sentido y forma de el caballero de olmedo

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S E N T I D O Y F O R M A D E EL
DE
OLMEDO
CABALLERO
A Raimundo Lida,
sabio y m a e s t r o e j e m p l a r .
Esta t r a g e d i a 1 es u n a corriente amorosa lanzada con frenesi
desde l a p l e n i t u d l u m i n o s a del deseo alucinante hasta l a noche
oscura de l a separación. Quizás en toda la creación de L o p e no se
h a tratado nunca el deseo con mayor delicadeza y levedad; quizás
en todo el teatro lopesco n o hay acción conducida en u n tempo
m á s r á p i d o . J u n t o a su manera honda, penetrante y casi inmaterial
de sentir l a carne, de entregar su alma a los sentidos, el poeta dram á t i c o nos da l a experiencia trágica de su vida en u n a visión de
amanecer. C o n odio, con ternura nos ha hecho v i v i r líricamente
l a tragedia de su amor con E l e n a Osorio, ¿su p r i m e r amor?, cuando tenía unos veinte años. A r d i e n t e amor loco, que marca su v i d a
sentimental, sexual y con igual fuerza socialmente. H a aludido
con frecuencia a esos amores en la Comedia, los ha contado con
todo atavío literario en La Dorotea,
los ironiza y contempla humor í s t i c a m e n t e en
La
Gatomaquia2.
P e r o El
caballero
de
Olmedo
da el r i t m o erótico, el i r y v e n i r de O l m e d o a M e d i n a , de l a noche al alba, de l a alegría a l a tristeza, transportándolo de clave:
color, jilgueros, gorgeos, ave de presa —el envidioso y traidor d o n R o 1
H a y tres preciosas e d i c i o n e s y m u y ú t i l e s , l a de J o s é M a n u e l B l e c u a
( C l á s i c o E b r o ) , l a de F r a n c i s c o R i c o ( B i b l i o t e c a A n a y a ) , y l a de J o s e p h
P é r e z ( C a s t a l i a ) . E n ellas se e n c u e n t r a n t o d a clase de i n f o r m a c i o n e s y aclar a c i o n e s h i s t ó r i c a s , l i n g ü í s t i c a s e i d e o l ó g i c a s . Sigo l a n u m e r a c i ó n c o r r i d a de
Rico.
2
S i a l a l e c t u r a de sus cartas a ñ a d i m o s su p o e s í a , su p r o s a y su teatro
p o d e m o s a d e n t r a r n o s e n l a b i o g r a f í a de L o p e . L o c u a l e s t á m u y b i e n . N o m e
r e f i e r o a eso, sino a b u s c a r l a e s t r u c t u r a de su s e n t i m i e n t o y c o n c e p t o d e l
a m o r . T a m p o c o m e r e f i e r o a l a n d a m i a j e t e ó r i c o , e l c u a l e s t á m u y b i e n conocer, sobre t o d o si nos d i r i g e n h o m b r e s sabios y p r u d e n t e s . A l o q u e a p u n t o
es a l a d e n t r a m i e n t o e n l a v i d a e s p i r i t u a l d e l F é n i x , escala m u y u n i d a q u e v a
de l a m u j e r y las flores y e l m u r m u l l o d e l a g u a hasta D i o s . S i n a p a r t a r , n o
s ó l o e n La Gatomaquia,
l a i r o n i z a c i ó n de l a v i d a d e l E s p í r i t u .
NRFH,
SENTIDO Y FORMA DE " E L CABALLERO DE OLMEDO' 1
XXIV
319
drigo en todo inferior a d o n Alonso. N o olvidemos n u n c a que l a
realidad l a elabora el arte; no olvidemos que l a imagen del sob r i n o del Cardenal G r a n v e l a está vista siempre a través de l a l u p a
de los celos, que amplifica, intensifica y deforma.
L O S DOS T E M A S
" D i v i d i d o en dos partes el asunto, póngase l a c o n e x i ó n desde
e l . p r i n c i p i o " . Esta es l a indicación que da L o p e en el Arte
nuevo
sobre su manera de componer su C o m e d i a . E l p r i m e r tema es l o
masculino, el segundo, lo femenino. P r i m e r o , el deseo, l a codicia;
después, l o deseado, lo codiciado. T o d o pasó en l a feria de M e dina. ¡ C o n q u é avidez los ojos m i r a n y toman posesión de las
cosas! ¡Qué dolor si no pueden hacerlas suyas! E l romance que
sigue a las tres décimas, tiene 108 versos, luego reducidos a 14, los
del soneto, en donde, d e s p o j á n d o s e de todo lo descriptivo, se concentran las dos notas esenciales: las chinelas y los ojos; el lugar: la
"famosa feria de M e d i n a " .
Yo v i l a más hermosa labradora,
en la famosa feria de Medina,
que ha visto el sol adonde más se inclina
desde la risa de la blanca aurora.
U n a chinela de color, que dora
de una coluna hermosa y cristalina
la breve basa, fue la ardiente mina
que vuela el alma a la región que adora.
Que una chinela fuese vitoriosa,
siendo los ojos del amor enojos,
confesé por hazaña milagrosa.
Pero dijele, dando los despojos:
"Si matas con los pies, Inés hermosa,
¿qué dejas para el fuego de tus ojos?"
T o d a v í a hay otra variante, volviendo al romance como
se expuso el tema. H a b l a F a i n a (vs. 827-838) :
Don Alonso en una feria
te vio, labradora Venus,
haciendo las cejas arco
y flecha los ojos bellos.
Disculpa tuvo en seguirte,
porque dicen los discretos
que consiste la hermosura
en ojos y entendimiento.
E n fin, en las verdes cintas
de tus pies llevastes presos
los suyos, que ya el amor
no prende con los cabellos...
cuando
320
JOAQUÍN CASALDUERO
NRFH,
XXIV
E l p r i m e r romance en xa, éste en eo. L a importancia de las chinelas (los pies, las piernas, r e c u é r d e s e l a Dorotea seducida, forzada, Quijote,
1605, los pies de l a Santa Teresa de B e r n i n i ) señala
l a exaltación amorosa. E l amor-deseo para ser perfecto ha de ser
correspondido. C u a n d o la dama le da u n a cita, le ofrece las cintas
verdes de sus chinelas, " u n listón de esperanza" (v. 799), como
d i r á Fabia.
E n el segundo tema el amor-deseo-correspondencia va acompañ a d o del m o t i v o del misterio del deseo: desear poseer, desear entregarse. D o ñ a Inés y d o n A l o n s o se han visto e inmediatamente
h a n sido el u n o para el otro. D o n R o d r i g o , en cambio, que ha serv i d o tanto tiempo, ha r e c i b i d o sólo d e s d é n —también en tres décimas, haciendo juego con las de la correspondencia del comienzo
del acto.
N o sólo l a c o n e x i ó n se establece inmediatamente, sino que en
el mismo p r i m e r acto surge l a peripecia. E l desarrollo de la acción
abarca, como siempre, desde l a segunda m i t a d de l a primera jornada hasta el ú l t i m o tercio de l a jornada postrera, el cual se reserva para los dos desenlaces: el desordenado y el ordenador. L a
forma impuesta por L o p e a l a C o m e d i a consiste en agrupar las
cinco partes del poema d r a m á t i c o en tres jornadas. L o p e a d e m á s
de tan poeta es tan h o m b r e de letras que al goce de amar y ser
amado le da u n aire de j u e g o . . . literario. D o n A l o n s o recibe una
carta de Inés. L a lee lentamente, d e g u s t á n d o l a . Se detiene u n a vez
y otra; T e l l o , el gracioso, impaciente, le dice: " E n f i n , / l e has
l e í d o por jornadas" (vs. 1730-1731). L o ha d i c h o después de oír
cuatro párrafos, pero a ú n n o ha terminado d o n Alonso, todavía
quedan dos líneas: las cinco partes. E n El castigo sin venganza
tenemos el m i s m o r i t m o de lectura, pero en tres "jornadas" (Acto I I I ,
ed. A g u i l a r , t. 1, p. 9 5 3 ) . E l gracioso n o parodia a su señor, es
la parte baja del hombre. L a delectación l a convierte en impaciencia.
L o masculino y lo f e m e n i n o se trenzan. E l acto primero term i n a con u n a nota femenina: desasosiego, temor en m e d i o de l a
peripecia, que F a b i a a c o m p a ñ a c o n u n final de alegre esperanza.
E n el acto segundo, el caballero está envuelto en todos los temores del verdadero amante. A c a b a de contar como ha visto por l a
ventana al jilguero destrozado por el azor: p r e m o n i c i ó n , tristeza.
P e r o T e l l o le alienta: " m a t a de e n v i d i a a los hombres, / mata de
amores las damas". Incitación que levanta el á n i m o de don A l o n s o
y hace que trueque la m e l a n c o l í a que vela el amor por la agresividad del conquistador.
E n cuanto h a expuesto el asunto en forma b i p a r t i t a empieza
la acción, l a cual se apoya en u n personaje celestinesco, Fabia, que
aparece ya al introducirse el p r i m e r tema, llamada por T e l l o , como
NRFH,
XXIV
SENTIDO Y FORMA DE " E L CABALLERO DE OLMEDO"
321
Celestina fue buscada por Sempronio. L a relación entre las figuras —don Alonso-Calisto, Inés-Melibea, Tello-Sempronio, FabiaCelestina— y las situaciones —cadena, llegada a la casa, l a madre
ya ha muerto, y F a b i a conoce m u y bien al padre de Inés, en
c a m b i o éste no la reconoce; F a b i a no tiene que pedir nada, es Inés
la que descubre u n papel, la acción subsiguiente. N o ruega que le
den el cordón, le dan la r o p a para lavar. D o n R o d r i g o quiere
comprar la lista de l a ropa, etc., etc. N o ha sido quizás tan observado que no es d o n A l o n s o q u i e n se cae de la escalera sino T e l l o —
es u n a relación irónica. F a b i a , particularmente, es cómica. Las
concordancias con l a obra de Rojas son tan evidentes y l a función
de l a intermediaria está tan cambiada que en ello reside, en m i
o p i n i ó n , el secreto de su presencia. Rojas ha concebido a Celestina
como personaje trágico, conducida por la vejez y arrastrada por el
tronco de la codicia y el vino, cada paso que da, cada palabra que
p r o n u n c i a crea l a muerte a su alrededor —cuando habla de l a carne
joven, del deseo en capullo, de l a alegría desparrama u n a tristeza
gris y el cansancio, porque todo l o ve, todo lo siente desde su
experiencia que l a ha llevado a l a falta de ilusión. T o d o t e r m i n a
en l a senilidad, peor que l a muerte. Rojas n i permite que gocemos viendo el cuerpo de M e l i b e a o el de Areúsa. T o d o está envuelto en arrugas, avaricia y traiciones —las vecinas, las amigas.
F a b i a es siempre divertida, no sólo cuando se queda en casa de
Inés para encauzarla hacia l a v i r t u d . Escena que a c o m p a ñ a d a de T e l l o
y con variantes —secretario, maestro de danza, de música— h a llegado vitalmente hasta l a ó p e r a del siglo x i x .
E l poder d i a b ó l i c o de Celestina q u e d ó plasmado por Rojas con
gran fuerza y con trazos profundos. Hasta sus bromas son sobrecogedoras. E l Barroco trata este personaje de manera especialmente
sutil. R e c u é r d e s e l a Sabina de M a t e o A l e m á n (Guzmán
de Alfaradie, Segunda Parte, l i b . II, C a p . 9, ed. G i l i Gaya, t. 4, pp. 152 ss.,
Glás. cast.), toda ella inteligencia perversa. Piénsese en l a histor i a de l a Condesa T r i f a l d i (Quijote,
1615, II, 36-41), en que
apunta a las circunstancias y a la sensualidad como l a intermediar i a por excelencia para seducir siempre a la Infanta
Antonomasia.
L a i r o n í a m á s graciosa de F a b i a reside en que su intervención es
totalmente innecesaria. ( E n Rojas, la l l a m a p r i m e r o Calisto, desp u é s M e l i b e a ) . E l deseo con que se ama la pareja es tan decidido,
que conduce al é x i t o m á s seguro.
Inés:
y en el instante en que vi
este galán forastero,
me dijo el alma: 'este quiero',
y yo le dije: 'sea ansí'.
(vs. 223-226)
322
JOAQUÍN CASALDUERO
NRFH,
XXIV
Y a d o n A l o n s o h a b í a dicho en el romance del comienzo:
Mirándome sin hablarme,
parece que me decía,
" N o os vais, don Alonso, a Olmedo,
quedaos agora en Medina".
(vs. 131-134)
Aparte del rencor que siente don R o d r i g o hacia l a dama que le
desdeña y el odio que le produce su r i v a l (odio y rencor que no
intervienen en l a a c c i ó n ) , los amantes viven enajenados, con u n
alegre frenesí sensual y sexual. L o cual no quiere decir que nos
encontremos con el espesor medieval o la voluptuosidad dieciochesca o el naturalismo descriptivo del siglo x i x o el ambiente i m presionista o el comercialismo del siglo x x o l a exposición elemental pseudocientífica que exige el dirigirse a las masas, que
nada tiene que ver con l o que hoy puede parecer vulgar de las
farsas de otras edades. C o m o se recordará, Cervantes encontraba
inaceptable en La Celestina
aquellos episodios que no encubrían
como era d e b i d o al g é n e r o trágico l o densamente h u m a n o ; l o que
en m i o p i n i ó n explica el segundo y definitivo final de El celoso
extremeño.
L a tendencia m á s que didáctica i l u m i n a d o r a del Barroco i m p e d í a el recrearse en el m u n d o sexual l i m i t a d o ; se deleitaba
tratando el color, la atmósfera, la transparencia, los contrastes,
las variaciones —toda l a riqueza que ofrece el cuerpo, l a naturaleza y l a inteligencia. M a n e r a como podemos agrupar el culteranismo y el conceptismo.
Cervantes nos ha descrito u n a escena b r u t a l en La Calatea
(los
corsarios v i o l a n d o a l a recién desposada en presencia de su marido) , nos h a d i v e r t i d o con El viejo celoso, pero como L o p e y toda
su época i m p o n e el tratamiento de los sentidos con gran delicadeza, i l u m i n a c i ó n y ejemplaridad.
Es imposible saber las relaciones que h u b o entre doña Inés y
don A l o n s o . D o n R o d r i g o piensa que la conducta de Inés " n o
puede proceder de honesto i n t e n t o " (v. 1379) ; a esta afirmación
le contradice sólo el testimonio de Fabia, " ¿ q u i é n culpa amor tan
honesto?" (v. 842) ; dudoso testigo, en verdad, para ser tenido en
cuenta. E l tiempo amoroso desde que se v i e r o n en la feria y encontraron en la iglesia es por l o menos de varios días. D o n A l o n s o
dice: " M e d i n a a l a C r u z de mayo / hace sus mayores fiestas: / yo
tengo que prevenir. . . " (vs. 1305-1307) . T e l l o da nuevas de don
A l o n s o : " S e ñ o r a , para servirte, / está d o n A l o n s o bueno; / para las
fiestas de mayo, / tan cerca ya, previniendo / galas, caballos, jaeces. . . " (vs. 1500-1504). H e a l u d i d o al c o n t i n u o i r y venir entre M e dina y O l m e d o . A veces el tiempo se rememora temblorosamente:
NRFH,
XXIV
SENTIDO Y F O R M A
DE " E L
CABALLERO
DE
OLMEDO"
323
" L l o r a n d o por m i ausencia / Inés q u e d ó aquel d í a " (vs. 1650-1651).
L o s amantes han pasado muchas horas juntos dentro de l a casa,
Inés: "Espera, que a a b r i r la puerta / es forzoso que yo vaya"
(vs. 1222-1223). H o r a s como ya es sabido siempre breves. Cargadas de sensualidad: " B i e n sabe aquella noche / que pudiera ser
m í a " (vs. 1655-1656). Respeto, timidez que no a m i n o r a n en nada
los estremecimientos de l a carne, es m á s que da al sentimiento y
exotismo u n goce de especial calidad; situación que no tiene que
i r necesariamente seguida del pensar de l o no realizado. Queja, sin
embargo, posible: " C o b a r d e amor, ¿ q u é aguardas / cuando respetos m i r a s ? " Para m í m á s que u n lamento, el cual, como es natural, puede proferirlo tanto l a mujer como el h o m b r e (ha dicho los
versos d o n A l o n s o ) , es u n a i m p r e c a c i ó n que analiza ese estado de
la c o m u n i ó n de l o femenino y l o masculino.
LOS
AMANTES
L a pareja es así. Inés hermosa como l a m a r a v i l l a de u n amanecer. C a b e l l o rizado, ojos que matan, manos de cristal y nieve,
boca que seduce y arrastra, mejillas sonrosadas, dientes que son
perlas. Su cuerpo va esparciendo u n olor n a t u r a l . T o d o , ponderaración del enamorado. D o n A l o n s o : " E l talle, el grave rostro, lo
severo" (v. 1336) obligaron a d o n R o d r i g o a que se fijara en él y
a nosotros nos recuerda m á s de u n lienzo. L e o n o r , hermana de
Inés, ha dicho, negar no puedo "que el forastero es g a l á n " (v. 236).
N o b l e y valeroso, confiesa Inés e n a m o r a d í s i m a :
Bien había menester
la pena de esta partida,
para templar el contento
que hoy he tenido de veros
ejemplo de caballeros
y de las damas tormento.
De todas estoy celosa:
que os alabasen quería,
y después me arrepentía,
de perderos temerosa.
¡Qué de varios pareceres!
¡Qué de títulos y nombres
os dio l a envidia en los hombres,
y el amor en las mujeres!
M i padre os ha codiciado
por yerno para Leonor,
y agradecióle m i amor,
aunque celosa, el cuidado;
que habéis de ser para mí
324
JOAQUÍN CASALDUERO
NRFH,
XXIV
y así se lo dije yo,
aunque con l a lengua no,
pero con el alma sí.
(vs. 2152-2173)
LA
SEPARACIÓN
Sólo se separan los que están juntos. D i c e don Alonso:
;Ay, riguroso estado,
ausencia m i enemiga,
que dividiendo el alma
puedes dejar la vida!
¡Cuan bien por tus efetos
te llaman muerte viva,
pues das muerte al deseo
y matas a la vista!
(vs. 1610-1617)
I n é s t a m b i é n se lamenta: " ¿ Q u é mayor m a l que l a ausencia, /
pues es mayor que m o r i r ? " (vs. 2535-2536). L a separación es el desenlace. Separación y muerte son sinónimos. L a muerte real de d o n
A l o n s o es una muerte metafórica. T o d o va a terminar al final del
acto tercero. L a exposición ha sido b r i l l a n t e y ansiosa. L a acción
ha c o r r i d o en medio de u n a gran alegría, en esos encuentros renovados sin cansancio. Ese i r y venir materia de tantas sospechas, que
van rodeando el goce de tan dulce tristeza. C o m o si el amor plenamente satisfecho condujera siempre a u n a gris alborada. E l acto
segundo terminaba con l a c o n t e m p l a c i ó n sublimadora de l a muerte de tanta felicidad.
Hoy, Tello, al salir el alba,
con la inquietud de la noche,
me levanté de l a cama,
abrí la ventana aprisa,
y mirando flores y aguas
que adornan nuestro jardín,
sobre una verde retama
veo ponerse u n jilguero,
cuyas esmaltadas alas
con lo amarillo añadían
flores a las verdes ramas.
Y estando al aire trinando
de la pequeña garganta
con naturales pasajes
las quejas enamoradas,
sale u n azor de un almendro,
NRFH,
XXIV
SENTIDO
Y F O R M A DE " E L
C A B A L L E R O DE O L M E D O * '
325
adonde escondido estaba,
y como eran en los dos
tan desiguales las armas,
tino de sangre las flores,
plumas al aire derrama.
A l triste chillido, Tello,
débiles ecos del aura
respondieron, y, no lejos,
lamentando su desgracia,
su esposa, que en un jazmín
la tragedia viendo estaba.
Yo, midiendo con los sueños
estos avisos del alma,
apenas puedo alentarme;
que con saber que son falsas
todas estas cosas, tengo
tan perdida la esperanza,
que no me aliento a vivir.
(vs. 1757
ss.)
H e m o s llamado la atención sobre las variaciones de u n tema, l o
m i s m o h a b r í a que hacer con los motivos de l a tristeza, l a separación, las flores, el agua y como variaciones podemos tratar el motivo celestinesco. E l romance en aa no es u n a variación, sino una
s u b l i m a c i ó n de toda la sensualidad y la tragedia de su experiencia
v i t a l . Pero el romance tiene u n a importante función d r a m á t i c a ya
q u e prepara la enérgica acción del ú l t i m o acto, la desolación y tern u r a del ú l t i m o adiós y la s o m b r í a y traicionera muerte.
EL
FINAL
Si para el curso de l a acción ha puesto como fondo d e l deseo
la ironización de La Celestina,
en el final utiliza el cantar famoso:
Que de noche le mataron
al caballero,
la gala de Medina,
la flor de Olmedo.
H a y poesías que ahondan en el sentimiento, otras están cargadas de u n contenido metafísico. Muchas, especialmente' las llamadas populares, ejercen u n p r o f u n d o magnetismo, ya sea por su línea
m e l ó d i c a o, mejor todavía, p o r la fuerza de su r i t m o , l o c u a l dentro del g é n e r o lírico, frecuentemente, es m á s que suficiente. N o hay
que preguntarle al poeta q u é es lo que ha q u e r i d o decir, pues no
ha q u e r i d o decir nada. H a captado m e l ó d i c a o r í t m i c a m e n t e u n
326
JOAQUÍN CASALDUERO
NRFH,
XXIV
sentimiento: misterio, pavor, encantamiento, m a r a v i l l a , felicidad. . .
N o es m ú s i c a ; si se tarareara no entraría en el á n i m o de la misma
manera. L o p e nos i n d i c a el poder de esos cantares que al poeta
d r a m á t i c o le sirven exclusivamente como p u n t o de arranque para
transformar u n a e m o c i ó n en u n cauce v i t a l :
es canción
que por algún hombre hicieron
de Olmedo, y los de Medina
en este camino han muerto.
(vs. 2421-2424)
N i m á s n i menos. ¿ L e han matado por unos perros de caza? ¿ H a
sido otra la a n é c d o t a ? N o es que i m p o r t e o deje de importar la
causa. Es que en L o p e se ha transformado esta e m o c i ó n en la tragedia de su vida, en l a experiencia de la s e p a r a c i ó n como muerte
viva, como desenlace, como recuerdo permanente. E n La
Dorotea
(Acto I, esc. 6, ed. Castro, p. 36), h a b l a F e r n a n d o : " M e j o r es
imaginar que soy muerto, y que m i alma sólo es l a que va a S e v i l l a . "
E n El caballero
sobre l a base de l a alegría-correspondencia-deseo
se han d i b u j a d o los motivos de l a tristeza, de l a muerte, pero ensordinados por el de las flores y el agua. T o d o es nobleza, todo es
l o supremo y mejor: l a flor de M e d i n a , l a flor de O l m e d o , l a madre
de Inés es l a flor de las Catalinas. E l desenlace se encapota premonitoriamente. D e lo masculino y l o femenino se lograba la armon í a d e l amor correspondido. A h o r a l a nobleza y el valor de d o n
A l o n s o se derraman exuberantes —proezas en l a plaza exultando
l a a d m i r a c i ó n en las mujeres y los vítores e n los hombres. A su
contrincante le salva l a v i d a . Es i n ú t i l que se exponga, t a m b i é n
el destino como le ha llevado al amor le l l e v a a l triunfo. U n a
estrella tan afirmativa p o d í a hacer brotar el reconocimiento, la
gratitud. P e r o n o es infrecuente que en las raíces m á s hondas y
oscuras de l a v i d a l a afirmación produzca l a n e g a c i ó n , el amor, el
o d i o ; l a nobleza, l o v i l , y el valor, la c o b a r d í a . L o p e con su gran
capacidad de creación siente m u y b i e n l o que es haber nacido para
el fracaso y l a e n v i d i a .
D e estas ráfagas encontradas está hecho el desenlace. Esa noche
de t r i u n f o n o puede pasarla el amante al lado de l a amada. E l héroe
cristiano, a p o y á n d o s e explícita o i m p l í c i t a m e n t e en Eneas, responde siempre a l a piedad f i l i a l . Esa piedad s u b l i m a el ardor de la
carne. E l amante se separa de l a amada para i r a calmar la zozobra
de sus padres. L a separación es u n desgarramiento. Dulcemente se
l o reprocha Inés.
Mas ¡ay! ¿cómo estoy contenta
si os partís?
NRFH,
XXIV
SENTIDO Y FORMA DE " E L CABALLERO DE OLMEDO"
Alonso:
Inés:
Alonso:
la causa.
327
M i s padres son
Tenéis razón,
mas dejadme que lo sienta.
Yo lo siento, y voy a Olmedo
dejando el alma en Medina.
(vs. 2174-2179)
Preciosa variación del m o t i v o de i r y venir. L u g a r c o m ú n que se
vive siempre por p r i m e r a vez cuando se ama. Desaparece el r i t m o
erótico, y el m o t i v o de l a tristeza, ahora exento, se desarrolla con
tanta a m p l i t u d , que Inés exclama: " P e n a me has dado y temor /
con tus miedos". T o d o ello es, dice A l o n s o , "ejercicio triste del
alma".
PRIMER
DESENLACE
Y a todo se dirige al caos, al choque de la alegría creadora y l a
m o r t a l e n v i d i a de l a destrucción. Aparece u n a sombra. U n labrador viene luego cantando el cantar en que se le c o n m i n a a que se
v u e l v a a M e d i n a . T o d o es i n ú t i l , l a traición le asesina. T e l l o , el
gracioso, llega tarde para salvarle, pero a tiempo para reconocer
a los criminales y c o n d u c i r al h i j o m o r i b u n d o al lado de sus padres.
SEGUNDO DESENLACE
Esa catástrofe contrasta violentamente con l a alegría siguiente.
S ó l o F a b i a se ennegrece, trocando su aire c ó m i c o por u n o que
ventea desgracias y pesares. P a r a ella n o puede ser feliz l a p u r i f i cación de l o carnal —la catarsis cristiana, que no debe confundirse
con l a platónica, aunque esté m á s cerca de P l a t ó n que de Aristóteles.
M i e n t r a s el espectador h a presenciado el cobarde asesinato del
n o b l e caballero, en M e d i n a todo es gloria. E l padre de Inés perm i t e encantado el enlace de su h i j a con d o n A l o n s o . E l rey reparte
mercedes a unos y a otros. T a n t a alegría es el fondo de l a justicia.
T e l l o llega y cuenta l o sucedido. Esa reiteración se encuentra repetidamente —Fuenteovejuna,
El
burlador
de Sevilla,
Romeo
and
Juliet. Y ya ha sido explicado 3 . E l padre de d o n A l o n s o h a v e n i d o
a reclamar justicia, pero T e l l o le h a dejado desmayado o muerto a
l a entrada de los aposentos reales, r a z ó n por l a cual es el criado el
encargado de l a demanda. E l d o l o r paterno corresponde al amor
del h i j o . T e l l o a d e m á s h a sido el que h a presenciado l a h u i d a de
los asesinos, reconociéndolos, y les acusa. E l rey manda inmediata3
sobre
V é a s e " E l desenlace de El Burlador
de Sevilla",
el teatro, M a d r i d , 1972, e s p e c i a l m e n t e p p . 132
en
ss.
m i libro
Estudios
328
JOAQUÍN CASALDUERO
NRFH,
XXIV
mente que d o n R o d r i g o y su cómplice sean ajusticiados. Inés ha
pedido el castigo; primero, sin embargo, se dirige a su padre: " L o
que antes de burlas te dije, / señor, de veras te ruego". E l amor
h a b í a dado lugar a ese m o v i m i e n t o cómico del m o n j í o , ahora, Inés,
separada del m u n d o , se recogerá en el convento, no lugar de penitencia sino de purificación.
JOAQUÍN
CASALDUERO
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