LA POESÍA BURLESCA DEL SIGLO DE ORO Y SUS MODELOS

Anuncio
LA POESÍA BURLESCA DEL SIGLO D E O R O
Y SUS M O D E L O S ITALIANOS
E n el Siglo de O r o se cultivaron dos géneros que l a tradición
italiana condicionó y que tienen varios puntos e n común: la
poesía satírica y la poesía burlesca . Los criterios empleados para distinguirlas n o h a n sido uniformes y h a n dado c o m o resultado diferentes teorías a veces complementarias, basadas sobre
todo e n cuestiones de tipo ideológico, estilístico y f o r m a l . E l
p r o b l e m a se agrava al constatar que los preceptistas d e l Siglo
de O r o español suelen hacer caso omiso de l a lírica festiva e n
sus poéticas y retóricas, ya que esta m o d a l i d a d n o constaba com o tal e n el c a n o n clásico greco-romano. E l objetivo de este
trabajo es, pues, estudiar el desarrollo de l a poesía burlesca e n
España, prestando especial atención a l a i n f l u e n c i a que ejerció
sobre ella l a literatura italiana.
E l vacío teórico sobre l a poesía burlesca durante e l siglo xvi
contrasta c o n l a importante sistematización p o r l a que pasó
u n o de sus elementos constituyentes más importantes: l a risa.
Sus manifestaciones son tan antiguas c o m o el h o m b r e y su estudio parte, p o r l o menos, d e l m u n d o clásico. N o sería, pues, d e l
1
2
P o r l o q u e respecta a l a sátira, véase m i trabajo " L a p o e s í a satírica e n e l
Siglo d e O r o : e l m o d e l o ariostesco", BHS, 81 (2004), e n p r e n s a .
V é a n s e , R. JAMMES, La obra poética de don Luis de Góngora y Argote, trad.
M . M o y a , Castalia, M a d r i d , 1987, p p . 31-38; I. ARELLANO, Poesía satírico burlesca de Quevedo, E u n s a , P a m p l o n a , 1984, p p . 22-38; W . WOODHOUSE, " H a c i a u n a
t e r m i n o l o g í a c o h e r e n t e p a r a l a poesía satírica d e l S i g l o d e O r o " , e n Actas del
VIII Congreso Internacional de Hispanistas, eds. A . D . K o s s o f f et al., Istmo, M a d r i d , 1986, t. 2, p p . 749-753; A . PÉREZ LASHERAS, Fustigat mores. Hacia el concepto de la sátira en el siglo xwi, U n i v e r s i d a d , Z a r a g o z a , 1994, p p . 139-182, y s u
Más a lo moderno. (Sátira, burla y poesía en la época de Góngora), A n e x o s de Tropelías, Z a r a g o z a , 1995, p p . 13-20.
1
2
NRFH, LI (2003), núm. 2, 465-491
NRFH, L I
RODRIGO CACHO
466
todo exacto afirmar que l a teoría de l a risa nació c o n el Renacim i e n t o . Y a e n el Medievo h u b o tratados que se o c u p a r o n de l a
cuestión . S i n embargo, n u n c a c o m o e n e l R e n a c i m i e n t o e l
h o m b r e se preocupó p o r d e f i n i r la naturaleza de l o ridículo y
el p a p e l que éste h a de j u g a r e n l a sociedad. L a capacidad de
suscitar l a diversión y de disfrutar de ella es considerada, partiendo de l a definición aristotélica, c o m o u n a característica exclusivamente h u m a n a : " e l h o m b r e es el único de los animales
que r í e " . P o r tanto, el i n d i v i d u o fino, cortés y b i e n educado h a
de saber cultivar tanto los aspectos más graves de l a vida c o m o
los meramente facetos.
L a ideología renacentista atribuye u n a gran i m p o r t a n c i a al
j u e g o , a l a fiesta y a l a distracción. E l h o m b r e c o m p l e t o debe
conjugar de igual m a n e r a e l otium c o n el negotium. E l ocio y la
diversión, pues, tienen u n lugar destacado e n los tratados de
l a época que se o c u p a n de los buenos modales y d e l lenguaje
más apto a los hombres de l a aristocracia. A partir de Cicerón
(De oratore, II, 216-340) y Q u i n t i l i a n o (VI, 3 ) , l a risa y su expresión verbal se codifican c o m o uso social y cortesano. Tres son
las obras fundamentales e n e l R e n a c i m i e n t o a este respecto: el
3
4
5
J . S. P . TATLOCK, " M e d i a e v a l l a u g h t e r " , Sp, 21 (1946), 289-294; H
ADOLF, " O n m e d i a e v a l l a u g h t e r " , Sp, 22 (1947), 251-253; E . R. CURTIUS, Lite
ratura europea y Edad Media latina, trads. M . F r e n k y A . A l a t o r r e , F . C . E . , M a
d r i d , 1976 ( 2 r e i m p . ) , t. 2, p p . 594-618; F . LÓPEZ ESTRADA, "Manifestaciones
festivas de l a l i t e r a t u r a m e d i e v a l castellana", e n Formas carnavalescas en el ai
te y la literatura, e d . J . H u e r t a C a l v o , E d i c i o n e s d e l S e r b a l , B a r c e l o n a , 1989
p p . 63-117; P . MÉNARD, " L e r i r e et le s o u r i r e a u M o y e n A g e dans l a littérature
et dans les arts. Essai d e p r o b l é m a t i q u e " , e n Le rire au Moyen Age dans la litte
rature et dans les arts, eds. T . B o u c h é et H . C h a r p e n t i e r , Presses Universitaire:
d e B o r d e a u x , B o r d e a u x , 1990, p p . 7-30; J . L E GOFF, " L a risa e n l a E d a d M e
d i a " , e n Una historia cultural del humor. Desde la Antigüedad
a nuestros días
c o o r d s . J . B r e m m e r y H . R o o d e n b u r g , S e q u i t u r , M a d r i d , 1999, p p . 41-54.
3
a
ARISTÓTELES, Partes de los animales, trads. E . J i m é n e z y A . A l o n s o , G r e
dos, M a d r i d , 2000, 673a. S o b r e l a i m p o r t a n c i a de l a s e n t e n c i a aristotélica e i
e l R e n a c i m i e n t o véase M . BAJTÍN, La cultura popular en la Edad Media y en t
Renacimiento. El contexto de Francois Rabelais, trads. J . F o r ç a t y C . C o n i o )
A l i a n z a , M a d r i d , 1998 ( r e i m p . ) , p p . 66-67; y D . MÉNAGER, La Renaissance et t
rire, P U F , Paris, 1995, p p . 12-17.
E n g e n e r a l , las retóricas c o n s i d e r a n l a risa c o m o u n m e d i o m u y Citi
p a r a c o n q u i s t a r e l favor d e l a u d i t o r i o y e l saber suscitarla c o m o u n a cuali
d a d p r o p i a d e l b u e n o r a d o r : CICERÓN, De oratore, II, 340; Orator, 138; Brutu:
143, 158 y 322; Rhetorica adHerennium, I, 10. P a r a u n a visión de c o n j u n t o se
b r e las teorías antiguas sobre l a risa véase M . A . GRANT, The ancient rhetoricc
théories of the laughable. The Greek rhetoricians and Cicero, U n i v e r s i t y o f W i s c o r
s i n , M a d i s o n , 1924.
4
5
NRFH, L I
POESÍA BURLESCA DEL SIGLO DE ORO Y SUS MODELOS ITALIANOS
467
De sermone (1509) de G i o v a n n i P o n t a n o , el Cortegiano (1528) de
Castiglione y el Galateo (1558) de G i o v a n n i D e l l a Casa. Incluso
se escribieron estudios específicos sobre el tema, c o m o el De ridiculis (1550) de V i n c e n z o M a g g i . Estos libros d e d i c a n a m p l i o
espacio al análisis y definición de los tipos de facecias, de l a risa
y de los mejores métodos para o b t e n e r l a .
L a risa h a de consistir, según P o n t a n o , e n u n a "recreation e m post labores" ; i d e a que depende, nuevamente, de Aristóteles: " l a diversión es u n a especie de descanso, y c o m o los
hombres n o p u e d e n trabajar continuamente, tienen necesidad
de descanso" . L a risa es, pues, u n a distracción p r o p i a d e l h o m bre, que depende de su inteligencia y que, de ser e m p l e a d a correctamente, p u e d e demostrar u n a cultura refinada.
E n España también se i n t r o d u j o esta concepción positiva
de l a risa y de l a burla. A partir del siglo xvi se fue estableciendo
cada vez c o n mayor i n t e n s i d a d l a práctica d e l "motejar" e n los
ambientes sociales más selectos . A principios d e l siglo xvn empiezan a circular e n España varias obras que llevan e l marbete
de "burlescas": comedias y poemas, sobre todo. Estrechamente
emparentadas c o n él, se p u e d e n encontrar también palabras
c o m o jocoso", "faceto", "festivo" o " g r a c i o s o " . E l término
"burlesco", casi seguramente, vino de Italia, d o n d e se empleaba p o r l o menos desde el siglo x v i . S u mayor difusión se debe
6
7
8
9
10
1 1
M . J . VEGA RAMOS, De ridiculis. L a teoría d e l o ridículo e n l a p o é t i c a
d e l siglo x v i " , e n Humanismo y pervivencia del Mundo Clásico I, c o o r d s . J . M .
Maestre y j . P a s c u a l , Instituto de E s t u d i o s T u r o l e n s e s - U n i v e r s i d a d d e Cádiz,
Cádiz, 1993, t. 2, p p . 1107-1118; y J . C . PUEO, " D e C i c e r ó n a P o n t a n o : l a
adaptación r e n a c e n t i s t a d e l a teoría r e t ó r i c a d e l a risa", e n Actas del Congreso
Internacional sobre Humanismo y Renacimiento, c o o r d s . J . Matas et al, U n i v e r s i d a d , L e ó n , 1998, t. 2, p p . 573-580.
De sermone, eds. S. L u p i y A . Risicato, T h e s a u r i M u n d i , L u g a n o , 1954,1,12.
Ética a Nicómaco, eds. y trads. M . A r a u j o y j . Marías, I E P , M a d r i d , 1959,
1176b.
L a s f o r m a s d e l a a g u d e z a r e l a c i o n a d a s c o n e l m o t e j a r e n e l Siglo d e
O r o español se d e t a l l a n e n los trabajos de M . CHEVALIER, " L e g e n t i l h o m m e
et le galant. A p r o p o s d e Q u e v e d o et de L o p e " , BHi, 88 (1986), 5-46; y Quevedoy su tiempo: la agudeza verbal, Crítica, B a r c e l o n a , 1992.
V é a n s e , K . CONTAG, Mockery in Spanish Golden Age literature. Analysis of
burlesque representation, U n i v e r s i t y Press o f A m e r i c a , L a n h a m - N e w Y o r k - L o n d o n , 1996; M . JOLY, La bourle et son interprétation.
Recherches sur lepassage de la
facetie au román. (Espagne, xvf-xvif siecles), U n i v e r s i té de L i l l e III, L i l l e , 1986.
M . MORREALE, Castiglione y Boscán: el ideal cortesano en el Renacimiento
español, A n e j o I d e l Boletín de la Real Academia Española, M a d r i d , 1959, t. 1,
p . 217; y M . JOLY, op. ext., p . 23.
6
7
8
9
1 0
1 1
u
468
NRFH, L I
RODRIGO CACHO
al florecimiento de la poesía de Francesco B e r n i (1497 o 14981535) y de sus seguidores, los bernescos. Este corpus de textos se
publicó mayoritariamente en antologías que, desde 1537, con o c i e r o n u n gran número de ediciones. L o más habitual es
que llevaran e n su título el adjetivo piacevole o burlesco, que en
Italia terminó p o r asociarse n o r m a l m e n t e c o n este tipo de poemas. L a p r i m e r a edición en la que se e m p l e a el término "burlesco" es la de 1548, cuidada p o r Antón Francesco Grazzini (il
Lasca): II primo libro delVopere burlesche di M. F. Berni, di M. Gio. de
lia Casa, del Varchi, del Mauro, di M. Bino, del Molza, del Dolce, &
del Firenzuola. B e r n i aparece c o m o l a cabeza de u n g r u p o compacto de poetas que se califican a sí mismos de "burlescos" )
"bernescos" (no olvidemos que también Grazzini cultivó la poe
sía bernesca). L a f o r t u n a editorial de estas antologías fue enor
m e durante todo el siglo xvi y el xvn, y d e b i e r o n alcanzar u r
éxito considerable también e n España. Precisamente a partii
de estas obras hay que buscar el o r i g e n d e l término "burlesco'
en l a literatura e s p a ñ o l a . Así l o demuestra, p o r ejemplo, L o
pe de V e g a en u n a carta de 1611 d i r i g i d a al D u q u e de Sessa, er
la que asocia este marbete c o n l a tradición italiana: " u n o de lo;
estilos d e l f o r m u l a r i o italiano se l l a m a burlesco' .
U n a de las primeras muestras de l a p a u l a t i n a introducciór
del marbete "burlesco" en l a poesía española l a proporción;
J u a n de l a Cueva en l a dedicatoria de sus rimas firmada ei
1603 ( p e r m a n e c i e r o n manuscritas):
12
13
Dispuesto ya de dar mi flaca vela a su inmoderada soberbia, junt
de mis papeles ese volumen...; hice división del en dos partes: ei
la primera puse todas las rimas sueltas, mezclando con la varié
dad de sujetos las composiciones amatorias, misivas y burlescas
por variar los gustos a los lectores .
14
O t r o ejemplo aún más importante d e l uso d e l adjetivo "bui
leseo" se e n c u e n t r a e n l a o b r a de Góngora. E n sus tercetos d
K . CONTAG, op. cit, p . 44. F. PLATA, " C o n t r i b u c i ó n a l estudio de L
f u e n t e s de l a p o e s í a satírica de Q u e ve d o : A t e n e o , B e r n i y O w e n " , La Perin
la, 3 (1999), p . 237 d a n o t i c i a d e l t e s t i m o n i o más a n t i g u o d o c u m e n t a d o d<
t é r m i n o ' b u r l e s c o ' e n l a l i t e r a t u r a española. L o p e d e V e g a e m p l e a el adjel
vo e n La bella malmaridada (v. 151), c o m e d i a de l a q u e se conserva u n a cop:
m a n u s c r i t a c o n f e c h a de 17 de n o v i e m b r e de 1596.
LOPE DE VEGA, Cartas, e d . N . M a r í n , Castalia, M a d r i d , 1985, p . 83.
E n B . J . GALLARDO, Ensayo de una biblioteca española de libros raros y cun
sos, e d . facs., G r e d o s , M a d r i d , 1968, t. 2, c o l . 655.
1 2
1 3
1 4
NKFH, L I
POESIA BURLESCA DEL SIGLO DE ORO YSUS MODELOS ITALIANOS
469
1609 "¡Mal haya e l que e n señores idolatra" distingue entre
poetas que "o burlescos sean o graves" (v. 2 4 ) , y en e l Manuscrito Chacón (1628) hay u n gran n ú m e r o de poemas que llevan
el marbete de "burlescos". Su c o m p i l a d o r , A n t o n i o Chacón, sin
embargo, se siente todavía e n l a obligación de justificar este
término, que se percibe c o m o ajeno a l a lengua castellana:
15
E l nombre que se da de Burlescas à las que lo son, va (como lo
demás) expuesto à las censuras de los que, por Latino, quicá
admitieran menos el de iocosas. Pero n i nuestra lengua tiene
otro adjetivo desta significación, ni D o n LVIS estrañó este en los
exemplares que permitió de sus Obras .
16
E l rótulo "burlesco" pasó también a las primeras ediciones
impresas que se h i c i e r o n d e l poeta cordobés. Su e m p l e o quedaba fijado y aparecería e n otras obras de l a época. P e r o , más
allá de las cuestiones terminológicas, es importante c o n o c e r
hasta qué p u n t o los escritores italianos influyeron e n los españoles. Para ello, es preciso empezar d e l i m i t a n d o las fronteras
históricas y genéricas que separan la poesía burlesca de l a satírica, que a m e n u d o suelen confundirse. E l i n i c i a d o r de l a sátira
m o d e r n a e n verso e n Italia fue L u d o v i c o Ariosto, q u i e n sig u i e n d o e l ejemplo de H o r a c i o escribió unos tercetos epistolares de tono m e d i o y f a m i l i a r titulados Satire * . Este cauce
g u a r d a ciertos parecidos c o n l a tradición bernesca, a u n q u e los
lectores de los siglos xvi y xvn las identificaban c o m o géneros
diferentes.
L a poesía burlesca se caracteriza, f u n d a m e n t a l m e n t e , p o r
el c o n t e n i d o jocoso, l a desmitificación y p a r o d i a de los códigos
altos (poesía petrarquista, épica, encomiástica), e l estilo bajo y
frecuentemente vulgar. S u finalidad básica es la de causar l a r i sa, l a de entretener a l lector. S i n embargo, n o es infrecuente
que e n sus versos se h a l l e n implícitos mensajes propios d e l m o delo satírico: l a censura de vicios, e l desprestigio de los falsos
valores de l a sociedad, l a ridiculización de los pecadores. Estos
paralelismos h a n o r i g i n a d o m u c h o s problemas a la h o r a de i n 1
7
Luís DE GÓNGORA, Canciones y otros poemas en arte mayor, e d . J . M . M i c o ,
E s p a s a - C a l p e , M a d r i d , 1990, p . 267.
E n Obras de don Luis de Góngora. [Manuscrito Chacón], e d . facs., R A E C a j a d e A h o r r o s d e R o n d a , Málaga, 1991, 3 ts.
A c e r c a d e l m o d e l o satírico ariostesco y su f o r t u n a véase P . FLORIANI, II
modello ariostesco. La satira classicistica nel Cinquecento, B u l z o n i , R o m a , 1988.
1 5
1 6
1 7
470
RODRIGO CACHO
NRFH,
LI
tentar sistematizar el corpus satírico y el burlesco, llegando a
mezclarse c o n facilidad ambos conceptos. E n t r e las varias características que c o m p a r t e n y que dificultan su distinción, l a
más importante es l a risa. L a poesía burlesca entiende l a diversión c o m o u n "reírse de", atacar —ya sea e n j u e g o ya e n serio— a
alguien o algo. E n esto coincide c o n l a sátira, que suele expresar su repulsa hacia algo p o r m e d i o de l a invectiva. P e r o ello se
debe a que l a risa, e n su expresión más general, consiste precisamente e n eso: reconocer el ridículo e n l o ajeno y gozar c o n
su p e r c e p c i ó n . Poesía satírica y burlesca c o m p a r t e n también
algunos rasgos estilísticos semejantes, c o n u n a clara presencia
en ambas d e l genus humile (aunque e n l a sátira n o se desdeñan
tampoco modalidades más elevadas). Además, las dos forman
p e r m i t e n l a combinación de u n a a m p l i a gama de argumentos
bajos y h u m i l d e s . E n Italia, para mayor complicación, ambas
modalidades e m p l e a n u n a m i s m a f o r m a métrica: l a terza rima
Sin contar el importante número de capitoli bernescos escrito;
en f o r m a epistolar, cauce f u n d a m e n t a l de l a sátira ariostesca
Sin embargo, existen diferencias básicas entre poesía b u r
lesea y satírica tal y c o m o se practicaron e n Italia, que resider
en sus finalidades y e n su estilo. E l objetivo p r i n c i p a l de la sátin
es l a moralización, que se puede obtener p o r m e d i o de la risa
de l a invectiva. L a poesía burlesca, e n cambio, busca sobre tod<
causar la risa a través del juego verbal ingenioso. Evidentemente
entre sus contenidos puede tener larga cabida l a moralización
pero será casi siempre u n elemento secundario c o n respecto
su meta final.
L a poesía burlesca, además, se f u n d a m e n t a e n unos p r e s i
puestos estilísticos diferentes a los de l a sátira. N o busca l a re
presentación de lo cotidiano y l o h u m i l d e , basándose e n e
ideal h o r a c i a n o de aura mediocritas, sino l a deformación hipe:
bólica d e l objeto retratado. L a i m p o r t a n c i a de l a hipérbole y d
18
19
1
J . R I T T E R , Subjetividad. Seis ensayos, traci. R. d e l a V e g a , Alfa, B a r c e l o n
1986, p . 55; y V . P R O P P , Comicità e riso. Letteratura e vita quotidiana, trad. (
G a n d o l f o , E i n a u d i , T o r i n o , 1988, p . 16. E n g e n e r a l , todas las teorías sobi
la risa destacan s u faceta d e s t r u c t o r a y agresiva a expensas ajenas. Véanse,
F R E U D , El chiste y su relación con lo inconsciente, e n Obras completas, t r a d . L . L
pez, B i b l i o t e c a N u e v a , M a d r i d , 1967, t. 1, p p . 825-937; y H . B E R G S O N , Ilrii
trads. A . Cervesato y C . G a l l o , L a t e r z a , R o m a - B a r i , 1 9 9 6 .
S o b r e los capítulos bernescos escritos e n f o r m a d e epístola vea
S. L O N G H I , Lusus. Il capitolo burlesco nel Cinquecento, A n t e n o r e , P a d o v a , 198
p p . 182-209.
1 8
2
1 9
NRFH, L I
POESÍA BURLESCA DEL SIGLO DE ORO Y SUS MODELOS ITALIANOS
471
la metáfora es m u c h o mayor que e n l a sátira. E l l o d a pie al j u e go lingüístico y a la experimentación verbal, elementos que
aparecen casi siempre e n u n segundo p l a n o e n las sátiras clasicistas. Frente a l a contención d e l satírico, el autor burlesco persigue el exceso cómico. D e todas formas, es preciso reconocer
que n o siempre es fácil establecer u n a neta separación entre el
g é n e r o burlesco y el satírico. E n Italia también se percibió esa
cercanía y se intentó contrarrestarla a través de las antologías
poéticas.
E l contexto poético y material, e l espacio cerrado d e l l i b r o
es m u y útil a l a h o r a de estudiar f e n ó m e n o s literarios. U n a
o b r a que aislada puede entrañar dificultades de definición genérica, encuentra u n a caracterización más nítida al incluirse
e n u n conjunto de obras gemelas que l a justifican. C o m o rec u e r d a Curtius: " D e las literaturas modernas, fue l a italiana l a
p r i m e r a que forjó u n c a n o n " . Este proceso se obtuvo a partir
d e l H u m a n i s m o c o n el r e d e s c u b r i m i e n t o de los géneros clásicos. Las formas antiguas se editaban, anotaban y estudiaban.
D e n t r o de esta tarea, desempeñaron u n p a p e l f u n d a m e n t a l las
antologías d o n d e se recogían estas obras atendiendo a su m o l de genérico. Las grandes imprentas d e l R e n a c i m i e n t o , c o m o l a
de M a n u z i o y l a de Estienne, p u b l i c a r o n colecciones de poetas
heroicos griegos o de filósofos, entre o t r o s . E n 1481 se editan
e n F l o r e n c i a las Bucoliche elegantissimamente composte de varios
autores que contribuyen decisivamente a reinstaurar el m o d e l o bucólico e n l a literatura italiana. E n todo el siglo xvi, las antologías "genéricas" van a ser m u y abundantes y resultarán
fundamentales e n el proceso de fijación d e l c a n o n literario. L a
variedad es m u y grande: Lettere di diversi eccellentissimi uomini; De
le lettere facete et piacevoli di diversi grandi huomini; Tutti i trionfi
charri, mascherate o canti Carnascialeschi; Prima parte delle stanze di
diversi illustri poeti; Rime di diversi antichi autori; Il primo volume
delle rime scelte di diversi autori; Diverse orationi scritte da huomini
illustri; Rime di diversi eccel. autori in morte della illustriss. sig. D.
Hippolita Gonzaga; Cento novelle scelte da ' più nobili scrittori della
lingua volgare; Rime diverse d'alcune nobilissime, virtuosissime donne.
Estos volúmenes ofrecían a u n público más a m p l i o l a posibilid a d de acceder a modelos literarios ya codificados y aptos p a r a
2 0
21
CURTIUS, op. cit, t. 1, p . 372.
R. L . COLIE, The resources ofkind. Genre-theory in the Renaissance, U n i v e r sity o f C a l i f o r n i a Press, B e r k e l e y - L o s A n g e l e s - L o n d o n , 1973, p p . 15-16.
2 0
2 1
472
NRFH, L I
RODRIGO CACHO
ser imitados y generar nuevas c o m p o s i c i o n e s . E l cauce imitativo p r o p i o de los siglos xvi y xvn encontraba así u n apoyo rico y
variado. Editores y compiladores c o m o D o n i , Sansovino, Dom e n i c h i , D o l c e y el m i s m o Grazzini f u e r o n los artífices materiales de este proceso de difusión.
N o cabe n i n g u n a d u d a de que la f o r t u n a de u n movimiento
c o m o el petrarquista, p o r ejemplo, debe m u c h o a estas antologías. A partir de 1545, fecha en que se publicó el Libro primo del
le rime, la poesía amorosa se extiende fuera y dentro d e l país. L¿
entrada en España de estas colecciones de versos fue constante
y amplia, c o n t r i b u y e n d o de f o r m a decisiva al t r i u n f o de este
m o d a l i d a d e n el ámbito h i s p a n o . L o m i s m o se p u e d e decii
p o r lo que respecta a l a poesía satírica y burlesca.
E n Italia, l a respuesta ante los problemas de confusión o r i
ginados p o r los modelos satírico y burlesco también llegó a tra
vés de las antologías. Tras l a publicación de las sátiras d(
Ariosto (1534) y de las rimas de B e r n i (1537), m u c h o s autore
se c i m e n t a r o n e n ambos géneros. Los puntos de contacto entr<
ellos h i c i e r o n que a mediados d e l siglo xvi se i m p r i m i e r a n algu
ñas obras d o n d e las dos poéticas parecían c o n f l u i r e n u n únic<
cauce. Pero e n 1560 y 1565 se editaron dos antologías de sátira
recogidas p o r Francesco Sansovino y M a r i o degli A n d i n i , q u
o p e r a r o n u n a rígida selección de textos, descartando los poe
mas de carácter más burlesco y t o m a n d o c o m o patrón las sát
ras de A r i o s t o . E n l a antología preparada p o r M a r i o deg
A n d i n i se incluye el discurso Sovra la materia della satira de L i
dovico Paterno, que deja zanjada l a cuestión rechazando abie:
tamente l a asimilación de l a poesía burlesca c o n l a satírica:
22
23
24
R. FEDI, La memoria della poesia. Canzonieri, lirici e libri di rime nel Rinast
mento, S a l e r n o E d i t r i c e , R o m a , 1 9 9 0 , p p . 2 3 - 5 1 .
M . P . MAÑERO SOROLLA, "Antologías poéticas italianas d e l a seguile
m i t a d d e l siglo x v i ( 1 5 4 5 - 1 5 9 0 ) " , Anuario de Filologia, 1 9 8 3 , n u m . 9 , 2 5 9 - 2 9
P a r a l a i m p o r t a n c i a de las antologías poéticas italianas e n E s p a ñ a véase Ì
L . CERRÓN PUGA, " L a s antologías d e poesía i t a l i a n a e n l a B i b l i o t e c a Nación
2 2
2 3
de M a d r i d ( 1 5 3 2 - 1 6 3 7 ) " , Edad de Oro,
12 (1993), 41-60.
F . SANSOVINO ( e d . ), Sette libri di satire di Lodovico Ariosto. Hercole Benth
gli. Luigi Alamanni. Pietro Nelli. Antonio Vinciguerra. Francesco Sansovino.
d'altri scrittori. Con un discorso in materia della Satira, F r a n c e s c o S a n s o v i n o , \
n e t i a , 1 5 6 0 ; M . DEGLI ANDINI ( e d . ) , Satire di cinque poeti illustri, di nvovo racco
et poste a Ivce, G i o . A n d r e a V a l v a s s o r i , V e n e t i a , 1 5 6 5 . A c e r c a d e l i m p a c t o <
estas dos antologías véanse, P . FLORIANI, op. cit, p p . 7 y 1 8 5 - 1 8 9 ; y A . CORSAP
La regola e la licenza. Studi sulla poesia satirica e burlesca fra Cinque e Seicen
Vecchiarelli, Manziana, 1 9 9 9 , pp. 49-55.
2 4
NREH, L I
POESÍA BURLESCA DEL SIGLO DE ORO Y SUS MODELOS ITALIANOS
473
N o n entro ne'leggiadri, & festosi capitoli del Casa, del Bernia, &
de' compagni. Percioche tutto che nelle sue case, per dir così,
paiano assai belli, & ammirandi: nondimeno quando escono fuori à fronte delle Satire, s'accattano gran disaguaglianza appresso i
circostanti, facendo quella uista, che la magnificenza delle padrone suol fare alla bassezza delle sementi .
25
L a sátira es u n género n o b l e de ascendencia clásica, pese a
su estilo medio-bajo y a sus contenidos a veces cotidianos. L a
poesía bernesca, e n cambio, tiene u n a tradición meramente
vulgar y n o alcanza l a distinción de l a poesia satirica. Para Paterno, comparadas se parecen a las criadas frente a las señoras.
Estas dos antologías gozaron de m u c h a difusión, sobre todo l a
de Sansovino que conoció varias reediciones. P o r otra parte, las
colecciones de versos bernescos contribuían a instaurar su modelo a l m a r g e n de l a literatura satírica.
T a m b i é n e n los prólogos de algunas antologías bernescas
d e l siglo XVI se intenta d e f i n i r l a naturaleza de l a poesía burlesca y diferenciarla de l a sátira. P o r ejemplo, e n los preliminares
de l a edición d e l Secondo libro dell'opere burlesche (1555) costeada
p o r él, F i l i p p o G i u n t i deja m u y clara l a distancia entre ambos
géneros. D e las dos finalidades de l a poesía, entretener y enseñar, l a poesía burlesca persigue la p r i m e r a y la satírica la segunda.
E n t r e los autores festivos destaca Francesco B e r n i , " p r i m e r o " y
maestro de los burlescos:
Tvtti i Poeti hanno per intentione l'uno de due fini, come V. S. sà
molto meglio di me, cioè o di giouare, o di dilettar le persone...
G l i scrittori delle Satire, quasi arbitri del mondo, senza risguardo
hauer ne a Principi ne a prinati huomini, ma di tutti, indifferentemente, i vitii biasimando, si sforzano di mettere altrui sulla via
della virtù. Altri Poeti poi, come ho detto, ci sono, che altro non
disegnano se non recar piacere & diletto alle genti... D i questa
maniera di faceti & sollazeuoli Scrittori Se Poeti molti & molto eccellenti n'ha hauuto, & ha tuttauia il secol nostro; i l qual (dirò liberamente) non cede i n cosa alcuna all'antico. Et fra primi, &
forse i l primo, che i n tal maniera d i scriuere i n burla lodeuolmente poetasse, fu il nostro Messer Francesco B e r n i .
26
E n Satire di cinqve poeti illustri, ff. A 5 v - A 6 .
// secondo libro dell'opere Burlesche, di M. Francesco Berni Del Molza, di M.
Bino, di M. Lodouico Martelli. Di Mattio Francesi, dell'Aretino, Et di diuersi Autori.
Nuouamenteposto in Luce, Et con diligenza Stampato, H e r e d i d i B e r n a r d o G i u n ti, F i o r e n z a , 1555, ff. f i i - f i i v .
2 5
2 6
474
NRFH, LI
RODRIGO CACHO
L a figura central d e l desarrollo de la poesía burlesca e n el
R e n a c i m i e n t o fue, pues, Francesco B e r n i . Sacerdote toscano
n a c i d o e n L a m p o r e c c h i o , trabajó al servicio de importantes
señores relacionados c o n l a curia, c o m o el cardenal Bernardo
Dovizi da Bibbiena, el datario Giovan Matteo Giberti y el cárdena!
Ippolito de' M e d i c i . Su formación humanística le llevó i n i c i a l
mente a escribir poesía en latín, pero p r o n t o pasó a cultivar k
literatura burlesca. B e r n i supo aprovechar la tradición anterioi
y su cultura clásica para sus composiciones. L a combinación d(
fuentes nacionales (Dante, Petrarca, B u r c h i e l l o , Pistoia) y lati
ñas ( H o r a c i o , V i r g i l i o , Catulo) le permitió dignificar l a poesí;
festiva y darle u n nuevo empuje dentro de la c u l t u r a d e l Rena
cimiento.
Los moldes métricos fundamentales de la poesía de B e r n
son el soneto y el terceto. E n el p r i m e r o toma los motivos tipi
eos de la literatura cómica anterior (Burchiello, Pistoia), aur
que su estructura responde más a la técnica petrarquista. E
poeta supo c o m b i n a r unos contenidos bajos c o n u n a f o r m a a
ta obteniendo u n resultado o r i g i n a l y n o v e d o s o . S i n embaí
go, la parte más a m p l i a de su repertorio la constituyen le
capitoli que pasarían a ser el metro básico de la poesía bernese;
L o s temas de la o b r a de B e r n i se centran en la p a r o d i a d e l p<
trarquismo, el retrato de tipos y escenas grotescas y, sobre tocU
el elogio paradójico. E l poeta toscano partió de u n a m o d a l i d a
clásica que estaba c o n o c i e n d o m u c h o éxito en el R e n a c i m i e i
to (pensemos e n el Elogio de la locura de Erasmo) y l a fusión
c o n la tradición florentina de los Canti carnascialeschi Se trata d
u n a f o r m a de o r i g e n p o p u l a r que cultivaron también autor<
cultos de los siglos xv y xvi c o m o L o r e n z o de' M e d i c i o B e n
detto V a r c h i . Estos poemas eran escenificados p o r compars;
que subidas e n carros atravesaban las calles de F l o r e n c i a e n 1<
2 7
28
2 9
P a r a u n a visión de c o n j u n t o sobre B e r n i y ios b e r n e s c o s c o n s u l t e n
D . ROMEI, Berni e berneschi del Cinquecento, E d i z i o n i C e n t r o 2P, F i r e n z e , 19É
S. LONGHI, " L e Rime d i F r a n c e s c o B e r n i . C r o n o l o g i a e strutture d e l lingua
g i o b u r l e s c o " , Studi di Filologia Italiana, 1976, n u m . 34, 249-299; y su Lusu,
G . BERNARDI, " L e s o n n e t b e r n e s q u e " , e n Le sonnet à la Renaissance:
origines au XVII siede, e d . Y . B e l l e n g e r , A u x A m a t e u r s de L i v r e s , Paris, 19<:
p p . 195-204.
G . FERRONI, " I l d o p p i o senso erotico n e i canti carnascialeschi
fiorentir
Sigma, 11 (1978), n u m s . 2/3, 233-250. A n t o n Francesco G r a z z i n i r e c o g i ó n
chos de estos textos y los publicó e n 1559: Tutti i trionfi, carri, mascherate o co
carnascialeschi
2 7
2 8
6
2 9
NRFH, LI
POESÍA BURLESCA DEL SIGLO DE ORO Y SUS MODELOS ITALIANOS
475
días de carnaval. N o r m a l m e n t e , representaban la llegada a la
c i u d a d de u n g r u p o de personajes que e n c a r n a n u n a profesión, actividad o estamento (sastres, herreros, monjas, viudas),
y que entablan u n diálogo ficticio c o n su destinatario basado
e n las metáforas y dobles sentidos eróticos. Su e n u n c i a d o es
muy sencillo y esquemático, y la doble lectura que encubren muy
evidente. Siguiendo estos dos modelos, los tercetos de B e r n i
l o a n cosas h u m i l d e s (melones, melocotones, gelatina) o perniciosas (la peste), j u g a n d o c o n u n doble nivel de lectura que
encubre u n significado sexual. Cito c o m o ejemplo el capítulo
de las anguilas:
L'anguille non son troppo conosciute;
E sarebbon chiamate un nuovo pesce
Da un che noli'avesse più vedute.
Vivace bestia che nell'acqua cresce,
E vive i n terra e 'n acqua, e ' n acqua e ' n terra,
Entra a sua posta ov'ella vuole, ed esce .
30
L a a n g u i l a tiene u n claro valor fálico y las referencias a la
"tierra" y al "agua" a l u d e n , respectivamente, al a m o r sodomitico y al heterosexual. Este lenguaje basado e n el i n g e n i o y el
equívoco fue i m i t a d o m u y p r o n t o . L a poesía bernesca se desarrolló i n i c i a l m e n t e en R o m a , a l r e d e d o r de u n g r u p o de escritores amigos d e l poeta que en sus reuniones académicas se
entretenían c o m p o n i e n d o capítulos burlescos. E n realidad, poco se sabe de esta agrupación que se conoce c o n el n o m b r e genérico de Accademia dei vignaiuoli . Desconocemos si e n algún
m o m e n t o llegó a f u n c i o n a r realmente c o m o academia o n o pasó de ser u n a reunión entre amigos. L o s m i e m b r o s más destacados de esta sociedad de escritores jocosos son, j u n t o c o n
B e r n i , G i o v a n n i M a u r o (muerto e n 1536), G i o v a n n i D e l l a Casa
3 1
32
F . BERNI, Rime, e d . S . L o n g h i , e n Poeti del Cinquecento, t. 1: Poeti lirici,
burleschi, satirici e didascalici, eds. G . G o n i i , M . D a n z i y S. L o n g h i , R i c c i a r d i ,
M i l a n o - N a p o l i , 2001, p p . 623-890, 5, w . 10-15.
J . TOSCAN h a e s t u d i a d o e l léxico de l a tradición b e r n e s c a , desvelando
sus d o b l e s sentidos obscenos e n su l i b r o Le carnaval du langage. Le lexique
érotique des poetes de Vequivoque de Burchiello a Marino (xi^-xvif sueles), Presses
U n i v e r s i t a i r e s d e L i l l e , L i l l e , 1981, 4 ts. S i n e m b a r g o , su l a b o r de d e s c o d i f i c a c i ó n a m e n u d o v a d e m a s i a d o lejos y h a l l a referencias eróticas e n pasajes
d o n d e s o n dudosas o i m p r o b a b l e s . V é a n s e las m a t i z a c i o n e s d e D . ROMEI, op.
cit, p p . 85-107; y P . FLORIANI, op. cit., p p . 191-196.
D . ROMEI, op. cit., p p . 51-84.
3 0
3 1
3 2
476
NRFH, L I
RODRIGO CACHO
(1503-1556), Giovan Francesco B i n i (muerto en 1556), F r a n cesco M a r i a M o l z a (1489-1544), A n n i b a l C a r o (1507-1566), A g n o l o F i r e n z u o l a (1493-1543) y M a t t i o Franzesi (muerto antes
de 1555). Se trata de u n g r u p o bastante h o m o g é n e o de intelectuales de formación humanística, relacionados c o n la curia
(algunos eran sacerdotes) y varios de ellos de origen toscano.
E n sus versos cantan objetos insignificantes o viles, tales c o m o
las zanahorias, los huevos, la ensalada, el barro, la salchicha, las
mentiras o las ventas.
Estos capitoli burlescos c o n o c i e r o n u n a gran fortuna, y muchos autores escribieron tercetos " i n l o d e " o " i n dispregio" al
estilo de B e r n i . G i r o l a m o Ruscelli, q u i e n también compuse
poemas bernescos, dejó constancia de este éxito en su tratade
Del modo di comporre in versi nella lingua italiana (1559), d o n d e se
queja p o r la degeneración de la poesia bernesca e n m o d a l i
teraria:
per Paradosso è quella del Bernia che loda la peste, del Molza
che lodò la scommunica, & altri tali. Et de' soggetti umilissimi lo
dati altamente ò da scherzo sono quei de' Cardi, et dell'Insalata
del Forno, dell'Ago, del Fuso, & molti altri, che ne uanno attorni
gioiosamente, & molto vaghi, 8c molto grati, se non che s'è po
posta in fascio molta turba à uolerui scriuere, ò bene, ò male, ch<
sappia farlo .
33
L a f o r t u n a de los capitoli bernescos se aprecia e n la gran di
fusión de las antologías de poesía burlesca que, desde 1537, s<
editaron sin cesar. C o m o ya o c u r r i e r a c o n Ariosto en las recopi
laciones satíricas de Francesco Sansovino y M a r i o degli A n d i n i
B e r n i solía encabezar las antologías burlescas tomando el pape
de f u n d a d o r y maestro d e l género. Así lo hizo F i l i p p o G i u n t i ei
el Secondo libro delVopere burlesche. P e r o ya antes A n t o n Francese'
G r a z z i n i lo había dejado m u y claro en su edición de las Ope\
burlesche de 1548. E n los preliminares d e l l i b r o incluye u n sont
to suyo d o n d e alaba a B e r n i y l o considera el padre d e l estil
burlesco: "maestro e padre d e l burlesco s t i l e " .
L a antología d e l Lasca y su segunda parte f u e r o n dos de te
más difundidas en el siglo x v i (reeditadas varias veces) y sobr
34
Del modo di comporre in versi nella lingua italiana, G i o v a n Battista et Me
c h i o r Sessa F r a t e l l i , V e n e t i a , 1559, p . c x v i .
A . F. GRAZZINI, Le rime burlesche edite e inedite, e d . C . V e r z o n e , Sansor
F i r e n z e , 1882, soneto 98, v. 8.
3 3
3 4
NRFH, L I
POESÍA BURLESCA DEL SIGLO DE ORO Y SUS MODELOS ITALIANOS
477
ellas se basaron l a mayoría de las que se p u b l i c a r o n e n el siglo
xvii. Es el caso de l a edición dividida e n tres libros Delle rime piacevoli. .., Barezzo Barezzi, Vicenza, 1603 (reeditadade nuevo e n
V i c e n z a e n 1609-1610 p o r Francesco G r o s s i ) . O t r a tradición
afortunada fue l a de las rimas de Cesare C a p o r a l i (1531-1601),
que a partir de 1586 se reeditaron conjuntamente c o n las de
otros bernescos.
E n el siglo xvn, pues, se siguieron p u b l i c a n d o antologías de
poesía bernesca, aunque se trata de textos bastante defectuosos, c o n muchos problemas de atribución y lecturas equivocadas.
Además, e n l a mayoría de los casos los versos más irreverentes
f u e r o n censurados. L a h u e l l a d e l C o n c i l i o de T r e n t o se dejó
ver también e n l a circulación de l a lírica burlesca. S i n embargo, ello n o impidió que varios epígonos de B e r n i vieran impresas sus obras e n el B a r r o c o . Pensemos e n autores c o m o
Alessandro A l l e g r i (1550-1620), G i r o l a m o L e o p a r d i que publicó sus Capitoli e canzoni piacevoli e n 1613, o G i o v a n Battista L a l l i
que incluyó sus Rime giocose e n l a p r i m e r a edición de l a Franceide (1629) y posteriormente e n sus Opere poetiche ( 1 6 3 0 ) .
Las obras cómicas italianas y las antologías de l a poesía bernesca tuvieron que empezar a circular e n España relativamente
p r o n t o . E l m o d e l o p r o p o r c i o n a d o p o r los burlescos italianos
resultó m u y sugestivo para los poetas españoles. D e hecho,
Francesco B e r n i es citado c o n m u c h a frecuencia c o m o ejemplo
f u n d a m e n t a l de l a poesía jocosa. J u a n de l a Cueva l o m e n c i o n a
en este sentido, j u n t o c o n A r e t i n o , e n u n a de sus epístolas:
35
36
Y al poeta melado o Melosino
De indigestos concetos, qu'es entr'ellos,
Bernia en donaire, en mofas A r e t i n o .
37
E l escritor andaluz hizo referencia a B e r n i también e n su
obra más teórica: el Exemplar poético (escrito a l r e d e d o r de
1605). A l hablar d e l soneto c o n estrambote y de su i n t r o d u c E n l a c o l e c c i ó n a p a r e c e n t a m b i é n autores nuevos d e finales d e l siglo
xvi. Esta serie se r e e d i t ó c o n e l añadido d e u n a c u a r t a parte d e r i m a s burlescas: Delle rime piacevoli..., F r a n c e s c o B a b a , V e n e t i a , 1 6 2 7 .
L a s Rime piacevoli d e A l l e g r i se p u b l i c a r o n e n c u a t r o partes ( 1 6 0 5 ,
1 6 0 7 , 1 6 0 8 y 1 6 1 3 ) . S o b r e l a p e r v i v e n c i a d e l a poesía b u r l e s c a a finales d e l siglo x v i y e n e l XVII véase C . CHIODO, // gioco verbale. Studi sulla rimeria satiricogiocosa del Seicento, B u l z o n i , R o m a , 1 9 9 0 .
E n B . J . GALLARDO, op. cit, t. 2 , c o l . 6 9 5 .
3 5
3 6
3 7
478
NRFH, LI
RODRIGO CACHO
ción e n la poesía española, lo presenta c o m o u n a d e u d a c o n la
literatura italiana, más concretamente c o n B e r n i . Pese al rechazo que le supone esta f o r m a métrica, es bastante significativa la
m e n c i ó n d e l poeta italiano c o m o m o d e l o de poesíajocosa:
i cuando en esto alguna vez ecede
i aumenta versos, es en el burlesco,
qu'en otros ni aun burlando se concede.
Esto usó con donayre truhanesco
el Bernia i por su exemplo á sido usado
este epodo o cola que aborresco .
38
También Góngora cita a B e r n i en u n o de sus romances b u r
lescos: " H a n m e d i c h o , hermanas" (de 1587). L a alusión n o e;
casual. Esta composición d e l poeta cordobés es el p r i m e r ejem
pío de "autorretrato burlesco" e n l a lírica española, modalidac
que después utilizarían varios escritores. Góngora debió tomai
el m o d e l o de l a poesía bernesca d o n d e se encuentran notable;
ejemplos, c o m o los tercetos que se c r u z a r o n Iacopo Sellaio ;
Mattio Franzesi :
39
porque son (y es cierto,
que el Bernia lo afirma)
hermanas de leche
nuevas y mentiras .
40
L a referencia es algo imprecisa. E n varios lugares de su
obras B e r n i mostró desinterés y desconfianza hacia las "nue
vas", p e r o n o encuentro ningún pasaje que se corresponda coi
el d e l r o m a n c e g o n g o r i n o . L o i m p o r t a n t e es que Góngor
certifica su d e u d a c o n l a tradición bernesca italiana e n u n re
manee que se inspira claramente e n ella.
L u i s B a r a h o n a de Soto dejó e n u n o de sus poemas otro i n
portante testimonio de l a i n f l u e n c i a de l a literatura búrlese
italiana en los autores d e l Siglo de O r o español. L a epístola s(
g u n d a d i r i g i d a a G r e g o r i o Silvestre ataca l a m a l a poesía y su
41
Exemplarpoético,
ed. J . M . Reyes C a n o , A l f a r , Sevilla, 1986, w . 1230-123.
S o b r e estos p o e m a s véase LONGHI, LUSUS, p p . 113-137.
Romances, e d . A . C a r r e ñ o , C á t e d r a , M a d r i d , 2000 , 24, w . 149-152.
E n el capítulo " I n l o d e d e l d e b i t o " (Rime, 26, w . 175-190), e n u n a de si
Lettere (en Poesie e prose, e d . E . Chiòrboli, O l s c h k i , Genève-Firenze, 1934, p . 31c
y e n su Rifacimento d e l Orlando innamorato de B o i a r d o ( I H , 7, w . 54-55).
3 8
3 9
4 0
4 1
5
NRFH, LI
POESÍA BURLESCA DEL SIGLO DE ORO Y SUS MODELOS ITALIANOS
479
defectos. E n los versos centrales refiere u n a curiosa anécdota
d o n d e cuenta c ó m o u n poeta es expulsado d e l j a r d í n de las
musas p o r su maledicencia, pese a lo cual consigue colarse dentro, pero es descubierto p o r las musas que q u i e r e n echarlo. S i n
embargo, l o g r a ganarse su benevolencia c o n zalamerías y éstas
t e r m i n a n entregándole las llaves del jardín:
Las llaves le entregaron del cerrado
Pitonio muro y de la ilustre fuente,
De que al principio tuvo tal cuidado.
Mas como puesto en posesión se siente
Del uno y otro venturoso cargo,
Y que a su intento la ocasión no miente,
Dicen, y aun es verdad, que, sin embargo,
Dio puerta general a mil iguales
Suyos en profesión, por tiempo largo.
Viendo la turba de moscones tales,
Mudaron el asiento a su Parnaso
Las nueve compañeras inmortales.
Quedaron sucesores en tal caso
Del huerto los sacrilegos profanos,
Que apenas para tantos bastó el vaso;
Y ejercitaron el ingenio y rranos,
Cuál celebrando la virtud de un tronco;
Cuál cultivando el arbolaje y llanos.
Tal hubo que cantó del ajo bronco;
Tal de la dura y áspera alcarehofa
Y tal a quien un higo volvió r o n c o .
42
Los poemas que c o m p o n e n estos poetas intrusos c o i n c i d e n
c o n los elogios paradójicos de los bernescos. E l pasaje parece, pues, estar h a c i e n d o u n a crítica a l a poesía burlesca italiana, c o m o se confirmará versos más adelante. P e r o además, l a
anécdota relatada p o r B a r a h o n a de Soto consiste e n u n a larga
paráfrasis e n verso de u n pasaje d e l Commento di ser Agresto da
Ficaruolo sopra la Prima Picata del padre Siceo ( c o n o c i d o también
c o m o l a Ficheide), o b r a de A n n i b a l C a r o (alias "Agresto d a Ficaruolo") p u b l i c a d a e n 1 5 3 9 j u n t o c o n l a Nasecr . E l texto consis43
Poesías líricas, e n F . RODRÍGUEZ MARÍN, Luis Barahona de Soto. Estudio biográfico, bibliográfico y crítico, R e a l A c a d e m i a Española, M a d r i d , 1903, p p . 581845 ( p p . 709-710).
S o b r e estas obras de C a r o véase G . FERRONI, "Lettere e scritti b u r l e s c h i
d i A n n i b a l C a r o tra i l 1532 e i l 1542", Palatino. Rivista Romana di Cultura,
1968, n ú m . 12, 374-386.
4 2
4 3
480
NRFH, LI
RODRIGO CACHO
tía e n u n ejercicio académico d o n d e C a r o analizaba el Capitolo
deifichi de Francesco María M o l z a p a r o d i a n d o los comentarios
eruditos, y siguiendo el m o d e l o de B e r n i e n su Comento al Capitolo della primiera. E n las primeras páginas de su Ficheide el autor
cuenta la historia que recoge B a r a h o n a de Soto e n su epístola:
Fu i l Bernia un certo uomo di messer Domenedio, i l quale, con
tutto che volesse essere Poeta rabbuffato dalle Muse, che non s'adattasse a scrivere, secondo che gli dettavano, s'abbottino da loro, e disse tanto male d'esse, e de' Poeti, e della Poesia, che ebbe
bando di Parnaso. M a tosto che si avvide, che senza questa pratica era tenuto piuttosto per Giornea che per Bernia, si deliberò di
rappattumarsi con esso loro. E d appostando un giorno, che stavano nel medesimo giardino, fece tante moine intorno alle Ber
te, che son fantesche delle Muse, che si fece metter dentro per h
siepe, e come quello ch'era i l più dolce zugo del mondo, trovan
dosi dentro, fece tante buffonerie, che le Muse ve lo lasciaronc
stare. Dipoi s'ingegnò tanto, che rubò la chiave del cancello alh
Madre Poesia lor Portinara; e misevi dentro una schiera d'altr
Poeti baioni, che ruzzando per l'orto, lo sgominarono tutto, (
secondo che andarono loro a gusto, così colsero, e celebrarono
chi le Pesche, chi le Fave, chi i Citriuoli, chi i Carciofi, e chi d'ai
tre sorti frutte .
44
E l texto de C a r o , pese a su c o m i c i d a d , consiste en u n elogie
a l a poesía bernesca vista c o m o o b r a de libertad frente a las re
glas literarias. B e r n i supo desafiar a las musas y tuvo el mérit(
de abrir las puertas a u n a nueva concepción poética. Barahon;
de Soto retomó este episodio para quejarse p o r el éxito excesi
vo de los bernescos en España. Se trata de u n testimonio m u
explícito de l a gran difusión de l a poesía burlesca italiana en e
Siglo de O r o :
Mas ya perdido este uso, se rehizo
Por un no sé qué Bernia italiano,
De donde fue en España advenedizo.
Del vándalo andaluz y castellano
Fue recebido con aplauso y pompa,
Y aun muchos le trataron como a hermano .
45
4 4
1863,
4 5
A . CARO, Commento di ser Agresto, G . D a e l l i e C o m p . E d i t o r i , Milane
p. 9 3 .
L . BARAHONA DE SOTO, Poesías líricas, p . 7 1 1 .
NEFH, L I
POESÍA BURLESCA DEL SIGLO DE ORO Y SUS MODELOS ITALIANOS
481
E l poeta andaluz está utilizando u n texto de literatura burlesca i t a l i a n a p a r a c r i t i c a r esa m i s m a tradición. S i n e m b a r go, n o está m u y clara l a p o s t u r a de B a r a h o n a de Soto ante l a
o b r a bernesca, puesto que él m i s m o c o m p u s o unos tercetos de
alabanza a la pobreza que guardan cierto parecido c o n poemas
burlescos c o m o el Capitolo sopra Vepiteto della povertà de M a t t i o
Franzesi y el Capitolo a messer Gandolfo (sobre l a carestia) de
G i o v a n n i M a u r o . Quizás, c o m o ya h i c i e r a Ruscelli e n su tratad o poético, B a r a h o n a se esté quejando e n su epístola de l a trivialización de l a materia bernesca y de su degeneración e n
m o d a literaria.
U n testimonio posterior que se mueve e n l a m i s m a línea
que e l de B a r a h o n a se h a l l a e n el Rosal (compuesto entre 16231626) de R o d r i g o Fernández de R i b e r a . Se trata de otro texto
manuscrito d o n d e el poeta andaluz recogió su poesía epigramática. E n su discurso i n i c i a l , R i b e r a alaba a M a r c i a l y l o consid e r a el m o d e l o f u n d a m e n t a l que d e b e n seguir los poetas
jocosos españoles. L a exaltación de l a tradición n a c i o n a l l o lleva a rechazar de l l e n o otras modalidades foráneas que "contam i n a b a n " l a poesía española:
¡O padre Marcial, emulación de los Catulos, Jubenales i Persios, i
vosotros, ó hermanos poetas i hijos de aquél padre en este estilo!
¡Aquí del Pegaso, que si él fue buen cauallo español sería! Y sin
duda que fue bueno, que a lo menos las alas esencia fueron del
Zefiro, de quien se enpreñaban las yeguas. Y de los prados del Betis, vosotros digo que n i alabáis en largos discursos el rábano
mordaz, la lúgubre cebolla, n i el dulce ygo, pero con la vrebe bala de una redondilla derribáis de desautorizada rissa la más mesurada muralla de una fruncida beata .
46
Nuevamente, se p u e d e apreciar el ataque directo a l a poesía bernesca. S i n embargo, tanto las palabras de B a r a h o n a de
Soto c o m o las de Fernández de R i b e r a sirven para c o n f i r m a r l a
i m p o r t a n t e presencia de l a tradición burlesca italiana e n Esp a ñ a durante todo el Siglo de O r o . Es probable que su introducción se deba a D i e g o H u r t a d o de M e n d o z a . S u d e u d a c o n
E n J . LARA GARRIDO, "El Rosal, c a n c i o n e r o e p i g r a m á t i c o d e R o d r i g o
F e r n á n d e z d e R i b e r a : e d i c i ó n y e s t u d i o d e l M s . 17524 de l a B i b l i o t e c a N a c i o n a l d e M a d r i d ( c o n a l g u n o s excursos sobre p r o b l e m a s d e transmisión y
e d i c i ó n d e las poesías de Baltasar d e l A l c á z a r ) " , Voz y Letra, 3, 2 (1992), 2378; 4, 2 (1993), 51-104 (t. 1, p . 7 0 ) .
4 6
482
NRFH, L I
RODRIGO CACHO
los poetas bernescos es evidente y h a dejado varios rastros e n
sus poemas. R e c o r d e m o s los tercetos e n alabanza de l a pulga,
de los cuernos, de l a cola o de l a z a n a h o r i a . T o d o s ellos tien e n antecedentes italianos m u y claros. E l p r i m e r o i m i t a y parafrasea el Capitolo delpulice de L u d o v i c o D o l c e , el segundo debió
inspirarse e n los tercetos e n alabanza de los cuernos d e l Lasca
o de Pietro N e l l i , el tercero p u d o tomar l a i d e a de Le lodi della
coda que f o r m a parte de las Satire de G i o v a n n i A g o s t i n o Cacc i a , y el último se basó e n los dos capítulos de elogio a las zanahorias de M a t t i o Franzesi.
L a poesía bernesca dejó huellas e n otros importantes poetas
burlescos españoles. Baltasar d e l Alcázar imitó m u y de cerca el
soneto de B e r n i " C h i o m e d'argento fine, irte e attorte", parodia
de B e m b o y de l a descriptio puellae p r o p i a de l a poesía petrarquista. E l soneto de Alcázar "Cabellos crespos, breves, cristalinos'
sigue claramente el tema, l a distribución y el léxico de los versos i t a l i a n o s . También u n o de los sonetos atribuidos a G o n g o
ra d o n d e se satiriza el m a t r i m o n i o se inspiró e n B e r n i : "Cornei
salchichas y hallar sin gota". L a enumeración de las penuria*
alimenticias y existenciales p o r las que pasa el casado imitan e
soneto bernesco " C a n c h e r i , e beccafichi magri a r r o s t o " .
C o m o p u e d e verse, l a mayoría de los textos d o n d e se apre
eia l a i n f l u e n c i a bernesca p e r m a n e c i e r o n manuscritos durante
el Siglo de O r o . Las obras de burlas tardaron más que l a poesñ
petrarquista e n alcanzar su r e c o n o c i m i e n t o y pasar a l a trans
misión impresa. L a i n f l u e n c i a de l a lírica bernesca se encuen
tra, pues, a m e n u d o e n documentos n o m u y conocidos o poc(
estudiados. U n b u e n ejemplo de ello son las actas de l a Acade
47
48
49
50
A . GONZÁLEZ PALENCIA y E . M E L E , Vida y obras de don Diego Hurtado de Me?
doza, Instituto d e V a l e n c i a d e D o n j u á n , M a d r i d , 1941-1943, t. 3, p . 102: " D
B e r n i y d e los poetas b e r n e s c o s derivó sus capítulos y sus sonetos burlesco
M e n d o z a , q u e f u e e l p r i m e r o e n i n t r o d u c i r l o s e n l a p o e s í a castellana". L e
tercetos a l a p u l g a y a l a c o l a se a t r i b u y e n e n ocasiones t a m b i é n a G u t i e r r
de C e t i n a .
Le satire, et capitolipiaceuoli,
[Giovanni A n t o n i o d i Castiglione], M i l ;
n o , 1549, n ú m . 2 1 .
A . MARTÍNEZ-PEÑUEIA VÍRSEDA, " L a visión p a r ó d i c a d e l p e t r a r q u i s m o e
F r a n c e s c o B e r n i y e n Baltasar d e l Alcázar", e n Actas del IXSimposio de la Soci
dad Española de Literatura General y Comparada, U n i v e r s i d a d de Zaragoza-Baí
co Z a r a g o z a n o , Z a r a g o z a , 1994, t. 2, p p . 189-196.
G . E . BOSURGI, " L a c a r i c a t u r a d e l l a d o n n a n e l B e r n i e i n d u e liri<
s p a g n u o l i d e l s e c o l o XVII", e n Studi in onore di Francesco Torrara, Società E d
trice D a n t e A l i g h i e r i , N a p o l i , 1922, p p . 433-443.
4 7
4 8
4 9
5 0
NRFH, L I
POESÍA BURLESCA DEL SIGLO DE ORO Y SUS MODELOS ITALIANOS
483
m i a de los N o c t u r n o s , que funcionó e n V a l e n c i a de 1591 a
1594. E n t r e los poemas ele los académicos hay varios de clara
inspiración bernesca: alabanzas a la l o c u r a , l a enfermedad, la
h o r m i g a , el cuervo, la pulga, los perrillos de falda o el mosquito. L o s elogios paradójicos se escriben e n varios metros e incluso en prosa (y p u e d e n ser también " e n c o n t r a " de algo).
Además, B e r n i es recordado explícitamente e n el Discurso alabando la breva d e l académico M i e d o (Francisco Tárrega) :
Cogitanti mihi, illustres Académicos, que los caprichos, como dize
el Bernia, vienen a despecho del h o m b r e .
51
E l pasaje alude a los últimos versos d e l capítulo In lode
d'Aristotele de B e r n i (Rime, 23, w . 103-105): "Io n o n m i so scusar, se n o n c o n dire / Q u e l c h ' i o dissi d i sopra: e' son capricci, /
C h ' a m i o dispetto m i v o g l i o n venire". A u n q u e l a referencia p u do ser indirecta, ya que se parece m u c h o a las palabras c o n las
que A n t o n i o B i a d o (alias "Barbagrigia"), editor de la Ficheide,
empieza su dedicatoria de l a obra: "I C a p r i c c i (come disse i l
Bernia) v o g l i o n o venire agli u o m i n i a l o r dispetto" (p. 83). E n
cualquier caso, resulta m u y significativo que B e r n i se cite c o m o
autoridad c o n tanta soltura. Eso demuestra u n a cierta familiarid a d c o n l a literatura burlesca italiana, que se refleja también
en el c o n o c i m i e n t o de la Ficheide de A n n i b a l C a r o que ya empleara B a r a h o n a de Soto.
L a presencia de B e r n i y los bernescos c o m o a u t o r i d a d en la
que apoyarse se h a l l a también e n la Respuesta h e r r e r i a n a a las
Observaciones de Prete J a c o p í n (Juan Fernández de Velasco).
F e r n a n d o de H e r r e r a fue u n o de los poetas cultos p o r excelencia d e l Siglo de O r o . Pero, pese a su formación humanística y a
su erudición, n o desdeñó la literatura burlesca italiana y se apoyó e n ella p a r a reforzar su ataque al condestable Fernández de
Velasco que le había criticado p o r su edición de l a o b r a de Garcilaso. Así c o m o e n las Anotaciones H e r r e r a demostró conocer
p r o f u n d a m e n t e l a tradición "alta" italiana (petrarquistas y épicos), que cita y c o m p a r a c o n los poetas españoles, e n su Respuesta d a p r u e b a de haber leído c o n d e t e n i m i e n t o a los autores
bernescos. D e h e c h o , el texto d e l escritor andaluz se abre c o n
u n a cita t o m a d a d e l capítulo Afra Bastían del Piombo de B e r n i .
Actas de la Academia de los Nocturnos, eds. J . L . C a n e t , E . Rodríguez y
J . L . S i r e r a , E d i c i o n s A l f o n s e l M a g n á n i m , V a l e n c i a , 1988, t. 1, p . 161.
5 1
RODRIGO CACHO
484
NRFH, L I
E n total, H e r r e r a cita siete veces los capitoli de B e r n i (5 poemas), tres veces los de C a p o r a l i (2 poemas) y dos veces los de
D e l l a Casa (1 p o e m a ) . E n t r e tanta cita dejó también algún j u i cio aislado sobre B e r n i y su poesía. H e r r e r a parece considerar
l a o b r a bernesca c o m o u n m o d e l o maldiciente, pero muy ingenioso. D e l poeta italiano dice que "es u n o de los mas descarados Coplistas que á ávido e n todo e l Paes de A r n o , pero es
b u e n o para los que d i z e n cosas grandes i nuevas c o m o vos dez í s " . B e r n i y sus imitadores f o r m a b a n parte de la base literaria
herreriana, pero el autor l a usó sólo e n u n contexto acorde a
ella, c o m o su polémica literaria c o n t r a Prete J a c o p í n . E n Herrera se aprecia claramente esa fragmentación e n dos grupos
de l a tradición poética italiana e n España e n el siglo xvi. P o i
u n a parte los petrarquistas y los épicos, alabados e imitados er
obras que se p u b l i c a r o n durante todo e l Siglo de O r o ; p o r otr¿
los bernescos, que f u e r o n también m u y leídos, pero cuyas i m i
taciones c i r c u l a r o n p r i n c i p a l m e n t e de f o r m a manuscrita.
P o r lo tanto, los autores italianos debieron constituir u n m o
délo importante para los poetas burlescos españoles. S i n embar
go, para la definitiva consagración d e l género e n España hay qu<
esperar el cambio estético y f o r m a l que se produjo e n el Barroco
Este proceso consiste, básicamente, e n u n a dignificación que s<
aprecia en el paso de u n a circulación sobre todo manuscrita a un;
impresa. L a poesíajocosa, cada vez más, empieza a ocupar u n pa
peí destacado e n los poemarios que se f u e r o n publicando a lo lai
go del siglo. L a obra de Góngora supuso el p r i m e r paso hacia si
mayor consideración. C o n l a difusión de sus versos festivos e n \i
rias ediciones impresas a lo largo d e l xvii colaboró decididamer
te a la canonización de l a m o d a l i d a d burlesca e n el ámbito de 1
poesía culta. Hasta l a segunda década d e l siglo todavía había
existido serias vacilaciones e n este sentido. Vicente Espinel rece
gió sus Diversas rimas en 1591 y excluyó sistemáticamente de est
colección sus versos festivos. O t r o caso cercano es el de D i e g
H u r t a d o de M e n d o z a . Su obra poética se reunió postuma y se ed
tó e n 1610 a cargo de fray J u a n Díaz H i d a l g o , q u i e n se negó tan
b i e n a incluir las composiciones burlescas " p o r n o contrauenir
l a grauedad de tan insigne P o e t a " . Pero c o n las primeras edici*
52
53
E n J . MONTERO, La controversia sobre las "Anotaciones" herrerianas, A y u
t a m i e n t o d e Sevilla, Sevilla, 1987, p . 201.
Obras del insigne Cavallero Don Diego de Mendoza, Embaxador del Empeí
dor Carlos Quinto en Roma, Juan d e l a C u e s t a , M a d r i d , 1610, f. f 6v.
5 2
5 3
NRFH, LI
POESÍA BURLESCA DEL SIGLO DE ORO Y SUS MODELOS ITALIANOS
485
nes de la obra gongorina, pese a sus problemas iniciales c o n la Inquisición, la lírica burlesca adquiere u n grado de reconocimiento desconocido hasta el m o m e n t o .
U n a p r u e b a evidente d e l nuevo prestigio d e l que empieza a
disfrutar la lírica burlesca se halla ya en l a o b r a de Cervantes.
E n 1614 p u b l i c a su Viaje del Parnaso que es imitación explícita
de dos obras d e l bernesco Cesare C a p o r a l i : el Viaggio di Parnaso
y los Avvisi di ParnascP . L a poesía burlesca empieza a aparecer
en textos impresos.
A l o n s o de Castillo Solórzano p u b l i c a e n 1624 y 1625 las dos
partes de sus Donaires del Parnaso, que c o n t i e n e n sólo versos j o cosos, salvo alguno de elogio. E n el p o e m a que abre la obra,
dedicado Al lector, i n d i c a que la función más destacada de esta
o b r a es ofrecer u n a distracción a las mentes ocupadas: " p o r
darle vacaciones al cuydado". Este objetivo se alcanza sobre todo gracias al e m p l e o adecuado de las técnicas conceptistas,
pues al h o m b r e discreto: " l a agudeza a d m i r a " .
E n 1629Jacinto A l o n s o M a l u e n d a da a la estampa su Cozquilla del gusto, poernario de tipo exclusivamente burlesco. E n los
preliminares de la o b r a se justifica ante el público lector y reiv i n d i c a la validez de su musajocosa. Sus versos buscan el entretenimiento y a partir de este parámetro hay que juzgarlos:
54
5
5 6
solo te encargo que no mires con veras cuydadosas las descuydadas burlas que ensarta mi musa por darte gusto, que como estas
aduertido de que le puedes dar nombre de jocosa .
57
M a l u e n d a vuelve a p u b l i c a r u n a colección de versos y prosa
de naturaleza semejante en 1631: el Bureo de las Musas del furia.
Nuevamente, defiende el valor de su obra de b u r l a s . O t r o au58
D e estas cuestiones se o c u p a A . PÉREZ LASHERAS e n sus l i b r o s Fustigai
mores y Más a lo moderno.
V é a n s e , B . CROCE, " D u e i l l u s t r a z i o n i al Viaje del Parnaso d e l C e r v a n tes", e n Homenaje a Menéndez y Pelayo en el año vigésimo de su profesorado. Estudios de erudición española,
pról. J . V a l e r a , L i b r e r í a G e n e r a l de V i c t o r i a n o
Suárez, M a d r i d , 1899, t. 1, p p . 161-193; y las m a t i z a c i o n e s de E . L . RIVERS,
" A n t e c e d e n t e s g e n é r i c o s d e l Viaje del Parnaso', e n Dialogo. Studi in onore di
Tore Terracini, e d . I. P e p e S a r n o , B u l z o n i , R o m a , 1990, t. 2, p p . 575-582.
Donayres del Parnaso, D i e g o F l a m e n c o , M a d r i d , 1624, f. \ 7.
Cozquilla del gusto, e d . E . J u l i a Martínez, C S I C , M a d r i d , 1951, p . 7.
Bureo de las Musas del Turia y Tropezón de la risa, e d . E . J u l i a Martínez,
C S I C , M a d r i d , 1951, p . 9: "esta p e q u e ñ a o b r a , (a l a q u a l d i n o m b r e de B u reo, p o r ser d e d o n a y r e s ) " .
5 4
5 5
5 6
5 7
5 8
486
RODRIGO CACHO
NRFH, L I
tor burlesco que d a a luz sus composiciones e n verso p o r esos
años es Salvador Jacinto P o l o de M e d i n a . E n 1630 aparece su
colección titulada El buen humor de las Musas. E n l a dedicatoria
se refiere a sus obras apodándolas "burlas" y, más adelante, les
atribuye el mérito de p r o p o r c i o n a r al lector u n m e r e c i d o recreo, c o m o ya señalara Castillo Solórzano. Resuenan en estas
palabras ecos de las teorías aristotélicas y de los tratados renacentistas, cuales el De sermone o el Cortegiano. L a risa cumple un¿
función útil dentro de l a sociedad, es u n c o m p l e m e n t o necesa
rio para l a vida d e l h o m b r e :
A u n a las canas no les contradijera yo lo afable y entretenido, qu<
no es indecente la alegría y no dice prudencia lo feroz de un ros
tro, no ha de ser todo lo rígido y lo grave de un ceño; descansa
tiene lo entero en las materias de estado, no ha de estar tan enes
recida la entereza en el gobierno, buscarse tiene algún ocio a 1<
prudencial .
59
E n 1634, u n grande d e l p a n o r a m a literario c o m o era L o p
de V e g a p u b l i c a u n a colección de versos eminentemente bui
lescos: las Rimas de Tomé de Burguillos. E n estas rimas se pare
d i a n el c a n o n petrarquista y el de l a épica, invirtiendo todos sr
tópicos e n clave grotesca: lo alto se t o r n a bajo y lo exquisito vu
gar. L o p e , siempre tan atento a las modas y los gustos del públ
co, se p r o d u c e e n u n p o e m a r i o festivo d o n d e l a diversión es s
meta p r i n c i p a l . N o me parece, pues, que c o n este l i b r o esté d<
mostrando su desencanto hacia l a creación poética, c o m o a v
ees se h a d i c h o , sino más b i e n l o c o n t r a r i o . E l que realmem
está desengañado n o escribe y, desde luego, n o p u b l i c a si
obras. Se trata, e n cambio, de u n claro intento de L o p e c
m a n t e n e r su fama, demostrando su capacidad de adaptarse
m o l d e burlesco que cada vez c o n más pujanza i b a ocupanc
u n lugar privilegiado e n el ámbito literario d e l Siglo de O r o .
él se refiere claramente e n u n o de los sonetos que cierra el ca
c i o n e r o petrarquista paródico, llamándolo "nuevo e s t i l o " . 1
60
61
E n Obras completas, e d . A . V a l b u e n a Prat, A c a d e m i a de A l f o n s o X
S a b i o , M u r c i a , 1948, p . 245.
Así l o e n t i e n d e , p o r e j e m p l o , F. PEDRAZA, " E l d e s e n g a ñ o b a r r o c o
las Rimas de Tomé de Burguillos', Anuario de Filología, 4 (1978), p . 400: " e l ]
p e d e las Rimas de Tomé de Burguillos se r e t i r a de l a a c c i ó n " .
Rimas humanas y divinas del licenciado Tomé de Burguillos, e d . A . Caí
ñ o , A l m a r , S a l a m a n c a , 2002, 163, v. 4.
5 9
6 0
6 1
NRFH, LI
POESÍA BURLESCA DEL SIGLO DE ORO Y SUS MODELOS ITALIANOS
487
las advertencias que encabezan el v o l u m e n , tal y c o m o i b a siend o habitual en este tipo de obras, L o p e explica y defiende su
"poesía faceciosa".
O t r o acontecimiento importante para c o m p r e n d e r el alcance de la poesía festiva es l a Academia burlesca de 1637 que se
organizó en h o n o r d e l p r o p i o rey Felipe I V . Se trata de u n acto oficial y, pese a sus carácter jocoso, demuestra hasta qué
p u n t o estaba consolidada l a literatura burlesca en el siglo xvn.
E n t r e los participantes se cuentan autores de segunda fila, p e r o
también otros de mayor r e n o m b r e , sobre todo Vélez de Guevara que presidió l a sesión, o el Príncipe de Esquilache y Francisco de Rioja que f o r m a r o n parte del j u r a d o .
E n 1648 se publicó postumo el Parnaso español de Francisco de Quevedo, que d e d i c a u n apartado a la poesía burlesca:
la musa Taita, Se trata de l a sección más v o l u m i n o s a de toda l a
obra. Entre sus versos también es posible hallar varios poemas
que tienen u n a d e u d a c o n la tradición bernesca. Pensemos,
p o r ejemplo, en los sonetos A un nariz o Al mosquito de la trompetilla. Son versos dedicados a cantar argumentos pedestres y
vulgares, que aparecían también e n las antologías de l a lírica
burlesca i t a l i a n a .
E l proceso de consolidación de la poesía burlesca se va
acentuando a m e d i d a que avanza el siglo. Recordemos el éxito
de ventas de las obras de Anastasio Pantaleón de R i b e r a , poeta de academia y de poesías f u n d a m e n t a l m e n t e intrascendentes y jocosas, que durante el xvn c o n o c e n cinco ediciones. E l
público gusta m u c h o de este tipo de composiciones, y los mercaderes de libros n o p i e r d e n ocasión de sacar provecho de ello.
Es m u y representativa, a este respecto, la antología poética preparada p o r j o s e f Alfay e n 1654. Las Poesías varias de grandes ingenios españoles p e r m i t e n tomar el pulso a los gustos d e l público,
llegados ya a mediados de siglo. L o que refleja este l i b r o es l a
preferencia evidente p o r dos modalidades: la poesía amorosa y
l a festiva. Nuevamente, el criterio o r d e n a d o r h a r e s p o n d i d o a
u n a finalidad básica: l a de p r o p o r c i o n a r diversión y variedad.
6 2
63
S o b r e esta a c a d e m i a véase J . SÁNCHEZ, Academias literarias del Siglo de
Oro español, C r e d o s , M a d r i d , 1961, p p . 134-154.
P a r a los elogios d e narices d e s c o m u n a l e s e n l a poesía b e r n e s c a y su
r e l a c i ó n c o n el escritor e s p a ñ o l véase F. PLATA, " C o n t r i b u c i ó n a l e s t u d i o
d e . . . " , p p . 242-243. M e o c u p o d e l a i n f l u e n c i a de l a tradición i t a l i a n a e n l a
poesía b u r l e s c a de Q u e v e d o e n m i l i b r o La poesía burlesca de Quevedo y sus modelos italianos, U n i v e r s i d a d , S a n t i a g o de C o m p o s t e l a , 2003.
6 2
6 3
NRFH, L I
RODRIGO CACHO
488
E n el prólogo, Alfay insiste en ello: "Varias son las poesías que
te ofrezco, lector amigo, pero el deseo de entretenerte con
ellas es ú n i c o " .
C o m p a r a n d o el corpus de las Poesías varias c o n el de la más
importante antología poética de principios de siglo, las Flores di
poetas ilustres (1605) recogidas p o r P e d r o Espinosa, se confirma
el c a m b i o de estética y de gustos literarios a partir de l a según
da década d e l siglo xvn. E n las Flores p r i m a n las poesías amoro
sas, las morales y las religiosas. L o burlesco o c u p a u n ámbitc
bastante r e d u c i d o , representado sobre todo p o r u n soneto d<
M a t e o Vázquez de L e c a ("Cuerpo de Dios, L e a n d r o enternecí
d o " ) , otro de Espinosa ("Rompe l a n i e b l a de u n a gruta escu
ra"), unos epigramas de Baltasar d e l Alcázar y algunos poema
de Q u e v e d o . Frente a la contención y m e d i d a de gran parte d
las composiciones de las Flores, se h a l l a n e n l a colección de A
fay numerosos versos irreverentes basados a m e n u d o en lo ir
trascendente elevado a categoría poética.
Para c o m p r e n d e r el éxito de l a poesía burlesca es necesari
estudiar el cambio de poética operado e n el siglo xvn. Las pr<
ceptivas, desde el M e d i e v o hasta el R e n a c i m i e n t o , entendían 1
literatura c o m o u n a combinación de dos elementos f u n d a m e i
tales: el docere y el delectare. P o r tanto, el sentido último de u r
o b r a l i t e r a r i a d e p e n d í a de su c a p a c i d a d de p r o p o r c i ó n ;
u n a enseñanza al lector p o r m e d i o de palabras adecuadas. Si
embargo, ya e n el R e n a c i m i e n t o esta concepción empezó a c
luirse y a dar, gradualmente, mayor cabida al factor p u r a m e n
estético y al deleite. E n España este proceso fue más lento q i
en Italia, d e b i d o también al fuerte conservadurismo de la m
yoría de sus preceptistas . S i n embargo, el ideal formal-hed
nista se fue i m p o n i e n d o en la concepción poética d e l Siglo <
O r o . L a f o r m a y l a belleza empezaban a ser consideradas val
res p r i m a r i o s p a r a las obras literarias y, cada vez más, el enfre
tamiento entre res y verba se va a i r decantando a favor de 1
s e g u n d a s . Paulatinamente, l a retórica es asimilada a la elocu
y los tratados d a n mayor cabida al estudio d e l ornato verbal. 1
64
65
66
6 4
Poesías varias de grandes ingenios españoles,
ed. J . M . Blecua, Instituci
"Fernando el Católico", Zaragoza, 1946, p. 5.
6 5
A . G A R C Í A B E R R I O , Formación
de la Teoría literaria moderna (2).
Teoría
tica del Siglo de Oro, Universidad, Murcia, 1980, p. 468.
6 6
Sobre la polémica res-verba en el Siglo de O r o véase
tio. (Polémicas
pp. 51-82.
sobre la imitación
D . H . D A R S T , In
en el Siglo de Oro), Orígenes, Madrid, 1£
NRFH, U
POESÍA BURLESCA DEL SIGLO DE ORO Y SUS MODELOS ITALIANOS
489
h e c h o , en la Elocuencia española (1604) de J i m é n e z Patón se
p u e d e leer u n a sentencia tan clara c o m o tajante al respecto:
" L a Rhetórica es u n arte que enseña a d o r n a r la o r a c i ó n " .
E l resultado más evidente de este proceso, p o r lo que se refiere a la literatura, es el t r i u n f o d e l artificio y el i n g e n i o , base
de toda la teoría barroca. D e aquí parte la teorización gracianesca sobre el conceptismo y las formas de la agudeza: " N o se
contenta el i n g e n i o c o n sola l a verdad, c o m o el j u i c i o , sino que
aspira a la h e r m o s u r a " . E l concepto se define así c o m o l a cap a c i d a d de enlazar cosas dispares y distantes, provocando l a
sorpresa en el lector y d a n d o muestra d e l i n g e n i o d e l poeta.
A u n q u e las bases literarias d e l siglo xvr y d e l xvn descansan
sobre u n a m i s m a tradición retórica y poética, en el xvn se d a
p r i o r i d a d a elementos que habían tenido m e n o r cabida e n
el siglo anterior. Y a Aristóteles e n su Retórica había destacado el
placer que nace de la sorpresa y lo inesperado: "conviene hacer
algo extraño el lenguaje corriente, dado que se a d m i r a lo que
viene de lejos, y todo lo que causa admiración, causa asimismo
p l a c e r " . L o s poetas barrocos h i c i e r o n suyas estas palabras y
persiguieron en sus obras el deleite intelectual p o r m e d i o de
varios caminos. L o s géneros festivos, en este sentido, gozaron
de especial predicamento p o r su aptitud para la consecución de
u n a literatura ingeniosa. E n este contexto, M a r c i a l fue considerado el poeta de la agudeza p o r antonomasia y los tratadistas
d e l conceptismo c o m o Gracián y Matteo P e r e g r i n i (Delle acutezze, 1639) lo citaron c o n g r a n p r o f u s i ó n . T a n t o el i n g e n i o
c o m o la risa descansan sobre u n m i s m o elemento básico: la sorpresa. L a "decepción" de las expectativas e n el lector era consid e r a d a c o m o u n a de las primeras causas d e l ridículo. C o m o e n
los epigramas de M a r c i a l , l o que suscita l a h i l a r i d a d es toparse
c o n u n final inesperado, que coge desprevenido al lector estableciendo u n a asociación sorprendente. E m a n u e l e Tesauro,
otro importante teórico d e l conceptismo, recoge estas ideas e n
su Cannochiale aristotélico:
67
68
69
70
Elocuencia española en arte, e d . G . C . M a r r a s , A n e j o I de El Crotalón, M a d r i d , 1987, p . 67.
Agudeza y arte de ingenio, e d . E . C o r r e a C a l d e r ó n , Castalia, M a d r i d ,
1988, t. l , p . 54.
Retórica, t r a d . Q . R a c i o n e r o , G r e d o s , M a d r i d , 1990, 1404b.
T a m b i é n P o n t a n o le d e d i c a u n capítulo entero e n su De sermone (III, 18).
6 7
6 8
6 9
7 0
490
NRFH, L I
RODRIGO CACHO
Egli è dunque vna segreta & innata delitia dell'Intelletto humano, l'auuedersi di essere stato scherzeuolmente ingannato: peroche
quel trapasso dell'inganno al disinganno, è vna maniera d imparamento, per via non aspettata; & perciò piaceuolissima... D i
questa natura son tutti gli Scherzi giocosi; & le burle innocentemente noceuoli, che nelle conuersationi ciuili, si van per gabbo
facendo Fvno all'altro alla sproueduta .
5
71
E n este ámbito poético se inscribe, pues, la práctica de la
poesía burlesca d e l Siglo de O r o . Esta m o d a l i d a d se basa en
la agudeza y búsqueda de l a diversión a través de l a sorpresa y
el alarde intelectual. Se trata, en palabras de Alfay, de u n "ingenioso entretenimiento de e n t e n d i d o s " .
E n l a o b r a de B e r n i y de otros poetas burlescos italianos los
escritores barrocos p u d i e r o n encontrar u n valioso precedente
para imitar e n sus versos. L a lírica bernesca se f u n d a m e n t a er
la experimentación lingüística y la búsqueda d e l concepto sor
prendente. L a palabra y sus matices, el j u e g o verbal, son algu
nos de sus elementos constituyentes que trazan u n puente
entre l a literatura renacentista y l a barroca.
L a poesía burlesca española d e l Siglo de O r o surge, pues
del i m p u l s o histórico d e l R e n a c i m i e n t o y d e l i m p o r t a n t e pape
que atribuyó a l a risa y a l a literatura de entretenimiento. A este
se añadió en el siglo xvn l a estética conceptista que tuvo en l a li
rica j o c o s a u n canal privilegiado para ejercitar el i n g e n i o . Se
bre esta base teórica se desarrolló l a poesía burlesca española
que encontró en l a tradición italiana u n a importante fuente d<
inspiración. B e r n i y sus imitadores r e p e r c u t i e r o n e n autore
del siglo xvi c o m o D i e g o H u r t a d o de M e n d o z a , B a r a h o n a d
Soto y el m i s m o F e r n a n d o de H e r r e r a . E n el siglo xvn l a poesí
burlesca se convirtió e n u n o de los géneros literarios más ex
tosos y se enriqueció c o n nuevos estímulos y fuentes, entre la
que o c u p a n u n lugar destacado las italianas. Las antologías be
nescas constituyeron u n corpus burlesco f u n d a m e n t a l ; varie
autores d e l Siglo de O r o , que las leyeron e imitaron, sintetizara
72
77 Cannochiale aristotelico, CÀO. S i n i b a l d o , T o r i n o , 1654, p p . 5 5 1 - 5 5 2 .
e n las retóricas clásicas l a risa p u e d e ser e n t e n d i d a c o m o r e s u l t a d o de la se
presa: ARISTÓTELES, Retórica, 1412a; CICERÓN, De oratore, I I , 255 y 281-29
QUINTILIANO, Institutio Oratoria, V I , 3, 24 y 84. L a i d e a pasó a las p r e c e p t i v
del Renacimiento y del Barroco.
Poesías varias, p . 4.
7 1
7 2
1
NRFIL LI
POESÍA BURLESCA DEL SIGLO DE ORO Y SUS MODELOS ITALIANOS
491
en sus versos jocosos algunos de los p r i n c i p i o s básicos d e l conceptismo. Pues, c o m o señaló Q u e v e d o , " L o ridículo, todo consta de i n g e n i o " .
73
RODRIGO CACHO CASAL
U n i v e r s i d a d de Santiago de Compostela
E n L . LÓPEZ GRIGERA, Anotaciones de Quevedo a la "Retórica " de Aristóteles,
Gráficas Cervantes, S a l a m a n c a , 1998, p . 166.
7 3
Descargar