão verticalmente organizados pela Constituição Federal e os órgãos superiores funcionam (também e dentre outras funções) como revisores das decisões dos órgãos inferiores; as decisões emanadas de órgãos superiores proferidas em sede de impugnação substituem as decisões proferidas por órgãos inferiores (CPC, art. 512) e são criados expedientes para assegurar a autoridade das decisões prolatadas por órgãos superiores em face de potenciais descumprimentos ou violações por órgãos inferiores, de que é exemplo notável a reclamação – CF, art. 102, I, l e art. 105, I, f. Hierarquia é utilizada também para designar a relação existente entre órgãos e/ou pessoas que exercem funções administrativas, notadamente entre órgãos administrativos. Nesse sentido, fala-se, por exemplo, que há hierarquia entre o Superintendente da Polícia Federal e os agentes de Polícia Federal que atuam sob sua direção e comando – nesse sentido designa-se também subordinação. Na verdade, não só nesse, como em diversos outros contextos, hierarquia designa um vínculo jurídico entre duas pessoas ou órgãos, que confere a um deles um poder de direção sobre o outro que, por sua vez, tem dever de se subordinar àquela direção e obedecer ao primeiro157 (em se tratando de órgãos, pode-se falar em hierarquia externa). A hierarquia é, então, um método de organização vertical 157 Sobre o tema, vid. FRAGA, Carlos. Subsídios para …, op. cit.; pp. 462-463: “A hierarquia é o modelo de organização administrativa vertical, constituído por dois ou mais órgãos e agentes com atribuições comuns, ligados por um vínculo jurídico que confere ao superior o poder de direção e impõe ao subalterno o dever de obediência”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 358 18/11/2010 12:35:49 p.m. 359 Imparcialidad judicial brasileño (interpretación sistemática), en el que los órganos están verticalmente organizados por la Constitución Federal y los órganos superiores funcionan (también y entre otras funciones) como revisores de las decisiones de los órganos inferiores; las decisiones emanadas de órganos superiores y dictadas en sede de impugnación substituyen a las decisiones dictadas por órganos inferiores (CPC, art. 512) y se crean expedientes para asegurar la autoridad de las decisiones emanadas de órganos superiores como consecuencia de potenciales incumplimientos o violaciones cometidos por órganos inferiores y de lo que el reclamo constituye un notable ejemplo –CF, art. 102, I, l y art. 105, I, f. La jerarquía también se utiliza para designar la relación existente entre órganos y/o personas que ejercen funciones administrativas, principalmente entre órganos administrativos. En tal sentido, se dice por ejemplo, que hay jerarquía entre el Superintendente de la Policía Federal y los agentes de la Policía Federal que actúan bajo su dirección y mando lo que en ese caso, se denomina también subordinación. En verdad, no sólo en ese sino también en otros contextos, jerarquía designa a un vínculo jurídico entre dos personas u órganos que confiere a uno de ellos, un poder de conducción sobre el otro, que a su vez, tiene el deber de subordinarse a esa conducción y obedecer al primero157 (tratándose de órganos, se puede hablar de jerarquía externa). La jerarquía es entonces un método de organización 157 Sobre el tema, vid. FRAGA, Carlos, Subsídios para…, op. cit.; pp. 462-463: “La jerarquía es el modelo de organización administrativa vertical, constituido por dos o más órganos y agentes con atribuciones comunes, unidos por un vínculo jurídico que otorga al superior el poder de dirección e impone al subalterno el deber de obediencia”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 359 18/11/2010 12:35:49 p.m. 360 Imparcialidade judicial de trabalho que estabelece um vínculo jurídico (uma relação jurídica hierárquica)158 de subordinação. No âmbito judiciário, a expressão hierarquia não designa vínculo de subordinação e obediência à instrução superior,159 notadamente em relação a órgãos administrativos (mas, obviamente, também em relação a órgãos judiciários), sob pena de comprometimento da independência do magistrado 160 e, por conseguinte, da respectiva imparcialidade.161 Assim sendo, no âmbito judiciário, considerados poderes judiciários independentes e que funcionam em estados democráticos, a “hierarquia” é apenas uma forma especial verticalizada de distribuição de competências,162 não se identificando um rígido sistema de subordinação entre os magistrados, que preservam a sua liberdade no ato de julgar, sem 158 Novamente, Ibidem; pp. 462-463: “O fundamental a reter aqui é que a relação jurídica hierárquica composta situações jurídicas activas, de que é titular o superior, e situações passivas de que é titular o subalterno, traduz-se num vínculo especial de supremacia e subordinação que se estabelece entre o superior e o subalterno”. 159 Assim já afirmava CHIOVENDA, Giuseppe, Instituições de Direito…, op. cit.; p. 98. 160 Cfr. CAPPELLETTI, Mauro, “Las garantías constitucionales de las partes en el proceso civil italiano”, In Proceso, Ideologias, Sociedad (tradução argentina por Santiago Sentis Melendo e Tomás Banzhaf), Ediciones Juridicas Europa-America, Buenos Aires, 1974, p. 538: “En todas estas hipótesis, la presencia del vínculo jerárquico obviamente no podia dejar de turbar la serenidad del juez, puesto frente a la alternativa de seguir las direcciones y las directivas de la administracion en menoscabo de un juicio imparcial, o de someterse a las consecuencias de pronunciamentos contrários a la misma admnistracion”. 161 Cfr. CALAMANDREI, Piero, “Processo e Democracia”,…, op. cit.; pp. 618-702, esp. p. 652: “Ma di solito, nel comune linguaggio, quando si parla de indipendenza del giudice, si intende riferirsi specielmente allá mancanza, nell’esercizio dell funzione giudiziaria, di ogni vincolo di subordinazione gerarchica”. 162 Nesse sentido, ZAFFARONI, Eugenio Raúl, Poder Judiciário…op. cit.; p. 182: “Os modelos democráticos modernos procuram reduzir a hierarquia interna do judiciário, tornando realidade a premissa de que entre juízes não há hierarquia, mas diferença de competências. A chave deste objetivo se acha na transferência das funções de controle interno e disciplinares a um órgão democrático como o conselho”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 360 18/11/2010 12:35:49 p.m. 361 Imparcialidad judicial vertical de trabajo que establece un vínculo jurídico (una relación jurídica jerárquica)158 de subordinación. En el ámbito judicial, la expresión jerarquía no designa un vínculo de subordinación y obediencia a la instrucción superior,159 principalmente con relación a órganos administrativos (sino obviamente, también con relación a órganos judiciales), bajo pena de comprometimiento de la independencia del Magistrado160 y, por consiguiente, de la respectiva imparcialidad.161 Siendo así, en el ámbito judicial, considerando poderes judiciales independientes y que funcionan en Estados democráticos, la “jerarquía” es solo una forma especial verticalizada de distribución de competencias162 y no se identifica un rígido sistema de subordinación entre los Magistrados quienes preservan su libertad en el acto de juzgar, no obstante el hecho de 158 Nuevamente, Ibidem; pp. 462-463: “Lo fundamental que debemos retener aquí es la relación jurídica jerárquica compuesta de situaciones jurídicas activas, de las que es titular el superior, y situaciones pasivas de las que es titular el subalterno, y que se traduce en un vínculo especial de supremacía y subordinación que se establece entre el superior y el subalterno”. 159 Así ya lo afirmaba CHIOVENDA, Giuseppe, Instituições de Direito…, op. cit.; p. 98. 160 Cfr. CAPPELLETTI, Mauro, “Las garantías constitucionales de las partes en el proceso civil italiano”, en Proceso, Ideologias, Sociedad traducción de Santiago Sentis Melendo y Tomás Banzhaf, Ediciones Jurídicas Europa-America, Buenos Aires, 1974, p. 538: “En todas estas hipótesis, la presencia del vínculo jerárquico obviamente no podía dejar de turbar la serenidad del juez, puesto frente a la alternativa de seguir las direcciones y las directivas de la administración en menoscabo de un juicio imparcial, o de someterse a las consecuencias de pronunciamientos contrarios a la misma administración”. 161 Cfr. CALAMANDREI, Piero, “Processo e Democracia”,…, op. cit.; pp. 618-702, esp. p. 652: “Ma di solito, nel comune linguaggio, quando si parla de indipendenza del giudice, si intende riferirsi specielmente allá mancanza, nell’esercizio dell funzione giudiziaria, di ogni vincolo di subordina­ zione gerarchica”. 162 En este sentido, ZAFFARONI, Eugenio Raúl, Poder Judiciário…, op. cit.; p. 182: “Los modelos democráticos modernos intentan reducir la jerarquía interna del Poder Judicial, haciendo realidad la premisa de que entre jueces no hay jerarquía, sino diferencia de competencias. La llave de este objetivo está en la transferencia de las funciones de control interno y disciplinarias a un órgano democrático como el consejo”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 361 18/11/2010 12:35:49 p.m. 362 Imparcialidade judicial embargo de as suas decisões estarem submetidas à revisão de órgãos hierarquicamente superiores, que possuem ainda controle sobre as atividades administrativas dos juízes, de modo que essa organização hierárquica presta-se a garantir aos jurisdicionados o direito de recorrer,163 sem que isso implique, seja consentido apenas registrar, o reconhecimento de algum direito ao chamado duplo grau de jurisdição na esfera processual civil no Brasil. De molde a preservar a independência interna dos juízes, o ordenamento jurídico, tanto em sede constitucional como em âmbito infraconstitucional, estabelece uma série de proteções ao exercício da magistratura. No plano constitucional, seguindo longa tradição no direito público brasileiro, destacam-se a vitaliciedade (CF, art. 95, I), a inamovibilidade (CF, art. 95, I) e a irredutibilidade dos subsídios (CF, art. 95, III).164 Além dessas, há várias outras, seja na própria Constituição Federal, seja nas Constituições Estaduais (onde aplicáveis, por evidente) e na legislação infra-constitucional. No plano constitucional, a dedicação exclusiva (CF, art. 96) protege a independência do 163 Com essa ênfase, vid. BERGEL, Jean-Louis, Teoria Geral…, op. cit.; p. 436: “A idéia de hierarquia pode parecer insólita em matéria judiciária na qual a independência do juiz é a condição de uma boa justiça. A hierarquia das jurisdições tem nela um sentido particular: ela não afeta a liberdade de decisão do juiz, mas, sabendo que nunca ele é infalível, permite somente ao pleiteante provocar um novo exame de seu processo por uma jurisdição superior àquela que o dirimiu. Portanto, ela constitui uma garantia essencial de boa justiça ao permitir a um juiz de posição mais elevada, dotado de maior autoridade e de mais longa experiência e mais bem instruído graças ao trabalho de investigação e de aclaramento de primeira instância, retificar os erros eventuais dos primeiros juízes”. 164 Há extensa bibliografia sobre o tema. Por todos, vid. SAMPAIO, José Adércio Leite, O Conselho Nacional…, op. cit.; p. 125; especificamente sobre a inamovibilidade, vid. NEVES, Marcelo. “Regra-Garantia da …”, op. cit.; pp. 298-312. Serie Monografias Premiadas 3.indb 362 18/11/2010 12:35:49 p.m. 363 Imparcialidad judicial estar sus decisiones sometidas a la revisión de órganos jerárquicamente superiores, que poseen control sobre las actividades administrativas de los jueces, de modo que dicha organización jerárquica se presta a garantizar a los justiciables el derecho de interponer recurso,163 sin que ello implique, el reconocimiento de algún derecho al denominado doble grado de jurisdicción en la esfera procesal civil en el Brasil. Con la finalidad de preservar la independencia interna de los jueces, el ordenamiento jurídico, tanto en sede constitucional como en el ámbito infraconstitucional, establece una serie de protecciones al ejercicio de la magistratura. En el plano constitucional, siguiendo una larga tradición en el derecho público brasileño, se destacan la vitalicidad (CF, art. 95, I), la inamovilidad (CF, art. 95, I) y la irreductibilidad de los sueldos (CF, art. 95, III).164 Además de esas, hay varias otras, en la propia Constitución Federal o en las constituciones de los Estados (donde se aplican por evidentes) y en la legislación infraconstitucional. En el plano constitucional, la dedicación exclusiva (CF, art. 96) protege la independencia del 163 Con este énfasis, vid. BERGEL, Jean-Louis, Teoria Geral…, op. cit.; p. 436: “La idea de jerarquía puede parecer insólita en materia judicial en la cual la independencia del juez es la condición de una buena justicia. La jerarquía de las jurisdicciones tiene en ella un sentido particular: ella no afecta la libertad de decisión del juez, pero, sabiendo que nunca él es infalible, permite solamente al litigante provocar un nuevo examen de su proceso por una jurisdicción superior a aquella que lo dirimió. Por lo tanto, ella constituye una garantía esencial de buena justicia al permitirle a un juez de posición más elevada, dotado de mayor autoridad y de más larga experiencia y más bien instruido gracias al trabajo de investigación y de esclarecimiento de primera instancia, rectificar los errores eventuales de los primeros jueces”. 164 Hay una extensa bibliografía sobre el tema. Por la mayoría, vid. SAMPAIO, José Adércio Leite, O Conselho Nacional…, op. cit.; p. 125; especificamente sobre la inamovilidad, vid. NEVES, Marcelo. “Regra-Garantia da …, op. cit.;pp. 298-312 Serie Monografias Premiadas 3.indb 363 18/11/2010 12:35:49 p.m. 364 Imparcialidade judicial magistrado; da mesma forma, há previsão de foro privilegiado para determinados magistrados (v.g. CF, art. 102, I, c). Evidencia-se, assim, a existência de um sistema de proteções à independência do juiz que, em última análise, destinam-se à proteção da sua imparcialidade.Ainda que possa guardar eqüidistância em relação aos interesses em disputa, não incidindo em suspeição ou impedimento, o juiz deve estar a salvo de pressões de quaisquer naturezas (políticas, financeiras, etc.), a fim de que possa exercer com liberdade (nesse sentido, liberdade e imparcialidade se equivalem) o mister de julgar, estando sujeito apenas ao direito. É nesse sentido que se entende a imparcialidade como independência. 3. Juiz Natural Uma forma de assegurar a imparcialidade do órgão julgador é impedir que ele seja de alguma forma escolhido por quem tem alguma espécie de interesse no julgamento (especialmente as partes em litígio). É com base nessa premissa que surge a necessidade de se estabelecer critérios objetivos para escolha dos órgãos que serão responsáveis pelo julgamento das causas. Assumida a premissa de que a Constituição Federal fala explicitamente do juiz natural (referido então como princípio constitucional) e não fala da imparcialidade, há quem considere que a imparcialidade está contida no juiz natural.165 165 O que não é correto, consoante acentua MIRANDA, Gustavo Senna, Princípio do Juiz Natural e sua Aplicação na Lei de Improbidade Administrativa, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2007, p. 89. Serie Monografias Premiadas 3.indb 364 18/11/2010 12:35:49 p.m. 365 Imparcialidad judicial Magistrado; de la misma manera, existe una previsión de fuero privilegiado para determinados Magistrados (v.g. CF, art. 102, I, c). Se hace así evidente, la existencia de un sistema de protecciones a la independencia del Juez que, en última instancia, se destina a la protección de su imparcialidad. Aun cuando pueda mantener equidistancia con relación a los intereses en disputa, no incidiendo en sospecha o impedimento, el Juez debe mantenerse a salvo de presiones de cualquier naturaleza (políticas, económicas, etc.) para que pueda ejercer con libertad (en este sentido, libertad e imparcialidad son equivalentes) la tarea de juzgar, estando supeditado solamente al derecho. Es en este sentido que se entiende la imparcialidad como independencia. 3. Juez Natural Una forma de asegurar la imparcialidad del órgano juzgador, es impedir que de alguna manera éste sea elegido por alguien que tenga una clase de interés en el juicio (especialmente las partes en litigio). Basándose en esa premisa es como surge la necesidad de establecer criterios objetivos para la elección de los órganos que serán responsables por juzgar las causas. Una vez asumida la premisa de que la Constitución Federal habla explícitamente del Juez natural (citado entonces como principio constitucional) y no menciona la imparcialidad, hay quien considera que la imparcialidad está contenida en el Juez natural.165 165 Lo que no es correcto, según acentúa MIRANDA, Gustavo Senna, Princípio do Juiz Natural e sua Aplicação na Lei de Improbidade Administrativa, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 2007, p. 89. Serie Monografias Premiadas 3.indb 365 18/11/2010 12:35:49 p.m. 366 Imparcialidade judicial De acordo com a posição adotada no presente estudo, que parece ser a melhor forma de compreender o fenômeno, a imparcialidade é o princípio central e o princípio do juiz natural seria uma de suas explicitações. Tem-se a chamada garantia do juiz natural, como instrumento destinado a promover, na maior medida possível, a proteção da imparcialidade do julgador.166 Considerandose que a imparcialidade é um instrumento destinado a assegurar a igualdade entre as partes em determinada relação processual, é correto afirmar que o princípio do juiz natural possui um conteúdo imediato destinado à promoção da imparcialidade e outro conteúdo mediato, destinado à promoção do tratamento igualitário das partes.167 Em sendo uma decorrência do princípio da imparcialidade, o princípio do juiz natural pode ser afastado quando, no caso concreto e em caráter excepcional, não se prestar ao atingimento da finalidade para a qual foi programado (isto é, quando não promover a imparcialidade do juiz).168 166 Sobre a relação entre o juiz natural e a imparcialidade, vid. FERRAJOLI, Luigi, Direito e Razão..., op. cit., p. 472. Asseverando existir complementariadede entre o princípio do juiz natural e a imparcialidade, BUENO, Cassio Scarpinella, Curso Sistematizado de Direito Processual Civil – Teoria Geral do Direito Processual Civil, Editora Saraiva, São Paulo, 2007, p. 117. No sentido do texto, vid., ainda STASIAK, Vladimir, “O princípio do juiz natural e suas implicações no processo penal brasileiro”, Revista dos Tribunais, Ano 89, Volume 776, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2000, pp. 453-468, esp. p. 466, onde se lê a seguinte conclusão: “a finalidade deste princípio é a de assegurar um julgamento imparcial por meio de um órgão conmpetente”. STJ, HC n° 4.931, Relator o Ministro Luiz Vicente Cernichiaro, julgado unânime em 26/02/1997. “Juiz natural significa o juízo pré-constituído, ou seja, definido por lei, antes da prática do crime. Garantia constitucional que visa a impedir o Estado de direcionar o julgamento, afetando a imparcialidade da decisão”. 167 Cfr. LONGO, Luís Antonio, “O princípio do juiz natural e seu conteúdo substancial”, In PORTO, Sérgio Gilberto (Organizador). As Garantias do Cidadão no Processo Civil – Relações entre Constituição e Processo. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora. 2003, pp. 31-52, esp. p. 37. 168 STF, Ação Originária n° 587-6-DF, Tribunal Pleno, Relatora a Ministra Ellen Gracie, julgado unânime em 06.04.2006. Serie Monografias Premiadas 3.indb 366 18/11/2010 12:35:49 p.m. 367 Imparcialidad judicial De acuerdo con la posición adoptada en el presente estudio, que parece ser la mejor forma de comprender el fenómeno, la imparcialidad es el principio central y el principio del Juez natural sería una de sus explicaciones. La denominada garantía del Juez natural, se considera un instrumento destinado a promover, en la mayor medida posible, la protección de la imparcialidad del juzgador.166 Considerándose que la imparcialidad es un instrumento destinado a asegurar la igualdad entre las partes en determinada relación procesal, es correcto afirmar que el principio del Juez natural posee un contenido inmediato destinado a la promoción de la imparcialidad y otro contenido mediato, destinado a la promoción del tratamiento igualitario de las partes.167 Siendo un derivado del principio de la imparcialidad, el principio del Juez natural puede ser puesto de lado, cuando en el caso concreto y en carácter excepcional, no se preste para alcanzar la finalidad para la cual fue programado (es decir, cuando no promueva la imparcialidad del Juez).168 166 Sobre la relación entre el juez natural y la imparcialidad, vid. FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão..., op. cit., p. 472. Aseverando que existe complementariedad entre el principio del juez natural y la imparcialidad, BUENO, Cassio Scarpinella, Curso Sistematizado de Direito Processual Civil-Teoria Geral do Direito Processual Civil, Editorial Saraiva, São Paulo, 2007, p. 117. En el sentido del texto, vid., también STASIAK, Vladimir, “O princípio do juiz na­tural e suas implicações no processo penal brasileiro”, Revista dos Tribunais, Ano 89, Volumen 776, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 2000, pp. 453-468, esp. p. 466, donde se lee la siguiente conclusión: “la finalidad de este principio es la de asegurar una decisión imparcial a través de un órgano competente”. STJ, HC n° 4.931, del Ministro Relator Luiz Vicente Cernichiaro, fallo unánime del 26/02/1997. “Juez natural significa el juicio preconstituido, o sea, definido por ley, antes de cometer el delito. Garantía constitucional que tiende a impedirle al Estado manejar el juicio, afectando la imparcialidad de la resolución”. 167 Cfr . LONGO, Luís Antonio, “O princípio do juiz natural e seu conteúdo substancial”, en PORTO, Sérgio Gilberto (Organizador), As Garantias do Cidadão no Processo Civil-Relações en­ tre Constituição e Processo. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editorial. 2003, pp. 31-52, esp. p. 37. 168 STF, Acción Originaria n° 587-6-DF, Tribunal en Pleno, de la Ministra Relatora Ellen Gracie, fallo unánime del 06.04.2006. Serie Monografias Premiadas 3.indb 367 18/11/2010 12:35:49 p.m. 368 Imparcialidade judicial No plano histórico, à exceção da Carta Constitucional de 1937, todos os Textos Constitucionais brasileiros continham previsão acerca da assim chamada garantia do juiz natural, reiterada pela Carta Constitucional de 1988 no artigo 5o, incisos XXXVII e LIII. A conjugação desses dispositivos corporifica a garantia do juiz natural no direito constitucional positivo brasileiro. Outrossim, no plano do direito comparado, verifica-se que o princípio do juiz natural, malgrado a existência de expressões e redações normativas diferenciadas, é comum a diversos ordenamentos jurídicos ocidentais,169 embora em vários deles a garantia não seja, segundo se registra, efetiva.170 Cuida-se de garantia induvidosamente enquadrada em sentido material e formal no rol dos chamados direitos fundamentais. Embora o princípio do juiz natural tenha surgido, segundo as fontes, na seara do direito processual penal, atualmente essa garantia possui plena aplicação no campo do direito processual civil (lato sensu),171 em processos sancionatórios ou não. 169 Por todos, veja-se o levantamento de SPAGNOLO, Juliano. “A garantia do juiz natural e a nova redação do art. 253 do Código de Processo civil (Lei 10358/01)”. In PORTO, Sérgio Gilberto (Organizador). As Garantias do Cidadão no Processo Civil – Relações entre Constituição e Processo. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora. 2003, pp. 147-163, esp. p. 151. 170 Por exemplo, embora o ordenamento jurídico da Colômbia possua norma constitucional expressa tutelando o direito ao juiz natural (Constituição da Colômbia, art. 29), a literatura denuncia a ausência de efetividade do dispositivo, diante da DEVIS ECHANDIA, Hernando. Teoria General Del Proceso. 3a Edición. Buenos Aires: Editorial Universidad. 2004, p. 81. 171 Na clássica doutrina italiana que influenciou sobremodo o nosso direito processual, vide LIEBMAN, Enrico Tullio. Manuale di Diritto Processuale Civile I. Terza Edizione. Milano: Giuffrè Editore. 1973, p. 9: “La formula, un poco ridondante, è stata interpretata dalla Corte Costituzionale nel senso che la locuzione “giudice naturale” è corrispondente a quella di “giudice precostituito per legge”, cioè giudice istituito e determinato in base a criteri generali fissati in anticipo e non in vista di singole controversie (...). Il principio, particolarmente importante nel campo penale, è tuttavia applicabile ad ogni forma di esercizio della funzione giurisdizionale”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 368 18/11/2010 12:35:50 p.m. 369 Imparcialidad judicial En el plano histórico, a excepción de la Carta Constitucional de 1937, todos los textos constitucionales brasileños contenían disposiciones sobre la así denominada garantía del Juez natural, reiterada por la Carta Constitucional de 1988 en el artículo 5°, incisos XXXVII y LIII. La combinación de esas disposiciones consolida la garantía del Juez natural en el derecho constitucional positivo brasileño. Asimismo, en el plano del derecho comparado, sucede que el principio del Juez natural, a pesar de la existencia de expresiones y redacciones normativas diferenciadas, es común a distintos ordenamientos jurídicos occidentales,169 aun cuando en varios de los mismos la garantía no sea, según se tiene constancia, efectiva.170 Se trata de una garantía indudablemente encuadrada en sentido material y formal en el conjunto de los denominados derechos fundamentales. Si bien el principio del Juez natural surgió según las fuentes, en el ámbito del derecho procesal penal, actualmente esa garantía posee plena aplicación en el campo del derecho procesal civil (lato sensu)171 en juicios sancionatorios o no. 169 Por la mayoría, ver posición de SPAGNOLO, Juliano. A garantia do juiz natural e a nova redação do art. 253 do Código de Processo civil (Lei 10358/01)”. In PORTO, Sérgio Gilberto (Organizador). As Garantias do Cidadão no Processo Civil-Relações entre Constituição e Processo. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editorial. 2003, pp. 147-163, esp. p. 151. 170 Por ejemplo, aunque el ordenamiento jurídico de Colombia posea una norma constitucional expresa tutelando el derecho al juez natural (Constitución de Colombia, art. 29), la literatura denuncia la ausencia de efectividad del dispositivo, según opinión de DEVIS ECHANDIA, Hernando, Teoría General del Proceso, 3a Edición, Universidad, Buenos Aires, 2004, p. 81. 171 En la clásica doctrina italiana que influyó sobremanera nuestro derecho procesal, ver LIEBMAN, Enrico Tullio. Manuale di Diritto Processuale Civile I. Terza Edizione. Milano: Giuffrè Editore. 1973, p. 9: “La formula, un poco ridondante, è stata interpretata dalla Corte Costituzionale nel senso che la locuzione “giudice naturale” è corrispondente a quella di “giudice precostituito per legge”, cioè giudice istituito e determinato in base a criteri generali fissati in anticipo e non in vista di singole controversie (...). Il principio, particolarmente importante nel campo penale, è tuttavia applicabile ad ogni forma di esercizio della funzione giurisdizionale”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 369 18/11/2010 12:35:50 p.m. Capítulo XVI Conteúdo Dúplice ou Tríplice A doutrina do direito processual penal tem desenvolvido a idéia de que a garantia do juiz natural possui conteúdo dúplice172 ou tríplice (ou, ainda, tridimensional),173 mais uma vez, em entendimentos aplicáveis ao processo civil – a análise mais detida dos estudos, contudo, indica que os autores desenvolvem as mesmas idéias, somente expondo-as de formas diferentes (decompondo o princípio do juiz natural para fins expositivos em dois ou três perfis9.174 172 Por todos, CINTRA, Antonio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pellegrini e DINAMARCO, Cândido Rangel, Teoria Geral do..., op. cit.; p. 52, e GOMES, Luiz Flávio, “As garantias mínimas...”, op. cit.; pp. 181-259, esp. p. 194. 173 Entre nós, MIRANDA, Gustavo Senna, Princípio do Juiz Natural..., op. cit.; p. 89. No mesmo sentido, MARCON, Adelino, O princípio do juiz natural no processo penal, Juruá Editora, Curitiba: 2004, p. 111. A expressão tridimensional é utilizada por NERY JÚNIOR, Nelson, Princípios do Processo, p. 97. Na doutrina estrangeira, exercendo notável influência entre nós, vid; FERRAJOLI, Luigi, Direito e Razão..., op. cit; p. 472. 174 Assim em GRINOVER, Ada Pellegrini, “O princípio do juiz natural e sua dupla garantia”. In GRINOVER, Ada Pellegrini, O Processo em Sua Unidade – II, Forense, Rio de Janeiro, 1984, pp. 3-40, esp. p. 39: “(...) o princípio do juiz natural, entre nós, é tutelado por dupla garantia (...). Tais garantias desdobram-se, na verdade, em três conceitos (...)”. 370 Serie Monografias Premiadas 3.indb 370 18/11/2010 12:35:50 p.m. Capítulo XVI Contenido doble o triple La doctrina del derecho procesal penal ha desarrollado la idea de que la garantía del Juez natural posee un contenido doble172 o triple (o inclusive tridimensional),173 una vez más, en criterios aplicables al procedimiento civil; un análisis más profundo de los estudios indica sin embargo que los autores desarrollan las mismas ideas, solo que exponiéndolas de maneras diferentes (descomponiendo el principio del Juez natural para fines expositivos, en dos o tres perfiles).174 172 Por la mayoría, CINTRA, Antonio Carlos de Araújo. GRINOVER, Ada Pellegrini y DINAMARCO, Cândido Rangel, Teoria Geral do..., op. cit.; p. 52, y GOMES, Luiz Flávio, “As garantias mínimas...”, op. cit.; pp. 181-259, esp. p. 194. 173 Entre nosotros, MIRANDA, Gustavo Senna, Princípio do Juiz Natural..., op. cit.; p. 89. En el mismo sentido, MARCON, Adelino, O princípio do juiz natural no processo penal, Juruá Editorial, Curitiba: 2004, p. 111. La expresión tridimensional es utilizada por NERY JÚNIOR, Nelson, Princípios do Processo..., op.cit; p. 97. En la doctrina extranjera, ejerciendo notable influencia entre nosotros, vid; FERRAJOLI, Luigi, Direito e Razão, p. 472. 174 Así se manifiesta GRINOVER, Ada Pellegrini, “O princípio do juiz natural e sua dupla garantia”, en GRINOVER, Ada Pellegrini O Processo em Sua Unidade-II, Forense, Rio de Janeiro, 1984, pp. 3-40, esp. p. 39: “(...) el principio del juez natural, entre nosotros, es tutelado por una doble garantía (...). Tales garantías se desdoblan, en verdad, en tres conceptos (...)”. 371 Serie Monografias Premiadas 3.indb 371 18/11/2010 12:35:50 p.m. 372 Imparcialidade judicial Nesse sentido, em um primeiro plano, o princípio do juiz natural implica observância do princípio da legalidade na escolha dos órgãos julgadores dos casos concretos. Somente a Lei (obviamente incluída no sentido dessa expressão a norma constitucional) é fonte legítima para a investidura e a delimitação da competência dos órgãos julgadores, sendo certo que nem mesmo as mais elevadas autoridades judiciárias podem delegar ou entregar em comissão a jurisdição.175 Por essa razão, em outras culturas jurídicas é comum a referência a tal garantia como a garantia do juiz legal ou garantia do juiz constitucional, que também são usadas entre nós.176 Em um segundo plano, o princípio do juiz natural impõe que a escolha do órgão julgador seja feita com base nas normas vigentes ao tempo em que ocorridos os fatos sob análise do julgador consoante a antiga parêmia tempus regit actum (no direito processual penal fala-se tempus criminis regit iudicem), evitando-se a indicação de órgãos ex post factum ou ad personam. Também por isso, sob a égide de outros ordenamentos jurídicos, fala-se em juiz predeterminado,177 No mesmo sentido, a construção de FERNANDES, Antonio Scarance, Processo Penal Constitucional. 3a Edição, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2002, p. 127: “Embora dúplice a garantia, manifestada com a proibição de tribunais extraordinários e como a proibição de tribunais extraordinários e com o impedimento à subtração da causa ao tribunal competente, a expressão ampla dessas garantias desdobra-se em três regras de proteção: 1o) só podem exercer jurisdição os órgãos instituídos pela Constituição; 2o) ninguém pode ser julgado por órgão instituído após o fato; 3o) entre os juízes préconstituídos vigora uma ordem taxativa de competência que exclui qualquer alternativa deferida à discricionariedade de quem quer que seja”. 175 Cfr. PORTANOVA, Rui, Princípios do..., op. cit.; p. 64, quw fala em proibição de comissão e proibição de evocação. 176 Sobre o sentido da legalidade (com relação à pré-determinação), vid; DIEGO DÍEZ, Luis-Alfredo de, El derecho al juez ordinário predeterminado por la ley, Editorial Tecnos, Madrid, 1998, p.118. 177 Cfr. Ibidem; pp. 118-119. Serie Monografias Premiadas 3.indb 372 18/11/2010 12:35:50 p.m. 373 Imparcialidad judicial En tal sentido, en un primer plano, el principio del Juez natural implica la observancia del principio de legalidad en la elección de los órganos juzgadores de los casos concretos. Solamente la ley (obviamente incluyendo la norma constitucional en el sentido de esa expresión) es fuente legítima para la investidura y la delimitación de la competencia de los órganos juzgadores, siendo cierto que ni aun las más elevadas autoridades judiciales pueden delegar o entregar la jurisdicción175 en comisión. Por ese motivo, en otras culturas jurídicas es común la referencia a tal garantía, como la garantía del Juez legal o garantía del Juez constitucional, las que también se usan entre nosotros176. En un segundo plano, el principio del Juez natural impone que la elección del órgano juzgador sea realizada tomando como base las normas vigentes en la oportunidad en que ocurridos los hechos que analiza el juzgador, de acuerdo con el antiguo adagio tempus regit actum (en el derecho procesal se dice tempus criminis regit iudicem), evitándose la indicación de órganos ex post factum o ad personam. También por eso, bajo la égida de otros ordenamientos jurídicos, se habla de un Juez predeterminado, 177 resaltando En el mismo sentido, la construcción de FERNANDES, Antonio Scarance,Processo Penal Constitucional, 3a Edición, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 2002, p. 127: “Aunque se considere una doble garantía, manifestada por la prohibición de tribunales extraordinarios y como la prohibición de tribunales extraordinarios y con el impedimento a alejar de la causa al tribunal competente, la expresión amplia de esas garantías se desdobla en tres reglas de protección: 1o) sólo pueden ejercer jurisdicción los órganos instituidos por la Constitución; 2o) nadie puede ser juzgado por un órgano instituido después del hecho; 3o) entre los jueces preconstituidos rige una orden taxativa de competencia que excluye cualquier alternativa reconocida a favor de cualquier tercero”. 175 PORTANOVA, Rui, Princípios do..., op.cit.; p. 64, que habla de prohibición de comisión y de prohibición de evocación. 176 Sobre el sentido de la legalidad (en relación con la predeterminación), vid; DIEGO DÍEZ, Luis-Alfredo de, El derecho al juez ordinario predeterminado por la ley, Tecnos, Madrid, 1998, p.118. 177 Cfr. Ibidem; pp. 118-119. Serie Monografias Premiadas 3.indb 373 18/11/2010 12:35:50 p.m. 374 Imparcialidade judicial ressaltando-se a anterioridade da determinação, o que, segundo uma determinada linha de orientação, caracterizaria uma cláusula de irretroatividade.178 Assim, as normas que regem a competência são formuladas antes da ocorrência dos fatos sobre as quais devem incidir. Cuidam-se de normas genéricas e abstratas,179 que haverão de ser concretizadas no momento de determinação do órgão competente para apreciar determinado caso. É importante, assim, que a competência concreta de cada órgão judicial possa ser extraída com a maior clareza e objetividade possíveis das normas legais (de cunho necessariamente genérico).180 Por outro lado, de nada adianta proteger a escolha do órgão jurisdicional se os juízes (i.e. as pessoas físicas) ocupantes dos respectivos cargos puderem ser aleatoriamente indicados ou removidos por órgãos administrativos ou legislativos ou mesmo pelos órgãos de comando do Poder Judiciário–,181 de modo que 178 Cfr. CUNHA, Leonardo José Carneiro da, “Anotações sobre a garantia constitucional do juiz natural”, In FUX, Luiz; NERY JÚNIOR., Nelson e WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (coordenadores), Processo e Constituição – Estudos em Homenagem ao Professor José Carlos Barbosa Moreira, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2006, pp. 500-516, esp. p. 505. 179 Sobre a abstração como integrante do princípio do juiz natural, vid SCHWAB, Karl Heinz, “Divisão de Funções e Juiz Natural”, In Revista de Processo, Volume 48, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 1987. pp. 124-131, esp. p. 127. 180 Cfr. HEYDE, Wolfgang. “La Jurisdicción”, In BENDA, MAIHOFER, VOGEL, HESSE, HEYDE (organizadores), Manual de Derecho Constitucional, tradução espanhola de Handbuch des Verfassungsrechts der Bundesrepublik Deutschland por Antonio LOPEZ DE PINA, Marcial Pons, Madrid, 1996. Capítulo XV, pp. 767-822, esp. p. 792. 181 Confira-se, a propósito, a procedente crítica de SILVA SEGUNDO, Edval Borges, “Aplicação da garantia do juiz natural no Judiciário do Estado da Bahia”, In DIDIER JR., Fredie; WAMBIER, Luiz Rodrigues e GOMES JÚNIOR., Luiz Manoel (coordenadores), Constituição e Processo, Editora Podium, Salvador, 2007, pp. 79-96. Serie Monografias Premiadas 3.indb 374 18/11/2010 12:35:50 p.m. 375 Imparcialidad judicial la anterioridad de la determinación, lo cual, según una determinada línea de orientación, caracterizaría una cláusula de irretroactividad.178 Las normas que rigen la competencia se formulan entonces antes de que sucedan los hechos sobre los cuales deben incidir. Se trata de normas genéricas y abstractas179 que habrán de concretarse en el momento de la determinación del órgano competente para apreciar determinado caso. Es importante entonces que la competencia concreta de cada órgano judicial pueda ser extraída con la mayor claridad y objetividad posibles de las normas legales (de cuño necesariamente genérico).180 Por otro lado, no tiene sentido proteger la elección del órgano jurisdiccional si los jueces (es decir, las personas físicas) que ocupan los respectivos cargos pudieran ser aleatoriamente designados o removidos por órganos administrativos o legislativos o aun por órganos de comando del Poder Judicial,181 de manera que resulta 178 Cfr. CUNHA, Leonardo José Carneiro da, “Anotações sobre a garantia constitucional do juiz natural”, en FUX, Luiz; NERY JÚNIOR, Nelson, y WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (coordinadores), Processo e Constituição-Estudos em Homenagem ao Professor José Carlos Barbosa Moreira, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 2006, pp. 500-516, esp. p. 505. 179 Sobre la abstracción como integrante del principio del juez natural, vid; SCHWAB, Karl Heinz, “Divisão de Funções e Juiz Natural”, en Revista de Processo, Volumen 48, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 1987. pp. 124-131, esp. p. 127. 180 Cfr. HEYDE, Wolfgang. “La Jurisdicción”, en BENDA, MAIHOFER, VOGEL, HESSE, HEYDE (organizadores), Manual de Derecho Constitucional, traducción de Antonio LOPEZ DE PINA, Marcial Pons, Madrid, 1996. Capítulo XV, pp. 767-822, esp. p. 792. 181 Consultar, al respecto, la procedente crítica de SILVA SEGUNDO, Edval Borges, “Aplicação da garantia do juiz natural no Judiciário do Estado da Bahia”, en DIDIER JR., Fredie; WAMBIER, Luiz Rodrigues y GOMES JÚNIOR., Luiz Manoel (coordinadores), Constituição e Processo, Podium, Salvador, 2007, pp. 79-96. Serie Monografias Premiadas 3.indb 375 18/11/2010 12:35:50 p.m. 376 Imparcialidade judicial é correto afirmar que o princípio do juiz natural abrange tanto o juízo como o juiz182 – o órgão judicial e a pessoa física. Diversas questões envolvendo a designação pessoal de juízes têm sido objeto de freqüente análise dos Tribunais, destacando-se a orientação do STF que considera legítima a indicação de juízes para atuação em tempo de férias, para a realização de plantões183 e mutirões,184 e também a indicação de juízes para atuarem em substituição de outros no caso de impedimento de juízes titulares,185 sempre sob o crivo crítico da doutrina especializada.186 Na verdade, a própria Lei processual utiliza a expressão designar para se referir à escolha de determinados juízes que haverão de funcionar em determinados casos (por exemplo, no chamado incidente de privação de competência, ex vi do art. 198 do CPC). Nesta, como em outras situações, a designação deverá atender a parâmetros objetivos, gerais, abstratos e impessoais, sendo vedada 182 Cfr. RODRIGUES, Geisa de Assis, “Anotações sobre o princípio constitucional do juiz natural”, In DIDIER JR., Fredie; WAMBIER, Luiz Rodrigues e GOMES JÚNIOR., Luiz Manoel (coordenadores), Constituição e Processo, Editora Podium, Salvador, 2007, pp. 173198, esp. p. 184, registrado o excepcional trabalho de pesquisa jurisprudencial desenvolvido pela autora e aproveitado a seguir. Vid; também SILVA, Carlos Augusto, “O princípio do juiz natural e sua repercussão na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal”, In OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro (organizador), Processo e Constituição, Editora Forense, Rio de Janeiro, 2004, pp. 111-134. 183 STF, Habeas Corpus n° 78.388-BA, Primeira Turma, Relator o Ministro Sydney Sanches, julgado unânime em 15.12.1998. 184 STF, Agravo de Instrumento n° 413.243-PR, Segunda Turma, Relator o Ministro Gilmar Mendes, julgado unânime em 19.12.2002. 185 STF, Habeas Corpus n° 75.861-RJ, Primeira Turma, Relator o Ministro Ilmar Galvão, julgado unânime em 12.12.1997. 186 Ainda uma vez, vid; RODRIGUES, Geisa de Assis, “Anotações sobre o princípio...”, op. cit.; pp. 173-198, esp. pp. 185-186. Serie Monografias Premiadas 3.indb 376 18/11/2010 12:35:50 p.m. 377 Imparcialidad judicial correcto afirmar que el principio del Juez natural cubre tanto al juzgado como al Juez,182 al órgano judicial y a la persona física. Dis­tintas cuestiones que atañen a la designación personal de jueces han sido objeto de frecuente análisis de los tribunales, destacándose la orientación del STF que considera legítima la designación de jueces para desempeñarse en época de feria, para los turnos183 y convocatorias extraordina­rias184 y también la designación de jueces para que actúen en substi­tu­ción de otros, en los casos de impedi­mento de jueces titu­ lares,185 siempre bajo el tamiz crítico de la doctrina especializada.186 En verdad, la propia ley procesal emplea la expresión designar para referirse a la elección de determinados jueces que habrán de funcionar en determinados casos (por ejemplo, en el denominado incidente de privación de competencia, ex vi del art. 198 del CPC). En esta como en otras situaciones, la designación deberá respetar los parámetros objetivos, generales, abstractos e impersonales y 182 Cfr. RODRIGUES, Geisa de Assis, “Anotações sobre o princípio constitucional do juiz natural”, en DIDIER JR., Fredie; WAMBIER, Luiz Rodrigues y GOMES JÚNIOR., Luiz Manoel (coordinadores), Constituição e Processo, Podium, Salvador, 2007, pp. 173-198, esp. p. 184, registrado el excepcional trabajo de investigación jurisprudencial desarrollado por la autora aprovechado a continuación. Vid también SILVA, Carlos Augusto, “O princípio do juiz natural e sua repercussão na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal”, en OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro (organizador), Processo e Constituição, Forense, Rio de Janeiro, 2004, pp. 111-134. 183 STF, Habeas Corpus n° 78.388-BA, Sala Primera, del Ministro Relator Sydney Sanches, fallo unánime del 15.12.1998. 184 STF, Recurso de Apelación n° 413.243-PR, Sala Segunda, del Ministro Relator Gilmar Mendes, fallo unánime del 19.12.2002. 185 STF, Habeas Corpus n° 75.861-RJ, Sala Primera, del Ministro Relator Ilmar Galvão, fallo unánime del 12.12.1997. 186 Una vez más, vid RODRIGUES, Geisa de Assis. “Anotações sobre o princípio...”, op. cit.; pp. 173-198, esp. pp. 185-186. Serie Monografias Premiadas 3.indb 377 18/11/2010 12:35:50 p.m. 378 Imparcialidade judicial a escolha aleatória187 de um juiz para o caso concreto e devendo ser preservada, em qualquer hipótese, a imparcialidade do juiz (assim como a possibilidade de impugnação pelas partes de eventuais vícios que possam macular a imparcialidade). Em um terceiro plano, o princípio do juiz natural impõe taxatividade à ordenação legal das competências, vedada a escolha arbitrária de órgãos julgadores – isto é, não é possível a indicação ad hoc ou ad personam de julgadores para casos concretos. O sistema judiciário é um sistema ordenado, fechado e finito de órgãos indicados pela Constituição Federal e pela legislação em enumeração fechada (numerus clausus)188 e o juiz natural assegura que as pessoas e suas causas somente sejam julgadas por juízes investidos de acordo com essa ordenação. Mais uma vez: nem mesmo as mais elevadas autoridades governamentais ou judiciárias têm o poder de criar órgãos ou alterar as regras de distribuição de competências, o que, repita-se, somente pode ser feito pela Lei.189 Assim, o juiz natural não é apenas uma regra de instituição de competência, mas sim um princípio superior 187 Correto CUNHA, Leonardo José Carneiro da, “Anotações sobre...”, op. cit.; pp. 500516, esp. p. 510. 188 DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de Direito..., op. cit.; pp. 389 e 396. 189 Cfr. Ibidem; p. 226. No mesmo sentido, veja-se HOMEM, António Pedro Barbas, Judex Perfectus..., op. cit.; pp. 789-790. Serie Monografias Premiadas 3.indb 378 18/11/2010 12:35:50 p.m. 379 Imparcialidad judicial estará prohibida la elección aleatoria187 de un Juez para un caso concreto debiendo asimismo preservarse, en todos los casos, la imparcialidad del Juez (así como la posibilidad de impugnación por las partes de eventuales vicios que pudieren macular la imparcialidad). En un tercer plano, el principio del Juez natural impone taxati­ vidad al ordenamiento legal de las competencias y se prohíbe la elección arbitraria de los órganos juzgadores, es decir, no es posible designar ad hoc o ad personam juzgadores para casos concretos. El sistema judicial es un sistema ordenado, cerrado y finito, de órganos designados por la Constitución Federal y por la legislación, con números cerrados (numerus clausus)188 y el Juez natural asegura que las personas y sus causas solamente podrán ser juzgadas por jueces investidos de acuerdo con ese ordenamiento. Una vez más: ni aun las más elevadas autoridades gubernamentales o judiciales tienen la facultad de crear órganos o modificar las reglas de asignación de competencias lo cual, repetimos, puede ser hecho únicamente por la ley.189 El Juez natural no es sólo una regla de institución de competencia, sino un principio superior a ser observado 187 Cfr. CUNHA, Leonardo José Carneiro da, “Anotações sobre...”, op. cit.; pp. 500-516, esp. p. 510. 188 DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de Direito..., op. cit.; pp. 389 y 396. 189 Cfr. Ibidem; p. 226. En el mismo sentido, ver HOMEM, António Pedro Barbas. Judex Perfec­ tus..., op. cit., pp. 789-790 Serie Monografias Premiadas 3.indb 379 18/11/2010 12:35:50 p.m. 380 Imparcialidade judicial a ser observado pelas regras de competência – o que já se chamou de aspecto material do princípio do juiz natural.190 Esse é o sentido da vedação constitucional a “juízos ou tribunais de exceção”, consoante o disposto no art. 5o, XXXVII da Constituição Federal. 190 Consoante a formulação de SILVA, Carlos Augusto, In Revista da AJURIS, Volume 89, AJURIS, Porta Alegre, 2003, pp. 9-28, esp. p. 14, que possui também amplas referências jurisprudenciais. Serie Monografias Premiadas 3.indb 380 18/11/2010 12:35:50 p.m. 381 Imparcialidad judicial por las reglas de competencia, lo que ya se denominó aspecto material del principio del Juez natural.190 Ese es el sentido de la prohibi­ ción constitucional a “juzgados o tribunales de excepción” de acuerdo con lo dispuesto en el art. 5°, XXXVII de la Constitución Federal. 190 De acuerdo a lo expuesto por SILVA, Carlos Augusto, en Revista da AJURIS, Volumen 89, AJUTIS, Porta Alegre, 2003, pp. 9-28, esp. p. 14, quien también efectúa amplias referencias jurisprudenciales. Serie Monografias Premiadas 3.indb 381 18/11/2010 12:35:50 p.m. Capítulo XVII Foro Privilegiado Tendo em vistas as intensas discussões que vêm dominando a mídia nos últimos anos no Brasil, importa aqui salientar que a instituição de regras que estabelecem o assim chamado foro privilegiado não ofende o princípio do juiz natural. Primeiramente, cumpre observar que a existência de justiças especializadas ou mesmo de órgãos com competências especializadas no interior de cada Justiça ou Tribunal não representa violação do princípio do juiz natural, nada mais significando do que a indispensável divisão de trabalho internamente a esses órgãos – o importante é que as regras de atribuição dessas especializações observem os requisitos indicados acima, de modo a respeitarem o princípio do juiz natural. Demais disso, impende registrar que o chamado foro privilegiado não caracteriza tribunal de exceção, de modo que não viola a 382 Serie Monografias Premiadas 3.indb 382 18/11/2010 12:35:50 p.m. Capítulo XVII Jurisdicción privilegiada Teniendo en cuenta las intensas discusiones que en los últimos años vienen dominando a los medios en el Brasil, importa aquí destacar que la institución de reglas que establecen la así denominada juris­ dicción privilegiada no ofende el principio del Juez natural. En primer lugar, corresponde observar que la existencia de justicias especializadas o inclusive órganos con competencias especializadas en el seno de cada justicia o tribunal, no constituye una violación del principio del Juez natural y no significa otra cosa que la indispensable división del trabajo en el sector interno de dichos órganos; lo importante es que las reglas de atribución de dichas especializaciones observen los requisitos indicados precedentemente, para así poder respetar el principio del Juez natural. Además de eso, corresponde mencionar que la denominado jurisdicción privilegiada no constituye un tribunal de excepción, de 383 Serie Monografias Premiadas 3.indb 383 18/11/2010 12:35:50 p.m. 384 Imparcialidade judicial garantia do juiz natural191. Ao revés: na medida em que o ordenamento jurídico (constitucional ou infra-constitucional) outorgue competências especiais a determinados órgãos judiciais, tais órgãos passam a ser os juízes naturais para causas envolvendo as pessoas indicadas nas normas respectivas. Assim, não pode haver dúvida em se afirmar, por exemplo, que o Senado Federal é o juiz natural do Presidente da República em processos em que este seja acusado da prática de crime de responsabilidade (CF, art. 52, I).192 Nos termos da jurisprudência do STF, razões de política constitucional ou legislativa justificam o estabelecimento de foros diferenciados para determinadas funções públicas, sem que isso importe violação do juiz natural,193 nem tampouco ao princípio da igualdade (como aventado em voto-vista em importante precedente do STF),194 no qual radicam o princípio da imparcialidade e o princípio do juiz natural. 191 Assim já o salientava PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti, Comentários à..., op. cit.; p. 325. 192 Em conformidade com Roberto ROSAS: “O Senado, na sua competência constitucional para julgar o Presidente da República e os Ministros do STF nos crimes de responsabilidade, é juiz natural, apesar de ser juízo especial de poderes excepcionais” ROSAS, Roberto, Direito Processual..., op. cit; p. 31. Genericamente, vid GRINOVER, Ada Pellegrini. “O princípio do...”, op. cit.; pp. 3-40, esp. p. 29. 193 STF, ADI n° 3.289-DF, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Gilmar Mendes, julgado por maioria em 05.05.2005: “... Prerrogativa de foro como reforço à independência das funções de poder na República adotada por razões de política constitucional. 11. Situação em que se justifica a diferenciação de tratamento entre agentes políticos em virtude do interesse pú­ blico evidente. 12. Garantia da prerrogativa de foro que se coaduna com a sociedade hipercomplexa e pluralista, a qual não admite um código unitarizante dos vários sistemas sociais”. 194 Sem razão, com todas as vênias, o Ministro Celso de Mello, ao afirmar que, ao pluralizar; de modo excessivo, as hipóteses de prerrogativa de foro, incidiu em verdadeiro Serie Monografias Premiadas 3.indb 384 18/11/2010 12:35:50 p.m. 385 Imparcialidad judicial manera que no viola la garantía del Juez natural.191 Al contrario, en la medida en que el ordenamiento jurídico (constitucional o infraconstitucional) otorgue competencias especiales a determinados órganos judiciales, tales órganos pasan a ser los jueces naturales para causas que involucren a personas designadas en las normas respectivas. No existe duda entonces en afirmar por ejemplo, que el Senado Federal es el Juez natural del Presidente de la República en juicios en los cuales éste sea acusado de un delito de responsabilidad (CF, art. 52. I).192 De conformidad con la jurisprudencia del STF, razones de política constitucional o legislativa justifican el establecimiento de fueros diferenciados para determinadas funciones públicas, sin que ello signifique violación del Juez natural,193 ni tampoco del principio de igualdad (como esta expuesto en el voto en estudio en un importante precedente del STF),194 en el cual radican el principio de la imparciali­dad y el principio del Juez natural. 191 Así ya lo destacaba PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti Comentários à..., op. cit.; p. 325. 192 De acuerdo con Roberto ROSAS: “El Senado, en su competencia constitucional para juzgar al Presidente de la República y a los Ministros del STF en los delitos de responsabilidad, es juez natural, a pesar de ser un juez especial con poderes excepcionales” ROSAS, Roberto, Direito Processual..., op. cit; p. 31. Genéricamente, vid; GRINOVER, Ada Pellegrini, “O princípio do ...”, op. cit.; pp. 3-40, esp. p. 29. 193 STF, ADI n° 3.289-DF, Tribunal en Pleno, del Ministro Relator Gilmar Mendes, decidido por mayoría el 05.05.2005: “... Prerrogativa de fuero como refuerzo a la independencia de las funciones de poder en la República adoptada por razones de política constitucional. 11. Situación en que se justifica la diferenciación de tratamiento entre agentes políticos en virtud del interés público evidente. 12. Garantía de la prerrogativa de fuero que se coadyuva con la sociedad híper-compleja y pluralista, la cual no admite un código unitario de los varios sistemas sociales”. 194 Sin razón, con todas las venias, el Ministro Celso de Mello, al afirmar que, al pluralizar; de modo excesivo, las hipótesis de prerrogativa de fuero, incidió en una verdadera paradoja Serie Monografias Premiadas 3.indb 385 18/11/2010 12:35:50 p.m. 386 Imparcialidade judicial Na verdade, o chamado foro privilegiado, a exemplo de outras garantias, não se caracteriza como um odioso privilégio pessoal daquele que ocupa uma determinada função.195 A exemplo do que se disse acerca das garantias outorgadas aos juízes, incluindo, mas não se limitando ao foro privilegiado a eles outorgado em diversas esferas normativas, que se prestam a assegurar a independência dos juízes), o estabelecimento de foros privilegiados representa uma proteção para a função pública. Além de não violar o princípio da imparcialidade ou o princípio do juiz natural,196 o estabelecimento de foros privilegiados persegue outros objetivos relevantes, como seja, o equilíbrio entre os poderes constituídos, por exemplo, através da proteção de funções públicas contra potenciais excessos de determinados órgãos do Poder Judiciário. Tampouco parece razoável presumir que a imparcialidade de determinados julgamentos estaria afetada em razão do procedimento de nomeação dos integrantes do órgão julgador, o que desautorizaria o estabelecimento de foro privilegiado. Com efeito, sugeriu-se que o procedimento de escolha de determinados paradoxo institucional, pois, pretendendo ser republicana, mostrou-se estranhamente aristocrática. Na verdade, o constituinte republicano, ao demonstrar essa visão aristocrática e seletiva de poder, cometeu censurável distorção na formação de uma diretriz que se pautou pela perspectiva do príncipe (“ex parte principis”) e que se afastou, por isso mesmo, do postulado da igualdade” (STF, ADIs n°s 2.797-DF e 2.860-DF, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Sepulveda Pertence, julgado em 15.09.2005 – pendente de julgamento de embargos de declaração interpostos pelo Senhor Presidente da República). 195 Contra, PORTANOVA, Rui, Princípios do..., op. cit.; p. 65. 196 Há diversas vozes contrárias. Por todos, MIRANDA, Gustavo Senna, Princípio do Juiz..., op. cit.; p. 399 (conclusão) e passim. Serie Monografias Premiadas 3.indb 386 18/11/2010 12:35:50 p.m. 387 Imparcialidad judicial En verdad, la denominada jurisdicción privilegiada, a ejemplo de otras garantías, no se caracteriza como un odioso privilegio personal de quien ocupa una determinada función.195 A ejemplo de que lo que se mencionó acerca de las garantías otorgadas a los jueces (incluyendo pero no limitándose a la jurisdicción privilegiada a ellos otorgada en diversas esferas normativas que se prestan a asegurar la independencia de los jueces), el establecimiento de las jurisdicciones privilegiadas, representa una protección para la función pública. Además de no violar el principio de la imparcialidad o el principio del Juez natural,196 el establecimiento de jurisdicciones privilegiadas per­ sigue otros objetivos importantes, como ser, el equilibrio entre los poderes constituidos, por ejemplo, a través de la protección de funciones públicas contra potenciales excesos de determinados órganos del Poder Judicial. Tampoco parece razonable presumir que la imparcialidad de determinados juicios se verá afectada en razón del proce­d imien­ to de designación de los integrantes del órgano juzgador, lo que desautoriza el establecimiento de la jurisdicción privilegiada. En efec­ to, se sugirió que el procedimiento de la elección de determinados institucional, pues, pretendiendo ser republicana, se mostró extrañamente aristocrática. En verdad, el constituyente republicano, al demostrar esa visión aristocrática y selectiva de poder, cometió una censurable distorsión en la formación de una directriz que se pautó por la perspectiva del príncipe (“ex parte principis”) y que se alejó, por eso mismo, del postulado de la igualdad” (STF, ADIs n°s 2.797-DF y 2.860-DF, Tribunal en Pleno, del Ministro Relator Sepulveda Pertence, decidido el 15.09.2005-pendiente de resolución de recursos de aclaratoria promovidos por el Señor Presidente de la República). 195 En contra, PORTANOVA, Rui, Princípios do..., op. cit.; p. 65. 196 Hay diversas voces en contra. Por la mayoría, MIRANDA, Gustavo Senna, Princípio do Juiz..., op. cit.; p. 399 (conclusión) y passim. Serie Monografias Premiadas 3.indb 387 18/11/2010 12:35:50 p.m. 388 Imparcialidade judicial magistradospeloChefedoPoderExecutivoimplicarianecessariamente a suspeição desses magistrados para julgamento daquela autoridade administrativa.197 Ilustrando-se: os Ministros do STF seriam suspeitos para julgar o Presidente da República, porquanto foram nomeados a partir da escolha deste, comprometendo a sua independência e imparcialidade ou, pelo menos, expondo-os a indesejáveis pressões políticas. Ao lado de algumas críticas circunstanciais, como, por exemplo, a de que o Chefe do Poder Executivo não terá nomeado todos os membros do órgão judiciário a quem compete o julgamento (isto é, a suposta suspeição não afetaria todos os membros), do ponto de vista jurídico, a crítica não se sustenta. Antes do mais, porque a Constituição Federal fez essa opção (por exemplo, CF, art. 102, I, c, d), não sendo dado ao intérprete simplesmente negar vigência à norma constitucional (ou à ratio iuris subjacente). E, principalmente, porque a suspeição dos juízes não pode ser presumida dessa forma. Todos os agentes públicos são investidos através de algum procedimento do qual participam outras pessoas de modo mais ou menos intenso, e nem por isso é possível presumir a suspeição das pessoas, desautorizando a conclusão de que o procedimento de investidura gera suspeição. 197 Nesse sentido, Ibidem; pp. 78 e 368; na p. 78. Serie Monografias Premiadas 3.indb 388 18/11/2010 12:35:50 p.m. 389 Imparcialidad judicial Magistrados por parte del Jefe del Poder Ejecutivo implicaría necesariamente la recusación de esos Magistrados para poder juzgar a dicha autoridad administrativa.197 Ilustramos: los Ministros del STF serían sospechosos para juzgar al Presidente de la República por haber sido designados a partir de la elección de éste, comprome­tiendo su independencia e imparcialidad o, por lo menos, exponiéndolas a indeseables presiones políticas. Al lado de algunas críticas circunstanciales, como por ejemplo la de que el Jefe del Poder Ejecutivo no habrá designado a todos los miembros del órgano judicial al que le compete el juzgamiento (es decir, la supuesta sospecha no afectaría a todos los miembros), desde el punto de vista jurídico, la crítica no se sostiene. En especial, porque la Constitución Federal adoptó esa opción (por ejemplo, CF, art. 102, I, c, d), no correspondiéndole al intérprete simplemente negarle vigencia a la norma constitucional (o a la ratio iuris subyacente). Y principalmente, porque la recusación de los jueces no puede presumirse de esa manera. Todos los agentes públicos son investidos a través de algún procedimiento del que participan otras personas de manera más o menos intensa y, no por eso, es posible presumir la sospecha de las personas, desautorizando la conclusión de que el procedimiento de investidura genera sospecha. 197 En este sentido, Ibidem; pp. 78 y 368; en p. 78. Serie Monografias Premiadas 3.indb 389 18/11/2010 12:35:50 p.m. Capítulo XVIII Determinabilidade De todo o exposto, resulta claro que os conteúdos do princípio do juiz natural convergem para a prévia determinabilidade do órgão julgador dentro de um conjunto igualmente pré-determinado de órgãos, antes mesmo de ocorrerem os fatos que serão colocados à apreciação do julgador (o que é consenso na literatura jurídica brasileira198 e estrangeira).199 E é de fundamental importância que tal determinabilidade seja decorrente de critérios legais objetivos e impessoais, já existentes ao tempo em que ocorrentes os fatos que serão julgados. 198 Cfr. SANTOS, Mario Ramos dos, Foro de Eleição e Competência, Juruá Editora, Curitiba, 2005, p. 68. 199 Cfr. GONZÁLEZ PÉREZ, Jesús, El derecho a la tutela jurisdiccional, Tercera edición, Ediciones Civitas, Madrid, 2001, p. 180. 390 Serie Monografias Premiadas 3.indb 390 18/11/2010 12:35:50 p.m. Capítulo XVIII Determinabilidad De todo lo expuesto, resulta claro que los contenidos del principio del Juez natural convergen hacia la previa determinabilidad del órgano juzgador dentro de un conjunto igualmente predeterminado de órganos, antes aun de que ocurran los hechos que serán sometidos a la evaluación del juzgador (lo que suscita consenso en la literatura jurídica brasileña198 y extranjera).199 Es de fundamental importancia que tal determinabilidad se origine en criterios legales objetivos e impersonales, ya existentes en oportunidad de suceder los hechos que fueren juzgados. 198 Cfr. SANTOS, Mario Ramos dos, Foro de Eleição e Competência, Juruá Editorial, Curitiba, 2005, p. 68. 199 Cfr. GONZÁLEZ PÉREZ, Jesús, El derecho a la tutela jurisdiccional, Tercera edición, Ediciones Civitas, Madrid, 2001, p. 180. 391 Serie Monografias Premiadas 3.indb 391 18/11/2010 12:35:50 p.m. Capítulo XIX Hipóteses de Ponderação Como os princípios jurídicos de um modo geral, também o princípio do juiz natural pode e deve ser aplicado em conjunto com outros princípios para a solução de um determinado caso concreto, podendo ser sacrificado (parcial ou integralmente) para o atingimento das finalidades estipuladas por outros princípios. Essa aplicação conjunta implica operações de ponderação entre os princípios ou mesmo de sacrifício integral de um princípio – eventualmente, se for o caso, do próprio princípio do juiz natural. Na verdade, o que se propõe é a interpretação, a aplicação e a ponderação do princípio do juiz natural à luz dos chamados princípios do acesso à justiça e da eficiência, dois vetores fundamentais do processo moderno. A esse propósito, dois exemplos são ilustrativos da possibilidade de ponderação de princípios envolvendo o princípio do juiz natural: (i) a federalização da competência para julgar crimes alegadamente praticados em violação dos direitos humanos e (ii) a arbitragem, 392 Serie Monografias Premiadas 3.indb 392 18/11/2010 12:35:50 p.m. Capítulo XIX Hipótesis de ponderación Como los principios jurídicos de una manera general, también el principio del Juez natural puede y debe ser aplicado junto con otros prin­­­cipios para la solución de un determinado caso concreto, pudiendo ser sacrificado (total o parcialmente) para el logro de las finalidades estipuladas por otros principios. Esa aplicación conjunta implica operaciones de ponderación entre los principios o aun del sacrificio integral de un principio, eventualmente, si fuere el caso, del propio principio de Juez natural. En verdad, lo que se propone es la interpretación, la aplicación y la ponderación del principio del Juez natural a la luz de los denominados principios de acceso a la justicia y a la eficiencia, dos vectores fundamentales del proceso moderno. Con dicho propósito, dos ejemplos resultan aquí ilustrativos de la posibilidad de ponderación de principios, involucrando el principio del Juez natural: (I) la federalización de la competencia para juzgar delitos supuestamente cometidos violando derechos humanos y (II) 393 Serie Monografias Premiadas 3.indb 393 18/11/2010 12:35:51 p.m. 394 Imparcialidade judicial isto é, a possibilidade de partes escolherem árbitros para solução de seus litígios, com exclusão da apreciação do Poder Judiciário. Em ambos os casos, a solução deve ser guiada pela eficiência na distribuição desse direito fundamental que é o acesso à justiça, entendido como uma prestação estatal de direito fundamental. Serie Monografias Premiadas 3.indb 394 18/11/2010 12:35:51 p.m. 395 Imparcialidad judicial el arbitraje, es decir, la posibilidad de que las partes elijan árbitros para solucionar sus litigios, excluyendo la evaluación del Poder Judicial. En ambos casos, la solución debe ser guiada por la eficiencia en la distribución de ese derecho fundamental que es el acceso a la justicia, entendido como una prestación estatal de derecho fundamental. Serie Monografias Premiadas 3.indb 395 18/11/2010 12:35:51 p.m. Capítulo XX Federalização A história judiciária brasileira recente registra que diversos casos envolvendo graves violações de direitos humanos tiveram procedimentos e julgamentos questionáveis perante Tribunais estaduais, sendo certo que as condições locais foram entendidas como fatores determinantes do insucesso, notadamente das persecuções penais. A partir da perspectiva da internacionalização dos direitos humanos e da responsabilidade internacional da União Federal, interessante levantamento feito em dezembro de 2003 indicava que, dos 90 (noventa) casos promovidos contra o Brasil perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, apenas dois decorriam de violações ocorridas no âmbito da União Federal – todos os demais diziam respeito a violações que teriam sido perpetradas na esfera dos Estados.200 200 Cfr. PIOVESAN, Flávia, “Federalização dos crimes contra os direitos humanos”, Revista Brasileira de Ciências Criminais, Volume 13, Número 54, Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, São Paulo, 2005, pp. 169-183 esp. p. 178/180. 396 Serie Monografias Premiadas 3.indb 396 18/11/2010 12:35:51 p.m. Capítulo XX Federalización La historia judicial brasileña reciente registra que varios casos en los que estaban implicadas violaciones de derechos humanos, tuvieron procedimientos y juicios cuestionables en tribunales de los Estados, siendo cierto que las condiciones locales fueron entendidas como factores determinantes de la falta de éxito, principalmente de las persecuciones penales. A partir de la perspectiva de la inter­ nacionalización de los derechos humanos y de la responsabilidad internacional de la Unión Federal, un interesante estudio realizado en diciembre de 2003, indicaba que de las 90 (noventa) causas entabladas contra el Brasil ante la Comisión Interamericana de Derechos Humanos, sólo dos se originaban en violaciones que habían tenido lugar dentro del ámbito de la Unión Federal, todas las demás se relacionaban con violaciones que habrían sido perpetradas en la esfera de los Estados.200 200 Cfr. PIOVESAN, Flávia, “Federalização dos crimes contra os direitos humanos”, Revista Brasileira de Ciências Criminais, Volumen 13, Número 54, Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, São Paulo, 2005, pp. 169-183, esp. p. 178/180. 397 Serie Monografias Premiadas 3.indb 397 18/11/2010 12:35:51 p.m. 398 Imparcialidade judicial Essa situação, a par de um deletério sentimento geral de impunidade, gerou um movimento social com reverberação no parlamento e que redundou na edição da Emenda Constitucional n° 45/2004, por conta da qual, dentre diversas outras alterações e inovações, viabilizou-se o expediente que permite o deslocamento da competência para processamento e julgamento de crimes envolvendo direitos humanos para a Justiça Federal (nos termos do art. 109, § 5o da CF), com a expectativa principal de que o processamento das causas perante os órgãos da Justiça Federal seja capaz de assegurar maior proteção às vítimas de violações de direitos humanos. O dispositivo constitucional é objeto de algumas críticas negativas – algumas agudas –201 e de outros tantos elogios.202 No terreno das críticas negativas sustentou-se, com inegável autoridade, que o novo dispositivo padecia (ou padece) de substancial inconstitucionalidade, revelando violação aos limites materiais de reforma constitucional (por ameaça ao pacto federativo, nos termos do Art. 60, § 4o, I da CF), além de violar o princípio da proporcionalidade (eis que não passaria pelos testes de adequação e necessidade) e o princípio da legalidade, pois que a referência a “graves violações de direitos humanos”, constante do art. 109, § 5a da CF (com a 201 Conforme a crítica de SARLET, Ingo Wolfgang; FURIAN, Leonardo e FERNSTEINSEIFER, Tiago, “A reforma do Judiciário e a assim designada federalização dos crimes contra os direitos humanos”, en Arquivos de Direitos Humanos, Volume 7, Editora Renovar, Rio de Janeiro, 2005, pp. 81-145. 202 Por exemplo, PIOVESAN, Flávia, “Federalização dos crimes...”, op. cit.; e FACHIN, Luiz Edson, “A tutela efetiva dos direitos humanos fundamentais e a reforma do Judiciário”, In RENAULT, Sérgio Rabello Tamm, e BOTTINI, Pierpaolo, Reforma do Judiciário – Comentários à Emenda Constitucional n. 45/2004, Editora Saraiva, São Paulo, 2005, pp. 225-241. Serie Monografias Premiadas 3.indb 398 18/11/2010 12:35:51 p.m. 399 Imparcialidad judicial Esa situación, junto con un nocivo sentimiento general de impuni­ dad, provocó un movimiento social con repercusión en el parlamen­to lo que a su vez, dio lugar a la Enmienda Constitucional N° 45/2004, la que entre varias otras modificaciones e innovaciones hizo posible el juicio que permite el desplazamiento de la competencia para el procesamiento y juzgamiento de delitos que involucran derechos humanos, hacia la Justicia Federal (de acuerdo con el art. 109, § 5° de la CF), con la expectativa principal de que el procesamiento de causas presentadas ante los órganos de la Justicia Federal, sea capaz de asegurar una mayor protección a las víctimas de violaciones de los derechos humanos. La disposición constitucional es objeto de algunas críticas negativas, alguna agudas201 y de otros tantos elogios.202 En el terreno de las críticas negativas se sostuvo con innegable autoridad que la nueva disposición padecía (o padece) de inconstitucionalidad substancial, revelando violación de los límites materiales de la reforma constitucional (por amenaza al pacto federativo, según los términos del Art. 60, § 4°, I de la CF), además de violar el principio de proporcionalidad (no aprobaría los tests de adecuación y necesidad) y el principio de legalidad ya que la referencia a “graves violaciones de los derechos humanos” que figura en el art. 109, § 5° de la CF (como 201 Según la crítica de SARLET, Ingo Wolfgang; FURIAN, Leonardo y FERNSTEINSEIFER, Tiago, “La reforma del Poder Judicial y la así llamada federalización de los delitos contra los derechos humanos”, en Arquivos de Direitos Humanos, Volumen 7, Editorial Renovar, Rio de Janeiro, 2005, pp. 81-145. 202 Por ejemplo, PIOVESAN, Flávia. “Federalização dos crimes...”, op. cit.; pp. 169-183 y FACHIN, Luiz Edson, “A tutela efetiva dos direitos humanos fundamentais e a reforma do Judiciário”, en RENAULT, Sérgio Rabello Tamm, y BOTTINI, Pierpaolo, Reforma do Judiciá­ rio – Comentários à Emenda Constitucional n. 45/2004, Editora Saraiva, São Paulo, 2005, pp. 225-241. Serie Monografias Premiadas 3.indb 399 18/11/2010 12:35:51 p.m. 400 Imparcialidade judicial redação dada pela Emenda Constitucional 45/2004), traria inconsistência suficiente para “fulminar a norma”. Em complemento – e é o argumento que aqui interessa – sustenta-se que a inovação viola o princípio do juiz natural, que seria uma espécie de princípiodireito-garantia que consiste em elemento nuclear do Estado Democrático de Direito.203 O principal fundamento da crítica oposta reside no poder discricionário atribuído ao PGR para provocar o incidente de deslocamento de competência, que seria incompatível com a exigência de pré-determinação do órgão julgador (núcleo do direito ao juiz natural). O presente estudo sustenta que a inovação constitucional que prevê o deslocamento da competência para processar e julgar delitos contra os direitos humanos não viola o princípio do juiz natural. O presente estudo sustenta ainda que o juiz natural é instituído para promover a imparcialidade e, nas situações em que a imparcialidade não esteja sendo atendida, é possível mitigar a aplicação do princípio do juiz natural. Este estudo não comunga das críticas anteriores, mas não pretende refutá-las topicamente. Pretende-se apenas demonstrar que o princípio do juiz natural pode ser ponderado com outros 203 Críticas de SARLET, Ingo Wolfgang, FURIAN, Leonardo e FERNSTEINSEIFER, Tiago, “A reforma do...”, op. cit.; pp. 81-145, esp. pp. 118 e seguintes. No mesmo sentido, entendendo haver violação de cláusulas pétreas da Constituição Federal, inclusive da garantia do juiz natural: CUNHA, Leonardo José Carneiro da, “Anotações sobre...”, op. cit.; pp. 500-516, esp. p. 514. Serie Monografias Premiadas 3.indb 400 18/11/2010 12:35:51 p.m. 401 Imparcialidad judicial la redacción surgida de la Enmienda Constitucional 45/2004, causaría suficiente inconsistencia para “fulminar la norma”. Como complemento, y se trata del argumento que aquí interesa, se sostiene que la innovación viola el principio del Juez natural que sería una especie de principio-derecho-garantía que consiste en el elemento central del Estado Democrático de Derecho.203 El fundamento principal de la crítica opuesta reside en el poder discrecional atribuido al PGR para provocar el incidente de desplazamiento de la competencia que sería incompatible con la exigencia de predeterminación del órgano juzgador (núcleo del derecho al Juez natural). Sostiene el presente estudio que la innovación cons­ titucional que prevé el desplazamiento de la competencia para procesar y juzgar delitos contra los derechos humanos no viola el principio del Juez natural. Este estudio sostiene asimismo que el Juez natural es instituido para promover la imparcialidad y, en las situaciones en las que la imparcialidad no se esté respetando, es posible mitigar la aplicación del principio del Juez natural. El presente estudio no concuerda con las críticas anteriores pero tampoco pretende refutarlas tópicamente. Su propósito es solo demostrar que el principio del Juez natural puede ser sopesado junto 203 Críticas de SARLET, Ingo Wolfgang, FURIAN, Leonardo y FERNSTEINSEIFER, Tiago, “A reforma do..., op. cit.; pp. 81-145, esp. pp. 118 y siguientes. En el mismo sentido, entendiendo que existió una violación de cláusulas pétreas de la Constitución Nacional, inclusive de la garantía del juez natural: CUNHA, Leonardo José Carneiro da, “Anotações sobre...”, op. cit.; pp. 500-516, esp. p. 514. Serie Monografias Premiadas 3.indb 401 18/11/2010 12:35:51 p.m. 402 Imparcialidade judicial princípios, promovendo-se estes últimos em detrimento da eficácia do primeiro. Nesse sentido, afirma-se que o sacrifício imposto ao juiz natural pela possibilidade de federalização de determinadas ações criminais que versam sobre direitos humanos é justificada pela promoção dos direitos humanos, que é maximizada pela eficiência na persecução penal de ofensores de direitos humanos e, em última análise, pela promoção da imparcialidade. Assim, em um primeiro plano, enfrenta-se a questão da pré-determinação. A crítica é no sentido de que o órgão para processamento e julgamento da causa (que encerraria grave violação dos direitos humanos) estaria sendo escolhido em momento posterior ao fato. O argumento não procede, com todas as vênias devidas. Com efeito, acaso acolhido o incidente suscitado pelo PGR, será novamente distribuído o feito, agora a um órgão integrante da Justiça Federal, que goza dos mesmos critérios de pré-determinação que o órgão estadual. Assim, em que pese tenha havido alteração quanto ao órgão julgador, a segunda escolha terá sido feita observando os mesmos critérios gerais, abstratos e impessoais que devem nortear a escolha dos órgãos jurisdicionais (dentre os órgãos integrantes da Justiça Federal).204 204 Correta RODRIGUES, Geisa de Assis, “Anotações sobre...”, op. cit.; pp. 173-198, esp. p. 190 (pela constitucionalidade do dispositivo). Vide ainda, quanto plano civil, a convergente opinião de DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de Direito..., op. cit.; p. 574. Serie Monografias Premiadas 3.indb 402 18/11/2010 12:35:51 p.m. 403 Imparcialidad judicial con otros principios, promoviéndose estos últimos en detrimento de la eficacia del primero. En tal sentido, se afirma que el sacrificio impuesto al Juez natural por la posibilidad de federalización de determinadas acciones penales que tienen que ver con derechos humanos, está justificado por la promoción de los derechos humanos, que es maximizada por la eficiencia en la persecución penal de los ofensores de los derechos humanos y, en último análisis, por la promoción de la imparcialidad. En un primer plano se enfrenta la cuestión de la predetermi­ nación. La crítica se formula en el sentido de que el órgano de procesamiento y juzgamiento de la causa (que implicaría una grave violación de los derechos humanos) se elegiría en un momento posterior al hecho. El argumento no procede, con todas las venias debidas. En efecto, de ser aceptado el incidente suscitado por el PGR, el juicio será nuevamente asignado, esta vez a un órgano integrante de la Justicia Federal que goza de los mismos criterios de predeterminación que el órgano estadual. Entonces, a pesar de que haya existido una alteración en cuanto al órgano juzgador, la segunda elección se habrá efectuado observando los mismos criterios generales, abstractos e impersonales que deben regir la elección de los órganos jurisdiccionales (entre los órganos integrantes de la Justicia Federal).204 204 Correcta la posición de RODRIGUES, Geisa de Assis, “Anotações sobre...”, op. cit.; pp. 173-198, esp. p. 190 (por la constitucionalidad del dispositivo). Ver también, en cuanto al plano civil, la convergente opinión de DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de Direito..., op. cit.; p. 574. Serie Monografias Premiadas 3.indb 403 18/11/2010 12:35:51 p.m. 404 Imparcialidade judicial Também não procede a crítica à discricionariedade atribuída ao PGR (nem muito menos o argumento “pragmático” de que a norma que prevê o deslocamento ensejaria perseguições a desafetos políticos).205 Em primeiro lugar, às mais elevadas autoridades são atribuídos certos poderes discricionários; o próprio PGR possui o poder discricionário de promover ação direta de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade (CF, art. 103, VI) e esse poder parece ser induvidosamente mais importante do que o poder de provocar o aludido incidente de deslocamento de competência para processamento de determinadas causas criminais. Em segundo lugar, a aludida “discricionariedade” encontra-se submetida ao controle do STJ (CF, art. 109, § 5o), isto é, o deslocamento da competência para a Justiça Federal depende de um ato complexo que resulta em uma decisão de um Tribunal Superior acerca da caracterização da grave violação de direitos humanos, decisão essa que, consoante as demais, deve ser devidamente motivada. Quando muito, há discricionariedade no que diz respeito à formulação do pedido de instauração do incidente, nunca em relação ao deslocamento propriamente dito. Em terceiro lugar, o fato de uma terceira pessoa estranha ao feito (o PGR) dispor do poder de provocar alteração da competência não representa por si só violação do juiz natural – assim, por exemplo, admite-se que o ingresso da União Federal, manifestando 205 Cfr. SARLET, Ingo Wolfgang, FURIAN, Leonardo e FERNSTEINSEIFER, Tiago, “A reforma do...”, op. cit.; pp. 81-145, esp. p. 124. Serie Monografias Premiadas 3.indb 404 18/11/2010 12:35:51 p.m. 405 Imparcialidad judicial Tampoco procede la crítica a la discrecionalidad atribuida al PGR (ni mucho menos el argumento “pragmático” de que la norma que prevé el desplazamiento implicaría persecuciones a adversarios políticos).205 En primer lugar, a las más elevadas autoridades se les atribuyen ciertos poderes discrecionales; el propio PGR posee el poder discrecional de entablar acción directa de inconstitucionalidad y acción declaratoria de constitucionalidad (CF, art. 103, VI) y esa facultad parece ser indudablemente más importante que la facultad de provocar el citado incidente de desplazamiento de competencia para el procesamiento de determinadas causas penales. En segundo lugar, la mencionada “discrecionalidad” se encuentra sometida al control del STJ (CF, art. 109, § 5°), es decir, el desplazamiento de la competencia a la Justicia Federal, depende de un acto complejo que resulta en una decisión de un Tribunal Superior sobre la caracterización de la grave violación de derechos humanos, decisión que de acuerdo con las demás, debe estar debidamente motivada. Cuando mucho, existe discrecionalidad en lo relacionado con la formulación del pedido de instauración del incidente pero no con relación al desplazamiento propiamente dicho. En tercer lugar, el hecho de que un tercero ajeno al juicio (el PGR) disponga del poder de provocar una alteración de la competencia no representa por si solo una violación del Juez natural. Por ejemplo, se admite que el ingreso de la Unión Federal, manifestando discre- 205 Cfr. SARLET, Ingo Wolfgang, FURIAN, Leonardo y FERNSTEINSEIFER, Tiago, “A reforma do...”, op. cit.; pp. 81-145, esp. p. 124. Serie Monografias Premiadas 3.indb 405 18/11/2010 12:35:51 p.m. 406 Imparcialidade judicial discricionariamente interesse no resultado do litígio, em um determinado processo que tramita perante a Justiça Estadual, desloca a competência (até para apreciar o interesse da União Federal, nos termos da Súmula n° 150 do STJ) para a Justiça Federal. Ou seja, a existência de discricionariedade não é causa de inconstitucionalidade, muito menos eventual patologia na utilização do instrumento (como seja, para perseguição de desafetos políticos, conforme aventado pela crítica antes referida). Por fim, igualmente não colhem os efeitos desejados as tentativas dos críticos de estabelecer diferenças206 entre o desaforamento (previsto no CPP, art. 427, com a redação dada pela Lei n° 11.689/08) e o deslocamento de competência. Em ambos os casos, há preocupação com a imparcialidade207 e a independência dos julgadores e em ambos os casos a solução encontrada é o deslocamento do julgamento para outro órgão que se entende gozar daqueles predicados. 206 Cfr. Ibidem; pp. 81-145, esp. p. 132. 207 Por exemplo STJ, Quinta Turma, Habeas Corpus n° 83.966-RJ, Relatora a Ministra Jane Silva (Desembargadora convocada do TJMG), julgado unânime em 18.10.2007, que se refere a “dúvida sobre a imparcialidade do Júri” nos termos do atual art. 427 do CPP (antigo art. 424) e autoriza o deslocamento para a Comarca da Capital ao invés de distrito próximo ao da culpa como forma de assegurar que o julgamento seja imparcial. Sobre o desaforamento, veja-se SCHREIBER, Simone, A Publicidade Opressiva..., op. cit.; pp. 222 e seguintes. Serie Monografias Premiadas 3.indb 406 18/11/2010 12:35:51 p.m. 407 Imparcialidad judicial cionalmente interés en el resultado del litigio, en una determinada causa que tramita en la Justicia Estadual, desplaza la competencia (hasta para apreciar el interés de la Unión Federal, en los términos del Breve Resumen N° 150 del STJ) a la Justicia Federal. O sea, la existencia de discrecionalidad no es causa de inconstitucionalidad, mucho menos de una eventual patología en la utilización del instrumento (como ser, para la persecución de adversarios políticos, según lo expuesto por la crítica antes citada). Por último, los efectos deseados no recogen los intentos de los críticos de establecer diferencias 206 entre el desplazamiento (previsto en el CPP, art. 427, con la redacción de la Ley N° 11.689/08) y el desplazamiento de competencia. En ambos casos, existe preocupación con respecto a la imparcialidad207 y a la independencia de los juzgadores y, en ambos casos, la solución encontrada es el desplazamiento del juicio a otro órgano que goce de esos predicados. 206 Cfr. Ibidem; pp. 81-145, esp. p. 132 207 Por ejemplo STJ, Sala Quinta, Habeas Corpus n° 83.966-RJ, de la Ministra Relatora Jane Silva (Jueza convocada por el TJMG), fallo unánime del 18.10.2007, que se refiere a “dudas sobre la imparcialidad del Tribunal de Enjuiciamiento” en los término del actual art. 427 del CPP (antiguo art. 424) y autoriza el traslado a la Comarca de la Capital y no al distrito próximo al del hecho como forma de asegurar que el juzgamiento sea imparcial. Sobre dicho traslado, ver SCHREIBER, Simone, A Publicidade Opressiva..., op. cit.; pp. 222 y siguientes. Serie Monografias Premiadas 3.indb 407 18/11/2010 12:35:51 p.m. Capítulo XXI Arbitragem Quanto ao segundo exemplo, são conhecidas as discussões que a arbitragem suscita acerca da garantia constitucional de acesso à justiça (CF, art. 5o, XXXV); sendo certo que a arbitragem, ao invés de violar a referida garantia, promove o acesso à justiça (inclusive na linha da jurisprudência do STF que reconheceu a constitucionalidade da arbitragem). Na verdade, embora possua múltiplas variáveis, a questão pode ser colocada em termos diretos e objetivos, a saber: a indicação ex post facto de um julgador (denominado árbitro) para julgar um determinado litígio viola a garantia constitucional do juiz natural (CF, art. 5o, XXXVII)? De acordo com a Lei de Arbitragem (Lei n° 9.307/96), é lícito às partes que estejam se confrontando em um determinado processo, conduzido pelo juiz natural, regularmente pré-determinado de acordo com critérios objetivamente indicados pela legislação, celebrarem uma convenção de arbitragem na qual decidem submeter esse 408 Serie Monografias Premiadas 3.indb 408 18/11/2010 12:35:51 p.m. Capítulo XXI Arbitraje En cuanto al segundo ejemplo, son conocidas las discusiones que suscita el arbitraje con respecto a la garantía constitucional de acceso a la justicia (CF, art. 5°, XXXV), siendo verdad que el arbitra­ je en vez de violar la citada garantía, promueve el acceso a la justicia (inclusive dentro de la línea de la jurisprudencia del STF que reconoció la constitucionalidad del arbitraje). En verdad, aunque posea múltiples variables, la cuestión puede colocarse en términos directos y objetivos, a saber: ¿la designación ex post facto de un juzgador (denominado árbitro) para juzgar un determinado litigio viola la garantía constitucional del Juez natural (CF, art. 5°, XXXVII)? De acuerdo con la Ley de Arbitraje (Ley N° 9.307/96) es lícito para las partes que se confronten en una determinada causa, conducida por el Juez natural, regularmente predeterminado de acuerdo con criterios objetivamente indicados por la legislación, celebrar un convenio de arbitraje en virtud del cual deciden someter ese litigio 409 Serie Monografias Premiadas 3.indb 409 18/11/2010 12:35:51 p.m. 410 Imparcialidade judicial litígio à apreciação de um árbitro escolhido especificamente para este julgamento. O entendimento dominante em sede doutrinária e jurisprudencial considera que não há incompatibilidade entre o juízo arbitral e a garantia do juiz natural.208 Mais uma vez, a preocupação do direito positivo, da doutrina e da jurisprudência é com a imparcialidade, e não exatamente com uma de suas facetas, qual seja, o juiz natural. Com efeito, a Lei de Arbitragem prevê a possibilidade de discussão em torno à parcialidade do julgador, prevendo a possibilidade de se questionar o impedimento ou a suspeição do árbitro, inclusive no sentido de se anular a decisão arbitral respectiva. Contudo, nada impede a escolha ex post facto do árbitro (da pessoa física que vai funcionar como julgador). Ou seja, abriu-se mão da garantia do juiz natural, sem se abrir mão da imparcialidade do julgador (a qual, aliás, é relativizada em sede de arbitragem), vez que devem ser preservadas a equidistância e a independência do julgador, evidenciando-se também que as três faces da imparcialidade são independentes entre si (embora intrinsecamente ligadas). Nem sempre os autores que tratam do tema admitem que a escolha de um árbitro representa desconsideração do princípio do juiz natural. É induvidoso que representa um sacrifício a esse princípio. Na verdade, emprega-se interpretação sistemática (conjugação da 208 No sentido do texto: CUNHA, Leonardo José Carneiro da, “Anotações sobre..., op. cit.; pp. 500-516; p. 508. Serie Monografias Premiadas 3.indb 410 18/11/2010 12:35:51 p.m. 411 Imparcialidad judicial a la apreciación de un árbitro elegido específicamente para dicho juzgamiento. El criterio dominante en sede doctrinaria y jurisprudencial considera que no existe incompatibilidad entre el juicio arbitral y la garantía del Juez natural.208 Una vez más, la preocupación del derecho positivo, de la doctrina y de la jurisprudencia es la imparcialidad y no exactamente una de sus facetas, como ser, el Juez natural. En efecto, la Ley de Arbitraje prevé la posibilidad de discusión sobre la parcialidad del juzgador, contemplando la posibilidad de cuestionar la recusación o excusación del árbitro, inclusive en el sentido de anularse la decisión arbitral pertinente. Pero nada impide la elección ex post facto del árbitro (de la persona física que a va a funcionar como juzgador). O sea, se desistió de la garantía del Juez natural, sin desistir de la imparcialidad del juzgador (la cual, es relativizada en la sede de arbitraje) ya que deben ser preservadas la equidistancia y la independencia del juzgador, evidenciándose también que las tres caras de la imparcialidad son independientes entre sí (aun cuando estén intrínsecamente interrelacionadas). No siempre los autores que tratan el tema admiten que la elección de un árbitro representa dejar de lado el principio del Juez natural. No quedan dudas de que representa un sacrificio de ese principio. En verdad, se emplea la interpretación sistemática (combinación de 208 En el sentido del texto: CUNHA, Leonardo José Carneiro da, “Anotações sobre...”, op. cit.; pp. 500-516; p. 508. Serie Monografias Premiadas 3.indb 411 18/11/2010 12:35:51 p.m. 412 Imparcialidade judicial proteção do juiz natural com a promoção do acesso à justiça) e interpretação finalística (a proteção ao juiz natural é um meio para alcançar-se o objetivo final, que é a proteção da imparcialidade) para concluir-se que o juiz natural pode ser sacrificado na hipótese em que as partes façam opção pela solução do litígio através da arbitragem. Mais uma vez o chamado princípio do acesso à justiça e o princípio da eficiência209 (em sua vertente processual) apresentamse como parâmetros preferenciais em operações de ponderação210 em relação ao princípio do juiz natural. 209 Cfr. DIEGO DÍEZ, Luis-Alfredo de, El derecho al juez..., op. cit.; p. 131, referindo-se a eficácia em lugar de eficiência: “En suma, se justifica la quiebra (o, si se prefiere, la excepción o derogación) del Juez predeterminado (principio constitucional que además es un derecho fundamental de la persona) en aras de criterios de eficacia”. 210 Novamente Ibidem; p. 132: “Como ya adelantamos, significativos pronunciamientos de la jurisprudencia constitucional ha relativizado la predeterminación del Juez. Las excepciones y derogaciones en esta materia se justifican por temor a que un desproporcionado garantismo llegue a suponer un obstáculo insalvable ante una hipotética reforma de la organización jurisdiccional. Los argumentos utilizados han sido desde razones de orden práctico sobre la eficacia o buen funcionamiento de la Administración de Justicia, hasta razones estrictamente jurídicas como la ponderación con otros valores constitucionales o la ratio del derecho fundamental al Juez predeterminado”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 412 18/11/2010 12:35:51 p.m. 413 Imparcialidad judicial la protección del Juez natural con la promoción del acceso a la justicia) y la interpretación finalística (la protección del Juez natural es un medio para alcanzar el objetivo final que es la protección de la imparcialidad) para concluir que el Juez natural puede ser sacrificado por la hipótesis de que las partes opten por la solución del litigio a través del arbitraje. Una vez más, el denominado principio de acceso a la justicia y el principio de la eficiencia209 (en su vertiente pro­ cesal) se presentan como parámetros preferenciales en operaciones de ponderación210 con relación al principio del Juez natural. 209 Cfr. DIEGO DÍEZ, Luis-Alfredo de, El derecho al juez..., op. cit.; p. 131, refiriéndose a la eficacia en lugar de la eficiencia: “En suma, se justifica la quiebra (o, si se prefiere, la excepción o derogación) del Juez predeterminado (principio constitucional que además es un derecho fundamental de la persona) en aras de criterios de eficacia”. 210 Nuevamente Ibidem; p. 132: “Como ya adelantamos, significativos pronunciamientos de la jurisprudencia constitucional han relativizado la predeterminación del Juez. Las excepciones y derogaciones en esta materia se justifican por temor a que un desproporcionado garantismo llegue a suponer un obstáculo insalvable ante una hipotética reforma de la organización jurisdiccional. Los argumentos utilizados han sido desde razones de orden práctico sobre la eficacia o buen funcionamiento de la Administración de Justicia, hasta razones estrictamente jurídicas como la ponderación con otros valores constitucionales o la ratio del derecho fundamental al Juez predeterminado”. Serie Monografias Premiadas 3.indb 413 18/11/2010 12:35:51 p.m. Capítulo XXII Outros Exemplos de Ponderação Os exemplos multiplicam-se. Nas hipóteses de litisconsórcio facultativoativoulterior(tambémchamadaintervençãolitisconsorcial voluntária211 e em que pese a ocorrência de posicionamentos contrários, na doutrina212 e inclusive na jurisprudência do STJ213), de avocação de causas214 e em tantas outras, preservado o núcleo mínimo da imparcialidade, o perfil do juiz natural é restringido ou mesmo sacrificado como forma de maximizar o acesso à justiça 211 Sobre o litisconsórcio ativo ulterior, por todos, vide DINAMARCO, Cândido Rangel, Litisconsórcio, 4a Edição, Malheiros Editores, São Paulo, 1996, p. 338. 212 CARNEIRO, Athos Gusmão, “O litisconsórcio facultativo ativo ulterior e os princípios do juiz natural e do devido processo legal”, Revista dos Tribunais, 1989, Volume 776, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2000, pp.109-120 213 STJ, Quinta Turma, Recurso Especial n° 796.064-RJ, Relator o Ministro Luiz Fux, julgado unânime em 22.10.1998. 214 Sobre a avocatória, por todos, vide a reflexão de MACIEL, Adhemar Ferreira. “Avocatória: violação do juiz natural ou uma exigência de nossos tempos?”, In TEIXEIRA, Sálvio de Figueiredo (coordenador), As Garantias do Cidadão na Justiça, Editora Saraiva, São Paulo, 1993, pp. 197-205. 414 Serie Monografias Premiadas 3.indb 414 18/11/2010 12:35:51 p.m. Capítulo XXII Otros ejemplos de ponderación Los ejemplos se multiplican. En los casos de litisconsorcio facultativo activo ulterior (también denominado intervención litisconsorcial voluntaria211 pese a presentarse posicionamientos contrarios en la doctrina212 e inclusive en la jurisprudencia del STJ213), de traslado de causas a tribunales superiores214 y en tantos otros, preservando el núcleo mínimo de la imparcialidad, el perfil del Juez natural es restringido o aun sacrificado como forma de maximizar el acceso a la 211 Sobre el litisconsorcio activo ulterior, por la mayoría, ver DINAMARCO, Cândido Rangel, Litisconsórcio, 4a Edición, Malheiros Editores, São Paulo, 1996, p. 338. 212 CARNEIRO, Athos Gusmão, “O litisconsórcio facultativo ativo ulterior e os princípios do juiz natural e do devido processo legal”, Revista dos Tribunais, 1989, Volumen 776, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 2000, pp.109-120. 213 STJ, Sala Quinta, Recurso Especial n° 796.064-RJ, del Ministro Relator Luiz Fux, fallo unánime del 22.10.1998. 214 Sobre fuero de atracción, por la mayoría, ver la reflexión de MACIEL, Adhemar Ferreira, “Avocatória: violação do juiz natural ou uma exigência de nossos tempos?”, en TEIXEIRA, Sálvio de Figueiredo (coordinador), As Garantias do Cidadão na Justiça, Saraiva, São Paulo, 1993, pp. 197-205. 415 Serie Monografias Premiadas 3.indb 415 18/11/2010 12:35:51 p.m. 416 Imparcialidade judicial e/ou a eficiência processual, vetores que efetivamente preponderam nas análises dessas situações processuais, inclusive sobre o princípio do juiz natural – a doutrina estrangeira fala, a propósito da relativização da proteção do juiz natural (rectius: do juiz prédeterminado). Serie Monografias Premiadas 3.indb 416 18/11/2010 12:35:51 p.m. 417 Imparcialidad judicial justicia y/o a la eficiencia procesal, vectores que efectivamente pre­ ponderan en los análisis de esas situaciones procesales, inclusive sobre el principio del Juez natural – la doctrina extranjera hace referen­cia a la relativización de la protección del Juez natural (rectius: del Juez predeterminado). Serie Monografias Premiadas 3.indb 417 18/11/2010 12:35:51 p.m. Capítulo XXIII À Guisa de Conclusão Como consectário da forma principiológica (e da correspectiva força normativa), o princípio do juiz natural é indicado, tanto na doutrina brasileira215 como na literatura estrangeira,216 como fonte de um direito subjetivo dos litigantes a um julgamento por um juiz competente e imparcial – e, neste sentido, seria a fonte um direito fundamental dos litigantes. À conta das considerações precedentes, resta clara a autonomia conceitual da idéia de imparcialidade-juiz natural em relação à imparcialidade-equidistância e à imparcialidade-independência. 215 À guisa de exemplo, SOUZA, Artur César, “A parcialidade positiva do juiz (justiça parcial) como critério de realização no processo jurisdicional das promessas do constitucionalismo social”, In Revista dos Tribunais, Volume 857, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2007, pp. 29-53, esp. p. 36. 216 Nessa perspectiva, indica-se um direito subjetivo do jurisdicionado a ser julgado pelo juiz competente. DIEGO DÍEZ, Luis-Alfredo de, El derecho al juez..., op. cit.; p. 28. 418 Serie Monografias Premiadas 3.indb 418 18/11/2010 12:35:51 p.m. Capítulo XXIII A guisa de conclusión Como consecuencia de la forma principiológica (y de la correspectiva fuerza normativa), el principio del Juez natural es citado tanto en la doctrina brasileña215 como en la literatura extranjera,216 como fuen­ te de un derecho subjetivo de los litigantes a ser juzgados por un Juez competente e imparcial –y, en este sentido sería la fuente un derecho fundamental de los litigantes. Como consecuencia de las consideraciones que anteceden se torna clara la autonomía conceptual de la idea de imparcialidad –Juez natural con relación a la imparcialidad– como equidistancia 215 A modo de ejemplo, SOUZA, Artur César. “A parcialidade positiva do juiz (justiça parcial) como critério de realização no processo jurisdicional das promessas do constitucionalismo social”, en Revista dos Tribunais, Volumen 857, Editorial Revista dos Tribunais, São Paulo, 2007, pp. 29-53, esp. p. 36. 216 En esta perspectiva, se indica un derecho subjetivo del ciudadano a ser juzgado por el juez competente. DIEGO DÍEZ, Luis-Alfredo de, El derecho al juez..., op. cit.; p. 28. 419 Serie Monografias Premiadas 3.indb 419 18/11/2010 12:35:51 p.m. 420 Imparcialidade judicial São idéias complementares e intrinsecamente ligadas, mas que podem ser estudadas separadamente com vantagens analíticas. Ainda que o juiz não possua qualquer interesse no resultado do litígio, nem tampouco tenha sua liberdade de julgar tolhida em razão de qualquer tipo de pressão, somente será considerado realmente imparcial caso o procedimento para sua escolha como julgador tenha atendido aos parâmetros constitucionais e legais exigíveis (notadamente a pré-determinação a partir de critérios gerais e impessoais). Evidenciada ao longo do estudo a sua relevância, a imparcialidade caracteriza-se, assim, a partir da aglutinação desses três perfis, em um dos princípios cardeais do processo justo. Serie Monografias Premiadas 3.indb 420 18/11/2010 12:35:51 p.m. 421 Imparcialidad judicial y de la idea de imparcialidad-independencia. Son ideas complementarias e intrínsecamente vinculadas, pero que pueden ser estudiadas separadamente con ventajas analíticas. Aun cuando el Juez no posea interés alguno en el resultado del litigio, ni tampoco su libertad de juzgar sea restringida con motivo de cualquier clase de presión, será considerado realmente imparcial sólo si el procedimiento para su elección como juzgador haya dado cumplimiento a los parámetros constitucionales y legales exigibles (principalmente la predeterminación a partir de criterios generales e impersonales). La relevancia de la imparcialidad ha sido puesta en evidencia a lo largo del estudio y la misma se caracteriza a partir de la aglutinación de esos tres perfiles, como uno de los principios cardinales del juicio justo. Serie Monografias Premiadas 3.indb 421 18/11/2010 12:35:51 p.m. Serie Monografias Premiadas 3.indb 422 18/11/2010 12:35:51 p.m. Bibliografía AGRA, Walber de Moura, Comentários à Reforma do Poder Judi­ ciário, Editora Forense, Rio de Janeiro: 2005. 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Esta justiça da arbitrariedade mostra, como em um conto aparentemente infantil, também se pode violar o direito a um juiz imparcial, porque Fúria, neste caso, concentrava as funções de acusador e juiz instrutor em uma só pessoa, algo que se torna inconcebível em um sistema democrático de administração de justiça. A passagem é a seguinte: ‘Juntos iremos ante a LEI: Eu acusarei! Você se defenderá! Vamos! Não aceitarei mais dilação! Um processo haveremos de ter, pois na verdade, não tive esta manhã outra coisa para fazer!’ Disse o rato à energúmena: ‘Tal pleito, respeitável dama, sem jurado nem juiz, não serviria mais que para esgoelarmos inutilmente’, 448 Serie Monografias Premiadas 3.indb 448 18/11/2010 12:35:53 p.m. Preámbulo En la obra Alicia en el País de las Maravillas (1865), del escritor Lewis Carrol, existe un célebre pasaje en el cual un ratón cuenta a Alicia su desgracia de haber sido acusado, procesado y sentenciado a muerte por una Furia sin haber tenido ninguna garantía judicial. Esta justicia de la arbitrariedad denota cómo en un cuento aparentemente infantil, también se puede violar el derecho a un Juez imparcial, porque la Furia en este caso concentraba las labores de acusador y Juez instructor en una sola persona, algo que deviene en inconcebible en un sistema democrático de administración de justicia. El pasaje es el siguiente: ‘Juntos iremos ante la LEY: ¡Yo acusaré! ¡Tú te defenderás! ¡Vamos! ¡No aceptaré más dilación! ¡Un proceso hemos de tener, pues en verdad, no he tenido esta mañana otra cosa qué hacer!’ Dijo el ratón a la energúmena: ‘Tal pleito respetable dama, sin jurado ni Juez, no serviría más que para desgañitarnos inútilmente’ 449 Serie Monografias Premiadas 3.indb 449 18/11/2010 12:35:53 p.m. 450 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial ‘Eu serei o juiz e o júri’, replicou maliciosa a velha Fúria, ‘Serei eu quem diga tudo quanto disser e EU quem à morte te condene’.1 A presente pesquisa retomou a preocupação de Alice frente à justiça e mais exatamente estuda o tema da imparcialidade do juiz, que é evidentemente infringido por Fúria que se recusa a julgar o rato perante a Lei. Neste sentido, este trabalho em um primeiro momento começará analisando a origem teórica do direito à imparcialidade de um juiz imparcial partindo do direito à tutela jurisdicional, para, a seguir, estabelecer suas diferenças com outras instituições como a independência, a jurisdição e o juiz ordinário predeterminado por lei e, finalmente, desmembrar as concepções de imparcialidade - a neutralidade, a imparcialidade da Argumentação Jurídica, a imparcialidade garantista de Luigi Ferrajoli e a imparcialidade empática do Direito & Literatura. Em um segundo momento, se procederá a decifrar a complexidade do modelo neoconstitucionalista pelo exame da legislação iberoamericana relacionada, do conteúdo constitucional do direito ao juiz imparcial, das figuras conexas da recusa e abstenção e da tentativa proposta de uma imparcialidade da complexidade. E em um terceiro momento, se procederá à análise do capítulo concernente à Imparcialidade Judicial no Código Ibero-americano de Ética Judicial a partir das noções de igualdade, da objetividade em relação à prova, da razoabilidade e das virtudes morais, da perspectiva do observador razoável e da possibilidade de implantar um código supranacional sancionador. A seguir, o prometido. 1 Carrol, Lewis. Alicia en el País de las Maravillas, Siruela, Madrid, 2003, p. 60. Serie Monografias Premiadas 3.indb 450 18/11/2010 12:35:53 p.m. 451 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial ‘Yo seré el Juez, y el jurado’, replicó taimada la vieja furia ‘¡Seré yo quien diga todo cuanto diga y YO quien a muerte te condene’.1 La presente investigación ha retomado la preocupación de Alicia frente a la justicia y más exactamente en cuanto al tema de la imparcialidad del Juez, que es evidentemente infringido por la Furia al acusar y juzgar al ratón ante la ley. En esta medida este trabajo en un primer momento comenzará por analizar el origen teórico del derecho a la imparcialidad del Juez imparcial a partir del derecho a la tutela jurisdiccional, para a continuación establecer sus diferencias con otras instituciones como la independencia, la jurisdicción y el Juez ordinario predeterminado por ley, y finalmente desglosar las concepciones de imparcialidad como neutralidad, la imparcialidad de la argumentación jurídica, la imparcialidad garantista de Luigi Ferrajoli y la imparcialidad empática del Derecho & Literatura. En un segundo momento se procederá a desentrañar la complejidad del modelo neo constitucionalista, a través del examen de la legislación iberoamericana implicada, el contenido constitucional del derecho al Juez imparcial, las figuras conexas de la recusación y abstención, y la tentativa propuesta de una imparcialidad de la com­ plejidad. Y en un tercer momento se procederá al análisis del capítulo concerniente a la imparcialidad judicial en el Código Iberoamericano de Ética Judicial desde las nociones de igualdad, objetividad en relación a la prueba, razonabilidad, virtudes morales, la perspectiva del observador razonable y la posibilidad de implementar un código supranacional sancionador. Acto seguido lo prometido. 1 Carrol, Lewis, Alicia en el País de las Maravillas, Siruela, Madrid, 2003, p. 60. Serie Monografias Premiadas 3.indb 451 18/11/2010 12:35:53 p.m. Capítulo I O direito a um juiz imparcial 1. O direito à tutela jurisdicional Na opinião do professor espanhol Jesús González Pérez, a tutela jurisdicional é o direito de toda pessoa à justiça; é a garantia de que, ao se pretender algo de alguém, esta pretensão seja atendida por um órgão jurisdicional por meio de um processo de garantias mínimas. Desta forma, este direito desdobra seus efeitos em três momentos distintos, como: a) No acesso à justiça (Acesso à Jurisdição); b) Quando o processo já foi iniciado (Devido Processo), e; c) Uma vez proferida a sentença, no momento culminante da execução e plena efetividade dos pronunciamentos (Efetividade das Sentenças).2 2 Cfr. González Pérez, Jesús, El Derecho a la Tutela Jurisdiccional, Tercera Edición, Civitas, Madrid, 2001, p. 33-59. 452 Serie Monografias Premiadas 3.indb 452 18/11/2010 12:35:53 p.m. Capítulo I El derecho a un Juez imparcial 1. El derecho a la tutela jurisdiccional En opinión del profesor español Jesús González Pérez la tutela jurisdiccional es el derecho de toda persona a que se haga justicia, a que cuando pretenda algo de otra, esta pretensión sea atendida por un órgano jurisdiccional, a través de un proceso de garantías mínimas. De esta forma este derecho despliega sus efectos en tres momentos distintos como son: a) En el acceso a la justicia (acceso a la jurisdicción), b) Cuando el proceso ya está iniciado (proceso debido), y; c) Una vez dictada la sentencia en el momento culminante de la ejecución y plena efectividad de los pronunciamientos (efectividad de las sentencias).2 2 Cfr. González Pérez, Jesús, El derecho a la tutela jurisdiccional, 3a ed., Civitas, Madrid, 2001, pp. 33-59. 453 Serie Monografias Premiadas 3.indb 453 18/11/2010 12:35:53 p.m. 454 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial Dentro este mesmo raciocínio, a tutela jurisdicional só será efetiva se o órgão jurisdicional reunir certas condições e se, antes de proferir a sentença, prosseguir em um processo com as garantias que tornem possível a defesa das partes;3 uma dessas garantias do Devido Processo é exatamente o direito a um juiz imparcial, que impede a intervenção dos juízes em um processo se suas relações com a pretensão ou as partes puderem colocar em dúvida sua imparcialidade ou a confiança em sua imparcialidade,4 com o que, a partir desta ótica, a tutela jurisdicional conteria o Devido Processo e este, por sua vez, o direito ao juiz imparcial. De seu lado, o peruano César Landa Arroyo distingue entre Devido Processo e Tutela Jurisdicional, esclarecendo que os direitos ao Devido Processo são a base sobre a qual se assentam a tutela judicial e não judicial; por isso, nesta mesma linha de raciocínio, uma dessas garantias jurisdicionais é o direito ao juiz natural que assume a proteção da independência e imparcialidade do juiz diante dos demais poderes públicos,5 e que significa unidade judicial, ou seja, a incorporação do juiz ao Poder Judiciário e ao Tribunal Constitucional; o caráter judicial ordinário, isto é, a proibição de criar tribunais e juizados de exceção ou parajudiciais, e a predeterminação legal do órgão judicial pela qual somente por lei do Congresso pode ser criado qualquer órgão jurisdicional.6 3 Cfr. Ibidem, p. 163. 4 Cfr. Ibidem, p. 170. 5 Cfr. Landa Arroyo, César, Teoría del Derecho Procesal Constitucional, Palestra Editores, Lima, 2003, p. 202. 6 Cfr. Ibidem, p. 203. Serie Monografias Premiadas 3.indb 454 18/11/2010 12:35:53 p.m. 455 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial Dentro de este mismo razonamiento la tutela jurisdiccional sólo será efectiva si el órgano jurisdiccional reúne ciertas condiciones y antes de dictar sentencia sigue un proceso investido de las garantías que hagan posible la defensa de las partes,3 una de esas ga­ rantías del Proceso Debido es exactamente el derecho a un Juez imparcial que impide a los Jueces intervenir en un proceso si sus relaciones con la pretensión o las partes pueden poner en duda su imparcialidad o la confianza en su imparcialidad,4 con lo que desde esta óptica la tutela jurisdiccional contendría el Proceso Debido y éste a su vez el derecho al Juez imparcial. Por su parte el peruano César Landa Arroyo distingue entre debido proceso y tutela jurisdiccional, constituyendo los derechos al debido proceso la base sobre la cual se asienta la tutela judicial y no judicial; por lo que en esta misma línea de razonamiento una de esas garantías jurisdiccionales está constituida por el derecho al Juez natural que asume el resguardo de la independencia e imparcialidad del Juez frente a los demás poderes públicos,5 y que implica la unidad judicial que supone la incorporación del Juez al Poder Judicial y al Tribunal Constitucional, el carácter judicial ordinario que significa la prohibición de crear tribunales y juzgados de excepción ni parajudiciales, y la predeterminación legal del órgano judicial por la cual solamente mediante ley del Congreso se puede crear cualquier órgano jurisdiccional.6 3 Cfr. Ibidem, p. 163. 4 Cfr. Ibidem, p. 170. 5 Cfr. Landa Arroyo, César, Teoría del derecho procesal constitucional, Palestra Editores, Lima, 2003, p. 202. 6 Cfr. Ibidem, p. 203. Serie Monografias Premiadas 3.indb 455 18/11/2010 12:35:53 p.m. 456 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial Particularmente considero que a classificação proposta pelo jurista ibérico é a mais adequada para a completa compreensão da posição constitucional do direito a juiz imparcial e, ao mesmo tempo, permite um desenvolvimento mais sistemático da instituição a partir da tradição jurídica romano-germânica. É preciso estar consciente de que a vertente desenvolvida pelo professor peruano se enquadra melhor no contexto nacional, que considera o Devido Processo como um conjunto de garantias constitucionais perfiladas na acusação, na defesa, na prova e na sentença; ao contrário das garantias institucionais da Tutela Jurisdicional, que permitem o exercício do Devido Processo a qualquer pessoa.7 2. Juiz imparcial, independência, jurisdição e juiz ordinário predeterminado pela lei Pois bem, a figura do juiz imparcial sempre foi confundida com outras instituições de natureza diferente, por isso convém distinguila da independência judicial, da jurisdição e do juiz predeterminado por lei, a fim de analisar depois os diferentes matizes que a instituição assume a partir do âmbito global da Teoria do Direito. No caso concreto da independência judicial, pode-se afirmar que se trata de um postulado constitucional cujo objetivo é garantir a plena liberdade dos juízes e magistrados no exercício da função jurisdicional; assim, a independência pressupõe a possibilidade de decidir os casos particulares conforme a consciência e seguindo as 7 Cfr. Ibidem, p. 197. Serie Monografias Premiadas 3.indb 456 18/11/2010 12:35:53 p.m. 457 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial Particularmente considero que la clasificación propuesta por el jurista ibérico resulta la más adecuada para comprender a cabalidad la ubicación constitucional del derecho al Juez imparcial y permite un desarrollo más sistemático de la institución a partir de la tradición jurídica romano germánica; ya que hay que estar conciente que la vertiente desarrollada por el profesor peruano está más encuadrada dentro del contexto nacional que considera al debido proceso como un conjunto de garantías constitucionales perfiladas en la acusación, la defensa, la prueba y la sentencia; a diferencia de las garantías institucionales de la tutela jurisdiccional que permiten el ejercicio del debido proceso de toda persona.7 2. Juez imparcial, independencia, jurisdicción y Juez ordinario predeterminado por ley Ahora bien la figura del Juez imparcial siempre se ha confundido con otras instituciones de diferente naturaleza, por lo que conviene distinguirla de la independencia judicial, la jurisdicción y el Juez predeterminado por ley, con la finalidad de analizar luego los diferentes matices que asume la institución a partir del marco global de la teoría del derecho. En el caso concreto de la independencia judicial se puede afirmar que se trata de un postulado constitucional que tiene por objeto garantizar la plena libertad de los Jueces y Magistrados en el ejercicio de la función jurisdiccional, así la independencia supone la posibilidad de decidir los casos particulares según conciencia y siguiendo 7 Cfr. Ibidem, p. 197. Serie Monografias Premiadas 3.indb 457 18/11/2010 12:35:53 p.m. 458 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial indicações que o sistema normativo proporcionar.8 Ainda que recentemente, de forma mais apurada, seja possível distinguir entre independência externa, isto é, o conjunto de técnicas e instrumentos jurídicos destinados a evitar ingerências que podem originar-se de outros poderes do Estado, e independência interna, na qual se incluem todas as garantias destinadas a preservar os juízes e magistrados das pressões que puderem originar-se da própria estrutura hierárquica da organização judicial.9 Não cabe confundir imparcialidade judicial e independência do juiz, pois, por um lado, a independência mostra sua eficácia no momento prévio ao exercício da função jurisdicional, enquanto a imparcialidade ocorre no momento processual, durante o desempenho da função;10 além disso, afirma-se a independência do órgão jurisdicional ante todo tipo de influências do exterior, enquanto a imparcialidade afeta a atitude do Juiz como pessoa em relação às partes do processo ou ao próprio processo.11 Por sua vez, a jurisdição é a função exercida pelos órgãos do Estado, independentes e imparciais, por meio do processo, a fim de conhecer os litígios ou controvérsias que as partes proponham, emitir um pronunciamento, para depois ordenar a execução de tal decisão ou sentença;12 disso se deduz que a imparcialidade é uma 8 Cfr. Pico i. Junoy, Joan, La Imparcialidad Judicial y sus garantías: La Abstención y Recusación. Barcelona, José María Bosch Editor, 1998, p. 30. 9 Cfr. Galán González, Candela, Protección de la Imparcialidad Judicial: Abstención y Recu­sación, Tirant lo Blanch, Valencia, 2005, p. 22. 10 Cfr. Pico i. Junoy, Joan, La Imparcialidad…, op. cit., p. 33. 11 Cfr. Galán González, Candela, Protección de la…, op. cit., p. 22. 12 Cfr. Ovalle Favela, José, Teoría General del Proceso, Tercera Edición, Rodhas, Lima, 1991, p. 120. Serie Monografias Premiadas 3.indb 458 18/11/2010 12:35:53 p.m. 459 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial las indicaciones que proporcione el sistema normativo.8 Aunque recientemente de forma más aguda se pueda distinguir entre independencia externa, como aquel conjunto de técnicas e instrumentos jurídicos destinados a evitar injerencias que pueden provenir de otros poderes del Estado; e independencia interna donde están alojadas todas las garantías destinadas a preservar a los Jueces y Magistrados de las presiones que pudieran provenir de la propia estructura jerárquica de la organización judicial.9 No cabe confundir entre imparcialidad judicial e independencia del Juez ya que, por una parte, la independencia despliega su eficacia en el momento previo al ejercicio de la función jurisdiccional, mientras la imparcialidad tiene lugar en el momento procesal durante el desarrollo de la función;10 adicionalmente la independencia se afirma del órgano jurisdiccional frente a toda clase de influencias del exterior, mientras que la imparcialidad afecta la actitud del Juez como persona en relación con las partes del proceso o con el proceso mismo.11 Por su parte, la jurisdicción se trata de la función que ejercen los órganos del Estado independientes e imparciales a través del proceso para conocer de los litigios o controversias que planteen las partes, emitir un pronunciamiento sobre ellos, para luego ordenar la ejecución de dicha decisión o sentencia,12 de ello se deduce que 8 Cfr. Pico i. Junoy, Joan, La imparcialidad judicial y sus garantías: La abstención y recusa­ ción, José María Bosch Editor, Barcelona, 1998, p. 30. 9 Cfr. Galán González, Candela, Protección de la imparcialidad judicial: abstención y recusación, Tirant lo Blanch, Valencia, 2005, p. 22. 10 Cfr. Pico i. Junoy, Joan, La imparcialidad…, op. cit., p. 33. 11 Cfr. Galán González, Candela, Protección de la…, op. cit., p. 22. 12 Cfr. Ovalle Favela, José, Teoría general del proceso, 3a. ed., Rodhas, Lima, 1991, p. 120. Serie Monografias Premiadas 3.indb 459 18/11/2010 12:35:53 p.m. 460 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial condição essencial para o exercício da função jurisdicional e não o contrário.13 Por sua vez, a jurisdição age por sua própria essência, com desinteresse objetivo, e a imparcialidade tende a assegurar o desinteresse subjetivo da pessoa concreta investida de potestade jurisdicional14 e, finalmente, a jurisdição constitui um elemento abstrato que se materializa na competência, enquanto a imparcialidade deriva em uma situação concreta para um caso específico do magistrado. Por outro lado, o juiz ordinário predeterminado por lei constitui um direito público, subjetivo e constitucional, de caráter fundamental, configurado legalmente, que assiste a todos os sujeitos que adquiriram a condição de parte em qualquer processo jurisdicional e cujo conteúdo essencial estabelece-se na vigência e na efetividade do princípio de legalidade na criação, constituição, competência e composição dos órgãos jurisdicionais a fim de garantir sua plena independência no exercício da potestade jurisdicional.15 O juiz ordinário predeterminado por lei privilegia a somatória do tribunal organicamente competente, estabelecido por lei, e a imparcialidade à pessoa do magistrado que integra tais dependências;16 isto significa ainda que o reconhecimento deste direito sustentado no princípio de legalidade vai permitir o ambiente 13 Cfr. Ibidem, p. 145. 14 Cfr. Montero Aroca, Juan, Introducción al Derecho Jurisdiccional Peruano, Distribuidora y Representaciones ENMARCE E.I.R.L., Lima, 1999, p. 112. 15 Cfr. De Diego Diez, Luis-Alfredo, El Derecho al Juez Ordinario Predeterminado por la Ley, Tecnos, 1998, Madrid, p. 27. 16 Cfr. Pico i. Junoy, Joan, La Imparcialidad…, op. cit., p. 34. Serie Monografias Premiadas 3.indb 460 18/11/2010 12:35:53 p.m. 461 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial la imparcialidad es una condición esencial para el ejercicio de la función jurisdiccional y no a la inversa,13 a su vez la jurisdicción actúa por su propia esencia con desinterés objetivo y la imparcialidad tiende a asegurar el desinterés subjetivo de la persona concreta investida de potestad jurisdiccional,14 y finalmente la jurisdicción constituye un elemento abstracto que se materializa en la competencia, en tanto la imparcialidad deriva en una situación concreta para un caso específico del Magistrado. De otro lado el Juez ordinario predeterminado por ley constituye un derecho público, subjetivo y constitucional, de carácter fundamental de configuración legal, que asiste a todos los sujetos que han adquirido la condición de parte en cualesquiera procesos jurisdiccionales y cuyo contenido esencial radica en preservar la vigencia y efectividad del principio de legalidad en la creación, constitución, competencia y composición de los órganos jurisdiccionales a fin de asegurar su plena independencia en el ejercicio de la potestad jurisdiccional.15 El Juez ordinario predeterminado por ley privilegia la concurrencia del tribunal orgánicamente competente establecido por ley, y la imparcialidad a la persona del Magistrado que integra dichas dependencias;16 esto significa además que el reconocimiento de este derecho sustentado en el principio de legalidad va a permitir 13 Cfr. Ibidem, p. 145. 14 Cfr. Montero Aroca, Juan, Introducción a derecho jurisdiccional peruano, Distribuidora y Representaciones ENMARCE E.I.R.L., Lima, 1999, p. 112. 15 Cfr. De Diego Diez, Luis-Alfredo, El derecho al juez ordinario predeterminado por la ley, Tecnos, 1998, Madrid, p. 27. 16 Cfr. Pico i. Junoy, Joan, La imparcialidad…, op. cit., p. 34. Serie Monografias Premiadas 3.indb 461 18/11/2010 12:35:53 p.m. 462 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial de desenvolvimento de um processo imparcial quando as qualidades do funcionário encarregado do caso concreto forem examinadas. 3. Natureza jurídica do direito a um juiz imparcial a. Imparcialidade como neutralidade Deste ponto de vista, a imparcialidade está estreitamente relacionada com o interesse objetivo, já que significa a posição transcendental dos que exercem a jurisdição em relação aos sujeitos jurídicos afetados por este exercício; isso quer dizer que diante de posições processuais contrapostas, corresponde uma posição equidistante e superior a ambas que a jurisdição possui.17 Por sua vez, esta imparcialidade pressupõe ainda descartar qualquer juízo alheio ao correto cumprimento da função e ajuste objetivo à atuação no caso concreto;18 esta noção de imparcialidade evoca com clareza o modelo do juiz neutro que tem emoções e é capaz de esquecer sua subjetividade para administrar justiça como um tecnocrata, a quem foi confiada a resolução de casos da forma mais profissional possível. Talvez o autor que melhor defenda a concepção de um juiz neutro seja Adolfo Alvarado Velloso, ao definir a tarefa do juiz como bastante difícil, pois exige “neutralidade absoluta e asséptica” ou, o que é igual, ausência de preconceitos de qualquer tipo, independência de qualquer opinião, ausência de ideologia determinada, resistência 17 Cfr. Galán González, Candela, Protección de la…, op. cit., p. 20. 18 Cfr. Montero Aroca, Juan, Introducción …, op. cit., p. 110. Serie Monografias Premiadas 3.indb 462 18/11/2010 12:35:53 p.m. 463 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial el marco de desarrollo de un proceso imparcial cuando se examinen las calidades del funcionario encargado del caso concreto. 3. Naturaleza jurídica del derecho a un Juez imparcial a. Imparcialidad como neutralidad Desde este punto de vista la imparcialidad resulta estrechamente relacionada con el interés objetivo, ya que implica la posición trascendente de quienes ejercen la jurisdicción respecto a los sujetos jurídicos afectados por dicho ejercicio, ello significa que ante posicio­ nes procesales contrapuestas corresponde una posición equidistante y superior a ambas que detenta la jurisdicción.17 A su vez esta imparcialidad entraña además descartar todo juicio ajeno al correcto cumplimiento de la función y ajustarse objetivamente a la actua­ción en el caso concreto,18 esta noción de imparcialidad evoca con claridad el modelo del Juez neutro que adolece de emociones y es capaz de olvidarse de su subjetividad para administrar justicia como un tecnócrata, a quien se le ha encomendado resolver casos de la forma más profesional posible. Quizás el autor que mejor defiende la concepción de un Juez neutro resulte ser Adolfo Alvarado Velloso, cuando define la tarea del Juez en tanto asaz, difícil, pues exige “absoluta y aséptica neutrali­ dad”, o lo que es igual, ausencia de prejuicios de cualquier clase, independencia de cualquier opinión, ausencia de ideología determinada, 17 Cfr. Galán González, Candela, Protección de la…, op. cit., p. 20. 18 Cfr. Montero Aroca, Juan, Introducción …, op. cit., p. 110. Serie Monografias Premiadas 3.indb 463 18/11/2010 12:35:53 p.m. 464 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial às influências, a não participação na investigação dos fatos e especialmente, o não envolvimento pessoal ou emocional com o assunto litigioso.19 Para o autor argentino, o “terceiro”, que age na qualidade de autoridade, não deve posicionar-se como “parte” (impartialidade) e deve carecer de qualquer interesse subjetivo na solução do litígio (imparcialidade); portanto, critica acidamente a forma como o sistema inquisitivo tem exigido um duplo papel de protagonista – de juiz e de parte – com a intenção de melhorar as desigualdades sociais.20 Não obstante, a representação de um juiz asséptico, vivendo em uma torre de marfim como um escritor do século XIX e cujas resoluções são quimicamente puras, assemelha-se mais a uma utopia associada ao conceito metafísico de justiça que a um referencial direto da realidade judicial; o certo é que a instituição da imparcialidade tem uma natureza altamente complexa e polidimensional, porque compreende tanto a esfera objetiva quanto a subjetiva do juiz, dentro do âmbito da figura moderna do juiz suspectus de quem se pressupõem a validade dos atos judiciais enquanto não for denunciada a parcialidade do julgador.21 É por isso que a neutralidade do juiz estará garantida enquanto não existirem motivos para duvidar dela; esta conclusão, própria dos sistemas contemporâneos de administração de justiça, baseia-se na origem da função impessoal do juiz e em sua descrição iconográfica em relação às partes e seus 19 Cfr. Alvarado Velloso, Adolfo, “La Imparcialidad Judicial y el Sistema Inquisitivo de Juzgamiento” em De Proceso Civil e Ideología. Un prefacio, una sentencia, dos cartas y quince ensayos, , Tirant lo Blanch, Valencia, 2006, p. 231. 20 Cfr. Ibidem, p. 231 e 261 21 Cfr. Pico i. Junoy, Joan, La Imparcialidad…, op. cit., p. 17. Serie Monografias Premiadas 3.indb 464 18/11/2010 12:35:53 p.m. 465 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial resistencia a las influencias, evitar la participación en la investi­ gación de los hechos y especialmente no involucrarse personal ni emocionalmente en el meollo del asunto litigioso.19 Para el autor argentino el tercero que actúa en calidad de autoridad no debe estar colocado en la posición de parte (impartialidad) y carecer de todo interés subjetivo en la solución del litigio (imparcialidad); por ende critica ácidamente la forma como el sistema inquisitivo ha venido exigiendo un doble rol protagónico de Juez y parte en pro de mejorar las desigualdades sociales.20 No obstante la representación de un Juez aséptico viviendo en una torre de marfil, cual escritor decimonónico y cuyas resoluciones son químicamente puras, más parece una utopía asociada al concepto metafísico de justicia que a un referente directo a la realidad judicial; lo cierto es que la institución de la imparcialidad tiene una naturaleza altamente compleja y polidimensional, porque comprende tanto la esfera objetiva como subjetiva del Juez, dentro del marco de la figura moderna del Juez suspectus de quien se presume la validez de los actos judiciales en tanto no se denuncie la parcialidad del juzgador.21 Es por ello que la neutralidad del Juez estará garantizada mientras no existan motivos para dudar de ella, esta conclusión propia de los sistemas contemporáneos de administración de justicia tiene su asidero en el origen de la función impersonal del Juez y su descripción iconográfica en relación a las partes y sus dramas 19 Cfr. Alvarado Velloso, Adolfo, “La imparcialidad judicial y el sistema inquisitivo de juzgamiento” en De Proceso civil e ideología. Un prefacio, una sentencia, dos cartas y quince ensayos, Tirant lo Blanch, Valencia, 2006, p. 231. 20 Cfr. Ibidem, pp. 231 y 261 21 Cfr. Pico i. Junoy, Joan, La imparcialidad…, op. cit., p. 17. Serie Monografias Premiadas 3.indb 465 18/11/2010 12:35:53 p.m. 466 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial dramas fácticos. Assim também o considera o jusfilósofo José Calvo Gonzales, quando critica o modelo do juiz neutro como pertencente a uma semiótica do segredo, que insiste em representar uma alma despida de paixões em um corpo glorioso; assim o juiz suspectus, na verdade, serve de insumo para o iudex absconditus, cujo único jogo é o segredo que enterra qualquer possível comunhão entre o próximo, o humano e o orgânico.22 Em essência, a concepção do juiz como servidor neutro da lei responde à finalidade de apresentar os magistrados por cima da sociedade civil e diferentes de seus membros,23 sendo que o verdadeiro perigo deste tipo de concepções se relaciona com a perda da imagem ou auréola que circunda o imaginário social do juiz;24 dado que, com o desaparecimento de sua auréola de absoluta neutralidade, também se desmorona sua imparcialidade e sua função se deslegitima rapidamente. A questão que deve ser resolvida se relaciona com a capacidade do sistema de sustentar um modelo de juiz neutro e asséptico quando inclusive os próprios processualistas já reconheceram que o juiz, como qualquer pessoa, tem uma determinada escala de valores, adquirida por diversas vias que, inexoravelmente, incide em suas resoluções judiciais,25 por isso é evidente que o mito da absoluta neutralidade cada vez se torna mais relativo. 22 Cfr. Calvo Gonzales, José, Derecho e Narración. Materiales para una Teoría y Crítica Narrativista del Derecho, Ariel, Barcelona, 1996, p. 100 e 102. 23 Cfr. Capella, Juan Ramón, Fruta Prohibida. Una aproximación histórico-teorética al estudio del derecho y el estado, Cuarta Edición, Trotta, Madrid, 2006, p. 155. 24 Cfr. Ibidem, p. 104. 25 Cfr. Pico i Junoy, Joan, La Imparcialidad…, op. cit., p. 23. Serie Monografias Premiadas 3.indb 466 18/11/2010 12:35:53 p.m. 467 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial fácticos, de esta forma también lo aprecia el jusfilósofo José Calvo Gonzáles, cuando critica al modelo del Juez neutral como propio de una semiótica del secreto y que insiste en escenificar un alma desnuda de pasiones en un cuerpo glorioso, así el Juez suspectus en puridad sirve de insumo para el iudex absconditus, cuyo único juego es el secreto que entierra toda posible comunión entre el prójimo, lo humano y orgánico.22 La concepción del Juez como servidor neutro de la ley en esencia responde a la finalidad de presentar a los Magistrados por encima de la sociedad civil, en cuanto diferentes a sus miembros,23 por lo que el verdadero peligro para este tipo de concepciones deviene en el hecho de la pérdida de la imagen o aureola que circunda al imagina­rio social del Juez;24 ya que si desaparece su halo de absoluta neutralidad entonces también se desmorona su imparcialidad y su función se deslegitima rápidamente, la cuestión a resolver es si el sistema será capaz de solventar un modelo de Juez neutral y asép­ tico, cuando incluso los propios procesalistas ya han reconocido que el Juez como cualquier persona posee una determinada escala de valores adquirida por muy diversas vías que inexorablemente incide en sus resoluciones judiciales,25 con lo que es evidente que el mito de la absoluta neutralidad cada vez se vuelve más relativo. 22 Cfr. Calvo Gonzales, José, Derecho y narración. Materiales para una teoría y crítica narrati­vista del derecho, Ariel, Barcelona, 1996, pp. 100 y 102. 23 Cfr. Capella, Juan Ramón, Fruta prohibida. Una aproximación histórico-teorética al estu­ dio del derecho y el Estado, 4a ed., Trotta, Madrid, 2006, p. 155. 24 Cfr. Ibidem, p. 104. 25 Cfr. Pico i. Junoy, Joan, La imparcialidad…, op. cit., p. 23. Serie Monografias Premiadas 3.indb 467 18/11/2010 12:35:53 p.m. 468 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial b. Imparcialidade e argumentação jurídica Pelo campo da Teoria da Argumentação Jurídica, Joseph Aguiló Regla pretende dar nova luz ao problema da imparcialidade do juiz, para isso propõe assumir a distinção entre o contexto de descoberta e o contexto de justificativa. O primeiro seriam as motivações psicológicas, o contexto social e as circunstâncias ideológicas que levaram um juiz a proferir determinada decisão, enquanto o segundo, o contexto de justificativa, seriam as razões alegadas pelo juiz para demonstrar que sua decisão é correta ou válida.26 Apesar de ser verdade, no momento de abordar o tema da imparcialidade, que existe independência entre ambos os contextos, surge como falsa imagem desta, enquanto equidistância entre as partes (neutralidade), já que o Direito não exige equidistância entre estuprador e estuprada, credor e devedor em atraso e, mais ainda, sugere que o juiz imparcial incorpora o balanço de interesses e valores que inclusive não estão no ponto médio da litis.27 Tudo isso significa a não desconsideração do contexto de descoberta em relação às razões explicativas das decisões judiciais, posto que o ideal de um juiz imparcial em um Estado de Direito coincide na explicação e na justificativa da conduta,28 de tal forma que o direito dos cidadãos a serem julgados pelo Direito seja protegido e, por outro lado, seja garantida a credibilidade destas 26 Cfr. Aguiló Regla, Joseph. “Independencia e Imparcialidad de los Jueces y Argumentación Jurídica”, Isonomía, No. 6, México, Abril 1997, p. 72. 27 Cfr. Ibidem, p. 77. 28 Cfr. Ibidem, p. 79. Serie Monografias Premiadas 3.indb 468 18/11/2010 12:35:53 p.m. 469 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial b. Imparcialidad y argumentación jurídica Desde el campo de la teoría de la argumentación jurídica Joseph Aguiló Regla pretende brindar nuevas luces al problema de la imparcialidad del Juez, para ello propone asumir la distinción entre contexto de descubrimiento y contexto de justificación; el primero estaría constituido por los móviles psicológicos, el contexto social y las circunstancias ideológicas que han llevado a un Juez a dictar determinada resolución, mientras el segundo serían las razones que el Juez alega para tratar de mostrar que su decisión es correcta o válida.26 Sin embargo, bien es cierto existe independencia entre ambos con­textos, al momento de abordar el tema de la imparcia­lidad, aparece que es falsa la imagen de ésta como equidistancia entre las partes (neutralidad), ya que el derecho no exige equidistan­cia entre violador y violada, acreedor y deudor moroso; más aún, se suscita que el Juez imparcial incorpora los balances de intereses y valores que incluso no se encuentran en el punto medio de la litis.27 Todo ello conlleva a que no se desatienda el contexto de descubrimiento en relación a las razones explicativas de las decisiones judiciales, puesto que el ideal de un Juez imparcial en un Estado de derecho consiste en que la explicación y justificación de la conducta coincidan28 en tal forma que se proteja el derecho de los ciudadanos a ser juzgados desde el derecho, y por otro lado se garantice la 26 Cfr. Aguiló Regla, Joseph. “Independencia e imparcialidad de los jueces y argumentación jurídica”, Isonomía, No. 6, México, abril 1997, p. 72. 27 Cfr. Ibidem, p. 77. 28 Cfr. Ibidem, p. 79. Serie Monografias Premiadas 3.indb 469 18/11/2010 12:35:53 p.m. 470 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial razões jurídicas perante a sociedade.29 Esta última hipótese diferencia o conceito de imparcialidade como neutralidade do juiz imparcial, como ponderador de interesses e valores, própria do neoconstitucionalismo; este novo artífice, ao estilo de um ótimo engenheiro, articula a sociedade e, por isso, pode quebrar a imagem pictórica do juiz para assumir a resolução dos casos com uma margem maior de discricionariedade de acordo com as grandes diretrizes sociais. A imparcialidade da argumentação jurídica é a imparcialidade da política jurisdicional que discrimina o conteúdo essencial deste direito de seu aspecto periférico; o que resta é conhecer as margens do grau de credibilidade das razões jurídicas em um mundo em plena transformação e onde as teorias institucionalistas às vezes devem ceder passo ao desenvolvimento de disciplinas não jurídicas. c. Imparcialidade do garantismo Para Luigi Ferrajoli, a imparcialidade (terzietà) deve ser entendida como a alienação do juiz em relação aos interesses das partes em causa, e considera que o sistema acusatório deve ter um juiz espectador dedicado, sobretudo, à objetiva e imparcial avaliação dos fatos, mais sábio que especialista30 e que goze da confiança dos cidadãos, o que não o exime da relatividade de seus juízos e da verdade que aborda após a investigação no processo.31 29 Cfr. Idem. 30 Cfr. Ferrajoli, Luigi, Derecho y Razón. Teoría del Garantismo Penal, Trotta, Madrid, 1995, p. 575 y 580. 31 Cfr. Ibidem, p. 603. Serie Monografias Premiadas 3.indb 470 18/11/2010 12:35:53 p.m. 471 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial credibilidad de dichas razones jurídicas ante la sociedad;29 este último presupuesto diferencia al concepto de imparcialidad como neutralidad de la noción de Juez imparcial en cuanto ponderador de intereses y valores, propia del neo constitucionalismo; este nuevo artífice, al estilo de un gran ingeniero social, articula la sociedad y en virtud a ello le está permitido quebrar la imagen pictórica del Juez para asumir la resolución de los casos con un margen mayor de discrecionalidad de acuerdo a las grandes directrices sociales. La imparcialidad de la argumentación jurídica es la imparcia­lidad de la política jurisdiccional que discrimina el contenido esencial de este derecho de su aspecto periférico, lo que resta es conocer los már­ genes del grado de credibilidad de las razones jurídicas en un mundo en plena transformación y donde las teorías institucionalistas a veces deben ceder paso a los desarrollos de disciplinas no jurídicas. c. Imparcialidad del garantismo Para Luigi Ferrajoli la imparcialidad (terzietà) debe entenderse como ajenidad del Juez a los intereses de las partes en causa, y considera que al sistema acusatorio le corresponde un Juez espectador dedicado sobre todo a la objetiva e imparcial valoración de los hechos, más sabio que experto30 y que debe de gozar de la confianza de los justiciables, lo que no lo exime de la relatividad de sus juicios y la verdad a la que aborda luego de la investigación en el proceso.31 29 Cfr. Idem. 30 Cfr. Ferrajoli, Luigi, Derecho y razón. Teoría del garantismo penal, Trotta, Madrid, 1995, pp. 575 y 580. 31 Cfr. Ibidem, p. 603. Serie Monografias Premiadas 3.indb 471 18/11/2010 12:35:53 p.m. 472 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial Para o garantismo, o juiz já não está sujeito ao texto expresso da lei como ocorria com o velho paradigma positivista, mas que a acata enquanto for coerente com a Constituição; posto que a tutela dos direitos humanos exige a necessidade de um juiz crítico das leis inválidas, por meio de sua reinterpretação em sentido constitucional, e da denúncia de sua eventual inconstitucionalidade.32 A imparcialidade do garantismo renuncia também à ideia moderna de neutralidade e aposta em um juiz igualador de direitos, já que, ao avaliar juridicamente as diferenças, deve garantir a todos a livre afirmação e desenvolvimento de sua própria identidade e, pelo contrário, não deixar a sociedade ao livre jogo da lei do mais forte, mas sim utilizar os direitos fundamentais para a redenção e o respeito do mais fraco.33 Este modelo de juiz imparcial não deve necessariamente gozar do consenso da maioria, mas é obrigado a contar com a confiança dos sujeitos que julga de forma concreta, devendo carecer de todo tipo de interesse privado ou pessoal no resultado da causa, sem ter nenhum interesse público ou institucional.34 Nessa ordem de ideias, a tensão entre imparcialidade e capacidade técnica pode elaborar a problemática do juiz ao enfrentar o caso concreto e afirmar seu papel de espectador dos fatos, sustentado em um amplo espectro constitucional. A imparcialidade ferrajoliana aposta poeticamente em um juiz nivelador das diferenças e, por isso, é inegável seu perfil 32 Cfr. Ferrajoli, Luigi, Derechos y Garantías. La Ley del más débil. Tradução Perfecto Andrés Ibáñez e Andrea Greppi, Trotta, Madrid, 1999, p. 26-27. 33 Cfr. Ibidem, p. 76. 34 Cfr. Ferrajoli, L. Derecho y Razón..., op. cit., p. 582. Serie Monografias Premiadas 3.indb 472 18/11/2010 12:35:54 p.m. 473 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial Para el garantismo el Juez ya no está sujeto al texto expreso de la ley como ocurría con el viejo paradigma positivista, sino que acata la ley en tanto sea coherente con la Constitución; puesto que la tutela de los derechos humanos exige la necesidad de un Juez crítico de las leyes inválidas a través de su reinterpretación en sentido constitucional y la denuncia de su eventual inconstitucionalidad.32 La imparcialidad del garantismo renuncia también a la idea moderna de neutralidad y apuesta por un Juez igualador de derechos ya que al valorar jurídicamente las diferencias, debe garantizar a todos la libre afirmación y desarrollo de su propia identidad y, por el contrario, no dejar a la sociedad al libre juego de la ley del más fuerte, sino más bien utilizar los derechos fundamentales para la redención y el respeto del más débil.33 Este modelo de Juez imparcial no necesariamente debe gozar del consenso de la mayoría, pero está obligado a contar con la confianza de los sujetos que juzga de forma concreta, para lo cual el Juez debe carecer de toda clase de interés privado o personal en el resultado de la causa y no tener ningún interés público o insti­ tucional.34 En este orden de ideas la tensión entre imparcialidad y capacidad técnica puede diagramar la problemática del Juez cuando enfrenta al caso concreto y afianzar su rol de espectador de los hechos sustentado en un amplio espectro constitucional. La imparcialidad ferrajoliana apuesta poéticamente por un Juez nivelador de las diferencias, por lo que resulta innegable su perfil político 32 Cfr. Ferrajoli, Luigi, Derechos y garantías. La ley del más débil. (Trad. de Perfecto Andrés Ibáñez y Andrea Greppi, Trotta), Madrid, 1999, pp. 26-27. 33 Cfr. Ibidem, p. 76. 34 Cfr. Ferrajoli, L. Derecho y razón..., op. cit., p. 582. Serie Monografias Premiadas 3.indb 473 18/11/2010 12:35:54 p.m. 474 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial político jurisdicional que o torna, em certa medida um antecedente dogmático do juiz empático do Direito & Literatura, que será analisado depois, e cuja noção de imparcialidade apelará complementariamente às emoções. A imparcialidade sustentada nos direitos fundamentais, não obstante, é suscetível de algumas correções, pois este tipo de direitos tem sua origem em uma ideologia claramente ocidental e liberal, em contraposição a outras concepções culturais de diferente origem histórica. Para Boaventura do Sousa Santos, os direitos humanos são um tipo de esperanto científico que dificilmente pode se transformar na linguagem cotidiana da dignidade humana no mundo todo; acrescenta que sua transformação em uma rede de política cosmopolita depende de uma hermenêutica diatópica que torne mutuamente inteligíveis e traduzíveis as linguagens nativas emancipadoras.35 É notório que o juiz observador ferrajoliano, de origem liberal e ocidental, tem certa resistência para assumir o papel do diálogo transcultural e a jurisdicional transnacional, ainda que não se deva descartar uma aplicação culturalista do juiz da diferença e que inclusive colocaria à prova o sistema de ponderação de interesses adotado há tempos pelos prolegômenos do neoconstitucionalismo. d. Imparcialidade e empatia emocional A justiça da imparcialidade (neutralidade) como justiça numérica também foi criticada pela cátedra do Direito & Literatura ao desqualificar 35 Cfr. De Sousa Santos, Boaventura, De la mano de Alicia. Lo social y lo político en la postmodernidad, Tradução Consuelo Bernal e Mauricio García Villegas, Ediciones Uniandes, Santa Fe de Bogotá, 1998, pp. 345-365. Serie Monografias Premiadas 3.indb 474 18/11/2010 12:35:54 p.m. 475 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial jurisdiccional que lo hace en cierta medida un antecedente dogmático del Juez empático del Derecho & Literatura que luego se analizará y cuya noción de imparcialidad apelará complementariamente a las emociones. La imparcialidad sustentada en los derechos fundamentales, no obstante es susceptible de algunas correcciones, en virtud a que esta clase de derechos tienen su origen en una ideología claramente occidental y liberal, en contraposición a otras concepciones cultu­ rales de diferente origen histórico. Para Boaventura do Sousa Santos los derechos humanos son una suerte de esperanto científico que difícilmente puede convertirse en el lenguaje cotidiano de la dignidad humana en todo el globo; agrega que depende de una hermeneútica diatópica su transformación en una red de política cosmo­ polita que haga mutuamente inteligibles y traducibles los lenguajes nativos emancipatorios.35 Es notorio que el Juez observador ferrajo­ liano de raigambre liberal y occidental tiene sus resistencias para asumir el rol del diálogo transcultural y la jurisdicción transnacional, aunque no hay que descartar una aplicación culturalista del Juez de la diferencia, que incluso pondría a prueba el sistema de ponderación de intereses adoptado hace tiempo por los prolegómenos del neoconstitucionalismo. d. Imparcialidad y empatía emocional Desde las canteras del Derecho & Literatura también se ha criticado la justicia de la imparcialidad (neutralidad) como justicia numérica 35 Cfr. De Sousa Santos, Boaventura, De la mano de Alicia. Lo social y lo político en la post­ modernidad, trad. de Consuelo Bernal y Mauricio García Villegas, Ediciones Uniandes, Santa Fe de Bogotá, 1998, pp. 345-365. Serie Monografias Premiadas 3.indb 475 18/11/2010 12:35:54 p.m. 476 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial as emoções por serem preconceituosas e próprias das sensações do imediato. Não obstante, a filósofa Martha Nussbaum reivindicou a racionalidade das emoções se estiverem bem orientadas sobre os dados do caso. Tais emoções têm significação para os atores e estão providas de todas as dimensões de seu sentido. São reivindicadas quando correspondem à emoção de um espectador e não à de um participante.36 Esta última parte serve para reconstruir ius, literariamente a noção de imparcialidade judicial, porque sob esta vertente o juiz apela às emoções empáticas (“inteligência emocional”) e determina que no momento de administrar justiça o juiz se converta em um espectador criterioso, que não participa dos fatos; apesar de se interessar pelos participantes como um amigo preocupado, este juiz imparcial examina a cena fática com certo distanciamento, mas munido da capacidade de imaginar como é cada uma das pessoas cujos interesses precisam ser satisfeitos.37 O juiz da alteridade do Direito & Literatura assume algumas características do juiz igualador ferrajoliano, embora confira um papel determinante às emoções racionais dentro da vida pública; neste contexto, para a filósofa norte-americana, a imparcialidade empática significa um exame razoável do caso submetido à discussão, eliminando as emoções relativas ao interesse pessoal visando nosso próprio bem-estar.38 Esta difícil tarefa de se afastar 36 Cfr. Nussbaum, Martha, Justicia Poética. La Imaginación literaria y la vida pública, Tradução de Carlos Gardini, Andrés Bello, Santiago de Chile, 1997, pp. 102 e 111. 37 Cfr. Ibidem, p. 108. 38 Cfr. Ibidem, p. 111. Serie Monografias Premiadas 3.indb 476 18/11/2010 12:35:54 p.m. 477 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial al descalificar a las emociones por prejuiciosas y propias de las sensaciones de lo inmediato. No obstante, la filósofa Martha Nussbaum ha reivindicado la racionalidad de las emociones si están bien orientadas sobre los datos del caso, tienen significación para los actores y están provistas de todas las dimensiones de su sentido, reivindicándolas cuando corresponden a la emoción de un espectador y no a la de un participante.36 Esta última parte sirve para reconstruir ius literariamente la noción de imparcialidad judicial, porque bajo esta vertiente el Juez apela a las emociones empáticas (“inteligencia emocional”), y determina que al momento de administrar justicia el Juez se convierta en un espectador juicioso que no participa en los hechos, aunque se interesa por los participantes como un amigo preocupado; este Juez imparcial escruta la escena fáctica con cierto distanciamiento, mas provisto de la capacidad de imaginar en qué consiste ser cada una de las personas cuyos intereses requieren ser satisfechos.37 El Juez de la alteridad del Derecho & Literatura asume algunas características del Juez igualador ferrajoliano, aunque confiere un rol determinante a las emociones racionales dentro de la vida pública. En esta dimensión, para la filósofa norteamericana, la imparcialidad empática implica un examen razonable del caso sometido a discusión, con la sustracción de aquellas emociones del interés personal en nuestro propio bienestar.38 Esta difícil tarea de sustraerse de las 36 Cfr. Nussbaum, Martha, Justicia poética. La imaginación literaria y la vida pública trad. de Carlos Gardini, Andrés Bello, Santiago de Chile, 1997, pp. 102 y 111. 37 Cfr. Ibidem, p. 108. 38 Cfr. Ibidem, p. 111. Serie Monografias Premiadas 3.indb 477 18/11/2010 12:35:54 p.m. 478 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial das próprias emoções e calcular empaticamente as posições dos outros, dá um alto controle de objetividade à noção de imparcialidade; no entanto, também confere um sentido humano especial ao ato de administrar justiça. A justiça das emoções tem a virtude de apelar para um observador razoável, de acordo com as partes, e quebrar de forma definitiva a noção de neutralidade dos primeiros positivistas; isso traz consigo, por sua vez, a assunção definitiva do conceito de “imparcialidade”, enquanto assunto complexo, e a necessidade de um enfoque interdisciplinar para sua correta abordagem teórica. 4. A Imparcialidade judicial, a problemática de um modelo complexo a. O juiz imparcial na legislação ibero-americana O tema da imparcialidade do juiz foi abordado por ordenamentos supranacionais como a Convenção Americana dos Direitos Huma­nos de San José de Costa Rica, na qual se colocou o direito a um juiz imparcial entre as garantias judiciais, como aparece no seguinte artigo: “Art. 8.1.- Garantias Judiciais: Todas as pessoas têm direito a serem ouvidas com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido com anterioridade pela lei (...)”, denotando assim que esta convenção diferencia, com total clareza, o juiz independente do juiz imparcial, ratificando o exposto sobre o assunto. Da mesma forma, o Convênio Europeu para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais também reconheceu que: Serie Monografias Premiadas 3.indb 478 18/11/2010 12:35:54 p.m. 479 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial emociones de uno mismo y sopesar empáticamente las posiciones de los otros imprime un alto control de objetividad a la noción de imparcialidad, no obstante también le confiere un especial sentido humano al acto de administrar justicia. La justicia de las emociones tiene la virtud de apelar a un observador razonable de acuerdo a las partes y quebrar de forma definitiva la noción de neutralidad de los primeros positivistas, ello trae consigo a su vez la asunción definitiva del concepto de “imparcialidad” como un asunto complejo y la necesidad de un enfoque interdisciplinar para su correcto abordaje teórico. 4. La Imparcialidad judicial, la problemática de un modelo complejo a. El Juez imparcial en la legislación iberoamericana El tema de la imparcialidad del Juez ha sido abordado por orde­ namientos supranacionales como la Convención Americana de los De­ rechos Humanos de San José de Costa Rica, donde se ha contemplado el derecho a un Juez imparcial entre las garantías judiciales como aparece del siguiente articulado: “Art. 8.1.- Garantías Judiciales: Toda persona tiene derecho a ser oída con las debidas garantías y dentro de un plazo razonable, por un Juez o tribunal competente, independiente e imparcial, establecido con anterioridad por la ley (..)”, con lo que se denota que esta convención diferencia con meridiana claridad entre Juez independiente y Juez imparcial ratificando lo expuesto sobre el particular. De la misma forma el Convenio Europeo para la Protección de los Dere­ chos Humanos y de las Libertades Fundamentales también ha reconocido Serie Monografias Premiadas 3.indb 479 18/11/2010 12:35:54 p.m. 480 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial “Art. 6.1.- (...) Todas as pessoas têm o direito a que sua causa seja ouvida de forma equitativa, publicamente. e dentro de um prazo razoável, por um tribunal independente e imparcial, estabelecido pela lei (...)”,39 reconhecendo assim também as diferenças entre a instituição de independência e a de imparcialidade judicial, desenvolvidas precedentemente no início da presente pesquisa. No entanto, do ponto de vista de Diego Zysman Quirós, deve-se levar em consideração que a aceitação pela legislação supranacional do direito ao juiz imparcial é, na verdade, o resultado da incorporação do modelo jurídico da imparcialidade desenvolvido na história britânica e, mais tarde, na Constituição dos Estados Unidos da América.40 Portanto, no momento de analisar a imparcialidade é necessário considerá-la como um princípio vazio que requer um conteúdo para ser operacional. Seu surgimento está ligado à existência da verdade nos julgamentos, sendo que através da história manifestam-se diferentes modelos de imparcialidade.41 Tudo isto permite afirmar que o reconhecimento do direito ao juiz imparcial, na América-ibérica, não pode renunciar ao contexto histórico anglo-saxão do qual esta instituição provém, nem tampouco pode evitar o fato de que hoje a imparcialidade obedece a um discurso paradigmático, próprio da modernidade, tendente 39 O texto original é como segue: “Article 6.1.- In the determination of his civil rights and obligations or of any criminal charge againts him, everyone is entitled to a fair and public hearing within a reasonable time by and independent and impartial tribunal established by law”. 40 Cfr. Zysman Quirós, Diego, “Imparcialidad Judicial y Enjuiciamiento Penal”, em Las Garantías Penales y Procesales: Enfoque Histórico-Comparado, Editores do Puerto S.R.L., Buenos Aires, 2004, p. 341. 41 Cfr. Ibidem, 358. Serie Monografias Premiadas 3.indb 480 18/11/2010 12:35:54 p.m. 481 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial que: “Art. 6.1.- (...) Toda persona tiene derecho a que su causa sea oída equitativa, públicamente y dentro de un plazo razonable, por un tribunal independiente e imparcial, establecido por ley (...)”,39 por lo que también reconoce las diferencias entre la institución de la independencia y de la imparcialidad judicial, que fueran desarrolladas precedentemente al inicio de la presente investigación. Pero a criterio de Diego Zysman Quirós hay que tener en cuenta que la aceptación en la legislación supranacional del derecho al Juez imparcial, en realidad es el resultado de la recepción del modelo jurídico de la imparcialidad desarrollado en la historia británica y más tarde en la Constitución de los Estados Unidos de América;40 por lo que al momento de analizar la imparcialidad se debe considerar que se trata de un principio vacío que requiere de un contenido para ser operativo, su surgimiento está ligado a la existencia de la verdad en los juicios y sucede que en la historia se han presentado distintos modelos de imparcialidad.41 Todo esto permite afirmar que el reconocimiento en iberoamérica del derecho al Juez imparcial no puede renunciar al contexto histórico anglosajón del cual proviene esta institución, ni tampoco puede eludir la situación de que en la actualidad la imparcialidad obedece a un discurso paradigmático propio de la modernidad, que 39 El texto original es como sigue: “Article 6.1.- In the determination of his civil rights and obligations or of any criminal charge againts him, everyone is entitled to a fair and public hearing within a reasonable time by and independent and impartial tribunal established by law”. 40 Cfr. Zysman Quirós, Diego, “Imparcialidad Judicial y Enjuiciamiento Penal”, en Las garan­tías penales y procesales: enfoque histórico-comparado, Editores del Puerto S.R.L., Buenos Aires, 2004, p. 341. 41 Cfr. Ibidem, 358. Serie Monografias Premiadas 3.indb 481 18/11/2010 12:35:54 p.m. 482 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial a acentuar as diferenças entre objeto e sujeito, juiz e objeto de controvérsia, verdade dos fatos e direito, em uma evidente demonstração de que a imparcialidade advém do esquema acusatório próprio dos jurados. Seguindo a mesma regra, esta contradição em sua origem não impede que a imparcialidade judicial adquira novos significados nos novos tempos, ou que submeta sua natureza a uma epistemologia rígida e inamovível; já que, pelo contrário, uma compreensão hermenêutica da imparcialidade pode favorecer seu florescimento em tempos transmodernos, enquanto um desenho estritamente moral tem a capacidade de colocar em perigo os avanços de uma sociedade democrática. Mencionou-se no início que o direito ao juiz imparcial é uma garantia do Devido Processo e que este por sua vez assegura a Tutela Jurisdicional Efetiva. Um modelo neoconstitucionalista pode ser o ponto de partida para entender o conceito de “imparcialidade” como um fenômeno complexo e talvez para insinuar seu caráter empático e urgentemente transcultural. b. O conteúdo constitucional do direito a um juiz imparcial Dentro do paradigma neoconstitucionalista, o peruano Luis Castillo Córdova desenvolveu um conjunto de critérios para a determinação do conteúdo constitucional do direito a um juiz imparcial, baseado em uma revisão da jurisprudência do Tribunal Europeu de Direitos Humanos e sua direta incidência no Tribunal Constitucional Espanhol. Os critérios são os seguintes: A) Em primeiro lugar, a necessária confiança dos cidadãos nos tribunais de justiça, que foi tomada da jurisprudência do Tribunal Serie Monografias Premiadas 3.indb 482 18/11/2010 12:35:54 p.m. 483 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial tienden a acentuar las diferencias entre objeto y sujeto, Juez y obje­ to de controversia, verdad de los hechos y derecho, en una evidente demos­tración de que la imparcialidad deviene del esquema acusatorio propio de los jurados. Esta contradicción de origen no impide, siguiendo la misma regla, que la imparcialidad judicial adquiera nuevos significados en los nuevos tiempos, ni sujete su naturaleza a una epistemología rígida e inamovible, ya que por el contrario, una comprensión hermeneútica de la imparcialidad puede favorecer su florecimiento en tiempos transmodernos, en tanto un diseño estrictamente moral tiene la capacidad de poner en peligro los avan­ ces de una sociedad democrática. Al principio se mencionó que el derecho al Juez imparcial es una garantía del debido proceso y que éste a su vez asegura la tutela jurisdiccional efectiva, un modelo neoconstitucionalista puede ser el punto de partida para entender al concepto de “imparcialidad” como un fenómeno complejo, y acaso la insinuación de su carácter empático y urgentemente transcultural. b. El contenido constitucional del derecho a un Juez imparcial Dentro del paradigma neoconstitucionalista el peruano Luis Castillo Córdova ha desarrollado un conjunto de criterios para la determinación del contenido constitucional del derecho a un Juez imparcial, basado en una revisión de la jurisprudencia del Tribunal Europeo de Derechos Humanos y su directa incidencia en el Tribunal Constitucional Español, los criterios son las siguientes: A) En primer lugar la necesaria confianza de los justiciables en los tribunales de justicia, que ha sido recogido de la jurisprudencia Serie Monografias Premiadas 3.indb 483 18/11/2010 12:35:54 p.m. 484 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial Europeu de Direitos Humanos e depois assumida pelo Tribunal Constitucional Espanhol, no qual ficou claramente estabelecido que ao se tratar de defender o direito a um juiz imparcial está em jogo a confiança que os tribunais devem inspirar nos cidadãos em uma sociedade democrática. Neste sentido, este critério teleológico contém dois elementos: a) A aparência de Imparcialidade é uma hipótese hermenêutica que exige que os juízes e tribunais ajam de tal forma que as aparências não levem a pensar que o estão fazendo isentos de imparcialidade; consequentemente, qualquer suspeita ou dúvida de imparcialidade deve ir acompanhada de uma razão suficiente que permita afirmar que está objetiva e legitimamente justificada, “justice must not only be done; it must also be seen to be done”;42 como revela o Tribunal Europeu de Direitos Humanos no Caso Salov contra Ucrânia em sua seção 81, determinando que: Do ponto de vista objetivo, deve-se determinar se existem fatos avaliáveis que possam, não obstante, gerar dúvidas quanto à imparcialidade dos tribunais. Em relação a isso até as aparências são importantes.43 42 Castillo Córdova, Luis, “El Derecho Fundamental al Juez Imparcial: Influencias de la Jurisprudencia del TEDH sobre la del Tribunal Constitucional Español”, em Anuario de Derecho Constitucional Latinoamericano, 2007, p. 125-127. Acessível em: http://www.juridicas.unam. mx/publica/librev/rev/dconstla/cont/20071/pr/pr6.pdf 43 No panorama latino-americano Federico Campos Calderón afirmou que: “Entretanto ninguém poderia negar que tal imparcialidade é outra de suas obrigações. Da mesma forma, o juiz não só deve ser imparcial e objetivo, como também aparentálo”. Campos Calderón, Federico, “La Garantía de Imparcialidad del Juez en el Proceso Serie Monografias Premiadas 3.indb 484 18/11/2010 12:35:54 p.m. 485 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial del Tribunal Europeo de Derechos Humanos y luego asumido por el Tribunal Constitucional Español, y donde se ha dejado claramente establecido que cuando se trata de defender el derecho a un Juez imparcial lo que está en juego es la confianza que los tribunales deben inspirar a los ciudadanos en una sociedad democrática; en este sentido, este criterio teleológico tendrá dos elementos: a) La apariencia de imparcialidad es un presupuesto hermeneú­ tico que exige que los Jueces y tribunales deban conducirse de tal manera que las apariencias no puedan llevar a pensar que están actuando exentos de imparcialidad, en consecuencia cualquier sospecha o duda de imparcialidad debe ir acompañada de una razón suficiente que permita afirmar que está objetiva y legítimamente justificada “justice must not only be done; it must also be seen to be done”;42 como lo revela el Tribunal Europeo de Derechos Humanos en el Caso Salov contra Ucrania en su apartado 81, cuando resuelve que: Desde el punto de vista objetivo, debe determinarse si existen hechos evaluables que puedan, no obstante, plan­ tear dudas en cuanto a la imparcialidad de los tribunales. A este respecto incluso las apariencias son importantes.43 42 Castillo Córdova, Luis, “El derecho fundamental al juez imparcial: influencias de la jurisprudencia del TEDH sobre la del Tribunal Constitucional Español”, en Anuario de Derecho Constitucional Latinoamericano, 2007, pp. 125-127. Consultable en: http://www.juridicas.unam.mx/publica/librev/rev/dconstla/cont/20071/pr/pr6.pdf 43 En el panorama latinoamericano Federico Campos Calderón ha afirmado que: “Sin embargo nadie podría negar que dicha imparcialidad es otra de sus obligaciones. De la misma forma, el Juez no sólo debe ser imparcial y objetivo, sino también aparentarlo”. Campos Calderón, Federico, “La Garantía de Imparcialidad del Juez en el Proceso Serie Monografias Premiadas 3.indb 485 18/11/2010 12:35:54 p.m. 486 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial b) A convicção do cidadão em relação aos órgãos jurisdicionais, para o qual convém retomar a diferença entre imparcialidade objetiva e subjetiva também assumida pelo Tribunal Constitucional Espanhol por influência do Tribunal Europeu de Direitos Humanos. A imparcialidade objetiva ocorre quando o juiz não tem nenhuma relação com o objeto do pleito concreto, nem em seus interesses próprios ou em suas opiniões individuais, devendo estar em condições de fazer um exame livre de preconceitos sobre os pontos de fato e direito que pudessem preveni-lo de um contato prévio no desenvolvimento do processo. A imparcialidade subjetiva significa que o juiz deve estar livre de qualquer tipo de relações pessoais e inimizades com quaisquer das partes.44 Uma demonstração tangível desta distinção se aprecia no Caso Piersack contra Bélgica quando o Tribunal Europeu declara na seção 30, primeiro parágrafo, que: Se a imparcialidade é definida ordinariamente pela ausência de preconceitos ou parcialidades, sua existência pode ser apreciada de diversas maneiras, particularmente de acordo com o artigo 6.1 do Convênio. Pode-se distinguir assim entre um aspecto subjetivo, que trata de averiguar Penal Acusatorio. Consideraciones en torno a su pleno alcance en el sistema procesal cos­ tarricense”, p. 6. Acessível em: http://74.125.47.132/search?q=cache:ZwsF4_cqENMJ: www.tsp.cu/Archivos/Ponencias/La%2520Garant%C3%ADa%2520de%2520Imparcia­­ lidad%2520del%2520Juiz%2520en%2520el%2520Proceso%2520Penal%2520Acusat orio.rtf+La+garantia+de+imparcialidad+Campos+Calderon&cd=3&hl=es&ct=clnk&gl=pe 44 Cfr. Galán González, Candela, Protección de la…, op. cit., p. 23. Serie Monografias Premiadas 3.indb 486 18/11/2010 12:35:54 p.m. 487 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial b) La convicción del justiciable en relación a los órganos jurisdiccionales, para lo cual conviene retomar la distinción entre imparcialidad objetiva y subjetiva asumida también por el Tribunal Constitucional Español por influencia del Tribunal Europeo de Derechos Humanos. La imparcialidad objetiva ocurre cuando el Juez no tiene ninguna relación con el objeto del pleito concreto, ni en sus intereses propios ni en sus opiniones individuales, debiendo estar en condiciones de verificar un examen libre de prejuicios sobre los puntos de hecho y derecho que pudieran prevenirlo de un contacto previo en el desarrollo del proceso. La imparcialidad subjetiva implica que el Juez ha de estar libre de toda clase de relaciones personales y enemistades con cualquiera de las partes.44 Una demostración tangible de esta distinción se aprecia en el Caso Piersack contra Bélgica cuando el Tribunal Europeo manifiesta en el apartado 30 primer párrafo que: Si la imparcialidad se define ordinariamente por la ausen­ cia de prejuicios o parcialidades, su existencia puede ser apreciada, especialmente conforme al artículo 6.1 del Con­ venio, de diversas maneras. Se puede distinguir así entre un aspecto subjetivo, que trata de averiguar la convicción Penal Acusatorio. Consideraciones en torno a su pleno alcance en el sistema procesal costarricense”, p. 6. Consultable en: http://74.125.47.132/search?q=cache:ZwsF4_cqENMJ: www.tsp.cu/Archivos/Ponencias/La%2520Garant%C3%ADa%2520de%2520Imparcia lidad%2520del%2520Juez%2520en%2520el%2520Proceso%2520Penal%2520Acusa torio.rtf+La+garantia+de+imparcialidad+Campos+Calderon&cd=3&hl=es&ct=clnk&gl=pe 44 Cfr. Galán González, Candela, Protección de la…, op. cit., p. 23. Serie Monografias Premiadas 3.indb 487 18/11/2010 12:35:54 p.m. 488 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial a convicção pessoal de um juiz determinado em um caso concreto, e um aspecto objetivo, que se refere a se este oferece as garantias suficientes para excluir qualquer dúvida razoável a respeito.45 Isto foi contestado posteriormente pelo Tribunal Constitucional Espanhol em reiterada jurisprudência, como no caso do Recurso de Amparo proposto pela Saga Galénica S.A., e sobre isso indica o seguinte: Neste sentido, nossa jurisprudência vem distinguindo entre uma ‘imparcialidade subjetiva’ que garante que o Juiz não manteve relações indevidas com as partes, e uma ‘imparcialidade objetiva’, que se refere ao objeto do processo, pelo qual se assegura que o Juiz ou o Tribunal não tiveram contato prévio com o thema decidendi e, portanto, aproxima-se do objeto sem prevenções em seu espírito.46 B) Um segundo critério para a determinação do conteúdo constitucional protegido do direito a um juiz imparcial é definir a imparcialidade com base em critérios objetivos. Isso significa que as razões para duvidar da imparcialidade judicial devem ser exteriorizadas e apoiadas em dados objetivos e atingir uma 45 Castillo Córdova, Luis, “El Derecho Fundamental…”, op. cit., p. 129. 46 Similares pronunciamentos do Tribunal Constitucional Espanhol STCE 47/1998 de 12 de julho de 1998, STCE 157/1993 de seis de maio de 1993, STCE 47/1998 de dois de março de 1998, STCE 11/2000 de 17 de janeiro de 2000 e STCE 52/2001 de 26 de fevereiro de 2001. Vid: www. boe.es Serie Monografias Premiadas 3.indb 488 18/11/2010 12:35:54 p.m. 489 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial personal de un Juez determinado en un caso concreto, y un aspecto objetivo, que se refiere a si éste ofrece las ga­ rantías suficientes para excluir cualquier duda razonable al respecto.45 Luego esto ha sido replicado por el Tribunal Constitucional Español en reiterada jurisprudencia, como el Recurso de Amparo planteado por Saga Galénica S.A., cuando sobre lo mismo apunta lo siguiente: En tal sentido nuestra jurisprudencia viene distinguiendo entre una ‘imparcialidad subjetiva’ que garantiza que el Juez no ha mantenido relaciones indebidas con las partes, y una ‘imparcialidad objetiva’, es decir, referida al objeto del proceso, por lo que se asegura que el Juez o el Tribunal no ha tenido un contacto previo con el thema decidendi y, por tanto, que se acerca al objeto mismo sin prevenciones en su ánimo.46 B) Un segundo criterio para la determinación del contenido constitucional protegido del derecho a un Juez imparcial consiste en que la imparcialidad se define con base en criterios objetivos; ello significa que las razones para dudar de la imparcialidad judicial deben quedar exteriorizadas y apoyadas en datos objetivos, y 45 Castillo Córdova, Luis, “El derecho fundamental…”, op. cit., p. 129. 46 Similares pronunciamientos del Tribunal Constitucional Español STCE 47/1998 del 12 de julio de 1998, STCE 157/1993 del seis de mayo de 1993, STCE 47/1998 del dos de marzo de 1998, STCE 11/2000 del 17 de enero del 2000 y STCE 52/2001 del 26 de febrero del 2001. Vid: www. boe.es Serie Monografias Premiadas 3.indb 489 18/11/2010 12:35:54 p.m. 490 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial consistência tal que permita afirmar que estão objetiva e legitimamente justificadas. Assim o demonstra a jurisprudência internacional do Caso Pescador Valero contra Espanha em sua seção 23: Para pronunciar-se, em um assunto concreto, sobre a existência de uma razão legítima para temer que um Juiz careça de imparcialidade, leva-se em consideração o ponto de vista do acusado, no entanto, este não tem um papel decisivo. O elemento determinante consiste em saber se é possível considerar as apreensões do interessado como objetivamente justificáveis.47 C) O terceiro critério indica que a imparcialidade é mais bem definida quando considera as circunstâncias do caso concreto, dado que a imparcialidade não pode ser examinada em abstrato, e sim determinada caso por caso. Este critério foi empregado em processos nos quais a condição de juiz de instrução e juiz de sentença confluía de maneira irregular e mereceu um amplo respaldo na jurisprudência espanhola e internacional. D)E, finalmente, quanto ao quarto critério, pode-se indicar que o juiz imparcial deve ser um juiz afastado dos interesses das partes, devendo existir para isso a coexistência de uma série de circunstâncias que permitam afirmar com fundamento que o Juiz é alheio à causa, porque não pode assumir funções da parte e não pode realizar atos ou manter com as partes relações 47 Castillo Córdova, Luis, “El Derecho Fundamental…”, op. cit., p. 130. Serie Monografias Premiadas 3.indb 490 18/11/2010 12:35:54 p.m. 491 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial deben alcanzar una consistencia tal que permita afirmar que se hallan objetiva y legítimamente justificadas, así lo refleja la jurisprudencia internacional del Caso Pescador Valero contra España en su apartado 23: Para pronunciarse sobre la existencia, en un asunto con­cre­­­to, de una razón legítima para temer que un Juez ca­rezca de imparcialidad, se tiene en cuenta el punto de vista del acusado pero no juega éste un papel decisivo. El elemen­to determinante consiste en saber si pueden considerar las aprensiones del interesado como objeti­ vamente justificables.47 C) El tercer criterio anota que la imparcialidad se define mejor en atención a las circunstancias del caso concreto, puesto que la imparcialidad no puede examinarse en abstracto sino que hay que determinarla caso por caso, este criterio ha sido empleado en aquellos procesos donde confluía de manera irregular la condición de Juez instructor y Juez sentenciador, y ha merecido un amplio respaldo en la jurisprudencia española e internacional. D)Y finalmente en cuanto al cuarto criterio se puede señalar que el Juez imparcial debe ser un Juez alejado de los intereses de las partes, para ello deben verificarse la concurrencia de una serie de circunstancias que permitan afirmar fundadamente que el Juez es ajeno a la causa, porque no puede asumir funciones de la parte y no puede realizar actos ni mantener con las partes relaciones 47 Castillo Córdova, Luis, “El derecho fundamental…”, op. cit., p. 130. Serie Monografias Premiadas 3.indb 491 18/11/2010 12:35:54 p.m. 492 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial jurídicas ou conexões de fato, que possam manifestar uma prévia posição de espírito em favor ou contra. Assim, o juiz deve de ser um terceiro imparcial que julgará à margem dos interesses das partes e de acordo com o ordenamento jurídico.48 Revisando os critérios anteriores, percebe-se que a imparcialidade foi se decantando a partir da vertente da neutralidade em direção à credibilidade das razões jurídicas estudada pela Teoria da Argumentação Jurídica. Não é possível entender de outro modo a inclusão da aparência de imparcialidade, por parte do Tribunal Europeu de Direitos Humanos, e a reminiscência de critérios objetivos de justificativa, com o objetivo de esclarecer a infração deste direito constitucional. Parece ser que, no campo da imparcialidade, pelo menos jurisprudencialmente deu-se preferência ao juiz neoconstitucionalista, um tipo de Juiz Hércules, munido da confiança dos cidadãos e cuja permanência depende da afirmação de sua imagem pública e privada. Não é estranho então que se pretenda fazer coincidir as fronteiras entre contexto de descoberta e contexto de justificativa em cada uma das decisões judiciais, em uma noção ideal de imparcialidade equiparável a uma ponderação jurídica do impossível. c. Imparcialidade, recusa e abstenções Sobre a recusa é pertinente assinalar que esta instituição veio se perfilando como um instrumento eficaz orientado a garantir a imparcialidade dos juízes ou magistrados competentes para resolver 48 Ibidem, pp. 133-134. Serie Monografias Premiadas 3.indb 492 18/11/2010 12:35:54 p.m. 493 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial jurídicas o conexiones de hecho, que puedan poner de manifiesto una previa posición anímica a favor o en su contra; así el Juez debe de ser un tercero imparcial que juzgará al margen de los intereses de las partes y con sujeción al ordenamiento jurídico.48 De la revisión de los anteriores criterios se denota que la imparcialidad se ha ido decantando desde la vertiente de la neutralidad hacia la credibilidad de las razones jurídicas estudiada por la teoría de la argumentación jurídica; no de otra forma puede entenderse la inclusión de la apariencia de imparcialidad por parte del Tribunal Europeo de Derechos Humanos, y la reminiscencia a criterios objetivos de justificación para esclarecer la infracción de este derecho constitucional. Parece ser que al menos jurisprudencialmente en el campo de la imparcialidad se ha preferido al Juez neoconstitucionalista, una suerte de Juez Hércules que debe estar provisto de la confianza de los justiciables y cuya permanencia depende del afianzamiento de su imagen pública y privada, no es extraño entonces que se pretenda hacer coincidir las fronteras entre contexto de descubrimiento y contexto de justificación en cada una de las decisiones judiciales, en un ideal de imparcialidad equiparable a una ponderación jurídica de lo imposible. c. Imparcialidad, recusación y abstenciones Sobre la recusación es pertinente señalar que esta institución se ha venido perfilando como un instrumento eficaz, dirigido a garantizar la imparcialidad de los Jueces o Magistrados que resultan 48 Ibidem, pp. 133-134. Serie Monografias Premiadas 3.indb 493 18/11/2010 12:35:54 p.m. 494 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial um determinado litígio. É precisamente por isso que a aparência de imparcialidade erigiu-se como elemento legitimador da função jurisdicional e atual fundamento do regime de recusa.49 Do ponto de vista constitucional, a inter-relação se deduz da jurisprudência comentada do Tribunal Europeu de Direitos Humanos ao incluir, dentro da necessária confiança dos cidadãos nos tribunais, a aparência de imparcialidade. Pois bem, este requisito configura, em minha opinião, uma parte do conteúdo essencial do princípio de imparcialidade, o que leva a pressupor que um crescente enfraquecimento da imagem do juiz tem alta probabilidade de comprometer sua imparcialidade, aumentando o risco da recusa de seu desempenho. Quanto às abstenções, pode-se dizer que é um ato processual do juiz, por meio do qual insta ou solicita ao órgão competente o seu afastamento do conhecimento de um determinado assunto, por considerar que estão presentes algumas das circunstâncias, que previstas na lei, possibilitam seu afastamento.50 A questão em debate neste caso é esclarecer se a abstenção tem a natureza jurídica de um dever jurídico ou se é um ato jurisdicional, sendo que, da perspectiva deste trabalho é pertinente inclinar-se por esta última posição, visto que a decisão final de determinação de sua procedência está subordinada a um órgão claramente jurisdicional como o é a segunda instância. A abstenção, apesar de ter em cada legislação uma tabela expressa de motivos, sempre estará submetida a um controle prévio do Princípio de Razoabilidade, cuja explicação será apresentada mais adiante. 49 Cfr. Galán González, Candela, Protección de la…, op. cit., p. 27-30. 50 Cfr. Ibidem, p. 313. Serie Monografias Premiadas 3.indb 494 18/11/2010 12:35:54 p.m. 495 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial competentes en la resolución de un determinado litigio, y es precisamente por ello que la apariencia de imparcialidad se ha erigido como el elemento legitimador de la función jurisdiccional y actual fundamento del régimen recusatorio.49 Desde la óptica constitucional la interrelación se colige de la jurisprudencia glosada del Tribunal Europeo de Derechos Humanos cuando comprende dentro de la ne­ cesaria confianza de los justiciables en los tribunales a la apariencia de imparcialidad. Ahora bien este requisito configura a mi parecer, una parte del contenido esencial del principio de imparcialidad, lo que hace presuponer que un creciente debilitamiento de la imagen del Juez tiene altas probabilidades de dañar su imparcialidad y con ello incrementar el riesgo de la recusación a su desempeño. En cuanto a las abstenciones se puede decir que es un acto procesal del Juez a través del cual insta o solicita al órgano competente su separación en el conocimiento de un determinado asunto, por estimar concurrentes algunas de las circunstancias que previstas en la ley posibilitan su separación,50 la cuestión en debate en este asunto estriba en esclarecer si la abstención tiene la naturaleza jurídica de un deber jurídico o es un acto jurisdiccional, siendo que desde la perspectiva de este trabajo es pertinente inclinarse por esta última posición, ya que la decisión final de determinación de su procedencia está librada a un órgano netamente jurisdiccional como es la segunda instancia. La abstención a pesar de tener en cada legislación una tabla expresa de causales siempre estará sometida a un control previo del principio de razonabilidad, cuya consiguiente explicación se efectuará más adelante. 49 Cfr. Galán González, Candela, Protección de la…, op. cit., pp. 27-30. 50 Cfr. Ibidem, p. 313. Serie Monografias Premiadas 3.indb 495 18/11/2010 12:35:54 p.m. 496 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial Em resumo, as instituições do recusa e da abstenção têm como propósito último resguardar o princípio de imparcialidade, evitar a contaminação do juiz e encaminhar a decisão judicial para a correta e justa resolução dos casos. Para isso é útil levar em consideração os critérios de determinação do juiz imparcial adotados pela jurisprudência eurocontinental e que já foram desenvolvidos neste trabalho em parágrafos precedentes. d. A imparcialidade da complexidade Segundo André-Jean Arnaud e María José Fariñas Dulce, a racionalidade moderna adotou o paradigma da simplicidade ao afirmar que a única fonte de direitos e obrigações está na razão do próprio indivíduo e ao excluir a representação da complexidade dos intercâmbios jurídicos sob o esquema do paradigma racional sistemático moderno.51 Sob a visão do paradigma da complexidade, aspira-se ao conhecimento multidimensional, ao pluralismo epistemológico e metodológico regido pela riqueza dos pontos de vista52 e, no campo do Direito, oferece-se um modelo reticular da pluralidade onde a produção jurídica é extrapolada em uma rede sem contornos determinados. Esta percepção da complexidade afeta também as instituições jurídicas e, portanto, a imparcialidade judicial, que durante muito 51 Arnaud, André-Jean e Fariñas Dulce, María José, Sistemas Jurídicos: Elementos para un Análisis Sociológico, Segunda Edição, Universidade Carlos III e Diário Oficial do Estado, Madri, 2006, p. 234. 52 Cfr. Morin, Edgar, Introducción al Pensamiento Complejo, Terceira Reimpressão, Tradução Marcelo Pakman, Gedisa, Barcelona, 1997, p. 23. Serie Monografias Premiadas 3.indb 496 18/11/2010 12:35:54 p.m. 497 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial En resumen las instituciones de la recusación y abstención tienen como propósito último salvaguardar el principio de imparcialidad, evitar la contaminación del Juez y encaminar la decisión judicial hacia la correcta y justa resolución de los casos, para ello resulta útil tomar en consideración los criterios de determinación del Juez imparcial adoptados por la jurisprudencia eurocontinental y que ya fueron comentados en este trabajo en acápites precedentes. d. La imparcialidad de la complejidad Según André-Jean Arnaud y María José Fariñas Dulce la racionalidad moderna ha asumido el paradigma de la simplicidad al proclamar que la única fuente de derechos y obligaciones se encuentra en la razón del propio individuo, y al excluir la representación de la complejidad de los intercambios jurídicos bajo el esquema del paradigma racional sistemático moderno.51 Bajo la visión del paradigma de la complejidad se aspira al conocimiento multidimensional, al pluralismo epistemológico y metodológico gobernado por la riqueza de los puntos de vista,52 y en el campo del derecho se ofrece un modelo reticular de la pluralidad donde la producción jurídica se extrapola en una red sin confines determinados. Esta percepción de la complejidad afecta también a las instituciones jurídicas y por ende a la imparcialidad judicial, que durante 51 Arnaud, André-Jean y FARIÑAS DULCE, María José, Sistemas jurídicos: elementos para un análisis sociológico, 2a. ed., Universidad Carlos III y Boletín Oficial del Estado, Madrid, 2006, p. 234. 52 Cfr. Morin, Edgar, Introducción al pensamiento complejo, 3a. reimp, Trad. de Marcelo Pakman, Gedisa, Barcelona, 1997, p. 23. Serie Monografias Premiadas 3.indb 497 18/11/2010 12:35:55 p.m. 498 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial tempo foi submetida à concepção simples da neutralidade. Agora, a imparcialidade complexa exige um enfoque multidimensional, revelado parcialmente sob a égide do neoconstitucionalismo, faltando, no entanto, ainda aprofundar estes progressos em um arquétipo comunicacional de natureza transcultural. A imparcialidade da racionalidade moderna está a ponto de ceder à racionalidade hermenêutica, própria dos sistemas inteligentes; se o Direito pode ser entendido como um sistema vivo autopoiético, por que a imparcialidade não pode ser compreendida como uma instituição humana, na qual a figura de um juiz como observador empático adquire importância vital, e um paradigma transmoderno pode ser o modelo que substitua o esquema simplificado da imparcialidade? A meu ver, a elaboração de imparcialidade da complexidade pode ser esboçada a partir da concepção do juiz como grande igualador, através da vertente garantista, complementada pela influência de um observador empático do Direito & Literatura. A transição de um sistema da simplicidade para a complexidade está em pleno desenvolvimento e a jurisprudência do Tribunal Europeu de Direitos Humanos é uma prova plausível de que virão tempos de maior razoabilidade com relação à questão da imparcialidade. Serie Monografias Premiadas 3.indb 498 18/11/2010 12:35:55 p.m. 499 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial mucho tiempo ha estado sometida a la concepción simple de la neutralidad, ahora la imparcialidad compleja exige un enfoque multidimensional, que parcialmente se ve develado en la égida del neo constitucionalismo, aunque resta aún profundizar dichos progresos en un arquetipo comunicacional de naturaleza transcultural. La imparcialidad de la racionalidad moderna está por ceder a la racionalidad hermeneútica propia de los sistemas inteligentes, si el derecho puede ser entendido como un sistema vivo autopoiético, por qué no la imparcialidad puede ser comprendida como una institución huma­ na, donde cobre vital importancia la figura de un Juez en tanto obser­ vador empático y un paradigma transmoderno pueda ser el modelo que reemplace al esquema simplificado de la imparcialidad. Desde mi óptica la diagramación de una imparcialidad de la com­ plejidad puede ser esbozada a partir de las concepciones del Juez como gran igualador desde la vertiente garantista, complementada por la influencia de un observador empático del Derecho & Litera­ tura. La transición de un sistema de la simplicidad a la complejidad está en pleno desarrollo y la jurisprudencia del Tribunal Europeo de Derechos Humanos es una prueba plausible de que vienen tiempos de mayor razonabilidad en el tema de la imparcialidad. Serie Monografias Premiadas 3.indb 499 18/11/2010 12:35:55 p.m. Capítulo II O princípio de imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial 1. A ética judicial e o princípio de imparcialidade A necessidade do fortalecimento de uma ética judicial foi defendida, de forma notória, por Rodolfo Luis Vigo devido à falta de confiança e credibilidade em relação ao Poder Judiciário.53 Para isto, propõe que a ética da magistratura deva tratar do “bom” juiz e seu modo particular de se aperfeiçoar como magistrado e, ao mesmo tempo, como homem. Isso determina que o “bom” juiz seja, afinal de contas, o juiz justo que resolve os casos com prudência, dando a cada um o que é seu.54 Apesar das conotações jusnaturalistas e, portanto, monodimensionais que este autor assume no tocante ao tema da ética judicial, é resgatável sua preocupação em recuperar aqueles 53 Cfr. Vigo, Rodolfo Luis, “Ética Judicial: Su especificidad y Responsabilidad”, Acessível em: www.cjf.jus.br/revista/numero32/artigo02.pdf 54 Cfr. Vigo, Rodolfo Luis, “Ética de la Magistratura Judicial”, em La Función Judicial, Depalma, Buenos Aires, 1991, p. 65. 500 Serie Monografias Premiadas 3.indb 500 18/11/2010 12:35:55 p.m. Capítulo II El principio de imparcialidad en el Código Iberomericano de Ética Judicial 1. La ética judicial y el principio de imparcialidad La necesidad del fortalecimiento de una ética judicial ha sido notoriamente defendida por parte de Rodolfo Luis Vigo ante la falta de confianza y credibilidad frente al Poder Judicial;53 para este motivo propone que la ética de la magistratura debe tratar sobre el “buen” Juez y su modo particular de perfeccionarse como Magistrado y a la par como hombre, lo que determina que el “buen” Juez sea en definitiva el Juez justo que con prudencia resuelve los casos dando a cada uno lo suyo.54 A pesar de las connotaciones jusnaturalistas y por tanto monodimensionales que asume este autor en cuanto al tema de la ética judicial, es rescatable su preocupación por recuperar 53 Cfr. Vigo, Rodolfo Luis, “Ética judicial: su especificidad y responsabilidad”, Consultable en: www.cjf.jus.br/revista/numero32/artigo02.pdf 54 Cfr. Vigo, Rodolfo Luis, “Ética de la magistratura Judicial”, en La función judicial, Depalma, Buenos Aires, 1991, p. 65. 501 Serie Monografias Premiadas 3.indb 501 18/11/2010 12:35:55 p.m. 502 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial compromissos particulares dos juízes que estão materializados normalmente nos códigos de ética profissionais. Por sua vez, por meio de uma vertente mais laica e aberta, Manuel Atienza considera que um método para construir uma ética judicial significa partir primeiro dos princípios e virtudes judiciais, às quais fazem referência as posturas do Direito Natural e, depois, compreender a prática jurisdicional como a atividade cidadã do juiz enquanto vinculada à sua profissão.55 Não é por acaso que a elaboração do Código Ibero-americano de Ética Judicial, aprovado na XI Cúpula Judicial Ibero-americana de Santo Domingo em 2006, tenha confiado sua redação aos ilustres juristas Rodolfo Luis Vigo e Manuel Atienza. Estes autores, na Exposição de Motivos, aludiram a que a adoção de um Código de Ética representaria uma mensagem que os próprios Poderes Judiciários enviam à sociedade, reconhecendo a inquietude que sua frágil legitimidade provoca, o empenho em assumir voluntariamente um forte compromisso e a excelência na prestação do serviço de justiça. Este compromisso materializou-se no código, nos três grandes núcleos da ética judicial, como os princípios de independência, imparcialidade e motivação das decisões judiciais. O princípio de imparcialidade está desenvolvido no Capítulo II, do artigo 9 ao 17, e discorre sobre um conjunto de temas que convém detalhar à luz do ambiente teórico antes exposto neste trabalho sobre o tema de imparcialidade. 55 Cfr. Atienza, Manuel, “Ética Judicial. ¿Por qué no un código deontológico para los jueces?”, em Jueces para la democracia, N.46, España, 2003, p. 44-45. Serie Monografias Premiadas 3.indb 502 18/11/2010 12:35:55 p.m. 503 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial aquellos compromisos particulares de los Jueces materializados normalmente en los códigos de ética profesionales. Por su parte, desde una vertiente más laica y abierta, Manuel Atienza considera que un método para construir una ética judicial implica partir primero de los principios y virtudes judiciales a que hacen referencia las posturas del derecho natural, y luego comprender la práctica jurisdiccional como la actividad ciudadana del Juez en tanto vinculada con su profesión.55 No es casual que la confección del Código Iberoamericano de Ética Judicial, aprobado en la XI Cumbre Judicial Iberoamericana de Santo Domingo el año 2006, haya sido entonces confiado en su redacción a los ilustres juristas Rodolfo Luis Vigo y Manuel Atienza, quienes en la Exposición de Motivos han hecho referencia a que la adopción de un Código de Ética represente un mensaje que los mismos Poderes Judiciales envían a la sociedad reconociendo la inquietud que pro­ voca su débil legitimidad y el empeño en asumir voluntariamente un com­ promiso fuerte por la excelencia en la prestación del servicio de justicia. Este compromiso se ha materializado en el código en los tres grandes núcleos de la ética judicial como son los principios de independencia, imparcialidad y motivación de las decisiones judiciales; en el caso del principio de imparcialidad se encuentra desarrollado en el capítulo II desde el artículo 9 al 17, y recorre un conjunto de temas que conviene detallar al albor del marco teórico antes expuesto en materia de imparcialidad en este trabajo. 55 Cfr. Atienza, Manuel, “Ética judicial. ¿Por qué no un código deontológico para los jueces?”, en Jueces para la democracia, N.46, España, 2003, pp. 44-45. Serie Monografias Premiadas 3.indb 503 18/11/2010 12:35:55 p.m. 504 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial 2. A imparcialidade e o Código Ibero-americano Para Rodolfo Luis Vigo, cabe definir a imparcialidade preliminarmente como um princípio equivalente a uma “ética concentrada” que por essa mesma razão pode ser projetada em diferentes normas que a concretizam, especificando determinadas hipóteses fáticas e as respectivas consequências de seu eventual não cumprimento, para depois, tecnicamente, vinculá-la à distância que o juiz deve manter com as partes envolvidas no caso e sua correspondente inibição como consequência da perda desta neutralidade.56 Certamente, é surpreendente descobrir o grau de influência que a concepção de imparcialidade teve enquanto neutralidade, inclusive entre autores, como o citado professor argentino, ainda que não seja de todo incoerente devido ao fato de a filosofia que o orienta ser de aguçado corte iusnaturalista, privilegiando as virtudes do juiz acima dos problemas da prática jurisdicional. Particularmente penso que a perspectiva de imparcialidade, como princípio de neutralidade do código, vem a ser um tipo de iusnaturalismo reconvertido subitamente à hermenêutica, pois, como foi comentado, sacralizar a neutralidade coloca em risco uma compreensão mais pluralista do fenômeno da imparcialidade. Para isso cabe lembrar que a Teoria da Argumentação Jurídica, difundida por Manuel Atienza e Joseph Aguiló Regla, a partir do exame entre contexto de descoberta e contexto de justificativa, exige que o juiz ponderador de interesses proteja os cidadãos a serem 56 Cfr. Vigo, Rodolfo Luis, “Etica Judicial…, op. cit., p. 18. Serie Monografias Premiadas 3.indb 504 18/11/2010 12:35:55 p.m. 505 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial 2. La imparcialidad y el Código Iberoamericano Para Rodolfo Luis Vigo la imparcialidad cabe definirla preliminarmente como un principio que equivale a una “ética concentrada” y que por ello mismo puede proyectarse en diferentes normas que la concretan, especificando determinados supuestos fácticos y las res­ pectivas consecuencias ante su eventual incumplimiento, para más adelante técnicamente vincularla a la distancia que debe mantener el Juez respecto de las partes imbricadas en el caso y su correspondiente inhibición frente a la pérdida de dicha neutralidad.56 Ciertamente sorprende descubrir el grado de influencia que ha tenido la concepción de la imparcialidad como neutralidad inclusive entre autores como el citado profesor argentino, aunque no resulta incohe­ rente del todo debido a que la filosofía que lo orienta es de aguzado corte iusnaturalista, pues privilegia las virtudes del Juez por encima de los problemas de la práctica jurisdiccional. Particularmente creo que la perspectiva de imparcialidad como principio de neutralidad del código viene a ser una suerte de iusnaturalismo reconvertido de pronto hacia la hermeneútica, ya que como se ha comentado con anterioridad, sacralizar la neutralidad pone en riesgo una comprensión más pluralista del fenómeno de la imparcialidad; para ello cabe recordar que la teoría de la argumenta­ ción jurídica difundida por Manuel Atienza y Joseph Aguiló Regla, a partir de la disquisición entre contexto de descubrimiento y contexto de justificación ha exigido que el Juez ponderador de intereses proteja a los ciudadanos a ser juzgados desde el derecho en 56 Cfr. Vigo, Rodolfo Luis, “Etica judicial…”, op. cit., p. 18. Serie Monografias Premiadas 3.indb 505 18/11/2010 12:35:55 p.m. 506 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial julgados pelo Direito em igualdade de condições e, ao mesmo tempo, garanta a credibilidade das razões jurídicas ante a comunidade. É por isso que existe uma contradição entre neutralidade e ponderação que não pode ser solucionada liricamente, e sim por meio de uma crucial inclinação a um modelo neoconstitucionalista, no qual o juiz articule a sociedade como um grande engenheiro social. Embora seja possível aceitar um conteúdo mínimo de Direito Natural no interior dos princípios constitucionais, ainda resta determinar os alcances do denominado Princípio de Imparcialidade dentro do esquema do Código Ibero-americano de Ética Judicial e se a problemática deste modelo complexo pode ser englobada em grande medida pelos parâmetros estabelecidos neste ordenamento de alcance supranacional. Com este fim, propõe-se uma análise dividida em seis temas no capítulo referente à Imparcialidade do código comentado. a. A imparcialidade e o direito à igualdade A noção de imparcialidade como igualdade foi resgatada em primeiro lugar pelo garantismo de Luigi Ferrajoli e depois retomada pelos estudos de Direito & Literatura ao apelar à empatia emocional do juiz. Em ambos os casos o juiz pertence a uma raça de igualadores sociais, com a missão de tutelar a parte mais fraca, empregando a doutrina dos direitos humanos. Nesta medida, o Princípio de Igualdade pode atingir duas dimensões: uma como igualdade material, porque se atribui aos poderes públicos a tarefa de fazer com que a liberdade e a igualdade do indivíduo e dos grupos em que Serie Monografias Premiadas 3.indb 506 18/11/2010 12:35:55 p.m. 507 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial igualdad de condiciones, y a la vez garantice la credibilidad de las razones jurídicas ante la comunidad; es por ello que existe una contradicción entre neutralidad y ponderación que no puede ser solucionada líricamente, sino a través de una crucial inclinación hacia un modelo neo constitucionalista, en el que el Juez articule la sociedad como un gran ingeniero social. Si bien es posible aceptar un contenido mínimo de derecho natural al interior de los principios constitucionales, aún queda subsistente la determinación de los alcances del denominado principio de imparcialidad dentro del esquema del Código Iberoamericano de Ética Judicial, y si la problemática de este modelo complejo puede ser englo­bada en gran medida por los parámetros fijados en este ordenamiento de alcance supranacional. Con tal propósito se propone un análisis dividido en seis temas del capítulo concerniente a la Imparcialidad del código bajo comentario. a. La imparcialidad y el derecho a la igualdad La noción de imparcialidad como igualdad ha sido rescatada primero por el garantismo de Luigi Ferrajoli y luego acentuada por los estudios de Derecho & Literatura al apelar a la empatía emocional del Juez, en ambos casos el Juez pertenece a una raza de igualadores sociales que tiene la misión de tutelar a la parte más débil empleando la doctrina de los derechos humanos, en esta medida el principio de igualdad puede alcanzar dos dimensiones, una como igualdad material porque se atribuye a los poderes públicos la tarea de promover que la libertad y la igualdad del individuo y de los grupos en Serie Monografias Premiadas 3.indb 507 18/11/2010 12:35:55 p.m. 508 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial se integram sejam reais e efetivas, e a outra como igualdade formal, quando se declara nominalmente que todos são iguais perante a lei.57 No caso do Código Ibero-americano de Ética Judicial, denota-se do teor de seu artigo 9 que a igualdade foi considerada fundamento da imparcialidade e qualquer tipo de discriminação foi proibido. O texto é o seguinte: Art. 9o.- A imparcialidade judicial tem seu fundamento no direito de todos os cidadãos a serem tratados por igual e, portanto, a não serem discriminados no que se refere ao desempenho da função jurisdicional. (O grifo é do autor) Uma leitura detalhada permite deduzir a obrigação de tratar todos os cidadãos por igual. Isto significa assumir a missão de efetivar a igualdade formal para transformá-la em plena igualdade material, uma forma de socialização do processo pela qual fica proscrita qualquer forma de discriminação. Pois bem, na experiência espanhola a igualdade adquiriu três formas diferentes. Em primeiro lugar a igualdade agiu como texto normativo, porque sua positivação como valor, princípio e direito fundamental dotou a igualdade de um sólido status normativo. Em segundo lugar, a igualdade constituiu um inevitável contexto normativo para a interpretação e a aplicação de todas as normas do ordenamento jurídico e, em terceiro lugar, teve muitas vezes um papel de pretexto normativo, abusivamente manipulado com interpretações arbitrárias e forçadas que visavam vinculá-la com hipóteses e relações jurídicas alheias a ela.58 No artigo 57 Cfr. Pérez Luño, Antonio, Dimensiones de la Igualdad, Dikinson, Madrid, 2005, p. 87. 58 Cfr. Ibidem, p.98-99. Serie Monografias Premiadas 3.indb 508 18/11/2010 12:35:55 p.m. 509 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial que se integran sean reales y efectivas, e igualdad formal cuando se declara nominalmente que todos son iguales ante la ley.57 En el caso del Código Iberoamericano de Ética Judicial se denota del tenor de su artículo 9, que se ha considerado como fundamento de la impar­ cialidad a la igualdad y se ha prohibido toda clase de discriminación. El texto es el siguiente: Art. 9o.- La imparcialidad judicial tiene su fundamento en el derecho de los justiciables a ser tratados por igual y, por tanto, a no ser discriminados en lo que respecta al desarrollo de la función jurisdiccional. (El subrayado es del autor). Una lectura detallada permite colegir que se exige que todos los justiciables sean tratados por igual, esto conlleva a asumir la misión de efectivizar la igualdad formal para transformarla en plena igualdad material, una forma de socialización del proceso por la cual queda proscrita toda forma de discriminación. Ahora bien, en la expe­ riencia española la igualdad ha adquirido tres formas diferentes, en primer lugar la igualdad ha actuado como texto normativo, porque su positivación en tanto valor, principio y derecho fundamental ha dotado a la igualdad de un sólido status normativo; en segundo lugar la igualdad ha constituido un insoslayable contexto normativo para la interpretación y aplicación de todas las normas del orde­ namiento jurídico, y en tercer lugar ha jugado muchas veces un papel de pretexto normativo que ha sido abusivamente manipulado con interpretaciones arbitrarias y forzadas para conectarla con supuestos y relaciones jurídicas ajenos a ella.58 En el artículo 9 del código 57 Cfr. Pérez Luño, Antonio, Dimensiones de la igualdad, Dikinson, Madrid, 2005, p. 87. 58 Cfr. Ibidem, pp.98-99. Serie Monografias Premiadas 3.indb 509 18/11/2010 12:35:55 p.m. 510 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial 9 do código, é evidente que a igualdade foi concebida como contexto normativo na interpretação do princípio de imparcialidade. Não em vão a igualdade orienta o desenvolvimento da função jurisdicional e alimenta a determinação do conteúdo essencial da imparcialidade. b. A objetividade do juiz em relação à prova Em matéria de Teoria da Verdade, empregou-se um conjunto de teorias para estabelecer sua aplicação no campo do Direito. A Teoria da Correspondência, enunciada originariamente por Alfred Tarski, tem especial relevância, e pode ser resumida como aquele modelo no qual a verdade de uma frase consiste em sua concordância (correspondência) com a realidade.59 Esta posição foi recepcionada pelos cultores entusiastas da argumentação jurídica, ao defenderem uma espécie de objetivismo crítico que seja consciente das dificuldades em relação ao conhecimento, mas que não cai na desilusão radical acerca da possibilidade de apreender dados (suficientemente) objetivos da realidade. Para isto, os fatos devem ser submetidos a uma rigorosa análise no intuito de estabelecer em que medida são independentes e em que medida são construções do observador.60 O exame sobre as relações entre verdade e prova tem uma longa data no campo processual, mas só a partir da introdução 59 Cfr. Tarski, Alfred, La concepción semántica de la verdad y los fundamentos de la semántica, Edições Nueva Visión, Buenos Aires, 1972. p. 12. 60 Cfr. González Lagier, Daniel, Quaestio Facti. Ensayos sobre prueba, causalidad y acción, Palestra, Lima, Bogotá, 2005, p. 37-38. Serie Monografias Premiadas 3.indb 510 18/11/2010 12:35:55 p.m. 511 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial es patente que la igualdad ha sido asumida como contexto normativo para la interpretación del principio de imparcialidad, no en vano la igualdad orienta el desarrollo de la función jurisdiccional y alimenta la determinación del contenido esencial de la imparcialidad. b. La objetividad del Juez en relación a la prueba En materia de teoría de la verdad se han esgrimido un conjunto de teorías para establecer su aplicación al campo del derecho; de especial relevancia es la teoría de la correspondencia enunciada origina­ riamente por Alfred Tarski, y que puede ser resumida como aquel modelo en el cual la verdad de una oración consiste en su acuerdo (correspondencia) con la realidad.59 Esta posición ha sido recepcionada por los entusiastas cultores de la argumentación jurídica, cuando defienden una especie de objetivismo crítico que sea consciente de las dificultades para el conocimiento, pero que no caiga tampoco en la desilusión radical acerca de la posibilidad de aprehender datos (suficientemente) objetivos de la realidad; para lo cual se debe someter a los hechos a un riguroso análisis para establecer en qué medida son independientes y en qué medida construcciones del observador.60 La disquisición acerca de las relaciones entre verdad y prueba tienen una larga data en el campo procesal, pero es sólo a partir de 59 Cfr. Tarski, Alfred, La concepción semántica de la verdad y los fundamentos de la semán­ tica, Ediciones Nueva Visión, Buenos Aires, 1972, p. 12. 60 Cfr. González Lagier, Daniel, Quaestio Facti. Ensayos sobre prueba, causalidad y acción, Palestra, Lima, Bogotá, 2005, pp. 37-38. Serie Monografias Premiadas 3.indb 511 18/11/2010 12:35:55 p.m. 512 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial de certos conceitos da Teoria do Direito, estas questões puderam ser amplamente desenvolvidas. Isso, por sua vez, significa maior reflexão sobre a forma de conceber a imparcialidade e maior esforço para delimitar as conexões entre juiz-prova-verdade. A solução do objetivismo crítico não é gratuita e de certa maneira reflete a redação final do artigo 10 do código em análise, e diz: Art. 10.- O juiz imparcial é aquele que persegue a verdade dos fatos, com objetividade e fundamentado na prova, mantendo ao longo de todo o processo uma equivalente distância das partes e de seus advogados, e evitando qualquer tipo de comportamento que possa refletir favoritismo, predisposição ou preconceito. (O grifo é do autor) A referência à objetividade por parte do juiz imparcial é uma notória reminiscência ao objetivismo crítico antes anunciado e cujo mais remoto precedente é a Teoria da Correspondência. Quanto ao demais, esta interpretação é ratificada quando se exige que o juiz imparcial busque a verdade dos fatos com fundamento na prova, isto é, imprimir uma forte carga de argumentação jurídica nas decisões judiciais baseada em uma direta conexão entre fatos e verdade. Apesar de ser possível fazer outro tipo de interpretações sobre os artigos comentados, não obstante, devido ao contexto de descoberta do próprio código à luz das ideias do professor Manuel Atienza, penso que esta vem a ser mais fiel aos antecedentes. Serie Monografias Premiadas 3.indb 512 18/11/2010 12:35:55 p.m. 513 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial la introducción de ciertos conceptos de la teoría del derecho que se ha logrado un desarrollo importante en estos temas, ello a su vez implica una mayor reflexión sobre la forma como se concibe la imparcialidad y un mayor despliegue para delimitar las conexiones entre Juez-prueba-verdad. La solución del objetivismo crítico no es gratuita y en cierta manera refleja la redacción final del artículo 10 del código bajo comentario, y que es como sigue: Art. 10.- El Juez imparcial es aquel que persigue con objetividad y con fundamento en la prueba la verdad de los hechos, man­ teniendo a lo largo de todo proceso una equivalente distancia con las partes y con sus abogados, y evita todo tipo de com­ portamiento que pueda reflejar favoritismo, predisposición o prejuicio. (El subra­yado es del autor). La referencia a la objetividad por parte del Juez imparcial es una notoria reminiscencia al objetivismo crítico antes anunciado y cuyo más remoto precedente es la teoría de la correspondencia; por lo demás, esta interpretación es ratificada cuando se exige que el Juez imparcial busque con fundamento en la prueba la verdad de los hechos, esto es, imprimir una fuerte carga de argumentación jurídica en las decisiones judiciales con base en una directa conexión entre hechos y verdad. Aunque es posible realizar otra clase de interpretaciones sobre el articulado bajo comentario, no obstante debido al contexto de descubrimiento del propio código al albor de las ideas del profesor Manuel Atienza, creo que ésta resulta la más fiel a los antecedentes. Serie Monografias Premiadas 3.indb 513 18/11/2010 12:35:55 p.m. 514 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial c. A perspectiva do observador razoável Neste ponto se percebe que o código elaborou a noção de observador razoável para delimitar quando estaria sendo comprometido o princípio de imparcialidade, ainda que a meu ver esta norma de observador razoável possa admitir duas vertentes, ambas contraditórias entre si. A primeira, derivada da referência feita anteriormente ao objetivismo crítico e à aparência de imparcialidade, e a segunda sustentada no ponto de vista de um espectador judicioso (razoável). Para analisar ambas as perspectivas, convém citar os artigos do Código Ibero-americano de Ética Judicial, onde se faz referência ao observador razoável, além dos artigos concordantes do Estatuto do Juiz Ibero-americano de 2001, que também regulou implicitamente a objetividade, indicando que a imparcialidade deve ser evidente para a cidadania. Os textos pertinentes do código são os três primeiros, e o último corresponde ao citado estatuto: Art. 11. - O juiz é obrigado a se abster de intervir em causas nas quais sua imparcialidade se vir comprometida ou onde um observador razoável puder entender que há motivo para pensar assim. (O grifo é do autor). Art. 14. - Proíbe-se ao juiz e aos outros membros do gabinete judicial receber presentes ou benefícios de qualquer índole que forem considerados injustificados do ponto de vista de um observador razoável (O grifo é do autor). Art. 13. - O juiz deve evitar qualquer aparência de tratamento preferencial ou especial em relação aos advogados e aos cidadãos proveniente de sua própria conduta ou da de outros integrantes do gabinete judicial (O grifo é do autor). Serie Monografias Premiadas 3.indb 514 18/11/2010 12:35:55 p.m. 515 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial c. La perspectiva del observador razonable En este punto se advierte que el código ha elaborado la noción de observador razonable para delimitar cuándo se estaría comprometiendo el principio de imparcialidad, aunque a mi parecer este estándar de observador razonable puede admitir dos vertientes, ambas contradictorias entre sí; la primera derivada de la anterior referencia al objetivismo crítico y la apariencia de imparcialidad, y la segunda sustentada en el punto de vista de un espectador juicioso (razonable). Para analizar ambas perspectivas conviene citar los artículos donde el Código Iberoamericano de Ética Judicial hace referencia al observador razonable, aparte del articulado concordante del Estatuto del Juez Iberoamericano del 2001 que también ha regulado implícitamente la objetividad cuando anota que la imparcialidad debe ser evidente para la ciudadanía. Los textos pertinentes del código son los tres primeros, y el último corresponde al acotado Estatuto: Art. 11.- El Juez está obligado a abstenerse de intervenir en aque­ llas causas en las que se vea comprometida su imparcialidad o en las que un observador razonable pueda entender que hay motivo para pensar así. (El subrayado es del autor). Art. 14.- Al Juez y a los otros miembros de la oficina judicial les está prohibido recibir regalos o beneficios de toda índole que resulten injustificados desde la perspectiva de un observador razonable (El subrayado es del autor). Art. 13.- El Juez debe evitar toda apariencia de trato preferencial o especial con los abogados y con los justiciables, proveniente de su propia conducta o de la de los otros integrantes de la oficina judicial (El subrayado es del autor). Serie Monografias Premiadas 3.indb 515 18/11/2010 12:35:55 p.m. 516 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial Art. 8. - Imparcialidade Objetiva. - A imparcialidade do juiz deve ser real, efetiva e evidente para os cidadãos. (O grifo é do autor). A Teoria da Argumentação Jurídica defende a afirmação de um objetivismo crítico e é muito provável que a construção teórica do observador razoável tenha sua origem nesta concepção sobre a verdade. Entretanto, também é factível encontrar este tipo de aproximações pela jurisprudência do Tribunal Europeu de Direitos Humanos, na medida em que, ao delimitar o conteúdo constitucional do juiz imparcial, exige-se uma específica auréola de confiança nos tribunais que se vê refletida na necessária aparência de imparcialidade que um juiz deve ter perante a sociedade. Só assim é possível compreender os comentários sobre as eventualidades que comprometem a imparcialidade e a perspectiva do observador razoável que visam estender uma ponte hermenêutica entre contexto de justificativa e contexto de descoberta, exatamente como Joseph Aguiló Regla esboçou em parágrafos prévios, no contexto argumentativo. Por outro lado, pode-se também ler a noção de observador razoável como espectador criterioso, com base nos tributários do Direito & Literatura que erguem a figura do juiz empático, mas com clara distância entre as partes; assim a invocação à razoabilidade dá então a oportunidade de compreender o observador razoável como imaginador dos interesses insatisfeitos, igualador e reparador social ou artífice e hermeneuta da casuística concreta. O espectador criterioso recorre à razoabilidade e coloca-se entre os grandes mensageiros dos discursos sociais. A imparcialidade é flexível e se delimita conforme a prática diária. Serie Monografias Premiadas 3.indb 516 18/11/2010 12:35:55 p.m. 517 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial Art. 8.- Imparcialidad Objetiva.- La imparcialidad del Juez ha de ser real, efectiva y evidente para la ciudadanía (El subrayado es del autor). La teoría de la argumentación Jurídica ha defendido la afirmación de un objetivismo crítico y es muy probable que la construcción teórica del observador razonable tenga su origen en esta concepción acerca de la verdad; sin embargo, también es factible encontrar esta clase de aproximaciones a través de la jurisprudencia del Tribunal Europeo de Derechos Humanos, cuando al delimitarse el contenido constitucional del Juez imparcial se exige un específico halo de confianza en los tribunales, que se proyecta en la necesaria apariencia de imparciali­ dad que debe tener un Juez ante la sociedad. Sólo de esta forma se entien­den las anotaciones acerca de las eventualidades que compro­ meten la imparcialidad y la perspectiva del observador razonable que apuntan a tender un puente hermeneútico entre contexto de justificación y contexto de descubrimiento, tal y cual lo esbozara Joseph Aguiló Regla en acápites previos en el contexto argumentativo. Por otro lado se puede también leer la noción de observador razo­ nable como espectador juicioso, al amparo de los tributarios del Dere­ cho & Literatura que enarbolan la figura del Juez empático, mas con una clara distancia entre las partes; así, la invocación a la razonabilidad brinda entonces la oportunidad de comprender al observador razonable en tanto imaginante de los intereses insatisfechos, igualador y reparador social o artífice y hermeneuta de la casuística concreta. El espectador juicioso apela a la razonabilidad y se apunta entre los grandes mensajeros de los discursos sociales, la imparcialidad es flexible y se delimita de acuerdo a la práctica diaria. Serie Monografias Premiadas 3.indb 517 18/11/2010 12:35:55 p.m. 518 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial d. O princípio de razoabilidade na imparcialidade A referência direta ao Princípio de Razoabilidade não tem nada de casual e sua compreensão melhora quando aparecem os casos concretos, já que não é factível tratar a razoabilidade a não ser dentro do contexto de um problema em particular. Neste contexto, deve ser aplicado o teste de ponderação de direitos fundamentais, de forma mais aprofundada, o juízo de adequação, o juízo de necessidade e o juízo de proporcionalidade em sentido estrito. Os artigos do código que remetem ao Princípio de Razoabilidade é o seguinte: Art. 15. - O juiz deve procurar não manter reuniões – com uma das partes ou seus advogados (em seu gabinete ou, com maior razão, fora dele) – que puderem ser razoavelmente consideradas injustificadas pelas contrapartes e seus advogados (O grifo é nosso). É particularmente relevante a razoabilidade para resolver o caráter injustificado das reuniões entre o juiz e as partes ou seus advogados. Isso significa não desprezar totalmente este tipo de encontros, sendo necessário um estudo através do olhar de um observador igualmente razoável (ou espectador criterioso), para definir o assunto com os elementos de prova. A ponderação para definir a transgressão ao princípio de imparcialidade é um triunfo para as posturas neoconstitucionalistas que advogam por uma extensão deste critério a todas as esferas jurídicas; apesar disso, convém apontar que o fenômeno da ponderação tem suas limitações, e inclusive há pouco tempo foi criticado, por na verdade Serie Monografias Premiadas 3.indb 518 18/11/2010 12:35:55 p.m. 519 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial d. El principio de razonabilidad en la imparcialidad La remisión de manera directa al principio de razonabilidad no tiene nada de casual y tiende a mejorar su percepción cuando se presentan los casos concretos, ya que no es factible tratar la razonabilidad sino dentro del contexto de un problema en particular, donde debe aplicarse el test de ponderación de derechos fundamentales, más profundamente el juicio de adecuación, el juicio de necesidad y el juicio de proporcionalidad en sentido estricto. El articulado del código que remite al principio de razonabilidad es el siguiente: Art. 15.- El Juez debe procurar no mantener reuniones con una de las partes o sus abogados (en su despacho o, con mayor razón, fuera del mismo) que las contrapartes y sus abogados puedan razonablemente considerar injustificadas (El subrayado es nuestro). Particular relevancia tiene el hecho de que se aplique la razonabilidad para resolver el carácter injustificado de las reuniones entre el Juez y las partes o sus abogados, ello lleva consigo a no descali­ ficar de plano a esta clase de encuentros, sino que es necesario un estudio desde la mirada de un observador igualmente razonable (o espectador juicioso) para definir el asunto con los elementos de prueba. La ponderación para definir la transgresión al principio de imparcialidad constituye un triunfo para las posturas neoconstitucionalistas que abogan por una extensión de este criterio a todas las esferas jurídicas, a pesar de ello conviene acotar que el fenómeno de la ponderación tiene sus limitaciones e incluso hace poco se ha Serie Monografias Premiadas 3.indb 519 18/11/2010 12:35:55 p.m. 520 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial encobrir um processo puro de subsunção.61 Um retorno a este nível pode fazer naufragar o paradigma neoconstitucionalista e retrair as soluções deste tipo de problemas ao nível do positivismo clássico. Outro artigo que fez referência ao Princípio de Razoabilidade, mas indiretamente, relaciona-se simultaneamente às causas de afastamento do juiz, devendo ser evitadas razoavelmente pelo juiz competente. Aqui se pode dizer que o juiz defende seu foro evitando comprometer sua imparcialidade e guardando as aparências de que resolverá o caso sem nenhuma repreensão para com as partes. Este tema também foi contemplado de outra maneira pelo Estatuto do Juiz Ibero-americano para o caso das abstenções ex professo. O teor do texto do código e o estatuto são os seguintes: Art. 12. - O juiz deve procurar evitar as situações que direta ou indiretamente justifiquem seu afastamento da causa (O grifo é nosso). Art. 9. - Abstenção e recusa. - Os juízes têm a obrigação de se separar da tramitação e conhecimento de assuntos que tiverem alguma relação prévia com o objeto do processo, partes ou interessados neste, nos termos previstos na lei. As abstenções sem fundamento e as recusas infundadas aceitas pelo juiz devem ser penalizadas, conforme disposto pela lei. (O grifo é nosso) 61 Cfr. García Amado, José Antonio. ¿Ponderación o Simples Subsunciones? Comentarios a la Sentencia del Tribunal Constitucional Español 72/2007 del 25 de abril del 2007. Acessível em: www.geocities.com/jagamado/pdfs/SUBSUNCIONES.pdf Serie Monografias Premiadas 3.indb 520 18/11/2010 12:35:55 p.m. 521 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial criticado que en realidad encubre un proceso puro de subsunción,61 un retorno a este nivel puede hacer naufragar el paradigma neo constitucionalista y retrotraer las soluciones de esta clase de problemas al nivel del positivismo clásico. Otro artículo que ha hecho referencia al principio de razonabilidad pero de forma indirecta esta simultáneamente referido a las causales de apartamiento del Juez, que deben ser evitadas razonablemente por el Juez competente. Aquí se puede decir que el Juez defiende su fuero evitando comprometer su imparcialidad y guardando las apariencias de que resolverá el caso sin ninguna animadversión hacia las partes, algo que también ha sido contemplado de otra manera por el Estatuto del Juez Iberoamericano para el caso de las abstenciones ex profeso. El tenor del texto del código y el estatuto son los siguientes: Art. 12.- El Juez debe procurar evitar las situaciones que directa o indirectamente justifiquen apartarse de la causa (El subrayado es nuestro). Art. 9.- Abstención y Recusación.- Los Jueces tienen la obligación de separarse de la tramitación y conocimiento de asuntos en los que tengan alguna relación previa con el objeto del proceso, partes o interesados en el mismo, en los términos previstos en la ley. Las abstenciones sin fundamento y las recusaciones infundadas aceptadas por el Juez, deben ser sancionadas de conformidad como lo disponga la ley (El subrayado es nuestro). 61 Cfr. García Amado, José Antonio. ¿Ponderación o simples subsunciones? Comentarios a la sentencia del Tribunal Constitucional Español 72/2007 del 25 de abril del 2007. Consultable en: www.geocities.com/jagamado/pdfs/SUBSUNCIONES.pdf Serie Monografias Premiadas 3.indb 521 18/11/2010 12:35:55 p.m. 522 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial A razoabilidade impõe assumir a responsabilidade de conhecer um caso e não renunciar à sua resolução, salvo por motivos justificados e que se contraponham de forma flagrante à imparcialidade. Isso tende a exigir ponderação de interesses por um observador razoável ou, em sua falta, um espectador criterioso. A escolha do nível de razoabilidade garantirá uma decisão verdadeiramente imparcial. e. Imparcialidade, acusatório e virtudes morais No princípio explicou-se que a imparcialidade tem sua origem no modelo acusatório de tradição jurídica anglo-saxônica. Esta história aparece agora descrita no código quando se exige o respeito irrestrito do juiz à igualdade de armas dentro do âmbito do Devido Processo. Um efeito prático desta inclusão significa o enfoque dialético impresso no código quando se esquematiza o processo como um campo de discussão crítica. Já que a toda afirmação corresponde uma negação, e a todo argumento se opõe um contra-argumento, a liberdade de debate é, a meu ver, o primeiro direito do cidadão, desde que esteja limitado ao ponto de discussão. O texto do artigo sob comentário é o seguinte: “Art. 16. - O juiz deve respeitar o direito das partes de afirmar e contradizer no âmbito do devido processo.” (O grifo é nosso). Outro tema importante do código a ser ressaltado é a exigência ao juiz de honestidade intelectual e capacidade autocrítica, porque só assim será possível garantir que haverá imparcialidade no julgamento no âmbito do contexto de descoberta. A infração destas virtudes no Serie Monografias Premiadas 3.indb 522 18/11/2010 12:35:55 p.m. 523 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial La razonabilidad impone asumir la responsabilidad de conocer un caso y no renunciar a su resolución sino por motivos justificados y que se contrapongan de forma flagrante a la imparcialidad; ello tiende a requerir una ponderación de intereses practicada por un ob­ servador razonable o en su defecto un espectador juicioso. La elección del nivel de razonabilidad garantizará una decisión verdaderamente imparcial. e. Imparcialidad, acusatorio y virtudes morales Al principio se explicó que la imparcialidad tuvo su origen en el modelo acusatorio de tradición jurídica anglosajona, esta historia aparece ahora descrita en el código, cuando se exige al Juez respetar irrestrictamente la igualdad de armas dentro del marco del debido proceso. Un efecto práctico de esta inclusión significa el enfoque dialéctico impreso en el código cuando se esquematiza al proceso como un campo de discusión crítica; ya que a toda afirmación corres­ ponde una negación, y a todo argumento se opone un contra argumento, la libertad de debatir es a mi parecer el primer derecho del justiciable, siempre y cuando esté constreñido al punto de discusión. El texto del artículo bajo comentario es el siguiente: “Art. 16.- El Juez debe respetar el derecho de las partes a afirmar y contradecir, en el marco del debido proceso” (El subrayado es nuestro). Otro tema importante a resaltar del código es la exigencia al Juez de honestidad intelectual y capacidad autocrítica, porque sólo así se podrá garantizar que en el marco del contexto de descu­ brimiento se va a tener imparcialidad en el juicio. La infracción de Serie Monografias Premiadas 3.indb 523 18/11/2010 12:35:56 p.m. 524 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial foro interno do juiz poderia desencadear um questionamento de suas decisões por irreflexão e incapacidade técnica. O artigo interpretado é o seguinte: “Art. 17. - A imparcialidade de julgamento obriga o juiz a gerar hábitos rigorosos de honestidade intelectual e de autocrítica”. Contudo, na opinião de Rodolfo Luis Vigo, além da honestidade intelectual e de autocrítica, existem outros princípios que devem ser acatados pelos juízes dentro de uma filosofia ética devidamente delimitada. São a justiça, a diligência, o decoro, o segredo profissional, a afabilidade, a responsabilidade institucional, a fortaleza e a austeridade republicana.62 Tais princípios foram incluídos em outros artigos do código visando assegurar um âmbito ético provido de valores63, juntamente com critérios objetivos e racionais de controle da imparcialidade. Isto permite insinuar que o código visa um modelo complexo de ética judicial e coloca muito claramente que a imparcialidade deve estar enquadrada sob a égide da razoabilidade crítica. Não se pode entender de outro modo os comentários em relação à honestidade intelectual e à autocrítica. Um juiz razoável pode ser capaz de reconhecer suas limitações e corrigir seus erros. Em minha opinião, a imparcialidade de julgamento neste sentido tende a ser um processo em construção, um permanente aprender e desaprender com os parâmetros do discurso e seu contexto. 62 Cfr. Vigo, Rodolfo Luis, Ética Judicial…, op. cit., p. 18-19. 63 Os Capítulos IV a XIII a que se faz referência são os correspondentes ao Conhecimento e Capacidade, Justiça e Equidade, Responsabilidade Institucional, Cortesia, Integridade, Transparência, Segredo Profissional, Prudência, Diligência, Honestidade Profissional. Serie Monografias Premiadas 3.indb 524 18/11/2010 12:35:56 p.m. 525 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial estas virtudes en el fuero interno del Juez podrían desencadenar un cuestionamiento a sus decisiones por irreflexión e incapacidad técnica; el artículo glosado es el siguiente: “Art. 17.- La imparcialidad de juicio obliga al Juez a generar hábitos rigurosos de hones­ tidad intelectual y de autocrítica”. Sin embargo en opinión de Rodolfo Luis Vigo adicionalmente a la honestidad intelectual y de autocrítica existen otros principios que deben ser acatados por los Jueces dentro de una filosofía ética debidamente delimitada, estos son la justicia, la diligencia, el decoro, el secreto profesional, la afabilidad, la responsabilidad institucional, la fortaleza y la austeridad republicana,62 y que han sido incluidos en otros artículos del código en la providencia de asegurar un marco ético provisto de valores63 a la par que criterios objetivos y racionales de control de la imparcialidad. Lo anterior permite insinuar que el código apunta hacia un modelo complejo de ética judicial, y pone muy en claro que la imparcialidad debe estar encuadrada bajo la égida de la razonabilidad crítica; no se entiende de otra manera los apuntes en relación a la honestidad intelectual y de autocrítica; un Juez razonable puede ser capaz de reconocer sus limitaciones y enmendar sus errores, a mi parecer, la imparcialidad de juicio en este sentido tiende a ser un proceso en construcción, un permanente apren­der y desaprender con los parámetros del dis­ curso y su contexto. 62 Cfr. Vigo, Rodolfo Luis, Ética Judicial…, op. cit., pp. 18-19. 63 Los capítulos IV a XIII a que se hace referencia son los correspondientes al Conocimiento y Capacidad, Justicia y Equidad, Responsabilidad Institucional, Cortesía, Integridad, Transparencia, Secreto Profesional, Prudencia, Diligencia, Honestidad Profesional. Serie Monografias Premiadas 3.indb 525 18/11/2010 12:35:56 p.m. 526 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial f. A complexidade de um Código ético sancionador A complexidade dos ordenamentos contemporâneos se vê mais uma vez refletida com a aprovação do Código Ibero-americano de Ética Judicial, posto que, além do Estatuto do Juiz Ibero-americano, conta-se ainda com os respectivos Códigos de Ética de cada país. Tais códigos, inter-relacionados em seu conjunto, devem regular a problemática suscitada na questão da ética judicial. A questão a ser resolvida é se deve ser acrescentado ao caráter exortativo e consultivo do código ibero-americano um poder penalizador. Nas palavras de Rodolfo Luis Vigo, sancionado o código de ética judicial, deve ser institucionalizada a responsabilidade respectiva, dado que é irracional e desconsiderado dos bens implicados nas ocupações judiciais confiarem seu cumprimento à mera vontade de seus destinatários.64 Acho que a resposta pode ser elaborada a partir de um modelo complexo de compreensão da normatividade ética. Um modelo que advirta sobre os riscos de uma ordem transnacional e sobre as possibilidades de infringir princípios como o Non bis in idem, posto que a subsistência de normatividade nacional, códigos de ética nacionais e internacionais pode causar algum tipo de antinomias inconcebíveis em um sistema democrático de administração de justiça. No início desta pesquisa foi citada uma passagem de “Alice no País das Maravilhas” que relatava o drama de um rato perante um juiz infectado pelo desempenho de duplo papel de acusador e julgador. A esperança da justiça no âmbito ibero-americano tem no Código 64 Cfr. Ibidem, p. 24-25. Serie Monografias Premiadas 3.indb 526 18/11/2010 12:35:56 p.m. 527 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial f. La complejidad de un Código ético sancionatorio La complejidad de los ordenamientos contemporáneos se ve reflejada una vez más con la aprobación del Código Iberoamericano de Ética Judicial, puesto que aparte del Estatuto del Juez Iberoameri­cano se cuenta además con los respectivos Códigos de Ética de cada país, los que interrelacionados en su conjunto deben regular la problemática suscitada en materia de ética judicial. La cuestión a resolverse es si al carácter exhortativo y consultivo del código iberoamericano se le debe añadir un poder sancionador, en palabras de Rodolfo Luis Vigo, sancionado el código de ética judicial debe insti­ tucionalizarse la responsabilidad respectiva, dado que es irrazonable y des­ considerado de los bienes implicados en el quehacer judicial dejar librado su cumplimiento a la mera voluntad de sus destinatarios.64 La respuesta creo puede ser elaborada a partir de un modelo complejo de comprensión de la normatividad ética, que advierta de los riesgos de un orden transnacional y las posibilidades de infringir principios como el Non bis in idem, puesto que la subsistencia de normatividad nacional, códigos de ética nacionales e internacionales pueden llevar a generar alguna clase de antinomias inconcebibles en un sistema democrático de administración de justicia. Al inicio de esta investigación se comenzó citando un pasaje de Alicia en el País de las Maravillas donde se dejaba constancia del drama de un ratón ante un Juez contaminado por desempeñar un doble rol de acusador y juzgador, la esperanza de la justicia en el ámbito iberoamericano tiene en el Código Iberoamericano de Ética Judicial la 64 Cfr. Ibidem, pp. 24-25. Serie Monografias Premiadas 3.indb 527 18/11/2010 12:35:56 p.m. 528 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial Ibero-americano de Ética Judicial a oportunidade de ressarcir a dívida histórica de todos os nossos países. Só desta forma as cenas parodiadas por Lewis Carroll não servirão como sintoma de uma doença, mas como o motivo de reflexão de uma verdadeira mudança no imaginário da imparcialidade judicial. Serie Monografias Premiadas 3.indb 528 18/11/2010 12:35:56 p.m. 529 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial oportunidad de resarcir la deuda histórica de todos nuestros países, sólo de esta forma las escenas parodiadas por Lewis Carroll no servirán como síntomas de una enfermedad sino como el motivo de reflexión de un verdadero cambio en el imaginario de la imparcialidad judicial. Serie Monografias Premiadas 3.indb 529 18/11/2010 12:35:56 p.m. Capítulo III Conclusões 1. O Direito a um Juiz Imparcial é uma das garantias do Devido Processo, compreendida na Tutela Jurisdicional, que impede os juízes de intervirem em um processo se suas relações com a pretensão ou as partes colocarem em dúvida sua imparcialidade ou a confiança nela. 2. O Direito a um Juiz Imparcial é uma instituição autônoma da independência judicial, da jurisdição e do juiz predeterminado por lei. A independência judicial é, pois, um postulado constitucional que visa garantir a plena liberdade dos juízes e magistrados no exercício da função jurisdicional e permite a possibilidade de decidir os casos particulares de acordo com a consciência e seguindo as indicações que o sistema normativo proporcionar. Por sua vez, a jurisdição é uma função que os órgãos do Estado exercem de forma independente e imparcial, através do processo, para conhecer os litígios ou controvérsias apresentadas pelas 530 Serie Monografias Premiadas 3.indb 530 18/11/2010 12:35:56 p.m. Capítulo III Conclusiones 1. El derecho a un Juez imparcial constituye una de las garantías del debido proceso comprendidas dentro de la tutela jurisdiccional que impide a los Jueces intervenir en un proceso si sus relaciones con la pretensión o las partes pueden poner en duda su imparcialidad o la confianza en su imparcialidad. 2. El derecho a un Juez imparcial es una institución autónoma a la independencia judicial, la jurisdicción y el Juez predeterminado por ley; porque la independencia judicial es un postulado constitucional que tiene por objeto garantizar la plena libertad de los Jueces y Magistrados en el ejercicio de la función jurisdiccional y permite la posibilidad de decidir los casos particulares según conciencia y con las indicaciones que proporcione el sistema normativo; por su parte la jurisdicción es una función que ejercen los órganos del Estado independientes e imparciales a través del proceso para conocer de los litigios o controversias que planteen 531 Serie Monografias Premiadas 3.indb 531 18/11/2010 12:35:56 p.m. 532 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial partes e emitir um pronunciamento final para, depois, ordenar a execução desta decisão. O juiz ordinário predeterminado por lei constitui um direito público, subjetivo e constitucional, de caráter fundamental de configuração legal. Ele assiste a todos os sujeitos que adquiriram a condição de parte em quaisquer processos jurisdicionais e cujo conteúdo essencial está na preservação da vigência e da efetividade do princípio de legalidade na criação, constituição, competência e composição dos órgãos jurisdicionais, a fim de garantir sua plena independência no exercício da potestade jurisdicional. 3. Do ponto de vista de sua natureza, a imparcialidade admite diferentes vertentes: a) a imparcialidade como neutralidade, porque diante de posições processuais contrapostas corresponde uma posição equidistante, objetiva e superior que resolva a controvérsia acima de qualquer subjetividade; b) a imparcialidade da Argumentação Jurídica, que propõe fazer coincidir o contexto de descoberta com o contexto de justificativa, visando proteger o direito dos cidadãos a serem julgados pelo Direito e garantir a credibilidade de tais razões jurídicas ante a sociedade; c) a imparcialidade do garantismo exige a alienação do juiz em relação aos interesses das partes, mas dentro de um âmbito de respeito pelos direitos fundamentais como principal agente para atingir a igualdade em relação aos mais fracos; d) a imparcialidade do Direito & Literatura propõe o modelo de juiz como espectador criterioso que não participa dos fatos, verifica a cena fática com certo distanciamento, mesmo provido da capacidade de considerar com alteridade os interesses que devem ser satisfeitos. Serie Monografias Premiadas 3.indb 532 18/11/2010 12:35:56 p.m. 533 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial las partes y emitir un pronunciamiento final, para luego ordenar la ejecución de dicha decisión; y el Juez ordinario predeterminado por ley constituye un derecho público, subjetivo y constitucional, de carácter fundamental de configuración legal, que asiste a todos los sujetos que han adquirido la condición de parte en cualesquiera procesos jurisdiccionales y cuyo contenido esencial radica en preservar la vigencia y efectividad del principio de legalidad en la creación, constitución, competencia y composición de los órganos jurisdiccionales a fin de asegurar su plena independencia en el ejercicio de la potestad jurisdiccional. 3. Desde el punto de vista de su naturaleza, la imparcialidad admite diferentes vertientes: a) La imparcialidad como neutralidad porque ante posiciones procesales contrapuestas corresponde una posición equidistante, objetiva y superior que resuelva la controversia por encima de cualquier subjetividad; b) La imparcialidad de la argumentación jurídica que propone hacer coincidir el contexto de descubrimiento con el contexto de justificación con el objetivo de proteger el derecho de los ciudadanos a ser juz­ gados desde el derecho y garantizar la credibilidad de dichas razones jurídicas ante la sociedad; c) La imparcialidad del garan­ tismo exige la ajenidad del Juez en relación a los intereses de las partes, pero dentro de un marco de respeto a los derechos fun­ damentales como principal agente para lograr la igualdad en relación a los más débiles; d) La imparcialidad del Derecho & Lite­ ratura propone el modelo de Juez en tanto espectador juicioso que no participa de los hechos, escruta la escena fáctica con cierto distanciamiento, aunque está provisto de la capacidad de estimar con alteridad los intereses que requieren ser satisfechos. Serie Monografias Premiadas 3.indb 533 18/11/2010 12:35:56 p.m. 534 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial 4. O direito a um juiz imparcial tem sua origem histórica nos modelos acusatórios anglo-saxões e foi recebido na tradição romano-germânica como garantia judicial no artigo 8.1 da Convenção Americana de Direitos Humanos de San José de Costa Rica e no artigo 6.1 do Convênio Europeu para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais. Seu conteúdo constitucional foi primitivamente delimitado pela jurisprudência do Tribunal Europeu de Direitos Humanos através de quatro critérios: a) a confiança necessária dos cidadãos nos tribunais de justiça materializada na aparência de imparcialidade e na convicção do cidadão em relação aos órgãos jurisdicionais; b) a imparcialidade definida com base em critérios estritamente objetivos; c) a imparcialidade mais bem definida em atenção às circunstâncias do caso concreto; e, d) o juiz imparcial deve ser um juiz afastado dos interesses das partes. 5. O Código Ibero-americano de Ética Judicial foi influenciado em sua elaboração pela doutrina do Direito Natural, mas sobretudo pela Teoria da Argumentação Jurídica, portanto, assume em seu conteúdo a imparcialidade do juiz enquanto objetiva e fundamentada valorização da prova sobre a verdade considerada como correspondência dos fatos, ainda que com alguns matizes de razoabilidade, como a invocação ao Princípio de Igualdade das partes e a proibição de qualquer tipo de discriminação, além da inclusão do ponto de vista do observador razoável que serve como barômetro para determinar quando foram transgredidos o princípio de imparcialidade e a exigência de certos valores éticos, como a honestidade intelectual e a autocrítica. Serie Monografias Premiadas 3.indb 534 18/11/2010 12:35:56 p.m. 535 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial 4. El derecho a un Juez imparcial tiene su origen histórico en los modelos acusatorios anglosajones y ha sido recepcionado en la tradición romano germánica como garantía judicial en el artículo 8.1 de la Convención Americana de Derechos Humanos de San José de Costa Rica y en el artículo 6.1 del Convenio Europeo para la Protección de los Derechos Humanos y de las Libertades Fundamen­ tales. Su contenido constitucional ha sido primigeniamente delimitado por la jurisprudencia del Tribunal Europeo de Derechos Humanos a través de cuatro criterios: a) Necesaria confianza de los justiciables en los tribunales de justicia materializada en la apariencia de imparcialidad y la convicción del justiciable en relación a los órganos jurisdiccionales; b) Imparcialidad definida en base a criterios estrictamente objetivos; c) Imparcialidad definida mejor en atención a las circunstancias del caso concreto; y, d) El Juez imparcial debe ser un Juez alejado de los intereses de las partes. 5. El Código Iberoamericano de Ética Judicial en su elaboración ha sido influenciado por la doctrina del derecho natural pero de sobremanera por la teoría de la argumentación jurídica, por cuanto en su contenido asume a la imparcialidad del Juez en cuanto objetiva y fundamentada valoración de la prueba sobre la verdad como correspondencia de los hechos; aunque con ciertos matices de razonabilidad como la invocación al principio de igualdad de las partes y la prohibición a todo tipo de discriminación, aparte de la inclusión del punto de vista del observador razonable que sirve como barómetro para determinar cuando se ha transgre­ dido el principio de imparcialidad y la exigencia de ciertos valores éticos como la honestidad intelectual y la autocrítica. Serie Monografias Premiadas 3.indb 535 18/11/2010 12:35:56 p.m. 536 A imparcialidade no Código Ibero-americano de Ética Judicial 6. A construção de um novo modelo de imparcialidade judicial passa por prescindir de sua natureza neutra e inteiramente moderna, para assumir o desafio de concebê-la como uma instituição complexa em sociedades transmodernas, onde o juiz se coloque no papel de um observador razoável ou espectador criterioso, sensível empaticamente e igualador dos interesses em jogo das partes e, sobretudo respeitador dos direitos fundamentais. Serie Monografias Premiadas 3.indb 536 18/11/2010 12:35:56 p.m. 537 La imparcialidad en el Código Iberoamericano de Ética Judicial 6. La construcción de un nuevo modelo de imparcialidad judicial atraviesa por descartar su naturaleza neutral y enteramente moderna, para asumir el reto de concebirla como una institución compleja en sociedades transmodernas, donde el Juez se ubique en el rol de un observador razonable o espectador jui­ cioso, sensible empáticamente e igualador de los intereses en juego de las partes y de sobremanera respetuoso de los derechos fundamentales. Serie Monografias Premiadas 3.indb 537 18/11/2010 12:35:56 p.m. Serie Monografias Premiadas 3.indb 538 18/11/2010 12:35:56 p.m. Bibliografía AGUILÓ REGLA, Joseph, “Independencia e Imparcialidad de los Jueces y Argumentación Jurídica”, Isonomía, No. 6, Abril 1997, México. ALVARADO VELLOSO, Adolfo, “La Imparcialidad Judicial y el Sistema Inquisitivo de Juzgamiento” en De Proceso Civil e Ideología. Un prefacio, una sentencia, dos cartas y quince ensayos, Tirant lo Blanch, Valencia, 2006. 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La edición consta de 1,000 ejemplares impresos en papel bond de 75 grs. 06_Monografias_3_3er lugar bilingue.indd 545 18/11/2010 02:26:04 p.m. Serie Monografias Premiadas 3.indb 546 18/11/2010 12:35:56 p.m.